58
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDAE INTEGRADA O Autismo na Educação Infantil: a transição da escola especial para a escola comum Por: Bianca Burlandy Mota de Melo Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

  • Upload
    dothu

  • View
    227

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDAE INTEGRADA

O Autismo na Educação Infantil: a transição da escola especial

para a escola comum

Por: Bianca Burlandy Mota de Melo

Orientador: Profª Mary Sue de Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2016

DOCUMENTO P

ROTEGID

O PELA

LEID

E DIR

EITO A

UTORAL

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDAE INTEGRADA

O Autismo na Educação Infantil: a transição da escola especial

para a escola comum

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Especial e Inclusiva.

Por: Bianca Burlandy Mota de Melo

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um

objetivo na vida.

A minha família – Deise, Roberto e Gabriel – por acreditar nas minhas

empreitadas como profissional, cada um de seu jeito me dando apoio para

continuar sempre!

Ao Adalberto pelas discussões sobre educação, pelas dicas dadas e por

apoiar minhas “aventuras” pedagógicas. Agradeço imensamente pela

paciência!

Às amigas de formação Eline, Sandilma, Renata, Michele e Flávia, pelas

inúmeras “trocas de figurinhas” em cada aula. Desejo muito sucesso para

vocês!

A grande amiga da vida Magda Fernandes pelas inúmeras experiências

que me são permitidas vivenciar através de sua prática, pelas trocas de

conhecimento e ensinamentos que tem me dado ao longo do período que nos

conhecemos. Obrigada por acreditar na Educação, no nosso trabalho com o

público dos alunos com TEA e na capacidade de cada um. Você impulsiona

pessoas!

Aos meus alunos aos quais dedico este trabalho: Clarice, Elias, Isabela,

João Vitor, Manuela, Ygor e Vitória, por me ensinarem a cada dia que nem

sempre a teoria vai ser como a prática, por permitirem que eu possa entrar na

vida de vocês para somar. Agradeço também às suas famílias pela confiança

no meu trabalho e só tenho aqui a registrar que: caminhando juntos

conseguiremos resultados valiosíssimos.

Aos professores da AVM – Faculdade Integrada por cada contribuição

dada em minha formação. Em especial agradeço às professoras: Fernanda

Barcellos, Edla Trocolli, Fátima Alves e Mary Sue.

Á minha Orientadora de monografia Mary Sue, pela disponibilidade de

orientar e avaliar este trabalho.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa à Clarice, Elias,

Isabela, João Vitor, Manuela, Ygor e

Vitória.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

“Não somos como aqueles que chegam a formar

pensamentos senão no meio dos livros – o nosso hábito é

pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando,

dançando (...)”

Nietsche

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

RESUMO

A inclusão agora é obrigatoriedade nas escolas de todo país. Já haviam

documentos oficiais que defendiam o movimento de Educação para Todos a

partir da década de 1990, como as declarações de Jomtien e de Salamanca.

No Brasil, nesta mesma década, com a promulgação da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB 9.396/96), iniciou o movimento de atender

na escola pessoas com deficiência. Desde então, já temos diversos

documentos oficiais quanto a escolarização de pessoas com deficiência, sendo

o último até o momento, a lei nº 13.146/2015.

Sabemos que a maioria das instituições tanto públicas como privadas

ainda não possuem o preparo necessário para atender este público. E como

então corresponder a esta demanda?

Diversos pensadores condenam as classes especiais, por segregar ou

fazerem que seus atores façam apenas uma integração no meio escolar.

Porém a classe especial pode ter um papel fundamental e transitório na vida

escolar de um aluno com TEA, pois além de conduzir o seu comportamento,

demonstra o mecanismo de aprendizagem e a partir deste, possibilita a

construção de um currículo integrado entre o formal e funcional.

O presente trabalho propõe a ruptura da classe especial excludente e

conjectura essa modalidade como o preparo para a vida escolar regular,

tomando como base a educação infantil por ter menos tempo de vivência

escolar e maior facilidade de adaptação.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

METODOLOGIA

O estudo realizou-se em caráter bibliográfico, buscando relacionar

teorias às práticas docentes. Foram consultados livros, revistas e periódicos.

Dentre as bibliografias estão: Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias

psicogenéticas em discussão (Yves de La Taile, Marta Kohl de Oliveira e

Heloysa Dantas); Autismo e Inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na

escola e na família (Eugênio Cunha); Pensamento e Linguagem (Lev

Semenovich Vigotski); Educação Inclusiva: cultura de cotidiano escolar

(Rosana Glat , org.; História Social da Infância no Brasil (Marcos Cezar de

Freitas, org.); História Social da Infância (Phelipe Arriés); Estratégias

Educacionais Diferenciadas para alunos com necessidades especiais (Rosana

Glat e Márcia Denise Pletsch, org.), dentre outros.

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a classe especial da Educação

Infantil: a 1ª etapa da educação básica na formação do sujeito ...................... 11

CAPÍTULO II

Meios facilitadores para o ensino da criança autista: a Teoria Histórico -

Cultural, o conceito de mediação e o Currículo Funcional Natural................... 19

CAPÍTULO III

O aluno, o TEA e a Inclusão ............................................................................ 31

CONCLUSÃO................................................................................................... 37

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 39

ANEXOS........................................................................................................... 43

INDICE.............................................................................................................. 58

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

9

INTRODUÇÃO

A visão contemporânea da educação, após a Declaração de Salamanca

se dá a partir do princípio de educação para todos, ou seja, qualquer criança

em idade escolar tem o direito de frequentar a escola comum, independente de

sua posição social. Com isso, as instituições escolares recebem diversos

públicos e dentre eles, as crianças com Transtornos Globais do

Desenvolvimento (TGDs). Dentro desses Transtornos, destaca-se o Transtorno

do Espectro Autista (TEA) que recentemente vem ganhando espaço nas

pesquisas de áreas médicas e educacionais.

Sabemos que o grande número de escolas, tanto públicas como

privadas ainda não possuem o preparo necessário para atender este público,

sendo assim, uma problemática que envolve todos os atores da instituição.

Os documentos oficiais determinam a inclusão escolar dos alunos com

TGDs e apoio complementar em sala de recursos. Porém, ao analisar nosso

cenário atual de escola pública – com turmas superlotadas e outros problemas

sociais que acabam se absorvendo nestes ambientes – fica evidente a

dificuldade de incluir, pois os professores não tem o preparo adequado para

receber este aluno e a escola como um todo também necessita sofrer uma

adaptação para recepcionar estes alunos. E estes alunos também precisam ter

a adaptação adequada para que estejam de fato incluídos. Além disso, cabe a

escola oferecer a medicação escolar para que o aluno tenha pleno

aproveitamento em seus estudos.

Antes de a inclusão ser obrigatória, muitas crianças frequentavam as

classes especiais, onde tinham seu desenvolvimento cognitivo junto de seus

pares. Eram de certo modo segregados na escola, por só interagirem entre si.

Porém quando houve a inclusão obrigatória, não houve nem o preparo básico,

nem específico para a escola que nunca recebeu esse tipo de aluno. Com isso,

existem muitas escolas onde os alunos com TEA se encontram fora das salas

de aula, continuando excluídos na escola.

A partir da demanda cada vez maior, como então correspondê-la?

Diversos pensadores condenam as classes especiais, por segregar ou

fazerem que seus alunos façam apenas uma integração em alguns momentos

com outras crianças. Porém, se bem trabalhada, a Classe especial pode ter um

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

10

papel fundamental e transitório na vida escolar de um aluno com TEA, onde

será trabalhada sua área comportamental e o mesmo poderá mostrar seu

mecanismo de aprendizagem a partir de sua zona de interesse e a partir disto,

possibilita a construção de um currículo integrado entre os currículos formal e

funcional.

Este estudo propõe a ruptura da classe especial excludente e conjectura

essa modalidade como o preparo para a vida escolar comum, tomando como

base a educação infantil, por ter menos tempo de vivência escolar e maior

facilidade de adaptação. Para isso, o objetivo geral da pesquisa será designar

propostas pedagógicas voltadas para a Educação Infantil Especial, baseadas

no currículo funcional natural, a fim de preparar as crianças para a inclusão no

ensino comum. Serão utilizados os mecanismos de: adaptar o currículo formal

ao currículo funcional natural; desenvolver propostas pedagógicas junto ao

currículo funcional natural; favorecer a aprendizagem significativa para

ampliação da visão de mundo; desenvolver as habilidades necessárias para a

maturação cognitiva, de acordo com a faixa etária e possibilidades dos alunos.

Ao longo deste estudo, será abordado um breve histórico sobre o TEA,

complementando a função da escola especial para a formação da criança na

educação infantil, o desenvolvimento de suas habilidades que antes não foram

estimuladas, levando em relevância as teorias de ensino pautadas nos estudos

de Vigotski sobre a Teoria Histórico-Cultural e o conceito da mediação escolar.

Além de ressaltar a importância do Currículo Funcional Natural para o

desenvolvimento do sujeito com TEA. Após estruturar essas bases, será

debatida a retirada da criança com TEA da classe especial e a inclusão dela no

ensino comum, pautada nas teorias anteriormente citadas e fornecendo novos

caminhos para o crescimento dos atores envolvidos nesse movimento.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

11

CAPÍTULO I

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a Classe Especial da

Educação Infantil: a primeira etapa da educação básica na

formação do sujeito

As crianças com TEA vêm ganhando espaço na sociedade brasileira

seja na área da saúde, assistência social ou educação. O que sabemos é que

elas são crianças e precisam frequentar as escolas sejam comuns ou

especiais. Com a obrigatoriedade da inclusão escolar de pessoas com

deficiência, fica notória a dificuldade das instituições de ensino se adequarem a

tantas mudanças em pouco tempo. Por isso, ainda vemos casos de

segregação ou integração dessas crianças nas escolas comuns.

A classe especial, a partir de 2001, foi pensada para ser realizada em

caráter transitório na vida dos alunos. Como se fosse um “preparo” para a

escola comum, porém ainda se vê muitas falhas nessa modalidade de ensino

até porque a realidade da escola pública é chocante para que haja a inclusão

plena dos sujeitos que estão atuantes, seja promovendo ou vivenciando de

fato.

A partir desta visão, este capítulo pretende caracterizar não só o TEA,

mas também a Educação Infantil e como juntos na classe especial, pode ser

efetivado esse processo, ou “preparo” para a inclusão.

1.1- Um breve histórico sobre o Transtorno do Espectro Autismo

O TEA, também chamado de Autismo, se encontra nas definições

científicas como um transtorno do neurodesenvolvimento, que se caracteriza

por diversos fatores ocorridos no início do período de desenvolvimento da

criança, antes da idade escolar e apresentando disfunções no meio social e da

linguagem. Estas disfunções podem variar de acordo com cada indivíduo.

A partir desta definição e de acordo com o DSM-5, podemos conceituar

o autismo como um transtorno que possui características essenciais,

ocasionando prejuízo na comunição e na interação social, interesse restrito por

lago ( o que ocasiona seu isolamento) e comportamentos repetitivos.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

12

Para que o TEA seja diagnosticado no indivíduo, é necessária uma

investigação comportamental na criança, além de entrevista com a família. É

possível realizar o diagnóstico antes dos três anos de idade. De acordo com o

DSM-5,a criança precisa apresentar compatibilidade com os seguintes critérios

para ser diagnosticada:

A – Déficits persistentes na comunicação e na interação social em múltiplos contextos (...). B – Padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades (...). C - Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento (...) D - Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes de vida do indivíduo no presente (DSM-5, 2014, p.50).

Na CID-10, o TEA é classificado como Transtorno Global do

Desenvolvimento, caracterizado com os mesmo sintomas, citados na DSM-5

ocasionando na mesma forma as perdas sociais, dificuldades na linguagem e

comportamentos repetitivos.

Após o diagnóstico realizado, é necessário um trabalho envolvendo

profissionais da área da saúde e terapêutica para auxiliar o desenvolvimento da

criança.

Os primeiros estudos sobre este Transtorno datam da década de 1910,

quando Eugen Bleuer, psiquiatra suíço, utilizou o termo “autismo” para

explicitar os indivíduos que não haviam contato com a realidade, ocasionando

a perda da comunicação.

Anos depois, na década de 1940, foram retomados os estudos sobre os

indivíduos que apresentavam os mesmos comportamentos que Bleuler

registrou e outros comportamentos. Em 1943, o psiquiatra Leo Kanner, em seu

livro “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo”, registrou um estudo com 11

crianças e constatou que elas possuíam isolamento social e fixação por rotinas,

sendo então, categorizadas de autistas. Utilizou o termo de autismo infantil

porque esses comportamentos se davam na primeira infância. Neste estudo foi

observado que as crianças interagiam de forma diferente em relação ao

ambiente, realizavam movimentos repetitivos, chamados de esteriotipias,

apresentavam resistência quando necessitavam modificar a rotina e

dificuldades de linguagem como a ecolalia (repetição de palavras ou

expressões vocais).

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

13

No ano de 1944, Hans Asperger, psiquiatra, escreveu sobre o

comportamento da psicopatia autista na infância, onde observou que havia um

padrão de comportamento especificamente em meninos, dos quais

apresentavam pouca socialização e movimentos desordenados. Porém foi

percebido que estes meninos apresentavam profundo conhecimento e foco em

determinado assunto de sua preferência. Somente na década de 1980, seus

trabalhos foram reconhecidos como pioneiros no estudo sobre o autismo. Por

consequência de sua descoberta, a síndrome de Asperger que se encontra no

Espectro Autismo, leva o seu nome.

Ainda não foram descobertas as causas e nem a cura para o Autismo.

Há pesquisas na área da saúde que investigam as causas e atualmente

existem duas correntes científicas: uma acredita que a causa seja genética e a

outra que seja ocasionada por fatores ambientais. Ainda não há comprovação

em ambas as pesquisas. O tratamento na área médica se dá através de

exames neurológicos e genéticos, além da utilização de medicamentos. Na

área da psicologia os estudos baseiam-se em três abordagens para o

tratamento, ou melhor, no condicionamento do autismo:

• Comportamentalista: tem por objetivo diminuir os comportamentos

inadequados através de treinamento individual com aumento gradual

das habilidades, estabelecendo a relação de reforço na aprendizagem;

• Cognitivista: tem por objetivo favorecer a evolução cognitiva do sujeito;

• Psicanalítica: tem por objetivo desenvolver a subjetividade da criança, a

partir do outro.

Estas abordagens descritas são as mais utilizadas nos centros de terapias e

na escola. Porém deve-se considerar que as abordagens comportamentalista e

cognitivista podem tornar os sujeitos mecânicos, isolando o meio social. O

profissional, ao utilizar tais métodos não pode esquecer que o aluno é um ser

cultural, tem vontades e uma história em si.

1.2- A criança com TEA vai à escola: A importância da Educação Infantil

em seu desenvolvimento

Antes de começarmos este pequeno debate, precisamos entender de

acordo com a legislação, quem é este aluno que entrará na escola e o que é

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

14

seu de direito. A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 208,

inciso VIII, § 1º, que “o acesso ao ensino obrigatório é direito público subjetivo”,

portanto todos nós temos este direito desde o momento do nascimento,

independente de qualquer adversidade.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDB

9394/96) é direito da criança a partir dos 4 anos completos de idade, ser

matriculada na classe de Educação Infantil no nível Pré-Escolar. Esta etapa é

de suma importância na evolução do educando, pois abrange o

desenvolvimento dos “aspectos físico, psicológico, intelectual e social,

complementando as ações da família e da comunidade.” (Seção II, art. 29, LDB

1996, p. 22).

A lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência), em seu art. 1, estabelece que a pessoa com deficiência é aquela

que possui algum impedimento a longo prazo, que afete sua natureza em

diversos aspectos que podem obstruir sua vida em sociedade. O TEA

caracteriza-se como deficiência a partir de 2012, com a promulgação da Lei nº

12.764 (ver em anexo 1), que institui a Política Nacional de Proteção dos

Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

A Educação Infantil tem o papel fundamental de desenvolver a criança a

partir dos eixos éticos, estéticos e políticos. A criança que chega à escola é um

sujeito histórico e também é cidadã, possui garantia de direitos e participa no

desenvolvimento da sociedade, convivendo e produzindo cultura.

De acordo com a DCNEI, a Educação Infantil envolve uma gama de

características a serem estimuladas nesta etapa do ensino, como a afetividade;

a criança como ser integrante do meio social; oportunidade de experiências

sensoriais; trabalho com diversos tipos de linguagem; a socialização com os

demais; o desenvolvimento da autonomia e da imaginação; o uso da

brincadeira, dentre outros. Estes conhecimentos ao serem executados

estabelecem uma relação entre si, levando em consideração as

particularidades regionais e consequentemente pedagógicas.

É nesta etapa que a criança tem a oportunidade de descobrir o mundo a

sua volta, através de suas experiências já vivenciadas. Na escola é onde ela

aplica, presencia e experimenta situações, ampliando o seu leque de

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

15

significados. E cabe a professora, junto à equipe escolar, saber explorar estes

conhecimentos da criança, para proporcionar o seu pleno desenvolvimento.

A Educação Infantil não se deve limitar ao conhecimento de letras ou

números. É a fase que abrange mais áreas do conhecimento de forma

concreta, é a etapa em que a criança aumenta seu desenvolvimento cognitivo,

afetivo e social. São nas relações interpessoais que ela passa a reconhecer “o

outro” e a se reconhecer como “o outro” em determinadas situações.

É neste contexto que a criança tem a oportunidade de se desenvolver

plenamente, tendo a oportunidade de criar, imaginar, se expressar, pintar,

manusear, brincar e crescer.

E quando a criança que recebemos na escola possui alguma deficiência

ou transtorno? A escola estaria preparada para receber esta criança? O

docente, como profissional da educação está preparado para participar do

processo da inclusão?

Nos dispositivos legais, a escola deve se modificar, caso necessário,

enquanto estrutura física para que os alunos possam ser incluídos no ambiente

escolar sem oferecer danos à sua integridade física, oferecendo acessibilidade.

Em relação aos conteúdos, se o aluno necessitar, deverão ser realizadas

adaptações curriculares, que ofereçam a oportunidade de aprendizagem,

respeitando o tempo da criança e adequando seu tempo letivo.

A criança com TEA geralmente mostra resistência nos primeiros dias de

aula, assim como qualquer outra criança, porém ela é mais agravante neste

comportamento, pelo seu pouco contato social, principalmente com pessoas

que nunca esteve próxima. O ideal é que a escola ofereça o contato inicial da

professora com a família, para saber a área de interesse da criança e seus

comportamentos diante das situações diárias para que possa ser amenizado o

estresse que a etapa da adaptação causa.

Atualmente, as escolas precisam oferecer um currículo escolar inclusivo

que garanta ao aluno possibilidades de inclusão plena. Dentre essas

possibilidades, inclui-se a oferta de atendimento educacional especializado

através da formação de professores para exercer este atendimento.

Receber um aluno com TEA em turma comum não é tarefa fácil, pois a

realidade da escola pública é preocupante, com turmas lotadas, ambientes

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

16

físicos inadequados, falta de preparo dos funcionários, dentre outros problemas

do poder público que afeta a escola.

Embora seja obrigatória a diminuição de alunos para incluir uma criança

com deficiência, a realidade muitas vezes não condiz. Por exemplo: a turma em

classe comum na Educação Infantil, em média tem 24 alunos e só pode ser

diminuída para incluir a criança se a mesma tiver laudo médico. Enquanto há

suspeita, não se pode fazer nada. A escola deve comunicar aos pais para que

façam a investigação clínica do caso.

Ao receber um aluno com TEA é necessário um trabalho rico em volta

da turma comum para torná-la inclusiva. E o docente se torna o propulsor neste

processo de inclusão, onde haja respeito e aceitação por ambas as partes: a

da turma e da criança a ser incluída. É necessário um trabalho amplo com a

criança, a família e toda a escola. Infelizmente, em algumas instituições

públicas, o que vemos é integração, onde a criança com deficiência está no

mesmo espaço que as outras, mas não há interação entre elas.

A conscientização de todos os agentes da escola é fundamental para

que a criança, mesmo com sua limitação social, seja acolhida e possa se

desenvolver.

1.3- A classe especial na formação da criança

Quando se deu o início o movimento de inclusão, houve uma grande

preocupação com relação às classes especiais. Se elas seriam extintas e todos

os alunos iriam ser incluídos, a insegurança das famílias e das escolas que

receberiam este público, pois se tratava de um novo movimento na educação e

muitas dúvidas vieram a surgir. A questão trazida para análise é: as classes

especiais segregam, integram ou excluem os alunos com deficiência das

escolas e turmas comuns? Esta questão tomou uma proporção maior quando

começaram os processos de inclusão escolar.

De certa forma, as classes especiais que geralmente se encontram na

mesma arquitetura da escola comum, realizam a segregação na medida em

que os alunos das classes especiais não realizam quaisquer atividades fora do

seu grupo e quando há convívio com os outros alunos das classes comuns,

geralmente na hora do intervalo das aulas, provoca-se a integração. Ambos

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

17

acabam por provocar a exclusão a partir do momento em que não há

entrosamento de todos os envolvidos no desenvolvimento de uma educação de

qualidade.

Porém, em períodos anteriores as classes especiais tinham caráter de

permanência infinita dos sujeitos, esgotando assim, todas as possibilidades de

escolarização. A partir da resolução CNE/CEB Nº 2 de 11 de setembro de

2001, em seu artigo 9º, a classe especial ganhou uma característica antes não

cogitada:

As escolas podem criar, extraordinariamente, classes especiais, cuja organização fundamente-se no Capítulo II da LDBEN, nas diretrizes curriculares nacionais para a Educação Básica, bem como nos referenciais e parâmetros curriculares nacionais, para atendimento, em caráter transitório, a alunos que apresentem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos e demandem ajudas e apoios intensos e contínuos.

De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na

Educação Básica (2008), a classe especial se caracteriza numa sala de aula,

em escola comum, com espaço físico adequado a seu público. Nela, o

professor utiliza de procedimentos didáticos diversificados para atender a

demanda.

O caráter transitório das classes especiais se faz a partir do

desenvolvimento de metodologias diferentes das encontradas no currículo

formal, para que o aluno possa apresentar evolução cognitiva.

Os objetivos pedagógicos numa turma de classe especial de Educação

Infantil com crianças com TEA, não será diferente da classe comum. Serão

utilizadas metodologias diferentes para que a criança consiga entender e

construir seus conceitos, respeitando suas especificidades e seu tempo,

priorizando o desenvolvimento das habilidades dentro dos eixos éticos,

políticos e estéticos citados anteriormente.

Quando o aluno apresenta amadurecimento e outras condições para ser

incluído na turma comum, a família é notificada e realiza a autorização para

que haja este processo, e a escola providencia uma avaliação pedagógica do

indivíduo.

O professor na classe especial deve seguir os currículos de bases de

acordo com as etapas em que a turma estiver e realizando as adaptações

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

18

necessárias de acordo com as particularidades de seus alunos. Este

profissional também deve estar em dia com a formação acadêmica em nível de

especialização em Educação Especial, para que junto à escola comum, possa

traçar estratégias para a inclusão do aluno, quando o mesmo mostrar

condições de ser incluído. E após a sua inclusão, a inserção no contraturno nas

salas de recursos multifuncionais para que tenha apoio complementar em sua

formação.

Percebemos então, que de acordo com todas as normas a criança tem

aparatos para que ela possa ser “preparada” para a inclusão e manter-se na

inclusão, basta então, os órgãos competentes agirem de acordo e disponibilizar

profissionais que realizem esses procedimentos.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

19

CAPÍTULO II

Meios facilitadores para o ensino da criança autista: a Teoria

Histórico-Cultural de Vigotsky e a mediação, o Currículo

Funcional Natural na formação do sujeito com TEA e as

Adaptações Curriculares para uma turma inclusiva

As pessoas em geral, aprendem de formas diferentes. Porém na escola

brasileira são colocadas em classes de acordo com a faixa etária, que é o

único critério visto ao se montar uma turma. Quando se refere a crianças com

TEA, estas aprendem de formas diferentes e únicas, talvez e o professor na

classe especial, deve estar atento aos interesses dos alunos para desenvolver

seu planejamento de forma a atender a todos.

Ao refletir sobre o modelo de currículo, utilizados atualmente, é possível

perceber que não são modelos pautados na inclusão, pois não privilegia a

todos na sala de aula e consequentemente na escola.

Para iniciar a reflexão sobre o currículo inclusivo, pautado em meios

facilitadores para o ensino e a aprendizagem da criança autista, veremos

teorias que auxiliam nesse processo de desenvolvimento.

2.1 – A Teoria Histórico – Cultural segundo Vigotsky e a necessidade da

mediação

A abordagem histórico – cultural, relatada por Vigotsky trata da relação do

homem com o seu meio ambiente para a construção de conceitos. Acredita-se

que a partir de suas relações com o outro é que o homem se constitui como ser

humano. Ou seja, a partir da troca e através do desenvolvimento de suas

Funções Psicológicas Superiores1 é que o homem se constitui, vivencia

experiências, se relaciona com o outro e com o ambiente, construindo ao longo

do tempo sua história social.

1 As Funções Psicológicas Superiores, são funções desenvolvidas pelos seres humanos, como a atenção

memória, imaginação, pensamento e linguagem, sendo organizadas por sistemas funcionais, cuja

finalidade é organizar a mente do indivíduo em seu meio.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

20

Nesta concepção, o que faz o desenvolvimento humano ser efetuado a

partir do sócio-histórico é a mediação, que consiste na operacionalização de

uma proposta a partir do simbolismo que o ser carrega consigo. No caso das

crianças com TEA, por possuírem formas diferenciadas e às vezes dificuldades

ao simbolizar, essa mediação é realizada por outra pessoa que lhe mostra o

caminho a seguir, estabelecendo a relação entre o simbolismo e a função real.

Orrú (2010), explica a função do professor no processo da mediação com o

aluno, tendo em vista que:

... o aluno é sujeito ativo de seu processo de formação e desenvolvimento intelectual, social e afetivo. O professor cumpre o papel de mediador desse processo com o proporcionamento e favorecimento da inter-relação (encontro/confronto) entre o sujeito, o aluno, e o objeto de seu conhecimento, que é o conteúdo escolar.

O aluno sendo sujeito ativo de seu conhecimento propicia o

desenvolvimento de novos conhecimentos, favorecendo os processos

intelectuais, sociais e afetivos.

Em se tratando de alunos com TEA, esta abordagem é a mais utilizada e

é a que contempla o desenvolvimento das habilidades em que há mais

necessidade de serem desenvolvidas. Percebe-se que as pessoas com TEA

possuem barreiras nas relações sociais, na linguagem e nas integrações

sensório-motoras, o que cria os obstáculos na formação de conceitos. Para que

o indivíduo seja capaz de formar conceitos, primeiro temos que entender como

ocorre os processos do desenvolvimento do pensamento e da linguagem,

verbetes marcados pela teoria de Vigotsky. Esta nos apresenta que a

linguagem se trata de uma representação abstrata, onde os “atributos

relevantes têm de ser abstraídos da totalidade da experiência.” (OLIVEIRA,

1992, p.27)

O pensamento humano e consequentemente o desenvolvimento das

funções superiores, se dá a partir da vivência do indivíduo e sua participação

com o meio. Então,

o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala (VIGOTSKY, 1989, p.44)

O aluno com TEA precisa ser estimulado na linguagem para que

favoreça sua memória, a percepção do que o cerca, o desenvolvimento da

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

21

atenção e imaginação. Aos autistas não verbais podem ser utilizados os

recursos de comunicação suplementar alternativa, como forma de mediação

entre o aluno, seu interlocutor e o objeto, proporcionando a aprendizagem

significativa e estabelecendo a Zona de Desenvolvimento Proximal2. Por isso

deve-se estimular ao máximo de vivências onde o aluno seja capaz de

participar e criar novos conceitos.

Orrú (2010) mostra que é possível realizar a compensação “para

conseguir um desenvolvimento psicológico mais significativo, nos casos de

deficiência e suas consequências” para os indivíduos que por algum momento

sofreram alterações ou que estas sejam permanentes, interferindo em sua

atividade funcional.

2.2 – O Currículo Funcional Natural

O Currículo Funcional Natural (CFN) foi desenvolvido na década de

1970 para crianças em idade pré-escolar (4 e 5 anos), cujo intuito era

desenvolver habilidades funcionais para as crianças, de acordo com sua faixa

etária e sem ser uma cobrança com conteúdos massificados que a escola faz o

aluno absorver. A funcionalidade deste currículo é determinada a partir do que

a criança pode oferecer e as habilidades são desenvolvidas para que as

crianças atuassem da melhor maneira possível, tornado-as independentes e

criativas.

Tal currículo deveria, além de aumentar as respostas adaptativas, diminuir os comportamentos que tornassem as crianças menos integradas (por exemplo, birras constantes). Esse currículo foi descrito para que as crianças aprendessem habilidades que as ajudassem a adaptar-se o mais possível, nos seus ambientes. (SUPLYNO, 2005, p.32)

Na década de 1980, este modelo de currículo foi adaptado para que

pudesse ser utilizado para pessoas com TEA e outros transtornos do

neurodesenvolvimento, em caráter experimental. Em 1990, Le Blanc

denominou-o de Currículo Funciona Natural – Currículo para a Vida.

Le Blanc (1992) explica que o termo funcional se refere como os

objetivos educacionais serão desenvolvidos para que tenham utilidade em sua

2 A Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre a capacidade de resolver tarefas de forma

independente e a capacidade de resolver tarefas por desempenhos possíveis, com a ajuda de outros

indivíduos.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

22

vida. Já o termo natural diz respeito aos procedimentos de ensino, ambiente e

materiais os quais deverão ser “o mais semelhantes possível aos que

encontramos no mundo real”.

O Currículo Funcional Natural é uma forma de desenvolver o intelecto do

aluno, de forma concreta e prática, através das experiências que o levarão ao

progresso da funcionalidade na vida autônoma.

De acordo com Suplyno (2005), o currículo escolar, em qualquer base

teórica deveria responder a três perguntas:

“O que ensinar?”

Se referem aos objetivos que serão alcançados ao longo do período.

Neste tópico, destacamos as finalidades do Currículo Funcional Natura,

destacando suas características:

“FUNCIONAL” – as habilidades que serão ensinadas e executadas

desempenharem funções para ávida.

“NATURAL” – está relacionado ao ato do professor em ensinar de uma

maneira natural e não artificial. O professor pode e deve se basear em

situações cotidianas para o desenvolvimento das habilidades.

“DIVERTIDO” – despertar no aluno a vontade em aprender. Envolvê-lo

na atividade para que se sinta parte e possa se desenvolver.

“QUE OCASIONE O MENOR NÚMERO POSSÍVEL DE ERROS” – o

professor pode antecipar as possibilidades dos erros, impedindo que os ocorra.

“Para que ensinar?”

Esta indagação se refere aos princípios norteadores:

• “A pessoa como o centro”: é o olhar para além da deficiência. Consiste

em vê-la como ser humano que pensa, sente e quer ser respeitada onde

estiver.

• “Concentração nas habilidades”: esta está ligada ao o que a pessoa com

deficiência tem a oferecer como habilidade e não focar nos

comportamentos inapropriados.

• “Todos podem aprender”: as pessoas com deficiência podem aprender

diversos conteúdos, mas cabe ao professor observar qual a melhor

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

23

forma de ensinar, os procedimentos e materiais que ajudarão no êxito do

aluno.

• “A participação da família no processo de aprendizagem”: é necessário

que haja uma interação entre a família e a escola, para que o trabalho

desenvolvido na escola seja ampliado em casa, para complementar o

desenvolvimento do aluno.

“Como ensinar?”

A proposta pedagógica norteadora do CFN deve estar pautada no

público que terá as aulas baseadas neste currículo. Em 1998, Le Blanc

apontou procedimentos básicos para que ocorra a aprendizagem (ver em

anexo 2).

A avaliação neste modelo é feita constantemente para que o professor

possa julgar o que deu certo e o que não deu, se autoavaliando e averiguando

o que pode ser modificado para que haja sucesso.

2.3 – Adaptações Curriculares para uma turma inclusiva

Então, como realizar um currículo funcional de forma a atender uma

turma comum e uma criança incluída com TEA, formando uma turma inclusiva?

Antes de analisarmos o assunto de adaptação curricular, vamos

esclarecer o que é currículo escolar:

(...) o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se desejam alcançar e dos passos que se dão para as alcançar; é o conjunto dos conhecimentos, habilidades, atitudes, etc., que são considerados importantes para serem trabalhados na escola, ano após ano. E, supostamente, é a razão de cada uma dessas opções. (ZABALZA, 1992, p.12)

O currículo escolar nesse conceito são metas que a turma deverá atingir

dentro de um determinado espaço e tempo, contemplando as áreas do saber

ao qual damos o nome de disciplinas ou matérias. Vale ressaltar a flexibilidade

que o currículo é proporcionado e a autonomia das escolas em como

desenvolver os objetivos propostos, de acordo com o método de ensino. Esta

flexibilidade abre o caminho então para realizar as adaptações curriculares que

serão necessárias para que todos consigam alcançar a meta. Muitas das vezes

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

24

não são os alunos que possuem dificuldades na aprendizagem, mas é a

instituição ou o próprio corpo docente que dificulta a aprendizagem dos alunos.

Oliveira e Machado (2007) denotam que:

Adaptações curriculares, de modo geral, envolvem modificações organizativas, nos objetivos e conteúdos, nas metodologias e na organização didática, na organização do tempo e na filosofia e estratégias de avaliação, permitindo o atendimento às necessidades educativas de todos os alunos, em relação à construção do conhecimento. (p. 36)

Tais adaptações curriculares não precisam ser feitas somente para

alunos com alguma deficiência, podem ser feitas a partir do momento em que

for detectada alguma diferença no grupo. Estas propõem que o currículo seja

inclusivo com o objetivo principal de que todos podem aprender, apenas

utilizam caminhos diferentes, onde podem ser mediados pelos outros formando

de fato uma escola inclusiva. Para que isso ocorra é necessário que o projeto

político pedagógico da escola esteja coerente quanto à operacionalização do

currículo com as principais finalidades de ampliar e desenvolver a

aprendizagem dos alunos. É importante salientar que adaptação curricular não

é a criação de novos currículos para atender determinados alunos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações Curriculares –

Estratégias para a Educação de Alunos com Necessidades Educacionais

Especiais (1998) destacam alguns aspectos relevantes para a realização da

adaptação curricular como: a flexibilidade do processo de ensino-aprendizagem

dos alunos e da organização escolar quanto ao seu funcionamento para

atender a demanda; o que a escola vai ensinar; como o aluno vai aprender;

que estratégias são eficientes para sua aprendizagem; como será a avaliação

desse aluno; identificar as reais necessidades dos alunos para justificar a

utilização de recursos e favorecer a educação; a escolha de currículos e

propostas diversificadas; a inclusão de professores especializados para evoluir

o processo educacional. Estes pontos se tornam principais na medida em que

sejam dinâmicos na perspectiva da inclusão, flexibilizando a prática

educacional a fim de oferecer o progresso de acordo com suas possibilidades e

diferenças.

Para a realização de adaptações curriculares para crianças com TEA, o

PCN mostra alguns tópicos que são relevantes a se observar. Neste

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

25

documento ainda se utiliza do termo “condutas típicas”. Seguem abaixo

algumas sugestões dadas pelo PCN:

• encorajar o estabelecimento de relações com o ambiente físico e social; • oportunizar e exercitar o desenvolvimento de suas competências; • estimular a atenção do aluno para as atividades escolares; • utilizar instruções e sinais claros, simples e contingentes com as atividades realizadas; • oferecer modelos adequados e corretos de aprendizagem (evitar alternativas do tipo “aprendizagem por ensaio e erro”); • favorecer o bem-estar emocional. (MEC/ SEF/SEESP, 1998, p. 49)

Assim, podemos compreender que para se pensar na adaptação

curricular de forma funcional é necessário observar quais as fontes de

interesse do aluno. Pode-se realizar um momento em turma para que todos

compartilhem seus interesses. Um currículo inclusivo deve ir além do aluno

com deficiência.

Ao analisar em como elaborar um planejamento inclusivo para uma

turma inclusiva de educação infantil, podemos recorrer ao modelo do Currículo

Funcional Natural partindo de um tema e objetivos contidos no Currículo

Formal (ver em anexo 3). Ao executar o Currículo, o professor não pode

esquecer-se do papel da mediação perante o desenvolvimento das atividades

destinadas ao grupo, sendo ele o mediador ou fazendo que naturalmente os

próprios alunos tornem-se mediadores.

2.4 – A prática docente na Educação Inclusiva

Noronha (2012), ao analisar as práticas docentes inclusivas explica que

é necessário:

(...) propor um modo de organização do sistema educacional onde se considere as necessidades de todos os alunos partindo-se da ideia de que as crianças sempre sabem alguma coisa e todo educando pode aprender.

Isto independe da condição do aluno por ter ou não autismo, pois

sempre há algo que cada um saiba e possa contribuir para a prática em sala de

aula. Diante disso, modifica-se a figura do professor, o colocando numa

condição dialógica, ativa e interativa e contrapõe a visão de hierarquia que

herdamos por tantos anos.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

26

Inserida nesta perspectiva das práticas docentes, o procedimento de

avaliação deve ter uma atenção especial quando nos remetemos a uma turma

denominada de inclusiva.

Nosso modelo educacional institui a avaliação como critério para

determinar o sucesso ou fracasso do aluno. Em seu significado, avaliar é “ser

forte”, ter valor. Em nosso vocabulário é empregado para atribuir valor ao

objeto. Por muito tempo esse critério foi responsável por segregar os alunos e

os que têm deficiência eram os mais prejudicados.

Atualmente este paradigma de avaliação tem sido bastante criticado e

um modelo de avaliação mais justo se instaura nas unidades de ensino (ou

estão tentando instaurar). Segundo Luckesi (2000):

(...) A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam.

Ainda segundo o autor, o ato de avaliar implica em acolher o educando e

conhecê-lo, para elaborar as estratégias de suas propostas pedagógicas. Ao

acolher, o avaliador estabelece o ponto de partida contrário à exclusão, “que

tem sua base o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na defesa

ou no ataque, nunca no acolhimento”. Através do acolhimento, estabelece-se a

qualificação do objeto, ou neste caso o que há de conhecimento no aluno, a

partir do que o avaliador/professor observou ao qualificar. Este é um processo

dinâmico e constante na aprendizagem.

Complementando o autor, Hoffman (1994) utiliza o termo “avaliação

mediadora” para que seja desenvolvida uma prática de ação reflexiva do

educador favorecendo a troca de saberes entre ele e os alunos, produzindo o

enriquecimento de conhecimentos. Por isso que o ideal é conhecer o aluno em

sua totalidade e deixá-lo expressar-se quanto ao conhecimento, transformando

assim a visão tradicionalista e hierárquica da escola e favorecendo as relações

lineares entre professores e alunos.

Ao trazermos a avaliação para a Educação Infantil, ela não estabelece

os objetivos de promoção ou classificação dos alunos. Como cita a LDB em

seu artigo 31, inciso I: “I - avaliação mediante acompanhamento e registro do

desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

27

acesso ao ensino fundamental;” e as DCNEI também fortalece este inciso.

Neste último citado é estabelecido que sejam feitas observações críticas;

registros através de relatórios, fotografias e outros instrumentos que

comprovem a evolução do aluno; a elaboração de documentação específica

para que as famílias tenham acesso ao que é registrado sobre o aluno. Mesmo

com esta gama de informações que o documento propõe, ainda é incompleta a

avaliação na Educação Infantil, pois não há uma vertente na qual possa se

basear e denominar o que tem mais importância no desenvolvimento de

múltiplas habilidades através de estímulos diversos. Cabe então modificarmos

talvez o critério avaliativo para o acompanhamento do desenvolvimento do

aluno, sem objetivo de comparar ou criticar e também sem um padrão a ser

seguido, “o que permitiria possibilidades e modelos de avaliação com maior

riqueza de informações sobre a criança e que pudessem de fato resignificar a

prática educativa”. (CIASA; MENDES, 2009).

Observando o caminho avaliativo da Educação Infantil, Hoffman (1996)

define alguns indícios para a avaliação:

a) uma proposta pedagógica que vise levar em conta a diversidade de interesse e possibilidades de exploração do mundo pela criança, respeitando sua própria identidade sociocultural e proporcionando-lhe um ambiente interativo, rico em materiais e situações experienciadas; b) um professor curioso e investigador do mundo da criança, agindo como mediador de suas conquistas, no sentido de apoiá-la, acompanhá-la e favorecer-lhe novos desafios; c) um processo avaliativo permanente de observação, registro e reflexão acerca do pensamento das crianças, de suas diferenças culturais e de desenvolvimento, embasador do repensar do educador sobre o fazer pedagógico. (p.19)

Ao observar, o professor precisa relatar mais sobre a criança do que sua

prática. Claro que par a acriança ter desenvolvido algo precisa da prática

docente, mas o registro precisa estar centrado nas condições e possibilidades

que a criança realizou para desenvolver o que lhe foi proposto. Neste enfoque

é que o professor poderá fazer sua autoavaliação a partir de suas práticas e as

respostas da turma, não esquecendo que em sua relação dialógica poderá

modificar a prática quando necessário.

É importante salientar que com tantas teorias sobre avaliação na

Educação Infantil, não há uma que esteja errada ou correta, pois dependerá da

realidade de cada instituição e de suas metodologias que implicarão no modelo

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

28

avaliativo que será adotado, porém não se pode esquecer do caráter macro

desta avaliação e da importância que se é dada no acompanhamento

pedagógico dos alunos.

Dentre as práticas avaliativas adotadas na Educação Especial para a

Educação Infantil, a mais comum é a observação direta dos alunos, sendo

baseada em suas evoluções, conquistas, seu modo de pensar para a resolução

de determinadas tarefas, se consegue realizar sozinho ou em conjunto, como

procede diante das tarefas individuais e das em grupo, são exemplos de

elementos a se observar principalmente o público do TEA. Neste sentido, ao

avaliar a turma de maneira inclusiva não se deve pensar individualmente em

cada aluno e sim na turma como o todo.

A escola inclusiva sai do paradigma igualitário da escola tradicional. Este

novo modelo implica na diferença de um para o outro, no respeito e tolerância

para a vivência em sociedade.

A escola das diferenças é a escola na perspectiva inclusiva, e sua pedagogia tem como norte questionar, colocar em dúvida, contrapor-se, discutir e reconstruir as práticas que, até então, têm mantido a exclusão por instituírem uma organização dos processos de ensino e de aprendizagem incontestáveis, impostos e firmados sobre a possibilidade de exclusão dos diferentes, à medida que estes são direcionados para ambientes educacionais à parte. (NORONHA, 2012)

E são nestes “novos modelos de escola” que estão os alunos com

deficiência incluídos, os alunos das classes especiais, os alunos das classes

comuns, os professores e todos os outros membros da instituição escolar no

processo da inclusão. A inclusão escolar não pode ser vista como algo

corriqueiro. É um processo por ser de longo prazo, necessitando de

profissionais de diversos setores para amparar este público que chegou a

escola e atualmente ganhou “voz” diante da busca por igualdade de condições

de aprendizagem, acesso e permanência.

Há de se ponderar que a busca por igualdade não significa a concepção

antes idealizada da educação homogênea – os alunos são iguais na

aprendizagem, tem a mesma faixa etária, etc.- modelo ao qual já sofria

fragmentações, pois ao aluno que não se enquadrava neste modelo já era visto

como candidato ao fracasso escolar. Tal busca se dá a partir do respeito à

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

29

diversidade e principalmente o respeito pelo sujeito em si, dotado e

conhecimento e produtor de capital cultural caracterizado nas vivências e

saberes que cada um carrega consigo.

Entendemos, desse modo, que a Educação Inclusiva, deve basear-se no princípio da igualdade, em que respeitar a diferença não é se opor à igualdade e sim garantir direitos iguais para atender às necessidades específicas de cada um, considerando que todos são diferentes. Essa idéia é complementada pelo princípio da eqüidade que, por sua vez, postula o favorecimento de condições diferenciadas para suprir as desigualdades sociais, culturais e econômicas, daqueles que se encontram em situação de desvantagem. (OLIVEIRA; LEITE, 2007)

Neste aspecto, devemos observar as ações pedagógicas para que não

haja segregação e sim a possibilidade de acesso ao público da Educação

Inclusiva.

A prática docente pressupõe de intencionalidade na busca de condições

satisfatórias para o desenvolvimento dos alunos. É nessa intencionalidade que

a educação especial e a educação comum se fundem para de fato formar a

educação inclusiva, não descartando a hipótese para aqueles que possuem

comprometimentos graves que o impossibilitem de frequentar a escola, a

oportunidade de se desenvolverem em outros ambientes.

Atualmente, estes alunos estão em sua maioria nas classes especiais

das escolas municipais, convivendo com outros semelhantes. Se não houver

um trabalho docente pautado na evolução desses alunos em prol da inclusão,

os mesmos estarão nessas classes nos próximos 5, 10, 15 anos em diante.

Ainda é falho o sistema educacional para esses alunos, visto o

despreparo dos profissionais e muitos admitem terem medo. Cabe as

instâncias superiores dos órgãos oficiais favorecer a formação continuada dos

professores como por exemplo na intervenção comportamentalista, na área

psicomotora, dentre outros. O professor da educação especial jamais pode

pensar que o aluno deste público é incapaz de aprender. É preciso insistência

nas intervenções pedagógicas para que o aluno possa absorver o

conhecimento dentro de suas possibilidades e o professor proporcionar isso

realizando o que for necessário dentro de suas possibilidades na escola.

O ideal seria a construção de centros de centros de convivência com

objetivos pedagógicos, porém com a formação diferenciada da escola, que seja

um ambiente acolhedor e valorizador deste público e suas famílias. Contudo

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

30

seria de alto custo à construção de tal empreendimento e percebemos que

muitos municípios ou não tem verbas, ou não se preocupam com o público

especial, pois se houvesse preocupação, teríamos serviços públicos de alta

qualidade para todos os cidadãos.

Nesta perspectiva é que há preocupação das classes especiais em

“preparar” os alunos para a inclusão o quanto antes, oferecendo suporte

pedagógico para desenvolver as habilidades que serão trabalhadas na classe

comum. Futuramente talvez podem não haver mais tantas classes especiais

para o atendimento a este público, o que provocaria um “colapso da inclusão”:

turmas lotadas, crianças incluídas, profissionais despreparados, a cobrança

das famílias, falta de acessibilidade e dentre outros problemas que se

desencadeariam a partir destes.

Ao “preparar” o aluno com TEA para a classe comum, o professor

especialista deve estar ciente do compromisso que está se propondo a realizar,

tendo em vista que esse processo pode ter duas vertentes: positivas, de o

aluno conseguir ultrapassar suas barreiras pessoais na convivência com o

novo grupo e negativas, de o aluno se retrair e fechar-se para o convívio social.

São riscos que se correm, por isso a importância de estar um profissional já da

vivência da criança participando desse processo.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

31

CAPÍTULO III

O aluno, o TEA e a Inclusão

Para que uma escola seja inclusiva, deve-se criar primeiro um ambiente

inclusivo a fim de que todos possam usufruir de sua acessibilidade. Segundo

Skeel (2003), um ambiente inclusivo é:

(...) aquele que tem uma articulação coletiva e uma ação comprometida com o reconhecimento e busca da satisfação das necessidades de cada um, a qual se inscreve no âmbito da construção de uma sociedade verdadeiramente humana, em que as pessoas possam se diferenciar e se desenvolver em busca da felicidade. (p. 162)

A instituição escolar é o espaço social em que a diversidade é mais

vivenciada, pois há diversas pessoas compartilhando o mesmo espaço coletivo

(pequeno espaço, comparado à sociedade em geral) e é de suma importância

para o presente e futuro desenvolvimento da sociedade que seja planejado um

efetivo trabalho sobre respeito e inclusão neste espaço.

Na relação de uma criança com TEA dentro de um ambiente inclusivo é

sugerido que em sua adaptação sejam expostos ambientes, atividades e

materiais que sejam de automanuseio, fazendo com que a criança os explore,

veja e perceba o espaço a seu redor de forma que facilite sua compreensão

desse novo espaço em que está inserida. Inclusive para as outras crianças da

turma ao observarem e explorarem essas propostas favorecerá seu

envolvimento com os demais.

Na Educação Infantil trabalha-se de forma intensa com símbolos, sejam

eles concretos ou abstratos (é o caso da imaginação). Como sabemos as

crianças com TEA possuem grande dificuldade de simbolizar e por isso,

realizar junto à turma propostas pedagógicas que tenham como norteadores

objetos concretos são fundamentais para a evolução do entendimento. O aluno

se sentirá participante da aula e as outras crianças o ajudarão, aumentando

assim seus vínculos sociais.

Giaconi e Rodrigues (2014) apresentam propostas da inclusão em

classe comum como em “linhas-guia que visam colocar os sujeitos com

autismo na condição de situar-se mais facilmente em um espaço e um tempo

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

32

previsíveis (...)”. Nesta perspectiva, a escola precisa adaptar-se e garantir a

acessibilidade.

A escola ao se tornar acessível, não somente deve-se pensar em sua

arquitetura. Também é necessária a acessibilidade pedagógica para que os

alunos incluídos tenham acesso aos conteúdos e que sejam dadas a garantia

da execução dos mesmos, dando início então a mudança do documento

norteador das ações dentro da escola que é o Projeto Político Pedagógico

(PPP). Neste documento devem constar ações efetivas da inclusão escolar,

garantindo ao aluno o pleno desenvolvimento cognitivo, afetivo e social,

respeitando suas potencialidades, a fim de que consigam conviver numa

sociedade igualitária, independente de qualquer razão social.

O PPP pode criar ações como: Conscientizar todos os trabalhadores da

escola, os alunos e suas famílias sobre a inclusão de alunos com deficiência

como o meio de iniciar o processo de tornar uma sociedade mais tolerante a

partir do ambiente escolar; Reunir-se com a equipe pedagógica para que todos

possam ter acesso às informações dos alunos incluídos a fim de traçar

objetivos que impulsionarão o trabalho pedagógico na turma; Elaborar o

Planejamento Educacional Individualizado (PEI), documento em que o perfil do

aluno fica documentado e a partir das respostas do inventário de habilidades

composto pela equipe, é que se iniciam as ações que o aluno poderá

desenvolver. Lembrando que com alunos autistas, parte-se de sua zona de

interesse como a forma de criar vínculo e assim o professor conseguirá atingir

os objetivos. O PEI se estende a médio e longo prazo no aluno autista, pois as

atividades se diversificam, porém com o mesmo objetivo.

Na elaboração do PEI na inclusão, é necessária a participação do

professor da classe comum, o professor especialista (nesta realidade, o

professor da classe especial), a família e outros profissionais que atendam a

criança na escola (professores de educação, física, informática, ou outros, se

houver), para que fiquem bem engajadas as ações realizadas no período

determinado no Plano. Ao serem alcançados os objetivos, estes irão sendo

modificados.

Nem só a elaboração do PEI ou a mudança do PPP será o suficiente

para proporcionar a inclusão. Ao basear-se no “currículo formal” é perceptível a

adaptação para o aluno com TEA e nem sempre essas adaptações serão

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

33

suficientes, dando então a oportunidade de outro modelo do desenvolvimento

das habilidades para as pessoas com deficiência. Baseada em Góes (2004),

Pletsch (2010) destaca que:

(...) é preciso oferecer projetos diferenciados para que ocorra desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais e não apenas promover ajustes na estrutura curricular. Ao proporcionarmos um ensino indiferenciado para essas pessoas, não temos como explorar a plasticidade do funcionamento humano. (p.165)

Os currículos para serem inclusivos devem respeitar as particularidades

dos alunos, independente de terem alguma deficiência. E ao basear os

currículos de Educação Infantil que tem uma ampla abrangência quanto às

habilidades desenvolvidas, os sistemas educacionais devem pensar que todos

aprendem de formas diferenciadas e nem sempre da forma que se ensina o

sujeito irá aprender. De fato é uma situação indefinida, pois como será possível

montar um currículo que atenda a demanda de todas as crianças? Muitas

bibliografias sobre autismo remetem o desenvolvimento de atividades a partir

da zona de interesse dos alunos. Ora, numa turma de Educação Infantil é mais

propício desenvolver isto, baseando-se no que cada um se interessa para

nortear as atividades. Todos sentirão prazer de estar desfrutando dos temas

propostos e a criança incluída terá a oportunidade de mostrar suas habilidades.

Envolver todos no processo de inclusão através de um ensino

colaborativo e de uma aprendizagem significativa é essencial para as

modificações inclusivas da escola. A aprendizagem significativa torna

conceitual o que é proposto ao aluno, dessa forma a utilização do Currículo

Funcional Natural como norteador das ações pedagógicas é uma forma de

garantir que a aprendizagem aconteça. E o ensino colaborativo estabelece

relações de parceria e possibilidades de construções pedagógicas no cotidiano

escolar. Como já citado anteriormente, a colaboração dos profissionais que

estão diretamente com o aluno, favorece esta modalidade de ensino.

O propósito é garantir a articulação de saberes entre ensino especial e comum, combinando as habilidades dos dois professores. Assim, o professor regente da turma traz os saberes disciplinares, os conteúdos, o que prevê o currículo e o planejamento da escola, juntamente com os limites que enfrenta para ensinar o aluno com necessidade especial. O professor do ensino especial, por sua vez, contribui com propostas de adequação curricular, atentando para as possibilidades do estudante, considerando as situações de ensino propostas e as opções metodológicas, planejando estratégias e

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

34

elaborando recursos adequados para a promoção de sua aprendizagem (MARIN; BRAUN, 2013, p. 53).

Cabe destacar que a atuação do professor especialista não deve ser

confundida com a do mediador escolar. Suas funções são diferenciadas, pois o

mediador é o facilitador do conteúdo ali proposto e o professor especialista está

apto a lhe dar com toda a turma, propondo a mesma atividade do aluno

incluído para todos, em conjunto com o professor comum, estabelecendo

revezamento de regência para que ambos tenham acesso aos alunos da

classe. E uma das principais funções do professor especialista é fazer com que

o aluno que geralmente aprendia individualmente desenvolva a capacidade de

aprender em grupo, participando e percebendo a necessidade dos outros à sua

volta.

Sabemos que na prática docente isso nem sempre é permitido. As

escolas públicas muitas vezes têm turmas lotadas e o professor nem sempre

está apto a desenvolver um planejamento tão detalhado. Por isso um professor

especialista para lhe dar com a criança com TEA e auxiliar a docência é o

ideal, pois os docentes trabalhariam em parceria e com o objetivo maior de

progredir o desenvolvimento dos alunos.

Buscando o sucesso da aprendizagem dos alunos, o ideal seria a

redução do quantitativo de alunos em sala de aula. Como essa luta é de longa

data, sobretudo com as escolas públicas, o professor de sala de aula pode

estabelecer algumas estratégias como: fazer pequenos grupos de estudo com

aos alunos, inserindo o aluno com TEA nos assuntos que lhe despertem

interesse; realizar brincadeiras que estimulem suas habilidades sensoriais;

provocar momentos de brincadeiras colaborativas; estabelecer a utilização da

rotina; proporcionar a contribuição dos conhecimentos que os alunos já

possuem. Além dessas estratégias, Menezes e Cruz (2013), apresentam

algumas sugestões práticas ao trabalho docente com crianças em situação de

inclusão e que apresentem o TEA (anexo 3), como forma de minimizar os

comportamentos adversos, tonar a turma receptiva e favorecer a inclusão.

A inclusão por se tratar de um processo, abrange muitos fatores em que

a escola deverá inserir em seu cotidiano de forma a favorecer o bem comum e

o respeito às diferenças que surgirem. No nosso cenário contemporâneo, não

somente as pessoas com deficiência estão à margem de nossa sociedade. As

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

35

pessoas que sofrem qualquer tipo de violência (ideológica, social, religiosa,

física etc) necessitam de inclusão. E é na escola que esse trabalho se inicia.

Ao longo dos anos, a instituição escolar vem modificando sua função

que vai muito além de ensinar conteúdos. Este ambiente, além disso, tem uma

grande responsabilidade de orientar os alunos perante sua formação social e

para isso a educação deixou de ser unilateral, focando somente num propósito

(a formação para o trabalho) e passa a ser omnilateral, onde se há a

preocupação com a formação humana como um todo, com o desenvolvimento

humano em suas diversas dimensões. Sejam elas objetivas e subjetivas, real

para seu pleno desenvolvimento histórico. “Essas dimensões envolvem sua

vida corpórea material e seu desenvolvimento intelectual, cultural, educacional,

psicossocial, afetivo, estético e lúdico”. (FRIGOTTO, 2012, p. 267). A partir

desse novo delineamento, a instituição escolar precisa modificar-se quanto

suas estruturas para não somente atender as legislações vigentes, mas ampliar

suas possibilidades de oferta a fim de uma educação de qualidade que

desenvolva sujeitos críticos, formadores de opinião, autônomos e criar

possibilidades para criar oportunidades de seu desenvolvimento pleno,

formando pessoas para que decidam seu futuro sabendo de seus potenciais.

A família precisa estar inserida no ambiente escolar, pois muitas delas

precisam de inclusão entre seus próprios membros. Se a escola fizesse um

trabalho voltado paras as famílias em caráter intersetorial, muitos danos

poderiam ser sanados, inclusive o tratamento terapêutico do período de

rejeição que as famílias possuem ao descobrirem alguma deficiência em seus

filhos. A escola não irá sanar todas as necessidades da sociedade, mas é a

porta de entrada de muitos problemas e se tivesse de fato um trabalho efetivo

visando o auxílio às famílias (não de dinheiro) como forma da melhoria de vida,

talvez não estivesse enfrentando tantos entraves.

A figura do professor neste processo é o de receptor direto das

situações adversas que acontecem dentro de sala de aula. Ele também precisa

ser incluído num trabalho que a escola esteja “de braços abertos” para ajudá-lo

e ajudar os alunos. A figura do professor é primordial numa classe, pois é com

esta figura que muitas crianças se sentem seguras de contar suas vivências.

A escola sozinha não realiza nada, é somente um prédio com

acessibilidade (a maioria ainda não tem). A escola só funciona se tiver gente

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

36

que precisa estar ali e olhar para os alunos não com olhos de pena, mas com

olhos de quem acredita neles, que querem o seu melhor e que uns precisam

dos outros de forma que todos busquem o sucesso.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

37

CONCLUSÃO

A educação é a área que se repagina a cada pensamento novo, partindo

daqueles já adquiridos em algum momento, tornando-se recorrentes. E

atualmente a inclusão de pessoas com deficiência vem ganhando uma gama

de programas e pesquisas que visam efetivar e provar que incluir é possível.

Incluir além das pessoas com deficiência, incluir independente de crença, etnia

e outros fatores sociais.

Este trabalho procurou facilitar o trabalho do professor frente à inclusão

de alunos com TEA, por meio de teorias que são utilizadas na prática para que

futuramente, a partir dessas, criarem-se outras. Muitas práticas advém de

áreas terapêuticas com bons resultados no perfil comportamental e da

linguagem dos alunos. Na área pedagógica ainda são necessárias pesquisas

para ampliar metodologias de ensino para o Autismo.

É de fato que a escola pública é a que propõe com mais frequência esta

vivência na diversidade e cabe à escola abraçar esse público. Tornar a escola

um lugar seguro para que todos se sintam bem em estar lá, modificando desde

suas estruturas arquitetônicas às estruturas pedagógicas. Trazer a família para

dentro da escola é de fato enriquecedor para todos, pois muitas vezes as

famílias também precisam de apoio. A escola também precisa de apoio de

outros profissionais como da área de saúde com os serviços de psicologia e

fonoaudiologia, estabelecendo ações intersetoriais para desenvolver e sanar

quaisquer dificuldades que venham o aluno ter, partindo se possível de uma

estimulação precoce.

O professor de sala de aula buscando cada vez mais formação na área

que escolheu lecionar é de fato um bom propulsor no processo inclusivo, pois

ampliará/mudará sua visão de mundo, percebendo mais os detalhes que

existem dentro da escola que nenhuma legislação é capaz de perceber. O

professor inclusivo é aquele que acolhe, conversa, elogia, sabe intervir e olha

para sua prática e para seus alunos, sempre tentando renovar-se.

O Poder Público pode e deve olhar mais para as crianças que a escola

acolhe, de modo a oferecer serviços de qualidade que auxiliem seu

desenvolvimento pleno.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

38

Muitos são os impasses ainda para a inclusão plena das crianças,

jovens e adultos com deficiência, visto que temos tantas leis de amparo e

pouca prática. E cabe a nós profissionais da Educação Especial e Inclusiva

fazermos valer as legislações vigentes em prol do nosso público.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

39

BIBLIOGRAFIA

Brasil. Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência: Lei nº 13.146, de 6

de julho de 2015, que institui a Lei brasileira de inclusão da pessoa com

deficiência (Estatuto da pessoa com deficiência)/Câmara dos Deputados. –

Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. 58 p. – (Série

Legislação; n. 199)

Brasil. [Lei Darcy Ribeiro(1996)]. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação

nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional. – 11. Ed. – Brasília: Câmara dos

Deputados, Edições Câmara, 2015. 46 p. – (Série legislação; n. 158)

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes

curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação

Básica. – Brasília : MEC, SEB, 2010. 36 p.

CHIOTE, Fernanda de Araújo Binatti. Inclusão da criança com autismo na

educação infantil: trabalhando a mediação pedagógica. 2. ed. Rio de Janeiro:

Wak Editora, 2015. 148 p.

CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: psicopedagogia e práticas educativas

na escola e na família. 6. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015. 140 p.

FREITAS, Emanoele. Mediação Escolar: Recriando a arte de ensinar. Rio de

Janeiro: Wak Editora, 2015. 104 p.

FRIGOTTO, Gaudêncio. Educação Omnilateral. In: CALDART, Roseli Salete

(org.). Dicionário da Educação do Campo. 2012. ed. Rio de Janeiro; São

Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; Expressão Popular,

2012. p. 267-274.

GLAT, Rosana (Org.). Educação Inclusiva: Cultura e Cotidiano Escolar. 2. ed.

Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. 210 p.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

40

GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise (Org.). Estratégias Educacionais

Diferenciadas para alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro:

Eduerj, 2013. Cap. 7. p. 127-142.

LATAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget,

Vygotsky,Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus

Editorial, 1992. 117 p.

MENEZES, Adriana; CRUZ, Gilmar de Carvalho, et al (Org.). Estratégias de

formação de professores para a inclusão escolar de alunos com autismo. In:

PLETSCH, Márcia Denise. Repensando a inclusão escolar: diretrizes

políticas, práticas curriculares e deficiência intelectual. Rio de Janeiro: Nau;

Edur, 2010. 280 p. (Docência doc).

Suplino, Maryse. Curriculo funcional natural: guia prático para a educação na área do autismo e deficiência mental - Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; Maceió: Assista, 2005. (Coleção de Estudos e Pesquisa na Área da Deficiência; v. 11). 73 p.

WHITMAN, Thomas L.. O desenvolvimento do autismo: Social, Cognitivo,

Linguístico, Sensório-motor e Perspectivas biológicas. São Paulo: M. Books,

2015. 319 p.

VIGOTSKI, Lev Semenovich; [tradução Jefferson Luiz Camargo; revisão técnica José Cipolla Neto] Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1993. 135 p.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

41

WEBGRAFIA

BRASIL. Lei nº 12764, de 21 de dezembro de 2012. Institui A Política

Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa Com Transtorno do

Espectro Autista; e Altera O § 3o do Art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de

Dezembro de 1990. Brasília, DF. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12764.htm>.

Acesso em: 30 jul. 2016

BREGUNCI, Maria das Graças de Castro. Zona de desenvolvimento

proximal. Disponível em:

<http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/zona-de-

desenvolvimento-proximal>. Acesso em: 30 jul. 2016.

CIASCA, Maria Isabel Lima. MENDES, Débora Lúcia Lima Leite. Estudos de

avaliação na educação infantil. In: Revista Estudos em Avaliação

Educacional, São Paulo, v. 20, n. 43, maio/ago. 2009. Disponível em:

<http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1494/1494.pdf>.

Acesso em: 9 ago. 2016.

DE MATTOS, Laura Kemp; NUERNBERG, Adriano Henrique. Reflexões sobre

a inclusão escolar de uma criança com diagnósticos de autismo na

Educação Infantil . Revista Educação Especial, Santa Maria, p. 129-141,

jun. 2011. ISSN 1984-686X. Disponível em:

<http://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/1989/1720>.

Acesso em: 29 jul. 2016. doi:http://dx.doi.org/10.5902/1984686X1989.

HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mediadora: Uma Relação Dialógica na

Construção do Conhecimento. Série Ideias, n. 22. São Paulo: FDE, 1994. P.

51-59. Disponível em:

< http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_22_p051-059_c.pdf>. Acesso

em: 9 de ago. 2016.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

42

LUCKESI, Cipriano Carlos. O que é mesmo o ato de avaliar? In: Revsita

Pátio – Ano 3 – n. 12- Fevereiro/Abril de 2000.

Disponível em:

<http://www.alemdasletras.org.br/biblioteca/avaliacao/O_ato_de_avaliar_a_apr

endizagem_Luckesi.pdf>. Acesso em: 8 de ago. 2016.

MARIN, Márcia; MANETTI, Márcia. Ensino Colaborativo: Estratégias de

formação de professores para inclusão escolar de alunos com autismo. 2014.

Disponível em:

<http://www.cap.uerj.br/site/images/stories/noticias/4-marin_e_maretti.pdf>.

Acesso em: 30 jul. 2016.

ORRU, Sílvia Ester. Contribuição do abordagem histórico-cultural à educação

de alunos autistas. Rev Hum Med , Cidade de Camaguey, v. 10, n. 3, p. 1-11,

dez. 2010.Disponível em:

<http://scielo.sld.cu/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1727-

81202010000300002&lng=es&nrm=iso>. Acesso em 29 de jul. 2016.

SOUZA, Gilcênio Vieira. Teoria Histórico-Cultural e aprendizagem

contextualizada. 2011. Disponível em:

<https://www.ufrgs.br/psicoeduc/gilvieira/2011/02/02/teoria-historico-cultural-e-

aprendizagem-contextualizada/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

VERONEZI, Rafaela Júlia Batista; DAMASCENO, Benito Pereira;

FERNANDES, Yvens Barbosa. FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES:

ORIGEM SOCIAL E NATUREZA MEDIADA. Rev. Ciênc. Méd., Campinas,

14(6):537-541, nov./dez., 2005. Disponível em:

<http://www.proiac.uff.br/sites/default/files/documentos/funcoespsicologicas_su

periores.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2016.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

43

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.

Anexo 2 >> “Currículo para comportamentos adequados e aquisição máxima

de habilidades” (LeBlanc, 1998)

Anexo 3 >> Adaptações do Currículo Formal para o Currículo Funcional

Anexo 4 >> “Sugestões práticas para o trabalho docente” (Menezes e Cruz,

2013)

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

44

ANEXO 1:

Presidência da República Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012.

Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução.

§ 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos.

§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.

Art. 2o São diretrizes da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista:

I - a intersetorialidade no desenvolvimento das ações e das políticas e no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista;

II - a participação da comunidade na formulação de políticas públicas voltadas para as pessoas com transtorno do espectro autista e o controle social da sua implantação, acompanhamento e avaliação;

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

45

III - a atenção integral às necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes;

IV - (VETADO);

V - o estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990(Estatuto da Criança e do Adolescente);

VI - a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações;

VII - o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com transtorno do espectro autista, bem como a pais e responsáveis;

VIII - o estímulo à pesquisa científica, com prioridade para estudos epidemiológicos tendentes a dimensionar a magnitude e as características do problema relativo ao transtorno do espectro autista no País.

Parágrafo único. Para cumprimento das diretrizes de que trata este artigo, o poder público poderá firmar contrato de direito público ou convênio com pessoas jurídicas de direito privado.

Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:

I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;

II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;

III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:

a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;

b) o atendimento multiprofissional;

c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;

d) os medicamentos;

e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;

IV - o acesso:

a) à educação e ao ensino profissionalizante;

b) à moradia, inclusive à residência protegida;

c) ao mercado de trabalho;

d) à previdência social e à assistência social.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

46

Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a acompanhante especializado.

Art. 4o A pessoa com transtorno do espectro autista não será submetida a tratamento desumano ou degradante, não será privada de sua liberdade ou do convívio familiar nem sofrerá discriminação por motivo da deficiência.

Parágrafo único. Nos casos de necessidade de internação médica em unidades especializadas, observar-se-á o que dispõe o art. 4o da Lei no 10.216, de

6 de abril de 2001.

Art. 5o A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 da Lei no 9.656, de 3 de

junho de 1998.

Art. 6o (VETADO).

Art. 7o O gestor escolar, ou autoridade competente, que recusar a matrícula de aluno com transtorno do espectro autista, ou qualquer outro tipo de deficiência, será punido com multa de 3 (três) a 20 (vinte) salários-mínimos.

§ 1o Em caso de reincidência, apurada por processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, haverá a perda do cargo.

§ 2o (VETADO).

Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 27 de dezembro de 2012; 191o da Independência e 124o da República.

DILMA ROUSSEFF José Henrique Paim Fernandes Miriam Belchior

Este texto não substitui o publicado no DOU de 28.12.2012.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

47

ANEXO 2:

“Currículo para comportamentos adequados e aquisição máxima de

habilidades”(LeBlanc, 1998)

1-O educador deve ensinar com entusiasmo e motivação. Se o professor está

entusiasmado, motivado com a atividade em curso, seus alunos com certeza

estarão. Por isso é necessário criar-se atividades criativas e divertidas.Um bom

termômetro para medir o nível de entusiasmo e motivação dos alunos é a

medida desses dois elementos presentes no professor. Se o professor sente-se

enfadado com a aula, os alunos com certeza sentem o mesmo.

2-O tom de voz e a linguagem usada com o aluno devem ser o mais natural

possível, sem gritos e tons muito altos. O professor deveria falar com o aluno

da mesma maneira que fala com outras pessoas. A compreensão que o aluno

terá acerca de uma instrução ou comentário não está relacionado ao volume da

voz do professor a menos que o aluno tenha problemas auditivos. Uma boa

estratégia para facilitar a compreensão por parte do aluno seria repetir a

mesma instrução com diferentes palavras.

3- As habilidades do aluno devem ser mais enfatizadas que suas fraquezas. O

“não” deve ser pouco usado. Quando enfatizamos os pontos fortes dos nossos

alunos, damos a eles a oportunidade de mostrarem o melhor de si. Isso faz

com que a motivação aumente em ambas as partes fazendo com que o

professor tenha mais entusiasmo em ensinar e o aluno mais confiança par

aprender as habilidades que ainda não domina.

4- A atenção do aluno deve ser garantida antes de ser dada uma ordem ou

fazer um pedido. É importante certificar-se de que o aluno está de fato atento

àquilo que se pede ou ensina. Muitas vezes o aluno comete erros que

poderiam ser evitados se ele estivesse realmente olhando e/ou ouvindo aquilo

que se instruiu. São inúmeros os casos de professores e alunos frustrados

diante de uma sequência de erros que poderia não ter acontecido se o

professor tivesse se certificado acerca de ter ou não a atenção do aluno.

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

48

5- As ordens dadas devem ser claras. Muitos de nós teríamos dificuldades para

reduzir uma instrução que não tenha ficado muito clara. Ao ensinar deveríamos

falar poucas palavras e utilizar expressões que não deem margem a um duplo

entendimento.

6- As ordens dadas devem ser apenas aquelas indispensáveis.

7- As ordens não devem ser repetidas mais de duas vezes. Deve-se propiciar

um espaço de tempo entre uma ordem e a sua repetição. Nossos alunos

precisam de tempo para processar uma informação e o fato de ficarmos

repetindo seguidamente a mesma ordem não significa garantia de aceleração

do seu cumprimento.

8- Deve ser dado um tempo suficiente para a resposta do aluno. Muitas vezes,

a ansiedade do instrutor impede a manifestação da resposta por parte do

aluno. Em lugar de aguardar, acaba-se realizando aquilo que deveria ser o

aluno a fazer. É importante esperar que o aluno processe a informação

recebida e emita a resposta.

9- O educador deve manter-se calmo. A calma mantida durante o período de

ensino, é de fundamental importância para garantir ao aluno a tranquilidade

necessária para aprender. Um instrutor estressado e ansioso gerará um

aprendiz estressado e ansioso, além de uma situação de ensino imprópria ao

aprendizado.

10- O educador deve brincar e interagir como um amigo com seu aluno. Esta

atitude tornará o ambiente de ensino muito mais relaxado e atraente, além de

contribuir para o afastamento do enfado durante a realização das atividades.

11- Elogios devem ser descritivos, quando necessário. Quando um educador

elogia um aluno, deve ser muito específico com relação ao comportamento que

está elogiando. Isto é para assegurar que o aluno saiba exatamente qual o

comportamento desejável.

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

49

12- Ajudas físicas devem ser evitadas, de forma a dar ao aluno a oportunidade

de fazer sozinho. O objetivo é que o aluno possa trabalhar da forma mais

independente possível.

13- Os interesses do aluno devem ser aproveitados para ensino de novas

habilidades. Partir de assuntos e/ou atividades que são do interesse do aluno,

é uma das formas de aumentarmos seu grau de concentração e participação,

facilitando a aprendizagem de novas habilidades.

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

50

ANEXO 3:

Adaptações do Currículo Formal para o Currículo Funcional

No Currículo Formal:

Tema: Água

Objetivos:

• Entender como a água funciona no meio ambiente;

• Ouvir música sobre a água;

• Brincar de jogos que envolvam o raciocínio lógico, como jogo da

memória com figuras que estabeleçam vínculo ao o que foi aprendido;

• Realizar atividades de localização dos locais que tem água de acordo

com a imagem.

Desenvolvimento:

1º momento – Na rodinha, será cantada a música “Gotinha em gotinha”,

do grupo Palavra Cantada. Após ouvir e cantar a música, será feita uma

listagem no blocão dos locais que tem água e que foram cantadas na música.

2º momento – Desenhar em folha o que cada um percebe sobre a água:

algum lugar que já foi, ou em casa, vai depender da vivência de cada um.

3º momento – Montar o jogo da memória com imagens sobre a água e

jogar.

4º momento – Atividade em folha de pintar os locais que possuem água.

No Currículo Funcional:

Tema: Água

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

51

O que ensinar?

Objetivos:

• Destacar a importância da água para a vida diária;

• Entender a função da água para nossa sobrevivência;

• Destacar onde encontramos água na escola;

• Vivenciar as funções da água na culinária e na higiene;

• Identificar os utensílios utilizados para a higiene bucal;

• Explorar os sentidos do tato, olfato, audição, paladar e visão;

• Desenvolver a coordenação motora global;

• Assistir e dançar com vídeos informativos e musicais sobre a água

(Show da Luna: como se forma a chuva, Patati Patatá: chuveiro e

Palavra Cantada: Tchibum, tchibum da cabeça ao bumbum);

Para que ensinar?

Princípios Norteadores:

Nesses objetivos serão valorizadas as vivências de cada criança com o

tema e caso necessário, serão feitas mediações ou intervenções que auxiliem

o desenvolvimento da atividade.

A família será informada deste planejamento e convidada a participar da

execução do mesmo modo em casa, fortalecendo o estímulo e o estreitamento

da relação escola x família.

Como ensinar?

Procedimentos:

1º momento – A turma será levada a dar um passeio pelas instalações da

escola e observarão quais os ambientes que necessitam do uso da água. O

registro será feito por fotografia. As crianças serão instigadas a manusear os

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

52

aparelhos que fazem a água “aparecer”, como torneiras, sanitários,

mangueiras, etc. Serão propostas que manuseiem esses utensílios para que

entendam quais as funcionalidades deles para a vida diária. Para os alunos

não verbais, as placas de Comunicação Alternativa Suplementar com a

imagens dos objetos serão mostradas para que se estabeleça um meio de

comunicação, nesse caso, será estabelecido o vocabulário de ir ao banheiro ou

lavar as mãos, vai depender da sinalização que a criança mostrar.

No caminho para casa, os responsáveis podem analisar junto aos alunos

se há lugares que possuem água e como estão. Assim como explorar em casa

os cômodos e localizar onde tem água.

2º momento – As crianças serão levadas a experimentar a água em seu

estado líquido e sólido, para que sintam a textura (estímulo sensorial), vejam a

cor (estímulo visual), sintam o cheiro (estímulo olfativo) e a provem para sentir

que a água não tem gosto (estímulo gustativo). Para os alunos não verbais, as

placas de Comunicação Alternativa Suplementar serão mostradas para que se

estabeleça um meio de comunicação, nesse caso, será estabelecido o

vocabulário de pedir água.

Em casa os responsáveis podem estimular as crianças colocando a

água em garrafas e pedindo-as que abram, encham um copo para que possam

beber água e depois feche, assim realizando o uso funcional da garrafa.

3º momento - Observar através da janela na sala de aula a chuva (caso

esteja um dia chuvoso). “Simular” a chuva com algodão e pode com água.

Nesta atividade o aluno será direcionado a sentir a textura do algodão seco e

depois o mesmo junto a água para perceber que muda a densidade e que o

algodão escorre a água se apertarmos. Para os alunos não verbais, as placas

de Comunicação Alternativa Suplementar serão mostradas para que se

estabeleça um meio de comunicação, nesse caso, será estabelecido o

vocabulário de tempo, introduzindo os termos “sol”, “chuva”, “nublado” e

“nublado com chuva”.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança para tomar um

banho de chuva e estabelecer brincadeiras na chuva para que a criança se

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

53

sinta integrante do meio e aproveite o momento da melhor forma possível,

estabelecendo vínculo com o outro e desempenhando seu papel social.

4º momento – Fabricar gelo colorido: entender o uso do congelador para

mudar a textura e temperatura da água. Após o gelo pronto, será feito o

pareamento de cores utilizando o pegador de macarrão para realizar. Para os

alunos não verbais, as placas de Comunicação Alternativa Suplementar serão

mostradas para que se estabeleça um meio de comunicação, nesse caso, será

estabelecido o vocabulário das cores trabalhadas na atividade e a diferença da

água em seu estado líquido para sólido.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança a fazer gelos

coloridos com suco e depois dos gelos prontos, provar o gosto com cada fruta.

5º momento – Perceber a água no corpo: utilizar o sanitário para urinar,

treinar o uso do banheiro, dar descarga, sentir a saliva na boca, observar o

vídeo de alguém chorando para ver a lágrima e entender que tudo isso é

produzido no nosso corpo. Para os alunos não verbais, as placas de

Comunicação Alternativa Suplementar serão mostradas para que se

estabeleça um meio de comunicação, nesse caso, serão estabelecidos os

vocabulários já trabalhados do banheiro e expressões faciais de “feliz”, “triste”,

“chorando”, “assustado”.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança a utilizar o banheiro

de forma correta e para aqueles que ainda usam fraldas, é um bom momento

para iniciar o desfralde.

6º momento – Tomar banho: utilizar a água para o banho,

desenvolvendo o uso funcional do sabonete, espuma, shampoo, condicionador.

Abrir e fechar o registro do chuveiro e entender que é para abrir quando estiver

que se molhar e fechar quando for se ensaboar, passar shampoo ou

condicionador e sair do banho. Fazer uso funcional da tolha para secar as

partes do corpo.

Para os alunos não verbais, as placas de Comunicação Alternativa

Suplementar serão mostradas para que se estabeleça um meio de

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

54

comunicação, nesse caso, será estabelecido o vocabulário do ato de tomar

banho, mostrando as figuras por etapas.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança depois de algum

momento em que se suje para tomar banho, estabelecendo a função do banho

para quando se está sujo.

7º momento – Escovar os dentes: a criança será direcionada a abrir a

pasta de dentes, pegar a escova de dentes, colocar a pasta na escova e

realizar o ato de escovar os dentes. Logo após utilizará a água para lavar a

boca e retirar a espuma produzida com a saliva (já conhecida na atividade

sobre a água no corpo) e a pasta de dentes.

Para os alunos não verbais, as placas de Comunicação Alternativa

Suplementar serão mostradas para que se estabeleça um meio de

comunicação, nesse caso, será estabelecido o vocabulário do ato de escovar

os dentes, mostrando as figuras de cada etapa.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança depois de alguma

refeição para realizar a “escovação” de dentes.

8º momento – Uso da água na culinária: fazer macarrão instantâneo no

micro ondas e fazer refresco de fruta. As crianças serão levadas a lavar as

mãos antes de manusear os alimentos e utensílios que serão utilizados,

colocar a touca higiênica e iniciar o preparo. Antes de preparar o macarrão, a

mesa será arrumada pelas crianças, com garfos e pratos de acordo com a

quantidade. Será registrada a receita do macarrão de acordo com o pacote,

então será colocado no recipiente que vai ao micro ondas a quantidade de

água necessária para o cozimento do macarrão, o macarrão e colocá-los no

micro ondas; será observado o tempo de preparo do macarrão e após pronto

será misturado o tempero e servido. Enquanto o macarrão estiver no micro

ondas, pode-se fazer o refresco, pegando água filtrada gelada e o suco de

preferência para a mistura, depois colocar o açúcar e aguardar o macarrão ficar

pronto. Após o macarrão pronto, cada um irá perceber como mudou a

temperatura da água e entender que para cozinhar é necessário a água

quente. Irão se servir com o pegador de macarrão (já trabalhado na atividade

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

55

dos gelos coloridos), colocar o refresco no copo (já trabalhado em casa) e

manusear o garfo para comer e o copo para beber.

Para os alunos não verbais, as placas de Comunicação Alternativa

Suplementar serão mostradas para que se estabeleça um meio de

comunicação, nesse caso, será estabelecido o vocabulário de cada etapa

vivenciada no processo da culinária e para as temperaturas, será utilizado o

tato.

Em casa os responsáveis podem chamar a criança para preparar

receitas fáceis para que entendam como são produzidas as comidas e a

importância da água para nossa alimentação.

Nota-se que o Currículo Funcional proporciona que as crianças se

integrem e criem vínculos, tornando-se mediadores naturais. Percebe-se que

amplia mais a experiência de vida das crianças, estimulando a autonomia.

Envolve os responsáveis ativamente na relação de ensino-aprendizagem,

colocando-os como atores do meio e tornando-os também mediadores,

indiretamente. O Currículo Formal limita as crianças em suas atividades,

compreendendo que precisam do tempo da escola para desenvolver os

objetivos e não o tempo delas. Compreendemos então que se a escola adotar

um método amplo, em que a criança possa descobrir as finalidades dos temas

propostos a partir das experiências que vivencia, sua capacidade de absorção

de conhecimentos será maior, pois estará realizando as propostas pedagógicas

com prazer.

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

56

ANEXO 4:

“Sugestões práticas para o trabalho docente:”

a) Estabelecer relação de confiança e canal comunicativo com o aluno

desde o contato inicial;

b) Identificar a forma mais adequada de comunicação com o aluno;

c) Recontextualizar o espaço físico da sala de aula, preferencialmente em

U;

d) Organizar rotineiramente canções, brincadeiras e rodas de conversa,

favorecendo o contato olho no olho;

e) Utilizar de forma lúdica, fotos e desenhos de expressões faciais e

corporais;

f) Começar com o mais simples ou o que a criança já sabe fazer e ir

gradativamente, por aproximações sucessivas, aumentando a

dificuldade e as exigências da tarefa;

g) Utilizar comunicação alternativa quando tratar-se de um bloqueio

comunicativo muito severo;

h) Prevenir comportamentos inadequados por meio da antecipação das

atividades ou dos acontecimentos subsequentes, uma vez que a

mudança causa desconforto à pessoa com autismo;

i) Planejar oportunidades de movimentação pela classe ou outros locais da

escola para atendimento à área motora;

j) Recorrer a orientações visuais para ajudar na organização interna, visto

que compreendem melhor as mensagens por meio de imagens do que

pelo canal auditivo;

k) Diminuir o apego exacerbado À rotina gradativamente;

l) Conhecer as preferências do aluno por meio da promoção de relações

com o ambiente físico e social;

m) Concentrar a atuação nas habilidades do aluno e situar os

comportamentos inapropriados em segundo plano;

n) Utilizar instruções e sinais claros e simples nas diferentes atividades;

o) Possibilitar a resolução de tarefas por etapas;

p) Oferecer tarefas adicionais para os alunos que trabalham mais rápido;

q) Oferecer modelos e exemplos para identificação das aprendizagens;

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

57

r) Utilizar folhas com maior espaçamento, letras maiores e mais grossas

com contrastes mais precisos;

s) Evitar folhas xerografadas com muito texto ou caracteres pequenos;

t) Trabalhar conteúdos matemáticos a partir de comparação, seriação e

categorização no espaço físico;

u) Persistir em diferentes momentos sem deixar de oferecer atividades da

turma ou, quando necessário, oferecer atividades individualizadas,

mesmo que nas primeiras tentativas o aluno tenha manifestado

comportamento de rejeição como jogar o material no chão.

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · Por: Bianca Burlandy Mota de Melo . AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade de estar alcançando mais um objetivo

58

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................ 2

AGRADECIMENTO .......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ................................................................................................. 4

EPIGRAFE ........................................................................................................ 5

RESUMO........................................................................................................... 6

METODOLOGIA................................................................................................ 7

SUMÁRIO........................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO I

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a classe especial da Educação

Infantil: a 1ª etapa da educação básica na formação do sujeito

..........................................................................................................................11

1.1 – Um breve histórico sobre o Transtorno do Espectro Autismo

...............................................................................................................11

1.2 – A criança com TEA vai à escola: A importância da Educação

Infantil em seu desenvolvimento..................................................................13

1.3 – A classe especial na formação da criança...............................16

CAPÍTULO II

Meios facilitadores para o ensino da criança autista: a Teoria Histórico-

Cultural de Vigotsky e a mediação, o Currículo Funcional Natural na

formação do sujeito com TEA e as Adaptações Curriculares para uma

turma inclusiva................................................................................................19

2.1 – A Teoria Histórico–Cultural segundo Vigotsky e a necessidade

da mediação ....................................................................................................19

2.2 – O Currículo Funcional Natural ...................................................21

2.3 – Adaptações Curriculares para uma turma inclusiva ...............23

2.4 – A prática docente na Educação Inclusiva ................................25

CAPÍTULO III

O aluno, o TEA e a Inclusão...........................................................................31

CONCLUSÃO...................................................................................................37

BIBLIOGRAFIA................................................................................................39

ANEXOS...........................................................................................................43

INDICE..............................................................................................................58