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UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Psicologia
Vitória Lilian Roncoletta de Oliveira
Patrícia Stephany dos Santos
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS:
A partir de um olhar fenomenológico
LINS – SP
2017
VITÓRIA LILIAN RONCOLETTA DE OLIVEIRA
PATRÍCIA STEPHANY DOS SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS:
A partir de um olhar fenomenológico
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à Banca
Examinadora do Centro
Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Psicologia,
sob a orientação do Prof. Me.
Aguinaldo José da Silva Gomes
e Orientação técnica da Profª.
Ma. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2017
Oliveira, Vitória Lilian Roncoletta; Santos, Patrícia Stephany
O52i A importância da relação entre pais e filhos: a partir de um olhar
fenomenológico / Vitória Lilian Roncoletta de Oliveira; Patrícia Stphany dos
Santos – – Lins, 2017.
52p. il. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2017.
Orientadores: Agnaldo José da Silva Gomes; Jovira Maria Sarraceni;
1. Relação. 2. Pais e filhos. 3. Fenomenologia. I Título.
CDU 159.9
VITORIA LILIAN RONCOLETTA DE OLIVEIRA
PATRÍCIA STEPHANY DOS SANTOS
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS:
A partir de um olhar fenomenológico
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.
Aprovado em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Aguinaldo José da Silva Gomes
Titulação: Mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho
Assinatura: ________________________________
1º Prof.: _______________________________________________________
Titulação: _____________________________________________________
Assinatura: ________________________________
2º Prof.: _______________________________________________________
Titulação: _____________________________________________________
Assinatura: _______________________________
“Alice perguntou: Gato Cheshire, pode me dizer qual o caminho que eu devo
tomar? Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato. Eu
não sei para onde ir – Disse Alice. Se você não sabe para onde ir, qualquer
caminho serve”.
(Alice no País das Maravilhas)
Lewis Carroll
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter fé, saúde de conseguir chegar até aqui e
superar inúmeras dificuldades que encontrei nesta caminhada.
A todos meus docentes que demonstraram confiança e que me fizeram
ver até onde um ser humano é capaz de ir. Eles não sabem, mas foi deles que
tirei exemplo de vida para chegar onde cheguei. Muitas vezes pensei em desistir,
mas ao olhar bem, conseguia enxergar a equipe maravilhosa que havia por trás
de tudo.
A minha orientadora e professora Jovira, que teve toda paciência do
mundo e ao meu orientador Aguinaldo, que nas inúmeras vezes que pedi ajuda,
me foi solicito em todos os momentos deste trabalho.
Aos meus familiares que deram apoio quando mais precisei em relação a
minha filha.
E principalmente ao meu marido Renan Lamonato, que esteve ao meu
lado nesta caminhada, me apoiando sempre nas horas difíceis, deixo aqui a
minha gratidão.
Patrícia Stephany dos Santos
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por abençoar a minha caminhada ate
aqui. Obrigada por ter me dado saúde e força para superar todas as dificuldades.
À minha família, por sua capacidade de acreditar em mіm. Mãe, sеυ
cuidado е dedicação e amor fоі que me deu coragem para prosseguir, Pai, sυа
presença significou segurança е certeza dе qυе não estou sozinho nessa
caminhada, e meu irmão por acreditar em mim, ao meu namorado pelo carinho
e dedicação em me ajudar a cada momento que precisei de você e amigos,
obrigados por cada conselho dito.
A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que me
deram a oportunidade de finalizar uma etapa da minha vida.
Aos meus orientadores (a) Aguinaldo José da Silva Gomes e Jovira Maria
Sarraceni, pelo suporte e pelas suas correções e incentivos.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o
meu muito obrigado.
Vitória Lilian Roncoletta de Oliveira
Em primeiro lugar dedico esta conquista à minha filha Ana Luiza, presente
de Deus que ganhei nessa etapa da minha vida. Com a chegada dela ganhei
mais forças ainda para concluir essa caminhada. Um amor que não se mede e
nem se explica.
Ao meu pai Devair Gomes e a minha mãe Edna Santos, que sempre me
apoiaram e me ensinaram o que é “responsabilidade”.
.
Patrícia Stephany dos Santos
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ter me dado à
oportunidade de conquistar meus conhecimentos.
Aо mеυ pai Valdir e minha mãе Rita pelos conselhos dados e por toda
dedicação a mim e por sempre ter me dado apoio em todos os momentos.
Ao curso de Psicologia pelas experiências compartilhadas e na minha formação
acadêmica.
Vitória Lilian Roncoletta de Oliveira
RESUMO
O objetivo da presente pesquisa, foi investigar a visão que os pais têm sobre a importância das relações parentais, na perspectiva de pais de duas famílias nucleares burguesas, para refletir as possibilidades que possam surgir com ressignificação de ocupação dos espaços familiares, afim de possibilitar uma compreensão quanto as experiências vividas no âmbito familiar. Foi utilizado, o método fenomenológico existencial de Martin Heidgger. A análise dos dados apontou os seguintes temas representativos revelados na fala dos participantes: concepção de família, uma breve história sobre as relações familiares, tipos de família, a família como principal agente no desenvolvimento humano e a família nuclear burguesa. A família e o ser-com-outro, o cuidado com o mundo e as escolhas familiares. Como conclusão, mostrou-se um aprisionamento ao conceito ideal de família quando se fala sobre a importância das relações familiares, que acabam inclinando-se para lugares comuns, distanciando-se da singularidade.
Palavras-chave: Relação. Pais e Filhos. Fenomenologia.
ABSTRACT
The present work has as main objective to investigate the view that parents have about the significance of parental relationships, through the perspective of bourgeois nuclear families, in order to think about the possibilities that may arise through the redefinition of familiar life spaces occupation, in pursuance of allowing a better understanding about familiar living experiences. Martin Heidgger´s existential phenomenological method has been used in this work. The data analysis shows that the following representative themes can be noticed in participants’ speech: family conception, a quick history about familiar relationships, types of family, family as main agent in human developing and bourgeois nuclear family, the family and the being-with- each-other, the care of the world and the familiar choices. As a conclusion, it has been noticed an imprisonment to the ideal family concept when the subject deals with the importance of familiar relationships, leading to common place discussions, getting apart from any singularity.
Keywords: Relationship. Parents and children. Phenomenology
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
CAPÍTULO I A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA COMO NÚCLEO BÁSICO DE
FORMAÇÃO: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................... 15
1 CONCEITO DE FAMILIA............................................................................... 15
1.1 Uma breve história sobre as relações familiares ......................................... 16
2 TIPOS DE FAMILIA ....................................................................................... 18
3 A FAMILIA COMO PRINCIPAL AGENTE NO DESENVOLVIMENTO
HUMANO .......................................................................................................... 19
4 O SISTEMA FAMILIAR E SUAS VARIÁVEIS CONTEMPORÂNEAS .......... 23
CAPÍTULO II MÉTODO FENOMENOLÓGICO ............................................... 25
1 SURGIMENTO DA FENOMENOLOGIA: EDMUND HUSSERL .................... 25
2 FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL DE MARTIN HEIDGGER .....................26
3 INVESTIGAÇÃO NO MÉTODO FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL ........ 30
CAPÍTULO III MÉTODO ................................................................................... 34
1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA ......................................... 34
2 OBJETIVO ..................................................................................................... 34
3 PROCEDIMENTOS DA PESQUISA .............................................................. 35
4 LISTA DE PERGUNTAS ............................................................................... 36
CAPÍTULO IV ANÁLISE E DISCUSSÃO ......................................................... 37
1 FAMÍLIA E O SER-COM-OUTRO ................................................................. 37
2 O CUIDADO COM O MUNDO ....................................................................... 38
3 AS ESCOLHAS NAS RELAÇÕES FAMÍLIARES ......................................... 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 44
APÊNDICE ....................................................................................................... 48
13
INTRODUÇÃO
Em que pese às várias formas de família que surgem na atualidade e que
são discutidas nas referências sobre o tema (GOMES, 2003), estudos a revelam,
ainda, como um lugar que predispõe condições que nutrem formas de olhar e
impõe, assim, sua importância como instituição social na atualidade. Alguns
desses estudos consideram a família como um sistema que mais influencia
diretamente o desenvolvimento da criança (MINUCHIN,
COLAPINTO&MINUCHIN, 1999), surgindo como o mais poderoso sistema de
socialização para o desenvolvimento saudável da criança (COATSWORTH,
PANTIN & SZAPOCNIK, 2002).
Pereira-Silva e Dessen (2003) afirmam que "as interações estabelecidas
no microssistema família são as que trazem implicações mais significativas para
o desenvolvimento da criança, embora outros sistemas sociais (ex.: escola, local
de trabalho dos genitores, clube) também contribuam para o seu
desenvolvimento". A grande maioria das crianças experiência com a família as
primeiras situações de aprendizagem e introjeção de padrões, normas e valores,
e se a família não estiver funcionando adequadamente, as interações,
principalmente pais-bebê e com a sociedade, serão prejudicadas (COLNAGO,
1991). Esses estudos indicam a importância da família que desempenha um
papel fundamental no desenvolvimento das crianças e deve assegurar a
sobrevivência dos mesmos, o seu crescimento saudável e sua socialização
dentro dos comportamentos básicos e construídos na sociedade.
É nesse contexto que a família é considerada base de formação e
construção do ser na sociedade, sendo o ponto de referência da criança, que
antes mesmo de nascerem, seus pais já possuem um pré-planejamento para
designar como essa criança vai aprender descobrir e apropriar-se dos
conhecimentos da maneira mais sensata possível para construir sua identidade,
integrando-se na sociedade como serem crítico e participativo em busca da
melhoria do meio social em que vive dessa forma a família como precursora e
incentivadora da construção da autonomia desse ser, deve sempre possuir
tempo para participar e interagir com as instituições que auxiliam nessa
formação.
14
Tais condições conceituais sobre a família se apresentam no cotidiano
social e se revelam nas procuras por especialistas quando a mesma parece não
dar essa sustentação preconizada pelos conceitos de um lugar próprio ao bom
desenvolvimento das crianças.
Surge, aí, a questão que inspira esse trabalho e revela-se como hipótese
o distanciamento da singularidade das relações familiares diante da busca de
um ideal familiar alimentado pelos conceitos que sustentam tal condição. Tendo
como ponto de partida esse conceito de família, qual seja como o lugar que
assegura a boa formação da criança buscou compreender a relação e a visão
dos pais em face de tais condições, vislumbrando a partir de um olhar
fenomenológico, discutir o que possa surgir com possibilidade de compreensão
dos aspectos vivenciados nestes núcleos familiares.
Sendo assim, no primeiro capitulo abordamos a conceituação de família
passeando pela história das relações familiares e suas estruturas, tipos de
família, a família e suas relações e exclusivamente a família nuclear burguesa.
No segundo capítulo nos ocupamos do método, a partir da analítica existencial
de Martin Heidgger, filósofo alemão, que envolve elementos da tradição
fenomenológica e hermenêutica, assumindo para sua posição uma atitude
antinatural. No capítulo três tratamos do método, expondo os caminhos que
possibilitaram as entrevistas baseadas na abordagem adotada nesse estudo. O
quarto capítulo nos aventuramos em meio as entrevistas na busca da
compreensão do tema.
Pretende-se, com o presente estudo compreender as experiências
vivenciadas na família e a ampliar as discussões sobre as relações parentais e
sua importância na vida dos filhos. Busca-se também contribuir para futuros
estudantes do tema, possibilitando-os a ter acesso aos resultados desse estudo.
Direcionar estratégias públicas e profissionais no âmbito da parentalidade.
15
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA FAMILIA COMO NÚCLEO BÁSICO DE FORMAÇÃO:
UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.
1 CONCEITO DE FAMÍLIA
De acordo com Mousnier (2002), a família é o meio natural onde o ser
humano se desenvolve. Mas de acordo com a mesma a família natural sofreu
diversas mudanças, tanto em sua estrutura, como comportamental, e conceitual,
chegando até a mudar suas leis.
Para Osório (2002) o conceito de família, não pode ser conceituado de
maneira objetivista, mas o que cabe é apenas descrever as diversas
modalidades assumidas por ela, no decorrer da cultura e sociedade que se
pretende estudar, por meio das características sociais, econômicas, culturais e
políticas.
Para Cezar (2015), a família é considerada pela própria Constituição
Federal de 1988, a base da sociedade. Por isso a preocupação em proteger a
família. Porém se percebe a mudança das entidades familiares e por isso não há
como se definir família para aplicá-la em todas as épocas.
O que muda o olhar da família conforme as épocas é que com os
acontecimentos históricos, provocaram a quebra da chefia conjugal dos homens,
sendo os mesmos direitos para os homens e para as mulheres e o fim
legitimidade dos filhos, que no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
promulga que as crianças são sujeitos de direitos. Outro ponto importante do
ECA é que ao mesmo tempo em que as crianças são legalmente protegidas
contra seus familiares é que as crianças têm o direito básico a convivência com
os mesmos. (SARTI, 1995).
De fato, a instituição familiar mudou muito ao longo do tempo e isso muda
o modelo idealizado de família. Não há mais como dizer um modelo adequado
de família. Não há mais como saber o que é adequado e o que não é, dependerá
muito de quem são os parceiros, as famílias que criam e por isso há uma enorme
elasticidade para falar sobre a família. (SARTI, 1995).
16
Segundo Minuchin (1985, 1988), a família é um complexo sistema de
organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas diretamente
às transformações da sociedade, em busca da melhor adaptação possível para
a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo.
O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e todos os seus membros podem ser afetados por pressões interna e externa, fazendo que ela se modifique com a finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros. (FACO e MELCHIORI, 2009, p.122)
Para melhor entender o porquê desta mudança é importante olhar para o
desenvolvimento histórico da família.
1.1 Uma breve história sobre o desenvolvimento da família
Em face da proposta de desenvolver um trabalho sobre família, torna-se
importante, mesmo que brevemente, considerar que a família tal como hoje
conhecemos e que surge como lugar para se olhar nesse presente trabalho, não
tinha os mesmos moldes de relação. Na idade média, por exemplo, os laços de
sangue sobrepunham aos laços de afeto como os que vemos hoje nas
discussões sobre a família. Havia, ainda mais, as dimensões vinculadas a uma
realidade moral e social que construíam um modo de olhar com ênfase a
linhagem. (GOMES, 2003)
O sentimento de família, não tinha lugar nesse período, cuja ausência de
intimidade dava o tom as formas de se relacionar em família como também na
socialização e educação da criança.
Aos olhares contemporâneos, tornar-se-iam relevantes a ausência de intimidade e a socialização das relações familiares, principalmente ligadas à educação da criança, ou seja, a aprendizagem era garantida no convívio junto aos adultos, que culminava no envio das crianças, a partir dos sete anos, para viverem com outra família que não a sua (GOMES, 2003, p.29).
É justamente na modificação na sua relação interna com a criança que
surge a gradativa transformação da família, cuja criança se tornaria o centro das
atenções familiares tal como hoje conhecemos. Seguindo os passos de Philippe
17
Áries1, Gomes (2003), revela que o sentimento de família, vinculado à intimidade
de um núcleo formado de pai, mãe e filhos se desenvolveu a partir do século
XVIII e XIX e, citando o famoso historiador da família, alerta para a forma tirânica
que isso se impôs as consciências.
No decorrer da história a família passa por diversas transformações, pois
a família não tem uma instituição natural ela é compreendida por meio das
normas culturais, assim, se as normas da cultura mudam, logo as famílias
também hão de mudar.
Oliveira (2009) menciona Engels com a ideia de que todas as épocas
importantes da história da humanidade coincidem de modo direto ou indireto nas
fontes de existência.
Segundo Prado (1981) a válvula de segurança quanto a revoltas e
problemas sociais está na família. O homem, por ter um contato maior com o
ambiente externo da casa, adquire uma melhor experiência política e a mãe, por
sua vez, possui maior conhecimento quanto ao ambiente familiar servindo de
contenção às revoltas e necessidades dos filhos.
Em um passado não tão distante, o homem era o provedor da família,
estando a mulher e os filhos abaixo do homem, numa cultura patriarcal, revelada
pelo poder do pai sustentado, como afirma Gomes (2003), pelo patriarcado
histórico. Entretanto as modificações familiares, segundo o mesmo autor,
ocorrem conforme os avanços sociais.
Um exemplo disto é a Revolução Industrial, que leva as famílias do campo
para a cidade, a qual as mulheres iniciaram o trabalho, saindo da exclusiva
função doméstica. (OLIVEIRA, 2012). Com isto, o homem rompe com a cultura
patriarcal. Percebe-se que o modelo tradicional: de pai, mãe e filhos sofre
alterações por conta das identidades individuais. As mudanças familiares então
são consequentes das contingências sociais, econômicas e culturais. (GOMES,
2003)
1 Importante historiador e medievalista francês da família e da infância cuja obra “A história
social da criança e da família” publicada no Brasil em 1978 com a tradução de Dora
Flasksman, fomentaram grande parte dos debates, criticas e discussões sobre a criança e a
família.
18
As diversidades familiares se adequam conforme as mudanças sociais. A
mulher passa a contribuir economicamente, o homem perde a identidade de
provedor e passa a ter uma nova figura paterna.
A mulher dentro da família então deixa de ser vista como a protetora e dá
lugar a companheira, sem ser exclusivamente vista como a figura materna. E o
homem passa a ser pai preocupado também agora como contribuinte na
educação dos filhos.
As mudanças na sociedade emergem para novos modelos de família,
interpessoal, afetivo e sexual. Assim como também econômico. “A família
segundo Durhan (1986), é uma unidade de cooperação econômica, todos devem
cooperar para seu mutuo sustento”. (OLIVEIRA, 2009, p. 27)
A mulher passa a contribuir economicamente no sustento da família, mas
continua a exercer a função doméstica e materna. Mas, com o desenvolvimento
do trabalho, a mulher também é levada a se capacitar, atribuindo mais uma
função, sendo esta a de estudante. (OLIVEIRA, 2009)
Consequentemente o homem é impulsionado a dividir as atividades
domésticas, porém ainda é minoria a efetivação desta divisão, que leva a mulher
a sobrecarga de trabalho.
No que diz respeito ao cuidado dos filhos, mesmo a mulher com a
independência econômica e cultural, é ela quem está diretamente ligada aos
filhos.
2 TIPOS DE FAMÍLIA
Com as mudanças provenientes da sociedade, pode-se notar que por
conta delas as composições familiares também mudam, e surgem então diversos
tipos de família, como:
A família monoparental, é o núcleo familiar que somente a mãe ou
somente o pai vive com os filhos, sem a presença do outro genitor ou alguém
que o substitua. Pode ter origem na separação, ou no divórcio, ou abandono,
morte de um dos cônjuges ou até uma opção. (WALL, 2003);
Família nuclear ou tradicional, em que pai, mãe e filhos, moram juntos.
(GOMES, 2003)
19
Família recomposta, formada pelo pai, ou pela mãe, que se separou, se
casou novamente e teve outro filho. (LOBO, 2005)
A família extensiva, formada por outros membros da família além do pai,
da mãe, e do filho, como os avós, tios, sobrinhos. (FACO e MELCHIORI, 2009)
Família Homoafetiva, em que os dois ascendentes têm o mesmo sexo.
(FRANÇA, 2009)
Também a família Canguru, em que os filhos, embora maiores de idade e
independentes continuem residindo com os pais (KUBLIKOWISKI e
RODRIGUES, 2016).
3 A FAMÍLIA COMO PRINCIPAL AGENTE NO DESENVOLVIMENTO
HUMANO
Segundo Szymanki (1995), o início da vida de uma criança é crucial para
seu desenvolvimento emocional, podendo levá-la a se tornar um indivíduo
saudável, feliz, equilibrado e emocionalmente estável ou então, desorganizado,
instável e desequilibrado.
As famílias desenvolvem sua forma de acordo com suas vivências e
culturas, criando assim seu modelo familiar.
De acordo com o mesmo autor, o surgimento de diversos fatores como
escola, preocupação com igualdade entre os filhos, privacidade, sentimento de
família valorizado por instituições e a manutenção dos filhos junto aos pais,
assim como no século XVIII onde começam a surgir novos modelos de família.
Para Mangueira e Lopes (2014), família funcional é aquela que se
caracteriza pela capacidade de manejo no que tange a resolução de problemas
familiares. Espera se que essa família encontre a resolução de crises
enfrentando-as por meios psíquicos.
A família disfuncional se caracteriza no momento em que existe uma
ausência de espaços para a expressão de pensamentos, sentimentos e opiniões
por parte de alguns membros.
Segundo Barbosa (2012), explica que para que a família seja
compreendida deverão ser usados diversos instrumentos que apresentem
situações complexas como: Violência, desemprego, gravidez na adolescência,
20
uso de substâncias entorpecentes que por muitas vezes atravessam
consequentes gerações.
Em Osório (2002), pode ser encontrado o conceito de que podemos dividir
as funções da família em três formas: Psicológica, Social e Biológica. É certo
que por estarem interligadas, ambas devem ser estudadas juntas.
A função psicológica refere se no que tange o afeto, algo essencial a
recém-nascidos, sendo que tal afeto deve ser colocado no mesmo nível de
importância que se dá à água e o oxigênio. A função social é a que possibilita a
essencial transmissão de valores culturais e morais ao recém-nascido. E por fim,
a função biológica que salienta a importância dos cuidados que deve se ter com
um recém-nascido, cuidados esses que deve ser contínuo em seus primeiros
anos de vida.
As funções citadas não devem protagonizar causas e efeitos, mas sim a
influência que no comportamento dos pais com os filhos e dos filhos para com
os pais. (OSÓRIO, 2002)
Os papeis familiares não possuem a obrigação de serem exercidos por
pessoas convencionalmente designadas, sendo certo que a pessoa designada
nem sempre corresponderá com o papel que lhe é cabível na trama familiar
(OSÓRIO, 2002).
Superadas tais questões, pode se seguir até a definição de cada papel
familiar dentro do contexto familiar. No que se refere ao casal, será pautado na
interdependência do homem e da mulher no que tange a cooperação, simbiose,
complementaridade, competição e reciprocidade. (OSÓRIO, 2002)
O papel fraterno, oscila entre o cuidado ou como a competição, a qual
acaba por deslocar para a relação entre um dos pais e o filho, ou até entre marido
e mulher. (OSÓRIO, 2002, p.18)
O papel filial se concentra na dependência, ou seja, nos cuidados
parentais essenciais para a sobrevivência do filho.
O papel parental está ligado ao papel materno e paterno, que conforme já
visto anteriormente, independe se os atuantes dos referidos papéis sejam mãe
ou pai, sendo certo que aos que assumem essa função lhe cabem a tarefa de
proteção, transmissão de regras e nutrição emocional.
Já na gestação os pais criam expectativas perante os filhos, “através das
preocupações com a gravidez, com a escolha de nomes, com a preferência de
21
sexo, com as expectativas sobre futuras características físicas”. (RAPPAPORT,
1981, p. 7)
Para Rappaport (1981), a família é o principal agente socializador, pois
são os pais que são capazes de desenvolver características de personalidade e
comportamento. É o tipo de ambiente familiar que trará resultados em maior ou
menor competência da criança no enfrentamento das diversas situações, assim
como também na aquisição de sentimentos positivos ou negativos.
É por meio da socialização que a criança adquire valores, atitudes e
comportamentos, considerados adequados pela sociedade em que vive. Há uma
variação destes por conta da cultura que a criança está inserida. (RAPPAPORT,
1981)
A ideia de uma família como mote principal no desenvolvimento das
pessoas revela-se em estudos que valorizam essa importância. Discute-se a
origem de nossos antepassados. Os seres humanos tendem a um
desenvolvimento próprio, mas é no âmbito familiar que começam a buscar
segurança e confiança, para que consiga suportar os conflitos da vida, por isso
a família serve de estrutura para suprir suas próprias necessidades, levando em
conta que são contínuas as mudanças no desenvolvimento.
Estudos deixam claro que o ser humano necessita de cuidado. É de
extrema importância que isso aconteça dentro da família, pois é nesse contexto
que o indivíduo se sentirá cuidado, amado e socializado, mesmo que seja difícil
enfrentar as dificuldades, é justamente ali começa os seus desenvolvimentos.
Soifer, define a família como:
Estrutura social básica, com entre jogo diferenciado de papéis, integrada por pessoas que convivem por tempo prolongado, em uma inter-relação recíproca com a cultura e a sociedade, dentro da qual se vai desenvolvendo a criatura humana, premida pela necessidade de limitar a situação narcísica e transformar-se em um adulto capaz (1982, p. 23)
Quando falamos em família, em seio familiar, ele é o responsável pela
sustentação de cada cidadão, lugar esse onde além de nascer e crescer também
desenvolve seu psíquico e emocional, adquire sua identidade e a sua
personalidade, o intuito da família é educar e socializar os filhos para a vida.
Soifer (1982) ainda ressalta que à medida que o desenvolvimento
22
acontece a criança aprende a respeitar, a amar, e ser sólida, aprende a lidar com
sentimentos inerentes ao ser humano, condições que está sujeito a todo
indivíduo, sentimentos de ódio, inveja e ciúmes, originados dos conflitos infantis,
no desenvolvimento, é notável algumas influencias que podem definir ou
incentivar, a maneira de ser de cada indivíduo, a identidade de cada ser humano.
É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, são em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. (GONÇALVES, 2001, p. 10).
Um relacionamento bom e estável entre pais e filhos é de extrema
importância para a formação de uma identidade saudável, a compreensão dos
pais tem o poder de transmitir amor, atenção afeto e orientação, respeitando
suas escolhas, agindo dessa forma reforçando a autoestima, fazendo com que
seus filhos se sintam valorizados e seguros para enfrentar os desafios do mundo
real.
Por meio do apego e do vínculo, pode-se também compreender as
relações entre pais e filhos, no processo de desenvolvimento humano.
O apego é uma variação do vínculo afetivo. A criança sente apego aos
pais numa concepção de sentir-se seguro. Já os pais, não precisam deste apego
para se sentirem seguros pelos filhos, então criam um vínculo afetivo. Durante
os primeiros meses de vida este apego é necessário para que o adulto se
comprometa nos cuidados para com o filho e é fundamental para a sobrevivência
da criança. (LAGO et al., 2010)
“O vínculo entre pais e filhos deve ser o mais forte de todos os laços
humanos já que é a partir deste laço que se desenvolvem todas as ligações
subsequentes da criança” (LAGO et al., 2010, p. 332). A interação entre os pais
e filhos podem ser um dos fatores mais importantes no desenvolvimento da
criança, assim como também para a saúde mental do adolescente. Os
relacionamentos seguros com os pais, podem fazer com que o jovem se dedique
mais aos pais e é sobre o relacionamento com os pais que, pode-se obter bem-
estar ou mal-estar.
23
4 FAMÍLIA NUCLEAR BURGUESA
Ao restringir a conceituação de família ao que os sociólogos e
antropólogos denominam de família nuclear, composta por pai, mãe e filhos, e
no Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira:
“pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o
pai, a mãe e os filhos”, ou ainda, ”comunidade constituída por um homem e uma
mulher, unidos por laço matrimonial e pelos filhos nascidos dessa união”.
(FILLIPE, 2015, p.111)
Diferentes arranjos familiares se sucederam e conviveram
simultaneamente ao longo da história social da família. A hierarquia rígida na
organização familiar e na definição dos papéis familiares, a defesa da tradição e
o patriarcado constituíram os esteios que resistiram e resistem às mudanças que
alteram a estrutura da sociedade. As relações familiares baseadas na obediência
dão sinais de transformação passando a se regularem por condutas baseadas
em princípios éticos onde o outro da relação é uma condição indispensável para
a presença do eu.
Uma família tradicional é normalmente formada por um homem e uma
mulher, unidos por matrimônio ou união de fato; os filhos que vierem a existir
compõem uma família nuclear ou elementar.
No tema que abordamos o padrão familiar e a relação entre pais e filhos
são laços de extrema importância, pois de acordo com, Bowlby (1989),ele reforça
a importância, para que os pais se estabeleçam e que passem uma estrutura
segura para seus filhos para que posam explorar um mundo de adversidades e
a eles retornarem certos de que serão bem-vindos, fortes fisicamente e
emocionalmente, amparados para que se houver algum sofrimento, eles possam
se encorajar diante da dificuldade.
Compreende-se, dessa forma, que é da família para a sociedade que deve estar estabelecida a ordem de projeção de valores, visto que os pais se constituem como primeiros educadores. Aqueles que formam os filhos para se tornarem pessoas aptas ao convívio social. (BARRETO, 2015, p.38)
24
A família é considerada as bases da sociedade, assim esperam dos pais
que coloquem regras, limites, afeto e o direito a educação, adequada à dignidade
humana e suas necessidades.
25
CAPÍTULO II
MÉTODO FENOMENOLÓGICO
1 SURGMENTO DA FENOMENOLOGA: EDMUND HUSSERL
Ao pesquisarmos a palavra fenomenologia, vimos que origina-se do
grego, ela é composta por duas partes, o Fenômeno e a Logia, o Fenômeno é
aquilo que se mostra, que aparece a nós, primeiramente pelos sentidos. Já a
Logia é a capacidade de refletir, um discurso esclarecedor. (MOREIRA, 2010)
A palavra foi empregada por alguns pensadores ao longo da história da
filosofia, e pode ser aqui definida nos seguintes termos: “descrição daquilo que
aparece ou ciência que tem como objetivo ou projeto essa descrição”
(ABBAGNANO, 2000, p. 437). Como se pode deduzir do próprio vocábulo, a
fenomenologia está relacionada diretamente ao conceito de fenômeno, o qual
pode ser definido como “aquilo que aparece ou se manifesta” (Idem). Todavia,
não se pretende aqui apresentar um esboço histórico do conceito de fenômeno
nem tampouco da fenomenologia. Em sendo assim, será feita uma abordagem
da fenomenologia sob a rubrica do filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938),
o que vem ao encontro do objetivo do presente artigo.
Husserl apresenta a sua fenomenologia como um método de investigação
que tem o propósito de apreender o fenômeno, isto é, a aparição das coisas à
consciência, de uma maneira rigorosa. “Como um método de pesquisa, a
fenomenologia é uma forma radical de pensar” (MARTINS, 2006, p. 18). Como
as coisas do mundo se apresentam à consciência, o filósofo alemão pretende
perscrutar essa aparição no sentido de captar a sua essência (aquilo que o
objeto é em si mesmo), isto é, “ir ao encontro das coisas em si mesmas”
(HUSSERL, 2008, p. 17). Nesse sentido, a filosofia husserliana traz consigo um
novo método de investigação que irá exercer grande influência no meio
acadêmico, o que fará da fenomenologia um marco imprescindível na filosofia
contemporânea. É oportuno enfatizar que a filosofia de Husserl é um tanto
quanto vasta e densa, o que requer, por sua vez, certo esforço para interpretá-
26
la. Diante disso, enfocaremos aqui apenas os aspectos capitais do pensamento
husserliano.
O rigor que Husserl reivindica para o seu método fenomenológico advém
do propósito desse pensador em dispensar à filosofia o mesmo rigor
metodológico conferido à ciência. Por ter efetuado estudos nos campos da
matemática e da lógica, Husserl sempre nutriu certo apreço pelo rigor
metodológico. Contudo, Husserl não via “com bons olhos” os métodos
empregados, por exemplo, pela psicologia experimental. Isso porque essa
ciência, como outras ciências experimentais, parte dos dados empíricos para daí
desenvolver seus postulados. Para o filósofo alemão, a instabilidade dos dados
da empiria não fornece o rigor necessário concernente à investigação filosófica.
Assim, “Husserl pretende remover as falhas da Psicologia e elevá-la ao nível
científico “mais alto” para, assim, ampliar extraordinariamente seu campo de
trabalho”. (FEIJOO, 2011, p.22). Em contrapartida, o pensador alemão propõe a
“análise compreensiva” da consciência, uma vez que todas as vivências
(Erlebnis) do mundo se dão na e pela consciência. Daí a tão célebre definição
husserliana de consciência: “toda consciência é consciência de algo”
(FRAGATA, 1959, p. 130). Essa definição de consciência está vinculada, por seu
turno, à noção de intencionalidade.
Para Husserl, “a palavra intencionalidade significa apenas a característica
geral da consciência de ser consciência de alguma coisa” (Idem, grifo do autor).
Eis o ponto de partida adotado pelo filósofo alemão: a análise dos fenômenos no
âmbito da consciência no intuito de se tentar apreender as coisas em si mesmas,
isto é, como elas são. Podemos dizer que em Husserl o cogito cartesiano ganha
uma nova roupagem onde a intencionalidade (toda consciência é consciência
de) assume o lugar da certeza “clara e distinta” de René Descartes.
Husserl faz uso da redução fenomenológica, a qual suspende sua própria
existência. O eu, é reduzido a sua própria dimensão transcendental, afim de
chegar aos fenômenos puros.
2 FENOMENOLOGIA-EXISTENCIAL DE MARTIN HEIDGGER
Martin Heidgger(1889-1976), filósofo alemão, diferentemente de Husserl
não estava preocupado em criticar a psicologia moderna, mas sim em trazer
27
mudanças acerca da subjetividade moderna, a qual traz como visão o ser-no-
mundo. A intencionalidade do homem ia mais além do que apenas na intenção
para as coisas, esta intencionalidade se referia a compreensão do sentido de ser
e suas estruturas existenciais.
Para Heidgger, homem e mundo não se separam, sendo assim, homem
e mundo são uma coisa só. O lugar de sentido está no ser-ai a qual o homem
está lançado ao mundo. (FEIJOO, 2011)
A objetividade da existência do homem é descartada e por meio da
metafísica, ciência e tecnologia não são capazes de enxergar a gênese do ser-
aí. Para Heidgger, na psicologia não existe objeto como na psicologia
comportamental, ou psiquismo como na psicanálise, para ele todas as
formulações teóricas deturpam a origem da existência. Heidgger, questiona as
condições ontológicas e lança uma visão ôntica de modo a direcionar ao ente,
pois só este pode perguntar por alguma coisa. (FEIJOO, 2011)
Parte da analítica existencial, que envolve elementos da tradição fenomenológica e hermenêutica, assumindo para a sua descrição uma atitude antinatural. Essa atitude, tal como postulada por Husserl, consiste em uma supressão ou superação da tendência, presente tanto na vertente tradicional como na moderna, de pressupor que os sentidos e as determinações são dados pelas próprias coisas – no caso em questão, o sujeito. (FEIJOO, 2011, p.35)
Para compreender a existência enquanto a historicidade e a finitude, faz
uso do Dasein, possibilitada através do ente. Mas antes de analisar tais
possibilidades o ser-aí não é nada. E não se pretende analisar suas estruturas
psíquicas, pois, o ser-aí, adquire ser, apenas sendo, em seu desenvolvimento,
através de sua duplicidade de ente. Ele existe no cotidiano e está sempre em
busca do sentido de ser. Nesta busca recorre-se ao método fenomenológico, ao
que se mostra e a manifestação aí. (FEIJOO, 2011)
Pretende-se investigar o sentido do ser, mas isto só é possível por meio
do ente cujo ser importa a si mesmo. O ser-aí se constitui como ser-no-mundo,
mas posteriormente Heidgger, coloca o ser-aí numa compreensão que se basta
e que não vai nada além disso, ser-aí é como estar sendo no mundo e se
constituindo com o mundo. (FEIJOO, 2011)
28
É pelo ser-aí, que o ser procura o seu poder-ser, por meio das suas
próprias interrogações. Muitas vezes o ser-aí está perdido no mundo e é a partir
da sua existência como ser e mundo que se encontra e que ao mesmo tempo se
busca em seu espaço existencial.
Ao mesmo tempo, como o ser-aí é um ente dotado de caráter de poder-ser e como não possui nenhuma determinação essencial prévia, ele não tem como ser determinado em seu próprio senão a partir da ideia de uma modulação específica de sua relação com o seu espaço existencial. (FEIJOO, 2011, p.37)
Sua análise está exatamente no impróprio de existir. O ato de existir está
sempre em movimento e é nesta que se encontra sua essência. Ser-aí é sempre
meu, assim sendo sempre único, está unicidade do ser está numa constante
busca de ter de ser, o que leva a sua própria responsabilidade de existir. Esta
responsabilidade vem acompanhada do fenômeno do cuidado, o próprio ser
cuida de si e sempre faz uso do tempo, que este se revela como horizonte de
abertura que é a origem da compreensão do ser.
Heidgger refere-se ao Dasein ou ao ser-no-mundo como modo de ser do homem, modo esse determinado pelas ‘meras’ possibilidades de lida com aquilo que lhe vem ao encontro... referindo-se ao Dasein como o ente cuja essência é o existir. (FEIJOO, 2011, p.39).
Assim, a essência jamais irá preceder a existência, pois o ser está no
mundo que é e nunca está completo, nunca para no tempo, ser-aí são os modos
de ser em meio aos movimentos da própria existência. O ser sempre está
marcado pela lógica de ter de ser, a qual se fundamenta a sua responsabilidade
de seu existir, mas ter de ser implica ir de encontro com os entes que requisitam
seu comportamento de base, afastando o ser de sua singularidade. Assim, “ser-
aí é um ente sempre referido a outro ente, seja sob o modo de ocupação, seja
sob o modo de preocupação”. (FEIJOO, 2011, p.38)
Para investigar o ser no tempo, Heidgger, precisa tomar como prévia a
totalidade do fenômeno ser-aí para que desvele as possibilidades do ente que
em sua estrutura é o ser-no-mundo e como totalidade faz uso do cuidado, este
que é a responsabilidade do seu próprio existir e somente por ele pode-se
constituir a existência por sua facticidade.
29
Assim, o ser-aí, permanece sempre sem conclusão, pois se transforma
com o tempo e nunca atinge sua totalidade. Para investigar esta totalidade
Heidgger lança mão da circularidade hermenêutica, “o fato de o ser-aí já sempre
compreender ser a partir de um campo semântico sedimentado historicamente
a partir das decisões presentes na tradição”. (FEIJOO, 2011, p. 40). Neste
processo está o cotidiano do ser-aí entre o nascimento e a morte. Existe uma
antecipação da morte e é nela que se encontra o cuidado, que precisa de tempo
e conta com o tempo tendo, por conseguinte um horizonte de abertura. Assim o
poder-ser do ser-aí se transforma no ser-para-a-morte, pois só ele traz a
temporalidade do cuidado. O problema da morte está no fim que se manifesta
no presente encobrindo o seu poder-ser, o que faz com que a morte apareça
como algo que não diz respeito ao ser-aí. A morte torna-se para nós um
fenômeno que temos que nos faz desviar, esquecer, quando a tememos a
enxergamos num futuro muito mais longe, pelo simples fato de querer afastar
este fato. “O anúncio da finitude é um dos modos possíveis da estruturação da
existência do ser-para-a-morte que, na maioria das vezes, se mantém
obscurecida pela tendência cotidiana de fugir de si mesmo”. (FEIJOO, 2011,
p.41)
Deste modo é no ser-para-a-morte que surge a abertura do horizonte que
faz o ser realizar sua existência na singularidade, já que tudo no mundo está
para a finitude. Assim, a consciência pronunciada pela angústia, anuncia para o
ser a condição de finitude de todo ser-aí e consequentemente o caráter
implacável do cuidado. (FEIJOO, 2011)
O temor tem papel determinante na construção da vida cotidiana, pois ele
nos diz que há algo a se anunciar e a partir dele traçamos duas possibilidades:
retomar a obediência, crenças ou rituais que nos previnem de que algo aconteça
ou adquirimos uma postura corajosa como enfrentamento. Ao antecipar a morte
escuta-se a angustia que é um modo de fugir de si mesmo ao mesmo tempo em
que a própria angustia se torna uma caracterização de liberdade. (FEIJOO,
2011)
A angústia surge frente ao real estabelecido e ao possível. Tanto o pecado quanto a liberdade não se dão a partir de nenhuma premissa. A liberdade é infinita e provém do nada e o pecado não se dá num processo contínuo e quantitativo como
30
necessidade. (FEIJOO, 2011, p.47)
A angústia aparece na indeterminação da existência, na qual o ser tenta
obscurecer isto em seu cotidiano. A fuga do ser-aí é fugir do nada, a morte é o
nada. Quando escuta a voz silenciosa dentro de si, o homem vai de encontro ao
seu poder-ser, na qual o coloca de frente com sua singularidade no mundo.
Quando a angústia aponta para uma negatividade originada da existência,
compreende a finitude do mundo e abre o caráter do nada da existência, do ente
que sempre estará incompleto e indeterminado, tendo sempre a possibilidade de
mudança, desvelando o poder do mundo sobre nós. (FEIJOO, 2011)
A fuga da morte faz o homem viver seu cotidiano sem pensar em sua
singularidade, ocupando o seu tempo, essa sensação de a todo o momento
ocupar-se pode levar o homem ao tédio e é esta a raiz de todos os males.
O tédio profundo, tonalidade afetiva que nasce do fato de nos confrontarmos radicalmente como o nosso caráter de desinteressante para nós mesmos, não é algo externo. Ele não chega para nós de fora, mas, vindo, do fundo de nossa própria negatividade, nos aprisiona em um modo no qual não há tempo algum para nós. A rotina e a repetição trazem consigo a ausência de sentido e, ao sentirmos que nada tem sentido, o tédio alerta para o insuportável do cotidiano, do familiar, do ser obrigado a viver. (FEIJOO, 2011, p. 51)
Heidegger assume uma postura de diálogo clínico para poder aproximar-
se desta angustia, deste temor e do tédio e não ir contra eles, como forma de
tomar frente ao que se vivencia e enfrentar, não somente controlar e desprezar
o que se desvela. (FEIJOO, 2011)
3 INVESTIGAÇÃO NO MÉTODO FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
Quando se deseja investigar algo, como em uma pesquisa cientifica, é
preciso que selecione os procedimentos e as técnicas que se pretende investigar
sobre o objeto de estudo. No método fenomenológico, o que se busca na
investigação é um sentido e uma compreensão, interrogar-se a todo o momento
fará parte do método.
“Quaisquer recursos instrumentais podem servir ao intuito da interrogação
ou impedir seu acontecimento. O instrumental só é efetivamente um instrumento
31
para a investigação se serve aos fins ou intuito da interrogação”. (CRITELLI,
2007, p. 28)
Para interrogar é necessário ter como ponto de partida o ser no mundo,
como o modo de ser do homem e o ente cuja essência é existir. O tempo é
ininterrupto, assim como o existir do homem e neste tempo e neste existir que
habita o horizonte de abertura e é neste ponto que o homem se renova e se
modifica, conforme os acontecimentos. (CRITELLI, 2007)
Ver e ouvir são processos de análise construtivos e interrogar a si mesmo
põe o homem numa visão diferenciada, a qual não busca respostas, mas sim
sentido.
A impropriedade do homem está nas significações coletivas, transmitidas
pela sociedade e cultura e antes de ser-no-mundo, o homem é ser-com-outros.
O homem numa abertura de sentido pode questionar a tradição, está que atribui
significações ao homem, para que possa descobrir e ampliar seu horizonte de
compreensão. O homem sempre se transforma devido, o seu ir-sendo e o seu
vir-a-ser no mundo.
Por isso quem investiga deve se libertar das significações prévias. Um
exemplo disto é ao ler um texto, sempre que se inicia uma leitura de algum texto,
já se projeta algo de si a ele, e está nada mais é que a compreensão prévia,
associando ao texto o que já se conheça e por isso já determinar o que será lido
e como será lido. Para ampliar o horizonte de sentido é importante apropriar-se
de novas significações. (NUNES, 2015)
O investigador deve saber quais são as compreensões prévias do
investigado, contadas por história passado e presente, assim o investigador
pode se deparar com o que não se sabe, mas pode também, em contrapartida,
lhe provocar resistência, seguida da ruptura de sentido que confronta suas
verdades com as verdades do outro. Esta verdade, nada mais é do que as
compreensões prévias. (CRITELLI, 2007)
É importante descontruir os saberes que já se tem para que possa de
modo livre interrogar e oferecer novos saberes e assim ampliar o mundo de si
mesmo e seu sentido.
Quando se investiga algo, já se sabe o que quer investigar e por isso as
concepções prévias veem como que automaticamente ao encontro da
investigação, pois as experiências tomam lugar ao o que quer se investigar,
32
porém ao realizar a investigação pode-se adquirir um sentido novo do que se
tinha para si mesmo.
Investigador e investigado conhecem o mundo de modo diferente e por
isso possuem horizontes de sentido diferentes, que podem abrir um horizonte
novo. Por isso o investigador deve ser contrariado, para que transforme a
experiência apresentada, ou seja, quando se livra de preconceitos e
julgamentos, e deixa de usar sua experiência para o outro, se adquire um
desamparo a qual não se tem controle de si mesmo e muito menos da pesquisa
a qual se investiga.
Critelli (2007), relata que para compreender a pesquisa é necessário
dividir o percurso metodológico em cinco fases.
A primeira se revela no desvelamento, quando é tirado de seu
ocultamento por alguém e então é desvelado, e na revelação de algo, quando
algo é desocultado e é necessário acolher e expressar por meio da linguagem,
que através da escuta busca um sentido para identificá-las, através de
questionamentos provocadores que são incitados a fazer aparecer o fenômeno.
Só através da linguagem que algo pode aparecer, e esta não está apenas
na fala, mas também nos gestos, no olhar e na ação que encaminha para o
sentido. Importante saber também que ao fazer aparecer algo, este também
pode voltar a se encobrir, se ocultar. Isso se dá pelo fato de desentendimento do
fato que aparece.
A terceira etapa exposta é a de testemunho, que segundo a autora o que
se testemunha é o que constitui o mundo pelo simples fato de repetição de
testemunhos, ou seja, o que se ouve diversas vezes ao ser, se instaura. A
veracização como sendo a quarta etapa aparece no movimento existencial, ou
seja, algo se torna verdade mediante os critérios que aparecem e autorizam as
coisas a serem como é, o que acontece sempre aparecerá outras pessoas, pois
no decorrer da experiência o ser se revela com o outro e não sozinho o que
marca a condição ontológica da coexistência. E a sua veracizidade se dá pelo o
que o outro representa para si e sobre a realidade experiênciada (CRITELLI,
2007).
A última etapa, que é o movimento de realização, se diferencia por ser
singular e não mais com o outro. Para tornar algo real é necessário que o ser
pense e reflita sua experiência sozinho, isso porque só o próprio ser sabe o que
33
sente. E só através do que se sente que pode se dar autenticidade a algo.
Todas estas etapas que aqui foram explicadas não são usadas
separadamente num processo de investigação existencial, não podem de
maneira alguma serem seguidas como critérios, isto só ajuda o investigador a
evidenciar os pressupostos que constituem o olhar e o ouvir, na perspectiva
fenomenológica da interpretação do real (CRITELLI, 2007).
34
CAPÍTULO III
MÉTODO
1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DE PESQUISA
A pesquisa se deu de forma exploratória qualitativa, fundamentada na
abordagem fenomenológica existencial de Martin Heidgger, com intuito de
investigar as relações entre pais e filhos.
É de grande importância justificar o nosso trabalho pelo fato do método
utilizado possibilitar um olhar diferenciado, ou seja, olhando a relação de pais e
filhos, a partir de suas vivências.
A pesquisa, portanto, visa olhar para as relações quanto as vivências e
não procura verdades, nem tão pouco procura certo e errado nas relações entre
pais e filhos, buscando a compreensão por meio do método fenomenológico
existencial de Martin Heidgger.
Com a pesquisa exploratória, buscou-se levantar informações acerca
daquilo que se quer estudar, com três perguntas norteadoras, a qual deixou-se
espaço para que os significados pudessem se articular intervindo nas falas das
participantes na medida daquilo que traziam, assim, atendíamos ao apelo do
discurso de cada participante sem direcioná-los, afim de respeitar o método.
Ao analisar as entrevistas transcritas, de modo a compreender
diretamente a relação entre pais e filhos por meio da fenomenologia existencial
de Heidgger, estabeleceu-se algumas categorias fenomenológicas: Família e o
ser-com-outro, o cuidado com o mundo e as escolhas nas relações familiares.
Buscou-se explorar estes tópicos no capítulo seguinte.
2 OBJETIVO
Buscou-se realizar um estudo fenomenológico com pais, especificamente
com pais de famílias nucleares burguesas, possibilitando a escuta de narrativa,
a fim de refletir sobre o olhar que os pais têm sobre a importância das relações
parentais
35
Também, proporcionar escuta qualificada para refletir as possibilidades
que possam surgir como ressignificação de ocupação dos espaços familiares e
possibilitar uma melhor compreensão quanto às experiências vividas no âmbito
familiar a partir dos pais.
É importante nesta pesquisa, descontruir os saberes que já são adquiridos,
para que possa de modo livre interrogar e oferecer novos saberes e assim
ampliar o mundo de si mesmo e seu sentido. (CRITELLI, 2007)
Assim, o objetivo do estudo, buscou compreender a relação de pais e
filhos, a partir das experiências vividas na família por meio da fala dos pais.
3 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
Foram entrevistados um pai de uma família e uma mãe de outra família,
sendo estas duas famílias, nucleares burguesas, ambas em suas respectivas
residências de modo a contemplar a relação entre pais e filhos, por meio da
narrativa dos pais.
A partir da reflexão sobre a temática da compreensão e da legibilidade de
Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e Carta de Informação ao
Participante da Pesquisa que envolvem seres humanos, foram realizadas as
entrevistas, descritas no apêndice na integra, foram subdividas em duas
temáticas a serem apresentadas na discussão e análise, focando nas principais
falas do discurso dos respectivos entrevistados. Na presente análise os
participantes serão identificados por meio de nomes fictícios a qual terão suas
identidades mantidas sob sigilo.
Os primeiros pais entrevistados faziam parte de uma família composta por
mãe de 30 anos, pai de 32 anos, filhos de (3) três anos, (7) sete anos e (10)
anos. Os outros pais entrevistados faziam parte de uma família composta por
mãe de 32 anos, pai de 37 anos, filhos de (4) quatro anos, (14) quatorze anos e
(15) quinze anos de idade.
Foi realizado 1 encontro com os participantes, a qual o casal estava
presente e foi oportunizado que ambos falassem quando quisessem, na própria
residência dos participantes.
Aos participantes foi dada a oportunidade de expressar os seus
sentimentos de forma livre, buscando o mínimo de intervenção por parte dos
36
entrevistadores. Inicialmente as entrevistas foram gravadas em áudio e
posteriormente foram transcritas de forma a possibilitar uma análise de forma
organizada.
4 LISTA DE PERGUNTAS
As entrevistas foram estruturadas e conduzidas de forma que as
participantes respondessem perguntas norteadoras, ou seja, quando se quer
compreender algo, que funda a interrogação a qual é base para a investigação.
“Querer saber o que é e como é algo são os dois elementos que estão na base
de uma investigação, e podem ser traduzidos num só, a saber, a pergunta pelo
ser de algo, do que está em questão”. (CRITELLI, 2007).
1 - Como você vê essa importância da relação entre pais e filhos?
2 - O que vocês acham dessa convivência e porquê é importante para o
desenvolvimento dos filhos?
37
CAPITULO IV
ANÁLISE E DISCUSSÃO
1 FAMÍLIA E O SER-COM-OUTRO
O ser, antes de ser em si, ele é ser-com-outro. Essa impropriedade, faz
com que o ser antes de mais nada seja no coletivo, para depois ser próprio. A
mãe da família Carvalho, evidencia isso em sua fala, quando mostra que os filhos
são espelhos dos pais, e que os mesmos se baseiam nas relações com o mundo.
[...] Primeiramente eu acho muito importante a relação
entre pais e filhos, porque é o primeiro contato, pois nós
somos os espelhos deles, então, eles identificam muito
com os pais, nós temos que dar o maior apoio aos filhos,
incentivando, dando amor e carinho, por que através de
toda essa situação que convivemos mais para frente vai ter
um bom comportamento, um bom relacionamento, porque
eles se baseiam nas nossas relações, eles olham para nós
como um conjunto, uma união familiar.
O lugar do homem no mundo se concretiza em suas relações com o
mundo e com o outro, o homem antes de tudo está voltado para fora, para depois
voltar-se para si. Ser-aí, sempre estará voltado para um poder vir-a-ser.
“Sartre (1997), refere-se ao modo como o homem busca uma identidade e, ao
mesmo tempo, a considera seu inferno, já que é o fato do olhar do outro que o
torna um em-si”.(FEIJOO, 2011, p. 106-107)
O discurso da mãe faz revelar o ponto de partida que os mesmos têm para
olharem a importância da relação com os filhos. Como abordado nos capítulos
anteriores, a família se molda ao longo da história da sociedade. Valores são
colocados como ideal de família, daí serem suporte para tentativa de
compreensão das relações estabelecidas. Os discursos evidenciam a
aproximação com esses conceitos que surgem como condição impessoal, a
38
impropriedade da qual Heidegger se refere, não como desventura, mas como
parte da existência. Porém revela também a possibilidade de engessamento de
tais condições que se distancia da singularidade. O homem pode de se
relacionar de diversas formas com os entes, de modo que o homem possa
apreender o seu modo próprio de existência, este modo se dá pela angústia e
esta que remete o homem a sua singularidade e ao poder-ser-no-mundo. Isto
pode levar o homem à liberdade e entregá-lo a propriedade de ser, o que o faz
afastar-se da perspectiva impessoal da ocupação no cotidiano. Porém as
determinações incutidas no cotidiano e na impessoalidade nos colocam a mercê
das possibilidades de não nos responsabilizarmos por escolhas uma vez que tal
condição paradoxalmente nos traz segurança diante da indeterminação própria
do existir.
Para o pai da família Soares, os filhos devem aprender desde como se
vestir, até a educar os filhos de modo a prepará-los para a vida.
[...] os filhos eles vão ser reflexo daquilo que a gente planta
então, é fundamental que os pais sejam participativos
desde uma roupa a educação e acompanhamento escolar.
O discurso dos pais revela a noção da impessoalidade, lugar impróprio,
mas que surge como fundamento da procura da singularidade. Os filhos como
reflexos dos pais impõem o modo impessoal e a segurança que esse modo
revela por se alinhar as determinações que parecem seguras. Ainda a pouco
espaço para singularidade, mas talvez, feito Alice no país dos espelhos, os
caminhos para o encontro com a singularidade se dê numa aventura dos filhos
como ruptura dos padrões a qual vivenciaram. Nestes termos, como Feijoo
(2011), relata. “... uma criança não vai agir desde um princípio como homem; e
isto porque carece do mundo compartilhado com os homens” (p. 101). Esse
mundo compartilhado revela o horizonte sempre aberto que está para além da
estrutura familiar, essa, não menos importante, torna-se lugar de ruptura quando
se compreende o de-vir existencial na sua condição de poder-ser.
2 O CUIDADO COM O MUNDO
39
O caráter de indeterminação do homem é visto por Sartre a partir da idéia
de que a existência precede a essência. (FEIJOO, 2011). O homem é lançado
ao mundo e por meio de sua existência infinitamente muda sua existência, dando
liberdade para o homem numa perspectiva de constituição da existência
humana. Assim a liberdade está na indeterminação da existência, que faz o
homem o único responsável por aquilo que fizer de si e é neste ponto que está
o cuidado.
O cuidado em Heidegger não pode ser confundido com o cuidado do
senso comum (cuidado ôntico), pois não se refere a um cuidado dos pais em
relação aos filhos, mas sim ao cuidado, a qual o autor de Ser e Tempo se refere
que é a responsabilidade do existir, ou seja, existimos no cuidado, não do outro,
mas nosso, o que implica nas responsabilidades que temos pelas escolhas que
fazemos, trata-se do cuidado ontológico. “A criança, um ser-aí que se mostra
desde sempre como um existente, não pode prescindir, portanto, de seu caráter
de indeterminação, de sua liberdade, da responsabilidade por sua existência”.
(FEIJOO, 2011, p.101). Com Feijoo (2011) trata-se de compreender que desde
a tenra idade as crianças fazem escolhas a partir das relações que estabelecem
e, mesmo que ainda submetidas aos cuidados ônticos dos pais, em meio a esses
cuidados fazem suas escolhas.
Quando a mãe da família Carvalho, diz sobre o mundo das drogas, da
bebida, a mãe fala de vários mundos, estes que trazem medo aos pais, pois a
liberdade pode fazer com que os filhos participem destes mundos a qual
desaprovam em suas próprias vidas.
[...] Porque hoje o mundo está cada vez mais difícil para o
desenvolvimento, para eles saberem,e sim é melhor fazer
as coisas bem diferente para não cair no mundo das
drogas, nesse mundo fácil de bebidas, eu acho que nós
sempre temos que estar participando da vida deles, com
uma boa comunicação e principalmente paciência e
também com...
Os pais revelam um cuidado ligado a uma angústia ôntica, no medo da
possibilidade dos filhos de fazer parte destes mundos que são próprios da
40
sociedade. Há assim o enfrentamento, por parte dos pais, quanto a necessidade
de proteção dos filhos, os mundos se tornam separados, fragmentados, mundos
desconhecidos. O ser-com-outros experimenta a ruptura baseada no não-poder-
ser. A proteção parece o lugar a ser ocupado com segurança, mas não sem o
desafio de um campo existencial reduzido. Em tais condições a angustia do
poder-ser revela-se como lugar ocupado nas relações e, muitas vezes, pouco
compreendido quando se procura determinar modos de ser a partir do impessoal,
do geral.
Nestes termos os mesmos pais revelam que (grifo nosso):
...os jovens [...] são muito difícil de lidar, querem fazer
loucura são bem alterados, uma hora eles estão bem outra
hora não, eu tenho uma menina de 15 anos, que tem um
gênio forte e uma hora ela quer conversar outra não...
A família Soares, segue falando do cuidado ôntico.
[...] infelizmente os pais que não perde tempo em educa os
filhos em acompanha os filhos estão perdendo os filhos
para mundo, você vê moradores de rua, se você fala com
um morador de rua, você fala com um drogado me conta
atua história eles, vão disse que nasceu em uma família
muito pobre a maioria dos brasileiros e de classe média, só
o que leva a pessoa experimenta a droga bebida a entra
em qualquer tipo de vicio e por que não tem estrutura
Assim, a angústia vem da própria situação de indeterminação da
existência, assim, trata-se, como afirma Feijoo (2011), de compreender a atitude
natural de tutela dos pais considerando o horizonte histórico em que estamos
cuja interpretação da infância se dá a partir da fragilidade da mesma, “não
cabendo a criança nenhum compromisso com sua existência” (FEIJOO, 20122,
P. 109). Com a mesma autora que considera dessa interpretação a desoneração
das crianças em relação a sua responsabilidade existencial, desprende-se desse
estudo que tal condição surge como lugar fundamental para se compreender os
41
desafios do trabalho com as crianças por parte da psicologia visto que a
desconstrução dessa visão, torna-se ao mesmo tempo, o desafio e a
possibilidade de novos caminhos.
3 AS ESCOLHAS DAS RELAÇÕES FAMILIARES
Ao escolher, contamos apenas com nossa abertura a compreensão de
nossas vivências e de nossos semelhantes, que nos colocam diante de
possibilidades exigindo de nós responsabilidades para assumirmos o risco das
consequências das escolhas. Ao escolher uma coisa, sempre se renunciará a
outra.
A relação dos pais com os filhos revelam que os contextos de
desenvolvimento do sujeito provem do amor, carinho e do diálogo, como
contribuição para dar apoio para os filhos em suas escolhas que são únicas de
cada pessoa, as necessidades psicológicas dos indivíduos por autonomia e
relações interpessoais são bem satisfeitas, aumentando a probabilidade delas
se orientarem em direção a ambientes onde possam se expressar, realizar seus
interesses e trabalhar para a construção de relacionamentos interpessoais,
fortalecendo os valores intrínsecos, que estão ligados ao crescimento pessoal.
O pai da família Soares, relata que o diálogo, o carinho e amor são ajuda
para que os filhos possam fazer boas escolhas.
[...] nós vamos levando com uma boa comunicação e
tentando manter uma boa estrutura familiar, uma estrutura
é tudo, nós tentamos demonstrar e ajudar com uma boa
conversa diálogo amor e carinho
A mãe da família Carvalho, coloca que para ajudar os filhos a realizarem
boas escolhas é preciso participar da vida dos filhos.
[...] Hoje em dia a gente vê que os pais deixaram de fazer
essa função no mundo em geral têm pais que não sabem
o boletim do filho a criança não sabe ou não sabe um a ou
um b, é coisa que a casa deveria preparar para que a
42
criança chegasse na escola e já soubesse então eu acho
difícil eu acredito que seus pais fossem mais participativos
eu acho que a gente não perderia muitas crianças para
drogas para o roubo, o assassinato isso acontece muito
porque a criança não tem uma base ah pai eu acho bonito
pintar o cabelo tá bom meu filho vai lá.
Ser pai e mãe é visto por eles como função, cuidar dos filhos é um trabalho
para que a criança funcione bem. Esquece-se que existimos com os filhos e isso
é diferente, pois estou na condição de pai exatamente por ter filhos. Os pais
estão aprisionados nos próprios conceitos de cuidado e se sair do seu próprio
cuidado isso pode ser visto como disfuncional. Assim há um aprisionamento por
parte dos pais no que diz respeito a família. Não se trata de questionar o
conceito, mas do encurtamento existencial que esse movimento imprime as
relações. Relações estas que não oferecem aos filhos na possibilidade de
escolhas, a qual o cuidado está na responsabilidade do próprio existir de cada
ser.
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família numa perspectiva histórica, ainda carrega em si a conceituação
ideal de família, pois as diversidades familiares ainda são muito recentes, o que
leva com que os pais ainda imponham idealizações aos filhos de modo que
sigam seus conceitos sociais e culturais.
A fenomenologia existencial de Heidgger vem trazer a este conceito
algumas indagações quanto a compreensão necessária desse modelo ideal
familiar e como se dão as relações entre pais e filhos de modo que a
responsabilidade do existir seja próprio de cada ser pertencente à família.
Conclui-se que a partir do método fenomenológico existencial, os pais
contribuem para a existência dos filhos na impessoalidade como uma base que
parece segura a criança que não conhece o mundo e nem os homens, mas que
no mundo e com os homens se constrói em sua existência, numa condição de
poder-ser.
Poder-ser este, que os pais conduzidos pela história e conceitos de família
ideal deixam de oferecer aos filhos, condições seguras com a responsabilidade
do seu existir. Esquecem que existem com os filhos, olhando para um cuidado
ôntico para com os mesmos, para assumirem o cuidado ontológico na condição
de pais.
Assim, mostrou-se que os pais, ainda estão presos ao conceito ideal de
família, pois o lugar que se olha, quando se fala da importância das relações
familiares, inclina-se para lugares comuns que caminham para o distanciamento
da singularidade.
44
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48
APÊNDICES
49
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE
50
APÊNDICE B – CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE DA
PESQUISA
51
52
APÊNDICE C – TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Família Carvalho
Mãe de 30 anos, pai de 32 anos, filhos de (3) três anos, (7) sete anos e (10)
anos.
Mãe de 30 anos foi quem respondeu as questões, com a presença do pai
apenas, mas que apenas se fez presente a entrevista.
Pergunta 1- Boa noite o nosso curso de psicologia estamos abordando o tema
sobre a importância da relação entre pais e filhos gostaríamos de saber como
você vê essa importância da relação entre pais e filhos?
Então a importância da relação entre pais e filhos ela é fundamental dentro de
um lar, a essência do pai e da mãe ela precisa contaminar o ambiente porque
normalmente os filhos eles vão ser reflexo daquilo que a gente planta então, é
fundamental que os pais sejam participativos desde uma roupa a educação e
acompanhamento escolar é interessante porque a tecnologia da informação a
informação chega muito rápido e isso acaba confundindo a cabeça das crianças,
a gente vê até no mundo próprio as crianças assim com uma mentalidade e os
pais estão sofrendo com isso então é muito importante que os pais vão direcionar
as crianças é fundamental que os pais sejam participativos não só no lar porque
tem muito pai que é participativo no lar mas quando tá na escola os pais não
sabem o que tá acontecendo o que se tá aproveitando, então é importante que
os pais tomem a responsabilidade de pais que ele possa estar a todo momento
Até que a criança se crie e venha criar um método e aprender meu pai e minha
mãe me ensinou isso e o caminho é esse quando a criança a produzir isso dentro
dela ela vai entender que tudo aquilo que está rodeando ela é o que o pai e a
mãe direcionou.
Pergunta 2- O que vocês acham dessa convivência e porque que é importante
para o desenvolvimento dos filhos?
Hoje em dia a gente vê que os pais deixaram de fazer essa função no mundo
em geral têm pais que não sabem o boletim do filho a criança não sabe ou não
53
sabe um a ou um b, é coisa que a casa deveria preparar para que a criança
chegasse na escola e já soubesse então eu acho difícil eu acredito que seus pais
fossem mais participativos eu acho que a gente não perderia muitas crianças
para drogas para o roubo, o assassinato isso acontece muito porque a criança
não tem uma base ah pai eu acho bonito pintar o cabelo ta bom meu filho vai lá
pode continuar crianças de 7 8 anos fazendo isso a rede de comunicação há 15
anos atrás você assistir um desenho puro hoje. Você já assistiu um desenho
cheio de malícia a criança antigamente me perdoe expressão a pessoa ia
aprender alguma coisa sobre sexualidade com 15 anos, hoje com 8 anos já
querem empurrar as crianças a goela abaixo é um tema que é complicado.ai eu
digo o que a criança esta aprendendo em casa para resistir La fora, não tem
estrutura e infelizmente os pais que não perde tempo em educa os filhos em
acompanha os filhos estão perdendo os filhos para mundo, você vê moradores
de rua, se você fala com um morador de rua, você fala com um drogado me
conta atua historia eles, vão disse que nasceu em uma família muito pobre a
maioria dos brasileiro e de classe media baixa so o que leva a pessoa
experimenta a droga bebida a entra em qualquer tipo de vicio e por que não tem
estrutura que vai disse olha filho se você experimenta isso ai isso ai e muito ruim
isso ai vai te faze um mal que você não faz idéia não experimenta por que
péssimo ai a pessoa vai e experimenta, ai o filho vê que não e ruim igual o pai
falo meu pai mentiu pra mim por que não é ruim, então os pais tem que ser um
leque aberto pros filhos olha filho isso é uma droga o nome por si próprio já fala
eu não posso te disse que isso é ruim por que eu nunca experimentei mas ruim
eu acredito que não é por que se fosse o povo não usava tanto mas a droga
causa dependência quem vende a droga é um traficante e as pessoas que usam
a droga elas passam a ser viciada vai chega um tempo que você vai chega a
vive para pagar a sua droga se você não tive dinheiro você vai rouba se você
rouba você corre o risco de ser preso o mundo que tem é prisão ou morte eu
acho que os pais tem que partir disso ai explicar mais as conseqüência que vem
a fazer e mesma coisa que um pai chega em uma filha e disse assim, filha você
não namora por que namora é ruim isso é mentira namora é bom ruim, isso é
mentira namora não é ruim, explica que ruim são as conseqüências que isso
pode traze, se você fase isso agora, por que mentindo ela vai prova e vai ver que
não é ruim é vai dizer não é ruim meu pai mentiu falou que é ruim beija é gostoso
54
se abraça meu pai ta errado e la fora ta certo o beijo é gostoso então tem que
dar estrutura na escola você vai beija e beija é bom se abraça é bom mais porem
filha que se você beija uma menina ou menino não vai fica legal pra você por
que você é muito novinha você precisa estuda então a base é tudo você precisa
diagnostica a raiz é bom mais porem as conseqüência disso é ruim, e os pais
não prepara os filhos pra isso hoje em dia, e hoje em dia é muito difícil explica e
por uma semente na cabeça de um filho você pode demora 10 anos pra faze
isso uma palavra na escola pode muda aquilo que vpce demoro dez anos pra
construir, então é importante que você não apresente só a raiz mas as
conseqüência se vai ser bom ou se vai ser ruim, então a base de uma família a
importância de um pai e mãe é tudo eu digo uma frase que eu aprendi a muitos
anos atrás que o pia e a mãe são os jardim só que o jardim não pode fica bonito
se não tem as flores correto quem são as flores do jardim são as crianças o pai
e a mãe são os jardim e as crianças são as flores então agente precisa cultiva
nosso jardim e como faze isso pra cultiva precisa de chuva e o que é essa chuva
a regaçao nossa de pais com ensinamento o período é difícil principalmente pra
mim que medou com jovem agente vê que pra implantar uma idéia doa é muito
difícil.
55
FAMÍLIA SOARES
Mãe de 32 anos, pai de 37 anos, filhos de (4) quatro anos, (14) quatorze anos e
(15) quinze anos de idade.
Pai de 37 anos, foi quem respondeu as questões, com a presença da mãe
apenas, mas que apenas se fez presente a entrevista.
Pergunta 1- Estamos abordando o tema sobre a importância da relação entre
pais e filhos, gostaríamos de saber como você vê a importância da relação entre
pais e filhos?
Primeiramente eu acho muito importante a relação entre pais e filhos, porque é
o primeiro contato, pois nós somos os espelhos deles, então, eles identificam
muito com os pais, nós temos que dar o maior apoio aos filhos, incentivando,
dandoamor e carinho, por que através de toda essa situação que convivemos
mais para frente vai ter um bom comportamento, um bom relacionamento,
porque eles se baseiam nas nossas relações, eles olham para nós como um
conjunto, uma união familiar, e é bom ter sempre uma boa comunicação, um
diálogo, isso é essencial, eu sou muito aberta com os meus filhos, então um
dialogo é sempre essencial.
Pergunta 2- O que vocês acham dessa convivência eporque é importante para
o desenvolvimento dos filhos?
Primeiramente para o desenvolvimento deles seria a forma de amor e carinho,
porque através dele é que eles conseguem se desenvolver, porque a nos dando
apoio e atenção os filhos, principalmente com o mundo que nós vivemos hoje,
nessa convivência ele se tornam muito carente, nós em casa tentamos dar o
maior conforto para eles, ajudar de uma forma que podemos conversar sempre,
precisamos sempre mostrar que nós estamos abertos para eles, para que eles
também podem se abrir conosco, para não deixar ele se abrirem com o mundo.
Porque hoje o mundo está cada vez mais difícil para o desenvolvimento, para
eles saberem,e sim é melhor fazer as coisas bem diferente para não cair no
mundo das drogas, nesse mundo fácil de bebidas, eu acho que nós sempre
temos que estar participando da vida deles, com uma boa comunicação e
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principalmente paciência e também com os jovens porque eles são muito difícil
de lidar, querem fazer loucura são bem alterados, uma hora eles estão bem outra
hora não, eu tenho uma menina de 15 anos, que tem um gênio forte e uma hora
ela quer conversar outra não, Mas nós vamos levando com uma boa
comunicação e tentando manter uma boa estrutura familiar, uma estrutura é
tudo, nós tentamos demonstrar e ajudar com uma boa conversa diálogo amor e
carinho.