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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA – CAMPUS I
COLEGIADO DE FONOAUDIOLOGIA
LÍLIAN PATERNOSTRO DE PINA PEREIRA
ANÁLISE PERCEPTIVO-ACÚSTICA COMPARATIVA DAS EMISSÕES VOCAIS ESPONTÂNEAS E
RADIOTELEFÔNICAS DO CONTROLADOR DE TRÁFEGO AÉREO
Salvador-BA 2006
2
LÍLIAN PATERNOSTRO DE PINA PEREIRA
ANÁLISE PERCEPTIVO-ACÚSTICA COMPARATIVA DAS EMISSÕES VOCAIS ESPONTÂNEAS E
RADIOTELEFÔNICAS DO CONTROLADOR DE TRÁFEGO AÉREO
Monografia para obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia pelo Curso de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB.
Orientadora: Fga. Valéria Leal de Oliveira.
Salvador-BA 2006
3
Dedico este trabalho à minha família que
sempre apoiou e incentivou meus sonhos com
amor, sabedoria e discernimento.
4
AGRADECIMENTOS
Á Profa. Fga. Valéria Leal pela atenção, disponibilidade e dedicação dispensadas e
por despertar em mim, a cada dia, o encantamento pela Fonoaudiologia e pela área
de voz.
Ao Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Salvador - DTCEA-SV pela
construtiva e fundamental oportunidade de realizar esta pesquisa com alguns de
seus integrantes.
A todos os controladores de tráfego aéreo e em especial, Márcio Pereira Lima e
Carla Amaral pelos ensinamentos sobre essa profissão tão importante e digna.
5
RESUMO
PEREIRA, L.P.P. Análise perceptivo - acústica comparativa das emis sões vocais espontâneas e radiotelefônicas do controlado r de tráfego aéreo. 2006. 51f. Monografia (Conclusão do curso de graduação em Fonoaudiologia) – Departamento de Ciências da Vida, Universidade do Estado da Bahia, 2006.
O Controlador de Tráfego Aéreo (CTA) utiliza a voz como principal meio de atuação, mas é pouco retratado pela literatura fonoaudiológica. Baseado nisso, o objetivo do presente estudo foi traçar os parâmetros perceptivo-acústicos da voz preferida desse profissional através da análise comparativa entre as emissões vocais espontâneas e radiotelefônicas. Sua relevância é justificada pela instrumentalização do fonoaudiólogo para intervir no aperfeiçoamento vocal e indicar ferramentas que possam promover sucesso na atividade do CTA. Vinte indivíduos do gênero masculino, na faixa etária de 21 a 48 anos e média de 31 anos participaram da pesquisa, onde foi solicitado que cada um produzisse duas emissões espontâneas e duas radiotelefônicas, de forma intercalada, para a aplicação do protocolo de avaliação perceptivo-auditiva da voz e para análise acústica através dos programas GRAM 5.0 e SPEECH PITCH 1.2. Com intuito de denotar poder e confiabilidade, os CTA desta pesquisa apresentaram, em atividade profissional, os seguintes parâmetros: qualidade vocal neutra, loudness aumentado, pitch grave, articulação precisa, coordenação pneumofonoarticulatória presente, ataque vocal isocrônico e ressonância equilibrada, além de velocidade de fala acelerada, gama tonal restrita e ritmo repetitivo. A maioria da população estudada apresentou os parâmetros vocais pertinentes, porém, foi válido ressaltar que 65% dos participantes possuíam o tempo relevante de quatro a 30 anos de carreira. Parâmetros vocais considerados incompatíveis como voz não-neutra, pitch médio agudo, manutenção do loudness, ressonância nasal ou laringo-faringea, ausência de coordenação pneumofonoarticulatória, aumento da tessitura de fala, ataque vocal brusco ou soproso, ritmo variado, velocidade média e articulação imprecisa ou travada foram apresentados por alguns participantes, sendo que aqueles que apresentavam pouco tempo de carreira tiveram o maior percentual de qualidade vocal não-neutra e imprecisão articulatória. A partir da análise dos resultados, evidenciou-se a necessidade de seleção, orientação e treinamento fonoaudiológicos dos controladores de tráfego aéreo para que estes apresentem parâmetros perceptivo-acústicos em perfeita consonância com a grande exigência profissional a que são submetidos. Palavras-chave : Voz. Controlador de Tráfego Aéreo. Fonoaudiologia. Análise perceptivo-acústica.
6
ABSTRACT
PEREIRA, L.P.P. Perceptive analysis – comparative acoustics of the vocal emissions spontaneous and professionals of the air traffic controller. 2006. 51 p. Essay (Conclusion of the course of graduation in speech therapy) – Life Science Department, University of Bahia State- UNEB, 2006.
The air traffic controller (ATC) uses the voice as the main source of performance, but little is studied and showed by speech therapy literature. Based on that, the objective of the present study was to show the perceptive-acoustic parameters of the preferred voice of this professional through the comparative analysis between the spontaneous and professional vocal emissions. Its relevance is justified by the support of the speech therapist to interfere in the vocal development and to indicate tools that can promote success in the activity of the ATC. Twenty men, between 21 to 48 years old and average of 31 years had participated of the research, in which it was requested that each one produced two spontaneous emissions and two professionals emissions, of intercalated form, for the application of the protocol of perceptive-auditory evaluation of the voice and for acoustics analysis through programs GRAM 5,0 and SPEECH PITCH 1.2. In order to show power and trustworthiness, the ATC that participated of this study, showed the following parameters in the professional activity: neutral vocal quality, increased loudness, serious pitch, clear articulation, present coordination among breath and speak, natural vocal attack and balanced resonance, besides fast speed of speech, restricted tonal gamma and repetitive rhythm. The majority of the studied population presented pertinent vocal parameters, however, it was valid to highligth that 65% of the participants had excellent time from four to 30 years of working. Incompatible vocal parameters considered as not-neutral voice, average sharp pitch, maintenance of loudness, nasal resonance, absence of coordination among breath and speak, increase of the tonal gamma of speaking, strong vocal attack, varied rhythm, average speed and inexact or stopped articulation had been presented by some participants, showing that those who presented little time of working had more percentage of not-neutral vocal quality and not great articulation. From the analysis of the results, it was proven necessity of selection, orientation and training of the air traffic controllers by speech therapists, so that these present perceptive-acoustic parameters to be able to produce as much as they are requested to do.
Key words : Voice. Air traffic controller. Speech Therapy. Perceptive-acoustics analysis.
7
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Relação de controladores quanto ao tempo de carreira 27
Gráfico 2 – Comparação dos tipos de qualidade vocal 28
Gráfico 3 – Diferença de qualidade vocal quanto ao tempo de carreira 29
Gráfico 4 – Comparação dos tipos de loudness 29
Gráfico 5 – Comparação dos tipos de pitch 30
Gráfico 6 – Comparação dos tipos de velocidade de fala 32
Gráfico 7 – Comparação dos tipos de articulação 34
Gráfico 8 – Diferença de articulação quanto ao tempo de carreira 34
Gráfico 9 – Comparação dos tipos de ritmo 35
Gráfico 10 – Comparação dos tipos de ataque vocal 36
Gráfico 11 – Comparação dos tipos de coordenação pneumofonoarticulatória 37
Gráfico 12 – Comparação dos tipos de ressonância 38
Gráfico 13 – Comparação dos tipos de foco nasal 39
Gráfico 14 – Comparação dos tipos de gama tonal 39
Gráfico 15 – Variação da tessitura de fala em emissão profissional 40
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Foto da Sala onde foi realizada a pesquisa 23
Figura 2 – Emissão espontânea, HGS, 34 anos, gênero masculino 32
Figura 3 – Emissão profissional HGS, 34 anos, gênero masculino 33
Figura 4 – Emissão profissional ACB, 36 anos, gênero masculino 36
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 10
2 REVISÃO DA LITERATURA 11
2.1 O PROFISSIONAL CONTROLADOR DE TRÁFEGO AÉREO 11
2.2 VOZ PROFISSIONAL 13
2.3 ANÁLISE PERCETIVO-AUDITIVA E ACÚSTICA 16
2.4 PARÂMETROS DA QUALIDADE VOCAL 17
3 OBJETIVOS 21
3.1 OBJETIVO GERAL 21
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 21
4 METODOLOGIA 22
4.1 PARTICIPANTES 22
4.2 LOCAL DA PESQUISA 23
4.3 MATERIAL 23
4.4 PROCEDIMENTOS 24
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 27
6 CONCLUSÃO 41
7 REFERÊNCIAS 43
ANEXOS 48
10
1 INTRODUÇÃO
A Fonoaudiologia modificou seu enfoque clínico com o objetivo de estudar os
parâmetros de produção e qualidade vocal específicos das categorias profissionais
que têm a voz como instrumento de trabalho (BEHLAU et al, 2005; FERREIRA,
2004). Entretanto, ao enfocar-se o estudo do controlador de tráfego aéreo (CTA),
percebe-se que é pouco retratado na literatura fonoaudiológica, embora utilize a voz
como principal meio de atuação profissional.
O Ministério da Aeronáutica (1999) define o CTA como o profissional responsável
por informar o aeronauta sobre procedimentos de decolagem, vôo e pouso a fim de
ordenar o fluxo das aerovias e prevenir acidentes. Belschansky (2001) complementa
que o CTA precisa manter os padrões de entonação e agilidade articulatória para
transmitir informações com firmeza e segurança, pois qualquer erro ou falha pode
ser irreversível.
Diante da importância em intervir no aperfeiçoamento vocal e indicar ferramentas
que possam promover sucesso na atuação, a presente pesquisa teve o objetivo de
definir os parâmetros vocais perceptivo-acústicos da voz preferida do CTA através
da análise comparativa entre as emissões vocais espontâneas e radiotelefônicas.
A relevância deste estudo encontra-se na instrumentalização do fonoaudiólogo para
a adequada seleção, orientação e aprimoramento da demanda vocal apresentada
pelos profissionais controladores de tráfego aéreo.
11
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 O PROFISSIONAL CONTROLADOR DE TRÁFEGO AÉREO
Para a concessão de Licença e Certificado de Habilitação Técnica, o CTA precisa
apresentar boa articulação e qualidade de voz, fazer uso correto do microfone, além
de ter conhecimento das normas de telecomunicações aeronáuticas adquirido em
curso militar ou civil com estágio mínimo de dois meses (COMANDO DA
AERONÁUTICA, 1995).
A comunicação via áudio, presente nas operações aeroespaciais pode sofrer
interferência de fatores pessoais (dialetos, experiência no tipo conversacional,
utilização de termos incomuns, perda auditiva) e fatores relacionados ao mau
funcionamento dos equipamentos que pode gerar ruído e mascarar a fala,
dificultando a inteligibilidade da mensagem (GIERKE; NIXON, 1996).
O controle de tráfego aéreo se subdivide em: Torre de Controle de Aeródromo
(TWR) que transmite informações e autorizações às aeronaves que estão em área
de manobras da pista, Controle de Aproximação (APP) que disciplina e mantém as
separações mínimas entre as aeronaves que estiverem voando no seu espaço e
Centro de Controle de área (ACC) que se concentra em regiões de Informação de
Vôo (Curitiba, Manaus, Recife e Brasília) e subordina o APP e TWR pertencentes à
sua área de controle (MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA, 1999).
12
O CTA não é reconhecido pelas organizações governamentais do Brasil, embora
haja cerca de três mil profissionais no país (86% militares e 14% civis que prestaram
concurso na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária – Infraero) e seu
trabalho seja de extrema responsabilidade. (ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS
DE CONTROLE DE TRÁFEGO AÉREO DE SÃO PAULO- APACTA-SP, 2006).
Ferreira (1999) relatou sobre o trabalho intitulado “O Trabalhador da Aviação diante
da Prática da Saúde” desenvolvido por três anos no Aeroporto de Congonhas - SP,
onde foram encontradas más condições de trabalho, baixos salários e estresse físico
e mental.
Jordan, Hark e Salazar (1996) relataram que a procura por definir e identificar o
estresse no contexto da personalidade e desempenho do CTA tem sido objeto de
investigação da Federal Aviation Administration (FAA) há anos e que os resultados
de testes psicológicos, fisiológicos e biomédicos não têm indicado o controle de
tráfego aéreo como uma ocupação de grande estresse.
Esses autores acrescentaram que o mal que mais acomete o CTA é a hipertensão
associada a tendências genéticas de desenvolvimento da patologia, distúrbios
psiquiátricos e alterações no sistema visual. As pesquisas realizadas também
procuram analisar as dificuldades comunicativas existentes entre piloto e CTA para
prevenir acidentes e incidentes que envolvam falhas humanas.
13
2.2 VOZ PROFISSIONAL
Segundo Ferreira (2004), as pesquisas de voz no Brasil advindas da Fonoaudiologia
podem ser divididas em três fases, década de 60 (atuação eminentemente clínica-
terapêutica), década de 70 (começo do trabalho de prevenção através de palestras
voltadas, principalmente, para professores) e década de 90 (inicia-se um trabalho de
adequação dos recursos vocais a cada profissional através do aperfeiçoamento da
comunicação).
Os jovens pesquisadores têm se interessado em definir o perfil dos diferentes
grupos que compõem os profissionais da voz falada devido à restrição dos estudos
nesta área (RODRIGUES; AZEVEDO; BEHLAU, 1996).
Guimarães (2004) relatou que fatores como os aspectos técnicos de trabalho, as
características da tarefa e do próprio indivíduo podem ocasionar disfonia decorrente
do uso excessivo do sistema músculo-esquelético e que implicam na necessidade
de abordagem preventiva diária.
O Consenso Nacional sobre Voz Profissional (2004) definiu como laringopatia de
origem ocupacional, o conjunto de sintomas e enfermidades do aparelho fonador
que interferem no uso da voz no trabalho em termos de qualidade, estabilidade e
resistência. Tal consenso relatou que é preciso sensibilizar governantes em relação
aos problemas do não investimento em condições adequadas de trabalho para os
profissionais que possuem a voz como instrumento de atuação.
14
Duprat e Campiotto (2005) definiram três aspectos necessários para a avaliação do
profissional da voz, demanda (grau de exigência do aparelho fonador observando o
tempo e a intensidade), requinte (grau de controle vocal necessário para
desempenhar determinada atividade) e repercussão (o quanto a alteração vocal
interfere na vida profissional do indivíduo).
O conceito de voz preferida apresenta-se como um enfoque diferente de análise
vocal, pois envolve escolha de parâmetros respiratório, comportamental e
psicodinâmico, decorrentes de anos de atividade ou de trabalho específico que se
tornam identificadores da própria profissão, sendo que o militar em posição de
comando apresenta intensidade aumentada, freqüência grave e projeção vocal
(BEHLAU, 2001).
A psicodinâmica vocal do indivíduo está diretamente relacionada aos valores
culturais, psicológicos e sociais incorporados na história de vida e pertencentes ao
âmbito do desenvolvimento do seu eu interior ou self (BEHLAU et al, 1997;
COLTON; CASPER, 1996; FICHE, 2004).
Belchansky (2001) procurou identificar a presença de diferenças nos aspectos
vocais em três turnos de trabalho do CTA e constatou que a análise acústica não
apontou diferenças significativas entre as vozes, mas apenas sugeriu a influência do
estresse na voz através da instabilidade na emissão prolongada, aumento da
freqüência fundamental e das freqüências máxima e mínima no horário de pico. A
autora afirmou que as médias de intensidade vocal permaneceram iguais,
15
constatando o elevado nível de controle emocional dos CTA e a análise perceptivo-
auditiva revelou o valor de 18,92% de vozes alteradas.
Embora haja íntima relação entre emoção e voz, os efeitos do estresse diferem a
depender da maneira que o indivíduo interpreta a realidade e do seu treinamento
emocional, a exemplo do profissional de telemarketing que mesmo encontrando-se
em situação delicada, muitas vezes, consegue transmitir controle através do
emprego da fraseologia correta e do treinamento de formas do discurso (BEHLAU et
al, 2005; JUNG, 1999).
Vilela e Assunção (2004) relataram que a diferença entre o trabalho determinado
nos scripts e manuais de operação e o trabalho real no telemarketing é grande e
exige dinâmica, rapidez de raciocínio e flexibilidade, o que justifica a hiperaceleração
dos operadores para obedecer as exigências de tempo e compensar situações
inesperadas. Montoro (1998) afirmou que alterações no equilíbrio psicoemocional
levam ao prejuízo da função do teleoperador, pois dificultam a intencionalidade e o
conteúdo da mensagem a ser transmitida.
Garcia e Ferraiuolo (2004) pesquisaram o conhecimento e cuidados que os CTA têm
de saúde vocal e constataram que 100% fazem uso de cafeína, 32% fumam, 72%
utilizam a voz em outra atividade profissional, 12% têm rouquidão e 72%
reconhecem a necessidade de treinamento e acompanhamento fonoaudiológico.
Fugita, Ferreira e Sarkovas (2004) compararam as modificações da onda mucosa
das pregas vocais entre pré e pós-hidratação de profissionais da voz e concluíram
16
que houve redução no quociente tempo de fase aberta/ tempo de fase fechada na
pós-hidratação, demonstrando que o simples hábito de ingestão de líquidos melhora
o desempenho do trabalho.
2.3 AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA E ACÚSTICA
A avaliação vocal é importante no trabalho fonoaudiológico para analisar o melhor
tipo de tratamento, além de auxiliar para o conhecimento da fisiologia fonatória. No
começo, esta avaliação era realizada somente de forma perceptivo-auditiva, porém,
com o avanço tecnológico, surgiram programas capazes de medir parâmetros
acústicos da voz de maneira objetiva (FUKUYAMA, 2001).
Nemri et al (2005) concluíram no seu estudo que embora a análise vocal tenha
acompanhado a evolução tecnológica para propiciar o melhor tratamento ao
paciente através de diagnóstico preciso, a avaliação perceptivo-auditiva que data do
século XIX, apresentou índice de consonância de 76% com o exame de
telelaringoscopia, tornando-se imprescindível para a comparação entre dados
auditivos e visuais.
O uso de análise acústica auxilia a avaliação perceptivo-auditiva de maneira precisa,
pois traduz padrões sonoros em visuais através de espectrogramas com
componentes de freqüência, tempo e intensidade que permitem ao especialista
17
inferir sobre a função glótica durante a emissão vocal (BEHLAU, 1999; PINHO;
CAMARGO, 2001).
Vieira e Rosa (2006) afirmaram que a avaliação acústica é vantajosa por propiciar o
suporte às observações subjetivas e o monitoramento terapêutico através de
imagens, porém, possui papel auxiliar no diagnóstico diferencial dos acometimentos
da laringe.
Os programas de avaliação acústica permitem descrever a voz humana quase em
sua totalidade, pois são capazes de fornecer análise da freqüência fundamental,
medidas de perturbação jitter (freqüência) e shimmer (intensidade), medidas de
ruído e traçado do formato das ondas (ARAÚJO et al, 2002).
2.4 PARÂMETROS DA QUALIDADE VOCAL
A qualidade vocal possui parâmetros perceptivos que identificam a voz humana e
variam a depender do contexto, gênero (no português brasileiro, as mulheres entre
18 e 29 anos possuem freqüência fundamental média de 231 Hz e os homens, de
116 Hz) e de condições psicológicas e sócio-educacionais advindas da aceitação e
incorporação de valores transferidos de maneira implícita por determinada cultura.
Essa dinâmica faz com que o indivíduo se identifique com determinado grupo ou
profissão e incorpore seu padrão de emissão vocal característico (BEHLAU;
PONTES, 1995).
18
Figueiredo et al (2003) afirmaram que para riqueza de harmônicos e boa qualidade
vocal é importante que o ar transglótico passe pela laringe com pouco atrito e que
haja elasticidade e flexibilidade da túnica mucosa das pregas vocais. Fukuyama
(2001) acrescentou que os valores de freqüência fundamental, considerados
normais são de 80 a 150Hz para homens e 150 a 250Hz para mulheres.
Rodrigues, Azevedo e Behlau (1996) defendem que professores, operadores de
teleatendimento, advogados, cantores, psicólogos, jornalistas, locutores, dentre
outros, podem ter sua sobrevivência profissional comprometida se apresentarem
qualidade vocal incompatível com a demanda e estética exigida.
A emissão possui parâmetros perceptuais que definem a qualidade vocal do falante
e de acordo com Feijó (2003 b), podem ser subdivididos em pitch, loudness, foco
ressonantal, articulação, ataque vocal, gama tonal, velocidade de fala, além de
recursos como ênfases, pausas e inflexões.
Behlau e Ziemer (1988) definiram o pitch e loudness como sendo, respectivamente,
sensações psicofísicas advindas da freqüência (como julgamos um som do mais
grave ao mais agudo) e da intensidade (como julgamos um som do mais fraco ao
mais forte), sendo a freqüência relacionada com a velocidade no movimento das
pregas vocais e a intensidade com a pressão subglótica feita pelo ar expiratório.
Esses autores acrescentaram que o efeito do sistema ressonância na voz consiste
na amplificação de sons de algumas freqüências e no amortecimento de outras
através do nariz, boca e laringe e que conferem estética à voz, sendo ideal o uso
equilibrado dessas caixas para que o indivíduo consiga mais nuanças em sua fala.
19
Pinho (1998) define o foco de ressonância como a amplificação da voz feita por
determinada região do trato vocal e que se subdivide em foco laringo-faríngeo
(presença de tensão cervical e posteriorização da língua, gerando som abafado),
faríngeo (voz metálica advinda da contração de pilares faríngeos e elevação do
dorso da língua), cul de sac (a região posterior da língua encontra-se abaixada e
pode ou não existir elevação do véu e constrição da faringe) e nasal decorrente de
rinolalia fechada (há alteração orgânica na cavidade do nariz que distorce os
fonemas nasais e apresenta-se como a voz comum nos resfriados) ou rinolalia
aberta (há deficiência no fechamento do véu palatino que pode ser orgânica ou
funcional e acaba por desviar fonemas orais para a cavidade nasal).
Oliveira (2004) refere-se à articulação como um parâmetro auxiliar no equilíbrio das
pressões infra e supraglóticas para obter projeção e não gerar esforço e Feijó
(2003a) acredita que distorções articulatórias, pequenas imprecisões, articulação
travada ou exagerada, não acarretam problemas para o falante comum, porém, para
os profissionais do telejornalismo, são inaceitáveis, pois é importante a capacidade
de falar de forma rápida, ágil e precisa.
Behlau et al (2004) explicaram que o ataque vocal está relacionado à configuração
glótica no momento da emissão e pode ser brusco (a pressão infraglótica está
aumentada devido à forte adução das pregas vocais, dificultando a passagem do ar),
isocrônico (a fase expiratória e a vibração das pregas vocais acontecem de forma
equilibrada) ou soproso (as pregas vocais não estão suficientemente aduzidas no
momento da expiração, gerando escape de ar). Os mesmos autores definem o
20
parâmetro de Gama Tonal como o número de notas acima ou abaixo da freqüência
fundamental utilizada na fala encadeada.
Kyrillos, Cotes e Feijó (2003) comentaram sobre o ritmo e a velocidade de fala como
estando relacionados à capacidade de movimentação dos órgãos fonoarticulatórios
necessária à produção dos sons. As autoras enfatizam o uso de recursos verbais
associados como ênfase (grifo na emissão), inflexão (melodia da fala que pode
variar em ascendente ou descendente) e pausa para conciliar a boa articulação ao
fluxo de informações necessárias com o objetivo de manter a atenção do ouvinte.
21
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Traçar as características perceptivo-acústicas da voz preferida do profissional
controlador de tráfego aéreo.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3.2.1 Comparar as emissões vocais espontâneas e radiotelefônicas de
controladores de tráfego aéreo do gênero masculino que atuam no Destacamento de
Controle do Espaço Aéreo de Salvador- DTCEA-SV.
3.2.2 Comparar os parâmetros vocais utilizados por controladores de tráfego aéreo
a depender do tempo de carreira.
22
4 METODOLOGIA
A coleta de dados foi iniciada após o Parecer do Comitê de Ética da Pró-Reitoria de
Pesquisa e Ensino de Pós-graduação da Universidade do Estado da Bahia – UNEB
sob número de processo 603060005709 e em todas as etapas foi preservada a
resolução 196/96 do Ministério da Saúde que normatiza a pesquisa em seres
humanos.
4.1 PARTICIPANTES
Foram avaliados vinte indivíduos do gênero masculino que representam 43% dos
Controladores de Tráfego Aéreo do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de
Salvador - DTCEA-SV. O objetivo inicial era avaliar todos os controladores desta
instituição, porém, isso não foi possível devido ao aperfeiçoamento dos profissionais
que estava próximo ao período da coleta de dados.
O universo populacional deste estudo contou com faixas etárias que variavam entre
21 e 48 anos e média de 31 anos, sendo que o gênero feminino foi o único critério
de exclusão devido a dois fatores: pequena quantidade de indivíduos e diferença
significativa de freqüência fundamental se comparada ao gênero masculino, referida
na revisão de literatura.
23
4.2 LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em sala acusticamente tratada (Figura 1) do serviço de
controle de aproximação (APP) do DTCEA-SV, situada na Rua Aeroporto
Internacional Deputado Luis Eduardo Magalhães, S/N, bairro de São Cristóvão,
cidade de Salvador-BA.
Figura 1 – Foto da sala onde foi realizada a pesquisa.
4.3 MATERIAL
- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo A).
24
- Protocolo de avaliação perceptivo-acústica adaptado de Feijó (Anexo B).
- Notebook SONY VAIO PCG, modelo K33, Pentium 4 de 2.8 GHz, com memória de
512 MB de RAM, HD de 60G, tela LCD matriz ativa 15" com resolução 1024 x 768,
controlador de som MS Directsound e alto-falantes embutidos.
- Microfone profissional unidirecional, marca LE SON e modelo MP-68 do tipo
headset
- Programa GRAM 5.0.
- Programa SPEECH PITCH 1.2.
4.4 PROCEDIMENTOS
O DTCEA-SV permitiu a realização da coleta de dados em suas dependências e o
período foi de um mês. Todas as informações coletadas e discutidas mantiveram o
anonimato dos participantes.
Os participantes foram convidados a se dirigirem individualmente à sala de estudos
do DTCEA-SV nos intervalos do turno de trabalho, sendo o único critério de
exclusão, o gênero.
25
Ao entrar na sala, o CTA foi informado sobre a metodologia, os objetivos e os riscos
da pesquisa e foi solicitado a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido
(Anexo A). Em seguida, o protocolo de avaliação perceptivo-acústica da voz
adaptado de Feijó foi aplicado (Anexo B).
A avaliação perceptivo-auditiva da voz foi feita desde o primeiro contato com o CTA,
já que os dados são subjetivos. Para a avaliação acústica, os participantes utilizaram
microfone tipo headset com a distância boca-microfone de cinco centímetros.
Na análise acústica, os participantes foram solicitados a produzir de forma
intercalada, quatro emissões encadeadas, duas espontâneas e duas
radiotelefônicas. As duas primeiras foram gravadas no programa GRAM 5.0 e as
duas últimas foram analisadas pelo programa SPEECH PITCH 1.2.
O programa GRAM 5.0 foi responsável por criar e registrar espectrogramas
acústicos resultantes das amostras de fala encadeada. O programa SPEECH PITCH
1.2, não grava, mas possibilita a visualização de histogramas que forneceram dados
da escala de freqüências mínima, média e máxima utilizadas pelos CTA e que foram
registradas no protocolo (Anexo B).
Na emissão espontânea, o CTA foi solicitado a contar o que fez pela manhã no seu
tom habitual e na emissão radiotelefônica, optou-se pela simulação de script de
vetoração ou autorização de tráfego a depender da função do participante.
26
A simulação da emissão radiotelefônica foi a escolha mais segura, dado que o
controle de tráfego aéreo exige constante vigilância por parte dos trabalhadores.
Cada emissão cumpriu o tempo aproximado de um minuto.
Os resultados obtidos foram analisados comparativamente segundo a estatística
descritiva através da distribuição por freqüência simples (MARTINS, 2005). Após a
análise, os achados foram dispostos em gráficos, discutidos e fundamentados
teoricamente.
27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aplicação do Protocolo de avaliação adaptado de Feijó (2003 a) permitiu traçar as
características perceptivo-acústicas da voz profissional utilizada pelos CTA que
participaram do presente estudo.
Na análise comparativa das emissões vocais espontâneas e radiotelefônicas, houve
o cuidado em separar os participantes (Gráfico 1) quanto ao tempo de carreira para
verificar possíveis diferenças nas estratégias envolvidas. Optou-se por dividi-los em:
grupo A que possui o período de seis meses a três anos de atuação (35%) e grupo
B que possui o período de quatro a trinta anos de atuação (65%). Esta divisão foi
importante para analisar os parâmetros de qualidade vocal e articulação, onde foram
observadas diferenças significativas.
35%
65%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Grupo A
Grupo B
Gráfico 1 - Relação de controladores quanto ao tempo de carreira.
No gráfico 2, pode-se constatar que não há diferença entre as emissões espontânea
e profissional no que tange à qualidade vocal dos sujeitos da pesquisa, pois em
ambas as situações, houve a presença de 70% de vozes neutras e 30% de vozes
28
não-neutras, sendo consideradas não-neutras, qualquer desvio de grau leve. Vozes
alteradas não foram encontradas e significariam desvio de grau severo.
70%
30%
0%
70%
30%
0%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Espontânea Profissional
Neutra
Não-neutra
Alterada
Gráfico 2 – Comparação dos tipos de qualidade vocal
A comunicação do CTA é mediada pelo radiotelefone que apresenta ruído e dificulta
a inteligibilidade da mensagem conforme acreditam Gierke e Nixon (1996), portanto,
a presença de vozes não-neutras na população estudada é um fator agravante para
falha na tramitação das mensagens aeroespaciais via áudio.
Garcia e Ferraiuolo (2004) informam que os turnos de trabalho dos CTA são de 6
horas com intervalos longos. Desta forma, pode-se inferir que há repouso vocal e
alternância entre as emissões profissional e espontânea, não justificando o achado
de 30% de vozes não-neutras.
No gráfico 3 visualiza-se a qualidade vocal apresentada por controladores do grupo
A e do grupo B, independente do tipo de emissão. Pode-se considerar alto o índice
de 57% de vozes não-neutras apresentado pelos controladores que possuem pouco
tempo de experiência (Grupo A) se comparado a 15% apresentado pelos mais
29
experientes (Grupo B). Esse dado está de acordo com Garcia e Ferraiuolo (2004)
que afirmam que os candidatos ao curso de Controle de Tráfego Aéreo que
participaram de seu estudo, não passaram por processo seletivo de avaliação da
qualidade vocal.
85%
15%
43%
57%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Grupo B Grupo A
Neutra
Não-neutra
Gráfico 3 - Diferença de qualidade vocal quanto ao tempo de carreira.
No gráfico 4, pode-se observar o tipo de loudness utilizado nas situações
estudadas. Verificou-se um aumento importante do loudness forte de 5% na emissão
espontânea para 45% na profissional.
5%
90%
5%
45%55%
0%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Espontânea Profissional
Forte
Médio
Fraco
Gráfico 4 – Comparação dos tipos de loudness.
30
O incremento do loudness na emissão radiotelefônica representa a vontade do CTA
em produzir uma voz de comando, porém, Behlau e Ziemer (1988) afirmam que a
voz de comando pode ser atingida através do uso de uma forte intensidade vocal ou
através de intensidade fraca, porém, acrescida de recursos vocais como a ênfase
nas palavras e na intenção do discurso.
Para Behlau et al (2005), o uso da forte intensidade na fala continuada é uma das
combinações fisiológicas mais desgastantes e que pode acarretar em diminuição do
rendimento e da saúde vocal. Feijó (2003 b) acrescenta que o aumento do loudness
pode ser utilizado como recurso de interpretação, mas não deve gerar esforço para
o profissional.
Em relação ao pitch, visualiza-se no gráfico 5 que o tipo grave aumentou de 15% na
emissão espontânea para 20% na radiotelefônica e o médio-grave aumentou,
respectivamente, de 25% para 45%.
15%
25%
55%
5%0%
20%
45%
25%
10%
0%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Espontânea Profissional
Grave
Médio-grave
Médio
Médio-agudo
Agudo
Gráfico 5 – Comparação dos tipos de pitch.
31
Conclui-se que a maioria dos participantes da pesquisa, em emissão profissional,
tendeu a utilizar freqüências mais graves. Esses achados são referidos na literatura
como a busca pela transmissão de confiabilidade (PANICO; FUKUSIMA; 2003;
GAMA, 2003).
O aumento do tipo de pitch médio-agudo de 5% para 10% (gráfico 5), se deve,
provavelmente, ao fato de freqüência e intensidade serem parâmetros interligados,
ou seja, vozes mais agudas tendem a ser mais intensas, devido à facilidade laríngea
que para aumentar o tônus, acaba fazendo resistência glótica e aumentando a
intensidade (BEHLAU; PONTES, 1995; COLTON; CASPER, 1996).
Pinho (1998) complementa que os seres humanos não apresentam o mesmo
loudness para dois sons em igual intensidade e freqüências diferentes, sendo que
quanto mais grave uma voz, menos audível ela se apresenta para o ouvido humano.
Para o CTA, aumentar a freqüência na emissão profissional não é desejável, pois
precisa transmitir as ordens com segurança. Brandi (1996) ressalta que,
terapeuticamente, é possível que falantes variem a intensidade sem alterar a
freqüência e que compreender essa dissociação é de grande importância.
Quanto à velocidade de fala utilizada, o gráfico 6 mostra o aumento do tipo
acelerada de 10% em emissão espontânea, para 95% em emissão profissional. Este
achado é compatível com a função do CTA que segundo o Ministério da Aeronáutica
(1999), deve utilizar a fraseologia padrão (procedimento firmado para garantir a
32
uniformidade das comunicações) e ter como objetivo, o tempo curto de transmissão
das mensagens através de autorizações claras e concisas.
10%
55%
35%
95%
5%0%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Espontânea Profissional
Acelerada
Média
Lenta
Gráfico 6 – Comparação dos tipos de velocidade de fala.
Os espectrogramas expostos nas figuras 2 e 3 mostram, respectivamente, emissões
espontânea e radiotelefônica feitas pelo mesmo CTA e confirmam o aumento da
taxa de elocução (velocidade de fala) na atividade profissional.
Figura 2 – Emissão espontânea, HGS, 34 anos, gênero masculino.
33
Figura 3 – Emissão profissional, HGS, 34 anos, gênero masculino.
Camargo, Peter e Pinho (2006) afirmaram que o uso da taxa de elocução reduzida
transmite monotonia e falta de interesse, enquanto que o seu aumento reflete
nervosismo e ansiedade.
Para o CTA, a rapidez na transmissão é imprescindível, sendo que o piloto deve
apenas cotejar o que foi solicitado, ou seja, repetir a ordem e executá-la. Para não
omitir informações, o CTA deve utilizar outros recursos a exemplo da agilidade nos
movimentos articulatórios.
No gráfico 7, observa-se melhora da precisão articulatória em emissão profissional,
já que o tipo de articulação precisa aumentou de 70% na emissão espontânea para
80% na radiotelefônica, enquanto que o tipo imprecisa diminuiu, respectivamente, de
30% para 15%. Para Nunes (1976), articular bem significa dar sonoridade às vogais
e amplitude às consoantes, conferindo clareza, veemência e energia na fala.
34
70%
30%
0%0%
80%
15%
5%0%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Espontânea Profissional
Precisa
Imprecisa
Travada
Exagerada
Gráfico 7 – Comparação dos tipos de articulação.
A articulação travada apresentou índice de 5% (gráfico 7) na emissão radiotelefônica
e segundo Kyrillos et al (1998), esse tipo de articulação em atividade profissional se
deve à tentativa de projetar mais a voz, porém, com aumento de tensão laríngea.
Foi constatada diferença significativa quanto à articulação entre os grupos A e B
(gráfico 8). Verificou-se que, independente do tipo de emissão, 92% de
controladores do grupo B fizeram uso de articulação precisa em contraponto a
apenas 14% de controladores do grupo A, ressaltando que o maior tempo de
carreira apresentado pelo grupo B influenciou no desenvolvimento desse parâmetro.
14%
86%92%
8%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Gurpo A Grupo B
Precisa
Imprecisa
Gráfico 8 – Diferença de articulação quanto ao tempo de carreira.
35
Esses dados revelam a importância de intervenção fonoaudiológica na seleção e
aprimoramento desses profissionais, pois segundo Pânico e Fukusima (2003), o
trabalho articulatório produz emissão mais intensa, além de favorecer a agilidade e
clareza, melhorando a compreensão do ouvinte.
No gráfico 9, pode-se visualizar o ritmo utilizado nas situações estudadas. Verifica-
se aumento no percentual de ritmo repetitivo de 10% em emissão espontânea para
95% em emissão profissional.
Segundo estudiosos, o ritmo repetitivo por apresentar padrão entoacional linear, é
mais semelhante à máquina que ao ser humano, enquanto que o padrão melódico
variado confunde o interlocutor ao fazer uso de ênfase sem relação com o conteúdo
(BEHLAU; ZIEMER, 1988; FEIJÓ, 2003 b). No trabalho do CTA cuja comunicação
necessita de rapidez e clareza, o ritmo repetitivo se torna o mais adequado.
90%
10%5%
95%
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
Espontânea Profissional
Variado
Repetitivo
Gráfico 9 – Comparação dos tipos de ritmo.
No espectrograma exposto na figura 4, visualiza-se a emissão radiotelefônica feita
por um CTA que utiliza poucas inflexões vocais e ritmo repetitivo.
36
Figura 4 – Emissão profissional, ACB, 36 anos, gênero masculino.
Quanto ao Ataque Vocal, observa-se no gráfico 10 que o tipo isocrônico foi utilizado
por 90% da população estudada tanto na emissão espontânea quanto na
profissional, o que reflete o padrão considerado adequado, pois não gera tensão e
nem perda excessiva de ar.
0%
90%
10%5%
90%
5%0%
20%
40%
60%
80%
100%
Espontânea Profissional
Brusco
Isocrônico
Soproso
Gráfico 10 – Comparação dos tipos de ataque vocal.
Para facilitar a projeção, uma parcela da amostra (5%) utilizou o ataque vocal brusco
na emissão profissional e outra, diminuiu o uso do tipo soproso de 10% na emissão
espontânea para 5% na radiotelefônica. O ataque soproso dificultaria a comunicação
37
via microfone porque gera escape de ar e o tipo brusco, segundo Kyrillos et al
(1998), não é favorável à saúde vocal porque promove tensão e hipercinesia.
Nas duas emissões estudadas, a coordenação pneumofonoarticulatória esteve
presente em 75% dos indivíduos e ausente em 25% conforme se observa no gráfico
11.
75%
25%
75%
25%
0%10%
20%30%
40%50%
60%70%
80%
Espontânea Profissional
Presente
Ausente
Gráfico 11 – Comparação dos tipos de coordenação pneumofonoarticulatória.
O adequado controle do ar expiratório para a fonação, ou seja, a presença de
coordenação pneumofonoarticulatória, é importante para o CTA, pois como afirmou
Oliveira (2004), indivíduos que possuem alteração nas forças aerodinâmicas,
hiperfunção e desequilíbrio dos músculos vocais com uso do ar de reserva,
apresentam diminuição do volume durante a fala e comprometimento da sua
inteligibilidade.
A ressonância utilizada pelos sujeitos nas situações estudadas pode ser observada
no gráfico 12. O tipo ressonantal equilibrado aumentou de 50% na emissão
espontânea para 55% na radiotelefônica, sugerindo que em atuação profissional, há
maior harmonia entre as cavidades supraglóticas.
38
O Foco laringo-faríngeo permaneceu com 35% de ocorrência nas duas emissões.
Esse achado pode estar correlacionado à tensão cervical e das cavidades laríngea e
faríngea decorrentes da própria atividade de controle de tráfego aéreo que exige
constante vigilância. Behlau et al (2004) afirma que o uso dessa ressonância produz
qualidade vocal comprimida, geralmente, presente em indivíduos que se encontram
desgastados e Pinho (1998) complementa que pessoas com este foco, tendem a
aumentar a intensidade para melhorar a projeção.
50%
35%
15%
0%
55%
35%
10%
0%0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Espontânea Profissional
Equilibrada
Foco Laringo-Faringeo
Foco Nasal
Foco Faríngeo
Gráfico 12 – Comparação dos tipos de ressonância.
O Foco nasal diminuiu de 15% na emissão espontânea para 10% na emissão
profissional e através da subdivisão em rinolalia aberta e rinolalia fechada proposta
por Pinho (1998), verifica-se no gráfico 13 que de 10% da população que possuía
rinolalia aberta na emissão espontânea, 5% manteve esse padrão na emissão
profissional, sugerindo que ao melhorar a precisão articulatória, a hipernasalidade
diminuiu. O percentual de rinolalia fechada, em ambas as situações, foi de 5%
devido ao estado gripal dos participantes no momento da coleta de dados.
39
10%
5% 5% 5%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
Espontânea Profissional
Rinolaliaaberta
Rinolaliafechada
Gráfico 13 – Comparação dos tipos de foco nasal.
No gráfico 14, visualiza-se a gama tonal que corresponde à quantidade de notas
abaixo ou acima da freqüência habitual utilizadas pelo indivíduo e que caracterizam
as inflexões vocais (BEHLAU et al, 2004; PINHO, 1998). Nos participantes da
pesquisa, a gama tonal restrita aumentou seu percentual de 10% na emissão
espontânea para 75% na emissão profissional, evidenciando o uso freqüente de
pouca inflexão vocal quando em contato radiotelefônico.
10%
90%
0%
75%
25%
0%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
Espontânea Profissional
Restrita
Média
Exagerada
Gráfico 14 – Comparação dos tipos de gama tonal.
O gráfico 15 mostra os dados acústicos fornecidos pelo programa Speech Pitch 1.2.
Verificou-se a restrição da tessitura em 50% dos controladores em emissão
profissional, corroborando com os dados perceptuais referentes à gama tonal.
40
Entende-se por tessitura de fala, o número de notas do mais grave ao mais agudo
que o indivíduo consegue produzir sem perder a qualidade (PINHO, 1998).
Segundo Behlau e Pontes (1995), essa restrição reflete psicodinâmica de controle
de emoções e rigidez de caráter, enquanto que a tessitura vocal rica denota
excitação e transmite sentimentos. Sendo assim, conclui-se que para o trabalho do
CTA, a tessitura restrita é mais apropriada, porém, verificou-se que 30% dos
indivíduos aumentaram a tessitura em emissão profissional ao invés de restringi-la e
20% não fizeram alteração desse parâmetro. Esses dados ressaltam, mais uma vez,
a importância da intervenção fonoaudiológica.
50%
20%
30%RestringiuNão AlterouAumentou
Gráfico 15 – Variação da tessitura de fala em emissão profissinal.
41
6 CONCLUSÃO
A avaliação perceptivo-auditiva associada aos dados objetivos fornecidos pela
análise acústica foram procedimentos eficazes na compreensão do comportamento
vocal do controlador de tráfego aéreo.
A psicodinâmica vocal do controle de tráfego aéreo se relaciona à necessidade de
transmissão das mensagens de forma clara, ágil e segura para denotar comando ao
aeronauta. Essa intenção pode advir da experiência ou do treinamento específico
que não é realidade na categoria profissional em questão.
Verificou-se que a maioria da população estudada apresentou parâmetros
considerados ideais, porém é importante ressaltar que 65% dos participantes
possuíam tempo de carreira relevante de quatro a 30 anos.
Alguns parâmetros vocais como voz não-neutra, pitch médio agudo, ressonância
nasal ou laringo-faringea, ausência de coordenação pneumofonoarticulatória,
aumento da tessitura de fala, manutenção do loudness, ataque vocal brusco ou
soproso, ritmo variado, velocidade média e articulação imprecisa ou travada,
estiveram presentes nos controladores deste estudo e são incompatíveis por
tornarem a comunicação radiotelefônica passível de falhas.
A articulação e qualidade vocal diferiram significativamente entre controladores mais
e menos experientes, sendo que os que possuíam pouco tempo de carreira
42
apresentaram maior percentual de qualidade vocal não-neutra e imprecisão
articulatória.
Esta pesquisa permitiu indicar que, em transmissão radiotelefônica, é importante que
o CTA apresente: qualidade vocal neutra, loudness aumentado, pitch grave,
articulação precisa, coordenação pneumofonoarticulatória presente, ataque vocal
isocrônico, ressonância equilibrada, velocidade de fala acelerada, gama tonal restrita
e ritmo repetitivo, associados à fraseologia padrão, para desempenhar com eficácia
sua atividade profissional e transmitir poder e confiabilidade nas instruções.
Evidencia-se neste estudo, a necessidade de seleção, orientação e treinamento
fonoaudiológicos dos CTA para que todos apresentem parâmetros vocais
perceptivo-acústicos em perfeita consonância com a grande exigência profissional a
que são submetidos, dado que qualquer erro ou falha pode ser irreversível.
43
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49
ANEXO A – Termo de consentimento livre e esclarecido.
Eu, Lílian Paternostro de Pina Pereira estou realizando uma pesquisa como Trabalho de Conclusão do curso de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, sob orientação da Professora e Fonoaudióloga: Valéria Leal de Oliveira.
O título da pesquisa é: “Análise Perceptivo-acústica comparativa das emissões vocais espontâneas e radiotelefônicas do controlador de tráfego aéreo” e tem o objetivo de traçar os parâmetros da voz preferida utilizada pelo profissional controlador de tráfego aéreo. Para atingir esse objetivo, iremos solicitar-lhe que produza uma emissão espontânea (contar o que fez pela manhã) e simule uma emissão radiotelefônica a depender da sua função no DTCEA-SV (vetoração ou autorização de tráfego).
As emissões solicitadas serão gravadas e arquivadas pelos programas: SPEECH PITCH 1.2 e GRAM 5.0 e analisadas através do Protocolo de Avaliação Perceptivo-acústica adaptado de Feijó (2003). O objetivo da gravação da sua voz é devido à necessidade de análise criteriosa que será feita pelas pesquisadoras em momento posterior. Depois desta análise, as gravações serão arquivadas em CDRW e este ficará sob posse das pesquisadoras para a segurança dos dados da pesquisa.
A sua participação não envolve nenhum risco ou custo, assim como nenhuma interferência à sua atuação profissional. Sua voz será arquivada através das suas iniciais, sendo a sua identidade mantida em sigilo. Caso aceite participar, poderá, a qualquer momento, obter informações sobre o andamento da pesquisa e também poderá retirar seu consentimento mesmo que tenha antes se mostrado favorável. As Informações obtidas serão importantes por fornecerem dados úteis a pesquisas relacionadas à voz profissional do controlador de tráfego aéreo e por possibilitarem o aprimoramento da função vocal desta categoria.
Eu, _________________________________________________________________, RG _________________________, tendo sido informado dos objetivos da pesquisa “Análise Perceptivo- Acústica Comparativa das Emissões Vocais Espontânea e Radiotelefônica do Controlador de Tráfego Aéreo”, desenvolvida pelas pesquisadoras: Lílian Paternostro de Pina Pereira (estudante do curso de Fonoaudiologia da UNEB) e Valéria Leal de Oliveira (orientadora e professora do curso de Fonoaudiologia da UNEB), segundo resolução 196/ 96MS, concordo em participar.
______________________ _____________________ _________________ _________________ SUJEITO DA PESQUISA PESQUISADOR ORIENTADOR TESTEMUNHA
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ANEXO B – Protocolo de avaliação perceptivo-acústica adaptado de Feijó (2003 a).
Nome:____________________________________________________________________________________ Data:_________________________DN:_________________________________________________________ Idade:_____________________________________________________________________________________ Telefone:__________________________________________________________________________________ Tempo de Carreira: _________________________________________________________________________
1. Qualidade Vocal 1.1 Espontânea 1.2 Radiotelefônica
( ) Neutra ( ) Neutra ( ) Não-Neutra ( ) Não- Neutra
2. Coordenação Pneumofonoarticulatória 2.1 Espontânea 2.2 Radiotelefônica
( ) Presente ( ) Presente ( ) Ausente ( ) Ausente
3. Ataque Vocal 3.1 Espontânea 3.2 Radiotelefônica
( ) Brusco ( ) Brusco ( ) Isocrônico ( ) Isocrônico ( ) Soproso ( ) Soproso
4. Articulação 4.1 Espontânea 4.2 Radiotelefônica
( ) Precisa ( ) Precisa ( ) Travada ( ) Travada ( ) Exagerada ( ) Exagerada ( ) Imprecisa ( ) Imprecisa
5. Velocidade de Fala 5.1 Espontânea 5.2 Radiotelefônica
( ) Média ( ) Média ( ) Lenta ( ) Lenta
( ) Acelerada ( ) Acelerada
6. Loudness 6.1 Espontânea 6.2 Radiotelefônica
( ) Forte ( ) Forte ( ) Médio ( ) Médio ( ) Fraco ( ) Fraco
7. Pitch
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7.1 Espontânea 7.2 Radiotelefônica ( ) Grave ( ) Grave ( ) Médio Grave ( ) Médio Grave ( ) Médio ( ) Médio ( ) Médio Agudo ( ) Médio Agudo ( ) Agudo ( ) Agudo
8. Ressonância 8.1 Espontânea 8.2 Radiotelefônica
( ) Equilibrada ( ) Equilibrada ( ) Foco Laríngeo ( ) Foco Laríngeo ( ) Foco Laringo-faríngeo ( ) Foco Laringo-faríngeo ( ) Foco Nasal ( ) Foco Nasal
9. Gama Tonal 9.1 Espontânea 9.2 Radiotelefônica
( ) Restrita ( ) Restrita ( ) Média ( ) Média ( ) Exagerada ( ) Exagerada
10. Ritmo 10.1 Espontânea 10.2 Radiotelefônica ( ) Variado ( ) Variado
( ) Repetitivo ( ) Repetitivo
11. Análise Acústica A. Tessitura de Voz Falada
1. Tessitura em emissão espontânea (nome, idade e o que fez pela manhã): Freqüência Mínima: ____ Hz Pico: ____ Hz Frequência Máxima: ____ Hz
2. Tessitura em emissão radiotelefônica (script de vetoração ou autorização de tráfego a depender da função do
CTA): Freqüência Mínima: ____ Hz Pico: ____ Hz Frequência Máxima: ____ Hz