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UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA MARCIA BARROS ALVES PROPRIEDADES E FATORES DE VIRULÊNCIA E GENOTIPAGEM MOLECULAR DE ISOLADOS CLÍNICOS DE Candida parapsilosis São Luís 2015

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UNIVERSIDADE CEUMA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

MARCIA BARROS ALVES

PROPRIEDADES E FATORES DE VIRULÊNCIA E

GENOTIPAGEM MOLECULAR

DE ISOLADOS CLÍNICOS DE Candida parapsilosis

São Luís

2015

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MARCIA BARROS ALVES

PROPRIEDADES E FATORES DE VIRULÊNCIA E

GENOTIPAGEM MOLECULAR

DE ISOLADOS CLÍNICOS DE Candida parapsilosis

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

em Biologia Parasitária como parte dos requisitos

para a obtenção do título de Mestre em Biologia

Parasitária.

Orientadora: Profa. Dra. Cristina de Andrade

Monteiro

São Luís

2015

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Alves, Márcia Barros.

Propriedades e fatores de virulência e genotipagem molecular de

isolados clínicos de Candida parapsilosis. / Márcia Barros Alves.

São Luís: UNICEUMA, 2015.

70 p.:il.

Dissertação (Mestrado) – Curso de Biologia Parasitária.

Universidade CEUMA, 2015.

1. Microssatélites. 2. Candida parapsilosis. 3. SADH. I. Monteiro,

Cristina de Andrade (Orientadora). II. Título.

CDU: 504.06

A474p

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FOLHA DE APROVAÇÃO

MARCIA BARROS ALVES

PROPRIEDADES E FATORES DE VIRULÊNCIA E GENOTIPAGEM

MOLECULAR DE ISOLADOS CLÍNICOS DE Candida parapsilosis

A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado em Biologia Parasitária, em

sessão pública realizada no dia / / , considerou a candidata

( ) APROVADA ( ) REPROVADA

1) Examinador _____________________________________________________

2) Examinador ______________________________________________________

3) Examinador ______________________________________________________

4) Presidente (Orientador)______________________________________________

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Dedico este trabalho a todos que contribuíram para que ele fosse concretizado.

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Agradeço

À Deus, que me deu forças para conseguir chegar até aqui apesar de todas as adversidades

e que sempre ouviu minhas preocupações nas horas em que eu não conseguia falar.

Aos meus pais, João Gualberto Alves e Helena Álvares Barros, que são responsáveis por

todas as coisas boas que já fiz na vida e ainda farei, pelo amor, carinho e por estarem ao meu

lado todo o tempo, incentivando e mostrando os melhores caminhos a serem tomados e apoiam-

me de todas as maneiras possíveis para que juntos alcancemos mais e mais objetivos de vida.

Ao meu irmão, Marcio Barros Alves, que é o grande torcedor da “maninha” dele, por

sempre ser solícito a ouvir meus problemas, minhas alegrias e até minha fúria.

Aos tios e primos, que mesmo de longe, acompanham-me, compartilhando a felicidade e

o orgulho que sentem com todas as minhas conquistas, mesmo as pequenas.

Ao meu namorado, amigo, companheiro, Rossini Carlos Silva Sousa, que deu amor,

carinho, atenção, acompanhou a minha vida acadêmica nos momentos bons e ruins, me fazendo

rir em dias de desânimo e ensinando a ser mais forte para não deixar a “peteca” cair e que, além

de incentivar, cobrava resultados também.

Às minhas amigas, Ellen Naianne da Silva Cantanhede, Pollyanna Lindoso Kromek,

Rafaella Cristine de Souza e Daniella Patrícia Brandão Silveira por desejarem o melhor para mim

e fazerem parte de todos os momentos (principalmente aqueles acompanhados de pizza, cinema,

refrigerante e risos).

A profa. Dra. Cristina de Andrade Monteiro (para mim, a teacher), a quem eu tanto

admiro como pessoa e como profissional e devo quase tudo o que aprendi para a vida profissional

porque acreditou em mim quando eu era apenas uma estudante de biologia, pela paciência e

dedicação na minha orientação.

Aos professores Dr. Lídio Gonçalves Lima Neto e Dra. Maria Rosa Quaresma Bomfim,

que foram co-orientadores, ajudando a solucionar problemas, discutindo, dando sugestões e, além

disso, ainda tentaram acompanhar o desenvolver das etapas do trabalho mesmo com todas as

ocupações que já tinham.

A Margareth Santos Costa Penha, por sempre me receber com um sorriso todos os dias e,

além de ter se tornado uma parceira, ajudou sempre de maneira solícita e com muito carinho.

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A todos os meus colegas de “labuta”, em especial Iven Neylla Farias Vale Mendes,

Fernanda Costa Rosa, Laura, Patrícia Valéria Gomes Castelo Branco, Reinaldo Oliveira Araújo

Júnior e Willyson Richard Jardim Araújo, todos foram mais que meros colegas de pesquisa

ajudando aqui e ali e regando as muitas horas de testes no laboratório com risadas e brincadeiras

até quando o momento era de completo “aperreio”.

Aos colegas da química na UFMA, em especial Victor Eduardo de Araújo França, Afonso

Vilar Guimarães Pereira Júnior e Talita Cristina Raiol Carvalho, por esperarem por esse título

comigo só porque me acham legal, mas legais mesmo são eles.

Ao professor Thiago Azevedo Feitosa Ferro, por ajudar nos testes estatísticos e dar apoio

moral e incentivos para o futuro na pesquisa.

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento do Maranhão (FAPEMA), pelo

financiamento e apoio à minha pesquisa.

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“ O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder entusiasmo.”

Winston Churchill

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LISTA DE FIGURA

Figura 1 Gel de agarose mostrando os perfis da reação PCR para a detecção de microssatélite

CP1 em isolados de C. parapsilosis stricto sensu .................................................................... 35

Figura 2 Gel de agarose mostrando a reação de PCR do gene SADH em isolados de C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 36

Figura 3 Gel de agarose mostrando o perfil de reação RFLP com enzima de restrição Ban I

.................................................................................................................................................. 37

Figura 4 Distribuição dos isolados estudados de acordo com as espécies do complexo C.

parapsilosis e os espécimes clínicos ........................................................................................ 38

Figura 5 Níveis de intensidade da capacidade de adesão a vidro de isolados de C.

parapsilosis...............................................................................................................................40

Figura 6 Lâmina de teste de adesão a vidro em isolados de C. parapsilosis............................ 40

Figura 7 Distribuição dos níveis de intensidade de adesão a vidro por espécimes clínicos dos

isolados de C. parapsilosis ....................................................................................................... 41

Figura 8 Distribuição da intensidade de formação de biofilme por C. parapsilosis ................ 43

Figura 9 Intensidade da capacidade de formação de biofilme dos isolados de C. parapsilosis em

relação aos espécimes clínicos ................................................................................................. 44

Figura 10 Intensidade da produção de hemolisina em isolados de C. parapsilosis ................. 46

Figura 11 Distribuição da produção de hemolisinas por C. parapsilosis de acordo com os

espécimes clínicos dos isolados ................................................................................................ 47

Figura 12 Intensidade da produção de fosfolipases em C. parapsilosis ................................... 49

Figura 13 Distribuição da produção de fosfolipases por espécimes clínicos de C.

parapsilosis...............................................................................................................................50

Figura 14 Intensidade de produção de proteinases por C. parapsilosis ................................... 51

Figura 15 Distribuição da produção de proteinases por espécimes clínicos de C. parapsilosis.

.................................................................................................................................................. 52

Figura 16 Distribuição de produção de catalase por espécimes clínicos de C. parapsilosis. ... 54

Figura 17 Distribuição da capacidade de adesão e da formação de biofilme por espécimes

clínicos de C. parapsilosis ........................................................................................................ 55

Figura 18 Correlação positiva entre biofilme e adesão para os isolados de C. parapsilosis .... 56

Figura 19 Distribuição da produção de exoenzimas por sítios anatômicos de C. parapsilosis 56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Sequência dos iniciadores da região de microssatélites específicos para Candida

parapsilosis stricto sensu ......................................................................................................... 29

Tabela 2 Sequência dos iniciadores para região do gene SADH para C. metapsilosis e C.

orthopsilosis ............................................................................................................................. 29

Tabela 3 Classificação da formação de biofilme ...................................................................... 32

Tabela 4 Distribuição dos isolados de C. parapsilosis por espécimes clínicos. ....................... 37

Tabela 5 Distribuição dos níveis de capacidade de adesão a vidro pela espécie do complexo C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 42

Tabela 6 Distribuição das intensidades de formação de biofilme por espécie do complexo C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 45

Tabela 7 Distribuição dos níveis de produção de hemolisinas por espécie do complexo C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 48

Tabela 8 Distribuição das intensidades de produção de fosfolipases por espécie do complexo

C. parapsilosis .......................................................................................................................... 51

Tabela 9 Distribuição das intensidades de produção de proteinases por espécie do complexo C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 53

Tabela 10 Distribuição das intensidades de produção de catalase por espécie do complexo C.

parapsilosis ............................................................................................................................... 54

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C – graus Celsius ou graus centígrados

ALS – Agglutinin-Like Sequence

BCR- Biofilm and cell wall regulator

BHI – Brain Heart Infusion

CIA – Clorofórmio Álcool-Isoamílico

DNA – Ácido desoxirribonucleico

D.O.i- Densidade óptica do isolado

D.O.c- Densidade óptica do controle

EDTA- Ethylenediamine tetraacetic acid

EFG – Enhanced Filamentous Growth

EPA – Epithelial adhesion

HBECS- Células epiteliais bucais humanas

H.I.- Índice hemolítico

HPW- Hyphal wall protein

ITS- Internal transcribed sequence

NaCl- Cloreto de Sódio

pb – pares de bases

PBS – Phosphate buffered saline

PCR – Polimerase Chain Reaction

pH- potencial Hidrogeniônico

P.z.- Zona de precipitação

RAPD- Random amplication of polymorphic DNA

RFLP- Restriction fragment length polymorphism

SADH- Secondary alcohol dehydrogenase

SAP – Secreted Aspartic Proteinase

SDS – Sodium dodecyl sulfate

TE – Tris e EDTA

TL – Tampão de lise

TRIS – tampão TRIS

UFCs – Unidades formadoras de colônias

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RESUMO

O gênero Candida é alvo de estudos desde a década de 40, sempre voltados para os aspectos

médicos como acontece até os dias de hoje. Em pacientes imunocomprometidos as espécies de

Candida se tornam um dos principais agentes causadores de infecções da corrente sanguínea,

estando inclusive, associadas ao uso de cateteres e dispositivos protéticos. Dentre as espécies

uma das mais frequentemente isolada é a Candida parapsilosis sendo considerada em geral a

segunda ou terceira espécie mais comum em isolados de culturas de sangue. De acordo com a

literatura vigente os três diferentes grupos de C. parapsilosis são considerados espécies

diferentes de acordo com o grau de variação de sequências de microssatélites, de modo que o

grupo I corresponde a Candida parapsilosis (stricto sensu), o grupo II é denominado Candida

orthopsilosis e o grupo III, Candida metapsilosis. Desse modo o presente trabalho fez a

identificação de isolados previamente identificados como C. parapsilosis, provenientes de

diferentes espécimes clínicos, por meio da análise de marcadores microssatélites e do gene

SADH e observou a associação destes com as propriedades e fatores de virulência para adesão,

formação de biofilme, produção de hemólise, fosfolipase, proteinase, catalase e gelatinase por

elas apresentados e o espécime clínico ao qual pertenciam. Foram analisados 57 isolados (28

de secreção vaginal e 29 de outros sítios, como urina, ponta de cateter, sangue e sítios

desconhecidos). Destes 54 foram identificados como C. parapsilosis stricto sensu, 1 como C.

metapsilosis e 2 como C. orthopsilosis. As espécies apresentaram variação intraespecífica para

os fatores e propriedades de virulência e foi encontrada uma correlação positiva entre adesão e

biofilme. Por fim, não foi encontrada associação entre os espécimes clínicos e a espécie dos

isolados, nem das espécies e os fatores e propriedades de virulência analisados.

Palavras-chave: Candida parapsilosis, microssatélites, SADH, identificação.

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ABSTRACT

The genus Candida is the subject of studies since the 40s, always focused on the medical aspects

as it does to this day. In immunocompromised patients Candida species become one of the

leading causes of bloodstream infections, including being associated with the use of catheters

and prosthetic devices. Among species one of the most frequently isolated Candida parapsilosis

and is generally considered the second or third most common species isolated from blood

cultures. According to the current literature C. parapsilosis three different groups are

considered different species according to the degree of variation of microsatellite sequences, so

that the group I is Candida parapsilosis (sensu stricto), group II is named Candida orthopsilosis

and group III, Candida metapsilosis. Thus this work made the identification of previously

identified as C. parapsilosis isolates from different clinical specimens, through the analysis of

microsatellite markers and SADH gene and observed their association with the properties and

virulence factors for adhesion, biofilm, the haemolysis production, phospholipase, protease,

catalase, and gelatinase, and they present the clinical specimen to which they belonged. 57

isolates were analyzed (28 vaginal secretion and 29 other sites such as urine, catheter tip, blood

and unknown sites). Of these 54 were identified as C. parapsilosis stricto sensu, as C.

metapsilosis 1 and 2 as C. orthopsilosis. The species present intraspecific variation for virulence

factors and properties and found a positive correlation between adherence and biofilm. Finally,

no association was found between clinical specimens and species of isolated, or of species and

the factors and virulence properties analyzed.

Keywords: Candida parapsilosis, microsatellite, SADH, identification

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................................19

2.1 CANDIDA PARAPSILOSIS ............................................................................................................................. 19 2.2 FATORES E PROPRIEDADES DE VIRULÊNCIA .............................................................................................. 20

2.2.1 Enzimas hidrolíticas ...................................................................................................................... 21 2.2.2 Adesão ........................................................................................................................................... 22 2.2.3 Biofilme ......................................................................................................................................... 24

3. OBJETIVOS ..............................................................................................................................................27

3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................................... 27 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................................. 27

4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................................28

4.1 NATUREZA E OBTENÇÃO DOS ISOLADOS ...................................................................................................... 28 4.2 IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DOS ISOLADOS ............................................................................................... 28

4.2.1 Extração de DNA genômico ............................................................................................................... 28 4.2.2 Amplificação por PCR das regiões de microssatélites e do gene SADH ............................................. 28 4.2.3 RFLP do gene SADH .......................................................................................................................... 30

4.3 ANÁLISE DAS PROPRIEDADES E FATORES DE VIRULÊNCIA ............................................................................ 30 4.3.1 Capacidade de Adesão a vidro ............................................................................................................ 30 4.3.2 Formação de biofilme ......................................................................................................................... 31 4.3.3 Produção de hemolisinas ..................................................................................................................... 32 4.3.4 Produção de fosfolipases ..................................................................................................................... 32 4.3.5 Produção de proteinases ...................................................................................................................... 33 4.3.6 Produção de catalase ........................................................................................................................... 33 4.3.7 Produção de gelatinase ........................................................................................................................ 33

4.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................................................. 34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................35

5.1 IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR DOS ISOLADOS ............................................................................................... 35 5.2 FREQUÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DOS ISOLADOS .............................................................................................. 37 5.3 ADESÃO A VIDRO ......................................................................................................................................... 39 5.4 FORMAÇÃO DE BIOFILME ............................................................................................................................. 42 5.5 PRODUÇÃO DE EXOENZIMAS ........................................................................................................................ 46

5.5.1 Hemolisinas ........................................................................................................................................ 46 5.5.2 Fosfolipases ........................................................................................................................................ 48 5.5.3 Proteinases .......................................................................................................................................... 51 5.5.4 Catalase ............................................................................................................................................... 53 5.5.5 Gelatinase ............................................................................................................................................ 55

5.6 CORRELAÇÕES ENTRE OS FATORES DE VIRULÊNCIA AVALIADOS ................................................................. 55

6. CONCLUSÕES .........................................................................................................................................57

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................58

ANEXOS........................................................................................................................................................65

ANEXO A- PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA UNIVERSIDADE CEUMA ...................................... 66 ANEXO B- PROTOCOLOS DE SUBMISSÃO DO ARTIGO “PREVALÊNCIA DE CANDIDA SPP. EM AMOSTRAS DE

SECREÇÃO VAGINAL E SUA RELAÇÃO COM FATORES ASSOCIADOS À VULVOVAGINITE” ..................................... 69 ANEXO C- CERTIFICADO DE APRESENTAÇÃO DE TRABALHO NO VII CONGRESSO BRASILEIRO DE MICOLOGIA

.......................................................................................................................................................................... 70

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1. Introdução

O gênero Candida é alvo de estudos desde a década de 40, sempre voltados para os

aspectos clínicos como acontece até os dias de hoje (SKINNER; FLETCHER, 1958; MOTA,

2007). Candida spp. desenvolvem um estado comensal em indivíduos saudáveis e nesse estado

não causam doenças podendo inclusive alcançar uma grande densidade populacional sem

desenvolver qualquer sintomatologia (MOTA, 2007). Porém, em pacientes

imunocomprometidos as espécies de Candida se tornam um dos principais agentes causadores

de infecções da corrente sanguínea, estando inclusive, associadas ao uso de cateteres e

dispositivos protéticos (SABINO et al., 2010).

As espécies do gênero Candida têm sido os agentes mais frequentemente isolados e

correspondem a cerca de 80% das infecções fúngicas de origem hospitalar. São consideradas a

quarta causa de infecção da corrente sanguínea, estando associadas a uma letalidade de 40%

(GERMAIN et al., 2001; TAMURA et al., 2007).

Em 1963 eram conhecidas cerca de cinco espécies de Candida consideradas de

importância médica: C. albicans, C. stellatoidea, C. parapsilosis, C. tropicalis e C.

guilliermondii. Estudos registraram mais de vinte espécies de Candida causadoras de infecções

(COLOMBO; GUIMARÃES, 2003; BACELO, 2008). Dentre estas de interesse clínico, a

Candida albicans é a espécie frequentemente mais isolada de infecções superficiais e invasivas

em diferentes sítios anatômicos, apresentando grande potencial patogênico sendo, portanto,

bastante estudada (BACELO, 2008).

As candidemias continuam a ser um importante problema de saúde pública; estudos

recentes documentam um declínio em infecções bacterianas da corrente sanguínea associadas

à cateter, porém o mesmo não é observado em infecções causadas por espécies de Candida

associadas aos mesmos dispositivos médicos (SCHULMAN et al., 2011; CLEVELAND et al.,

2015). O tratamento em casos de candidíases tem se mostrado complicado devido ao aumento

relativo na proporção de isolados de Candida não albicans que demonstram muitas vezes uma

resistência intrínseca aos agentes antifúngicos específicos (SHIVAPRAKASHA;

RADHAKRISHNAN; KARIM, 2007; SHARMA et al., 2015). Dados epidemiológicos recentes

revelam uma mudança micológica quanto às espécies relacionadas à candidemia de C. albicans

para espécies de Candida não albicans, como C. glabrata, C. tropicalis, C. parapsilosis e C.

krusei (WISPLINGHOFF et al., 2004; GUPTA; GUPTA; VARMA, 2015).

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16

Dentre estas espécies, uma das mais frequentemente isolada é a Candida parapsilosis,

como apontam estudos desenvolvidos em algumas instituições hospitalares na América Latina,

Canadá e Ásia, nos quais é considerada em geral a segunda ou terceira espécie mais comum em

isolados de culturas de sangue (PFALLER et al., 2000; BASSETI et al., 2006; LASKER et al.,

2006; SOUZA, 2007).

Diante da importância clínica apresentada pela Candida parapsilosis, nota-se a

importância do estudo dessa espécie que vem demonstrando cada vez mais expressiva em

infecções hospitalares. Inclusive, diferente das demais espécies de Candida, a C. parapsilosis

tem sido encontrada nas mãos de profissionais de saúde que instalam e mantêm os dispositivos

médicos, sugerindo uma rota potencial de transmissão (WENZEL; EDMOND, 2001; SABINO

et al., 2010).

Epidemiologicamente e clinicamente as características correspondentes a cada espécie

de Candida causadora de candidíase tem sido pobremente documentadas, uma vez que o

diagnóstico fenotípico delas é pouco confiável por esse motivo é que se torna importante a

identificação rápida e correta da espécie de Candida em laboratórios clínicos para o tratamento

de pacientes com candidemia (HAYS et al., 2011).

Os diagnósticos de Candida eram baseados em identificar se o isolado em questão era

Candida albicans ou Candida não albicans, para tanto era feita a identificação de C. albicans

através da formação de tubo germinativo em soro humano ou animal a 37 °C ou por meio de

testes de assimilação de carboidratos (MADHAVAN et al., 2011). Na tentativa de melhorar o

diagnóstico da espécie de Candida desenvolveram-se métodos laboratoriais menos laboriosos

e mais rápidos, como os meios cromógenos (consistem na mudança de cor do meio de acordo

com o pH produzido por cada espécie) e os métodos comerciais, baseados em assimilação de

carboidratos (ARRAM, 2008).

Há vários relatos e pesquisas que mostram identificação errada de várias espécies de

Candida quando os pesquisadores usam técnicas de identificação fenotípica (ROWEN et al.,

1999; REILLY et al., 1999; MOTA, 2007). Diante desse quadro era importante se desenvolver

estudos que pudessem trazer um diagnóstico confiável e rápido dessas leveduras e como

demonstraram os estudos de Xu et al. (2002) e Mota (2007), os métodos moleculares

mostraram-se como excelentes métodos de identificação de Candida spp.

A rápida identificação dos isolados envolvidos em infecções e a elucidação dos padrões

de diversidade genética são questões relevantes clinicamente, uma vez que esse conhecimento

pode contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento das

infecções (SABINO et al., 2010).

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17

Com o avanço nos estudos de biologia molecular desenvolveram-se técnicas de

genotipagem molecular rápida para análises clínicas e epidemiológicas. Vários métodos de

tipagem molecular foram desenvolvidos para diferenciar isolados de C. albicans inicialmente,

fazendo uso, por exemplo, de cariotipagem eletroforética, uso de sondas específicas para a

espécie em análise de enzimas de restrição ou mesmo uso de métodos baseados em PCR

(SAMPAIO et al., 2003).

Hoje é empregada uma variedade de métodos moleculares baseados no DNA para

subtipagem de Candida spp., como os métodos baseados na análise de polimorfismo em

marcadores microssatélites (WISE et al., 2007). Microssatélites ou repetições em “tandem”

consistem em trechos de repetições de nucleotídeos únicas e dispersas pelo genoma e com um

alto nível de polimorfismo quando comparado com outros marcadores moleculares. Em

leveduras, os loci de microssatélites tem uma variação de tamanho considerável e isso faz deles

marcadores moleculares atrativos para vários de tipos de análises. O polimorfismo de

microssatélites manifesta-se como diferenças no comprimento alélico devido ao diferente

número de repetições únicas presentes em alelos que podem ser facilmente analisadas em

amplificações por PCR (SAMPAIO et al., 2005).

Candida parapsilosis emergiu na década de 1990 como uma das principais espécies

causadoras de candidemias, mas a sua incidência continua a aumentar e, ainda, a sua habilidade

em aderir a dispositivos, como implantes médicos, é similar àquela de Candida albicans,

conferindo-lhe grande resistência a agentes antifúngicos, levando a um real problema

terapêutico (HAYS et al., 2011). C. parapsilosis foi identificada pela primeira vez como agente

causador de um caso fatal em 1940, quando foi associada a endocardite (TROFA; GÁCSER;

NOSANCHUK, 2008). Nos últimos anos esta espécie além de ter um aumento de sua

prevalência, tem sido responsável por uma significante taxa de mortalidade em unidades de

tratamento hospitalar (CHICKERING, 2013).

Fisiologicamente, os isolados de C. parapsilosis são indistinguíveis, mas geneticamente

são relatados como uma espécie heterogênea. Vários estudos baseados em diversas análises

como RAPD (Random amplication of polymorphic DNA), análise com isoenzimas, análise de

nucleotídeos de ITS (Internal transcribed sequence), hibridização de DNA, apontam a espécie

como sendo composta por três grupos distintos, que seriam os grupos I, II e III (SABINO et al.,

2010).

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Tavanti et al. (2005) propuseram que os três diferentes grupos de C. parapsilosis

fossem considerados espécies diferentes de acordo com o grau de variação de sequências de

microssatélites, de modo que o grupo I corresponderia a Candida parapsilosis (stricto sensu),

o grupo II seria denominado Candida orthopsilosis e o grupo III, Candida metapsilosis.

O uso de marcadores microssatélites para identificação de C. parapsilosis é vantajoso

porque permite a identificação até mesmo de micro-organismos com baixo grau de variação de

sequência (LASKER et al., 2006), permitindo uma identificação confiável. Além do que, cada

uma dessas espécies apresenta características diferentes quanto à virulência como sugerido por

Tavanti et al. (2007). No entanto, apesar da importância crescente do complexo de espécies C.

parapsilosis, poucos trabalhos avaliando a virulência in vitro destas espécies foram realizados

e pouco se sabe sobre as características da virulência que lhes permitem causar doenças

(SABINO et al., 2011).

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2. Revisão bibliográfica

2.1 Candida parapsilosis

Candida parapsilosis é ubíquo na pele humana, sendo a segunda causa principal de

infecções fúngicas com morte (GÁCSER et al., 2007). Esta espécie é comumente relacionada

a cateter, hiperalimentação intravenosa e associada a candidemia devido à sua capacidade de

aderir e formar biofilmes sobre as superfícies de dispositivos intravasculares. Na verdade, C.

parapsilosis tem sido considerado um importante patógeno nosocomial, com manifestações

clínicas que incluem endoftalmite, endocardite, artrite séptica, peritonite e fungemia sendo

geralmente associada a procedimentos invasivos ou próteses (BARBEDO; SGARBI, 2010;

CANTÓN et al., 2011).

C. parapsilosis foi isolado pela primeira vez por Ashford (como uma espécie de Monilia

que era incapaz de fermentar maltose) a partir das fezes de um paciente com diarréia em Porto

Rico, em 1928. A espécie foi nomeada Monilia parapsilosis para distingui-lo do isolado mais

comum, Monilia psilosis, hoje conhecido como Candida albicans. Embora inicialmente

considerada não patogênica, C. parapsilosis foi identificada como sendo agente causador de

um caso fatal de endocardite em 1940 (TROFA; GÁCSER; NOSANCHUK, 2008).

As células de C. parapsilosis exibem formas ovais, redondas e cilíndricas quando

crescidas em ágar Sabouraud dextrose, formam colônias brancas, cremosas, brilhantes,

homogêneas ou enrugadas. Diferente de C. albicans e C. tropicalis, que podem apresentar

múltiplas formas morfogenéticas, C. parapsilosis não forma hifas verdadeiras e pode se

apresentar em forma leveduriforme ou de pseudohifa (TROFA; GÁCSER; NOSANCHUK,

2008).

Diferente da C. albicans, a transmissão e a aquisição da infecção causada por C.

parapsilosis são principalmente exógenas e os isolados provenientes do ambiente são

frequentes fontes de infecção (SABINO et al., 2011).

Desde os anos 80, C. parapsilosis apresenta-se como um importante patógeno hospitalar

de fungemias, sendo responsável por 7% a 15% das candidemias na maioria das pesquisas

publicadas nos EUA e Europa. Sua ocorrência foi registrada como ainda maior em crianças e

recém-nascidos prematuros internados em unidades de terapia intensiva onde a prevalência de

candidemias por C. parapsilosis foi documentada entre as faixas de 17% a 50% dos casos

(COLOMBO; GUIMARÃES, 2003).

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Desde 2005, C. parapsilosis é considerada um complexo de espécies, com três espécies

distintas, baseadas em critério genético: C. parapsilosis, C. metapsilosis e C. orthopsilosis

(HAYS et al., 2011).

Análise retrospectiva com base nos estudos moleculares indica que C. metapsilosis e C.

orthopsilosis representam de 1-10% das infecções / colonizações atribuídas a C. parapsilosis

em testes bioquímicos convencionais. Estudos relacionados ao potencial patogênico de isolados

pertencentes às três espécies do complexo de C. parapsilosis apontam C. metapsilosis como o

membro menos virulento do grupo (BERTINI et al., 2013). Segundo Gonçalves et al. (2010), a

prevalência das espécies de C. parapsilosis provenientes de 141 isolados de corrente sanguínea

testadas no Brasil representaram 88% de C. parapsilosis, 9% de C. orthopsilosis e 3% de C.

metapsilosis.

Embora as três espécies estejam intimamente relacionadas, elas diferem

acentuadamente em sua prevalência clínica, virulência e suscetibilidade aos antifúngicos. No

entanto, todas as três espécies são capazes de causar doenças graves com diversas manifestações

clínicas, incluindo a fungemia. Vários estudos epidemiológicos indicam que a maioria dos

casos associados ao complexo C. parapsilosis são causados por isolados de C. parapsilosis

stricto sensu e C. orthopsilosis é responsável por cerca de 1 a 10% dos casos, dependendo da

região geográfica, no entanto, C. orthopsilosis é mais frequentemente identificada do que C.

metapsilosis, apesar de ambas as espécies serem associadas com vários focos de infecção

(MIRHENDI et al., 2010; PRYSZCZ et al., 2014).

2.2 Fatores e propriedades de virulência

Fatores e propriedades de virulência bem como o mecanismo de defesa do hospedeiro

atenuada desempenham um papel crítico no desenvolvimento de infecções por Candida spp.

As enzimas hidrolíticas extracelulares das espécies de Candida facilitam a adesão e penetração

no tecido e, por conseguinte, invasão do hospedeiro. Além disso, a produção de biofilme é

conhecida por ser mais resistente a agentes antimicrobianos e de resposta imune, o que conduz

ao fracasso do tratamento (ATALAY et al., 2015).

Uma variabilidade notável da virulência foi observada para C. parapsilosis, tais como

a capacidade de formação de biofilme ou de produção de enzimas hidrolíticas (TAVANTI et

al., 2010).

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2.2.1 Enzimas hidrolíticas

O estudo das enzimas hidrolíticas é mais frequentemente descrito em C. albicans, onde

se sabe que elas desempenham um papel central na patogenicidade da candidíase (BRANCO et

al., 2012). Enzimas hidrolíticas contribuem para os fatores de virulência em espécies de

Candida. As enzimas produzidas são hemolisina, proteinase, lipase e fosfolipase, fatores que

são responsáveis pela capacidade de invasão e proliferação de fungos causando a destruição

dos tecidos (RAMESH et al., 2011).

Capacidade hemolítica é um importante fator de virulência, onde a produção de

hemolisina e o rompimento de hemácias pelas mesmas levam os fungos do gênero Candida a

adquirirem ferro a partir de tecidos do hospedeiro, o qual é utilizado para o metabolismo,

crescimento e invasão durante a infecção. Em seres humanos, o ferro é encontrado em algumas

proteínas, incluindo hemoglobina (um componente de eritrócitos) (ROSSONI et al., 2013).

Estudos apontam que a produção de hemolisinas é regulada pela presença de glicose no meio

de crescimento e que C. glabrata, C. parapsilosis e C. tropicalis são capazes de produzir

hemolisinas in vitro em vários níveis (SILVA et al., 2011). Foi reportado em testes (LUO;

SAMARANAYAKE; YAU, 2001; MALCOK et al., 2009) que C. parapsilosis não exibem

hemólise em meios sem o acréscimo de 3% de glicose e mesmo com o acréscimo exibem apenas

alfa hemólise.

A produção de proteinases se dá em função da expressão de genes denominados

Secreted aspartyl proteinases (Saps). As proteinases facilitam a invasão e colonização de

tecidos dos hospedeiros pela ruptura das mucosas e degradam importantes proteínas de defesa

imunológica e estrutural, como albumina, hemoglobina, queratina, colágeno, mucina,

lactoferrina, lactoperoxidase e imunoglobulinas como as da classe IgA (BRANCO et al., 2012).

Para C. parapsilosis três genes SAP foram identificados (SAPP1-3), dos quais dois

permanecem pouco caracterizados. A isoenzima Sapp1 tem sido estudada para caracterização

bioquímica, a Sapp2 codifica uma proteinase funcional que constitui apenas 20% de Saps

isoladas e a expressão de genes SAPP1-3 varia em diferentes isolados clínicos de C.

parapsilosis (SILVA et al., 2011).

As fosfolipases atuam invadindo as células hospedeiras, provocando danos nos tecidos,

ruptura das membranas das células epiteliais e permitindo que as hifas penetrem para o

citoplasma (MATTEI et al., 2013). A atividade de fosfolipases é estudada em C. albicans

utilizando vários sistemas experimentais de virulência.

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O papel das fosfolipases na patogênese de C. parapsilosis é menos clara e pouco

estudada (TROFA; GÁCSER; NOSANCHUK, 2008; SILVA et al., 2010). Resultados

contraditórios são relatados nas pesquisas, nas quais há atividade de fosfolipases em até 51%

dos isolados de C. parapsilosis, outras não apresentam esta atividade (TROFA; GÁCSER;

NOSANCHUK, 2008).

Outras duas importantes enzimas hidrolíticas produzidas por espécies do gênero

Candida são a gelatinase e a catalase. A gelatinase é também chamada de metaloendopeptidase

extracelular, é codificada pelo gene gelE e hidrolisa gelatina, colágeno, caseína, hemoglobina

e outros compostos bioativos (BRANCO et al., 2012). Também foi reportado que a gelatinase

secretada por C. albicans desempenha importante papel na degradação de matriz extracelular

córnea em testes em coelhos (ZHAI; XIE; DONG, 2007). Duarte et al. (2011) estudando o

aumento da expressão de queratinases e outras peptidases em C. parapsilosis mutantes

observou atividade de gelatinase a 60 kDA em zimogramas com substratos proteicos.

A catalase é um importante mecanismo enzimático usado por um micro-organismo

contra danos oxidativos (LINARES et al., 2006). O oxigênio é uma molécula indispensável no

metabolismo da maioria dos organismos aeróbicos, mas durante a fosforilação oxidativa nas

mitocôndrias (uma etapa da respiração celular) são geradas como subprodutos espécies reativas

de oxigênio, tais como peróxido de hidrogênio e superóxido, e estes degradam compenentes

celulares, como proteínas, lipídeos e DNA. Para reduzir a toxicidade das espécies reativas de

oxigênio os micro-organismos patogênicos possuem enzimas antioxidantes, como a catalase,

que decompõe peróxido de hidrogênio (NAKAGAWA, 2008).

Foi observado por Nakagawa (2008), que isolados de C. albicans sem produção de

catalase apresentam também a perda da habilidade para produção de hifas, sendo que a

produção de hifas está relacionada com o aumento da virulência das leveduras patogênicas. Nas

espécies de C. parapsilosis, os estudos de Miyasaka, Unterkircher e Shimizu (2008)

demonstraram variação na produção de catalase para esta espécie.

2.2.2 Adesão

A adesão dos micro-organismos para sediar as células e tecidos é o primeiro evento

necessário para a colonização inicial ou estabelecimento da infecção. Além disso, o contato de

superfície microbiana pode desencadear vários comportamentos celulares, incluindo a

formação de biofilme, o que também está fortemente associado com a candidose (DE PAULA

et al., 2014).

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A adesão aos tecidos epiteliais facilita a colonização de biomateriais e a iniciação da

formação de biofilme, de modo que demonstra ser um importante fator de virulência. C.

parapsilosis adere a células epiteliais e biomateriais de maneira semelhante a C. albicans e essa

adesão pode ser reduzida por nistatina. Variações na adesão em isolados de pele são mais

comuns do que em isolados sistêmicos (PAMMI et al., 2013).

O processo de aderência é essencial para os membros do gênero Candida para

desenvolver o seu potencial patogênico, uma vez que se desencadeia o processo que leva à

colonização e permite a sua persistência no hospedeiro. Por exemplo, os isolados de Candida

relativamente mais patogênicos apresentam maior capacidade de aderência em células

epiteliais orais humanas (SPECIAN et al., 2013).

C. albicans tem um conjunto especializado de proteínas (adesinas) que medeiam a

adesão a outras células de C. albicans, outros micro-organismos, superfícies abióticas e células

do hospedeiro. A espécie C. albicans conta com adesinas ALS (agglutinin like sequence) que

são proteínas que formam uma família composta por oito membros (Als1-7 e Als9).

Das oito proteínas ALS, a adesina Als3 é especialmente importante para a expressão do

gene de adesão que regula o processo de infecção de células epiteliais bucais in vitro e infecção

vaginal in vivo e também contribuem para a formação de biofilme agindo como adesina

complementar (FRANÇOIS; DUNCAN; BERNHARD, 2013).

Atribuiu-se às adesinas o fenômeno de agregação celular como revelaram trabalhos

anteriores (KING; LEE; MORRIS, 1980). A adesão seguida de agregação celular tem sido

documentada em vários estudos envolvendo uma miríade de alvos biológicos. Quando C.

albicans encontra uma proteína ancorada, uma célula ou tecido, o fungo adere e então agrega

(KLOTZ; LIPKE, 2010).

Dados de bioinformática indicaram uma série de genes de adesinas específicas em C.

parapsilosis (SILVA et al., 2011). Estudos recentes comparam a atuação de alguns genes

relacionados à adesão entre C. albicans e C. parapsilosis. O produto do gene BCR1 (biofilm

and wall cell regulator) é um fator de transcrição conservado requerido na formação de biofilme

tanto em C. albicans quanto em C. parapsilosis. Alguns dos principais alvos de BCR1 em C.

albicans incluem genes que codificam adesinas e proteínas de parede celular (ALS1, ALS3,

HWP1 e genes relacionados) sugerindo que BCR1 está envolvido na fase inicial da adesão e

desenvolvimento de biofilme (DING et al., 2011).

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Descrevendo uma análise do papel da BCR1 em C. parapsilosis, Ding et al. (2011)

mostraram que C. parapsilosis gera biofilmes in vivo em modelo de cateter em ratos e que

BCR1 é necessário para este processo, além disso demonstraram existir pouca sobreposição

entre os alvos de BCR1 nas duas espécies.

Colonização e infecção por C. parapsilosis são dependentes da capacidade do fungo

para aderir a células hospedeiras e tecidos, particularmente em superfícies mucosas. A adesão

a dispositivos médicos facilita a formação de biofilme e promove danos no hospedeiro. A

hidrofobicidade da superfície celular tem sido associada com a adesão inicial de C. parapsilosis

para superfícies e a produção de muco foi ligada a tendência de C. parapsilosis aderir a cateteres

de plástico (TROFA; GÁCSER; NOSANCHUK, 2008).

Estudos retrospectivos indicam que se sabe pouco sobre as propriedades de virulência

das espécies Candida metapsilosis e Candida orthopsilosis e os seus papéis no estabelecimento

/ progressão da infecção (BERTINI et al., 2013).

2.2.3 Biofilme

Uma das principais propriedades de virulência das espécies de Candida associada à

patogenicidade é a sua capacidade de formar biofilme em dispositivos médicos implantados.

Os biofilmes são compostos de comunidades de micro-organismos associados com uma

superfície e embebidos numa matriz extracelular e acredita-se ser a forma principal de

crescimento de micro-organismos na natureza (HOLLAND et al., 2014).

São extremamente resistentes à terapia antimicrobiana e o tratamento geralmente

envolve a remoção do dispositivo infectado (HOLLAND et al., 2014). São cruciais ao

desenvolvimento das infecções, uma vez que servem de nichos aos agentes patogênicos e estão

associados a altos níveis de resistência a agentes antimicrobianos, de maneira que limitam a

penetração das substâncias através da matriz e protegem as células da resposta imune do

hospedeiro (TAMURA et al., 2007; SILVA et al., 2010).

A formação de biofilme de Candida começa com a aderência inicial de células das

leveduras à superfície de dispositivos médicos, seguido da formação de microcolônias e o

desenvolvimento de uma camada de hifas ou pseudohifas que se estende até o exterior. Isto é

acompanhado pela formação em torno da matriz extracelular de ambas as camadas de hifas e

pseudohifas das leveduras. O biofilme então se desenvolve como uma estrutura em três

dimensões e consiste em um denso trabalho das leveduras e de filamentos das células

profundamente embebidas na matriz extracelular composta por polissacrídeos

(GEBREMEDHIN et al., 2014).

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As infecções associadas a utilização de implantes médicos invasivos estão relacionadas

com a formação de biofilmes nesses dispositivos. O desenvolvimento de biofilme depende do

tipo e do número de células que aderem ao dispositivo e do tipo de superfície que o constitui.

A formação de biofilme inicia-se com a adesão microbiana seguida pela fase de maturação

(TAMURA et al., 2007). Essa formção em C. albicans foi bem caracterizada e ocorre em várias

etapas sendo constituído por uma camada compacta basal de células de levedura e uma camada

mais espessa de hifas menos compactas. Em contraste, C. parapsilosis não faz hifas verdadeiras

e os biofilmes são compostos de células de levedura e pseudohifas apenas. A capacidade de C.

parapsilosis para produzir biofilme também é altamente dependente do isolado (HOLLAND et

al., 2014).

Em geral, a formação de biofilme e o controle genético da formação do mesmo são

melhor conhecidos em C. albicans, indicando que a formação de biofilme começa com a ligação

de células individuais de levedura com a superfície e é seguida pela iniciação, onde

microcolônias e tubos germinativos são formados. Durante a maturação, a biomassa se expande

e se acumula na matriz extracelular. Após a dispersão, células de levedura são liberadas para o

meio. O passo inicial na adesão de C. albicans é controlada pelo fator de transcrição Efg1, um

regulador positivo da expressão da adesina Eap1 (PANNANUSORN et al., 2014).

A produção de biofilme em C. albicans está associada com a mudança dimórfica de

levedura para crescimento de hifas e a estrutura do biofilme formado envolve duas camadas

distintas. Em contraste, isolados de C. parapsilosis produzem quantitativamente menos

biofilme e estruturalmente menos complexo do que C. albicans. O fenótipo de pseudohifas em

C. parapsilosis, no entanto, produz mais biofilme e é mais invasivo em ágar do que os isolados

predominantemente sob a forma de levedura. O biofilme de C. parapsilosis pode ocorrer em

diversos dispositivos médicos, incluindo cateteres venosos centrais e periféricos, de

hemodiálise e cateteres de diálise peritoneal, dispositivos protéticos intracardíacos e

articulações protéticas. Como é um comensal da pele humana, o organismo pode entrar em

contato com o mesmo através de dispositivos médicos, antes ou durante o uso pelo paciente,

particularmente em ambientes de cuidados de saúde, onde lapsos de boa higiene das mãos pode

ocorrer (TROFA; GÁCSER; NOSANCHUK, 2008).

A formação de biofilme de C. parapsilosis é iniciado com a adesão de células

individuais de levedura para a superfície, mesmo sob condições de crescimento, onde já seja

observada uma extensa aglutinação celular. Isto indica que a levedura expressa adesinas

específicas da superfície celular no início da formação de biofilme (PANNANUSORN et al.,

2014).

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A matriz extracelular do biofilme de C. parapsilosis contém grandes quantidades de

hidratos de carbono com baixos níveis correspondentes a proteínas. O biofilme é facilmente

formado por isolados de C. parapsilosis cultivados em meio contendo alta concentração de

glicose e lípidos e pode ser associado com o aumento da prevalência deste organismo em

infecções da corrente sanguínea em pacientes que recebem nutrição parentérica (SILVA et al.,

2011).

Os aminoácidos estimulam a morfogênese de células de levedura para pseudohifas em

C. parapsilosis e isto pode explicar a alta incidência de infecções por C. parapsilosis em

neonatos sondados que recebem nutrição parenteral ricas em soluções de aminoácidos (PAMMI

et al., 2013).

A preferência seletiva da espécie para o plástico em dispositivos médicos é de particular

interesse assim como a formação de biofilme aumentando a capacidade de o organismo

colonizar cateteres intravenosos. Tal como C. parapsilosis, as duas espécies de Candida

recentemente identificadas (C. orthopsilosis e C. metapsilosis) também são capazes de formar

biofilme (SILVA et al., 2011).

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3. Objetivos

3.1 Objetivo geral

Caracterizar fenotipicamente isolados de C. parapsilosis estudando seus fatores e

propriedades de virulência e geneticamente por meio de análise de marcadores microssatélites

e de PCR-RFLP do gene secondary alcohol dehydrogenase (SADH).

3.2 Objetivos específicos

Avaliar a aplicabilidade da técnica de genotipagem por marcadores

microssatélites e também do gene SADH para a diferenciação das espécies do

complexo C. parapsilosis;

Identificar os fatores e propriedades de virulência das espécies do complexo C.

parapsilosis;

Verificar a associação das espécies do complexo C. parapsilosis com os fatores

e propriedades de virulência por elas apresentados;

Analisar a existência de predileção das espécies do complexo C. parapsilosis

por algum sítio para colonização no ser humano.

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4. Material e métodos

4.1 Natureza e obtenção dos isolados

Os isolados de Candida parapsilosis analisados foram previamente identificados pelo

sistema VITEK 2 (bioMérieux, Marcy-I´Etoile, France). Foram utilizados no trabalho vinte e

oito (28) isolados provenientes de secreção vaginal coletadas no Hospital da Mulher de São

Luís (CEP/UNICEUMA 267/10) e outros vinte e nove (29) espécimes clínicos diferentes,

recuperados em um laboratório particular da cidade de São Luís- MA e gentilmente cedidos

para a Micoteca do Laboratório de Micologia Médica do Núcleo de Doenças Endêmicas e

Parasitárias da Universidade Ceuma.

As culturas foram mantidas a -20ºC e recuperadas em meio ágar Sabouraud-dextrose

com cloranfenicol, a 37ºC por 24 horas. Foram então estocadas em caldo BHI (Brain Heart

Infusion- Difco) a 4ºC durante o período experimental (SAMBROOK et al., 2002). Os isolados

refrigerados foram renovados de 15 em 15 dias para preservação de suas propriedades, neste

mesmo meio de cultivo.

4.2 Identificação molecular dos isolados

4.2.1 Extração de DNA genômico

A extração foi realizada tomando-se como base a metodologia descrita por Raeder e

Broda (1985) e a partir desta foram feitas adaptações não descritas por estarem sob sigilo de

patente.

O DNA recuperado foi lavado em etanol 70% e ressuspendido em 40 µL de água

deionizada. A qualidade e quantidade de DNA obtido foram avaliadas visualmente em gel de

agarose a 0,8%.

4.2.2 Amplificação por PCR das regiões de microssatélites e do gene SADH

A seleção dos loci de microssatélites bem como a região de amplificação e o desenho

dos iniciadores para PCR seguiu o protocolo feito por Sabino et al. (2010), que buscaram no

DNA genômico de C. parapsilosis regiões contendo mais de 20 repetições de microssatélites

em busca de elevado grau de polimorfismo; a partir disto selecionaram a sequência de

microssatélites espécie específica para identificação de C. parapsilosis stricto sensu e

desenharam os iniciadores, por eles denominados CP1 em alusão a C. parapsilosis.

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O par de iniciadores CP1 para identificação de C. parapsilosis stricto sensu,

previamente reconhecidos no Database do Sanger Institute, está de acordo com a tabela a

seguir:

A reação de amplificação por PCR foi feita com 25 ng de DNA genômico em um volume

de reação de 25 µL contendo tampão 1X PCR Master mix buffer (Promega); 0,25 µM de cada

iniciador (Invitrogen). No termociclador (Biorad) adotou-se o programa inicial de um pré-

aquecimento de 95ºC por 2 minutos, seguido de 28 ciclos de 94ºC por 30 segundos, 54ºC por

30 segundos, 72ºC por 1 minuto e mais uma fase de extensão final a 72ºC por 7 minutos.

Avaliou-se a reação de PCR visualmente por meio de gel de agarose 1%, corado com brometo

de etídio (10mg/mL) e visualizado em luz ultravioleta.

Para a identificação dos isolados de C. metapsilosis e C. orthopsilosis seguiu-se o

protocolo de Cantón et al. (2011), utilizando-se dois iniciadores para amplificação do gene

SADH, de acordo com a tabela 2, com posterior RFLP da sequência amplificada.

Tabela 2 Sequência dos iniciadores para região do gene SADH para C. metapsilosis e C.

orthopsilosis

Iniciadores Sequência

S1F 5’- TTGATGCTGTTGGATTGT-3’

S1R 5’-CAATGCCAAATCTCCCAA-3’

Microssatélite Acesso

(Sanger

Institute)

Sequência dos iniciadores Repetição

motifs

CP1 Cpara1131

h11.p1k

FWD:5’ -AAAGTGCTACACACGCATCG-3’

REV: 5-GGCTTGCAATTTCATTTCCT-3’

(AAG)27

Fonte: CANTÓN et al., 2011

Fonte: SABINO et al., 2010

Tabela 1 Sequência dos iniciadores da região de microssatélites específicos para Candida

parapsilosis stricto sensu

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A reação de amplificação foi realizada segundo o trabalho de referência (CANTÓN et

al., 2011) com adaptações na qual foram usadas um volume total de 25µL para a reação: 50 ng

de DNA genômico, tampão 1X PCR Master mix buffer (Promega) e 0,25 µM de cada iniciador

(Invitrogen). O programa adotado no termociclador (Biorad) contém uma fase de prévio

aquecimento de 95ºC por 1 minuto, 30 ciclos com 1 minuto de desnaturação a 95ºC, 1 minuto

e 30 segundos de hibridização dos iniciadores a 46ºC e 1 minuto e 30 segundos de extensão a

72ºC. Após essa fase, tem mais um ciclo adicional com 10 minutos a 72ºC para completar a

reação. A visualização do produto amplificado foi verificada por eletroforese em gel de agarose

1,2%, corado com brometo de etídio (10mg/mL) e visualizado em luz ultravioleta.

4.2.3 RFLP do gene SADH

O produto de amplificação obtido com a PCR para o gene SADH, com fragmentos de

716 pares de bases, foi digerido com a enzima de restrição Ban I (Promega), segundo as

recomendações do fabricante, em um volume de 20 µL contendo 12µL de produto amplificado

e 20 unidades da enzima. A reação foi incubada a 50ºC por 2 horas. O produto da digestão foi

separado em gel de agarose 2%, corado com brometo de etídio (10mg/mL) e visualizado em

luz ultravioleta. Na análise do produto digerido, os isolados de C. parapsilosis stricto sensu

apresentam um sítio de restrição, com fragmentos de 516 e 200 pares de bases, aqueles

pertencentes à espécie C. orthopsilosis não apresentam sítios de restrição e os isolados de C.

metapsilosis apresentam três sítios de restrição, com fragmentos de 416, 200 e 100 pares de

bases.

4.3 Análise das propriedades e fatores de virulência

Foram testadas as propriedade de virulência quanto às capacidades de adesão e produção

de biofilme dos isolados. Além disso, foram testadas as produções de exoenzimas como

hemolisinas, fosfolipases, proteinases, catalase e gelatinase por parte das mesmas.

4.3.1 Capacidade de Adesão a vidro

Para a análise da aderência a vidro, lamínulas de vidro redondas estéreis (Glasscyto)

foram colocadas em placas de microtitulação de 24 poços (TPP Zellkultur Testplatte 24F). Um

poço foi utilizado como controle recebendo apenas meio de cultura para se verificar a

integridade do meio. Os demais poços receberam 40µL de inóculo (106UFC/mL) além de 960

µL de BHI (Brain Heart Infusion – Acumedia Manufactures) suplementado com 6% de glicose.

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31

As placas de microtitulação foram incubadas a 37°C durante 8 horas. Posteriormente, o

meio de incubação foi removido e as microplacas lavadas com água ultrapura para remover as

células não aderidas. As lamínulas foram coradas com 1% (v/v) de violeta cristal por cinco

minutos, posteriormente lavadas com água ultrapura estéril para remover o excesso de corante,

e colocadas sobre lâminas para visualização em microscopia óptica (NIKON Eclipse E100). O

experimento foi realizado em triplicata.

A classificação da capacidade de aderência a vidro foi feita por dois observadores, para

melhor certificação dos resultados, de acordo com a quantidade de células aderidas nas

lamínulas por campo, em um microscópio óptico, com aumento de 1000 vezes (BIASOLI;

TOSELLO; MAGARO, 2002; MENEZES et al., 2013).

Para análise dos resultado foram contadas as leveduras aderidas em cada lamínula, no

máximo de 70 campos, escolhidos aleatoriamente e em sentido unidirecional. Considerou-se

negativo quando não se observou nenhuma levedura por campo, num total de 70 campos

observados; fraco, quando houve de uma a 10 leveduras aderidas às lamínulas num total de 50

campos avaliados; moderada, quando houve mais que 10 leveduras aderidas em 30 campos; e,

forte quando houve mais de 25 leveduras aderidas em 20 campos analisados.

4.3.2 Formação de biofilme

Para os testes de formação de biofilme usou-se o método proposto por Shin et al. (2002)

com adaptações de Ferro et al. (2012). Foram colocados em microplacas de 96 poços 180 µL

de BHI suplementado com 6% de glicose e adicionados 20µL de suspensão do inóculo

(106UFC/ml) a cada poço em triplicata, incubados a 37°C por 24 horas. Após a incubação foi

removido o conteúdo dos poços, a microplaca foi lavada três vezes com água destilada estéril.

Foi adicionado 200 µL de água destilada a cada poço e 1% de violeta cristal para coloração e a

realização da leitura por espectrofotometria.

As leituras espectrofotométricas foram realizadas em 450 nm com uma leitora de

microplacas. Baseando-se na densidade óptica (D.O.i) produzida pelos isolados e tomando

como base o controle negativo (D.O.c) os isolados foram classificados de acordo com as

categorias representadas na Tabela 3. Cada isolado foi testado em triplicata, para evitar qualquer

discrepância nos valores de absorbância obtidos.

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32

Tabela 3 Classificação da formação de biofilme

4.3.3 Produção de hemolisinas

Para os testes de produção de hemolisinas foi usado o método de análise em placa

descrito por Branco et al. (2012). As leveduras em suspensão (3µL), preparadas em salina

0,85% comparada com escala de Mc Farland 0.5 (1 x 106 células/mL), foram inoculadas em

Ágar Sabouraud Dextrose (Difco), acrescido de 3% de glicose e 5% de sangue de carneiro

desfibrinado e permaneceram incubadas por 48 horas a 37ºC. A presença de um halo

transparente em torno da colônia indica a atividade hemolítica positiva. A intensidade da

produção do fator hemolítico foi estimada quantificando o diâmetro do halo mais a colônia em

centímetros em relação ao tamanho da colônia (índice hemolítico ou H.I.). Os isolados

hemolíticos foram classificados de acordo com o H.I. como positivos (H.I.<1,5 cm) ou

fortemente positivos (H.I.>1,5cm). Os experimentos foram feitos em triplicata e os resultados

foram dados como a média dos valores obtidos.

4.3.4 Produção de fosfolipases

Para os testes de fosfolipase foi usado o método em placa com gema de ovo descrito por

Price, Wilkinson e Gentry (1982) com modificações de D’Eça Jr. et al. (2011). O meio consiste

em ágar Sabouraud dextrose acrescido de 1M de cloreto de sódio; 0,5M de cloreto de cálcio e

2% de gema de ovo. O meio foi inoculado com 3µL de inóculo em salina 0,85%, comparado

com escala de McFarland 0.5 (1 x 10 6 células/mL). As placas de Petri foram incubadas a 37ºC

e o diâmetro das colônias e da área de precipitação mais a colônia foram medidos 7 dias após a

inoculação. Os experimentos foram feitos em triplicata. As medidas e cálculos da zona de

precipitação (Pz) da fosfolipase foram feitos de acordo com o descrito por Price et al. (1982), a

partir da média dos valores obtidos na triplicata, os coeficientes encontrados foram classificados

em 5 grupos: Pz = 1, negativo; Pz entre 0.9 e 0,99, fraco; Pz entre 0.80 e 0.89, moderado; Pz

entre 0.70 e 0.79, forte; Pz < 0.70, muito forte.

Classificação Densidade

óptica

Não produtor

D.O.i < D.O.c

Produtor pobre D.O.c < D.O.i ≤ (2x D.O.c.)

Produtor moderado (2x D.O.c) < D.O.i ≤ (4x D.O.c)

Produtor forte (4x D.O.c) < D.O.i

Fonte: O autor, 2015

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33

4.3.5 Produção de proteinases

Para análise de produção de proteinases usou-se o método de Aoki et al. (1990) com

modificações de D’Eça Jr. et al. (2011). O teste foi feito em placas com 140 mL do meio de

cultura ágar Sabouraud dextrose contendo 60 mL de solução composta por 0,04g de MgSO47

H2O; 0,5 g de K2HPO4; 1g de NaCl; 0,2g de extrato de levedura; 4g de glicose e 0,5g de BSA,

pH ajustado para 4,0 e esterilizada por filtração. As placas foram inoculadas com 3µL de salina

0,85 % contendo células de leveduras, comparada a escala de McFarland 0.5 (1 x 10 6

células/mL), e incubadas a 37ºC por 7 dias.

A atividade de proteinases foi medida e calculada de acordo com o método descrito por

Price, Wilkinson e Gentry (1982) em termos da proporção de diâmetro da colônia e a colônia

mais a zona de precipitação (Pz) das proteinases. Os testes foram feitos em triplicata e tirada a

média do valor de Pz, agrupando-se os coeficientes obtidos em 5 grupos: Pz =1, negativo; Pz

entre 0,9 e 0,99, fraco; Pz entre 0,80 e 0,89, moderado; Pz entre 0,7 e 0,79, forte e Pz < 0.70,

muito forte.

4.3.6 Produção de catalase

O teste de catalase foi feito segundo Trabulsi e Altherthum (2005) e Branco et al. (2012).

Os isolados de Candida foram transferidos para lâmina de microscópio e depois 1 gota (0,05

mL) de 3% de peróxido de hidrogênio foi adicionada e a imediata formação de bolhas na

superfície da lâmina corresponde a reação positiva para catalase, indicando a conversão de H2O2

em água e O2.

4.3.7 Produção de gelatinase

Para análise de presença de gelatinase foi usado o teste proposto por Kurtzman et al.

(1998) com modificações de Branco et al. (2012). Os isolados de Candida foram inoculados

em BHI e depois de incubados a 37ºC por 24 horas, os inóculos foram profundamente semeados

em tubos contendo 5 mL de uma solução de gelatina (Difco) a 12% preparada em tampão PBS

com pH 7,4. Depois de incubadas a 37ºC por 24 horas o teste é considerado positivo para

gelatinase quando ocorre a liquefação da gelatina.

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4.4 Análise estatística

Os dados foram analisados com o programa estatístico BioStat 5.8.4 (versão 2009) de

AnalystSoft Inc. Inicialmente foram feitas tabelas de frequência das variáveis e posteriormente,

para os cruzamentos das variáveis classificatórias foi aplicado o teste do qui-quadrado de

independência (χ2). Depois aplicou-se o teste não paramétrico de correlação de Spearman. Em

todos os testes o nível de significância (α) aplicado foi de 5%, ou seja, considerou-se

significativo quando p<0,05.

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5. Resultados e discussão

5.1 Identificação molecular dos isolados

A partir dos iniciadores CP1 foram identificados 41 isolados como C. parapsilosis

stricto sensu. Destas positivas, 8% dos isolados foram heterozigotos, ou seja, apresentaram

formação de duas bandas em gel de agarose 1% com tamanhos diferentes (de 290 e 270 pb) e

92% foram homozigotos, apresentando apenas uma banda correspondente a 290 pb, como se

pode observar na figura 1.

Figura 1 Gel de agarose mostrando os perfis da reação PCR para a detecção de microssatélite

CP1 em isolados de C. parapsilosis stricto sensu: L- DNA ladder 100 pb; 1, 4, 5, 6, 8, 9 e 10-

sangue; 2-ponta de cateter; 3 e 7- urina

Esses resultados obtidos eram esperados uma vez que os iniciadores aqui trabalhados

são espécie-específicos para C. parapsilosis stricto sensu (SABINO et al., 2010). Também

segundo os autores um ou dois fragmentos de PCR por locus são obtidos para cada isolado,

uma vez que C. parapsilosis é uma espécie diploide onde cada fragmento é atribuído para um

alelo. Assim os isolados que mostram dois produtos de PCR são considerados heterozigotos,

enquanto que aqueles que apresentam um único produto de amplificação são considerados

homozigotos.

L 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: O autor (2015)

300 pb

200 pb

290pb

300pb

200pb

300 pb

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Em Sabino et al. (2010), a análise de 233 isolados mostrou que 73% dos isolados

amplificados com CP1 foram heterozigotos, diferente dos resultados obtidos no presente

trabalho, sendo um resultado possível devido à grande variação na repetição da sequência de

microssatélites nos loci polimórficos.

O DNA dos 16 isolados restantes que não foram amplificados com os iniciadores para

o marcador CP1 foram submetidos a reações de amplificação para detecção do gene SADH

(Figura 2). O produto amplificado foi submetido a digestão enzimática com Ban I (Figura 3) e

então se observou que apenas 2 isolados apresentaram o perfil de digestão enzimática para as

espécies C. orthopsilosis e 1 isolado para C. metapsilosis, revelando que os iniciadores CP1

não foram capazes de identificar todas as C. parapsilosis stricto sensu no grupo analisado.

Sabino et al. (2010) relataram que o uso dos iniciadores CP1 constitui um método de

fácil execução, com alto poder discriminatório e ideal para estudos de identificação em larga

escala, porém o presente trabalho utilizando a mesma metodologia não conseguiu a

identificação de 16 isolados, sendo necessária a aplicação de outra metodologia para

identificação destes. Tavanti et al. (2007) e Cantón et al. (2011) relataram alta reprodutibilidade

e eficácia da técnica com o gene SADH para identificação de C. orthopsilosis e C. metapsilosis

em isolados inequivocadamente atribuídos a espécie C. parapsilosis.

Fonte: O autor (2015)

L 1 2 3 4 5 6 7

800 pb

700 pb 716 pb

Figura 2 Gel de agarose mostrando a reação de PCR do gene SADH em isolados de C.

parapsilosis: L- DNA ladder 100 pb; 1- controle negativo; 2- isolado de sítios não identificado;

3 a 7- isolados de secreção vaginal

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5.2 Frequência e distribuição dos isolados

Foram utilizados neste estudo 57 isolados recuperados a partir de espécimes clínicos de

sangue, ponta de cateter, urina, secreção vaginal e sítios com baixa frequência de isolados

organizados no grupo Outros (líquido ascítico, fezes e sítios desconhecidos) (Tabela 4).

Tabela 4 Distribuição dos isolados de C. parapsilosis por espécimes clínicos.

Espécimes clínicos Número de isolados

n (%)

Sangue 8 (14)

Ponta de cateter 10 (17)

Urina 5 (9)

Secreção Vaginal 28 (49)

Outros 6 (11)

Total 57

516pb

200pb

716pb

416pb

Fonte: Próprio autor (2015)

200pb

Figura 3 Gel de agarose 2% mostrando o perfil de reação RFLP com enzima de restrição

Ban I: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 9- C. parapsilosis stricto sensu; 5- C. orthopsilosis; 8- C.

metapsilosis; L- DNA ladder 100 pb

1 2 3 4 5 6 7 8 9 L

516pb

200pb

100pb

500pb

100pb

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Destes isolados trabalhados, 54 foram identificados molecularmente como sendo C.

parapsilosis stricto sensu, estando presente em todos os espécimes clínicos estudados, sendo

que todos os isolados de sangue, ponta de cateter e urina pertenciam a esta espécie e, ainda, 27

isolados de secreção vaginal e 4 isolados do grupo outros também foram pertencentes a mesma.

Apenas um isolado foi identificado como C. metapsilosis proveniente de um sítio não

identificado e dois isolados como C. orthopsilosis, sendo um provenientes de sítio não

identificado e um de secreção vaginal (Figura 4), não havendo relação estatística significante

entre a espécie e o sítio do isolado.

Figura 4 Distribuição dos isolados estudados de acordo com as espécies do complexo C.

parapsilosis e os espécimes clínicos

C. parapsilosis C. metapsilosis C. orthopsilosis0

10

20

30

Sangue

P.cateter

Urina

S.vaginal

Outros

Espécies

mero

de i

so

lad

os

De acordo com os estudos de Tavanti et al. (2010) e Sabino et al. (2011), isolados de C.

parapsilosis stricto sensu são mais comuns que as outras duas espécies do complexo “psilosis”,

corroborando com os resultados obtidos neste trabalho que mostram que a maioria dos isolados

pertenciam a espécie de C. parapsilosis stricto sensu.

Resultados obtidos aqui também mostraram que alguns isolados previamente

identificados como C. parapsilosis eram na verdade pertencentes a espécies C. metapsilosis e

C. orthopsilosis. Os dados da epidemiologia global indicam que aproximadamente 10% das

infecções atribuídas a C. parapsilosis são relacionadas na verdade a C. orthopsilosis e C.

metapsilosis (CANTÓN et al., 2011; ROMEO et al., 2012).

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As três espécies do complexo Candida parapsilosis são relatadas em manifestações

clínicas graves, como fungemias, diferindo na frequência e na suscetibilidade antifúngica, o

que confere importância na identificação da espécie causadora da enfermidade fungíca para o

tratamento de pacientes com candidíase invasiva, uma vez que estas espécies apresentam

diferenças na virulência, na patogenicidade e na sensibilidade às drogas (BRILHANTE et al.,

2014; PRYSZCZ et al., 2014; TRABASSO et al., 2015).

Atualmente, os dados epidemiológicos mundiais indicam que C. parapsilosis stricto

sensu representa de 70,7% a 95,6% do complexo “psilosis”, enquanto que C. orthopsilosis e C.

metapsilosis correspondem de 4,4% a 20,4% e 0 a 9,3%, respectivamente (CANTÓN et al.,

2011; ABI-CHACRA et al., 2013).

Quanto aos isolados pertencentes a C. orthopsilosis, Tavanti et al. (2007) reportaram

esta espécie como sendo apta a colonizar diferentes locais do corpo através dos isolados clínicos

obtidos a partir de sangue, unha, pele, urina e dispositivos intravenosos, assim como nos

achados neste estudo com dois isolados da referida espécie, cada um isolado de um sítio

anatômico diferente.

Zhu et al. (2015) encontraram uma prevalência de 77,8% de C. parapsilosis stricto sensu

em isolados de pacientes com candíase vulvovaginal, assim como neste estudo foi encontrada

uma prevalência de 96% em isolados de secreção vaginal para a referida espécie.

5.3 Adesão a vidro

O teste de adesão a vidro revelou que 88% dos isolados foram aderentes ao vidro,

demonstrando uma excelente capacidade de adesão do complexo de espécies de C. parapsilosis.

Dentre os isolados aderentes positivos, 38% foram fracamente aderentes, 25% tiveram

aderência moderada ao material testado e 25% foram fortemente aderentes (Figura 5). A figura

6 mostra um campo de leitura de duas lâminas com testes de adesão a vidro de C. parapsilosis,

revelando as células das leveduras aderidas dos isolados de secreção vaginal e urina.

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40

Figura 5 Níveis de intensidade da capacidade de adesão a vidro de isolados de C. parapsilosis

Negativa Fraca Moderada Forte0

10

20

30

40

Intensidades de adesão

% d

e is

ola

do

s

De acordo com Silva et al. (2010), os isolados de C. parapsilosis apresentaram

expressiva heterogeneidade na capacidade de adesão ao silicone, do mesmo modo que Abi-

Chacra et al. (2013) testando a abilidade de adesão de espécies do complexo C. parapsilosis em

vidro e poliestireno observaram que todos os isolados foram capazes de aderir a ambas as

superfícies e o número de células aderidas variou bastante, mostrando uma típica capacidade

de adesão específica do isolado, corroborando com os resultados obtidos neste trabalho que

mostram também heterogeneidade quanto à intensidade na capacidade de adesão a vidro.

Figura 6 Lâmina de teste de adesão a vidro em isolados de C. parapsilosis. Aumento: 1000X.

A= isolado de secreção vaginal B= isolado de urina

A B

Fonte: O autor (2015)

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41

Analisando-se em relação ao sítio de origem, uma alta porcentagem (85%) dos isolados

de secreção vaginal, bem como as de urina (80%) mostraram uma capacidade de adesão a vidro

mais expressiva em relação àquelas provenientes de outros sítios. Os isolados provenientes de

ponta de cateter foram os que apresentaram maior porcentagem de adesão considerada fraca

(60%). Estatisticamente, não foi encontrada relação entre o sítio do isolado e a capacidade de

adesão ao vidro (χ² = 18,06; p= 0,02) (Figura 7).

Figura 7 Distribuição dos níveis de intensidade de adesão a vidro por espécimes clínicos dos

isolados de C. parapsilosis

Sec. vag. Urina P. cateter Sangue Outros0

20

40

60

80

100

Negativo

Fraco

Moderado

Forte

Espécimes clínicos

% d

e is

ola

do

s

Todos os isolados das espécies de C. metapsilosis e C. orthopsilosis apresentaram fraca

adesão a vidro enquanto os isolados de C. parapsilosis stricto sensu apresentaram variação nas

capacidades de adesão (Tabela5).

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42

Tabela 5 Distribuição dos níveis de capacidade de adesão a vidro pela espécie do complexo C.

parapsilosis

Espécie n (%)

Níveis de capacidade de

adesão a vidro

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis C. orthopsilosis

Negativo 7(13) 0 0

Fraca 19 (35) 1 (100) 2 (100)

Moderada 14 (26) 0 0

Forte 14 (26) 0 0

Total 54 1 2

Nos testes de Menezes et al. (2013) C. parapsilosis foi a espécie que apresentou a

segunda maior capacidade de adesão a vidro, apesar da diferença desta capacidade entre as

espécies testadas não ter sido significante. Ainda segundo estes autores a espécie foi a que

apresentou a maior variação em relação ao tipo de arranjo celular na adesão a vidro. É provável

que esta variação possa estar relacionada às espécies diferentes do complexo C. parapsilosis

entre os isolados testados.

Bertini et al. (2013), analisando as propriedade de adesão de isolados clínicos

pertencentes as espécies “psilosis” em modelo in vitro de coincubação com HBECs (células

epiteliais bucais humanas) mostraram que C. parapsilosis stricto sensu e C. orthopsilosis

apresentam habilidades similares para adesão. Já isolados de C. metapsilosis mostraram baixa

habilidade para esta propriedade. Os resultados do presente trabalho indicaram que o potencial

de adesão de C. parapsilosis stricto sensu é variável e que os isolados de C. metapsilosis e C.

orthopsilosis apresentaram fraca capacidade de adesão, o que pode ser atribuído ao número

pequeno de isolados destas espécies identificadas.

5.4 Formação de biofilme

Os resultados para a formação de biofilme revelaram que 53% dos isolados foram

produtores com intensidade variando entre fraca (44%), moderada (7%) e forte (2%),

apresentando 47% dos isolados como negativos para a produção deste fator de virulência.

Entretanto a maioria dos isolados apresentou fraca produção neste teste, como ser pode observar

na figura 8.

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43

Figura 8 Distribuição da intensidade de formação de biofilme por C. parapsilosis

Negativa Fraca Moderada Forte0

10

20

30

40

50

Intensidade de formação de biofilme

% d

e is

ola

do

s

Quando se analisou a capacidade de formação de biofilme em relação ao sítio de origem

verificou-se que todos os isolados de urina foram negativos para esta capacidade, enquanto os

isolados de ponta de cateter apresentaram 10% dos isolados fortemente produtores, os isolados

de sangue foram em maioria negativos (87%). Os de secreção vaginal apresentaram em sua

maioria produção fraca (78%) de biofilme. Os isolados de secreção vaginal produziram mais

biofilme que dos demais sítios (χ²= 40, 4; p<0.0001).

A figura 9 ilustra os níveis de intensidade de formação de biofilme dos isolados em

relação ao sítio de origem.

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Figura 9 Intensidade da capacidade de formação de biofilme dos isolados de C. parapsilosis

em relação aos espécimes clínicos

Sec. vag. Urina P. cateter Sangue Outros0

20

40

60

80

100

Negativo

Fraco

Moderado

Forte

Espécimes clínicos

% a

mos

tras

Chow, Linden e Bliss (2012) consideram que a estrutura do biofilme de isolados C.

parapsilosis é menos complexa do que a de isolados de C. albicans, mas C. parapsilosis

apresenta maior afinidade por materiais protéticos do que C. albicans. Tavanti et al. (2007;

2010) mostraram que os isolados clínicos de C. orthopsilosis e C. metapsilosis testados não

produziram biofilme e que C. parapsilosis stricto sensu possuem resultados variados para esta

produção.

Os dados relatados corroboram com os resultados encontrados no presente trabalho, pois

47% dos isolados trabalhados não foram produtores de biofilme e as que produziram mostraram

intensidades bem variadas de formação.

Resultados obtidos por Kumari et al. (2013) mostraram que, para isolados de secreção

vaginal, foram obtidas altas taxas de formação de biofilme com intensidade fraca para Candida

não-albicans, apresentando 46,8% de isolados de C. parapsilosis como fracamente produtores

de biofilme, corroborando com os resultados obtidos no presente trabalho.

Os isolados de C. parapsilosis stricto sensu apresentaram elevada variação entre as

intensidades de formação de biofilme, o isolado de C. metapsilosis teve fraca formação de

biofilme e os isolados de C. orthopsilosis foram ou negativo ou fraco formadores de biofilme

(Tabela 6).

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45

Tabela 6 Distribuição das intensidades de formação de biofilme por espécie do complexo C.

parapsilosis

Espécies n (%)

Intensidades de

formação de biofilme

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis C. orthopsilosis

Negativa 26 (48) 0 1(50)

Fraca 23 (42) 1(100) 1(50)

Moderada 4 (8) 0 0

Forte 1 (2) 0 0

Total 54 1 2

Tavanti et al. (2007) não encontraram nenhum dos isolados clínicos de C. orthopsilosis

produzindo biofilme e os isolados de C. metapsilosis foram 95% negativos para a produção de

biofilme, enquanto que C. parapsilosis stricto sensu formou biofilme variando as intensidades,

resultados estes bem similares aos obtidos neste trabalho, embora um dos isolados de C.

orthopsilosis analisado tenha sido considerado fraco formador de biofilme.

Uma vez que biofilme é uma propriedade de virulência relacionada a adesão fúngica a

materiais protéticos e a proteção das células das leveduras, a falha na produção de matriz

extracelular poderia contribuir para a baixa frequência de isolados clínicos das espécies C.

orthopsilosis e C. metapsilosis.

Em contraste aos resultados relatados, Trevino-Rangel et al. (2015) obtiveram 40% dos

isolados clínicos de C. orthopsilosis como formadores de biofilme, sendo a espécie

predominantemente mais produtora , C. parapsilosis stricto sensu com a mais baixa formação

de biofilme e os isolados de C. metapsilosis tendo a produção média entre as duas outras

espécies. Estes resultados conflitantes podem ser atribuídos a metodologia utilizada para os

teste de identificação de formação e intensidade de formação de biofilme, como sugerido por

Trevino-Rangel et al. (2015) e também a origem geográfica dos isolados como encontrado por

Tavanti et al. (2010).

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46

5.5 Produção de exoenzimas

5.5.1 Hemolisinas

A maioria dos isolados testados foi produtora de hemolisina (97%), variando entre

positivas e fortemente positivas, o que demonstra que estes isolados são em geral bons

produtores de hemolisina, como se pode observar na figura 10.

Figura 10 Intensidade da produção de hemolisina em isolados de C. parapsilosis

Negativo Positivo Fortemente Positivo0

20

40

60

Produção de hemolisina

% d

e is

ola

do

s

Os estudos quanto à atividade hemolítica para as espécies de Candida são relativamente

recentes, de maneira que ainda pouco se tem registro sobre a produção desse fator de virulência

para leveduras deste gênero (FAVERO et al., 2013).

Nos estudos de Luo, Samaranaya e Yau (2001), C. parapsilosis não apresentou atividade

hemolítica nos testes em placa, exceto com adição de glicose ao meio de ágar sangue, no qual

produziu alfa hemólise apenas; do mesmo modo os trabalhos de Rossoni et al. (2013), com uso

de isolados provenientes de cavidade oral de pacientes com HIV e Issa et al. (2011), com

isolados de cavidade oral e retal de pacientes infantis, que apresentaram resultados negativos

para hemólise em isolados de C. parapsilosis. Estes resultados divergem dos encontrados nesta

pesquisa, uma vez que 97% dos isolados foram produtores de hemolisinas.

Os resultados obtidos por Chin et al. (2013) revelaram C. parapsilosis stricto sensu e C.

orthopsilosis como sendo a 4ª e 5ª , respectivamente, maiores produtoras de atividade

hemolítica e que uma explicação possível para a diferença entre os índices hemolíticos nas

espécies de Candida é a existência de hemolisinas espécie-específicas.

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47

Analisando a produção de hemolisina por C. parapsilosis de acordo com os espécimes

clínicos dos isolados, aqueles provenientes de secreção vaginal (61%) e urina (100%) destacam-

se como fortemente produtoras de hemolisinas e os isolados de urina foram significantemente

mais produtores de hemolisinas do que os isolados de sangue e outros (χ²= 23, 2; p= 0.0007)

(Figura 11).

Figura 11 Distribuição da produção de hemolisinas por C. parapsilosis de acordo com os

espécimes clínicos dos isolados. *- p<0.05

Sec. vag. Urina Sangue P.cateter Outros0

20

40

60

80

100Negativo

Positivo

Fortemente Positivo

Espécimes clínicos

% d

e is

ola

do

s

A atividade hemolítica em isolados de secreção vaginal é pouco explorada em estudos,

mas os dados obtidos nos teste de Oliveira et al. (2013), com isolados de mesma natureza,

revelaram 76, 9% de isolados de C. parapsilosis com atividade hemolítica, evidenciando um

possível potencial de adaptação para o estabelecimento de infecções no hospedeiro, caso uma

oportunidade seja estabelecida, uma vez que estes isolados apresentam habilidade para usar o

ferro como derivado de hemoglobina através da produção de fatores que possibilitam a lise de

eritrócitos.

Os resultados obtidos neste estudo detectaram significante atividade hemolítica para os

isolados de urina em relação aos demais sítios trabalhados, o que diverge dos registros

científicos, como os obtidos por Riceto et al. (2014) e Pakshir et al. (2013), os quais utilizando

em seus testes isolados clínicos do gênero Candida de vários sítios anatômicos, não

encontraram diferenças estatísticas nas atividades hemolíticas considerando os sítios

anatômicos para a espécie C. parapsilosis. Essa discordância pode ser atribuída ao número

amostral reduzido para isolados de urina.

*

*

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48

Apenas dois isolados de C. parapsilosis stricto sensu foram registrados como não

produtores de hemolisinas, variando o número de isolados que se apresentaram como

produtores ou fortemente produtores de hemolisinas para esta espécie. Os isolados de C.

orthopsilosis demonstraram-se fortemente produtores de hemolisinas e C. metapsilosis foi

considerada como produtora (Tabela 7).

Tabela 7 Distribuição dos níveis de produção de hemolisinas por espécie do complexo C.

parapsilosis

Espécies n (%)

Produção de

hemolisinas

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis

C. orthopsilosis

Negativo 2(4) 0 0

Positivo 28(52) 1(100) 0

Fortemente positivo 24(44) 0 2(100)

Total 54 1 2

Treviño-Rangel, González e González (2013), avaliando a atividade hemolítica de

isolados clínicos de espécies do complexo Candida parapsilosis, registraram que C.

orthopsilosis (87%) foi significantemente mais produtora de hemolisinas do que C. parapsilosis

stricto sensu (67%), resultado semelhante ao obtido neste trabalho.

5.5.2 Fosfolipases

Com relação à produção de fosfolipases, 95% dos isolados foram considerados

negativos. Apenas 3% dos isolados tiveram formação moderada e 2 % muito forte, como mostra

a figura 12.

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49

Figura 12 Intensidade da produção de fosfolipases em C. parapsilosis

Negativo Fraco Moderado Forte Muito Forte0

20

40

60

80

100

Produção de fosfolipases

% d

e is

ola

do

s

Na literatura são reportados resultados divergentes com relação à produção deste fator

de virulência para os isolados de C. parapsilosis (SILVA et al., 2011). De Luca et al. (2012)

detectaram em seus estudos significante produção de fosfolipases e proteinases por Candida

albicans, mas para isolados de C. parapsilosis não houve uma produção significante destas

enzimas, corroborando com os resultados obtidos neste trabalho, assim como também de

Brilhante et al. (2014) que observaram o mesmo em isolados do complexo Candida parasilosis

isoladas de animais.

A figura 13 mostra que apenas isolados de urina (20%) e de outra amostra proveniente

de sítio diverso (17%) apresentaram produção de fosfolipases moderada e muito forte,

respectivamente. Os isolados de urina apresentaram produção significativa de fosfolipases em

relação aos isolados de secreção vaginal e sangue (χ²= 19.55; p= 0.0002).

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50

Figura 13 Distribuição da produção de fosfolipases por espécimes clínicos de C. parapsilosis.

*-p<0.05

Sec. vag. Urina P. cateter Sangue Outros0

20

40

60

80

100Negativo

Fraco

Moderado

Forte

Muito forte

Espécimes clínicos

% d

e is

ola

do

s

Pakshir et al. (2013) observaram que isolados de C. parapsilosis provenientes de

onicomicoses e lesões orais tiveram menos atividade enzimática para fosfolipases (16,08%) do

que C. albicans, uma vez que todos os isolados apresentaram produção de fosfolipases.

Os isolados que apresentaram atividade fosfolipásica foram aquelas pertencentes às

espécies C. parapsilosis stricto sensu e C. orthopsilosis (Tabela 8), corroborando com os

resultados encontrados por Treviño-Rangel, González e González (2013) que obtiveram 67%

dos isolados clínicos de C. orthopsilosis apresentando atividade fosfolipásica, enquanto que

apenas 10% dos isolados de C. parapsilosis stricto sensu e nenhum isolado de C. metapsilosis

apresentaram este fator de virulência.

* *

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51

Tabela 8 Distribuição das intensidades de produção de fosfolipases por espécie do complexo

C. parapsilosis

Espécies n (%)

Intensidade de produção

de fosfolipases

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis C. orthopsilosis

Negativo 52(96) 1(100) 1(50)

Fraco 0 0 0

Moderado 2(4) 0 0

Forte 0 0 0

Muito Forte 0 0 1(50)

Total 54 1 2

5.5.3 Proteinases

Os isolados de C. parapsilosis foram, em sua maioria, não produtoras de proteinases,

apresentando 74% de isolados negativos. Os isolados produtores foram classificadas como forte

ou muito forte, como é mostrado na figura 14.

Figura 14 Intensidade de produção de proteinases por C. parapsilosis

Negativo Fraco Moderado Forte Muito Forte0

20

40

60

80

Produção de proteinases

% d

e is

ola

do

s

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52

Atalay et al. (2015) encontraram 44,4% de isolados de sangue de C. parapsilosis

produzindo proteinases, sendo a segunda espécie mais produtora, ficando atrás apenas de C.

albicans, divergindo dos resultados achados neste trabalho que registraram produção deste fator

de virulência em apenas 26% dos isolados.

Dentre os isolados produtores, observou-se que houve produção nos isolados de sangue,

ponta de cateter, secreção vaginal e urina, mas não houve diferenças estatísticas entre a

produção de proteinases e os espécimes clínicos estudados (χ²= 4.9; p= 0.18) (Figura 15).

Figura 15 Distribuição da produção de proteinases por espécimes clínicos de C. parapsilosis

Sec. vag. Urina P. cateter Sangue Outros0

20

40

60

80

100Negativo

Fraco

Moderado

Forte

Muito Forte

Espécimes clínicos

% d

e is

ola

do

s

Tavanti et al. (2010) analisando 62 isolados de C. parapsilosis stricto sensu de diferentes

sítios anatômicos e provenientes de pacientes de diferentes países, como a Itália, Hungria,

Argentina e Nova Zelândia encontraram 66, 1% de isolados produtores de proteinases, mas a

maioria dos isolados produtores era proveniente da Itália e da Nova Zelândia, revelando uma

possível relação entre os fatores de virulência apresentados e a origem geográfica do isolado,

mas não foi detectada estatisticamente relação com o sítio anatômico, corroborando com os

achados neste estudo.

A produção de proteinases pelos isolados de C. parapsilosis stricto sensu foi encontrada

em 26% dos isolados, em 50% dos isolados de C. orthopsilosis e nenhum dos isolados de C.

metapsilosis (Tabela 9).

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53

Tabela 9 Distribuição das intensidades de produção de proteinases por espécie do complexo

C. parapsilosis

Espécies n (%)

Intensidade de produção

de proteinases

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis C. orthopsilosis

Negativo 40 (74) 1(100) 1 (50)

Fraco 0 0 0

Moderado 0 0 0

Forte 9 (17) 0 0

Muito forte 5 (9) 0 1 (50)

Total 54 1 2

Treviño-Rangel, González e González (2013) não encontraram produção significativa

de proteinases em nenhuma espécie do complexo C. parapsilosis em isolados clínicos,

enquanto que Ge et al. (2011) encontraram 81 % de C. parapsilosis stricto sensu e 83,3% de C.

metapsilosis de isolados clínicos como capazes de produzir proteinases, não tendo sido

identificado entre os isolados usados no trabalho nenhum pertencente a espécie C. orthopsilosis,

resultados estes que divergem dos encontrados no presente estudo.

5.5.4 Catalase

Os isolados de C. parapsilosis foram, em sua maioria, produtores de catalase (88%).

Isolados de sangue apresentaram estatísticamente maior produção de catalase do que os isolados

de secreção vaginal (χ²= 27.44; p<0.0001). Este último sítio foi o único que apresentou isolados

negativos para a produção de catalase (25%) (Figura 16).

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54

Figura 16 Distribuição de produção de catalase por espécimes clínicos de C. parapsilosis. ** -

p<0.0001

Sec.vag. Urina Sangue P.cateter Outros0

20

40

60

80

100Negativo

Positivo

Espécimes clínicos

% d

e i

sola

do

s

C. parapsilosis stricto sensu e C. orthopsilosis apresentaram variação na produção de

catalase, com 89% de isolados positivos para a primeira espécie e 50% de isolados positivos

para a segunda espécie (Tabela 10).

Tabela 10 Distribuição das intensidades de produção de catalase por espécie do complexo C.

parapsilosis

Espécies n (%)

Produção de

catalase

C. parapsilosis

stricto sensu

C. metapsilosis C. orthopsilosis

Positivo 48 (89) 1(100) 1(50)

Negativo 6 (11) 0 1(50)

Total 54 1 2

Abi-Chacra et al. (2013) obtiveram positividade na produção de catalase para todas as

espécies do complexo C. parapsilosis dos isolados clínicos (11 isolados) testados, divergindo

dos resultados obtidos neste estudo, o que pode estar relacionado ao número amostral.

**

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55

De acordo com Linares et al. (2008), a atividade da catalase em Candida spp. está

relacionada com a redução da atuação da anfotericina B e protege o fungo contra danos

oxidativos. Todos os isolados de C. albicans testadas pelos autores foram produtoras de

catalase. Uma vez que a produção de catalase é conhecida por ser uma defesa importante das

espécies de Candida contra neutrófilos e basófilos (WYSONG et al., 1998), a ausência de

produção de catalase pode indicar uma redução da virulência do isolado.

5.5.5 Gelatinase

Todos os isolados de C. parapsilosis foram negativos para produção de gelatinase.

Corroborando com estes resultados, Ramesh et al. (2011) em seu trabalho com isolados de

Candida spp. de pacientes com HIV e tuberculose também não encontraram nenhum isolado

que fosse capaz de hidrolisar a gelatina.

5.6 Correlações entre os fatores de virulência avaliados

Comparando os fatores de virulência estudados, observou-se que os isolados de C.

parapsilosis foram melhor aderentes que formadores de biofilme (Figura 17). Há uma

correlação positiva pequena porém significante entre adesão e formação de biofilme, ou seja,

os isolados que formaram biofilme sempre apresentaram adesão de forma expressiva

(Spearman = 0.31, p=0.01- Figura 18), dado este não documentado em estudos anteriores sobre

o complexo C. parapsilosis.

Figura 17 Distribuição da capacidade de adesão e da formação de biofilme por espécimes

clínicos de C. parapsilosis

Sec. vag. Urina Sangue P. cateter Outros0

20

40

60

80

100Adesão

Biofilme

Espécimes clínicos

% d

e is

ola

do

s

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56

Com relação à produção de exoenzimas, todos os isolados foram produtores da maioria

delas, independente do sítio de origem. Entretanto, somente aqueles provenientes de urina

produziram todas as exoenzimas com exceção de gelatinase (Figura 19).

Na produção de fatores hemolíticos, os isolados de secreção vaginal foram os que

apresentaram uma forte produção de hemolisina, seguido pelos isolados de urina. Os isolados

de secreção vaginal também foram os mais produtores de proteinases e apenas 2 isolados de

urina foram produtores moderados de fosfolipase (Figura 19).

Sec. vag. Urina Sangue P. cateter Outros0

20

40

60

80

100Hemólise

Fosfolipase

Proteinase

Catalase

Sítios anatômicos

% d

e is

ola

do

s

0

1

2

3

4

0 1 2 3 4

Pro

du

ção

de b

iofi

lme

Adesão

Figura 18 Correlação positiva entre biofilme e adesão para os isolados de C. parapsilosis

Figura 19 Distribuição da produção de exoenzimas por sítios anatômicos de C. parapsilosis

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57

6. Conclusões

O presente trabalho conclui que:

Foram identificadas todas as espécies do complexo C. parapsilosis no grupo

amostral trabalhado, sendo que a prevalência de C. parapsilosis stricto sensu

foi a mais expressiva;

A técnica de identificação com o gene SADH mostrou-se mais eficiente que a

de marcadores microssatélites na identificação de espécies do complexo C.

parapsilosis.

As espécies de C. parapsilosis apresentam comportamento diferente quanto às

propriedades e fatores de virulência, demonstrando grande variação na

virulência em isolados pertencentes a mesma espécie;

Isolados de C. parapsilosis provenientes de urina foram os que apresentaram

maior quantidade de fatores de virulência e os isolados de secreção vaginal

foram os que apresentaram formação de biofilme superior aos demais sítios;

Encontrou-se correlação positiva dos isolados entre as propriedades de

virulência adesão e biofilme;

Não foi identificada associação entre espécie do complexo C. parapsilosis e o

sítio anatômico colonizado, nem das espécies e as propriedades e fatores de

virulência.

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ANEXOS

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ANEXO A- Parecer do comitê de ética e pesquisa da Universidade CEUMA

Projeto: Isolamento, identificação, estudo dos fatores de virulência e sensibilidade a antifúngico

de isolados clínicos de Candida provenientes da flora vaginal de pacientes atendidas no

Hospital da Mulher- Anjo da Guarda

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ANEXO B- Protocolos de submissão do artigo “Prevalência de Candida spp. em amostras

de secreção vaginal e sua relação com fatores associados à vulvovaginite”

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ANEXO C- Certificado de apresentação de trabalho no VII Congresso Brasileiro de Micologia