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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM ACESSOS DE Cucumis melo L. E HÍBRIDOS TRIPLOS DE Passiflora L. RITA DE CÁSSIA VITAL SANTOS SANCHÊS ILHÉUS BAHIA - BRASIL Abril de 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM ACESSOS DE Cucumis melo

L. E HÍBRIDOS TRIPLOS DE Passiflora L.

RITA DE CÁSSIA VITAL SANTOS SANCHÊS

ILHÉUS – BAHIA - BRASIL

Abril de 2018

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RITA DE CÁSSIA VITAL SANTOS SANCHÊS

ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM ACESSOS DE Cucumis melo L. E HÍBRIDOS

TRIPLOS DE Passiflora L.

ILHÉUS – BAHIA - BRASIL

Abril de 2018

Tese apresentada à Universidade Estadual de

Santa Cruz, como parte das exigências para a

obtenção do título de Doutora em Genética e

Biologia Molecular

Área de concentração: Genética e Biologia

Molecular.

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S211 Sanchês, Rita de Cássia Vital Santos Análises citogenéticas em acessos de Cucumis melo L. e híbridos triplos de Passiflora L. / Rita de Cássia Vital Santos Sanchês. – Ilhéus, BA: UESC, 2018. xii, 107f. : il. Orientadora: Margarete Magalhães de Souza Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular. Inclui referências.

1. Citogenética. 2. Citogenética molecular. 3.

Melão 4. Hibridação vegetal 5. Marcadores gené- ticos 6. Hibridização in situ por fluorescência (FISH). I. Título.

CDD 572.8

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RITA DE CÁSSIA VITAL SANTOS SANCHÊS

ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM ACESSOS DE Cucumis melo L. E HÍBRIDOS

TRIPLOS DE Passiflora L.

APROVADA: Ilhéus, BA, 30 de Abril de 2018.

Profa. Dr

a. Sônia Cristina Oliveira Melo Prof

a. Dr

a. Francisca Feitosa Jucá Santos

(UESC-BA) (Convênio Mondelez/UESC-BA)

Dra. Alayne M. T. D. Yamada Prof

a. Dr

a. Patrícia Nayara C. S. Rocha

(Instituto do Câncer-SP) (Prefeitura Municipal de Itabuna-BA)

Profa. Dr

a. Margarete Magalhães de Souza

(UESC- Orientadora)

Tese apresentada à Universidade Estadual

de Santa Cruz como parte das exigências

para a obtenção do título de doutora em

Genética e Biologia Molecular.

Área de concentração: Genética e Biologia

Molecular.

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DEDICATÓRIA

Ao homem da minha vida Charles pelo apoio incondicional em todos os

momentos, principalmente nos de incerteza. Sem você nenhuma conquista valeria a pena.

Ao meu filho Pedro Leonel, pelo tempo

que lhe era devido e, que o presente trabalho

absorveu.

A Osvaldo e Mary, meus pais, e irmãos pelo apoio na

minha formação pessoal e profissional, sempre que

eram chamados.

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AGRADECIMENTOS

Esta tese não é resultado apenas de um esforço individual. Ela nasceu de significativas

contribuições que recolhi durante minha trajetória profissional, acadêmica e como cidadã, ao

lidar com pessoas (infelizmente algumas não estão mais entre nós) e, instituições que foram

fundamentais a essa construção.

Ao meu Amado Jesus, que me amou, salvou, libertou, me chamou e capacitou para

realizar esta obra. Toda visão, todo dom e todo talento pertencem a Ti! Porque dEle e por Ele

e para Ele são TODAS as coisas.

A minha família, pelo esforço, ajuda, atenção e tudo mais. Meu muito obrigada!

Ao meu esposo Charles Leonel, pela renúncia, amor, estímulo e ajuda. Produzir

uma tese ao lado de um companheiro deste quilate, é um presente! Essa vitória é nossa! Te

amo!

Ao meu filho Pedro Leonel, pelo amor, cumplicidade, compreensão e pela própria

existência que há oito anos me dá força e sentido. Agora a tese chegou ao fim! Prometo ser

mais sua. Vamos andar de bike juntos. Vamos nadar juntos. Vamos vê tv juntos. Que tal?

À Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), à Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado da Bahia (FAPESB), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) e, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), pelo apoio financeiro para realização deste trabalho.

À Dra. Margarete Magalhães de Souza, pela orientação, pela transmissão de

conhecimentos, experiências e paciência dispensada durante a realização deste trabalho.

Ao Dr. Cláusio Antônio Ferreira de Melo, pela coorientação, pelas valiosas

contribuições, disponibilidade, acolhimento e incentivos recebidos. Não sei o queria sem

você!

Ao Dr. Ronan pela parceria e colaboração.

Ao Dr. Glauber Henrique de Sousa Nunes, pela colaboração cedendo às sementes

dos acessos de melão estudados na realização deste trabalho.

À Dra. Mônica Rosa Bertão, a qual não posso deixar de agradecer também pelo

incentivo, que mesmo a partir de outra instituição, marcou importante presença em vida

acadêmica e pessoal.

À colega e amiga Analu Cruz Souza que me ajudou com seu “jeitinho” de ser, com

os cruzamentos dos híbridos triplos, pelas horas que ouviu muuuuito de mim! Tudo para seu

bem...podes crê! Nunca irei te esquecer Flor...sucesso na sua caminhada.

À colega e amiga Viviane Souza de Oliveira que cedeu gentilmente seus híbridos -

HD25 para formação dos meus híbridos triplos complementando os trabalhos, além do apoio

prático todas as vezes que precisei e, ainda, pela amizade que se fortaleceu nos últimos meses

desse trabalho. Valeu e sucesso pra nós !!!!

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Aos professores do Curso da Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular,

pela colaboração na minha formação profissional.

Às secretárias do PPGGBM...uma palavra as resume: EFICIÊNCIA!

Aos abençoados Roberto e Paulo pelo apoio na casa de vegetação.

Aos colegas do Laboratório de Melhoramento de Plantas – LAMEP (Aline, Analu,

Artur, Gonçalo, Jonathan, Manuela, Matusalem, Ohana, Pedro, Rita Moreira, Vanessa,

Viviane) pelos conselhos, pelas brigas, pelos choros, pelas risadas, pelas coletas de dados

(prática e teórica), pelas trocas de informações, pelo excelente convívio e amizades e, ainda,

principalmente, pelo crescimento científico. Deus abençoe cada um vocês grandemente!

Especialmente a Aline, Pedro, Ritão e Gonçalo (os últimos lamepianos) que,

gentilmente, estavam a postos no LAMEP ou não, mas a toda hora que precisava, estando eu

longe...bem longe. Muito obrigada pelos socorros!!!

Ao Pós-doc Gonçalo Santos da Silva e à Profa. Dra. Vanessa de Carvalho Caires

Pamponét meus respeitosos agradecimentos pela contribuição na banca de pré-defesa. Foram

contribuições valiosíssimas!!

Às Dras. Sônia Melo, Francisca Jucá, Alayne Yamada e Patrícia Rocha, pelos

aceites, participações na banca de defesa e contribuições que certamente serão aceitas.

Obrigada!!

A “todos os meus amigos e irmãos”, pois o homem de muitos amigos deve mostrar-

se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão. Provérbios 18:24. Obrigada

por TUDO!

A todos cujos nomes não estão aqui, mas que direta ou indiretamente me ajudaram,

torceram, oraram e estiveram comigo neste trabalho.

Meu muitíssimo obrigada!!

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NÃO É TARDE

Não é tarde para se sonhar

O céu ainda é azul, há esperança

Só olhar no olhar de uma criança

No sorriso de uma mãe que deu à luz

Ouvirei os testemunhos de bravos homens que venceram

Ouvirei dos cegos que ainda esperam a visão

Ouvirei canções que marcam toda uma geração

Não é tarde para sonhar

Não é não

Minha força vem de um Deus que faz milagres

Minha fé está além do impossível

Minha esperança viva está

Meu coração não quer parar

Pois nunca é tarde pra sonhar

Sempre há uma esperança

Para aqueles que esperam

Firmes nas promessas do Senhor

O Deus do impossível

Haja o que houver

Eu sonharei

Seus lindos sonhos viverei

Não desistirei

Não é não

Minha força vem de um Deus que faz milagres

Minha fé está além do impossível

Minha esperança viva está

Meu coração não quer parar

Pois nunca é tarde pra sonhar

Não é tarde – Fernanda Brum

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vi

EXTRATO

SANTOS-SANCHÊS, Rita de Cássia Vital. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

Março de 2018. Análises citogenéticas em acessos de Cucumis melo L. e híbridos triplos

de Passiflora L. Orientadora: Margarete Magalhães de Souza. Co-orientador: Cláusio

Antônio Ferreira de Melo.

Os gêneros Cucumis e Passiflora são dois grupos com grande diversidade e importância

econômica no Brasil. O primeiro foi introduzido no país durante a colonização e, hoje é

representado por um conjunto de variedades e cultivares, já o segundo tem o Brasil como um

importante centro de diversidade de germoplasma. Apesar da importância econômica mundial

da espécie Cucumis melo (meloeiro) a mesma tem sido pouco analisada em relação à

variabilidade cariotípica intra-específica em acessos e variedades brasileiras, indicando a

necessidade de ampliar as ações em análise citogenética desta espécie. Os híbridos de

passifloras possuem diversas aplicações, contudo em sua maioria são obtidos e caracterizados

híbridos F1, carecendo de informações genéticas acerca de híbridos com mais de dois genomas

em sua constituição, caracterização cariotípica de germoplasma de dois gêneros distintos,

Cucumis e Passiflora, ambas utilizadas comercialmente, através de métodos citogenéticos

clássicos e moleculares. A presente tese tem como objetivo geral a análise da variabilidade

cariotípica intraespecífica em acessos da espécie C. melo (meloeiro) e a obtenção e

caracterização cariotípica entre híbridos triplos do gênero Passiflora, envolvendo o genoma das

espécies P. thollozanii, P. mucronata e P. cincinnata. Como objetivos específicos: (i) revisar

estudos existentes sobre a citogenética clássica e molecular de Cucumis melo L.; (ii) realizar a

investigação da diversidade cariotípica intraespecífica do meloeiro (C. melo), ampliando os

conhecimentos acerca deste importante táxon; (iii) realizar a obtenção de híbridos triplos de

Passiflora e (iv) caracterizar citogeneticamente os híbridos triplos de Passiflora, com o intuito

de verificar o comportamento cromossômico deste germoplasma. No capítulo 1: a revisão dos

principais trabalhos e abordagens sobre os estudos citogenéticos convencionais e moleculares

realizadas em C. melo foram feitas compilando nos artigos através das palavras chaves

“cytogenetic” + “Cucumis” em portais de busca, revistas e livros com abertura para trabalhos

de citogenética. Foram encontrados poucos trabalhos relacionados apenas ao C. melo, e mais

trabalhos relacionados a C. melo comparados a outras espécies do gênero, por exemplo, C.

sativus L., C. angurus L. e C. metuliferus E. Mey. ex Naudim. A análise cariotípica do melão

foi determinada com base nos artigos relacionados a estudos cariológicos em Cucumis; técnicas

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de preparação de lâminas e coloração de cromossomos mitóticos de determinação cariotípica de

C. melo; estudo do número cromossômico; análise cariotípica do melão através da FISH e

fosmídeos; mapeamento citogenético molecular das espécies C. sativus e C. melo usando

sequências de DNA repetitivo; estudo cromossômico de algumas espécies de Cucumis; estudos

citológicos em Cucumis e Citrullus. Há proporcionalmente menos artigos falando apenas do C.

melo do que relacionados com outras espécies de Cucumis. No capítulo 2: a caracterização

cariotípica de acessos de meloeiro distribuídos por regiões brasileiras foi feita através da

aplicação de algumas técnicas citogenéticas. Para o preparo de lâminas, ápices de raízes das

espécies foram coletados e pré-tratados com 8-Hidroxiquinolina (8-HQ) e as lâminas foram

preparadas pela técnica de esmagamento e mantidas a -20 ºC até a aplicação dos fluorocromos

CMA3 e DAPI, Giemsa 3%, FISH. Os resultados indicam que o meloeiro possui estabilidade

cariotípica em termos quantitativos, contudo o tamanho cromossômico, a assimetria e o

comprimento do complemento cromossômico são variáveis entre as cultivares. Apesar da

estabilidade também em número de sítios de DNAr 45S e 5S, variações na posição destes sítios

foram observadas. Apesar do uso de técnicas citogenéticas clássicas e moleculares serem

informativas sobre a estabilidade e variação cariotípica em C. melo, a inclusão de outros

marcadores cromossômicos são necessários para melhor visualização da cromatina na espécie.

No capítulo 3: Foram cruzados três genótipos híbridos HD25 (Passiflora coccinea x P.

hatschbachii) com três espécies distintas: P. cincinnata, P. tholozani e P. mucronata, obtendo-

se três híbridos triplos (HD28, HD29 e HD30). Os híbridos foram confirmados por hibridação

genômica in situ (GISH), permintindo também a observação de um cromossomo com

recombinação entre P. coccinea e P. hatschbachii. A descrição morfológica dos híbridos indica

o uso do germoplasma, exceto o híbrido HD28, que não apresentou flor durante a condução do

experimento. A localização da heterocromatina rica em GC e de outros marcadores

cromossômicos sugere estabilidade cromossômica em estrutura e em número de cromossomos

homeólogos. A observação e a localização dos elementos repetitivos dispersos CL15 e CL86

não permitiu a análise da herança destas regiões cromossômicas. Por outro lado, esses

elementos e suas variações na distribuição em relação à espécie P. edulis sugere retração ou

expansão genômica.

Palavras-chave: Citogenômica, Citogenética Clássica, Citogenética Molecular, FISH, GISH,

Híbridos Artificiais.

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ABSTRACT

SANTOS-SANCHÊS, Rita de Cássia Vital. Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus,

Março de 2018. Cytogenetic analyzes in accessions of Cucumis melo L. and triple

Passiflora L. hybrids. Advisor: Margarete Magalhães de Souza. Co-Advisor: Cláusio

Antônio Ferreira de Melo.

The genera Cucumis and Passiflora are two groups with great reach and economic relevance in

Brazil. The first was introduced in the country during the colonization and today is represented

by a set of varieties and cultivars, while the second has as main center of genetics resource

diversity. The Cucumis melo (melon) has been few analyzed in the karyotypic variability, in

contrast with the large cultivar diversity. The hybrids of passifloras have several applications.

However, F1 hybrids are mostly obtained and characterized, lacking genetic information about

hybrids with more than two genomes in their constitution, karyotype characterization of

germplasm of two different genera, Cucumis and Passiflora, both used commercially via

classical and molecular cytogenetic methods. The present thesis aims at the analysis of

intraspecific karyotype variability in accessions of the C. melo (melon) species and the

obtaining and karyotype characterization among triple Passiflora hybrids, involving the

genome of the species P. thollozanii, P. mucronata and P cincinnata. As specific objectives: (i)

to review existing studies on the classical and molecular cytogenetics of Cucumis melo L .; (ii)

to carry out the investigation of the intraspecific karyotype diversity of melon (C. melo),

increasing the knowledge about this important taxon; (iii) to obtain triple Passiflora hybrids

and (iv) to characterize cytogenetically the triple Passiflora hybrids, in order to verify the

chromosomal behavior of this germplasm. In chapter 1: the review of the main works and

approaches on the conventional and molecular cytogenetic studies carried out in C. melo were

done by compiling in the articles through the key words "cytogenetic" + "Cucumis" in search

portals, magazines and books with opening for cytogenetic work. There were few studies

related to C. melo, and more work related to C. melo compared to other species of the genus,

for example C. sativus L., C. angurus L. and C. metuliferus E. Mey. ex Naudim. The karyotype

analysis of the melon was determined based on the articles related to cariological studies in

Cucumis; techniques for preparation of slides and staining of mitotic chromosomes of

karyotypic determination of C. melo; chromosome number study; karyotype analysis of melon

through FISH and phosmids; cytogenetic mapping of C. sativus and C. melo species using

repetitive DNA sequences; chromosome study of some species of Cucumis; cytological studies

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in Cucumis and Citrus. There are proportionately fewer articles speaking only of C. melo than

related to other species of Cucumis. In chapter 2: the karyotype characterization of melon

accessions distributed in Brazilian regions was made through the application of some

cytogenetic techniques. To prepare slides, root apices of the species were collected and

pretreated with 8-Hydroxyquinoline (8-HQ) and the slides were prepared by the crushing

technique and maintained at -20 ° C until the application of the fluorochromes CMA3 and

DAPI, Giemsa 3%, FISH. The results indicate that the melon has karyotype stability in

quantitative terms, however the chromosome size, the asymmetry and the length of the

chromosomal complement are variable among the cultivars. Despite the stability also in

number of 45S and 5S rDNA sites, variations in the position of these sites were observed.

Although the use of classical and molecular cytogenetic techniques are informative about the

stability and karyotype variation in C. melo, the inclusion of other chromosomal markers is

necessary for a better visualization of the chromatin in the species. In Chapter 3, three hybrid

genotypes HD25 (Passiflora coccinea x P. hatschbachii) were crossed with three distinct

species: P. cincinnata, P. tholozani and P. mucronata, yielding three triple hybrids (HD28,

HD29 and HD30). Hybrids were confirmed by genomic in situ hybridization (GISH), and also

the observation of a chromosome with recombination between P. coccinea and P. hatschbachii.

The morphological description of the hybrids indicates the use of the germplasm, except the

hybrid HD28, which did not show flower during the conduction of the experiment. The

localization of heterochromatin rich in GC and other chromosomal markers suggests

chromosomal stability in structure and number of homeopathic chromosomes. The observation

and location of the dispersed repetitive elements CL15 and CL86 did not allow the analysis of

the inheritance of these chromosomal regions. On the other hand, these elements and their

variations in the distribution in relation to the species P. edulis suggests retraction or genomic

expansion.

Palavras-chave: Cytogenomics, Classical Cytogenetics, Molecular Cytogenetics, FISH, GISH,

Artificial Hybrids.

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x

ÍNDICE

EXTRATO ............................................................................................................................. vi

ABSTRACT .......................................................................................................................... viii

INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 01

REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................... 03

1. Família Cucurbitaceae e o gênero Cucumis…………………………………………......... 03

2. Aspectos econômicos de Cucumis melo L........................................................................... 04

3. Citogenética de Cucumis melo L........................................................................................ 06

4. Família Passifloraceae Juss e gênero Passiflora L.............................................................. 08

5. Importância econômica do gênero Passiflora L.................................................................. 09

6. Citogenética do gênero Passiflora L...............……...............…………………….……..... 10

7. Obtenção de híbridos de Passiflora L...................................................................................13

CAPÍTULO 1: Análises Cariotípicas Em Meloeiro (Cucumis melo L.).................................. 17

Resumo.................................................................….......................……………………...….. 17

Abstract.................................................................................................................................... 18

1. Introdução............................................................................................................................ 19

1.1. Análise citogenética convencional e bandamento cromossômico em Cucumis melo...20

1.2. Análise citogenética molecular em Cucumis melo L................................................... 22

2.Metodologia..........................................................................................................................26

2.1. Caracterização Geral e Organização da Revisão Bibliográfica....................................26

2.2. Seleção de Artigos: Critérios de Inclusão e Exclusão Adotados.................................26

3. Considerações Finais.............................................................................................................28

4. Agradecimentos................................................................................................................... 28

5. Referências Bibliográficas................................................................................................... 29

CAPÍTULO 2: Caracterização Cariotípica de Acessos De Meloeiro (Cucumis melo L.).33

Resumo..................................................................................................................................... 33

Abstract.................................................................................................................................... 34

1. Introdução ........................................................................................................................... 35

2. Material e Métodos ............................................................................................................. 36

2.1. Material vegetal ........................................................................................................... 36

2.2. Preparação cromossômica............................................................................................ 37

2.3. Análise cariomorfológica............................................................................................. 37

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2.3.1. Morfometria cromossômica............................................................................... 37

2.3.2. Análise estatística............................................................................................... 37

2.4. Bandamento CMA3/DAPI ........................................................................................... 38

2.5. Preparo de sondas para Hibridação in situ Fluorescente (FISH).................................. 38

2.6. Tratamento de lâminas para FISH................................................................................ 39

2.7. Aplicação da FISH....................................................................................................... 39

2.8. Fotodocumentação........................................................................................................ 40

3. Resultados............................................................................................................................ 40

4. Discussão............................................................................................................................. 48

5. Conclusões........................................................................................................................... 51

6. Agradecimentos................................................................................................................... 51

7. Referências Bibliográficas................................................................................................... 53

CAPÍTULO 3: Organização e Evolução Cariotípica Em Híbridos Triplos Interespecíficos de

Passiflora L.............................................................................................................................. 58

Resumo .................................................................................................................................... 58

Abstract.................................................................................................................................... 59

1.Introdução............................................................................................................................. 60

2. Material e Métodos ............................................................................................................. 62

2.1. Material vegetal e hibridações interespecíficas............................................................ 62

2.2. Germinação das sementes e condições de cultivo........................................................ 64

2.3. Descrição morfológica dos híbridos............................................................................. 64

2.4. Preparação cromossômica............................................................................................ 65

2.5. Coloração com fluorocromos CMA3/DAPI................................................................. 65

2.6. Extração do DNA e produção de sondas para GISH e FISH....................................... 66

2.7. Aplicação de FISH e GISH.......................................................................................... 69

3. Resultados............................................................................................................................ 70

3.1. Obtenção e descrição dos híbridos triplos.................................................................... 70

3.2. Identificação genômica e confirmação do genoma em híbridos.................................. 73

3.3. Localização da região heterocromática rica em GC.................................................... 74

3.4. Localização de sequências genômicas repetidas.......................................................... 76

4. Discussão............................................................................................................................. 81

5. Conclusões........................................................................................................................... 85

6. Agradecimentos................................................................................................................... 85

7. Referências Bibliográficas................................................................................................... 86

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xii

8. Considerações Finais........................................................................................................... 92

9. Referências Bibliográficas Complementares....................................................................... 93

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1

INTRODUÇÃO

O gênero Cucumis L. está incluso na subtribo Cucumerinae, tribo Melothrieae,

subfamília Cucurbitoideae, sendo um dos maiores gêneros da família Curcubitaceae, com 34

espécies (ALMEIDA, 2006), como os meloeiros (Cucumis melo L.), os pepinos (C. sativus

L.), as melancias (Citrullus lanatus Thunb.) e as abóboras (Curcubita maxima L.). O meloeiro

(Cucumis melo L.) é uma espécie representativa do gênero, pois se destaca pela sua

importância econômica no Brasil e, em diversos países do mundo como, Espanha e Índia

(LOPES et al., 1999). Em 2012, o melão foi a oitava fruta mais produzida no mundo em

toneladas (FAO, 2016), sendo uma das três principais frutas exportadas para Europa,

alcançando mais de 1,8 milhões de toneladas por ano (SOUZA et al., 2012).

A família Passifloraceae pertence à ordem Malphigiales, e compreende 18 gêneros e

mais de 700 espécies (BERNACCI et al., 2013), distribuídas nas regiões tropicais e

subtropicais do mundo. O gênero Passiflora é o mais importante da família, por possuir

espécies que tem valor econômico e, por apresentar maior diversidade de espécies, chegando

a 525 espécies atualmente relatadas (BERNACCI et al., 2013). Dentre as principais espécies,

com características comerciais, destaca-se a Passiflora edulis Sims (maracujazeiro azedo), o

qual ocupa 95% da área plantada no Brasil, destinada ao mercado de frutas in natura e à

indústria de sucos (MELETTI, 2011). Por outro lado, o recurso genético silvestre tem sido

amplamente utilizado para ornamentação de áreas ao ar livre e de interiores, para produção de

híbridos interespecíficos únicos, ainda pouco explorados comercialmente (ABREU et al,

2009) e também, para introgressão de características de interesse ao melhoramento de plantas

(VANDERPLANK, 2000; ABREU et al., 2009). Na Bahia, o gênero Passiflora é

representado por 31 espécies com uma ampla distribuição geográfica (NUNES; QUEIROZ,

2006), sendo considerado recurso genético a ser explorado para ornamentação.

Atualmente, a análise citogenética, associada às informações genômicas e ferramentas

de bioinformática, tem contribuído para ampliar o poder de visualização da cromatina.

Diversos estudos foram realizados, no sentido do conhecimento da diversidade cariotípica e

genética de espécies silvestres e cultivadas de C. melo, revelando as principais características

citológicas dessa espécie (TRIVEDI; ROY, 1970; SINGH; ROY, 1974; DANE; TSUCHIYA,

1976; RAMACHANDRAN; SASHADRI, 1986), incluindo as características quantitativas

dos loci de DNAr (HAN et al., 2009; LIU et al., 2010), a composição do DNA centromérico

e, a rota citoevolutiva por reposicionamento do centrômero (HAN et al., 2009). Contudo, as

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relações intraespecíficas sobre a variabilidade e distribuição dos marcadores cromossômicos

são pouco conhecidas em C. melo.

No gênero Passiflora, a caracterização cariotípica molecular, pelo uso das técnicas de

hibridação in situ florescente (FISH) e hibridação in situ genômica (GISH), tem fornecido

informações importantes sobre a evolução e estabelecimento de híbridos interespecíficos,

principalmente entre espécies do subgênero Passiflora. Modificações cariotípicas como

aneuploidias, variações em sítios de DNAr, translocações e, poliploidização, têm sido

relacionadas a processos de hibridação e retrocruzamentos (SILVA et al., 2014; MELO et al.,

2017). Essas alterações são impactantes na biologia vegetal, principalmente em aspectos

reprodutivos disfuncionais, influenciando consideravelmente o estabelecimento e a indicação

de uso do recurso genético (SILVA et al., 2014; MELO et al., 2017).

Em Passiflora, o cruzamento interespecífico para a obtenção de híbridos

interespecíficos tem sido considerado uma ferramenta para obtenção de germoplasma voltado

a ornamentação (SANTOS et al., 2012; MELO et al., 2016). Esse fato ocorre por ampliar a

oferta e variabilidade em flores, bem como, ampliar o tempo de abertura da flor (SANTOS et

al., 2012; MELO et al., 2016). De modo geral, a obtenção de híbridos interespecíficos F1 tem

envolvido duas espécies, sendo mais raros os híbridos triplos ou, com mais espécies genitoras

(ULMER; MACDOUGAL, 2004) ou ainda, envolvendo retrocruzamentos (MELO et al.,

2016).

A presente pesquisa científica objetivou a caracterização cariotípica de germoplasma

de dois gêneros distintos, Cucumis e Passiflora, ambas utilizadas comercialmente, através de

métodos citogenéticos clássicos e moleculares. Para isso, foi realizada a análise da

variabilidade cariotípica intraespecífica em acessos da espécie C. melo (meloeiro). A obtenção

e caracterização cariotípica também foi realizada em híbridos triplos do gênero Passiflora,

envolvendo o genoma das espécies P. thollozanii, P. mucronata e P. cincinnata.

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REVISÃO DE LITERATURA

1. Família Cucurbitaceae e o gênero Cucumis

Pertencente à ordem Cucurbitales, a família Cucurbitaceae é composta por 975

espécies, as quais estão distribuídas em 118 gêneros, fazendo com que essa família seja

considerada uma das mais numerosas e heterogêneas existentes adicionalmente.

Cucurbitaceae está dividida em duas grandes subfamílias: Zanonioideae e Cucurbitoideae

(JUDD et al., 2009; SCHAEFER; RENNER, 2011). O gênero Cucumis pertence à subfamília

Cucurbitoideae e à tribo Benincaseae (JEFFREY, 2005). É um dos gêneros mais importantes

dessa família em termos econômicos, em que se destacam Cucumis melo L. (meloeiro),

Cucumis sativus L. (pepino), Citrullus lanatus (Thumb.) Matsun & Nakai (melancia) e,

Cucumis anguria L (maxixe) (LOPES et al., 1999). O melão está entre os mais cultivados do

mundo (PITRAT et al., 1999). As espécies da família Cucurbitaceae são predominantemente

cultivadas pelo valor agronômico, com aproximadamente 26 espécies de Cucurbitáceas

cultivadas como hortícolas, em diversas regiões do mundo, utilizadas na alimentação e

também, como planta ornamental (PITRAT et al., 1999).

Os centros de origem, diversificação e diversidade de Cucurbitaceae tem sido

largamente discutido na literatura (ROBINSON; DECKER-WALTERS, 1999; NEE, 2007;

SCHAEFER; RENNER, 2011; GOMES-KLEIN et al., 2013). Os gêneros Cucurbita, Sechium

e Cyclanthera são originários do continente Americano. Contudo, os outros gêneros são

originários da África, como por exemplo, o Cucumis, com centro de diversidade na Ásia

tropical (ROBINSON; DECKER-WALTER, 1997; BRANDÃO FILHO; VASCONCELOS,

1998; ROBINSON; DECKER-WALTERS, 1999). A África e a Índia peninsular podem ter

sido o centro de diversidade, do Cucumis melo (meloeiro), mas o mesmo se diversificou na

Índia, Arábia e Irã (MALLICK; MASSUI, 1986). A região tropical da América é o centro de

distribuição de 53 gêneros, que são nativos desta região, com aproximadamente 325 espécies

descritas (NEE, 2007; SCHAEFER; RENNER, 2011). No Brasil, encontram-se distribuídos

29 gêneros, no qual estão inseridas 155 espécies (GOMES-KLEIN et al., 2013), e somente na

região Nordeste é possível encontrar 22 gêneros e 52 espécies (GOMES-KLEIN, 2006).

De maneira geral, os membros da família Cucurbitaceae são ervas anuais ou perenes,

nativas de áreas temperadas e tropicais, incluem pepinos, cabaças, melões e abóboras. A

maioria das espécies é extremamente sensível a temperaturas baixas, um fator que limita sua

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distribuição geográfica e área de cultivo tropical. São predominantemente herbáceas

escandentes ou prostradas, monoicas ou dioicas, apresentam folhas simples, palmatilobadas

ou compostas; com inflorescências, geralmente, racemosas ou, de flor única, a maioria das

espécies tem flores unissexuais nas axilas das folhas e têm cinco pétalas brancas ou amarelas.

Há cinco sépalas em cada flor; flores masculinas têm até cinco anteras, muitas vezes fundidas

ou unidas de forma complexa e flores femininas, geralmente com três carpelos

(WUNDERLIN, 1978; JEFFREY; TRUJILLO, 1992; NEE, 2007). O fruto é geralmente um

pepônio, podendo ser capsular (Luffa), bacoide ou apresentar cápsula carnosa, e as sementes

apresentam forma achatada. Alguns frutos são utilizados na indústria farmacêutica como

fitoquímicos medicinais pela presença de compostos bioativos, outros são usados secos no

comércio, como utensílios, componentes para instrumentos musicais, esponjas, etc.

(PECKOLT, 1941; BEZERRA et al., 2002; PEREIRA et al., 2010).

2. Aspectos econômicos de Cucumis melo L.

O meloeiro (Cucumis melo) é uma espécie anual, herbácea, andromonoica, de

crescimento rasteiro, com ramificações sarmentosas, apresentando folhas membranáceas,

variavelmente lobadas, de 10-18 cm de comprimento. O meloeiro apresenta flores amarelas,

constituídas com 5 pétalas, podendo se apresentar de forma perfeita e imperfeita, ou ainda,

serem hermafroditas em pontos diferentes da planta (KIRKBRIDE JUNIOR, 1993;

LORENZI et al., 2006).

Possui frutos do tipo baga, de formato oblongo até elipsóide, com casca lisa ou

levemente enrrugada longitudinalmente, sem odor, de cor variável, de polpa espessa, com

textura fina e doce. Possui maturidade tardia e maior conservação pós-colheita (LORENZI et

al., 2006). Cada fruto produz de 200 a 600 sementes, dispostas simetricamente na parte

interna da polpa, tendo em média de 20 a 30 sementes por grama (MCCREIGHT et al., 1993).

A cultura do melão é bastante antiga, onde há evidências de que seu cultivo na Europa

e no Oriente Médio tenha ocorrido por volta de 2000 a 1500 antes Cristo, e sua exploração

resultou na formação de vários centros, de origem secundários, como a Índia, Irã, Turquia,

China e, as Repúblicas Asiáticas (KARCHI, 2000). Atualmente, as cultivares de melão estão

distribuídas no mundo em relação a sua demanda produtiva e de consumo.

As cultivares podem ser divididas em seis grupos básicos, de acordo com a origem e

características básicas dos frutos: amarelo (valenciano), cantaloupe, honeydew, gália (caipira),

pele de sapo e charentais. Os principais tipos produzidos comercialmente no Brasil pertencem

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a dois grupos: inodoros ou aromáticos. No grupo dos inodoros destacam-se dois tipos, que são

produzidos em escala comercial, denominados amarelo e pele de sapo. O tipo amarelo foi

introduzido da Espanha e, por isso, é conhecido como Melão Amarelo Espanhol, com seu

formato redondo ovalado e sua casca amarela com polpa entre branco a creme; é o tipo mais

cultivado, principalmente, pelo fato de apresentar boa conservação pós-colheita (SENAR,

2014). O tipo pele de sapo apresenta tamanho relativamente grande quando comparado com

os demais tipos comerciais e sua nomenclatura se deve ao fato do mesmo possuir casca verde-

clara com manchas verde-escuras, levemente enrugada e dura; sua polpa possui a cor creme

esverdeada de consistência firme e os aromáticos apresentam quatro tipos: cantaloupe, orange,

gália e charentais (SENAR, 2014).

O cantaloupe é de origem americana e é o mais produzido no mundo, apresenta a

casca rendilhada com formato esférico e polpa salmão (ARAGÃO, 2010). O charentais de

origem francesa; apresenta polpa salmão, casca lisa, verde-clara ou ligeiramente cinza e

reticulada (costelada), forma arredondada ou semi-ovalado e às vezes achatada (WHITAKER

et al, 1986). O tipo gália é de origem israelense; tem formato arredondado, casca verde e

amarela quando o fruto está maduro; a coloração da polpa varia de branco a branco

esverdeado (ARAGÃO, 2010). E o tipo Orange que apresenta frutos com formato redondo e

casca lisa de cor creme, polpa laranja-escura ou creme-esverdeada (SENAR, 2014).

O melão obteve o nono lugar no ranking de fruta mais produzida no mundo no ano de

2013, evidenciando a grande importância dessa cultura. Está entre as três principais frutas

exportadas, alcançando mais de 1,8 milhão de toneladas por ano (FAO, 2016). A cultura

atingiu área colhida de quase 1,34 milhão de hectares e produção (≈ 32 milhões de toneladas)

(FAO, 2016). China, Irã, Turquia, Egito e Índia são considerados os maiores produtores de

melão do mundo, com mais de 71% do total produzido em 2013 (FAO, 2016). Segundo dados

do IBGE (2016), a produção brasileira chegou a alcançar 589.9 mil toneladas de frutos, no

ano de 2014, oriunda de uma área cultivada de 21.99 mil hectares. O Brasil vem apresentando

um aumento crescente no volume de exportação de melão, saltando de 98,7 mil toneladas em

2002 para mais de 223,8 mil toneladas em 2015 (BRASIL, 2016). De 2012 até 2015, o melão

tem sido a fruta fresca com maior volume de exportação, exceto em 2013, quando foi também

a primeira em valor de exportação (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2015).

O fruto do meloeiro (C. melo) é apreciado no mundo todo e, embora a planta seja

botanicamente uma hortaliça, é comercializado como fruta. No Brasil, grande parte da

produção concentra-se na região Nordeste, no Vale do São Francisco (Bahia e Pernambuco) e,

principalmente, no Polo Jaguaribe-Açu (Ceará e Rio Grande do Norte), responsáveis por pelo

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menos 97% das exportações brasileiras, na última década (CELIN et al., 2014). O meloeiro é

uma das mais importantes culturas para a região nordeste no Brasil. A expansão da área

cultivada no nordeste brasileiro tem sido responsável por 95,0% da produção nacional de

melão, destacando-se Jaguaribe – Açu (≈ 467 mil toneladas por ano), envolvendo a região de

Mossoró, localizada na divisa dos estados Ceará e Rio Grande do Norte, e o Submédio do

Vale São Francisco (≈ 64 mil toneladas por ano), localizado na divisa dos Estados da Bahia e

Pernambuco (FIGUEIRÊDO et al., 2017). A produção de melão, na região Nordeste, é

considerada competitiva pela qualidade dos frutos e, por seu ciclo ser reduzido (≈ 60 dias), se

comparada com a Espanha e França (≈ 120 dias), chegando até três safras por ano.

O Brasil exportou com a cultura do melão em 2015, um valor que superou 154

milhões de dólares (BRASIL, 2016), onde o Ceará representa mais de 60%, seguido do Rio

Grande do Norte, que representa um pouco menos de 40% restantes. Aproximadamente,

metade da produção brasileira de melão é exportada, principalmente, para países da Europa,

responsável por ≈ 97 % das exportações brasileiras, na última década e a outra metade é

utilizada para atender ao mercado doméstico (CELIN et al., 2014). No Brasil a produção de

melão vem apresentando crescimento contínuo ao longo das últimas décadas, sendo este

fenômeno resultante de incrementos sucessivos na área cultivada e na produtividade obtida

(BRASIL, 2016).

3. Citogenética de Cucumis melo L.

A caracterização cariotípica pela aplicação da coloração convencional em C. melo tem

revelado o número cromossômico constante de 2n = 2x = 24, com cromossomos pequenos

(cerca de 2 µm), com dados limitados de morfologia cromossômica obtidos pela visualização

e análise de centrômeros e constrições secundárias (TRIVEDY; ROY, 1970; SINGH; ROY,

1974; RAMACHANDRAN; SASHADRI, 1986; HOSHI et al., 2013).

A localização da heterocromatina base-específica realizada através da coloração

diferencial com fluorocromos Cromomicina A3 (CMA3) e 4´-6-diamidino-2-fenilindol (DAPI)

tem sido pouco relatada em C. melo, contudo o DNA repetitivo CentM, restrito a regiões

centroméricas e pericentromérica, tem revelado a riqueza em GC (HAN et al., 2009). O

estudo entre as espécies de C. melo e C. metuliferus revelou alta similaridade cariotípica em

bandas heterocromáticas, sendo os centrômeros e satélites ricos em GC (CMA3+

/DAPI-)

(HOSHI et al., 2013). Essa cromatina rica em GC e pobre em AT têm sido utilizadas como

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um exelente marcador cromossômico amplamente empregado na análise citogenética

comparativa vegetal (GUERRA, 2002).

Estudos citogenéticos criaram a base para a integração de mapas moleculares,

genéticos e citológicos em estudos de algumas espécies do gênero Cucumis (ROY; SINGH,

1974; HOSHI et al., 1999; KOO et al., 2002; HAN et al., 2009; KOO et al., 2010). O

mapeamento usando a hibridação fluorescente in situ (FISH), com clones de DNA ancorados

com marcadores de DNA geneticamente mapeados em cromossomos paquitênicos, é uma

abordagem muito eficiente para integrar mapas genéticos com mapas cromossômicos

(JIANG; GILL, 2006). Técnicas citogenéticas têm sido utilizadas para avaliar o

reposicionamento do centrômero de um cromossomo que pode mover-se durante a evolução

e, o seu impacto no genoma de algumas espécies pertencentes ao gênero Cucumis, pode

resultar numa grande alteração da morfologia dos cromossomos e cariótipos (HAN et al.,

2009).

O sequenciamento do genoma do meloeiro (C. melo), em 2012, promoveu um

crescimento nos estudos citogenéticos na espécie, impulsionando o mapeamento, a análise

sintênica e genômica desta cultura (GARCIA-MASA et al., 2012). No entanto, muitas

inferências citológicas e evolutivas sobre o táxon e a espécie próxima do C. sativus, já haviam

sido realizadas, quanto à composição e, distribuição da heterocromatina, principalmente, o

desenvolvimento e aplicação de marcadores cromossômicos, importantes para a análise da

cromatina em composição e distribuição (HAN et al., 2009; LIU et al., 2010).

A técnica de FISH tem sido utilizada para determinar o número e a localização

cromossômica de loci de DNAr 5S e 45S, em Cucumis diplóides (LI et al., 2016). Os

resultados fornecem evidências citogenéticas claras sobre a divergência entre, C. melo, e

espécies silvestres diploides africanas de Cucumis, tanto em número, como na posição destes

sítios de DNAr (LI et al., 2016). Esses resultados mostraram as inter-relações entre espécies

no gênero Cucumis, e também que os padrões de DNAr podem ser usados como marcadores

citológicos para a discriminação de espécies estreitamente relacionadas (LI et al., 2016).

Adicionalmente, a técnica de FISH quando combinada com informações genômicas,

através da utilização de fosmídeos ancorados por marcadores SSR específicos, tem se

mostrado como marcadores citológicos para o conhecimento da rota evolutiva e filogenética

dessas espécies (LIU et al., 2010). Estudos citogenéticos comparativos entre C. sativus e C.

melo, tem sido uma boa estratégia utilizada para inferências evolutivas entre ambos os táxons,

tendo em vista a especiação dos mesmos de um ancestral comum a aproximadamente nove

milhões de anos atrás (SCHAEFER et al., 2009).

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4. Família Passifloraceae Juss e gênero Passiflora L.

A família Passifloraceae compreende 18 gêneros e mais de 700 espécies, distribuídas

nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (BERNACCI et al., 2013), cuja maior

diversidade é encontrada na região neotropical, onde ocorre cerca de 500 espécies. O gênero

Passiflora é representado por espécies de ampla utilização direta, como por exemplo, P.

edulis f. edulis flavicarpa L. (maracujazeiro roxo), P. alata Curtis (maracujazeiro doce) e

Passiflora edulis f. flavicarpa O. Deg. (maracujazeiro azedo) (ULMER; MACDOUGAL,

2004). O número de espécies do gênero continua crescendo com a descoberta de novas

espécies, tais como Passiflora kikiana Cervi & Linsingen (CERVI; LINSINGEN, 2010), P.

cristalina Vanderpl. & Zappi (VANDERPLANK; ZAPPI, 2011), P. cacao Bernacci & M. M.

Souza (BERNACCI; SOUZA, 2012) e, P. pottiae Cervi & Imig (CERVI; IMIG, 2013),

ampliando o recurso genético conhecido do gênero.

O centro de origem de mais de 95% das espécies do gênero é a América do Sul. O

Brasil é considerado um dos principais centros de diversidade, com quatro gêneros relatados,

Passiflora, Ancistrothrysus Harms, Dilkea Mast. e Mitostemma Mast., em torno de 85

espécies endêmicas e mais de 137 espécies nativas (FERREIRA, 1994; BERNACCI et al.,

2013), atribuindo ao país uma posição privilegiada em termos de diversidade (FERREIRA,

1994; CERVI; SANTOS, 2000). Algumas espécies são cultivadas comercialmente por

características como sabor do fruto, propriedades nutricionais, farmacêuticas, cosméticas,

ambientais e ornamentais (CERVI, 1997; ABREU et al., 2009; PATIL et al., 2013).

O estado da Bahia é representado por 31 espécies do gênero Passiflora já descritas,

demonstrando ampla distribuição em praticamente todos os biomas do Estado, como por

exemplo, em fragmentos de floresta Atlântica no sul (NUNES; QUEIROZ, 2006). O risco de

extinção e perda do recurso genético, nos fragmentos de floresta Atlântica restantes e,

consequentemente, a redução da diversidade alélica têm sido considerados um problema

contemporâneo, que atinge vários grupos vegetais. As espécies P. campanulata Mast., P.

setulosa Killip, P. malacophylla Mast. e P. racemosa Brot., táxons endêmicos do estado do

Rio de Janeiro, têm sofrido em risco de extinção, indicando a necessidade de medidas de

proteção da diversidade (HERBÁRIO IAC).

O gênero Passiflora compreende plantas trepadeiras, herbáceas, arbustivas e lenhosas

com gavinhas axilares (CERVI, 1997). Possuem caules cilíndricos ou quadrangulares, muito

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ramificados, angulosos, suberificados, glabros, que em algumas espécies, podem apresentar

pilosidade e atingir de 5 a 10 m de comprimento (KILLIP, 1938). As folhas são alternas,

simples e com morfologia bastante variável (ULMER; MACDOUGAL, 2004; FARINAZZO;

SALIMENA, 2007, ARAÚJO et al., 2008; JUDD et al., 2009). As flores são vistosas,

possuem características marcantes e diferem de outros gêneros da família Passefloraceae por

apresentarem cinco estames, cinco pétalas, cinco sépalas e androginóforo ereto com estames

de extremidades livres e três estigmas (CERVI, 1997). O fruto é do tipo baga e indeiscente,

com numerosas sementes e apresentam casca dura (FARINAZZO; SALIMENA, 2007).

O maracujazeiro tem polinização dependente de agentes polinizadores, principalmente

de grande porte, a exemplo das mamangavas, vespas, mariposas, borboletas e morcegos

(SAZIMA; SAZIMA, 1978; VARASSIN et al., 2001), uma vez que o maracujazeiro é uma

planta alógama com um sistema de autoincompatibilidade que favorece a polinização cruzada

(GANGA et al., 2004; BRUCKNER et al., 2005).

5. Importância econômica do gênero Passiflora L.

As espécies da família Passifloraceae, ou maracujazeiros, como são conhecidas

popularmente no Brasil, ou ainda como passion fruit nos países de língua inglesa, são

utilizadas para o consumo in natura e na indústria alimentícia. Apresentam grande

importância econômica na agricultura. As espécies de maior importância econômica no Brasil

são P. edulis e P. alata, sendo o país um dos maiores produtores e consumidores mundiais

(AGRIANUAL, 2017). A espécie P. edulis ocupa a primeira posição na produção de

maracujá no Brasil, sendo uma importante geradora de renda para o país. Em 2015 a produção

foi de 50.837 ha de área colhida e, 584.000 t (toneladas) de produção, com um rendimento de

14,5 t/ha, sendo que, a maior parte da produção de maracujá ocorre na região Nordeste (71%

da produção), principalmente no estado da Bahia (42.81% da produção) (IBGE - Produção

Agrícola Municipal, 2015) com isso, o Brasil, é considerado o maior produtor e consumidor

mundial de maracujá (FALEIRO; JUNQUEIRA, 2016).

A importância das passifloras na área dos cosméticos e farmácia também é bastante

representativa, as quais possuem flavonóides com atividade ansiolítica, hipnótica e sedativa

(SAKALEM et al., 2012). No ano de 2015, a produção anual brasileira foi estimada de

823.000 toneladas, mostrando o potencial e a importância socioeconômica do maracujazeiro

ao Brasil (IBGE, 2015). Um total de 90% do suco industrializado produzido no Brasil é

exportado para o mercado comercial Europeu (AGRIANUAL, 2017). O nordeste brasileiro é

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a região do país de maior produção, liderada pela Bahia (410.078 t/ha), seguido pelos estados

da região sudeste: Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro (IBGE, 2015).

Em programas de melhoramento genético para a introgressão de fatores de resistência

a estresses bióticos e abióticos em cultivares comerciais, espécies são utilizadas de modo

direto ou são introduzidas (JUNQUEIRA et al., 2005; MELETTI et al., 2005; SANTOS,

2013). Contudo, a utilização como planta ornamental tem sido foco principal do germoplasma

híbrido, obtidos pela hibridação interespecífica entre espécies silvestres, para a produção de

híbridos com características únicas ou intermédiárias aos genitores (BELO, 2010; SANTOS et

al., 2012; MELO et al., 2017). Em Passiflora, a obtenção de híbridos interespecíficos por

simples hibridação sexual é comum, pois, existem fracas barreiras reprodutivas entre as

espécies do mesmo subgênero (VANDERPLANK; ZAPPI, 2011). Por outro lado, as relações

citogenéticas e filogenéticas entre as espécies genitoras têm sido consideradas dois parâmetros

importantes para o sucesso da hibridação (ABREU et al., 2009; SANTOS et al., 2012; MELO

et al., 2017). Em Passiflora, os híbridos oriundos de mais de duas espécies são raramente

relatados, mas já foram obtidos para a ornamentação (JUNQUEIRA et al., 2008). Muito

embora as relações genômicas e o estabelecimento deste germoplasma não tem sido ponto de

investigação pela aplicação de técnicas moleculares ou citogenéticas (ABREU et al., 2009;

SANTOS et al., 2012; MELO et al., 2017).

Outras características comerciais e de importância ambiental têm sido atribuída a

compostos extraídos de espécies como, P. ligularis com a descoberta de um novo

polissacarídeo, o biopolímero xiloglucan, extraído da casca do fruto e que pode ser usado para

produção de plástico biodegradável (TOMMONARO et al., 2007). Em P. edulis foi verificada

alta eficiência biossortiva, também extraída da casca, na remoção de íons metálicos de cobre e

zinco, com 92,95% e 83,49%, respectivamente, de retenção dos íons pela biomassa (RAMOS

et al., 2016). Nas flores de Passiflora foram extraídas substâncias que podem ser usadas como

herbicidas naturais, importante para reduzir o uso de herbicidas sintéticos e de agrotóxicos

(KHANH et al., 2008).

6. Citogenética do gênero Passiflora L.

A expressiva variabilidade genética inter- e intraespecífica de Passiflora revelada por

análise citogenética tem permitido selecionar espécies com genótipos promissores ao

cruzamento interespecífico (OHRI, 1998; SANTOS et al., 2012; MELO et al., 2014; MELO

et al., 2017). Além disso, as análises citogenéticas podem trazer contribuições indispensáveis,

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no sentido de aumentar a eficiência das estratégias de conservação e na condução de

programas de melhoramento com a espécie (SANTOS et al., 2012; MELO et al., 2014;

MELO et al., 2017). As técnicas citogenéticas clássicas e moleculares têm sido aplicadas para

a compreensão das relações entre as espécies, trazendo avanços significativos ao estudo

citotaxonômico no gênero Passiflora (MELO et al., 2001, MELO; GUERRA, 2003) e

também evolutivo (VIANA; SOUZA, 2012; MELO et al., 2014).

As espécies já analisadas de Passiflora demonstram ampla variação no número

cromossômico diploide, sendo uma característica relacionada a subgêneros, série e seção

botânica (MELO et al., 2014). Diferentes números cromossômicos básicos (x) já foram

propostos para o gênero, sugerindo que essa informação possa ser utilizada para agrupar os

táxons de acordo com o status taxonômico, como por exemplo, pertencente ao grupo de x = 6,

x = 9, x = 10 e x = 12 (MELO et al., 2001; MELO; GUERRA, 2003). Na literatura há vários

trabalhos usando dados citogenéticos e moleculares acerca do número básico primário e

secundário para Passiflora (STOREY, 1950; RAVEN, 1975; MORAWETZ, 1986; SNOW;

MACDOUGAL, 1993; MELO et al., 2001; MELO; GUERRA, 2003; HANSEN et al., 2006;

SOUZA et al., 2008). A nível cariotípico, além da descrição de passifloras consideradas

diploides com 2 n = 12, 2 n = 18, 2 n = 20 e 2 n = 22 (MELO et al., 2001; SOUZA et al.,

2008), também já foram descritos citótipos tetraploides (2 n = 4x = 24) sendo x = 6

(KNIGHT, 1991; BRUNER, 1998; MELO; GUERRA, 2003), hexaploides (2 n = 6x = 36)

também com x = 6 (MELO; GUERRA, 2003) ou, octaploides (2 n = 8x = 72) com x = 9

(SNOW; MACDOUGAL, 1993; MELO et al., 2001; MELO; GUERRA, 2003).

A utilização de técnicas convencionais tem revelado parâmetros cariotípicos comuns a

ocorrência de taxon com 2 n = 12 e 2 n = 18 em espécies do subgênero Decaloba e Passiflora,

respectivamente (MELO et al., 2014). Apesar da contribuição da citogenética clássica para

estudo do gênero Passiflora, o número cromossômico foi identificado em apenas 13% das

espécies já documentadas, de acordo com o IPCN chromosome number (GOLDBLATT;

JOHNSON, 2011). O número de espécies avaliadas está sendo ampliado com a inclusão de

novos dados obtidos pela aplicação de técnicas citogenéticas clássicas e moleculares

(VIANA; SOUZA, 2012; CERVI, 2013; KOCH, et al., 2015; MELO et al., 2017). Além do

número cromossômico obtido pela coloração citogenética convencional, a aplicação de outras

técnicas citogenéticas clássicas têm auxiliado o estudo genético do gênero, por exemplo, a

utilização do bandamento C para a localização da heterocromatina constitutiva e subsequente

identificação e delimitação entre as espécies P. edulis e P. cacao Bernacci & Souza (VIANA;

SOUZA, 2012).

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A aplicação da coloração diferencial com nitrato de prata realizada nas espécies P.

alata, P. amethystina, P. coccinea, P. edulis, P.incarnata e P. maliformis, indicaram que

algumas espécies apresentam mais de um par cromossômico com Região Organizadora de

Nucléolo (RON) (MAYEDA, 1997). Já a utilização de fluorocromos base-específicos

CMA3/DAPI, realizada em oito espécies de Passiflora (P. amethystina, P. caerulea, P.

capsularis, P. edulis, P. foetida, P. racemosa, P. rubra e P. tricuspis), possibilitou a

visualização de um a três pares de blocos CMA3+/DAPI relacionados a constrições

secundárias (MELO; GUERRA, 2003).

A contribuição da citogenética molecular para a análise comparativa entre espécies do

gênero Passiflora tem sido realizada com sucesso através de trabalhos com a aplicação da

hibridação in situ fluorescente (FISH) (MELO; GUERRA, 2003; SOUZA et al., 2010;

COELHO et al., 2016; MELO et al., 2017; PAMPONÉT, 2017 ; SILVA et al., 2017) e

hibridação in situ genômica (GISH) (MELO et al., 2015; COELHO et al., 2016; MELO et al.,

2017; SILVA et al., 2017).

A técnica de FISH tem demonstrado variações, principalmente, em nível taxonômico,

no número de sítios de hibridação de DNAr 45S e 5S (MELO; GUERRA, 2003). O

mapeamento das regiões de DNAr 45S em P. edulis e em P. amethystina demonstraram a

presença de quatro sítios de DNAr 45S para P. edulis e seis sítios para P. amethystina (CUCO

et al., 2001). O número de sítios de DNAr 45S tem apresentado relação com o nível de ploidia

das espécies do gênero Passiflora (MELO; GUERRA, 2003).

Até o momento poucos trabalhos têm sido relatados sobre a construção de mapas

físicos em espécies de Passiflora. Um exemplo é o trabalho com oito genes, obtidos a partir

de uma biblioteca genômica inserida em BACs (Bacterial Artificial Chromossome) e

sequenciados pela técnica de BAC-ends resultando em padrões de hibridação dispersos,

encontrados nas regiões pericentroméricas e subteloméricas na maioria dos cromossomos,

indicando a presença de DNA repetitivo nesses BACs (SANTOS et al., 2014). Outro exemplo

é com P. edulis, que analisou 10.000 sequências inseridas em BACs (Bacterial Artificial

Chromossome), sendo observado cerca de 20% dessas sequências corresponde a DNA

repetitivo (SANTOS et al., 2014). Uma abordagem importante é a caracterização do DNA

repetitivo de espécies pertencentes ao gênero Passiflora, elucidando a origem evolutiva de P.

edulis f. flavicarpa e as relações genômicas entre as espécies dos subgêneros Decaloba e

Passiflora com P. edulis f. flavicarpa, bem como, identificar, caracterizar e mapear o DNA

repetitivo (DNA ribossomal, DNA satélite e elementos tranponíveis) em espécies de

Passiflora L. (SILVA, 2017).

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E ainda, o trabalho para identificar, caracterizar e mapear o DNA repetitivo de P.

edulis e verificar a eficiência da hibridação heteróloga das sondas para caracterização do

DNA repetitivo em espécies relacionadas. Nesse sentido, esses estudos permitiram uma

melhor compreenção sobre a estrutura e organização do genoma em espécies do gênero

Passiflora possibilitando a obtenção de avanços nas pesquisas com Passiflora L. (SILVA,

2017).

A técnica de GISH é uma modificação da FISH, em que a diferença essencial está no

uso de sondas, que são elaboradas a partir do DNA genômico de espécies genitoras ou,

filogeneticamente próximas ao germoplasma analisado (CHESTER et al., 2010). Da mesma

forma, a GISH tem sido empregada para identificação de híbridos em muitas famílias de

plantas (SILVA; SOUZA, 2013). Ela utiliza o DNA genômico total de um genitor como

sonda e o DNA genômico total do outro genitor como DNA de bloqueio, identificando o

genoma de cada espécie formadora do híbrido (STACE; BAILEY, 1999; SILVA; SOUZA,

2013). Em híbridos de Passiflora, oriundos do cruzamento entre P. gardneri vs. P.gibertii a

técnica de GISH permitiu comprovar o caráter híbrido em todas as plantas F1 analisadas

(SILVA et al., 2017) e, ainda, em estudos de recombinação entre híbridos retrocruzados

(MELO et al., 2017).

7. Obtenção de híbridos de Passiflora L.

A diversidade das passifloras refletem-se na importância econômica do gênero, cujos

representantes são explorados para fins ornamentais (VANDERPLANK, 1996), medicinais

(TOMMONARO et al., 2007) e nas indústrias cosmética e alimentícia, podendo os frutos de

várias espécies ser processados para a fabricação de sucos, sorvetes, licores e doces

consumidos ou in natura, a exemplo do maracujá azedo (Passiflora edulis Sims). O Brasil

tem se destacado no cenário internacional com a cultura do maracujazeiro (IBGE, 2016),

representando mais de 95% dos pomares no país (MELETTI, 2011). No entanto, esta espécie

apresenta alta susceptibilidade a várias doenças, a exemplo de bacterioses, fusarioses e

viroses, o que ameaça a expansão e a produtividade dos cultivos. Consequentemente, esta

espécie tem sido alvo de hibridações em diversos programas de melhoramento genético

(MELETTI, 2011; CERQUEIRA-SILVA et al., 2014; SILVA, 2017), os quais utilizam

espécies silvestres do gênero como alternativas para ampliação da base genética para

resistência a diversas doenças, a qual pode ser combinada com características de

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produtividade e qualidade de frutos (BELLON et al., 2007) e para ornamentação (MELO et

al., SILVA, 2017; SOUZA , 2018).

Uma das espécies silvestres de passifloras no Brasil, a P. cincinnata Mast., apresenta

potencial agronômico, por possuir frutos com sabor característico (ARAÚJO et al., 2008;

CERQUEIRA-SILVA et al., 2010), além de apresentar variabilidade de caracteres de

interesse agronômico (ARAÚJO et al., 2008) como tolerância a doenças (MELETTI et al.,

2005). Apresenta o número cromossômico 2 n = 18 e dois pares de sítios de DNAr 45S, sendo

considerada citologicamente semelhante a P. edulis (MELO; GUERRA, 2003), tornando-a

importante em hibridações para uso em programas de melhoramento genético (MELETTI et

al., 2005; CERQUEIRA-SILVA et al., 2012).

Apesar das barreiras reprodutivas, existem relatos de sucesso na obtenção de híbridos

mediante a utilização de técnicas de hibridação sexual e somática em Passiflora (BARBOSA;

VIEIRA, 1997; SOARES-SCOTT et al., 2003; CUCO et al., 2005; BARBOSA et al., 2007;

JUNQUEIRA et al., 2008), bem como a obtenção de híbridos interespecíficos para fins

ornamentais (ULMER; MACDOUGAL 2004; CONCEIÇÃO et al., 2011; SANTOS et al.,

2012).

O primeiro híbrido produzido envolvendo espécies do gênero Passiflora ocorreu em

1819, pelo inglês Thomas Milne, que cruzou P. caerulea com P. racemosa, dando origem ao

híbrido que denominou de P. ‘Violacea’, segundo a fórmula de hibridação descrita por Jean-

Louis-Auguste-Loiseleur-Destongchamps, em 1928 (VANDERPLANK, 2000). A finalidade

da obtenção de híbridos ainda permanece desconhecida, mas acredita-se que foi para fins

ornamentais (ABREU et al., 2009). A definição mais usada para o termo híbrido são

resultados de cruzamentos inter ou intraespecíficos utilizando-se genitores com genótipos

diferentes e originando espécies que comportam genes alelos de interesse (ALLARD,1971;

GRIFFITHS et al., 1998; VANDERPLANK, 2000). Até 2005, cerca de 400 híbridos de

passifloras com finalidade ornamental já havia sido reportado (PEIXOTO, 2005). Entre 2010

e 2011 foram registrados 21 novos híbridos (KING, 2011), e a maioria com flores de grande

exuberância.

Para os programas de melhoramento genético, é de fundamental importância entender

o potencial das espécies genitoras, bem como avaliar e caracterizar os híbridos

interespecíficos mediante parâmetros genéticos e fenotípicos que permitam estimar a

diversidade genética, as taxas de viabilidade e fertilidade, bem como reconhecer as barreiras

pré e pós-zigóticas. Nesse caso, a constituição, o comportamento cromossômico dos

genótipos promissores e dos híbridos podem ser avaliados pelas análises mitótica e meiótica

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(SOARES-SCOTT et al., 2003; BARBOSA et al., 2007; SANTOS et al., 2012), aplicando

técnicas de bandeamento cromossômico (MORAES et al., 2013), Hibridização in situ

Fluorescente (Fluorescent In Situ Hybridization - FISH) (SOUZA et al., 2010; MORAES et

al., 2013) e a Hibridização Genômica in situ (Genomic In Situ Hybridization - GISH), a qual

utiliza sondas genômicas, tem possibilitado a identificação de cromossomos em híbridos

interespecíficos e em espécies alopoliploides (RAINA; RANI, 2001), como observado, por

exemplo, nos gêneros Epidendrum L. (MORAES et al., 2013), Spondias L. (ALMEIDA et al.,

2007) e Passiflora (MELO et al., 2015).

Neste sentido, existem relatos de sucesso na obtenção de híbridos de Passiflora,

através da utilização de técnicas de hibridação sexual e somática (JUNQUEIRA et al., 2008;

BARBOSA et al., 2007; CUCO et al., 2005; JUNQUEIRA et al., 2005; SOARES-SCOTT et

al., 2003; BARBOSA; VIEIRA, 1997), bem como, a obtenção de híbridos interespecíficos

para fins ornamentais (BELO et al., 2018; MELO et al., 2017; COELHO et al., 2016; MELO

et al., 2015; SANTOS et al., 2012; CONCEIÇÃO et al., 2011; BELO et al., 2010; ULMER;

MACDOUGAL, 2004).

As passifloras são alógmas por excelência. A sua autoincompatibilidade favorece a

hibridação cruzada, até mesmo entre espécies diferentes (BRUCKNER et al., 1995). Por isso,

a autoincompatibilidade é útil na produção de híbridos em Passiflora. Levando em

consideração as caracteristíticas florais e o florescimento em Passiflora, o emprego das

técnicas de hibridação é relativamente fácil, pois as espécies possuem na sua maioria flores

grandes e florecem o ano todo, além disso, a viabilidade do pólen e a receptividade do

estigma ocorrem no mesmo dia (BRUCKNER; OTONI, 1999).

Em Passiflora, devemos observar também a existência de híbridos naturais. Alguns

autores com base em estudos evolutivos questionam a origem de algumas espécies,

acreditando que nesse gênero novas espécies possam surgir por hibridação. Por exemplo, já

foi proposto que P. edulis f. flavicarpa resultou do cruzamento entre P. edulis e P. ligularis

Juss (POPE, 1935), no entanto, sua origem ainda permanece obscura, apontada por E. P.

Killip como uma mutante ou híbrido selvagem (VANDERPLANK, 2000).

Em Passiflora, a confirmação de hibridação era feita apenas com base em

características morfológicas. Ela é simples e de baixo custo (SANTOS et al., 2012), uma vez

que não é necessário a utilização de grandes estruturas para esse fim. Geralmente, procura-se

analisar se os híbridos possuem características intermediárias entre as espécies genitoras,

porém, com o advento da biologia molecular e com os refinamentos das técnicas em

citogenética, novas ferramentas mais confiáveis foram surgindo.

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Atualmente os marcadores moleculares têm sido empregados para confirmação de

hibridação em vários gêneros, tais como espécies do gênero Theobroma (FALEIRO et al.,

2003), Carica (MAGDALITA et al., 1997) e Passiflora (JUNQUEIRA et al., 2008;

CONCEIÇÃO et al., 2011; SANTOS et al., 2012), assim como o uso da citogenética

molecular, (FISH e GISH), que fornecem informações altamente confiáveis quanto à

confirmação de híbridos, tanto com a utilização de cromossomos marcadores com o uso de

FISH, utilizando DNAr 5S e 45S, por exemplo (SILVA, 2017), como com o uso de GISH,

utilizando DNA genômico como sonda (SCHWARZACHER et al., 1989; MARASEK, et al.,

2004; XIONG, et al., 2006; SILVA; SOUZA, 2013; SOUZA, 2018).

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CAPÍTULO 1: Análises Cariotípicas Em Meloeiro (Cucumis melo L.)

Rita de Cássia Vital Santos Sanchês, Margarete Magalhães Souza, Claúsio Antônio Ferreira

Melo, Gonçalo Santos Silva, Matusalem Santos Campos, Ronan Côrrea

Xavier, Glauber

Henrique Sousa Nunes e Ioná Santos Araújo

Holanda.

Resumo

O meloeiro (Cucumis melo L.) é uma espécie da família Cucurbitaceae e constitui-se

de uma espécie herbácea, amplamente cultivado no Brasil, principalmente nas regiões

semiáridas do Nordeste. Originário da Península Ibérica é considerado um representante de

destaque econômico na família, o meloeiro, tem sido amplamente explorado em análises

genéticas descritivas, principalmente após o sequenciamento genômico do táxon e a

identificação e desenvolvimento de marcadores cromossômicos. Essa informação tem

contribuído para a análise da variabilidade e dos fatores citológicos e evolutivos, que

estiveram envolvidos no estabelecimento da cultura e de sua variabilidade. Considerando que

a análise citogenética é um recurso utilizado na caracterização de espécies vegetais

agronomicamente importantes, este estudo tem como objetivo revisar os principais trabalhos

que abordaram a análise citogenética convencionais, moleculares e o cariotípo no meloeiro

(Cucumis melo L.), através de uma revisão bibliográfica, com o intuito de retratar as

principais características cromossômicas da espécie em suas relações inter- e intraespecífica.

Desse modo, pretendeu-se compreender a estrutura física e molecular dos cromossomos,

assim como os elementos genômicos já estudados que favoreceram o entendimento citológico

da cultura. Aliada a abordagem interespecífica entre o táxon C. melo e representantes do

gênero, as técnicas citogenéticas moleculares têm trazido valiosas informações a respeito da

composição da distribuição da cromatina em C. melo e sua importância na filogenia e

diversificação das espécies do gênero Cucumis.

Palavras-chave: Citogenética Convencional, Citogenética Molecular, FISH, Melhoramento

Genético.

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Abstract

The melon (Cucumis melo L.) is a species of the family Cucurbitaceae and is an herbaceous

species, widely cultivated in Brazil, mainly in the semi-arid regions of the Northeast.

Originating in the Iberian Peninsula is considered a prominent economic representative in the

family, melon, has been extensively explored in descriptive genetic analyzes, mainly after the

genomic sequencing of the taxon and the identification and development of chromosomal

markers. This information has contributed to the analysis of variability and cytological and

evolutionary factors that were involved in the establishment of the culture and its variability.

Considering that the cytogenetic analysis is a resource used in the characterization of

agronomically important plant species, this study aims to review the main works that

approached the conventional cytogenetic analysis, molecular and the karyotype in the melon

(Cucumis melo L.), through a review with the aim of portraying the main chromosome

characteristics of the species in its inter- and intraspecific relations. In this way, it was

intended to understand the physical and molecular structure of the chromosomes, as well as

the genomic elements already studied that favored the cytological understanding of the

culture. In addition to the interspecific approach between the C. melo taxon and

representatives of the genus, molecular cytogenetic techniques have brought valuable

information about the composition of the chromatin distribution in C. melo and its importance

in the phylogeny and diversification of species of the genus Cucumis.

Keywords: Conventional Cytogenetics, Molecular Cytogenetics, FISH, Genetic

Improvement.

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1. INTRODUÇÃO

A família botânica Cucurbitaceae possui um grande número de espécies cultivadas,

principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, sendo a temperatura um fator

limitante para sua distribuição geográfica e área de cultivo. Essa família abrange cerca de 118

gêneros com aproximadamente 950 espécies, sendo considerado um grupo diversificado

(JUDD, 2009; SCHAEFER; RENNER, 2011). Na região tropical da América são descritos 53

gêneros nativos e, aproximadamente 325 espécies (NEE, 2007; SCHAEFER; RENNER,

2011). No Brasil, verifica-se aproximadamente 29 gêneros no qual estão inseridas 155

espécies (GOMES-KLEIN et al., 2013), e somente na região Nordeste é possível encontrar

cerca de 52 espécies e 22 gêneros (GOMES-KLEIN, 2006).

O gênero Cucumis, amplamente distribuído no mundo consiste em 32 espécies, o que

inclui alguns vegetais economicamente importantes e amplamente cultivados no Brasil: o

meloeiro, o pepino (C. sativus L.) e o machiche (C. anguria L.) (HOSHI et al., 2013).

Encontram-se também mais três espécies de Cucumis (C. dipsaceus, C. hardwickii e C.

callosus) e cinco variedades de C. melo (C. melo var. ghurmi, C. melo var. momordica, C.

melo var. muskmelon, C. melo utilissimus e C. melo var. agrestis) que têm sido bastante

estudadas e discutidas de acordo com Singh e Roy (1974).

O melão é uma das frutas mais cultivadas no mundo e é de grande importância

econômica no Brasil onde cerca de 330 mil toneladas são produzidas por ano (FAO, 2016). A

grande distribuição mundial do cultivo do meloeiro confirma a condição de espécie com

maior variabilidade fenotípica do gênero Cucumis, sendo verificada nos frutos com diferentes

origens, cores, formatos e aromas. As cultivares de melão podem ser divididos em seis

grupos: valenciano, honeydew, caipira, pele de sapo, cantaloupe e charentais (JEFFREY,

1990; STEPANSKY et al., 1999).

A análise do cariótipo é um método eficiente para caracterização de germoplasma,

direcionando o germoplasma ao pré-melhoramento (MELO et al., 2016). Essa análise informa

parâmetros genômicos pela observação de cromossomos metafásicos, com o uso de técnicas

citogenéticas específicas, a localização e identificação de sequências e regiões

heterocromáticas (GUERRA; SOUSA, 2002).

A citogenética pode ser aplicada para a identificação cromossômica, análise

citogenética comparativa entre taxa do gênero, análise da distribuição da heterocromatina em

diferentes fases (SYBENGA, 1992), mais ainda a citogenética molecular, mapeamento físico

do DNA satélite centromérico e outras sequências repetitivas, na análise genômica sendo

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amplamente utilizada na identificação de translocações, no mapeamento cromossômico,

unindo-se como ferramenta aos programas de melhoramento genético. Estes estudos são

importantes para a descrição da variabilidade genética e para o entendimento da dinâmica

cromossômica envolvendo a espécie (CASASSOLA; BRAMMER, 2012; MEHROTRA;

GOYAL, 2014).

O presente trabalho objetivou revisar os principais trabalhos que abordaram a análise

citogenética convencionais, moleculares e o cariotípo no meloeiro (Cucumis melo L.), com o

intuito de retratar as principais características cromossômicas da espécie em suas relações

inter- e intraespecífica.

1.1. ANÁLISE CITOGENÉTICA CONVENCIONAL E BANDAMENTO

CROMOSSÔMICO EM Cucumis melo L.

A caracterização citogenética com a utilização de corantes clássicos tem demonstrado

que C. melo é uma espécie diploide com número cromossômico estável de (2 n = 2 x = 24)

(TRIVEDI; ROY, 1970; SINGH; ROY, 1974; RAMACHANDRAN; SASHADRI, 1986;

DARYONO; KUMALAWATI, 2013). Não há relatos de acessos ou cultivares poliploides,

nem a ocorrência de híbridos interespecíficos envolvendo a citada espécie. Neste caso, a

estabilidade cromossômica numérica pode ser considerada um parâmetro monomórfico no

táxon.

Os diferentes estudos cariomorfológicos evidenciam o pequeno tamanho dos

cromossomos dessa espécie. A variação entre o tamanho cromossômico do primeiro ao último

par tem sido relatada por diversos autores, variando de 1.2 a 2.46 µm (TRIVEDI; ROY,

1970); 1.22 a 2.6 µm (SINGH; ROY, 1974), 1.1 a 1.9 µm (RAMACHANDRAN;

SASHADRI, 1986), 1.0 a 2.1 µm (HOSHI et al., 2013). Variações no tamanho

cromossômico entre variedades e cultivares refletem não apenas a variabilidade

intraespecífica em relação ao tamanho cromossômico, mas também, no conteúdo de DNA,

isso como reflexo do comprimento dos lotes cromossômicos. Adicionalmente, variação na

morfologia cromossômica e no índice de assimetria (TF%) também são parâmetros

comumente observados. Nos estudos com coloração convencional, o número de satélites tem

sido variável de um a dois pares de cromossomos satelitados, indicando que apenas a

coloração convencional não é suficiente para identificação correta dos satélites nestes

cromossomos diminutos (SINGH; ROY, 1974).

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Na variedade C. melo var. ‘Phut’ foi observado o tamamho cromossômico médio de

1.63 µm com o comprimento cromossômico total de 39.32 µm. Nesse estudo não foi

observado a presença de cromossomos satelitados, mas foi revelado cromossomos

metacêntricos e submetacêntricos (TRIVEDI; ROY, 1970). Variabilidade detectada pela

coloração convencional também foi observada na análise comparativa entre variedades como:

C. melo var. agrestis, C. melo var. ghurmi, C. melo var. momordica, C. melo var. musk melon

e C. melo var. pinkling (TRIVEDI; ROY, 1970).

Em C. melo var. momordica, o tamanho cromossômico variou de 1.44 a 2.40 µm, com

três pares metacêntricos e nove pares submetacêntricos. O comprimento cromossômico total

foi de 40.66 µm e o T.F% de 39.79%. Nessa variedade não foi observado a presença de

cromossomo satelitado. Em C. melo var. musk melon, o tamanho cromossômico variou de

1.56 a 2.22 µm, com dois pares metacêntricos e 10 pares submetacêntricos. O comprimento

cromossômico total foi de 41.40 µm e o T.F% de 38.52%, sendo observada a presença de dois

pares satelitados (SINGH; ROY, 1974). E outra análise envolvendo a variedade C. melo musk

melon, o tamanho cromossômico variou de 1.1 a 1.9 µm e o tamanho cromossômico total foi

de 34.0 µm (RAMACHANDRAN; SASHADRI, 1986). Em C. melo var. ultissimus, o

tamanho cromossômico variou de 1.40 a 2.16 µm, com dois pares metacêntricos e 10 pares

submetacêntricos. O comprimento cromossômico total foi de 41.24 µm e o T.F% de 40.93%,

sendo observada a presença de um par satelitado (SINGH; ROY, 1974).

Nas análises cariomorfológicas mais recentes realizadas em variedades de meloeiro, a

variedade C. melo cv. ‘New melon’, apresentou o tamanho cromossômico variando de 1.0 a

2.1 µm, com o tamanho cromossômico total de 35.6 µm. Nesse estudo, os autores limitaram-

se na obtenção das medidas totais, não sendo realizada a medição dos braços para a

classificação dos cromossomos. Foi apenas observado que os centrômeros estão localizados

na região mediana dos cromossomos (HOSHI et al., 2013).

Na variedade C. melo var. Bartek, que possui indivíduos com frutos de três formas

diferentes, Yellow, Elipse-Green e Long-Green, o tamanho cromossômico variou de 1.84 a

1.16 µm, 1.84 a 1.11 µm e 1.88 a 1.11 µm, respectivamente. O tamanho cromossômico total

foi de 36.74 µm (Yellow), 35.36 µm (Elipse-Green) e 36.4 (Long-Green). Nessa análise todos

os cromossomos foram metacêntricos (DARYONO; KUMALAWATI, 2013).

O tamanho do genoma do melão é estimado em 450 Mb, semelhante à melancia e

relativamente maior que o do pepino (367 Mb) (HUANG et al., 2009). Estudos citogenéticos

anteriores mostraram que os cromossomos de C. melo são pequenos, mas pelo grande número

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sugere um genoma de médio tamanho (TRIVEDI; ROY, 1970; BHADURI; BOSE, 1947;

SHIMOTSUMA, 1965; DANE; TSUCHIYA, 1976).

O cariótipo de C. melo tem sido estudado e estabelecido com a utilização de técnicas

clássicas como a morfologia cromossômica e, o bandamento C (RAMACHANDRAN;

SASHADRI, 1986; MA et al., 1995; ZHANG et al., 2005). Contudo, a discordância em

relação ao polimorfismo cariotípico observado por técnicas clássicas, levam a necessidade da

aplicação de técnicas mais elaboradas como a FISH, visando o refinamento do cariótipo de C.

melo e a identificação dos cromossomos do complemento (LIU et al., 2010).

Em estudo com os fluorocromos CMA3 e DAPI feito entre as espécies de C. melo e C.

mutuliferus, notou-se diferenciações entre os conjuntos cromossômicos das espécies quanto

ao tamanho dos cromossomos na metáfase mitótica, contudo, na prometáfase percebeu-se que

existe alta similaridade de caráter cromossômico com relação ao padrão de bandas, sendo

centrômeros e satélites com natureza rica em GC mostrando CMA3+/DAPI

- para C. melo

(HOSHI et al., 2013).

1.2. ANÁLISE CITOGENÉTICA MOLECULAR EM Cucumis melo L.

O sequenciamento do genoma do meloeiro (C. melo) em 2012 impulsionou o

mapeamento, a análise sintênica e genômica desta cultura de grande importância econômica

(GARCIA-MASA et al., 2012). Contudo, apesar do impacto do sequenciamento genômico de

C. melo para a análise genômica, muitas inferências citológicas e evolutivas sobre o táxon e a

espécie próxima, C. sativus quanto à sua composição e distribuição da heterocromatina já

haviam sido realizadas antes da publicação do genoma de C. melo (HAN et al., 2009; LIU et

al., 2010). O mapeamento físico do DNA satélite centromérico e outras sequências repetitivas,

têm sido utilizados como base para a identificação cromossômica e a análise citogenética

comparativa entre táxons do gênero Cucumis. Além do DNA repetitivo, utilizado para a

identificação cromossômica, a hibridação de fosmídios e a colinearidade de marcadores

citológicos têm contribuído para o entendimento da rota citogenética-evolutiva, atuante na

especiação e na estruturação cromossômica das espécies (HAN et al., 2009).

Os sítios de DNAr 5S e 45S são sequências conservadas nos cromossomos e podem

fornecer informações valiosas sobre a evolução do cariótipo e as inter-relações entre espécies.

Em trabalho utilizando a hibridação in situ fluorescente (FISH) para determinar o número e a

localização cromossômica de locus de DNAr 5S e 45S em oito espécies de Cucumis

diplóides, as espécies diploides analisadas apresentaram três tipos de padrões de distribuição

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de DNAr, que forneceram evidências citogenéticas claras sobre a divergência entre C. melo e

espécies silvestres diploides africanas de Cucumis (LI et al., 2016). Os resultados não apenas

mostraram inter-relações entre espécies no gênero Cucumis, mas também que os padrões de

DNAr podem ser usados como marcadores citológicos para a discriminação de espécies

estreitamente relacionadas. Os dados serão úteis para que os produtores escolham as espécies

mais adequadas de várias espécies selvagens para melhorar o melão cultivado (LI et al.,

2016).

A FISH foi utilizada para diferenciar o conjunto cromossômico de duas espécies de

Cucumis, o C. metuliferus e o C. melo, obtendo como resultados dois sítios de DNAr 5S e

dois de DNAr 45S nas extremidades de cromossomos de C. metuliferus, onde o DNAr 5S

estavam localizadas nos dois cromossomos menores e os sinais de DNAr 45S nos dois

cromossomos de tamanho médio no complemento, identificando os cromossomos homólogos

(HOSHI et., al 2013). O C. melo mostram dois sítios de DNAr 5S e quatro sítios de DNAr

45S, que foram detectados nas extremidades dos cromossomos, sendo que, estes sítios foram

localizados em cromossomos diferentes. Nos sítios DNAr 45S, dois sinais foram maiores e

dois sinais foram menores. Como resultado da FISH, três pares de cromossomos metafásicos

foram facilmente identificados. Além disso, algumas bandas com características de marcação

com CMA3 permitiram a identificação de certos cromossomos que apareceram na

prometáfase (HOSHI et al., 2013). Os autores concluíram que se faz necessário maiores

estudos através da citogenética molecular para estabelecer melhores resultados.

A FISH, quando combinada com informações genômicas do C. sativus, através da

utilização de fosmídeos ancorados por marcadores SSR específicos para C. melo, atribuiu

cada clone de fosmídeos a um cromossomo distinto de melão, podendo ser utilizado como

marcadores citológicos confiáveis de melão; além de que, se faz possível a comparação de

distribuição dos marcadores nos cromossomos de melão e em pepino ao se fazer a

combinação do CentM (satélite centromérico de melão), DNAr 45S, DNAr 5S com fosmídeos

de pepino, evidenciando o processo evolutivo dessas espécies (LIU et al., 2010).

Pesquisas têm evidenciado cada vez mais que o pepino e o melão, evoluíram de um

ancestral comum; a utilização de sondas de DNAr 45S e CsCent1 para cromossomos 1 e 2 de

pepino em paquíteno, mostram uma distribuição diferente, do que é encontrado nos sinais de

FISH, que podem ter evoluído através de fusões do cariótipo do ancestral com número

cromossômico 12, fato constatado devido ao melão e pepino apresentarem sequências

centroméricas muito parecidas. No cromossomo 2 do pepino, através da presença de CsCent1,

foram constatadas sequências de DNAr 45S em ambas extremidades das sequências

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centroméricas. Utilizando a técnica de FISH com BAC-E38, CsCent1 e sequências

mitocondriais repetidas, foi possível verificar uma alteração estrutural na região centromérica

do cromossomo 4 de pepino (KOO et al., 2010).

A biblioteca de fosmídeos da linhagem 9930 de C. sativus foi utilizada para a

hibridação cruzada em C. melo pela técnica de FISH, uma alternativa visando ampliar a

resolução do cariótipo do meloeiro, uma vez que as sondas para DNAr e DNA satélite

centromérico não possibilita a identificação cromossômica no meloeiro (LIU et al., 2010). No

entanto, a FISH com a utilização de 21 fosmídeos ancorados com sequências do tipo SSR

(Simple Sequence Repeat) e, sondas para DNA satélite centromérico (CentM), e para DNAr

45S e 5S permitiu não só a identificação de todos os cromossomos de C. melo, mas também a

distinção do braço cromossômico curto e longo (LIU et al., 2010). Em geral, os clones de

fosmídeos desenvolvidos para C. sativus e a sua hibridação cruzada em C. melo, sem perda de

resolução, levantam a hipótese da conservação das sequências nos clones de fosmídeos entre

ambas as espécies. Por outro lado, evidenciaram modificações estruturais, uma vez que a

ordem e os grupos de ligação nos quais esses fosmídeos hibridaram são distintos entre os

táxons (LIU et al., 2010).

A função do centrômero é determinada por mecanismos epigenéticos, o qual é o

responsável pela segregação do cromossomo, servindo de base para ancoragem e montagem

dos cinetócoros. A composição do centrômero é representada em grande parte por DNA

satélite repetitivo com distribuição centromérica e pericentromérica, o qual é geralmente

espécie-específico, quanto ao tamanho e composição da sequência e, o número de unidades de

repetição (PLOHL et al., 2014). Em Cucumis, diversos tipos de DNA satélites, restritos a

regiões centroméricas e pericentroméricas já foram identificados (HAN et al., 2008). Em C.

melo, o DNA repetitivo CentM é um satélite de 352 pb que está presente em todos os

cromossomos do complemento (HAN et al., 2009).

No entanto, C. sativus apresenta cinco tipos distintos de sequências repetitivas, o DNA

satélite do TipoI, TipoII, TipoIII, TipoIV e CsPc (KOO et al., 2010). O DNA satélite TipoIII

em C. sativus está estruturado em unidades de monômeros de 177 pb representando 4% do

genoma total da espécie, sendo distribuído em regiões centroméricas e pericentroméricas, mas

sem homologia com o CentM de C. melo. Apesar da facilidade de hibridação cruzada dos

clones de fosmídeos de C. sativus para C. melo, o mesmo fato não ocorre quando são

utilizadas sondas para os DNAs satélites de centrômeros de uma espécie na outra (HAN et al.,

2009). O DNA satélite CentM e TipoIII são importantes características de diferenciação

cariotípica de Cucumis, no sentido de auxiliarem a distinção dos cromossomos entre si e em

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estudos evolutivos (HUANG et al., 2009; HAN et al., 2008). Mesmo evoluindo de um

ancestral comum, essas duas espécies não apresentam sinais de hibridação cruzada, indicando

que as repetições centroméricas destes são completamente divergentes (HAN et al., 2009).

A hibridação cruzada de fosmídeos e sequências repetitivas entre as espécies C. melo e

C. sativus é uma boa estratégia utilizada em estudos citogenéticos comparativos e para

inferências evolutivas entre ambos os táxons, tendo em vista a especiação dos mesmos de um

ancestral comum a aproximadamente nove milhões de anos atrás (SCHAEFER; RENNER

2009). Neste sentido, o mapeamento de fosmídeos construídos para C. sativus e sua aplicação

em C. melo revelaram eventos citológicos importantes, que ocorreram na especiação de

ambas as espécies, como, por exemplo, a inativação, ativação e reposicionamento de

centrômeros, e o acúmulo ou perda de heterocromatina centromérica e pericentromérica. O

reposicionamento de centrômeros paralelamente com o surgimento de neocentrômeros são

características evolutivas marcantes em Cucumis; porém tal característica evolutiva tem sido

pouco observada em outras angiospermas (HAN et al., 2009).

As similaridades em nível de sequência do DNA satélite centromérico, em ambas as

espécies, sugerem que os dois tipos de sequências satélites teriam existido no ancestral

comum, sendo apenas amplificada após ou durante o processo de especiação (KOO et al.,

2010). A hibridação de fosmídeos em C. sativus levou a especulação da ocorrência de fissão

cromossômica durante a sua evolução, uma vez que o cromossomo 6 desta espécie equivale a

dois cromossomos fundidos de C. melo (REN et al., 2009). A análise citogenética

comparativa entre C. sativus e C. melo indicaram que cinco cromossomos do primeiro táxon

derivaram de fusões entre dez cromossomos de C. melo (HUANG et al., 2009).

Outro evento relacionado ao DNA centromérico de Cucumis é a perda de

heterocromatina associada ao surgimento de neocentrômeros ou a inativação de centrômeros

vestigiais (HAN et al., 2009). A FISH com fosmídeos também revelou que poucas

modificações cromossômicas, podem ocorrer, uma vez que, o mapeamento físico do

cromossomo 7 de C. sativus e o cromossomo 2 de C. melo não indicam modificações

estruturais entre si. Desta forma, apenas o reposicionamento do centrômero e inversões

pericentroméricas podem ser especuladas como eventos evolutivos principais que atuaram

para a configuração física atual do cromossomo sete de C. sativus e cromossomo dois de C.

melo (HAN et al., 2009).

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2. METODOLOGIA

2.1. Caracterização Geral e Organização da Revisão Bibliográfica

O presente trabalho foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica sobre as

pesquisas de cunho citogenética realizadas em áreas pertencentes a todo território nacional e

internacional que trabalham com Cucumis melo L. e espécies próximas e que abordaram o uso

ou o conhecimento da citogenética clássica e molecular. Foram analisados e compilados

artigos científicos, tanto publicados em revistas nacionais como internacionais e livros.

A organização e seleção dos artigos foram realizadas utilizando-se como ferramentas

duas etapas: na primeira foi feito buscas em dois dos principais portais de busca de literaturas

científicas (Web of Science e Scopus). Para ambos os portais, depois de alguns testes, foi

padronizado a utilização das mesmas palavras chaves: “cytogentics + Cucumis”, palavras que

foram escolhidas prezando por uma maior abrangência de artigos que poderiam atender aos

critérios estabelecidos. A única particularidade de cada portal foi em relação gênero Cucumis

que poderia estar associado a qualquer espécie não somente ao Cucumis melo como busca,

relacionando a busca em ambos os portais a qualquer ano de publicação.

A segunda etapa serviu como forma de complementação, sendo realizada uma nova

busca, direcionada para os sites das principais revistas brasileiras com abertura para trabalhos

de citogenética: Revista Brasileira de Genética, Rodriguesia, Revista Brasileira de

Biociências, Acta Scientiarum (Jornal específico de Ciências Biológicas), Anais da Academia

Brasileira de Ciências. A busca foi realizada por meio do site disponível online de cada

revista, sendo analisados todos os artigos disponíveis a partir do primeiro volume de cada

revista até o último volume publicado referente ao ano de 2017.

2.2. Seleção de Artigos: Critérios de Inclusão e Exclusão Adotados

Para que os artigos fossem incluídos na revisão, os mesmos precisavam atender

conjuntamente aos seguintes critérios: 1) Possuir a área de estudo localizada totalmente ou

predominantemente sobre a área de citogenética; 2) Abordar sobre o conhecimento e/ou uso

citogenética (tanto clássica como molecular), podendo ser abordagens exclusivas sobre o

gênero Cucumis, abordagens conjuntas sobre as espécies mais próximas de Cucumis, sobre as

diversas categorias de citogenética desde que espécies estivessem presentes; 3) Ter sido

publicado até dezembro de 2017.

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Prezando-se primeiramente pela compilação da revisão das espécies de Cucumis

considerando a citogenética, foram adotados critérios específicos para os casos de artigos que

compartilhavam o mesmo assunto e, em alguns casos, as mesmas espécies, excluindo-se dessa

forma possíveis pseudo-replicações de informação: 1) Para artigos realizados na mesma área

de estudo, com a mesma comunidade local, as mesmas espécies botânicas e que foram

originados a partir de um trabalho inicial (por meio do título e da metodologia dos trabalhos

fica claro que os artigos são provenientes da mesma pesquisa), foi considerado somente o

artigo mais antigo; 2) Para os artigos oriundos de um mesmo trabalho, realizados na mesma

área de estudo, envolvendo as mesmas comunidades, mas possuindo espécies distintas devido

a abordagem sobre categorias distintas em relação aos recursos vegetais estudados (por

exemplo, quando a pesquisa inicial abordou sobre várias categorias de uso, mas teve uma

publicação direcionada para a categoria citogenética com espécies de Cucumis, foi

selecionado somente o artigo que envolvia as duas categorias, considerado como mais

abrangente a citogenética.

Com relação ao 3) Para os artigos realizados na mesma área de estudo, na mesma

comunidade, que compartilhavam as mesmas espécies, mas que também possuíam algumas

espécies distintas (devido a uma metodologia diferente utilizada, ou pela realização do

trabalho por diferentes pesquisadores em épocas distintas), ambos os artigos foram

considerados porém computando-se somente uma vez as espécies compartilhadas, acrescidas

das espécies exclusivas do segundo artigo; 4) Para os artigos que compartilhavam a mesma

área de estudo, a mesma comunidade local, mas um dos dois se diferenciava por também ter

realizado o estudo em outra comunidade, foram considerados ambos os artigos, computando-

se apenas uma vez as mesmas espécies compartilhadas nos diferentes artigos para as mesmas

comunidades acrescidas das espécies exclusivas da comunidade nova de um dos artigos e 5)

Para os artigos que enfocaram somente uma espécie e a mesma já havia sido computada para

a mesma área de estudo, o artigo foi descartado.

Vários artigos citogenéticos trazem informações sobre espécies de Cucumis que são

utilizadas para fins clássicos, convencionais, moleculares, dentre diversas outras categorias,

sendo que em determinados artigos essas espécies são consideradas em uma categoria a parte,

enquanto que em outros são implicitamente consideradas como fruteiras de importância

econômica. Levando-se em conta a existência de uma ligação entre a economia aos e o porquê

dos estudos citogenéticos, sendo responsáveis por todas essas buscas, foi considerado no

presente estudo o Cucumis melo e as espécies relacionadas pelos artigos selecionados.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo com citogenética convencional traz para o organismo não estudado ou pouco

estudado, informações importantes, como número cromossômico que são constantes na

espécie e pode-se usar como caráter taxonômico. A posição, o número, o tamanho das

constrições secundárias e satélites cromossômicos também podem ser avaliados em muitos

grupos de plantas por se mostrarem úteis na caracterização e distinção de espécies. Em

paralelo, o estudo com a citogenética molecular, traz metodologias empregadas para

identificação, caracterização e localização de sítios, utilizando a hibridação com sequências de

DNA repetitivo permitindo a identificação de alterações nos cromossomos. Esses efeitos das

alterações cromossômicas podem trazer benefícios, resultando em características de interesse,

que podem ser selecionadas e mantidas na população, ou ainda características indesejáveis e

serem descartadas.

Desse modo, compreender a estrutura física e molecular dos cromossomos, assim

como os elementos genômicos já estudados, favorece o entendimento citológico da cultura.

Aliada a abordagem interespecífica entre o táxon C. melo e representantes do gênero, as

técnicas citogenéticas moleculares têm trazido valiosas informações a respeito da composição

da distiribuição da cromatina em C. melo e sua importância na filogena e diversificação das

espeécies do gênero Cucumis. Desta maneira, o investimento na caracterização citogenética

clássica e molecular e ainda a acessibilidade destas informações proporcionará maior

eficiência para novos estudos citogenéticos buscando o estabelecimento das relações

genéticas, genômicas e filogenéticas entre as mais variadas famílias, gêneros e espécies.

4. AGRADECIMENTOS

Agradecimentos são dados à UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) pela

infraestrutura do Laboratório de Melhoramento de Plantas (LAMEP) e da Casa de Vegetação,

CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPESB

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia) pelo apoio financeiro à pesquisa;

CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para as bolsas

concedidas ao primeiro, terceiro e quarto autores; CNPq pela bolsa concedida à segunda

autora.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 2: Caracterização Cariotípica De Acessos De Meloeiro (Cucumis melo L.)

Rita de Cássia Vital Santos Sanchês, Margarete Magalhães Souza, Claúsio Antônio Ferreira

Melo, Gonçalo Santos Silva, Ronan Corrêa

Xavier e Glauber Henrique Sousa

Nunes.

Resumo

O Cucumis melo (meloeiro) é uma espécie originária da Península Ibérica e está inclusa na

família Curcubitaceae. Apesar do conhecimento a respeito da estrutura física dos

cromossomos do meloeiro, pouco se conhece sobre a diversidade cariotípica intraespecífica

da espécie. Para estudar a diversidade cariotípica em oito acessos de meloeiro foram

utilizados a coloração de Giemsa 3%, aplicação de fluorocromos CMA3/DAPI e a localização

de sequências de DNAr 45S e 5S pela hibridação in situ fluorescente. A análise de coloração

convencional revelou estabilidade no número cromossômico, com os acessos apresentando 2n

= 24. Foi observado variações no tamanho cromossômico médio entre os acessos com efeito

significativo pela ANOVA, com tamanho cromossômico médio variando de 0,98 µm a 1,46

µm para os acessos A26 e A18, respectivamente. O agrupamento de Scott-Knott distribuiu os

acessos em dois grupos. Blocos heterocromáticos ricos em GC, CMA3+/DAPI

-, foram

observados em regiões pericentroméricas de todos os cromossomos do complemento. Blocos

CMA3+/DAPI

- foram localizados também em regiões terminais, sendo específicos de regiões

satélites. Sítios de hibridação de sondas de DNAr 45S revelaram a presença de um par

cromossômico com esse locus. Adicionalmente, sítios para DNAr 5S revelaram um par

cromossômico marcado. Não foi observada variação quantitativa nos sítios de DNAr entre os

acessos analisados, indicando esses marcadores como ideais para a verificação da estabilidade

cariotípica em C. melo. O número diploide foi confirmado com C. melo da variedade

momordica, corroborando com os dados reportados na literatura para a espécie. A avaliação

comparativa entre os acessos estudados permitiu constatar a ocorrência de um padrão

cariotípico dentro da espécie. A presença de blocos de CMA3+

nas regiões terminais de alguns

cromossomos, em geral, está relacionada com as regiões organizadoras de nucléolos,

observadas nas angiospermas. Os sítios de DNAr 5S e 45S são sequências conservadas nos

cromossomos e podem fornecer informações valiosas sobre a evolução do cariótipo as inter-

relações entre espécies. Essa caracterização possibilitou verificar a estabilidade dos

cromossomos através dos marcadores utilizados indicando que os mesmos são ideais para a

verificação cariotípica nesta espécie.

Palavras-chave adicionais: Melão, Citogenética, Fluorocromos, FISH.

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Abstract

Cucumis melo (melon) is a species from the Iberian Peninsula and is included in the

Curcubitaceae family. Despite the knowledge about the physical structure of the melon

chromosomes, little is known about the intraspecific karyotype diversity of the species. To

study the karyotype diversity in eight melon accessions, the staining of Giemsa 3%,

application of CMA3 / DAPI fluorochromes and the localization of 45S and 5S rDNA

sequences by fluorescence in situ hybridization were used. The conventional staining analysis

showed stability in the chromosome number, with the accesses presenting 2n = 24. Variations

in the mean chromosome size were observed among the accesses with significant effect by

ANOVA, with a mean chromosome size varying from 0.98 μm to 1.46 μm for accesses A26

and A18, respectively. The Scott-Knott group distributed the accesses into two groups.

Heterochromatic blocks rich in GC, CMA3+/ DAPI-, were observed in pericentromeric

regions of all complement chromosomes. CMA3+/ DAPI- blocks were also located in

terminal regions, being specific to satellite regions. Hybridization sites of 45S rDNA probes

revealed the presence of a chromosomal pair with this locus. In addition, sites for 5S rDNA

revealed a labeled chromosomal pair. No quantitative variation was observed in the rDNA

sites between the accessions analyzed, indicating these markers as ideal for the verification of

karyotypic stability in C. melo. The diploid number was confirmed with C. melo of the

momordica variety, corroborating with the data reported in the literature for the species. The

comparative evaluation between the accesses studied allowed to verify the occurrence of a

karyotype pattern within the species. The presence of CMA3 + blocks in the terminal regions

of some chromosomes is generally related to the nucleoli organizing regions observed in

angiosperms. The 5S and 45S rDNA sites are conserved sequences on chromosomes and can

provide valuable information about the evolution of karyotype interrelationships between

species. This characterization made it possible to verify the stability of the chromosomes

through the markers used, indicating that they are ideal for karyotype verification in this

species.

Keywords: Melon, Cytogenetics, Fluorochromes, FISH.

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1. INTRODUÇÃO

A família Cucurbitaceae Juss. pertence ao clado Curcubitales e a tribo Benincaseae

(SCHAEFER et al., 2009), as quais ocorrem principalmente nas regiões tropicais e

subtropicais do mundo, e poucas em regiões temperadas. A maioria das espécies é

extremamente sensível a baixas temperaturas, sendo um fator limitante para sua distribuição

geográfica e área de cultivo. Essa família possui 118 gêneros descritos e, aproximadamente

950 espécies, fazendo com que seja uma das famílias mais numerosas e heterogêneas

existentes (JUDD et al., 2009; SCHAEFER; RENNER, 2011).

Na região tropical da América são descritos 53 gêneros nativos e aproximadamente

325 espécies (NEE, 2007; SCHAEFER; RENNER, 2011). No Brasil ocorrem

aproximadamente 29 gêneros, no qual estão inseridas 155 espécies (GOMES-KLEIN et al.,

2015), e somente na região Nordeste é possível encontrar cerca de 52 espécies e 22 gêneros

(GOMES-KLEIN, 2006). O gênero Cucumis L. abrange de 32 espécies (HOSHI et al., 2013),

é um dos gêneros mais importantes em termos econômicos e inclui muitas hortaliças

cultivadas, como pepino, maxixe, e plantas ornamentais, como cabaça e abóbora. O melão se

destaca entre as hortaliças mais cultivadas do mundo (MULLER et al., 2013).

As informações citogenéticas têm permitido a comparação entre taxa e a identificação

de variações cromossômicas inter e intraespecíficas (SOUZA et al., 2010; MELO et al., 2011;

GUERRA, 2013; MELO et al., 2014; MELO et al., 2015; COELHO et al., 2016; MELO et

al., 2016; MELO et al., 2017). Avaliações mais detalhadas sobre a estrutura dos cromossomos

vêm sendo desenvolvidas em estudos que demonstram o potencial da análise citogenética

entre os táxons para comparações de mapas genéticos e citogenéticos, entre espécies e

gêneros de diferentes culturas vegetais (SNOWDON, 2007). As análises citológicas também

contribuem para os programas de melhoramento, permitindo a identificação de aneuplóides e

poliplóides, auxiliando na identificação de possíveis rearranjos cromossômicos (SATTLER et

al., 2016).

Os principais estudos sobre genética de melão reportam sobre o tipo de herança do

hábito de crescimento, da macho esterilidade, da cor da casca do fruto, da textura e da cor da

polpa, além da resistência a doenças (LOPES et al., 2003). Tem se encontrado alguns estudos

sobre Cucumis melo L. e Cucumis sativus L. (pepino) como: identificação cromossômica,

análise citogenética comparativa entre táxons do gênero, distribuição da heterocromatina,

mapeamento físico do DNA satélite, centromérico, DNAr 45S e 5S, análise genômica, além

de estudos com BACs (cromossomos artificiais de bactérias) e fosmídeos (TSUCHIYA &

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GUPTA, 1991; KOO et al., 2010; LIU et al., 2010). A localização de marcadores

cromossômicos em C. melo, em comparação com C. sativus tem permitido identificar o

reposicionamento do centrômero como rota principal na diferenciação e organização

cariotípica entre as duas espécies (LIU et al., 2010).

Os cromossomos comumente servem como um dos aspectos moleculares mais

importantes do estudo da evolução das espécies. Assim, a maioria das mutações cruciais que

levaram à diferenciação de espécies durante a evolução ocorreu no nível cromossômico. Além

disso, a análise dos cromossomos parece ser uma ferramenta inestimável para o estudo da

evolução, devido à sua eficácia na identificação de cromossomos e mapeamento físico preciso

de genes e, podem ser utilizadas em programas de melhoramento (KOO et al., 2010).

O presente trabalho objetivou a realização da caracterização citogenética clássica e

molecular visando localizar a heterocromatina rica em GC e, sequências de DNA

ribossômicos em C. melo. Desta forma pretende-se verificar a diversidade cariotípica em

variedades comerciais de meloeiro para a análise da diversidade intraespecífica.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material Vegetal

Foram utilizadas sementes de acessos mantidos no Banco Seminal de Germoplasma de

meloeiros amarelos (C. melo var. momordica) da UFERSA - Universidade Federal Rural do

Semiárido. Foram selecionados oito acessos de diferentes estados brasileiros, da variedade

momordica (exceto A15, sem informação), com exocarpo cor creme e endocarpo cor branca,

denominados A01, A09, A12, A15, A17, A18, A22, A26 (Tabela 1).

Tabela 1. Acessos de meloeiros com os seus respectivos códigos e locais de origem.

ACESSO LOCAIS DE ORIGEM*

A01 RN

A09 CE

A12 PE

A15 AL

A17 BA

A18 PI

A22 MA

A26 SE

*RN – Rio Grande do Norte; CE – Ceará; PE – Pernambuco; AL – Alagoas; BA – Bahia; PI – Piauí; MA –

Maranhão; SE – Sergipe.

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2.2. Preparação Cromossômica

Sementes foram colocadas para germinar em placas de Petri com papel filtro

umedecido em temperatura ambiente (TA). As radículas foram pré-tratadas com a solução

antimitótica 8-hidroxiquinolina (Merck®

) a 0,002 M por 2 horas em TA, lavadas com água

destilada durante 5 min e em seguida fixadas em Carnoy (etanol:ácido acético glacial, 3:1

(v/v), (Merck®); JOHANSEN, 1940) durante 3 horas em TA e estocadas a -20ºC até a hora da

preparação cromossômica. Para preparação das lâminas foi seguido o protocolo proposto por

Guerra e Souza (2002). Ápices de raízes foram lavados em água destilada durante 5 min por

2x e incubadas em 50 µL de solução enzimática contendo celulase a 2% (Sigma®) e pectinase

a 20% (Sigma®), por 1 hora e 20 min a 37º C. As raízes foram lavadas com água destilada

durante 5 min por 2x e maceradas em 15 µL de ácido acético glacial a 45% (Merck®). Em

seguida, o material citológico foi espalhado com auxílio de agulha e pressionado levemente

entre papel filtro para espalhamento dos cromossomos. As lamínulas foram removidas após

congelamento em nitrogênio líquido e as lâminas secas ao ar, depois estocadas em freezer -

200C até a aplicação das técnicas.

2.3. Análise Cariomorfológica

2.3.1. Morfometria cromossômica

Para a análise cariomorfológica as lâminas foram coradas com Giemsa 3% (Merck®

)

por 20 min, secas em TA e montadas com Neomount (Merck®

). Cinco metáfases foram

usadas para medir o comprimento do lote haploide (HCL) (Levan et al., 1964) e o

comprimento médio dos cromossomos (x), (HUZIWARA, 1962). A fotodocumentação foi

realizada pelo sistema DP25 5 megapixels, software DP2-BSW (Olympus).

2.3.2. Análise estatística

O comprimento total dos cromossomos foi baseado nas cinco melhores metáfases de

cada acesso estudado, comparadas com melhor espalhamento e grau de condensação. As

metáfases foram medidas usando o software Image Tool versão 3,0. Os dados foram

submetidos à análise de variância com o auxílio do programa (ANOVA) e, as médias entre os

acessos em relação ao comprimento total dos cromossomos foram comparadas pelo teste de

Scott-Knott (p<0,05). Foi utilizado o software Sisvar versão 5.0 (FERREIRA, 2003).

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2.4. Bandamento CMA3/DAPI

Lâminas envelhecidas por no mínimo três dias foram submetidas à dupla coloração

CMA3/DAPI de acordo com o protocolo descrito por Guerra e Souza (2002), com

modificação na concentração de CMA3. Foi aplicado 10 µL de CMA3 (0,25 mg-1

) sobre a

lâmina durante uma hora. A lâmina foi lavada em água destilada e seca ao ar. Em seguida foi

aplicado 10 µL de DA (0,1 mg-1

) durante 30 minutos. A lâmina foi lavada em água destilada e

seca ao ar. Foi aplicado 10 µL de DAPI (0.5 mg-1

) por 30 minutos. As lâminas foram lavadas,

secas e montadas com 15 µL glicerol/Macllvaine (1:1 v/v) + 2.5 mM MgCl2, utilizando

lamínulas 20 x 20 mm. As lâminas foram envelhecidas novamente por três dias antes da

análise microscópica. As imagens foram capturadas em microscópio de epifluorescência

Olympus BX41, equipado com câmara digital de 5MP Olympus DP25 5 megapixels e com o

software DP2-BSW. Para visualização do DAPI foi utilizado o filtro U-UTH (330-385 nm de

excitação/400 nm de emissão de corte dicroico/>420 nm) e para visualização do CMA3 foi

utilizado o filtro U-MWV (450-480 nm de excitação/500 nm de emissão de corte

dicroico/>515 nm). Para sobreposições das imagens, montagem dos cariogramas e confecção

das pranchas, foi utilizado o software Adobe Adobe® Photoshop CS5.

2.5. Preparo de Sonda para Hibridação in situ Fluorescente (FISH)

Primers para amplificação parcial do gene 26S de Passiflora Pe26S-rDNA-F 5'-

GGCTGAATCTCAGTGGATCG-3' e Pe26S-rDNA-R 5'-GCTGTCGGTGGACTG CTC-3'

(Silva, 2017) foram utilizados para a elaboração de sondas para sítios de DNAr 45S, as quais

foram marcadas com biotin16-dUTP via Nick translation seguindo o protocolo do fabricante

(Roche Diagnostics®).

As sondas para sítios de DNAr 5S foram obtidas a partir do produto da reação em

cadeia da polimerase (PCR) com o par de primer específico para Passiflora 5'-

GTGCGATCATACCAG C(AG)(CT)TAATGCACCGG-3' e 5'-

GAGGTGCAACACGAGGACTTCCCAGGA GG-3' (Gottlob-McHugh et al., 1990) e

marcada com digoxigenina-11-dUTP (Roche Diagnostics ®). As sondas foram marcadas via

Nick translation (Roche Diagnostics ®).

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2.6. Tratamento de Lâminas para FISH

O tratamento das lâminas seguiu o protocolo proposto por Schwarzacher e Heslop-

Harrisson (2000), com modificações de Souza et al. (2010). Lâminas contendo as preparações

citológicas foram secas em estufa a 37 °C pelo tempo mínimo de 1 h. Após aplicação de 50 µl

de RNase (Sigma ®) a 1 µg/mL em tampão 2xSSC (cloreto de sódio a 0,3 M, Sigma ®;

citrato de sódio a 0,03 M, Sigma ®), as lâminas foram incubadas em câmara úmida por 1 h a

37°C. As lâminas foram imersas em 2xSSC em TA duas vezes por 5 min cada; 50 µL de HCl

(Vetec) a 10 mM foi adicionado sobre as metáfases por 5 min, e após retirada do HCl, foi

adicionado 50 µL de pepsina (Sigma ®) [pepsina a 10 mg/mL; HCl a 10 mM (1:100 v/v)] e as

lâminas foram incubadas em câmara úmida por 20 min a 37°C. As etapas de lavagens citadas

a seguir foram realizadas em plataforma agitadora a 120 rpm (Biomixer, Mos-1). As lâminas

foram lavadas em 2xSSC em TA duas vezes por 5 min cada, imersas em paraformaldeido

(Sigma ®) a 4% em TA por 10 min, e novamente lavadas em 2xSSC duas vezes por 5 min

cada. As preparações citológicas foram desidratadas em etanol 70% e etanol 100% por 5 min

cada, para imediata aplicação da técnica de FISH.

2.7. Aplicação da FISH

Após a secagem das lâminas em TA por 30 min, foi adicionada a mistura de

hibridação com o volume final de 15µl, sendo formamida 50% (Sigma ®), dextram sulfato

10% (Sigma ®), 2xSSC (Sigma), SDS 0,13% (Sodium dodecyl sulfate - Bio Agency) e as

sondas. Foram utilizados 50 ng da sonda DNAr 26S e 50 ng da sonda 5S. A mistura de

hibridação foi aquecida a 75 °C por 10 min em termociclador (Eppendorf, Mastercycler) e

transferida imediatamente para gelo por 5 min. As preparações citológicas contendo a mistura

de hibridação foram desnaturadas em termociclador contendo um adaptador para lâminas

(Techne, TC-412) a 75 °C por 10 min e incubadas overnight a 37 °C em câmara úmida. Após

a hibridação, as lâminas foram imersas em 2xSSC em TA por 5 min para a remoção das

lamínulas. Os banhos pós-hibridação a seguir foram realizados em banho Dubnoff (Quimis,

9226ML), a 42 ºC, consistindo em duas imersões em 2xSSC por 5 min cada, duas em

0,1xSSC por 5 min cada, e mais duas imersões em 2xSSC por 5 min cada. As lâminas foram

imersas em solução com 4xSSC/Tween 20 a 0,2% (Sigma ®) em TA por 5 min e tratadas

com 50µl de BSA (Sigma) a 5%. As sondas marcadas com biotina foram detectadas com 0,7

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µl de avidina-FITC (Vector ®) mais 19,3 µL BSA 5% por lâmina. As sondas marcadas com

digoxigenina foram detectadas com 0,7 µL anti-digoxigenina-rodamina (Roche ™) mais 19,3

µL de BSA 5% por lâmina. As lâminas contendo os anticorpos para a detecção foram

incubadas em câmara úmida por 1 h a 37 °C. Para a remoção do excesso de anticorpo, foram

realizados três banhos por 5 min cada com 4xSSC/Tween 20 a 0,2% em TA. As lâminas

foram brevemente imersas em 2xSSC e as preparações citológicas foram simultaneamente

montadas e contracoradas com DAPI/Vectashield ® (H-1200). As lâminas foram estocadas a

+ 8 - 10 °C até análise.

2.8. Fotodocumentação

As metáfases foram fotodocumentadas com a utilização do microscópio de

epifluorescência Olympus BX41, equipado com câmera digital de 5M Olympus DP25 pelo

software DP2-BSW. As hibridações detectadas com avidina-FITC foram visualizadas com o

uso do filtro U-MWV (450-480 nm de excitação/500 nm de emissão de corte dicroico/>515

nm) e as hibridações detectadas com antidigoxigenina-rodamina foram visualizadas com o

uso do filtro U-MWG (510-550 nm de excitação/570 nm de corte dicroico/ emissão>590 nm).

As confecções de pranchas, cariogramas e sobreposições FITC/RODAMINA/DAPI foram

realizadas com o uso do software Photoshop SC5.

3. RESULTADOS

Os oito acessos de C. melo analisados nesse trabalho são diploides, 2 n = 24, não

apresentando variação no número cromossômico. A localização e identificação de satélites

pela coloração convencional permitiu a observação de dois pares cromossômicos satelitados

em todos os acessos analisados, exceto no acesso A18, sendo observado apenas um par

cromossômico com satélite (Figura 1).

As medições cromossômicas revelaram variação quanto aos tamanhos cromossômicos

médios do primeiro ao segundo par cromossômico, variando de 1,85 µm para o primeiro par

cromossômico no acesso A18 a 0,78 µm para o último par cromossômico do acesso A26

(Tabela 2). Os cálculos do desvio padrão das médias dos comprimentos totais foram de baixa

magnitude, indicando que as repetições metafásicas apresentavam padrão de condensação

semelhantes entre si, ampliando a confiabilidade dos dados métricos obtidos.

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Figura 1. Metáfases mitóticas de variedades comerciais de Cucumis melo (2 n = 24). A) A12;

B) A15; C) A17; D) A18; E) A26; F) A22; G) A01; H) A09. Barra = 10µm. As setas indicam

os satélites.

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Tabela 2. Médias dos comprimentos totais dos cromossomos e desvio padrão em oito acessos

de Cucumis melo.

Crom

Acessos

A01_RN# A9_CE A12_PE A15_AL A17_BA A18_PI A22_MA A26_SE

*CT/SD CT/SD CT/SD CT/SD CT/SD CT/ SD CT/ SD CT/ SD

1 1,59±0,13 1,74±0,12 1,41±0,09 1,36±0,06 1,68±0,13 1,85±0,12 1,72±0,10 1,22±0,15

2 1,51±0,16 1,56±0,15 1,33±0,06 1,27±0,05 1,56±0,16 1,76±0,09 1,59±0,08 1,11±0,11

3 1,43±0,15 1,52±0,13 1,27±0,04 1,21±0,03 1,53±0,18 1,65±0,03 1,47±0,02 1,06±0,07

4 1,38±0,09 1,42±0,13 1,22±0,04 1,18±0,04 1,43±0,14 1,59±0,06 1,41±0,03 1,03±0,07

5 1,33±0,09 1,38±0,09 1,19±0,04 1,14±0,05 1,36±0,16 1,53±0,09 1,35±0,04 1,01±0,06

6 1,30±0,09 1,30±0,10 1,15±0,04 1,11±0,05 1,30±0,16 1,47±0,07 1,31±0,03 0,98±0,06

7 1,27±0,09 1,31±0,13 1,11±0,03 1,09±0,05 1,29±0,15 1,44±0,08 1,26±0,04 0,96±0,06

8 1,23±0,11 1,23±0,11 1,08±0,04 1,06±0,04 1,23±0,14 1,37±0,07 1,22±0,05 0,95±0,06

9 1,19±0,13 1,20±0,12 1,06±0,04 1,02±0,02 1,16±0,09 1,32±0,07 1,18±0,05 0,92±0,05

10 1,16±0,14 1,14±0,13 1,05±0,05 0,99±0,01 1,12±0,08 1,25±0,04 1,13±0,04 0,89±0,04

11 1,11±0,14 1,07±0,11 1,03±0,04 0,94±0,01 1,06±0,06 1,19±0,02 1,06±0,05 0,84±0,05

12 1,02±0,12 1,01±0,12 0,95±0,03 0,87±0,05 0,94±0,08 1,11±0,05 0,98±0,06 0,78±0,04

*CT = Comprimento total; SD = Desvio padrão.

#RN = Rio Grande do Norte; CE = Ceará; PE = Pernambuco; AL = Alagoas; BA = Bahia; PI = Piauí; MA = Maranhão;

SE = Sergipe.

A ANOVA revelou diferença significativa para o tamanho cromossômico médio entre

os acessos (Tabela 3). O agrupamento de Scott-Knott distribuiu os acessos em dois grupos de

médias (Tabela 4). Os acessos A18 e A26 revelaram maiores e menores comprimentos

médios dos cromossomos, respectivamente.

Tabela 3. Resumo da análise de variância para comprimento cromossômico total entre os

acessos de Cucumis melo.

FV GL Quadrado médio (CT)

Acesso 7 0,277320*

Erro 88 0,034107

CV (%) 14,81

Média 1,24

FV = Fonte de variação; GL = Grau de liberdade; CV = coeficiente de variação; CT = comprimento total,

*significativo a 5% pelo teste F.

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Tabela 4. Comprimento cromossômico total de acessos de Cucumis melo.

Acessos Médias

A01 1,29 a

A09 1,32 a

A12 1,15 b

A15 1,10 b

A17 1,31 a

A18 1,46 a

A22 1,31 a

A26 0,98 b

Letras iguais nas médias não diferem entre os acessos significativamente pelo agrupamento Scott-Knott

(p<0.05).

A dupla coloração com fluorocromos evidenciou blocos heterocromáticos

CMA3+/DAPI

- na região pericentromérica de todos os cromossomos, em todos os acessos

analisados (Figura 2 – 3), sendo os cromossomos menores de difícil visualização (Figura 4).

A heterocromatina rica em GC e restrita a região pericentromérica e centromérica revelou

variações em relação ao tamanho do bloco CMA3+/DAPI

- e intensidade de coloração (Figura

4). Foram evidenciadas regiões ricas em GC em dois pares cromossômicos em constrições

secundárias, revelando o número e a localização de cromossomos satelitados (Figura 3 - 4).

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Figura 2. Bandamento CMA3/DAPI e sobreposições em metáfases mitóticas de Cucumis

melo (2 n = 24). A-C) A09; D-F) A12; G-I) A15; J-L) A17; M-O) A18. Barra = 10µm. As

setas indicam blocos CMA3+/DAPI

-.

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Figura 3. Bandamento CMA3/DAPI e sobreposições em metáfases mitóticas de Cucumis

melo (2 n = 24). A-C) A22, D-F) A26; G-I) A01. Barra = 10µm. As setas indicam blocos

CMA3+/DAPI

-.

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Figura 4. Cariogramas com sobreposições CMA3/DAPI em metáfases mitóticas de Cucumis

melo (2 n = 24). A) A01; B) A09; C) A12; D) A15; E) A17; F) A18; G) A22; H) A26. Barra

10 µm.

A hibridação de sondas de DNAr 45S revelaram quatro sítios de hibridação,

localizados no primeiro e segundo par cromossômico (Figura 5 - 6). Apenas um par

cromossômico revelou sítio de hibridação para sondas de DNAr 5S (Figura 5 - 6). Todos os

acessos apresentaram locus 5S de DNAr no sexto par cromossômico, exceto o acesso A09,

que revelou esse locus no terceiro par cromossômico (Figura 6).

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Figura 5. Hibridação in situ fluorescente com sondas 45S (verdes) e 5S (vermelho) em

acessos de Cucumis melo (2 n = 24). A) A01; B) A 09; C) A12; D) A15; E) A17; F) A18; G)

A22; H) A26. Barra 10 µm.

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Figura 6. Cariogramas com sobreposições DNAr 45S (verde) e 5S (vermelho) em metáfases

mitóticas de Cucumis melo (2 n = 24). A) A01; B) A09; C) A12; D) A15; E) A17; F) A18; G)

A22; H) A26. Barra 10 µm.

4. DISCUSSÃO

O gênero Cucumis tem sido amplamente estudado quanto às características

cariotípicas com o uso da coloração convencional, fornecendo informações relevantes acerca

da diversidade interespecífica (TRIVEDI; ROY, 1970; SINGH; ROY, 1974; DANE;

TSUCHIYA, 1976; REMACHANDRAN; SESHADRI, 1986). O número cromossômico varia

entre as espécies, apresentando em sua maioria espécies diploides (2 n = 14 ou 24),

tetraploides (2 n = 48 cromossomos) e hexaploide (2 n = 72 cromossomos) (WANG et al.,

2017). O número cromossômico básico do gênero tem sido considerado como x = 7 ou x = 12,

sendo o último o número cromossômico básico da família Cucurbitaceae para a maioria das

espécies diploides e cultivares de C. melo já analisadas (SINGH; ROY, 1974, DANE;

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TSUCHIYA, 1976). O número diploide (2 n = 24) foi confirmado em C. melo da variedade

momordica, corroborando com os dados reportados na literatura para a espécie.

Nas variedades momordicas analisadas, o pequeno comprimento dos cromossomos

dificultou o estabelecimento da fórmula cariotípica, sendo difícil medir separadamente braço

curto de braço longo. Ainda assim, houve visualização de um a dois pares de constrições

secundárias diferentes dos resultados já relatados (SINGH; ROY, 1974). A fórmula

cariotípica haploide n = 12: 3m + 9sm foi observada para as variedades momordicas,

evidenciando diferenças quanto aos pares cromossômicos, porém não caracterizando

constrições secundárias (SINGH; ROY, 1974).

Nas variedades momordicas, foi observado variação de 0,98 µm a 1,46 µm no

comprimento total dos cromossomos. Contudo, maior variação foi relatada (1,44 µm a 2,40

µm) em outras variedades do C. melo L (SINGH; ROY, 1974). Há diferentes relatos para a

variação encontrada no comprimento total dos cromossomos, sendo de 1,20 a 2,50 µm

(TRIVEDI; ROY, 1970), e de 1,1 µm a 1,9 µm (REMACHANDRAN; SESHADRI, 1986). A

variação encontrada quanto ao comprimento total dos cromossomos nas variedades de C.

melo pode ser explicada por essa espécie ser derivada de outra espécie de Cucumis, podendo

ter ocorrido translocações (SINGH; ROY, 1974).

A avaliação comparativa entre os acessos estudados permitiu constatar a ocorrência de

um padrão cariotípico dentro da espécie. Foram observadas variações intraespecíficas

apresentando diferenças significativas (P< 0,5) com relação aos tamanhos de comprimentos

totais dos cromossomos. As poucas variações na análise comparativa entre os acessos da

espécie C. melo var. momordica demonstrou alterações na cromatina, que foi dificultada pela

pouca variação cariotípica, com efeitos na identificação dos cromossomos; o uso de

marcadores cromossômicos específicos surge como uma ferramenta útil em C. melo (LIU et

al., 2010).

A quantidade de GC pode variar muito e reflete características significativas na

posição dos genomas das plantas. A presença de blocos CMA3+

na região terminal de alguns

cromossomos, em geral, está relacionada com as regiões organizadoras dos nucléolos

(RON’s), observado nas angiospermas (GUERRA, 2000). Em espécies do gênero Passiflora,

as regiões ricas em GC detectadas pelo fluorocromo CMA3 são observadas apenas em locais

de DNA satélite/45S (MELO et al., 2001; VIANA; SOUZA, 2012, MELO et al., 2014; BELO

et al., 2015). Em algumas espécies do gênero Citrus, foram analisadas a distribuição de DNA

satélite/45S em relação com CMA3 e ambas as sondas hibridaram apenas com CMA3 e os

centrômeros (SILVA et al., 2010).

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As variedades de C. melo mormordicas apresentaram o padrão de bandas

CMA3+/DAPI

- distribuídos por regiões centroméricas e satelitadas, indicando uma quantidade

elevada de heterocromatina rica em GC. Em comparação com Hoshi et al. (2013), apenas as

regiões centroméricas e satelitadas são ricas GC. Porém, em C. melo o DNA satélite do tipo

CentM se localiza em regiões pericentroméricas (LIU et al., 2010). Assim, através do

bandamento CMA3+ foi possível a identificação dos satélites de forma segura, o que os

tornam bons marcadores citológicos; sendo que neste estudo não foi possível identificar a

localização e número de satélites (constrição secundária) através da coloração convencional,

visto que foi possível a visualização de metáfases, mas de forma imprecisa.

No presente estudo, os sítios de hibridação de sondas de DNAr 45S foram observados

em dois pares cromossômicos e sítios DNAr 5S em um par cromossômico, corroborando com

estudos anteriores (CHEN et al., 1999; LIU et al., 2010; HOSHI et al., 2013; LI et al., 2016).

Em C. sativus, mesmo gênero que o C. melo, pesquisas com a aplicação da FISH usando as

sondas de DNAr 45S e 5S, o resultado encontrado coincide com o trabalho em questão,

obtendo mais um resultado porque consegue identificar em quais cromossomos foram

marcados, tendo em vista, que os cromossomos do C. sativus são maiores que os de C. melo

(KOO et al., 2002). Em outros gêneros como Oryza L. (XIONG et al., 2006) e Lilium L.

(MARASEK et al., 2004) por exemplo, a aplicação da FISH utilizando as sondas de DNAr

45S e 5S, obtiveram os mesmos resultados deste trabalho.

Os sítios de DNAr 5S e 45S são sequências conservadas nos cromossomos e podem

fornecer informações valiosas sobre a evolução do cariótipo e as inter-relações entre espécies,

tendo em vista que foram utilizados marcadores citológicos de C. sativus em C. melo e através

da FISH, mostraram sinais distintos e óbvios nos cromossomos de C. melo, derivados de

genes do genoma de C. sativus, considerados de DNA repetitivo (LIU et al., 2010). Estas

espécies têm relativamente genomas pequenos e são semelhantes em tamanho e ainda há

evidências entre elas de conservação dessas sequências.

Neste trabalho não houve variação com relação ao número e tamanho de sítios de

hibridação das sondas para DNAr 5S e 45S, sendo uma característica também observada em

outros estudos com C. melo, por exemplo, em estudo para mapeamento cromossômico de C.

melo em comparação com C. sativus usando sequências repetitivas, foi encontrado também o

mesmo número e tamanho de sítios (KOO et al., 2010). O mesmo resultado foi encontrado na

caracterização do C. melo através do uso de FISH, o mesmo número e tamanho de sítios

(CHEN et al., 1999; LIU et al., 2010). O DNAr 5S tem sido observado como mais variável,

que a sequência do DNAr 45S, geralmente cada espécie possui uma só sequência de DNAr 5S

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repetida em tandem muitas vezes em um único par cromossômico ou, menos frequente em

dois ou mais pares (GUERRA, 2004).

Os acessos diploides, deste trabalho, apresentaram o mesmo padrão de distribuição de

DNAr quando comparados com indivíduos da mesma espécie, mas de regiões diferentes, não

diferindo entre elas. Outras espécies diploides analisadas apresentaram três tipos de padrões

de distribuição de DNAr, que forneceram evidências citogenéticas claras sobre a divergência

entre C. melo e espécies silvestres diploides africanas de Cucumis. Os resultados não apenas

mostraram inter-relações entre espécies no gênero Cucumis, mas também que os padrões de

DNAr podem ser usados como marcadores citológicos para a discriminação de espécies

estreitamente relacionadas (LI et al., 2016). O número de sítios de DNAr não está sempre

associado ao nível de ploidia, a exemplo no gênero Solanum, onde tetraploides tem o número

igual de sítios que os diploides (MELO et al., 2011), porém, a relação entre a ploidia e o

número de sítios de DNAr 45S e 5S é associada ao processo de diploidização, visto em

poliploides e neopoliploides (WOLFE, 2001).

5. CONCLUSÕES

A caracterização citogenética clássica e molecular dos acessos de C. melo var.

momordica da UFERSA possibilitou estabelecer que todos os acessos analisados apresentam

o mesmo número cromossômico constante, no entanto, existem variações em relação aos

comprimentos totais dos cromossomos. A distribuição da heterocromatina rica em GC

(CMA3+/DAPI

-) permitiu verificar que essas regiões não são restritas apenas aos satélites,

mas, ao centrômero e regiões pericentroméricas, constatando abundância de GC no DNA

CentM. Com o uso da FISH foi possível verificar a estabilidade cromossômica nestes

marcadores, indicando que os mesmos são ideais para a verificação da estabilidade cariotípica

nesta espécie.

6. AGRADECIMENTOS

Agradeço à UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) pela infraestrutura do

Laboratório de Melhoramento de Plantas (LAMEP) e da Casa de Vegetação, CNPq (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPESB (Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado da Bahia) pelo apoio financeiro à pesquisa; CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para as bolsas concedidas ao primeiro,

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terceiro e quarto autores; CNPq pela bolsa concedida à segunda autora; Viviane pela

excelente ajuda nas fotodumentações e na estatística.

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CAPÍTULO 3: Organização e Evolução Cariotípica em Híbridos Triplos de Passiflora L.

Rita de Cássia Vital Santos Sanchês, Margarete Magalhães Souza, Cláusio Antônio Ferreira

de Melo, Viviane de Oliveira Souza

RESUMO

Híbridos interespecíficos de passiflora têm sido obtidos e utilizados de diversas formas, seja

na caracterização e melhoramento para a resistência a fatores bióticos e abióticos, a uso na

ornamentação. Contudo, pouca informação está disponível a respeito do estabelecimento e

evolução do germoplasma e recurso genético híbrido, principalmente sobre híbridos com mais

de dois genomas na sua constituição cariotípica. Neste âmbito o objetivo do presente trabalho

foi obter, confirmar e caracterizar a organização cariotípica de híbridos triplos artificiais

oriundos de espécies do gênero Passiflora, visando esclarecer as modificações e estabilidade

cromossômica. Para isso foram cruzados três genótipos híbridos HD25 (Passiflora coccinea x

P. hatschbachii) com três espécies distintas: P. cincinnata, P. thollozani e P. mucronata,

obtendo-se três híbridos triplos (HD28, HD29 e HD30). Os híbridos foram confirmados por

hibridação genômica in situ (GISH) que permitiu a visualização de um conjunto

cromossômico de uma espécie progenitora. Todos os híbridos triplos foram confirmados pela

GISH, a qual permitiu também a observação de um cromossomo com recombinação entre P.

coccinea e P. hatschbachii. A descrição dos híbridos permitiu a indicação deste germoplasma

ao uso como ornamental, exceto o híbrido HD28, o qual não floreceu durante o estudo. A

localização da hetercromatina rica em GC, dos marcadores cromossômicos para DNAr 45S,

5S e telomérico indicaram estabilidade cromossômica em relação tanto a estrutura quanto em

número de cromossomos homeólogos de cada complemento. A localização e análise de

elementos repetitivos dispersos indicaram que esses não são marcadores adequados para a

análise da herança em híbridos. Contudo, a análise dos elementos CL15 e CL86 reveloram

variações na distribuição em relação à espécie P. edulis, utilizada no isolamento destes

elementos, sugerindo retração ou expansão genômica.

Palavras-chave: Citogenética Molecular, Genômica, DNA Repetitivo, FISH, GISH.

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ABSTRACT

Passiflora interspecific hybrids have been obtained and used in several ways, either in

characterization and improvement for resistance to biotic and abiotic factors, for use in

ornamentation. However, little information is available regarding the establishment and

evolution of germplasm and hybrid genetic resource, especially on hybrids with more than

two genomes in their karyotypic constitution. In this context, the objective of the present work

was to obtain and characterize the triple hybrid karyotype, a result of the crossing between

species of the genus Passiflora. Three hybrid genotypes HD25 (Passiflora coccinea x P.

hatschbachii) were crossed with three distinct species: P. cincinnata, P. thollozani and P.

mucronata, yielding three triple hybrids (HD28, HD29 and HD30). Hybrids were confirmed

by genomic in situ hybridization (GISH) that allowed the visualization of a chromosomal set

of one of the progenitor species. Hybrids were confirmed by genomic in situ hybridization

(GISH) that allowed the visualization of a chromosomal set of a parent species. All triple

hybrids were confirmed by GISH, which also allowed the observation of a chromosome with

recombination between P. coccinea and P. hatschbachii. The description of the hybrids

allowed the indication of this germplasm to be used as ornamental, except the hybrid HD28,

which did not flower during the study. The localization of GC rich heterchromatin from

chromosomal markers to 45S, 5S and telomeric DNAs indicates chromosomal stability in

relation to both the structure and number of homeopathic chromosomes of each complement.

The location and analysis of scattered repetitive elements indicates that these are not suitable

markers for the analysis of the inheritance in hybrids. However, the analysis of the CL15 and

CL86 elements revealed variations in the distribution in relation to P. edulis species, used in

the isolation of these elements, suggesting retraction or genomic expansion.

Key words: Molecular Cytogenetics, FISH, GISH, Genomics, Karyotype Evolution.

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1. INTRODUÇÃO

A obtenção de híbridos interespecíficos envolvendo espécies do gênero Passiflora é

uma prática cada vez mais explorada no melhoramento genético, gerando plantas voltadas a

aplicações diversas, como por exemplo, o melhoramento da resistência a doenças e pragas, e a

obtenção de novas cultivares de uso ornamental (ABREU et al., 2009). Ao longo das últimas

décadas, diversos trabalhos almejando a obtenção e caracterização de híbridos F1 com elevada

heterose foram realizados, gerando germoplasmas segregantes para a ornamentação de

interiores e exteriores. Assim foi possível a obtenção de novas cultivares como P. ‘Alva’, P.

‘Aninha’, P. ‘Priscilla’ (SANTOS et al., 2012), P. ‘Gabriela’ e P. ‘Bella’ (BELO et al.,

2018). Adicionalmente, híbridos também foram obtidos por cruzamentos entre P. gardneri vs.

P. alata, P. watsoniana vs. P. alata, P. watsoniana vs. P. gardneri e P. gardneri vs. P.

gibertii (CONCEIÇÃO et al., 2011). A realização de cruzamentos interespecíficos com

espécies de Passiflora têm gerado genótipos com flores de cores e formatos intrínsecos,

levando a sua utilização para o agronegócio de plantas ornamentais (SANTOS et al., 2011),

sendo importante a identificação de plantas favoráveis para produção de híbridos heteróticos

(VIANA et al., 2007).

O primeiro híbrido produzido envolvendo espécies do gênero Passiflora ocorreu em

1819, através do cruzamento de P. caerulea e P. racemosa, obtendo o híbrido denominado P.

‘Violacea’, segundo a fórmula de hibridação descrita por Jean-Louis-Auguste-Loiseleur-

Destongchamps, em 1928 (KING, 2011). Em Passiflora a obtenção de híbridos

interespecíficos, através da hibridação simples, é fácil devido às fracas barreiras reprodutivas

que existem entre as espécies do gênero, assim, verifica-se a importância das relações

citogenéticas e filogenéticas entre as espécies genitoras para o sucesso da hibridação (ABREU

et al., 2009; SANTOS et al., 2012).

A existência de híbridos naturais em Passiflora é sugerida, uma vez constatada a

origem de algumas espécies do gênero por meio da hibridação como rota de especiação, como

por exemplo, a origem de P. edulis f. flavicarpa, que não é totalmente esclarecida, pois

supõem-se que ela foi originada do cruzamento natural ou por mutação entre entre P. edulis e

P. ligularis Juss (POPE, 1935; VANDERPLANK, 2000). Por outro lado, não apenas os

híbridos naturais têm papel na análise e inferências evolutivas do gênero, uma vez que, as

obtenções de híbridos artificiais são ótimas estratégias de estudo e, também no uso do recurso

genético vegetal (SANTOS et al., 2012; BELO et al., 2018; CONCEIÇÃO et al., 2011).

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Em Passiflora a hibridação torna-se um requisito importante para produção de plantas,

considerando a grande variabilidade genética encontrada nas espécies. Através desse

mecanismo, que é responsável pelo fluxo gênico entre indivíduos que possuem complexos

gênicos diferentes, podem ser interespecífica e intraespecífica, e tem como consequência

dessa variabilidade à recombinação (MAROSTEGA, 2014).

Híbridos triplos de Passiflora obtidos através dos cruzamentos F1 (P. edulis f.

flavicarpa x P. coccinea) x P. edulis f. flavicarpa, F1 (P. edulis f. flavicarpa x P. setacea) x P.

edulis f. flavicarpa e F1 (P. coccinea x P. setacea) x P. edulis f. flavicarpa, tem como

objetivo aumentar o grau de resistência a doenças por meio dessas hibridações

interespecíficas, assim se faz necessário conhecer melhor o germoplasma das espécies quanto

a sua diversidade e compatibilidade genética, bem como sua variabilidade (JUNQUEIRA et

al., 2005).

Em híbridos de Passiflora, os estudos citogenéticos envolvendo híbridos F1 oriundos

do cruzamento de duas espécies genitoras ainda são pouco frequentes. Contudo,

modificações cromossômicas como, por exemplo, a eliminação cromossômica e translocações

têm sido relatadas envolvendo germoplasma híbrido (SANTOS et al., 2012) e retrocruzado

(MELO et al., 2017), indicando mudanças genômicas que podem estar associadas ao

estabelecimento e fixação do híbrido mesmo em condições primárias de evolução (LIM et al.,

2004).

Técnicas citogenéticas moleculares têm possibilitado a análise cariótipica de espécies

e híbridos do gênero Passiflora com o uso da hibridação in situ fluorescente (FISH) (MELO;

GUERRA 2003; SOUZA et al., 2010; COELHO et al., 2016; MELO et al., 2017: SILVA et

al., 2017 in press) e hibridação genômica in situ (GISH) (MELO et al., 2015; COELHO et al.,

2016; MELO et al., 2017; SILVA et al., 2017 in press). Essas técnicas permitiram o

conhecimento do modo de organização da cromatina, tanto na sua constituição quanto na

quantificação, e também em regiões heterocromáticas e sítios para DNA repetitivo em

espécies e híbridos de Passiflora (MELO et al., 2017; SILVA et al., 2017 in press).

O presente trabalho objetivou obter, confirmar e caracterizar a organização cariotípica

de híbridos triplos artificiais oriundos de espécies do gênero Passiflora, visando esclarecer as

modificações e estabilidade cromossômica.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Material Vegetal e Hibridações Interespecíficas

A hibridação interespecífica entre as espécies P. coccinea e P. hatschbachii resultou

na obtenção do híbrido simples F1 HD25 (SOUZA, 2018). Através do cruzamento com

genótipos das progênies HD25 com as espécies de P. cincinnata, P. tholozanii e P. mucronata

foram obtidos três híbridos triplos denominados de HD28, HD29 e HD30, respectivamente.

Esses cruzamentos foram realizados no período de maio de 2016 a outubro de 2016 (Tabela

1), estando às matrizes mantidas no Banco Ativo de Germoplasma de Passifloras (BAG-

passifloras) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Ilhéus, Bahia, Brasil (longitude

39° 10' W, latitude 14° 39' S, altitude 78 m).

As hibridações foram realizadas de acordo com o período de florescimento de cada

espécie. O híbrido HD25 participou como genitor materno dos cruzamentos interespecíficos,

pelo fato de apresentar antese diária e diurna, facilitando a condução das hibridações

(SOUZA, 2018). As espécies P. cincinnata, P. tholozanii e P. mucronata foram utilizadas

como genitores masculinos, por apresentarem características contrastantes e, mesmo número

cromossômico. Um dia antes do florescimento, os botões florais foram protegidos com sacos

de papel para não haver nenhum tipo de polinização indesejada, seguindo de emasculação

antes da antese. Foram realizadas as polinizações manuais, procedendo-se com a inoculação

do pólen das espécies no estigma dos híbridos F1 com o auxílio de pinça. Os botões

polinizados foram novamente protegidos e, após cinco dias, foi apurado se houve fecundação

do botão floral. Os frutos resultantes das hibridações foram protegidos com tela de náilon até

que eles caíssem (BRUCKNER; OTONI, 1999). Foi verificado o número fruto obtidos, e o

número de total de sementes. As sementes foram retiradas dos frutos, em seguida lavadas e

secas à temperatura ambiente (TA) e algumas armazenadas a 10º C até utilização.

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Tabela 1. Espécies de Passiflora utilizadas nos cruzamentos interespecíficos.

Espécie Subgênero Secção Acesso Localização Número cromossômico diploide

Passiflora hatschbachii

Cervi

Passiflora Setacea 446 Leopoldina MG 2n = 18 (MELO et al., 2014)

P. coccinea Aubl. Passiflora Coccinea 505 Pontes de Lacerda

MT

2n = 18 (BEAL, 1971; MAYEDA, 1997; MELO et al.,

2001)

P. cincinnata Mast. Passiflora Passiflora 504 Itabuna BA 2n = 18 (HEITZ, 1926; BOWDEN, 1945; BECKETT,

1960)

P. mucronata Lam. Passiflora Granadillastrum 509 Ilhéus BA 2n = 18 (GUERRA, 1986; MELO et al., 2001; SOUZA et

al., 2003)

P. tholozanii Sacco Distephana - 133 Embrapa Amazônia

Ocidental Manaus

AM

2n = 18 (OLIVEIRA, 2017)

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2.2. Germinação das Sementes e Condições de Cultivo

A germinação das sementes dos híbridos triplos foi realizada em bandejas de isopor

contendo terra vegetal, as quais foram mantidas em casa de vegetação. O número de sementes

postas para germinar correspondeu à quantidade de 10 - 20 sementes. Após o surgimento da

folha verdadeira, as plântulas foram transferidas para sacos de polietileno preto, com

capacidade de 0,5 L. Quando chegaram a uma altura de aproximadamente 0,5m de

comprimento foram transferidos para vasos com capacidade de 25 L contendo solo. Os

híbridos foram propagados por estaquia, as quais foram retiradas da parte intermediária dos

ramos, preparadas e padronizadas com dois nós e duas folhas reduzidas à metade de sua área,

seccionadas em bisel e imersas em auxina sintética (ácido indol-3 butírico – AIB).

As estacas foram estaqueadas em sacos de polietileno com capacidade de 1,5 L,

contendo areia lavada para enraizamento, sendo irrigadas diariamente. Os híbridos foram

conduzidos em sistema de espaldeira vertical, com mourões de 2,5 m de altura e fio de arame

1,8 m do solo, utilizando-se o espaçamento de meio metro entre as plantas. Foi realizada poda

quando necessário e a adubação a cada 30 dias de N4P14K8 num total de 225,85 mg [66,7 mg

de potássio, 44,40 mg de ureia e 114,75 mg de sulfato de fósforo] distribuídos nos vasos

igualmente, durante todo o experimento.

2.3. Descrição Morfológica dos Híbridos

A descrição morfológica utilizada para esta avaliação foi realizada com base em

características incluídas nos descritores para plantas ornamentais, confeccionados pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2008) e, alguns com base no

manual prático da EMBRAPA (JESUS et al., 2015). As características morfológicas avaliadas

foram as seguintes: diâmetro da flor (DF), diâmetro da corona (DCO), largura da pétala

(LPE), comprimento da pétala (CPE), largura da sépala (LSE), comprimento da sépala (CSE),

largura da bráctea (LBR), comprimento da bráctea (CBR), tamanho dos primeiros filamentos

da corona (TF1), tamanho dos segundos filamentos da corona (TF2), tamanho dos terceiros

filamentos da corona (TF3), comprimento do pedúnculo floral (CPED), comprimento do

androginóforo (CA), comprimento de folha (CF), largura de folha (LF), área foliar (AF),

diâmetro do caule (DC), comprimento do entrenó do ramo principal (CEN); profundidade do

limbo foliar (PFL): 1) profunda, 2) média, 3) ausente; antocianina no filete (AF): 1) forte, 2)

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média, 3) fraca, 4) ausente; antocianina no estilete (AE): 1) forte, 2) média, 3) fraca;

bandamento na corona (BAND): 1) presente, 2) ausente.

Quanto à caracterização morfológica, esta foi relacionada à coloração das folhas

baseada na carta de cores de Munsell para tecidos vegetais (MUNSELL, 1977) e sua

nomeação de acordo com códigos de letra e números.

2.4. Preparação Cromossômica

Raízes com aproximadamente um cm de comprimento foram coletadas das estacas. As

radículas foram pré-tratadas com a solução antimitótica 8-hidroxiquinolina (Merck®) a 0,002

M por 1hora em TA mais 21 horas em geladeira, lavadas com água destilada durante 5 min e

em seguida fixadas em Carnoy (etanol:ácido acético glacial, 3:1 (v/v), (Merck®); Johansen,

1940) durante 3 horas em TA e estocadas a -20ºC até a hora da preparação cromossômica. As

raízes foram lavadas em água destilada durante 5 min por 2x e incubadas em 50 µL de

solução enzimática contendo celulase a 2% (Sigma®) e pectinase a 20% (Sigma®), por 1

hora e 20 min a 37º C. As raízes foram lavadas com água destilada durante 5 min por 2x e

maceradas em 15 µL de ácido acético glacial a 45% (Merck®). Em seguida, o material

citológico foi espalhado com auxílio de agulha e pressionado levemente entre papel filtro para

espalhamento dos cromossomos. As lamínulas foram removidas após congelamento em

nitrogênio líquido e, as lâminas secas ao ar, depois estocadas em freezer -20ºC até a aplicação

das técnicas de CMA3/DAPI, FISH e GISH

2.5. Coloração com Fluorocromos CMA3 e DAPI

Lâminas envelhecidas por no mínimo três dias foram submetidas à dupla coloração

CMA3/DAPI, de acordo com o protocolo descrito por Guerra e Souza (2002), com

modificação na concentração de CMA3. Foi aplicado 10 µL de CMA3 (0,25 mg-1) sobre a

lâmina durante uma hora. A lâmina foi lavada em água destilada e seca ao ar. Em seguida foi

aplicado 10 µL de DA (0,1 mg-1) durante 30 minutos. A lâmina foi lavada em água destilada

e seca ao ar. Foi aplicado 10 µL de DAPI (0.5 mg-1), por 30 minutos. As lâminas foram

lavadas, secas e montadas com 15 µL glicerol/Macllvaine (1:1 v/v) + 2.5 mM MgCl2,

utilizando lamínulas 20 x 20 mm. As lâminas foram envelhecidas novamente, por três dias,

antes da análise microscópica. As imagens foram capturadas em microscópio de

epifluorescência Olympus BX41, equipado com câmara digital Olympus DP25 5 megapixels

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e, com o software DP2-BSW. Para visualização do DAPI foi utilizado o filtro U-UTH (330-

385 nm de excitação/400 nm de emissão de corte dicroico/>420 nm) e para visualização do

CMA3 foi utilizado o filtro U-MWV (450-480 nm de excitação/500 nm de emissão de corte

dicroico/>515 nm). Para sobreposições das imagens e confecção das pranchas, foi utilizado o

software Adobe Adobe® Photoshop CS5.

2.6. Extração do DNA e Produção das Sondas para GISH e FISH

Para o procedimento da GISH foi realizada a extração do DNA genômico dos

genitores de acordo com o protocolo proposto por Doyle e Doyle (1990), com algumas

modificações (MELO et al., 2015), sendo coletadas folhas jovens em duplicata, maceradas em

nitrogênio líquido, colocadas em tampão de extração CTAB 2% [NaCl a 1,5 M; EDTA a 20

mM; Tris-HCl a 100 mM; BMercaptoetanol a 0,2%]. Os ácidos nucleicos foram isolados com

solução (24:1) clorofórmio: álcool isoamílico e a ressuspensão do DNA foi realizada em

tampão TE [Tris a 10 mM; EDTA a 1 mM]. A concentração do DNA genômico extraído foi

inferido com base na comparação com 100 ng de DNA lambda em eletroforese em gel de

agarose 1% (Pronadisa), corado com SYBR safe (Invitrogen®). Aproximadamente 20 μg de

DNA genômico dos genitores em um volume final de 200 μL foi fragmentado com o auxílio

de um sonicador (Qsonica, Q125), com a programação para a amplitude 40%, 2 segundos

ligado e 2 segundos desligado, com o tempo total de 5 minutos (JAUHAR; PETERSON,

2006). O tamanho dos fragmentos foi detectado em gel de agarose 2% (Pronadisa) utilizando

como parâmetro o marcador ladder 100 pb (NEB, new england biolabs). Posteriormente, foi

realizada a purificação do DNA fragmentado com 2% do volume final de acetato de sódio a 3

M mais 200% do volume final de etanol P. A. O material foi colocado a -20 ºC overnight e,

no dia seguinte, centrifugado por 10 min a 14.000 rmp a 20ºC para a eliminação do

sobrenadante e posterior secagem em TA por no mínimo 1 hora. A ressuspensão do pellet foi

realizada com Tris (10 mM pH 8.0) com o volume necessário para concentração final de 1,1

μg/μL de DNA clivado. A marcação da sonda dos genitores maternos (HD25 141, 173, 208)

foi realizada por Nick translation com Digoxigenina-11-dUTP (Roche Diagnostics®) e dos

genitores paternos (P. cincinnata, P. tholozanii e P. mucronata) com Biotina-16-dUTP, na

concentração final de 1 μg de DNA clivado, seguindo o protocolo proposto pelo fabricante.

Para a FISH foram usados os primers para a amplificação dos sítios de DNAr 45S,

DNAr 5S, DNA telomérico e DNA repetitivo (elementos transponíveis). Os primers e as

moléculas marcadoras das sondas para FISH seguiram de acordo com a tabela 2. As sondas

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foram marcadas via Nick translation, com concentração final de 1 μg de DNA clivado,

seguindo o protocolo proposto pelo fabricante.

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Tabela 2. Caracterização das sondas e primers utilizados no mapeamento cromossômico.

Espécie Sonda Primers (5’-3’) Sonda marcada

Referência

P. edulis DNAr 45S F: GGCTGAATCTCAGTGGATCG

R: GCTGTCGGTGGACTG CTC

biotina-16-dUTP Silva et al.,

2017

P. edulis DNAr 5S F: GTGCGATCATACCAG C(AG)(CT)TAATGCACCGG

R: GAGGTGCAACACGAGGACTTCCCAGGA GG

digoxigenina-11-dUTP Melo e

Guerra, 2003

HD13* Telomérica F: AAATCCCAAATCCCAAATCCCAAATCCCAAATCCCAAATCCC

R: TTTAGGGTTTAGGGTTTAGGGTTTAGGGTTTAGCGTTTAGG

digoxigenina-11-dUTP Belo et al.,

2015

P. edulis Ty3/Gypsy/

Chromovírus

F: AGGGAGCAGCAGTATTTTCG

R: GCTTGTCTCGGAGCGTTT

biotina-16-dUTP Silva, 2017

P. edulis Ty1/Gypsy/

Maximus-

SIRE

F: AGCTGTGTTAACGGCTTCAG

R: ACTTGGGCATGCTAGTTTTG

biotina-16-dUTP Pamponét,

2017

* Passiflora sublanceolata x P. foetida (Santos et al., 2012)

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2.7. Aplicação de FISH e GISH

O tratamento das lâminas seguiu o protocolo para FISH proposto por Schwarzacher e

Heslop-Harrison (2000) e Souza et al. (2010), com modificações realizadas por Melo et al.

(2015). As lâminas com as metáfases mitóticas foram secas em estufa a 37 °C por 1 h e logo

após foi aplicado de 50 μl de RNase (Sigma®) a 1 μg/mL em tampão 2xSSC (cloreto de sódio

a 0,3 M, Sigma®; citrato de sódio a 0,03 M, Sigma®) nas mesmas, as quais foram incubadas

em câmara úmida por 1 h a 37°C. As lâminas foram imersas em 2X SSC em TA, duas vezes

por 5 min cada; 50 μL de HCl a 10 mM foi adicionado sobre as metáfases por 5 min, e após

retirada do HCl, foi adicionado 50 μL de pepsina (Sigma®) [pepsina a 10 mg/mL; HCl a 10

mM (1:100 v/v)] e as lâminas foram incubadas em câmara úmida por 20 min a 37°C. As

lâminas foram lavadas em 2xSSC, em TA, duas vezes por 5 min cada, em plataforma

agitadora a 120 rpm (Biomixer, Mos-1), imersas em paraformaldeido a 4% em TA por 10

min, e novamente lavadas em 2xSSC duas vezes por 5 min cada. O material citológico foi

desidratado em etanol 70% e etanol 96% por 5 min cada, para imediata aplicação da técnica.

Após a secagem das lâminas em TA por 30 min, foi adicionada a mistura de hibridação com o

volume final de 15μl, sendo formamida 50% (Sigma®), dextran sulfato 10% (Sigma®),

2xSSC, SDS 0,13% (Dodecil sulfato de sódio) (Bioagency).

Para a FISH, foram utilizados 50 ng das sondas. Para GISH, foram utilizados 33 ng de

cada sonda no mix de hibridação. A mistura de hibridação foi aquecida a 75 °C por 10 min

em termociclador (Eppendorf, Mastercycler) e transferida para gelo por 5 min. As lâminas

contendo a mistura de hibridação foram desnaturadas em termociclador contendo um

adaptador para lâminas (Techne, TC-412) a 75 °C por 10 min e, incubadas overnight a 37 °C

em câmara úmida. Após a hibridação, as lâminas foram imersas em 2xSSC em TA por 5 min

para a remoção das lamínulas. Os banhos pós-hibridação foram realizados em banho Dubnoff

(Quimis, 9226ML), a 42 ºC, consistindo em duas imersões em 2XSSC por 5 min cada, duas

em 0,1xSSC por 5 min cada, e mais duas imersões em 2xSSC por 5 min cada. As lâminas

foram imersas em 4xSSC/Tween 20 a 0,2% (Sigma®) em TA por 5 min e tratadas com 50μl

de BSA (Sigma) a 5%. As sondas marcadas com biotina foram detectadas com 0,7 μl de

avidina-FITC (Vector®) e as sondas marcadas com digoxinenina foram detectadas com 0,7 μl

anti-digoxigenina-rodamina (Roche) mais 19,3 μL BSA 5% por lâmina. As lâminas contendo

o anticorpo para a detecção foi incubada em câmara úmida por 1 h a 37 °C. Foram realizados

três banhos, por 5 min cada, para a retirada do excesso de anticorpo com 4xSSC/Tween 20 a

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0,2% em TA. As lâminas foram rapidamente imersas em 2xSSC e logo foram montadas e

contracoradas com Vectashield® Antifade Mounting Medium DAPI (H-1200), estocadas a ±

8 - 10 °C até análise. Com a utilização do microscópio de epifluorescência Olympus BX41

equipado com câmera digital de 5M Olympus DP25, pelo software DP2-BSW as metáfases

foram fotodocumentadas. As hibridações detectadas com avidina-FITC foram visualizadas

com o uso do filtro U-MWB (excitação 450-480nm/dichroic cutoff 500nm/emissão > 515nm).

As hibridações detectadas com anti-digoxigenina-rodamina foram visualizadas com o filtro

U-MWG (excitação 510-550 nm /dichroic cutoff 570nm/emissão > 590nm). Foi detectada a

contracoloração com DAPI através do filtro U-MWU (excitação 330-385nm/dichroic cutoff

400nm/emissão > 420nm). A confecção da prancha e sobreposições FITC/rodamina foi

realizada com o uso do software photoshop SC5.

3. RESULTADOS

3.1. Obtenção e Descrição dos Híbridos Triplos

Foram realizados cruzamentos interespecíficos entre as espécies Passiflora cincinnata,

P. tholozanii e P. mucronata com três genótipos híbridos HD25 (P. coccinea vs. P.

hatschbachii). De todas as vias de cruzamentos testadas apenas os cruzamentos em que o

híbrido HD25 foi receptor do polén resultaram na formação de frutos, sendo que, os

cruzamentos HD25 vs. P tholozanii (HD29) produziu apenas um fruto com 44 sementes,

enquanto que os cruzamentos entre HD25 vs. P. cincinnata (HD28) e HD25 vs. P. mucronata

(HD30) produziram seis frutos cada, com média de 30 e 27 sementes, respectivamente. Cada

plântula oriunda dos cruzamentos apresentou aspecto vigoroso e ausência de clorose. Esses

cruzamentos resultaram no total de 16 plantas híbridas, cujas progênies foram denominadas

de HD28 (8), HD29 (4) e HD30 (4). Sendo posteriormente selecionada pelo vigor, uma única

planta de cada progênie para a condução das caracterizações e análises.

A descrição da morfologia floral foi realizada apenas nos híbridos triplos HD29 e

HD30, pelo fato do híbrido HD28 não apresentar flores ao longo do tempo de

experimentação, não havendo indícios ou relatos de botões florais em nenhuma estação em 14

meses de observação.

Foram observadas com base nos descritores morfológicos florais e vegetativos,

características qualitativas e quantitativas existentes nos híbridos HD29 e HD30. O

bandamento da corona foi o descritor floral mais relevante para a distinção dos híbridos em

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relação aos seus genitores, sendo que, o HD29 apresentou dois filamentos e o HD30

apresentou três filamentos, onde deram origem às cultivares Passiflora ‘vitalli’ (HD29) e

Passiflora ‘leonel´s’(HD30) (Figura 1) as quais serão registradas na Passiflora Society

International (www.passiflorasociety.org).

Passiflora ‘vitalli’ - apresentou as seguintes características médias: caule cilíndrico de

3.60 cm de diâmetro; entrenó 5.30 cm de comprimento; folha simples, membranácea, com

10.1 cm de comprimento e 7.00 cm de largura, cor verde variando a tonalidade entre verde

escuro e claro (6/8 7.5GY – 3/4 7.5GY); pendúnculo de 9.80 cm de comprimento; flores de

coloração vermelha, com 8.50 cm de diâmetro; pétalas vermelhas de 5,20 cm de comprimento

e 1,20 cm de largura; sépalas vermelhas de 5.00 cm de comprimento e 1.30 cm de largura;

bráctea 3.60 cm de comprimento e 1,80 com de largura; corona com os primeiros filamentos

externos de coloração vermelha de 2.20 cm de comprimento e corona com os segundos

filamentos internos de coloração alternada vermelho e branca de 0.60 cm de comprimento;

forma do limbo foliar ovada, divisão do limbo foliar inteira e ausência de sinus no limbo

foliar; a antocianina no androginóforo, filete e estilete apresentou a cor forte; anteras de

vermelho-claro; estames vermelho; pólen amarelo; estilete vermelho-forte; estigma verde-

claro. Apresentou florescimento apenas no mês de julho/agosto.

Passiflora ‘leonel´s’ - apresentou as seguintes características médias: caule cilíndrico

de 5.50 cm de diâmetro; entrenó 4.26 cm de comprimento; folha simples, membranácea, com

10.1 cm de comprimento e 7.00 cm de largura, cor verde variando a tonalidade entre verde

escuro e claro (6/8 7.5GY – 3/4 7.5GY); pendúnculo de 10.3 cm de comprimento; flores de

coloração vermelha, com 8.50 cm de diâmetro; pétalas vermelhas de 4.00 cm de comprimento

e 0.80 cm de largura; sépalas vermelhas de 3.40 cm de comprimento e 1.10 cm de largura;

bráctea 3.20 cm de comprimento e 1,50 com de largura; corona com os primeiros filamentos

externos de coloração vermelha de 1.40 cm de comprimento, corona com os segundos

filamentos externos de coloração alternada vermelho e branca de 0.80 cm de comprimento e o

terceiro filamento (interno) de cor branco de 0.20 cm de comprimento; forma do limbo foliar

ovada, divisão do limbo foliar inteira e ausência de sinus no limbo foliar; a antocianina no

androginóforo, filete e estilete apresentou a cor forte; anteras de vermelho-claro; estames

vermelho; pólen amarelo claro; estilete vermelho-forte; estigma verde-claro. Apresenta

florescimento contínuo com maior produção de flores (Figura 1 H).

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Figura 1. Flores das espécies e híbridos de passifloras utilizadas em hibridações triplas

interespecíficas: (A) P. coccinea; (B) P. hatschbachii; (C) HD25; (D) P. cincinnata; (E) P.

tholozanii; (F) P. mucronata; (G) P. caerulea; (H) HD30. Fotos por Rita de Cássia Vital

Santos Sanchês (A, D, G, H). Viviane de Oliveira Souza (C). Cedida por Mauro Peixoto,

www.brazilplants.com (B, E, F).

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3.2. Identificação Genômica e Confirmação de Genomas em Híbridos

Foi realizada a GISH nos híbridos HD28, HD29 e HD30 com pretenção de identificar

o genoma de, ao menos, uma das espécies progenitoras do híbrido F1 HD25, como parte

constituinte do cariótipo dos híbridos triplos. Desta forma, a identificação de no máximo

cinco cromossomos de uma espécie progenitora confirma positivamente que o híbrido em

análise possui três genomas como parte integrante do seu DNA nuclear (Figura 2 A - C).

Como exemplo, do sucesso na identificação foi possível verificar que o genótipo HD34

(HD25 x P. caerulea) não foi considerado híbrido triplo por possuir dois conjuntos haploides

dos progenitores (P. coccinea e P. hatschbachii) (Figura 2 D).

No híbrido triplo HD28 (HD25 x P. cincinnata), cinco cromossomos com maior

porção do genoma da espécie P. cincinnata foram identificados (Figura 2 A amarelo). Já no

híbrido triplo HD29 (HD25 vs. P. tholozanii), cinco cromossomos com maior proporção

genômica da espécie genitora P. tholozanii foram observados (Figura 1 B verde). No híbrido

triplo HD30 (HD25 vs. P. mucronata) foram identificados cinco cromossomos do genoma da

espécie progenitora P. mucronata (Figura 1 C verde). Apenas um cromossomo recombinado

entre os genomas dos progenitores P. coccinea e P. hatschbachii foi observado no híbrido

triplo HD30 (Figura 2 C seta). Contudo, nos demais híbridos não foram observados

cromossomos recombinados como resultado da meiose do híbrido F1 HD25.

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Figura 2. Hibridação genômica in situ (GISH) em cromossomos metafásicos em híbridos

triplos interespecíficos de Passiflora e no híbrido F1 HD34, sonda marcada com digoxigenina

e detectada com antidigoxigenina-rodamina (cromossomos amarelos), sondas marcadas com

biotina e detectada com estreptavidina (cromossomos verdes). (A) HD28 evidenciando cinco

cromossomos de P. cincinnata (cromossomos amarelos); (B) HD29 revelando cinco

cromossomos de P. tholozanii (cromossomos verdes); (C) HD30 demonstrando cinco

cromossomos de P. mucronata (cromossomos verdes). A seta indica cromossomo

recombinado. (D) Híbrido F1 HD34 evidenciando genomas de P. coccinea (cromossomos

amarelos) e de P. hatschbachii (cromossomos verdes). Barra = 10 µm.

3.3. Localização da Região Heterocromática Rica em GC

A localização de regiões heterocromáticas foi realizada pela aplicação de

fluorocromos base-específicos CMA3 e DAPI, e revelou regiões heterocromáticas ricas em

GC representadas pelos blocos CMA3+/DAPI

- em constrições secundárias, estendendo-se aos

satélites (Figura 3). Neste caso, foram observados dois pares cromossômicos em todas as

espécies progenitoras e genitoras. Resultado semelhante foi observado em todos os híbridos

triplos analisados, indicando o total de quatro cromossomos satelitados.

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Figura 3. Coloração com fluorocromos utilizando CMA3 e DAPI para localização de

heterocromatina em progenitores, genitores e híbridos triplos interespecíficos de Passiflora (2

n = 18). (A) P. coccinea, (B) P. hatschbachii, (C) P. cincinnata, (D) P. tholozanii, (E) P.

mucronata (F) HD28, (G) HD29 e (H) HD30. As setas indicam blocos CMA3+. Barra = 10

µm.

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3.4. Localização de Sequências Genômicas Repetidas

A localização de sequências repetitivas de DNAr 45S via FISH revelou quatro bandas

em dois pares cromossômicos em todas as espécies analisadas. Resultado semelhante foi

observado nos híbridos triplos HD28, HD29 e HD30, onde quatro cromossomos, com sítios

de DNAr 45S, foram observados (Figura 4). Em alguns cromossomos a localização dos sítios

de DNAr 45S ocorreu distante do braço cromossômico contracorado com DAPI, indicando

distenção em constrições sencundárias (Figura 4 A). A localização de sítios de DNAr 5S

revelou apenas um par cromossômico com marcação tanto nas espécies utilizadas nas

hibridações quanto nos híbridos triplos analisados (Figura 4). A localização nas regiões

teloméricas evidenciou a presença de sequências teloméricas restritas a porção terminal de

todos os cromossomos do germoplasma analisado (Figura 5).

A localização dos dois tipos de sequências de DNA repetitivo, CL15

Gypsy/Chromovírus e CL86 Gypsy/Maximus-SIRE, isolados da espécie comercial P.edulis

permitiu a identificação segura destes elementos repetitivos no genoma das espécies e

consequentemente nos híbridos triplos analisados (Figuras 6 e 7). O elemento repetitivo CL15

Gypsy/Chromovirus (Figura 6) apresentou menor abundância em relação ao elemento

repetitivo CL86 Gypsy/Maximus-SIRE (Figura 7) em relação ao número de sítios de

hibridação. Contudo, foi observado que tanto o número, quanto a intensidade desses sítios de

DNA repetitivo, influencia na condensação cromossômica.

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Figura 4. Hibridação in situ fluorescente (FISH) com sondas para sítios de DNAr 5S e DNAr

45S em progenitores, genitores e híbridos triplos interespecíficos de Passiflora (2 n = 18). (A)

P. coccinea, (B) P. hatschbachii, (C) P. cincinnata, (D) P. tholozanii, (E) P. mucronata (F)

HD28, (G) HD29 e (H) HD30. Setas vermelhas indicam sítios de hibridação de DNAr 5S e

setas brancas apontam sítios de hibridação de DNAr 45S. Barra = 10 µm.

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Figura 5. Hibridação in situ fluorescente (FISH) com sondas para sítios teloméricos em

progenitores, genitores e híbridos triplos interespecíficos de Passiflora (2 n = 18). (A) P.

coccinea, (B) P. hatschbachii, (C) P. cincinnata, (D) P. tholozanii, (E) P. mucronata (F) HD

28, (G) HD29 e (H) HD30. Barra = 10 µm.

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Figura 6. Hibridação in situ fluorescente (FISH) de retrotransposons LTR de cromossomos

metafásicos em progenitores, genitores e híbridos triplos interespecíficos de Passiflora (2 n =

18) usando CL15 Gypsy/Chromovírus. (A) P. coccinea, (B) P. hatschbachii, (C) P.

cincinnata, (D) P. tholozanii, (E) P. mucronata (F) HD28, (G) HD29 e (H) HD30. Barra = 10

µm.

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Figura 7. Hibridação in situ fluorescente (FISH) de retrotransposons LTR de cromossomos

metafásicos em progenitores, genitores e híbridos triplos interespecíficos de Passiflora (2 n =

18) usando CL86 Gypsy/Maximus-SIRE. (A) P. coccinea, (B) P. hatschbachii, (C) P.

cincinnata, (D) P. tholozanii, (E) P. mucronata (F) HD28, (G) HD29 e (H) HD30. Barra = 10

µm.

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4. DISCUSSÃO

A obtenção de híbridos de Passiflora têm sido um método amplamente explorado no

melhoramento genético de Passiflora, tendo em vista o uso da variabilidade para a formação

de novas combinações em descritores florais e vegetativos em plantas híbridas (ABREU et al.,

2009; SANTOS et al., 2012; BELO et al., 2018). Em passifloras, a obtenção de híbridos F1 e

retrocruzados têm sido o modo mais comum para gerar germoplasma aplicável à

ornamentação (ABREU et al., 2009; SANTOS et al., 2012; MELO et al., 2014; BELO et al.,

2018). Contudo, a obtenção e, principalmente, a caracterização genética de híbridos triplos

têm sido fato inexplorado no gênero.

No presente trabalho a obtenção de híbridos triplos de Passiflora contendo três

genomas de espécies silvestres em sua constituição genômica foi realizada com sucesso.

Foram obtidos três híbridos triplos denominados HD28, HD29 e HD30, resultado do

cruzamento entre um genótipo híbrido F1 HD25 (P. coccinea x P. hatschbachii) com três

espécies distintas P. cincinnata, P. tholozanii e P. mucronata, respectivamente.

A hibridação interespecífica é favorecida pelas fracas barreiras reprodutivas entre

espécies, principalmente quando as espécies são taxonomicamente próximas. Neste estudo, as

espécies P. cincinnata e P. mucronata são da mesma série botânica (Passiflora) que as

espécies P.coccinea e P. hatschbachii (progenitoras dos híbridos triplos), o que,

provavelmente, favoreceu a obtenção do germoplasma híbrido relatado neste trabalho.

Contudo, apesar de P. tholozanii ser de série botânica distinta (Distephana) das espécies

progenitoras, o uso da mesma como genitora do híbrido triplo permitiu a obtenção de um

genótipo em potencial. Neste caso, a compatibilidade cromossômica numérica já relatada

entre P. tholozanii pode ter sido um fator crucial para o sucesso no uso desta espécie como

genitora do híbrido triplo HD29. Adicionalmente, a espécie P. tholozanii compartilha uma

sequência repetitiva semelhante a P. coccinea, sugerindo hibridação ou, o fato de ambos

compartilharem o mesmo ancestral comum (OLIVEIRA, 2017). No estudo realizado com

espécies comerciais e silvestres de Passiflora foi verificada alta compatibilidade de algumas

combinações híbridas sendo promissoras para programas de melhoramento (OCAMPO et al.,

2016).

Semelhanças cromossômicas numéricas entre espécies têm sido um importante fator

relacionado à obtenção de híbridos F1 (SANTOS et al., 2012; BELO et al., 2018). Entretanto,

o número cromossômico distinto permitiu o retrocruzamento entre híbridos F1 e o genitor

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materno (P. sublanceolata), possibilitando a obtenção de genótipos com número

cromossômico desbalanceado (MELO et al., 2017). Neste aspecto, não apenas questões

taxonômicas devem ler levadas em consideração na escolha de espécies aplicadas em

hibridações, mas também características cromossômicas e filogenéticas. No presente trabalho,

o número cromossômico tem sido o mesmo das espécies envolvidas nas hibridações, quando

da obtenção do hibrido F1 HD25. Esse fato pode levar a hipótese de que poucas

irregularidades meióticas envolvendo a formação de gametas não reduzidos podem estar

associadas à meiose do híbrido HD25. Entretanto, apenas a análise meiótica pode refutar ou

corroborar essa ideia, revelando dados referentes a compatibilidade entre cromossomos

homeológos (LAVINSCKY et al., 2017).

Dos cruzamentos artificiais entre um híbrido F1 e espécies de Passiflora L., sendo

eles: HD25 vs. P. cincinnata, HD25 vs. P. tholozanii e HD25 vs. P. mucronata foram

desenvolvidos os novos híbridos triplos interespecíficos de Passiflora: P. ‘vitalli’ e P.

‘leonel’s’, os quais apresentam características relevantes para serem utilizados no mercado

ornamental. Flores de coloração vermelha intensa e forte; flores com um bom período de

tempo abertas, aproximadamente 12h de duração; floração contínua (P. ‘leonel’s’) e a

presença ou não de bandamento na corona.

Na maioria das espécies, as flores de Passiflora apresentam autoincompatibilidade,

que favorecem a fecundação cruzada (RÊGO et al., 1999), contudo, o maior percentual de

germinação não implica em obtenção de maior quantidade de plântulas ou produção de

descendentes. Estes fatores podem estar relacionados à incongruência devido a barreiras pós-

fertilização, como a morte do embrião a partir de degeneração do endosperma e a esterilidade

total ou parcial dos híbridos (FREITAS et al., 2015), o que pode explicar a ausência de flores

no híbrido triplo HD28, mesmo pertencendo ao mesmo gênero, subgênero e secção

Passiflora.

Apesar da ausência de anormalidades fenotípicas, o híbrido triplo HD28 não floresceu

em nenhum momento da condução do presente trabalho. Por ser considerada uma planta anual

a ausência de floração não era fato esperado. Contudo, apesar da estabilidade cromossômica

numérica e nos marcadores cromossômicos utilizados, a floração ausente pode ser resultado

de mudanças nos padrões de expressão de características comumente relatados em híbridos.

Essas alterações ocorrem como resultado das diferenças gênicas e de expressão alélica entre

as espécies utilizadas na obtenção de híbridos, mesmo quando são espécies filogeneticamente

próximas (LIM et al., 2004).

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A utilização da hibridização genômica in situ foi utilizada para a identificação de um

genoma de uma espécie genitora do híbrido F1 HD25. Com a identificação de cinco

cromossomos das espécies genitora do híbrido F1 é possível confirmar que o híbrido em

análise é triplo. De fato, o híbrido F1 HD25 possui número diploide 2 n = 18 cromossomos,

sendo n = 9 cromossomos da espécies P. coccinea juntamente com n = 9 cromossomos da

espécie P. hatschbachii. A meiose deste híbrido resultará em cinco e quatro cromossomos de

cada espécie, segundo os princípios de segregação independente, isso desconsiderando a

recombinação entre homeólogos. Neste sentido, identificar cinco cromossomos do progenitor

nos híbridos obtidos no presente estudo certifica a composição genômica tripla dos genomas.

No nosso trabalho os híbridos triplos apresentaram o padrão quantitativo esperado:

50% do genoma de duas espécies progenitoras (P. coccinea e P. hatschbachii) em conjunto

com 50% do genoma de uma espécie utilizada como genitora: P. cincinnata ou P. tholozanii

ou P. mucronata, no caso de HD28, HD29 e HD30. Contudo, a GISH possibilitou a

identificação de cinco cromossomos da espécie progenitora, o que representa 27,77% do

genoma desta espécie, exceto no caso do híbrido triplo HD30 que revelou um cromossomo

recombinado entre os genomas das espécies P. coccinea e P. hatschbachii, como resultado da

meiose do híbrido HD25. A GISH têm se mostrado eficiente na identificação de cromossomos

recombinados de Passiflora, mesmo em cromossomos pequenos, como foi observado em

híbridos retrocruzados (MELO et al., 2017). Cromossomos recombinados em híbridos, apenas

têm sido observados em híbridos retrocruzados, mas apesar de não terem sido observados em

híbridos de gerações posteriores a F1, já foram observados em pareamentos entre

cromossomos homeólogos na meiose, o que favorece a recombinação (LAVINSCKY, 2016).

A localização da heterocromatina rica em GC utilizando fluorocromos base-específico

permitiu a visualização de dois pares cromossômicos nas espécies progenitoras e genitoras

dos híbridos triplos avaliados. Em Passiflora essa heterocromatina tem sido observada apenas

em regiões de constrições secundárias e satélites. De acordo com Silva (2017) os contigs

relacionados ao DNAr 45S, restritos a regiões de constrições secundárias apresentaram cerca

de 62% a 68% de guanina e citosina, o que explica a sua visualização nas regiões

organizadoras do nucléolo pela coloração diferencial com CMA3 e DAPI.

Em Passiflora os blocos CMA3+/DAPI

-, demonstrando a heterocromatina rica em GC

têm sido utilizada como um excelente marcador filogenético e taxonômico. Sendo geralmente

constante em espécies do mesmo subgênero e secção botânica. Espécies do subgênero

Passiflora têm sido observadas contendo de dois a três pares cromossômicos com blocos

CMA3+/DAPI

- (MELO et al., 2014). No presente trabalho o número de blocos CMA3

+/DAPI

-

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observados nos híbridos triplos foi semelhante aos das espécies progenitoras e genitoras,

indicando que essas regiões estão localizadas no mesmo cromossomo do complemento.

Variações no número de satélites têm sido relatadas em híbridos retrocruzados de Passiflora

(MELO et al., 2017).

Tanto a localização da heterocromatina rica em GC quando a localização in situ de

sítios de DNAr 45S apresentaram resultados semelhantes, isso pelo fato da especificidade da

FISH se restringir ao locus 45S de DNAr (MELO et al., 2017; SILVA, 2017). Sítios de DNAr

5S têm sido quantitativamente inferiores ao número de sítios de hibridação de DNAr 45S

(BELO et al., 2015; MELO et al., 2017), corroborando com o observado no presente trabalho.

Neste estudo, os marcadores cromossômicos de DNAr 45S e 5S se mostraram estáveis nos

híbridos em relação as espécies progenitoras e genitoras, sugerindo estabilidade

cromôssomica em relação a esses sítios.

A localização de sequências teloméricas restrita a regiões terminais nos híbridos

triplos permite indicar que existe conservação na morfologia e estrutura cromossômicas deste

germoplasma. Ausência de modificações cromossômicas envolvendo regiões teloméricas tem

sido observada em Passiflora, mesmo em genótipos retrocruzados com recombinações entre

cromossomos não homólogos ou poliploides (MELO et al., 2017).

A localização de elementos repetitivos posteriormente isolados de P. edulis por Silva

(2017) e Pamponét (2017) e hibridado no germoplasma em análise, indica que tanto o

elemento CL15 Gypsy/Chromovírus e CL86 Gypsy/Maximus-SIRE estão presentes em outras

espécies do subgênero Passiflora. A visualização destes elementos com variações

quantitativas e qualitativas na sua distribuição permite inferir que apesar de ambos os

elementos estarem presentes no genoma das espécies e híbridos analisados, existem variações

no número e na localização destas sequências em relação a P. edulis. A dificuldade do uso da

informação gerada por alguns elementros repetitivos está na localização dispersa destas

sequências no genoma. Adicionalmente, a grande variação na quantidade destes sítios de

hibridação também dificulta a sua predição e análise da herança e distribuição destes

elementos repetitivos em híbridos. Além da capacidade migratória, muitos destes elementos

repetitivos variam em número de monômeros entre as gerações, indicando expanção ou

retração genômica em regiões repetitivas (KAWAKAMI et al., 2011).

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5. CONCLUSÃO

A obtenção de híbridos triplos de Passiflora é um método eficiente para a obtenção de

plantas citologicamente estáveis, sem o indicio de modificações cromossômicas que possam

alterar os padrões citológicos mais observados em espécies diploides do gênero. Contudo, a

caracterização meiótica e reprodutiva é indicada para prospecção de características

reprodutivas para se avaliar a pré- e pós-meiose indicando assim a inclusão deste

germoplasma ao melhoramento genético de Passifloras, contudo o uso direto do germoplasma

híbrido é indicado.

6. AGRADECIMENTOS

Agradeço à UESC (Universade Estadual de Santa Cruz) pela infraestrutura do

Laboratório de Melhoramento de Plantas (LAMEP) e da Casa de Vegetação, CNPq (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FAPESB (Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado da Bahia) pelo apoio financeiro à pesquisa; CAPES (Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para as bolsas concedidas ao primeiro,

terceiro e quarto autores; CNPq pela bolsa concedida à segunda autora; Viviane pela

excelente ajuda nas fotodumentações.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A espécie Cucumis melo apesar de possuir um elevado número de variedades com

ampla variação fenotípica relacionada a descritores florais, vegetativos e de qualidade do

fruto, apresenta estabilidade em termos citológicos relacionada ao número cromossômico e a

marcadores citogenéticos como o DNAr 45S e 5S. Neste âmbito a variação encontrada na

espécie é reflexo de características gênicas relacionada tanto a variação de base como as

variações em expressão, sugerindo-se a prospecção em estudos moleculares para a análise da

diversidade intraespecífica.

A obtenção de híbridos triplos no subgênero Passiflora possibilita a obtenção de

germoplasmas com cariótipos estáveis tanto em número quanto na quantidade de marcadores

cromossômicos esperados em espécies e genótipos diploides do subgênero. Esses dados

indicam que os híbridos em análise podem ser úteis para o uso direto, contanto que essas

informações sejam conciliadas com dados fenotípicos indicando a aplicação deste recurso

genético.

Os híbridos triplos de passifloras possuem bom potencial evolutivo em relação à

estabilidade genômica e cromossômica. Retração ou a expansão genômica pode ser um dos

eventos evolutivos relacionados ao estabelecimento recente de híbridos triplos de Passiflora.

Contudo, a análise meiótica é indicada para verificar o potencial reprodutivo, o que deve ser

considerado como parâmetro importante para o estabelecimento e evolução deste

germoplasma.

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