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148 TE em Economia Internacional | Unidade 01 © 2011 - AIEC - Associação Internacional de Educação Continuada 1 U NIDADE 1 T EORIAS DE E CONOMIA I NTERNACIONAL M ÓDULO 1 T EORIA DAS V ANTAGENS C OMPARATIVAS 01 1 - COMÉRCIO INTERNACIONAL Comércio internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão internacional do trabalho. Esse comércio é motivado pela diversidade de possibilidades de produção, pelas relações de troca e pelas relações de dependência. Veja o diagrama abaixo para melhor sintetizar essa definição: Divisão internacional do trabalho – Segmentação da produção no âmbito mundial em razão da disponibilidade de matérias-primas, nível tecnológico e grau de desenvolvimento econômico. Relações de troca – são as relações entre o quantum de bens exportados suficiente para cobrir as importações realizadas. 02 2 - VANTAGENS COMPARATIVAS DAS NAÇÕES Vantagens comparativas representam o conceito de custos relativos introduzido na teoria do comércio exterior por David Ricardo, em 1817, que justifica a especialização internacional. A Teoria da Vantagem Comparativa defende que, mesmo se dois países possam produzir os mesmos produtos, a especialização é capaz de aumentar a renda de ambos.

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UNIDADE 1 – TEORIAS DE ECONOMIA INTERNACIONAL

MÓDULO 1 – TEORIA DAS VANTAGENS COMPARATIVAS

01

1 - COMÉRCIO INTERNACIONAL

Comércio internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão internacional do trabalho. Esse comércio é motivado pela diversidade de possibilidades de produção, pelas relações de troca e pelas relações de dependência.

Veja o diagrama abaixo para melhor sintetizar essa definição:

Divisão internacional do trabalho – Segmentação da produção no âmbito mundial em razão da disponibilidade de matérias-primas, nível tecnológico e grau de desenvolvimento econômico.

Relações de troca – são as relações entre o quantum de bens exportados suficiente para cobrir as

importações realizadas.

02

2 - VANTAGENS COMPARATIVAS DAS NAÇÕES

Vantagens comparativas representam o conceito de custos relativos introduzido na teoria do comércio exterior por David Ricardo, em 1817, que justifica a especialização internacional.

A Teoria da Vantagem Comparativa defende que, mesmo se dois países possam produzir os mesmos produtos, a especialização é capaz de aumentar a renda de ambos.

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Vejamos o exemplo abaixo, em que são apresentados dados hipotéticos de custos de produção, em termos de horas necessárias para a produção de uma saca de 60 kg de café e de uma saca de 60 kg de soja, no Brasil e na Argentina, respectivamente.

03

A partir do caso representado, podemos observar que:

À primeira vista, pode parecer que o comércio entre Brasil e Argentina seja completamente inviável, pois o primeiro apresenta vantagem absoluta em ambos os produtos considerados, ou seja, possui menores custos tanto na produção de café quanto na produção de soja.

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Nessa hipótese, a Argentina poderia ser levada a proteger seu mercado interno, instituindo cotas de importação, criando tarifas de importação, de forma a equalizar os custos de produção entre os dois mercados.

Contudo, conforme veremos a seguir, o comércio entre os dois países é capaz de melhorar a situação de ambos.

Vantagem absoluta é o conceito que envolve a relação entre custos totais de produção de duas empresas, regiões ou países para dada mercadoria.

Cota de importação é medida adotada para proteger o mercado interno de concorrentes externos, baseada no estabelecimento de uma quantidade máxima que pode ser importada em determinado lapso temporal, em geral um ano.

Tarifa de importação é medida adotada para proteger o mercado interno de concorrentes externos,

fundamentada no estabelecimento de um imposto incidente sobre produtos importados. Em

decorrência, tais produtos tornam-se mais caros, o que inibe as importações.

04

Remuneração do trabalho na ausência de comércio

O quadro abaixo apresenta a estrutura de produção para dois países, antes de iniciado o comércio bilateral.

Agora, sigamos o raciocínio:

1) considere que o preço desses produtos seja formado exogenamente no mercado internacional;

2) adote que, em dado momento, o preço de uma saca de 60 kg de café seja US$ 50 e que uma saca de

60 kg de soja seja US$ 12;

3) multiplicando esses valores pelos respectivos dados de produção do quadro 2, obtém-se a renda

apresentada no Quadro 3.

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Na ausência de comércio, o trabalhador brasileiro receberia uma remuneração de US$ 1.67 e US$ 0.20 por hora para produzir, respectivamente, café e soja.

Nas mesmas condições, a situação do trabalhador argentino seria pior, pois faria jus a US$ 0.56 e US$ 0.10 por hora para produzir, respectivamente, café e soja.

A Teoria da Vantagem Comparativa defende, mesmo se dois países possam produzir os mesmos

produtos, que a especialização é capaz de aumentar a renda de ambos.

06

Remuneração do trabalho na presença de comércio

Agora, afastando as barreiras de comércio e tornando livre o comércio entre as duas nações, haverá uma realocação dos fatores de produção, provocando mudança nos preços relativos.

Como o custo de produção de café na Argentina é três vezes maior, esse país poderia importar café brasileiro ao custo de 30 horas de trabalho a saca de 60 kg. Com essa medida, poderia direcionar sua força de trabalho para a exploração de soja.

Podemos notar que, para cada saca de café que a Argentina importa do Brasil, há liberação de 90 horas de trabalho que poderão ser utilizadas para produzir soja. O Brasil poderia produzir soja a custo mais baixo que a Argentina. Contudo, interessa ao Brasil adquirir soja da Argentina, mesmo a um custo mais alto, pois poderá liberar 60 horas de trabalho para utilização na produção de café, pois o país é mais competitivo neste produto.

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Desse modo, admitamos que o intercâmbio entre as duas economias consideradas provocou a reestruturação econômica indicada no Quadro 4.

Observe que a produção de soja no Brasil reduziu-se de 30 milhões de sacas para 15 milhões de sacas,

enquanto a produção de café dobrou para 30 milhões de sacas. Na Argentina, por outro lado, houve um

movimento inverso. A produção de café foi reduzida à metade, ficando situada em 5 milhões de sacas,

enquanto a produção de soja mais que dobrou, alcançando 60 milhões de sacas.

08

Mantidas as considerações anteriores sobre a formação de preços, a renda ficaria distribuída segundo

indicação disposta no Quadro 5 abaixo.

Observe que houve inquestionáveis ganhos de comércio para ambas as partes. A renda agregada dos dois países passou de US$ 1.910 milhão para US$ 2.650 milhão.

A renda agregada brasileira passou de US$ 1.110 milhão para US$ 1.680 milhão, ou seja, a redução da renda gerada pela soja foi mais que compensada pelo aumento da renda gerada pelo café. Na Argentina, aconteceu fenômeno semelhante. A redução de 50% da renda do segmento de café, cerca de US$ 250 milhão, foi mais que compensada pelo incremento de US$ 420 milhões de renda gerada pela

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produção suplementar de soja. Portanto, pode-se concluir que ambos os países se beneficiaram com o intercâmbio comercial.

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Vantagem comparativa: exemplo numérico

Agora, consideremos os dados do Quadro 6, abaixo, representando a produtividade do trabalho, medida em toneladas por homem-hora, na atividade de mineração de cobre e mineração de prata no Chile e no Peru, respectivamente.

Podemos notar que o Chile possui vantagem absoluta em relação ao Peru na produção de minério de cobre e na produção de minério de prata. No Chile, em uma hora de trabalho, a produtividade per capita é seis vezes maior (6/1) na produção de cobre e 33,33% maior na produção de prata (4/3).

Certamente, esta vantagem absoluta do Chile em relação ao Peru, em ambos os produtos considerados, decorre da utilização de processo tecnológico mais avançado e/ou da disponibilidade de jazidas de minério com maior grau de pureza ou cuja extração envolva menores dificuldades operacionais. Contudo, nota-se que o Peru possui vantagem comparativa em relação ao Chile na produção de minério de prata. A produtividade nesse setor é três vezes superior à produção de cobre (3/1).

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O Chile, por sua vez, apresenta vantagem comparativa em relação ao Peru na produção de minério de

cobre, pois a produtividade desse setor é 50% maior em relação à produção de prata (6/4).

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Dessa forma, espera-se que a economia do Chile se especialize na produção de cobre e a economia do Peru se especialize na produção de prata, o que favorecerá a realização de trocas internacionais.

É importante destacar que as trocas de comércio somente ocorrerão se for possível melhorar a situação de uma das partes envolvidas sem prejudicar a outra.

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Vejamos, agora, os impactos da seguinte relação de troca:

O Chile troca com o Peru seis toneladas de cobre por seis toneladas de prata.

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Generalização da teoria de vantagens comparativas

Segundo Paul Samuelson, se de duas regiões (ou países) uma for ou não absolutamente mais eficiente na produção de todos os produtos do que a outra, e se cada uma delas se especializar nas atividades econômicas em que tiver uma vantagem comparativa (maior eficiência relativa), o comércio será mutuamente vantajoso para ambas e os salários subirão nas duas.

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Visões equivocadas sobre as vantagens comparativas

Krugman & Obstfeld chamam a atenção para as interpretações equivocadas da teoria de vantagens comparativas, a saber: 1) o livre comércio é benéfico somente se o país é suficientemente forte para enfrentar a concorrência estrangeira; 2) a concorrência estrangeira é desonesta e prejudica outros países quando baseada em salários baixos; 3) o comércio explora um país e o torna pior economicamente se seus trabalhadores recebem salários muito mais baixos que os trabalhadores de outras nações.

Esses equívocos decorrem da confusão que se estabelece entre vantagens absolutas e vantagens relativas.

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Com efeito, as vantagens competitivas de uma indústria dependem de sua produtividade relativamente à indústria estrangeira e do salário local relativamente ao salário do estrangeiro.

Finalmente, deve-se destacar que a Teoria das Vantagens Comparativas apresenta a limitação de ser estática, não levando em consideração a evolução das estruturas da oferta e da demanda, bem como das relações de preços entre produtos negociados no mercado internacional, à medida que as economias se desenvolvem e seu nível de renda cresce

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RESUMO

Comércio Internacional é o intercâmbio de bens e serviços entre residentes e não residentes de um país. A diversidade de possibilidades de produção, as relações de trocas e as relações de dependência são os motivos da existência do comércio internacional.

A Teoria das Vantagens Comparativas preconiza, ainda, que dois países possam produzir os mesmos produtos, que a especialização é capaz de aumentar a renda de ambos.

A especialização propicia aumento da eficiência econômica, permitindo a elevação da renda e do padrão de vida. As nações concentram seus recursos em artigos cuja produção apresenta vantagens comparativas e importam os produtos cuja fabricação interna não apresenta competitividade internacional. É por esta razão que as nações realizam trocas comerciais entre si.

Limitação da Teoria das Vantagens Comparativas:

• Não leva em conta a evolução das relações de trocas e das estruturas da oferta e da demanda, sendo, portanto, estática.

UNIDADE 1 – TEORIAS DE ECONOMIA INTERNACIONAL

MÓDULO 2 – RELAÇÃO ENTRE RECURSOS E COMÉRCIO INTERNACIONAL

01

1 - MODELO DE HECKSCHER-OHLIN

O modelo de trocas internacionais, desenvolvido por Heckscher-Ohlin, defende que a economia do país será mais eficaz na produção de bens e serviços que façam uso de fatores de produção largamente disponíveis em seu território em dado período.

A teoria desenvolvida pelos dois economistas preconiza que as diferentes proporções dos fatores em distintas regiões do mundo, utilizadas no processo de produção de bens e serviços, explicam a dinâmica do comércio entre as nações. Diante desse pensamento, o modelo de Heckscher-Ohlin é conhecido como teoria das proporções dos fatores.

Bertil Ohlin e Eli Heckscher são economistas suecos. Em 1977, Heckscher foi agraciado com o Prêmio

Nobel de Economia.

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Fatores de produção são os elementos indispensáveis (todas as matérias e esforços) na produção de

bens materiais e econômicos. São considerados fatores de produção a terra (terras cultiváveis,

matérias-primas em geral – madeira, cimento, aço, minérios etc.), capital (máquinas, equipamentos,

instalações, softwares) e trabalho (manual ou intelectual). Atualmente, costuma-se incluir mais dois

fatores: organização empresarial e tecnologia – conjunto ciência-técnica (pesquisa).

Ciência ou teoria da técnica. Abrange o conjunto de conhecimentos aplicados pelo homem para

atingir determinados fins econômicos.

02

2 - ESCOLHA DO PROCESSO PRODUTIVO

O processo produtivo envolve a escolha da combinação ótima de recursos (fatores de produção), que torna mínimo o custo de produção por unidade de produto.

A partir dessa informação, vamos, agora, analisar a Figura 1, a seguir.

Qualquer ponto ao longo da curva de indiferença de produção é indiferente para a firma; qualquer combinação de fatores produz a mesma quantidade de produto. Assim, a ilustração mostra que em qualquer ponto da curva de indiferença produz-se uma tonelada de soja.

O ponto C representa uma situação de ineficiência da economia, pois seria possível produzir mais com aquela dotação de recursos produtivos.

Lugar geométrico em que são representadas todas as combinações possíveis de fatores de produção

que resultam na produção de uma dada quantidade fixa de produto.

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O ponto D representa uma situação de impossibilidade, pois o processo tecnológico somente permite uma produção inferior para a dotação de recursos produtivos empregados.

No ponto A, produz-se uma tonelada de soja com a utilização da combinação L0 – unidades de mão de obra – e K0 – unidades de capital. Note que o processo de produção representado pelo ponto A utiliza maior proporção de capital relativamente ao fator de produção trabalho. Portanto, a relação entre

capital e trabalho é maior que a unidade: .

O retângulo 0K0AL0, preenchido em cor amarela, representa uma tonelada de soja (o produto gerado

pela economia).

04

Observamos que, no ponto A, o processo de produção é intensivo em capital, ou seja, utiliza uma

proporção maior de capital relativamente ao fator trabalho. Isto ocorre porque, nessas condições, a

tecnologia de produção adotada procura poupar o fator de produção mais escasso, no caso o trabalho.

Sendo o trabalho o fator de produção mais escasso, seu custo de contratação será maior que o custo de capital. Portanto, espera-se que o processo produtivo empregue menor proporção do fator trabalho.

No caso de produção de soja, com tecnologia intensiva em capital, poder-se-ia pensar em um processo produtivo que envolva a utilização de equipamentos de mecanização e automação dos procedimentos de preparo do solo, tratos culturais, colheita, armazenamento e transporte.

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Nessa modalidade de exploração, menor quantidade de mão de obra seria exigida. A produtividade dos

poucos trabalhadores empregados seria alta, em razão da elevada relação capital trabalho.

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Já no ponto B, seria possível produzir a mesma quantidade de soja que no ponto A (uma tonelada),

mediante a combinação L1 unidades de mão de obra e K1 unidades de capital.

O retângulo 0K1BL1, preenchido em cor laranja, representa, também, uma tonelada de soja.

Resultado da divisão da produção física pela unidade de fator de produção empregada. Em termos

globais a produtividade expressa a utilização eficiente dos recursos produtivos.

06

Agora, perceba que o processo de produção representado pelo ponto B utiliza maior proporção de trabalho relativamente ao fator de produção capital. Portanto, a relação entre capital e trabalho é

menor que a unidade: .

No caso de produção de soja, com tecnologia intensiva em trabalho, pode-se pensar em um processo produtivo que envolva, predominantemente, a utilização de procedimentos manuais de preparo de solo, tratos culturais, colheita, armazenamento e transporte. Nessa modalidade de exploração, maior quantidade de mão de obra seria exigida. A produtividade dos muitos trabalhadores empregados seria baixa, em razão da reduzida relação capital trabalho.

A escolha de um processo de produção intensivo no fator trabalho decorre de sua maior

disponibilidade. Portanto, relativamente ao capital, o custo de contratação do trabalho é menor.

07

Ainda pensando na escolha do processo produtivo, vejamos a Figura 2 abaixo, a qual apresenta o resumo das conclusões do modelo de comércio internacional de Hecksher-Ohlin:

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Podemos, a partir do esquema, constatar que:

numa região onde a mão de obra apresenta-se mais abundante, seu custo de contratação será relativamente menor. Portanto, o processo de produção tenderá a ser intensivo no fator trabalho;

outra região onde o capital apresenta-se mais abundante, seu custo de contratação será relativamente menor. Portanto, o processo de produção tenderá a ser intensivo no fator capital.

Em regiões com abundância do fator produtivo trabalho, a produtividade da mão de obra é menor.

Portanto, o salário será mais baixo.

Em regiões com abundância do fator produtivo capital, a produtividade da mão de obra é maior.

Portanto, o salário será mais elevado.

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3 - COMÉRCIO INTERNACIONAL

Vejamos a Figura 3 a seguir:

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Agora, considere o seguinte: na ausência de comércio internacional, uma determinada região (ou país)

que apresente vantagem comparativa na produção de determinado produto (soja, por exemplo) estaria

em equilíbrio em que ponto do gráfico? E quando o equilíbrio de mercado aconteceria?

Solução

No ponto B, em que se cruzam as curvas de oferta internas e de demanda. O equilíbrio de mercado

aconteceria quando a produção atingisse a quantidade Q0, comercializada ao preço P0.

Oferta - Quantidade de bem ou serviço que se produz e se oferece no mercado por determinado

preço e em determinado período de tempo.

Demanda - É a quantidade de um bem ou serviço que o consumidor está disposto a adquirir por um

determinado preço e em determinado momento.

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No país estrangeiro, a curva de oferta intercepta a curva de demanda mais à esquerda, pois seus custos de produção são maiores do que o observado no país nacional.

O equilíbrio aconteceria no ponto A, em que a quantidade produzida é Q1 comercializada ao preço P1. Note que este preço é maior do que P0, bem como a produção é menor do que Q0.

Caso seja mantido um intercâmbio comercial entre as duas regiões, o equilíbrio de mercado será deslocado para o ponto C que se situará em algum lugar entre os pontos A e B ao longo da curva de demanda.

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Efeito do comércio internacional na economia nacional – Suponha que a mão de obra seja o fator abundante na economia nacional: o processo de produção seria intensivo nesse fator. Assim, observe que no país nacional, por possuir menor custo de produção, o aumento do preço relativo da soja beneficia os agentes econômicos que atuam na produção desse produto.

O aumento do preço relativo da soja provoca uma redução da quantidade demandada no plano local, permitindo que o excedente de produção seja destinado para exportação.

Os agentes econômicos envolvidos na produção de bens cujo processo de produção seja intensivo em

capital sairão prejudicados, pois o preço relativo de seus produtos cairá relativamente ao preço da soja.

Possui vantagem comparativa o país em que for menor a relação dos custos de produção.

Soma de todos os dispêndios originados na produção de um bem econômico.

12

Efeito do comércio internacional na economia estrangeira – No país estrangeiro haveria uma redução do preço relativo da soja, o que provocaria um crescimento da quantidade demandada. Os produtores de soja, assim como os trabalhadores empregados nesse setor produtivo, teriam sua renda reduzida. Observe que a redução do preço relativo da soja beneficiaria os consumidores.

De uma maneira geral, a importação de soja, a um preço menor, liberaria a escassa mão de obra disponível no país estrangeiro para a produção de produtos intensivos em capital.

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Conclusão: o comércio internacional entre as nações pode beneficiar, simultaneamente, as duas partes

envolvidas no processo de trocas. Cada economia será especializada nos produtos que façam uso dos

fatores de produção mais abundante. O comércio internacional gera efeitos assimétricos na distribuição

de renda, beneficiando o fator de produção mais abundante.

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Resumo

O modelo de trocas internacionais desenvolvido por Heckscher-Ohlin defende a tese de que a economia do país será mais eficaz na produção de bens e serviços que façam uso de fatores de produção largamente disponíveis em seu território em dado período.

Esse modelo indica que:

os proprietários dos fatores de produção abundantes de um país ganham com o comércio internacional, ou seja, têm um aumento de renda;

os proprietários dos fatores de produção escassos de um país perdem com o comércio internacional, ou seja, têm sua renda reduzida.

A teoria do modelo afirma que as diferentes proporções dos fatores em distintas regiões do mundo, utilizadas no processo de produção de bens e serviços, explicam a dinâmica do comércio entre as nações.

A escolha do processo de produção depende do custo relativo de contratação dos fatores de produção disponível. Assim, a tecnologia adotada será intensiva em capital nas regiões onde o custo da mão de obra é mais alto. De forma idêntica, a tecnologia será intensiva no fator trabalho em regiões onde o custo de contratação da mão de obra for mais baixo.

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UNIDADE 1 – TEORIAS DE ECONOMIA INTERNACIONAL

MÓDULO 3 – MERCADO DE CÂMBIO

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1 - O COMÉRCIO DE DIVISAS ESTRANGEIRAS

Discutiremos, a seguir, os mecanismos de funcionamento do mercado de câmbio, considerando os principais fatores determinantes da oferta e da demanda de divisas estrangeiras.

Os países não produzem tudo o que precisam. Necessitam, portanto, adquirir mercadorias e serviços

produzidos em território estrangeiro. Assim, os consumidores brasileiros, por exemplo, demandam

automóveis japoneses, relógios suíços, calças jeans americanas e milho argentino.

Contudo, os consumidores dispõem apenas de reais (moeda nacional brasileira) para pagar as

importações, visto que o Estado brasileiro (assim como os demais) proíbe a livre circulação de moedas

estrangeiras. Por outro lado, os produtores americanos exigem receber sua remuneração

em dólares dos Estados Unidos da América.

Câmbio é uma operação financeira que consiste em vender ou trocar valores em moedas de outros

países ou papéis que representem essas moedas.

02

Os produtores japoneses preferem receber seu rendimento em ienes, embora, em determinadas

condições, seja de interesse aceitar dólares americanos ou euro, pois essas moedas poderiam ser

utilizadas, mais adiante, para cumprir obrigações de importações japonesas oriundas dos Estados

Unidos e/ou da Europa. Muito remotamente, eles aceitariam o peso ou real, em virtude da inexpressiva

participação da Argentina e do Brasil no mercado mundial de câmbio.

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Desse modo, para cumprir as obrigações geradas por transações originadas no exterior, os residentes no

Brasil demandam moedas estrangeiras.

O comércio de divisas estrangeiras tem o objetivo de permitir o cumprimento de obrigações geradas

por transações comerciais ou financeiras realizadas entre residentes e não residentes no país.

03

2 - DEMANDA DE MOEDA ESTRANGEIRA

A demanda de divisas estrangeiras envolve a procura por letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento etc., que sejam conversíveis em moeda estrangeiras, e as próprias moedas estrangeiras.

São demandantes de moedas estrangeiras:

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04

Quando a taxa de câmbio se eleva, cai a demanda por moeda estrangeira.

Quando a taxa de câmbio se reduz, aumenta a demanda por moeda estrangeira.

Resumindo, a taxa de câmbio é inversamente correlacionada com a quantidade demandada de moeda

estrangeira, conforme veremos na Figura 1, a seguir.

Correlação é a medida do grau em que duas variáveis estão linearmente associadas.

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O que o gráfico nos mostra?

Caso a taxa de câmbio seja TC1 (mais elevada), a quantidade demandada de moeda será Q1 (menor). Para uma taxa de câmbio mais baixa, TC2, a quantidade demandada de moeda será Q2 (maior).

06

No mercado internacional, geralmente, a oferta de produtos apresenta elasticidade quase infinita indicando que o preço dos produtos comercializados independe da quantidade adquirida por um consumidor, firma ou país individualmente. Portanto, o preço é uma variável exógena. Relaxando os efeitos sazonais, neste mercado, em curto prazo, os preços são praticamente fixos.

Para ilustrar, acompanhe o seguinte exemplo:

No mercado externo

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Observe que, no processo de conversão de dólar para real, a unidade de moeda estrangeira aparece no

numerador e no denominador, desaparecendo do resultado final. Caso haja uma desvalorização

cambial de 15%, a taxa de câmbio subiria para R$ 3,47/US$ 1.00. O custo de importação de trigo

aumentaria para R$ 27,76.

Qual seria a reação dos consumidores?

Desvalorização Cambial - Aumento da taxa de câmbio. A valorização cambial dá-se de modo

contrário: quando há uma redução da taxa de câmbio.

Importação - Aquisição de matérias primas, mercadorias e serviços produzidos no exterior.

05

Com esse novo preço, os consumidores reduziriam o consumo de derivados de trigo e,

consequentemente, a demanda agregada por divisas estrangeiras.

Quanto maior for a taxa de câmbio, menor será a demanda por produtos importados. Portanto, menor

a demanda por divisas estrangeiras.

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06

3 - OFERTA DE MOEDA ESTRANGEIRA

A oferta de divisas estrangeiras depende das relações de troca do país com os agentes econômicos do resto do mundo. Caso sua economia seja competitiva, mantido o mesmo padrão de qualidade observado no mercado, o preço de seus produtos será menor do que a média de seus concorrentes. Assim, o país terá sucesso nas exportações, o que permite o ingresso regular de divisas estrangeiras em seu território.

Da mesma forma, se a taxa média de retorno sobre o capital aplicado for elevada, o país receberá aportes de recursos sob a modalidade de investimentos externos, o que também contribui para a formação da oferta de moeda estrangeira.

São ofertantes de moedas estrangeiras:

os exportadores de bens e serviços;

Os estrangeiros em trânsito no país;

Os ofertantes de moedas estrangeiras:

Os tomadores de empréstimos no exterior;

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As firmas estrangeiras sediadas fora do país que pretendem realizar obras de investimentos

produtivos no país.

A oferta de moeda estrangeira é determinada, basicamente, pela taxa de câmbio. Espera-se que, quanto

maior a taxa de câmbio, maior será a oferta de moeda estrangeira. Portanto a oferta de divisas

estrangeiras e a taxa de câmbio são variáveis diretamente associadas.

Venda no exterior de matérias-primas, mercadorias e serviços produzidos no país.

07

Vejamos o exemplo seguinte, ilustrando as razões econômicas:

Na Bolsa de Nova Iorque, uma tonelada de açúcar é cotada em US$ 201,60. Dado que a taxa de câmbio se situa em R$ 3,02/US$ 1.00, o exportador receberia uma renda de R$ 608,83 por tonelada do produto.

Vamos admitir que esse preço cubra todos os custos de produção e de remuneração do capital próprio. Caso haja uma desvalorização cambial de 15%, a taxa de câmbio subiria para R$ 3,47/US$ 1.00, o que aumenta a margem de ganho dos exportadores brasileiros.

Solução

O produtor brasileiro de açúcar teria maior poder de barganha para negociar descontos junto aos

importadores alienígenas. Digamos que o preço efetivo do açúcar brasileiro se reduza para US$ 195,20

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em razão da adoção de uma política de preço que permite a concessão de descontos de 3,1746%. Os

concorrentes mantêm o preço base de US$ 201,60. Nessas condições, a receita de exportação do

açúcar aumentaria para R$ 677,34 por tonelada.

Desta forma, o valor das exportações de açúcar seria expandido em 11,25% e uma maior quantidade de

moeda estrangeira ingressaria no país, contribuindo para o aumento da oferta de divisas estrangeiras,

conforme mostra a Figura 2, a seguir.

08

O que nos mostra a Figura 2?

Caso a taxa de câmbio seja TC1 (mais baixa), a quantidade ofertada de moeda será Q1 (menor). Para uma taxa de câmbio mais elevada,TC2, a quantidade ofertada de moeda será Q2 (maior).

Quanto maior for a taxa de câmbio, maior será a oferta de moeda estrangeira.

09

4 - EQUILÍBRIO DO MERCADO DE CÂMBIO

O equilíbrio do mercado de câmbio é alcançado no ponto em que a quantidade de moeda ofertada é igual à quantidade demandada de moeda estrangeira, conforme observamos na Figura 3, a seguir.

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O que nos mostra a Figura 3?

A curva de demanda de moeda estrangeira D1 cruza a curva de oferta estrangeira S1 no ponto A, indicando que, à taxa de câmbio TC1, os demandantes e ofertantes concordam em realizar trocas de moeda no montante Q1.

10

Mas, admitindo que a renda disponível do país tenha apresentado crescimento, as pessoas desejarão aumentar o consumo de produtos importados. Para tanto, demandarão uma quantidade maior de moeda estrangeira. Para a taxa de câmbio TC1, a procura de câmbio será Q3 no ponto AA que se localiza na curva de demanda de moeda estrangeira D2.

Como a curva de oferta não se alterou, a oferta de moeda estrangeira será Q1. Haverá um excesso de demanda, representado pelo segmento Q3Q1. Esse desequilíbrio temporário, causado pela escassez de moeda estrangeira, provocará uma desvalorização cambial.

Solução

Solução - O novo equilíbrio ocorrerá no ponto B, em que se cruzam a curva de demanda D2 e a curva

de oferta S1. A taxa de câmbio subirá para TC2 e os demandantes e ofertantes concordarão em realizar

trocas de moeda no montante Q2. Neste caso, a desvalorização cambial foi causada por pressão de

demanda.

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11

Vamos supor, agora, que ocorreu uma “quebra” de safra agrícola. Em decorrência, o país reduziu o

volume exportado de commodities. Portanto, a oferta de divisas estrangeiras sofreu contração,

deslocando-se para a esquerda (curva de oferta S2).

Para a taxa de câmbio TC1, a oferta de moeda será Q4, enquanto a demanda se mantém inalterada em Q1. Outrossim, no ponto AAA, o mercado de câmbio estará desequilibrado, pois há insuficiência de oferta representada pelo segmento Q4Q1. Esse desequilíbrio temporário, causado pela escassez de moeda estrangeira, provocará uma desvalorização cambial.

O novo equilíbrio ocorrerá no ponto D, no qual a curva de demanda D1 e a curva de oferta S2 se cruzam. A taxa de câmbio subirá e os demandantes e ofertantes concordarão em realizar trocas de moedas estrangeiras em montante situado entre Q1 e Q4. Neste caso, a desvalorização cambial é explicada por pressões de oferta.

Produtos primários (minérios, algodão, soja, milho, trigo, açúcar, petróleo etc.) cujas características

gerais são homogêneas e classificáveis. Por esta razão, seus preços são definidos pelas cotações das

principais Bolsas de Valores: Nova Iorque, Londres, Chicago, São Paulo.

12

Variação real da taxa de câmbio - A taxa de câmbio real mede a competitividade dos produtos nacionais no comércio exterior. Define-se como a relação entre preços externos e preços domésticos, ambos medidos na moeda nacional (no caso brasileiro, em reais). Segundo a abordagem da demanda, pode ser obtida pela equação:

em que

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TCR = Taxa de Câmbio Real; e = Taxa de Câmbio Nominal; P* = Nível de Preços Externos; P = Nível de Preços Internos (doméstico).

Suponha que, em dado ano, a taxa de câmbio apresente desvalorização nominal de 5%. Se, no mesmo período, a taxa de inflação do país tenha sido 7% e a taxa de inflação internacional tenha sido 2%, não ocorreu variação cambial em termos reais, pois a desvalorização nominal corresponde à diferença entre a inflação interna e a inflação externa.

Exemplo:

Suponha que, em 2006, a taxa de inflação do país A foi de 8%. A taxa de inflação mundial foi de 3%. Considerando que no país a taxa de câmbio desvalorizou-se de N$2,10/US$1.00 para N$2,40/US$1.00, qual foi a variação da taxa de câmbio real?

Solução

Primeiro, obtenha a variação da taxa de câmbio nominal.

Portanto, houve uma desvalorização nominal de 14,29%.

Agora, use esse dado para encontrar a taxa de câmbio real:

Conclusão: houve uma desvalorização real da taxa de câmbio de 9%. Portanto, melhorou a

competitividade externa do país porque os produtos comercializáveis (tradebles) produzidos tornaram-

se mais baratos no mercado internacional, enquanto os produtos não-comercializáveis (non-tradebles)

se prejudicam.

13

RESUMO

O comércio de divisas estrangeiras tem o objetivo de permitir o cumprimento de obrigações geradas por transações comerciais ou financeiras realizadas entre residentes e não residentes de um país.

A demanda de divisas estrangeiras envolve a procura por letras de câmbio, cheques, ordens de pagamento etc., que sejam conversíveis em moeda estrangeiras, e as próprias moedas estrangeiras.

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Quanto maior for a taxa de câmbio, menor será a demanda por produtos importados. Portanto, menor a demanda por divisas estrangeiras.

São demandantes da moeda estrangeira: importadores; turistas em viagem no exterior; devedores de recursos tomados no exterior; firmas estrangeiras que precisam remeter lucros para a matriz.

A oferta de moeda estrangeira é determinada, basicamente, pela taxa de câmbio. Espera-se que quanto for maior a taxa de câmbio, maior será a oferta de moeda estrangeira. Portanto, a oferta de divisas estrangeiras e a taxa de câmbio são variáveis positivamente correlacionadas.

São ofertantes de moeda estrangeira: exportadores; turistas estrangeiros em viagem no país; credores de recursos aplicados no exterior; firmas estrangeiras que aportam capitais em filial instalada no país.

Desvalorização cambial define-se por: quanto maior for a taxa de câmbio, menor será a demanda por produtos importados. Portanto, menor a demanda por divisas estrangeiras. Ocorre quando: a taxa de câmbio é desvalorizada, ou seja, precisa-se de uma maior quantidade de moeda nacional para adquirir uma unidade de moeda estrangeira; ou quando a taxa de câmbio é valorizada, ou seja, precisa-se de uma menor quantidade de moeda nacional para adquirir uma unidade de moeda estrangeira.

O equilíbrio do mercado de câmbio é alcançado no ponto em que a quantidade de moeda ofertada é igual à quantidade demandada de moeda estrangeira.

UNIDADE 1 – TEORIAS DE ECONOMIA INTERNACIONAL

MÓDULO 4 – PROTECIONISMO

01

1 - INTRODUÇÃO

No presente módulo, serão discutidos os instrumentos de proteção da economia nacional dos concorrentes estrangeiros para melhorar os termos de troca, proteger a indústria nascente, proteger o emprego, gerar autossuficiência da indústria local e manter o equilíbrio das contas externas (balanço de pagamentos).

Ainda que haja argumentos favoráveis ao livre comércio, quase todas as nações adotam medidas com o objetivo de proteger seu mercado interno contra concorrentes estrangeiros. Assim, é possível que se obtenha maior nível de renda e de geração de emprego, mediante o adequado gerenciamento da política comercial.

A proteção do mercado doméstico contra a concorrência estrangeira pode ser feita por meio de barreira tarifária (imposição de tributo sobre bens importados) ou por barreira não tarifária. A quota de importação (limitação da quantidade máxima permitida de bens importados) é a principal barreira não tarifária utilizada pelas nações atualmente. Entre os demais mecanismos de proteção não tarifária, destacam-se: restrições voluntárias às exportações; regulamentações técnicas, administrativas e outras; normas sanitárias, cartéis internacionais; dumping e subsídios às exportações.

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Como veremos nas seções seguintes, as políticas de proteção da economia nacional buscam alcançar

maior bem-estar socioeconômico.

02

2 - MELHORIA DOS TERMOS DE TROCA

Segundo Kindleberger, a imposição de uma tarifa externa pode, em circunstâncias apropriadas, melhorar as relações de troca da economia nacional, isto é, a obtenção de importações a preços mais baixos. Agora, vejamos uma situação hipotética, analisando o efeito das relações de troca entre dois países, por exemplo, Brasil e Argentina. Os produtos considerados são soja em grãos e óleo vegetal. Ambos os países produzem tais produtos e realizam trocas comerciais entre si. Evidentemente, as conclusões do estudo podem ser estendidas a um número maior de países e de produtos.

Relações de troca – Relação entre o índice dos preços de exportação e o índice dos preços de

importação, o que dá a medida do poder aquisitivo das exportações do país

03

O que a figura nos mostra?

Na ausência de restrições ao comércio internacional, as curvas de oferta do Brasil e da Argentina são, respectivamente, as linhas grafadas em preto (linhas cheias). Tais curvas se interceptam no Ponto A. Este equilíbrio define o preço relativo OA entre as duas mercadorias consideradas.

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04

Considere, agora, que o Brasil resolveu adotar uma tarifa sobre o preço da soja em grãos proveniente da

Argentina. Essa medida está representada pela nova curva de oferta brasileira situada à esquerda da

curva de oferta original, pois a distorção provocada pela tributação modifica os preços relativos das

mercadorias envolvidas no processo de troca. O deslocamento da curva de oferta para a esquerda

modifica as relações de troca de AO para OB. Isto constitui uma melhora dos termos de troca do Brasil.

Para adquirir a quantidade OW de soja em grãos, o Brasil pagará a quantidade WB de óleos vegetais e

cobra BC em impostos, quando anteriormente pagava WC.

Melhora nas relações de troca significa que, mantido o mesmo volume de exportações, há um aumento

da capacidade de importação.

É importante destacar que a política externa agressiva de um país somente surte efeito se não houver

retaliação da contraparte.

05

No caso hipotético que estamos examinando, a Argentina poderia reagir, estabelecendo também tarifas mais elevadas para suas importações, o que reduziria o volume das transações comerciais. No limite, como resultado da guerra comercial, o intercâmbio comercial seria interrompido, prejudicando os consumidores das duas nações.

Para que um país possa melhorar seus termos de comércio, isto é, o preço relativo de suas exportações,

deve ter algum poder de monopólio. Isto significa que, de maneira semelhante a uma firma

monopolista, deve possuir uma demanda relativamente inelástica. Assim, se um país possui algum

poder de monopólio, pode usar este poder com o objetivo de melhorar os termos de trocas.

Monopólio – Situação em que a oferta é controlada por um único produtor.

Demanda inelástica – A demanda é inelástica relativamente ao preço quando as quantidades

adquiridas apresentam variação inferior à variação de preço ocorrida.

06

3 - PROTEÇÃO À INDÚSTRIA NASCENTE

Caso um país subdesenvolvido cuja produção esteja baseada no setor primário da economia (agricultura ou mineração), o livre mercado não permitirá o seu desenvolvimento industrial, pois as indústrias

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estrangeiras serão mais competitivas. A manutenção da base econômica no setor primário poderá levar o país a um processo de empobrecimento, pois os produtos não diferenciados (commodities) apresentam baixas elasticidades renda e preço, o que prejudicará seus termos de troca. Por isso, é recomendável que o processo de desenvolvimento envolva a industrialização do país.

A expansão de uma indústria protegida pode reduzir os custos de produção à medida que desenvolve

uma força de trabalho treinada e acumula conhecimentos de técnicas de produção.

07

O investimento social em capacitação da força de trabalho e em desenvolvimento tecnológico tornaria lucrativa a expansão da produção para as firmas da indústria, sem incorrer em custos que não produzem benefícios exclusivamente para firmas individuais.

Considere o diagrama apresentado na Figura 2 a seguir.

O que a figura nos mostra?

Os custos privados são maiores do que os custos sociais. Por essa razão, a curva de oferta privada situa-se à esquerda e acima da curva de oferta social.

Nessas condições, caso o preço no mercado interno seja P1, o equilíbrio estará situado no ponto A, pois os custos privados são maiores que o custo social. A indústria nacional produzirá, então, a quantidade 0Q1.

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Desta forma, buscando proteger a indústria nacional, o governo poderia realizar investimentos sociais que seriam indiretamente apropriados pela indústria, tais como:

1 implantação de escolas de profissionalização; 2 instalação de equipamentos de telecomunicações; 3 melhoramento de estradas, portos e aeroportos; 4 isenções e outros benefícios fiscais; 5 crédito subsidiado.

Na presença das referidas externalidades, a curva de oferta seria deslocada para a direita e para baixo, indicando uma redução global do custo de produção em termos sociais. O novo equilíbrio estaria localizado no ponto B em que o preço de consumo seria P2 e a produção nacional, mais expandida, seria representada pelo segmento 0Q3.

A diferença entre P2P1 representa o subsídio a ser transferido para a indústria protegida. O uso de políticas de proteção industrial deve ser utilizado com cautela e deve estar associado a um compromisso formal de desenvolvimento tecnológico capaz de tornar a indústria beneficiária autossuficiente, de forma que possa, num futuro breve, competir com indústrias estrangeiras.

Caso essa condição não se concretize, o instrumento não será eficaz e servirá apenas para esconder ineficiências internas cujo ônus seria transferido ao consumidor ou ao contribuinte.

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4 - DEFESA DO EMPREGO

A defesa da manutenção do emprego da mão de obra e do capital nacional é um forte argumento contra o livre comércio.

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A restrição de entrada de produtos estrangeiros gera uma demanda insatisfeita que poderá ser suprida por fornecedores nacionais menos eficientes.

A expansão dos investimentos em atividades produtivas cria novos postos de trabalho no país, amenizando a difícil situação social dos agentes econômicos que atuam em setores econômicos menos dinâmicos.

10

5 - DEFESA NACIONAL

Não é incomum a preocupação política em garantir a autossuficiência da nação, notadamente quando se trata de questões envolvendo interesses político-militares. Em geral, regiões que viveram conflitos bélicos têm grande preocupação em se manterem autônomas nos seguintes setores: agropecuária, transporte, comunicações e energia.

A preocupação com a autossuficiência também se justifica, do ponto de vista econômico, quando pretende reduzir a dependência externa de artigos cuja oferta apresenta fortes e recorrentes oscilações.

Tal volatilidade da oferta internacional faz com que os preços apresentem grandes variações, podendo constituir fonte de perturbação no ajustamento do balanço de pagamentos e no equilíbrio monetário do país.

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RESUMO

Apesar dos argumentos favoráveis ao livre comércio, as nações fazem uso de políticas comerciais com o objetivo de proteger o mercado interno da concorrência externa.

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Durante o processo de industrialização de uma nação, é comum proteger-se a indústria nacional contra a concorrência externa, mediante a adoção de benefícios como isenções fiscais, crédito subsidiado e prestação de serviços externos.

São objetivos do protecionismo: a melhora das relações de trocas; a proteção do emprego; a proteção à indústria nascente; a defesa nacional e o equilíbrio das contas externas.

O estabelecimento de um cinturão de tarifa externa pode, em circunstâncias apropriadas, melhorar as relações de troca da economia nacional.

Melhora nas Relações de trocas significa que, mantido o mesmo volume de exportações, há um aumento da capacidade de importação. Para que um país possa melhorar seus termos de comércio, isto é, o preço relativo de suas exportações, deve ter algum poder de monopólio.

Os principais instrumentos de proteção à concorrência de produtores estrangeiros são: instituição de tarifas aduaneiras incidentes sobre bens importados, estabelecimento de quotas de importação, subsídios à exportação e controles monetários e cambiais.

UNIDADE 1 – TEORIAS DE ECONOMIA INTERNACIONAL

MÓDULO 5 – POLÍTICA COMERCIAL

01

1 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O EFEITO DE PROTEÇÃO

A política comercial visa a atingir um ou mais dos seguintes objetivos:

efeito protetor; efeito do consumo; efeito de receita fiscal; efeito renda; efeito balanço de pagamento.

Para análise do efeito de proteção, considere a estrutura econômica representada na Figura 1, a seguir, no qual estão representadas a curva de oferta agregada e a curva de demanda agregada da economia.

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Ao preço OP, os produtores locais estão dispostos a ofertar a quantidade OQ. Por outro lado, os consumidores estão dispostos a consumir a quantidade OQ3. Caso a economia mantenha livre intercâmbio comercial com o exterior, a quantidade Q3-Q representa as importações realizadas ao preço OP.

Agora considere que, pressionado pelos produtores nacionais, o governo adote uma tarifa P-P1. Dado que a participação do país é suficientemente pequena em relação ao volume do comércio internacional, esta tarifa não é capaz de alterar o preço do produto no mercado externo nem sua oferta. Ao preço OP a oferta internacional é infinitamente elástica.

A oferta é elástica relativamente ao preço quando a quantidade produzida apresenta variação

superior à variação de preço ocorrida.

02

Estimulados pela implantação da tarifa de proteção (ou quota de importação), os produtores nacionais aumentarão sua produção emQ-Q1. O consumo interno se reduz de Q2- Q3. As receitas fiscais do governo elevam-se. O Retângulo C representa os tributos devidos ao governo, produto da tarifa adotada (P-P1) pelas importações (Q1-Q2).

O Quadrilátero A representa o efeito distributivo da renda adicional paga aos produtores nacionais já existentes, mais o arrendamento econômico adicional aos novos produtores acima de seu preço de oferta.

Quota de importação é a limitação da quantidade máxima de certo produto que pode ser importada

em dado período.

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03

2 - EFETIVIDADE DA PROTEÇÃO TARIFÁRIA

A dimensão do efeito protetor, em relação a uma dada tarifa comercial, é determinada pela elasticidade da curva de oferta.

Considere a estrutura econômica representada na Figura 2, a seguir, em que estão representadas a curva de demanda e duas alternativas de curva de oferta. Uma oferta inelástica, mais inclinada, está grafada em cor vermelha. Outra, elástica, menos inclinada, está grafada na cor azul.

Caso o preço de mercado seja P0, equivalente ao preço internacional, numa economia aberta, e a oferta seja inelástica, a indústria interna produzirá Q0. Nessas condições, a produção interna é insuficiente para satisfazer a demanda interna e as importações serão correspondentes a Q6-Q0.

Contudo, na hipótese de a curva de oferta ser elástica, ao nível de preço P0, a indústria interna produziria Q1 e as importações corresponderiam a Q6-Q1.

Tarifa comercial é a taxa paga sobre os direitos de importação.

A oferta é inelástica relativamente ao preço quando a quantidade produzida apresenta variação

inferior à variação de preço ocorrida.

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Agora, considere ter sido adotada uma tarifa para proteção da indústria nacional contra a concorrência

estrangeira. Note que o preço interno torna-se maior do que o preço internacional. O novo preço é P1 (a

tarifa é P1- P0).

No cenário em que a curva de oferta é inelástica, a indústria interna produziria Q2 e as importações corresponderiam a Q5-Q2. Porém, na hipótese de a curva de oferta ser elástica, a indústria interna produziria Q3 e as importações corresponderiam a Q5-Q3.

Note que, quando a curva de oferta é elástica, os produtores nacionais reagem mais rapidamente ao novo preço, elevando a produção interna (Q3-Q1). Esta variação é maior que a verificada para a situação em que a curva de oferta é inelástica (Q2-Q0).

Para obter o mesmo efeito em um mercado que apresente curva de oferta inelástica, a tarifa deverá ser

mais elevada, muitas vezes impeditiva.

05

No Quadro 1, a seguir, são apresentados os equilíbrios parciais para as situações descritas na Figura 2.

Se a curva de oferta for altamente elástica, o efeito protetor será grande; se a curva de oferta for

inelástica, o efeito protetor será pequeno.

Do exposto, pode-se chegar às seguintes conclusões:

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Uma tarifa será proibitiva quando o efeito protetor for suficientemente alto para expandir a produção nacional até o ponto em que toda a demanda interna possa ser atendida sem que se faça uso de importações.

Note que na hipótese de a curva de oferta ser elástica, ao nível de preço P2, a indústria interna

produziria Q4 e não seria realizada nenhuma importação do produto.

06

3 - EFEITO DA PROTEÇÃO TARIFÁRIA SOBRE O CONSUMO

O efeito final da adoção de uma política de proteção tarifária é a redução do tamanho do mercado interno. E por que isto ocorre? Porque a implementação de uma tarifa sobre o produto importado provoca um aumento no preço interno do produto cuja indústria se pretende favorecer.

Vejamos, agora, o Quadro 2, a seguir:

O que o quadro 2 nos mostra? Os efeitos da política de proteção tarifária sobre o consumo para as

situações representadas na Figura 2.

07

Note-se que o efeito direto de uma tarifa de proteção comercial é o aumento do preço interno do

produto majorado. Além disso, a elevação do preço provoca uma redução da quantidade demandada,

pois os consumidores que detêm menores rendimentos são afastados do mercado. A excessiva proteção

tarifária somente se justifica por período limitado de tempo e em determinadas situações.

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Por exemplo, justifica-se a proteção à indústria nascente, ou seja, durante o período de desenvolvimento de determinado ramo industrial no país com o objetivo de isolá-lo da concorrência de indústrias estrangeiras cujos custos de produção são menores.

Tão logo a indústria nacional adquira escala adequada e reúna condições suficientes para dominar o processo tecnológico, deve-se, paulatinamente, promover uma gradual abertura econômica, mediante redução das tarifas de importações.

08

4 - EFEITO DA PROTEÇÃO TARIFÁRIA SOBRE A RENDA

O efeito da adoção de uma política de proteção tarifária sobre a distribuição de renda, conforme mostra a Figura 2, consiste na transferência de renda dos consumidores para os produtores internos já existentes e potenciais. Também, há aumento de participação da indústria nacional no mercado, pois as importações se reduzem em virtude da redução do mercado.

Adicionalmente, políticas de restrições ao comércio internacional tendem a melhorar a renda dos

detentores de recursos escassos da economia, modificando os preços relativos do sistema econômico.

09

5 - EFEITO DA PROTEÇÃO TARIFÁRIA SOBRE O BALANÇO DE PAGAMENTOS

A tarifa tem o efeito de elevar os preços internos, o que concorre para a redução da demanda agregada. O aumento dos preços promove um crescimento da oferta interna, reduzindo os gastos com as importações de produtos tarifados.

O déficit da balança comercial será atenuado (ou o superávit será incrementado), atuando favoravelmente no ajustamento do balanço de pagamentos do país.

Na oportunidade, cumpre destacar que as considerações feitas nos parágrafos anteriores são válidas quando a economia está operando abaixo do pleno emprego dos fatores de produção.

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Em condições de pleno emprego, é possível que a elevação de preço decorrente da cobrança de tarifa aduaneira gere inflação, provocando perda do poder de compra.

Oferta interna é a parcela da produção elaborada dentro do território do país, independentemente

da nacionalidade dos produtores.

Déficit da balança comercial - Ocorre quando os gastos realizados com importações superam os

obtidos com exportações.

Balança Comercial - Diferença entre o total das exportações e o total das importações realizadas em

determinado período.

Balanço de pagamentos é o registro de todas as transações de caráter econômico-financeiro

realizadas por residentes de um país com residentes dos demais países.

Inflação designa o aumento contínuo e generalizado do nível de preços provocado por excesso de

demanda ou choque externo que majore os custos de produção.

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RESUMO

A política comercial exerce influência significativa na determinação dos preços relativos e, consequentemente, na distribuição da renda. As razões que justificam a adoção de políticas comerciais restritivas são as seguintes:

proteção à indústria nascente; proteção à renda ou ao emprego de setores econômicos julgados importantes para a economia

nacional; equilíbrio das contas externas.

O efeito da proteção tarifária pode ser resumido da seguinte forma:

aumento de preço internamente; redução do tamanho do mercado; aumento das receitas do governo; aumento da renda dos produtores nacionais; redução das importações.

A efetividade da política de proteção comercial depende do comportamento da demanda:

Se a curva de oferta for altamente elástica, o efeito protetor será grande; Se a curva de oferta for inelástica, o efeito protetor será pequeno.

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148 – TE em Economia Internacional | Unidade 01

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São efeitos da proteção comercial:

Aumento dos preços internos; Redução da concorrência; Avanço tecnológico lento; Contração da demanda agregada.

Como a tarifa tem o efeito de elevar os preços internos, verifica-se uma redução da demanda agregada. O aumento dos preços promove um crescimento da oferta interna, o que contribui para redução das importações do produto. Desse modo, a balança comercial tende a tornar-se mais favorável, melhorando o balanço de pagamentos do país.