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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NA TERCEIRA IDADE
Autor: Marcio Pereira de Sousa
Orientadora: Maria Poppe
Rio de Janeiro
29.07.2005
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NA TERCEIRA IDADE
OBJETIVOS:
Trabalho monográfico apresentado em cumprimento
às exigências para obtenção do título de
especialista em Psicomotricidade, no curso de Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Psicomotricidade.
Curso: Psicomotricidade
Autor: Marcio Pereira de Sousa
3
AGRADECIMENTOS
A todo corpo docente do curso de Psicomotricidade,
do Projeto “A Vez do Mestre”; em especial à
professora Fátima Alves, pela simpatia,
profissionalismo, humildade, amor e compreensão à
vida do próximo. Aos meus colegas de classe, à
minha amiga Alessandra Ramos da Silva, pela força
e incentivo na minha vida acadêmica, a todos os
idosos e pessoas que contribuíram para que este
trabalho acadêmico fosse confeccionado.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho monográfico a minha mãe Ana
Maria, que não mediu esforços para que um dos
meus sonhos fosse realizado, a minha produção
acadêmica. Também aos meus avós João José,
Beatriz de Souza “in memorian”, que me
sensibilizaram perante a uma idéia de estudo social,
chamada Terceira Idade. Ao meu irmão Marcelo
Pereira a minha tia Albertina Maria, A minha Prima
Cristina Maria aos meus sobrinhos Marcela e
Matheus, aos meus enteados José de Ribamar,
Simone Oliveira e Marcelo Grasso, pelo carinho que
me proporcionam. A todos meus irmãos religiosos,
em especial a Sandra Regina, Vera Lúcia e Denise,
pela ajuda humilde e fraternal que me
proporcionam, a todos os idosos do mundo e a
todas as pessoas que direta e indiretamente estão
presentes em minha vida...
5
RESUMO
Este trabalho monográfico tem por objetivo esclarecer algumas relações
existentes entre o Lúdico (brincar) e a Terceira Idade. Para isto, parte de um
ponto ambivalente, onde o brincar prazeroso, pode ser uma fonte de aumento
na qualidade de vida (por proporcionar ao idoso a atividade, tanto física como
intelectual), como pode ser agravante da qualidade de vida (porque quanto
piores mais dilapidadoras e degradantes, as condições de lazer, pior a
qualidade de vida dos idosos).
Neste sentido, este trabalho apresenta, num primeiro momento, a
relevância de estudos e pesquisas dos benefícios do Lúdico na vida do idoso, a
importância da prática de atividades lúdicas, recreativas e esportivas,
exemplificando algumas das atividades.
Num segundo momento, aborda o enfoque à Terceira Idade, explicando
de maneira clara e eficaz o que é este termo, dando continuidade às pesquisas
que irão dar ênfase a questão do ser idoso no Brasil e no Mundo,
principalmente no Município do Rio de Janeiro; a importância do idoso na
sociedade atual; a Consciência Corporal, o envelhecimento biológico e as
doenças degenerativas, como fator epidemiológico na sociedade.
A proposta chave deste material, objetiva também ser um estímulo e
subsídio para professores e educadores em geral, para que compreendam a
importância dos jogos lúdicos como agente facilitador de atividades que
permite uma maior participação dos idosos, mais ativa e motivada, onde de
livre e espontânea vontade, eles são os atores principais das ações educativas;
ressaltando a validade dos jogos lúdicos, na construção do relacionamento
social através da vivência nas situações de liderança e de cooperação, no
pensar em equipe e na busca de estratégias para obtenção de objetivos
comuns.
6
Por fim, este trabalho monográfico, concluí que o Lúdico pode ser muito
importante para a Terceira Idade, desde que o mesmo esteja associado ao
brincar prazeroso. Além disso, apresenta outros parâmetros propiciadores de
qualidade de vida, auto-estima e prevenção de doenças, muito importantes
para os projetos futuros na vida do idoso.
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho monográfico enfatiza a
importância das atividades lúdicas na vida do idoso, bem como às propostas de
auto-estima e qualidade de vida na Terceira Idade, trabalhando não somente o
lúdico, mais também a cognição e o aparato afetivo de maneira global e
harmoniosa de acordo com o corpo vivido e o corpo atual do idoso perante a
sociedade; pois acredita se que com a estimulação destas áreas psicomotoras,
as pessoas da Terceira Idade, irão ficar mais enfocadas para a prática de
atividades recreativas.
As pessoas que tiverem acesso a esta produção monográfica irão
encontrar uma leitura de fácil entendimento, possível de argumentar, pesquisar
e debater assuntos voltados para as áreas de estudo da Terceira Idade; pois
foram utilizadas bibliografias de diversos Autores da área de Saúde, Educação,
Ciências Sociais e Humanas, além da grandiosa colaboração do corpo docente
do projeto “A VEZ DO MESTRE”.
Este trabalho monográfico, também tem como objetivo, somar com as
demais monografias acadêmicas voltadas para os assuntos da Terceira Idade,
pois este tipo de estudo é muito escasso e de difícil acesso nos acervos
bibliográficos de diversas instituições, contribuindo para leituras e pesquisas
nesta área.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I 11
O QUE É LÚDICO? 11
CAPÍTULO II 28
O QUE É TERCEIRA IDADE? 28
CAPÍTULO III 44
PREVENÇÃO DE DOENÇAS E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA
IDADE 44
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 53
ÍNDICE 61
9
INTRODUÇÃO
O lúdico (brincar) exerce um fascínio muito grande uma vez que é
inerente ao ser humano, e o que é melhor, à sua parte alegre, reporta-se aos
momentos em que ele está feliz; ele pode se manifestar através de ações que
podem ser de estratégia, quando se trata de jogos recreativos e ou esportivos,
de imaginação quando se trata de histórias e dramatizações ou construção
quando há objetos ligados ao artesanato, feitos sem compromisso e com
ludicidade.
Diz-se que quando a criança e até mesmo o idoso por meio do brincar,
assimila diversos fatores significativos e convive com situações onde de forma
autônoma pesquisa, deduz e conclui; a variável do processo passa a ser o
conteúdo que os mesmos assimilam, e esta assimilação pode ser direcionada
para outras pessoas, em caráter de socialização.
A Terceira Idade é o prolongamento e o término de um processo
representado por um conjunto de modificações fisiomórficas e psicológicas
ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas. A questão da Terceira idade
no Município do Rio de Janeiro e até mesmo no Brasil, é de estrema
relevância, pois existe a afirmativa, de que na segunda década do milênio,
estaremos com mais de 31 milhões de indivíduos, com idade acima de 60 anos
em nosso país, fato este que nos colocará como a sexta maior população
mundial de idosos. Além disto, quando falamos de Terceira Idade no Brasil,
devemos levar em conta as diversas disparidades sócio-econômicas existentes
entre as regiões brasileiras, que exigem políticas sociais voltadas para este
setor, que sejam mais adequadas à realidade da população, de determinado
Estado ou mesmo de determinadas cidades.
10
A respeito da Qualidade de Vida, pode-se entender que a mesma tem
uma relação direta com o bem estar, ou seja, quanto maior for o bem estar dos
idosos, melhor será a sua qualidade de vida e auto-estima. Entretanto, a forma
como este bem estar vai ser sentido pelo idoso dependente ou não;
unicamente de uma dimensão subjetiva, mas está também relacionada a uma
dimensão histórico-social, pois sabemos que cada indivíduo tem uma cultura
diferente.
Nos próximos capítulos deste trabalho monográfico, os Autores de
diversas bibliografias irão dar sua contribuição no que diz respeito ao Lúdico e
a Terceira Idade, ampliando os conhecimentos acadêmicos de diversos
leitores, propiciando-lhes uma fonte de pesquisa de fácil entendimento do
assunto em questão.
11
CAPÍTULO I
O QUE É LÚDICO ?
Segundo PEREIRA (2001) etimologicamente, brincar (lúdico) vem de
brinco + ar; brinco vem do latim vinculu / vincunlum, "laço" através de formas
vinclu, vincru, vincro. Então sobre essa dimensão brincar constitui-se numa
atividade de ligação ou vinculo com algo em si mesmo e com o outro, em suma
o autor afirma que brincar é um ato de estar descobrindo, escolhendo,
recriando. A criança ou até mesmo o adulto sendo um ser ativo, possui a
necessidade de se movimentar, de se comunicar, através da linguagem e da
expressão em todos os momentos de sua vida, e principalmente no seu
convívio com outras pessoas. E isto ocorre com mais facilidade nos jogos e
brincadeiras populares, considerando que o brincar para o ser humano ocorre
em todas as horas e momentos da sua vida, baseados nos fatores que os
rodeiam. Na infância brincar, viver e aprender são as mesmas coisas. A pré-
escola e a escola falham quando não tem, nem buscam competência para
garantir o direito da criança de aprender, associando essa aprendizagem aos
jogos pedagógicos.
É preciso ganhar neste novo mundo bons caminhos para neles
aventurar-se em um jogo, uma mágica, uma fantasia, um aprender e um
crescer constante. A partir dos trabalhos de Comenius (1593), Rousseau
(1712) e Pestalozzi (1746) surgem um novo "sentimento da infância" que
protege as crianças e que auxilia este grupo etário a conquistar um lugar
enquanto categoria social. Dá-se inicio à elaboração de métodos próprios para
sua educação, seja em casa, seja em instituições específicas para tal fim. Sob
a influência do pensamento e filosofia de suas épocas, cada um à sua maneira,
os pedagogos Fredrich Froebel (1782 - 1852), Maria Montessori (1870 - 1909)
e Ovide Decroly (1871 - 1932) elaboraram pesquisas a respeito das crianças
pequenas, legando à educação grande contribuição sobre seu
desenvolvimento. Estes foram os primeiros pedagogos da educação verbal e
tradicionalista de sua época. Propuseram uma educação sensorial, baseada na
12
utilização de jogos e materiais didáticos, que deveria traduzir por si a crença
em uma educação natural dos instintos infantis.
O lúdico exerce um fascínio muito grande uma vez que é inerente ao ser
humano, e o que é melhor, à sua parte alegre, reporta-se aos momentos em
que ele está feliz.
O lúdico pode se manifestar através de ações que podem ser de
estratégia, quando falamos em jogos, de imaginação quando falamos em
histórias e dramatizações ou construção, quando falamos em artesanato.
O jogo existe em qualquer cultura e em todas as faixas etárias, mas é
com crianças que a literatura mais tem abordado. Isto porque as crianças
adoram brincar, e fazem isto seriamente. Modernamente Piaget (1978)
demonstrou que o jogo tem importância fundamental para a assimilação do real
e conseqüente desenvolvimento da criança. As situações criadas pelo jogo
imitam a vida real e atuam na formação de significantes permitindo a
constituição da função simbólica.
É a conjunção entre a imitação, efetiva ou mental, de um modelo
ausente, e as significações fornecidas pelas diversas formas de assimilação
que permite a constituição da função simbólica.
Demonstrou, também, no Juízo moral da criança (Piaget, 1994), que o
jogo proporciona relações sociais completas, onde a pequena comunidade age
sob o domínio de regras que podem ser oriundas de costumes ou legisladas
pelo próprio grupo, possui um sistema de julgamento próprio inclusive baseado
em jurisprudência.
Os jogos infantis constituem admiráveis instituições sociais. O jogo de
bolinhas, entre os meninos, comporta, por exemplo, um sistema muito
complexo de regras, isto é, todo um código e toda uma jurisprudência.
Se a criança por meio do brincar assimila significantes e convive com
situações onde de forma autônoma pesquisa, deduz e conclui, a variável do
13
processo passa a ser o conteúdo que ela assimila, e este conteúdo pode ser
direcionado.
Por outro lado, os idosos, em todas as civilizações e culturas, assumem
a tarefa de educar seus descendentes, esta educação consiste em um conjunto
de conhecimentos que, entende-se, serão úteis em sua velhice, na sua
participação na comunidade e realização pessoal.
Se o elemento deste conjunto de conhecimentos que se deseja
transmitir seja o “o que” do jogo, ou seja, fizer parte do seu desenrolar, de sua
estratégia, de seus elementos de fantasia, da imaginação, o jogo funcionará
como uma mídia, um veículo de transmissão, uma interessante ferramenta
educacional.
Desta forma o objetivo principal deste capítulo é a abordagem destes
elementos que são eficazes para sustentar o elemento lúdico na terceira idade
e de transmitir valores educacionais, prazerosos, afetivos e sociais.
Este estudo contribuirá com os pesquisadores para aprofundar o campo
da pesquisa atinente ao uso do lúdico na terceira idade e os pesquisadores da
educação ativa. Isto porque pesquisará teorias de importantes pensadores da
educação e dos principais estudiosos do uso dos jogos lúdicos (tido em seu
sentido mais amplo), buscando relações e justificativas para a sua aplicação
para o desenvolvimento pessoal e a atitude cooperativa.
Com isto este material objetiva ser um estímulo e subsídio para
professores e educadores em geral, para que compreendam a importância dos
jogos lúdicos como agente possibilitador de atividades que permitem uma
maior participação do idoso, mais ativa e motivada, onde de livre e espontânea
vontade, ele é o ator principal da ação educativa, ressaltando a validade dos
jogos lúdicos na construção do relacionamento social através da vivência nas
situações de liderança e de cooperação, no pensar, na afetividade em equipe e
na busca do seu prazer para a obtenção de objetivos comuns.
14
As atividades lúdicas são auxiliares na aplicação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais, especialmente no tocante aos temas transversais, para
o idoso. Estes parâmetros dirigem o foco principal para a cidadania e a
reeducação corporal do indivíduo de forma globalizada, ou seja, o idoso não
deve somente absorver conteúdos, mas necessitam desenvolver habilidades,
atitudes, formas de expressão e de relacionamento com a sociedade atual.
Para que isto seja possível os PCN’s contemplam, além das disciplinas
tradicionais escolares, assuntos como ética, estética, pluralidade cultural,
pluralidade social, saúde, Meio Ambiente e educação sexual.
Estes novos parâmetros têm também como principal preocupação que
esta gama de assuntos seja transmitida de forma transversal. O jogo e as
atividades lúdicas, em geral, podem ser o principal veículo para atender estas
propostas, isto porque as diferentes combinações que um jogo lúdico pode
encerrar, o uso de elementos desafiantes e externos, as interações entre os
idosos em diferentes combinações em equipes facilitam a abordagem em
diferentes temas, de forma interdisciplinar.
Em uma época em que se fala muito das atividades lúdicas e que se
valoriza no ser humano aspectos como a criatividade, a cooperação, o senso
crítico e o espírito empreendedor os jogos lúdicos aparecem para, de forma
hábil proporcionar o desenvolvimento de múltiplas capacidades, capazes de
descortinar potencialidades e minimizar limitações. Facilitador da auto-
descoberta e a auto-avaliação, de valorização dos demais e convívio com as
diferenças, motivando uma postura de desafio para novas conquistas e
gerações de idosos.
Por último, a metodologia lúdica pode ter uma grande utilidade para a
educação do futuro, isto porque pode ser um instrumento de apresentação de
assuntos de forma não linear, que deverá se tornar uma exigência dos seres
humanos que acessam cada vez com mais facilidade sistemas multidirecionais
como jogos virtuais, proporcionando-lhes ludicidade e prazer.
15
1.1- Os Benefícios do lúdico na vida do idoso
Para Vygotsky o brinquedo lúdico é uma importante fonte de promoção
do desenvolvimento infantil, o que deixa claro no artigo “O papel do brinquedo
no desenvolvimento infantil” de seu livro A Formação social da mente (1984).
Uma visão concorde com o que foi explanado é extraída da autora
brasileira Tizuko Kishimoto (1993) que não pode deixar de fazer parte neste
estudo, no que diz respeito aos idosos:
“...O poder do jogos lúdicos, de criar situações
imaginárias permite à criança e até mesmo o
adulto ir além do real, o que colabora para o seu
desenvolvimento. No jogo lúdico o idoso não é
mais do que é na realidade, permitindo-lhe o
aproveitamento de todo o seu potencial. Nele o
idoso toma iniciativa, planeja, executa, avalia.
Enfim, ele aprende a retomar decisões, a introjetar
o seu contexto social na temática do faz de conta.
Ele aprende a se reeducar. O poder simbólico
lúdico do faz-de-conta abre um espaço para a
apreensão de significados de seu contexto e
oferece alternativas para novas conquistas no seu
mundo imaginário.” (1993, p.35).
Se “Piaget” acredita na atitude ativa mediante a interação sujeito e
objeto, “Vygotsky” necessita de uma atitude interativa com outros sujeitos, para
“Dewey”, é necessário o convívio com a sociedade, com uma comunidade, que
produza a sua própria cultura, que estimule e ensine o idoso a viver em grupo.
Para ele a reeducação é a própria garantia da manutenção da democracia.
Estas bases teóricas peculiares de uma reeducação ativa e participativa
têm total coerência com um ambiente educacional surgido através da aplicação
de atividades lúdicas que propiciam:
16
Þ Autonomia: O idoso como centro do processo de aprendizado
fazendo surgir interações idoso-idoso e idoso-conteúdo provocando
interrogações, investigações e deduções.
Þ Exercício de vida em comunidade: O ideal seria que a escola fosse
um exemplo da vida em sociedade para que todos pudessem crescer no
seu convívio, principalmente a comunidade idosa tendo oportunidades
de errar, formar convicções, executar sua liderança e intrincadas
relações da vida em grupo.
Þ Manutenção de um clima agradável e de confiança: A camaradagem
permite que as pessoas (de qualquer idade) sejam elas mesmas,
mostrem-se como são na realidade, e no momento que entendemos
melhor o próximo, sabemos melhor como tratá-lo, melhoram as
relações.
Þ Motivação e interesse: Manutenção da motivação do idoso de forma
contínua e verdadeira, respeitando e aproveitando os interesses e
características próprias da faixa etária, apresentando conteúdos de
forma que possam ser associados a esses interesses, que fazem parte
do seu dia-a-dia ou que podem ser vislumbrados como de utilidade na
sua vida de geronte.
Þ Afetividade: As atividades lúdicas podem permitir o desabrochar da
afetividade. O ambiente descontraído, a atividade prazerosa, a
oportunidade de conhecer e valorizar o próximo, tendem a criar um clima
de compreensão e de amor.
Þ Ética: Quanto à ética, é impossível desassociar a educação da ética,
sendo a ética:
Ética é a ciência do comportamento dos homens em sociedade.
E o objetivo da ética é o conjunto de regras de comportamento e formas
de vida através das quais o homem tende a realizar o valor do bem, ela
17
permeia toda a vida do indivíduo, seja ele visto em relação a si mesmo,
a sua própria felicidade e realização pessoal, seja em relação ao seu
convívio familiar e societário. Um comportamento ético pressupõe a
adoção de valores e estes, por serem abstratos, não são, fáceis de
serem abordados e acabam sendo esquecidos. Elas materializam estes
valores abstratos e fazem com que os idosos possam raciocinar sobre
eles.
A vivência em atividades de fantasia permite que os idosos
participem de situações fictícias com interesse e como se estivessem
vivendo-as na realidade, desta forma são feitas assimilações e tomadas
posturas que serão úteis em situações análogas da vida real.
Þ Cooperação: Nos dias de hoje fala-se muito em cooperação, parece
que vivemos dias em que a competição cede lugar à cooperação. E isto
ocorre desde a cooperação em níveis de grandes nações, grandes
núcleos econômicos, empresas e outras organizações.
Fala-se muito em parcerias e como podemos entendê-las? Como
a união de esforços na busca de objetivos comuns. Nesta união aparece
a co-operação, ou seja, duas ou mais pessoas operam conjuntamente
na mesma direção. Operar conjuntamente não significa que as duas
pessoas vão fazer a mesma coisa, há uma tendência natural de cada
um escolher aquilo que faz melhor, tem mais habilidade. Desta forma
cada um tem chance de contribuir com suas melhores qualidades e ver
diminuído os fracassos por não ter capacidade de realizar certas tarefas
uma vez que outro pode realizá-la por ele.
Um grupo que balanceia as potencialidades de uns com as limitações de
outro tem mais chances de alcançar o sucesso.
Os jogos lúdicos permitem excelente vivência em grupo, por meio
deles o idoso re-aprende a exercitar a liderança, a compartilhar e saber
ser liderado. Para que estas habilidades possam surgir de forma
18
espontânea e profícua é necessário que o educador saiba como
balanceá-las, fazendo com que os próprios idosos participem de
processos que, de forma muito simples estabeleçam representações,
regras, um sistema de controle e de ajustes.
Estas posturas contribuem com um ângulo de visão diferente do
tradicional sobre a atividade. O trabalho com as regras que regem
determinado jogo lúdico permite o surgimento do senso crítico sobre as
mesmas. A habilidade do educador em estimular que sejam feitas
alterações nestas regras, em avaliarem a sua aplicabilidade levarão ao
treino da organização em comunidade e ao surgimento de uma atividade
assumida, vinda de dentro para fora, oposta aos meios coercitivos que
geralmente levam a uma maior rebeldia.
1.2 - O que são Atividades Lúdicas?
São atividades centradas na emoção e no prazer, mesmo quando o jogo
possa trazer alguma angústia ou sofrimento. Nesses casos, quando o ser
humano exprime emoções consideradas negativas, ele funciona como uma
“catarsis”, uma limpeza da alma, que dá lugar para que outras emoções mais
positivas se instalem. Sentimentos como raiva, tristeza e frustração fazem parte
de nossa vida diária. Poder liberá-los através de um jogo, uma brincadeira, não
só nos aliviará do fardo, como nos ensinará a utilizar o humor de forma a
fortalecer nossa resiliência. Dançar ou virar cambalhota podem ser maneiras
saudáveis de liberar aquela adrenalina concentrada em nosso organismo e
que, muitas vezes, não permite nos concentrarmos nas atividades mentais,
incluindo o aprendizado.
1.3 - O que são Atividades Recreativas?
São atividades com estratégia de ensino, é extremamente eficaz para o
aumento da motivação dos seres humanos e uma poderosa ferramenta do
professor para o processo Ensino-Aprendizagem. Diversos trabalhos têm sido
realizados, em todas as áreas, componentes curriculares e temas transversais,
19
relacionando os jogos recreativos com a aquisição de atividades adequadas ao
processo educativo, costumam destacar-se os estudos do meio, as atividades
ao ar livre, os projetos interdisciplinares e os jogos cooperativos. Os
acantonamentos educativos da atividade recreativa têm elementos de todas as
atividades e jogos que os educadores costumam considerar importantes
estratégias de ensino ao mesmo tempo com caráter lúdico, e adequadas ao
desenvolvimento de conteúdos, competências e habilidades psicomotoras
diversas.
1.4 – O que são Atividades Esportivas?
São atividades que visão a “performance” do corpo propriamente dito.
As atividades esportivas são importantes para a saúde física e mental, tanto
da criança adolescente como do adulto e do idoso. São essenciais para as
crianças, pois proporcionam as experiências básicas de movimento,
importantes no seu desenvolvimento. É através das atividades físicas que as
crianças relacionam-se entre si, seja no brincar ou no engajamento em
atividades esportivas, prevenindo o isolamento psicológico/social e melhorando
a auto-imagem e autoconfiança. As atividades físicas devem ser incentivadas
como fator de saúde. É importante que os profissionais da área saibam orientar
e incentivar sua prática, respeitando a tolerância do idoso quanto à intensidade
e duração da mesma.
Um programa de atividades físicas adaptadas ao idoso deve conter:
exercícios respiratórios diafragmáticos intercalados nas atividades; caminhadas
com respiração diafragmática; corridas, marchas e sem provocar perda do
controle/ritmo respiratório; exercícios posturais; exercícios de quadrupedismo
em extensão e alongamento, que são preventivas de alterações
posturais/torácicas e promovem mobilidade torácica, juntamente com a
capacidade aeróbica.
20
1.5 – A importância da prática de Atividades Lúdicas,
Recreativas e Esportivas na terceira idade
Um programa regular de atividades lúdicas, recreativas e esportivas
pode melhorar a mecânica respiratória e tornar mais eficaz a ventilação cárdio-
pulmonar de Idosos e assim aumentar sua tolerância ao exercício físico.
A reeducação da mecânica cárdio-respiratória, associada a um plano de
exercícios tem ação preventiva sobre as alterações torácicas e posturais.
São necessárias orientações quanto ao tipo e intensidade das atividades
físicas para se evitar o mal súbito durante os exercícios.
A importância da prática das atividades lúdicas, recreativas e esportivas
na terceira idade, são inúmeras, como por exemplo:
Þ Aumentam a mobilidade torácica;
Þ Melhoram a mecânica respiratória;
Þ Reduzem o gasto energético na respiração;
Þ Previnem as alterações posturais e torácicas;
Þ Melhoram a condição física geral;
Þ Favorecem o desenvolvimento reeducacional;
Þ Proporcionam experiências básicas e diversificadas de movimentos,
importantes para a reeducação motora;
Þ Proporcionam oportunidades de relacionamento nas atividades,
lúdicas, recreativas e esportivas;
Þ Previnem o isolamento psicológico e social;
Þ Melhoram a auto-estima e autoconfiança;
Þ Mantêm capacidades físicas (força, elasticidade e mobilidade);
Þ Mantêm a função cárdio-pulmonar;
Þ Melhoram a capacidade aeróbica;
Þ Melhoram a resistência do tônus muscular;
Þ Melhoram o convívio social com a família;
Þ Reduzem o índice de cardiopatias;
21
Þ Reduzem o índice de doenças degenerativas, causadas pelo
envelhecimento biológico.
A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade
deve levar basicamente em consideração o preparo para que o idoso possa
cumprir suas necessidades básicas diárias (necessidades impostas pelo
cotidiano), ou seja, tentar impedir que o idoso perca a sua auto-suficiência,
através da manutenção de sua saúde física e mental.
Antes de se iniciar a prática de exercícios com idosos é necessário que
o mesmo faça uma avaliação médica. Sabe-se que o tipo de atividade física
ideal (envolve variáveis tais como: atividade mais adequada, freqüência,
intensidade de trabalho), é determinada por variáveis que vão desde os hábitos
de vida (fumante, tipo de alimentação, presença ou não de atividade física
atual) até os fatores geneticamente herdados. Tendo como objetivo final à
melhora ou manutenção da qualidade de vida relacionada à saúde, deve-se,
então, escolher as capacidades físicas que sejam pré-requisitos básicos para a
conquista de uma vida saudável.
As mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o
processo de envelhecimento, vão influenciar de maneira decisiva no
comportamento da pessoa idosa.
Com o declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do
envelhecimento e das doenças, o idoso tende a ir alterando seus hábitos de
vida e rotinas diárias por atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os
efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são muito sérios.
Podem acarretar numa redução no desempenho físico, na habilidade motora,
na capacidade de concentração, de reação e de coordenação, gerando
processos de auto-desvalorização, apatia, insegurança, perda da motivação,
isolamento social e a solidão.
Os efeitos da diminuição natural do desempenho físico podem ser
atenuados se forem desenvolvidos com os idosos, programas de atividades
22
lúdicas, recreativas e esportivas que visem a melhoria das capacidades
motoras que apóiam a realização de sua vida cotidiana, dando ênfase na
manutenção das aptidões físicas de principal importância no seu bem estar.
É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de
seu corpo e tire proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom
nível sua plena autonomia. Para isso é necessário que se procure estilos de
vida ativos, integrando atividades lúdicas, recreativas e esportivas a sua vida
cotidiana.
Particularmente as atividades lúdicas, recreativas e esportivas devem
ser: atraentes, diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto,
realizadas de forma gradual, promovendo a aproximação social, sendo
desenvolvidos de preferência coletivamente, respeitando as individualidades de
cada um, sem estimular atividades competitivas, pois tanto a ansiedade como o
esforço aumenta os fatores de risco. Com isso é possível se alcançar níveis
bastante satisfatórios de desempenho físico, gerando autoconfiança,
satisfação, bem-estar psicológico e interação social.
Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades da pessoa idosa ajudam a lidar com as inevitáveis perdas
decorrentes do envelhecimento.
1.5.1 – Atividades Lúdicas para Idosos.
· Objetivos: Estimular os aspectos motores, lúdicos, psicológicos e sócio-
afetivos dos idosos, visando integração e bem-estar do grupo.
· Parte inicial: Atividades lúdicas – iniciar com alongamento neuromuscular,
atividades moderadas, depois aumentar o ritmo e novamente para atividades
moderadas.
· Parte final: Alongamento articular e/ou relaxamento para finalizar. Podendo
aplicar o conto de histórias, o canto, e os jogos de adivinhações.
23
· Duração: 30 minutos diários.
· 1ª Atividade: “Jogo das adivinhações”.
· Desenvolvimento: Sobre uma mesa há diversos objetos: um calçado, um
apito verde, uma carta de baralho (rei de paus), um relógio marcando 13 horas
e 16 minutos, entre outros objetos. Tudo isso coberto com uma toalha ou pano.
O Professor ou facilitador da aula pede para um aluno (idoso), tomar nota dos
objetos que estão sobre a mesa; o aluno terá que recordar, depois que a toalha
ou pano cobrir os objetos propostos. Nesta atividade todos os alunos (idosos),
terão que participar, sem que haja competição, apenas trabalhando a memória
com ludicidade.
· 2ª Atividade: “Roda dos limões”.
· Desenvolvimento: Forma-se um círculo, com todos os idosos presentes no
local da atividade, passa-se um limão de mão em mão, durante 1 minuto,
pedindo para no máximo três idosos anotar quantas voltas o limão deu no
círculo formado. Ao final do tempo solicitado, pedir para que os idosos que
ficaram anotando as voltas, digam quantas vezes o limão passou na mão de
seus colegas do grupo. Esta atividade deve ser de caráter lúdico, afetivo,
cognitivo e visando sempre a socialização do grupo; não deverá haver
competição.
· 3ª Atividade: “Mistura dos ritmos”.
· Desenvolvimento: Pedir para que os idosos dancem de acordo com cada
ritmo de dança que o professor ou facilitador colocar para os mesmos ouvir; a
cada troca de ritmo (música), pedir para que os idosos fiquem dançando ao
lado do colega que está mais parecido com o seu tipo de movimento; e assim
sucessivamente, até que o grupo fique bem unido, dançando de maneira
descontraída. Esta atividade não pode ser de caráter competitivo, visando
sempre a ludicidade e a socialização do grupo; trabalhando de maneira
harmoniosa, as áreas psicomotoras de base.
24
1.5.2 – Atividades Recreativas para Idosos.
· Objetivos: Estimular os aspectos motores, recreativos, psicológicos e sócio-
afetivos dos idosos, visando integração e bem-estar do grupo.
· Parte inicial: Atividades recreativas – iniciar com alongamento neuromuscular,
atividades moderadas, depois aumentar o ritmo e novamente para atividades
moderadas.
· Parte final: Alongamento articular e/ou relaxamento para finalizar. Podendo
aplicar o conto de histórias, o canto, e os jogos de adivinhações.
· Duração: 30 minutos diários.
· 1ª Atividade: “Oficina do Jornal”.
· Desenvolvimento: Forma-se um círculo no local da atividade com todos os
idosos presentes; no meio do círculo haverá diversos jornais espalhados no
chão, juntamente com tubos de cola (escolar), pedir para que cada idoso faça
um boneco de jornal, este boneco que será feito deverá ser parecido com a
pessoa na qual o está confeccionando, a atividade termina quando o professor
ou facilitador pedir para que todos coloquem os bonecos à frente do corpo e
falar um pouco de si. Esta atividade por ser de caráter recreativo, poderá conter
algumas regras básicas, lembrando que não poderá haver competição;
trabalhando de maneira recreativa todas as áreas psicomotoras de base,
principalmente a motricidade fina e grossa, o cognitivo, o esquema
corporal, a consciência corporal, a socialização do grupo.
· 2ª Atividade: “Cesto de bolas”.
· Desenvolvimento: Dar uma bola na mão de cada idoso, dividindo os mesmos
em duas equipes de mesmo número de pessoas; ao sinal do professor, o
primeiro idoso de cada fileira, deverá arremessar a bola no cesto que está a
sua frente; a atividade termina quando cada idoso arremessar a bola que está
25
em suas mãos; ganhará a equipe que arremessar mais bolas dentro do cesto.
Repete-se a atividade várias vezes até que cada equipe fique com o mesmo
número de pontos. Esta atividade deve ser de caráter recreativo, podendo ou
não colocar algum tipo de regra. Lembrando que a atividade proposta trabalhou
todas as áreas psicomotoras de base, principalmente a lateralidade, o
óculo-manual, a agilidade, entre outras áreas psicomotoras.
· 3ª Atividade: “Brincadeira dos nomes”.
· Desenvolvimento: Pedir para que cada idoso segure uma folha de papel e um
lápis; ao sinal do professor, cada idoso irá colher a assinatura de cada colega;
quando o professor falar “parou”, quem conseguiu colher o maior número de
assinaturas, será o vencedor; é claro que a brincadeira deverá se repetir, até
que todos consigam colher as assinaturas dos colegas presentes no local da
atividade. Lembrando que a atividade pode ter ou não caráter competitivo,
visando sempre o espírito recreativo e a socialização do grupo; trabalhando
de maneira harmoniosa, as áreas psicomotoras de base.
1.5.3 – Atividades Esportivas para Idosos.
Na sociedade atual há uma preocupação em atividade física infantil,
adolescente, adulto, portanto não se deve esquecer dessa pessoa que
envelhece e chega a terceira idade “o idoso”. A atividade física realizada com
regularidade é uma das principais bases para a manutenção da saúde em
qualquer idade.
Na terceira idade a atividade física é fundamental tanto para as funções
cardiovasculares e pulmonares, como também na manutenção da saúde
mental, trabalhando muito bem os fatores lúdicos, cognitivos, afetivos e sociais.
Só devemos lembrar que o exagero na atividade é sempre prejudicial.
Assim como em todas as idades o descanso para a terceira idade se faz ainda
mais necessário. É aconselhável um acompanhamento médico antes do início
do programa de atividades lúdicas, recreativas e principalmente as esportivas
26
para o diagnóstico de problemas cardiovasculares, ortopédicos, desvios de
coluna, etc...
Um ambiente onde o aluno sinta-se à vontade e com segurança é um dos
pontos mais importantes para o bom desempenho das atividades.
Em todas as atividades é muito importante a re-hidratação, tomando
bastante água antes, durante e depois.
Em todas as atividades físicas deve haver um alongamento antes e
depois de qualquer atividade.
Abaixo seguem os todos os tipos de atividades, principalmente as
atividades esportivas e os cuidados especiais que devem ser tomados para o
trabalho na água, na quadra, nos lugares fechados e nos lugares ao ar livre:
Þ Na água:
Na água os idosos correm e saltam a vontade, sem que haja um maior
comprometimento com problemas articulares, os quais são altamente contra-
indicados no meio seco.
Além de diversão e da melhora física a atividade no meio aquático tem-se
encontrado uma terapia. Podem ser realizados vários tipos de atividades, tais
como jogos recreativos, aula de natação, hidroginástica, jogos desportivos
(voleibol) e diversas formas de relaxamento.
Þ Na quadra:
Nas atividades de quadra, ao contrário da água, o impacto é grande,
devendo haver um policiamento maior em relação às atividades a serem
trabalhadas.
Atividades recreativas, jogos sem contato físico, aulas de dança,
ginástica, alongamento, estafetas, gincanas, são algumas das principais
atividades a serem realizadas.
27
Os jogos de contato (futebol, basquetebol, voleibol, etc.) devem ser
evitados, prevenindo quedas e auto-impacto. O treinamento excessivo pode ser
um grande problema.
Þ No salão ou lugares fechados:
Os jogos de salão ou em lugares fechados sempre têm um atrativo muito
especial, pois estão relacionados com alegria, comunicação e bons momentos.
Os jogos devem ocorrer em forma de integração, contato visual e
melhoria da auto-estima. Devem ocorrer em forma de integração, contato visual
e melhoria da auto-estima.
Nas atividades de salão ou em lugares fechados você pode usar alguns
jogos de quadra, incluindo tênis de mesa, danças culturais, etc. Podendo usar
alguns jogos de quadra, incluindo tênis de mesa, danças culturais, etc. Não
podemos deixar de levar em conta o tipo de piso e os objetos que há neste local,
para que não ocorra nenhum imprevisto.
Þ No parque ou em lugares ao ar livre:
No parque ou em lugares ao ar livre deverá haver também, aulas de
danças, ginásticas e gincanas como nas quadras, aproveitando o ambiente
natural. A atividade mais usada é a caminhada, ajudando a recuperar a condição
física, fortalecendo a musculatura e também o contato com a natureza. Nessas
caminhadas poderá haver algumas cantigas propiciando a descontração e
integração social do grupo.
O alongamento, como em qualquer outra atividade física se faz
necessário antes e após a caminhada. A postura deverá ser observada para
auto-correção de problemas psicomotores, evitando efeitos contra a coluna
vertebral, procurando local plano para a caminhada, calçados confortáveis e
procurando não caminhar em horários de muita presença do sol.
28
CAPÍTULO II
O QUE É TERCEIRA IDADE?
Geralmente, a terceira idade e a velhice estão ligadas às modificações
do corpo, com o aparecimento das rugas e dos cabelos brancos, com o andar
mais lento, diminuição das capacidades auditivas e visuais, é o corpo frágil.
Essa é a velhice biologicamente normal, que evolui progressivamente e
prevalece sobre o envelhecimento cronológico. Cientistas e geriatras preferem
separar a idade cronológica da idade biológica. Para eles, tanto o homem
quanto à mulher se encontram na terceira idade por parâmetros físicos,
orgânicos e biológicos.
A velhice sempre é vista, como um período de decadência física e
mental. É um conceito equivocado, pois muitos cidadãos que chegam aos 65
anos, já que é a idade oficializada pela Organização das Nações Unidas, ainda
são completamente independentes e produtivos.
Em decorrência da idade avançada e das perdas biológicas e sociais, o
idoso passa a sofrer preconceitos, dentre eles a exclusão do meio produtivo e
como também das perdas afetivas. Esta rejeição na maioria das vezes parte da
própria família que o considera um estorvo dentro do lar. A solução mais
prática vista pelos seus familiares é a “internação” numa casa de repouso –
asilos.
Antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram muito
considerados, por serem sinônimo de lembranças e sabedoria. Atualmente o
descaso e o desprezo os excluem da sociedade, que os julgam improdutivos. É
comum encontrar idosos abandonados e ignorados dentro da própria família.
29
2.1 – O idoso e a Sociedade Atual
A família é definida como um grupo enraizado numa sociedade e tem
uma trajetória que lhe delega responsabilidades sociais. Especialmente perante
o idoso, a família vem assumindo um papel importante e inovador, na medida
em que o envelhecimento acelerado da população que estamos constatando é
um processo recente e ainda pouco estudado pelas ciências sociais.
A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como base da
sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado
“amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o
direito à vida”.
Neste sentido, cabe aos membros da família entender essa pessoa em
seu processo de vida, de transformações, conhecer suas fragilidades,
modificando sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que o idoso
mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade.
Aqui cabe uma primeira indagação: Como os filhos, de uma maneira
geral acostumados a serem cuidados e dependentes dos pais por bons anos
de suas vidas, num dado momento passam a experimentar uma inversão
nessas relações quando os pais começam a necessitar de atenção e ajuda?
Com as fragilidades que muitas vezes acompanham o processo de
envelhecimento é comum surgirem conflitos entre os filhos quando a situação
dos pais passa a lhes exigir novas responsabilidades e cuidados. O filme
“Parente é Serpente” de Mário Monicelli (1993), Itália, aborda, entre outros
aspectos, essa problemática quando a mãe, percebendo suas limitações físicas
e senilidade do marido, delega aos filhos a decisão pelo futuro do casal.
Na realidade, a família precisa de um período de adaptação para aceitar
e administrar com serenidade a nova situação, de forma a respeitar as
necessidades dos pais e evitar que os mesmos sintam-se um fardo para os
30
filhos. Daí a importância do idoso concentrar esforços para, nos mais diversos
sentidos, não se entregar à inatividade evitando o mais possível o sentimento
de dependência da família que tanto aflige o idoso.
Percebe-se que, em experiência prática, os idosos carregam a
expectativa de receberem atenção e cuidados dos filhos e netos no momento
em que perderem ou tiverem suas capacidades diminuídas, sendo este um
fantasma constante a perseguir e preocupar os mais velhos.
Outra questão importante diz respeito à conjuntura atual, cujo
desemprego estrutural vem colocando à margem do processo produtivo
significativo número da chamada população economicamente ativa. Os idosos,
ainda que empobrecidos, tiveram a oportunidade de viver uma fase anterior na
qual havia trabalho em abundância e salário suficiente para sustentar sua
família, adquirir a casa própria e o direito à aposentadoria. Observamos que em
alguns casos de separação conjugal ou desemprego os filhos retornam à casa
dos pais em busca de apoio. Eles se constituem para os filhos numa
retaguarda e acolhimento em momentos de necessidade e se estabelecendo
na família uma relação de dependência material e afetiva.
A dependência entre as gerações, no nosso entender, se revela de duas
naturezas distintas: de um lado a dependência material dos filhos que por
precisarem cada vez mais e por mais tempo da proteção dos pais, não hesitam
em aceitá-la, até por entenderem como obrigação. Do outro lado a
dependência emocional dos pais, fruto do modelo familiar estabelecido. Neste
modelo a família é entendida como uma forma natural de organização da vida
coletiva, uma instituição estável da sociedade, sendo a união entre seus
membros a principal responsável pela integração e harmonia da vida familiar.
Essa dependência se caracteriza, no nosso ponto de vista, num
verdadeiro acordo tácito, ou seja, uma negociação na qual os pais acalentam a
expectativa de obter no momento que necessitarem a retribuição pela
dedicação oferecida à família.
31
As mudanças que estão ocorrendo nas representações de família nas novas
gerações estão exigindo formas alternativas de convívio familiar e
conseqüentemente a reformulação de valores e de conceitos.
A família brasileira do terceiro milênio está cada vez mais distanciada do
modelo tradicional, no qual o idoso ocupava lugar de destaque. Estamos
vivendo um importante período de transição e mudanças, no qual se faz
necessário o entendimento das transformações sociais e culturais que vem se
processando nas últimas décadas, para enfrentarmos o nosso próprio processo
de envelhecimento dentro de expectativas condizentes com as novas formas
de organização familiar. No entanto, qualquer que seja a estrutura na qual se
organizará a família do futuro, há a necessidade de se manterem os vínculos
afetivos entre seus membros e os idosos. Nesta fase da vida, o que o idoso
necessita é sentir-se valorizado, viver com dignidade, tranqüilidade e receber a
atenção e o carinho da família.
Hoje, sabe-se que 5,8% da população brasileira têm mais de 65 anos e
em 2005 chegará a 15% com 32 milhões de idosos. Aumento de expectativa de
vida, de mitos e preconceitos, da influência da mídia e da compreensão da
velhice. Cerca de 45% dos idosos precisam de ajuda para realizar certas
atividades e 13,46% apresentam algum grau de dependência.
Os avanços tecnológicos e a modernidade parecem incompatíveis para
quem não tem a agilidade necessária. Na sociedade atual, o idoso é vítima do
preconceito e da discriminação, perdendo a iniciativa e a motivação para viver.
O mais grave é a falta de sensibilidade e de consciência corporal sobre o
sofrimento. Daí um grave problema que afeta estas pessoas: a auto-imagem.
Além da carga da idade, pesa a idéia que fazem de si mesmos e como são
tratados pela sociedade.
Mas constata-se o aumento da expectativa de vida e da compreensão
da velhice. A inteligência não diminui e o idoso é capaz de aprender.
32
O Relatório Nacional sobre o Envelhecimento da População Brasileira,
um dos mais completos documentos já produzidos sobre o assunto, resultante
de um trabalho coordenado pelo Itamaraty, com ampla participação de órgãos
do Estado e entidades da sociedade civil. Nele, o envelhecimento da população
brasileira se evidencia por um aumento da participação do contingente de
pessoas maiores de 60 anos de 4%, em 1940, para 9% em 2000. Além disso, a
proporção da população acima de 80 anos tem aumentado, alterando a
composição etária dentro do próprio grupo, o que significa que a população
considerada idosa também está envelhecendo. Representa o segmento
populacional que mais cresce, embora ainda seja um contingente pequeno: de
166 mil pessoas, em 1940, o grupo "mais idoso" passou para quase 1,8
milhões em 2000 e representava 12,6% da população idosa em 2000 e
aproximadamente 1% da população total.
O relatório aponta que as mudanças ocorridas na estrutura populacional,
crescimento exponencial da população brasileira de 60 e mais anos de idade,
longevidade e queda da fecundidade - está acarretando uma série de
conseqüências sociais, culturais, econômicas, políticas e epidemiológicas, para
as quais o país não está ainda devidamente preparado. Esse salto representa
um fator de pressão importante para a inclusão do tema na agenda de
prioridades do governo.
Ações eficazes e oportunas devem ser adotadas para que essa faixa
etária cresça não só em termos quantitativos, mas também com a melhor
qualidade de vida possível. Para que isto se torne realidade, é preciso que a
sociedade como um todo participe desse propósito, diagnostica o relatório,
sugerindo que campanhas de conscientização da família e da sociedade são
vitais para a mudança de mentalidade no tratamento da questão do
envelhecimento. O objetivo é mudar o modelo para um envelhecimento
saudável, implementando e ampliando a rede de cobertura dos serviços e
programas de atenção à população idosa e às demais gerações.
33
Hoje a população idosa do Município do Rio de Janeiro soma
aproximadamente um milhão e meio. Dessa forma, se faz necessário o
crescimento de atendimento especializado para pessoas com mais de 85 anos
de idade para o desenvolvimento de suas atividades diárias. Assim, indivíduos
de vida longa, nós determinamos aqueles os quais participam de atividades
físicas, as quais melhoram a saúde, a capacidade funcional, qualidade de vida e
independência funcional.
2.1.1- Qual a importância do Idoso na Sociedade?
A importância consiste nos desafios trazidos pelo envelhecimento da
população têm diversas dimensões e dificuldades, mas nada é mais justo do
que garantir ao idoso a sua integração na comunidade. O envelhecimento da
população influencia o consumo, a transferência de capital e propriedades,
impostos, pensões, o mercado de trabalho, a saúde e assistência médica, a
composição e organização da família. É um processo normal, inevitável,
irreversível e não uma doença. Portanto, não deve ser tratado apenas com
soluções médicas, mas também por intervenções sociais, econômicas e
ambientais.
A política pública de atenção ao idoso se relaciona com o
desenvolvimento sócio-econômico e cultural, bem como com a ação
reivindicatória dos movimentos sociais. Um marco importante dessa trajetória
foi a Constituição Federal de 1988, que introduziu em suas disposições o
conceito de Seguridade Social, fazendo com que a rede de proteção social
alterasse o seu enfoque estritamente assistencialista, passando a ter uma
conotação ampliada de cidadania.
A partir daí a legislação brasileira procurou se adequar a tal orientação,
embora ainda faltem algumas medidas. A Política Nacional do Idoso,
estabelecida em 1994 ( Lei 8.842), criou normas para os direitos sociais dos
idosos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como
instrumento de cidadania. Essa lei foi reivindicada pela sociedade, sendo
34
resultado de inúmeras discussões e consultas ocorridas nos estados, nas quais
participaram idosos ativos, aposentados, professores universitários,
profissionais da área de gerontologia e geriatria e várias entidades
representativas desse segmento, que elaboraram um documento que se
transformou no texto base da lei.
Entretanto, essa legislação não tem sido eficientemente aplicada. Isto se
deve a vários fatores, que vão desde contradições dos próprios textos legais
até o desconhecimento de seu conteúdo. Na análise de muitos juristas, a
dificuldade de funcionamento efetivo daquilo que está disposto na legislação
está muito ligada à tradição centralizadora e segmentadora das políticas
públicas no Brasil, que provoca a superposição desarticulada de programas e
projetos voltados para um mesmo público. A área de amparo à terceira idade é
um dos exemplos que mais chama atenção para a necessidade de uma
"intersetorialidade" na ação pública, pois os idosos muitas vezes são "vítimas"
de projetos implantados sem qualquer articulação pelos órgãos de educação,
de assistência social e de saúde.
De acordo com membros do Ministério Público, algumas deficiências da
Política Nacional do Idoso, são: a falta de especificação da lei que contribua
para criminalizar a discriminação, o preconceito, o desprezo e a injúria em
relação ao idoso, assim como para publicidades preconceituosas e outras
condutas ofensivas; dificuldades em tipificar o abandono do idoso em hospitais,
clínicas, asilos e outras entidades assistenciais para a punição de parentes das
vítimas; falta de regulamentação criteriosa sobre o funcionamento de asilos,
sendo preciso que a lei especifique o que devem essas entidades disponibilizar
para a clientela, quem deverá fiscalizá-las, e qual a punição para os infratores.
A Política Nacional do idoso objetiva, criar condições para promover a
longevidade, com qualidade de vida, colocando em prática as ações voltadas
não apenas para os que estão velhos, mas também para aqueles que vão
envelhecer, bem como lista as competências das várias áreas e seus
respectivos órgãos. A implantação dessa lei estimulou a articulação dos
35
ministérios setoriais para o lançamento, em 1997, de um Plano de Ação
Governamental para Integração da Política Nacional do Idoso. São nove os
órgãos que compõem este Plano: Ministérios da Previdência e Assistência
Social, da Educação, da Justiça, Cultura, do Trabalho e Emprego, da Saúde,
do Esporte e Turismo, Transporte, Planejamento e Orçamento e Gestão.
Na relação do que compete às entidades públicas, encontram-se
importantes obrigações como estimular a criação de locais de atendimento aos
idosos, centros de convivência, casas e lares, oficinas de trabalho,
atendimentos domiciliares e outros; apoiar a criação de universidade aberta
para a terceira idade e impedir a discriminação do idoso e sua participação no
mercado de trabalho.
O distanciamento entre a lei e a realidade dos idosos no Brasil ainda é
enorme. Segundo os especialistas, para que esta situação se modifique, é
preciso que ela continue a ser debatida e reivindicada em todos os espaços
possíveis, pois somente a mobilização permanente da sociedade é capaz de
configurar um novo olhar sobre o processo de envelhecimento dos cidadãos
brasileiros.
Concordando com essa perspectiva, tem emergido da sociedade civil
organizada a cobrança pela aprovação do Estatuto do Idoso, que está em
tramitação no Congresso Nacional. O Projeto de Lei 3.561/97, do Deputado
Paulo Paim (PT/RS), cria o Estatuto do Idoso acrescentando novos dispositivos
à Política Nacional do Idoso. Esse projeto está embasado na concepção da
necessidade de aglutinação, em norma legal abrangente, das postulações
sobre idosos no país, exigindo um redirecionamento de prioridades das linhas
de ação das políticas públicas.
Para o relator do substitutivo deste projeto, deputado Silas Brasileiro
(PMDB/MG), consideráveis avanços já foram obtidos, com a edição da lei que
instituiu a Política Nacional do Idoso. Porém, ela cuida essencialmente da
atuação do poder público na promoção das políticas sociais básicas de
atendimento ao idoso, enquanto o Estatuto do Idoso consolida os direitos já
36
assegurados na Constituição Federal, sobretudo tentando proteger o idoso em
situação de risco social. São novas exigências da sociedade brasileira para o
atendimento da população idosa.
2.2 – A Consciência Corporal na Terceira Idade
Viver gera experiências. Experiências geram marcas. Marcas ficam
registradas, sejam elas boas ou ruins. Os registros destas marcas ficam
arquivados na memória consciente e subconsciente, que, na tentativa de aliviar
o sistema do indivíduo, os transfere para diversas partes do corpo. O corpo
armazenou estas informações em si, gerando couraças e respostas somáticas
que se cristalizaram com o tempo nos idosos.
O Idoso ansioso, tenso, inflexível e rígido é infeliz; as atividades
psicomotoras diversas como prática na terceira idade, que preferencialmente
chamamos de terceira idade, proporciona inúmeros benefícios que os idosos
podem contar. A começar pelo conhecimento do próprio corpo, a consciência
corporal, que geralmente é desprezada nesta fase, é aqui, tratada com
prioridade.
As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas,
motoras, criativas e comunicativas são ampliadas. O reconhecimento da
identidade, a sensação de acolhimento que as atividades psicomotoras
trabalham diminuem os sintomas psicossomáticos, o medo da morte e o medo
da solidão. Proporcionam motivação, contato com experiências próprias desta
fase da vida por trabalharem a relação íntima entre movimento e emoção,
desperta-se uma linguagem corporal espontânea, onde a prática das atividades
psicomotoras poderá ter efeito ansiolítico e antidepressivo para os idosos.
Todos estes benefícios são possíveis, porque as atividades
psicomotoras aplicadas na terceira idade, trabalham com recursos variados,
tais como a música, o silêncio, as vibrações produzidas pelo corpo, cores,
palavras e imagens. Os movimentos psicomotores privilegiam movimentos
livres, espontâneos, próprios de cada praticante.
37
O processo-aula favorece a manifestação destes benefícios: o
aquecimento pode ser passivo ou ativo, com exercícios primários básicos,
como o contato com o chão, a exploração dos sentidos e do espaço, a
percepção do movimento respiratório, a noção de eixo corporal. A prática das
atividades psicomotoras pode ser ministrada, em dupla, grupo ou
individualmente, envolvendo a movimentação de acordo com o ritmo das
atividades, ou ritmo interno do próprio praticante. Eles terão a liberdade, de
criar a partir disso, um padrão próprio de movimento, respeitando sua essência.
Na fase do relaxamento, o praticante tem a oportunidade de reconhecer seu
controle sobre o tônus muscular e perceber a diminuição de sua atividade
cerebral. Nesta etapa podem se manifestar atividades espontâneas para
depois, o aluno se deitar ou sentar, ouvindo uma música ou ainda seguindo um
relaxamento dirigido.
Há também de se considerar as causas do porquê da fase do
envelhecimento ser tão dolorosa para muitas pessoas, tais como estilo de vida,
atitudes mentais que geram padrões de resposta afetiva, que por sua vez
geram respostas somáticas, revelando uma espécie de reação em cadeia,
onde os sistemas do corpo estão interligados.
As atividades psicomotoras podem se constituir numa alternativa para
diminuir ou cessar esta reação em cadeia, porque elas possibilitam ao idoso
que a escolhe, uma decisão em reabilitar-se holisticamente. No aspecto
orgânico eles terão a oportunidade de melhorar o funcionamento e o
desempenho de seu sistema respiratório, cardiovascular, endócrino e
neuromotor. No aspecto psicológico eles começam a sentir a utilidade das
atividades psicomotoras, úteis para si, e neste ponto, eles aumentam sua auto-
estima, se dão ao crédito, confiam em si mesmos e em suas capacidades,
respeitam seus limites, respeitam-se como são, e reorganizam sua auto-
imagem e esquema corporal.
38
2.3 – O que é Envelhecimento Biológico?
O que pode ser feito para minimizar ou bloquear a perda de massa
muscular? E a deteriorização da função do músculo?
O envelhecimento desafia a definição, pelo menos, o envelhecimento
biológico. O envelhecimento não é somente uma passagem pelo tempo, mais
do que isto é o acúmulo de eventos biológicos que ocorrem ao longo do tempo.
Se nós definirmos envelhecimento como a perda das habilidades de adaptação
ao meio, então a idade biológica e funcional torna-se a forma mais adequada
de se medir o envelhecimento e suas adaptações.
Até o início do século XX, aproximadamente 4% da população do Brasil
viviam em média até 65 anos, hoje, isto tem aumentado para 13%. A expectativa
de vida no Brasil tem aumentado para 76 anos e é esperado o aumento para 83
anos em 2050.
O relato mais freqüente como conseqüência do processo normal de
envelhecimento é a perda de massa muscular ou sarcopenia. Inúmeras
pesquisas concordam que sarcopenia não pode ser exemplificada por um
simples fator, mas sim, um duplo complexo relacionamento entre o músculo
(miopatia) e o nervo (neuropatia) e suas alterações e declínios para estes dois
sistemas fisiológicos decorrentes da diminuição das atividades físicas.
Com o aumento da idade, ocorrem mudanças nas fibras dos músculos e
no número de fibras, sendo estas, prováveis razões para a diminuição da massa
muscular. Alguns estudos relatam que, as fibras do Tipo I (contração lenta,
aeróbica) são resistentes a atrofia pelo menos até a idade 60 e 70 anos,
enquanto as fibras do Tipo II (contrações rápidas, anaeróbicas), declinam com a
idade. Pesquisas indicam que, a perda das fibras musculares ocorre tanto em
homens como em mulheres e corresponde uma idade crítica ao redor dos 50
anos, quando a atrofia dos músculos torna-se mais evidente.
Uma das mais perceptíveis manifestações da perda de massa muscular é
a diminuição da habilidade da produção de força. No entanto, esta perda não é
39
universal. Deve se referir ao tipo de contração muscular que está sendo exigida
e o tipo de grupo muscular que está sendo examinado.
Pesquisas que verificam as características da produção da força
isométrica durante o processo de envelhecimento declinam mais cedo nos
extensores do antebraço e nos músculos da perna (dorsoflexores e flexores
plantares) ao redor dos 40 anos.
Talvez mais importante do que a manutenção da produção da força no
idoso é a manutenção da resistência. No entanto, esta literatura é um pouco
equivocada.
Algumas pesquisas apontam que os idosos são capazes de manter
voluntariamente contrações musculares isométricas e dinâmicas por mais de 60
segundos, tanto quanto comparados com indivíduos mais jovens na
“performance” das contrações para uma porcentagem relativa de força. Outros,
todavia, tem relatado que o idoso tem significativa perda da produção de força
após 30 segundos quando um fator potencial de motivação for removido a partir
de estimulação elétrica. Estudos também apontam que, a diminuição da
habilidade da manutenção da produção de força não está somente relacionado a
idade como vem sendo relatado, na localização dos grupos musculares; grupo
musculares da parte inferior dos membros perdem massa muscular antes que os
grupos da parte superior.
Para resumir os fatores associados a atrofia dos músculos relativos ao
envelhecimento, devemos considerar sempre que diferentes mudanças ocorrem
de indivíduos para indivíduos e também entre diferentes grupos musculares. Um
outro fator também a considerar nas alterações observadas, músculo-
esquelética, de cunho secundário, mas que, nos dá considerável desequilíbrio
nos resultados, são os fatores externos: deficiência nutricional, mudanças
endócrinas e a ausência regular de atividade física.
Se o aumento da idade resulta em declínio da massa muscular e sua
função, pode um adequado programa de treinamento de resistência trazer
benefícios para o envelhecimento do indivíduo? Recentemente todas as
40
pesquisas apontam que o sistema músculo-esquelético de um indivíduo idoso é
capaz de se adaptar em um curto período de treinamento (12 semanas), no
aumento da força através da hipertrofia das fibras e na melhora da capacidade
funcional.
Um recente estudo mostrou que, um treinamento de peso em mulheres
idosas na pós-menopausa, geralmente na década de 50, obteve significativo
aumento na força dos grupos musculares concomitantemente com o aumento da
tonicidade. É importante salientar que o grau de hipertrofia muscular seguido de
treinamento depende da idade. Alguns estudos apontam que jovens (22 a 31
anos) homens e mulheres, tem significativo aumento na tonicidade do músculo
após 3 meses de treinamento quando comparado com idoso entre 62 a 72 anos,
no entanto, eles concluíram que não obstante, existe um efeito relacionado a
idade na receptividade dos exercícios e que não pode ser generalizado para
todos os grupos musculares.
Ainda existe pouca informação disponível com relação ao sistema
músculo-esquelético dos indivíduos em processo de envelhecimento a partir de
um período de treinamento. Um certo estudo, num período de dois anos,
realizou um controle de treinamento de peso em 113 homens e mulheres em
idades entre 60 a 80 anos. O programa de treinamento consistiu de duas
sessões por semana, por um período de, 42 semanas seguidos por 10 semanas
de testes e período de descanso. E então, outras 42 semanas de treinamento.
Cada sessão consistiu de 03 séries de exercícios com 10-12 repetições em 80%
da resistência muscular. Determinou-se que, a musculatura masculina tornou-se
mais forte do que a feminina e de 60 a 70 anos a musculatura apresentou-se
mais forte do que 70 a 80 anos. Em adição, a resistência aumentou
continuamente em cada grupo (homens e mulheres) no total do período de dois
anos.
Para finalizar, pesquisas recentes indicam que a musculatura do idoso
pode se adaptar positivamente, tanto quanto a musculatura jovem para os
exercícios de resistência. Os benefícios que ocorrem na força e na hipertrofia
dos músculos podem ser resultado de um sensível aumento dos hormônios -
41
receptores andrógenos, tais como, testosterona, hormônio do crescimento,
responsáveis pelo aumento dos níveis dos fatores de circulação do crescimento
muscular. O “American College of Sports Medicine” (ACSM), tem publicado
posicionamentos sobre os efeitos dos exercícios para a saúde do adulto e do
idoso. Esta fase biológica não é o limite para se iniciar um programa de
exercícios (no entanto, com aprovação médica), e que o exercício deve ser
progressivo e natural. Abranger todos os grupos musculares. Devem ser feitos
duas a três vezes por semana, com pelo menos 1 série de 8 a 15 repetições.
Aumentar as séries pode trazer maiores benefícios, e exercícios que favoreçam
o equilíbrio e a postura devem ser praticados.
2.4 – O que são doenças degenerativas na terceira idade?
A variação genética contribui para a variabilidade fenotípica, ou seja, ela
é influenciadora na variabilidade entre grupos que apresentam caracteres
exteriores iguais, porém geneticamente diferentes. Esta variabilidade pode
gerar diferentes formas de estruturação corporal, surgindo assim diferentes
variações morfológicas no homem. Estas variações morfológicas são
classificadas em características merísticas, quantitativas e qualitativas. As
quantitativas são produto da interação de muitos genes e podem ser
classificadas em antropométricas. A quantificação das características
antropométricas do corpo, bem como a forma e o tamanho, são determinadas
fundamentalmente pela carga genética. As características antropométricas e da
composição corporal são os maiores responsáveis pela variação do peso
corporal. Onde os três principais componentes do corpo humano são: osso,
músculo e gordura. Estes componentes podem ser alterados positivamente
pela atividade física ou negativamente pelo sedentarismo e doenças
degenerativas.
Em relação ao processo de envelhecimento ocorrem modificações
estruturais nestes componentes morfológicos em ambos os sexos, tais como:
42
- um maior acúmulo de gordura na região central do corpo do que na
região periférica, bem como, alterações nas funções orgânicas e mentais,
como por exemplo: perda da capacidade de manter o equilíbrio homeostático,
alterações na frequência cardíaca, reduções no consumo máximo de oxigênio,
musculatura esquelética, densidade óssea e flexibilidade.
As mudanças na composição corporal em decorrência do avanço da
idade, podem ser atribuídas a vários mecanismos fisiológicos, como por
exemplo: diminuição do nível de atividade física com o aumento da idade pode
contribuir para o aumento do depósito de gordura corporal. Estas alterações
são mais intensas no mecanismo de regulação e ocorrem no período da idade
de mudança (46-60 anos, classificação da Organização Mundial da Saúde -
OMS). Podendo estas, serem relacionadas com o risco de desenvolvimento de
desordens metabólicas e várias doenças degenerativas.
O grande avanço tecnológico que atingiu a população, proporcionando
um maior conforto foi acompanhado de um aumento de enfermidades
denominadas de doenças degenerativas. Estes processos desenvolvimentistas
trouxeram mudanças de hábitos na vida do ser humano. O homem passou a
produzir e ingerir mais alimentos de que necessitava. Desenvolveu técnicas e
equipamentos que vieram a facilitar na execução das tarefas diárias com um
menor dispêndio energético. Esta mecanização trouxe para o homem uma
transformação de seus hábitos de vida anteriores em sistema automatizado e
sedentário causando sérios problemas à sua saúde, bem como a complexidade
na formação da sociedade, faz com que o homem viva um contínuo “stress”.
No Brasil, o aumento das doenças arteroscleróticas na estatística de
mortalidade de doenças cárdio-circulatórias tem sido muito caracterizado.
Ultrapassando em mais de 50% a quota de mortalidade decorrente de doenças
do coração e circulação. As doenças cardiovasculares representam importante
causa na redução da capacidade física do ser humano, e a mortalidade devida
43
a estas doenças eleva-se exponencialmente após os 65 anos de vida e em
80% dos casos resultam de complicações da aterosclerose.
A diminuição dos espaços urbanos e o crescimento imobiliário
contribuíram para a falta das áreas de lazer. Acarretando com isso uma
diminuição da prática de atividade física e, como conseqüência elevando os
índices do sedentarismo e doenças degenerativas na terceira idade.
A hipocinesia apareceu como um dos maiores desencadeadores de
processos degenerativos na terceira idade. Isto acontece nos dias de hoje
devido à diminuição da prática regular da atividade física acarretando o
aumento dos índices de sedentarismo. Segundo WEINECK (1991) o aumento
representativo nos índices de mortalidade é determinado pelas condições de
nossa civilização, onde a hipocinesia é o fator importante para a sua formação.
Sendo observado que em cada três casos de morte do coração e da circulação
ou cada seis casos de todas as mortes registradas um é com doença cardíaca
coronariana (DCC).
É indiscutível o aumento das doenças degenerativas após os 35 anos de
idade, principalmente a arterosclerose, as artroses, as bronquites crônicas, a
hipertensão arterial, a insuficiência cárdiorrespiratória e a insuficiência cerebral.
Algumas situações quando se refere aos problemas encontrados a partir da
idade de mudança, também é reflexo de que muitos destes indivíduos
encontram-se mais próximos da aposentadoria, levando em consideração que
não só os níveis de atividade física sofrem modificações com o avanço da
idade, bem como, a diminuição do tempo e da intensidade das atividades
ocupacionais. A idade de mudança não é o único aspecto relevante às
modificações ocorridas com o avanço da idade. Fatores ambientais foram
identificados nos últimos 30 anos como um fator potencial a tornar os
indivíduos mais suceptíveis às DCC (Doenças Cardíacas Coronarianas).
44
CAPÍTULO III
PREVENÇÃO DE DOENÇAS E QUALIDADE DE VIDA NA
TERCEIRA IDADE
Embora muitos ainda associem o envelhecimento ao acúmulo de
doenças, entende-se que invariavelmente a população idosa terá que conviver
com inúmeros problemas de saúde e limitações com o avançar da idade, os
atuais conceitos científicos define que o processo natural de envelhecimento
não é um fator impeditivo para a maioria das atividades cotidianas de um adulto
em qualquer idade, e que as verdadeiras responsáveis pelas deficiências e
disfunções atribuídas à velhice são as doenças, que podem ser prevenidas
e/ou tratadas eficientemente na maior parte das vezes.
O conhecimento desta realidade pode mudar completamente a atitude
dos idosos. Ao invés de lamentarmos por estar envelhecendo, de buscarmos
obstinadamente as "modernas fontes da juventude" ou de tentarmos disfarçar
os efeitos aparentes do passar dos anos, deveríamos estar atentos aos
verdadeiros inimigos da saúde em qualquer idade: os fatores determinantes
e/ou predisponentes das doenças.
Deve-se lembrar, porém, que a ausência de doenças não significa
obrigatoriamente a presença de saúde. A Organização Mundial de Saúde
(OMS) já há muito tempo definiu saúde como um estado de bem estar bio-
psíco-social, ou seja, um estado de equilíbrio entre todos os determinantes
físicos e emocionais do ser humano.
Sabe-se, porém, que inúmeras são as pessoas que, por vários motivos,
não se encontram neste estado de bem estar e, por outro lado, não
apresentam nenhuma doença classicamente definida que justifique esta
condição. Entretanto, são muitos os exemplos de portadores de doenças bem
45
tratadas e bem controladas que apresentam desempenho adequado,
independente das enfermidades que possui ou dos tratamentos que realiza.
Este modo atual de entender Saúde permite almejar um presente e um
futuro de maneira muito mais otimista. Isto, porém, confere uma
responsabilidade direta. Dificilmente o ser humano irá atingir este estado de
equilíbrio sem que ao menos tenha força de vontade, objetivamente por isto.
Muitos são os cuidados a serem tomados e quanto mais precocemente seja
feita a prevenção, mais eficiente serão as atitudes tomadas. Isto quer dizer que
pode-se cuidar do envelhecimento desde as idades mais precoces.
Em verdade, com o avançar da idade nos tornamos mais propensos a
desenvolver doenças crônicas. Em parte por alterações orgânicas próprias do
envelhecimento, mas principalmente por hábitos inadequados que, durante
toda a vida, prejudicaram nossos determinantes básicos da saúde.
Infelizmente na maioria das vezes, os seres humanos só lembram de
cuidar das doenças quando as mesmas produzem sintomas, ou seja, quando
estão instaladas e conseqüentemente só poderão, na melhor das hipóteses,
ser controladas ou atenuadas. Poucos são aqueles que, na fase adulta,
preocupam-se com prevenção, e esta é, sem dúvida, a nossa melhor arma
para atingir o envelhecimento saudável. Mesmo aqueles que acreditam na sua
importância, muitas vezes utilizam-se de métodos pouco eficientes, onerosos e
por vezes enganosos, ao invés das regras básicas de saúde,
reconhecidamente efetivas.
Fontes da (OMS), elaborarão exemplos fundamentais de atitudes que
em conjunto, são sabiamente responsáveis pela eliminação dos fatores de
risco e conseqüentes prevenções primárias ou secundárias da saúde com o
avançar da idade; por uma analogia dos cuidados destinados aos primeiros
anos de vida, cria-se um protocolo, cujo termo “SENECULTURA”, que inclui
todas as técnicas diagnósticas e terapêuticas, incluindo as educacionais, que
46
visem contribuir direta ou indiretamente para a Promoção da Saúde na 3ª
idade.
Aspectos como nutrição, que nas pessoas mais velhas é tão
fundamental quanto no jovem, são freqüentemente desvalorizados. Raros são
aqueles que reconhecem as necessidades alimentares do organismo em cada
idade. A maioria prefere simplesmente eliminar a maioria dos alimentos
"nutritivos", trocando-os pelos farináceos, ricos em calorias pobres em todos os
demais componentes. Alimentos como, Chá, bolachas, sopas ralas, macarrão e
batatas não podem ser considerados a alimentação básica da terceira idade.
Dentre os hábitos nocivos à saúde, o alcoolismo e o tabagismo são
aqueles que, embora freqüentemente utilizados durante toda a idade adulta
irão manifestar suas graves complicações quando o indivíduo apresentar idade
avançada. Estudos atuais demonstram os benefícios decorrentes da
interrupção destes hábitos em qualquer idade. Portanto, não há mais dúvida de
que é benéfico parar de fumar e/ou de beber mesmo após várias décadas de
utilização destes agressores. Isto favorece não apenas a saúde dos orgãos-
alvo, (fígado, pâncreas, cérebro, pulmão, artérias), mas também a saúde como
um todo.
Hábitos mais higiênicos aproximam-se de pessoas mais interessantes,
"de bem com a vida", capazes de melhorar ainda mais a qualidade de vida dos
idosos. Por outro lado, quem opta pelo vício só consegue ficar próximo de
viciados, geralmente portadores de problemas semelhantes e incapazes de
produzir bons efeitos nos demais. Por outro lado sabe-se que ninguém muda
de hábitos sem um bom motivo. Há absoluta necessidade de criar novas
expectativas para a vida dos seres humanos a fim de poder optar entre aquilo
que e prejudicial à saúde e o que possa fazer bem.
A inatividade ou o sedentarismo se constitui, hoje, em um
comportamento praticamente epidêmico. Todos, em qualquer idade, são
47
estimulados cada vez menos ao movimento. Com isso, o tempo de inatividade
se responsabiliza pela progressiva disfunção dos idosos, freqüentemente
atribuída à própria idade. O desuso pode ser mais deletério que a velhice.
O uso indiscriminado de medicamentos pode ser, e freqüentemente é,
um agente prejudicial à saúde. Infelizmente, muitos ainda acreditam em drogas
que promovem o rejuvenescimento. Preferem crer na fantasia cômoda dos
remédios ao invés da participação ativa no processo de manutenção da saúde.
Não apenas se expõem aos eventuais malefícios de medicamentos como
também dedicam seus recursos, por vezes escassos, em uma efêmera
fantasia. Os prejuízos são, portanto, de ordem clínica (pelos efeitos colaterais
das drogas), de ordem social (pelos gastos) e de ordem emocional, visto que
freqüentemente a decepção pela recuperação prometida e não alcançada
deixa um forte sentimento de frustração e de descrédito nos outros e em si
mesmo.
Os indivíduos que sabem usar medicamentos, seguindo as orientações
médicas, terão maior possibilidade de benefícios e menos chance de efeitos
colaterais. Para tal é absolutamente necessário que participem ativamente no
processo terapêutico, por um lado, entende-se bem os motivos de uso dos
medicamentos e por outro cooperando para que o plano seja executado com
precisão, seguindo os horários doses e duração prescritas.
Outras medidas preventivas, como as vacinas, estão sendo cada vez
mais utilizadas na prevenção das doenças infecciosas no adulto (idoso). As
mais recomendadas são: antitetânica, antipneumocócica e antigripe. Já estão
sendo feitas algumas campanhas em hospitais universitários. Os projetos que
priorizam estes programas de vacinação já se encontram em fase avançada de
desenvolvimento. Todos podem ser vacinados, mas recomenda-se
especialmente àqueles que podem ser mais facilmente contaminados pelo
tétano ou podem ter conseqüências mais graves nas infecções respiratórias.
48
Prevenção de acidentes é uma atitude absolutamente necessária à
saúde dos idosos. Dentro de casa, deve-se iluminar melhor o trajeto, as
escadas, colocar corrimão nos pontos de desequilíbrio, retirar ou fixar no piso
os tapetes, desimpedir os caminhos. Na rua, o pedestre deve observar pontos
de travessia, com atenção aos sinais e aos veículos, usar roupas coloridas,
calçados estáveis, observando as irregularidades do piso. Usar bengala é um
sinal de prudência e equilibração e não de velhice. Para o passageiro, o uso do
cinto de segurança é fundamental, mantenha-se atento ao trajeto, aproveitando
para desfrutar o passeio e aumentar o seu conhecimento sobre o local visitado.
Como motorista o cuidado é ainda maior, pois várias pessoas podem ser
prejudicadas pela imprecisão. Deve-se estar apto a dirigir naquele momento.
Uso de álcool, medicamentos, limitações físicas, preocupações e estado
emocional abalado podem ser importantes causas de acidentes graves. O
motorista deve ser consciente em qualquer idade. Dirigir bem é mais uma
demonstração de competência entre os idosos, mas parar de dirigir pode ser
uma demonstração de competência ainda maior.
49
3.1 – O Lúdico e a Auto Estima na Terceira Idade
O contato com atividades lúdicas, recreativas e esportivas na terceira
idade começa geralmente por indicação médica. O fato é que essas pessoas
acabam encontrando nas atividades muito mais que alívio para suas “dores”,
fazem novas amizades e têm momentos de descontração. Além dos aspectos
ligados à saúde, as atividades lúdicas trazem inúmeros benefícios psicológicos,
de auto-estima e de melhoria do relacionamento social, aspectos muito
importantes para pessoas da terceira idade, devido às inúmeras mudanças
advindas desta fase da vida. O horário das atividades é um momento em que a
pessoa reserva o tempo para si própria, para cuidar de sua beleza, de sua
saúde e mesmo para refletir sobre a própria vida.
Os seres humanos diferem-se um dos outros em seus valores e em suas
crenças sobre como atender esses valores. O semelhante é o fato de todos
possuir as mesmas necessidades, não importando o ambiente ou cultura na
qual nasce o indivíduo. Essas necessidades organizam-se em forma de uma
hierarquia, de força e preponderância, evoluindo da mais forte sobrevivência à
mais sutil autoconcretização. Tudo o que fazemos é para satisfazer a uma ou
mais ou todas essas necessidades, ou a valores relacionados a elas.
Os processos cognitivos que são utilizados para buscar a satisfação das
necessidades dos seres humanos, determinam o grau de satisfação ou
frustração da vida dos mesmos, o nível de realização ou fracasso de
concretizar o potencial e a individualidade. Esse grau de satisfação ou
realização não tem nada a ver com a realidade, mas com o significado que os
seres humanos dão ao que está acontecendo em suas vidas. Se os seres
humanos não controlarem suas realidades ou os eventos, poderá controlar o
significado que se dá a eles por meio da modificação consciente e inteligente
de suas crenças, regras e valores, gerando uma auto-estima muito agradável e
de fácil entendimento com toda a sociedade.
50
A ludicidade e a auto-estima, estão interligadas na vida dos seres
humanos, como fonte de nossas emoções. Se o que os seres humanos sentem
é alegria, amor, liberdade, satisfação e realização – essa é a qualidade de vida
escolhida por cada um. Se o que sentem é medo, tristeza, frustração,
ressentimento ou depressão – essa é a qualidade de vida de cada um. Os
seres humanos têm o poder e todos os recursos necessários para mudar
imediatamente o que sentem se decidirem o que melhor para si próprios.
A suprema força na personalidade de alguém é a necessidade de
permanecer congruente com a maneira como define a si mesmo, com o seu
“EU” interior. Os seres humanos poderão mudar suas crenças, seus valores e
suas regras, e até mesmo o ambiente no qual vivem e trabalham, mas se
continuarem com a mesma identidade, continuaram com os mesmos
comportamentos com as mesmas reações e mesmos resultados em suas
vidas. A mais forte das identidades é aquela vinculada a um propósito que
conduz a pessoa a viver naturalmente de acordo com esse propósito.
Nenhuma identidade é fixa e imutável. Todas são passíveis de mudança e
expansão.
A melhor maneira de expandir a identidade de idoso, perante a fase da
terceira idade é fazendo da ludicidade e da auto-estima um dos fatores
primordiais de qualidade de vida e saúde para que se conviva bem, com a
sociedade, quebrando os tabus do envelhecimento, colocando as atividades
lúdicas recreativas e esportivas como profilaxia e tratamento das lesões físicas
e psicológicas causadas pelo envelhecimento biológico.
51
CONCLUSÃO
O atendimento ao idoso, em serviços não especializados, representa um
desafio individual e sócio-cultural. A expectativa do grupo social em que se
envelhece cria determinantes comportamentais que levam ora a busca eterna
do não envelhecer externamente e ora a depressão e ao sentimento de não
aceitação e de “fim de vida”.
A função de quem atende essa faixa etária deve ser de auxiliar na auto-
aceitação, no crescimento pessoal, na relação positiva com o mundo, na
construção de novos propósitos de vida e na manutenção, enquanto for
possível, da autonomia e do domínio sobre o ambiente.
É um grande desafio desmistificar o “envelhecimento” como algo que
“acontece” aos 60 anos e demonstra que esse processo se inicia ainda no
ventre materno. Assim, só envelhecerá bem (e saberá envelhecer) aquele que
viveu bem, em todos os aspectos (físico, mental e social).
O aumento de expectativa de vida só será bem-vindo à medida que
venha acompanhado de bem estar, satisfação pessoal, ludicidade e qualidade
de vida, caso contrário, se tornará a mais cruel das torturas. Afinal, não morrer
é muito diferente de continuar vivendo.
No momento, aparecem novos olhares e perspectivas que reconhecem
a Terceira Idade como uma área rica e cheia de lacunas a serem preenchidas
pelas disciplinas que a compõem. Essa compreensão vai além das abordagens
convencionais, em relação à clientela idosa, proporcionando novos caminhos
de pesquisa para a Psicomotricidade que, dentre tantas, também está no
processo de busca e construção do conhecimento na Gerontologia.
52
Entender a integração interdisciplinar é passar por um processo
reflexivo, consciente, que envolve relações de compromisso entre profissionais
de saúde em relação ao cliente idoso e seus familiares, articulando uma
finalidade comum do atendimento à saúde, na área da Ludicidade Psicomotora.
É relevante enfatizar que, por meio dessa perspectiva, existem várias
tentativas de mudança em instituições que visam transcender as dificuldades e
aceitar os desafios que o Lúdico (brincar prazeroso) e a terceira idade nos
fornece continuamente. Dessa forma, em comum sintonia, é importante
articular as diversas disciplinas (Enfermagem, Nutrição, Medicina, Fisioterapia,
Fonoaudiologia, Musicoterapia, Educação Física, Terapeuta Ocupacional,
Psicologia, entre outras), numa só maneira de lidar com as transformações
políticas, sociais, culturais e econômicas que o país sofre atualmente.
Nesse despertar, a interdisciplinaridade da Psicomotricidade Lúdica
serve como um instrumento condutor para a Gerontologia, em busca de
mudanças por meio de trabalhos na comunidade e em unidades hospitalares,
com resultados que venham a somar conhecimentos e redundar em esforços,
no processo de desenvolvimento da área da saúde, com o estabelecimento de
diálogos construtivos, em encontros de pesquisas, seminários e reuniões,
trabalhando sempre a diversidade, a complexidade e a dinâmica social
relacionada, atualmente, ao idoso as quais as ciências tentam explicar.
Por fim, devemos lembrar que o Lúdico (brincar prazeroso), é uma
grande arma contra o sedentarismo atual, pois sabemos que iremos envelhecer
um dia ou até mesmo em todos os momentos de nossas vidas envelhecemos.
Portanto quando estivermos envelhecendo, devemos nos policiar de fatores
que levam ao “stress” psicofísico. Outrossim, quando estivermos parados e
hipocinéticos, estamos envelhecendo e quando praticarmos algum tipo de
atividade seja ela Lúdica ou não, estamos revivendo e renovando a cada dia,
não só nosso corpo degradado pelo tempo, mais sim a nossa verdadeira alma
interior.
53
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 11 O QUE É LÚDICO? 11 1.1 – Os Benefícios do Lúdico na vida do idoso 15 1.2 – O que são Atividades Lúdicas? 18 1.3 – O que são Atividades Recreativas? 18 1.4 – O que são Atividades Esportivas? 19 1.5 – A importância da prática de Atividades Lúdicas, Recreativas e Esportivas na terceira idade 20 1.5.1 – Atividades Lúdicas para idosos 22 1.5.2 – Atividades Recreativas para idosos 24 1.5.3 – Atividades Esportivas para idosos 25 CAPÍTULO II 28 O QUE É TERCEIRA IDADE? 28 2.1 – O idoso e a Sociedade Atual 29 2.1.1 – Qual a importância do Idoso na Sociedade 33 2.2 – A Consciência Corporal na Terceira Idade 36 2.3 – O que é Envelhecimento Biológico 38 2.4 – O que são Doenças Degenerativas na terceira idade 41 CAPÍTULO III 44 PREVENÇÃO DE DOENÇAS E QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE 44 3.1 – O Lúdico e a Auto Estima na Terceira Idade 49
CONCLUSÃO 51 BIBLIOGRAFIA 53 ÍNDICE 61