53
I UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ FERNANDA TAVARES BANDEIRA DE MELLO PADRONIZAÇÃO DA PCR EM TEMPO REAL PARA A QUANTIFICAÇÃO SIMULTÂNEA DE GENES DE VIRULÊNCIA DE Escherichia coli ILHÉUS BAHIA 2015

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ FERNANDA ...III M527 Mello, Fernanda Tavares Bandeira de. Padronização da PCR em tempo real para a quantificação simultânea de genes de virulência

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I

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

FERNANDA TAVARES BANDEIRA DE MELLO

PADRONIZAÇÃO DA PCR EM TEMPO REAL PARA A QUANTIFICAÇÃO

SIMULTÂNEA DE GENES DE VIRULÊNCIA DE Escherichia coli

ILHÉUS – BAHIA

2015

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II

FERNANDA TAVARES BANDEIRA DE MELLO

PADRONIZAÇÃO DA PCR EM TEMPO REAL PARA A QUANTIFICAÇÃO

SIMULTÂNEA DE GENES DE VIRULÊNCIA DE Escherichia coli

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de

Santa Cruz, como parte das exigências para

obtenção do título de Mestre em Ciência Animal.

Área de Concentração: Clínica e Sanidade Animal.

Orientador: Profª. Drª. Bianca Mendes Maciel

ILHÉUS – BAHIA

2015

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III

M527 Mello, Fernanda Tavares Bandeira de. Padronização da PCR em tempo real para a quantificação simultânea de genes de virulência de Escherichia coli / Fernan- da Tavares Bandeira de Mello. – Ilhéus : UESC, 2015. 52f. : il. Orientadora : Bianca Mendes Maciel. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. Inclui referências. Bactérias gram-negativas – Brasil. 2. Microbiologia. 3. Intestinos – Parasito. 4. Segurança alimentar. I. Maciel, Bianca Mendes. II. Título. CDD - 574

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IV

FERNANDA TAVARES BANDEIRA DE MELLO

BANDEIRA DE MELLO, F. T. Padronização da PCR em Tempo Real para a

Quantificação Simultânea de Genes de Virulência de Escherichia Coli.

2015. 52f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Programa de Pós

Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia,

2015.

ERRATA

Folha Linha Onde se lê Leia-se

IV 1 e 2 PCR QUANTITATIVA EM TEMPO REAL PARA QUANTIFICAÇÃO DE

Escherichia coli PATOGÊNICA EM OSTRAS

DO LITORAL SUL DA BAHIA

PCR EM TEMPO REAL PARA A QUANTIFICAÇÃO

SIMULTÂNEA DE GENES DE VIRULÊNCIA DE Escherichia

coli

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V

PCR QUANTITATIVA EM TEMPO REAL PARA QUANTIFICAÇÃO DE Escherichia coli PATOGÊNICA EM OSTRAS DO LITORAL SUL DA BAHIA

Ilhéus – BA, 23/07/2015

______________________________ Bianca Mendes Maciel – DSc

UESC/DCB (Orientadora)

______________________________ Rachel Passos Rezende – DSc

UESC/DCB

______________________________ Tharcilla Braz Alves Pessoa – DSc

Faculdade de Ilhéus

ILHÉUS – BA 2015

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VI

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha mãe e meu avô Bandeira.

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VII

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a minha mãe e aos meus avôs, por todo o incentivo, por sempre acreditar em mim, pelo apoio e por serem minha base, meu exemplo e minha inspiração. Ao apoio de meu pai. A minha orientadora, pelos puxões de orelha merecidos, pelos ensinamentos e paciência.

A Fabiana Santos, técnica do laboratório, pela sua imensa ajuda. As colegas de laboratório e projeto, a Daniele Rocha e profª Sônia pela colaboração e dicas preciosas. A minha querida amiga Aline Leite. A todos os colegas do PPGCA e a Eduardo, todos acrescentaram algo de bom nessa jornada. Aos meus ex-orientadores e amigos Jorge Del Rei e Pedro Leite pelo constante incentivo e conselhos, nos momentos mais complicados. Às professoras Ana Paula Uetanabaro e Rachel Rezende, com quem tive a oportunidade de estagiar.

Aos colegas do estágio de docência Polyane Pires e Denisson Chaves, e a “minha” turma de alunos da Agronomia.

À FAPESB pelo financiamento do projeto de pesquisa. À CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

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VIII

PADRONIZAÇÃO DA PCR EM TEMPO REAL PARA A QUANTIFICAÇÃO

SIMULTÂNEA DE GENES DE VIRULÊNCIA DE Escherichia coli

RESUMO

Espécies de Escherichia coli fazem parte da microbiota intestinal humana e

animal. No entanto, algumas estirpes são patogênicas, sendo subdivididas em

Escherichia coli patogênica extraintestinal (EXPEC) e Escherichia coli

diarreiogênica (DEC). DEC corresponde a um dos principais agentes

etiológicos envolvidos em surtos de doenças transmitidas por alimentos. O

objetivo deste estudo foi padronizar dois ensaios multiplex PCR quantitativo de

em tempo real (qPCR) para identificar simultaneamente genes relacionados a

fatores de virulência em DEC, como stxA1, stxA2, eaeA e virA. Para isso, foram

utilizadas as seguintes estirpes de referência de E. coli patogênicas: E. coli

enterohemorrágica – EHEC O157:H7 (CDC EDL-933 / INCQS 00171); E. coli

enteroinvasiva - EIEC (CDC EDL-1284 / INCQS 00170); E. coli

enteropatogênica - EPEC (CDC O55 / INCQS 00181). Após a extração do DNA

das estirpes de E. coli, uma PCR convencional foi realizada para amplificar os

genes alvos específicos dos fatores de virulência. Em seguida, o produto de

PCR foi purificado e quantificado, e diluições seriadas foram realizadas para

produzir as curvas padrão de cada gene, com os seguintes números de cópias:

stxA1 (2,8x105 a 2,8x101); stxA2 (1,24x105 a 1,24x101); eaeA (0,49x105 a

0,49x101); virA (1,72x105 a 1,72x101). Iniciadores e sondas específicas foram

desenhados para este experimento. Um ensaio triplex de qPCR foi realizado

para quantificar stxA1, stxA2 e eaeA, e uma reação duplex foi realizada para

quantificar os genes virA e eaeA, usando Master Mix Advanced TaqMan Fast

(Applied Biosystems). Os ensaios foram sensíveis apresentando um limite de

detecção de 17 cópias de stxA1; 6 cópias de stxA2; 5 cópias de eaeA e 8

cópias de virA. O coeficiente de determinação (R2) das curvas padrão foram de

0,99. Com base no coeficiente de variação (<1%), foi possível determinar a

reprodutibilidade da técnica intra e inter-ensaio.

Palavras-chave: O157:H7. Saúde Pública. Testes Rápidos. Ensaio multiplex.

Segurança dos Alimentos.

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IX

STANDARDIZATION OF MULTIPLEX QUANTITATIVE REAL TIME PCR

ASSAYS FOR VIRULENCE FACTORS IN Escherichia coli

ABSTRACT

Escherichia coli species are part of the human and animal intestinal microbiota,

but some strains are pathogenic, being subdivided into Extraintestinal

pathogenic Escherichia coli (EXPEC) and Diarrheagenic Escherichia coli

(DEC). DEC is one of the main etiologic agents involved in foodborne disease

outbreaks. The aim of this study was to standardize two multiplex quantitative

real-time PCR (qPCR) assays to identify genes of virulence factors in DEC

simultaneously, such as stxA1, stxA2, eaeA and virA. For this, the following

reference strains of pathogenic E. coli were used: Enterohemorrhagic E. coli –

EHEC O157:H7 (CDC EDL-933 / INCQS 00171); Enteroinvasive E. coli – EIEC

(CDC EDL-1284 / INCQS 00170); Enteropathogenic E. coli – EPEC (CDC O55 /

INCQS 00181). After DNA extraction of E. coli strains, a conventional PCR was

performed to amplify the specific target genes of virulence factors. Then, the

PCR product was purified and quantified, and serial dilutions were performed to

produce the standard curves of each gene, with the following copy number:

stxA1 (2,8x105 to 2,8x101); stxA2 (1.24 x105 1.24 x101); eaeA (0.49 x105 0.49

x101); virA (1.72 x105 to 1.72 x101). Specific primers and probes were designed

for this experiment. A triplex qPCR reaction was performed to quantify stxA1,

stxA2 and eaeA, and a duplex reaction was performed to quantify virA and

eaeA using Master Mix Advanced TaqMan Fast (Applied Biosystems). The

assays were sensitive presenting a limit of detection of 17 copies of stxA1; 6

copies of stxA2; 5 copies of eaeA and 8 copies of virA. The coefficient of

determination (R2) of the standard curves were 0.99. Based on the variation

coefficient (<1%), it was possible to determine the reproducibility of intra- and

inter-experiment technique.

Keywords: O157:H. Public Health. Rapid Tests. Multiplex assay. Food Safety.

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura Página

1. Elementos genéticos presentes em E. coli patogênicas. 17 2. Esquema do mecanismo de ação das diferentes cepas de

Escherichia coli diarreiogênicas. 19

3. Esquema da qPCR utilizando o SYBR® Green. 27

4. Esquema da qPCR com a sonda TaqMan®, representando a fase de polimerização da nova molécula de DNA.

27

5. Esquema da reação de qPCR multiplex usando sonda TaqMan®.

28

6. Surtos de DTA. Brasil, 2000 a 2014 32 7. Tabela relacionando os tipos alimentares envolvidos em

surtos de DTA nos últimos anos no Brasil. 33

8. Os principais agentes etiológicos envolvidos em surtos de DTA nos últimos anos no Brasil

34

9. Amplificação dos fragmentos dos genes alvos em E. coli 40 10. Curvas de amplificação e curvas padrão das diluições

seriadas dos genes de E. coli estudados, através da qPCR utilizando o sistema TaqMan.

42

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela Página

1. Doenças associadas aos diferentes tipos de E. coli diarreiogênicas em humanos (modificada).

20

2. Relação de algumas pesquisas desenvolvidas no Brasil sobre a prevalência da E. coli em fezes e alimentos.

30

3. Iniciadores e Sondas utilizadas na PCR e qPCR. 36 4. Reprodutibilidade intra e inter-ensaio da qPCR. 43

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XII

LISTA DE ABREVIATURAS

DTA Doenças Transmitidas por Alimentos

DEC Escherichia coli diarreiogênica

PCR Reação em Cadeia de Polimerase

qPCR Reação em Cadeia de Polimerase Quantitativa em Tempo Real

EXPEC Escherichia coli Extra-Intestinal

EPEC Escherichia coli Enteropatogênica

STEC Escherichia coli Produtora de Shiga Toxina

EHEC Escherichia coli Enterohemorrágica

EIEC Escherichia coli Enteroinvasiva

EAEC Escherichia coli Enteroagregativa

ETEC Escherichia coli Enterotoxigênica

DAEC Escherichia coli Difusamente Aderente

AIEC Escherichia coli Aderente Invasiva

tEPEC Escherichia coli Enteropatogênica típica

aEPEC Escherichia coli Enteropatogênica atípica

VTEC Escherichia coli produtora de Verotoxina

SHU Síndrome Hemolítica Urêmica

stx Gene para Shiga toxina

CT Cycle Thresold – Ciclo Limiar

MIQE Minimum Information for Publication of Quantitative Real-Time

PCR Experiments

CDC Center for Disease Control and Prevention

TSB Tryptic Soy Broth

BLAST Basic Local Alignment Search Tool

SD Desvio Padrão

CV Coeficiente de Variação

Tm Temperatura de Dissociação

R2 Coeficiente de Regressão

Eff% Eficiência da Amplificação

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XIII

SUMÁRIO

Pag.

1. INTRODUÇÃO 14 2. OBJETIVOS 2.1. Geral 15 2.2. Específicos 15 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Escherichia coli 16 3.1.1. Escherichia coli Enteropatogênica 21 3.1.2. Escherichia coli Enterohemorrágica 23 3.1.3. Escherichia coli Enteroinvasiva 24 3.2. Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR) 25 3.3. Doenças Transmitidas por Alimentos 29 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. PCR convencional para a amplificação dos genes alvos de

E. coli patogênicas 35

4.2. Produção das curvas padrão através da qPCR 37 4.3. Sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade das

reações de qPCR 38

5. RESULTADOS 5.1. Especificidade dos Iniciadores 39 5.2. Curva padrão para a quantificação de genes relacionados a

fatores de virulência em E. coli patogênica 41

5.3. Sensibilidade e Reprodutibilidade da Técnica 41

6. DISCUSSÃO 44

7. CONCLUSÃO 46

REFERÊNCIAS 47

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1. INTRODUÇÃO

Escherichia coli é uma bactéria autóctone da microbiota intestinal de

animais de sangue quente e do ser humano. Com a evolução das cepas,

algumas adquiriram fatores de virulência que as tornaram patogênicas, estando

a maioria delas relacionadas a quadros diarréicos, mas outros sistemas podem

ser afetados. A cepa de E. coli O157:H7 é um grande exemplo dessa mutação

ocorrida através dos anos e hoje é considerada a mais virulenta da espécie,

estando relacionada a grandes surtos de doenças transmitidas por alimentos

(DTA) em todo o mundo. É responsável por causar colite hemorrágica que,

quando não tratada adequadamente, pode evoluir para um quadro de

Síndrome Hemolítico Urêmica ou para a morte do paciente.

Apesar das E. coli patogênicas serem um dos principais agentes etiológicos

envolvidos em quadro diarréicos, seu diagnóstico pode ser inconclusivo. O

método adotado no Brasil, por exemplo, é o isolamento da bactéria através de

meios de cultura específicos e a confirmação através de provas bioquímicas e

testes de sorotipagem da cepa. Além de serem técnicas demoradas, nem todas

as cepas de E. coli podem ser identificadas pelo processo de sorotipificação.

Testes moleculares já foram desenvolvidos, permitindo um diagnóstico mais

preciso e específico, como é o caso da Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR). Com o avanço da tecnologia, a técnica da PCR em tempo real

possibilitou um diagnóstico mais sensível, mais específico e mais rápido,

principalmente quando se utiliza a padronização para detecção e quantificação

simultânea de mais de um gene alvo em uma única reação. Esses

aprimoramentos das técnicas diagnósticas são fundamentais, principalmente

quando se estuda a causa de surtos de DTAs, onde normalmente várias

pessoas são acometidas. A sensibilidade da técnica ajuda nos casos onde

poucas cepas são necessárias para causar a doença, pois é capaz de detectar

poucas células presentes em uma pequena amostra.

Este trabalho apresenta a padronização de dois ensaios multiplex de PCR

quantitativa em tempo real (qPCR) para cepas diarreiogênicas de Escherichia

coli, incluindo a cepa O157:H7. Os ensaios apresentaram alta sensibilidade e

reprodutibilidade.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Padronizar reações de PCR em tempo real para a quantificação simultânea

de genes de virulência de Escherichia coli.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Produzir curvas padrão para a quantificação simultânea de genes de

virulência de Escherichia coli enterohemorrágica – EHEC e

enteropatogênica – EPEC, através da técnica quantitativa de reação em

cadeia da polimerase em tempo real (qPCR);

Produzir curvas padrão para a quantificação simultânea de genes de

virulência de Escherichia coli enteroinvasiva - EIEC e enteropatogênica

– EPEC, através da qPCR.

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16

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Escherichia coli

Theodor Escherich foi um médico alemão que em 1885 identificou

bactérias em forma de bacilos nas fezes de uma criança com diarreia,

descrevendo pela primeira vez a Escherichia coli (MAINIL, 2013).

A E. coli é uma bacilo Gram-negativo que pertence à família

Enterobacteriacea. São micro-organismos anaeróbios facultativos (YANG;

WANG, 2014), redutores de nitrato, oxidase-negativos, fermentadores de

glicose (TRABULSI, 2005). Crescem de preferência a 37°C, podem ou não ser

móveis, possuindo flagelos peritríquios. Algumas estirpes são fermentadoras

de lactose, porém, a maioria das E. coli enteroinvasiva não fermenta este

acúcar (CROXEN et al., 2013).

A E. coli é uma bactéria que faz parte da microbiota do trato

gastrointestinal dos homens e dos animais, porém algumas cepas patogênicas

podem causar infecções intestinais (grupo denominado E. coli diarreiogênicas –

DEC)e infecções extra-intestinais (EXPEC), como meningites e infecção

urinária (NATARO; KAPER, 1998; DE MOURA et al., 2012; CROXEN et al.,

2013). O que diferencia a cepa autóctone da cepa patogênica é a presença dos

fatores de virulência (Figura 1) nas cepas patogênicas (CFSPH, 2009). Mesmo

as cepas não patogênicas de E. coli podem causar infecções em pacientes

imunossuprimidos ou debilitados (NATARO; KAPER, 1998).

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Figura 1: Elementos genéticos presentes em E. coli patogênicas. São vários os fatores de

virulência envolvidos na patogenicidade das cepas bacterianas. Dentre eles pode-se citar: os

transposons (Tn – como exemplo, a enterotoxina termoestável [ST] da ETEC); os plasmídeos

(por exemplo, a enterotoxina termolábil [LT] da ETEC, além dos fatores de invasão da EIEC);

os bacteriófagos (como as toxinas Shiga da EHEC); ilhas de patogenicidade (PAI – como

exemplo têm o locus of enterocyte effacement [LEE], da EPEC/EHEC). Deleções, mutações

pontuais e rearranjos de DNA, também podem contribuir com a virulência, dando origem a

cepas patogênicas causadoras de diarreia (EPEC, EHEC, EAEC e DAEC), disenteria (EIEC),

Síndrome Hemolítico Urêmica (EHEC), meningite (MNEC) e infecção do trato urinário (UPEC).

Fonte: Kaper et al. (2004a).

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18

Após a contaminação, cada estirpe possui seu mecanismo de

patogenicidade (Figuras 2). Nataro e Kaper (1998) classificaram as DEC em:

as que causam aderência íntima com sinalização da membrana (EPEC e

EHEC), as produtoras de enterotoxinas (ETEC e EAEC) e as invasoras (EIEC).

Gouali e Weil (2013) resumiram as principais características das cepas

diarreiogênicas de E. coli e as manifestações clínicas e doenças a que estão

associadas (Tabela 1).

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19

Figura 2: Esquema do mecanismo de ação das diferentes cepas de Escherichia coli

diarreiogênicas. a) As cepas de EPEC formam uma microcolônia, que se aderem nos

enterócitos causando a lesão A/E, levando ao ‘apagamento’ das microvilosidades da célula.

Outra característica dessa cepa é a estimulação da criação de uma espécie de pedestal. Em

ambos os casos ocorre uma diminuição da superfície de absorção de nutrientes pela célula,

levando a um quadro de diarreia. b) As cepas de EHEC, assim como as cepas de EPEC,

causam a lesão do tipo A/E, porém sem a formação de microcolônias, e ocorre a formação dos

pedestais. Outro mecanismo desenvolvido por esta cepa é a produção de uma enterotoxina

semelhante a produzida pela bactéria Shigella (stx), que é liberada no interior do enterócito,

levando a um quadro diarréico. c) As cepas de ETEC produzem dois tipos de enterotoxinas, a

termoestável (ST) e a termolábil (LT). d) As cepas da EAEC formam um biofilme que se adere

a superfície do enterócito, liberando enterotoxinas e citotoxinas em seu interior. e) As cepas de

EIEC possuem mecanismo semelhante ao da Shigella. Após invadir a célula hospedeira,

multiplicam-se e invadem as células adjacentes, gerando uma resposta inflamatória resultando

em um quadro de diarreia. f) As cepas de DAEC induzem um efeito de transdução de sinal

característico nos enterócitos, onde ocorre o crescimento das microvilosidades, que englobam

as bactérias.

Fonte: Kaper et al. (2004c).

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Tabela 1: Doenças associadas aos diferentes tipos de E. coli diarreiogênicas

em humanos (modificada).

Cepas Doença associada Características das cepas

EPEC Diarreia aquosa aguda ou persistente

Adesão localizada em enterócitos e células in vitro Adesão “íntima” com enterócitos e destruição das microvilosidades (lesão attachement-effacement)

ETEC Diarreia aquosa aguda Adesão a enterócitos através de pili específico Produção de enterotoxinas termoestável (ST) e termolábil (LT)

EHEC Diarreia aquosa aguda; Colite Hemorrágica, Síndrome Hemolítica Urêmica, Púrpura Trombocitopênica Trombótica

Produção de Shiga toxina (stx) Lesão A/E nos enterócitos

EIEC Diarreia aquosa, Disenteria É semelhante geneticamente com a Shigella SP. Invasão e proliferação em células epiteliais

EAEC Diarreia persistente Fatores de virulência heterogêneos: adesinas, toxinas e fatores enteroagregativos Adesão do tipo “tijolos empilhados”

DAEC Diarreia aquosa aguda Adesão difusa Produção de adesina afimbrial Não produz enterotoxina ou stx

EPEC: E. coli enteropatogênica; ETEC: E. coli enterotoxigênica; EHEC: E. coli enterohemorrágica; EIEC: E. coli enteroinvasiva; EAEC: E. coli enteroagregativa; DAEC: E. coli difusamente aderente.

Moreno et al. (2010), apontaram que os maiores causadores de diarreia

infantil na década de 1980 eram as EPEC, porém este quadro vem mudando,

sendo a EAEC e a EPEC atípica (aEPEC) as cepas mais encontradas

atualmente.

A doença diarréica é uma das principais causas de mortalidade e

morbidade em crianças, principalmente quando associada à gastrenterite (DE

MOURA et al., 2012). A E. coli é um dos principais agentes etiológicos da

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diarreia e também um dos mais estudados (TRABULSI, 2005; CROXEN et al.,

2013).

A contaminação normalmente ocorre em casos de surtos devido a

ingestão de alimentos e/ou água contaminada por fezes humanas ou de

animais portadores do patótipo. Os sintomas são variados, porém podem

evoluir para morte do indivíduo. A dose infectante, dependendo da estirpe,

pode ser baixa, o que se torna uma grande preocupação para a saúde pública.

Programas de vigilância sanitária foram criados em diversos países com a

finalidade de monitorar esses surtos e ajudar na prevenção de novos surtos,

porém a subnotificação dos casos ainda é grande (TRABULSI, 2005; CROXEN

et al., 2013; RITTER; TONDO, 2014). No Brasil, os estados do sul e sudeste do

país são os que mais notificam (RITTER; TONDO, 2014).

A identificação de E. coli não deve ser feita apenas por meios de cultura

e provas bioquímicas, pois muitas vezes é impossível diferenciar as cepas

patogênicas das cepas presentes na microbiota do homem e/ou animais. Com

o advento da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), é possível identificar

um micro-organismo de forma mais confiável e rápida, pois a técnica possui

elevada sensibilidade e especificidade (BUERIS et al., 2007).

3.1.1. Escherichia coli Enteropatogênica (EPEC)

Foi a primeira DEC identificada em diarreia humana entre as décadas de

1920 e 1930, na Alemanha. É normalmente associada a diarreia infantil em

países em desenvolvimento (NATARO; KAPER, 1998; TRABULSI, 2005).

As infecções por EPEC estão associadas às famílias de baixa de renda

de países em desenvolvimento, devido às condições precárias de higiene pela

falta de abastecimento de água potável e tratamento de esgoto (FAGUNDES-

NETO; SCALETSKY, 2000).

As EPEC podem ser subdivididas em típica (tEPEC) e atípica (aEPEC),

o que distingue esses grupos é a presença do plasmídio EAF (EPEC

Adherence Factor) na tEPEC (TRABULSI, 2005; AIDAR-UGRINOVICH et al.,

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2007; HERNANDES et al., 2009). A tEPEC tem como hospedeiro o humano,

enquanto a aEPEC pode ser encontrada no intestino de homens e animais.

Uma característica da aEPEC é que está fortemente relacionada com as STEC

(TRABULSI et al., 2002).

Um dos mecanismos de patogenicidade da EPEC ocorre quando as

cepas se aglomeram na superfície celular, formando microcolônias densas,

onde as bactérias se ligam umas às outras através de adesinas fimbriais do

tipo BPF (Bundle-forming pilus), resultando na formação de adesão localizada

(LA) (Figura 2. a) (GARCIA; LE BOUGUÉNEC, 1998; TRABULSI, 2005).

A cepa também pode se aderir na superfície dos enterócitos. Esse

mecanismo é mediado pela proteína intimina, que é codificada pelo gene eae

(localizado na ilha de patogenicidade LEE – Locus of Enterocyte Effacement),

que vai interagir com o receptor Tir na superfície da célula intestinal. Ocorre

então a formação da lesão A/E (attaching and effacing), onde a bactéria se liga

e “apaga” as microvilosidades das células intestinais, resultando em má

absorção dos fluidos e nutrientes (Figura 3.a). Caso haja persistência deste

quadro, o indivíduo pode desenvolver uma intolerância alimentar temporária

(NATARO; KAPER, 1998; FAGUNDES-NETO; SCALETSKY, 2000; TRABULSI,

2005). O gene eae está ausente nas cepas de E. coli autóctones, porém está

presente em todas as cepas de EPEC e EHEC, além das bactérias Citrobacter

rodentium e Hafnia alvei (DONNENBERG et al., 1993; NATARO; KAPER,

1998).

Além da perda da microvilosidade, ocorre perda do glicocálice, presença

de uma pseudomembrana revestindo a parte mucosa das células. O aumento

da permeabilidade celular pode gerar uma resposta inflamatória, favorecendo

um quadro diarréico (NATARO; KAPER, 1998; FAGUNDES-NETO;

SCALETSKY, 2000).

Outra característica relatada por Fagundes-Neto e Scaletsky (2000)

sobre o mecanismo de ação da EPEC é a formação de pedestais, devido ao

acúmulo de proteínas do citoesqueleto (alfa-actinina, talina e ezrina),

resultando na atrofia das microvilosidades do enterócitos (GARCIA; LE

BOUGUÉNEC, 1998).

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3.1.2. Escherichia coli Enterohemorrágica (EHEC)

A E. coli Enterohemorrágica é citada por alguns autores como E. coli

produtora de Shiga toxina (STEC) ou E. coli produtora de Verotoxina (VTEC).

A STEC representa um grande problema para a segurança alimentar,

pois tem se tornado um dos principais agentes envolvidos em surtos de DTA

(AIDAR-UGRINOVICH et al., 2007; CAPRIOLI et al., 2014). É a cepa mais

estudada, estando relacionada a uma grande diversidade de linhas de

pesquisa, seja na microbiologia clínica e alimentar, devido ao seu importante

papel na saúde pública (CROXEN et al., 2013; CAPRIOLI et al., 2014).

Os bovinos são considerados os principais reservatórios dessa bactéria,

sendo suas fezes a principal fonte de contaminação de alimentos destinados

ao consumo humano, como os produtos de origem animal (carne, leite cru e/ou

pasteurizado), água e vegetais (AIDAR-UGRINOVICH et al., 2007; CARLOS et

al., 2011; CROXEN et al., 2013; FORANO et al., 2013; FERREIRA et al., 2014).

De acordo com Nataro e Kaper (1998), a EHEC pode produzir uma

diarréia sem sangue devido às lesões do tipo A/E no cólon, ou diarréia

sanguinolenta e colite hemorrágica, quando a cepa possui o gene stx (Figura 2.

b). No último caso, os quadros se resolvem sem maiores problemas, porém em

crianças e idosos, o quadro pode evoluir para Síndrome Hemolítica Urêmica

(SHU), que se caracteriza por causar insuficiência renal aguda. A principal

cepa relacionada à SHU é a E. coli O157:H7, sendo também a mais

pesquisada (KARCH et al., 2005; FERREIRA et al., 2014). Também pode

ocorrer diarreia não sanguinolenta, disseminação assintomática e em casos

mais graves evoluir para morte (BARI; INATSU, 2014). A dose infecciosa da

EHEC é baixa, necessitando de poucas células para instalar um quadro

diarréico (NATARO; KAPER, 1998).

Segundo Bari e Inatsu (2014), foi em 1982 que a EHEC O157 foi

reconhecida como patógeno humano. Essa cepa evoluiu por meio da aquisição

dos genes para Shiga toxina (stx). São encontrados dois tipos, stx1 e stx2, que

são codificados em um bacteriófago lambdóide introduzido no cromossomo da

EHEC O157. Pennington (2010), relata que o primeiro passo evolutivo para

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essa cepa ancestral foi a aquisição da toxina Shiga 2 (stx2), posteriormente

ocorreu a substituição do antígeno somático de O55 e O157, para a aquisição

do plasmídeo pO157; perda da capacidade de fermentação do sorbitol e por

fim a obtenção da toxina Shiga 1 (stx1).

As toxinas stx são heterotetrâmeros, compostos por uma subunidade A

(sua função é a atividade enzimática da N-glicosidase sobre a subunidade 28S

do ribossomo) e por cinco subunidades B, cuja função é se ligar ao receptor

celular. O stx1 é 99% idêntico à toxina Shiga produzida pela Shigella, enquanto

o stx2 é 55% idêntico ao stx1, sendo este último produzido por cerca de 97%

das EHEC, com ou sem a produção simultânea do stx1. (GARCIA; LE

BOUGUÉNEC, 1998; GOUALI; WEIL, 2013).

Além dos bacteriófagos LEE e Stx, onde estão localizados os genes eae

e stx1 e stx2, respectivamente, a patogênese da EHEC pode estar relacionada

com outros fatores de virulências codificados por outros fagos, outras ilhas de

patogenicidade (PAI) e pelo plasmídeo pO157. Este plasmídeo transporta os

genes responsáveis pela produção de enterohemolisina e outros agentes como

uma protease de serina e uma catalaseperoxidase (KELLY et al., 2009).

3.1.3. Escherichia coli Enteroinvasiva (EIEC)

A EIEC e a Shigella são responsáveis por causar febre e disenteria

bacilar (diarreia sanguinolenta profusa com presença de muco) (FORSYTHE,

2002; LAMPEL, 2014). Essa enfermidade continua a ser um grande problema

de saúde pública em comunidades pobres, onde não há saneamento básico e

acesso a água potável (MAURELLI, 2013).

Segundo Maurelli (2013), a dose infecciosa da EIEC é baixa, o que a

torna perigosa, principalmente para a população de risco. A bactéria invade as

células epiteliais do cólon, secretando enterotoxinas que desencadeiam a

patogênese da diarréia (NATARO; KAPER, 1998).

A EIEC possui um sistema de secreção do tipo III mediada por

plasmídeos, por onde injeta proteínas através das membranas células,

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permitindo, assim, a invasão da bactéria na célula hospedeira (PAGE; LILES,

2013). Após invadir, ocorre a ruptura do fagossomo e, livre no interior da célula,

a bactéria se multiplica e migra para as células adjacentes (Figura 2. e). Seu

mecanismo de ação é similar ao da Shigella (KAPER et al., 2004b; CROXEN et

al., 2013).

Além do mecanismo de ação semelhante, a EIEC possui uma

similaridade genética com a Shigella. Portanto, podem ocorrer casos de

subnotificação da EIEC, além de ser uma das cepas que causam

manifestações clínicas com menor gravidade (VAN DEN BELD; REUBSAET,

2012; CROXEN et al., 2013).

A EIEC não é muito associada a surtos de DTA, mas ocasionalmente

ocorrem casos. Não é muito encontrada em países industrializados e em

desenvolvimento (LAMPEL, 2014).

3.2. Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real (qPCR)

Os laboratórios de diagnósticos e de análise de alimentos dependem

cada vez mais de técnicas moleculares sensíveis, específicas e que permitam

uma detecção rápida dos patógenos. Com isso é possível um diagnóstico mais

rápido, um tratamento mais eficaz e um melhor prognóstico da enfermidade

(KURKELA; BROWN, 2009; RODRIGUÉZ-LÁZARO; HERNÁNDEZ, 2013a;

ELIZAQUÍVEL et al., 2014; NAVARRO et al., 2015).

A Reação em Cadeia da Polimerase Quantitativa em Tempo Real

(qPCR) é uma técnica versátil, podendo ser utilizada nos vários ramos da

ciência, nos diagnósticos clínicos, na garantia de segurança e qualidade dos

alimentos, na investigação forense, na identificação de resistência microbiana a

antibióticos, na quantificação de organismos geneticamente modificados, e em

diversas áreas da genética (RODRÍGUEZ-LÁZARO et al., 2013b; BINET et al.,

2014; ELIZAQUÍVEL et al., 2014; NAVARRO et al., 2015).

A qPCR é uma técnica molecular em tubo fechado (evita contaminação),

que permite detectar e quantificar o DNA durante a amplificação, podendo ser

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analisada em tempo real, dispensando a etapa de revelação pela eletroforese.

Durante a amplificação das cópias do ácido nucléico ocorre a emissão de um

sinal fluorescente, permitindo assim sua detecção. A quantidade de cópias

iniciais também é importante, pois quanto maior o número, mais cedo ocorre

sua identificação, e quanto maior o número de amplificações, maior o sinal de

fluorescência emitido (FAWLEY; WILCOX, 2005; KURKELA; BROWN, 2009;

GADKAR; FILION, 2014; NAVARRO et al., 2015).

Inicialmente foi utilizado um sistema de moléculas intercalantes de DNA

que se ligava de forma inespecífica ao ácido nucléico, como o SYBR Green I

(Figura 3) e EvaGreen. Mas já são utilizados oligonucleotídeos marcados com

fluoróforos que se acoplam na região alvo, e no momento da amplificação é

liberado, emitindo fluorescência (FAWLEY; WILCOX, 2005; NAVARRO et al.,

2015). De acordo com Navarro et al. (2015):

Esses oligonucleotídeos podem ser subdivididos de acordo com o

tipo de moléculas fluorescentes utilizadas: (i) iniciadores-sondas

(Scorpions, Amplifluor®, LUX

™, Cyclicons, Angler

®); (ii) sondas:

hidrólise (TaqMan [Figura 4], MGB-TaqMan, Snake assay) e

hibridização (Hybprobe ou FRET, Molecular Beacons, HyBeacon™

,

MGB-Pleiades, MGB-Eclipse, ResonSense®, Yin-Yang ou de

deslocamento); e (iii) PNA, LNA®, ZNA

™, bases não-naturais: iniciador

Plexor™

, Tiny-Molecular Beacon).

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Figura.3: Esquema da qPCR utilizando o SYBR® Green. 1. O corante SYBR Green se liga a

molécula de DNA; 2. Na fase de desnaturação, ocorre a redução da fluorescência devido ao desligamento do corante do DNA; 3. Na fase de anelamento, ocorre o pareamento dos iniciadores, gerando um novo segmento de DNA; 4. Com a formação da nova cadeia dupla de DNA, o corante se liga a essa molécula, emitindo fluorescência, que é captada pelo equipamento. Fonte: adaptado de Boeyr e Combrisson (2013).

Figura 4: Esquema da qPCR com a sonda TaqMan®, representando a fase de polimerização

da nova molécula de DNA. 1. Na sonda TaqMan, os corantes de fluorescência repórter (R) e inibidor (Q), estão ligados nas extremidades 5’ e 3’ da sonda, respectivamente; 2. Enquanto a sonda estiver intacta, não ocorre a emissão de fluorescência; 3. Durante a fase de extensão, ocorre a fragmentação da sonda, liberando primeiramente o corante repórter da sonda e começando a emissão da fluorescência; 4. Com o término da polimerização e a quebra completa da sonda, ocorre a excitação dos corantes, atingindo o ápice da liberação da fluorescência. Fonte: adaptado de Boeyr e Combrisson (2013).

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Uma das vantagens da técnica é permitir a amplificação de milhões de

cópias de DNA do patógeno a partir de uma pequena amostra clínica. É uma

técnica mais sensível e específica quando comparadas aos outros testes.

Assim como na PCR convencional, é possível ser realizado um teste multiplex

(Figura 5), permitindo a detecção simultânea de mais de um patógeno no

mesmo ensaio (KURKELA; BROWN, 2009).

Figura 5: Esquema da reação de qPCR multiplex usando sonda TaqMan

®. O desenho

representa vários ensaios de qPCR juntos, utilizando alvos diferentes que são amplificados simultaneamente. Cada sonda contém um corante que emite fluorescência com espectros distintos. Fonte: adaptado de Boeyr e Combrisson

(2013).

O equipamento da qPCR é composto por um termociclador que possui

uma fonte de luz que excita a molécula fluorescente, que é captada pelo

fluorímetro. Um computador, com um software que analisa os resultados,

apresentados na forma de gráficos, com as curvas de amplificação (SOHEILI;

SAMIEI, 2005; NAVARRO et al., 2015).

Para a construção da curva padrão, é utilizada uma diluição seriada de

uma concentração conhecida do alvo e do gene de referência. Com isso é

gerada uma curva CT (cycle thresold) baseada na diluição. Ao testar amostras

desconhecidas, os valores de CT gerados são comparados com os valores da

curva padrão (BOOTH et al., 2010).

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Com a crescente demanda de pesquisas envolvendo esta técnica,

Bustin et al. (2009) resolveram elaborar um guia com as diretrizes para

publicação denominado “The MIQE Guidelines: Minimum Information for

Publication of Quantitative Real-Time PCR Experiments”. No MIQE encontram-

se informações sobre as nomenclaturas corretas, condições experimentais e

características dos testes, validação dos protocolos e até a forma de

apresentação dos resultados encontrados.

3.3. Doenças Transmitidas por Alimentos relacionadas a E. coli

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2010), a Doença

Transmitida por Alimento (DTA):

É um termo genérico, aplicado a uma síndrome geralmente

constituída de anorexia, náuseas, vômitos e/ou diarreia,

acompanhada ou não de febre, atribuída à ingestão de alimentos ou

água contaminados. Sintomas digestivos, no entanto, não são as

únicas manifestações dessas doenças, podem ocorrer ainda

afecções extraintestinais, em diferentes órgãos e sistemas como:

meninges, rins, fígado, sistema nervoso central, terminações

nervosas periféricas e outros, de acordo com o agente envolvido.

Segundo Ritter e Tondo (2014), as DTAs são causadas pelo consumo

de alimentos contaminados por patógenos e/ou suas toxinas. Possui

sintomatologias diversas, desde desordens gastrintestinais a morte.

As doenças diarréicas ainda são um grande problema de saúde pública,

principalmente em países em desenvolvimento, sendo a principal causa de

mortalidade em crianças menores de cinco anos (FAGUNDES-NETO;

SCALETSKY, 2000).

Surtos de DTAs relacionados a E. coli afetam milhares de pessoas

anualmente (NATARO; KAPER, 1998). No Brasil, pesquisas sobre a

prevalência desses micro-organismos são desenvolvidas desde a década de

1980. Dados obtidos em levantamento feito sobre casos de prevalência em

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fezes de crianças (com e sem diarreia) e em fezes de animais (risco de

contaminação de alimentos) são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Relação de algumas pesquisas desenvolvidas no Brasil sobre a

prevalência da E. coli em fezes e alimentos.

Estudo Local/Época Genes ou

Cepas/Frequência

Autores

Frequência de E. coli em crianças com e sem diarreia

Rio de Janeiro 1994-1995

EAEC (96); AEEC (29); ETEC (21); tEPEC (7); aEPEC (7); EIEC (1)

(REGUA-MANGIA et al., 2004)

Análise das fezes de crianças frequentadoras da creche da Unicamp

Campinas, São Paulo

eae (19); stx1/stx2 (1) (DE MOURA et al., 2012)

Crianças entre 3-5 anos de idade, com e sem diarréia

Teresina, Piauí 2004-2007

eae (63); stx1 (1) (NUNES et al., 2012)

Estudo realizado com crianças de uma comunidade quilombola

Espírito Santo EPEC (9,3%); EIEC (0,9%); STEC (0,2%)

(LOZER et al., 2013)

Estudo realizado em creche com crianças com e sem diarreia

São José do Rio Preto, São Paulo

EPEC (20); EIEC (4); O157:H7 (3)

(CASTRO et al., 2015)

Prevalência de STEC em fezes de ovinos

São Paulo stx1 (16); stx2 (5); stx1 e stx2 (21)

(VETTORATO et al., 2003)

Prevalência de EHEC em fezes de bezerros

São Paulo stx1 (12); stx2 (4); stx1 e stx2 (8); eae (9)

(LEOMIL et al., 2003)

Pesquisa em fezes de animais

São Paulo

stx1 (267); stx2 (87); stx1 e stx2 (185)

(AIDAR-UGRINOVICH et al., 2007)

Pesquisa do perfil de virulência de STEC em fezes de animais de produção

Minas Gerais stx1 (15,6%, 26,7% e 24,1% em gado de corte, de leite e caprino) stx2 (30%, 53,3% e 34,7% em gado de corte, de leite e caprino) eae (15% e 0,8% em gado de leite e de corte)

(OLIVEIRA et al., 2008)

Contaminação microbiológica da água e de moluscos bivalves

Vitória, Espírito Santo 2008-2009

E. coli Água (1,58x10

2, 7,2x10

1

e 2,37x103)

Mexilhões (1,86x104)

(KELLER et al., 2013)

EAEC: E. coli enteroagregativa; AEEC: E. coli attaching and effacing; ETEC: E. coli enterotoxigênica; tEPEC: E. coli enteropatogênica típica; aEPEC: E. coli enteropatogênica atípica; EIEC: E. coli enteroinvasiva; STEC: E. coli produtora de Shiga toxina.

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Os casos de DTA têm aumentado de modo significativo em todo o

mundo. Os fatores que mais contribuem para esse quadro são o aumento da

população e seu crescimento desordenado, o aumento da produção de

alimentos, sem a devida preocupação com a qualidade desses produtos,

mudanças dos hábitos alimentares, aumento do consumo de fast-food

(BRASIL, 2010), e mais recentemente nos food truck.

Além dos problemas já mencionados, são poucos os municípios

brasileiros que possuem dados epidemiológicos acerca das DTAs, sobre os

patógenos mais comumente envolvidos e alimentos mais frequentemente

contaminados (BRASIL, 2010).

Alves (2014) apresenta dados interessantes do Ministério da Saúde

sobre os surtos de DTA. Na figura 6, pode-se observar que no período entre os

anos 2000 a 2014, quase dois milhões de pessoas foram expostas a algum

patógeno, sendo que destas, quase 200.000 adoeceram. A autora mostra na

figura 7 quais os alimentos relacionados com esses surtos, sendo os pescados,

frutos do mar e processados relacionados a 92 casos, ocupando o 10° lugar.

Na figura 8, encontram-se os agentes etiológicos relacionados aos surtos. A

Escherichia coli ocupa o terceiro lugar, estando associada a 547 casos, nesse

período de 15 anos.

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Figura 6: Surtos de DTA. Brasil, 2000 a 2014* (dados incompletos para o ano de 2014)

Fonte: (ALVES, 2014)

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Figura 7: Tabela relacionando os tipos alimentares envolvidos em surtos de DTA nos últimos anos no Brasil. Fonte: (ALVES, 2014)

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Figura 8: Os principais agentes etiológicos envolvidos em surtos de DTA nos últimos anos no Brasil. Em destaque, ocupando o terceiro lugar em ocorrências, encontra-se a bactéria Escherichia coli. Fonte: (ALVES, 2014).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. PCR convencional para a amplificação dos genes alvos de E.

coli patogênicas

Cepas de E. coli patogênicas, adquiridas da Coleção de Culturas

Microbianas do Instituto Oswaldo Cruz (RJ), foram utilizadas para a

amplificação dos genes alvos relacionados à virulência da cepa, conforme

descrito na Tabela 3.

Uma colônia de cada cepa bacteriana foi cultivada em 1,0 mL de caldo

TSB (Tryptic Soy Broth, Acumedia®), incubadas a 37°C por 18-24h em estufa

bacteriológica e 500 µL da suspensão bacteriana foram utilizados para

extração do DNA. Utilizou-se o kit de extração e purificação de DNA PureLink™

Genomic DNA Mini Kit (Invitrogen, Carlsbad,CA, USA), conforme as instruções

do fabricante.

Uma PCR convencional foi realizada utilizando o DNA bacteriano como

molde e iniciadores específicos para a amplificação de fragmentos dos genes

alvos de cada cepa de E. coli patogênica, em reações individuais (Tabela 4).

As amplificações foram realizadas em um volume total de 50 µL, contendo

tampão da Taq 1X, 1.5 mM MgCl2, 200 µM dNTP, 0.4 µM de cada iniciador

(senso e anti-senso), 2 U Taq DNA Polimerase e 2 µL de DNA. As reações

foram realizadas no termociclador Veriti™ 96-Well Thermal Cycler (Applied

Biosystems™) sendo um ciclo inicial (94º C por 5 min), 32 ciclos (94ºC por 60s,

57ºC por 60s, 72ºC por 60s) e um ciclo de extensão final (72ºC por 7 min). Os

produtos da PCR foram visualizados através do gel de agarose a 1% corados

com SYBR® Safe DNA gel stain (Invitrogen, Carlsbad,CA, USA).

Em seguida, os produtos de PCR foram purificados utilizando o kit

PureLink™ Quick Gel Extraction & PCR Purification Combo Kit (Invitrogen,

Carlsbad,CA, USA) e mensurados a absorbância a 260 e 280 nm através do

espectrofotômetro NanoDrop 2000 (Thermo Scientific). Os produtos de PCR

(50 ng/µL) foram utilizados na produção da curva padrão da qPCR.

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Tabela 3: Iniciadores e Sondas utilizadas na PCR e qPCR.

Amostra de Referência

Gene Alvo (N° de acesso GenBank)

Iniciador 1 (5’-3’)a Pb Referência Iniciador 2 (5’-3’) e Sondab

Pb

E. coli EHEC (O157H7) INCQS 00171 (CDC EDL-933)

stxA1: Shiga toxina 1 (VT1) (AF461172)

D: GAAGAGTCCGTGGGATTACG R: AGCGATGCAGCTATTAATAA

130 Pollard et al. (1990)

D: TCCGTGGGATTACGCACAA R: CATCAGAATTGCCCCCAGAGT S: AAAATATTGTGGGATTCATC (Sonda FAM)

62

stxA2 :Shiga toxina 2 (VT2) (AY143337)

D: ACCGTTTTTCAGATTTT(G/A)CACATA R: TACACAGGAGCAGTTTCAGACAGT

298 Svenungsson et al. (2000)

D: GAACGTTCCGGAATGCAAA R:CCATTAACGCCAGATATGATGAAA S: CAGTCGTCACTCACTG (Sonda VIC)

61

E. coli EPEC INCQS 00181 (CDC O55)

eaeA: E. coli attaching and effacing

(AE005595)

D: AAAAACGCTGACCCGCACCTAAAT R:CACACGAATAAACTGACTAAAATG

376 Svenungsson et al. (2000)

D: TGACCCGCACCTAAATTTGC R: CAGGTCGGAGCGCGTTA S: AAAGCGGGAGTCAAT (Sonda NED)

56

E. coli EIEC INCQS 00170 (CDC EDL-1284)

virA: invasão = Shigella (NC_004851.1)

D: CTGCATTCTGGCAATCTCTTCACA R: TGATGAGCTAACTTCGTAAGCCCTCC

215 Villalobo e Torres (1998)

D: CCGAAAACATAGAAAACAGGCTTAA R: GGGACAACTGCGTTGATTTTTAT S: TTCATGCCTGAACAAC (Sonda VIC)

91

a Utilizado na PCR convencional para a amplificação do gene alvo. O produto do PCR foi utilizado na produção da curva padrão da qPCR;

b Desenhado neste estudo através do Programa Primer Express

® Software For Real-Time PCR, versão 3.0 (Applied Biosystems™).

para

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37

4.2. Produção das curvas padrão através da qPCR

Curvas padrão utilizadas na qPCR foram construídas utilizando diluições

seriadas de 105 a 101 cópias dos fragmentos dos genes alvos de cada cepa,

sendo: stxA1 (2,8x105 a 2,8x101); stxA2 (1,24x105 a 1,24x101); eaeA (0,49x105

a 0,49x101) e virA (1,72x10

5 a 1,72x10

1).

Para determinar o número de cópias, foi utilizada a seguinte fórmula:

O sistema SYBR Green (Power SYBR® Green, Applied Biosystems,

Warrington, UK) foi utilizado, inicialmente, para a padronização da quantidade

de iniciadores através da análise da curva de dissociação, buscando uma

maior eficiência da reação. As amplificações foram realizadas em um volume

total de 20 µL contendo 0,5 µL de cada iniciador a 5µM, 10 µL de SYBR®

Select Master Mix (Applied Biosystems), 2 µL de DNA a 50ng/µL. A qPCR foi

realizada na plataforma AB 7500 fast (Life Technologies, Carlsbad, Califórnia,

EUA). A corrida utilizou um ciclo (95°C por 20s) e 40 ciclos (95°C por 03s, 60°C

por 30s), Melt Curve (95°C por 15s, 60°C por 60s, 95°C por 15s, 60°C por 15s).

Uma vez padronizadas as quantidades de iniciadores, uma nova curva-

padrão utilizando as mesmas diluições seriadas 10X dos fragmentos

purificados de cada gene alvo foi realizada através do sistema TaqMan

(Applied Biosystems), utilizando sondas MGB TaqMan marcadas com corantes

fluorescentes, conforme Tabela 3. As amplificações foram realizadas em um

volume total de 20 µL contendo 0,5 µL de cada iniciador a 5 µM, 0,5 µL de

sonda a 5 µM, 10 µL de TaqMan® Fast Advanced Master Mix (Applied

Biosystems), 2 µL de DNA a 50 ng/µL. O volume final da reação foi completado

com água livre de DNAse e RNAse estéril. Foi utilizado um ciclo (95°C por 20s)

e 40 ciclos (95°C por 03s, 60°C por 30s), na plataforma AB 7500 fast (Life

Technologies). Para a padronização da curva padrão da qPCR, também foram

levadas em consideração as corridas que apresentaram valores do slope

(inclinação da curva) próximas a -3,32, que representa 100% de eficiência de

amplificação.

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38

Reações multiplex de qPCR foram realizadas para a detecção de até

três genes de virulência de E. coli por reação, através da utilização das sondas

MGB TaqMan, marcadas com diferentes fluoróforos (Tabela 3). As reações

foram realizadas nas mesmas condições descritas anteriormente, sendo:

- Multiplex 1: Detecção e quantificação do gene stxA1; gene stxA2 e

gene eaeA;

- Multiplex 2: Detecção e quantificação do gene eaeA e do gene virA.

4.3. Sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade das reações de

qPCR

A sensibilidade da técnica foi avaliada para determinar o limite mínimo

detectável de cada gene. Para isso, foram realizadas diluições seriadas 1:2,

utilizando os seguintes números de cópias: stxA1 (140; 70; 35; 17,5); stxA2 (62;

31; 15,5; 7,75); eaeA (49; 24,5; 12,25; 6,13) e virA (86; 43; 21,5; 10,75).

A fim de confirmar a especificidade dos iniciadores e sondas utilizadas

na qPCR, as sequências das regiões dos genes alvos foram inicialmente

pesquisadas no programa Basic Local Alignment Search Tool (BLAST)

(http://blast.ncbi.nlm.gov/Blast.cgi) para verificar a similaridade das mesmas

com as sequências depositadas no banco de dados. Além disto, uma PCR

convencional foi realizada com cada par de iniciadores utilizando o DNA

extraído das diferentes cepas bacterianas utilizadas neste estudo.

Para avaliar a reprodutibilidade intra- e inter-experimento, a média do

limiar do ciclo (CT), o desvio padrão (CT SD) e o coeficiente de variação (CV)

foram calculados em três diferentes corridas, incluindo três replicatas de cada

gene alvo, utilizando as concentrações conhecidas de 105 a 101 número de

cópias.

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39

5. RESULTADOS

5.1. Especificidade dos Iniciadores

Os iniciadores para os genes stxA1 e stxA2 foram específicos para a

cepa O157:H7 (EHEC), e virA para a cepa EIEC O gene da intimina (eaeA),

além de amplificar as cepas de EPEC, amplificou também a cepa de EHEC,

como foi possível mostrar neste trabalho (Figura 10).

Através do Programa BLASTn, todas as sequências amplificadas pelos

iniciadores deste estudo apresentaram 100% de similaridade com as regiões

específicas dos genes stxA1, stxA2, eaeA e virA, de acordo com os números

de acesso no GeneBank® AF461172, AY143337, AE005595 e NC_004851.1,

respectivamente.

A análise da curva de dissociação através do sistema SYBR Green

demonstrou que os iniciadores apresentaram uma temperatura de dissociação

(Tm) de 73°C para stxA1, 75°C para stxA2, 79°C para eaeA e 73°C para virA.

Um único pico foi observado em cada Tm, não sendo, portanto, detectados

dímeros de primers (Figura 9).

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virA

215 pb

stxA1

130 pb

stxA2

298 pb

eaeA

376 pb

EHEC - + + +

EPEC - - - +

EIEC + - - -

(C)

Curva de

Dissociação

Tm 73°C 73°C 75°C 79°C

(1) Marcador de peso molecular 1 Kb Plus DNA Ladder (Invitrogen™) (2-5): amplificação dos genes virA (2); stxA1 (3); stxA2 (4); eaeA (5).

Figura 9: Amplificação dos fragmentos dos genes alvos em E. coli. (A) Gel de agarose

apresentando os produtos das amplificações (1- Marcador de peso molecular 1 Kb Plus DNA Ladder

(Invitrogen™); 2-5 - amplificação dos fragmentos dos genes virA [2]; stxA1 [3]; stxA2 [4]; eaeA [5]. virA,

stxA1, stxA2 e eaeA. (B) Resultado da PCR utilizando as cepas patogênicas de E.coli

Enterohemorrágica (EHEC – O157:H7 - INCQS 00171 / CDC EDL-933);E. coli Enteroinvasiva

(EIEC - INCQS 00170 / CDC EDL-1284); E. coli Enteropatogênica (EPEC - INCQS 00181 /

CDC O55. (C) Curvas de dissociação através do sistema SYBR Green apresentando as

temperaturas de dissociação durante a amplificação dos fragmentos dos genes alvos.

(B)

(A)

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41

5.2. Curva padrão para a quantificação de genes relacionados a

fatores de virulência em E. coli patogênica

Os resultados do slope (que indica a inclinação da curva) encontrados

nas curvas padrão para quantificação de stxA1, stxA2, eaeA e virA utilizando o

sistema TaqMan foram -3,588; -3,825; -3,255 e -3,469, respectivamente, sendo

esses valores próximos do esperado que é de -3,32. As curvas apresentaram

os seguintes valores de coeficientes de determinação (R2): 0,997 para stxA1,

0,998 para stxA2, 1 para eaeA e 0,999 para virA (Figura 10).

5.3. Sensibilidade e Reprodutibilidade da Técnica

O limite mínimo de detecção de cada gene foi: stxA1: 17 cópias; stxA2: 6

cópias; eaeA: 5 cópias e virA: 8 cópias. O coeficiente de variação (CV) dos

ensaios intra e inter-experimentos foram estatisticamente baixos (< 2% e < 1%,

respectivamente) (Tabela 4).

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Figura 10: Curvas de amplificação (esquerda); curvas padrão (direita) das diluições seriadas dos fragmentos dos genes de E. coli estudados, através da qPCR utilizando o sistema TaqMan. Número de cópias de cada gene: A. stxA1 (2,8x10

5 a 2,8x10

1); B. stxA2 (1,24 x10

5 a

1,24 x101); C. eaeA (0,49 x10

5 a 0,49 x10

1); D. virA (1,72 x10

5 a 1,72 x10

1). Os pontos 5 a 1,

correspondem às quantidades de 105 a 10

1 cópias de cada gene, respectivamente.

1

5 4 3 2 1

1

5 4 3 2 1

1

5

4

3

2

5 4 3 2 1

5

4

3

2

5 4 3 2 1

5

4

3

2

1

Target: stxA2 R2: 0.998 Eff%: 82.579

Target: eaeA R2: 1 Eff%: 102.888

Target: virA R2: 0.999 Eff%: 94.212

A

B

C

D

2

3

4

5

Target: stxA1 R2: 0.997 Eff%: 89.98

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Tabela 4: Reprodutibilidade da qPCR intra e inter-experimento.

Reprodutibilidade Intra-

experimento

Reprodutibilidade Inter-

experimento

Concentração do

DNA Ct (média) CV (%) Ct (média) CV (%)

stxA1 (limite de detecção: 17 cópias)

2,8 x 105 cópias 22,87 0,17 21,75 0,28

2,8 x 104 cópias 26,25 0,04 25,03 0,20

2,8 x 103 cópias 29,71 0,10 27,84 0,25

2,8 x 102 cópias 32,68 0,91 31,04 0,16

2,8 x 101 cópias 33,65 0,27 33,91 0,27

stxA2 (limite de detecção: 6 cópias)

1,24 x 105 cópias 22,50 0,58 20,06 0,30

1,24 x 104 cópias 26,57 0,15 25,49 0,20

1,24 x 103 cópias 29,97 0,07 28,78 0,07

1,24 x 102 cópias 31,44 0,45 30,43 0,16

1,24 x 101 cópias 34,98 0,91 33,42 0,30

eaeA (limite de detecção: 5 cópias)

0,49 x 105 cópias 20,02 0,90 22,22 0,38

0,49 x 104 cópias 23,72 1,48 25,70 0,32

0,49 x 103 cópias 26,94 0,45 29,07 0,23

0,49 x 102 cópias 30,06 0,13 33,01 0,18

0,49 x 101 cópias 33,68 1,16 33,71 0,15

virA (limite de detecção: 8 cópias)

1,72 x 105 cópias 23,72 0,08 23,65 0,51

1,72 x 104 cópias 31,06 0,35 27,53 0,22

1,72 x 103 cópias 34,91 0,34 31,93 0,31

1,72 x 102 cópias 37,59 0,32 21,54 0,56

1,72 x 101 cópias 37,91 0,16 30,46 0,40

Ct: Cycle threshold; CV: Coeficiente de variação.

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6. DISCUSSÃO

Neste trabalho, foi possível a padronização de dois ensaios de qPCR

multiplex para a quantificação simultânea de genes de virulência de E. coli. Um

envolveu três e o outro dois fatores de virulência. No primeiro ensaio os genes

stxA1, stxA2 e eaeA foram utilizados, permitindo identificar e quantificar cepas

de E. coli que possuam o gene relacionado a produção da Shiga toxina (STEC)

e o gene da intimina (eaeA), que está mais associado as cepas de EPEC, mas

também é possível amplificar cepas de EHEC. O segundo ensaio utilizou os

fatores de virulência eaeA e virA, permitindo a amplificação das cepas de

EPEC e EIEC, respectivamente. De acordo com Taminiau et al. (2014), é

importante escolher os genes alvos que amplifiquem um fragmento conservado

do DNA. Para facilitar e agilizar o diagnóstico, Bustin et al.(2009) relataram a

possibilidade de padronização de ensaios de qPCR multiplex, permitindo a

pesquisa simultânea de mais de um patógeno.

Conforme já demonstrado em diversos trabalhos (GUION et al., 2008;

CHASSAGNE et al., 2009; FUJIOKA et al., 2009; NUNES et al., 2012) o gene

da intimina (eaeA), além de estar presente em cepas de EPEC, é detectado

também nas cepas de EHEC, como foi possível mostrar neste trabalho (Figura

9). Já os iniciadores para os genes stxA1 e stxA2 foram específicos para a

cepa O157:H7 (EHEC), e virA para a cepa EIEC (Figura 9). No entanto,

estudos demonstram que o gene virA está presente também em cepas das

espécies Shigella sp (VILLALOBO; TORRES, 1998), Streptococcus suis (LI et

al., 2010) e Agrobacterium (ENDOH et al., 1990; LEE et al., 1998).

Villalobo e Torres(1998) (1998) afirmam que o gene virA é altamente

sensível e específico para detectar as bactérias E. coli enteroinvasiva e

Shigella, porém não foram encontrados artigos utilizando a técnica qPCR em

ensaio simples ou multiplex contendo esse gene associado a EIEC.

O ensaio de qPCR apresentou alta sensibilidade, sendo possível

determinar o limite mínimo de detecção de cada gene em baixo número de

cópias, sendo 17 cópias do gene stxA1, 6 cópias do stxA2, 5 cópias do eaeA e

8 cópias do virA. Esse dado é importante, pois em casos de surtos é possível

estimar a dose infectante de cada cepa, além de gerar dados quantitativos que

permitem a realização da análise de risco microbiano e uma intervenção

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precoce de estratégias de controle. Esta técnica também demonstrou ser

altamente reproduzível, como demonstrado na tabela 4, pois apresentou

valores do coeficiente de variação menores que 2%, tanto intra-experimento,

quanto para inter-experimento.

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7. CONCLUSÃO

Devido à importância para a saúde pública dos surtos de origem

alimentar e da gravidade do quadro clínico, é necessária a padronização de

métodos diagnósticos rápidos, sensíveis e específicos. Com este trabalho foi

possível padronizar dois ensaios multiplex para cepas diarreiogênicas de

Escherichia coli, incluindo a cepa O157:H7, considerada a mais perigosa do

grupo das E. coli patogênicas, agilizando o resultado e possibilitando um menor

gasto no uso de reagentes e em menor espaço de tempo.

Outro êxito obtido com esse trabalho foi a possibilidade de detectar

poucas células, confirmando a sensibilidade da técnica. Isso é importante, pois

muitas cepas necessitam de uma baixa dose infectante para causar doença.

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