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II
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
Trabalho Monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção do Grau deEspecialista em Orientação Educacional.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILFEVEREIRO DE 2002
EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE
E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
ANDRÉA DELL’OSSO
III
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITOPARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.
EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE
E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
ANDRÉA DELL’OSSO
Andréa Dell ’ Osso
APROVADO POR:
Nelsom J. V. de Magalhães
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASILFEVEREIRO DE 2002
IV
Dedico este trabalho aos meus alunos, queeduco com amor, partilhando e prendendo osaber, em benefício da educação e daconstrução de um mundo melhor.
V
Agradeço sobretudo a Deus, força maior que trouxe-me até aqui.
Aos mestres que forneceram condições de atingirmeus ideais.
Aos meus pais que me deram a vida e ensinaram-se a vivê-la com dignidade: entrego este título emsuas mãos.
Aos familiares e amigos que tornam este momentomais belo e glorioso.
VI
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
RESUMO DO TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMOREQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA
EM ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.
EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE
E PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
ANDRÉA DELL’OSSO
ORIENTADOR: Nelsom J. V. de Magalhães
Este trabalho desenvolve um estudo à cerca da questão da preservação da
saúde e proteção ao meio ambiente, dentro do âmbito escolar, a fim de buscar
mudanças de comportamento pessoal e atitudes e valores de cidadania, que
podem ter fortes conseqüências sociais, através da conscientização do aluno,
para que este possa identificar-se como parte integrante da natureza, e
compreendo que a saúde é uma dimensão essencial do crescimento e
desenvolvimento do ser humano.
VII
ÍNDICE
CAPÍTULO I
Introdução 011.1. Tema 021.2. Delimitação 021.3. Justificativa 021.4. Objetivo 031.5. Problema 031.6. Hipótese 031.7. Metodologia 041.8. Fundamentação teórica 041.9. Conteúdo do trabalho 05
CAPÍTULO II
Uma abordagem contemporânea sobre a educaçãopara preservação da saúde 072.1. Introdução 082.2. Nutrição e saúde: responsabilidades alimentares 082.2.1. Responsabilidades do governo 092.2.2. Responsabilidades da comunidade 102.2.3. Responsabilidades da família 122.2.4. Responsabilidades do indivíduo 122.3. Alimentação equilibrada 132.3.1. Proteínas: alimentos que estruturam o corpo 142.3.2. Glicídios: alimentos que fornecem energia 142.3.3. Lipídios: alimentos que formam reserva de energia 152.3.4. Vitaminas: alimentos reguladores e protetores 152.3.5. Água e sais minerais 172.4. Higiene, manipulação e conservação dos alimentos 182.5. Carências nutricionais 222.5.1. Necessidades alimentares 222.5.2. Alimentação e saúde 252.5.3. Efeitos da desnutrição 262.5.4. Merenda escolar 282.5.5. Princípios orientadores 292.6. Higiene e saneamento 312.6.1. Higiene física 312.6.2. Higiene do corpo 322.6.3. Higiene da casa 322.6.4. Higiene ao comer e ao beber 33
VIII
2.6.5. Higiene do meio ambiente 332.6.6. Higiene mental 342.6.7. Saneamento 362.6.8. Tratamento de água 372.6.9. Eliminação do resíduos 382.7. Vacinas e saúde 402.7.1. O processo imunológico 412.7.2. Vacinas mais importantes 432.8. Doenças: problemas e cuidados 452.8.1. Verminoses 492.8.2. Bronquite 532.8.3. Catapora 542.8.4. Sarampo 552.8.5. Rubéola 562.8.6. Caxumba 572.8.7. Coqueluche 582.8.8. Difteria 592.8.9. Poliomielite 602.8.10. Escarlatina 612.8.11. Problemas e doenças de pele 622.8.12. Problemas e doenças nos olhos 642.8.13. Problemas e doenças da boca 662.8.14. Outras doenças 692.8.15. Doenças menos freqüentes 822.9. Noções de primeiros socorros 832.9.1. Febre 832.9.2. Estado de choque 842.9.3. Asfixia 852.9.4. Emergências do calor 862.9.5. Hemorragias 862.9.6. Ferimentos 872.9.7. Abdome agudo 882.9.8. Queimaduras 892.9.9. Emergência dos ossos 902.9.10. Envenenamento 912.9.11. Picadas 912.9.12. Choque elétrico 922.9.13. Desmaios e convulsões 922.9.14. Corpos estranhos 932.10. Medicamentos e remédios 942.10.1. Sinais vitais 942.10.2. Cuidado com os remédios 95
IX
2.10.3. Caixa de remédios 992.10.4. Remédios caseiros e plantas 992.10.5. A importância da água 1002.11. Drogas, saúde e comportamento 1022.11.1. Algumas das principais drogas e seus efeitos 1022.11.2. Procedimentos educativos 1092.12. Conclusão 111
CAPÍTULO III
Uma abordagem contemporânea sobre a preservaçãodo meio ambiente 1123.1. Introdução 1133.2. O perigo da explosão demográfica 1143.3. A população do ar 1153.3.1. A inversão térmica 1173.3.2. Soluções 1173.4. A poluição da água 1183.4.1. A disseminação de doenças 1193.4.2. Eutrofização: acúmulo de nutrientes minerais
na água 1193.4.3. O acúmulo de produtos não-biodegradáveis 1213.4.4. A maré negra 1213.4.5. Soluções 1223.5. A destruição dos solos 1233.5.1. A erosão acelerada 1243.5.2. Os perigos dos agrotóxicos 1263.5.3. Soluções 1283.6. O lixo urbano 1293.6.1. Soluções 1313.7. Poluição sonora 1323.7.1. Efeitos da poluição sonora 1323.7.2. Soluções 1353.8. Conclusão 135
CAPÍTULO IV
Conclusão final 137
Bibliografia 139
1
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
2
1.1. TEMA
EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E PROTEÇÃOAO MEIO AMBIENTE
A educação precisa difundir uma concepção unilateral de natureza de
vida e de homem, de uma forma global e integradora da realidade,
conscientizando a população da necessidade de todos trabalharem juntos pela
preservação do equilíbrio ecológico da saúde, e conseqüentemente da vida.
1.2. DELIMITAÇÃO
O tema será abordado de forma pedagógica baseados em estudos com
enfoque na última década, buscando os elementos básicos para estabelecer
conexões, através do processo educacional, entre a saúde e o meio ambiente,
a fim de promover a saúde da criança e sua interação com o meio ambiente,
especialmente no 1º segmento do ensino fundamental, na faixa etária dos 6
aos 10 anos de idade, de modo a contribuir para o desenvolvimento saudável
das futuras gerações e para com sua conscientização em relação às questões
ambientais.
1.3. JUSTIFICATIVA
A opção pelo tema baseia-se em nossa experiência profissional com
alunos de escola pública, oriundos de comunidades carentes.
Verificamos que, tanto os currículos quanto a formação dos professores,
não visam a realidade dos pais e os aspectos vitais da criança: crescimento,
alimentação, doenças, meios de promover sua saúde e interação com o meio
ambiente.
Portanto, é preciso refletir sobre a realidade de cada comunidade, para
desenvolvermos um trabalho docente responsável e adequarmos a escola às
necessidades de nossas crianças.
1.4. OBJETIVO
Levar os educadores à reflexão e capacitá-los, a fim de que o trabalho
da escola seja adequado às necessidades da criança e da família, sobretudo
nas comunidades carentes, onde é preciso fazer uma concretização quanto à
3
sua responsabilidade para preservação da saúde e proteção do meio ambiente,
já que nestes locais é grande a desinformação e o professor torna-se o único
veículo de orientação para pais e alunos.
1.5. PROBLEMA
Como educar para a preservação da saúde e proteção ao meio
ambiente?
A educação é um processo social amplo, e cabe ao professor, mola
propulsora desta engrenagem, a quem está entregue a formação de novas
gerações, a participar da vida social, servindo de exemplo aos seus alunos, e
orientando-os para preservação da saúde e do equilíbrio ecológico.
1.6. HIPÓTESE
Atualmente, a escola deve ter duplo papel social: transmissora de
cultura, e transformadora das estruturas sociais adequando seu trabalho às
necessidades da comunidade escolar.
O professor precisa exercer sua profissão de forma autêntica e coerente,
desenvolvendo na escola uma integrada concepção de mundo, vida e
realidade, a fim de conscientizar as pessoas da necessidade de um trabalho
em conjunto pela preservação da saúde e do equilíbrio do meio ambiente.
1.7. METODOLOGIA
O método de pesquisa utilizado será a coleta de dados através da
pesquisa bibliográfica.
Embora possa produzir muitas informações, o método aplicado encontra
suas limitações, haja visto que não esgotaremos o assunto, apenas
levantaremos um problema que necessita de maior espaço investigativo, que
não poderá ser levado a cabo em função do pouco tempo que o pesquisador
permanecerá liberado de suas atividades profissionais para realizar a pesquisa.
1.8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A questão da preservação da saúde e do meio ambiente, envolve
aspectos que devem ser discutidos com o alunos de forma sincera e aberta,
4
com o objetivo maior de promover a construção de valores e atitudes, que eles
possam concretizar através de ações cotidianas.
A escola deve enfatizar projetos que envolvam temas que possibilitem
mudanças nas atitudes e nos valores dos próprios alunos: os cuidados com a
saúde e o bem-estar físico e emocional, a preservação do ambiente escolar, os
problemas ambientais, etc.
A educação é o caminho para a construção de um novo homem, de uma
nova sociedade. Portanto, comportamentos corretos para com a saúde e o
ambiente devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da escola, desde os
primeiros anos de escolaridade. Pois, segundo Maria Ângela dos Santos “...o
papel da educação é fundamental na formação de uma cidadania responsável,
e a escola é um dos agentes básicos para a divulgação dos princípios de
preservação da saúde e proteção ao meio ambiente”1.
Portanto, é preciso buscar mudanças nas relações do trinômio
aluno/escola/ambiente, a fim de estimular a criança a pensar e agir,
transformando o ambiente em que vive num mundo novo, do qual ela é parte
integrante.
1.9. CONTEÚDO DO TRABALHO
No capítulo II é feita uma abordagem sobre a educação para a saúde no
ensino fundamental, com o objetivo de capacitar o aluno para o uso de
medidas práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde ao seu
alcance, e simultaneamente, conscientizá-lo de sua responsabilidade para
consigo e a comunidade em que vive, já que a condição de saúde é produzida
nas relações com o meio físico, econômico e sociocultural.
São apresentados enfoques sobre nutrição, higiene, saneamento,
vacinação, doenças, medicamentos, drogas, noções e primeiros socorros, e a
interferência destes aspectos na preservação da saúde.
No capítulo III, desenvolve-se a importância das questões ambientais
para o futuro da humanidade, e a importância da conscientização de perceber-
se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando
seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a
5
melhoria do meio ambiente, considerando seus elementos físicos e biológicos,
e os modos de interação entre o homem e a natureza, através da educação,
levando-o a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de
cidadania.
No capítulo IV, apresenta-se a conclusão geral do trabalho,
estabelecendo-se um elo entre a preservação da saúde e proteção do meio
ambiente, e a educação, como fator de extrema importância para a
conscientização do aluno, quanto à sua responsabilidade individual e coletiva,
no sentido de contribuir para a construção de uma sociedade mais saudável e
ambientalmente equilibrada.
Espera-se que o trabalho forneça elementos, para auxiliar os
educadores a estabelecer um elo de ligação entre a natureza dos assuntos
abordados às outras áreas do currículo, atendendo a necessidade de serem
tratadas de modo integrado, não só entre si, mas entre eles e o contexto
histórico e social, em que as escolas estão inseridas.
1 SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998.
6
CAPÍTULO II
UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA SOBRE
A EDUCAÇÃO PARA PRESERVAÇÃO DA SAÚDE
7
2.1. INTRODUÇÃO
Ao ingressar na escola, a criança traz consigo, comportamentos
positivos e negativos em relação à saúde. Tais hábitos são oriundos de seu
convívio em família, ou entre outros grupos sociais próximos.
Devido à sua função social, a escola assume relevante papel na
formação de comportamentos, durante épocas decisivas para qualquer pessoa:
a infância e adolescência. Portanto, a escola deve fornecer elementos que
capacitem os alunos para uma vida saudável, através das atitudes de toda a
comunidade escolar; transmitindo desta forma, valores que serão assimilados
pelas crianças em seu cotidiano.
Ao educar para a saúde, atendendo as necessidades do aluno e
respeitando sua realidade, o professor estará contribuindo decisivamente na
formação de cidadãos capazes de atuar em benefício de sua saúde pessoal e
da coletividade.
2.2. NUTRIÇÃO E SAÚDE: RESPONSABILIDADESALIMENTARES
O crescimento e o bom funcionamento do organismo depende de uma
alimentação adequada. Assim sendo, procuramos analisar alguns aspectos
relacionados à nutrição, cuja influência é fundamental para a saúde do
indivíduo.
De acordo com Maria Ângela dos Santos “...muitas vezes, constatamos
que o aluno vai para a escola com fome ou mal alimentado. As conseqüências
naturais são o baixo aproveitamento escolar, a reprovação, a exclusão da
escola e a marginalização social, formando um círculo vicioso: desnutrição –
doença – baixa produtividade – desnutrição”2.
A quem cabe as responsabilidades por esta situação, que atinge grande
parte da população brasileira e mundial? Certamente, as responsabilidades são
de todos e de cada um. Em primeiro lugar, do governo, a quem cabe zelar pelo
bem-estar de toda a população. Em segundo lugar, da comunidade, através de
suas organizações e agências educativas, às quais compete orientar a
população para hábitos alimentares adequados. Em terceiro lugar, da família,
8
por ser o primeiro grupo do qual o indivíduo faz parte e do qual depende para
sobreviver em seus primeiros anos de vida. Finalmente, do próprio indivíduo,
que deve cuidar de sua alimentação e saúde, quando se torna responsável e
independente.
2.2.1. Responsabilidades do governo
O governo pode ser considerado responsável pela alimentação do povo
por muitas razões:
Ü É o governo que recolhe os impostos, e a ele cabe incentivar a produção
de alimentos, de forma a satisfazer as necessidades básicas de toda a
população. Ou seja, ele deve orientar os recursos que se dispõe para a
satisfação dessas necessidades. E, sem dúvida, a mais importante delas
é a alimentação suficiente e adequada, para que todos possam viver
dignamente. Portanto, ao estabelecer as prioridades dos investimentos
públicos, o governo deve dar atenção especial à produção de alimentos.
Ü Além de incentivar a produção de alimentos, cabe ao governo
providenciar que eles sejam bem distribuídos, de modo que todos os
habitantes recebam nutrição adequada. De nada adianta uma grande
produção, se os alimentos não tem condições de sair da região produtora
e serem distribuídos, ou se eles acabam se deteriorando por falta de
distribuição. É necessário que o governo crie condições para o
armazenamento e a distribuição dos alimentos a toda população.
Ü Cabe ainda ao governo assegurar ao povo meios de adquirir os alimentos
necessários à sua sobrevivência. Em primeiro lugar, controlando os
preços dos produtos, especialmente os essenciais. Em segundo lugar,
oferecendo oportunidade de trabalho a todos.
Ü O governo deve ainda promover um trabalho educativo, para que a
população adquira bons hábitos alimentares. Muitas vezes, as pessoas
comem mal porque não sabem qual a alimentação mais saudável. A
educação alimentar, através das escolas, de cursos especiais oferecidos
às comunidades e dos meios de comunicação social, não deixa de ser
uma responsabilidade do governo. Uma vez assimiladas pelas pessoas,
2 SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998.
9
essa educação passará de geração para geração, criando-se hábitos
alimentares adequados, favorecendo o desenvolvimento sadio da criança
e aumentando seu desempenho escolar.
2.2.2. Responsabilidades da comunidade
Um governo deve representar os interesses da população, isto é, das
várias comunidades que compõem a sociedade do país. Entretanto, se as
próprias comunidades não se organizarem, para exigir o respeito aos seus
direitos e o atendimento de sus necessidades, isso dificilmente ocorrerá. O
governo sofre pressões de muitos grupos sociais e, provavelmente, cede às
pressões mais fortes. Por isso mesmo, a população só terá condições de exigir
o atendimento de suas solicitações e necessidades na medida em que se
organizar.
São inúmeras as organizações sociais por meio das quais a população
pode fazer suas exigências e fiscalizar o respeito a seus direitos. Vejamos
alguns exemplos:
Ü Organizações de prédio, de rua ou de bairros: através delas, os
moradores podem, entre outras coisas, fiscalizar os preços, a qualidade
dos alimentos, seu estado de conservação etc.
Ü Organizações profissionais: cabe aos sindicatos trabalhar pela defesa
dos interesses dos trabalhadores. Tais interesses abrangem tanto as
condições de trabalho, quanto os salários e a garantia contra o
desemprego, fatores essenciais para a satisfação das necessidades
básicas.
Ü Organizações políticas, como os partidos, que, em seus programas e em
sua ação, devem ter como um dos objetivos a conquista de condições
adequadas de alimentação para todos os cidadãos.
Ü Organizações educacionais, cuja responsabilidade atinge diretamente as
crianças em idade escolar e, indiretamente, suas famílias e a
comunidade.
10
Ü Organizações religiosas, para as quais a alimentação da população
também deve constituir um ponto importante, pois a atividade espiritual
está intimamente ligada ao desenvolvimento saudável do corpo.
Ü Organizações econômicas, empresas de diversos tipos, pois a
produtividade depende, em grande parte, das condições de alimentação
e saúde dos trabalhadores.
Ü Quaisquer outras organizações – esportivas, recreativas, culturais, etc. –
que se preocupem com o desenvolvimento do ser humano.
2.2.3. Responsabilidades da família
Em primeiro lugar a mãe e, em seguida, o pai e os irmãos têm uma
grande parcela de responsabilidade na alimentação adequada da criança. Já
durante a gravidez, a mulher deve procurar alimentar-se adequadamente,
tendo em vista evitar doenças e prejuízos ao desenvolvimento normal do feto.
Com o nascimento, é ainda a mãe que pode oferecer seu leite, o melhor
alimento para o bebê.
À mãe e a família devem respeitar as características da criança. Muitas
vezes, a criança pode não estar disposta a comer tudo o que lhe é oferecido.
Em certos casos, pode ter problemas orgânicos que prejudicam a digestão.
Outro aspecto importante diz respeito aos horários: eles devem ser mantidos,
mas sem excessiva rigidez. Os horários podem ter uma certa flexibilidade, de
acordo com as condições e a personalidade da criança. Se, algumas vezes, ela
não quer comer, forçá-la a tanto pode ser prejudicial.
De qualquer forma, há certos alimentos básicos e outros que podem
fazer mal. Cabe à família levar a criança a preferir alimentos saudáveis,
indispensáveis ao seu desenvolvimento, deixando de lado os supérfluos ou,
mesmo, nocivos à saúde. Esta tarefa não é feita só com palavras mas,
sobretudo, com exemplo. A criança deve compreender que comer bem não
significa comer muito, nem comer apenas coisas gostosas, mas alimentar-se
adequadamente e de forma equilibrada.
11
2.2.4. Responsabilidades do indivíduo
A partir do momento em que o indivíduo for capaz de compreender suas
necessidades alimentares e as maneiras corretas de satisfazei-las, caberá a
ele grande parte das responsabilidades pela própria alimentação.
Na hora da refeição, não se pode considerar apenas as conveniências
do momento, mas sim as conseqüências a longo prazo: O alimento que vai ser
ingerido é necessário? É saudável? Pode acarretar prejuízos ao
desenvolvimento e funcionamento do organismo? Pode contribuir para o futuro
surgimento de doenças?
Outro aspecto importante é a higiene e limpeza dos alimentos: Não
estão contaminados? São naturais ou enlatados? Se enlatados: Contêm
aditivos prejudiciais a saúde? Têm data de vencimento? Se têm, está ou não
vencida?
É necessário ter sempre presente que, muitas vezes, os efeitos
negativos dos alimentos impróprios para consumo não se manifestam
imediatamente, nem de uma só vez, mas podem aparecer aos poucos. Outras
vezes, tais danos nem chegam a se manifestar claramente mas,
imperceptivelmente, podem reduzir os anos de vida do indivíduo. Uma
alimentação adequada promove a saúde e prolonga a vida.
2.3. ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA
Já vimos que alimentar-se bem não significa comer muito. Acima de
quantidade, a qualidade dos alimentos ingeridos tem muita importância sobre a
estrutura e o funcionamento do organismo. A melhor forma é ingerir a
quantidade certa da qualidade certa de alimentos. Vamos verificar tipos de
alimento e algumas orientações sobre alimentação adequada.
Podemos reunir os alimentos em cinco grupos, de acordo com o seu
aproveitamento pelo organismo: proteínas; glicídios ou carboidratos; lipídios ou
gorduras; vitaminas; água e sais minerais.
12
2.3.1. Proteínas: alimentos que estruturam o corpo
São os principais alimentos plásticos do corpo. Participam da formação e
crescimento dos músculos, do cérebro e de quase todas as estruturas celulares
do organismo. As proteínas também são responsáveis pela formação das
enzimas, que controlam as reações químicas do organismo, e dos anticorpos,
que o protegem contra infecções.
Todos os alimentos de origem animal fornecem proteínas. Os mais
comuns são: carne, aves, peixe, ovos, leite, queijo e até alguns insetos, como
as tanajuras e os içás. Soja, feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, amendoim e
pinhão são alguns dos alimentos vegetais com boas dosagem protéica.
As proteínas animais são consideradas mais completas que as vegetais.
2.3.2. Glicídios: alimentos que fornecem energia
Também chamados carboidratos ou açucares, constituem a principal
fonte de energia para o corpo. São o combustível que faz funcionar os órgãos e
músculos construídos pelas proteínas. Podem ser encontrados em cereais –
arroz, trigo, aveia e milho – e nos alimentos deles derivados, como o pão, as
massas, as farinhas, os mingaus, etc. Algumas frutas, como a banana, e raízes
e tubérculos, como a beterraba, a mandioca e a batata, contêm grandes taxas
de açúcar. O açúcar branco, comum, nada mais é que o refinamento do açúcar
natural de vegetais, como a cana, a beterraba, etc. Trata-se, portanto, de uma
alta concentração de glicídios. O mel também é refinado e concentrado, só que
por um processo natural – são as próprias abelhas que o fazem.
Uma alimentação só é baseada em glicídios, como acontece nos países
pobres, onde são mais consumidos por serem mais baratos, deixa o organismo
fraco.
2.3.3. Lipídios: alimentos que formam reserva de energia
Também chamados gorduras ou óleos, os lipídios provêm de duas
fontes:
13
a) do excesso de glicídios que, ultrapassando a capacidade de
armazenamento do fígado, são transformados em gordura;
b) diretamente do exterior, pela ingestão de alimentos de origem
animal (banha, toucinho, manteiga, e outras gorduras) ou vegetal (óleo,
azeite, abacate, amendoim, castanha, coco etc.).
Os lipídios se localizam sob a pele e ao redor de alguns órgãos do
corpo. Sustentam a pele e funcionam como isolantes térmicos, protegendo o
organismo contra o frio e o calor. As gorduras constituem também estoque de
energia: quando, por falta de alimentos, o corpo apresenta carência de
glicídios, as gorduras são transformadas em açucares e queimadas.
Suspeita-se que o excesso de gorduras animais favorecem o surgimento
de problemas cardíacos e circulatórios. O mesmo não aconteceria com os
lipídios de origem vegetal; por isso, estes são mais aconselháveis.
2.3.4. Vitaminas: alimentos reguladores e protetores
As vitaminas atuam como auxiliares da enzimas, aumentando a
velocidade das reações químicas do organismo. São necessárias em
quantidades muito pequenas, pois apenas uma pequena parte delas é
destruídas dentro da células ou eliminada pela urina, precisando ser
substituída.
As vitaminas absorvidas dos alimentos naturais são muito mais
saudáveis do que aquelas tomadas através de drágeas, injeções, xaropes ou
fortificantes. É sempre melhor tomar vitaminas por via oral, do que através de
injeções, que podem ser perigosas.
Além de funcionarem como coenzimas, as vitaminas protegem o
organismo. Veja no quadro as principais vitaminas, suas funções, as
conseqüências de sua falta e os alimentos em que podem ser encontradas.
14
VITAMINAS
Vitaminas Funções fisiológicasSintomas de
avitaminoseFontes
A
Crescimento, formação e
proteção dos epitélios;
aumenta a resistência das
mucosas às infecções;
interfere na visão.
Afecções da pele,
xeroftalmia ou olho seco,
perturbações das mucosas,
suscetibilidade a infecções,
tendência à formação de
cálculos urinários.
Óleo de fígado, gema de
ovo, leite, manteiga,
verduras, legumes, frutas.
D
Favorece a reabsorção de
cálcio e de fosfatos;
calcificação dos ossos;
regulação do equilíbrio do
cálcio e do fosfato no
sangue.
Inibição do crescimento dos
ossos longos; raquitismo;
perturbações do
metabolismo do cálcio e do
fósforo.
Fígado, peixes, óleo de
fígado de bacalhau, ovos,
leite, manteiga.
E
Crescimento fetal;
normalização do
crescimento e das funções
do epitélio germinativo.
Aborto, degeneração do
epitélio germinativo,
esterilidade, perturbações
neuro-musculares.
Legumes, vísceras, gema,
leite.
KCoagulação normal do
sangue.
Hemorragias. Verduras, legumes, frutas,
óleos vegetais.
C
Aumenta a atividade de
várias enzimas; participa da
respiração intracelular;
protege contra doenças
contagiosas.
Hemorragias das
articulações, das mucosas,
da pele, das gengivas;
degeneração dental com
cárie e perda do dente;
escorbuto.
Frutas, verduras, legumes,
vísceras.
B1
(Tiamina)
Proteção dos tecidos
nervoso e muscular.
Insuficiência cardíaca,
inflamação dos nervos,
atrofia muscular.
Feijão, cereais integrais,
presunto, salsicha.
B2
(Riboflavina)
Protege a pele e os
cabelos.
Pelagra e perturbações do
crescimento.
Leite, queijo parmesão,
fubá, fígado e rins de vaca.
B12Formação dos glóbulos
vermelhos.
Anemia perniciosa. Carne, ovos, fígado.
Fontes: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAIDER, F. Op. Cit., p. 64-70; WERNER, D. Op. Cit., p. 119.
15
2.3.5. Água e sais minerais
Aproximadamente dois terços do nosso corpo são formados por água,
encontrada nos líquidos e no interior das células. Precisamos tomar muita
água, pois, através da respiração, da transpiração, da urina e das fezes, parte
da água do organismo é expelida.
Podemos resistir semanas sem comer. Sem água, não vivemos mais
que alguns dias. A principal causa da mortalidade infantil no Brasil é a
desidratação ou perda de água, como conseqüência de diarréias infecciosas.
Os minerais são importantes principalmente para a formação dos ossos,
dos dentes e do sangue. Vejamos alguns minerais, suas funções e onde
podem ser encontrados:
♦ Cálcio e fósforo – São necessários para a formação de ossos e
dentes. O cálcio é também importante para o funcionamento dos
nervos e músculos, e para a coagulação do sangue. Sua falta pode
facilitar o raquitismo, nas crianças, e ossos fracos (osteoporose),
nos adultos. Podem ser encontrados nos seguintes alimentos: leite,
ueijo, casca de ovo, castanha-do-pará, e pratos preparados com
cal.
♦ Ferro (sulfato ferroso) – É indispensável para a formação da
hemoglobina dos glóbulos vermelhos. Sua falta provoca a anemia,
que consiste na diminuição dos glóbulos vermelhos, que ficam
pequenos de cor “pálida”. Pode ser encontrado em caldo de carne e
de galinha, fígado e rins de vaca, feijão, lentilha e requeijão, carne,
ovos, verduras de folhas verde-escuras etc.
♦ Iodo – Faz parte das moléculas dos hormônios da tireóide. Sua falta
provoca o bócio (aumento exagerado da tireóide, bem como o
cretinismo em crianças: fraqueza e retardamento no andar e na fala
e, até surdez. Existe em alimentos do mar (siri, caranguejo, lagosta,
peixes) e no sal iodado.
16
2.4. HIGIENE, MANIPULAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS
ALIMENTOS
Uma alimentação suficiente e adequada é condição indispensável para a
saúde. Alimentos contaminados podem provocar muitas doenças. O quadro
apresenta os alimentos mais sujeitos a contaminação e as principais doenças
que podem causar.
ALIMENTOS MAIS SUJEITOS A CONTAMINAÇÃO E DOENÇAS PROVOCADAS
Alimentos Doenças
Água Febre tifóide, hepatite, poliomielite, diarréias, verminoses
Leite Tuberculose, febre, tifóide, amebíase
Carnes Doenças parasitárias, teníase, cisticercose
Peixes Intoxicações graves
Vegetais (frutas, verduras) Verminoses, intoxicacões por produtos químicos
Conservas Botulismo
A higiene, a manipulação e a conservação adequadas são processos
que evitam ou, ao menos, diminuem o risco de contaminação dos alimentos e
das doenças decorrentes desta contaminação.
De acoro com Werner, “...a higiene é uma parte da medicina que estuda
os meios de conservar a saúde. Mas a palavra higiene também é utilizada para
significar uma parte desses meios: aquela que se relaciona com asseio e
limpeza”3. Neste sentido, em relação aos alimentos, três aspectos da higiene
são importantes: a higiene pessoal, a higiene de equipamentos e utensílios
(fogão, geladeira, panelas e caçarolas, louças e talheres, etc.) e a higiene dos
próprios alimentos.
A higiene pessoal na manipulação dos alimentos é indispensável para
evitar a contaminação. E sendo as mãos a parte do organismo que mais entra
em contato com os alimentos, é necessário ter especial cuidado com elas,
mantendo-as sempre rigorosamente limpas. As unhas devem ser sempre
curtas, limpas e sem esmalte.
3 WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.
17
A pessoa que manipula alimentos deve também evitar tossir ou espirrar
sobre os alimentos, manter os cabelos penteados ou presos e fazer exames
periódicos de saúde, principalmente de sangue, fezes, urina e pulmões.
A higiene dos alimentos exige alguns procedimentos básicos:
X lavar bem as verduras, legumes e frutas em água corrente, antes de utilizá-
los;
X proteger os alimentos contra insetos e poeira;
X antes de abrir uma lata de alimento ou garrafa, lavar bem a tampa e o
abridor;
X não pegar garfos, facas e colheres pela parte que vai a boca;
X não usar louças ou utensílios sujos, lascados ou trincados etc.
Conservar os alimentos significa evitar que eles deteriorem pela ação de
microrganismo. Os microrganismo se multiplicam mais facilmente em
determinadas condições de temperatura e de meio ambiente. Alguns
microrganismos já se reproduzem a partir de uma temperatura de 15ºC,
embora a temperatura ideal para tanto seja de 37ºC. Certos alimentos,
conhecidos como perecíveis, oferecem ambiente mais propício para a
multiplicação de microrganismo. Entre estes podem ser citados as carnes, os
ovos, os peixes, os queijos, as verduras e as frutas.
A tabela que segue mostra o número de dias de conservação de alguns
alimentos sob três temperaturas.
ARMAZENAMENTO ÚTIL DE TECIDOS VEGETAIS E ANIMAISA VÁRIAS TEMPERATURAS
Alimento Período médio de armazenamento em dias0º C 22º C 38º C
CarnePeixeCarne de galinhaFrutasVerdurasSementes secas
6 – 102 – 7
5 – 182 – 1803 – 20
1000 ou mais
111
1 – 201 – 7
350 ou mais
< 1< 1< 1
1 – 71 – 3
100 ou maisFonte: GAVA, A. J. Princípios de tecnologia de alimentos. 5. ed., São Paulo: Nobel, 1983, p. 222
O uso de técnicas adequadas de armazenamento dos alimentos permite
que estes sejam conservados por mais tempo, com suas qualidades
18
organolépticas (cor, textura, sabor), o que evita o desperdício e protege a
saúde. O local e a temperatura de armazenagem variam com os alimentos:
• Leites e derivados devem ser armazenados em geladeira, tampados, pois
facilmente adquirem o cheiro e sabor de outros alimentos.
• Carne de vaca e porco conservam-se bem na geladeira, em suas partes
mais frias. Pescados e vísceras estragam-se facilmente e devem ser
consumidos no dia da compra.
• Alimentos congelados devem ser mantidos no congelador até a sua
utilização.
• Ovos são armazenados em geladeira, em suas partes intermediárias.
Temperaturas muito frias congelam a gema.
• Hortaliças conservam-se bem na geladeira, em sacos plásticos perfurados,
colocados nas partes menos frias (gavetas).
• Frutas em geral conservam-se por refrigeração. Abacaxi e banana não
devem ser refrigerados. O abacaxi endurece e seca. A banana empedra e
escurece.
• Batatas, mandioca, cará, inhame, armazenam-se à temperatura ambiente,
em lugar fresco, arejado e seco.
• Cereais, leguminosas, açúcar e farinhas armazenam-se em recipientes
tampados, dispostos em lugar seco e arejado.
• Pães e bolos são conservados à temperatura ambiente, protegidos de
poeira e insetos.
• Alimentos já cozidos, para consumo ulterior, devem ser conservados em
geladeira.
Além da higiene e do armazenamento, as técnicas de preparo também
influem na aparência, no sabor e no valo nutritivo dos alimentos. Os alimentos
principalmente protéicos (ovos, queijos, carnes etc.) não devem ser submetidos
a cocção excessiva, sob pena de tornarem-se rijos, escuros e de menor
volume. Carne de porco e salsicha devem ser bem cozidas. Cenouras e
batatas cozidas com casca retêm mais seus nutrientes.
Hortaliças e frutas exigem especial cuidado em seu preparo. No preparo
das hortaliças alguns procedimentos são importantes:
X prepará-las pouco tempo antes de consumi-las;
19
X cozinhá-las inteiras;
X utilizar a menor quantidade de água e o menor tempo de cocção possíveis;
X aproveitar a água de cocção em outras preparações;
X não juntar bicarbonato de sódio para avivar-lhes a cor.
A seleção de alimentos adequados ao consumo é outro fator importante
para evitar as doenças provocadas por alimentos estragados. O quadro que
segue mostra como se pode saber se um alimento está bom ou estragado.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS ADEQUADOS AO CONSUMO
Alimento Características
Carne de boi Cor vermelho-vivo, brilho próprio, firmeza, gordura
amarela, odor próprio.
Carne de porco Vermelho-pálido, firmeza, cheiro suave.
Carne de galinha Amarelo-rosado, firmeza, sem manchas azuis ou verdes,
esqueleto íntegro.
Miúdos e vísceras Sem gordura, sem manchas, não pegajosos, sem sangue
coagulado.
Peixes Escamas grudadas, olhos brilhantes e salientes, cauda
firme e reta, guelras vermelhas, carne firme, presa na
espinha e resistente à pressão dos dedos, carne branca
rosada, cheiro próprio, sem ventre abaulado.
Leite Cor branca, levemente amarelada, cheiro suave e gosto
um pouco adocicado.
Latas Não devem estar estufadas, enferrujadas, amassadas ou
com vazamento.
Embalagens plásticas Atenção para a modificação da cor, do cheiro e do aspecto
geral do produto.
Alimentos embutidos (presunto, mortadela, salsicha etc.) Não devem apresentar partes gordurosas amarelecidas,
cheiro desagradável no seu interior e bolhas de ar por
dentro.
Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC. Higiene alimentar. São Paulo, 1979, p. 18-21.
2.5. CARÊNCIAS NUTRICIONAIS
Quais as necessidades alimentares diárias do ser humano? Qual a
importância da alimentação para a saúde? Quais as conseqüências da
desnutrição? Procura-se responder essas quatro perguntas.
20
2.5.1. Necessidades alimentares
A necessidade de proteínas, como de outras substâncias, varia de
acordo com a atividade física, o peso, a idade, o sexo, as condições climáticas
e o ambiente em que a pessoa vive. A tabela abaixo mostra as necessidades
diárias de proteínas.
NECESSIDADES DIÁRIAS DE PROTEÍNAS
Adulto
Mulher grávida ou amamentando
Criança
70 gramas
85 gramas
60 gramas
Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. 6. ed., São Paulo: Ática, 1993, p. 64.
A tabela seguinte mostra quantidade de gramas de proteína existente
em cada 100 gramas de parte comestível de alguns alimentos.
ALIMENTOS MAIS RICOS EM PROTEÍNAS
(GRAMAS DE PROTEÍNA EM 100 GRAMAS DE ALIMENTO)
Proteína vegetal Proteína animal
Feijão-soja - 35,1
Feijão - 22,0
Pão de trigo - 9,3
Arroz integral - 8,1
Arroz polido - 7,2
Couve - 3,6
Fígado - 19,9
Carne de boi - 19,4
Queijo-de-minas - 17,5
Peixe - 16,6
Ovo - 12,9
Leite de vaca - 3,6
Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 79-80.
A quantidade de energia fornecida pelos alimentos é medida por meio de
uma unidade chamada quilocaloria (kcal). Caloria (cal) é a quantidade de calor
necessária para elevar de um grau centígrado à temperatura de um grama de
água. Uma quilocaloria corresponde a 1000 calorias. Um grama de proteína ou
de glicídio produz quatro quilocalorias, ao passo que um grama de lipídio ou
gordura produz nove quilocalorias. Comumente utiliza-se o termo caloria em
lugar de quilocaloria. Quando se diz, por exemplo, que o homem adulto
necessita de 3200 calorias diárias, na verdade está se falando de 3200
quilocalorias, conforme as tabelas que apresentamos.
21
As necessidades diárias de energia também variam por atividade, sexo e
idade, conforme as tabelas que seguem (baseadas em VASCONCELOS, J. L.
e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 57-8).
ENERGIA POR ATIVIDADE
Atividade Kcal por hora
Dormir
Ficar sentado (repouso)
Andar
Correr
70
100
200
600
ENERGIA POR SEXO E POR ATIVIDADE
Quilocalorias diárias
Pouca atividade física
(médico, professor...)
Atividade física média
(operário, doméstica...)
Grande atividade física
(lavrador, pedreiro...)
Homem (70kg) 2940 3220 3780
Mulher (55 kg) 2000 2200 2600
ENERGIA POR IDADE E SEXO
Idade e sexo Kcal por dia
Bebê (8kg) sendo amamentado
Criança de 4 a 6 anos (19kg)
Menino de 16 a 19 anos (58kg)
Menina de 16 a 19 anos (49kg)
Homem adulto
Mulher adulta
Mulher grávida
Mulher amamentando
950
1700
2850
2100
3200
2300
2600
3100
A próxima tabela mostra os alimentos que fornecem mais de 100
quilocalorias de cada 100 gramas de parte comestível.
22
ALIMENTO MAIS RICOS EM ENERGIA
Alimento Kcal/100g Alimento Kcal/100g
Óleo vegetal
Manteiga
Feijão-soja
Açúcar refinado
Arroz polido
Arroz integral
Rapadura
Feijão
884
716
400
385
364
357
356
337
Mel de abelha
Pão de trigo
Queijo-de-minas
Carde de boi
Ovo
Mandioca
Fígado
306
269
229
225
163
149
136
Fonte: VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Op. Cit., p. 79-80.
2.5.2. Alimentação e saúde
A alimentação adequada ajuda a evitar doenças e auxilia a recuperação
do doente. A alimentação insuficiente e inadequada pode causar muitos
problemas de saúde:
Nas crianças:
X altura e peso abaixo do normal;
X lentidão no andar, falar e pensar;
X barriga inchada, braços e pernas finas;
X tristeza e falta de energia;
X pés, mãos e rosto inchados;
X queda de cabelo, ou cabelo sem cor e sem brilho;
X olhos secos e cegueira.
Em qualquer pessoa:
X fraqueza e cansaço;
X perda de apetite;
X anemia;
X feridas no canto da boca;
X dor ou feridas na língua;
X pés adormecidos ou ardendo.
23
Muitos problemas, que têm outras causas, podem ser agravados por um
alimentação insuficiente ou inadequada: diarréia, zumbido nos ouvidos, dor de
cabeço, sangramento ou vermelhidão das gengivas, hemorragia do nariz, mal-
estar do estômago, pele seca ou rachada, ataques ou convulsões em crianças
pequenas, pulsação rápida do coração, ansiedade e outros problemas
nervosos ou mentais, cirrose, infecções etc.
A alimentação precária enfraquece o organismo, diminui suas resistência
às doenças, especialmente às infecções. A pessoa mal-nutrida tem menos
resistência à diarréia e à morte, o sarampo é mais perigoso, a cirrose do fígado
é mais comum e pior; o resfriado e a gripe tornam-se mais graves e
duradouros.
2.5.3. Efeitos da desnutrição
Nas crianças que estão crescendo e se desenvolvendo, a má
alimentação é ainda mais prejudicial, podendo trazer sérias conseqüências, até
a morte. As formas mais comuns de desnutrição grave são marasmo e
kwashiorkor.
ò Marasmo ou desnutrição seca
Aparece quando a criança não recebe a quantidade suficiente de
nenhum tipo de comida, principalmente daquelas que fornecem energia. A
criança com marasmo está morrendo de fome. Ela só tem pele e ossos, um
rosto de velho, tem barriga grande e peso muito baixo.
ò Kwashiorkor ou desnutrição úmida
Trata-se da falta de proteínas na alimentação. A criança come muitos
alimentos que dão energia (carboidratos). Por isso, fica com mãos, pés e rosto
inchados, parece ter alguma gordura, mas apresenta pouca musculatura.
Reduz-se a pouco mais que pele, ossos e água.
24
A criança com kwashiorkor apresenta as seguintes características: rosto
inchado, tristeza, falta de crescimento, feridas e pele descamando, mãos e pés
inchados, perda de cor do cabelo e da pele, braços finos, músculos reduzidos.
O kwashiorkor, geralmente, ocorre em bebês que não recebem mais o
leite do peito e passam a comer apenas farinha, arroz e outras fontes de
glicídios. É por isso que tem esse nome: kwashiorkor é uma palavra de origem
africana que significa “primeiro e segundo”, ou seja, é a doença que ataca o
primeiro filho, que deixa de ser amamentado quando a mãe tem um segundo
filho.
Para saber se uma criança está desnutrida, basta medir a circunferência
do seu braço: se tiver menos de treze centímetros, apresenta esta afecção,
mesmo que suas mãos, pés e rosto pareçam “gordos”. Se medir menos de
doze centímetros, a criança está gravemente desnutrida.
ò
ò Outras conseqüências da desnutrição
Além do marasmo, provocado pela fome, e do kwashiorkor,
conseqüência de falta de proteínas, outros efeitos prejudiciais à saúde podem
resultar da falta de vitaminas e sais minerais:
• a criança que não come frutas, verduras e outros alimentos ricos em
vitamina A, pode ficar com cegueira noturna, olhos secos e, até, cega;
• a criança que não toma leite, e cuja pele não é exposta ao sol, fica com as
pernas tortas e outras deformidades dos ossos (raquitismo) . Para corrigir o
problema, deve-se dar a criança vitamina D e leite, além de providenciar
banhos de sol diários, antes das 10 horas;
• quem não ingere quantidade suficiente de alimentos ricos em ferro fica com
anemia;
• quem não come fruta, verduras e outros alimentos vitaminados, pode ficar,
ainda, com problemas de pele, feridas nos lábios e na boca, sangramento
das gengivas etc.
25
2.5.4. Merenda escolar
O que fazer diante das crianças que chegam à escola com fome ou mal
alimentadas? Como levar essas crianças à aprendizagem, se estão com fome?
É impossível! Quem está faminto, primeiro precisa comer para, depois, estudar
e aprender.
Por isso mesmo, a escola precisa estar integrada na comunidade,
conhecê-la em profundidade, ouvir os pais das crianças e os líderes
comunitários. Somente com um trabalho de conjunto, entre a escola e a
comunidade, poderão ser superados parcialmente os problemas causados pela
alimentação insuficiente ou inadequada.
O que poderia fazer a escola? Seria necessário que ela fornecesse
alimentação aos seus alunos, para que estes melhorassem seu rendimento e
pudessem melhorar os estudos. Não apenas uma merenda diária, mas a
quantidade diária necessária de alimentos. Assim mesmo, seria um paliativo: e
as crianças que não vão à escola? E os pais e irmãos dessas crianças? Então,
chegamos à seguinte conclusão: ao mesmo tempo em que fornecessem
alimentação completa aos seus alunos, a escola deveria contribuir para a
construção de uma sociedade mais justa, em que as necessidades básicas da
população fossem satisfeitas.
Na verdade, o que a escola pública normalmente faz é fornecer a
merenda escolar: uma refeição diária, para as crianças que ali permanecem
por um período de duas a quatro horas, que constituem a imensa maioria dos
alunos. Para que a criança tenha um desenvolvimento satisfatório, pressupõe-
se que tal refeição seja complementada em casa. Mas nem sempre isso
acontece: muitas crianças são obrigadas a limitar sua alimentação diária à
merenda escolar.
Por essa razão, sua alimentação continua deficiente, e seu rendimento
escolar permanece abaixo do esperado. A esse fator somam-se outros: a
criança mal alimentada geralmente vive na pobreza; portanto, os estímulos que
recebem são pobres, sua casa é pobre, seu vestuário é pobre, seus recursos
são pobres. Assim, apesar da merenda escolar, o rendimento continua baixo,
as reprovações continuam numerosas, bem como a evasão ou a exclusão da
escola.
26
De qualquer forma, a merenda escolar produz resultados positivos no
crescimento das crianças. Pesquisa realizada em São Paulo mostrou como
crianças, que tomaram a merenda escolar durante um ano, desenvolveram-se
mais em altura e peso do que outras que não receberam a merenda. Embora
de alcance limitado, a merenda escolar ajuda as crianças a alimentarem-se
mais e melhor, e deve ser ampliada o mais possível, estendendo-se, mesmo, a
várias refeições diárias.
2.5.5. Princípios orientadores
Para que a merenda escolar produza resultados positivos, é preciso que
se levem em consideração alguns princípios básicos:
Descentralização – Ao invés de estar centralizado nas mãos de
autoridades municipais, estaduais ou federais, o planejamento, a execução e a
avaliação da merenda escolar são mais eficientes quando confiados à
responsabilidade das autoridades escolares. Na escola, conhece-se melhor as
características e necessidades da população local, bem como os recursos
disponíveis. O controle da qualidade dos alimentos também fica mais fácil.
Participação da comunidade – Sendo estimulada à participação, a
comunidade sente-se também responsável pela alimentação de sua população
infantil. Poderá prestar mais atenção à necessidade de complementar a
alimentação em casa. Tomará consciência da importância da nutrição
adequada, para o bom desempenho da escola. Atuará no sentido de
proporcionar às crianças melhores condições de desenvolvimento e
desempenho escolar.
Constituindo-se, muitas vezes, na única refeição de inúmeras crianças, é
importante dar especial atenção ao valor nutritivo da merenda. Para isso,
devem-se levar em consideração as necessidades alimentares da criança,
cuidando para que ela receba uma refeição rica e equilibrada.
Outro aspecto importante: conhecendo os costumes alimentares da
comunidade, os responsáveis pela merenda poderão preocupar-se em oferecer
às crianças alimentos que complementem suas refeições domésticas. Dessa
forma, a merenda complementará e enriquecerá a alimentação familiar. Um
27
exemplo bem simples: se a criança só come arroz em casa, de nada adianta a
escola oferecer arroz na merenda; deverá fornecer feijão e carne ou ovos.
O auxílio de nutricionistas é muito importante para a confecção dos
cardápios, pois eles têm melhores condições de avaliar a qualidade dos
alimentos e controlar suas dosagens. Além de elaborar os cardápios, sempre
que possível, o nutricionista deve acompanhar a preparação e a distribuição da
merenda. Seu trabalho será ainda mais eficaz se ele conhecer a comunidade e
seus hábitos alimentares. Deve, também, ouvir os alunos, principalmente no
que diz respeito à aceitação da merenda. E a participação dos professores
também interferem positivamente sobre o comportamento dos escolares na
aceitação dos alimentos oferecidos. Segundo Werner: “A aceitação social para
a criança em idade escolar é de grande necessidade, e para a criança o
professor é a pessoa de maior prestígio e autoridade, é o seu modelo...”4.
Esses aspectos podem ser utilizados pelo professor para conseguir que seus
alunos consumam alimentos corretos e adquiram hábitos alimentares
saudáveis.
2.6. HIGIENE E SANEAMENTO
Além da alimentação adequada, a higiene e o saneamento básico são
fundamentais para evitar as doenças e preservar a saúde. Higiene pessoal e
saneamento básico(ou higiene social) estão ligados aos indicadores da saúde
da população: indicadores vitais (mortalidade infantil e esperança de vida),
indicadores econômicos (salários, distribuição da renda e da terra) e
indicadores sociais (habitação, saneamento, serviços médicos, educação etc.).
Assim, baixos salários e más condições de habitação e educação, por
exemplo, levam a dificuldades no campo da higiene e do saneamento,
facilitando a instalação e propagação das doenças e dificultando a luta contra
elas.
Higiene física, higiene mental e higiene social são alguns aspectos
importantes abordados a seguir:
4 WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.
28
2.6.1. Higiene física
A higiene do corpo e do ambiente é fundamental na prevenção de
muitas infecções, como as do intestino, da pele, dos olhos, dos pulmões, e de
outras partes do corpo. Muitas doenças, como vimos, são transmitidas das
fezes para a boca, como: verminoses, diarréias e disenterias, hepatite, febre
tifóide, poliomielite etc.
As regras de higiene apresentadas a seguir podem parecer primárias e
evidentes, sendo desnecessário mencioná-las. Entretanto, no trabalho escolar
e comunitário, especialmente no meio rural, o professor pode ter necessidade
de orientar crianças e pais, no sentido da promoção e manutenção da higiene
pessoal e ambiental. Nesse caso alguns procedimentos, podem ser
importantes.
2.6.2. Higiene do corpo
• Ao levantar, após ter evacuado e antes de comer, lavar sempre as mãos
com sabão.
• Tomar banho todos os dias, principalmente depois de trabalhar ou ter
praticado esportes e suado.
• Não andar descalço.
• Escovar os dentes todos os dias, especialmente após as refeições.
2.6.3. Higiene da casa
• Não deixar porcos ou outros animais entrarem em casa ou onde as crianças
costumam brincar.
• Não deixar cães e gatos lamberem as crianças, nem subirem nas camas.
• Se as crianças ou os animais evacuam perto da casa, limpar
imediatamente.
• Colocar lençóis, cobertores, travesseiros e colchões ao sol periodicamente.
• Não cuspir nem escarrar no chão.
• Manter a casa sempre rigorosamente limpa: varrer e lavar o chão, as
paredes, embaixo dos móveis, etc.
29
• Tirar o pó todos os dias, especialmente se alguém da família sofre de
bronquite alérgica.
• Varre o quintal e os arredores da casa, mantendo-os sempre rigorosamente
limpos.
2.6.4. Higiene ao comer e ao beber
• Filtrar a água de beber, principalmente para as crianças. Nos locais onde
não há água encanada, fervê-la.
• Não deixar mosca ou outros insetos pousar nos alimentos.
• Lavar bem as frutas e outros alimentos, antes de comê-los.
• A carne deve estar bem cozida ou assada, principalmente a de porco.
• Não comer alimento velho ou que cheira mal; evitar comida enlatada, se a
lata estiver inchada, ou esguichar líquido ao abrir.
• Verificar data de fabricação de alimentos industrializados, bem como sua
validade.
• Pessoas com tuberculose, gripe, resfriado e outras doenças contagiosas
não devem comer muito próxima às outras.
2.6.5. Higiene do meio ambiente
• Manter poços, reservatórios e fontes permanentemente limpos, não
deixando que animais se aproximem dos locais onde se busca água para
beber.
• Queimar o lixo quando possível; caso contrário, enterrar os dejetos.
• Se não houver privada, evacuar longe do lugar onde as pessoas tomam
banho ou pegam água para beber.
• Por maiores que sejam as dificuldades, sempre é possível construir uma
privada. Ela pode, por exemplo, ser feita de varas e cobertas de sapé.
Entretanto, é preciso tomar certas precauções, para que as fezes não
contaminem o ambiente e a água de beber: o buraco deve ser feito, no
mínimo, a 20 metros de distância de todas as casas e de todos os locais
que contêm água utilizável (poços, fontes, rios, bicas, correntes de água,
30
etc.). A privada não deve ser feita se for encontrada água, ao se cavar o
buraco.
• Alguns cuidados especiais devem ser tomados com a privada:
X manter o buraco da fossa sempre tampado;
X manter a porta sempre fechada;
X manter o interior e os arredores da privada sempre limpos;
X jogar o papel usado no buraco;
X não jogar água no buraco;
X não jogar creolina ou outro desinfetante, pois isso prejudica a depuração
natural das fezes;
X para evitar mal cheiro, colocar óleo queimado de vez em quando; pode-se
colocar também um pouco de terra ou cinza.
2.6.6. Higiene mental
Segundo Maria Ângela dos Santos ”...não havendo a satisfação das
necessidades fisiológicas, de alimento e oxigênio, nosso organismo fica
doente. Não havendo satisfação das necessidades psicológicas, de segurança,
amor, consideração, auto-realização, nossa mente fica doente: ficamos
ansiosos, perturbados, inseguros etc.”5
Na verdade, se o nosso corpo não vai bem, é difícil que nossa mente vá
bem. E se nossa mente não vai bem, se estamos preocupados e ansiosos, o
nosso corpo também adoece mais facilmente. Conclusão: a saúde física e
mental são interdependentes, são duas faces da mesma moeda, que é o ser
humano. Por isso mesmo, grande parte das doenças é psicossomática.
À família e à escola cabe grande parte da responsabilidade na promoção
da saúde mental da criança, ou seja, na satisfação de suas necessidades
psicológicas. Interessa-nos mais de perto a responsabilidade da escola. Nesse
5 SANTOS, Maria ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 283.
31
sentido, tudo aquilo que o professor faz – preparação das aulas,
relacionamento com alunos e pais, avaliação etc. – tem conseqüências,
benéficas ou prejudiciais, para a saúde mental do aluno.
Alguns fatores ligados à escola influenciam diretamente a saúde mental
dos alunos. Tendo consciência desses fatores e de sua importância, o
professor pode prevenir e evitar a ocorrência de maiores danos ao equilíbrio
mental das crianças. Entre esses fatores aponta-se cinco:
Ü Diferenças individuais – Devido a grande amplitude das diferenças
individuais existentes na sala de aula, é difícil apresentar a todas as
crianças experiências significativas e fazer com que todas alcancem uma
razoável satisfação de suas necessidade. Exames, aprovações e
reprovações acentuam o clima de competição e, como resultado, podem
aumentar o índice de fracasso e frustrações. Na verdade, a competição,
ao invés de levar o indivíduo a trabalhar, para alcançar os objetivos
sociais e pessoais, para se realizar, pode forçá-lo a trabalhar para
superar os colegas. Nessas condições, mesmo os vencedores podem
sentir-se frustrados. A melhor maneira de evitar que as diferenças
individuais e competição prejudiquem a saúde mental é o trabalho de
conjunto. Com esse sistema, todos os grupos e toda a classe procuram
alcançar os mesmos objetivos, trabalhando juntamente com o professor.
Mas isso não deve impedir que cada aluno tenha oportunidade de
desenvolver aqueles aspectos de atividade que mais lhe interessam.
Ü A disciplina – Vista de forma positiva, como necessidade e resultado do
trabalho comunitário, a disciplina no trabalho pode contribuir para a
saúde mental da criança. Se vista apenas no seu aspecto negativo, de
proibições e restrições a tudo o que é espontâneo, pode ser um fator de
perturbação mental. A disciplina construtiva, que procura criar
oportunidade de participação com responsabilidade para todos os alunos,
deve predominar sobre censuras verbais, ameaças, castigos e
isolamento.
Ü Clima emotivo – O clima emotivo da sala de aula é ainda mais importante
que a disciplina. É expressão de saúde mental: quando a atmosfera da
sala de aula permite liberdade e aceitação, a criança sente-se motivada
32
para o trabalho e usa sua capacidade para realizar-se. A fim de promover
tal clima, o professor precisa ter sensibilidade em ralação às
necessidades e sentimentos de cada aluno; mostrar compreensão e
amizade pela criança isolada (que, às vezes, enfrenta problemas em
casa); procurar facilitar, para todos, os sentimentos de êxito e aceitação.
Ü Sentido do trabalho – A atividade de classe deve ter sentido para a
criança. Para tanto, o trabalho deve fundamentar-se sobre as
capacidades, intenções e interesses do aluno. Se o trabalho escolar for
percebido pela criança como importante para a satisfação de suas
necessidades, certamente ela se dedicará a ele com entusiasmo,
independentemente de controles externos. Um currículo que possibilite a
criança estabelecer seu próprio ritmo de trabalho e suas áreas de
interesse, é bem mais útil a saúde mental do que programas rígidos,
estabelecidos de cima para baixo, sem a participação dos alunos.
Ü A saúde mental do professor – É outro fator importante para a saúde
mental dos alunos. Um professor ansioso, inseguro e instável
emocionalmente facilitará o desenvolvimento dos mesmos sintomas por
parte das crianças. Acima de tudo, é necessário que o professor ame seu
trabalho e transmita este sentimento a seus alunos.
2.6.7. Saneamento
Em qualquer aglomerado humano – povoado, vila ou cidade – existem
áreas de uso e interesse comum, cuja conservação é responsabilidade de
todos, ou seja, da comunidade. Assim, o cuidado com a limpeza e higiene de
um pequeno rio, que corta um povoado, e cujas águas são utilizadas pelas
crianças para tomar banho ou pelas mulheres para lavar roupa, é de
responsabilidade de toda a comunidade. Também o é o fornecimento de água
tratada, a canalização e o tratamento dos esgotos nas cidades.
Quanto maior a comunidade, mais necessária uma organização formal
que assuma essas responsabilidades comuns. Assim, em cada município
existe o governo municipal, em cada Estado, o governo estadual, em cada país
o governo federal. Cabe, principalmente, ao governo, em seus diversos níveis,
33
utilizando os recursos que se dispõe, provindos das contribuições dos
cidadãos, zelar pela higiene social, isto é, por condições adequadas de
saneamento. A pureza da água e do ar, o destino dado aos esgotos, a
qualidade dos alimentos, condições adequadas de trabalho e de habitação, são
alguns entre muitos fatores a influenciar a higiene da comunidade e a saúde da
população.
À população cabe contribuir na esfera de suas responsabilidades, nos
locais em que mora; mas cabe-lhe também exigir das autoridades o
cumprimento de suas responsabilidades quanto ao saneamento básico e à
higiene social, pois só dessa forma muitas doenças e mortes serão evitadas, e
a vida de todos será mais saudável.
2.6.8. Tratamento de água
A transmissão de doenças infecciosas, como a febre tifóide, a cólera e a
disenteria bacilar geralmente é conseqüência de más condições de
abastecimento de água potável. De acordo com a Organização Mundial de
Saúde (OMS), se os países subdesenvolvidos conseguissem fornecer água
potável tratada a todos ao seus habitantes, 805 das doenças do mundo
desapareceriam.
O tratamento da água abrange três etapas principais:
Ü Decantação – A água passa com baixa velocidade em tanques de
cimento. Com isso, muitas partículas em suspensão se depositam no
fundo do tanque. O processo de decantação é auxiliado pela adição de
sulfato de alumínio e cal virgem (chamados coaguladores), substancias
que aglutinam as partículas em suspensão, aumentando o seu peso e
facilitando o seu depósito.
Ü Filtração – Livre das maiorias das partículas que lhe dão aspecto turvo, a
água passa por um conjunto de filtros de areia e cascalho, onde são
removidas mais algumas impurezas em suspensão.
Ü Cloração – Por último, a água é clorada e levada as residências. Apesar
de tratada, é importante que a água de beber seja novamente filtrada em
casa, pois pode haver contaminação entre a estação de tratamento e a
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torneira. Para crianças pequenas e em casos de surtos epidêmicos, é
conveniente a fervura da água a ser bebida.
2.6.9. Eliminação dos resíduos
Nas zonas rurais e em favelas, acontece freqüentemente que os
resíduos domésticos (água suja, fezes, urina etc.) sejam jogados em riachos,
valas ou em qualquer parte do terreno. Quando isso acontece, a saúde da
população fica comprometida, já que muitas doenças têm origem em bactérias
patogênicas, ovos de vermes e outros transmissores encontrados nesses
resíduos.
Onde não há água encanada nem esgoto, a privada higiênica é uma
solução simples e barata. A decomposição dos excretas tem início ainda na
fossa, pela ação das bactérias das próprias fezes. Os líquidos se infiltram no
terreno e os sólidos são transformados em gases.
Em residências localizadas longe dos centros urbanos, mas que
dispunham do seu próprio encanamento de água, pode-se lançar mão da fossa
séptica. Consiste em um reservatório onde a matéria orgânica é decomposta e
depois descarregada em um curso de água, ou em uma escavação maior,
chamada sumidouro.
O tratamento dos esgotos, antes que sejam lançados, em rios e mares,
é de fundamental importância para proteger a saúde e o equilíbrio ecológico. O
tratamento consiste em retirar dos esgotos grande parte de sua matéria
orgânica, que se deposita em sua passagem por tanques decantadores. O lodo
que se forma no fundo desses tanques pode ser tratado e utilizado como adubo
ou submetido a decomposição por microrganismos, gerando gás metano,
usado como combustível.
O líquido resultante da decantação deve ser submetido a uma
decomposição aeróbia, que não produz gases tóxicos e pode ser feita por três
sistemas:
• Filtros biológicos – São grandes recipientes de cascalho, que
facilitam o contato e a aeração.
35
• Sistema de lodo ativado – São grandes tanques dotados de um
sistema de agitação mecânica, que aumenta a exposição do líquido ao ar.
• Lagoas rasas – Ricas em organismos aeróbios e algas, que
produzem o oxigênio necessário à decomposição.
Um dos problemas com que se defrontam as conglomerações humanas
é o destino a ser dado ao lixo doméstico, cuja quantidade parece aumentar
sempre mais. Rico em matéria orgânica e restos de comida, o lixo doméstico
atrai ratos, insetos e facilita a proliferação de bactérias e a propagação de
doenças. O ideal seria o seu aproveitamento para a fabricação de adubos,
rações e gases combustíveis. Enquanto isso não ocorre, algumas soluções têm
sido utilizadas:
• Vazadouros – São depressões do terreno, perto das cidades,
onde é jogado o lixo. Ficando exposto, o lixo atrai insetos e outros
transmissores de doenças, tornando essa solução desaconselhável.
• Aterros sanitários – São depressões do terreno
impermeabilizadas por argila, concreto ou asfalto. A cada camada de lixo
sobrepõe-se uma camada de argila. Quando cheio, o aterro é fechado com
argila
• Incineradores – Apesar de prática, a queima do lixo é uma
solução que polui a atmosfera.
• Compactadores – Consistem em grandes prensas, que
transformam o lixo em pequenos blocos, deixados em depósitos públicos.
O reaproveitamento de substâncias orgânicas e outros materiais que
formam o lixo doméstico (papel, vidro, madeira etc.) torna-se uma necessidade
cada vez mais imperiosa, tendo em vista a crise econômica que atravessamos
e a preservação da saúde da população.
2.7. VACINAS E SAÚDE
Além da alimentação adequada e da higiene, as vacinas constituem
outra forma de prevenir o aparecimento de várias doenças:
• a alimentação nutritiva previne doenças como o marasmo,
kwashiorkor, xerose, anemia, raquitismo, diarréia e muitas outras;
36
• a higiene previne principalmente doenças infecciosas, como os
diversos tipos de verminose, diarréia e disenteria, hepatite, febre tifóide,
poliomielite etc.;
• a vacinação protege contra muitas doenças graves, como difteria,
coqueluche, tétano, poliomielite, tuberculose, sarampo e outras;
Neste item verificamos o processo imunológico, as vacinas mais
importantes e a época própria em que cada uma deve ser aplicada.
2.7.1. O processo imunológico
A imunização consiste na aquisição, pelo organismo, da capacidade de
se tornar imune a uma doença: mesmo atacado por vírus e bactérias, o
indivíduo não contrai as doenças por ele causadas. Vejamos como isso
acontece.
Nosso organismo possui um sistema natural de defesa. Quando atacado
por substâncias estranhas, chamadas antígenos, alguns dos glóbulos brancos
do sangue, os linfócitos, produzem anticorpos. Estes são um tipo especial de
proteína que, lançada na corrente sangüínea, anula a ação dos antígenos.
Cada tipo de anticorpo só pode se unir e desativar um tipo determinado
de antígeno. Diante de cada tipo de vírus ou bactéria, os linfócitos produzem o
tipo correspondente de anticorpo. Assim, por exemplo, se nosso organismo for
atacado por vírus gripais, os linfócitos do sangue passam a produzir anticorpos
contra as proteínas virais. Os anticorpos unem-se aos vírus gripais, destroem-
nos e possibilitam a cura. Aumentando a taxa de anticorpos no sangue, a gripe
começa a regredir, até a cura completa, o que pode levar cerca de uma
semana.
Entretanto, há casos em que não se pode esperar a reação natural do
organismo, através do trabalho dos linfócitos. É o caso de uma picada de
cobra, cujo veneno atua de forma rápida, causando os seus efeitos antes da
produção natural de anticorpos. Há também outros casos em que um
imunização prévia pode evitar que a doença se instale. Tanto na primeira
quanto na segunda situação, referimo-nos à necessidade de uma imunização
37
que, embora baseada num processo natural semelhante, age de maneira mais
eficiente. Essa imunização, que, pelo fato de ser provocada, pode ser chamada
artificial, apresenta-se de forma passiva ou ativa.
A imunização passiva ocorre quando os anticorpos são injetados prontos
no organismo atacado. Isso é necessário, por exemplo, no caso de uma picada
de cobra, quando o organismo não tem tempo de produzir anticorpos, antes
que o veneno provoque danos ao indivíduo.
Vejamos como isso pode ser feito. Um animal – cavalo, carneiro, coelho
etc. – recebe injeções cada vez mais concentrada do antígeno, veneno de
cobra, por exemplo. Seu organismo reage, produzindo quantidades sempre
maiores de anticorpos, que vão se concentrando no sangue. Depois, extraí-se
o sangue do animal e separa-se o soro, a parte sangüínea que contém as
moléculas de anticorpo. Injetados no organismo humano, após a picada da
cobra, os anticorpos contidos no soro reagem rapidamente contra o veneno.
A imunização recebe o nome de passiva porque os anticorpos não são
produzidos pelo organismo, mas são injetados prontos, o que resulta numa
ação muito mais rápida contra os antígenos. É o caso do soro antiofídico e do
soro antitetânico, por exemplo. Os anticorpos assim injetados são destruídos
após algum tempo: por isso, a imunização passiva tem uma duração curta. Em
caso de novo ataque de antígenos, há necessidade de nova aplicação de soro.
Ao invés de injetar anticorpos prontos, na imunização ativa introduzem-
se no organismo os antígenos contra os quais queremos imunizá-lo. Como
reação a esses antígenos, o próprio organismo produz os anticorpos, que tem
uma duração muito mais longa, às vezes por toda a vida.
Os antígenos introduzidos não são os que produzem a doença. Podem
ser formas atenuadas desses antígenos, que perderam a capacidade de
causar a moléstia, mas ainda assim provocam a formação de anticorpos.
Podem ser também bactérias mortas, que não causam a doença, embora
tenham a capacidade de induzir a produção de anticorpos.
Em sumo, a imunização passiva é feita através da injeção de soro, que
contém os anticorpos prontos. A imunização ativa é feita através da vacinação
que consiste na introdução de antígenos no organismo, para que estes
provoquem a formação de anticorpos.
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Cabe ao professor, como membro atuante da comunidade, esclarecer a
população e contribuir nas campanhas de vacinação e, mais que isso, ajudar
para que a vacinação se torne um hábito social. Desta forma, muitas doenças e
mortes poderão ser evitadas. As campanhas não são suficientes. É preciso que
em todos os municípios brasileiros existam postos de saúde e de vacinação
permanentes.
2.7.2. Vacinas mais importantes
Ü Tríplice (DPT): contra difteria, coqueluche e tétano – É uma injeção
especial que deve ser aplicada no músculo, geralmente nádega, da
criança. Cada aplicação recebe o nome de dose. Para que a criança
fique bem protegida, deve receber quatro doses de vacina: aos dois
meses, aos três meses, aos quatro meses e uma dose de reforço, um
ano depois. No Brasil, dá-se uma segunda dose de reforço aos três ou
quatro anos. Criança com mais de quatro anos não deve receber a
vacina Tríplice. Se ainda não foi vacinada, deve-se usar a vacina dupla,
contra difteria e tétano.
Ü Sabin: contra poliomielite (paralisia infantil) – São gotas dadas por via
oral. A criança deve receber uma dose de dois em dois meses, num total
de três doses, começando aos dois meses de idade. Um ano depois, a
criança deve receber uma dose de reforço; uma segunda dose de reforço
pode ser dada aos três ou quatro anos. É melhor não dar mamar ao bebê
duas horas antes e duas horas depois de receber a vacina.
Ü BCG: contra tuberculose – Uma única injeção dada por via intradérmica,
sempre que possível no braço direito. A criança pode ser vacinada ao
nascer ou até os quatorze anos. O melhor é vacinar no primeiro ano e dar
uma dose de reforço, quando a criança entra na escola. A vacina faz uma
ferida e deixa uma cicatriz. A ferida é normal e não deve causar
preocupação.
Ü Sarampo – Uma injeção única no músculo, entre os 7 meses e os três
anos de idade. Quanto antes melhor.
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Ü Tétano – Para adultos e crianças, acima de seis anos de idade, que
ainda não tomaram a tríplice nem a dupla, a vacina contra o tétano é a
mais importante. É uma injeção dada no músculo. São três doses, uma
por mês, três meses seguidos. Um ano depois, deve-se aplicar uma dose
de reforço e, depois, uma dose de 10 em 10 anos. A vacinação da mãe
previne o filho do tétano umbilical.
Ü Vacina anti-amarílica (contra febre amarela) – É dada por via subcutânea,
em dose única, a partir dos seis meses, e evita a morte por febre
amarela, nos locais em que exista a doença. Uma dose de reforço deve
ser aplicada de dez em dez anos.
Idade Vacinas
1 mês a 14 anos BCG intradérmica – contra a tuberculose
2 meses Tríplice (DPT) (1ª dose) – contra difteria, tétano e
coqueluche
Sabin – contra poliomielite
3 meses Tríplice (2ª dose)
4 meses Tríplice (3ª dose)
Sabin (2ª dose)
6 meses Sabin (3ª dose)
7 meses Sarampo
15 meses MMR – contra sarampo, caxumba e rubéola (opcional)
18 meses Tríplice (1º reforço)
Sabin (1º reforço)
3 – 4 anos Tríplice (2º reforço)
Sabin (2º reforço)
5 – 7 anos Difteria e Tétano (DT)
2.8. DOENÇAS: PROBLEMAS E CUIDADOS
Vamos verificar algumas doenças consideradas mais comuns,
especialmente em crianças, identificando as condições sanitárias associadas à
sua ocorrência, as formas de contágio e prevenção, assim como os sinais,
sintomas e cuidados básicos para a cura.
Diarréia e disenteria - Entende-se por diarréia a eliminação de fezes
aquosas ou líquidas. Quando, juntamente com as fezes, a pessoa elimina
muco e sangue, diz-se que ela está com disenteria. A diarréia e a disenteria
são mais comuns e mais perigosas em crianças desnutridas.
Fonte: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. Op. Cit., p. 293.
40
Entre as muitas causas que podem provocar a diarréia e a disenteria, as
mais freqüentes são a desnutrição, a infecção por vírus ou “gripe intestinal”, a
infecção intestinal causada por bactérias ou amebas, as verminoses, as
intoxicações alimentares, a alergia a certos alimentos e os efeitos de
medicamentos como laxantes, purgantes e outros.
A enterite (inflamação do intestino) e a gastrenterite (inflamação do
estômago e do intestino) estão entre as principais causas da mortalidade
infantil no Brasil e nos países subdesenvolvidos. Essas inflamações são
causadas por vários tipos de parasitas, que se transmitem principalmente
através da água e dos alimentos contaminados.
A inflamação do aparelho digestivo pode ser conseqüência, entre outros
fatores, da contaminação por bactérias (disenterias bacterianas) ou por
amebas (disenteria amebiana).
Além da consulta médica, em casos mais graves, alguns cuidados
especiais ajudam no tratamento dessas afecções. A suspensão dos alimentos,
durante pelo menos seis horas, e a ingestão de muito líquido, principalmente
chá ou água de arroz, ajudam a evitar a desidratação. A alimentação deve
começar aos poucos, com alimentos leves, como caldo de galinha e carne,
evitando alimentos gordurosos e muitos temperados.
Sem a melhoria do padrão de vida da população, não é possível diminuir
a incidência das disenterias que, acompanhadas de febre, vômitos e
desidratação, freqüentemente levam as crianças á morte. Algumas medidas
saneadoras, como o tratamento da água e dos esgotos, a proteção de poços e
caixas d’água contra a contaminação por moscas e outros animais e a
fiscalização em matadouros, supermercados e outros estabelecimentos que
trabalham com alimentos são indispensáveis para a prevenção dessas
doenças.
Existem também medidas de caráter individual, que são importantes
para as pessoas que cuidam de crianças pequenas: usar água filtrada ou
fervida para beber, manter a higiene em relação aos alimentos, principalmente
no caso do leite, que deve ser sempre fervido, zelar pela higiene do corpo, das
roupas, da casa etc.
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Desidratação - Ocorre quando o organismo perde mais líquido do que
recebe, em geral, como conseqüência de uma diarréia grave. A desidratação
vem acompanhada de alguns sintomas: eliminação de pouca ou nenhuma
urina, que fica amarelo-escura; grande perda de peso em poucas horas; boca
seca; olhos secos e fundos; perda de elasticidade da pele que, quando puxada,
não volta ao normal; e afundamento da moleira no bebê.
Uma alimentação adequada, com muito líquido, e o tratamento imediato
da diarréia são cuidados que podem evitar a desidratação. O médico deve ser
procurado sempre que possível. O tratamento, enquanto não for possível
auxílio médico, consiste em dar soro, que pode ser encontrados em Postos ou
Centros de Saúde, ou goles de líquidos reidratantes, de cinco em cinco
minutos, até que a pessoa comece a urinar normalmente. O líquido reidratante
ou soro caseiro apresenta a seguinte composição: 1 litro de água fervida, mais
2 colheres de sopa rasas de açúcar, mais 1 colher de chá de sal.
Vômitos - Podem resultar de infecção estomacal ou intestinal, de
intoxicação por algum alimento estragado ou de algumas doenças, como
malária, hepatite etc.
Aconselha-se não fornecer alimento enquanto o vômito for agudo e dar
chá de erva-doce, camomila ou outro. Caso o vômito não pare, procurar um
médico, que indicará o remédio apropriado.
Dor e infecção de ouvido - É muito comum em crianças pequenas.
Pode começar com resfriado ou nariz entupido. Pode haver febre. A criança
pode chorar e, quando não fala, esfrega o lado da cabeço. Pressionando-se o
ouvido, a criança afasta-se ou chora. Às vezes, sai pus.
Além do remédio recomendado pelo médico, algumas medidas são
importantes para o tratamento. A principal delas é limpar o pus, quando houver,
com um pedaço de algodão umedecido em água com sal ou água oxigenada,
sem colocar nada dentro do ouvido.
Para prevenir a infecção do ouvido, deve-se ensinar a criança a assoar o
nariz levemente, sem muita força; não tomar mamadeira deitada, pois o leite
pode subir pelo nariz e causar infecção do ouvido; pingar água com sal no
nariz, quando está entupido. Pingar água fervida com vinagre, três a quatro
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vezes ao dia, com um conta-gotas bem limpo, pode ajudar quando o ouvido
está infeccionado, ou se dói, quando puxamos a orelha com cuidado.
Dor e infecção das amígdalas - O início pode ser um resfriado comum.
A garganta fica vermelha e dói quando a criança engole. As amígdalas podem
aumentar de tamanho, ficar doloridas e com pus. A febre pode chegar a 40
graus.
Gargarejos com água morna e sal (uma colher das de chá de sal em um
copo de água) são indicados no tratamento do problema. Para baixar a febre,
usar medicação indicada pelo médico, que deve ser consultado se o problema
persistir.
Tosse - A tosse não é uma doença, mas sintoma de alguma moléstia
que pode estar atacando a faringe, a laringe, os brônquios ou os pulmões: a
tosse seca, com pouco ou nenhum catarro, pode ser sinal de resfriado ou gripe,
verminose ou sarampo; a tosse com muito ou pouco catarro pode ser uma
manifestação de bronquite ou pneumonia; a tosse com chiado e dificuldade
para respirar, geralmente, é sintoma de asma, coqueluche, difteria ou
problemas cardíacos; a tosse com sangue pode ser indício de tuberculose,
pneumonia ou verminose grave.
Ao invés de tomar remédio, é mais aconselhável tentar soltar e expulsar
o catarro, pois a tosse é um meio utilizado pelo organismo para limpar o
aparelho respiratório. Beber bastante água e respirar vapor de água quente são
procedimentos que ajudam a expelir o muco e aliviam todo tipo de tosse.
Qualquer tosse pode ser atenuada com um xarope caseiro, que se
compõe com mistura de mel de abelha e suco de limão em partes iguais. Deve-
se tomar uma colher de chá desse xarope, a cada duas ou três horas. É
evidente que, quando a tosse for sintoma de uma doença mais grave, a
consulta a um médico é indispensável.
O contágio ocorre através de gotículas de saliva, eliminadas quando a
pessoa fala, tosse ou espirra. Normalmente, não são necessários médicos,
pois a gripe e o resfriado regridem após uma semana, diante das defesas
naturais do organismo. Como essas duas doenças são provocadas por vírus,
os antibióticos de nada adiantam.
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Para prevenir, e mesmo remediar mais rapidamente gripes e resfriados,
recomenda-se repouso e uma dieta rica em líquidos e alimentos que
contenham vitamina C (laranja, goiaba, limão, etc.). Um antitérmico e
analgésico pode ser empregado para baixar a febre e diminuir o mal-estar
geral. Um pouco de água com sal auxilia na desobstrução do nariz;
descongestionantes farmacêuticos, quando utilizados com muita freqüência,
podem irritar a mucosa nasal.
2.8.1. Verminoses
Eis algumas informações sobre os principais tipos de verme, as formas
de contágio, os efeitos sobre o organismo e as formas de prevenção. Para o
tratamento é aconselhável procurar auxílio médico.
Esquistossomose – É uma das verminoses que mais atacam a
população brasileira. Calcula-se em aproximadamente 8 milhões o número de
brasileiros atingidos.
O esquistossomo – Schistosoma mansoni – é o verme causador da
doença.
Nas fezes de um indivíduo contaminado podem ser encontrados
milhares de ovos, pois cada fêmea coloca cerca de 400 ovos por dia. Quando
as fezes chegam à água – de uma lagoa, por exemplo –, os ovos rompem-se,
liberando uma larva chamada miracídio. Este pode se movimentar por cerca de
oito horas, penetrando num caramujo que lhe serve de hospedeiro. Cada
miracídio pode produzir até 300.000 novas larvas, chamadas cercárias, que
são eliminadas cerca de 30 dias após a infecção do caramujo. As cercárias
podem viver cerca de três dias à espera de um novo hospedeiro, que pode ser
o indivíduo que entra em contato com a água.
Penetrando no homem pela pele ou pelas mucosas, as cercárias
atingem as veias ou os vasos linfáticos, caem na corrente sangüínea e chegam
ao coração, de onde são enviadas a todo o organismo. Só se desenvolvem as
que chegam ao sistema porta hepático (vasos que ligam o intestino ao fígado).
Em um mês tornam-se machos e fêmeas adultos, reiniciando a reprodução.
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Diarréias, dores abdominais, problemas circulatórios, perda de parte do
plasma para a cavidade abdominal (barriga-d’água), são apenas algumas das
conseqüências da esquistossomose que, se não tratada, pode levar à morte.
O saneamento básico, a utilização de instalações sanitárias, evitar o
contato com águas de córregos, canais e lagoas, são algumas das medidas
indispensáveis para evitar a contaminação.
Teníase - A tênia também conhecida como solitária, é o maior verme
que pode habitar o intestino humano. Quando adulto, chega a vários metros de
comprimento e fica todo dobrado no intestino.
A tênia é formada pela cabeça, chamada escólex, que fica presa às
paredes intestinais através de ganchos, e pelo corpo, constituído de inúmeros
anéis. Estes anéis, com os ovos produzidos em seu interior, vão se
desprendendo e sendo eliminados nas fezes, ao mesmo tempo em que outros
são produzidos pelo escólex. Liberados nas fezes, os ovos podem contaminar
águas e verduras e ser ingeridos por porcos ou vacas. No estômago desses
animais, quebra-se a casca do ovo, liberando uma larva que fura a parede do
intestino e se aloja nos músculos do animal, onde cresce e assume a forma de
uma bolsa cheia de líquido, denominada cisticerco.
O cisticerco incrustado na carne é conhecido vulgarmente como
canjiquinha.
Se o indivíduo ingerir ovos de tênia, os cisticercos podem atingir órgãos
importantes, como o coração, o cérebro e outros, trazendo complicações.
É necessário que a carne a ser comercializada seja rigorosamente
fiscalizada e seja bem cozida antes de ser consumida.
Ascaridíase - Áscaris, lombriga ou bicha são nomes do mesmo tipo de
verme, que chega a ter de 20 a 30 cm e apresenta uma coloração rosa ou
branca, podendo ser visto nas fezes. É uma das verminoses mais comuns, pois
calcula-se que cerca de 30% da população mundial esteja contaminada.
As fêmeas podem produzir até 200.000 ovos por dia. Os ovos
eliminados nas fezes contaminam outros indivíduos por meio de águas e dos
alimentos. No intestino os ovos se abrem libertando as larvas. Estas
atravessam a parede intestinal, atingem a corrente sangüínea, vão até o
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coração e os pulmões e chegam à laringe, sendo novamente engolidas.
Passam pelo estômago e instalam-se no intestino delgado.
Coceira, tosse, indigestão, fraqueza, barriga grande são alguns dos
transtornos causados pela ascaridíase. Para evitá-la, o fundamental é a
higiene, o uso de instalações sanitárias e a lavagem freqüente das mãos.
Ancilostomose ou amarelão - Os vermes do amarelão – ancilóstomo e
necátor – são vermelhos e arredondados, tendo aproximadamente 1 cm de
comprimento. Seus ovos são eliminados pelas fezes do indivíduo contaminado.
No chão os ovos se abrem, dando origem às larvas, que crescem na terra
úmida e penetram pela pele dos pés descalços do indivíduo. Chegam aos
pulmões e à laringe de onde são engolidos até o intestino, local em que
completam seu amadurecimento, produzindo novos ovos que reiniciam o ciclo.
O indivíduo portador de amarelão apresenta diarréia, dor de estômago,
sangramento do intestino, fraqueza e anemia. O uso de instalações sanitárias e
de calçados são medidas importantes para evitar a ancilostomose.
Oxiuríase - O oxiúro ou verme-linha tem 1 cm de comprimento, é fino
como uma linha e apresenta cor branca. Seus ovos são deixados ao redor do
ânus, provocando coceira. O indivíduo contaminado, ao se coçar, pode
contaminar suas mãos e as roupas. Levando as mãos à boca ou a alimentos, o
indivíduo pode manter sua contaminação e contaminar outras pessoas.
Os oxiúros não são vermes perigosos. Mas, se a infestação for
acentuada, o indivíduo pode apresentar inflamação intestinal, perturbação do
sono e coceira na região anal. Higiene das mãos, das unhas e das nádegas
são medidas importantes na prevenção da oxiuríase.
Hidatidose - O verme da hidatidose – Echinococcus granulosus – só
atinge o homem acidentalmente e em sua forma larvar. Normalmente o verme
adulto vive no intestino do cão. Quando este elimina as fezes, lambe sua região
anal e, depois, lambe o dono e este se contamina através das mãos.
No homem as larvas ocupam o fígado ou outros órgãos, formando o
cisto hidático: uma vesícula que pode chegar a ter de 3 a 15 cm de diâmetro e,
naturalmente, prejudica o funcionamento do órgão.
Tricocefalíase - Os ovos do Tricocephalus trichiurus são ingeridos
através dos alimentos contaminados, como frutas e hortaliças cruas.
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Desenvolvem-se no intestino grosso e podem acarretar perda de peso, diarréia
e anemia.
Estrongiloidíase - As larvas produzidas pelos ovos eliminados nas
fezes dos doentes, quando despejadas no solo, penetram pela pele dos pés
descalços, realizando um ciclo semelhante ao do ancilóstomo. Irritações na
pele, com formação de manchas vermelhas, coceira e inchação são comuns
durante a penetração. Em seguida podem ocorrer alterações no sistema
digestivo, como diarréias, vômitos, náuseas etc.
Filariose - As filárias são vermes que ocupam os canais do sistema
linfático. Produzem obstruções e inflamações desses canais, levando a região
à hipertrofia.
Manifestando-se principalmente nas pernas, nas mamas e no escroto,
estas regiões aumentam de tamanho. Também conhecida como elefantíase, a
filariose é transmitida pela picada de mosquitos, que antes picaram indivíduos
doentes e ficaram contaminados pelas larvas.
2.8.2. Bronquite
Definição – É uma afecção dos brônquios, geralmente causada por
vírus. Pode também ser uma reação alérgica a certas substâncias ambientais,
como fumo, pó, produtos químicos etc. Os brônquios, quando afetados, ficam
cheios de muco ou catarro, dificultando a respiração.
Sintomas – Entre os sinais de bronquite estão a tosse barulhenta, com
catarro; a respiração difícil, rápida e com chiado no peito, febre etc.
Ciclo – A pessoa com bronquite crônica apresenta períodos
relativamente normais, alternados com períodos críticos, que podem ser mais
ou menos freqüentes. O ciclo da crise é normal, com uma fase inicial, uma fase
aguda e uma fase de regressão, a partir do momento em que o paciente é
medicado.
Prevenção – Testes alérgicos, com a identificação das substâncias que
provocam alergia, auxiliam a pessoa a evitar tais produtos. Além disso, quem
tem propensão à bronquite deve evitar ambientes contaminados,
principalmente por fumaça de cigarro. Ginástica respiratória, massagens
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apropriadas e natação são outros procedimentos que ajudam a prevenir essas
crises.
Tratamento – Em momento de crise, a solução é procurar um médico,
que indicará um bronquiodilatados ou outros remédios adequados. Respirar
vapor de água quente é um tratamento auxiliar.
2.8.3. Catapora
Definição – Também chamada varicela, calcula-se que atinge cerca de
5 milhões de brasileiros. É uma infecção leve, causada por vírus, que ataca
principalmente crianças.
Sintomas – A criança doente apresenta manchas, bolhas e cascas de
ferida sobre a pele. Febre e prostração são outros sinais de catapora.
Ciclo – A doença começa a manifestar-se duas a três semanas depois
da penetração do vírus. Surgem inicialmente pequenas manchas vermelhas na
pele; essas manchas transformam-se em bolhas, que contêm um líquido claro
em seu interior; as bolhas rompem-se, transformando-se em crostas escuras,
que se voltam da pele sem deixar marcas. A infecção dura aproximadamente
uma semana.
Contágio – O contágio se dá através de gotículas de saliva da criança
portadora do vírus ou já infectada pela doença; o contato direto com o corpo
doente é outra forma de contágio.
Prevenção – Manter-se afastado de portadores de catapora pode evitar
o contágio.
Tratamento – Alguns procedimentos do doente podem apressar a
recuperação e evitar a transmissão e extensão da moléstia: banhos diários com
água morna e sabão; banhos de amido – maizena em água morna – para
aliviar a coceira; manter as unhas bem aparadas; evitar coçar as bolhas;
passar violeta de genciana nas feridas infectadas.
48
.8.4. Sarampo
Definição – É uma virose grave e altamente contagiosa, que ataca
principalmente crianças de até 10 anos e desnutridas. No Brasil, calculam-se
entre 5 e 8 milhões as pessoas infectadas por sarampo.
Sintomas – Os primeiros sinais são febre, nariz escorrendo, olhos
vermelhos e tosse. Depois, a criança pode ficar com a boca cheia de feridas e
com diarréia. Seguem-se manchinhas brancas na boca e, em seguida,
erupções vermelhas nas orelhas, no rosto e, depois, nos braços e pernas.
Ciclo – Após o contágio, há um período de aproximadamente 10 a 12
dias de incubação. Segue-se a manifestação da doença e as erupções, que
levam aproximadamente cinco dias, ao fim dos quais a criança se sente
melhor.
Contágio – A transmissão da doença se dá através da eliminação do
vírus, pelas vias respiratórias da pessoa infectada. O contágio pode ocorrer
desde o aparecimento dos primeiros sintomas até a melhora completa do
doente.
Prevenção – Evitar a proximidade com pessoas doentes pode evitar o
contágio. A vacina contra o sarampo, aplicada de preferência entre os 8 meses
e cinco anos, imuniza por toda a vida.
Tratamento – Cama, bastante líquido e alimentos fáceis de engolir, e
um antitérmico para baixar a febre, facilitam a recuperação. Um médico deve
ser procurado sempre que possível, principalmente quando o sarampo
acarretar uma infecção mais grave, como pneumonia, meningite, dor forte no
ouvido ou no estômago. Se a febre permanecer por mais de cinco dias, é
provável que alguma dessas complicações esteja ocorrendo, sobretudo se a
criança estiver desnutrida, podendo levar à morte.
2.8.5. Rubéola
Definição – Trata-se de outra virose benigna, que ataca principalmente
crianças. É muito perigosa se contraída por mulheres grávidas, pois seu vírus
atravessa a placenta e pode provocar deformação no embrião, como catarata,
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surdo-mudez, doenças cardíacas etc. Depois do terceiro mês de gravidez,
quando os órgãos do embrião estão praticamente formados, o risco é menor.
Sintomas – Os primeiros sintomas são semelhantes aos da gripe. Em
seguida, os gânglios linfáticos do pescoço crescem de tamanho e a pele
apresenta manchas rosadas, menores que as do sarampo.
Ciclo – Após a contaminação, verifica-se um período de incubação de
duas ou três semanas, findo o qual aparecem os sintomas iniciais da doença. A
erupção cutânea demora três ou quatro dias.
Contágio – A rubéola é transmitida pelas gotículas de saliva espalhadas
pela pessoa contaminada. O período de contágio vai desde que o indivíduo
contraiu o vírus até vários dias depois da erupção cutânea.
Prevenção – Principalmente a mulher grávida, que não tem certeza se
contraiu a doença quando criança, deve manter-se afastada de indivíduos com
rubéola. Quem já contraiu a doença está imune para o resto da vida. A vacina,
aplicada de 1 a 12 anos, também imuniza. Quando não houver vacina, alguns
julgam conveniente que as meninas contrariam a doença, pois assim evitam
ser contaminadas durante a gravidez.
Tratamento – Não há tratamento específico, a não ser o isolamento do
doente na espera da melhora. Se tiver febre, aconselha-se o uso de um
antitérmico.
2.8.6. Caxumba
Definição – Também chamada popularmente “papeira”, a caxumba é
uma virose endêmica nos grandes centros, com surtos epidêmicos em escolas,
internatos e outros locais onde se concentram crianças e jovens. Consiste na
inflamação da parótida, a maior das glândulas salivares, e por isso é
denominada de paratodite epidêmica. Embora mais freqüente em crianças,
pode trazer complicações, quando ataca adultos, principalmente para os
órgãos sexuais masculinos, às vezes, acarretando esterilidade.
Sintomas – Começa com dificuldade e dor ao abrir a boca, mastigar e
engolir. Continua com inchaço abaixo e em frente das orelhas; às vezes,
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primeiro de um lado e depois do outro. Provoca febre e outros sintomas
característicos da gripe.
Ciclo – Os primeiros sintomas aparecem duas ou três semanas após a
contaminação. O inchaço surge dois dias depois dos sintomas iniciais, e acaba
naturalmente, em cerca de 10 dias.
Contágio – Também se dá através de gotículas de saliva.
Prevenção – As pessoas contaminadas devem ser mantidas em
isolamento. A vacina imuniza por apenas dois anos. Como a doença imuniza
para sempre, é preferível contraí-la na infância, pois, a partir da puberdade, o
contágio pode trazer complicações.
Tratamento – O doente deve ficar de cama, consumindo bastante
líquido e alimentos em forma de mingau. Deve evitar comidas doces e ácidas,
que aumentam a dor. Manter a boca limpa, com bochechos antissépticos,
ajuda a evitar infecções bacterianas, que exigiram a ajuda médica. Não há
necessidade de remédios, a não ser antitérmicos e analgésicos, em alguns
casos.
2.8.7. Coqueluche
Definição – Também chamada “tosse comprida”, é uma doença
causada por bactéria e sua gravidade varia com a idade e o estado geral do
indivíduo, podendo mesmo levar à morte.
Sintomas – Começa como se fosse um resfriado, uma ou duas
semanas depois da contaminação. Durante a fase mais aguda, a criança tosse
rapidamente, sem poder respirar, até expelir muco pegajoso. Ao voltar aos
pulmões, o ar provoca um assobio forte. Durante o acesso de tosse, os lábios e
unhas podem ficar azuis, por falta de ar.
Ciclo – Após a contaminação, sucede-se um período de incubação de
aproximadamente uma semana, depois do qual aparecem os primeiros
sintomas, Durante o período da doença, o indivíduo sofre crises periódicas,
precedidas de sensação dolorosa no peito. Depois de 15 dias a um mês, os
acessos de tosse começam a diminuir de intensidade e freqüência, até
desaparecerem. Às vezes, porém, sua duração pode chegar a dois ou três
meses, fato que explica sua denominações popular: “tosse comprida”.
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Contágio – A contaminação se faz diretamente, através de gotículas de
saliva da pessoa doente, até uma distância aproximada de meio metro. O
contágio indireto, através de objetos, é muito difícil, e só ocorre se os objetos
ainda estiverem úmidos, quando o indivíduo entrar em contato com eles.
Prevenção – Um certo afastamento das pessoas infectadas evita a
contaminação. A vacina contra a coqueluche está associada à vacina tríplice,
que abrange também a antitetânica e a antidiftérica. Mesmo não conferindo
imunidade total, a vacina torna a evolução da doença mais benigna.
Tratamento – Isolamento, repouso e alimentação nutritiva aceleram a
recuperação. A consulta a um médico é aconselhável, principalmente quando
ocorrem outras complicações, ou quando as crises se tornam muito fortes.
2.8.8. Difteria
Definição – Também conhecida popularmente com o nome de “crupe”,
a difteria é causada por bactéria, atingindo sobretudo crianças de até 10 anos.
Pode ser fatal. A partir do foco de infecção (nariz, faringe, laringe), os bacilos
da doença produzem substâncias tóxicas, que podem chegar ao coração, ao
sistema nervoso e a outras partes do corpo por meio do sangue ou da linfa.
Sintomas – Começa com um resfriado febril, dor de cabeça e dos de
garganta. Pode aparecer uma membrana branco-amarelada na parte de trás da
garganta e, às vezes, no nariz ou nos lábios. O pescoço incha, o hálito cheira
mal, a criança fica mole, pálida, com o pulso rápido.
Ciclo – Há um período inicial de incubação de dois a cinco dias, ao fim
dos quais aparecem os primeiros sintomas. Iniciado o tratamento, o período de
cura pode durar de 10 a 15 dias.
Contágio – A contaminação pode resultar do contato direto com as
secreções do nariz e da garganta da pessoa infectada, ou com gotículas de
saliva por ela eliminada.
Prevenção – Além do isolamento das pessoas afetadas, a vacina
oferece imunização bastante segura. A vacina tríplice, que inclui a antidiftérica,
deve ser aplicada em três doses básicas 9aos dois, três e quatro meses de
idade) e duas doses de reforço (aos 18 meses e aos quatro anos). Além da
vacinação geral, medidas adequadas de higiene e saneamento ajudam a evitar
a doença.
52
Tratamento – Deve ser imediato, pois caso contrário, a paralisia e a
morte por asfixia podem ser as conseqüências. Também se empregam soro
antidiftérico e antibióticos no processo de cura. O doente deve ser mantido
isolado.
2.8.9. Poliomielite
Definição – Doença gravíssima, é causada por vírus, que pode atacar
tanto adultos quanto crianças, sendo mais comum em crianças com menos de
dois anos de idade.
Sintomas – Começa com resfriado, febre, vômitos e dores musculares.
Algumas vezes, nada mais acontece. Outras vezes, entretanto, uma parte do
corpo, uma ou as duas pernas, fica fraca ou paralisada. O membro paralisado
fica fino e não cresce como o outro.
Ciclo – O vírus instala-se primeiro na mucosa intestinal. Depois, passa
para o sangue, espalhando-se por todo o corpo e atingindo o coração e o
sistema nervoso. A paralisia é uma conseqüência da destruição das células
nervosas que controlam os músculos.
Contágio – A poliomielite espalha-se rapidamente, principalmente em
locais em que as condições de higiene são precárias. A propagação do vírus
pode ocorrer através da água contaminada, das fezes e das secreções do nariz
e da garganta da pessoa contaminada; geralmente, entra pela boca.
Prevenção – Ferver a água e outras medidas de higiene pessoal e
social ajudam a evitar a doença. A vacina Sabin é a melhor proteção contra a
poliomielite. É aplicada em três doses (partir dos dois meses de idade e com
intervalo mínimo de dois meses entre eles), e mais duas doses de reforço (um
ano e três anos após o término da vacinação básica).
Tratamento – Instalada a doença, não há tratamento específico. Se
houver paralisia, um tratamento fisioterápico pode melhorar a coordenação
muscular, principalmente se for feito logo de início. Durante o primeiro ano,
muitos músculos lesados podem ser parcialmente recuperados através do
exercício físico. A criança que sofre de paralisia deve ser ajudada a caminhar
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da melhor forma possível, através de um corredor com duas barras, de muletas
etc., reduzindo-se o mais possível os acessórios.
2.8.10. Escarlatina
Definição – Doença infecciosa, mais comum em crianças, causada por
bactérias.
Sintomas – Febre alta, dores de cabeça, dores musculares, dor de
garganta, mal-estar, náuseas e vômitos, crescimento das amígdalas, que ficam
vermelhas e com pus.
Ciclo – Alguns dias após o contágio aparecem saliências na língua e
manchas vermelho-violáceas na pela. Em seguida, as manchas se espalham
por todo o corpo.
Contágio – As bactérias passam de uma pessoa a outra através de
gotículas de saliva eliminadas na fala, na respiração ou na tosse. O contágio
pode ser provocado tanto por doentes quanto por portadores sãos ou, mesmo,
por objetivos contaminados.
Prevenção – Quem teve a doença uma vez, geralmente não está mais
sujeito a contrair a infecção. Sempre é conveniente manter distância de
pessoas doentes.
Tratamento – Sua evolução geralmente é benigna, a nào ser que a
infecção atinja outros órgãos. É aconselhável consultar um médico. O doente
deve ficar em repouso e isolado.
2.8.11. Problemas e doenças de pele
Sarna (escabiose) - É muito comum em crianças. É provocada por um
pequeno animal, parecido com um minúsculo carrapato, que cava túneis por
baixo da pele, causando pequenos caroços, que coçam muito, podendo
espalhar-se por todo o corpo. São mais freqüentes entre os dedos, nos pulsos,
nas axilas, ao redor da cintura e nos órgãos genitais.
A escabiose transmite-se pelo contato com a pele da pessoa infectada,
com a sua roupa pessoal ou lençóis, fronhas e cobertores. Por isso, se alguém
tem sarna, todos os membros da família devem ser tratados, mesmo que não
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sintam coceira. A higiene pessoal é muito importante: tomar banho e trocar de
roupa todos os dias; lavar as roupas e pendurá-las ao sol, inclusive as de
cama. Qualquer remédio receitado pelo médico deve ser acompanhado por
banhos, com sabão e água morna, e pela troca de roupas.
Piolhos - Os piolhos, sejam eles da cabeça, do corpo ou do púbis,
provocam coceira e, às vezes, infecção na pele. A higiene pessoal e das
roupas do corpo e da cama são a melhor maneira de proteger-se contra eles.
Uma criança com piolhos deve ser tratada imediatamente, pois do contrário
eles atacarão todos os seus familiares e amigos.
Além do banho da cabeça e dos cabelos, e outras partes infectadas, de
acordo com indicação médica, use o seguinte procedimento para livrar-se das
lêndeas ou ovos do piolho: molhe bem os cabelos com vinagre quente
misturado com água, durante meia hora (uma parte de vinagre para duas
partes de água); penteie os cabelos cuidadosamente, com um pente bem fino.
Para prevenir os piolhos, é importante que a cabeça da criança seja examinada
periodicamente.
Furúnculos e abcessos - Resultam de uma infecção, que forma uma
bolsa de pus em baixo da pele. Podem ser causados por uma ferida, feita por
um objeto pontudo, ou por uma injeção dada com agulha suja. São doloridos e
a pele ao redor fica vermelha e quente. Eventualmente, provocam inflamação
dos gânglios linfáticos e febre.
Para tratá-los, colocar compressas quentes, várias vezes ao dia. Deve-
se deixar o furúnculo abrir sozinho. Depois de aberto, continuar o tratamento
com compressas quentes. Deixar o pus sair sem espremer, pois isto pode
espalhar a infecção para outras partes do corpo.
Micoses (infecções por fungo) - Embora possam aparecer em
qualquer parte do corpo, as infecções por fungo têm suas áreas preferidas:
Tinha: no couro cabeludo;
Micose: nas partes sem pêlo;
Pé-de-atleta: entre os dedos das mãos e dos pés;
Coceira-de-jóquei: entre as pernas.
A maioria dessas infecções apresenta-se sob a forma de anel; para
tratá-las, o mais importante é lavar a área todos os dias com água e sabão. A
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região afetada deve ser mantida bem seca, e periodicamente exposta ao sol.
Em casos de muito suor, a roupa de baixo e as meias devem ser trocadas
freqüentemente. Se não houver melhora e em casos de maior gravidade.
Aconselha-se procurar ajuda médica.
Pelagra - É um problema da pele causado por desnutrição. É muito
comum em lugares onde as pessoas comem muito milho, arroz e outros
alimentos ricos em amido e carboidratos e não consomem alimentos ricos em
proteínas e vitaminas, como carne, aves, ovos, peixe, leite, queijo etc. A
pelagra também é freqüente em quem toma muita bebida alcoólica.
No adulto com pelagra, a pele fica seca e rachada, e descama
principalmente nos locais expostos ao sol. Na criança, a pele das pernas, e às
vezes, dos braços, pode apresentar marcas escuras semelhantes a contusões
ou, mesmo, feridas com crostas, e os pés podem ficar inchados.
Geralmente, a pelagra vem acompanhada de outros sinais de
desnutrição: barriga inchada, feridas nos cantos da boca, língua ferida e
vermelha, fraqueza, perda de apetite etc.
O mais importante para o tratamento dessa moléstia é uma alimentação
nutritiva.
2.8.12. Problemas e doenças nos olhos
Terçol - Também chamado hordéolo, é um caroço vermelho e inchado
que aparece na pálpebra. Compressas com água morna e sal ajudam a
melhorar. Colírio antibiótico, três a quatro vezes ao dia, e pomada antibiótica à
noite, sob orientação médica, protegem contra o surgimento de novos terçóis.
Sangramento no branco do olho - Uma mancha vermelha indolor, na
parte branca do olho, pode aparecer, às vezes, depois de se levantar algo
muito pesado, de uma tosse forte ou de uma batida no olho. É conseqüência
do rompimento de um pequeno vaso sangüíneo. Não há perigo, e a mancha
desaparece lentamente, sem necessidade de tratamento.
Conjuntivite (dor nos olhos, olho vermelho, inflamado) - É uma
infecção que provoca vermelhidão, remela (pus) e ardor leve em um ou nos
dois olhos. Ao acordar, as pálpebras estão grudadas uma na outra.
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A conjuntivite pode ser tratada limpando bem os olhos com um pano
limpo molhado com água fervida, pingando colírio e aplicando pomada
antibiótica, a critério médico. Para que produza mais efeito, puxa-se a pálpebra
inferior para baixo e coloca-se a pomada dentro dela.
A conjuntivite é contagiosa. Por isso, a criança afetada não deve dormir
na cama com outras, usar a mesma toalha nem brincar ou ficar próxima de
outras crianças, pois o contágio seria inevitável.
Estrabismo - Também conhecido por ‘olho vesgo”, “zarolho” e “olho
torto”, trata-se de um desvio do olho, para dentro ou para fora, ou da não
fixação da vista em um ponto.
Para o tratamento adequado, deve-se procurar um especialista. Às
vezes, basta cobrir o olho com um tampão, durante um certo tempo, para que o
olho vesgo volte a olhar para a frente. Outras vezes, o uso de óculos torna-se
necessário. Há casos em que somente a cirurgia resolve o problema.
No bebê, por volta dos seis meses, o tratamento pode durar apenas uma
ou duas semanas. Na criança mais velha, porém, o tratamento pode levar até
mais de um ano. Quanto antes for iniciado, tanto mais rápida será a
recuperação.
Queratomalácia - É uma doença provocada por falta de vitamina A,
mais comum em crianças de dois a cinco anos de idade. Se não for tratada
imediatamente, pode acarretar cegueira.
Vários sinais permitem reconhecer a doença:
X no início, a criança pode apresentar cegueira noturna: ela não enxerga tão
bem quanto outras pessoas de visão normal ao escurecer;
X em seguida, seus olhos começam a ficar secos (xerose): o branco do olho
perde o brilho e começa a enrugar;
X podem aparecer manchas de pequenas bolhas acinzentadas nos olhos
(manchas de Bitot);
X piorando a doença, a córnea também fica seca e turva e pode formar
pequenas úlceras;
X finalmente, a córnea amolece rapidamente (queratomalácia), adquirindo
forma abaulada e pode até arrebentar, geralmente sem dor.
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A cegueira pode ser conseqüência de infecção, cicatrização ou outro
problema. A queratomalácia ocorre com mais freqüência em crianças que
apresentam outros problemas ou doenças, como diarréia, coqueluche,
tuberculose ou sarampo. Crianças desnutridas devem ter seus olhos
examinados periodicamente.
Alimentos com vitamina A previnem facilmente a queratomalácia: leite de
peito, até pelo menos um anos de idade; depois dos primeiros seis meses,
além do leite materno, oferecer alimentos com vitamina A. Quando a doença já
estiver instalada, torna-se necessário procurar ajuda médica com urgência.
2.8.13. Problemas e doenças da boca
♦ Alguns problemas mais freqüentes
Dor de dentes e abcessos - Para acalmar a dor, deve-se limpar bem o
buraco do dente, retirando todo o resto de comida. Em seguida, enxágua-se a
boca com água morna e um pouco de sal. Pode-se, também, tomar um
analgésico.
O abcesso ocorre quando a infecção, provocada pela cárie, alcança o
nervo e forma uma bolsa de pus. A inflamação pode ser aliviada por meio de
bochechos, com água quente e sal, do lado inchado da boca, o que poderá
provocar a saída do pus pela gengiva. A ajuda do dentista deve ser procurada
sempre que possível.
Gengivite - A gengiva pode ficar inflamada 9vermelha e inchada),
dolorida e sangrar facilmente por várias razões:
• Falta de limpeza adequada dos dentes;
• Falta de alimentação nutritiva, principalmente, carência de
vitamina C.
Para prevenir e tratar a gengivite, devem ser observadas as seguintes
sugestões:
• escovar os dentes logo após as refeições; em seguida, enxaguar
bem a boca com bastante água quente e um pouco de sal;
• comer alimentos nutritivos, com muitas vitaminas: ovos, carne,
feijão, verduras e frutas como caju, goiaba, manga, limão, abacaxi etc.
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mastigá-los muito bem. evitar doces e alimentos difíceis de tirar do meio dos
dentes.
Feridas nos cantos da boca - Pequenas feridas ou rachaduras nos
cantos da boca da criança, muitas vezes, são sinais de desnutrição.
Desaparecerão na medida em que a criança consumir alimentos nutritivos.
Tomar levedura de cerveja também ajuda a melhorar essas feridas.
Camada branca na língua - Certas doenças podem provocar o
surgimento de uma camada branca ou amarelada na língua e no céu da boca.
Não é nada grave e, geralmente, melhora sem tratamento. Para uma cura mais
rápida, pode-se tomar levedura de cerveja ou fazer bochechos com água
morna e bicarbonato de sódio, várias vezes ao dia.
Sapinhos - São pequenas manchas brancas, com a aparência de leite
coalhado, que aparecem na boca e na língua. Causadas por fungo, são
comuns em recém-nascidos da boca com violeta de genciana ou usar
bicarbonato de sódio dissolvido em água. Se o sapinho da criança for
acompanhado de diarréia, que demora a sarar, é melhor procurar um médico.
Aftas - São pequenos pontinhos brancos e doloridos, que aparecem no
lado interior dos lábios e na boca. Em geral, surgem quando a pessoa tem
febre e resfriado. Também resultam de mau funcionamento do estômago,
nervosismo, alergia ou ingestão de alimentos ácidos, como o abacaxi.
Depois de cinco dias, as aftas desaparecem. Antibióticos não resolvem.
O melhor é fazer bochechos, com água morna e sal, ou aplicar água oxigenada
com um cotonete sobre a afta.
♦ Cuidados gerais
Para manter a saúde dos dentes e das gengivas, deve-se observar as
seguintes sugestões:
• Evitar doces. Os doces (açúcar, balas, bolo, chocolate,
refrigerantes etc.) estragam os dentes; as bactérias da boca, que provocam
cáries, dependem de grande quantidade de açúcar para de desenvolver.
Limitando-se a ingestão de açúcar, reduz-se a possibilidade de cáries.
• Escovar bem os dentes, todos os dias. Usar uma escova macia,
de cerdas (pêlos) retas. Se não der par escovar os dentes logo depois de
comer algum doce, ao menos deve-se enxagüar bem a boca com água.
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Os dentes superiores devem ser escovados de cima para baixo e, os
inferiores, de baixo para cima, nunca de um lado para outro. Todos os lados
dos dentes – frente, em cima, atrás – devem ser escovados. Não há
necessidade de creme dental, o uso de sabonete na escova é até mais
eficiente.
Um fio dental, uma linha comum ou um palito podem ser utilizados para
retirar restos de comida que tenham permanecido entre os dentes. O fio dental
e a linha são mais indicados, pois limpam melhor e machucam menos as
gengivas do que o palito.
• Comer a maior quantidade possível de alimentos cruz. Cenouras
crua e maçã, entre outros, ajudam a limpar os dentes e massagear as
gengivas.
• O flúor, na água ou ingerido em comprimidos, só tem efeito
durante a formação dos dentes. É inútil para prevenir cáries em adultos.
Flúor em dose maior do que a recomendada é venenoso. Por isso, deve ser
mantido sempre longe do alcance das crianças.
• Ir ao dentista examinar seus dentes, ao menos uma vez em cada
seis meses. Um dente com um pequeno buraco ou cárie deve ser logo
tratado, antes que comece a doer. Quanto mais se espera, maior risco de
complicações e de necessidade de extrair o dente.
2.8.14. Outras doenças
A maioria das doenças estudadas a seguir é grave. Dificilmente essas
doenças podem ser tratadas sem ajuda médica. Por isso mesmo, os cuidados
indicados são sempre medidas auxiliares, que devem submeter-se a orientação
médica.
ò Pneumonia
Definição – A maioria das pneumonias é causada por bactérias. A mais
freqüente dessas bactérias é a Streptococcus pneumoniae. Com freqüência,
ocorre após outra doença respiratória (coqueluche, gripe, bronquite), ou depois
de uma doença grave qualquer, como o sarampo. A pneumonia é muito
perigosa, sobretudo em crianças e pessoas idosas.
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Sintomas – Os principais sintomas de pneumonia são; respiração rápida
e pouco profunda, às vezes, com chiado; febre alta; tremores; tosse com muco
amarelo, esverdeado ou com sangue; dores no peito e nas costas,
principalmente ao tossir e respirar. A intensidade desses sintomas aumenta
com a progressão da doença.
Contágio – A infecção é favorecida pela exposição ao frio, pelo
alcoolismo, por doenças respiratórias e por outros fatores, que diminuem a
resistência do organismo.
Prevenção – A melhor maneira de prevenir a pneumonia é tratar desde
o início, qualquer doença respiratória.
Tratamento – Deve-se consultar imediatamente um médico, que
receitará antibióticos e outros medicamentos, como antitérmicos e analgésicos,
para baixar a temperatura e aliviar a dor. O doente precisa repousar, beber
muito líquido e alimentar-se bem.
ò Tuberculose (TB)
Definição – A tuberculose é uma infecção causada pela bactéria
Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch, em
homenagem ao cientista que a descobriu, Roberto Koch (1843-1910). Em
cerca de 90% dos casos, ataca apenas os pulmões, mas pode afetar também
quse todos os órgãos do corpo. Em 1976, calculava-se entre 700 mil e 1,5
milhão o contingente de brasileiros afetados por tuberculose.
Sintomas – Entre os principais sintomas de tuberculose, podem ser
citados: tosse crônica e prolongada, sobretudo ao acordar; febre baixa, à tarde,
e suores, à noite; dor no peito e nas costas; perda de peso e fraqueza
crescentes; em casos mais graves, eliminação de sngue pela tosse.
Ciclo – A maior parte das pessoas entra em contato com o bacilo da
tuberculose, sem que essa primeira infecção traga conseqüências mais sérias.
Normalmente, ela passa despercebida, o organismo consegue controlá-la e,
quando muito, deixa uma pequena marca no pulmão.
Outras vezes, a bactéria permanece no pulmão e só começa a fazer
efeito na medida em que diminui a resistência natural do organismo, por causa
da desnutrição, da fadiga, do alcoolismo ou outra doença. Quando isso
acontece, o bacilo se reproduz e deixa lesões parecidas com pequenos
61
nódulos arredondados, cujo tamanho aumenta até formar grandes cavidades
nos pulmões.
A evolução da tuberculose pode ser lenta ou rápida, conforme a
resistência do organismo. O fato de os sintomas iniciais passarem
despercebidos acarreta problemas na identificação da moléstia. Tosse contínua
com catarro, dor no tórax e emagrecimento, geralmente só aparecem em
estágio avançado da doença. Diagnosticada a tuberculose, a cura completa
leva aproximadamente seis meses
Contágio – O contágio se dá através de gotículas de catarro, eliminadas
pela tosse, pelo espirro, pela saliva etc.
Prevenção – A melhoria da alimentação e das condições de vida da
população ajuda a evitar a doença. Algumas bactérias, responsáveis pela
tuberculose no gado, podem atacar também o homem, através do leite. Por
isso, o leite deve ser sempre fervido.
A vacinação com BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), do 1º mês aos 14
anos de vida, imuniza em 85% dos casos e previne as formas mais graves da
doença.
Tratamento – Quanto mais cedo for diagnosticada a moléstia, tanto
mais rápido e eficiente o tratamento. Radiografias periódicas dos pulmões
mostram sombras anormais, antes mesmo da manifestação dos sintomas. O
exame do escarro, para verificar a possível presença de bacilos, pode
confirmar o diagnóstico da radiografia. A abreugrafia, uma radiografia em
miniatura, também ajuda o diagnóstico.
O isolamento do doente, de preferência em hospital, é fundamental tanto
para o tratamento adequado, quanto para evitar o contágio. O tuberculoso deve
consumir alimentos ricos em proteínas e vitaminas, descansar e dormir
bastante, para ver se já foram infectadas.
ò Raiva
Definição – Também chamada hidrofobia (medo de água), a raiva é
uma doença quase sempre fatal, que leva à morte, se não for tratada
imediatamente. É provocada por um vírus que ataca o sistema nervoso.
Sintomas – O animal atacado pelo vírus da raiva apresenta um
comportamento estranho, triste e irritável; sua boca fica cheia de espuma e ele
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não consegue comer nem beber (hidrofobia). Alguns animais ficam furiosos,
violentos, atacam e mordem tudo o que aparecer pela frente. Outros não
apresentam tais sintomas, tornam-se quietos e procuram lugares escuros, para
se esconder. O animal morre dentro de 5 a 10 dias.
No ser humano, a infecção pelo vírus da raiva provoca dor e
formigamento na área mordida; dor e dificuldades para engolir; saliva grossa e
pegajosa; e ataques de fúria entre períodos de calma.
Ciclo – Os sintomas podem demorar de alguns dias a meses para se
manifestar. Inicialmente, o indivíduo contaminado apresenta febre e mal-estar.
Em seguida, surgem as dificuldades para comer e beber, em conseqüência das
contrações na faringe e nos músculos da deglutição. A febre alta causa delírios
e gritos. A morte resulta da paralisia dos músculos respiratórios.
Contágio – O vírus da raiva encontra-se em animais domésticos (cão,
gato) e selvagens 9raposa, lobo, gambá, morcego). Passa para o ser humano
através da saliva do animal infectado, quando este arranha, lambe algum
ferimento ou morde a pessoa.
Prevenção – Algumas medidas preventivas são muito importantes:
todos os cães e gatos devem ser vacinados: qualquer animal com suspeita
deve ser morto e enterrado; se houver mordida e o animal for suspeito, é
fundamental mantê-lo vivo: ele deve ficar preso e, se estiver com a doença,
morre antes de dez dias.
Tratamento – Quando a pessoa for mordida por um animal, deve lavar
logo o local com água e sabão de lavar roupa, mantendo-o em água corrente
durante algum tempo. Em seguida, lavar com água oxigenada e cobrir o
ferimento com gaze.
Os primeiros sinais de raiva aparecem entre 15 dias e um ano após a
contaminação; na maioria dos casos, 40 a 50 dias depois. Por isso, se houver
suspeita de raiva, deve-se procurar imediatamente tratamento médico, que é
feito com soro e vacina anti-rábicos.
ò Tétano
Definição – O tétano é uma infecção produzida por bactéria (Clostridium
tetani). Caracteriza-se por contradições e espasmos dos músculos do rosto, da
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nuca, da parece do abdome e dos membros. É uma doença grave, pois
aproximadamente metade das pessoas contaminadas morre.
Sintomas – Entre os sintomas indicadores da contaminação pelo bacilo
do tétano, estão os seguintes: ferida infectada; dificuldade de engolir; queixo
endurecido, seguindo de endurecimento dos músculos do pescoço e de outras
partes do corpo; contrações do queixo e, depois, do corpo inteiro; a criança, do
3º ao 10º dia depois do nascimento, começa a chorar sem parar e é incapaz de
sugar.
Contágio – o bacilo do tétano encontra-se principalmente nas fezes de
animais e seres humanos. O contágio ocorre através de ferida em contato com
poeira, pregos enferrujados, latas, água suja, galhos, espinhos etc. No recém-
nascido, o bacilo pode penetrar através do cordão umbilical, quando cortado
com instrumentos não esterilizados, ou ao se fazerem curativos com
substâncias contaminadas.
Prevenção – O tétano pode ser evitado, na medida em que as
condições de vida e de higiene da população forem melhoradas e se alguns
cuidados especiais forem tomados: vacinação geral (vacina tríplice); limpeza e
desinfecção de todas as feridas; manter limpa, seca e ventilada a região
umbilical do recém-nascido; ajuda médica, em casos de feridas grandes e
profundas.
Tratamento – Limpeza com água e sabão, retirada de toda sujeira e
corpos estranhos de qualquer ferida, além de desinfecção com antissépticos e
água oxigenada são medidas indicadas. Quando o indivíduo não tiver sido
vacinado o médico receitará soro antitetânico e antibióticos, antes da aplicação
da vacina. Líquidos nutritivos, em goles pequenos e freqüentes, enquanto a
pessoa conseguir engolir, também auxiliam a cura.
ò Hepatite
Definição – É uma infecção por vírus que ataca o fígado. Esta forma de
hepatite é contagiosa, ao contrário de outras, que podem ser provocadas pelo
excesso de bebida alcoólica, pela ação de substâncias químicas etc.
Sintomas – Dor na região do fígado, falta de apetite, náuseas, cansaço,
fraqueza, urina escura, pele e olhos amarelados (icterícia).
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Ciclo – Geralmente a doença evolui de forma benigna, durando de duas
a oito semanas.
Contágio – O vírus da hepatite passa das fezes da pessoa contaminada
para a boca do indivíduo são, através da água, dos alimentos, das roupas e
das mãos sujas. Moscas e agulhas de infeção não esterilizadas também
podem provocar o contágio.
Prevenção – Enterrar ou queimar as fezes e secreções do nariz e da
garganta do doente, higiene pessoal e do ambiente são medidas que
contribuem para evitar o contágio.
Tratamento – Os cuidados médicos são necessários. O doente deve
ficar em repouso, manter-se isolado durante as duas primeiras semanas da
doença e por uma semana depois do aparecimento da icterícia.
ò Meningite
Definição – doença extremamente grave, é uma infecção das meninges,
membranas que envolvem e protegem o cérebro e a medula. A meningite é
mais comum em crianças, e pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos.
Sua forma mais contagiosa é provocada por uma bactéria chamada
meningococo.
Sintomas – Entre os sinais de meningite, alguns merecem destaque:
febre alta, com forte dor de cabeça; endurecimento das costas, impedindo que
a cabeça seja colocada entre os joelhos; náuseas e vômitos; às vezes,
convulsões ou movimentos estranhos; rigidez dos músculos da nuca; a criança
deita a cabeça e o pescoço para trás.
Ciclo – O meningococo começa por invadir a garganta, atingindo depois,
por meio da corrente sangüínea, a regiões das meninges.
Contágio – A meningite passa de uma pessoa a outra através da fala,
do espirro e da tosse. Um indivíduo pode ser portador do meningococo, mesmo
sem apresentar os sintomas da doença, o que facilita a contaminação de
outros.
Prevenção – Embora não seja totalmente eficaz, aconselha-se a
vacinação, principalmente em casos de epidemia e de contato com doentes.
Umas alimentação equilibrada também ajuda a evitar a doença, pois aumenta
as resistências do organismo.
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Tratamento – A hospitalização imediata e o tratamento com antibióticos,
a critério médico, podem evitar a morte. Cada minuto é muito importante e
pode significar a vida do indivíduo.
ò Febre tifóide e tifo
Definição – A febre tifóide e o tifo são infecções que começam no
intestino e se espalham por todo o corpo. São provocadas por uma bactéria
chamada Samonela typhosa.
Sintomas – Os sintomas da febre tifóide e do tifo variam com a evolução
da doença. 1ª semana: pode começar como um resfriado comum ou gripe, com
dor de cabeça e garganta irritada. A febre sobe um pouco por dia, até chegar a
40º ou mais. O pulso, muitas vezes, fica lento. Vômitos, diarréias ou obstipação
também podem aparecer, durante a primeira semana. 2ª semana: febre alta e
pulso lento. Manchas rosadas podem aparecer pelo corpo. Tremores, delírios,
convulsões, fraqueza, perda de peso e desidratação são outros sintomas da
segunda semana. Finalmente, na terceira semana, se não houver
complicações, a febre e os outros sintomas desaparecem lentamente.
Ciclo – Depois da contaminação, e antes do aparecimento dos primeiros
sintomas, há um período de incubação de aproximadamente 10 a 12 dias.
Contágio – A febre tifóide transmite-se das fezes para a boca, através
de alimentos e água contaminados. O tifo transmite-se por picada de piolho,
carrapato e pela pulga do rato. Tanto febre tifóide quanto o tifo podem
transformar-se em epidemia, atacando grande número de pessoas.
Prevenção – São muitos os cuidados a serem tomados, a fim de evitar
essas doenças. Entre as principais medidas, recomenda-se: beber só água
tratada ou fervida; tomar cuidados especiais, por ocasião de enchentes,
quando a contaminação é maior; impedir que alimentos e água sejam
contaminados por fezes, o que exige limpeza e higiene pessoais; matar
piolhos, carrapatos e ratos.
Tratamento – Além de buscar auxílio médico e seguir suas instruções,
aos primeiro sinais da doença, é importante guardar repouso, ingerir muitos
líquidos e alimentos nutritivos.
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ò Malária
Definição – Também conhecida por impaludismo, maleita e outros
nomes, atinge várias regiões da Terra, especialmente países tropicais como o
Brasil. Em todo o mundo, há cerca de 200 milhões de pessoas com malária, o
que provoca aproximadamente dois milhões de mortes anuais. No Brasil, o
número de pessoas atingidas pela moléstia é calculado em dois a três milhões.
A malária é uma infecção do sangue provocada por um protozoário do
gênero Plasmodium, transmitido ao seu humano pelas fêmeas dos mosquitos
do gênero Anopheles.
Sintomas – A cada dois ou três dias, o doente sofre um ataque, que
dura várias horas e apresenta três estágios: 1º) calafrios e tremores, durando
de 15 minutos a uma hora, às vezes, acompanhados de dor de cabeça; 2º)
febre de até 40º ou mais, fraqueza, pele avermelhada e delírios; 3º) suor e
diminuição da temperatura, além de muita fraqueza do organismo. Se a malária
for prolongada, pode acarretar aumento do baço e anemia.
Ciclo – Com a saliva, que o mosquito transmissor injeta no sangue da
vítima na hora da picada, inúmeros plasmódios caem na corrente sangüínea.
Os parasitas atingem as células do fígado, onde se reproduzem durante cerca
de uma semana. Milhares deles são então liberados para o sangue. Invadem
os glóbulos sangüíneos, onde alimentam e crescem, destruindo as hemácias, o
que provoca a liberação de substâncias tóxicas e acessos de febre.
Há vários tipos de protozoários causadores de malária. Um deles é o da
malária maligna, que provoca recaídas e pode levar ao entupimento de vasos e
à morte.
Contágio – Se um mosquito não-infectado sugar o sangue de alguém
que tem malária, absorve o parasita da doença. Esse, depois de várias
reproduções, dá origem a inúmeros filhotes, que chegam às glândulas salivares
do mosquito, de onde penetram no organismo humano por ocasião da própria
picada.
Prevenção – Como os mosquitos colocam seus ovos em poças de água
parada, a prevenção da doença pode ser feita pela drenagem e limpeza das
regiões alagadas. Além disso, podem ser utilizadas substâncias que matam as
larvas dos mosquitos. Peixes larvófagos também são eficazes neste sentido. O
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uso de inseticidas permite a eliminações dos insetos adultos. Mosquiteiros,
telas nas janelas e outros meios oferecem proteção contra os mosquitos.
Tratamento – Como os mosquitos se contaminam ao picar uma pessoa
doente, a qualquer sinal de malária deve-se procurar um médico, para os
exames de sangue específicos e o tratamento adequado.
ò Doença de Chagas
Definição – Tem esse nome em homenagem ao seu descobridor, o
médico brasileiro Carlos Chagas. Chama-se também tripanossomíase
americana, por ser uma infecção que ataca principalmente as células de
glândulas e músculos. É produzida por um protozoário de nome Trypanosoma
cruzi ou, simplesmente, tripanossomo. Se a mulher for contaminada durante a
gravidez, o feto também pode ser afetado.
Sintomas – O coração é o órgão mais atingido, apresentando
taquicardia ou aumento dos batimentos, aumento do volume de suas cavidades
e das paredes.
Ciclo – As pessoas afetadas pela doença de Chagas perdem a saúde
aos poucos, tendo reduzida sua capacidade de trabalho. Geralmente, a morte
ocorre 15 a 20 anos depois da contaminação.
Contágio – Os transmissores da doença são percevejos conhecidos
como barbeiros, chupanças ou procotós, que vivem nas frestas de paredes de
casas de pau-a-pique. O barbeiro ataca pessoas quando estão dormindo,
sugando seu sangue. Ao mesmo tempo em que enche seu intestino de sangue
humano, o barbeiro deixa suas fezes na região picada. Ao coçar o local, o
indivíduo facilita a penetração dos tripanossomos através da pele. Estes se
reproduzem e passam para a corrente sangüínea.
Prevenção – A única forma de acabar com a doença é acabar com as
casas de pau-a-pique ou, ao menos, construí-las de forma a não deixar frestas
e buracos, onde os barbeiros possam alojar-se e reproduzir-se. Outro meio
importantíssimo é o combate ao barbeiro e sua destruição.
Tratamento – Atualmente, ainda não existe cura para a doença de
Chagas. Pode-se, quando muito, retardar a morte através de um atendimento
médico adequado.
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ò Dengue
Definição – Doença infecciosa causada por quatro tipos diferentes de
vírus e transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Costuma aparecer de forma epidêmica no verão, quando as chuvas são mais
freqüentes.
Sintomas – A dengue clássica provoca dores de cabeça e muscular,
erupções na pele, febre e aumento das glândulas linfática. Na dengue
hemorrágica, o doente apresenta ainda hemorragias gastrointestinais,
cutâneas, gengivais e nasais; se não for tratada a tempo pode levar à morte em
50% das casas.
Ciclo – A doença desaparece após uma semana aproximadamente.
Contágio – O contágio se dá através da picada dos mosquitos
transmissores.
Prevenção – Aplicação de inseticidas, e principalmente a eliminação de
focos de água parada e limpa, onde ocorre a reprodução do mosquito
Tratamento – Além de procurar auxílio médico, é preciso repouso,
ingerir muitos líquidos e alimentos nutritivos.
ò Toxoplasmose
Definição – Doença que está se expandindo, causada por um parasito
do tipo protozoário. Embora seja quase sempre benigna, pode causas lesões
oculares, acarretando perda parcial da visão. Trata-se de uma doença perigosa
para mulheres grávidas, pois o protozoário pode localizar-se no feto e provocar
aumento ou diminuição do tamanho do crânio, retardamento mental e, até, a
morte.
Sintomas – É muito difícil reconhecer a toxoplasmose, pois seus
sintomas são semelhantes aos de várias outras doenças: mal-estar, dores de
cabeça e dos músculos, febre que dura semanas ou meses, aumentos dos
gânglios linfáticos. Testes de laboratório são auxiliares importantes no
diagnóstico.
Ciclo – Geralmente a doença evolui de forma benigna, por semanas ou
meses, desaparecendo sem maiores conseqüências para o organismo.
Contágio – Através do contato com animais domésticos, principalmente
o gato, e por meio de suas fezes. Os protozoários eliminados nas fezes do gato
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podem durar meses no solo úmido, de onde são disseminados por moscas,
baratas e minhocas, podendo ser ingeridos pelo ser humano, nos alimentos,
principalmente carne mal-cozida.
Prevenção – As gestante, de modo especial, devem evitar contato com
animais domésticos, lavando sempre as mãos quando tocarem em objetos nos
quais os animais encostaram.
Tratamento – O controle e o tratamento médico, especialmente no caso
de gestantes, são indispensáveis para evitar graves conseqüências.
ò Leishimaniose
Doença transmitida por um protozoário, através da picada da fêmea de
mosquitos da família Phlebotomidae. Também denominada úlcera de Bauru,
por ser freqüente na região desse muncípio paulista, a leishmaniose
normalmente não leva à morte, mas provoca lesões que deformam a pele, a
boca e a faringe, são dolorosas e dificultam a alimentação.
A doença atinge inicialmente a pele das pernas, dos braços, do rosto e
de outras regiões descobertas. Passa depois pela corrente sangüínea, para a
boca, o nariz e a faringe.
O uso de telas, mosquiteiros e repelentes podem dificultar a ação dos
mosquitos, quanto antes for providenciado tratamento médico, maiores as
chances de que não permaneçam as mutilações da doença.
2.8.15. Doenças menos freqüentes
Febre amarela – É causada por vírus transmitido por algumas espécies
de mosquito. Três a seis dias após a picada, aparecem febre alta, calafrios, do
de cabeça e dos músculos, náuseas, vômitos etc. Depois de dois ou três dias,
o vômito fica escuro, como conseqüência de hemorragias internas, e a pele fica
amarelada, por causa do mau funcionamento do fígado. Uma semana depois, o
doente começa a ficar bom. Entretanto, podem ocorrer complicações e, em
10% dos casos, verifica-se a morte dos doentes. O tratamento médico nada
mais faz do que compensar a desidratação e a perda de sangue, enquanto o
organismo se recupera. A vacinação antes de penetrar em regiões endérmicas
é indispensável para evitar a contaminação.
Botulismo – É uma toxi-infecção alimentar causada por uma toxina
produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Geralmente a toxina se
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desenvolve em alimentos enlatados ou outros, acondicionados em embalagens
diversas e que permanecem a uma temperatura superior a 15 graus; salsichas,
salames, chouriços, queijos etc. O controle e a fiscalização na elaboração dos
alimentos, visando à higiene pessoal e ambiental, são importantes para evitar a
intoxicação alimentar.
Leptospirose – Infecção transmitida por parasitas patogênicos,
chamados leptospiras, cujos principais hospedeiros são animais selvagens e
domésticos. O principal transmissor é o rato, embora gatos, cães e outros
animais também sejam veículos da doença.
O contágio pode ser direto ou indireto. O contágio indireto ocorre através
da urina do animal infectado, que chega ao homem principalmente através da
água que bebe ou com a qual se lava. Daí a importância de se ferver toda água
de beber, principalmente em ocasiões de enchentes.
A umidade favorece a propagação da doença. Por isso, são mais
freqüentes os casos em épocas de chuvas copiosas e de inundações. Fatores
como a acidez do solo e da urina, temperatura elevada e clima seco dificultam
a sobrevivência das leptospira.
Os sintomas mais comuns de leptospirose são febre, dor de cabeça,
rigidez da nuca, prostração e icterícia. Muitas vezes a doença não é
reconhecida imediatamente, sendo confundida com outras enfermidades como
meningite, hepatite etc. A letalidade da doença torna-se tanto maior quanto
mais avançada a idade. Pode chegar a 20% dos casos ou mais quando
acompanhada de icterícia e comprometimento renal.
2.9. NOÇÕES DE PRIMEIROS SOCORROS
São apresentadas neste item as primeiras providências que devem ser
tomadas em casos de acidentes. Muitas vezes, se essas medidas não forem
aplicadas, não há tempo de o indivíduo chegar ao médico com vida. Isso não
significa que o socorro deve limitar-se aos cuidados aqui sugeridos. Sempre,
principalmente nos casos mais graves, depois dos primeiros socorros, deve-se
procurar auxílio médico.
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2.9.1. Febre
A febre, ou a temperatura do corpo acima da normal, pode resultar de
várias doenças. Nos casos de febre, devem ser adotados os seguintes
procedimentos: tirar todas as cobertas e roupas da criança pequena, pois estas
fazem a temperatura subir; se possível, ficar ao ar livre; tomar um antitérmico,
bastante água, sucos e outros líquidos; descobrir e tratar a causa da febre.
A febre muito alta é perigosa: pode causar convulsões ou, mesmo,
danos permanentes ao cérebro, com paralisia, retardamento mental, epilepsia
etc. A febre muito alta é mais perigosa em crianças pequenas. Por isso,
quando ela atinge 40ºC ou mais, é preciso baixá-la com urgência. Além da
ingestão de um antitérmico, é aconselhável tirar toda a roupa do corpo; ventilar
e derramar água fria sobre o corpo ou colocar panos encharcados de água
fresca sobre o peito e a testa ou, ainda, dar banho morno (quase frio), deixando
a criança durante algum tempo dentro da água. O médico deve ser procurado
com urgência.
2.9.2. Estado de choque
O estado de choque acontece quando a pressão arterial fica muito baixa.
Suas causas podem ser uma dor muito intensa, uma grande queimadura, uma
hemorragia grave ou outro problema de saúde grave.
O estado de choque manifesta-se através de três sinais importantes:
pulso fraco e rápido (mais de 100 batimentos cardíacos por minuto); suor frio,
pele fria, úmida e pálida; confusão mental, fraqueza ou perda da consciência.
A pessoa em estado de choque está com a vida em perigo. Deve ser
socorrida imediatamente. Os procedimentos indicados são: deitar com os pés
mais altos que a cabeça; se estiver com frio, cobrir com um cobertor; se estiver
consciente, tomar água, ou outra bebida, morna; se estiver com dor, tomar um
analgésico; manter a calma e a tranqüilidade.
Quando houver perda de consciência, deve-se deitar a pessoa de lado,
com a cabeça abaixada, um pouco inclinada para trás; se estiver engasgado
com a língua, puxá-la para fora; se vomitar, limpar logo a boca; não dar nada
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por via oral até voltar à consciência. O médico deve ser procurado, logo que
possível.
2.9.3. Asfixia
A pessoa está asfixiada quando não consegue mais respirar, ficando
sufocada. As causas mais comuns de asfixia são o engasgamento, por algo
preso na garganta, e o afogamento, através da ingestão exagerada de água. A
asfixia é extremamente perigosa, pois uma pessoa não pode viver mais do que
quatro minutos sem respirar. O socorro deve ser imediato.
Em casos de engasgamento, proceda da seguinte forma: ponha-se de
pé, atrás da pessoa engasgada e abrace-a pela cintura; coloque seus punhos
de encontro ao estômago dela, acima do umbigo e abaixo das costelas; aperte
a barriga dela de repente, com uma intensa sacudidela para cima.
Se a pessoa for muito mais alta que você, deite-a de costas; deite-se
sobre ela, ponha seus punhos entre o umbigo e as costelas delas, e dê um
forte e rápido empurrão para cima; repita a operação tantas vezes quantas
necessárias, até que o objeto preso na garganta seja expelido. Se o objeto não
sair, leve-a ao pronto-socorro. Somente em último caso, quando houver uma
obstrução total, deve-se tirar o objeto preso com os dedos. Caso a pessoa não
consiga respirar, deve-se iniciar imediatamente a respiração boca a boca,
como indicamos a seguir.
Em casos de afogamento, mais urgente mesmo do que tirar a água dos
pulmões e do estômago do afogado, é a respiração boca a boca: retire
rapidamente o que estiver na boca ou na garganta do indivíduo; deite-o com o
rosto para cima, a cabeça levemente inclinada para trás e o queixo empurrado
para frente; se a língua estiver obstruindo a entrada de ar, puxe-a com a sua e
sopre com força até que o peito dela e levante; faça uma pausa, para o ar sair,
e sopre de novo, cerca de 15 vezes por minuto. Se for recém-nascido, sopre
delicadamente 25 vezes por minuto. Continue, até a pessoa voltar a respirar
por si mesma, o que 1às vezes demora até uma hora ou mais.
Se você conseguir soprar o ar nos pulmões do afogado, coloque-o
imediatamente com a cabeça mais baixa que os pés e empurre a barriga, como
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no caso de engasgamento, para que seu organismo elimine a água ingerida.
Em seguida, inicie rapidamente a respiração boca a boca.
2.9.4. Emergências do calor
Entre os acidentes mais comuns, como resultado do excesso de
exposição ao sol, podemos citar as cãibras, o esgotamento e a insolação.
Cãibras pelo calor – Trabalhando muito, sob um sol intenso, a pessoa
pode sentir cãibras dolorosas nas pernas, nos braços ou no estômago.
Resultam da perda de sal, pelo suor. Para tratá-las, basta que beba um líquido
comporto de uma colher de chá de sal, um litro de água fervida e, se possível,
algumas gotas de suco de limão ou laranja.
Esgotamento pelo calor – Suor, pele fria e pálida, pupilas dilatadas,
temperatura normal, fraqueza e eventual desmaio podem ser conseqüências
do esgotamento resultante de um trabalho intenso, sob um sol forte. Nesse
caso, a pessoa deve ser mantida deitada, em local fresco, com os pés
erguidos. Esfregue suas pernas e dê-lhe água salgada para beber.
Insolação – Em caso de insolação, a pele fica avermelhada, muito seca
e quente, mesmo nas axilas. A pessoa fica com febre muito alta e, muitas
vezes, perde a consciência. A temperatura do corpo deve ser baixada
imediatamente, colocando-se a pessoa na sombra e ensopando-a com água
fria ou gelada. O médico deve ser procurado logo que possível.
2.9.5. Hemorragias
Pequenos sangramentos podem ser estancados pela própria coagulação
natural do sangue. Nesse casos, basta desinfetar o ferimento com água e
sabão e água oxigenada, aplicando-se em seguida um antisséptico.
Em casos de ferimentos mais profundos, quando a hemorragia não pára
por si mesma, deve-se levantar a parte ferida do corpo, apertar o ferimento
com um pano limpo ou com a própria mão (se não houver pano), até que o
sangramento pare. Isso pode demorar de 15 minutos a uma hora ou mais.
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Se a hemorragia não cessar, além de pressionar o ferimento e mantê-lo
elevado, deve-se amarrar o braço ou a perna o mais perto possível da ferida,
entre esta e o corpo, apertando o suficiente para controlar o sangramento. Para
amarrar, deve-se usar um pano dobrado ou um cinto, nunca um cordão, fio ou
arame, A cada 20 minutos, afrouxar o laço, para ver se o sangramento parou e
para permitir que o sangue circule. Se o sangue não puder circular, o indivíduo
pode vir a perder o braço ou a perna. O médico deve ser procurado
imediatamente.
Se a hemorragia for no nariz, a pessoa deve sentar-se com a cabeça
inclinada para trás, e apertar o nariz com força, durante dez minutos, ou até
que o sangramento pare. Pode-se colocar um saco de gelo na nuca e
compressas frias sobre a testa e o nariz. Se a hemorragia continua, enfiar um
chumaço de algodão em cada narina, se possível molhado em água oxigenada
ou vaselina, deixando parte do algodão fora das narinas; aperte o nariz,
durante cinco minutos. Mesmo que tenha parado a hemorragia, pode-se deixar
o algodão no nariz durante alguma horas e, depois, retirá-lo com cuidado.
2.9.6. Ferimentos
Em casos de pequenos ferimentos, deve-se tomar muito cuidado para
que não provoquem infecções. A limpeza é importante, pois além de evitar as
infecções, ajuda a cicatrizar. Primeiro, lave bem as mãos com água e sabão.
Depois lave o ferimento com água fervida e sabão de lavar roupa, nunca
sabonete; levante a pele, se necessário, par tirar toda a sujeira; enxágüe bem a
ferida. Nunca se deve usar álcool, iodo ou mertiolate diretamente sobre a
ferida, pois isso danifica o tecido e torna mais lenta a cicatrização; violeta de
genciana é mais indicada.
Quando o ferimento for mais grave, causado por objeto sujo, dentes de
animais, faca canivete etc., deve-se tomar mais cuidado, pois o perigo de
infecção é maior. Deve-se lavar bem a ferida com água e sabão, retirando toda
a sujeira, coágulos de sangue e tecido morto, utilizando uma seringa ou uma
pêra de borracha. Em seguida, enxágua-se a ferida com solução de
permanganato de potássio; passa-se violeta de genciana ou um pouco de
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pomada antibiótica; deixa-se a ferida aberta, apenas coberta com atadura
limpa. Se houver perigo de infecção, deve-se procurar ajuda médica.
2.9.7. Abdome agudo
O abdome agudo abrange uma série de condições súbitas e graves do
intestino, que podem exigir uma cirurgia imediata, para impedir a morte. Muitas
vezes, só se descobre a causa do abdome agudo quando o médico realiza a
cirurgia. Dor intestinal muito forte, que piora sempre mais, com vômitos, mas
sem diarréia, pode ser sinal dessa enfermidade e a pessoa deve ser levada
imediatamente ao hospital. Obstrução intestinal (nó nas tripas), apendicite e
peritonite são os três casos principais de abdome agudo.
Obstrução intestinal – Ocorre quando uma parte do intestino fica
rampada, presa dentro de outra alça do intestino, em conseqüência de um bolo
ou novelo de vermes, ou por outra razão. A barriga fica dura, inchada, dolorida
e silenciosa, pois os intestinos param de mexer. A pessoa vomita com muita
força e o vômito pode conter bile verde e cheirar mal, como fezes.
Apendicite – É a infecção do apêndice, pequeno saco, em forma de
dedo, preso ao intestino grosso, na parte inferior direita do abdome. Sinais de
apendicite: dor constante, que piora cada vez mais; muitas vezes, a dor
começa ao redor do umbigo. Pode haver perda de apetite, vômitos, febre leve e
“intestino preso”.
Peritonite – Ocorre quando o apêndice ou outra parte do intestino se
rompe ou é rasgada. Consiste na infecção aguda e grave do tecido que forra a
cavidade abdominal e forma a bolsa que sustenta o intestino. A barriga fica
dura como uma tábua e a dor é muito forte, mesmo se o ventre for tocado de
leve.
2.9.8. Queimaduras
As queimaduras podem ser de primeiro, de segundo ou de terceiro grau.
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Queimaduras de 1º grau – São queimaduras que não formam bolhas.
Deve-se colocar a parte queimada em água fria, imediatamente, e tomar um
analgésico para diminuir a dor. Nada mais é necessário.
Queimaduras de 2º grau – são queimaduras que formam bolhas. Não
se deve romper as bolhas. Se estas estiverem rompidas, deve-se lavar a
queimadura com cuidado, usando água fervida fria e sabão. Se houver
vaselina, esta deve ser esquentada até ferver, para esterilizá-la, passando-a
depois sobre um pedaço de gaze, colocada sobre a queimadura. Se não
houver vaselina, deixa-se a queimadura descoberta. Não passar nada. Um
analgésico pode ser tomado para combater a dor. Caso surjam sinais de
infecção, como pus e mau cheiro, fazer compressas de água quente com sal
(uma colher de chá de sal para um litro de água) três vezes ao dia. Se a área
queimada for grande, a pessoa deve tomar muito líquido e procurar auxílio
médico.
Queimadura de 3º grau – São queimaduras profundas, em que a pele é
destruída e a carne crua ou queimada fica exposta. Deve-se procurar um
médico imediatamente. Se isto não for possível, deve-se tratá-la como no caso
da queira de 2º grau. Se a área queimada for muito grande, maior que o dobro
da mão, dar ao paciente, até que ele urine seguidamente, a seguinte bebida: 1
litro de água + ½ colher de chá de sal – ½ colher de chá de bicarbonato de
sódio + 2 ou 3 colheres de sopa de açúcar ou mel de abelha e, se possível, um
pouco de suco de limão ou laranja.
2.9.9. Emergência dos ossos
O acidentes ósseos mais comuns são as fraturas, as luxações e as
torceduras.
Fratura – Trata-se da quebra de um osso, em virtude de uma pancada,
queda ou outro acidente. Em caso de qualquer fratura, o principal é manter o
osso em posição fixa, o que pode ser feito com talas de madeira ou papelão. A
pessoa deve ser levada a um hospital, para que o osso quebrado seja
reduzido, isto é, colocado na posição normal. Quanto mais velha a pessoa,
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mais tempo demora a consolidação da fratura. Um braço quebrado deve ficar
imobilizado por um mês, e não deve ser forçado durante mais um mês; uma
perna fraturada deve imobilizar-se por cerca de dois meses.
Luxação – Ocorre quando o osso de uma junta sai do lugar, é
“destroncado”. Quanto antes o osso for colado em seu local, melhor. Depois, a
junta deve ficar firmemente enfaixada, durante cerca de um mês; não se deve
forçar o membro durante dois ou três meses.
Torcedura, entorse ou distensão – Trata-se de torção de uma junta.
Muitas vezes, só uma radiografia permite saber se houve torcedura ou fratura.
Para evitar a dor e o inchaço, a parte afetada deve ser mantida em posição
elevada. Durante as primeiras 24 horas, coloque gelo ou panos frios sobre a
junta inflamada. Depois de período, ponha a região torcida, várias vezes ao dia,
em água quente. De nada adianta esfregar ou massagear torceduras e
fraturas. Só pode piorar a situação. Para diminuir a dor, pode-se tomar um
analgésico. A região torcida também deve ser enfaixada, para manter-se
imobilizada durante duas ou três semanas.
2.9.10. Envenenamento
Produtos venenosos devem ser mantidos fora do alcance das crianças.
Nunca se deve usar garrafas de refrigerante para guardar gasolina ou veneno,
ou produtos domésticos como água sanitária, detergente, soda cáustica etc.
Em caso de suspeita de envenenamento, faça a pessoa vomitar,
colocando o dedo em sua garganta ou fazendo-a beber água com sabão ou
sal, ou dê-lhe o chá de losna. Faça a pessoa tomar bastante leite, ovos batidos
ou farinha misturada com água; uma vez ingeridos esses alimentos, obrigue o
indivíduo a vomitar, até que a substância expelida esteja clara. Não provoque
vômito em quem engoliu querosene, gasolina, um ácido forte ou uma
substância corrosiva, como a soda cáustica. Quanto antes você conseguir
auxílio médico, melhor para a vítima do envenenamento.
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2.9.11. Picadas
As picadas venenosas mais comuns e mais perigosas, sobretudo para
crianças, são as de cobra, aranha e escorpião.
Picada de cobra – A primeira coisa a fazer, especialmente se o recurso
médico for demorado, é saber se a cobra é venenosa. As picadas de cobra
venenosa e não-venenosa são diferentes.
A picada de cobra venenosa deixa um ou dois pontos ou riscos.
Raramente esse tipo de cobra deixa a marca dos outros dentes.
A picada da cobra não-venenosa deixa duas fileiras de marcas de
dentes, que parecem um serrilhado.
Em casos de picada venenosa, deve-se procurar socorro médico
urgente ou alguém que aplique um soro antiofídico. Se precisar andar,
movimente o menos possível a parte afetada; quanto maior o movimento, mais
o veneno se espalha.
Picada de aranha – Geralmente as picadas de aranha são muito
doloridas, mas não perigosas para os adultos. Pode-se colocar a parte afetada
em água quente ou aplicar compressas quentes. Se necessário, principalmente
em crianças, procurar ajuda médica.
Picada de escorpião – A picada de certos escorpiões existentes em
Minas Gerais, Goiás e Bahia pode ser mortal para a criança. Esta precisará
tomar soro contra o veneno de escorpião. Para o adulto, basta tomar um
analgésico para diminuir a dor. Pode-se, também, passar um anestésico no
local e aplicar compressas quentes.
2.9.12. Choque elétrico
A primeira coisa a fazer é desligar a chave geral, a tomada ou os
fusíveis. Caso isso não seja possível, a vítima deve ser afastada da
eletricidade, com a utilização de um material seco, que não seja condutor de
eletricidade, como um galho de árvore ou um pedaço de madeira secos, luvas
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grossas de borracha, ou várias camadas de jornais ou panos secos. Após a
separação, caso a vítima não esteja respirando, deve-se iniciar imediatamente
a respiração artificial e a massagem cardíaca e procurar socorro médico.
2.9.13. Desmaios e convulsões
A perda súbita dos sentidos – o desmaio – pode resultar de emoções
fortes e súbitas, de fadiga intensa, de fome ou de nervosismo. O indivíduo
começa por sentir tonteira e fraqueza, fica pálido e começa s suar frio, seu
pulso e sua respiração ficam fracos, a vista fica escura e ele cai.
A pessoa que desmaiou deve ser deitada de costas, com a cabeça mais
baixa que os pés, suas roupas devem ser soltas e o ambiente deve ser
arejado. Seu rosto deve ser molhado com água fria e batido com leves
palmadas. Em caso de necessidade, deve-se fazer massagem cardíaca e
respiração artificial. Deve-se procurar o médico sempre que o desmaio durar
mais que um ou dois minutos.
Quando alguém sente que vai desmaiar, deve sentar-se, curvar-se para
a frente, colocar a cabeça entre as pernas, abaixo dos joelhos, e respirar
profundamente.
As convulsões consistem na perda repentina de consciência,
acompanhada de contrações involuntárias dos músculos, que provocam
movimentos desordenados. A vítima deve ser deitada sem impedir-lhe os
movimentos, a não ser em caso de perigo. Deve-se virar sua cabeça de lado e
colocar um pedaço de pano entre seus dentes, para evitar que morda a língua.
Após as convulsões, deixar o indivíduo deitado e procurar um médico.
Em casos de convulsões infantis causadas por febre muito alta, deve-se
dar um banho frio de imersão por dez a quinze minutos e levar imediatamente
a criança ao médico.
2.9.14. Corpos estranhos
Quando um objeto estranho for engolido por uma criança, não há a
necessidade de dar-lhe purgantes ou vomitórios. Deve-se observar suas fezes
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por um ou dois dias, para ver se o objeto é eliminado. Caso não o seja,
procurar um médico.
Se partículas de poeira, grãos o outros corpos penetrarem no olho, não
se deve esfregar o olho. Deve-se fazer a vítima fechar os olhos e piscar muitas
vezes. Se o corpo estranho for visível, pode-se tentar retirá-lo com a ponta
úmida de um lenço limpo, com muito cuidado. Se forem muitas as partículas, o
olho deve ser mergulhado na água, movimentando-se o globo ocular. Nunca se
deve tentar retirar corpos estranhos encravados no globo ocular. Deve-se
procurar um médico.
Nunca se deve introduzir arame, palito, pinça ou qualquer outro
instrumento dentro do ouvido. Procurar retirar o corpo estranho com o dedo. Se
for um inseto, pode-se pingar algumas gotas de óleo comestível, mantendo o
ouvido virado para cima por alguns minutos. Em seguida, vira-se o ouvido para
baixo, fazendo com que saiam o óleo e o inseto. Depois o ouvido deve ser
lavado com água morna, utilizando um conta-gotas ou uma seringa. Se o corpo
estranho não tiver saído, procurar um médico.
Uma agulha e uma pinça, depois de devidamente esterilizadas, podem
ser utilizadas para retirar espinhos e farpas encravadas na pele. O local deve
ser lavado e desinfetado. Depois ergue-se a pele com a agulha e puxa-se a
farpa ou o espinho com a pinça.
2.10. MEDICAMENTOS E REMÉDIOS
Neste item, além de alguns sinais vitais, que nos avisam quando alguma
doença pode estar se instalando em nosso corpo, verificamos algumas noções
gerais sobre medicamentos e remédios, e os cuidados que devemos ter com
eles. Uso correto de medicamentos, caixa de remédios caseiros e importância
da água são os aspectos analisados.
2.10.1. Sinais vitais
Alguns sinais podem indicar anormalidades no funcionamento do
organismo. Entre outros, citamos a temperatura do corpo, os batimentos
cardíacos, a respiração e a pressão arterial.
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Temperatura – Temos, neste caso, as seguintes indicações:
• Abaixo de 35ºC: temperatura muito baixa;
• Acima de 37ºC: febre;
• Acima de 39ºC: febre alta.
Batimentos cardíacos – A pessoa em repouso, de acordo com a idade,
apresenta um número normal de batidas por minuto:
• Adulto: 60 a 80 batimentos cardíacos por minuto;
• Criança: 80 a 100 batimentos cardíacos por minuto;
• Bebê: 100 a 140 batimentos cardíacos por minuto.
Respiração – O número normal de respirações por minuto, para a
pessoa em repouso, também varia conforme a idade:
• Adulto e criança maior: 12 a 20 respirações por minuto;
• Criança pequena: até 30 respirações por minuto;
• Bebê: até 40 respirações por minuto.
Mais de 40 respirações por minuto, geralmente, indicam pneumonia.
Pressão arterial – Embora haja grande variação de uma pessoa a
outra, considera-se como normal a pressão 120/80 ou 12 por 8.
2.10.2. Cuidado com os remédios
Muitas vezes, exageramos na utilização de medicamentos. Para serem
benéficos, devem ser usados corretamente: só o remédio certo, empregado da
forma certa, produzirá o efeito certo. O medicamento errado ou o medicamento
certo utilizado de maneira errada são prejudiciais à saúde e podem até matar.
Nunca use medicamentos perigosos para doenças sem gravidade.
No uso de medicamentos, é importante observar as seguintes regras
gerais:
• Só use remédios quando estritamente necessário, a critério
médico.
• Verifique o uso correto e os cuidados necessários para todo
medicamento a ser tomado. Verifique as contra-indicações e os efeitos
colaterais: para curar uma doença sem gravidade, não se pode utilizar um
medicamento perigoso.
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• Tenha certeza da dose certa.
• Se o medicamento usado corretamente, a critério médico, não faz
efeito ou traz problemas, pare de usá-lo e procure o médico novamente.
• Observe o prazo de validade: nunca tome remédios com data
vencida.
• Nenhum medicamento faz mal só porque é tomado junto com
certos alimentos – carne de porco, pimenta, goiaba, laranja ou qualquer
outro. Mas as comidas gordurosas e com muito tempero podem piorar os
problemas do estômago e do intestino. Alguns remédios podem causar uma
reação grave com o álcool.
• Muito cuidado com o uso de medicamentos no recém-nascido.
• Pessoas com problemas de saúde devem ter cuidado com certos
remédios e suas dificuldades devem ser comunicadas ao médico. Pessoas
com azia ou úlcera, por exemplo, devem evitar medicamentos que contém
aspirina.
• Não é certo que as injeções são melhores do que a via oral.
Muitas vezes, o medicamento tomado pela boca produz o mesmo efeito, ou
resultados superiores aos da injeção. Muitos medicamentos são mais
perigosos quando injetados do que quando empregados por via oral.
• Como regra geral, não se deve usar injeções de vitaminas, pois
são mais perigosas e menos eficazes que as drágeas. Vitamina B12 e
extrato hepático, por exemplo, não fazem efeito sobre a anemia e a
fraqueza, a não ser em casos raros. Para a anemia, quase sempre, drágeas
de ferro produzem melhores resultados. O melhor mesmo é gastar dinheiro
na compra de alimentos nutritivos: são melhores que vitaminas em drágeas;
vitaminas em drágeas são melhores que vitaminas líquidas e estas, por sua
vez, são melhores que as injetáveis.
• A “alimentação” pelas veias, através de soro ou soluções
intravenosas nada mais é que água pura com um pouco de sal ou açúcar:
dá menos energia do que um grande pirulito e faz o sangue ficar mais fino;
não melhora a anemia nem fortalece a pessoa. As soluções intravenosas só
devem ser usadas quando o paciente não consegue tomar nada pela boca,
está muito desidratado, com queimaduras ou outras doenças graves. Se ele
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consegue engolir, o melhor é dar-lhe líquido reidratante, por via oral. Comer
alimentos nutritivos, se possível, é melhor que tomar líquido reidratante.
• Laxantes e purgantes podem ser perigosos para o bebê e para a
pessoa muito fraca ou desidratada. Não é verdade que limpam impurezas
do corpo e trazem saúde. Os laxantes são mais fracos, amolecem as fezes;
os purgantes causa diarréia. Os laxantes, como leite de magnésia, podem
ser usados em pequenas doses, para combater a obstipação. A única
ocasião que exige uma dose forte de purgante é quando alguém engoliu
veneno e deve eliminá-lo depressa. A melhor solução para obter fezes mais
macias e freqüentes é comer alimentos com muitas fibras naturais e
celulose, como mandioca, aipim e cereais integrais; beber muita água e
comer frutas, como goiaba, abacaxi, bem como o bagaço de outras, como a
laranja.
• Se o uso de qualquer medicamento deve ser limitado aos casos
de real necessidade, com muito mais razão tal regra deve ser observada
em relação aos antibióticos. Estes podem causar intoxicação e reações
alérgicas. Podem eliminar as bactérias benéficas, juntamente com as
prejudiciais e, por isso, prejudicar o equilíbrio natural do organismo. Podem
aumentar a resistência das bactérias contra as quais são utilizados e, a
longo prazo, dar menos resultados. Por isso, os antibióticos só devem ser
usados em casos especiais, quando nenhum outro remédio produz
resultados, e sempre a critério médico.
• Cuidado com os medicamentos cuja publicidade é feita em rádio,
televisão e outros meios de comunicação. Geralmente são inócuos,
principalmente os “fortificantes”. Além disso, o efeito de um remédio não
depende apenas de sua fórmula, mas do organismo do indivíduo. Daí a
importância do exame de cada caso e da receita individual do
medicamento.
• Evitar sempre a automedicação, pois esta pode acarretar
conseqüências graves. O melhor, sempre que possível, é consultar um
médico. Mesmo tendo consultado um médico, as regras anteriores são
importantes. Observe, por exemplo, se há muita discrepância entre as
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dosagens indicadas na bula e as recomendadas pelo médico. Em casos de
dúvida, volte ao consultório.
2.10.3. Caixa de remédios
Em casa e na escola, é aconselhável ter uma caixa com os remédios
necessários aos primeiros socorros:
• Material para ferimentos e problemas da pele: compressas de
gaze esterilizadas; ataduras de gaze; algodão; esparadrapo; sabonete
desinfetante; álcool a 96º; água oxigenada a 10 volumes; vaselina; vinagre
branco; tesoura limpa e sem ferrugem; pinça pontuda.
• Para medir a temperatura: termômetro.
• Medicamentos:
a) Contra febre e dor: analgésicos e antitérmicos, para
adultos e crianças.
b) Contra desidratação: bicarbonato de sódio, sal e
açúcar.
c) Contra infecções da pele: violeta de genciana a 2%
ou pomada antibiótica.
d) Contra cólica do intestino: anti-espasmódico.
e) Anti-ácido e laxante: leite de magnésia.
f) Contra intoxicação: anti-histamínicos.
2.10.4. Remédios caseiros e plantas
Da mesma forma que os medicamentos, os remédios caseiros só devem
ser usados com cuidado, quando se tem certeza de que não fazem mal e
sabendo-se como usá-los. Há remédios caseiros que ajudam, tão bons ou
melhores que os produtos farmacêuticos. Exemplos: certo chás de erva, feitos
em casa, podem ser tão bons e causar menos problemas, em casos de tosse e
resfriado, do que os medicamentos fortes e xaropes; chás e água adoçada,
para a criança com diarréia, também podem ajudar.
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Mas os remédios caseiros também são limitados: sempre é mais seguro
tratar doenças graves, principalmente infecções, com remédios de laboratório,
sob orientação médica. Às vezes, porém, formas antigas são melhores.
Antigamente, por exemplo, todos acreditavam que o leite de peito era o melhor
alimento para o bebê; depois vieram as fábricas de leite em pó, afirmando que
a mamadeira é melhor. Isso não é verdade, mas muitas mães e até médicos
acreditaram nisso e muitos bebês sofreram e até morreram por infecção.
Muitos remédios caseiros fazem bem porque agem sobre o corpo
doente. Mas cuidado: nenhum remédio caseiro cura certas infecções e
doenças graves, nem picada de animal venenoso. Nesses casos, é necessário
procurar socorro médico imediato.
2.10.5. A importância da água
Às vezes melhoramos de certas doenças comuns, como resfriado e
gripe, sem necessidade de remédios. Nosso corpo, desde que bem nutrido, se
defende e luta contra as doenças. Para isso, é necessário cuidas da higiene e
da limpeza, descansar bastante e alimentar-se bem. Mesmo no caso de
doenças mais graves, o remédio só ajuda; quem vence a doença é o corpo.
Também neste caso, higiene, descanso e alimentação nutritiva são
fundamentais.
Mais da metade do corpo humano é constituído de água. Com a
utilização adequada da água, o número de doenças e mortes, principalmente
em crianças, poderia ser reduzido em 50% Exemplo: a água é importante tanto
para evitar quanto para curar a diarréia. Veja nos quadros que seguem
algumas doenças em que a água é forte auxiliar no tratamento e outras nas
quais é importante fator de prevenção.
DOENÇAS QUE A ÁGUA
AUXILIA NO TRATAMENTOMODO DE UTILIZAR A ÁGUA
1. Diarréia, desidratação Beber bastante líquido
2. Doenças com febre. Beber bastante líquido
3. Febre alta. Molhar o corpo com água morna
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4. Infecções urinárias leves. Beber bastante líquido
5. Tosse, asma, bronquite, pneumonia,
coqueluche.
Beber bastante água e respirar vapor de
água quente
6. Feridas, micoses, caspa, espinhas. Lavar com água e sabão
7. Ferimentos infeccionado, furúnculo. Compressas de água quente e limpeza
8. Músculos e juntas doloridos. Compressas de água quente
9. Lesões da pele, que coçam ou ardem Compressas de água fria
10. Queimaduras leves Água fria, por algum tempo
11. Garganta inflamada (amigdalite) Gargarejos com água morna e sal
12. Substância irritante, sujeira no olhoJogar imediatamente bastante água fria no
olho
13. Nariz entupido Instilar água com sal, com conta-gotas
14. Prisão de ventre, fezes duras Beber bastante água
DOENÇAS QUE A ÁGUA
AUXILIA NA PREVENÇÃOMODO DE UTILIZAR A ÁGUA
1. Diarréia, vermes, infecção intestinalFerver a água para beber, lavar sempre as
mãos etc.
2. Infecções da pele Tomar banho diariamente
3. Feridas que infeccionam, tétano Lavar bem as feridas com água limpa
Fontes: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. São Paulo: Ática, 1998, p. 277.
2.11. DROGAS, SAÚDE E COMPORTAMENTO
Não é suficiente que pais, professores e todas as pessoas que
trabalham com crianças e jovens conheçam as principais drogas e seus efeitos
sobre o organismo. O fundamental, par quem se dedica à educação das novas
gerações, além de tal conhecimento, é a abertura e a disposição para a
compreensão e a orientação.
2.11.1. Algumas das principais drogas e seus efeitos
Existem muitos tipos de drogas e medicamentos que têm propriedade de
excitar ou de deprimir o Sistema Nervoso Central, de alterar a percepção, de
modificar o ânimo, a coragem, o pensamento, o comportamento, a atividade
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motora, O quadro que segue apresenta os principais agentes, seus nomes
mais conhecidos e seus efeitos colaterais.
Dos medicamentos e drogas citados, foram escolhidas quatro para uma
análise mais detalhada: maconha, cocaína, LSD, heroína.
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS MEDICAMENTOSOS
Agentes Nomes familiares Efeitos colaterais/
Perigosos (gerais)Substâncias que estimulam - excitantes
Anfetaminas
Cafeína
Ligador
Café
Estimulação do sistema nervoso(agitação, cefaléia, insônia,verborréia, convulsões)
Antiasmáticos
Vasoconstritores
Adrenalina, aminofilina, isoproterenol
Descongestionantes
Aumento da freqüência cardíaca,pressão arterial, freqüênciarespiratória
Cocaína Coca Depressão intensa quandointerrompida
Substâncias que deprimem - depressores
ÁlcoolBarbitúricosMarijuana
Fenobarbital, seconalGrama, maconha
Depressão do sistema nervoso(letargia, sonolência, coma,diminuição da resposta à dor,depressão respiratória, morte)
Narcóticos Morfina, codeína, heroína Alteração da coordenação, lucidez ereflexos
Tranqüilizantes Torazina, Valium Constipação
Anticonvulsivantes Dilantina Tremores, especialmente com aretiradaDiminuição da pressão arterialOs sintomas da retirada podem serdolorosos, podendo até mesmocolocar em risco a vida do paciente
Substâncias que causam alucinações
LSD Ácido Alucinações
PeioteMescalina
Comportamento psíquico perigoso,incluindo tentativas de suicídioReações de pânicoAlteração da lucidez
Substâncias que causam reações alérgicas
AntibióticosIodetos
Penicilina, sulfasExpectorantes
Choque anafilático – crise aguda, queameaça a vida, semelhante à asma
Virtualmente, qualquer outro agente Eritema, urticáriaEdema, equimoseFebre
Outros efeitos colaterais
Digitais Alterações da função cardíacaPotássio Confusão, incoordenação
virtualmente, qualquer outromedicamento administradoem dose excessiva
Reserpina Vômitos
EsteróidesTranqüilizantes
Espasmos musculares unilaterais,bizarros, estão associados aosprincipais tranqüilizantes, como atorazina
Fontes: SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. São Paulo: Ática, 1998, p. 392.
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ò Maconha
Geralmente utilizada em forma de cigarro ou charuto, a maconha
provém de uma planta herbácea de cerca de dois metros de altura. Os efeitos
da maconha dependem de uma série de fatores; da via de administração, da
quantidade administrada, da interação com outras substâncias e,
principalmente, da própria personalidade do indivíduo.
A primeira experiência pode ser decepcionante: vômito, enjôo,
taquicardia... entre os efeitos imediatos mais freqüentes da maconha podem
ser citados os seguintes:
• aumentos da freqüência cardíaca;
• secura da boca;
• euforia, risos, gracejos, zombaria, perda de inibição no falar, no
vestir, necessidade crescente de rebelar-se contra qualquer
modalidade de proibição etc.
• diminuição da força muscular, fadiga ao menos exercício físico;
• distorção do tempo e do espaço (as horas parecem mais longas);
• alucinações, exaltação dos sentidos do tato, do olfato, do gosto;
• confusão mental, desorientação, delírio, sensação de medo etc.
Quanto à tolerância, as opiniões divergem. Observou-se que a
suspensão repentina do uso da maconha, depois de prolongado período de
intoxicação, provoca vários sintomas, com alterações do humor, perturbações
do sono, diminuição do apetite, irritabilidade, mal-estar abdominal, tremores,
perda de peso etc. Mesmo assim, no processo de desintoxicação, pode-se
interromper totalmente e de uma vez o uso da droga.
ò Cocaína
Extraída das folhas da coca, cultivada principalmente na Bolívia, seu uso
varia de acordo com a região: no amazonas, as folhas são reduzidas a pó,
associando-as a cinzas de certas plantas para fazer uma massa esverdeada,
que é partida em bolas para mascar ou chupar, conservando-as num canto da
boca, que fica anestesiada, assim como a língua e o estômago.
Administrada por via nasal ou injetada por via venosa, a cocaína produz
efeitos imediatos no aparelho cardiovascular, no Sistema Nervoso Central, e
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efeitos imediatos que levam à dependência psíquica e, para alguns, física.
Doses elevadas de cocaína, injetadas por viva venosa, podem produzir crise
hipertensiva, edema pulmonar agudo, arritmias cardíacas e,
conseqüentemente, a morte.
Os efeitos imediatos da cocaína no Sistema Nervoso Central
manifestam-se de maneira geral, por um estado de euforia, bem-estar,
desinibição, hiperatividade, perda de apetite, insônia etc. Esses efeitos
manifestam-se logo, a partir da primeira experiência. Outros efeitos vão
surgindo, à proporção que os experimentos se repetem: agressividade, perda
real do autocontrole, diminuição crescente da força de vontade etc.
A dependência da cocaína apresenta, entre outras, as seguintes
características: forte dependência psíquica; ausência de dependência física,
apesar da síndrome de dependência apresentada se a droga for suspensa
abruptamente; ausência de tolerância; sensibilização aos efeitos da droga; forte
tendência a não interromper a administração da droga. A suspensão abrupta
da droga ocasiona profunda depressão, que pode ser superada por
medicamentos apropriados e pelo apoio psicológico dado por amigos e
companheiros.
ò LSD
O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é um pó branco, inodoro, insípido,
muito solúvel em água. Pode ser administrado por meio de injeções,
comprimidos ou em doses colocadas em forma de gotas, em papel especial,
que, depois de seco, é recortado e utilizado. É uma das substâncias mais
potentes que se conhece, pois seus efeitos surgem em doses de 0,000025 a
0,000050 de grama.
Os efeitos do LSD podem ser distribuídos por três períodos:
• 10 a 30 minutos iniciais: taquicardia, agitação psicomotora,
palidez, euforia, desinibição etc.
• 3 a 6 horas seguintes: perturbações sensoriais; alucinações
visuais, táteis e auditivas; excitação psicomotora, desintegração da
memória (acontecimentos da infância são descritos, como se houvessem
90
ocorrido há alguns dias); estado de pânico e de terror, com impulsos
violentos e suicidas.
• 3ª fase: estado de torpor e de fadiga, em que o indivíduo se
mostra incapaz de relatar o que se passou.
Recentes estudos mostram que o LSD pode provocar lesões nos
cromossomos das células nervosas, nos glóbulos do sangue e nas células
reprodutoras, podendo, portanto, causar danos aos descendentes.
ò Heroína
A heroína é um dos derivados do ópio, um suco espesso retirado da
papoula, planta cultivada na Ásia. A heroína é utilizada por inalação e, mais
freqüentemente, por via venosa.
A heroína atua de modo especial sobre o sistema Nervoso Central,
diminuindo a tensão nervosa, relaxando os músculos e conduzindo ao
entorpecimento e à inatividade. A pessoa drogada por heroína fica sem ânimo
e sem energia para as atividades normais. Seu organismo vai ficando fraco,
sujeito a infecções, seu psiquismo vai se deteriorando, com a perda da
memória, do raciocínio e da atenção.
A heroína produz tanto dependência psíquica quanto física. O organismo
apresenta tolerância à heroína, sendo necessárias doses crescentes para que
os mesmos efeitos sejam produzidos. O aumento progressivo da dose pode
levar à morte por intoxicação.
A aplicação de doses decrescentes e de medicamentos apropriados
podem levar à superação da dependência. O apoio psicológico e social é
fundamental, a fim de que a pessoa possa voltar a ter uma convivência social
adequada.
ò Álcool e fumo
Embora fáceis de obter e de uso legal e socialmente aceito na maioria
dos países, o álcool e o fumo produzem efeitos altamente nocivos para o
organismo e a convivência social.
• Álcool
Os efeitos do álcool dependem das doses ingeridas, dos seus intervalos,
do estado geral do organismo e das interações com outros medicamentos.
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O álcool atua principalmente sobre o sistema Nervoso Central.
Inicialmente, o indivíduo torna-se eufórico, expansivo, desinibido. Maiores
concentrações alcoólicas provocam maiores alterações comportamentais,
podendo chegar a descontrole emocional, alternando choro com risadas
despropositadas, incontinência verbal, incapacidade de articulação das
palavras, falta de coordenação motora (tonteira, queda), agressividade etc.
Segue-se a fase da depressão, do sono e, quando a concentração alcoólica for
grande, o indivíduo pode entrar em estado de coma.
Além dos efeitos sobre o Sistema Nervoso Central, o álcool produz
sudorese, enjôo, vômito, aumento da secreção gástrica e intensa diurese. O
organismo desenvolve tolerância ao álcool, exigindo aumento progressivo das
doses e criando dependência psíquica e física. Ao mesmo tempo, surgem
graves manifestações de irritação gástrica, falta de apetite, emagrecimento,
insuficiência cardíaca e hepática, impotência sexual, tremores, alucinações etc.
Finalmente, é preciso salientar que a ingestão de álcool, em doses
exageradas, durante a gravidez, pode acarretar anormalidades no feto, como
deficiência do crescimento, microcefalia, assimetria facial, cardiopatias
congênitas etc. Crianças de mulheres dependentes do álcool apresentam a
síndrome de abstinência, caracterizada por tremores e irritabilidade.
• Fumo
Entre os inúmeros efeitos negativos do fumo, os mais graves são os que
atingem diretamente o funcionamento dos aparelhos respiratório e circulatório.
Das mais de mil substâncias químicas existentes na fumaça do cigarro, muitas
são cancerígenas.
O alcatrão e a fuligem afetam sobre tudo as vias respiratórias e os
pulmões. Além da irritação que provocam, inibem o movimento dos cílios que
limpam as vias respiratórias e aumentam a quantidade de secreção. Em
conseqüência disso, diminui a eficiência respiratória, surgem a tosse e o
pigarro e torna-se muito mais fácil a instalação de doenças infecciosas, como a
bronquite crônica e o enfisema (destruição dos alvéolos pulmonares).
As doenças do aparelho circulatório 9arteriosclerose, trombose, enfarte
etc.) são estimuladas pela nicotina. Esta substância aumenta a produção de
adrenalina pelas glândulas supra-renais, o que provoca a contração da
92
musculatura do sistema circulatório com o conseqüente aumento da pressão
do sangue. A nicotina facilita também o depósito de gorduras nas arréias, que
leva à diminuição da irrigação sangüínea dos órgãos e favorece a formação de
coágulos.
Alguns dados estatísticos, citados por Vasconcellos e Gewandsnajder,
contribuem para a compreensão da gravidade dos efeitos produzidos pelo
cigarro:
X O fumante tem vinte vezes mais probabilidade de sofrer de câncer de
pulmão, bronquite e enfisema do que o não-fumante.
X A mulher que fuma e toma pílulas anticoncepcionais tem cinco vezes mais
chance de ter enfarte.
X Devido à má oxigenação pulmonar, a quantidade de oxigênio que circula no
sangue do fumante é 5% mais baixa, o que prejudica seu desempenho
físico.
X Como a nicotina estimula a produção de sucos digestivos, a chance de o
fumante ter úlceras é sete vezes maior que a do não-fumante.
2.11.2. Procedimentos educativos
Os procedimentos educativos, em relação ao uso de drogas, podem ser
reunidos em dois grupos principais: procedimentos preventivos e
procedimentos curativos.
ò Procedimentos preventivos
Entre os procedimentos preventivos, dois assumem especial importância
no sentido de evitar a dependência das drogas: conhecimento das drogas e
dos seus efeitos e conhecimento das condições que favorecem ou podem
favorecer o início do uso de drogas.
Conhecimento das drogas – Professores, pais e todas as pessoas que
trabalham com crianças e jovens precisam conhecer as principais drogas e
seus efeitos sobre o organismo. Além desse conhecimento, é fundamental que
haja uma conversa franca e amigável entre adultos e jovens sobre o assunto.
Pais e professores devem esclarecer os jovens a respeito das drogas e seus
perigos para o organismo humano. Mas, acima de tudo, é o exemplo dos
93
adultos que vai exercer grande influência sobre o comportamento dos jovens
em relação às drogas.
Conhecimento das condições que favorecem o uso de drogas –
Entre essas condições, merecem destaque especial o aspecto econômico e o
aspecto social das drogas. Quanto ao primeiro, é preciso salientar as enormes
somas de dinheiro envolvido no tráfico de drogas, fazendo com que os
traficantes procurem por todos os meios aumentar o número de consumidores.
Quanto ao aspecto social, deve-se pensar especialmente em dois
pontos: as dificuldades de integração social do início da adolescência, e a
influência dos mais velhos sobre os mais jovens. Se amigos e colegas de mais
idade apontam vantagens e benefícios no uso de drogas, certamente
constituirão um fator importante para que os mais jovens iniciem suas
experiências. É importante que professores e pais procurem anular tal
influência negativa – não através de métodos autoritários e ameaçadores, mas
através de diálogo e compreensão, bem como da sugestão de atividades que
facilitem a integração social do jovem. Na medida em que este se sentir
participante e importante em casa e na comunidade, certamente estará menos
sujeito ao fascínio das drogas.
ò Procedimentos curativos
Instalada a dependência, dois procedimentos apresentam-se como de
fundamental importância:
• o tratamento especializado, tanto por parte do médico, quanto por
parte do psicoterapeuta, quando necessário;
• o apoio psicológico e social por parte de pais, amigos, colegas e
professores.
Sempre que tem alguma dificuldade, o que você mais espera de amigos,
professores e pais é a compreensão e a ajuda para superá-la. Da mesma
forma, no caso de drogas, a compreensão, o apoio e o diálogo aberto e franco
são indispensáveis. A solução não está em esconder o problema ou fugir dele,
mas em enfrentá-lo com o firme propósito de superá-lo. Para isso, o apoio de
um amigo é uma condição essencial.
94
2.12. CONCLUSÃO
A introdução de conhecimentos sobre a preservação da saúde, visa a
formação de sujeitos que possam conhecer-se e cuidar-se, valorizando sua
identidade e características pessoais, a fim de que tornem-se aptos para agir
com responsabilidade em relação à saúde individual e coletiva. A promoção da
saúde, se faz por meio de um trabalho conjunto da escola com a família, e
demais grupos de referência para o aluno, desenvolvendo-se as questões de
higiene, alimentação, doenças, grande desafio é levar em conta a realidade do
aluno, buscando soluções críticas e viáveis.
A escola sozinha não levará os alunos a adquirirem saúde, mas pode e
deve fornecer elementos que as capacitem para uma vida saudável,
promovendo hábitos de auto-cuidado e respeito às possibilidades e limites do
próprio corpo, levando-os a compreender que a condição de saúde é produzida
nas relações com os meios físico, econômico e sócio-cultural, identificando
fatores de risco à saúde pessoal e coletiva presentes no meio em que vivem.
95
CAPÍTULO III
UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA SOBRE
A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
96
3.1. INTRODUÇÃO
O meio ambiente está sob sérias ameaça: poluição, aumento da
temperatura global, esgotamento de recursos naturais etc. Tudo isso é
decorrência do crescimento da população humana e do desenvolvimento
industrial e tecnológico, implementados pelo progresso científico. Felizmente,
na última década, muitas pessoas têm percebido a necessidade de preservar o
ambiente natural.
Para a preservação ambiental é preciso a elaboração de políticas
públicas voltadas para esta questão, e o desenvolvimento da consciência
ecológica dos cidadãos, para que todos possam dar sua parcela de
contribuição.
Como despertar nas pessoas a conscientização relacionada aos
problemas ambientais? Essa consciência já está presente em nossas escolas,
e muitos educadores estão desenvolvendo iniciativas em torno do assunto.
Portanto é fundamental incluir a temática do meio ambiente no cotidiano da
sala-de-aula, “...elaborando um trabalho vinculado aos princípios da
responsabilidade e da participação, voltado para a descoberta dos sintomas e
das reais causas referentes às questões ambientais; e da necessidade de
desenvolver o senso crítico e as atitudes coerentes para resolvê-los.”6
Neste capítulo, são apresentados alguns aspectos problemáticos do
relacionamento entre a humanidade e o ambiente, e também a busca de
soluções para alguns dos principais problemas ambientais.
3.2. O PERIGO DA EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
Uma população humana é, em princípio, semelhante a qualquer
população biológica e está sujeita aos mesmo fatores gerais que regulam o
crescimento populacional. Entretanto, a humanidade tem conseguido controlar
alguns fatores ambientais, o que permitiu um formidável ritmo de crescimento.
6 Parâmetros Curriculares Nacionais, v. 9, p. 75.
97
Calcula-se que no ano 8000 a.C. a população do mundo era de
aproximadamente 5 milhões de pessoas. Na época de Cristo, o número de
pessoas atingiu os 300 milhões, saltando para 5500 milhões em 1650. Em
1850, a população humana já era de aproximadamente 1 bilhão de pessoas,
passando a 2 bilhões em 1930. Em 1990, já havia sido ultrapassada a cifra de
5 bilhões. No ano 2000, a população mundial foi estimada em quase 6 bilhões
de pessoas.
O enorme crescimento da população humana deve-se principalmente à
diminuição da taxa de mortalidade, decorrente tanto dos avanços agrícolas e
tecnológicos, que aumentaram a produção de alimentos, como dos progressos
médicos e sanitários, que prolongaram a expectativa de vida.
No que se refere à capacidade de crescer e de colonizar os diversos
ambientes da Terra, nossa espécie é a mais bem-sucedida. Há, porém, um
lado negativo nesse sucesso. Vivemos em um planeta finito, que está sendo
rapidamente degradado pela superexploração dos recursos naturais. A
superpopulação nos grandes centros urbanos gera desconfortos e favorece a
propagação de doenças, tanto em decorrência da alta densidade demográfica
como pela impossibilidade de se adotar medidas sanitárias adequadas. A
concorrência entre as pessoas pela sobrevivência ocasiona conflitos dos mais
variados tipos. A concentração da riqueza por uma minoria gera multidões de
famintos e aumenta os índices de criminalidade a níveis alarmantes.
O maior problema da expansão demográfica é a produção de alimentos,
Como nutrir um número cada vez maior de pessoas? Não é possível aumentar
ilimitadamente as terras cultivadas. Em primeiro lugar, as melhores terras estão
sendo usadas, e certas áreas demandariam tantos recursos para produzir que,
pelo menos por enquanto, não compensa explorá-las. Em segundo lugar,
ecossistemas naturais, como a Amazônia e o pantanal mato-grossense, por
exemplo, não podem ser explorados de forma predatória. É preciso manter
áreas de reserva ecológica para não perder a enorme diversidade biológica
(biodiversidade) produzida nesse bilhões de anos de evolução.
Novas tecnologias agrícolas têm permitido aumentar o rendimento dos
campos cultivados. Excessos de safras podem ser transferidos para países
famintos. Podem-se recuperar solos desgastados ou impróprios e usar mais
98
eficientemente as fontes de energia. Entretanto, isso não basta. É preciso frear
o crescimento da população humana por meio do planejamento familiar e do
controle consciente da natalidade.
Se o crescimento da população for freado, a humanidade poderá ganhar
tempo para resolver seus inúmeros problemas, como a fome, as doenças, as
desigualdades econômicas e a degradação ambiental. Se a expansão
demográfica prosseguir sem controle, porém, a pressão populacional agravará
todos os problemas, alguns já sérios, que afetam a humanidade.
3.3. A POPULAÇÃO DO AR
Além de contribuir para o efeito estufa, a queima de combustíveis fósseis
por fábricas, usinas e veículos motorizados lança uma série de produtos
tóxicos no ar. Um deles, o monóxido de carbono é capaz de combinar-se com a
hemoglobina do sangue, impedindo o transporte de oxigênio pelas hemácias e
dificultando a oxigenação dos tecidos. Os efeitos dessa combinação no
organismo dependem da concentração de monóxido no ar; geralmente a
pessoa sente dores de cabeça, enjôos, perda de consciência e pode morrer por
asfixia. Carro com motor ligado em garagem fechada e banheiro pouco
ventilado com escapamento de gás do aquecimento representam situações de
perigo, pois o monóxido de carbono se forma pela queima da gasolina no
motor, saindo pelo escapamento do carro e também encontra-se misturado ao
gás de rua e de bujões. Por isso, é importante manter aquecedores, fogões e
bujões de gás em ambientes arejados e em bom estado de conservação, de
modo a evitar vazamentos.
A combustão por veículos e fábricas leva também à formação de óxidos
de nitrogênio e de enxofre, como o dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre.
Esses gases irritam olhos, nariz e garganta, além de prejudicar as vias
respiratórias e os pulmões, diminuindo a capacidade que os cílios das células
epiteliais têm de limpar as vias respiratórias. Além disse, provocam enfisema,
que é a destruição gradativa dos alvéolos pulmonares. Esses óxidos causam
também a chuva ácida. Isso acontece quando eles se combinam com o vapor
de água, formando ácidos, como o ácido nítrico e o sulfúrico. A chuva torna-se
99
tão ácida que pode destruir plantações, florestas, poluir rios e lagos, corroer
prédios e monumentos.
Outro componente lançado pela queima de combustível é o chumbo,
quando adicionado à gasolina para melhorar o desempenho do motor de
carros. Lançado no ar, o chumbo pode ser absorvido pelo organismo,
acumulando-se gradativamente e provocando lesões no sistema nervoso.
Costuma causar também doenças ósseas, sobretudo em crianças. Por isso,
muitos países, inclusive o Brasil, pararam de adicionar esse metal à gasolina.
Na Cidade do México, onde não há essa proibição, cerca de 30% das crianças
têm níveis prejudiciais de chumbo no sangue.
Outro grande problema de poluição do ar são os hidrocarbonetos,
compostos por carbono e hidrogênio e emitidos por veículos. Alguns
hidrocarbonetos, como o benzopireno, são mutagênicos e cancerígenos.
3.3.1. A inversão térmica
Em situação normal, a temperatura do ar diminui com a altitude, uma vez
que as camadas inferiores de ar são aquecidas pelo reflexo dos raios solares
no solo. O ar próximo ao solo torna-se, então, menos denso que o ar mais frio
das camadas superiores, o que faz surgir duas correntes de ar em sentidos
opostos: uma de ar quente, que sobe, outra de ar frio, que desce e substitui o
arque subiu. Formam-se, assim, correntes de confecção, que facilitam a
dispersão dos poluentes.
Entretanto, durante a madrugada no inverno, o ar próximo ao solo torna-
se mais frio que o das camadas superiores. Como os raios solares do dia são
fracos nessa estação do ano, eles não conseguem aquecer suficientemente o
ar próximo ao solo para que se formem as correntes de convecção. Forma-se,
assim, uma “bolha” de ar quente nas camadas superiores, impedindo a
dispersão do ar frio das camadas inferiores – justamente onde os poluentes
estão sendo produzidos. Esse fenômeno é chamado inversão térmica.
A falta de chuvas e de ventos pode agravar ainda mais a situação.
Temos o caso de Cubatão (SP), cidade próxima de uma montanha; esta age
como uma barreira para os ventos horizontais. Em conseqüência da inversão
100
térmica, o ar poluído fica estacionado sobre aquela cidade e as substâncias
tóxicas se acumulam no ambiente. Quando isso ocorre, verifica-se um aumento
significativo no número de pessoas afetadas por doenças respiratórias,
especialmente crianças.
3.3.2. Soluções
Está relacionado a seguir algumas medidas necessárias,
sobretudo nas grandes cidades, para evitar ou diminuir a poluição do ar:
q Instalação de filtros e equipamentos anti-poluentes nas indústrias.
q Planejamento na instalação de indústrias e fábricas, de modo a evitar sua
proximidade de centros populosos.
q Implantação de áreas verdes e de lazer em centros urbanos, pois os
vegetais atuam como barreiras e “filtros” anti-poluentes, absorvendo gases
tóxicos e produzindo oxigênio.
q Construção de vias expressas e gerenciamento do tráfego para diminuir os
congestionamentos no trânsito.
q Controle de qualidade dos combustíveis e da emissão de poluentes pelos
veículos automotores. Atualmente, os carros novos já são projetados com
injeção eletrônica e catalisadores, que diminuem bastante a emissão de
poluentes.
q Fiscalização e multa em veículos com motor desregulado, que polui mais e
consome mais combustível.
q Substituição de veículos movidos a combustíveis derivados de petróleo por
outros menos poluentes, como metrô, ônibus ou trens elétricos. O gás
natural (uma mistura de 90% de metano e 10% de outros gases), já
utilizado em alguns ônibus e táxis, polui menos que o álcool e a gasolina –
emite 89% menos hidrocarbonetos, 79% menos monóxido de carbono e
65% menos óxidos de nitrogênio.
q Investimento em transportes coletivos, já que o carro é responsável por
90% da poluição do ar (um ônibus transporta em média trinta vezes mais
pessoas que um carro).
101
q Monitoramento e controle dos níveis de poluição do ar, para reduzir ou
interromper as atividades poluidoras se a poluição atingir níveis altos em
situações desfavoráveis, como a inversão térmica.
3.4. A POLUIÇÃO DA ÁGUA
A saúde de uma população está intimamente relacionada à qualidade da
água que abastece: boa parte das doenças humanas é causada por água
contaminada e 25 mil pessoas morrem a cada dia por beber água poluída.
No entanto, continuamos a tratar nossos rios, mares e lagos como latas
de lixo, neles despejando esgotos não tratados, plásticos e milhares de
produtos químicos tóxicos. Com isso aumentamos não apenas as doenças,
mas também os custos econômicos para tratar a água consumida pela
população, além de comprometer o potencial de pesca dos ecossistemas
aquáticos.
3.4.1. A disseminação de doenças
Não é à toa que a cólera e outras doenças como o tifo, a hepatite, a
esquistossomose e a gastroenterite infecciosa (diarréia) atingem os países
pobres. Calcula-se que cerca de 80% das doenças dos países pobres estejam
relacionados à água não tratada, à ausência de informação básica sobre
higiene e às condições precárias de saneamento.
Essas doenças são transmitidas por água contaminada com germes ou
ovos de parasitas que saem pelas fezes dos doentes. Se houvesse rede de
esgotos com estação de tratamento, a água seria descontaminada antes de ser
despejada em rios, lagos e mares; assim, as doenças não se espalhariam. Na
falta de rede de esgotos e estação de tratamento, as fossas sépticas também
evitam que os dejetos humanos fiquem a céu aberto e sejam levados aos rios,
mares e lagos pelas chuvas.
Um modo de avaliar a qualidade da água é medir sua quantidade de
coliformes fecais – bactérias que vivem no intestino do homem e são
102
eliminadas com as fezes no esgoto doméstico. Quanto maior o número de
coliformes, maior a contaminação da água.
3.4.2. Eutrofização: acúmulo de nutrientes minerais na água
Embora as camadas superficiais da água recebam muita luz, a
fotossíntese é limitada pela baixa concentração de sais minerais, o que
restringe o crescimento da população de algas. No entanto, quando lançamos
esgotos domésticos na água ou quando fertilizantes e adubos chegam até ela
através das chuvas, o excesso de minerais provoca a proliferação das algas
microscópicas que vivem próximas à superfície. Com isso, forma-se uma
camada de algas de alguns centímetros de espessura, que impede a
penetração de luz na água e, portanto, a realização de fotossíntese nas
camadas mais profundas. Isso mata as algas que estão abaixo da superfície. A
grande quantidade de algas mortas favorece o aumento das bactérias
decompositoras, que passam a consumir muito oxigênio para realizar a
decomposição. Resultado: começa a faltar oxigênio na água, o que provoca a
morte de peixes e outros organismos aeróbios (o oxigênio produzido pelas
algas da superfície escapa quase todo para o ar, em vez de dissolver-se na
água). Com a falta de oxigênio, a decomposição da matéria orgânica, que
inicialmente era aeróbia, passa a ser anaeróbia, levando à produção de gases
tóxicos, como o gás sulfídrico.
O acúmulo de nutrientes minerais na água desencadeia o fenômeno
chamado eutrofização ou eutroficação (eu = bem; trofo = comida), que causa
desequilíbrios ecológicos e mata numerosos organismos, através de uma
cadeia de acontecimentos. A seqüência dessa cadeia é: proliferação e morte
de algas; proliferação de bactérias aeróbias; queda na taxa de oxigênio; morte
dos aeróbios; decomposição anaeróbia e produção de gases tóxicos.
Um processo semelhante (que alguns autores também chamam de
eutrofização) acontece quando lançamos uma quantidade excessiva de
substâncias orgânicas na água. Neste caso, há um aumento de
microrganismos decompositores, o que leva a um aumento no consumo de
oxigênio e a uma queda na taxa desse gás, causando a morte de seres
103
aeróbios. Ocorre também um a proliferação de bactérias anaeróbias, que
liberam gases tóxicos na água. A cadeia, neste caso, tem como seqüência:
excesso de matéria orgânica, aumento no número de bactérias aeróbias;
diminuição de oxigênio; morte dos seres aeróbios; decomposição anaeróbia;
produção de gases tóxicos.
Em alguns casos, o excesso de nutrientes ou mesmo a variação de
luminosidade leva à proliferação apenas de certas espécies de algas capazes
de liberar substâncias que se concentram ao longo da cadeia, intoxicando
peixes e mamíferos aquáticos. Nos locais onde ocorre esse fenômeno –
chamando de maré vermelha -, o mar geralmente adquire uma coloração
avermelhada, provocada pelos pigmentos das algas em decomposição.
Dependendo do tipo de alga, o mar adquire um tom amarelado ou pardo.
3.4.3. O acúmulo de produtos não-biodegradáveis
As substâncias não-biodegradáveis – como metais pesados, plásticos e
alguns agrotóxicos – tendem a se concentrar ao longa da cadeia, provocando a
intoxicação dos seres dos últimos níveis tróficos. Foi o que ocorreu na baía de
Minamata, no Japão, quando uma indústria lançou resíduos de mercúrio na
água, intoxicando mais de 1300 pessoas.
Vimos também que desastre semelhante pode ocorrer no Brasil, nas
regiões do garimpo: os garimpeiros adicionam mercúrio à mistura de cascalho
e ouro, formando um amálgama de ouro e mercúrio que então se separa do
resto. Em seguida, põem fogo no amálgama, evaporando o mercúrio que se
separa do ouro. O garimpeiro respira o vapor do metal e se intoxica. Além
disso, o vapor de mercúrio é trazido do ar pelas chuvas e, no solo, reage com
produtos orgânicos, originando o meilmercúrio, solúvel em água e bem mais
tóxico. Entrando na cadeia alimentar, o metilmercúrio contamina o homem. A
partir de determinadas concentrações, o mercúrio pode provocar lesões no
aparelho digestivo, nos rins, no sistema nervoso e até mesmo a morte.
3.4.4. A maré negra
Em todas as fases de exploração, refinamento, transporte e distribuição
do petróleo podem acontecer vazamentos, que causam danos ao ecossistema
104
aquático. Alguns dos grandes poços de petróleo do mundo ficam nas
profundezas do mar, onde são montadas as plataformas de exploração.
Quando tanques de navios petroleiros são lavados no mar, aquela região fica
poluída. Quando o petroleiro está vazio, costuma-se encher seus tanques com
água para dar equilíbrio; depois, a água suja de petróleo é jogada no mar,
poluindo-o também.
As aves e os mamíferos aquáticos são os primeiros a sentir o efeito
dessa poluição: além de intoxicá-los, o petróleo elimina o colchão de ar retido
entre os pêlos e as penas. O resultado é a perda da capacidade de isolamento
térmico, fazendo com que o animal não consiga mais se proteger contra o frio.
Uma parte do petróleo se espalha na superfície da água, formando uma
fina película que diminui a passagem da luz e impede a troca de gases
necessária à fotossíntese e à respiração dos seres aquáticos, destruindo assim
o plâncton e matando muitos animais. Outra parte do petróleo afunda,
intoxicando peixes, crustáceos e moluscos. Através da cadeia alimentar, as
substâncias tóxicas do petróleo – algumas cancerígenas – podem atingir o
próprio homem, quando ele come peixe contaminado.
Algumas bactérias e fungos são capazes de degradar o petróleo, mas o
processo é lento. Quando há grandes acidentes com petroleiros, são lançadas
na água bactérias especiais, aptas a acelerar a degradação natural do petróleo.
3.4.5. Soluções
Ainda que a evolução dos processos técnicos permita atualmente a
limpeza dos rios já poluídos, como ocorreu na Inglaterra com o rio Tâmisa e no
Brasil com o rio Sorocaba (SP), esse trabalho pode ser demorado e muito
dispendioso. Por isso, é melhor prevenir do que remediar. Está relacionado
abaixo algumas medidas que podem ser tomadas:
q Construção de mais biodigestores, aparelhos que decompõem a matéria
orgânica do esgoto e do lixo, produzindo o gás metano, que pode ser
utilizado como combustível. O resíduo sólido é aproveitável como adubo,
desde que sejam eliminados os metais pesados e outras substâncias
tóxicas.
105
q Proibição e fiscalização do lançamento de produtos químicos na água,
multando as indústrias poluidoras. Metais pesados, como chumbo e
mercúrio, não devem ser lançados na água, mas armazenados e
reaproveitados.
q Controle da poluição nos garimpos, utilizando tecnologias mais modernas,
com aparelhos que reaproveitam o mercúrio e eliminam 95% da poluição.
q Fiscalização da exploração, do transporte e da distribuição do petróleo. Em
caso de vazamento, utilizar técnicas para limpar a água, como produtos que
absorvem o óleo (palha de trigo ou arroz), fitas especiais arrastadas por
barcos ou ainda bactérias que digerem o óleo.
q Uso correto de fertilizantes e adubos, para diminuir a eutrofização da água.
q Buscar energias alternativas, para diminuir o consumo de petróleo.
Convém lembrar que a distribuição de água potável é muito cara e
demorada, pois a água passa por vários processos de tratamento antes de ser
distribuída. Por isso, não se deve desperdiçar água.
3.5. A DESTRUIÇÃO DOS SOLOS
O solo sempre foi a principal fonte de sustento para a humanidade.
Desde tempos remotos o homem cultiva plantas e domestica animais:
inicialmente desenvolveu a agricultura e a pecuária apenas para sua
sobrevivência; depois produziu excedentes.
Assim, passou de simples coletor a produtor. A partir daí, o cultivo da
terra (seja através de métodos primitivos ou modernos), aliado ao crescimento
acelerado da população mundial, levou ao desmatamento desenfreado e,
conseqüentemente, ao esgotamento do solo.
A destruição progressiva da vegetação natural – para a obtenção de
madeira e minérios, e para a urbanização – acelerou a erosão, comprometendo
cerca de 6 milhões de hectares de terra produtiva no mundo.
3.5.1. A erosão acelerada
Fenômeno natural e lento, a erosão ocorre quando o impacto das
chuvas desagrega as partículas que formam a camada superficial e mais fértil
do solo, facilitando seu transporte – através das chuvas e dos ventos – de
106
regiões mais altas para rios, lagos, oceanos e vales. Esse processo é
equilibrado pela desagregação natural das rochas. Porém, tal compensação
deixa de existir quando o homem interfere, acelerando o processo de erosão
com desmatamento e queimada de florestas, por exemplo.
A cobertura vegetal protege o solo de várias maneiras. A copa das
árvores impede que a chuva caia fortemente no solo, retirando sua camada
levemente superficial; as raízes ajudam s reter as partículas do solo. Essa
proteção também é importante para evitar o processo denominado lixiviação,
isto é, que os sais minerais sejam levados pela água das chuvas para as
camadas mais profundas do solo, onde as raízes dos vegetais não podem
alcançá-los. As árvores também impedem a erosão pela ação direta dos
ventos.
A erosão provoca também o acúmulo de terra no fundo dos rios,
facilitando seu transbordamento e inundações. Esse acúmulo de terra é
chamado assoreamento dos rios.
Outro fator erosivo é a substituição de mata original por lavoura. Muitas
plantações – como o milho, a cana-de-açúcar, o algodão e o feijão – deixam o
solo exposto boa parte do ano. Mesmo culturas perenes – que cobrem o solo o
ano todo, como o café – não são capazes de fornecer a mesma proteção que a
cobertura original. Isso porque as raízes desses vegetais cultivados são curtas
e espaçadas, não sendo capazes de reter tão bem o solo. Além disso, essas
raízes (curtas) não conseguem absorver os sais que foram levados para as
camadas mais profundas do solo, depois do desmatamento.
O espaçamento e a pouca folhagem das plantas de áreas agrícolas
também não amortecem o impacto das chuvas com a mesma eficiência da
cobertura original.
Convém notar que a reciclagem presentes nos ecossistemas naturais
fica prejudicada nas plantações, já que o homem retira os produtos nutritivos
das plantas, impedindo que os dejetos retornem para o solo.
O desmatamento por queimadas destrói os microrganismos
decompositores responsáveis pela reciclagem dos nutrientes. Assim, é
passageira a fertilidade inicial resultantes dos sais minerais presentes nas
107
cinzas. Sem a reciclagem e sem o depósito de folhas e animais mortos, o
húmus se esgota em dois ou três anos.
A criação de gado, quando é muito intensiva, também pode destruir o
solo. Isso porque cada região só tem condições de manter um número
determinado de herbívoros. Quando esse número ultrapassa a capacidade de
sustentação do terreno, a pastagem e o pisoteio excessivos destroem a
vegetação, a tal ponto que ela não consegue mais se regenerar. Resultado:
esgotamento do solo e aparecimento da erosão.
O mau uso da terra provoca em algumas regiões a formação ou a
expansão das condições encontradas nos desertos. Estamos falando da
desertificação, processo que vem acontecendo em várias áreas do nordeste
brasileiro.
3.5.2. Os perigos dos agrotóxicos
As culturas agrícolas são, em geral, muito sensíveis ao ataque de
pragas. Isso é particularmente perigoso nas monoculturas, onde os insetos e
outros organismos parasitas (como fungos) têm muita facilidade de se propagar
de planta para planta, devido à proximidade entre elas e à ausência de
predadores naturais. Para defender as plantações de seus predadores e
parasitas, o homem desenvolveu diversos tipos de agrotóxicos.
Também chamados de praguicidas, pesticidas, defensivos agrícolas e
biocidas, os agrotóxicos protegem as sementes, as plantações e os alimentos
estocados contra o ataque de pragas, como gafanhotos, formigas, carunchos,
brocas (larvas de besouro), fungos e ervas daninhas.
Os agrotóxicos são representados por inseticidas, fungicidas, herbicidas
etc. Os inseticidas ajudaram a aumentar muito a produção de alimentos e
foram importantes para o controle de diversas doenças, como a malária, a
febre amarela e a febre tifóide, transmitidas por inseto. No entanto, seu uso
indiscriminado acabou trazendo vários problemas ecológicos.
Os primeiros inseticidas sintetizados em laboratório foram os
organoclorados, assim chamados por possuírem átomos de cloro presos a uma
cadeia de carbonos. Um exemplo é o DDT (dicloro-difenil-tricloroetano).
108
Os organoclorados são inseticidas bastante estáveis (o DDT persiste,
em média, de 10 a 15 anos no solo) e, por isso, continuam agindo muito tempo
depois de aplicados, além de serem bastante econômicos. Mas como sua
degradação é lenta, tendem a se acumular ao longo das cadeias alimentares.
Nos animais, depositam-se nos tecidos adiposos, no cérebro, no fígado, nas
glândulas sexuais etc. Quem mais sofre são os animais dos últimos níveis da
cadeia, onde o inseticida atinge altas concentrações.
O DDT também já foi encontrado em leite materno. Mas ainda se
discutem os efeitos sobre o homem dos organoclorados absorvidos pela cadeia
alimentar (alguns estudos indicam risco de câncer a partir de certas
concentrações do produto). Contudo, sabe-se que o maior problema acarretado
pelos inseticidas é o envenenamento do agricultor por absorção direta, através
da pele, olhos e vias respiratórias, caso não se proteja com máscara, luvas e
macacão.
O efeito tóxico de muitos inseticidas é conseqüência de sua ação
inibidora sobre uma enzima, a colinesterase, que controla as contrações
musculares. Sem essa enzima, surgem tremores, paralisia muscular e
dificuldades respiratórias que podem levar à morte por asfixia. A intoxicação
ataca também o fígado, os rins e os pulmões.
Na maioria dos países, o DDT e outros organoclorados foram
substituídos por inseticidas organofosforados – produzidos a partir de
compostos orgânicos com fósforos na molécula, como o malation – e por
inseticidas carbonatos – como o tiofanato.
Embora sejam destruídos mais rapidamente que os organoclorados,
tanto os organofosforados como os carbonatos são também tóxicos ao homem
e aos animais. Além disso, por serem muito solúveis em água, podem ser
levados pelas chuvas para rios, lagos e outros ecossistemas aquáticos,
matando as espécies daqueles ambientes.
Os agrotóxicos destroem indistintamente todo tipo de inseto, mesmo
aqueles que se alimentam de pragas nocivas. É o caso do louca-a-deus, que
come gafanhotos; das vespas que se alimentam das brocas; da joaninha que
come pulgões. Além desses, os inseticidas matam outros insetos úteis ao
homem, como as abelhas e borboletas, responsáveis pela polinização.
109
O uso prolongado de inseticidas acaba favorecendo as linhagens que
resistem naturalmente a seus efeitos. O resultado dessa seleção é que as
populações de insetos passam a ser formadas por um grande número de
indivíduos resistentes (o número de insetos resistentes aos pesticidas dobrou
em doze anos e já se conhecem mais de 400 espécies de pragas resistentes).
Dessa forma, as doses de inseticidas devem ser aumentadas, agravando
assim a poluição.
3.5.3. Soluções
Também no caso do solo, a prevenção contra seu desgaste é sempre
mais indicada do que adotar métodos para restaurá-lo. A seguir relacionamos
algumas medidas que podem ser tomadas tanto no sentido de prevenir, como
no de reduzir erosões já instaladas:
q O solo deve ser cultivado de modo a diminuir ao máximo a erosão e o
esgotamento dos seus minerais – principalmente em terras áridas ou semi-
áridas e em solos tropicais, que ficam mais expostos ao sol e à chuva após
o cultivo intensivo de monoculturas, alternando-se, por exemplo, plantações
de cereais com plantações de leguminosas, que repõem no solo o
nitrogênio retirado pelos cereais.
q Nas encostas, onde o declive do terreno facilita a erosão pelas enxurradas,
as plantações devem ser feitas em degraus, também chamados de
terraços, estes diminuem a velocidade de escoamento e ajudam a reter a
água do solo. Outra técnica é a de formar fileiras de plantas perpendiculares
à queda de água: ao invés de se plantarem fileiras no sentido da inclinação
do terreno, o que facilitaria o fluxo da água, a plantação segue uma curva, a
curva de nível, cujos pontos estejam todos em uma mesma altura.
q É preciso também limitar a criação de animais em terras áridas e semi-
áridas, pois são mais sujeitas à desertificação.
q Ao lado de áreas destinadas a culturas, deve ser preservada uma região
com vegetação natural, ocupando áreas críticas como as encostas
íngremes (pois a erosão aumenta com a declividade do terreno) e as
margens de rios e lagos. Além de evitar a erosão e o assoreamento, a
110
vegetação natural contribui para a preservação das espécies selvagens e
desvia a ação das pragas para plantas não produtivas.
q Em vários casos, a erosão pode ser reduzida por uma agricultura mais
adequada a nosso clima e solo e por técnicas simples, como a colocação
de restos de folhas, como a colocação de restos de folhas e cascas das
culturas entre as plantas, diminuindo a perda provocada pela água que
corre em solo desprotegido.
3.6. O LIXO URBANO
Uma das maiores agressões ao meio ambiente é o lançamento de lixo.
Este pode ser de vários tipos, como: industrial, hospitalar, agrícola, nuclear e
urbano. O lixo urbano, gerado nas cidades, é o que mais cresce no mundo e
um dos que mais causam impacto ambiental.
A maior parte desse lixo é de matéria orgânica (restos de alimento,
papel, papelão, couro etc.), que pode ser decomposta por fungos e bactérias.
O restante é formado por componentes de matéria não-biodegradável ou que
se degrada com dificuldade. Um exemplo são os plásticos, que levam muitos
anos para se decompor. Grande parte das sobras urbanas também são
substâncias tóxicas, como tintas, solventes e remédios.
Além de poluir o solo, o lixo jogado na terra se infiltra e contamina a
água subterrânea quando a chuva faz a lixiviação dos materiais de lixo,
liberando substâncias nocivas. Embora a incineração (queima de lixo) tenha a
vantagem de diminuir muito o volume de lixo e elimine micróbios de restos
contaminados (como materiais hospitalares), trata-se de um processo caro, já
que para garantir uma combustão completa e evitar a poluição do ar são
necessários filtros e equipamentos especiais. Além disso, pode ser necessário
um tratamento específico para evitar que certos tipos de lixo liberem gases
tóxicos.
Outra forma de lidar com o lixo é o uso de aterros sanitários. Trata-se de
terrenos onde o lixo é depositado em depressões forradas por uma camada de
argila ou asfalto. Quando os depósitos estão cheios de lixo, são fechados com
argila. As áreas geologicamente apropriadas aos aterros devem ser de difícil
acesso à população. No entanto, com o crescimento das cidades, o que se
111
percebe, é que em breve não haverá mais áreas para depósito de lixo. Enterrar
o lixo está longe de ser uma solução, pois ele pode contaminar os lençóis de
água subterrâneas, que suprem os mananciais usados pela população.
Queimar o lixo contribui para agravar ainda mais a poluição atmosférica.
Uma solução par ao problema do lixo é sua reciclagem, isto é, seu
reaproveitamento. Entretanto, para que se possa reciclar o lixo, é fundamental
separar os diversos tipos, processo conhecido como triagem. Latas, por
exemplo, podem ter seu metal reaproveitado; plásticos e papel podem também
ser reciclados. Calcula-se que se os EUA reciclassem 50% do papel utilizado,
em vez dos 20% que reciclam atualmente, poderiam deixar de cortar cerca de
100 milhões de árvores por ano.
A parte orgânica do lixo, uma vez separada, pode ser degradada por
microorganismos em grandes tanques chamados biodigestores. Com a
biodigestão, forma-se o metano, também denominado gás natural, que pode
ser aproveitado como combustível residencial, industrial ou de automóveis. Os
resíduos sólidos da biodigestão podem ser utilizados como fertilizante do solo.
A reciclagem é ainda muito cara, sendo mais fácil e mais barato usar
matéria-prima virgem em vez de matérias recicladas. Nesse cálculo, no
entanto, não está sendo levada em conta a degradação do ambiente, que pode
vir a ter um custo altíssimo para as futuras gerações. No futuro, porém, com a
escassez das matérias-primas e o avanço das tecnologias de reciclagem, o
reaproveitamento do lixo deverá ser superior a 50%.
É cada vez mais urgente educar a população acerca do problema do
lixo. Mais cedo ou mais tarde o poder público e a população terão de conjugar
esforços para resolvê-los não só por meio da reciclagem, mas também por
meio da educação e de campanhas para estimular as pessoas a desperdiçar
menos, produzindo assim menos lixo.
Contudo, a reciclagem também pode causar poluição ambiental, caso os
produtos químicos utilizados no reaproveitamento não sejam manipulados de
forma correta.
112
3.6.1. Soluções
O problema do gerenciamento do lixo afeta a todos. Relacionamos
abaixo algumas soluções que, postas em prática, podem colaborar na
manutenção da qualidade do meio ambiente:
q Evite sacolas plásticas de lojas ou supermercados para carregar compras.
Sempre que possível, utilize sua própria sacola, bolsa ou mochila. A
produção de plásticos, isopor e espumas consome muita energia e petróleo.
Além disso, todos esses produtos são tóxicos: muitas aves e animais
marinhos morrem quando ingerem fragmentos deles. Espuma e isopor
possuem CFC, um gás altamente perigoso para o nosso planeta, pois
contribui de maneira decisiva para a destruição da camada de ozônio.
q Sempre que possível, evite produtos descartáveis. Use os reaproveitáveis;
por exemplo, coador de café de pano em vez de coador de papel; toalha de
pano em vez de toalha de papel.
q Não use papel de alumínio ou recipiente de PVC para guardar comida na
geladeira – os recipientes reaproveitáveis são sempre melhores.
q Não jogue lixo na rua. Se estiver na praia, recolha seu lixo em sacos e
depois jogue num cesto.
q Não jogue no lixo roupas, brinquedos antigos, utensílios de casa ou sapatos
– são objetos que devem ser doados ou restaurados.
q Separe vidros, jornais, revistas e embalagens de papel para vender ou dar a
“catadores de rua” ou, ainda, encaminhar para coleta seletiva, se houver em
sua cidade.
q Prefira os aparelhos elétricos aos que funcionam a pilhas: estas contêm
mercúrio e outras substâncias tóxicas. No caso de calculadoras, escolha as
que funcionam com energia solar.
q Economize energia. Isso significa economizar petróleo e seus derivados. O
petróleo polui quando queimado como combustível. Além disso, quanto
menos energia elétrica for usada, menos usinas serão necessárias e as
lâmpadas terão maior durabilidade, diminuindo a quantidade de vidros nos
lixos.
113
q Participe de associações de bairro e de movimentos ecológicos para
pressionar o governo em todas as questões ligadas à proteção ao meio
ambiente.
q Informe-se no que diz respeito às últimas tecnologias referentes ao
gerenciamento de lixo urbano.
3.7. POLUIÇÃO SONORA
Embora não tenha o destaque merecido nos meios de comunicação, a
poluição sonora passou a ser considerada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) uma das três prioridades ecológicas, depois da poluição do ar e das
águas. Forma invisível de poluição, o nível de ruídos tem atingido intensidades
insuportáveis nas grandes cidades. Devido à urbanização acelerada, um
número cada vez maior de pessoas é atingida pelo barulho do trânsito, das
obras de construção, do tráfego nos aeroportos, das indústrias etc. os mais
afetados são os que trabalham nesses lugares.
3.7.1. Efeitos da poluição sonora
No organismo, os efeitos da poluição sonora dependem da intensidade
do som, do tempo de exposição a ele e da sensibilidade de cada pessoa. A
intensidade do som pode ser medida através de uma unidade chamada decibel
(db). A voz humana, em tom normal, produz um som da ordem de 60 decibéis.
Uma buzina muito alta, uma britadeira ou um ônibus podem produzir um
barulho de 100 decibéis.
Se uma pessoa fica resposta por mais de meia hora a esse som, poderá
ter uma perda leve da audição. Nesse nível, há alterações no ouvido que
geram zumbidos. Mas a perda é passageira: em algumas horas, ou no máximo
semanas, a audição volta ao normal. Se o som for mais intenso e a exposição
mais prolongada, poderá haver destruição de parte das 30.000 células do
órgão de Corti, onde ocorre a transformação da onda sonora em impulso
nervoso. Nesse caso, há uma redução irreversível as audição, que pode
aumentar progressivamente se o indivíduo continuar exposto ao som intenso.
A tabela a seguir dá uma idéia do valor médio de decibéis produzidos
em determinadas situações e atividades humanas.
114
SituaçãoDecibéis
(aprox.)Efeitos no organismo
Janelas abertas para rua de
circulação média
60 Possível interferência no sono
Pessoas conversando
animadamente
70 Limite de desconforto
Rua de circulação intensa 80 Alguma irritação
Rua de circulação intensa no
horário do rush
90 Risco de problemas auditivos e
nervosos, sob exposição
prolongada
Britadeira, buzina, veículo com
escapamento aberto, ônibus
acelerando
100 Risco de surdez, sob exposição
de oito ou mais horas por dia
Discoteca 110 Risco de surdez, problemas
nervosos etc.
Avião a jato decolando a cem
metros de distância
120 Início de dor; problemas variados,
sob exposição freqüente
Fonte: LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.
115
Na tabela a seguir o tempo máximo suportável de exposição diária em função
do número de decibéis:
Nível de ruído (db) Tempo máximo de
exposição diária
85 8h
86 7h
87 6h
88 5h
89 4h30min
90 4h
91 3h30min
92 3h
93 2h40min
94 2h15min
95 2h
96 1h45min
98 1h15min
100 1h
102 45min
104 35min
105 30min
106 25min
108 20min
Fonte: LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.
Um ruído de 85 decibéis pode ser aceito por 8 horas sem lesão, mas
com 90 decibéis o tempo diminui para 4 horas. Por isso, a OMS estabeleceu
que, para o ouvido humano funcionar devidamente até o fim da vida, a
densidade do som na cidade não deveria ultrapassar 70 decibéis. No entanto,
em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Tóquio, Nova York e Cidade
do México o barulho é de 80 decibéis, aumentando em horários críticos: a
intensidade pode chegar a 93 decibéis na hora do rush, em certos locais.
Nas fábricas, o cível máximo de ruído deve ser de 85 decibéis. Acima
desse nível os trabalhadores devem ser informados e orientados a usar
protetores de ouvido, que a própria fábrica deve fornecer. Se o ruído chegar a
90 decibéis, a empresa precisa tomar medidas para diminuí-lo.
A poluição sonora não afeta apenas a audição: ela também é
estressante, estimulando a produção de adrenalina e colesterol, favorecendo
116
problemas cardíacos (hipertensão e enfartes), gastrites, úlceras, distúrbios
emocionais e alterações menstruais na mulher. Quanto mais uma pessoa
estiver incomodada com um ruído, maior serão seus efeitos negativos.
3.7.2. Soluções
Relacionamos a seguir algumas medidas que poderiam ser tomadas
pelo governo para minimizar o problema da poluição sonora nas grandes
cidades:
q Desviar o trânsito pesado, como o de caminhões, para longe dos centros
residenciais e das áreas de lazer.
q Construir aeroportos longe de locais populosos.
q Conservar e ampliar as áreas verdes, porque elas funcionam como
isolantes do som.
q Promover campanhas educativas para que os motoristas só buzinem o
necessário, evitem freadas violentas e não usem escapamentos abertos em
seus carros, o que já é proibido por lei.
q Obrigar o uso de tampões de ouvido para aqueles que trabalham em
lugares muito barulhento. Periodicamente, esses trabalhadores devem
consultar um médico para verificar se a saúde não está sendo afetada pela
poluição sonora.
3.8. CONCLUSÃO
A questão ambiental vem senso considerada como cada vez mais
urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende
as relação entre a natureza e o uso de recursos naturais pelo homem, de forma
consciente e adequada.
A escola, como agente de transformação social, deve oferecer
oportunidades para que cada aluno desenvolva suas potencialidades e assuma
posturas pessoais e sociais, que lhe proporcionem uma relação construtiva
consigo e com seu meio, contribuindo para que a sociedade seja
“...ambientalmente sustentável e socialmente justa; protegendo, preservando
117
todas as manifestações de vida no planeta; e garantindo condições para que
ela prospere com força, abundância e diversidade...”7.
Para tanto, é preciso o envolvimento de toda a comunidade escolar
9professores, alunos, pais, direção, funcionários). Todas precisam elaborar
objetivos comuns, e as formas de alcançá-los, esclarecendo a função de cad
um nessa tarefa. Afinal, a convivência escolar é decisiva na aprendizagem; e a
escola é o espaço de atuação mais imediato para os alunos.
Através da promoção de atividades interligadas ao tema, garante-se a
construção da identidade do aluno, como cidadão consciente de suas
responsabilidades com o meio ambiente e, capaz de atitudes de melhoria em
relação a ele.
7 Parâmetros Curriculares Nacionais, v. 9, p. 53.
118
CAPÍTULO IV
CONCLUSÃO
119
4. CONCLUSÃO
Na raiz das questões referentes à preservação da saúde e proteção do
meio ambiente, está uma determinada concepção do mundo, da vida e do
homem. Certamente, quem danifica a natureza ou não pratica hábitos de
saúde, não concebe o mundo como sendo uma realidade global, onde danos a
uma parte acarretam danos ao todo.
É por isso que se pode afirmar que o fundamental é a educação. Através
dela, desenvolve-se uma concepção integrada de mundo, de vida e de
humanidade. A partir daí surge a responsabilidade da escola: valorizar o
interesse coletivo, e não a parte, o interesse individual.
Portanto a educação para preservação da saúde e proteção ao meio ambiente,
deve ser uma realidade em nossas escolas, sensibilizando o aluno para a
busca permanente da compreensão, de modo integrado, das noções básicas
relativas ao meio ambiente, e das medidas práticas de promoção da saúde,
desenvolvendo suas potencialidades, e adquirindo posturas pessoais e
comportamentos sociais, que lhe permitam viver numa relação construtiva
consigo mesmo e com o meio em que vive, contribuindo para a construção de
uma sociedade saudável, ambientalmente sustentável e socialmente justa.
120
BIBLIOGRAFIA
LINHARES, S. e GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Ática, 1993.
Parâmetros Curriculares Nacionais. Meio Ambiente e Saúde. v. 9. Brasília:
Secretaria de Educação Fundamental, 1997.
SANTOS, Maria Ângela dos. Biologia Educacional. 16. ed., São Paulo: Ática,
1993.
VASCONCELLOS, J. L. e GEWANDSZNAJDER, F. Programas de Saúde. 6.
ed., São Paulo: Ática, 1993.
WERNER, D. Onde não há médico. 5. ed., São Paulo: Paulinas, s/d.