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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO "LATU SENSU" PROJETO A VEZ DO MESTRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA O PENSAMENTO E A PRÁTICA DO SUPERVISOR ESCOLAR NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES Por: Daniela Bolognini de Albuquerque Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Niterói 2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATU … BOLOGNINI DE ALBUQUERQUE.pdf · A preparação apropriada de todos os educadores constitui-se um ... de deficiências torna-se

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO "LATU SENSU"

PROJETO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O PENSAMENTO E A PRÁTICA DO SUPERVISOR ESCOLAR NA

FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

Por: Daniela Bolognini de Albuquerque

Orientador

Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Niterói

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO "LATU SENSU"

PROJETO A VEZ DO MESTRE

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O PENSAMENTO E A PRÁTICA DO SUPERVISOR ESCOLAR

NA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do curso

de Pós-graduação "Lato Sensu" em Supervisão Escolar.

Por: Daniela Bolognini de Albuquerque

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que colaboraram

direta ou indiretamente para o

enriquecimento desta pesquisa.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os

professores que procuram, a cada dia,

repensar a sua prática na educação.

5

RESUMO

O supervisor tem como função estimular o professor a construir seus

conhecimentos e sua prática criativamente. Com a falta de preparo dos

profissionais de ensino na educação inclusiva, a sua capacitação é uma prática que

precisa ser criada e desenvolvida.

O trabalho do supervisor escolar na formação dos professores na prática

inclusiva deve oferecer uma melhor capacitação, proporcionando maior autonomia

ao trabalho pedagógico, maior criatividade ao planejamento e desempenho das

atividades. Deve, também, desenvolver estratégias, privilegiando o aspecto

intelectual e prático, para propiciar mudanças internas e a formação do professor.

É de suma importância o papel da supervisão escolar no trabalho de

capacitação do professor. Este profissional, além de dominar a teoria e a prática

construtivista, deve ter experiência com esta abordagem na educação especial.

Seu relacionamento com os professores é de primordial importância, pois

sua tarefa não será a de fiscalizar ou dirigir os trabalhos, mas, estimular os

professores a conquistar seu próprio espaço, refletir sobre sua prática e afirmar

suas descobertas perante o grupo, articulando pontos de vista e refutando o que

contradiz seus princípios teóricos.

6

METODOLOGIA

Método científico é um caminho, uma forma lógica de

pensamento. O trabalho científico implica no aprofundamento

do estudo sobre uma questão. (VERGARA, 2004)

O estudo do tema será baseado na pesquisa bibliográfica com enfoque

teórico, através de idéias e conceitos sobre a falta de preparo dos profissionais de

ensino na educação inclusiva e sua capacitação sendo uma prática que precisa ser

criada e desenvolvida com a estimulação do Supervisor Escolar e que serão

fundamentados a partir de pesquisa em documentos e livros.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .....................................................................................................8

CAPÍTULO I

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL ...............11

CAPÍTULO II

PROCESSO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL ....................................................21

CAPÍTULO III

A ESCOLA INCLUSIVA – IDENTIFICANDO O ALUNO COM NECESSIDADES

EDUCATIVAS ESPECIAIS ..................................................................................26

CAPÍTULO IV

A MULTIDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA INCLUSIVA.....................................38

CAPÍTULO V

RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE: ESTIMULANDO A INCLUSÃO SOCIAL ..42

CAPÍTULO VI

OS PROFISSIONAIS DE ENSINO X ESCOLA INCLUSIVA ...............................45

CONCLUSÃO ......................................................................................................49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...........................................................................51

ÍNDICE ................................................................................................. ................53

FOLHA DE AVALIAÇÃO ......................................................................................55

ANEXO .................................................................................................................56

8

INTRODUÇÃO

A preparação apropriada de todos os educadores constitui-se um fator chave

na promoção de progresso no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas.

Além disso, a importância do recrutamento de professores que possam servir como

modelo para crianças portadoras de deficiências torna-se cada vez mais

reconhecida.

O treinamento pré-profissional deveria fornecer a todos os estudantes de

pedagogia de ensino fundamental ou médio, orientação positiva frente à

deficiência, desta forma, desenvolvendo um entendimento daquilo que pode ser

alcançado nas escolas através dos serviços de apoio disponíveis na localidade.

O conhecimento e habilidades requeridas dizem respeito, principalmente, à

boa prática de ensino e incluem a avaliação de necessidades especiais, adaptação

do conteúdo curricular, utilização de tecnologia de assistência, individualização de

procedimentos de ensino no sentido de abarcar uma variedade maior de

habilidades.

Nas escolas práticas de treinamento de professores, atenção especial

deveria ser dada à preparação de todos os professores para que exercitem sua

autonomia e apliquem suas habilidades na adaptação do currículo e da instrução

no sentido de atender as necessidades especiais dos alunos, bem como no sentido

de colaborar com os especialistas e cooperar com os pais.

Um problema recorrente em sistemas educacionais, mesmo naqueles que

provêem excelentes serviços para estudantes portadores de deficiências refere-se

a falta de modelos para tais estudantes. Alunos de educação especial requerem

oportunidades de interagir com adultos portadores de deficiências que tenham

obtido sucesso de forma que eles possam ter um padrão para seus próprios estilos

9

de vida e aspirações com base em expectativas realistas. Alem disso, alunos

portadores de deficiências deveriam ser treinados e providos de exemplos de

atribuição de poderes e liderança à deficiência de forma que eles possam auxiliar

no modelamento de políticas que irão afetá-los futuramente.

Sistemas educacionais deveriam, portanto, basear o recrutamento de

professores e outros educadores que podem e deveriam buscar para a educação

de crianças especiais, o envolvimento de indivíduos portadores de deficiências que

sejam bem sucedidos e que provenham da mesma região.

As escolas devem assumir um dos papéis principais na disseminação da

mensagem de compreensão e aceitação dos direitos das pessoas com deficiência,

ajudando a banir medos, mitos e concepções falsas, e apoiando os esforços da

comunidade inteira. Devem ser aumentados e extensamente disseminados os

recursos educacionais destinados a ajudar os alunos; a desenvolver neles mesmos

e nos outros um senso de individualidade em relação à deficiência e a reconhecer

mais positivamente as diferenças.

É necessário realizar a educação para todos com base nos princípios de

participação plena e igualdade. A educação desempenha um papel principal na

definição do futuro para todas as pessoas, sob os pontos de vista pessoal, social e

profissional.

O sistema educacional tem de ser, portanto, o lugar principal para garantir o

desenvolvimento pessoal e a inclusão social, o qual permitirá que crianças e

adolescentes com deficiência sejam tão independentes quanto possível. O sistema

educacional é o primeiro passo em direção a uma sociedade inclusiva. Devemos

levar em consideração a falta de preparo dos profissionais de ensino na educação

inclusiva e sua capacitação sendo uma prática que precisa ser criada e

desenvolvida.

10

Com isso, o objetivo do presente trabalho é repensar a prática do supervisor

escolar na formação dos professores para a prática inclusiva, visando desenvolver

estratégias, supervisionar e oferecer capacitação aos professores, proporcionando

maior autonomia ao trabalho pedagógico, maior criatividade ao planejamento e

desempenho das atividades, privilegiando o aspecto intelectual e prático, para

propiciar mudanças internas e a formação dos mesmos.

11

CAPÍTULO I

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

A busca por uma sociedade igualitária, por um mundo em que homens

gozem de liberdade de palavra, de crença e da condição de viverem a salvo do

temor e da necessidade, onde o reconhecimento da dignidade inerente a todos os

homens e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da autonomia, da

justiça e da paz no mundo, originou a Declaração Universal dos Direitos Humanos,

movimento internacional do qual o Brasil é signatário.

Nessa linha são criadas normas e políticas específicas acerca dos direitos

das pessoas com deficiência, propondo mecanismos que poderiam favorecer sua

integração, destacando a instituição escolar como agência principal desse

processo e priorizando a expansão de matrículas na rede pública regular.

A Assembléia Geral proclama:

A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como

o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as

nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão

da sociedade tendo sempre em mente esta Declaração se

esforce, através do ensino e da educação, por promover o

respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de

medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por

assegurar o seu reconhecimento e a sua observância

universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios

Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob

12

sua jurisdição (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS

HUMANOS, 1948).

Esta declaração representou um marco na história dos direitos e garantias

individuais e coletivas do homem no Brasil e no mundo. Os direitos ali tutelados

foram adotados como princípios fundamentais para a elaboração da Constituição

Federal da República de 1988.

É importante observar que o sistema jurídico brasileiro pode ser

representado como uma pirâmide de normas hierarquicamente dispostas, cujo topo

é ocupado pela Constituição. Ao regular os dispositivos mencionados na

Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Constituição deu máxima

importância à matéria, impedindo que qualquer outra norma ou lei lhes negue

validade.

O artigo 5º e seus 77 incisos, fundamento do ordenamento jurídico

brasileiro, legitimam a busca por uma sociedade igualitária idealizada na citada

Declaração.

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à

vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade

nos termos seguintes. (Art. 5º, CF, 1988)

Saliente-se que o princípio da isonomia, ali descrito, prega a igualdade aos

iguais, devendo ser respeitadas as diferenças de cada um, conforme as regras de

equidade. Dentro destes princípios, a Constituição dispõe sobre o direito à

educação e à forma pela qual ela deve ser ministrada, avocando para si o dever de

proporcionar a seus cidadãos o ensino a que fazem jus.

13

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da

família, será promovida e incentivada com a colaboração da

sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para

o trabalho (Art. 205, CF, 1988).

Sob este contexto, em 1990, foi aprovada pela Conferência Mundial sobre

Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia, a Declaração Mundial sobre

Educação para Todos, Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de

Aprendizagem. Embora há mais de quarenta anos, as nações do mundo tenham

afirmado na Declaração Universal dos Direitos Humanos que "toda pessoa tem

direito à educação" e apesar dos esforços realizados por países do mundo inteiro

para assegurar esse direito, persiste uma realidade muito distante daquela

idealizada.

Tais garantias legais, quando postas à prova no cotidiano da comunidade,

da escola e do aluno, mostram que o direito que garante o acesso escolar não é o

mesmo que garante o ensino de qualidade; ou ainda, que a escola para todos não

é a escola de todos. As desigualdades sociais e econômicas existentes na

sociedade promovem essa diferença que a proposta da inclusão tenta reduzir ao

propor que os governos devam priorizar uma educação de qualidade, que promova

o desenvolvimento pleno de seus educandos.

No entanto, algo havia modificado e esta pequena mudança causou uma

urgente exigência social para que se aplicasse, efetivamente, o princípio afirmado

em 1948. As mudanças sociais então ocorridas, ainda que pequenas,

possibilitaram a fixação de metas para se chegar a uma educação para todos, que

daria origem ao projeto de escola inclusiva.

Não obstante, o mundo está às vésperas de um novo século

carregado de esperanças e de possibilidades. Hoje,

14

testemunhamos um autêntico progresso rumo à dissensão

pacífica e de uma maior cooperação entre as nações. Hoje,

os direitos essenciais e as potencialidades das mulheres são

levados com conta. Hoje, vimos emergir, a todo o momento,

muitas e valiosas realizações científicas e culturais. Hoje, o

volume das informações disponível no mundo – grande parte

importante para a sobrevivência e bem-estar das pessoas – é

extremamente mais amplo do que há alguns anos, e continua

crescendo num ritmo acelerado. Estes conhecimentos

incluem informações sobre como melhorar a qualidade de

vida ou como aprender a aprender. Um efeito multiplicador

ocorre quando informações importantes estão vinculadas com

outro grande avanço: nossa nova capacidade em comunicar.

Essas novas forças, combinadas com a experiência

acumulada de reformas, inovações, pesquisas, e com o

notável progresso em educação registrado em muitos países,

fazem com que a meta de educação básica para todos – pela

primeira vez na história – seja uma meta viável

(DECLARAÇÃO MUNDIAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS,

1990).

A Declaração Mundial de Educação Para Todos já recomendava medidas

que garantissem a igualdade de acesso à educação às pessoas com qualquer tipo

de transtorno ou deficiência como parte integrante do sistema educativo. Mas foi

em 1994, com a Declaração de Salamanca, na Espanha, que o projeto de escola

inclusiva foi mais precisamente delineado.

Especificamente, destinada ao enquadramento da ação na área das

necessidades educativas especiais, a conferência mundial realizada em

Salamanca possibilitou uma discussão aprofundada sobre uma nova forma de

educação, na qual a pessoa com necessidade educativa especial deve ser incluída

15

no sistema regular de ensino. Porém, esta declaração não apenas buscou garantir

o acesso às escolas, mas favoreceu a criação de um terceiro tipo de pedagogia,

diferente da utilizada nas escolas regulares e da utilizada nas escolas especiais,

baseada tanto em uma quanto em outra nos seus aspectos fundamentais, de forma

a facilitar a aprendizagem de todas as crianças com sucesso. A Declaração de

Salamanca desenvolve o seguinte silogismo sobre o assunto:

O princípio orientador deste Enquadramento da Ação consiste

em afirmar que as escolas se devem ajustar a todas as

crianças, independentemente de suas condições físicas,

sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito, terão de incluir

crianças com deficiência ou superdotados, crianças da rua ou

crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou

nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou

culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou

marginais. Estas condições colocam uma série de diferentes

desafios aos sistemas escolares. No contexto deste

enquadramento da ação, a expressão "necessidades

educativas especiais" refere-se a todas as crianças e jovens

cujas carências se relacionam com deficiências ou

dificuldades escolares. Muitas crianças apresentam

dificuldades escolares e, conseqüentemente, têm

necessidades educativas especiais, em determinado

momento de sua escolaridade. As escolas terão de encontrar

formas de educar com sucesso estas crianças, incluindo

aquelas que apresentam incapacidades graves. Existe o

consenso crescente de que as crianças e jovens com

necessidades educativas especiais devem ser incluídas nas

estruturas educativas destinadas a maioria das crianças, o

que conduziu ao conceito da escola inclusiva. O desafio com

que se confronta esta escola inclusiva é o de ser capaz de

16

desenvolver uma pedagogia centrada nas crianças,

susceptível de as educar a todas com sucesso, incluindo as

que apresentam graves incapacidades. O mérito destas

escolas não consiste somente no fato de serem capazes de

proporcionar uma educação de qualidade a todas as crianças;

a sua existência constitui um passo crucial na ajuda da

modificação das atitudes discriminatórias e na criação de

sociedades acolhedoras e inclusivas. É imperativo que haja

uma mudança na perspectiva social, pois, por tempo já

demasiado longo as pessoas com deficiência têm sido

marcadas por uma sociedade incapacitante que acentua mais

os seus limites do que as suas potencialidades.

A educação de alunos com necessidades educativas

especiais incorpora os princípios já comprovados de uma

pedagogia saudável da qual todas as crianças podem

beneficiar, assumindo que as diferenças humanas são

normais e que a aprendizagem deve ser adaptada às

necessidades da criança, em vez de ser esta a ter de se

adaptar a concepções predeterminadas, relativamente ao

ritmo e à natureza do processo educativo. Uma pedagogia

centrada na criança é benéfica para todos os alunos e, como

conseqüência, para a sociedade em geral, pois a experiência

tem demonstrado que esta pedagogia pode reduzir

substancialmente as desistências e as repetições e garantir

um êxito escolar médio mais elevado. Uma pedagogia deste

tipo pode também ajudar a evitar o desperdício de recursos e

a destruição de esperanças, o que, muito freqüentemente,

acontece como conseqüência do baixo nível de ensino e da

mentalidade – "uma medida serva para todos" – relativa à

educação. As escolas centradas na criança são, assim, a

17

base de construção de uma sociedade orientada para as

pessoas, respeitando quer as diferenças, quer a dignidade de

todos os seres humanos. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA

E ENQUADRAMENTO DA AÇÃO, 1994).

A conferência trouxe um novo enfoque sobre o sistema educacional,

ocasionando uma atualização no ordenamento jurídico brasileiro através de

emendas que modificaram o texto constitucional e possibilitaram inserções

importantes na política educacional, matéria que foi regulamentada de forma mais

específica pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Lei nº 9394/96.

Art. 58 – Entende-se por educação especial, para os efeitos

desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino para educandos

portadores de necessidades especiais.

§ 1º – Haverá, quando necessário, serviços de apoio

especializado, na escola regular, para atender as

peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º – O atendimento educacional será feito em classes,

escolas ou serviços especializados, sempre que em função

das condições específicas dos alunos, não for possível a sua

integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º – A oferta de educação especial, dever constitucional do

Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante

a educação infantil (Art. 58, Lei nº 9.394/96).

18

O projeto busca a modificação das atitudes discriminatórias e a formação

de sociedades acolhedoras e inclusivas através da criação de escolas capazes de

proporcionar uma educação de qualidade para todas as crianças, com ou sem

necessidades educativas especiais. Ou seja, preconiza a inclusão no sistema

regular de ensino de crianças com necessidades especiais, sob o fundamento de

que a aproximação escolar de pessoas de todos os níveis de capacidade de

aprendizado proporcionaria uma mudança na perspectiva social, aproximando

aqueles que, ao longo do tempo, vêm sendo marginalizados. Parte do princípio de

que aquilo que é mais conhecido é melhor aceito.

No entanto, este belo ideal precisa tomar forma terrena, deformar e

reformar para que possa ser reconhecido como próprio a cada ser humano.

Inquietações sobre o projeto surgem na mesma velocidade que as frustrações

experimentadas pelos professores no dia-a-dia escolar que, pressionados pelo

"preferencialmente em sistema regular de ensino" adotado na LDB, receberam em

suas salas de aula crianças com necessidades educativas especais sem,

entretanto, estarem preparados para a educação desta nova clientela. Será que as

necessidades educativas especiais de uma criança não serão melhor

desenvolvidas no sistema especial de ensino voltado especificamente para aquela

determinada necessidade? Cumpre ressaltar o pensamento de que a escola de

ensino especial enfoca o desenvolvimento das potencialidades apresentadas pela

criança e a escola de ensino regular ainda lamenta as suas deficiências.

Será falsa a afirmativa de que o sistema regular de ensino pode atingir um

grau menor de desenvolvimento das habilidades educativas em crianças com ou

sem necessidades educativas especiais, tendo em vista as enormes diferenças

encontrada em uma sala de aula inclusiva? Desta forma, não estaríamos aplicando

o princípio da isonomia de forma inadequada, tratando igualmente os desiguais

sem respeitar as diferenças de cada um?

Ainda que o projeto idealize a criação de uma pedagogia capaz de educar

a todos com sucesso, indagamos qual tipo de sucesso vem sendo desejado. Sob

19

esta ótica, o objetivo maior do projeto de escola inclusiva é, acima do ensino, a

inclusão destes indivíduos na sociedade. No entanto, será este o melhor caminho

para se obter a tão almejada mudanças das atitudes discriminatórias em prol de

uma sociedade mais justa e igualitária? Qual o preço pago por nossas crianças que

vem sendo incluídas nestas escolas?

Observamos que este despreparo pedagógico pode gerar uma situação na

qual a criança incluída não consegue participar das atividades desenvolvidas na

sala de aula, deixa de fazer parte do grupo e é discriminada por este. Está na

escola de ensino regular, mas não faz parte dela. Nestas situações, as diferenças

são mais do que nunca enfatizadas. Permanece, então, a dúvida, talvez anterior a

todas: qual é o papel da Escola? Partindo da idéia de que a educação para todos

deve estar associada aos ideais democráticos, considera-se como uma das mais

importantes tarefas da escola para todos, seja ela idealizada como projeto de

escola inclusiva ou como projeto de escola pública, garantir o:

Acesso, a socialização de cada criança naquilo que é

considerado socialmente "participável", naquilo que todos

devem ser iniciados, de forma a que se possa falar que há

algo de comum entre cada um dos cidadãos, que não inibe,

não desfaz, não exclui o desenvolvimento das singularidades,

mas dele se alimenta (VALLE, 2000, p. 31).

Desta forma, a prioridade da escola é, antes do ensino e antes mesmo da

socialização da criança, construir cidadãos que, como tais, sejam capazes não

apenas de reconhecer seus direitos e deveres, mas de extrapolarem tal idéia,

alcançando a crença na deliberação comum e no poder criador da sociedade,

suprindo assim suas deficiências.

Finalmente, apesar de todas as tentativas históricas de controle, a

possibilidade de deliberação humana não permite que se garanta qual caminho

20

seguiremos. Podemos supor, desejar, imaginar e quem sabe até, temer. Diante

deste panorama, o projeto de escola inclusiva está inserido num ideal maior,

aquele que concebe e repensa o próprio projeto de Escola, capaz de formar, pela

educação, indivíduos-cidadão que trabalhem pela construção de uma sociedade

mais justa e igualitária.

Neste contexto, o termo "necessidades educativas especiais" refere-se a

todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de

deficiências ou dificuldades de aprendizagem. O fator diferencial desta proposta é

buscar desenvolver uma pedagogia capaz de educar com sucesso todas as

crianças e não mais incluir crianças com necessidades educacionais especiais no

modelo de escola que visa atender a maioria da população, sob pena de se

transformar em um meio perverso de exclusão.

Assim, a proposta atual de escola inclusiva visa a construção de uma

sociedade orientada para as pessoas, a fim de proporcionar igualdade de

oportunidades, com respeito às diferenças e dignidade dos seres humanos.

À medida que se aprofundam as discussões sobre a inclusão de pessoas

com qualquer tipo de transtorno ou deficiência, abre-se o leque de possibilidades,

busca-se não apenas manter estas pessoas vivas e em atividade, mas com

qualidade de vida, promovendo sempre que possível, o exercício da cidadania,

percebendo-as úteis. Isto porque, ainda que não consigam exercer plenamente

esta cidadania, as mesmas devem ser percebidas dentro da sociedade como

sujeitos de direitos tutelados pelo Estado.

21

CAPÍTULO II

PROCESSO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL

Satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem de

crianças, jovens e adultos, provendo-lhes as competências

fundamentais requeridas para plena participação na vida

econômica, social, política e cultural do país, especialmente

as necessidades do mundo do trabalho (...) garantindo

oportunidades a todos de aquisição de conteúdos e

competências básicas no domínio cognitivo (...) e no domínio

da sociabilidade (...); universalizar, com eqüidade, as

oportunidades de alcançar e manter níveis apropriados de

aprendizagem e desenvolvimento (...) implementando

estratégias de ensino para atender às necessidades

específicas de aprendizagem de cada aluno, assegurando a

todos uma educação de qualidade que respeite e promova a

construção da identidade da criança e do adolescente (...).

(PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO PARA TODOS, DO

MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO E CULTURA, 1993)

Na definição de suas Linhas de Ação Estratégicas, no item referente à

melhoria do acesso e da permanência escolar, no que diz respeito à adoção de

planos, métodos e instrumentos apropriados à satisfação das necessidades

específicas da aprendizagem de determinados grupos da população escolar, o

Plano Decenal de Educação Para Todos refere-se aos portadores de deficiências

considerando-os parte integrante do sistema educativo.

22

De acordo com a Lei nº 9394/96, Educação Especial corresponde à

modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, no sistema regular

de ensino, desde a Educação Infantil até a Educação de Jovens e Adultos, para os

educandos portadores de necessidades especiais. Tais posturas refletem as

últimas conquistas referentes à luta travada contra a exclusão a que estavam (e em

alguns casos ainda estão) sujeitas as pessoas deficientes.

O reconhecimento, pela sociedade, dos direitos das pessoas deficientes

tem sido um processo longo, que, evoluindo da discriminação para uma atitude de

integração do deficiente à sociedade, parecia levá-lo a uma situação de inclusão

social. No entanto, tais atitudes ficavam aquém do propósito de inclusão por não

exigirem mudanças na sociedade de modo a oferecer, aos deficientes, condições

reais de autonomia e independência necessárias ao exercício pleno da cidadania.

A questão da inclusão social de pessoas que – em caráter temporário,

intermitente ou permanente – possuem, além das necessidades comuns a todo ser

humano, necessidades especiais decorrentes de sua condição atípica (e que por

essa razão estão enfrentando barreiras para tomar parte ativa na sociedade com

oportunidades iguais às da maioria da população), tem mobilizado atenções e

gerado conseqüências.

As necessidades especiais são resultantes de condições atípicas de alguns

seres humanos: deficiência mental, física, auditiva, visual ou múltipla, autismo,

dificuldade de aprendizagem, insuficiência orgânica, superdotação, problemas de

conduta, distúrbio do déficit de atenção com hiperatividade, distúrbio obsessivo

compulsivo, distúrbios emocionais e transitórios mentais. Por outro lado, algumas

condições atípicas podem ser agravadas (ou resultantes) de situações sociais

marginalizadas ou excludentes, dentre outras a falta de estímulo do ambiente e de

escolaridade.

A sociedade, em todas as culturas, atravessou fases diversas no que se

refere às práticas sociais voltadas a esse segmento de sua população. De início

23

praticando e exclusão social de pessoas que, por sua condição atípica, não lhe

parecia pertencer à maioria da população, passou para o atendimento segregado

dentro de instituições, evoluiu para a prática da integração social daqueles que

apresentavam condições de adaptabilidade, e passou a adotar, recentemente, a

filosofia da inclusão social para modificar os sistemas sociais gerais.

O movimento de inclusão social teve início nos anos 80, com o surgimento

da luta pelos direitos das pessoas portadoras de deficiências, a partir do

reconhecimento de que os problemas enfrentados pelos deficientes estavam não

somente neles em função de suas condições atípicas, mas também na sociedade,

que não lhes oferece condições de desempenho de seus papéis sociais, causando-

lhes incapacidade (ou desvantagem), em virtude de seus ambientes restritivos,

com seus objetos e outros bens inacessíveis do ponto de vista físico, suas políticas

e práticas discriminatórias, suas atitudes preconceituosas, seus discutíveis padrões

de normalidade, seus pré-requisitos atingíveis apenas pela maioria aparentemente

homogênea e sua quase total desinformação sobre necessidades especiais e

sobre direitos das pessoas que têm essas necessidades.

Inspirada no lema do Ano Internacional da Alfabetização de Pessoas

Deficientes ("Participação Plena e Igualdade"/91), uma pequena parcela da

sociedade de vários países começou a tomar consciência da questão: para

participação plena e igualdade de oportunidades, o necessário não seria tanto a

adaptação do deficiente à sociedade, mas desta às pessoas deficientes.

Ao final da década de 80 surge o conceito de inclusão social do deficiente

nos países mais desenvolvidos, ganhando impulso na década de 90 nos países em

desenvolvimento, devendo se tornar realidade em todos os países nos primeiros

dez anos do século XXI.

O movimento de inclusão social tem por objetivo a construção de uma

sociedade realmente para todas as pessoas, sob a inspiração de novos princípios,

24

dentre os quais se destacam o reconhecimento das diferenças, o direito de

pertencer, a valorização da diversidade humana, a igual importância das minorias e

a cidadania com qualidade de vida para todos.

O processo de inclusão, por ser diferente da tradicional prática de

integração, desafia, sobretudo a educação na efetivação de mudanças

fundamentais em seus procedimentos e estruturas.

A Educação Especial tem sido, ultimamente, colocada em questão por um

conjunto de idéias e opiniões internas e externas a essa modalidade de ensino,

todas convergindo para a necessidade de reformas e de novas alternativas de

estrutura nas propostas, programas e ações educacionais, em favor dos alunos

portadores de necessidades educativas especiais.

A avaliação de diversas formas de atuação da educação especial, dentro

ou fora da escola, tem demonstrado que em vez de propiciar o desenvolvimento

dos alunos com déficit de ordens diversas, e de apontar melhorias para o ensino

geral, ela tem insistido na discriminação e no isolamento dessas pessoas do

convívio com os "normais", privando-os de condições necessárias à ultrapassagem

de suas dificuldades de adaptação.

Como outros sistemas sociais, a educação também passou pela exclusão,

segregação institucional e integração, até chegar à proposta de inclusão no trato

com a pessoa deficiente.

A princípio excluídas da família e da sociedade, as pessoas deficientes

passaram a ser atendidas em instituições religiosas e filantrópicas, que não sofriam

nenhum tipo de controle referente à qualidade do trabalho realizado. Neste

contexto, surge a educação especial, realizada em escolas especiais, centros de

reabilitação e/ou oficinas protegidas de trabalho, pois a sociedade começou a

admitir que pessoas deficientes poderiam ser produtivas se recebessem

25

escolarização e treinamento profissional. A seguir, num movimento de integração

social do deficiente físico, surgem as classes especiais dentro das escolas comuns.

A partir da década de 80, com o surgimento da luta pelos direitos das

pessoas portadoras de condições atípicas, e diante das novas fronteiras

conquistadas e, já ao final da década, com as experiências acumuladas, algumas

instituições sociais e organizações ligadas aos deficientes começaram a perceber e

a disseminar o fato de que a tradicional prática de integração social não era

suficiente para acabar com a discriminação contra esse segmento da população e

permitir a verdadeira participação, uma vez que, pouco ou nada exige da sociedade

em termos de atitudes, espaços físicos, objetos e práticas sociais. Neste modelo,

integrativo, a sociedade se limita a receber os portadores de deficiência, desde que

adaptados aos padrões de convivência social, sem perceber os problemas que cria

para essas pessoas.

Surge, então, o novo paradigma da inclusão também na educação, com o

propósito de englobar a todos no ensino regular, num sistema educacional que,

considerando as necessidades peculiares de cada um, se estrutura de forma a

atendê-las. Portanto, o mundo inclusivo é um mundo no qual todas as pessoas têm

as mesmas oportunidades de ser e de estar na sociedade, de forma participativa,

onde as relações entre o acesso às oportunidades e as características individuais

não seja marcado por motivos outros que não a igualdade de valor entre as

pessoas.

26

CAPÍTULO III

A ESCOLA INCLUSIVA – IDENTIFICANDO O ALUNO COM

NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS

A escola, como uma instituição voltada para a informação e a formação,

poderia e deveria ser um espaço que se preocupasse em tornar os alunos mais

humanos. Assim entendida, ela representa um lugar favorável a que todos que a

procuram possam ser bem-vindos para colaborar no trabalho realizado. Cada um

deveria fazer parte do seu contexto como um membro valorizado e, por sua vez,

alunos e profissionais deveriam apoiar-se mutuamente, uns aos outros, como

aprendizes ativos, dinâmicos e recíprocos. Isto porque a educação processa-se e

acontece no contato entre seres humanos, de maneira que as potencialidades,

facilidades e dificuldades de cada um moldam a extensão e o grau do

desenvolvimento psicossocial.

Para facilitar esta integração com o mundo dos alunos portadores de

necessidades educativas especiais é necessário que todos os envolvidos na sua

educação estejam preparados para operacionalizar as atividades de acordo com

suas deficiências. Se torna necessário, então, o conhecimento prévio de cada

deficiência para construção de relatórios e maior integração com os profissionais

da saúde.

Considera-se como pessoa portadora de deficiência, para efeitos do artigo

5º, 2º da lei 8112/90, a pessoa que apresente, em caráter permanente, perdas ou

redução de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica, mental ou anatômica,

que gerem incapacidade para certas atividades, dentro do padrão considerado

normal para o ser humano.

27

Considera-se deficiência uma redução efetiva e acentuada da capacidade

de integração social com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou

recursos educacionais a fim de receber ou transmitir informações necessárias ao

desempenho da função a ser exercida.

Deficiência permanente se define como aquela que ocorreu ou se

estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação

ou ter probabilidade de que se altere apesar de novos tratamentos médicos e

cirúrgicos.

Sem prejuízo de outras classificações nos conceitos acima, são

consideradas pessoas portadoras de deficiência, as que se enquadram nas

seguintes categorias de deficiência:

3.1 – Deficiência Física

Traduz-se como alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos

do corpo humano, tendo como conseqüência o comprometimento da função

motora. Apresenta-se sob diversas formas, dentre as quais:

Paraplegia – perda total das funções motoras dos membros inferiores;

Paraparesia – perda parcial das funções motoras dos membros inferiores;

Monoplegia – perda total das funções motoras de um só membro (podendo

ser membro superior ou inferior);

Monoparesia – perda parcial das funções motoras de um só membro

(podendo ser membro superior ou inferior);

Tetraplegia – perda total das funções motoras dos membros inferiores e

superiores;

Tetraparesia – perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e

superiores;

Triplegia – perda total das funções motoras em três membros;

28

Triparesia – perda parcial das funções motoras em três membros;

Hemiplegia – perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo

(direito ou esquerdo);

Hemiparesia – perda parcial das funções motoras de um hemisfério do

corpo (direito ou esquerdo);

Amputação – perda total de um determinado segmento de um membro

(superior ou inferior);

Paralisia Cerebral – lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso

central tendo como conseqüência alterações psicomotoras, podendo ou não causar

deficiência mental.

3.2 – Deficiência Sensorial – auditiva e visual

3.2.1 – Deficiência Auditiva

Se a língua de sinais é proibida, ou se a interação social,

educação, informação e serviços não são disponíveis em

língua de sinais, a pessoa surda não desenvolve seu

potencial lingüístico e não pode se comunicar. Se os direitos

lingüísticos da pessoa surda são implementados e ela tem

seu desenvolvimento lingüístico normal, se o uso da língua de

sinais é permitido em todos os níveis, se não existem

obstáculos à comunicação e participação – então a pessoa

surda é igual (Liisa Kauppinen – Presidente da Federação

Mundial dos Surdos/World Federation of the Deaf).

Caracteriza-se como deficiência auditiva a perda total ou parcial da

capacidade de compreender a fala através do ouvido. São classificadas em:

anacusia – perda total da capacidade auditiva; hipoacusia – diminuição da

29

capacidade auditiva e presbiacusia – perda progressiva da capacidade auditiva

provocada pelo envelhecimento.

De acordo com a lesão, a deficiência auditiva caracteriza-se por quatro

tipos, o primeiro chamado de condutiva ou transmissão, quando o ouvido externo

ou médio é afetado, o segundo chama-se neurossensorial, envolvendo o ouvido

interno ou o nervo auditivo, o terceiro conhecido como mista, envolve tanto a lesão

condutiva como a neurossensorial, e deficiência auditiva central quando não se

apresenta necessariamente acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva,

mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das

informações sonoras.

As causas da perda da capacidade auditiva são diversas: congênita,

principalmente as hereditárias e adquiridas; as hereditárias podem ser causadas

por viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis,

citomegalovírus), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo

auditivo) durante a gravidez etc.

Os primeiros movimentos preocupados com o atendimento dos

deficientes surgiram na Europa se expandindo para os Estados Unidos e Canadá e

posteriormente para o Brasil. A política educacional brasileira somente reconheceu

a educação dos deficientes no final dos anos 50.

As iniciativas acerca da educação dos surdos surgiram no século XIX,

mas somente no século XX o poder público assumiu sua responsabilidade com

esta modalidade de ensino. Em 1957, institui-se a Campanha para a Educação do

Surdo Brasileiro – CESB, seguida da implantação do Instituto Nacional de

Educação de Surdos – INES, no Rio de Janeiro, considerado referência na

educação de surdos.

30

Existem diversas metodologias possíveis na educação de surdos, porém

são necessárias adaptações curriculares para atender às especificidades da

clientela, seja na escola regular ou na especial. Os educadores devem considerar

as necessidades específicas dos alunos, com o objetivo de favorecer sua

adaptação e sua integração.

Os pais das crianças surdas devem ser informados e orientados em

relação às vantagens e limitações de cada uma das diferentes abordagens com

relação ao tratamento de seus filhos para que escolham a opção que julgam mais

adequada.

3.2.2 – Deficiência visual

Caracteriza-se pela incapacidade total ou parcial de seus portadores

utilizarem a visão nas atividades diárias. Bebês podem nascer sem visão e

pessoas podem tornar-se deficientes visuais em qualquer fase da vida. A

deficiência visual ocorre independentemente de sexo, grupo étnico, raça,

ancestrais, saúde, posição social ou qualquer outra condição específica. Pode

ocorrer repentinamente causado por acidente ou doença súbita ou,

gradativamente, a ponto da pessoa acometida demorar para dar-se conta do que

está acontecendo.

A deficiência visual interfere em habilidades e capacidades e afeta não

somente a vida da pessoa acometida, mas dos membros de sua família, seus

amigos, seus professores, seus empregadores e outros. Entretanto, com o

tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços

especializados, a perda da visão não significará o fim da vida independente e não

ameaçará a vida plena e produtiva.

31

A pessoa com visão subnormal, apesar do distúrbio, consegue ler textos

impressos em tintas enquanto a cega necessita do método Braille ou outro similar,

como meio de leitura e escrita.

Os sinais mais comuns de deficiência visual são: irritação crônica dos

olhos, indicadas por olhos lacrimejantes, pálpebras avermelhadas, inchadas ou

remelosas; náuseas, dupla visão ou névoas durante ou após a leitura; esfregar os

olhos, franzir ou contrair o rosto quando olha objetos distantes; excessiva cautela

ao andar, correr raramente e tropeçar sem razão aparente; desatenção anormal

durante trabalhos no quadro de giz, mapas de parede, etc; inquietação,

irritabilidade ou nervosismo excessivos durante um prolongado trabalho visual;

pestanejar excessivamente, sobretudo durante a leitura, segurar habitualmente o

livro muito perto, muito distante ou em outra posição incomum quando lê; inclinar a

cabeça para um lado durante a leitura; capacidade de leitura por apenas um

período curto de cada vez; fechar ou tapar um olho durante a leitura.

Alguns casos de hidrocefalia, hanseníase, tumores cerebrais, catarata e

artrite podem causar deficiência visual.

Deve-se observar as campanhas de multivacinação e vacinar crianças

entre 0 e 5 anos. Mão em fase de aleitamento e recém-nascido devem consumir

alimentos ricos em vitamina A. A falta de higiene e a presença de moscas devem

ser evitadas. Objetos cortantes ou pontiagudos, garrafas de vidro, explosivos ou

fogos de artifício, álcool, ácidos e produtos químicos, como material de limpeza,

devem ficar fora do alcance das crianças, as quais devem ser informadas sobre o

perigo dos mesmos. A utilização do cinto de segurança, além de obrigatória pela

legislação nacional evita cortes e perfurações na face, em caso de acidentes

automobilísticos.

Uma criança cega ou com baixa visão deve freqüentar a escola e para que

o deficiente visual possa exercer seu direito à educação são oferecidas as classes

32

especiais, as salas de recursos e a possibilidade de inclusão nas classes regulares

de ensino, onde tanto ele como o professor podem se valer dos seguintes recursos:

Sistema Braille, Reglete, Punção, Máquina Perkins e Soroba, Impressora Braille,

Livro Falado, Softwares adaptados: leitor de tela, dosvox, virtual vision, jawls, via

vox, motrix, Lupas, Cadernos com pautas especiais, retroprojetores.

3.3 – Deficiência mental

Deficiência Mental é um estado onde existe uma limitação funcional em

qualquer área do funcionamento humano, considerada abaixo da média geral das

pessoas pelo sistema social onde se insere a pessoa. Isto significa que uma

pessoa pode ser considerada deficiente em uma determinada cultura e não

deficiente em outra, de acordo com a capacidade dessa pessoa satisfazer as

necessidades dessa cultura. Isso torna o diagnóstico relativo.

A característica essencial do Retardo Mental é quando a pessoa tem um

"funcionamento intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de

limitações significativas no funcionamento adaptativo em pelo menos duas das

seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida doméstica,

habilidades sociais, relacionamento interpessoal, uso de recursos comunitários,

auto-suficiência, habilidades acadêmicas, trabalho, lazer, saúde e segurança".

De acordo com os critérios das classificações internacionais, o início da

Deficiência Mental deve ocorrer antes dos 18 anos, caracterizando assim um

Transtorno do Desenvolvimento e não uma alteração cognitiva como é a

Demência. Embora o assunto comporta uma discussão mais ampla, de modo

acadêmico o funcionamento intelectual geral é definido pelo Quoeficiente de

Inteligência (QI ou equivalente).

33

A Deficiência Mental pode ser caracterizada a partir da classificação dos

tipos de apoio necessários. O intermitente é o apoio que se efetua quando

necessário. Caracteriza-se por sua natureza episódica, ou seja, a pessoa nem

sempre está precisando de apoio continuamente, mas durante momentos em

determinados ciclos da vida, como por exemplo, na perda do emprego ou fase

aguda de uma doença. Os apoios intermitentes podem ser de alta ou de baixa

intensidade.

O apoio limitado é intensivo e caracterizado por sua duração contínua, por

tempo limitado, mas não intermitente. Nesse caso incluem-se deficientes que

podem requerer um nível de apoio mais intensivo e limitado, como por exemplo, o

treinamento do deficiente para o trabalho por tempo limitado ou apoios transitórios

durante o período entre a escola, a instituição e a vida adulta.

O apoio extenso é caracterizado pela regularidade, normalmente diária em

pelo menos uma das áreas de atuação, tais como na vida familiar, social ou

profissional. Nesse caso não existe uma limitação temporal para o apoio, que

geralmente se dá a longo prazo.

Generalizado, é o apoio constante e intenso, necessário em diferentes

áreas de atividade da vida diária. Estes apoios generalizados exigem mais pessoal

e maior intromissão que os apoios extensivos ou os de tempo limitado.

A Deficiência Mental constitui, estatisticamente, uma das mais importantes

enfermidades crônicas da infância. É dez vezes mais freqüente que a diabetes,

vinte vezes mais que a tuberculose, vinte e cinco mais que as distrofias

musculares, 600 vezes mais do que a paralisia infantil.

34

3.4 – Múltiplas Deficiências

Caracteriza-se pela associação no mesmo indivíduo, de duas sou mais

deficiências primárias (mental/visual/auditiva/física), com comprometimentos que

acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa. Ex.:

Surdez + Cegueira, Paralisia Cerebral, dentre outras.

3.5 – Transtornos Severos

Os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento – TID ou Distúrbios Severos

do Comportamento caracterizam-se por prejuízo nas diversas áreas do

desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, habilidades de

comunicação, ou presença de comportamentos, interesses e atividades

estereotipadas. Os prejuízos qualitativos que definem essas condições

representam um desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou

idade mental do indivíduo. Os principais Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

são: Transtorno Autista, Transtorno Desintegrativo da Infância, Transtorno de Rett,

Transtorno de Asperger.

Esses transtornos, em geral, manifestam-se nos primeiros anos de vida e

podem estar associados com algum grau de deficiência mental. O profissional deve

estar atento com o diagnóstico e a identificação da deficiência especifica que vai

trabalhar. O diagnóstico e a identificação devem detectar as características do

potencial de aprendizagem e assumir as dificuldades de desenvolvimento que a

criança apresenta.

A criança com dificuldade de aprendizagem pode mudar sua estrutura

cognitiva, melhora sua capacitação, elaboração e expressão de informações. Para

que isto aconteça mostra-se imperativo construir e enriquecer estratégias de

intervenção terapêutica e psicopedagógica, aumentar as diversidades de

35

estímulos, valorizar as atividades acadêmicas, investir em materiais lúdicos e na

qualificação profissional.

3.6 - Altas Habilidades / Superdotação

Altas habilidades e superdotação são termos que têm sido alvo de estudos

em todo mundo e no Brasil, particularmente, vem sendo campo de pesquisas e

experiências de amplos resultados. São aquelas pessoas que apresentam "traços

consistentemente superiores" em relação a uma média em qualquer campo do

saber ou do fazer.

Estas pessoas apresentam envolvimento com a tarefa, ou seja,

demonstram expressivo interesse, motivação e empenho pessoal nas tarefas que

realizam em diferentes áreas e também criatividade. Isto é, comportamentos

criativos que podem ser observados tanto no fazer como no pensar e que são

expressos através de diferentes formas: gestual, plástica, teatral, matemática,

musical, dentre outras.

É importante saber que estas características permitem que estas pessoas

tenham capacidade e potencial para desenvolver esse conjunto de "traços" e usá-

los em qualquer área potencialmente valiosa da realização humana, em qualquer

grupo social.

A diferença básica da pessoa superdotada em relação aos que não são,

está no grau de inteligência. Unicamente nisto, em todos os outros aspectos a

pessoa superdotada se assemelha a todas as outras. E, como todos somos

diferentes em algo, somos mais altos, mais baixos, mais gordos, mais magros etc.

A diferença em grau de inteligência também traz discriminação social, assim como

a diferença quanto aos aspectos físicos. Porque tanto a aparência quanto a

capacidade intelectual são muito valorizadas socialmente.

36

As características freqüentemente encontradas nos superdotados são:

vocabulário avançado e incomum para a idade ou nível escolar, riqueza de

expressão, elaboração e fluência verbal; grande depósito de informações sobre

variados tópicos; rápido domínio e recordação de informações factuais; raciocínio

rápido sobre causas e efeitos; perguntas provocativas, "sugam as pessoas"; é um

observador entusiasmado, vê demais e quer demais dos outros; gosto pela leitura

de livros de nível adulto.

O aluno com superdotação, deverá receber atendimento educacional

respaldado nas Adaptações Curriculares / PCN / MEC, no ensino regular com

apoio da sala de recursos e da escola, para que ele possa desenvolver a sua alta

habilidade.

3.7 - Distúrbio de Aprendizagem e Fracasso Escolar

O termo Distúrbio de Aprendizagem refere-se às crianças que apresentam

distúrbio em um ou mais processos básicos para a compreensão ou a utilização da

linguagem falada ou escrita. O distúrbio pode se manifestar na dificuldade em

ouvir, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos. Tais distúrbios

incluem condições como deficiências perceptivas, lesão cerebral mínima, dislexia e

afasia do desenvolvimento.

Os principais componentes dos distúrbios de aprendizagem incluem

atenção, memória, percepção e lateralidade. As crianças com distúrbio de

aprendizagem não são incapazes de aprender, mas precisam de ajuda especial

para beneficiarem-se da experiência escolar.

As dificuldades de aprendizagem podem ser divididas em duas

características didáticas: as relativas ao desenvolvimento e as acadêmicas. As

dificuldades de aprendizagem relativas ao desenvolvimento podem ser observadas

37

desde a idade pré-escolar. Compõem esta categoria, os desvios que influem

diretamente no desenvolvimento, mais especificamente no que se refere às

funções psicológicas e/ou lingüísticas de um modo geral. São as dificuldades de

linguagem, de pensamento, falhas na memória, dificuldade de atenção,

dificuldades perceptivo-motoras, entre outras. As dificuldades de aprendizagem

acadêmicas referem-se a uma significativa inibição ou bloqueio para a

aprendizagem da matemática, da leitura, da linguagem e da escrita.

É preciso frisar que apesar de uma criança com dificuldades de

aprendizagem apresentar sempre um baixo rendimento escolar em determinada

disciplina - discrepância entre a sua capacidade e seu desempenho - nem sempre

uma criança que apresenta baixo rendimento escolar é portadora de dificuldades

de aprendizagem.

38

CAPÍTULO IV

A MULTIDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA INCLUSIVA

O mundo inclusivo é um mundo no qual todas as pessoas têm as mesmas

oportunidades de ser e de estar na Sociedade, de forma participativa, onde as

relações entre o acesso às oportunidades e as características individuais não seja

marcado por motivos outros que não a igualdade de valor entre as pessoas.

O princípio fundamental da escola inclusiva é que todas as crianças devem

aprender juntas, independente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam

ter. O modelo pedagógico para a implantação desta mudança nas concepções

filosóficas, nas teorias e práticas educacionais é o construtivismo, que reconhece

nos aspectos evolutivos do pensamento e da inteligência a mola propulsora do

novo eixo de atuação em educação especial.

Na Educação Inclusiva, as escolas reconhecem e respondem às

necessidades de seus alunos, respeitando os ritmos e estilos diversos de

aprendizagem, e suas vontades e desejos. Com o propósito de assegurar uma

educação de qualidade para todos, propõe modificações organizacionais, além de

propor a realização de um currículo pleno, com estratégias de ensino e uso de

recursos apropriados, e de parceria com a comunidade. Busca-se ainda assegurar

o espírito da Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino e o envolvimento de

todos os que lidam com o processo educativo, e não apenas daqueles que atuam

com os portadores de necessidades educativas especiais.

O aluno é o sujeito do processo ensino/aprendizagem e, como tal, suas

características e necessidades especiais devem ser conhecidas e respeitadas para

a organização do ensino, com vista à qualidade de sua aprendizagem. Para que

39

todos os alunos, sem exceção, desfrutem da igualdade de oportunidades na

apropriação do saber, do saber fazer e do saber ser, há que considerar as

diferenças individuais e as necessidades educativas delas decorrentes.

No entanto, esse torna-se um desafio superável frente à generalidade e

flexibilidade do currículo, que oportuniza a cada escola elaborar o seu Projeto

Político-Pedagógico, com ênfase no desenvolvimento das potencialidades de cada

aluno, permitindo-lhes não só a aprendizagem dos conteúdos básicos

estabelecidos, como também possibilitando-lhes progredir ao longo de sua

escolaridade, construindo e se apropriando de conhecimentos de forma crítica e

utilizando-os de forma criativa e autônoma.

Com este trabalho, pretende-se a oferta de Educação Especial não só

como modalidade educacional distante das outras, ditas "comum" ou "regular".

Muito menos de organizar currículos específicos por área de manifestações de

deficiência ou qualquer outra dificuldade de aprendizagem.

O currículo deve ser adaptado segundo as necessidades de cada aluno,

porém isto não quer dizer que se tenha que construir tantos currículos quantas

forem as manifestações de necessidades educativas especiais de nossos alunos.

O que precisamos é aprimorar a qualidade das respostas educativas.

A avaliação do desempenho escolar também precisa sofrer mudanças para

se ajustar às características de um ensino para todos. O produto não se avalia por

ele mesmo, mas pelo que ele é capaz de produzir. A qualidade da aprendizagem

deve ser medida pelo percurso do aluno ao ultrapassar suas dificuldades, ao

construir gradualmente os seus conhecimentos, pelos processos de avanços e

recuos inerentes ao seu próprio ritmo, diante do que era capaz e do que conseguiu

evoluir a cada passo.

40

Considerando que as necessidades educativas especiais são exigências

requeridas por alguns alunos em função de sua condição atípica, compreende-se

que o atendimento a tais necessidades requer atenção específica e recursos

educacionais diferenciados. Logo, os critérios de avaliação deverão ser também

diferenciados, correspondentes às diferentes modalidades de situações atípicas.

O processo de ensino/aprendizagem, também nessa estrutura não tem

como finalidade a transmissão de conteúdos prontos, mas a formação de sujeitos

capazes de elaborar e construir, de forma autônoma, seus sistemas de valores e, a

partir deles, atuar criticamente na realidade que o cerca.

Com o objetivo de desenvolvimento integral também para esses alunos, é

necessário que se tome como objeto de conhecimento, também para eles, as

questões e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo. A

proposta é que o currículo seja construído a partir da definição coletiva de temas

que representem os problemas colocados pela atualidade, não de forma paralelo

às disciplinas, mas transversais a elas.

Planejamento, portanto, é uma ação necessária. Realizado de forma

adequada, contribui para atender as necessidades individuais de cada aluno. Na

ação de planejar, é de fundamental importância a coerência entre os objetivos,

conteúdos e atividades, e a possibilidade que o aluno terá de aprender e se

desenvolver, compreendendo e relacionando os conhecimentos que vai adquirindo

a situações de vida.

Neste sentido, com base no Projeto Pedagógico da escola, faz-se

necessário analisar componentes curriculares pensados para cada série,

procedendo às adaptações de acordo com as necessidades educativas especiais

de cada um dos alunos, observando o tipo de ajuda necessária para que avance

em direção aos conteúdos das séries seguintes. É importante ainda considerar que

as dificuldades nem sempre estão no aluno, podendo estar também no

41

encaminhamento de propostas inadequadas para o estímulo de respostas mais

significativas.

Nesse processo é indispensável a ação do Supervisor Escolar e de toda a

Equipe Técnico-Pedagógica, para acompanhar o trabalho dos professores,

analisando, orientando, participando, estimulando, repassando e divulgando

informações, promovendo uma melhor compreensão acerca das diferentes

dificuldades. Desta forma, esta equipe estará acompanhando direta e indiretamente

as ações de implantação da Inclusão, fornecendo subsídios e apoio ao pessoal

envolvido nelas, seja na sala de aula ou fora dela.

42

CAPÍTULO V

RELAÇÃO ESCOLA – COMUNIDADE: ESTIMULANDO A INCLUSÃO SOCIAL

A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma

tarefa a ser dividida entre pais, comunidade e profissionais. Uma atitude positiva da

parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio

para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades

especiais. O papel das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através da

provisão de informação necessária em linguagem clara e simples: ou enfoque na

urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma

tarefa importante em culturas onde a tradição de escolarização seja pouca.

Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne às necessidades

especiais de suas crianças, e desta maneira eles deveriam, o máximo possível ter

a chance de poder escolher o tipo de provisão educacional que eles sejam para as

suas crianças.

Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares,

professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam ser considerados

enquanto parceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deveriam ser

encorajados a participar em atividades educacionais em casa e na escola (onde

eles poderiam observar técnicas efetivas e aprender como organizar atividades

extra-curriculares), bem como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas

crianças.

Governos deveriam tomar a liderança na promoção de parceria com os

pais, através tanto de declarações políticas quanto legais no que concerne aos

43

direitos paternos. O desenvolvimento de associações de pais deveria ser

promovido e seus representantes envolvidos no delineamento e implementação de

programas que visem o aprimoramento da educação de seus filhos. Organizações

de pessoas portadoras de deficiências também deveriam ser consultadas no que

diz respeito ao delineamento e implementação de programas.

A descentralização e o planejamento local favorecem um maior

envolvimento de comunidades na educação e treinamento de pessoas com

necessidades educacionais especiais. Administradores locais deveriam encorajar a

participação da comunidade através da garantia de apoio às associações

representativas e convidando-as a tomarem parte do processo de tomada de

decisões. Com este objetivo em vista, mobilizando e monitorando mecanismos

formados pela administração civil local, pelas autoridades de desenvolvimento

educacional e de saúde, líderes comunitários e organizações voluntárias deveriam

estar estabelecidos em áreas geográficas suficientemente pequenas para

assegurar uma participação comunitária significativa.

O envolvimento comunitário deveria ser buscado no sentido de

suplementar atividades na escola, de prover auxílio na concretização de deveres

de casa e de compensar a falta de apoio familiar. Neste sentido, o papel das

associações de bairro deveria ser mencionado no sentido de que tais forneçam

espaços disponíveis, como também o papel das associações de famílias, de clubes

e movimentos de jovens, e o papel potencial das pessoas idosas e outros

voluntários incluindo pessoas portadoras de deficiências em programa tanto dentro

como fora da casa.

Sempre que ação de reabilitação comunitária seja provida por iniciativa

externa, cabe à comunidade decidir se o programa se tornará parte das atividades

de desenvolvimento da comunidade. Aos vários parceiros na comunidade,

incluindo organizações de pessoas portadoras de deficiência e outras organizações

não-governamentais deveria ser dada a devida autonomia para se tornarem

44

responsáveis pelo programa. Sempre que apropriado, agências governamentais

em níveis nacional e local também deveriam prestar apoio.

Uma vez que organizações voluntárias e não-governamentais possuem

maior liberdade para agir e podem responder mais prontamente às necessidades

expressas, elas deveriam ser apoiadas no desenvolvimento de novas idéias e no

trabalho pioneiro de inovação de métodos de entrega de serviços. Tais

organizações podem desempenhar o papel fundamental de inovadores e

catalizadores e expandir a variedade de programas disponíveis à comunidade.

Organizações de pessoas portadoras de deficiências – ou seja, aquelas

que possuam influência decisiva deveriam ser convidadas a tomar parte ativa na

identificação de necessidades, expressando sua opinião a respeito de prioridades,

administrando serviços, avaliando desempenho e defendendo mudanças.

Políticos em todos os níveis, incluindo o nível da escola, deveriam

regularmente reafirmar seu compromisso com a inclusão e promover atitudes

positivas entre as crianças, professores e público em geral, no que diz respeito aos

que possuem necessidades educacionais especiais.

A mídia possui um papel fundamental na promoção de atitudes positivas

frente a integração de pessoas portadoras de deficiências na sociedade.

Superando preconceitos e má informação, e difundindo um maior otimismo e

imaginação sobre as capacidades das pessoas portadoras de deficiência. A mídia

também pode promover atitudes positivas em empregadores com relação ao

emprego de pessoas portadoras de deficiência. A mídia deveria acostumar-se a

informar o público a respeito de novas abordagens em educação, particularmente

no que diz respeito à provisão em educação especial nas escolas regulares,

através da popularização de exemplos de boa prática e experiências bem

sucedidas.

45

CAPÍTULO VI

OS PROFISSIONAIS DE ENSINO X ESCOLA INCLUSIVA

O Supervisor Escolar é uma atividade cuja finalidade visa o

desenvolvimento profissional dos professores, na sua dimensão de conhecimento e

de ação, desde uma situação pré-profissional até uma situação de

acompanhamento no exercício da profissão e na inserção na vida da escola.

Situando-se ao nível imediato da ação sobre os professores, a atividade de

supervisão tem um valor que o transcende para atingir a formação dos alunos, a

vida na escola, a educação. É uma atividade de natureza psico-social, de

construção intra e interpessoal, fortemente enraizada no conhecimento do eu, do

outro e dos contextos em que todos interagem, nomeadamente nos contextos

formativos.

O contexto formativo da supervisão deve propiciar a preparação apropriada

de todos os educadores, constituindo-se um fator chave na promoção de progresso

no sentido do estabelecimento de escolas inclusivas. A importância do

recrutamento de professores que possam servir como modelo para crianças

portadoras de deficiências torna-se cada vez mais reconhecida.

O treinamento pré-profissional deveria ser fornecido a todos os estudantes

de Pedagogia para terem orientação positiva frente à deficiência, desta forma,

desenvolvendo um entendimento daquilo que pode ser alcançado nas escolas

através dos serviços de apoio disponíveis na localidade.

O conhecimento e habilidades requeridas dizem respeito, principalmente, à

boa prática de ensino e incluem avaliação de necessidades especiais, adaptação

46

do conteúdo curricular, utilização de tecnologia de assistência, individualização de

procedimentos de ensino no sentido de abarcar uma variedade maior de

habilidades etc.

Deveria ser dada atenção especial nas escolas práticas de treinamento de

professores à preparação de todos eles, para que exercitem sua autonomia e

apliquem suas habilidades na adaptação do currículo e da instrução no sentido de

atender as necessidades especiais dos alunos, bem como no sentido de colaborar

com os especialistas e cooperar com os pais.

Um problema recorrente em sistemas educacionais, mesmo naqueles que

provêem excelentes serviços para estudantes portadores de deficiências, refere-se

a falta de modelos para tais estudantes. Alunos de educação especial requerem

oportunidades de interagir com adultos portadores de deficiências que tenham

obtido sucesso de forma que eles possam ter um padrão para seus próprios estilos

de vida e aspirações com base em expectativas realistas.

Além disso, alunos portadores de deficiências deveriam ser treinados e

providos de exemplos de atribuição de poderes e liderança à deficiência de forma

que eles possam auxiliar no modelamento de políticas que irão afetá-los

futuramente. Sistemas educacionais deveriam, portanto, basear o recrutamento de

professores e outros educadores que podem e deveriam buscar, para a educação

de crianças especiais, o envolvimento de indivíduos portadores de deficiências que

sejam bem sucedidos e que provenham da mesma região.

As habilidades requeridas para responder as necessidades educacionais

especiais deveriam ser levadas em consideração durante a avaliação dos estudos

e da graduação de professores. Como forma prioritária, materiais escritos deveriam

ser preparados em seminários organizados para administradores locais,

supervisores, diretores e professores, no sentido de desenvolver suas capacidades

de prover liderança nesta área.

47

O menor desafio reside na provisão de treinamento em serviço a todos os

professores, levando-se em consideração as variadas e freqüentemente difíceis

condições sob as quais eles trabalham. O treinamento em serviço deveria, sempre

que possível, ser desenvolvido ao nível da escola e por meio de interação com

treinadores e apoiado por técnicas de educação à distância e outras técnicas auto-

didáticas.

O treinamento especializado em educação especial que leve às

qualificações profissionais deveria normalmente ser integrado com ou precedido de

treinamento e experiência como uma forma regular de educação de professores

para que a complementariedade e a mobilidade sejam asseguradas.

Assim sendo, a formação de professores especiais necessita ser

reconsiderada com a intenção de se lhes habilitar a trabalhar em ambientes

diferentes e de assumir um papel-chave em programas de educação especial.

Uma abordagem não-categorizante que embarque todos os tipos de deficiências

deveria ser desenvolvida como núcleo comum e anterior à especialização em uma

ou mais áreas específicas de deficiência.

Enfim, para considerar uma proposta de escola inclusiva, é preciso pensar

como os professores devem ser efetivamente capacitados para transformar sua

prática educativa. As vantagens e benefícios desse trabalho de inserção podem ser

observados através do enriquecimento e desenvolvimento do ambiente escolar e

de todos que dele fazem parte.

Do mesmo modo, o benefício maior para os professores é a co-participação

na transformação da Escola, através do apoio cooperativo e do aprimoramento das

habilidades profissionais. À medida que as práticas educacionais excludentes do

passado vão dando espaço e oportunidade à unificação das modalidades de

educação, regular e especial, em um sistema único de ensino, caminha-se em

48

direção a uma reforma educacional mais ampla, em que todos os alunos começam

a ter suas necessidades educacionais satisfeitas dentro da educação regular.

49

CONCLUSÃO

O Supervisor Escolar deve caminhar no sentido de superar a condição de

exclusão, alienação e desatualização com relação à Educação Especial.

Comprometido com a realização de uma educação efetivamente democrática e de

qualidade, ultrapassando a visão de adaptação especial por modalidades e

técnicas específicas para as determinadas modalidades de dificuldades, o

Supervisor deve propor em sua proposta político-pedagógica, a realização da

Educação Inclusiva, no sentido de oferecer condições satisfatórias a todos os seus

alunos, portadores ou não de necessidades educativas especiais, no contexto de

uma educação especializada no aluno, e não apenas em alguns deles, os

"deficientes".

Compreendo que a sociedade é que precisa se modificar para atender às

necessidades de seus membros, o Supervisor deve levar o professor a reconhecer

que o desenvolvimento das pessoas com deficiências, por meio da educação, deve

ocorrer dentro do processo de inclusão, e não como requisito para que essas

pessoas possam fazer parte da sociedade.

Ciente que a inclusão destes alunos no sistema regular não se dará via

especialistas ou métodos específicos e/ou sofisticados, mas sim pela prática de

ações decorrentes da compreensão da escola como espaço de divulgação e

produção de saber através de convivências cooperativas e solidárias, se propõe

abrir caminhos para a construção de espaços capazes de acolher e trabalhar as

diferenças trazidas por qualquer de seus alunos.

O Supervisor Escolar e todos os profissionais da Educação, podem e

devem acreditar que movimentos podem e devem ser realizados em direção à

inclusão educacional e social de todos aqueles que encontram-se à margem.

50

Pensando assim, procura-se ampliar o rol de trabalhos que objetivam desmistificar

o estigma da marginalização, abrindo espaço para que cada vez mais pessoas

sejam acolhidas, tratadas e educadas de forma bem sucedida em nossa

sociedade.

Acredita-se que um trabalho que favoreça a inclusão educacional e social

deva necessariamente unir a criança e a família, a escola e os profissionais de

saúde. Juntos, colaborativamente, podem modificar a realidade social.

A sociedade, juntamente com os profissionais da saúde e de educação,

apropriando-se de seu poder enquanto grupo, apresenta plenas condições de

formar uma força de base na modificação positiva da estrutura social.

Concluindo, o Supervisor Escolar deve reunir esforços para trabalhar de

forma sistemática com os professores, realizando investigações científicas para

que, com um maior número de estudos sobre inclusão, possam caminhar de forma

objetiva para a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva e de uma

sociedade mais justa e cidadã.

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALARCÃO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. 2ª edição. São

Paulo: Cortez, 2003.

BRASIL. Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre Necessidades

Educativas Especiais. Brasília: Ministério da Justiça, Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional. Brasília, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto, CNE. Parecer nº 04/98, Câmara

de Educação Básica do CNE - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental. Brasília, 1998.

BRASIL. Plano Nacional de Educação. Proposta do Executivo ao Congresso

Nacional. MEC/INEP, (PL nº 4.173/98). Brasília/DF, 1998.

CARVALHO, Roseta Edler. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro:

WVA, 1997.

Constituição da República Federativa do Brasil. Série Legislação Brasileira, Editora

Saraiva, 1988.

FERREIRA, Maria Elisa C.; GUIMARÃES, Marly. Educação inclusiva. Rio de

Janeiro: DP&A, 2003.

GADOTTI, Moacir. Pressupostos do Projeto Pedagógico. Conferência Nacional de

Educação para Todos, 1995.

52

GLAT, R. A Integração Social dos Portadores de Deficiência: uma reflexão. Rio de

Janeiro: Editora Sette Letras, 1995.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.

Proposta de Ação Político-Pedagógica - SEMEar. São João de Meriti: Secretaria

Municipal de Educação, 1998.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade pra todos. Rio de Janeiro:

WVA, 1997.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração.

5ª edição. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2004.

53

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL 11

CAPÍTULO II

PROCESSO DE EXCLUSÃO EDUCACIONAL 21

CAPÍTULO III

A ESCOLA INCLUSIVA – IDENTIFICANDO O ALUNO COM NECESSIDADES

EDUCATIVAS ESPECIAIS 26

3.1 - DEFICIÊNCIA FÍSICA 27

3.2 - DEFICIÊNCIA SENSORIAL - AUDITIVA E VISUAL 28

3.2.1 - DEFICIÊNCIA AUDITIVA 29

3.2.2 - DEFICIÊNCIA VISUAL 30

3.3 - DEFICIÊNCIA MENTAL 32

3.4 - MÚLTIPLAS DEFICIÊNCIAS 34

3.5 - TRANSTORNOS SEVEROS 35

3.6 - ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO 35

3.7 - DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM E FRACASSO ESCOLAR 36

54

CAPÍTULO IV

A MULTIDISCIPLINARIDADE NA ESCOLA INCLUSIVA 38

CAPÍTULO V

RELAÇÃO ESCOLA-COMUNIDADE: ESTIMULANDO A INCLUSÃO SOCIAL 42

CAPÍTULO VI

OS PROFISSIONAIS DE ENSINO X ESCOLA INCLUSIVA 45

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 53

ANEXO 56

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Educação Inclusiva – O pensamento e a prática do

Supervisor Escolar na formação dos professores.

Autor: Daniela Bolognini de Albuquerque

Data da entrega: 29/ 01/ 2005

Avaliado por: Luiz Cláudio Lopes Alves Conceito:

56

ANEXO

Comprovantes de Participação em Eventos Culturais