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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
Débora Rocha Oliveira
Concordância entre valores da circunferência da cintura ou índice de massa corporal no
diagnóstico de excesso de peso em adolescentes
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Nutrição em Saúde
Pública da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Ciências.
Área de concentração: Nutrição em
Saúde Pública
São Paulo 2012
Concordância entre valores da circunferência da cintura ou índice de massa corporal no
diagnóstico de excesso de peso em adolescentes
Débora Rocha Oliveira
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Nutrição em Saúde
Pública da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Ciências.
Área de concentração: Nutrição em
Saúde Pública
Orientador: Prof. Dr. Wolney Lisboa
Conde
São Paulo 2012
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua
forma impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida
exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da
dissertação.
RESUMO
OLIVEIRA, D.R. Concordância entre valores da circunferência da cintura ou
Índice de Massa Corporal no diagnóstico de excesso de peso em
adolescentes. [Dissertação de Mestrado em Nutrição em Saúde Pública] São
Paulo. Faculdade de Saúde Pública da USP; 2012.
Introdução – A expansão da obesidade entre populações jovens tem
aumentado de forma expressiva e contribui para a carga mórbida global de
doenças. Inquéritos que avaliam a capacidade de índices baseados na
massa corporal sensíveis à detecção de gordural corporal são relevantes e
ainda escassos. Objetivo – Analisar o desempenho dos valores do índice de
massa corporal (IMC) ou da circunferência da cintura (CC) no diagnóstico de
excesso de peso em adolescentes. Métodos – Utilizamos dados de 1816
adolescentes do estudo “Saúde e nutrição dos escolares adolescentes da
zona oeste do município de São Paulo”. O estado nutricional dos
adolescentes foi descrito pelo IMC, CC e composição corporal – inferida pelo
ângulo de fase - dos parâmetros bioelétricos - e somatório das dobras
cutâneas. As áreas sob curvas Receiver Operating Characteristic (AUC)
foram calculadas para avaliar a capacidade do IMC e CC na triagem de
adiposidade. Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e
negativo (VPN) e diagnóstico odds ratio (DOR) foram analisados para os
sistemas de classificação do IMC (referência brasileira e internacional) e o
critério da CC (referência holandesa). Resultados – IMC e CC apresentam
correlação positiva (r = 0,77 e 0,73, respectivamente) com gordura das
dobras. Em ambos os sexos, os três critérios sugerem adequada
identificação do excesso de massa gordurosa (AUC ≥ 0,90) e valores
elevados de especificidade e sensibilidade. Apesar da alta taxa de
sensibilidade os VPP alcançam, em torno de 41% nos meninos e 35% nas
meninas para o IMC e 49 e 38%, respectivamente, para CC. Os valores do
DOR são 64,6 e 38,6 para IMC pela referência nacional e internacional,
respectivamente e 38,3 para CC nos meninos. Nas meninas, na mesma
sequência os valores são 49,5, 56,2 e 31,9. Conclusão – A CC apresenta
desempenho menor se comparado ao IMC no diagnóstico de excesso de
adiposidade. Os resultados apóiam o uso do IMC para o monitoramento de
saúde de adolescentes e, pela primeira vez apresentam essa evidência com
base em análise bivariada da composição corporal.
Descritores: Estado nutricional. Circunferência da cintura. Adolescente.
Composição corporal. Índice de massa corporal.
ABSTRACT
OLIVEIRA, D.R. Agreement between values of waist circumference or body
mass index in the diagnosis of overweight in adolescents. [Dissertação de
Mestrado em Nutrição em Saúde Pública] São Paulo. Faculdade de Saúde
Pública da USP; 2012.
Introduction - The spread of obesity among young people has increased
significantly and contributes to global disease burden morbid. Surveys that
assess the ability of indices based on body mass sensitive detection gordural
body are relevant and still scarce. Objective - To analyze the performance
values of body mass index (BMI) or waist circumference (WC) in the
diagnosis of overweight in adolescents. Methods - We used data from 1816
adolescents in the study "Health and nutrition of schoolchildren in the west
zone of São Paulo." The nutritional status of adolescents was described by
BMI, waist circumference and body composition - inferred by the phase angle
- the bioelectric parameters - and sum of skinfolds. Areas under Receiver
Operating Characteristic curves (AUC) were calculated to assess the ability
of BMI and WC in screening for adiposity. Sensitivity, specificity, positive
predictive value (PPV) and negative predictive value (NPV) and diagnostic
odds ratio (DOR) were analyzed for BMI classification systems (reference
Brazilian and international) and the WC criterion (Dutch reference). Results -
BMI and WC shows a positive correlation (r = 0.77 and 0.73, respectively)
with fat skinfolds. In both gender the three criteria suggest proper
identification of excess body fat (AUC ≥ 0.89) and high levels of specificity
and sensitivity. Despite the high sensitivity rate the PPV achieve 41% boys
and 35% in girls for BMI and 49% and 38% for WC, respectively. The values
of DOR are 64.6 and 38.6 for BMI by national and international reference,
respectively, and 38.3 for WC in boys. In girls, the same sequence values are
49.5, 56.2 and 31.9. Conclusion - The WC has underperformed compared
to BMI in the diagnosis of excess adiposity. The results support the use of
BMI for monitoring the health of adolescents and for the first time present this
evidence based on bivariate analysis of body composition.
Keywords: Nutritional status. Waist circumference. Adolescents. Body
composition. Body mass index.
AGRADECIMENTOS
Agradeço...
A meu orientador, Prof.ª Doutor Wolney Lisboa Conde por ter me
guiado durante toda elaboração desta dissertação com seu espírito crítico
que contribuíram significativamente para a qualidade deste trabalho.
A todos aqueles que, embora não nomeados, me brindaram com seus
inestimáveis apoios em distintos momentos, o meu reconhecido e carinhoso
muito obrigada.
Por fim e não menos importante agradeço àqueles que mais de perto
acompanharam esta jornada. À minha família e amigos, em especial a meu
esposo Emerson Manoel da Silva pela compreensão, paciência, carinho,
amor e força transmitida durante esta tarefa, a minha imensa gratidão. Sem
o apoio de todos não seria possível investir longas horas de trabalho,
privando-os da atenção merecida.
Para além destas palavras escritas, espero encontrar melhor forma e
melhor momento para dizer a todos o quanto estou agradecida.
MUITO OBRIGADA!
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 10
1.1 EXCESSO DE PESO ....................................................................... 10
1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL ..................................... 11
1.2.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM BASE NA MASSA
CORPORAL ........................................................................................... 12
1.2.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL COM BASE NA
COMPOSIÇÃO CORPORAL ................................................................. 15
2 OBJETIVOS ............................................................................................ 22
2.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................... 22
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................ 22
3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 23
3.1 AMOSTRA – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ............... 23
3.2 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................... 23
3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS .......................... 24
3.4 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR DAS
MEDIDAS DA MASSA E COMPOSIÇÃO CORPORAL ......................... 26
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................. 27
4 RESULTADOS ........................................................................................ 31
5 DISCUSSÃO............................................................................................ 43
6 CONCLUSÃO .......................................................................................... 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 49
ANEXO A – CURRICULUM LATTES – DÉBORA ROCHA OLIVEIRA ...... 57
ANEXO B – CURRICULUM LATTES – PROFESSOR DOUTOR WOLNEY
LISBOA CONDE .......................................................................................... 58
LISTA TABELAS
Tabela 1. Médias e desvios padrão (DP) do IMC, circunferência da
cintura, impedância, ângulo de fase e Ʃ das dobras cutâneas, segundo
sexo e faixa etária, dos adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007....................................................................................................31
Tabela 2. Coeficientes de correlação entre altura e idade e as variáveis da
composição corporal dos adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007....................................................................................................32
Tabela 3. Coeficientes de correlação entre as variáveis da massa
corporal – IMC ou circunferência da cintura – e índices da composição
corporal, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007................................................................................................... 33
Tabela 4. Prevalência (%) de excesso de peso por diferentes sistemas
classificatórios e faixa etária, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do
município de São Paulo, 2007 ......................................................................34
Tabela 5. Indicadores epidemiológicos do desempenho do IMC nas
classificações Br-2006 e WHO-2007 para classificar excesso de peso em
adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Medida de
referência: índice dobras cutâneas............................................................... 37
Tabela 6. Indicadores epidemiológicos do desempenho da CC segundo
classificação holandesa para classificar excesso de massa corporal
localizada em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo,
2007. Medida de referência: índice dobras cutâneas................................... 38
LISTA FIGURAS Figura 1. Frequência de excesso de peso (A) e obesidade (B) pelos
diferentes sistemas classificatórios segundo décimos da gordura corporal
estimados pelo índice dobras e sexo em adolescentes da Zona Oeste do
município de São Paulo, 2007.......................................................................35
Figura 2. Curva ROC para índice de massa corporal [IMC (escore z)] e
medida da circunferência da cintura [CC(cm)] e a área correspondente
sob a curva (AUC), por sexo, para identificação do excesso de peso
pelo índice dobras em adolescentes da Zona Oeste do município de
São Paulo, 2007............................................................................................36
Figura 3. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice
dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como excesso
de peso pelo IMC/Idade segundo curvas de referência nacional e
estrangeira, 2007...........................................................................................40
Figura 4. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice
dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como obesidade
pelo IMC/Idade segundo curvas de referência nacional e estrangeira,
2007.............................................................................................................. 41
Figura 5. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice
dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São
Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como excesso de
massa abdominal segundo curva de referência estrangeira,
2007...............................................................................................................42
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Principais curvas de referência, ou descrição percentilar
populacional, para valores da circunferência da cintura de menores de 20
anos publicadas nas duas últimas décadas.................................................20
Quadro 2. Principais estudos com descrição da sensibilidade e
especificidade dos sistemas classificatórios com base no IMC e na CC para
triagem de excesso de gordura corporal em menores de 20 anos publicados
nas duas últimas décadas, segundo sexo ....................................................21
Quadro 3. Descrição dos procedimentos técnicos padronizados das
variáveis antropométricas e índices antropométricos. ..................................24
10
1 INTRODUÇÂO
1.1 EXCESSO DE PESO
A prevalência mundial de sobrepeso e obesidade entre populações
jovens tem aumentado sistematicamente nas últimas décadas. Tal expansão
foi reconhecida como epidemia pela Organização Mundial da Saúde (WHO
1995).
A obesidade cursa com o desequilíbrio positivo do balanço energético,
isto é, a quantidade de energia armazenada no organismo é superior à
quantidade gasta. Na determinação da obesidade os fatores sociais
preponderam sobre os genéticos e seus efeitos se expressam ou estão
mediados pela renda ou nível de escolarização do indivíduo e pelo nível de
desigualdade social observado no meio em que o indivíduo reside (Popkin et
al. 1995; Drewnowski e Popkin 1997).
O excesso de peso está entre os cinco principais fatores de risco de
mortalidade no mundo e, contribui expressivamente para a carga mórbida
global de doenças. Estima-se que a massa corporal, em 2004, tenha sido
responsável por 2,8% dos anos de vida perdidos por incapacidade (DALYS,
no acrônimo em inglês) e 4,8% das mortes globais (WHO 2009).
Além de elevarem o risco de morte prematura e a redução da
qualidade de vida, o excesso de peso e a obesidade também são
responsáveis por elevar o risco de doenças crônicas não transmissíveis e
representam, estima-se, 44% da carga de diabetes, 23% da carga de
doença isquêmica do coração e de 7 a 41% da carga de certos tipos de
cânceres (WHO 2009; Larsson et al. 2011).
Outro agravante da obesidade, em crianças e adolescentes, são os
problemas psicossociais e biológicos a ela associados e que tendem a se
expressar na idade adulta (Whitaker et al. 1997; Vanhala et al. 1998).
No Brasil, a evolução do perfil nutricional dos adolescentes se
caracteriza pelo aumento acelerado da frequência do excesso de peso nas
últimas décadas. A partir dos dados de inquéritos nacionais realizados em
11
1974-1975 e 2008-2009, observa-se que, entre adolescentes, a prevalência
de excesso de peso aumentou de 7,6% para 19,4% no sexo feminino e de
3,7% para 21,7% no sexo masculino (IBGE 2010).
A tendência de aumento da prevalência de excesso de peso ocorre
em todos os estratos sociais e em todas as regiões brasileiras. Contudo, as
maiores prevalências de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes
são observadas na região Centro-Sul do país (IBGE 2010). Nesta região os
processos de urbanização, modificações do mercado de trabalho e dos
processos produtivos são mais intensos e estão em etapas mais adiantadas
em relação às demais regiões e trazem, em seu bojo, consequentes
mudanças de hábitos que representam maior probabilidade de exposição à
obesidade.
1.2 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
A avaliação do estado nutricional, com o uso de indicadores
antropométricos, fornece informações sobre a adequação nutricional de um
indivíduo ou de um grupo populacional e reflete o estado de nutrição, saúde
ou de ambos. Estes indicadores estão associados a riscos presentes e
futuros de morbi-mortalidade (WHO 1995; de Onis e Habicht 1996). Embora
existam outros métodos para avaliação do estado nutricional da população,
a antropometria tem se mostrado o conjunto de técnicas mais utilizado para
a vigilância nutricional e de saúde em nível populacional (WHO 1995),
sobretudo na infância e na adolescência (Sigulem et al. 2000).
A classificação do estado nutricional com base em índices
antropométricos utiliza critérios diferentes para estabelecer os valores
críticos. Estes valores são aqueles que, no sistema classificatório, irão
separar os indivíduos saudáveis daqueles não saudáveis. O déficit de altura
em crianças menores de cinco anos, por exemplo, é definido segundo
critérios probabilísticos - isto é, estatísticos. A avaliação do estado nutricional
de crianças ou adolescentes é comumente realizada pela comparação entre
as suas medidas antropométricas e os valores de uma população de
12
referência. Essa comparação é expressa, tradicionalmente, na forma de
escores padronizados, os chamados escores Z ou sua função de densidade
(percentis). Essa estatística é bastante empregada na expressão de análises
do estado nutricional, pois apresenta razoável facilidade de compreensão e
é diretamente comparável entre idades ou sexos diferentes.
A classificação do estado nutricional fundamentada no desfecho de
risco de doenças ou agravos à saúde e mortalidade é, de fato, um critério de
base epidemiológica. Este critério proposto pela primeira vez em 1956 para
o monitoramento de saúde de crianças foi uma contribuição inovadora e
marcante para a ciência da Nutrição. A partir da medida da massa corporal
rotineiramente utilizada em âmbito hospitalar desenvolveu-se um índice e
respectivo indicador o qual estabeleceu diferentes graus de desnutrição
consoantes ao risco de mortalidade infantil (Gómez et al. 2000)
Para os adolescentes, a Organização Mundial da Saúde (WHO 1995)
recomenda os índices IMC por idade (IMC-I) para identificação de excesso
de peso e altura por idade (A-I) como indicador do desenvolvimento linear. A
necessidade de ajuste dos índices pela idade se dá pelas ainda intensas
alterações fisiológicas e morfológicas que ocorrem na adolescência.
1.2.1 Avaliação do estado nutricional com base na massa
corporal
O IMC representa um indicador de peso corporal relativo e uma
medida indireta de adiposidade, expressando a soma de todos os
componentes do peso corporal (massa corporal magra, ossos, tecido
adiposo) sem distinção entre a massa magra e gorda e não representa a
distribuição da gordura corporal.
Análises sobre o uso do IMC em adolescentes e sua validade para o
diagnóstico do excesso de peso e da obesidade tem apontado, de maneira
geral, que se trata de indicador com moderada sensibilidade e elevada
especificidade no diagnóstico do excesso de peso e baixa sensibilidade e
13
elevada especificidade no diagnóstico de obesidade (Marshall et al. 1991;
Malina e Katzmarzyk 1999; Reilly et al. 2000).
Grande parte destas análises foram realizadas com pontos de corte
baseados em critérios estatísticos. Isto porque até aproximadamente o final
da década de 1990 os pontos de corte recomendados pela Organização
Mundial da Saúde não estavam associados com morbi-mortalidade na idade
adulta, mas associados com os extremos da distribuição de referência.
Para tentar associar os critérios estatísticos e epidemiológicos na
classificação do estado nutricional de crianças e adolescentes com base na
massa corporal, uma curva de referência internacional foi construída apoiada
nos dados de seis inquéritos de representatividade nacional. A proposta
dessa curva visou disponibilizar uma base uniforme e internacional para a
comparação entre os dados dos vários países e unificar os valores críticos
utilizados na classificação do estado nutricional dos adolescentes com
aqueles utilizados para a população adulta, que definem excesso de peso e
obesidade a partir de 25 kg/m² e 30 kg/m², respectivamente (Cole et al.
2000).
Além do IMC, outro índice antropométrico que tem sido amplamente
utilizado na avaliação da massa corporal - em estudos populacionais - como
indicador de obesidade e risco para saúde é a circunferência da cintura
(CC). A CC é forte preditora da gordura visceral e está diretamente
associada a alterações metabólicas e aumento do risco de doenças
cardiovasculares (Freedman et al. 1999; Tornaritis et al. 2000; Maffeis et al.
2001; Jung et al. 2009).
Na idade adulta a associação entre circunferência da cintura e
doenças crônicas ligadas ao metabolismo está bem estudada e estabelecida
e, assim, foram instituídos os valores de 80 e 88 cm em mulheres e 94 e 102
cm em homens para definir as faixas de risco elevado e muito elevado,
respectivamente, para aquelas doenças (Lean et al. 1995). O fato de ser
uma única medida favorece sua eleição como instrumento de diagnóstico do
14
risco de doenças crônicas, no entanto, sua definição operacional introduz
aspectos de razoável complexidade para sua realização.
Os valores críticos mencionados para diagnóstico de obesidade
central entre adultos passaram a ser recomendados pela Organização
Mundial da Saúde para diagnóstico nutricional de forma isolada ou em
combinação com os valores críticos do IMC (WHO 1995).
A partir da década de 1990 diversas curvas nacionais de distribuição
da circunferência da cintura têm sido publicadas para menores de 20 anos.
As principais características destas curvas são apresentadas no Quadro 1.
As curvas de referência apresentadas foram todas baseadas em
dados de inquéritos nacionais e são específicas para sexo e idade. Na sua
maioria foram construídas com o método estatístico LMS o que confere
grande flexibilidade no seu uso.
O método LMS permite o alisamento das curvas de distribuição
tornando-as normalmente distribuídas ao longo da faixa etária. Neste
método, os dados são resumidos em três curvas suavizadas, específicas por
parâmetro e segundo idade, denominadas "L" (lambda), "M" (mu) e "S"
(sigma). As curvas M e S correspondem à mediana do índice observado e
aos coeficientes de variação de cada estrato, respectivamente; a curva L
representa o coeficiente de transformação (Box-Cox) utilizado para converter
os dados à normalidade e, assim, minimizar a assimetria do conjunto de
dados. As curvas produzidas pelo método LMS contêm informações
suficientes para estimar qualquer valor das distribuições de referência e
permitem também a classificação convencional do estado nutricional em
desvios padronizados (Z) da população de referência (Cole et al. 1998).
Das curvas de distribuição percentilar mencionadas no Quadro 1
apenas duas abrangem toda a faixa etária dos adolescentes que
compreende as idades entre 10 e 19 anos (Fredriks et al. 2005; Cook et al.
2009). E apenas a referência norte-americana foi desenvolvida com
informações multi-étnicas com utilização de dados de americanos com
descendência africana, mexicana e européia (Cook et al. 2009). As demais
15
curvas não consideraram a diversidade étnica para elaboração de suas
referências. Fatores genéticos e ambientais podem levar a variações no
fenótipo da CC e devem ser considerados no desenvolvimento destes
instrumentos.
1.2.2 Avaliação do estado nutricional com base na composição
corporal
Somatório das dobras cutâneas
Em vista às limitações do IMC como indicador dos níveis de
adiposidade, a recomendação para estudos populacionais, é de que a
avaliação antropométrica da composição corporal em crianças e
adolescentes deva incluir também estimativas da gordura corporal a partir de
medidas de dobras cutâneas (Lobstein et al. 2004).
A medida das dobras cutâneas é outra técnica tradicional que pode
ser aplicada em larga escala em pacientes e crianças saudáveis e classifica
os indivíduos pela estimativa dos depósitos de gordura subcutânea. As
medidas são simples e rápidas de se obter (Reilly 2010). Em geral, o erro
intra e interobservador é baixo comparado com a variabilidade entre sujeito,
mas a precisão em crianças obesas é menor (Lobstein et al. 2004; Wells e
Fewtrell 2006;).
As dobras cutâneas permitem a mensuração da gordura subcutânea
em vários locais do corpo e são preditoras da gordura corporal total e
percentual de gordura corporal (WHO 1995; Zemel et al. 1997). Devido a
estas associações com a gordura corporal, é frequentemente assumido que
as dobras cutâneas são melhores preditores de implicações adversas à
saúde do que o IMC (Sardinha et al. 1999; Sarría et al. 2001) e podem ser
utilizadas como ferramenta de triagem para determinar os adolescentes em
maior risco de se tornarem adultos com gordura corporal elevada (Nooyens
et al. 2007).
Equações publicadas que convertem medidas primárias em valores
para gordura corporal total foram consideradas inadequadas, tanto em
16
grupos como em indivíduos (Reilly et al. 1995). Embora os dados forneçam
um índice razoável da distribuição de gordura, eles não podem fornecer
medidas absolutas de massa de gordura, e, consequentemente, permitem
apenas a classificação dos sujeitos em termos de gordura e ignoram o
depósito do tecido muscular (Wells 2001).
Impedância bioelétrica (BIA) e Ângulo de fase
A impedância bioelétrica baseia-se no princípio de que os
componentes corporais oferecem resistências diferenciadas à passagem da
corrente elétrica. Os tecidos magros são altamente condutores da corrente
elétrica devido a grande quantidade de água e eletrólitos, apresentando
baixa resistência à passagem da corrente. Os tecidos de gordura, os ossos e
a pele, por outro lado, constituem meios de baixa condutividade elétrica .
Essa oposição, chamada impedância (Z) não fornece a composição corporal
diretamente. A impedância é função de dois vetores, denominados
resistência (R) e reactância (Xc) (Kyle et al. 2004a). A resistência é a
oposição oferecida pelo corpo à passagem da corrente elétrica e é
inversamente relacionada com o conteúdo de água e eletrólitos do corpo e a
reactância é o efeito resistivo devido à capacitância produzida por interfaces
de tecido e membranas celulares (Baumgartner et al. 1988).
Os dados brutos de R e Xc tem sido empregados na avaliação
nutricional e no monitoramento do estado nutricional de indivíduos. O uso
dos valores diretos dos parâmetros bioelétricos dispensa o emprego de
equações ou modelos para predizer a composição corporal. Assim os
resultados não são influenciados pela escolha da equação de regressão,
precisão do método ou critérios de seleção da população de referência,
sendo somente afetada por erros de medidas da impedância e variáveis
biológicas (Piccoli et al. 1994).
A relação entre as medidas diretas da R e Xc permite obter o ângulo
de fase que é um parâmentro bem estabelecido para o diagnóstico de
desnutrição e prognóstico clínico, ambos associados com as mudanças na
integridade da membrana celular e alterações no balanço hídrico (Barbosa-
17
Silva et al. 2005). Atualmente, há diversos ensaios clínicos que propõem o
ângulo de fase como um marcador de prognóstico útil nas condições clínicas
(Pupim et al. 1999; Selberg e Selberg 2002; Norman et al. 2010) e avaliação
nutricional em adultos (Scheunemann et al. 2008) e em crianças (Nagano et
al. 2000).
A avaliação nutricional por meio do ângulo de fase pode ser superior a
outros indicadores nutricionais como os antropométricos e séricos, uma vez
que esta tem sido usada para predizer resultados de variações do estado
nutricional e de hidratação em pacientes submetidos a cuidados intensivos
(Kyle, et al. 2004b).
Capacidade preditiva do IMC ou da CC para detecção de excesso
de gordura corporal
O uso das medidas da composição corporal como valores de
referência para avaliação do desempenho do IMC ou da CC na avaliação do
estado nutricional está associado à propriedade destes em refletir a gordura
corporal. A ampla diversidade das curvas de referência para o IMC e a CC e
heterogeneidade dos sistemas de classificação do estado nutricional
conduziram estudos sobre o desempenho destes na detecção do excesso
de gordura corporal (Quadro 2).
As diferentes técnicas antropométricas de estimativa da gordura
corporal e os diferentes pontos de corte do IMC ou da CC dificultam a
comparação dos resultados de sensibilidade e especificidade entre os
estudos. Ainda assim o que se observa é a natureza altamente específica, e
menos sensível dos sistemas de classificação. A baixa sensibilidade de
diagnóstico destes sistemas de classificação, em especial ao baseado na
CC, sugere que apenas algumas crianças e adolescentes com excesso de
adiposidade serão atingidas pela triagem. Por outro lado, há um baixo risco
de serem erroneamente classificadas como excesso de peso, devido à alta
especificidade de diagnóstico dos valores de referência.
A descrição da capacidade preditiva do IMC e da CC no diagnóstico
de excesso de gordura corporal apresentadas no Quadro 2 estão
18
fundamentados na análise da composição corporal expressa, em sua
maioria, pelo percentual de gordura estimada pela absortometria radiológica
de dupla energia (DEXA). Os testes de sensibilidade e especificidade para
avaliar a precisão do diagnóstico estão limitados a análises unidimensionais.
Os questionamentos e críticas realizadas, atualmente, sobre os
indicadores IMC e CC referem-se à baixa capacidade destes em estimar o
teor de gordura corporal. Para diagnosticar ou definir o excesso de
adiposidade, no entanto, não precisamos estimar direta e precisamente o
teor de gordura corporal se conseguirmos estabelecer com segurança que o
excesso de massa corporal esteja diretamente associado ao excesso de
gordura corporal nesse grupo etário.
Inquéritos que avaliam, segundo composição corporal, a capacidade
do IMC ou da CC em diagnosticar crianças e adolescentes com excesso de
gordura corporal ainda são escassos (Taylor et al. 2000; Neovius et al. 2004;
Guida et al. 2008; Sarría et al. 2001; Reilly et al. 2010b). E, ao contrário do
que ocorre em adultos, não há consenso sobre os critérios antropométricos
mais adequados para classificar excesso de gordura corporal na
adolescência.
Atualmente apenas os modelos multicomponentes são considerados
suficientemente precisos para atuar como referência ou critério de métodos
para a abordagem molecular para medir a composição corporal (com
discriminação das massas de gordura e sem gordura), contra o qual outros
métodos devem ser avaliados (Wells e Fewtrell 2006). Várias técnicas estão
disponíveis, variando em complexidade e facilidade de uso, cada qual
baseada em relações ou valores constantes que podem afetar a sua
precisão à medida em que mudem as condições de mensuração. É
improvável que uma única técnica de referência seja ideal em todas as
circunstâncias.
Neste trabalho explorarei as relações entre o diagnóstico de risco
nutricional baseado na massa corporal e duas mensurações úteis como
referências da composição corporal: a primeira baseada na mensuração das
dobras cutâneas e a segunda baseada na estimativa da massa corporal da
19
impedância bioelétrica. A perspectiva de reavaliar dessa forma os índices
baseados na massa corporal sensíveis à detecção de gordura corporal é um
acréscimo potencialmente relevante para o campo de estudo da avaliação
nutricional de adolecentes.
20
Quadro 1 Principais curvas de referência, ou descrição percentilar populacional, para valores da circunferência da cintura de menores de 20 anos publicadas nas duas últimas décadas.
Notas: a Descrição percentilar populacional; b Método proposto por (Cole et al. 2000), c Baseado em odds ratio; F – feminino M – masculino
Países Tamanho
amostral por sexo
Faixa etária (anos)
Ano Pesquisa
Etnia Tratamento estatístico –
Uso LMS
Pontos de
corte
Fundamentos dos pontos de
corte
Autores/Ano de publicação
Itália F 1418 M 1440 6–14 1993 Uni-étnica Sim Não - (Zannolli e Morgese 1996)a
Espanha F 659 M 701 6–14,9 1996 Uni-étnica Não Sim Estatístico ( Moreno et al. 1999)
Grã-Bretanha F 3585 M 4770 5–16,9 1988 Uni-étnica Sim Sim Estatístico (McCarthy et al.2001)
Canadá F 1524 M 1540 10,5–18,5 1981 Uni-étnica Sim Sim Estatístico ( Katzmarzyk 2004)
Estados Unidos F 4944 M 4769 2–18 1988–1994 Multi-étnica Não Não - (Fernández et al. 2004)a
Holanda F 7018 M 7482 0–21 1996–1997 Uni-étnica Sim Sim Estatístico (Fredriks et al. 2005)
Austrália F 4162 M 4277 7–15 1985 Uni-étnica Sim Não - (Davies e Eisenmann 2006)a
Turquia F 4770 M 3583 5-16,9 1990 Uni-étnica Sim Sim Estatístico (Hatipoglu et al. 2008)
China F 2224 M 2000 7-18 2005 Bi-étnica Sim Sim Epidemiológico b (Yan et al. 2008)
Estados Unidos 11825 F e M 2-20 1988-1994/ 1999-2006
Multi-étnica Sim Sim Epidemiológico b (Cook et al. 2009)
China F 2699 M 2830 6-12 - Uni-étnica Sim Sim Epidemiológico c (Liu et al. 2010)
Kuwait F 4750 M 4843 5-18,9 1998-2000 Uni-étnica Sim Sim - (Jackson et al. 2011)a
21
Quadro 2 Principais estudos com descrição da sensibilidade e especificidade dos sistemas classificatórios com base no IMC e na CC para triagem de excesso de gordura corporal em menores de 20 anos publicados nas duas últimas décadas, segundo sexo.
Notas: IMC= Índice de massa corporal; CC= circunferência da cintura; Sen= Sensibilidade; Esp= Especificidade; P= percentil; DEXA= Absortometria Radiológica de Dupla Energia; BIA= Bioimpedância; DC= Dobras cutâneas. Classificação do IMC : 1: Must et al. (1991) 2 Cole et al.( 2000); 3Conde e Monteiro (2006); 4 Anjos et al. 1998; 5 Classificação da circunferência da cintura: P90; 6Densidade corporal predita por Weststrate e Deurenberg (1989)
Medida de referência (Ponto de corte)
IMC Masculino
IMC Feminino
CC5
Masculino CC5
Feminino Autores/Ano de publicação Sens
(%) Esp (%)
Sens (%)
Esp (%)
Sens (%)
Esp (%)
Sens (%)
Esp (%)
DEXA1(MRL P85) 72 85 95 93 - - - - Lazarus et al. 1996
DEXA (M 25% F 30%) 92 93 77 77 84 88 76 72 Neovius, 2004
DEXA2 (P85) 71 86 75 90 - - - - Moreno et al. 2006
DEXA3 (M 25% F 30%) 84 85 35 98 - - - - Vitolo et al. 2007
DEXA2 (MLR P 85) 49 98 20 98 - - - - Oliveira et al. 2006
BIA4 (M 25% F 30%) 100 62 61 88 - - - - da Veiga et al. 2001
BIA2 (25% a 35%) 100 73 99 78 - - - - Yoo et al. 2006
BIA3 (M 25% F 30%) 95 76 87 88 - - - - Fernandes et al. 2007
DC2 (P85) 79 94 84 88 - - - - Zimmerman et al, 2004
DC3 (M 25% F 30%) 92 85 42 97 - - - - Farias Júnior et al. 2009
DC3 (M 25% F 30%) 67 96 68 96 55 98 53 98 Glässer et al. 2011
Densidade Corporal6 (P85) 50 91 - - 38 95 - - Sarría et al. 2001
22
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o desempenho dos valores do índice de massa corporal (IMC)
ou da circunferência da cintura (CC) no diagnóstico de excesso de peso em
adolescentes.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar a associação entre índices de massa corporal e da composição
corporal, segundo sexo.
- Analisar a associação entre as classificações baseadas em medidas
antropométricas e as classificações baseadas na composição corporal,
segundo sexo.
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 AMOSTRA – CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Foram utilizados dados originários do estudo “Monitoramento da
saúde e nutrição dos escolares adolescentes da zona oeste do município de
São Paulo” cuja população é constituída por adolescentes matriculados em
escolas governamentais ou particulares da zona oeste do município de São
Paulo. As informações de medidas antropométricas, sociais, demográficas e
comportamentais foram coletadas no período de 2007 a 2008.
Incluiu-se no processo de seleção todas as escolas com mais de 200
alunos citadas na listagem de 2006 fornecida pela Secretaria Estadual de
Educação de São Paulo e localizadas no Distrito de Pinheiros do município
de São Paulo. Naquelas escolas em que houve anuência da direção todos
os alunos entre 08 e 19 anos foram considerados elegíveis e convidados a
participar do estudo. O convite se deu concomitantemente à distribuição do
termo de consentimento/assentimento (TCLE) e a participação formalizada
mediante a devolução do TCLE assinado. Para o presente estudo foram
selecionados os estudantes com idade entre 10 e 19 anos.
Os adolescentes com deficiência física, mental, gestantes ou que
apresentassem algum impedimento para participar da coleta de dados foram
considerados inelegíveis.
3.2 ASPECTOS ÉTICOS
Todos os indivíduos envolvidos no estudo - no caso dos menores de
18 anos, seus pais - assinaram o TCLE pelo qual se declararam cientes das
finalidades do estudo e autorizaram o uso dos dados informados ou
coletados. Neste termo estavam explicitados os limites para utilização dos
dados coletados e, ainda, a garantia de anonimato. Os indivíduos foram
instruídos que poderiam abandonar o estudo em qualquer etapa. Caso a
desistência se desse posteriormente à coleta dos dados, o indivíduo teve a
garantia da exclusão de seus dados do banco de dados do estudo.
24
Atendendo ao estipulado pela Resolução CNS n.º196/96 (BRASIL,
1996), este estudo teve início após aprovação da Comissão de Ética da
Faculdade de Saúde Pública sob protocolo número 2261, perante o
compromisso de que os resultados do estudo serão transmitidos e
divulgados oportunamente.
3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
As medidas antropométricas foram feitas, no ambiente escolar, por
antropometristas treinados e padronizados no Laboratório de Avaliação
Nutricional de Populações (LANPOP-HNT/USP). Todas as medidas foram
realizadas em duplicata e seguiu os procedimentos recomendados no
Manual de Referência para Padronização de Medidas Antropométricas
(Lohman et al. 1988). O sumário dos procedimentos técnicos padronizados
para a mensuração antropométrica está descrito no Quadro 3.
Quadro 3 – Descrição sumária dos procedimentos técnicos padronizados
das variáveis antropométricas e índices antropométricos.
Variáveis Descrição do Método
Peso corporal
O indivíduo permaneceu com o mínimo de roupa possível e sem
sapatos, em pé e posicionado de forma relaxada. Verificou-se com
balança plataforma eletrônica com escala de 100 g, previamente
calibrada.
Altura
O indivíduo permaneceu descalço com os pés e pernas paralelos e o
peso distribuído em ambos os pés com os quatro pontos (calcanhares,
panturrilhas, glúteos e escápulas) apoiados na superfície do
estadiômetro e a cabeça posicionada no plano de Frankfurt.
Dobra cutânea
tricipital
Tomada do lado direito do indivíduo na parte posterior do braço, que
permaneceu solto e relaxado ao longo do corpo, utilizando-se um
calibrador para dobras cutâneas com precisão de 0,2 mm pinçou-se uma
dobra do tecido adiposo 1 cm acima do ponto médio entre o acrômio e o
olecrano, desprendendo-a do tecido muscular.
Dobra cutânea
suprailíaca
Obtida, obliquamente, em relação ao eixo longitudinal, na metade da
distância entre o último arco costal e a crista ilíaca, sobre a linha axilar
medial, do lado direito, com auxílio de um calibrador para dobras
cutâneas com precisão de 0,2 mm.
25
Cont. Quadro 3 – Descrição sumária dos procedimentos técnicos padronizados das variáveis antropométricas e índices antropométricos.
A impedância corporal (BIA, do acrônimo em inglês) foi medida com o
aparelho tetrapolar RJL®. As dobras cutâneas foram medidas com o
calibrador Holtain®. O peso foi medido em balanças da marca Seca®
movidas à energia solar e para altura foi utilizado estadiômetro portátil com
precisão de 01 mm, desenvolvido pelo LANPOP-HNT/USP. A coleta da
circunferência da cintura foi realizada com fita inelástica com precisão de 01
mm.
Originalmente, as consistências interna (relação entre variáveis no
mesmo indivíduo) e externa (em relação a distribuições de referências
disponíveis para algumas medidas) dos dados antropométricos foram
avaliadas e em alguns casos os dados inconsistentes foram imputados. No
Variáveis Descrição do Método
Circunferência
da cintura (CC)
O indivíduo permaneceu ereto com os braços relaxados ao lado do
corpo, pés juntos e abdômen relaxado e a região medida livre de roupas.
O ponto de mensuração utilizado foi o ponto médio entre a distância da
última costela e a crista ilíaca.
Impedância
bioelétrica
Realizou-se a impedância bioelétrica multifreqüencial com as freqüências
de 1, 5, 10, 50 e 100 KHz. As medidas foram realizadas após 10 (dez)
minutos de descanso do examinado. A colocação dos eletrodos e outros
procedimentos correlatos seguiram as instruções do manual do
fabricante.
Somatório das
dobras cutâneas Definido pela soma das dobras cutâneas suprailíaca e triciptal.
Índice massa
Corpórea por
Idade – IMC/I
Determinado pela divisão do peso corporal (kg) pelo quadrado da altura
(m) por idade.
Índice ângulo de
fase
Definido pelos resíduos padronizados do ângulo de fase ajustado para
altura, idade e sexo. Descrição do método na seção 3.5.
Índice dobras Definido pelos resíduos padronizados do somatório das dobras cutâneas
ajustado para idade e sexo. Descrição do método na seção 3.5.
26
conjunto de 8 a 20 anos a variável com maior percentual de dados
imputados foi a dobra cutânea da panturrilha com 6% dos valores. No
conjunto de dados utilizados nessa dissertação a imputação de valores nas
variáveis selecionadas para análise foi inferior a 0,5% dos casos.
3.4 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL A PARTIR
DAS MEDIDAS DA MASSA E COMPOSIÇÃO CORPORAL
A classificação do estado nutricional com base em medidas
antropométricas foi definida pelos valores críticos do IMC específicos para
idade e sexo preconizados pela Organização Mundial de Saúde – WHO-
2007 (de Onis et al. 2007) e pelos pontos de corte propostos para população
brasileira – Brasil-2006 (Conde e Monteiro 2006).
Em relação à medida da circunferência da cintura, por não dispormos
de uma curva de referência nacional ou internacional, os valores de
referência utilizados para as descrições foram aqueles apresentados na
curva holandesa (Fredriks et al. 2005), por cobrir todo espectro etário da
população deste estudo.
Não há valores de populações de referência para a composição
corporal baseada na massa muscular ou na massa gorda que sejam
amplamente recomendados ou mesmo de aplicação universal. Para
contornar essa limitação os valores de referência para a análise da
composição corporal, neste estudo, foram estimados e expressos em dois
índices: a) o índice dobras, calculado a partir do somatório (Ʃ) das dobras
cutâneas e que nesta perspectiva representa o compartimento da massa
gorda; b) o índice do ângulo de fase, que representa a massa muscular e foi
calculado a partir dos parâmetros bioelétricos resistência (R) e reactância
(Xc). A elaboração e expressão dos valores de referência a partir destes
parâmetros estão descritas na seção 3.5.
A definição da implausibilidade dos valores antropométricos se deu
com base no índice IMC-idade. Valores abaixo de -5 Z ou acima de 5 Z – da
27
classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde (de Onis et al.
2007) – foram excluídos da análise.
Para a circunferência da cintura, dobras cutâneas e os parâmetros
bioelétricos foram excluídos os valores inferiores ou superiores a 4 desvios
padrões em relação à média da distribuição observada, segundo idade e
sexo. O valor não convencional de 4 desvios foi escolhido para preservar, ao
máximo, a heterogeneidade da amostra.
Foram utilizados na análise apenas os casos com registro
antropométrico válido para todas as variáveis selecionadas.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O estado nutricional dos adolescentes foi descrito pelas variáveis
antropométricas (peso corporal, altura, IMC) e as variáveis da composição
corporal (∑ das dobras cutâneas e impedância bioelétrica). Também foram
utilizados os índices antropométricos descritos no Quadro 3, estratificados
por sexo e idade.
Os valores de IMC, circunferência da cintura, impedância, ângulo de
fase, altura, idade, Ʃ das dobras cutâneas foram log-transformados para
análises dos dados.
Os valores de referência dos índices ângulo de fase e dobras foram
inferidos a partir do controle dos efeitos das variáveis sexo, altura e idade
sobre a composição corporal, conforme metodologia proposta por Ellis et al.
(1999). Do ponto de vista prático esses valores foram construídos com base
na diferença entre os valores da composição corporal observados e aqueles
preditos a partir de regressões dos parâmetros da composição corporal
sobre a altura e idade em cada sexo. Nessa proposta, os resíduos da
regressão contêm toda a informação da influência sobre a composição
corporal que não está associada à idade e altura, em cada sexo. Assim,
déficits ou acúmulos excessivos de gordura corporal, não explicáveis pela
idade, altura ou sexo, podem ser identificados na distribuição dos valores e,
posteriormente, relacionados aos dados antropométricos da massa corporal
estimados pelo IMC e pela circunferência da cintura.
28
Para a determinação do índice ângulo de fase foi calculado,
primeiramente, o ângulo de fase (φ) definido pela fórmula: arcotangente
(reactância(Xc)/resistência(R))*180°/π (Baumgartner et al. 1988), em
seguida ajustado pela altura e idade em cada sexo. O efeito bruto do sexo,
altura e idade sobre os índices de composição corporal foram avaliados por
regressão linear.
Inicialmente verificou-se a associação do ângulo de fase com altura e
idade. As correlações entre ângulo de fase com altura e idade foram de
r=0,36 e r=0,37, respectivamente. Reestimou-se o ângulo de fase
independente da altura e obteve-se o índice ângulo de fase expresso pela
seguinte equação: Índice ângulo de fase = Ângulo de fase/Alturax, na qual:
x= 0,79 no sexo masculino e x= 0,36 no sexo feminino.
Para a determinação do índice dobras a associação entre o Ʃ das
dobras cutâneas com altura e idade também foram analisadas. As
correlações foram de r=0,02 e r=0,12 para altura e idade, respectivamente.
Neste caso o Ʃ das dobras cutâneas é originalmente independente da altura.
Na estimativa dos escores padronizados (Z) dos índices ângulo de
fase e dobras cutâneas foram realizadas modelagens incluindo as variáveis
idade e altura conforme o coeficiente b de cada variável se mostrasse
estatisticamente significante. Nesta etapa as variáveis, dependentes e
independentes, foram log-transformadas. Os resíduos foram estimados com
o procedimento Jackknife.
Os resíduos padronizados dessas regressões foram utilizados como
escore Z na avaliação da composição corporal. Indivíduos com valores
residuais do índice ângulo de fase iguais ou inferiores a -1,28 desvios
padrões foram classificados com massa muscular reduzida e valores
residuais do índice dobras iguais ou superiores a +1,28 desvios padrões
classificados com excesso de gordura corporal.
Também foi utilizado critério de classificação percentilar – após a
padronização dos valores residuais obtidos na etapa descrita acima, estes
valores padronizados (Z) foram convertidos em valores percentilares e os
29
indivíduos foram ranqueados de acordo com o seu valor de escore Z para
sua idade. Os indivíduos com valores do índice dobras igual ou superior ao
percentil 90 foram classificados com excesso de gordura e os indivíduos
com valores de índice ângulo de fase menores que percentil 10 com massa
muscular reduzida.
Para analisar o desempenho do IMC ou CC, na descrição do estado
nutricional foram utilizados gráficos bivariados baseados em valores
padronizados da composição corporal. Os valores padronizados do estado
nutricional foram estimados a partir do índice ângulo de fase e índice das
dobras cutâneas.
No caso do IMC foram destacados em cada gráfico aqueles
adolescentes com valor Z superior ao ponto de corte para excesso de peso
ou obesidade nas classificações WHO-2007 e Brasil-2006. Para a medida da
CC foram destacados aqueles com valores igual ou superior ao percentil 90
da curva holandesa. Em todos os gráficos foi estimada a elipse de confiança
de 95% a partir da qual ficam os casos além da normalidade em cada
quadrante. Por exemplo, nos gráficos do IMC o primeiro quadrante no
sentido horário apresenta os casos de indivíduos acima da mediana do
índice dobras e abaixo da mediana do índice ângulo de fase, ambos
sugestivos de quantidade de gordura corporal mais elevada que a média. No
entanto apenas os indivíduos além da elipse de 95% no quadrante podem
efetivamente ser considerados com excesso de gordura corporal.
Foram denominadas classificações discordantes ou desconexas
aquelas em que os indivíduos classificados com excesso de massa corporal
pelo IMC ou CC estivessem dentro do intervalo de 95% da elipse de
tolerância da análise bivariada.
A área sob a curva Receiver Operating Characteristics (ROC) foi
utilizada para estimar o desempenho geral dos índices de massa corporal na
descrição da gordura corporal. A área da curva ROC é delimitada pela
intersecção entre os valores das taxas de verdadeiro positivo (sensibilidade)
e de falsos positivos (1-especificidade). A linha resultante dessas
intersecções representa a estimativa do LR+ (positive likelihood ratio,
30
acrônimo em inglês para razão de verossimilhança positiva), isto é, o
número de acertos que se alcança relativamente ao número de erros em um
teste diagnóstico.
Neste estudo, a área ROC se refere à capacidade dos valores críticos
do IMC ou da medida da circunferência da cintura em discriminar entre
indivíduos com ou sem excesso de gordura corporal.
A área sob a curva ROC (AUC) foi calculada e as diferenças entre os
valores encontrados da circunferência da cintura e do IMC foram analisados
usando seus respectivos intervalos de confiança de 95%.
O desempenho dos critérios de classificação baseados no IMC e no
percentil 90 da circunferência da cintura para detectar excesso de massa
gordurosa, definida pelos resíduos das dobras cutâneas, foi analisado pela
comparação da sua sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos
(VPP) e negativos (VPN) e razão de verossimilhança – positive likelihood
ratio LR(+) e – negative likelihood ratio LR(-) e diagnóstico odds ratio (DOR).
O DOR é a razão entre LR(+)/LR(-) a qual descreve a utilidade prática do
teste e expressa chance de um diagnóstico corretamente positivo entre
indivíduos doentes versus o mesmo diagnóstico entre indivíduos não
doentes (Deeks e Altman 2004). Assim valores do DOR superiores a 1 (um)
estão diretamente associados a maior capacidade discricionária do teste
analisado. O DOR apresenta a vantagem de reunir em um único estimador
as propriedades examinadas nos conceitos de sensibilidade e especificidade
e se mantém independente da prevalência (Glas et al. 2003).
31
4 RESULTADOS
Avaliamos 1816 adolescentes, dos quais 37,5% do sexo masculino e
63,5% do sexo feminino, distribuídos em 12 escolas governamentais e 09
escolas particulares. Do total de indivíduos 77,7% frequentam escolas
governamentais e 22,3% frequentam escolas particulares.
A tabela 1 apresenta o sumário das distribuições das principais
variáveis antropométricas e da composição corporal utilizadas nessa análise.
Tabela 1. Médias e desvios padrão (DP) do IMC, circunferência da cintura, impedância, ângulo de fase e Ʃ das dobras cutâneas,segundo sexo e faixa etária, dos adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007.
Nota: Ʃ: Somatório das dobras cutâneas
IMC (kg/m²) Circunferência da cintura (cm)
Impedância (Ohms) Ângulo de
fase (φ) Ʃ das dobras
cutâneas (mm)
N Média (DP)
N Média (DP)
N Média (DP)
N Média (DP)
N Média (DP)
Masculino
10-11 anos 211 19,5 (3,8) 211 68,2 (9,9) 210 672,8 (91,8) 210 5,6 (0,6) 212 28,8 (15,2)
12-13 anos 117 19,8 (3,8) 118 70,3 (9,6) 113 607,3 (94,6) 113 5,6 (0,6) 118 25,7 (13,8)
14-15 anos 141 20,8 (3,5) 141 72,8 (7,9) 134 534,0 (80,1) 134 6,3 (1,0) 140 23,1 (10,9)
16-17 anos 160 21,8 (3,1) 158 75,3 (6,3) 158 517,1 (67,6) 158 6,8 (0,8) 160 23,5 (11,3)
18-19 anos 49 22,6 (3,4) 49 77,5 (8,4) 49 513,6 (70,7) 49 7,0 (1,0) 49 24,0 (11,8)
Total 678 20,6 (3,7) 677 71,8 (9,1) 664 584,8 (106,9) 664 6,1 (1,0) 679 25,5 (13,2)
Feminino
10-11 anos 251 19,0 (3,4) 252 66,3 (8,7) 250 704,0 (92,9) 250 5,3 (0,5) 252 29,6 (12,4)
12-13 anos 178 21,0 (3,4) 178 70,4 (7,7) 174 650,4 (80,7) 174 5,5 (0,7) 177 35,1 (12,3)
14-15 anos 330 21,4 (2,9) 330 70,7 (6,5) 315 638,6 (89,0) 315 5,9 (0,9) 330 37,4 (10,9)
16-17 anos 310 21,7 (3,3) 308 71,3 (6,9) 308 647,4 (80,8) 308 5,8 (0,8) 309 37,3 (11,1)
18-19 anos 66 22,3 (3,1) 66 73,7 (8,7) 66 639,2 (82,6) 66 5,8 (0,8) 65 39,7 (13,1)
Total 1.135 21,0 (3,4) 1.134 70,0(7,7) 1.113 657,6 (89,6) 1.113 5,7(0,8) 1133 35,4 (12,1)
32
O incremento entre idades das variáveis analisadas é diferente
segundo sexo e dimensão corporal mensurada. No caso do IMC o
incremento entre os extremos etários é de 1,16 entre homens e de 1,17
entre mulheres. No caso da CC os valores são 1,14 e 1,11, respectivamente.
As variáveis da composição corporal apresentam tendência diversa: para o
somatório das dobras cutâneas os valores de incremento são 0,83 e 1,34
respectivamente. O ângulo de fase mostra incremento de 1,25 e 1,09
respectivamente.
Os valores absolutos do Ʃ das dobras cutâneas são sistematicamente
maiores em meninas e a diferença entre os sexos tende a aumentar
proporcionalmente após a maturação sexual.
Na tabela 2 estão exibidos os valores do coeficiente Pearson para a
associação entre altura e índice ângulo de fase e índice dobras em ambos
os sexos. O escore z do índice ângulo de fase e índice dobras foram
estimados por modelo de regressão linear.
Tabela 2. Coeficientes de correlação entre altura e idade e as variáveis da composição corporal dos adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007.
Ângulo de fase Índice ângulo de fase* Ʃ dobras cutâneas
Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino
Altura (cm) 0,49 0,16
0,02 0,01
-0,07 0,32
Idade (anos) 0,59 0,26 0,22 0,16 -0,14 0,28
Notas:*Ajustado por altura; Ʃ: Somatório das dobras cutâneas
A associação entre os índices da composição corporal e os da massa
corporal estão exibidos na Tabela 3. A relação do IMC e da CC com índice
dobras é 3,0 e 4,9 vezes, respectivamente, maior com o índice dobras se
comparado com índice ângulo de fase. As variáveis da massa corporal não
apresentam correlação com o índice dobras, em ambos os sexos.
A prevalência de excesso de massa ou gordura corporal nos
adolescentes estudados varia de acordo com o sistema de classificação
33
utilizado (Tabela 4). A taxa de excesso de peso segundo IMC é 1,2 vezes
maior nos meninos se comparado às meninas e segue a mesma tendência
tanto pelo critério de classificação nacional quanto pelo internacional. No
sexo masculino o excesso de massa gordurosa estimado pelo índice dobras
também é mais elevado, aproximadamente 1,4 vezes maior que nas
meninas. Para a CC as médias de excesso de gordura regional não diferem
entre os sexos (Tabela 4).
Tabela 3. Coeficientes de correlação entre as variáveis da massa corporal – IMC ou circunferência da cintura – e índices da composição corporal, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007.
Variáveis da
massa corporal
Índices da composição corporal por sexo
Masculino (n=677) Feminino (n=1132) Total (n=1809)
Índice
dobrasa
Índice ângulo
de faseb
Índice
dobrasa
Índice ângulo
de faseb
Índice
dobrasa
Índice ângulo
de faseb
IMC (Kg/m²) 0,79 0,23 0,73 0,29 0,77 0,26
Circunferência da Cintura (cm)
0,76 0,13 0,72 0,17 0,73 0,15
Notas: a Resíduos padronizados do índice dobras; b Resíduos padronizados do índice ângulo de fase. IMC: Índice de Massa Corpórea. Para todos os valores p<0,05.
Quando os adolescentes são estratificados por faixa etária a
prevalência de excesso de peso ou gordura corporal é maior nos
adolescentes entre as idades de 10 a 14 anos e apresenta diferença
estatisticamente significativa para todos os sistemas classificatórios, em
ambos os sexos.
Em uma segunda etapa está apresentada a análise da frequência de
adolescentes com exceso de massa corporal – IMC ou CC – segundo
décimos do somatório da dobras corporais (Figura 1) e, em seguida, o
desempenho de cada classificação estimado pela AUC (Figura 2).
34
Tabela 4. Prevalência (%) de excesso de peso por diferentes sistemas classificatórios e faixa etária, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do
município de São Paulo, 2007.
Índice nutricional e faixa etária
Sexo Masculino % (n) Feminino % (n)
IMC (WHO-07) 10-14 anos 41,0 (163)* 36,4 (196) * 15-19 anos 17,9 (50) * 19,1 (114) * 10-19 anos 31,4 (213) ** 27,3 (310) **
IMC (BR-06) 10-14 anos 37,9 (151) * 37,9 (204) * 15-19 anos 22,8 (64) * 17,6 (105) * 10-19 anos 31,7 (215) ** 27,2 (309) **
Circunferência da cintura 10-14 anos 30,8 (123) * 32,6 (176) *
15-19 anos 12,6 (35) * 15,2 (90) * 10-19 anos 23,3 (158) 23,5 (266) Índice dobras 10-14 anos 15,8 (63) * 14,1 (76) * 15-19 anos 11,5 (32) * 6,9 (41) * 10-19 anos 14,0 (95) ** 10,3 (117) **
Notas: WHO-07 – Curva de referência internacional – (de Onis et al. 2007); BR-06 Curva de referência nacional – (Conde e Monteiro 2006). *Diferença significativa das médias entre as faixas etárias. **Diferença significativa das médias entre os sexos. P<0,05.
A frequência de adolescentes com excesso de massa corporal
segundo décimos da gordura corporal mostra tendência distintas quanto ao
sexo. No sexo masculino a frequência de caso de excesso de massa
segundo a CC é menor que segundo o IMC. No sexo feminino os valores de
frequência são, em geral, inferiores aos do sexo masculino. No sexo
masculino a classificação Brasil-2006 tende apresentar valores de
frequência do excesso de peso mais elevados e inferiores no caso do
diagnóstico de obesidade. No sexo feminino as classificações Brasil-2006 e
WHO-2007 apresentam resultados semelhantes em valores de frequência e
tendência entre os décimos da gordura corporal.
35
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Pro
porç
ão
Masculino Feminino
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A - Excesso de peso
IMC (BR-2006) IMC (WHO-2007) Circunferência da cintura
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
Pro
porç
ão
Masculino Feminino
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
B - Obesidade
IMC (BR-2006) IMC (WHO-2007) Circunferência da cintura
Figura 1. Frequência de excesso de peso (A) e obesidade (B) pelos diferentes sistemas classificatórios segundo décimos da gordura corporal estimados pelo índice dobras e sexo em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007.
A comparação do desempenho dos indicadores da massa corporal
quando confrontados com valores da composição corporal apresentou
resultados de AUC sempre superiores a 0,89, A AUC no sexo masculino
mostra que o desempenho das duas classificações do IMC e da
classificação da CC é assemelhado. No sexo feminino a AUC mostra que o
desempenho do IMC é superior ao da CC.
36
Figura 2. Curva ROC para índice de massa corporal [IMC (escore z)] e medida da circunferência da cintura [CC(cm)] e a área correspondente sob a curva (AUC), por sexo, para identificação do excesso de gordura pelo índice dobras em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007.
A sensibilidade do IMC no diagnóstico de excesso de gordura é
distinta entre os critérios classificatórios e os sexos. Nos meninos a maior
taxa de sensibilidade é encontrada com a aplicação da classificação Brasil-
2006. Para as meninas o critério que desempenha maior sensibilidade é o
proposto por WHO-2007.
Os critérios de classificação do IMC são sistematicamente
semelhantes entre si e inferiores à CC no que diz respeito à proporção de
verdadeiros positivos. Entre os sexos o desempenho das classificações dos
indicadores antropométricos é superior nos meninos e alcança em torno de
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Sen
sibi
lidad
e
0.00 0.25 0.50 0.75 1.001-especificidade
IMC (ZWHO) IMC (ZBR) CCHOL(cm)
Sexo masculino
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Sen
sibi
lidad
e
0.00 0.25 0.50 0.75 1.001-especificidade
IMC (ZWHO) IMC (ZBR) CCHOL(cm)
Sexo feminino
Meninos - AUC (95%)
Z-IMC (WHO): 0,94 (0,92-0,96) Z-IMC (BR): 0,95 (0,94-0,97) CC: 0,95 (0,93-0,96)
Meninas - AUC (95%)
Z-IMC (WHO) 0,93 (0,91-0,95) Z-IMC (BR) 0,93 (0,91-0,95) CC: 0,89 (0,86-0,92)
37
41% para o IMC e 49% para a CC e nas meninas 35% e 37%,
respectivamente.
Diferentemente ao padrão apresentado pelos valores de verdadeiros
positivos as taxas do DOR, sugere que o desempenho do IMC é superior à
CC na detecção de adiposidade corporal em ambos os sexos e que os
pontos críticos da curva nacional para o IMC são mais acurados nos
meninos. Nas meninas, ambas as curvas são semelhantes para diagnóstico
de excesso de gordura e tem desempenho semelhante (Tabelas 5 e 6). Nos
dois sexos o desempenho dos indicadores antropométricos aumenta à
medida que se aceitam mais casos falso positivos.
Tabela 5. Indicadores epidemiológicos do desempenho do IMC nas classificações Brasil-2006 e WHO-2007 para classificar excesso de peso em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Medida de referência: índice dobras cutâneas.
Valores sintéticos por sexo
Z-IMC (BR) Z-IMC(WHO)
% (IC 95%)
Meninos
Sensibilidade 94,7 (88,0-98,3) 91,5 (83,9-96,3)
Especificidade 78,4 (74,8-81,7) 78,2 (74,6-81,5)
VPP 41,4 (34,7-48,3) 40,4 (33,7-47,3)
VPN 98,9 (97,5-99,6) 98,3 (96,6-99,3)
DOR 64,5 (26,4-157,6) 38,6 (18,5-80,5)
Meninas
Sensibilidade 92,3(85,9-96,4) 93,2 (87,0-97,0)
Especificidade 80,5 (77,9-82,9) 80,5(77,9-82,9)
VPP 35,3 (29,9-40,9) 35,5 (30,2-41,1)
VPN 98,9 (97,9-99,5) 99,0 (98,1-99,6)
DOR 49,5 (24,9-98,2) 56,2(27,4-115,4)
Notas: Z-IMC(BR): Índice de massa corpórea referência nacional; Z-IMC(WHO): Índice de massa corpórea referência internacional; VPP: valor preditivo positivo; VPN: valor preditivo negativo; DOR: LR(+)/LR(-):diagnóstico odds ratio – razão entre chance de positividade nos doentes e a chance de positividade nos não doentes; IC 95%: Intervalo de confiança de 95%.
38
Tabela 6. Indicadores epidemiológicos do desempenho da CC segundo classificação holandesa para classificar excesso de massa corporal localizada em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Medida de referência: índice dobras cutâneas.
Valores sintéticos
Circunferência da Cintura (CC)
Meninos Meninas
% (IC 95%) % (IC 95%)
Sensibilidade 85,7(76,8-92,2) 86,1(78,4-91,8)
Especificidade 86,4 (83,4-89,1) 83,7 (81,3-86,0)
VPP 49,7 (41,6-57,8) 37,5 (31,6-43,6)
VPN 97,5 (95,7-98,7) 98,2 (97,0-98,9)
DOR 38,3 (20,5-71,5) 31,9 (18,4-55,1)
Notas: CC: circunferência da cintura – P90 da referência holandesa (Fredriks et al. 2005); VPP: valor preditivo positivo; VPN: valor preditivo negativo; DOR: LR(+)/LR(-): diagnóstico
odds ratio – razão entre chance de positividade nos doentes e a chance de positividade nos não doentes; IC 95%: Intervalo de confiança de 95%.
Para analisar os efeitos que a maior aceitação de casos falso
positivos produz sobre as classificações baseadas em índices
antropométricos da massa corporal foi realizada a etapa final da análise que
consiste na apreciação dos indicadores antropométricos versus a descrição
bivariada da composição corporal com base nos índices do ângulo de fase e
das dobras cutâneas (Figuras 3 a 5).
Os indicadores antropométricos da massa corporal apresentam
desempenho global semelhante, em cada sexo, na identificação de
adolescentes com excesso de adiposidade segundo parâmetros da
composição corporal.
A categorização de indivíduos como excesso de peso pelo IMC
coincide com aquela de excesso de gordura corporal expresso pela análise
bivariada da composição corporal – apresentados no quadrante 1. Neste
quadrante, os indivíduos apresentam valores de índice dobras acima da
mediana e índice ângulo de fase abaixo da mediana. Estes indivíduos
apresentam massa gorda elevada em relação ao número de células
muscular de seu corpo e sugere acúmulo de tecido gorduroso corpóreo.
39
Os indivíduos localizados no segundo quadrante em sentido horário
são os que apresentam valores de índice dobras e ângulo de fase maiores
que a mediana. Estes indivíduos além de exibirem elevada massa muscular
– deslocados à direita da mediana para índice ângulo de fase – também
apresentam excesso de massa gordurosa. Os indivíduos localizados, neste
quadrante, além da elipse de confiança de 95%, indicam a consistência do
IMC na discriminação de excesso de gordura.
O IMC, em ambas as curvas de classificação, concentra maior
quantidade de adolescentes com excesso de peso nos quadrantes 1 e 2, os
quais são sugestivos de classificação com excesso de gordura corporal. A
alta sensibilidade das classificações do IMC também fica implícita nestes
quadrantes, em que indivíduos verdadeiramente doentes são diagnosticados
positivamente pelo teste. O desempenho do IMC em identificar indivíduos
como obesidade é superior se comparado aos pontos de corte para excesso
de peso (Figuras 3 e 4). O critério classificatório da CC segue a mesma
tendência do IMC na triagem de excesso de gordura.
No terceiro quadrante, em sentido horário, nas figuras 3 e 4 fica
implícita a alta especificidade dos sistemas classificatórios.
A inconsistência das classificações se dá aos indivíduos localizados
dentro da elipse de confiança de 95% representada por indivíduos normais
de acordo com os parâmetros da composição corporal e com excesso de
peso segundo IMC ou CC e ocorre, especialmente, nos indivíduos que
apresentam maiores valores do índice dobras associados a valores elevados
do índice ângulo de fase. Apesar das divergências na classificação do
estado nutricional a CC apresenta associação semelhante ao IMC no
diagnóstico de excesso de gordura segundo composição corporal. A análise
gráfica também nos permite intuir a alta especificidade e sensibilidade do
critério classificatório da CC.
40
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as
(Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4Índice ângulo de fase (Z)
Em destaque adolescentes com Z WHO>=1
Masculino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as
(Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z WHO>=1
Feminino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as
(Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z BR>=1
Masculino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as
(Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z BR>=1
Feminino
Figura 3. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como excesso de peso pelo IMC/Idade segundo curvas de referência nacional e estrangeira,
2007.
41
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (
Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z WHO>=2
Masculino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (
Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z WHO>=2
Feminino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (
Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z BR>=2
Masculino
-4-3-2-101234
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (
Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com Z BR>=2
Feminino
Figura 4. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como obesidade pelo IMC/Idade segundo curvas de referência nacional e estrangeira, 2007.
42
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com CC HOL>=P90
Masculino
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
Índi
ce d
obra
s cu
tâne
as (Z)
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Índice ângulo de fase (Z)Em destaque adolescentes com CC HOL>=P90
Feminino
Figura 5. Distribuição bivariada do índice ângulo de fase versus índice dobras, por sexo, em adolescentes da Zona Oeste do município de São Paulo, 2007. Em destaque os indivíduos diagnosticados como excesso de massa abdominal segundo curva de referência estrangeira, 2007.
Em síntese, nossos resultados mostram que: a) a expansão da massa
corporal é diretamente associada à idade nos dois sexos enquanto a
expansão da massa gorda é inversamente associada à idade no sexo
masculino; b) as frequências do excesso de massa corporal segundo CC
são inferiores àquelas do IMC e, para os mesmos níveis de adiposidade, o
excesso de peso é mais frequente entre homens; c) as três classificações do
estado nutricional utilizadas mostram AUC assemelhada quando
estratificadas por sexo; d) a análise global dos indicadores, baseada em
DOR ou gráfico vetorial, indica que o desempenho do IMC é superior ao da
CC nos dois sexos e que o IMC da classificação Brasil-2006 é superior em
meninos e inferior em meninas.
43
5 DISCUSSÃO
No presente estudo, confirmamos a capacidade diagnóstica dos
indicadores IMC e CC na triagem de excesso de gordura em adolescentes,
com destaque à superioridade do IMC. E, pela primeira vez, o desempenho
global dos indicadores de massa e gordura corporal são apresentados
baseados em análises bivariadas da composição corporal.
O desempenho geral das classificações dos indicadores IMC e CC na
detecção do excesso de gordura nos adolescentes estudados é elevado,
pelos valores da AUC e concordam com as estimativas observadas por
outros autores (Ellis et al. 1999; Mei et al. 2002; Zimmermann et al. 2004;
Neovius et al. 2004; Vieira et al. 2006; Glässer et al. 2011) que testarem a
acurácia do IMC na predição de gordura corporal. A capacidade
discriminatória da CC também foi investigada por Glässer et al. (2011), os
quais avaliaram 2132 crianças e adolescentes alemãs com idade de 7 a 14
anos e estimaram AUC de 0,92 para os meninos e 0,93 nas meninas.
Os valores de sensibilidade e especificidade para ambos os critérios
de classificação do IMC são superiores aos encontrados na literatura, em
especial nas meninas (Oliveira et al. 2006; Vitolo et al. 2007; Farias Júnior et
al. 2009; Glässer et al. 2011). Os critérios nacionais (Brasil-2006) e
internacionais – IOTF (Cole et al 2000) para classificação do estado
nutricional foram avaliados por Farias Júnior et al.(2009) e exibiram valores
altos de especificidade para ambos os sexos e taxa de sensibilidade com
variação de 85 a 90% no sexo masculino e de 50 a 70% no sexo feminino.
Em outra investigação com objetivo de avaliar a eficiência de três valores
críticos para IMC na indicação da obesidade abdominal e do excesso de
gordura corporal em adolescentes os percentuais encontrados foram 97,8%
de sensibilidade para os pontos críticos propostos por Conde e Monteiro
(2006) contra 96,7% para os pontos de corte de Cole et al. (2000) e 95,7%
para Must et al. (1991), designando também alta sensibilidade da proposta
44
nacional em indicar concomitantemente excesso de gordura corporal e o
estado de obesidade abdominal (Fernandes et al. 2007).
Embora a CC mostre valores elevados de AUCs é menos sensível e
específica que o IMC. Neovius et al. (2004) avaliaram a precisão da CC na
detecção de excesso de gordura em adolescentes estabelecida pelo
percentual de gordura e encontraram valores análogos ao nosso estudo
(84% de sensibilidade e 88% de especificidade nos meninos e 76% e 72%
nas meninas, respectivamente). Os achados de Glässer et al. (2011) são
discordantes e apresentam valores de sensibilidade em torno de 50% e
especificidade de 90% para ambos os sexos. É provável que o fato de ter
usado o valor do percentil 90 da própria amostra para diagnosticar excesso
de massa na cintura corporal explique o desempenho diferente observado
no estudo. Uma evidência dessa hipótese é que no caso do IMC classificado
pelos pontos de corte IOTF (Cole 2000) os valores de sensibilidade e
especificidade ficaram alinhados aqueles observados em outros estudos.
As pequenas diferenças na sensibilidade e especificidade entre
meninos e meninas encontradas diferem de outros estudos que relatam
diferenças sexuais superiores (Neovius et al. 2004; Vieira et al. 2006;
Fernandes et al. 2007). Tais diferenças podem ser explicadas pelas
escolhas dos diferentes pontos de corte e sistemas de classificação. No
entanto, podem ser também devido ao método utilizado para avaliar a massa
de gordura corporal, bem como a definição de excesso de adiposidade. Os
diferentes métodos para estimar a massa gordurosa podem ser uma
potencial fonte de variação entre os resultados dos estudos.
Apesar da técnica para avaliação da composição corporal DEXA ser a
mais adequada para o uso em crianças (Dezenberg et al., 1999; Lobstein et
al, 2004) a medida da adiposidade pelo método das dobras cutâneas foi
realizada devido a sua simplicidade, custo e facilidade de uso em pesquisas
epidemiológicas. Este método tem sido utilizado em outros estudos de
validação do IMC em crianças e adolescentes como medida de referência
(Chiara et al. 2003; Gaskin e Walker 2003; Zimmermann et al. 2004). Os
valores críticos utilizados neste estudo para identificar crianças com excesso
45
de gordura corporal para a sua idade e sexo têm algumas limitações
técnicas. No entanto, a utilização do modelo de regressão linear para ajustar
a gordura corporal à idade, na ausência de valores de referência
internacionalmente aceitos, oferece uma forma racional de lidar com os
efeitos da idade e altura no acúmulo de adiposidade decorrente do
crescimento e desenvolvimento na infância.
A razão entre a probabilidade de ter um resultado positivo em
pacientes com doença e as chances de um resultado positivo em pacientes
sem doença, definida pela estatística DOR, permite analisar a potência
global dos indicadores antropométricos.
Esta análise é fundamental nas decisões sobre um teste diagnóstico
na prática clínica e tende a minimizar erros na avaliação de testes
diagnósticos (Glas et al. 2003; Jones e Athanasiou 2005). Os valores do
DOR dos dois critérios classificatórios baseados no IMC mostram que o
sistema proposto por Conde e Monteiro (2006) apresenta desempenho
quase duas vezes maior para os meninos. Nas meninas, ambas as curvas
apresentam desempenho semelhante e adequado para diagnóstico de
excesso de gordura. Nesta proposta o IMC é superior à CC na identificação
de adolescentes verdadeiramente doentes. Não encontramos, até o
momento, investigações com emprego do DOR para avaliação da
performance do IMC ou da CC em adolescentes.
A análise bivariada dos compartimentos corpóreos empregada neste
estudo merece destaque, pois reúne na mesma análise valores
padronizados de duas dimensões distintas da composição corporal.
Associar os valores da reactância (Xc) e resistência (R) permite estimar a
classificação nutricional a partir de dois parâmetros físicos independentes.
Assim, o espaço da normalidade da composição corporal é inferido a partir
de duas dimensões e possibilita a distinção entre massa magra e massa não
magra no corpo do indivíduo. Adicionalmente, e novamente de forma
bivariada, associamos massa magra (ângulo de fase da BIA) e massa gorda
(medida por dobras cutâneas), o que permite inferir o espaço da
normalidade a partir de parâmetros físicos e medidas corporais
46
independentes. Tal análise busca, na medida dos dados disponíveis, exaurir
o potencial explicativo das medidas de referência para a interpretação das
variações do diagnóstico baseado na massa corporal total.
As análises gráficas permitem observar que o IMC e a CC são
consistentes no diagnóstico de excesso de adiposidade em adolescentes.
Quando ocorrem divergências entre as classificações com base na
composição corporal e as com base no IMC ou CC - os quais são
identificados com excesso de adiposidade pelo IMC e normais pelos vetores
da composição corpórea – o erro incide em maior proporção naqueles
indivíduos que apresentam excesso de massa muscular associado ao
excesso de tecido adiposo. Os indicadores IMC e CC apresentam
capacidade discricionária adequada para triagem do excesso de gordura, à
medida que a concordância nas classificações se mostram qualitativamente
e quantitativamente superior à discordância entre elas.
Dentre os aspectos relevantes deste estudo, destacam-se a inclusão
das análises DOR e razão de verossimilhança que vão além da sensibilidade
e especificidade na avaliação do teste diagnóstico e o uso da análise
bivariada em uma grande amostra de meninos e meninas. Por se tratar de
uma amostra de conveniência com adolescentes pertencentes a escolas
públicas e particulares da Zona Oeste do município de São Paulo, não
contamos com uma amostra representativa. Comparando os nossos dados
com aqueles publicados pela POF 2008-2009 (IBGE, 2010) encontramos
que nossas pontuações médias de peso e altura são semelhantes às
estimativas populacionais de adolescentes residentes no estado de São
Paulo. Nas meninas a igualdade estatística entre as médias de peso é de
50% e da altura de 90% nas dez faixas etárias comparadas. Nos meninos,
os valores médios tanto da altura quanto do peso não diferem
estatisticamente das médias populacionais em 30% das faixas etárias. As
taxas de excesso de peso no presente estudo também corroboram outras
investigações realizadas com amostras representativas de adolescentes
(Conde e Monteiro 2006; Silva et al. 2008). Isto sugere que as análises
destes dados possam, em alguma extensão, ser extrapoladas.
47
Do ponto de vista da consistência interna dos nossos dados, a
diferença da composição corporal entre meninos e meninas em nosso
estudo se assemelha aos valores encontrados em outras investigações que
avaliaram especificamente o dimorfismo na distribuição de gordura durante a
puberdade (Cowell et al. 1997; Garnett et al. 2004; He et al. 2004). O
dimorfismo sexual da gordura corporal e a associação entre gordura corporal
e mortalidade em adultos apontam a necessidade de valores críticos mais
acurados para definir o risco de morbimortalidade com base em índices
antropométricos entre adolescentes.
Em suma, o desempenho do IMC é superior ao da CC nos dois sexos.
Quanto às duas classificações do IMC o critério nacional apresenta
habilidade diagnóstica superior para os meninos. Os dados do presente
estudo e investigações recentes (Reilly et al. 2000; Neovius et al. 2004;
Freedman et al. 2005; Must e Anderson 2006; Krebs et al. 2007; Reilly et al.
2010a) não suportam a substituição do IMC pela CC como opção simples e
prática para diagnóstico de excesso de peso em adolescentes.
48
6 CONCLUSÃO
Nossos resultados sugerem que o desempenho global do IMC na
discriminação entre indivíduos com ou sem excesso de gordura corporal é
superior à CC. A consistência destes resultados está fundamentada no
refinamento das análises utilizadas para definição dos índices de
autorreferência para a composição corporal e na coerência dos valores
obtidos em comparações distintas.
Nossos resultados apóiam o uso do IMC para o monitoramento de
saúde de adolescentes e, pela primeira vez apresentam essa evidência com
base em análise bivariada da composição corporal.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Anexo A – Curriculum lattes – Débora Rocha Oliveira
Débora Rocha Oliveira Curriculum Vitae _________________________________________________________________________ Dados pessoais Nome Débora Rocha Oliveira Nascimento 26/07/1982 - São Bernardo do Campo/SP - Brasil CPF 304.011.308-94 _________________________________________________________________________Formação acadêmica/titulação 2010 Mestrado em Nutrição em Saúde Pública. Universidade de São Paulo, USP, Sao Paulo, Brasil
Título: Concordância entre valores da circunferência da cintura ou índice de massa corporal no diagnóstico de excesso de peso em adolescentes.
Orientador: Wolney Lisboa Conde 2008 - 2009 Especialização em Nutrição Clínica. Centro Universitário São Camilo, CUSC, Brasil Título: Perfil nutricional de pacientes ambulatoriais com Acidente
Vascular Encefálico determinado por diferentes métodos Orientador: Vera Silvia Frangella 2003 - 2006 Graduação em Nutrição. Centro Universitário São Camilo, CUSC, Brasil 1996 - 1999 Ensino Profissional de nível técnico . Escola Técnica Estadual Júlio de Mesquita, ETE JM, Brasil _________________________________________________________________________Formação complementar 2010 - 2010 Curso de curta duração em Difusão bases teóricas e metodológicas para
a escrita científica. Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, Brasil 2010 - 2010 Curso de curta duração em Pacote Estatístico Stata versão 9. Universidade de São Paulo, USP, São Paulo, Brasil 2009 - 2010 Extensão universitária em Inglês Instrumental: Leitura para fins
acadêmicos. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, São Paulo,
Brasil _________________________________________________________________________Atuação profissional 1. Centro Universitário São Camilo - CUSC
_______________________________________________________________ Vínculo institucional 2009 - Atual Vínculo: Celetista formal , Enquadramento funcional:
58
ANEXO B – CURRICULUM LATTES – PROFESSOR DOUTOR WOLNEY LISBOA CONDE
Wolney Lisboa Conde Curriculum Vitae _________________________________________________________________________Dados pessoais Nome Wolney Lisboa Conde Nascimento 31/12/1965 - Belém PA/PA - Brasil CPF 249.137.232-00 _________________________________________________________________________Formação acadêmica/titulação 2000 - 2004 Doutorado em Saúde Pública. Universidade de São Paulo, USP, Sao Paulo, Brasil Título: DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE SISTEMA
CLASSIFICATÓRIO PARA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES BRASILEIROS BASEADO NO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, Ano de obtenção: 2004
Orientador: Carlos Augusto Monteiro 1992 - 1992 Especialização em Fipam. Universidade Federal do Pará, UFPA, Belem, Brasil Título: O Complexo Agoindustrial e o Desenvolvimento Regional Orientador: José Marcelino Bolsista do(a): Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior 1985 - 1991 Graduação em Nutrição. Universidade Federal do Pará, UFPA, Belem, Brasil Título: A Porta da Cozinha Orientador: Maria Angélica Mota-Maués _________________________________________________________________________Atuação profissional 1. Universidade de São Paulo - USP
_______________________________________________________________ Vínculo institucional 2004 - Atual Vínculo: Servidor público , Enquadramento funcional:
Professor Doutor , Carga horária: 40, Regime: Dedicação exclusiva
Atividades 2008 - 2010 Projetos de pesquisa, Faculdade de Saúde Pública Participação em projetos: Monitoramento de Fatores de Risco a Nutrição e Saúde em Escolares
Adolescentes da Zona Oeste do Município de São Paulo 05/2006 - Atual Projetos de pesquisa, Faculdade de Saúde Pública,
Departamento de Nutrição Participação em projetos: Análise dos parâmetros da curva brasileira do IMC para idade segundo
valores da composição corporal , Desenvolvimento e validação de instrumentos para apoio a inquéritos nutricionais , Pesquisa Nacional