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CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
MONITORAMENTO DO TREINAMENTO DE ATLETAS DE
TAEKWONDO POR MEIO DO QUESTIONÁRIO DAILY
ANALYSIS OF LIFE DEMANDS IN ATHLETES
Anderson N. Guimarães
LONDRINA – PARANÁ 2010
Universidade Estadual de Londrina
2
3
À Deus, pela minha vida e todas as pessoas que fa zem parte dela...
À minha esposa, por todo o apoio que me destes até agora...
Aos meus pais, pelo incentivo aos estudos ao longo de toda minha vida...
Ao meu amigo Thiago, pela colaboração durante todo esse tempo...
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Ms. Ademar Avelar pela orientação atenciosa, profissional
e por sempre estar à disposição para debates.
À minha esposa, por estar sempre ao meu lado e me apoiar nos momentos
difíceis de minha vida. Você é a razão de eu querer sempre melhorar, crescer e
seguir realizando sonhos.
Aos meus pais, Luiz Gonzaga Guimarães e Iraci Nascimento, por todo o seu
amor, carinho e dedicação. Tudo o que sou, mesmo que não seja muito, devo
imensamente a vocês.
Aos meus amigos da Academia Madureira e em especial ao treinador
Fernando Madureira pela sua dedicação ao esporte e colaboração para o aumento
dos estudos sobre o Taekwondo.
Ao amigo Thiago Pereira pela paciência, comprometimento, lealdade e
dedicação durante todo esse processo. Com certeza lembrarei desses momentos de
trabalho árduo com muito carinho e gratidão. Saibas que tens o dom de despertar o
interesse pelo conhecimento. Obrigado.
5
GUIMARÃES, Anderson N. Monitoramento do treinamento de atletas de taekwondo por meio do questionário Daily Analysis o f Life Demands in Athletes. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010.
RESUMO
Monitorar o impacto das cargas de treinamento sobre o organismo do atleta é um
fator fundamental para o processo de periodização como forma de evitar a
diminuição do desempenho atlético. O objetivo deste estudo foi verificar as possíveis
alterações e associações entre os scores de estresse do Daily Analysis of Life
Demands in Athletes (DALDA), com os impulsos de treinamento (TRIMPs) obtidos
pela percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE) e com o desempenho aeróbio
máximo (VO2max), durante o treinamento de atletas de Taekwondo.10 atletas de
Taekwondo foram acompanhados durante 5 semanas de seu treinamento, divididas
em 3 períodos: linha de base (semana1), intensificação (semanas 2, 3 e 4) e
polimento (semana 5). A carga de treinamento de cada semana foi quantificada por
meio do método do TRIMP pela PSE da sessão. 48 horas após o final de cada
semana de treinamento foi aplicado o DALDA para verificação dos sinais e sintomas
de estresse sobre o organismo dos atletas e um teste indicador de desempenho
aeróbio máximo (30-15 ITF) foi aplicado ao final de cada período de treinamento.
Apesar do incremento nas cargas de treinamento, não foram encontradas diferenças
significativas entre os escores do DALDA da semana de linha de base (S1:
208,209), em relação às semanas do período de intensificação (S2: 199,800; S3:
199,409; S4: 184,300). No entanto, durante a semana do período de polimento foi
observado um aumento significante dos escores de DALDA (S5: 236,655). Os
scores do DALDA apresentaram uma correlação fraca e negativa com a PSE da
sessão (r= -0,25) e uma correlação moderada e significativa com o VO2max obtido por
meio do teste 30-15IFT (r= 0,66). Embora o DALDA pareça ser pouco sensível às
alterações nas cargas de treinamento durante o treinamento dos atletas de TKD, os
valores de correlação entre o estresse reportado durante o período de polimento no
DALDA e o VO2max indicam que o DALDA poderia ser uma ferramenta útil para o
monitoramento do desempenho aeróbio em atletas de Taekwondo.
Palavras-chave: TRIMPs, DALDA, desempenho, PSE da sessão, Taekwondo.
6
GUIMARÃES, Anderson N. Monitoring the training of taekwondo´s athletes through the Daily Analysis of Life Demands in Athle tes questionnaire. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2010.
ABSTRACT
Monitoring the impact of the training loads on the athletes’ body is a key factor in the
process of periodization as a way to avoid the reduction of the athletic performance.
The aim of this study was to verify the possible changes and the associations
between the stress’ scores of the Daily Analysis of Life Demands in Athletes
(DALDA), the training impulse (TRIMPs) gained by the Rating of Perceived Effort
(RPE) and the maximum aerobic performance (VO2max) during the training of the
athletes of Taekwondo. Ten athletes of Taekwondo were followed during five weeks
of their training, divided in 3 periods: base line (week 1), intensification (week 2, 3
and 4) and polishing (week 5). The training load of each week was quantified by the
TRIMP method by the RPE session. 48 hours after the end of each week of training
the DALDA was applied to verify the sources and symptoms of stress on the athletes’
body and a test indicating the aerobic performance (30-15 ITF) was applied at the
end of each training period. Despite the increase in training load, there were no
significant differences in the DALDA scores on the week of base line period (W1:
208,209) relating to the week of intensification period (W2: 199,800; W3: 199,409;
W4: 184,300). However during the week of polishing period, a significant increase of
the DALDA’s scores was noticed (W: 236,655). The DALDA scores presented a
weak and negative correlation with the RPE session (r= -0,25) and a moderate and
significant correlation with the VO2max through the 30-15 IFT (r= 0,66). Although the
DALDA seems to be less sensitive to the training load changes during the TKD’s
athletes’ training, the correlation’s value between the stress reported in DALDA and
the VO2max, indicates that the DALDA could be an useful tool for monitoring the
aerobic performance in Taekwondo’s athletes.
Keywords: TRIMPs, DALDA, performance, RPE session, Taekwondo
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do delineamento do estudo ....................................................21
Figura 2 - Escala de Borg CR-10 ............................................................................22
Figura 3 - Valores médios das cargas de treinamento obtidos por meio da PSE
da sessão.................................................................................................................. 25
Figura 4 - Score geral do questionário DALDA........................................................ 26
Figura 5 - Valores médios de VO2MAX do teste 30-15ITF......................................... 26
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Correlação entre os scores de DALDA e os valores de PES
e VO2MAX .................................................................................................................... 27
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................10
2 OBJETIVO ......................................................................................................12
2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 12
2.2 Objetivo Específico.......................................................................................... 12
3 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................12
3.1 Taekwondo ....................................................................................................12
3.2 Percepção Subjetiva de Esforço da sessão ...................................................14
3.3 DALDA ...........................................................................................................16
4 METODOS......................................................................................................19
4.1 Sujeitos ...........................................................................................................19
4.2 Delineamento experimental ............................................................................19
4.3 Calculo das cargas de treinamento por meio da PSE da sessão ...................20
4.4 Questionário de fontes e sintomas de estresse .............................................21
4.5 Parâmetro de desempenho........................................................................... . 22
4.6 Análise estatística ........................................................................................ . 23
5 RESULTADOS................................................................................................. 23
6 DISCUSSÃO.................................................................................................... 26
7 CONCLUSÃO.................................................................................................. 28
8 REFERÊNCIAS............................................................................................. . 30
9 ANEXOS ...................................................................................................... . 34
10
1. INTRODUÇÃO
O treinamento desportivo é um processo que envolve a repetição de
exercícios físicos, com variabilidade de volumes e intensidades (carga externa de
treinamento), que provocam estresses fisiológicos no organismo dos atletas (carga
interna de treinamento), induzindo à adaptação ao treinamento (VIRU; VIRU, 2000).
Uma adaptação desejável ao treinamento se dá pelo aumento
gradativo das quantidades de cargas externas e internas de treinamento, e por meio
do equilíbrio entre os períodos de estresse provocados pelo treinamento e os
períodos de recuperação, de forma a estimular o fenômeno da supercompensação,
contribuindo para um melhor desempenho (BUDGETT, 1998).
Enquanto cargas de treinamento insuficientes não induzem à
adaptação, cargas de treinamento excessivas podem resultar em adaptações
negativas em atletas de elite, causando sintomas de fadiga crônica e queda de
desempenho (LAMBERT; BORRESEN, 2006). Somando-se a isso, um desequilíbrio
entre períodos de estresse decorrentes do treinamento e períodos insuficientes de
recuperação, pode culminar em processos conhecidos como overreaching e
overtraining (MEEUSEN et al., 2006).
Segundo Meeusen et al. (2006), o overtraining é a perda prolongada,
durante meses, do desempenho esportivo e a alteração de indicadores funcionais e
psicológicos em atletas. Já o overreaching pode ser dividido em overreaching
funcional, que é entendido como queda normal de desempenho em função da
intensificação do treinamento e do curto período de recuperação, e o overreaching
não funcional, que se assemelha ao overtraining, porém com uma queda de
desempenho reduzida durante semanas (HALSON et al., 2002). Dessa forma, evitar
um quadro de fadiga prolongada, que pudessem desenvolver o overreaching não
funcional e, principalmente, o overtraining, poderia aumentar as chances dos atletas
atingirem seu máximo desempenho próximo a competições importantes.
Uma das alternativas utilizadas na tentativa de não permitir a
formação do quadro de fadiga prolongada, bem como uma forma de potencializar a
adaptação ao treinamento, seria conhecer o impacto das cargas de treinamento
sobre o organismo dos atletas, ou seja, obter um controle preciso sobre os níveis de
carga interna de treinamento (FOSTER et al., 2001). Sendo assim, vários estudos
vêm se utilizando da percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE) para a
11
quantificação das cargas de treinamento (ALEXIOU; COUTTS, 2008; DAY et al.,
2004; FOSTER et al., 2001; SUZUKI et al., 2006; WALLACE et al., 2008).
A PSE, uma ferramenta de simples uso e de baixo custo financeiro
desenvolvida por Foster et al., (1998), é uma escala de pontos correspondente às
intensidades da sessão de treinamento, onde o atleta é capaz de apontar o esforço
percebido por ele durante todo o período de um treino. Diante dos resultados da
PSE da sessão, técnicos e atletas poderiam visualizar se as cargas externas de
treinamento, definidas no planejamento de treino, estão tendo impactos apropriados
na carga interna de treinamento, capazes de promover o aumento do desempenho
atlético ou estão sendo estímulos acima do necessário, o que possivelmente
resultaria em queda anormal de desempenho.
Recentemente, Perandine et al. (2008) verificaram que a PSE da
sessão poderia ser um método confiável para o monitoramento das cargas de
treinamento e para quantificação dos impulsos de treinamento (TRIMPs) em atletas
de elite do Taekwono. No entanto, nesse estudo, a relação entre as alterações nas
cargas de treinamento e o desempenho também não foi estudada, nem foi verificada
a associação entre o estresse (de origem física ou psicológica) com as cargas de
treinamento e com o desempenho dos atletas.
Neste sentido, estudos dedicados ao monitoramento das alterações
fisiológicas provocadas pelo estresse proveniente do treinamento, vêm utilizando-se
de um questionário que visa identificar possíveis fontes e sintomas de estresse ao
organismo dos atletas, o Daily Analysis of Life Demands in Athletes (DALDA), na
tentativa de diagnosticar precocemente o aparecimento do overreaching e do
overtraining (HALSON et al., 2002; ACHTEN et al., 2004; COUTTS et al., 2007;
MOREIRA et al., 2009; ANSLEY et al., 2009; NICHOLLS et al., 2009).
Assim, utilizar o DALDA, desenvolvido por Rushall (1990), para
monitorar o estresse decorrente das alterações nas cargas de treinamento em
atletas de elite do Taekwodo, poderia resultar em informações para uma
periodização do treinamento mais adequada por parte de técnicos e atletas dessa
modalidade e dessa forma, prevenir o desenvolvimento do overreaching e
overtraining. Além disso, o DALDA poderia ser uma ferramenta útil para o
acompanhamento da recuperação de períodos longos de fadiga e da performance
de atletas dessa modalidade e ajudar a aumentar o conhecimento sobre as
12
alterações fisiológicas em atletas de Taekwondo, uma vez que são poucos os
estudos com esse aspecto nesse esporte.
2. OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
O objetivo desse estudo foi o de verificar as possíveis associações
entre os scores de estresse do Daily Analysis of Life Demands in Athletes (DALDA)
com os impulsos de treinamento (TRIMPs) obtidos pelas percepção subjetiva de
esforço da sessão (PSE) (carga interna de treinamento), e com o desempenho
aeróbio máximo (VO2max) obtido por meio de um teste aeróbio máximo de natureza
intermitente (30-15IFT), durante o treinamento de atletas de Taekwondo.
2.2 Objetivos específicos
Verificar as alterações nas cargas de treinamento obtidas por meio
da PSE da sessão ao longo das semanas de treinamento;
Verificar as alterações no desempenho aeróbio máximo (VO2max) dos
atletas ao final de cada período de treinamento.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Taekwondo
Arte marcial Coreana, o Taekwondo é caracterizado por seus golpes
em forma de socos e, principalmente, chutes altos e giratórios. As lutas são
realizadas em forma de três rounds com dois minutos de duração cada, por um
minuto de descanso. Durante o combate, o lutador deve golpear seu adversário no
tronco (socos e chutes) e na cabeça (somente chutes) para efetuar pontos. Ao final
dos três rounds, a maior pontuação alcançada indicará o vencedor do combate, que
pode, também, ser finalizado por meio do knockout.
13
Em 1988 e 1992, o Taekwondo participou como esporte de
demonstração dos jogos olímpicos de Seoul e Barcelona, vindo a se tornar esporte
olímpico oficial oito anos mais tarde em Sydney, 2000 (LIN et al., 2006). Utilizando
dados de atletas participantes dos jogos olímpicos de Sydney, Kazemi et al., (2006)
verificaram que 98% dos golpes efetuados pelos atletas são realizados com a
utilização dos pés (chutes) em formas de ataque e contra ataques. No entanto, o
período de um ataque e contara ataque, na maioria das vezes, não dura mais do
que 5 s. (BOUHEL et al., 2006). Desse modo, o Taekwondo pode ser entendido
como sendo uma modalidade de característica intermitente, com períodos de
predominância anaeróbia, intercalados por períodos de predominância aeróbia
(THOMPSON; VINUEZA, 1991).
Na tentativa de avaliar as respostas fisiológicas de atletas de elite do
Taekwondo, Bouhel et al. (2006) simularam uma competição com 8 atletas e
verificaram que a freqüência cardíaca (FC) alcançou 197 ± 2 bpm (aproximadamente
99% FCmax) e as concentrações de lactato sangüíneo [La] chegaram a 10,2 ± 1,2
mmol/l. Dados parecidos foram encontrados por Bridge et al., (2009) em uma
competição de nível internacional, onde os autores analisaram as respostas
fisiológicas de 8 atletas, com 9 anos de experiência na modalidade, e encontraram
valores de 187 ± 8 bpm para FC (aproximadamente 96% FCmax) e 11,9 ± 2,1 mmol/l
para o [La], demonstrando que o Taekwondo requer altos níveis de aptidão aeróbica
e anaeróbica.
Apesar da colaboração de estudos sobre as alterações fisiológicas
nos atletas de Taekwondo durante as competições, pouco se conhece sobre o
impacto das cargas de treinamento sobre o organismo dos mesmos durante um
período de treino de Taekwondo. O desequilíbrio das cargas de treinamento poderia
ser insuficiente para induzir o organismo do atleta às adaptações ao treinamento,
como também, poderia proporcionar fadiga crônica e redução do rendimento
(LAMBERT; BORRENSEN, 2006).
Sendo assim, Perandini et al., (2008) submeteram 11 atletas de elite
do Taekwondo a duas sessões de treinamento e verificaram uma moderada
correlação entre os métodos mais utilizados para quantificação de cargas internas
de treinamento, FC e [La], com o método da percepção subjetiva de esforço da
sessão (PSE). No entanto, os autores não avaliaram a influência do estresse crônico
do treinamento sobre o organismo e o desempenho dos atletas, o que seria valioso
14
para previnir estágios prolongados de fadiga e, assim, manter níveis desejáveis de
desempenho.
Pensando nisso, Silva et al. (2009) mensuraram a influência das
cargas de treinamento sobre a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) e a
correlação da mesma com o desempenho de 6 atletas de elite do Taekwondo. Os
resultados demonstraram que, assim como no estudo de Atlaoui et al. (2007), a VCF
pode ser uma ferramenta útil para o monitoramento do estresse provocado pelo
exercício sobre o organismo dos atletas, e que existe uma relação deste método
com o desempenho dos mesmos.
No entanto, a utilização da VFC apresenta algumas dificuldades no
cotidiano de treinamento, como a necessidade de vários aparelhos
cardiofreqüêncímetros para facilitar a coleta de dados em um grande grupo de
atletas, além do elevado custo financeiro para aquisição de tais aparelhos. Outro
problema desse método é o tempo que demanda para a análise dos dados, o que
dificulta sua viabilidade do cotidiano de treinamento.
Sendo assim, a utilização de ferramentas fidedignas, de simples
utilização, e de baixo custo financeiro, que auxiliassem na quantificação de cargas
internas de treinamento e, principalmente, no monitoramento do estresse gerado
durante certo período de treino, poderia ser adequado para minimizar quedas
indesejáveis no desempenho dos atletas de Taekwondo, principalmente em
períodos próximos às competições importantes.
3.2 Percepção Subjetiva de Esforço da sessão
Na tentativa de obter um maior controle da quantificação da carga de
treinamento e dos estímulos proporcionados aos atletas durante as sessões de
treino, diversos métodos como o consumo de oxigênio (VO2), freqüência cardíaca
(FC), lactato sanguíneo [La] e a percepção subjetiva de esforço (PSE) vêm sendo
utilizados (BANISTER, 1991; EDWARDS, 1993; LUCIA et al., 2003; SEILER;
JERLAND, 2006; FOSTER, 1998). Embora sejam métodos eficazes, a maioria é
invasiva e de alto custo financeiro, o que acaba dificultando as suas utilizações no
cotidiano de treinamento.
15
Além disso, com exceção da PSE, a maior parte desses métodos
utiliza informações provenientes da FC como medida da intensidade dos exercícios.
Como esses métodos foram desenvolvidos para o monitoramento de exercícios de
endurance, onde não ocorrem grandes flutuações da FC durante a sessão de
treinamento, a resposta da FC pode não ser a melhor alternativa para a verificação
da intensidade dos exercícios com cargas variáveis, como em treinamentos
intermitentes, intervalados e de altas intensidades (FOSTER et al., 2001).
Diante disso, Foster, (1998) desenvolveu a PSE da sessão, um
método simples, de baixo custo financeiro e não invasivo, que quantifica as cargas
de treino em vários tipos de exercícios. Esse método é entendido como uma
integração de sinais periféricos e centrais, interpretados pelo córtex sensorial,
produzindo uma percepção do empenho para realizar uma tarefa motora (BORG,
1982). É, também, para Nakamura et al., (2010) uma resposta psicofísica produzida
e armazenada no sistema nervoso central, gerada por impulsos neurais emitidos
pelo córtex motor, o que não é limitado pelo tipo de exercício.
A PSE da sessão é mensurada mediante a utilização de uma escala
de 0 a 10 pontos que refletem a percepção da dificuldade sentida pelo atleta durante
a sua sessão de treino. Essa pontuação indicada pelo atleta, é multiplicada pelo
tempo total (min) da sessão de treinamento e deve ser coletada após 30 min. do
termino da mesma. O propósito para a utilização desse intervalo de tempo é o de
evitar uma possível influência que a intensidade do ultimo exercício realizado pode
ter sobre a intensidade da sessão de treino total (FOSTER, 1998).
Na tentativa de validação do método para quantificar as cargas de
treino em exercícios de caráter intermitente, intervalado e de altas intensidades,
onde as intensidades de treino não são constantes, alguns estudos têm feito
comparações entre o método de PSE da sessão com os métodos baseados nas
respostas de FC e [La]. Neste sentido, Foster et al., (2001) reportaram que, apesar
das diferenças significativas encontradas entre os métodos, havia alta relação entre
as medidas obtidas dos impulsos de treinamento (TRIMPs) de jogadores de
basquetebol, na utilização dos métodos da FC e da PSE.
De modo similar, Wallace et al., (2009) procuraram demonstrar a
validade do método da PSE para quantificar a carga de treinamento de atletas de
natação. Neste estudo foram relacionados os TRIMPs obtidos pela utilização de três
diferentes métodos de FC, propostos por Banister, (1991); Edwards, (1993) e
16
Impellizzeri et al., (2004), com o método da PSE proposto por Foster et al., (2001).
Os resultados deste estudo apontaram a existência de uma alta correlação entre os
métodos.
A relação entre a quantificação das cargas de treino obtidas por meio
da PSE da sessão com as estimadas por métodos da FC e [La] em atletas de elite
de Taekwondo, foi verificada por Perandini et al., (2008). Os autores demonstraram,
através de seus resultados, que os métodos citados são significantemente
correlacionados em se tratando de estimativa de cargas de treinamento nesse
esporte.
Além disso, recentemente Silva et al., (2009), num outro estudo com
atletas de elite de Taekwondo, encontraram correlações moderadas e fortes entre a
atividade autonômica, mensurada por meio da variabilidade da freqüência cardíaca
(VFC), e as alterações nas cargas de treinamento dos atletas, mensuradas pelo
método do TRIMP da PSE da sessão. Isso sugere que as alterações nos TRIMPs
mensurados pela PSE podem ter influência sobre indicadores fisiológicos, como por
exemplo a VFC, que são utilizados no monitoramento do estresse proporcionado
pelo treinamento nos atletas (Ataloui et al., 2007).
Estudos como os citados anteriormente, demonstram que a PSE da
sessão poderia servir como uma ferramenta simples, não invasiva e de baixo custo
financeiro, facilitando o controle da quantificação de cargas de treinos no dia a dia
de técnicos e atletas. Além disso, a PSE da sessão parece ser um bom método para
monitorar as variações no estresse proporcionado por alterações nas cargas, de
modo que poderia ser interessante a sua aplicação para minimizar períodos de
fadiga e conseguir uma maior manipulação sobre o estresse e a recuperação dos
atletas.
3.3 DALDA
O treinamento esportivo é um processo realizado em longo prazo,
com o objetivo de proporcionar alterações fisiológicas e psicológicas que
possibilitem um aumento no desempenho dos atletas (BARBANTI, 2005). Os
exercícios realizados durante as sessões de treinamento (cargas de treinamento)
são fontes de estresse que provocaram tais alterações no organismo dos atletas. No
17
entanto, o estresse fisiológico provocado pode ser positivo ou negativo ao
desempenho dos atletas (MUJICA et a., 1996).
Segundo Budgett (1998), o estresse positivo pode ser provocado pela
aplicação de cargas de treinamento mais elevadas que o normal, a fim de ocasionar
estímulos para adaptação ao treinamento, e períodos suficientes de repouso que
favoreceram ao aumento do desempenho. Já o efeito negativo ao desempenho pode
ocorrer devido a um desequilíbrio entre as cargas de treinamento e os períodos de
recuperação. Níveis de estresses elevados, provocados por altas cargas de
treinamento, e curtos períodos de recuperação podem provocar períodos
prolongados de queda no desempenho (overtraining) e alterações de indicadores
funcionais e psicológicos (MEEUSEN et al., 2006).
Sendo assim, Rushall (1990) desenvolveu o Daily Analysis of Life
Demands of Life in Athletes (DALDA), um questionário dividido em duas partes, A e
B, que representam as fontes e os sintomas de estresse (psicológico ou físico)
respectivamente. Este questionário requer que o atleta assinale cada variável das
partes A e B, como sendo “pior que o normal”, “normal” ou “melhor que o normal”,
em função da sua percepção sobre as fontes e os sintomas de estresse. Desde
então, vários estudos vêm utilizando-se do DALDA para verificar sua aplicabilidade
no monitoramento do estresse proporcionado pelas cargas de treinamento no
organismo dos atletas (HALSON et al., 2002; ACHTEN et al., 2004; COUTTS et al.,
2007; MOREIRA et al., 2009; ANSLEY et al., 2009; NICHOLLS et al., 2009).
No estudo de Halson et al., (2002), oito atletas de ciclismo foram
submetidos a seis semanas de treinamento (2 semanas de treinamento normal, 2
semanas de treinamento intenso e 2 semanas de treinamento de recuperação) para
verificar o efeito acumulativo do estresse dos exercícios e períodos de recuperação
na mudança de performance e indicadores de fadiga.
Durante o período de treinamento intenso ocorreu uma queda
significante no desempenho, associada com uma redução de 5% no consumo
máximo de oxigênio (VO2max), e com um aumento de 8,6% na percepção subjetiva
de esforço (PSE). Essas alterações durante o período de treinamento intenso foram
acompanhadas por um aumento significativo dos scores de estresse de ambas as
partes do DALDA, o que demonstra a sensibilidade do questionário no
monitoramento do estresse proporcionado pelo treinamento.
18
Um estudo comparando dois grupos de atletas com intensidades de
treino diferentes (treino normal e treino intenso) foi realizado por Coutts et al.,
(2007). Os autores analisaram as alterações ocorridas no desempenho, fadiga e
recuperação em tri atletas durante quatro semanas de treinamento e duas semanas
de recuperação. Os resultados demonstraram que durante as quatro primeiras
semanas, houve um aumento significante nos sintomas de estresse, apontados pelo
DALDA, no grupo de treino intenso (GTI) em relação ao grupo de treino normal
(GTN). Houve, também, uma redução significante no desempenho do GTI e um
pequeno aumento do desempenho no GTN. Após as semanas recuperativas, os
sintomas de estresse diminuíram e o desempenho aumentou significantemente, no
GTI. Já no GTN não houve alterações nestas variáveis.
Estudos, como os citados acima, vêm demonstrando a possível
utilização do DALDA pra o monitoramento das fontes e de sintomas de estresse,
bem como a recuperação de atletas durante um período de treinamento.
Recentemente Moreira et al., (2009) confirmaram, mais uma vez, essa possível
utilização do DALDA, num estudo com atletas de elite da canoagem de velocidade
realizado durante sete semanas, com alternâncias entre semanas fortes e semanas
regenerativas. Os resultados demonstraram a sensibilidade do questionário em
relação às alterações nas cargas de treinamento. Foi verificado, também, um
aumento significante nos sintomas de estresse durante as semanas fortes e uma
redução significativa dos mesmos durante as semanas regenerativas.
Sendo assim, o DALDA parece ser um método utill para o
monitoramento das fontes de estresse, dos sintomas de estresse, do acúmulo de
fadiga e distinção das síndromes provocadas pelo mesmo, além do monitoramento
da recuperação do atleta. Além disso, o DALDA é uma ferramenta de fácil utilização
e baixo custo financeiro, o que o torna acessível a todos os treinadores e atletas de
várias modalidades.
19
4. MÉTODOS
4.1Sujeitos
Iniciaram esse estudo 12 atletas de Taekwondo, de ambos os
gêneros, pertencentes à categoria adulta da modalidade (18 a 30 anos), com no
mínimo 3 anos de experiência em competições estaduais ou nacionais e que treinam
em média 6 dias por semana. Por motivo de lesões, 2 atletas tiveram que se afastar
dos treinos e foram excluídos do estudo.
4.2 Delineamento experimental
O treinamento envolveu tanto atividades técnicas e táticas, quanto
atividades de preparação física utilizando-se de atividades específicas da
modalidade ou do treinamento com pesos. De segunda a sexta feira, os atletas
realizavam duas sessões de treino, uma na parte da manhã e outra na parte da
tarde. No período da manhã dos dias, segunda, quarta e sexta feira, os atletas
realizavam treinos técnicos e táticos. No período da tarde desses mesmos dias,
eram realizados treinos físicos específicos ou com pesos. A ordem dos períodos de
treinamento, bem como a característica dos treinos era alterada nos dias de terça e
quinta feira. Aos sábados os atletas realizavam apenas um treinamento técnico
tático no período da manhã.
O experimento consistiu de uma semana de base de linha, 3
semanas de intensificação do treinamento e 1 semana de polimento. Após a semana
de linha de base foi realizado um teste aeróbio máximo, de natureza intermitente
(30-15 IFT), que serviu como indicativo do desempenho dos atletas no consumo
máximo de oxigênio (VO2max). Esse mesmo teste foi realizado ao final do período de
intensificação e após o período de polimento, para posterior análise.
As coletas do estudo para a quantificação das cargas de treinamento
foram realizadas durante todo o decorrer do estudo (5 semanas) em todas as
sessões de treinamento dos respectivos atletas.
A quantificação da carga interna de treinamento foi feita pelo método
de impulsos de treinamento (TRIMP) pela percepção subjetiva de esforço da sessão
20
(PSE) ao final de todas as sessões de treinamento dos atletas e a média dos
TRIMPs de cada semana foi utilizada para as análises.
As fontes e sinais de estresse foram analisados por meio do
questionário Daily Analysis of Life Demands in Athletes (DALDA), traduzido para a
língua portuguesa (MOREIRA e CAVAZZONI, 2009). Essas medidas foram
realizadas 48 horas após a última sessão de cada semana de treinamento dos
atletas.
4.3 Cálculo das cargas de treino por meio da PSE da sessão
Apesar de estarem acostumados com a utilização do método da
percepção subjetiva de esforço durante os seus treinos, os atletas foram submetidos
a um período de quatro semanas de familiarização ao método. A familiarização foi
realizada seguindo os moldes com o qual o experimento seria realizado. O cálculo
das cargas de treinamento foi feito pelo método de impulsos de treinamento
(TRIMPs) pela percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE), que consiste na
multiplicação da duração do treinamento em minutos, pelo valor apontado na escala
de PSE referente a todo o treinamento, como descrito por Foster et al. (1998).
S1
teste
S4
teste
S5
teste
D S2 D S3 D D D
Figura 1. Esquema do del ineamento do estudo, contendo as semanas de linha de base (S1), intensificação (S2, S3 e S4) e polimento (S5) e os momentos de aplicação dos teste s de desempenho e do DALDA (D).
21
O valor de PSE de cada atleta foi coletado 30 min após a sessão de
treinamento para assegurar que a percepção de esforço referisse à sessão de treino
como um todo, e não apenas ao exercício mais recente.
Para este estudo foi utilizada a escala de Borg CR-10, modificada por
Foster et al. (1998), e traduzida para língua portuguesa (figura 2), a qual tem sido
utilizada em alguns estudos com atletas dessa modalidade (PERANDINI et al., 2008;
SILVA et al., 2009).
Para fins de análise foram utilizados os valores médios de cada
semana de treinamento dos atletas.
0 Repouso
1 Muito, muito fácil
2 Fácil
3 Moderado
4 Um pouco difícil
5 Difícil
6
7 Muito difícil
8
9
10 Máximo
4.4 Questionário de fontes e sintomas de estresse
Todos os atletas passaram por 4 semanas de familiarização ao
instrumento, sendo seguido a rotina ao qual o experimento seria conduzido. O
questionário, Daily Analysis of Life Demans in Athletes (DALDA), foi preenchido ao
final de cada semana de treinamento (ROBSON et al., 2007). Na tentativa de uma
análise mais sensível, foi aplicada uma escala visual análoga de 0 a 10, na qual o
valor zero correspondia ao estado “pior que o normal”, o cinco como “normal” e o
Figura 2. Escala de Borg CR-10 modificada por Foste r et al. (1998).
22
dez como “melhor que o normal” (NICHOLLS et al., 2009). Os atletas foram
orientados a reportar qualquer valor entre 0 e 10 em função da percepção de seu
estado para cada questão. Para fins de análise foi utilizado o score geral do DALDA
de cada semana. Para uma melhor compreensão do instrumento, o mesmo poderá
ser encontrado nos anexos do estudo.
4.5 Parâmetro de desempenho (30-15IFT)
O desempenho dos atletas foi medido por meio de um teste que
consiste em um protocolo incremental aeróbio máximo de natureza intermitente (30-
15IFT), no qual os atletas realizaram 30 s de corrida bidirecional em uma distância
de 40 m em ritmo determinado por sinais sonoros, com intervalos apropriados para
controlar a velocidade de corrida, intercalados por 15 s de recuperação passiva. A
velocidade adotada para início do teste foi de 8 km.h-1 com incrementos de 0,5
km.h-1 a cada estágio de 45 s. Em cada sinal sonoro emitido os sujeitos deveriam
estar dentro de zonas de 3 m, as quais foram colocadas nas extremidades e no meio
do trajeto. Durante o período de recuperação (15 s) os sujeitos deveriam caminhar
até a próxima linha de marcação, onde iniciariam o próximo estágio. Os sujeitos
foram instruídos a completarem o maior número possível de estágios. O teste foi
encerrado quando o sujeito não foi capaz de manter a velocidade imposta ou
quando não se encontrou, por três vezes consecutivas no mesmo estágio, dentro da
zona de tolerância de 3 m no momento do sinal sonoro. O último estágio completo
foi considerado como a velocidade máxima atingida pelo sujeito (VIFT).
Durante todo o teste, a FC foi monitorada por um
cardiofreqüêncímetro (POLAR®, modelo RS800). A FC máxima (FCmax) alcançada
foi calculada a partir dos 10 s finais do teste. Para obtenção do VO2max foi aplicada à
equação proposta por Buchheit et al., (2008):
VO2max = 28,3 – 2,15 * G – 0,741 * I – 0,0357 * P + 0,0586 * I * VIFT +
1,03 * VIFT.
Onde, G = gênero (masculino = 1; feminino =2); I = idade em anos; P
= peso corporal em kg; VIFT = a máxima velocidade completa alcançada no teste
30-15IFT.
23
4.6 Análise estatística
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão (DP). A
normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov com
correção de Lilliefors. Para comparação entre as estimativas da carga de
treinamento e dos valores de DALDA obtidos a cada semana de treinamento, foi
utilizada a ANOVA para medidas repetidas. A esfericidade dos dados foi verificada
por meio do teste de Mauchly. Quando os valores do teste de Mauchly foram
significativos, a correção de Greenhouse-Geisser foi utilizada. Quando o valor de F
foi significante, a análise foi complementada com o teste de post hoc de Bonferroni
para identificação das diferenças pontuais. A relação entre as estimativas das
cargas de treinamento, com os escores do DALDA e com o desempenho no teste
30-15IFT foi quantificada por meio da correlação de Pearson, ou por meio da
correlação de Spearman para os dados que não apresentaram distribuição normal.
A significância das análises foi assumida quando P < 0,05. Os dados foram tratados
por meio do programa SPSS for Windows, versão 17.0.
5. RESULTADOS
A distribuição das cargas de treinamento analisadas por meio do
metodo de impulsos de treinamento (TRIMPs) da percepção subjetiva de esforço
(PSE) da sessão está apresentada na figura 3. Após o período de linha de base (S1)
foi observado um aumento significativo das cargas de treinamento, seguido de uma
redução das cargas de treinamento durante o período de polimento (S5). Embora as
cargas de treinamento tenham apresentado um leve padrão de aumento durante o
período de intensificação das cargas de treinamento (S2, S3 e S4), esse aumento
não foi significante. As cargas de treinamento durante o período de polimento foram
semelhantes às do período de linha de base.
24
PSE DA SESSÃO
0
1,000,000
2,000,000
3,000,000
4,000,000
5,000,000
1 2 3 4 5
SEMANAS
TR
IMP
S(u
a)
* #* #
* #
O score geral do questionário DALDA durante todo o período do
experimento está apresentado na figura 4. Não foram encontradas diferenças
significativas para os escores do DALDA do período de linha de base (S1), quando
comparado com os escores de DALDA das semanas do período de intensificação
das cargas de treinamento. No entanto, durante o período de polimento foi
observado um aumento significante dos escores de DALDA em relação às demais
semanas de treinamento.
SCORE GERAL DALDA
0
50,000
100,000
150,000
200,000
250,000
300,000
1 2 3 4 5
SEMANAS
*
Figura 3. Valores médios das cargas de treinamento obtidos por meio da
técnica de PSE da sessão durante as semanas 1, 2, 3 , 4 e 5 do período de
treinamento dos atletas. (* = Diferença significati va em relação à semana 1;
# = Diferença significa tiva em relação à semana 5. P ≤ 0,05).
Figura 4. Score geral do questionário DALDA ao fina l do período de
treinamento. (* = Diferença significativa em relação às semanas 1 , 2, 3 e 4. P
≤ 0,05).
25
A figura 5 apresenta os valores médios de volume Maximo de
oxigênio (VO2MAX) dos atletas, obtidos no teste de desempenho 30-15IFT, aplicado
em 3 diferentes momentos do experimento (1- após o período de linha de base/S1 ;
2- após o período de intensificação das cargas de treinamento/S2, S3 e S4; 3- após
o período de polimento/S5). Foi encontrada diferença significativa no teste 3 em
relação aos demais testes aplicados durante o período do experimento.
VO2MAX
43,000
44,000
45,000
46,000
47,000
48,000
49,000
50,000
1 2 3
TESTES
VO
2MA
X (m
l/kg/
min
)
*
A tabela 1 contém os dados de correlação de Spearman entre os
escores do Daily Analysis of Life Demands in Athletes (DALDA) e os valores de
percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE) e volume máximo de oxigênio
(VO2max), coletados ao final de cada período de treinamento. Foi encontrada apenas
uma fraca correlação entre os scores do DALDA e os valores da PSE. No entanto,
os escores do DALDA reportados ao final período de polimento, apresentaram uma
correlação moderada e significativa com as alterações dos valores de VO2max do
mesmo período.
Tabela 1. Correlação entre os escores de DALDA com os valores de PSE e VO2MAX no ultimo período de treinamento (polimento)
** = P < 0,01
PSE (ua) VO2MAX (ml/kg/min) DALDA(ua) r = -0,25 r = 0,66**
Figura 5. Valores médios de VO2MAX do teste 30-15IFT aplicados em
três diferentes momentos do experimento. (* = Diferença significativa
em relação aos testes 1 e 2. P ≤ 0,05).
26
6. DISCUSSÃO
Apesar de não terem sido evidenciadas diferenças significativas
entre as semanas de intensificação das cargas de treinamento (S2, S3 e S4), as
cargas do período de intensificação foram, de acordo com o esperado,
significantemente mais altas em relação às cargas dos períodos de linha de base e
polimento. O método da PSE da sessão refletiu a periodização planejada antes do
período do experimento, demonstrando que, assim como reportado por Foster et al.
(2001), a PSE da sessão pode ser utilizada para a construção de curvas de
periodização das cargas de treinamento.
Os achados desse presente estudo corroboram com os resultados
encontrados por Perandini et al., (2008) e Silva et al., (2009) quando fizeram o uso
da PSE da sessão como modelo para quantificação das caras de treinamento em
atletas de elite de Taekwondo.
Com relação aos valores do DALDA, os resultados não
demonstraram alterações significativas quando houve aumento da carga de
treinamento do período de linha de base para o período de intensificação. Esses
resultados contrastam com os resultados encontrados nos estudos de Halson et al.,
(2002); Coutts et al., (2007) e Moreira et al., (2009; 2010), que verificaram
modificações nos scores de DALDA em relação à intensificação da carga de
treinamento de ciclistas, tri atletas, atletas de futsal e jovens atletas de voleibol e
basquetebol. Segundo o evidenciado por esses autores, o DALDA poderia refletir o
nível de tolerância ao estresse suportado pelo atleta, em relação à intensificação das
cargas de treinamento ou demais fontes de estresse presente no seu cotidiano.
Talvez parte das diferenças encontradas em nosso estudo se deva
às características da modalidade e às diferenças metodológicas no modo de
aplicação e análise do DALDA. Segundo o nosso conhecimento, esse estudo parece
ser o primeiro a monitorar o treinamento de atletas de Taekwondo por meio do
questionário DALDA. A fraca correlação entre a PSE da sessão e o DALDA,
observada em nosso estudo, sugeri que outros fatores além das cargas de
treinamento podem ter contribuído para as alterações no estresse reportado pelos
atletas dessa modalidade.
Além disso, em nosso estudo foi utilizado o score geral do DALDA,
medido através de uma escala análoga de 0 a 10 (Nichols et al., 2009),
27
diferentemente dos estudos supracitados que utilizaram a média das respostas
“melhor que o normal”, “normal” e “pior que o normal” para a análise dos dados. O
objetivo dessa alteração no método de aplicação do DALDA era permitir uma
observação mais sensível das alterações nos scores do DALDA ao longo do
treinamento dos atletas. No entanto, apesar de termos observado uma leve redução
dos scores do DALDA a partir da semana de linha de base até o final do período de
intensificação das cargas de treino (-10,08± 16,69 %), os resultados foram muito
variáveis entre os indivíduos.
Como sugerimos anteriormente, uma possibilidade para essa
grande variação nos scores do DALDA e de sua baixa correlação com a PSE da
sessão seja o fato que determinadas questões do questionário sofrerem pouca
influência das cargas de treinamento, ou serem sensíveis a outros fatores que não
esse. Nichols et al. (2009) verificaram diferenças para os scores do DALDA de
atletas de rúgbi em dias de treino, descanso e competição apenas para algumas das
questões. Questões como trabalho e recreação, entre outras, não foram diferentes
entre esses dias. Desse modo, é possível que em um estudo posterior, uma análise
mais detalhada de nossos resultados gere novas conclusões e talvez a identificação
de quais variáveis do DALDA responderiam melhor às alterações das cargas de
treinamento em atletas de Taekwondo.
No que diz respeito aos resultados do DALDA durante o período de
polimento, foi encontrado um aumento significativo em seus scores após a redução
nas cargas de treinamento, o que poderia ser entendido como uma maior tolerância
aos sintomas e fontes de estresse por parte dos atletas durante esse período de
menor carga de treinamento. Nós hipotetisamos que nessa fase, é possível que as
questões mais sensíveis às alterações nas cargas de treino tenham tido maior
influência sobre os scores do DALDA.
Esses resultados vão ao encontro de vários outros estudos. Uma
maior tolerância ao estresse também foi evidenciada no estudo de Halson et al.,
(2002) com 8 ciclistas durante 6 semanas de experimento (linha de base,
intensificação e polimento) e no estudo de Coutts et al., (2007), que analisaram tri
atletas por 6 semanas (4 semas de intensificação e 2 de polimento). Recentemente
Moreira et a., (2010) encontrou resultados semelhantes durante um experimento de
6 semanas com jovens atletas de voleibol e basquetebol. Durante esse estudo as
duas primeiras semanas foram significantemente maiores que as demais semanas e
28
o DALDA apresentou uma redução das fontes e sintomas de estresse após o
período de maior carga de treinamento, sugerindo que o DALDA pode ser utilizado
como meio de acompanhamento da recuperação dos atletas.
Outro achado do presente estudo foi uma correlação moderada e
significante entre o DALDA e o VO2max obtido no teste 30-15ITF. Os resultados
demonstram um aumento nos scores geral do DALDA no momento em que os
valores mais altos de VO2max (semana de polimento) foram registrados. Isso sugeriu
que o questionário DALDA poderia ser utilizado para o monitoramento das
alterações no desempenho aeróbio de atletas de elite da modalidade Taekwondo.
Resultados semelhantes foram encontrados por Halson et al., (2002) que verificaram
um aumento nos valores médios de respostas “pior que o normal” do DALDA
quando houve uma redução de força máxima (Wmax) em teste de ciclo ergômetro
realizado em atletas de ciclismo logo após o período de intensificação das cargas de
treinamento.
De modo similar, Coutts et al., (2007) encontraram uma fraca, mas
significante correlação entre o DALDA e o teste de desempenho aplicado em tri
atletas. Os valores médios de “pior que o normal” foi menor quando o tempo de uma
corrida de 3 km foi reduzido em 7% por parte dos atletas. Dados como esses
demonstram que o DALDA pode ser uma ferramenta útil no monitoramento da
performance de atletas de elite como os que participaram desse estudo.
7. CONCLUSÃO
De acordo com resultados encontrados nesse estudo, a PSE da
sessão refletiu as alterações nas cargas de treinamento durante um período de
preparação de atletas de Taekwondo. Dessa forma, o uso do método parece ser
aplicável ao processo de periodização de treinos dessa modalidade.
Diferentemente do esperado, o DALDA não demonstrou correlação
significativa com a PSE da sessão, não refletindo as alterações ocorridas nas cargas
de treinamento de atletas de Taekwondo. Vale ressaltar que os estudos que
encontraram correlação do DALDA com as cargas de treinamento, não avaliaram
atletas de Taekwondo e que talvez outros fatores além da carga de treinamento, tais
29
como dieta, ansiedade e traumas possam ter influenciado na variabilidade dos
valores reportados.
No entanto, os scores do questionário DALDA durante o período de
polimento, demonstraram correlações significativas com os valores de VO2max
obtidos no teste de performance, aplicado no mesmo período. Foram evidenciadas,
também, alterações significativas dos scores de DALDA em relação à diminuição da
intensidade das cargas de treinamento no período de polimento, o que sugere que o
DALDA poderia ser uma ferramenta aplicável no monitoramento da recuperação e
performance dos atletas de Taekwondo.
.
30
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34
10. ANEXOS
Anexo A – Versão traduzida do DALDA para língua por tuguesa.
35
Anexo B – Questões referentes à parte A do DALDA
Anexo C - Questões referentes à parte B do DALDA