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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – BIGUAÇU
CURSO DE PSICOLOGIA
NOÉLI MARIA GESSER
O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.
BIGUAÇU
2009
NOÉLI MARIA GESSER
O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do grau de
bacharelado de Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí – Centro de
Ensino Biguaçu. Sob orientação da Profª MSc.Ivânia Jann Lunna
BIGUAÇU
2009
NOÉLI MARIA GESSER
O ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UM HOSPITAL.
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos
parciais para obter o grau de bacharelado em psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no
curso de psicologia.
Biguaçu – 25/06/09
Banca Examinadora
Profª_________________________________
MSc. Ivânia Jann Luna – Orientadora
Prof __________________________________
MSc. Paulo César Nascimento – Membro
Profª__________________________________
MSc. Maria Ligía Bellaguarda – Membro
Dedico este a minha avó Hilda, pela coragem, determinação e pela
dedicação a uma prática fundamental na década de 60, ”ser parteira”, uma
mulher que buscou se aperfeiçoar, e ir em busca de uma melhor qualidade
de vida a todas as mulheres da época. Por ela que me inspiro no meu dia-a-
dia, e que busco sempre rememorar sua trajetória.
Dedico este a todas as enfermeiras que são profissionais que tem como
prática atuar na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde,
com autonomia e consonância com os preceitos éticos e legais.
Dedico este principalmente as minhas irmãs, profissionais da área, que me
fizeram refletir e buscar tal estudo referente à Enfermagem, e por estas
terem contribuído de forma significativa.
AGRADECIMENTOS
Tudo que idealizei, que realizei e que conquistei no decorrer da academia de
Psicologia, devo ao suporte especialmente nos momentos mais difíceis recebido dos meus
pais, familiares, amigos, namorado e professores. A essas pessoas que direta ou indiretamente
contribuíram para o meu crescimento tanto profissional quanto pessoal, tecerei os mais
sinceros agradecimentos:
À Deus, o primeiro a quem devo agradecer pela vida e pela oportunidade de ter
concluído meu trabalho, que considero um passo no caminho que tenho a percorrer.
Ao meu pai Osvaldino Huberto Gesser, fez com que muitas vezes refletisse sobre
qual o caminho a seguir.
A minha amada e cúmplice mãe Jeni Gelsleichter Gesser, que pela cumplicidade e
pelo apoio incondicional realizo esta Academia, e pelo amor dedicado a mim durante toda
minha vida.
Aos meus irmãos e amigos de todas as horas: Felício, Ângelo, Luís, Renato e Léo,
por estes fazerem parte dos melhores momentos da minha vida, e também pelo amor a mim
dedicado.
A minha irmã Vera, que com seu amor e dedicação incondicional, e a sua extrema
entrega ao acolhimento, nos momentos mais difíceis da minha vida.
Ao meu cunhado Paulo, por ser meu pai e amigo nos momentos mais difíceis da
minha vida, pelos momentos de sabedoria e pelo carinho.
A minha irmã Rose, pelos momentos de simplicidade e sabedoria.
A minha afinada avó Hilda, que nos deixou exemplos maravilhosos sobre a saúde,
pelo trabalho realizado na comunidade como parteira.
Ao meu namorado Fernando, pelos momentos maravilhosos juntos, pela
cumplicidade, grande paciência e dedicação.
A minha orientadora, Ivânia Jann Luna pelo grande apoio em busca da sabedoria,
pela paciência, pela cumplicidade nos momentos difíceis e pela grande oportunidade da
realização deste trabalho.
A coordenadora do Curso de Enfermagem, Maria Lígia, por ter aceitado participar da
banca e pelas contribuições significativas referente à prática de enfermagem, para a
elaboração do Trabalho de Conclusão do Curso.
Ao Professor, Paulo César que demonstrou o seu carinho por ter aceitado o convite
para participar da banca, pelos momentos de descontração e brincadeiras que alegraram mais
o meu dia a dia dentro e fora da Academia e pelas significativas contribuições para a
elaboração do mesmo.
Talvez a primeira grandeza de uma profissão seja a de unir homens; só há um luxo
verdadeiro: o das relações humanas. (Saint-Exupéry, Terra dos Homens)
RESUMO
O presente estudo levou em consideração os fatores de estresse a que estão sujeitos
os profissionais de enfermagem que atuam no hospital e tem como objetivo identificar esses
fatores, nas diferentes áreas de atuação do mesmo, para isto os objetivos específicos norteiam
tais fatores de ordem profissional, que atuam no ambulatório, na emergência e na unidade de
terapia intensiva (UTI). E também a caracterização do estresse ocupacional e dos papéis e
responsabilidades do mesmo. A metodologia utilizada é a Pesquisa Bibliográfica e
exploratória, a mesma se desenvolve a partir de materiais já elaborados e publicados,
constituindo-se principalmente de livros e artigos científicos, foi a partir da revisão destes que
se obteve os seguintes resultados; o enfermeiro que atua em emergência está sujeito a fatores
de estresse intrínsecos ao trabalho como: fazer esforço físico para cumprir o trabalho,
desenvolver atividades que vão além de sua função, trabalhar com falta de material e recursos
humanos, execução de procedimentos rápidos e receber baixo salário. Os fatores ligados as
relações de trabalho são: conciliação das questões profissionais com os familiares,
relacionamento com os colegas enfermeiros, chefias e equipe médica e atender um grande
número de pessoas. Os fatores ligados aos papéis da carreira: prestar assistência ao paciente,
dedicação exclusiva a profissão e a indefinição do papel do enfermeiro. Os fatores ligados a
estrutura e cultura organizacional: a execução de tarefas distintas simultaneamente, resolução
de imprevistos que acontecem no local de trabalho, responsabilidade por mais de uma função
neste emprego, administrar ou supervisionar pessoas, restrição de autonomia profissional,
interferência da política institucional e a especialidade em que trabalha. Na unidade de terapia
intensiva, os resultados obtidos nos fatores intrínsecos ao trabalho são: desenvolvimento de
atividades que vão além da sua função, falta de material e recursos humanos, trabalhar em
instalações físicas inadequadas receber baixo salário. Os fatores ligados as relações no
trabalho: a conciliação de questões familiares e profissionais, trabalharem com pessoas
despreparadas, relacionamento com colegas enfermeiros, chefia e médicos, trabalhar em
equipe, prestar assistência a pacientes graves e atender familiar de pacientes. Fatores ligados
aos papéis da carreira: desgaste emocional com o trabalho, prestar assistência ao paciente,
dedicação exclusiva a profissão e indefinição do papel do enfermeiro. Fatores ligados a
estrutura e cultura organizacional: resolução de imprevistos no local de trabalho, ser
responsável por mais de uma função no local de trabalho, restrição da autonomia profissional,
interferência da política institucional e especialidade de seu trabalho. Este trabalho permite
concluir que os fatores de estresse, quanto às áreas de atuação obteve êxito a não ser pela
pesquisa que se referiu à área ambulatorial, onde não foi encontrado nenhum artigo publicado,
sobre fatores de estresse no enfermeiro, mais sim em auxiliares de enfermagem. Ressaltando
neste sentido a importância do desenvolvimento de alguma pesquisa que tenha como objetivo
a caracterização dos fatores de estresse do enfermeiro que atua em ambulatório.
PALAVRAS-CHAVE: Estresse, Profissão de Enfermagem e Contexto de Trabalho.
ABSTRACT
The present study took into account the stress factors the one that are subject the
nursing professionals that act at the hospital and he/she has as objective identifies those
factors, in the different areas of performance of the same, for this the specific objectives
orientate such factors of professional order, that you/they act at the clinic, in the emergency
and in the unit of intensive therapy (INTENSIVE CARE UNIT). It is also the characterization
of the occupational stress and of the papers and responsibilities of the same. The used
methodology is the Bibliographical and exploratory Research, the same grows starting from
materials elaborated already and published, being constituted mainly of books and scientific
goods, it was starting from the revision of these that it was obtained the following results; the
nurse that acts in emergency is subject the intrinsic stress factors to the work as: to do
physical effort to accomplish the work, to develop activities to be going besides his/her
function, to work with material lack and human resources, execution of fast procedures and to
receive low wage. The linked factors the work relationships are: conciliation of the
professional subjects with the relatives, relationship with the friends nurses, leaderships and
medical team and to assist a great number of people. The linked factors to the papers of the
career: to render attendance to the patient, exclusive dedication the profession and the
indefinição of the nurse's paper. The linked factors the structure and culture organizacional:
the execution of different tasks simultaneously, resolution of unexpected that happen at the
work place, responsibility for more than a function in this job, to administer or to supervise
people, restriction of professional autonomy, interference of the institutional politics and the
specialty in that he/she works. In the unit of intensive therapy, the results obtained in the
intrinsic factors to the healthy work: development of activities that they are going besides
his/her function, lacks of material and human resources, to work in inadequate physical
facilities to receive low wage. The linked factors the relationships in the work: the
conciliation of family and professional subjects, they work with people despreparadas,
relationship with friends nurses, leads and doctors, to work in team, to render attendance to
serious patients and to assist family of patient. Linked factors to the papers of the career: it
consumes emotional with the work, to render attendance to the patient, exclusive dedication
the profession and indefinição of the nurse's paper. Linked factors the structure and culture
organizacional: resolution of unexpected in the work place, to be responsible for more than a
function in the work place, restriction of the professional autonomy, interference of the
institutional politics and specialty of his/her work. This work allows to end that the stress
factors, as for the areas of performance he/she obtained success to not to be for the research
that referred to the area ambulatorial, where it was not found any published article, about
stress factors in the nurse, more yes in nursing assistants. Standing out in this sense the
importance of the development of some research that has as objective the characterization of
the factors of the nurse's stress that acts at clinic.
KEYWORDS: Stress, Profession of Nursing and Context of Work.
SUMÁRIO
l. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10 2. METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................................13 2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ..............................................................13 3. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................15 3.1 PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DO ENFERMEIRO EM DIFERENTES LOCAIS DE ATUAÇÃO EM UM HOSPITAL......................................................................................15 3.2 O ESTRESSE .....................................................................................................................19 3.3 ESTRESSE OCUPACIONAL ...........................................................................................21 3.4 SÍNDROME DE BURNOUT.............................................................................................23 3.5 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA.............25 3.6 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UTI- UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.............................................................................................................................29 3.7 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDADE AMBULATORIAL. ............33 4. CONCLUSÃO.....................................................................................................................36 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................39
10
l. INTRODUÇÃO
Meu despertar para o estudo que se refere ao estresse do enfermeiro que atua
no hospital e conseqüentemente a decisão por desenvolvê-lo nesta monografia,
manifestou-se na sexta fase de Psicologia, na unidade curricular para o desenvolvimento
do mesmo e da convivência familiar com duas irmãs, profissionais de enfermagem,
onde pelos relatos, queixas e desabafos referidos a profissão, despertou-me o interesse
de conhecer os aspectos da saúde mental destes profissionais. Diante da escolha do tema
e num breve levantamento bibliográfico, especificamente ao trabalho do enfermeiro,
verificasse um grande percentual de estudos psicológicos e sociológicos que têm
demonstrado que essa profissão, principalmente no âmbito hospitalar, é uma das que
sofrem com o estresse.
O presente estudo leva em consideração os fatores de estresse a que estão
sujeitos os profissionais de enfermagem que atuam no hospital e tem como objetivo
geral identificar tais fatores, nas diferentes áreas de atuação do mesmo. Para isto, os
objetivos específicos norteiam tais fatores de ordem profissional, nos profissionais que
atuam no ambulatório, na emergência e na unidade de terapia intensiva (UTI). A
caracterização do estresse ocupacional e a caracterização dos papéis e responsabilidades
do mesmo.
Neste sentido vale aqui ressaltar que o estresse tornou-se um termo popular a
partir do trabalho inicial de Selye, que definiu este, conforme (STROEBE; STROEBE,
1995), como sendo um padrão de respostas do corpo quando um organismo é exposto a
uma situação de estresse como, por exemplo, as respostas do corpo frente ao calor ou ao
frio, o corpo reagirá para manter a temperatura interna. Muitas bases dos estudos
teóricos de Selye advêm do trabalho de Cannon, mais foi a partir das investigações de
Selye que o conceito de estresse obteve a compreensão sobre as reações fisiológicas aos
estímulos aversivos o resultado dessas investigações serviu como paradigma para outras
concepções posteriores ao estresse.
O processo de estresse defendido por Selye seria o resultado da exposição
repetida à pressão, ou seja, a reação de defesa do organismo. O processo de estresse
passa por três fases que podem ser identificáveis como um conjunto de três estágios que
representam a síndrome de adaptação geral. A primeira fase seria a de alarme o
indivíduo se mobiliza frente a uma ameaça, o segundo estágio consiste na fase da
11
resistência, o indivíduo parece ter se adaptado mais se mantém, na ativação geral
(alarme) e o terceiro estágio trata-se da fase da exaustão que seria o resultado de uma
exposição prolongada à mesma situação de estresse, esta fase seria aquela a qual o
indivíduo deixa de ser capaz de ultrapassar a ameaça e no decorrer do processo,
fragiliza os recursos fisiológicos.
Atualmente o conceito de estresse vem sendo amplamente discutido e
utilizado, este conceito tão difundido, muitas vezes faz com este seja empregado no
senso comum, sendo utilizado no lugar de outros termos como, cansaço, ansiedade,
frustração, etc. Para Jacques (2002), o estresse passou a ser responsável pela maioria das
doenças, principalmente por aqueles relacionados à vida urbana. O mesmo autor
também nos coloca que estresse é uma noção tomada da física que significa tensão, e
que muitos autores entendem que o estresse é formado a partir de estímulos estressores,
sendo que estes podem ser provenientes tanto do meio externo um exemplo seriam as
condições de trabalho ou também do meio interno do indivíduo, ou seja, seus
sentimentos e pensamentos, e esses autores também nos colocam que o indivíduo possa
contribuir para a diminuição ou aumento da intensidade do estressor.
Neste sentido se faz necessário pontuar que um dos fatores ligados à natureza
do trabalho do Enfermeiro é a sobrecarga do trabalho, conforme Araújo (2003) tanto em
termos quantitativos como qualitativos, é outra fonte freqüentemente associada ao
estresse. O excesso de horas trabalhadas reduz as oportunidades de apoio social do
indivíduo, causando insatisfação, tensão e outros problemas de saúde.
O mesmo autor também nos coloca que a segurança e estabilidade na carreira,
são essenciais, para manter o equilíbrio deste indivíduo, pois a carreira de um indivíduo
pode gerar preocupações relacionadas a mudanças no posto de trabalho, mudanças da
profissão ou a falta de promoção. No desenvolvimento da carreira de um indivíduo,
existem diferentes estressores relacionados a cada etapa. Conforme Araújo (2003) essas
etapas são; no início da carreira quando o indivíduo pode deparar-se com discrepâncias
entre suas expectativas e a da realidade. Na fase de consolidação deste indivíduo no
mercado de trabalho pode haver um desequilíbrio, entre carreira, demanda de trabalho e
demandas familiares. E na fase da manutenção da carreira, poderemos encontrar como
resultado um descompasso entre o êxito na carreira e o fracasso pessoal.
Conforme Lautert (1999), outra característica responsável por diferentes graus
de estresse, seria o ambiente de trabalho, ou seja, permite ao indivíduo controlar as
atividades que realiza, tanto intrinsecamente, em termos da planificação e determinação
12
de procedimentos a utilizar, como extrinsecamente, em termos de salário, benefícios e
horários. A falta de controle sobre o trabalho, assim como a responsabilidade excessiva,
produz conseqüências psicológicas e somáticas negativas, por outro lado, o indivíduo,
muitas vezes, estão expostos a fatores situacionais que por si só geram incertezas e
ameaça, originando processos antecipatórios de enfrentamento. A falta de controle,
como nos coloca a autora, tem sido amplamente relacionada a estresse e alterações de
saúde tais como úlceras gástricas, imunossupressão e outros, assim, também a duração
da situação pode determinar um estresse agudo ou crônico.
Para tanto vale ressaltar que o presente estudo leva em consideração a realidade
socioeconômica que leva praticamente quase todos os indivíduos a desempenhar longas
jornadas de trabalho, o capitalismo que visa acima de tudo o lucro e tudo o que isto
ocasiona em nosso ambiente familiar, social e profissional. Torna-se de grande valia o
estudo e a compreensão dos fatores de estresse envolvidos no processo de trabalho, em
especial na profissão de enfermagem. Neste sentido, ressalto aqui, como autora e
acadêmica de Psicologia, que a partir dos resultados neste obtidos que há uma grande
urgência em ampliarmos os espaços de atuação da Psicologia conseqüentemente na
assistência psicológica aos profissionais de Enfermagem, onde através da interferência
assistencial, ou seja, com o "cuidado com o cuidador", possamos contribuir de forma
significativa para a melhor qualidade de vida desses profissionais.
Em seguida aborda-se como está pesquisa foi desenvolvida para tanto se faz
necessário citar qual a metodologia utilizada na mesma.
13
2. METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia utilizada é a Pesquisa Bibliográfica e exploratória dentro de
uma abordagem de pesquisa qualitativa. Esta consiste num estudo bibliográfico, sobre
significados e características situacionais acerca do tema estudado “fatores de estresse
do enfermeiro que atua no hospital”.
A presente pesquisa, segundo Gil (1991), se desenvolve a partir de materiais já
elaborados e publicados, constituindo-se principalmente de livros e artigos científicos.
Para Gil (1991), o objetivo principal da pesquisa bibliográfica é além de proporcionar
uma visão mais ampla acerca de determinado fato, o aprimoramento de idéias ou a
descoberta de intuições.
De acordo com Richardson (1999), podemos compreender através de uma
metodologia qualitativa a complexidade de um fato, analisar a interação de variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos e, em um maior nível de profundidade,
entender as particularidades do comportamento dos indivíduos.
O planejamento desta pesquisa é bastante flexível, avaliando os mais variados
aspectos que dizem respeito ao fenômeno estudado. Pretende-se delinear o estudo
científico geral sobre: o estresse; conceito e processo, estresse ocupacional, fatores de
estresse na enfermagem e o contexto de trabalho do enfermeiro e da prática profissional.
2.1 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Nesta pesquisa foram consultados estudos bibliográficos secundários, também
chamado de documentação indireta, com publicação dos últimos dez anos. Esta se refere
a materiais já elaborados e publicados. Especificamente nesta pesquisa foram utilizadas
as seguintes fontes de consulta:
• Coletar em bancos de dados, livros, periódicos, trabalhos apresentados em
congressos, monografias e teses já publicadas nos últimos dez anos.
• Coletar dados nos acervos das Bibliotecas da UNIVALI e UFSC.
• Scielo, http://www.scielo.br, considerando que essa biblioteca inclui as
principais revistas científica brasileiras.
14
• Banco de teses da Capes, http://www.servicos.capes.gov.br/capesdw,
considerando que dessa forma podem-se detectar quais são os novos
mestres e, doutores que iniciam sua carreira sobre o tema-foco desta
pesquisa.
Os documentos encontrados foram impressos, lidos em sua totalidade e
analisados, visando responder à pergunta orientadora da pesquisa e demais objetivos.
Conforme Gil, “na obtenção do material bibliográfico, deve-se realizar uma leitura do
mesmo, atendendo a alguns procedimentos” (GIL, 1991, p. 66). Contudo, a ordem
seguida do tratamento dos dados bibliográficos, na visão do autor acima:
• Leitura exploratória, este item tem por objetivo verificar em que medida o
material consultado interessa à pesquisa.
• Leitura seletiva, diz respeito à determinação do material que de fato será
utilizado na pesquisa.
• Leitura analítica, após a seleção dos materiais pertinentes à pesquisa deve-
se ordenar e sumariar as informações contidas no mesmo, de maneira que
possibilitem a obtenção de respostas ao problema proposto. Realizando os
seguintes passos: leitura integral da obra, identificação das idéias-chaves,
hierarquização das idéias e a sintetização das idéias.
• Leitura interpretativa, este é o item final do tratamento dos dados e, tem
por objetivo relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual se
propõe uma resposta, de maneira que a interpretação se faça a partir da
ligação dos dados com conhecimentos significativos.
A metodologia aqui apresentada foi de extrema importância, pois foi a partir
desta que os objetivos foram alcançados o problema de pesquisa foi respondido. Em
seguida apresento o desenvolvimento do mesmo na seguinte seqüência das
problemáticas: papéis e responsabilidades do enfermeiro em diferentes locais de atuação
em um hospital, o estresse e o seu processo, o estresse ocupacional, a Síndrome de
Burnout e as três áreas escolhidas para a caracterização dos fatores de estresse:
Ambulatório, Unidade de Terapia Intensiva e Emergência.
15
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DO ENFERMEIRO EM DIFERENTES
LOCAIS DE ATUAÇÃO EM UM HOSPITAL.
Neste pretende-se caracterizar alguns papéis e responsabilidades de um
enfermeiro que atua em diferentes locais no hospital, As áreas de atuação de
profissional de enfermagem são muitas mais neste trabalho em específico pretendo
pesquisar os fatores de estresse nos profissionais de saúde em três áreas: ambulatório,
emergência e unidade de terapia intensiva.
A área ambulatorial, e uma área que se destina a execução de ações para a
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação dirigidas à família do ou ao paciente,
que não necessitada a internação. Conforme Romano (1999):
“Um ambulatório de um hospital difere daquele vinculado a um centro ou posto de saúde, quer em finalidade, em abrangência populacional ou mesmo quanto ao acesso a recursos diagnósticos terapêuticos”. (ROMANO, 1999, p.46)
Como nos coloca o autor a diferença de um ambulatório de hospital para um
ambulatório de posto de saúde se encontra principalmente na finalidade da
complexidade, o do posto de saúde se destina mais para atenção primária e já o do
hospital para uma atenção para casos mais complexos, que necessitam de intervenção,
que envolvam maior tecnologia e acompanhamento.
A unidade de emergência ou pronto socorro é uma área de atuação, que
consiste a pratica de prestar os primeiros socorros, e se necessário a partir do
diagnóstico, o encaminhamento para a internação.
A unidade de terapia intensiva é uma área de atuação, segundo Romano (1999,
apud PROASHA, 1978, P.62), que se destina a receber pacientes com estados graves,
com a possibilidade de recuperação, assistência médica e de enfermagem permanente, e
utilização de equipamentos especializados.
Nesta área é restrita a circulação de pessoas estranhas e o acesso também
restrito. Esta possui características muito semelhantes com a unidade de emergência,
porém como o autor evidencia a unidade de emergência tem fluxo maior de problemas
16
sociais, sendo que estes deixam de existir na unidade de terapia intensiva. Nesta o
público-alvo são os pacientes com doenças crônicas degenerativas, com um quadro de
evolução inexorável, são pacientes que necessitam de cuidados diuturnos, intensos e
durante um longo período de tempo.
Romano (1999, apud HOLLAND, 1973, P.64) nos coloca que muitos autores
discutem e questionam aspectos relacionados a reações emocionais observados na
unidade de terapia intensiva, Romano também pontua fatores ambientais que interferem
na quebra dos padrões circadianos normais, é coloca que o maior contribuinte é o
barulho elevado durante vinte quatro horas na unidade.
Referente aos papéis e responsabilidades do enfermeiro se faz necessário citar
o código de ética da Enfermagem aprovado pela Resolução COFEN 311/2007, que
passou a vigorar no dia 12 de maio de 2007, que esta profissão tem como princípio
fundamental à qualidade de vida da pessoa, família e coletividade. O profissional de
Enfermagem é aquele que atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da
saúde, com autonomia e consonância com os preceitos éticos e legais. O mesmo
participa como integrante da equipe de saúde, visando satisfazer as necessidades de
saúde da população em defesa dos princípios das políticas publicas de saúde e
ambientais, garantindo assim a universalidade de acesso aos serviços de saúde,
integralidade da assistência, resolutividade, integralidade da assistência, preservação da
autonomia da pessoa, participação da comunidade, hierarquização e descentralização
político–administrativa dos serviços de saúde. O profissional de enfermagem respeita a
vida, a dignidade e os direitos humanos, em todas as suas dimensões, exercendo desta
maneira suas competências para a promoção do ser humano na sua integralidade, de
acordo com os princípios éticos e bioéticas.
Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008) o profissional de enfermagem é
aquele que ocupa a posição de gerência ou gerencionamento de uma equipe.As autoras
ressaltam em seu artigo, que o profissional de enfermagem que trabalha como gerente
deve fazer o planejamento de tarefas, análise dos registros de ações planejadas e
executadas.
Os autores ressaltam que as ações realizadas pelos gerentes de enfermagem, ou
seja, o planejamento de tarefas é considerado um instrumento básico destes, a mesma
aponta que as atividades planejadas e executadas estão mais direcionadas as ações
administrativas organizacionais. Este fato conforme a autora não deve ser visto como
um obstáculo para a adequada prestação de assistência, uma vez que o trabalho de
17
enfermagem é desempenha por uma equipe que desempenham diferentes papéis,
executando assim o cuidado de forma individualizada, humanizada e integral.
Esta ainda aponta que o profissional de enfermagem que atua na gerência é
influenciado pela teoria geral da administração1, contudo constatou-se, que os gerentes
de enfermagem executam mais que planejam, e também muito das atividades planejadas
não são executadas, evidenciando uma lacuna, quanto à utilização de uma das etapas
básicas do processo administrativo.
A mesma salienta que um bom planejamento reduziria a quantidade de ações
desenvolvidas sem precisão. Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008):
“Muitas vezes, talvez por falta de alternativas e pela responsabilidade com o bem estar do cliente, estas tarefas extrapolam seu campo de atuação, direcionando esforços para o desempenho de ações que deveriam ser executadas por outros profissionais como assistentes sociais, psicólogos, engenheiros, dentre outros, em detrimento de atividades caracteristicamente suas, que deixam de ser realizadas e que vêm em prejuízo da clientela e da própria profissão”. (COELHO; BARBOSA; SILVA. 2008 p.6)
Neste sentido a mesma ressalta em seu artigo a resolução do código de ética de
Enfermagem na seção quatro, com intitulação: das relações com as organizações
empregadoras o enfermeiro, tem com direito no art.61 a suspensão de suas atividades,
individual ou coletivamente, quando a instituição publica ou privada, para qual trabalha
não fornecer condições dignas para o exercício de sua profissão ou o desrespeito à
legislação do setor de saúde, ressalvadas as situações de urgência ou emergência,
devendo comunicar por escrito sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem.
Conforme Coelho; Barbosa e Silva (2008):
“Os enfermeiros são preparados para administrar o serviço de enfermagem nos estabelecimentos de saúde e estudam, nas escolas durante sua formação, diversos princípios administrativos. Cabe a este profissional gerenciar as unidades, elaborando planos diários de atividades, prevendo recursos materiais e humanos necessários, fazendo escalas de plantões, revisando e controlando o estoque de medicação, supervisionando as atividades e assistindo aos pacientes. Entretanto, as atividades do enfermeiro vão além daquelas direcionadas para o provimento de condições favoráveis à realização e supervisão dos cuidados, englobando, dentre outras, ações ligadas à prática administrativa organizacional como aquisição de
1 A Teoria Geral da Administração se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe totalmente de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, se propõe a desenvolver a capacidade de pensar, de definir situações organizacionais (ou empresariais) complexas, de diagnosticar e de propor soluções. (CHIAVENATO, 1983, p.20)
18
equipamentos e materiais, controle de custos, faturamento, seleção e contratação de pessoal”. (COELHO; BARBOSA; SILVA. 2008 p.9).
Em uma pesquisa realizada, que teve como objetivo analisar as demandas e as
expectativas oriundas da formação da prática gerencial como práxis transformadora da
prática exercida, pelos profissionais de enfermagem, a mesma teve como resultado
conforme Resck e Gomes (2008): que a formação do enfermeiro, que deve pautar os
processos de trabalho nas seguintes dimensões da pratica: no cuidado, na gerência, na
educação e na investigação cientifica, construindo desta maneira o desenvolvimento de
competências com maior interação entre ensino e serviço. A autora nos coloca que se
houver integração entre ensino e serviço, é possível construir estratégias que viabilizem
mudanças na ordem da prática profissional. E que o fluxo das informações aprendidas
durante a graduação de tal profissional, funciona como uma proposta transformadora
não só para sua formação, mas também, para as mudanças nas políticas de saúde. Neste
mesmo sentido Souza; Filha; Silva e Monteiro (2006)
“A perspectiva das diretrizes curriculares para a formação de enfermeiros é: formar enfermeiros com compreensão científica, técnica, política e ética, capazes de intervir no processo saúde-doença do ser humano, numa perspectiva crítico-transformadora voltada para o cuidar, o educar, gerenciar e pesquisar, caracterizando interesses técnicos, práticos e emancipatórios”. (SOUZA; FILHA; SILVA; MONTEIRO. 2006)
É preciso mencionar que as escolas de enfermagem, apesar das novas diretrizes
curriculares, não produziram mudanças significativas no ensino de enfermagem no país,
uma vez que ainda poucos são os profissionais formados nesta proposta, talvez por isso
sejam poucas as transformações ocorridas na prática profissional que têm contribuído
para um cuidado pautado no atendimento integral ao ser humano. Neste sentido as
autoras ressaltem que quando um profissional de enfermagem se aproxima de seu
cliente, para realização de algum procedimento mesmo que esteja preocupado com
outras necessidades, ligadas à manutenção da hemodinâmica do indivíduo, pela
observação rigorosa dos sinais vitais, do funcionamento adequado dos equipamentos,
aprisiona-se mais em aparatos tecnológicos, o que geralmente é reforçado pelas
instituições e pela própria legislação profissional. As mesmas apontam que o cuidado
sempre esteve mais ligado à atividade de enfermagem, ou seja, tendo com resultado de
muitas vezes este termo de cuidado na prática profissional não tem revelado interesse no
atendimento às dimensões existenciais do ser humano.
19
O cuidado é compreendido como a essência da enfermagem, transcendendo
aspectos técnicos e biológicos, psico-sociais e espirituais do indivíduo, família e
comunidade, envolvendo a provisão de ajuda, atenção, respeito, amor e compreensão
mútua. Para que o cuidado seja efetivado é necessário que o meio ambiente físico, social
e administrativo valorizem o cuidado e entendam o significado do cuidar.
Na enfermagem o termo cuidado é bastante abrangente e encerra todas as
dimensões do indivíduo. Este, no seu contexto mais amplo, promove no ser cuidado
uma sensação de ser respeitado em sua individualidade e no ser que cuida a sensação de
responsabilidade pela vida do outro. É importante destacar que existem alguns fatores
que dificultam o cuidado profissional, que vão desde o déficit de conhecimento, fator
essencial, uma vez que a educação funciona como eixo central da assistência de
enfermagem prestada, até a relação dos cuidadores em cumprimento às rotinas e
divergências quanto ao trabalho. Tais fatores perpassam ainda pela precariedade dos
serviços ofertados, jornadas de trabalho exaustivas, plantão noturno, remuneração
insuficiente, competitividade profissional, excesso de responsabilidades, falta de
identificação profissional e a falta de uma ética específica menos dependente da ética e
das decisões médicas, entre outros.
Para as autoras esses fatores repercutem na integração entre o que se preconiza
nas diretrizes curriculares e o produto da formação, pois as propostas para formação de
profissionais voltados para uma prática transformadora da realidade não encontram
sustentação em uma prática fragmentada e mais preocupada em atender os interesses
dominantes, dificultando o atendimento das necessidades de saúde da população.
A introdução de novas diretrizes se faz necessária, pois conseqüentemente as
novas estruturas curriculares não possibilita a formação de profissionais críticos,
reflexivos e transformadores da realidade, há uma necessidade de mudança na visão dos
próprios docentes concernentes ao papel da universidade na comunidade, possibilitando
uma aproximação entre os discentes e esta, pelo desenvolvimento nesse aluno de
habilidades em lidar com os problemas existentes.
Em seguida aborda-se o estresse seu conceito e o seu processo.
3.2 O ESTRESSE
O estresse tornou-se um termo popular a partir do trabalho inicial de Selye,
(1976, apud, STROEBE e STROEBE, 1995) que definiu o estresse, como sendo um
20
padrão de respostas do corpo quando um organismo é exposto a uma situação de
estresse como, por exemplo, as respostas do corpo frente ao calor ou a frio, o corpo
reagirá para manter a temperatura interna.
Muitas bases dos estudos teóricas de Selye advêm do trabalho de Cannon, mais
foi a partir das investigações de Selye que o conceito de estresse obteve a compreensão
sobre as reações fisiológicas aos estímulos aversivos o resultado dessas investigações
serviu como paradigma para outras concepções posteriores ao estresse.
O processo de estresse defendido por Selye seria o resultado da exposição
repetida ao estresse, ou seja, a reação de defesa do organismo. O processo de estresse
passa por três fases que podem ser identificáveis como um conjunto de três estágios que
representam a síndrome de adaptação geral. A primeira fase seria a de alarme o
individuo se mobiliza frente a uma ameaça, o segundo estagio consiste na fase da
resistência, o individuo parece ter se adaptado mais se mantém, na ativação geral
(alarme) e o terceiro estágio trata-se da fase da exaustão que seria o resultado de uma
exposição prolongada a mesma situação de estresse, esta fase seria aquela a qual o
individuo deixa de ser capaz de ultrapassar a ameaça e no decorrer do processo,
fragiliza os recursos fisiológicos.
Conforme Stroebe e Stroebe (1995) há dois tipos de agentes causadores de
estresse que podem prejudicar um organismo, estes podem causar prejuízos diretos,
caso excedam a capacidade de adaptação de um determinado organismo, ou
indiretamente, como resultado de defesa do mesmo. Para o autor o estresse esta presente
em todas as fases da vida, embora suas manifestações sejam diferentes ao longo do
tempo, seus efeitos podem aparecer tanto na parte somática quanto na cognitiva, que
tem uma seqüência gradativa de uma fase a outra. Para Selye o estresse não é uma
tensão nervosa mais sim uma manifestação de uma síndrome especifica e é produzida a
partir de alterações não especificas no sistema biológico. Esta síndrome foi classificada
por Selye (1976, apud, STROEBE; STROEBE 1995) que designou por “doenças de
adaptação” as varias doenças que parecem relacionadas com o acumular de
acontecimentos da vida que induzem ao estresse. Para o autor, a doença é o preço que
organismo paga pra se defender dos agentes causadores de estresse.
Conforme Stroebe e Stroebe (1995) O modelo de Selye ao longo dos anos foi
criticado por diversas razoes umas das criticas a este modelo é que este atribui um papel
limitado aos fatores psicológicos. Muitos investigadores acreditam que os fatores
psicológicos são de grande importância para a investigação sobre o estresse. Lazarus
21
(1984, apud STROEBE. W; STROEBE, 1995) salienta que o conceito de Selye sobre
estresse, ou seja, a resposta frente a esses agentes causadores de estresse seja mediada
mais pela perturbação emocional, desconforto e dor, mais do que propriamente uma
resposta física direta a estímulos aversivos.
Atualmente o conceito de estresse vem sendo amplamente discutido e
utilizado, este conceito tão difundido muitas vezes faz com este seja empregado no
senso comum, sendo utilizado no lugar de outros termos como, cansaço, ansiedade,
frustração, etc. Para Jacques (2002), o estresse passou a ser responsável pela maioria das
doenças, principalmente por aqueles relacionados à vida urbana. O mesmo autor
também nos coloca que estresse é uma noção tomada da Física que significa tensão, e
que muitos autores entendem que o estresse é formado a partir de estímulos estressores,
sendo que estes podem ser provenientes tanto do meio externo um exemplo seriam as
condições de trabalho, ou também do meio interno do indivíduo, ou seja, seus
sentimentos e pensamentos, e esses autores também nos colocam que o individuo possa
contribuir para a diminuição ou aumento da intensidade do estressor.
Em seguida falarei sobre o estresse ocupacional, que é de extrema
importância a compreensão do mesmo para juntamente compreendermos e analisarmos
os fatores que levam a este.
3.3 ESTRESSE OCUPACIONAL
A percepção de que o trabalho possa ter conseqüências sobre a saúde dos
indivíduos é muito antiga, nas origens das psicodinâmicas do trabalho, conforme
Gorgati (2002). A teoria psicodinâmica refere-se a uma compreensão do psiquismo em
seus processos dinâmicos. Esta é fundamentada nos princípios da teoria psicanalítica,
cuja técnica utilizada por esta é elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos a serviço da
reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade.
Guillant (1984, apud, JACQUES, 2002), que durante os anos cinqüenta, fez as
primeiras observações sistemáticas que lhe permitiu estabelecer relações entre trabalho
e psicopatologia, fez um estudo sobre as atividades das telefonistas em Paris, no qual o
autor diagnosticou um distúrbio relacionado ao trabalho que ele denominou de síndrome
geral de fadiga nervosa caracterizado por um quadro que incluía alterações de humor e
22
de caráter, modificações do sono e manifestações somáticas variáveis (angústia
palpitações, sensação de aperto torácico, etc.)
Para a psicodinâmica do trabalho o mais importante é conseguir compreender
como o trabalhador mantém um certo equilíbrio psíquico. Muitos estudos sobre o
trabalho são referidos ao estresse ambiental definido por Moser (1998, apud,
JACQUES, 2002) como sendo um conjunto de condições atribuídas à vida urbana,
como ruídos, poluição do ar e aglomerações, de acordo com o autor a presença de uma
quantidade excessiva de estimulações, exige do individuo um aumento da energia
devido à adaptação a esses novos estímulos, levando o individuo a mudar o seu
comportamento, tornando-se, por exemplo, mais agressivo.
Em relação aos eventos estressores do trabalho estes podem ser conforme:
Posen (1995, apud, JACQUES, 2002), resultados dos agentes externos, que estão
presentes no ambiente físico, social ou organizacional, e esses podem ser constituídos
por eventos importantes da vida ou aborrecimentos cotidianos.
Na visão de Perkins (1995), o estresse ocupacional é produto da relação entre o
indivíduo e o seu ambiente de trabalho, em que as exigências deste ultrapassam as
habilidades do trabalhador para enfrentá-las, o que pode acarretar num desgaste
excessivo do organismo, interferindo na sua produtividade.
Nesta mesma perspectiva o estresse ocupacional é definido como, as situações
em que a pessoa percebe seu ambiente de trabalho, como ameaçador de suas
necessidades de realização pessoal e profissional e/ou da sua saúde física ou mental,
prejudicando a integração desta com o trabalho e com o seu próprio ambiente, na
medida em que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que ela não conta
recursos adequados para enfrentar tais situações (FRANÇA e RODRIGUES, 1999).
Grandjean (1998) define estresse ocupacional como sendo “o estado
emocional, causado por uma discrepância entre o grau de exigência do trabalho e
recursos disponíveis para gerenciá-lo”. É um fenômeno subjetivo e depende da
compreensão individual da incapacidade de gerenciar as exigências do trabalho.
Como nos coloca Guimarães e Grubits (1999, apud BATISTA, 1996) O
estresse ocupacional dos profissionais de enfermagem é um fator importante a ser
compreendido, pois a profissão de enfermagem é caracterizada como estressante em
função da carga emocional intensa na relação entre paciente e enfermeiro, e é também
pelas responsabilidades atribuídas a este profissional. O estresse ocupacional crônico
afeta os profissionais que se ocupam em prestar assistência a outras pessoas. Entre os
23
profissionais de saúde, eventos potencializadores podem surgir, dependendo do tipo de
atividade exercida.
O contexto sócio-econômico a que estão sujeitos os profissionais de
Enfermagem na área da saúde no Brasil deve ser considerado. O sofrimento físico,
psíquico (e social) que os pacientes apresentam, além de que estes profissionais são
aqueles que atuam com baixos salários, falta de equipamentos, falta de profissionais e
entre outros, são fatores importantes a se considerar para pensar os processos de estresse
ocupacional.
A seguir apresenta-se uma breve explanação sobre o estudo sobre a Síndrome
de Burnout, conforme: Abreu; Stoll; Ramos; Baumgardt e Kristensen (2002), pois esta
consiste em uma resposta ao estresse ocupacional crônico, que afeta os profissionais que
se ocupam em prestar assistência a outras pessoas. Entre os profissionais de saúde,
eventos potencializadores de estresse podem surgir, dependendo do tipo de atividade
exercida.
3.4 SÍNDROME DE BURNOUT
Burn-out, ou simplesmente Burnout, é um termo (e um problema) bastante
antigo. Burn-out, no jarguão popular inglês, refere-se aquilo que deixou de funcionar
por absoluta falta de energia. Popularmente, pode aludir aquele que se acabou pelo
excesso de drogas (FRANÇA, 1987 apud BENEVIDES-PEREIRA, 2003). Enfim, trata-
se de uma metáfora para significar aquilo, ou aquele, que chegou ao seu limite e, por
falta de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental
(BENEVIDES-PEREIRA, 2002, p. 21).
Burnout, segundo Codo (1999, p. 238), origina-se do inglês e, em português,
significa algo como “perder o fogo”, “perder a energia” ou queimar completamente
(para fora) - burn-out.
Em 1969, Bradley publicou um artigo em que utilizava da expressão staff-
burn-out, referindo-se ao desgaste de profissionais e propondo medidas organizacionais
de enfrentamento.
Acerca da origem do termo “burnout”, Skovvholt (apud FERENHOF, 2003, p.
7) esclarece que,
24
“No início da década de 1970, Herbert Freudenberger, era médico de uma representação comunitária que focava no abuso de drogas, na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América. Naquela época, drogaditos eram freqüentemente chamados de ‘burnouts’. Ser chamado de burnout significava que a pessoa não ligava mais para qualquer coisa, exceto drogas. Como conseqüência de um lento processo de erosão da motivação e competência, a pessoa não era capaz de muita coisa. Por esta razão, tornava-se um ‘burnout’. [...] Em 1974 Freudenberger publicou um artigo numa Revista de Psicologia e utilizou a palavra ‘burnout’ pela primeira vez”. Skovvholt (apud FERENHOF, 2003, p. 7)
A Síndrome de Burnout, segundo Ballone (2002), é definida como umas das
conseqüências mais marcantes do esgotamento físico, psíquico e se caracteriza por
exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com
relação à, praticamente, tudo e todos. Trata-se de quadro clínico resultante de má
adaptação do homem ao seu trabalho.
Benevides-Pereira (2002) e Codo (1999) têm demonstrado interesse em
estudos dessa natureza e concordam que a Síndrome de Burnout se caracteriza por
sintomas como fadiga emocional, física e mental, sentimento de fraqueza e inutilidade,
falta de admiração pelo trabalho e pela vida pessoal, baixa auto-estima e esgotamento
nervoso e despersonalização devido à relação diária cultivada com pessoas com as quais
interagem no ambiente de trabalho. Existe uma avaliação negativa do indivíduo em
relação a si mesmo, o que compromete a desenvoltura na realização do trabalho e a
relação com as demais pessoas. Os sujeitos sentem-se insatisfeitos e descontentes com
sua atuação pessoal e com seus procedimentos profissionais na ocupação que exercem.
Nesse sentido, percebe-se que, quando as relações interpessoais são estressantes e
conflituosas, aumentam os sentimentos de “queimar-se”, o que caracteriza a Síndrome
de Burnout.
Cabe lembrar que a Síndrome de Burnout pode ter seqüelas, que se manifestam
sob a forma de moléstia, falta de saúde, com alterações cardíacas e respiratórias,
gastrite, úlcera, transtorno do sono, náuseas e, com isso, há desgaste do rendimento ou
da qualidade de trabalho.
A Síndrome de Burnout acontece de maneira vagarosa e gradual, acometendo
os indivíduos progressivamente. Na fase mais aguda da síndrome, o sujeito desenvolve
táticas que consistem em modificações de atitude e conduta que abrangem a apatia e o
distanciamento emocional e pessoal do trabalho responsáveis pelo desencadeamento do
Burnout (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Algumas das variáveis podem ser
identificadas como:
25
Características pessoais: idade, sexo, nível educacional, estado civil, filhos,
personalidade, sentido de coerência, motivação, idealismo.
Características do trabalho: tipo de ocupação, tempo de profissão, tempo na
instituição, trabalho por turnos ou noturnos, sobrecarga, relação profissional-cliente,
tipo de cliente, relacionamento entre os colegas de trabalho, conflito de papel,
ambigüidade de papel, suporte organizacional, satisfação no trabalho, controle,
responsabilidade, pressão no trabalho, possibilidade de progresso, percepção de
iniqüidade, conflito com os valores pessoais, falta de feedback.
Características organizacionais: ambiente físico, mudanças organizacionais,
normas institucionais, clima, burocracia, comunicação, autonomia, recompensas,
segurança.
Características sociais: suporte social, suporte familiar, cultura, prestígio.
Benevides-Pereira (2002, p. 72) destaca que os indivíduos que estão nesse
processo de desgaste estão sujeitos a largar o emprego, ou seja, investem menos tempo
e energia no trabalho, e só fazem o que é absolutamente necessário e faltam com mais
freqüência. Além de trabalhar menos, não trabalham tão bem. Trabalho de alta
qualidade requer tempo e esforço, compromisso e criatividade, mas o indivíduo
desgastado já não está disposto a oferecer isso espontaneamente. A queda na qualidade
e na quantidade de trabalho produzida é o resultado profissional do desgaste.
Porém, não se podem generalizar os níveis de Burnout, pois estes se diferem de
cultura para cultura. Conforme Benevides-Pereira (2003), nas investigações realizadas
em diferentes nações, foram evidenciados resultados diversos, indicando variações não
só para culturas, como para as categorias profissionais, e as características relativas ao
trabalho, confirmando a necessidade de estudos individualizados para cada população.
A seguir apresenta-se os fatores de estresse que colaboram para o
desencadeamento do estresse ocupacional e da Síndrome de Burnout, nos profissionais
de Enfermagem que atuam na emergência, no ambulatório e na unidade de terapia
intensa.
3.5 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO
CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDA DE DE
EMERGÊNCIA.
26
O enfermeiro que atua em uma unidade de emergência ou pronto socorro
trabalha com prestação dos primeiros socorros, e se necessário a partir do diagnostico, o
encaminhamento para a internação.
Os estressores relacionados a esta área de atuação, se apresentam no artigo de
Batista e Bianchi (2006) de intitulação “Estresse do Enfermeiro que Atua na
Emergência” estão mais ligados especificamente a problemas de comunicação com a
equipe; Inerente à unidade; Assistência prestada; Interferência na vida pessoal e atuação
do enfermeiro.
A carga de trabalho também se apresenta como um estressor, pois vai além
dos conflitos internos entre a equipe e a falta de respaldo do profissional, sendo a
indefinição do papel profissional um fator somatório aos estressores.
As mesmas ressaltam que, a maior fonte de satisfação no trabalho do
enfermeiro em unidade de emergência concentra-se no fato de que as suas intervenções
auxiliam na manutenção da vida humana. Já as fontes estressoras, determinam-se a
partir dos seguintes itens: número reduzido de funcionários compondo a equipe de
enfermagem; falta de respaldo institucional e profissional; carga de trabalho;
necessidade de realização de tarefas em tempo reduzido; indefinição do papel do
profissional; descontentamento com o trabalho; falta de experiência por parte dos
supervisores; falta de comunicação e compreensão por parte da supervisão de serviço;
relacionamento com familiares; ambiente físico da unidade; tecnologia de
equipamentos; assistência ao paciente e relacionamento com familiares.
Conforme Calderaro; Miasso e Webster (2008) que em seu artigo que se
intitula “Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de
Pronto Atendimento”, nos colocam que o âmbito do trabalho da equipe de enfermagem
vem sendo explorada pela literatura a relação entre estresse e trabalho. Sendo assim
muitos estudos realizados com enfermeiros de uma unidade de emergência de
instituição hospitalar se detectou que entre os maiores causadores de estresse, estão as
condições de trabalho para o desempenho das atividades do enfermeiro e as atividades
relacionadas à administração do pessoal. Estes estudos também chamam a atenção para
a escassez de recursos humanos e materiais, o cumprimento por parte do enfermeiro de
diversas atividades burocráticas e o tempo mínimo para a realização da assistência.
Ressaltando assim que o enfermeiro age, em seu cotidiano de trabalho, com
pouca ou nenhuma consciência do estresse que enfrenta, por conseguinte o
conhecimento do processo de estresse é imprescindível para seu adequado
27
enfrentamento, caso contrário, não haverá resolução, o que levará o trabalhador ao
desgaste físico e emocional. Tornando necessário desta forma a identificação desses
estressores no trabalho, pois estes correspondem a um dos grandes agentes de mudança,
uma vez que desenvolvidas as possíveis soluções para minimizar seus efeitos, estas
podem tornar o cotidiano do enfermeiro mais produtivo, menos desgastante e,
possivelmente, valorizá-lo mais como ser humano e profissional.
No artigo de Calderaro; Miasso e Webster (2008) os resultados de pesquisa
evidenciaram que no contexto organizacional, a presença de trabalhadores com estresse
na equipe pode provocar o desenvolvimento das atividades com ineficiência,
comunicação deficitária, desorganização do trabalho, insatisfação, diminuição da
produtividade, o que trará conseqüências ao cuidado prestado à clientela. Constatou-se,
ainda, que as fontes de estresse citadas pelos profissionais estiveram relacionadas tanto
aos fatores organizacionais quanto aos de relacionamento com a equipe e clientela.
As mesmas salientam que os profissionais utilizaram estratégias de evitamento,
ou seja, demonstram comportamentos que fazem com os mesmos atuem de forma com
que o confronto seja direto ou indireto, relatando diversas ações que quando utilizadas
continuamente podem levar a um relaxamento temporário, mas não modificam a
situação geradora de estresse. Ressaltam que a identificação de estressores no trabalho
corresponde a um dos grandes agentes de mudança, uma vez que desenvolvidas as
possíveis soluções para minimizar seus efeitos, estas podem tornar o cotidiano da
equipe de enfermagem mais produtivo, menos desgastante e, possivelmente, valorizá-la
mais no que se refere aos aspectos humanos e profissionais.
No artigo de Oliveira e Costa (2006) que se intitula “Relação tempo-violência
no trabalho de enfermagem em Emergência e Urgência” Que apresenta e analisa o
“tempo” no trabalho na percepção dos trabalhadores de enfermagem.
Ou seja, como as autoras nos colocam o tempo é o presente e este se manifesta
como duração e como ritmo. Já na percepção dos usuários o tempo é o agora e se
manifesta como possibilidade de alívio da dor, recuperação da saúde e manutenção da
vida.
Isto significa que o trabalhador, embora perceba e se empenhe para a
realização das atividades de forma rápida, não o faz de acordo com o tempo esperado e
requerido pelas necessidades dos usuários.
Neste sentido, as mesmas nos colocam que no trabalho, o quadro temporal é
marcado pelo tempo do relógio, pelo ritmo da demanda de usuários e pela jornada de
28
trabalho, sendo que estes tornam-se um fator de estresse, pois vão além da exigência de
pontualidade e regularidade, há também uma pressão para rapidez na realização das
atividades, não só pela alta demanda, mas também pela necessidade de vencer a corrida
em benefício da vida. O corpo do trabalhador precisa ajustar-se a rapidez pela
necessidade do usuário e pelas exigências institucionais. Nesse ajustamento do tempo
das atividades assistenciais, cada trabalhador reage de forma singular: alguns adoram
esse ritmo acelerado de fazer as coisas considerando o fator rapidez como prazer no
trabalho. Neste sentido evidenciam uma fala de um de seus entrevistados que coloca
assim:
(...) Essa adrenalina que rola aqui dentro oh... (mostra as veias) Faz uma falta!!! Faz uma falta!... Eu estou lá em casa, às vezes e as crianças estão brincando ou estão chorando... Eu estou tentando bagunçar com as crianças que nem eu faço aqui... (...) Que nossa!... É muito louco... Isso daqui é muito legal! Adoro! Adoro trabalhar aqui! (...) (Aham).
As autoras nos colocam que neste relato podemos considerar duas
possibilidades na relação existente entre o contexto estressante do trabalho de
emergência e seus efeitos na vida do profissional, quais sejam; os efeitos positivos para
as pessoas que conseguem absorver o estresse laboral nas ações cotidianas e o efeito da
organização científica do trabalho e os mecanismos de defesas protetores usados em
resposta pelos trabalhadores.
Isto significa que a mente do trabalhador está voltada, não só para o seu tempo
de permanência no local de trabalho, mas também para sua quantidade disponível à
realização das atividades assistenciais. Assim, o tempo se caracteriza como pressão
psicológica no sentido de aceleração do ritmo de trabalho para conseguir atingir os
objetivos assistenciais, dividindo sua atenção com todas as pessoas assistidas e os
colegas da equipe de saúde.
As autoras enfatizam uma pesquisa realizada com os profissionais que
atuavam em uma unidade de internação, e nesta constatou-se que, além de suas
atividades específicas, eles têm assumido outras que poderiam ser desenvolvidas pelos
demais trabalhadores da equipe de saúde. Tais atividades se destinam em geral, a
facilitação do serviço dos outros profissionais e não ao cumprimento de metas
estabelecidas pela própria profissão.
Evidenciando assim que na unidade de emergência e urgência, também foi
observada a utilização do tempo que deveria ser específico aos procedimentos da
29
enfermagem para propiciar à toda equipe de saúde as condições necessárias ao
salvamento da vida e à assistência ao doente. Portanto neste setor, o ritmo do trabalho é
ditado pela quantidade de usuários do serviço, pelo risco de vida e pelas condições de
trabalho disponibilizadas para o atendimento. Além disto, a motivação para a aceleração
do ritmo das atividades não se deve só à quantidade de usuários e a pressão dos
administradores, mas também ao significado simbólico assumido pelos trabalhadores
para este tipo de atividade, onde alguns minutos podem significar a morte.
Ressaltam as autoras que essa forma de percepção do tempo como duração,
não surge espontaneamente para o trabalhador, mas é um modo de pensar direcionado
pelas formas de organizações científicas do trabalho. Nessa perspectiva de
entendimento do tempo, o trabalhador age em conformidade com o tempo "como um
elemento-chave para a empresa" que, por meio de procedimentos racionais, maximiza o
rendimento do trabalho.
3.6 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO
CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UTI-
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
O enfermeiro que atua em UTI trabalha com pacientes em estados graves, com
a possibilidade de recuperação, assistência Médica e de enfermagem permanente, e
utilização de equipamentos especializados.
No artigo de Guerrer e Bianchi (2008) de intitulação: “caracterização do
estresse nos enfermeiros de unidade de terapia intensiva” foram identificados os
estressores como sendo: recursos inadequados, atendimento ao paciente, relações
interpessoais e carga emocional e para os enfermeiros administrativos foram levantados
como recursos inadequados, relacionados à assistência: relações interpessoais,
cobranças, sobrecarga de trabalho, reconhecimento profissional e poder de decisão.
Neste sentido as autoras, ressaltam que o nível do estresse entre os cargos e
domínios, está relacionado geralmente ao tipo de trabalho que esses enfermeiros
exercem, ou seja, os enfermeiros chefes apresentaram níveis mais elevados em
domínios com atividades administrativas, assim como os enfermeiros assistenciais
apresentaram índices mais elevados de estresse para domínios mais relacionados à
assistência do paciente. Esse dado leva à consideração de que as atividades inerentes ao
30
cargo são consideradas estressantes, e as instituições hospitalares, como a de ensino,
necessitam de estratégias para conscientizar os enfermeiros de que a situação
profissional precisa de investimento individual e organizacional para melhor adaptação
e menor efeito adverso para a vivência profissional.
O processo de trabalho e o estresse são avaliados no artigo de Oliveira e Costa
(2006) de intitulação “Estresse, fator de risco para a saúde do enfermeiro em Centro de
Terapia Intensiva” como este sendo para os enfermeiros problemas relacionados aos
parcos insumos materiais e humanos como sendo estressante, pelo fato de os mesmos
interferirem na qualidade do trabalho realizado, como também por terem que improvisar
e realizar, gerando assim desgaste psicofísico pelo tempo despendido, pelas idas e
vindas, acarretando por sua vez sentimentos de impotência e frustração que têm de
administrar no dia-a-dia. Outro aspecto que mantém vinculação com o estresse do grupo
é a carga horária de 12 horas contínuas que se configura como excessiva pelo nível de
atenção exigido no trabalho, as situações imprevisíveis, a pressão pelo cumprimento das
atividades, a demasiada fragmentação das tarefas e pela exigência de domínio
tecnológico. Neste sentido as autoras nos colocam que trabalhar em regime de plantão
subtrai o tempo livre do enfermeiro e dificulta o amparo social, como estratégia para
minimizar o estresse, principalmente no que diz respeito à interação com a família, à
participação em atividades sociais, lazer, entre outras. Acrescenta-se que muitos dos
trabalhadores, por possuírem duplo vínculo empregatício, estão mais sujeitos ao estresse
por ter que sair de uma instituição para a outra, muitas vezes sem a pausa necessária.
Neste sentido Oliveira e Costa (2006) nos colocam o ambiente de trabalho
como um fator gerador de estresse, na sua pesquisa o grupo destacou como fatores
estressores: o ruído dos aparelhos, o trânsito intenso do pessoal e a planta física
inadequada, questões que remetem não só ao ambiente físico, mas a própria dinâmica
do setor e as exigências impostas pela organização. Trabalhar no CTI (Centro de
Terapia Intensiva) implica atenção contínua em relação ao quadro clínico dos pacientes
e aos aparelhos a eles conectados, no intuito de identificar possíveis falhas e intervir
prontamente.
Neste sentido as autoras enfatizam que o ambiente de trabalho representa um
importante fator de risco para o estresse, visto que se trata de um local onde o
enfermeiro passa a maior parte do tempo em contato com situações geradoras de tensão,
convive com o imprevisível e tem de manter o controle contínuo dos aparelhos e
pacientes a eles conectados.
31
Ressaltando assim que a especificidade do trabalho na terapia intensiva
contribui para o estresse do enfermeiro, devido ao paciente crítico exigir cuidados
especiais, ou seja, as intervenções são mais complexas, a assistência ininterrupta e,
geralmente, imediata, diferenciando tal setor de outras unidades consideradas não
críticas. Essa diferenciação setorial lidar com situações inesperadas e críticas causa nos
trabalhadores manifestações de ansiedade e níveis variados de estresse. Sendo assim o
trabalho na terapia intensiva é rodeado por fatores estressantes porque o profissional
convive com pacientes instáveis hemodinamicamente, a parte ventilatória, dependente
de drogas, cuidados intensivos e levando em consideração a dependência total desse
paciente em relação a equipe de enfermagem e as demais equipes.
As autoras salientam que umas das características do trabalho da enfermagem,
e de lidar com o sofrimento do outro, e esta forma de lidar muitas vezes pode se tornar
um potencializador de problemas de ordem física e mental nos profissionais, problemas
esses, nem sempre valorizados, porém, ao contrário, naturalizados como se fizessem
parte da profissão. Esta naturalização do problema tem como resultado à exaustão
psicofísica do enfermeiro.
No artigo de Oliveira e Costa (2006), as atitudes conflitantes intra e intergrupal
foram referidas pelos enfermeiros como estressantes, por estes atuarem com diferentes
categorias profissionais que, apesar de terem como objeto de trabalho o cuidado de
pacientes críticos, possuem interesses e visões de mundo diferentes, podendo propiciar
situações geradoras de tensão no trabalho. Como os trabalhadores têm formação, cultura
e características singulares, a convivência no ambiente de trabalho, em algumas
situações, pode se tornar penosa quando os interesses são confrontados. O autor salienta
que as situações conflitantes podem também manter vinculação com a dinâmica do
setor: o número excessivo de pessoas, o ruído e a imprevisibilidade com a qual os
profissionais lidam no dia-a-dia. As maneiras de se trabalhar tais problemas seriam as
reuniões de equipe, o planejamento das atividades e a valorização dos distintos saberes
com ênfase nas experiências dos profissionais em prol da saúde dos trabalhadores e da
qualidade do trabalho.
Conforme Calderaro; Miasso e Webster (2006) que em seu artigo que se
intitula de “O Sofrimento Psíquico em Trabalhadores de UTI Interferindo no seu Modo
de Viver a Enfermagem” nos coloca que os profissionais que trabalham em ambientes
considerados críticos, como, por exemplo, as Unidades de Tratamento Intensivo (UTI),
32
apresentam mais chances de sofrimento psíquico, tendo em vista a complexidade das
ações ali realizadas e o estresse gerado durante a sua realização.
Neste sentido o mesmo cita em seu artigo que, as causas de estresse em uma
unidade neonatal se tornam mais significativas, por causa da natureza e das
características próprias do setor. Na unidade neonatal, os poluentes ambientais são
inúmeros e freqüentes, como os sinais sonoros produzidos pelas aparelhagens; a
superexaustão física conseqüente ao desenvolvimento do trabalho em turnos,
acarretando aumento da fadiga e da suscetibilidade às doenças e diminuição da
vitalidade; a contaminação microbiológica resultante dos eventuais recém-nascidos
portadores de moléstias transmissíveis; a poluição eletromagnética causada pela
proximidade constante com os equipamentos elétrico-eletrônicos.
O mesmo salienta em seu artigo que em um estudo acerca da banalização do
sofrimento à sua resignificação ética na organização do trabalho, realizado com 46
profissionais da enfermagem de dois hospitais, um público e outro privado, em cinco
unidades críticas, no sul do país, verificou-se que a atividade ocupacional ocasiona
alterações no estado emocional dos trabalhadores e que o sofrimento é devido a fatores
inerentes à organização do trabalho, tal como falta de condições materiais para a
prestação de assistência com qualidade e de recursos humanos.
No artigo de Salicio e Gavia (2006) que se intitula “O significado de
humanização da assistência para enfermeiros que atuam em UTI” as autoras pontuam
que ao falarmos em cuidado de enfermagem ao ser humano, seja este voltado para a
assistência direta ou para as relações de trabalho, este implica essencialmente em falar
de cuidado humanizado. Contudo ressaltam que muitas vezes devido à sobrecarga
imposta pelo cotidiano do trabalho, a enfermagem presta uma assistência mecanizada e
tecnicista, não reflexiva, esquecendo de humanizar o cuidado. Em seu artigo os
enfermeiros ao falarem em humanização retratam o cotidiano do trabalho em UTI, que
para eles é uns trabalhos estressantes, cansativos e desgastantes, não só pela sobrecarga
de trabalho, mas também pelo grau de cuidados que os pacientes requerem.
As mesmas ainda nos colocam que dentre os fatores que produzem estresse no
trabalho os enfermeiros referem também a organização e as condições do trabalho na
UTI. Muitas vezes a equipe de enfermagem que atua em UTI está exposta a um nível
maior de estresse, porque presta assistência direta aos pacientes e familiares e também
tem que lidar com suas próprias emoções e conflitos.
33
3.7 FATORES DE ESTRESSE E O ESTRESSE OCUPACIONAL NO
CONTEXTO DO TRABALHO DO ENFERMEIO QUE ATUA NA UNIDA DE
AMBULATORIAL.
Neste em especifico não foi possível encontrar, conforme a metodologia
apresentada nenhum tipo de registro sobre o estresse do enfermeiro que atua no
ambulatório. Tornando assim necessário exclamar a necessidade de estudos que se
referem ao mesmo.
Neste sentido ressalto a importância de citar o artigo de Spindola e Costa
(2007) que se intitula de “O estresse e a enfermagem - a percepção das auxiliares de
enfermagem de uma instituição pública”, pois o mesmo trata do que o ambiente de
trabalho da enfermagem em especifico o ambulatório, como este sendo um dos agentes
estressores que agem nos trabalhadores podendo ser oriundos do meio ambiente, do
local de trabalho, ou a assuntos pessoais.
As mesmas citam que devemos entender que o ambiente laboral é um conjunto
de condições de vida dos trabalhadores no local de trabalho, englobando tanto as
próprias características do próprio lugar quanto os elementos relacionados à atividade
em si.
Neste sentido, as autoras ressaltam que o estresse ocupacional tem sido
estudado porque interfere diretamente na vida dos trabalhadores, alterando os níveis de
satisfação, produtividade e saúde das pessoas, ocasionando dificuldades de atenção e
concentração, confusão mental, perda temporária da memória, irritabilidade, cansaço,
mal-estar generalizado e acidentes. E que atuar em um ambulatório de um hospital
público significa conviver com as dificuldades relativas ao tipo de trabalho
desenvolvido, e nos colocam que tem observado um aumento gradativo de queixas de
cansaço, desgaste físico e emocional entre os profissionais que ali atuam, especialmente
entre os integrantes da equipe de enfermagem. Outro aspecto que despertou seu
interesse foi o crescimento de afastamentos dos auxiliares de enfermagem decorrentes
de patologias associadas ao esgotamento físico e mental, como hipertensão arterial,
cardiopatia isquêmica e outras.
Tendo como resultado de pesquisa, nos relatos dos sujeitos, que ao se referirem
ao estresse definiam o mesmo como um distúrbio e que este atua em condições
desfavoráveis, nem todos percebem a influência destes fatores no seu equilíbrio
emocional. E que os mesmos fazem descrições, sobre suas atividades laborais
34
associadas às condições de vida das mesmas e isso demonstra que tal associação
contribui significativamente para que se sintam "estressadas", ou seja, cansadas,
desgastadas. As autoras citam como exemplo o relato de uma de suas entrevistadas que
fica evidente a relação de gênero quando se interpõem os papéis da mulher, da
trabalhadora e da mãe vivenciados pela profissional. Considerando que a Enfermagem é
uma profissão que, ainda nos dias atuais, é predominantemente feminina e que, em
muitas situações, as trabalhadoras necessitam ter mais de um vínculo empregatício,
compreender-se a dimensão da fala desta profissional ao afirmar que faz "várias coisas
ao mesmo tempo". Que remete especificamente a outra participante, que além desta fala
coloca o aspecto financeiro e associa as condições de vida às manifestações de
patologias no corpo físico, tais como a hipertensão, hiperglicemia e obesidade.
Neste sentido ressaltam que sendo assim, apesar de ultimamente os
trabalhadores terem mais acesso a informações relativas aos aspectos ergonômicos de
sua saúde, poucos são àqueles que reivindicam melhorias nas condições de trabalho,
ficando subjugados aos seus empregadores. Em geral, o ritmo de trabalho dos
profissionais de enfermagem é intenso, cansativo, pela realização de tarefas superpostas
e repetitivas, ocasionando o esgotamento físico e mental dos mesmos, e que os mesmos
não sabem identificar muitas vezes seus problemas.
As autoras ainda nos colocam que os sujeitos de seu estudo são do sexo
feminino, e seus relatos, portanto, devem ser analisados à luz das questões que
envolvem o gênero, observando-se a sobrecarga decorrente da dupla ou tripla jornada, a
multiplicidade de papéis, os conflitos da mulher-mãe trabalhadora e outras situações que
interferem diretamente em sua saúde física e mental. E nos acrescenta nos colocando
que, ultimamente o absenteísmo tem aumentado significativamente entre os auxiliares e
técnicos de enfermagem no ambulatório do Hospital onde a mesma realizou sua
pesquisa, e que este fator esta ligado a diversos outros fatores, dentre eles a
incapacidade física e/ou agravos à saúde dos mesmos. Tornado-se deste modo relevante
valorizar a saúde mental dos trabalhadores, especialmente os profissionais de
enfermagem, que necessitam estar bem fisicamente e mentalmente para interagirem
com e auxiliarem a clientela.
Neste sentido as mesmas nos colocam que a implementação de ações que
favoreçam a integração dos profissionais de Enfermagem; a melhoria das condições de
trabalho, observando-se os aspectos ergonômicos e a promoção da saúde do trabalhador;
a atuação do serviço de saúde do trabalhador na prevenção de doenças ocupacionais e
35
agravos à saúde são algumas medidas que deveriam ser repensadas e instituídas pelos
coordenadores de enfermagem para promover o bem-estar físico e mental dos
profissionais da área, considerando que os profissionais de enfermagem, como pessoas
que cuidam de outras pessoas, necessitam ser percebidos como seres dotados de
sentimentos e emoções. Tornando assim necessária a percepção de que a saúde no
trabalho é um direito do trabalhador.
No artigo de Spindola e Costa (2007) podemos encontrar como resultado de
pesquisa o estresse como este sendo visto pelas auxiliares de enfermagem que atuam no
ambulatório de um hospital público, como um distúrbio emocional, e quais são as
atividades profissionais e diárias que contribuem para o desenvolvimento deste.
36
4. CONCLUSÃO
O presente estudo teve como objetivo a caracterização dos fatores de estresse
que estão sujeitos os profissionais de Enfermagem que atuam em três grandes áreas de
um hospital, neste verificou que os artigos pesquisados e utilizados são de autoria de
profissionais da enfermagem, e que os mesmos ressaltam a importância de tal estudo,
para alcançar melhorias na qualidade de vida no trabalho.
Como acadêmica de Psicologia e irmã de duas profissionais da área de
Enfermagem, percebi que tais profissionais estão sujeitos aos fatores de estresse, de
forma direta e indireta, ou seja, seu campo é um campo de atuação que propicia a
geração do mesmo.
Este trabalho permite concluir que os fatores de estresse, quanto às áreas de
atuação obteve êxito a não ser pela pesquisa que se referiu à área ambulatorial, onde não
foi encontrado nenhum artigo publicado, sobre fatores de estresse no enfermeiro, mais
sim em auxiliares de enfermagem, tornando de grande valia tal resultado, e a publicação
do mesmo neste trabalho, ressaltando neste sentido a importância do desenvolvimento
de alguma pesquisa que tenha como objetivo a caracterização dos fatores de estresse do
enfermeiro que atua em ambulatório.
Para a caracterização dos fatores de estresse utilizarei quatro categorias: fatores
intrínsecos ao trabalho, fatores das relações de trabalho, fatores dos papéis estressores
da carreira e fatores da estrutura e cultura organizacional. Em seguida caracterizo os
fatores de acordo com a área de atuação.
Obtive como resultado de área de atuação de um enfermeiro que atua em
emergência que os fatores de estresse intrínsecos ao trabalho são: fazer esforço físico
para cumprir o trabalho, desenvolver atividades que vão além de sua função, trabalhar
com falta de material e recursos humanos, execução de procedimentos rápidos e receber
baixo salário. Os fatores ligados as relações de trabalho são: conciliação das questões
profissionais com os familiares, relacionamento com os colegas enfermeiros, chefias e
equipe médica e atender um grande número de pessoas. Os fatores ligados aos papéis da
carreira: prestar assistência ao paciente, dedicação exclusiva a profissão e a indefinição
do papel do enfermeiro. Os fatores ligados a estrutura e cultura organizacional: a
execução de tarefas distintas simultaneamente, resolução de imprevistos que acontecem
no local de trabalho, responsabilidade por mais de uma função neste emprego,
37
administrar ou supervisionar pessoas, restrição de autonomia profissional, interferência
da política institucional e a especialidade em que trabalha.
Já na unidade de terapia intensiva, os resultados obtidos nos fatores intrínsecos
ao trabalho: desenvolvimento de atividades que vão além da sua função, falta de
material e recursos humanos, trabalhar em instalações físicas inadequadas receber baixo
salário. Os fatores ligados as relações no trabalho: a conciliação de questões familiares e
profissionais, trabalharem com pessoas despreparadas, relacionamento com colegas
enfermeiros, chefia e médicos, trabalhar em equipe, prestar assistência a pacientes
graves e atender familiar de pacientes. Fatores ligados aos papéis da carreira: desgaste
emocional com o trabalho, prestar assistência ao paciente, dedicação exclusiva a
profissão e indefinição do papel do enfermeiro. Fatores ligados a estrutura e cultura
organizacional: resolução de imprevistos no local de trabalho, ser responsável por mais
de uma função no local de trabalho, restrição da autonomia profissional, interferência da
política institucional e especialidade de seu trabalho.
Na área ambulatorial não foi encontrado nenhum artigo referente ao estresse do
enfermeiro, mais foi encontrado sobre o estresse nos auxiliares de enfermagem e este se
torna de suma importância para podermos identificar as características do setor, para
tanto caracterizarei este, nos quatro tipos de caracterização dos fatores de estresse. Os
fatores intrínsecos: fazer esforço físico para cumprir o trabalho e receber baixo salário.
Os fatores ligados as relações de trabalho: conciliar questões profissionais e familiares.
Os fatores ligados aos papéis da carreira: desgaste emocional com o trabalho e os
fatores ligados a estrutura e cultura organizacional: responder por mais de uma função
neste emprego.
Tais fatores influenciam na qualidade de vida no trabalho deste profissional,
evidencio aqui que se torna necessário a partir destes resultados, a elaboração de
trabalhos referente à possibilidade de intervenção, pois nos estudos sobre o estresse na
profissão em especifico da enfermagem, não há clareza sobre os papéis intervenientes
da organização (hospital), ocorrendo desta maneira uma ampla discussão sobre a
influência da estrutura organizacional e os fatores de personalidade de tais profissionais
para a compreensão do estresse ocupacional e o bem estar psicológico do enfermeiro.
(STACCIARINI; TRÓCCOLI. 2000 p.46).
Neste sentido saliento neste que a produção de estudos específicos sobre a
estrutura organizacional e sobre a personalidade dos profissionais de enfermagem, são
de extrema importância para a colaboração de estudos sobre as possibilidades de
38
intervenção tanto na estrutura organizacional quanto a estes profissionais.
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