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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE ADMINISTRANDO AS RESISTÊNCIAS ÀS MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES Por: Rodrigo Batista dos Santos Orientador Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · serão abordados as variáveis da mudança, tais conceitos e tipos de mudança, os processos de mudança, o agente de mudança

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ADMINISTRANDO AS RESISTÊNCIAS ÀS MUDANÇAS NAS

ORGANIZAÇÕES

Por: Rodrigo Batista dos Santos

Orientador

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ADMINISTRANDO AS RESISTÊNCIAS ÀS MUDANÇAS NAS

ORGANIZAÇÕES

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em GESTÃO

EMPRESARIAL.

Por: . Rodrigo Batista dos Santos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, amigos e

Professor Orientador Carlos Cereja,

que me mostrou os caminhos a serem

percorridos.

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DEDICATÓRIA

A minha família e amigos pelo apoio,

paciência, dedicação e carinho.

Minha esposa Patrícia, à pessoa que me apoiou

e não me deixou caminhar sozinho

companheira de todas as horas e por ter

compreendido meus objetivos.

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RESUMO

Diversos textos sobre gestão da mudança organizacional abordam o

tema quase exclusivamente sob a ótica do planejamento, procurando fornecer

respostas sobre como fazer com que a organização tenha sucesso na

estratégia de mudança intencional ao promover a coesão de esforços e vencer

as supostas resistências humanas. Pouca atenção tem sido dedicada aos

sentimentos dos indivíduos, aos significados que eles atribuem às mudanças e

às chances de que eles se constituam como sujeitos nesse contexto.

Processos de mudança, embora essenciais para a sobrevivência das

organizações contemporâneas, provocam nos indivíduos as mais variadas

reações. Entre elas, destaca-se a resistência humana, capaz de influenciar

decisivamente os rumos da mudança. Assim, considerando a relevância do

tema, procura-se, através deste texto, identificar e analisar as principais causas

de resistência à mudança e os diferentes métodos utilizados para lidar com a

mesma.

Palavras-chave: Planejamento, Mudança e Resistência.

.

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METODOLOGIA

As metodologias desenvolvidas para alcançar nossos objetivos foram

realizadas através de uma revisão bibliográfica onde utilizamos fontes escritas

como livros, jornais, artigos, revistas, relatórios, e outros documentos e a

pesquisa de campo foi exclusivamente bibliográfica e a estrutura do trabalho foi

montada com base nas obras lidas. Rotuladas sob o nome de “estratégias”,

geralmente preconizam – sem grande variação de uma para outra ou ao longo

do tempo – listas de cinco a dez regras “para viagem”, desenhadas para

superar comportamentos resistentes adotados por empregados descontentes

que podem impedir ou ameaçar o esforço de transformação.

A consistência em conteúdo e discurso de todas essas abordagens de

receituários é tão significativa que pode levar-nos a uma conclusão perigosa: a

de que tal consistência seja evidência de um fenômeno bem estudado e

cuidadosamente mapeado. Em outras palavras, podemos ser tentados a

pensar que sabemos tudo a seu respeito ou que, se nós pessoalmente não

sabemos tudo sobre resistência, alguém há de saber. No entanto uma pergunta

permanece: se soubermos tanto (sobre como preveni-la ou superá-la), porque

a resistência à mudança ainda é considerada uma das principais barreiras à

transformação organizacional bem-sucedida?

A resposta mais provável é que, do ponto de vista científico e a despeito

de todas as “receitas”, nós, na verdade, não sabemos muita coisa sobre o que

é a resistência à mudança, sua causa, quando é mais provável que aconteça, o

efeito que pode (ou não) produzir em esforços de transformação ou os métodos

que podem existir para lidar com ela.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I Planejamento na Gestão da Mudança nas Organizações 12

CAPÍTULO II Mudança nas Organizações 27

CAPÍTULO III A Resistência à Mudança 54

CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 67

ANEXOS 72

ÍNDICE 80

FOLHA DE AVALIAÇÃO 82

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem se desenvolvido um discurso crescente

acerca da importância de se dedicar mais atenção às pessoas na gestão de

mudanças, em função das inúmeras experiências frustradas vividas pelas

organizações na tentativa de implementar reestruturações ou programas como

a qualidade total e a reengenharia. A mudança organizacional tornou-se uma

das principais atividades para empresas e instituições em todo o mundo.

Embora as organizações costumassem mudar esporadicamente, quando

necessidades reais e urgentes assim o exigiam, hoje em dia, elas tendem a

provocar a sua transformação incessantemente. Organizações mudam para

fazer face à crescente competitividade, cumprir novas leis ou regulamentações,

introduzir novas tecnologias ou atender a variações nas preferências de

consumidores ou de parceiros. Ainda que tanta prática já devesse ter levado à

perfeição, a verdade é que a maioria das organizações ainda luta para conduzir

transformações de forma efetiva. Se os processos de mudança não têm sido

completos fracassos, também é verdade que poucos têm sido sucessos

estrondosos; a grande maioria situa-se entre esses dois extremos, e as

consequências são visíveis: perda de tempo, energia e dinheiro, danos à

motivação de gerentes e empregados, etc.

O tema justifica-se porque no mercado atual, caracterizado por uma

forte competição, as organizações veem-se obrigadas a mudar e inovar

permanente. Porém, estas inovações implicam mudanças tecnológicas e

organizacionais, que, muitas vezes, conduzem a uma forte resistência por parte

dos colaboradores. As empresas que não estiverem atentas para as

oportunidades e ameaças externas tendem a perder o fôlego da

competitividade, produtividade, qualidade e legitimidade.

Diante disso, o problema cerne deste trabalho é: Identificar quais são as

estratégias que os administradores podem utilizar para reduzir a resistências às

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9mudanças e aumentar a inovação dentro das organizações? Tanto a literatura

acadêmica quanto a gerencial tendem a apontar a resistência à mudança – isto

é, qualquer conduta que objetiva manter o status quo em face da pressão para

modificá-lo – como uma das principais barreiras à mudança bem sucedida.

Entretanto o único resultado concreto tem sido a proposição de inúmeras

“receitas” para se superar a resistência, frequentemente empoeirando nas

estantes de executivos e – com um pouco menos de intensidade – na de

acadêmicos. De fato, parece não haver escassez de “receitas” no mercado

dirigidas a tratar e superar a resistência à mudança.

As mudanças que ocorrem nos ambientes das organizações trazem

consigo a instabilidade e a transformação impondo às empresas um

posicionamento para acompanhar esta dinâmica. As organizações podem

desenvolver formas diferentes de conduzir as mudanças. Sejam por meio de

mudanças contínuas, de técnicas de intervenção, de mudanças radicais ou de

mudanças estratégicas, o planejamento será fator de extrema importância para

o gestor na condução do processo de modificação e na preparação da

organização. Afinal, ao planejar as mudanças é possível diagnosticar a real

necessidade, fixar objetivos, responsáveis, garantir sua continuidade, avaliar

seus impactos e seus resultados. Além disso, é possível redefinir posturas

culturais e comportamentais, anteceder as reações e preparar as pessoas para

participarem do processo.

Assim, constitui-se objetivo geral do presente trabalho estudar em mais

detalhes as principais razões que geram a resistência às mudanças e aumentar

a inovação dentro das organizações. Como objetivos específicos: (1) Estudar

as principais estratégias para lidar com a resistência à mudança. (2) Verificar

se uma gestão participativa facilita o processo de mudança. (3) Identificar as

possíveis fontes de resistência à mudança. (4) Apontar as formas de

planejamento das mudanças organizacionais.

Temos notado que, antes de iniciar esforços de mudança, poucos

agentes de mudança ou consultores avaliam meticulosamente quem poderia

resistir à iniciativa de transformação específica e por quais motivos. Levando

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10em conta a diversidade de comportamentos que os indivíduos podem assumir,

uma avaliação precisa pode não ser intuitiva nem óbvia.

Algumas hipóteses vão ser analisadas no decorrer deste trabalho são:

(1) A gestão participativa pode ser um bom caminho para a empresa superar

as resistências à mudança. (2) A superação da resistência às mudanças que

as empresas enfrentam exige uma gestão de estilo participativo. (3) A boa

gestão das resistências às mudanças é fundamental para o desenvolvimento

organizacional e geração de inovações.

Após ter sido, por tantos anos, vastamente analisada e comentada em

pesquisas acadêmicas, estudos recentes sugerem que ainda há muito a ser

feito para entendermos apropriadamente o fenômeno da resistência à

mudança.

As mudanças ocorrem no âmbito empresarial em uma velocidade

bastante acentuada. Surgem a partir da competitividade resultante da abertura

de novos mercados, assim como também a entrada de novas concorrências

onde se está inserido, além do próprio cliente, ser parte integrante da

sociedade que evolui e muda suas preferências conforme novas tecnologias de

produto ou serviços que são agregados para seu consumo final. Portanto estar

apto a esses novos posicionamentos é o que se pretende com as pessoas que

compõem a organização empresarial. Antes de se abordar o assunto sobre as

competências profissionais, deve-se tentar compreender como muitas pessoas

resistem às mudanças.

A resistência à mudança pode aparecer como força impeditiva, mas

geralmente ela ocorre porque antes de iniciar esforços de mudança, poucos

agentes de mudança ou consultores avaliam meticulosamente quem poderia

resistir á iniciativa de transformação especifica e por quais motivos, afirmam

que a resistência é fenômeno certo quando as pessoas percebem que a

mudança poderá trazer consequência negativa. Por isso a importância de

planejá-la de modo a reduzir ou eliminar os efeitos negativos.

A resistência organizacional é naturalmente compreendida, uma vez que

as empresas são conservadoras em sua existência. As pessoas que são

contratadas para trabalhar em uma empresa são escolhidas por terem se

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11amoldado a sua estrutura, a sua organização. Ao ocorrer o confronto com a

mudança uma inércia estrutural irá surgir, ou seja, quando uma nova ordem

estabelece-se nas organizações, muda seu posicionamento, altera muitas

vezes seu foco principal, como empresa. A resistência às mudanças varia

conforme cada indivíduo que integra a organização.

Após estas considerações iniciais, cabe explicar a organização do

trabalho. Na primeira seção deste trabalho a análise será em torno do

planejamento dentro do contexto de mudanças organizacionais. No segundo

serão abordados as variáveis da mudança, tais conceitos e tipos de mudança,

os processos de mudança, o agente de mudança e como gerenciar a mudança

e na última seção, abordaremos um pouco do muito que a literatura nos

apresenta a respeito da resistência nas organizações, suas principais fontes e

causas, seus tipos e como fazer para minimizar a resistência e compreender a

lógica da gestão da mudança durante o processo de mudança.

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CAPÍTULO I

PLANEJAMENTO NA GESTÃO DAS MUDANÇAS

ORGANIZACIONAIS

1.1 Conceitos e Histórico

A busca pela definição de objetivos a serem alcançados esteve

continuamente presente na sociedade e nas organizações como sendo um

passo inicial para o progresso. A conveniência de planejar é amplamente

reconhecida como uma necessidade seja na vida particular ou nas

organizações. Assim, prever as ações a serem executadas para conseguir

resultados positivos e minimizar os efeitos negativos torna-se a grande função

de planejamento. Trata-se de determinar antecipadamente o que deve ser feito.

Os estudos de Henri Fayol sobre a observação e classificação de fatos

inerentes aos chefes de organizações, segmentou o planejamento em definitivo

na rotina administrativa. No período após a Primeira Guerra Mundial revelou-se

a necessidade de organizar todos os esforços para reconstrução da sociedade

devastada pelos efeitos da guerra. Para Fayol além do empirismo era

necessário introduzir um modelo que permitisse aos chefes agirem não só pela

maneira particular, mas seguindo normas que regessem a matéria

administrativa. Definiu então que toda a administração significava previsão,

organização, mando, coordenação e fiscalização. Logo, a função de prever

“significa ao mesmo tempo calcular o futuro e prepará-lo; é, desde logo, agir”,

ou seja, planejar. (FAYOL, 1990, p.65).

No começo, a utilização do planejamento era apenas como um simples

dispositivo para pequenos grupos de pessoas executarem determinadas

tarefas, com a evolução da organização e da sociedade o planejamento passou

a ser uma ferramenta de liderança e administração. A demanda crescente por

recursos, as transformações provocadas pela evolução tecnológica e a

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13interdependência entre as pessoas levaram as organizações a se

descentralizarem exigindo delas uma administração mais detalhada e

cautelosa por meio da utilização do planejamento, como ferramenta

administrativa. Acompanhando essa evolução, o planejamento deixou de ser

considerada uma técnica de luxo, para ser vista como vantagem significativa

sobre os concorrentes no enfrentamento dos novos desafios. (MEGGINSON;

MOSLEY; PIETRI JR., 1986, p.180).

Com a evolução do pensamento sobre o planejamento, existem

divergências sobre a sua equivalência com o conceito de previsão. Oliveira

acredita que planejamento significa:

Identificação, análise, estruturação e coordenação de

missões, propósitos, objetivos, desafios, metas,

estratégias, políticas, programas, projetos e atividades,

bem como de expectativas, crenças, comportamentos e

atitudes, a fim de se alcançar de modo mais eficiente,

eficaz e efetivo o máximo do desenvolvimento possível,

com a melhor concentração de esforços e recursos pela

empresa. (OLIVEIRA, 2001, p.294).

Já que a previsão corresponde em verificar quais os eventos poderão

ocorrer baseados em uma série de probabilidades, a amplitude do

planejamento e a de um processo que envolve etapas complementares ao ato

de prever como a definição das metas, os planos e as estratégias. O

desenvolvimento do planejamento pode trazer várias dimensões da

organização, envolvendo todo o sistema, suas partes internas e externas e os

atores envolvidos como responsáveis também pelo sucesso das decisões

tomadas e pela execução do plano.

Para Steiner, o planejamento é “um processo que começa com a

determinação dos objetivos; define estratégias políticas e detalha planos para

consegui-los; estabelece um sistema de decisões e inclui uma revisão dos

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14objetivos para alimentar um novo ciclo de planificação”. (STEINER, 1979 apud

PEREL, 1973, p.186).

Torna-se claro que as ações de planejar fazem parte de um ciclo

permanente e envolvem todas as partes da organização num processo

constante de retro-alimentação. Constitui ainda um processo de raciocínio

sobre a decisão da alternativa que possibilitará a consecução dos objetivos

estabelecidos.

As decisões tomadas procuram influenciar de alguma forma o futuro e

acabam sendo prescindidas de um planejamento permitindo sua concretização.

Para Maximiano “o processo de planejamento é a ferramenta para administrar

as relações com o futuro. É uma aplicação específica do processo decisório”.

(MAXIMIANO, 2005, p.81). Segundo ele esse processo é compreendido de três

etapas distintas: a primeira se refere à aquisição de dados de entrada, ou seja,

é a etapa de levantamento de informações como modelos e técnicas de

planejamento, ameaças e oportunidades, projeções e como elas interferiram no

futuro. A segunda é concernente ao processamento dos dados de entrada

transformando-os em decisões e a última é a preparação do plano de ação,

que corresponde ao registro das decisões resultantes do processamento das

informações estabelecendo qual a meta a ser alcançada com essas decisões.

A descrição do processamento identifica claramente quais os subsídios

necessários para a formulação de um planejamento: informações, decisões e o

plano. As informações podem ser levantadas mediante sinais ambientais por

meio de acontecimentos recentes, dados estatísticos e pelo desempenho da

organização. As decisões serão baseadas nas informações e proporcionou a

elaboração do plano, como parte executável do planejamento.

1.2 Princípios de Planejamento

Para proporcionar uma base mais sólida ao planejamento existem

algumas proposições que dirigem a elaboração do planejamento dentro da

organização. Para Ackoff (1974 apud OLIVEIRA, 2001, p.295) os princípios do

planejamento são conhecidos como:

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15a. Princípio da contribuição aos objetivos máximos da

organização;

b. Princípio da precedência do planejamento como sendo

uma função administrativa anterior às funções de

organização, execução e controle;

c. Princípio de maior penetração e abrangência, envolvendo o

maior número de atores com suas modificações

alcançando um significativa profundidade da organização;

d. Princípio de maior eficiência, eficácia e efetividade.

Além destes princípios gerais ele descreve os princípios específicos

como sendo a realização de um planejamento participativo com o envolvimento

de toda a empresa, coordenado, atuando interdependentemente e integrado

pelos vários escalões da empresa e permanente sendo perpetuado pela sua

atualização mantendo seu valor com o tempo.

Como parte de sua elaboração o planejamento abrange fases das quais

se resumem todo o processo. Trata-se de inicialmente reconhecer a

necessidade de agir e de planejar as atividades necessárias, investigar e

analisar a situação concreta com o levantamento de dados que subsidiem a

fase de elaboração das propostas de ação como alternativas e definir o plano

adequado para garantir o cumprimento da meta desenhada. (MIRANDA, 1981,

p.134).

Seguir as fases definidas acima exige do gestor uma dedicação à busca

de respostas para questionamentos que norteiem o planejamento em si.

Questões como a relação existente entre as ouras áreas, a utilidade dos

planos, os limites práticos clareiam a constituição do plano e garantem um

planejamento eficaz.

1.3 Tipos de Planejamento

Além do relacionamento com outras partes da organização, o

planejamento precisa estar vinculado aos níveis hierárquicos a que se referem,

pois existe uma relação entre o poder de decisão e a elaboração do

planejamento. Por exemplo, não se pode elaborar um planejamento com

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16decisões operacionais para nortear os objetivos maiores da organização, assim

estar-se-á incorrendo em erro de propósito. Para essa adequação o

planejamento foi subdividido em três tipos básicos conforme define Oliveira

(2001, p.46): o planejamento estratégico, o tático e o operacional.

Conceitualmente o planejamento estratégico é entendido como

“processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser

seguido pela empresa com vistas a obter um nível de otimização na relação da

empresa com seu ambiente”. (OLIVEIRA, 2001, p.46). O planejamento no nível

estratégico trata de decisões da alta administração e são estratégicos por

relacionar-se diretamente com os objetivos maiores da organização e de longo

prazo. Geralmente suas decisões dirigem todas as outras partes da empresa,

podendo ser direcionado por áreas de atuação vinculada com a estratégia geral

da organização.

O planejamento tático tem por objetivo melhorar os resultados de partes

da empresa decompondo o objetivo geral. Sua finalidade é a utilização eficiente

dos recursos a áreas inferiores da empresa seguindo as políticas determinadas

no planejamento estratégico.

Já o planejamento operacional corresponde à materialização do

planejamento tático em documentos, metodologias de desenvolvimento ou

ainda em planos de ação e planos operacionais. Neste ponto são definidas e

explicitadas informações como a disponibilidade de recursos, os procedimentos

mínimos a serem adotados, os produtos finais esperados, os prazos

estabelecidos e os responsáveis pela sua execução.

Com a finalidade de obter uma estrutura lógica para as atividades, foram

criadas técnicas de planejamento que permitem prever o tempo de duração de

certos projetos, a exemplo disso tem-se a Técnica de Avaliação e Revisão de

Programa (projeto) – PERT (Program Evaluation and Reviw Tecnique), que

utiliza principalmente os conceitos de redes para planejar e visualizar a

coordenação das atividades de um projeto, os cronogramas e as

representações gráficas como o Gráfico de Gantt, usado para ilustrar o avanço

das diferentes etapas de um projeto, visualizando as tarefas de cada membro

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17de uma equipe, bem como o tempo utilizado para cumpri-la. (ROCHA, 1983, p.

213).

Hoje, as tarefas de organizar e estruturar logicamente as etapas dos

projetos são possíveis por meio de sistemas de informação elaborados com

este propósito graças aos avanços tecnológicos ocorridos. De todo modo o

importante é assegurar um programa de ação adequado e capaz de alcançar

os objetivos almejados. Para obter essa segurança Fayol (1990, p.66), à época

de seus estudos, já havia identificado algumas características para um bom

programa de ação como, por exemplo, a unidade do programa, sendo dedicada

atenção ao seguimento de apenas um programa de ação, sem que haja ações

duplicadas.

A continuidade da ação diretiva sem incorrer em rompimentos bruscos

nas ações, a flexibilidade nas modificações necessárias e a precisão são sinais

futuros dados ao executar cada ação no presente delineando o caminho do

programa.

Cabe destacar que a função planejamento tem evoluído naturalmente

para a prática do planejamento como estratégia, ou seja, como elemento aliado

e fundamentado na estratégia do negócio. Isto em razão da sua abrangência,

que agrega as outras áreas táticas e operacionais em concordância com a

estratégia maior da empresa.

1.4 Planejamento Estratégico

Em decorrência do alinhamento das atividades empresariais à estratégia

da organização, as empresas passaram então a elaborar suas estratégias de

forma antecipada. (MITZENBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p.13). As

razões que levavam as organizações a implantar o planejamento de forma

estratégica eram fundamentadas no cuidado necessário ao tomar decisões que

causariam grandes impactos nas organizações e no seu desempenho diante

dos concorrentes. Decisões que implicariam em comprometer recursos

financeiros e de tempo.

Para entendimento do conceito de Planejamento Estratégico é preciso

conhecer a definição de estratégia como elemento empresarial. Para Hamel e

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18Prahalad (1995, p.189) estratégia se trata do processo de construir o futuro

com base na aplicação das capacidades essenciais da empresa. Ou seja,

utilizando as competências organizacionais (pessoas, estruturas, processos e

táticas) em conjunto com a percepção ambiental, com as oportunidades com a

escolha do caminho a ser percorrido pela organização.

Já para Bateman e Snell a estratégia pode ter por finalidade a junção da

organização com suas oportunidade e pode ser definida da seguinte maneira:

o padrão de ações e de alocação de recursos planejados

para realizar os objetivos da organização. A estratégia

que a organização implementa tem por finalidade

compatibilizar as competências e os recursos da

organização com as oportunidades do ambiente externo.

(BATEMAN; SNELL, 1998 apud MAXIMIANO, 2005, p.

341).

A compatibilização das competências e dos recursos sugerida pelo autor

permite melhor adequação e resposta às necessidade organizacionais, sendo

possível planejar seu destino de maneira eficiente para a organização.

Existe ainda a concepção de Wrigth, Kroll e Parnell (2000, p.86) que

considera que a estratégia se refere aos planos da alta administração para

conseguir resultados sólidos com a missão e os objetivos gerais da

organização. E a constitui em três eixos de vantagens: a formulação da

estratégia, a implementação da estratégia e o controle estratégico. Essa

definição conduz a um processo elaborado de construção de planos como base

para as tomadas de decisões que implicaram em um preparo antecipado da

empresa, com metas e objetivos de curto e longo prazo.

Planejamento Estratégico é como “um conjunto de tomada deliberada e

sistemática de decisões envolvendo empreendimentos que afetam ou deveriam

afetar toda a empresa por longos períodos de tempo” (CHIAVENATO, 2000, p.

148)

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19 Além desse processo sistemático de tomadas de decisões o

Planejamento Estratégico é definido por Maximiano como o processo de

elaboração da estratégia buscando estabelecer uma relação com o ambiente

em que a cerca. Em suas palavras:

O processo de planejamento estratégico compreende a

tomada de decisões sobre o padrão de comportamento

(ou cursos de ação) que a organização pretende seguir:

produtos e serviços que pretende oferecer e mercados e

clientes que pretende atingir. (MAXIMIANO, 2005, p.342).

O destaque neste conceito é a relação com o ambiente organizacional e

a determinação do curso de ação ou caminho pretendido para atingir os

objetivos principais da organização. Onde a interação e a preparação são

baseadas nas realidades ambientais, seja em seu ambiente geral, de tarefas

ou interno, como premissas de posicionamento no mercado em que a

organização está inserida.

A necessidade de proporcionar a interação ente a empresa e o ambiente

marcou a história do Planejamento Estratégico, que remonta para seu

surgimento na década de setenta com a ampla divulgação de experiências e

artigos científicos sobre suas virtudes. A escola do Planejamento Estratégico

teve seu provável marco inicial pela publicação do trabalho de H. Igor Ansoff

intitulado Corporate Strategy onde descrevia o planejamento como um

processo de procedimentos, treinamento e análise formais. Em seguida Peter

Lorange tentou levantar as pesquisas de bases empíricas realizadas a respeito

do planejamento no intuito de descobrir como era seu funcionamento na

prática. (MITZENBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p.65).

Atualmente a agilidade das mudanças no mundo corporativo em razão

das desregulamentações e das privatizações, convergências tecnológicas e da

globalização conduziram a um ajustamento do planejamento estratégico para

servir de ferramenta de apoio à gestão com vistas ao desenvolvimento da

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20empresa e compartilhamento das decisões, com centenas de modelos

diferentes. (PIAZZA, 2006, p.19).

1.4.1. Característica e Metodologia

São diversos os modelos de planejamentos estratégicos, segundo

Mitzenberg; Ahlstrand e Lampel (2000, p.65) a maior parte possui a mesma

estrutura lógica: análise por meio da matriz SWOT, utilizada para fazer análise

de cenários ou análise de ambientes; etapas delineadas articuladas em listas

de verificação e especial atenção à fixação de objetivos, orçamentos e planos

operacionais. Geralmente partem de cima para baixo na escala hierárquica da

organização com a perspectiva de mesclar a estratégia como um processo

formal da organização. Permitindo assim visualizar as ações práticas como um

desenrolar da pirâmide organizacional, onde o planejamento estratégico define,

o tático e o operacional executam. Recentemente o planejamento estratégico

tem utilizado a previsão de cenários possíveis como base para as decisões

organizacionais. (MITZENBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000, p.65).

O planejamento estratégico envolve a identificação de oportunidade e

ameaças, da avaliação das forças e fraquezas da empresa, do potencial em se

antecipar às demandas correntes do mercado tornando a organização

competitiva. Sua construção é feita em nível institucional e exige a participação

integrada de todos os níveis organizacionais. Possui envolvimento abrangente

e delimitação metas à longo prazo. Segundo Chiavenato (2000, p.148) o

planejamento estratégico “não se preocupa em antecipar decisões a serem

tomadas no futuro, mas sim de considerar as implicações futuras de decisões

que devem ser tomadas no presente”. Sinteticamente relaciona a organização

com o ambiente em que está inserida avaliando as incertezas dos

acontecimentos ambientais e decidindo mediante julgamentos de expectativas.

A metodologia utilizada para elaboração de planejamentos

estratégicos tem variado de acordo com a necessidade organizacional, porém

é possível delinear basicamente as etapas que compreendem o planejamento

estratégico. Para Serra, Torres e Torres (2003, p.34) “a elaboração de um

planejamento estratégico não pode ser considerada um simples exercício de

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21planejamento; deve refletir sintética e completamente, o raciocínio estratégico

da organização”. Assim sugere a estrutura em três componentes de reflexão: a

análise estratégica, a formulação da estratégia e a organização e

implementação da estratégia.

Enquanto Serra, Torres e Torres enfocam a estratégia como centro do

processo, Maximiano já analisa do ponto de vista de um processo sistemático.

A análise situacional presente, a análise do ambiente, a análise interna e a

definição do plano estratégico são as etapas sugeridas por Maximiano (2005,

p.342) que define como um processo de avaliação do posicionamento presente

da empresa, das reações com o ambiente geral e de seu funcionamento no

ambiente de tarefas e interno como premissas para a definição de um rumo a

ser seguido por meio do plano estratégico.

De outro modo, Mitzenberg, Ahlstrand e Lampell (2000, p.199) tomam

por base o modelo de George Steiner (1969) para caracterizar as etapas de

metodologia do planejamento estratégico:

a. Estágio de fixação de objetivos: define-se as metas e os

objetivos como valores a serem alcançados;

b. Estágio de auditoria externa: avaliação das condições

externas da organização com base em previsões a respeito

de condições futuras;

c. Estágio de auditoria interna: estudo das forças e fraquezas

da organização;

d. Estágio de avaliação da estratégia: avaliação e qualificação

da estratégia geralmente do ponto de vista de retorno

financeiro;

e. Estágio de operacionalização da estratégia: divisão das

estratégias em sub-estratégias com diferentes níveis

estratégicos e perspectivas de tempo. Sendo que no alto

ficam os planos estratégicos e abrangentes de longo prazo,

seguidos dos planos de médio prazo e, por conseguinte, os

planos de curto prazo que são de âmbito totalmente

operacional.

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22 Esse modelo descreve os estágios básicos de elaboração do

planejamento, embora exista hoje uma grande flexibilização dos processos

buscando a adequação da organização ao ambiente de negócio. O

planejamento estratégico existe para dar coerência e consistência às

incertezas pelas quais a organização passa, a imprevisibilidade do ambiente de

negócios implica na necessidade de planejar suas ações.

1.5 Benefícios e Inconvenientes para a Organização

O reconhecimento das ações e atividades necessárias à implementação

da estratégia escolhida pela organização bem como das mudanças propostas

exigem um planejamento flexível e de fácil absorção pelas pessoas da

empresa. Com esse intuito o conhecimento dos benefícios que o planejamento

traz e os pontos que exigem maior atenção tornam-se comprometedores no

processo de planejamento.

Considerado por Fayol (1990, p.66) um instrumento precioso de direção,

o planejamento precisa, segundo ele, do cumprimento de alguns elementos

chaves, tal como o envolvimento de toda a equipe e principalmente de todos os

chefes, pois serão eles que contribuirão com experiências e responsabilidades

necessárias ao envolvimento do restante da equipe. Esse envolvimento deve

ser alimentado pela manutenção da base do planejamento por um determinado

período de tempo para que seja visto como uma ação permanente e não

temporária.

A continuidade de crescimento pode ser garantida com a elaboração do

planejamento em tempo oportuno, segundo Drucker (2001, p.16) programas

elaborados em momentos de calmaria permitem manter a clareza e a visão do

futuro mantendo melhoras capacidades intelectuais e forças materiais para

enfrentar o perigo presente. Ou seja, de um lado permite vislumbrar o futuro e

ao mesmo tempo municia a organização para lidar com os problemas

existentes.

A facilitação da utilização de recursos e meios para o alcance de

objetivos possibilitada pelo planejamento chama atenção também para fatores

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23que, se não habilitados, podem tornar-se inconvenientes severos para a

organização.

A preocupação com as habilidades necessárias para a liderança são

ressaltadas por Fayol (1990, p.66) a partir da necessidade de ter à frente do

programa de planejamento um líder que seja capaz de conduzir os homens e

assumir as responsabilidades que, quando descoordenadas, implicam na perda

da essência do planejamento: guiar a organização pelo caminho escolhido. A

capacidade de atualizar constantemente o plano significa adaptá-lo conforme

surgem as intempéries que podem, se não identificadas, afastar a organização

do objetivo inicial.

Outro fator que pode revelar-se um grande inconveniente é, para Fayol,

a falta de coragem moral para levar adiante as decisões e colher seus

resultados, sejam bons ou ruins. Define ainda a precisão de se ter uma

estabilidade pessoal do dirigente bem como competência profissional e geral

do ramo em que atua.

A apreensão desse grande precursor da Administração leva ao

entendimento de que não é recente a inquietação em determinar os passos a

serem dados pela organização. A facilidade que é saber qual a próxima etapa a

ser cumprida tende a tornar a gestão mais segura e confiante tanto para a

empresa em si e seus membros como para seu posicionamento estratégico,

que sinaliza inclusive ao seu ambiente externo a que está disposta e para onde

pretende ir. O planejamento possibilita também certa proteção contra possíveis

desvios que podem ocorrer durante o percurso até a chegada ao objetivo.

1.6 Necessidade de Planejar as Mudanças

Organizacionais

O reconhecimento da necessidade de mudar e adequar a organização

ao cenário em que se insere faz-se fundamental para que a empresa possa

mensurar o desempenho de sua organização comparado aos concorrentes e

aos acontecimentos presentes e futuros.

Em razão das mudanças organizacionais terem seu início no nível

estratégico e por sua abrangência envolver os negócios, os objetivos, as

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24funções, as tecnologias, as estruturas e os processos determinar sua estrutura

por meio da utilização do planejamento garante a obtenção de melhores

resultados e de condução eficiente do processo.

Determinados aspectos podem agregar vantagens ao gestor na

implementação das mudanças organizacionais quando inseridos no

planejamento conforme aconselha Oliveira (2001, p.298):

a. O enquadramento das mudanças com os propósitos e

objetivos estabelecidos;

b. O treinamento e o desenvolvimento da capacitação interna;

c. A obtenção de recursos adicionais, ou melhor, realocação

dos existentes;

d. O desenvolvimento e a agilização do processo de solução

de problemas;

e. A melhoria das relações de grupos;

f. As atitudes favoráveis por parte dos executivos da

empresa.

O planejamento das mudanças organizacionais deve ser entendido

como um processo de avanço e não somente de enfrentamento de problemas.

Drucker (2001, p. 17) afirma que a forma de planejar utilizada até hoje não

corresponde mais à predisposição em planejar para momentos de incertezas,

para ele as decisões dos executivos não devem mais basear-se em

probabilidades, pois “(...) os executivos têm de tomar decisões que

comprometem para o futuro recursos correntes de tempo e de e dinheiro. Pior

eles têm de tomar decisões de não comprometer recursos - de desistir do

futuro.” (DRUCKER, 2001, p.17). Para que a desistência seja relativa às

opções negativas ao sucesso da organização o compromisso dos gestores

deve ser de promover e eficiência na transformação por meio de um processo

de planejamento que permita enxergar os resultados das mudanças sem correr

o risco de caminhar opostamente à estratégia empresarial e destoar do

alinhamento definido.

A pergunta a ser feita para levantar cenários futuros deve ser baseada

em acontecimentos do passado e seu reflexo no futuro na tentativa de compor

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25ações para um futuro incerto. Hoje se vive uma aceleração revolucionária nas

áreas sociais, nas estruturas industriais e de mercado, na economia e na

capacidade produtiva que induzem o executivo à repensar as estratégias de

negócio e ser capaz de fazer seu futuro, ou seja, criar recursos de

conhecimento e de pessoal para reagir diante de incertezas identificando as

oportunidades. (DRUCKER, 2001, p. 18).

As mudanças nas organizações são encaradas de duas maneiras: a

primeira é encarada como acontecimentos acidentais a segunda é entendida

pela necessidade de se ter ações proativas e que sejam orientadas para os

resultados. Neste sentido, Robbins (2004, p.112) considera que as mudanças

planejadas buscam melhorar a capacidade de a organização se adequar às

mudanças em seu ambiente e mudar o comportamento dos colaboradores de

forma contributiva à mudança.

A mudança planejada é definida como um processo integrado de

participação, ou meios para alterar ou modificar um estado da organização com

o objetivo de capacitar os colaboradores da organização à promover as

mudanças e os objetivos organizacionais atendendo às demandas ambientais.

Seu compromisso está com o futuro, sua meta é alcançar o crescimento futuro

partindo do presente. (CARAVANTES; PEREIRA, 1981, p.25).

É ainda uma metodologia que, segundo Bennis, “emprega a tecnologia

social para resolver os problemas da sociedade. Inclui a aplicação de

conhecimentos sistemáticos e apropriados para as questões humanas, a fim de

provocar ações e escolhas racionais”. (BENNIS, 1976, p.81). Com essa

concepção a perspectiva de sucesso com o planejamento da mudança passa a

ser visto como resultado da capacidade da administração de prever e preparar-

se para as mudanças que poderiam de alguma maneira, afetar os objetivos

organizacionais.

A preocupação com os objetivos e o aproveitamento do espaço de

oportunidade existente é levantado por Soto (2005, p.132) como sendo a

possibilidade de realização e concretização do sucesso identificado nesta

oportunidade. Para que esse aproveitamento aconteça o planejamento das

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26mudanças organizacionais pode se valer de elementos que permitem

aproveitar o ensejo, conforme indica Soto:

a. Ter uma consciência ampla das oportunidades,

possibilidade e das probabilidades das pessoas e do meio;

b. Escolher a opção em que a vontade de iniciar e manter

sejam fundamentais na consecução dos objetivos;

c. Detectar e ver todas as possibilidades e oportunidades

para decidir como aproveitá-las, quais serão mais bem

exploradas e quais os processos serão envolvidos;

d. Analisar se as possibilidades pessoais e as do meio

esclarecerão sobre o grau de dificuldade que representa

esse projeto.

Essas observações somente serão identificadas mediante o

planejamento da mudança, onde serão percebidas as melhores formas de

utilização de recursos pessoais e organizacionais, quais as forças que melhor

contribuem e quais as oportunidades prioritárias para a organização. Perel

afirma que “está se aproximando rapidamente a ocasião em que o próprio

destino das empresas, cidades, órgãos de serviços públicos e até mesmo

nações inteiras dependerão da disposição e capacidade de seus líderes para

planejar”. (PEREL, 1973, p.103).

Desta forma, a necessidade de planejar as mudanças organizacionais é

entendida como a capacidade de o gestor emitir uma resposta da organização

às transformações com o intuito de manter a harmonia entre os elementos

organizacionais tais como o trabalho em si, as pessoas, a estrutura e ambiente.

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27

CAPÍTULO II

MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES

2.1 Conceitos e Tipos de Mudança

A palavra mudança é usado tanto para expressar transformações no

mundo físico como no mental. No entanto, os processos que levam a elas não

são iguais. No mundo físico, a mudança concentra-se na reorganização da

matéria ou dos sistemas. Por exemplo: a mudança de posição de um

dispositivo, uma melhoria de sistema, uma mudança climática etc. Já desde a

perspectiva psicológica, as mudanças transformadoras mobilizam emoções.

Referem-se ao abandono de paradigmas, da maneira como a realidade é

percebida, o mundo é explicado, os papeis assumidos, a identidade e a auto-

imagem são afirmadas (Gabriel, 1999, p.87). Crenças enraizadas construídas

num processo sofrido e que produzem a esperança de algum controle e/ou

equilíbrio ante os embates da vida e alguma segurança frente às ameaças e

incertezas da existência.

Hoje, nas empresas e em todas as organizações, a palavra mudança

tem uma porção de conotações freqüentemente contraditórios. Às vezes ela se

refere a mudanças externas em tecnologias, nos clientes, na concorrência, na

estrutura de mercado ou no ambiente sóciopolítico. Também se refere as

mudanças internas: como a organização se adapta a mudanças no meio

ambiente. A eterna preocupação é se essas mudanças internas nas práticas,

visões e estratégias manterão seu compasso com as mudanças externas.

(SENGE, 1999, p.21).

Mudanças ocorrem diariamente nas organizações, por

projeto, espontaneamente ou por negligência. As

mudanças são voltadas para o futuro, e cada mudança

pode provocar uma reação que por sua vez provoca uma

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28outra reação futura. Portanto, freqüentemente, uma

mudança ocasiona um efeito em cadeiras de eventos

futuros (CHARNOV e MONTANA, 1999, p.306).

Em francês arcaico, o significado para o verbo changer (mudança) era

contorcer-se ou desviar-se, como uma árvore, ou vinha à procura de sol. A

idéia de que a única coisa constante é a mudança tem sido um truísmo da vida

desde pelo menos a época de Heráclito cerca de 500 A.C. Portanto, hoje,

change, significa programas de cima para baixo como reorganização,

reengenharia e muitos re-alguma coisa (SENGE 1999, p.22).

Mudança para Charnov e Montana (1999, p.306), “é o processo de ser

transformar o comportamento de um indivíduo ou de uma organização, a

mudança poder ser sistemática ou planejada, ou pode ser implementada de

forma aleatória.”

Para Ferreira (1990, p.951), mudança “é o ato ou efeito de mudar-se, por

em outro lugar dispor de outro modo, remover deslocar.

Entretanto Chiavenato (2000, p.447), mudança “é a transição de uma

situação para outra diferente ou a passagem de um estado para outro

diferente, implica ruptura, transformação, perturbação e interrupção.”

Afirma também Brasil e Cook (1974, apud Wood Jr., 1995, p.190):

os principais elementos da mudança organizacional são

a tecnologia, o comportamento social e as instituições e

estruturas. A maioria das organizações muda em

respostas às crises, sendo limitado o número de casos

de atitudes pró-ativas.

Para Wood Jr (1995, p.190), o conceito de “Mudança organizacional

engloba qualquer transformação de natureza estrutural, estratégia, cultural,

tecnologia, humana, ou de qualquer outro componente, capaz de gerar impacto

em partes ou no conjunto da organização.”

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29 Assim esses elementos não podem ser ignorados, pois são essenciais

para que aja mudança nas organizações. Assim sendo “a geração contínua e

produtos inovadores leva a empresa a adotar novas formas de trabalho,

renovando as práticas administrativas.” (BROWN, 1991 apud WOOD JR., 1995

p.190).

Confirma também Araújo (1994, p.226):

mudança organizacional é qualquer alteração

significativa, articulada, planejada e operacionalizada por

pessoal interno e externo à organização que tenha o

apoio e supervisão da administração superior e atinja,

integramente, os componentes de cunho

comportamental, estrutural, tecnológico e estratégico.

Entretanto, mudança organizacional para Fisher e Fleury (1996, p.156):

caracterizado por modificações nos espaços

organizacionais, nos níveis de responsabilidade e

autoridade dos diferentes agentes da empresa, nos

níveis hierárquicos que constituem a cadeia de comando

e coordenação da empresa nas relações de trabalho

estabelecidas dentro e fora da empresa.

Sendo que para Stair (1998, p.31), “mudança organizacional trata de

como as empresas com e sem fins lucrativos planejam, implementam e lidam

com as mudanças.”

As mudanças podem ser causadas por fatores internos “onde incluem

atividades iniciadas por competidores, acionistas, leis federais e estaduais,

regras de comunidades”. (STAIR, 1998, p.31). Como mostra anexo 1.

Portanto, as mudanças podem ser geradas por forças externas ou pela

revisão de sistemas de controle internos através de estudos regulares ou

avaliação única. A mudança nesse processo sistemático pode focalizar as

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30pessoas, a produção, as finanças ou qualquer outro aspecto da empresa.

(CHARNOV e MONTANA, 1999, p.307). As forças internas de mudança estão

citadas no anexo 2.

Segundo Charnov e Montana (1999, p.307), nenhuma mudança é a

última, “porque a organização que não se adapta às transformações de

oportunidades e de ambientes pode estar condenada a desaparecer, cada

mudança cria um conjunto de outras mudanças”.

E a mudança é difícil porque, a maioria das pessoas e a maioria das

entidades organizacionais se conformam com a maneira como os negócios são

conduzidos. Freqüentemente, fazer o negócio de sempre é a maneira mais fácil

de se executar uma função. Gerenciar mudanças implica mudar os hábitos, os

modelos de comportamento e ás vezes as atitudes das pessoas com respeito

ao modo de execução das funções. (CHARNOV e MONTANA, 1999, p 308).

Mas quando se fala em mudanças não pode-se levar em consideração

somente o contexto de mudança organizacional dentro de uma organização,

também existem mudanças como do tipo planejada, que se entende pelo

“projeto e a implementação deliberada de uma inovação estrutural,de uma

nova política ou objetivo, ou de uma mudança na filosofia, no clima ou no estilo

operacional.” (STONER e FREEMAN, 1985, p.305).

Percebe-se que a mudança planejada visa, redesenhar a organização

de uma maneira calculada e cautelosa, para aperfeiçoar algum ponto da

organização que esteja em desgaste, e que precisa de reformulação. “Mudança

planejada é a tentativa sistemática de reformular uma organização de modo à

ajudá-la se adaptar as mudanças no ambiente externo e a alcançar novos

objetivos. (STONER e FREEMAN, 1985 p. 300).

É essa adaptação à mudança que fazem o diferencial entre as

empresas, aquela que melhor conseguir enxergar seus pontos fracos e

reformulá-los nunca fugirá de seus objetivos. “Mudança planejada são

atividades de mudança que são intencionais e orientados por metas”.

(ROBBINS, 2002 p.461).

Observa-se então, que o planejamento da mudança é um processo

detalhado e eficaz, porque visa o melhoramento de aspectos problemáticos da

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31organização. Esta mudança “implica num método que emprega a engenharia

de sistemas e a tecnologia social para resolver os problemas das

organizações.” (QUINTELLA, 1998 p. 59).

Entretanto, uma mudança planejada não é coisa simples, barata ou

indolor, como afirma Stoner e Freeman (1985, p.300), “porque se pede que os

empregados abram mão de hábitos familiares de trabalho em nome de uma

nova organização com novas políticas, novos procedimentos e novas

expectativas.” Os funcionários não querem deixar seus métodos antigos de

fazer suas tarefas, porque já estão acostumados a fazer aquilo de um jeito e

acham que as técnicas novas ou novos programas de procedimentos a ser

seguidos não terão o mesmo resultado, e não percebem que as novas técnicas

são para aprimorar o que é antigo e ineficaz.

Por isso que Stoner e Freeman (1985, p.300), afirmam que há três

motivos que levam as organizações para os programas de mudança planejada.

1. Mudanças ambientais ameaçam a sobrevivência da organização: As

organizações dependem de seu ambiente externo e devem interagir

com ele. Se uma organização perde o contato com seu ambiente, ela

pode se ver oferecendo produtos ou serviços que poucas pessoas

desejam comprar, enquanto concorrentes mais ágeis abocanham

parte de sua fatia de mercado. Um dos melhores métodos para

aumentar a capacidade de resposta é reestruturar-se.

2. Mudanças ambientais oferecem novas oportunidades de

prosperidade: Uma mudança ambiental pode representar um

problema ou uma oportunidade, é característica essencial do

empreendedor bem-sucedido, e tem muito haver com o sucesso

contínuo de organizações estabelecidas.

3. A estrutura da organização está reduzindo sua velocidade de

adaptação as mudanças ambientais: Está é força impulsionadora de

muitas mudanças planejadas de hoje em dia, quando as

organizações lutam para responder a um ambiente externo complexo

e mutável. Algumas das empresas maiores, mais bem-sucedidas e

mais veneráveis, tornaram-se vítimas do próprio sucesso.

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32Construíram estruturas altamente estáveis, burocráticas e com

muitos níveis, muito eficientes para alcançar determinados objetivos

em determinados ambientes.

De acordo com Robbins (2002, p. 461), a mudança planejada pode ser

classificada em dois tipos:

Primeira ordem, a mudança que pertence à variedade

linear, não implicando nenhum desvio fundamental nas

premissas que os membros da organização sustentam

sobre o mundo ou sobre o modo como a companhia pode

melhorar seu funcionamento ou sobre a organização

pode melhorar suas operações.

A mudança de primeira ordem visa, melhoria constantes para que a

organização consiga manter seus objetivos, tendo um desempenho mais

eficaz.

Diante da mudança planejada de segunda ordem que se conceitua pode

ser:

Uma mudança multidimensional, de níveis múltiplos,

descontínua e radical, que envolve uma reformulação de

premissas sobre a organização e o mundo na qual ela

opera, é chamada de transformação, para diferenciar-se

da melhoria cumulativa ou incremental.

Neste aspecto as empresas precisam reinventar suas organizações para

conseguir se adaptar a certas pressões internas e externas e também é

necessário à criação de novos métodos de trabalho.

Entretanto Stoner e Freeman (1985, p.305), destacam que os três tipos

de mudança planejada são:

1. Mudança Estrutural “onde a estrutura de uma organização implica

rearrumar seus sistemas internos, como linhas de comunicação, o

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33fluxo de trabalho ou a hierarquia administrativa. Isso pode ser

conseguido de três maneiras.”

O Projeto organizacional clássico concentra-se em definir

cuidadosamente as responsabilidades de trabalho e criar divisões de trabalho e

linhas de desempenho adequadas.

a. A descentralização cria unidades organizacionais menores,

auto-suficientes, que se destinam a aumentar a motivação

e o desempenho dos membros da unidade e a concentrar a

atenção dos mesmos em atividades altamente prioritárias.

A descentralização também permite que cada unidade

adapte sua estrutura e sua tecnologia as suas tarefas

específicas e ao seu ambiente.

b. A modificação no fluxo de trabalho e o agrupamento

cuidados de especialidades também podem levar a um

aumento na produtividade e no moral.

2. Mudança tecnológica “mudar a tecnologia de uma organização

implica alterar seu equipamento, seus processos de engenharia,

suas técnicas de pesquisa ou seus métodos de produção.”

3. Mudança nas pessoas “tenta muda o comportamento dos

funcionários concentrando-se em suas habilidades, atitudes,

percepções e expectativas, esses esforços são conhecidos como

técnicas de desenvolvimento organizacional.”

Sendo assim pode-se observar no anexo 3, as abordagens sobre a

mudança planejada.

Conforme Quintella (1998, p.60), antes de iniciar a mudança planejada,

é necessário planejá-la para poder controlá-la. Nas duas ou três décadas

passada, ocorreu a “ascensão do espírito racional”, a convicção de que a

ciência pode ajudar a melhorar a condição humana. Três pressupostos servem

de base a esta crença:

1. Que a velocidade e intensidade da mudança atual, quer planejada

quer conseqüente de uma deliberação inovação, é muito mais

elevada do que nos tempos passados.

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342. Que a sabedoria humana e o comportamento mundano, quando

regulam o destino e a adaptação seletiva da organização humana,

estão longe de serem perfeitos.

3. Que, considerando a complexidade e a precariedade de administrar

sistemas sociais, só os consultores e cientistas do comportamento

podem ajudar as gerências no seu funcionamento e eficiência.

No que se refere a mudança social, devemos atentar para o que fala

Rocher (1971, apud LAKATOS e MARCONI, 1999, p.298).

Mudança social é toda transformação observável no

tempo que afeta, de maneira que não seja provisória ou

efêmera, a estrutura ou o funcionamento da organização

social de dada coletividade e modifica o curso de sua

história. É a mudança de estrutura resultante da ação

histórica de certos fatores ou de certos grupos no seio de

dada coletividade.

A transformação é percebida, mas que não cabe somente a organização

consertá-la. Ela terá que conviver com a transformação, até que os fatores

externos e internos ajudem no processo de melhora, através de decorrer do

tempo.

Em relação as mudanças no contexto organizacional, Senge (1999, p.

27), destaca que a mudança profunda é imprescindível no ambiente

contemporâneo.

Portanto, mudança profunda “combina alterações internas nos valores,

aspirações e comportamentos das pessoas com alterações externas nos

processos, estratégias, práticas e sistemas.”(SENGE, 1999, p.27). Na mudança

profunda ocorre aprendizagem. A organização não realiza algo de novo, ela

constrói capacidade de mudança constante. Não basta mudar as estratégias,

estruturas e sistemas, a não ser que também se mude o pensamento que as

produziu. (SENGE, 1999, p.27).

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352.2 Os Processos de Mudança

É o aspecto relacionado ao estilo de liderança utilizada na mudança, que

pode variar do participativo ao autocrático, e a velocidade da mudança.

A reformulação organizacional pode incluir mudanças substanciais nos

valores que a organização está tentando alcançar, nos papéis que as pessoas

devem desempenhar, nas pressuposições e na visão global que governam o

comportamento e nas características concretas do programa da organização.

Tais mudanças são realmente em escala larga, no sentido de que elas são

abrangentes envolvendo múltiplos aspectos da organização, e profundas

(GALBRAITH e LAWLER, 1995, p.81).

Os processos de mudança são maneiras como as mudanças são

realizadas; eles podem ser impostos de cima para baixo ou podem ser

participativos, dependendo da filosofia organizacional e da natureza da

mudança. (CHARNOV e MONTANA, 1999, p.309).

Os mesmos Galbraith e Lawler (1995, p.81), dão um resumo dos

principais conhecimentos sobre tais processos de mudança que emergiram de

seus estudos e das conseqüências pela maneira como as mudanças são

gerenciadas. São elas:

1. A mudança organizacional não ocorre a menos que haja um forte

motivo para mudar: A razão para a mudança precisa estar ligada

intimamente à estratégia da empresa, embora possa e deva ser

acompanhada por uma forte orientação “pessoal”.

2. A liderança é um fator crítico no processo de mudança: A mudança

não ocorrerá sem energia, orientação e comprometimento por parte

da cúpula. Parte do papel da liderança é articular ou ajudar a

organização a articular os motivos que compelem a mudança. Um

dos dilemas da liderança de mudança é que esta será contínua e

freqüentemente uma resposta adaptável às mudanças que já

ocorreram ou que são antecipadas no ambiente, no entanto, os

membros organizacionais procuram o líder para obter um curso

estável, indicando que o barco não está fora de controle. A liderança

de mudança impõe que aquela seja uma catalisadora permanente

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · serão abordados as variáveis da mudança, tais conceitos e tipos de mudança, os processos de mudança, o agente de mudança

36para o processo de mudança, formulando e atualizando uma agenda

que requer atenção especial, ajudando a organização a ter uma

antevisão do futuro, liberando energia e recursos pra abastecer o

processo de mudança e ajudando a organização a sentir a mudança

como um sucesso, em vez de um fracasso.

3. As organizações são sistemas nos quais as mudanças num aspecto

vai pedir mudança em outros: O sistema será mais eficiente à

medida que seus vários componentes se encaixarem. Por exemplo,

que a força do sistema de produção japonesa reside na

complementaridade das práticas fabris, do sistema de trabalho e da

política de recursos humanos, todos apoiando o alto desempenho e a

melhoria contínua. Muitos tipos de mudança que as organizações

enfrentam hoje em dia requerem alinhamento sistemático, incluindo

redirecionamento estratégico, globalização, introdução de novas

tecnologias, obtenção de incrementos de desempenho a cima

daqueles obtidos pela limpeza geral do sistema e a transição para

uma cultura de alto envolvimento. Em tais situações, intervenções

limitadas terão impacto limitado. A mudança envolve reformulação

organizacional e habilidades de estruturação. Os processos precisam

ser embutidos na organização.

4. A mudança envolve tanto o projeto técnico como processos humanos

eficazes: Esses dois aspectos são as duas faces da moeda da

mudança. Um fracasso em qualquer área pode evitar que a mudança

aconteça. Atender as questões do sistema de projeto gerencial das

relações humanas é necessário, mas insuficientes para lidar com as

questões do processo humano. Gerenciar a mudança envolve

compreensão e saber lidar com a resistência, com o aprendizado

individual e coletivo e com dinâmica natural de transição. Esses

processos de mudança podem ser facilitados por padrões de

atividade como comunicações, processo de consulta, participação e

solução de conflitos, mas não podem ser evitados.

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375. As alterações de porte alteram o contrato psicológico: uma mudança

na maneira pela qual as pessoas entendem a organização e nas

pressuposições que fazem a cerca do que é desejável e do que não

é, bem como uma mudança qualitativa nas habilidades e no

comportamento. Haverá pessoas que não podem ou não querem

fazer a transição, e mudanças de porte envolvem algum turnover de

pessoal. Gerenciar o lado “pessoas” da mudança compreenderá

desenvolver e entender o que é necessário e esperado, habilidades

para o novo comportamento e reforço da mudança quando esta

ocorrer. Também abrangerá o gerenciamento das pessoas para as

quais as mudanças não está nos planos. Esses indivíduos precisam

ser dirigidos de maneira a não minar as normas de aprendizado que

a organização está tentando estabelecer. Isso requer um esforço de

boa fé para ajudar as pessoas a mudarem, uma descrição

pormenorizada das conseqüências de não mudar e, quando possível,

permissão para que escolham um papel diferente se não acreditam

que pode mudar.

6. A mudança envolve conflito: De fato, a essência da mudança é um

processo de administração de tensão e conflito num sistema. Parte

da energia para a mudança é desencadeada por uma resolução

dinâmica de conflito entre os vários “cabeças” da organização. Esse

é o mecanismo fundamental pelos qual as pressuposições do status

quo (estado de equilíbrio) são desafiadas. Conseqüentemente, a

mudança envolve estabelecimento de mecanismos políticos pelos

quais os cabeças podem resolver as questões. Isso inclui resoluções

conjuntas entre grupos que antes operavam independentemente e a

posse dos chefes que tem um quadro de referências diferentes dos

mantenedores do status quo.

7. A mudança não é um processo ordeiro e controlado: Envolve

interação, encontros confusos, resistência, conflito e surpresa.

Embora a mudança possa ser parcialmente planejada, grande parte

não o será. A mudança envolverá eventos oportunistas e respostas a

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38conseqüências não-antecipadas. Cada mudança proporcionará

outras oportunidades e fará com que outras necessidades fiquem

evidentes. Um dos objetivos principais da mudança é desenvolver

novas normas organizacionais que permitirão aos membros

organizacionais liderarem eficazmente com a complexidade,

ambigüidade, a desordem e freqüentes atividades não planejadas e

novos pedidos (interrupção de planos). Felizmente, as normas

exigidas para lidar com a natureza da mudança desordenadamente

herdada são as mesmas exigidas para o aprendizado contínuo

organizacional. As normas necessárias, os valores e as

pressuposições envolvem aprender com os erros, tomar

emprestados idéias de outros, correr riscos, tolerar e tirar vantagem

da diversidade, expondo e lidando com o conflito.

8. A mudança será um aspecto factual: para as organizações nas

próximas décadas. A maior parte da mudança exigirá o

desenvolvimento de habilidades que a organização nunca teve antes.

Essa necessidade de mudança sem continuidade é alimentada pelos

rápidos avanços tecnológicos, o desdobramento da economia global,

a força do trabalho cada vez mais heterogênea, mudanças nas

estruturas econômicas e financeiras locais e globais, problemas

ambientais complexos, estrutura de tempo murchando rapidamente e

desregulamentação. Uma nova habilidade que terá de ser

desenvolvida é a capacidade das organizações efetuarem as

mudanças sozinhas. Isso incluirá mas irá além de o que é

comumente taxado de processo contínuo de melhoria, que é uma

maneira de melhoras os atuais ciclos de atividades. O processo de

reformulação vai envolver o novos processos e o realinhamento de

elementos organizacionais. A organização terá de se tornar uma

comunidade aprendiz, capaz de se reestruturar ao longo do tempo,

Quintella (1998, p.60), apresenta tipologias sobre o processo de

mudança, onde podem ser identificadas oito espécies de mudança. São elas:

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · serão abordados as variáveis da mudança, tais conceitos e tipos de mudança, os processos de mudança, o agente de mudança

391. Mudança Planejada: abrange a fixação de objetivos comuns, uma

igual distribuição de poder (eventualmente) e proposital de ambas as

partes, utilizando metodologias que envolvem ativamente o cliente.

2. Doutrinação: é proposital, e envolve a fixação de objetivos comuns,

porém a distribuição de poder é desigual. Muitas escolas, prisões e

hospitais psiquiátricos ou outras “instituições integradas” enquadram-

se nesta categoria.

3. Mudança coercitiva: é caracterizada pela fixação de objetivos não-

recíprocos, pela distribuição desequilibrada de poder e é

propositadamente exercida por uma única parte. Mudança coercitiva,

do modo como usamos o termo, pode ser exemplificada através das

práticas de controle do pensamento e “lavagem cerebral” dos

chineses.

4. Mudança técnica e científica: pode-se distinguir-se da mudança

planejada pela natureza da fixação de objetivos. O uso de meios

técnicos para obter mudança, baseia-se, exclusivamente, na coleta e

na interpretação de dados. Portanto ela segue, sobretudo, o modelo

das consultorias dotadas de metodologias rigorosas, mas que não

envolvem o cliente.

5. Mudança recíproca: é caracterizado pela fixação de objetivos

comuns, uma distribuição de poder razoavelmente equilibrada,

faltando, propósito a ambas as partes do relacionamento

(inconscientemente, ambas as partes podem estar empenhadas em

mudar a outra para qualquer direção). Estas mudanças podem ser

observadas entre bons amigo e casais.

6. Mudança por socialização: tem uma afinidade direta com os

controles hierárquicos, A relação pai e filhos seria o exemplo mais

óbvio, bem como a de comandante-soldado e de professor-aluno.

Esta mudança é baseada numa relação psicológica transferencial.

7. Mudança Emulativa: verifica-se, a maioria dos casos, em

organizações formais, onde há uma nítida definição da relação entre

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40superior e subordinado. Ela é provocada pela identificação ou

emulação frente ao “símbolo do poder”.

8. Mudança Natural: refere-se aquela classe de mudanças sem

aparente propósito ou fixação de objetivos, por parte dos quais nela

se acham envolvidos.

Todos os métodos usados nas transformações bem-sucedidas baseiam-

se em um critério essencial: que a mudança fundamental não acontecerá

facilmente por uma longa lista de razões. Mesmo um observador de objetivos

possa enxergar claramente que os custos são altos demais, ou que os

produtos não são suficientes bons, ou que as necessidades inconstantes dos

clientes não estão sendo atendidas adequadamente, a mudança necessária

ainda pode estagnar devido as culturas centradas nas necessidades internas, a

burocracia paralisante, a políticas provincianas, a um baixo nível de confiança,

à falta de trabalho em equipe, a atitudes arrogantes, a falta de liderança na

gerência intermediária, e ao medo que o homem tem do desconhecido. Para

obter sucesso, um método projetado para alterar estratégias, fazer

reengenharia de processos ou melhorar a qualidade deve lidar com essas

barreiras, e muito bem (KOTTER, 1997, p.21).

Kotter (1997, p.21), ainda propõe o seu modelo de oito etapas para um

processo de mudança bem sucedida de qualquer magnitude nas organizações.

Como está citado a baixo:

1. Estabelecimento de um senso de urgência.

• Exame de mercado e das realidades dos concorrentes.

• Identificação e discussão das crises, crises potenciais ou

oportunidades fundamentais.

2. Criação de uma coalizão administrativa.

• Formação de um grupo com autoridade suficiente para liderar

a mudança.

• Motivação do grupo para que trabalhe junto, como um time.

3. Desenvolvimento de uma visão estratégica.

• Criação de uma visão para ajudar a direcionar o esforço de

mudança.

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41• Desenvolvimento de estratégias para concretizar essa visão.

4. Comunicação da visão da mudança;

• Uso de cada veículo possível para comunicar constantemente

a nova visão e estratégias.

• Fazer a função da coalizão administrativa modelar o

comportamento esperado dos funcionários.

5. Como investir de empowerment os funcionários para as ações

abrangentes.

• Eliminação dos obstáculos.

• Mudança e sistema ou estruturas que minem a visão da

mudança.

• Encorajamento para correr riscos e usar idéias, atividades e

ações não tradicionais.

6. Realização de conquistas a curto prazo.

• Planejamento de melhoria visíveis no desempenho, ou

conquistas.

• Criação dessas conquistas.

• Visível reconhecimento e recompensa do pessoal que tornou

as conquistas possíveis.

7. Consolidação de ganhos e produção de mais mudanças.

• Uso da maior credibilidade para mudar todos os sistemas,

estruturas e políticas incompatíveis e que não se adequam à

visão de transformação.

• Contratação, promoção e desenvolvimento do pessoal que

possa implementar a visão da mudança.

• Revigoramento do processo com novos projetos, temas e

agentes de mudança.

8. Estabelecimento de novos métodos na cultura.

• Criação de um melhor desempenho por meio de um

comportamento voltado para o cliente e a produtividade, de

uma liderança mais forte e melhor e de um gerenciamento

mais eficaz.

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42• Articulação das conexões entre os novos comportamentos e o

sucesso organizacional.

• Desenvolvimento de meios para garantir o desenvolvimento e

sucessão da liderança.

Uma das raras vantagens de ser viver no centro de uma era de

mudanças, não obstantes as incertezas e crises que gera, é o impulso para nos

reavaliarmos repensando procedimentos antigos e buscando novas soluções; e

todo uma apelo a criatividade, da qual resultarão forçosamente, a alienação

das falsas colocações e a aceitação das orientações que se provarem sadias.

“Pode ser um processo doloroso, mas é benéfico, apesar de causar angústia,

pois aparece sob forma de crise”. (MOURA, 1995, p.46).

Visto isso Moura (1995, p.46), sintetiza essas mudanças, para reduzir as

necessidades mais evidentes, no que concerne à vida nas empresas. Como

mostra o modelo abaixo:

1. Mudanças que atingem os processos sociais:

• Explosão de Conhecimentos: Hoje, sabe-se produzimos maior

soma dos conhecimentos nos dias atuais do que toda história

passada. Temos uma tal capacidade de gerar idéias, teorias e

informações válidas, que se justifica falarmos numa verdadeira

explosão de conhecimentos.

• Explosão de Tecnologia: As possibilidades de comunicação

são tão incrivelmente extensas, que na prática, os conceitos

de distância e tempo tiveram que ser reformulados. Os

próprios executivos já podem ser reunir em perfeitas

condições operacionais, sem sair de seus gabinetes, não

obstantes estejam fisicamente distantes uns dos outros por

milhares de quilômetros.

• Explosão Econômica: Como resultados das evoluções

anteriores e acrescidos de outros fatores variados, a própria

economia alterou-se profundamente. Os mercados são agora

multinacionais, a competição é de quantidade e de qualidade,

as fronteiras desaparecem os complexos e conglomerados

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43surgem a cada dia, transformando o mundo num intenso

mercado cada vez mais interdependente.

• Explosão Populacional: A população mundial dobra a cada

período de 11 anos, e este intervalo vai diminuindo

constantemente. Com esse crescimento nascem as pressões

sociais, os problemas ambientais, as necessidades de

alimentação, de abrigo, de educação, etc..

• Explosão Política e de Valores: Os mapas políticos vão se

alterando a cada dia, com nações que surgem, povos que

conquistam sua independência, blocos que se aliam, se

confrontam e mudam de posicionamento.

2. Mudanças que atingem os processos de trabalho:

• Nível de Aspiração: As pessoas não só querem ter mais, com

o querem ser mais. Elas sentem, mais que outrora, a

necessidade de progredir, e para isso, forçam as

oportunidades de educação, de treinamento empresarial etc.

Elas sentem que no mundo complexo em que vivem, as

melhores oportunidades só beneficiam a quem está preparado

e, por isso, elas aspiram a esse progresso.

• Desejo de Segurança: Outrora, a segurança sentida era

essencialmente posta em termos de segurança do emprego,

porque o mercado era limitado e as oportunidades escassas.

Hoje, a segurança esta mais na própria capacitação do que

nas relações de emprego.

• Desejo de Autonomia: O melhor nível de educação e a

abundância de informações, torna o homem melhor

preparado, e também, menos dócil. As pessoas não aceitam

ser tratadas com o simples engrenagem, e forçam um mínimo

de autonomia e de auto determinação sobre o seu trabalho.

• Desejo de Realização: As pessoas precisam encontrar

oportunidades e condições reais para sua realização pessoal,

através do trabalho e durante o trabalho. Logo, ela se motivam

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44ou desmotivam não tanto em razão de fatores apenas

higiênicos (que preservam a deterioração), mas sobretudo

através de fatores motivadores, onde a realização é o

principal.

• Sentido de Identidade e Lealdade: Existe uma forte

necessidade de se sentir identificado com um certo grupo, ao

qual a lealdade está vinculada. Mas hoje, face à crescente

especialização, esta identidade e lealdade estão muito mais

voltado aos “grupos pequenos” do que a organização total.

• Formas de Liderança: A autoridade, ainda que legítima, não

pode prescindir do poder. A Liderança será cada vez menos

baseada no simples exercício da autoridade, e mais na

capacidade de influenciar, motivar, persuadir.

3. Mudanças nas Organizações:

Moura (1995, p.46), explica que todo esse conjunto de mudanças,

quando atuantes de forma combinada, não pode deixar de causar impacto e

gerar novas necessidades sobre as organizações. Afinal, uma organização não

é mais do que a integração de pessoas, normas, tecnologias e processos de

trabalho. Sofrendo a constante influência dessas mudanças, as organizações

sentem sua eficácia desafiada. Esse desafio, cuja resposta vai condicionar o

êxito ou o fracasso da organização, exige algumas adaptações fundamentais,

cujas características básicas serão:

• Permanente atitude de análise do meio: Neste sentido, a

organização transforma-se num sistema aberto.

• A organização torna-se cada vez mais complexa, na sua

estrutura, nos seus recursos, nos seus processos.

• Essa complexidade e essas mudanças exigirão um incentivo

constante a flexibilidade, tornando os processos decisórios

cada vez mais dinâmicos.

• O entre-choque dos vários valores, trazidos pela mudança,

possibilitará a emergência de conflitos (uma realidade

constante).

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45• Isso exigirá a capacidade de preparar as mudanças,

minimizando os choques e as resistências.

• Neste preparo, destaca-se o imperativo de conseguir

desenvolver integradamente as pessoas, os grupos e a

organização, como um todo. Não bastará treinar as pessoas,

ou alterar a estrutura, mas será indispensável realizar tudo

isso harmonicamente.

Stoner e Freemam (1985), mostram o processo que Lewin desenvolveu,

para entender porque a maioria dos esforços de mudança fracassa. Existem

dois pressupostos, para entender este processo. Primeiro: “as pessoas não se

dispõem a alterar atitudes e comportamentos antigos.” (STONER e FREEMAM,

1985, p.303). As pessoas nas organizações aceitaram a aprender novas

técnicas de trabalho. Entretanto, determinadas atitudes das pessoas em

relação há outras pessoas podem continuar, por causa de ressentimentos e

também depende da personalidade de cada indivíduo. Segundo: “Mesmos se

os empregados estiverem dispostos a mudar sua atitude e seu comportamento,

essas mudanças tendem a ter vida curta.” (STONER e FREEMAM, 1985 p.

303). Os funcionários começam a fazer as coisas do jeito que a organização

pede. Mas, se por algum tempo a organização deixa os colaboradores

sozinhos, eles tendem a voltar a hábitos antigos.

Para superar esses tipos de obstáculos, Stoner e Freemam (1985, p.

303), mostram um modelo seqüencial de três etapas elaborado por Lewin,

sobre o processo de mudança. Como indica o anexo 4:

1. Descongelar: implica tornar tão óbvia a necessidade de mudança à

ponto do indivíduo, do grupo ou da organização poder facilmente vê-

la e aceitá-la.

2. A mudança implica indicar um agente de mudança treinado, que irá

liderar os indivíduos, os grupos ou toda a organização durante o

processo.

3. Recongelar: significa transformar em regra geral o novo padrão de

comportamento, usando para isso mecanismos de apoio ou reforço,

de modo que ele se torne uma nova norma.

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46 Segundo Moura, (1995, p.146), quanto às frases, o processo de

mudança costuma obedecer à seguinte seqüência:

a. Percepção: Pessoal ou institucionalmente, chegamos a alterar

nossas percepções, seja pelo impacto das informações, seja

pela constatação das insuficiências vividas na situação atual.

b. Mudança de Atitude: No estado anterior, quando a percepção

se altera, tornamo-nos mais abertos e, assim, por diminuir a

resistências e as defesas, podemos chegar a alterar nossas

atitudes, nossas imagens, nossas bases comportamentais.

c. Decisão pela Mudança: Corresponde à doação interior de um

novo padrão de comportamento, mesmo que ainda não

exteriorizado.

d. Exteriorização: O novo padrão, já assumido interiormente,

começa a se explicar e essa transição é delicada, porque o

peso do sistema anterior ainda é muito forte, o que provoca

certa tendência regressiva.

e. Estabilização: Com o exercício de novos padrões, e aos

poucos, o novo estado, prepondera sobre o anterior, até que

nova crise inicie um novo ciclo de mudanças.

Araújo (1994, p.225), aponta sete sugestões que as organizações

devem estar atentas antes de iniciar um processo de mudança:

a. Busca de contínuo suporte da alta administração. Não se pode

dar responsabilidade total de um programa amplo de

modificações a pessoal que não detém a responsabilidade

plena pelo funcionamento da organização. O pessoal da alta

administração deve formular os objetivos de treinamento, deve

participar do treinamento propriamente dito e, finalmente,

participar da avaliação.

b. Os condutores no processo de mudança devem estar

conscientes de que o próprio processo já é, por si só, uma

mudança importante na estrutura social da organização. Em

outras palavras, a existência de um propósito de mudança,

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47antes mesmo de sua operacionalização, já causa grande

movimentação interna.

c. A preparação da mudança deve evitar a expectativa da

solução para todos os problemas identificados, como o de

desenvolver a lealdade absoluta pela organização, aumentar a

moral e outros tópicos correlatos.

d. É importante saber o alcance dos vários programas de

mudança, pois é certo que nem tudo será atingido conforme

previamente delimitado. A organização, se vista como sistema

social, obriga os condutores a um alargamento das fronteiras

de mudança demarcadas pelos programas.

e. Os condutores e responsáveis por mudanças não podem

esperar resultados plenos e imediatos. Colocação do tipo

“amanhã de manhã já será diferente” não cabem em

mudanças com razoável grau de complexidade. É certo que

esses programas têm um período de maturação e é preciso

guardar sempre as reações iniciais.

f. Os objetivos da mudança devem ser congruentes com os

valores sociais mais simples. Isso quer dizer que não se

recomenda radicalização no processo de mudança,

principalmente quando as metas da mudança visarem o lado

social. Se a mudança estiver distantes dos valores sociais

presentes ou se extremamente inovadora a ponde de alterar

padrões vigentes, não há porque imaginar o enorme grau de

dificuldade que existe para atingir esses objetivos.

g. O grupo envolvido, qualquer que seja sua intensidade de

envolvimento, precisa ter em mente a necessidade do controle

permanente sobre o processo de mudança. Assim, o grupo

manterá o rumo da mudança e permanecerá com a concepção

de participação e contribuição efetiva.

Meggiinson et al. (1998, p.438), aponta seu modelo de seis fases para

uma processo de mudança:

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481. Pressão e Ativação: O processo começa quando a alta

administração sente a necessidade ou a pressão para a

mudança, ou surge uma oportunidade para melhorar a futura

posição da organização. Isso é geralmente causado por um

problema, ou problemas, significativo como um forte declínio

das vendas ou lucro.

2. Intervenção e Reorientação: Um agente de mudança tem

designada a tarefa de definir o problema e de começar o

processo de conseguir que os membros da organização o

focalizem. O agente deve ser capaz de intervir e reorientar o

pensamento da organização para descobrir ou capitalizar

oportunidades.

3. Diagnóstico e reconhecimento do problema: A informação é

coletada e analisada pelo agente de mudança e pela

administração. São diagnosticadas as áreas problemáticas

mais importantes e estas recebem atenção.

4. Invenção e Comprometimento com as Soluções: O agente de

mudança deve estimular o pensamento e encontrar soluções

para desenvolver criativamente alternativas novas e

plausíveis. Se os subordinados forem encorajados a participar

desse processo, provavelmente estarão mais comprometidos

como o curso de ação escolhido.

5. Experimentação e Busca de Resultados: As soluções

desenvolvidas na fase 4 são comumente testadas em

programas pilotos de pequena escala e os resultados são

analisados. Uma unidade, ou parte de uma unidade, pode

testar uma idéia antes de implantá-la na organização.

6. Reforço e Aceitação: Se um curso de ação foi testado e

achado desejável, será provavelmente aceito com mais boa

vontade. Um desempenho melhor deve ser uma fonte de

reforço e assim levar a um compromisso com a mudança.

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492.3 O Agente de Mudança

Agente de mudança é “um indivíduo orientado para resultados, capaz de

resolver cuidadosamente e rapidamente problemas complexos tangíveis e

intangíveis, energia e ambição são necessários para o sucesso e fazem parte

de sua personalidade.” (QUINTELLA, 1998, p.66). Percebe-se que o agente de

mudança é aquela pessoa especializada, e que está presente na organização

para solucionar determinados problemas. “As mudanças no interior de uma

organização necessitam de um catalisador. As pessoas que estimulam e

assumem a responsabilidade pela administração do processo de mudança são

chamadas de agente de mudança”. (ROBBINS, 2002, p.460). No entanto, o

agente de mudança é “o indivíduo que lidera ou guia o processo de mudança”.

(STONER e FREEMAN, 1985, p.304).

Para Megginson et al. (1998, p.438), o agente de mudança “é aquele

executivo de dentro da organização ou um consultor externo, desempenhado

um papel de liderança ao iniciar ou introduzir o processo de mudança”.

A pessoa que conhece o processo e administra a mudança é aquele

profissional em que a organização confia para efetuar as mudanças

necessárias. “São profissionais que na maioria dos casos, foram treinados e

que tem pós-graduação em ciência do comportamento”. (QUINTELLA, 1998, p.

66).

Para Quintella, (1998, p.66), existem quatro aspectos importantes para

os agentes de mudança:

1. Seus Pressupostos – Eles consideram indiscutível a

importância do trabalho. Preocupam-se com a eficiência

organizacional. Seu diagnóstico de saúde organizacional

concentra-se no relacionamento interpessoal ou de grupo.

2. Seus Papeis – Eles desempenham vários papéis como

agentes de mudança: pesquisadores, treinadores, consultores,

conselheiros, professores, mentores e, em alguns casos,

gerentes de linha. Alguns especializam-se num só papel, mas

a maioria passa de um para o outro. Os agentes de mudança

não são membros do sistema-cliente; em outros casos eles o

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50são. Alguns afirmam que as mudanças significativas

dependem do ímpeto gerado por um agente externo.

Acrescentam que somente um assessor externo qualificado

pode proporcionar a perspectiva, o desapego e a energia tão

necessários para efetuar uma autêntica alteração dos

esquemas existentes.

3. Suas Intervenções – Os agentes de mudança intervêm em

vários pontos da estrutura das organizações e em tempos

diferentes. Os mais notáveis tipos de intervenção que facilitam

o desenvolvimento organizacional são:

• Discrepância: chamando a atenção sobre a contradição

na ação ou nas atitudes.

• Teoria: ilustrando as descobertas da pesquisa e a

compressão dos conceitos que ajudam o sistema-

cliente a obter uma perspectiva.

• Procedimento: fazendo uma crítica aos métodos

existentes para resolver os problemas.

• Relacionamento: concentrando a atenção nos tensões

que se desenvolvem fora do grupo e no relacionamento

interpessoal.

• Experimentação: estabelecendo comparações e

fazendo testes sobre várias ações, antes de tomar uma

decisão.

• Dilema: localizando pontos cruciais significativos ou

exigências para a solução dos problemas e tentando

compreender os pressupostos, procurando alternativas,

se for preciso.

• Perspectiva: elaborando uma tentativa de proporcionar

uma compreensão histórica e situacional dos

problemas através de um estudo independente.

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51• Estrutura da Organização: identificando as origens dos

problemas, enquanto ligados às estruturas e aos

arranjos organizacionais.

• Cultura: concentrando-se no exame das tradições,

valores, etc...

4. Seus objetivos normativos – São enunciados com clareza e

com especificações variadas, mas há plena evidência de que

estes objetivos implicam em uma visão especial do homem e

da organização e um especial conjunto de valores que formam

a base para esta interpretação.

• Melhoramento na competência interpessoal dos

administradores.

• Mudança nos valores, no sentido de os fatores

humanos e sentimentos serem considerados legítimos.

• Desenvolvimento de uma compreensão progressiva

entre os grupos de trabalho e dentro deles, a fim de

reduzir as tensões.

• Desenvolvimento de uma equipe administrativa mais

eficaz, isto é, a capacidade dos grupos funcionais de

operarem com competência.

• Desenvolvimento de melhores métodos de solução de

conflitos.

• Desenvolvimento de sistemas orgânicos, este objetivo

normativo, é uma reação violenta contra idéias das

organizações como mecanismo.

Quintella (1998, p.69), aponta ainda quatro elementos necessários que o

agente de mudança deve estar atento para que a implementação da mudança

seja bem sucedida. São eles:

1. O sistema-cliente: deve ter o máximo possível de

conhecimento da mudança e de suas conseqüências, da

influência para desenvolver e controlar o rumo dela e da

confiança no causador da mesma.

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522. O esforço em prol da mudança: deve ser percebido como o

mais auto motivado e voluntário possível. Isto pode ocorrer

através da legitimação e apoio a mudança por parte do grupo

da administração da cúpula, bem como dos grupos

adjacentes, com peso significativo no sistema-cliente. Pode

também ocorrer, quando propiciar o máximo possível de

vontade autônoma.

3. O programa de mudança: deve incluir elementos emocionais e

afetivos, bem como cognitivos, para sua implementação seja

bem sucedida. Somente apoiar-se na persuasão racional seja

suficiente, é uma mera fantasia.

4. A ação do agente de mudança: pode ser decisiva na redução

da residência a mudança, ao oferecer aconselhamento e

apoio psicológico durante sua fase transitória. Como já se

disse inúmeras vezes, a qualidade do relacionamento é

fundamental para o sucesso do programa de mudança.

2.4 Gerenciar a Mudança

Seja qual for à mudança, é um processo que necessita ser gerenciado.

Dependendo do nível de mudança e a dificuldade de seu gerenciamento, pode

ser necessário definir uma equipe responsável pela mudança, no entanto, cada

membro da organização deve ser envolvido. Gerentes, supervisores e chefes

de equipe devem liderar alguns aspectos do processo, cada qual no seu nível.

Segundo Hodgetts (2000, p.134), as empresas têm de ser capazes de

atuar em um ambiente no qual, independente do lugar, tempo, volume ou

qualquer fator, as premissas e as regras do jogo mudem continuamente, a

mudança além de desejável, é necessária; e os executivos precisam estar

preparados para ela.

Conhecer o presente e projetar um futuro melhor é o que cria a tensão

que impulsiona as pessoas durante o processo de mudança. Por isso, é

desejável que a equipe responsável pela mudança tenha capacidade de:

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53• Usar eficientemente seu conhecimento e as

informações;

• Ser criativa;

• Projetar o futuro dentro e fora das organizações;

• Trabalhar em equipe;

• Ser flexível e se adaptar facilmente aos novos

processos;

• Motivar os demais integrantes;

• Ter ótima comunicação (interna e externa à

organização);

• Assumir riscos e resolver conflitos.

Toda mudança traz incertezas, mas também oportunidades. Em geral,

mudanças criam pressões dentro de qualquer organização, especialmente

quando os gerentes não tem experiência em lidar com mudanças. Assim, a

sentença de ordem dentro de uma organização que decide mudar é: aprender

a aprender.

Segundo Garvin (1998, p57), para atender suas necessidades de

mudança, muitas empresas já incorporaram a necessidade de adquirir

continuamente novos conhecimentos organizacionais. Porque o que se

aprende no trabalho, torna-se rapidamente obsoleto e, progressivamente, as

transformações vividas pela sociedade fazem com que nenhuma organização

tenha condições de garantir a um empregado um trabalho específico para

sempre.

O que dificulta um processo de mudança e coíbe o aprendizado

organizacional é a capacidade de aprender das pessoas e da equipe.

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54

CAPÍTULO III

A RESISTÊNCIA A MUDANÇA

A resistência à mudança é uma reação natural e inevitável de qualquer

pessoa numa organização em relação à quebra de suas expectativas e à

sensação de perda de controle. (QUINTELLA, 1998, p.30). É uma força ativa

em indivíduos ou me grupos que minimiza ou limita a quantidade de mudança

que ocorrerá. (CHARNOV e MONTANA, 1999, p.306).

A experiência mostra que toda tentativa de mudança provoca um grande

número de reações, uma mais visíveis, outras mais encobertas. Por que “as

mudanças ocorrem dentro de nós, dos grupos ou das organizações. Elas

exigem todo o processo de reestruturação interna, que leva a novas situações”.

(MOURA, 1995, p.147). Por que não existe “nada mais difícil de se realizar, de

sucesso mais duvidoso e mais perigoso de se lidar do que iniciar uma nova

ordem para as coisas”. (JACOBSEN e RODRIGUES, 2002, p.40).

Uma das descobertas mais bem-documentadas nas pesquisas sobre

comportamento organizacional e de pessoas é que as organizações e seus

membros resistem à mudança. Em um certo sentido, isso é positivo: oferece

um grau de estabilidade e previsibilidade ao comportamento. “se não houvesse

alguma resistência, o comportamento organizacional teria uma aleatoriedade

caótica. A resistência à mudança pode ser também uma fonte de conflitos

funcionais.” (ROBBINS, 2002, p.531).

Porque à resistência à mudança é um plano de reorganização e “lidar

com a resistência implica identificar e adotar posturas, procedimentos e

medidas capazes de prevenir, atenuar, contornar, vencer ou até mesmo usá-la

de forma construtiva”. (JACOBSEN e RODRIGUES, 2002, p.40).

Para Moura, (1995, p.147), Resistência à mudança é, em síntese “uma

tentativa de impedir a mudança, bloqueando ou, pelo menos, opondo-se aos

seus efeitos, a resistência é um fenômeno tão universal, que a maioria das

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55pessoas rende a aceitá-la como um fato natural e consumado, contra o qual

não há nada a fazer”.

Ainda Moura, (1995, p.148), “ressalta que resistimos à mudança porque

elas vem abalar exatamente aquilo que já temos estruturado e que serve a

nossa adaptação, porque não querem entrar em algo obscuro e desconhecido.

Tanto a literatura acadêmica quanto a gerencial tendem a apontar a

resistência a mudança como “qualquer conduta que objetiva manter o status

quo em face da pressão para modificá-lo como uma das principais barreiras à

mudança bem-sucedida”. (CRUZ e MONTEIRO, 2001, p.33).

Entretanto a outro conceito de resistência à mudança, proposto pela

Jacobsen e Rodrigues (2001, p.33), “As organizações poderiam ser

consideradas, processos em equilíbrio quase-estacionário, ou seja, a

organização seria um sistema sujeito a um conjunto de forças opostas, mas de

mesma intensidade que mantêm o sistema em equilíbrio ao longo do tempo.”

O anexo 4 mostra pressupostos e contrapressupostos para que se

entenda melhor o que é a resistência à mudança nas organizações.

3.1 Fontes e Causas de Resistência

Stoner e Freeman (1985, p.302), apontam três fontes de resistências

que os administradores devem observar para que consigam realizar uma

mudança. Como está indicado abaixo:

a. Cultura Organizacional: Das três forças, esta pode a mais

importante em moldar e manter a identidade de uma

organização. A cultura organizacional refere-se aos

entendimentos importantes compartilhados pelos membros

tais como normas, valores, atitudes e crenças. Os funcionários

ficam numa organização porque o trabalho ajuda-os alcançar

seus objetivos de vida e porque suas ´personalidades, atitudes

e crenças ajustam-se à cultura organizacional De fato, muitos

colaboradores se identificam com sua organização e vêem

como pessoais suas perdas e seus ganhos. Em conseqüência

disso, podem sentir-se ameaçados pelos esforços de mudar

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56radicalmente a cultura organizacional e o “jeito de como

fazemos as coisas”.

b. Interesses Pessoais: Apesar de os funcionários poderem se

identificar com suas organizações, sua preocupação final é

com eles mesmos. Em troca de fazerem um bom trabalho,

esperam pagamento adequado, condições de trabalho

satisfatórias, segurança no emprego e uma certa quantidade

de reconhecimento, poder e prestígio. Qualquer mudança que

ameace seu status quo individual torna-se uma fonte de medo

e incerteza. Os empregados podem enfrentar um período

potencialmente desconfortável de ajuste, enquanto se

adaptam a uma nova organização ou a um trabalho

reformulado.

c. Percepção dos Objetivos e das Estratégias da Organização:

Os objetivos e as estratégias são instrumento extremamente

poderosos para organizar e coordenar os esforços de

qualquer organização. De fato, as declarações de missões

podem guiar as ações dos empregados na ausência de

políticas e procedimentos formais. Entretanto, essas forças

poderosas em favor da estabilidade pode tornar difícil a

mudança. Algumas vezes os empregados não compreendem

a necessidade de um novo objetivo porque não têm a mesma

informação que os seus gerentes. Ou podem sonhar com “os

bons velhos tempo”. Em outros casos, entretanto, os

empregados podem resistir a mudança, porque têm

informações que os administradores não tem.

Moura, (1995, p.148), aponta seu próprio modelo contento as fontes de

resistência à mudança.

a. Aparente desconhecido do fenômeno: Corresponde a uma

forma que passivamente ignora a ocorrência das mudanças.

Simplesmente as pessoas (grupos e organizações) fazem de

conta que nada está ocorrendo.

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57 b. Resistência: É uma tentativa de bloqueio, seja ela aberta ou

dissimulada. Quando mais rígida a pessoa ou o sistema, tanto

mais tenderá a reagir.

c. Acomodação: É uma variante da primeira forma, passividade.

Aqui fica-se na inércia aguardando-se que os fatos ocorram,

para tratar-se de buscas os remédios adequados. As

mudanças, portanto, não são planejadas, mais imposta pela

gravidade dos problemas: e isso a alto custo humano e

material.

d. Assimilação e planejamento da mudança: É a forma mais

condizente com os termos atuais. Nesta forma, sente-se a

necessidade de mudar, mas ao invés de se deixar ultrapassar

ou de reagir, planeja-se o desenvolvimento da mudança,

assimilando-se os novos eventos à própria essência o

sistema.

Porém Jacobsen e Rodrigues (2002, p.40). Propõem um modelo de

identificação das causas mais comuns de resistência à mudança:

a. Possibilidade de perder algo de valor: As pessoas crêem que

sairão perdendo com a realização do projeto. Devido a

concentração de esforços para proteger interesses individuais

ou de um determinado grupo, ocorre o aparecimento de

comportamento político, o que pode se dar na forma de

grupos lutando publicamente ou de modo encoberto e

disfarçado.

b. Falta de confiança e falta de entendimento da mudança e suas

implicações: Como conseqüência da falta de confiança entre

empregados e iniciadores de mudança, além de mal

entendidos, os envolvidos acreditam ter mais a perder do que

ganhar.

c. Crença de que a mudança não faz sentido para a

organização: Ocorre quando a organização sofre distintas

avaliações por parte dos administradores ou iniciadores e dos

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58demais envolvidos, resultando em diferentes conclusões sobre

o seu estado.

d. Baixa tolerância para a mudança: é a dificuldade de ajuste a

novos cenários, é o temor da falta de habilidade para

desempenhar novas funções e apresentar comportamento

distintos. Cabe destacar que a maior ou menor dificuldade em

lidar com o processo de mudança é uma característica

individual, variando, portanto, de pessoa para pessoa.

Jacobsen e Rodrigues, (2002, p.40), ressalta, também resistência

provindas de fontes como:

a. Estrutura da Organização: É importante que a estrutura da

organização, em termos de padrões de autoridade, canais de

comunicação, divisão de trabalho, regras e procedimentos

sejam compatíveis e dêem apoio à iniciativa de mudança.

b. Comportamento da Alta Administração: Especialista em

mudança argumentam que a mesma deve ser iniciada na alta

administração, de modo que todos os membros da

organização saibam que há suporte e engajamento.

c. Clima Favorável à Mudança: As fontes de resistência aqui,

são diferentes climas entre as unidades da organização, não

percepção da necessidade da mudança, ausência de análise

da necessidade da mudança, ausência de análise da

necessidade de mudança por parte da alta administração.

d. Barreiras Tecnológicas: O que ocorre é a ausência de

habilidade técnicas para implementar a mudança ou o não

entendimento da tecnologia a ser empregada.

No que tange as barreiras psicológicas Jacobsen e Rodrigues (2002, p.

40), cita fontes de resistência relacionadas a área psicológica como:

a. Percepção Seletiva: impedindo a constatação de problemas e

solução.

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59b. Homeostasis: tendência natural de manter o atual estado,

evitando desequilíbrio para não sair de uma situação de

conforto.

c. Conformidade com o status quo e fatores relativos a

personalidade: como alto dogmatismo, fatalismo, inabilidade

para lidar com abstrações ou motivação apenas para pequena

realizações.

3.2 Enfrentando a Resistência à Mudança.

Stoner e Freeman (1985, p.534), afirmam que a resistência pode ser

minimizada por meio da comunicação com os funcionários, para ajudá-los a

compreender a lógica da mudança. Essa tática assume basicamente que a

fonte de resistência “é a falta de comunicação ou pouca informação se os

funcionários forem informados sobre todos os fatos e tiverem suas dúvidas

esclarecidas, a resistência cessará. A comunicação pode ser feita por meio de

discussões individuais, memorando, apresentações de grupos ou relatórios.”

Também é necessário a participação dos funcionários, porque é difícil

que uma pessoa “resista a mudança de cuja decisão tenha participado. Antes

que a mudança seja feita, os que se opõem a ela devem ser inseridos no

processo decisório.” (STONER e FREEMAN, 1985, p.534).

Os agentes de mudança podem oferecer uma série de esforços

apoiadores para reduzir a resistência. “Quando o funcionário demonstra muito

medo e ansiedade, o aconselhamento e a terapia, o treinamento em novas

habilidades ou uma pequena licença remunerada pode facilitar o ajuste.”

(STONER e FREEMAN, 1985, p.534).

Uma outra forma de o agente de mudança conseguir reduzir a

resistência “é procurar trocar alguma coisa de valor por isso. A negociação

como tática pode ser necessária quando a resistência vem de uma fonte

poderosa.” (STONER e FREEMAN, 1985, p.534).

Um outro método é a manipulação que se refere as tentativas de

influenciar disfarçadamente. “A distorção de fatos para torná-los mais

atraentes, a sonegação de informações indesejáveis e a criação de falsos

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60rumores para induzir os funcionários a aceitar mudanças”. (STONER e

FREEMAN, 1985, p.534).

Existe também a coerção “que é o uso de ameaças diretas ou de força

sobre os resistentes.” (STONER e FREEMAN, 1985, p.534).

3.3 Tipos de Resistência

Os tipos de resistência à mudança podem ser de dois tipos. O nível

individual “manifesta-se pela perda do equilíbrio psicológico, pelo stress e pelo

comportamento disfuncional.” (QUINTELLA, 1998, p.30).

E pelo nível organizacional que “tende a se disfarçar em discussões

técnicas, dificuldades operacionais, argumentos econômico-financeiros”.

(QUINTELLA, 1998, p.30).

3.3.1. Resistência Individual

“As fontes individuais de resistência à mudança resistem em

características humanas básicas, como percepção, personalidade e

necessidade”. (ROBBINS, 2002, p.456). Como no anexo 6, aponta os cinco

principais motivos pelos quais, os indivíduos resistem à mudança.

Robbins (2002, p.531), explica cada um desses fatores, como está

apontado abaixo:

1. Hábito: Como seres humanos, somos criaturas de hábitos. A

vida já é suficientemente complexa; não precisamos avaliar

todas as alternativas para cada uma dessas decisões que

tomamos todos os dias. Para enfrentar essa complexidade,

criamos hábitos ou respostas programadas. Quando nos

defrontamos com a mudança, essa tendência a responder de

acordo com o costume transforma-se em fonte de resistência.

2. Segurança: As pessoas com elevada necessidade de

segurança costumam a resistir a mudança por se sentirem

ameaçadas.

3. Fatores Econômicos: A preocupação de a mudança significar

uma redução dos rendimentos. As mudanças nas tarefas ou

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61rotinas estabelecidas também podem suscitar esse tipo de

temor, quando a pessoa acha que não será capaz de

continuar apresentando o mesmo desempenho de antes,

especialmente quando a remuneração é vinculada a

produtividade.

4. Medo do Desconhecido: A mudança faz o conhecido ser

trocado pela ambigüidade e pela incerteza.

5. Processamento Seletivo de Informações: As pessoas moldam

o mundo por meio de suas percepções dele. Depois de criado

esse mundo, ele reside a mudanças. Dessa maneira, as

pessoas passam a processar seletivamente as informações

para manter suas percepções intactas. Elas ouvem só o que

querem ouvir. Ignoram informações que possam desafiar o

mundo que construíram.

3.3.2. Resistência Organizacional.

“As organizações, por suas própria natureza, são conservadoras. Elas

resistem ativamente a mudança.” (ROBBINS, 2002, p.459). Como aponta no

anexo 7 os seis principais motivos pelos quais as organizações resistem a

mudança.

Robbins (2002, p.533), explica cada um desses fatores, como aponta os

itens abaixo:

1. Inércia Estrutural: As organizações possuem mecanismo

internos que produzem a estabilidade. As pessoas contratadas

por uma organização são escolhidas por se ajustarem a ela;

depois, são moldadas e orientadas a se comportar de

determinadas maneiras. Quando uma organização se

confronta com a mudança, essa inércia estrutural age como

um contrapeso para sustentar a estabilidade.

2. Foco Limitado de Mudança: As organizações são formadas

por diversos subsistemas interdependentes. Não pode haver

mudanças em um deles sem afetar os demais.

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62 3. Inércia do Grupo: Mesmo que os indivíduos queiram mudar

seu comportamento, as normas de grupo agem como

limitadoras.

4. Ameaça à Especialização: As mudanças nos padrões

organizacionais podem ameaçar a exclusividade de alguns

grupos especializados.

5. Ameaça às Relações de Poder Estabelecidas: Qualquer

redistribuição de autoridade para tomada de decisões pode

ameaçar as relações de poder já estabelecidas dentro da

organização. A introdução de um processo decisório

participativo ou de equipes de trabalho auto gerenciadas é o

tipo de mudança que costuma ser vista como ameaça pelos

supervisores e gerentes de nível médio.

6. Ameaça às Distribuições Estabelecidas de Recursos: Nas

organizações, os grupos que controlam algum tipo de recurso

que possa ser cortado freqüentemente vêem a mudança como

uma ameaça. Eles costumam se contentar com as coisas do

jeito que estão.

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63

CONCLUSÃO

Na década de 60 onde a mudança organizacional era considerada um

projeto isolado que ocorria esporadicamente atingindo apenas alguns aspectos

estruturais da organização, a busca era para o reencontro de um ponto de

equilíbrio e estabilidade. Diante deste momento, a postura exigida do gestor

era a de exercer controle sobre esse fator, até então, meramente

administrativo.

A supervalorização dada a elementos de centralização de decisões e de

comandos impositivos tornavam o processo de mudança algo controlável e

negativo para o progresso da empresa. Já na década posterior essa visão foi

sendo modificada em função das intensas alterações de natureza social,

econômica e política que pressionaram as organizações a reavaliar seus

modelos de gestão e sua base de sustentação. A mudança passou então a ser

compreendida como um processo de transformação contínuo por seu caráter

abrangente, profundo e participativo. Esse caráter lhe é atribuído em razão da

necessidade de adaptação e transformação fomentada pelo rearranjo da

organização para entrosamento com o mundo externo.

Esse contexto tem evoluído e propiciado o estudo da Mudança

Organizacional como fenômeno inerente às organizações. Assim, a proposição

que guiou este trabalho foi de que a necessidade de acompanhar a dinâmica

das transformações que cercam as organizações atualmente impõem ao gestor

a responsabilidade de buscar novas formas de lidar com as mudanças. A

descoberta destas novas formas está bem próxima ao gestor e precisam hoje

de uma dedicação no seu aperfeiçoamento. Com o planejamento das

mudanças torna-se possível avaliar a situação e diagnosticar a real

necessidade da transformação bem como delimitar seu âmbito de atuação,

fixar os objetivos, os responsáveis por cada etapa, garantir sua continuidade,

avaliar seus impactos e seus resultados, redefinir posturas culturais e

comportamentais a fim de obter maior participação das pessoas no processo

de modificação, enfim, gerenciar o processo de como um todo.

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64A natureza da mudança está essencialmente na origem das ações

humanas na necessidade de transformar e evoluir, está internalizada na

formação humana, assim, a capacidade de interagir com as transformações

são exclusivas das relações sociais. Ou seja, se o homem é capaz de agir a

seu favor e da sociedade, porque não buscar formas de tornar os impactos da

mudança em vantagens e benefícios para os sistemas sociais, como a

organização?

A necessidade de se adaptar aos ambientes leva as organizações a

buscar formas de melhor sobressair-se das dificuldades sempre buscando

alcançar seus principais objetivos. Diante da consciência de que é preciso lidar

com o elemento mudança, o gestor deve buscar as ferramentas que lhes estão

disponíveis na descoberta das possibilidades de planejar e gerenciar as

mudanças. Existem sim formas de planejar a mudança, seja por meio de

técnicas de planejamento básicas, sejam inseridos no planejamento estratégico

da empresa ou ainda na utilização de programas de mudanças já definidos. O

importante é que em qualquer das escolhas seja mantida a idéia de direção do

processo e não de controle, pois a instabilidade da mudança não lhe permite

ser controlada, mas sim guiada e orientada para o objetivo da organização.

É perceptível a evolução do processo de transformação e das ações

desenvolvidas pelos gestores para lidar como o fenômeno. Observou-se que

em grande parte dos momentos as mudanças eram implementadas

isoladamente, ás vezes somente nas estruturas, ou nas pessoas, ou no

comportamento, ou na produtividade ou no ambiente. De fato estes elementos

são os principais alvos da mudança, mas hoje devem ser considerados dentro

de um conjunto integrado e interativo.

Na observação dos impactos trazidos alguns fatores foram levantados

como sendo determinantes para as transformações, independentemente de

qual seja seu foco principal. São o ambiente, o processo de mudança, a

resistência, a comunicação, o agente de mudança, cultura e o clima

organizacional.

A compreensão do ambiente vai alem da caracterização física da

empresa. A influência, as informações e as variáveis ambientais externas

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65determinam a postura da organização, inclusive influenciando nas estratégias e

objetivos. Dessa maneira, a análise ambiental é imprescindível para a definição

do foco da mudança.

A resistência à mudança é outro fator que determina o sucesso da

transformação. Assim como a mudança está inserida na formação humana, a

resistência também tem sua origem na condição humana. A influência dos

sistemas sociais compostos por pessoas, sentimentos, necessidades e atitudes

no desempenho organizacional é evidente, assim lidar com as resistências

exige-se um entendimento das suas origens, seus benefícios e a tradução

dentro do contexto organizacional, pois não passa de mais um indicador de

como anda o processo de transformação.

A comunicação nas organizações diz respeito às trocas de informações

e o estabelecimento de convívio que são extremamente importantes para se

evitar conflitos e interpretações errôneas.

Já a cultura e o clima são fatores condicionantes nas relações pessoais

desenvolvidos para lidar com problemas de adaptação e integração das

pessoas ao grupo e para transmitir as formas corretas de perceber, pensar e

sentir dentro da organização. O conhecimento destes fatores permite o

desenvolvimento de ações que garantam a obtenção dos resultados almejados

e a sua continuidade.

É admirável o valor que as pessoas tem no processo de mudança. Isto

pode ser comprovado pelo fato de grande parte dos fatores determinantes

estarem ligados à questão comportamental dentro da organização. Isso mostra

mais uma vez a relação entre as habilidades humanas e o gerenciamento da

mudança.

Os gestores devem se preocupar com a sustentação das mudanças

para não se depararem com crises dentro da organização. As fontes dos

problemas devem passar por uma transformação na forma de pensar,

internalizando comportamentos, atitudes e lições básicas para estes

momentos. Portanto a mudança deve ser efetivada com a participação das

pessoas, com a avaliação ambiental e com o planejamento de suas ações para

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66se obter maior proveito das oportunidades e responder às transformações de

forma construtiva.

O planejamento e o gerenciamento da mudança deve ser visto como o

início de um novo caminho em que os administradores deverão buscar uma

integração entre as diferentes dimensões da mudança e da organização,

tornando fluentes aspectos afetivos, intelectuais, estruturais e estratégicos.

Como ferramentas de gestão os programas de mudanças organizacionais são

planejados e tem contribuído com a ciência administrativa no sentido de

caracterizar as principais ações para cada tipo de mudança, dando condições

ao gestor de acompanhar uma seqüência de acontecimentos antevendo suas

decisões.

Os resultados do trabalho demonstraram, ainda, que de forma positiva

os gestores já não percebem a mudança como um fator a ser evitado, mas sim

como algo inevitável. Os gestores ainda não possuem uma consciência da

urgência de planejar e gerenciar a mudança, mas já passam por experiências

que lhes forçam a preparar melhor suas ações e a tentar definir uma forma de

lidar com os problemas advindos da mudança.

Cabe então recomendar alguns tópicos como sugestão de estudos

futuros, principalmente no contexto brasileiro:

a) Os impactos das mudanças nas áreas funcionais das

organizações;

b) O papel da liderança na mudança organizacional;

c) Pesquisa de clima organizacional durante processos de

mudanças;

d) A importância da comunicação nas organizações.

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São Paulo: Atlas, 2000.

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71

WEBGRAFIA

PIAZZA, Flavia Ferreira. A escola do planejamento estratégico nos artigos

acadêmicos recentes. Trabalho apresentado como requisito parcial obtenção

do Grau de Mestre em Administração da Faculdade de Economia e Finanças

IBMEC, Rio de Janeiro-RJ, 2006. Disponível em:

http://www.ibmecrj.br/sub/RJ/files/dissert_mestrado/ADM_flaviapiazza_dez.pdf.

Acesso em 25 novembro 2010.

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ANEXOS

ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO 1 - FORÇAS EXTERNAS DA MUDANÇA 72

ANEXO 2 - FORÇAS INTERNAS DA MUDANÇA 73

ANEXO 3 - ABORDAGEM A MUDANÇA 74

ANEXO 4 - O PROCESSO DE MUDANÇA 75

ANEXO 5 - PRESSUPOSTO SOBRE A RESISTÊNCIA À MUDANÇA E

POSSÍVEIS CONTRAPESSUPOSTOS. 76

ANEXO 6 - FONTES DE RESISTÊNCIA INDIVIDUAL 77

ANEXO 7 - FONTES DE RESISTÊNCIA INDIVIDUAL 78

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ANEXO 1

FIGURA 1: FORÇAS EXTERNAS DA MUDANÇA

FONTE: MENGGINSON ET AL. (1998, p. 433)

ORGANIZACIONAIS

EDUCACIONAIS

CULTURAIS

POLÍTICAS /

LEGAIS

ECONÔMICAS

RECURSOS NATURAIS

SOCIAIS

TECNOLÓGICAS

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ANEXO 2

ILUSTRAÇÃO 2: FORÇAS INTERNAS DA MUDANÇA

FONTE: MENGGINSON ET AL. (1998, p. 433)

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

ATIVIDADES / HABILIDADES / ATITUDES DOS EMPREGADOS

TECNOLOGIA / RECURSOS

DIRETRIZES

OBJE

TIVOS

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ANEXO 3

ILUSTRAÇÃO 3: ABORDAGEM A MUDANÇA.

FONTE: STONER E FREEMAN, (1985, p. 306).

MUDANÇA NA ESTRUTURA

ABORDAGEM

TECNOESTRUTURAL

MUDANÇA DE TECNOLOGIA

Reformulação da estrutura e das operações de trabalho.

Reformulação das operações de trabalho.

Reformulação da organização, descentralização, modificação do fluxo do trabalho.

Agente de M

udança.

Mudanças nas habilidades, atitudes, expectativas e percepções.

MUDANÇA NAS

PESSOAS

Desem

penho Organizacional M

elhorado.

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ANEXO 4

ILUSTRAÇÃO 4: O PROCESSO DE MUDANÇA

FONTE: CHIAVENATO (2000, p. 448).

DESCONGELAMENTO MUDANÇA RECONGELAMENTO

Velhas idéias e práticas são derretidas,

abandonadas e dasaprendidas.

Novas idéias e práticas são exercidas e aprendidas.

Novas idéias e práticas são incorporadas

definitivamente ao comportamento.

INTERNALIZAÇÃO REFORÇO SUPORTE

IDENTIFICAÇÃO

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ANEXO 5

Pressupostos Contrapessupostos

• A resistência à mudança é um “fato da vida”

e deve acontecer durante qualquer

intervenção organizacional.

• A resistência é escassa / somente

acontecerá em circunstância excepcionais.

• Ao tentar preveni-la, os agentes de

mudança acabam contribuindo para sua

ocorrência ou agravamento.

• A resistência é um comportamento

alardeado pelos detentores de poder e

pelos agentes de mudança quando são

desafiados em seus privilégios ou ações.

• A resistência à mudança é maléfica aos

esforços de mudança organizacional.

• A resistência é um fenômeno saudável e

contributivo.

• A resistência é usada como uma desculpa

para processos de mudança fracassados ou

inadequadamente desenhados.

• Os seres humanos são naturalmente

resistentes à mudança.

• Os seres humanos resistem à perda, mas

desejam a mudança: tal necessidade

tipicamente se sobrepõe ao medo do

desconhecido.

• Os empregados são os atores

organizacionais com maior probabilidade de

resistir à mudança.

• A resistência – quando ocorre – pode

acontecer entre os gestores, agentes de

mudança e empregados (derivado da

proposição original de Lewin).

• A resistência à mudança é um fenômeno

grupal / coletivo.

• A resistência é tanto individual quanto

coletiva – a resistência vai variar de uma

pessoa para outra, em função de muitos

fatores situacionais e de percepção.

ILUSTRAÇÃO 5: PRESSUPOSTO SOBRE A RESISTÊNCIA À MUDANÇA E POSSÍVEIS

CONTRAPESSUPOSTOS.

FONTE: CRUZ E MONTEIRO (2001, P. 37).

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ANEXO 6

LUSTRAÇÃO 6: FONTES DE RESISTÊNCIA INDIVIDUAL

FONTE: ROBBINS (2002, p. 456)

RESISTÊNCIA INDIVIDUAL

Medo do Desconhecido

Fatores Econômicos

Hábito

Segurança

Processamento Seletivo

das Informações

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ANEXO 7

ILUSTRAÇÃO 7: FONTES DE RESISTÊNCIA ORGANIZACIONAL

FONTE: ROBBINS (2002, p. 459).

RESISTÊNCIA

ORGANIZACIONAL

Ameaças às distribuições estabelecidas de recursos

Ameaça a especialização

Foco Limitado de mudança

Inércia de Grupo

Inércia Estrutural

Ameaças às relações estabelecidas de poder

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 12

PLANEJAMENTO NA GESTÃO DAS MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES 12

1.1 Conceito e Histórico 12

1.2 Princípios de Planejamento 14

1.3 Tipos de Planejamento 15

1.4 Planejamento Estratégico 17

1.4.1 Características e Metodologia 20

1.5 Benefícios e Inconvenientes para Organização 22

1.6 Necessidade de Planejar as Mudanças Organizacionais 23

CAPÍTULO II 27

MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES 27

2.1 Conceitos e Tipos de Mudança 27

2.2 Os Processos de Mudança 35

2.3 O Agente de Mudança 49

2.4 Gerenciar a Mudança 52

CAPÍTULO III 54

A RESISTÊNCIA A MUDANÇA 54

3.1 Fontes e Causas de Resistência 55

3.2 Enfrentando a Resistência a Mudança 59

3.3 Tipos de Resistência 60

3.3.1 Resistência Individual 60

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81 3.3.2 Resistência Organizacional 61

CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA 67

WEBGRAFIA 71

ANEXOS 72

ÍNDICE 80

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - AVM

Título da Monografia: ADMINISTRANDO AS RESISTÊNCIAS ÀS

MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES.

Autor: RODRIGO BATISTA DOS SANTOS

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: