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UNIVERSIDADE DO OESTE DO PARANÁ
CAMPUS DE TOLEDO
VIDIANE FORLIN
OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO
AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR
TOLEDO
2012
3
VIDIANE FORLIN
OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO
AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Serviço Social, Centro de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Serviço Social.
Orientadora Profa: Dra. Rosana Mirales
TOLEDO-PR
2012
4
VIDIANE FORLIN
OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DO
AGRICULTOR FAMILIAR DO MUNICÍPIO DE SULINA – PR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Serviço Social, Centro de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Orientadora – Profa. Dra. Rosana Mirales
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
_____________________________________________
Profa. Ms. Cristiane Carla Konno
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
_____________________________________________
Profa. Dra. Vera Lúcia Martins
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Toledo, 26 de novembro de 2012.
5
Dedico este trabalho à meus pais, Vitorino e
Zuleide Forlin, pelo apoio e dedicação, e a
todos os agricultores(as) familiares que se
dispuseram a participar deste estudo.
6
AGRADECIMENTOS
Inicialmente, agradeço a Deus pelo dom da vida.
Aos meus pais seu Vitorino e dona Zuleide Forlin, pelos seus esforços, dedicação ao
me incentivar a nunca desistir e sim a levantar e continuar a lutar sempre e por serem meus
exemplos de vida. A eles só agradeço de todo o meu coração por tudo o que fizeram, e
continuam fazendo por mim, por isso o meu muito obrigada por tudo.
Ao meu irmão Vidinei Forlin e aos meus familiares que mesmo com a distância e as
dificuldades, sempre me incentivaram a continuar.
Ao Rodrigo que além de namorado, é um grande amigo, o qual sempre foi
compreensivo comigo, nos períodos de crise e angústia, me auxiliando sempre que possível.
Aos docentes do curso de Serviço Social da Unioeste, em especial à docente e
orientadora, Dra. Rosana Mirales, que me auxiliou nas dúvidas, angústias e dificuldades,
propiciando a realização deste trabalho de conclusão de curso.
Ao responsável pela EMATER e pela Secretaria Municipal de Saúde pela
disponibilidade de conversar e passar as informações solicitadas.
A todos os(as) agricultores(as) familiares do município de Sulina, que se
disponibilizaram a participar das entrevistas para a realização deste trabalho.
Aos meus colegas da 4ª série do curso de Serviço Social, amigos e amigas.
Enfim agradeço a todas as pessoas que passaram em minha vida e deixaram
ensinamentos, lembranças e que contribuíram de diferentes maneiras, para a realização desse
trabalho e conclusão deste curso, aos mesmos os meus sinceros agradecimentos.
7
Obrigado ao Homem do Campo
Obrigado ao homem do campo
Pelo leite o café e o pão
Deus abençoe os braços que fazem
O suado cultivo do chão
Obrigado ao homem do campo
Pela carne, o arroz e feijão
Os legumes, verduras e frutas
E as ervas do nosso sertão
Obrigado ao homem do campo
Pela madeira da construção
Pelo couro e os fios das roupas
Que agasalham a nossa nação
Pelo couro e os fios das roupas
Que agasalham a nossa nação
Obrigado ao homem do campo
O boiadeiro e o lavrador
O patrão que dirige a fazenda
O irmão que dirige o trator
Obrigado ao homem do campo
O estudante e o professor
A quem fecunda o solo cansado
Recuperando o antigo valor
Obrigado ao homem do campo
Do oeste, do norte e do sul
Sertanejo da pele queimada
Do sol que brilha no céu azul
Sertanejo da pele queimada
Do sol que brilha no céu azul
E obrigado ao homem do campo
Que deu a vida pelo Brasil
Seus atletas, heróis e soldados
Que a santa terra já cobriu
Obrigado ao homem do campo
Que ainda guarda com zelo a raiz
Da cultura, da fé, dos costumes
E valores do nosso país
Obrigado ao homem do campo
Pela semeadura do chão
E pela conservação do folclore
Empunhando a viola na mão
E pela conservação do folclore
Empunhando a viola na mão
Lá rá lá, lá rá lá, lá rá lá....
(Dom e Ravel)
8
FORLIN, Vidiane. Os impactos do desenvolvimento agrícola na saúde do agricultor
familiar do município de Sulina – PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Serviço Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – Campus de Toledo-PR, 2012.
RESUMO
O presente texto deste trabalho traz como objeto de estudo a saúde do agricultor familiar da
Região Sudoeste do Paraná, o qual tem como objetivo analisar as consequências e os impactos
da modernização agrícola na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares do
município de Sulina-PR. Sendo que o presente trabalho foi contextualizado apartir da
modernização agrícola que ocorreu no Brasil nos anos de 1950-1960, com o desenvolvimento
e introdução de técnicas modernas no meio rural, fazendo com que a agricultura deixa-se de
ter técnicas tradicionais e voltadas para a subsistência com o plantio de várias culturas, e
passa-se para uma agricultura com avançadas técnicas de produção e o incentivo pelo plantio
da monocultura. Com a introdução de técnicas mais avançadas no campo, surgem juntamente
os chamados pacotes tecnológicos que eram compostos naquela época por sementes
melhoradas, adubos químicos, mecanização, agrotóxicos e insumos. Neste contexto tem-se
ainda uma breve discussão quanto à questão agrária no país, a qual foi retomada neste
trabalho apartir da década de 1950. O contexto mostra a resistência e perseverança dos
agricultores familiares em permanecerem em suas terras, apesar de todas as pressões que
sofrem dos latifundiários ou do mercado para saírem. Neste cenário agrícola, temos também a
discussão da saúde destes agricultores familiares, bem como dos trabalhadores rurais, que
estão diariamente expostos a uma série de riscos e de acidentes no dia-a-dia dos seus
trabalhos. Por meio da Constituição Federal de 1988, temos a implantação da Política
Nacional de Promoção da Saúde, que juntamente com a com a Lei Orgânica da Saúde (Lei.
8.080/90) dão atribuições legais para o funcionamento do sistema Único de Saúde (SUS).
Sendo que em 2004 temos no país a criação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador
(PNST), a qual tem o propósito à promoção da saúde dos trabalhadores, e recentemente em
2011 se tem a criação da Política Estadual de atenção integral a Saúde do Trabalhador do
Paraná, sendo que a mesma orienta a gestão estadual do SUS-PR, na área da Saúde do
Trabalhador. Neste trabalho é abordado também a relação do Serviço Social para com a saúde
do trabalhador no país. Quanto à metodologia as informações empíricas foram coletadas por
meio das entrevistas, que neste trabalho se optou por trabalhar com a entrevista
semiestruturada sedo que para a realização das entrevistas com os agricultores(as) familiares,
foi feito o agendamento dos dias e horários mediante as possibilidades dos mesmos.
Palavras chave: modernização agrícola, agricultor familiar, saúde.
9
LISTA DE SIGLAS
COASUL Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda
CRESOL Sistema das Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária
EMATER Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
EPIs Equipamentos de Proteção Individual
FHC Fernando Henrique Cardoso
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
N.S.A Nossa Senhora Aparecida
PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador
PR Paraná
RENAST Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
s.p Sem página
SICREDI Sistema de Crédito Cooperativo
SUS Sistema Único de Saúde
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
TCLE Termo De Consentimento Livre Esclarecido
UBS Unidade Básica de Saúde
UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paraná
Visat Vigilância em Saúde do Trabalhador
10
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................ 07
LISTA DE SIGLAS....................................................................................................... 08
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 10
1 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL................................................. 14
1.2 OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DA
POPULAÇÃO RURAL...................................................................................................
21
2 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE...................................... 29
2.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR............................... 31
2.2 POLÍTICA ESTADUAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO
TRABALHADOR DO PARANÁ...................................................................................
33
2.3 O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR................................... 35
3 A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO AMBIENTE DA PESQUISA:
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SULINA E DA REGIÃO
SUDOESTE DO ESTADO DO PARANÁ..................................................................
42
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTURES FAMILIARES A PARTIR DAS
ENTREVISTAS..............................................................................................................
44
3.2 EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS.......................................... 48
3.3 ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS................................................. 59
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 62
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 65
APÊNDICES................................................................................................................... 69
APÊNDICE A – Instrumento de Coleta de Dados.......................................................... 70
APÊNDICE B – Quadro 01 – Primeira parte das Entrevistas.......................................... 76
APÊNDICE C – Quadro 02 – Segunda parte das Entrevistas.......................................... 79
APÊNDICE D – Gráficos 01 e 02 ................................................................................... 89
ANEXOS.......................................................................................................................... 90
ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................ 91
ANEXO B – Parecer de Aprovação do Comitê De Ética................................................. 93
ANEXO C – Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo Secretaria
Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS)....................................
94
ANEXO D – Termo de Ciência do Responsável pelo Campo de Estudo EMATER de
Sulina................................................................................................................................
95
11
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo analisar as consequências e os impactos da
modernização agrícola, na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares, do município
de Sulina-PR. O interesse na escolha desse objeto de pesquisa deve-se a três fatores. Primeiro,
em virtude de ser o lugar que nasci e morei por dezoito anos; segundo, porque os meus pais
continuam a residir nesse município, o que me proporcionou um breve conhecimento do local
e da sua realidade; e, terceiro, porque o município tem, basicamente, conforme dados
fornecidos pela EMATER (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural),
quase toda a fonte de renda voltada para a agricultura familiar. (EMATER, 2012).
Pretende-se, por meio deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mostrar como se
encontra a saúde dos agricultores familiares do município de Sulina-PR. Este Trabalho tem
como problema as consequências e os impactos da modernidade agrícola, na qualidade de
vida e saúde do agricultor familiar residente do município de Sulina-PR. A fim de responder
tal problema, definiu-se como objetivo geral: analisar as consequências e os impactos da
modernização agrícola na qualidade de vida e saúde dos agricultores familiares do município
de Sulina-PR. Como objetivos específicos, apontamos: contextualizar a modernização
agrícola do país; realizar uma análise documental e contextualizar a Política Nacional e
Estadual de Saúde do Trabalhador, no contexto da Política Nacional de Promoção a Saúde;
caracterizar o município de Sulina-PR; e realizar as entrevistas com os agricultores familiares
ali localizados.
No decorrer deste trabalho, temos incluso, no conteúdo do terceiro capítulo, relatos
coletados nas entrevistas, que ocorreram no período de 27 junho a 05 de julho de 2012, nas
casas dos agricultores familiares. Por se sentirem mais à vontade durante a realização das
entrevistas os(as) entrevistados(as) preferiram não autorizar a gravação das falas, e sim apenas
as anotações, dessa forma, por questões éticas, o gravador foi dispensado. As entrevistas
foram, assim, todas transcritas, e as falas dos(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as)
estão identificadas em itálico, corrigidas ortograficamente.
Devido à introdução dos relatos dos(as) entrevistados(as) no decorrer do trabalho, a
metodologia será especificada na introdução. Sendo que para Minayo metodologia é “[...] o
caminho do pensamento e a prática na abordagem da realidade.” (2010, p. 14). Nesse sentido,
é o que origina os procedimentos na execução da pesquisa. Sendo que, para a mesma autora,
“[...] a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem, os instrumentos de
operacionalização do conhecimento e a criatividade do pesquisador.” (2010, p. 14).
12
Conforme Minayo, “Enquanto abrangência de concepções teóricas de abordagem, a
teoria e a metodologia caminham juntas, intrincavelmente inseparáveis.” (2010, p. 15). Sendo
assim, os procedimentos metodológicos utilizados para a realização de uma pesquisa devem
indicar, sistematicamente e detalhadamente, a maneira como o pesquisador procede perante a
execução da sua investigação sobre o tema e o problema propostos, mantendo sempre a
harmonia com a teoria proposta para a apreensão, compreensão e a análise do seu objeto de
pesquisa, ou seja, conforme para a mesma autora, “[...] a metodologia deve dispor de um
instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o
desafio da prática.” (2010, p. 15).
A pesquisa terá uma abordagem quantitativa, por meio da qual será possível
sistematizar as informações e observar os resultados, por meio de números e gráficos; e,
também, qualitativa, que possibilitará abordar os significados por meio de uma interpretação
dinâmica da realidade, com os conteúdos expressos nas falas dos sujeitos entrevistados.
[...] quando falamos de análise e interpretação de informações geradas no
campo da pesquisa qualitativa estamos falando de um momento em que o
pesquisador procura finalizar o seu trabalho, ancorando-se em todo o
material coletado e articulando esse material aos propósitos da pesquisa e à
sua fundamentação teórica. (GOMES, 2010, p. 80-81).
O universo de pesquisa é composto por seiscentos e três agricultores familiares, bem
como com as suas famílias que residem no município de Sulina. A amostra desta pesquisa, por
sua vez, foi estipulada pela localização e a acessibilidade, uma vez que para Gil “O
pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam de alguma
forma, representar o universo.” (2010, p. 94). Considerando isto, escolhemos a região Norte
do município de Sulina por ser mais acessível e por concentrar agricultores familiares. Para
definir a amostra da pesquisa, foram solicitados os nomes dos agricultores familiares, que
residem na região Norte do Município, ao engenheiro agrônomo responsável da EMATER.
Com a lista e os devidos dados necessários, foi estipulado que seriam entrevistados dez
agricultores familiares daquela região, tendo em vista que a relação foi de trinta e cinco, um
sorteio foi realizado, a fim de determinar quem seriam os dez entrevistados. Dentre os(as)
entrevistados(as), nenhum com mais que 30,00 hectares de terra, tivemos seis agricultores e
quatro agricultoras, o fato de se ter quatro agricultoras que se dispuseram a participar das
entrevistas se deu pela escolha do próprio casal. O que foi muito proveitoso tendo em vista
que temos relatos e opiniões de ambos os sexos.
13
Para a elaboração desta pesquisa foi utilizada também a pesquisa bibliográfica que
para Severino “[...] é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de
pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc.” (2007, p.
122). A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de livros e textos, que se encontram na
biblioteca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE- Campus Toledo e na
base de dados Scielo e outros sites que contenham dados fundantes e confiáveis para pesquisa.
Além da pesquisa bibliográfica, foi realizada também a pesquisa em documentos fornecidos e
utilizados pelas instituições pesquisadas como Secretaria Municipal de Saúde e EMATER-PR
do município de Sulina, perante a assinatura do Termo de Ciência do Responsável pelo
Campo de Estudo, que se encontra no Anexo C e D, e a Política Nacional de Promoção da
Saúde, Política Nacional de Saúde do Trabalhador e a Política Estadual de Atenção Integral à
Saúde do Trabalhador do Paraná em relação ao tema estudado.
As informações empíricas serão coletadas por meio do instrumental de entrevista
semiestruturada, que para Ludke e André: “[...] se desenrola a partir de um esquema básico,
porém não aplicado rigidamente, permitindo que o entrevistador faça as necessárias
adaptações” (1986, p. 34), ou seja, para sua realização vai se seguir um roteiro básico pré-
elaborado flexível em que, se necessário, se fará modificações ou inserções de perguntas no
decorrer de sua realização. Com isso, o instrumento de coleta de dados foi a entrevista
semiestruturada, cujo roteiro se encontra no Apêndice A.
Para a realização das entrevistas com os(as) agricultores(as) familiares, foi feito o
agendamento dos dias e horários mediante as possibilidades dos(as) entrevistados(as) por
meio de ligações telefônicas. Nos dias das entrevistas, foi exposto a cada agricultor(a)
familiar, oralmente pela pesquisadora, o objeto e os objetivos desta pesquisa, respeitando a
vontade do agricultor familiar, em participar da pesquisa ou não. Assim com a leitura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a assinatura do mesmo, em duas vias,
ficando uma delas com o(a) entrevistado(a) e a outra com a pesquisadora, sendo que o modelo
do TCL, assinado e carimbado, se encontra no Anexo A.
Após a realização de todas as entrevistas, deu-se o início à sistematização, à análise
quantitativa e qualitativa e, posteriormente, à tabulação dos dados, bem como dos elementos
da pesquisa, realizando o tratamento necessário das informações coletadas, as quais serão
apresentadas a seguir e também estarão nos Apêndices B e C.
Buscando demonstrar que foram cumpridos os objetivos de nossas investigações,
apresentamos o texto da seguinte forma:
14
No primeiro capítulo abordamos uma breve contextualização histórica sobre a
modernização agrícola no Brasil a partir dos anos de 1950 – 1960. Nesse contexto, tem-se
ainda uma breve discussão quanto à questão agrária no país, a qual foi retomada neste
trabalho a partir da década de 1950. O contexto mostra a resistência e perseverança dos
agricultores familiares em permanecerem em suas terras, apesar de todas as dificuldades.
Além disso, uma discussão da saúde dos agricultores familiares, bem como dos trabalhadores
rurais, que estão diariamente expostos a uma série de riscos e de acidentes no cotidiano dos
seus trabalhos, será apresentada.
No segundo capítulo, buscamos aproximações das discussões da saúde do trabalhador,
bem como das formas como o serviço social vem as incorporando. Para isso, foi necessário
revisar as políticas, sendo elas: a Política Nacional de Promoção da Saúde, juntamente com a
com a Lei Orgânica da Saúde (Lei. 8.080/90); a Política Nacional de Saúde do Trabalhador
(PNST), criada em 2004, que tem como propósito à promoção da saúde dos trabalhadores; e,
recentemente, em 2011 se tem a criação da Política Estadual de Atenção Integral a Saúde do
Trabalhador do Paraná, sendo que a mesma orienta a gestão estadual do SUS-PR, na área da
Saúde do Trabalhador.
E no terceiro capítulo, apresentamos o que para nós se constituiu a tarefa mais
prazerosa, não só porque possibilitou o reencontro com os agricultores do município de
Sulina, mas também porque pudemos efetivar as reflexões em suas dimensões, teórico-
práticas. É nessa parte do texto que apresentamos o resultado das entrevistas e as
sistematizações, buscando a apresentação daquilo que ainda no campo parecia fragmentado,
mas que, com o esforço intelectual foi possível apresentar em unidades como a delimitação
espacial do ambiente da pesquisa, com a caracterização do município de Sulina e da Região
Sudoeste do Paraná. Após isto, temos a caracterização dos agricultores familiares a partir das
entrevistas, com a exposição do conteúdo das mesmas e a análise. E para finalizar o trabalho,
apresentaremos as considerações finais.
15
1 A MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NO BRASIL
A partir da década de 1950 inicia-se, no Brasil, o processo de modernização agrícola,
sendo que é em meados da década de 1960, anos do “milagre brasileiro1” segundo Graziano
Neto “[...] que a agricultura brasileira efetivamente inicia um importante processo de
modernização das suas técnicas de produção. A mecanização avança, o uso de trator
intensifica-se. E há [...] implantação de insumos modernos [...].” (1982, p. 26). A partir dessas
décadas, o país passa por grandes mudanças na zona rural, com a implantação de novas
técnicas de produção e modernização com a implantação da mecanização da agricultura
mudando todo o modo de produção, conforme relata Silva (1987), uma vez que a agricultura,
tradicional e quase rudimentar, praticada pelos agricultores familiares2, e com a venda do
excedente da sua produção, acaba por ser substituída por uma agricultura mecanizada,
passando a produzir fundamentalmente para o mercado, sendo que com a implantação das
técnicas de produção o país deu um grande salto, com investimentos no campo, no incentivo
do cultivo da monocultura, na compra de terras e de maquinários agrícolas.
Segundo Martine e Garcia “Numa comparação internacional, o Brasil se destaca como
um dos países onde a modernização agrícola foi efetuada de forma mais acelerada e mais
profunda.” (1987, p. 10). Com isso desenvolveram-se também as tecnologias, onde conforme
Forlin “[...] as tecnologias contribuíram para o aumento da produção agrícola, gerando um
fluxo maior de exportação, o que fez com que a economia do país passasse a crescer em
grandes escalas.” (2011, p. 03).
[...] o estado, através de órgãos estatais como bancos e institutos
agronômicos, criou possibilidades para que na primeira metade da década de
60, alguns representantes da produção agrícola local, conseguissem através
de financiamentos agrícolas, adquirir as primeiras maquinas agrícolas.
(ZAAR, 1999, p. 54).
Percebe-se que ainda entre as décadas de 1950 e 1960 temos também no Brasil a
retomada da discussão sobre a questão agrária, conforme traz Silva, “Já no final dos anos
cinquenta e início dos anos sessenta, a discussão sobre a questão agrária fazia parte da
1“O período 1968-1973 é conhecido como "milagre" econômico brasileiro, em função das extraordinárias taxas
de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) então verificadas, de 11,1% ao ano.” (VELOSO; VILLELA;
GIAMBIAGI, 2008 p. 222). 2Considera-se agricultor familiar, na Região Sudoeste do Paraná, o proprietário rural que tem uma área de 1 a 4
módulos rurais com até 80 hectares de terra, e que vive basicamente da produção gerada a partir do uso
predominantemente da força de trabalho familiar. EMATER, 2012. Com isso, estes são os sujeitos da pesquisa
proposta.
16
polêmica sobre os rumos que deveria seguir a industrialização brasileira.” (1987, p. 07). Ou
seja, a história e o processo da questão agrária no país não são novos, uma vez que a mesma
começou juntamente com as capitanias hereditárias. No entanto, a questão agrária será
abordada, neste trabalho, a partir da década de 1950, no contexto da introdução de novos
meios e técnicas de produção para o campo. Conforme relata Silva (1987), a questão agrária
no país se intensifica à medida que o desenvolvimento aumenta, sendo assim, temos o uso da
terra predominantemente à benefício de uma pequena parcela de proprietários que na grande
maioria são latifundiários. A discussão e a história sobre a questão agrária no Brasil é de luta
pela igualdade de direitos e melhores condições de vida e trabalho para quem vive e depende
do campo para a sua sobrevivência, por quem luta em ter um pedaço de chão, pela eliminação
dos latifúndios, por uma distribuição de terras justas e pela persistência, que presenciamos, do
agricultor familiar em permanecer na sua terra.
Com a implantação do processo de desenvolvimento do campo, e o aumento do uso
das tecnologias, sabe-se que nem todos os agricultores familiares e nem todas as regiões do
país saíram ganhando com esse processo, houve uma grande disparidade, tanto no incentivo
quanto nos investimentos do governo, sendo que quem ganhou mais foram os grandes e não
os pequenos proprietários de terras e as regiões mais populosas e desenvolvidas do país. Nota-
se que o processo de modernização agrícola do país teve diferentes formas de
desenvolvimento, principalmente após os anos de 1960.
A agricultura brasileira depois de 1960 mostrou um claro processo de
diferenciação em três grandes regiões: a) O Centro-Sul, onde a agricultura se
moderniza rapidamente pela incorporação de insumos industrias
(fertilizantes e defensivos químicos, maquinas e equipamentos agrícolas,
etc.); b)O Nordeste, que após a incorporação da fronteira do Maranhão e,
mais recentemente, a da Bahia, permanece sem grandes transformações
fundamentais [...] de sua agropecuária; c)A Amazônia, incluindo aí boa parte
da região Centro-Oeste (Mato Grosso e Goiás), que representou a zona de
expansão da fronteira agrícola a partir do início dos anos sessenta. (SILVA,
1987, p. 34).
Com o desenvolvimento dos modos de produção agrícola, principalmente com a
mecanização e tecnificação do campo, surgem também vários problemas relacionados à
questão agrária no país, como relata Silva (1987), como o aumento da exploração do trabalho
dos trabalhadores chamados de boias frias ou de trabalhadores volantes; a implantação cada
vez maior de maquinários e técnicas mais avançadas na produção agrícola; a intensificação
17
dos latifúndios e do poder dos latifundiários; e o êxodo rural3 com a migração das famílias do
campo para as cidades, em busca de empregos e de melhores condições e qualidade de vida.
Para Delgado “Em apenas uma década, a proporção da população urbana, que é de
55,92% da população total, em 1970, passou a 67,57% em 1980, no mesmo período ocorreu
declínio absoluto da população rural das regiões Sul-Sudeste e Centro-Oeste [...]”. (1985, p.
22), ou seja, o processo do êxodo rural não se separa do desenvolvimento urbano, uma vez
que o mesmo faz parte de uma totalidade do desenvolvimento do país.
Conforme demonstra Silva “O modelo de modernização capitalista da agricultura faz
avançar o processo de proletarização e aumentar a utilização do trabalho assalariado, ainda
que preservando, em muitas áreas, a pequena produção familiar.” (2003, p. 109). Ou seja, a
expansão cada vez maior do capitalismo e das formas capitalistas de mercado e produção
acaba submetendo os agricultores familiares a, além de realizarem os seus afazeres e trabalhos
na própria propriedade, a venderem sua força de trabalho, tornando-se também trabalhadores
assalariados em determinadas épocas do ano, para conseguir suprir as suas despesas e
necessidades básicas, uma vez que as mesmas não podem ser supridas devido à baixa
rentabilidade gerada pela sua propriedade.
Por meio de diversos fatores, sabe-se que os agricultores familiares, acabam ficando
mais inseguros, perante as pressões e cobranças do mercado, uma vez que dependem de um
clima favorável e que ocorra tudo bem no período do plantio e da colheita da safra, para que
os mesmos posam quitar as suas dívidas e financiamentos com os bancos. Caso ocorra
“quebra” na safra (safra com prejuízos), o agricultor por ser familiar, e ter uma pequena
propriedade, tem como fonte de renda mais de um determinado produto ou trabalho, com isso
o mesmo tentará suprir esses compromissos com a venda de outro produto, produzido na
propriedade, mas quando nem isso é possível, o mesmo se vê obrigado e vender sua
propriedade para poder quitar suas dívidas e financiamentos. Sendo assim, é uma luta diária
que o agricultor familiar enfrenta para se manter no campo, pois quando não é a pressão do
mercado por uma maior produção, é a dos bancos cobrando os empréstimos e financiamentos
ou é a dos latifundiários proprietários de grandes propriedades rurais que acabam cercando,
sufocando e intimidando as pequenas propriedades, fazendo com que os agricultores
familiares acabem por vender as suas terras.
3“A intensa modernização da agricultura, a partir de 1960, foi a principal responsável pelas elevadas taxas de
expulsão da população rural, o que, num contexto de ampla disponibilidade de força de trabalho para o setor
industrial, passa a constituir uma das raízes da “inchação” das periferias, do subemprego e da crise urbana do
período recente.”. (SILVA, 2003, p. 119).
18
[...] à expansão das grandes propriedades na região Centro-sul, em especial
nos estados de Goiás, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, vale dizer, nos
estados de agricultura mais modernizada. Esse processo de modernização do
Centro-Sul resultou na expropriação de pequenos produtores, em particular
daqueles que detinham formas precárias de acesso a terra, como os
posseiros, parceiros e pequenos arrendatários. (SILVA, 1987, p.57).
Sabe-se que, na maioria das vezes, quando ocorre à expropriação dos agricultores
familiares das suas terras, os mesmos, juntamente com a família, acabam optando por vários
destinos, às vezes vão para as grandes cidades em busca de emprego e de uma fonte de renda
para a família, sendo que, muitas vezes, por não ser capacitado para determinados serviços
nas indústrias, acaba vivendo uma situação de risco à sua saúde por não ter os devidos
conhecimentos para a execução de um determinado serviço ou trabalho, uma vez que, por
ganhar pouco, acaba, juntamente com a sua família, indo morar em lugares insalubres e com
péssimas condições de saúde. Outro destino dos agricultores familiares que perderam suas
terras é acabar indo trabalhar como trabalhadores volantes ou assalariados nas terras dos
latifundiários ou em muitas vezes em terras que eram suas. Outras vezes os agricultores
familiares acabam aderindo a algum movimento, uma vez que com a questão agrária temos
muitos, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) ou os Sindicatos dos
Pequenos Trabalhadores Rurais e dos Trabalhadores Assalariados. Tendo em vista que, para
adentrar neste movimento não é necessário que seja um agricultor expropriado de sua terra, e
sim qualquer sujeito que não tenha condições de ter ou adquirir seu pedaço de terra ou as
necessidades básicas e as condições de vida supridas.
Com a modernização das técnicas de produção na agricultura, surge o uso de novas
tecnologias como: insumos, agrotóxicos, fertilizantes, sementes melhoradas, entre outros, o
que contribuiu para o aumento da produção agrícola do país, impulsionando a venda dos
produtos no mercado externo por meio das exportações. Para Brum a “[...] modernização da
agricultura é o processo de mecanização e tecnificação da lavoura. Neste sentido, o grau de
modernização avalia-se pelo índice de máquinas, equipamentos, implementos e insumos
modernos utilizados.” (1988, p. 60). Como já ressaltado, a modernização que se implantou no
país na zona rural não foi igual para todas as regiões/estados e menos ainda para os
agricultores, principalmente para os agricultores familiares, essa modernização era voltada
para o giro do capital por meio da industrialização dos produtos produzidos no campo. Para
Graziano Neto “Um agricultor não consegue [...] obter crédito rural para aquisição de adubos
orgânicos, a não ser que adquira também, numa proporção muito maior, fertilizantes químicos
[...]”. (1982, p. 41, grifo do autor). Por meio disso, o agricultor familiar, na maioria das vezes,
19
não disponibiliza de tais condições para a aquisição de adubos e insumos em grandes
quantidades, de vários maquinários agrícolas e de sementes selecionadas.
Na verdade é que a modernização da agricultura segue os moldes capitalistas
e tende a beneficiar apenas determinados produtos e produtores, tendendo a
fortalecer a monocultura. Com a modernização ocorre o que vários autores
denominam de “industrialização da agricultura”, tornando-a uma atividade
nitidamente empresarial, abrindo um mercado de consumo para as indústrias
de máquinas e insumos modernos. (TEIXEIRA, 2005, p. 22).
É o giro do capital que impulsiona o uso cada vez maior de insumos, agrotóxicos e
equipamentos nas lavouras, pondo a saúde do agricultor familiar em risco e poluindo o meio
ambiente. Segundo Martine e Garcia a “[...] falta de rigidez no controle sobre a produção,
comercialização e emprego dos produtos químicos nas culturas e também, o despreparo dos
agricultores para sua utilização tem causado sérios danos ao meio ambiente e à saúde
humana.” (1987, p. 182). Nessa época, em meados de 1966, o governo passou a incentivar o
plantio da monocultura no campo, que teve grande impulso por meio da política de
crescimento implantada na ditadura. Para os militares, segundo Vieira, “O desenvolvimento
era encarado como processo, cuja finalidade consistia em ‘realizar o potencial máximo de
crescimento do produto real da comunidade’, com o lema ‘desenvolver-se é querer
desenvolver-se’.” (1983, p. 203).
O setor agrícola, ao suprir as demandas do mercado, não mede esforços nos
investimentos de novas tecnologias e pesquisas para a agricultura, com a introdução e
implantação de sementes melhoradas, adubos, maquinários agrícolas, agrotóxicos e de pacotes
tecnológicos, como foi o da Revolução Verde, sendo que para Martine e Garcia “O pacote
tecnológico da chamada ‘Revolução Verde’, era composto de sementes melhoradas,
mecanização, insumos químicos e biológicos e prometia viabilizar a modernização de
qualquer país acelerando a produção agrícola [...].” (1987. p. 10). O pacote tecnológico da
Revolução Verde foi o mais conhecido devido à grande quantidade de insumos e tecnologias
que o mesmo viabilizava.
A modernização agrícola propôs um grande desenvolvimento para o setor
agroindustrial, com a implantação e uso de equipamentos e técnicas proporcionando maior
rendimento na produtividade e consequentemente na venda desses produtos agrícolas. Para
Brum “A ‘Revolução Verde’ serviu de carro-chefe para ampliar no mundo a venda de insumos
agrícolas modernos: máquinas, equipamentos, implementos, fertilizantes, defensivos,
20
pesticidas, etc.” (1988, p. 49). Uma vez que quem sairia ganhando com isso eram as grandes
indústrias de maquinários agrícolas e as de produtos químicos.
Com o passar dos anos, em meados da década de 1970, com uma ascensão cada vez
maior do capitalismo, e dos lucros que a agricultura rendia, por meio de suas matérias-primas,
foram se desenvolvendo cada vez mais novas fábricas e indústrias, nas quais a matéria-prima
era transformada em produtos para a comercialização, tanto para o mercado interno quanto
para exportação no mercado externo. Houve um grande aumento também no número de
indústrias de insumos e equipamentos agrícolas no país, uma vez que, como ressalta Teixeira,
“As indústrias de equipamentos e insumos passaram a pressionar, direta ou indiretamente, a
agricultura a se modernizar, visto almejarem uma venda cada vez maior.” (2005, p. 25). Com
as pressões das indústrias e juntamente com os incentivos que o governo determinava para o
desenvolvimento da agricultura, o campo passa por altos investimentos gerando lucros para o
capital. Isto significa, para Graziano Neto, que “[...] o Governo paga para que a agricultura
ajude a indústria. Mas não a indústria em geral e sim a grande indústria, o grande capital.”
(1982, p. 42). Deixando bem claro o viés da exploração e da ganância em busca da
rentabilidade.
Os incentivos que o governo oferecia aos agricultores na compra de produtos, insumos
e maquinários agrícolas chegam ao seu auge na década de 1970, na qual conforme Graziano
Neto “Muitos pequenos agricultores brasileiros, instigados pela propaganda oficial e oficiosa
e aludidos pela ‘ideologia modernizadora’, compraram tratores que permanecem ociosos em
boa parte do tempo e com os quais vão às cidades fazer compras [...]” (1982, p. 43).
Entretanto, não basta apenas ter um trator, requer também ter os outros maquinários agrícolas
como: arados e grades para mover a terra ao efetivar o plantio, máquinas plantadoras e de
passar veneno para manter e cuidar da plantação e a colheitadeira para efetuar a colheita da
safra. Com a compra somente do trator, este irá ser utilizado muito mais para outros afazeres
do que realmente para o trabalho no campo ou na lavoura. Como relata Graziano Neto, “[...] o
processo de transformação tecnológica ocorrida recentemente privilegiou alguns produtores
(os grande), algumas atividades (os produtos de exportação) [...] no geral todos
experimentaram da modernização, uns experimentaram mais que os outros.” (1982, p. 49). A
modernização das técnicas de produção no campo, como já ressaltada, não foi igualitária para
todos os agricultores, uma vez que a mesma tende sempre a beneficiar os grandes e excluir os
pequenos.
O modelo agrícola, assim como o modelo econômico global, privilegia os
21
grandes capitais, excluindo os pequenos. São os grandes proprietários que
mais têm acesso ao crédito rural, às políticas de comercialização. A
tecnologia moderna, por sua vez, é sofisticada, onerosa e não adequada à
pequena escala de produção. (GRAZIANO NETO, 1982, p. 58).
Com a geração de condições históricas para a superação da ditadura militar, é no fim
da década de 1980 e início dos anos 1990, que se tem no Brasil a aprovação da Constituição
Federal em 1988, que assegurou os direitos sociais, como a Política Nacional de Promoção da
Saúde, a Lei Orgânica da Saúde 8.080/90 e o SUS, a Política da Criança e do Adolescente, do
Idoso e da Assistência. Nesse período, se desenvolve o projeto neoliberal no país, sendo que
segundo Scherer “[...] o projeto neoliberal [...] propunha o livre mercado e menor intervenção
do Estado.” (2000, p. 20), ou seja, a economia passava a ser regida pelo mercado e não mais
pelo Estado, uma vez que a intervenção do Estado nos problemas econômicos e sociais era a
mínima possível. Sendo que, o projeto neoliberal, ainda conforme Scherer, “[...] implantou-se
no governo Collor, [...] e provocou significativas mudanças na economia do país,
apresentando-se como um projeto de desenvolvimento e modernização. Tal projeto
subordinou o Brasil ao modelo de ‘modernização conservadora’ [...].” (2000, p. 20), ou seja se
instalou nesse governo um novo ciclo de modernização conservadora na sociedade, e este
processo e projeto se perpetuaram, conforme Scherer (2000), nos governos de Itamar Franco e
Fernando Henrique Cardoso, uma vez que o projeto neoliberal esteve mais presente e
explicito, principalmente no governo de FHC (Fernando Henrique Cardoso), ele passa a ter
uma grande influência nas políticas adotadas no período, fato evidenciado, alguns anos
depois, nas privatizações de bens públicos, que para Carcanholo: “Até bem pouco tempo
atrás, ninguém no governo FHC admitia que o seu projeto era neoliberal, embora os fatos e
suas políticas não deixassem a menor dúvida.” (1998, p. 32). O Brasil teve vários bens de uso
e serviços públicos que foram privatizados por grandes empresas e empresários que passaram
a lucrar com o mesmo, um grande exemplo disso foi à privatização das empresas estatais mais
importantes do país.
[...] o Estado desenvolvimentista notabilizou-se por uma ação seletiva e
excludente, verificável, dentre outros aspectos, pela criação de um sistema
previdenciário restrito, pela inexistência de políticas sociais progressivas e
abrangentes, e pelo descaso ao processo migratório interno decorrente da
formação de grandes latifúndios e o consequente problema de urbanização
que esse processo acarretaria nos centros urbanos. (RIZZOTTO, 2012, p.
163).
Com o propósito e a falácia de desenvolver e sair da crise que abalava todo o mundo
22
desde a década de 1970, principalmente após 1973 com a crise do petróleo, é em 1990 com o
governo FHC, que se desenvolveu uma política de reformas no Brasil e de ajustes neoliberais,
uma vez que para Scherer “O ajustes econômicos neoliberais realizados nos anos 90 em nada
contribuíram para superar as excludentes estruturas fundiárias rurais e urbanas.” (2000, p. 23),
pois a concentração fundiária continuava a crescer, prejudicando tanto o meio rural quanto o
urbano com o inchaço das cidades. Ainda nos anos 1990, conforme traz Rizzotto (2012), é
que se introduz no país o “Plano diretor da Reforma do Aparelho do Estado” tendo como
administrador o ministro Bresser Pereira do Ministério da Administração Federal e Reforma
do Estado (MARE), sendo que esta reforma, efetuada pelo governo FHC, esteve pautada
extremamente nos moldes capitalistas de mercado.
Durante o auge da reforma, no governo de Fernando Henrique Cardoso,
foram utilizados vários mecanismos para proceder à privatização de serviços
públicos, com destaque para a transferência ou venda de estabelecimentos
públicos para a iniciativa privada; a estratégia de afastamento progressivo
em ações especificas (privatização implícita); a redução da oferta de
serviços, reconduzindo a demanda para o setor privado; financiamento
público do consumo de serviços privados; e a desregulamentação, que
permite a entrada do setor privado em setores que antes eram monopólio do
Estado como, por exemplo, no caso da avaliação de serviços e da vigilância
sanitária. (RIZZOTTO, 2012, p. 178).
Neste período, além das privatizações, houve um grande aumento do desemprego,
reajustes de tarifas, aumento das terceirizações de serviços, o que para Soares, o modelo
neoliberal gera “[...] a informalidade no trabalho, o desemprego, o subemprego a desproteção
trabalhistas e consequentemente, uma ‘nova’ pobreza.” (2000, p. 12), ou seja, a uma
instabilidade geral na sociedade, com altas cada vez maiores do preços dos produtos,
desempregos, demissões e aposentadorias em massa, gerando uma insegurança geral para toda
a sociedade.
1.2 OS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA NA SAÚDE DA
POPULAÇÃO RURAL
Neste item, iremos discutir a saúde dos agricultores familiares e dos trabalhadores
rurais, iniciando, neste momento, a exposição dos conteúdos das entrevistas realizadas com
os(as) agricultores(as) familiares do município de Sulina, e dos documentos fornecidos pela
Secretaria Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS), com as
informações relacionadas à saúde no município. A caracterização do município de Sulina e da
23
Região Sudoeste do Estado do Paraná se dará no terceiro capítulo deste trabalho, como já
explicitado na introdução do mesmo.
O agricultor familiar, assim como o trabalhador rural4, está exposto a uma série de
riscos e de acidentes decorrentes do cotidiano do seu trabalho, sendo que algumas formas de
trabalho realizadas no campo podem acarretar sérios problemas de saúde, assim como
acidentes de trabalho, ataque de algum animal, inseto ou réptil, intoxicações, doenças de pele,
câncer, problemas nas vias respiratórias, dores lombares ou problemas na coluna e perda de
membros do corpo referentes a mutilações sofridas no campo. Conforme aponta Mendes
“Dentre as várias formas de classificar os desvios da saúde relacionados com o trabalho, não
há como escapar daquela que os agrupa em efeitos ou respostas a curto prazo [...] e em efeitos
a médio e longo prazo, ou crônicos.” (1988, p. 311). Ou seja, no meio rural onde os
moradores, vivem e trabalham, o índice de acidentes, bem como dos problemas com a saúde,
são muitos, e se acrescem com as pressões decorrentes das condições que se realizam5. No
entanto, as notificações desses acidentes geralmente são baixas, o que dificulta a intervenção
para a prevenção de acidentes e do processo saúde-doença.
A necessidade do aumento da produção de alimentos e a desvalorização dos
produtos primários comercializados na propriedade, agravadas pelo aumento
do custo de produção, têm levado à necessidade de uma maior jornada de
trabalho no campo. Esse fato, potencialmente, pode contribuir para o
aumento da ocorrência de acidentes. (FEHLBERG; SANTOS; TOMASI,
2001, p. 270).
O trabalho realizado no campo, pelo agricultor familiar é difícil e desgastante, uma
vez que para manter a pequena propriedade o agricultor familiar acaba tendo que optar pela
diversificação e a realização de várias atividades como fonte de renda, dentre elas: a criação
de gado de corte, gado de leite, suínos, peixes, aves e o plantio de soja, milho ou trigo, o que
acaba acarretando maior esforço físico, ou seja, mais trabalho a ser realizado na propriedade
pelo agricultor familiar e sua família.
Como já mencionado, o agricultor familiar e o trabalhador rural, ao executarem os
seus trabalhos, se expõem diariamente a algum tipo de risco, portanto, ao saberem e
4Diferente do agricultor familiar, o trabalhador rural assalariado é susceptível aos mecanismos de exploração por
meio da mais valia: o aceleramento das rotinas de trabalho se constitui em uma das formas de obtenção de mais
valia, que compõe-se às condições de trabalho. 5A condição em que se realiza o trabalho rural, ao mesmo tempo expõe os trabalhadores à insegurança, camufla a
sua ocorrência. Por isso a necessidade de adoção de políticas de saúde que favoreçam a visibilidade dos
acidentes e doenças decorrentes do trabalho rural.
24
detectarem esses riscos, devem avaliar e ver as causas e consequências que tais riscos podem
trazer para a sua saúde e de sua família, bem como para o meio ambiente.
O reconhecimento das condições de risco no trabalho envolve um conjunto
de procedimentos que visam a definir se existe ou não um problema para a
saúde do trabalhador e, no caso afirmativo, a estabelecer sua provável
magnitude, a identificar os agentes potenciais de risco e as possibilidades de
exposição. É uma etapa fundamental do processo que, apesar de sujeita às
limitações dos recursos disponíveis e a erros, servirá de base para a decisão
quanto às ações a serem adotadas e para o estabelecimento de prioridades.
(BRASIL, 2001a, p. 37).
Com o passar dos anos e com a implantação de técnicas mais modernas para o campo,
a saúde do agricultor familiar também teve algumas mudanças, uma vez que aos poucos
foram utilizando e introduzindo essas novas tecnologias em sua propriedade rural, utilizando-
as tanto na lavoura, quanto em outras atividades da propriedade. Muitos agricultores passaram
a utilizar essas novas tecnologias sem ter os devidos conhecimentos de como usá-las e
manuseá-las corretamente, expondo a sua saúde, bem como a de sua família à acidentes
sofridos com os maquinários agrícolas, tendo muitos casos de mutilações de membros do
corpo, contaminações direta ou indireta com produtos químicos, como agrotóxicos,
defensivos agrícolas, sementes tratadas ou adubos químicos.
O Brasil é um país em desenvolvimento e, como tal, convive com situações-
problema intermediárias entre o padrão "desenvolvido" [...] e o "não
desenvolvido" [...]. Assim, ao mesmo tempo em que ainda enfrenta graves
problemas de ordem local (saneamento, qualidade da água para consumo e a
prevalência de doenças infecto-parasitárias), passa a lidar com situações-
problema características de países mais desenvolvidos, como aumento na
incidência de doenças crônico-degenerativas, aumento dos casos de
acidentes de trabalho, contaminações/acidentes químicos ampliados, etc. Tal
fato coloca a necessidade de se considerar os problemas de saúde e ambiente
enfrentados pela população do campo dentro do processo de
desenvolvimento do país, sobretudo no que diz respeito às formas de
organização do trabalho rural. (PERES, 2009, p. 1996).
Quanto ao ataque de algum animal, inseto ou réptil no município de Sulina, segundo
dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde
(UBS), desde o ano de 2007 a 2010, tem-se registrado em documentos da Unidade um total
de “180 acidentes com animais peçonhentos”. (Sulina, 2010), um número considerado
elevado baseado nos registros da região.
25
No Brasil é grande o consumo e o uso de produtos químicos e os que mais se
destacam são os agrotóxicos, uma vez que para Souza et al “O Brasil é o terceiro mercado e o
oitavo maior consumidor de agrotóxicos por hectare do mundo, sendo herbicidas e inseticidas
[...].” (2011, s.p). Com isso, percebe-se a grande quantidade de agrotóxicos aos quais os
agricultores familiares estão expostos e que recai ainda no meio ambiente. Conforme Souza et
al “[...] a utilização indiscriminada de agrotóxicos no meio rural pode provocar intoxicações
de seus trabalhadores com diferentes graus de severidade e levar à depressão e, até mesmo ao
suicídio.” (2011, s.p). Ou seja, é a disponibilidade do veneno, que leva a intoxicação
involuntária e que leva consecutivamente a morte. O agricultor familiar e o trabalhador rural
ao manter contato com qualquer tipo de agrotóxico devem tomar os devidos cuidados básicos
e necessários com a sua saúde para não sofrer contaminações ou até mesmo intoxicações.
Segundo Souza et al “Intoxicações por agrotóxicos podem provocar diminuição das defesas
imunológicas, anemia, impotência sexual, cefaleia, insônia, alterações de pressão arterial,
distimias e distúrbios de comportamento.” (2011, s.p). No município de Sulina, segundo
dados fornecidos pela 7° Regional de Saúde localizada em Pato Branco, no período de 2011 a
2012, foram notificados no município oito casos de intoxicações exógenas6. (PARANÁ,
2012). Vale mencionar que, além de contaminar e intoxicar o ser humano, o uso indevido de
agrotóxicos também contamina e polui o ambiente como um todo, a água, o ar, o solo e o
subsolo. Conforme os dados do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde do
Paraná, os motivos que levam a pessoa a ter uma intoxicação são os mais diversos.
Segundo os dados do Centro de Saúde Ambiental da Secretaria Estadual de
Saúde, ocorreram 6.579 intoxicações por agrotóxicos com 757 óbitos, no
período de 1996 a 2006. Destes, mais de 40% das intoxicações foram
profissionais. Quanto à causa das intoxicações, os dados indicam que a
principal causa é a provocada pelo trabalho (profissional), sendo esta
responsável por cerca de 50% dos eventos. Em seguida, as tentativas de
suicídio, com cerca de 30% das causas. As de caráter acidental, outros e
ignorados representam aproximadamente 18% [...]. (PARANÁ, 2011, p. 35).
O que se observa é que se quer modernizar e agilizar a produção no campo, mas não se
pensa nas pessoas que sobrevivem nesse meio, sendo que estas acabam, na grande maioria,
não tendo um acesso digno à saúde, com pouca informação sobre doenças ou problemas
6“Intoxicação exógena pode ser definida como a consequência clínica e/ou bioquímicas da exposição a
substâncias químicas encontradas no ambiente ou isoladas. Como exemplo, dessas substâncias intoxicantes
ambientais, podemos citar o ar, água, alimentos, plantas, animais peçonhentos ou venenosos. Por sua vez, os
principais representantes de substâncias isoladas são os pesticidas, os medicamentos, produtos químicos
industriais ou de uso domiciliar.” (Costa, 2008, p.01).
26
relacionados à saúde e a prevenção das mesmas. Antecedendo a difusão dos produtos tóxicos
e também das tecnologias, seria necessário a difusão cultural e educativa de seus usos e
incorporação no meio, o que poderia prevenir alguns dos acidentes. Sendo que isso não retira
a consequência negativa do uso dos produtos tóxicos.
Percebe-se, por meio das entrevistas realizadas no município de Sulina, que todos(as)
os(as) agricultores(as) familiares entrevistados mencionaram que as formas de prevenção
quanto a acidentes e cuidados com a saúde, no meio rural no município, são realizadas pela
cooperativa (Coasul), ali localizada. As formas de prevenção e cuidados com a saúde, como
relatado pelos entrevistados, são realizadas por técnicos e engenheiros agrônomos da própria
cooperativa, por meio de palestras, reuniões, campanhas, cursos e na distribuição de folders e
cartilhas informativas. Ou seja, a mesma empresa, que tem interesse que eles passem a usar e
adotar os produtos e tecnologias, busca formas de disseminar as formas de uso, como uma
forma de convencimento ao consumo.
Além de se informar quanto aos cuidados para com a saúde, os agricultores e os
trabalhadores rurais devem ter o conhecimento e fazer o uso dos EPIs (Equipamentos de
Proteção Individual), uma vez que o uso serve para a proteção e prevenção de acidentes no
trabalho. Segundo Pantaleão o “Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo dispositivo
ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção contra riscos
capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde.” (2011, s.p).
Ao deixar de fazer uso dos EPIs os agricultores familiares e os trabalhadores rurais
acabam ficando expostos à inúmeros riscos que ameaçam a sua segurança e saúde no trabalho.
Por meio dos relatos e dos dados obtidos com as entrevistas realizadas, com os(as) dez
agricultores(as) familiares do município de Sulina, sete disseram fazer o uso correto dos EPIs,
e três disseram fazer o uso na maioria das vezes. Foi possível perceber que a maioria
desses(as) agricultores(as) usam os EPIs, mas nem todos os usam corretamente, por não terem
os devidos conhecimentos e não darem a devida importância aos mesmos, como quando o
trabalho é pouco, por acharem que o uso dos mesmos não é importante7, ou simplesmente por
não gostarem de usar os mesmos, uma vez que os acham incômodo na realização do trabalho,
sendo que, quando os usam não é de modo adequado.
7A natureza do trabalho familiar expõe o trabalhador aos riscos, uma vez que se confunde o espaço de trabalho
com o doméstico, gerando uma falsa impressão de que aquela situação, por ser de rotina, não apresenta risco
(auto exploração). Outro aspecto, é que ele é o responsável pelo que acontece, ou seja, a não existência do
contrato de trabalho com outro, leva, às vezes, a um desleixo consigo próprio, uma vez que ele mesmo é
responsável pelo que ocorre.
27
Com isso, os impactos que este agricultor familiar e trabalhador rural vão sofrendo ao
longo de sua vida, por não utilizar os EPIs e se expor aos riscos e a contaminação, vão se
acumulando no organismo e desencadeando, mais tarde, em sérios problemas de saúde.
Na sociedade em que vivemos, há constantemente a busca por poder e riquezas, sendo
assim, os agricultores familiares, neste processo, são impulsionados pelo capital, a ter uma
maior produtividade nas suas lavouras, com isso, acabam se expondo a uma série de perigos,
uma vez que o setor agrícola do país, para suprir as demandas do mercado, não mede esforços
nos investimentos de novas tecnologias e pesquisas para o campo. A grande maioria dos
agricultores familiares sabem e têm o conhecimento que podem adoecer ou até mesmo
morrer, devido às condições inadequadas em que realizam o seu trabalho.
Os trabalhadores compartilham os perfis de adoecimento e morte da
população em geral, em função de sua idade, gênero, grupo social ou
inserção em um grupo específico de risco. Além disso, os trabalhadores
podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, como
consequência da profissão que exercem ou exerceram ou pelas condições
adversas em que seu trabalho é ou foi realizado. (BRASIL, 2001a, p. 27).
Além dos riscos aos quais os agricultores familiares e os trabalhadores rurais estão
expostos diariamente, há também outros agravos que podem comprometer a sua saúde, como
por meio de pressões e cobranças por uma maior colheita, para que renda uma boa safra ou
por uma maior produção das outras atividades desenvolvidas pela propriedade, sabendo que
em muitos casos há financiamentos e empréstimos para pagar e ainda as despesas geradas
pela família. Com isso, o agricultor familiar e o trabalhador rural sofrem pressões de variados
modos. Conforme o Ministério da Saúde “A exigência de maior produtividade [...] à pressão
do tempo e ao aumento da complexidade das tarefas, além de expectativas irrealizáveis [...]
constituem fatores psicossociais responsáveis por situações de estresse relacionado ao
trabalho.” (BRASIL, 2001a, p. 40).
Os agricultores familiares e os trabalhadores rurais, também estão expostos às várias
outras formas de doenças ou problemas com a saúde, algumas como ressalta o Ministério da
Saúde são provocadas “[...] por pré-disposição genética ou induzida por fatores secundários,
ambientais ou virais.” (BRASIL, 2001a, p. 95). Ou ainda pelo tipo de trabalho realizado.
Sendo que o câncer, por exemplo, por ser uma doença silenciosa requer muitos cuidados onde
na maioria das vezes quando diagnosticada, a mesma encontra-se em um estado avançado.
(BRASIL, 2001a, grifo nosso).
28
O câncer pode surgir como consequência da exposição a agentes
carcinogênicos [processo de formação do câncer], presentes no ambiente
onde se vive e trabalha decorrentes do estilo de vida e de fatores ambientais
produzidos ou alterados pela atividade humana. Segundo dados do Instituto
Nacional de Câncer (INCA, 1995), estima-se que 60 a 90% dos cânceres
sejam devidos à exposição a fatores ambientais. Em cerca de 30% dos casos,
não tem sido possível identificar a causa do câncer, sendo atribuída a fatores
genéticos e mutações espontâneas. (BRASIL, 2001a, p. 95, grifos do autor).
Muitos estudos sobre essa doença estão sendo realizados no mundo inteiro, sendo que
segundo Ministério da Saúde “A grande variação observada nas estatísticas internacionais
sobre a incidência de câncer fortalece a hipótese explicativa que atribui aos fatores ambientais
a maior parcela de responsabilidade pela doença.” (BRASIL, 2001a, p. 95, grifo do autor).
Percebe-se que, a intensificação do uso de vários produtos químicos nos alimentos e o contato
dos mesmos com o ser humano e com o meio ambiente tem desencadeado várias formas de
doenças, dentre elas o câncer. Os(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as) do
município de Sulina mencionaram, que antigamente os casos de câncer ou de morte pelo
mesmo eram raros e pouco comentados, uma vez que, segundo depoimentos, o aumento do
câncer tem relação com o maior uso e consumo de agrotóxicos e ainda com uma maior
exposição ao sol sem a devida proteção.
No município de Sulina, conforme dados dos arquivos da Secretaria Municipal de
Saúde-Centro de Unidade Básica de Saúde (UBS), no ano de 2010, ocorreram seis óbitos
devido ao câncer, sendo eles: “dois nos brônquios e pulmões, um na próstata, um no aparelho
digestivo, um nos órgãos respiratórios e digestivo e um no sistema nervoso.” (Sulina, 2010).
Existem vários tipos de câncer, como descreve o Ministério da Saúde há câncer: de pulmão,
de laringe, de pâncreas, de fígado, de estômago, de pele, gástrico, entre outros. (BRASIL,
2001a). Sendo que, no meio rural, percebe-se casos de câncer e doenças de pele entre os
agricultores, em geral associados na grande maioria, por exposição excessiva aos raios
ultravioletas, e por não tomar os cuidados necessários para com a sua saúde, principalmente
nos horários de maior incidência dos raios solares na terra.
A etiologia dos cânceres de pele está fortemente associada com a exposição
actínica, em especial os raios ultravioleta. Cerca de 90% desses cânceres
desenvolvem-se em regiões do corpo expostas ao sol. [...] Profissões que
expõem os trabalhadores à intensa radiação solar, como agricultores, [...]
pescadores e marinheiros, por exemplo, têm taxas de incidência de câncer de
pele mais elevadas do que a população em geral ou trabalhadores de outras
profissões menos expostos à radiação actínica. (BRASIL, 2001a, p. 117,
grifos do autor).
29
Os problemas de saúde nas vias respiratórias, como as alergias, bronquites, asmas,
sinusites e rinites alérgicas, também afetam e prejudicam a saúde dos agricultores familiares e
dos trabalhadores rurais, sendo que o modo como os agricultores familiares e trabalhadores
rurais realizavam e ainda realizam os seus trabalhos, acaba por desencadear o aparecimento
dessas doenças respiratórias e crônicas. Por meio das entrevistas realizadas, com os(as) dez
agricultores(as) familiares do município de Sulina, o entrevistado da propriedade A
mencionou sofrer de asma e alergias ao pó e a poeira, devido ao seu contato com o mesmo por
anos. Para o Ministério da Saúde “A poluição do ar nos ambientes de trabalho associa-se a
uma extensa gama de doenças do trato respiratório que acometem desde o nariz até o espaço
pleural.” (BRASIL, 2001b, p. 307). Várias são as causas que podem desencadear nos
agricultores familiares e nos trabalhadores rurais problemas respiratórios, como o próprio
ambiente de trabalho, sendo que, de acordo com o Ministério da Saúde, além da poluição dos
ambientes de trabalho, existem as características próprias de cada sujeito, ou seja, seus hábitos
de vida, herança genética e a presença do tabagismo. (BRASIL, 2001b)
Outros problemas de saúde bem frequentes no meio rural, que atinge os agricultores
familiares e os trabalhadores rurais, são as dores lombares e os problemas na coluna. Sendo
que dos(as) dez agricultores(as) familiares entrevistados, do município de Sulina, cinco, das
propriedades B, E, I e J, mencionaram sofrer de problemas e dores na coluna, relacionados à
trabalhos com excesso peso, como carregar sacas pesadas nas costas desde muito cedo, o
modo de executar determinado trabalho e até mesmo a própria postura física adquirida ao
longo dos anos.
No meio rural também ocorrem situações de amputações e mutilações de membros do
corpo, decorrentes de acidentes de trabalho. Muitos agricultores familiares e trabalhadores
rurais, por não terem os devidos conhecimentos na hora do uso e do manuseio de
determinadas máquinas, acabam se ferindo e juntamente com isso tendo sequelas para o resto
da vida. Segundo dados fornecidos pela 7° Regional de Saúde, “No período de 2011 a 2012,
foram notificados no município de Sulina, nove casos de acidente de trabalho grave.”
(PARANÁ, 2012), o que constata o perigo que esses agricultores e trabalhadores rurais
correm no dia a dia dos seus trabalhos. Conforme dados da Política Estadual de Saúde do
Trabalhador do Estado do Paraná, quanto ao meio rural, as principais máquinas que
ocasionaram amputações foram as “[...] ferramentas manuais motorizadas e não motorizas e
máquinas agrícolas [...].” (PARANÁ, 2011, p. 30). Por meio destas informações pode se ver o
quanto é importante à prevenção aos acidentes e bem como aos problemas de saúde.
30
2 POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Neste capítulo analisaremos a Política Nacional de Promoção da Saúde, e
mencionaremos a criação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
(RENAST). A partir da Constituição Federal de 1988, que a Política Nacional de Promoção da
Saúde, juntamente com a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal 8.880 de 1990) e o Sistema
Único de Saúde (SUS) passam a ter competência e atribuição legal sobre o processo saúde-
doença.
A saúde é direito de todo ser humano e cabe ao Estado garantir e prover esse direito,
uma vez que o mesmo está presente na Constituição Federal de 1988, na seção II da Saúde.
Art. 196. “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal
e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL,
2012). A Lei Orgânica da Saúde traz em seu Art. 6º o que ainda está incluído no campo de
atuação do Sistema Único de Saúde (SUS), para tanto é no parágrafo 3º que se especifica o
que se compreende como saúde do trabalhador:
Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de
atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e
vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo: I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou
portador de doença profissional e do trabalho; II - participação, no âmbito de
competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas,
avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no
processo de trabalho; III - participação, no âmbito de competência do
Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle das
condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e
manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que
apresentam riscos à saúde do trabalhador, [...]. (BRASIL, 1990, p. 03-04,
grifo nosso).
A Política Nacional de Promoção da Saúde tem como objetivo; “Promover a qualidade
de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e
condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer,
cultura, acesso a bens e serviços essenciais.” (BRASIL, 2006, p. 19).
Para que os trabalhadores e toda a população possam ter o aceso aos bens e serviços
previstos e universalmente disponibilizados nesta Política, estes devem conhecê-las. No
entanto, sabe-se que a realidade quanto à divulgação das informações das políticas em geral
31
em nosso país, são as mínimas possíveis, e um povo com pouco conhecimento, gera pouca
cobrança dos órgãos públicos, ou seja, é preferível ter um país com um povo alienado às
informações, do que um povo com um vasto conhecimento em cultura e informações.
As dificuldades de efetivação da universalização dos serviços de saúde são inúmeros
no Brasil, provocando um processo de judicialização da questão, tanto que o Ministério
Público passa, então, a ter papel fundamental na garantia de acesso a um suposto direito
universal. Não obstante, temos também as dificuldades na garantia, por exemplo, de
fiscalização das condições em que o trabalho se realiza, o que é, muitas vezes, responsável
pela ocorrência de acidentes de trabalho ou de adoecimento pelo trabalho.
Em 19 de setembro de 2002, temos no Brasil, por meio do Ministério da Saúde,
juntamente com a Secretária de Assistência da Saúde, a criação da Rede Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST).
O processo de construção da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador (RENAST) no SUS, pelas Portarias nº. 1679/GM-MS-
MS/19/09/02, 2437/GM-MS-MS/07/12/2005 e 2728/GM-MS-MS/19/11/09,
representa o aprofundamento da institucionalização e do fortalecimento da
Saúde do Trabalhador, no âmbito do SUS, em nosso país. Também reúne as
condições para o estabelecimento de uma política de Estado e os meios para
sua execução. (PARANÁ, 2011, p. 18).
A criação da RENAST foi uma estratégia, no âmbito do SUS, para realizar uma real
prevenção, intervenção e recuperação da saúde dos trabalhadores urbanos e rurais do país.
A institucionalização da RENAST propõe a viabilizar uma estratégia de
disseminação das ações em Saúde do Trabalhador em toda rede de serviços
do SUS - Unidades Básicas de Saúde, Ambulatórios, Pronto Socorros e
Hospitais, distribuídos em todos os 5.561 municípios brasileiros. (PARANÁ,
2011, p. 18).
A RENAST tem como pressupostos:
A concepção de uma rede nacional, cujo eixo integrador é a rede
regionalizada de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador
(CEREST), localizados em cada uma das capitais, regiões metropolitanas e
municípios sede de pólos de assistência, das regiões e microrregiões de
saúde, tem a atribuição de dar suporte técnico e científico às intervenções do
SUS no campo da saúde do trabalhador, integradas, no âmbito de uma
determinada região, com a ação de outros órgãos públicos; Uma política
permanente de financiamento de ações de Saúde do Trabalhador, alocando
recursos novos, fundo a fundo para os estados e municípios. (PARANÁ,
2011, p. 18, grifo nosso).
32
Seria necessário uma análise detalhada de como a RENAST vem se consolidando a partir
de sua criação, o que não foi possível neste trabalho. No meio urbano a segurança do trabalho está
mais atuante, uma vez que a organização sindical favorece a agregação de forças em torno das
conquistas, o que favoreceu a obrigatoriedade a vigilância em saúde nos ambientes de trabalho.
Diferentemente da realidade rural, que tem um pouco mais de dificuldades.
2.1 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador (PNST) tem por propósito:
[...] a promoção da saúde e a redução da morbimortalidade dos
trabalhadores, mediante ações integradas, intra e intersetorialmente, de
forma contínua, sobre os determinantes dos agravos decorrentes dos modelos
de desenvolvimento e processos produtivos, com a participação de todos os
sujeitos envolvidos. (BRASIL, 2004, p. 19).
É entre os anos de 1998 e 2000 que se tem uma discussão quanto à elaboração de uma
proposta para uma PNST, que relacionasse o processo saúde-doença ao trabalho. Segundo a
PNST “No Brasil, até 1988, a saúde era apenas um benefício previdenciário (restrito aos
contribuintes) ou um serviço comprado na forma de assistência médica [ou] uma ação de
misericórdia oferecida aos que não tinham acesso a previdência [...].” (BRASIL, 2004, p. 06).
Como traz a PNST, os trabalhadores que não tinham como pagar por um atendimento
privado de saúde, dependiam da boa ação fornecida por hospitais filantrópicos, como as
Santas Casas, sendo que, ainda conforme a PNST, “As ações em Saúde do Trabalhador, no
âmbito do SUS, tem se desenvolvido de forma isolada e fragmentada das demais ações de
Saúde.” (BRASIL, 2004, p. 09). Isto pode ser percebido tanto nas ações executadas em nível
municipal quanto nas em nível estadual.
Para essa Política são considerados trabalhadores:
Para fins desta Política são considerados trabalhadores todos os homens e
mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus
dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de
trabalho, no setor formal ou informal da economia. Estão incluídos nesse
grupo todos os indivíduos que trabalharam ou trabalham como: empregados
assalariados; trabalhadores domésticos; avulsos; rurais; autônomos;
temporários, servidores públicos; trabalhadores em cooperativas e
empregadores, particularmente os proprietários de micro e pequenas0,
unidades de produção e serviços, entre outros. (BRASIL, 2004, p. 11).
33
Sabe-se que a saúde do trabalhador, independente do trabalho ou serviço que o mesmo
desenvolva/realiza, no seu dia a dia, sempre estará relacionada ao meio ambiente, ou seja, a
saúde ambiental, a qual é encarada na sociedade de hoje como um grande desafio a ser
superado pelo SUS, uma vez que a poluição e a contaminação ambiental afetam a sociedade
toda.
A abordagem integrada das interrelações entre as questões de saúde do
trabalhador e saúde ambiental representa na atualidade, um grande desafio
para o SUS, uma vez que, em muitos casos, a degradação ambiental
originada no processo de produção, armazenagem, expedição, distribuição e
comercialização, expressas na poluição do ar, solo, água superficial e
subterrânea, causam danos à saúde dos trabalhadores e da população do
entorno. (BRASIL, 2004, p. 18).
Percebe-se que a população que vive no meio rural, e que depende do campo e do seu
trabalho para sobreviver, sofre várias dificuldades, quanto ao acesso no que diz respeito aos
serviços de saúde em nosso país.
A população rural ainda encontra dificuldades significativas de acesso ás
ações do SUS. Vencer essas restrições significa pensar em um SUS que
considere, em todos seus aspectos, as especificidades do trabalho rural e da
vida no campo. Vale aqui destacar que na saúde dos trabalhadores e das
trabalhadoras rurais acirram-se as questões de saúde relacionadas com
gênero, ciclos de vida e meio ambiente, com a exposição a diversos fatores
de agravos à saúde, como os agrotóxicos e insumos contaminados com
resíduos perigosos. (BRASIL, 2004, p. 10)
Com isso, as medidas e as ações de saúde passam, conforme a PNST (2004), a serem
conduzidas pela necessidade de se reconhecer, os fatores de riscos presentes no modo de
trabalho, executados pelos trabalhadores, e tentar controlar a exposição a esses riscos, bem
como trabalhar em prol de uma relação de “produção-consumo-ambiente e saúde.” Cabe,
assim, à vigilância em saúde8 do trabalhador (Visat) efetuar regularmente as suas ações e
visitas aos ambientes de trabalho, e ver como realmente estão as condições destes e os riscos
que o mesmos oferecem ou poderão vir a oferecer para os trabalhadores.
A vigilância em saúde do trabalhador deve ser compreendida como uma
atuação continua sistemática e com controle social ao longo do tempo, no
8“A Vigilância à Saúde dos Trabalhadores compreende a assistência integral à saúde dos trabalhadores e a
promoção de ambientes e processos de trabalho.” (Política Estadual de atenção integral à Saúde do Trabalhador
do Paraná, 2011. p. 57).
34
sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e
condicionantes dos problemas de saúde e dos fatores de riscos relacionados
aos processos de trabalho, em seus aspectos sociais, organizacionais,
econômicos, epidemiológicos e territoriais, com a finalidade de planejar,
avaliar e executar as intervenções sobre os mesmos, de forma a eliminá-los;
(BRASIL, 2004, p. 20)
Entre as várias ações a serem implementadas pela vigilância em saúde estão: “a
caracterização dos processos de trabalho, com a identificação dos fatores e situações de risco,
bem como as exigências fisiológicas, cognitivas e psíquicas a que estão expostos os
trabalhadores em suas atividades de trabalho.” (BRASIL, 2004, p. 20). Sendo que, conforme
traz a PNST, a caracterização deverá ser orientada por medidas “preventivas, corretivas e
coercitivas”, ao modo de se prevenir e evitar qualquer modo de perigo e risco.
Ainda quanto à saúde dos trabalhadores, conforme traz a PNST, “Deverão ser
incorporados na atenção aos trabalhadores, quando necessário, os procedimentos de
reabilitação/readaptação, com a finalidade de evitar ou diminuir e promover a reintegração
social e ao trabalho.” (BRASIL, 2004, p. 22). Por meio dessas ações implementadas pela
PNST, pretende-se realizar e devolver ao trabalhador uma vida normal, mantendo os seus
hábitos, e reintegrando-os na sociedade. Para que se tenha uma boa qualidade na saúde dos
trabalhadores, é necessário que vários setores estejam envolvidos nas ações relacionadas à
saúde. De acordo com a PNST, “A saúde do trabalhador exige que diversos setores do
governo e da sociedade civil estejam envolvidos na construção e desenvolvimento das ações
de saúde. Assim a pactuação intra e intersetorial constitui uma diretriz fundamental desta
PNST.” (BRASIL, 2004, p. 24).
A PNST traz as responsabilidades institucionais quanto à saúde do trabalhador no
âmbito do Gestor Federal, o Ministério da Saúde, sendo que ao mesmo: “Cabe [...] à
coordenação nacional da política de saúde do trabalhador, assim como é da competência do
SUS a execução de ações pertinentes a esta área, conforme determinam a Constituição
Federal e a Lei Orgânica da Saúde.” (BRASIL, 2004, p. 33).
2.2 POLÍTICA ESTADUAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR
DO PARANÁ
“A Política Estadual de Saúde do Trabalhador orienta a gestão estadual do SUS-PR na
área de Saúde do Trabalhador.” (PARANÁ, 2011, p. 57). Ou seja, essa Política guia as ações
que o SUS deverá tomar e seguir no Estado do Paraná, para com todos os trabalhadores.
35
Essa política se baseia nos princípios do Sistema Único de Saúde do
Trabalhador e utiliza o modelo de Vigilância à Saúde. Atua sobre os
determinantes dos agravos à saúde decorrentes dos modelos de
desenvolvimento e processos produtivos, com a participação de todos os
sujeitos sociais envolvidos. (PARANÁ, 2011, p. 57).
O processo de construção da Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador do Paraná é consequência de um longo processo de discussão, executado por
diversos setores e categorias, resultando na definição de um objetivo, ou seja, definir as
diretrizes da Política Estadual de Saúde do Trabalhador, visando atender às necessidades do
Estado do Paraná.
A Política Estadual de Saúde do Trabalhador no Paraná (SUS-PR) é
resultado de um processo de discussão no âmbito do SUS e da Comissão
Intersetorial de Saúde do Trabalhador (CIST)/ Conselho Estadual de Saúde
do Paraná (CES-PR). O objetivo é definir as diretrizes para uma atuação
planejada dessa área para o Estado do Paraná. Essa política se baseia na
participação dos gestores estaduais e municipais na sua operacionalização,
na integração das instituições públicas e na articulação e participação dos
diversos atores e segmentos sociais que constituem o controle social.
(PARANÁ, 2011, p. 13).
A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador do Paraná foi
aprovada pelo Conselho Estadual de Saúde em 15 de dezembro de 2010, sendo somente
publicada em agosto de 2011. A Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador
do Paraná segue sete princípios, sendo eles: “Universalidade e Integralidade das ações,
Hierarquização e Descentralização, Pluralismo, Intersetorialidade, Controle Social,
Interdisciplinaridade e a Abordagem integrada das interrelações entre a Saúde do Trabalhador
e a Saúde Ambiental.” (PARANÁ, 2011, p. 57).
Além desses sete princípios citados acima, a Política Estadual de Atenção Integral à
Saúde do Trabalhador do Paraná tem como objetivos:
Promover e proteger a saúde dos trabalhadores para reduzir a sua
morbimortalidade, desenvolvendo de forma contínua ações integradas, intra
e intersetorialmente de vigilância sanitária, epidemiológica e de assistência à
saúde, sobre os determinantes dos agravos decorrentes dos modelos de
desenvolvimento e processos produtivos, com participação de todos os
atores sociais envolvidos; Colaborar para que a assistência à saúde do SUS
contemple os agravos relacionados ao trabalho, compreendendo os
procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação; Desenvolver e
fomentar estudos e pesquisas na área de Saúde do Trabalhador; Organizar,
em conjunto com a Escola de Saúde Pública, a formação de pessoal em
Saúde do Trabalhador, levando em consideração a política de educação
36
permanente; Implementar a informação e a comunicação em Saúde do
Trabalhador; Garantir a participação social na formulação, controle e
avaliação das políticas de Saúde do Trabalhador; Promover a articulação
intersetorial na realização das ações de saúde do trabalhador. (PARANÁ,
2011, p. 57, grifo nosso).
Conforme traz a PNST, a Política Estadual de Atenção Integral à Saúde do
Trabalhador do Paraná também compreende a Saúde do Trabalhador como um método de
vigilância a saúde no SUS, que ajuda na prevenção e na regulação de riscos, acidentes e
doenças relacionadas aos ambientes de trabalho.
Entende-se a Saúde do Trabalhador como o processo de Vigilância à Saúde
no Sistema Único de Saúde (SUS), compreendendo as estratégias de
intervenção que resultam da combinação de três grandes tipos de ações:
promoção da saúde, prevenção das doenças e acidentes de trabalho e a
atenção curativa. (PARANÁ, 2011, p. 13).
2.3 O SERVIÇO SOCIAL E A SAÚDE DO TRABALHADOR
Foi realizada uma verificação nos Sumários das revistas Serviço Social e Sociedade,
do n. 01 de setembro de 1979 ao n. 109 de janeiro a março de 2012, observando nos temas
dos artigos, quais continham a palavra saúde do trabalhador e Serviço Social. Foram
encontrados três artigos que discorrem sobre as áreas: Saúde do Trabalhador, Serviço Social e
Saúde no Trabalho.
O primeiro artigo identificado e que aborda o tema foi: A relação saúde-trabalho no
contexto das relações sociopolíticas no trabalho e o Serviço Social, escrito por Lúcia Maria
de Barros Freire, segundo a autora:
[...] é resultado das primeiras aproximações da mesma sobre a problemática
em construção do projeto de tese, que tenta articular três eixos principais: o
da saúde do trabalhador implicada na relação saúde-trabalho, o das relações
sociais no contexto do trabalho e o das alternativas de ação profissional do
Assistente Social nessas duas questões, imbricadas entre si. Em função dos
limites e objetivos de um artigo, tratarei mais detidamente dos dois
primeiros, apontando apenas algumas direções do último. (FREIRE, 1995, p.
67).
O outro artigo foi: O campo político da Saúde do Trabalhador e o Serviço Social, da
autora Mônica Simone Pereira Olivar, e esse artigo objetivou, conforme a autora:
37
“[...] buscar aproximar o debate político da saúde do trabalhador em
articulação com o debate profissional do Serviço Social. Advinda de um
processo constituinte com marcada participação dos movimentos social e
sindical, a saúde do trabalhador passa a ter nova definição a partir da
Constituição Federal de 1998, com a instituição do Sistema Único de Saúde
e sua incorporação enquanto área de competência da saúde. Entretanto,
caracteriza-se por limites em que o desafio está na compreensão da dinâmica
capitalista e na ofensiva neoliberal.” (OLIVAR, 2010, p. 314).
E por fim, o artigo das autoras Jussara Maria Rosa Mendes e Dolores Sanches Wünsch
(2011): Serviço Social e a saúde do trabalhador: uma dispersa demanda, o qual foi
selecionado para referenciar este trabalho, com a intenção de relacionar a área da saúde do
trabalhador com o Serviço Social. A seleção desse texto, como referência para este trabalho,
se deu pelo fato deste ser o último texto publicado na revista Serviço Social e Sociedade, que
abordou o tema, no período verificado: de 1979 até 2012.
A saúde do trabalhador se constitui como campo de estudo e intervenção do Serviço
Social, que aos poucos e ao longo dos anos, vem ganhando espaço nas pesquisas realizadas
pelos profissionais, tendo muito a crescer dentro da profissão Serviço Social.
Para o Serviço Social em particular, a área se constitui numa exigência ética
e política frente aos impactos das transformações sociais e de forma mais
precisa no que se refere às grandes proporções que ocorrem na esfera do
trabalho e seus desdobramentos sobre a sociabilidade humana na atualidade.
(MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 462).
Percebe-se a grande importância que a área da saúde do trabalhador tem para com a
profissão, uma vez que, a mesma trata do trabalhador urbano e rural assim como das suas
famílias, sendo que muitas vezes o mesmo não consegue nem suprir as necessidades básicas e
acaba passando por sérios problemas de saúde, alimentação, vestuário, interferindo, assim, na
sua qualidade de vida e bem estar. Por meio disso, nota-se a importância em se desenvolver
mais pesquisas, publicações e estudos nessa área, que para a profissão ainda parece tão nova e
dispersa. Conforme relata Mendes e Wünsch “Observa-se que a área da saúde do trabalhador,
historicamente, vem representando uma dispersa demanda para a profissão, em que vários
fatores contribuíram para o mascaramento dessa demanda.” (2011, p. 462).
Dentre os vários fatores, o que mais contribuiu para que a saúde do trabalhador se
tornasse uma dispersa demanda para o Serviço Social, segundo Mendes e Wünsch, foi a
“perspectiva conservadora” da profissão, a qual, conforme relata às autoras, esteve presente,
sendo ainda possível encontrar traços na profissão, uma vez que, para muitos, não se
conseguiu romper totalmente com a tradição conservadora da mesma, mas teve um enorme
38
avanço por meio de publicações, pelo acúmulo profissional da categoria e pelo engajamento
na garantia dos direitos sociais. Para Mendes e Wünsch “Esses aspectos foram confrontados
com o contexto social e político ao longo da década de 1990, e nos anos 2000 passam a se
constituir em um emergente campo de atuação profissional.” (2011, p. 462). Percebe-se,
assim, o quanto o trabalho dos assistentes sociais é importante, o que explica o fato dos
mesmos serem chamados à atender e dar respostas à área da saúde dos trabalhadores, como
público alvo das suas intervenções.
A expansão da área da saúde do trabalhador pode caracterizar-se por meio de
dupla dimensão: uma decorrente da nova ordem do capital sobre o trabalho;
outra por conta do reconhecimento político da área, representado pela sua
inserção, ainda que insuficiente no conjunto das políticas públicas e
intersetoriais, resultante da capacidade de organização de diferentes agentes
políticos. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 462).
Nota-se que ouve uma expansão nos estudos e nas intervenções na área da saúde do
trabalhador, mas a mesma ainda necessita de um maior olhar profissional e de uma prática
interventiva dos assistentes sociais, na qual os mesmos precisam criar, desenvolver e realizar
planos, programas, projetos ou, até mesmo, ações com os trabalhadores, assim como com toda
a comunidade, quanto aos cuidados e os direitos para com a sua saúde, buscando apoio de
outros profissionais, se necessário, sendo que os assistentes sociais, por meio da sua
formação, têm como respaldo levar, identificar, transmitir e garantir os direitos sociais.
[...] o assistente social trabalha, fundamentalmente, por traduzir um conjunto
de elementos que contribuem para o desocultamento e ao mesmo tempo para
o enfrentamento do processo de saúde-doença por meio da identificação das
necessidades de proteção social nele presentes e que são fundamentais para
compreender o conhecimento de saúde do trabalhador. (MENDES;
WÜNSCH, 2011, p. 470).
A saúde é um direito de qualquer cidadão garantido pela Constituição Federal de 1988,
bem como o acesso aos meios e serviços que ela disponibiliza publicamente, conforme relata
Mendes e Wünsch “Entende-se, [...] que a saúde representa o acesso a um conjunto de
condições básicas necessárias e um mecanismo de enfrentamento das desigualdades sociais.”
(2011, p. 471). Os cuidados com a saúde devem ser vistos como um direito e não como um
serviço. que os órgãos públicos prestam para a população e que muitas vezes deixam muito a
desejar na qualidade, por isso, a profissão vem trabalhando pela garantia deste direito.
39
Sabe-se que o processo saúde-doença é algo social e que todo ser humano irá passar
por isso ao longo de sua vida, uma vez que, dependendo do estilo de trabalho que os mesmos
desenvolvem ou realizam no seu dia a dia, como jornadas extensas de trabalho, condições
muitas vezes insalubres e falta dos devidos cuidados básicos para cada afazer, o trabalhador
acaba por ter mais chances de desenvolver algum agravo para com a sua saúde. Para Mendes
e Wünsch “As determinações sociais do processo de saúde-doença representam as condições
sociais objetivas de vida e de trabalho da população.” (2011, p. 471). Como estamos falando
sobre a saúde do trabalhador, uma vez que o mesmo está exposto a inúmeros riscos e agravos
a sua saúde, o modo como o mesmo desenvolve e executa os seus trabalhos, irá determinar
como será a sua saúde no presente e no seu futuro, por isso, a necessidade de se desenvolver e
trabalhar com a prevenção das doenças e não somente com o tratamento, que em muitas vezes
acaba sendo tarde demais. Sendo assim, cabe ao Estado garantir essas medidas de proteção,
uma vez que as mesmas tratam de uma demanda social da população.
A compreensão das multicausalidades e diferentes interfaces explicitadas a
partir da concepção de saúde, do processo de saúde e doença da sua relação
com o trabalho, constitutiva de determinações sociais, pressupõe reconhecê-
las como demandas sociais a serem respondidas pelo Estado. (MENDES;
WÜNSCH, 2011, p. 472).
Enquanto isso, até que o Estado de um respaldo que realmente atenda as necessidades
da demanda que está posta em nossa sociedade, cabe ao Serviço Social, como profissão,
instigar a população, bem como os trabalhadores, a lutarem por seus reais direitos, que em
muitas vezes, são confundidos como auxílios ou ajuda política, os famosos “favores” muito
visto em épocas de eleição em nossa sociedade, e não como um direito. Percebe-se que o
Estado por meio da proteção social, deve intervir e implantar, políticas públicas que atendam
a essa demanda posta pela sociedade. Sendo assim, para Mendes e Wünsch “[...] a proteção
social representa a estruturação de um conjunto de políticas que se efetivaram pela
intervenção do Estado visando à satisfação das necessidades sociais.” (2011, p. 472). Essas
políticas, ainda para as autoras, se configuram por meio do “reconhecimento das contradições
existentes na sociedade capitalista” e consequentemente da má distribuição e apropriação da
riqueza socialmente produzida. Por isso, vemos a necessidade e a importância da proteção
social, pois, é por meio dela que se concretizam as mediações dos direitos sociais,
principalmente na área da saúde do trabalhador, que muitas vezes se encontra esquecido ou
deixado de lado.
40
A proteção social se afirma como mediação que concretizam direitos sociais,
na inter-relação entre o político e o econômico na sociedade capitalista, uma
vez que expressa a correlação de forças e embates políticos entre as classes
sociais. Na área da saúde do trabalhador, tem-se a proteção social como
balizadora das reais e efetivas condições de garantia e preservação das
condições de vida da classe trabalhadora. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p.
473).
No Brasil, principalmente no local em que os trabalhadores desenvolvem seus
trabalhos, as doenças, os agravos com a sua saúde, assim como os acidentes relacionados aos
trabalhos desenvolvidos pelos mesmos sem os conhecimentos e os cuidados básicos, ainda
são os maiores desencadeadores dos problemas de saúde para com esses trabalhadores. Sendo
assim, há uma necessidade de se trabalhar com a prevenção e a informação desses problemas
com os trabalhadores, com o objetivo de se prevenir males futuros, ou seja, se optar pela
visibilidade do processo saúde-doença e não pela sua invisibilidade. Conforme apontam
Mendes e Wünsch “Evidenciar a construção social da invisibilidade do processo de saúde-
doença e compreendê-la significa tornar possível o desvendamento dos mecanismos sociais
que ocultam esse processo e encontrar possibilidades de ação.” (2011, p. 475).
Cabe ao profissional de Serviço Social instigar cada vez mais a população
trabalhadora do nosso país aos reais males e riscos que estão correndo com a sua saúde, ao
desenvolverem seus trabalhos, em muitos casos, sem os devidos cuidados. Cabe, assim, aos
profissionais assistentes sociais pensarem em modos de intervenção na área da saúde do
trabalhador, assim como ressalta Mendes e Wünsch “Pensar a intervenção na área da saúde do
trabalhador e os diferentes condicionamentos sobre o processo de trabalho em que se insere o
assistente social [...].” (2011, p. 476). Mas para que esta intervenção realmente se realize e
aconteça é necessário que várias “competências e exigências” se realizem.
Inicialmente aponta-se o caráter interdisciplinar do trabalho, demarcando um
lugar que conjuga os diferentes conhecimentos e as especificidades das
profissões ali inseridas, conferindo uma dimensão processual ao trabalho
para superar a fragmentação do saber e das limitações encontradas durante o
processo de intervenção e de conhecimento. [...] Sendo assim, significa
situar o objeto de trabalho do assistente social na saúde do trabalhador no
processo de saúde-doença e suas expressões decorrentes do trabalho e
diretamente atreladas ao processo de produção social que incidem na vida do
trabalhador. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 477).
Para se desenvolver tal intervenção quanto à prevenção saúde-doença será necessário
ao profissional ter, segundo Mendes e Wünsch (2011), o conhecimento e o acúmulo teórico e
metodológico, uma formação crítica e o conhecimento ético, concebidos e adquiridos durante
41
os anos de formação. Com esse conjunto de competências, o assistente social, por meio dos
relatos e conversas obtidas com os trabalhadores, o modo como o processo saúde-doença se
desenvolve, no meio em que eles desenvolvem seus trabalhos. e os impactos que os mesmos
desenvolvem e desencadeiam para a sua saúde e qualidade de vida, bem como para as suas
famílias, já pode começar a pensar e desenvolver algum modo de intervenção nesse meio e
para com os trabalhadores, pois, conforme apontam Mendes e Wünsch, é por meio da “[...]
postura investigativa, interpretativa, crítica, ética, de escuta, reflexiva, relacional, propositiva,
[...] da capacidade de avaliação do impacto e da efetividade do trabalho profissional [...].”
(2011, p. 477) que faz com que os profissionais assistentes sociais sejam aptos a intervir nesse
meio, buscando solucionar os problemas, resguardando os direitos sociais do ser humano.
Sabe-se que, conforme mencionam Mendes e Wünsch, “Os desafios colocados para o
assistente social na área da saúde do trabalhador representam dilemas compartilhados e
debatidos pelo conjunto da categoria.” (2011, p. 478). Para a sociedade capitalista, na qual
estamos inseridos, a base de tudo é o lucro e o ganho e para se conseguir isso, o ser humano,
instigado cada vez mais pelo capitalismo, não mede esforços para conseguir o que quer, seja
por meio da exploração do trabalho dos trabalhadores ou por ganhos extras, o que temos hoje
em dia é a preocupação com o ter e não com o ser. A profissão Serviço Social vem ao longo
dos anos tentando abrir os olhos da população a lutarem por seus reais direitos, e dos
trabalhadores a lutarem pelo seu auto reconhecimento.
Os desafios apontados na interface entre Serviço Social e saúde do
trabalhador, devem orientar novas problematizações para a área, contribuir
para o avanço do conhecimento e, acima de tudo, enfrentar o que se
identificou aqui como uma dispersa demanda. Essa demanda é constitutiva
da direção ético-política da profissão e das exigências impostas pela
realidade social. (MENDES; WÜNSCH, 2011, p. 479).
Com isso, percebe-se a real importância do trabalho dos assistentes sociais para com a
defesa da área da saúde do trabalhador em nosso país e para com a garantia dos seus direitos.
Uma vez que cabe ao profissional ter uma boa formação acadêmica com uma bagagem de
referenciais teóricos e metodológicos para saber agir e intervir nas situações propostas no dia
a dia de seus trabalhos, nas intervenções e realizar a ruptura com o conservadorismo ainda
presente na profissão. Como nos traz Mendes e Wünsch “[...] a necessária ruptura com as
perspectivas conservadoras, neoconservadoras e moralizadoras presentes na área, as quais
vêm se constituindo em obstáculos, [...] para a promoção de políticas voltadas para a saúde do
trabalhador, [...] enquanto direito.” (2011, p. 479). Ou seja, é preciso quebrar certas barreiras
42
para se atingir os objetivos propostos e almejados, além de enfrentar e superar certos tabus
impostos pela sociedade.
A saúde deve ser pensada como um direito de qualquer ser humano e não como uma
mera condição necessária de reprodução social dos trabalhadores, conforme Mendes e
Wünsch “É preciso pensar na saúde do trabalhador para além de condição necessária à
reprodução social da classe trabalhadora, mas como um direito social inerente ao homem,
condição indispensável para a vida e a sociabilidade humana.” (2011, p. 479). Deve-se pensar
a saúde do trabalhador, bem como de todo o ser humano, sempre como um direito, uma vez
que cabe aos profissionais assistentes sociais, por meio das suas intervenções, garantir esse
direito a toda a sociedade.
43
3 A DELIMITAÇÃO ESPACIAL DO AMBIENTE DA PESQUISA:
CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SULINA E DA REGIÃO SUDOESTE DO
ESTADO DO PARANÁ
A investigação foi realizada no Município de Sulina, localizado na região Sudoeste do
Estado do Paraná. Sendo que por meio de informações obtidas do Portal Municipal, Sulina foi
desmembrada do Município de Chopinzinho, e elevado à categoria de distrito pela Lei n°
4.77/1963 com a denominação de Sede Sulina, e passou a ser município, por meio da Lei
Estadual n° 8.467/1987, quando seu nome foi alterado para Sulina. (Sulina, 1996). O
Município de Sulina, juntamente com os demais quarenta e um municípios9, formam a Região
Sudoeste do Estado do Paraná.
Por sua característica de se compor basicamente de agricultores familiares, Sulina tem
a sua economia voltada para a agricultura e a agropecuária, impulsionada pelo agronegócio,
decorrentes de cadeias produtivas compostas pelos setores agroindustriais. Conforme dados
do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDS), a produção de
soja do município no ano de 2010 foi de 12.282 mil toneladas, seguido da produção de milho
que foi de 6.940 mil toneladas. Quanto à agropecuária, o município conta com um rebanho de
16.918 mil cabeças de bovinos, (IPARDES, 2010a). Numa comparação com a produção do
Estado que, no ano de 2010, foi de 14.091,821 mil toneladas de soja, enquanto a produção de
milho foi de 13.540,981 mil toneladas. (IPARDS, 2010b). Enquanto a economia do Estado do
Paraná, segundo os dados do IPARDS é a “quinta maior do País”. “O Estado responde
atualmente por 6,1% do PIB nacional, registrando uma renda per capita de R$ 21,6 mil em
2010, acima do valor de R$ 19,7 mil referente ao Brasil.” (IPARDES, 2010c).
O município de Sulina, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) no censo de 2010, o município tem o total da população de 3.394 habitantes, sendo a
população urbana composta de 1.390 habitantes, (40.95%) e a população rural de 2004
habitantes, (59.05%). (IBGE, 2010). O espaço rural do município inclui pequenas, médias e
grandes propriedades rurais, e a área municipal é 170,76 Km2 (IBGE, 2010). Segundo
9Os Municípios que compõem a Região Sudoeste do Paraná bem como as suas delimitações são: Cruzeiro do
Iguaçu, São Jorge do Oeste, Dois Vizinhos, Verê, São João, Sulina, Saudades do Iguaçu, Itapejara do Oeste,
Copinzinho, Coronel Vivida, Mangueirinha, Palmas, Pato Branco, Honório Serpa e Clevelândia, (são os
Municípios da Bacia do Chopim). Bela Vista da Caroba, Santa Izabel do Oeste, Salto do Lontra, Ampere, Nova
Esperança do Sudoeste, Enéias Marques, Pinhal de São Bento, Manfrinópolis, Salgado Filho, Francisco Beltrão e
Bom Sucesso do Sul, (são os Municípios Centrais). Barracão, Flôr da Serra do Sul, Marmeleiro, Renascença,
Vitorino, Mariópolis e Coronel Domingos Soares, (são os Municípios Limítrofes com Santa Catarina). Planalto,
Pérola do Oeste, Pranchita, Santo Antônio do Sudoeste, Bom Jejus do Sul, (são os Municípios da Fronteira com
a Argentina). Capanema, Realeza, Nova Prata do Iguaçu e Boa Esperança do Iguaçu, (são os Municípios dos
Lagos do Iguaçu). (KRÜGER, 2004, p. 89-245).
44
informações coletadas no Instituto da EMATER localizado no Município, no Sudoeste do
Estado do Paraná, consideram-se pequenas propriedades rurais aquelas que possuem uma área
de 01 a 04 módulos fiscais10
, com até 80 hectares de terra; já as médias propriedades rurais
são as que possuem uma área de 04 a 10 módulos fiscais, com até 200 hectares de terra
enquanto as grandes propriedades rurais são as que têm uma área acima de 10 módulos
fiscais, ou seja, acima de 200 hectares de terra. (EMATER, 2012).
Conforme dados fornecidos pelo Instituto da EMATER, no Sudoeste do Estado do
Paraná, consideram-se agricultura familiar ou pequena propriedade rural, aquele agricultor
que tem uma área de 01 a 04 módulos fiscais, com até 80 hectares de terra apenas e que vive
basicamente da produção de diversificadas atividades na sua propriedade, com o trabalho
realizado pela família. Segundo o Instituto da EMATER, por meio de dados coletados em
2007, o município de Sulina conta com seiscentos e cinquenta e sete agricultores dos quais
seiscentos e três são agricultores familiares, que representam 92% dos agricultores do
município, e mais 92% desses agricultores familiares têm propriedades com área de até 50
hectares. Ainda conforme o Instituto da EMATER, a região Sudoeste do Estado do Paraná é
fundamentalmente constituída por pequenas propriedades rurais. (EMATER, 2012).
Uma das características das pequenas propriedades rurais, assim como a dos
agricultores familiares da região sudoeste do Paraná, é o cooperativismo, ou seja, é grande o
número de trabalhadores rurais de pequena propriedade associados em cooperativas, sendo
que, conforme relata Krüger, “O expressivo número de organizações cooperativas, integrando
produtor e indústria, é um dos mais importantes componentes do desenvolvimento
sudoestino.” (2004, p. 273).
O que leva os agricultores familiares a se associarem em cooperativas são os
benefícios que as mesmas trazem, uma vez que por meio delas, esses agricultores, que são
cooperados, conseguem melhores preços nos produtos produzidos em suas propriedades, na
hora de se efetuar a venda dos mesmos, assim como melhores preços na hora da aquisição dos
insumos para sua lavoura. Já as associações têm um papel quase parecido com os das
cooperativas, uma vez que nas associações, quanto maior for o número de trabalhadores
associados, maiores serão as conquistas e os benefícios por eles alcançados, como ganhar
10“Módulos Fiscais são uma unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município, considerando
os seguintes fatores: Tipo de exploração predominante no município; Renda obtida com a exploração
predominante; Outras explorações existentes no município que, embora não predominantes, sejam significativas
em função da renda ou da área utilizada; Conceito de propriedade familiar.” (FAEC, 2012).
45
maquinários dos órgãos públicos, para o uso de todos os associados da comunidade. Além
disso, as associações almejam ganhos para toda a comunidade.
As cooperativas são vários agricultores, que se associam formando um conjunto de
cooperados, dando origem ao cooperativismo, no qual os cooperados elegem, por meio de
reuniões, uma diretoria, para representar e defender os interesses de todos os cooperados.
[...] as cooperativas foram criadas e fortalecidas, para se tornarem agentes de
comercialização da produção, entre produtores e órgãos governamentais e,
direta ou indiretamente encarregaram-se da distribuição do produto a
indústria de processamento. [...] as cooperativas, em sua aparência, procuram
fazer um papel intermediador ao receber e comercializar a produção agrícola
e ao abastecer o consumo da família rural. (ZAAR, 1999, p. 68).
Em contrapartida, as associações são formadas por um grupo de agricultores, que se
reúne para discutir os interesses e direitos dos associados, para conseguir benefícios dos
órgãos públicos, como já citado acima. Com isso, os agricultores se associam as cooperativas
ou as associações com o intuito de aumentar a renda da produção de sua propriedade e
diminuir os custos e gastos das mesmas. Conforme Krüger, “Além das cooperativas
institucionalizadas, vem crescendo no Sudoeste do Paraná, a associação de capitais, para o
desenvolvimento de atividades industriais e comerciais, em empreendimentos muito
expressivos na economia do Estado do Paraná”. (2004, p. 273).
Por meio das entrevistas realizadas nas propriedades, com os(as) agricultores(as)
familiares, constatou-se que todos(as) são associados de cooperativas, associações ou
sindicatos, sendo eles; Coasul (Cooperativa Agropecuária Sudoeste Ltda), Cresol (Sistema das
Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária), Sicredi (Sistema de Crédito
Cooperativo), Associação de Pequenos Produtores N.S.A e Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Sulina.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AGRICULTORES FAMILIARES A PARTIR DAS
ENTREVISTAS
As dez propriedades11
selecionas para a realização das entrevistas foram identificadas
por letras na ordem alfabética, sendo assim, temos da propriedade A até a propriedade J.
Neste primeiro momento, serão demonstradas as informações básicas coletadas por meio dos
11Neste trabalho, no momento das entrevistas, por questões éticas, optou-se por identificar os mesmos por suas
propriedades, por meio das letras do alfabeto.
46
formulários presentes nas entrevistas, com as seguintes informações constantes, conforme
Apêndice A.
Na propriedade A12
o entrevistado foi o pai, que possui setenta anos, tendo como
escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui quatro filhos,
três do sexo masculino e uma do sexo feminino, um deles, do sexo masculino, ainda reside na
propriedade, tem trinta e quatro anos, e possui o ensino fundamental completo. O tamanho da
propriedade A é de 10.05 hectares, 04.02 hectares estão destinados à área de preservação
ambiental, restando 06.03 hectares de terra para a produção. A disponibilidade de água
potável pela propriedade ocorre da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria
propriedade e para outras necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade
vizinha. A produção desenvolvida na mesma é a agropecuária de leite e a agricultura com o
plantio de soja, tendo sua a produção voltada tanto para a venda quanto para o consumo
próprio. A armazenagem da produção agrícola desenvolvida pela propriedade é feita pela
cooperativa (Coasul) localizada no município. A renda líquida da família da propriedade A é
aproximadamente de 01 a 02 salários mínimos por mês.
Na propriedade B a entrevistada foi à mãe, que possui cinquenta e seis anos, tendo
como escolaridade o ensino fundamental completo, casada, da cor branca, possui quatro
filhos, dois do sexo masculino e duas do sexo feminino, sendo que permanecem na
propriedade os dois filhos do sexo masculino: um com vinte e seis e outro com trinta anos,
ambos com ensino médio completo. O tamanho da propriedade B é de 10.04 hectares, 02
hectares estão destinados à área de preservação ambiental, restando 08.04 hectares de terra
para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente,
ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a
agropecuária de leite, a suinocultura e a produção agrícola com o plantio de soja, uma vez que
a produção da propriedade é voltada tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A
armazenagem da produção agrícola da propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul),
localizada no município. A renda líquida da família da propriedade B é aproximadamente de
03 a 04 salários mínimos por mês.
Na propriedade C a entrevistada foi à mãe, com quarenta e oito anos, tendo como
escolaridade o ensino fundamental incompleto, casada, da cor branca, possui dois filhos sendo
um do sexo masculino e a outra do sexo feminino. Permanece na propriedade a filha, com
12O entrevistado da propriedade A, devido aos problemas de saúde que vinha sofrendo a alguns anos,
mencionados na realização da entrevista, faleceu no dia 06 de setembro de 2012.
47
vinte e três anos, tendo o ensino médio completo. O tamanho da propriedade C é de 10.04
hectares, 02 hectares estão destinados à área de preservação ambiental, restando 08.04
hectares de terra para a produção. A disponibilidade de água potável pela propriedade ocorre
da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria propriedade e para outras
necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade vizinha. A produção
desenvolvida na propriedade pela família é a agropecuária de leite e a produção agrícola com
o plantio de milho, sendo que o último é todo voltado para o consumo próprio, para
fabricação da silagem para os animais, sendo destinado à venda apenas o leite produzido pela
propriedade, sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo próprio e para
venda. A renda líquida da família da propriedade C é aproximadamente de 01 a 02 salários
mínimos por mês.
Na propriedade D o entrevistado foi o pai, com cinquenta e um anos, tendo como
escolaridade o ensino fundamental completo, casado, da cor branca, possui três filhos, do sexo
masculino, um com dez anos e ensino fundamental incompleto e os outros dois com vinte
quatro e vinte nove anos com ensino médio completo, sendo que todos permanecem na
propriedade. O tamanho da propriedade D é de 24 hectares, 08 hectares estão destinados à
área de preservação ambiental, restando 16 hectares de terra para produção. Quanto à
disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de
água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a agropecuária de leite, a avicultura e
a produção agrícola com o plantio de soja ou milho, sendo a produção da propriedade voltada
tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola da
propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda liquida da
família da propriedade D é aproximadamente de 05 a 06 salários mínimos por mês.
Na propriedade E o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e nove anos, tendo
como escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui dois
filhos, sendo um do sexo masculino com dezenove anos e ensino médio completo e uma do
sexo feminino com vinte dois anos com ensino superior incompleto, ambos permanecem na
propriedade. O tamanho da propriedade E é de 24 hectares, 07.02 hectares estão destinados à
área de preservação ambiental, restando 16.98 hectares de terra para a produção. A
disponibilidade de água potável pela propriedade ocorre inteiramente por meio de uma
propriedade vizinha. A produção desenvolvida pela família na propriedade é a agropecuária de
leite e a produção agrícola com o plantio de soja ou milho, sendo a produção voltada tanto
para a venda quanto para o consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola da
48
propriedade é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda líquida da
família da propriedade E é aproximadamente de 03 a 04 salários mínimos por mês.
Na propriedade F o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e dois anos, tendo
como escolaridade o ensino médio completo, casado, da cor branca, possui dois filhos, um do
sexo masculino com treze anos e ensino fundamental incompleto e uma do sexo feminino
com dez anos e ensino fundamental incompleto, ambos permanecem na propriedade. O
tamanho da propriedade F é de 17.09 hectares, 05 hectares estão destinados à área de
preservação ambiental, restando 12.09 hectares de terra produtiva. A disponibilidade de água
potável pela propriedade ocorre da seguinte forma: para o consumo tem origem na própria
propriedade e para outras necessidades e os animais, a água tem origem em uma propriedade
vizinha. A produção desenvolvida é a agropecuária de leite a e a agricultura com o plantio de
soja ou milho, sendo a produção voltada tanto para a venda quanto para o consumo próprio. A
armazenagem da produção agrícola desenvolvida pela propriedade é realizada pela
cooperativa (Coasul) localizada no município. A renda líquida da propriedade F é
aproximadamente mais de 06 salários mínimos por mês.
Na propriedade G a entrevistada foi à mãe, que possui trinta e nove anos, tendo como
escolaridade o ensino fundamental incompleto, casada, da cor branca, possui três filhos, do
sexo masculino, um com treze anos e ensino fundamental incompleto, um com dezessete anos
e ensino superior incompleto e um com dezenove anos com ensino médio completo, todos
residem na propriedade. O tamanho da propriedade G é de 12.60 hectares, 02 hectares estão
destinados à área de preservação ambiental, restando 10.60 hectares de terra para a produção.
Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja,
disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na propriedade é a agropecuária de
leite e a produção agrícola com plantio de soja, voltadas tanto para a venda quanto para o
consumo próprio. A armazenagem da produção agrícola é realizada pela cooperativa (Coasul),
localizada no município. A renda líquida da família da propriedade G é aproximadamente de
01 a 02 salários mínimos por mês.
Na propriedade H a entrevistada foi a mãe, que possui quarenta anos, tendo como
escolaridade ensino médio completo, casada, da cor branca, possui dois filhos, do sexo
masculino, ambos residentes na propriedade, um com quatro anos, na creche, e o outro com
nove anos e ensino fundamental incompleto. O tamanho da propriedade H é de 06.03
hectares, 01 hectare está destinado à área de preservação ambiental, restando 05.03 hectares
de terra para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a propriedade é
autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida na
49
propriedade é a agropecuária de leite, a avicultura e a produção agrícola com o plantio de
milho, sendo o último todo voltado para o consumo próprio e para fabricação da silagem para
os animais, sendo destinado à venda apenas o leite produzido e os pintainhos do aviário,
sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo próprio e para venda. A
renda líquida da família da propriedade H é aproximadamente de 03 a 04 salários mínimos
por mês.
Na propriedade I tivemos como entrevistado o pai, que possui sessenta e oito anos,
tendo como escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui três,
dentre estes, dois filhos do sexo masculino, um com quarenta e um anos, com o ensino médio
incompleto, e o outro filho com trinta e seis anos, com o ensino médio completo, e uma filha,
com quarenta e três anos e ensino médio incompleto, nenhum reside na propriedade. O
tamanho da propriedade I é de 06.03 hectares, 01 hectare está destinado à área de preservação
ambiental, restando 05.03 hectares de terra produtiva. Quanto à disponibilidade de água
potável, a propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção
desenvolvida é a agrícola, com o plantio de soja ou milho, voltada para a venda. A
armazenagem é realizada pela cooperativa (Coasul), localizada no município. A renda liquida
da propriedade I é aproximadamente de 01 a 02 salários mínimos por mês.
Na propriedade J o entrevistado foi o pai, que possui quarenta e oito anos, tendo como
escolaridade o ensino fundamental incompleto, casado, da cor branca, possui dois filhos,
sendo um do sexo masculino e uma do sexo feminino, ambos residem na propriedade, e
possuem idade de vinte e três e vinte quatro anos e ensino médio completo. O tamanho da
propriedade J é de 21.06 hectares, 07.02 hectares estão destinados à área de preservação
ambiental, restando 14.04 para a produção. Quanto à disponibilidade de água potável, a
propriedade é autossuficiente, ou seja, disponibiliza de água própria. A produção desenvolvida
é a agropecuária de leite e agrícola com o plantio de milho, sendo o último todo voltado para
o auto consumo e para a fabricação da silagem para os animais, sendo destinado à venda
apenas o leite produzido, sendo assim, a produção da propriedade é voltada para o consumo
próprio e para venda. A renda líquida da família da propriedade J é aproximadamente de 03 a
04 salários mínimos por mês.
3.2 EXPOSIÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS
Neste segundo momento, se demonstra a sistematização das informações da segunda
parte das entrevistas, que abordaram as perguntas descritivas, começando pela questão um e
50
apresentando as respostas de todos(as) os(as) entrevistados(as) das propriedades A até a J. As
falas dos(as) entrevistados(as) estarão destacadas entre aspas e em itálico. A sistematização
desta segunda parte se encontra em quadros conforme o Apêndice B.
Na questão um, ao tratar sobre a modernização agrícola com a introdução de técnicas
mais avançadas de produção, foi questionado a todos(as) os(as) entrevistados(as) se essa
modernização agrícola trouxe, ao logo do seu processo de implantação, algum impacto na sua
qualidade de vida e saúde. Para os(as) dez entrevistados(as), oito declararam que os impactos
que a modernidade agrícola trouxe ao longo dos anos foram vários, e dois(duas)
entrevistados(as) disseram que estes impactos na sua qualidade de vidam foram bons. As
respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A “Sim ficou mais fácil, para trabalhar
e para produzir as coisas, não sofremos tanto com peso e com o sol, mas antigamente se
sofria mais, mas se tinha mais saúde também, era tudo mais puro/limpo”. Fala da
entrevistada da propriedade B: “Sim, mudou muita coisa, onde desde que segue tudo certinho,
se cuidando, a tecnologia no campo foi e está sendo boa, pois o esforço é menor e há mais
agilidade no serviço”. Fala da entrevistada da propriedade C: “Melhorou sim a nossa
qualidade de vida, mas com o veneno à saúde fico mais fraca (frágil) também, com o trator e
os maquinários é mais fácil, mas os gastos também aumentaram, melhorou por um lado e
piorou por outro”. Fala do entrevistado da propriedade D: “Com certeza, o governo
incentivou muito a modernização, antes o pequeno agricultor não tinha acesso à nada. Agora
quanto à qualidade de vida antigamente se vivia melhor, tinha menos contaminação, mas
também tinha casos em que as pessoas morriam e nem sabiam do que, e não tinha tantos
recursos médicos como se tem hoje”. Fala do entrevistado da propriedade E: “Com a
modernização da agricultura as coisas evoluíram, e vão evoluir ainda mais, hoje acho que
todo mundo vive melhor, ficou mais fácil produzir os alimentos e trabalhar”. Fala do
entrevistado da propriedade F: “Com certeza, com a vinda do veneno a saúde ficou mais
frágil, mas também com os agrotóxicos, produzimos mais, hoje em dia é complicado, você
tem que acompanhar a modernidade”. Fala do entrevistado da propriedade G: “Sim,
antigamente era mais sofrido, não dava pra fazer muita coisa, mas agora também com os
venenos se faz muita coisa, se colhe mais, só que contamina mais também, a água e o ar não
são mais tão puros, antigamente se vivia melhor, tudo era mais puro, sem veneno, mas hoje se
não usa o veneno, um trator não se faz nada”. Fala da entrevistada da propriedade H: “Sim,
os impactos aconteceram, a gente sabe que antes a gente trabalhava mais, porém, acho que
vivíamos melhor, não tinha tantas doenças. Hoje em dia, para o campo com as tecnologias
ficou mais avançado, mais fácil de fazer o trabalho”. Fala do entrevistado da propriedade I:
51
“Sim, bom, antigamente se vivia melhor, não tinha tanta poluição, mas se trabalhava mais,
lógico que com os maquinários e as novas técnicas ficou mais fácil de se trabalhar, se judia
menos na lavoura”. Fala do entrevistado da propriedade J: “Sim, parte do trabalho hoje é
melhor, tem mais facilidade tudo é mais fácil e rápido, demora menos para plantar, colher e
ordenhar, mas por parte da saúde piorou, antes era mais saudável de se viver, tudo era mais
puro sem contaminações”.
A questão dois abordou aos(as) entrevistados(as) quanto à qualidade de vida no dia a
dia do trabalho no campo, sendo que dos(as) dez entrevistados(as), nove disseram ser boa e
um(a) ótima, onde as respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A: “Boa. Para a
gente é boa porque não nos judiamos, mas agora é tudo mais técnico se vive melhor, no
campo é mais tranquilo, antes era mais sofrido, era tudo com os bois, hoje tem o trator aí não
estraga a terra”. Fala da entrevistada da propriedade B: “Ótima. Bom, a gente acha que é
mais tranquilo do que na cidade, é mais calmo aqui, mais sossegado então vivemos bem”.
Fala da entrevistada da propriedade C: “Boa. É boa porque é sossegado e tranquilo aqui,
trabalho a hora que eu quero, levanto faço os meus afazeres, mas pra nós do campo dias de
seca não são bons e nem de muita chuvarada”. Fala do entrevistado da propriedade D: “Boa.
Olha, em primeiro lugar porque moramos onde nos criamos, gosto da cidade, acho que não
me acostumaria em outro lugar, por isso acho que é boa a minha qualidade de vida”. Fala do
entrevistado da propriedade E: “Boa. Bom eu acho que ela é boa né, fazemos menos esforço
na roça que antes era tudo braçal, hoje têm o trator e as máquinas”. Fala do entrevistado da
propriedade F: “Boa. Hoje temos a energia elétrica, maquinários, temos mais comodidade no
dia a dia de trabalho”. Fala da entrevistada da propriedade G: “Boa. A gente aqui vive
tranquilo, é calmo, gosto do meu trabalho, minha família vive bem”. Fala da entrevistada da
propriedade H: “Boa. A minha qualidade de vida no dia a dia do meu trabalho no campo é
boa, porque gosto do meu trabalho, gosto do campo, vivo bem com a minha família aqui”.
Fala do entrevistado da propriedade I: “Boa. Bom, vivo bem, gosto do meu trabalho, me criei
nisso e minha qualidade de vida no meu trabalho está boa”. Fala do entrevistado da
propriedade J: “Boa. Está bom, porque está mais fácil se trabalhar, antes era mais difícil,
mais sofrido, agora está mais cômodo com os maquinários”.
A questão três indagou os(as) entrevistados(as) se estes(as) já sofreram algum acidente
de trabalho, e se sim, para exemplificarem. Dos(as) dez entrevistados(as) sete das
propriedades A, B, C, D, F, G e H disseram não ter sofrido nenhum acidente de trabalho e
três das propriedades E, I e J afirmaram já ter sofrido acidentes de trabalho. O entrevistado da
propriedade E afirmou que sofreu um acidente de trabalho, quando estava dirigindo o seu
52
trator e ele veio a capotar, sendo que o entrevistado nada sofreu. O entrevistado da
propriedade I afirmou que já sofreu um acidente de trabalho, sim, sendo que já destroncou o
joelho quando estava lavrando a lavoura com os bois e o entrevistado da propriedade J
também já sofreu acidentes de trabalho, o primeiro foi quando o mesmo tinha uma carroça
movida à tração animal (no caso bois) e os mesmos dispararam com a carroça, sendo que o
entrevistado teve que pular da carroça para não se ferir, o outro caso foi quando o entrevistado
foi atacado por um touro da sua propriedade, sendo que o acidente ocasionou a quebra de duas
das suas costelas e outros hematomas.
Na questão quatro foi abordado aos(as) entrevistados(as) se eram associados de
cooperativas, sindicatos ou associações, e se forem os nomes das mesmas. Sendo que
todos(as) os(as) dez entrevistados(as) são associados da Cooperativa Coasul do município,
três são associados da Associação N.S.A (Ass. de pequenos produtores), um do sindicato, três
da Cresol e quatro da Sicredi. As respostam foram: O entrevistado da propriedade A é
associado da Cooperativa: Coasul. A entrevistada da propriedade B é associada da
Cooperativa: Coasul e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. A entrevistada da
propriedade C é associada da Cooperativa: Coasul e da Associação N.S.A (Ass. de Pequenos
Produtores). O entrevistado da propriedade D é associado da Cooperativa: Coasul e da
Associação N.S.A (Ass. de Pequenos Produtores). O entrevistado da propriedade E é
associado das Cooperativas: Coasul e Cresol. O entrevistado da propriedade F é associado das
Cooperativas: Coasul e Sicredi. A entrevistada da propriedade G é associada das
Cooperativas: Coasul e Sicredi. A entrevistada da propriedade H é associada das
Cooperativas: Coasul e Cresol. O entrevistado da propriedade I é associado das Cooperativas:
Coasul, Cresol e Sicredi e o entrevistado da propriedade J é associado das Cooperativas
Coasul e Sicredi e da Associação N.S.A (Ass. de Pequenos Produtores).
Na questão cinco foi perguntado aos(as) entrevistados(as), se as cooperativas,
sindicatos ou associações, da qual eles(as) fazem parte, ofereciam alguma forma de prevenção
e como elas ocorrem. Todos os(as) entrevistados(as) são associados de alguma cooperativa,
sindicato ou associação, mas apenas a cooperativa Coasul é quem oferece aos associados
prevenções quanto ao manuseio de agrotóxicos, prevenção de acidentes e cuidados com a
saúde por meio de palestras, reuniões, cursos e cartilhas informativas que a cooperativa
oferece aos associados, por meio de técnicos e engenheiros agrônomos.
Na questão seis foi questionado aos(as) entrevistados(as), quais são os insumos
(sementes, adubos, defensivos, maquinários) que utilizam no seu trabalho. As respostas
foram: O entrevistado da propriedade A disse que utiliza como insumos de trabalho na sua
53
propriedade: “veneno, sementes tratadas, adubos, foice, enxada, os bois em uns pedacinhos,
trator e máquina de passar veneno que são terceirizados”. A entrevistada da propriedade B:
“Ordenhadeira, tanque de expansão, trator, sementes, adubos, venenos, enxada, foice,
máquina de passar veneno, manual e motorizada. Para as vacas e os suínos tem a ração e os
remédios”. A entrevistada da propriedade C: “Ordenhadeira, bomba d’água, tanque de
expansão, trator, sementes e venenos”. O entrevistado da propriedade D: “Trator, sementes
tratadas, adubos, maquinários em geral, ordenhadeira e tanque de expansão”. O entrevistado
da propriedade E: “Trator, sementes, ordenhadeira, tanque de expansão e outros maquinários
agrícolas”. O entrevistado da propriedade F: “Ordenhadeira, tanque de expansão, sementes
tratadas, adubos, veneno e trator”. A entrevistada da propriedade G: “Ordenhadeira, tanque
de expansão, sementes tratadas, adubos, veneno, trator, foice e enxada”. A entrevistada da
propriedade H: “Trator, aquecedor do aviário, silos, ração, ordenhadeira, tanque de
expansão, venenos, sementes tratadas e lonas”. O entrevistado da propriedade I: “Sementes
tratadas, trator, venenos e plantadeira”. O entrevistado da propriedade J: “Adubos, trator,
Ordenhadeira, tanque de expansão, sementes, venenos, maquinários agrícolas, foice e
enxada”.
Na questão sete, foi perguntados aos(as) entrevistados(as), o local onde os mesmos
compram os insumos usados na sua propriedade e lavoura. Sendo que dos(as) dez
entrevistados(as) todos disseram comprar na cooperativa da cidade Coasul, além da
cooperativa, quatro disseram comprar em casas agropecuárias e um em empresa determinada.
As respostas foram: O entrevistado da propriedade A disse que todos os insumos são
comprados na cooperativa da cidade (Coasul). A entrevistada da propriedade B falou que pros
suínos em uma empresa determinada, já no restante, todos são comprados na cooperativa da
cidade (Coasul). A entrevistada da propriedade C relatou que os insumos utilizados são
comprados na cooperativa da cidade (Coasul) e nas casas agropecuárias. Os entrevistados das
propriedades D, E e F relataram que todos os insumos usados nas propriedades e nas lavouras
são comprados na cooperativa da cidade (Coasul). As entrevistadas das propriedades G e H
disseram que os insumos usados nas propriedades são comprados na cooperativa da cidade
(Coasul) e nas casas agropecuárias. O entrevistado da propriedade I disse que todos os
insumos utilizados são comprados na cooperativa da cidade (Coasul). O entrevistado da
propriedade J relatou que os insumos usados na propriedade e na lavoura são comprados na
cooperativa da cidade (Coasul) e nas casas agropecuárias.
Na questão oito foi questionado aos(as) entrevistados(as) se já aconteceu algum
imprevisto na sua rotina de trabalho. Sendo que para os(as) dez entrevistados(as) oito
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relataram que já aconteceu imprevistos na sua rotina de trabalho e dois disseram que não. As
respostas foram: O entrevistado da propriedade A afirmou que ainda não ocorreu nenhum
imprevisto na sua rotina de trabalho. Fala da propriedade B. “Imprevistos sempre acontecem,
às vezes uma vaca fica doente, ai temos que correr atrás de remédio e de veterinário”. A
entrevistada da propriedade C relatou que não ocorreu nenhum imprevisto na sua rotina de
trabalho. Fala do entrevistado da propriedade D. “É o que mais acontece, o clima pode ser
um, onde se chover de mais ou de menos já prejudica a safra”. O entrevistado da propriedade
E disse que já aconteceram imprevistos na sua rotina de trabalho. Fala do entrevistado da
propriedade E. “Sim, vários, a gente sente muito na lavoura, quando da seca, a perca é
grande, a gente procura ajuda do governo nessas horas o ‘proagro’, tem que se virar ir
atrás.” Fala do entrevistado da propriedade F. “Sempre da sim, minha ceifa quase queimou,
pois pegou fogo, mas com o extintor consegui apaga”. Fala da propriedade G. “Acontece sim,
no campo sempre acontece, um equipamento que quebra, e daí temos que arrumar, um animal
que fica doente e daí temos que trata”. Fala da propriedade H. “Sim, de vez em quando
acontece algum imprevisto, com as vacas, mais na hora de parir algumas têm complicações,
aí fazemos tratamento com medicamentos”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Sim, a
seca que ocorreu este ano, sendo que não é a primeira, porque já teve outras, onde a gente
pede “proagro”, se bem que nem sempre a gente ganha também”. Fala do entrevistado da
propriedade J. “Sim, sempre dá, tanto com as vacas como no plantio, aí se forem as vacas
procuramos o veterinário e tratamos com remédios, já na roça é mais quando da seca e o
milho não rende pra silagem, aí temo que nos virar e planta de novo”.
A questão nove abordou quanto à compra, armazenamento e manuseio de produtos
químicos como ‘fertilizantes, adubos e agrotóxicos’ sendo que foi questionado aos(as)
entrevistados(as) se tomam estes devidos cuidados necessários exemplificando-os. Dos(as)
dez entrevistados(as) nove afirmaram tomar sim os devidos cuidados básicos quanto à
compra, o armazenamento e o manuseio de produtos químicos e um disse que toma os
devidos cuidados, na maioria das vezes. Sendo que as respostas foram: Fala do entrevistado
da propriedade A. “Sim. Cuidamos na hora de guarda e quando usa, colocamos mascara né,
luva, roupa comprida, bota, tem que se cuidar e fazer tudo certinho”. Fala da entrevistada da
propriedade B. “Sim. O cuidado é já no transporte, não misturamos com outras coisas, lava e
devolve as embalagens depois de usá-las, usamos as roupas corretamente para passar
veneno”. Fala da entrevistada da propriedade C. “Sim. Bom, a gente tem pouco tempo de
armazenamento, porque a gente compra e já usa né, e deixa guardado num lugar seguro só
pra eles (os agrotóxicos). Fala do entrevistado da propriedade D. “Sim. É comprado em lugar
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garantido e seguro, e é guardado em local seguro e o manuseio é feito bem com a tríplice
lavagem das embalagens e usamos proteção”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. A
gente guarda bonitinho, lava e devolve as embalagens e se cuida né”. Fala do entrevistado da
propriedade F. “Sim. Bom com agrotóxico a gente toma os cuidados que se deve, bom, pelo
menos se tenta fazer na maioria das vezes né”. Fala da entrevistada da propriedade G. “Sim.
Há a gente deixa os venenos mais separados das outras coisas, já compra quando vai usa e
fica bem seguro né”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Sim. A gente compra na
cooperativa, armazena em local seguro e por pouco tempo, e ao manusear cuidamos e
realizamos a tríplice lavagem das vasilhas e entregamos na cooperativa novamente”. Fala do
entrevistado da propriedade I. “Sim. Compramos em lugar seguro, guardamos em lugar
certo, fazemos a lavagem das embalagens e a devolução delas e na hora de passa também,
porque passo com o trator”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Sim. Certeza os venenos
têm que ser separados das outras coisas, guardados em lugar seguro e tem que se cuidar
quando for passa também”.
Na questão dez foi questionado aos(as) entrevistados(as) se eles(as) têm o
conhecimento e se fazem o uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) no dia a dia
do seu trabalho, e se sim para exemplificar. Onde dos(as) dez entrevistados(as) sete relataram
que fazem sim o uso dos EPIs no dia a dia do seu trabalho e três afirmaram que fazem o uso
na maioria das vezes. As respostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A. “Sim.
Usamos o que precisa, depende do que vai fazer, daí usamos bota, luva e outras coisas pra
ficar seguro”. Fala da entrevistada da propriedade B. “Sim. Tem que usa bota, luva, macacão
e avental, porque no serviço precisa disso”. Fala da entrevistada da propriedade C. “Sim. Há
bota de borracha, e, quando está muito frio, luva para ordenhar, na roça, com o veneno é
mais meu esposo que mexe, aí ele usa o que precisa, máscara, bota e luva”. Fala do
entrevistado da propriedade D. “Sim, tenho o conhecimento. Então usamos na maioria das
vezes os equipamentos, mas às vezes não usamos ou esquecemos, acontece né, mas na
maioria usamos sim”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. Máscaras, luvas e roupas
pra passar veneno, tudo certinho”. Fala do entrevistado da propriedade F. “Sim. Eu uso o que
precisa pra determinado serviço, como botas, luvas, máscaras, depende do que eu vou fazer”.
Fala da entrevistada da propriedade G. “Sim tenho o conhecimento. Bem, é mais usado
máscara, bota e luva, já a roupa nem sempre, isso pra passar veneno, e usamos bota no dia a
dia porque precisamos”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Sim. Usamos quando
trabalhamos no aviário, botas e máscaras e para passar veneno também usamos máscaras,
luvas, botas e roupas próprias pra passar veneno”. Fala do entrevistado da propriedade I.
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“Sim, tenho o conhecimento. Bom, botas, luvas e máscaras de vez em quando, porque se é
bem pouco veneno para passar, às vezes, não uso máscara não”. Fala do entrevistado da
propriedade J. “Sim. Uso porque precisa, tem que se cuidar pra tudo, não só quando for
passar veneno, colocar bota, roupa certa, luva e máscara”.
Na questão onze foi perguntado aos(as) entrevistados(as): com o passar dos anos, a
agricultura passou por algumas mudanças, essas mudanças foram boas ou ruins? E quais
foram essas mudanças? Nessa questão todos os(as) dez entrevistados(as) disseram que as
mudanças ocorridas durante todos esses anos na agricultura foram boas. As respostas foram:
Fala do entrevistado da propriedade A. “Boas. Essas mudanças sempre foram boas, antes era
a muque (braçal) ai veio o trator, o veneno, as técnicas, as sementes de melhor qualidade, a
plantadeira, que não precisa arar a terra, a passadora de veneno, que antes era tudo com a
máquina nas costas, tudo era bem mais sofrido para nós antigamente”. Fala da entrevistada
da propriedade B. “Boas. Antes era tudo manual e mais com adubo caseiro, tinha menos
gastos, hoje é mais fácil, tudo tratorizado, tem menos serviços, mas gastamos mais também,
não sofremos tanto trabalhando no sol quente se queimando”. Fala da entrevistada da
propriedade C. “Boas. Porque sempre vai evoluindo, na agricultura colhemos mais porque
investimos mais nas vacas, melhorou porque investimos também e por causa das facilidades
dos financiamentos mais fáceis, aí compramos mais coisas ordenhadeira, trator e
maquinários, deu pra investir na propriedade”. Fala do entrevistado da propriedade D. “Boas.
Pra começar a modernização no trabalho facilitou, antes era tudo com boi (tração animal),
hoje não, o trator e os meios mais modernos facilitaram a nossa vida”. Fala do entrevistado
da propriedade E. “Boas. Pra agricultura foi melhor tudo dá mais, a produção aumentou,
mas aumentou também o uso dos venenos, hoje em dia tudo mudou e para as vacas melhorou,
porque antes era tudo a muque (braçal) pra ordenhar agora já tem a ordenhadeira”. Fala do
entrevistado da propriedade F. “Boas. Desde o plantio direto, hoje estamos produzindo mais,
estragamos menos a terra e também na nossa produção rende mais que antes”. Fala da
entrevistada da propriedade G. “Boas. Antes não existia silagem para as vacas, hoje tem, aí
tratamos elas o ano todo com isso, antigamente não tinha piquetes de pastos para as vacas
comerem, era plantado capim e cortado tudo a muque (braçal), na agricultura também ficou
melhor”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Boas. Pra mim quanto a tirar leite era tudo
na mão, hoje em dia tem a ordenhadeira, aí fica mais fácil, antigamente não existia a silagem
como tem hoje, onde podemos tratar as vacas o ano todo”. Fala do entrevistado da
propriedade I. “Boas. Antes era tudo com os bois pra arar e lavrar, a colheita era feita tudo a
muque (braçal), colher, trilhar tudo aquilo levava dias, hoje é tudo mais fácil, tem o trator e a
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ceifa”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Boas. Na parte técnica, que antes era tudo a
muque (braçal), ou nas costas, hoje é tudo com o trator, tudo motorizado, hoje com as
máquinas vai mais rápido e rende mais do que antes, até que você pegava os bois, encangava
eles e até que chegava na roça, nossa, hoje com o trator você ganha mais tempo”.
Na questão doze foi questionado aos(as) entrevistados(as) qual mudança ou tecnologia
que aconteceu no campo foi mais importante, e por que, tendo como opções (uso de
agrotóxicos, adubos químicos, implantação de maquinários agrícolas, todas ou nenhuma).
Sendo que dos(as) dez entrevistados(as) nove disseram que todas as mudanças e tecnologias,
ocorridas no campo foram importantes, e um entrevistado disse que para ele a mais
importante foi à implantação dos maquinários agrícolas. As respostas foram: Fala do
entrevistado da propriedade A. “Todas. Foram importantes para nós, antes demorava, mas
agora com o trator é tudo rapidinho né, a gente faz mais coisas em menos tempo, e se judia
menos também”. Fala da entrevistada da propriedade B. “Todas. Uma coisa puxa a outra,
porque não adianta dizer só uma, são todas elas”. Fala da entrevistada da propriedade C.
“Todas. Por que o que adianta ter um e não ter o outro? tenho o trator e a plantadeira, mas
não tenho uma boa semente, um adubo”. Fala do entrevistado da propriedade D. “Pra mim
foram os maquinários, isso ajudou e muito, pra nós, porque tem mais facilidade de se
trabalhar e pra fazer as coisas”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Todas. Se não fosse
isso nós iríamos produzir menos, iríamos parar no tempo, tem que ir junto, acompanhando os
avanços, senão a gente apanha e fica pra trás”. Fala do entrevistado da propriedade F.
“Todas. Porque tudo ajudou a gente a evoluir no nosso trabalho, com os maquinários, nossa,
ajudou e muito”. Fala da entrevistada da propriedade G. “Todas. Pra mim todas foram boas
porque com os adubos e os venenos a gente pode colher mais né, ai rende mais, e os
maquinários também”. Fala da entrevistada da propriedade H. “Todas. Com essas tecnologias
as coisas se tornaram mais práticas, mais fáceis no dia a dia do campo, antes no aviário para
remover a cama era tudo manual, hoje tem as máquinas que fazem tudo automaticamente,
precisa apenas saber manuseá-las”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Todas. Tudo foi
bom, antes era tudo mais difícil, demorava mais pra plantar, colher, hoje é mais fácil, tudo
com as máquinas, antes tínhamos que carpir, hoje passamos veneno na roça, diminui o tempo
e dá pra fazer outros serviços”. Fala do entrevistado da propriedade I. “Todas. Porque com
tudo isso, melhorou pra nós, não adianta só uma coisa tem que ser tudo, porque não adianta
só ter o trator e não ter o resto (arrado, plantadeira, o veneno) então todas foram
importantes”.
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Na questão treze foi perguntado aos(as) entrevistados(as) se os produtos produzidos na
propriedade são orgânicos (sim ou não) ou se são mistos. Sendo que todos(as) disseram que
os produtos produzidos nas suas propriedades são mistos. Sendo que as respostas foram: Fala
do entrevistado da propriedade A. “O que é para a venda, é utilizado veneno, já o que é para
o consumo próprio, não se utiliza nenhum tipo de agrotóxico”. Fala da entrevistada da
propriedade B. “Porque na lavoura não tem como fugir do veneno né, agora coisa pouca não
precisa e qualquer coisa fazemos um veneno orgânico/caseiro, assim como o adubo”. Fala da
entrevistada da propriedade C. “Bom, coisas da horta são orgânicos, mas agora as outras
coisas tem que passar veneno senão não dá”. Fala do entrevistado da propriedade D. “O que
produzimos na horta pra nós comermos é orgânico, o resto tem veneno porque senão não dá
nada”. Fala do entrevistado da propriedade E. “Consumo próprio não tem veneno, mas os
produtos pra venda sim, senão não dá nada que preste pra ser vendido”. Fala do entrevistado
da propriedade F. “Pro consumo próprio são orgânicos, já os produtos da lavoura são todos
com veneno, porque não se produz nada hoje em dia sem veneno”. Fala da entrevistada da
propriedade G. “Tudo que é pra nós comermos é orgânico, sem veneno, agora o milho e a
soja têm que ter veneno, há o pasto das vacas também, nós também passamos veneno”. Fala
da entrevistada da propriedade H. “Porque o que a gente come da horta e as frutas são
orgânicas, já o que é para a venda usamos agrotóxicos, o milho pra silagem temos que
passar veneno, senão ele não dá”. Fala do entrevistado da propriedade I. “As coisas da horta,
e umas coisinhas que plantamos pra comer como mandioca e frutas são sem veneno, agora o
que planto na lavoura tem que passar veneno se não, não dá nada”. Fala do entrevistado da
propriedade J. “O que plantamos na horta não tem veneno, já o resto tem porque senão os
bichinhos comem tudo e não da nada, hoje, como se diz, é tudo na base do veneno”.
Na questão quatorze foi perguntado aos(as) entrevistados(as) se eles(as) têm algum
problema de saúde devido ao seu trabalho no campo, se sim mencioná-los. Sendo que dos(as)
dez entrevistados(as), seis afirmaram ter algum problema da saúde devido ao trabalho que
realizou e que ainda realiza no campo, e quatro disseram não ter problema algum de saúde. As
repostas foram: Fala do entrevistado da propriedade A. “Sim. Tenho asma e alergia devido à
poeira quando eu triava soja, milho a muque na trilhadeira, nossa, vinha àquela poeira e a
gente ficava lá no meio daquilo, hoje eu nem posso ficar perto do pó olha que já me ataca os
pulmões. Se fosse hoje em dia não, talvez não teria nada, porque não precisa fazer isso mais
manualmente e antigamente não tinha nada de máscara”. Fala da entrevistada da propriedade
B. “Sim. Problema na coluna, devido ao excesso de peso na hora da colheita braçal, puxar
água nas costas, arar a terra com os bois”. A entrevistada da propriedade C disse que não
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tem nenhum problema de saúde, devido ao trabalho que realizou no campo. O entrevistado da
propriedade D relatou que não tem nenhum problema de saúde, devido ao trabalho seu
realizado no campo. Fala do entrevistado da propriedade E. “Sim. Bom, eu tenho muita dor
nos meus joelhos e nas costas, ainda mais na época do plantio e colheita, nossa, é
complicado”. Fala do entrevistado da propriedade F.”Sim. Eu já sofri intoxicação quando eu
fui lavar a máquina de veneno, nossa, foi um descuido meu, mas nunca mais sofri”. As
entrevistadas das propriedades G e H relataram que não têm nenhum problema de saúde
devido ao trabalho que realizou no campo. Fala do entrevistado da propriedade I. “Sim. Tenho
muita dor nas costas, devido ao meu trabalho forçado no campo, quando era mais novo,
desde criança trabalhava puxando e carregando peso e acabei machucando as minhas
costas”. Fala do entrevistado da propriedade J. “Sim. Problema de coluna a mais de 15 anos
por ter me judiado muito quando era mais novo, carregando muito peso e por não ter me
cuidado direito, é que antigamente era assim, tinha que pegar no serviço pesado desde
novo”.
Na questão quinze foi questionado aos entrevistados(as) se os mesmos consideram o
trabalho que realizam no campo de risco sim ou não e por que. Sendo que dos(as) dez
entrevistados(as) cinco relataram que consideram de risco o trabalho que realizam no campo,
e cinco falaram que não consideram de risco. As respostas foram: Para o entrevistado da
propriedade A o mesmo relatou que não considera o trabalho que realiza no campo de risco.
Para a entrevista da propriedade B a mesma afirma que considera sim o trabalho que realiza
no campo de risco. Fala da entrevistada da propriedade B. “Bom, sempre tem risco porque
esses dias numa cidade vizinha um trabalhador morreu fazendo silagem, e nós também
fazemos não estamos livre disso”. Para a entrevistada da propriedade C a mesma disse que
não considera o trabalho que realiza no campo como de risco. Para o entrevistado da
propriedade D o mesmo relatou que não considera o trabalho que realiza no campo de risco.
Para o entrevistado da propriedade E o mesmo afirmou que não considera o trabalho que
realiza no campo como um trabalho de risco. Para o entrevistado da propriedade F o mesmo
relatou que considera sim o trabalho que realiza no campo como um trabalho de risco. Fala do
entrevistado da propriedade F. “Porque se você mexe com o maquinário já está correndo
risco né de sofre um acidente ou de se machuca”. Para a entrevistada da propriedade G a
mesma disse que não considera o trabalho que realiza no campo como de risco. Para o
entrevistado da propriedade H o mesmo relatou que considera sim o trabalho que realiza no
campo como um trabalho de risco. Fala do entrevistado da propriedade H. “Porque nunca
estamos livres de sofrer algum acidente, de se machucar ou de sofrer alguma intoxicação com
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algum produto”. Para o entrevistado da propriedade I o mesmo disse que considera sim o
trabalho que realiza no campo de risco. Fala do entrevistado da propriedade I. “Há risco
sempre tem, por mais que se cuidamos, mas ninguém está livre de que aconteça alguma coisa
né, no campo a gente está sujeito à tudo”. Para o entrevistado da propriedade I o mesmo
afirmou que considera sim o trabalho que realiza no campo de risco. Fala do entrevistado da
propriedade I. “Porque já sofri acidentes, até porque disso ninguém está livre, ainda mais no
campo, acidentes ou riscos, estamos sempre correndo, querendo ou não”.
3.3 ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS
As entrevistas foram realizadas com dez agricultores(as) familiares do município de
Sulina-PR, sendo seis agricultores e quatro agricultoras, conforme o Gráfico A, que se
encontra no Apêndice D. A idade dos agricultores(as) familiares consta no Gráfico B, que se
encontra no Apêndice D, sendo que o entrevistado mais velho é da propriedade A com setenta
anos, e a mais jovem entrevistada é da propriedade G com trinta e nove anos, além disso,
temos três entrevistados(as), com idades acima de cinquenta anos, e cinco abaixo.
Nas entrevistas com os(as) dez agricultores(as) familiares, sete desenvolvem mais de
um tipo de produção ou atividade na propriedade rural, para complementar a renda familiar, e
três se dedicam apenas a um tipo de atividade. A dedicação exclusiva a uma produção é
devido à pouca quantidade de terras produtivas para o plantio, sendo que, na maioria das
vezes, essas terras estão comprometidas com terrenos em declives e morros, nascentes de
água, encostas de rios e banhados, o que impossibilita o plantio e aproveitamento dessas
terras.
Por meio das entrevistas, foi possível perceber que a produção agrícola desenvolvida
pelos(as) agricultores(as) familiares entrevistados é a soja e o milho, sendo que a
armazenagem da produção é feita pela cooperativa Coasul, localizada no município. Devido à
pouca produção desenvolvida nas propriedades, não compensa o(a) agricultor(a) investir na
armazenagem própria, o que incluiria a compra de silos e secadores de grãos, um
investimento muito elevado para quem tem uma pequena produção agrícola.
Pode ser dizer ainda que, o grupo de entrevistados(as) é composto por agricultores(as)
familiares que possuem a propriedade rural do tamanho de 06.03 hectares à 24 hectares, todos
são casados, da cor branca. Quanto à escolaridade, seis têm o ensino fundamental incompleto,
sendo eles(as) das propriedades A, C, E, G, I, e J, já com ensino fundamental completo
verifica-se dois, das propriedades B e D, e com ensino médio completo temos os(as)
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entrevistados(as) das propriedades F e G. Constatou-se quatro entrevistados(as), das
propriedades, sendo elas D, F, G e H, que possuem filhos menores de idade, com idades de
quatro à dezoito anos.
Com relação à produção, todos produzem para o auto consumo e para venda, variando
entre aqueles possuem apenas um tipo de produção, como nas propriedades C e J, que
trabalham somente com a agropecuária de leite, e na propriedade I somente com a agricultura,
enquanto as demais propriedades desenvolvem vários tipos de produção, como a agricultura,
suinocultura, avicultura e a agropecuária de leite, sendo que isso é característico da pequena
propriedade, desenvolver mais de uma atividade para poder se manter.
Na segunda parte das entrevistas, realizadas com os(as) agricultores(as), percebe-se
por meio de seus relatos que a modernização agrícola, que ocorreu no campo teve seu lado
positivo e negativo, ou seja, a mesma trouxe e desencadeou vários impactos na qualidade de
vida e saúde destes(as) agricultores(as), assim como para a suas famílias. Os impactos foram
positivos pelo fato que hoje em dia se produz mais do que antigamente, o trabalho é menor, há
mais facilidade no plantio, assim como na colheita, devido à introdução dos maquinários e
dos insumos agrícolas. Já os impactos foram negativos quando se tem a contaminação de todo
o meio ambiente pelo uso descontrolado e desenfreado dos produtos químicos, o
desmatamento e o assoreamento dos rios e das fontes de água potável, que acabam, ao longo
do tempo, fragilizando a saúde e o bem estar de toda a população.
Percebe-se, por meio dos relatos, que os(as) entrevistados(as) buscam tomar os
devidos cuidados e que tem o conhecimento dos EPIs, porém, nem todos os usam da forma
mais correta, sendo que os motivos são os mais variados possíveis, mas nenhum motivo é
forte o bastante para não se prevenir e não tomar as devidas precauções.
Os(as) agricultores(as) familiares entrevistados(as) tem o conhecimento que um
alimento que é produzido sem agrotóxicos é melhor para a saúde, os alimentos tidos como
orgânicos, tanto que isso foi constatado durante as entrevistas, na qual todos(as) relataram que
os alimentos para o consumo próprio são orgânicos, já os que são destinados à venda possuem
agrotóxicos, devido à várias condições, como o ataque de pragas e doenças, que são
inevitáveis sem o seu uso.
Outro fator interessante, foram os problemas de saúde que os(as) entrevistados(as)
relataram sofrer devido ao trabalho que realizaram e que ainda realizam no campo, sendo que
dos(as) dez entrevistados(as) seis afirmaram ter problemas de saúde, e quatro relataram não
sofrer de problema algum. Por meio dos relatos coletados com os(as) agricultores(as)
familiares, pode-se perceber que muitos dos problemas que ocorrem com eles(as), os mesmos
62
não os relacionam, com as atividades que realizam no seu trabalho no campo, como sentir
uma dor de cabeça, ardor ou queimação na pele, após ter passado ou de ter sido exposto ao
contato com agrotóxicos, ou até mesmo ao sol forte, um stress elevado, problemas cardíacos
ou até depressão, devido à preocupação no trabalho, se irá chover ou fazer seca, se a colheita
será boa, se terá lucros ou se mal conseguirá pagar as dívidas, como os financiamentos e
empréstimos.
Sabe-se que a implantação de novas tecnologias no meio agrícola, auxiliou os
agricultores, de modo geral, a produzir mais, em um curto espaço de tempo, mas também os
expôs a uma série de riscos para com a sua saúde. São inúmeros os casos de mutilações e
amputações de membros que foram notificados a partir dos anos de 1960, de mortes por
intoxicações, de cânceres e de várias outras doenças, que, na maioria, não são associados às
mudanças que ocorreram no cenário agrícola brasileiro.
Com relação aos acidentes de trabalho, os considerados graves foram apenas três,
tendo em vista que conforme os relatos dos(as) entrevistados(as), acidentes no meio rural são
frequentes, uma vez que o(a) agricultor(a) familiar, ao executar alguma atividade, não está
livre de sofrer algum acidente, como se cortar, cair, levar uma martelada, e assim por diante,
mas para eles(as) isto é tão frequente que eles(as) nem consideram como acidentes de
trabalho, para eles(as) é algo comum.
Quanto à qualidade de vida no dia a dia do trabalho no campo, os(as) agricultores(as)
familiares relataram ser boa, pois gostam do que fazem, uma vez que a vida no campo para
eles(as) é mais calma e tranquila. Foi possível perceber, por meio dos relatos, que os(as)
agricultores(as) valorizam muito o local onde moram e pensam na qualidade de vida da
família, eles(as) afirmam que com a vinda dos insumos, como o trator e a ordenhadeira ficou
mais fácil para executar as suas atividades.
Quando questionados se as mudanças que ocorreram no campo foram boas ou ruins,
todos afirmaram que foram boas, tendo em vista que os mesmos desenvolvem um esforço
menor e realizam suas atividades em tempo menor, como eles mesmos relatam: “ficou mais
cômodo pra nós”, pois há o trator, o arado, a plantadeira, as sementes melhoradas, os
agrotóxicos para combater as pragas, a ceifa para a lavoura. Com relação à ordenha, há os
tanques de expansão ou os resfriadores para manter o leite e a ordenhadeira para ordenhar as
vacas. Por meio destes insumos, foi possível aumentar a produção e diminuir o tempo gasto
na execução da mesma. Mas, deve-se levar em conta que foi por meio dessa “acomodação”
que muitas doenças começaram a aparecer na vida dos agricultores familiares e trabalhadores
rurais.
63
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa, foi possível aprofundar o conhecimento quanto à saúde dos
moradores da área rural, mais precisamente a saúde dos agricultores familiares da Região
Sudoeste do Estado do Paraná, e entender como a modernização agrícola influenciou e ainda
influência na saúde e na qualidade de vida dessas pessoas.
É com a modernização agrícola do país, em meados de 1950 e 1960, que se tem uma
mudança no meio rural, com: a introdução de novas técnicas, a mecanização do campo, a
introdução de pacotes tecnológicos, a liberação de créditos rurais, e o incentivo do governo
pelo plantio da monocultura.
Nesse contexto, temos também a questão agrária, sendo que quem mais sofreu as
consequências desses processos foram os agricultores familiares, como vimos, com o aumento
da introdução de novas técnicas no campo, a pequena propriedade sofreu em algumas regiões,
mais que em outras, passou por muitos conflitos. Com isso, a questão agrária se intensificou
cada vez mais, sendo que o resultado é a concentração da terra cada vez mais nas mãos dos
grandes latifundiários, ou seja, para uma pequena minoria de pessoas. Sabe-se que o
agricultor familiar sofre pressões para abandonar suas terras, de todos os lados, quando não é
dos latifúndios que estão esmagando e sufocando, tanto ele como sua propriedade, é o
mercado exigindo uma maior produtividade, eficácia e eficiência, por meio do acesso aos
créditos ou da qualidade dos produtos.
Além da questão agrária temos a questão ambiental, conforme relatos dos(as)
agricultores(as) familiares e observações durante a realização das entrevistas, antigamente, o
meio ambiente não era tão desprotegido e poluído como está hoje, se tinha mais árvores e
matas, os rios não sofriam com escassez das águas, e até mesmo o clima, conforme os(as)
entrevistados(as), era regular, : hoje em dia, não há uma definição precisa das estações do ano,
o que atrapalha, a sazonalidade da agricultura e a vida do homem do campo. Com a
modernização agrícola, e com a gana de plantar cada vez mais, e em pedaços maiores de
terras, não se tem preservado nem as barrancas e encostas de rios ou sangas, surgindo, assim,
o assoreamento da terra e a contaminação da água.
Percebe-se que as consequências e os impactos da modernização agrícola na qualidade
de vida e saúde do agricultor familiar, como já constatado, tiveram dois lados, ou seja, houve
uma contradição com o ‘bom e o ruim’. O bom por ter um avanço nos meios de produção,
com a implantação de novas tecnologias, sendo que com isso, o trabalho no campo passa a
requerer menos esforço físico dos agricultores familiares bem como dos trabalhadores rurais,
64
já o lado ruim se deve pelo fato da exposição dessas pessoas ao perigo do campo, ou seja, no
manejo dos maquinários agrícolas sem os devidos conhecimentos, o contato com agentes
químicos dentre eles os agrotóxicos, uma vez que para utilizar o mesmo, se requer cuidados
específicos, ou seja, estes passam a ser um problema invisível, com consequências diretas e
indiretas na saúde e no bem estar dos agricultores familiares, bem como dos trabalhadores
rurais, sendo quase impossível dimensionar as perdas e os danos acometidos.
Quando trabalhamos a saúde dos agricultores familiares, deve se analisar que os
trabalhos que os mesmos desenvolvem no campo, juntamente com a família, se confunde
como um trabalho para si próprio, ou seja, com isso o valor de uso desse trabalho acaba
camuflando os acidentes que seriam de trabalho, e que passam a não ser, uma vez que
provocado no âmbito de seu próprio trabalho, sendo que, em relatos das entrevistas, percebeu-
se que todos(as) os(as) agricultores(as) entrevistados(as) mencionaram ter sofrido acidentes
de trabalho, mas como relatado “era coisa pouco isso nem se conta”, apenas três entrevistados
admitiram tem sofrido acidentes de trabalho considerados graves e de relevâncias para eles.
Pelo fato dos(as) próprios agricultores(as) familiares não darem importância para pequenos
acidentes que os acometem no dia a dia do seu trabalho no campo, presume-se que este
processo de não reconhecimento do acidente, como acidente de trabalho, dificulta a
sistematização das informações pelo sistema único de saúde no Brasil.
Por meio das pesquisas bibliográficas e dos depoimentos das entrevistas com os(as)
agricultores(as) familiares, pode-se perceber que as consequências e os impactos da
modernização agrícola na qualidade de vida e saúde do agricultor familiar, foram várias, uma
vez que a utilização de certos venenos nem existia, e quando se utilizava, na maioria das
vezes, era em pequenas quantidades, ou era na base da capina mesmo. Atualmente se há
algum mato, pode até ser uma quantia pequena, o que vemos são pessoas passando veneno e
muitas vezes totalmente desprotegidas. Nos relatos das entrevistas, os(as) agricultores(as)
afirmaram que a saúde e a qualidade de vida do povo do campo era mais saudável
antigamente do que nos dias de hoje, onde era tudo, na grande maioria, cultivado sem o uso
dos produtos químicos, era tudo natural. Tanto o agricultor familiar, quanto o trabalhador rural
não tinham contato e nem ficavam expostos aos produtos químicos, o trabalho era todo
manual com enxadas, foices, arados movidos à tração animal, e outros instrumentos de
trabalho. Por isso, consideram como “bom” a substituição por equipamentos que diminuem o
uso da força humana e animal pelo combustível ou energia.
Concluindo, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para com os agricultores
familiares do município de Sulina e também para o Serviço Social, para que se incentivem
65
mais estudos relacionados à saúde do agricultor familiar e dos trabalhadores rurais e os
cuidados que os mesmos devem ter ao exercer seu trabalho no campo, uma vez que são os
responsáveis por produzir grandes riquezas em nosso país. Ou seja, por meio desta pesquisa
não só os agricultores familiares, mas também a sociedade em geral poderá ter acesso ao
conteúdo e com isso ter uma visão mais real do cotidiano da vida do agricultor familiar e dos
trabalhadores rurais.
66
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71
APÊNDICE A: INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CURSO: SERVIÇO SOCIAL – 4º ANO
PROFESSORA ORIENTADORA DE TCC: Rosana Mirales
ACADÊMICA: Vidiane Forlin
OBJETIVO GERAL DA PESQUISA: “Analisar as consequências e os impactos da
modernização agrícola na qualidade de vida e saúde do trabalhador rural de pequena
propriedade”
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS: Entrevista Semiestruturada
SUJEITOS DA PESQUISA: Trabalhadores rurais de pequenas propriedades do
município de Sulina/PR.
DATA DA ENTREVISTA: _____/_____/2012
Nº DA ENTREVISTA: _____________
Caracterização da família, do (a) entrevistado (a) e da propriedade e Formulário de
Entrevista.
Propriedade: ( )
Idade do
Entrevistado (a):
( ) Anos
Escolaridade:
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Superior
( ) Analfabeto
Membro da
família:
( ) Pai
( ) Filho (a)
( ) Mãe
( ) Avó/Avô
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Cor: ( ) Branco
( ) Pardo
( ) Negro
( ) Amarelo
Estado civil: ( ) Casado
( ) Separado
( ) Solteiro
Tem filhos: ( ) Sim ( ) Não
Quantos filhos: ( ) 1 a 2
( ) 3 a 4
( ) 5 a 6
( ) Mais __________
Quantos filhos
ainda estão na
propriedade:
( )______
( ) Todos
( ) Nenhum
72
Idade dos filhos: ( ) Anos ( ) Anos
( ) Anos ( ) Anos
( ) Anos ( ) Anos
( ) Anos ( ) Anos
Escolaridade dos
filhos:
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Fundamental Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Superior Completo
( ) Ensino Superior
Incompleto
Renda mensal da
família:
( ) 1 a 2 salários mínimos
( ) 5 a 6 salários mínimos
( ) 3 a 4 salários mínimos
( ) Mais
Tamanho da
propriedade:
___________ Hectares ou ____________ Alqueires.
Produção da
propriedade é
voltada para:
( ) Consumo Próprio
( ) Venda
( ) Ambos
A propriedade
disponibiliza de
água potável
própria:
( ) Sim
( ) Não
Se a propriedade
não disponibiliza
de água própria,
ela é
disponibilizada:
( ) Sanepar
( ) Vizinho
A propriedade
possui área de
preservação
ambiental:
( ) Sim
Se sim quantos hectares ou
alqueires?_____________________
( ) Não
A propriedade
desenvolve a
produção:
( ) Agrícola
( ) Agropecuária de Corte
( )Agropecuária de Leite
( ) Suinocultura
( ) Avicultura
( ) Outros ________________
Como se da à
armazenagem dos
produtos
produzidos pela
propriedade
( ) Armazenagem própria
( ) Armazenagem em cooperativas
( ) Armazenagem em
serialistas.
73
1. Para o Sr.(a) a modernização da agricultura com a introdução de técnicas mais avançadas
de produção trouxeram algum impacto na sua qualidade de vida e saúde? Descreva.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Como é sua qualidade de vida no dia-a-dia do seu trabalho no campo?
( ) Boa ( ) Ótima ( ) Regular ( ) Ruim
Descreva:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim exemplifique.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. O Sr. (a) é associado de:
( ) Cooperativa / nome: ____________________________________________________
( ) Sindicato / nome: ______________________________________________________
( ) Associação / nome: _____________________________________________________
5. Se o Sr. (a) for associado de alguma cooperativa, sindicato ou associação, os mesmos
oferecem alguma forma de prevenção quanto:
( ) Manuseio de agrotóxicos;
( ) Cuidados com a saúde;
( ) Prevenção de acidentes;
74
( ) Qualidade de vida.
Como se deram estas prevenções, através de cursos, palestras, reuniões ou folders
explicativos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6. Quais são os seus insumos (sementes, adubos, defensivos, maquinários) de trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. Como e onde são comprados os insumos usados na sua lavoura?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Já aconteceu algum imprevisto na sua rotina de trabalho? Qual? E o que foi feito?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. Quanto à compra, armazenamento e manuseio de produtos químicos (fertilizantes, adubos
e agrotóxicos) o Sr. (a) toma os devidos cuidados necessários? Se sim quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
75
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10. O Sr. (a) tem o conhecimento e faz o uso dos EPIs (Equipamento de proteção individual)
que são luvas, mascaras, roupas adequadas para determinados serviços, botas e outros no
dia-a-dia do seu trabalho?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Com o passar dos anos, a agricultura passou por algumas mudanças, para o Sr. (a) essas
mudanças foram boas ou ruins? Quais foram estas mudanças descreva uma a uma?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12. Para o Sr. (a) qual mudança ou tecnologia que aconteceu no campo foi mais importante?
( ) Uso de agrotóxicos; ( ) Todas;
( ) Adubos químicos; ( ) Nenhuma.
( ) Implantação de maquinários agrícolas;
Exemplifique________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
76
13. Os produtos produzidos na propriedade são orgânicos?
( ) Sim ( ) Não ( ) Mistos
Por que:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. O Sr. (a) tem algum problema de saúde devido ao seu trabalho no campo?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual?________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15. O Sr. (a) considera o trabalho que realiza no campo de risco? Se sim por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
16. Desenho ou croqui da propriedade?
77
Propriedade A B C D E F G H I J
Idade
d’entrevistado.
70 56 48 51 49 42 39 40 68 48
Escolaridade
E.F.I E.F.C E.F.I E.F.C E.F.I E.M.C E.F.I E.M.C E.F.I E.F.I
Membro d’
família.
PAI MÃE MÃE PAI PAI PAI MÃE MÃE PAI PAI
Sexo.
M F F M M M F F M M
Cor.
Branco Branca Branca Branco Branco Branco Branca Branca Branco Branco
Estado Civil.
Casado Casada Casada Casado Casado Casado Casada Casada Casado Casado
Tem filhos.
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Quantos filhos.
04 04 02 03 02 02 03 02 03 02
Quantos filhos
ainda estão na
propriedade.
1 filho
2 filhos
1 filho
Todos
Todos
Todos
Todos
Todos
Nenhum
Todos
Idade dos filhos. 39 35 23 30 23 28 10 29 22 19 10 13 13 19 04 09 36 43 23 24
36 34 26 32 24 17 41
Sexo dos filhos
F M F M F M M M F M F M M M M M M F F M
M M M F M M M
Dos que não
possuem todos os
filhos na
propriedade, qual
a idade e o sexo
dos que ainda
permanecem.
34
26
30
23
M
M
M
F
APÊNDICE B – QUADRO 01 – PRIMEIRA PARTE DAS ENTREVISTAS
QUADRO 01 – PRIMEIRA PARTE DAS ENTREVISTAS (Caracterização dos agricultores familiares partir das entrevistas)
78
Escolaridade dos
filhos.
1- E.M.C
1- E.F.C
2- E.F.I
2-E.M.C
2-E.S.C
2-E.M.C
2-E.M.C
1-E.F.I
1-E.M.C
1-E.S.I
2-E.F.I
1-E.M.C
1-E.M.I
1-E.F.I
1-E.F.I
1-Creche
1-E.M.C
2-E.M.I
2-E.M.C
Renda mensal da
família.
1 a 2 sal. 3 a 4 sal. 1 a 2 sal. 5 a 6 sal. 3 a 4 sal. Mais de 6
sal.
1 a 2 sal. 3 a 4 sal. 1 a 2 sal. 3 a 4 sal.
Tamanho da
propriedade.
10.05 hec. 10.04 hec. 10.04 hec. 24.00 hec. 24.00 hec. 17.09 hec. 12.60 hec. 6.03 hec. 6.03 hec. 21. 06 hec.
Produção da
propriedade é
voltada para.
Ambos
(venda e
consumo)
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
Ambos
A propriedade
disponibiliza de
água potável
própria.
SIM
em partes
SIM
SIM
em partes
SIM
NÃO
SIM
em partes
SIM
SIM
SIM
SIM
Se na propriedade
não há água
própria, por
quem ela é
disponibilizada.
Vizinho, pois
a que tem
não é
suficiente.
____
Disponibiliza
do vizinho
para os
animais.
____
Vizinho
Vizinho,
pois a que
tem não é
suficiente.
____
____
____
____
A propriedade
desenvolve a
produção.
Agrícola;
Agrop. de
Leite.
Agrícola;
Agrop. de
Leite;
Suinocultu-
ra.
Agrop. de
Leite.
Agrícola;
Agrop. de
Leite;
Avicultura
Agrícola;
Agrop. de
Leite.
Agrícola;
Agrop. de
Leite.
Agrícola;
Agrop. de
Leite.
Agrop. de
Leite e
Avicultura.
Agrícola. Agrop. de
Leite.
Como se da à
armazenagem da
produção agrícola
produzida pela
propriedade.
Armazena
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Armazena
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Não produz
grãos para a
venda, apenas
para a
silagem.
Armazena
na
cooperati-
va da
cidade
(Coasul).
Armazena
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Armazena
na
cooperati-
va da
cidade
(Coasul).
Armazena
na
cooperati-
va da
cidade
(Coasul).
Não produz
grãos para a
venda,
apenas para a
silagem.
Armazena
na
cooperati-
va da
cidade
(Coasul).
Não produz
grãos para a
venda, apenas
para a
silagem.
79
FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados em pesquisa de campo, 2012.
A propriedade
possui área de
preservação
ambiental.
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
4.02 hec.
2.00 hec.
2.00 hec.
8.00 hec
7.02 hec.
5.00 hec.
2.00 hec
1.00 hec.
1.00 hec.
7.2 hec.
Legenda
M – Masculino F – Feminino
E.F.I – Ensino Fundamental Incompleto
E.F.C – Ensino Fundamental Completo
E.M.I – Ensino Médio Incompleto
E.M.C –Ensino Médio Completo
E.S.I – Ensino Superior Incompleto
E.S.C – Ensino Superior completo
80
APÊNDICE C: QUADRO O2 – SEGUNDA PARTE DAS ENTREVISTAS
QUADRO O2 – SEGUNDA PARTE DAS ENTREVISTAS (perguntas descritivas)
Propriedades
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
A
moderniza-
ção da
agricultura
com a
introdução
de técnicas
mais
avançadas
de produção
trouxe
algum
impacto na
sua
qualidade
de vida e
saúde?
“Sim fico
mais fácil,
para
trabalhar e
para produzir
as coisas,
não sofre
tanto com
peso e com o
sol, mas
antigamente
se sofria
mais, mas se
tinha mais
saúde
também, era
tudo mais
puro/limpo”.
“Sim,
mudou
muita coisa,
onde desde
que se
segue tudo
certinho, se
cuidando a
tecnologia
no campo
foi e está
sendo boa”.
Pois o
esforço
realizado é
menor e há
mais
agilidade no
serviço.
“Melhorou
sim a nossa
qualidade de
vida, mas
com o
veneno à
saúde fico
mais fraca
(frágil), com
o trator e os
maquinários
é mais fácil,
mas os
gastos
também
aumentaram,
melhoro por
um lado e
pioro por
outro”.
“Com
certeza, o
governo
incentivo
muito, a
moderniza-
ção antes o
pequeno
agricultor
não tinha
acesso a
nada. Agora
quanto à
qualidade de
vida
antigamente
se vivia
melhor,
tinha menos
contamina-
ção, mas
também
tinha casos
em que as
pessoas
morriam e
nem sabiam
do que, e
não tinha
“Com a
modernização
da agricultura
as coisas
evoluíram, e
vão evoluir
ainda mais.
Hoje acho
que todo
mundo vive
melhor, fico
mais fácil
produzir os
alimentos,
trabalhar.”
“Com
certeza, com
a vinda do
veneno a
saúde ficou
mais frágil,
mas também
com os
agrotóxicos
produzimos
mais, hoje
em dia é
complicado,
você tem
que acompa-
nhar a
modernida-
de”.
“Sim
antigamente
era mais
sofrido, não
dava para
fazer muita
coisa, mas
agora
também com
os venenos,
se faz muita
coisa, se
colhe mais,
só que se
contamina
mais, a água
e o ar não
são mais tão
puros, e
antigamente
se vivia
melhor, sem
os venenos,
mas hoje se
não usar o
veneno ou
um trator
não se faz
nada.”
“Sim os
impactos
aconteceram,
a gente sabe
que antes a
gente
trabalhava
mais, porém
acho que
vivíamos
melhor, não
tinha tantas
doenças.
Hoje em dia
para o campo
as
tecnologias
ficou mais
avançado,
mais fácil de
fazer o
trabalho”.
“Sim, Bom
antigamente
se vivia
melhor, não
tinha tanta
poluição,
mas se
trabalhava
mais lógico
que com os
maquinários
e as novas
técnicas fico
mais fácil de
trabalhar se
judia menos
na lavoura”.
“Sim, parte do
trabalho hoje é
melhor, tem
mais
facilidade tudo
é mais fácil e
rápido,
demora menos
para plantar,
colher,
ordenhar, mas
por parte, da
saúde pioro
antes era mais
saudável de se
viver, tudo era
mais puro sem
contamina-
ções”.
81
tanto
recursos
médicos
como se tem
hoje.”
Como é sua
qualidade
de vida no
dia-a-dia do
seu trabalho
no campo?
(Boa,
Ótima,
Regular ou
Ruim).
BOA
“Para a gente
é boa porque,
não se
judiamo,
mais agora é
tudo mais
técnico se
vive melhor,
no campo é
tranquilo,
antes era
mais sofrido,
era todo com
os bois, hoje
tem o trator,
ai nem
estraga a
terra”.
ÓTIMA
“Bom à
gente acha
que é mais
tranquilo do
que na
cidade, é
mais calmo
aqui, mais
sossegado,
então
vivemos
bem”.
BOA
“É boa
porque é
sossegado, e
tranquilo,
aqui trabalho
a hora que eu
quero,
levanto faço
os meus a
fazeres, mas
pra nós do
campo dias
de seca não
são bons e
nem de muita
chuvarada”.
BOA
“Olha em
primeiro
lugar porque
morramos
onde se
criemos,
gosto da
cidade, acho
que não me
acostumaria
em outro
lugar, por
isso acho
que é boa a
minha
qualidade de
vida”.
BOA
“Bom eu
acho que ela é
boa, né faz
menos
esforços na
roça que
antes, era
tudo braçal
hoje tem o
trator e as
máquinas”.
BOA
“Hoje temo
a energia
elétrica,
maquinários,
temos mais
comodidade
no dia-a-dia
de trabalho”.
BOA
“A gente
aqui vive
tranquilo, é
calmo, gosto
de morar no
campo, gosto
do meu
trabalho,
minha
família vive
bem”.
BOA
“A minha
qualidade de
vida no dia-a-
dia do meu
trabalho no
campo é boa,
porque gosto
do meu
trabalho,
gosto do
campo, vivo
bem com a
minha família
aqui”.
BOA
“Bom vivo
bem, gosto
do meu
trabalho, me
criei nisso, e
minha
qualidade de
vida no meu
trabalho ta
boa”.
BOA
“Ta bom
porque ta mais
fácil de
trabalha, antes
era mais
difícil, mais
sofrido agora
ficou mais
cômodo com
os
maquinários”.
Já sofreu
algum
acidente de
trabalho? Se
sim
exemplifi-
que
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
Já capotou o
trator, mas
não se feriu.
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
Já
destroncou o
joelho
quando
estava
lavrando
com os bois
SIM
Já sofreu dois
acidentes, um
atacado por
um touro e
quebrou duas
costelas, outro
quando os
bois
dispararam
com a carroça.
82
É associado
de:
cooperati-
va, sindicato
ou
associação?
Cooperativa:
Coasul.
Cooperati-
va:
Coasul;
Sindicato
dos
Trabalhado-
res Rurais.
Cooperativa:
Coasul;
Associação
N.S.A (ass.
de pequenos
produtores).
Cooperati-
va:
Coasul;
Associação
N.S.A (ass.
de pequenos
produtores).
Cooperativas:
Coasul e
Cresol.
Cooperati-
vas:
Coasul e
Sicredi.
Cooperati-
vas:
Coasul e
Sicredi.
Cooperativas:
Coasul e
Cresol,
Cooperati-
vas:
Coasul,
Cresol e
Sicredi.
Cooperativas:
Coasul e
Sicredi;
Associação
N.S.A (ass. de
pequenos
produtores).
Se for
Associado
de alguma
cooperativa,
sindicato ou
associação
os mesmos
ofecerecem
alguma
forma de
prevenção
quanto ao:
*Manuseio
de agrotóxi-
cos;
*Cuidados
com a
saúde;
*Prevenção
de
acidentes;
*Qualidade
de vida.
São
prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões,
cursos e na
distribuição
de folders
explicativos
ou de
cartilhas que
a cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do
município
Coasul,
sendo que
as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões e
cursos que
a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões e
cursos que a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do
município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões,
cursos e na
distribuição
de folders
explicativos
ou de
cartilhas,
que a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul, sendo
que as
prevenções se
dão por meio
de palestras,
reuniões e
cursos que a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do
município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões e
cursos que a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões,
cursos e na
distribuição
de folders
explicativos
ou de
cartilhas que
a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul,
sendo que as
prevenções se
dão por meio
de palestras,
reuniões,
cursos e na
distribuição
de folders
explicativos
ou de
cartilhas que
a cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São
prestados
pela
cooperativa
do município
Coasul,
sendo que as
prevenções
se dão por
meio de
palestras,
reuniões e
cursos que a
cooperativa
oferece aos
associados
por meio de
técnicos e
agrônomos.
São prestados
pela
cooperativa do
município
Coasul, sendo
que as
prevenções se
dão por meio
de palestras,
reuniões e
cursos que a
cooperativa
oferece aos
associados por
meio de
técnicos e
agrônomos.
83
Quais são os
seus insumos
(sementes,
adubos,
defensivos,
maquiná-
rios) de
trabalho.
Veneno,
sementes
tratadas,
adubos, foice,
enxada, os
bois em uns
pedacinhos o
trator e
maquina de
passar veneno
que são
terceirizados.
Ordenhadei-
ra, tanque de
expansão
trator,
sementes,
adubo,
veneno,
enxada,
foice,
maquina de
passar
veneno,
manual e
motorizada.
Para as
vacas e os
suínos tem a
ração e os
remédios.
Ordenhadeira,
bomba
d’água,
tanque de
expansão,
trator,
sementes e
venenos.
Trator,
sementes
tratadas,
adubos,
maquinários
em geral,
ordenhadeira
e tanque de
expansão.
Trator,
sementes,
ordenhadeira,
tanque de
expansão e
outros
maquinários
agrícolas.
Ordenhadei-
ra, tanque de
expansão,
sementes
tratadas,
adubos,
veneno e
trator.
Ordenhadeira,
tanque de
expansão,
sementes
tratadas,
adubos,
veneno,
trator, foice e
enxada.
Trator,
aquecedor do
aviário, silos,
ração,
ordenhadeira,
tanque de
expansão,
venenos,
sementes
tratadas e
lonas.
Sementes
tratadas,
trator,
venenos e
plantadeira.
Adubos, trator,
Ordenhadeira,
tanque de
expansão,
sementes,
venenos,
maquinários
agrícolas, foice
e enxada.
Onde são
comprados
os insumos
usados na
sua
propriedade
/lavoura
Todos são
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Pros suínos
em uma
empresa
determina-
da, já no
restante
todos são
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
São
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul) e
nas casas
agropecuári-
as.
Todos são
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Todos são
comprados na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
Todos são
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
São
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul) e
nas casas
agropecuári-
as.
São
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul) e
nas casas
agropecuári-
as.
Todos são
comprados
na
cooperativa
da cidade
(Coasul).
São
comprados na
cooperativa da
cidade
(Coasul) e nas
casas
agropecuárias.
Já
aconteceu
algum
imprevisto
“Ainda não” “Imprevis-
tos sempre
acontecem
às vezes
“Ainda não” “É o que
mais
acontece, o
clima pode
“Sim, vix
vários, a
gente sente
muito na
“Sempre da
sim, minha
ceifa quase
queimou,
“Acontece
sim, no
campo
sempre
“Sim, de vez
em quando
acontece
algum
“Sim, a seca
que ocorreu
este ano,
sendo que
“Sim, sempre
dá tanto com
as vacas como
no plantio, aí
84
(algo que
não se
previa/
inesperado)
na rotina de
trabalho
uma vaca
fica doente,
ai temos
que correr
atrás de
remédio e
de
veterinário”
.
ser um,
onde se
chover de
mais ou de
menos já
prejudica a
safra”.
lavoura,
quando da
seca, a perca
é grande, a
gente procura
ajuda do
governo estas
horas o
‘proagro’,
tem que se
virá ir atrás.”
pois pegou
fogo, mas
com o
extintor
consegui
apaga”.
acontece, um
equipamento
que quebra, e
daí temos
que arrumar,
um animal
que fica
doente e aí
temos que
trata”.
imprevisto,
com as vacas,
mais na hora
de pari
algumas tem
complicações
aí fazemos
tratamento
com
medicamen-
tos”.
não é a
primeira,
porque já
teve outras,
onde a gente
pede proagro
se bem que
nem sempre
a gente
ganha
também”.
se for às vacas
procuramos o
veterinário e
tratamos com
remédios, já
na roça é mais
quando da
seca e o milho
não rende pra
silagem, aí
temo que se
virá e planta
de novo”.
Quanto à
compra,
armazena-
mento e
manuseio de
produtos
químicos
(fertilizantes
, adubos e
agrotóxicos)
são tomados
os devidos
cuidados
necessários?
Se sim
quais?
SIM
“Cuidamos
na hora de
guarda e
quando usa,
colocamos
mascara né,
luva, roupa
comprida,
bota tem que
se cuidar e
fazer tudo
certinho”.
SIM
“O cuidado
é já no
transporte,
não mistura
com outras
coisas, lava
e devolve
as
embalagens
depois de
usar elas,
usa as
roupas
corretament
e pra passa
veneno”.
SIM
“Bom à
gente tem
pouco tempo
de armazena-
mento,
porque, a
gente compra
e já usa né, e
deixa
guardado
num lugar
seguro só
eles (os
agrotóxicos)
SIM
“É
comprado
em lugar
garantido e
seguro, é
guardado
em local
seguro e o
manuseio é
feito bem
com a
tríplice
lavagem das
embala-
gens, e
usamos
proteção”.
SIM
“A gente
guarda
bonitinho,
lava e
devolve as
embalagens e
se cuida né”.
SIM (na
maioria)
“Bom com
agrotóxico a
gente toma
os cuidados
que se deve,
bom pelo
menos se
tenta fazer
na maioria
né”.
SIM
“Há, a gente
deixa os
venenos
mais
separado,
das outras
coisas, já
compra
quando vai
usa e fica
bem seguro
né”.
SIM
“A gente
compra na
cooperativa,
armazena em
local seguro e
por pouco
tempo, e ao
manusear
cuidamos
realizamos a
tríplice
lavagem das
vasilhas e
entregamos
na
cooperativa
novamente”.
SIM
“Opa tomo
sim,
compramos
em lugar
seguro,
guardamo
em lugar
certo,
fazemos a
lavagem das
embalagens
e a
devolução
delas e na
hora de
passa
também,
porque passo
com o
trator”.
SIM
“Certeza os
venenos tem
que ser
separados das
outras coisas,
guardados em
lugar seguro e
tem que se
cuidar quando
for passa
também”.
85
Tem o
conheciment
o e faz o uso
dos EPIs, no
dia-a-dia do
seu
trabalho?Si
m
exemplifiqu
e?
SIM
“Usamos o
que precisa,
depende do
que vai fazer,
daí usa bota,
luva e outras
coisas pra
fica seguro”.
SIM
“Tem que
usa bota,
luva,
macacão,
avental,
porque no
serviço
precisa
disso”.
SIM
“Há bota de
borracha e
quando
muito frio
usa luva pra
ordenha, na
roça com o
veneno é
meu esposo
que mexe aí
ele usa o que
precisa,
mascara,
bota e luva”.
SIM (na
maioria)
“Então
usamos na
maioria das
vezes os
equipamen-
tos, mas às
vezes não
usamos ou
esquecemos
acontece né,
mais na
maioria
usamo sim”.
SIM
“Mascaras,
luvas e
roupas pra
passar veneno
tudo
certinho”.
SIM
“Eu uso o
que precisa
pra
determinado
serviço, que
nem bota,
luva,
mascara
depende do
que eu vou
fazer”.
SIM (na
maioria)
“Há bom é
usado mais
mascara,
bota e luva já
a roupa nem
sempre isso
pra passar
veneno, e
usamos bota
no dia-a-dia
porque
precisemos”.
SIM
“Usamos
quando
trabalhamos
no aviário,
botas e
mascaras e
pra passar
veneno
também
usamos
mascaras,
luvas, botas e
roupas
própria pra
passar
veneno”.
SIM (na
maioria)
“Bom botas,
luva
mascaras de
vez em
quando,
porque se é
bem pouco
veneno pra
passa às
vezes não
uso mascara
não”.
SIM
“Uso porque
precisa, tem
que se cuidar
pra tudo não
só quando for
passa veneno,
coloca bota,
roupa certa,
luva e
mascara”.
Com o
passar dos
anos, a
agricultura
passou por
algumas
mudanças,
essas
mudanças
foram boas
ou ruins?
Quais foram
estas
mudanças
descreva-as
BOAS
“Essas
mudanças
sempre
foram boas,
antes era a
muque/bra-
çal, ai veio o
trator, o
veneno, as
técnicas, as
sementes de
melhor
qualidade, a
plantadeira
que não
precisa ará a
terra,
BOAS
“Antes era
tudo
manual e
mais com
adubo
caseiro
tinha menos
gastos, hoje
é mais fácil
tudo
tratorizado,
tem menos
serviço mas
gastemos
mais
também ,
não
BOAS
“Porque
sempre vai
evoluindo, na
agricultura
colhemos
mais porque
investimos
mais, nas
vacas
melhoro
porque
investimos
também e
por causa das
facilidades
dos
financimen-
BOAS
“Pra começa
a
moderniza-
çao no
trabalho
facilito,
antes era
tudo a
boi/tração
animal, hoje
não, com o
trator e os
meios mais
modernos
facilito a
nossa vida”.
BOAS
“Pra
agricultura foi
melhor tudo
da mais, a
produção
aumentou,
mas
aumentou
também o uso
dos venenos,
hoje em dia
tudo mudou e
pras vacas
melhoro
porque antes
era tudo a
muque/braçal
BOAS
“Desde o
plantio
direto, hoje
estamos
produzindo
mais,
estragamos
menos a
terra e
também a
nossa
produção
rende mais
que antes”.
BOAS
“Antes não
existia
silagem pras
vacas, hoje
tem, aí
tratemos elas
o anos todo
com isso,
antigamente
não tinha
piquetes pra
vacas come
era plantado
capim e
cortado tudo
a muque/bra-
çal, na
BOAS
“Pra mim,
quanto a tirar
leite era tudo
na mão, hoje
em dia tem a
ordenhadeira,
aí fica mais
fácil,
antigamente
não existia a
silagem
como tem
hoje, onde
podemos
tratar as
vacas o ano
todo”.
BOAS
“Antes era
tudo com os
bois pra ará e
lavra a
colheita era
feita tudo a
muque/braça
l colhe, trilha
tudo aquilo
levava dias
hoje não é
tudo mais
fácil, tem o
trator e a
ceifa”.
BOAS
“Na parte
técnica que
antes era tudo
a
muque/braçal,
ou nas costas,
hoje é tudo
com o trator,
tudo
motorizado,
hoje com as
maquinas vai
mais rápido e
rende mais, do
que antes até
que você
pegava os bois
86
passadora de
veneno que
antes era
tudo com a
maquina nas
costas, tudo
era bem mais
sofrido pra
nóis
antigamente”
.
sofremos
tanto
trabalhando
no sol
quente se
queimando”
.
tos mais
fáceis, aí
compramos
mais coisas
ordenhadeira
, trator e
maquinários
deu pra
investir na
propriedade”
.
pra ordenhar,
agora já tem a
ordenhadeira”
.
agricultura
também
ficou
melhor”.
encangava
eles e até que
chegava na
roça, nossa
hoje com o
trator você
ganha mais
tempo”.
Qual
mudança ou
tecnologia
que
aconteceu
no campo
foi mais
importante?
*Uso de
agrotóxicos;
*Adubos
químicos;
*Implantaçã
o de
maquinários
agrícolas;
*Todas;
*Nenhuma?
TODAS
“Foram
importantes
para nós,
antes
demorava
mais agora
com o trator
é tudo
rapidinho né,
a gente faz
mais coisa
em menos
tempo, e se
judia menos
também”.
TODAS
“Uma coisa
puxa a
outra,
porque não
adianta
dizer só
uma são
todas elas”.
TODAS
“Porque o
que adianta
ter um e não
ter o outro,
tenho o trator
e plantadeira,
mas não
tenho uma
boa semente,
um adubo”.
Implanta-
ção de
maquinári-
os agrícolas
“Pra mim
foi os
maquinários
, vix isso
ajudou e
muito, pra
nós, porque
tem mais
facilidade
de trabalhar
e pra fazer
as coisas”.
TODAS
“Se não fosse
isso nós
iríamos
produzir
menos,
iríamos para
no tempo,
tem que ir
junto
acompanhan-
do os
avanços,
senão a gente
apanha e fica
pra trás”.
TODAS
“Porque
tudo ajudou
a gente a
evoluir no
nosso
trabalho,
com os
maquinários
nossa ajudou
e muito”.
TODAS
“Pra mim
todas foram
boas porque
com os
adubos e os
venenos a
gente pode
colher mais
né, ai rende
mais, e os
maquinários
também”.
TODAS
“Com essas
tecnologias
as coisas se
tornaram
mais práticas,
mais fáceis
no dia-a-dia
do campo,
antes no
aviário para
remover a
cama era
tudo manual,
hoje tem as
máquinas que
fazem tudo
automatica-
mente precisa
apenas saber
manusealás”.
TODAS
“Tudo foi
bom, antes
era tudo
mais difícil,
demorava
mais pra
planta, colhe
hoje é mais
fácil, tudo
com as
máquinas,
antes tinha
que carpi,
hoje
passamos
veneno na
roça, diminui
o tempo e da
pra fazer
outros
serviços”.
TODAS
“Porque com
tudo isso
melhoro pra
nóis, não
adianta só
uma coisa tem
que ser tudo,
porque não
adianta só ter
o trator e não
ter o resto
(arrado,
plantadeira, o
veneno) então
todas foram
importantes”.
87
Os produtos
produzidos
nas
propriedade
s são;
orgânicos
(sim ou não)
ou são
mistos?
Mistos.
“O que é
para a venda
é utilizado
veneno, já o
que é para o
consumo
próprio, não
se utiliza
nenhum tipo
de
agrotóxico.”
Mistos.
“Porque na
lavoura não
tem como
fugi do
veneno né,
agora coisa
pouca não
precisa e
qualquer
coisa faz
um veneno
orgânico
assim como
o adubo.”
Mistos.
“Bom coisa
da horta são
orgânicos,
mas agora as
outras coisas
tem que
passar
veneno senão
não dá”.
Mistos.
“O que
produzimos
na horta pra
nós come é
orgânico, o
resto tem
veneno
porque
senão não
dá nada”.
Mistos.
“Consumo
próprio não
tem veneno,
mas os
produtos pra
venda sim,
senão não dá
nada que
preste pra ser
vendido”.
Mistos.
“Pro
consumo
próprio são
orgânicos, já
os produtos
da lavoura é
tudo com
veneno se
não, porque
não se
produz nada
hoje em dia
sem
veneno.”
Mistos.
“Tudo que é
pra nós
comer é
orgânico sem
veneno,
agora o
milho e a
soja tem que
ter veneno,
há o pasto
das vacas
também nós
passamos
veneno.”.
Mistos.
“Porque o
que a gente
come da
horta e as
frutas são
orgânicas, já
o que é para a
venda
usamos
agrotóxicos o
milho pra
silagem
temos que
passar
veneno senão
ele não dá”.
Mistos.
“As coisas
da horta, e
umas
coisinhas
que
plantamos
pra comer
como
mandioca e
frutas são
sem veneno,
agora o que
planto na
lavoura te
que passa
veneno se
não, não dá
nada.”
Mistos.
“O que
plantamos na
horta não tem
veneno, já o
resto tem
porque senão
os bichinhos
comem tudo e
não da nada,
hoje como se
diz é tudo na
base do
veneno”.
Tem algum
problema de
saúde
devido o seu
trabalho no
campo? Se
sim, qual?
SIM
“Tenho
asmas e
alergia
devido à
poeira
quando eu
triava soja,
milho a
muque na
trilhadeira
nossa vinha
àquela poeira
e a gente
ficava lá no
meio
SIM
(feminino)
“Problema
na coluna,
devido a
excesso de
peso na
hora da
colheita
braçal, puxa
água nas
costas, arar
a terra com
os bois”.
NÃO
(feminino)
NÃO SIM
“Bom eu
tenho muita
dor nos meus
joelhos e nas
costas, ainda
mais na época
do plantio e
colheita,
nossa é
complicado”.
SIM
“Eu já sofri
intoxicação
quando eu
fui lava a
maquina de
veneno,
nossa foi um
descuido
meu, mas
nunca mais
sofri”.
NÃO
(feminino)
NÃO
(feminino)
SIM
“Tenho
muita dor
nas costas
devido ao
meu trabalho
forçado no
campo,
quando era
mais novo,
desde
criança
trabalhava
puxando e
carregando
peso e acabei
SIM
“Problema de
coluna a mais
de 15 anos por
ter me judiado
muito quando
era mais novo,
carregando
muito peso e
por não ter me
cuidado
direito é que
antigamente
era assim,
tinha que pega
no serviço
88
daquilo, hoje
eu nem posso
fica perto do
pó olha que
já me ataca
os pulmões.
Se fosse hoje
em dia não
talvez não
teria nada,
por que não
precisa fazer
isso mais
manualmente
e
antigamente
não tinha
nada de
mascara”.
machucando
as minhas
costas”.
pesado desde
novo”.
Considera o
trabalho
que realiza
no campo de
risco? Se
sim, por
quê?
NÃO
SIM
“Bom
sempre tem
risco
porque
esses dias
numa
cidade
vizinha um
trabalhador
morreu
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
“Porque se
você mexe
com o
maquinário
já ta
correndo
risco né de
sofre um
acidente ou
de se
machuca”.
NÃO
SIM
“Porque
nunca
estamos
livres de
sofrer algum
acidente, de
se machucar
ou de sofrer
alguma
intoxicação
com algum
produto”.
SIM
“Há risco
sempre tem,
por mais que
se cuidamos,
mas ninguém
esta livre de
que aconteça
alguma coisa
né, no campo
a gente esta
sujeito a
tudo”.
SIM
“Porque já
sofri
acidentes, até
porque disso
ninguém ta
livre, ainda
mais no
campo,
acidentes ou
riscos estamos
89
fazendo
silagem, e
nós também
fazemos
não estamos
livre disso”.
sempre
correndo,
querendo ou
não”.
FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.
90
APÊNDICE D: GRÁFICOS 01 e 02
FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.
FONTE: FORLIN, Vidiane. Dados coletados na pesquisa de campo, 2012.
6
4
GRÁFICO 01 - SEXO DOS ENTREVITADOS(AS)
Masculino
Feminino
70
56
48
51
49 42
39
40
68
48
GRÁFICO 02 - IDADE DOS ENTREVISTADOS(AS)
PROPRIEDADE A
PROPRIEDADE B
PROPRIEDADE C
PROPRIEDADE D
PROPRIEDADE E
PROPRIEDADE F
PROPRIEDADE G
PROPRIEDADE H
PROPRIEDADE I
PROPRIEDADE J
95
ANEXO C – TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO CAMPO DE
ESTUDO SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE-CENTRO DE UNIDADE BÁSICA DE
SAÚDE (UBS)