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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DISPERTANDO
APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS DAS GRADUAÇÕES.
Por: Alzira Maria Cremonez Simas
Orientador
Prof. Mônica Ferreira de Melo
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DISPERTANDO
APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS DAS GRADUAÇÕES.
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Docência do Ensino Superior.
Por: Alzira Maria Cremonez Simas
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me capacitado
e dado força física e espiritual para conquistar
esse objetivo importantíssimo na minha vida.
Ao Rodolfo, meu marido, por ter me
incentivado a começar esta Pós-Graduação e
por não ter deixado de me apoiar o tempo
todo, fazendo-me buscar forças e,
principalmente, não permitir que eu
fraquejasse.
Aos meus três filhos Letícia, Patrícia e
Pedro, por existirem, pois sem eles minha
vida não teria sentido.
Aos meus professores, com destaque
especial para querida orientadora Mônica
Ferreira de Melo, cujos ensinamentos e
disponibilidade em tempo integral, permitiram
que eu alcançasse este tão desejado final
feliz.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Inácio Francisco
Cremonez e Dolores Martins Cremonez (in
memoriam), que tiveram existências
simples, porém viveram com muito amor, o
suficiente para transmitirem tanto carinho
aos filhos.
Ao meu netinho Marco Antônio Simas
Paim.
Aos meus filhos, Letícia, Patrícia e
Pedro, que são a alegria da minha vida.
Ao Rodolfo, meu marido há 41 anos,
pelo amor, carinho e parceria, sempre
incentivando e acreditando no meu trabalho.
A Maria de Fátima Refinetti, querida
amiga de todas as horas, por quem tenho
muito carinho.
À querida professora Marta Pires
Relvas, do curso de graduação em Estética,
Beleza e Imagem Pessoal, que com sua
sabedoria e dedicação mostrou-me os
novos caminhos da profissão.
À Professora Maria Rita Lemos de
Resende com quem, em 1981, em São
Paulo, aprendi “as primeiras letras” na área
da Estética e Cosmetologia.
5
RESUMO
Este trabalho de pesquisa aborda as relações entre a Didática, a
Afetividade, as Emoções e a Aprendizagem no Ensino Superior. No primeiro
capítulo, será citado as Tendências Pedagógicas, um histórico sobre a Didática
na educação e as tarefas do docente. No segundo capítulo, será abordada a
importância da emoção e da afetividade no processo de ensino-aprendizagem.
No terceiro e último capítulo, será estudada a ação docente no ensino superior,
a responsabilidade do aluno, fazendo relações com a Didática e os assuntos
trabalhados nos capítulos anteriores.
Palavras-chave: Didática, Ensino Superior, Aprendizagem, Emoção,
Afetividade.
6
METODOLOGIA
Este estudo refere-se a uma pesquisa teórica, envolvendo um estudo
bibliográfico, onde serão consultadas as principais publicações que tratam do
tema.
Para o estudo da Didática e as Tendências Pedagógicas na Educação,
foram pesquisados os seguintes autores: CANDAU (2000), FREIRE (1996 e
2005), LIBÂNEO (1994).
Para o estudo sobre a Aprendizagem, as Emoções, Afetividade,
Memória e Atenção, foram pesquisados os seguintes autores: BARBOSA
(1989), CUNHA e FERLA, (2002), FREIRE (1979, 1993 e 2005), FREITAS
(2006), GARDNER (1994), JOURDAIN (1998), LENT (2008), RELVAS (2005),
(2009) e (2009), RICHTER (2004), SCHWARTZMAN (2008), VYGOTSKY
(1991), WALLON (1979)
Para a pesquisa sobre o Papel da Didática no Ensino Superior, foram
consultados os seguintes autores: LIBÂNEO (1994), LDB 9394/96 (art. 43 ao
57), MASSETO (2003), PORTILHO (2009), TEIXEIRA (2002), SEVERINO
(2008)
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I -
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL E A DIDÁTICA 10
CAPÍTULO II -
A INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM 23
CAPÍTULO III–
O PAPEL DA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 32
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 42
8
INTRODUÇÃO
Dentro de um ambiente educacional, o professor atua como facilitador
da aprendizagem de seus alunos. Para tanto, precisa refletir sobre sua prática,
observando se está realmente estimulando os estudantes. Há casos em que o
professor, ao invés de incentivar, acaba desmotivando os alunos por não
proporcionar-lhes uma aula interessante. Nesses casos, os aprendentes
acabam perdendo o interesse pelo assunto. Consequentemente, não assimilam
o conteúdo proposto.
Sabe-se que sem emoção não há aprendizagem, logo, para que seja
possível promover o conhecimento, é preciso observar e respeitar a emoção do
aluno. Proporcionar um ambiente acolhedor, em que o estudante se sinta
seguro. Aprendemos quando atribuímos significado ao conteúdo trabalhado,
por isso, faz-se necessário despertar o interesse pelas novas aprendizagens
através de conexões afetivas emocionais.
É impossível realizar um trabalho de qualidade na educação,
independentemente de qual disciplina esteja sendo ministrada, se o educador
não conseguir se fazer entender. A aula prazerosa libera substancias naturais
conhecidas como serotonina e dopamina que estão relacionadas à satisfação,
ao prazer e ao humor. Por outro lado, uma aula desagradável, provoca a
liberação de substancias como adrenalina e cortisol que bloqueiam a
aprendizagem e alteram a fisiologia do neurônio, interrompendo as
transmissões das informações das sinapses nervosas (RELVAS, 2005).
A aprendizagem pode ser explicada como a maneira como indivíduos
retém novos conhecimentos, desenvolvem habilidades e mudam o
comportamento, através da experiência construída por fatores emocionais,
neurológicos, relacionais e ambientais (BARBOSA,1989).
9
Segundo o art. 43 da LDB, uma das finalidades da Educação Superior é
“suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e
possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que
vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração.” (Lei 9.394/1996 art. 43- V).
Desta forma, fica claro que o docente precisa aprimorar a cada dia seus
conhecimentos específicos e pedagógicos, além de pensar em maneiras
inovadoras de transmissão do conhecimento, de modo que possa contribuir
para o desenvolvimento dos alunos.
10
CAPÍTULO I –
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL E A DIDÁTICA
1.1 Desenvolvimento histórico da Didática e tendências pedagógicas.
A história da Didática está relacionada ao surgimento do ensino como
uma prática planejada e intencional, direcionada à instrução ao longo do
crescimento da sociedade das ciências e da população.
Didática: disciplina da Pedagogia que estuda o
processo de ensino através dos seus componentes –
os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem
– para, com o embasamento numa teoria da
educação, formular diretrizes orientadoras da
atividade profissional dos professores. É, ao mesmo
tempo, uma matéria de estudo fundamental na
formação profissional dos professores e um meio de
trabalho do qual os professores se servem para
dirigir a atividade de ensino, cujo resultado é a
aprendizagem dos conteúdos escolares pelos alunos
(LIBÂNEO 1994 – pg. 52).
Há vestígios de que desde a antiguidade já existia, de uma manos
professores e eira simples, instrução e aprendizagem. Nas sociedades
primitivas havia um sinal de iniciação para a ação pedagógica em que os
jovens eram submetidos, porém a Didática ainda não existia como forma de
ensino.
Apesar da ação pedagógica já acontecer em universidades, igrejas,
escolas e mosteiros, na época Medieval e na Antiguidade Clássica (gregos e
romanos), ainda existia a Didática como teoria de ensino, que organizava o
pensamento didático e o saber científico das formas de ensino, até meados do
século XVII.
11
Segundo Libâneo, a palavra didática surge quando os adultos começam
a intervir na atividade de aprendizagem das crianças e jovens através da
direção deliberada e planejada do ensino, ao contrário das formas de
intervenção mais ou menos espontâneas de antes (LIBÂNEO, 1994).
João Amós Comênio foi o primeiro a escrever uma obra sobre Didática.
Ele era um pastor protestante que viveu no século XVII, entre 1592 e 1670.
Seu livro chamou-se “A Didática Magna”, onde ele estudou as ligações entre
ensino e aprendizado.
Em sua “A Didática”, Comênio afirma que todos têm direito à educação,
que é um caminho para Deus, e não agride sua natureza. Segundo ainda ele, o
conhecimento não se dá instantaneamente; é adquirido aos poucos. Deduz-se
dessa afirmativa que a sensibilidade tem um papel decisivo no entendimento
das coisas. Para conhecê-las, deve-se observá-las com atenção e utilizar os
órgãos dos sentidos. O método intuitivo dá-se com a observação direta das
coisas pelos órgãos dos sentidos que os registra na mente. (LIBÂNEO, 1994).
O planejamento de ensino deve deixar fluir o curso natural infantil; não
se deve ensinar o que a criança não tenha condições de entender. Em primeiro
lugar, as coisas; as palavras virão depois. Por esse motivo, primeiro vem a
parte mais fácil, isto é, o que já é do conhecimento das pessoas; somente
depois é trabalhado o que não se conhece (o mais difícil).
Comênio teve um papel importantíssimo na educação, não
simplesmente porque dedicou sua vida à criação de métodos mais eficazes de
ensino, mas também pelo fato de desejar os seres humanos tivessem a
oportunidade de desfrutar das vantagens que o conhecimento traz para as
pessoas.
Suas ideias não foram colocadas em prática rapidamente, pois eram
muito avançadas para uma época em que predominavam as práticas de ensino
da idade média: intelectualista, verbalista e dogmático, repetição mecânica dos
ensinos do professor e memorização. O aprendizado na escola era limitado aos
12
ensinos do professor; o aluno não podia impor suas ideias e pensamentos,
especialmente porque o ensino era dissociado da vida real e ainda havia uma
forte influência da religião na vida social (LIBÂNIO, 1994).
Fundamentado nos reais interesses e necessidades infantis, o Iluminista
e enciclopedista Jean Jacques Rousseau (1712-1778) sugeriu um novo
conceito de ensinar. E propôs:
a) preparo da vida futura de uma criança deve apoiar-se nos estudos que
representam as necessidades e interesses atuais. É necessário que elas sejam
despertadas para o gosto dos estudos antes de serem despertadas para as
ciências, pois o grande professor é aquele que tem o conhecimento, possui a
experiência e, principalmente, o sentimento. O interesse e o potencial da
criança são despertados pelo contato com o mundo onde ela vive. Em outras
palavras, as necessidades e os interesses atuais do estudante estabelecem a
organização dos estudos;
b) as crianças são boas por natureza (“O homem nasce bom; a sociedade o
corrompe”). A educação fundamenta-se no desenvolvimento interno do aluno,
cujo processo acontece com naturalidade.
As ideias de Rousseau não foram colocadas em prática; assim como
também não foram elaboradas teorias de ensino. O pedagogo suíço Henrique
Pestalozzi (1746-1827), foi quem realizou essas ideias, e dedicou sua vida a
educar crianças necessitadas, em escolas por ele próprio dirigidas. Pestalozzi
concedeu muito destaque ao aprendizado como cultivo do caráter, da mente e
do sentimento.
Muitos outros pedagogos foram influenciados pelas ideias de Comênio,
Rousseau e Pestalozzi. Johann Friedrich Herbart (1766-1841) foi o principal.
Importante pedagogo alemão que teve muitos seguidores, e teve na prática
docente importante influencia.
Herbart até hoje é inspirador da pedagogia conservadora, e continua
constante nas escolas do Brasil. Criou uma análise do processo psicológico-
didático de conquista do aprendizado, sob a direção do professor. Segundo
13
Herbart, o fim da educação é a moralidade, atingida através da instrução
educativa.
Os denominados de herbartianos (sistema pedagógico de Herbart),
trouxeram entendimentos valiosos para a prática docente. Exemplo: “a
necessidade de estruturação e ordenação do processo de ensino, a exigência
de compreensão dos assuntos estudados e não simplesmente memorização, o
significado educativo da disciplina na formação de caráter.” (LIBÂNEO, 1994, p.
61).
Contudo, as ideias do professor é repassada para o estudante, que
devem entender o que o professor explica, simplesmente com o objetivo de
imitar o que lhe foi ensinado. Dessa forma a aprendizagem torna-se
automática, mecânica, a atividade mental não estimula o pensamento do aluno
e a criatividade.
As bases do pensamento pedagógicos europeus, preconizadas pelos
pedagogos Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Herbart, entre outros, espalhou-se
por todo o mundo hoje em dia são reconhecidas como Pedagogia Tradicional e
Pedagogia Renovada.
A Pedagogia Tradicional é uma proposta de educação centrada no
professor que repassa a seus alunos todo o conhecimento e saber adquirido
pela humanidade, o que é considerado importante é o conhecimento já
existente acumulado pelas gerações anteriores e repassado aos estudantes
como verdades incontestáveis. É dado ênfase ao valor intelectual dos
conteúdos. São baseados nos valores da sociedade vigente, que são os dos
pais dos alunos. (FREIRE, 1996)
A Pedagogia Renovada reúne correntes que defendem a renovação
escolar, contrária à Pedagogia Tradicional. As ideias de Rousseau ganharam
vários nomes como, por exemplo: Educação Nova, Escola Nova, Pedagogia
Ativa e Escola do Trabalho.
14
Foi desenvolvida como tendência pedagógica no início do século XX,
porém nos séculos anteriores vários pedagogos e filósofos, tais como Erasmo,
Rabelais, Montaigne, à época do Renascimento, e os já citados Comênio
(séc.XVII), Rousseau e Pestalozzi, defendiam a renovação da educação.
Algumas correntes do movimento escolanovista tiverem maior destaque,
como a Pedagogia Pragmática ou Progressivista, criada nos Estados Unidos,
por John Dewey (1859-1952). Esse educador brilhante teve importante
influencia na Escola Nova na América Latina, e principalmente no Brasil. No
inicio da década de 1930, alguns educadores formaram o Movimento dos
Pioneiros da Escola Nova, liderados por Anísio Teixeira. Tal ação foi importante
na formação da política educacional, na legislação, na investigação acadêmica
e na prática escolar.
Além da corrente Progressivista, evidenciaram-se as ideias de Jean
Piaget com a Teoria Interacionista, que se baseia na Psicologia Genética, e de
Montessori, com a corrente Vitalista.
A Pedagogia Cultural, corrente da Pedagogia Renovada pouco
conhecida entre nós, embora não possua vínculo com o movimento Escola
Nova, teve repercussões no Brasil. Tal corrente é caracterizada por focar a
educação como cultura, concedendo ao professor a importante função de dirigir
e guiar os rumos da formação do estudante apropriando valores culturais.
(LIBÂNEO, 1994).
1.2 As tendências pedagógicas no Brasil e a Didática
Segundo Libâneo (1994), a história da Didática no Brasil nos últimos
anos, as relações entre investigação do seu campo de conhecimento e as
tendências pedagógicas podem ser classificada em dois grupos: o das
tendências de cunho liberal à Pedagogia Tradicional, Pedagogia Renovada e
Tecnicismo Educacional; o das tendências de cunho progressista à Pedagogia
Libertadora e Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. As mais conhecidas
15
são essas, mas, provavelmente, há outras correntes ligadas a uma ou a outra
dessas tendências.
Ao conjunto de regras e princípios que regulamentam o ensino na
Pedagogia Tradicional dá-se o nome de Didática. É no professor que está o
exercício de ensinar de expor e interpretar a matéria.
O discurso oral e a palavra são os principais meios utilizados para
ensinar. Às vezes, porém, são usados outros artifícios, como a apresentação
de objetos para ilustrar a aula. Porém acredita-se que fazendo repetidas vezes
o mesmo exercício os estudantes melhor absorvem as matérias. Assim,
também respondem melhor aos questionamentos do professor. É fundamental
que o aluno preste muita atenção ao que o professor fala, pois com isso facilita-
se a memorização do que foi transmitido. A função do aluno é decorar a
matéria que recebeu, tendo em vista que ele é simplesmente um receptor.
Mesmo nos dias de hoje, no ensino tradicional, a presença dos métodos
intuitivos é muito forte. Esses métodos (intuitivos) são baseados na
demonstração de dados sensíveis, fazendo com que os alunos os reproduzam
com fidelidade em suas mentes.
“Partir do concreto”. Para vários professores, essa é a chave do ensino
atualizado. Esse pensamento pertencia à Pedagogia Tradicional, pois o
“concreto” só ajuda a registrar na memória o que é absorvido pelos sentidos. O
material concreto é demonstrado, porém o estudante não trabalha na sua
mente com ele, não o repensa; seu raciocínio não o reelabora. O crescimento
das suas habilitações intelectuais e a aprendizagem permanecem automáticos
e o desempenho mental do estudante não é estimulado.
Na prática escolar, a Didática Tradicional segue predominando. É
normal, na grande maioria das escolas brasileiras, o professor aumentar a
quantidade de exercícios repetitivos, conceder ao ensino a função de transmitir
os conhecimentos, que são decorados e sem questionamento; empregar
16
castigos, impondo externamente a disciplina. A finalidade de crescimento do
raciocínio e a constituição da mente se reduziram a práticas de memorização.
As várias correntes da Pedagogia Renovada, segundo LIBANEO (1994) são:
a) progressivista (baseada em John Dewey);
b) não diretiva (Carl Rogers);
c) ativista-espiritualista (católica);
d) culturalista;
e) Piagetiana;
f) a montessoriana;
g) outras.
Contrapondo a Pedagogia Tradicional, essas correntes estão ligadas ao
movimento da Pedagogia Ativa, que surgiu no final do século XIX. Porém, em
1984, Castro disse que a experiência e os conhecimentos da Didática no Brasil
são pautados, em grande parte, em um movimento chamado Escola Nova,
inspirado na Corrente Progressivista. Importante destacar a Didática Ativa
inspirada nessa corrente, bem como a Didática Moderna de Luis Alves de
Mattos, incluída na Corrente Culturalista.
A Didática da Escola Nova considera o aluno como o principal
personagem: o sujeito da aprendizagem. O professor deve estimular os
interesses do estudante, colocando-o em situações apropriadas que favoreçam
e estimulem os seus interesses e as suas necessidades, fazendo com que o
estudante busque por ele mesmo o conhecimento e adquira experiências. O
professor não é o centro da atividade escolar, assim como a matéria também
não o é, o investigador é o estudante ativo. Cabe ao professor, tão somente,
mostrar o caminho, orientando, incentivando, etc., de acordo com as
características e a capacidade individuais de cada estudante.
Atividades cooperativas trabalhos de grupo, estudos individuais,
pesquisas, projetos, experimentações etc., assim como os métodos científicos
e método de reflexão são de grande importância na Didática ativa.
17
Método que funciona é aquele que atende às principais necessidades do
processo de aprendizagem. Resumindo, a Didática Ativa se importa mais com
os processos de aprendizagem e os meios que possibilitam o desenvolvimento
das capacidades e habilidades intelectuais dos alunos do que com a
sistematização do conhecimento.
Pelas razões expostas acima, os seguidores da Escola Nova afirmam
que o professor não ensina nada aos alunos; tão somente, ajuda-os a
aprender. O conhecimento está dentro do estudante e surge quando é
estimulado através da pesquisa e da investigação.
Infelizmente, muitos docentes, por não possuírem conhecimento
científico da pedagogia ativa, normalmente realizam técnicas como, por
exemplo: estudo dirigido; debates; trabalho de grupo; estudo de casos, etc.
Ignorando, que a finalidade mais importante, é fazer com que o estudante
pense cientificamente, ampliando suas habilidades de raciocinar. Por essa
razão, da mesma forma como é feito no ensino tradicional, os docentes quando
vão fazer a avaliação, exigem conteúdo decorado.
A Didática Moderna aparece a partir de 1950, por sugestão de Luís
Alves de Mattos, fazendo um paralelo à Didática da Escola Nova. Vários
manuais sobre Didática, que mais tarde foram publicados, usavam como
referência o livro Sumário de Didática Geral, de sua autoria, onde autor
comparava sua Didática da seguinte forma: o aluno é o principal ator; as
atividades escolares existem em razão dele, e são dirigidas para ele, visando
pura e simplesmente suas educação e aprendizagem, com o objetivo de
desenvolver sua a inteligência e formar seus caráter e personalidade. É o
professor quem vai exercer as atividades de incentivar, orientar e controlar a
aprendizagem e, dessa forma, direcionando o aluno em razão de seu potencial
de aprendizagem e do desenvolvimento dos seus hábitos de estudo e reflexão.
O autor propõe o método didático em ação, que ele chamou de Teoria do Ciclo
Docente. A referida teoria compreende os períodos de planejamento,
orientação e controle da aprendizagem e suas subfases, é definida como o
conjunto de atividades exercidas, em sucessão ou ciclicamente, pelo professor,
18
para dirigir e orientar o processo de aprendizagem dos seus alunos, chegando
ao final da melhor forma possível.
No Brasil, na década de 1950, foi desenvolvido o Tecnicismo
Educacional. Porém somente em 1960 recebeu autonomia, estabelecendo-se
como tendência pedagógica, incluída, de certa forma, na Pedagogia Renovada.
Foi inspirado na teoria behaviorista da aprendizagem e na abordagem
sistêmica do ensino.
O começo da década de 1960 trouxe a educação de adultos, formando a
tendência que foi chamada de Pedagogia Libertadora.
A partir de meados de 1970, devido às lutas sociais dirigidas para a
tentativa de democratização do país, foi viabilizada a discussão sobre as
questões que diziam respeito à educação e aos processos estabelecidos nas
escolas, com um tom critico à política das instituições sociais do sistema
vigente: o capitalismo. Na ocasião, aproveitando o abrandamento do aparelho
repressor do estado, houve um grito muito forte de alguns militantes políticos
contra o papel ideológico e discriminador da escola na sociedade capitalista.
Na mesma ocasião, houve outro grupo mais preocupado em articular a escola
com os reais interesses da população. Destacaram-se a Pedagogia Crítico-
Social dos Conteúdos e a Pedagogia Libertadora, de Paulo Freire, que afirma
que: “se pretendemos a libertação dos homens, não podemos começar por
aliená-los ou mantê-los alienados.” (FREIRE, 2005, P.77)
Em torno de 1980, as tendências progressistas, empenhadas em
propostas pedagógicas direcionadas para os interesses da grande população
adquiriram mais solidez e sistematização.
Vários adeptos da Pedagogia Libertadora se recusam a aceitar essa
disciplina na formação dos professores, por entenderem que a didática
embutida nela limita-se ao tecnicismo. Porém, não é possível negar a
existência de uma didática implícita na execução do trabalho do professor
19
diante de sua classe, pois na prática, ao se apresentar perante os alunos o
professor o faz orientado para o aprendizado deles.
Os sindicatos, associações de bairro, comunidades religiosas e outros,
são os mais importantes receptores da Pedagogia Libertadora, que tem atuado
nesses setores com muito sucesso, por apresentar-se perante públicos adultos,
em que, por conta da presença de intelectuais de certa forma comprometidos
com as questões populares, o debate social e político sempre estão presentes
e visam atender aos interesses da população (LIBÂNEO, 1994).
O principal requisito para a participação da população nas lutas de
classes é a divulgação de conhecimentos sistematizados a todos. É dessa
forma que a escola pública cumpre sua função social e política, de acordo com
a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. Grande importância é dada à
Didática, pela Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. Isso se deve às
ligações existentes entre a aprendizagem e as formas de ensino. Embora
tenham caminhos opostos, o ensino e a aprendizagem, na realidade, se
completam.
A Pedagogia Crítico-Social tende a somar-se com Pedagogia Tradicional
e a Escola Nova. Colocando-se do lado da maior parte da população, a
Pedagogia Crítico-Social, atribui à instrução e ao ensino o dever de transmitir
ao estudante o conhecimento de conteúdos científicos, os métodos de estudo e
habilidades e hábitos de raciocínio, para que adquiram consciência crítica da
realidade que o cerca e de que ele é agente ativo de transformações, e não
simplesmente um espectador.
Segundo Libâneo (1994), a capacidade metodológica e teórica, bem
como a competência demonstrada pelo professor na execução de seu trabalho
em sala de aula, asseguram uma direção para o docente e maior segurança no
trabalho profissional.
20
1.3 As tarefas do Docente e a Didática
Luckesi compreende o educador como “o ser humano que constrói,
pedra sobre pedra, o projeto histórico de desenvolvimento do povo. Um ser
junto com os outros, conscientemente, engajado no “fazer” a história.” Esse
“fazer” se concretiza em um projeto pedagógico.
O autor entende que a ação pedagógica não pode ser praticada de uma
forma neutra, mas deve ser um “fazer ideológico”. Também afirma que é
necessário que o educador deve estar pautado em um pensamento teórico,
optando pela linha filosófico-política da libertação ou da opressão. Sendo
assim, a ação pedagógica deve ser “comprometida, ideológica e efetivamente”
e jamais uma prática burocrática ou profissional burocrata. (in CANDAU, 2000,
p. 27 e 28).
Conforme Libâneo, os principais objetivos do trabalho do professor são
compreendidos como atividade Pedagógica, São eles:
• Garantir aos estudantes que os conhecimentos ali adquiridos
perdurem para sempre.
• Procurar trazer para a sala de aula todos os meios que facilitem aos
estudantes o desenvolvimento de suas capacidades e habilidades
intelectuais, afim de que obtenham autonomia no processo de
aprendizagem e liberdade.
• Trabalhar a personalidade dos alunos, isto é, ajudá-los a escolher um
direcionamento e norteamento diante de suas realidades.
A educação engloba dois processos: de aprendizagem e de ensino.
Esses conceitos estão ligados um ao outro. Caráter, sentimentos, vontade;
estão envolvidos nos traços da educação e relacionam-se com habilidades e
conhecimentos; faz com que os estudantes tenham força de vontade para
estudar e, como consequência, adquirir conhecimento e desenvolver suas
capacidades.
21
A avaliação, a direção do ensino e da aprendizagem, bem como o
planejamento, são tarefas necessárias que devem ser executadas pelo docente
para que ele possa alcançar seus objetivos.
Segundo Libâneo (1994), o docente necessita possuir alguns requisitos
para realizar o suas tarefas e que formam o campo de estudo da Didática:
Adequar as reais necessidades da escola e da classe de alunos, através do
total domínio dos programas oficiais.
a) Conhecer o nível dos estudantes, bem como as características
individuais, sociais e culturais.
b) Total conhecimento e segurança com relação à matéria que ensina,
para poder realizar a seleção do conteúdo que será ministrado.
c) Fazer com que os alunos se interessem pelos estudos e
compreendam a real importância da escola, com relação ao futuro de
suas próprias vidas.
d) Total influencia em relação a métodos de ensino, técnicas,
procedimentos e recursos.
e) Conhecer perfeitamente as etapas do processo de ensino ou as
funções didáticas.
f) Facilidade de explicar de forma clara e fluente, de maneira a
favorecer o entendimento dos estudantes.
g) Realizar perguntas de forma que os estudantes possam pensar e
concluir por si próprios.
h) Comportar-se de uma forma tal que transmita confiança, segurança,
coerência, respeito, dedicação. Demonstrar claramente o seu sincero
desejo de que eles consigam superar suas ansiedades e
dificuldades.
i) Domínio dos vários tipos e formas de elaborar as provas, e como
realizar avaliações qualitativas.
j) Estar continuamente atento ao cumprimento dos objetivos e do
rendimento das atividades dos alunos e dele próprio.
k) Conhecer muito bem os processos de avaliação diagnóstica, obtendo
os dados necessários, e estar sempre atento às dificuldade de cada
aluno.
22
A partir dos estudos feitos no primeiro capítulo, concluo que a didática
no professor, é fundamental para o desenvolvimento dos alunos. Contudo, a
afetividade deve fazer parte do cotidiano da sala de aula.
No próximo capítulo, será feito um estudo sobre a influência da emoção
na aprendizagem.
23
CAPÍTULO II
A INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM
Ensinar é aprender. Aprender a enfrentar o desafio da
vinculação da emoção com a razão no processo de conhecer
e, além disso, enfrentar o desafio de criar recursos,
instrumentos, estratégias táticas e operacionais que mobilizem,
no educando, sua emoção em paralelo com a sua razão.
(RELVAS, 2005, p. 101)
2.1. O Amor: a Questão Central
“Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita” (FREIRE, 1979,
p.29)
A transformação do sujeito é um conceito implícito na educação. Para
tanto, é preciso que haja um relacionamento de trocas de saberes e
experiências dos sujeitos, num contexto histórico e crítico-social, envolvido com
a práxis – ação que articula a teoria com prática. Dessa forma, haverá uma
compreensão mútua, que possibilitará ao educador, contribuir para o
desenvolvimento do aluno. Pois, “como ajudar alguém a aprender, se não o
compreendemos?” Infelizmente, quando o homem não consegue ajudar o outro
a aprender, rotula-o como sendo uma pessoa de difícil aprendizagem.
(FREITAS, 2006, p.24)
Para que aconteça a aprendizagem, e não o contrário, o correto teria
que ser feita a seguinte pergunta: o outro está sendo compreendido na sua
plenitude? Somente compreendendo o outro e escolhendo dinâmicas próprias
o processo se completará.
Quando a forma de educar não é para a liberdade o respeito e o amor,
não se consegue melhorar a confiança, a autonomia a autoestima do aluno;
nada mais se faz do que, além de aumentar a insegurança, gerar conflitos,
solidão, depressão, racismo e tantas outras coisas tristes. Só é possível
24
realizar a educação para a sociedade através do respeito mútuo o carinho e o
amor (FREITAS 2006).
Segundo Freitas, Pedagogia é definida como os objetivos de um sistema
educacional. O ambiente educacional em que os estudantes serão submetidos
refletirá no tipo de indivíduos que teremos no final do processo educativo, se
serão pessoas independentes ou inertes em suas atitudes, egoístas ou
indivíduos que participam da construção do conhecimento e cooperam no
trabalho. Se nos processos de aprendizagem reconhecem a grande
importância da afetividade. A escolha da tendência do paradigma pedagógico
mostrará como o processo da construção do conhecimento. A instituição de
ensino é o local mais adequado para quebra de tabus, leis, mitos, reflexão etc.
Uma vez que a escola é um dos sistemas sociais mais importantes da
sociedade.
Infelizmente, na educação atual há uma carência muito grande de afeto.
Falta a preocupação em conhecer as reais necessidades do estudante, pois
quem se acostumou a proceder de forma autoritária só vai angariar
insatisfação. Em um lugar desses, todos adoecem. Como podemos observar
ninguém sai ganhando; muito pelo contrário, todos são perdedores. A cada
momento a instituição de ensino deixa de ser o sentido e a razão, conforme
suas finalidades iniciais e acaba formando pessoas fracassadas, perdidas,
infelizes, inseguras e completamente despreparadas para o mercado de
trabalho e para a vida. (FREITAS, 2006)
2.2. Emoção e Aprendizagem
“Tudo é aprender. E aprender é sempre adquirir uma força para outras
vitórias, na sucessão interminável da vida.” (CECÍLIA MEIRELES, APUD
RELVAS, 2005, p. 100)
25
A aprendizagem pode ser explicada como a maneira como indivíduos
retem novos conhecimentos, desenvolvem habilidades e mudam o
comportamento, através da experiência construída por fatores emocionais,
neurológicos, relacionais e ambientais. O Aprendizado resulta da interação
entre estruturas mentais e o ambiente. Não se limita às aquisições feitas na
escola, mas se aplica a todos os conhecimentos que o indivíduo adquire
durante a vida, no âmbito familiar, social e institucional. (BARBOSA, 1989). A
neurociência explica que todas as áreas cerebrais estão relacionadas com o
processo de aprendizagem, que pode ser definido como uma alteração
biológica que ocorre a partir da comunicação entre os neurônios, criando uma
rede de interligações que podem ser acionadas com facilidade e rapidez.
(RELVAS, 2009).
O que nos distingue como ser humano é a nossa capacidade
de entrelaçar o intelectual com o emocional para constituir
significações através de diferentes linguagens. ”É nessa rede
afetiva e lógica que nos tornamos singulares e sociais em
determinada cultura.” (RICHTER, 2004, p. 56)
Na sala de aula, o professor deve trabalhar a autoestima dos alunos,
porque “a emoção está para o prazer, assim como o prazer está para o
aprendizado, e a autoestima é a ferramenta que movimenta os estímulos para
gerar bons resultados.” (RELVAS, 2005, p. 52). Se o estudante somente
observa de forma neutra o que acontece na sala de aula, provavelmente não
irá armazenar as informações em sua memória, pois “apenas os sentimentos
são capazes de transformar uma aula numa experiência pessoal, porque nesse
caso os conteúdos a aprender passarão a significar alguma coisa para o
aluno.” (MENTE E CÉREBRO, especial “Como o cérebro aprende”, p. 12)
Gardner propõe uma reflexão sobre o conceito de inteligência,
analisando as sociedades ao longo dos séculos até o tempo presente,
observando a diversidade de atividades e profissões existentes. Para ele, a
inteligência assume um caráter múltiplo e as pessoas possuem estilos
cognitivos contrastantes. Segundo a teoria das Inteligências Múltiplas, temos
26
tipos variados de mente, cada indivíduo pensa e age de forma diferenciada. O
autor ressalta que os educadores devem preocupar-se em compreender as
individualidades de cada estudante, pois eles tem suas mentes diferentes umas
das outras. Desta forma, critica os tradicionais testes de QI, pois apenas as
habilidades lingüísticas e as lógico-matemáticas são considerados, e afirma
que para analisar de forma adequada a cognição humana, é preciso considerar
um conjunto de competências muito maior do que se imaginou. A maioria
destas competências não podem ser medidas através de testes padronizados.
Ele nomeou tais competências intelectuais de “inteligências” e considerou oito,
que são: Lógico-matemática, lingüística, musical, espacial, corporal-
cinestésica, interpessoal, intrapessoal.
Todas as pessoas são capazes de aprender. Cada indivíduo possui
habilidades diferentes. Segundo Gardner, indicadores de inteligência como o
QI não mostram totalmente a capacidade cognitiva. Introduziu em sua teoria
das inteligências múltiplas, a ideia de incluir os conceitos de inteligência
intrapessoal como de entender a si mesmo e de compreender os próprios
sentimentos (medos e motivações) quanto de inteligência interpessoal
capacidade de compreender as intenções, motivações e desejos dos outros.
Sendo assim, embora os nomes dados ao conceito tenham variado, há um
consenso de que as definições tradicionais de inteligência não mostram
totalmente suas reais suas características (GARDNER 1994).
Respeitando os sonhos, as frustrações, as dúvidas, os medos,
os desejos dos educandos, crianças, jovens ou adultos,
educadores e educadoras populares têm neles um ponto de
partida para a sua ação. Insista-se, um ponto de partida e não
de chegada. (FREIRE, 1993, p. 16).
Segundo Lent, podemos dividir as emoções humanas em três tipos:
emoções primárias; emoções secundárias; e emoções de fundo, propostas
recentemente pelo neurologista português António Damásio. Existem pelo
menos seis emoções primárias: alegria, tristeza, medo, nojo, raiva e surpresa.
As emoções secundárias são mais complexas e dependem de fatores
http://pt.wikipedia.org/wiki/QI
27
socioculturais. Ex.: culpa e vergonha. Já as emoções de fundo estão
relacionadas com o bem estar ou com o mal estar, com a calma ou com a
tensão. Estímulos internos, vísceras. Expressam-se em alterações complexas
musculoesqueléticas, tais como variações sutis na postura do corpo e na
configuração global dos movimentos. Essas emoções não são consideradas
nas discussões tradicionais sobre emoção, embora em geral sobrevivam a
várias doenças neurológicas. (LENT, 2008).
A aprendizagem e o ato de aprender estão, dentre outras coisas,
relacionadas a um ambiente emocional. Por esse motivo, a temperatura
emocional e qualidade da relação onde acontecem as mediações da
aprendizagem são importantíssimas. Entretanto é necessário destacar que no
campo afetivo de um indivíduo, as emoções são as principais manifestações.
Quando um aluno em seu percurso de aprendizagem se emociona ou mostra
como estão as suas emoções, são formas diferenciadas de manifestações cujo
termo utilizado para identificá-los, segundo Henri Wallon, é a afetividade. O
docente pode compreender o que está acontecendo com seu aluno através do
seu olhar, da sua respiração, agitação, etc. Emoções que são formas de
expressar os sentimentos. (WALLON, 1979)
Como prática estritamente humana jamais pude entender a
educação como experiência fria, sem alma, em que os
sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem
ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem
tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma
experiência a que faltasse rigor em que se gera a necessária
disciplina intelectual. Tenho esperança de contribuir e me
interesso profundamente, para o destravado aprendiz, para que
ele possa ser livre para bem aprender. (FREIRE, 2005, p. 146)
Para diversos autores, o ato de aprender é entendido como a meta final
da assimilação de algo intimamente relacionado ao sujeito que aprende. Trata-
se de uma modificação do comportamento individual, em que o estudante
28
amplia seu potencial. Cada indivíduo tem a sua maneira de aprender, para
tanto, é preciso fazer associações entre o objeto de estudo e a vida particular.
(CUNHA e FERLA, 2002)
É preciso estar motivado para aprender, porque a motivação estimula o
pensamento, desejos, interesses e emoções pelo assunto estudado. Para que
haja uma compreensão plena do pensamento de outra pessoa, é necessário
um entendimento de sua base afetivo-evolutiva (VYGOTSKY, 1991).
Na perspectiva da Neurociência,
A aprendizagem é uma modificação biológica na comunicação
entre os neurônios, formando uma rede de interligações que
podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e
rapidez. Todas as áreas cerebrais estão envolvidas no
processo de aprendizagem, inclusive a emoção. (RELVAS,
2009, p. 35).
Relvas afirma que a plasticidade cerebral assume um importante papel
na aprendizagem, uma vez as áreas do cérebro destinadas a determinadas
funções, podem assumir outras quanto se fizer necessário. Ressalta a
capacidade do cérebro em transferir conhecimentos de uma área para outra,
chamando a tal fenômeno de “interdisciplinaridade do cérebro”. Ela citou como
exemplo, a utilização do ritmo de uma música ser aproveitado na leitura, na
escrita e nos conceitos matemáticos. Segundo a autora, a plasticidade cerebral
“é propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de
alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a
condições mutantes e a estímulos repetidos.” (RELVAS, 2005, p. 43). Afirma
que todos os nossos processos de aprendizagem e de reabilitação das
atividades motoras e sensoriais dependem da plasticidade cerebral cujo
desenvolvimento acontece ao longo da vida (RELVAS, 2009).
A memória também tem importante função na aprendizagem, uma vez
que, segundo Relvas, “sem memória não há aprendizagem.” A partir da
experiência e aquisição de conhecimentos novos, acontece a transformação do
comportamento, que é a aprendizagem. Através da memória, estes
29
conhecimentos ficam armazenados, podendo ser resgatados quando
necessário. (RELVAS, 2005)
Izquierdo afirma que “formamos novas memórias sobre outras mais
antigas, eventualmente modificando-as e inventando mentiras verídicas”
(IZQUIERDO, 2002, apud RELVAS, 2005). As informações recuperadas podem
sofrer modificações conforme o contexto do momento, em meio a um complexo
trânsito de sinapses (espaço entre neurônios onde acontece a transferência de
informações em forma de impulsos elétricos).
A memória não localiza-se em uma única parte do cérebro, é um
fenômeno biológico e psicológico que abrange sistemas cerebrais que
trabalham juntos. (RELVAS, 2009). Quando as informações chegam aos
sentidos (visão, tato, paladar, audição e olfato), inicia-se a formação das
memórias, fase conhecida como aquisição. Ao chegarem ao cérebro, acontece
um processamento em diversas regiões que resultam em memórias que podem
ser de três tipos, conforme a duração: Memória de Trabalho ou Operacional,
Memória Recente ou Memória de Curta Duração (Mcd) e Memória Remota,
Permanente ou de Longa Duração (Mld). A Memória de Trabalho guarda
informação consciente no cérebro por um pequeno período de tempo, apenas
por alguns segundos ou minutos, somente enquanto é processada. A Memória
Recente retém a informação por minutos ou horas e pode ter
comprometimentos em alguns processos patológicos, já a Memória de Longa
Duração é aquela em que a informação fica armazenada por anos. Mesmo que
o sujeito sofra sérios danos cerebrais, permanece inalterada. (RELVAS, 2005).
Ainda segundo Relvas, sem memória não há aprendizagem, pois a partir
da experiência e aquisição de conhecimentos novos, acontece a transformação
do comportamento, que é a aprendizagem. Através da memória, estes
conhecimentos ficam armazenados, podendo ser resgatados quando
necessário. Izquierdo afirma que “formamos novas memórias sobre outras mais
antigas, eventualmente modificando-as e inventando mentiras verídicas”
(IZQUIERDO, 2002, apud RELVAS, 2005). As informações recuperadas podem
sofrer modificações conforme o contexto do momento, em meio a um complexo
transito de sinapses (espaço entre neurônios onde acontece a transferência de
30
informações em forma de impulsos elétricos). A memória não localiza-se em
uma única parte do cérebro, é um fenômeno biológico e psicológico que
abrange sistemas cerebrais que trabalham juntos. (RELVAS, 2009). Quando as
informações chegam aos sentidos (visão, tato, paladar, audição e olfato), inicia-
se a formação das memórias, fase conhecida como aquisição. Ao chegarem ao
cérebro, acontece um processamento em diversas regiões que resultam em
memórias que podem ser de três tipos, conforme a duração: Memória de
Trabalho ou Operacional, Memória Recente ou Memória de Curta Duração
(Mcd) e Memória Remota, Permanente ou de Longa Duração (Mld). A Memória
de Trabalho guarda informação consciente no cérebro por um pequeno período
de tempo, apenas por alguns segundos ou minutos, somente enquanto é
processada. A Memória Recente retém a informação por minutos ou horas e
pode ter comprometimentos em alguns processos patológicos, já a Memória de
Longa Duração é aquela em que a informação fica armazenada por anos.
Mesmo que o sujeito sofra sérios danos cerebrais, permanece inalterada.
(RELVAS, 2005).
Segundo Jourdain, a memória de curto prazo possibilita que
cantarolemos a melodia de uma música logo após ouvi-la pela primeira vez.
Porém, a melodia só será sabida após uma semana se passada para a
memória de longo prazo. O autor explica que através de pesquisas, os
cientistas observaram que os lobos frontais “fazem malabarismo” para
organizar as informações na memória de curto prazo. Segundo ele, somente
sete conteúdos podem ser examinados ao mesmo tempo, caso o cérebro
receba mais informações, os lobos frontais se atrapalham. Já na memória de
longo prazo o processo acontece nos lobos temporal médio e inferior (abaixo
do córtex auditivo) e no hipocampo (exatamente abaixo), elemento fundamental
para essa memória. (JOURDAIN, 1998).
A atenção também é fundamental para aprendizagem, segundo Relvas,
“função desempenhada por uma estrutura complexa, encontrada no tronco
encefálico, denominado Formação Reticular (FR)” (RELVAS, 2009, P. 90). A
formação reticular é composta por uma rede de neurônios de tamanhos e tipos
variados interligados entre si. É responsável pelo controle da atividade elétrica
31
cortical (sono e vigília), está ligada ao estado de alerta, um dos estados mais
importantes da atenção. Também atua como um filtro dos muitos estímulos
externos recebidos pelo sistema nervoso central. Na formação reticular,
existem sistemas que trabalham através dos neurotransmissores:
noradrenalina, serotonina, dopamina e acetilcolina. (SCHWARTZMAN, 2008).
Segundo SCHWARTZMAN (2008), a atenção pode ser compreendida
em dois tipos: voluntária e automática: atenção automática diz respeito às
atividades nas quais não estamos conscientemente envolvidos, ao contrário da
atenção voluntária, em que é preciso um “esforço consciente”
(SCHWARTZMAN, 2008, p. 38). Quando alguém está aprendendo uma
atividade nova, como andar de bicicleta, nadar ou dirigir, precisa usar a
atenção voluntária, pois se faz necessário esforçar-se para aprender. Com o
tempo, conforme as habilidades vão se desenvolvendo, passa a realizar as
atividades de forma automática, ou seja, não precisa mais concentrar-se para
executar a tarefa, a menos que algum imprevisto aconteça. O autor explica,
que dentro da atenção voluntária, ainda existem aspectos variados que devem
ser considerados: quando o indivíduo recebe dois estímulos simultâneos e
precisa dedicar-se a ambos, usa a atenção dividia. Se estiver em alguma
situação em que diversos estímulos se apresentem, para conseguir concentrar-
se em apenas um assunto, utilizará a atenção focada ou seletiva. Na realização
de atividades cansativas, monótonas e prolongadas, será utilizada a atenção
sustentada para manter-se concentrado por um longo período de tempo.
Nota-se que muitas competências estão diretamente relacionadas à
atenção, como a concentração, o grau de alerta, a seleção e a exploração. É
preciso que muitas estruturas, posicionadas em diferentes pontos do sistema
nervoso central, como a formação reticular, o tálamo, o sistema límbico, assim
como estruturas corticais e subcorticais, que tem relação com as funções
sensitivo-sensoriais e motoras (córtex frontal e pariental posterior), estejam em
harmonia para que tudo funcione perfeitamente (SCHWARTZMAN, 2008).
A partir das pesquisas feitas ao longo deste capítulo, fica claro que sem
emoção não há aprendizagem. No terceiro e último capítulo, será estudado a
importância da didática e a atuação do professor em sala de aula.
32
CAPÍTULO III
O PAPEL DA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR
As pesquisas cognitivas mostram que, ainda que os sujeitos
tenham capacidades ou inteligências para aprender, é
necessário que o ambiente brinde oportunidades ao
desenvolvimento de tais capacidades e inteligências,
chamando da atenção principalmente a relação pedagógica
entre aluno e professor. (PORTILHO, 2009, p. 17).
3.1 Histórico do Ensino Superior no Brasil
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo
Antônio Joaquim Severino apresenta um panorama do ensino superior no
Brasil desde a década de 1930, levando–nos a algumas reflexões sobre a
situação em que se encontram nossas universidades.
O que se deduz, partindo das afirmações do autor, é que dentre outras
premissas a universidade brasileira sempre esteve voltada para atender aos
interesses das elites, desde sua criação, ainda na época do império, até os
dias de hoje.
Pelas observações de Severino, percebemos muito claramente que o
ensino superior no Brasil sempre significou “status” e que, por ter se colocado a
serviço das classes mais altas, acabou constituindo-se em uma forma de
demonstrar a superioridade gozada por essas classes, assim como, de certa
forma, de dificultar às classes menos favorecidas a ascensão social e
profissional.
3.1.1 Ensino Fundamental e Médio
A visão apresentada pelo professor Severino era muito clara, pois a
maioria esmagadora das vagas dos antigos ginasial e médio (científico e
clássico) era ofertada na rede pública, isto é, gratuitamente, porém a
33
concorrência era muito grande. O motivo era quantidade de pretendentes, o
que ensejava a necessidade de seleção, o que era feito por prova.
Nesse sistema, por muito tempo, as classes menos favorecidas foram
alijadas do Ensino Superior, pois seus filhos não conseguiam notas suficientes
na prova de vestibular. As razões dessa dificuldade se originavam no ensino
médio. Duas eram as principais razões que as classes menos favorecidas
encontravam para ascenderem ao ensino superior:
a-) Até mais ou menos o ano de 1964, o bom ensino fundamental e médio
somente era encontrado nas escolas públicas. O acesso a essas escolas,
porém, era feito mediante provas muito rigorosas, para as quais só os filhos
das classes médias altas conseguiam se preparar, pois eram os únicos que
possuíam educação e meios financeiros suficientes para contratar professores
particulares, etc., enquanto os oriundos das classes menos favorecidas, na sua
maioria, não possuíam recursos para gastar com a preparação de seus filhos.
Além disso, muitas daquelas crianças não tinham tempo para estudar, pois
precisavam trabalhar para ajudar nas despesas de casa.
O filtro aplicado naquela época era uma prova de acesso ao ginásio, que
se chamava “Exame de Admissão”, a que eram submetidos todos os que
saiam do primário e queriam ingressar no ginasial. Se a criança não estivesse
preparada, não passaria na prova e não poderia ir adiante nos estudos. Havia
cursos, semelhantes ao pré-vestibular de hoje, porém os pobres não tinham
condições de pagar os valores cobrados. Por isso, muito poucos conseguiam
ensino gratuito.
Como “o rio corre para o mar” tínhamos uma situação em que, por não
ter acesso à boa escola, a pública, as crianças da classe média baixa eram
matriculadas na escola privada, que era o que lhes restava e cujo ensino não
apresentava a qualidade daquele encontrado na escola pública. Isso esvaía os
já precários recursos da família enquanto os filhos da classe média alta
economizavam aquelas despesas para seus pais. Convenhamos, uma situação
“tremendamente” injusta. Quando chegava a hora do vestibular, eram
34
justamente os que menos precisavam que conseguiam as melhores notas, e,
com isso, as vagas nas cadeiras que pretendiam estudar enquanto os outros
ficavam de fora;
b-) Após 1964, a situação de inverteu. Já não eram as escolas públicas que
ofereciam a melhor qualidade de ensino, pois sofreram enorme esvaziamento,
com seus melhores professores se bandeando para as escolas privadas, que
pagavam melhores salários. Dessa forma, a educação pública não mais podia
manter a qualidade de ensino que oferecia antes, sendo, por esse motivo,
abandonada pelos filhos das classes mais favorecidas. Naquele momento,
começou sobrar vagas na escola pública para os menos favorecidos na escala
social/econômica. Porém a qualidade de ensino deixava muito a desejar.
A consequência disso, como era de se esperar, foi que o bom ensino
passou a ser oferecido pela educação privada, à qual somente tinham acesso
os filhos das classes mais privilegiadas e, consequentemente, somente esses
conseguiam acesso à educação Superior gratuita. Como se pode ver,
permanecia “tudo como dantes no quartel de Abrantes”
3.1.2 Ensino Superior
Em seu trabalho, o professor Severino fala da opção neoliberal escolhida
lá atrás, após a ditadura militar, na década de 1980, pelo governo brasileiro,
quando o ensino superior foi incentivado a desenvolver-se através da iniciativa
privada.
Segundo ele, isso aconteceu em virtude de ter havido um enorme
retrocesso no perfil das atividades do país e na forma de sua inserção no
comércio internacional, quando passamos a produzir quase somente
commodities, que são produtos que não apresentam valor agregado ao produto
exportado, sendo muito baixo seu preço unitário, além de permitirem grande
simplificação tecnológica e rotinização das tarefas.
35
Essa opção do Brasil como produtor de bens básicos, de pouca
elaboração industrial, colocou-o em situação de subalternidade em relação à
ciência e à tecnologia, o que significava preços baixos para seus produtos de
exportação.
Em outras palavras, nossa balança comercial, se não ficou deficitária,
passou a apresentar saldos positivos (diferença entre a exportação e a
importação) cada vez menores.
Outro ponto importante abordado pelo autor é o fato de o
desenvolvimento do ensino superior brasileiro ter ocorrido sob a orientação
neoliberal, que se caracteriza pela privatização e pela adoção do modelo que
ele chamou de instituição isolada.
A privatização decorreu da dificuldade de acesso das classes menos
favorecidas que, considerando o ensino superior como sua melhor
possibilidade de ascensão social, bem como econômica, decidiram fazer todos
os sacrifícios que fossem necessários para que pudessem obter um título de
bacharel. Isso foi observado pelos empresários, que passaram a investir no
ensino superior, que se transformou em excelente “negócio”.
Esse investimento, porém, não se deu dentro das premissas de um país
que busca uma educação de primeira linha para seus filhos, isto é, obedecendo
ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, como
preconizado no artigo 207 da Constituição de 1988. Ao invés disso, foram
criadas muito mais “instituições isoladas” do que Universidades. Em
decorrência desse processo, houve quase que o abandono da pesquisa e da
extensão, permanecendo o foco somente do ensino.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB 9394/96, o
capítulo IV é todo dedicado à Educação Superior, indo do artigo 43 ao 57, em
que são estabelecidas suas finalidades. Conforme Severino,
(art. 43), definidos seus cursos e programas;
36
(art. 44) – estabelecendo-se que ela será ministrada em
instituições de ensino superior públicas ou privadas, com
variados graus de abrangência ou especialização;
(art. 45) – regulamentados os processos de autorização e
reconhecimento dos cursos;
(art. 46), definido o ano letivo regular;
(art. 47); trata da emissão dos diplomas;
(art. 48), das regras de transferências de alunos;
(art. 49), da disponibilidade das vagas não preenchidas para
alunos não regulares;
(art 50), das normas de seleção e admissão dos alunos;
(art. 51), das características que as instituições devem ter em
função de seu perfil formativo pluridisciplinar;
(art. 52), do regime jurídico e de carreira docente do pessoal
das universidades públicas e do compromisso da União em
assegurar recursos orçamentários suficientes para a
manutenção das instituições federais;
(art. 55).
No art. 56, determina-se que as instituições públicas de ensino
superior “obedecerão ao princípio da gestão democrática,
assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de
que participarão os segmentos da comunidade institucional,
local e regional”.
E o artigo 57 estabelece que “o professor ficará obrigado ao
mínimo de oito horas semanais de aulas”. (SEVERINO, 2008,
P. 78)
3.2. Didática do Ensino Superior
A Didática é, pois, uma das disciplinas da Pedagogia que
estuda o processo de ensino através dos seus componentes –
os conteúdos escolares, o ensino e a aprendizagem – para,
37
com o embasamento numa teoria da educação, formular
diretrizes orientadoras da atividade profissional dos
professores. É, ao mesmo tempo, uma matéria de estudo
fundamental na formação profissional dos professores e um
meio de trabalho do qual os professores se servem para dirigir
a atividade de ensino, cujo resultado é a aprendizagem dos
conteúdos escolares pelos alunos. (LIBÂNIO, 1994, 58)
Para Masetto, é preciso haver uma troca de paradigmas nas
universidades no que diz respeito ao processo de ensino-aprendizagem.
Sugere “a substituição da ênfase no ensino pela ênfase na aprendizagem.”
(MASSETO, 2003, p.82-83). O autor afirma que não basta substituir palavras,
mas que na ação pedagógica universitária, é necessário que o aluno atue
como agente da sua aprendizagem, exercendo as ações necessárias para que
possa adquirir conhecimentos e habilidades. Por outro lado, o professor atua
como facilitador e agente de transmissão pedagógico do estudante. Aponta que
é necessário que o estudante desenvolva uma crescente autonomia para
adquirir novos conhecimentos, assunto que, segundo ele, vem sendo
amplamente discutido. (MASSETO, 2003)
Paulo Freire afirma que “saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a
sua construção”. (FREIRE, 2008). A formação do docente da educação
superior compreende a formação teórico-científica, considerando a formação e
a formação acadêmica e específica nas matérias em que o professor vai
especializar-se e a formação pedagógica, trata-se dos saberes da Filosofia,
Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia que colaboram para o
enriquecimento do fenômeno da educação dentro de um contexto histórico-
social; a formação técnico prática tendo em vista a elaboração profissional
específica para o magistério, inclusive a Didática, as metodologias específicas
das disciplinas, a Psicologia da Educação, a pesquisa educacional e outros. “A
formação profissional é um processo pedagógico, intencional e organizado, de
preparação teórico-científica e técnica do professor para dirigir
competentemente o processo de ensino”. (LIBÂNEO, 1994, p.27).
38
Pimenta também sugere o aluno como responsável pela construção de
sua autonomia e na produção do seu conhecimento durante todo o seu
percurso acadêmico. É nesse aspecto que a Didática torna-se forte para
expandir o ensino, ou seja, a docência do ensino superior. Para o professor,
este segmento da educação é muito desafiado, pois é necessária uma grande
articulação de saberes complementares, já que exige-se que o educador
desenvolva também outros conhecimentos: pedagógico e político. “A própria
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional não concebe a docência
universitária como um processo de formação, mas sim de preparação para o
exercício do magistério superior.” (PIMENTA, 2002).
Os estudos feitos durante este capítulo demonstram que a excelência do
processo de ensino aprendizagem no nível superior, depende da formação do
completa do professor, tanto no conhecimento específico das disciplinas
ministradas, como os saberes pedagógicos. O sucesso, porém, só acontece
com a dedicação do aluno em produzir o seu próprio conhecimento.
39
CONCLUSÃO
Afinal, como questiona Marta Relvas, “O que se deseja do sujeito
aprendente? Que decore conteúdos ou que memorize a partir de reflexões e
associações para serem aplicadas no cotidiano?” (RELVAS, 2005, p.15).
Deseja-se muito mais do que simplesmente reflexões (evidentemente, a
chamada “decoreba” está definitivamente afastada). Na Educação Superior,
para que a aprendizagem efetivamente aconteça, o docente deve envolver os
alunos através da afetividade, de modo a motivá-los a desenvolver o seu
próprio conhecimento. A Didática na Educação Superior é uma troca constante,
conforme as palavras do mestre Paulo Freire: “Quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (FREIRE, 2008, p.23). Para
ensinar, é preciso que o professor tenha uma percepção ampla de todo o
processo educacional e não apenas o domínio do conteúdo ou da disciplina
que ministra.
A partir das informações obtidas através deste trabalho de pesquisa,
ficou claro que a emoção é peça fundamental no processo e desenvolvimento e
na aprendizagem, em qualquer nível de escolaridade. O estado emocional de
uma pessoa influencia a maneira pela qual ela pensa, orienta suas ações e
toma decisões. Falando com outras palavras, todas as relações que são
estabelecidas com o mundo são amplamente influenciadas pela emoção. No
processo de aprendizagem não seria diferente.
Não deve ser esquecido também que o processo de ensino
aprendizagem é uma rua de mão dupla, isto é, ambos os atores, professor e
aluno, ensinam e aprendem.
O principal papel do professor é estimular o aluno a buscar o
conhecimento, isto é, estimulá-lo a pesquisar. Como dizia Paulo Freire, Isso
deve ser feito com muita tolerância e humildade, respeitando a timidez e a
curiosidade do aluno (FREIRE, 1995).
40
Continuando na mesma direção citada por Paulo Freire, deve-se
também somar um pouco de carinho e amor ao processo de ensino e
aprendizagem, que é como se deve executar qualquer trabalho, principalmente
quando estamos tratando com pessoas.
Assim, devem ser evitadas atitudes como as do “professor policial”, que
só serve para criticar o estudante, não acrescentando nada ao processo, ao
contrário, só serve para criar situações desagradáveis, que são repudiadas por
quem se propõe a ter uma boa presença em sala de aula.
Outro aspecto que deve ser considerado é que o docente, mesmo sem
ter intenção, é, e sempre será, um exemplo que seu aluno vai seguir. Portanto,
deve preocupar-se com suas atitudes, pois é muito difícil consertar
comportamentos inadequados.
Assim, e para finalizar, o docente precisa estar atento ao que acontece
no mundo, principalmente no que diz respeito aos assuntos pertinentes à
educação, e aos avanços da tecnologia, notadamente a informática, trazendo
para a sala de aula tudo o que estiver sendo apresentado lá fora, dando sua
interpretação e solicitando a reflexão da turma.
41
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CANDAU V. A Didática em questão. Ed. Vozes: Petrópolis, 2000
CUNHA, Ciristiano J. C. de Almeida e FERLA, Luiz Alberto. Manual do
moderador – Facilitando a Aprendizagem de Adultos. Florianópolis: IEA-
Instituto de Estudos Avançados, 2002.
FREIRE P. Educação e Mudança; Ed. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1979
FREIRE P. Pedagogia da Autonomia; Ed. Paz e Terra, São Paulo, 2008
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43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL E A DIDÁTICA 10
1.1 Desenvolvimento histórico da Didática e tendências pedagógicas 10
1.2 As tendências pedagógicas no Brasil e a Didática 14
1.3 As tarefas do Docente e a Didática 20
CAPÍTULO II
A INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM 23
2.1. O Amor: a Questão Central 23
2.2. Emoção e Aprendizagem 24
CAPÍTULO III
O PAPEL DA DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 32
3.1 Histórico do Ensino Superior no Brasil 32
3.1.1 Ensino Fundamental e Médio 32
3.1.2 Ensino Superior 34
3.2 Didática do Ensino Superior 36
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41
ÍNDICE 43
AGRADECIMENTOSSUMÁRIOCAPÍTULO II - A INFLUÊNCIA DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM 23CONCLUSÃO 39BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40ÍNDICE 42FOLHA DE ROSTO2AGRADECIMENTO3