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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO FAED BIBLIOTECONOMIA HABILITAÇÃO GESTÃO DA INFORMAÇÃO MIRELLA FERREIRA DA ROSA ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (FÍSICA, VISUAL E AUDITIVA) EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS. FLORIANÓPOLIS 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO – FAED

BIBLIOTECONOMIA – HABILITAÇÃO GESTÃO DA INFORMAÇÃO

MIRELLA FERREIRA DA ROSA

ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (FÍSICA,

VISUAL E AUDITIVA) EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA GRANDE

FLORIANÓPOLIS.

FLORIANÓPOLIS

2012

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MIRELLA FERREIRA DA ROSA

ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (FÍSICA,

VISUAL E AUDITIVA) EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA GRANDE

FLORIANÓPOLIS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Departamento de Biblioteconomia do

Centro de Ciências Humanas e da Educação

FAED, como requisito para a obtenção de

título de Bacharel em Biblioteconomia

(Habilitação em Gestão da Informação)

Orientadora: Me. Fernanda de Sales.

FLORIANÓPOLIS

2012

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Ficha Catalográfica

R788a

Rosa, Mirella Ferreira da

Acessibilidade de Pessoas com Necessidades Especiais (física, visual e auditiva) em

Bibliotecas Universitárias da Grande Florianópolis./ Mirella Ferreira da Rosa/ Orientadora:

Fernanda de Sales – Florianópolis (SC), 2012.

93f. :

Inclui Bibliografia

Monografia (graduação) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de

Ciências Humanas e da Educação, Departamento de Biblioteconomia e Gestão

da Informação, Florianópolis, 2012

1.Bibliotecas universitárias. 2.Inclusão educacional – em bibliotecas universitárias.

3.Pessoas com necessidades especiais. 4. Bibliotecário. I. Sales, Fernanda de. II.

Universidade do Estado de Santa Catarina – Curso de Biblioteconomia. III. Título.

CDD - 020

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MIRELLA FERREIRA DA ROSA

ACESSIBILIDADE DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (FÍSICA,

VISUAL E AUDITIVA) EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA GRANDE

FLORIANÓPOLIS.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Biblioteconomia do Centro

de Ciências Humanas e da Educação FAED, como requisito para a obtenção de título de

Bacharel em Biblioteconomia (Habilitação em Gestão da Informação).

Banca examinadora:

Orientador: ______________________________________

Profª. Me. Fernanda de Sales, Me

Universidade do Estado de Santa Catarina

Membro:

______________________________________

Profª. Me. Daniela Spudeit

Universidade do Estado de Santa Catarina

:

Florianópolis, dezembro de 2012

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Dedico este trabalho para os grandes amores

da minha vida, minha mãe que é o meu

alicerce, ao meu pai, meu herói, minha irmã,

meu exemplo e ao meu noivo, meu grande

amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, antes de tudo, a Deus por me apoiar em toda essa minha trajetória, dando-

me luz, sabedoria para as escolhas dos caminhos de minha vida.

A minha mãe Ivonete e ao meu pai Lourival, que amo mais do que tudo no mundo,

estão sempre ao meu lado em todos os processos da minha vida, apoiando-me e escutando

minhas indagações. Ambos são meus motivos de orgulho, a vocês eu agradeço, pois me

incentivaram em toda e qualquer caminhada, com apoio incondicional. Amo vocês!

A minha irmã Giselle, que sempre foi meu exemplo de pessoa, cuidando para que eu

escolhesse os melhores caminhos de minha vida, a você eu agradeço pelo apoio, compreensão

e todo o carinho com que me trata; obrigada por fazer parte da minha vida. Amo você! E ao

meu cunhado Leonardo, que considero como um irmão mais velho, pegando no meu „pé‟,

querendo apenas o meu bem.

A você Murilo, meu grande amor, meu melhor amigo que, em todos os momentos,

esteve pronto para me escutar; obrigada pela paciência e compreensão nas horas tensas! Te

amo!

Um agradecimento especial a minha Orientadora Me. Fernanda de Sales, por toda a

atenção, confiança e comprometimento ético, por ter me orientado e me acalmado nos

momentos em que precisei. Obrigada pelo conhecimento repassado, comprometimento e

também pela amizade. Meu sincero carinho, respeito e admiração. Obrigada!

Ao meu cachorro Zulu que virou meu companheiro fiel nas longas tardes dedicadas a

este trabalho, e pronto para me ouvir mesmo sem entender nenhuma palavra, somente olhando

com aquele olhar do “gato de botas”.

Um agradecimento especial as minhas "super" amigas Camila C., Camila R., Aline,

Luana, Suzana e Amanda; obrigada, por momentos engraçadíssimos e descontraídos que

tivemos, sem vocês eu não conseguiria. Adoro vocês!

Enfim, a todos que entenderam o meu objetivo profissional e que participaram, direta

e indiretamente, de minha formação. Obrigada!

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Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser

humano é um estranho ímpar.

Carlos Drummond de Andrade

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RESUMO

Apresentamos, através deste trabalho, uma análise sobre as condições de Acessibilidade de

Pessoas com Necessidades Especiais (Física, Visual e Auditiva) em Bibliotecas Universitárias

da Grande Florianópolis. Tendo, como principal objetivo, a verificação das possibilidades do

acesso à informação ao público de usuários com deficiência físicas, visuais e auditivas,

através dos serviços e estruturas das bibliotecas. No que se refere ao outros objetivos

específicos, propôs-se a: Averiguar se a norma 9050 da ABNT e a legislação vigente sobre a

acessibilidade em bibliotecas são respeitadas. Observar se a arquitetura (edificações) e

estruturas (móveis, tecnológicas, serviços especializados) são apropriadas para esse usuário;

Constatar como o bibliotecário identifica as dificuldades de acesso à informação do público

com necessidades especiais em bibliotecas universitárias; Apurar se bibliotecário participa

ativamente das decisões referentes aos processos sobre acessibilidade na biblioteca; Verificar

qual a postura dos bibliotecários dessas instituições informacionais quanto às privações desse

usuário; Examinar se os bibliotecários e outros profissionais da instituição estão orientados e

qualificados para o atendimento desse tipo de público. A revisão bibliográfica da pesquisa

aborda temas sobre acessibilidade em Bibliotecas Universitárias, expondo as vertentes das

questões sobre acessibilidade, inclusão educacional e social, bibliotecas universitárias,

competência profissional do bibliotecário, pessoas com necessidades especiais e normas e

legislação que garantem direitos ao portador de necessidades físicas. Evidencia os serviços e

tecnologias assistivas que temos, atualmente, no mercado para garantir o direito de acesso ao

portador de necessidades especiais, mostrando pequenos fragmentos introdutórios destes

serviços e tecnologias para cada deficiência separadamente. O instrumento de coleta de dados

foi a entrevista semiestruturada e, para a organização e análise dos dados, o método da

categorização. Foi revelado, por meio da pesquisa, que só uma das cinco bibliotecas

universitárias analisadas oferece serviços estruturados ao portador de necessidades especiais.

Palavras-Chave: Bibliotecas Universitárias. Inclusão educacional – em biblioteca

universitária. Tecnologias Assistivas. Pessoas com Necessidades Especiais – físico-visuais-

auditivas. Bibliotecário – Biblioteca Universitária.

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ABSTRACT

This paper presents an analysis on. Accessibility for People with Special Needs (Physical,

Visual and Auditory) in University Libraries in Florianópolis. Its main goal is to check

whether they allow access to public information for users with physical disabilities, visually

and hearing impairments, through its services and facilities. With regard to the other specific

objectives are proposed: Check if the university libraries comply with the standard ABNT

9050 and current legislation on accessibility in libraries; Observe the architecture (buildings)

and facilities (furniture, technology, specialized services) towards that user; Realize how the

librarian identifies the difficulties of access to public information with disabilities in academic

libraries; Ascertain whether librarian actively participates in decisions regarding processes on

accessibility in the library; Checking the attitude of librarians of these institutions as the

informational deprivations that user; Examine whether librarians and other professionals are

oriented institution and qualified to meet this type of audience. A literature review of the

research focuses on accessibility issues in University Libraries exposing the facets of

questions about accessibility, educational and social inclusion, university libraries, librarian's

professional competence, people with special needs and rules and laws that guarantee rights

bearer of physical needs. Evidence services and assistive technologies that we have today in

the market to ensure the right of access to the carrier with special needs, just shows small

fragments introductory services and assistive technologies for each disability separately. The

data collection instrument was the interview, semi-structured and for the organization and

analysis method of categorization. The survey revealed that only one of five university

libraries analyzed structured to provide services with special physical needs.

Key-words: University Libraries. Educational inclusion - in the university library. Assistive

Technologies. People with Special Needs - physically, visually and hearing. Librarian -

University Libraries.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Símbolo internacional de acesso ............................................................................. 32

Figura 2 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência visual (cegueira) .................... 88

Figura 3 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva (surdez) .................... 88

Figura 4 - Lupa Eletrônica ....................................................................................................... 89

Figura 5 - Máquina Perkins ..................................................................................................... 89

Figura 6 - Reglete e Punção .................................................................................................... 90

Figura 7- Rotuladora Braille .................................................................................................... 90

Figura 8 - Ponteiras de cabeça ................................................................................................. 91

Figura 9 - Sistema para entrada de voz ................................................................................... 91

Figura 10 - Ampliadores de Tela ............................................................................................ 91

Figura 11 - Leitores de tela com síntese de Voz ...................................................................... 92

Figura 12 - Impressora em Braille ........................................................................................... 92

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Serviços de uma Biblioteca Universitária. ........................................................... 32

Quadro 2 - Tecnologia Assistivas (T.A). ................................................................................ 35

Quadro 3 - 1° Categoria: Demanda do Público com Necessidades Especiais em Bibliotecas

Universitárias. ........................................................................................................................... 44

Quadro 4 - 2° Categoria: Capacitação dos Profissionais Atuantes nas Bibliotecas

Universitárias. ........................................................................................................................... 47

Quadro 5 - 3° Categoria: Estrutura de Atendimento das BU para com o Portador de

Necessidades Especiais............................................................................................................. 50

Quadro 6 - 4° Categoria: Postura Profissional dos Bibliotecários Referente à Gestão das BU

.................................................................................................................................................. 55

Quadro 7- 5° Categoria: Postura Profissional dos Bibliotecários Referente à Acessibilidade

Informacional nas BU. .............................................................................................................. 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas

APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

Art. – Artigo

BU – Bibliotecas Universitárias

CEPSH – Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

CID – Classificação Internacional de Doenças

CONADE – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência

FAED – Centro de Ciências Humanas e da Educação

GR – Gabinete do Reitor

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituto de Ensino Superior

IFES – Instituto Federal de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais

MEC – Ministério da Educação

NBR – Norma Brasileira

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONU – Organização das Nações Unidas

PROUNI – Programa Universidade para Todos

SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

TA – Tecnologia Assistivas

TCL – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TV – Televisor

UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e a Cultura

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 20

2.1 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO EDUCACIONAL. .................................................... 20

2.2.PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS – CLASSIFICAÇÃO DAS

DEFICIÊNCIAS. ...................................................................................................................... 23

2.3.DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS. 26

2.4 SERVIÇOS E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ESPECIALIZADOS EM BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS ................................................................................................................. 30

2.4.1.Tecnologias Assistivas .................................................................................................... 34

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 37

4 BIBLIOTECÁRIOS QUE ATUAM NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS. ........ 39

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS .............................................................. 42

5.1 DEMANDA DO PÚBLICO COM NECESSIDADES ESPECIAIS EM BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS ................................................................................................................. 44

5.2.CAPACITAÇÕES DOS PROFISSIONAIS ATUANTES NAS BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS ................................................................................................................. 46

5.3.ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DAS BU PARA COM O PORTADOR DE

NECESSIDADES ESPECIAIS ................................................................................................ 50

5.4 POSTURA PROFISSIONAL DOS BIBLIOTECÁRIOS REFERENTE À GESTÃO DAS

BU. ............................................................................................................................................ 55

5.5.POSTURAS PROFISSIONAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS REFERENTES À

ACESSIBILIDADE INFORMACIONAL NAS BU................................................................ 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista com os Bibliotecários de Instituições Universitárias

Públicas da Grande Florianópolis ............................................................................................. 71

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................. 72

ANEXO A - Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes ............................................... 74

ANEXO B - Declaração Universal dos Direitos Humanos ..................................................... 77

ANEXO C - Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Práticas na Área das

Necessidades Educativas Especiais. ......................................................................................... 84

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ANEXO D - Símbolos Internacionais de Acesso..................................................................... 88

ANEXO E – Figuras de Tecnologias Assistivas ...................................................................... 89

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade, ao longo dos tempos, vem passando gradativamente por mudanças

de paradigmas no meio sócio-político, principalmente no que diz respeito ao campo da

educação. Neste contexto, verificamos mudanças de cenários nos diversos ambientes em

todos os níveis, desde o ensino fundamental até o ensino superior. A inclusão de pessoas

com necessidades especiais (auditivas, visuais, físicas e limitações mentais) é uma

dessas mudanças. Logo, com o apoio de programas sociais do governo para a inclusão

na área da educação, verificamos cada vez mais, ao longo dos anos, a inserção de

pessoas com necessidades especiais em instituições educacionais. Uma dessas

movimentações sociais é o programa Incluir do Ministério da Educação, que é chamado

de “Programa de Acessibilidade na Educação Superior - Incluir” que, desde 2005 busca

alternativas para a inclusão de pessoas com necessidades especiais no ensino superior,

como consta Brasil (2005, p. 01),

O Programa de Acessibilidade na Educação Superior (Incluir) propõe ações

que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições de

ensino superior (IES). O Incluir tem como principal objetivo fomentar a

criação e a consolidação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais

de ensino superior (IFES), os quais respondem pela organização de ações

institucionais que garantam a integração de pessoas com deficiência à vida

acadêmica, eliminando barreiras comportamentais, pedagógicas,

arquitetônicas e de comunicação.

Em uma perspectiva histórica, a questão da acessibilidade para a inclusão de um

grupo específico a pessoas com necessidades especiais, começou a ser debatida na

década de 60 na Europa. Através de vários debates e entendimentos, entre engenheiros e

arquitetos, surgiu o “Projeto Livres de Barreiras” que originou o “Design Universal

conhecido também como Desenho Universal”. Na ocasião, esse grupo de pessoas é

entendido, num primeiro momento, somente como aqueles que necessitam de acesso

sem barreira, referindo-se unicamente às estruturas de edificações e móveis na área da

arquitetura e engenharia, reportando somente às pessoas com problemas de locomoção.

Mais tarde, com a consolidação de muitos movimentos humanitários (que

lutavam para uma sociedade mais igualitária), o crescimento dos meios de comunicação

(que mostram o que antes não era possível ver) e com os avanços tecnológicos, que

proporcionavam acesso aos meios de comunicação cada vez mais, com agilidade e

eficácia, a definição para a palavra acessibilidade também se estendeu às outras

deficiências (auditivas visuais e mentais). A partir de então, em 1975, a Organização das

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Nações Unidas (ONU) fez uma declaração em menção às pessoas com necessidades

especiais, na qual eram regulamentados os direitos e deveres da sociedade para com

estas pessoas. No documento da – ONU (1975), que está no anexo A, são esclarecidos

os deveres da sociedade relacionados às pessoas que detêm algum tipo de necessidade

especial.

No Brasil, esse conceito também foi discutido, sendo prescrito em nossa

constituição, artigo (Art.) 5°, 1988, onde consta: “Art. 5º. Todos são iguais perante à lei,

sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à

segurança e à propriedade” (BRASIL, 1998 p. 2). Tal conceito encontra respaldo em

algumas leis para a garantia dos direitos das pessoas com necessidades especiais e, na

Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da Norma Brasileira (NBR) 9050,

que teve como contribuição a instauração de ações técnicas de mobilidade urbana, na

preparação de projetos de instituições públicas ou privadas, visa orientar nos seguintes

aspectos: construção de edifícios, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos para a

garantia da acessibilidade do indivíduo com necessidades especiais.

Unindo todas essas vertentes, dá-se o entendimento de que as instituições têm de

afiançar o direito de “ir e vir” do cidadão; sendo assim, é responsabilidade do estado

maior (país, governos, prefeituras e instituições públicas) a garantia a esse acesso com

maior usabilidade, infraestrutura e segurança desses ambientes educacionais

(edificações, estruturas móveis e tecnológicas e serviços prestados) e,

consequentemente, ao acesso à informação que é considerado essencial ao exercício da

cidadania e fundamental para o crescimento do indivíduo (construção do conhecimento,

sujeito contextualizado) e da sociedade em geral.

A palavra acessibilidade tem como definição, exposta pela NBR 9050

Associação Brasileira de Normas Técnicas, (2004, p. 1), “possibilidade e condição de

alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de

edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”.

As Bibliotecas Universitárias há tempos atendem um público muito heterogêneo,

com gostos e hábitos e, principalmente, necessidades diferentes, mas seu objetivo em

torno desses usuários com necessidades diferentes é um só: garantir e disponibilizar a

informação para que ela possa ser um facilitador de construção e disseminação do

conhecimento, proporcionando acesso e oportunidades semelhantes a todos os usuários,

sem distinção. Dentro das instituições educacionais, como o ensino superior, houve

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crescente aumento de alunos com algum tipo de necessidade especial, como mostram os

dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000) que, em sua

estatística, revelou que o Brasil tem 24,6 milhões de pessoas possuídoras de algum tipo

de necessidade especial; isso é 14,55% da população total do Brasil. Já, de acordo com

estatísticas do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a porcentagem de pessoas matriculadas

no nível superior com algum tipo de necessidade especial é de 38% para deficientes

físicos, 32% para deficientes visuais, 23% para deficientes auditivos e 2% para algum

tipo de deficiência mental; os outros 5% está entre as múltiplas necessidades especiais

(quando há mais de uma deficiência). Destaca-se que 49% estão localizadas na região

Sudeste, 24% na região Sul, 14% na região Centro-Oeste, 9% na região Nordeste e 4%

na região Norte.(INEP, 2007)

Como se vê, esta é uma questão que abrange parcela significativa da população

brasileira; por isso, nesta pesquisa, analisaremos se as estruturas de edificações,

mobiliários e serviços dessas instituições estão alcançando o mesmo ritmo do

crescimento dessa demanda educacional. Propomo-nos justamente, ao estudo acerca da

acessibilidade de discentes com necessidades especiais (físicas, visual e auditiva) em

Bibliotecas Universitárias (BU) da grande Florianópolis (municípios de Florianópolis,

Palhoça e São José).

Face ao exposto, o problema de pesquisa é apresentado a partir da seguinte

questão: As Bibliotecas Universitárias da grande Florianópolis oferecem em seus

ambientes serviços e estruturas adequados ao público que apresenta necessidades

especiais?

Logo, o objetivo geral desta pesquisa é: Analisar se as bibliotecas

universitárias da grande Florianópolis possibilitam o acesso à informação ao

público de usuários com deficiência física, visuais e auditivas, através de seus

serviços e estruturas. No que diz respeito aos objetivos específicos, tem-se duas

vertentes: 1ª: estrutura das Bibliotecas Universitárias e o atendimento às normas

vigentes no país; 2ª: A preparação do profissional Bibliotecário no que diz respeito ao

atendimento do público com necessidades especiais. Assim, as proposições dos

objetivos específicos são: a) Averiguar se as bibliotecas universitárias respeitam a

norma 9050 da Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) e a legislação vigente

sobre a acessibilidade em bibliotecas; b) Observar a arquitetura (edificações) e

estruturas (móveis, tecnológicas, serviços especializados) para com esse usuário; c)

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Constatar como o bibliotecário identifica as dificuldades de acesso à informação do

público com necessidades especiais em bibliotecas universitárias. d) Apurar se o

bibliotecário participa ativamente das decisões referentes aos processos sobre a

acessibilidade na biblioteca; e) Verificar qual a postura dos bibliotecários dessas

instituições informacionais quanto às privações desse usuário;

f) Examinar se os bibliotecários e outros profissionais da instituição estão orientados e

qualificados para atender esse tipo de público.

A justificativa para o tema em questão se deu por curiosidade pessoal à respeito

da acessibilidade em Universidades, pois desde o primeiro ano de convívio desta

acadêmica, já era possível observar a inclusão de pessoas com algum tipo de

necessidade especial no ambiente universitário. A curiosidade se tornou dúvida, no

sentido de constatar se todos os segmentos da universidade estariam preparados para o

atendimento desse tipo de público.

No próprio curso de graduação, a ideia amadureceu pouco a pouco com a ajuda

de algumas disciplinas na área da Biblioteconomia, como Ação Cultural, Fundamentos

da Educação, Leitura e Literatura Infanto-Juvenil, Sociologia Geral, as quais

oportunizaram, diversas vezes, em debates ou material didático exposto em sala de aula,

a identificação da importância do tema em questão, em razão da acessibilidade;

possibilitando melhor entendimento da postura profissional para com os usuários

portadores de necessidades especiais, assim como discorrer sobre outros temas como

inclusão social, igualdade de acesso a informações, entre outras vertentes que ajudaram

a amadurecer a ideia para a pesquisa. Este quadro nos remete a Valentim, (2002, p. 118)

para quem,

Os Profissionais da Informação precisam cada vez mais ter uma formação

que permita atender uma determinada demanda social. [...] o Profissional da

informação deve ter uma postura investigativa e crítica, de modo que possa

assumir essas mudanças sociais de forma natural.

Buscamos, também, mostrar a natureza da biblioteca universitária que tem como

principal missão disponibilizar a informação à comunidade acadêmica e às comunidades

ao seu redor (sem distinção) para apoio à investigação, à pesquisa e à geração de novos

conhecimentos, conforme lembra Carvalho (1998, p. 23), para quem “o desafio das

bibliotecas universitárias é tornar a informação de seus acervos acessível à comunidade

em geral e à universitária em particular, constituindo-se em importante elemento de

apoio à docência e à investigação.”

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19

A relevância que esse tema detém para a área é a de mostrar que o profissional

de Biblioteconomia precisa, dentro e fora da universidade, de estudos mais ampliados

ou de educação continuada, a fim de adequar os atendimentos e fornecer informação de

forma apropriada para esse tipo de usuário, ajudando, se possível, até no processo de

construção de uma biblioteca, mostrando todos os pontos que a instituição terá de seguir

para poder atender com qualidade, não só aos usuários sem limitações, mas, também,

àqueles que apresentam algum tipo de necessidade especial.

A pesquisa está organizada em seis capítulos, sendo que, no primeiro, há a

introdução do tema proposto, mostrando o contexto histórico que define conceitos

relevantes sobre acessibilidade, necessidades especiais, entre outros, que são

fundamentais para o andamento do estudo.

No segundo capítulo, é exposta a revisão bibliográfica do estudo feito sobre

acessibilidade em Bibliotecas Universitárias, apresentando as seguintes vertentes:

questões sobre acessibilidade, inclusão educacional e social, bibliotecas universitárias,

competência profissional do bibliotecário, pessoas com necessidades especiais e normas

e legislação que garantem direitos ao portador de necessidades físicas. Evidencia,

também, os serviços e tecnologias assistivas que temos, atualmente, no mercado para

garantir o direito de acesso ao portador de necessidades especiais, mostrando pequenos

fragmentos introdutórios daquelas para cada deficiência, separadamente.

No terceiro capítulo é exposta a metodologia da pesquisa, onde é revelado o seu

universo, os instrumentos metodológicos que vão auxiliar o estudo e as técnicas a serem

utilizadas na organização e explanação dos dados a serem usados nas análises.

No quarto capítulo, voltamo-nos ao estudo do papel do bibliotecário diante de

novos paradigmas da sociedade, mostrando suas competências e habilidades diante da

gestão de uma Biblioteca Universitária.

Já, no quinto capítulo, são apresentadas as análises dos dados colhidos durante a

pesquisa, as quais estão organizadas em quadros que, por sua vez, estão separados por

cinco categorias.

Por fim, estão dispostas, no último capítulo, as considerações finais desse

estudo, embasadas na acessibilidade de pessoas com necessidades especiais em

bibliotecas universitárias da grande Florianópolis de instituições públicas, apresentando

argumento a possível novo estudo.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para a revisão bibliográfica do tema proposto, fez-se uma averiguação em

bibliografias que continham temas relevantes para o desenvolvimento do tema proposto,

sendo questões sobre acessibilidade, inclusão educacional e social, bibliotecas

universitárias, competência profissional do bibliotecário, pessoas com necessidades

especiais e normas e legislação que garantem direitos ao portador de necessidades

físicas.

2.1 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO EDUCACIONAL.

A inclusão se dá quando nascemos, pois fazemos parte, desde então, de uma

sociedade, família, religiões, etnias e culturas diferentes e, nesse contexto bem

diversificado, onde todos têm de seguir parâmetros, cresce também o preconceito

definido e citado no Dicionário Houaiss (2009, p.83): “ideia, opinião ou sentimento

desfavorável formado sem conhecimento [...]. Sentimento hostil, assumido em

consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo

meio da intolerância”, ou seja, um sentimento adverso pelas diferenças que o indivíduo

traz consigo, por razoes às vezes já impostas pela sociedade, de aceitar algo novo ou

diferente daquilo a queele está acostumado a se relacionar.

No caso das pessoas com necessidades especiais, que é o foco da pesquisa, o

processo de inclusão também passou e continua passando por preconceitos; a sociedade,

em alguns casos, detinha o hábito de esconder seus entes que, de alguma forma, tinham

algum tipo de necessidades especiais, às vezes para protegê-los de olhares

discriminatórios da própria sociedade em que ele estava inserido, mas, felizmente, em

outros casos, as pessoas eram mostradas e lutavam para que seus entes tivessem os

mesmos direitos que as outras pessoas, ou seja, direitos essenciais à dignidade do

indivíduo de poder se locomover em espaços urbanos (transportes, ruas espaços

públicos), ter acesso à informação com materiais e ferramentas adequadas para cada

tipo de deficiência e espaço no mercado de trabalho como qualquer outro. Essas são

ações para uma sociedade inclusiva, mostrando que o „diferente não é tão diferente‟

como pensávamos. Para Werneck (2006, p.36), “Uma sociedade inclusiva é aquela

capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para

cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir

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com seu melhor talento para o bem comum.” Essa é a forma mais eficaz para criar uma

sociedade mais igualitária, pois caracteriza a aceitação do indivíduo, não importando

sua diferença física, visual ou auditiva entre outras necessidades especiais. Assim, como

afirma Gaio,

A pior deficiência é a deficiência da alienação, que leva os membros de uma

sociedade que têm olhos, ouvidos, cérebros em perfeitas condições, enfim,

corpos biologicamente perfeitos, a verem, a não ouvirem, a não entenderem e

nem pensarem nas necessidades dos seres humanos. Estes que nascem ou se

tornam diferentes em sua estrutura corporal, são igualmente capazes e gritam

por liberdade moral e social.” (GAIO, ROSA, 2004, p. 172).

Mas, para que a inclusão social aconteça é necessário começar da base, por

exemplo, das escolas, que vão ser os alicerces na formação de indivíduos

contextualizados da sociedade atual; por isso, a inclusão educacional é mostrada como

vertente significante para o crescimento de uma sociedade mais justa e com menos

preconceitos, como é evidenciada por (SOUSA, 2009, p.6 ) “Quando as escolas incluem

todos os alunos, a igualdade é respeitada e promovida como um valor social, com os

resultados visíveis da paz e da cooperação”. Logo, a inclusão educacional tem de

acontecer em todos os níveis, desde as fases primárias até o ensino superior, pois,

conforme Sanchez (2005, p. 34),

A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada

em que as escolas, enquanto comunidades educativas devem satisfazer as

necessidades de todos os alunos, sejam quais forem as suas características

pessoais, psicológicas ou sociais (com independência de ter ou não

deficiência). Trata-se de estabelecer os alicerces para que a escola possa

educar com êxito a diversidade de seu alunado e colaborar com a erradicação

da ampla desigualdade e injustiça social.

O foco da inclusão educacional é o de estimular o aluno portador de algum tipo

de necessidades especiais, a fim de que ele possa ultrapassar as barreiras impostas pela

sociedade em que está inserido, mostrando, através da vivência com os outros alunos,

que ele pode sim participar da vida em sociedade (atividades, mercado de trabalho, área

educacional, social, entre outros segmentos), assim como explica Santos (2006) apud

Cordovil (2009, p.11): “[...] a educação inclusiva tem importância fundamental, pois

busca, por princípio básico, a minimização de todo e qualquer tipo de exclusão em

arenas educacionais e, com isso, elevar ao máximo o nível de participação”.

O termo acessibilidade para pessoas com necessidades especiais começou a ser

muito utilizado na Europa na década de 60. Foi neste período que surgiram vários

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debates e entendimentos com profissionais da área de Engenharia e Arquitetura; daí foi

criado o “projeto livres de barreiras” que, num primeiro momento, o seu conceito

estava associado a pessoas com problemas de locomoção (cadeirantes), mas, com as

mudanças de contextos que a sociedade passava, decorrentes de avanços tecnológicos e

desenvolvimentos de movimentos de ações sociais inclusivas, o “projeto livre de

barreiras” foi revisto, dando nova ênfase ao termo acessibilidade, o qual tem conceito

definido por Rio Grande do Norte (2007 p. 09) como,

A acessibilidade é um direito de todos. Promover espaços, onde todas as

pessoas possam usufruir com igualdade, liberdade e autonomia, é um

compromisso de cada cidadão. [...] É a possibilidade de promover a todos os

usuários o acesso e a utilização de ambientes e equipamentos com igualdade,

autonomia e segurança.

O “Design Universal, conhecido também como Desenho Universal”, já citado

anteriormente, é uma vertente do “projeto livres de barreiras” que tem como objetivo a

criação de produtos e serviços inclusivos para pessoas com necessidades especiais em

uma área urbana, para autonomia da diversidade de uma sociedade, assim como explica

Prado (2010, p. 27),

O desenho universal pretende conceber produtos, equipamentos, interiores e

exteriores de edifícios, sistemas de transportes, áreas urbanas, assim como

tecnologias da informação, acessíveis e utilizáveis por todos independente de

gênero, etnia, saúde ou deficiência, ou outros fatores correlatos.

Mas, para que o indivíduo possa usufruir das condições propostas pela

acessibilidade é necessário que se tenha a inclusão desse indivíduo na sociedade em que

ele vive, seja no segmento social, educacional, no mercado de trabalho e em vários

outros níveis. Logo, é fundamental o entendimento desse termo “inclusão”, para que as

questões da acessibilidade possam ser entendidas pela sociedade com mais naturalidade.

A sociedade deve compreender e aceitar com mais naturalidade a inclusão

educacional, pois estará ajudando na participação de uma democracia mais justa. Sendo

assim, a inclusão educacional deve ser vista com outro olhar pela sociedade, pois, desta

forma, podem ser quebrados paradigmas e tabus sobre a questão social da deficiência, a

fim de que haja uma reformulação no sistema de ensino, a conquista de uma educação

de natureza satisfatória para todos os indivíduos, sem distinção, sejam eles com ou sem

necessidades. (SERRA 2006 apud CORDOVIL 2009).

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2.2.PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS – CLASSIFICAÇÃO DAS

DEFICIÊNCIAS.

Em um contexto histórico sobre pessoas que apresentavam, ao nascer, algum

tipo de deformidade ou necessidade especial, tem-se que eram rotuladas de não

necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade, assim como mostra a história de

Atenas e Esparta, na qual o genocídio e o abandono de crianças com algum tipo de

deficiência física expostas ao nascer era apoiado pela comunidade em geral. Com o

passar do tempo e a evolução da sociedade, as pessoas começaram a mudar seus

conceitos; isso aconteceu, segundo Beyer (2005) por causa das guerras mundiais, onde

as pessoas que sobreviviam ao campo de batalha e voltavam para suas casas mutiladas

ou apresentando outras necessidades causadas pela guerra, foram, gradativamente,

sendo aceitas por uma pequena parcela da sociedade. No Brasil, essa aceitação também

aconteceu de modo crescente, através da criação de instituições não governamentais de

apoio às pessoas com necessidades especiais; tal é relembrado por Nunes (2010, p. 9),

Em 1854, foi construído o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, hoje

conhecido como Instituto Benjamin Constant e, em 1856, o Instituto dos

Surdos e mudos, hoje Instituto Nacional de Educação de Surdos. Em 1954 foi

Fundada a associação de pais e amigos dos Excepcionais (APAE), com

ensino e serviços gratuitos. Contudo somente na década de 60 e 70 é que

aparecem outros centros com objetivo de incluir essas pessoas com

deficiência. A partir de 80 esta integração social teve um impulso maior

quando surge a luta pelos direitos das pessoas com deficiência por meio de

organizações como a Coordenadoria Nacional de Integração da pessoa

Portadora de Deficiência (CONADE).

Assim como no Brasil, outros países também começaram a lutar para que os

direitos dessas pessoas com necessidades especiais fossem respeitados, e vários

documentos criados pelas Nações Unidas foram expostos ao mundo, a fim de que a

sociedade respeitasse os direitos daqueles e cumprissem seu dever perante o portador de

necessidades especiais. São exemplos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

de 1948, e a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Práticas na área das

Necessidades Educativas Especiais de 1994, entre outros.

A partir daí, o conceito de necessidade especial foi misturado ao conceito de

deficiência; ambos lutam pelos mesmos direitos, só que o portador de necessidades

especiais descrito pela declaração de Salamanca (1994) é uma vertente mais ampla, pois

inclui, não só os portadores de deficiência Visual, Auditiva e Física, como também as

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deficiências causadas por condições sociais, emocionais e sensoriais, entre outras. De

acordo com Cordovil (2009, p. 2), “O termo “pessoa com necessidades especiais” não

significa um sinônimo para Pessoa Portadora de Deficiência. Necessidades Especiais

abrange uma gama de situações, já que se refere às condições atípicas incluindo as

deficiências”. Já, o termo deficiência é acentuado pela legislação do decreto n° 3298/99

que regulamenta a lei n° 7853/89, a qual retrata os meios políticos legais para

Integração da pessoa portadora de deficiência; esse termo é:

I – deficiência – Toda perda ou Anormalidade de uma estrutura ou função

psicológica, fisiológica ou anatômica que gere a incapacidade para o

desempenho de atividade, dentro de um padrão considerado normal para o ser

humano;

II – Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante

um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter

probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos. (BRASIL,

1999).

A pessoa portadora de deficiência é considerada pela ONU, em sua declaração

de 1975, que está no anexo A, como: “qualquer pessoa incapaz de assegurar por si

mesma , total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social normal,

em decorrência de uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas,

sensoriais ou mentais”(ONU, 1975) , logo essas deficiências são encontradas, separadas

em cinco grupos diferentes: mental, física, visual, auditiva e as deficiências múltiplas,

conforme prescrito no Código Internacional de Doenças (CID, 1998).

A deficiência mental é definida como “o funcionamento intelectual inferior à

média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais

habilidades adaptativas”. (BRASIL. Decreto n° 3298, 1999 apud FEIJÓ, 2003 p. 33) ou

seja, pessoas que nascem mentalmente inábeis à comunicação, ou para aptidões sociais

entre outras (FEIJO,2003). Já, a Associação Americana de deficiência mental define o

termo deficiência mental como,

Todos os graus de defeito mental devido ou que levam a um desenvolvimento

mental insuficiente, dando como resultado que o indivíduo atingido é incapaz

de competir; em termos de igualdade, com os companheiros normais, ou é

incapaz de cuidar de si mesmo ou de negócios com a prudência normal (

KRYNSKI, 1969, p.12).

A deficiência física é entendida como ausência de movimentos, total ou parcial

do aparelho locomotor, geralmente podendo ser causada por vários tipos de paralisias,

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lesões, acidentes, ocasionando amputações ou a má formação dos membros, órgãos ou

sistema muscular ou nervoso. Tem seu conceito definido da seguinte forma:

Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,

acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a

forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia,

tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia,

amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros

com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e

as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; (Brasil.

Decreto n° 3298, 1999 apud FEIJÓ, 2003 p. 36).

A deficiência visual, por sua vez, é a perda da visão, total ou parcial. A pessoa

pode nascer cega ou ir perdendo, gradativamente, a sua visão, e as causas disso podem

ser variadas, desde a má formação das córneas, até acidentes. Mas, pelo Decreto nº

5.296, de 2 de dezembro de 2004, tal deficiência é enquadrada como:

deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que

0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que

significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor

correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual

em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea

de quaisquer das condições anteriores.(BRASIL, 2004, p.1)

A próxima deficiência a ser conceituada é a deficiência auditiva, conforme é

referenciada no decreto 3.298 (1999, p.02), sendo conceituada como: “a perda parcial

ou total das possibilidades sonoras, variando de graus e níveis.” Estes níveis podem ir

de 25 a 40 decibéis, que é considerada surdez leve ou até superior a 91 decibéis, que é a

surdez profunda. Sua definição também é representada pela American National

Standards Institute (1989) apud Rede Entre Amigos de Informação sobre a Deficiência

(2008, p.1) “Deficiência auditiva é considerada genericamente como a diferença

existente entre a performance do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora

de acordo com padrões”.

A ultima deficiência a ser conceituada é a Múltipla; ocorre quando pessoas

portadoras de alguma necessidade especial tem mais de uma deficiência ou

necessidades, assim como cita Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC,

2002, p.25) “associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias

(mental / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam

consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa”.

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2.3.DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS COM NECESSIDADES

ESPECIAIS.

Como já mencionado anteriormente, no Censo realizado no ano de 2000 pelo

IBGE, é mostrado, em sua análise, que 24 milhões de brasileiros possuem algum tipo de

deficiências ou necessidade especial, ou seja, 27% da população total do Brasil.

No meio internacional como se viu, o direito do portador de necessidades

especiais passou a ser visto após o término da segunda guerra mundial, onde foram

expostas as necessidades das pessoas que nela serviram e tiveram alguma sequela, as

quais precisaram de auxílio do Estado. Sendo assim, comissões de instituições não

governamentais e governamentais viram a necessidade de criar declarações, normas,

fóruns, entre outros, para confrontar o tema com a sociedade, chamando a atenção

especialmente do governo sobre a necessidade de uma legislação voltada aos portadores

de necessidades especiais.

Alguns desses documentos ajudaram na construção e atualização de muitas

constituições pelo mundo, como o caso da: Declaração Universal dos Direitos Humanos

de 1945, exposta pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas para a

Educação, Ciências e a Cultura (UNESCO), que estabelece um exercício de cidadania

contínuo, mostrando aos países membros a importância da busca da dignidade humana

pela luta de igualdade dos direitos entre homens e mulheres sem distinção, a busca

constante de uma vida digna para a sociedade, evidenciando o valor de cada ser

humano, respeitando assim os direitos fundamentais da Humanidade (UNESCO, 1998);

vários países assinaram e implementaram as recomendações em suas constituições e leis

federais e estaduais; o Brasil foi um dos países que assinou essa declaração e participa

como país membro da ONU.

A partir dessa circunstância, vários outros documentos foram criados,

explorando a natureza do contexto das pessoas portadores de necessidades especiais,

como a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência de 1975,

também gerida pela ONU, que consiste em recomendações internacionais e nacionais

para estabelecer compromissos de igualdade e de crescimento de uma vida melhor ao

portador de deficiência, assim com cita SENAC (2002, p. 37),

Consciente dos compromissos que os Estados Membros assumiram, em

virtude da Carta das Nações Unidas, de obter meios, em conjunto ou

separadamente, para cooperar com a Organização das Nações Unidas, a fim

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de promover níveis de vida mais elevados, trabalho permanente para todos,

condições de progresso, desenvolvimento econômico e social, a Assembleia

Geral proclama a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras de

Deficiências e solicita que se adotem medidas em planos nacionais e

internacionais para que esta sirva de base e referência comuns, para o apoio e

proteção destes direitos.

A partir da década de 90 e dos anos seguintes, houve um crescimento de

recomendações e manifestações para o contexto do portador de deficiência, como a

Declaração de Madrid de 2002, que tem como tema, “A não discriminação e a ação

afirmativa resultam em inclusão social” (SENAC, 2002 p.32), tal qual a Declaração de

Salamanca de 1994, que constitui em seu tema “princípios, política e práticas na área

das necessidades educativas especiais” (SENAC, 2002, p.24), buscando alternativas de

inclusão para o melhoramento da educação no âmbito da igualdade da sociedade dentro

das instituições de ensino; neste mesmo sentido também foi construída a Declaração de

Santo Domingo de 2006, que faz referência à “sociedade do conhecimento e sua relação

com as novas tecnologias e inclusão digital” (PUPO, 2008, p. 64). Tal como a

Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2002), que também faz recomendações

sobre espaços na área de trabalho, dignos do portador de deficiência, onde ele possa ter

possibilidades de crescimento, competitividade entre outros segmentos no seu espaço de

trabalho, mudando seu contexto de vida e ajudando no crescimento da sociedade ao seu

redor.

CONVENÇÃO 159/63 – Organização Internacional do Trabalho: recomenda

aos países membros da OIT que considerem que o objetivo da readaptação

profissional é permitir que pessoas portadoras de deficiência consigam e

mantenham um emprego conveniente, progridam profissionalmente e, por

conseguinte, tenham facilitada sua inserção ou sua reinserção na sociedade.

(SENAC 2002, p. 39).

Já, no âmbito nacional, esse tema começou a ser debatido e colocado em prática

para a proteção das pessoas com algum tipo de deficiência em 1978, na Emenda

Constitucional no regime da ditadura, que explana um começo de inclusão ao portador

com necessidade especial na sociedade, conforme Rostelato (2009, p. 69) “No art.11[...]

em seu 3°, lei complementar amparará de modo especial os deficientes de forma a

integrá-los na comunidade”. Mais tarde foram evidenciados, em nossa constituição de

1988 (já em uma democracia), os direitos das pessoas com deficiência, como o direito à

saúde, à educação, ao trabalho, à igualdade, ao transporte, à vida familiar, à assistência

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de modo geral, ao lazer, à cultura, ao esporte e o direito à eliminação das barreiras

arquitetônicas.

É almejado, conforme consta na Constituição (1988), que a sociedade veja e faça

cumprir todas as regulamentações citadas acima para com o portador de deficiência,

mostrando que todo o indivíduo deve ser considerado igual, sem distinção, garantindo a

todos os direitos fundamentais à vida humana, sendo que um deles é o direito à

educação. Em nossa constituição, uma das vertentes importantes para a garantia do

exercício da cidadania é o direito que portador de deficiência tem com a educação. Esse

é um dos melhores caminhos para o processo da inclusão do deficiente na sociedade,

sendo assim, - consta na constituição brasileira de 1988 -, é obrigação do estado maior

que representa a sociedade, de proporcionar garantias de acesso ao portador de

deficiência em instituições de educação, principalmente, nas de ensino regular; as quais

possam oferecer um ensino igualitário aos seus alunos e usuários, possibilitando

espaços e estruturas adequadas e profissionais e serviços especializados, facilitadores da

educação inclusiva. Conforme o “Art. 208 – O dever do estado com a Educação será

efetivado mediante a garantia de: (...) III – atendimento educacional especializado aos

portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2000

apud FEIJÓ 2003, p.79).

Mas, para isso ocorrer com naturalidade, é preciso pensar em projetos de lei e

políticas públicas em vários âmbitos, eliminando as dificuldades de acesso aos

portadores de deficiência, pois não adianta ter uma instituição que obedeça aos direitos

daqueles se, ao seu redor, o acesso é intrincado. Essa vertente também consta na

Constituição Brasileira, entendendo-se que o estado tem de garantir esse acesso com

maior segurança e eficácia possível ao portador de deficiência, disponibilizando a

acessibilidade em órgãos públicos e privados, como também no transporte coletivo: “A

lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos

veículos de transporte coletivo atualmente existente a fim de garantir acesso adequado

às pessoas portadoras de deficiência.”(BRASIL, 2000 apud FEIJO 2003, p.83).

A partir dessa constituição de 1988, foram pensados vários decretos de lei e

normas para a preparação dos ambientes e instituições pertinentes à acessibilidade, que

tem como proposta a construção de ambientes mais inteligíveis, onde se possa ter o

direito de ir e vir, acessar as atividades e serviços da instituição, com mecanismos mais

adequados que facilitem a vivência do portador de deficiência, sendo o alcance da

informação em suportes adequados para cada tipo de deficiência e acesso em áreas

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urbanas, nas quais os portadores de deficiências possam ter ações facilitadoras de lazer,

estudo, transporte, imobiliário entre outros aspectos.

A primeira lei instituída foi a de nº 7405/85, antes da constituição vigente, pela

qual são necessárias exposições de símbolos universais de acessibilidade em todos os

espaços e atividades promovidas para o portador de deficiência (FEIJO, 2003),

conforme é mostrado no anexo D. A legislação Brasileira, tangente aos direitos

fundamentais do portador de deficiência, possibilitando que fossem criados atos federais

legislativos e também a norma 9050 da ABNT em que estão registradas as

recomendações desses direitos.

A próxima Lei que se quer destacar é a de n° 7853/89, pela qual é apoiada a

integração dos portadores de deficiência junto à Coordenadoria Nacional para

Integração de Pessoa com Deficiência (CORDE). Através desta lei, os municípios

adquirem autonomia para atuarem juntamente ao CORDE, efetivando ações na defesa

dos direitos sociais dos portadores de deficiência. São eles quem atuam para que as

normas sejam efetivadas em todos os municípios e estados (FEIJO, 2003). Em 1999, foi

aprovado o decreto nº 3.298 que atualiza a Lei nº 7.853/89, sendo que, nele, constam

orientações e princípios, diretrizes, objetivos que dão garantia aos direitos individuais e

sociais do portador de deficiência (FEIJO, 2003).

Mas, para se fazer necessária a inclusão dos deficientes foi determinada a

criação de uma portaria de nº3.284/03, regularizando as instituições de ensino superior

e, consequentemente, o reconhecimento dos cursos, o qual acontecerá se a instituição,

entre outros segmentos, também oferecer estruturas e serviços adequados aos discentes

com deficiências (PUPO, 2008).

A norma 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT contém,

no seu teor, o objetivo “Adequação das edificações, equipamentos e mobiliário urbano à

pessoa portadora de deficiência” (PUPO, 2008 p.66) e, como princípio, a orientação de

que forma devem ser feitas as recomendações constantes na proposta para profissionais

da área da engenharia, arquitetura e gestores que vão participar de algum modo da

construção ou reforma de um espaço.

Por esta norma, são apresentadas diretrizes para o portador de deficiência visual,

física e auditiva, sendo que, para o portador de deficiência visual, as recomendações têm

embasamento nos espaços sinalizados para sua locomoção, com equipamentos

tecnológicos e mobiliários adequados para o acesso à informação desejada e conteúdos

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disponibilizados em Braille1. Já, para o portador de deficiência física, a norma

estabelece a retirada de barreiras que o impeçam de se locomover no espaço desejado,

ou seja, há a orientação também para a construção de rampas de acesso, implantação de

alças de apoio em lugares onde é necessária a utilização da força dos braços, o ajuste de

espaços como portas e elevadores para a passagem de uma cadeira de rodas ou outro

meio de locomoção, mobiliário adequado para o conforto e segurança. Por fim, as

recomendações para o portador de deficiência auditiva têm como proposta as

adequações das instituições para contratação e especialização de profissionais que

conhecem a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS2), para a garantia de uma

comunicação eficaz, tendo ele todos os diretos assegurados para isso, como o acesso à

informação desejada, ajuda e revisão de texto escrito, equipamentos tecnológicos que

possam estabelecer o direito à informação desejada, entre outros segmentos (ABNT,

2004).

2.4.SERVIÇOS E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ESPECIALIZADOS EM

BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

As bibliotecas universitárias oferecem atendimento a um público muito

diversificado, sendo que cada um tem, em seu contexto, necessidades diferentes. Elas

são alicerces fundamentais na criação de novas pesquisas, projetos científicos dentro do

ambiente universitário, gerando, assim, novos conhecimentos para a evolução de uma

sociedade. Para isso, as bibliotecas, junto com sua gestão institucional, devem lutar para

ter materiais tecnológicos eficientes e acervos atualizados, visando à excelência e à

igualdade no atendimento do usuário. Mas como pensar em atendimento igualitário?

Nos dias atuais, o contexto das bibliotecas referente ao seu público alvo está se

diversificando. Como já mencionado, anteriormente, as mudanças sociais, políticas de

inclusão estão acontecendo, felizmente; o ensino universitário está lutando para uma

inclusão educacional no ensino superior; logo, as universidades estão ou deveriam estar

se estruturando para adequar seus serviços, a fim de atender, de forma igualitária, os

portadores de alguma deficiência.

1 Braille é um sistema universal de codificação de alto relevo utilizado para o processo de leitura e escrita

especialmente direcionadas para pessoas com deficiência visual. (COSTA, 2009, p.15)

2LIBRAS: Língua Brasileira de Sinais, que é língua usada por comunidades surdas e mudas.

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31

A partir desse contexto, os serviços oferecidos por uma biblioteca no

atendimento desse público em especial devem estar de acordo com a norma ABNT

NBR 9050 e com a legislação brasileira já mencionada no texto. Os serviços devem ser

prestados com naturalidade, para que não haja possibilidade de preconceito ou

estranhamento entre os usuários; para isso, a biblioteca deve oferecer treinamentos

constantes a seus colaboradores, pois eles são a porta de entrada para a excelência no

atendimento e, na maioria das vezes, no trato com algo novo podem ser gerados

conflitos se não houver preparo adequado. Assim, como explica Ferreira

Mais importante que a estrutura física da biblioteca é o potencial humano. As

bibliotecas universitárias necessitam de profissionais qualificados e

capacitados para responder à demanda de novas ofertas de serviços, no

atendimento de seus usuários, no acesso à informação e, mesmo que detenha

um bom acervo, o fator humano é essencial e imprescindível.(FERREIRA,

2003, apud PAULA; CARVALHO, 2009, p. 68),

Todos têm direito ao acesso à informação; cabe às Bibliotecas Universitárias

auxiliarem e desmistificarem as barreiras que impedem esse acesso, sendo isso válido

para qualquer cidadão, seja ele portador de uma deficiência ou não. Todos, sem

distinção, têm necessidade de informação, um caminho natural para a evolução de uma

sociedade; portanto, as Bibliotecas Universitárias, de acordo com Paula; Carvalho

(2009, p.71) “as bibliotecas têm a responsabilidade de garantir e de facilitar o acesso às

manifestações do conhecimento e da atividade intelectual”, logo é seu dever prestar

serviços e deter tecnologias facilitadoras, a fim de que esse acesso informacional

aconteça gradativamente, ajudando no crescimento intelectual e de autonomia do

indivíduo, consequentemente, na evolução de uma sociedade.

Uma das primeiras mudanças dentro de uma Biblioteca Universitária deve ser a

colocação de “símbolos Internacionais e acesso”, conforme a figura 1 representada

abaixo, para que todos possam ter a consciência de que aquelas instituições não

possuem obstáculos arquitetônicos em sua estrutura. Essa figura representa o direito de

ir e vir do cidadão portador de qualquer deficiência, pois ela está associada à

implantação de rampas de acesso, colocação de barras de apoio nos locais que forem

necessários, espaços mais amplos em ambientes de circulação corrente (corredores,

portas, banheiros entre outros), mobiliário adequado à utilização do portador de

deficiência e implementação de Ladrilho Hidráulico Tátil (por onde o portador de

deficiência visual se baseia para poder se locomover num espaço urbano).

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Figura 1 - Símbolo internacional de acesso

Fonte: ABNT NBR 9050

Os serviços de uma biblioteca universitária relacionados ao portador de

deficiência têm de constar também na política de desenvolvimento de coleções e nos

objetivos e missão da instituição, sendo que este documento deve estar disponibilizado a

todos os usuários, mostrando e explicando a essência da biblioteca no que diz respeito à

inclusão educacional, apontando, assim, um viés de uma sociedade mais justa aos seus

usuários e colaboradores.

A instituição deveria oferecer para cada deficiência um nível de atendimento

especializado, ou seja, a linha de serviços das bibliotecas Universitárias deve ser a

mesma diante destas necessidades, mais ainda para o portador de deficiência, sendo

necessários: recursos humanos pessoais treinados; em relação aos outros serviços, a

biblioteca terá de dispor, em sua estrutura, do acesso sem barreiras e de equipamentos

tecnológicos e mobiliários qualificados para cada deficiência, a fim de que o portador de

deficiência possa ter acesso à informação desejada. Logo, como explica Gonzalez (2002

apud PAULA; CARVALHO, 2009, p. 72):

É importante fazer diferença entre biblioteca acessível e biblioteca adaptada.

Biblioteca adaptada é aquela que segue as regras do desenho acessível, com

rampas, banheiros adaptados, sinaleiras Braille, entre outras. A biblioteca

acessível é a que disponibiliza a informação em qualquer suporte e provê

acesso a todas as pessoas que dela necessitam, ou seja, segue os princípios do

desenho universal.

Em geral, as Bibliotecas Universitárias prestam em suas instituições serviços que

auxiliam a vida acadêmica do aluno, como também oferecem serviços informacionais

aos usuários externos e até fora dos limites da universidade; os serviços são baseados

em:

Quadro 1 - Serviços de uma Biblioteca Universitária.

Serviços – Biblioteca

Universitária

Características Recursos Humanos

Empréstimo

domiciliar

Empréstimo do acervo da biblioteca, livros

periódicos, multimídias, entre outros, para os

usuários devidamente cadastrados na biblioteca.

Colaboradores

especializados

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33

Levantamento

bibliográfico

Levantamento de fontes bibliográficas para uma

pesquisa, delimitando um tema ou assunto

desejado de interesse do usurário;

Bibliotecário

Normalização

bibliográfica

Ajuda na Normalização de trabalhos acadêmicos,

utilizando as normas da ABNT ou normas que as

instituições seguem para uma padronização;

Bibliotecário

Treinamento para a

utilização bases dados

e seu acesso

Ajuda e ensinamento no desenvolvimento para a

localização de acervo em geral na biblioteca,

utilizando um sistema de busca que a biblioteca

possui ou em outras bases de dados, fazendo uso

de termos pré-definidos ou não;

Bibliotecário e ajuda

de recursos da

Tecnologia da

Informação – TI

Visita Orientada Orientação das regras de funcionamento da

instituição, mostrando o espaço a ser utilizado ao

futuro usuário;

Colaborador

especializado e

Bibliotecário

Comutação

Bibliográfica

COMUT

Obtenção de documentos informacionais, através

de várias bibliotecas brasileiras ou estrangeiras ou

base de dados específica. Geralmente, é um

serviço pago;

Colaborador

especializado e

Bibliotecário

Ficha Catalográfica É a preparação de fichas catalográficas para teses,

monografias, relatórios de pesquisa entre outros

trabalhos dos usuários internos das Bibliotecas

Universitárias.

Bibliotecário

Fonte: readaptado de Paula; Carvalho (2009).

Para que estes serviços possam atender, inclusive, ao portador de deficiência

física, visual e auditiva, é preciso orientação, tanto para ambos os colaboradores, quanto

para os usuários em geral. Alguns desses serviços terão de ser mais específicos quando

for ao portador de deficiência ou a criação de novos serviços específicos, como

transição do conteúdo desejado para o formato Braille, correção e transição (escrita em

Braille para escrita normal) de trabalhos dos portadores de deficiência auditiva e visual

que vão ser inseridos na base para o público em geral, são alguns exemplos.

De acordo com Pupo (2008), a legislação brasileira detém um artigo, no qual é

explicado que não é considerado crime de direito autoral a transição de obras literárias,

científicas e artísticas, entre outros, para o material impresso em Braille ou outros

suportes tecnológicos, a não ser que seja comprovado que esse material é de uso restrito

ao portador de deficiência visual.

Julga-se pertinente mencionar a lei 9.610/98 e seu capítulo IV, art. 46, no qual

consta que as Bibliotecas Universitárias poderão ter autonomia na transição de obras

para o Braille ou outros suportes tecnológicos que assegurarão o direito à informação do

deficiente visual.

Não constitui ofensa aos direitos autorais: I - a reprodução: [...] d) de obras

literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais,

sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema

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Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários; I

- a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do

copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;(BRASIL, 1998, p. 05)

Logo, também as bibliotecas universitárias terão de ter profissionais que possam

se comunicar na língua brasileira de Sinais – LIBRAS, de modo a entender o que esse

usuário quer e quais são os serviços procurados por ele, pois, tendo a liberdade de se

expressar, é possível estimular o desenvolvimento criativo e intelectual do indivíduo,

tornando-o mais independente para lidar com alguns aspectos da Biblioteca

Universitária. Mas, para que essas vertentes possam funcionar dentro do espaço da

Biblioteca Universitária, é preciso planejamento. Neste âmbito, é presumível a

aquisição de algumas Tecnologias Assistivas que são essenciais ao desenvolvimento da

biblioteca acessível a todos.

2.4.1 Tecnologias Assistivas

As Tecnologias Assistivas são artefatos que vêm para auxiliar a vida diária do

portador de deficiência. Há tecnologias para cada tipo de deficiência e necessidade

específica num espaço urbano, ou seja, há meios para o portador de deficiência física,

visual e auditiva viver de forma mais normal possível, tal que possa realizar atividades

do mesmo jeito daquelas pessoas sem deficiência.

O conceito das Tecnologias Assistivas – T.A é ainda recente, conforme é

mostrada por Melo; Costa; Soares (2008, p.94),

As tecnologias Assistivas são recursos e serviços que visam facilitar o

desenvolvimento de atividades da vida diária para com as pessoas com

deficiência. Procuram aumentar capacidades funcionais e assim promover a

autonomia e a independência de quem as utiliza.

As Tecnologias Assistivas são divididas em grupos distintos que são:

instrumentos para facilitar as atividades do dia a dia do portador de deficiência; outros

mecanismos que o ajudarão a lidar com o computador, tendo acesso à informação

desejada. Segundo Melo; Costa; Soares (2008) são artefatos essenciais no auxílio ao

portador de deficiência, para que tenha acesso à informação, o direito e respeito de

poder comunicar-se e ser entendido, além de ter a vida facilitada nas ações do cotidiano

pelas T.A.

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Estes são apenas alguns exemplos de como as bibliotecas universitárias podem

planejar a implantação de algumas tecnologias facilitadoras ao acesso do portador de

deficiência nas bibliotecas, porém, antes da implementação, é necessário o treinamento

de colaboradores capacitados para ensinar aos usuários o manuseio destas tecnologias e,

também, na conservação da vida útil do equipamento. Como já dito, essas tecnologias

precisam constar de planejamento previamente estabelecido, pois precisarão, em alguns

casos, de espaços específicos e de recursos financeiros; para tanto, a gestão das

Bibliotecas Universitárias, em conjunto com a instituição mantenedora, deve tomar

conhecimento dessas possibilidades e providenciar a aquisição daquelas. Isso é

necessário à garantia do acesso igualitário de seus utentes e futuros usuários.

Com base nesta breve apresentação do que são tecnologias assistivas,

esquematizou-se um quadro com algumas possibilidades para as bibliotecas

universitárias.

Quadro 2 - Tecnologia Assistivas (T.A).

Tecnologia Características

Lupas eletrônicas Ajudam pessoas que possuem baixa visão.

Através dessa tecnologia, as pessoas portadoras de

deficiência visual podem ter o acesso à

informação com a ampliação dos textos, imagens

e outros documentos para qualquer tela

(computador, Televisor ( TV) entre outras). (figura

4 no anexo E.)

Maquinas Perkins Ferramenta que datilografa em Braille, para o

portador de deficiência visual. (figura 5 da no

anexo E.)

Reglete e punção Auxilia na transição da escrita em Braille. (figura

6 da no anexo E.)

Rotuladora Braille Ferramenta que rotula em Braille. (figura 7 no

anexo E.)

Teclados alternativos Mecanismos computacionais com os quais os

portadores de deficiências físicas e visuais (baixa

visão) possam acionar ações do computador,

através de um teclado especial. Assim como o

teclado virtual da Microsoft.

Ponteiras de cabeças Ferramenta feita de material leve, acoplado à

cabeça do portador de deficiência física, com a

qual ele aciona as teclas do computador através

dessa ponteira. (figura 8 no anexo E.)

Programas para percepção da voz Ajudam o portador de deficiência física e visual a

utilizar ações do computador, através do comando

de voz. Ajuda na inclusão computacional do

portador com deficiência. (figura 9 no anexo E.)

Ampliadores de Tela E um sistema que amplia as funções da interface

do computador, auxiliando as pessoas com baixa

visão. (figura 10 no anexo E.)

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Leitores de tela que emitem voz Sistema que transforma as funções do computador

em voz, através de um sistema computadorizado,

usado para auxiliar as pessoas portadoras de

deficiência visual. (figura 11 no anexo E.)

Impressora em Braille Imprimem em formato da escrita em Braille.

(figura 12 da no anexo E.)

Fonte: adaptado de Melo; Costa; Soares (2008)

Mas, para que essas tecnologias assistivas possam serem oferecidas dentro de

uma biblioteca universitária, é essencial que o profissional bibliotecário(gestor) tenha

conhecimento das mesmas, pois as T.A ajudam no desenvolvimento e na autonomia do

portador de deficiência física, como cita Paula; Carvalho (2009, p.71): “O objetivo do

uso de tecnologias de informação é o de incluir o aluno com deficiência no ensino

superior e na sociedade do conhecimento com autonomia e independência.”

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa proposta tem em sua natureza a abordagem qualitativa, de caráter

descritivo, ambicionando a verificação das condições estruturais (edificações e

instrumentos de suporte aos usuários com necessidades especiais; assim como serviço

técnico e operacional) das bibliotecas Universitárias da grande Florianópolis, no

atendimento aos usuários com necessidades especiais (deficiências físicas, visuais e

auditivas).

A pesquisa qualitativa teve como característica a liberdade de investigação do

seu objeto, pois nos dá diversificado leque de conceitos, estratégias de investigação e

métodos de coleta de dados, com os quais o pesquisador consegue entrar na pesquisa

com dados mais mensuráveis, essenciais para o estudo em questão (CRESWELL,

2010).

A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma

compreensão detalhada dos significados e características situacionais

apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas

quantitativas de características ou comportamentos. (RICHARDSON 1999,

p. 39),

Além da abordagem qualitativa, há o aspecto descritivo, pois delineia

instituições e público específicos. Assim como refere Gil, (1995, p.29), “têm como

objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou

fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis” Esta pesquisa teve, como

universo de pesquisa, cinco Bibliotecas Universitárias de instituições públicas da grande

Florianópolis.

Para a coleta de dados, foram feitos, primeiramente, os contatos via telefone com

os bibliotecários gestores das bibliotecas universitárias que fazem parte do universo do

estudo. A partir daí, foram marcadas as entrevistas para as semanas seguintes no local

onde eles atuam. Seguindo as normas da instituição, de origem desse estudo, os dados

da pesquisa passaram pelo comitê de ética, já que o objeto desse estudo se faz com seres

humanos. Obtida sua aprovação, no referido conselho, seguiu-se a condução normal da

pesquisa.

Todos os entrevistados assinaram um Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCL), ficando uma cópia com eles e uma comigo, conforme previsto pelo

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próprio Conselho de Ética. Foi dada, para cada um, uma cópia dos questionários para

que fizessem leitura preliminar.

Em cada uma, foram analisados suas estruturas e serviços prestados aos

usurários com necessidades especiais, mostrando se todas estavam de acordo com as

normas e legislação vigentes do país. A partir desse pressuposto na coleta de dados, foi

utilizada a técnica da entrevista semiestruturada que, conforme Marconi e Lakatos,

(2010), “O entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer

direção que considere adequada. É uma forma de poder explorar mais amplamente uma

questão.”, ou seja, com esse método, o entrevistador teve mais liberdade na hora da

entrevista, não seguindo, necessariamente, um roteiro de perguntas pré-definido.

Com esse método de coletas de dados provou-se que o nível de resposta dos

entrevistados foi o mesmo, permitindo comparações entre as respostas e os objetivos

propostos pelo projeto. A entrevista foi feita com os bibliotecários responsáveis de cada

Instituição das Bibliotecas Universitárias, sendo que o nome da instituição e do

profissional não foram revelados nos resultados, para não personificar a pesquisa em

nenhuma espécie de aspecto avaliativo para com a instituição. Os dados obtidos foram

tabulados através do método da codificação ou categorização dos dados que, para Flick

(2009, p. 32) é descrito como

Uma comparação constante dos fenômenos, dos casos, dos conceitos, etc.,

assim como uma formulação de questões voltadas ao texto. (...) A

categorização nesse procedimento, refere-se ao resumo desses conceitos em

conceitos genéricos e ao aperfeiçoamento das relações entre conceitos e

conceitos genéricos, ou categorias e conceitos superiores.

Assim, a partir desse método, os resultados foram expostos de forma mais

dinâmica, possibilitando melhor entendimento, pois as respostas puderam ser

organizadas a cada grupo de categoria de assuntos.

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4 BIBLIOTECÁRIOS QUE ATUAM NAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS.

Com as mudanças3 de contexto nos meios sociais e políticos da sociedade, as

instituições educacionais viram a necessidade de adequar alguns serviços e modificar

estruturas para atender um público em especial. Nesse sentido, destaca-se (XAVIER,

1997, p.293)

A mudança de paradigma decorre de uma nova compreensão da realidade e

significa nova rota ou novo rumo, que orienta a definição de políticas, que

passam a ser perseguidas por métodos, estratégias e instrumentos coerentes

com os ideais e valores ontologicamente incorporados pela sociedade, na

busca do desenvolvimento.

Esse público são os portadores de algum tipo de necessidades especiais em

bibliotecas universitárias, que é o enfoque dessa pesquisa; sendo assim, é preciso um

planejamento para o atendimento desse tipo de público, respeitando a igualdade e a

excelência no atendimento e desenvolver a autonomia dos usuários na busca e

compreensão do conhecimento desejado. Através disso, o profissional bibliotecário,

gestor de uma biblioteca universitária terá de ter habilidades e competências de cunho

social, empreendedoras e políticas, a fim de entender e colocar em prática serviços e

tecnologias, facilitando, desse jeito, a vida do usuário portador de deficiência, integrante

de uma biblioteca universitária. Para que isso aconteça, é importante que os cursos de

graduação em Biblioteconomia enfoquem, também, essas premissas durante o processo

de graduação, para que o bibliotecário já saia do ensino superior com o conhecimento

prévio das diferenças culturais no processo de acesso à informação. Conforme evidencia

Velho (1994, p.63 apud CANDAU, 2011, p.245),

Hoje em dia cultura faz parte do vocabulário básico das ciências humanas e

sociais. O seu emprego distingue-se em relação ao senso comum no sentido

que este dá às noções de homem culto e inculto. Assim como todos os

homens em princípio interagem socialmente, participam sempre de um

conjunto de crenças, valores, visões de mundo, redes de significado que

3 Mudanças de contextos no que diz respeito as diferenças culturais são aquelas segundo (CANDAU,

2011, p.241), As diferenças culturais - étnicas, de gênero, orientação sexual, religiosas, entre outras se

manifestam em todas as suas cores, sons, ritos, saberes, sabores, crenças e outros modos de expressão. As

questões colocadas são múltiplas, visibilizadas principalmente pelos movimentos sociais, que denunciam

injustiças, desigualdades e discriminações, reivindicando igualdade de acesso a bens e serviços e

reconhecimento político e cultural.

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definem a própria natureza humana. Por outro lado, cultura é um conceito

que só existe a partir da constatação da diferença entre nós e os outros.

Sendo também evidenciadas as características de acesso à informação aos

portadores de necessidades especiais, logo seria fundamental se os cursos adequassem

algumas disciplinas, objetivando o conhecimento das normas e legislações sobre a

acessibilidade dentro de uma biblioteca, como também as tecnologias auxiliadoras, não

só ao usuário que tem suas funções normais, mas igualmente àquelas pessoas portadoras

de alguma deficiência. De acordo com Nastri (1992, p.92),

O curso de graduação proporciona a base necessária para a atuação

profissional, mas é importante que esse conhecimento adquirido seja

aprofundado e constantemente atualizado. [...] É exigido do bibliotecário um

conhecimento amplo, variado e sempre atualizado, que possibilite cumprir o

seu papel de forma eficiente e adequada às constantes mudanças e exigências

da sociedade.

Atualmente, na Biblioteconomia, há vários perfis de bibliotecários para atuação

nas mais diversas áreas, mas sua função/missão continua sendo a mesma em todas elas:

oferecer e divulgar este espaço da biblioteca para o incentivo à leitura, à pesquisa e

instigadores da utilização das Tecnologias de informação e, com isto, proporcionar aos

usuários crescimento pessoal e intelectual, alavancando o desenvolvimento intelectual e

a criatividade do público alvo, tornando, acima de tudo, sua profissão como de caráter

social. Destaca-se, nesse sentindo, um segmento do Código de Ética do profissional

Bibliotecário, art. 3°, no Conselho Federal de Biblioteconomia (2002, p.1), “Cumpre ao

profissional de biblioteconomia: preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão,

fundamentado na liberdade da investigação científica e na dignidade da pessoa

humana;” portanto, é essencial que o bibliotecário gestor de uma biblioteca universitária

conheça meios com a finalidade de oferecer serviços essenciais ao acesso igualitário à

informação, respeitando as limitações de alguns indivíduos, oferecendo-lhes serviços e

ferramentas para que o portador de deficiência possa ter acesso a essa informação,

sendo ele mesmo autônomo nessa busca. Para Souto( 2002, p.04), a autonomia tem seu

conceito definido,

[...] significa o indivíduo ser capaz de governar-se, reger-se por leis próprias,

pensando e decidindo por si mesmo; nesse momento ele deverá refletir,

discutir, e isso pressupõe uma reciprocidade e cooperação; ele é capaz de

aceitar e respeitar o ponto de vista do outro, preservando sua individualidade.

Autonomia não é apenas a liberdade de se fazer o que se quer, mas a

responsabilidade em decidir sobre seu próprio comportamento, identificando

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e assumindo seus direitos e deveres, incorporando o relacionamento social

como recíproco. Os princípios e valores morais ganham assim importância

para o desenvolvimento da autonomia.

O bibliotecário que atua em bibliotecas universitárias não deve esperar ter essa

demanda em especial para depois começar a procurar alternativas de atendimento ao

público com necessidades especiais; é preciso, como já citado anteriormente, ter uma

visão política e empreendedora, ou seja, procurar meios para que essas mudanças e

qualificações aconteçam, gradativamente, em suas instituições, buscar bibliografias

adequadas sobre as vertentes da acessibilidade, ver modelos de bibliotecas universitárias

que já tenham implantado o sistema da acessibilidade para o portador de deficiência,

entender que tipo de tecnologias assistivas seriam necessárias para ele, de acordo com

as atividades oferecidas pela instituição, procurar se envolver junto com a instituição

mantenedora da biblioteca, se for o caso, nas possibilidades de mudanças de estrutura

ou reformas na biblioteca, participando ativamente de todas as decisões acertadas para

tal procedimento; agindo de acordo com a ética profissional e exercendo o serviço à

cidadania em prol da sociedade. Segundo Guimarães (2000, p. 65),

Com as rápidas transformações do mundo globalizado, necessário se torna ao

profissional assumir uma postura proativa, encarando a ética sob o ponto de

vista de um conjunto de compromissos a serem assumidos, compromissos

esses que propiciarão a constante construção e aperfeiçoamento da profissão

pela sua própria coletividade [...] poder-se-ia dizer que a questão ética da

atuação e da formação do profissional da informação se dá por meio de

compromissos com cinco instâncias ou entidades distintas: o usuário, a

organização, a informação, a profissão e o eu mesmo.

Por fim, é importante que o bibliotecário mostre, à instituição Universidade e

para a comunidade ao redor, que a Biblioteca Universitária deve seguir padrões de

acessibilidade para todos, não só colocando rampas de acesso e barras de apoio, mas

sim entendendo esta ação como a ampliação do direito à informação, com a oferta de

serviços de qualidade e aumento do respeito às limitações de todos os usuários de uma

Biblioteca Universitária.

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5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS

Neste capítulo estão dispostas as respostas dos bibliotecários entrevistados das

cinco instituições públicas de ensino superior da grande Florianópolis. A entrevista se

deu no local de trabalho de cada profissional, sendo feito um roteiro de entrevista

semiestruturada, formada por doze perguntas abertas a todos os respondentes, os quais

foram informados sobre a liberdade de não responder ou até mesmo sair da pesquisa, se

achassem necessário. Foi solicitada permissão, antecipadamente, para que a entrevista

fosse gravada, a fim de que não se perdesse nenhum detalhe no desenvolvimento da

análise.

A respeito da organização e disposição das respostas, destacam-se: a) nenhuma

instituição e profissional que participaram da coleta de dados foram identificados nessa

amostragem das respostas, sendo que esses profissionais foram identificados por letras

maiúsculas, seguido da ordem das perguntas feitas pela acadêmica. A letra, como

mostra o texto, representa a instituição e o profissional da informação entrevistado; b) as

perguntas feitas no roteiro da entrevista, que constam no apêndice A, foram separadas e

organizadas em categorias, permitindo a relação entre as respostas; c) Nem todas as

perguntas feitas no roteiro da entrevista que estão dispostas no apêndice A foram

separadas nessas categorias; as que não entraram nessa organização de categorias, foram

dispostas em breve análise feita nos parágrafos a seguir.

Logo, a partir das respostas coletadas, a organização se deu por meio da

categorização, conforme mostra a metodologia da pesquisa no capítulo três. Na análise

de dados dessa pesquisa, viu-se a necessidade de separar essas perguntas, através de

cinco categorias, sendo a 1ª Categoria – Demanda do público com necessidades

especiais em Bibliotecas Universitárias; 2ª - Capacitações dos profissionais atuantes nas

Bibliotecas Universitárias; 3° - Estrutura de atendimento das BU ao portador de

necessidades especiais; 4° - Postura Profissional dos Bibliotecários Referente à Gestão

de ações inclusivas E, por ultimo, a 5° Categoria – Postura profissional dos

bibliotecários referente à acessibilidade informacional nas BU.

Em alguns casos, as respostas não entraram na organização de categorias, pois se

corria o risco de as instituições e, consequentemente, o entrevistado serem

reconhecidos. As demais repostas dos entrevistados estão sendo evidenciadas como

„análises iniciais‟ dessas questões, como é mostrado nos parágrafos abaixo.

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Para o desenvolvimento dessas „análises iniciais‟, as perguntas que deram

origem a sua construção foram: Qual é o número real de bibliotecários que trabalham na

BU?; Você conhece a norma 9050 ABNT sobre a acessibilidade em bibliotecas e a

legislação vigente sobre aspectos de acessibilidade? Quais?; A BU, em sua estrutura,

dispõe de algumas ferramentas e serviços especializados (mobiliário, espaços, acervo e

tecnologias assistivas) para o acesso livre do portador de necessidades especiais?

Quais?; Você tem conhecimento de quais são as privações do portador de necessidades

especial?

De acordo com os dados obtidos na entrevista, só duas das bibliotecas analisadas

possuem número suficiente de bibliotecários para atender a demanda tão diversificada,

como é a de uma biblioteca universitária, mesmo assim, apenas uma dessas dispõe de

serviços atuantes e especializados no atendimento do portador de necessidades

especiais. O restante das bibliotecas trabalha com o que a instituição pode oferecer até o

presente momento, ou seja, „com aquilo que tem em mãos‟ , sendo que quatro

respondentes bibliotecários sabem que uma equipe de apoio operacional maior e

capacitada é fator qualificador dos serviços oferecidos nas instituições.

Verificaram-se também os conhecimentos desses bibliotecários sobre a norma

NBR 9050 da ABNT e a legislação vigente sobre aspectos de acessibilidade; as

respostas a esse item foram positivas, sendo que, três dos cinco respondentes

bibliotecários esclareceram que têm uma visão geral dessa norma, utilizada somente nos

aspectos de mudanças de ambientes e mobiliários; nas outras duas bibliotecas, ficou

evidenciado ser bastante usada esta norma, conforme o argumento do respondente

bibliotecário (D, 2012): “Sim! Já li esta norma algumas vezes, até mesmo para a

construção e adaptação desses ambientes na BU. A gente usou muito essa Norma.”

Sobre a legislação brasileira, no que se estende ao tema acessibilidade, dois

respondentes bibliotecários atestaram conhecer algumas legislações que detêm, como

assunto, a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais, mas não

mencionaram nenhuma legislação como exemplo.

Observou-se que todas as bibliotecas universitárias têm mobiliários adequados

ao acesso do portador de deficiência física; algumas contam com recursos de

tecnologias assistivas, outras somente têm, a sua disposição, serviços que são os

mesmos prestados aos outros usuários. Sendo que a fala de um bibliotecário

entrevistado se destacou diante dessa pergunta (A, 2012) “O ideal seria primeiro criar

essa demanda e melhorar a infraestrutura.”. Sobre a questão se os bibliotecários

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realmente conhecem quais são as privações que esse público, em especial, tem no

acesso à informação, todos os respondentes disseram, em unanimidade, deter o

conhecimento prévio dessas privações.

Sobre a falta de acervo especifico em áudio livro ou o mesmo em Braille,

mobiliários mais adequados, não só ao portador de deficiência física, como também

para outras deficiências, tecnologias assistivas, treinamento de uma equipe

especializada nesse atendimento especifico, o próprio acesso dele ate a instituição de

ensino superior e o espaço direcionado a pessoas com necessidades especiais dentro das

BU‟s; em sumo, dentro dessa perspectiva uma resposta chamou a atenção, a do

respondente D (2012): “A gente tem sim! Temos conhecimento dessas dificuldades,

sendo assim procuramos até entender para poder suprir ou eliminar essas

necessidades.”. Verificou-se que os cincos respondentes bibliotecários mostraram-se

cientes do que precisam para ter uma biblioteca mais acessível, mas somente quatro se

mostraram interessados na busca de mais conhecimento sobre esse determinado assunto,

modificando seus serviços para um atendimento mais igualitário. Alguns destes

apontamentos são retomados a seguir, de forma mais detalhada, na apresentação e

análises das categorias.

5.1.DEMANDA DO PÚBLICO COM NECESSIDADES ESPECIAIS EM

BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

A questão que deu origem a esta categoria foi: A Biblioteca Universitária tem

informações sobre o número real de discentes, portadores de necessidades especiais que

estudam nessa universidade? Há alguma demanda do público com necessidades

especiais?

Quadro 3 - 1° Categoria: Demanda do Público com Necessidades Especiais em Bibliotecas

Universitárias.

INSTITUIÇÃO RESPOSTAS (TRECHOS)

A Não! Não passam informações, a única informação que às vezes a gente

consegue pegar é ali no ensino à distância que eles têm o laboratório de

acessibilidade, mas a gente não tem essa informação formalmente repassada

para nós. Inclusive é até uma boa ideia, vou perguntar para todas as

bibliotecas da instituição. A gente tinha o projeto quando a gente projetou a

biblioteca central, estava prevista uma sala de acessibilidade, mas acabou

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não se viabilizando.

B No momento a gente não tem nenhum, a única que a gente tinha já se formou

e ela frequentava bastante a biblioteca e não tinha dificuldade nenhuma, e lá

não tinha quase espaçamento, agora as coisas estão bem espaçadas para que

as pessoas com necessidades possam entrar, como cadeirantes e tal. Foi

pensado nisso nessa mudança.

C Sim! No próximo semestre (2012/2), nove novos alunos com deficiência

auditiva.

D Infelizmente a universidade não dispõe dessa informação, até por que o

próprio deficiente tem dificuldade de assumir essa deficiência, então BU já

buscou essa informação nas pró-reitorias, mas infelizmente não temos o

número real dessa demanda. Existe sim essa demanda para o livro em Braille,

os softwares leitores, digitalização; eles buscam espaço também, os escâneres

e CDs.

E Não! Não é mandado nada para nós.

Fonte: Produção do próprio autor

Nessa categoria, podemos observar que só uma das cinco instituições de ensino

superior públicas, da grande Florianópolis, destina para as suas bibliotecas

universitárias uma relação de discentes que possuem algum tipo de necessidade

especial, sendo que esta instituição que repassa essa relação à biblioteca universitária,

também distingue o tipo de necessidade especial que esse discente possui.

Do restante, três respondentes bibliotecários mostraram interesse em saber o

número real de discentes com necessidades especiais que estudam na instituição, sendo

que duas delas já buscaram essa informação com os setores de matrículas, mas,

infelizmente, não obtiveram êxito, pois em muitas delas a própria deficiência não é

mencionada no momento da efetivação da matrícula do discente.

Diante desse resultado, podemos constatar que as instituições de ensino superior

públicas da grande Florianópolis, em sua maioria, não estão trabalhando em conjunto no

repasse dessas informações para as bibliotecas. É preciso mostrar para todos os

segmentos da universidade que, na hora da matrícula, essa identificação de ter ou não

ter necessidades especiais é de grande importância, pois não só vai ajudar a biblioteca

universitária de como proceder para auxiliar e preparar o ambiente, antecipadamente,

para o atendimento desses usuários, como também auxiliará a instituição num todo

como, por exemplo, os departamentos que podem trocar experiências de vivências

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desses alunos; logo, essa aprendizagem diária servirá para um ensino de qualidade e de

igualdade.

Uma das bibliotecas universitárias da pesquisa se destacou nessa categoria, pois

mesmo não recebendo esses relatórios da demanda de usuários com necessidades

especiais, a BU buscou, por iniciativas dos bibliotecários e de outros funcionários que

identificaram quem são esses usuários e do que eles necessitam, meios para evidenciar

essas atividades feitas, especialmente, para pessoas com necessidades especiais. Assim,

com a ocorrência da demanda, eles puderam conhecer e mapear processos na ampliação

dos seus serviços e qualificação dos funcionários.

Diante dessa análise, entende-se que o bibliotecário tem de buscar ser político e

pró-ativo em suas iniciativas nos processos de gestão das Bibliotecas, pois quando não

há solução por um caminho, talvez tenha de fazer ele mesmo essa procura, ou seja, falar

com os sujeitos dos centros acadêmicos, insistir sempre, para que uma hora a

informação almejada seja obtida. Pois, como cita Valetim, (2002, p. 118),

[...] O profissional deve ter consciência de suas limitações e, por outro lado,

precisa buscar os conhecimentos ainda não adquiridos, visando à inovação

qualitativa continua de seus serviços e dos produtos criados, destinados a um

determinado público.

Através destes esclarecimentos sobre a demanda de informação por discentes

com necessidades especiais, as bibliotecas universitárias poderão agir, antecipadamente,

na criação de serviços destinados a esse tipo de público ou adaptar os serviços para o

mesmo, verificando sempre a qualidade dos benefícios.

5.2.CAPACITAÇÕES DOS PROFISSIONAIS ATUANTES NAS BIBLIOTECAS

UNIVERSITÁRIAS

Esta categoria foi criada através da questão: A BU oferece treinamento para seus

colaboradores, referente às questões de atendimento ao público com necessidade

especial?

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Quadro 4 - 2° Categoria: Capacitação dos Profissionais Atuantes nas Bibliotecas Universitárias.

INSTITUIÇÃO RESPOSTAS (TRECHOS)

A Não, a biblioteca universitária especificamente não oferece, mas o

laboratório4 de acessibilidade oferece. Nos já tivemos uma bibliotecária que

fez um curso de LIBRAS nesse laboratório e sempre que exista uma demanda

nesse sentido a gente incentiva os bibliotecários a fazer.

B Não! Treinamento não, mas, sempre procuro pesquisar como atender melhor o

meu usuário, e também quando chegar esse usuário a gente precisa procurar

como atender suas necessidades na melhor forma possível. Seria muito melhor

se tivéssemos treinamento nem que seja o básico para entender melhor suas

necessidades e providenciar serviços compatíveis.

C Não.

D Sim! Nós promovemos vários cursos em parceria com os outros departamentos

da instituição, então os servidores da BU principalmente aqueles do

atendimento ao usuário, fizeram o cursos de LIBRAS para atender o pessoal

surdo e mudo; também um curso onde todos da BU usaram vendas e bengalas

pra que a gente sentisse na pele o que o deficiente visual sente, então a BU

promove este treinamentos com seu servidores, para assim estes servidores

possam proporcionar um atendimento de qualidade na BU.

E Não!

Fonte: Produção do próprio autor

De acordo com essa categoria, observa-se que, em relação à capacitação dos

profissionais atuantes das bibliotecas universitárias das distintas instituições de ensino

superior públicas da grande Florianópolis, só uma oferece aos seus colaboradores

capacitação em relação ao atendimento aos usuários com necessidades especiais,

fazendo parceria com outros centros da própria instituição para que esses cursos sejam

oferecidos, principalmente, àqueles que trabalham no atendimento ao usuário. Assim

como enfatiza Olveira (2001, p.7 apud CAMERA, 2011, p.6)

O conhecimento disponibilizado pela biblioteca deve atingir de forma

homogênea a todas as pessoas. A biblioteca, centro de informação local, deve

viabilizar o acesso à informação independente da dificuldade de cada ser. A

biblioteca precisa adaptar-se as dificuldades e especificidades do indivíduo,

seja no acesso ao espaço físico ou no suporte oferecido. Minorias linguísticas

devem ser respeitadas. A biblioteca não pode desprezá-las, mas atendê-las

com serviços e matérias adequados.

4 Laboratório: esse laboratório é um projeto de um centro à distância da instituição, que serve de apoio a

todos os centros da instituição, mas não fica na biblioteca.

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Nota-se que, das outras quatro bibliotecas universitárias, duas reconhecem a

importância da capacitação dos colaboradores da biblioteca e, ainda, verificam esse

segmento como um passo muito importante na qualificação dos serviços das bibliotecas

em relação ao usuário com necessidades especiais. Sendo que, dos quatro bibliotecários

das BU que não oferecem capacitação, dois procuram capacitação fora da BU, como

cursos dos centros acadêmicos, laboratórios ou oficinas sobre acessibilidade que a

própria universidade proporciona e leitura científica destinada à vertente de como

atender da melhor forma seu usuário com necessidades especiais.

Em geral, todos os entrevistados reconhecem a importância da capacitação para

atuarem como agentes disseminadores da informação no ambiente universitário; os

bibliotecários entrevistados destacaram os cursos de capacitação de LIBRAS (Língua

Brasileira de Sinais) para todos os colaboradores da Biblioteca universitária,

principalmente aos profissionais do atendimento ao usuário. Tal como cita Pupo, o

atendimento ao usuário é,

[...] o cartão de visitas de qualquer biblioteca, cujas metas devem prever que

todas as facilidades e serviços sejam acessíveis a todos. A seguir sugerimos

algumas preocupações que devem estar sempre presentes na organização

deste espaço: - Os funcionários desse setor merecem ser conscientizados e

acolher as diferenças de forma natural e sensível, com a mesma atenção e

respeito, dispensados a todos os usuários; - Atendimento prioritário para

pessoas com limitações físicas e sensoriais, respeitando-se a opção das

mesmas; - Sinalização no balcão de atendimento dessa prerrogativa, para que

não se confundam privilégios com direitos; - Acolhimento adequado aos

usuários com deficiência visual que estejam acompanhados de cão guia, no

sentido de permitir o ingresso e a permanência do animal no local: essa

prerrogativa é garantida por lei; - Aconselhável que, nas primeiras visitas de

uma pessoa cega e desacompanhada, um guia humano a acompanhe nos

espaços internos; - Acolhimento adequado a pessoas com baixa visão,

auxiliando-as se necessário e a pedido; - Disponibilidade das normas da

biblioteca em Braille para cegos e em versão impressa em papel, porém

ampliada para pessoas com baixa visão; - Recomendável a presença de um

intérprete de Língua Brasileira de Sinais LIBRAS para surdos, se possível e

quando necessário; - Recepção adequada às pessoas com deficiência física;

cadeirantes devem ser atendidos em balcão rebaixado, conforme norma

técnica 9050 da ABNT; - Oferecimento de ajuda com naturalidade, sempre

que necessário; - Acatamento de recusa de ajuda com naturalidade; - Caixa

de sugestões e críticas para avaliação dos serviços.(PUPO, 2008. p.53)

Dentre as respostas desta análise, um fato nos chamou a atenção; foi o caso de

uma BU oferecer cursos, nos quais o colaborador tem de andar com venda, bengala ou

cadeira de rodas, sentindo assim, na pele, como são grandes os desafios do „dia a dia‟

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das pessoas com necessidades especiais, sendo que alguns desses desafios estão

interligados, voltados ao acesso à informação numa biblioteca universitária.

Observou-se, também, que dois dos cinco respondentes bibliotecários das

distintas instituições, quando indagados por seu interesse na sua capacitação e dos seus

colaboradores, informaram que “sem demanda não há necessidade de fazer.”

A este respeito, destaca-se que a capacitação deve ser vista como uma educação

continuada para o profissional da informação, pois ele vive num ambiente onde as

mudanças tecnológicas e sociais são recorrentes e suas competências e habilidades são

colocadas à prova todos os dias. Isto é ratificado por Valentim (2002, p.119):

O profissional da informação precisa buscar informação e conhecimento de

forma continua, pois estes são os mais valiosos recursos estratégicos. Investir

nisso é muito importante para o crescimento profissional. Por uma questão de

atitudes profundamente arraigadas, a maioria dos profissionais espera que a

organização faça isso, isto é, a única responsável pela educação continuada.

O profissional deve ter consciência de que a responsabilidade pela sua

educação continuada, ou seja, informação e o conhecimento dentro de um

prisma mais adequado: como investimento pessoal, é da organização em que

atua, mas não só dela, é também dele mesmo.

Partindo desse ponto, dois bibliotecários entrevistados conseguiram entender

essa realidade, procurando por conta própria ações, com as quais puderam ampliar seus

conhecimentos e dispor de uma biblioteca mais acessível para os portadores de

necessidades especiais, ou seja, procurando também outras áreas do conhecimento na

qualificação dos seus serviços diante do usuário. Como explana Crespo (2006, p.6),

Cabe salientar que toda a informação considerada de interesse pelo

profissional é válida, mesmo não estando exclusivamente voltada à área da

Ciência da Informação. Deve, isto sim, contemplar a área de interesse ou a

lacuna a ser sanada pelo profissional para um melhor desempenho das suas

funções.

Nota-se, a partir dessa categoria, que os cinco respondentes bibliotecários já em

algum caso para ampliar seus conhecimentos no âmbito dos processos da instituição

como a BU, em geral, todos já haviam feito algum curso de capacitação nas suas

respectivas áreas e em outras para a melhoria de seu desempenho, no entanto quanto à

acessibilidade informacional dos portadores de necessidades especiais, só dois

informaram tê-lo feito ou instruído seus colaboradores a fazer capacitações, como:

Braille, LIBRAS, capacitação para a utilização de tecnologias Assistivas, entre outros.

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5.3.ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DAS BU AO PORTADOR DE

NECESSIDADES ESPECIAIS

As perguntas que deram origem a essa categoria foram: Quais são os serviços

oferecidos pela BU? A Biblioteca Universitária procura expandir seus serviços em

relação ao portador de necessidade especial?; Você acha que a BU está atuando como

agente de inclusão na educação superior?; Em sua opinião, quais são as dificuldades de

acesso à informação do público com necessidades especiais em bibliotecas

universitárias?

Quadro 5 - 3° Categoria: Estrutura de Atendimento das BU ao Portador de Necessidades

Especiais.

INSTITUIÇÃO RESPOSTAS (TRECHOS)

A

São todos os serviços normais que são para todos os outros usuários.

Especificamente para os portadores, nós temos balcões com altura para

cadeirantes, nós temos elevador, rampa, no elevador tem aquelas plaquinhas

em Braille, nós temos pouco de acervo em Braille isso na biblioteca central,

nas outras eu não sei te dizer. Para pessoas de pouca visão existem softwares

livres, eu instruir a coordenadora da biblioteca central de instalar em um

computador com esse software, eu não sei se ela fez, mais provavelmente sim.

Ele aumenta visão e também nós fizemos e incluímos em três licitações a lupa

eletrônica, mas não conseguimos fornecedor, ninguém se apresentou para

cotar esse item.

Não deixa de atuar é obvio.

Eu acho que é a criação de demandas de novos serviços, implantarem os

mesmo, divulgar esses serviços e chamar mais pessoas nessa área. Eu

conheço várias bibliotecas universitárias que já tem esses laboratórios

específicos, então no momento que a gente monta essa infraestrutura,

podemos assim estar ofertando estes serviços. Talvez com a mudança agora

da coordenação, a instituição invista mais.

B

No momento não tem nenhum Aluno (a) com necessidade especial, mas já

tivemos uma aluna com deficiência física (amputação de um dos membros

(perna)) quando sua sede era em outro local, inclusive a biblioteca ficava

localizada no térreo onde ficava mais fácil de atender ela e também os outros

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usuários. Hoje em dia não temos nenhum aluno com necessidades especiais,

mas a gente está sempre preocupado com essa questão, tanto que mudamos5

do segundo andar para o térreo, pois as portas são mais espaçadas para

poder atender melhor. Sobre os serviços oferecidos agora estamos

implantando sistema6 novo, os empréstimos ainda são de fichas

catalográfica, mas a gente faz empréstimo, pesquisa, serviços normais de

bibliotecas Universitárias fazem e compramos novos computadores para

implantar. Só que uma das limitações que a gente tem, é o fato de o sistema

ainda não estar funcionando, mais pelo fato de eu estar aqui sozinha, pois é

muito serviço para dar conta.

A gente está para receber a visita do conselho, e esse ponto de acessibilidade

eu bato muito na tecla com gestores, pois ela vai ser cobrada e uma coisa que

é necessária e mesmo que a gente não tenha a demanda e uma coisa que a

gente deve estar pensando, pois devemos estar prontos para receber esse

usuário com necessidades especiais, então é uma coisa que a gente pensa,

mas no momento não está sendo viabilizada pelo fato de não termos a

demanda e pelo fato de estarmos de mudança.

É tudo muito complicado, depende da biblioteca que você trabalha e tudo

depende muito da onde você vem, pois muitas das dificuldades7 vêm do de

cima, tudo que é público é muito mais difícil. Já é meio complicado oferecer

serviços hábeis para pessoas com acesso e mais difícil ainda para oferecer

serviços para pessoa com necessidades especiais. Na privada é mais fácil,

pois eu via que o ensino era considerado como um negócio, então a

Biblioteca era muito valorizada, pois os gestores estavam sempre querendo

melhorar os serviços e o acervo, pois o Ministério da Educação (MEC) só vai

liberar um curso se a biblioteca puder atender as necessidades de todos os

tipos usuários. No público e bem mais complicado, por que você precisa que

chegue a necessidade ate a biblioteca para poder pedir algo, dizendo que

aquele usuário precisa disso, então vamos correr atrás, não tem medidas

preventivas, é tudo muito paliativo.

C

Atendimento aos alunos, professores, funcionários e comunidade. Responder

da melhor maneira possível às necessidades de indivíduos e grupos nas áreas

5 Mudamos do segundo andar para o térreo: a biblioteca fica em outro prédio agora não mais onde fica a

sede da faculdade

6 Sistema: ainda não está em funcionamento na biblioteca universitária.

7 Dificuldades vêm do de cima: o respondente bibliotecário quis dizer sobre as hierarquias operacionais.

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da educação e informação, entre outros. Sim, tentando melhorar a aquisição

de acervo específico e também a parte da acessibilidade.

Sim! Por ser uma biblioteca pública, com acervo, sala de estudo, internet

entre outros disponíveis para a comunidade, ela já contribui para inclusão de

alunos.

Várias dificuldades desde o acesso, mobiliário, o espaço, o acervo disponível

entre outros.

D

Sim! A BU desde 2008 vem atendendo o portador de necessidades especial e

temos como serviços, além dos banheiros adaptados, pisos táteis, umas salas

especiais para portadores de deficiência visual onde tem livros em Braille e

impressoras, estamos transcrevendo livros para áudio visual, temos lupas,

softwares de tecnologias assistivas. Sendo que a BU está toda equipada para

atender esse portador de deficiência visual. Para cadeirantes, a BU tem

rampas e mobiliário adequado, para o pessoal surdo e Mudo; a BU, os

servidores buscaram capacitação fazendo um curso de LIBRAS, a BU

elaborou um Vídeo de empréstimo, com os funcionários do serviço de

empréstimo atendendo pessoas surdas e mudas. Então a BU está toda

equipada para atender esse pessoal.

Sem dúvida! A nossa BU foi uma das primeiras no Brasil a criar esse espaço

de acessibilidade informacional para com esses usuários. E hoje ela é

referência no Brasil por esse espaço.

É a própria ausência do espaço para acessibilidade, isso é uma questão de

gestão, as pessoas têm de ter essa sensibilidade e esse conhecimento e

trabalhar com a inclusão, não é questão de não ter recursos financeiros, não

vejo dessa forma, e você ter consciência da necessidade de ter esse espaço

assim como você tem todos os livros da bibliografia básica, você tem que ter

esse espaço também para acessibilidade e prover esses espaço de toda

infraestrutura.

E

São os serviços normais que toda BU oferece, não temos nada específico para

com o portador de necessidades especiais. É o geral para todo mundo. Mas

aqui na instituição tem um departamento onde eles verificam quem são os

alunos que têm dificuldade e lá que fazem os serviços específicos para eles.

Como a gente não tem essa demanda, eu acho que fica meio difícil de

responder, mas a gente tenta fazer o que pode. Nos só tivemos uma aluna com

deficiência visual, faz algum tempo, mas a professora e os amigos dela

vinham na BU junto com ela e a auxiliavam no que ela quisesse. Inclusive a

Professora dela Pega os livros para ela para passar para Braille.

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Eu acho que é o acesso dele ate a BU. A instituição tem um departamento em

outra BU setorial e lá eles fazem esse atendimento especial, eu acho.

Fonte: Produção do próprio autor

Observa-se que, de acordo com essa categoria, no que diz respeito aos serviços

oferecidos pela biblioteca universitária na eliminação de dificuldades no acesso

informacional dos usuários portadores de necessidades especiais, três bibliotecas

universitárias da grande Florianópolis oferecem serviços específicos a esse usuário,

sendo que dessas três, uma funciona de modo mais ativo, oferecendo serviços especiais,

como: laboratórios de acessibilidade (este sendo equipado com serviços

especializados8), além de contarem com o auxílio das tecnologias assistivas para o

acesso informacional do portador de deficiência; conta, também, com profissionais

capacitados no atendimento do pessoal com deficiência auditiva, conforme o

respondente bibliotecário „D‟ descreve, “[...] a BU está toda equipada para atender

esse pessoal.” (D, 2012). Para Cusin, o conceito de acessibilidade informacional que

utiliza as ferramentas das tecnologias assistivas “visa à inclusão de usuários com

deficiência em ambientes informacionais digitais, com foco na melhoria da interação

dos sujeitos com o ambiente de modo a proporcionar a melhoria de qualidade de vida.”

(CUSIN, 2010, p.37). As outras duas bibliotecas oferecem um pequeno acervo em

Braille, sendo que uma dessas mencionou ter indagado a seu corpo operacional

responsável na época9, sobre a instalação de algumas tecnologias assistivas, mas que

não estava ciente se haviam sido instaladas.

Todas as bibliotecas que foram observadas dispõem de mobiliário adequado,

com os espaçamentos entre as estantes e altura das mesas de estudo adequados; quatro

BU possuem pisos táteis para a orientação de espaço do deficiente visual, sendo que

três bibliotecas contam com elevadores de acesso e também com rampas acessíveis; as

demais instituições ficam num ambiente onde não são necessários elevadores e rampas.

Observou-se que alguns respondentes bibliotecários, quando indagados sobre o

serviço que as BU‟s oferecem aos portadores de necessidades especiais, mencionaram

os aspectos estruturais da BU, como serviço especializado ao portador de necessidades

especiais, conforme mencionado no parágrafo anterior; percebeu-se que alguns

8 acervo em Braille, Interpretes Linguísticos para o pessoas com deficiência auditiva, livros falados,

digitalização em Braille ou em outras mídias entre outras serviços especializados para o portador de

deficiência.

9 Mencionou o fato de quando era outra coordenação.

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entendem os serviços especializados ou diferenciados como sendo estrutura de

edificações oferecidas a alguns casos de necessidades especiais, de acordo com a

resposta do bibliotecário A (2012), “São todos os serviços normais que são para todos

os outros usuários. Especificamente para os portadores, nos temos balcões com altura

para cadeirantes, nos temos elevador, rampa, no elevador tem aquelas plaquinhas em

Braille, nos temos pouco de acervo em Braille isso na biblioteca central, nas outras eu

não sei te dizer. [...]”.

Destacam-se, nessa categoria, os tópicos ligados às opiniões dos respondentes

bibliotecários sobre a atuação da biblioteca universitária, referente à inclusão no ensino

superior; dos cinco entrevistados, só um não soube responder claramente este segmento;

observou- se uma dúvida, conforme o exposto: “Como a gente não tem essa demanda,

eu acho que fica meio difícil de responder, mas a gente tenta fazer o que pode” (E,

2012); os demais asseguraram que estão atuando com a inclusão no ensino superior;

muitos praticam ações de inclusão com aquilo que esta disponível e ao seu alcance,

sendo insuficiente em muitas das vezes, conseguindo, mesmo assim, oferecer um

serviço eficaz. Para Pimentel (2006, p.22).

A biblioteca é uma tentativa de inclusão social que se configura como

ambiente democrático independente da condição social, pois a informação

exerce papel fundamental no grau de consciência que cada cidadão tem dos

seus direitos e deveres como membros de uma sociedade.

Verificaram-se, também, os conhecimentos desses bibliotecários gestores quanto

às dificuldades de acesso à informação dos usuários com necessidades especiais em suas

instituições. A maioria entrevistada expôs, em unanimidade, que uma das dificuldades

de acesso informacional com os seus usurários é o próprio desconhecimento destas

demandas, pois sem a noção de quem e para quem esses serviços devem ser dirigidos,

os usuários deficientes se tornam „invisíveis‟ para a BU, não sendo oferecido a eles um

serviço de qualidade. Três desses respondentes bibliotecários enfatizaram o problema do

acesso do usuário portador de deficiência ate a BU, a qual carece de estruturas mais

adequadas. (relacionando essas estruturas no que diz respeito a edificações).

Por fim, essa categoria observou que, das cinco bibliotecas universitárias

analisadas, só uma dispõe de uma estrutura em todos os aspetos, ou seja, atendimento

especializado, laboratório equipado com tecnologias assistivas e acervo adequado ao

portador de necessidades especiais, buscando sempre atualização e avaliação desses

serviços. No entanto, observou-se que algumas estão procurando se especializar, outras

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estão condenadas aos problemas de gestão, mas uma, dentre elas, destacou-se nessa

análise, mostrando o verdadeiro problema de algumas instituições; para o respondente

D (2012), “as pessoas tem que ter essa sensibilidade e esse conhecimento e trabalhar

com a inclusão, não é questão de não ter recursos financeiros, [...] é você ter

consciência da necessidade de ter esse espaço assim como você tem todos os livros da

bibliografia básica, [...]”.

5.4 POSTURA PROFISSIONAL DOS BIBLIOTECÁRIOS REFERENTE À GESTÃO

DE AÇÕES INCLUSIVAS.

A pergunta que constituiu essa categoria foi: Você participa ativamente das

decisões referente aos processos (reuniões com a instituição mantenedora (reitoria,

prefeituras, estado) sobre ações da acessibilidade em bibliotecas?

Quadro 6 - 4° Categoria: Postura Profissional dos Bibliotecários Referente à Gestão de ações

inclusivas.

INSTITUIÇÃO RESPOSTAS (TRECHOS)

A Não. Sobre ações de acessibilidade, não. Temos reuniões com a reitoria e

quando surge o assunto a gente responde. Más não há reuniões específicas

para isso.

B Principalmente agora que a gente está participando de reuniões muito

importantes sobre a biblioteca universitária, pelo fato da mudança e também

pelo fato da visita do conselho, pois precisamos pensar na biblioteca como

um todo, sempre tem alguma mudança ou sugestões que a gente discute com

os gestores, por exemplo, esse espaço aqui, há três semanas era uma cozinha

e um almoxarifado, e em uma semana eu mudei a biblioteca toda para esse

espaço, praticamente sozinha. Nessas reuniões também se discute sobre

mobiliário específico para esse tipo de usuário, pois tudo aqui é discutido em

grupo com os gestores, então foi feito pesquisa de móveis e espaços entre as

estantes para deixar a biblioteca um pouco acessível em uma semana, pois

também tínhamos a visita do conselho que é mais complicado que o MEC,

pois o conselho não tem normas específicas para isso, então me baseio pelas

normas do MEC e da ABNT. Só assim pegamos o que é realmente preciso

para aquele momento e levamos novamente para os gestores para ser

discutido e ver o que conseguimos.

C Não.

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D Eu participo, inclusive a BU tem parceria com as bibliotecas do estado de

SC, referente a várias questões sobre a acessibilidade informacional.

E Não participo! Tem tanto serviço aqui que fica meio difícil.

Fonte: Produção do próprio autor

De acordo com essa categoria, evidenciou-se que, a respeito da postura

profissional dos bibliotecários, referente à gestão das Bibliotecas Universitárias sobre

participações em eventos e reuniões, entre outras ações ligadas às vertentes da

acessibilidade e inclusão nas BU, somente dois dos cinco bibliotecários entrevistados

participam deles, sendo que um participa ativamente de eventos internos e externos da

instituição de ensino superior. A partir desta premissa, verificamos que a participação e

realização de eventos associados à acessibilidade informacional do portador de

necessidades especiais ameniza o problema da exclusão informacional, pois nela podem

estar os conhecimentos, através de experiências vivenciadas por outros profissionais que

conseguiram lutar para uma inclusão, para uma biblioteca mais igualitária a todos os

indivíduos; ratificando, a participação em eventos relacionados à acessibilidade em

bibliotecas, seja ela pública, escolar, universitária, entre outras, pode ajudar alguns

bibliotecários na sua atuação de acordo com o cunho social detido pelo curso de

Biblioteconomia. Para Thoma (2006, p.01)

A exclusão de alguns e a inclusão de outros sempre foi uma marca da

instituição escolar moderna, mas somente nos últimos anos isto deixa de ser

naturalizado, passando a ser problematizado. Nesse sentido, e partindo do

entendimento de que as invenções modernas têm se encarregado de

classificar/nomear/narrar/incluir ou excluir os sujeitos, em um mundo cada

vez mais difuso e fragmentado, a pesquisa objetiva pensar o atual contexto

educacional brasileiro, tendo IES como campo investigativo, pois tem sido

crescente o número de alunos nomeados “com necessidades especiais” que

concluem o ensino fundamental e médio e chegam ao ensino superior. Esta

situação exige que sejam tomadas as providências, sob pena de entrarmos em

um processo que muito bem poderíamos caracterizar como “inclusão

excludente”, onde alunos e alunas entram pela porta da frente (via vestibular

ou outros processos seletivos), mas de dentro há pouco ou nada a se oferecer.

Somos “hospedeiros”, cuja casa não se encontra em condições de receber

culturas, identidades e alteridades distintas do modelo de normalidade

constituído social, cultural, lingüística e historicamente.

Verificou-se, pelas falas de alguns bibliotecários, que muitas instituições só

levam em consideração esses assuntos quando cobrados pelo estado. Desses cinco

respondentes bibliotecários, dois mostraram interesse de que a instituição é promovida

sobre aspectos da acessibilidade na BU em reuniões. Sendo que uma já faz isso, não só

participando de reuniões e eventos externos, como também exportando esse

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conhecimento para fora dos limites da universidade. Assim como evidencia Para Thoma

(2006, p. 02)

Não há como negar que as exigências são muitas e que não basta apenas a

boa vontade de alguns. Inclusão exige rupturas e a busca de alternativas

viáveis, pois também é certo que todos têm o direito de alcançar maiores

índices de escolarização e uma política precisa ser urgentemente pensada

para isto. E, como base para as reformulações necessárias, tornam-se

necessárias investigações sobre as informações e formação dos docentes, as

estruturas e serviços existentes para atender a diferentes demandas, os

resultados alcançados pelas experiências de inclusão vivenciadas pelas

instituições de ensino, entre outras.

Observou-se que, para aqueles que participaram desses eventos e reuniões com

assuntos interligados à temática da acessibilidade, esses novos conhecimentos puderam,

de alguma forma, estabelecer uma ligação para as propostas de novas ações dentro da

biblioteca, até então desconhecida para esse profissional. Esse aspecto prova que esses

eventos deveriam ser sugeridos também dentro da BU, sendo iniciativas dos próprios

colaboradores e profissionais da BU. Conforme esclarece Pinheiro (2004), uma das

principais missões da biblioteca é cumprir seu papel no âmbito sociocultural e político,

de forma mais ativa, influenciando e apoiando as necessidades e interesses da demanda.

Portanto, o bibliotecário tem como uma de suas missões, ser esse agente influenciador

sociocultural e político, podendo, assim, instigar seus usuários ao acesso livre do

conhecimento almejado. Para Suaiden (1980 apud FREITAS 2010, p.11)

O livre acesso ao conhecimento registrado é pré-requisito para a formação de

comunidades autoconscientes, integradas na cultura de sua nação, ajustadas

ao seu tempo e aptas, porque as conhecem, a encontrar o equilíbrio na síntese

das ideologias possíveis, que tornam tão variadas as opções de vida na

sociedade contemporânea.

O bibliotecário tem que ser um agente influenciador, ou seja, buscando sempre a

inovação e qualidade naquilo que ele atua, para que assim biblioteca posa cumprir seu

papel social diante dos seus usuários.

5.5.POSTURAS PROFISSIONAIS DOS BIBLIOTECÁRIOS REFERENTES À

ACESSIBILIDADE INFORMACIONAL NAS BU.

Destacam-se, nessa categoria, as seguintes perguntas: Em sua opinião, qual seria

o papel do bibliotecário no que depende disponibilizar acesso igualitário ao portador de

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necessidades especiais? E que fatores você considera importantes para ter uma

biblioteca universitária acessível ao público portador de necessidades especiais?

Quadro 7- 5° Categoria: Postura Profissional dos Bibliotecários Referente à Acessibilidade

Informacional nas BU.

INSTITUIÇÃO RESPOSTAS (TRECHOS)

A

Investir em infraestruturas, buscar conhecimentos sobre isso, se capacitar e

criar serviços que atendam esse tipo de usuário.

Primeiro, que ela tenha conhecimento dos portadores de necessidades

especiais que existem na instituição, tem que conhecer o assunto e tem que se

estruturar fisicamente para dar suporte a esse tipo de usuário. Eu acho que a

nossa biblioteca está sendo omissa; o fato de não conhecer o número de

alunos com essas necessidades, de não lutar perante à administração para

termos recursos é muita acomodação.

B Acho que o bibliotecário faz, pois há três anos quando entrei aqui eu era

antiserviço público, eu queria tudo na hora, mas aí a gente descobre que

mesmo em bibliotecas privadas não consegue tudo o que a gente quer, então

aprendemos a ter paciência e oferecer o melhor com o que a gente tem. Então

o papel do bibliotecário e deixar todos cientes. Lutamos aos poucos para

deixar a biblioteca com uma estrutura legal, pois e o nosso dever fazer isso.

Por isso não depende só do que você quer, porque na maioria das vezes não

depende só de você. Eu aprendi, quando eu quero algo tenho que colocar os

livros nas costas e muitas vezes fazer sozinha, pois a biblioteca é sempre

deixada de lado, pois algumas bibliotecas só existem quando o calo aperta.

No caso das Bibliotecas universitárias, só quando o MEC vai atrás.

Para uma biblioteca ser funcional em um todo, ela tem que ser planejada

antes de tudo. E muito mais difícil você planejar serviços para alunos com

necessidades especiais em pleno funcionamento, pois o movimento é grande,

sendo só eu para atender todo mundo, pois seria seguir contra o fluxo. Por

isso o planejamento tem de ser feito antes de tudo, então nesses três anos que

eu estou aqui, aos poucos eu consegui mudar a biblioteca para um espaço

mais acessível, também consegui um sistema novo e computadores novos

para os usuários.

C Construir um ambiente de aprofundamento sobre as relações entre inclusão e

educação, igualdade e diferença, na sua complexidade. Planejar e implantar

serviços de apoio na perspectiva da educação inclusiva.

O Importante é garantir a independência destas pessoas para que possam

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usufruir de uma biblioteca igual como qualquer outro cidadão.

D O Bibliotecário é o agente da transformação, pois trabalha com informação;

o aluno independentemente de ser portador ou não ele vem a BU buscar a

informação para a sua formação, então o papel do bibliotecário é de um

transformador social, eu não vejo outro papel além desse.

E o fator da Igualdade, sendo todo um conjunto dentro da BU como em

Recursos Humanos capacitados, recursos financeiros, espaços adequados,

mobiliário, acervos entre outros.

E Eu acho que dar todas as condições que ele necessita para poder ter acesso à

informação.

Uma sala especial para poder atender esses usuários. A BU precisaria se

adaptar muito. Na minha visão eu teria que pesquisar mais sobre esse

assunto.

Fonte: Produção do próprio autor

Observamos nessa categoria que, no que diz respeito ao segmento do papel do

bibliotecário quanto a disponibilizar o acesso igualitário aos portadores de necessidades

especiais, todos os respondentes bibliotecários concordaram que, para poderem oferecer

esse acesso, dependem de uma infraestrutura adequada nos ambientes informacionais,

ou seja, capacitação profissional, tendo o entendimento das vertentes da inclusão

educacional, iniciativas para a criação de novos serviços ao usuário com deficiência, ou

seja, o olhar de um agente “transformador social” (D,2012) no ambiente em que ele

trabalha. Assim como explana Ortega (2006, p.16)

Para determinar a missão do bibliotecário, é preciso partir não só do homem

que a exerce, de seus gostos, curiosidades ou conveniências, tampouco de um

ideal abstrato que pretendesse definir de uma vez por todas o que é uma

biblioteca, mas da necessidade social a que serve vossa profissão.

Destacaram-se, nessa análise, duas falas de dois bibliotecários entrevistados que

demostraram o verdadeiro entendimento no que pode ser o papel do bibliotecário diante

dessas premissas da acessibilidade em bibliotecas universitárias, isto é, que o importante

é “Construir um ambiente de aprofundamento sobre as relações entre inclusão e

educação, igualdade e diferença [...] Planejar e implantar serviços de apoio na

perspectiva da educação inclusiva”. (C, 2012), já para (A, 2012) para proporcionar tal

ambiente primeiro e necessário que “[...] ela tenha conhecimento dos portadores de

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necessidades especiais que existem na instituição, tem de conhecer o assunto e tem de

ter estrutura fisica para dar suporte a esse tipo de usuário”.

A partir desses aspectos, observou-se que todos têm conhecimento do que falta

em suas instituições para poderem dar o acesso igualitário a todos, mas alguns buscam

por si mesmo ações para as mudanças, como evidenciado em uma biblioteca

universitária; por causa de iniciativas dos colaboradores internos da instituição, a BU

procurou desenvolver treinamentos para os seus colaboradores, depois com a criação de

novos serviços especializados e consequentemente a divulgação para toda a comunidade

universitária; A BU, com esta atitude, verificou quais eram essas demandas que até

aquele momento não existiam.

Por causa dessas ações isoladas, a BU mostrou para toda a instituição que

aqueles serviços eram essenciais para a permanência desses alunos na comunidade

acadêmica, e com a participação de alguns setores da própria instituição, esses serviços

poderiam ser prestados, buscando a excelência. Logo, complementando, Pinheiro (2004,

p.4)

[...] é necessário enfatizar que as Unidades de Informação devem atingir a

todas as categorias da população e suas necessidades, oferecendo

informações, conhecimento, atendendo as demandas dos usuários e

proporcionando a todos o livre acesso aos registros do conhecimento.

Por fim, essa categoria ainda explana quais são os fatores importantes que os

bibliotecários julgam essenciais na disponibilização de acesso a esse público, sendo que

dois respondentes bibliotecários mencionaram que era o fator de „Igualdade‟, assim

como evidenciada na fala do entrevistado (C, 2012) “O Importante é garantir a

independência destas pessoas para que possam usufruir de uma biblioteca da mesma

forma que qualquer outro cidadão.”. Para Damasceno (2012, 12)

Diante disso, o ambiente da biblioteca deve estar preparado fisicamente para

receber e acolher sua população, e o profissional bibliotecário deve possuir

habilidades e desenvolver estratégias para atender a demanda desse público

específico. Assim, dentro do universo de informação e conhecimento é

possível propor mecanismos para inserção de pessoas com necessidades

educacionais especiais no ensino superior, permitindo seu crescimento

intelectual e cultural a partir de oportunidades de acesso.

Por fim, notou-se que o bibliotecário gestor tem de buscar iniciativas para as

ações dentro da biblioteca universitária, onde o usuário com necessidades especiais

possa, com os serviços ali prestados, ter sua independência informacional. Para isso, os

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bibliotecários atuantes em BU, devem buscar alternativas de adquirir conhecimentos e

habilidades de gestão no aspecto social, operacional e administrativo, a fim de criarem

novos serviços especializados e consequentemente enxergarem essas demandas na

comunidade acadêmica.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo se deu a partir do seu objetivo geral proposto, o de analisar se as

bibliotecas universitárias da grande Florianópolis possibilitam o acesso à informação ao

público de usuários com deficiência física, visuais e auditivas, através de seus serviços e

estruturas. Observou-se que, do universo da pesquisa de cinco bibliotecas universitárias,

somente uma pode ser considerada uma biblioteca atuante no aspecto da acessibilidade

de pessoas com deficiências auditivas, físicas e visuais, lembrando, no entanto que as

outras não deixam de atuar no aspecto de inclusão dessas pessoas, tendo percorrido

apenas uma parte deste caminho.

No que tange aos aspectos analisados, verificou-se que todas as bibliotecas

utilizam a norma 9050 da ABNT para melhor adaptação, no aspecto de locomoção e

mobiliário adequados para o usuário portador de deficiência física e visual. Somente

uma das cinco bibliotecas não tem pisos táteis para percepção do deficiente visual; as

outras contam com rampas, elevadores, barra de acesso, piso tátil, mobiliário com altura

especial e espaços entre as estantes, dentre outros aspectos de segurança para os

portadores de necessidades especiais.

Com isso, observamos que, em suma, a maioria das instituições tenta respeitar e

se enquadrar no proposto pela norma NBR 9050 da ABNT. Atendem, de modo geral e

superficial, a legislação sobre a garantia dos diretos de acesso à informação de pessoas

com necessidades especiais. Conforme mostram as análises, os respondentes

bibliotecários não mencionaram nenhum conhecimento da legislação brasileira sobre os

aspectos de acessibilidade informacional.

Sendo assim, mesmo não tendo o conhecimento das legislações vigentes sobre

aspectos da acessibilidade, de garantia ao acesso informacional de pessoas com

necessidades especiais, acabam de alguma maneira em suas ações diárias no que tange

ao atendimento a esse usuário em especial, respeitando as recomendações da legislação

brasileira e agindo mesmo que superficialmente.

Sobre o aspecto referente à postura profissional desses bibliotecários, dos cinco

entrevistados, quatro mostraram interesse por uma mudança significativa, para que as

BU em que eles atuam possam também ser consideradas ambientes de acessibilidade

informacional, proporcionado o acesso à informação igualitário a todos.

Durante as visitas, evidenciou-se, em certas falas, a inexistência de alguns

serviços especializados que causa a ineficácia nesses atendimentos a esses usuários,

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sendo que, na grande maioria, a falta deste serviço foi subjugada pela inexistência da

demanda na instituição. Mas, pelo que podemos constatar no contexto atual da

sociedade, vê-se que inúmeras são as possibilidades de inclusão no ensino superior para

os portadores de necessidades especiais, como Programa Universidade para Todos

(PROUNI10

) e outras ações educacionais inclusivas; felizmente, essa demanda existe só

que, infelizmente, muitos deles não sabem como a biblioteca universitária poderá ajudá-

los. Por isso, as ações têm de ser preventivas e não paliativas.

Também se verificou que as BU da grande Florianópolis trazem uma grande

falta de capacitação do próprio bibliotecário e do corpo operacional das instituições, no

âmbito de atendimento aos usuários com necessidades especiais; somente dois

respondentes bibliotecários mencionaram de forma positiva essa vertente.

Por fim, notou-se, em certos momentos durante a entrevista que alguns

respondentes tiveram certos receios nas respostas de algumas perguntas a respeito da

acessibilidade nas bibliotecas universitárias, talvez por medo ou desconhecimento sobre

o que estavam falando ou de serem subjugados diante dos fatos. O que prova, quiçá,

tenha de repensar a importância de serem agregadas outras disciplinas ao curso de

graduação em Biblioteconomia, como também em áreas das legislações e normas

vigentes; disciplinas que ofereçam embasamento em LIBRAS e o conhecimento de

algumas tecnologias assistivas destinadas ao portador de necessidades especiais.

Consequentemente, com essas adequações preventivas, os futuros profissionais poderão

adquirir conhecimentos que os capacite nas áreas correspondentes aos assuntos sobre

acessibilidade, igualdade no acesso à informação, indiscriminadamente em qualquer

ambiente, nos quais atuarem. O processo da pesquisa para o trabalho de conclusão de

curso mostrou algumas limitações na execução da pesquisa. A primeira mostra a falta de

um entendimento claro em algumas literaturas, para a questão da acessibilidade

informacional para usuário com necessidades especiais. Algumas literaturas

representam somente esse aspecto da acessibilidade informacional ligado unicamente

com a vertente da adequação e adaptação do espaço físico e mobiliário adequado de

uma organização. A segunda limitação se deu no momento dos agendamentos das

entrevistas, muitos respondentes que foram entrevistados, em um primeiro momento

10

O art. 2º, II da Lei 11.096 que referencia o PROUNI menciona o seguinte fato: As bolsas integrais,

50% e de 25% serão destinadas a estudante portador de deficiência, “II - Percentual de bolsas de estudo

destinado à implementação de políticas afirmativas de acesso ao ensino superior de portadores de

deficiência ou de auto declarados indígenas e negros.” (Brasil, 2005, p.1)

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mostraram certas „desconfianças‟ ou desconforto com o tema da pesquisa, mas, depois

de outros contatos com os mesmos via telefone e email e com a documentação

necessária para tais esclarecimento da pesquisa, as entrevistas foram agendadas sem

nenhum outro problema, respeitando o horário e as limitações da cada profissional

entrevistado.

Assim nesse momento de considerações, próprio para manifestações pessoais, é

de grande valia lançar reflexões sobre essa pesquisa com um tema tão social. Trabalhar

com esse tema mostrou, em alguns momentos, uma angustia se tornou alvo, de que

sozinho às vezes não saímos do lugar, mostrou com as experiências dos entrevistados

que só depois de muitas tentativas(de reuniões, esclarecimento, evidências) o que

realmente é almejado para um acesso igualitário „talvez‟ possa ser alcançado. Os

profissionais bibliotecários atuantes em bibliotecas universitária, na sua grande maioria

querem muito fazer de sua biblioteca a mais democrática e igualitária no aspecto da

disseminação da informação, o que já implica um novo olhar desse profissional para

com esse usuário.

Todos foram muitos receptivos nas entrevistas, alguns mostrando mais interesse

para mudanças do que outros, mas numa visão geral todos são a favor dessa vertente da

acessibilidade.

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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista com os Bibliotecários de Instituições

Universitárias Públicas da Grande Florianópolis

1 Quais são os serviços oferecidos pela BU? A Biblioteca Universitária está procurando

abranger seus serviços para com o portador de necessidade especial?

2 Qual é o número real de bibliotecários que trabalham na BU?

3 A Biblioteca Universitária tem informações sobre o número real de discentes,

portadores de necessidades especiais que estudam nessa universidade? Há alguma

demanda do público com necessidades especiais?

4 A BU oferece treinamento para seus colaboradores, referente às questões de

atendimento ao público com necessidade especial?

5 Você conhece a norma 9050 ABNT sobre a acessibilidade em bibliotecas e a

legislação vigente sobre aspectos sobre acessibilidade? Quais?

6 A BU, em sua estrutura, dispõe de algumas ferramentas como recursos financeiros e

serviços especializados (mobiliário, espaços, acervo e tecnologias assistivas) para o

acesso livre do portador de necessidades especiais? Quais?

7 Você acha que a BU está atuando como agente de inclusão na educação superior?

8 Em sua opinião, quais são as dificuldades de acesso à informação do público com

necessidades especiais em bibliotecas universitárias?

9 Você participa ativamente das decisões referentes a processos (reuniões com a

instituição mantenedora (reitoria, prefeituras, estado)) sobre ações da acessibilidade em

bibliotecas?

10 Você tem conhecimento de quais são as privações do portador de necessidades

especial?

11 Em sua opinião, qual seria o papel do bibliotecário no que depende dar acesso

igualitário ao portador de necessidades especiais?

12 Que fatores você considera importantes para ter uma biblioteca universitária

acessível ao público portador de necessidades especiais?

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APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

GABINETE DO REITOR (GR)

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS (CEPSH)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O (a) senhor (a) está sendo convidado a participar de uma pesquisa de

graduação, intitulada “Acessibilidade de pessoas com necessidades especiais (físicas,

visual e auditiva) em Bibliotecas Universitárias da Grande Florianópolis: uma análise de

serviços e estruturas”, sendo em forma de entrevista, tendo como objetivo, analisar se as

bibliotecas universitárias da grande Florianópolis estão conseguindo dar acesso à

informação ao público de usuários com deficiência física, visuais e auditivas, através de

seus serviços e estruturas.

Serão, previamente, marcados a data e horário para entrevista, utilizando um

roteiro com perguntas para nortear a mesma. Estas medidas serão realizadas no local de

trabalho dos indivíduos selecionados. Não é obrigatório responder a todas as perguntas.

Os riscos destes procedimentos serão mínimos por envolver medições não

invasivas. A sua identidade será preservada, assim como a própria instituição a que é

vinculado, pois ambos estarão sendo identificado por letras.

Esta pesquisa trará benefícios para o campo da Biblioteconomia, pois mostrará

uma análise das Bibliotecas Universitárias de instituições Públicas da grande

Florianópolis, no que diz respeito à acessibilidade de pessoas com algum tipo de

necessidade especial na comunidade acadêmica, mostrando que o profissional de

Biblioteconomia precisa, dentro e fora da universidade, de estudos mais ampliados ou

de procurar uma educação continuada, pois terão de aprender a lidar e fornecer

informação, de forma adequada, no atendimento aos usuários com necessidades

especiais.

As pessoas que estarão acompanhando os procedimentos serão pesquisadores, a

estudante de graduação Mirella Ferreira da Rosa e a professora orientadora Fernanda de

Sales. O (a) senhor (a) poderá se retirar do estudo a qualquer momento, sem qualquer

tipo de constrangimento.

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Solicitamos a sua autorização para o uso de seus dados na produção de artigos

técnicos e científicos. A sua privacidade será mantida através da não identificação do

seu nome.

Agradecemos a sua participação e colaboração.

Mirella Ferreira da Rosa

(048) 9952-9420

[email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma

clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e todos os dados a meu respeito

serão sigilosos.

Eu compreendo que, neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de

tratamento serão feitas em mim, sendo informado de que posso me retirar dele a qualquer

momento.

Nome por extenso: ___________________________________________________________

Assinatura__________________________ Local:_________________ Data:___/___/___ .

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ANEXO A - Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes

Resolução aprovada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas em

09/12/75.

A Assembleia Geral

Consciente da promessa feita pelos Estados Membros, na Carta das Nações Unidas, no

sentido de desenvolver ação conjunta e separada, em cooperação com a Organização

para promover padrões mais altos de vida, pleno emprego e condições de

desenvolvimento e progresso econômico e social, Reafirmando, sua fé nos direitos

humanos, nas liberdades fundamentais e nos princípios de paz, de dignidade e valor da

pessoa humana e de justiça social proclamada na carta, Recordando os princípios da

Declaração Universal dos Direitos Humanos, dos Acordos Internacionais dos Direitos

Humanos, da Declaração dos Direitos da Criança e da Declaração dos Direitos das

Pessoas Mentalmente Retardadas, bem como os padrões já estabelecidos para o

progresso social nas constituições, convenções, recomendações e resoluções da

Organização Internacional do Trabalho, da Organização Educacional, Científica e

Cultural das Nações Unidas, do Fundo da Criança das Nações Unidas e outras

organizações afins. Lembrando também a resolução 1921 (LVIII), de 6 de maio de

1975, do Conselho Econômico e Social, sobre prevenção da deficiência e reabilitação de

pessoas deficientes,

Enfatizando que a Declaração sobre o Desenvolvimento e Progresso Social proclamou

a necessidade de proteger os direitos e assegurar o bem-estar e reabilitação daqueles que

estão em desvantagem física ou mental, Tendo em vista a necessidade de prevenir

deficiências físicas e mentais e de prestar assistência às pessoas deficientes, para que

elas possam desenvolver suas habilidades nos mais variados campos de atividades e

para promover portanto, quanto possível, sua integração na vida normal, Consciente de

que determinados países, em seu atual estágio de desenvolvimento podem, desenvolver

apenas limitados esforços para este fim. PROCLAMA esta Declaração dos Direitos das

Pessoas Deficientes e apela à ação nacional e internacional para assegurar que ela seja

utilizada como base comum de referência para a proteção destes direitos:

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1 - O termo “pessoas deficientes” refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar

por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social

normal, em decorrência de uma deficiência, congênita ou não, em suas capacidades

físicas ou mentais.

2 - As pessoas deficientes gozarão de todos os diretos estabelecidos a seguir nesta

Declaração. Estes direitos serão garantidos a todas as pessoas deficientes sem nenhuma

exceção e sem qualquer distinção ou discriminação com base em raça, cor, sexo, língua,

religião, opiniões políticas ou outras, origem social ou nacional, estado de saúde,

nascimento ou qualquer outra situação que diga respeito ao próprio deficiente ou a sua

família.

3 - As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade

humana. As pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de

suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da

mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente,

tão normal e plena quanto possível.

4 - As pessoas deficientes têm os mesmos direitos civis e políticos que outros seres

humanos: o parágrafo 7 da Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente

Retardadas (*) aplica-se a qualquer possível limitação ou supressão destes direitos para

as pessoas mentalmente deficientes.

5 - As pessoas deficientes têm direito a medidas que visem capacitá-las a se

tornarem tão autoconfiantes quanto possível.

6 - As pessoas deficientes têm direito a tratamento médico, psicológico e funcional,

incluindo-se aí aparelhos protéticos e ortóticos, à reabilitação médica e social, educação,

treinamento vocacional e reabilitação, assistência, aconselhamento, serviços de

colocação e outros serviços que lhes possibilitem o máximo desenvolvimento de sua

capacidade e habilidades e que acelerem o processo de sua integração social.

7 - As pessoas deficientes têm direito à segurança econômica e social e a um nível

de vida decente e, de acordo com suas capacidades, a obter e manter um emprego ou

desenvolver atividades úteis, produtivas e remuneradas e a participar dos sindicatos.

8 - As pessoas deficientes têm direito de ter suas necessidades especiais levadas em

consideração em todos os estágios de planejamento econômico e social.

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9 - As pessoas deficientes têm direito de viver com suas famílias ou com pais

adotivos e de participar de todas as atividades sociais, criativas e recreativas. Nenhuma

pessoa deficiente será submetida, em sua residência, a tratamento diferencial, além

daquele requerido por sua condição ou necessidade de recuperação. Se a permanência

de uma pessoa deficiente em um estabelecimento especializado for indispensável, o

ambiente e as condições de vida nesse lugar devem ser, tanto quanto possível, próximos

da vida normal de pessoas de sua idade.

10 - As pessoas deficientes deverão ser protegidas contra toda exploração, todos os

regulamentos e tratamentos de natureza discriminatória, abusiva ou degradante.

11 - As pessoas deficientes deverão poder valer-se de assistência legal qualificada

quando tal assistência for indispensável para a proteção de suas pessoas e propriedades.

Se forem instituídas medidas judiciais contra elas, o procedimento legal aplicado deverá

levar em consideração sua condição física e mental.

12 - As organizações de pessoas deficientes poderão ser consultadas com proveito em

todos os assuntos referentes aos direitos de pessoas deficientes.

13 - As pessoas deficientes, suas famílias e comunidades deverão ser plenamente

informadas por todos os meios apropriados, sobre os direitos contidos nesta Declaração.

Resolução adotada pela Assembleia Geral da Nações Unidas, 9 de dezembro de 1975,

Comitê Social Humanitário e Cultural.

(*) O parágrafo 7 da Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas

estabelece: “Sempre que pessoas mentalmente retardadas forem incapazes devido à

gravidade de sua deficiência de exercer todos os seus direitos de um modo significativo

ou que se torne necessário restringir ou denegar alguns ou todos estes direitos, o

procedimento usado para tal restrição ou denegação de direitos deve conter

salvaguardas legais adequadas contra qualquer forma de abuso. Este procedimento deve

ser baseado em uma avaliação da capacidade social da pessoa mentalmente retardada,

por parte de especialistas e deve ser submetido a revisões periódicas e ao direito de

apelo a autoridades superiores”.

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ANEXO B - Declaração Universal dos Direitos Humanos

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações

Unidas em 10 de dezembro de 1948.

PREÂMBULO

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da

família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da

justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos

humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e

que o advento de um mundo em que todos gozem de liberdade de palavra, de crença e

da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais

alta aspiração do homem comum, Considerando ser essencial que os direitos humanos

sejam protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compelido, como

último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Considerando ser essencial

promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, Considerando que

os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos

humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de

direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e

melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os

Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações

Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a

observância desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum

desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse

compromisso, A ASSEMBLÉIA GERAL proclama a presente DECLARAÇÃO

UNIVERSAL DOS DIRETOS HUMANOS como o ideal comum a ser atingido por

todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da

sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da

educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades e pela adoção de

medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu

reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos

próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.

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Artigo 1.

Todas os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de

razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de

fraternidade.

Artigo 2.

1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades

Estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,

sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,

riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica

ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um

território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra

limitação de soberania.

Artigo 3.

Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4.

Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos

serão proibidos em todas as suas formas.

Artigo 5.

Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou

degradante.

Artigo 6.

Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa

perante à lei.

Artigo 7.

Todos são iguais perante à lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da

lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a

presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8.

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Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio

efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos

pela constituição ou pela lei.

Artigo 9.

Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10.

Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por

parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres

ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

Artigo 11.

1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido

inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em

julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à

sua defesa.

2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento,

não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será

imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato

delituoso.

Artigo 12.

Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua família, em seu lar ou

em sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem

direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

Artigo 13.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das

fronteiras de cada Estado.

2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a

este regressar.

Artigo 14.

1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo

em outros países.

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2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente

motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios

das Nações Unidas.

Artigo 15.

1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de

mudar de nacionalidade.

Artigo 16.

1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça,

nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família.

Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução.

2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos

nubentes.

3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção

da sociedade e do Estado.

Artigo 17.

1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.

2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.

Artigo 18.

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este

direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa

religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou

coletivamente, em público ou em particular.

Artigo 19.

Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a

liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir

informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

Artigo 20.

1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica.

2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.

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Artigo 21.

1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país

diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos.

2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será

expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou

processo equivalente que assegure a liberdade de voto.

Artigo 22.

Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à

realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a

organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais

indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.

Artigo 23.

1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.

2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por

igual trabalho.

3. Todo ser humano que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e

satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com

a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção

social.

4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para

proteção de seus interesses.

Artigo 24.

Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável das horas

de trabalho e férias periódicas remuneradas.

Artigo 25.

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua

família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados

médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de

desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de

subsistência fora de seu controle.

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2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas

as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão da mesma proteção social.

Artigo 26.

1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos

nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A

instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,

esta baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da

personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas

liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a

amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades

das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será

ministrada a seus filhos.

Artigo 27.

1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da

comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios.

2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais

decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.

Artigo 28.

Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e

liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.

Artigo 29.

1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno

desenvolvimento de sua personalidade é possível.

2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas

às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido

reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas

exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.

3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos

contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.

Artigo 30.

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o

reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer

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atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e

liberdades aqui estabelecidos.

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ANEXO C - Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Práticas na Área

das Necessidades Educativas Especiais.

REAFIRMANDO o direito à educação de todos os indivíduos, tal como está inscrito na

Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, e renovando a garantia dada

pela comunidade mundial na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, de 1990,

de assegurar esse direito, independentemente das diferenças individuais,

RELEMBRANDO as diversas declarações das Nações Unidas que culminaram, em

1993, nas Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para as

Pessoas com Deficiência, as quais exortam os Estados a assegurar que a educação das

pessoas com deficiência faça parte integrante do sistema educativo, NOTANDO com

satisfação o envolvimento crescente dos governos, dos grupos de pressão, dos grupos

comunitários e de pais, e, em particular, das organizações de pessoas com deficiência,

na procura da promoção do acesso à educação para a maioria dos que apresentam

necessidades especiais e que ainda não foram por ela abrangidos; e RECONHECENDO,

como prova deste envolvimento, a participação ativa dos representantes de alto nível de

numerosos governos, de agências especializadas e de organizações intergovernamentais

nesta Conferência Mundial.

1 Nos, delegados à Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,

representando noventa e dois países e vinte e cinco organizações internacionais,

reunidos aqui em Salamanca, Espanha, de 7 a 10 de Junho de 1994 reafirmamos, por

este meio, o nosso compromisso em prol da Educação para Todos, reconhecendo a

necessidade e a urgência de garantir a educação para as crianças, jovens e adultos com

necessidades educativas especiais no quadro do sistema regular de educação, e

sancionamos, também por este meio, o Enquadramento da Ação na área das

Necessidades Educativas Especiais, de modo a que os governos e as organizações sejam

guiados pelo espírito das suas propostas e recomendações.

2 Acreditamos e proclamamos que:

cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ter a

oportunidade de conseguir e manter um nível aceitável de aprendizagem,

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cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades

de aprendizagem que lhe são próprias,

os sistemas de educação devem ser planeados e os programas educativos

implementados, tendo em vista a vasta diversidade destas características e

necessidades,

as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter

acesso às escolas regulares, que a elas se devem adequar através duma

pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades,

as escolas regulares, seguindo esta orientação inclusiva, constituem os

meios mais capazes para combater as atitudes descriminatórias, criando

comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e

atingindo a educação para todos; além disso, proporcionam uma educação

adequada à maioria das crianças e promovem a eficiência, numa óptima

relação custo-qualidade de todo o sistema educativo.

3 Apelamos a todos os governos e os incitamos a:

Conceder a maior prioridade, através das medidas de política e através

das medidas orçamentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas

educativos, de modo a que possam incluir todas as crianças,

independentemente das diferenças ou dificuldades individuais,

Adotar como matéria de lei ou como política o princípio da educação

inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que

haja razões que obriguem a proceder de outro modo,

Desenvolver projetos demonstrativos e encorajar o intercâmbio com

países que têm experiência de escolas inclusivas,

Estabelecer mecanismos de planeamento, supervisão e avaliação

educacional para crianças e adultos com necessidades educativas especiais,

de modo descentralizado e participativo,

Encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações

de pessoas com deficiência no planeamento e na tomada de decisões sobre

os serviços na área das necessidades educativas especiais,

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Investir um maior esforço na identificação e nas estratégias de

intervenção precoce, assim como nos aspectos vocacionais da educação

inclusiva,

Garantir que, no contexto duma mudança sistêmica, os programas de

formação de professores, tanto a nível inicial como em-serviço, incluam as

respostas às necessidades educativas especiais nas escolas inclusivas.

4 Também apelamos para a comunidade internacional; apelamos em particular:

aos governos com programas cooperativos internacionais e às agências

financiadoras internacionais, especialmente os patrocinadores da

Conferência Mundial de Educação para Todos, à Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ao Fundo das

Nações Unidas para a Infância, (UNICEF), ao Programa de

Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e ao Banco Mundial:

A que sancionem a perspectiva da escolaridade inclusiva e apoiem o

desenvolvimento da educação de alunos com necessidades especiais, como

parte integrante de todos os programas educativos;

às Nações Unidas e às suas agências especializadas, em particular à

Organização Internacional do Trabalho (OIT), à Organização Mundial de

Saúde (OMS), UNESCO e UNICEF:

A que fortaleçam a sua cooperação técnica, assim como reforcem a

cooperação e trabalho conjunto, tendo em vista um apoio mais eficiente às

respostas integradas e abertas às necessidades educativas especiais;

às organizações não-governamentais envolvidas no planejamento dos

países e na organização dos serviços:

A que fortaleçam a sua colaboração com as entidades oficiais e que

intensifiquem o seu crescente envolvimento no planejamento,

implementação e avaliação das respostas inclusivas às necessidades

educativas especiais;

à UNESCO, enquanto agência das Nações Unidas para a educação:

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A que assegure que a educação das pessoas com necessidades educativas

especiais faça parte de cada discussão relacionada com a educação para

todos, realizada nos diferentes fóruns;

a que mobilize o apoio das organizações relacionadas com o ensino, de

forma a promover a formação de professores, tendo em vista as respostas às

necessidades educativas especiais;

a que estimule a comunidade acadêmica a fortalecer a investigação e o

trabalho conjunto e a estabelecer centros regionais de informação e de

documentação; igualmente, a que seja um ponto de encontro destas

atividades e um motor de divulgação dos resultados e do progresso atingido

em cada país, no prosseguimento desta Declaração;

A que mobilize fundos, no âmbito do próximo Plano a Médio Praso

(1996-2000), através da criação de um programa extensivo de apoio à escola

inclusiva e de programas comunitários, os quais permitirão o lançamento de

projeto-piloto que demonstrem e divulguem novas perspectivas e promovam

o desenvolvimento de indicadores relativos às carências no sector das

necessidades educativas especiais e aos serviços que a elas respondem.

5 Finalmente, expressamos o nosso caloroso reconhecimento ao Governo de Espanha

e à UNESCO pela organização desta Conferência e lhes solicitamos a que empreendam

todos os esforços no sentido de levar esta Declaração e o Enquadramento da Ação que a

acompanha ao conhecimento da comunidade mundial, especialmente a fóruns tão

importantes como a Conferência Mundial para o Desenvolvimento Social (Copenhaga,

1995) e a Conferência Mundial das Mulheres (Beijin, 1995). Aprovado por aclamação,

na cidade de Salamanca, Espanha, neste dia, 10 de Junho de 1994.

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ANEXO D - Símbolos Internacionais de Acesso

Figura 2 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência visual (cegueira)

Fonte: ABNT NBR 9050

Figura 3 - Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva (surdez)

Fonte: ABNT NBR 9050

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ANEXO E – Figuras de Tecnologias Assistivas

Figura 4 - Lupa Eletrônica

Fonte: Centro cultural de São Paulo

Figura 5 - Maquina Perkins

Fonte: Dexigner

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Figura 6 - Reglete e Punção

Fonte: Civiam

Figura 7- Rotuladora Braille

Fonte: Civiam

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Figura 8 - Ponteiras de cabeça

Fonte: tecnologias assistivas em geral

Figura 9 - Sistema para entrada de voz

Fonte: IBM Desktop ViaVoice

Figura 10 - Ampliadores de Tela

Fonte: Ai Squared

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Figura 11 - Leitores de tela com sintese de Voz

Fonte: JAWS Talking Software for Computers

Figura 12 - Impressora em Braille

Fonte: Intervox