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2 UNIVERSIDADE DO OESTE DO PARANÁ CAMPUS DE TOLEDO VIDIANE FORLIN OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA PR TOLEDO 2012

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UNIVERSIDADE DO OESTE DO PARANÁ

CAMPUS DE TOLEDO

VIDIANE FORLIN

OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO

AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR

TOLEDO

2012

3

VIDIANE FORLIN

OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO

AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Serviço Social.

Orientadora Profa: Dra. Rosana Mirales

TOLEDO-PR

2012

4

VIDIANE FORLIN

OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO

AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Serviço Social, Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Estadual do Oeste do Paraná, como requisito

parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Orientadora – Profa. Dra. Rosana Mirales

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________________

Profa. Ms. Cristiane Carla Konno

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_____________________________________________

Profa. Dra. Vera Lúcia Martins

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo, 26 de novembro de 2012.

5

Dedico este trabalho à meus pais, Vitorino e

Zuleide Forlin, pelo apoio e dedicação, e a

todos os agricultores(as) familiares que se

dispuseram a participar deste estudo.

6

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, agradeço a Deus pelo dom da vida.

Aos meus pais seu Vitorino e dona Zuleide Forlin, pelos seus esforços, dedicação ao

me incentivar a nunca desistir e sim a levantar e continuar a lutar sempre e por serem meus

exemplos de vida. A eles só agradeço de todo o meu coração por tudo o que fizeram, e

continuam fazendo por mim, por isso o meu muito obrigada por tudo.

Ao meu irmão Vidinei Forlin e aos meus familiares que mesmo com a distância e as

dificuldades, sempre me incentivaram a continuar.

Ao Rodrigo que além de namorado, é um grande amigo, o qual sempre foi

compreensivo comigo, nos períodos de crise e angústia, me auxiliando sempre que possível.

Aos docentes do curso de Serviço Social da Unioeste, em especial à docente e

orientadora, Dra. Rosana Mirales, que me auxiliou nas dúvidas, angústias e dificuldades,

propiciando a realização deste trabalho de conclusão de curso.

Ao responsável pela EMATER e pela Secretaria Municipal de Saúde pela

disponibilidade de conversar e passar as informações solicitadas.

A todos os(as) agricultores(as) familiares do município de Sulina, que se

disponibilizaram a participar das entrevistas para a realização deste trabalho.

Aos meus colegas da 4ª série do curso de Serviço Social, amigos e amigas.

Enfim agradeço a todas as pessoas que passaram em minha vida e deixaram

ensinamentos, lembranças e que contribuíram de diferentes maneiras, para a realização desse

trabalho e conclusão deste curso, aos mesmos os meus sinceros agradecimentos.

7

Obrigado ao Homem do Campo

Obrigado ao homem do campo

Pelo leite o café e o pão

Deus abençoe os braços que fazem

O suado cultivo do chão

Obrigado ao homem do campo

Pela carne, o arroz e feijão

Os legumes, verduras e frutas

E as ervas do nosso sertão

Obrigado ao homem do campo

Pela madeira da construção

Pelo couro e os fios das roupas

Que agasalham a nossa nação

Pelo couro e os fios das roupas

Que agasalham a nossa nação

Obrigado ao homem do campo

O boiadeiro e o lavrador

O patrão que dirige a fazenda

O irmão que dirige o trator

Obrigado ao homem do campo

O estudante e o professor

A quem fecunda o solo cansado

Recuperando o antigo valor

Obrigado ao homem do campo

Do oeste, do norte e do sul

Sertanejo da pele queimada

Do sol que brilha no céu azul

Sertanejo da pele queimada

Do sol que brilha no céu azul

E obrigado ao homem do campo

Que deu a vida pelo Brasil

Seus atletas, heróis e soldados

Que a santa terra já cobriu

Obrigado ao homem do campo

Que ainda guarda com zelo a raiz

Da cultura, da fé, dos costumes

E valores do nosso país

Obrigado ao homem do campo

Pela semeadura do chão

E pela conservação do folclore

Empunhando a viola na mão

E pela conservação do folclore

Empunhando a viola na mão

Lá rá lá, lá rá lá, lá rá lá....

(Dom e Ravel)

8

FORLIN, Vidiane. Os impactos do desenvolvimento agrícola na saúde do agricultor

familiar do município de Sulina – PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em

Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Oeste do

Paraná – Campus de Toledo-PR, 2012.

RESUMO

O presente texto deste trabalho traz como objeto de estudo a saúde do agricultor familiar da

Região Sudoeste do Paraná, o qual tem como objetivo analisar as consequências e os impactos

da modernização agrícola na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares do

município de Sulina-PR. Sendo que o presente trabalho foi contextualizado apartir da

modernização agrícola que ocorreu no Brasil nos anos de 1950-1960, com o desenvolvimento

e introdução de técnicas modernas no meio rural, fazendo com que a agricultura deixa-se de

ter técnicas tradicionais e voltadas para a subsistência com o plantio de várias culturas, e

passa-se para uma agricultura com avançadas técnicas de produção e o incentivo pelo plantio

da monocultura. Com a introdução de técnicas mais avançadas no campo, surgem juntamente

os chamados pacotes tecnológicos que eram compostos naquela época por sementes

melhoradas, adubos químicos, mecanização, agrotóxicos e insumos. Neste contexto tem-se

ainda uma breve discussão quanto à questão agrária no país, a qual foi retomada neste

trabalho apartir da década de 1950. O contexto mostra a resistência e perseverança dos

agricultores familiares em permanecerem em suas terras, apesar de todas as pressões que

sofrem dos latifundiários ou do mercado para saírem. Neste cenário agrícola, temos também a

discussão da saúde destes agricultores familiares, bem como dos trabalhadores rurais, que

estão diariamente expostos a uma série de riscos e de acidentes no dia-a-dia dos seus

trabalhos. Por meio da Constituição Federal de 1988, temos a implantação da Política

Nacional de Promoção da Saúde, que juntamente com a com a Lei Orgânica da Saúde (Lei.

8.080/90) dão atribuições legais para o funcionamento do sistema Único de Saúde (SUS).

Sendo que em 2004 temos no país a criação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador

(PNST), a qual tem o propósito à promoção da saúde dos trabalhadores, e recentemente em

2011 se tem a criação da Política Estadual de atenção integral a Saúde do Trabalhador do

Paraná, sendo que a mesma orienta a gestão estadual do SUS-PR, na área da Saúde do

Trabalhador. Neste trabalho é abordado também a relação do Serviço Social para com a saúde

do trabalhador no país. Quanto à metodologia as informações empíricas foram coletadas por

meio das entrevistas, que neste trabalho se optou por trabalhar com a entrevista

semiestruturada sedo que para a realização das entrevistas com os agricultores(as) familiares,

foi feito o agendamento dos dias e horários mediante as possibilidades dos mesmos.

Palavras chave: modernização agrícola, agricultor familiar, saúde.

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LISTA DE SIGLAS

COASUL Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda

CRESOL Sistema das Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária

EMATER Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

EPIs Equipamentos de Proteção Individual

FHC Fernando Henrique Cardoso

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social

MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

N.S.A Nossa Senhora Aparecida

PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador

PR Paraná

RENAST Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

s.p Sem página

SICREDI Sistema de Crédito Cooperativo

SUS Sistema Único de Saúde

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TCLE Termo De Consentimento Livre Esclarecido

UBS Unidade Básica de Saúde

UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Visat Vigilância em Saúde do Trabalhador

10

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................ 07

LISTA DE SIGLAS....................................................................................................... 08

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10

1 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL................................................. 14

1.2 OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DA

POPULAÇÃO RURAL...................................................................................................

21

2 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE...................................... 29

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR............................... 31

2.2 POLÍTICA ESTADUAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO

TRABALHADOR DO PARANÁ...................................................................................

33

2.3 O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR................................... 35

3 A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO AMBIENTE DA PESQUISA:

CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SULINA E DA REGIÃO

SUDOESTE DO ESTADO DO PARANÁ..................................................................

42

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTURES FAMILIARES A PARTIR DAS

ENTREVISTAS..............................................................................................................

44

3.2 EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS.......................................... 48

3.3 ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS................................................. 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 62

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 65

APÊNDICES................................................................................................................... 69

APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados.......................................................... 70

APÊNDICE B – Quadro 01 – Primeira parte das Entrevistas.......................................... 76

APÊNDICE C – Quadro 02 – Segunda parte das Entrevistas.......................................... 79

APÊNDICE D – Gráficos 01 e 02 ................................................................................... 89

ANEXOS.......................................................................................................................... 90

ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................ 91

ANEXO B – Parecer de Aprovação do Comitê De Ética................................................. 93

ANEXO C – Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo Secretaria

Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS)....................................

94

ANEXO D – Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo EMATER de

Sulina................................................................................................................................

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11

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo analisar as consequências e os impactos da

modernização agrícola, na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares, do município

de Sulina-PR. O interesse na escolha desse objeto de pesquisa deve-se a três fatores. Primeiro,

em virtude de ser o lugar que nasci e morei por dezoito anos; segundo, porque os meus pais

continuam a residir nesse município, o que me proporcionou um breve conhecimento do local

e da sua realidade; e, terceiro, porque o município tem, basicamente, conforme dados

fornecidos pela EMATER (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural),

quase toda a fonte de renda voltada para a agricultura familiar. (EMATER, 2012).

Pretende-se, por meio deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mostrar como se

encontra a saúde dos agricultores familiares do município de Sulina-PR. Este Trabalho tem

como problema as consequências e os impactos da modernidade agrícola, na qualidade de

vida e saúde do agricultor familiar residente do município de Sulina-PR. A fim de responder

tal problema, definiu-se como objetivo geral: analisar as consequências e os impactos da

modernização agrícola na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares do município

de Sulina-PR. Como objetivos específicos, apontamos: contextualizar a modernização

agrícola do país; realizar uma análise documental e contextualizar a Política Nacional e

Estadual de Saúde do Trabalhador, no contexto da Política Nacional de Promoção a Saúde;

caracterizar o município de Sulina-PR; e realizar as entrevistas com os agricultores familiares

ali localizados.

No decorrer deste trabalho, temos incluso, no conteúdo do terceiro capítulo, relatos

coletados nas entrevistas, que ocorreram no período de 27 junho a 05 de julho de 2012, nas

casas dos agricultores familiares. Por se sentirem mais à vontade durante a realização das

entrevistas os(as) entrevistados(as) preferiram não autorizar a gravação das falas, e sim apenas

as anotações, dessa forma, por questões éticas, o gravador foi dispensado. As entrevistas

foram, assim, todas transcritas, e as falas dos(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as)

estão identificadas em itálico, corrigidas ortograficamente.

Devido à introdução dos relatos dos(as) entrevistados(as) no decorrer do trabalho, a

metodologia será especificada na introdução. Sendo que para Minayo metodologia é “[...] o

caminho do pensamento e a prática na abordagem da realidade.” (2010, p. 14). Nesse sentido,

é o que origina os procedimentos na execução da pesquisa. Sendo que, para a mesma autora,

“[...] a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem, os instrumentos de

operacionalização do conhecimento e a criatividade do pesquisador.” (2010, p. 14).

12

Conforme Minayo, “Enquanto abrangência de concepções teóricas de abordagem, a

teoria e a metodologia caminham juntas, intrincavelmente inseparáveis.” (2010, p. 15). Sendo

assim, os procedimentos metodológicos utilizados para a realização de uma pesquisa devem

indicar, sistematicamente e detalhadamente, a maneira como o pesquisador procede perante a

execução da sua investigação sobre o tema e o problema propostos, mantendo sempre a

harmonia com a teoria proposta para a apreensão, compreensão e a análise do seu objeto de

pesquisa, ou seja, conforme para a mesma autora, “[...] a metodologia deve dispor de um

instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o

desafio da prática.” (2010, p. 15).

A pesquisa terá uma abordagem quantitativa, por meio da qual será possível

sistematizar as informações e observar os resultados, por meio de números e gráficos; e,

também, qualitativa, que possibilitará abordar os significados por meio de uma interpretação

dinâmica da realidade, com os conteúdos expressos nas falas dos sujeitos entrevistados.

[...] quando falamos de análise e interpretação de informações geradas no

campo da pesquisa qualitativa estamos falando de um momento em que o

pesquisador procura finalizar o seu trabalho, ancorando-se em todo o

material coletado e articulando esse material aos propósitos da pesquisa e à

sua fundamentação teórica. (GOMES, 2010, p. 80-81).

O universo de pesquisa é composto por seiscentos e três agricultores familiares, bem

como com as suas famílias que residem no município de Sulina. A amostra desta pesquisa, por

sua vez, foi estipulada pela localização e a acessibilidade, uma vez que para Gil “O

pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam de alguma

forma, representar o universo.” (2010, p. 94). Considerando isto, escolhemos a região Norte

do município de Sulina por ser mais acessível e por concentrar agricultores familiares. Para

definir a amostra da pesquisa, foram solicitados os nomes dos agricultores familiares, que

residem na região Norte do Município, ao engenheiro agrônomo responsável da EMATER.

Com a lista e os devidos dados necessários, foi estipulado que seriam entrevistados dez

agricultores familiares daquela região, tendo em vista que a relação foi de trinta e cinco, um

sorteio foi realizado, a fim de determinar quem seriam os dez entrevistados. Dentre os(as)

entrevistados(as), nenhum com mais que 30,00 hectares de terra, tivemos seis agricultores e

quatro agricultoras, o fato de se ter quatro agricultoras que se dispuseram a participar das

entrevistas se deu pela escolha do próprio casal. O que foi muito proveitoso tendo em vista

que temos relatos e opiniões de ambos os sexos.

13

Para a elaboração desta pesquisa foi utilizada também a pesquisa bibliográfica que

para Severino “[...] é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de

pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.” (2007, p.

122). A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de livros e textos, que se encontram na

biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE- Campus Toledo e na

base de dados Scielo e outros sites que contenham dados fundantes e confiáveis para pesquisa.

Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada também a pesquisa em documentos fornecidos e

utilizados pelas instituições pesquisadas como Secretaria Municipal de Saúde e EMATER-PR

do município de Sulina, perante a assinatura do Termo de Ciência do Responsável pelo

Campo de Estudo, que se encontra no Anexo C e D, e a Política Nacional de Promoção da

Saúde, Política Nacional de Saúde do Trabalhador e a Política Estadual de Atenção Integral à

Saúde do Trabalhador do Paraná em relação ao tema estudado.

As informações empíricas serão coletadas por meio do instrumental de entrevista

semiestruturada, que para Ludke e André: “[...] se desenrola a partir de um esquema básico,

porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias

adaptações” (1986, p. 34), ou seja, para sua realização vai se seguir um roteiro básico pré-

elaborado flexível em que, se necessário, se fará modificações ou inserções de perguntas no

decorrer de sua realização. Com isso, o instrumento de coleta de dados foi a entrevista

semiestruturada, cujo roteiro se encontra no Apêndice A.

Para a realização das entrevistas com os(as) agricultores(as) familiares, foi feito o

agendamento dos dias e horários mediante as possibilidades dos(as) entrevistados(as) por

meio de ligações telefônicas. Nos dias das entrevistas, foi exposto a cada agricultor(a)

familiar, oralmente pela pesquisadora, o objeto e os objetivos desta pesquisa, respeitando a

vontade do agricultor familiar, em participar da pesquisa ou não. Assim com a leitura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a assinatura do mesmo, em duas vias,

ficando uma delas com o(a) entrevistado(a) e a outra com a pesquisadora, sendo que o modelo

do TCL, assinado e carimbado, se encontra no Anexo A.

Após a realização de todas as entrevistas, deu-se o início à sistematização, à análise

quantitativa e qualitativa e, posteriormente, à tabulação dos dados, bem como dos elementos

da pesquisa, realizando o tratamento necessário das informações coletadas, as quais serão

apresentadas a seguir e também estarão nos Apêndices B e C.

Buscando demonstrar que foram cumpridos os objetivos de nossas investigações,

apresentamos o texto da seguinte forma:

14

No primeiro capítulo abordamos uma breve contextualização histórica sobre a

modernização agrícola no Brasil a partir dos anos de 1950 – 1960. Nesse contexto, tem-se

ainda uma breve discussão quanto à questão agrária no país, a qual foi retomada neste

trabalho a partir da década de 1950. O contexto mostra a resistência e perseverança dos

agricultores familiares em permanecerem em suas terras, apesar de todas as dificuldades.

Além disso, uma discussão da saúde dos agricultores familiares, bem como dos trabalhadores

rurais, que estão diariamente expostos a uma série de riscos e de acidentes no cotidiano dos

seus trabalhos, será apresentada.

No segundo capítulo, buscamos aproximações das discussões da saúde do trabalhador,

bem como das formas como o serviço social vem as incorporando. Para isso, foi necessário

revisar as políticas, sendo elas: a Política Nacional de Promoção da Saúde, juntamente com a

com a Lei Orgânica da Saúde (Lei. 8.080/90); a Política Nacional de Saúde do Trabalhador

(PNST), criada em 2004, que tem como propósito à promoção da saúde dos trabalhadores; e,

recentemente, em 2011 se tem a criação da Política Estadual de Atenção Integral a Saúde do

Trabalhador do Paraná, sendo que a mesma orienta a gestão estadual do SUS-PR, na área da

Saúde do Trabalhador.

E no terceiro capítulo, apresentamos o que para nós se constituiu a tarefa mais

prazerosa, não só porque possibilitou o reencontro com os agricultores do município de

Sulina, mas também porque pudemos efetivar as reflexões em suas dimensões, teórico-

práticas. É nessa parte do texto que apresentamos o resultado das entrevistas e as

sistematizações, buscando a apresentação daquilo que ainda no campo parecia fragmentado,

mas que, com o esforço intelectual foi possível apresentar em unidades como a delimitação

espacial do ambiente da pesquisa, com a caracterização do município de Sulina e da Região

Sudoeste do Paraná. Após isto, temos a caracterização dos agricultores familiares a partir das

entrevistas, com a exposição do conteúdo das mesmas e a análise. E para finalizar o trabalho,

apresentaremos as considerações finais.

15

1 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL

A partir da década de 1950 inicia-se, no Brasil, o processo de modernização agrícola,

sendo que é em meados da década de 1960, anos do “milagre brasileiro1” segundo Graziano

Neto “[...] que a agricultura brasileira efetivamente inicia um importante processo de

modernização das suas técnicas de produção. A mecanização avança, o uso de trator

intensifica-se. E há [...] implantação de insumos modernos [...].” (1982, p. 26). A partir dessas

décadas, o país passa por grandes mudanças na zona rural, com a implantação de novas

técnicas de produção e modernização com a implantação da mecanização da agricultura

mudando todo o modo de produção, conforme relata Silva (1987), uma vez que a agricultura,

tradicional e quase rudimentar, praticada pelos agricultores familiares2, e com a venda do

excedente da sua produção, acaba por ser substituída por uma agricultura mecanizada,

passando a produzir fundamentalmente para o mercado, sendo que com a implantação das

técnicas de produção o país deu um grande salto, com investimentos no campo, no incentivo

do cultivo da monocultura, na compra de terras e de maquinários agrícolas.

Segundo Martine e Garcia “Numa comparação internacional, o Brasil se destaca como

um dos países onde a modernização agrícola foi efetuada de forma mais acelerada e mais

profunda.” (1987, p. 10). Com isso desenvolveram-se também as tecnologias, onde conforme

Forlin “[...] as tecnologias contribuíram para o aumento da produção agrícola, gerando um

fluxo maior de exportação, o que fez com que a economia do país passasse a crescer em

grandes escalas.” (2011, p. 03).

[...] o estado, através de órgãos estatais como bancos e institutos

agronômicos, criou possibilidades para que na primeira metade da década de

60, alguns representantes da produção agrícola local, conseguissem através

de financiamentos agrícolas, adquirir as primeiras maquinas agrícolas.

(ZAAR, 1999, p. 54).

Percebe-se que ainda entre as décadas de 1950 e 1960 temos também no Brasil a

retomada da discussão sobre a questão agrária, conforme traz Silva, “Já no final dos anos

cinquenta e início dos anos sessenta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da

1“O período 1968-1973 é conhecido como "milagre" econômico brasileiro, em função das extraordinárias taxas

de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) então verificadas, de 11,1% ao ano.” (VELOSO; VILLELA;

GIAMBIAGI, 2008 p. 222). 2Considera-se agricultor familiar, na Região Sudoeste do Paraná, o proprietário rural que tem uma área de 1 a 4

módulos rurais com até 80 hectares de terra, e que vive basicamente da produção gerada a partir do uso

predominantemente da força de trabalho familiar. EMATER, 2012. Com isso, estes são os sujeitos da pesquisa

proposta.

16

polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industrialização brasileira.” (1987, p. 07). Ou

seja, a história e o processo da questão agrária no país não são novos, uma vez que a mesma

começou juntamente com as capitanias hereditárias. No entanto, a questão agrária será

abordada, neste trabalho, a partir da década de 1950, no contexto da introdução de novos

meios e técnicas de produção para o campo. Conforme relata Silva (1987), a questão agrária

no país se intensifica à medida que o desenvolvimento aumenta, sendo assim, temos o uso da

terra predominantemente à benefício de uma pequena parcela de proprietários que na grande

maioria são latifundiários. A discussão e a história sobre a questão agrária no Brasil é de luta

pela igualdade de direitos e melhores condições de vida e trabalho para quem vive e depende

do campo para a sua sobrevivência, por quem luta em ter um pedaço de chão, pela eliminação

dos latifúndios, por uma distribuição de terras justas e pela persistência, que presenciamos, do

agricultor familiar em permanecer na sua terra.

Com a implantação do processo de desenvolvimento do campo, e o aumento do uso

das tecnologias, sabe-se que nem todos os agricultores familiares e nem todas as regiões do

país saíram ganhando com esse processo, houve uma grande disparidade, tanto no incentivo

quanto nos investimentos do governo, sendo que quem ganhou mais foram os grandes e não

os pequenos proprietários de terras e as regiões mais populosas e desenvolvidas do país. Nota-

se que o processo de modernização agrícola do país teve diferentes formas de

desenvolvimento, principalmente após os anos de 1960.

A agricultura brasileira depois de 1960 mostrou um claro processo de

diferenciação em três grandes regiões: a) O Centro-Sul, onde a agricultura se

moderniza rapidamente pela incorporação de insumos industrias

(fertilizantes e defensivos químicos, maquinas e equipamentos agrícolas,

etc.); b)O Nordeste, que após a incorporação da fronteira do Maranhão e,

mais recentemente, a da Bahia, permanece sem grandes transformações

fundamentais [...] de sua agropecuária; c)A Amazônia, incluindo aí boa parte

da região Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás), que representou a zona de

expansão da fronteira agrícola a partir do início dos anos sessenta. (SILVA,

1987, p. 34).

Com o desenvolvimento dos modos de produção agrícola, principalmente com a

mecanização e tecnificação do campo, surgem também vários problemas relacionados à

questão agrária no país, como relata Silva (1987), como o aumento da exploração do trabalho

dos trabalhadores chamados de boias frias ou de trabalhadores volantes; a implantação cada

vez maior de maquinários e técnicas mais avançadas na produção agrícola; a intensificação

17

dos latifúndios e do poder dos latifundiários; e o êxodo rural3 com a migração das famílias do

campo para as cidades, em busca de empregos e de melhores condições e qualidade de vida.

Para Delgado “Em apenas uma década, a proporção da população urbana, que é de

55,92% da população total, em 1970, passou a 67,57% em 1980, no mesmo período ocorreu

declínio absoluto da população rural das regiões Sul-Sudeste e Centro-Oeste [...]”. (1985, p.

22), ou seja, o processo do êxodo rural não se separa do desenvolvimento urbano, uma vez

que o mesmo faz parte de uma totalidade do desenvolvimento do país.

Conforme demonstra Silva “O modelo de modernização capitalista da agricultura faz

avançar o processo de proletarização e aumentar a utilização do trabalho assalariado, ainda

que preservando, em muitas áreas, a pequena produção familiar.” (2003, p. 109). Ou seja, a

expansão cada vez maior do capitalismo e das formas capitalistas de mercado e produção

acaba submetendo os agricultores familiares a, além de realizarem os seus afazeres e trabalhos

na própria propriedade, a venderem sua força de trabalho, tornando-se também trabalhadores

assalariados em determinadas épocas do ano, para conseguir suprir as suas despesas e

necessidades básicas, uma vez que as mesmas não podem ser supridas devido à baixa

rentabilidade gerada pela sua propriedade.

Por meio de diversos fatores, sabe-se que os agricultores familiares, acabam ficando

mais inseguros, perante as pressões e cobranças do mercado, uma vez que dependem de um

clima favorável e que ocorra tudo bem no período do plantio e da colheita da safra, para que

os mesmos posam quitar as suas dívidas e financiamentos com os bancos. Caso ocorra

“quebra” na safra (safra com prejuízos), o agricultor por ser familiar, e ter uma pequena

propriedade, tem como fonte de renda mais de um determinado produto ou trabalho, com isso

o mesmo tentará suprir esses compromissos com a venda de outro produto, produzido na

propriedade, mas quando nem isso é possível, o mesmo se vê obrigado e vender sua

propriedade para poder quitar suas dívidas e financiamentos. Sendo assim, é uma luta diária

que o agricultor familiar enfrenta para se manter no campo, pois quando não é a pressão do

mercado por uma maior produção, é a dos bancos cobrando os empréstimos e financiamentos

ou é a dos latifundiários proprietários de grandes propriedades rurais que acabam cercando,

sufocando e intimidando as pequenas propriedades, fazendo com que os agricultores

familiares acabem por vender as suas terras.

3“A intensa modernização da agricultura, a partir de 1960, foi a principal responsável pelas elevadas taxas de

expulsão da população rural, o que, num contexto de ampla disponibilidade de força de trabalho para o setor

industrial, passa a constituir uma das raízes da “inchação” das periferias, do subemprego e da crise urbana do

período recente.”. (SILVA, 2003, p. 119).

18

[...] à expansão das grandes propriedades na região Centro-sul, em especial

nos estados de Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, vale dizer, nos

estados de agricultura mais modernizada. Esse processo de modernização do

Centro-Sul resultou na expropriação de pequenos produtores, em particular

daqueles que detinham formas precárias de acesso a terra, como os

posseiros, parceiros e pequenos arrendatários. (SILVA, 1987, p.57).

Sabe-se que, na maioria das vezes, quando ocorre à expropriação dos agricultores

familiares das suas terras, os mesmos, juntamente com a família, acabam optando por vários

destinos, às vezes vão para as grandes cidades em busca de emprego e de uma fonte de renda

para a família, sendo que, muitas vezes, por não ser capacitado para determinados serviços

nas indústrias, acaba vivendo uma situação de risco à sua saúde por não ter os devidos

conhecimentos para a execução de um determinado serviço ou trabalho, uma vez que, por

ganhar pouco, acaba, juntamente com a sua família, indo morar em lugares insalubres e com

péssimas condições de saúde. Outro destino dos agricultores familiares que perderam suas

terras é acabar indo trabalhar como trabalhadores volantes ou assalariados nas terras dos

latifundiários ou em muitas vezes em terras que eram suas. Outras vezes os agricultores

familiares acabam aderindo a algum movimento, uma vez que com a questão agrária temos

muitos, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) ou os Sindicatos dos

Pequenos Trabalhadores Rurais e dos Trabalhadores Assalariados. Tendo em vista que, para

adentrar neste movimento não é necessário que seja um agricultor expropriado de sua terra, e

sim qualquer sujeito que não tenha condições de ter ou adquirir seu pedaço de terra ou as

necessidades básicas e as condições de vida supridas.

Com a modernização das técnicas de produção na agricultura, surge o uso de novas

tecnologias como: insumos, agrotóxicos, fertilizantes, sementes melhoradas, entre outros, o

que contribuiu para o aumento da produção agrícola do país, impulsionando a venda dos

produtos no mercado externo por meio das exportações. Para Brum a “[...] modernização da

agricultura é o processo de mecanização e tecnificação da lavoura. Neste sentido, o grau de

modernização avalia-se pelo índice de máquinas, equipamentos, implementos e insumos

modernos utilizados.” (1988, p. 60). Como já ressaltado, a modernização que se implantou no

país na zona rural não foi igual para todas as regiões/estados e menos ainda para os

agricultores, principalmente para os agricultores familiares, essa modernização era voltada

para o giro do capital por meio da industrialização dos produtos produzidos no campo. Para

Graziano Neto “Um agricultor não consegue [...] obter crédito rural para aquisição de adubos

orgânicos, a não ser que adquira também, numa proporção muito maior, fertilizantes químicos

[...]”. (1982, p. 41, grifo do autor). Por meio disso, o agricultor familiar, na maioria das vezes,

19

não disponibiliza de tais condições para a aquisição de adubos e insumos em grandes

quantidades, de vários maquinários agrícolas e de sementes selecionadas.

Na verdade é que a modernização da agricultura segue os moldes capitalistas

e tende a beneficiar apenas determinados produtos e produtores, tendendo a

fortalecer a monocultura. Com a modernização ocorre o que vários autores

denominam de “industrialização da agricultura”, tornando-a uma atividade

nitidamente empresarial, abrindo um mercado de consumo para as indústrias

de máquinas e insumos modernos. (TEIXEIRA, 2005, p. 22).

É o giro do capital que impulsiona o uso cada vez maior de insumos, agrotóxicos e

equipamentos nas lavouras, pondo a saúde do agricultor familiar em risco e poluindo o meio

ambiente. Segundo Martine e Garcia a “[...] falta de rigidez no controle sobre a produção,

comercialização e emprego dos produtos químicos nas culturas e também, o despreparo dos

agricultores para sua utilização tem causado sérios danos ao meio ambiente e à saúde

humana.” (1987, p. 182). Nessa época, em meados de 1966, o governo passou a incentivar o

plantio da monocultura no campo, que teve grande impulso por meio da política de

crescimento implantada na ditadura. Para os militares, segundo Vieira, “O desenvolvimento

era encarado como processo, cuja finalidade consistia em ‘realizar o potencial máximo de

crescimento do produto real da comunidade’, com o lema ‘desenvolver-se é querer

desenvolver-se’.” (1983, p. 203).

O setor agrícola, ao suprir as demandas do mercado, não mede esforços nos

investimentos de novas tecnologias e pesquisas para a agricultura, com a introdução e

implantação de sementes melhoradas, adubos, maquinários agrícolas, agrotóxicos e de pacotes

tecnológicos, como foi o da Revolução Verde, sendo que para Martine e Garcia “O pacote

tecnológico da chamada ‘Revolução Verde’, era composto de sementes melhoradas,

mecanização, insumos químicos e biológicos e prometia viabilizar a modernização de

qualquer país acelerando a produção agrícola [...].” (1987. p. 10). O pacote tecnológico da

Revolução Verde foi o mais conhecido devido à grande quantidade de insumos e tecnologias

que o mesmo viabilizava.

A modernização agrícola propôs um grande desenvolvimento para o setor

agroindustrial, com a implantação e uso de equipamentos e técnicas proporcionando maior

rendimento na produtividade e consequentemente na venda desses produtos agrícolas. Para

Brum “A ‘Revolução Verde’ serviu de carro-chefe para ampliar no mundo a venda de insumos

agrícolas modernos: máquinas, equipamentos, implementos, fertilizantes, defensivos,

20

pesticidas, etc.” (1988, p. 49). Uma vez que quem sairia ganhando com isso eram as grandes

indústrias de maquinários agrícolas e as de produtos químicos.

Com o passar dos anos, em meados da década de 1970, com uma ascensão cada vez

maior do capitalismo, e dos lucros que a agricultura rendia, por meio de suas matérias-primas,

foram se desenvolvendo cada vez mais novas fábricas e indústrias, nas quais a matéria-prima

era transformada em produtos para a comercialização, tanto para o mercado interno quanto

para exportação no mercado externo. Houve um grande aumento também no número de

indústrias de insumos e equipamentos agrícolas no país, uma vez que, como ressalta Teixeira,

“As indústrias de equipamentos e insumos passaram a pressionar, direta ou indiretamente, a

agricultura a se modernizar, visto almejarem uma venda cada vez maior.” (2005, p. 25). Com

as pressões das indústrias e juntamente com os incentivos que o governo determinava para o

desenvolvimento da agricultura, o campo passa por altos investimentos gerando lucros para o

capital. Isto significa, para Graziano Neto, que “[...] o Governo paga para que a agricultura

ajude a indústria. Mas não a indústria em geral e sim a grande indústria, o grande capital.”

(1982, p. 42). Deixando bem claro o viés da exploração e da ganância em busca da

rentabilidade.

Os incentivos que o governo oferecia aos agricultores na compra de produtos, insumos

e maquinários agrícolas chegam ao seu auge na década de 1970, na qual conforme Graziano

Neto “Muitos pequenos agricultores brasileiros, instigados pela propaganda oficial e oficiosa

e aludidos pela ‘ideologia modernizadora’, compraram tratores que permanecem ociosos em

boa parte do tempo e com os quais vão às cidades fazer compras [...]” (1982, p. 43).

Entretanto, não basta apenas ter um trator, requer também ter os outros maquinários agrícolas

como: arados e grades para mover a terra ao efetivar o plantio, máquinas plantadoras e de

passar veneno para manter e cuidar da plantação e a colheitadeira para efetuar a colheita da

safra. Com a compra somente do trator, este irá ser utilizado muito mais para outros afazeres

do que realmente para o trabalho no campo ou na lavoura. Como relata Graziano Neto, “[...] o

processo de transformação tecnológica ocorrida recentemente privilegiou alguns produtores

(os grande), algumas atividades (os produtos de exportação) [...] no geral todos

experimentaram da modernização, uns experimentaram mais que os outros.” (1982, p. 49). A

modernização das técnicas de produção no campo, como já ressaltada, não foi igualitária para

todos os agricultores, uma vez que a mesma tende sempre a beneficiar os grandes e excluir os

pequenos.

O modelo agrícola, assim como o modelo econômico global, privilegia os

21

grandes capitais, excluindo os pequenos. São os grandes proprietários que

mais têm acesso ao crédito rural, às políticas de comercialização. A

tecnologia moderna, por sua vez, é sofisticada, onerosa e não adequada à

pequena escala de produção. (GRAZIANO NETO, 1982, p. 58).

Com a geração de condições históricas para a superação da ditadura militar, é no fim

da década de 1980 e início dos anos 1990, que se tem no Brasil a aprovação da Constituição

Federal em 1988, que assegurou os direitos sociais, como a Política Nacional de Promoção da

Saúde, a Lei Orgânica da Saúde 8.080/90 e o SUS, a Política da Criança e do Adolescente, do

Idoso e da Assistência. Nesse período, se desenvolve o projeto neoliberal no país, sendo que

segundo Scherer “[...] o projeto neoliberal [...] propunha o livre mercado e menor intervenção

do Estado.” (2000, p. 20), ou seja, a economia passava a ser regida pelo mercado e não mais

pelo Estado, uma vez que a intervenção do Estado nos problemas econômicos e sociais era a

mínima possível. Sendo que, o projeto neoliberal, ainda conforme Scherer, “[...] implantou-se

no governo Collor, [...] e provocou significativas mudanças na economia do país,

apresentando-se como um projeto de desenvolvimento e modernização. Tal projeto

subordinou o Brasil ao modelo de ‘modernização conservadora’ [...].” (2000, p. 20), ou seja se

instalou nesse governo um novo ciclo de modernização conservadora na sociedade, e este

processo e projeto se perpetuaram, conforme Scherer (2000), nos governos de Itamar Franco e

Fernando Henrique Cardoso, uma vez que o projeto neoliberal esteve mais presente e

explicito, principalmente no governo de FHC (Fernando Henrique Cardoso), ele passa a ter

uma grande influência nas políticas adotadas no período, fato evidenciado, alguns anos

depois, nas privatizações de bens públicos, que para Carcanholo: “Até bem pouco tempo

atrás, ninguém no governo FHC admitia que o seu projeto era neoliberal, embora os fatos e

suas políticas não deixassem a menor dúvida.” (1998, p. 32). O Brasil teve vários bens de uso

e serviços públicos que foram privatizados por grandes empresas e empresários que passaram

a lucrar com o mesmo, um grande exemplo disso foi à privatização das empresas estatais mais

importantes do país.

[...] o Estado desenvolvimentista notabilizou-se por uma ação seletiva e

excludente, verificável, dentre outros aspectos, pela criação de um sistema

previdenciário restrito, pela inexistência de políticas sociais progressivas e

abrangentes, e pelo descaso ao processo migratório interno decorrente da

formação de grandes latifúndios e o consequente problema de urbanização

que esse processo acarretaria nos centros urbanos. (RIZZOTTO, 2012, p.

163).

Com o propósito e a falácia de desenvolver e sair da crise que abalava todo o mundo

22

desde a década de 1970, principalmente após 1973 com a crise do petróleo, é em 1990 com o

governo FHC, que se desenvolveu uma política de reformas no Brasil e de ajustes neoliberais,

uma vez que para Scherer “O ajustes econômicos neoliberais realizados nos anos 90 em nada

contribuíram para superar as excludentes estruturas fundiárias rurais e urbanas.” (2000, p. 23),

pois a concentração fundiária continuava a crescer, prejudicando tanto o meio rural quanto o

urbano com o inchaço das cidades. Ainda nos anos 1990, conforme traz Rizzotto (2012), é

que se introduz no país o “Plano diretor da Reforma do Aparelho do Estado” tendo como

administrador o ministro Bresser Pereira do Ministério da Administração Federal e Reforma

do Estado (MARE), sendo que esta reforma, efetuada pelo governo FHC, esteve pautada

extremamente nos moldes capitalistas de mercado.

Durante o auge da reforma, no governo de Fernando Henrique Cardoso,

foram utilizados vários mecanismos para proceder à privatização de serviços

públicos, com destaque para a transferência ou venda de estabelecimentos

públicos para a iniciativa privada; a estratégia de afastamento progressivo

em ações especificas (privatização implícita); a redução da oferta de

serviços, reconduzindo a demanda para o setor privado; financiamento

público do consumo de serviços privados; e a desregulamentação, que

permite a entrada do setor privado em setores que antes eram monopólio do

Estado como, por exemplo, no caso da avaliação de serviços e da vigilância

sanitária. (RIZZOTTO, 2012, p. 178).

Neste período, além das privatizações, houve um grande aumento do desemprego,

reajustes de tarifas, aumento das terceirizações de serviços, o que para Soares, o modelo

neoliberal gera “[...] a informalidade no trabalho, o desemprego, o subemprego a desproteção

trabalhistas e consequentemente, uma ‘nova’ pobreza.” (2000, p. 12), ou seja, a uma

instabilidade geral na sociedade, com altas cada vez maiores do preços dos produtos,

desempregos, demissões e aposentadorias em massa, gerando uma insegurança geral para toda

a sociedade.

1.2 OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DA

POPULAÇÃO RURAL

Neste item, iremos discutir a saúde dos agricultores familiares e dos trabalhadores

rurais, iniciando, neste momento, a exposição dos conteúdos das entrevistas realizadas com

os(as) agricultores(as) familiares do município de Sulina, e dos documentos fornecidos pela

Secretaria Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS), com as

informações relacionadas à saúde no município. A caracterização do município de Sulina e da

23

Região Sudoeste do Estado do Paraná se dará no terceiro capítulo deste trabalho, como já

explicitado na introdução do mesmo.

O agricultor familiar, assim como o trabalhador rural4, está exposto a uma série de

riscos e de acidentes decorrentes do cotidiano do seu trabalho, sendo que algumas formas de

trabalho realizadas no campo podem acarretar sérios problemas de saúde, assim como

acidentes de trabalho, ataque de algum animal, inseto ou réptil, intoxicações, doenças de pele,

câncer, problemas nas vias respiratórias, dores lombares ou problemas na coluna e perda de

membros do corpo referentes a mutilações sofridas no campo. Conforme aponta Mendes

“Dentre as várias formas de classificar os desvios da saúde relacionados com o trabalho, não

há como escapar daquela que os agrupa em efeitos ou respostas a curto prazo [...] e em efeitos

a médio e longo prazo, ou crônicos.” (1988, p. 311). Ou seja, no meio rural onde os

moradores, vivem e trabalham, o índice de acidentes, bem como dos problemas com a saúde,

são muitos, e se acrescem com as pressões decorrentes das condições que se realizam5. No

entanto, as notificações desses acidentes geralmente são baixas, o que dificulta a intervenção

para a prevenção de acidentes e do processo saúde-doença.

A necessidade do aumento da produção de alimentos e a desvalorização dos

produtos primários comercializados na propriedade, agravadas pelo aumento

do custo de produção, têm levado à necessidade de uma maior jornada de

trabalho no campo. Esse fato, potencialmente, pode contribuir para o

aumento da ocorrência de acidentes. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI,

2001, p. 270).

O trabalho realizado no campo, pelo agricultor familiar é difícil e desgastante, uma

vez que para manter a pequena propriedade o agricultor familiar acaba tendo que optar pela

diversificação e a realização de várias atividades como fonte de renda, dentre elas: a criação

de gado de corte, gado de leite, suínos, peixes, aves e o plantio de soja, milho ou trigo, o que

acaba acarretando maior esforço físico, ou seja, mais trabalho a ser realizado na propriedade

pelo agricultor familiar e sua família.

Como já mencionado, o agricultor familiar e o trabalhador rural, ao executarem os

seus trabalhos, se expõem diariamente a algum tipo de risco, portanto, ao saberem e

4Diferente do agricultor familiar, o trabalhador rural assalariado é susceptível aos mecanismos de exploração por

meio da mais valia: o aceleramento das rotinas de trabalho se constitui em uma das formas de obtenção de mais

valia, que compõe-se às condições de trabalho. 5A condição em que se realiza o trabalho rural, ao mesmo tempo expõe os trabalhadores à insegurança, camufla a

sua ocorrência. Por isso a necessidade de adoção de políticas de saúde que favoreçam a visibilidade dos

acidentes e doenças decorrentes do trabalho rural.

24

detectarem esses riscos, devem avaliar e ver as causas e consequências que tais riscos podem

trazer para a sua saúde e de sua família, bem como para o meio ambiente.

O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve um conjunto

de procedimentos que visam a definir se existe ou não um problema para a

saúde do trabalhador e, no caso afirmativo, a estabelecer sua provável

magnitude, a identificar os agentes potenciais de risco e as possibilidades de

exposição. É uma etapa fundamental do processo que, apesar de sujeita às

limitações dos recursos disponíveis e a erros, servirá de base para a decisão

quanto às ações a serem adotadas e para o estabelecimento de prioridades.

(BRASIL, 2001a, p. 37).

Com o passar dos anos e com a implantação de técnicas mais modernas para o campo,

a saúde do agricultor familiar também teve algumas mudanças, uma vez que aos poucos

foram utilizando e introduzindo essas novas tecnologias em sua propriedade rural, utilizando-

as tanto na lavoura, quanto em outras atividades da propriedade. Muitos agricultores passaram

a utilizar essas novas tecnologias sem ter os devidos conhecimentos de como usá-las e

manuseá-las corretamente, expondo a sua saúde, bem como a de sua família à acidentes

sofridos com os maquinários agrícolas, tendo muitos casos de mutilações de membros do

corpo, contaminações direta ou indireta com produtos químicos, como agrotóxicos,

defensivos agrícolas, sementes tratadas ou adubos químicos.

O Brasil é um país em desenvolvimento e, como tal, convive com situações-

problema intermediárias entre o padrão "desenvolvido" [...] e o "não

desenvolvido" [...]. Assim, ao mesmo tempo em que ainda enfrenta graves

problemas de ordem local (saneamento, qualidade da água para consumo e a

prevalência de doenças infecto-parasitárias), passa a lidar com situações-

problema características de países mais desenvolvidos, como aumento na

incidência de doenças crônico-degenerativas, aumento dos casos de

acidentes de trabalho, contaminações/acidentes químicos ampliados, etc. Tal

fato coloca a necessidade de se considerar os problemas de saúde e ambiente

enfrentados pela população do campo dentro do processo de

desenvolvimento do país, sobretudo no que diz respeito às formas de

organização do trabalho rural. (PERES, 2009, p. 1996).

Quanto ao ataque de algum animal, inseto ou réptil no município de Sulina, segundo

dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde

(UBS), desde o ano de 2007 a 2010, tem-se registrado em documentos da Unidade um total

de “180 acidentes com animais peçonhentos”. (Sulina, 2010), um número considerado

elevado baseado nos registros da região.

25

No Brasil é grande o consumo e o uso de produtos químicos e os que mais se

destacam são os agrotóxicos, uma vez que para Souza et al “O Brasil é o terceiro mercado e o

oitavo maior consumidor de agrotóxicos por hectare do mundo, sendo herbicidas e inseticidas

[...].” (2011, s.p). Com isso, percebe-se a grande quantidade de agrotóxicos aos quais os

agricultores familiares estão expostos e que recai ainda no meio ambiente. Conforme Souza et

al “[...] a utilização indiscriminada de agrotóxicos no meio rural pode provocar intoxicações

de seus trabalhadores com diferentes graus de severidade e levar à depressão e, até mesmo ao

suicídio.” (2011, s.p). Ou seja, é a disponibilidade do veneno, que leva a intoxicação

involuntária e que leva consecutivamente a morte. O agricultor familiar e o trabalhador rural

ao manter contato com qualquer tipo de agrotóxico devem tomar os devidos cuidados básicos

e necessários com a sua saúde para não sofrer contaminações ou até mesmo intoxicações.

Segundo Souza et al “Intoxicações por agrotóxicos podem provocar diminuição das defesas

imunológicas, anemia, impotência sexual, cefaleia, insônia, alterações de pressão arterial,

distimias e distúrbios de comportamento.” (2011, s.p). No município de Sulina, segundo

dados fornecidos pela 7° Regional de Saúde localizada em Pato Branco, no período de 2011 a

2012, foram notificados no município oito casos de intoxicações exógenas6. (PARANÁ,

2012). Vale mencionar que, além de contaminar e intoxicar o ser humano, o uso indevido de

agrotóxicos também contamina e polui o ambiente como um todo, a água, o ar, o solo e o

subsolo. Conforme os dados do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde do

Paraná, os motivos que levam a pessoa a ter uma intoxicação são os mais diversos.

Segundo os dados do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Estadual de

Saúde, ocorreram 6.579 intoxicações por agrotóxicos com 757 óbitos, no

período de 1996 a 2006. Destes, mais de 40% das intoxicações foram

profissionais. Quanto à causa das intoxicações, os dados indicam que a

principal causa é a provocada pelo trabalho (profissional), sendo esta

responsável por cerca de 50% dos eventos. Em seguida, as tentativas de

suicídio, com cerca de 30% das causas. As de caráter acidental, outros e

ignorados representam aproximadamente 18% [...]. (PARANÁ, 2011, p. 35).

O que se observa é que se quer modernizar e agilizar a produção no campo, mas não se

pensa nas pessoas que sobrevivem nesse meio, sendo que estas acabam, na grande maioria,

não tendo um acesso digno à saúde, com pouca informação sobre doenças ou problemas

6“Intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica e/ou bioquímicas da exposição a

substâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas. Como exemplo, dessas substâncias intoxicantes

ambientais, podemos citar o ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos. Por sua vez, os

principais representantes de substâncias isoladas são os pesticidas, os medicamentos, produtos químicos

industriais ou de uso domiciliar.” (Costa, 2008, p.01).

26

relacionados à saúde e a prevenção das mesmas. Antecedendo a difusão dos produtos tóxicos

e também das tecnologias, seria necessário a difusão cultural e educativa de seus usos e

incorporação no meio, o que poderia prevenir alguns dos acidentes. Sendo que isso não retira

a consequência negativa do uso dos produtos tóxicos.

Percebe-se, por meio das entrevistas realizadas no município de Sulina, que todos(as)

os(as) agricultores(as) familiares entrevistados mencionaram que as formas de prevenção

quanto a acidentes e cuidados com a saúde, no meio rural no município, são realizadas pela

cooperativa (Coasul), ali localizada. As formas de prevenção e cuidados com a saúde, como

relatado pelos entrevistados, são realizadas por técnicos e engenheiros agrônomos da própria

cooperativa, por meio de palestras, reuniões, campanhas, cursos e na distribuição de folders e

cartilhas informativas. Ou seja, a mesma empresa, que tem interesse que eles passem a usar e

adotar os produtos e tecnologias, busca formas de disseminar as formas de uso, como uma

forma de convencimento ao consumo.

Além de se informar quanto aos cuidados para com a saúde, os agricultores e os

trabalhadores rurais devem ter o conhecimento e fazer o uso dos EPIs (Equipamentos de

Proteção Individual), uma vez que o uso serve para a proteção e prevenção de acidentes no

trabalho. Segundo Pantaleão o “Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo dispositivo

ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos

capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde.” (2011, s.p).

Ao deixar de fazer uso dos EPIs os agricultores familiares e os trabalhadores rurais

acabam ficando expostos à inúmeros riscos que ameaçam a sua segurança e saúde no trabalho.

Por meio dos relatos e dos dados obtidos com as entrevistas realizadas, com os(as) dez

agricultores(as) familiares do município de Sulina, sete disseram fazer o uso correto dos EPIs,

e três disseram fazer o uso na maioria das vezes. Foi possível perceber que a maioria

desses(as) agricultores(as) usam os EPIs, mas nem todos os usam corretamente, por não terem

os devidos conhecimentos e não darem a devida importância aos mesmos, como quando o

trabalho é pouco, por acharem que o uso dos mesmos não é importante7, ou simplesmente por

não gostarem de usar os mesmos, uma vez que os acham incômodo na realização do trabalho,

sendo que, quando os usam não é de modo adequado.

7A natureza do trabalho familiar expõe o trabalhador aos riscos, uma vez que se confunde o espaço de trabalho

com o doméstico, gerando uma falsa impressão de que aquela situação, por ser de rotina, não apresenta risco

(auto exploração). Outro aspecto, é que ele é o responsável pelo que acontece, ou seja, a não existência do

contrato de trabalho com outro, leva, às vezes, a um desleixo consigo próprio, uma vez que ele mesmo é

responsável pelo que ocorre.

27

Com isso, os impactos que este agricultor familiar e trabalhador rural vão sofrendo ao

longo de sua vida, por não utilizar os EPIs e se expor aos riscos e a contaminação, vão se

acumulando no organismo e desencadeando, mais tarde, em sérios problemas de saúde.

Na sociedade em que vivemos, há constantemente a busca por poder e riquezas, sendo

assim, os agricultores familiares, neste processo, são impulsionados pelo capital, a ter uma

maior produtividade nas suas lavouras, com isso, acabam se expondo a uma série de perigos,

uma vez que o setor agrícola do país, para suprir as demandas do mercado, não mede esforços

nos investimentos de novas tecnologias e pesquisas para o campo. A grande maioria dos

agricultores familiares sabem e têm o conhecimento que podem adoecer ou até mesmo

morrer, devido às condições inadequadas em que realizam o seu trabalho.

Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e morte da

população em geral, em função de sua idade, gênero, grupo social ou

inserção em um grupo específico de risco. Além disso, os trabalhadores

podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, como

consequência da profissão que exercem ou exerceram ou pelas condições

adversas em que seu trabalho é ou foi realizado. (BRASIL, 2001a, p. 27).

Além dos riscos aos quais os agricultores familiares e os trabalhadores rurais estão

expostos diariamente, há também outros agravos que podem comprometer a sua saúde, como

por meio de pressões e cobranças por uma maior colheita, para que renda uma boa safra ou

por uma maior produção das outras atividades desenvolvidas pela propriedade, sabendo que

em muitos casos há financiamentos e empréstimos para pagar e ainda as despesas geradas

pela família. Com isso, o agricultor familiar e o trabalhador rural sofrem pressões de variados

modos. Conforme o Ministério da Saúde “A exigência de maior produtividade [...] à pressão

do tempo e ao aumento da complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis [...]

constituem fatores psicossociais responsáveis por situações de estresse relacionado ao

trabalho.” (BRASIL, 2001a, p. 40).

Os agricultores familiares e os trabalhadores rurais, também estão expostos às várias

outras formas de doenças ou problemas com a saúde, algumas como ressalta o Ministério da

Saúde são provocadas “[...] por pré-disposição genética ou induzida por fatores secundários,

ambientais ou virais.” (BRASIL, 2001a, p. 95). Ou ainda pelo tipo de trabalho realizado.

Sendo que o câncer, por exemplo, por ser uma doença silenciosa requer muitos cuidados onde

na maioria das vezes quando diagnosticada, a mesma encontra-se em um estado avançado.

(BRASIL, 2001a, grifo nosso).

28

O câncer pode surgir como consequência da exposição a agentes

carcinogênicos [processo de formação do câncer], presentes no ambiente

onde se vive e trabalha decorrentes do estilo de vida e de fatores ambientais

produzidos ou alterados pela atividade humana. Segundo dados do Instituto

Nacional de Câncer (INCA, 1995), estima-se que 60 a 90% dos cânceres

sejam devidos à exposição a fatores ambientais. Em cerca de 30% dos casos,

não tem sido possível identificar a causa do câncer, sendo atribuída a fatores

genéticos e mutações espontâneas. (BRASIL, 2001a, p. 95, grifos do autor).

Muitos estudos sobre essa doença estão sendo realizados no mundo inteiro, sendo que

segundo Ministério da Saúde “A grande variação observada nas estatísticas internacionais

sobre a incidência de câncer fortalece a hipótese explicativa que atribui aos fatores ambientais

a maior parcela de responsabilidade pela doença.” (BRASIL, 2001a, p. 95, grifo do autor).

Percebe-se que, a intensificação do uso de vários produtos químicos nos alimentos e o contato

dos mesmos com o ser humano e com o meio ambiente tem desencadeado várias formas de

doenças, dentre elas o câncer. Os(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as) do

município de Sulina mencionaram, que antigamente os casos de câncer ou de morte pelo

mesmo eram raros e pouco comentados, uma vez que, segundo depoimentos, o aumento do

câncer tem relação com o maior uso e consumo de agrotóxicos e ainda com uma maior

exposição ao sol sem a devida proteção.

No município de Sulina, conforme dados dos arquivos da Secretaria Municipal de

Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS), no ano de 2010, ocorreram seis óbitos

devido ao câncer, sendo eles: “dois nos brônquios e pulmões, um na próstata, um no aparelho

digestivo, um nos órgãos respiratórios e digestivo e um no sistema nervoso.” (Sulina, 2010).

Existem vários tipos de câncer, como descreve o Ministério da Saúde há câncer: de pulmão,

de laringe, de pâncreas, de fígado, de estômago, de pele, gástrico, entre outros. (BRASIL,

2001a). Sendo que, no meio rural, percebe-se casos de câncer e doenças de pele entre os

agricultores, em geral associados na grande maioria, por exposição excessiva aos raios

ultravioletas, e por não tomar os cuidados necessários para com a sua saúde, principalmente

nos horários de maior incidência dos raios solares na terra.

A etiologia dos cânceres de pele está fortemente associada com a exposição

actínica, em especial os raios ultravioleta. Cerca de 90% desses cânceres

desenvolvem-se em regiões do corpo expostas ao sol. [...] Profissões que

expõem os trabalhadores à intensa radiação solar, como agricultores, [...]

pescadores e marinheiros, por exemplo, têm taxas de incidência de câncer de

pele mais elevadas do que a população em geral ou trabalhadores de outras

profissões menos expostos à radiação actínica. (BRASIL, 2001a, p. 117,

grifos do autor).

29

Os problemas de saúde nas vias respiratórias, como as alergias, bronquites, asmas,

sinusites e rinites alérgicas, também afetam e prejudicam a saúde dos agricultores familiares e

dos trabalhadores rurais, sendo que o modo como os agricultores familiares e trabalhadores

rurais realizavam e ainda realizam os seus trabalhos, acaba por desencadear o aparecimento

dessas doenças respiratórias e crônicas. Por meio das entrevistas realizadas, com os(as) dez

agricultores(as) familiares do município de Sulina, o entrevistado da propriedade A

mencionou sofrer de asma e alergias ao pó e a poeira, devido ao seu contato com o mesmo por

anos. Para o Ministério da Saúde “A poluição do ar nos ambientes de trabalho associa-se a

uma extensa gama de doenças do trato respiratório que acometem desde o nariz até o espaço

pleural.” (BRASIL, 2001b, p. 307). Várias são as causas que podem desencadear nos

agricultores familiares e nos trabalhadores rurais problemas respiratórios, como o próprio

ambiente de trabalho, sendo que, de acordo com o Ministério da Saúde, além da poluição dos

ambientes de trabalho, existem as características próprias de cada sujeito, ou seja, seus hábitos

de vida, herança genética e a presença do tabagismo. (BRASIL, 2001b)

Outros problemas de saúde bem frequentes no meio rural, que atinge os agricultores

familiares e os trabalhadores rurais, são as dores lombares e os problemas na coluna. Sendo

que dos(as) dez agricultores(as) familiares entrevistados, do município de Sulina, cinco, das

propriedades B, E, I e J, mencionaram sofrer de problemas e dores na coluna, relacionados à

trabalhos com excesso peso, como carregar sacas pesadas nas costas desde muito cedo, o

modo de executar determinado trabalho e até mesmo a própria postura física adquirida ao

longo dos anos.

No meio rural também ocorrem situações de amputações e mutilações de membros do

corpo, decorrentes de acidentes de trabalho. Muitos agricultores familiares e trabalhadores

rurais, por não terem os devidos conhecimentos na hora do uso e do manuseio de

determinadas máquinas, acabam se ferindo e juntamente com isso tendo sequelas para o resto

da vida. Segundo dados fornecidos pela 7° Regional de Saúde, “No período de 2011 a 2012,

foram notificados no município de Sulina, nove casos de acidente de trabalho grave.”

(PARANÁ, 2012), o que constata o perigo que esses agricultores e trabalhadores rurais

correm no dia a dia dos seus trabalhos. Conforme dados da Política Estadual de Saúde do

Trabalhador do Estado do Paraná, quanto ao meio rural, as principais máquinas que

ocasionaram amputações foram as “[...] ferramentas manuais motorizadas e não motorizas e

máquinas agrícolas [...].” (PARANÁ, 2011, p. 30). Por meio destas informações pode se ver o

quanto é importante à prevenção aos acidentes e bem como aos problemas de saúde.

30

2 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Neste capítulo analisaremos a Política Nacional de Promoção da Saúde, e

mencionaremos a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

(RENAST). A partir da Constituição Federal de 1988, que a Política Nacional de Promoção da

Saúde, juntamente com a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal 8.880 de 1990) e o Sistema

Único de Saúde (SUS) passam a ter competência e atribuição legal sobre o processo saúde-

doença.

A saúde é direito de todo ser humano e cabe ao Estado garantir e prover esse direito,

uma vez que o mesmo está presente na Constituição Federal de 1988, na seção II da Saúde.

Art. 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e

econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal

e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL,

2012). A Lei Orgânica da Saúde traz em seu Art. 6º o que ainda está incluído no campo de

atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), para tanto é no parágrafo 3º que se especifica o

que se compreende como saúde do trabalhador:

Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de

atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e

vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,

assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores

submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,

abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou

portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de

competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas,

avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no

processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do

Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das

condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e

manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que

apresentam riscos à saúde do trabalhador, [...]. (BRASIL, 1990, p. 03-04,

grifo nosso).

A Política Nacional de Promoção da Saúde tem como objetivo; “Promover a qualidade

de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e

condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer,

cultura, acesso a bens e serviços essenciais.” (BRASIL, 2006, p. 19).

Para que os trabalhadores e toda a população possam ter o aceso aos bens e serviços

previstos e universalmente disponibilizados nesta Política, estes devem conhecê-las. No

entanto, sabe-se que a realidade quanto à divulgação das informações das políticas em geral

31

em nosso país, são as mínimas possíveis, e um povo com pouco conhecimento, gera pouca

cobrança dos órgãos públicos, ou seja, é preferível ter um país com um povo alienado às

informações, do que um povo com um vasto conhecimento em cultura e informações.

As dificuldades de efetivação da universalização dos serviços de saúde são inúmeros

no Brasil, provocando um processo de judicialização da questão, tanto que o Ministério

Público passa, então, a ter papel fundamental na garantia de acesso a um suposto direito

universal. Não obstante, temos também as dificuldades na garantia, por exemplo, de

fiscalização das condições em que o trabalho se realiza, o que é, muitas vezes, responsável

pela ocorrência de acidentes de trabalho ou de adoecimento pelo trabalho.

Em 19 de setembro de 2002, temos no Brasil, por meio do Ministério da Saúde,

juntamente com a Secretária de Assistência da Saúde, a criação da Rede Nacional de Atenção

Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST).

O processo de construção da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Trabalhador (RENAST) no SUS, pelas Portarias nº. 1679/GM-MS-

MS/19/09/02, 2437/GM-MS-MS/07/12/2005 e 2728/GM-MS-MS/19/11/09,

representa o aprofundamento da institucionalização e do fortalecimento da

Saúde do Trabalhador, no âmbito do SUS, em nosso país. Também reúne as

condições para o estabelecimento de uma política de Estado e os meios para

sua execução. (PARANÁ, 2011, p. 18).

A criação da RENAST foi uma estratégia, no âmbito do SUS, para realizar uma real

prevenção, intervenção e recuperação da saúde dos trabalhadores urbanos e rurais do país.

A institucionalização da RENAST propõe a viabilizar uma estratégia de

disseminação das ações em Saúde do Trabalhador em toda rede de serviços

do SUS - Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios, Pronto Socorros e

Hospitais, distribuídos em todos os 5.561 municípios brasileiros. (PARANÁ,

2011, p. 18).

A RENAST tem como pressupostos:

A concepção de uma rede nacional, cujo eixo integrador é a rede

regionalizada de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador

(CEREST), localizados em cada uma das capitais, regiões metropolitanas e

municípios sede de pólos de assistência, das regiões e microrregiões de

saúde, tem a atribuição de dar suporte técnico e científico às intervenções do

SUS no campo da saúde do trabalhador, integradas, no âmbito de uma

determinada região, com a ação de outros órgãos públicos; Uma política

permanente de financiamento de ações de Saúde do Trabalhador, alocando

recursos novos, fundo a fundo para os estados e municípios. (PARANÁ,

2011, p. 18, grifo nosso).

32

Seria necessário uma análise detalhada de como a RENAST vem se consolidando a partir

de sua criação, o que não foi possível neste trabalho. No meio urbano a segurança do trabalho está

mais atuante, uma vez que a organização sindical favorece a agregação de forças em torno das

conquistas, o que favoreceu a obrigatoriedade a vigilância em saúde nos ambientes de trabalho.

Diferentemente da realidade rural, que tem um pouco mais de dificuldades.

2.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST) tem por propósito:

[...] a promoção da saúde e a redução da morbimortalidade dos

trabalhadores, mediante ações integradas, intra e intersetorialmente, de

forma contínua, sobre os determinantes dos agravos decorrentes dos modelos

de desenvolvimento e processos produtivos, com a participação de todos os

sujeitos envolvidos. (BRASIL, 2004, p. 19).

É entre os anos de 1998 e 2000 que se tem uma discussão quanto à elaboração de uma

proposta para uma PNST, que relacionasse o processo saúde-doença ao trabalho. Segundo a

PNST “No Brasil, até 1988, a saúde era apenas um benefício previdenciário (restrito aos

contribuintes) ou um serviço comprado na forma de assistência médica [ou] uma ação de

misericórdia oferecida aos que não tinham acesso a previdência [...].” (BRASIL, 2004, p. 06).

Como traz a PNST, os trabalhadores que não tinham como pagar por um atendimento

privado de saúde, dependiam da boa ação fornecida por hospitais filantrópicos, como as

Santas Casas, sendo que, ainda conforme a PNST, “As ações em Saúde do Trabalhador, no

âmbito do SUS, tem se desenvolvido de forma isolada e fragmentada das demais ações de

Saúde.” (BRASIL, 2004, p. 09). Isto pode ser percebido tanto nas ações executadas em nível

municipal quanto nas em nível estadual.

Para essa Política são considerados trabalhadores:

Para fins desta Política são considerados trabalhadores todos os homens e

mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus

dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de

trabalho, no setor formal ou informal da economia. Estão incluídos nesse

grupo todos os indivíduos que trabalharam ou trabalham como: empregados

assalariados; trabalhadores domésticos; avulsos; rurais; autônomos;

temporários, servidores públicos; trabalhadores em cooperativas e

empregadores, particularmente os proprietários de micro e pequenas0,

unidades de produção e serviços, entre outros. (BRASIL, 2004, p. 11).

33

Sabe-se que a saúde do trabalhador, independente do trabalho ou serviço que o mesmo

desenvolva/realiza, no seu dia a dia, sempre estará relacionada ao meio ambiente, ou seja, a

saúde ambiental, a qual é encarada na sociedade de hoje como um grande desafio a ser

superado pelo SUS, uma vez que a poluição e a contaminação ambiental afetam a sociedade

toda.

A abordagem integrada das interrelações entre as questões de saúde do

trabalhador e saúde ambiental representa na atualidade, um grande desafio

para o SUS, uma vez que, em muitos casos, a degradação ambiental

originada no processo de produção, armazenagem, expedição, distribuição e

comercialização, expressas na poluição do ar, solo, água superficial e

subterrânea, causam danos à saúde dos trabalhadores e da população do

entorno. (BRASIL, 2004, p. 18).

Percebe-se que a população que vive no meio rural, e que depende do campo e do seu

trabalho para sobreviver, sofre várias dificuldades, quanto ao acesso no que diz respeito aos

serviços de saúde em nosso país.

A população rural ainda encontra dificuldades significativas de acesso ás

ações do SUS. Vencer essas restrições significa pensar em um SUS que

considere, em todos seus aspectos, as especificidades do trabalho rural e da

vida no campo. Vale aqui destacar que na saúde dos trabalhadores e das

trabalhadoras rurais acirram-se as questões de saúde relacionadas com

gênero, ciclos de vida e meio ambiente, com a exposição a diversos fatores

de agravos à saúde, como os agrotóxicos e insumos contaminados com

resíduos perigosos. (BRASIL, 2004, p. 10)

Com isso, as medidas e as ações de saúde passam, conforme a PNST (2004), a serem

conduzidas pela necessidade de se reconhecer, os fatores de riscos presentes no modo de

trabalho, executados pelos trabalhadores, e tentar controlar a exposição a esses riscos, bem

como trabalhar em prol de uma relação de “produção-consumo-ambiente e saúde.” Cabe,

assim, à vigilância em saúde8 do trabalhador (Visat) efetuar regularmente as suas ações e

visitas aos ambientes de trabalho, e ver como realmente estão as condições destes e os riscos

que o mesmos oferecem ou poderão vir a oferecer para os trabalhadores.

A vigilância em saúde do trabalhador deve ser compreendida como uma

atuação continua sistemática e com controle social ao longo do tempo, no

8“A Vigilância à Saúde dos Trabalhadores compreende a assistência integral à saúde dos trabalhadores e a

promoção de ambientes e processos de trabalho.” (Política Estadual de atenção integral à Saúde do Trabalhador

do Paraná, 2011. p. 57).

34

sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e

condicionantes dos problemas de saúde e dos fatores de riscos relacionados

aos processos de trabalho, em seus aspectos sociais, organizacionais,

econômicos, epidemiológicos e territoriais, com a finalidade de planejar,

avaliar e executar as intervenções sobre os mesmos, de forma a eliminá-los;

(BRASIL, 2004, p. 20)

Entre as várias ações a serem implementadas pela vigilância em saúde estão: “a

caracterização dos processos de trabalho, com a identificação dos fatores e situações de risco,

bem como as exigências fisiológicas, cognitivas e psíquicas a que estão expostos os

trabalhadores em suas atividades de trabalho.” (BRASIL, 2004, p. 20). Sendo que, conforme

traz a PNST, a caracterização deverá ser orientada por medidas “preventivas, corretivas e

coercitivas”, ao modo de se prevenir e evitar qualquer modo de perigo e risco.

Ainda quanto à saúde dos trabalhadores, conforme traz a PNST, “Deverão ser

incorporados na atenção aos trabalhadores, quando necessário, os procedimentos de

reabilitação/readaptação, com a finalidade de evitar ou diminuir e promover a reintegração

social e ao trabalho.” (BRASIL, 2004, p. 22). Por meio dessas ações implementadas pela

PNST, pretende-se realizar e devolver ao trabalhador uma vida normal, mantendo os seus

hábitos, e reintegrando-os na sociedade. Para que se tenha uma boa qualidade na saúde dos

trabalhadores, é necessário que vários setores estejam envolvidos nas ações relacionadas à

saúde. De acordo com a PNST, “A saúde do trabalhador exige que diversos setores do

governo e da sociedade civil estejam envolvidos na construção e desenvolvimento das ações

de saúde. Assim a pactuação intra e intersetorial constitui uma diretriz fundamental desta

PNST.” (BRASIL, 2004, p. 24).

A PNST traz as responsabilidades institucionais quanto à saúde do trabalhador no

âmbito do Gestor Federal, o Ministério da Saúde, sendo que ao mesmo: “Cabe [...] à

coordenação nacional da política de saúde do trabalhador, assim como é da competência do

SUS a execução de ações pertinentes a esta área, conforme determinam a Constituição

Federal e a Lei Orgânica da Saúde.” (BRASIL, 2004, p. 33).

2.2 POLÍTICA ESTADUAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR

DO PARANÁ

“A Política Estadual de Saúde do Trabalhador orienta a gestão estadual do SUS-PR na

área de Saúde do Trabalhador.” (PARANÁ, 2011, p. 57). Ou seja, essa Política guia as ações

que o SUS deverá tomar e seguir no Estado do Paraná, para com todos os trabalhadores.

35

Essa política se baseia nos princípios do Sistema Único de Saúde do

Trabalhador e utiliza o modelo de Vigilância à Saúde. Atua sobre os

determinantes dos agravos à saúde decorrentes dos modelos de

desenvolvimento e processos produtivos, com a participação de todos os

sujeitos sociais envolvidos. (PARANÁ, 2011, p. 57).

O processo de construção da Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do

Trabalhador do Paraná é consequência de um longo processo de discussão, executado por

diversos setores e categorias, resultando na definição de um objetivo, ou seja, definir as

diretrizes da Política Estadual de Saúde do Trabalhador, visando atender às necessidades do

Estado do Paraná.

A Política Estadual de Saúde do Trabalhador no Paraná (SUS-PR) é

resultado de um processo de discussão no âmbito do SUS e da Comissão

Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST)/ Conselho Estadual de Saúde

do Paraná (CES-PR). O objetivo é definir as diretrizes para uma atuação

planejada dessa área para o Estado do Paraná. Essa política se baseia na

participação dos gestores estaduais e municipais na sua operacionalização,

na integração das instituições públicas e na articulação e participação dos

diversos atores e segmentos sociais que constituem o controle social.

(PARANÁ, 2011, p. 13).

A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador do Paraná foi

aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde em 15 de dezembro de 2010, sendo somente

publicada em agosto de 2011. A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador

do Paraná segue sete princípios, sendo eles: “Universalidade e Integralidade das ações,

Hierarquização e Descentralização, Pluralismo, Intersetorialidade, Controle Social,

Interdisciplinaridade e a Abordagem integrada das interrelações entre a Saúde do Trabalhador

e a Saúde Ambiental.” (PARANÁ, 2011, p. 57).

Além desses sete princípios citados acima, a Política Estadual de Atenção Integral à

Saúde do Trabalhador do Paraná tem como objetivos:

Promover e proteger a saúde dos trabalhadores para reduzir a sua

morbimortalidade, desenvolvendo de forma contínua ações integradas, intra

e intersetorialmente de vigilância sanitária, epidemiológica e de assistência à

saúde, sobre os determinantes dos agravos decorrentes dos modelos de

desenvolvimento e processos produtivos, com participação de todos os

atores sociais envolvidos; Colaborar para que a assistência à saúde do SUS

contemple os agravos relacionados ao trabalho, compreendendo os

procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação; Desenvolver e

fomentar estudos e pesquisas na área de Saúde do Trabalhador; Organizar,

em conjunto com a Escola de Saúde Pública, a formação de pessoal em

Saúde do Trabalhador, levando em consideração a política de educação

36

permanente; Implementar a informação e a comunicação em Saúde do

Trabalhador; Garantir a participação social na formulação, controle e

avaliação das políticas de Saúde do Trabalhador; Promover a articulação

intersetorial na realização das ações de saúde do trabalhador. (PARANÁ,

2011, p. 57, grifo nosso).

Conforme traz a PNST, a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do

Trabalhador do Paraná também compreende a Saúde do Trabalhador como um método de

vigilância a saúde no SUS, que ajuda na prevenção e na regulação de riscos, acidentes e

doenças relacionadas aos ambientes de trabalho.

Entende-se a Saúde do Trabalhador como o processo de Vigilância à Saúde

no Sistema Único de Saúde (SUS), compreendendo as estratégias de

intervenção que resultam da combinação de três grandes tipos de ações:

promoção da saúde, prevenção das doenças e acidentes de trabalho e a

atenção curativa. (PARANÁ, 2011, p. 13).

2.3 O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR

Foi realizada uma verificação nos Sumários das revistas Serviço Social e Sociedade,

do n. 01 de setembro de 1979 ao n. 109 de janeiro a março de 2012, observando nos temas

dos artigos, quais continham a palavra saúde do trabalhador e Serviço Social. Foram

encontrados três artigos que discorrem sobre as áreas: Saúde do Trabalhador, Serviço Social e

Saúde no Trabalho.

O primeiro artigo identificado e que aborda o tema foi: A relação saúde-trabalho no

contexto das relações sociopolíticas no trabalho e o Serviço Social, escrito por Lúcia Maria

de Barros Freire, segundo a autora:

[...] é resultado das primeiras aproximações da mesma sobre a problemática

em construção do projeto de tese, que tenta articular três eixos principais: o

da saúde do trabalhador implicada na relação saúde-trabalho, o das relações

sociais no contexto do trabalho e o das alternativas de ação profissional do

Assistente Social nessas duas questões, imbricadas entre si. Em função dos

limites e objetivos de um artigo, tratarei mais detidamente dos dois

primeiros, apontando apenas algumas direções do último. (FREIRE, 1995, p.

67).

O outro artigo foi: O campo político da Saúde do Trabalhador e o Serviço Social, da

autora Mônica Simone Pereira Olivar, e esse artigo objetivou, conforme a autora:

37

“[...] buscar aproximar o debate político da saúde do trabalhador em

articulação com o debate profissional do Serviço Social. Advinda de um

processo constituinte com marcada participação dos movimentos social e

sindical, a saúde do trabalhador passa a ter nova definição a partir da

Constituição Federal de 1998, com a instituição do Sistema Único de Saúde

e sua incorporação enquanto área de competência da saúde. Entretanto,

caracteriza-se por limites em que o desafio está na compreensão da dinâmica

capitalista e na ofensiva neoliberal.” (OLIVAR, 2010, p. 314).

E por fim, o artigo das autoras Jussara Maria Rosa Mendes e Dolores Sanches Wünsch

(2011): Serviço Social e a saúde do trabalhador: uma dispersa demanda, o qual foi

selecionado para referenciar este trabalho, com a intenção de relacionar a área da saúde do

trabalhador com o Serviço Social. A seleção desse texto, como referência para este trabalho,

se deu pelo fato deste ser o último texto publicado na revista Serviço Social e Sociedade, que

abordou o tema, no período verificado: de 1979 até 2012.

A saúde do trabalhador se constitui como campo de estudo e intervenção do Serviço

Social, que aos poucos e ao longo dos anos, vem ganhando espaço nas pesquisas realizadas

pelos profissionais, tendo muito a crescer dentro da profissão Serviço Social.

Para o Serviço Social em particular, a área se constitui numa exigência ética

e política frente aos impactos das transformações sociais e de forma mais

precisa no que se refere às grandes proporções que ocorrem na esfera do

trabalho e seus desdobramentos sobre a sociabilidade humana na atualidade.

(MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 462).

Percebe-se a grande importância que a área da saúde do trabalhador tem para com a

profissão, uma vez que, a mesma trata do trabalhador urbano e rural assim como das suas

famílias, sendo que muitas vezes o mesmo não consegue nem suprir as necessidades básicas e

acaba passando por sérios problemas de saúde, alimentação, vestuário, interferindo, assim, na

sua qualidade de vida e bem estar. Por meio disso, nota-se a importância em se desenvolver

mais pesquisas, publicações e estudos nessa área, que para a profissão ainda parece tão nova e

dispersa. Conforme relata Mendes e Wünsch “Observa-se que a área da saúde do trabalhador,

historicamente, vem representando uma dispersa demanda para a profissão, em que vários

fatores contribuíram para o mascaramento dessa demanda.” (2011, p. 462).

Dentre os vários fatores, o que mais contribuiu para que a saúde do trabalhador se

tornasse uma dispersa demanda para o Serviço Social, segundo Mendes e Wünsch, foi a

“perspectiva conservadora” da profissão, a qual, conforme relata às autoras, esteve presente,

sendo ainda possível encontrar traços na profissão, uma vez que, para muitos, não se

conseguiu romper totalmente com a tradição conservadora da mesma, mas teve um enorme

38

avanço por meio de publicações, pelo acúmulo profissional da categoria e pelo engajamento

na garantia dos direitos sociais. Para Mendes e Wünsch “Esses aspectos foram confrontados

com o contexto social e político ao longo da década de 1990, e nos anos 2000 passam a se

constituir em um emergente campo de atuação profissional.” (2011, p. 462). Percebe-se,

assim, o quanto o trabalho dos assistentes sociais é importante, o que explica o fato dos

mesmos serem chamados à atender e dar respostas à área da saúde dos trabalhadores, como

público alvo das suas intervenções.

A expansão da área da saúde do trabalhador pode caracterizar-se por meio de

dupla dimensão: uma decorrente da nova ordem do capital sobre o trabalho;

outra por conta do reconhecimento político da área, representado pela sua

inserção, ainda que insuficiente no conjunto das políticas públicas e

intersetoriais, resultante da capacidade de organização de diferentes agentes

políticos. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 462).

Nota-se que ouve uma expansão nos estudos e nas intervenções na área da saúde do

trabalhador, mas a mesma ainda necessita de um maior olhar profissional e de uma prática

interventiva dos assistentes sociais, na qual os mesmos precisam criar, desenvolver e realizar

planos, programas, projetos ou, até mesmo, ações com os trabalhadores, assim como com toda

a comunidade, quanto aos cuidados e os direitos para com a sua saúde, buscando apoio de

outros profissionais, se necessário, sendo que os assistentes sociais, por meio da sua

formação, têm como respaldo levar, identificar, transmitir e garantir os direitos sociais.

[...] o assistente social trabalha, fundamentalmente, por traduzir um conjunto

de elementos que contribuem para o desocultamento e ao mesmo tempo para

o enfrentamento do processo de saúde-doença por meio da identificação das

necessidades de proteção social nele presentes e que são fundamentais para

compreender o conhecimento de saúde do trabalhador. (MENDES;

WÜNSCH, 2011, p. 470).

A saúde é um direito de qualquer cidadão garantido pela Constituição Federal de 1988,

bem como o acesso aos meios e serviços que ela disponibiliza publicamente, conforme relata

Mendes e Wünsch “Entende-se, [...] que a saúde representa o acesso a um conjunto de

condições básicas necessárias e um mecanismo de enfrentamento das desigualdades sociais.”

(2011, p. 471). Os cuidados com a saúde devem ser vistos como um direito e não como um

serviço. que os órgãos públicos prestam para a população e que muitas vezes deixam muito a

desejar na qualidade, por isso, a profissão vem trabalhando pela garantia deste direito.

39

Sabe-se que o processo saúde-doença é algo social e que todo ser humano irá passar

por isso ao longo de sua vida, uma vez que, dependendo do estilo de trabalho que os mesmos

desenvolvem ou realizam no seu dia a dia, como jornadas extensas de trabalho, condições

muitas vezes insalubres e falta dos devidos cuidados básicos para cada afazer, o trabalhador

acaba por ter mais chances de desenvolver algum agravo para com a sua saúde. Para Mendes

e Wünsch “As determinações sociais do processo de saúde-doença representam as condições

sociais objetivas de vida e de trabalho da população.” (2011, p. 471). Como estamos falando

sobre a saúde do trabalhador, uma vez que o mesmo está exposto a inúmeros riscos e agravos

a sua saúde, o modo como o mesmo desenvolve e executa os seus trabalhos, irá determinar

como será a sua saúde no presente e no seu futuro, por isso, a necessidade de se desenvolver e

trabalhar com a prevenção das doenças e não somente com o tratamento, que em muitas vezes

acaba sendo tarde demais. Sendo assim, cabe ao Estado garantir essas medidas de proteção,

uma vez que as mesmas tratam de uma demanda social da população.

A compreensão das multicausalidades e diferentes interfaces explicitadas a

partir da concepção de saúde, do processo de saúde e doença da sua relação

com o trabalho, constitutiva de determinações sociais, pressupõe reconhecê-

las como demandas sociais a serem respondidas pelo Estado. (MENDES;

WÜNSCH, 2011, p. 472).

Enquanto isso, até que o Estado de um respaldo que realmente atenda as necessidades

da demanda que está posta em nossa sociedade, cabe ao Serviço Social, como profissão,

instigar a população, bem como os trabalhadores, a lutarem por seus reais direitos, que em

muitas vezes, são confundidos como auxílios ou ajuda política, os famosos “favores” muito

visto em épocas de eleição em nossa sociedade, e não como um direito. Percebe-se que o

Estado por meio da proteção social, deve intervir e implantar, políticas públicas que atendam

a essa demanda posta pela sociedade. Sendo assim, para Mendes e Wünsch “[...] a proteção

social representa a estruturação de um conjunto de políticas que se efetivaram pela

intervenção do Estado visando à satisfação das necessidades sociais.” (2011, p. 472). Essas

políticas, ainda para as autoras, se configuram por meio do “reconhecimento das contradições

existentes na sociedade capitalista” e consequentemente da má distribuição e apropriação da

riqueza socialmente produzida. Por isso, vemos a necessidade e a importância da proteção

social, pois, é por meio dela que se concretizam as mediações dos direitos sociais,

principalmente na área da saúde do trabalhador, que muitas vezes se encontra esquecido ou

deixado de lado.

40

A proteção social se afirma como mediação que concretizam direitos sociais,

na inter-relação entre o político e o econômico na sociedade capitalista, uma

vez que expressa a correlação de forças e embates políticos entre as classes

sociais. Na área da saúde do trabalhador, tem-se a proteção social como

balizadora das reais e efetivas condições de garantia e preservação das

condições de vida da classe trabalhadora. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p.

473).

No Brasil, principalmente no local em que os trabalhadores desenvolvem seus

trabalhos, as doenças, os agravos com a sua saúde, assim como os acidentes relacionados aos

trabalhos desenvolvidos pelos mesmos sem os conhecimentos e os cuidados básicos, ainda

são os maiores desencadeadores dos problemas de saúde para com esses trabalhadores. Sendo

assim, há uma necessidade de se trabalhar com a prevenção e a informação desses problemas

com os trabalhadores, com o objetivo de se prevenir males futuros, ou seja, se optar pela

visibilidade do processo saúde-doença e não pela sua invisibilidade. Conforme apontam

Mendes e Wünsch “Evidenciar a construção social da invisibilidade do processo de saúde-

doença e compreendê-la significa tornar possível o desvendamento dos mecanismos sociais

que ocultam esse processo e encontrar possibilidades de ação.” (2011, p. 475).

Cabe ao profissional de Serviço Social instigar cada vez mais a população

trabalhadora do nosso país aos reais males e riscos que estão correndo com a sua saúde, ao

desenvolverem seus trabalhos, em muitos casos, sem os devidos cuidados. Cabe, assim, aos

profissionais assistentes sociais pensarem em modos de intervenção na área da saúde do

trabalhador, assim como ressalta Mendes e Wünsch “Pensar a intervenção na área da saúde do

trabalhador e os diferentes condicionamentos sobre o processo de trabalho em que se insere o

assistente social [...].” (2011, p. 476). Mas para que esta intervenção realmente se realize e

aconteça é necessário que várias “competências e exigências” se realizem.

Inicialmente aponta-se o caráter interdisciplinar do trabalho, demarcando um

lugar que conjuga os diferentes conhecimentos e as especificidades das

profissões ali inseridas, conferindo uma dimensão processual ao trabalho

para superar a fragmentação do saber e das limitações encontradas durante o

processo de intervenção e de conhecimento. [...] Sendo assim, significa

situar o objeto de trabalho do assistente social na saúde do trabalhador no

processo de saúde-doença e suas expressões decorrentes do trabalho e

diretamente atreladas ao processo de produção social que incidem na vida do

trabalhador. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 477).

Para se desenvolver tal intervenção quanto à prevenção saúde-doença será necessário

ao profissional ter, segundo Mendes e Wünsch (2011), o conhecimento e o acúmulo teórico e

metodológico, uma formação crítica e o conhecimento ético, concebidos e adquiridos durante

41

os anos de formação. Com esse conjunto de competências, o assistente social, por meio dos

relatos e conversas obtidas com os trabalhadores, o modo como o processo saúde-doença se

desenvolve, no meio em que eles desenvolvem seus trabalhos. e os impactos que os mesmos

desenvolvem e desencadeiam para a sua saúde e qualidade de vida, bem como para as suas

famílias, já pode começar a pensar e desenvolver algum modo de intervenção nesse meio e

para com os trabalhadores, pois, conforme apontam Mendes e Wünsch, é por meio da “[...]

postura investigativa, interpretativa, crítica, ética, de escuta, reflexiva, relacional, propositiva,

[...] da capacidade de avaliação do impacto e da efetividade do trabalho profissional [...].”

(2011, p. 477) que faz com que os profissionais assistentes sociais sejam aptos a intervir nesse

meio, buscando solucionar os problemas, resguardando os direitos sociais do ser humano.

Sabe-se que, conforme mencionam Mendes e Wünsch, “Os desafios colocados para o

assistente social na área da saúde do trabalhador representam dilemas compartilhados e

debatidos pelo conjunto da categoria.” (2011, p. 478). Para a sociedade capitalista, na qual

estamos inseridos, a base de tudo é o lucro e o ganho e para se conseguir isso, o ser humano,

instigado cada vez mais pelo capitalismo, não mede esforços para conseguir o que quer, seja

por meio da exploração do trabalho dos trabalhadores ou por ganhos extras, o que temos hoje

em dia é a preocupação com o ter e não com o ser. A profissão Serviço Social vem ao longo

dos anos tentando abrir os olhos da população a lutarem por seus reais direitos, e dos

trabalhadores a lutarem pelo seu auto reconhecimento.

Os desafios apontados na interface entre Serviço Social e saúde do

trabalhador, devem orientar novas problematizações para a área, contribuir

para o avanço do conhecimento e, acima de tudo, enfrentar o que se

identificou aqui como uma dispersa demanda. Essa demanda é constitutiva

da direção ético-política da profissão e das exigências impostas pela

realidade social. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 479).

Com isso, percebe-se a real importância do trabalho dos assistentes sociais para com a

defesa da área da saúde do trabalhador em nosso país e para com a garantia dos seus direitos.

Uma vez que cabe ao profissional ter uma boa formação acadêmica com uma bagagem de

referenciais teóricos e metodológicos para saber agir e intervir nas situações propostas no dia

a dia de seus trabalhos, nas intervenções e realizar a ruptura com o conservadorismo ainda

presente na profissão. Como nos traz Mendes e Wünsch “[...] a necessária ruptura com as

perspectivas conservadoras, neoconservadoras e moralizadoras presentes na área, as quais

vêm se constituindo em obstáculos, [...] para a promoção de políticas voltadas para a saúde do

trabalhador, [...] enquanto direito.” (2011, p. 479). Ou seja, é preciso quebrar certas barreiras

42

para se atingir os objetivos propostos e almejados, além de enfrentar e superar certos tabus

impostos pela sociedade.

A saúde deve ser pensada como um direito de qualquer ser humano e não como uma

mera condição necessária de reprodução social dos trabalhadores, conforme Mendes e

Wünsch “É preciso pensar na saúde do trabalhador para além de condição necessária à

reprodução social da classe trabalhadora, mas como um direito social inerente ao homem,

condição indispensável para a vida e a sociabilidade humana.” (2011, p. 479). Deve-se pensar

a saúde do trabalhador, bem como de todo o ser humano, sempre como um direito, uma vez

que cabe aos profissionais assistentes sociais, por meio das suas intervenções, garantir esse

direito a toda a sociedade.

43

3 A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO AMBIENTE DA PESQUISA:

CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SULINA E DA REGIÃO SUDOESTE DO

ESTADO DO PARANÁ

A investigação foi realizada no Município de Sulina, localizado na região Sudoeste do

Estado do Paraná. Sendo que por meio de informações obtidas do Portal Municipal, Sulina foi

desmembrada do Município de Chopinzinho, e elevado à categoria de distrito pela Lei n°

4.77/1963 com a denominação de Sede Sulina, e passou a ser município, por meio da Lei

Estadual n° 8.467/1987, quando seu nome foi alterado para Sulina. (Sulina, 1996). O

Município de Sulina, juntamente com os demais quarenta e um municípios9, formam a Região

Sudoeste do Estado do Paraná.

Por sua característica de se compor basicamente de agricultores familiares, Sulina tem

a sua economia voltada para a agricultura e a agropecuária, impulsionada pelo agronegócio,

decorrentes de cadeias produtivas compostas pelos setores agroindustriais. Conforme dados

do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDS), a produção de

soja do município no ano de 2010 foi de 12.282 mil toneladas, seguido da produção de milho

que foi de 6.940 mil toneladas. Quanto à agropecuária, o município conta com um rebanho de

16.918 mil cabeças de bovinos, (IPARDES, 2010a). Numa comparação com a produção do

Estado que, no ano de 2010, foi de 14.091,821 mil toneladas de soja, enquanto a produção de

milho foi de 13.540,981 mil toneladas. (IPARDS, 2010b). Enquanto a economia do Estado do

Paraná, segundo os dados do IPARDS é a “quinta maior do País”. “O Estado responde

atualmente por 6,1% do PIB nacional, registrando uma renda per capita de R$ 21,6 mil em

2010, acima do valor de R$ 19,7 mil referente ao Brasil.” (IPARDES, 2010c).

O município de Sulina, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) no censo de 2010, o município tem o total da população de 3.394 habitantes, sendo a

população urbana composta de 1.390 habitantes, (40.95%) e a população rural de 2004

habitantes, (59.05%). (IBGE, 2010). O espaço rural do município inclui pequenas, médias e

grandes propriedades rurais, e a área municipal é 170,76 Km2 (IBGE, 2010). Segundo

9Os Municípios que compõem a Região Sudoeste do Paraná bem como as suas delimitações são: Cruzeiro do

Iguaçu, São Jorge do Oeste, Dois Vizinhos, Verê, São João, Sulina, Saudades do Iguaçu, Itapejara do Oeste,

Copinzinho, Coronel Vivida, Mangueirinha, Palmas, Pato Branco, Honório Serpa e Clevelândia, (são os

Municípios da Bacia do Chopim). Bela Vista da Caroba, Santa Izabel do Oeste, Salto do Lontra, Ampere, Nova

Esperança do Sudoeste, Enéias Marques, Pinhal de São Bento, Manfrinópolis, Salgado Filho, Francisco Beltrão e

Bom Sucesso do Sul, (são os Municípios Centrais). Barracão, Flôr da Serra do Sul, Marmeleiro, Renascença,

Vitorino, Mariópolis e Coronel Domingos Soares, (são os Municípios Limítrofes com Santa Catarina). Planalto,

Pérola do Oeste, Pranchita, Santo Antônio do Sudoeste, Bom Jejus do Sul, (são os Municípios da Fronteira com

a Argentina). Capanema, Realeza, Nova Prata do Iguaçu e Boa Esperança do Iguaçu, (são os Municípios dos

Lagos do Iguaçu). (KRÜGER, 2004, p. 89-245).

44

informações coletadas no Instituto da EMATER localizado no Município, no Sudoeste do

Estado do Paraná, consideram-se pequenas propriedades rurais aquelas que possuem uma área

de 01 a 04 módulos fiscais10

, com até 80 hectares de terra; já as médias propriedades rurais

são as que possuem uma área de 04 a 10 módulos fiscais, com até 200 hectares de terra

enquanto as grandes propriedades rurais são as que têm uma área acima de 10 módulos

fiscais, ou seja, acima de 200 hectares de terra. (EMATER, 2012).

Conforme dados fornecidos pelo Instituto da EMATER, no Sudoeste do Estado do

Paraná, consideram-se agricultura familiar ou pequena propriedade rural, aquele agricultor

que tem uma área de 01 a 04 módulos fiscais, com até 80 hectares de terra apenas e que vive

basicamente da produção de diversificadas atividades na sua propriedade, com o trabalho

realizado pela família. Segundo o Instituto da EMATER, por meio de dados coletados em

2007, o município de Sulina conta com seiscentos e cinquenta e sete agricultores dos quais

seiscentos e três são agricultores familiares, que representam 92% dos agricultores do

município, e mais 92% desses agricultores familiares têm propriedades com área de até 50

hectares. Ainda conforme o Instituto da EMATER, a região Sudoeste do Estado do Paraná é

fundamentalmente constituída por pequenas propriedades rurais. (EMATER, 2012).

Uma das características das pequenas propriedades rurais, assim como a dos

agricultores familiares da região sudoeste do Paraná, é o cooperativismo, ou seja, é grande o

número de trabalhadores rurais de pequena propriedade associados em cooperativas, sendo

que, conforme relata Krüger, “O expressivo número de organizações cooperativas, integrando

produtor e indústria, é um dos mais importantes componentes do desenvolvimento

sudoestino.” (2004, p. 273).

O que leva os agricultores familiares a se associarem em cooperativas são os

benefícios que as mesmas trazem, uma vez que por meio delas, esses agricultores, que são

cooperados, conseguem melhores preços nos produtos produzidos em suas propriedades, na

hora de se efetuar a venda dos mesmos, assim como melhores preços na hora da aquisição dos

insumos para sua lavoura. Já as associações têm um papel quase parecido com os das

cooperativas, uma vez que nas associações, quanto maior for o número de trabalhadores

associados, maiores serão as conquistas e os benefícios por eles alcançados, como ganhar

10“Módulos Fiscais são uma unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município, considerando

os seguintes fatores: Tipo de exploração predominante no município; Renda obtida com a exploração

predominante; Outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam significativas

em função da renda ou da área utilizada; Conceito de propriedade familiar.” (FAEC, 2012).

45

maquinários dos órgãos públicos, para o uso de todos os associados da comunidade. Além

disso, as associações almejam ganhos para toda a comunidade.

As cooperativas são vários agricultores, que se associam formando um conjunto de

cooperados, dando origem ao cooperativismo, no qual os cooperados elegem, por meio de

reuniões, uma diretoria, para representar e defender os interesses de todos os cooperados.

[...] as cooperativas foram criadas e fortalecidas, para se tornarem agentes de

comercialização da produção, entre produtores e órgãos governamentais e,

direta ou indiretamente encarregaram-se da distribuição do produto a

indústria de processamento. [...] as cooperativas, em sua aparência, procuram

fazer um papel intermediador ao receber e comercializar a produção agrícola

e ao abastecer o consumo da família rural. (ZAAR, 1999, p. 68).

Em contrapartida, as associações são formadas por um grupo de agricultores, que se

reúne para discutir os interesses e direitos dos associados, para conseguir benefícios dos

órgãos públicos, como já citado acima. Com isso, os agricultores se associam as cooperativas

ou as associações com o intuito de aumentar a renda da produção de sua propriedade e

diminuir os custos e gastos das mesmas. Conforme Krüger, “Além das cooperativas

institucionalizadas, vem crescendo no Sudoeste do Paraná, a associação de capitais, para o

desenvolvimento de atividades industriais e comerciais, em empreendimentos muito

expressivos na economia do Estado do Paraná”. (2004, p. 273).

Por meio das entrevistas realizadas nas propriedades, com os(as) agricultores(as)

familiares, constatou-se que todos(as) são associados de cooperativas, associações ou

sindicatos, sendo eles; Coasul (Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda), Cresol (Sistema das

Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária), Sicredi (Sistema de Crédito

Cooperativo), Associação de Pequenos Produtores N.S.A e Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Sulina.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES A PARTIR DAS

ENTREVISTAS

As dez propriedades11

selecionas para a realização das entrevistas foram identificadas

por letras na ordem alfabética, sendo assim, temos da propriedade A até a propriedade J.

Neste primeiro momento, serão demonstradas as informações básicas coletadas por meio dos

11Neste trabalho, no momento das entrevistas, por questões éticas, optou-se por identificar os mesmos por suas

propriedades, por meio das letras do alfabeto.

46

formulários presentes nas entrevistas, com as seguintes informações constantes, conforme

Apêndice A.

Na propriedade A12

o entrevistado foi o pai, que possui setenta anos, tendo como

escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui quatro filhos,

três do sexo masculino e uma do sexo feminino, um deles, do sexo masculino, ainda reside na

propriedade, tem trinta e quatro anos, e possui o ensino fundamental completo. O tamanho da

propriedade A é de 10.05 hectares, 04.02 hectares estão destinados à área de preservação

ambiental, restando 06.03 hectares de terra para a produção. A disponibilidade de água

potável pela propriedade ocorre da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria

propriedade e para outras necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade

vizinha. A produção desenvolvida na mesma é a agropecuária de leite e a agricultura com o

plantio de soja, tendo sua a produção voltada tanto para a venda quanto para o consumo

próprio. A armazenagem da produção agrícola desenvolvida pela propriedade é feita pela

cooperativa (Coasul) localizada no município. A renda líquida da família da propriedade A é

aproximadamente de 01 a 02 salários mínimos por mês.

Na propriedade B a entrevistada foi à mãe, que possui cinquenta e seis anos, tendo

como escolaridade o ensino fundamental completo, casada, da cor branca, possui quatro

filhos, dois do sexo masculino e duas do sexo feminino, sendo que permanecem na

propriedade os dois filhos do sexo masculino: um com vinte e seis e outro com trinta anos,

ambos com ensino médio completo. O tamanho da propriedade B é de 10.04 hectares, 02

hectares estão destinados à área de preservação ambiental, restando 08.04 hectares de terra

para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente,

ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a

agropecuária de leite, a suinocultura e a produção agrícola com o plantio de soja, uma vez que

a produção da propriedade é voltada tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A

armazenagem da produção agrícola da propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul),

localizada no município. A renda líquida da família da propriedade B é aproximadamente de

03 a 04 salários mínimos por mês.

Na propriedade C a entrevistada foi à mãe, com quarenta e oito anos, tendo como

escolaridade o ensino fundamental incompleto, casada, da cor branca, possui dois filhos sendo

um do sexo masculino e a outra do sexo feminino. Permanece na propriedade a filha, com

12O entrevistado da propriedade A, devido aos problemas de saúde que vinha sofrendo a alguns anos,

mencionados na realização da entrevista, faleceu no dia 06 de setembro de 2012.

47

vinte e três anos, tendo o ensino médio completo. O tamanho da propriedade C é de 10.04

hectares, 02 hectares estão destinados à área de preservação ambiental, restando 08.04

hectares de terra para a produção. A disponibilidade de água potável pela propriedade ocorre

da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria propriedade e para outras

necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade vizinha. A produção

desenvolvida na propriedade pela família é a agropecuária de leite e a produção agrícola com

o plantio de milho, sendo que o último é todo voltado para o consumo próprio, para

fabricação da silagem para os animais, sendo destinado à venda apenas o leite produzido pela

propriedade, sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo próprio e para

venda. A renda líquida da família da propriedade C é aproximadamente de 01 a 02 salários

mínimos por mês.

Na propriedade D o entrevistado foi o pai, com cinquenta e um anos, tendo como

escolaridade o ensino fundamental completo, casado, da cor branca, possui três filhos, do sexo

masculino, um com dez anos e ensino fundamental incompleto e os outros dois com vinte

quatro e vinte nove anos com ensino médio completo, sendo que todos permanecem na

propriedade. O tamanho da propriedade D é de 24 hectares, 08 hectares estão destinados à

área de preservação ambiental, restando 16 hectares de terra para produção. Quanto à

disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de

água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a agropecuária de leite, a avicultura e

a produção agrícola com o plantio de soja ou milho, sendo a produção da propriedade voltada

tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola da

propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda liquida da

família da propriedade D é aproximadamente de 05 a 06 salários mínimos por mês.

Na propriedade E o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e nove anos, tendo

como escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui dois

filhos, sendo um do sexo masculino com dezenove anos e ensino médio completo e uma do

sexo feminino com vinte dois anos com ensino superior incompleto, ambos permanecem na

propriedade. O tamanho da propriedade E é de 24 hectares, 07.02 hectares estão destinados à

área de preservação ambiental, restando 16.98 hectares de terra para a produção. A

disponibilidade de água potável pela propriedade ocorre inteiramente por meio de uma

propriedade vizinha. A produção desenvolvida pela família na propriedade é a agropecuária de

leite e a produção agrícola com o plantio de soja ou milho, sendo a produção voltada tanto

para a venda quanto para o consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola da

48

propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda líquida da

família da propriedade E é aproximadamente de 03 a 04 salários mínimos por mês.

Na propriedade F o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e dois anos, tendo

como escolaridade o ensino médio completo, casado, da cor branca, possui dois filhos, um do

sexo masculino com treze anos e ensino fundamental incompleto e uma do sexo feminino

com dez anos e ensino fundamental incompleto, ambos permanecem na propriedade. O

tamanho da propriedade F é de 17.09 hectares, 05 hectares estão destinados à área de

preservação ambiental, restando 12.09 hectares de terra produtiva. A disponibilidade de água

potável pela propriedade ocorre da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria

propriedade e para outras necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade

vizinha. A produção desenvolvida é a agropecuária de leite a e a agricultura com o plantio de

soja ou milho, sendo a produção voltada tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A

armazenagem da produção agrícola desenvolvida pela propriedade é realizada pela

cooperativa (Coasul) localizada no município. A renda líquida da propriedade F é

aproximadamente mais de 06 salários mínimos por mês.

Na propriedade G a entrevistada foi à mãe, que possui trinta e nove anos, tendo como

escolaridade o ensino fundamental incompleto, casada, da cor branca, possui três filhos, do

sexo masculino, um com treze anos e ensino fundamental incompleto, um com dezessete anos

e ensino superior incompleto e um com dezenove anos com ensino médio completo, todos

residem na propriedade. O tamanho da propriedade G é de 12.60 hectares, 02 hectares estão

destinados à área de preservação ambiental, restando 10.60 hectares de terra para a produção.

Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja,

disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a agropecuária de

leite e a produção agrícola com plantio de soja, voltadas tanto para a venda quanto para o

consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola é realizada pela cooperativa (Coasul),

localizada no município. A renda líquida da família da propriedade G é aproximadamente de

01 a 02 salários mínimos por mês.

Na propriedade H a entrevistada foi a mãe, que possui quarenta anos, tendo como

escolaridade ensino médio completo, casada, da cor branca, possui dois filhos, do sexo

masculino, ambos residentes na propriedade, um com quatro anos, na creche, e o outro com

nove anos e ensino fundamental incompleto. O tamanho da propriedade H é de 06.03

hectares, 01 hectare está destinado à área de preservação ambiental, restando 05.03 hectares

de terra para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é

autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na

49

propriedade é a agropecuária de leite, a avicultura e a produção agrícola com o plantio de

milho, sendo o último todo voltado para o consumo próprio e para fabricação da silagem para

os animais, sendo destinado à venda apenas o leite produzido e os pintainhos do aviário,

sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo próprio e para venda. A

renda líquida da família da propriedade H é aproximadamente de 03 a 04 salários mínimos

por mês.

Na propriedade I tivemos como entrevistado o pai, que possui sessenta e oito anos,

tendo como escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui três,

dentre estes, dois filhos do sexo masculino, um com quarenta e um anos, com o ensino médio

incompleto, e o outro filho com trinta e seis anos, com o ensino médio completo, e uma filha,

com quarenta e três anos e ensino médio incompleto, nenhum reside na propriedade. O

tamanho da propriedade I é de 06.03 hectares, 01 hectare está destinado à área de preservação

ambiental, restando 05.03 hectares de terra produtiva. Quanto à disponibilidade de água

potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção

desenvolvida é a agrícola, com o plantio de soja ou milho, voltada para a venda. A

armazenagem é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda liquida

da propriedade I é aproximadamente de 01 a 02 salários mínimos por mês.

Na propriedade J o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e oito anos, tendo como

escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui dois filhos,

sendo um do sexo masculino e uma do sexo feminino, ambos residem na propriedade, e

possuem idade de vinte e três e vinte quatro anos e ensino médio completo. O tamanho da

propriedade J é de 21.06 hectares, 07.02 hectares estão destinados à área de preservação

ambiental, restando 14.04 para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a

propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida

é a agropecuária de leite e agrícola com o plantio de milho, sendo o último todo voltado para

o auto consumo e para a fabricação da silagem para os animais, sendo destinado à venda

apenas o leite produzido, sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo

próprio e para venda. A renda líquida da família da propriedade J é aproximadamente de 03 a

04 salários mínimos por mês.

3.2 EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS

Neste segundo momento, se demonstra a sistematização das informações da segunda

parte das entrevistas, que abordaram as perguntas descritivas, começando pela questão um e

50

apresentando as respostas de todos(as) os(as) entrevistados(as) das propriedades A até a J. As

falas dos(as) entrevistados(as) estarão destacadas entre aspas e em itálico. A sistematização

desta segunda parte se encontra em quadros conforme o Apêndice B.

Na questão um, ao tratar sobre a modernização agrícola com a introdução de técnicas

mais avançadas de produção, foi questionado a todos(as) os(as) entrevistados(as) se essa

modernização agrícola trouxe, ao logo do seu processo de implantação, algum impacto na sua

qualidade de vida e saúde. Para os(as) dez entrevistados(as), oito declararam que os impactos

que a modernidade agrícola trouxe ao longo dos anos foram vários, e dois(duas)

entrevistados(as) disseram que estes impactos na sua qualidade de vidam foram bons. As

respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A “Sim ficou mais fácil, para trabalhar

e para produzir as coisas, não sofremos tanto com peso e com o sol, mas antigamente se

sofria mais, mas se tinha mais saúde também, era tudo mais puro/limpo”. Fala da

entrevistada da propriedade B: “Sim, mudou muita coisa, onde desde que segue tudo certinho,

se cuidando, a tecnologia no campo foi e está sendo boa, pois o esforço é menor e há mais

agilidade no serviço”. Fala da entrevistada da propriedade C: “Melhorou sim a nossa

qualidade de vida, mas com o veneno à saúde fico mais fraca (frágil) também, com o trator e

os maquinários é mais fácil, mas os gastos também aumentaram, melhorou por um lado e

piorou por outro”. Fala do entrevistado da propriedade D: “Com certeza, o governo

incentivou muito a modernização, antes o pequeno agricultor não tinha acesso à nada. Agora

quanto à qualidade de vida antigamente se vivia melhor, tinha menos contaminação, mas

também tinha casos em que as pessoas morriam e nem sabiam do que, e não tinha tantos

recursos médicos como se tem hoje”. Fala do entrevistado da propriedade E: “Com a

modernização da agricultura as coisas evoluíram, e vão evoluir ainda mais, hoje acho que

todo mundo vive melhor, ficou mais fácil produzir os alimentos e trabalhar”. Fala do

entrevistado da propriedade F: “Com certeza, com a vinda do veneno a saúde ficou mais

frágil, mas também com os agrotóxicos, produzimos mais, hoje em dia é complicado, você

tem que acompanhar a modernidade”. Fala do entrevistado da propriedade G: “Sim,

antigamente era mais sofrido, não dava pra fazer muita coisa, mas agora também com os

venenos se faz muita coisa, se colhe mais, só que contamina mais também, a água e o ar não

são mais tão puros, antigamente se vivia melhor, tudo era mais puro, sem veneno, mas hoje se

não usa o veneno, um trator não se faz nada”. Fala da entrevistada da propriedade H: “Sim,

os impactos aconteceram, a gente sabe que antes a gente trabalhava mais, porém, acho que

vivíamos melhor, não tinha tantas doenças. Hoje em dia, para o campo com as tecnologias

ficou mais avançado, mais fácil de fazer o trabalho”. Fala do entrevistado da propriedade I:

51

“Sim, bom, antigamente se vivia melhor, não tinha tanta poluição, mas se trabalhava mais,

lógico que com os maquinários e as novas técnicas ficou mais fácil de se trabalhar, se judia

menos na lavoura”. Fala do entrevistado da propriedade J: “Sim, parte do trabalho hoje é

melhor, tem mais facilidade tudo é mais fácil e rápido, demora menos para plantar, colher e

ordenhar, mas por parte da saúde piorou, antes era mais saudável de se viver, tudo era mais

puro sem contaminações”.

A questão dois abordou aos(as) entrevistados(as) quanto à qualidade de vida no dia a

dia do trabalho no campo, sendo que dos(as) dez entrevistados(as), nove disseram ser boa e

um(a) ótima, onde as respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A: “Boa. Para a

gente é boa porque não nos judiamos, mas agora é tudo mais técnico se vive melhor, no

campo é mais tranquilo, antes era mais sofrido, era tudo com os bois, hoje tem o trator aí não

estraga a terra”. Fala da entrevistada da propriedade B: “Ótima. Bom, a gente acha que é

mais tranquilo do que na cidade, é mais calmo aqui, mais sossegado então vivemos bem”.

Fala da entrevistada da propriedade C: “Boa. É boa porque é sossegado e tranquilo aqui,

trabalho a hora que eu quero, levanto faço os meus afazeres, mas pra nós do campo dias de

seca não são bons e nem de muita chuvarada”. Fala do entrevistado da propriedade D: “Boa.

Olha, em primeiro lugar porque moramos onde nos criamos, gosto da cidade, acho que não

me acostumaria em outro lugar, por isso acho que é boa a minha qualidade de vida”. Fala do

entrevistado da propriedade E: “Boa. Bom eu acho que ela é boa né, fazemos menos esforço

na roça que antes era tudo braçal, hoje têm o trator e as máquinas”. Fala do entrevistado da

propriedade F: “Boa. Hoje temos a energia elétrica, maquinários, temos mais comodidade no

dia a dia de trabalho”. Fala da entrevistada da propriedade G: “Boa. A gente aqui vive

tranquilo, é calmo, gosto do meu trabalho, minha família vive bem”. Fala da entrevistada da

propriedade H: “Boa. A minha qualidade de vida no dia a dia do meu trabalho no campo é

boa, porque gosto do meu trabalho, gosto do campo, vivo bem com a minha família aqui”.

Fala do entrevistado da propriedade I: “Boa. Bom, vivo bem, gosto do meu trabalho, me criei

nisso e minha qualidade de vida no meu trabalho está boa”. Fala do entrevistado da

propriedade J: “Boa. Está bom, porque está mais fácil se trabalhar, antes era mais difícil,

mais sofrido, agora está mais cômodo com os maquinários”.

A questão três indagou os(as) entrevistados(as) se estes(as) já sofreram algum acidente

de trabalho, e se sim, para exemplificarem. Dos(as) dez entrevistados(as) sete das

propriedades A, B, C, D, F, G e H disseram não ter sofrido nenhum acidente de trabalho e

três das propriedades E, I e J afirmaram já ter sofrido acidentes de trabalho. O entrevistado da

propriedade E afirmou que sofreu um acidente de trabalho, quando estava dirigindo o seu

52

trator e ele veio a capotar, sendo que o entrevistado nada sofreu. O entrevistado da

propriedade I afirmou que já sofreu um acidente de trabalho, sim, sendo que já destroncou o

joelho quando estava lavrando a lavoura com os bois e o entrevistado da propriedade J

também já sofreu acidentes de trabalho, o primeiro foi quando o mesmo tinha uma carroça

movida à tração animal (no caso bois) e os mesmos dispararam com a carroça, sendo que o

entrevistado teve que pular da carroça para não se ferir, o outro caso foi quando o entrevistado

foi atacado por um touro da sua propriedade, sendo que o acidente ocasionou a quebra de duas

das suas costelas e outros hematomas.

Na questão quatro foi abordado aos(as) entrevistados(as) se eram associados de

cooperativas, sindicatos ou associações, e se forem os nomes das mesmas. Sendo que

todos(as) os(as) dez entrevistados(as) são associados da Cooperativa Coasul do município,

três são associados da Associação N.S.A (Ass. de pequenos produtores), um do sindicato, três

da Cresol e quatro da Sicredi. As respostam foram: O entrevistado da propriedade A é

associado da Cooperativa: Coasul. A entrevistada da propriedade B é associada da

Cooperativa: Coasul e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. A entrevistada da

propriedade C é associada da Cooperativa: Coasul e da Associação N.S.A (Ass. de Pequenos

Produtores). O entrevistado da propriedade D é associado da Cooperativa: Coasul e da

Associação N.S.A (Ass. de Pequenos Produtores). O entrevistado da propriedade E é

associado das Cooperativas: Coasul e Cresol. O entrevistado da propriedade F é associado das

Cooperativas: Coasul e Sicredi. A entrevistada da propriedade G é associada das

Cooperativas: Coasul e Sicredi. A entrevistada da propriedade H é associada das

Cooperativas: Coasul e Cresol. O entrevistado da propriedade I é associado das Cooperativas:

Coasul, Cresol e Sicredi e o entrevistado da propriedade J é associado das Cooperativas

Coasul e Sicredi e da Associação N.S.A (Ass. de Pequenos Produtores).

Na questão cinco foi perguntado aos(as) entrevistados(as), se as cooperativas,

sindicatos ou associações, da qual eles(as) fazem parte, ofereciam alguma forma de prevenção

e como elas ocorrem. Todos os(as) entrevistados(as) são associados de alguma cooperativa,

sindicato ou associação, mas apenas a cooperativa Coasul é quem oferece aos associados

prevenções quanto ao manuseio de agrotóxicos, prevenção de acidentes e cuidados com a

saúde por meio de palestras, reuniões, cursos e cartilhas informativas que a cooperativa

oferece aos associados, por meio de técnicos e engenheiros agrônomos.

Na questão seis foi questionado aos(as) entrevistados(as), quais são os insumos

(sementes, adubos, defensivos, maquinários) que utilizam no seu trabalho. As respostas

foram: O entrevistado da propriedade A disse que utiliza como insumos de trabalho na sua

53

propriedade: “veneno, sementes tratadas, adubos, foice, enxada, os bois em uns pedacinhos,

trator e máquina de passar veneno que são terceirizados”. A entrevistada da propriedade B:

“Ordenhadeira, tanque de expansão, trator, sementes, adubos, venenos, enxada, foice,

máquina de passar veneno, manual e motorizada. Para as vacas e os suínos tem a ração e os

remédios”. A entrevistada da propriedade C: “Ordenhadeira, bomba d’água, tanque de

expansão, trator, sementes e venenos”. O entrevistado da propriedade D: “Trator, sementes

tratadas, adubos, maquinários em geral, ordenhadeira e tanque de expansão”. O entrevistado

da propriedade E: “Trator, sementes, ordenhadeira, tanque de expansão e outros maquinários

agrícolas”. O entrevistado da propriedade F: “Ordenhadeira, tanque de expansão, sementes

tratadas, adubos, veneno e trator”. A entrevistada da propriedade G: “Ordenhadeira, tanque

de expansão, sementes tratadas, adubos, veneno, trator, foice e enxada”. A entrevistada da

propriedade H: “Trator, aquecedor do aviário, silos, ração, ordenhadeira, tanque de

expansão, venenos, sementes tratadas e lonas”. O entrevistado da propriedade I: “Sementes

tratadas, trator, venenos e plantadeira”. O entrevistado da propriedade J: “Adubos, trator,

Ordenhadeira, tanque de expansão, sementes, venenos, maquinários agrícolas, foice e

enxada”.

Na questão sete, foi perguntados aos(as) entrevistados(as), o local onde os mesmos

compram os insumos usados na sua propriedade e lavoura. Sendo que dos(as) dez

entrevistados(as) todos disseram comprar na cooperativa da cidade Coasul, além da

cooperativa, quatro disseram comprar em casas agropecuárias e um em empresa determinada.

As respostas foram: O entrevistado da propriedade A disse que todos os insumos são

comprados na cooperativa da cidade (Coasul). A entrevistada da propriedade B falou que pros

suínos em uma empresa determinada, já no restante, todos são comprados na cooperativa da

cidade (Coasul). A entrevistada da propriedade C relatou que os insumos utilizados são

comprados na cooperativa da cidade (Coasul) e nas casas agropecuárias. Os entrevistados das

propriedades D, E e F relataram que todos os insumos usados nas propriedades e nas lavouras

são comprados na cooperativa da cidade (Coasul). As entrevistadas das propriedades G e H

disseram que os insumos usados nas propriedades são comprados na cooperativa da cidade

(Coasul) e nas casas agropecuárias. O entrevistado da propriedade I disse que todos os

insumos utilizados são comprados na cooperativa da cidade (Coasul). O entrevistado da

propriedade J relatou que os insumos usados na propriedade e na lavoura são comprados na

cooperativa da cidade (Coasul) e nas casas agropecuárias.

Na questão oito foi questionado aos(as) entrevistados(as) se já aconteceu algum

imprevisto na sua rotina de trabalho. Sendo que para os(as) dez entrevistados(as) oito

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relataram que já aconteceu imprevistos na sua rotina de trabalho e dois disseram que não. As

respostas foram: O entrevistado da propriedade A afirmou que ainda não ocorreu nenhum

imprevisto na sua rotina de trabalho. Fala da propriedade B. “Imprevistos sempre acontecem,

às vezes uma vaca fica doente, ai temos que correr atrás de remédio e de veterinário”. A

entrevistada da propriedade C relatou que não ocorreu nenhum imprevisto na sua rotina de

trabalho. Fala do entrevistado da propriedade D. “É o que mais acontece, o clima pode ser

um, onde se chover de mais ou de menos já prejudica a safra”. O entrevistado da propriedade

E disse que já aconteceram imprevistos na sua rotina de trabalho. Fala do entrevistado da

propriedade E. “Sim, vários, a gente sente muito na lavoura, quando da seca, a perca é

grande, a gente procura ajuda do governo nessas horas o ‘proagro’, tem que se virar ir

atrás.” Fala do entrevistado da propriedade F. “Sempre da sim, minha ceifa quase queimou,

pois pegou fogo, mas com o extintor consegui apaga”. Fala da propriedade G. “Acontece sim,

no campo sempre acontece, um equipamento que quebra, e daí temos que arrumar, um animal

que fica doente e daí temos que trata”. Fala da propriedade H. “Sim, de vez em quando

acontece algum imprevisto, com as vacas, mais na hora de parir algumas têm complicações,

aí fazemos tratamento com medicamentos”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Sim, a

seca que ocorreu este ano, sendo que não é a primeira, porque já teve outras, onde a gente

pede “proagro”, se bem que nem sempre a gente ganha também”. Fala do entrevistado da

propriedade J. “Sim, sempre dá, tanto com as vacas como no plantio, aí se forem as vacas

procuramos o veterinário e tratamos com remédios, já na roça é mais quando da seca e o

milho não rende pra silagem, aí temo que nos virar e planta de novo”.

A questão nove abordou quanto à compra, armazenamento e manuseio de produtos

químicos como ‘fertilizantes, adubos e agrotóxicos’ sendo que foi questionado aos(as)

entrevistados(as) se tomam estes devidos cuidados necessários exemplificando-os. Dos(as)

dez entrevistados(as) nove afirmaram tomar sim os devidos cuidados básicos quanto à

compra, o armazenamento e o manuseio de produtos químicos e um disse que toma os

devidos cuidados, na maioria das vezes. Sendo que as respostas foram: Fala do entrevistado

da propriedade A. “Sim. Cuidamos na hora de guarda e quando usa, colocamos mascara né,

luva, roupa comprida, bota, tem que se cuidar e fazer tudo certinho”. Fala da entrevistada da

propriedade B. “Sim. O cuidado é já no transporte, não misturamos com outras coisas, lava e

devolve as embalagens depois de usá-las, usamos as roupas corretamente para passar

veneno”. Fala da entrevistada da propriedade C. “Sim. Bom, a gente tem pouco tempo de

armazenamento, porque a gente compra e já usa né, e deixa guardado num lugar seguro só

pra eles (os agrotóxicos). Fala do entrevistado da propriedade D. “Sim. É comprado em lugar

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garantido e seguro, e é guardado em local seguro e o manuseio é feito bem com a tríplice

lavagem das embalagens e usamos proteção”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. A

gente guarda bonitinho, lava e devolve as embalagens e se cuida né”. Fala do entrevistado da

propriedade F. “Sim. Bom com agrotóxico a gente toma os cuidados que se deve, bom, pelo

menos se tenta fazer na maioria das vezes né”. Fala da entrevistada da propriedade G. “Sim.

Há a gente deixa os venenos mais separados das outras coisas, já compra quando vai usa e

fica bem seguro né”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Sim. A gente compra na

cooperativa, armazena em local seguro e por pouco tempo, e ao manusear cuidamos e

realizamos a tríplice lavagem das vasilhas e entregamos na cooperativa novamente”. Fala do

entrevistado da propriedade I. “Sim. Compramos em lugar seguro, guardamos em lugar

certo, fazemos a lavagem das embalagens e a devolução delas e na hora de passa também,

porque passo com o trator”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Sim. Certeza os venenos

têm que ser separados das outras coisas, guardados em lugar seguro e tem que se cuidar

quando for passa também”.

Na questão dez foi questionado aos(as) entrevistados(as) se eles(as) têm o

conhecimento e se fazem o uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) no dia a dia

do seu trabalho, e se sim para exemplificar. Onde dos(as) dez entrevistados(as) sete relataram

que fazem sim o uso dos EPIs no dia a dia do seu trabalho e três afirmaram que fazem o uso

na maioria das vezes. As respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A. “Sim.

Usamos o que precisa, depende do que vai fazer, daí usamos bota, luva e outras coisas pra

ficar seguro”. Fala da entrevistada da propriedade B. “Sim. Tem que usa bota, luva, macacão

e avental, porque no serviço precisa disso”. Fala da entrevistada da propriedade C. “Sim. Há

bota de borracha, e, quando está muito frio, luva para ordenhar, na roça, com o veneno é

mais meu esposo que mexe, aí ele usa o que precisa, máscara, bota e luva”. Fala do

entrevistado da propriedade D. “Sim, tenho o conhecimento. Então usamos na maioria das

vezes os equipamentos, mas às vezes não usamos ou esquecemos, acontece né, mas na

maioria usamos sim”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. Máscaras, luvas e roupas

pra passar veneno, tudo certinho”. Fala do entrevistado da propriedade F. “Sim. Eu uso o que

precisa pra determinado serviço, como botas, luvas, máscaras, depende do que eu vou fazer”.

Fala da entrevistada da propriedade G. “Sim tenho o conhecimento. Bem, é mais usado

máscara, bota e luva, já a roupa nem sempre, isso pra passar veneno, e usamos bota no dia a

dia porque precisamos”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Sim. Usamos quando

trabalhamos no aviário, botas e máscaras e para passar veneno também usamos máscaras,

luvas, botas e roupas próprias pra passar veneno”. Fala do entrevistado da propriedade I.

56

“Sim, tenho o conhecimento. Bom, botas, luvas e máscaras de vez em quando, porque se é

bem pouco veneno para passar, às vezes, não uso máscara não”. Fala do entrevistado da

propriedade J. “Sim. Uso porque precisa, tem que se cuidar pra tudo, não só quando for

passar veneno, colocar bota, roupa certa, luva e máscara”.

Na questão onze foi perguntado aos(as) entrevistados(as): com o passar dos anos, a

agricultura passou por algumas mudanças, essas mudanças foram boas ou ruins? E quais

foram essas mudanças? Nessa questão todos os(as) dez entrevistados(as) disseram que as

mudanças ocorridas durante todos esses anos na agricultura foram boas. As respostas foram:

Fala do entrevistado da propriedade A. “Boas. Essas mudanças sempre foram boas, antes era

a muque (braçal) ai veio o trator, o veneno, as técnicas, as sementes de melhor qualidade, a

plantadeira, que não precisa arar a terra, a passadora de veneno, que antes era tudo com a

máquina nas costas, tudo era bem mais sofrido para nós antigamente”. Fala da entrevistada

da propriedade B. “Boas. Antes era tudo manual e mais com adubo caseiro, tinha menos

gastos, hoje é mais fácil, tudo tratorizado, tem menos serviços, mas gastamos mais também,

não sofremos tanto trabalhando no sol quente se queimando”. Fala da entrevistada da

propriedade C. “Boas. Porque sempre vai evoluindo, na agricultura colhemos mais porque

investimos mais nas vacas, melhorou porque investimos também e por causa das facilidades

dos financiamentos mais fáceis, aí compramos mais coisas ordenhadeira, trator e

maquinários, deu pra investir na propriedade”. Fala do entrevistado da propriedade D. “Boas.

Pra começar a modernização no trabalho facilitou, antes era tudo com boi (tração animal),

hoje não, o trator e os meios mais modernos facilitaram a nossa vida”. Fala do entrevistado

da propriedade E. “Boas. Pra agricultura foi melhor tudo dá mais, a produção aumentou,

mas aumentou também o uso dos venenos, hoje em dia tudo mudou e para as vacas melhorou,

porque antes era tudo a muque (braçal) pra ordenhar agora já tem a ordenhadeira”. Fala do

entrevistado da propriedade F. “Boas. Desde o plantio direto, hoje estamos produzindo mais,

estragamos menos a terra e também na nossa produção rende mais que antes”. Fala da

entrevistada da propriedade G. “Boas. Antes não existia silagem para as vacas, hoje tem, aí

tratamos elas o ano todo com isso, antigamente não tinha piquetes de pastos para as vacas

comerem, era plantado capim e cortado tudo a muque (braçal), na agricultura também ficou

melhor”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Boas. Pra mim quanto a tirar leite era tudo

na mão, hoje em dia tem a ordenhadeira, aí fica mais fácil, antigamente não existia a silagem

como tem hoje, onde podemos tratar as vacas o ano todo”. Fala do entrevistado da

propriedade I. “Boas. Antes era tudo com os bois pra arar e lavrar, a colheita era feita tudo a

muque (braçal), colher, trilhar tudo aquilo levava dias, hoje é tudo mais fácil, tem o trator e a

57

ceifa”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Boas. Na parte técnica, que antes era tudo a

muque (braçal), ou nas costas, hoje é tudo com o trator, tudo motorizado, hoje com as

máquinas vai mais rápido e rende mais do que antes, até que você pegava os bois, encangava

eles e até que chegava na roça, nossa, hoje com o trator você ganha mais tempo”.

Na questão doze foi questionado aos(as) entrevistados(as) qual mudança ou tecnologia

que aconteceu no campo foi mais importante, e por que, tendo como opções (uso de

agrotóxicos, adubos químicos, implantação de maquinários agrícolas, todas ou nenhuma).

Sendo que dos(as) dez entrevistados(as) nove disseram que todas as mudanças e tecnologias,

ocorridas no campo foram importantes, e um entrevistado disse que para ele a mais

importante foi à implantação dos maquinários agrícolas. As respostas foram: Fala do

entrevistado da propriedade A. “Todas. Foram importantes para nós, antes demorava, mas

agora com o trator é tudo rapidinho né, a gente faz mais coisas em menos tempo, e se judia

menos também”. Fala da entrevistada da propriedade B. “Todas. Uma coisa puxa a outra,

porque não adianta dizer só uma, são todas elas”. Fala da entrevistada da propriedade C.

“Todas. Por que o que adianta ter um e não ter o outro? tenho o trator e a plantadeira, mas

não tenho uma boa semente, um adubo”. Fala do entrevistado da propriedade D. “Pra mim

foram os maquinários, isso ajudou e muito, pra nós, porque tem mais facilidade de se

trabalhar e pra fazer as coisas”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Todas. Se não fosse

isso nós iríamos produzir menos, iríamos parar no tempo, tem que ir junto, acompanhando os

avanços, senão a gente apanha e fica pra trás”. Fala do entrevistado da propriedade F.

“Todas. Porque tudo ajudou a gente a evoluir no nosso trabalho, com os maquinários, nossa,

ajudou e muito”. Fala da entrevistada da propriedade G. “Todas. Pra mim todas foram boas

porque com os adubos e os venenos a gente pode colher mais né, ai rende mais, e os

maquinários também”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Todas. Com essas tecnologias

as coisas se tornaram mais práticas, mais fáceis no dia a dia do campo, antes no aviário para

remover a cama era tudo manual, hoje tem as máquinas que fazem tudo automaticamente,

precisa apenas saber manuseá-las”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Todas. Tudo foi

bom, antes era tudo mais difícil, demorava mais pra plantar, colher, hoje é mais fácil, tudo

com as máquinas, antes tínhamos que carpir, hoje passamos veneno na roça, diminui o tempo

e dá pra fazer outros serviços”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Todas. Porque com

tudo isso, melhorou pra nós, não adianta só uma coisa tem que ser tudo, porque não adianta

só ter o trator e não ter o resto (arrado, plantadeira, o veneno) então todas foram

importantes”.

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Na questão treze foi perguntado aos(as) entrevistados(as) se os produtos produzidos na

propriedade são orgânicos (sim ou não) ou se são mistos. Sendo que todos(as) disseram que

os produtos produzidos nas suas propriedades são mistos. Sendo que as respostas foram: Fala

do entrevistado da propriedade A. “O que é para a venda, é utilizado veneno, já o que é para

o consumo próprio, não se utiliza nenhum tipo de agrotóxico”. Fala da entrevistada da

propriedade B. “Porque na lavoura não tem como fugir do veneno né, agora coisa pouca não

precisa e qualquer coisa fazemos um veneno orgânico/caseiro, assim como o adubo”. Fala da

entrevistada da propriedade C. “Bom, coisas da horta são orgânicos, mas agora as outras

coisas tem que passar veneno senão não dá”. Fala do entrevistado da propriedade D. “O que

produzimos na horta pra nós comermos é orgânico, o resto tem veneno porque senão não dá

nada”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Consumo próprio não tem veneno, mas os

produtos pra venda sim, senão não dá nada que preste pra ser vendido”. Fala do entrevistado

da propriedade F. “Pro consumo próprio são orgânicos, já os produtos da lavoura são todos

com veneno, porque não se produz nada hoje em dia sem veneno”. Fala da entrevistada da

propriedade G. “Tudo que é pra nós comermos é orgânico, sem veneno, agora o milho e a

soja têm que ter veneno, há o pasto das vacas também, nós também passamos veneno”. Fala

da entrevistada da propriedade H. “Porque o que a gente come da horta e as frutas são

orgânicas, já o que é para a venda usamos agrotóxicos, o milho pra silagem temos que

passar veneno, senão ele não dá”. Fala do entrevistado da propriedade I. “As coisas da horta,

e umas coisinhas que plantamos pra comer como mandioca e frutas são sem veneno, agora o

que planto na lavoura tem que passar veneno se não, não dá nada”. Fala do entrevistado da

propriedade J. “O que plantamos na horta não tem veneno, já o resto tem porque senão os

bichinhos comem tudo e não da nada, hoje, como se diz, é tudo na base do veneno”.

Na questão quatorze foi perguntado aos(as) entrevistados(as) se eles(as) têm algum

problema de saúde devido ao seu trabalho no campo, se sim mencioná-los. Sendo que dos(as)

dez entrevistados(as), seis afirmaram ter algum problema da saúde devido ao trabalho que

realizou e que ainda realiza no campo, e quatro disseram não ter problema algum de saúde. As

repostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A. “Sim. Tenho asma e alergia devido à

poeira quando eu triava soja, milho a muque na trilhadeira, nossa, vinha àquela poeira e a

gente ficava lá no meio daquilo, hoje eu nem posso ficar perto do pó olha que já me ataca os

pulmões. Se fosse hoje em dia não, talvez não teria nada, porque não precisa fazer isso mais

manualmente e antigamente não tinha nada de máscara”. Fala da entrevistada da propriedade

B. “Sim. Problema na coluna, devido ao excesso de peso na hora da colheita braçal, puxar

água nas costas, arar a terra com os bois”. A entrevistada da propriedade C disse que não

59

tem nenhum problema de saúde, devido ao trabalho que realizou no campo. O entrevistado da

propriedade D relatou que não tem nenhum problema de saúde, devido ao trabalho seu

realizado no campo. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. Bom, eu tenho muita dor

nos meus joelhos e nas costas, ainda mais na época do plantio e colheita, nossa, é

complicado”. Fala do entrevistado da propriedade F.”Sim. Eu já sofri intoxicação quando eu

fui lavar a máquina de veneno, nossa, foi um descuido meu, mas nunca mais sofri”. As

entrevistadas das propriedades G e H relataram que não têm nenhum problema de saúde

devido ao trabalho que realizou no campo. Fala do entrevistado da propriedade I. “Sim. Tenho

muita dor nas costas, devido ao meu trabalho forçado no campo, quando era mais novo,

desde criança trabalhava puxando e carregando peso e acabei machucando as minhas

costas”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Sim. Problema de coluna a mais de 15 anos

por ter me judiado muito quando era mais novo, carregando muito peso e por não ter me

cuidado direito, é que antigamente era assim, tinha que pegar no serviço pesado desde

novo”.

Na questão quinze foi questionado aos entrevistados(as) se os mesmos consideram o

trabalho que realizam no campo de risco sim ou não e por que. Sendo que dos(as) dez

entrevistados(as) cinco relataram que consideram de risco o trabalho que realizam no campo,

e cinco falaram que não consideram de risco. As respostas foram: Para o entrevistado da

propriedade A o mesmo relatou que não considera o trabalho que realiza no campo de risco.

Para a entrevista da propriedade B a mesma afirma que considera sim o trabalho que realiza

no campo de risco. Fala da entrevistada da propriedade B. “Bom, sempre tem risco porque

esses dias numa cidade vizinha um trabalhador morreu fazendo silagem, e nós também

fazemos não estamos livre disso”. Para a entrevistada da propriedade C a mesma disse que

não considera o trabalho que realiza no campo como de risco. Para o entrevistado da

propriedade D o mesmo relatou que não considera o trabalho que realiza no campo de risco.

Para o entrevistado da propriedade E o mesmo afirmou que não considera o trabalho que

realiza no campo como um trabalho de risco. Para o entrevistado da propriedade F o mesmo

relatou que considera sim o trabalho que realiza no campo como um trabalho de risco. Fala do

entrevistado da propriedade F. “Porque se você mexe com o maquinário já está correndo

risco né de sofre um acidente ou de se machuca”. Para a entrevistada da propriedade G a

mesma disse que não considera o trabalho que realiza no campo como de risco. Para o

entrevistado da propriedade H o mesmo relatou que considera sim o trabalho que realiza no

campo como um trabalho de risco. Fala do entrevistado da propriedade H. “Porque nunca

estamos livres de sofrer algum acidente, de se machucar ou de sofrer alguma intoxicação com

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algum produto”. Para o entrevistado da propriedade I o mesmo disse que considera sim o

trabalho que realiza no campo de risco. Fala do entrevistado da propriedade I. “Há risco

sempre tem, por mais que se cuidamos, mas ninguém está livre de que aconteça alguma coisa

né, no campo a gente está sujeito à tudo”. Para o entrevistado da propriedade I o mesmo

afirmou que considera sim o trabalho que realiza no campo de risco. Fala do entrevistado da

propriedade I. “Porque já sofri acidentes, até porque disso ninguém está livre, ainda mais no

campo, acidentes ou riscos, estamos sempre correndo, querendo ou não”.

3.3 ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS

As entrevistas foram realizadas com dez agricultores(as) familiares do município de

Sulina-PR, sendo seis agricultores e quatro agricultoras, conforme o Gráfico A, que se

encontra no Apêndice D. A idade dos agricultores(as) familiares consta no Gráfico B, que se

encontra no Apêndice D, sendo que o entrevistado mais velho é da propriedade A com setenta

anos, e a mais jovem entrevistada é da propriedade G com trinta e nove anos, além disso,

temos três entrevistados(as), com idades acima de cinquenta anos, e cinco abaixo.

Nas entrevistas com os(as) dez agricultores(as) familiares, sete desenvolvem mais de

um tipo de produção ou atividade na propriedade rural, para complementar a renda familiar, e

três se dedicam apenas a um tipo de atividade. A dedicação exclusiva a uma produção é

devido à pouca quantidade de terras produtivas para o plantio, sendo que, na maioria das

vezes, essas terras estão comprometidas com terrenos em declives e morros, nascentes de

água, encostas de rios e banhados, o que impossibilita o plantio e aproveitamento dessas

terras.

Por meio das entrevistas, foi possível perceber que a produção agrícola desenvolvida

pelos(as) agricultores(as) familiares entrevistados é a soja e o milho, sendo que a

armazenagem da produção é feita pela cooperativa Coasul, localizada no município. Devido à

pouca produção desenvolvida nas propriedades, não compensa o(a) agricultor(a) investir na

armazenagem própria, o que incluiria a compra de silos e secadores de grãos, um

investimento muito elevado para quem tem uma pequena produção agrícola.

Pode ser dizer ainda que, o grupo de entrevistados(as) é composto por agricultores(as)

familiares que possuem a propriedade rural do tamanho de 06.03 hectares à 24 hectares, todos

são casados, da cor branca. Quanto à escolaridade, seis têm o ensino fundamental incompleto,

sendo eles(as) das propriedades A, C, E, G, I, e J, já com ensino fundamental completo

verifica-se dois, das propriedades B e D, e com ensino médio completo temos os(as)

61

entrevistados(as) das propriedades F e G. Constatou-se quatro entrevistados(as), das

propriedades, sendo elas D, F, G e H, que possuem filhos menores de idade, com idades de

quatro à dezoito anos.

Com relação à produção, todos produzem para o auto consumo e para venda, variando

entre aqueles possuem apenas um tipo de produção, como nas propriedades C e J, que

trabalham somente com a agropecuária de leite, e na propriedade I somente com a agricultura,

enquanto as demais propriedades desenvolvem vários tipos de produção, como a agricultura,

suinocultura, avicultura e a agropecuária de leite, sendo que isso é característico da pequena

propriedade, desenvolver mais de uma atividade para poder se manter.

Na segunda parte das entrevistas, realizadas com os(as) agricultores(as), percebe-se

por meio de seus relatos que a modernização agrícola, que ocorreu no campo teve seu lado

positivo e negativo, ou seja, a mesma trouxe e desencadeou vários impactos na qualidade de

vida e saúde destes(as) agricultores(as), assim como para a suas famílias. Os impactos foram

positivos pelo fato que hoje em dia se produz mais do que antigamente, o trabalho é menor, há

mais facilidade no plantio, assim como na colheita, devido à introdução dos maquinários e

dos insumos agrícolas. Já os impactos foram negativos quando se tem a contaminação de todo

o meio ambiente pelo uso descontrolado e desenfreado dos produtos químicos, o

desmatamento e o assoreamento dos rios e das fontes de água potável, que acabam, ao longo

do tempo, fragilizando a saúde e o bem estar de toda a população.

Percebe-se, por meio dos relatos, que os(as) entrevistados(as) buscam tomar os

devidos cuidados e que tem o conhecimento dos EPIs, porém, nem todos os usam da forma

mais correta, sendo que os motivos são os mais variados possíveis, mas nenhum motivo é

forte o bastante para não se prevenir e não tomar as devidas precauções.

Os(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as) tem o conhecimento que um

alimento que é produzido sem agrotóxicos é melhor para a saúde, os alimentos tidos como

orgânicos, tanto que isso foi constatado durante as entrevistas, na qual todos(as) relataram que

os alimentos para o consumo próprio são orgânicos, já os que são destinados à venda possuem

agrotóxicos, devido à várias condições, como o ataque de pragas e doenças, que são

inevitáveis sem o seu uso.

Outro fator interessante, foram os problemas de saúde que os(as) entrevistados(as)

relataram sofrer devido ao trabalho que realizaram e que ainda realizam no campo, sendo que

dos(as) dez entrevistados(as) seis afirmaram ter problemas de saúde, e quatro relataram não

sofrer de problema algum. Por meio dos relatos coletados com os(as) agricultores(as)

familiares, pode-se perceber que muitos dos problemas que ocorrem com eles(as), os mesmos

62

não os relacionam, com as atividades que realizam no seu trabalho no campo, como sentir

uma dor de cabeça, ardor ou queimação na pele, após ter passado ou de ter sido exposto ao

contato com agrotóxicos, ou até mesmo ao sol forte, um stress elevado, problemas cardíacos

ou até depressão, devido à preocupação no trabalho, se irá chover ou fazer seca, se a colheita

será boa, se terá lucros ou se mal conseguirá pagar as dívidas, como os financiamentos e

empréstimos.

Sabe-se que a implantação de novas tecnologias no meio agrícola, auxiliou os

agricultores, de modo geral, a produzir mais, em um curto espaço de tempo, mas também os

expôs a uma série de riscos para com a sua saúde. São inúmeros os casos de mutilações e

amputações de membros que foram notificados a partir dos anos de 1960, de mortes por

intoxicações, de cânceres e de várias outras doenças, que, na maioria, não são associados às

mudanças que ocorreram no cenário agrícola brasileiro.

Com relação aos acidentes de trabalho, os considerados graves foram apenas três,

tendo em vista que conforme os relatos dos(as) entrevistados(as), acidentes no meio rural são

frequentes, uma vez que o(a) agricultor(a) familiar, ao executar alguma atividade, não está

livre de sofrer algum acidente, como se cortar, cair, levar uma martelada, e assim por diante,

mas para eles(as) isto é tão frequente que eles(as) nem consideram como acidentes de

trabalho, para eles(as) é algo comum.

Quanto à qualidade de vida no dia a dia do trabalho no campo, os(as) agricultores(as)

familiares relataram ser boa, pois gostam do que fazem, uma vez que a vida no campo para

eles(as) é mais calma e tranquila. Foi possível perceber, por meio dos relatos, que os(as)

agricultores(as) valorizam muito o local onde moram e pensam na qualidade de vida da

família, eles(as) afirmam que com a vinda dos insumos, como o trator e a ordenhadeira ficou

mais fácil para executar as suas atividades.

Quando questionados se as mudanças que ocorreram no campo foram boas ou ruins,

todos afirmaram que foram boas, tendo em vista que os mesmos desenvolvem um esforço

menor e realizam suas atividades em tempo menor, como eles mesmos relatam: “ficou mais

cômodo pra nós”, pois há o trator, o arado, a plantadeira, as sementes melhoradas, os

agrotóxicos para combater as pragas, a ceifa para a lavoura. Com relação à ordenha, há os

tanques de expansão ou os resfriadores para manter o leite e a ordenhadeira para ordenhar as

vacas. Por meio destes insumos, foi possível aumentar a produção e diminuir o tempo gasto

na execução da mesma. Mas, deve-se levar em conta que foi por meio dessa “acomodação”

que muitas doenças começaram a aparecer na vida dos agricultores familiares e trabalhadores

rurais.

63

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esta pesquisa, foi possível aprofundar o conhecimento quanto à saúde dos

moradores da área rural, mais precisamente a saúde dos agricultores familiares da Região

Sudoeste do Estado do Paraná, e entender como a modernização agrícola influenciou e ainda

influência na saúde e na qualidade de vida dessas pessoas.

É com a modernização agrícola do país, em meados de 1950 e 1960, que se tem uma

mudança no meio rural, com: a introdução de novas técnicas, a mecanização do campo, a

introdução de pacotes tecnológicos, a liberação de créditos rurais, e o incentivo do governo

pelo plantio da monocultura.

Nesse contexto, temos também a questão agrária, sendo que quem mais sofreu as

consequências desses processos foram os agricultores familiares, como vimos, com o aumento

da introdução de novas técnicas no campo, a pequena propriedade sofreu em algumas regiões,

mais que em outras, passou por muitos conflitos. Com isso, a questão agrária se intensificou

cada vez mais, sendo que o resultado é a concentração da terra cada vez mais nas mãos dos

grandes latifundiários, ou seja, para uma pequena minoria de pessoas. Sabe-se que o

agricultor familiar sofre pressões para abandonar suas terras, de todos os lados, quando não é

dos latifúndios que estão esmagando e sufocando, tanto ele como sua propriedade, é o

mercado exigindo uma maior produtividade, eficácia e eficiência, por meio do acesso aos

créditos ou da qualidade dos produtos.

Além da questão agrária temos a questão ambiental, conforme relatos dos(as)

agricultores(as) familiares e observações durante a realização das entrevistas, antigamente, o

meio ambiente não era tão desprotegido e poluído como está hoje, se tinha mais árvores e

matas, os rios não sofriam com escassez das águas, e até mesmo o clima, conforme os(as)

entrevistados(as), era regular, : hoje em dia, não há uma definição precisa das estações do ano,

o que atrapalha, a sazonalidade da agricultura e a vida do homem do campo. Com a

modernização agrícola, e com a gana de plantar cada vez mais, e em pedaços maiores de

terras, não se tem preservado nem as barrancas e encostas de rios ou sangas, surgindo, assim,

o assoreamento da terra e a contaminação da água.

Percebe-se que as consequências e os impactos da modernização agrícola na qualidade

de vida e saúde do agricultor familiar, como já constatado, tiveram dois lados, ou seja, houve

uma contradição com o ‘bom e o ruim’. O bom por ter um avanço nos meios de produção,

com a implantação de novas tecnologias, sendo que com isso, o trabalho no campo passa a

requerer menos esforço físico dos agricultores familiares bem como dos trabalhadores rurais,

64

já o lado ruim se deve pelo fato da exposição dessas pessoas ao perigo do campo, ou seja, no

manejo dos maquinários agrícolas sem os devidos conhecimentos, o contato com agentes

químicos dentre eles os agrotóxicos, uma vez que para utilizar o mesmo, se requer cuidados

específicos, ou seja, estes passam a ser um problema invisível, com consequências diretas e

indiretas na saúde e no bem estar dos agricultores familiares, bem como dos trabalhadores

rurais, sendo quase impossível dimensionar as perdas e os danos acometidos.

Quando trabalhamos a saúde dos agricultores familiares, deve se analisar que os

trabalhos que os mesmos desenvolvem no campo, juntamente com a família, se confunde

como um trabalho para si próprio, ou seja, com isso o valor de uso desse trabalho acaba

camuflando os acidentes que seriam de trabalho, e que passam a não ser, uma vez que

provocado no âmbito de seu próprio trabalho, sendo que, em relatos das entrevistas, percebeu-

se que todos(as) os(as) agricultores(as) entrevistados(as) mencionaram ter sofrido acidentes

de trabalho, mas como relatado “era coisa pouco isso nem se conta”, apenas três entrevistados

admitiram tem sofrido acidentes de trabalho considerados graves e de relevâncias para eles.

Pelo fato dos(as) próprios agricultores(as) familiares não darem importância para pequenos

acidentes que os acometem no dia a dia do seu trabalho no campo, presume-se que este

processo de não reconhecimento do acidente, como acidente de trabalho, dificulta a

sistematização das informações pelo sistema único de saúde no Brasil.

Por meio das pesquisas bibliográficas e dos depoimentos das entrevistas com os(as)

agricultores(as) familiares, pode-se perceber que as consequências e os impactos da

modernização agrícola na qualidade de vida e saúde do agricultor familiar, foram várias, uma

vez que a utilização de certos venenos nem existia, e quando se utilizava, na maioria das

vezes, era em pequenas quantidades, ou era na base da capina mesmo. Atualmente se há

algum mato, pode até ser uma quantia pequena, o que vemos são pessoas passando veneno e

muitas vezes totalmente desprotegidas. Nos relatos das entrevistas, os(as) agricultores(as)

afirmaram que a saúde e a qualidade de vida do povo do campo era mais saudável

antigamente do que nos dias de hoje, onde era tudo, na grande maioria, cultivado sem o uso

dos produtos químicos, era tudo natural. Tanto o agricultor familiar, quanto o trabalhador rural

não tinham contato e nem ficavam expostos aos produtos químicos, o trabalho era todo

manual com enxadas, foices, arados movidos à tração animal, e outros instrumentos de

trabalho. Por isso, consideram como “bom” a substituição por equipamentos que diminuem o

uso da força humana e animal pelo combustível ou energia.

Concluindo, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para com os agricultores

familiares do município de Sulina e também para o Serviço Social, para que se incentivem

65

mais estudos relacionados à saúde do agricultor familiar e dos trabalhadores rurais e os

cuidados que os mesmos devem ter ao exercer seu trabalho no campo, uma vez que são os

responsáveis por produzir grandes riquezas em nosso país. Ou seja, por meio desta pesquisa

não só os agricultores familiares, mas também a sociedade em geral poderá ter acesso ao

conteúdo e com isso ter uma visão mais real do cotidiano da vida do agricultor familiar e dos

trabalhadores rurais.

66

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70

APÊNDICES

71

APÊNDICE A: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO

PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Rosana Mirales

ACADÊMICA: Vidiane Forlin

OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: “Analisar as consequências e os impactos da

modernização agrícola na qualidade de vida e saúde do trabalhador rural de pequena

propriedade”

INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Entrevista Semiestruturada

SUJEITOS DA PESQUISA: Trabalhadores rurais de pequenas propriedades do

município de Sulina/PR.

DATA DA ENTREVISTA: _____/_____/2012

Nº DA ENTREVISTA: _____________

Caracterização da família, do (a) entrevistado (a) e da propriedade e Formulário de

Entrevista.

Propriedade: ( )

Idade do

Entrevistado (a):

( ) Anos

Escolaridade:

( ) Ensino Fundamental Completo

( ) Ensino Fundamental Incompleto

( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Ensino Superior

( ) Analfabeto

Membro da

família:

( ) Pai

( ) Filho (a)

( ) Mãe

( ) Avó/Avô

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Cor: ( ) Branco

( ) Pardo

( ) Negro

( ) Amarelo

Estado civil: ( ) Casado

( ) Separado

( ) Solteiro

Tem filhos: ( ) Sim ( ) Não

Quantos filhos: ( ) 1 a 2

( ) 3 a 4

( ) 5 a 6

( ) Mais __________

Quantos filhos

ainda estão na

propriedade:

( )______

( ) Todos

( ) Nenhum

72

Idade dos filhos: ( ) Anos ( ) Anos

( ) Anos ( ) Anos

( ) Anos ( ) Anos

( ) Anos ( ) Anos

Escolaridade dos

filhos:

( ) Ensino Fundamental Completo

( ) Ensino Fundamental Incompleto

( ) Ensino Médio Completo

( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Ensino Superior Completo

( ) Ensino Superior

Incompleto

Renda mensal da

família:

( ) 1 a 2 salários mínimos

( ) 5 a 6 salários mínimos

( ) 3 a 4 salários mínimos

( ) Mais

Tamanho da

propriedade:

___________ Hectares ou ____________ Alqueires.

Produção da

propriedade é

voltada para:

( ) Consumo Próprio

( ) Venda

( ) Ambos

A propriedade

disponibiliza de

água potável

própria:

( ) Sim

( ) Não

Se a propriedade

não disponibiliza

de água própria,

ela é

disponibilizada:

( ) Sanepar

( ) Vizinho

A propriedade

possui área de

preservação

ambiental:

( ) Sim

Se sim quantos hectares ou

alqueires?_____________________

( ) Não

A propriedade

desenvolve a

produção:

( ) Agrícola

( ) Agropecuária de Corte

( )Agropecuária de Leite

( ) Suinocultura

( ) Avicultura

( ) Outros ________________

Como se da à

armazenagem dos

produtos

produzidos pela

propriedade

( ) Armazenagem própria

( ) Armazenagem em cooperativas

( ) Armazenagem em

serialistas.

73

1. Para o Sr.(a) a modernização da agricultura com a introdução de técnicas mais avançadas

de produção trouxeram algum impacto na sua qualidade de vida e saúde? Descreva.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. Como é sua qualidade de vida no dia-a-dia do seu trabalho no campo?

( ) Boa ( ) Ótima ( ) Regular ( ) Ruim

Descreva:___________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim exemplifique.

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4. O Sr. (a) é associado de:

( ) Cooperativa / nome: ____________________________________________________

( ) Sindicato / nome: ______________________________________________________

( ) Associação / nome: _____________________________________________________

5. Se o Sr. (a) for associado de alguma cooperativa, sindicato ou associação, os mesmos

oferecem alguma forma de prevenção quanto:

( ) Manuseio de agrotóxicos;

( ) Cuidados com a saúde;

( ) Prevenção de acidentes;

74

( ) Qualidade de vida.

Como se deram estas prevenções, através de cursos, palestras, reuniões ou folders

explicativos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6. Quais são os seus insumos (sementes, adubos, defensivos, maquinários) de trabalho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7. Como e onde são comprados os insumos usados na sua lavoura?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8. Já aconteceu algum imprevisto na sua rotina de trabalho? Qual? E o que foi feito?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. Quanto à compra, armazenamento e manuseio de produtos químicos (fertilizantes, adubos

e agrotóxicos) o Sr. (a) toma os devidos cuidados necessários? Se sim quais?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

75

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10. O Sr. (a) tem o conhecimento e faz o uso dos EPIs (Equipamento de proteção individual)

que são luvas, mascaras, roupas adequadas para determinados serviços, botas e outros no

dia-a-dia do seu trabalho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11. Com o passar dos anos, a agricultura passou por algumas mudanças, para o Sr. (a) essas

mudanças foram boas ou ruins? Quais foram estas mudanças descreva uma a uma?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12. Para o Sr. (a) qual mudança ou tecnologia que aconteceu no campo foi mais importante?

( ) Uso de agrotóxicos; ( ) Todas;

( ) Adubos químicos; ( ) Nenhuma.

( ) Implantação de maquinários agrícolas;

Exemplifique________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

76

13. Os produtos produzidos na propriedade são orgânicos?

( ) Sim ( ) Não ( ) Mistos

Por que:

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14. O Sr. (a) tem algum problema de saúde devido ao seu trabalho no campo?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, qual?________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

15. O Sr. (a) considera o trabalho que realiza no campo de risco? Se sim por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

16. Desenho ou croqui da propriedade?

77

Propriedade A B C D E F G H I J

Idade

d’entrevistado.

70 56 48 51 49 42 39 40 68 48

Escolaridade

E.F.I E.F.C E.F.I E.F.C E.F.I E.M.C E.F.I E.M.C E.F.I E.F.I

Membro d’

família.

PAI MÃE MÃE PAI PAI PAI MÃE MÃE PAI PAI

Sexo.

M F F M M M F F M M

Cor.

Branco Branca Branca Branco Branco Branco Branca Branca Branco Branco

Estado Civil.

Casado Casada Casada Casado Casado Casado Casada Casada Casado Casado

Tem filhos.

Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Quantos filhos.

04 04 02 03 02 02 03 02 03 02

Quantos filhos

ainda estão na

propriedade.

1 filho

2 filhos

1 filho

Todos

Todos

Todos

Todos

Todos

Nenhum

Todos

Idade dos filhos. 39 35 23 30 23 28 10 29 22 19 10 13 13 19 04 09 36 43 23 24

36 34 26 32 24 17 41

Sexo dos filhos

F M F M F M M M F M F M M M M M M F F M

M M M F M M M

Dos que não

possuem todos os

filhos na

propriedade, qual

a idade e o sexo

dos que ainda

permanecem.

34

26

30

23

M

M

M

F

APÊNDICE B – QUADRO 01 – PRIMEIRA PARTE DAS ENTREVISTAS

QUADRO 01 – PRIMEIRA PARTE DAS ENTREVISTAS (Caracterização dos agricultores familiares partir das entrevistas)

78

Escolaridade dos

filhos.

1- E.M.C

1- E.F.C

2- E.F.I

2-E.M.C

2-E.S.C

2-E.M.C

2-E.M.C

1-E.F.I

1-E.M.C

1-E.S.I

2-E.F.I

1-E.M.C

1-E.M.I

1-E.F.I

1-E.F.I

1-Creche

1-E.M.C

2-E.M.I

2-E.M.C

Renda mensal da

família.

1 a 2 sal. 3 a 4 sal. 1 a 2 sal. 5 a 6 sal. 3 a 4 sal. Mais de 6

sal.

1 a 2 sal. 3 a 4 sal. 1 a 2 sal. 3 a 4 sal.

Tamanho da

propriedade.

10.05 hec. 10.04 hec. 10.04 hec. 24.00 hec. 24.00 hec. 17.09 hec. 12.60 hec. 6.03 hec. 6.03 hec. 21. 06 hec.

Produção da

propriedade é

voltada para.

Ambos

(venda e

consumo)

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

Ambos

A propriedade

disponibiliza de

água potável

própria.

SIM

em partes

SIM

SIM

em partes

SIM

NÃO

SIM

em partes

SIM

SIM

SIM

SIM

Se na propriedade

não há água

própria, por

quem ela é

disponibilizada.

Vizinho, pois

a que tem

não é

suficiente.

____

Disponibiliza

do vizinho

para os

animais.

____

Vizinho

Vizinho,

pois a que

tem não é

suficiente.

____

____

____

____

A propriedade

desenvolve a

produção.

Agrícola;

Agrop. de

Leite.

Agrícola;

Agrop. de

Leite;

Suinocultu-

ra.

Agrop. de

Leite.

Agrícola;

Agrop. de

Leite;

Avicultura

Agrícola;

Agrop. de

Leite.

Agrícola;

Agrop. de

Leite.

Agrícola;

Agrop. de

Leite.

Agrop. de

Leite e

Avicultura.

Agrícola. Agrop. de

Leite.

Como se da à

armazenagem da

produção agrícola

produzida pela

propriedade.

Armazena

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Armazena

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Não produz

grãos para a

venda, apenas

para a

silagem.

Armazena

na

cooperati-

va da

cidade

(Coasul).

Armazena

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Armazena

na

cooperati-

va da

cidade

(Coasul).

Armazena

na

cooperati-

va da

cidade

(Coasul).

Não produz

grãos para a

venda,

apenas para a

silagem.

Armazena

na

cooperati-

va da

cidade

(Coasul).

Não produz

grãos para a

venda, apenas

para a

silagem.

79

FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados em pesquisa de campo, 2012.

A propriedade

possui área de

preservação

ambiental.

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

SIM

4.02 hec.

2.00 hec.

2.00 hec.

8.00 hec

7.02 hec.

5.00 hec.

2.00 hec

1.00 hec.

1.00 hec.

7.2 hec.

Legenda

M – Masculino F – Feminino

E.F.I – Ensino Fundamental Incompleto

E.F.C – Ensino Fundamental Completo

E.M.I – Ensino Médio Incompleto

E.M.C –Ensino Médio Completo

E.S.I – Ensino Superior Incompleto

E.S.C – Ensino Superior completo

80

APÊNDICE C: QUADRO O2 – SEGUNDA PARTE DAS ENTREVISTAS

QUADRO O2 – SEGUNDA PARTE DAS ENTREVISTAS (perguntas descritivas)

Propriedades

A

B

C

D

E

F

G

H

I

J

A

moderniza-

ção da

agricultura

com a

introdução

de técnicas

mais

avançadas

de produção

trouxe

algum

impacto na

sua

qualidade

de vida e

saúde?

“Sim fico

mais fácil,

para

trabalhar e

para produzir

as coisas,

não sofre

tanto com

peso e com o

sol, mas

antigamente

se sofria

mais, mas se

tinha mais

saúde

também, era

tudo mais

puro/limpo”.

“Sim,

mudou

muita coisa,

onde desde

que se

segue tudo

certinho, se

cuidando a

tecnologia

no campo

foi e está

sendo boa”.

Pois o

esforço

realizado é

menor e há

mais

agilidade no

serviço.

“Melhorou

sim a nossa

qualidade de

vida, mas

com o

veneno à

saúde fico

mais fraca

(frágil), com

o trator e os

maquinários

é mais fácil,

mas os

gastos

também

aumentaram,

melhoro por

um lado e

pioro por

outro”.

“Com

certeza, o

governo

incentivo

muito, a

moderniza-

ção antes o

pequeno

agricultor

não tinha

acesso a

nada. Agora

quanto à

qualidade de

vida

antigamente

se vivia

melhor,

tinha menos

contamina-

ção, mas

também

tinha casos

em que as

pessoas

morriam e

nem sabiam

do que, e

não tinha

“Com a

modernização

da agricultura

as coisas

evoluíram, e

vão evoluir

ainda mais.

Hoje acho

que todo

mundo vive

melhor, fico

mais fácil

produzir os

alimentos,

trabalhar.”

“Com

certeza, com

a vinda do

veneno a

saúde ficou

mais frágil,

mas também

com os

agrotóxicos

produzimos

mais, hoje

em dia é

complicado,

você tem

que acompa-

nhar a

modernida-

de”.

“Sim

antigamente

era mais

sofrido, não

dava para

fazer muita

coisa, mas

agora

também com

os venenos,

se faz muita

coisa, se

colhe mais,

só que se

contamina

mais, a água

e o ar não

são mais tão

puros, e

antigamente

se vivia

melhor, sem

os venenos,

mas hoje se

não usar o

veneno ou

um trator

não se faz

nada.”

“Sim os

impactos

aconteceram,

a gente sabe

que antes a

gente

trabalhava

mais, porém

acho que

vivíamos

melhor, não

tinha tantas

doenças.

Hoje em dia

para o campo

as

tecnologias

ficou mais

avançado,

mais fácil de

fazer o

trabalho”.

“Sim, Bom

antigamente

se vivia

melhor, não

tinha tanta

poluição,

mas se

trabalhava

mais lógico

que com os

maquinários

e as novas

técnicas fico

mais fácil de

trabalhar se

judia menos

na lavoura”.

“Sim, parte do

trabalho hoje é

melhor, tem

mais

facilidade tudo

é mais fácil e

rápido,

demora menos

para plantar,

colher,

ordenhar, mas

por parte, da

saúde pioro

antes era mais

saudável de se

viver, tudo era

mais puro sem

contamina-

ções”.

81

tanto

recursos

médicos

como se tem

hoje.”

Como é sua

qualidade

de vida no

dia-a-dia do

seu trabalho

no campo?

(Boa,

Ótima,

Regular ou

Ruim).

BOA

“Para a gente

é boa porque,

não se

judiamo,

mais agora é

tudo mais

técnico se

vive melhor,

no campo é

tranquilo,

antes era

mais sofrido,

era todo com

os bois, hoje

tem o trator,

ai nem

estraga a

terra”.

ÓTIMA

“Bom à

gente acha

que é mais

tranquilo do

que na

cidade, é

mais calmo

aqui, mais

sossegado,

então

vivemos

bem”.

BOA

“É boa

porque é

sossegado, e

tranquilo,

aqui trabalho

a hora que eu

quero,

levanto faço

os meus a

fazeres, mas

pra nós do

campo dias

de seca não

são bons e

nem de muita

chuvarada”.

BOA

“Olha em

primeiro

lugar porque

morramos

onde se

criemos,

gosto da

cidade, acho

que não me

acostumaria

em outro

lugar, por

isso acho

que é boa a

minha

qualidade de

vida”.

BOA

“Bom eu

acho que ela é

boa, né faz

menos

esforços na

roça que

antes, era

tudo braçal

hoje tem o

trator e as

máquinas”.

BOA

“Hoje temo

a energia

elétrica,

maquinários,

temos mais

comodidade

no dia-a-dia

de trabalho”.

BOA

“A gente

aqui vive

tranquilo, é

calmo, gosto

de morar no

campo, gosto

do meu

trabalho,

minha

família vive

bem”.

BOA

“A minha

qualidade de

vida no dia-a-

dia do meu

trabalho no

campo é boa,

porque gosto

do meu

trabalho,

gosto do

campo, vivo

bem com a

minha família

aqui”.

BOA

“Bom vivo

bem, gosto

do meu

trabalho, me

criei nisso, e

minha

qualidade de

vida no meu

trabalho ta

boa”.

BOA

“Ta bom

porque ta mais

fácil de

trabalha, antes

era mais

difícil, mais

sofrido agora

ficou mais

cômodo com

os

maquinários”.

Já sofreu

algum

acidente de

trabalho? Se

sim

exemplifi-

que

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

SIM

Já capotou o

trator, mas

não se feriu.

NÃO

NÃO

NÃO

SIM

destroncou o

joelho

quando

estava

lavrando

com os bois

SIM

Já sofreu dois

acidentes, um

atacado por

um touro e

quebrou duas

costelas, outro

quando os

bois

dispararam

com a carroça.

82

É associado

de:

cooperati-

va, sindicato

ou

associação?

Cooperativa:

Coasul.

Cooperati-

va:

Coasul;

Sindicato

dos

Trabalhado-

res Rurais.

Cooperativa:

Coasul;

Associação

N.S.A (ass.

de pequenos

produtores).

Cooperati-

va:

Coasul;

Associação

N.S.A (ass.

de pequenos

produtores).

Cooperativas:

Coasul e

Cresol.

Cooperati-

vas:

Coasul e

Sicredi.

Cooperati-

vas:

Coasul e

Sicredi.

Cooperativas:

Coasul e

Cresol,

Cooperati-

vas:

Coasul,

Cresol e

Sicredi.

Cooperativas:

Coasul e

Sicredi;

Associação

N.S.A (ass. de

pequenos

produtores).

Se for

Associado

de alguma

cooperativa,

sindicato ou

associação

os mesmos

ofecerecem

alguma

forma de

prevenção

quanto ao:

*Manuseio

de agrotóxi-

cos;

*Cuidados

com a

saúde;

*Prevenção

de

acidentes;

*Qualidade

de vida.

São

prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões,

cursos e na

distribuição

de folders

explicativos

ou de

cartilhas que

a cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do

município

Coasul,

sendo que

as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões e

cursos que

a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões e

cursos que a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do

município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões,

cursos e na

distribuição

de folders

explicativos

ou de

cartilhas,

que a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul, sendo

que as

prevenções se

dão por meio

de palestras,

reuniões e

cursos que a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do

município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões e

cursos que a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões,

cursos e na

distribuição

de folders

explicativos

ou de

cartilhas que

a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul,

sendo que as

prevenções se

dão por meio

de palestras,

reuniões,

cursos e na

distribuição

de folders

explicativos

ou de

cartilhas que

a cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São

prestados

pela

cooperativa

do município

Coasul,

sendo que as

prevenções

se dão por

meio de

palestras,

reuniões e

cursos que a

cooperativa

oferece aos

associados

por meio de

técnicos e

agrônomos.

São prestados

pela

cooperativa do

município

Coasul, sendo

que as

prevenções se

dão por meio

de palestras,

reuniões e

cursos que a

cooperativa

oferece aos

associados por

meio de

técnicos e

agrônomos.

83

Quais são os

seus insumos

(sementes,

adubos,

defensivos,

maquiná-

rios) de

trabalho.

Veneno,

sementes

tratadas,

adubos, foice,

enxada, os

bois em uns

pedacinhos o

trator e

maquina de

passar veneno

que são

terceirizados.

Ordenhadei-

ra, tanque de

expansão

trator,

sementes,

adubo,

veneno,

enxada,

foice,

maquina de

passar

veneno,

manual e

motorizada.

Para as

vacas e os

suínos tem a

ração e os

remédios.

Ordenhadeira,

bomba

d’água,

tanque de

expansão,

trator,

sementes e

venenos.

Trator,

sementes

tratadas,

adubos,

maquinários

em geral,

ordenhadeira

e tanque de

expansão.

Trator,

sementes,

ordenhadeira,

tanque de

expansão e

outros

maquinários

agrícolas.

Ordenhadei-

ra, tanque de

expansão,

sementes

tratadas,

adubos,

veneno e

trator.

Ordenhadeira,

tanque de

expansão,

sementes

tratadas,

adubos,

veneno,

trator, foice e

enxada.

Trator,

aquecedor do

aviário, silos,

ração,

ordenhadeira,

tanque de

expansão,

venenos,

sementes

tratadas e

lonas.

Sementes

tratadas,

trator,

venenos e

plantadeira.

Adubos, trator,

Ordenhadeira,

tanque de

expansão,

sementes,

venenos,

maquinários

agrícolas, foice

e enxada.

Onde são

comprados

os insumos

usados na

sua

propriedade

/lavoura

Todos são

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Pros suínos

em uma

empresa

determina-

da, já no

restante

todos são

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

São

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul) e

nas casas

agropecuári-

as.

Todos são

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Todos são

comprados na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

Todos são

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

São

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul) e

nas casas

agropecuári-

as.

São

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul) e

nas casas

agropecuári-

as.

Todos são

comprados

na

cooperativa

da cidade

(Coasul).

São

comprados na

cooperativa da

cidade

(Coasul) e nas

casas

agropecuárias.

aconteceu

algum

imprevisto

“Ainda não” “Imprevis-

tos sempre

acontecem

às vezes

“Ainda não” “É o que

mais

acontece, o

clima pode

“Sim, vix

vários, a

gente sente

muito na

“Sempre da

sim, minha

ceifa quase

queimou,

“Acontece

sim, no

campo

sempre

“Sim, de vez

em quando

acontece

algum

“Sim, a seca

que ocorreu

este ano,

sendo que

“Sim, sempre

dá tanto com

as vacas como

no plantio, aí

84

(algo que

não se

previa/

inesperado)

na rotina de

trabalho

uma vaca

fica doente,

ai temos

que correr

atrás de

remédio e

de

veterinário”

.

ser um,

onde se

chover de

mais ou de

menos já

prejudica a

safra”.

lavoura,

quando da

seca, a perca

é grande, a

gente procura

ajuda do

governo estas

horas o

‘proagro’,

tem que se

virá ir atrás.”

pois pegou

fogo, mas

com o

extintor

consegui

apaga”.

acontece, um

equipamento

que quebra, e

daí temos

que arrumar,

um animal

que fica

doente e aí

temos que

trata”.

imprevisto,

com as vacas,

mais na hora

de pari

algumas tem

complicações

aí fazemos

tratamento

com

medicamen-

tos”.

não é a

primeira,

porque já

teve outras,

onde a gente

pede proagro

se bem que

nem sempre

a gente

ganha

também”.

se for às vacas

procuramos o

veterinário e

tratamos com

remédios, já

na roça é mais

quando da

seca e o milho

não rende pra

silagem, aí

temo que se

virá e planta

de novo”.

Quanto à

compra,

armazena-

mento e

manuseio de

produtos

químicos

(fertilizantes

, adubos e

agrotóxicos)

são tomados

os devidos

cuidados

necessários?

Se sim

quais?

SIM

“Cuidamos

na hora de

guarda e

quando usa,

colocamos

mascara né,

luva, roupa

comprida,

bota tem que

se cuidar e

fazer tudo

certinho”.

SIM

“O cuidado

é já no

transporte,

não mistura

com outras

coisas, lava

e devolve

as

embalagens

depois de

usar elas,

usa as

roupas

corretament

e pra passa

veneno”.

SIM

“Bom à

gente tem

pouco tempo

de armazena-

mento,

porque, a

gente compra

e já usa né, e

deixa

guardado

num lugar

seguro só

eles (os

agrotóxicos)

SIM

“É

comprado

em lugar

garantido e

seguro, é

guardado

em local

seguro e o

manuseio é

feito bem

com a

tríplice

lavagem das

embala-

gens, e

usamos

proteção”.

SIM

“A gente

guarda

bonitinho,

lava e

devolve as

embalagens e

se cuida né”.

SIM (na

maioria)

“Bom com

agrotóxico a

gente toma

os cuidados

que se deve,

bom pelo

menos se

tenta fazer

na maioria

né”.

SIM

“Há, a gente

deixa os

venenos

mais

separado,

das outras

coisas, já

compra

quando vai

usa e fica

bem seguro

né”.

SIM

“A gente

compra na

cooperativa,

armazena em

local seguro e

por pouco

tempo, e ao

manusear

cuidamos

realizamos a

tríplice

lavagem das

vasilhas e

entregamos

na

cooperativa

novamente”.

SIM

“Opa tomo

sim,

compramos

em lugar

seguro,

guardamo

em lugar

certo,

fazemos a

lavagem das

embalagens

e a

devolução

delas e na

hora de

passa

também,

porque passo

com o

trator”.

SIM

“Certeza os

venenos tem

que ser

separados das

outras coisas,

guardados em

lugar seguro e

tem que se

cuidar quando

for passa

também”.

85

Tem o

conheciment

o e faz o uso

dos EPIs, no

dia-a-dia do

seu

trabalho?Si

m

exemplifiqu

e?

SIM

“Usamos o

que precisa,

depende do

que vai fazer,

daí usa bota,

luva e outras

coisas pra

fica seguro”.

SIM

“Tem que

usa bota,

luva,

macacão,

avental,

porque no

serviço

precisa

disso”.

SIM

“Há bota de

borracha e

quando

muito frio

usa luva pra

ordenha, na

roça com o

veneno é

meu esposo

que mexe aí

ele usa o que

precisa,

mascara,

bota e luva”.

SIM (na

maioria)

“Então

usamos na

maioria das

vezes os

equipamen-

tos, mas às

vezes não

usamos ou

esquecemos

acontece né,

mais na

maioria

usamo sim”.

SIM

“Mascaras,

luvas e

roupas pra

passar veneno

tudo

certinho”.

SIM

“Eu uso o

que precisa

pra

determinado

serviço, que

nem bota,

luva,

mascara

depende do

que eu vou

fazer”.

SIM (na

maioria)

“Há bom é

usado mais

mascara,

bota e luva já

a roupa nem

sempre isso

pra passar

veneno, e

usamos bota

no dia-a-dia

porque

precisemos”.

SIM

“Usamos

quando

trabalhamos

no aviário,

botas e

mascaras e

pra passar

veneno

também

usamos

mascaras,

luvas, botas e

roupas

própria pra

passar

veneno”.

SIM (na

maioria)

“Bom botas,

luva

mascaras de

vez em

quando,

porque se é

bem pouco

veneno pra

passa às

vezes não

uso mascara

não”.

SIM

“Uso porque

precisa, tem

que se cuidar

pra tudo não

só quando for

passa veneno,

coloca bota,

roupa certa,

luva e

mascara”.

Com o

passar dos

anos, a

agricultura

passou por

algumas

mudanças,

essas

mudanças

foram boas

ou ruins?

Quais foram

estas

mudanças

descreva-as

BOAS

“Essas

mudanças

sempre

foram boas,

antes era a

muque/bra-

çal, ai veio o

trator, o

veneno, as

técnicas, as

sementes de

melhor

qualidade, a

plantadeira

que não

precisa ará a

terra,

BOAS

“Antes era

tudo

manual e

mais com

adubo

caseiro

tinha menos

gastos, hoje

é mais fácil

tudo

tratorizado,

tem menos

serviço mas

gastemos

mais

também ,

não

BOAS

“Porque

sempre vai

evoluindo, na

agricultura

colhemos

mais porque

investimos

mais, nas

vacas

melhoro

porque

investimos

também e

por causa das

facilidades

dos

financimen-

BOAS

“Pra começa

a

moderniza-

çao no

trabalho

facilito,

antes era

tudo a

boi/tração

animal, hoje

não, com o

trator e os

meios mais

modernos

facilito a

nossa vida”.

BOAS

“Pra

agricultura foi

melhor tudo

da mais, a

produção

aumentou,

mas

aumentou

também o uso

dos venenos,

hoje em dia

tudo mudou e

pras vacas

melhoro

porque antes

era tudo a

muque/braçal

BOAS

“Desde o

plantio

direto, hoje

estamos

produzindo

mais,

estragamos

menos a

terra e

também a

nossa

produção

rende mais

que antes”.

BOAS

“Antes não

existia

silagem pras

vacas, hoje

tem, aí

tratemos elas

o anos todo

com isso,

antigamente

não tinha

piquetes pra

vacas come

era plantado

capim e

cortado tudo

a muque/bra-

çal, na

BOAS

“Pra mim,

quanto a tirar

leite era tudo

na mão, hoje

em dia tem a

ordenhadeira,

aí fica mais

fácil,

antigamente

não existia a

silagem

como tem

hoje, onde

podemos

tratar as

vacas o ano

todo”.

BOAS

“Antes era

tudo com os

bois pra ará e

lavra a

colheita era

feita tudo a

muque/braça

l colhe, trilha

tudo aquilo

levava dias

hoje não é

tudo mais

fácil, tem o

trator e a

ceifa”.

BOAS

“Na parte

técnica que

antes era tudo

a

muque/braçal,

ou nas costas,

hoje é tudo

com o trator,

tudo

motorizado,

hoje com as

maquinas vai

mais rápido e

rende mais, do

que antes até

que você

pegava os bois

86

passadora de

veneno que

antes era

tudo com a

maquina nas

costas, tudo

era bem mais

sofrido pra

nóis

antigamente”

.

sofremos

tanto

trabalhando

no sol

quente se

queimando”

.

tos mais

fáceis, aí

compramos

mais coisas

ordenhadeira

, trator e

maquinários

deu pra

investir na

propriedade”

.

pra ordenhar,

agora já tem a

ordenhadeira”

.

agricultura

também

ficou

melhor”.

encangava

eles e até que

chegava na

roça, nossa

hoje com o

trator você

ganha mais

tempo”.

Qual

mudança ou

tecnologia

que

aconteceu

no campo

foi mais

importante?

*Uso de

agrotóxicos;

*Adubos

químicos;

*Implantaçã

o de

maquinários

agrícolas;

*Todas;

*Nenhuma?

TODAS

“Foram

importantes

para nós,

antes

demorava

mais agora

com o trator

é tudo

rapidinho né,

a gente faz

mais coisa

em menos

tempo, e se

judia menos

também”.

TODAS

“Uma coisa

puxa a

outra,

porque não

adianta

dizer só

uma são

todas elas”.

TODAS

“Porque o

que adianta

ter um e não

ter o outro,

tenho o trator

e plantadeira,

mas não

tenho uma

boa semente,

um adubo”.

Implanta-

ção de

maquinári-

os agrícolas

“Pra mim

foi os

maquinários

, vix isso

ajudou e

muito, pra

nós, porque

tem mais

facilidade

de trabalhar

e pra fazer

as coisas”.

TODAS

“Se não fosse

isso nós

iríamos

produzir

menos,

iríamos para

no tempo,

tem que ir

junto

acompanhan-

do os

avanços,

senão a gente

apanha e fica

pra trás”.

TODAS

“Porque

tudo ajudou

a gente a

evoluir no

nosso

trabalho,

com os

maquinários

nossa ajudou

e muito”.

TODAS

“Pra mim

todas foram

boas porque

com os

adubos e os

venenos a

gente pode

colher mais

né, ai rende

mais, e os

maquinários

também”.

TODAS

“Com essas

tecnologias

as coisas se

tornaram

mais práticas,

mais fáceis

no dia-a-dia

do campo,

antes no

aviário para

remover a

cama era

tudo manual,

hoje tem as

máquinas que

fazem tudo

automatica-

mente precisa

apenas saber

manusealás”.

TODAS

“Tudo foi

bom, antes

era tudo

mais difícil,

demorava

mais pra

planta, colhe

hoje é mais

fácil, tudo

com as

máquinas,

antes tinha

que carpi,

hoje

passamos

veneno na

roça, diminui

o tempo e da

pra fazer

outros

serviços”.

TODAS

“Porque com

tudo isso

melhoro pra

nóis, não

adianta só

uma coisa tem

que ser tudo,

porque não

adianta só ter

o trator e não

ter o resto

(arrado,

plantadeira, o

veneno) então

todas foram

importantes”.

87

Os produtos

produzidos

nas

propriedade

s são;

orgânicos

(sim ou não)

ou são

mistos?

Mistos.

“O que é

para a venda

é utilizado

veneno, já o

que é para o

consumo

próprio, não

se utiliza

nenhum tipo

de

agrotóxico.”

Mistos.

“Porque na

lavoura não

tem como

fugi do

veneno né,

agora coisa

pouca não

precisa e

qualquer

coisa faz

um veneno

orgânico

assim como

o adubo.”

Mistos.

“Bom coisa

da horta são

orgânicos,

mas agora as

outras coisas

tem que

passar

veneno senão

não dá”.

Mistos.

“O que

produzimos

na horta pra

nós come é

orgânico, o

resto tem

veneno

porque

senão não

dá nada”.

Mistos.

“Consumo

próprio não

tem veneno,

mas os

produtos pra

venda sim,

senão não dá

nada que

preste pra ser

vendido”.

Mistos.

“Pro

consumo

próprio são

orgânicos, já

os produtos

da lavoura é

tudo com

veneno se

não, porque

não se

produz nada

hoje em dia

sem

veneno.”

Mistos.

“Tudo que é

pra nós

comer é

orgânico sem

veneno,

agora o

milho e a

soja tem que

ter veneno,

há o pasto

das vacas

também nós

passamos

veneno.”.

Mistos.

“Porque o

que a gente

come da

horta e as

frutas são

orgânicas, já

o que é para a

venda

usamos

agrotóxicos o

milho pra

silagem

temos que

passar

veneno senão

ele não dá”.

Mistos.

“As coisas

da horta, e

umas

coisinhas

que

plantamos

pra comer

como

mandioca e

frutas são

sem veneno,

agora o que

planto na

lavoura te

que passa

veneno se

não, não dá

nada.”

Mistos.

“O que

plantamos na

horta não tem

veneno, já o

resto tem

porque senão

os bichinhos

comem tudo e

não da nada,

hoje como se

diz é tudo na

base do

veneno”.

Tem algum

problema de

saúde

devido o seu

trabalho no

campo? Se

sim, qual?

SIM

“Tenho

asmas e

alergia

devido à

poeira

quando eu

triava soja,

milho a

muque na

trilhadeira

nossa vinha

àquela poeira

e a gente

ficava lá no

meio

SIM

(feminino)

“Problema

na coluna,

devido a

excesso de

peso na

hora da

colheita

braçal, puxa

água nas

costas, arar

a terra com

os bois”.

NÃO

(feminino)

NÃO SIM

“Bom eu

tenho muita

dor nos meus

joelhos e nas

costas, ainda

mais na época

do plantio e

colheita,

nossa é

complicado”.

SIM

“Eu já sofri

intoxicação

quando eu

fui lava a

maquina de

veneno,

nossa foi um

descuido

meu, mas

nunca mais

sofri”.

NÃO

(feminino)

NÃO

(feminino)

SIM

“Tenho

muita dor

nas costas

devido ao

meu trabalho

forçado no

campo,

quando era

mais novo,

desde

criança

trabalhava

puxando e

carregando

peso e acabei

SIM

“Problema de

coluna a mais

de 15 anos por

ter me judiado

muito quando

era mais novo,

carregando

muito peso e

por não ter me

cuidado

direito é que

antigamente

era assim,

tinha que pega

no serviço

88

daquilo, hoje

eu nem posso

fica perto do

pó olha que

já me ataca

os pulmões.

Se fosse hoje

em dia não

talvez não

teria nada,

por que não

precisa fazer

isso mais

manualmente

e

antigamente

não tinha

nada de

mascara”.

machucando

as minhas

costas”.

pesado desde

novo”.

Considera o

trabalho

que realiza

no campo de

risco? Se

sim, por

quê?

NÃO

SIM

“Bom

sempre tem

risco

porque

esses dias

numa

cidade

vizinha um

trabalhador

morreu

NÃO

NÃO

NÃO

SIM

“Porque se

você mexe

com o

maquinário

já ta

correndo

risco né de

sofre um

acidente ou

de se

machuca”.

NÃO

SIM

“Porque

nunca

estamos

livres de

sofrer algum

acidente, de

se machucar

ou de sofrer

alguma

intoxicação

com algum

produto”.

SIM

“Há risco

sempre tem,

por mais que

se cuidamos,

mas ninguém

esta livre de

que aconteça

alguma coisa

né, no campo

a gente esta

sujeito a

tudo”.

SIM

“Porque já

sofri

acidentes, até

porque disso

ninguém ta

livre, ainda

mais no

campo,

acidentes ou

riscos estamos

89

fazendo

silagem, e

nós também

fazemos

não estamos

livre disso”.

sempre

correndo,

querendo ou

não”.

FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.

90

APÊNDICE D: GRÁFICOS 01 e 02

FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.

FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.

6

4

GRÁFICO 01 - SEXO DOS ENTREVITADOS(AS)

Masculino

Feminino

70

56

48

51

49 42

39

40

68

48

GRÁFICO 02 - IDADE DOS ENTREVISTADOS(AS)

PROPRIEDADE A

PROPRIEDADE B

PROPRIEDADE C

PROPRIEDADE D

PROPRIEDADE E

PROPRIEDADE F

PROPRIEDADE G

PROPRIEDADE H

PROPRIEDADE I

PROPRIEDADE J

91

ANEXOS

92

ANEXO A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

93

94

ANEXO B – PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA

95

ANEXO C – TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO CAMPO DE

ESTUDO SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE-CENTRO DE UNIDADE BÁSICA DE

SAÚDE (UBS)

96

ANEXO D – TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO CAMPO DE

ESTUDO EMATER DE SULINA