277
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO CRISTIANE SILVA DIAGNÓSTICO EM POLÍTICAS PÚBLICAS: O desempenho do planejamento público orçamentário para o turismo em Santa Catarina TESE DE DOUTORADO Biguaçu SC 2017

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

  • Upload
    vankhue

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

CRISTIANE SILVA

DIAGNÓSTICO EM POLÍTICAS PÚBLICAS:

O desempenho do planejamento público orçamentário para o turismo em

Santa Catarina

TESE DE DOUTORADO

Biguaçu – SC

2017

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

CRISTIANE SILVA

DIAGNÓSTICO EM POLÍTICAS PÚBLICAS:

O desempenho do planejamento público orçamentário para o turismo em

Santa Catarina

Biguaçu – SC

2017

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE DOUTORADO EM ADMINISTRAÇÃO

CRISTIANE SILVA

DIAGNÓSTICO EM POLÍTICAS PÚBLICAS:

O desempenho do planejamento público orçamentário para o turismo em

Santa Catarina

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Ramos

Biguaçu - SC

2017

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado
Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

Agradecimentos

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um

pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint Exupéry).

Nesses quase quatro anos de caminhada em busca de meu doutoramento

inúmeros foram aqueles que passaram por minha vida e que de alguma maneira

contribuíram para que essa conquista fosse alcançada, como também contribuíram

para minha formação humana.

Agradeço especialmente a Deus, Pai Eterno.

Ao meu Orientador, Professor Doutor Flavio Ramos, por toda a sua

solidariedade, incentivo e dedicação durante essa jornada.

Ao meu Companheiro, Romualdo Theophanes de França Junior, por instigar

em mim o gosto pelo conhecimento, trilhar comigo os caminhos da vida e não medir

esforços para a concretização dos meus sonhos.

Aos colegas de turma, com os quais partilhei sonhos, estudos, pesquisas,

congressos. Estar com vocês me fez uma pessoa melhor.

Aos Professores e aos funcionários do PPGA pelo acolhimento, carinho e

presteza cotidianos.

Aos Professores membros da Banca Examinadora de Qualificação e de

Defesa Final, Doutor Adelcio Machado dos Santos, Doutor Alexandre de Ávila

Lerípio, Doutor Fernando César Lenzi, Doutor Marco Antonio Harms Dias, Doutora

Maria Teresa Galvão Dias e Doutora Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira, pelo

aceite na participação desse momento transformador em minha vida e por todo o

aporte direcionado ao melhoramento deste trabalho.

A todos vocês minha eterna gratidão!

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião.

Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser

ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que

pode ser oculta, jamais extinta”.

Nelson Mandela

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

7

RESUMO

Esta tese voltou-se ao estudo do desempenho das políticas públicas como um processo complexo que envolve o planejamento público e suas ferramentas orçamentárias. Com suporte nas dinâmicas de interação do fenômeno turístico a investigação adota como elemento espacial o Estado de Santa Catarina, no intuito de identificar se a atividade turística tem sido fomentada pelo Governo estadual a partir da implementação de políticas públicas que proporcionem o fortalecimento do setor. Problematizando a questão temática diante das potencialidades dos atrativos territoriais, construiu-se o debate bibliográfico sobre os pilares do planejamento público, políticas públicas, sistema público orçamentário, diagnóstico e medição de desempenho, e suas relações com o fenômeno do turismo. Para reter a realidade da vida, demonstrar uma perspectiva coerente com a atualidade e com o objetivo de realizar um diagnóstico de desempenho das políticas públicas de turismo estabelecidas no Estado, o estudo pautou-se na análise das leis orçamentárias anuais e dos programas e projetos executados durante o período de 2005 a 2016, assim como, na realização de entrevistas com atores públicos que influenciam no exercício da atividade turística, tanto no Estado de Santa Catarina quanto em nível Nacional. A abordagem metodológica tomou em seus procedimentos o caráter quanti-qualitativo, dimensionando o tratamento das informações obtidas pela percepção dos atores públicos, confrontando-as com as ponderações matemáticas do procedimento de controle dos dispositivos orçamentários do Estado, por ser o elemento chave do planejamento público operacional. Desta forma estruturou-se um diagnóstico autêntico sobre as políticas públicas de turismo no Estado de Santa Catarina. Denotou-se neste diagnóstico que o Estado catarinense possui considerável e reconhecida diversidade geográfica e cultural, comumentemente empreendida como atrativo turístico. Contudo, a falta de planejamento público na efetivação dos investimentos, os entraves burocráticos, a inexistência de ambiente jurídico propício para o envolvimento da iniciativa privada, e a influência político-partidária tem ocasionado a prática de uma atividade turística mal concebida como elemento de política pública. Inclusive, os indicadores produzidos, estampam que em Santa Catarina não existe uma política pública enraizada, continuada e envolta dentro de um plano de ações coordenadas. Tal fato evidencia que o turismo continua acontecendo pela força das características territorial e cultural do povo catarinense, ressentindo-se da relativa atuação do poder público no que tange a proporcionar um ambiente favorável e seguro na prática da atividade como elemento econômico e social. Observa-se, ainda, que a prática das políticas públicas varia de acordo com os fatores relacionados aos procedimentos rotineiros de sua implementação, onde deve-se intentar para que o estudo de uma trajetória histórica proporcione novas dinâmicas para melhorar o modelo até o momento aplicado.

Palavras-Chave: Diagnóstico em Política Públicas. Desempenho das Políticas Públicas de Turismo. Turismo em Santa Catarina. Planejamento, Gestão e Controle. Ferramentas Público Orçamentárias.

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

8

ABSTRACT

This thesis addressed the study of the performance of public policies as a complex process that involves public planning and its budgetary tools. Supported by the interaction dynamics of the tourism phenomenon, the research adopts the State of Santa Catarina as its spatial element, seeking to identify whether tourist activity has been promoted by the State Government through the implementation of public policies to strengthen the sector. The bibliographic debate on the pillars of public planning, public policies, public budgetary system, diagnosis and measurement of performance, and its relations with the phenomenon of tourism, was constructed by investigating the issue in light of the potential of territorial attractions. In order to retain the reality of life, to demonstrate a coherent perspective with current events, and with the aim of conducting a diagnosis of the performance of public tourism policies established in the State, the study was based on an analysis of annual budget laws and programs and projects executed during the period from 2005 to 2016, as well as on interviews with public actors who influence the exercise of tourism activity, both in the State of Santa Catarina and at National level. The methodological approach used quantitative-qualitative procedures, scaling the analysis of the information obtained from the perceptions of the public actors, and applying mathematical weightings to them, from the control procedure of the budgetary devices of the State, as a key element of the operational public planning. Thus, an authentic diagnosis was carried out on public tourism policies in the State of Santa Catarina. It was observed, in this diagnosis, that the State of Santa Catarina has considerable and recognized geographic and cultural diversity, commonly seen as a tourist attraction. However, the lack of public planning in the implementation of investments, bureaucratic obstacles, a lack of a legal environment conducive to the involvement of private initiatives, and political party influence, have led to the practice of a badly conceived tourism activity as an element of public policy. In fact, the indicators produced show that in Santa Catarina, there is no public policy that is rooted, ongoing, and set in the framework of a plan of coordinated actions. This fact shows that tourism continues to occur due to the strength of the territorial and cultural characteristics of the people of Santa Catarina, resenting the relative performance of the public power in providing a favorable and safe environment for the practice of the activity, as an economic and social element. It is also observed that the practice of public policies varies according to factors related to the routine procedures of its implementation, therefore the study of a historical trajectory must seek to provide new dynamics that will improve the model thus far applied.

Keywords: Public Policy Diagnosis. Performance of Public Tourism Policies.

Tourism in Santa Catarina. Planning, Management and Control. Public Budget Tools.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Os Componentes do Planejamento .............................................................................65

Figura 2: Os Insumos do Planejamento .......................................................................................65

Figura 3: Hierarquia nas Ferramentas Orçamentárias .............................................................100

Figura 4: Desenho metodológico da tese ..................................................................................106

Figura 5: Localização do Estado de Santa Catarina .................................................................121

Figura 6: Roteiros Turísticos Regionais de Santa Catarina .....................................................125

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Cinco estágios do ciclo da política pública e sua relação com a resolução aplicada

de problemas ..................................................................................................................................36

Tabela 2: Lógica do Orçamento-Programa..................................................................................83

Tabela 3: Categorização das Regiões Turísticas de Santa Catarina ......................................131

Tabela 4: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado SOL 2005/16 .........................................141

Tabela 5: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado SANTUR, 2005/16 ................................141

Tabela 6: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado FUNTURISMO 2005/16 .......................142

Tabela 7: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado, Total Turismo, 2005/16 .......................144

Tabela 8: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado, Investimento Total 2005/16 .................145

Tabela 9: Summary Statistics .....................................................................................................147

Tabela 10: Indicadores de Desempenho/SOL ..........................................................................159

Tabela 11: Indicadores de Desempenho/SANTUR ..................................................................160

Tabela 12: Indicadores de Desempenho/FUNTURISMO .........................................................161

Tabela 13: Métrica de Custeio pelo Liquidado Total no Turismo ............................................162

Tabela 14: Métrica entre Investimento Total e Receita Tributária ...........................................163

Tabela 15: Valores Totais Liquidados com Correção Monetária .............................................165

Tabela 16: Ações Programáticas das LOAs 2005/16 ...............................................................169

Tabela 17: Breve Resumo do Currículo dos Entrevistados .....................................................175

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

11

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Valores Orçados e Liquidados - SOL 2005/16 ........................................................142

Gráfico 2: Valores Orçados e Liquidados - SANTUR 2005/16 ................................................143

Gráfico 3: Valores Orçados e Liquidados - FUNTURISMO 2005/16.......................................144

Gráfico 4: Valores Orçados e Liquidados – Total no Turismo 2005/16...................................145

Gráfico 5: Valores Orçados e Liquidados – Investimento no Turismo 2005/16 .....................146

Gráfico 6: Métrica de Custeio pelo Liquidado Total no Turismo ..............................................163

Gráfico 7: Evolução da Métrica entre Investimento Total no Turismo e a Receita Tributária do

Estado ...........................................................................................................................................164

Gráfico 8: Evolução dos Investimentos em Políticas Públicas de Turismo ............................166

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

12

LISTA DE ABREVIATURAS

ADRs – Agências de Desenvolvimento Regional

ALESC – Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina

BESC – Banco do Estado de Santa Catarina

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola

CF – Constituição Federal

CLP – Centro de Liderança Pública

CNTur – Conselho Nacional de Turismo

COMBRATUR – Comissão Brasileira de Turismo

DEATUR – Departamento Autônomo de Turismo

DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda

EMBRATUR – Instituto Brasileiro do Turismo

ENAP – Escola Nacional de Administração Pública

EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural

FATMA – Fundação do Meio Ambiente

FEIT – Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIESC – Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

13

FPNQ – Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade

FUNDOSOCIAL -

FUNGETUR – Fundo Geral de Turismo

FUNTURISMO – Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

LC – Lei Complementar

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MICT – Ministério da Indústria, Comércio e do Turismo

MTur – Ministério do Turismo

OMT – Organização Mundial do Turismo

ONU – Organização das Nações Unidas

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PDIL – Plano Estadual da Cultura, do Turismo e do Desporto

PES – Planejamento Estratégico Situacional

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

14

PLANTUR – Plano Nacional de Turismo

PNT – Plano Nacional de Turismo

PNMT – Programa Nacional de Municipalização do

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA – Plano Plurianual

PRODETUR – Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo

PRODETUR SUL/SC – Programa de Desenvolvimento do Turismo na Região Sul,

Estado de Santa Catarina

PRT – Programa de Regionalização do Turismo

SANTUR – Santa Catarina Turismo S/A

SDRs – Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEF – Secretaria de Estado da Fazenda

SEITEC – Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao Turismo e ao Esporte

SOL – Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte

SPG – Secretaria de Estado do Planejamento Orçamento e Gestão

SPSS – Statistical Package for Social Science

SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

TCE/SC – Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina

TOC – Teoria das Restrições

TURESC – Empresa de Turismo e Empreendimentos de Santa Catarina

UCE – Unidade de Coordenação Estadual

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2 POLÍTICAS PÚBLICAS ......................................................................................... 25

2.1 DIMENSÕES CONCEITUAIS SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS .......................... 30

2.2 O CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ................................................................. 34

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO ................................................................ 43

2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL............................................ 47

2.5 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO EM SANTA CATARINA ......................... 56

3 O PLANEJAMENTO E O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO NO SETOR PÚBLICO

.................................................................................................................................. 62

3.1 PLANEJAMENTO E OPERACIONALIZAÇÃO .................................................... 63

3.2 PLANEJAMENTO PÚBLICO ............................................................................... 73

3.3 A ORÇAMENTAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL ...................................................... 79

3.3.1 Legislação, Características e Princípios do Orçamento Público ...................... 85

3.3.2 A Lei de Responsabilidade Fiscal e as Ferramentas Orçamentárias ............... 91

3.4 DISPOSITIVO DE CONTROLE À EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO ... 99

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 103

4.1 O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE INVESTIGAÇÃO ...................... 109

4.2 A ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS E A REGRESSÃO LINEAR ...................... 112

4.3 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .................................................................. 115

4.4 RECORTE TERRITORIAL – SANTA CATARINA ............................................. 120

4.4.1 Santa Catarina e a Regionalização do Turismo ............................................. 128

4.4.2 Santa Catarina e as Regiões Turísticas ......................................................... 134

5 DIAGNÓSTICO PELO CONTROLE DO PLANEJAMENTO OPERACIONAL .... 139

5.1 APLICAÇÃO DO MODELO DE REGRESSÃO LINEAR E A CORRELAÇÃO ... 140

5.2 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO ... 155

5.3 ABORDAGEM SOBRE AS AÇÕES PROGRAMÁTICAS DAS LOAS ............... 166

5.4 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ......................................................................... 175

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 203

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 211

APÊNDICE A – TABELAS DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO ............................ 225

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS ...................................................... 265

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

16

APÊNCIDE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO DOS ENTREVISTADOS ......... 266

APÊNCIDE D – APLICAÇÃO IPCA 2005-2016 ..................................................... 274

ANEXO A – LEIS ORÇAMENTÁRIAS ANUAIS 2005-2016 (LOAs) ...................... 275

ANEXO B – DESPESAS CONSOLIDADAS 2005-2016......................................... 276

ANEXO C – RELATÓRIOS TÉCNICOS SOBRE AS PRESTAÇÕES DE CONTAS

DO ESTADO DE SANTA CATARINA 2005-2016 .................................................. 277

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

17

1 INTRODUÇÃO

O turismo é tido como um conjunto de atividades desenvolvidas pelos

visitantes em razão das suas deslocações, as atrações e os meios que as originam,

as facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades e os fenômenos

resultantes de umas e de outras (CUNHA; ABRANTES, 2015). Do ponto de vista

técnico, a OMT conceitua turismo como o “conjunto de atividades desenvolvidas por

pessoas durante as viagens e estadas em locais situados fora do seu ambiente

habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de

lazer, de negócios e outros”.

O turismo deriva dos fluxos de pessoas dos seus locais de residência para

outros, nos quais permanecem temporariamente, estabelecendo ligações com os

elementos de caráter funcional e espacial (URBAIN, 2002). Por conseguinte, o

turismo interliga-se não só com todas as atividades humanas, mas também, com o

ambiente físico que o envolve.

É como atividade eminentemente social que o turismo tem marcado a vida

cotidiana das pessoas. Como atividade de primeira ordem econômica, origina novas

fontes de riqueza e incrementa as existentes nos lugares em que se desenvolve. Os

benefícios do turismo atuam diretamente sobre algumas atividades, tais como

transportes, lazer, cultura, esportes e eventos e, indiretamente sobre muitos outros

setores da economia local, regional e nacional, com destaque para a arrecadação de

impostos, o estímulo da atividade comercial e de serviços e a geração de novos

empregos.

O turismo detém uma posição importante em relação às expectativas da

sociedade, tomando como base o aumento do tempo livre, o desenvolvimento

socioeconômico e a redistribuição espacial de renda (FRANÇA JR., 2014).

No entanto, o turismo ainda é entendido por muitos como uma atividade

subalterna, mal conhecida e mal interpretada e objeto de pouca atenção política.

Neste contexto, verifica-se através do diagnóstico realizado neste estudo, que o

turismo vem sendo incorporado nas agendas de governos através de projetos

específicos e de planejamentos estratégicos que não conseguem se estabelecer na

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

18

sua totalidade, ao invés de serem implantados a partir de políticas públicas,

assumindo um papel relevante na definição de diretrizes, de estratégias e de ações

governamentais, voltadas ao desenvolvimento econômico e social.

A formulação da política de turismo deve contemplar a observação e a análise

da situação de modo macro e deve ser capaz de orientar a tomada de decisões de

longo prazo, sendo, portanto, necessárias atualizações constantes. Neste sentido, é

preciso contar com o envolvimento e o compromisso dos diversos segmentos que

atuam no turismo, a fim de promover e estimular a participação contínua e realista

das decisões (RUSCHMANN; SOLHA, 2006).

No bojo da discussão, não é a existência de uma solução que faz com que

um problema se insira na agenda governamental, transformando-se numa política, é

necessário um contexto político favorável em que o problema seja reconhecido.

Também não é apenas o contexto político favorável que faz com que uma política

seja decidida, é preciso que o problema seja bem definido, com suas relações

causais, para sensibilizar os tomadores de decisão e é necessário que existam

soluções viáveis e aceitáveis (GOMIDE, 2008).

Percebe-se, claramente, que é o encontro de três fluxos: problema, solução, e

dinâmica política, que abre uma oportunidade política para que uma questão siga à

agenda de decisão governamental. Para Kingdon (2003), a abertura de uma janela

de oportunidade política é determinada, sobretudo, pelo reconhecimento do

problema e pelo processo político, pois as propostas elaboradas pelos especialistas

só encontram ressonância no plano decisório quando um problema é reconhecido e

existe demanda política para a sua solução.

Como enfocado, afirma-se que uma política pública é dependente do contexto

político e institucional em que é desenvolvida, como também de seu processo de

formulação, de decisão, de execução e de avaliação.

A complexidade dos arranjos institucionais do setor turístico, bem como a falta

de sincronia entre as ações políticas e a prática, aliada à atenção inadequada e a

fatores que determinam a sustentabilidade social, econômica e ambiental podem

conduzir a consequências indesejáveis e imprevistas e muitas vezes irreversíveis

(BURSZTYN, 2005). Nesse contexto, fica implícita a interligação entre planejamento,

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

19

gestão e política pública, no sentido de efetivar o processo que envolve o

estabelecimento de uma agenda governamental. Assim, o planejamento pode ser

analisado como a busca para estabelecer políticas sobre determinados temas, ou de

influenciá-los. Em particular, as políticas públicas podem ser definidas como planos,

diretrizes, regulamentos e decisões, que expressam a intenção de um governo em

intervir em determinada demanda.

A magnitude do turismo, enquanto atividade de desenvolvimento econômico e

social, a cada dia mais perceptível nas sociedades contemporâneas, envolve os

processos de planejamento e de gestão, tornando-os uma ação complexa,

notadamente quando relacionado com o ambiente heterogêneo e dinâmico dos

sistemas econômicos e sociais que o compõe.

Santa Catarina, por exemplo, constitui um destino turístico destacado no

Brasil e vem constantemente ganhando espaço na mídia nacional. Não por acaso

recebeu pela décima vez (2001, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2015 e

2016), sete dessas consecutivas, o prêmio “O Melhor de Viagem e Turismo” de

"Melhor Destino Turístico do Brasil", pela Revista Viagem e Turismo, da Editora Abril

(SANTUR, 2017).

O Estado de Santa Catarina adotando o discurso da importância da

exploração e do desenvolvimento do turismo para os catarinenses vem investindo

recursos no incentivo a projetos específicos e pontuais, auxiliando a atividade, mas

longe de estabelecer uma agenda governamental de políticas públicas de longo

prazo (FRANÇA JR., 2014).

Tem-se com isso, que as decisões de investimento são tomadas com base no

sentimento empírico de seus administradores, tratando isoladamente a

potencialidade turística natural, muitas vezes reforçando a sazonalidade e deixando

passar despercebidas questões básicas de planejamento público, fundamentais para

o equilíbrio das políticas voltadas ao amplo desenvolvimento da atividade turística.

Neste sentido, insta salientar que quando se almeja o desenvolvimento

econômico e social por meio do turismo deve-se ter em mente que para contribuir

com o fortalecimento de uma região ele deve ser planejado e ordenado para receber

o invólucro de política pública.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

20

As políticas públicas de turismo têm o condão de propiciar o desenvolvimento

harmônico da atividade turística; deste modo o Estado tem a responsabilidade de

organizar uma superestrutura, cujo papel é planejar e controlar os seus

investimentos criando mecanismos que assegurem o retorno em forma de benefícios

à população (BARRETO, 2003).

As estruturas administrativas são importantes para o desenvolvimento do

turismo, mas cabe observar que são elas que ficam mais vulneráveis às mudanças

originadas pela ordem política-eleitoral. Para tanto, a formalização de políticas

públicas desvinculadas das estruturas formais, atreladas a um plano de

desenvolvimento que comprometam a agenda de governo no longo prazo, são as de

melhor resultado econômico e social.

Além da questão da descontinuidade administrativa, constata-se que a

implantação da política de turismo encontra barreiras na incapacidade

governamental em conduzir o processo de planejamento de forma integrada e

articulada com os demais agentes políticos e dentro de uma visão de longo prazo

(SILVEIRA, 2002).

Analisando os trabalhos que foram levantados a partir de varredura realizada

em bases de dados científicas tais como, EBSCO, CAPES, SCOPUS, Web of

Science e Academic Search Complete, envolvendo as temáticas de políticas

públicas de turismo, avaliação de desempenho de políticas públicas de turismo, e

planejamento público, percebe-se que dos principais temas abordados os que tratam

de gestão pública e de governança, como também os que tratam do

desenvolvimento socioeconômico, voltam-se fundamentalmente ao campo teórico

das políticas públicas, abrangendo análises meramente descritivas, deixando uma

lacuna significante para a inserção da discussão sobre medição de desempenho no

campo das políticas públicas voltadas à atividade turística.

A manipulação das variáveis política pública, medição de desempenho e

turismo tendem a facilitar a condução das ações que visam à mudança de uma

situação atual ou inexistente para uma situação factível e almejada, pela aplicação

direta da avaliação da política pública, através de um sólido diagnóstico.

Estas são questões fundamentais na avaliação do conjunto de ações que

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

21

compõem a política de turismo. Pinto (2008) aborda que a teoria do ciclo das

políticas públicas tenta explicar a interação entre intenções e ações, ao mesmo

tempo em que busca desvendar a relação entre o ambiente social, o político e o

econômico, de um lado, e o governo, de outro.

Na amplitude do debate, se apresenta como problema central da pesquisa o

seguinte questionamento:

➢ O turismo em Santa Catarina se desenvolve mediante a elaboração de

políticas públicas que visam fortalecer a atividade turística diante da

potencialidade do Estado?

Tendo origem no problema de pesquisa e considerando que o pressuposto

corresponde à uma espécie de redimensão prévia daquilo que já foi estudado e

comprovado cientificamente, com base no que se propõe neste estudo de tese é

possível asseverar que a pujança dos atrativos turísticos evidenciados no território

catarinense não é correspondida pelos adequados níveis de uma política pública

planejadamente concebida.

A partir da reflexão sobre o pressuposto de pesquisa e para responder o

problema central deste trabalho se revestiu de conhecimento aprofundado sobre

planejamento público, políticas públicas, sistema orçamentário público, diagnóstico e

medição de desempenho, e suas relações com o fenômeno do turismo. Diante de tal

problemática, o estudo apresenta como objetivo geral:

➢ Diagnosticar o desempenho das políticas públicas de turismo estabelecidas no

Estado de Santa Catarina por meio das leis orçamentárias anuais.

Para responder ao objetivo geral da pesquisa, apresentou-se como objetivos

específicos:

a) Analisar as peças orçamentárias e os programas executados pelo Estado, no

período de 2005 a 2016, vinculados a atividade turística;

b) Caracterizar as políticas públicas de turismo implementadas no território

turístico estudado nos últimos doze exercícios consolidados contabilmente;

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

22

c) Compreender a percepção dos gestores públicos sobre o turismo em Santa

Catarina e as políticas de turismo executadas;

d) Construir a medição de desempenho das políticas públicas com base no

planejamento operacional.

A partir dos objetivos da pesquisa vislumbrou-se demonstrar a real situação

da atividade no Estado, de forma que os dados obtidos possam vir a servir de base

para efetivação de novas políticas públicas capazes de melhor aproveitar a

potencialidade turística do território catarinense, alavancar e direcionar o

desenvolvimento do setor, proporcionando maior renda, qualidade de vida, e

oportunidades à população autóctone, assim como maior e melhor satisfação aos

turistas que visitam o Estado.

Para tanto, a presente tese empregou cinco parâmetros basilares, distintos e

complementares, conforme a sua função em relação aos objetivos: pesquisa e

revisão teórica; pesquisa documental e entrevistas com os principais atores

envolvidos no planejamento e desenvolvimento da atividade turística no Estado;

caracterização das políticas públicas implementadas e análise da percepção dos

atores entrevistados; exame documental sobre os investimentos realizados pelas

unidades de gestão que compõem a estrutura governamental catarinense e suas

interferências diretas na atividade turística; e a formalização do diagnóstico.

Metodologicamente este trabalho se configura por um estudo de caráter

quanti-qualitativo, em razão dos aspectos qualitativos que caracterizam as políticas

públicas, agregado a aplicação de entrevistas semiestruturadas, e dos aspectos

quantitativos extraídos do estudo do planejamento público operacional.

O tratamento das informações obtidas pela percepção dos atores públicos foi

confrontado com as ponderações matemáticas dos dispositivos orçamentários do

Estado, notadamente com a Lei Orçamentária Anual (LOA), por ser o elemento

chave do planejamento público operacional, permitindo desta forma estruturar um

diagnóstico fidedigno sobre as políticas públicas de turismo no Estado de Santa

Catarina.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

23

Diante disto, entende-se a relevância e notoriedade deste estudo, em razão

dos seguintes aspectos:

➢ Pela abordagem integrada de políticas públicas, planejamento público e

avaliação de desempenho pelo diagnóstico setorial que poderão servir como

base para futuros estudos e pesquisas científicas que tratam sobre as

políticas públicas; e

➢ Pela inserção da metodologia de medição e seus indicadores, como

ferramenta a ser utilizada para controle e avaliação de políticas públicas.

Ademais, no contexto da investigação, entende-se que a tese se reveste de

caráter teórico-metodológico-prático, tendo em vista que a sua contribuição pode ser

observada:

➢ Na percepção dos gestores sobre a importância da atividade turística para o

Estado e sobre os investimentos realizados na área;

➢ No aprofundamento das discussões conceituais dos temas envolvidos,

sempre tendo como cenário o estudo de políticas públicas de turismo;

➢ Na proposta de gerar um diagnóstico de desempenho das políticas públicas

de turismo;

➢ Na aplicabilidade da análise de desempenho em um território turístico, que na

presente tese corresponde ao Estado de Santa Catarina.

A tese está estruturada em cinco capítulos, o primeiro, a introdução,

apresenta a contextualização do tema, a problematização, os objetivos geral e

específicos, e a relevância e notoriedade do estudo. Explicita-se a justificativa, o

cerne e a estrutura do trabalho.

O capítulo dois aborda o tema políticas públicas envolvendo a sua

conceituação e importância dentro da área das ciências sociais; se demonstra o

processo do ciclo de políticas públicas desde a montagem da agenda, perpassando

pela formulação e tomada de decisão, até a implementação e a avaliação de

políticas públicas; assim como se discorre a respeito do histórico da gestão pública

na área do turismo e sobre as políticas públicas de turismo instituídas no Brasil e no

Estado de Santa Catarina.

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

24

O capítulo três teoriza sobre o planejamento e o processo orçamentário

público. Destaca a importância que o planejamento representa na prática da atuação

da administração pública, em razão dos benefícios que introduz nas organizações,

servindo de base para o ponto de partida da eficiência e eficácia da máquina

pública; e traz o orçamento público como instrumento do planejamento, voltado ao

direcionamento dos investimentos públicos. Ademais expõe as legislações acerca da

orçamentação pública no Brasil, com destaque para a Lei de Responsabilidade

Fiscal que aliada aos preceitos da Carta Magna de 1988 introduziu na gestão

pública a tríade Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei

Orçamentária Anual (LOA), como um conjunto de ferramentas essenciais para o

planejamento e a execução das políticas públicas.

O capítulo quatro discorre a respeito do caminho metodológico percorrido

para o alcance dos objetivos prescritos na presente tese. Aborda-se o diagnóstico

como ferramenta de investigação, a partir do qual é possível se levantar um conjunto

de elementos que subsidiam na compreensão do caso. E traz-se o território turístico

estudado, suas peculiaridades e atrativos, bem como o desenvolvimento da

atividade turística no Estado sob a determinação do programa de regionalização do

turismo, apresentando as suas 12 regiões turísticas.

O capítulo cinco expõe o processo de diagnóstico pelo controle do

planejamento operacional, em que são apresentados os resultados da aplicação de

da análise de regressão linear e correlação em cada uma das contas anuais de

dotação orçamentária e valores liquidados desde 2005 até 2016, a partir do qual foi

possível se realizar a medição do desempenho das políticas públicas em turismo

desenvolvidas no Estado, chegando-se na obtenção de indicadores de diagnóstico

para a área. Faz-se ainda uma abordagem pormenorizada das ações públicas

constantes das LOAs demonstrando os tipos de investimento em cada programa e

se apresenta a análise das entrevistas realizadas com os atores púbicos.

O capítulo seis traz as conclusões finais sobre o estudo, refletindo os

resultados do trabalho e suas contribuições; e apresenta as referências

bibliográficas utilizadas como parâmetro no desenvolvimento da tese, os apêndices

elaborados e os anexos.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

25

2 POLÍTICAS PÚBLICAS

Entender a origem de uma área de conhecimento faz-se necessária para a

compreensão de seus desdobramentos, suas trajetórias e suas perspectivas. As

políticas públicas, presentes em nosso cotidiano, influenciam sobremaneira em

nossa vida, uma vez que norteiam praticamente todas as áreas que vivenciamos,

saúde, educação, lazer, transporte, turismo, segurança, dentre outras, por isso,

compreendê-las é de suma importância para que possamos exercer mais e melhor

nosso papel dentro da sociedade.

O campo das políticas públicas é eminentemente multidisciplinar, possuindo

interfaces com outras áreas do conhecimento, tais como: ciência política,

administração, economia, filosofia, psicologia, sociologia, dentre outras (SOUZA,

2006), de modo que é difícil, se não arriscado, assinalar a área por excelência.

A política pública como área de conhecimento e disciplina acadêmica teve

seu surgimento na América do Norte e na Europa após a II Guerra Mundial, no

intuito dos estudiosos da época em demonstrar as correlações existentes entre os

governos e os cidadãos. Até então os estudos da vida política se voltavam para as

dimensões normativas ou morais dos governos ou para os detalhes de

funcionamento de determinadas instituições políticas. Com o passar do tempo foram

aparecendo novas abordagens de estudo dos fenômenos políticos, algumas com o

foco voltado para o comportamento humano, para a psicologia dos cidadãos, dos

eleitores, dos líderes e liderados; outras, concentrando-se nos traços característicos

das sociedades e das culturas nacionais; e outras ainda, com o foco voltado para a

natureza dos sistemas políticos nacionais e globais (HOWLETT; RAMESH, 2003).

Em sua maioria, o cerne dessas abordagens muda na medida em que os

estudiosos vão experimentando cada uma delas, mesmo que não se tenha

conseguido conhecer a fundo a complexidade do ambiente e suas limitações,

abandonando-as em busca de algo melhor para se compreender a área das políticas

públicas, vislumbrando acompanhar as transformações das sociedades.

Nos Estados Unidos, os estudos envolvendo políticas públicas nasceram

rompendo ou pulando a tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

26

se concentravam mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na

atuação dos governos. Na Europa, a área surgiu como um desdobramento dos

trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das

mais importantes instituições do Estado – o governo, produtor, por excelência, de

políticas públicas. Nos Estados Unidos, ao contrário, esta área surge no mundo

acadêmico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do

Estado, centrando sua ênfase nos estudos sobre a ação dos governos (SOUZA,

2006).

O ano de 1951 consolidou-se como importante marco mundial para o

estabelecimento da área disciplinar dos estudos voltados as políticas públicas,

consideravelmente a partir da publicação de duas obras, a de David B. Truman,

intitulada “The governmental process”, que tratou, pela primeira vez, de forma

abrangente e sistêmica, as estruturas e técnicas que permeiam as políticas públicas,

seus agentes influentes e influenciados, bem como a burocracia que amolda a

administração pública, e a obra de Daniel Lerner e Harold D. Lasswell, “The policy

orientation”, em que Lasswell aborda o interesse pelo estudo da área das políticas

públicas, especialmente no que tange a formulação e a avaliação das ações

públicas concretas (SECCHI, 2010).

No mesmo âmbito, na década de 60, Almond e Verba (1963), deram o

primeiro passo em direção de valorizar a cultura política, partindo de uma

perspectiva comparativa empírica realizada em cinco países (Estados Unidos, Grã-

Bretanha, Itália, Alemanha e México), atribuindo importância a normas e valores

culturais como fundamentais na persistência da democracia.

A trajetória da disciplina, que nasce como subárea da ciência política, abre o

terceiro caminho trilhado pela ciência política norte-americana no que se refere ao

estado do mundo público. O primeiro foi voltado para os estudos nas instituições,

com ênfase a limitar a tirania e a paixão, inerentes à natureza humana; o segundo

viu nas organizações locais a virtude cívica para promover o “bom” governo; e o

terceiro caminho foi o das políticas públicas como ramo da ciência política, para

compreender como e por que os governos optam por determinadas ações (SOUZA,

2006).

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

27

As pesquisas sobre políticas públicas começaram a se estabelecer nos

Estados Unidos no início do ano de 1950, sob a denominação de policy sciense,

enquanto na Europa, especialmente na Alemanha, esta área muito embora já seja

fonte de estudos há anos no território europeu, teve o ápice do seu desenvolvimento

a partir do ano de 1970, com a preocupação voltada para o campo específico da

análise da política, ou seja, a própria definição das políticas públicas, conferindo

destaque para os aspectos dinâmicos do processo político e para os distintos atores

estatais e não estatais (FREY, 2000).

Já no Brasil, os estudos sobre políticas públicas, que teve seu início na

década de 1980, voltaram-se inicialmente sobre a análise das estruturas e

instituições públicas e a dinâmica dos processos de negociação das políticas

setoriais específicas (FREY, 2000).

A construção histórica da agenda de políticas públicas no Brasil pode ser

identificada e dividida em etapas, a qual, a partir da década de 1980, experimentou

um boom, impulsionada pela transição democrática. São três os motivos dessa

expansão:

O primeiro pelo deslocamento na agenda pública; durante os anos de 1970 a agenda pública se estruturou em questões relativas ao modelo brasileiro de desenvolvimento, limitada aos impactos redistributivos da ação governamental e ao tipo de racionalidade que conduzia o projeto de modernização conservadora do regime ditatorial. Em segundo lugar, não obstante o fim do período autoritário constatou-se que os obstáculos à consecução de políticas sociais efetivas continuavam a existir, o que fortaleceu os estudos sobre políticas. A perplexidade e o desencantamento em relação ao Estado levaram ao crescimento do interesse de efetividade da ação pública. Em terceiro lugar, a difusão internacional da ideia de reforma do Estado e do aparelho estatal passou a ser o princípio organizador de agenda pública dos anos de 1980-90, o que provocou uma proliferação de estudos sobre políticas públicas (MELO, 1999, p. 81).

O interesse acerca dos estudos das políticas públicas ainda é bastante

recente no Brasil, e sua ascensão, nos últimos anos, pode ser creditada,

especialmente, às mudanças vivenciadas pela sociedade brasileira, podendo-se

citar aquelas trazidas pelo texto constitucional de 1988 e as advindas da reforma do

Estado. No entanto, a área ainda padece de maiores estudos, especialmente no

tocante aos processos e aos métodos de avaliação, como instrumento de gestão

das políticas públicas, pois os poucos que existem ainda encontram barreiras do

setor público, seja na esfera federal, estadual ou distrital (ARRETCHE,1999).

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

28

Tal fato pode ser considerado em função da alternância de poder determinado

pelo sistema político-partidário brasileiro e pelo desinteresse dos governantes em

manter políticas públicas já formuladas, tendo em vista que cada governo que

assume a administração pública traz as suas próprias agendas sem, contudo, avaliar

se as ações existentes são eficazes e se as novas também o serão. Assim, em cada

novo governo, novas questões ascendem à agenda, enquanto outras são rejeitadas.

Sustentando os argumentos de Melo (1999), Arretche (2003, p. 8) confirma

que a área de políticas públicas no Brasil “se caracteriza por uma baixa capacidade

de acumulação de conhecimento, derivada da proliferação horizontal de estudos de

caso e da ausência de pesquisa”. Assim sendo, essa escassa acumulação do

conhecimento na área de políticas públicas é o primeiro problema a ser superado,

tendo em vista que o que se busca é a construção de um programa normal de

pesquisa que envolva a comunidade de pesquisadores.

Melo (1999) alerta que um dos problemas vivenciados pela área de políticas

públicas consiste na proximidade da área com a burocracia governamental; essa

proximidade tanto pode resultar em trabalhos normativos e prescritivos, como na

possibilidade desses mesmos órgãos governamentais ditarem a agenda de pesquisa

acadêmica, de modo que as engessem, dificultando a sua evolução.

Ao refletir a respeito das pesquisas sobre políticas públicas, Souza (2006),

leciona que os trabalhos realizados ainda abordam temas pouco diversificados e que

na maioria das vezes não dialogam entre si, merecendo atenção a novos temas

ainda pouco explorados, como a questão da própria burocracia governamental,

mudando o foco do estudo dos fracassos, para as questões políticas.

Outra questão que incide sobre a área é o fato das pesquisas voltadas às

políticas públicas serem desenvolvidas a partir de diferentes disciplinas, implicando,

em certa medida, na fragmentação do conhecimento do campo, dada a dificuldade

de construção de patamares teóricos comuns de discussão (MARQUES; FARIA,

2013).

Diante da complexidade da maior parte das políticas públicas, não há como

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

29

negar a sua multidisciplinaridade, pois avança para além do campo do estudo das

políticas públicas em geral recaindo da mesma maneira sobre as políticas sociais.

Deste modo, para a construção de uma teoria geral sobre políticas públicas faz-se

necessária a junção das teorias construídas nos mais diversos campos, como da

ciência política, da sociologia, da economia, da administração pública e de outros,

pois as políticas públicas repercutem diretamente no cotidiano das sociedades, daí

por que uma teoria precisa levar em conta as interrelações existentes entre o

estado, a política, a economia e a sociedade, perpassando pelas mais diversas

áreas.

Discorrendo sobre o desenvolvimento atual da literatura nacional sobre

políticas públicas, Marques e Faria (2013) ponderam que as pesquisas têm

desenvolvido importantes tarefas analíticas que apontam para certos desafios

colocados para o entendimento das políticas no país. Dentre esses desafios se

encontram os estudos recentes acerca dos processos legislativos nas relações entre

executivo e legislativo no funcionamento de nossa democracia atual, o grande

conjunto de análises focadas nos efeitos de formatos institucionais sobre as políticas

públicas no país, e sobre o próprio funcionamento do Estado, a implementação de

políticas e as suas burocracias e estruturas institucionais.

Muito embora não se trate de um corpo de literatura unificado, trabalhos de

várias linhas têm convergido para que possamos compreender melhor os processos

e dinâmicas internos ao Estado, elemento central para superarmos o caráter

ensaístico e genérico que caracterizava o tratamento do Estado na literatura

nacional de políticas há algumas décadas (MARQUES; FARIA, 2013).

Denota-se, assim, que, apesar de a área de pesquisa em políticas públicas no

Brasil ter crescido nos últimos anos, muito ainda há que ser feito para a introdução

desses estudos na formulação das agendas públicas. Contudo, não se pode negar

que as recentes produções acerca das políticas públicas nas mais diversas áreas,

tem trazido um acúmulo substancial de conhecimento a essa área temática quando

comparado há tempos atrás, e contribuído sobremaneira para que possamos melhor

compreender o Estado brasileiro e suas políticas.

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

30

2.1 DIMENSÕES CONCEITUAIS SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS

Dentre as definições concorrentes de políticas públicas, algumas são bem

complexas enquanto outras razoavelmente simples. No entanto todas, de alguma

maneira, concordam, nos seus aspectos básicos, que as políticas públicas são tanto

decisões tomadas pelos governos para manter como também para modificar

determinada ação buscando a resolução de um problema entendido como relevante.

Souza (2007, p. 68) ensina que não existe uma única nem uma melhor

definição sobre o que seja política pública, citando, como exemplos, as definições

trazidas por Mead, Peters, Dye e Lynn acerca das políticas públicas:

Para Mead política pública é um campo dentro do estudo da política pública que analisa o governo à luz de grandes questões; para Peters é a soma das atividades dos governos, que agem diretamente ou por delegação e que influenciam a vida dos cidadãos; para Dye é aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer; e para Lynn é um conjunto de ações do governo que produzirão efeitos específicos.

Já a definição mais clássica de política pública é atribuída à Lowi (1985),

como sendo atos exercidos por autoridade governamental, a fim de influenciar,

alterar, regular, o comportamento individual ou coletivo através de sanções positivas

e negativas. Na perspectiva de Lowi (1985) as políticas públicas são vistas como a

solidificação das intenções do Estado para atingir objetivos coletivos através de

programas e projetos governamentais, tais como o combate à pobreza, a criação de

novos impostos, o controle de epidemias, etc.

As políticas públicas são próprias da política e das decisões do governo e da

oposição. Assim, a política pode ser analisada como a busca para estabelecer

políticas públicas sobre determinados temas, ou de influenciá-las. Por sua vez, um

elemento chave do governo se refere à concepção, à gestão e à avaliação das

políticas públicas (PARADA, 2006).

Neste sentido, é importante fazer uma distinção entre política pública e

decisão política. A primeira envolve mais de uma decisão e requer diversas ações

estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas; já a

segunda corresponde a uma escolha dentre um leque de opções, levando em

consideração a hierarquia das preferências dos atores envolvidos e expressando, de

certa forma, uma adequação entre os fins pretendidos e os meios disponíveis (RUA,

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

31

1998). Deste modo, embora uma política pública implique decisão política, nem toda

decisão política chega a estabelecer uma política pública.

De acordo com Fernandes (2007), em que pese políticas públicas

constituírem em um conjunto de ações desencadeadas pelo Estado, para que sejam

implementadas necessitam de definição e compreensão da estrutura institucional do

Estado. Assim, é preciso vislumbrar o campo das políticas públicas muito além do

aspecto administrativo ou técnico que a envolve; há de se considerar também o seu

aspecto político, uma vez que é dependente de processo decisório exercido pelo

Estado, e este, faz suas escolhas sobre quais áreas atuar, onde atuar, porque atuar

e quando atuar, geralmente, levando em consideração os interesses dos mais

diversos grupos sociais.

Lamounier (1982), por sua vez, dividiu a compreensão de políticas públicas

de duas formas, na qual em primeiro plano se deve entender a dimensão técnico-

administrativa que a compõe e, assim, verificar sua eficiência e resultado prático; e

em segundo plano reconhecer que toda política pública é uma forma de intervenção

do Estado, e que esse processo decisório se dá por força de interesses e

expectativas sociais.

E nesse aspecto da negociação de interesses e da intermediação do Estado

em relação às demandas da sociedade, entram como atores os diversos setores da

sociedade civil, ora organizados como entidades, ora como movimentos sociais, ora

como partícipes nos diversos instrumentos colocados à disposição da sociedade.

Para Couto (2005), política pública é tudo aquilo que o Estado produz como

resultado de seu funcionamento ordinário. Deste modo, a produção de políticas

públicas depende, ao mesmo tempo, tanto da política competitiva, como da política

constitucional, sendo que esta define duas coisas: primeiro o parâmetro de

competição em que a política pode se desenvolver e, na sequência, os conteúdos

legítimos das políticas públicas realizadas como desfecho do jogo político,

determinando os programas de ação governamental iniciados, interrompidos,

alterados ou que têm prosseguimento.

No entender de Kingdon (2003), as políticas públicas podem ser

compreendidas como ideias que nascem de diversas fontes e atores, não sendo

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

32

ideia original de um único ator e de um único lugar, assim sendo, o que explica a

proeminência de um assunto na agenda governamental é o clima no governo ou a

receptividade da ideia, independentemente da sua fonte.

Partindo desses ensinamentos, pode-se definir políticas públicas como

planos, diretrizes, regulamentos, normas e, notadamente, decisões, que expressam

a intenção do poder público em intervir em determinada demanda. A política pública

é, na sua forma mais simples, uma decisão tomada pelo governo em empreender

um determinado curso da ação ou em manter o seu status quo.

A política é o conjunto de procedimentos formais e informais que expressam

relações de poder e se destinam à resolução pacífica de conflitos, e são públicas

quando envolvem a alocação de valores ou bens públicos e se revestem de

autoridade soberana do poder público (RUA, 1998).

Segundo Secchi (2010, p. 02) “qualquer definição de política pública é

arbitrária”, uma vez que não existe um consenso na literatura especializada sobre

respostas básicas que influenciam diretamente no entendimento da questão, como

saber se são consideradas como políticas públicas somente aquelas elaboradas por

atores estatais ou se também por atores não-estatais; se as omissões ou

negligencias também podem ser consideradas políticas públicas; e se apenas as

diretrizes de nível estratégico são políticas públicas ou se também as são as de

diretrizes operacionais.

Neste sentido, duas correntes se apresentam, a de abordagem estatista, que

defende as políticas públicas como ações de monopólio de atores estatais, e a de

abordagem multicêntrica, em que as políticas públicas são exercidas conjuntamente

com outros entes não estatais, como organizações privadas, organismos

multilaterais, redes de políticas públicas, dentre outros. A diferença está no

entendimento do adjetivo “pública”, pois no primeiro caso, se refere as ações

exercidas por atores estatais, ou seja, a tomada de decisão é exclusiva do Estado, e

no segundo, público é o problema que se tem a enfrentar, assim independe quem

vai ser o autor a implementá-la (SECCHI, 2010).

Nesse aspecto, o entendimento a ser seguido no presente trabalho é o da

corrente de abordagem estatista, uma vez que se entende que o problema a ser

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

33

tratado como política pública deve ser admitido e inserido em agenda

governamental.

Não resta dúvida que o problema público é um problema de todos, devendo

ter a participação da sociedade, dos organismos não governamentais, da academia,

dos estudiosos da área, na definição da necessidade a ascender à agenda

governamental e no seu enfrentamento, contudo política pública, embora possa

sofrer a influência de atores não estatais na definição da agenda, depende da

atuação soberana do Estado para ser implementada.

Cabe destacar que a política é frequentemente vista como o conjunto de

atividades inerentes à administração pública, no entanto não é desempenhada

exclusivamente pelo Estado, sendo exercida aos mesmos modos pela sociedade.

Contudo, enquanto a política pode ser desempenhada pela sociedade, a política

pública é ação exclusiva do Estado (DIAS, 2003). Deste modo, um assunto se

transforma em política pública, quando sua proeminência é reconhecida pelos

governantes.

O processo de formulação de políticas públicas deve envolver atores da

sociedade e do governo; a sociedade possui papel fundamental na identificação dos

problemas a serem trabalhados, pois os vivenciam diretamente e reconhecem as

suas necessidades, além de elegerem as pessoas que representarão o governo e

colocarão essas ações em prática; o governo, por sua vez, tem a função de analisar

as demandas da sociedade e eleger as de maior interesse público. Deste modo, não

há como separar a sociedade e o governo, pois ambos possuem papel fundamental

para a elaboração de políticas públicas.

É importante observar que as políticas públicas não ficam restritas aos

anseios da sociedade civil, pois abrangem aspectos econômicos da coletividade

advindos de diferentes setores da economia, sendo necessária a intervenção do

Estado na coordenação e organização da agenda, de modo que não haja conflito de

interesses.

A coordenação pelo Estado dos diferentes setores é necessária em todos os

campos do governo, pois serve para otimizar a aplicação dos recursos advindos das

diversas entidades governamentais, bem como dos investimentos do setor privado,

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

34

evitando a duplicidade de fundos em uma mesma ação e servindo de parâmetro

para estratégias mais eficientes (HALL, 2004).

Partindo da conjetura de que as políticas públicas são implementadas pelo

governo, o qual define o que é relevante para ser trabalhado, passa-se a discorrer

acerca do processo que envolve a elaboração de políticas públicas, o ciclo de

políticas púbicas.

2.2 O CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

O processo de elaboração de políticas públicas (public policy-making) é

também chamado de ciclo de políticas públicas (policy cycle). O ciclo de políticas

públicas é um esquema de visualização e interpretação que organiza a vida de uma

política pública dentro de visão sistêmica, em fases sequenciais e interdependentes.

Um dos meios mais populares de facilitar os estudos das políticas públicas

consistiu em simplificar o processo de elaboração da política desdobrando-o numa

série de estágios e subestágios discretos. A sequência resultante de estágios é

referida como o ciclo de políticas públicas. Essa simplificação tem suas origens nos

primeiros trabalhos sobre a análise de políticas públicas, realizado por Lasswell em

1956, mas recebeu tratamento relativamente diferente nas mãos de diversos outros

autores (HOWLETT; RAMESH, 2003).

Lasswell dividiu o processo de uma política em sete estágios, os quais, a seu

ver, delineavam não apenas como as políticas públicas eram de fato elaboradas,

mas como elas deveriam ser elaboradas: (1) informação, (2) promoção, (3)

prescrição, (4) invocação, (5) aplicação, (6) término e (7) avaliação. O processo de

uma política começava com a reunião de informações, ou seja, a coleta, o

processamento e a disseminação de informações para aqueles que participam no

processo de decisão. E daí ele seguia para a promoção das opções particulares

pelos envolvidos na tomada de decisão. No terceiro estágio, os tomadores de

decisão de fato prescreviam um curso de ação. No quarto, o curso de ação prescrito

era invocado, na medida em que se desenvolvia um conjunto de sanções para

penalizar aqueles que não cumpriam as prescrições dos tomadores da decisão. A

política era então aplicada pelas cortes e pela burocracia e corria seu curso até

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

35

chegar ao término ou ser cancelada. Finalmente, os resultados da política eram

apreciados ou avaliados contra os alvos e objetivos dos tomadores de decisão

originais (HOWLETT; RAMESH, 2003).

Embora não haja um consenso na literatura acerca do número de fases que

compõem o ciclo de políticas públicas, parte dos autores utiliza como base o modelo

proposto por Lasswell.

Uma versão mais simples do ciclo da política foi desenvolvida por Gary

Brewer, em 1974, dividindo o processo da política em seis estágios apenas: (1) a

invenção/iniciação, (2) a estimativa, (3) a seleção, (4) a implementação, (5) a

avaliação e (6) o término. Na visão de Brewer, a invenção ou iniciação referia-se ao

primeiro estágio da sequência, quando um problema seria inicialmente sentido. Ele

argumentava que este estágio se caracterizaria por uma definição imperfeita do

problema e sugeria soluções para isso. O segundo estágio, da estimativa, dizia

respeito ao cálculo dos riscos, custos e benefícios associados a cada uma das

várias soluções apontadas no estágio inicial, o que envolveria tanto uma avaliação

técnica quanto opções normativas. O objetivo deste estágio era reduzir a gama de

opções plausíveis pela exclusão das que fossem inviáveis e, de alguma forma,

ordenar as opções remanescentes em termos de preferência. O terceiro estágio

consistia em adotar uma, ou nenhuma, ou uma combinação das soluções restantes,

depois de terminar o estágio da estimativa. Os três últimos estágios compreendiam a

implementação da opção selecionada, a avaliação dos resultados de todo o

processo e o encerramento da política, consoante as conclusões obtidas por sua

avaliação. (HOWLETT; RAMESH, 2003).

O modelo desenvolvido por Brewer (1974), do processo político, aperfeiçoou

o trabalho pioneiro de Lasswell e inspirou o desenvolvimento de várias outras

versões do ciclo de políticas públicas, sendo que as mais conhecidas apareceram

nos trabalhos de Charles O. Jones (1984), James Anderson (1984) e Kingdon

(1984). Cada um deles trazia interpretações ligeiramente diferentes sobre os nomes,

o número e a ordem dos estágios no ciclo. A tabela 1 demonstra a lógica do modelo

proposto por Brewer (1974), a mesma seguida pelos demais autores.

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

36

Tabela 1: Cinco estágios do ciclo da política pública e sua relação com a

resolução aplicada de problemas

RESOLUÇÃO APLICADA DE PROBLEMAS ESTÁGIOS DO CICLO DA POLÍTICA

1. Reconhecimento do problema 1. Montagem da agenda

2. Proposta de solução 2. Formulação da política

3. Escolha da solução 3. Tomada de decisão

4. Efetivação da solução 4. Implementação da política

5. Monitoração dos resultados 5. Avaliação da política

Fonte: (HOWLETT; RAMESH, 2003, p. 13-14).

No modelo acima exposto, a montagem da agenda se refere ao processo pelo

qual os problemas chegam à atenção dos governos; a formulação da política diz

respeito ao modo pelo qual as opções de políticas são formuladas dentro do

governo; a tomada de decisão é o processo pelo qual os governos adotam um curso

particular de ação ou de não ação; a implementação de uma política trata de como

os governos efetivamente põem as políticas em prática; e a avaliação da política se

refere aos processos pelos quais tanto os atores do estado como os da sociedade

monitoram os resultados das políticas, podendo decorrer daí a reconceituação dos

problemas e soluções político-administrativos.

É na montagem da agenda que se definem os problemas que serão foco de

ação governamental. Muito embora os problemas, maioria das vezes, sejam

assumidos como indiscutíveis pelos governos, os meios e os mecanismos por meio

dos quais eles são reconhecidos como alvos de ação governamental não são de

forma alguma simples. As demandas surgem de atores diversos e se originam de

várias maneiras, motivo pelo qual devem se submeter a um processo antes de

serem consideradas e implementadas. A formação da agenda é o primeiro desses

processos.

A agenda é a lista de assuntos ou problemas aos quais oficiais do governo e

pessoas fora do governo, mas associadas a esses governantes, estão considerando

seriamente em um momento específico (KINGDON, 2003).

De acordo com Capella (2004, p. 9), a agenda corresponde ao “conjunto de

questões relevantes na mídia, na opinião pública, ou dentro do governo, durante um

período de tempo”. E o processo pelo qual as ideias disputam para ganhar espaço,

chamando a atenção da mídia, do público e do governo, é denominado de agenda

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

37

setting, ou seja, construção da agenda.

A formação da agenda é determinante no processo político e interfere no seu

resultado:

O que acontece nesse estágio inicial tem um impacto decisivo em todo o processo político e seus resultados. A maneira e a forma em que os problemas são reconhecidos – se é que são de algum modo, pelo menos reconhecidos – são determinantes fundamentais de como eles serão, enfim, tratados pelos decisores de políticas públicas (HOWLETT; RAMESH, 2003, p. 121).

É certo que é impossível para os governantes concentrarem suas atenções

em todos os problemas existentes na sociedade, bem como atenderem a todos os

pleitos, dado que estes são abundantes e os recursos necessários para solucioná-

los, infelizmente, escassos; por isso, é necessário que se estabeleçam quais

questões serão tratadas, quais serão priorizadas, dentre tantas que estão

concorrendo por atenção (KINGDON, 2003).

Neste sentido, a formação da agenda é vista por Kingdon (2003) como a

limitação de uma gama de problemas que potencialmente poderiam ocupar um lugar

de destaque. Dentre todos os grupos de assuntos ou problemas concebíveis para os

quais governantes poderiam dar atenção, eles de fato atentam para alguns, em vez

de outros. Deste modo, o estabelecimento da agenda se estreita para o grupo de

assuntos concebíveis que se tornam o foco da atenção.

Em sua essência, a agenda é o espaço no qual são estabelecidos quais

problemas, assuntos ou demandas que os decisores de políticas públicas pretendem

tratar, ou são impulsionados a tratar, em um determinado momento. Essas questões

que se transformam em agenda são fruto das aspirações da sociedade, contidas e

codificadas em termos de decisão política.

Segundo Howlett e Ramesh (2003), essas demandas são vistas como

símbolos e estatísticas, tanto reais como artificiais, e usadas para dar base ao

entendimento que se tem das causas do problema. Assim,

Símbolos antigos e contemporâneos são descobertos ou criados para cada qual defender seu caso. Estatísticas convenientes são reunidas para sustentar o caso em jogo. Nessas estatísticas – como sabem muito bem os policy-makers – acha-se o que se procura (HOWLETT; RAMESH, 2003, p 122).

Neste ínterim, a agenda é formada, levando-se em consideração vários

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

38

fatores, como, por exemplo, vontade política, mobilização popular, influência dos

diversos atores envolvidos no processo político e sensibilização destes quanto ao

problema a ser enfrentado.

Entender a montagem da agenda é compreender de que forma as demandas

são geradas pelos formuladores de políticas e como são respondidas pelo governo e

vice-versa, assim como entender as condições sobre as quais essas ideias surgem

e são articuladas no processo político.

Superada a fase de construção da agenda, cabe à administração pública

colocar em prática a política elegida, ou seja, implementar a decisão, momento este

em que o estabelecimento e a escolha do problema são transformados em atos.

O problema reconhecido no caminho da agenda política e transformado em

proposta se torna, então, decisão prática. Esse é o estágio da implementação no

processo do ciclo político; processo por meio do qual programas ou políticas são

executados, ocorrendo a transformação de planos em prática (HOWLETT,

RAMESH, 2003).

Para Frey (2000), a implementação é uma das fases do ciclo da política

pública, tradicionalmente dividido em: formulação, implementação e controle dos

impactos da política. Neste sentido, o autor considera o processo de implementação

como uma fase precedente à formulação, que produz do mesmo modo resultados e

impactos na política.

Segundo Silva e Melo (2000, p. 4), existem duas visões tradicionais sobre o

processo de implementação, a visão clássica e a visão simples. Na visão clássica a

implementação “corresponde à execução de atividades que permite que ações

sejam implementadas com vistas à obtenção de metas definidas no processo de

formulação das políticas”. Baseada em diagnósticos e sistema de informações, na

fase de formulação da política são definidas as metas, os recursos e a atividade

temporal do planejamento. Definidos esses parâmetros, pode-se aferir a eficiência

dos programas ou das políticas e o seu grau de eficácia.

Essa visão clássica da implementação não considera o ciclo político como um

processo e tampouco os seus efeitos retroalimentadores sobre a formulação da

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

39

política. A implementação é entendida, de acordo com Silva e Melo (2000, p. 5),

“como um jogo de uma só rodada onde a ação governamental, expressa em

programas ou projetos de intervenção, é implementada de cima para baixo (top

down)”.

Já na visão simples, a implementação é compreendida como um processo do

ciclo político. Embora os autores considerem essa visão um avanço em relação à

visão clássica, eles ressaltam que ela está assentada em premissas equivocadas,

conferindo importância excessiva ao processo de formulação em detrimento dos

outros. Os problemas de implementação são entendidos como “desvios de rota”

(SILVA; MELO, 2000, p. 6).

Prosseguindo, os autores afirmam que essa visão simplificada da fase da

implementação pressupõe uma visão ingênua e irrealista do funcionamento da

máquina estatal, que aparece como um “mecanismo operativo perfeito”, sendo

possível assegurar a fidelidade da implementação ao desenho proposto inicialmente.

Essa visão hierárquica da burocracia pública como correspondente ao ideal weberiano é francamente idealizada. Ela está ancorada em policy environment caracterizado por informação perfeita, recursos ilimitados, coordenação perfeita, controle, hierarquia, clareza de objetivos, enforcement de regras perfeitas e uniformes, linhas únicas de comando e autoridade, além de legitimidade política e consenso quanto ao programa ou política. (SILVA; MELO, 2000, p. 8).

Na prática, entretanto, sabe-se que não é assim que funciona a administração

pública, rodeada de vícios, negociatas e divergências. Em vez de perfeita

informação, recursos ilimitados, controle e hierarquia, clareza de objetivos e

consenso, a fase da implementação de uma política pública depara-se com falhas

de comunicação, falta de recursos, ambiguidade de objetivos, problemas de

coordenação e interesses diversos.

Ademais, no decorrer da fase de implementação, comumentemente, a política

passa por modificações, quer seja por detecção de erro formal, quer seja por

interesse de grupos. A fase de implementação que envolve regras, decretos e leis é

vista como instável pelos planejadores de políticas públicas, em que dificilmente

uma proposta é posta em prática exatamente da maneira como se planejou.

Diante disto, Kingdon (2003) afirma que a viabilidade de uma política pública

está altamente envolvida com sua implementação. Para que uma questão seja posta

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

40

em prática, ela deve ser técnica e financeiramente viável e aceitável tanto pela

comunidade política quanto pela pública, além de gerar consenso entre

formuladores, implementadores e grupos de interesse. Nesse caminho, alguns

programas acabam sendo descartados, quando verificado que não atingirão suas

metas. Propostas que satisfaçam critérios melhoram as suas chances de

sobrevivência.

Destarte, a implementação pode ser mais bem representada como um jogo

entre implementadores, em que papéis são negociados, os graus de adesão ao

programa variam e os recursos entre atores são objetos de barganha (SILVA;

MELO, 2000). Assim, a fase da implementação, que via de regra, poderia ser

entendida como simples execução de dada ação, acaba sendo marcada pela

imprevisibilidade e pelas renegociações, permitindo a ocorrência de mudanças de

rumo na política delineada.

É necessário averiguar se aquilo que está sendo pensado/ implementado

como política pública consegue, de fato, atingir o seu maior objetivo, que é a

utilidade pública. Para tanto, o mecanismo de avaliação é elemento-chave para a

produção de feedback das fases anteriores do ciclo.

A avaliação é a fase do ciclo de políticas públicas em que o processo de

implementação e o desempenho da política pública são checados, com o intuito de

conhecer o caminho que a política tomou e saber se seus resultados são

satisfatórios na redução do problema que a gerou. É nesta fase que se definem os

critérios, os indicadores e os padrões que possam servir como base para as

escolhas ou julgamentos que se fizerem necessários (SECCHI, 2010).

É o processo de avaliação o meio de análise mais apropriado para se ter um

feedback da política implementada. É nessa fase que se consegue observar de

forma critica os parâmetros entre as consequências pretendidas e aquelas

efetivadas e detectar as disparidades entre as metas e os resultados pretendidos

(CASTRO, 1989).

A avaliação de políticas pode ser uma atividade que obtém, combina e

compara dados de desempenho com um conjunto de metas; pode responder às

questões sobre eficácia e efetividade dos programas com a finalidade de julgar e

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

41

informar; e pode detectar falhas e aferir méritos dos programas no decorrer da sua

elaboração ou implementação, a fim de permitir a correção ou a confirmação de

rumos (FARIA, 2007).

O propósito da avaliação é o de orientar os tomadores de decisão na

condução dos rumos da política implementada, servindo como referência quanto à

continuidade, à necessidade de correções ou mesmo à suspensão de uma

determinada política ou programa (COSTA; CASTANHAR, 2003).

A avaliação pode ser entendida como um processo transversal a toda a

política. Implica a definição da finalidade, da metodologia, e como o processo de

análise pode produzir informações válidas sobre o desempenho da política e

consequente tomada de decisão com relação a possíveis modificações,

continuidade ou exclusão de uma política ou programa público. Tendo ainda a

particularidade de que permite aos governos aprender sobre as consequências de

suas ações, para poder decidir sobre determinada política, ajudando também a

administração pública a melhorar ou modificar a formulação, a concepção e a

implementação das políticas (MAGGIOLO; PEROZO MAGGIOLO, 2007).

No entanto, é preciso tomar cuidado na definição da avaliação, pois para a

maioria dos observadores leigos, ela transmite uma conotação de simples critério

econômico, mas, essencialmente, avaliação é uma técnica muito mais abrangente,

consiste em qualquer processo que procura ordenar preferências (HALL, 1992).

A definição de Hall (1992) é perspicaz, uma vez que muitas definições

restringem a palavra à fase do que ocorreu após a implementação da política

pública, no entanto, a avaliação pode ser realizada anteriormente a sua

implementação, no decorrer desta, como também após, servindo como uma

ferramenta de transformação da administração pública, útil a desenhar ou modificar

políticas.

Corroborando, Costa e Castanhar (2003) apontam a distinção do processo de

avaliação em três fases: ex ante, aquela realizada anterior à implementação da

política pública, in itinere, aquela realizada durante o processo de implementação

para fins de ajustes imediatos, e ex post, aquela realizada posteriormente a

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

42

implementação da política pública. Cada uma delas, a seu tempo, serve de medida

para a efetivação, a reestruturação ou a extinção da política.

Assim, pode-se determinar a fase de avaliação como aquela que aprecia a

efetividade de uma política pública em termos das intenções percebidas e de seus

resultados. A intensidade ou profundidade com que é feita a avaliação depende

daqueles que solicitam a sua iniciação e/ou daqueles que se comprometem com ela

e o que eles pretendem fazer com os resultados obtidos.

Uma vez que a necessidade de direcionar um problema público é

reconhecida, várias soluções possíveis são consideradas, e algumas dentre estas

são selecionadas e colocadas em prática, e o governo, então, através da avaliação

verifica a melhor ação a ser implementada ou acompanha o seu andamento. Ao

mesmo tempo, vários membros interessados dos subsistemas políticos e do público

estão engajados em suas próprias avaliações dos trabalhos e dos resultados da

política de forma a expressar apoio ou oposição à política, ou a demandar mudanças

nela (HOWLETT; RAMESH, 2003).

No entanto, apesar da preocupação normativa com a avaliação da política

pública, ela tem surgido de forma singular e subjetiva, sem o estabelecimento de

dispositivo que lhe apresente um parâmetro de valor. É neste contexto que se

entende fundamental a avaliação realizada através do diagnóstico dos investimentos

na área do turismo em Santa Catarina, proporcionando à política pública sobre o

turismo níveis de alcance de utilidade e resultado para a sociedade.

A fase de avaliação no ciclo das políticas públicas é demasiadamente

importante, pois produz informações que podem ser utilizadas já antes da definição

de um programa a ser colocado em prática na solução de um problema,

oportunizando aos tomadores de decisão, escolher sempre o melhor caminho para a

efetividade de uma política, pugnando sempre pela eficiência administrativa e

econômica da ação pública, além, claro, de ser um forte instrumento de correção de

falhas, saneamento de erros e definição de novos rumos.

Dito isto, vislumbra-se o diagnóstico no processo de avaliação de políticas

públicas de turismo, como forma de propiciar aos gestores públicos uma ferramenta

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

43

de utilidade de análise de ação, em que se pode segundo os resultados obtidos

questionar, alterar, modificar ou manter a sua ação.

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO

O turismo vem se solidificando no Brasil e no mundo como importante

atividade socioeconômica, exibindo altas taxas de crescimento e contribuindo para o

desenvolvimento econômico e social da localidade em que se insere. Desempenha

um papel fundamental na criação de oportunidades de trabalho e ajuda a construir

pontes entre pessoas e culturas diferentes. O processo de crescimento do turismo

despertou no setor público a necessidade de fomentar políticas de regulamentação e

de incentivos para a atividade turística.

Em 2016, o setor do turismo contribuiu com US$ 7,6 trilhões para a economia

global, correspondendo a 10,2% do PIB mundial. Também gerou um total de 292

milhões de empregos, o que significa que uma em cada dez pessoas trabalham no

setor turístico atualmente (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017).

Pelo sexto ano consecutivo, o crescimento da atividade turística superou o

da economia global, mostrando a resiliência do turismo em face da incerteza

geopolítica global e a sua volatilidade econômica. As viagens internacionais tiveram

aumento significativo, atingindo 1,2 bilhão em 2016, 46 milhões a mais que em 2015,

com expectativa de crescimento para 1,8 bilhões de turistas até o ano de 2030

(WORLD ECONOMIC FORUM, 2017).

Na Europa diversos países se sobressaem como receptivos de turistas,

possuindo um ambiente favorável para o desenvolvimento da atividade e facilitando

as viagens à sua nação, ao mesmo tempo promovendo o seu patrimônio natural e

cultural e garantindo aos viajantes uma experiência gratificante, com destaque para

Espanha (1º), França (2º), Alemanha (3º), Reino Unido (5º), Itália (8º), Áustria (12º),

e Portugal (14º) que ocupam os primeiros lugares no Ranking Mundial de

Competitividade de Turismo, produzido pelo Fórum Econômico Mundial, divulgado

em 2017 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017).

O Fórum Econômico Mundial tem envolvido líderes mundiais em viagens e

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

44

turismo, nos últimos 11 anos, para realizar uma análise aprofundada do setor em

136 economias em todo o mundo, avaliando o potencial da atividade turística em

gerar benefícios econômicos e sociais. O estudo tem por objetivo fornecer

ferramentas estratégicas capazes de medir, através de 14 pilares e 90 indicadores

individuais, o conjunto de fatores e de políticas que possibilitam o desenvolvimento

sustentável do setor, servindo de base para o desenvolvimento e a competitividade

de um país. De acordo com o relatório divulgado em 2017, o Brasil aparece na 27º

colocação no ranking de economias mais competitivas do turismo, sendo o primeiro

da América do Sul na lista (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017).

No contexto da América Latina o México é concorrente direto com o Brasil e

se encontra melhor posicionado no ranking apresentado pelo Fórum Econômico

Mundial (2017), ocupando a 22ª posição. Assim como o Brasil, o México destaca-se

no quesito recursos naturais (2º), e tem apresentado importante crescimento em

índices como tecnologia (30º) e dimensão cultural (10º), todavia, em relação a

segurança, o país também deixa a desejar (113º).

Na comparação de receptivo de turistas internacionais, o México é o país que

mais atrai turistas dentre os países latino-americanos, com fluxo girando em torno

dos 35 milhões de chegadas no ano de 2016, enquanto o Brasil recepcionou cerca

de 6,6 milhões no mesmo ano, conforme dados da Organização Mundial do Turismo

(MTur, 2017). A proximidade do México com os Estados Unidos contribui para essa

classificação, na qual 80% dos turistas são de origem norte-americana. Enquanto no

Brasil os maiores fluxos de turistas internacionais são oriundos dos países do

MERCOSUL, com destaque para Argentina, com 2,1 milhões de visitantes no ano

passado (MTur, 2017).

Os investimentos para a Copa das Confederações, Copa do Mundo e para as

Olimpíadas ajudaram o Brasil a saltar no Ranking Mundial de Competitividade de

Turismo da 51ª posição em 2013 para a 27ª posição em 2017. Segundo dados do

Fórum Econômico Mundial (2017), o Brasil ocupa atualmente o 1º lugar do mundo

no quesito recursos naturais e paisagísticos e o 8º lugar na dimensão cultural;

melhorou em itens como infraestrutura para atendimento ao turista (28º), preços e

portos (39º) e conectividade aérea (40º). Contudo, em quesitos como ambiente de

negócios (129º), priorização do governo ao turismo (133º), tecnologia (79º), abertura

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

45

internacional (136) e segurança (106º), o país ainda aparece bastante recuado. O

ranking demonstra a potencialidade que o Brasil possui para o incremento da

atividade turística ao mesmo tempo em que aponta a falta de políticas públicas

voltadas para a atividade no país, reflexo da ineficácia do sistema legal, da

burocracia e dos impostos elevados, além da ineficiência de outras áreas e serviços

básicos ao cidadão.

Os desafios enfrentados pelo setor do turismo só podem ser abordados com o

apoio do governo, quer seja na definição de diretrizes, na obtenção de investimentos

e apoio ao setor, quer seja nas parcerias público-privadas, por conseguinte, resta

evidenciada a importância da definição dessas ações mediante a elaboração de

políticas públicas.

As políticas públicas de turismo compreendem o direcionamento dado pelos

governos para o desenvolvimento da atividade turística, após ter consultado os

representantes do setor turístico e da sociedade (LOHMANN; PANOSSO NETO,

2008). Para tanto a gestão pública precisa estar estruturada para atuar no

planejamento e controle da atividade.

Notadamente, as políticas públicas constituem-se como instrumento

indispensável ao desenvolvimento da atividade turística. Neste sentido é importante

destacar o papel regulador do setor público – governo federal, estadual, municipal

ou regional – intervindo no estabelecimento de políticas públicas que regulem o

mercado com incentivos e restrições, de modo tal que sejam mantidas as condições

adequadas de fomento da competitividade, sem prejuízo do desenvolvimento

turístico local.

As políticas públicas de turismo são a base para o desenvolvimento da

atividade de forma organizada, contínua e sustentável, minimizando os impactos

negativos que a atividade realizada sem planejamento e controle acaba por gerar,

como por exemplo, a poluição, a especulação imobiliária, a ocupação desordenada

do espaço, a taxação de mercadorias e serviços, a exclusão da sociedade

autóctone, a perda da cultura local, dentre outros. Grande parte dos impactos

negativos que são atribuídos ao turismo decorrem da falta de políticas púbicas

voltadas a prevenção desses aspectos.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

46

Definidas como ações que o Estado executa para atender às necessidades

de toda população, as políticas públicas sofrem a influência de “características

econômicas, sociais e culturais da sociedade, assim como pelas estruturas formais

do governo e outras características do sistema político”. Assim, a elaboração de

políticas envolve ambientes econômicos, físicos, sociais e políticos em um processo

de ação e reação ao longo do tempo (HALL, 2004, p. 101).

Numa visão Estado-centrista, a política pública de turismo são intervenções

conscientes, intencionais, formais, racionais e estratégicas realizadas a partir do

Estado, ou sob a coordenação deste, visando intervir num determinado sistema

turístico (local, regional, estadual, nacional), buscando direcionar seu crescimento no

sentido de beneficiar toda sociedade numa perspectiva sustentável (DIAS; MATOS

2012). O papel do Estado se torna fundamental, procurando corrigir suas falhas e

reforçando seus aspectos positivos.

É preciso ter em mente que o sistema turístico, de qualquer nível que possa

ser considerado (local, regional, estadual ou nacional) é um sistema aberto e que

está permanentemente sujeito a influências externas (econômicas, sociais,

institucionais, etc.). Deste modo, as políticas públicas de turismo devem levar em

consideração não apenas o desenvolvimento da atividade turística, mas também as

dinâmicas da localidade em que a atividade é desenvolvida e o bem da coletividade,

estando articulada com as demais políticas públicas dos diversos setores que direta

ou indiretamente se relacionam com o setor turístico.

As políticas públicas de turismo são de extrema importância como

instrumento norteador do processo de planejamento, pois há uma intrínseca relação

entre o planejamento governamental e a política pública. O planejamento público do

turismo é, por sua vez, uma espécie de resposta do poder público aos efeitos

indesejados do desenvolvimento do setor (HALL, 2004).

Assim sendo, vislumbra-se que este estudo acerca das políticas públicas de

turismo implementadas pelo Estado de Santa Catarina, realizado a partir do

diagnóstico das peças orçamentárias da área do turismo, sirva de parâmetro para

que futuras ações públicas sejam planejadas e implementadas com base em uma

metodologia específica e bem coordenada, visando qualificar, ampliar, melhorar e

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

47

fortalecer ainda mais o desenvolver da atividade turística, evitando ações isoladas e

segmentadas e os impactos negativos que o turismo sem planejamento ocasiona.

2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO NO BRASIL

A história das políticas públicas de turismo no Brasil e, consequentemente a

evolução da área no país, ocorreu de forma tardia se comparada a outros países e,

ainda hoje, é bastante incipiente. Salientando esse atraso, Cruz (2002) destaca que

a importância das políticas públicas de turismo foi negligenciada no Brasil ao longo

dos tempos, tanto por parte do Estado, que deixou de criá-las e implementá-las,

quanto por parte dos estudiosos e pesquisadores da área, que não se preocuparam

em desenvolver trabalhos sobre essa temática.

Observa-se através de uma análise histórica da atividade turística no país que

sua gestão, até o ano de 1996, foi conduzida por ações e projetos fragmentados e

descontínuos, que visavam objetivos de curto prazo no mercado interno (CRUZ,

2000; FRATUCCI, 2008).

As primeiras normatizações no contexto do turismo brasileiro surgiram no final

de década de 1930, especificamente no ano de 1938, com a criação do Decreto-Lei

n. 406, regulamentado pelo Decreto n. 3.010 do mesmo ano, o qual estabelecia

autorização governamental para a atividade de venda de passagens áreas,

marítimas e rodoviárias, o funcionamento de agências de viagens e o controle de

entrada e saída de estrangeiros no país. Esse decreto partiu da insegurança da

aproximação do Brasil com os Estados Unidos e o início da Segunda Guerra

Mundial, no intuito de controlar a entrada no país de estrangeiros indesejáveis e

manter a segurança nacional.

Um ano após, em 1939, instituiu-se o Decreto-Lei n. 1.915 criando o

Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), dentre as quais tinha por finalidade

superintender, organizar e fiscalizar os serviços de turismo interno e externo, e

criando a Divisão de Turismo, sendo considerado como o primeiro organismo

público federal voltado à administração da atividade turística, com destaque a

promoção internacional do Brasil (DIAS, 2003).

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

48

Com o passar dos anos foram surgindo novas legislações com o escopo de

organizar o setor turístico no Brasil, momento em que o governo federal passou a

regulamentar a atuação de diferentes agentes privados envolvidos com o turismo,

tendo em vista o potencial econômico da atividade. Em 1940, o Decreto-Lei n. 2.440

foi criado para regulamentar o funcionamento e a atuação das empresas e agências

de viagens no país, prevendo autorização prévia do DIP para a realização de

viagens coletivas e excursões.

No ano de 1946, o setor de Divisão de Turismo foi extinto, sujeitando às

agências de viagens ao registro no Departamento Nacional de Imigração e

Colonização, órgão que assumiu a administração do setor turístico no país. Ainda no

ano de 1946, através do Decreto n. 9.125 foram proibidos no país os chamados

jogos de azar, acarretando no fechamento dos casinos existentes a época e,

consequentemente, no fechamento dos hotéis em que eles funcionavam,

impactando também num crescimento significativo de desemprego no país.

Em 1958, foi criada a Comissão Brasileira de Turismo (COMBRATUR),

mediante Decreto-Lei n. 44.863, representando o primeiro esforço para a articulação

de uma política nacional de turismo. A COMBRATUR possuía composição colegiada

e estava diretamente subordinada à Presidência da República, tendo como função o

planejamento do turismo interno e a instituição do primeiro Plano Nacional de

Turismo, contudo essa tarefa não foi concluída, tendo sua extinção no ano de 1962

(DIAS, 2003).

Já no ano de 1966, o Decreto-Lei n. 55, posteriormente regulamentado pelo

Decreto-Lei n. 60.224/67, definiu os elementos da primeira Política Nacional de

Turismo, assim como deu vida a Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR), ao

Conselho Nacional de Turismo (CNTur) e ao Ministério das Relações Exteriores que

juntos formaram a primeira estrutura institucional pública para o setor turístico no

Brasil, o chamado Sistema Nacional de Turismo (BENI, 2006).

O Ministério das Relações exteriores possuía a função de divulgar o turismo

nacional no exterior, por meio de ações diplomáticas. O CNTur, de caráter

deliberativo, tinha como atribuições formular, coordenar e dirigir a política nacional

de turismo. A EMBRATUR, por sua vez, era o órgão executar da política nacional do

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

49

turismo, responsável por administrar a atividade no Brasil, promovendo o fomento e

o financiamento das iniciativas, planos, programas e projetos que visavam o

desenvolvimento da área.

Criada e gerida como empresa pública, a EMBRATUR não possuía receita,

mantendo-se através do gerenciamento de recursos e benefícios provenientes de

incentivos fiscais e financeiros designados ao setor (BENI, 2006). Muitos desses

incentivos foram destinados a empreendimentos hoteleiros, com intuito de ampliar e

melhorar a oferta de meios de hospedagem no país (FRATUCCI, 2008).

A esse respeito, Beni (2006, p. 25) aponta que o direcionamento dado pela

EMBRATUR para atrair investimentos para o setor turístico foi equivocado, pois

priorizou os fluxos internacionais em detrimento dos fluxos internos, alocando

recursos incentivados pelo governo federal em empreendimentos de alto luxo que,

em sua grande maioria, “não levaram em consideração estudos de localização, de

viabilidade econômico-financeira, de formação de recursos humanos e de inclusão

social”.

Os anos que se seguiram, de 1966 a 1990, podem ser considerados como

aqueles em que o governo federal se fez presente na estruturação e na

regulamentação do turismo, institucionalizando a atividade turística como fonte de

promoção de desenvolvimento regional e equiparando-a a indústria. Dentre essas

regulamentações, constava a obrigatoriedade do cadastro de empresas e

empreendimentos turísticos e a classificação dos meios de hospedagem

(FRATUCCI, 2008).

Em 1971 foi criado o Fundo Geral de Turismo (FUNGETUR), considerado o

primeiro plano governamental de caráter econômico do turismo, que tinha como

objetivo “financiar o desenvolvimento da atividade turística no País, sendo

administrado pela EMBRATUR” (DIAS, 2003, p. 131). A criação do FUNGETUR

impulsionou significativamente a concretização de novos decretos-leis e planos

destinados ao crescimento do turismo no País (BENI, 2006).

Na década de 1980, com o processo de redemocratização do Brasil, o turismo

brasileiro sofre uma mudança radical em sua estrutura, no sentido de redução da

centralização por parte da EMBRATUR (e do Estado) e da maior liberalização do

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

50

setor. O sistema de regulação do turismo no país foi praticamente extinto pelo

Decreto-Lei 2.294/1986, assinado pelo presidente José Sarney, que declarava livre a

atividade turística no país, seguindo a tendência internacional da época de

desregulamentação da economia, imposta pelo neoliberalismo econômico

dominante, com respaldo das orientações da OMT (FRATUCCI, 2008).

Simultaneamente à liberação do mercado, também no ano de 1986, o

governo federal instituiu o Passaporte Brasil, que visava estimular os brasileiros a

viajarem pelo país, facilitando a troca de experiências culturais entre as pessoas e

fortalecendo a economia das várias regiões nacionais. E, em 1989, criou o chamado

“dólar turismo”, oficializando a balança comercial do setor turístico brasileiro

(BARRETO, 1991). Ambos os acontecimentos contribuíram de maneira significativa

para a atividade turística no País.

Foi também na década de 1980 que se iniciaram as preocupações com o

meio ambiente no país, pautadas na visão mundial de sustentabilidade, na qual o

desenvolvimento deve estar associado às dimensões sociais, políticas, espaciais e

ambientais, para além das econômicas já enraizadas. Em 1981 foi estabelecida a

Política Nacional de Meio Ambiente, através da Lei n. 6.938/1981, a qual passou a

influenciar as ações voltadas a atividade turística. A EMBRATUR, adotando essa

visão de respeito ao meio ambiente agregado ao turismo, lançou, em 1987, um novo

produto turístico no mercado, o ecoturismo, que passou a ter maior destaque no país

após a ECO-92 (CAVALCANTI; HORA, 2002).

Já no ano de 1990, o turismo ganhou preponderância na visão do governo

federal, que o reconheceu como importante vetor de crescimento da economia do

país, lançando novas normatizações e programas com o objetivo de expandir a

demanda turística no Brasil. Essa valorização da atividade turística foi fruto,

principalmente, da captação de recursos estrangeiros para financiamento de

projetos e programas, do posicionamento público e privado favorável ao

desenvolvimento do turismo e da própria potencialidade turística do país (BOLSON,

et al., 2005).

Em 1991 foi estabelecido o Programa de Ação para o Desenvolvimento do

Turismo (PRODETUR), gerenciado pela EMBRATUR e pela Superintendência do

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

51

Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Com financiamento do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), o PRODETUR foi responsável por

investimentos em infraestrutura (aeroportos, estradas e rodovias) em várias capitais

da região Nordeste. A concentração dos investimentos no Nordeste justificava-se, à

época, em razão do potencial turístico da região, sobretudo pelo destaque no

turismo de sol e mar, assim como pelas dificuldades econômicas e sociais históricas

no Nordeste brasileiro (FRATUCCI, 2008).

Ainda no ano de 1991, por meio da Lei n. 8.181/1991, o CNTur foi extinto e

suas atribuições passaram a ser de responsabilidade da EMBRATUR, que assumiu

nova denominação como Instituto Brasileiro de Turismo, transformando-se ao status

de Autarquia e tendo como atribuições: formular, coordenar e executar a Política

Nacional de Turismo como fator de desenvolvimento social e econômico

(EMBRATUR, 2016).

Reformulada, a EMBRATUR passou a fazer parte da Secretaria Geral de

Desenvolvimento Econômico ligada à Presidência da República. Já em 1992,

através da Lei n. 8.490/1992, que veio a organizar a Presidência da República e

seus Ministérios, foi instituído o Ministério da Indústria, Comércio e do Turismo

(MICT), ficando a EMBRATUR vinculada a este órgão.

A partir da criação do Decreto n. 448/1992 foram regulamentados os

dispositivos da Lei n. 8.181/1991, instituindo o Plano Nacional de Turismo, o

PLANTUR, principal instrumento da PNT. O plano possuía sete programas:

Programa Ecoturismo, Programa Turismo Interno, Programa Polos Turísticos,

Programa de Formação dos Recursos Humanos para o Turismo, Programa

Qualidade e Produtividade do Setor Turístico, Programa MERCOSUL e Programa

Marketing Internacional, este último visando à promoção do turismo brasileiro no

exterior (CRUZ, 2000).

Com a renúncia do então Presidente da República Fernando Collor de Mello,

motivada pelo processo de impeachment, instaurado em 1992, o PLANTUR, apesar

de publicado não foi efetivamente aplicado (FRATUCCI, 2008). No período do

governo Fernando Collor e seu sucessor, Itamar Franco (1990-1995), o Brasil

vivenciou uma grande instabilidade política e econômica, com um índice de inflação

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

52

altíssimo, razão pela qual a tentativa de implantar um plano nacional de turismo não

foi concretizada.

Com a implantação do Plano Real, nova política econômica instaurada pelo

Governo e sob o comando do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique

Cardoso, que viria suceder a Itamar Franco, o país começou a viver uma nova

realidade.

Como saída para a crise que o Brasil atravessava, o turismo como força

econômica ganhou visibilidade, contando com a aprovação de programas pelo BID e

pelo BIRD, e com recursos para financiar uma política. A agenda governamental era

composta de projetos visivelmente neoliberais, como a descentralização, que visava

a divisão de responsabilidades com outras esferas do setor público e também

privado, e a reconcentração dos investimentos de interesse do capital internacional

apoiados por organismos internacionais, a fim de produzir novos lugares turísticos

que fugissem do turismo de massa (CAVALCANTI; HORA, 2002).

Ao final do mandato de Itamar Franco, em 1994, foi constituído o Programa

Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT), que vigeu até abril de 1998. O

PNMT estava fundamentado nas ideias de descentralização das políticas públicas e

na articulação entre governo federal, iniciativa privada e sociedade, buscando a

participação mais efetiva da comunidade na definição e condução das estratégias

voltadas ao desenvolvimento da atividade turística nas localidades. Para tanto, o

programa visava a capacitação das secretarias e órgãos estaduais e municipais de

turismo, assim como das pessoas envolvidas com o setor turístico, através de

oficinas de capacitação. Portanto, apesar do envolvimento de todos os agentes no

processo da atividade turística, o PNMT não buscava em suas ações, repassar

recursos financeiros, mas sim informação, conhecimento, estímulo e apoio às

iniciativas. Ainda nesse período, foi lançado o Programa Diretrizes para uma Política

Nacional de Ecoturismo.

A grande transformação na atividade turística do país ocorreu no ano de

1996, já no governo Fernando Henrique Cardoso, a partir do estabelecimento do

primeiro Plano Nacional de Turismo, com objetivos e estratégias bem definidas,

tendo como finalidade promover e incrementar o turismo como fonte de renda, de

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

53

geração de emprego e de desenvolvimento socioeconômico do país; demonstrando

a importância econômica que a atividade turística vinha adquirindo no mundo

(CRUZ, 2000).

Avançando nessa perspectiva de orientar o desenvolvimento do turismo, o

governo Fernando Henrique Cardoso instituiu uma nova Política Nacional de

Turismo (PNT), para o período 1996-1999, que reforçava os argumentos da

promoção e do incremento do turismo como fonte de renda, de geração de

empregos e de preservação do meio ambiente. O PNT demonstrava a necessidade

de tornar competitivo o produto turístico brasileiro no exterior, mediante ações que

visavam a qualificação da prestação de serviços e do correto gerenciamento dos

recursos naturais e ambientais, por todos os atores envolvidos no trade turístico,

quer sejam públicos ou privados.

Durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, o turismo despontou no

país, aumentando a oferta do setor de serviços, como hospedagem, lazer,

gastronomia e demais segmentos, além da abertura de novos cursos superiores em

Turismo, Hotelaria, e Gastronomia, em razão da necessidade de profissionalização

da área. O sucesso do Plano Real e a estabilização da economia contribuíram

significativamente para essas mudanças.

Nos governos que se seguem, de Fernando Henrique Cardoso (FHC) e de

Luiz Inácio Lula da Silva, verifica-se um tratamento mais prioritário para a área do

turismo nas agendas de governo, dada a comprovação da sua importância para o

crescimento da economia de um país. Foram realizadas significativas reformulações,

não somente nas estruturas governamentais, mas sobretudo nas políticas públicas

direcionadas para o setor. Cabe ressaltar que o viés econômico ainda era

claramente o foco dessas transformações ocorridas na área do turismo, que visava a

geração de renda e empregos e o equilíbrio da balança comercial do país, ainda

pouco voltada para os fatores socioambientais.

Já empossado e no primeiro dia de seu mandato, em 01/01/2003, Luiz Inácio

Lula da Silva, criou o Ministério do Turismo através da Medida Provisória n.

103/2003, conferindo status ao turismo na administração pública federal. Logo após,

instituiu o novo Plano Nacional do Turismo (PNT 2003-2007), que estabelecia como

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

54

principais metas a criação do produto turístico brasileiro de qualidade e

competitividade, que valorizasse as diversidades regionais, culturais e naturais do

país, e estimulasse o consumo do produto turístico brasileiro no mercado interno e

externo. Deste modo, a EMBRATUR passou a cuidar exclusivamente da promoção e

do apoio à comercialização dos produtos turísticos do Brasil no exterior.

A partir de então, o Ministério do Turismo pôs em prática uma política pública

baseada em um modelo de gestão descentralizada e participativa e orientada pelo

pensamento estratégico. Além disso, foi implementado um novo modelo de gestão

para a EMBRATUR, a partir da elaboração do Plano Aquarela - Marketing

Internacional do Brasil e a Marca Brasil, que passaram a nortear e dar unidade às

ações de promoção do Brasil no exterior.

Entendido pelo governo como o despontar de uma política nacional de base

territorial, o Programa Nacional de Municipalização do Turismo (PNMT) serviu de

fonte para criação de novas medidas relacionadas as políticas públicas de turismo.

Em 2004 o PNMT foi substituído pelo Programa de Regionalização do

Turismo (PRT), por representar uma forma de atuação mais ampla, mudando o foco

das ações de desenvolvimento da atividade turística de uma escala municipal para

uma escala regional. O PRT visava convergência e interação de todas as ações

desempenhadas pelo Ministério do Turismo com estados, regiões e municípios

brasileiros, tendo como principal objetivo apoiar a estruturação dos destinos, a

gestão e a promoção do turismo no País.

A regionalização do turismo é vista por Beni (2006) como uma abordagem de

desenvolvimento, por meio do planejamento sistêmico, das regiões turísticas que se

complementam entre si e têm potencialidades para atrair fluxo turístico. Deste modo,

a participação representativa e integrada dos municípios e das regiões é primordial

para o desenvolvimento do turismo, por se tratar de uma tarefa coletiva de

interesses comuns.

Já no segundo mandato Lula, o Plano Nacional de Turismo (2007-2010)

transformou a regionalização em um Macroprograma do Ministério do Turismo,

através da definição dos 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico

Regional, objetivando colocar o turismo como propulsor do desenvolvimento e da

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

55

geração de emprego e renda no país, e incentivar o turismo interno. Deste modo, o

PRT apresentava como diretrizes a organização do espaço geográfico em regiões

para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização integrada e

compartilhada da atividade turística, tendo como princípios básicos: a participação, a

sustentabilidade, a integração e a descentralização.

Esse novo plano foi elaborado de forma integrada com o Programa de

Aceleração do Crescimento (PAC), objetivando o incremento da infraestrutura do

país e gerando incentivos às iniciativas privadas, em busca da melhoria na

qualidade do gasto público. O PNT (2007-2010) manteve a gestão descentralizada

do turismo, mantendo os Fóruns e Conselhos Estaduais das 27 unidades da

Federação, bem como os Conselhos Municipais de Turismo.

Em 2008, outro grande marco para a área do turismo aconteceu, a sanção da

Lei do Turismo (Lei n. 11.771/2008), regulamentada pelo Decreto n. 7.381/2010,

trazendo no seu escopo o marco regulatório da atividade, definindo as atribuições do

Governo Federal no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor turístico,

assim como disciplinando sobre toda a cadeia produtiva: a prestação de serviços, o

cadastro, a classificação e a fiscalização dos prestadores de serviços turísticos. Esta

política, que tem dentre os seus princípios a regionalização do turismo, trabalha

sobre a perspectiva de integração entre os municípios, mesmo aqueles que não

possuem clara vocação turística, tornando-os facilitadores uns dos outros.

Nos últimos anos, entre os Governos Lula e Dilma Rousseff (2011-2016),

houve a manutenção da Política Nacional de Turismo, contudo com atualizações, e

a continuidade ao programa de regionalização. O PRT que possuía 219 regiões

turísticas identificadas em 2004 passou para 291 regiões turísticas, de acordo com a

última atualização do mapa turístico realizada em julho de 2016. Foram realizadas

avaliações do programa em 2010, quando este completava seis anos, que serviram

de base para a construção de um conjunto de melhorias visando o seu

fortalecimento. Já em 2011, foi elaborado o Documento Referencial Turismo no

Brasil (2011-2014), que traz uma análise profunda sobre o desenvolvimento da

atividade turística e das políticas públicas adotadas até então.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

56

O governo Dilma deu continuidade às políticas instituídas no governo Lula,

com o desafio de manter a estabilidade econômica conquistada nos últimos anos e

preparar o país para sediar a Copa das Confederações 2013, a Copa do Mundo

FIFA 2014 e as Olimpíadas 2016. Esses eventos fizeram com que o país ganhasse

projeção no cenário internacional e subisse da posição 51ª no Ranking Mundial do

Turismo para a posição 27ª.

Em agosto de 2016, com o processo de impeachment sofrido pela Presidente

Dilma, o Governo Federal passou a ser administrado pelo então vice-Presidente,

Michel Temer, não gerando modificações na política nacional de turismo e nos

planos em vigor até o momento.

2.5 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO EM SANTA CATARINA

O Estado de Santa Catarina é composto por 295 municípios, distribuídos em

12 regiões turísticas – de acordo com a última atualização do mapa turístico

brasileiro, publicado em julho de 2016 – que fazem parte do Programa de

Regionalização do Ministério do Turismo e da Secretaria de Estado de Cultura,

Esporte e Turismo – SOL, divididas conforme a identificação de aspectos culturais,

históricos, sociais, econômicos e geográficos existentes entre municípios próximos

uns aos outros. Essas características em comum e a proximidade entre os

municípios de uma mesma região turística visam facilitar a cooperação entre eles e,

com isso, intensificar o desenvolvimento regional.

No contexto da gestão pública do turismo no Estado, a primeira instituição

focada para a atividade turística foi criada em meados de 1968, com o nome de

Departamento Autônomo de Turismo (DEATUR), que funcionava em conjunto com o

Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), através de uma estrutura de apoio ao

turismo, denominada de BESC Empreendimentos e Turismo S/A; esse nome foi

alterado para BESC Turismo S/A em 1974 e, posteriormente, em 1975 foi extinto e

instituída a Empresa de Turismo e Empreendimentos de Santa Catarina (TURESC),

reconhecida pelo governo estadual como empresa de economia mista (SANTUR,

2017).

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

57

Resultante da fusão das empresas TURESC e CITUR/Rodofeira de Balneário

Camboriú surgiu em junho de 1977 a Companhia de Turismo e Empreendimentos de

Santa Catarina (CITUR), que perdurou com esse nome até outubro de 1987,

quando, a fim de promover uma maior relação com o nome do Estado, passou a

denominar-se Santa Catarina Turismo S/A – SANTUR, vinculada à época a

Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo (SANTUR, 2017).

Já na década de 1980, através da SANTUR, o governo estadual promoveu a

sua política de regionalização do turismo, dividindo o Estado em regiões turísticas,

utilizando como critério de classificação as afinidades temáticas de cada uma das

regiões. Contudo, os resultados desse programa não foram os esperados, e em

1994 o Estado aderiu ao Programa Nacional de Municipalização do Turismo –

PNMT, proposto pelo governo federal, que enfocava o desenvolvimento da atividade

turística com base na escala municipal (BORTOLOSSI, 2008).

Em 1993, o então governador do Estado, sancionou a lei n. 9.108/1993

autorizando a SANTUR a promover cursos de capacitação e de atualização de guias

de turismo do Estado, visando aprimorar o conhecimento dos mesmos sobre a

história de Santa Catarina, seus recursos naturais, locais de atração turística e

eventos culturais, históricos e folclóricos, dentre outros aspectos, vislumbrando

melhorar o receptivo de turistas no Estado, e consequentemente o avanço do

Estado na competitividade do turismo.

No ano de 2003, foi formada a Secretaria da Organização do Lazer – SOL,

através da Lei Complementar n. 243/2003, que passou a responder como órgão

oficial do Estado pelo turismo, cultura e esporte. Trabalhando em conjunto com a

SANTUR, que ficou responsável pelo marketing turístico do Estado, a SOL assumiu

a responsabilidade pelo planejamento e gestão pública da atividade turística

estadual e, diante da nova conjuntura trazida pela Política Nacional de Turismo,

retomou a divisão turística regional definida na década de 1980 no Estado, adotando

como nova estratégia de planejamento, a organização de roteiros integrados que

contemplassem, além dos atrativos naturais e aspectos culturais, a oferta hoteleira e

a qualidade dos serviços (SANTUR, 2017).

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

58

Em 2004 o Estado instituiu o Conselho Estadual de Turismo, mediante a Lei

n. 12.912 (alterada pela lei n. 14.367/2008) com o intuito de efetivar, de forma

integrada e participativa, a promoção de programas e projetos de desenvolvimento

da atividade turística, bem como a qualificação e a diversificação da oferta turística

catarinense. O Conselho permanece até os dias atuais e conta com a participação

de membros de entidades governamentais, não governamentais e financeiras,

dentro de uma estrutura organizacional que inclui assembleia, secretaria executiva e

câmaras temáticas. Possuindo caráter propositivo, consultivo e mobilizador, o

Conselho visa à interligação das instituições voltadas ao turismo.

Também no ano de 2004 foi criada a Unidade de Coordenação Estadual

(UCE), do Programa de Desenvolvimento do Turismo na Região Sul do Brasil, no

âmbito do Estado de Santa Catarina - PRODETUR SUL/SC, através da Lei

Complementar n. 267/2004, tendo o Decreto n. 1.768/2004 instituído o Programa no

Estado. O PRODETUR SUL/SC tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento

sustentável do turismo, com aumento das oportunidades de trabalho, geração de

renda e de divisas, através da consolidação, ampliação e melhoria da qualidade dos

produtos e serviços ofertados no Estado de Santa Catarina.

A Secretaria da Organização do Lazer - de onde vem a sigla SOL,

responsável pela administração do setor turístico, cultural e esportivo no Estado,

passou a denominar-se Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte no ano

de 2005, por força da Lei Complementar n. 284/2005, contudo manteve a sigla SOL

em sua identificação.

Outro marco importante na gestão pública da atividade turística em Santa

Catarina foi a elaboração da Lei n. 13.792/2006 (regulamentada pelo Decreto n.

2.080/2009) que deu vida ao Plano Estadual da Cultura, do Turismo e do Desporto –

PDIL, que opera em conformidade com os objetivos estratégicos de Governo do

Estado definidos no Plano Plurianual, visando estabelecer as políticas, as diretrizes

e os programas para a área da cultura, do turismo e do desporto.

O PDIL é oriundo de um trabalho realizado junto às antigas SDRs, que contou

com a participação de representantes do poder público, do trade turístico,

universidades e associações, que juntos definiram as prioridades para o

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

59

desenvolvimento da atividade turística no Estado, visando à melhoria da oferta

turística, o aumento da qualidade de vida dos cidadãos catarinenses e a geração de

trabalho e renda. Com a instituição do PDIL todos os projetos que subsidiam a verba

do governo do estado devem estar enquadrados nas suas diretrizes.

Atualmente, o Estado de Santa Catarina tem como principal instrumento de

fomento ao turismo, o Fundo Estadual de Turismo (FUNTURISMO), criado no ano

de 2005 pela Lei n. 13.336/2005 e regulamentado pelo Decreto n. 1.309/2012. O

FUNTURISMO possui natureza financeira e é constituído por recursos provenientes

do FUNDOSOCIAL (Lei n. 13.334/2005), de receitas decorrentes da aplicação de

seus recursos, de contribuições, doações, financiamentos e de recursos oriundos de

entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.

O FUNTURISMO integra o Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao

Turismo e ao Esporte - SEITEC, que tem por objetivo de estimular o financiamento

de projetos culturais, turísticos e esportivos previstos no PDIL e contemplados no

Plano Plurianual (PPA), especialmente por parte de contribuintes do Imposto sobre

Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de

Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, na forma e nos

limites estabelecidos na Lei (SOL, 2017).

O Estado também desenvolve ações visando o fortalecimento dos municípios

que compõem as suas 12 regiões turísticas através do PRODETUR/SC que conta

com recursos financeiros advindos do Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID) e com a contrapartida do Estado (SOL, 2017).

Na estrutura atual do Governo do Estado, sob a abrangência da Lei

Complementar n. 381/2007 (atualizada pela LC 534/2001), a responsabilidade pela

gestão de políticas públicas de desenvolvimento do setor turístico está a cargo da

Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Turismo – SOL, que tem entre suas

competências e desafios: o desenvolvimento do turismo, da cultura e do esporte, de

modo a manter os princípios legais, o equilíbrio e a sustentabilidade; a geração de

fontes alternativas de emprego e renda; a ampliação e intensificação de atividades

ligadas ao turismo, ao esporte e à cultura, durante todo ano; o planejamento e a

coordenação do PRODETUR SUL/SC; a administração e controle do SEITEC; e a

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

60

integração da SOL com as Agências de Desenvolvimento Regional - ADRs (antigas

Secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional – SDRs), por intermédio de

programas, ações e alocações de recursos de forma descentralizada (SOL, 2017).

A SANTUR, por sua vez, tem por objetivo: executar as ações da política

estadual de promoção e divulgação das potencialidades turísticas catarinenses, de

forma articulada com as ADRs; estruturar e operacionalizar os centros de

atendimento ao turista; executar os programas de capacitação e qualificação da

atividade turística, segundo as políticas estabelecidas pela SOL; executar as ações

relativas à pesquisa e à estatística da demanda turística catarinense; e controlar os

registros da oferta turística catarinense, sistematizando-os (SANTUR, 2017).

Para tanto, a SANTUR vem desenvolvendo ações voltadas para três projetos

principais: a instituição do Plano Catarina 2020, o desenvolvimento do SC Rural, e a

elaboração de novas pesquisas de fluxo e de demanda de regiões turísticas e

segmentos que possam contribuir para o fortalecimento e expansão da área.

O Plano Catarina, criado em 2010, consiste num plano promocional de

marketing que visa desenvolver o potencial turístico de Santa Catarina até 2020,

tornando o Estado um destino competitivo no âmbito nacional e no internacional. O

plano é bastante otimista e intenta fazer com que em 2020 Santa Catarina seja o

“destino líder do turismo brasileiro sustentável e uma referência internacional pelo

seu modelo de desenvolvimento que respeita e evidencia a sua identidade pela

capacidade de proporcionar as melhores experiências para o turista em ambientes

naturais” (SANTUR, 2017).

O SC Rural é um programa do Governo do Estado que conta com

financiamento do Banco Mundial, é voltado ao aumento da competitividade das

cadeias produtivas exploradas pelos agricultores familiares e as organizações –

incluindo a atividade do turismo rural, com aplicação entre os anos de 2010 a 2016.

O programa é tido como uma inovação em relação ao desenvolvimento de políticas

públicas, já que reúne vários órgãos do Governo que executam ações no meio rural

catarinense, como as Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, e do Turismo,

Cultura e Esporte, a Polícia Militar Ambiental, a Empresa de Pesquisa Agropecuária

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

61

e Extensão Rural - EPAGRI, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola –

CIDASC e a Fundação do Meio Ambiente – FATMA (TURNES, 2015).

As ações empreendidas através do SC Rural buscam promover atividades de

forma integrada que estruturem, qualifiquem e incentivem a consolidação de

processos existentes e o surgimento de novas iniciativas de turismo rural,

envolvendo as doze regiões turísticas do Estado.

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

62

3 O PLANEJAMENTO E O PROCESSO ORÇAMENTÁRIO NO SETOR PÚBLICO

A literatura sobre planejamento é abrangente e dependente do olhar setorial a

que se destina. Diante da amplitude e da mixagem das possíveis áreas de estudo,

esta pesquisa adota a perspectiva do planejamento voltado ao setor público,

notadamente vetorizado às políticas públicas destinadas setor turístico.

Planejar é um processo que a partir das metas e dos objetivos que se deseja,

produz estratégias e organiza os meios para a conquista de uma finalidade, assim

como serve de orientação e de controle de todas as etapas em uma sequência

apropriada. Esse pensamento acompanha o homem em seu processo de

humanização, visto que o ato de planejar está associado à organização de uma

determinada ação.

Destaca-se que segundo a teoria das restrições – TOC (Theory of

Constraints), a soma dos ótimos locais nem sempre é a soma do ótimo total;

fundamenta-se que todo sistema, no processo de atingir sua meta, apresenta

sempre uma ou mais restrições, ou seja, o ótimo do sistema nem sempre é resultado

da soma dos ótimos de seus subsistemas, em que o aprofundamento da

investigação acaba sendo determinante para auxiliar o planejamento (FRANÇA JR.,

2014).

O planejamento é um tipo de tomada de decisão e de elaboração de políticas

que lida com um conjunto de decisões interdependentes ou sistematicamente

relacionadas e não com decisões individuais, sendo, portanto, apenas uma parte de

um processo global que envolve planejamento-decisão-ação (HALL, 2004).

Os pesquisadores Harry e Spink (1990) lecionam que o planejamento visa o

desenvolvimento de estratégias que permitem a uma organização visualizar

oportunidades em determinados segmentos do mercado.

Por sua vez, Almeida et al. (1999), defendem que o planejamento é uma ação

que resulta na elaboração de metas e propostas, buscando meios viáveis para

atingir determinados objetivos, constituindo-se como um rigoroso processo de dar

compreensão à ação. Neste aspecto, a ação de planejar difere de legislar,

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

63

operacionalizar e gerenciar, mas requer conexão com essas ações para

desempenhar suas tarefas.

O planejamento é uma prática essencial, tanto na administração pública

quando na privada, devido aos benefícios que o instrumento traz às organizações

(MATIAS PEREIRA, 2009). Andrade et al. (2006) afirmam que o planejar é essencial

ao administrador público responsável, pois é o ponto de partida da eficiência e

eficácia da máquina pública, visto que ele ditará os rumos da gestão e se refletirá na

qualidade do serviço prestado à população.

Planejamento público é, pois, uma base de funções que implica a formulação

de um ou vários planos detalhados para conseguir um perfeito equilíbrio entre o que

se necessita e o que se pode atender, ou seja, equilíbrio entre as demandas e as

ofertas com os recursos de que se dispõe, visando estabelecer parâmetros para

formalização de políticas públicas (FRANÇA JR., 2014).

Desde a Constituição Federal de 1988, a função de planejamento passou a

ter maior ênfase no setor público, quando o orçamento público foi aliado ao

planejamento. Nesta direção, a Carta Magna evidenciou a integração das

ferramentas de planejamento na administração pública por meio do Plano Plurianual

– PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e da Lei Orçamentária Anual –

LOA, para todas as esferas de governo.

3.1 PLANEJAMENTO E OPERACIONALIZAÇÃO

Planejar é a interpretação de uma missão ao se estabelecer as metas

organizacionais e encontrar os meios necessários para a realização de tais metas,

com o máximo de eficácia e eficiência. Significa perceber o futuro e o que deverá ser

feito, elaborar planos para fazer hoje as ações necessárias para melhor enfrentar os

desafios do amanhã (FRANÇA JR., 2014).

O processo de planejar é tanto uma necessidade organizacional como uma

responsabilidade administrativa, pelo qual é possível se pensar nas implicações

futuras das escolhas de hoje, determinando os meios, o tempo e os recursos

essenciais para a sua concretização.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

64

O planejamento não diz respeito a decisões futuras, mas sim as implicações

futuras de decisões presentes. Qualquer atividade humana realizada sem qualquer

tipo de preparo é uma atividade aleatória que conduz, em geral, o indivíduo e as

organizações a destinos não esperados e a situações piores que aquelas

anteriormente existentes (DRUCKER, 1981).

O Planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de um programa

para a realização de objetivos e metas organizacionais, envolvendo a escolha de um

curso de ação, a decisão antecipada do que deve ser feito e a determinação de

como a ação deve ser realizada.

Neste sentido, Oliveira (2014, p. 36) ressalta que:

O planejamento visa o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas que proporcionam uma situação viável de avaliação das implicações futuras das decisões tomadas no presente em função dos objetivos empresariais, que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. Deste modo, pode se afirmar que o exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza envolvida no processo decisório e, consequentemente, provocar o aumento

da probabilidade de alcance dos objetivos, desafios e metas estabelecidas.

O planejamento envolve a busca de informações e o diagnóstico da situação,

visando o estabelecimento dos objetivos e das metas, através da elaboração das

políticas e dos procedimentos que servirão como orientadores das decisões, bem

como da elaboração e da implementação de planos, programas e projetos que

servirão para o alcance das metas desejadas, que se fazem por meio da elaboração

de cronogramas de acompanhamento da execução, através do qual se procura

manter o diagnóstico atualizado (LACOMBE; HEILBORN, 2003). Os autores afirmam

ainda que:

O planejamento é a determinação da direção a ser seguida para se alcançar um resultado desejado. É a determinação consciente de cursos de ação, isto é, dos rumos, com base em objetivos, em fatos e na estimativa do que ocorreria em cada alternativa disponível (LACOMBE; HEILBORN, 2003, p.162).

As figuras 1 e 2 a seguir apresentam os componentes do planejamento

segundo as ideias de Lacombe e Heilborn (2003):

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

65

Figura 1: Os Componentes do Planejamento

Fonte: Lacombe e Heilborn (2003), adaptado pela Autora (2017).

O planejamento deve identificar, antecipadamente:

Figura 2: Os Insumos do Planejamento

Fonte: Lacombe e Heilborn (2003), adaptado pela Autora (2017).

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

66

Deve-se planejar no sentido de assegurar a continuidade do comportamento

atual em um ambiente previsível; deve-se planejar, também, para a melhoria da

performance com o intuito de garantir a reação apropriada a possíveis mudanças em

um ambiente mais dinâmico e incerto; e deve-se planejar, no sentido de antecipar as

contingências que possam ocorrer no futuro, identificando ajustadas ações para

quando elas eventualmente ocorrerem.

O processo de se antecipar o futuro aumenta em muito o nível de

conhecimento sobre o negócio. É uma ferramenta de gestão amplamente utilizada

pelas organizações e consiste num instrumento administrativo relacionado com a

estratégia empresarial (SAGIONETTI; FASCINA, 2004). O planejamento tem o

condão de antever e minimizar os obstáculos dos resultados e maximizar os

facilitadores no processo de tomada de decisão, pois permitem que o gestor tome

decisões mais assertivas (ORLICKAS, 2010).

Como todo planejamento se subordina a uma filosofia de ação, Ackoff (1989)

aponta três tipos de filosofia do planejamento:

a) Planejamento conservador: é o planejamento voltado para a estabilidade da

situação existente, onde as decisões são tomadas a fim de obter bons

resultados, mas não necessariamente os melhores possíveis. Sua ênfase é

manter as práticas vigentes. O planejamento conservador está mais

preocupado em identificar e sanar deficiências e problemas internos do que

em explorar oportunidades futuras; sua base é predominantemente

retrospectiva, no sentido de aproveitar a experiência passada e projetá-la

para o futuro.

b) Planejamento otimizante: é o planejamento voltado para a adaptabilidade e

inovação, em que as decisões são tomadas a fim de se obter o melhor

resultado possível, seja minimizando recursos para alcançar um determinado

desempenho ou meta, seja maximizando o desempenho para melhor aplicar

os recursos disponíveis. O planejamento otimizante tem suporte em uma

preocupação de melhorar as práticas do momento; sua base é

predominantemente incremental, no sentido de melhorar continuamente,

tornando as operações melhores a cada dia que passa.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

67

c) Planejamento adaptativo: é o planejamento voltado para as contingências e o

futuro, em que as decisões são tomadas a fim de equalizar os diferentes

interesses envolvidos, elaborando uma composição capaz de levar a

resultados para o amplo desenvolvimento e ajustá-las às contingências que

surjam na trajetória. O planejamento adaptativo procura reduzir o

planejamento conservador, voltado para a eliminação das deficiências

localizadas no passado. Sua base é predominantemente aderente, no sentido

de ajustar-se às demandas e preparar-se para as futuras contingências.

Nos tempos atuais o planejamento é ferramenta imprescindível para que as

organizações possam manter uma posição de competitividade em qualquer

ambiente, pois possibilita a análise do ambiente de uma organização favorecendo a

criação de uma visão sobre as oportunidades e as ameaças, bem como a percepção

dos pontos fortes e fracos.

Neste viés, Frezatti (2009, p. 14) aduz que “planejar é quase uma

necessidade intrínseca, como é alimentar-se para o ser humano. Não se alimentar

significa enfraquecimento e o mesmo ocorre com a organização, caso o

planejamento não afete o seu dia a dia dentro do seu horizonte mais de longo

prazo”.

As oportunidades de êxito de um projeto crescem quando um plano,

estabelecido pelo planejamento, é aplicado na plenitude das diretrizes, com as

ferramentas essenciais, na cronologia estabelecida e com as adequações

ambientais que forem detectadas em sua gestão (FRANÇA JR., 2014).

Baseado nos pontos fortes, fracos e nas oportunidades que influenciam

diretamente no sucesso de um empreendimento, uma técnica para absorver as

incertezas são definir aonde se quer chegar, o que deve ser feito, quando deve ser

feito e em que sequência. No desenvolvimento do planejamento deve-se levar em

consideração o mercado de inserção, qual a mão de obra disponível, os recursos

financeiros, a concorrência e os clientes. Este processo requer que tudo que for

traçado deve ser seguido, com o acompanhamento das alterações e adequações

que forem necessárias no transcurso de sua implementação (OLIVEIRA, 2014).

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

68

Dentro de um planejamento devem ser definidas quais serão as atividades em

prioridade; esse processo deve ser permanente e contínuo, utilizando-se de

informações para serem feitas previsões, projeções, predições, resoluções de

problemas e planos empresariais (OLIVEIRA., 2014).

O processo do planejamento deve respeitar alguns princípios para que os

resultados de sua operacionalização sejam os esperados; deste modo, Oliveira

(2014, p. 06), aponta quatro princípios gerais para os quais os responsáveis pelo

planejamento devem estar atentos:

• O princípio da contribuição aos objetivos e, neste aspecto, deve-se

hierarquizar os objetivos estabelecidos e procurar alcança-los em sua

totalidade, tendo em vista a interligação entre eles;

• O princípio da precedência, correspondendo a uma função administrativa que

vem antes da organização, da direção e do controle, ou seja, o planejar está

na ponta do processo;

• O princípio da maior eficiência, eficácia e efetividade, em que o planejamento

procura maximizar os resultados e minimizar as deficiências;

• O princípio da maior penetração e abrangência, pois o planejamento pode

provocar uma série de modificações nas características da atividade.

Molina (2005, p. 45) defende que “o planejamento é um processo racional,

sistemático e flexível, cuja finalidade é garantir o acesso a uma situação

determinada, à qual não se poderia chegar sem ele”. O entendimento das estruturas

organizacionais, a conexão entre as variáveis qualitativas e quantitativas da

atividade, as decisões a serem assumidas e, ainda, as ações a executar no

ambiente, são o resultado direto do planejamento.

O planejamento é, pois, o principal responsável pelo sucesso do

empreendimento, uma vez que é ele que controlará o desempenho e a realização

dos objetivos e das metas, o que por sua vez, faz aumentar as chances de serem

tomadas as melhores decisões que afetarão o futuro.

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

69

O planejamento, por sua vez, pode ser visto sob três perspectivas diferentes:

planejamento estratégico, tático e operacional. A esse respeito, Oliveira (2014, p. 17-

18) apresenta os três estilos de planejamento com as seguintes definições:

a) Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona

sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser

seguida, visando ao otimizado grau de interação com os fatores externos, não

controláveis, e atuando de forma inovadora e diferenciada.

b) Planejamento tático é a metodologia administrativa que tem por finalidade

otimizar determinada área de resultado e, portanto, trabalha com

decomposições dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidas do

planejamento; é utilizar apenas uma parte como alavanca, melhorar uma área

para otimizar as demais.

c) Planejamento operacional é a formalização, principalmente através de

documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implementação

de resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais; é

estabelecer diretrizes e normas a serem seguidas, tornando padrão algumas

atividades.

De acordo com França Jr. (2014), na aplicabilidade deve-se utilizar mais de

um estilo de planejamento, pois cada um tem a sua particularidade; analisando os

tipos acima propostos por Oliveira (2014), um aponta as metas a serem atingidas,

outro busca uma parte da estratégia para alavancar as demais e o último tem a

função de estabelecer regras e ferramentas para o planejamento, ou seja, um estilo

completa o outro.

Vasconcellos (2006) trata o planejamento como um processo essencialmente

político, no qual as partes interessadas negociam soluções para os problemas,

dentro de uma arena de conflitos, na qual os diferentes modelos são usados como

instrumento.

O planejamento estratégico é o processo de definir os objetivos de longo

prazo da organização. Constitui uma das fundamentais funções administrativas e é

através dele que o gestor e sua equipe estabelecem os parâmetros que vão

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

70

direcionar a organização da empresa, a condução da liderança, assim como o

controle das atividades (ANDION; FAVA, 2002).

Na realidade contemporânea, caracterizada por um ambiente altamente

competitivo, o planejamento estratégico está vinculado à gestão de negócios, que

busca otimizar processos que elevem os níveis de competitividade conforme

exigência dos dirigentes e acionistas.

O planejamento tático tem por objetivo otimizar determinada área de

resultado, trabalhando de acordo com os objetivos e estratégias estabelecidos no

planejamento estratégico. O processo de planejamento operacional começa com a

divisão de um objetivo em objetivos menores, formando uma cadeia de meios e fins.

Segundo Maximiano (2009), para realizar os objetivos é preciso definir quais as

atividades devem ser executadas e quais recursos são necessários para a execução

das atividades; este processo de definição chama-se planejamento operacional.

O planejamento operacional, por sua vez, pode ser considerado como a

materialização prática para a realização dos objetivos definidos no planejamento

estratégico. É nesta etapa que se organiza, identifica e escolhe as alternativas

operacionais viáveis a execução das metas estabelecidas no planejamento

estratégico.

Neste sentido, os tipos de planejamentos são fundamentais, porém não

podem controlar o que irá ocorrer a todo o momento no empreendimento. Por isso,

devem ser identificadas todas as ações e os resultados que o estabelecimento

possui com a finalidade de poder estipular o que pode vir a necessitar de correção

rapidamente.

Na administração pública também existe a tendência de se adotar o

planejamento estratégico como instrumento de resposta a um ambiente competitivo

em constantes mudanças, tal como é caracterizada a atividade do turismo, o que

exige constantes revisões das metas estabelecidas em suas ferramentas de

trabalho, no qual o planejamento operacional pode fornecer os subsídios

fundamentais para tais análises.

Para Francisco et al. (2006, p.1),

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

71

O planejamento é um curso de ação programado, visando ao atingimento de um objetivo. Planejar não é só declarar o que queremos que aconteça amanhã. Planejar é definir, com os meios que se têm, os caminhos a serem seguidos de acordo com a direção traçada para atingir a ação. No serviço público, estas ações são os programas que o governo desenvolve.

Matus (1997) chama atenção para a importância que o administrador público,

que planeja, deve dar para a investigação da realidade, para conhecê-la, de modo

que os resultados advindos desta investigação produzam as respostas que vai

conduzir o processo de se estabelecer políticas públicas.

As políticas públicas têm crescido de forma significativa, com vista a atender

as expectativas crescentes da comunidade, no sentido de uma busca permanente

por novos padrões de vida, desenvolvimento e bem-estar de toda a sociedade

(FRANCISCO et al., 2006).

Desenvolvimento, por sua vez, deve ser entendido em inúmeras e complexas

dimensões, todas elas socialmente determinadas, portanto mutáveis com o tempo,

os costumes e as necessidades dos povos e regiões. Ademais, o desenvolvimento

de que aqui se fala, tampouco é fruto de mecanismos automáticos ou

determinísticos, de modo que na ausência de indução minimamente coordenada e

planejada, muito dificilmente um território conseguirá atingi-lo combinando,

satisfatória e simultaneamente, aquelas inúmeras e complexas dimensões do

desenvolvimento (CARDOSO JR., 2009).

Ao destacar a importância da gestão em plena interface com o planejamento,

De Toni (2011, p. 29) comenta:

A frase tão usual “planejar é uma coisa, fazer é outra”: revela com frequência a ridicularização do esforço de planejamento na organização de sistemas públicos ou privados. Esta visão surge normalmente em instituições que tem precário planejamento ou é feito de modo normativo e determinista. A dicotomia “plano versus ação” opõe processos supostamente antagônicos mas que, na verdade, são parte de um único momento, é na ação concreta que o plano se decide e prova sua importância. Os métodos de planejamento tradicionais, ao ignorar a variável política, cortaram o caminho para o diálogo entre plano e gestão, relação absolutamente imprescindível para casar o “planejar” com o “fazer”.

A gestão pode ser entendida como uma etapa interativa, cujas informações

retroalimentam o processo de planejamento (ALMEIDA et al., 1999). No bojo da

afirmação, fica latente que a gestão não pode ser assumida como uma etapa

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

72

administrativa posterior ao planejamento, e deve ser tratada no coeficiente de

integração ao que foi planejado, aproximando o estratégico do operacional.

Santos (1996) salienta que é necessário fornecer ao processo de

planejamento e gestão do território uma visão mais administrativa ou gerencial, pois

o mundo exige uma visão global e complexa da realidade, por mais específica e

pontual que seja a problemática. Ponto de vista reforçado por Almeida et al. (1999)

ao defenderem que o planejamento se apresenta como um processo racional de

decisões, sistematizadas em quatro etapas: avaliação, seleção e aplicação de

instrumentos, execução e controle.

Silveira (2002) descreve em seu estudo que desde Galileu a ciência moderna

tem sido dominada pelo enfoque analítico ou reducionista, caracterizado pela

redução de problemas a componentes menores com o objetivo de facilitar a sua

análise. Sua pesquisa demonstra que o reducionismo apresenta vantagens

evidentes, sendo responsável pelo ferramental metodológico que proporcionou o

grande desenvolvimento científico e tecnológico experimentado pela humanidade

nos últimos séculos. No entanto, para o autor, o enfoque analítico-reducionista se

mostra inadequado para lidar com situações mais complexas, como o planejamento

público, no qual os fenômenos devem ser entendidos não só em termos dos seus

componentes, mas também em termos do conjunto integral das relações existentes

com a sociedade.

O avanço do enfoque analítico para o estudo dos problemas como um todo

trata-se de uma mudança metodológica que se admite como aplicável na presente

tese, em que a medição do desempenho pelos indicadores do planejamento

operacional interrelacionada com a análise das entrevistas permite averiguar a

eficiência e a eficácia das políticas públicas estrategicamente assumidas nos

instrumentos orçamentários.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

73

3.2 PLANEJAMENTO PÚBLICO

O planejamento é entendido como a primeira etapa em qualquer processo de

gestão, quer seja na atividade pública quer seja na privada, pois por meio dele serão

traçados os desejos, as intenções, as expectativas, o futuro projetado para a

entidade ou a empresa (QUINTANA, 2011).

O planejamento público deve ser interpretado como um processo de

elaboração, execução e controle de um plano de desenvolvimento, que envolve

assumir objetivos gerais e metas específicas, tendentes a elevar a qualidade de vida

da sociedade, ao mesmo tempo em que envolve a ordenação sistemática de um

conjunto de decisões necessárias para a consecução dos objetivos almejados, com

a rapidez e os custos aguardados pela comunidade (FRANÇA JR., 2014)

O planejamento público é voltado para a solução dos problemas da

sociedade, de interesse da maioria, que não encontra solução nas forças do

mercado e está sujeito às prescrições constitucionais e legais (PEIXOTO, 2008).

O planejamento é um processo contínuo que envolve a coleta, a organização

e a análise sistematizada de informações, por meio de procedimentos e métodos,

para chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para

aproveitamento dos recursos disponíveis (SANTOS, 2004). Este fundamento é

basilar na formulação de políticas públicas, uma vez que possibilita a definição das

ações de governo mais próximas da realidade social.

Um debate inicial acerca do planejamento público é a própria noção de

planejamento, como um dimensionamento que precede e preside a ação. Este

alargamento do planejamento para além do cálculo representa um avanço, na

medida em que incorpora aspectos de gestão, aspectos organizacionais e a ênfase

no momento estratégico e operacional, ou seja, no planejamento da conjuntura

social e na avaliação e atualização constante do plano. O planejamento passa a

estar intrinsecamente vinculado à ação com seus resultados e impactos e não

somente ao cálculo (ARTMANN, 2000).

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

74

Para Matus (1997), um problema não pode ser apenas um “mal-estar” ou uma

necessidade sentida pela população. Um problema suscita à ação: é uma realidade

insatisfatória superável que permite um intercâmbio favorável com outra realidade.

Tal ponto de vista é relevante na abordagem do planejamento público, pois

destaca que um problema social não é solucionado definitivamente e sim

equacionado, pois uma intervenção eficaz na realidade produzirá uma relação

positiva na gestão de outros problemas. Outro aspecto imperativo no planejamento e

gestão das questões sociais é a consideração de que um problema social seja

definido e declarado por um ator, disposto e capaz de enfrentá-lo.

No sistema social há uma quantidade indeterminada de sujeitos que

governam a partir de perspectivas diferentes, o que dificulta aos atores sociais

atingirem a capacidade de controlar todas as variáveis envolvidas no processo de

condução do planejamento (FRANÇA JR., 2014).

Nas políticas públicas, atores sociais são todas as pessoas e organizações

envolvidas nos processos de formação e gestão pública. Este conceito reforça o fato

de que nas ciências sociais, ao contrário do que ocorre nas ciências naturais, os

objetos de estudo pensam, agem e reagem (AGOC, 2010).

Cada ator social se insere de maneira diferente na realidade, adere a distintas

ideologias, tem interesses diferenciáveis, conta com distintas capacidades de

governo e prioriza as situações a partir desta perspectiva e segundo seus valores,

ideologias e intenções. Como consequência, cada um explica a realidade de forma

diferente e essa explicação particular será o fundamento de sua ação

(CASSIOLATO; GUERESI, 2010).

Os atores sociais, também designados de atores públicos, são criativos no

exercício da função, sendo improvável predizer seu comportamento, senão, apenas

prever algumas possibilidades de ação, e preparar-se para reagir velozmente ante

as contingências que se originam na criatividade dos atores que interatuam, num

sistema marcado por incertezas (CASSIOLATO; GUERESI, 2010).

É possível perceber que uma formação territorial desenvolvida, e socialmente

mais justa, tal qual se pretende na atividade do turismo, deve ser firmada em bases

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

75

sólidas de planejamento nas instituições públicas, mas destacadamente com o

envolvimento e a competência dos atores públicos (FRANÇA JR., 2014).

Dentro da complexidade que envolve o planejamento público, Abony e Van

Slyke (2010) destacam as dificuldades que a administração pública enfrenta

atualmente, sendo preciso “governar nos limites”, deste modo, destacam que o

governo deve desempenhar novas funções, produto das mudanças nas formas de

interação e interdependência entre territórios, economias e pessoas, priorizando a

persuasão no lugar do controle e dando preferência pela articulação ao invés do

comando.

Numa visão mais ampla, o processo de planejamento público pode ser

dividido em três fases: a decisão de planejar, o plano propriamente dito e a

implementação do plano. Nas duas primeiras fases o planejamento atende,

fundamentalmente, a um imperativo legal na formação das peças orçamentárias

(PPA, LDO e LOA); não há possibilidade de se abrir mão dele, na medida em que

toda a legislação pertinente determina o que deve conter no planejamento. Quanto

aos resultados decorrentes da implementação do plano, ou seja, a fase de

execução, referida obrigação legal não existe, muito embora em não o fazendo, a

qualidade dos serviços prestados à população ficará seriamente comprometida

(VIGNOLI, 2004).

Na mesma linha de pensamento Jannuzzi (2010) leciona que o planejamento

é essencial na administração pública, sem o qual só resta a improvisação, o

voluntarismo e o consequente descrédito da população acerca do papel e da

eficiência do Estado no cumprimento de suas funções na alocação e coordenação

de esforços na distribuição de bens e serviços públicos e garantia de níveis

crescentes de bem-estar à população.

Seguindo o pensamento de Matus (1997), De Toni (2009) defende que um

bom governo deve dispor, além de um projeto político viável, de meios e recursos

que assegurem sua governabilidade e de capacidade técnica de planejamento,

gestão e adequação das atividades programadas para construção do projeto

almejado.

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

76

Com toda a incerteza que cerca a atividade econômica contemporânea, com

toda movimentação e reposicionamento cotidiano dos agentes políticos, com toda a

pressão social por programas e serviços públicos mais efetivos e eficientes, o

planejamento público é, ao contrário do que se poderia supor em uma perspectiva

mais liberal-conservadora, cada vez mais necessário (JANNUZZI, 2010).

O Planejamento governamental tradicional tem características normativas,

controladas por leis, visto que conceitualmente a sociedade e suas relações

territoriais são tidas lineares, ou seja, que aceita e assimila as políticas e os

programas impostos pelo governo, sem grandes reações comunitárias. Na

metodologia linear, o planejador julga que quando os atores sociais reagem, o fazem

de forma previsível e previamente estabelece estratégias que anulem essa reação.

Este modelo tende a ser superficial e incompleto, encontrando menores dificuldades

de aplicação em situações onde o poder estatal é centralizado. Já em ambientes

democráticos, de complexidades sociais, econômicas e políticas de nossa

atualidade, o planejamento normativo linear não se mostra adequado.

Dentre os métodos não lineares destaca-se o Planejamento Estratégico

Situacional – PES, que surgiu da análise das dificuldades do Planejamento

normativo tradicional e se apoderando das diretrizes do planejamento estratégico

(AGOC, 2010).

Carlos Matus (1997), principal idealizador do método PES e crítico do

planejamento normativo, define o PES como “cálculo situacional sistemático que

relaciona o presente com o futuro e o conhecimento da ação”, ou seja, considera as

relações de poder entre os atores sociais envolvidos no processo e incorpora as

variáveis quantitativas como determinante para a viabilidade das políticas públicas.

O PES valoriza dispositivos matemáticos que garantam a previsão e

implementação, ao tempo em que deposita confiança no entrosamento do governo

com a sociedade para viabilizar as adequações e correções, com a experiência do

aprendizado. Por significante, precisa de um sistema de monitoramento, para

controle das responsabilidades atribuídas e do desempenho desejado, na

expectativa de que o planejamento seja contínuo e o plano só estará terminado

quando estiver o mais próximo possível das metas propostas (FRANÇA JR., 2014)

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

77

As abordagens mais modernas de planejamento público, com foco mais

estratégico e situacional, assentam-se em uma metodologia de trabalho com cinco

etapas de atividades, iniciando-se com a definição da agenda de prioridades da

ação governamental, através do órgão setorial, prefeitura, governo estadual ou

federal, passando pela elaboração da análise retrospectiva, da análise prospectiva,

da análise de potencialidades e fragilidades e terminando com a sistematização de

informações para as escolhas de estratégias a seguir na formulação do plano. Em

todas as etapas, demanda-se um conjunto específico de informações de natureza

mais estruturada ou semiestruturada, mais gerais ou mais específicas (JANNUZZI,

2010).

Assumindo como corretas as impressões acima elencadas, sobre as

particularidades do planejamento estratégico situacional no setor público, ganha

força diferenciada e politicamente importante uma busca direcionada a dar resposta

às questões de complexidades econômicas e sociais atuais. Afinal, se planejamento

e políticas públicas são instâncias lógicas de mediação funcional entre Estado e

desenvolvimento, então não é assunto menor os métodos e procedimentos de

análises quantitativas para qualificar as funções estratégicas típicas do Estado (que

é o que se busca na presente tese com vistas as políticas públicas de turismo),

desde que estas análises sejam tratadas ao nível de parâmetros para o

planejamento na essência de seu significado, de algo que precede e condiciona a

ação.

Ao caminhar no debate e ressignificação do planejamento público

governamental, alinhado ao desenvolvimento do Brasil, Cardoso Jr. (2011, p. 47-48)

espera a obtenção de maior maturidade e profundidade para ideias ainda hoje não

muito claras, dentre as quais cita quatro proposições:

• Em primeiro lugar, dotar a função planejamento de forte conteúdo estratégico: trata-se de fazer da função planejamento governamental o campo aglutinador de propostas, diretrizes, projetos, enfim, de estratégias de ação, que anunciem, em seus conteúdos, as potencialidades implícitas e explícitas, vale dizer, as trajetórias possíveis e/ou desejáveis para a ação ordenada e planejada do Estado, em busca do desenvolvimento nacional;

• Em segundo lugar, dotar a função planejamento de forte capacidade de articulação e coordenação institucional: grande parte das novas funções que qualquer atividade ou iniciativa de planejamento governamental deve assumir estão ligadas, de um lado, a um esforço grande e muito

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

78

complexo de articulação institucional e, de outro lado, a outro esforço igualmente grande – mas possível – de coordenação geral das ações de planejamento. O trabalho de articulação institucional a que se refere é necessariamente complexo porque, em qualquer caso, deve envolver muitos atores, cada qual com seu pacote de interesses diversos e com recursos diferenciados de poder, de modo que grande parte das chances de sucesso do planejamento governamental hoje depende, na verdade, da capacidade que políticos e gestores públicos tenham de realizar a contento este esforço de articulação institucional em diversos níveis. Por sua vez, exige-se em paralelo um trabalho igualmente grande e complexo de coordenação geral das ações e iniciativas de planejamento, mas que, neste caso, porquanto não desprezível em termos de esforço e dedicação institucional, é algo que soa factível ao Estado realizar;

• Em terceiro lugar, dotar a função planejamento de fortes conteúdos prospectivos e propositivos: cada vez mais, ambas as dimensões aludidas (a prospecção e a proposição) devem compor o norte das atividades e iniciativas de planejamento público. Trata-se, fundamentalmente, de dotar o planejamento de instrumentos e técnicas de apreensão e interpretação de cenários e de tendências, ao mesmo tempo que de teor propositivo para reorientar e redirecionar, quando pertinente, as políticas, os programas e as ações de governo;

• Em quarto lugar, dotar a função planejamento de forte componente participativo: hoje, qualquer iniciativa ou atividade de planejamento governamental que se pretenda eficaz, precisa aceitar – e mesmo contar com – certo nível de engajamento público dos atores diretamente envolvidos com a questão, sejam estes da burocracia estatal, políticos e acadêmicos, sejam os próprios beneficiários da ação que se pretende realizar. Em outras palavras, a atividade de planejamento deve prever uma dose não desprezível de horizontalismo em sua concepção, vale dizer, de participação direta e envolvimento prático de – sempre que possível – todos os atores pertencentes à arena em questão.

Para avançar nesta maturidade política, observa-se fundamental planejar no

planejamento público a inclusão de métricas que permitam avaliar e mensurar se as

peças orçamentárias estão atingindo na fase operacional o que foi almejado na fase

estratégica. O procedimento do controle aplicando indicadores deve possibilitar o

acompanhamento evolutivo dos resultados esperados e necessários, para que os

objetivos sejam alcançados.

Assim, para construção de uma trajetória de êxito, é fundamental formular

estratégias e implementá-las por meio de metas, planos e processos alinhados,

monitorando-os constantemente e comunicando-os aos atores públicos. Em suma, o

planejamento público que se apresenta nesta tese é, então, insumo metodológico

principal num processo incessante e contínuo de aprendizado e conquistas, cujas

dimensões se agregam às políticas públicas de turismo para qualificar os patamares

de importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social de um

território.

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

79

3.3 A ORÇAMENTAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL

O conceito de orçamentação pública pode ter diferentes interpretações.

Entretanto, conforme comenta França (2011), orçar remete a estimar, a calcular, a

avaliar e a prever para que se possa atingir um resultado. Dentro desta perspectiva,

Santos (2009) comenta que o orçamento público pode ser conceituado de várias

formas, entretanto, a mais simples delas consiste em uma lista de receitas e

despesas financeiras do governo, onde se faz a estimativa de alguns recursos e

identifica-se onde serão gastos.

Contudo, no entendimento de vários autores o orçamento público é um dos

principais pilares da administração pública. Como exemplo pode-se citar Kohama

(2008) para quem o orçamento consiste na previsão de receitas e a fixação de

despesas para um determinado período de tempo, geralmente um ano, sendo uma

peça fundamental da administração das finanças do Estado.

Entende-se que orçamento público é um instrumento de planejamento, para

que os gastos do governo se aloquem da maneira mais eficiente; é um documento

contábil para fixação de receitas e despesas, que se for bem executado pode trazer

grandes benefícios à população (FRANÇA, 2011).

De acordo com Reis (1985), o orçamento público é tido como um documento

formal que serve a administração pública, no sentido de orientar as ações a serem

empregadas para alcançar o desenvolvimento econômico e social, transformando-se

em importante subsídio nas tomadas de decisões da administração pública.

Em direito administrativo, o orçamento público é uma ação gerencial através

do qual o Poder Legislativo autoriza o Poder Executivo a realizar determinada

despesa, destinada a fazer frente a custeios e investimentos nos projetos de

políticas públicas.

O orçamento público é uma das primeiras ferramentas de planejamento,

sendo o elo com as funções executivas da organização; e quando bem elaborado,

transforma-se em instrumento de gestão, deixando de ser apenas formalidade legal,

permitindo que a execução orçamentária ocorra na mais perfeita ordem e em favor

da sociedade (ANDRADE, 2002).

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

80

Para Meireles (1989), o orçamento é conceituado como um programa de

obras, serviços e encargos públicos, expresso em termos de dinheiro, com previsão

da receita e fixação da despesa, a ser executado dentro de um período financeiro.

Segundo Giacomoni (2005), o orçamento público – da União, dos Estados e

dos Municípios – tem a finalidade de evidenciar, em termos qualitativos e

quantitativos, física e monetariamente, as políticas que o governo pretende executar.

Dos posicionamentos acima, compreende-se que o orçamento é um plano de

trabalho governamental que se estabelece para um determinado período de tempo,

com seu programa de exercício, descriminando a origem desse recurso e o

montante das despesas a serem efetuadas.

Não se pode perceber o orçamento público como um amontoado de números

que todo ano se repete com correções de 5% ou 10% para cada dotação. O

planejamento público, essencial para que haja uma boa administração, deve orientar

as receitas e as despesas orçamentárias. Na definição das despesas é que são

determinadas as prioridades do governo diante da realidade vivida pela população

(PINTO JÚNIOR, 2012).

O orçamento público deve ser tratado como o plano primordial do

planejamento na atividade pública, envolve os instrumentos legais que devem

integrar todo o processo administrativo e financeiro, direcionando a alocação dos

recursos humanos, materiais e tecnológicos, para toda e qualquer ação de Governo,

quer seja na manutenção das atividades, quer seja na execução dos projetos para

atender as necessidades públicas. Ainda, o orçamento público pode ser fonte de

distribuição de renda como a oferta de educação, saúde, transporte, entre outros,

permitindo mais benefícios às pessoas que somente poderão ter acesso a esses

serviços se eles forem ofertados pelo Estado (CUNHA et al, 2009).

Desse modo, pode-se dizer que na construção do processo orçamentário, as

políticas públicas assumidas devem estar vinculadas a disponibilidade de recursos

financeiros que promova a sua efetiva execução. Longe de admitir o orçamento

público por decisões isoladas, trata-se de uma resultante do somatório de metas e

de recursos financeiros, com o propósito de concretizar os seus objetivos.

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

81

Neste contexto, afirma Pinto Júnior (2012, p. 49):

Todas as decisões tomadas pelas autoridades governamentais são políticas. Quaisquer propostas de investimentos e despesas do governo, seja ele municipal, estadual ou federal, afetam a vida de milhões de brasileiros, beneficiando ou prejudicando sua qualidade de vida. Quando o governo opta por investir em educação, saúde ou no pagamento de juros de sua dívida pública, sua escolha é baseada em prioridades que irão afetar diferentemente setores da população.

A formalização do orçamento público encontra sua origem nos sistemas

feudalistas da Idade Média. O método de orçamentação empregado na época –

conhecido como "tradicional" – centrava-se claramente na função de controle

contábil, dando ênfase aos objetos de gasto e ao estrito emprego das dotações nos

respectivos fins, elementos e itens de despesa, para os quais foram concedidos

(SANCHES, 1997).

O orçamento tradicional, que também é conhecido por orçamento clássico,

tratava-se de um processo orçamentário em que apenas uma dimensão do

orçamento é explicitada, qual seja, o objeto de gasto. Nele constavam apenas a

fixação da despesa e a previsão da receita, sem nenhuma espécie de planejamento

das ações do governo, ou seja, era peça meramente contábil–financeira, um

documento de previsão de receita e de contabilização das despesas (MAIA, 2016).

Pires e Motta (2006) registram que no orçamento clássico não havia

preocupação com a realização dos programas de trabalho do governo, o cuidado era

apenas com as necessidades dos órgãos públicos para realização das suas tarefas,

sem questionar qualquer relação sobre objetivos e metas a serem atingidos.

Não se verifica na técnica tradicional de orçamento uma preocupação

primária com o atendimento das necessidades da coletividade ou da própria

administração pública. Nem mesmo ficam claros os objetivos econômicos e sociais

que motivaram a elaboração da peça orçamentária. Por outro lado, nesse modelo de

orçamento, há uma preocupação exagerada com o controle contábil do gasto,

refletida no obsessivo detalhamento da despesa (ENAP, 2014).

No método tradicional o orçamento público não passava de uma peça

gerencial, sem maiores detalhamentos, que se prestava a direcionar os meios de

execução contábil, ou seja, dos objetos de gastos para que o administrador público

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

82

seguisse as tarefas definidas. Conceituação diferenciada dos dias de hoje, pois

segundo Cunha et al. (2009) o orçamento público é um dos instrumentos mais

importantes da gestão dos negócios de uma coletividade politicamente organizada.

Sucessor do orçamento clássico foi o orçamento de desempenho ou por

realizações. Neste método de orçamentação, o gestor começa a se preocupar com o

resultado dos gastos e não apenas com o gasto em si, ou seja, preocupa-se agora

em saber “as coisas que o governo faz e não as coisas que o governo compra”

(MAIA, 2016).

Assim, saber o que a administração pública compra tornou-se menos

relevante do que saber para que se destina a referida aquisição. O orçamento de

desempenho, embora já ligado aos objetivos, falta-lhe uma característica essencial,

que é a vinculação ao sistema de planejamento (ENAP, 2014).

Para propor o equilíbrio entre o planejamento e a execução das ações de

governo, o orçamento por desempenho evoluiu para o orçamento programa, e este

deve ser abordado como um plano de trabalho, um instrumento do planejamento

público, através da identificação dos seus programas de trabalho, projetos e ações,

além dos estabelecimentos de objetivos e metas a serem implementados, bem como

a previsão dos custos relacionados (PIRES; MOTTA, 2006).

A concepção do orçamento-programa está ligada à ideia de planejamento. No

entendimento, o orçamento deve considerar os objetivos que o governo pretende

alcançar, durante um período determinado de tempo. Com base nessa

característica, o orçamento-programa ultrapassa a fronteira do orçamento como

simples documento financeiro, aumentando sua dimensão para a operacionalização

das ações do governo, em consonância com os planos e diretrizes formuladas no

planejamento (ENAP, 2014).

Na abordagem do orçamento-programa, na fase de elaboração da proposta,

ocorre o questionamento acerca das reais necessidades de cada área de governo,

no qual os órgãos devem justificar o montante financeiro com base em um resultado

de desenvolvimento econômico e social.

A ENAP (2014), destaca que em sua elaboração o orçamento-programa tem

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

83

uma lógica que o distingue de outros modelos. Essa lógica pode ser traduzida em

fases que ao serem cumpridas dão a esse modelo toda a sua peculiaridade, como

pode ser percebida na tabela abaixo:

Tabela 2: Lógica do Orçamento-Programa

FASES CARACTERÍSTICAS

Determinação da situação Identificação dos problemas existentes

Diagnóstico da situação Identificação das causas que concorrem para o

surgimento dos problemas

Apresentação das soluções Identificação das alternativas viáveis para solucionar

os problemas

Estabelecimento das prioridades Ordenamento das soluções encontradas

Definição dos objetivos Estabelecimento do que se pretende fazer e o que

se conseguirá com isso

Determinação das tarefas Identificação das ações necessárias para atingir os

objetivos

Determinação dos recursos Arrolamento dos meios, sejam recursos humanos,

materiais, técnicos, institucionais ou serviços de

terceiros necessários

Determinação dos meios financeiros Expressão monetária dos recursos alocados

Fonte: ENAP (2014).

Assim, o conceito orçamentário sofreu modificações ao longo do tempo,

decorrentes da evolução de suas funções. O orçamento tradicional, que antes

funcionava como instrumento de controle político, deu lugar ao orçamento de

desempenho, sendo esse último utilizado como instrumento de administração,

todavia o mesmo evoluiu para unir-se ao planejamento, fazendo surgir o chamado

orçamento-programa, agora como instrumento de gestão pública.

No Brasil, o orçamento público – da União, dos Estados e Municípios – é o

documento anualmente aprovado, em forma de lei, com a finalidade de evidenciar

em termos qualitativos e quantitativos, física e monetariamente, as políticas públicas

e o programa de governança que o governo pretende executar (SILVA NETO, 1999).

Partindo dessa conceituação, Cunha et al. (2009) definem o orçamento

público no Brasil como uma tradução financeira de um plano de ação, admitindo que

no processo de planejamento público cada fase de decisão de natureza política

corresponde a uma fase de natureza financeira.

Por consequência, pode-se afirmar que o orçamento público brasileiro é o

processo de confecção das peças orçamentárias, produto de um planejamento que

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

84

articula e organiza um grande conjunto de ações em todos os setores de um

governo. Nesse contexto, o processo de orçamentação não trata de decisões

particularizadas, devendo constituir-se em um instrumento de planejamento que

incorpora as metas e os recursos financeiros disponíveis para o seu atingimento.

Pode-se dizer, inclusive, que a elaboração do orçamento designa o momento em

que o poder público, tendo em vista suas funções e competências define os

programas, projetos e atividades que irá empreender para fazer frente as suas

políticas públicas.

Por certo, de forma direta e indireta, o orçamento público expressa

formalmente como a administração pretende lidar com as suas atribuições e

competências. Nesta reflexão, percebe-se que a forma de atuação constitui uma

atividade do planejamento público, possibilitando perceber a realidade, avaliar os

caminhos, construir um referencial futuro e estruturar a trajetória a que o

planejamento se destina.

Silva (2002) registra que o orçamento é um ato autorizativo das despesas que

o governo deve efetuar, sendo um instrumento da moderna administração pública.

Também considera que o orçamento contribui para o planejamento governamental,

pois é capaz de expressar com maior veracidade a responsabilidade do Governo

para com a Sociedade.

Tomando por princípio que são os cidadãos que sustentam o aparato estatal,

o Professor Odilon Guedes Pinto Júnior (2012) ao defender que a sociedade civil

deve conhecer os conceitos básicos do processo orçamentário para poder dialogar e

defender os interesses da coletividade diante do Estado, afirma que o planejamento

orçamentário contém em seu significado um passo decisivo para a cidadania, pois

nele está registrado a arrecadação de tributos e como são dispendidos pela

administração pública.

Evidencia-se nas citações acima que o orçamento público é um conjunto de

ferramentas do planejamento público, sobre o qual o gestor afirma suas intenções

buscando a realização das ações e programas de governo.

Page 85: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

85

3.3.1 Legislação, Características e Princípios do Orçamento Público

O advento da Lei Complementar n. 101/2000, conhecida como a Lei da

Responsabilidade Fiscal, aliada ao que foi estabelecido na Constituição Federal de

1988, proporcionou ao orçamento público a condição de essencialidade na

implementação integrada do planejamento e sua respectiva gestão por meio do

Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei

Orçamentária Anual (LOA). É o conjunto destas três ferramentas que materializam o

planejamento e a execução das políticas públicas.

Importa lembrar que o orçamento público foi concebido no século XI, na

Inglaterra e tinha por meta evitar que os Soberanos, utilizando-se do poder

discricionário que detinham, criassem tributos. A prática orçamentária teve origem

quando a Carta Magna da Inglaterra imposta, pelo conjunto de plebe e nobreza, ao

Rei João Sem Terra, outorgou ao Conselho dos Comuns, o direito de votar os

impostos e delimitar sua aplicação (MAIA, 2016).

A independência americana ocorreu somente com a interferência da

Inglaterra no orçamento da Colônia. Em 1765, a criação de novos tributos, propiciou

a insurreição das treze Colônias e culminou com a independência dos Estados

Unidos (PIRES; MOTTA, 2006).

Na França, os reis tiravam dos cofres públicos os recursos para atender as

despesas da Nação e também para atender os seus gastos particulares. No entanto,

em 1798, iniciou-se o orçamento votado pelo Senado, através da Declaração de

Direitos. A limitação constitucionalmente imposta evoluiu inicialmente na França e

mais adiante, em todos os países do mundo, a partir da instituição dos “Princípios

Orçamentários” durante a Revolução Francesa.

No Brasil, o primeiro orçamento foi previsto na Constituição Federal de 1824;

no entanto, o mesmo só foi regularmente votado para o exercício de 1831/1832,

instituído por Decreto Legislativo de 15 de dezembro de 1830. Em seu texto

constava a respeito das competências dos poderes imperiais em relação a tributos e

despesas, que competia ao Poder Executivo elaborar a proposta orçamentária e a

Assembleia Geral, formada pela Câmara dos Deputados e Senadores, a atribuição

de aprovar a lei que tratava dos orçamentos. Além disso, também era

Page 86: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

86

responsabilidade da Câmara dos Deputados a iniciativa de leis sobre impostos

(PIRES; MOTTA, 2006).

Em 1891, com a proclamação da República, uma nova Constituição foi

elaborada, dando aos Estados e Municípios maior autonomia, e assim alterações

relevantes ocorreram na orçamentação pública, que passou a ser função do

Congresso Nacional, onde a Câmara dos Deputados assumiu o papel de elaborar o

orçamento brasileiro (FRANÇA, 2011). Giacomoni (2005) entende que o Brasil

entrou no século XX e passou pelas primeiras duas décadas sem grandes

novidades em relação à organização das finanças públicas.

No ano de 1922 foi aprovado pelo Congresso Nacional o Código de

Contabilidade da União, no qual foram determinados os procedimentos

orçamentários, financeiros, patrimoniais e contábeis para o setor público. O código

determinava que o Poder Executivo viabilizasse ao Poder Legislativo todos os

elementos para que o mesmo procedesse, com maior assertividade, a elaboração

da lei orçamentária (MAIA, 2016).

A Constituição de 1934 trouxe uma dinâmica diferenciada para o orçamento

público ao devolver ao Executivo a função de elaborar, mas também de decretar sua

aprovação, após as análises e adequações por parte do Legislativo. A respeito da

Constituição de 1934, Pires e Motta (2006, p.21) descrevem:

As questões de ordem orçamentária mereceram, destaque, ao serem classificadas em uma seção própria. Nessa constituição, a competência para elaboração da proposta orçamentária era atribuída ao Presidente da República, cabendo ao Legislativo a sua votação com auxílio do Tribunal de Contas. Na realidade, a falta de ordem jurídico-constitucional e de leis complementares sobre limitações às emendas inseridas pelos legisladores deu ao orçamento uma modalidade do “tipo misto”, com co-participação entre ambos os poderes.

Nos últimos anos da década de 1930, o Brasil passou por uma grande crise

política, que o levou a um regime fortemente autoritário, denominado Estado Novo,

surgindo daí a Constituição de 1937. Nessa Constituição era enfatizado que a

proposta orçamentária seria elaborada por um departamento administrativo criado

junto à Presidência da República, passando por aprovação da Câmara dos

Deputados e do Conselho Fiscal, conselho este que teria a função de um Senado.

Contudo, efetivamente, essas duas instâncias nunca saíram do papel. Sendo assim,

Page 87: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

87

o orçamento público era elaborado e aprovado, direta e exclusivamente, pelo Poder

Executivo (FRANÇA, 2011).

De acordo com Giacomoni (2005), em 1946 uma nova Constituição é

aprovada no Brasil, fazendo com que o país passasse por um processo de

redemocratização. Naquela Constituição, estava estabelecido que o Executivo

continuava a elaborar a proposta orçamentária, entretanto sua aprovação teria que

passar pelo Legislativo. O autor relata, ainda, que os dispositivos constitucionais

sobre o orçamento consagravam como princípios básicos a unidade, a

universalidade, a exclusividade e a especialização, evidenciando de forma mais

clara, o papel do Tribunal de Contas.

O Regime Político Militar teve seu início em 31 de março de 1964, e sob essa

égide surge a Constituição de 1967. Em que pese todas as preocupações e

discussões em torno do movimento militar, foi também no ano de 1964 que surge a

Lei n. 4.320, que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e

controle dos orçamentos e balanços públicos, tida como um relevante marco para o

processo de orçamentação pública para todas as esferas de governo (Federal,

Estadual e Municipal). Os contornos e moldes estabelecidos por esta lei ao processo

orçamentário são utilizados até os dias atuais.

Segundo o entendimento de Xeres (2013), com sustentação na Constituição

de 1946 passou a vigorar a Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, que foi o primeiro

dispositivo de planejamento público de longo prazo, pois determinava, em seu art.

23, que as receitas e as despesas de capital, aprovados por decreto do Poder

Executivo, deviam ser estimados com um período mínimo de 3 anos e ajustados

anualmente. O referido artigo vinculava programas e metas com as realizações de

obras e prestação de serviços, ou seja, na sua essência tratava-se do orçamento

clássico, com a discriminação contábil das categorias de receitas e despesas

organizadas para um período executivo.

Sebastião Regis Dias Xeres (2013, p.5), destaca que a Lei 4.320/64, em seu

art. 2º, determinava que o orçamento público deve seguir os seguintes princípios:

•Princípio da Unidade: A Lei Orçamentária deve ser uma só e indivisível, contendo os orçamentos fiscal, de investimentos das empresas, e o de seguridade social, para um dado exercício financeiro:

Page 88: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

88

•Princípio da Anualidade: A Lei Orçamentária deve ser elaborada com a vigência de um ano, normalmente igualando-se com o ano civil (1 de janeiro a 31 de Dezembro);

•Princípio da Universalidade: A Lei Orçamentária deverá conter todas as receitas e despesas de todos os seus órgãos tanto da administração direta e indireta, como também das fundações.

Respeitando as mesmas características que continha a Lei 4.320/64, a

Constituição Federal de 1967 criou o Orçamento Plurianual de Investimentos (OPI),

com o diferencial de ser aprovado por lei específica; replicando o regramento para

cada Estado e Município do Brasil (XERES, 2013).

Giacomoni (2005) afirma que devido ao agravamento da crise econômica,

especialmente geradas nos anos de 1982 e1983, ficou evidente a fragilidade da

base política do governo militar, dando espaço para as campanhas populares,

propondo as eleições diretas para presidente e a convocação de uma Assembleia

Nacional Constituinte; e, desta forma, resulta mais uma Constituição Brasileira, em 5

de outubro de 1988.

Com a vigência da Constituição Federal de 1988 foram introduzidas

profundas mudanças quanto às normas de finanças públicas, notadamente em

relação ao orçamento público; em seu art. 165 está previsto a existência do plano

plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, que são as

ferramentas do orçamento público, assim como o orçamento público é o principal

instrumento do planejamento público (VASCONCELOS, 2009).

O Governo tem como responsabilidade fundamental o melhor nível dinâmico

de bem-estar à coletividade. Para tanto, utiliza-se de técnicas de planejamento e

programação de ações que são condensadas no denominado sistema orçamentário.

Com base na Constituição vigente, esse sistema busca, principalmente, diagnosticar

a situação atual para identificar as ações ou alterações a serem desenvolvidas,

visando atingir a situação desejada e estabelecida como política pública (KOHAMA,

2008).

O orçamento público é tratado como o elemento fundamental das finanças

públicas e tem como características traduzir os projetos e programas de governo,

bem como as políticas financeiras, econômicas e sociais adotadas pelo chefe do

Poder Executivo. Nele deve estar descriminado a origem e a estimativa do montante

Page 89: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

89

dos recursos a serem obtidos e das despesas que pretende realizar para atender os

desejos e as necessidades da sociedade. No orçamento público as receitas são as

entradas financeiras obtidas através de tributos, que são os impostos e as taxas

(XERES, 2013).

De acordo com Kohama (2008, p.109) constituem despesa pública:

[…] os gastos fixados em Lei Orçamentária ou em leis especiais e destinadas à execução dos serviços públicos e dos aumentos patrimoniais. Destina-se também ao cumprimento dos Compromissos da dívida Pública e ainda à restituição ou pagamento de importância recebida a título de cauções, depósitos, consignações, etc.

Quando as receitas são maiores do que as despesas se tem um superávit

orçamentário, e quando acontece de as despesas serem maiores do que a receita

há um déficit orçamentário. No setor público o orçamento deve primar pelo equilíbrio

entre receita e despesa.

Uma característica marcante na orçamentação pública é o regime político

vigente, pois que determina a maneira pela qual o orçamento é elaborado e

autorizado. No Brasil, a Constituição vigente determina que o orçamento seja

elaborado pelo o Poder Executivo, com base em seu planejamento estratégico, que

o encaminha ao Poder Legislativo, que o avalia e discute, modifica se preciso for e o

aprova na forma de lei, retornando novamente para o Chefe do Executivo para

sancionar (SILVA, 2002).

Segundo Machado Jr. e Reis (2003, p.17), “a aplicação dos princípios da

unidade, da universalidade e da anualidade deve ser cumprida em relação a cada

orçamento”; e, assim a entidade de direito público deve possuir apenas um

orçamento para cada ano financeiro.

Xeres (2013), registra que na Constituição de 1988, no seu art. 165, dos

parágrafos 50 ao 80, além dos Princípios declarados na Lei 4.320/64, foi anexado o

Princípio da Exclusividade, em que a Lei Orçamentária não conterá dispositivos

estranhos à previsão de receita e à fixação da despesa, exceto à autorização para a

abertura de créditos adicionais suplementares, contratações de operações de

crédito, inclusive por antecipação de receitas.

Em suas análises, Xeres (2013, p. 6) aponta que na referida Carta Magna,

Page 90: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

90

estão contidos outros princípios de relevância:

• Principio do Equilíbrio: a Lei Orçamentária deve consagrar a relação de igualdade entre a receita e despesa, ou seja, o total das receitas seja igual ao total das despesas previstos para o exercício financeiro.

• Principio da publicidade: obrigatoriedade de publicação através dos órgãos oficiais de comunicação/divulgação, para o conhecimento de toda sociedade, com clareza e responsabilidade de uma forma transparente à ação governamental.

• Princípio da Legalidade de Tributação: a Lei Orçamentária limita o Estado o seu poder de tributar, sem que seja autorizado por lei a referida medida.

Aquele autor afirma, ainda, que todos esses princípios servem para que os

governantes hajam de forma equilibrada, pois os seus atos juntamente com suas

ações trazem reflexos tanto para o presente como também para o futuro de uma

sociedade.

Ao comentar o orçamento público frente a Constituição de 1988, Giacomoni

(2005, p.45) relata:

As duas principais novidades do novo texto constitucional na questão orçamentária dizem respeito à devolução ao Legislativo da prerrogativa de propor emendas ao projeto de lei do orçamento, sobre a despesa e à explicação do sentido da universalidade orçamentária, isto é, considerando a multiplicidade de formas organizacionais e jurídicas do setor público, quais as receitas e despesas públicas devem integrar o orçamento público e merecer, portanto, a aprovação legislativa.

Para melhor entender como se formaliza o orçamento público, é necessário

caracterizar as etapas de sua elaboração: primeiro se estabelece a previsão das

receitas, ou seja, todos os recursos que se pretende captar através de cobrança de

impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. A partir daí apresenta-

se programas, projetos e atividades, de conformidade com a política pública

proposta, e se estabelecem os gastos para tentar alcança-las. Pois bem, e como se

dão os programas e as atividades dentro de um orçamento? O programa é o

instrumento de organização da ação governamental, visando à concretização dos

objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos num plano

de longo prazo. Por outro lado, as atividades, visam alcançar a meta de um

programa ou projeto, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de

modo contínuo e permanente na ação de governo. Porém, para se chegar ao

orçamento propriamente dito é preciso passar por três fases, de responsabilidade

Page 91: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

91

inicial do Poder Executivo, cada qual com suas especificidades particular, a saber: o

Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento Anual (SANTOS,

2014).

Objetivando garantir maior transparência às ações do Poder Executivo frente

ao cumprimento das fases do orçamento público, o Congresso Nacional aprovou a

Lei Complementar n. 101, em 04 de maio de 2000. A reconhecida Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF), tornou-se um marco de relevante interesse social no

comprometimento do administrador público com os planos, projetos e programas

orçamentários.

3.3.2 A Lei de Responsabilidade Fiscal e as Ferramentas Orçamentárias

Ao final do século XX o Brasil enfrentava um processo de improbidade

administrativa e déficit público e sentia-se a necessidade de mudanças na condução

dos gastos públicos. Assim, o Governo Federal instituiu o Programa de Estabilidade

Fiscal, propondo a Lei de responsabilidade Fiscal (LRF), cuja aprovação pelo

Congresso Nacional se deu como a Lei complementar n0 101/2000 (FRANÇA, 2011).

Oliveira (2005, p.36) relata que os fatores que contribuíram para estabelecer o

Programa de Estabilidade Fiscal foram:

- A crise econômica, evidenciada pelo esgotamento da estratégia de desenvolvimento que vinha sendo praticada no país, caracterizada por fortes intervenções do Estado na economia;

- A crise fiscal, manifestada na perda de capacidade financeira do Estado para atender aos anseios, necessidades e demandas da população. Em consequência de seu elevado grau de endividamento e da desorganização das contas públicas, atingidas por sucessivos déficits;

- A crise da administração pública, cujo modo de funcionamento burocrático (lento, formalista, centralizado e oneroso) foi considerado incompatível com as exigências dos tempos modernos.

No bojo do citado programa, a LRF veio para contribuir com as medidas que o

Brasil tinha a necessidade de enfrentar. Neste aspecto, Oliveira (2005, p.36-37) cita

as seguintes:

- Reforma no aparelho do Estado, visando aumento nas condições de “governança”;

Page 92: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

92

- Reformas na economia voltadas para o crescimento do mercado;

- Reforma previdenciária;

- Melhorar e inovar os instrumentos de política social;

- Ajuste fiscal duradouro.

Para Nascimento (2001), a LRF estabeleceu significativos postulados à

administração pública: prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o

equilíbrio das contas públicas; garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de

metas através de resultados entre receitas e despesas; limites e condições à

renúncia de receita; e, balizamento na geração de despesas com pessoal,

seguridade, dívidas, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição de

restos a pagar.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar no. 101 do dia 04 de

maio de 2000), veio para estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a

responsabilidade na gestão fiscal, sendo o principal instrumento regulador das

contas públicas, determinando metas e limites para geração das receitas e das

despesas, obrigando assim os administradores (acostumados com a

irresponsabilidade sem punidade) de assumirem compromissos com a arrecadação

e gastos públicos (XERES, 2013).

A LRF surgiu em um momento de descrédito da gestão pública, diante de

muitos exemplos de descalabro financeiro conduzido pelo excesso de

endividamento público e elevadas despesas de custeio, sobretudo as despesas com

pessoal. Foi justificada pelo costume, vivenciado na política brasileira, de alguns

gestores promoverem obras de grande porte no final de seus mandatos deixando a

conta arcada para seus sucessores, e assim dando ênfase a total falta de

credibilidade do cidadão para com os administradores públicos de forma geral

(PISCITELLI, 2004).

Percebe-se, evidentemente, que os princípios básicos incorporados na LRF

foram a integração entre planejamento e gestão, além da transparência. O

planejamento e a gestão integrada referem-se a ações estratégicas assumidas na

forma de programas, projetos e planos, visando garantir a eficiência das ações e a

responsabilidade com as despesas de custeios e investimentos. A transparência

Page 93: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

93

apresenta-se por meio da busca da participação popular e da divulgação de todos os

atos realizados pela administração pública, tanto na arrecadação da receita quanto

na realização das despesas.

Neste contexto, afirma Pires (2002) que a responsabilidade no controle fiscal

pressupõe ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e se corrigem

desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento

de metas de resultado entre receitas e despesas e a obediência de limites.

De acordo com Machado Jr. e Reis (2003) além de fixar normas gerais para

os três níveis de governo e para todos os poderes, a LRF estabelece três tipos de

regras: princípios e limites para parâmetros relacionados; mecanismos institucionais

de correção, para os casos de descumprimento temporário; e sanções institucionais

para não cumprimento definitivo.

Para Silva e Bonacim (2010), entre as atribuições da Lei de Responsabilidade

Fiscal estão os seguintes aspectos: impor em caráter de igualdade a todos os níveis

de governo, limites e padrões para os gastos; prever punições severas para os

responsáveis pelo descumprimento da lei orçamentária; e, exigir a obrigatoriedade

da divulgação de informações à sociedade. Tais atribuições evidenciam a

importância social da LRF, pois que além de disciplinar e responsabilizar os atores

públicos em todas as esferas de governo, envolve todas as instâncias dos Poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário.

Assim, Xeres (2013) cita que para efeito da LRF, a sua abrangência aplica-se

à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, como também os três

Poderes, o Ministério Público, os Tribunais de Contas, os órgãos da administração

direta e fundos, e as entidades da administração indireta.

O referido posicionamento refere-se à responsabilidade que os gestores

públicos devem ter na execução orçamentária, pois a LRF regulamenta a

Constituição Federal de 1988, com referência a tributação e as regras

orçamentárias, observando o que está estabelecido no art. 163º, em que estabelece

a normatização geral às finanças públicas.

Page 94: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

94

A responsabilidade fiscal e as ferramentas do orçamento público são leis e

seu processo de formalização também obedece a dispositivos legais. A Constituição

vigente determina a elaboração do orçamento com base em três ferramentas: Plano

Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual.

O Plano Plurianual (PPA) é o documento que expressa o planejamento para

execução das políticas públicas para um período de 4 anos, abrangendo o segundo,

terceiro e quarto anos do mandato do governante eleito e o primeiro ano do governo

seguinte para garantir a continuidade de ações de um governo para o outro. Nele

devem conter a delimitação e a enunciação das diretrizes genéricas e abrangentes,

com os respectivos objetivos, programas, ações e metas; inclusive com valores

financeiros, possibilitando a cobertura das ações governamentais que se queira

executar (CUNHA et al., 2009).

O PPA é dividido em planos de ações, e cada plano deve apresentar os

seguintes dados e informações: objetivo, órgão do Governo responsável pela

execução do projeto, valor, prazo de conclusão, fontes de recursos próprios ou

financiamento, a situação ou condição que o plano visa alterar e necessidade de

bens e serviços para a correta efetivação do previsto. Para cada um desses

planos/programas, designa-se uma unidade responsável competente, mesmo que

durante a execução dos trabalhos várias unidades da esfera pública sejam

envolvidas.

O Plano Plurianual é aquele que busca determinar em quais programas ou

projetos de duração continuada o governo deve aplicar os recursos recolhidos.

Trata-se do planejamento de longo prazo, no qual o gestor determina em que

políticas públicas investir, como direcionar os recursos para as áreas que ele queira

desenvolver, durante os próximos quatro anos de governo, estabelecendo, de forma

regionalizada, diretrizes, objetivos e metas para a administração pública (SANTOS,

2014).

Segundo Guedes (2001), quanto mais regionalizadas forem as ações que são

incluídas no PPA, maior o controle e a transparência. Complementando, França

(2011) registra que o PPA deve ser encaminhado ao Poder Legislativo no primeiro

ano de cada Governo, devido sua aplicabilidade aos programas de duração

Page 95: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

95

continuada, em que as ações podem ser realizadas até após o fim de mandato de

um determinado governante.

Defende-se que a cada ano seja realizado avaliação dos planos de políticas

públicas previstos para o período quadrienal, não só apresentando a situação atual

dos programas, mas também sugerindo formas de evitar o desperdício de recursos

públicos em ações não significativas para a sociedade. A avaliação anual poderá se

utilizar de vários recursos para sua efetivação, inclusive de pesquisas de satisfação

pública, quando viáveis.

Há que se lembrar de que quanto à elaboração do PPA, o levantamento da

situação atual por parte do Poder Executivo é de extrema importância, pois é

necessário saber dos projetos em andamentos, determinados ou não, inclusive das

suas formas de financiamento (CUNHA et al., 2009). É como bem diz Oliveira (2008,

p.367), “o plano plurianual define o planejamento das atividades governamentais”.

Embora, nas exposições de políticas públicas, todos os programas do PPA

sejam importantes e necessários para o desenvolvimento socioeconômico de um

território, dentro dele estão estabelecidos os projetos que detêm maior nível de

prioridade na sua realização, expondo as características de gestão de um governo.

Com base no Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO)

determina as metas e prioridades da administração pública, e tendo esta a função de

orientar a elaboração e execução da lei orçamentária anual, bem como dispor sobre

as alterações na legislação tributária (GUEDES, 2001).

A Lei de Diretrizes Orçamentárias é a ferramenta pela qual o governo

estabelece as suas principais diretrizes e metas de políticas públicas, para o período

de um exercício. Trata-se da ligação entre o Plano Plurianual (PPA) e a Lei

Orçamentária Anual (LOA), uma vez que reforça quais programas relacionados terão

prioridade na programação e execução orçamentária.

Uma das principais funções da LDO compreende selecionar dentre os

programas e metas incluídos no PPA, aqueles que terão prioridade na execução do

orçamento, conforme determina o parágrafo 2º do artigo 165 da Constituição

Federal. Compreenderá também as despesas de capital para o exercício financeiro

Page 96: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

96

subsequente. Orientará a elaboração da lei orçamentária anual e estabelecerá a

política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (PINTO JÚNIOR,

2012).

Slomski (2009) afirma que em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, em

seu artigo 4º, define que é de responsabilidade da LDO regular sobre o que rege o

§2º do art. 165 da Constituição Federal, além de estabelecer a respeito das

seguintes questões:

• Equilíbrio entre receitas e despesas;

• Critérios e formas de limitação de empenho a ser efetivada nas hipóteses

previstas na alínea b do inciso II do art. 4º, no art. 9º e no inciso II do § 1º do

art. 31 da LRF;

• Normas relativas ao controle de custos e a avaliação dos resultados dos

programas financiados com recursos dos orçamentos;

• Demais condições e exigências para transferência de recursos a entidades

públicas e privadas.

Segundo Pinto Júnior (2012), outra função importante é que a LDO deve

conter autorização específica para a concessão de qualquer vantagem em relação a

aumento de remuneração e outras vantagens referentes ao funcionalismo público.

Devem ser incluídas nessa lei os limites para elaboração das propostas

orçamentárias dos Poderes Legislativo, Judiciário e do Ministério Público quando for

o caso.

Na LDO deve ser inserido, de acordo com o artigo 4º da LRF, o Anexo de

Metas Fiscais, no qual são estabelecidas as metas anuais, em valores correntes e

constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante

da dívida pública, para o exercício seguinte. Constará, ainda, o Anexo de Riscos

Fiscais, no qual serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes

de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso

ocorram no decorrer da execução orçamentária (SANTOS, 2014).

De acordo com Guedes (2001), estes anexos fiscais são inovações trazidas

Page 97: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

97

pela LRF, com serventia essencial à elaboração da Lei Orçamentária Anual, para o

acompanhamento da execução orçamentária, para a prestação de contas e para a

formatação da LDO do próximo exercício.

Seguindo o que está estabelecido no plano plurianual e nas diretrizes

orçamentárias, elabora-se a proposta da Lei Orçamentária Anual. Nele compreende

o orçamento fiscal que demonstra a ação governamental dos Poderes Legislativo,

Executivo e Judiciário, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e

indireta, excluído os investimentos das empresas, os órgãos, fundos e entidades

vinculados ao sistema de seguridade social, o orçamento de investimento das

empresas públicas em que a Administração detenha a maioria do Capital Social com

direito a voto. Detalha, também, as fontes de recursos e a programação de suas

aplicações e investimentos, discriminando as receitas e despesas operacionais a fim

de evidenciar o déficit ou superávit resultante, e o orçamento da seguridade social

que compreende as ações integradas dos poderes públicos e destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social de todos os

contribuintes (OLIVEIRA, 2008).

A LOA é mais uma das ferramentas orçamentárias que compõem o

instrumento de planejamento público que a LRF menciona, sendo formalizado

através de lei específica. Cabe ao Poder Executivo a atribuição e a responsabilidade

de elaborar o orçamento anual, que encaminha o projeto de lei ao legislativo, fixando

as receitas e as despesas para aprovação. Essas receitas e despesas determinam

como os serviços públicos serão realizados dentro do exercício anual. Oliveira

(2005) afirma que o orçamento deve ser um plano efetivo de programação, no qual

as ações de governo são concretizadas e avaliadas, possibilitando assegurar o

equilíbrio financeiro.

Observa-se, portanto, que a Lei Orçamentária Anual faz a previsão da receita

e a fixação da despesa necessária para implementar as ações de desenvolvimento e

de serviços públicos, para o exercício financeiro de um ano, focando atingir os

objetivos e metas estabelecidos no planejamento estratégico das políticas públicas

de interesse da sociedade. Neste sentido, Slomski (2009) afirma que a LOA deve

discriminar a receita e a despesa evidenciando a política econômico-financeira e o

programa de trabalho do governo.

Page 98: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

98

De acordo com Kohama (2008, p. 39), a Lei de Responsabilidade Fiscal, em

seu artigo 5º, dispõe algumas questões que devem ser observadas na elaboração

do projeto da Lei Orçamentária Anual, conforme seguem:

- Deve estar compatível com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

- Conter demonstrativos da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da LDO;

- Se fazer acompanhar de demonstrativo do efeito sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das medidas de compensação à renúncia de receitas e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

- Conter reserva de contingência, que pode ser calculada utilizando-se percentual sobre a receita corrente líquida, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos;

- Apresentar todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual;

- Constar o refinanciamento da dívida pública, separadamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional;

- É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada;

- Não consignar dotação para investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual e em lei que autorize a sua inclusão.

De acordo com Vasconcelos (2009), a LOA não pode ser tratada como leis

específicas para cada um dos Poderes, trata-se de uma lei que contém o orçamento

fiscal, de investimentos e de manutenção, além da Seguridade Social, como um

todo, para cada esfera de governo.

Na amplitude de suas características, afirma-se que não é admissível inserir

na LOA dispositivos estranhos à previsão de receita e à fixação da despesa. No

entanto, admite-se a autorização para abertura de créditos suplementares, assim

como a contratação de financiamentos, ainda que por antecipação de receita.

Neste aspecto, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 66, parágrafo 3,

prevê que o projeto de LOA, poderá receber emendas do Legislativo, desde que não

altere o total dos recursos orçamentários previsto para o exercício financeiro,

observando os seguintes aspectos: sejam compatíveis com o Plano Plurianual (PPA)

Page 99: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

99

e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO); e, sejam relacionadas com a correção de

erros ou omissões, ou com os dispositivos do texto do projeto de lei.

Com sustentação na Lei de Responsabilidade Fiscal, salienta-se que cada

esfera de governo tem seu ciclo orçamentário, com prazos determinados para

elaboração e aprovação do Plano Plurianual, da Lei de Diretrizes Orçamentárias e

da Lei Orçamentária Anual. Tais prazos estão previstos na Lei Orgânica de cada

Município, na Lei Constitucional de cada Estado e Distrito, assim como na

Constituição Federal. Cada uma dessas leis, PPA, LDO e LOA, tem curso normal de

elaboração, aprovação e implementação pelos Poderes Executivo e Legislativo

(PINTO JÚNIOR, 2012).

Defende Santos (2014), que em resumo a LRF objetiva disciplinar a gestão

dos recursos públicos e moralizar à execução dos seus investimentos. Neste caso, a

LRF provocou uma verdadeira mudança institucional e cultural com respeito a

gestão das receitas e das despesas, adotando rígidas restrições orçamentárias

ocasionando uma maior responsabilidade fiscal.

3.4 DISPOSITIVO DE CONTROLE À EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO

A atuação conjunta das ferramentas orçamentárias, aliada aos dispositivos da

LRF, proporcionam a instrumentação do planejamento público, permitindo aos

gestores públicos a utilização de recursos com eficiência, facilitando a transparência

nas informações e permitindo a participação da sociedade na fiscalização e controle

das políticas públicas.

No orçamento público, quando se faz referência ao planejamento estratégico,

está se falando da elaboração do Plano Plurianual (PPA), que define as ações da

gestão pública, políticas de governo, para os próximos quatro anos. Em paralelo, o

planejamento tático que tem duração de um ano, no setor público, é representado

pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que visa estabelecer os parâmetros e

princípios para a elaboração do orçamento anual. A Lei Orçamentária Anual (LOA) é

classificada como o planejamento operacional, uma vez que trata das ações e

procedimentos de executivos do orçamento e das diretrizes, sem duração superior a

Page 100: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

100

um exercício fiscal. Logo, pode-se observar que as três fases do planejamento

público se refletem diretamente na execução ou nas implantações do orçamento

público, uma vez que elas orientam o gestor para alcançar seus objetivos (SANTOS,

2014).

Através de uma pirâmide é possível estabelecer uma hierarquia entre as

ferramentas do orçamento público, conforme demonstra a figura 2; onde a base

sólida que é o PPA permite a identificação das necessidades e das vontades

coletivas, a LOA representa a execução das ações e o alcance dos desejos sociais,

orientados com a segurança proporcionada pela LDO.

Figura 3: Hierarquia nas Ferramentas Orçamentárias

Fonte: A Autora (2017).

No processo de planejamento, o gestor pode se deparar com duas atitudes

quando da execução de qualquer atividade, a atitude proativa ou a atitude reativa. A

atitude proativa é representada pelas forças que desejam e impulsionam as

mudanças nos objetivos e na mobilização dos recursos; ou seja, com a proatividade

o gestor evita o retrabalho de todo um processo. Ele se torna capaz de avaliar o

processo, em execução, e visualizar de forma antecipada, as mudanças necessárias

para ajustar seu planejamento para atingir o objetivo determinado, fazendo-se valer

das informações obtidas no ambiente externo e interno da organização sobre o seu

comando. De outra maneira, a atitude reativa espera os acontecimentos para tomar

Page 101: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

101

alguma ação paliativa na tentativa de corrigir o que saiu fora do planejado. Diferente

da atitude proativa, na atitude reativa o administrador perde tempo preocupado em

encontrar caminhos alternativos sem condição adequada para avaliar a relação do

ambiente externo com o interno (MAXIMIANO, 2009).

Reside assim, a essência do controle no planejamento operacional, ou seja,

na avaliação da execução da LOA, por meio de amplo diagnóstico aos moldes do

que se propõe na presente tese. O diagnóstico pode produzir indicadores, que por

seu intermédio o gestor terá a capacidade de aferir a política pública em relação ao

que está sendo executado nas ferramentas orçamentárias, antecipar fatos e

determinar as ações mais apropriadas para as incertezas que vierem a surgir no seu

caminho, bem como atender de forma eficiente às necessidades e interesses

propostos como política pública.

O controle orçamentário é um sistema de parâmetros e indicadores que

permitem a fiscalização da execução do programa pré-estabelecido; ou seja,

controlar é toda ação necessária para verificar se os objetivos propostos estão

sendo obedecidos (WELSCH, 1992).

O sistema de orçamento não tem limitação em apenas desenvolver o seu

plano e programa estratégico, mas principalmente a acompanhar, rotineiramente,

para conseguir levantar os pontos vulneráveis do processo empreendido (TUNG

1983).

Em outro marco, Sanvicente e Santos (1995) afirmam que controlar não se

restringe às ações de acompanhamento, mas também contribui para a geração de

informações que auxiliam na avaliação de resultados e na tomada de decisão. Para

Welsch (1992), o controle assegura consenso mais real com os planos e objetivos.

Para Frezatti et al. (2010), o controle deve ser uma ferramenta organizacional que

lhe permita compreender o quão próximos estão os resultados em relação ao que foi

planejado.

Conforme expõe Cordeiro Filho (2007) para buscar um controle mais efetivo e

utilizar os dados gerados, muitas empresas utilizam indicadores para facilitar a

gestão de desempenho das atividades operacionais. Na mesma direção, Correia

Neto (2011) defende que o acompanhamento por meio de medição de desempenho

Page 102: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

102

é fundamental, pois se adquire conhecimento e experiência implicando em melhorias

contínuas do processo e análise dos resultados planejados.

Para Santos (2014), é no processo de controle do orçamento público que o

gestor vai ter a capacidade de avaliar como as metas estão sendo alcançadas,

porém, para isso, ele precisa ter claros os parâmetros definidos na fase do

planejamento operacional. Assim, o controle tem o condão de dirigir a atividade

exercida para o fim previamente determinado no planejamento, tendo como escopo

examinar se a atividade controlada está ou não alcançando o resultado esperado.

Para avaliar pelo processo de controle Chiavenato (2005) apresenta quatro

fases, a saber: estabelecimento de objetivos ou padrões de desempenho;

mensuração do desempenho atual; comparação do desempenho atual com as

metas estabelecidas; e, tomada de ação para corrigir anormalidades.

Sem um padrão de desempenho, seja de qualidade, de quantidade, de tempo

ou de custos, não há como o administrador público se orientar na condução de um

controle mais efetivo da política pública, nem mesmo como saber se o atual

desempenho está ou não dentro do previsto. Contudo, avaliar a execução do

orçamento público se torna um grande desafio para o gestor quando ele não

consegue perceber ou até mesmo entender todo o processo de planejamento

elaborado pela gestão pública (SANTOS, 2014).

Para tanto, é que se propõe a tarefa de diagnosticar por meio da medição de

desempenho, visando perceber se o que vem sendo executado como política

pública para o turismo catarinense está alcançando os fins para o que foi

determinado.

Page 103: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

103

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Na pesquisa científica a metodologia representa o conhecimento geral e as

habilidades que são necessárias para orientar o pesquisador no processo de

investigar e identificar conceitos, hipóteses, técnicas e dados adequados para

tomada de decisões oportunas (THIOLLENT, 2005).

A presente tese tomou como processo metodológico as bases da perspectiva

sistêmica, tendo em vista os arranjos institucionais que compõem às dinâmicas das

políticas públicas, notadamente no desenvolvimento da agenda, na tomada de

decisão, na implementação e avaliação das ações do planejamento público, e na

própria estrutura governamental no âmbito do turismo.

Neste aspecto, Leiper (2000) ensina que existem duas análises básicas da

teoria sistêmica aplicada ao turismo: a primeira é aquela que fornece modelos

completos do sistema de turismo, explicando todos os elementos demandados do

fenômeno; e, a segunda é a que estuda o turismo por meio de subsistemas, sem a

preocupação de fazer a abordagem completa do fenômeno. De forma resumida,

Bertalanffy (2008) entende que os sistemas são partes de uma visão macro do

conjunto, no qual estão interligados os subsistemas, os quais estão igualmente

conectados uns aos outros.

Conforme defende França Jr. (2014), dentro da perspectiva sistêmica

percebe-se possível analisar as peculiaridades do todo e, ao mesmo tempo, as

propriedades específicas de cada um dos elementos que compõem esse todo.

Neste fundamento, e adotando a segunda linha de análise básica de Leiper (2000),

segue-se pela interpretação das informações extraídas por meio de entrevistas, de

onde se deduzem as percepções dos atores públicos que interligadas aos resultados

obtidos na avaliação de desempenho das políticas públicas de turismo permitem

estabelecer relações e conexões, reabrindo o ciclo sistêmico com base na

elaboração de um diagnóstico do planejamento público operacional.

Outro subsistema a ser observado é que cada território turístico apresenta

peculiaridades marcantes que devem ser consideradas na formalização da agenda

de governo. Tal fato caracteriza a atividade turística como um macrosistema aberto

Page 104: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

104

em que é possível explorar suas partes em interação com as outras atividades.

Neste entendimento, um diagnóstico consistente das políticas públicas proporciona

um sistema de informações como instrumento de análise dos vínculos gerados entre

o planejamento e a ação, ou seja, o sistema e o processo de desenvolvimento

econômico e social por meio da atividade turística.

Levando em consideração que é a natureza do objeto de pesquisa que

direciona o processo de investigação e que permite ao pesquisador solidificar os

conceitos de sua compreensão do problema, esta pesquisa enquadra-se na seguinte

classificação metodológica:

➢ Quanto aos objetivos, situa-se na categoria de pesquisa exploratória, em

função do grau de inovação e incipiente exploração do tema políticas públicas

de turismo, tendo em vista a formalização de um diagnóstico por meio de

indicadores de desempenho com os dados de investimentos realizados pelo

Estado de Santa Catarina na atividade turística, e ainda na percepção

advinda das entrevistas com os atores públicos que influenciam na

consecução de propostas e formatação de políticas públicas no Estado;

➢ Quanto à natureza se estabelece como aplicada, uma vez que intenta servir

de auxílio à formulação, adequação, avaliação e controle das políticas

públicas de turismo, embora respeitando as peculiaridades de cada aplicação;

➢ Quanto à forma de abordagem apresenta-se como uma pesquisa quanti-

qualitativa, pois ao envolver um tema transverso do turismo, enfrenta os

paradigmas de uma realidade que representa transformações ambientais,

sociais e econômicas, trabalhando os aspectos quantitativos do planejamento

público operacional integrados com os construtos qualitativos dos fatores que

caracterizam as políticas públicas.

Visando diminuir as chances de erro na abordagem, notadamente para não

perder o foco do objetivo geral traçado e sistematizar as formas de enfrentar a

realidade, com a preocupação de aproveitamento prático dos conhecimentos

produzidos, conduziu-se a aplicação da pesquisa para o estudo de caso. Assim,

buscou-se obter um diagnóstico setorial como elemento de controle das políticas

públicas para auxiliar no estabelecimento do sistema orçamentário público, com

Page 105: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

105

aspectos de competitividade territorial e de desenvolvimento socioeconômico

através da atividade do turismo.

Um estudo de caso visa conhecer em profundidade o como e o porquê de

uma determinada situação, procurando descobrir o que há nela de mais essencial. O

estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que

procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma

perspectiva pragmática, que visa apresentar uma perspectiva global, tanto quanto

possível completa e coerente, do objeto de estudo sob o ponto de vista do

investigador (FONSECA, 2002).

Para esta tese o estudo de caso, centrado naquilo que ocorre com as políticas

públicas de turismo em um determinado espaço geográfico, adotou a conjunção das

duas perspectivas, caracterizadas nas entrevistas de atores públicos e nas métricas

de desempenho extraídas entre as peças orçamentárias e o balanço contábil anual

da prestação de constas do Estado, sempre margeados pela percepção e pelo

escólio da pesquisadora.

A estratégia e funcionalidade do estudo de caso permite que a investigação

retenha as propriedades holísticas e significativas da vida real, tais como: o

comportamento de grupos específicos, os processos organizacionais e

administrativos, a mudança do entorno comunitário, os ciclos individuais da vida, o

desempenho das atividades econômicas, as relações internas e externas da

organização, entre outros (YIN, 2010).

Direcionando as bases conceituais do processo orçamentário no setor público

pela complexidade da realidade territorial e social, como também pela necessidade

de se propor uma abordagem sistêmica ao planejamento público, admite-se a

possibilidade desta investigação tornar-se um documento de debate sobre a

representatividade da atividade turística no Estado de Santa Catarina, calcado na

interrelação setorial das políticas públicas.

Com a instrumentação definida, o procedimento investigatório assume como

diretriz o desenho metodológico apresentado na figura 4.

Page 106: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

106

Figura 4: Desenho metodológico da tese

Fonte: A Autora (2017).

Partindo da diretriz do desenho da pesquisa, acima identificado, os

procedimentos metodológicos dizem respeito à maneira com a qual foram dados os

passos no decorrer da pesquisa, que neste trabalho compreendeu três grandes

fases interrelacionadas, que abaixo se descreve:

Fase (I): de natureza exploratória, se deu por meio da reflexão do objeto de

estudo, exame das teorias correlatas, definição do caminho metodológico e das

estratégias para a realização da pesquisa, escolha e identificação de possíveis

entrevistados, levantamento bibliográfico e documental;

Fase (II): relativa ao desenvolvimento do estudo de caso, se fez por meio da

realização de visitas in loco a Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte

(SOL), a Santa Catarina Turismo S/A (SANTUR), a Assembleia Legislativa do

Estado de Santa Catarina (ALESC), a Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), a

Secretaria de Estado do Planejamento Orçamento e Gestão (SPG), ao Tribunal de

Contas do Estado de Santa Catarina (TCE/SC), ao Instituto Brasileiro do Turismo

(EMBRATUR), ao Senado Federal e a Câmara Federal, tanto para levantamento do

material de análise quantitativa como para a realização de entrevistas

Page 107: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

107

audiogravadas com os gestores públicos envolvidos nos arranjos institucionais do

Estado;

Fase (III): consubstanciada na formalização do diagnóstico sobre políticas

públicas de turismo, por intermédio da medição de desempenho do planejamento

público operacional e pela análise das entrevistas realizadas.

A construção metodológica selecionada para elaboração desta tese adotou

como base científica o estudo das peças orçamentárias consolidadas pelo Estado de

Santa Catarina para a área do turismo, compreendendo o período de 2005 a 2016, e

como base empírica, as experiências políticas e de gestão dos atores públicos

envolvidos na administração do turismo em âmbito federal e estadual, extraídas

mediante a realização de entrevistas semiestruturadas.

Arrazoando sobre a importância da escolha adequada de métodos

empregados em análises qualitativas, caso do enfoque dado as entrevistas

realizadas neste trabalho, Flick (2009) pondera a forma de entrevista

semiestruturada como um instrumento que proporciona ao pesquisador a obtenção

das visões individuais dos entrevistados sobre o tema. Assim, buscou-se nas

entrevistas extrair elementos dentro de uma perspectiva de qualidade e não de

quantidade.

A técnica de entrevista semiestruturada tem atraído o interesse dos

pesquisadores, tornando-se amplamente utilizada no meio acadêmico, o que está

associado à expectativa de que é mais provável que os pontos de vistas dos sujeitos

entrevistados sejam expressos em uma situação de entrevista com o planejamento

aberto do que em uma entrevista padronizada ou em um questionário (FLICK, 2009).

Assim, a escolha dos entrevistados levou em consideração a

responsabilidade, a notoriedade dos cargos e a vivência política e de gestão de cada

um dos atores frente à definição de políticas públicas, especialmente as de turismo

no âmbito do Estado de Santa Catarina.

Foram entrevistados o Vice-Governador do Estado de Santa Catarina (2015-

2018), Dr. Eduardo Pinho Moreira; o Senador pelo Estado de Santa Catarina (2011-

2018), Paulo Roberto Bauer; o Deputado Federal pelo Estado de Santa Catarina

Page 108: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

108

(2015-2018), Mauro Mariani; o Deputado Estadual SC (2015-2018), Kennedy Nunes;

o Presidente do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR (2015-atual), Vinícius

Lummertz; o Secretário Estadual de Turismo (2015-2016), Filipe Mello; e o

Presidente da Santa Catarina Turismo – SANTUR (2011-atual), Valdir Rubens

Walendowsky.

As entrevistas foram realizadas no decorrer do primeiro semestre do ano de

2016 em que através do questionamento de 7 perguntas principais (Apêndice B) foi

possível recolher um material substancial a respeito da percepção de cada um dos

entrevistados. Após a realização das entrevistas foi realizada a transcrição na

íntegra do material para análise.

A seleção do tema de pesquisa se deu em razão da importância do estudo

das políticas públicas, especialmente na compreensão e na contextualização de sua

implementação pelo Governo do Estado de Santa Catarina no âmbito do setor

turístico, configurados em um diagnóstico dos investimentos realizados, tendo em

vista a contribuição que a atividade turística proporciona para o bem estar

econômico e social das localidades em que se desenvolve, assim como servir de

parâmetro para a definição e avaliação de futuras políticas públicas para o setor.

A escolha do território turístico estudado levou em conta o reconhecimento e

o destaque que Santa Catarina detém no âmbito do turismo nacional em razão de

sua diversidade cultural, indicadores de qualidade de vida e paisagens naturais

diferenciadas, além da praticidade no desenvolvimento deste trabalho e na obtenção

dos dados por ser o Estado de residência desta pesquisadora.

Com relação à opção do recorte temporal, a escolha de análise do período

abrangendo o estudo das peças orçamentárias do Estado de Santa Catarina entre

os anos de 2005 a 2016 levou em consideração o estudo a partir da implementação

do Programa Nacional de Regionalização do Turismo, lançado em 2004 pelo

governo federal, assim como pela necessidade de uma avaliação diferenciada de

políticas públicas, considerando que de 2005 a 2016 houve somente duas

mudanças na conjuntura política governamental no Estado. O estudo não abrangeu

o ano de 2004 por falta de documentação a respeito da prestação de contas do

Estado em que fosse possível deter os dados contábeis do que foi liquidado nas

Page 109: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

109

unidades de gestão do turismo.

4.1 O DIAGNÓSTICO COMO FERRAMENTA DE INVESTIGAÇÃO

De acordo com Rosa (2001), na área de gestão o diagnóstico é o

levantamento e a análise das condições de uma organização com a finalidade de

avaliar sua eficiência. Assim, por seu intermédio é possível verificar a existência de

disfunções que estejam afetando os resultados da organização, seja ela pública ou

privada.

O diagnóstico visa levantar necessidades passadas, presentes e futuras por

intermédio de pesquisas, a fim de descrever problemas e prescrever intervenções.

Na abordagem do tema, Kingeski (2005) reforça tal posicionamento ao esclarecer

que nas organizações a concepção do diagnóstico envolve a coleta e o cruzamento

de dados e informações para o detalhamento de questões importantes, visando

identificar os seus sintomas e definir possíveis estratégias de melhorias.

Entende-se que o diagnóstico é uma atividade complexa porque exige muita

sensibilidade e uma grande dose de sentimento situacional. Trata-se de um trabalho

de análise cuidadosa que busca detectar os sintomas encontrados e dar-lhes

sentido, não apenas no ambiente interno da organização, como também no seu

ambiente externo, dentro de um quadro inteligível e coerente, para que possa servir

de base a uma futura ação planejada (BERGAMINI, 2006).

O diagnóstico deve ser encarado como um trabalho independente e

qualificado para investigar e identificar questões relacionadas com a política, a

funcionalidade e os procedimentos que de alguma forma auxiliem na implementação

das metas da organização (GROCCO; GUTTMAN, 2005). Nesta direção, o

diagnóstico pode ser desenvolvido com uma abordagem mais geral de todo o

contexto da gestão ou ter focos específicos em determinados processos. Segundo

Rosa (2001), o diagnóstico permite uma visão integrada e articulada da organização

ou de um problema especifico, resultando em mais agilidade para superar os

obstáculos e melhor direcionamento aos investimentos.

Page 110: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

110

Diagnosticar é verificar o alinhamento estratégico da organização com os

recursos existentes, descobrir quais os pontos fortes e os vulneráveis, e a melhor

forma de aproveitar as oportunidades e os recursos existentes para superar as

dificuldades e aumentar a competitividade da organização. Para se obter a situação

real de uma organização, com vistas a um diagnóstico, é necessário o cumprimento

de algumas etapas: conhecimento do histórico do desempenho, os dados

orçamentários e os financeiros, as projeções futuras, as tendências de

competividade, a visão dos empreendedores, a demanda de mercado, dentre outros

(LIMA, 2009).

Trabalhar o diagnóstico como um instrumento científico nas políticas públicas,

trata-se de caracterizar um “marco zero” a partir do qual se poderá avaliar se o

programa setorial está provocando as mudanças desejáveis. Deve engendrar um

amplo retrato da situação vivenciada pela organização pública, responsável pela

política pública em apreço, para orientar as questões prioritárias a atender, os

formatos dos programas a implementar, as estratégias e ações a desenvolver

(ANTICO; JANNUZZI, 2008).

Assim, pode-se assumir que na política pública o diagnóstico deve retratar um

conjunto de elementos estratégicos que permitam compreender a realidade

comportamental da política em curso, erigindo um panorama avaliativo que poderá

estabelecer a permanência ou a continuidade com ajustes, ou a reestruturação, ou

mesmo a revogação da política pública estabelecida nos planos orçamentários.

Portanto, a considerar o diagnóstico como sendo a utilização de dados para produzir

informações e extrair conclusões, realizou-se as medidas quantitativas pelo controle

do planejamento público operacional, relacionando-as com as entrevistas realizadas,

para assim entender a significância real das políticas públicas de turismo no território

catarinense.

Quando se pretende trabalhar com o planejamento operacional, deve-se

identificar o elemento capaz de mensurar o seu desempenho perante as metas

estabelecidas. Conforme se prescreveu na fundamentação teórica, no setor público

o principal instrumento de implementação do planejamento operacional é a Lei

Orçamentária Anual (LOA), pois que agrega os dados funcionais da política pública

adotada capazes de serem controlados.

Page 111: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

111

O controle nada mais é do que a ação necessária para verificar se os

programas, metas e valores estão sendo obedecidos, como forma de monitorar o

progresso da política organizacional inserida no plano orçamentário (FREZATTI et

al., 2010). No contexto, o controle estampa uma atividade básica e pontual que

serve para regular a ação exercida.

Nesta investigação, o exercício do controle subsidiou o diagnóstico com o

grau de desempenho atingido pela política pública destinada ao setor turístico

catarinense, e quão próximo o resultado de sua execução se situou em relação ao

planejado. Embora os processos do controle e do diagnóstico tendem a ser

parecidos, em termos de ênfase são distintos. Enquanto o controle mede a eficiência

permitindo visualizar as diferenças executivas entre o que foi planejado e o que foi

liquidado na LOA, ano a ano; o diagnóstico mensura a eficácia das políticas públicas

adotadas na LOA ao longo dos anos, produzindo parâmetros sistêmicos de decisão

que podem impactar no aperfeiçoamento do planejamento público e, por

consequência, na efetividade da política pública.

Definir os fatores-chave de êxito das políticas públicas de turismo adotadas

na lei orçamentária anual tornou-se um dos fortes desafios do processo de

diagnóstico projetado. Centrou-se então na série histórica da capacidade de

investimento dos setores públicos com atribuição sobre a atividade do turismo

catarinense, esmiuçando os programas, as ações e os valores encadeados na LOA

e na sua real liquidação contábil.

No sistema orçamentário brasileiro, insere-se a fixação de despesa

orçamentária pela adoção de valores monetários voltados ao cumprimento das

ações de políticas públicas definidas nos programas, projetos e atividades. A

execução da despesa orçamentária, por sua vez, se dá em empenho e liquidação,

em que o empenho é o ato emanado da autoridade competente que gera ao Estado

a obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição, trata-se

da formalização da despesa que precede à realização do pagamento, e a liquidação

consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os

documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem por objetivo apurar a

origem, a importância exata e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação

(SILVA, 2009).

Page 112: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

112

Por meio das Leis Orçamentárias Anuais, aprovadas e sancionadas no

período de 2005 a 2016 (ANEXO A), levantou-se a série histórica dos valores

orçados e, permeando o Balanço Contábil Geral do Estado (ANEXO B), alçou-se os

valores consolidados contabilmente para o mesmo período histórico, além das

receitas tributárias. As unidades de despesa com atribuição sobre o turismo

catarinense tratam-se da Secretaria de Turismo Cultura e Esporte (SOL), da

empresa de economia mista Santa Catarina Turismo S/A (SANTUR) e do Fundo

Estadual de Incentivo ao Turismo (FUNTURISMO). Com estes dados, organizou-se

o controle orçamentário por meio das tabelas comparativas anuais entre o que foi

orçado e o que foi liquidado em cada uma das ações planejadas na LOA

(APÊNDICE A).

Pela percepção inicial das diferenças aparentes entre os dados inerentes à

dotação orçamentária e a consequente liquidação das despesas, recorreu-se a

modelagem estatística para avaliar as principais medidas e realizar os testes de

significância, com foco em colher evidências na desigualdade diferencial entre as

duas situações. Neste sentido, optou-se pelo modelo das equações de regressão

para obtenção da relação funcional entre as variáveis e propor simulações

capacitadas para projetar e estimar os dados financeiros.

Procurou-se também gerar subsídios de suporte para avaliar o desempenho

das políticas públicas de turismo inseridas nas leis orçamentárias em seus

programas e ações. Neste rumo, aplicou-se a medição de desempenho por

intermédio de indicadores vinculados entre os valores da dotação orçamentária

prevista e os valores liquidados em cada ano do período estudado.

4.2 A ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS E A REGRESSÃO LINEAR

A estimação se refere a um parâmetro de quantidade calculada em função

dos elementos amostrais e, por conseguinte, a estimativa deve ser demarcada como

cada particular valor assumido por um estimador (COSTA NETO, 1999). Assim,

pode-se entender que a estimação deve ser composta ponto a ponto, pois consiste

Page 113: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

113

na adoção da estimativa disponível como sendo o valor de cada parâmetro. O

problema que ocorre na estimação por ponto é o fato de que ao especificar um único

valor para o estimador inviabiliza-se julgar qual a possível magnitude do erro que

está sendo cometido (BUSSAB; MORETTIN, 2002).

Dentro desta ótica, indica-se utilizar a estimação por intervalos, baseados na

distribuição amostral do estimador pontual. As estimativas por ponto são em geral

utilizadas quando se necessita, ao menos aproximadamente, conhecer o valor do

parâmetro para utilizá-lo em uma expressão analítica qualquer. Entretanto, se a

determinação de um dado parâmetro é a meta final de um estudo estatístico, a

estimação por ponto é insuficiente, pois a probabilidade de que a estimativa adotada

venha a coincidir com o verdadeiro valor do parâmetro é, em geral, nula ou

praticamente nula. Isso decorre do fato de os estimadores serem variáveis

aleatórias, logo as estimativas obtidas quase certamente serão distintas do valor do

parâmetro. Ou seja, é quase certo que estejamos cometendo um erro de estimação

quando procedemos a estimação por ponto de um parâmetro populacional (COSTA

NETO, 1999).

A construção de um intervalo em torno da estimação pontual, de modo que

este intervalo tenha uma probabilidade conhecida de conter o verdadeiro valor do

parâmetro, proporciona estabelecer de forma precisa o erro de estimação e

determinar o nível de confiança dos dados da amostra (LUIZ, 2002).

A tarefa de se fazer predições é inerente a muitos dos aspectos do

gerenciamento e do planejamento da produção de empresas com administração

profissionalizada. Previsões de vendas, compras, custos, produção, contratação de

pessoal e aplicação de capital fazem parte dos fundamentos do planejamento e do

controle do sistema orçamentário adotado (BRACARENSE; GUIMARÃES, 2008).

Existe uma enormidade de técnicas matemáticas, estatísticas e

econométricas para a realização da tarefa de predição; muitos modelos

determinísticos e muitos modelos não determinísticos se propõem a realizá-la. Uma

das ferramentas mais importantes para a construção de modelos que envolvem

certo grau de incerteza, inerente a levantamentos amostrais, é o modelo de

regressão, cuja análise está sempre associada a um processo de verificação da

Page 114: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

114

força da relação entre as variáveis envolvidas e que é chamado de análise de

correlação (BUSSAB; MORETTIN, 2002).

A análise de regressão consiste em se construir uma equação matemática a

partir de observações amostrais que relacione uma ou mais variáveis independentes

a uma variável dependente. As variações da variável dependente são decorrentes,

em grande medida, das variações da variável independente ou das variáveis

independentes. Esta equação pode ser uma função linear ou não, dependendo da

forma da relação entre as variáveis (BRACARENSE; GUIMARÃES, 2008).

Se a relação entre a variável independente e a variável dependente

puder ser expressa através de uma função que descreva a equação de uma reta,

então o modelo em questão é um modelo de regressão linear. A expressão geral

deste modelo é Y = α + βX + ε. Onde α e β são os parâmetros do modelo. Como a

estrutura do modelo é baseada em observações amostrais estes parâmetros nunca

são conhecidos; eles são os verdadeiros valores do modelo do mundo real, mas,

repetindo, nunca são conhecidos. Devem, portanto, ser estimados através de

estimadores estatísticos cujas expressões são determinadas por algum critério de

minimização do erro estatístico e cujos valores são calculados com base nos dados

amostrais (LUIZ, 2002).

Percebe-se, então, que a relação entre duas ou mais variáveis nem sempre

pode ser expressa através da equação de uma reta, pois essa relação pode ser não

linear e assim muitos outros modelos podem descrever melhor a relação entre as

variáveis. Para reduzir a incerteza da estimação e afunilar a relação entre as

variáveis trabalhou-se o modelo de regressão linear múltipla.

O modelo de regressão linear múltipla necessita ser expresso pela função: Y

= β0 + β1X1 + β2 X2 + ... + βpXp + ε. Observa-se que a troca de α, do modelo de

regressão linear, por β0 é feita somente por comodidade de notação, pois seguem

representando os parâmetros do mundo real; ora, no caso de termos somente duas

variáveis independentes estaremos construindo a equação de um plano (LUIZ;

2002).

O termo ε é definido como o erro estatístico ou o resíduo e é a componente

aleatória do modelo. Ele precisa ser bem compreendido. Vale lembrar que estes

Page 115: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

115

modelos são construídos através de observações amostrais e sempre que se faz um

levantamento de dados através de amostras os resultados obtidos estarão

associados a certo grau de imprecisão, que nos modelos estatísticos são

considerados de natureza aleatória, ou seja, associados a certa distribuição de

probabilidades (BRACARENSE; GUIMARÃES, 2008).

Dos debates bibliográficos acima, se detém que os modelos de regressão

têm, portanto, uma parte aleatória e uma parte determinística. Na parte

determinística estão todas as variáveis independentes que explicam as variações da

variável dependente. Entende-se, portanto, que o modelo é suficientemente

consistente para esclarecer a relação entre as variáveis independentes, aqui

representadas pela previsão orçamentária anual e seus respectivos períodos, e a

variável dependente do sistema orçamentário, que nada mais é do que aquilo que foi

liquidado contabilmente dentro do planejamento operacional.

Em tal perspectiva, foi possível estabelecer um retrato dos níveis de

investimento realizado pelo governo de Santa Catarina no setor turístico, como

etapa significante de sua política pública.

4.3 A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Partindo da acepção das palavras, o termo “avaliar o desempenho” implica

em medir, mensurar, apreciar, julgar, comparar ou conferir uma situação, um ser,

uma atividade ou um produto, considerando os fatores ou elementos que o

constituem, atribuindo uma valoração de performance.

A prática da avaliação, entendida no seu sentido genérico, é o exercício da

análise e da percepção de um fato, de uma ideia, de uma meta ou de um resultado e

é, também, a base para a tomada de decisão sobre qualquer situação que envolva

uma escolha. Os acertos e os desacertos, as conquistas e as perdas, o progresso e

a imobilidade, a riqueza e a pobreza, a criatividade e a imitação, enfim, todos os

contrastes da vida humana, são consequências de julgamentos firmados e de

decisões assumidas, originários de processos de avaliação (PEREIRA, 2014).

Page 116: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

116

Segundo Bergamini e Beraldo (2007) a avaliação de desempenho nas

organizações constitui-se no veículo da estimativa do nível de aproveitamento do

potencial instalado e deve ser utilizada como um instrumento que busca analisar o

comportamento operacional, focando no alcance de melhores resultados.

O conceito de avaliação abrange como premissa básica a confrontação de

algo que aconteceu (resultado) com algo que foi estabelecido antes (meta). Do

ponto de vista da avaliação de desempenho, este conceito assume uma dimensão

ampliada, ou seja, trata de confrontar o resultado alcançado com o objetivo

estabelecido e chegar a uma conclusão positiva ou negativa; atuando proativamente

no sentido de identificar os desvios de desempenho e agir sobre as causas que

provocaram os desvios (LUCENA, 2004).

Extrai-se, então, que no conjunto das atividades previstas para instrução de

um diagnóstico, a avaliação de desempenho é um método gerencial que permite ao

avaliador mensurar os proveitos obtidos em setores específicos, notadamente

verificando a capacidade operacional da organização por intermédio de métricas,

razão pela qual também é conhecida como medição de desempenho.

Kaydos (1991) considera que a medição de desempenho é um dos elementos

centrais da gestão, com a percepção de que a performance é em parte resultado

das decisões tomadas e, neste sentido, a qualidade da decisão é afetada pela

informação disponível em termos de quantidade. Tal ponderação, é a sustentação

que aplica a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade – FPNQ (1999) para

defender que a medição de desempenho deve ser compreendida como uma relação

matemática que mede atributos de um processo ou de seus resultados, com o

objetivo de comparar esta medida com metas pré-estabelecidas.

A medição de desempenho é a atividade que determina as medidas do

resultado alcançado pela organização, que quando sistematizada é vista como a

operação que agrega a produção de indicadores para prover informações sobre o

desempenho de determinadas ações para determinados fins (BOND, 2002).

No mesmo caminho, mas enfocando a atividade pública, o Professor Paulo de

Martino Jannuzzi (2006) estabelece que a avaliação de desempenho pode ser

teorizada como uma medida quantitativa interpretada, dotada de significado

Page 117: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

117

substantivo, usada para qualificar, substituir, operacionalizar ou controlar um

fenômeno, de interesse teórico (para a pesquisa acadêmica) ou programático (para

formulação de políticas); ou seja, trata-se de um recurso metodológico que informa

algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se

processando na mesma.

Tratando da medição de desempenho na administração pública, Jund (2007)

afirma que os indicadores podem ser expressos em grandeza escalar ou numérica,

pois são informações obtidas com a aplicação de fórmulas que fornecem indícios de

eficiência, eficácia, legalidade e economicidade de como são conduzidas as

operações, por meio de uma interdependência entre as variáveis abordadas. Assim,

é que na presente tese inseriu-se a medição de desempenho ao medir a

performance dos programas público orçamentários vinculados à atividade turística.

Takashina e Flores (1999), estabelecem que as métricas de desempenho são

essenciais ao planejamento e controle dos processos organizacionais. No

planejamento estratégico são essenciais porque possibilitam o estabelecimento de

metas quantificadas e o seu desdobramento no ambiente interno. Já no

planejamento operacional os indicadores são fundamentais à análise crítica da

relação com o ambiente externo, contribuindo para tomadas de decisões e para o

replanejamento.

Carley (1985) defende que os indicadores procuram medir características

observáveis de um fenômeno ou estabelecer valores para características não

observáveis de um fenômeno. Na opinião de Andersen (2004), os indicadores

permitem um diagnóstico da realidade e revelam a diversidade existente entre

unidades territoriais ou dentro de um mesmo território.

A palavra indicador é bastante compreensível para a maioria das pessoas.

Indicar quer dizer: apontar, tornar conhecido, mostrar; declarar brevemente, ser um

sinal de; predizer; sugerir, requerer. De maneira simplificada, os indicadores são

operações matemáticas que oferecem alguns tipos de medição de um fenômeno em

particular para produzir inteligência na elaboração de políticas setoriais (WONG,

2006).

Em uma perspectiva programática, Miles (1985) afirma que o indicador de

Page 118: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

118

desempenho é um instrumento operacional para monitoramento da realidade social,

para fins de formulação e reformulação de políticas públicas. Na mesma perspectiva,

Jannuzzi (2006) destaca que a função dos indicadores é prestar informações sobre

o planejamento de políticas públicas, possibilitando o monitoramento pelo Estado do

bem-estar das populações e permitir o aprofundamento das pesquisas sobre

mudanças e fenômenos sociais.

Desse modo, os indicadores podem ser entendidos como um instrumento de

informações quantificadas que ajudam na explicação de como o ambiente, ou

qualquer outra coisa, sofre alterações ao longo do tempo, possibilitando identificar

tendências e, por esse motivo, deve ter a capacidade de tornar um fato perceptível e

detectável (OLIVEIRA, 2013).

Caldeira (2015), identifica algumas características que tornam o indicador de

desempenho um bom instrumento de investigação, quais sejam: credibilidade do

resultado, pertinência da base de dados, facilidade de planilhar o cálculo,

simplicidade de interpretação, alinhado com o período de obtenção dos dados,

facilidade de atualização e capaz de estabelecer uma meta.

O interesse do investigador determina os aspectos a serem mensurados em

um sistema. Indicadores simples e claros são de baixo custo, comparáveis entre si e

com outros sistemas. A facilidade de obtenção e manutenção dos dados aliado a

solidez dos processos de contabilização, determinam a abrangência, a importância e

a utilidade do indicador. A simplicidade na definição da fórmula de cálculo facilita sua

aceitação. Tais requisitos é que definem a escolha do tipo de indicador mais

adequado ao sistema de planejamento adotado (SIQUEIRA, 2010).

Na administração pública, os indicadores de desempenho podem ser

utilizados para acompanhar e avaliar: projetos; atividades; processos; programas

orçamentários e políticas públicas. Especificamente em relação aos programas

orçamentários e de políticas públicas, o autor afirma que os indicadores precisam ter

um atributo adicional ao considerar a dimensão territorial e temporal (UCHOA, 2013).

Além da sua relevância para discussão da agenda de governança, o indicador

deve estar adequado aos propósitos a que se presta, deve ser sensível às políticas

públicas implementadas, específico a efeitos de programas setoriais, inteligível para

Page 119: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

119

os agentes e públicos-alvo das políticas, atualizável periodicamente, ter custos

factíveis e ser amplamente desagregável em termos geográficos e socioeconômicos

(JANNUZZI, 2001).

No pensamento de Wong (2006), em noção mais ampla dos indicadores de

desempenho tem-se como objetivo incluir tanto as considerações sociais quanto as

econômicas e integrá-las às decisões para a elaboração de políticas públicas. De

acordo com a pesquisadora, o debate vem sendo largamente difundido no setor

público com a aplicação de quatro passos metodológicos para o desenvolvimento de

indicadores:

a) Consolidação conceitual (teoria a ser defendida na análise);

b) Estruturação analítica (determinação das variáveis);

c) Identificação dos indicadores (mensuração específica);

d) Síntese dos indicadores (Interpretação).

A investigação empreendida nesta tese utilizou da abordagem dos quatro

passos apresentados por Cecilia Wong (2006) acima expostos, produzindo

indicadores de desempenho por meio do controle do planejamento público

operacional para sustentar as análises inseridas no diagnóstico das políticas

públicas de turismo implementadas em Santa Catarina entre os anos de 2005 e

2016.

Assim, na oportunidade de se buscar indicadores de desempenho vinculados

a realidade dos dados disponíveis e com resultados confiáveis, operou-se os

cálculos na escala numérica por meio da tabulação estampada no APÊNDICE A

aplicando, por vezes, a escala gráfica para melhor visualização das interpretações e

das análises formuladas.

Na busca de se conhecer o comportamento do volume de recursos

financeiros despendido pelo Governo do Estado para animar o setor turístico,

projetou-se a linha de evolução histórica dos recursos aplicados nas leis

orçamentárias anuais vinculadas. A autenticidade de uma linha de evolução requer

que se traga para o momento presente os dados de situações anteriores. Assim,

Page 120: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

120

aplicou-se o critério da correção monetária intentando reduzir ao máximo os efeitos

inflacionários no poder aquisitivo de cada época envolvida no estudo. Para efeito

tomou-se como diretriz a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC n.

1.282, de 28 de maio de 2010, que em seu artigo 7º, inciso II, item e, registra:

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. § 2º São resultantes da adoção da atualização monetária: I - a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo; II - para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e III - a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período."

Cabe destacar que no Brasil não há um índice oficial para inflação de

períodos passados. Pode-se verificar sua medida por meio de diversos indicadores,

divulgados por várias instituições, tais como o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) ou a Fundação Instituto de

Pesquisas Econômicas (FIPE). Optou-se, então, por aplicar o que estabelece o

Banco Central do Brasil que por meio da Resolução n. 2.744/2000 determina que se

aplique o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE, na

relação para atualização monetária relacionadas às metas de inflação. No

APÊNDICE D relaciona-se o IPCA vigente para cada mês de cada ano, que serviu

de parâmetro para definir o contorno geométrico da linha de evolução dos recursos

historicamente aplicados no planejamento público do turismo.

4.4 RECORTE TERRITORIAL – SANTA CATARINA

O Estado de Santa Catarina, em seus 95.346 km², abriga 6.248.436

habitantes, de acordo com dados do censo do IBGE (2010), distribuídos em 295

distintos municípios. Os catarinenses – também conhecidos pelo gentílico de

barriga-verde – são beneficiados pelas condições naturais da terra, com clima

Page 121: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

121

subtropical úmido mesotérmico, temperaturas mais amenas do que no restante do

país e chuvas bem distribuídas ao longo de todo o ano, além dos fatores étnicos e

culturais, que advém, principalmente, da sua colonização por parte de 23 etnias

diferentes, fazendo do Estado catarinense um mosaico cultural bastante diferenciado

(SANTUR, 2016).

Localizado na Região Sul do Brasil, entre os Estados do Paraná e do Rio

Grande do Sul, o território catarinense, corresponde a 1,12% do território brasileiro,

do tamanho aproximado de países como Áustria ou Portugal. Limita-se a Leste com

o Oceano Atlântico, estreitando-se até formar a Oeste uma fronteira de cerca de 120

km de extensão com a República Argentina, distante pouco mais de 500 km da orla

marítima, como se vê na figura 1 abaixo:

Figura 5: Localização do Estado de Santa Catarina

Fonte: SIE (2016).

O território do Estado de Santa Catarina teve desde a sua gênese, as suas

duas macrorregiões, o litoral e o planalto, ocupados de maneira bastante distinta. A

primeira região a ser povoada no Estado foi o litoral, em meados do século XVII, por

vicentistas que se deslocaram pela linha costeira aproveitando os pontos naturais

promovendo a expansão do território colonial português, através da fundação dos

três primeiros núcleos de povoamento (São Francisco, Desterro e Laguna). Já o

Page 122: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

122

planalto catarinense restou ocupado secundariamente, tendo sua origem ligada aos

tropeiros que se deslocavam entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, aproveitando

as manchas de campo ali existentes (LOSSO, PEREIRA, 2011).

Como ocorreu no restante do país, as primeiras colônias catarinenses foram

fundadas próximas ao mar, e posteriormente foram se abrindo caminhos para novas

descobertas de terras. Segundo Pereira (2003, p. 104), “na orla litorânea, os

contatos iniciais foram facilitados pelo mar, enquanto no interior a fisionomia e a flora

do planalto meridional concorreram para a rápida expansão das bandeiras de

colonização”.

Colonizado por fluxos migratórios de origem portuguesa, alemã, italiana

africana, tirolesa, francesa, ucraniana, polonesa, russa, suíça, austríaca, japonesa,

holandesa, húngara e outras, o Estado de Santa Catarina resultou constituído por

uma sociedade miscigenada, mas que preserva os costumes, as tradições, o

folclore, a culinária e o patrimônio artístico e histórico trazidos pelos seus povos

formadores.

Santa Catarina está no topo do ranking de desenvolvimento humano e

econômico. Atualmente o Estado apresenta índice de desenvolvimento humano -

IDH, indicador adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), de 0,863, o

que o coloca na segunda posição nacional (SEBRAE, 2013). O Catarinense possui a

maior expectativa de vida do país: 76,0 anos e o menor índice de mortalidade

infantil, além de apresentar a melhor distribuição de renda entre todos os Estados

brasileiros e os menores índices de pobreza, analfabetismo e violência (FIESC,

2012). O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apontou

que os 10 municípios com melhor expectativa de vida do Brasil estão em Santa

Catarina, destacando como ocupantes dos primeiros lugares: Blumenau, Brusque,

Balneário Camboriú e Rio do Sul (PNUD, 2013).

Na parte econômica, o Estado cresceu 340% nos últimos 30 anos,

representando hoje o 4º maior PIB per capita do Brasil. Possui o 5º maior parque

industrial do país, com destaque para o polo moveleiro e para o parque têxtil, que

são os maiores da América Latina; também é o 5° maior produtor nacional de

alimentos: maçã, cebola, ostras, suínos e hortifrutigranjeiros são os gêneros em que

Page 123: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

123

o Estado lidera a produção nacional. Os produtos agrícolas e industriais

catarinenses são exportados para 190 países, o que faz do estado o 8° maior

exportador do Brasil. Já o comércio interno chama atenção pela receita: com um

mercado consumidor de grande potencial, o comércio catarinense arrecada a 6ª

maior receita do país; o setor de serviços vem logo atrás, representando a 7ª maior

receita do país, com destaque para os serviços ligados a transporte e tecnologia

(SANTUR, 2016).

Outro ponto forte da economia catarinense é o turismo, representando 12,5%

do seu PIB. O Estado recebe anualmente cerca de 5 milhões de visitantes, entre

estrangeiros, brasileiros de outros estados e os próprios catarinenses que circulam

pelo território com motivação turística, e vem sendo premiado constantemente como

o melhor destino turístico do Brasil pela Revista Viagem e Turismo, da Editora Abril,

prêmio que conta com a votação de um júri especializado na área e dos próprios

turistas através da internet, em que desde a sua criação, em 2001, já recebeu o

prêmio por 10 vezes.

Uma viagem de poucas horas é suficiente para se experimentar mudanças

radicais no clima, na paisagem, na culinária, nos sotaques e nas culturas que

predominam em distintas regiões do território catarinense, sendo possível se

vivenciar em um único dia uma praia no litoral, com temperatura beirando a mais de

30ºC e, a duas horas de distância de carro, um frio na Serra, com temperaturas

abaixo de zero.

O clima mesotérmico dominante em Santa Catarina proporciona temperaturas

agradáveis, variando de 13º a 25º C e, ao contrário da maior parte do território

brasileiro, possui as quatro estações bem definidas. Nos verões quentes e

ensolarados, o calor de quase 40°C atrai para as praias encontradas ao longo do

litoral catarinense turistas de vários Estados brasileiros e do exterior, principalmente

da Argentina e do Uruguai, enquanto nos invernos, geralmente rigorosos, as

temperaturas abaixo de zero fazem da Serra Catarinense um destino bastante

peculiar, principalmente quando há ocorrência de neve.

É um dos Estados brasileiros com uma das maiores médias de altitude; pelo

menos metade do seu território fica a mais de 600m acima do nível do mar.

Page 124: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

124

Revestido por serras, vales, cânions e planaltos, e bem servido por rios, córregos,

cachoeiras, matas de araucárias, campos e vegetação subtropical, o Estado possui

doze bacias hidrográficas que formam a Vertente do Atlântico, banhando a Mata

Atlântica e a vegetação litorânea, com águas que correm em direção ao oceano e

são responsáveis pelo abastecimento de 65% da população, e, do outro lado, da

Serra Geral e da Serra do Mar, a Vertente do Interior, formada por duas grandes

bacias hidrográficas que seguem em direção à região Oeste do Estado e abastecem

os outros 35% da população (SANTUR, 2016).

A capital catarinense, Florianópolis, é o centro administrativo do Estado e está

situada em uma ilha oceânica com 424 km2. É a terceira cidade mais visitada do

Brasil por turistas estrangeiros, atrás apenas do Rio de Janeiro e de São Paulo

(SANTUR, 2016).

A linha costeira do Estado, em seus 532 km de extensão, além das ilhas

oceânicas, é pespontada de costões rochosos bordados por uma sucessão de

praias, baías, enseadas, lagunas e manguezais. Para além do litoral, o Estado

dispõe de muitos outros atrativos, como no planalto em que se encontram uma

diversidade de roteiros naturais.

Os elevados contrafortes das Serras Geral e do Mar com seus espigões, que

delimitam a faixa litorânea, oferecem o contraponto das altitudes mais elevadas do

Sul do país, onde se desenvolvem paisagens privilegiadas, culturas e atividades de

campos e serras, aquinhoadas com a neve nos invernos, atraindo turistas de todo o

Brasil.

Por sua formação geológica registra também a ocorrência de águas termais

em vários locais ao longo do seu território, desde o litoral até o extremo oeste. O

relevo recortado e os cursos d’água em terrenos acidentados oferecem condições

ideais para atividades relacionadas à prática de esportes radicais.

Para além de seus recursos naturais, os próprios núcleos étnicos a partir dos

quais se formaram e se desenvolveram várias das principais cidades de Santa

Catarina favoreceram o estabelecimento de eventos econômicos e socioculturais,

baseados nas origens e costumes de seus ancestrais, que acabaram por se

consolidar na forma de 12 roteiros turísticos, abrangendo todo o seu território: Oeste,

Page 125: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

125

Norte, Planalto, Vale, Leste e Sul, conforme se observa na figura 2, a qual

demonstra o Estado dividido em 12 roteiros turísticos:

Figura 6: Roteiros Turísticos Regionais de Santa Catarina

Fonte: SOL (2017), Arte: Renato Tristão (Ascom-SOL).

Dentre as potencialidades turísticas do Estado catarinense, acima

representadas por roteiros regionais, destaca-se o Litoral catarinense, a partir de

cidades como Laguna, Florianópolis, Balneário Camboriú, Governador Celso

Ramos, Porto Belo e São Francisco do Sul, que recebem anualmente grande fluxo

de pessoas no verão e no carnaval; além dessas, a cidade de Penha, onde se

encontra situado o Parque Beto Carrero Word, maior parque temático da América

Latina, atrai grande número de visitantes durante o ano inteiro, recebendo uma

média acima de 2 milhões de pessoas.

No Norte catarinense ocorrem grandes eventos, como é o caso do Festival de

Dança e da Festa das Flores, na cidade de Joinville, e da Oktoberfest, em

Blumenau, que acontecem anualmente. No Planalto Serrano as belezas

paisagísticas destacadas pelo frio do inverno atraem visitantes em busca do

Page 126: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

126

espetáculo da neve, além dos apreciadores de vinhos que são produzidos na região

por vinícolas internacionalmente reconhecidas, e a Festa Nacional do Pinhão,

realizada em Lages.

O povo catarinense divide-se em várias crenças, com predominância do

catolicismo. E foi justamente Santa Catarina a dar ao Brasil a sua primeira Santa,

uma imigrante de origem italiana radicada no município de Nova Trento (SC) desde

os nove anos de idade, onde ficou conhecida por Madre Paulina. No ano de 2002

Madre Paulina foi canonizada pelo Papa João Paulo II passando a se chamar Santa

Paulina do Coração Agonizante de Jesus, e a cidade de Nova Trento entrou no fluxo

de roteiro do turismo religioso.

Embora já constasse nos discursos e planos de governos anteriores aos anos

de 1980, a atividade turística tornou-se objeto importante de preocupações políticas

a partir da década de 1980, principalmente após as enchentes ocorridas no Estado

em 1983, quando o turismo entrou na ordem do dia como uma das alternativas

econômicas para a reconstrução do Vale do Itajaí (OURIQUES; CAON, 2005).

Ao enfocar a utilização da cultura catarinense como atrativo, os

pesquisadores Ouriques e Caon (2005, p.1), afirmam:

Sendo alçado à condição de alternativa prioritária para reconstrução das regiões atingidas do Estado, o turismo passa a nortear as políticas de desenvolvimento dessas áreas. É nesse contexto que deve ser compreendida a utilização da cultura local pelo turismo, que implicou a tentativa de consolidação social da mesma.

Evidencia-se, neste segmento, a produção de festas locais baseadas nas

características socioculturais dos povos que participaram do processo de

colonização do Estado, tendo por base os componentes étnicos como explicação da

diversidade apresentada pelas regiões. É por isso que a partir de meados da década

de 1980 os documentos oficiais de propaganda turística e mesmo os artigos

científicos acabam citando e descrevendo as diferenças regionais do Estado, com

ênfase na sua diversidade cultural e social, aproveitando-as como ingredientes para

estimular a visitação turística.

Essa valorização do componente étnico é uma estratégia clássica de criação

de nichos de mercado no turismo, baseada nas experiências europeias, nas quais

Page 127: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

127

as diferenças de língua, culinária, comportamentos, folclore, são aproveitadas como

mecanismos de afirmação e recriação de identidades locais e, é claro, de produção

do turismo, através do resgate do passado, transformado em mercadoria

(OURIQUES; CAON, 2005).

No ano de 1999 foi inaugurada a duplicação da rodovia federal BR-101,

trecho norte, ligando a cidade de Curitiba, no Paraná, até Palhoça, na região da

grande Florianópolis, em Santa Catarina, fato que provocou um novo impulso ao

desenvolvimento de atividades ligadas ao setor turístico regional e transformou o

Norte do Estado naquilo que muitos chamaram de a “Flórida Brasileira”, em função

do crescente número de empreendimentos turísticos que se instalaram na região

(SANTUR, 2016).

Os anos que seguem foram marcados pela expansão crescente das

atividades ligadas ao desenvolvimento do turismo, principalmente em função das

festas de outubro que ocorrem no Norte do Estado, envolvendo as cidades de

Blumenau, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Itajaí e Brusque, cuja maior expressão

ainda é a Oktoberfest de Blumenau.

Houve também a ampliação do turismo cultural e de eventos, em que o

Festival de Dança de Joinville tem despontado no cenário internacional; o

crescimento do turismo de verão, favorecido pela ampliação da rede rodoviária,

colocando em posição de destaque o município de Balneário Camboriú, que

caracterizado por sua urbanidade tornou-se uma cidade cosmopolita, com cerca de

cento e trinta mil habitantes, mas que só no verão recebe em torno de um milhão de

turistas.

Merece destaque, ainda, a estabilização de Florianópolis como um dos

destinos de sol e mar mais procurados da América do Sul, principalmente pelos

países vizinhos que integram o MERCOSUL e, o crescimento do turismo de inverno,

favorecido pela expansão de vinícolas na região da Serra Catarinense.

Se, de um lado, a dinâmica social, cultural e econômica do Estado favoreceu

o desenvolvimento da importante e desejável atividade turística em Santa Catarina,

com o envolvimento de crescente parcela de sua população economicamente ativa e

de investimentos privados cabe de outro lado, ao Governo, complementar essa

Page 128: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

128

atuação, como parceiro do desenvolvimento, tanto no que diz respeito às questões

de regulamentação e de incentivos às parcerias, de controle ambiental, de

envolvimento da comunidade residente, de fiscalização das atividades, como

também no que se refere à questão de investimento público de contrapartida.

4.4.1 Santa Catarina e a Regionalização do Turismo

A regionalização, critério de delimitação geográfica e política, se afirma como

meio para o alcance da competitividade. Na conjuntura estrutural atual do turismo a

regionalização visa a aproximação de municípios de características culturais e

ambientais semelhantes que possam ser complementares entre si, na busca da

polarização do desenvolvimento turístico local.

Na sua essência, a regionalização tem o escopo de promover a integração e

a sinergia entre os territórios, tornando-os facilitadores uns dos outros, tendo o lócus

voltado para o desenvolvimento da atividade turística, capaz de representar ganhos

além de econômicos, também sociais e ambientais, para todos os municípios

envolvidos, devido à união de forças.

A regionalização do turismo é um programa do Ministério do Turismo – Mtur,

inserido na Política Nacional de Turismo (Lei n. 11.771/2008), que tem dentre os

seus princípios trabalhar as vocações turísticas dos municípios brasileiros, mesmo

os menos vocacionados, de forma com que todos os municípios que abrangem a

região possam se beneficiar da atividade turística, seja diretamente no receptivo do

turista em seu território, ou mesmo desempenhando um papel de provedor ou

fornecedor de mão-de-obra ou de produtos destinados ao atendimento do turista.

Deste modo, ganhariam todos os municípios da região e não somente os que

recebem os turistas.

Contudo, para que haja esse proveito, os municípios têm que compreender

claramente a proposta da regionalização do turismo, assim como se perceber como

parte importante dentro desse processo, atuando de forma eficaz no desempenho

da atividade, para que o tão almejado desenvolvimento aconteça.

O Programa de Regionalização do Turismo – PRT é um modelo de gestão

Page 129: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

129

descentralizada, que começou a ser trabalhado no País ano de 2004, cujo desenho

se baseia na regionalização como organização de um espaço geográfico em

regiões, para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização, integrada e

compartilhada da atividade turística (MTur, 2017).

Seguindo recomendações da Organização Mundial do Turismo – OMT, O

PRT foi implantado no intuito de proporcionar protagonismo a cada unidade da

Federação, região e município, através do qual buscam suas próprias alternativas de

desenvolvimento, de acordo com suas realidades e especificidades, apoiadas em

diretrizes políticas e operacionais na orientação para o processo do desenvolvimento

da atividade turística. O PRT passou por reformulação e em 2013 suas novas

diretrizes foram instituídas pela Portaria MTur n. 105, de 16 de maio de 2013; nessa

reformulação foi incluído o sistema de categorização dos municípios como estratégia

para implementar o Programa.

De acordo com a SANTUR (2016), o Programa de Regionalização do Turismo

tem o enfoque de subsidiar a estruturação e a qualificação das regiões brasileiras,

buscando fortalecer a identidade local e possibilitar a consolidação de novos roteiros

como produtos turísticos rentáveis e competitivos, nos mercados nacional e

internacional.

Em Santa Catarina, seguindo o modelo já implantado pelo governo estadual

de descentralização da gestão político-administrativa, desde o ano de 2003, através

da instituição das antigas SDRs, hoje ADRs, o programa de Regionalização do

Turismo foi constituído seguindo as diretrizes da Política Nacional de Turismo e dos

programas estaduais, visando maior interação dos organismos públicos e privados

no fomento da atividade turística.

As ações de regionalização propostas pelo MTur tem como executores no

Estado de Santa Catarina, a SANTUR e a SOL, que trabalham em parceria com as

Agencias de Desenvolvimento Regional, as Secretarias Municipais e os Conselhos

Municipais de Turismo, e as Instâncias de Governança Regional; estas últimas

criadas a partir do Programa de Regionalização do Turismo estão presentes em

cada uma das regiões turísticas, e trata-se de uma organização com participação do

poder público e privado (empresários, sociedade civil e instituições de ensino) dos

Page 130: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

130

municípios componentes das regiões turísticas, que tem como papel primordial

coordenar o Programa em âmbito regional. O envolvimento desses atores tem o

condão de promover ações de mudança, objetivando ampliar e incrementar a

atividade turística em cada uma das regiões turísticas do Estado.

Além das Instâncias de Governança, o PRT constituiu também o Mapa do

Turismo Brasileiro, instrumento que serve como base de orientação para a atuação

do Ministério do Turismo e das Secretarias Estaduais de Turismo no

desenvolvimento das políticas públicas. É o Mapa do Turismo Brasileiro que define a

área que deve ser trabalhada prioritariamente pelo Ministério; ele é atualizado

periodicamente e sua última versão, de 11 de julho de 2016, computa 2.175

municípios, divididos em 291 regiões turísticas pelo País.

A composição dos municípios no mapa turístico de cada Estado é tarefa dos

órgãos estaduais de turismo em parceria com as instâncias de governança regional,

que devem definir as regiões e os municípios constantes em cada uma delas, e

encaminharem a proposta para validação no Fórum ou Conselho Estadual de

Turismo. Após essa validação o mapa é, então, aprovado pelo Secretário de

Turismo estadual e encaminhado ao Ministério do Turismo para elaborar o mapa

turístico da federação.

O Mapa Turístico de Santa Catarina, atualizado em 2016, conta com 184

municípios distribuídos em 12 Regiões Turísticas: Caminhos do Alto Vale, Vale do

Contestado, Vale Europeu, Grande Oeste, Caminho dos Príncipes, Caminhos da

Fronteira, Encantos do Sul, Costa Verde e Mar, Caminho dos Canyons, Serra

Catarinense, Grande Florianópolis e Vale das Águas, divididos em 05 categorias

classificados de A a E. Essa classificação segue o modelo de Categorização dos

Municípios do Mapa do Turismo Brasileiro, proposto pelo Ministério do Turismo, que

visa verificar o desempenho da economia do turismo para tornar mais fácil a

identificação e o apoio a cada um dos municípios envolvidos.

Na análise de categorização dos municípios são utilizadas quatro variáveis

objetivas diretamente relacionadas à economia do turismo, que são: número de

ocupações formais no setor de hospedagem; número de estabelecimentos formais

no setor de hospedagem; estimativa do fluxo turístico doméstico; e estimativa do

Page 131: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

131

fluxo turístico internacional, e os dados utilizados na análise são extraídos de

pesquisas oficiais dos Ministérios do Trabalho e Emprego e do Turismo. Deste

modo, os municípios que possuem médias semelhantes nas quatro variáveis

analisadas são reunidos em uma mesma categoria.

Dentro dessa metodologia, as cidades contempladas nas categorias A, B e C

são as que possuem o maior número de empregos formais em meios de

hospedagem, de estabelecimentos formais de meios de hospedagem, fluxo turístico

doméstico e fluxo internacional. O conjunto de municípios dos grupos D e E reúnem

características de apoio às cidades geradoras de fluxo turístico, que muitas vezes

são as que fornecem a mão de obra ou os insumos necessários para atendimento

aos turistas (MTur, 2017). Na aplicação dessa categorização, o Mapa do Turismo de

Santa Catarina ficou representado conforme a tabela abaixo:

Tabela 3: Categorização das Regiões Turísticas de Santa Catarina

Região Turística – Caminho dos Canyons (15 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B -

C 01 Araranguá

D 10 Balneário Arroio do Silva, Balneário Gaivota, Jacinto Machado, Maracajá, Meleiro, Passo de Torres, Praia Grande, Sombrio, Timbé do Sul e Turvo

E 04 Ermo, Morro Grande, Santa Rosa do Sul e São João do Sul Região Turística – Caminho dos Príncipes (16 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B 02 Joinville e São Francisco do Sul

C 04 Barra Velha, Itapóa, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul

D - Araquari, Balneário Barra do Sul, Campo Alegre, Corupá, Garuva, Guaramirim, Massaranduba, Rio Negrinho e Schroeder

E - São João do Itaperiú Região Turística – Caminhos da Fronteira (09 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B -

C 01 São Miguel do Oeste

D 07 Anchieta, Descanso, Dionísio Cerqueira, Guaraciaba, Iporã do Oeste, Itapiranga, São João do Oeste

E 01 Palma Sola Região Turística - Caminhos do Alto Vale (22 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B -

C 01 Rio do Sul

Page 132: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

132

D 16 Agrolândia, Agronômica, Aurora, Ibirama, José Boiteux, Laurentino, Lontras, Mirim Doce, Presidente Getúlio, Presidente Nereu, Rio do Oeste, Salete, Santa Terezinha, Taió, Trombudo Central e Vidal Ramos

E 05 Atalanta, Braço do Trombudo, Chapadão do Lageado, Dona Emma e Vitor Meireles

Região Turística - Costa Verde e Mar (12 municípios)

Categoria Número Municípios

A 02 Balneário Camboriú, Bombinhas

B 03 Itajaí, Itapema e Penha

C 03 Balneário Piçarras, Navegantes e Porto Belo

D 04 Camboriú, Ilhota, Luiz Alves e Tijucas.

E - Região Turística - Encantos do Sul (20 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B 03 Criciúma, Garopaba e Imbituba

C 03 Gravatal, Laguna e Tubarão

D 08 Cocal do Sul, Forquilhinha, Jaguaruna, Lauro Muller, Nova Veneza, Orleans, São Martinho e Urussanga.

E 06 Balneário Rincão, Grão Pará, Imaruí, Pedras Grandes, Santa Rosa de Lima e Treze de Maio

Região Turística - Grande Florianópolis (14 municípios)

Categoria Número Municípios

A 01 Florianópolis

B -

C 04 Governador Celso Ramos, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e São José

D 09 Águas Mornas, Alfredo Wagner, Angelina, Anitápolis, Antônio Carlos, Biguaçu, Rancho Queimado, São Bonifácio e São Pedro de Alcântara.

E - Região Turística - Grande Oeste (04 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B 01 Chapecó

C -

D 02 Abelardo Luz e São Lourenço do Oeste

E 01 Passos Maia Região Turística – Serra Catarinense (12 municípios)

Categoria Número Municípios

A

B 01 Lages

C 02 São Joaquim e Urubici

D 08 Bocaina do Sul, Bom Jardim da Serra, Bom Retiro, Correia Pinto, Painel, Rio Rufino, São José do Cerrito e Urupema.

E 01 Campo Belo do Sul Região Turística – Vale das Águas (11 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B -

C 01 Palmitos

D 07 Águas de Chapecó, Caibi, Formosa do Sul, Maravilha, Mondaí, Quilombo e São Carlos

E 03 Planalto Alegre, Santiago do Sul, e União do Oeste Região Turística – Vale do Contestado (32 municípios)

Page 133: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

133

Categoria Número Municípios

A -

B 01 Piratuba,

C 06 Canoinhas, Concórdia, Itá, Joaçaba, Porto União e Videira

D 19 Água Doce, Campos Novos, Celso Ramos, Fraiburgo, Ipira, Ipumirim, Irani, Irineópolis, Itaiópolis, Lindóia do Sul, Mafra, Ouro, Papanduva, Peritiba, Presidente Castello Branco, Seara, Tangará, Três Barras, Treze Tílias,

E 06 Alto Bela Vista, Calmon, Frei Rogério, Matos Costa, Vargeão e Zortéa.

Região Turística – Vale Europeu (17 municípios)

Categoria Número Municípios

A -

B 01 Blumenau

C 03 Brusque, Gaspar e Pomerode

D 10 Apiúna, Benedito Novo, Canelinha, Doutor Pedrinho, Indaial, Nova Trento, Rio dos Cedros, Rodeio, São João Batista e Timbó.

E 03 Ascurra, Botuverá e Guabiruba

Fonte: MTur (2017), elaborado pela Autora (2017).

Do exame dos dados acima se extrai algumas conclusões importantes: dos

184 municípios envolvidos no PRT em Santa Catarina apenas 03 (três) estão na

categoria A, 12 (doze) na categoria B e 29 (vinte e nove) na categoria C, resultando

num número de apenas 44 municípios com condições básicas para o

desenvolvimento da atividade turística; os demais 140 municípios estão divididos em

109 (cento e nove) de categoria D, e 31 (trinta e um) de categoria E, servindo esses,

teoricamente, como cooperadores dos municípios que possuem equipamentos

turísticos.

Ademais se percebe que embora algumas regiões possuam ao menos um

município categorizado como C, as condições que se apresenta nessas localidades

para a prática da atividade turística está longe da ideal em termos de infraestrutura

para atendimento ao turista, pois mesmo os municípios de categoria A, caso

Balneário Camboriú, Bombinhas e Florianópolis encontram problemas relacionados

desde acesso de vias, meios de hospedagens, restaurantes e capacitação de

pessoal, à falta de água potável, energia, acesso a rede de comunicação e tantos

outros serviços.

Embora o PRT estabeleça a cooperação entre as cidades de uma mesma

região turística no desenvolver da atividade, o que se vê na prática é que essa

interação não existe. Cada município desempenha a sua gestão de forma unilateral

e com poucos recursos destinados para a área do turismo. Na sua grande maioria

Page 134: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

134

qualquer recurso que seja aplicado ao turismo constitui-se de ajuda financeira

oriunda do Estado para apoiar uma festa que atenda a localidade.

Vê-se que o modelo de regionalização em voga no Brasil tem encontrado

barreiras significativas na sua implementação, especialmente em razão das

diversidades territoriais e rivalidades intermunicipais existentes numa mesma região,

assim como pela pouca capacidade que os municípios têm em empreender a

atividade turística, diante da realidade econômica de cada um deles e da falta de

incentivos para a participação da iniciativa privada.

Neste sentido, Beni (2005) observa que embora o PRT possua diretrizes

políticas amplas e pertinentes, visando um espaço comum de encontro de

envolvimento entre setor público, privado e academia, na prática a sua

implementação no nível regional e local tem se deparado nas dificuldades de

conciliar operacionalidade nas diretrizes políticas pelos agentes institucionais e

atores sociais, tanto do poder público quanto da iniciativa privada.

O que se vê é que para além do discurso de cooperação entre municípios e

de interação entre organismos e entidades públicas e privadas, falta direcionamento

do programa na orientação e elaboração de políticas públicas que envolvam cada

território turístico, a fim de se criar a consciência para o planejamento da atividade e

otimizar a distribuição de recursos públicos.

4.4.2 Santa Catarina e as Regiões Turísticas

A região turística denominada Serra Catarinense, está a apenas duas horas

de carro do litoral de Santa Catarina e é uma das regiões mais frias do Brasil e a

única em que se tem a incidência de neve em quase todos os invernos. A região é

composta por 12 municípios, a maioria deles com menos de 20 mil habitantes,

dentre os quais se destacam: Bom Retiro, Lages, Urubici, Bom Jardim da Serra,

Urupema e São Joaquim. A região é sede dos primeiros hotéis-fazenda do país,

sendo relevante no turismo rural e no ecoturismo. Atualmente vem se destacando no

enoturismo pela instalação de vinícolas de alta qualidade na região.

A região do Vale do Contestado, palco da Guerra do Contestado, ocorrida no

Page 135: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

135

século XX (1912-1916), além da preservação da memória da Guerra em museus,

monumentos, sítios históricos e espaços de peregrinação religiosa, principalmente

nos municípios de Irani, Fraiburgo e Canoinhas, possui apelo turístico voltado para o

ecoturismo, para a prática de esportes de aventura, águas termais e para a riqueza

multicultural da região, que preserva uma arquitetura diferenciada, resultado,

principalmente, da colonização austríaca, japonesa, italiana e alemã. A região conta

com 32 municípios.

Caminhos da Fronteira fica no extremo oeste catarinense e faz divisa com os

Estados do Rio Grande do Sul e do Paraná, além da Argentina. Em seus nove

municípios se encontra uma grande diversidade cultural que é fruto da sua

colonização por imigrantes alemães, italianos e poloneses que se misturam aos

costumes gaúchos, paranaenses e argentinos dos que residem na região. São

Miguel do Oeste é o seu município mais populoso, com 36 mil habitantes. A cidade

de Itapiranga é destaque na região pelo turismo de aventura e pela diversidade

cultural, aliás, a primeira Oktoberfest de Santa Catarina foi realizada na cidade e

permanece até os dias atuais.

Na região turística denominada Encantos do Sul, estão as duas maiores

cidades sul-catarinenses, Tubarão e Criciúma, que representam importantes centros

econômicos e culturais do Estado. A região tem grande parcela de seu atrativo

turístico voltada para o ecoturismo e para os esportes de aventura, são 20

municípios bastante diversificados. Nela também se encontra a cidade histórica de

Laguna, conhecida como terra de Anita Garibaldi, que tem seu Centro Histórico

tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),

preservando a memória dos seus antepassados, e é um dos destinos mais

procurados do Brasil no período do carnaval. Destaca-se ainda, os municípios de

Imbituba, Garopaba e Jaguaruna, que além de destaques para o ecoturismo, são

reconhecidos internacionalmente como as melhores praias para prática de surfe,

sendo palco dos maiores eventos do País. Essa faixa litorânea é o principal berçário

das baleias-francas no inverno, outra atração ecoturística da região. Também

atraem considerável número de turistas as cidades de Tubarão e Gravatal, em

função de suas estâncias de águas termais.

A região turística conhecida como Grande Oeste é composta por quatro

Page 136: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

136

municípios: Abelardo Luz, Chapecó, Passos Maia e São Lourenço do Oeste, com

população inferior a 10 mil habitantes em cada um deles. Chapecó é o principal

centro urbano e polo econômico da região, tendo destaque para o turismo de

negócios. A região foi colonizada por descendentes de italianos e alemães,

oriundos, principalmente, do Rio Grande do Sul, e possui como atrativos, estâncias

de águas termais, cachoeiras e cascatas, além de experiências no turismo rural.

A Grande Florianópolis é um dos destinos turísticos mais visitados de Santa

Catarina. É nessa região que está situada a capital do Estado, Florianópolis, famosa

por suas belezas naturais e pela qualidade de vida – a maior dentre todas as

capitais brasileiras. Além das belas, tranquilas ou badaladas praias, existem outros

atrativos nas redondezas, como as estâncias de águas termais com propriedades

terapêuticas de Santo Amaro da Imperatriz e Águas Normas, as paisagens rurais de

Rancho Queimado, Anitápolis, São Bonifácio e São Pedro de Alcântara, e as

admiradas praias de Governador Celso Ramos e de Palhoça, onde fica a badalada

Guarda do Embaú. Surfe, voo livre, rafting, rapel, canoagem, windsurf, trekking,

esses e outros esportes são praticados em meio às paisagens da região. Tanto no

litoral quanto no interior há inúmeras opções para a prática dos mais diversos

esportes de aventura e uma imensidão de bares e festas internacionalmente

reconhecidas, espalhados em seus 14 municípios.

Caminho dos Príncipes é um dos roteiros mais diversificados de Santa

Catarina, combinando história e cultura, desenvolvimento e preservação da

natureza, belas paisagens litorâneas e recantos rurais. O nome turístico da região é

uma homenagem ao Príncipe de Joinville, que recebeu as terras do hoje município

como dote de seu casamento com a Princesa Francisca Carolina, irmã de D. Pedro

II. A herança cultural portuguesa, no entanto, não é a que mais se sobressai na

região, que fora colonizada, em sua maioria, por imigrantes alemães. Contudo, e em

menor grau, há na região influências também de colonização italiana, suíça,

húngara, tcheca, ucraniana, norueguesa, polonesa e japonesa. Praticamente todos

os municípios que compõem o Caminho dos Príncipes preservam os costumes e as

tradições europeias dos seus povos colonizadores. Com 16 municípios, destaca-se

na região, a cidade de Joinville, maior cidade e polo industrial catarinense e que tem

dois dos maiores eventos culturais do Estado, a Festa das Flores e o Festival de

Page 137: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

137

Dança. São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Rio Negrinho, Araquari, Campo

Alegre, São Bento do Sul, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, e Itapoá, são

algumas das cidades com maiores destaques econômicos, social e culturais do

Estado.

Os cânions do Parque Nacional de Aparados da Serra e da Serra Geral dão

nome a região turística catarinense chamada de Caminho dos Canyons, localizada

no extremo sul do Estado e colonizada por descendentes de italianos, portugueses e

alemães. Procurado principalmente pelos amantes do ecoturismo em expedições

que adentram as grandes montanhas, o Caminho dos Canyons apresenta também

outras atrações no litoral e nas cidades do interior. Araranguá é a maior delas, com

cerca de 60 mil habitantes, e com boa infraestrutura de comércio e de serviços, além

de praias, dunas, furnas e um dos mais belos cartões-postais de Santa Catarina: o

Morro dos Conventos. Nos municípios de Praia Grande, Jacinto Machado, Timbé do

Sul e Morro Grande estão os principais cânions: Itaimbezinho, Fortaleza, Malacara,

Churriado, Faxinalzinho, Josafaz, Índios Coroados, Molha Coco e Amola Faca.

Na região turística conhecida como Costa Verde e Mar, composta de 12

municípios, a beleza do litoral catarinense atrai muitos turistas que vem em busca de

suas praias cor verde-esmeralda, reconhecidas como os melhores locais para

mergulho de Santa Catarina, especialmente os municípios de Porto Belo e

Bombinhas. Mas o principal destino turístico da região é o movimentado município

de Balneário Camboriú, com infraestrutura hoteleira e de comércio e serviços, belas

praias, parques, restaurantes e algumas das melhores casas noturnas do Brasil.

Itajaí possui o maior porto pesqueiro do país, e se destaca pela infraestrutura para

receber navios transatlânticos e eventos náuticos. Há ainda na região o Parque Beto

Carrero World, em Penha, que recebe anualmente uma média de 2 milhões de

turistas, os alambiques de cachaça de Luiz Alves e as vilas de pescadores em

muitos recantos da Costa Verde e Mar.

No Vale Europeu, a herança cultural dos colonizadores alemães, italianos,

austríacos, poloneses e portugueses é a grande marca dessa região catarinense,

localizada no Vale do Itajaí. Em Blumenau, Pomerode, Brusque e Gaspar, a herança

cultural alemã é predominante. Já em São João Batista, Rodeio e Nova Trento é a

colonização italiana que se destaca. Em quase todos os 17 municípios da região há

Page 138: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

138

festas que celebram a herança cultural dos imigrantes europeus, a mais conhecida é

a Oktoberfest de Blumenau, que como o próprio nome já diz, acontece no mês de

outubro. O Vale Europeu abriga santuários católicos, capelas, oratórios, igrejas e

grutas dedicadas a diversos santos. Só em Nova Trento são mais de 30 instituições

ligadas à fé católica, incluindo o Santuário Santa Paulina – dedicado à primeira

santa brasileira. Além das diversidades culturais, a região também se destaca pelo

ecoturismo e pelo turismo de aventuras, assim como pelo turismo de compras e

eventos.

O Vale das Águas é composto por 11 (onze) municípios: São Carlos, Formosa

do Sul, Maravilha, Planalto Alegre, Santigo do Sul, Águas de Chapecó, Quilombo,

Palmitos, Mondaí, União do Oeste e Caibi. Como o próprio nome já define, a água é

o principal elemento presente nos atrativos turísticos da região, onde se encontram

diversos estabelecimentos com águas termais. O Rio Uruguai, que passa por várias

cidades do Vale das Águas, também é um atrativo que pode ser explorado de

diversas maneiras, por meio de passeios de barco ou jornadas nos balneários de

água doce. Um exemplo de aproveitamento do entorno do Rio é a estrutura de um

empreendimento de águas termais na cidade de Águas de Chapecó.

A região Caminhos do Alto Vale conta com 22 municípios: Agrolândia,

Agronômica, Atalanta, Aurora, Braço do Trombudo, Chapadão do Lageado, Dona

Emma, Ibirama, José Boiteux, Laurentino, Lontras, Mirim Doce, Presidente Getúlio,

Presidente Nereu, Rio do Oeste, Rio do Sul, Salete, Santa Terezinha, Taió,

Trombudo Central, Vidal Ramos e Vitor Meireles. É uma região voltada para a

prática de ecoturismo e esportes de aventura, observando as características do seu

entorno, formada por inúmeros cânions e corredeiras, que propiciam a prática do

rafting, rapel, canoagem e boia-cross em suas águas e desníveis fluviais.

Preservando o seu ambiente rural, a região se apresenta também para o

agroturismo, com destaque para os produtos da terra produzidos nas propriedades

rurais que guardam riquezas culturais deixadas pelos imigrantes.

Page 139: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

139

5 DIAGNÓSTICO PELO CONTROLE DO PLANEJAMENTO OPERACIONAL

Na administração pública, a avaliação externa é comumente enfrentada como

um momento crítico, notadamente quando envolve o controle orçamentário, pois por

meio de um diagnóstico pode-se verificar o comportamento das políticas públicas

setoriais, permitindo questionar a capacidade de resolução de um determinado

problema. Neste mesmo sentido pensam Agum et al. (2015) ao defenderem que

durante um diagnóstico o avaliador, com base em medidas valorativas, indicará se a

política pública está sendo ou não implementada.

Despojada da intenção de levantar suposições sobre a atuação dos gestores

públicos, este capítulo se desenvolve com o fito exclusivo de conhecer-se a

efetividade das políticas públicas adotadas no setor de turismo, no sentido de

margear futuras ações de caráter técnico e científico para melhor aproveitamento de

uma atividade que mundialmente se apresenta com bons resultados

socioeconômicos mesmo em épocas de crise.

Nas formalidades de um diagnóstico, a atividade de avaliação não é uma

atividade fechada e autossuficiente. Ela é uma das etapas do processo de

planejamento das políticas e programas governamentais: resulta em subsídios que

possibilitam novas escolhas e analisa implicações que podem sugerir a necessidade

de reorientação dos projetos (CUNHA, 2006).

Trata-se aqui, da sistêmica relação funcional e histórica dentro do

planejamento público operacional, servindo de base autêntica para análises

comparativas com sustentação no controle do que foi consolidado da LOA,

produzindo subsídios parametrizados de sustentação realista para otimização da

alocação e aplicação dos recursos públicos no setor de turismo.

Para equalizar o entendimento de termos comuns ao sistema público

orçamentário, apresenta-se abaixo alguns conceitos:

• Plano – é o conjunto de programas que buscam objetivos comuns. O plano

ordena os objetivos gerais e os desagrega em objetivos específicos, que

serão os objetivos gerais dos programas. O plano organiza as ações

Page 140: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

140

programáticas em uma sequência temporal, de acordo com a racionalidade

técnica e as prioridades de atendimento (COHEN; FRANCO, 2004);

• Programa – é um conjunto de atividades organizadas para serem realizadas

dentro de uma cronologia e de uma dotação financeira específicas e

disponíveis para a implementação das políticas públicas, na maioria das

vezes é a própria política pública (ALA-HARJA; HELGASON, 2000);

• Ação – também chamada de projeto ou conta, é um instrumento de

programação para alcançar os objetivos de um programa, envolvendo um

conjunto de operações, limitadas no tempo e na disponibilidade orçamentária,

das quais o produto pode concorrer para a expansão ou aperfeiçoamento da

atuação do governo (GARCIA, 2001);

• Eficácia – relaciona-se simplesmente com o atingimento dos objetivos

estabelecidos em determinada ação estatal, sem considerar os meios e

custos implicados (TORRES, 2004);

• Eficiência – é a obtenção do êxito da ação estatal, buscando os mecanismos

mais viáveis, utilizando a racionalidade econômica que busca maximizar os

resultados e minimizar os custos (TORRES, 2004);

• Efetividade – afere em que medida os resultados de uma ação de governo

trazem benefícios à população, averigua a real necessidade e oportunidade

de um projeto público (TORRES, 2004).

A partir de então, realiza-se a aplicação dos procedimentos metodológicos

assumidos no Capítulo 4, cujos parâmetros de análise estão formatados em tabelas

e gráficos com comentários específicos dos fatos mais relevantes, tanto quanto na

interpretação das entrevistas realizadas.

5.1 APLICAÇÃO DO MODELO DE REGRESSÃO LINEAR E A CORRELAÇÃO

A operacionalização do modelo de regressão linear se deu por meio do

software Statistical Package for Social Science for Windows (SPSS). Para tanto, a

partir do banco de dados constante do APÊNDICE A, gerou-se a base de dados ao

Page 141: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

141

estudo, constantes nas tabelas 4, 5 e 6, com os valores totais para cada um dos

centros de custo, discriminando por ano a dotação orçamentária e a respectiva

liquidação. Os centros de custo estão representados na Lei Orçamentária Anual

(LOA) pelas seguintes unidades gestoras: Secretaria de Estado do Turismo, Cultura

e Esporte (SOL); Santa Catarina Turismo S.A. (SANTUR); e, Fundo Estadual de

Incentivo ao Turismo (FUNTURISMO), que pela limitação de caracteres definido no

software foi designado por FEIT.

Tabela 4: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado SOL 2005/16

Ano Orçado SOL Liquidado SOL

2005 54.949.146,00 33.803.194,90

2006 48.315.799,00 22.900.243,10

2007 80.906.000,00 46.629.336,61

2008 24.963.700,00 20.755.281,05

2009 32.810.000,00 26.733.015,94

2010 24.532.500,00 12.513.539,24

2011 25.475.342,00 15.007.321,54

2012 25.387.584,00 17.017.746,39

2013 24.780.531,00 14.360.656,05

2014 25.940.965,00 16.061.906,94

2015 76.698.566,00 19.081.488,71

2016 95.950.435,00 41.306.892,32

Fonte: A Autora (2017).

No modelo estatístico adotado, as variáveis independentes estão

representadas nas colunas 1 e 2 e a variável dependente na coluna 3.

Tabela 5: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado SANTUR, 2005/16

Ano Orçado SANTUR Liquidado SANTUR

2005 14.393.099,00 14.514.693,28

2006 8.266.583,00 11.273.532,53

2007 7.688.700,00 13.658.554,48

2008 8.371.945,00 7.663.775,57

2009 6.962.500,00 7.408.129,95

2010 7.742.710,00 5.993.573,81

2011 8.630.852,00 18.552.409,03

2012 24.528.365,00 24.230.913,58

2013 19.095.277,00 22.935.908,87

2014 22.562.381,00 21.249.778,47

2015 24.195.000,00 16.744.353,01

2016 14.411.503,00 13.741.453,99

Fonte: A Autora (2017).

Page 142: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

142

O termo correlação, quando aplicado estatisticamente, serve para designar a

força que mantém unidos dois conjuntos de valores. A aferição do grau de relação

entre as variáveis é que permitirá identificar o nível de correlação.

Tabela 6: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado FUNTURISMO 2005/16

Ano Orçado FEIT Liquidado FEIT

2005 0,00 0,00

2006 47.552.609,00 41.555.287,37

2007 62.240.000,00 49.515.058,49

2008 49.225.130,00 32.071.769,83

2009 50.135.348,00 43.386.145,97

2010 49.935.348,00 20.806.952,38

2011 53.456.638,00 29.387.207,07

2012 29.345.731,00 11.539.572,92

2013 34.940.148,00 11.844.657,96

2014 36.901.000,00 9.963.692,15

2015 26.259.987,00 2.936.905,45

2016 9.891.000,00 2.971.491,94

Fonte: A autora (2017).

Aproveitando a base de dados, buscou-se apurar por meio de gráfico os fatos

mais ressaltantes no banco de dados, sem precisar modelar dado por dado, mas

permitindo identificar dimensões iniciais a respeito do que ocorreu na série histórica.

Para esta primeira série de gráficos adotou-se o estilo em linha, pela oportunidade

de demonstrar a sequência do ocorrido ao longo dos anos.

Gráfico 1: Valores Orçados e Liquidados - SOL 2005/16

Fonte: A Autora (2017).

0

20

40

60

80

100

120

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ões

Orçado x Liquidado - SOL

OrçadoSOL LiquidadoSOL

Page 143: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

143

Evidencia-se no gráfico 1 que em termos orçamentários o ano de 2008 foi o

que representou melhor produtividade da Secretaria de Estado do Turismo, Cultura

e Esporte (SOL), com uma liquidação de 83,14% do que foi previsto para o turismo,

no entanto, com significativa queda no volume financeiro empregado. A redução na

previsão orçamentária provocada a partir de 2008 trouxe melhor equilíbrio diferencial

com os valores liquidados até o ano de 2014, quando as diferenças voltaram a

crescer de forma vertiginosa, resultando no ano de 2015 em uma liquidação de

apenas 24,86% daquilo que havia sido previsto no orçamento.

Gráfico 2: Valores Orçados e Liquidados - SANTUR 2005/16

Fonte: A Autora (2017).

O gráfico 2 enfoca o desempenho da SANTUR evidenciando uma condição

que foge dos parâmetros estabelecidos na legislação pertinente, em que com

frequência liquidou-se valores acima do que foi previsto na LOA e, por vezes, de

forma preocupante, como ocorreu no ano de 2011, em que se gastou 214,95%

acima do que foi previsto orçamentariamente. O desempenho irregular das linhas

plotadas estampam as dificuldades que a empresa SANTUR encontra para realizar

o controle orçamentário anual, assim como para formalizar o processo avaliação de

desempenho e projetar os seus limites de atuação financeira organizacional.

0

5

10

15

20

25

30

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ões

Orçado x Liquidado - SANTUR

OrçadoSANTUR LiquidadoSANTUR

Page 144: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

144

Gráfico 3: Valores Orçados e Liquidados - FUNTURISMO 2005/16

Fonte: A Autora (2017).

O gráfico 3 chama a atenção pela progressiva redução na capacidade de

investimento por parte do Fundo de Incentivo ao Turismo (FUNTURISMO). Criado

em 2006, quando aplicou R$ 41.555.287,37 no setor, tanto sua previsão

orçamentária quanto sua liquidação anual caíram de forma galopante, aplicando no

ano de 2016 o valor de R$ 2.971.491,94 o que representa uma diminuição de

92,85% em valores nominais desde sua implementação.

Além dos dados das unidades setoriais envolvidas com as políticas públicas

de turismo, realizou-se averiguação comportamental contendo a totalização das

contas gerais, assim como a representatividade dos valores de investimentos no

turismo pela soma nas unidades de origem, conforme indicado nas tabelas 7 e 8

com seus respectivos gráficos.

Tabela 7: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado, Total Turismo, 2005/16

Ano Orçado Total Liquidado Total

2005 69.342.245,00 48.317.888,18

2006 104.134.991,00 75.729.063,00

2007 150.834.700,00 109.802.949,58

2008 82.560.775,00 60.490.826,45

2009 89.907.848,00 77.527.291,86

2010 82.210.558,00 39.314.065,43

2011 87.562.832,00 62.946.937,64

2012 79.261.680,00 52.788.232,89

2013 78.815.956,00 49.141.222,88

2014 85.404.346,00 47.275.377,56

0

10

20

30

40

50

60

70

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ões

Orçado x Liquidado - FUNTURIMO

OrçadoFEIT LiquidadoFEIT

Page 145: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

145

2015 127.153.553,00 38.762.747,17

2016 120.252.938,00 58.019.838,25

Fonte: A Autora (2017).

O gráfico 4 propõe melhor visualização a respeito do desempenho estampado

na execução orçamentária do turismo observando o conjunto dos centros de custo.

No período considerado é perceptível certa persistência diferencial entre as linhas

do orçado e liquidado até o ano de 2013, quando começam a criar uma maior

amplitude.

Gráfico 4: Valores Orçados e Liquidados – Total no Turismo 2005/16

Fonte: A Autora (2017).

Para ter-se a compreensão da capacidade de investimento do Estado no

turismo, retirou-se da base de dados todos os valores envolvidos com o custeio das

estruturas organizacionais.

Tabela 8: Dotação Orçamentária e Valor Liquidado, Investimento Total 2005/16

Ano Investimento Orçado Investimento Liquidado

2005 58.676.906,00 38.865.317,86

2006 92.546.701,00 64.972.060,90

2007 139.881.678,00 99.657.336,21

2008 69.169.320,00 48.242.678,08

2009 69.329.294,00 58.816.645,43

2010 50.893.348,00 22.003.697,05

2011 55.082.400,00 42.454.600,68

2012 52.669.381,00 36.625.684,16

0

20

40

60

80

100

120

140

160

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ões

Orçado x Liquidado - TOTAL

OrçadoTotal Liquidado Total

Page 146: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

146

2013 52.677.148,00 31.211.447,15

2014 56.952.000,00 28.984.216,13

2015 97.141.379,00 18.528.335,96

2016 95.658.538,00 37.138.554,34

Fonte: A Autora (2017)

Os dados que demonstram os níveis de investimento no turismo estadual

refletem a constante prática de se planejar o orçamento acima da real

disponibilidade de recursos, expondo os atores públicos a serem enquadrados nas

faltas previstas na lei de responsabilidade fiscal.

O delinear do gráfico 5 apresenta forte similaridade com o gráfico 4, deixando

a impressão de que o custo fixo das estruturas organizacionais acompanha o nível

de investimento proporcionado ao setor, ou seja, ao aumentar os investimentos

estar-se-á inchando a corporação. Há que se entender tal aspecto como negativo na

estrutura estadual, pois a organização para ser eficiente precisa ter a capacidade de

ampliar os níveis de investimento em maior proporção do que o aumento em seu

custeio.

Gráfico 5: Valores Orçados e Liquidados – Investimento no Turismo 2005/16

Fonte: A Autora (2017).

Formalizada as bases de dados acima destacadas, executou-se a

modelagem estatística, contemplando etapas distintas que se complementam,

conforme se registra a seguir.

0

50

100

150

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Milh

ões

INV Orçado x INV Liquidado

Inv Orçado Inv Liquidado

Page 147: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

147

Tabela 9: Summary Statistics

Count Average Median Standard deviation Coeff. of variation

OrçadoSOL 12 4,50592E7 2,93755E7 2,61235E7 57,976%

LiquidadoSOL 12 2,38476E7 1,99184E7 1,11532E7 46,7686%

OrçadoSANTUR 12 1,39041E7 1,1512E7 6,98154E6 50,2122%

LiquidadoSANTUR 12 1,48306E7 1,41281E7 6,12479E6 41,2984%

OrçadoFEIT 12 3,74902E7 4,22268E7 1,85564E7 49,4967%

LiquidadoFEIT 12 2,13316E7 1,63258E7 1,7362E7 81,3912%

OrçadoTotal 12 9,64535E7 8,64836E7 2,43212E7 25,2155%

LiquidadoTotal 12 6,00097E7 5,5404E7 1,99887E7 33,3091%

InvOrçado 12 7,42232E7 6,39231E7 2,70697E7 36,4706%

InvLiquidado 12 4,39584E7 3,80019E7 2,22117E7 50,5289%

Fonte: SPSS, gerada pela Autora (2017).

A tabela 9 indica os valores médios, a mediana, o desvio padrão e o

coeficiente de variação obtidos para cada variável ao longo dos 12 anos. Um

resultado que chama bastante a atenção pela grande variabilidade é a série histórica

do Liquidado no FUNTURISMO-FEIT (c.v. = 81,39%) que decresceu

significativamente ano a ano no decorrer do período, confirmando o registro inicial

proporcionado pelo gráfico 3.

Com os parâmetros estatísticos da tabela 9, o software realizou os cálculos

da análise comparativa e o ajuste da equação de regressão entre os valores orçados

e liquidados em cada unidade de custo, conforme sequencialmente se apresenta:

a) Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte (SOL):

Summary Statistics for OrçadoSOL-LiquidadoSOL

Count 12

Average 2,12117E7

Median 1,12435E7

Mode

Standard deviation 1,84867E7

Coeff. of variation 87,1532%

Range 5,34087E7

Hypothesis Tests for OrçadoSOL-LiquidadoSOL Sample mean = 2,12117E7 Sample median = 1,12435E7 Sample standard deviation = 1,84867E7 t-test Null hypothesis: mean = 0,0 Alternative: not equal Computed t statistic = 3,97472 P-Value = 0,0021784 Reject the null hypothesis for alpha = 0,05. Regression - LiquidadoSOL vs. OrçadoSOL- Modelo ajustado: S Curve Dependent variable: LiquidadoSOL Independent variable: OrçadoSOL

Page 148: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

148

S-curve model: Y = exp(a + b/X) Coefficients

Least Squares Standard T

Parameter Estimate Error Statistic P-Value

Intercept 17,6865 0,194473 90,9459 0,0000

Slope -2,75338E7 6,25681E6 -4,40061 0,0013

NOTE: intercept = ln(a) Analysis of Variance

Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value

Model 1,33183 1 1,33183 19,37 0,0013

Residual 0,687738 10 0,0687738

Total (Corr.) 2,01957 11

Correlation Coefficient = -0,812073 R-squared = 65,9462 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 62,5409 percent Standard Error of Est. = 0,262248 Mean absolute error = 0,194262 Durbin-Watson statistic = 2,02945 (P=0,4420) Lag 1 residual autocorrelation = -0,0448461 The equation of the fitted model is LiquidadoSOL= exp(17,6865 - 2,75338E7/OrçadoSOL)

A aplicação do modelo de regressão linear indica que as observações

referentes aos dados pareados de cada ano, componentes das séries históricas,

Plot of Fitted Model

LiquidadoSOL = exp(17,6865 - 2,75338E7/OrçadoSOL)

24 44 64 84 104(X 1,E6)

OrçadoSOL

12

22

32

42

52(X 1,E6)

Liqu

idad

oSO

L

Plot of LiquidadoSOL

12 22 32 42 52 (X 1,E6) predicted

12

22

Page 149: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

149

apresenta um valor de p = 0,0021784, demonstrando que o comportamento médio

difere significativamente entre as duas séries. A confirmação desta tendência veio

da resultante do índice de correlação que produziu um coeficiente negativo de

0,812073. A disparidade encontrada nos gráficos do modelo aplicado sugere a

ausência de cumprimento dos planos projetados ou mesmo falhas no planejamento

operacional por falta de controle preventivo.

b) Santa Catarina Turismo S/A (SANTUR)

Summary Statistics for OrçadoSANTUR-LiquidadoSANTUR

Count 12

Average -926513,

Median 87928,6

Mode

Standard deviation 4,36009E6

Coeff. of variation -470,591%

Range 1,73722E7

Hypothesis Tests for OrçadoSANTUR-LiquidadoSANTUR Sample mean = -926513, Sample median = 87928,6 Sample standard deviation = 4,36009E6 t-test Null hypothesis: mean = 0,0 Alternative: not equal Computed t statistic = -0,736117 P-Value = 0,477064 Do not reject the null hypothesis for alpha = 0,05. chi-squared test Null hypothesis: sigma = 1,0 Alternative: not equal Computed chi-squared statistic = 2,09114E14 P-Value = 0,0 Reject the null hypothesis for alpha = 0,05. Regression - Liquidadosantur vs. Orçadosantur- modelo ajustado: logarithmic x Dependent variable: LiquidadoSANTUR Independent variable: OrçadoSANTUR Logarithmic-X model: Y = a + b*ln(X) Coefficients

Least Squares Standard T

Parameter Estimate Error Statistic P-Value

Intercept -1,44838E8 3,84261E7 -3,76925 0,0037

Slope 9,776E6 2,35171E6 4,15698 0,0020

Analysis of Variance

Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value

Model 2,61384E14 1 2,61384E14 17,28 0,0020

Residual 1,5126E14 10 1,5126E13

Total (Corr.) 4,12644E14 11

Correlation Coefficient = 0,795888 R-squared = 63,3437 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 59,6781 percent Standard Error of Est. = 3,88921E6

Page 150: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

150

Mean absolute error = 3,05399E6 Durbin-Watson statistic = 1,75574 (P=0,2400) Lag 1 residual autocorrelation = 0,089947

Os dados pareados para cada ano da série histórica na SANTUR produziu um

valor de p = 0,477064, o que exigiu a realização de teste do qui-quadrado para

averiguar possível dispersão inicial das variáveis. Considerando que o p-value do

teste resultou nulo, entende-se que não há diferença significativa no componente

médio entre as duas séries de dados. Tal propensão foi confirmada pelo elevado

coeficiente de correlação que chegou a 0,795888 aliado ao valor positivo do residual

de auto-correlação. No entanto, percebe-se boa dispersão nos gráficos que

espelham a modelagem calculada, o que recomenda cautela na análise da

resultante qualitativa total, até porque o gráfico 2 apontou irregularidades no

planejamento operacional desta unidade de custo.

c) Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo - FUNTURISMO (FEIT)

Summary Statistics for OrçadoFEIT-LiquidadoFEIT

Count 12

Average 1,61587E7

Plot of Fitted Model

LiquidadoSANTUR = -1,44838E8 + 9,776E6*ln(OrçadoSANTUR)

0 5 10 15 20 25(X 1,E6)

OrçadoSANTUR

0

5

10

15

20

25(X 1,E6)

Liq

uid

adoS

AN

TU

R

Plot of LiquidadoSANTUR

0 5 10 15 20 25(X 1,E6)

predicted

0

5

10

15

20

25(X 1,E6)

obse

rved

Page 151: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

151

Median 1,74798E7

Standard deviation 9,53544E6

Coeff. of variation 59,0113%

Range 2,91284E7

Hypothesis Tests for OrçadoFEIT-LiquidadoFEIT Sample mean = 1,61587E7 Sample median = 1,74798E7 Sample standard deviation = 9,53544E6 t-test Null hypothesis: mean = 0,0 Alternative: not equal Computed t statistic = 5,87024 P-Value = 0,000107671 Reject the null hypothesis for alpha = 0,05. Regression - LiquidadoFEIT vs. OrçadoFEIT Modelo ajustado:Squared root Y – squared X Dependent variable: LiquidadoFEIT Independent variable: OrçadoFEIT Square root-Y squared-X model: Y = (a + b*X^2)^2 Coefficients

Least Squares Standard T

Parameter Estimate Error Statistic P-Value

Intercept 1120,7 458,476 2,44441 0,0346

Slope 1,72847E-12 0,0 7,79222 0,0000

Analysis of Variance

Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value

Model 4,69509E7 1 4,69509E7 60,72 0,0000

Residual 7,73252E6 10 773252,

Total (Corr.) 5,46835E7 11

Correlation Coefficient = 0,926604 R-squared = 85,8595 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 84,4454 percent Standard Error of Est. = 879,348 Mean absolute error = 720,903 Durbin-Watson statistic = 2,70957 (P=0,8665) Lag 1 residual autocorrelation = -0,448178

Plot of LiquidadoFEIT

0 1 2 3 4 5(X 1,E7)

predicted

0

1

2

3

4

5(X 1,E7)

observ

ed

Page 152: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

152

A análise estatística resultou no valor de p = 0,000107671, comprovando a

significância diferencial no comportamento médio entre as séries de valores orçado

e liquidado. Por outro lado, o coeficiente de correlação resultou em 0,926604

ensejando haver dúvida na disparidade diferencial que, no entanto, foi confirmada

com base no resultado negativo do residual de auto-correlação.

d) Gasto Total no Turismo

Summary Statistics for OrçadoTotal-Liquidado Total

Count 12

Average 3,64438E7

Median 2,90403E7

Mode

Standard deviation 2,08942E7

Coeff. of variation 57,3326%

Range 7,60102E7

Hypothesis Tests for OrçadoTotal-Liquidado Total Sample mean = 3,64438E7 Sample median = 2,90403E7 Sample standard deviation = 2,08942E7 t-test Null hypothesis: mean = 0,0 Alternative: not equal Computed t statistic = 6,04211 P-Value = 0,0000840332 Reject the null hypothesis for alpha = 0,05.

Diante dos resultados alcançados na análise estatística de cada centro de

custo, a análise do comportamento geral dos gastos com o turismo foi suficiente pelo

teste de hipóteses. Ao verificar a existência de diferenças entre valor total orçado e

valor total liquidado o resultado apresentou-se significativo (p-value =

0,0000840332), indicando existir diferenças no comportamento médio das duas

Plot of Fitted Model

LiquidadoFEIT = (1120,7 + 1,72847E-12*OrçadoFEIT^2)^2

0 2 4 6 8(X 1,E7)

OrçadoFEIT

0

1

2

3

4

5(X 1,E7)

Liq

uid

adoF

EIT

Page 153: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

153

séries comparadas. Assim, confirmada a convergência ao individualizar por

unidades, dispensou-se a operação de análise de regressão.

e) Investimento Total no Turismo

Summary Statistics for Inv Orçado-Inv Liquidado

Count 12

Average 3,02648E7

Median 2,45202E7

Mode

Standard deviation 2,00609E7

Coeff. of variation 66,2847%

Range 6,81004E7

Hypothesis Tests for Inv Orçado-Inv Liquidado Sample mean = 3,02648E7 Sample median = 2,45202E7 Sample standard deviation = 2,00609E7 t-test Null hypothesis: mean = 0,0 Alternative: not equal Computed t statistic = 5,22609 P-Value = 0,00028283 Reject the null hypothesis for alpha = 0,05. Regression - Inv Liquidado vs. Inv Orçado – Modelo ajustado: Double-squared Y Dependent variable: Inv Liquidado Independent variable: Inv Orçado Double-squared: Y = sqrt(a + b*X^2) Coefficients

Least Squares Standard T

Parameter Estimate Error Statistic P-Value

Intercept -3,21404E14 7,50141E14 -0,428458 0,6774

Slope 0,437807 0,0962644 4,54796 0,0011

Analysis of Variance

Source Sum of Squares Df Mean Square F-Ratio P-Value

Model 5,18006E31 1 5,18006E31 20,68 0,0011

Residual 2,50438E31 10 2,50438E30

Total (Corr.) 7,68445E31 11

Correlation Coefficient = 0,821034 R-squared = 67,4097 percent R-squared (adjusted for d.f.) = 64,1507 percent Standard Error of Est. = 1,58252E15 Mean absolute error = 1,05985E15 Durbin-Watson statistic = 0,83266 (P=0,0079) Lag 1 residual autocorrelation = - 0,475446

Page 154: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

154

Na comparação entre o total de investimentos orçados e o total de

investimentos liquidados, também o comportamento médio das duas séries ao longo

do período apresentou diferença significativa, com p-value igual a 0,00028283 e o

coeficiente residual de auto-correlação negativo.

O ponto principal da averiguação estatística foi a verificação de evidências e

discrepâncias nas relações funcionais das variáveis, de tal forma que a partir de uma

determinada dotação orçamentária, as projeções de efetivação da liquidação

pudessem ser percebidas e otimizadas. Fundamentada nas informações estatísticas

obtidas, destacam-se as seguintes discussões:

1. É notória a verificação de grande variabilidade nos dados dentro de cada

série, assim como entre as séries investigadas. Em relação aos investimentos

no turismo, a série que mais chama a atenção é a do FUNTURISMO, pois

apresenta uma variabilidade bastante representativa, saindo de valores no

patamar de 41,5 milhões de reais em 2006 para algo em torno 3 milhões dez

anos depois.

2. Estatisticamente a única série que mostrou comportamento médio similar foi

entre Orçado SANTUR e Liquidado SANTUR, mas numa função legalmente

improcedente, em que não é raro gastar-se acima da previsão da LOA. Nos

outros casos, invariavelmente os valores médios das séries relativas às

dotações orçamentárias eram significativamente superiores às dos valores

liquidados.

3. Para realizar a seleção dos modelos, inicialmente foram verificados e

validados todos os pressupostos teóricos. A partir da obtenção dos

Plot of Fitted Model

Inv Liquidado = sqrt(-3,21404E14 + 0,437807*Inv Orçado^2)

5 7 9 11 13 15(X 1,E7)

Inv Orçado

0

2

4

6

8

10(X 1,E7)

Inv

Liq

uid

ado

Page 155: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

155

coeficientes de consistência e significância dos parâmetros foram estimadas

quatro equações de regressão, sendo uma especifica para cada unidade de

análise. A aplicação dos modelos possibilita estimar a expectativa de gastos

liquidados a partir das dotações orçamentárias para qualquer ano ou período

desejado. Foram ajustados os seguintes modelos:

i) Orçamento SOL e Liquidado SOL

Modelo Curva S: LiquidadoSETCE = exp(17,6865 - 2,75338E7/OrçadoSETCE)

ii) Orçamento SANTUR e Liquidado SANTUR

Modelo Log. X: LiquidadoSANTUR = -1,44838E8 + 9,776E6*ln(OrçadoSANTUR)

iii) Orçamento FEIT e Liquidado FEIT

Modelo Square root-Y;squared-X: LiquidadoFEIT = (1120,7 + 1,72847E-

12*OrçadoFEIT^2)^2

iv) Orçamento INVESTIMENTO e Liquidado INVESTIMENTO

Modelo Raiz Quadrada Y: Inv Liquidado = sqrt(-3,21404E14 + 0,437807*Inv Orçado^2)

4. O modelo que considera os valores totais aplicados na conta turismo, ou seja

obtido da somatória dos valores de cada unidade de gestão, mostrou um

comportamento médio pouco inferior a 60% de liquidação da dotação

orçamentária (coeficiente de variação = 57,33%), matematicamente

caracterizando um indicador de baixo desempenho setorial, pois o desejado

era que se gastasse bem perto daquilo que foi orçado na LOA.

5. A série histórica consubstanciada nas investigações estatísticas mostrou que

são recorrentes os procedimentos de um planejamento operacional mal

executado, independente do órgão, provocando desequilíbrio sistemático com

defasagem entre o orçamento e o gasto, dificultando a percepção de que se o

que foi assumido como política pública está sendo executado em sua íntegra.

Destaca-se, ainda, a ocorrência de situações consideradas perigosas no

âmbito legal, especialmente quando se utiliza de um recurso que não foi

previsto na LOA.

5.2 MEDIÇÃO DE DESEMPENHO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO

Martins (2000) sintetiza os principais propósitos para o uso da medição de

desempenho como: melhoria contínua de procedimentos; retorno pelo desempenho

do grupo; reforço da retórica gerencial; indução das atitudes funcionais; aprendizado

Page 156: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

156

individual e organizacional; justificativa para investimentos; facilitação na delegação

de responsabilidades; realização de diagnósticos; e, melhora no controle e no

planejamento.

A medição do desempenho é muito importante para diagnosticar e também

compreender as causas de problemas relacionados ao desempenho, tanto de

processos mais simples, como dos sistemas produtivos, quanto dos mais

complexos, como as organizações e suas metas (SILVA, 2001).

Conforme adiantado no capítulo 4, nesta pesquisa a medição de desempenho

é a atividade sistêmica de medir para avaliar a efetividade das políticas públicas de

turismo no Estado de Santa Catarina, por meio de indicador de desempenho para o

planejamento público operacional.

Para gerar os indicadores de desempenho de cada política pública de turismo

consignada nas leis orçamentárias anuais, do período investigado, aplicou-se o

conceito de índice do nível de utilização dos recursos orçamentários, calculados pela

fórmula:

𝑰 =𝑳 − 𝑫𝑶

𝑫𝑶

Assim, para cada política pública de turismo: I representa o índice de

utilização orçamentária, L representa o valor liquidado e DO representa a dotação

orçamentária.

Os valores dos indicadores podem oscilar de -1 a ∞ e significam:

I = -1 dotação orçamentária não utilizada;

-1< I < 0 (valores negativos) Utilização de recursos (liquidado) inferior a dotação

orçamentária;

I = 0 Utilização de recursos (liquidado) igual a dotação orçamentária;

I > 0 (valores positivos) Utilização de recursos (liquidado) superior a dotação

orçamentária.

O indicador que aqui se propõe, poderia ser calculado para cada ação

envolvida em cada programa de política pública do turismo, no entanto, levando-se

em consideração que ao diagnóstico interessa medir o desempenho da área setorial,

ou seja, o turismo, tal procedimento apresentou-se como irrelevante para o

Page 157: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

157

diagnóstico, pois a análise estatística desenvolvida no item anterior (5.1) detectou

baixo desempenho do planejamento operacional. Caso a avaliação estatística

tivesse apresentado bons resultados, o cálculo do indicador para cada ação seria

interessante, uma vez que também permite que se conheça o desempenho

individual de cada foco da política pública adotada.

Partindo do banco de dados formalizados no APÊNDICE A, passou-se a

calcular os indicadores para cada programa orçamentário, de cada unidade gestora,

ano a ano, do período compreendido entre 2005 e 2016, proporcionando as tabelas

10, 11 e 12.

A caracterização de bom desempenho se dá quando o indicador for igual ou

sensivelmente inferior a zero, uma vez que a execução orçamentária de êxito ocorre

quando gastamos no programa de política pública, estabelecido na LOA, a totalidade

da dotação orçamentária. Ou seja, a meta do planejamento público operacional é

sempre de aplicar-se toda previsão de recursos orçados na LOA para que a política

pública de turismo siga avançando em seus benefícios socioeconômicos.

Para definir o intervalo inferior de bom desempenho, se tomou como princípio

as decisões exaradas pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina –

TCE/SC, que admite aos Municípios e ao próprio Estado um percentual de gastos

mínimo de 85% do que se encontra previsto na LOA. Mesmo levando em

consideração que a lei de responsabilidade fiscal não admite gastos acima do que

prevê a lei orçamentária anual, para fins acadêmicos de avaliação do desempenho,

considerou-se como intervalo superior o mesmo intervalo de 15%.

Propondo melhor visualização ao índice de aproveitamento orçamentário nas

tabelas, adotou-se as seguintes cores de fundo para as células de indicadores: cor

branca para advertir sobre desempenho ruim, cor verde para representar

desempenho adequado e cor amarela para destacar bom desempenho com

restrição legal.

Na rotina estabelecida, a tabela 10 destaca o desempenho insatisfatório

alcançado pela Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte (SOL) em todos

os programas de investimentos no turismo. Nota-se que o programa 640 (Promoção

do Turismo Catarinense) nos anos de 2008, 2010 e 2012, o programa 600 (Novos

Page 158: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

158

Valores) no ano de 2009 e o programa 650 (Fortalecimento de Eventos Esportivos)

no ano de 2010, obtiveram bons indicadores; no entanto, em nada refletiram no

quadro geral de maneira que possa intuir à existência formal de uma estratégia de

gestão.

Os bons resultados de desempenho encontrados no programa 850 (Gestão

de Pessoas) não chegam a surpreender, pois se trata de uma fonte de custeio da

estrutura funcional da SOL e que é controlada pela Secretaria de Estado da

Administração. Surpreenderia se fossem encontrados desvios maiores dos que

foram registrados nos anos 2006 e 2014, pois poderia representar completa

desorganização do Governo do Estado com os limites prudenciais previstos na

legislação pertinente.

A empresa Santa Catarina Turismo S.A. (SANTUR) apresenta em seu quadro

geral (Tabela 11) bom desempenho na utilização dos recursos orçamentários,

especialmente se comparados com os indicadores da SOL; mas, pela dispersão

com que ocorrem tais índices, tanto em valores quanto em períodos e programas,

ensejam a reafirmar a ausência de metodologia executiva nos três níveis de

planejamento. No ano de 2007 chegou-se a efetivar liquidação no programa 600

(Novos Valores) sem qualquer compensação orçamentária, infringindo gravemente a

prestação de contas; e, nos anos de 2012, 2015 e 2016 fez-se previsão e nada foi

aplicado. Fato recorrente no programa 240 (Desenvolvimento do Turismo -

PRODETUR/SC) nos anos de 2010 e 2011, assim como no programa 220

(Governança Eletrônica) nos anos de 2010, 2011 e 2012. Outro problema verificado

foi o volume de indicadores positivos, que acabam por se configurar num vício

gerencial de se gastar acima do que se dispõe.

Page 159: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

159

Código

Programa

Ano

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

2005 32.820.000,00 22.118.809,27 -0,33 398.000,00 183.270,30 -0,54 17.519.122,00 7.598.706,26 -0,57 - - -

2006 42.200.501,00 15.534.209,38 -0,63 385.000,00 109.800,50 -0,71 747.438,00 2.534.246,04 2,39 - - -

2007 14.111.000,00 38.489.077,15 1,73 378.765,00 23.275,90 -0,94 61.343.357,00 3.425.565,55 -0,94 30.000,00 79.260,96 1,64

2008 8.750.000,00 6.715.919,19 -0,23 20.000,00 49.113,53 1,46 9.300.000,00 7.737.221,19 -0,17 400.000,00 175.816,85 -0,56

2009 17.010.000,00 12.445.801,42 -0,27 55.000,00 52.301,62 -0,05 2.900.000,00 2.297.453,68 -0,21 200.000,00 93.654,62 -0,53

2010 - - - 80.000,00 40.867,07 -0,49 250.000,00 247.600,00 -0,01 350.000,00 342.300,33 -0,02

2011 - - - 100.000,00 10.595,32 -0,89 250.000,00 889.188,18 2,56 300.000,00 94.120,00 -0,69

2012 - - - 116.000,00 25.800,32 -0,78 4.626.350,00 4.111.509,59 -0,11 2.548.000,00 - -1,00

2013 - - - 110.000,00 75.916,80 -0,31 5.150.000,00 3.571.367,06 -0,31 2.550.000,00 97.494,40 -0,96

2014 - - - 125.000,00 61.368,97 -0,51 4.877.000,00 6.853.511,89 0,41 2.550.000,00 84.720,00 -0,97

2015 - - - 200.000,00 55.497,30 -0,72 53.348.027,00 6.709.592,67 -0,87 2.990.000,00 11.320,00 -1,00

2016 - - - 200.000,00 272.104,80 0,36 77.959.038,00 28.313.509,69 -0,64 2.300.000,00 - -1,00

Totais 114.891.501,00 95.303.816,41 -0,17 2.167.765,00 959.912,43 -0,56 238.270.332,00 74.289.471,80 -0,69 14.218.000,00 978.687,16 -0,93

Média 9.574.291,75 7.941.984,70 180.647,08 79.992,70 19.855.861,00 6.190.789,32 1.184.833,33 81.557,26

Código

Programa

Ano

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

2005 361.000,00 284.020,27 -0,21 1.401.524,00 1.221.435,93 -0,13 2.449.500,00 2.396.952,87 -0,02 54.949.146,00 33.803.194,90 -0,38

2006 471.000,00 225.879,38 -0,52 1.555.648,00 1.868.865,43 0,20 2.956.212,00 2.627.242,37 -0,11 48.315.799,00 22.900.243,10 -0,53

2007 149.500,00 93.946,49 -0,37 2.705.686,00 2.405.480,91 -0,11 2.187.692,00 2.112.729,65 -0,03 80.906.000,00 46.629.336,61 -0,42

2008 400.000,00 323.184,96 -0,19 3.143.700,00 2.903.909,56 -0,08 2.950.000,00 2.850.145,77 -0,03 24.963.700,00 20.755.311,05 -0,17

2009 310.000,00 219.601,44 -0,29 3.560.000,00 3.313.506,35 -0,07 10.275.000,00 8.307.996,90 -0,19 34.310.000,00 26.730.316,03 -0,22

2010 510.000,00 217.540,26 -0,57 4.560.000,00 4.545.555,92 -0,00 18.782.500,00 7.119.675,66 -0,62 24.532.500,00 12.513.539,24 -0,49

2011 340.000,00 171.897,00 -0,49 7.734.592,00 7.411.556,26 -0,04 16.750.750,00 6.429.964,78 -0,62 25.475.342,00 15.007.321,54 -0,41

2012 260.000,00 7.459,14 -0,97 8.900.000,00 8.329.039,05 -0,06 8.937.234,00 4.543.938,29 -0,49 25.387.584,00 17.017.746,39 -0,33

2013 170.000,00 71.697,71 -0,58 9.561.180,00 8.731.932,81 -0,09 7.239.351,00 1.812.237,27 -0,75 24.780.531,00 14.360.646,05 -0,42

2014 260.000,00 140.511,25 -0,46 9.458.615,00 6.723.103,92 -0,29 8.670.350,00 2.198.690,91 -0,75 25.940.965,00 16.061.906,94 -0,38

2015 303.000,00 7.817,10 -0,97 10.107.539,00 9.816.404,78 -0,03 9.750.000,00 2.480.856,86 -0,75 76.698.566,00 19.081.488,71 -0,75

2016 300.000,00 3.928,40 -0,99 9.991.397,00 10.709.603,79 0,07 5.200.000,00 2.007.745,64 -0,61 95.950.435,00 41.306.892,32 -0,57

Totais 3.834.500,00 1.767.483,40 -0,54 72.679.881,00 67.980.394,71 -0,06 96.148.589,00 44.888.176,97 -0,53 542.210.568,00 286.167.942,88 -0,47

Média 319.541,67 147.290,28 6.056.656,75 5.665.032,89 8.012.382,42 3.740.681,41 45.184.214,00 23.847.328,57

Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC Novos Valores Promoção do Turismo Catarinense Fortalecimento de Eventos Esportivos

240 600 640 650

Total (investimento+custeio)Governança Eletrônica

220 850

Gestão de Pessoas

900

Gestão Administrativa

Fonte: A Autora (2017).

Tabela 10: Indicadores de Desempenho/SOL

Page 160: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

160

Código

Programa

AnoDotação

Orçamentária (R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária (R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

2005 - - - - - - 7.939.784,00 8.964.532,03 0,13 7.939.784,00 8.964.532,03 0,13

2006 - - - - - - 1.661.153,00 5.238.517,61 2,15 1.661.153,00 5.238.517,61 2,15

2007 973.000,00 746.774,67 -0,23 - 11.574,06 Erro 805.556,00 7.366.749,43 8,14 1.778.556,00 8.125.098,16 3,57

2008 662.340,00 426.631,62 -0,36 40.850,00 38.475,04 -0,06 771.000,00 1.027.760,83 0,33 1.474.190,00 1.492.867,49 0,01

2009 139.000,00 137.231,00 -0,01 44.363,00 44.279,00 -0,00 345.583,00 357.078,12 0,03 528.946,00 538.588,12 0,02

2010 60.000,00 - -1,00 - - - 218.000,00 565.977,27 1,60 278.000,00 565.977,27 1,04

2011 243.941,00 - -1,00 - - - 731.821,00 12.073.490,11 15,50 975.762,00 12.073.490,11 11,37

2012 - - - 33.300,00 - -1,00 16.000.000,00 16.948.801,33 0,06 16.033.300,00 16.948.801,33 0,06

2013 - - - - - - 9.927.000,00 15.622.027,23 0,57 9.927.000,00 15.622.027,23 0,57

2014 - - - - - - 12.499.000,00 12.020.923,12 -0,04 12.499.000,00 12.020.923,12 -0,04

2015 - - - 30.000,00 - -1,00 14.313.365,00 8.815.020,54 -0,38 14.343.365,00 8.815.020,54 -0,39

2016 - - - 8.500,00 - -1,00 5.300.000,00 5.581.447,91 0,05 5.308.500,00 5.581.447,91 0,05

Totais 2.078.281,00 1.310.637,29 -0,37 157.013,00 94.328,10 -0,40 70.512.262,00 94.582.325,53 0,34 72.747.556,00 95.987.290,92 0,32

Média 173.190,08 109.219,77 13.084,42 7.860,68 5.876.021,83 7.881.860,46 6.062.296,33 7.998.940,91

Código

Programa

AnoDotação

Orçamentária (R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária (R$)

Liquidado

(R$)Indicador

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)Indicador

2005 210.451,00 107.720,86 -0,49 3.542.413,00 3.261.989,44 -0,08 2.700.451,00 2.180.450,95 -0,19 14.393.099,00 14.514.693,28 0,01

2006 6.286,00 9.077,31 0,44 3.248.694,00 2.810.083,45 -0,14 3.350.450,00 3.215.854,16 -0,04 8.266.583,00 11.273.532,53 0,36

2007 11.822,00 16.321,07 0,38 3.270.188,00 2.936.552,80 -0,10 2.628.134,00 2.580.582,45 -0,02 7.688.700,00 13.658.554,48 0,78

2008 240.000,00 236.578,14 -0,01 3.593.755,00 3.304.686,01 -0,08 3.064.000,00 2.629.643,93 -0,14 8.371.945,00 7.663.775,57 -0,08

2009 260.640,00 207.321,26 -0,20 3.444.300,00 3.900.019,80 0,13 2.728.614,00 2.762.200,77 0,01 6.962.500,00 7.408.129,95 0,06

2010 265.000,00 - -1,00 4.040.000,00 3.531.494,23 -0,13 3.159.710,00 1.896.102,31 -0,40 7.742.710,00 5.993.573,81 -0,23

2011 277.375,00 - -1,00 4.011.910,00 4.213.499,67 0,05 3.365.805,00 2.265.419,25 -0,33 8.630.852,00 18.552.409,03 1,15

2012 125.000,00 - -1,00 4.680.000,00 4.611.066,23 -0,01 3.690.065,00 2.671.046,02 -0,28 24.528.365,00 24.230.913,58 -0,01

2013 48.000,00 21.982,00 -0,54 5.258.994,00 4.914.750,07 -0,07 3.861.283,00 2.377.175,87 -0,38 19.095.277,00 22.935.935,17 0,20

2014 149.000,00 23.790,42 -0,84 5.782.381,00 6.156.736,90 0,06 4.132.000,00 3.048.328,03 -0,26 22.562.381,00 21.249.778,47 -0,06

2015 171.635,00 5.619,70 -0,97 6.400.000,00 5.613.407,65 -0,12 3.280.000,00 2.310.305,12 -0,30 24.195.000,00 16.744.353,01 -0,31

2016 120.000,00 6.062,30 -0,95 5.983.003,00 5.093.435,45 -0,15 3.000.000,00 3.060.508,33 0,02 14.411.503,00 13.741.453,99 -0,05

Totais 1.885.209,00 634.473,06 -0,66 53.255.638,00 50.347.721,70 -0,05 38.960.512,00 30.997.617,19 -0,20 166.848.915,00 177.967.102,87 0,07

Média 157.100,75 52.872,76 4.437.969,83 4.195.643,48 3.246.709,33 2.583.134,77 13.904.076,25 14.830.591,91

Subtotal (investimento)

220 850 900

Total (investimento + custeio)Governança Eletrônica Gestão de Pessoas Gestão Administrativa

240

Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC

600 640

Novos Valores Promoção do Turismo Catarinense

Tabela 11: Indicadores de Desempenho/SANTUR

Fonte: A Autora (2017).

Page 161: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

161

A tabela 12, que apresenta os indicadores de desempenho calculados para o

Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo (FUNTURISMO), ressalta, no período

analisado, uma relevante piora no índice de utilização orçamentária a partir do ano

de 2010, inclusive. Mesmo no ano de 2016, em que os gestores tentaram trazer os

valores consignados na LOA para números mais realistas, o péssimo desempenho

ficou evidenciado com a liquidação de apenas 30% do que constava na LOA, e sem

muita razão, pois o liquidado no ano de 2015 já apresentava uma tendência do que

ocorreu em 2016.

Tabela 12: Indicadores de Desempenho/FUNTURISMO

Fonte: A Autora (2017).

Levando em consideração que os indicadores do custeio, tanto na SOL

quanto na SANTUR, apresentaram melhor desempenho que os indicadores dos

programas em investimento no turismo, se entendeu prudente compreender o peso

da estrutura funcional, mesmo porque nas avaliações feitas no item 5.1 desta tese,

ficou a impressão de baixa produtividade das atividades meio. Para tanto, calculou-

se a representatividade percentual da despesa de custeio sobre a despesa total

liquidadas no setor turístico, ano a ano, conforme se apresenta na tabela 13 e no

gráfico 6.

Page 162: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

162

Relevante registrar que o ano de 2007 conquistou a melhor produtividade, no

qual as atividades meio representaram apenas 9,24% de tudo o que foi gasto com o

setor turístico, enquanto que na medida em que os investimentos sofreram redução

em seus valores liquidados a estrutura funcional foi ficando mais pesada, atingindo

no ano de 2015 o índice de 52,20%.

Merece atenção, também, o salto verificado no índice a partir de 2010.

Enquanto que nos primeiros 5 anos a estrutura funcional representava em média

17,48% do que conseguiu produzir em favor do turismo catarinense, nos últimos 7

anos analisados representou a média de 32,64%. Ou seja, nominalmente gastou-se

menos nos programas tidos como investimentos em políticas públicas de turismo e

mais com as atividades meio da estrutura funcional.

Tabela 13: Métrica de Custeio pelo Liquidado Total no Turismo

Ano Liquidado Total Custeio Índice

2005 48.317.888,18 9.452.570,32 19,56%

2006 75.729.063,00 10.757.002,10 14,21%

2007 109.802.949,58 10.145.613,37 9,24%

2008 60.490.826,45 12.248.148,37 20,25%

2009 77.527.291,96 18.710.646,53 24,14%

2010 39.314.065,43 17.310.368.38 44,03%

2011 62.946.937,64 20.492.335,96 32,56%

2012 52.788.232,89 16.162.548,73 30,62%

2013 49.141.212,88 17.929.765,73 36,49%

2014 47.275.377,56 18.291.161,43 38,69%

2015 38.762.747,17 20.234.411,21 52,20%

2016 58.019.835,25 20.881.279,91 35,99%

Fonte: A Autora (2017).

Page 163: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

163

Gráfico 6: Métrica de Custeio pelo Liquidado Total no Turismo

A Autora (2017).

Para completar a medição de desempenho, buscou-se parametrizar a

representatividade dos investimentos em políticas públicas de turismo no Estado em

relação a sua receita tributária anual (Tabela 14), assim como a evolução histórica

dos recursos aplicados no setor.

Novamente a atenção é voltada para o ano de 2010, em que

substancialmente quando comparado com a receita tributária, o Governo do Estado

suprimiu recursos do setor, e não voltou a proporcionar ao setor turístico a atenção

devida a partir de então; sequer retroagiu aos patamares de investimentos do

período ente 2005 e 2009.

Tabela 14: Métrica entre Investimento Total e Receita Tributária

Ano Receita Tributária Investimento Total Índice

2005 6.583.635.706,20 38.865.317,86 0,59%

2006 7.063.712.448,51 64.972.060,90 0,92%

2007 8.070.509.401,98 99.657.336,21 1,23%

2008 9.202.414.879,31 48.242.678,08 0,52%

2009 9.885.360.765,37 58.816.645,43 0,59%

0,00

20.000.000,00

40.000.000,00

60.000.000,00

80.000.000,00

100.000.000,00

120.000.000,00

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Métrica de Custeio pelo Liquidado Total no Turismo

Liquidado Total Custeio Índice

Page 164: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

164

2010 11.950.269.237,95 22.003.697,05 0,18%

2011 13.722.374.484,31 42.454.601,68 0,31%

2012 15.017.411.595,04 36.625.684,16 0,24%

2013 16.564.138.994,39 31.211.447,15 0,18%

2014 18.686.678.255,46 28.984.216,13 0,15%

2015 19.345.227.128,70 18.528.335,96 0,09%

2016 21.180.018.436,55 37.138.555,34 0,17%

Fonte: A Autora (2017).

Para melhor visualização da tabela 14 confeccionou-se o gráfico 7,

demonstrando que a medida em que a receita tributária do Estado aumenta menor é

o percentual destinado para a área do turismo, com destaque para o ano de 2015

com um investimento abaixo de 0,10%.

Gráfico 7: Evolução da Métrica entre Investimento Total no Turismo e a Receita

Tributária do Estado

A Autora (2017).

Para projetar a linha de evolução histórica dos recursos aplicados pelo

Governo do Estado nos programas tidos como políticas públicas de turismo

trabalhou-se com os valores liquidados na SANTUR, na SOL e no FUNTURISMO,

0,00

5.000.000.000,00

10.000.000.000,00

15.000.000.000,00

20.000.000.000,00

25.000.000.000,00

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

0,00

20.000.000,00

40.000.000,00

60.000.000,00

80.000.000,00

100.000.000,00

120.000.000,00

Métrica entre Investimento Total e Receita Tributária

Investimento Total Receita Tributária

Page 165: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

165

monetariamente corrigidos pelo IPCA (APÊNDICE D), conforme justificado no

Capítulo 4 quando foram tratados dos procedimentos metodológicos, resultando na

tabela 15.

Cabe lembrar que a atualização monetária se refere simplesmente ao

ajustamento dos valores originais para determinada data, que no presente trabalho é

dezembro/2016, no intuito de traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda

nacional no período de 2005 a 2016.

Tabela 15: Valores Totais Liquidados com Correção Monetária

Fonte: A Autora (2017).

Partindo da tabela 15 elaborou-se o gráfico 8 visando proporcionar um

panorama da dimensão escalar da linha de evolução dos recursos investidos no

turismo em Santa Catarina.

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)

Dotação

Orçamentária

(R$)

Liquidado

(R$)

2005 108.947.027,63 68.490.887,49 10.665.339,00 9.452.570,02 119.612.366,63 77.943.457,51

2006 130.836.664,54 39.479.491,00 11.588.290,00 10.757.002,10 142.424.954,54 50.236.493,10

2007 202.563.282,38 84.858.806,08 10.953.022,00 10.145.613,37 213.516.304,38 95.004.419,45

2008 82.990.748,74 27.154.799,01 13.391.455,00 12.248.148,37 96.382.203,74 39.402.947,38

2009 83.954.244,12 25.118.856,05 20.578.554,00 18.710.646,52 104.532.798,12 43.829.502,57

2010 51.289.539,21 1.564.251,29 12.434.710,00 10.190.692,72 63.724.249,21 11.754.944,01

2011 55.403.716,43 13.558.712,88 32.480.432,00 20.492.337,26 87.884.148,43 34.051.050,14

2012 55.608.037,93 22.753.813,68 26.502.299,00 20.162.548,73 82.110.336,93 42.916.362,41

2013 55.220.766,75 20.586.431,07 26.068.808,00 17.867.875,73 81.289.574,75 38.454.306,80

2014 68.842.850,59 22.034.036,43 28.362.346,00 18.291.161,43 97.205.196,59 40.325.197,86

2015 106.938.929,48 16.786.295,13 29.907.174,00 20.234.411,21 136.846.103,48 37.020.706,34

2016 100.717.846,61 35.964.541,58 24.594.400,00 20.881.283,91 125.312.246,61 56.845.825,49

Ano

Investimentos Custeio Total

Page 166: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

166

Gráfico 8: Evolução dos Investimentos em Políticas Públicas de Turismo

A Autora (2017).

Conforme se denota do gráfico 7, especialmente pela trajetória formada pela

linha, as políticas públicas de turismo involuiram em Santa Catarina no período foco

da presente tese. Em que pese no ano de 2007 a aplicação de recursos no setor ter

avançado, a realidade é que decorridos 10 anos o Governo do Estado passou a

aplicar em torno de 62,70% do que gastou naquele ano com o turismo.

Os indicadores que mediram o desempenho das políticas públicas de turismo

se mostraram desfavoráveis no território estudado. No entanto, a boa evolução

demonstrada no ano de 2016, quando comparado com o ano de 2015, demonstra

que a arrecadação tributária estadual pode dispender melhor atenção à atividade,

mas, por certo, caberá instrumentalizar melhor o planejamento público, com base

em suas principais ferramentas de gestão e de controle.

5.3 ABORDAGEM SOBRE AS AÇÕES PROGRAMÁTICAS DAS LOAs

Nesta seção discute-se a dinâmica de continuidade ou mudança das ações

programáticas das políticas públicas de turismo inseridas nas leis orçamentárias

anuais ao longo do período enfatizado; isto é, qual o comportamento evidenciado

$-

$10.000.000,00

$20.000.000,00

$30.000.000,00

$40.000.000,00

$50.000.000,00

$60.000.000,00

$70.000.000,00

$80.000.000,00

$90.000.000,00

$100.000.000,00

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Evolução Histórica dos recursos aplicados em turismo com correção monetária - base dez/2016

Page 167: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

167

pela manutenção do projeto de política pública, sua alteração ou substituição,

conformados pela comparação entre o que está especificado nas leis orçamentárias

anuais (LOAs) e o que ocorreu nos procedimentos de implementação dos

programas orçamentários.

Conforme amplamente debatido na fundamentação teórica desta tese, toda

política pública possui uma ou mais premissas de relações causais, uma vez que

passa pela percepção de um problema público, pela necessidade da tomada de

decisão, pela definição de metas e pelos meios de alcançá-las. Fica implícito que

apenas tomar uma decisão no planejamento público não basta, é preciso que os

atores envolvidos em seu arcabouço tenham a capacidade de implementá-la.

A implementação na administração pública representa o processo de

interação empreendido para atingir os objetivos das políticas públicas. Incide na

atenção ao planejamento operacional e na organização das atividades meio e dos

recursos necessários para realizar uma política pública. Resulta nos procedimentos

pelo qual as ações programáticas de uma política pública são realizadas, ou seja, é

a passagem da agenda de governo para a prática da execução orçamentária.

Najan (1995) reforça tal ponto de vista quando teoriza que a implementação é

uma conjuntura organizacional para se alcançar os objetivos da política pública,

toma o significado de um processo no qual tudo acontece na tentativa de alcançar o

propósito estabelecido no planejamento público. Assumindo este viés, Carvalho et

al. (2010) definem a implementação como uma etapa dinâmica de um processo de

significado próprio, que não está restrito apenas na aplicação de uma dada política

em ação, mas que pode transformar o planejamento da política pública em si.

Na modelagem do debate aqui proposto, a variável principal é a continuidade

das ações programáticas. A continuidade deve ser compreendida como um

instrumento temporal e medida por meio da comparação entre os períodos em que

ocorreram a implementação dos projetos orçamentários. Haverá descontinuidade

quando houver diferenças anuais entre as ações programáticas liquidadas e as suas

respectivas dotações orçamentárias.

Seguindo esta orientação produziu-se a tabela 16, com base nos

levantamentos constantes do APÊNDICE A, no sentido de permitir melhor

Page 168: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

168

visualização do comportamento de cada ação programática inserida nas leis

orçamentárias e que caracterizam os investimentos públicos no setor de turismo. Ao

ponderar o foco estabelecido desconsiderou-se a separação por órgão executivo

para perceber o conjunto das ações em favor de cada programa orçamentário de

política pública voltada ao turismo. No período estudado, os programas de políticas

públicas identificados contabilmente como investimentos foram:

• Programa 240 – Desenvolvimento do Turismo/PRODETUR (SC);

• Programa 600 – Novos Valores;

• Programa 640 – Promoção do Turismo Catarinense;

• Programa 650 – Fortalecimento de Eventos Esportivos.

A listagem abaixo (tabela 16) apresenta, ainda, indicativos das diferenças

percentuais (R) em relação aos valores de dotação orçamentária (D) e valores

liquidados (L). A tabela sinaliza com cor verde os períodos em que houve dotação

orçamentária e liquidação, com cor amarela os momentos em que havia dotação

mas não se aplicou o recurso destinado, e em vermelho quando mesmo não

havendo dotação orçamentária houve liquidação de recursos financeiros.

Page 169: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

169

Tabela 16: Ações Programáticas das LOAs 2005/16

Programa Ação Descrição 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 R%

240 0409 Cooperação Técnica e Financeira D L D L D D 59,60

240 0425 Infraestrutura Básica e Turística D L D L L 137,31

240 0471 Plano de Marketing Integrado L D L L 59,73

240 0476 Fortalecimento da Gestão L D L D 76,81

240 0477 Sistema de Informações Turísticas D L D L 103,19

240 0478 Certificação de Sustentabilidade D L D 24,56

240 0479 Programa de Conscientização Turística L D L D L 127,07

240 0480 Centros de Atendimento ao Turista D L D L 72,29

240 0481 Plano Catarina 2020 Marketing Turístico D L D L 36,93

240 0633 Elaboração do Zoneamento Turístico D L D L 173,74

240 0634 Capacitação de Agentes Turísticos D L D L 55,69

240 0637 Expansão do Turismo Rural D D 0

240 0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas D L D L D L D D 48,31

240 0643 Capacitação/Qualificação de Áreas Prioritárias D L L L 145,14

240 0660 Programa Regionalização Turística D L D L 106,22

240 0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos L Erro

240 0686 Capacitação de Agentes Turísticos D L 7,97

240 0788 Rodovia Turística Porto Belo/Bombinhas D L 104,42

240 0789 Revitalização Roteiro Blumenau/Pomerode D L 117,43

240 0799 Estruturação Circuito Náutico D 0

240 0822 Melhoria Aeroportos de Florianópolis e Navegantes D 0

240 0836 Escola Parque Balneário Camboriú D L 162,34

240 0898 Unidade de Coordenação Estadual D L D L D L D L D L 10,58

240 2197 Sinalização Turística L L D L D L 185,18

240 9525 Programa de Fidelização Turística D L 50,61

600 0006 Encargos com Estagiários D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L 45,35

640 0121 Desenvolvimento de Atividades Prioritárias D D D D D D 0

640 0149 Fomento a Atividade Turística D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L 241,01

640 0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L D L 89,44

Page 170: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

170

640 0334 Incentivo a Entidades do Setor D L D L D L D L D L D L D L D L D D D 37,66

640 0405 Captação de Eventos D L D L 39,92

640 0409 Cooperação Técnica e Financeira D L D L 54,13

640 0425 Infraestrutura Básica e Turística D L D L D L D L 62,61

640 0471 Plano de Marketing Integrado D D D 0

640 0477 Sistema de Informações Turísticas D L D D D L D 47,63

640 0484 Promoção, Pesquisa e Recuperação D L D L D L D L D L D D L D L D D D 45,61

640 0631 Programa SC Rural L L L Erro

640 0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas D L D L 176,11

640 0643 Qualificação de Áreas Prioritárias D L D 10,48

640 0660 Programa Regionalização Turística D L 385,81

640 0665 Licença Ambiental Aeroporto São Joaquim L Erro

640 0676 Construção e Instalação de Portais D L D L D L D L D L 73,51

640 0686 Capacitação para Apresentar Destinos D L D L D L D L D L D D D D D 30,69

640 0722 Campanhas Promocionais D L D L D L D L D L D D L D L D L D L D L D L 186,68

640 0913 Construção Centro de Eventos de Balneário Camboriú L D L D L 29,23

640 0915 Apoio Troféu Guga Kuerten L Erro

640 1020 Elaboração de Material Promocional D L D L D L D L D L D D D L D L D D L D 78,11

640 1021 Jornada de Familiarização Turística D D D D D D D D 0

640 1026 Estudos e Pesquisas Científicas D L D L D L D D D L 12,21

640 1050 Construção de Espaço Multiuso D L D L D L 85,86

640 1196 Evento Guerra do Contestado D 0

640 2197 Sinalização Turística D D L D L L L 313,71

640 2198 Construção Boulevard de São Joaquim D 0

640 9999 Devolução de Recursos ao Ministério do Turístico L L Erro

650 0147 Incentivo a Eventos Esportivos D L D L D L D L D D D D D D 4,88

650 0149 Fomento a Atividade Turística L L Erro

650 0631 Programa SC Rural L Erro

650 0915 Apoio Troféu Guga Kuerten L L L Erro

Fonte: A Autora (2017).

Page 171: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

171

Nas ações programáticas elencadas encontram-se projetos de aplicação

específica, em que a própria descrição da conta já identifica ao quê se destina, mas

também existem ações de ampla aplicação onde deve-se registrar a sua destinação.

Com apoio nos registros contábeis (ANEXO B) identificou-se a que serve as ações

programáticas abaixo destacadas:

- 0121-Desenvolvimento de atividades prioritárias: realização de

seminários, fóruns e estudos técnicos voltados ao empreendedorismo

turístico;

- 0149/Fomento a atividade turística: auxílio financeiro a entidades setoriais,

tais como, associações culturais, associações empresariais, associações

esportivas, escolas de samba, centros de tradições gaúchas, centros

religiosos, câmaras de dirigentes lojistas, associações e conselhos de classe,

instituições musicais, entre outras instituições que promovem o turismo no

Estado; gastos com o Conselho Estadual de Turismo (hotéis, diárias, ajuda de

custo e transportes); apoio a realização de eventos religiosos, concertos

musicais, apresentações artísticas, feiras artesanais e culturais;

- 0292/Participação e apoio na realização de eventos: participação em

eventos nacionais e internacionais para divulgação dos atrativos turísticos do

Estado, despesas com diárias e transportes de pessoal envolvido com as

atividades da SOL e da SANTUR, patrocínio a eventos de interesse turístico e

apoio técnico regional em festas tradicionais;

- 0334/Incentivo a entidades do setor: apoio financeiro e técnico para

entidades vinculadas na realização de atividades turísticas aos moldes das

associações culturais, artísticas e históricas, blocos e escolas de samba,

centros de tradições, centros religiosos e órgãos de utilidade pública que

promovem o turismo;

- 0409/Cooperação técnica e financeira: transferência de recursos financeiros

e técnicos aos municípios e instituições públicas em função de realização de

atividades de interesse do setor;

- 0425/Infraestrutura básica e turística: realização de obras de engenharia

destinada a infraestrutura do turismo aos moldes de estradas, redes de coleta

Page 172: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

172

e tratamento de esgoto, praças e paisagens públicas, iluminação pública,

sistemas de transportes turísticos, hidrovias, píeres turísticos, entre outros;

- 0476/Fortalecimento da gestão: aquisição de equipamentos, acessórios,

componentes físicos, programas e sistemas de rede de informática e de

telecomunicação, assim como, a contratação de cursos e treinamentos

específicos para área;

- 0479/Programa de conscientização turística: realização de treinamento,

viagens, fóruns e seminários nas regiões turísticas visando empreender a

atividade, desenvolvimento de programas especiais (ecoturismo, turismo

social, turismo de eventos, turismo religioso, enoturismo, dentre outros),

realização de diagnósticos setoriais;

- 0484/Promoção, pesquisa e recuperação: despesas operacionais para

desenvolver nichos de turismo, apoio a rede de rádio e de televisão para

divulgar as atividades setoriais, apoio a instituições relacionadas com a

atividade turística, participação em eventos, feiras e congressos;

- O643/Capacitação e qualificação de áreas prioritárias: investimentos no

turismo de sol e mar;

- 0660/Programa de regionalização turística: conscientização e treinamento

dos municípios quanto a valoração da natureza, paisagem construída, história

e cultura, no âmbito de desenvolver atividades voltadas ao turismo;

- 0722/Campanhas promocionais: realização de publicidade, ações de

divulgação, criação de peças publicitárias, desenvolvimento de estratégia de

comunicação, gastos com imprensa, participação em feiras, congressos e

eventos.

Pela tabela 16 é possível concluir uma série de questões envolvendo a

execução das ações programáticas voltadas ao desenvolvimento da atividade

turística, até mesmo em relação a legalidade perante o que está previsto na lei de

responsabilidade fiscal. Como tal aspecto não é objeto da presente tese, e tendo em

vista que os atores públicos envolvidos na execução orçamentária possuem

responsabilidade para resolver possíveis problemas perante o Tribunal de Contas do

Estado, o condão da análise voltou-se a extrair da tabela os impactos mais

Page 173: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

173

relevantes ao desenvolvimento das políticas públicas de turismo, conforme a seguir

se detalha:

a) Em todo período estratificado, verifica-se no programa 600 (novos valores) a

continuidade plena na ação programática 0006 (encargos com estagiários), mesma

tendência encontrada nas ações 0149 (fomento a atividade turística) e 0292

(participação e apoio na realização de eventos) do programa 640 (promoção do

turismo catarinense). Apesar de no ano de 2016 a conta 0292 não ter tido recursos

vinculados foi a que resultou no melhor índice relacional, com 89,44% dos valores

liquidados;

b) Ao se calcular a relação percentual para a ação 0149 (fomento a atividade

turística), do programa 640, que resultou na aplicação de recursos em 141,01%

acima da previsão, o total histórico liquidado chega ao valor de R$ 191.501.767,01.

Trata-se de uma considerável cifra, superando em volume financeiro qualquer outro

projeto turístico ao longo do período avaliado. Fato preocupante deve-se a sua

destinação, fortemente direcionada para apoio financeiro a entidades e eventos

específicos, teoricamente longe de um alcance social mais amplo;

c) Ainda no programa 640, com pequena descontinuidade aparecem as ações 0334

(incentivo a entidades do setor), 0484 (promoção, pesquisa e recuperação) e 0722

(campanhas promocionais). No projeto 0722 não houve liquidação de valores no ano

de 2010 apesar de ter havido destinação de recursos na LOA, agravado na condição

de ter liquidado durante todo o período recursos de 86,68% acima do que havia sido

provisionado. As contas 0334 e 0484 aparecem nas leis orçamentárias anuais a

partir de 2006, mas desde 2014 não se aplicam recursos;

d) No período de 2005 a 2009, dentro do programa 640, percebe-se adequada

continuidade nas contas 0425 (infraestrutura básica e turística), 0676 (construção e

instalação de portais) e 1050 (construção de espaços multiuso), todas com índice

acima de 62% dos recursos aplicados em relação ao que havia sido historicamente

destinado, no entanto, desde o último ano referencial as ações apontadas não foram

mais inseridas nas leis orçamentárias;

e) No programa 240 (Desenvolvimento do Turismo-PRODETUR/SC), cujas ações

foram realizadas com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento,

Page 174: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

174

obteve-se boa continuidade na conta 0898 (unidade de coordenação estadual)

deixando claro que o programa encerrou suas atividades no ano de 2009, e desde

então o Estado não conquistou novos financiamentos para o desenvolvimento do

turismo;

f) Questão preocupante refere-se à quantidade de anos em que ocorreu despesas

em ações que não continham qualquer dotação orçamentária, com destaque na

ação 0149 (fomento a atividade turística) do programa 650 (fortalecimento de

eventos esportivos) e nas ações 0631 (Programa SC Rural) e 0915 (apoio ao troféu

Guga Kuerten) dos programas 640 e 650. Tais ações estão indicadas na coluna “R”

da tabela 16 com a palavra “Erro”;

g) Outro fato relevante está na quantidade de anos em que houve destinação

orçamentária e nada foi executado, em alguns casos as ações previstas na LOA não

realizaram nada em momento algum, notadamente no programa 640 através dos

projetos 0121 (desenvolvimento de atividades prioritárias), 0471 (plano de marketing

integrado), 0665 (licença ambiental para o aeroporto de São Joaquim), 1021

(jornada de familiarização turística), 1196 (evento guerra do contestado) e 2198

(construção do Boulevard de São Joaquim), além dos ocorridos no programa 240

por meio das contas 0637 (expansão do turismo rural), 0799 (estruturação do

circuito náutico) e 0822 (melhorias nos aeroportos de Florianópolis e Navegantes).

Tais ações estão indicadas na coluna “R” da tabela 16 pelo número zero;

h) Na relação percentual entre os valores liquidados e dotações orçamentárias

(coluna “R”) destacou-se com cor azul as ações que indicam discrepância acima do

que estava previsto para o período, em valores históricos, que em alguns casos

chegam a mais de 150%.

Há que se observar que nos 12 anos estudados as leis orçamentárias anuais

indicam um total de 58 ações programáticas de investimento em turismo, nas quais

15 delas apresentam discrepância superior, indicando que se gastou mais do que

estava previsto, e outras 38 contas apresentam discrepância inferior a 70%,

indicando que se investiu menos de 70% daquilo que se podia empreender. Assim, a

abordagem indica evidências de desequilíbrio sistemático na implementação das leis

orçamentárias anuais.

Page 175: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

175

Cabe, ainda, argumentar que não se debruçou sobre a efetividade das ações

programáticas, uma vez que a presente pesquisa se direcionou a aferir a eficácia

dos programas de políticas públicas em turismo, ao longo de um período pré-

definido, sem discutir os possíveis benefícios sociais e econômicos percebidos pela

população.

5.4 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Visando um diagnóstico fidedigno das políticas públicas de turismo

implementadas no Estado de Santa Catarina, capaz de demonstrar como a atividade

turística é desempenhada, optou-se pela realização de entrevistas com atores

envolvidos com a dinâmica institucional de elaboração de políticas públicas no

Estado, para contrapor ou corroborar com os dados levantados através do estudo

das peças orçamentárias anuais de 2005 a 2016 da área do turismo.

Foram entrevistados o vice-Governador do Estado de Santa Catarina (2015-

2018), Dr. Eduardo Pinho Moreira; o Senador pelo Estado de Santa Catarina (2011-

2018), Paulo Roberto Bauer; o Deputado Federal pelo Estado de Santa Catarina

(2015-2018), Mauro Mariani; o Deputado Estadual SC (2015-2018), Kennedy Nunes;

o Presidente do Instituto Brasileiro de Turismo – EMBRATUR (2015-atual), Vinícius

Lummertz; o Secretário Estadual de Turismo (2015-2016), Filipe Mello; e o

Presidente da Santa Catarina Turismo – SANTUR (2011-atual), Valdir Rubens

Walendowsky. A tabela abaixo apresenta o currículo resumido dos entrevistados.

Tabela 17: Breve Resumo do Currículo dos Entrevistados

Dr. Eduardo Pinho Moreira • - Formado em medicina, especialista em cardiologia;

• - Deputado Federal por Santa Catarina (1987-1990);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (1991-1992);

• - Prefeito de Criciúma – SC (1993-1996);

• - Secretário de Estado da Casa Civil – SC (1997);

• - Vice-Governador do Estado – SC (2003-2006);

• - Governador do Estado – SC (09/04 a 31/12/2006);

• - Presidente das Centrais Elétricas de Santa Catarina – CELESC (12/08

a 27/12/1997 e 2007-2009);

• - Vice-Governador do Estado – SC (2010-2013);

• - Vice-Governador do Estado – SC (2014-atual).

Paulo Roberto Bauer

• - Formado em Contabilidade e em Administração;

• - Deputado Estadual – SC (1987-1990);

Page 176: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

176

• - Deputado Federal por Santa Catarina (1991-1994);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (1995-1998);

• - Vice-Governador do Estado – SC (1999-2002);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (2003-2006);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (2007-2010);

• - Senador pelo Estado de Santa Catarina (2011-atual).

Mauro Mariani

- Prefeito de Rio Negrinho – SC (1997-2000);

• - Prefeito de Rio Negrinho – SC (2001-2002);

• - Deputado Estadual – SC (2003-2006);

• - Secretário de Estado de Infraestrutura – SC (2005-2006 e 2007-2010);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (2007-2010);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (2011-2014);

• - Deputado Federal por Santa Catarina (2015-atual).

Kennedy Nunes

• - Formado em Jornalismo;

• - Vereador Joinville – SC (1998-2000);

• - Vereador Joinville – SC (2001-2004);

• - Deputado Estadual – SC (2007-2010);

• - Deputado Estadual – SC (2011-2014);

• - Deputado Estadual – SC (2015-atual).

Vinícius Lummertz

• - Formado em Ciências Políticas, Mestre em Gestão do Conhecimento;

• - Diretor Técnico do SEBRAE Nacional (1999-2002);

• - Secretário de Estado da Articulação Internacional – SC (2007-2010);

• - Secretário de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão – SC

(2010);

• - Secretário de Turismo, Esporte e Cultura de Florianópolis – SC (2011-

2012);

• - Secretário Nacional de Políticas Públicas para o Turismo – MTur

(2012-2015);

• - Presidente da EMBRATUR (2015-atual).

Filipe Mello

• - Advogado, especialista em direito administrativo e gestão pública;

• - Secretário de Administração de Florianópolis – SC (2005-2008);

• - Secretário de Estado de Planejamento – SC (2011-2012);

• - Secretário de Assuntos Internacionais (2013-2014);

• - Presidente da Fundação Catarinense de Turismo, Cultura e Esporte –

FCC (2014);

• - Secretário Estadual de Turismo, Cultura e Esporte – SC (2014-2016);

• - Secretário da Casa Civil de Florianópolis – SC (2017-atual).

Valdir Walendowsky

• - Formado em Engenharia Civil e em Administração de Marketing;

• - Presidente da Comissão Municipal de Turismo Brusque – SC (1980);

• - Secretário Municipal de Turismo Brusque – SC (1980-1990);

• - Diretor de Marketing da SANTUR – SC (1995-1998);

• - Diretor-Executivo do Joinville Convention & Visitors Bureau – SC

(1999-2002);

• - Diretor de Marketing da SANTUR – SC (2003-2006);

• - Presidente da SANTUR – SC (2007-2010);

• - Secretário de Estado do Turismo – SC (2013-2014);

• - Presidente da SANTUR – SC (2011-atual).

Fonte: Entrevistas realizadas pela Autora (2017).

As entrevistas foram realizadas no primeiro semestre de 2016, nos municípios

de Florianópolis, Balneário Camboriú e Joinville, de forma presencial e

Page 177: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

177

audiogravada, seguindo a forma semiestruturada, mediante 7 (sete) perguntas

abertas, em que, quando necessário, partindo-se de perguntas consideradas como

principais (APÊNDICE B), surgiram novos questionamentos que possibilitaram maior

aprofundamento sobre cada questão, gerando, assim, um acúmulo de material de

mais de 100 (cem) páginas de transcrição, referente ao conhecimento de cada um

dos entrevistados sobre a temática do estudo. Embora obtendo autorização dos

entrevistados para a indicação de seus nomes e a publicação do conteúdo, por

princípio acadêmico optou-se por não os identificar diretamente, desta forma, os

mesmos foram designados pelas letras A à G e suas ponderações seguem ordem

aleatória.

Seguindo o roteiro formulado, a primeira questão trabalhada com os

entrevistados versou sobre o Programa de Regionalização do Turismo (PRT),

política pública federal em vigor, que visa à estruturação de um conjunto de

municípios em uma região turística, de forma com que todos os municípios que

abrangem a região possam se beneficiar da atividade turística, direta ou

indiretamente. A esse respeito, os entrevistados foram questionados sobre a divisão

do Estado em 10 regiões turísticas (hoje já são 12 regiões turísticas, segundo a

última atualização do mapa do turismo realizada em julho de 2016), se todas

representam importância no cenário nacional ou quais dentre elas; assim como, o

grau de competitividade dessas regiões com as demais regiões turísticas dos outros

Estados brasileiros.

Entrevistado A: O grande problema em Santa Catarina tem sido a sazonalidade. Indiscutivelmente o

litoral de Santa Catarina é o grande atrativo e é competitivo com qualquer turismo do mundo. Mas, a

ideia que nós vínhamos discutindo desde 2002/2003 era a descentralização, a interiorização do

turismo, buscando as manifestações culturais, as manifestações étnicas, que é uma característica de

Santa Catarina, para isso, nós, no Governo Luiz Henrique (2003-2010), realizamos a construção de

centros de eventos por todo o Estado, objetivando, em primeiro plano, ter o local onde nós

pudéssemos ter essas manifestações, porque não adianta você fazer e não ter um local de

concentração. Eu acho que no nosso Estado, tirando o litoral que é competitivo, nós temos os

tradicionais, que é o Vale do Itajaí, mas que daí é voltado basicamente para festas típicas, e não vejo

em Santa Catarina, ainda, turismo competitivo não. Nós temos os Cânions no Sul do Estado, a Serra

Catarinense que já está num estágio bem mais avançado, com o turismo rural e o turismo de inverno,

mas nós não somos competitivos não. Agora com as vindimas, com a cultura do vinho na Serra

Catarinense, acho que tudo isso gera expectativa de crescimento, mas nós somos muito incipientes

ainda. Tirando o litoral e a região de Blumenau, basicamente em função das festas, eu acho que nós

ainda temos um caminho muito longo a percorrer.

Entrevistado B: Eu considero que não. Nós temos regiões que possuem algumas dificuldades para

competir, especialmente a Região Oeste, porque ela tem uma vocação agroindustrial, então se você

buscar pelos recursos naturais e pela estrutura, pela infraestrutura que existe nessa região, você vai

Page 178: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

178

ver que as condições de concorrer com outras regiões são bastante difíceis. Embora a Região Oeste

possua algumas estações hidrominerais, como o grande lago de Itá, e cidades com infraestrutura

para recepção de turistas, como Chapecó, por exemplo, a verdade é que são equipamentos ou

situações muito isoladas que não permitem uma condição de turismo integrado, como em outras

regiões. Nesse caso em SC, sem dúvida o litoral tem uma grande vantagem, e quando eu falo em

litoral não falo só de praias, falo das regiões anexas ao litoral, como é o caso do Vale Europeu, do

Caminho dos Príncipes, da Grande Florianópolis, que possuem grande perspectiva; essas regiões

são competitivas, as outras infelizmente não. Lages também é outra região que tem dificuldade para

ser competitiva, embora a gente tenha lá o frio como característica, mas é uma coisa sazonal, e

tenhamos alguma coisa já de ecoturismo, que também atrai, pode ser competitivo, mas também não

é muito.

Entrevistado C: Penso que toda a Região Turística tem seu potencial aqui em Santa Catarina,

mesmo a Região Oeste, que tem se destacado no turismo de negócios, tornando-se uma referência

importante, não só para Santa Catarina, mas para o Estado do Rio Grande do Sul, até porque o

aeroporto que atende toda aquela região é o aeroporto de Chapecó, então eles têm realizado

grandes feiras, é uma região que tem alguns diferenciais, em alguns seguimentos do mercado,

notadamente o da agroindústria, então há um potencial muito grande na região. A Região Oeste

possui ainda águas hidrominerais em vários de seus municípios, então eu penso que é uma região

que tem atrativos turísticos, não tenho dúvida. Da mesma forma, você pode ir para todas as regiões

do Estado, seja a Serra, o Litoral Sul, o Litoral Norte, a Grande Florianópolis, o Vale do Itajaí, a

Região Norte e Nordeste do Estado que possui também uma vocação de turismo de negócios muito

forte, que você vai perceber que Santa Catarina tem um potencial turístico que por si só é

naturalmente muito forte. Nós temos um potencial muito grande, muito forte, e na minha modesta

avaliação, mal aproveitado, vamos dizer assim, mal não, subaproveitado. O Estado poderia se valer

mais do turismo como fonte de emprego e renda, se organizar melhor nas diversas regiões,

abordando o turismo conforme as características de cada região.

Entrevistado D: Nós criamos esse plano de regionalização e depois fizemos uma reestruturação

dele. O que eu acho é que o turismo é fundamentalmente de base regional, o turismo se desenvolve

quase sempre regionalmente. É o turismo da região, de proximidade, de frequência, que cria as

condições de capitalização, de consciência, de consciência transformada em política pública, de

prioridade política, e com esse esforço, a partir da conscientização e dos investimentos que decorrem

desse capital de giro que se promove, esses ambientes que possuem certo potencial podem se

expandir para muito além ou pouco além, mas sempre terão, no turismo a condição de expansão

disso, que depende do potencial de um lado, mas depende também dos emissores mais próximos e

da resposta que o município e a região possam dar para criar esse destino. Se Santa Catarina tem

um turismo desenvolvido, defendo que tem; mas tem porque a sociedade desenvolveu, não porque o

governo atuou. O Estado possui grande potencialidade para a atividade turística, mas não se pode

dizer que todas as regiões possuem competitividade.

Entrevistado E: Eu acho que SC foi privilegiada por Deus em belezas naturais, mas o povo não sabe

trabalhar com o turismo, nós somos muito fracos em serviços. Eu penso que na Região da Grande

Florianópolis, por conta das praias, do turismo de sol e mar, e na região de Blumenau por conta das

festas, o entorno todo, mas principalmente na cidade de Blumenau, em razão da Oktoberfest, o

turismo é mais evidente. Eu ainda vejo que nós não sabemos explorar a Região dos Cânions, além

da deficiência para se chegar lá na região, o turismo de lá é um turismo mais contemplativo e esse

tipo de turismo, infelizmente, ainda é pouco explorado. Eu penso que a Região da Serra tem muito a

crescer, e se você observar, lá a questão é cultural também, eles têm uma grande chance de crescer,

Urubici, São Joaquim, mas têm que melhorar muito os serviços, os equipamentos. O turismo fica

focado em duas coisas em Santa Catarina, praia e festa.

Entrevistado F: Eu penso que as regiões mais competitivas que temos no Estado são a Grande

Florianópolis, o Vale Europeu, o Caminhos dos Cânions, a Costa Verde e Mar e o Vale do

Page 179: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

179

Contestado, esta última especialmente vem crescendo de maneira bastante substancial, porque há

uma visitação cultural crescendo lá e que ainda poucos percebem isso. Contudo, acho que podemos

afirmar, sem medo de errar, que as 10 regiões do Estado apresentam nível de competitividade

bastante maduro, um alto nível de competitividade. É fato que algumas delas são mais evoluídas que

as outras, pela sua posição geográfica, pelas suas belezas naturais, pelos seus produtos turísticos,

por aquelas ações que se tornaram por um longo período produtos turísticos. Mas, as 10 regiões

possuem potencial competitivo com qualquer outra do país.

Entrevistado G: Esse modelo de regionalização do turismo que foi implantado no Brasil no ano de

2004 tem uma abrangência maior na questão das políticas de turismo, não fica somente no

município. Através desse modelo Santa Catarina se dividiu em 10 regiões, foi um arranjo do Estado

para você poder ter um trabalho mais diferenciado, porque as características do Estado de Santa

Catarina são diferentes dos demais estados brasileiros. Então se tentou juntar as cidades, as regiões

que possuem características mais semelhantes, foi assim que fizemos a divisão no Estado. Hoje, se

for fazer uma análise da evolução do turismo, talvez se tenha que fazer mais regiões e não diminuir o

número de regiões, porque o potencial turístico do nosso Estado é muito grande, e tem regiões

grandes, não em termos de território propriamente dito, até porque o nosso território é pequeno, mas

se você considerar o Vale Europeu com a Região do Contestado, a Região do Contestado hoje na

questão da divisão turística é bastante grande, e hoje existem movimentos para dividir uma região

como é a do Contestado. Então, não se pensa em diminuição do número de regiões no Estado, mas

sim na ampliação dessas regiões, porque todas são bastante competitivas. O nosso Estado é um

mosaico muito fracionado para essas questões do turismo e concentra, por exemplo, no lado cultural,

porque a cultura tem tudo a ver com o turismo, isso é muito forte, é um pilar do desenvolvimento da

atividade turística, para mim eu cito dois: a natureza e a cultura, e quando se estratifica isso você vai

ver que teria que criar novas regiões turísticas, porque o turismo no nosso Estado é amplamente

competitivo e consolidado.

Atendendo aos ditames da política nacional de turismo, Santa Catarina se

dividiu em regiões turísticas, buscando nessa divisão aproximar os municípios com

características mais semelhantes e que pudessem trabalhar a atividade turística em

conjunto, a fim de desenvolver a atividade em municípios com pouca vocação e

fortalecer a atividade nos municípios já vocacionados. Essa parceria entre os

municípios de uma mesma região beneficiaria, de certa forma, a todos os

envolvidos.

O que se percebe é que a divisão realizada no Estado buscou contemplar

toda a extensão territorial, gerando regiões pouco ou nada vocacionadas para o

turismo. Muitos dos municípios que integram regiões não possuem sequer uma

secretaria ou diretoria de turismo, da mesma forma que poucos possuem um plano

diretor que contemple a atividade, ou seja, não possuem a estrutura institucional

básica para o desenvolvimento da atividade turística. A realidade é que um

município sem estrutura mínima não consegue seguir o planejamento previsto no

programa de regionalização sozinho, pois embora divididos em regiões, na prática

os municípios atuam de forma isolada.

Page 180: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

180

As entrevistas apontam a fragilidade de algumas regiões em trabalhar a

atividade turística, pela falta de equipamentos, de mão de obra, de vocação, de

serviços, e consequentemente demonstra a baixa competividade dessas, seja no

turismo interno do Estado, seja em comparação a outros Estados brasileiros.

Fica evidente na fala dos entrevistados que o turismo em Santa Catarina

ainda é voltado basicamente para o segmento de sol e mar; é o turismo de verão

que faz com que Santa Catarina seja reconhecida como um importante destino

turístico no Brasil e no MERCOSUL. Claro que existe potencial para outros

segmentos, como o turismo de inverno e o enoturismo, por exemplo, mas a falta de

incentivo e de direcionamento para a atividade encontram barreiras que

normalmente tem a ver com a falta de consciência, ou com a falta de estratégia, ou a

falta de recursos, e a ausência de continuidade na estratégia, para que se

transforme em política permanente, ganhos permanentes e estruturação de

destinos.

Prosseguindo, o segundo questionamento feito aos entrevistados foi em

relação às demais áreas que compõem a estrutura governamental, quais dessas

áreas interferem diretamente no desenvolvimento do turismo e, o quanto cada uma

delas interfere no turismo em grau de importância.

Entrevistado A: A segurança é uma condição fundamental para o turismo. Nas questões voltadas

para o saneamento, houve nesse verão uma repercussão mundial aqui que envolve o Rio do Brás em

Canasvieiras, foi capa de jornais internacionais na Argentina, Uruguai e Chile; eu vejo tal problema

como uma questão de saúde, porque nós tivemos aqui em uma noite mais de 200 atendimentos de

Argentinos no Posto de Saúde de Canasvieiras. Então, eu diria que são essas duas áreas, a

segurança pública e a saúde, englobando a questão do saneamento, que interferem diretamente na

atividade turística. A infraestrutura é vital para o conforto, mas eu fui a São Paulo nesta semana e o

Aeroporto de Congonhas, pelo movimento que tem, não é nada confortável, você usa muito o ônibus

para se deslocar e de forma desconfortável, e isso não impede que as pessoas vão a São Paulo.

Mesmo o nosso aeroporto Hercílio Luz que é uma vergonha. Mas, eu acho que essa questão da

infraestrutura não é um fator que iniba a vinda de turistas para o Estado. Eu acho que o nível de

segurança, de saneamento e de saúde, esses sim interferem diretamente, no resto as pessoas se

adaptam. Claro que precisamos ter aeroportos com qualidade, precisamos ter acessos, mas isso não

inibe as pessoas não. Inibe aquilo que toca pessoalmente as pessoas e seus familiares. Às vezes um

pouco de desconforto numa estrada, atrapalha, mas não inibe. Saúde e segurança fazem com que as

pessoas desistam de vir.

Entrevistado B: A segurança pública e o saneamento. Não há coisa mais grave do que atrair o

turista e não ter água tratada e de qualidade a sua disposição, não ter uma praia balneária livre de

poluição para o seu proveito. E segurança também, porque a segurança que se deve oferecer a

sociedade é uma coisa que também conta muito para o turista porque ele quer paz e tranquilidade.

Claro que nós poderíamos elencar outras áreas, mas eu penso que essas duas, a segurança e o

Page 181: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

181

saneamento, são fundamentais.

Entrevistado C: Em grau de importância o saneamento básico é fundamento para um destino

turístico. Porque se você leva um turista lá para Bombinhas e deixa o cara sem água, ele não volta

mais. Ou você o leva para Itapema e despeja esgoto no Rio que desencadeia na praia, o turista vai

embora e não quer mais voltar para essa localidade. Ou na praia de Canasvieiras, em Florianópolis,

com todo o despejo de esgoto a céu aberto no mar. Eu estava veraneando lá e vi os turistas indo

embora, muito insatisfeitos e preocupados com aquela situação a qual ficaram expostos. Então, a

ação mais básica a se fazer é o saneamento, tratamento de esgoto e água. Essa área interfere muito

no turismo. Isso exige uma postura mais enérgica das nossas autoridades nesse sentido de

cobrança, mas, mais do que isso, exige um planejamento estratégico, de dotar as nossas praias, a

começar por essas que são atrativos muito fortes, que são indutoras, de rede de saneamento de

esgoto. Mas, não é só o problema de esgoto em si, tem toda a questão de ocupação territorial que

também tem que ser observado. Nós falamos de saneamento básico, mas falando de saúde, no

período de forte demanda turística era preciso se ter um posto de saúde aberto para atender dois ou

três municípios em conjunto da região, com equipes contratadas em caráter temporário; eu não sei,

mas tem que se pensar em coisas assim, porque o município fica inibido. Tem que se pensar em dar

condições de que o município possa atender aquela demanda sazonal que tem de por conta do

turismo e que não comprometa a sua receita. Então, muitas são as questões que tem de ser

pensadas. Se colocar um grupo de técnicos a discutir o turismo de forma integrada nessas 10 regiões

do Estado eu penso que seria uma boa ação. Mas, já, imediatamente tem-se que iniciar essas outras

questões que são essenciais, que já são claras, que não precisa de grandes discussões. Água, por

exemplo, tem que resolver já, buscar financiamentos, o que não falta é financiamento.

Entrevistado D: Todas as ações que o Estado realiza interferem no turismo, agora a mais direta é a

segurança pública; mais direta, mais visível, e aquela com a qual qualquer oscilação refletirá no

turismo, porque o turismo precisa de segurança. Um pressuposto do turismo é a segurança, como

também é a limpeza pública, ou seja, as funcionalidades, de trânsito, etc. A segurança é aquela que

tem um impacto mais frontal. Agora, os elementos saúde e educação, eles são menos frontais, mas

muito importantes, porque a educação é base para a capacitação no serviço, no trato geral, na

hospitalidade global da sociedade, na capacidade que a sociedade tem de entender, de receber,

então é um processo cultural mais amplo que depende de características culturais, que inclui índole,

que inclui hospitalidade e receptividade de um povo, e isso nós temos, a saúde a mesma coisa. Nós

somos um Estado bem-sucedido, esse é o marco sob o qual se pode construir um turismo cada vez

melhor. Santa Catarina tem sido premiado como o melhor estado turístico do Brasil, mas isso também

porque a sua base em educação e em saúde dão, a bem-sucedida sociedade catarinense, o reflexo

no turismo. Em partes pela nossa qualidade, mas em outras grandes partes pelo defeito dos outros

Estados. Essas qualidades são sempre absolutas, mas são também sempre relativas. Quando a

gente viaja para Municípios ou Estados bem menos desenvolvidos como o Nordestes, por exemplo,

você vê abismo social, em Santa Catarina nós não temos esse abismo social, a nossa sociedade é

bem-sucedida.

Entrevistado E: Infraestrutura, saúde e educação. E eu sou obrigado a deixar a educação por último.

Hoje o que influencia nós termos mais ou menos turistas, é infraestrutura e saúde, a questão de não

faltar água, de não ter blackout, de não ter epidemias. A infraestrutura, a saúde e a educação são

prioridade.

Entrevistado F: Segurança pública, infraestrutura, esporte e cultura. Você não faz turismo sem

segurança pública, sem a sensação de segurança, você não consegue desenvolver um destino. A

infraestrutura obviamente também é importante, e quando eu falo em infraestrutura estou falando de

estrada, via, acesso e conectividade, que é fundamental. As estradas são importantes, mas a

conectividade trata desde o aeroporto até o destino final. Então, segurança pública, infraestrutura,

esporte e cultura são os elementos que estão mais presentes no dia a dia, nas causas de decidir o

destino das pessoas. Dentre esses os mais importantes são infraestrutura e segurança. As outras

Page 182: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

182

áreas são complementares, essas são essenciais.

Entrevistado G: A gente tem que fazer um calendário do tempo, retroagir um pouco e ir um pouco

para frente. A educação valeu muito para nós, desde a nossa colonização, desde quando chegaram

aqui os nossos imigrantes tocados pela educação, do lado católico e evangélico luterano; essa é a

nossa base educacional; foram eles que deram a escola. Então a educação foi muito forte para

valorizar as pessoas, e Santa Catarina tem um DNA de industrialização, de um povo trabalhador;

então isso veio muito por conta da questão da religiosidade também, consequentemente foram eles,

os católicos e os evangélicos que fizeram também os primeiros hospitais, cemitérios, sociedades,

pode ver, tudo isso vem da educação. Depois veio o ponto de que a gente é longevo, em função do

que? Nós temos saúde, nós somos o Estado mais longevo do País, masculino e feminino; até uns 3

anos atrás era o Rio Grande do Sul, hoje é Santa Catarina, então isso é qualidade de vida, é saúde.

Hoje a gente já passa para um outro item, que é a segurança, tem que ter segurança. Então, tem-se

que fazer essa cronologia do tempo para ver como é que é, como foi e saber o que se precisa ter

agora para poder sustentar esse movimento turístico. Então, a segurança hoje é um fator

fundamental também para gente trazer as pessoas para cá, e muitos vêm em função disso, queira ou

não, nós temos problemas em Santa Catarina, mas são muito menores do que os outros Estados do

Brasil. Então, continuar na educação, ficar batendo forte na saúde e ter uma boa segurança, são

fatores fundamentais para gente se desenvolver. Depois vem a infraestrutura que o Estado faz em

todas as pastas, na saúde, na educação, nas estradas, no saneamento, são todos fatores

fundamentais.

O turismo é uma atividade complexa e integrada, que contempla a

interrelação de diversas áreas, saúde, segurança, educação, transporte, meio

ambiente, saneamento, energia, dentre outras; são todas demandas essenciais na

vida das pessoas e que consequentemente interferem diretamente no turismo. As

entrevistas realizadas corroboram essa ligação do turismo com as demais áreas da

administração pública. Os entrevistados apontaram como áreas que mais interferem

no desenvolvimento da atividade turística, em grau de importância, em primeiro

lugar, a segurança pública e o saneamento básico, depois a infraestrutura, a

educação e a saúde.

Nos dias atuais, a internet é um mecanismo muito utilizado na escolha de um

destino turístico, as informações contidas nos meios eletrônicos fornecem

parâmetros de todos os destinos para o turista, bastando ele fazer uma pesquisa e

saber tudo o que destino possibilita, de belezas naturais e equipamentos turísticos à

segurança pública; o turista possui essa ferramenta a mais para comparar e decidir

por um ou outro destino.

No ano de 2016, especialmente no verão, as epidemias de zika vírus, dengue

e chikungunya na região do Nordeste brasileiro, inibiram a ida de turistas para os

destinos daquela região, fazendo crescer o número de turistas em Santa Catarina,

isto demonstra o quanto a saúde interfere na atividade turística. Só que essa

Page 183: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

183

demanda maior de turistas no Estado, principalmente no litoral catarinense,

impactou na falta de infraestrutura existente em várias áreas, como em saneamento

básico, por exemplo.

Comparando Santa Catarina com os demais Estados do Brasil, nós temos

bons índices em saúde, educação, saneamento, segurança e educação, e tudo isso

agregado às belezas naturais e a diversidade cultural do Estado faz com que

historicamente o turismo aconteça por si só, muito em razão do empreendedorismo

do povo catarinense. Mas, é preciso evoluir, criar parcerias público-privadas para

poder nutrir nosso Estado de mais e melhores infraestruturas em todas as áreas,

especialmente naquelas em que o gargalo já chegou ao limite.

A terceira pergunta aos entrevistados versou sobre os atrativos turísticos que

o Estado de Santa Catarina possui. Dentro das perspectivas de cada um dos

entrevistados, questionou-se qual ou quais atrativos representam um diferencial para

o turismo no Estado de Santa Catarina.

Entrevistado A: Santa Catarina durante sete anos consecutivos foi considerado o melhor destino

turístico do Brasil, depois perdemos em um ano, retomamos no ano passado e neste. Esses sete

anos como melhor destino turístico começaram a partir da divulgação de Santa Catarina. Nós somos

um Estado reconhecidamente modelo. Há 30 anos eu era Deputado Federal, quando eu chegava a

Brasília e dizia “eu sou de Santa Catarina”, todo mundo já tinha uma admiração pelo nosso Estado;

Santa Catarina é a Bélgica, ou a Suíça do Brasil, eles tinham essas informações, mas não conheciam

Santa Catarina. Os potenciais de Santa Catarina, os seus atrativos, começaram a ser divulgado no

governo Luiz Henrique, porque ele era um entusiasta disso, ele era o caixeiro viajante, andava pelo

Brasil levando Santa Catarina dentro, levava ao Balet Bolshoi, trazia para Santa Catarina o

Campeonato Mundial de Surf, o WTC, evento mundial de turismo. O Luiz Henrique trouxe para o

Estado o Desafio das Estrelas; o piloto de Fórmula 1 Michael Schumacher vinha em seu jato

particular, o que o governo gastava aqui no evento era o que o Schumacher gastava para vir da

Alemanha. O Governador Luiz Henrique da Silveira trouxe muitos eventos esportivos, como os de

tênis, usando o prestígio do Guga. Então, Santa Catarina se mostrou, e aí as pessoas vinham e

falavam do Estado, porque a maior propaganda que existe é o boca-a-boca; as pessoas diziam olha

eu estive lá em Santa Catarina e quero voltar, e isso foi se espalhando. Santa Catarina tem turismo

para todos os tipos e todas as camadas sociais. Eu acho que o grande atrativo do Estado é o

geográfico, são as belezas naturais que Santa Catarina possui, as praias, as serras, nossas belas

cidades, a cultura. Santa Catarina tem as cidades mais bilíngues do Brasil, fruto exatamente da nossa

colonização. Mas, eu acho que o fundamental, a principal atração turística de Santa Catarina é a

parte geográfica, as belezas naturais do Estado.

Entrevistado B: O atrativo cultural tem grande expressão, porque no cultural nós podemos envolver

não só a questão da culinária, do folclore, da arquitetura, como e principalmente a personalidade do

catarinense, que ajuda muito na atração do turismo e na qualidade do serviço que se oferece. Eu

percebo em vários momentos, em vários lugares do Brasil, os comentários das pessoas em relação

ao turismo em Santa Catarina e dificilmente alguém fala mal das nossas belezas, da nossa

infraestrutura, sem falar também na nossa qualidade dos serviços, na atenção que o catarinense

dispensa ao visitante, ao turista, e isso é fruto da nossa cultura, da nossa educação.

Page 184: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

184

Entrevistado C: Santa Catarina é um Estado bastante diversificado, em um raio de 150 quilômetros

nós temos a cultura alemã, a cultura açoriana e portuguesa, a cultura polonesa, a cultura austríaca;

você tem uma condição de oferecer aos turistas várias opções importantes em um pequeno espaço

territorial. Essa é uma virtude, é uma vantagem competitiva de Santa Catarina, além da sua

geografia, composta de belas paisagens. Mas, nós temos outras que são esquecidas, como os

passeios ferroviários. Nós temos aqui em SC um turismo ferroviário muito melhor, com paisagens

muito mais bonitas, mas perdemos feio para o mesmo tipo de turismo de Bento Gonçalves, no Rio

Grande do Sul, por exemplo. Esse é um turismo pouco explorado, pouco divulgado, aqui no Estado,

ele acontece pelo esforço das pessoas que fazem isso no dia a dia, o que na verdade é a realidade

da atividade turística em Santa Catarina, ela acontece pelo esforço dos catarinenses, pelas pessoas

que viram no turismo uma forma de sobreviver.

Entrevistado D: O turismo é uma atividade muito integrada, e como Santa Catarina é um Estado

muito diversificado, não deve se apressar em ter o turismo como monocultura, porque seria uma

negação da sua própria diversidade, da sua própria variedade. O turismo é bom até o ponto em que

ele não transforma o espaço pelo qual ele se interessou. Quando você tem mais turistas do que

pessoas num município, concentradas em uma determinada época do ano, essas pessoas estão lá

se visitando, não estão visitando o local; os turistas estão se encontrando e não encontrando uma

nova realidade, uma realidade local, interessante. Nós temos a condição aqui em Santa Catarina de

fazermos um turismo multicultural, no sentido mais amplo da palavra. Nós podemos fazer tudo e

devemos fazer tudo, desde turismo de negócios qualificado ao turismo de águas e parques naturais,

ecoturismo, toda essa condição que nós temos, nas etnias; nós temos todos esses potenciais, só que

eles estão subdesenvolvidos, no mar, nas paisagens, nos parques, etc. O que nós não temos é

estratégia, macro estratégia, aquela à qual corresponda as táticas e as operações. Então, eu acho

que nós temos força turística em todas as áreas, falta trabalhar bem.

Entrevistado E: No que diz respeito a natureza o estado de SC é um estado diversificado, que

durante a temporada de verão apresenta um território com 455 quilômetros de área ocupável para o

turismo, e que estão sendo ocupadas para o turismo, seja uma praia altamente lotada, ou seja um

cantinho pitoresco aí em qualquer canto do nosso litoral, que tem sido já visitado, ou seja, quase 80%

da nossa costa, do nosso litoral, são áreas hoje que estão sendo visitadas, isso na época do verão.

No interior do Estado, a região dos lagos. E o turismo de aventura ou o ecoturismo tem contribuído

com muito. Mas, existem algumas características, como por exemplo, no inverno. Nesta época do ano

já tivemos um inverno que em Florianópolis nós tínhamos uma temperatura de 28 graus e em Urubici

-3 graus e com neve. Então, em uma hora e meia de viagem talvez até um pouquinho menos, você

poderia estar numa praia se bronzeando, tomando banho de mar ou você poderia estar fazendo um

boneco de neve. E isso mostra um Estado diferente, porque quando você vai para o Norte ou

Nordeste do país, você encontra cidades bonitas, belezas naturais também muito importantes para o

turismo, é óbvio, naturalmente, mas você sabe que o Estado todo vai ter aquela temperatura, aquele

clima, aquele ambiente. O fato de nós termos, em regra, as quatro estações bastante definidas,

contribui muito. E existe um elemento no campo cultural que eu considero muito importante, Santa

Catarina foi formado por 26 etnias colonizadoras, é o Estado com o maior número de etnias

colonizadoras, italiano, alemão, ucraniano, japonês, polonês, espanhol, português, assim por diante,

essa miscigenação se transformou num grande produto turístico. A cultura que se estabeleceu em

Santa Catarina é hoje um produto turístico que tem sido vendido como um produto turístico e que tem

sido comprado como um produto turístico, isso é muito interessante. E esse produto cultural que

fomenta o turista se fortaleceu ao longo dos anos em todo o Estado, não mais só nas regiões mais

famosas. Em Santa Catarina se você sair de Florianópolis e viajar a São Miguel do Oeste você vai

viver cidades completamente diferentes e interessantes, algumas dessas cidades pode não ter

produtos turísticos a apresentar, mas as regiões como um todo têm, consideravelmente. Isso põe SC

num papel de protagonista e que pode ser protagonista, claro que uma série de ações precisa ser

desenvolvida ainda.

Page 185: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

185

Entrevistado F: São os atrativos ambientais, o litoral, as praias principalmente. A Grande

Florianópolis e Balneário Camboriú que tem um turismo bem desenvolvido, que conseguem explorar

bem a atividade turística, o próprio Parque Beto Carrero, em Penha, que recebe turistas o ano inteiro.

Balneário Camboriú é um exemplo de que quando uma política pública é estabelecida como meta de

governo e é colocada em prática dá resultado. O Leonel Pavan, quando era prefeito de Balneário

Camboriú, foi um grande incentivador do turismo, ele fez de Balneário essa cultura com o turismo.

Então, eu conhecendo o Estado inteiro, sou obrigado a me render a questão do litoral, que são as

praias principalmente o grande atrativo do Estado. O nosso maior atrativo é a praia. Apesar de que

em Santa Catarina durante o dia tu mergulhas na praia e em duas horas tu podes dormir num local

com temperatura abaixo de zero. Nós ainda não sabemos explorar essa proximidade e diversidade

ambiental existente no Estado. O Luiz Henrique da Silveira usava uma frase que Joinville cresceu de

costas para o mar, ele dizia que Joinville abandonou o mar e olhou para a serra. Já sobre Santa

Catarina eu digo o contrário, que o turismo em Santa Catarina só olha para o mar e esqueceu o

restante.

Entrevistado G: Natureza e cultura, sem dúvida. O Estado de Santa Catarina é muito diversificado

na natureza, e aí a criação das regiões turísticas se deu muito em função da natureza; por exemplo, a

Serra Catarinense é uma região turística porque é uma serra e porque têm as características de

natureza praticamente igual em todos os seus municípios e aí você olha também o lado cultural, que

é totalmente diferente do litoral. Então tem que ficar olhando essas duas questões que para mim são

fundamentais, a natureza e a cultura, para a gente poder desenvolver a atividade turística. Até porque

na cultura o pensamento das pessoas também é totalmente diferente. É esse jeito de ser do

catarinense, o mosaico cultural fantástico que nós possuímos; são 23 etnias colonizadoras; nós

somos o Estado com o maior número de etnias colonizadoras, então isso fortalece muito a questão

do turismo aqui, e por outro lado, quanto mais original a gente deixar, vai ficar melhor. É esse o

cuidado que se precisa ter, é por isso que precisa cada vez mais compactar/diminuir essas regiões

turísticas em várias outras, para não se perder essa originalidade. É essa característica cultural e

ambiental que possuímos aqui no Estado que faz toda a diferença competitiva em relação a outros

Estados brasileiros e estrangeiros, porque se não a gente vira commodities. Como é que a gente vai

trabalhar, por exemplo, na questão da promoção turística e da atração turística se a gente virar

commodities. Tem outros lugares que são mais avançados do que nós, e então se nós ficarmos

trabalhando na questão da natureza e na questão cultural como único, como original, isso vai ser o

futuro de Santa Catarina. O nosso diferencial é a nossa natureza, que é exuberantíssima e a nossa

cultura, que é diversificada, temos muitas coisas aqui no Estado de original. Temos que trabalhar

mais isso, explorar mais essa nossa originalidade cultural e ambiental. O que não se pode é

vulgarizar e commoditizar porque daí nós entramos num outro patamar que é difícil.

No que diz respeito aos atrativos, sejam eles ambientais, culturais ou sociais,

ficou evidenciado que Santa Catarina é um Estado diferenciado, possuindo destaque

em cada um desses elementos. Contudo, o que se apresenta com maior destaque é

o atrativo ambiental. São as belezas naturais existentes no Estado que fazem

repercutir a fama de melhor destino turístico do país. Há condições favoráveis de se

trabalhar no Estado cada um desses atrativos, pois existe público para isso, mas é

necessário que se tenha estratégia e vontade política para formalizar essas ações,

assim como investimentos e parcerias.

O discurso dos entrevistados deixa claro o potencial turístico existente no

Page 186: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

186

Estado, da mesma forma que demonstra que a atuação ainda permanece sendo

direcionada para as belezas naturais, especialmente as do litoral catarinense,

deixando um vácuo nas demais regiões e nos outros elementos.

Passa-se, então, à compreensão sobre os investimentos na área do turismo.

Os entrevistados foram indagados se os investimentos realizados pelo governo

estão de acordo com a demanda turística, e se há promoção para o

desenvolvimento do setor.

Entrevistado A: Os investimentos em turismo no Estado são realizados por demanda, não tem

nenhuma programação de turismo não, nenhuma política pública. Você vai à Secretaria de Turismo

do Estado e pergunta qual é o programa que tem, e não há, é tudo aéreo, tudo faz de conta. O

Governador Luiz Henrique da Silveira era um entusiasta do turismo; o Secretário de Turismo no

Governo do Luiz Henrique, quando assumiu a pasta chegou a ter boas ideias, mas acabaram não se

concretizando, porque ele é político, ele precisava de votos para a próxima eleição, então os

recursos que ele levava aos Centros de Tradições Gaúchas e as outras entidades eram em benefício

do processo eleitoral e assim não ficou nenhuma herança digna desse gasto todo. Eu vislumbro que

para mudar essa realidade o setor deva ser administrado por alguém da área, não por um político.

Por exemplo, deveria existir em Santa Catarina uma Diretoria específica para políticas do mar, que

englobasse os grandes construtores de embarcações que temos no Estado, nós temos problemas

ambientais sérios neste quesito, e eles (os construtores) não têm um local de entrada e de solução

dentro do governo, como não tem também na Fundação de Meio Ambiente (FATMA), na Secretaria

do Desenvolvimento Sustentável, na Agricultura; mas as coisas não evoluem, não há vontade

política. Eu diria que o Brasil está sendo passado a limpo com tudo o que se está vivendo agora em

Brasília, eu acho que se nós não aproveitarmos esse momento para resolver todas essas questões,

a gente vai ter muita dificuldade, porque não cabe mais desperdício de dinheiro público. Por isso é

que a Secretaria de Saúde tem que ser tocada por profissionais da área ou gestores competentes e

não por quem vai para lá para se credenciar para ser candidato no processo eleitoral; assim como no

setor de saúde, no turismo ocorre da mesma forma. O Estado tem que parceirizar. Eu digo sempre o

seguinte: o Estado, ou seja, o Poder Público, em todos os níveis, municipal, estadual e federal, tem

que cuidar de saúde, de educação e de segurança pública; o Estado não tem que investir em

aeroportos, por exemplo. O poder público não tem que investir em portos, em estradas, tem que

parceirizar. O turismo a mesma coisa. Estamos construindo o centro de eventos de Balneário

Camboriú, temos que administrá-lo? Não. Temos que dar para a iniciativa privada administrar, ou

melhor, parceirizar já na construção.

Entrevistado B: Os investimentos públicos na área do turismo são destinados a eventos e festas

pontuais, longe de serem adequados, longe de promoverem o fortalecimento do setor, pois falta uma

política de investimento, falta planejamento, falta interação com os organismos envolvidos e falta

avaliação das ações realizadas. Não existe entendimento, não existe articulação, não existe

hierarquia. Eu não estou falando de hierarquia no sentido de colocar este acima daquele, ou este

abaixo daquele outro, mas no sentido de estabelecimento de prioridades. Para efeito de turismo se

considera a festa do Carneiro ou um evento de CTG tão importante quanto a Oktoberfest, por

exemplo, não há uma avaliação no sentido de definir o que efetivamente tem mais ou menos

contribuição para um projeto de turismo que beneficie o Estado como um todo.

Entrevistado C: O incentivo turístico no Estado é muito aquém, não há uma estrutura forte,

integrada. A educação é muito importante para a atividade turística, pois em muitos lugares é difícil

você fazer as pessoas entenderem que o turismo é uma importante fonte de receita. Você pega as

cidades litorâneas, e lá as pessoas já estão envolvidas nisso, já nascem ouvindo falar do turismo;

Page 187: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

187

mas, em uma cidade como Joinville, uma cidade industrial, que é a característica de muitas cidades

aqui do Estado, o cidadão nasce com a cabeça voltada para a indústria, pra montar uma empresa,

para ser funcionário de uma indústria, para ser engenheiro, ele não consegue identificar no turismo,

naturalmente, uma oportunidade, então, talvez isso seja importante também, fazer com que as

pessoas percebam isso. Eu falei de Joinville, mas isso se aplica a vários outros municípios, São

Bento do Sul, Rio Negrinho, etc., vários tem a mesma dificuldade, de ver no turismo uma atividade

econômica importante, eles nascem pensando em montar uma empresa ou serem funcionários de

indústria, mas nesses municípios existem vários atrativos turísticos, uma Maria Fumaça, por

exemplo, tem paisagens, locais maravilhosos, cachoeiras, culinária diversificada. O Município de

Campo Alegre é outro exemplo, possui muito mais belezas naturais do que Gramado e Canela no

Rio Grande do Sul e está a 100 km de Curitiba, a 60 km de Joinville, a 80 km de Jaraguá do Sul, de

polos emanadores de demanda turística, e nós não exploramos isso, o município não tem

investimento na área, está lá esquecido. Faltam incentivos. Eu penso que o governo tinha que atuar

criando parceria com as universidades e com empresários, mas não adianta entrar com o discurso,

tem que entrar com o investimento ou com as condições para se buscar esses investimentos. O

turismo está fora da pauta, é um assunto fora da pauta, seja na Administração Estadual, seja na

Assembleia Legislativa do Estado, seja na Câmara Federal, seja no Senado, pouco se fala de

turismo nas demandas do Estado. E eu posso falar isso, pois eu sou o Coordenador do Fórum

Parlamentar Catarinense, órgão que congrega os 16 mandatos dos Deputados e Deputadas e os 3

senadores de Santa Catarina; nós temos uma pauta muito intensa em Brasília, todos os grande

assuntos de Santa Catarina acabam aportando no Fórum Parlamentar; lá tratamos de portos,

universidades, hospitais, mas um tema que raramente aparece lá é o turismo, uma ou outra

demanda pequena, pontual, nada significativo, até pela força das outras demandas, vamos dizer

assim. Não há no turismo uma política pública no Estado de Santa Catarina. Tem um ditado que diz

que não tem vento bom para quem não sabe aonde quer ir, a verdade é que nós não sabemos

aonde queremos ir com o turismo, não temos planejamento. Qual o planejamento para se

desenvolver a atividade em Santa Catarina, o que é importante para se desenvolver a atividade no

Estado? Precisa de estudo na área, de base científica, precisa de vontade para se fazer e se fazer

direito, precisa de planejamento, de um plano de desenvolvimento turístico que envolva todas as

áreas, todas, sem exceção e precisa de comprometimento. Temos que trabalhar fortemente nas

questões das concessões, das parcerias púbico-privadas, uma vez que os Estados já vêm

sinalizando que não possuem mais receitas para determinadas demandas, então, tem que se partir

para isso, para se encontrar uma saída, para se conseguir recursos para se fazer os investimentos

que são necessários para desenvolver uma boa atividade turística no Estado.

Entrevistado D: Tem uma boa parte de investimentos que foram realizados aqui no Estado, como o

caso do Fundo de Incentivo ao Turismo que o Governador Luiz Henrique implantou; mas, os

investimentos não são contínuos e enfrentam o desincentivo do ambiente jurídico-legal que é o mais

sério, porque se o ambiente fosse propício, sequer grandes orçamentos públicos seriam

necessários. O Estado de Santa Catarina até o governo Luiz Henrique era um Estado que vinha do

modelo industrial em função das exportações e da sua adaptação após a abertura, mas sempre no

modelo industrial; daí mudou, hoje Santa Catarina é um Estado de logística, por causa dos portos,

de prestação de serviços. Santa Catarina é um Estado que começou a brilhar no turismo, mas ainda

não apresentou um projeto global da nova economia. Há o Sapiens Park, nessa ideia de parques

tecnológicos, a tecnologia começa a aparecer, mas nós ainda estamos vivendo da velha Santa

Catarina, sobretudo no nível de consciência. Precisamos vivenciar a moda, o design, a criatividade, o

turismo de vários nichos, de pousadas de charme, de hotéis internacionais, de uma

internacionalização agressiva, de todos esses elementos de economia. A economia de malha em

Santa Catarina não é usada. Santa Catarina tem uma diversidade econômica, humana, étnica,

cultural, geográfica de belezas, num só ambiente, que você não encontra em nenhum outro lugar do

mundo. Você não vai da Alemanha à Itália e ao Açores, em Portugal, em 30 quilômetros, aqui você

vai, mas isso não é bem trabalhado. Falta investimento público, mas, sobretudo, faltam condições

para a iniciativa privada atuar.

Page 188: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

188

Entrevistado E: Eu vejo uma preocupação muito grande do governo de Santa Catarina com o

turismo, vejo que todos os governos investiram de certo modo no turismo. Claro que mais

precisamente no litoral, mas até porque a sede do governo é em Florianópolis, e Florianópolis por

natureza é turística, por toda a sua beleza faz com que o governo, obrigatoriamente, tenha que lá

investir o tempo todo. Eu não sei se Florianópolis não fosse tão turística se teria esse investimento.

Eu acho que a natureza, a beleza de Florianópolis, obriga o governo a fazer esse investimento lá.

Agora se tem como investir mais em turismo em Santa Catarina, eu acho que tem, mas também vejo

que o governo já está no seu limite. Acho que é preciso explorar as parcerias público privadas. Eu

penso que o governo, no caso do turismo, poderia ser muito mais ágil explorando, criando facilidades

para a exploração através das parcerias. Nós temos agora a marina em Itajaí, e por que é que se fez

a marina ali? É porque veio a Volvo para cá e se começou a fazer parceria, senão ela provavelmente

não existiria. Nós poderíamos fazer uma marina na Vigorelli, em Joinville, teve um projeto para isso,

mas daí não se vê a importância disso, eles estão muito mais preocupados com gente que mora ali,

na base da invasão, do que em investir na construção de uma marina na região. Na época em que

eu era vereador de Joinville e os fundos de pensão da Europa, com os cofres transbordando,

queriam investir ali, não conseguiram, porque faltava visão, faltava entendimento das demais áreas.

Foi nesse momento que o Luiz Henrique se referiu que Joinville estava de costas para o mar, porque

se perdeu essa oportunidade em função da burocracia. Nós não exploramos bem a atividade

turística mesmo. Da mesma forma que eu percebo que há uma preocupação, uma vontade do

Estado em trazer grandes empresas, grandes indústrias para cá, tinha que ter essa mesma

preocupação na área do turismo, porque o turismo gera muito mais empregos dentro da área de

serviços que transformam a realidade da região em que é desempenhado.

Entrevistado F: Os investimentos são definidos dentro de um rol de prioridades. Nesse momento a

prioridade para o turismo é a infraestrutura, é dotar o Estado de uma infraestrutura mais qualificada

para o catarinense e para receber o turista externo, porque não há recursos, obviamente, para todas

as demandas, e então como em 2015 foi um ano em que os eventos foram priorizados, como por

exemplo, o Volvo Ocean Race, em Itajaí, e o festival de dança, em Joinville; este ano (2016) está

sendo o ano da infraestrutura, mas sem deixar os principais eventos de lado. O ideal é que a gente

tivesse dinheiro para todas as áreas, para se atuar em todas as frentes, mas essa condição não

existe. O governo do Estado define essa prioridade de atuação através da avaliação de mercado, por

exemplo, nesse verão nós tivemos problemas na balneabilidade em algumas praias, como em

Florianópolis com o Rio do Brás, em Canasvieiras. Santa Catarina não é o Rio do Brás, o Rio do

Brás, na praia de Canasvieiras é um elemento muito importante, uma região fundamental para o

turismo em Santa Catarina, sobretudo para o turismo do MERCOSUL, por conta dos argentinos, mas

você não pode dizer que o litoral catarinense está poluído por conta de 5% ou 6% do nosso litoral,

não é justo, não é correto isso, mas reflete. Quando a imprensa quer tratar o assunto dessa forma

ela trata e nós temos que ter a capacidade de reagir, então, esse foi um dos fatores que

desencadearam a priorização da infraestrutura. O turismo é uma cadeia complexa, são 52 elementos

da economia brasileira que lucram com turismo, o posto de gasolina, o hotel, o supermercado, e

assim por diante, além desses 52 elementos, se os governos municipais junto com o estadual e o

governo federal não fizerem a sua parte, não vai funcionar, não tem jeito se o que um faz o outro

desmancha. Essa cooperação entre os entes públicos precisa existir de forma concreta, precisa ser

coordenada.

Entrevistado G: Eu cito sempre os Emirados Árabes, eles têm muito dinheiro, então eles fazem tudo

antes, complexo Ferrari, mega-shoppings, ilhas artificiais, etc.; tem que ver o seguinte, ou se tem

muito dinheiro para se fazer antes e chamar o turista, que é o que os Emirados Árabes fazem, ou

você trabalha com o que tem. O problema é que nós estamos trabalhando com o que nós temos.

Tinha que ter mais investimentos, sem sombra de dúvidas. Daí tem todo um aspecto, em nível

federal, que o recurso tinha que ser mais descentralizado para os Municípios e para os Estados, e

ficar a menor parte lá; se fosse assim nós teríamos muito mais investimentos para fazer também no

turismo aqui em Santa Catarina. A realidade é que o que retorna para os Estados e Municípios é

Page 189: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

189

pouco para se fazer investimento. Tinha que ter mais investimentos, esse é um ponto que eu não

discuto.

Praticamente todos os entrevistados entendem que a atividade turística no

Estado não é realizada mediante planejamento estratégico; que os investimentos

são destinados a atender pedidos políticos para festas e eventos nos municípios,

sem qualquer avaliação de que favoreçam a promoção e o desenvolvimento do

setor, assim como beneficie o Estado como um todo.

Outro problema levantado pelos entrevistados se refere a falta de gestores

técnicos, com conhecimento sobre a área, a frente da administração da pasta do

turismo. A indicação política é essencialmente a forma como a Secretaria de Estado

do Turismo de Santa Catarina tem sido administrada ao longo dos tempos, servindo

apenas de alavanca para a carreira política de alguns.

Fica latente que além da falta de recursos destinados para o turismo por parte

da gestão pública, os investimentos realizados são ineficientes, pois não atendem a

um plano de ação que vislumbre condições para investimento e definição de

prioridades, assim como não existem esforços para se fomentar um ambiente

jurídico adequado para a participação da iniciativa privada no setor.

Tratando das demandas a respeito das políticas públicas, os entrevistados

foram abordados sobre a existência de políticas públicas voltadas para o turismo e o

contexto em que elas são elaboradas em Santa Catarina. Questionou-se como são

definidos os investimentos, quais agentes participam da tomada de decisão, se

existe a utilização de alguma metodologia para a sua proposição, e se as políticas

públicas são definidas ou elaboradas mediante um planejamento coordenado,

estratégico.

Entrevistado A: De forma amadora, politiqueira, não há um planejamento. É real isso daqui.

Você dizer que nosso Secretário de Estado planeja? Quando ele quer mais é beneficiar o

partido político que ele representa? Isso é um absurdo, uma loucura. Precisamos ter critérios

aqui, e nós não temos critérios, infelizmente. O turismo em Santa Catarina precisa ser

profissionalizado, no planejamento executivo, no exercício da atividade. Então, uma Secretaria

de Turismo precisa ser exercida por profissionais da área, e nunca por políticos. No setor de

saúde, igual. Você até pode capitalizar politicamente, pelo bom exercício, pelo bom exemplo,

pelas boas iniciativas, mas é um problema o uso político das estruturas, notadamente no

turismo, que é um setor que representa 12,5% do nosso PIB. E aqui faço uma comparativa, o

agronegócio em Santa Catarina é absolutamente profissional, por quê? Porque lá você tem

uma empresa de pesquisa, você tinha parcerias com o Japão, com outros países do mundo

que qualificaram o agronegócio catarinense, que hoje é competitivo no mundo inteiro, porque

Page 190: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

190

fomos profissionais, e o turismo está precisando de profissionais, eu acho que nós somos

amadores ainda. Existe quase nada ou muito pouco em relação a planejamento. A agenda de

governo no turismo é voltada para as festas populares, apenas. O prefeito vem aqui, como por

exemplo, a festa de Santo Antônio em Laguna, e o governo ajuda, vem o carnaval, e o governo

ajuda. Então não há uma política pública definida, de planejamento a médio, curto e longo

prazo. Isso não há. Nós tivemos no governo Raimundo Colombo/Eduardo Pinho Moreira,

desde que assumimos em 2011, muitos secretários de turismo; mas o que prevaleceu, e ainda

prevalece, são interesses específicos; a pasta exercida por pessoas sem experiência, sem

conhecimento setorial, sem vocação. A única coisa que ficou mais profissional, porque já está

há muito tempo sendo exercida por uma pessoa que tem a vivência no setor, é a SANTUR;

mas, mesmo assim os diretores têm mudado com frequência, muitos deles sem vocação ou

sem conhecimento da área. Volto a repetir, as nossas políticas públicas são pobres porque são

carentes de planejamento. É muito mais as belezas de Santa Catarina que atraem do que um

projeto estruturante no setor. Num litoral desses como o nosso, com cinco portos, não temos

um turismo de transatlântico? Pela costa de nosso litoral passam 109 transatlânticos que vão

para a Argentina, para Buenos Aires, e não param aqui. Então, somos fracos nisso, está

faltando mais foco. O turismo tinha que ser feito em cima de planejamento a médio e longo

prazo, mas como Brasil não é assim, em Santa Catarina também não é.

Entrevistado B: Lamentavelmente o turismo não é visto como um investimento; é sempre visto

como despesa, quando se fala de gestão pública. Na época em que fui Vice-governador do

Estado, dadas as dificuldades financeiras do Estado, o turismo não teve prioridade em termos

de recursos públicos; nós tivemos iniciativas que foram muito importantes na área do turismo,

mas que não dependiam exclusivamente de verba e de orçamento público, foram promovidos

muito mais em parcerias com a iniciativa privada e com as administrações municipais.

Investimentos foram feitos, principalmente na gestão do Governador Luiz Henrique, com a

construção de centro de eventos e de equipamentos, teatros, centros de cultura, etc.; e, na

atual administração do Governo do Estado, eu não poderia dizer que houve tantos

investimentos. Mas, seguramente não há uma política de turismo que obrigue o Estado a

destinar mais recursos para a atividade. O que é destinado, ainda é pouquíssimo.

Entrevistado C: Teoricamente a sociedade é chamada para a definição das políticas públicas

no Estado. A Assembleia Legislativa realiza vária audiências públicas pelo Estado para discutir

orçamentos e prioridades. Existem aqui no Estado as estruturas das Secretarias Regionais,

hoje chamadas de Agências, que possuem os conselhos e que podem propor políticas ou

investimentos estratégicos em cada região. Agora, as propostas que chegam ali, as demandas

que aportam, seja na Secretaria de Desenvolvimento Regional, seja no orçamento

regionalizado, são fruto de pressões de pessoas, de grupos de interesse, sem nenhum estudo

científico, que possam atestar da importância daquele investimento e do impacto que aquele

investimento pode ter na economia daquela região. Infelizmente não se usa nenhuma

metodologia, nenhum estudo para se definir as ações, e isso não é de agora, é de sempre. Nós

precisamos ser mais profissionais nisso. Como o recurso é pouco, nós temos que investir muito

bem para que esse pouco dinheiro investido amplifique as condições do Estado, dê um retorno

melhor. Falta essa preocupação. Em regra, o cidadão quer uma estrada porque a comunidade

está cobrando, e daí quem tem mais poder político põe pressão e leva o investimento. É assim

que tem funcionado e não é somente aqui em Santa Catarina, essa é a realidade do Brasil, em

todas as esferas. Parece-me que o que falta mesmo são estudos densos com profundidade em

todas as áreas, especialmente na área do turismo. Precisamos sair do achismo, da pressão

política, do interesse de grupos, e pensar na coletividade.

Entrevistado D: Até existem esforços, mas efetivamente as políticas públicas só existem nas

franjas, ela não está no centro. As políticas públicas em turismo aqui no Estado até existem,

mas são apenas pedaços, partes de políticas públicas, mas que não são configuradas como

uma estratégia global. O Estado melhora um aeroporto aqui, faz um acesso ali; até existem

Page 191: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

191

esforços em políticas públicas que são respeitosos no turismo, existem esforços em vários

municípios também, mas uma política pública global, consolidada, com incentivos claros,

fiscais, jurídicos-legais, num ambiente adequado para o investimento, com metas, isso não;

métrica, não tem, e recursos também não tem. Ainda não tem no Estado, e em nível nacional

também não. Infelizmente a decisão política é ainda muito pobre em relação a elaboração e

implementação de políticas públicas. O Brasil adotou essa política de regionalização e os

Estados consequentemente também adotaram. Mas, vai muito do gestor quanto a forma de

administrá-la. Tem que haver ligação entre todos os entes, valorar o interesse de se

desenvolver cada vez mais o turismo, e com uma equipe técnica, com pessoas que conheçam

da área. Tem que ter equipe técnica, tem que ter gente que entenda desse negócio, pois o

turismo hoje não é pra amador, não há mais espaço para isso. O turismo é muito dinâmico e o

nosso Estado concorre com o mundo, nós não concorremos somente com o Paraná, com o Rio

Grande do Sul, com o Nordeste, com o Rio de Janeiro, não é assim, a gente concorre com

Cancun, com o Caribe, enfim, concorre com o mundo.

Entrevistado E: O nosso Estado é dividido em 10 regiões turísticas, só que o Conselho

Estadual de Turismo não estava obedecendo a essa divisão. Nós tínhamos na região da

Grande Florianópolis dois conselheiros e na região de Blumenau também dois conselheiros

dentro do Conselho Estadual de Turismo, enquanto que outras regiões como a região norte e a

região oeste não tinham nenhum conselheiro; então enquanto deputado estadual eu criei uma

lei obrigando que as 10 vagas existentes no Conselho Estadual fossem preenchidas de forma

proporcional, respeitando a divisão turística de 10 regiões, sendo uma vaga para cada região,

pois na hora de votação dos projetos, da divisão do dinheiro, eram sempre destinados mais

recursos pra essas regiões com mais conselheiros; agora com essa lei foi dada uma paridade

na questão dos votos dentro do conselho, com cada uma das 10 regiões sendo representadas.

Agora vai ter alguém de cada uma das regiões turísticas, sentadas juntas, para defender o seu

pedaço. Mas, a verdade é que o Conselho consegue fazer muito pouco. Os conselheiros

trazem as demandas das regiões, mas a decisão final do investimento é do secretário da pasta

ou do governador, e sempre atendendo aos pedidos políticos de seus aliados. Como Deputado

eu vou te falar uma coisa muito séria, poucos Deputados, raros eu diria, se preocupam com

essa questão da distribuição orçamentária para o turismo, até porque é o governo, o executivo,

que faz tudo isso e ele só encaminha para o legislativo para aprovar o orçamento. Isso está

muito engessado, não há o que fazer, então, eu vejo que infelizmente, é preciso que a

Assembleia Legislativa do Estado se envolva mais com essas questões da área do turismo. É

preciso sentar todos em volta da mesa, todos os entes, todas as esferas e pensar em conjunto.

A ALESC nessa questão da distribuição de recursos para o turismo é zero. Os Deputados só

são procurados quando os gestores das suas cidades, das suas bases, precisam de ajuda para

fazer festas pontuais nos respectivos municípios, para busca de recurso e que você enquanto

Deputado tem que ir lá e brigar para conseguir um recursozinho aqui um ali, mas não existe

uma preocupação, não existe interação entre os poderes na definição de distribuição e de

busca de recursos para o turismo. O legislativo estadual não está envolvido nisso. Na ALESC

nós temos uma comissão permanente de turismo, mas que não está interessada no assunto,

não participa, não articula, infelizmente. Não existe integração, não só no turismo, mas em

outras áreas também. Os Deputados estão muito mais ligados nas questões de obras de

asfalto, de saúde, de funcionalismo público, e não se pensa em planejamento, em desenvolver

em conjunto uma atividade. Pode até ser que se tenha planejamento em turismo dentro do

executivo, mas não existe a participação, o envolvimento do legislativo, nós não somos

chamados a participar, a discutir, a pensar e trabalhar para desenvolver a área. Nós temos, por

exemplo, o orçamento regionalizado, em que se tira três prioridades por ano e a cada quatro

anos no PPA tiram-se doze prioridades, em nenhum item aparece o turismo como prioridade,

em toda e qualquer região se fala em estradas, policiamento, saúde, e de turismo não se fala

nada.

Page 192: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

192

Entrevistado F: Nós temos uma diretoria de políticas públicas na SOL que interage com a

sociedade, com todos os agentes do setor, dos conselhos ao trade e até com as pessoas que

não estão envolvidas com a elaboração de políticas públicas de turismo, que analisa as

tendências. A SOL desde 2015 possui o observatório de turismo, em que nós buscamos ter as

informações e principalmente avaliar a tendência em médio prazo, que é o que tem sido hoje o

mais importante economicamente no turismo. Com base nessas informações o Estado tem

construído a política pública. Mas, eu tenho defendido muito que política pública não tem meio

e fim, eu escuto muito as pessoas falarem em plano de ação, em desenvolvimento estratégico,

em planos programáticos de políticas públicas, eu penso que política pública anualmente se

renova, precisa ter uma base, precisa ter uma mola mestra e isso evidentemente Santa

Catarina tem; mas, precisa ter a consciência de que ano a ano há uma renovação da demanda

social, da priorização social. O turismo é volátil, por exemplo, Santa Catarina focou nos últimos

quatro anos muito o mercado internacional, no ano passado quando percebemos que o

mercado interno seria muito mais atrativo por conta da possível disparada do dólar nós

mudamos o foco. A política pública que vinha sendo estabelecida antes era uma competição

externa, uma ação fora, principalmente no mercado do MERCOSUL; nós mantemos o

MERCOSUL e diminuímos o foco na Europa e nos EUA.

Entrevistado G: Quando se trabalhou a questão da regionalização do turismo surgiu um ente

que é chamado de instância da governança, ocorre que lá atrás, no início, a gente trabalhou

muito essa questão do envolvimento, fortalecemos essas instâncias de governança e elas

realmente ficaram fazendo um trabalho em função das regiões, cada uma delas na sua região;

são 10 instâncias de governança, formadas por pessoas que trabalham tanto no setor público

como no setor privado, entre elas secretários de turismo das cidades e presidentes de

entidades do setor, mas todas ligadas ao trade turístico; com o passar do tempo, e isso

também está acontecendo no Ministério do Turismo, em razão das muitas trocas de gestores,

esse envolvimento enfraqueceu. Nós estamos passando por isso agora, há muita troca no

comando da gestão, e isso enfraquece a articulação; e, cabe lembrar que essas instâncias não

são remuneradas, é um trabalho voluntário. Então para você dar gás nas instâncias você

precisa ter uma estrutura da gestão da política. No caso do turismo, precisa ter uma gestão

muito forte e ativa, você precisa estar participando o tempo todo junto com eles, isso é

necessário porque é uma retribuição ao trabalho que fazem. Então, se eles se esforçam para

melhorar a atividade turística naquela região, e eles são o elo de ligação com o Estado, entre a

secretaria e o setor (trade), se tu não fazes o trabalho, não dá uma continuidade ao trabalho de

política efetiva para valorizar o trabalho na ponta por aquele grupo voluntário. Infelizmente a

politicagem é o modelo do Brasil, tudo é feito em cima da politicagem, o modelo do Brasil é

todo assim, o que é uma pena. Hoje, neste momento de crise, nós não temos mais Ministro do

turismo nomeado. No último governo se passaram quantos Ministros? E pior, Ministros que não

tinham nada a ver com a pasta do turismo, sem conhecimento algum na área. Então como é

que se quer fazer turismo nesse País? Aqui em Santa Catarina a gente ainda dá um jeito de

fazer. Temos muitos empresários que são focados e que ainda estão investindo; na praia de

Ingleses, por exemplo, o pessoal que é dono do Hotel Praiatur vai fazer um investimento lá,

com hotel, shopping, e cinema, um investimento de R$ 150 milhões, agora, numa época

dessas de crise, de recessão; então, veja como o pessoal acredita no potencial turístico do

Estado. Eu citei o exemplo só de um. Olha o quanto o Parque Beto Carrero investiu? No ano

passado, nas catracas daquele parque de diversão passaram dois milhões e cem mil de

pessoas. Olha o potencial que a gente tem instalado. E mesmo assim, diante de todo esse

investimento do parque, a prefeitura não fez e não faz nada para utilizar a capacidade turística

do município. O parque emprega 1.200 pessoas, olha que trabalho social; se não fosse o

empreendimento, seriam só pescadores artesanais ali no município. Não fosse o parque, o

Município de Penha já tinha morrido. O grande fator de desenvolvimento do município de

Penha é o parque; e, a cidade não faz nada para auxiliar na atividade turística, perde a

Page 193: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

193

oportunidade. E a sorte, ainda, é que o município está colado no aeroporto internacional de

Navegantes; podiam juntar o empreendimento, o Município de Penha e o Município de

Navegantes e fazer um trabalho conjunto, desenvolver a região, deixar ela bonita, incentivar

investidores, buscar parcerias, com estradas, sinalização, hotéis, pousadas; mas, não fazem

nada.

A sistemática da elaboração de políticas públicas inclui o reconhecimento das

necessidades a serem enfrentadas (problemas), a formação e a definição da ação

(planejamento) e o investimento na área (implementação da ação). Neste ínterim,

vários fatores são levados em consideração, como por exemplo, vontade política,

mobilização popular, influência dos diversos atores envolvidos no processo público e

político e a sensibilização destes quanto ao problema a ser enfrentado.

As políticas públicas devem envolver a participação de atores tanto da

administração pública (presidente, governador, prefeito, deputados, senadores,

vereadores, entidades públicas, nomeados), como da sociedade em si (grupos de

interesse, pesquisadores, acadêmicos, entidades privadas, associações), na

definição da atuação do Estado e na avaliação dos investimentos realizados.

Muito embora as políticas públicas, dentro de uma visão estadista, sejam

aquelas implementadas pelo governo, elas devem ser efetivadas em prol do

benefício da sociedade e não aos interesses daqueles que estejam à frente da

administração pública.

Em Santa Catarina, na gestão do turismo, o que se vê é que não existe

participação da sociedade e de outros entes (trade) efetivamente na definição das

políticas públicas e que a decisão é feita a partir do interesse pessoal e partidário do

administrador público nomeado para o cargo de secretário estadual de turismo, sem

qualquer planejamento e metodologia ou avaliação.

Alguns dos entrevistados, inclusive pontuam a falta de políticas públicas na

área do turismo, uma vez que as ações implementadas são pontuais, fragmentadas

e assistencialistas, visando ao atendimento de pedidos específicos e que não

contribuem para o desenvolvimento da atividade turística.

Ficou nítido a falta de planejamento e de profissionalização da gestão pública

do turismo no Estado, e a falta de interação entre os organismos públicos e privados

no desenvolvimento da atividade, acarretando no descaso com o bem público e com

Page 194: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

194

o bem-estar da sociedade, pois uma atividade turística, configurada dentro de uma

estratégia global e bem planejada, poderia impactar positivamente a vida

socioeconômica da população na qual é desenvolvida.

Dentro da perspectiva do potencial turístico existente no Estado de Santa

Catarina e o seu reconhecimento em nível nacional como importante destino

turístico, os entrevistados responderam acerca da consolidação da atividade turística

em Santa Catarina, se no Estado pode-se considerar que temos um turismo

consolidado e em qual (ou quais) segmentos.

Entrevistado A: Eu acho que Santa Catarina tem sim um turismo consolidado, como no segmento

de sol e mar, por exemplo. Nós temos diferenças em relação a outros países, pois o turismo de

Santa Catarina é um turismo de todas as classes, então o turista que vem para cá gasta menos do

que o turista que vai para outros lugares, mesmo que de sol e mar; você vai a Miami e o nosso mar é

melhor do que o deles, nossas praias são mais bonitas; no entanto, lá há uma exploração mais

profissional, eu te diria que aqui nós somos muito artesanais nisso. Então, aqui se pratica o turismo

das casas de dois quartos que os visitantes alugam para 15 a 20 pessoas. Eu vejo que nós temos

que qualificar um pouco mais o turismo, buscar turistas que gastem mais. Que a vinda deles seja

mais estimulante para o turismo, que não seja apenas aquele turista que vai ao mercado comprar

pão para família e passar o dia todo na praia comendo pão; eu via isso na praia nesse verão, eles

chegavam de manhã e saiam a noite, faziam verdadeiros acampamentos. OK. Até pode ser uma

atração, mas eu acho que a qualificação do turismo é vital para que a gente tenha um turismo

diferenciado, porque senão vai afastar as pessoas que têm maior poder aquisitivo.

Entrevistado B: Acho que nós precisamos avançar muito ainda. Só para citar um exemplo, nós já

temos uma imagem de Estado receptivo, mas ainda não temos a infraestrutura suficiente para dar

qualidade ao turismo, como nas questões das comunicações, tanto a comunicação virtual como a

pessoal; quando recebemos o turista no verão, observamos um colapso nas redes de comunicação,

e não apenas na rede telefônica, mas na comunicação de dados, e em todas as condições. Temos

também problemas de saneamento, que afetam gravemente a qualidade do turismo em Santa

Catarina. Então, se de um lado temos uma excelente imagem fruto da beleza natural, fruto da nossa

cultura, fruto da nossa simpatia, por outro lado temos grandes deficiências. Também não temos no

Estado um serviço voltado ao turista na área da saúde, o turista é tratado pelo sistema de saúde

exatamente como é tratado um residente, teríamos que ter serviço específico de atendimento à

saúde para o turista, para que ele se sentisse tratado personalizadamente e isso ajudaria muito, isso

envolve desde o dentista até o atendimento numa farmácia, passando até pela eventualidade da

necessidade de uma cirurgia. Consolidado o nosso sistema de turismo estará quando nós

atendermos essas condições e essas situações. Dentre os segmentos do turismo, o Estado de Santa

Catarina se desponta no turismo de férias, que pode ser no período de verão, nas praias, assim

como no período de inverno. É claro que o turismo de sol e mar, de lazer, é o mais expressivo, mas

é preciso reconhecer que o turismo de festas e de eventos também é muito importante, porque são

permanentes, acontecem sempre, embora o de festas seja um turismo muito mais interno dos

catarinenses do que para turistas de fora. Poucas festas em Santa Catarina atraem turistas de outros

estados ou países; o turismo de eventos já atrai muita gente de fora, e é comercialmente mais

importante do que o turismo de festas.

Entrevistado C: Santa Catarina é um destino consolidado sim, e cada vez mais, apesar de todas as

deficiências, da falta de planejamento, da falta de definição de ações do governo, da falta de

Page 195: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

195

incentivo; mesmo assim, o Estado possui uma atividade turística consolidada, não tem mais volta, o

turismo vai ganhando corpo e vai se tornar mais forte, vai ter uma participação mais forte na

economia do Estado, e isso se dá pelas características do Estado, pelos seus atrativos naturais e

culturais, não tem como escapar. O turismo de sol e mar é, sem dúvida, o segmento mais forte no

Estado, mas nós não podemos ficar só nisso, temos que melhorar bastante, principalmente no

turismo de eventos e de negócios.

Entrevistado D: Não, definitivamente não temos turismo consolidado. Bem! Depende com o que

você compara. Ele tem importância econômica. Na minha percepção a consolidação seria um

aproveitamento sustentável, de um nível radicalmente diferente do atual, porque o que nós temos

são espaços inequívocos, óbvios, que refletem a qualidade turística do Estado em sua porção

geográfica; esses valores étnicos, culturais de sucesso, da própria sociedade catarinense, que se

expressa num ambiente físico diferenciado, belo, e que são feitos de forma endógena e autóctone. O

turismo não é produzido de uma forma ideal, profissional, a sua utilização é de forma instrumental

naquilo que é possível fazer. Então, em relação à consolidação como destino, parques naturais,

orlas, resorts, observe que aqui temos 2/3 dos resorts brasileiros, mas hotéis internacionais

praticamente não temos, parques temáticos temos um, o heroico, Beto Carrero, que ficou isolado, se

não é o Governador Luiz Henrique fazer aquela estrada de acesso ao parque, o acesso ainda seria

de barro. Você vai a uma área especial de interesse turístico como Orlando, e ao entrar no parque,

pelas rodovias encontra-se placas enormes de informação e sinalização turística; aqui o Parque Beto

Carrero não tem nada disso. Tivemos que desonerar os equipamentos de diversão pelo Ministério do

Turismo, como é o caso das novas montanhas russas que colocaram no Beto Carrero e no Beach

Park em Fortaleza, porque se cobra imposto de uma coisa que não é produzida no Brasil. O

duobusiness no Brasil é impossível, a burocracia não permite entender isso. Ou seja, não há esse

consenso, esse entendimento da importância da produtividade, do desenvolvimento econômico, o

que há é uma inversão absurda de valores, é praticamente um manicômio jurídico, é um manicômio

de impostos, é um manicômio geral. Então não tem como falar em turismo consolidado aqui no

Estado. Existe um discurso único de aproveitamento das belezas naturais de uma forma razoável, e

isso porque a nossa sociedade é bem-sucedida, organizada, respeitosa, o produto final é bom. Diga-

se de passagem, é o melhor produto turístico do Brasil, mas está muito longe do que seria um

produto em nível de consolidação. Veja o caso de Florianópolis, estamos aqui na Beira Mar Norte, de

frente para o mar, você vai olhar pela janela não vai ver marina, não vai ver barco, não vai ver nada,

você vai circular pela cidade e vai ver que em nível de pousadas de charme junto a parques naturais

é muito pífio; o Centro de Eventos de Florianópolis é uma concessão que foi feita e que está

terminando e está num impasse jurídico, não pode nem ir pra frente nem pra trás; o centro da cidade

não tem nenhum programa de centro histórico, se você olhar os parques naturais de uma cidade que

tem 50% do seu território, que é uma coisa única no planeta, que são as áreas de proteção

permanente, não tem licitação nenhuma, em lugar nenhum, com exceção de um pedacinho mínimo

de 100 metros ali no Rio Vermelho que o Ministério Público contesta até hoje. Então é um

desincentivo. Essas duas baías navegáveis de embarcações, elas são um playground para a

atividade turística de geração de renda. Imagine que o jornal Globo, há 2 anos atrás, fez uma

matéria dizendo que Florianópolis era uma cidade dos sem-marina, que havia potencial para 100 mil

vagas imediatamente. Daí você vai dizer, mas está saindo a Marina do Manoel Carlos, em Itajaí, mas

sabe por quê? Porque está na zona portuária, o licenciamento foi feito pelo porto de Itajaí, daí o

Ministério Público não conseguiu entrar e embargar a obra, mas se pudesse teria embargado; as

forças contrárias ao desenvolvimento do litoral, ao desenvolvimento da atividade turística, já teriam

derrubado o empreendimento. Por causa de tanto constrangimento, gera tantos custos de advogado,

de lei, de tempo, que constrange o investidor, ele acaba não fazendo nada. E no final qual é o

problema? É a falta de diálogo. É a falta de entendimento do que se está realmente falando, e de

entender que o turismo é aliado da conservação. O turismo não pode ter água suja, não pode ter

mata pelada. Então, seria possível construir mediante um diálogo? Seria. Mas, no Brasil nós vivemos

o curto prazismo das eleições, não há discussão de fundo, os programas de turismo ocorrem nas

Page 196: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

196

franjas da política púbica. Poucos quadros técnicos, pouco recurso para investir e pouca capacidade

de fomentar investimento porque o ambiente jurídico-legal trava. Então você vai buscar investidor e o

investidor vem olha e diz não, obrigado, eu não vou me meter aqui.

Entrevistado E: O turismo em Santa Catarina é bastante forte no segmento de sol e mar e de

festas, mas não acredito que esteja consolidado, penso que o turismo no Estado acontece em razão

das nossas belezas naturais e da nossa cultura, muito em função do empreendedorismo do povo

catarinense, mas não das ações do Estado, que investe pouco ou quase nada na atividade.

Entrevistado F: Sem dúvida alguma em todos os segmentos. O mais obviamente consolidado é o

turismo de sol e mar, é o turismo de temporada, mas todos eles possuem consolidação. O grande

desafio é o turismo de eventos, só que esse é um turismo que não se faz sem equipamentos, sem

centro de eventos, sem um local para realizar, sem um equipamento físico apropriado, é por isso que

em Florianópolis foi construído um centro de eventos, que no interior tem alguns em construção, que

em Balneário Camboriú também está em construção. A construção do centro de eventos de

Balneário Camboriú é a obra mais emblemática para o turismo em Santa Catarina, que vai colocar,

sem dúvida, o Estado no mapa de eventos que hoje só acontecem no Rio de Janeiro, em São Paulo

e em Minas Gerais; no que diz respeito ao equipamento necessário para qualquer tipo de feira e de

evento, Balneário Camboriú estará à altura de qualquer outro importante centro turístico. Esse é o

nosso maior desafio no momento, porque o turismo de eventos é aquele, sob todos os aspectos,

com a maior capacidade de manter fluxo turístico positivo nos períodos de baixo fluxo.

Entrevistado G: Temos um turismo consolidado no Estado sim. O Estado de Santa Catarina é o

terceiro em receptivo no Brasil, e está crescendo. Poderia crescer mais, mas vai de acordo com o

que a perna alcança, mas vem crescendo. O turismo é consolidado, principalmente, no segmento de

sol e mar, como é no mundo todo, 50% do turismo do mundo é sol e mar. As pessoas têm atração

muito grande pela água. Então, isso nós nunca vamos perder, por isso é que a gente tem que cuidar

da orla, da questão do saneamento, porque esse é o primeiro segmento que foi consolidado aqui no

Estado, e que é o carro chefe, precisa ser bem cuidado. Infelizmente, no Brasil a questão da

utilização da orla marítima ainda é pouco aproveitada, na construção de uma marina, por exemplo,

ainda se encontram muitas barreiras na questão ambiental, se tem muitos problemas na questão de

consciência ambiental aqui em Santa Catarina; as políticas ainda não estão adequadas a realidade

de utilização de equipamentos náuticos, esse é um grande problema. Tinha que sentar todo mundo

junto, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, IBAMA, FATMA, Instituto Chico

Mendes, as prefeituras para pensar e resolver esse problema. Na realidade o que acontece que é

tem que haver uma consciência social também, porque os jovens que estão entrando na faculdade,

onde é que eles vão trabalhar? A atividade turística também tem que ser olhada nesse viés social,

de consciência social. Ah! Não pode fazer, por quê? Vamos fazer certo, vamos fazer de forma

correta. O desenvolvimento da atividade turística tem muito a ver com o futuro social e econômico;

se nada se pode fazer, como é que as pessoas vão se sustentar? Vão trabalhar aonde? Se o nosso

Estado tem esse foco muito forte no turismo, então ele tem uma responsabilidade social em cima

disso. Essa discussão precisa ser mais ampliada, precisa ser maior, para gente poder ter mais

investimentos. O que trava é a burocracia, não pode fazer, nada pode, mas, não se discute o que

pode, como pode. É muito radicalismo em cima disso.

No que diz respeito a consolidação da atividade turística no Estado, aos

moldes dos argumentos elencados acerca das políticas públicas, está longe de

existir, tendo em vista a falta de profissionalização no exercício da atividade pela

administração pública, assim como pela falta de planejamento, de investimentos e

de estudos no setor.

Page 197: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

197

Não houve unicidade nas respostas dos entrevistados acerca da consolidação

de Santa Catarina como destino turístico, deste modo, se o turismo no Estado fosse

consolidado não haveria divergência nas suas respostas. É de se realçar que os

atores envolvidos diretamente com a administração do setor no nível do governo

estadual afirmam que o turismo é consolidado; mas, as opiniões contrárias

apresentam melhor argumentação. O que ficou latente é que o Estado possui

grande potencial para o turismo, em razão da sua natureza diferenciada e da sua

diversidade cultural e social, tendo no turismo de sol e mar a sua maior

concentração de turistas. Ficou estampado também que alguns segmentos de

destaque ainda são mal aproveitados.

Problemas de saneamento básico, de infraestrutura rodoviária, de geração de

comunicação, falta de água em algumas regiões, especialmente no litoral durante o

verão, foram apontadas como empecilho para a consolidação do destino. Da mesma

forma a pouca capacidade de fomentar investimentos por parte do Estado.

O potencial turístico de Santa Catarina e a importância econômica que a

atividade representa para o Estado foi evidenciada pelos entrevistados, assim como

é constante na mídia e nos discursos governamentais, seja no já bastante conhecido

turismo de verão, seja no turismo de inverno, de festas, de negócios, de enoturismo,

de ecoturismo, dentre tantos outros segmentos possíveis de serem desenvolvidos

em Santa Catarina, no entanto pouco tem sido feito para o aproveitamento

socioeconômico da atividade, notadamente pelo setor público.

É preciso interação, diálogo entre os organismos públicos, privados e a

sociedade, para se compreender que o turismo além de fonte de renda e emprego

pode ser um grande aliado da conservação dos espaços, pois, conforme destaca o

Presidente da EMBRATUR “o turismo não pode ter água suja, não pode ter mata

pelada”.

Por último, os entrevistados falaram sobre o grau de cooperação existente

entre as esferas de governo federal e estadual com a municipal, na definição das

metas e dos investimentos (captação de recursos) em turismo. A pergunta chave

versava sobre a existência prática dessa cooperação e em que níveis.

Entrevistado A: Em nível federal com o Estado nada, ou quase nada. A única coisa que eu diria que

Page 198: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

198

houve foi a SC-403, a via de acesso à praia de Ingleses, que foi uma parceria do Governo do Estado

com o Ministério do Turismo; é uma rodovia turística porque vai para a praia dos Ingleses, para a

praia do Costão do Santinho. Houve também uma tímida parceria na construção do centro de

eventos de Balneário Camboriú, esse com uma visão de futuro importante, porque nós estávamos

concentrados muito em Florianópolis; e, Balneário Camboriú é um grande centro de atração turística

de Santa Catarina e do Brasil e nós não tínhamos um local ali na região. Fomos convencidos nessa

parceria, o Governo do Estado, o Governo Municipal e o Governo Federal; por enquanto, o único que

não está cumprindo com sua obrigação, nessa obra, é o Governo Federal. É uma obra cujo

investimento importa em torno de 80 milhões de reais e do Governo Federal viriam 45 milhões de

reais. Esse é um projeto de parceria importante, um grandioso centro de eventos que realmente vai

classificar Balneário Camboriú para grandes eventos, inclusive eventos internacionais. Nós temos

uma rede hoteleira interessante e relativamente ociosa durante o inverno em Balneário Camboriú;

tem Itajaí do lado, tem Itapema, então esse Centro de Eventos melhorará muito a sazonalidade, quer

dizer, diminuirá a sazonalidade turística. É uma obra que está andando até o momento fruto da

colocação de investimentos dos Governos Estadual e Municipal, mas há uma parceria com o

governo federal e eu espero que se cumpra. No nível dos governos estadual e municipal, já tivemos

boas parcerias, especialmente na época do Governador Luiz Henrique, como a construção de vários

centros de eventos, as arenas locais, que o Luiz Henrique achava fundamental, porque demonstrava

que Joinville mudou sua economia com o Centro de Eventos Cau Hansen; afirmava que, Joinville

deixou de ser apenas uma cidade industrial para ser uma cidade também de turismo de negócios, de

eventos culturais e esportivos, porque tinha lugar pra isso, uma arena de multiuso. Entendia que

esse é o futuro, dizia que com o passar do tempo, e com a maquinização do trabalho, cada vez mais

o homem terá tempo para lazer. Então, temos que estar preparados para esse tempo. Eu te afirmo

que a participação do governo estadual com os municípios, em termos de cooperação aconteceu em

muitas dessas construções, assim como em repasses de recursos para festas, esses bem pontuais.

Entrevistado B: Eu acho que o Governo Federal contribui quase nada para com o nosso Estado e

para com outros Estados brasileiros. A atenção do Governo Federal para com o turismo no Brasil

está voltada para três endereços, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro e região Nordeste, e eventualmente

a Amazônia. O Governo Federal não vê o turismo como uma coisa que tenha perfil de

desenvolvimento econômico ou que contribua com o desenvolvimento social. O Governo Federal

entende que o turismo é carnaval, é o Rio de Janeiro, é o futebol e coisa parecida; por isso ele não

presta atenção nessas ações e nessas iniciativas que podem ser do Governo do Estado, que podem

ser do Município ou que podem ser até da iniciativa privada, ele não tem uma interação forte e nem

uma política definida para esta área. De parte do Governo do Estado é preciso reconhecer que

existem iniciativas, só que elas são muito mais assistencialistas do que estratégicas. Percebe-se que

o Governo do Estado auxilia na cobertura de uma festa cultural, de uma festa típica e considera que

isso é o suficiente em termos de ação em favor do turismo, quando não é. Nós deveríamos utilizar,

por exemplo, os equipamentos existentes para a realização de festas durante o ano inteiro, isso sim

seria uma política voltada para o turismo. Agora dar um cheque de 150 mil reais para ajudar a fazer

a festa do pato não resolve o problema de ninguém e custa caro, porque todo ano você vai ter que

dar 150 mil pois esta ação já vai fazer parte do orçamento e da organização da festa; na minha visão

não é a melhor estratégia. O Estado deveria ter a política e o Município este sim é que deveria

prestar auxílio financeiro e logístico para os eventos. Então, infelizmente no Brasil nós não temos

uma estratégia, uma ação, a exemplo do que existe na Europa, nos Estados Unidos, que esteja

voltado para o desenvolvimento do turismo.

Entrevistado C: Não existe cooperação entre esses entes, existe improviso. O Prefeito vai ao

Governo do Estado pede dinheiro para fazer um calçadãozinho na praia, o outro vai ao Governo

Federal e pede dinheiro para fazer uma sinalização turística, mas nada concatenado, nada de forma

organizada. Como eu disse não existe planejamento, da mesma forma não existe interação entre os

entes federal, estadual e municipal. Por exemplo, numa obra importante para o turismo de Santa

Page 199: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

199

Catarina, o Município deveria entrar com determinado valor, o Estado com outro tanto e o Governo

Federal com outro tanto, mas não existe essa sincronia de ações, de participação de todos os entes.

O que existe são ações isoladas e pontuais que determinado prefeito acha que tem que fazer e vai

atrás de ajuda financeira no governo estadual e/ou no federal. Uma cooperação coordenada entre os

entes federal, estadual e municipal não existe, em alguns casos entre o Governo Estadual e os

Municípios existem esforços, mas nada de substancial.

Entrevistado D: Tem sim, existem investimentos do governo federal em turismo aqui no Estado,

exemplos são a SC-403 que tem investimento do Ministério do Turismo, a estrada de acesso do

Município de Barra do Sul até a empresa BMW, a obra de melhoria da orla em Itapema, a construção

do centro de eventos de Balneário Camboriú. Eu diria, hoje, que está sendo pago e comprometido

aqui no Estado nos últimos anos cerca de uns 300 milhões de reais, que é um valor considerável.

Também Santa Catarina participa das feiras da EMBRATUR junto com vários países do mundo,

deveria participar mais, mas enfim; em visita aos países vizinhos do Brasil a SANTUR foi junto

comigo para promover o Estado; Bombinhas é um município muito ativo, assim como Blumenau e

Balneário Camboriú, eles vão às feiras e lá promovem o município. A Embratur então auxilia os

estados e os municípios a participarem. O Governo federal gastou 15 milhões de reais nos países da

América do Sul em campanhas para o verão e, quem mais foi beneficiado foi Santa Catarina. Eu

acho que dentro dos canais no nível das execuções existem esforços. Mas, eu ainda considero mais

grave a falta de construção de ambiente propício para investimento, esse ainda é o maior problema,

porque se tivéssemos melhores condições de investimento se quer se precisaria tanto de dinheiro

público para fazer determinadas obras, poderia se fazer mais até; não que preclua, não preclui o fato

de ajudar e fazer uma parceria como no caso da SC 403, mas certamente você conseguiria fazer

mais através de PPPs e concessões. Eu acho que existem muitos esforços, mas isso, em minha

opinião, não supera essa hipótese de que deve haver investimento público, mas que no Brasil vai ser

sempre assim contido, por que o déficit público é muito alto e as demandas da população são muito

altas em saúde, em educação e em segurança. Então a saída são as concessões e as parcerias

público privadas.

Entrevistado E: A interação, se existe, é na questão financeira. Olhando de baixo para cima o

município depende muito mais do Governo Estadual do que o Governo Estadual do Governo

Federal. Eu vejo assim que a nossa realidade aqui do Estado é a mesma realidade do Brasil, não

foge muito. Eu não vejo uma ligação desses entes em área alguma, muito menos no turismo. O que

eu vejo é uma ligação do município com o Estado e vice-versa, o gatilho com o Governo Federal eu

não consigo perceber. Eu acho que deveria ser muito mais forte essa interação. Aliás, essa é uma

prática do Governo Federal que fica com a maioria dos recursos. Eu tenho lutado pelo novo pacto

federativo, tenho dito que o Governo Federal é o icloud (é o governo nas nuvens), quando é para

pegar o recurso é 4G, quando é para fazer o download (o retorno) daí falha a internet, não processa,

não chega, dá incompleto, cai o sinal. Na realidade enquanto nós não mudarmos o pacto federativo

nós não vamos mudar essa realidade. O que é o turismo hoje no Brasil? O Ministério do Turismo é

uma pasta de troca, não se dá o devido valor a entidade. Os municípios que não tem uma vertente

forte para o turismo, não tem isso como prioridade, estando inscritos no programa de regionalização,

mas não fazem nada para desenvolver a atividade. Por exemplo, em Joinville, quem é que toca o

turismo em Joinville, é o trade, são os operadores, e se eles não tocarem não tem turismo, porque o

governo é relapso.

Entrevistado F: Existe uma articulação muito forte que o Governo do Estado faz com os municípios,

existe uma cooperação real entre o Governo do Estado e os municípios, é claro que com alguns

municípios o Estado tem uma relação financeira mais forte, de fato existem alguns municípios que

tem um produtos turísticos mais qualificados e que o Estado precisa ajuda-los, porque fazendo isso

traremos mais turistas e teremos um mercado interno mais aquecido com os catarinenses; mas, eu

confesso que nos últimos anos o Governo Federal praticamente paralisou o turismo. O Brasil não

tem uma política pública para o turismo minimamente qualificada. O Ministério do Turismo é um

Page 200: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

200

Ministério de segundo escalão, é um ministério sem financeiro, sem orçamento, é um dos menores

orçamentos da Esplanada dos Ministérios. A EMBRATUR, onde o Vinícius Lummertz faz um belo do

trabalho, tem menos recursos para trabalhar em todo o Brasil do que o que nós repassamos aqui no

Estado para a SANTUR. Há um papel de articulação com o setor, mas de investimento financeiro

público muito pouco. O Brasil recebe por ano algo em torno de seis milhões de turistas estrangeiros,

o Brasil inteiro; enquanto isso, só a Torre Eiffel, de Paris, recebe sete milhões de visitantes, só esse

ponto específico de Paris recebe mais turistas do que um País como o Brasil o ano todo. Os

escritórios da EMBRATUR no exterior estão praticamente todos fechados. O que acontece de fato é

que há uma deficiência muito forte por parte do Governo Federal. Agora há uma competência dos

Estados, e eu preciso falar agora de todos os Estados, pois nesse momento sou o Vice-Presidente

do FORNATUR, Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, os Estados

estão se qualificando muito, tem muita gente boa a frente da área do turismo. Os Estados

avançaram bastante nos últimos 10 anos na atividade turística, mudaram o cenário do turismo, mas

no Governo Federal se percebe que o Brasil não trata o turismo como uma atividade importante, não

coloca o turismo no seu devido lugar. O turismo é o elemento da construção pública e privada, com a

maior capacidade de distribuição de renda, provado e comprovado, mas no momento de retorno do

investimento no turismo isso não acontece, porque nós temos os gargalos na sociedade e eu

entendo isso como cidadão, quando a gente fala de saúde pública sucateada, quando vimos uma

segurança pública ineficiente, quando não temos uma infraestrutura que não é mais a que o

brasileiro quer ver, não temos conectividade, não temos aeroportos e portos qualificados, não temos

ferrovia, não temos marinas, a gente entende, mas o turismo podia ajudar muito em toda a

transformação desse cenário.

Entrevistado G: Para nós em Santa Catarina é o mínimo. O que é que nós recebemos do Governo

Federal para se investir diretamente no turismo? Nada, zero. Quando se faz uma retrospectiva

também é zero. Historicamente Santa Catarina é esquecida pelo Governo Federal. Aqui em Santa

Catarina se trabalha somente com recursos provenientes do Estado e dos Municípios. E são poucos

os municípios que tem capacidade de desenvolver o turismo sozinho. Não são muitos os municípios

que levam a atividade turística a sério; muitos outros podiam levar, mas não o fazem. Mas daí entra

a questão política, pois se colocam administradores que não entendem da área e que não querem

fazer; se coloca para trabalhar na pasta do turismo um secretário que não conhece nada do setor,

que é só político, daí não funciona. O maior problema para gente desenvolver a atividade turística

hoje em Santa Catarina são os municípios, pois existem muitos municípios que não querem ajuda

para desenvolver a área, e eu não estou falando somente em ajuda financeira não, estou falando

num contexto geral, em todos os aspectos. Hoje, nesse mundo globalizado de concorrência turística

que se tem, os municípios que se dizem turísticos tinham que ter, no mínimo, um plano de

desenvolvimento turístico da sua cidade, no mínimo, aliado a um plano diretor, pois o plano de

desenvolvimento turístico e o plano diretor tem que estar juntos. Mas, vai ver quem tem? Um ou

outro município e só. É um fator fundamental hoje para se desenvolver a atividade turística ter um

bom plano diretor cominado com um bom plano de turismo. Não precisa ser um plano estratosférico

não, basta uma coisa enxuta, pequena, que realmente atuasse em cima da atividade, de forma

rápida, um plano de intenções, eu penso que isso também é fundamental para se desenvolver a

atividade. Quer ser turístico? Como é que vai ser turístico hoje sem ter um plano de trabalho. E não

interessa o tamanho do município, todos que tem esse foco voltado para o turismo, que tem

potencial e que quer desenvolver a atividade turística, têm que possuir um plano. Em Santa Catarina,

o seu grande potencial é a natureza, é a paisagem. Então se não tivermos um bom plano diretor

aliado a um bom plano de desenvolvimento da atividade turística, não daria certo. E bota na cabeça

de prefeito de cidade pequena que tem que ter isso, bota na cabeça dos vereadores da cidade que

tem que ser assim. É bem difícil. A questão política é muito forte ainda, não só em Santa Catarina, a

política do Brasil é assim, é individualista, não se pensa no todo.

Page 201: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

201

Historicamente Santa Catarina recebe pouco apoio do Governo Federal, em

quaisquer das áreas; várias são as obras federais aqui no Estado que perduram

durante anos e sem previsão de conclusão, caso da BR-470, por exemplo, e da

duplicação da BR-101 que se arrasta há mais de 20 anos.

O Governo Federal lançou a política de regionalização do turismo impondo

aos Estados que organizassem os seus municípios em regiões turísticas, mas não

atuou como facilitador desta mudança, seja no apoio a mão de obra qualificada, seja

no apoio financeiro. Muitos municípios sequer dispõem de um organismo voltado

para a área do turismo, como uma secretaria ou similar, o que dificulta o

desempenho da atividade na região. Ademais, ficou comprovado que a própria

delimitação do Estado em regiões turísticas encontra dificuldade no reconhecimento

do turismo como atividade geradora de emprego e renda.

A realidade que se apresenta em Santa Catarina e possivelmente em vários

outros Estados da Federação é que o Governo Federal está muito distante no que

diz respeito a interação com os Estados e os Municípios no desenvolvimento da

atividade turística. Essa interação, ao que se pode extrair das entrevistas, é mais

perceptível, embora substancial, no nível estadual com o municipal e ainda assim

está envolta na dinâmica político-partidária. Os prefeitos precisam se socorrer aos

Deputados e Senadores de seu partido para conseguirem verbas para realizarem

eventos em seus municípios. Deste modo, os prefeitos atrelados ao mesmo partido

dos gestores (Governador, Secretários) tendem a obter mais recursos.

A falta de planejamento público, de ambiente jurídico propício para

investimentos, e de profissionalização dos gestores que atuam no turismo, seja no

âmbito do Governo Federal, Estadual ou Municipal, é o grande problema da

efetividade das políticas públicas de turismo, e foram destacados por todos os

entrevistados. As ações voltadas para a área do turismo são realizadas por

demanda e são idealizadas mediante planos e programas que na prática não

conseguem se desenvolver.

Do mesmo modo, os municípios possuem muitas fragilidades, que vão desde

a ineficiência estrutural à inexistência de plano de ordenamento territorial

direcionado para a atuação da atividade turística, bem como a falta de plano de

Page 202: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

202

turismo e de ações que atenda as peculiaridades da sua localidade, além da falta de

incentivos e de recursos financeiros.

Os entrevistados revelaram o descontentamento com a atuação do Governo

Federal no Estado, seja pela falta de cumprimento das parcerias realizadas, nas

quais os recursos não saem do papel e o Estado e os Municípios têm que arcar com

o andamento das obras sozinhos para não perderem os investimentos empregados,

seja na falta de disponibilidade de apoio técnico e de recursos para os Estados

desempenharem a atividade.

Page 203: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

203

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta tese voltou-se ao estudo das políticas públicas de turismo no âmbito do

Estado de Santa Catarina, no intuito de se reconhecer como a atividade turística tem

sido tratada e exercida pelo Governo estadual. Nos debates bibliográficos

demostrou-se que o turismo desempenha papel relevante na vida das pessoas, por

ser uma atividade que contempla, ao mesmo tempo, descanso, lazer e diversão aos

viajantes, e trabalho, renda e oportunidades para os residentes da localidade em

que se desenvolve.

Por ser uma atividade cientificamente complexa, o turismo influencia e é

influenciado pela generalidade das ações humanas qualquer que seja a sua

natureza. Aos mesmos moldes o turismo interliga-se com uma vasta gama de

setores da atividade pública como transporte, sistema viário, meio ambiente, saúde,

segurança, saneamento básico, paisagens, acessibilidade, mobilidade, logística,

educação, cultura, finanças, entre outros, e com estes possui interrelações e

interdependências, pois ao procurar por um destino o turista não leva em conta

somente um bom local para se divertir, dormir e se alimentar, ele também considera

o meio no qual estará inserido.

Nos domínios das ciências sociais a interrelação do turismo com a

administração pública se dá pela orientação planejada das políticas públicas, muito

especialmente quando são estudadas e evidenciadas nas dimensões econômicas,

sociais, políticas e ambientais do nível territorial. Para tanto, a compreensão dos

fatores que operam tal orientação constitui-se em princípio fundamental para decifrar

como o lugar toma corpo de evidência com o turismo e, ao mesmo tempo, como a

materialização da política pública favorece o ambiente turístico.

As contendas levantadas realçam que o entendimento imediatista relaciona o

turismo como uma atividade de consumação e acaba colocando-o em um nível de

resultados abaixo de sua real capacidade, notadamente na visão de gestores

públicos que, em grande parte, não possuem o conhecimento pleno e científico de

suas reais consequências. Neste viés, esta investigação se inseriu nos debates para

interpretar, descrever e produzir conhecimento, cujo enfoque manteve nas políticas

Page 204: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

204

públicas sua trajetória como ciência e no turismo seu direcionamento territorialmente

aplicado.

O turismo tem se demonstrado uma fonte de renda importante para as

economias em todo o mundo, acumulando resultados positivos na balança

econômica e no desenvolvimento social dos países que o inserem. No Brasil tem

representado resultados positivos na geração de renda de pessoas que diante da

fragilidade da crise econômica e política, na qual vivenciamos atualmente, encontra

na atividade a oportunidade de vencer o desemprego.

Entretanto, para se alcançar os benefícios gerados pelo turismo, o incremento

da atividade deve ser pautado mediante políticas públicas, elaboradas através de

estudos e planejamento, coordenados e direcionados, contemplando o envolvimento

do setor público, do setor privado e da sociedade na definição das suas ações.

Denotou-se neste diagnóstico que o Estado catarinense possui considerável e

reconhecida diversidade geográfica e cultural, comumentemente empreendida como

atrativo turístico. Contudo, os entraves burocráticos, a falta de ambiente jurídico

propício para o envolvimento da iniciativa privada no setor, e a influência político-

partidária tem ocasionado a prática de uma atividade turística mal direcionada e sem

os resultados que se almeja.

Apesar da pujança do turismo, ainda são escassas as políticas públicas

direcionadas para o setor que envolvam um planejamento estratégico de

desenvolvimento e de incentivos para a atividade. Assim como são escassas as

manifestações de interesse nos debates dentro dos organismos que desenvolvem e

influenciam na tomada de decisões e na definição de políticas públicas.

Tais incongruências e dificuldades são usualmente postas em causa e se

ampliam ao longo do tempo, contudo, um planejamento autêntico e prudente no

âmbito das políticas públicas se constitui na ferramenta para determinação e seleção

das prioridades que permitam a evolução harmoniosa do setor turístico,

determinando as dimensões ideais que venham a estimular e regular o seu

desenvolvimento, relevando as particularidades geográficas, históricas e culturais.

Trata-se de tirar do formalismo e da aplicabilidade das políticas públicas um

Page 205: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

205

ingrediente de atratividade e de incentivo a uma determinada atividade, gerando um

ambiente propício a boas soluções econômicas e sociais.

Esta realidade envolvendo as políticas públicas de turismo foi detectada na

presente tese, quando do estudo de caso realizado no território catarinense. Buscou-

se imbricar as linhas científicas de políticas públicas, planejamento público e turismo

sob a égide dos fundamentos da teoria sistêmica como insumo metodológico para

desenvolver uma avaliação de desempenho do que ocorre na lógica da execução

pública orçamentária do setor.

Assim, ao contornar as discussões sobre a função do Estado na

consolidação das políticas públicas, definiu-se as dimensões de análise que podem

se integrar com outras ações programáticas de políticas públicas, para conduzir um

processo de planejamento público do sistema turístico com vistas ao

desenvolvimento socioeconômico do território. Ou seja, estampou-se os parâmetros

pertinentes acerca de um diagnóstico em políticas públicas no setor de turismo,

tanto quanto seu papel funcional no território catarinense, produzido sob o controle

do planejamento operacional executado por meio das leis orçamentárias anuais.

Mediante o levantamento e a análise da orçamentação pública do Estado de

Santa Catarina direcionada para o setor do turismo, verificou-se que apesar da

representatividade da atividade turística na economia catarinense, impactando num

índice de 12,5% do seu PIB, o governo estadual tem direcionado pouco recurso para

a área, em geral abaixo de 1% da sua receita tributária, o que é, no mínimo, um

disparate, quando se pensa na importância que os gestores públicos entrevistados

atribuem ao turismo no Estado. Formou-se, então, um conjunto de indicadores,

tabelas e gráficos para entrelaçar com as expectativas acadêmicas de uma agenda

de governo bem formulada na organização regional turística, estabelecida e

agenciada pelo poder público.

O estudo de correlação das políticas públicas adotadas nos programas

orçamentários da série histórica estudada, foram suficientes e significantes para

denotar que no Estado de Santa Catarina executa-se políticas públicas de turismo

de forma desvinculada de setores importantes da atividade pública que foram

destacados pelos entrevistados. Ademais, no teste estatístico de variabilidade

Page 206: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

206

resultou em perceber, por meio gráfico, o vultuoso volume de recursos que o Estado

veio paulatinamente deixando de aplicar no setor. A disparidade encontrada no

modelo de regressão registra que o planejamento público operacional no Estado de

Santa Catarina é executado com equívocos de gestão.

No item medição de desempenho dos programas orçamentários, tidos como

políticas públicas de turismo, identificou-se um conjunto de parâmetros desfocados

que chamam a atenção e permitem afirmar que não há acompanhamento gerencial

e muito menos controle na execução orçamentária das três unidades responsáveis

pelas contas da atividade turística. O controle que aqui se faz referência é aquele

responsável pela aferição constante dos objetivos e metas estipuladas no processo

orçamentário do planejamento público.

A abordagem das ações programáticas deixou latente que o desequilíbrio

existente nas contas são sistemáticos, ou seja, não há uma linha direcional de

aplicabilidade que possibilite bons resultados em políticas públicas de turismo. Neste

contexto, cabe destacar que se os programas orçamentários estabelecidos em lei

estiverem trazendo algum resultado, sua eficácia é pouco percebida, tanto quanto

sua eficiência e efetividade.

A análise das contas públicas revelou que os investimentos realizados através

de programas instituídos pelas unidades orçamentárias (SOL, SANTUR e

FUNTURISMO), em sua maioria, não compreendem um plano de ação, sendo

empregadas verbas em festas e eventos pontuais, atendendo a grupos de

interesses e de classes, longe de alcançarem seus objetivos enquanto políticas

públicas. Transparece que a simples leitura das demandas institucionais de

organizações setoriais não pode se constituir na exclusiva dimensão a ser

considerada no planejamento público do turismo, torna-se indispensável a aplicação

de outras análises em um conjunto sistêmico de relações e interrelações, no

propósito de que as diversas demandas ambientais, sociais e econômicas da

atividade turística sejam contempladas e, aí sim, se eleve a condição de política

pública.

Sacar das ações programáticas do sistema público orçamentário um caráter

legitimista de política pública instiga em intuir a importância de intensificar a

Page 207: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

207

participação da comunidade local no planejamento público estratégico, a exemplo do

turismo, em que o desafio de atender bem o visitante reflete-se em dispor-lhe as

infraestruturas e os serviços básicos, de maneira que tais implementações

representem também a melhoria na qualidade de vida da população residente, pois

é a quem está vinculado à sensação de apropriação territorial.

Lamenta-se o fato evidenciado de que a atividade turística ainda não é vista

como um investimento diferencial em Santa Catarina. Falta a instituição de uma

política de turismo que observe arrecadação, geração de emprego, valorização da

cultura e que, inclusive, resulte no crescimento econômico do Estado. Pela ausência

dessa política as verbas e os recursos públicos destinados ao turismo ficam sempre

por conta de cobrir as despesas que o serviço precisa atender ou intenta realizar.

Este aspecto é muito significante, pois a estrutura organizacional apresentou sua

melhor produtividade nos anos em que os investimentos foram mais expressivos.

Entende-se que a intervenção do Estado é fundamental para o

desenvolvimento da atividade turística, todavia o seu papel deve ser de fomentador

e implementador de políticas públicas, propiciando ao setor privado investir e

empreender nos setores que dão suporte a prática da atividade. Para tanto, o

Estado não pode continuar omisso em relação às condições para o exercício da

atividade turística, devendo criar ações que direcionem o seu ordenamento e que

conduzam a um ambiente adequado para a atuação do setor privado.

Por meio das entrevistas foi possível reconhecer pontos chaves, como por

exemplo, como são definidos os investimentos em turismo no Estado; a interação

entre os diversos organismos que compõem a área do turismo nos três níveis,

federal, estadual e municipal; as interferências que as demais áreas que compõem a

administração pública provocam no turismo em Santa Catarina; e como as políticas

públicas de turismo são geradas no Estado.

O diagnóstico empreendido nesta tese revelou que não existe planejamento

na efetivação dos investimentos do governo estadual na área do turismo. A decisão

demonstra ser meramente política e discricionária daquele que esteja investido no

cargo público, realizando ações pontuais e em favor dos seus interesses próprios e

partidários. Verificou-se que a pasta do turismo tem sido exercida nos últimos anos

Page 208: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

208

por pessoas sem conhecimento técnico sobre a área e com isso servido para

alavancar a carreira política de quem está na sua administração, deixando o

comprometimento da atividade no Estado em segundo plano.

Pelos indicadores encontrados, não há em Santa Catarina uma política

pública enraizada, continuada e envolta dentro de um plano de ações coordenadas

que vislumbre a definição do que fazer, para quem fazer e como fazer;

demonstrando que a atividade continua se desenvolvendo pela característica

territorial e cultural do povo catarinense, não recebendo do poder público a atenção

e os cuidados que a sua importância e a sua dimensão exigem.

Não resta dúvida de que o Estado de Santa Catarina clama por um grande

estudo científico, um plano de reacomodação da área de desenvolvimento turístico e

de interesse turístico, assim como necessita reavaliar a existência das 12 regiões

enquanto turísticas. Além disso, é preciso ter nas regiões, como é o caso da Serra

Catarinense, que tem despontado na atividade no Estado, uma densidade maior de

equipamentos turísticos, com hotéis, pousadas, restaurantes, mobiliário e serviços

de lazer e entretenimento. Para tanto, a iniciativa privada precisa perceber nas

políticas públicas do Estado a segurança e a vontade de governo para, assim, ter

firmeza na realização de seus investimentos. As regiões não podem ficar apenas

definidas como turísticas, elas precisam de fato ser turísticas.

Claro que as demandas de outras áreas como saúde, educação e segurança,

por exemplo, requerem maior atenção do Estado; bem por isso é que o Estado tem

que criar mecanismos jurídico-legais capazes de motivar a participação da iniciativa

privada na área do turismo, pois a expectativa é que sua capacidade de arrecadação

se amplie. É um diferencial se instituir concessões e parcerias público-privadas,

atraindo investidores e criando um clima de superior competitividade a nível nacional

e quem sabe se readaptando a uma expressão internacional.

Os entraves jurídicos e ambientais, os altos impostos, a burocracia e a falta

de incentivos afastam os investidores, e o Governo do Estado tem realizado uma

participação apenas aparente na condução do processo. Ainda não há o

entendimento e o convencimento da importância que a atividade turística tem para

gerar o desenvolvimento sustentável da localidade em que se insere, pois sem

Page 209: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

209

planejamento e envolvimento do setor público o turismo acontece de forma

desordenada e em benefício de poucos, de forma superficial.

Diante de todo o exposto, os objetivos da pesquisa restaram-se cumpridos,

uma vez que mediante o estudo das peças orçamentárias e dos programas

executados na área do turismo foi possível se detectar a carência de planejamento e

de políticas públicas; se realizar a avaliação de desempenho das ações

programáticas contidas nas leis orçamentárias; construir a medição de desempenho

das políticas públicas implementadas, assim como, através das entrevistas

realizadas, extrair o entendimento dos atores públicos a respeito do

desenvolvimento da atividade em Santa Catarina e toda a dinâmica envolta na

definição das ações.

Assim, o conjunto dos dados e das informações analisados geraram um

diagnóstico da atividade turística em Santa Catarina, o que comprova a inovação

deste estudo, vez que inexistia um trabalho dessa natureza que demonstrasse o

desempenho das contas públicas e agregasse a percepção dos atores que suscitam

as políticas públicas no Estado, proporcionando indicadores que servirão de base

para um melhor direcionamento dos investimentos e da prática da atividade.

No que tange ao problema de pesquisa, conclui-se que o turismo em Santa

Catarina é exercido de forma desordenada, com relativa atuação pública no

direcionamento da atividade, baixa eficácia e eficiência das políticas públicas, e falta

de interação entre o poder público, privado e entidades do setor, longe de fortalecer

a atividade turística no Estado, e de proporcionar um ambiente favorável para a

melhoria na prática da atividade.

Revela-se importante dizer que o pressuposto da pesquisa, no desenrolar da

aplicação metodológica, demonstrou-se comprovado, pois a precariedade

encontrada na implementação do planejamento público operacional e,

destacadamente, na assunção das ações programáticas assumidas nas leis

orçamentárias anuais, são suficientes para evidenciar que o turismo no Estado de

Santa Catarina acontece em função dos seus apelos culturais e naturais, que por

extensão exercem em poucos, mas insistentes empreendedores, o bem aventurado

Page 210: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

210

desejo de que a atividade se torne um elemento funcional no fluxo econômico e

social.

Há que se considerar que o apoio verificado aos eventos tradicionais e

históricos refletem-se como uma força na atratividade turística catarinense. No

entanto, o volume de recursos distribuídos sem uma finalidade estratégica que o

conceito de política pública requer acabam por deixar a sensação de que os projetos

de Governo são descoordenados. Ainda que na possibilidade de se aceitar que os

programas orçamentários existentes na série enfocada tivessem a energia de uma

política pública, na acepção científica e na aplicação rotineira passam a margem da

condição de ser refletido como um bem comum da sociedade, ou seja, as

potencialidades dos atrativos turísticos não são correspondidos pelos adequados

níveis de resultado de uma política pública planejadamente concebida.

Mesmo levando em consideração as peculiaridades e as diferenças

existentes em cada território não resta dúvidas que este estudo é pertinente para ser

aplicado em outros destinos turísticos, não apenas no Estado da Santa Catarina,

pois dispõe de subsídios científicos que refletem na compreensão da complexidade

do desenvolvimento da atividade turística, dando-lhe maior segurança para as

tomadas de decisão.

Por essa razão, entende-se que o trabalho de tese desenvolvido é relevante,

não apenas por ter cumprido ao atendimento de seus objetivos e pressuposto de

pesquisa, trazendo inovação e contribuição científica, mas por servir para despertar

o desejo de outros pesquisadores e de gestores públicos para o progresso das

condições de atuação no setor turístico.

Page 211: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

211

REFERÊNCIAS

ABONY, G.; VAN SLYKE, D. M. Governing on the edges: globalization of production and the challenge to public administration en the twenty-first century. Public Administration Review, v. 35, n. 4, p. 210-232, 2010. ACKOFF, R. L. From data to wisdom. Journal of Applies Systems Analysis, v. 16, p. 3-9, 1989. AGOC – Assessoria Geral de Orçamento e Controle. Planejamento, orçamento público e participação. Uberaba: Prefeitura Municipal, 2010. AGUM, R.; RISCADO, P.; MENEZES, M. Políticas públicas: conceitos e análises em revisão. Revista Agenda Política, v.3, n.2, p. 12-42, 2015. AHUJA, H. N. Project management: techniques in planning and controlling construction projects. New York: John Wiley & Sons, 1994. ALA HARJA, M.; HELGASON, S. Em direção as melhores práticas de avaliação. Brasília, Revista dos Serviços Públicos, v. 51, n. 4, p. 16-28, 2000. ALMEIDA, J. R.; MARQUES, T.; MORAES, F. E. R.; BERNARDO, J. Planejamento ambiental: caminhos para participação popular e gestão ambiental para nosso futuro comum – uma necessidade, um desafio. Rio de Janeiro: Thex, 1999. ANDERSON, C. W. The place of principles in policy analysis. American Political Science Review, v. 73, n. 3, p. 711-723, set/1979. ANDION, M. C.; FAVA, R. Planejamento estratégico. Coleção Gestão Empresarial, FAE. Curitiba: Gazeta do povo, n. 2, p. 27-38, 2002. ANDRADE, A. R.; BALASSIANO, R.; SANTOS, M. P. S. Planejamento de transportes: informação e participação como fundamentos para o seu desenvolvimento. Revista de Gestão da USP, v. 13, n. 3, p. 13-22, 2006. ______. Planejamento estratégico: formulação, implementação e controle. Blumenau: FURB, 2002. ANDRADE, N. A. et al. Planejamento governamental para municípios: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. São Paulo: Atlas, 2005. ANTICO, C.; JANNUZZI, P. M. Indicadores e a Gestão de Políticas Públicas. Disponível em: <https://julioandrade.wikispaces.com/file/view/Indicadores_e_Gest%C3%A3o_de_Pol%C3%ADticas_P%C3%BAblicas.pdf>. Acesso em: 18 abril 2016. ARRETCHE, M. T. S. Políticas sociais no Brasil: descentralização em um estado

Page 212: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

212

federativo. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 14, n. 40, 1999. ______. Dossiê agenda de pesquisas em políticas públicas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, 2003. ARTMANN E. O planejamento estratégico situacional no nível local: um instrumento a favor da visão multissetorial. In: Desenvolvimento local. Rio de Janeiro: Oficina Social, p. 98-119, 2000. BARBOSA, G. G.; RABAÇA, C. A. Dicionário da comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. BARRETO, M. Turismo, políticas públicas e relações internacionais. Campinas, SP: Papirus, 2003. ______. Planejamento e organização do turismo. Campinas, Papirus, 1991. BENI, M. C. Política e planejamento do turismo no Brasil. São Paulo: Aleph, 2006. _______. Programa de regionalização do turismo. Revista Turismo em Números. América Latina. ed. n. 40. São Paulo: SINDETUR/SP, 2005. BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. _______.; BERALDO, D. G. R. Avaliação de desempenho humano na empresa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. BERTALANFFY, L. V. Teoria geral dos sistemas: fundamentos, desenvolvimento e aplicações. Petrópolis: Vozes, 2008. BOLSON, J. G.; PIRES, F.; BAHIA, E. T. Histórico e análise das políticas públicas de turismo no Brasil – 1930/2004 – estudo de caso Minas Gerais. Revista de Estudos Turísticos, v. 5, 2005.

BOND, E. Medição de desempenho para um cenário de empresas de uma cadeia de suprimentos. 2002. 125 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade de São Paulo, São Carlos, 2002. BORTOLOSSI, S. F. Regionalização do turismo no Vale Europeu, Santa Catarina: uma abordagem institucional. 2008. 134 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional). Universidade Regional de Blumenau. Blumenau: FURB, 2008. BRACARENSE, P. A.; GUIMARÃES, U. V. Métodos quantitativos aplicados a negócios. Curitiba: IESDEBRASIL, 2008.

Page 213: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

213

BURSZTYN, I. Políticas públicas de turismo visando à inclusão social. 2005. 110 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UFRJ, 2005. BUSSAB, W.; MORETTIN, P. A. Estatística básica. São Paulo: Saraiva, 2002. CAPELLA, A. C. N. O processo de agenda-setting na reforma da administração pública (1995-2002). 2004. 234 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais e Humanas) – Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, 2004. CARDOSO JR., J. C. Estado, planejamento e políticas públicas: o Brasil em desenvolvimento. In: 14º Congreso internacional del clad sobre la reforma del estado y de la administración pública. Salvador: CLAD, 2009. ______. Planejamento governamental e gestão pública no Brasil: elementos para ressignificar o debate e capacitar o Estado. Brasília; IPEA, 2011. CARLEY, M. Indicadores sociais: teoria e prática. Rio de Janeiro: Zahar, 1985. CARVALHO, M. L.; BARBOSA, T. R. C. G.; SOARES, J. B. Implementação de políticas públicas: uma abordagem teórica e crítica. Anais do X Colóquio Internacional sobre Gestión Universitaria en America del Sur, Mar del Plata, 2010. CASSIOLATO, M.; GUERESI, S. Como elaborar modelo lógico: roteiro para formular programas e organizar avaliação. Brasília: IPEA, 2010. CASTRO, J. A. Avaliação de políticas públicas. Disponível em: <http://www.fee.tche.br/sitefee/download/publicacoes/cota_base_zero/02.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2014. CASTRO, M.H.G. Avaliação de políticas e programas sociais. Cadernos de Pesquisa, n. 12, Campinas: NEPP/UNICAMP, 1989, p.1-18. CAVALCANTI, K. B.; HORA, A. S. S. Política de turismo no Brasil. Turismo em Análise, São Paulo, 13 (2), p. 54-73, nov. 2002. COHEN, E.; FRANCO R. Avaliação de projetos sociais. Petrópolis: Vozes, 2004. CORDEIRO FILHO, J. B. Orçamento como ferramenta de gestão: do orçamento tradicional ao advanced budgeting. XIV Congresso Brasileiro de Custos - João Pessoa – PB, Brasil, 2007. CORREIA NETO, J. F. Planejamento e controle orçamentário: manual de orçamento empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier Campus, 2011. COSTA, F. L.; CASTANHAR, J. C. Avaliação de programas públicos: desafios conceituais e metodológicos. Revista de Administração Pública, v. 37, n. 5, p. 969-992, set./out. 2003.

Page 214: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

214

COSTA NETO, P. L. O. Estatística. São Paulo: Blucher, 1999. COUTO, C. G. Constituição, competição e políticas públicas. Lua Nova. São Paulo, n. 65, may./aug. 2005. CRUZ, C. A. B.; ARAÚJO, A.S.; OLIVEIRA, I. J. Avaliação de desempenho como ferramenta de apoio ao desenvolvimento profissional dos colaboradores nas organizações. Revista Científica do ITPAAC, v. 7, n.3, Araguaína, 2014. p.1-6. CRUZ, R. C. A. Políticas públicas de turismo no Brasil: significado, importância, interfaces com outras políticas setoriais. In: SOUZA, M. J. (Org.). Políticas públicas e o lugar do turismo. Brasília: UNB; Ministério do Meio Ambiente, 2002. p. 25-38. ______. Política de turismo e território. São Paulo: Contexto, 2000. CUNHA, C. G. S. Avaliação de políticas públicas e programas governamentais: tendências recentes e experiências no Brasil. In: The Theory and Operation of a Modern National Economy. Washington: George Washington University, 2006. CUNHA; L. ABRANTES, A. Introdução ao turismo. 5. ed. reimpressão de setembro de 2015. Lisboa: Lidel Edições Técnicas. CUNHA, M. L. P. et al. O orçamento e seu papel como instrumento de planejamento na gestão pública. 2009. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/o-orcamento-e-seu-papel-como-instrumento-de-planejamento-na-gestao-publica/21005/#ixzz41TBtj5yM>. Acesso em: 10 abr.2016. DE TONI, J. Gestão inovadora. Canoas: Editora da Ulbra, 2011. ______. Em busca do planejamento governamental do século XXI. In: Reflexões para Ibero-America: planejamento estratégico. Brasília: ENAP, 2009. ______. Planejamento e transportes: possibilidades metodológicas alternativas. Revista dos Transportes Públicos, n. 97, p. 13-21, 2003. DIAS, R.; MATOS, F. Políticas públicas: princípios, propósitos e processos. São Paulo: Atlas, 2012. ______. Planejamento do turismo: política e desenvolvimento do turismo no Brasil. São Paulo: Atlas, 2003. DRUCKER, P. F. Prática de administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 1981. EMBRATUR. Instituto Brasileiro do Turismo. Base jurídica. Disponível em: <http://www.embratur.gov.br/piembratur-new/opencms/base_juridica/baseJuridica>. Acesso em: 10 agos. 2016. ENAP – Escola Nacional de Administração Pública. Orçamento público: Conceitos Básicos. Brasília: ENAP, 2014.

Page 215: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

215

ESTOL, E.; ALBUQUERQUE, S. Planeamiento turístico: uma perspectiva argentina. Buenos Aires: CIET, 1987. FARIA, C. A. P. Ideias, conhecimento e políticas públicas: um inventário sucinto das principais vertentes analíticas recentes. Revista Brasileira de Ciências Sociais (RBCS), São Paulo, v. 18, n. 51, 2003. FARIA, R. Avaliação de programas sociais: evolução e tendências. In: RICO, Elizabeth Melo (Org.). Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. São Paulo: Cortez: Instituto de Estudos Especiais, 2007. FERNANDES. A. S. A. Políticas públicas: definição, evolução e o caso brasileiro na política social. In: DANTAS, H.; MARTINS JUNIOR, J. P. (Org.). Introdução à política brasileira. São Paulo: Paulus. 2007. p. 203-226. FERRARI, C. Curso de planejamento municipal integrado. São Paulo: Pioneira, 1979. FLICK, U. Introdução à metodologia qualitativa. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. FPNQ – FUNDAÇÃO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE. INDICADORES DE DESEMPENHO. Caderno de orientação sobre o prêmio nacional da qualidade. São Paulo: FNPQ, 1999. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. FRANÇA, C. M. Orçamento público e lei de responsabilidade fiscal. 2011. 21 f. Monografia (Especialização em Gestão Pública) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2011. FRANÇA JR., R. T. A mobilidade turística no processo de planejamento da logística de transportes de Santa Catarina. 2014. 253 f. Tese (Doutorado em Administração e Turismo) – Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçú, 2014. FRANCISCO, J. G.; FARIA, M. L.; COSTA, H. G. Planejamento e orçamento públicos: uma revisão da literatura. Anais do III Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Resende: SEGET, 2006. FRATUCCI, A. C. A dimensão espacial nas políticas públicas brasileiras de turismo: as possibilidades das redes regionais de turismo. 2008. 308 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2008. FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. Planejamento e políticas públicas. Brasília, n. 21, 2000. FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Page 216: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

216

______.; et. al. Críticas ao orçamento: problemas com o artefato ou a não abordagem abrangente de análise? ASAA – Advances in Scientific and Apllied Accounting, v. 3, n. 2, p. 190-216, 2010. GARCIA, R. C. Subsídios para organizar avaliações da ação governamental. Brasília, IPEA (Texto para discussão n. 776), 2001. GIACOMONI, J. Orçamento público. São Paulo: Atlas, 2005. GOCCO, L. GUTTMAM, E. Consultoria empresarial. São Paulo: Saraiva, 2005. GOMIDE, A. A. (2008). Agenda governamental e o processo de políticas públicas: o projeto de lei de diretrizes da política nacional de mobilidade urbana. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_1334.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. GUEDES, J. R. M. Comentário à lei de responsabilidade fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. HALL, C. M. A typology of governance and its implications for tourism policy analysis. Journal of Sustainable Tourism, v. 19, n. 4–5, May–June, 2011, p. 437–457. ______. Planejamento turístico: políticas, processos e relacionamentos. São Paulo: Contexto, 2004. HALL, P. Urban and regional planning. 3 ed. Londres e Nova York: Routledge, 1992. HARRY, J.; SPINK, J. Management and planning in the leisure industries. London: MacMillan, 1990. HOWLETT, M; RAMESH, M. A ciência da política pública: ciclos e subsistemas político-administrativos. Toronto: Oxford University Press, 2003. JANNUZZI, P. M. Indicadores no planejamento público. In: População e cidades: subsídios para o planejamento e para as políticas sociais. Campinas: UNICAMP, 2010. ______. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações. 3 ed. Campinas: Editora Alínea, 2006. ______. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações para formulação de políticas públicas e elaboração de estudos socioeconômicos. Campinas: Editora Alínea, 2001. KAYDOS, W. Measuring, managing and maximizing performance. Portland: Productivity Press, 1991. KINGDON, J. W. Agendas, alternatives and public policies. 3. ed. New York:

Page 217: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

217

Harper Collins, 2003. KINGESKI, A. A. I. Diagnóstico organizacional: um estudo dos problemas organizacionais a partir das relações interpessoais. XII SIMPEP. Bauru (SP), 2005. KOHAMA, H. Contabilidade Pública: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G. L. J. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003. LAMOUNIER, B. Análise de políticas públicas: quadro teórico-metodológico de referência. São Paulo: Mimeo, 1982. LASSWELL, H. D. The policy orientation. 1951. In: D. LERNER; LASSWELL. (Ed.). The policy sciences: recent developments in scope and method. Stanford, Calif.: Stanford University Press. p. 3-15. In: HOWLETT, Michael; RAMESH, M.; PERL, Antony. A ciencia da política publica: ciclos e subsistemas político-administrativos. Tradução de Francisco G. Heidemann. Toronto: Oxford University Press, 2003. p. 17. ______. Política: quem ganha o que, quando e como. Trad. Marco Aurélio dos Santos Chaudon. Brasília: Editora da UnB, 1984, (Pensamento Político, n. 64). LEIPER, N. Tourism system. In: Encyclopedia of tourism. Londres: Routledge, 2000. LIMA, R. J. B. Diagnóstico organizacional: processos gerenciais. São Paulo: Prentice Hall, 2009. LOHAMANN, G.; PANOSSO NETO, A. Teoria do turismo: conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2008. LOSSO, F. B.; PEREIRA, R. M. F. A. (2011). A produção de vinhos finos de altitude e a introdução do enoturismo na região de São Joaquim (SC): notas preliminares. Revista Turismo Visão e Ação-Eletrônica, v. 13, n. 2, p. 186-200, mai./ago. 2011. LUCENA, M. D. S. Planejamento estratégico e gestão de desempenho de resultados. São Paulo: Atlas, 2004. LUIZ, A. J. B. Meta-análise: definição, aplicação e seinergia com dados espaciais. Cadernos de Ciência e Tecnologia, v.9, n.3, p. 407-428, 2002. MACHADO JR., J. Teixeira; REIS, Heraldo da Costa. A lei n. 4.320/64 comentada e a lei da responsabilidade fiscal. Rio de Janeiro: IBAM, 2003. MAGGIOLO, I.; PEROZO MAGGIOLO, J. Políticas públicas: proceso de concertación estado-sociedad. Revista Venezolana de Gerencia, v. 12, n. 39, p. 373-392, set./2007.

Page 218: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

218

MAIA, W. História do orçamento público no Brasil. 2010. Disponível em: <http://gestropublicopaulista.com.br/artigos.asp Acesso: 25 mar.2016. MARQUES, E; FARIA, C. A. P. A política pública como campo multidisciplinar. São Paulo, Rio de Janeiro: Editora Unesp, Editora Fiocruz, 2013. MARTINS, R. A. Use of performance measurement systems: some thoughts towards a comprehensive approach. Paper from Second International on Performance Measurement. University of Cambridge, 19-21 July. Published on Performance Measurement 2000 – Past, Present and Future. Edited by Andy Neely, Center for Business Performance of Cranfield, University. 2000. MATIAS PEREIRA, J. Manual de gestão pública contemporânea. São Paulo: Atlas, 2009. MATUS, C. Política, planejamento e governo. Brasília: IPEA, 1997. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2009. MEGGINSON, L. C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI JUNIOR, H. P. Administração: conceitos e aplicações. São Paulo: Harbra, 1986. MEIRELLES, H. L. Direito administrativo brasileiro. São Paulo: Atlas, 1989. MELO, M. A. Estado, governo e políticas públicas. In: MICELI, S. (Org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). São Paulo: Sumaré, 1999. MILES, I. Social indicators for human development. New York: St. Martin’s Press, 1985. MINISTÉRIO DO TURISMO - MTur. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/%C3%BAltimas-not%C3%ADcias/7673-brasil-avan%C3%A7a-no-ranking-de-competitividade-em-turismo-do-f%C3%B3rum-econ%C3%B4mico-mundial.html>. Acesso em: 10 abril. 2017. _______. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/programas/5066-prodetur.html>. Acesso em: 06 jan. 2017. _______. Anuário estatítico de turismo 2017 – ano base 2016. Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/2016-02-04-11-53-05.html>. Acesso em: 20 jul. 2017. MOLINA, S. Turismo metodologia e planejamento. Bauru: Edusc, 2005. NAJAN, A. Learnin from the literature on policy implementation: a synthesis perspective. (Working Papers). Inertnational Institute for Applied Systems Analysis – IIASA. A-2361 Luxwnburg. Austria. 1995. NASCIMENTO, E. R. I. D. Lei complementar n. 101/2000: entendendo a lei de responsabilidade fiscal. Brasília: Tesouro Nacional, 2001.

Page 219: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

219

OLIVEIRA, A. L. R. Administração pública: estudo sobre a lei de responsabilidade fiscal e seu impacto de gestão financeira do município de Maringá. 128 f. Monografia (Especialização em Gestão Pública). Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2005. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas, 32. ed. São Paulo: Atlas, 2014. OLIVEIRA, I. C. P. Sistema de indicadores para identificação das principais fontes de emissão dos gases do efeito estufa nas cidades: uma proposta teórico-metodológica. 2013. 243 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Urbano). Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2013. OLIVEIRA, R. F. Curso de direito financeiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. OMT – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Disponível em: <http://www.omt.org/>. Acesso em: 01 fev. 2017. ORLICKAS, E. Modelos de gestão: das teorias da administração à gestão estratégica. São Paulo: IBPEX, 2010. OURIQUES, H. R.; CAON, C. B. A invenção do turismo em Santa Catarina. Revista Espaço Acadêmico, n. 49, jun. 2005. PARADA, E. L. Política y políticas públicas. In: SARAVIA, E; FERRAREZI, E. (Org.). Políticas públicas. Coletânea. Brasília: ENAP, 2006. v. 1. p. 67-96. PEREIRA, A. L. A evolução da avaliação de desempenho nas organizações. Periódico Científico Negócios em Projeção, v. 5, n. 2, p. 80-96, Brasília, 2014. PEREIRA, R. M. F. A. (2003). Formação sócio-espacial do litoral de Santa Catarina (Brasil): gênese e transformações recentes. Geosul, Florianópolis, v. 18, n. 35, p. 99-129, jan./jun. 2003. PEIXOTO, D. E. O papel da avaliação de desempenho e sua importância nas organizações. Disponível em:<http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-papel-da-avaliacao-de-desempenho-e-sua-importancia-nas-organizacoes,53443.html>. Acesso em: 28 maio 2017. PINTO, I. C. M. Mudança nas políticas públicas: a perspectiva do ciclo de política. Rev. Pol. Públ. São Luis, v. 12, n. 1, p. 27-36, jan./jun. 2008. PINTO JÚNIOR, O. G. Orçamento público e cidadania. São Paulo: Livraria da Física Editora, 2012. PIRES, J. B. F. S. Contabilidade pública. Brasília: Ed. Franco e Fortes, 2002.

Page 220: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

220

PIRES, J. S. D. B.; MOTTA, W. F. Evolução histórica do orçamento público e sua importância para a sociedade. Enfoque Reflexão Contábil, v. 25, n. 2, p. 16-25, 2006. PISCITELLI, R. B. Contabilidade pública: uma abordagem da administração financeira pública. São Paulo: Atlas, 2004. PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2013). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/IDH/Atlas2013.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Atlas2013>. Acesso em: 02 jan. 2016. REIS, J. Modos para Análise da Articulação entre Acumulação e a Reprodução. Revista Crítica de Ciências Sociais de Portugal, n. 117, v. 1, p. 15-16, 1985. ROSA, J. A. Roteiro para análise e diagnóstico da empresa. São Paulo: STS, 2001. RUA, M. G. Política pública e políticas públicas no Brasil: conceitos básicos e achados empíricos. In: RUA, M. das G.; CARVALHO, M. I. V. de (Org.). O estudo da política: tópicos selecionados. Brasília: Paralelo 15, 1998. p. 1-18. RUSCHMANN, D. V. M.; SOLHA, K. T. Planejamento turístico. Barueri, SP: Manole, 2006. ______. A experiência do turismo ecológico no Brasil: um novo nicho de mercado ou um esforço para atingir a sustentabilidade. Turismo - Visão e Ação, ano 2, n.5. p. 81-90 out.1999/mar., 2000. SAGIONETTI, V. L.; FASCINA, M. N. O Planejamento estratégico como balizador das ações empresariais. 2004. Monografia (Especialização em Planejamento e Gerenciamento Estratégico) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR, Londrina, 2004. SALGADO, S. D. F.; VENDRAMINI, P. A função planejamento. Florianópolis: FEESC, 2003. SANCHES, O. M. Dicionário de orçamento, planejamento e áreas afins. Brasília: Prisma, 1997. SANTA CATARINA. Lei n. 13.336, de 08 de março de 2005, institui o Fundo Estadual de Incentivo à Cultura - FUNCULTURAL, o Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo - FUNTURISMO, e o Fundo Estadual de Incentivo ao Esporte - FUNDESPORTE, no âmbito do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao Turismo e ao Esporte - SEITEC, e estabelece outras providências. Disponível em: http://<legislacao.sef.sc.gov.br/html/leis/2005/lei_05_13336.htm>. Acesso em: 04 jan. 2017. ______. Decreto n. 1.309, de 13 de dezembro de 2012. Regulamenta a Lei n. 13.336, de 08 de março de 2005, e disciplina a celebração de instrumento legal pelo

Page 221: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

221

Estado que tenha como objeto o financiamento de programas e projetos culturais, turísticos e esportivos, no âmbito do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura, ao Turismo e ao Esporte (SEITEC). Disponível: <http://legislacao.sef.sc.gov.br/html/decretos/2012/dec_12_1309.htm>. Acesso em: 04 jan. 2017. SANTA CATARINA. (LOA, 2016). Lei n. 16.860 de 28 de dezembro de 2015. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2016. SANTA CATARINA. (LOA, 2015). Lei n. 16.530 de 23 de dezembro de 2014. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2015. SANTA CATARINA. (LOA, 2014). Lei n. 16.287 de 20 de dezembro de 2013. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2014. SANTA CATARINA. (LOA, 2013). Lei n. 15.944 de 21 de dezembro de 2012. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2013. SANTA CATARINA. (LOA, 2012). Lei n. 15.723 de 22 de dezembro de 2011. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2012. SANTA CATARINA. (LOA, 2011). Lei n. 15.433 de 28 de dezembro de 2010. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2011. SANTA CATARINA. (LOA, 2010). Lei n. 15.032 de 30 de dezembro de 2009. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2010. SANTA CATARINA. (LOA, 2009). Lei n. 14.648 de 09 de janeiro de 2009. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2009. SANTA CATARINA. (LOA, 2008). Lei n. 14.360 de 23 de janeiro de 2008. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2008. SANTA CATARINA. (LOA, 2007). Lei n. 13.969 de 22 de janeiro de 2007. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2007. SANTA CATARINA. (LOA, 2006). Lei n. 13.672 de 09 de janeiro de 2006. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2006. SANTA CATARINA. (LOA, 2005). Lei n. 13.327 de 25 de janeiro de 2005. Estima a receita e fixa a despesa do Estado para o exercício de 2005. SANTOS, A. L. T. Planejamento orçamentário na administração pública. 2014. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/produção_academica/planejamento-na-administracao-publica/4254/download/>. Acesso em: 12 abr.2016. SANTOS, C. S. Introdução à gestão pública. São Paulo: Saraiva, 2006.

Page 222: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

222

SANTOS, F. S. Lei de responsabilidade fiscal e orçamento público. Barreiras: Editora da Faculdade São Francisco, 2009. SANTOS, R. F. Planejamento ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina dos Textos, 2004. SANTOS S. A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996. SANTUR – Santa Catarina Turismo S/A. A santur. Disponível em: <http://turismo.sc.gov.br/institucional/index.php/pt-br/a-santur>. Acesso em: 22 jan.2017. ______. Histórico/estrutura da SANTUR. Disponível em: <http://www.santur.sc.gov.br/institucional/index.php/pt-br/historico-estrutura >. Acesso em 10 jun. 2016. SANVICENTE, A. Z.; SANTOS, C. C. Orçamento na administração de empresas: planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 1995. SEBRAE – Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas. Santa Catarina em números. Florianópolis: Boletim Anual, 2013. SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas de análise, casos práticos. São Paulo: Cengage Learning, 2010. SIQUEIRA, I. P. Indicadores de desempenho de processos de planejamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. SILVA, C. E. S. Método para avaliação do desempenho do processo de desenvolvimento de produtos. 2001. 188 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Florianópolis, 2001. SILVA, D. R.; BONACIM, C. A. G. A Influência da lei de responsabilidade fiscal na gestão das contas públicas. Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão, v. 5, n. 2, p. 148-168, 2010. SILVA, J. O Planejamento na gestão dos recursos orçamentário e financeiros. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.com.br/artigo_academico/planejamento-gestao/143>. Acesso em: 09 mar.2016. SILVA, L. M. Contabilidade governamental: um enfoque administrativo da nova contabilidade pública. São Paulo: Atlas, 2009. SILVA NETO, J. C. Planejamento e orçamento público municipal: alguns aspectos relevantes. Teresina: Controller, 1999. SILVA, P. L. B.; MELO, M. A. B. O processo de implementação de políticas públicas no Brasil: características e determinantes da avaliação de programas e projetos. Caderno, Campinas, n. 48, 2000, p. 1-16.

Page 223: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

223

SILVEIRA, M. A. T. Enfoque sistêmico nas organizações: introdução à teoria do Sistema Geral - TSG. 2008. Disponível em: <http://www.redetsqc.org.br/geia/pub_marcos/GEIATextoMarcoSistemas. 2008.doc>. Acesso em: 15 dez. 2015. ______. Turismo, políticas de ordenamento territorial e desenvolvimento: um foco no Estado do Paraná no contexto regional. 2002. 277 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo: USP, 2002. SLOWSKI, V. Contabilidade pública: um Enfoque na Contabilidade Municipal de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Atlas, 2009. SOL – SECRETARIA DE ESTADO DE TURISMO, CULTURA E ESPORTE – SC. Disponível em: <http://www.sol.sc.gov.br>. Acesso em 10 jan. 2017. SOUZA, C. Estado da arte da pesquisa em políticas públicas. In: HOCHMAN, Gilberto (Org.). Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007. ______. Políticas públicas: uma revisão de literatura. Sociologias. Porto Alegre, v. 8, n. 16, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/soc/n16/a03n16.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2015. ______. “Estado do campo” da pesquisa em políticas públicas no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 18, n. 51, p. 15 – 20, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v18n51/15983.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2014. SOUZA, M. J. L. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e gestão urbanos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. TAKASHINA, N. T.; FLORES, M. C. Indicadores da qualidade e do desempenho: como estabelecer metas e medir resultados. Rio de Janeiro: Qualitymark p.1999. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2005. TORRES, M. D. F. Estado, democracia e administração pública no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. TUNG, N. H. Orçamento empresarial no Brasil para empresas industriais e comerciais. São Paulo: Edições Universidade-Empresa, 1983. TURNES, V. A. Turismo rural na agricultura familiar: conceitos e práticas. Florianópolis: Imaginar o Brasil, 2015. UCHOA, C. E. Elaboração de indicadores de desempenho institucional. Brasília: ENAP, 2013.

Page 224: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

224

URBAIN, J. D. L’idiot du voyage: histoires de touristes. Paris: Petite Bibliothèque Payot, 2002. VASCONCELOS, E. A. Orçamento público. Rio de Janeiro: Ed. Ferreira, 2009. ______. Transporte e meio ambiente: conceitos e informações para análise de impactos. São Paulo: Edição do Autor, 2006. VIGNOLI, F. H. Legislação e execução orçamentária. In: Economia do setor público no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2004. XERES, S. R. D. A Evolução do orçamento público e seus instrumentos de planejamento. Revista Científica Semana Acadêmica, v. 1, n. 43, p. 1–19, 2013. WORLD ECONOMIC FORUM – WEF. The travel & tourism competitiveness report 2017: paving the way for a more sustainable and inclusive future. Disponível em: <https://www.weforum.org/reports/the-travel-tourism-competitiveness-report-2017>. Acesso em: 10 abril 2017. WELSH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 1992. WONG, C. Indicators for urban and regional planning: the interplay of policy and methods. The RT PI Library Series. Ed.: Routledge – USA, 2006. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2010.

Page 225: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

225

APÊNDICE A – TABELAS DE CONTROLE ORÇAMENTÁRIO

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2016;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2015;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2014;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2013;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2012;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2011;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2010;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2009;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2008;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2007;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2006;

- Tabela de controle orçamentário exercício ano 2005.

Page 226: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

226

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2016

Ano 2016 - LOA n. 16.860 de 28 de dezembro de 2015.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 77.959.038,00 28.313.509,69

640.0334 Incentivos a entidades do setor 2.300.000,00 0,00 0,00

640.0913 Construção Centro Eventos de Balneário Camboriú 75.659.038,00 32.271.289,68 28.210.597,46

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 4.500,00 2.420,00

640.0631 Capacitação em Turismo Rural 0,00 100.492,23 100.492,23

650 Fortalecimento de eventos esportivos 2.300.000,00 0,00

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 2.300.000,00 0,00 0,00

600 Novos Valores 200.000,00 272.104,80

600.0006 Encargos com estagiários 200.000,00 272.104,80 272.104,80

850 Gestão de Pessoas 9.991.397,00 10.709.603,79

850.0949 Pessoal e encargos 9.841.397,00 10.528.200,51 10.528.200,51

850.0125 Capacitação de servidores públicos 150.000,00 181.403,28 181.403,28

900 Gestão Administrativa 5.200.000,00 2.007.745,64

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 5.200.000,00 2.159.688,98 2.007.745,64

220 Governança Eletrônica 300.000,00 3.928,40

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 300.000,00 4.588,40 3.928,40

Page 227: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

227

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 5.300.000,00 5.581.447,91

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 100.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanhas de caráter promocional 4.400.000,00 5.137.883,66 5.130.751,16

640.1020 Elaboração de material promocional 200.000,00 0,00 0,00

640.1021 Jornada de familiarização turística 100.000,00 0,00 0,00

640.1026 Elaboração de estudos e pesquisas científicas 500.000,00 72.576,75 71.696,75

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 379.000,00 379.000,00

600 Novos valores 8.500,00 0,00

600.0006 Encargos com estagiários 8.500,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 5.983.003,00 5.093.435,45

850.0949 Pessoal e encargos 5.911.503,00 5.093.435,45 5.093.435,45

850.0125 Capacitação servidores públicos 71.500,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 3.000.000,00 3.060.508,33

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 3.000.000,00 3.353.322,86 3.060.508,33

220 Governança Eletrônica 120.000,00 6.062,30

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 120.000,00 6.062,30 6.062,30

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 9.891.000,00 2.971.491,94

640.0149 Fomento a atividade turística 2.000.000,00 2.821.509,44 2.821.509,44

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 5.391.000,00 0,00 0,00

Page 228: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

228

640.0121 Desenvolvimento de atividades prioritárias 2.500.000,00 0,00 0,00

640.0665 Licenciamento ambiental aeroporto São Joaquim 0,00 149.982,50 149.982,50

23 TOTAL no Turismo 120.252.938,00 58.019.835,25

Investimentos no Turismo 95.658.538,00 37.138.555,34

Receita Total: 29.520.410.865,20

Receita Tributária: 21.180.018.436,55

Page 229: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

229

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2015

Ano 2015 - LOA n. 16.530 de 23 de dezembro de 2014.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 53.348.027,00 6.709.592,67

640.0334 Incentivos a entidades do setor 3.348.027,00 0,00 0,00

640.0913 Construção Centro Eventos de Balneário Camboriú 50.000.000,00 6.509.136,07 6.509.014,13

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 12.400,00 8.080,00

640.0631 Capacitação Programa SC Rural 0,00 225.797,35 192.498,54

650 Fortalecimento de eventos esportivos 2.990.000,00 11.320,00

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 2.990.000,00 0,00 0,00

650.0149 Fomento a atividade turística 0,00 11.560,00 11.320,00

600 Novos valores 200.000,00 55.497,30

600.0006 Encargos com estagiários 200.000,00 55.510,32 55.497,30

850 Gestão de Pessoas 10.107.539,00 9.816.404,78

850.0949 Pessoal e encargos 9.857.539,00 9.841.926,47 9.781.746,28

850.0125 Capacitação de servidores públicos 250.000,00 34.658,50 34.658,50

900 Gestão Administrativa 9.750.000,00 2.480.856,86

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 9.750.000,00 2.759.039,67 2.480.856,86

220 Governança Eletrônica 303.000,00 7.817,10

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 115.000,00 7.817,10 7.817,10

Page 230: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

230

220.0947 Desenvolvimento de software 83.000,00 0,00 0,00

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 105.000,00 0,00 0,00

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 14.313.365,00 8.815.020,54

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 5.000.000,00 1.657.025,56 1.585.555,56

640.0477 Implantação do sistema estadual de informações 500.000,00 0,00 0,00

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 500.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanhas de caráter promocional 6.000.000,00 5.498.822,96 5.379.788,38

640.1020 Elaboração de material promocional 1.013.365,00 471.940,08 471.940,08

640.1021 Jornada de familiarização turística 200.000,00 0,00 0,00

640.1026 Elaboração de estudos e pesquisas científicas 1.100.000,00 0,00 0,00

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 1.377.736,52 1.377.736,52

600 Novos valores 30.000,00 0,00

600.0006 Encargos com estagiários 30.000,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 6.400.000,00 5.613.407,65

850.0949 Pessoal e encargos 6.200.000,00 5.691.435,46 5.613.407,65

850.0125 Capacitação servidores públicos 200.000,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 3.280.000,00 2.310.305,12

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 3.280.000,00 2.509.620,22 2.310.305,12

220 Governança Eletrônica 171.635,00 5.619,70

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 78.653,00 0,00 0,00

Page 231: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

231

220.0947 Desenvolvimento de software 75.482,00 5.619,70 5.619,70

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 17.500,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 26.259.987,00 2.936.905,45

640.0149 Fomento a atividade turística 10.000.000,00 2.936.905,45 2.936.905,45

640.0334 Incentivo a entidades do setor 575.162,00 0,00 0,00

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 15.513.190,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 127.153.553,00 38.762.747,17

Investimentos no Turismo 97.141.379,00 18.528.335,96

Receita Total: 27.920.087.103,46

Receita Tributária: 19.345.227.128,70

Page 232: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

232

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2014

Ano 2014 - LOA n. 16.287 de 20 de dezembro de 2013.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 4.877.000,00 6.853.511,89

640.0334 Incentivos a entidades do setor 2.877.000,00 0,00 0,0

640.2198 Construção Boulevard São Joaquim 2.000.000,00 0,00 0,00

640.0913 Construção Centro Eventos de Balneário Camboriú 0,00 2.011.274,00 2.011.274,00

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 5.254.670,84 4.754.670,82

640.0631 Capacitação em Turismo Rural 0,00 156.930,60 87.567,07

650 Fortalecimento de eventos esportivos 2.550.000,00 84.720,00

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 2.550.000,00 0,00 0,00

650.0915 Premiação Troféu Gustavo Kuerten 0,00 67.800,00 67.800,00

650.0149 Fomento a atividade turística 0,00 17.330,00 16.920,00

600 Novos valores 125.000,00 61.368,97

600.0006 Encargos com estagiários 125.000,00 61.368,97 61.368,97

850 Gestão de Pessoas 9.458.615,00 6.723.103,92

850.0949 Pessoal e encargos 9.238.615,00 6.667.176,87 6.667.176,87

850.0125 Capacitação de servidores públicos 220.000,00 80.749,61 55.927,05

900 Gestão Administrativa 8.670.350,00 2.198.690,91

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 6.745.000,00 1.898.021,97 1.656.261,37

Page 233: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

233

900.0945 Serviços e Materiais Administrativos 1.925.350,00 604.595,96 542.429,54

220 Governança Eletrônica 260.000,00 140.511,25

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 100.000,00 136.511,25 136.511,25

220.0947 Desenvolvimento de software 70.000,00 4.000,00 4.000,00

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 90.000,00 0,00 0,00

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 12.499.000,00 12.020.923,12

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 3.800.000,00 4.039.042,63 4.008.588,63

640.0477 Implantação do sistema estadual de informações 500.000,00 231.180,02 231.180,02

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 1.199.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanhas de caráter promocional 3.500.000,00 7.275.532,23 7.275.532,23

640.1020 Elaboração de material promocional 2.300.000,00 0,00 0,00

640.1021 Jornada de familiarização turística 200.000,00 0,00 0,00

640.1026 Elaboração de estudos e pesquisas científicas 1.000.000,00 0,00 0,00

640.0334 Incentivo a entidades do setor 0,00 0,00 0,00

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 505.622,24 505.622,24

850 Gestão de pessoas 5.782.381,00 6.156.736,90

850.0949 Pessoal e encargos 5.567.381,00 6.156.286,90 6.156.286,90

850.0125 Capacitação servidores públicos 215.000,00 450,00 450,00

900 Gestão Administrativa 4.132.000,00 3.048.328,03

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 2.245.820,00 1.332.268,01 1.249.274,64

Page 234: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

234

900.0945 Serviços e materiais administrativos 1.886.180,00 1.914.566,89 1.799.053,39

220 Governança Eletrônica 149.000,00 23.790,42

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 78.000,00 23.790,42 23.790,42

220.0947 Desenvolvimento de software 53.500,00 0,00 0,00

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 17.500,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 46.891.000,00 9.963.692,15

640.0149 Fomento a atividade turística 10.000.000,00 9.963.692,15 9.963.692,15

640.0334 Incentivo a entidades do setor 3.391.000,00 0,00 0,00

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 14.000.000,00 0,00 0,00

640.0121 Desenvolvimento de atividades prioritárias 19.500.000,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 85.404.346,00 47.275.377,56

Investimentos no Turismo 56.952.000,00 28.984.216,13

Receita Total: 25.882.011.054,96

Receita Tributária: 18.686.678.255,46

Page 235: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

235

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2013

Ano 2013 - LOA n. 15.944 de 21 de dezembro de 2012.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 5.150.000,00 3.571.367,06

640.0334 Incentivos a entidades do setor 5.150.000,00 3.000,00 3.000,00

640.2197 Sinalização turística nas rodovias estaduais 0,00 3.542.702,06 3.542.702,06

640.0915 Premiação Troféu Gustavo Kuerten 0,00 6.965,00 6.965,00

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 18.700,00 18.700,00

640.9999 Devolução de recurso ao Ministério do Turismo 0,00 (5.189.322,55) (5.189.322,55)

650 Fortalecimento de eventos esportivos 2.550.000,00 97.494,40

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 2.550.000,00 0,00 0,00

650.0915 Premiação Troféu Gustavo Kuerten 0,00 69.300,00 69.300,00

650.0631 Apoio Programa SC Rural 0,00 28.194,40 28.194,40

600 Novos valores 110.000,00 75.916,80

600.0006 Encargos com estagiários 110.000,00 75.916,80 75.916,80

850 Gestão de Pessoas 9.561.180,00 8.731.932,81

850.0949 Pessoal e encargos 9.451.180,00 8.711.294,06 8.711.294,06

850.0125 Capacitação de servidores públicos 110.000,00 66.775,00 20.638,75

900 Gestão Administrativa 7.239.351,00 1.812.237,27

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 5.979.351,00 1.474.337,00 1.474.337,00

Page 236: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

236

900.0945 Serviços e Materiais Administrativos 1.260.000,00 337.900,27 337.900,27

220 Governança Eletrônica 170.000,00 71.697,71

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 60.000,00 42.469,25 2.946,00

220.0947 Desenvolvimento de software 50.000,00 6.855,71 6.851,71

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 60.000,00 61.900,00 61.900,00

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 9.927.000,00 15.622.027,23

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 2.741.000,00 3.930.765,95 3.930.765,95

640.0477 Implantação do sistema estadual de informações 500.000,00 0,00 0,00

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 1.086.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanhas de caráter promocional 3.000.000,00 6.411.136,78 6.411.136,78

640.1020 Elaboração de material promocional 2.000.000,00 3.530.141,60 3.530.141,60

640.1021 Jornada de familiarização turística 100.000,00 0,00 0,00

640.1026 Elaboração de estudos e pesquisas 500.000,00 180.408,76 180.408,76

640.0334 Incentivo a entidades do setor 0,00 1.569.547,14 1.569.574,14

850 Gestão de pessoas 5.258.994,00 4.914.750,07

850.0949 Pessoal e encargos 5.100.077,00 4.914.750,07 4.914.750,07

850.0125 Capacitação servidores públicos 158.917,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 3.861.283,00 2.377.175,87

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 1.975.103,00 1.523.112,43 1.512.750,64

900.0945 Serviços e materiais administrativos 1.886.180,00 893.936,49 864.425,23

Page 237: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

237

220 Governança Eletrônica 48.000,00 21.982,00

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 23.000,00 21.982,00 21.982,00

220.0947 Desenvolvimento de software 12.000,00 0,00 0,00

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 13.000,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 34.940.148,00 11.844.657,96

640.0149 Fomento a atividade turística 8.000.000,00 11.761.378,26 11.761.378,26

640.0334 Incentivo a entidades do setor 2.940.148,00 0,00 0,00

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 9.000.000,00 83.279,70 83.279,70

640.0121 Desenvolvimento de atividades prioritárias 15.000.000,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 78.815.956,00 49.141.212,88

Investimentos no Turismo 52.677.148,00 31.211.447,15

Receita Total: 23.786.283.508,79

Receita Tributária: 16.564.138.994,39

Page 238: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

238

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2012

Ano 2012 - LOA n. 15.723 de 22 de dezembro de 2011.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 4.626.350,00 4.111.509,59

640.0334 Incentivos a entidades do setor 4.626.350,00 0,00 0,00

640.2197 Sinalização turística nas rodovias estaduais 0,00 3.573.587,34 3.573.587,34

640.0149 Fomento a atividade turística 0,00 537.922,25 537.922,25

640.9999 Devolução de recurso ao Ministério do Turismo 0,00 (58.035,49) (58.035,49)

650 Fortalecimento de eventos esportivos 2.548.000,00 0,00

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 2.548.000,00 0,00 0,00

600 Novos valores 116.000,00 25.800,32

600.0006 Encargos com estagiários 116.000,00 34.705,35 25.800,32

850 Gestão de Pessoas 8.900.000,00 8.329.039,05

850.0949 Pessoal e encargos 8.700.000,00 8.323.333,55 8.323.333,55

850.0125 Capacitação de servidores públicos 200.000,00 5.705,50 5.705,50

900 Gestão Administrativa 8.937.234,00 4.543.938,29

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 6.862.234,00 4.596.724,79 4.297.923,16

900.0945 Serviços e Materiais Administrativos 2.075.000,00 306.459,54 246.015,13

220 Governança Eletrônica 260.000,00 7.459,14

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 100.000,00 1.983,70 0,00

Page 239: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

239

220.0947 Desenvolvimento de software 70.000,00 7.459,14 7.459,14

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 90.000,00 0,00 0,00

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 16.000.000,00 16.948.801,33

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 2.500.000,00 5.472.850,69 5.472.850,69

640.0477 Implantação do sistema estadual de informações 500.000,00 0,00 0,00

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 1.000.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanhas de caráter promocional 3.300.000,00 6.063.311,31 6.063.311,31

640.1020 Elaboração de material promocional 6.000.000,00 4.933.212,40 4.933.212,40

640.1021 Jornada de familiarização turística 200.000,00 0,00 0,0

640.1026 Elaboração de estudos e pesquisas 500.000,00 120.272,50 120.272,50

640.1196 Evento promocional: Guerra do Contestado 2.000.000,00 0,00 0,00

640.0334 Incentivo a entidades do setor 0,00 359.154,43 359.154,43

600 Novos valores 33.300,00 0,00

600.0006 Encargos com estagiários 33.300,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 4.680.000,00 4.611.066,23

850.0949 Pessoal e encargos 4.500.000,00 4.611.066,23 4.611.066,23

850.0125 Capacitação servidores públicos 180.000,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 3.690.065,00 2.671.046,02

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 2.125.000,00 1.722.930,83 1.720.930,83

900.0945 Serviços e materiais administrativos 1.565.065,00 951.146,92 950.115,19

Page 240: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

240

220 Governança Eletrônica 125.000,00 0,00

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 65.000,00 0,00 0,00

220.0947 Desenvolvimento de software 45.000,00 0,00 0,00

220.0948 Serviços e equipamentos de telecomunicação 15.000,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 29.345.731,00 11.539.572,92

640.0149 Fomento a atividade turística 10.000.000,00 9.467.516,64 9.467.516,64

640.0334 Incentivo a entidades do setor 3.845.731,00 388.760,00 388.760,00

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 15.500.000,00 1.733.296,28 1.733.296,28

23 TOTAL no Turismo 79.261.680,00 52.788.232,89

Investimentos no Turismo 52.669.381,00 36.625.684,16

Receita Total: 21.119.133.394,62

Receita Tributária: 15.017.411.595,04

Page 241: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

241

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2011

Ano 2011 - LOA n. 15.433 de 28 de dezembro de 2010.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 250.000,00 889.188,18

640.0334 Incentivos a entidades do setor 250.000,00 0,00 0,00

640.2197 Sinalização turística nas rodovias estaduais 0,00 889.188,18 889.188,18

650 Fortalecimento de eventos esportivos 300.000,00 94.120,00

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 300.000,00 0,00 0,00

650.0915 Premiação Troféu Gustavo Kuerten 0,00 94.120,00 94.120,00

600 Novos valores 100.000,00 10.595,32

600.0006 Encargos com estagiários 100.000,00 10.595,32 10.595,32

850 Gestão de Pessoas 7.734.592,00 7.411.556,26

850.0949 Pessoal e encargos 7.634.592,00 7.406.242,26 7.406.242,26

850.0125 Capacitação de servidores públicos 100.000,00 6.094,00 5.314,00

900 Gestão Administrativa 16.750.750,00 6.429.964,78

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 16.750.750,00 6.558.458,29 6.429.964,78

220 Governança Eletrônica 340.000,00 171.897,00

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 100.000,00 170.499,00 170.499,00

220.0947 Desenvolvimento de software 50.000,00 1.398,00 1.398,00

220.0083 Manutenção de Sistemas Corporativos 190.000,00 0,00 0,00

Page 242: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

242

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do turismo catarinense 731.821,00 12.073.490,11

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 243.940,00 4.016.745,85 4.016.745,85

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 0,00 1.404,18 1.404,18

640.0722 Campanhas de caráter promocional 243.941,00 8.055.340,08 8.055.340,08

640.1020 Elaboração de material promocional 243.940,00 0,00 0,00

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 243.941,00 0,00

240.0638 Elaboração de pesquisas mercadológicas 243.941,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 4.011.910,00 4.213.499,67

850.0949 Pessoal e encargos 4.011.910,00 4.237.394,57 4.213.499,67

900 Gestão Administrativa 3.365.805,00 2.265.419,25

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 3.365.805,00 2.265.419,25 2.265.419,25

220 Governança Eletrônica 277.375,00 0,00

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 23.027,00 0,00 0,00

220.0947 Desenvolvimento de software 11.514,00 0,00 0,00

220.0083 Manutenção de sistemas coorporativos 242.834,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 53.456.638,00 29.387.207,07

640.0149 Fomento a atividade turística 10.000.000,00 26.272,207,07 26.272,207,07

640.0334 Incentivo a entidades do setor 14.956.638,00 3.115.000,00 3.115.000,00

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 8.500.000,00 0,00 0,00

Page 243: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

243

640.0121 Desenvolvimento de atividades prioritárias 20.000.000,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 87.562.832,00 62.946.937,64

Investimentos no Turismo 55.082.400,00 42.454.601,68

Receita Total: 20.055.896.111,20

Receita Tributária: 13.722.374.484,31

Page 244: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

244

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2010

Ano 2010 - LOA n. 15.032 de 30 de dezembro de 2009.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 250.000,00 247.600,00

640.0334 Incentivos a entidades do setor 250.000,00 87.600,00 87.600,00

640.0149 Fomento à atividade turística 0,00 160.000,00 160.000,00

650 Fortalecimento de eventos esportivos 350.000,00 342.300,33

650.0147 Incentivo a eventos esportivos 350.000,00 342.300,33 342.300,33

600 Novos valores 80.000,00 40.867,07

600.0006 Encargos com estagiários 80.000,00 41.143,18 40.867,07

850 Gestão de Pessoas 4.560.000,00 4.545.555,92

850.0949 Pessoal e encargos 4.460.000,00 4.545.555,92 4.545.555,92

850.0125 Capacitação de servidores públicos 100.000,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 18.782.500,00 7.119.675,66

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 18.782.500,00 7.427.802,42 7.119.675,66

220 Governança Eletrônica 510.000,00 217.540,26

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 170.000,00 0,00 0,00

220.0947 Desenvolvimento de software 40.000,00 0,00 0,00

220.0083 Manutenção de serviços corporativos 300.000,00 218.124,99 217.540,26

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

Page 245: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

245

640 Promoção do turismo catarinense 218.000,00 565.977,27

640.0292 Participação e apoio na realização de eventos 100.000,00 578.774,55 565.977,27

640.0722 Campanhas de caráter promocional 50.000,00 0,00 0,00

640.1020 Elaboração de material promocional 50.000,00 0,00 0,00

640.1021 Jornada de familiarização turística 18.000,00 0,00 0,00

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 60.000,00 0,00

240.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 60.000,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 4.040.000,00 3.531.494,23

850.0949 Pessoal e encargos 3.985.000,00 3.531.494,23 3.531.494,23

850.0125 Capacitação servidores públicos 55.000,00 0,00 0,00

900 Gestão Administrativa 3.159.710,00 1.896.102,31

900.0002 Manutenção – serviços terceirizados 3.159.710,00 1.896.102,31 1.896.102,31

220 Governança Eletrônica 265.000,00 0,00

220.0946 Aquisição e manutenção de hardware 22.000,00 0,00 0,00

220.0947 Desenvolvimento de software 11.000,00 0,00 0,00

220.0083 Manutenção de serviços corporativos 232.000,00 0,00 0,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do turismo catarinense 49.935.348,00 20.806.952,38

640.0149 Fomento a atividade turística 10.000.000,00 8.659.404,02 8.659.404,02

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

640.0334 Incentivo a entidades do setor 12.135.348,00 2.305.222,07 2.289.115,36

Page 246: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

246

640.0484 Promoção, pesquisa e recuperação turística 6.000.000,00 9.858.667,11 9.858.433,00

640.0121 Desenvolvimento de atividades prioritárias 21.800.000,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 82.210.558,00 39.314.065,43

Investimentos no Turismo 50.893.348,00 22.003.697,05

Receita Total: 17.175.104.439,29

Receita Tributária: 11.950.269.237,95

Page 247: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

247

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2009

Ano 2009 - LOA n. 14.648 de 09 de janeiro de 2009.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 2.900.000,00 2.297.453,68

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 2.700.000,00 2.111.103,23 2.108.123,23

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 200.000,00 189.330,45 189.330,45

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 17.010.000,00 12.445.801,42

240.0898 Manutenção da Unidade de Coordenação Estadual 300.000,00 248.963,15 248.963,15

240.0477 Sistema de Informações Turísticas 2.000.000,00 1.969.373,66 1.969.373,66

240.0476 Fortalecimento da Gestão Estadual - Turismo 800.000,00 0,00 0,00

240.0789 Revitalização Roteiro Blumenau/Pomerode 1.500.000,00 1.870.064,51 1.761.433,35

240.0788 Rodovia Turística Bombinhas/Porto Belo 1.000.000,00 1.044.212,68 1.044.212,68

240.0799 Estruturação de Circuito Náutico 100.000,00 0,00 0,00

240.0478 Certificação da Sustentabilidade Turística 250.000,00 0,00 0,00

240.0479 Programa de Conscientização Turística 500.000,00 254.150,64 223.838,11

240.0480 Centros de Atendimento ao Turista 1.500.000,00 961.500,61 927.293,52

240.2197 Sinalização Turística 1.100.000,00 1.444.772,50 1.440.031,93

240.0481 Plano de Marketing Turístico 4.760.000,00 3.175.777,60 1.170.085,48

240.0633 Elaboração do Zoneamento Turístico Ambiental 1.100.000,00 2.808.414,20 2.808.414,20

240.9525 Programa de Fidelização Turística 500.000,00 256.092.46 253.032,35

Page 248: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

248

240.0660 Programa de Regionalização Turística 100.000,00 127.529,00 127.529,00

240.0822 Revitalização Aeroporto Florianópolis/Navegantes 1.000.000,00 0,00 0,00

240.0634 Capacitação de Agentes Turísticos 500.000,00 471.593,99 471.593,99

650 Fortalecimento de Eventos Esportivos 200.000,00 93.654,62

650.0147 Incentivo a Eventos Esportivos 200.000,00 104.488,04 93.654,62

600 Novos Valores 55.000,00 52.301,62

600.0006 Encargos com Estagiários 55.000,00 52.301,62 52.301,62

850 Gestão de Pessoas 3.560.000,00 3.313.506,35

850.0949 Pessoal e Encargos 3.460.000,00 3.284.704,25 3.284.704,25

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 100.000,00 28.802,10 28.802,10

900 Gestão Administrativa 10.275.000,00 8.307.996,90

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 10.275.000,00 8.310.793,91 8.307.996,90

220 Governança Eletrônica 310.000,00 219.601,35

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 240.000,00 194.709,09 194.709,09

220.0946 Aquisição e Manutenção de Hardware 60.000,00 4.797,01 4.797,01

220.0947 Desenvolvimento de Software 10.000,00 20.095,34 20.095,34

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do Turismo Catarinense 345.583,00 357.078,12

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 102.000,00 224.568,20 215.937,15

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 91.670,00 76.999,96 74.886,32

640.0686 Capacitação para Apresentar Destinos 15.000,00 0,00 0,00

Page 249: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

249

640.1020 Elaboração de Material Promocional 106.913,00 66.254,65 66.254,65

640.1021 Jornada de Familiarização Turística 30.000,00 0,00 0,00

600 Novos Valores 44.363,00 44.279,00

600.0006 Encargos com Estagiários 44.363,00 44.279,00 44.279,00

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 139.000,00 137.231,00

240.0409 Cooperação Técnica e Financeira para o Turismo 5.000,00 0,00 0,00

240.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 100.000,00 123.609,18 123.609,18

240.0477 Sistema de Informações Turísticas 14.000,00 13.621,82 13.621,82

240.0637 Apoio Técnico de Expansão do Turismo Rural 5.000,00 0,00 0,00

240.0480 Centros de Atendimento ao Turista 10.000,00 0,00 0,00

240.0660 Programa de Regionalização Turística 5.000,00 0,00 0,00

850 Gestão de pessoas 3.444.300,00 3.900.019,80

850.0949 Pessoal e Encargos 3.390.000,00 3.894.882,56 3.894.882,56

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 54.300,00 5.137,24 5.137,24

900 Gestão Administrativa 2.728.614,00 2.762.200,77

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.728.614,00 2.962.760,73 2.762.200,77

220 Governança Eletrônica 260.640,00 207.321,26

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 228.060,00 194.106,30 194.106,30

220.0946 Aquisição e Manutenção de Hardware 21.720,00 2.414,96 2.414,96

220.0947 Desenvolvimento de Software 10.860,00 10.800,00 10.800,00

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

Page 250: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

250

640 Promoção do Turismo Catarinense 50.135.348,00 43.386.145,97

640.0149 Fomento a Atividade Turística 8.500.000,00 9.692.786,94 9.692.535,17

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 10.135.348,00 7.381.921,49 7.381.921,49

640.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 15.000.000,00 12.451.630,66 12.428.944,81

640.0484 Promoção, Pesquisa e Recuperação Turística 5.500.000,00 13.882.744,50 13.882.744,50

640.0121 Desenvolvimento de Atividades Prioritárias 11.000.000,00 0,00 0,00

23 TOTAL no Turismo 89.907.848,00 77.527.291,96

Investimentos no Turismo 69.329.294,00 58.816.645,43

Receita Total: 14.871.891.643,11

Receita Tributária: 9.885.360.765,37

Page 251: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

251

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2008

Ano 2008 - LOA n. 14.360 de 23 de janeiro de 2008.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 9.300.000,00 7.737.221,19

640.0334 Incentivos a Entidades do Setor 8.000.000,00 7.137.438,94 7.129.464,60

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 1.300.000,00 617.562,07 607.756,59

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 8.750.000,00 6.715.919,19

240.0898 Manutenção da Unidade de Coordenação Estadual 1.000.000,00 212.920,99 211.526,16

240.0477 Sistema de Informações Turísticas 1.250.000,00 1.426.418,17 1.426.418,17

240.0476 Fortalecimento da Gestão Estadual - Turismo 1.250.000,00 768.615,74 768.615,74

240.0478 Certificação da Sustentabilidade Turística 250.000,00 142.075,93 122.824,35

240.0479 Programa de Conscientização Turística 250.000,00 313.229,77 309.428,92

240.0480 Centros de Atendimento ao Turista 1.875.000,00 1.575.925,51 1.534.071,52

240.2197 Sinalização Turística 1.250.000,00 1.253.055,83 1.249.943,85

240.0481 Plano de Marketing Turístico 250.000,00 687.335,04 679.892,20

240.0633 Elaboração do Zoneamento Turístico Ambiental 625.000,00 196.945,45 188.597,73

240.0634 Capacitação de Agentes Turísticos 750.000,00 224.570,55 224.570,55

650 Fortalecimento de Eventos Esportivos 400.000,00 175.816,85

650.0147 Incentivo a Eventos Esportivos 400.000,00 175.816,85 175.816,85

600 Novos Valores 20.000,00 49.113,53

Page 252: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

252

600.0006 Encargos com Estagiários 20.000,00 49.113,53 49.113,53

850 Gestão de Pessoas 3.143.700,00 2.903.909,56

850.0949 Pessoal e Encargos 3.043.700,00 2.898.915,78 2.898.915,78

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 100.000,00 4.993,78 4.993,78

900 Gestão Administrativa 2.950.000,0 2.850.145,77

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.950.000,00 2.903.192,68 2.850.145,77

220 Governança Eletrônica 400.000,00 323.184,96

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 276.000,00 262.665,71 257.671,93

220.0946 Aquisição e Manutenção de Hardware 34.000,00 24.991,12 24.991,12

220.0947 Desenvolvimento de Software 90.000,00 40.521,91 40.521,91

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do Turismo Catarinense 771.000,00 1.027.760,83

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 101.000,00 90.511,89 89.229,45

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 300.000,00 920.575,59 852.424,08

640.0686 Capacitação para Apresentar Destinos 50.000,00 12.237,68 11.993,77

640.1020 Elaboração de Material Promocional 300.000,00 74.113,53 74.113,53

640.1021 Jornada de Familiarização Turística 20.000,00 0,00 0,00

600 Novos Valores 40.850,00 38.475,04

600.0006 Encargos com Estagiários 40.850,00 38.475,04 38.475,04

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 662.340,00 426.631,62

240.0409 Cooperação Técnica e Financeira para o Turismo 487.340,00 313.220,39 285.870,92

Page 253: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

253

240.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 45.000,00 30.746,03 28.511,71

240.0477 Sistema de Informações Turísticas 40.000,00 75.129,86 75.129,86

240.0637 Apoio Técnico de Expansão do Turismo Rural 20.000,00 0,00 0,00

240.0480 Centros de Atendimento ao Turista 20.000,00 0,00 0,00

240.0660 Programa de Regionalização Turística 50.000,00 38.224,43 37.119,13

850 Gestão de pessoas 3.593.755,00 3.304.686,01

850.0949 Pessoal e Encargos 3.543.755,00 3.298.779,62 3.298.779,62

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 50.000,00 5.906,39 5.906,39

900 Gestão Administrativa 3.064.000,00 2.629.643,93

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 3.064.000,00 2.638.788,65 2.629.643,93

220 Governança Eletrônica 240.000,00 236.578,14

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 120.000,00 153.354,09 147.758,06

220.0946 Aquisição e Manutenção de Hardware 20.000,00 47,48 47,48

220.0947 Desenvolvimento de Software 100.000,00 89.132,07 88.772,60

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do Turismo Catarinense 49.225.130,00 32.071.769,83

640.0149 Fomento a Atividade Turística 6.000.000,00 5.545.458,73 5.545.458,73

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 10.000.000,00 0,00 0,00

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 19.225.130,00 6.195.988,85 6.108.163,94

640.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 11.000.000,00 16.680.972,93 16.292.451,01

640.0484 Promoção, Pesquisa e Recuperação Turística 3.000.000,00 4.128.255,50 4.125.696,15

Page 254: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

254

23 TOTAL no Turismo 82.560.775,00 60.490.826,45

Investimentos no Turismo 69.169.320,00 48.242.678,08

Receita Total: 10.729.874.941,65

Receita Tributária: 9.202.414.879,31

Page 255: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

255

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2007

Ano 2007 - LOA n. 13.969 de 22 de janeiro de 2007.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 61.343.357,00 3.425.565,55

640.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 23.700.000,00 0,00 0,00

640.0686 Capacitação de Agentes Receptivos 50.000,00 61.233,38 61.233,38

640.0643 Capacitação e Qualificação de Áreas Prioritárias 13.630.000,00 0,00 0,00

640.0722 Campanha de Divulgação Turismo Regional 100.000,00 854.570,05 854.570,05

640.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 23.570.000,00 0,00 0,00

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 260.000,00 342.181,61 329.904,70

640.0149 Fomento à Atividade Turística 33.357,00 2.347.894,07 2.179.857,42

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 14.111.000,00 38.489.077,15

240.0898 Manutenção da Unidade de Coordenação Estadual 14.111.000,00 1.369.900,34 1.369.900,34

240.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 0,00 27.590.000,00 26.988.487,11

240.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 0,00 2.180.808,29 2.015.157,85

240.0643 Capacitação e Qualificação de Áreas Prioritárias 0,00 5.368.001,50 5.291.757,66

240.0476 Fortalecimento da Gestão Estadual - Turismo 0,00 805.937,57 805.937,57

240.0479 Programa de Conscientização Turística 0,00 437.152,59 419.731,39

240.2197 Sinalização Turística 0,00 1.598.105,23 1.598.105,23

650 Fortalecimento de Eventos Esportivos 30.000,00 79.260,96

Page 256: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

256

650.0147 Incentivo a Eventos Esportivos 30.000,00 83.064,04 79.260,96

600 Novos Valores 378.765,00 23.275,90

600.0006 Encargos com Estagiários 378.765,00 23.275,90 23.275,90

850 Gestão de Pessoas 2.705.686,00 2.405.480,91

850.0949 Pessoal e Encargos 2.675.686,00 2.403.328,84 2.403.328,84

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 30.000,00 2.152,07 2.152,07

900 Gestão Administrativa 2.187.692,00 2.112.729,65

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.187.692,00 2.112.729,65 2.112.729,65

220 Governança Eletrônica 149.500,00 93.946,49

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 149.500,00 95.818,81 93.946,49

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do Turismo Catarinense 805.556,00 7.366.749,43

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 112.000,00 232.904,00 229.575,84

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 15.000,00 588.198,92 588.198,92

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 110.000,00 348.135,33 348.135,33

640.0477 Sistema de Informações Turísticas 10.000,00 742.590,00 726.227,44

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 10.000,00 3.493.280,05 3.493.280,05

640.0686 Capacitação para Apresentar Destinos 35.000,00 0,00 0,00

640.0660 Programa de Regionalização Turística 513.556,00 1.981.331,85 1.981.331,85

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 973.000,00 746.774,67

240.0409 Cooperação Técnica e Financeira para o Turismo 770.000,00 485.948,50 466.456,82

Page 257: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

257

240.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 100.000,00 113.243,70 113.102,14

240.0836 Projeto Escola Parque Balneário Camboriú 103.000,00 172.930,87 167.215,71

600 Novos Valores 0,00 11.574,06

600.0006 Encargos com Estagiários 0,00 11.574,06 11.574,06

850 Gestão de pessoas 3.270.188,00 2.936.552,80

850.0949 Pessoal e Encargos 3.270.188,00 2.936.552,80 2.936.552,80

900 Gestão Administrativa 2.628.134,00 2.580.582,45

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.628.134,00 2.581.920,83 2.580.582,45

220 Governança Eletrônica 11.822,00 16.321,07

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 11.822,00 16.500,00 16.321,07

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do Turismo Catarinense 62.240.000,00 49.515.058,49

640.0149 Fomento a Atividade Turística 490.000,00 1.822.786,00 1.822.786,00

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 5.100.000,00 4.275.712,58 4.275.712,58

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 500.000,00 714.201,40 706.988,73

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 500.000,00 881.615,11 881.615,11

640.1050 Construção de Espaço Multiuso 35.000.000,00 25.303.692,04 25.303.692,04

640.0405 Apoio à Captação de Eventos 9.500.000,00 4.361.677,86 4.361.677,86

640.1020 Elaboração de Material Promocional 3.900.000,00 4.617.483,40 4.617.483,40

640.2197 Sinalização Turística 2.000.000,00 850.259,84 845.328,17

640.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 3.800.000,00 2.758.851,30 2.695.747,12

Page 258: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

258

640.0484 Promoção, Pesquisa e Recuperação Turística 1.450.000,00 4.004.027,48 4.004.027,48

23 TOTAL no Turismo 150.834.700,00 109.802.949,58

Investimentos no Turismo 139.881.678,00 99.657.336,21

Receita Total: 8.771.914.061,31

Receita Tributária: 8.070.509.401,98

Page 259: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

259

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2006

Ano 2006 - LOA n. 13.672 de 09 de janeiro de 2006.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 747.438,00 2.534.246,04

640.1026 Elaboração de Estudos e Pesquisas Científicas 16.000,00 69.103,64 69.103,64

640.0643 Capacitação e Qualificação de Áreas Prioritárias 115.000,00 1.440.544,18 1.440.544,18

640.0722 Campanha de Divulgação Turismo Regional 186.438,00 820.700,80 807.818,22

640.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 100.000,00 0,00 0,00

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 260.000,00 0,00 0,00

640.0149 Fomento à Atividade Turística 70.000,00 216.780,00 216.780,00

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 42.200.501,00 15.534.209,38

240.0898 Manutenção da Unidade de Coordenação Estadual 4.660.000,00 589.442,17 589.442,17

240.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 17.250.000,00 10.706.025,00 9.993.957,19

240.0686 Capacitação de Agentes Receptivos 8.370.000,00 666.834,62 666.834,62

240.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 11.920.501,00 2.132.625,92 2.130.589,78

240.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 0,00 237.537,66 227.704,97

240.0643 Capacitação e Qualificação da Áreas Prioritárias 0,00 1.930.512,60 1.925.680,65

600 Novos Valores 385.000,00 109.800,50

600.0006 Encargos com Estagiários 385.000,00 109.800,50 109.800,50

850 Gestão de Pessoas 1.555.648,00 1.868.865,43

Page 260: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

260

850.0949 Pessoal e Encargos 1.524.648,00 1.858.770,74 1.858.770,74

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 31.000,00 11.937,29 10.094,69

900 Gestão Administrativa 2.956.212,00 2.627.242,37

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.956.212,00 2.627.242,37 2.627.242,37

220 Governança Eletrônica 471.000,00 225.879,38

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 421.000,00 228.099,52 225.110,85

220.0946 Aquisição e Manutenção de Hardware 20.000,00 768,53 768,53

220.0947 Desenvolvimento de Software 30.000,00 0,00 0,00

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do Turismo Catarinense 1.661.153,00 5.238.517,61

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 410.289,00 1.542.976,55 1.538.761,11

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 51.286,00 180.121,15 180.121,15

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 584.667,00 1.214.688,00 1.038.487,05

640.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 123.086,00 229.350,50 222.764,93

640.0334 Incentivo a Entidades do Setor 120.009,00 2.049.544,81 1.920.989,69

640.0686 Capacitação para Apresentar Destinos 92.315,00 120.613,68 120.613,68

640.0409 Cooperação Técnica e Financeira para o Turismo 279.501,00 216.780,00 216.780,00

850 Gestão de pessoas 3.248.694,00 2.810.083,45

850.0949 Pessoal e Encargos 3.228.180,00 2.798.702,99 2.798.702,99

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 20.514,00 11.380,46 11.380,46

900 Gestão Administrativa 3.350.450,00 3.215.854,16

Page 261: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

261

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 3.350.450,00 3.227.350,50 3.215.854,16

220 Governança Eletrônica 6.286,00 9.077,31

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 6.286,00 9.356,25 9.077,31

23093 Fundo Estadual de Incentivo ao Turismo

640 Promoção do Turismo Catarinense 47.552.609,00 41.555.287,37

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 2.268.419,00 2.440.178,00 2.436.068,99

640.1050 Construção de Espaço Multiuso 25.000.000,00 22.391.143,60 22.200.806,08

640.0405 Apoio à Captação de Eventos 4.157.892,00 1.091.795,48 1.091.795,48

640.1020 Elaboração de Material Promocional 3.657.892,00 1.820.638,00 1.805.700,10

640.2197 Sinalização Turística 778.946,00 830.095,64 819.051,51

640.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 3.447.365,00 4.249.245,90 4.249.245,90

640.0484 Promoção, Pesquisa e Recuperação Turística 5.284.203,00 6.966.760,25 6.966.760,25

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 1.957.892,00 950.411,26 950.411,26

640.0686 Capacitação para apresentar destinos 1.000.000,00 1.035.447,80 1.035.447,80

23 TOTAL no Turismo 104.134.991,00 75.729.063,00

Investimentos no Turismo 92.546.701,00 64.972.060,90

Receita Total: 7.626.126.621,89

Receita Tributária: 7.063.712.448,51

Page 262: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

262

Tabela de controle orçamentário exercício ano 2005

Ano 2005 - LOA n. 13.327 de 25 de janeiro de 2005.

Área Programa/Ação Descrição Dotação Orçamentária (R$)

Empenhado (R$) Liquidado (R$)

23000 Secretaria de Estado do Turismo Cultura e Esporte

640 Promoção do Turismo Catarinense 17.519.122,00 7.598.706,26

640.0686 Capacitação de Agentes Receptivos 50.000,00 27.107,84 27.107,84

640.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 13.780.500,00 0,00 0,00

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 590.000,00 304.734,50 304.509,17

640.0149 Fomento à Atividade Turística 558.622,00 973.400,19 973.400,19

640.2197 Sinalização Turística 20.000,00 0,00 0,00

640.1050 Construção de Espaço Multiuso 1.200.000,00 5.100.186,80 5.042.130,14

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 1.320.000,00 1.356.540,60 1.251.558,92

240 Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR/SC 32.820.000,00 22.118.809,27

240.0898 Manutenção da Unidade de Coordenação Estadual 4.660.000,00 200.410,20 197.749,09

240.0643 Capacitação e Qualificação de Áreas Prioritárias 9.320.000,00 6.309.940,28 6.309.940,28

240.0425 Implementação da Infraestrutura Básica e Turística 18.840.000,00 12.989.825,30 12.573.187,97

240.0471 Implementação Plano de Marketing Integrado 0,00 2.974.148,47 2.974.148,47

240.2197 Sinalização Turística 0,00 64.102,50 63.783,46

600 Novos Valores 398.000,00 183.270,30

600.0006 Encargos com Estagiários 398.000,00 183.270,30 183.270,30

850 Gestão de Pessoas 1.401.524,00 1.221.435,93

Page 263: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

263

850.0949 Pessoal e Encargos 1.375.524,00 1.203.108,03 1.203.108,03

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 26.000,00 18.327,90 18.327,90

900 Gestão Administrativa 2.449.500,00 2.396.952,87

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.449.500,00 2.491.800,53 2.396.952,87

220 Governança Eletrônica 361.000,00 284.020,27

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 361.000,00 285.213,36 284.020,27

23023 Santa Catarina Turismo S/A - SANTUR

640 Promoção do Turismo Catarinense 7.939.784,00 8.964.532,03

640.0292 Participação e Apoio na Realização de Eventos 535.000,00 1.086.370,55 1.086.370,55

640.0676 Construção e Instalação de Portais Turísticos 240.000,00 430.766,24 432.896,07

640.0722 Campanhas de Caráter Promocional 2.000.000,00 2.314.955,08 2.314.955,08

640.0149 Fomento à Atividade Turística 3.805.248,00 4.552.600,00 4.211.184,64

640.0409 Cooperação Técnica e Financeira para o Turismo 340.000,00 118.550,00 118.550,00

640.0638 Elaboração de Pesquisas Mercadológicas 66.000,00 125.577,07 110.226,91

640.1020 Elaboração de Material Promocional 953.536,00 695.647,00 690.348,78

850 Gestão de pessoas 3.542.413,00 3.261.989,44

850.0949 Pessoal e Encargos 3.492.413,00 3.260.699,44 3.260.699,44

850.0125 Capacitação de Servidores Públicos 50.000,00 1.290,00 1.290,00

900 Gestão Administrativa 2.700.451,00 2.180.450,95

900.0002 Manutenção – Serviços Terceirizados 2.700.451,00 2.269.300,00 2.180.450,95

220 Governança Eletrônica 210.451,00 107.720,86

Page 264: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

264

220.0083 Manutenção de Serviços Corporativos 210.451,00 107.720,86 107.720,86

23 TOTAL no Turismo 69.342.248,00 48.317.888,18

Investimentos no Turismo 58.676.909,00 38.865.317,86

Receita Total: 8.820.087.596,43

Receita Tributária: 6.583.636.706,20

Page 265: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

265

APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS

1. Dentro do programa de regionalização nacional do turismo, que dividiu o Estado

de Santa Catarina em 10 roteiros turísticos, qual (ou quais) das regiões destacadas

alcançam, de fato, índices competitivos com os demais Estados turísticos

brasileiros?

2. Em seu entendimento, das ações (investimentos) que o Estado realiza quais

interferem diretamente no desenvolvimento do turismo? E o quanto cada uma delas

interfere no turismo, em grau de importância?

3. Qual ou quais atrativos (ambientais, culturais, sociais) você entende que sejam

um diferencial para o turismo no Estado de Santa Catarina?

4. Qual o seu entendimento sobre os investimentos realizados no âmbito do turismo

no Estado de SC? Os investimentos estão adequados à demanda turística do

Estado? Promovem o desenvolvimento do setor?

5. Existem políticas públicas voltadas para a área do turismo no Estado? Em que

contexto essas políticas públicas de turismo são elaboradas? Quais agentes

políticos participam da tomada de decisão? Segue-se alguma metodologia para a

sua proposição? Existe um planejamento coordenado, estratégico?

6. Do seu ponto de vista, o turismo em Santa Catarina está consolidado? Em qual

(ou quais) segmento(s)?

7. Dentro da dimensão das políticas públicas, qual o grau de cooperação entre os

governos nas esferas federal, estadual e municipal, na definição das metas e dos

investimentos (captação de recurso) em turismo?

Page 266: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

266

APÊNCIDE C – TERMOS DE CONSENTIMENTO DOS ENTREVISTADOS

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Dr. Eduardo Pinho Moreira;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Paulo Roberto Bauer;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Mauro Mariani;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Kennedy Nunes;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Vinícius Lummertz;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Filipe Mello;

- Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) – Valdir Rubens Walendowsky.

Page 267: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

267

Page 268: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

268

Page 269: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

269

Page 270: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

270

Page 271: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

271

Page 272: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

272

Page 273: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

273

Page 274: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

274

APÊNCIDE D – APLICAÇÃO IPCA 2005-2016

Arquivo disponível em mídia digital (CD).

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2016;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2015;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2014;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2013;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2012;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2011;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2010;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2009;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2008;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2007;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2006;

- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - PCA ano 2005.

Page 275: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

275

ANEXO A – LEIS ORÇAMENTÁRIAS ANUAIS 2005-2016 (LOAs)

Em virtude do grande volume de páginas constantes nos anexos A, B e C os

mesmos se encontram disponíveis em mídia digital (CD).

Leis orçamentárias anuais do Estado de Santa Catarina (LOAs) e seus anexos:

- Ano 2016 - LOA n. 16.680 de 28 de dezembro de 2015 e anexos;

- Ano 2015 - LOA n. 16.530 de 23 de dezembro de 2014 e anexos;

- Ano 2014 - LOA n. 16.287 de 20 de dezembro de 2013 e anexos;

- Ano 2013 - LOA n. 15.944 de 21 de dezembro de 2012 e anexos;

- Ano 2012 - LOA n. 15.723 de 22 de dezembro de 2011 e anexos;

- Ano 2011 - LOA n. 15.433 de 28 de dezembro de 2010 e anexos;

- Ano 2010 - LOA n. 15.032 de 30 de dezembro de 2009 e anexos;

- Ano 2009 - LOA n. 14.648 de 09 de janeiro de 2009 e anexos;

- Ano 2008 - LOA n. 14.360 de 23 de janeiro de 2008 e anexos;

- Ano 2007 - LOA n. 13.969 de 22 de janeiro de 2007 e anexos;

- Ano 2006 - LOA n. 13.672 de 09 de janeiro de 2006 e anexos;

- Ano 2005 - LOA n. 13.327 de 25 de janeiro de 2005 e anexos.

Page 276: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

276

ANEXO B – DESPESAS CONSOLIDADAS 2005-2016

Arquivo disponível em mídia digital (CD).

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2016;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2015;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2014;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2013;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2012;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2011;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2010;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2009;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2008;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2007;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2006;

- Despesas consolidadas do Estado de Santa Catarina ano 2005.

Page 277: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI PROGRAMA DE PÓS …siaibib01.univali.br/pdf/Cristiane Silva.pdf · PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ... Assembleia Legislativa do Estado

277

ANEXO C – RELATÓRIOS TÉCNICOS SOBRE AS PRESTAÇÕES DE CONTAS

DO ESTADO DE SANTA CATARINA 2005-2016

Arquivo disponível em mídia digital (CD).

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2016;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2015;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2014;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2013;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2012;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2011;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2010;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2009;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2008;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2007;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2006;

- Balanço Geral do Estado de Santa Catarina – Prestação de Contas anual 2005.