6
· UNIV ERSIDAD E DE SAO PAULO INS TIT UT 0 DE GE0 Ci t NCI AS J·ornadas Clent{fioas do Jns t i. tut o de c ias - USP ( 1990 : Sao Paul.o ) Dole tim espec ial trabal.hoB a pre sentad o8 'JORN IO ft S CIENTIFICAS DO INSTITUTO DE GEOCIENCIAS - USP 558 .106 J82j 1990 BOLET IM ESPECIAL TRABALHOS APRESENTADOS / Sao Paulo , 27 e 28 de setembro de 1990

UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

·UNIVERSIDADE DE SAO PAULOINS TIT UT 0 DE GE0 Ci t N C IAS

J·ornada s Clent{fioas do Jns t i. tuto de Geoc i~n­c i a s - USP (1990 : Sao Paul.o )Dole t im es pec ial trabal.hoB a presentad o8e ~1

'JORNI Oft S CIENTIFICAS DOINSTITUTO DE GEOCIENCIAS - USP

558 .106J82j1990

BOLETIM ESPECIALTRABALHOS APRESENTADOS

/Sao Paulo, 27 e 28 de setembro de 1990

Page 2: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

1II

ARGlLOHlNERAIS DA BACIA DE TAUBATE, SP /

M.Brandt Neto l

C.Ricomini 2

A.M.Coimbra2 ~

S.L.F. de Matos 3,4

lUNESP/Sao Jose do Rio Preto

2Bolsista do CNPq

3Bolsista da CAPES

4pos-Gradua~ao IGc/USP

INTRODU9AO

o preenchimento sedimentar continental terciario da Bacia de

Taubate e atualmente subdividido em duas sequencias (RICCOMINI, 1989). A

inferior, Grupo Taubate, de idade paleogenica (Oligoceno), corresponde ao

preenchimento sintect6nico, compreendendo um sistema de leques aluviais

associados a planicie aluvial de rios . en t r e l a ya dos (braided), basal e lateral

na bacia (Formayao Resende) , um sistema lacustre, mais propriamente

caracterizavel como palya-lake (Formayao Tremende), e um sistema fluvial

meandrante (Formayao Sao Paulo), este de ocorrencia restrita a por~ao sudoeste

da bacia. A sequencia superior,separada da anterior por discordancia angular,

corresponde a outro sistema fluvial meadrante, de idade neogenica, bem

denominada Formayaoeda bacia,centraldesenvolvida na poryao

Pinclamonhangaba.

Os argilominerais presentes nas diferentes unidades sedimentares

da Bacia de 'I'auba t e ainda nao foram obj eto de estudos s Ls t.emat.Lco s , embora

alguns depositos estejam sendo explorados economicamente, ja ha algumas

16 /

Page 3: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

decadas (RICCOMINI, 1989). Os estudos realizados sao de caracer mais local,

notadamente voltados as oco r renc Las das denominadas argilas "bentoniticas" da

por~ao central dessa bacia.

METODOS E RESULTADOS OBTIDOS

da

suas

grupos

minerais;

aosidentificados correspondem

caulinita, alem de outros

A analise de argilominerais no presente estudo compreendeu a

carac t.e rd.z acao minera16gica por difra~ao de raios X, somada a analise por

microscopia eletronic~ de varredura (MEV), esta possibilitando a visualiza~ao

das formas, dimensoes e, principalmente, a disposi~ao e rela~oes dos

argilominerais com outras particulas dos sedimentos . Dessa forma podem-se

obter Lndf.cacoes mais seguras quanta aos processos fisico -quimicos atuantes

previamente e durante a sedimenta~ao, e em termos paleoambientais (BRANDT NETO

et al., 1987) e paleotectonicos.

Os argilominerais

esmectita, da clorita, illita,

morfologias e fcrmas de ocorrencia sao descritas em . reLacao as diferentes

unidades em que foram constatadas suas presen~as.

As esmectitas ocorrem fundamentalmente sob a forma de finas

placas de bordos arqueados e, mais raramente, como flocos com arranjos

lembrando "p e-de -alface", com cristais de calcita intersticiais.

Esmectitas como finas placas estao presentes e constituem-se no

argilomineral essencial na matriz lamitica nao alterada dos lamitos arenosos e

arenitos da Formacao Resende e nas argilas esverdeadas mac Lcas e folhelhos

castanho-escuros da Forma~ao Tremembe.

As finas placas encurvadas das esmectitas, presentes

essencialmente em f'ace i.s sedimentares argilosas, de dificil per coLac.ao por

soLucoe s intraestratais, devem ser oriundas do material detritico mais fino,

fornecido a bacia durante a sedimenta~ao.

Ao corrtrar i.o , as esmectitas associadas a calcita, ou seja, os

calcretes da Forma~ao Resende, sao provavelmente diageneticas, sobretudo pelas

suas delicadas formas, nao sugestivas de retrabalhamento mecanLco . .Sua genese

deve estar ligada a Lfber acao da silica de grao s de quartzo, submetidos a

ataque superficial por aguas acidas, carbonatadas , ascendentes por

17

Page 4: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

capilaridade (evapotranspira~ao, precipita~ao), reagindo com a esmectita

detritica e formando arranjo autigeno envolvendo os graos de quartzo. Com 0. ~

equilibrio, 0 meio torna-se menos acido, conduzindo a cristaliza~ao de calcita

intersticial.

A clorita ocorre associada com a esmectita nas argilas

esverdeadas da Formacao 'I'r'emembe e, mais raramente, nos lamitos da Fo rmacao

Resende. Apresenta cristais individuais com formato de pequenos "repolhos"

salpicados na massa esmectitica. Trata-se, sem duvida, de clorita diagnetica ,

pois eventual transporte teria destruido mecanicamente as delicadas formas

observadas.

A ocorrencia de illita pede ser assinalada com certo grau de

seguran~a apenas nas argilas .v e r de s maci~as da Forma~ao Tremembe, onde

constituem prismas hexagonais associados a clorita, ambos certamente

diageneticos.

A caulini ta ocorre sob a forma de pequenos flocos p Lanos de

bordos angulosos, como placas psudohexagonais de tamanho reduzido, f'ozmando ,

no conjunto, massas irregulares, e ainda cristais de maiores dimens6es, com

contorno hexagonal conspicuo, e justapostos de forma a constituirem agregados

que se assemelham a sanfona, hab Lt;o este t ambem denominado de vermiforme

(SCHOLLE, 1979). As duas primeiras formas, pelas suas dimens6es reduzidas e

baixo grau de cristalinidade, sao interpretadas como alogenicas, ao passo que

as "sanfonadas", de maiores dtmensoes e maior grau de cristalinidade, seriam

diageneticas.

A caulinita detritica e s t a presente em praticamente todas as

unidades sedimentares. Ela se apresenta frequentemente associada com a

esmectita detritica, ou ate com a clarita.

Caulini ta diagenetica, localmente, e a argilomineral principal

das Forma~6es Sao Paulo e Pindamonhangaba. Um excelente exemplo sao as argi l as

brancas situadas abaixo do linhito descrito por SUGUIO et al. (1985) em

Guararema.

Halloisita tem, aparentemente, ocorrencia restrita em a renitos

grossos, arcosianos, · congLame ra t Lcos que ocorrem intercalados com as argilas

verdes mac.Lcas de Formacao Tremembe . Apresenta hab Lt;o p r Lsma t Lco alongado,

tendendo a acicular '. com arranj 0 irregular entre os cristais, de p r ovaveL

origem diagenetica. Tal diagenese e resultante, provavelmente, de produto de

18

Page 5: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

decomposi9ao de feldspatos

recristaliza9ao de caulinita.

CONCLUSOES

abundantes nessa facies, ou ainda de

Os leques aluviais com lamitos da Formacao Resende sao

caracterizadas pela presen9a de argilo-minerais detriticos do grupo das

esmectitas. Tal associa9ao e sugestiva de area fonte mal drenada, em condi90es

de clima semi-arido, 0 que e corroborado pela p resenca de depositos tipo

caliche associados aos lamitos. A sedimenta9ao processou-se principalmente sob

a forma de corridas de lama, associadas aos desnivelamentos de origem

tectonica existentes aquela epoc a .

Para a Formacao 'I'r emembe a bacia apresentava dimensoes

suficientemente largas para que se desenvolvessem, em condi.coes mais distais

provave imente associadas a etapas de predominancia de calmaria tectonica,

espessura cons Lde raveL de sedimentos lacustres. Nestes depositos, embora 0

registro predominante seja ainda de esmectitas detriticas, e frequente a

ocorrencia de cloritas neoformadas e sulfetos (piritas?) framboidais . Esta

associa9ao ja seria mais propria de condi90es redutoras na sedimenta9ao, 0 que

no presente caso e suportado pela pre s enca de materia or garri.ca abundante,

inclusive folhelhos negros, dessa fase. Reativa90es tectonicas episodicas

durante a fase lacustre, tern seu registro nas Lnce r caLacoes congLomera t Lc as

com esmectita e haloisita detriticas, indicando area-fonte nos granitos e

gnaisses do embasamento adjacente.

Na fase final do Grupo Tremembe a bacia apresenta 0

desenvolvimento de urn sistema fluvial essencialmente meandrante (Forma9ao Sao

Paulo), sob condi90es de maior aera9ao e portanto mais oxidantes e talvez mais

Umidas, ora com a depo s Lcao de caulinitas detriticas, ora com registro de

caulinitas neoformadas sanfonadas, provavelmente diageneticas. Ja desvinculada

da h Ls t.o r La t.e r c La r La mais antiga , provavelmente no final do Terciario ou

talvez inicio do Quaternario, a bacia foi recoberta discordantemente por

sedimentos fluviais meadrantes (Fo rmacao Pindamonhangaba), onde a caulinita

neoformada e 0 argilomineral essencial.

19

Page 6: UNIVERSIDADE DE SAO PAULO - repositorio.usp.br

·F

REFERtNGIAS BIBLIOGRAFIGAS

BRANDT N&TO, M.; BARELLI, N.; BARCHA, S. F.; COIMBRA, A.M. (1987) Ocorrencias

de analuma em sedimentos da Forma~ao Adamantina em Macedonia (Estado de Sao

Paulo), uma evidencia de hidrotermalismo no Grupo Bauru. In : SIMPOSIO

REGIONAL DE GEOLOGI A, 6, Rio Claro . Atas . Sao Paulo, SBG, v.l, p. 113 -12l.

RICCOMINI, C. (1989) 0 Rift Continental do Sudeste do Brasil. Sao Paulo 395p.

(Tese de doutoramento ap resentada ao IG-USP).

SCHOLLE, P.A. (1979) A collor illustrated guide to constit~ents, lements , and

porosites of sandstones and associated rocks. AAPG Memoir, 28, 201p.

SUGUIO, K.; VESPUCCI, J .B.O.; LIMA, M.R. (1985) Paleoambientes deposicional e

diagenetico do linhito da Forma9ao Ca~apava, Terciario da Bacia de Taubate,

SP. Geociencias, 4:23 -33.

20