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UFSM
Dissertação de Mestrado
O USO DO BRISE-SOLEIL NA ARQUITETURA DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
Caroline Pienes Weber
PPGEC
Santa Maria, RS, Brasil
2005
UFSM
Dissertação de Mestrado
O USO DO BRISE-SOLEIL NA ARQUITETURA DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
Caroline Pienes Weber
PPGEC
Santa Maria, RS, Brasil
2005
O USO DO BRISE-SOLEIL NA ARQUITETURA
DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
por
Caroline Pienes Weber
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em
Construção Civil e Preservação Ambiental, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil
PPGEC
Santa Maria, RS, Brasil
2005
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Engenharia Civil Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil na
Área de Conforto Ambiental
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
O USO DO BRISE-SOLEIL NA ARQUITETURA DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
autora
Caroline Pienes Weber
Dissertação apresentada para exame como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em Engenharia Civil.
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________________ Prof. Dr. Joaquim César Pizzutti dos Santos (orientador)
_____________________________________________ Prof. Ph.D. Heitor da Costa Silva
_____________________________________________ Profª. Dr.ª Dinara Xavier da Paixão
Santa Maria, 20 de dezembro de 2005
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Joaquim Pizzutti dos Santos pela intensa motivação e incentivo
a este trabalho, por sua orientação magnífica e pela grande amizade que
obtivemos nessa caminhada.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil e
Engenharia de Produção que contribuíram para o meu crescimento técnico e
intelectual.
À Michelle Menezes e Vanessa Sari que me ajudaram em algumas
etapas desta pesquisa.
A todos aqueles que me auxiliaram, respondendo o questionário e
permitindo meu acesso a edifícios para o levantamento fotográfico.
À Patrick Trein pelo seu apoio incondicional na etapa final da pesquisa.
Ao meu irmão, Bruno Weber, pelo incentivo nas horas difíceis.
Ao meus queridos pais, Eloi e Rita Weber, pelo apoio, paciência e amor
que tiveram comigo ao longo dessa caminhada.
À Cristo que sempre esteve ao meu lado, dando-me a força necessária
para continuar e iluminando o melhor caminho a seguir.
Dedico este trabalho às pessoas que
são o meu porto seguro e que estiveram
ao meu lado durante toda a trajetória:
meus pais e meu irmão.
SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ................................................................................. ix
LISTA DE FIGURAS ................................................................................. x
RESUMO .................................................................................................. xix
ABSTRACT ............................................................................................... xx
1.INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1
2.OBJETIVOS ......................................................................................... 5
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 5
2.2 Objetivo Específico ............................................................................. 5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................ 6
3.1 Arquitetura e Conforto Ambiental ................................................... 6
3.2 Radiação Solar .................................................................................. 11
3.2.1 Movimento Aparente do Sol ............................................................ 13
3.2.2 Luz e calor ....................................................................................... 16
3.3 Fechamentos Opacos ...................................................................... 17
3.3.1 Comportamento dos fechamentos opacos frente à radiação
solar .......................................................................................................... 19
3.2.1 Trocas de calor através de fechamentos opacos ............................ 22
3.4 Fechamentos Transparentes ........................................................... 24
3.4.1 A janela............................................................................................. 25
3.4.2 Comportamento dos fechamentos transparentes frente à radiação
solar........................................................................................................... 28
3.4.3 Trocas de calor através de fechamentos transparentes .................. 33
3.5 Dispositivos de proteção solar ....................................................... 34
3.6 Le Corbusier e o brise-soleil ........................................................... 38
3.7 O brise-soleil e a Arquitetura Brasileira ......................................... 40
3.8 O brise-soleil e a eficiência ambiental ............................................ 44
3.9 O brise-soleil e o caráter da edificação .......................................... 48
vii
4. METODOLOGIA DE ANÁLISE ............................................................ 53
5. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES ................................................. 56
5.1 O brise-soleil e os projetistas .......................................................... 56
5.2 O produto brise-soleil ...................................................................... 64
5.2.1 Modelos de brise-soleil industrializados........................................... 68
Inconylon .............................................................................................. 68
Fibrocell Indústria e Comércio Ltda ..................................................... 70
Brises Luxalon ...................................................................................... 72
Sul Metais ............................................................................................. 81
5.2.2 Considerações gerais ...................................................................... 83
5.3 O brise-soleil na arquitetura da região central do Rio Grande do Sul ............................................................................................................ 85
5.3.1 Brise-soleil Vertical .......................................................................... 90
Prédio Ex-Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria ............... 95
Bate-bola .............................................................................................. 97
Ed. Buenos Aires .................................................................................. 99
Biblioteca Central Manuel Marques de Souza ...................................... 101
Macro-atacado Tischler ........................................................................ 103
Salão de Atividades Múltiplas ............................................................... 104
Concessionária Toyota ......................................................................... 106
Secretaria da Saúde ............................................................................. 108
Ed. Romênia ......................................................................................... 109
Cine Independência .............................................................................. 112
Secretaria da Fazenda ......................................................................... 113
Ed. Mirador ........................................................................................... 115
Escola Franciscana São Vicente de Paulo ........................................... 117
Banco do Brasil – Vera Cruz ................................................................ 119
Banco do Brasil – Santa Maria ............................................................. 121
Reitoria da UFSM ................................................................................. 123
Colégio Franciscano Sant’ Anna .......................................................... 124
viii
Fórum ................................................................................................... 127
Prédio 53 – UNISC ............................................................................... 129
Prédio 2 – Campus 1 – UNIFRA .......................................................... 131
Câmara Municipal de Vereadores ........................................................ 132
5.3.2 Brise-soleil Horizontal ...................................................................... 134
Constantino Pré-vestibular ................................................................... 136
Banrisul Agência Dores ........................................................................ 138
Centro de Educação ............................................................................. 139
Hospital Universitário de Santa Maria .................................................. 141
Banco do Brasil – Santa Cruz do Sul ................................................... 143
Prédio 35 – UNISC ............................................................................... 145
Prédio 52 – UNISC ............................................................................... 146
Estacionamento .................................................................................... 148
Centro Integrado de Ensino Profissionalizante – CIEP ........................ 150
5.3.3 Brise-soleil combinado .................................................................... 152
Instituto de Previdência do Estado – IPE ............................................. 154
Centro de Tecnologia ........................................................................... 155
Centro de Ciências Naturais e Exatas .................................................. 159
Faculdade e Colégio Dom Alberto ........................................................ 162
Banrisul Agência Centro ....................................................................... 165
Sest / Senat .......................................................................................... 168
5.3.4 Considerações gerais ...................................................................... 171
6. CONCLUSÕES .................................................................................... 173
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 175
ANEXOS .................................................................................................. 181
LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Valores de Coeficiente de Absorção específico de pintura
............................................................................................. 20
TABELA 2 - Transmitância térmica para algumas soluções
construtivas ......................................................................... 23
TABELA 3 - Fatores de Sombra para diferentes elementos de
proteção .............................................................................. 31
TABELA 4 - Fator Solar para alguns tipos de superfícies
transparentes.......................................................................
32
TABELA 5 - Tipologias de brises industrializados .................................. 67
TABELA 6 - Dimensões e afastamentos ................................................ 76
TABELA 7 - Descrição do produto ......................................................... 78
TABELA 8 - Descrição do Brise B .......................................................... 80
TABELA 9 - Classificação e análise dos brises 1 ................................... 87
TABELA 10 - Classificação e análise dos brises 2 ................................... 88
TABELA 11 - Classificação e análise dos brises 3 ................................... 89
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Aglomeração urbana em Casbash ................................ 7
FIGURA 2 - Edifícios e agrupamento urbano típico de clima quente
seco: aberturas pequenas e fechamentos com grande
inércia térmica ............................................................... 7
FIGURA 3 - Pueblo Bonito ................................................................ 8
FIGURA 4 - Pueblo de Mesa Verde .................................................. 9
FIGURA 5 - Habitação típica de clima quente úmido ....................... 9
FIGURA 6 - Varandas nas casas dos senhores de engenho ........... 10
FIGURA 7 - Fenômeno de absorção e reflexão da radiação solar
na Terra ........................................................................ 11
FIGURA 8 - Lei do Cosseno ............................................................. 12
FIGURA 9 - Gráfico do espectro solar .............................................. 13
FIGURA 10 - Posições da Terra em relação ao Sol ........................... 14
FIGURA 11 - Azimute e Altura solar ................................................... 15
FIGURA 12 - Trocas de calor através de fechamentos opacos ......... 24
FIGURA 13 - Residência projetada por Le Corbusier ......................... 27
FIGURA 14 - Obra de Mies van der Rohe .......................................... 27
FIGURA 15 - Trocas térmicas através de fechamentos
transparentes ................................................................ 33
FIGURA 16 - Exemplo de edificação com toldo ................................. 36
FIGURA 17 - Esquema do light shelf .................................................. 37
FIGURA 18 - Exemplo de brise-soleil vertical (A) e horizontal (B) ..... 37
FIGURA 19 - Fachada sul do exército da Salvação (A) envidraçada
na época da inauguração; (B) com a inserção de
brise-soleil ..................................................................... 39
FIGURA 20 - Ministério da Educação e Saúde 41
xi
FIGURA 21 - Obra do Berço ............................................................... 42
FIGURA 22 - Associação Brasileira de Imprensa ............................... 43
FIGURA 23 - Semi-esfera da abóbada solar imaginária com as
trajetórias solares ..........................................................
45
FIGURA 24 - Exemplo da variação possível de brise-soleils verticais
para uma mesma máscara de sombra ......................... 46
FIGURA 25 - Tipos básicos de protetores solares e suas projeções
de sombra ..................................................................... 47
FIGURA 26 - (A) exemplo de brise aplicado como sobre-fachada
(B) exemplo de brise saliente ....................................... 51
FIGURA 27 - (A) exemplo de brise como elemento de fachada (B)
exemplo de brise caracterizando a composição
plástica do volume ........................................................ 51
FIGURA 28 - (A) exemplo de brises de vidro (B) exemplo de brises
projetados especificamente para a edificação atuando
como elemento de composição estética ....................... 52
FIGURA 29 - Gráfico sobre a titulação dos projetistas ....................... 57
FIGURA 30 - Gráfico a respeito do tempo de experiência dos
profissionais entrevistados ............................................ 57
FIGURA 31 - Gráfico apresentando os projetos desenvolvidos pelos
projetistas ...................................................................... 58
FIGURA 32 - Gráfico sobre a importância da orientação solar nos
projetos arquitetônicos .................................................. 58
FIGURA 33 - Gráfico a respeito dos recursos mais utilizados como
proteção solar................................................................ 59
FIGURA 34 - Gráfico apresentando o nível de conhecimento dos
profissionais sobre brise-soleil ...................................... 60
FIGURA 35 - Gráfico sobre a preferência das tipologias dos brises .. 60
FIGURA 36 - Gráfico apresentando a preferência na busca por
informações sobre o brise-soleil ................................... 61
xii
FIGURA 37 - Gráfico mostrando a fase em que o brise-soleil deve
ser inserido .................................................................... 62
FIGURA 38 - Gráfico apresentando as dificuldades de implantação
do brise-soleil ................................................................ 63
FIGURA 39 - (A) formato dos painéis (B) detalhe da estrutura dos
painéis ........................................................................... 69
FIGURA 40 - Emprego do brise-soleil - (A) em prédios altos (B)
no litoral ........................................................................ 69
FIGURA 41 - (A) tampas para diferentes tamanhos de painéis (B)
exemplo de inserção dos brises da Inconylon ............. 70
FIGURA 42 - (A) Tamanhos dos painéis com espaçamento entre
eles (B) detalhe do brise-soleil...................................... 71
FIGURA 43 - Exemplo de brises inseridos afastados da fachada ...... 72
FIGURA 44 - Detalhe do painel 84R e porta-painel ............................ 73
FIGURA 45 - (A) brise dentro do vão de abertura (B) exemplo de
aplicação do brise como uma sobre-fachada ............... 73
FIGURA 46 - (A) brise perpendicular à fachada (B) exemplo de
aplicação do brise nessa alternativa de montagem....... 74
FIGURA 47 - Forma de instalação ...................................................... 75
FIGURA 48 - (A) painel Termobrise (B) espaçamento entre os
painéis ........................................................................... 75
FIGURA 49 - (A) detalhe do tratamento termoacústico do perfil (B)
forma de instalação ....................................................... 76
FIGURA 50 - Alternativas de montagem (A) vertical (B) horizontal . 76
FIGURA 51 - Exemplo do Termobrise ................................................ 77
FIGURA 52 - Brise Cell ....................................................................... 77
FIGURA 53 - (A) forma de instalação (B) detalhe da ancoragem ..... 78
xiii
FIGURA 54 - Exemplos da aplicação do Brise Cell ............................ 79
FIGURA 55 - Três tipos de painéis ..................................................... 79
FIGURA 56 - Modulação dos painéis e afastamento entre os
mesmos ........................................................................ 80
FIGURA 57 - Forma de instalação ...................................................... 80
FIGURA 58 - Exemplo de composição plástica do Termobrise .......... 82
FIGURA 59 - Exemplo de aplicação do brise BSM-84 ....................... 83
FIGURA 60 - Mapa mostrando a região estudada ............................. 85
FIGURA 61 - Exemplos de brise-soleils verticais ............................... 90
FIGURA 62 - (A – F) Edificações com brise-soleils verticais ............. 91
FIGURA 63 - (G – M ) Edificações com brise-soleils verticais ............ 92
FIGURA 64 - (N – R) Edificações com brise-soleils verticais ............. 93
FIGURA 65 - (S – V) Edificações com brise-soleils verticais ............. 94
FIGURA 66 - Vista do prédio da Antiga Reitoria ................................. 95
FIGURA 67 - Vista dos brise-soleils verticais e inclinados ................. 96
FIGURA 68 - Vistas internas - (A) circulação do prédio (B) detalhe
da fixação do brise ........................................................ 96
FIGURA 69 - Vistas externas – (A) fachada frontal (B) fachada
lateral ............................................................................ 97
FIGURA 70 - Vista interna – janelas próximas ao brise e reflexão da
cor alaranjada ............................................................... 98
FIGURA 71 - Vista externa do Ed. Buenos Aires ............................... 99
FIGURA 72 - Brise-soleil protegendo as áreas de serviço ................. 100
FIGURA 73 - Vistas externas – (A) fachada Leste (B) detalhe dos
brises verticais fixos ...................................................... 100
FIGURA 74 - Vista externa da Biblioteca Central ............................... 101
FIGURA 75 - Vistas externas – (A) brise-soleil da fachada Norte (B)
brise-soleil da fachada Oeste ....................................... 102
FIGURA 76 - Vista interna da Biblioteca ............................................ 102
FIGURA 77 - Vista externa da fachada oeste .................................... 103
xiv
FIGURA 78 - (A) Brises limitados por pilares e vigas (B) Presença
de cortinas internas nas janelas ..................................
104
FIGURA 79 - Vista externa do Salão de Atividades Múltiplas 105
FIGURA 80 - Vistas externas – (A) brise limitado por moldura (B)
fachadas Norte e Oeste respectivamente ..................... 105
FIGURA 81 - Vista interna – precariedade na luminosidade,
privacidade garantida e pouca visibilidade para o
exterior .......................................................................... 106
FIGURA 82 - Vista externa da Concessionária Toyota ...................... 107
FIGURA 83 - Vista externa (A) afastamento entre os painéis fixos
(B) brise-soleils integrados na edificação ..................... 107
FIGURA 84 - Vista externa da Secretaria da Saúde .......................... 108
FIGURA 85 - Vistas externas – (A) fachada Norte (10°NE) (B)
brise-soleil e vidro mini-boreal nas aberturas ............... 108
FIGURA 86 - Vistas externas – (A) Ed. Romênia (B) fachada Sul .... 110
FIGURA 87 - Vista interna – janela da área de serviço e cozinha .... 111
FIGURA 88 - Detalhes – (A) fixação entre os painéis (B) fixação
dos painéis na estrutura metálica ................................. 111
FIGURA 89 - Vista externa do Cine Independência ........................... 112
FIGURA 90 - (A) vista interna do ambiente (B) detalhe da fixação
dos painéis .................................................................... 113
FIGURA 91 - Vistas externas – (A) fachada Norte (B) fachada
Oeste ............................................................................ 114
FIGURA 92 - (A) brises perpendiculares à fachada (B) vista interna. 115
FIGURA 93 - Vista externa do Ed. Mirador ........................................ 115
FIGURA 94 - (A) brises verticais móveis (B) fachada Oeste .............. 116
FIGURA 95 - Áreas de serviço protegidas pelos brise-soleils............. 116
FIGURA 96 - Vista externa da Escola ................................................ 117
FIGURA 97 - Vista interna – uso de cortinas ...................................... 118
xv
FIGURA 98 - Detalhes - (A) abertura máxima dos painéis é de 45°
(B) espaço entre os brises e as janelas ....................... 118
FIGURA 99 - Vista externa do banco do Brasil .................................. 119
FIGURA 100 - (A) vista dos brises verticais (B) detalhe da fixação
dos perfis metálicos na laje (C) vista interna do Banco. 120
FIGURA 101 - (A) Vista externa da edificação (B) vista da
modulação dos brises ................................................... 121
FIGURA 102 - (A) vista interna da galeria (B) vista interna dos brises
(C) detalhe dos painéis e guia metálica ........................ 122
FIGURA 103 - Vista externa - (A) fachada Oeste (B) fachada Leste .. 123
FIGURA 104 - (A) espaço entre brises e janelas (B) mobilidade dos
brises (C) vista interna .................................................. 124
FIGURA 105 - Vista externa - (A) fachada Leste (B) fachada Oeste .. 125
FIGURA 106 - (A) uso de cortinas e ar-condicionado nas salas de
aula (B) quadro fechado saliente à fachada ................. 126
FIGURA 107 - (A) detalhe da guia metálica e alavanca (B) espaço
entre painéis e janela .................................................... 126
FIGURA 108 - Vista externa do Fórum ................................................. 127
FIGURA 109 - Vista externa – (A) proteção dos brises contra o sol da
tarde (B) cortinas e iluminação artificial ....................... 127
FIGURA 110 - (A) afastamento entre painéis permite adequada
ventilação (B) detalhe da estrutura metálica e dos
painéis ........................................................................... 128
FIGURA 111 - Vista externa do Prédio 53 ............................................ 129
FIGURA 112 - (A) vista externa dos brises verticais móveis (B) vista
interna das salas ........................................................... 129
FIGURA 113 - (A) espaço entre painéis e janela (B) detalhe do
acionamento manual para movimentar os brises ......... 130
FIGURA 114 - Vista externa do Prédio 2 .............................................. 131
FIGURA 115 - Vista interna – presença de cortinas ............................. 131
xvi
FIGURA 116 - (A) privacidade e visibilidade de acordo com
necessidade do usuário (B) detalhe dos perfis
encaixados nas guias metálicas ................................... 132
FIGURA 117 - (A) vista externa do prédio da Câmara Municipal de
Vereadores (B) vista externa dos brises verticais fixos 133
FIGURA 118 - Exemplos brise-soleils horizontais ............................... 134
FIGURA 119 - (A – F) – Edificações com brise-soleils horizontais ....... 135
FIGURA 120 - (G – I) Edificações com brise-soleils horizontais .......... 136
FIGURA 121 - (A) vista externa do Constantino Pré-vestibular (B)
sombreamento dos brises horizontais e elementos
verticais ......................................................................... 137
FIGURA 122 - Vista interna – cortinas e iluminação ............................ 138
FIGURA 123 - Vista externa do Banrisul, agência Dores ..................... 138
FIGURA 124 - (A) galeria entre os brises e aberturas (B) vista do
brises fixos de concreto ............................................... 139
FIGURA 125 - Vista externa do Centro de Educação .......................... 140
FIGURA 126 - (A) vista intern (B) detalhe da estrutura dos painéis ..... 140
FIGURA 127 - Vista externa - bloco com brise-soleils ......................... 141
FIGURA 128 - (A) janelas altas com vidro canelado prejudicam
luminosidade (B) privacidade garantida através dos
brises ............................................................................ 142
FIGURA 129 - Vistas externas - (A) fachada frontal (B) fachada de
fundos ........................................................................... 143
FIGURA 130 - Vista interna - (A) fachada Oeste – afastamento entre
painéis proporciona luminosidade (B) fachada Leste –
pouco afastamento entre lâminas compromete
visibilidade e luminosidade, mas garante privacidade .. 144
FIGURA 131 - Vista externa do Prédio 35 ............................................ 145
FIGURA 132 - Vista interna de uma sala .............................................. 145
FIGURA 133 - Detalhes (A) estrutura metálica (B) fixação painéis ... 146
xvii
FIGURA 134 - (A) vista externa do Prédio 52 (B) Sobreposição do
beiral com o brise-soleil horizontal ................................ 147
FIGURA 135 - (A) vista interna mostrando o uso de cortinas (B)
detalhe da fixação dos painéis e estrutura ....................
147
FIGURA 136 - (A) vista externa do Estacionamento (B) vista interna
do estacionamento ........................................................ 148
FIGURA 137 - (A) detalhe do desgaste da madeira (B) painéis com
problemas de empenamento ........................................ 149
FIGURA 138 - (A) vista externa do CIEP (B) fachada Leste ............... 150
FIGURA 139 - (A) vista interna de uma sala (B) brises metálicos
anodizado (C) alavanca para movimentação dos
painéis ........................................................................... 151
FIGURA 140 - Exemplos de brise-soleils combinados ......................... 152
FIGURA 141 - (A – F) Edificações com diferentes tipos de brise-
soleils ............................................................................ 153
FIGURA 142 - Vista externa do prédio do IPE ..................................... 154
FIGURA 143 - (A) grandes vãos do brise combinado e uso de
cortinas e iluminação artificial (B) detalhe do brise
engastado perpendicularmente nas vigas .................... 155
FIGURA 144 - Vistas externas – (A) fachada Leste com brise-soleil
combinado (B) fachada Oeste com brise-soleil vertical 156
FIGURA 145 - (A) vista interna da sala de aula (B) detalhe da guia
metálica enferrujada por falta de manutenção ............. 157
FIGURA 146 - Vista interna – (A) escadas protegidas por brises (B)
privacidade garantida (C) detalhe do brise combinado . 158
FIGURA 147 - Vistas externas – (A) fachada Leste (B) fachada
Oeste ............................................................................. 159
FIGURA 148 - (A) detalhe dos brises (B) vista interna da sala de
aula ............................................................................... 160
xviii
FIGURA 149 - Vista externa – (A) painéis entre os pilares (B)
módulos opacos e com brises ....................................... 161
FIGURA 150 - (A) vista interna da sala de aula (B) detalhe das
placas horizontais ......................................................... 161
FIGURA 151 - Vista externa – (A) fachada Norte (B) fachada Oeste.. 162
FIGURA 152 - (A) vista interna (B) privacidade garantida pelos brises 163
FIGURA 153 - Detalhe da alavanca que movimenta os painéis .......... 164
FIGURA 154 - (A) vista externa da fachada Oeste (B) vista interna do
auditório ........................................................................ 164
FIGURA 155 - Detalhes - (A) alavanca de movimentação (B) painéis
móveis ........................................................................... 165
FIGURA 156 - Vista externa do Banrisul Agência Centro .................... 166
FIGURA 157 - (A) afastamento entre os brises e as aberturas (B)
galeria com abertura superior (C) detalhe da alavanca
responsável pela mobilidade dos painéis ..................... 166
FIGURA 158 - Guia metálica que prende os painéis ........................... 167
FIGURA 159 - Brises horizontais compõem plasticamente a
edificação ...................................................................... 168
FIGURA 160 - (A) fixação dos painéis na estrutura (B) fixação da
estrutura nos montantes das janelas ............................ 168
FIGURA 161 - Vista externa – (A) frente (B) lateral ............................ 168
FIGURA 162 - Brises (A) vertical móvel (B) horizontal fixo ................ 169
FIGURA 163 - (A) brises inseridos abaixo da cobertura (B) detalhe da
alavanca para movimentação dos painéis (C) vista
interna da sala .............................................................. 170
FIGURA 164 (A) vista externa do brise-soleil horizontal (B) brises
horizontais não prejudicam a luminosidade e
visibilidade (C) detalhe dos brises abaixo da cobertura 170
RESUMO Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Universidade Federal de Santa Maria
O USO DO BRISE-SOLEIL NA ARQUITETURA DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL
AUTORA: CAROLINE PIENES WEBER
ORIENTADOR: DR. JOAQUIM CESAR PIZZUTTI DOS SANTOS Data e local da Defesa: Santa Maria, 20 de dezembro de 2005
O brise-soleil é uma estratégia de projeto em resposta à necessidade de proteção contra a radiação solar excessiva, que pode causar desconforto pelos ganhos de calor e pelo descontrole na admissão de luz natural. Além dessa função, esse elemento possui expressão formal que pode contribuir na definição do caráter da edificação. Este trabalho foi desenvolvido no contexto climático dentro da Região Central do Rio Grande do Sul, tendo como propósitos questionar o emprego desse elemento de controle solar por projetistas, avaliar a disponibilidade do produto brise disponível para a comercialização e apresentar e analisar diferentes tipologias de brise-soleil empregadas na arquitetura da região. A pesquisa parte da hipótese que o conhecimento a respeito do brise-soleil contribui na correta utilização deste, tanto como elemento de proteção contra a incidência de raios solares, quanto como elemento arquitetônico. Observou-se, a partir desta pesquisa os motivos da falta de utilização desse dispositivo por parte dos projetistas, além de apresentar limitações e potencialidades do brise industrializado e mostrar através de exemplares da arquitetura os aspectos relevantes que contribuem para a adequada inserção desse importante elemento de controle ambiental e arquitetônico.
ABSTRACT Master Course Dissertation
Post-Graduation Programme in Civil Engineering Federal University of Santa Maria
THE USE OF BRISE-SOLEIL IN THE ARCHITECTURE OF THE CENTRAL REGION OF THE RIO GRANDE DO SUL STATE
AUTHOR: CAROLINE PIENES WEBER
SUPERVISOR: DR. JOAQUIM CESAR PIZZUTTI DOS SANTOS Place and Date of defence: Santa Maria, December 20th 2005
The brise-soleil appeared due to the protection need against excessive solar radiation, which can cause discomfort for the high heat and the disarray in the admission of natural light. Apart from this function, that element has got a significative formal expression, contributing in the formal composition of the architecture. This work was developed in the Central Region of the Rio Grande do Sul State, aiming at questioning the use of this type of external solar protector by architects and engineers, evaluating the readiness of the brise product for commercialisation, as well as presenting and analysing different typologies of brise-soleil employed in the region's architecture. The research has as hypothesis that the knowledge regarding the brise-soleil would contribute to its correct use, as much as an element of protection against the incidence of solar rays, as an architectural element in the formal composition of architecture. From this research, it was observed the real reasons for the lack of use of that device on the planner's part, besides presenting the limitations and potentialities of the industrialised brise and to show through examples from the local architecture the relevant aspects which contribute to the appropriate insert of this important environmental and architectural element.
1. INTRODUÇÃO
O Sol, fonte de vida e energia, é o responsável pela luz que proporciona
cor e forma, e pelo calor que invade e aquece os espaços. A sua função
benéfica para a vida no nosso planeta pode também assumir um papel nocivo,
pois a radiação solar é a principal fonte de ganhos térmicos numa edificação e
pode ainda causar desconforto pela disponibilidade excessiva de luz natural.
O homem criou seu abrigo com o objetivo de proteger-se das variações
atmosféricas a fim de estabelecer um equilíbrio com o meio que vive. Sendo
assim, a concepção da arquitetura deve levar em consideração as condições
climáticas do local onde será inserida. O meio determina a edificação para que
a arquitetura possa atender e satisfazer o ser humano.
Partindo desse princípio, o conhecimento a cerca do clima dá diretrizes
para a criação de uma arquitetura completa e eficiente proporcionando
satisfação funcional, estética e confortável para o homem.
A radiação solar merece destaque, pois tanto como fonte de calor
quanto como fonte de luz, é um elemento importante na busca por eficiência
energética das edificações. Cabe ao arquiteto compreender os fenômenos da
radiação solar e encontrar soluções que proporcionem conforto visual e térmico
aos usuários.
Os fechamentos transparentes são os maiores responsáveis pelas
trocas térmicas na edificação. Isso ocorre porque os materiais existentes
possuem pequena propriedade de absorver os inconvenientes das variações
ambientais, oferecendo pouca proteção contra a radiação solar. Portanto, em
caso de incidência solar exagerada, as aberturas envidraçadas necessitam ser
protegidas para evitar a elevação da temperatura dos ambientes a níveis
desconfortáveis, e reduzir os efeitos visuais inconvenientes, como o
ofuscamento, causados pela intensidade da incidência da radiação do sol.
Segundo Koenigsberger et al (1977), são quatro caminhos pelos quais o
projetista pode reduzir o ganho solar através das janelas:
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tamanho e orientação
uso de proteções internas (cortinas ou persianas)
vidros especiais
proteções solares externas
Várias são as maneiras de sombrear as aberturas externamente, como
abas, marquises, sacadas ou mesmo a própria vegetação do entorno do
edifício, mas há um tipo especial de proteção solar externa, denominado brise-
soleil, no qual está centrado o tema deste trabalho.
Este elemento de controle solar, também conhecido como quebra-sol, é
composto por placas externas com a finalidade de impedir que os raios solares
atinjam diretamente as superfícies das edificações, principalmente, as
transparentes, controlando a quantidade de calor que penetra nos ambientes.
O brise destaca-se com o mais elevado percentual de redução de ganho
solar entre os sistemas de proteção em uso. Paralelamente à proteção solar,
esse dispositivo tem a capacidade de atender outras finalidades simultâneas
como captar a ventilação, dar privacidade visual, refletir e distribuir a luz
natural. Porém, dependendo da sua constituição, podem, enquanto protegem a
insolação, comprometer as condições luminosas e visuais dos espaços
internos.
Além de protetor contra a radiação solar, o brise é um elemento
compositivo que interfere no caráter da edificação, pois sua aplicação passa a
desempenhar um papel na composição da arquitetura. Segundo Olgyay (1957)
“o protetor solar tem sido, na face externa da edificação, um elemento de
Arquitetura. E, porque este protetor é tão importante, uma parte da Arquitetura
atual pode desenvolver uma característica de forma, como a coluna dórica.”
Assim, ao especificar as diversas combinações desse sistema, o projetista
estará tomando partido também de decisões plásticas.
Sendo assim, essa pesquisa busca verificar o domínio da utilização do
brise por parte dos projetistas, avaliar a inserção do dispositivo na arquitetura
da região central do estado do Rio Grande do Sul e analisar o produto brise-
soleil apresentando suas potencialidades e limitações.
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Os dois primeiros capítulos tratam da introdução da pesquisa,
apresentando o problema, os motivos da escolha do tema e os objetivos do
trabalho.
A revisão bibliográfica, no terceiro capítulo, abrange, num primeiro
momento, o estudo sobre a radiação solar e sua relação com os fechamentos
opacos e transparentes. A seguir, o tema brise-soleil é abordado sob dois
enfoques: como elemento de proteção solar e como elemento compositivo que
interfere na definição do caráter da edificação.
O quarto capítulo apresenta a metodologia da dissertação que está
dividida em três análises:
1) o brise-soleil e os projetistas;
2) o produto brise-soleil;
3) o brise-soleil na arquitetura da região central do estado do Rio Grande
do Sul
O quinto capítulo apresenta os resultados e as discussões a respeito de
cada abordagem.
A primeira análise foi realizada através de um questionário aplicado a
oitenta arquitetos e engenheiros da região em estudo, que procurou avaliar o
conhecimento desses profissionais a respeito do brise-soleil.
O segundo estudo analisou os tipos de brises encontrados para
comercialização à disposição dos profissionais, buscando avaliar as
dificuldades de aquisição e utilização deste dispositivo por parte dos
profissionais.
A terceira análise abrange a obra arquitetônica como um resultado do
conhecimento do projetista na aplicação do brise-soleil. Foi efetuado um
levantamento das edificações que possuem o brise como elemento de
proteção solar e composição plástica em oito cidades da região central do Rio
Grande do Sul.
Nessas duas últimas análises foram considerados os seguintes
aspectos: eficiência ambiental, plasticidade, privacidade, luminosidade,
visibilidade, ventilação, durabilidade, custos de implantação e manutenção. De
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acordo com Bittencourt (1988), a solução correta de um brise é fruto da
combinação adequada desses fatores.
No sexto capítulo são apresentadas as conclusões da pesquisa com
base no cruzamento das considerações obtidas nas diversas discussões dos
resultados.
Ao final deste trabalho, projetistas terão maiores conhecimentos a
respeito das potencialidades e limitações do emprego deste elemento de
proteção solar, e terão a sua disposição subsídios para implantar um brise-
soleil adequadamente, de acordo com os aspectos analisados nos brises
industrializados e nos exemplares da arquitetura da região.
2.OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Efetuar uma pesquisa exploratória na região central do Rio Grande do
Sul a respeito da utilização do brise-soleil como elemento de controle solar e
seu papel na definição do caráter arquitetônico da edificação.
2.2 Objetivos Específicos
• Apresentar fundamentação teórica a respeito da proteção solar externa
na melhoria das condições de conforto ambiental e na composição
formal da arquitetura.
• Questionar junto a arquitetos e engenheiros a utilização do brise-soleil
como dispositivo de proteção solar e ferramenta de projeto.
• Analisar os protetores solares externos do tipo brise-soleil disponíveis
para comercialização.
• Apresentar e analisar os brises com exemplos empregados na
arquitetura da região central do estado do Rio Grande do Sul
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Arquitetura e Conforto Ambiental
A utilização inteligente do sol nas edificações já data de milhares de anos.
No período clássico, Vitruvio (1955), entendia a arquitetura como “firmitas, utilitas
y venustas” , do latim: solidez, utilidade e beleza. Nesses três conceitos, além das
noções de estrutura da edificação, materiais, componentes, funcionalidade e
efeitos plásticos, pode-se observar a preocupação com o clima e orientação das
habitações. O conforto ambiental já estava presente visto que as características
térmicas, luminosas e acústicas de um ambiente denotam a funcionalidade do
espaço e dos elementos construtivos utilizados. Ele próprio alega se, é verdade
que a diversidade das regiões dependem dos efeitos diferenciados do céu sobre
as pessoas daquele lugar, é claro que é uma escolha muito importante adequar os
edifícios à natureza e ao clima de cada região, e que tal tarefa não é difícil, posto
que a própria natureza nos ensina como devemos agir.
A arquitetura islâmica também pode ser citada como um exemplo de
preocupação em adequação das habitações com o clima local. No norte da África,
devido ao clima quente e seco – caracterizado por temperaturas altas durante o
dia e baixas à noite – as edificações são dotadas de pátios, paredes espessas,
com poucas aberturas e pintadas de branco. Do mesmo modo que as
aglomerações urbanas assemelham-se a um amontoado de construções com
circulações estreitas e muitas vezes sombreadas (Figura 1), expressando a
preocupação em reduzir a exposição das habitações aos raios solares durante o
dia, e da mesma forma, reduzir as perdas do calor acumulado, à noite.
(Bittencourt,1988).
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FIGURA 1 – Aglomeração urbana em Casbash, Argélia (Bittencourt, 1988)
O mesmo aspecto encontra-se em duas cidades da República do Iêmen.
Os edifícios possuem vários andares para eliminar a radiação solar sobre os
fechamentos horizontais e, também próximos entre si para evitar a insolação dos
planos verticais (Figura 2). Durante o dia as condições térmicas dos locais dos
pavimentos inferiores são sempre as melhores, mas à noite são praticamente
inabitáveis. Dessa forma, ocorre a prática do nomadismo no próprio edifício:
enquanto que durante o dia as pessoas utilizam o interior das edificações, à noite,
principalmente no verão, reservam-se lugar para dormir nos terraços, os quais são
protegidos por esteiras da radiação solar diurna. (Rivero, 1985).
FIGURA 2 – Edifícios e agrupamento urbano típico de clima quente seco: aberturas pequenas e fechamentos com grande inércia térmica (Rivero, 1985)
Outros exemplos encontrados na chamada arquitetura vernácula são as
produções culturais denominadas pueblos que se desenvolveram no Sudoeste
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dos Estados Unidos, a partir do século VI, numa região árida de extremos
climáticos: verão quente e seco e noites frias no inverno.
Segundo Romero (2000) os pueblos são formados por habitações
construídas com paredes grossas, dispostas em grupos de um modo cuidadoso,
compactas, de vários andares e com teto de plano horizontal.
O Pueblo Bonito (Figura 3) possui forma semicircular e escalonada, voltada
para o Sul, orientação que naquela latitude e hemisfério recebe o sol de inverno,
favorecendo a incidência de raios solares nas unidades habitacionais. No lado
Norte, há uma encosta que reduz a insolação no verão e os ventos de inverno
vindos dessa orientação. (Bittencourt, 1988).
FIGURA 3 - Pueblo Bonito (Romero, 2000)
O mesmo ocorre com o Pueblo de Mesa Verde (Figura 4), encontrado no
deserto do Colorado. Suas habitações também foram construídas nas encostas de
pedra, sendo protegidas pelos raios solares no verão quando a inclinação é mais
alta. Já no inverno, as unidades habitacionais eram aquecidas durante o dia pela
baixa inclinação do sol. O calor armazenado na rocha nesse período era devolvido
ao interior dos ambientes à noite, garantindo assim o conforto térmico. (Lamberts,
1997).
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FIGURA 4 – Pueblo de Mesa Verde (Lamberts, 1997)
O clima tropical úmido, típico da região do Amazonas, possui como
características a intensa radiação solar, a alta umidade e o grande índice de
precipitações. Deste modo as habitações possuem soluções diferentes das
encontradas nas regiões áridas de clima quente seco (Figura 5). Para atender ao
equilíbrio térmico entre homem e ambiente, as habitações são elevadas do chão,
sobre pilotis, para proteger-se das inundações e dos animais e favorecer a
ventilação. A cobertura possui inclinação adequada que permita escorrer
rapidamente as chuvas torrenciais, é opaca à radiação solar e com massa mínima
para evitar a acumulação de calor. (Romero, 2000).
FIGURA 5 – Habitação típica de clima quente úmido (Rivero, 1985)
No Nordeste, encontra-se na arquitetura portuguesa, uma adaptação ao
clima ensolarado da região. As casas dos senhores de engenho apresentaram
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varandas que desempenhavam excelente papel de espaço de transição entre o
interior e o exterior das edificações, funcionando como um ótimo protetor solar
(Figura 6). Além disso, eliminavam, quase que totalmente, a insolação das
paredes externas da habitação.
FIGURA 6 – Varandas nas casas dos senhores de engenho (Bittencourt, 1988).
Através desses exemplos pode-se perceber que um dos objetivos da
arquitetura é proporcionar o máximo de satisfação possível às exigências de
conforto térmico com base nos princípios de condicionamento natural. É
imprescindível a adequação da arquitetura ao clima local para que ocorra o
equilíbrio térmico entre homem e ambiente. Entretanto, este objetivo não pode ser
alcançado com a incorporação de materiais ou dispositivos sobre um projeto
terminado. As soluções para o condicionamento natural de uma edificação devem
estar presentes na idéia original, integradas à concepção desde o início do projeto.
Para que isto ocorra, se faz necessário o conhecimento das condições climáticas
onde será inserida a obra. Este estudo é tão importante quanto o programa de
necessidades do projeto. Deve-se conhecer as variáveis climáticas para que o
projetista possa explorar adequadamente a sua arquitetura com o intuito de
garantir o conforto dos usuários e a utilização racional da energia.
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3.2 Radiação Solar
A radiação solar tem um papel fundamental na definição do clima e é um
fator de grande importância na definição do projeto arquitetônico, pois influencia
diversas decisões, tais como orientação de fachadas e aberturas, tipos de
fechamentos transparentes e principalmente as proteções solares. Sendo assim,
se faz necessário seu estudo nesta pesquisa.
De acordo com Romero (2000), o sol chega com uma intensidade quase
invariável na camada externa da atmosfera, mas ao penetrar nela, incidindo sobre
os gases e moléculas que a compõem, os raios sofrem processos de absorção,
reflexão e difusão. Estes fenômenos modificam a quantidade de radiação direta
que atinge a Terra, transformando uma grande parcela em radiação difusa.
(Figura 7)
FIGURA 7- Fenômeno de absorção e reflexão da radiação solar na Terra (Romero, 2000).
Mascaró (1983) diz que a quantidade de radiação solar que penetra na
atmosfera pode ser menor se a abóbada celeste estiver nublada ou parcialmente
coberta por nuvens. Desse modo, a quantidade de energia refletida depende das
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características locais de nebulosidade. Nas grandes elevações, por exemplo, que
possuem uma massa de ar muito menor por cima delas, recebem com céu
descoberto uma quantidade de insolação consideravelmente maior que os locais
ao nível do mar.
Outro fator que influencia a quantidade de radiação solar que chega na
superfície terrestre é a lei do cosseno (Figura 8), a qual estabelece que a
intensidade de radiação incidente em uma superfície inclinada é igual à razão
entre a intensidade normal e o cosseno do ângulo de incidência, explica
Koenigsberger et al (1977). Isso explica as diferenças entre a intensidade do sol
matinal e aquele do meio-dia, pois nas primeiras horas do dia as radiações
incidem de forma inclinada sobre a superfície, enquanto ao meio-dia a direção das
radiações é perpendicular, ocasionando uma maior concentração energética por
área de superfície, (Bittencourt,1988).
β
β C
B
cos β = B / C Área C > Área B Intensidade C < Intensidade B Ic = IB x cos β
FIGURA 8 - Lei do Cosseno (Bittencourt, 1988)
A energia radiante emitida pelo sol se dá através de ondas
eletromagnéticas que ao serem absorvidas pelos corpos da Terra é transformada
em energia térmica ou calor. Essas ondas eletromagnéticas possuem diferentes
comprimentos de onda divididos em três regiões: a ultravioleta, a visível e a
infravermelha (Figura 9) (Romero, 2000).
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FIGURA 9 – Gráfico do espectro solar (www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia47.asp)
Segundo Mascaró (1991), uma pessoa ao ar livre está submetida a dois
tipos de radiação diferentes:
Radiação ultravioleta, visível e infravermelha de onda curta, chamada de
radiação solar (direta e difusa). Neste caso também se considera a radiação
refletida pelo solo e entorno;
Radiação infravermelha de onda longa, chamada de radiação térmica,
resultante da diferença de temperatura entre a superfície da pessoa e a dos
objetos que a rodeiam, tais como o solo aquecido e os edifícios.
3.2.1 Movimento aparente do Sol
As quantidades de incidência solar variam em função da época do ano e da
latitude. Para entender este fenômeno, deve-se examinar o movimento aparente
do Sol em relação a Terra.
O centro de gravidade da Terra gira em torno do sol formando um plano
elíptico (Figura 10). Essa trajetória é percorrida pelo planeta num plano inclinado
de 23° 27’ em relação ao plano do equador. E é denominado movimento de
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translação. É esta inclinação que define a posição dos trópicos, permitindo aos
dois hemisférios terrestres (norte e sul) receberem quantidades diferentes de
radiação solar ao longo do ano, caracterizando as estações. Além disso, o planeta
possui um movimento em torno do seu eixo polar, movimento de rotação,
responsável pelos dias e noites.
FIGURA 10 - Posições da Terra em relação ao Sol (Rivero, 1985).
Equinócio primavera
SOL
Equinócio outono
Solstício inverno
Solstício verão
Posição A – Solstício verão Posição B – Equinócios primavera e outono Posição C – Solstício inverno
A partir da latitude e longitude pode-se especificar a posição de um
determinado local sobre a Terra. A latitude sempre é referida à linha do Equador,
imaginando-se que cada ponto da superfície terrestre esteja contido num
semicírculo paralelo ao Equador. Mede-se a latitude de 0° a 90° e diz-se que ela é
Norte se estiver acima da linha do Equador, e Sul, se estiver abaixo. (Frota, 1995).
O controle exercido pela latitude sobre a insolação é muito importante, já
que determina a duração do dia e também a distância que os raios oblíquos do sol
tem que percorrer através da atmosfera.
Mascaró (1983, p.16) diz que “as temperaturas máximas da superfície da
terra não se registram no Equador, como seria de se esperar, mas nos trópicos e
nas regiões temperadas, pelo fato de que a passagem do sol sobre o Equador é
relativamente rápida, no entanto, sua velocidade diminui à medida que se
aproxima dos trópicos”.
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Entre as latitudes 6°N e 6°S, os raios solares permanecem quase verticais
por 30 dias. Enquanto que entre 17,5° e 23,5° de latitude, a permanência dos
raios solares verticais é de 88 dias consecutivos no período de solstício. É por
esse motivo juntamente com o fato de que nos trópicos os dias são mais longos
do que no Equador, é a causa das altas temperaturas e do grande
armazenamento de calor nessas regiões, bem como a disponibilidade de
iluminação natural. (Mascaró, 1983).
Já a longitude não possui a mesma importância que a latitude levando-se
em conta a influência sobre a incidência da radiação solar. Segundo Fitch (1972),
a longitude se refere muito mais à localização e não ao clima.
Conforme Romero (2000), com o objetivo de determinar a direção da
radiação é necessário localizar a posição do sol por meio de dois ângulos: azimute
solar e altura solar, conforme a Figura 11.
O azimute solar é a medida angular tomada a partir da orientação norte do
observador. Já a altura solar é o ângulo da posição do sol com relação à linha do
horizonte, e se relaciona com a hora do dia. O sol, ao nascer, possui altura igual a
zero, e aumenta esse valor gradativamente até atingir um máximo ao meio-dia.
Após esse horário, o valor da altura solar passa a decrescer até igualar-se a zero
novamente no pôr-do-sol.
FIGURA 11 - Azimute e Altura solar (Bittencourt, 1988)
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A radiação solar pode ser dividida em direta e difusa. A parcela que atinge
diretamente o planeta é chamada de radiação direta e sua intensidade depende
da altura do sol sobre o horizonte e do ângulo de incidência dos raios solares –
azimute - em relação à superfície receptora (Rivero, 1985).
3.2.2 Luz e calor
A busca incessante pela brancura da luz e o uso excessivo do vidro
começaram a partir do século XVIII com o pensamento racionalista. À medida que
a afirmação do poder do pensamento, da razão e a sistematização da ciência iam
se expandindo, os métodos dos projetos de arquitetura ficavam mais racionais. De
acordo com Guadanhim (2002), esse processo de racionalização já havia sido
exibido no Neoclassicismo, entretanto foi no Renascimento que se consolidou.
Como conseqüência, observa-se na arquitetura a valorização dos aspectos
técnicos da construção.
Em fins do século XIX começam as reflexões sobre a luz universal que
refletiriam um inconsciente coletivo. As pessoas desejavam a transparência, a
claridade e a luz como um desejo de resolverem o impasse criado pela Revolução
Industrial, com a criação de guetos operários, onde não se tinha condição mínima
de habitabilidade (Atem, 2003). A luz era considerada valor simbólico que
pretendia livrar o mundo da escravidão do passado e procurar uma nova
expressão arquitetônica que pudesse representar o espírito da época.
No início do século XX as idéias de universalismo começam a surgir.
Ocorre o rompimento com a janela possibilitando uma luminosidade nunca antes
percebida. Essa mudança radical aconteceu porque antigos processos de
construção foram substituídos. Surgia a ossatura independente, o esqueleto -
paredes e estruturas estavam desconectadas. A pele do edifício apareceu,
chegando ao extremo de se tornar totalmente transparente.
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A luz invadira todo o espaço uniformemente, eliminando a distinção entre
exterior e interior. O edifício não era mais massa, perdendo sua capacidade de
inércia térmica, de filtrar e evitar o ofuscamento luminoso, fazendo com que a luz e
o calor, nem sempre desejados, entrassem por todos os cantos dos ambientes.
De acordo com Atem (2003), o uso da luz natural na arquitetura moderna
possui aspectos positivos como o surgimento de uma nova postura para a
iluminação do espaço interno e sua integração com o exterior e o aumento da
luminosidade dos edifícios. Em contrapartida, aspectos negativos surgiram como a
monotonia luminosa e o ofuscamento dos espaços internos, a tendência de dar às
fachadas o mesmo tratamento, desconsiderando a orientação solar o que acarreta
na elevação da carga térmica dos edifícios. Por fim, houve a pretensão de
universalidade do modelo de utilização da luz natural.
Esse pensamento universalista se espalha por todos os lados, chegando a
sítios com situação climáticas e luminosas inadequadas para o uso excessivo da
transparência. Nos países quentes, uma imensidão de luz invadia os ambientes
gerando desconforto, em relação à luz e principalmente em relação ao calor.
Sendo assim, houve a necessidade de introduzir elementos que
sombreassem as aberturas exageradas. Mas tais dispositivos deveriam estar de
acordo com os princípios modernos de modulação, padronização, industrialização
e principalmente que fizessem parte da composição abstrata e funcional moderna.
É nesse contexto e com o objetivo de barrar os raios solares, que surge o brise-
soleil. Elemento que além de sua função na melhoria do conforto ambiental,
influencia plasticamente no resultado final da edificação.
3.3 Fechamentos Opacos
A radiação solar é a principal fonte de energia, sendo dessa forma o
principal fator de ganho térmico de uma edificação. Portanto, se faz necessário o
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estudo de como a incidência de raios solares é transmitida através da envolvente
do edifício. Segundo Lamberts (1997), as trocas de energia entre o meio exterior e
interior ocorre através de dois tipos de envelopes construtivos: fechamentos
opacos e os fechamentos transparentes.
Na busca por soluções frente aos problemas causados pela radiação solar,
projetistas atuam com recursos da composição arquitetônica e através de
conhecimento sobre as características dos fechamentos opacos.
Assim, a orientação do edifício é uma determinante de grande influência
nas primeiras etapas de concepção do partido arquitetônico, segundo Rivero
(1985). Esse fator permite selecionar os planos termicamente mais adequados
para a função do espaço, sendo que a quantidade de radiação solar incidente nas
fachadas varia segundo a orientação e a época do ano. Sendo assim, o mesmo
volume de espaço interior pode ter diversas formas acarretando em diferentes
comportamentos térmicos e visuais.
Outra questão da forma arquitetônica relaciona-se com a altura dos
edifícios. As construções térreas recebem maior carga térmica por meio da
cobertura. Já os sobrados, edificações com 2 pavimentos, os ganhos térmicos
são equivalentes entre a cobertura e os fechamentos verticais, enquanto que os
prédios mais altos, a radiação solar terá maior influência sobre os planos verticais
do que sobre os horizontais.
De acordo com Rivero (1985), estão também participando desse grupo os
dispositivos e elementos arquitetônicos, fixos e móveis, que possuem como
objetivo principal controlar a radiação solar, de maneira a impedir sua incidência
no verão e aproveitá-la na estação de inverno. Esses dispositivos serão tratados
mais tarde.
A vegetação tem a capacidade de complementar os demais recursos
utilizados para alcançar uma solução frente aos problemas da radiação solar.
Conforme Romero (2000), este recurso tende a estabilizar os efeitos do clima
sobre seus arredores imediatos, reduzindo consideravelmente os extremos
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ambientais, pois a vegetação auxilia na diminuição da temperatura do ar, absorve
energia e favorece a renovação do ar.
3.3.1 Comportamento dos fechamentos opacos frente à radiação solar
De acordo com Romero (2000), a radiação solar pode ser absorvida e
refletida pelas superfícies opacas sobre as quais incide. A parcela da radiação
que é absorvida pode ser dissipada para o exterior ou para o interior segundo
mecanismos de transmissão de calor.
Gonzalez (1986) afirma que a radiação solar afeta, em primeiro lugar, a
superfície exterior dos materiais. O tratamento dessa superfície e a seleção dos
materiais de revestimento, influenciam no comportamento térmico do edifício e
podem ajudar a reduzir sua carga térmica.
Os materiais opacos se comportam de maneiras diferentes frente à
incidência de raios solares, de acordo com seus coeficientes de absorção (α) e
reflexão (ρ), que são características das superfícies dos materiais. Assim, uma
parede de tijolos à vista com alto poder de absorção e baixa reflexão tem seu
comportamento totalmente alterado quando pintada de branco. (Rivero, 1985).
Conforme Lamberts (1997), os coeficientes de absorção e reflexão
caracterizam a primeira fase das trocas térmicas entre o material opaco e o meio
exterior, em virtude da radiação solar incidente nesse fechamento.
A aplicação da cor sobre as superfícies externas do prédio, age como um
filtro das radiações solares, influenciando, de acordo com seu índice de reflexão e
absorção, as condições térmicas no interior da edificação (Rosado & Pizzutti,
1997). A Tabela 1 apresenta valores de α para algumas colorações.
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TABELA 01 – Valores de Coeficiente de Absorção específico de pintura.
Cor Coeficiente de Absorção para radiação solar
(onda curta) (α) Branco 0,2 – 0,3 Amarela, laranja, vermelho-claro 0,3 – 0,5 Vermelho-escuro, verde-claro, azul-claro 0,5 – 0,7 Marrom-claro, verde-escuro, azul-escuro 0,7 – 0,9 Marrom-escuro, preto 0,9 – 1,0 FONTE: Frota, 1995
Deste modo, pode-se concluir que, com relação à radiação solar (onda
curta) o coeficiente de absorção será baixo para materiais claros e alto para os
materiais escuros.
Após os raios solares terem incidido no fechamento opaco, ocorre um
aumento da temperatura da superfície externa do mesmo. Sendo assim, pela
diferença de temperatura dessa superfície com relação à superfície interna,
ocorrerá uma troca de calor entre as duas. Essa situação simboliza a segunda
fase do processo, caracterizada pela condução, que de acordo com Frota (1995),
é a troca de calor entre dois corpos que estão em contato entre si e suas
temperaturas são diferentes.
A intensidade do fluxo térmico envolvido nesse processo depende de duas
variáveis: a condutibilidade térmica do material (λ) e a espessura do fechamento
(e) em análise.
Segundo Frota (1995) a condutibilidade térmica é uma propriedade que
depende da densidade do material, e expressa a capacidade de conduzir maior ou
menor quantidade de calor por unidade de tempo. Dessa maneira, pode-se
concluir que quanto maior o valor de λ, maior será a quantidade de calor
transferida entre as superfícies.
Outra variável importante nesse processo é a espessura do fechamento (e).
Sabendo-se a espessura de um fechamento, tem-se a possibilidade de calcular o
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valor da resistência térmica (R) – propriedade do fechamento, e não do material,
em resistir à passagem de calor.
R – Resistência térmica e – espessura do fechamento λ – condutibilidade térmica do material
R = e / λ (m² °C / W)
Empregar materiais com condutibilidades baixas pode ser um dos
mecanismos utilizados para reduzir as trocas de calor de um fechamento opaco,
bem como construir fechamentos compostos, com a existência de uma câmara de
ar, pois dentro dessas câmaras, as trocas térmicas passam a ser por convecção e
radiação, em vez da condução.
Nas trocas por radiação, que ocorrem também nas superfícies do
fechamento, a propriedade do material envolvida é a emissividade (ε), que
segundo Rivero (1985), determina a quantidade de energia térmica que o mesmo
estará emitindo ao meio que circunda por unidade de tempo. A radiação emitida
pelos materiais é de onda longa, já que são corpos com baixa temperatura, sendo
chamada de radiação térmica.
Segundo Lamberts (1997) a emissividade é uma característica da superfície
do material emissor. Assim, tendo-se uma chapa metálica com emissividade de
0,20 e pintando-a com uma camada não muito fina (duas a três demãos) de tinta
não-metálica de qualquer tipo, a emissividade da chapa será modificada,
elevando-a para 0,90.
Nas câmaras de ar encontra-se também a troca térmica por convecção,
sendo portanto trocas de calor entre dois corpos, um sólido e um fluido, nesse
caso o ar.
Frota (1995) nos diz que, quando se trata de superfícies verticais, as trocas
por convecção são ativadas pela velocidade do ar. Já no caso de superfície
horizontal, é o sentido do fluxo que desempenha papel importante. Se o fluxo é
ascendente, há coincidência entre o natural deslocamento ascendente das
22
massas com o sentido do fluxo. Entretanto, no fluxo descendente, o ar, aquecido
pelo contato com a superfície, encontra nela uma barreira, o que dificulta a
convecção.
3.3.2 Trocas de calor através de fechamentos opacos
A energia solar incidente sobre um fechamento opaco possui uma parte
refletida e a restante absorvida pelos materiais que compõem o fechamento,
conforme foi visualizado na Figura 09
A transmissão do calor absorvido através de um fechamento depende das
características térmicas desse material, vistas anteriormente. Dessa forma, a
combinação desses fatores influenciará os cálculos de transmissão térmica que
possuem duas variáveis principais:
• Transmitância térmica (U)
• Fluxo total de calor (q)
A transmitância térmica avalia o comportamento de um fechamento opaco
frente à transmissão de calor, ou seja, pode-se avaliar se um anteparo transmite
mais ou menos calor que outro, e pode ser calculada através da seguinte
equação:
U – transmitância térmica (W/m² °C) Rt – resistência total U = 1 / Rt
Os fechamentos compostos possuem várias camadas com materiais
diferentes e a resistência total é a soma das resistências de cada uma das
camadas.
Na Tabela 2, têm-se os valores de transmitância térmica para alguns tipos
de fechamento opacos.
23
TABELA 2 – Transmitância térmica para algumas soluções construtivas.
Parede U (W/m² °C) Tijolo 6 furos – espessura = 12,5cm 2,39 Tijolo 6 furos – espessura = 17cm (deitado) 2,08 Tijolo 8 furos rebocado – espessura = 12,5cm 2,49 Tijolo 4 furos rebocado – espessura = 12,5cm 2,59 Tijolo maciço aparente – espessura = 9cm 4,04 Tijolo maciço rebocado – espessura = 12cm 3,57 Tijolo maciço rebocado – espessura = 26cm 2,45
FONTE: Ghisi, 1994
Sabendo o valor da transmitância térmica do fechamento opaco o fluxo de
calor que o atravessa é equacionada por:
q = U (te – ti)
q – fluxo total de calor (W/m²) U– transmitância térmica (W/ m²°C) te – temperatura do ar externo (°C) ti – temperatura do ar interno (°C)
Quando temos incidência da radiação solar sobre o fechamento, o fluxo de
calor é incrementado, pois nesse caso, há um acréscimo na temperatura externa,
resultando a temperatura sol-ar no cálculo do fluxo de calor, onde:
tsol-ar = α Ig Rse + te
Então o fluxo de calor pode ser equacionado pela fórmula abaixo e
representado como mostra a Figura 12: q – fluxo total de calor (W/m²) U – transmitância térmica (W/ m²°C) te – temperatura do ar externo (°C) ti – temperatura do ar interno (°C) Res – resistência superficial externa (m² °C / W) α – coeficiente de absorção da superfície Ig – radiação solar (W/m²)
q = U (α Ig Rse + te – ti)
24
α Rse
ti
teRadiação Solar ( I )
Fluxo da radiação solar absorvida e dissipada para o exterior
Radiação solar refletida
Fluxo da radiação solar absorvida e dissipada para o interior
FIGURA 12 – Trocas de calor através de fechamentos opacos (Frota, 1995).
A intensidade da radiação solar (Ig), é obtida através da orientação e
inclinação do fechamento, da latitude e longitude do local da edificação, do dia do
ano e da hora do dia, e considerando-se diferentes tipos de céu: claro, semi-
encoberto e encoberto. O valor de ganhos térmicos através dos fechamentos
opacos será utilizado no cálculo da carga térmica do ambiente somado a outros
valores obtidos pelas trocas de calor através dos fechamentos transparentes e
translúcidos, da ventilação e ganhos térmicos internos.
3.4 Fechamentos Transparentes
A radiação solar é uma das condições externas que possui duas faces:
pode ser benéfica, quando bem aproveitada, como também ser indesejável em
determinadas condições. (Labaki & Caram, 1995). Considerando o conforto
ambiental, a incidência dos raios solares no envoltório da edificação tem relação
com o conforto térmico e luminoso, sendo a janela, através de seu fechamento
25
transparente ou translúcido – os vidros – a ligação que permite o fácil ingresso da
radiação solar no ambiente interno.
3.4.1 A janela
Permitir a iluminação natural do espaço interno, renovar o ar e estabelecer
uma conexão entre o exterior e o interior até chegar a criar a ilusão de um único
espaço. Essas são algumas funções das janelas, além de atuar como um
elemento de sintaxe arquitetônica muito apreciado pelos arquitetos.
De acordo com a citação de Ciro Porondi :
A janela, por sua vez, constitui um dos elementos de borde na arquitetura. Além de uma abertura na parede para a entrada de ar e luz, a janela é um elo sutil que, a uma só vez, significa fronteira e continuidade. Aquilo que possui dois lados indivisíveis, o que não é dentro nem fora. Ao contrário da porta, a janela é uma passagem não física, mas de olhar, da imaginação. (Revista Projeto, nº 125, 1989).
Para Maragno (2000) a janela esteve presente entre as preocupações
compositivas referentes à forma, função e proporção e teve participação nas
transformações da arquitetura ao longo da história. Seu estudo pode admitir três
focos: aspectos funcionais que relacionam as necessidades, aspectos técnico-
construtivos, relacionando as possibilidades e os aspectos formais que se referem
aos significados.
As aberturas, na arquitetura da mesopotâmia, de clima quente e seco, eram
de dimensões reduzidas em paredes muito espessas para obter o máximo
possível de inércia térmica. Com clima mais ameno, a Grécia continha habitações
que eram abertas para o Sol, numa busca física e simbólica. Por isso, suas
aberturas eram condicionadas a orientarem-se para o sul.
26
Conforme Dutra (1994), na catedral gótica, os vitrais coloridos tomam conta
das janelas, assim, as cenas bíblicas observadas contra a luz afiguram-se como
um símbolo de divindade
De acordo com Barnabé (2000), mesmo antes que a Revolução Industrial
criasse condições para mudanças profundas nas técnicas construtivas, o
neoclassicismo propõe um culto à claridade e à racionalidade através de grandes
superfícies de vidro, elementos inspiradores da cultura “iluminista”.
Entretanto, foi na Revolução Industrial que surgiram novos materiais, tais
como o concreto armado e o aço, fazendo surgir uma nova arquitetura, de
edifícios com grandes vãos e aberturas que podiam superar dimensionalmente os
fechamentos opacos. (Lamberts, 1997).
O vidro passou a abranger superfícies cada vez maiores nas edificações
devido à redução dimensional dos elementos portantes e sua separação dos
elementos de vedação. Essa exacerbada utilização proporcionava transparência e
integração visual dos espaços internos e externos, mas também ocasionava
perdas de qualidades em relação ao conforto térmico e visual, antes oferecidas
pelas paredes maciças com inércia térmica e a proteção solar. As técnicas
naturais e estruturais de conforto ambiental estavam sendo esquecidas e
substituídas por outras, mais artificiais, como a climatização e a luz artificial.
Houve a multiplicação das janelas nas fachadas dos edifícios, as quais
muitas vezes fundiam-se em uma só. Le Corbusier defende a janela em fita:
(Figura 13).
A janela é um dos elementos essenciais da casa. O progresso traz uma libertação. O concreto armado revoluciona a história da janela (...) a janela é o ‘elemento mecânico-tipo’ da casa; para todos os nossos alojamentos unifamiliares, as nossas casas, nossas casas operárias, nossos edifícios de aluguel...As fachadas são apenas frágeis membranas de paredes isoladas ou de janelas. A fachada
27
está livre; as janelas sem se interromperem, podem correr de um lado ao outro da fachada.1
FIGURA 13 – Residência projetada por Le Corbusier
Mies van der Rohe também contribuiu para a disseminação do vidro na
arquitetura. Suas janelas não eram limitadas apenas por um quadro, o fechamento
superior e inferior eram o seu limite. (Maragno, 2000). A janela passou a constituir
um plano total sem nenhuma barreira, proporcionando a integração visual entre o
exterior e interior. O limite entre o ambientes era apenas uma película translúcida
que confundia o usuário entre o que pertencia a ele e o que era parte da natureza
do entorno (Figura 14).
FIGURA 14 – Obra de Mies van der Rohe
1 Le Corbusier e P. Jeanneret, apud: BENÉVOLO, Leonardo. História da Arquitetura Moderna. São Paulo, Perspectiva,1989.
28
No entanto, essa forma de projetar se disseminou, principalmente em
virtude das facilidades tecnológicas que foram sendo incorporadas à arquitetura
ao longo do século. Numerosos edifícios com suas fachadas cortinas, dominadas
pelo vidro foram se alastrando por países com clima tropical e temperado, num
total descontrole e despreocupação com a interferência dos agentes térmicos,
principalmente a ação da radiação solar.
Com o objetivo de manter o conforto térmico necessário, apostou-se no
condicionamento artificial, pois o conforto climático não era mais competência dos
estudos arquitetônicos, mas sim um problema deixado a cargo das artes
mecânicas de manejo do entorno. (Peixoto, 1994). E assim, o vidro conquistou
uma preferência universal (Maragno, 2000), ao permitir a fluidez entre o exterior e
o interior, de modo que as vantagens térmicas oferecidas pelos fechamentos
opacos perderam a vez. A arquitetura se transformou em ícone, perdeu o senso
de adequação climática, passando a representar apenas o que se referia a
moderno e, mais tarde, ao contemporâneo.
3.4.2 Comportamento dos fechamentos transparentes frente à radiação solar
De acordo com Dutra (1994), as janelas possuem outras funções além da
plástica, tais como:
• Ambientais – controle do fluxo de calor, fluxo de ar, penetração da chuva,
radiação térmica, transmissão de som e luz.
• Segurança – possui bom desempenho estrutural e contra roubos, controle
da propagação do fogo, evita a entrada de insetos, permite fuga no caso de
incêndio ou assalto.
• Psicológicas – comunicação física e visual com o exterior.
29
Entretanto, considerando a função ambiental como principal assunto, pode-
dizer que os fechamentos transparentes de uma arquitetura, geralmente as
janelas, são responsáveis pelas principais trocas térmicas de uma edificação.
Conforme Rivero (1985), os fechamentos transparentes podem ser
considerados como um ponto fraco da envolvente do edifício por apresentarem
alguns inconvenientes: elevada transmissão térmica (grandes trocas térmicas
ocorrem nesses fechamentos), deficiências acústicas (deixam passar facilmente
os ruídos) e custo, pois são mais caros que os fechamentos opacos. A elevada
transmissão térmica acontece porque os vidros possuem, geralmente, alta
transmitância térmica (U), ou seja são bons condutores de calor e permitem a
transmissão direta da luz solar.
A radiação solar incidente num fechamento transparente pode ser
absorvida, refletida ou transmitida para o interior, dependendo dos coeficientes de
absorção (α), reflexão (ρ) e transmissão (τ) do vidro, (Lamberts, 1997).
Conforme Santos (2002), em climas quentes os elementos transparentes
tem como principal objetivo a redução da transmissão da radiação solar e do
ofuscamento interior, e, em períodos frios, a diminuição das perdas do calor
interior.
Givoni (1976), diz que o efeito térmico das superfícies envidraçadas
depende principalmente das propriedades espectrais dos vidros; a radiação solar
de onda curta penetra através desses fechamentos e é absorvida nas superfícies
internas provocando uma elevação da sua temperatura e a conseqüente emissão
de radiação térmica (onda longa – até 10.000nm) para a qual o vidro é opaco.
Dessa forma, pode-se dizer que a radiação solar que entrou facilmente no local,
encontrou dificuldades para sair. Esse fenômeno chama-se efeito estufa que
origina uma pronunciada elevação da temperatura dentro dos ambientes.
Com o objetivo de controlar a radiação solar de forma racional, admitindo
quantidades corretas da luz natural e do calor solar, projetistas contam com os
30
mais variados tipos de elementos transparentes ou translúcidos que podem ser
classificados conforme Santos (2002):
• Vidros
• Películas para controle solar
• Policarbonatos
• Acrílicos
Existem no mercado atualmente, os mais variados tipos de vidros, com
capacidades distintas em absorver, refletir ou transmitir os diferentes
comprimentos de onda da radiação solar. Isto depende das características ópticas
do material, que variam com o ângulo de incidência e com o comprimento de onda
da radiação.
Para especificar uma superfície transparente o projetista deve relacionar as
características óticas do produto e o desempenho esperado da abertura para as
suas diversas funções. As principais características das superfícies tranparentes
são:
• Coeficiente de Sombreamento – Cs ou Fator de Sombra – Fs
Segundo Santos (2002), o coeficiente de sombreamento serve para
comparar o efetivo controle solar obtido por diferentes sistemas de aberturas ou
combinações dessas com proteções solares internas e externas. Pode ser definido
como a relação entre o ganho total da radiação solar de uma abertura externa e
proteção solar qualquer, sob determinado conjunto de condições ambientais e de
incidência da radiação solar, e uma abertura de referência, composta por vidro
simples incolor (3mm), sob as mesmas condições.
A Tabela 3 apresenta valores de Fatores de sombra para algumas
proteções solares.
31
TABELA 3 - Fatores de Sombra para diferentes elementos de proteção.
Elementos de proteção Fs ou Cs
Persiana de cor clara 0,60 Persiana de cor escura 0,80 Persiana inclinada a 45° 0,64 Persiana fechada 0,54 Cortina de tecido de trama aberta cor clara 0,30 cor escura 0,50 Cortina de tecido de trama fechada cor clara 0,70 cor escura 0,85 Persiana madeira vertical 0,08 Persiana metálica vertical 0,10 Persiana de enrolar, fechada, deixando 5% de abertura cor clara 0,80 cor escura 0,90 Toldo 45° translúcido * 0,36 Toldo 45° opaco * 0,20 Toldo cor clara 0,60 cor escura 0,80 Brises horizontais cor clara 0,50 cor escura 0,60 Brises verticais cor clara 0,40 cor escura 0,50
FONTE: Adaptado: Mascaró, 1991, Frota, 1995 e Lamberts, 1997. * toda a abertura está sombreada
• Fator Solar (Fs)
Essa variável pode ser entendida como “a razão entre a quantidade de
energia solar que atravessa a janela pelo que nela incide”. (Lamberts, 1997). Este
valor varia conforme o ângulo da incidência da radiação solar e é característico de
cada tipo de abertura. Quando se diz que o Fs é de 0,85, como no caso do vidro
simples, significa que 85% da radiação solar incidente sobre a janela penetra no
interior do ambiente em forma de calor. O fator solar pode ser calculado por:
32
Fs = (α . U . Rse) + τ
Projetar aberturas com fatores solares baixos significa controlar a entrada
de calor para o interior da edificação. Entretanto, deve-se cuidar para que a
iluminação natural não seja reduzida proporcionalmente para evitar o uso de
dispositivos artificiais que estabeleçam o conforto luminoso.
Na Tabelas 4 são apresentados fatores solares para alguns tipos de
superfícies transparentes:
TABELA 4 - Fator Solar para alguns tipos de superfícies transparentes.
τ – coeficiente de transmissão U – transmitância térmica (W/ m²°C) Rse – resistência superficial externa (m² °C/W) α – coeficiente de absorção
Superfícies transparentes Fator solar Fs
Vidros Transparente simples 0,87 Transparente duplo 0,75 Cinza (fumê) 0,72 Verde 0,72 Películas Reflexiva 0,25 – 0,50 Absorvente 0,40 – 0,50 Policarbonato Claro 0,85 Cinza ou bronze 0,65 Tijolo de Vidro 0,56
FONTE: Adaptado Lamberts, 1997
• Transmitância da luz visível (Tv)
Utiliza-se esse fator com o objetivo de relacionar a quantidade de radiação
na região do espectro visível que é transmitida através do elemento transparente
com o fluxo total de luz visível incidente. É levado em consideração o percentual
de luz visível que entra, desconsiderando os percentuais dos diversos
comprimentos de onda que compõem o espectro visível e as suas sensações
luminosas (Santos, 2002).
33
3.4.3 Trocas de calor através de fechamentos transparentes
Antes de discutir as questões sobre os protetores solares externos,
especialmente os brises-soleil, será estudado as trocas de calor nos elementos
transparentes com o objetivo de averiguar os problemas térmicos que ocorrem
nestes fechamentos.
Conforme Frota (1995), uma parede transparente exposta à incidência de
radiação solar e sujeita a uma determinada diferença de temperatura entre os
ambientes que separa, possui como exemplo de mecanismo de trocas térmicas a
Figura 15.
Em virtude de que nos fechamentos transparentes tem-se a parcela
transmitida diretamente para o interior (τ), a intensidade do fluxo térmico (q) que
atravessa esse tipo de fechamento, deve incorporar a parcela que penetra por
transparência (τ Ig). Desse modo tem-se:
q – fluxo total de calor (W/m²) U – transmitância térmica (W/ m²°C) α – coeficiente de absorção τ – coeficiente de transmissão Ig – radiação solar (W/m²)
q =(α . U . Rse + τ) Ig + Δt . U
Parcela absorvida αIg dissipada para o interior
Parcela absorvida αIg dissipada para o exterior
α Ig α Ig
Radiação solar refletida
Parcela que penetra por transparência
ρ Ig τ I
Ig
Radiação solar
FIGURA 15 – Trocas térmicas através de fechamentos transparentes (Frota, 1995)
34
A parcela U.Δt refere-se às trocas de calor por diferença de temperatura e
representa ganho quando te > ti e perda quando ti > te. Já a parcela (α . U . Rse) + τ refere-se ao fator solar.
Toda a análise precedente permite chegar à conclusão da problemática dos
elementos transparentes, não constituindo uma solução apropriada, em
determinadas situações, frente aos agentes térmicos do clima. Um dos papéis do
arquiteto é saber controlar as superfícies envidraçadas de modo a atender suas
funções de comunicação visual, iluminação e conforto térmico, tanto para a
estação de inverno quanto para a do verão.
3.5 Dispositivos de proteção solar
Havendo necessidade de utilizar elementos de proteção solar, deve-se
levar em conta primeiramente às condições climáticas da região. Através da
análise do local, pode-se obter os dados fundamentais para estabelecer a
quantidade e a qualidade de radiação solar mais adequada à atividade que será
exercida no interior da edificação. Segundo Peixoto (1994), as fachadas orientam-
se em virtude do clima, ou na direção do sol forte e duradouro, ou na direção do
sol fraco e rápido, de acordo com sua necessidade.
Conforme Gonzalez (1986), para proteger os fechamentos transparentes da
radiação solar direta, existem diferentes formas, sendo algumas delas as
seguintes:
• orientar a edificação adequadamente, de modo que as aberturas não
recebam a incidência solar direta;
35
• estudar o entorno onde se implantará a edificação para que possa estar
protegida por elementos já existentes: outros edifícios, vegetação, etc. Isto
é válido para prédios baixos;
• inserir dispositivos que protejam a entrada dos raios solares.
Mascaró (1991) diz que a eficiência de uma proteção solar na janela
depende do seu desenho geométrico e da refletância do material que o constitui. A
geometria determina a altura do sol sobre o horizonte cuja radiação deve ser
barrada pelo fator de sombra.
Poler (1968) que também efetuou uma série de ensaios nos laboratórios da
Ford Foundation com o objetivo de comparar a efetividade de distintas proteções
solares, conclui dizendo que “a situação mais lógica para colocar elementos de
proteção solar deve ser a parte externa da edificação. Desta maneira o calor
absorvido por estes elementos é emitido para a atmosfera e não ao interior do
espaço”. ( Poler apud Gonzalez,1986, p.143).
De acordo com Danz (1989), um tipo de proteção solar referente ao entorno
é a vegetação, uma forma natural e relativamente fácil de proteção para
edificações baixas. Pode se fazer uso dela para sombrear e barrar a radiação
solar em determinadas horas do dia, de maneira a diminuir a temperatura do ar
próximo à edificação.
Com relação aos dispositivos externos que protegem as aberturas, uma
tipologia conhecida é o beiral, que oferece possibilidades de proteção não apenas
a uma ou outra janela, mas a pisos inteiros. Possuem a grande vantagem de não
ocultar as visuais externas e permitem a incidência solar desejável. Sua utilização
é justificada em fachadas Norte, onde o sol percorre horizontalmente a fachada
durante todo o dia.
Composta por elementos que se unem para formar uma segunda parede,
anteposta à fachada de vidro, existem os cobogós, que funcionam como um
36
excelente filtro do excesso de luz natural sem impedir a ventilação e a visibilidade
do exterior. Geralmente, são constituídos em formas ortogonais, podendo admitir
também outras tipologias, tais como: hexágonos, losangos, círculos, etc.
Uma outra alternativa para proteção externa é a utilização do toldo. É um
elemento que não faz parte da construção em si e necessita de poucas exigências
estruturais para a sua instalação (Figura 16). Constituído de material flexível e
opaco, a eficiência de sombreamento depende do fator de transmissão do material
opaco que o constitui, em relação à luz solar direta e difusa. Permitem que seja
recolhido quando não se faz necessário, fato que o torna bastante prático.
FIGURA 16 – Exemplo de edificação com toldo
O light shelf é um tipo específico de proteção solar que tem como
objetivo garantir a redução de incidência da radiação do sol sem interferir na luz
natural. É um elemento que divide a abertura em duas porções horizontais, sendo
a superior destinada à iluminação e a inferior à visão e ventilação (Figura 17).
Através desse sistema, a radiação solar é interceptada e a luz é redirecionada
para o forro, dessa forma, o ganho de calor é reduzido e a luz natural é distribuída
uniformemente no interior do ambiente, (Lamberts,1997). Pode ser feita de vários
materiais, entretanto, a superfície superior deve ser constituída de material
reflexivo, como espelho, alumínio ou outro material de alto polimento. Seu
tamanho depende do ângulo solar.
37
FIGURA 17 – Esquema do light shelf
A proteção solar pode ser feita também através de soluções internas, sendo
composto pelo grande grupo de cortinas, dos mais variados tipos. Podem mover-
se horizontal ou verticalmente, ou mesmo girar, desde persianas graduáveis até
painéis deslizantes. Seu desempenho é significativo em relação à luz, mas não ao
calor, já que o material da cortina absorve a radiação solar e irradia para o interior,
aquecendo assim o ambiente. De fácil instalação, manutenção e funcionamento,
se combinadas a protetores externos, podem aumentar significativamente seu
rendimento.
Por fim, a redução da ação direta do sol pode ser feita com o brise-soleil,
um anteparo composto por uma série de peças, colocado em fachadas. Suas
peças podem ser móveis ou fixas, dispostas na horizontal ou vertical (Figura 18).
Além de seu aspecto funcional, possui ainda efeito decorativo, comportando-se
como elemento de expressão plástica em muitas edificações.
(B) (A)
FIGURA 18 – Exemplo de brise-soleil vertical (A) e horizontal (B)
38
3.6 Le Corbusier e o brise-soleil
Durante toda a década de vinte, o arquiteto Le Corbusier assumiu a
transparência do muro, ou seja, utilizava em seus projetos grandes aberturas de
vidro. Entretanto, a utilização limitava-se a ambientes de trabalho de artistas ou
admiradores das artes. As janelas, nessas obras, eram voltadas para o Norte,
orientação com mínima insolação no continente europeu e com iluminação mais
adequada à função do ambiente. (Maragno, 2000).
De acordo com Peixoto (1994), no final da década de vinte, essa postura de
Corbusier já havia mudado, fato observado na construção da Ville Savoye, do
Pavilhão Suíço e do Exército da Salvação. As fachadas envidraçadas agora
estavam voltadas para o Sul – equivalente a nossa orientação Norte –
ocasionando sérios problemas térmicos, de isolamento acústico e visual nessas
edificações.
O Exército da Salvação, projetado em 1929, é um bom exemplo desses
problemas. A proposta original era de um edifício hermeticamente fechado por um
envoltório de vidro abrangendo uma área de mil metros quadrados com
condicionamento artificial de ar em seu interior. Este ar seria aquecido ou resfriado
mecanicamente, conforme a necessidade. O sistema apresentou deficiências
ambientais no interior do prédio, observadas principalmente na época do verão.
(Boesigner & Girsberger,1994).
Le Corbusier sofreu inúmeras críticas, e relutou por mais de um ano em
rever seu projeto, até que as autoridades de Paris obrigassem a instalação de
esquadrias móveis. Havia sido comprovado que o sistema não tinha sido capaz de
atender aos requisitos térmicos e nem aos econômicos. Anos mais tarde, o edifício
do Exército da Salvação recebeu a instalação dos brises (Figura 19).
A partir de 1930, Le Corbusier passou a perceber os grandes problemas
ambientais causados pela abolição das paredes portantes. Com isso, teve que
encontrar soluções alternativas para recuperar esses fechamentos, como
39
engrossar as membranas de vidro com protetores externos. (Maragno, 2000).
Dessa forma surgiu o brise-soleil, como uma resposta às limitações e dificuldades
causadas pelo uso da tecnologia e uma maior preocupação com o conforto
ambiental.
(A) (B)
FIGURA 19 – Fachada sul do exército da Salvação (A) envidraçada na época da inauguração; (B) com a inserção de brise-soleil (Curtis, 1999).
A partir disso, o arquiteto projetou, em Argel na África, um edifício onde
inseriu seus primeiros estudos a cerca dos brise-soleils, o qual, acabou não
sendo construído. Uma grelha externa formada por lâminas horizontais e verticais
podia evitar os excessivos ganhos de calor advindos do vidro, sem prejudicar a
visibilidade ou o ingresso da luz natural.
A invenção do arquiteto, o brise-soleil, é fruto do reconhecimento do sol
como um dado fundamental do projeto e demonstração do potencial de renovação
ainda existente nas soluções estruturais.
A arquitetura de Le Corbusier passou a ter a presença constante dos brises.
Talvez por isso a denominação em francês, brise-soleil, tenha sido adotada
preponderantemente em todo o mundo. Curtis (1999) destaca que o brise-soleil foi
40
uma maneira de preservar a idéia da fachada livre mantendo a iluminação,
reduzindo as radiações solares e diminuindo o ofuscamento.
O dispositivo inventado pelo arquiteto, acompanhou suas obras em suas
viagens pela América do Sul, incluindo o nosso país. É através de Le Corbusier
que nossa arquitetura conhece um elemento condizente com o nosso clima, por
sua eficiência ambiental, e de presença marcante, por sua versatilidade plástica e
formal na composição das edificações.
3.7 O brise-soleil e a Arquitetura Brasileira
A viagem de Le Corbusier ao Brasil, coloca o arquiteto em contato com a
paisagem tropical e a processos e materiais tradicionais. Seu interesse pelas
formas influencia no desenvolvimento de seu trabalho. Parece que todo aquele sol
e luz tropicais, ao invés de cegá-lo, lhe abrem os olhos. Conforme Peixoto (1994),
a arquitetura do mestre abandona a geometria regular em favor de linhas mais
orgânicas, adequando-se à geografia local.
O clima do nosso país foi o fator determinante para a rápida incorporação
do brise-soleil na arquitetura brasileira. Isso ocorreu porque desde o período
colonial eram utilizadas soluções que atenuassem o rigor do clima tropical. Foram
os colonizadores portugueses, influenciados pela arquitetura moura, que
trouxeram elementos como: janelas com gelosias, muxarabis, alpendres,
varandas, beirais avantajados entre outros. Tais soluções tinham como objetivo
melhorar as condições de conforto térmico, prejudicada pela intensa insolação e
elevadas temperaturas. (Bruand, 1981).
Em 1936, nos estudos para o Ministério da Educação e Saúde, no Rio de
Janeiro, Le Corbusier deparou-se com uma questão: a visibilidade da paisagem
exercida através de vidros versus a necessidade de controle da radiação solar.
41
Como solução ao contraponto existente propôs a utilização de um sistema que
combinava seus estudos feitos para Barcelona e Argel, sugerindo a adoção do
brise-soleil, o qual não tinha tido ainda a oportunidade de ver realizado. A partir
da idéia inicial, arquitetos brasileiros responsáveis pelo projeto e liderados por
Lúcio Costa, desenvolveram um sistema que combinava placas verticais fixas com
horizontais móveis, constituindo na primeira utilização do brise-soleil em um
grande edifício (Figura 20) (Maragno,2000).
O brise-soleil tornou-se um elemento presente e marcante na maior parte
dos projetos de arquitetura em virtude da necessidade climática, do emprego de
tradicionais elementos de atenuação da radiação solar e pela vinda de Le
Corbusier para assessorar o projeto do Ministério da Educação e Saúde. A
utilização do dispositivo iniciou no Rio de Janeiro, mas difundiu-se em pouco
tempo para as demais regiões chegando a ser marca registrada da arquitetura
brasileira do período de 30 a 55, conforme Olgyay (1957).
FIGURA 20 – Ministério da Educação e Saúde
42
A necessidade de a arquitetura adaptar-se ao clima e a preocupação
ambiental por parte dos arquitetos, tornou a utilização dos elementos de proteção
solar mais constantes nos projetos durante quase três décadas. Este período
também é conhecido como Escola Carioca, sendo o movimento inicial da
arquitetura moderna brasileira. A busca pelo conforto ambiental difundiu-se e
passou a estar presente na arquitetura moderna em todo país.
Neste mesmo período, Oscar Niemeyer e os irmãos Marcelo e Milton
Roberto utilizaram o brise-soleil nos projetos da Obra do Berço concluída em
1939, (Figura 21) e Associação Brasileira de Imprensa, (Figura 22)
respectivamente.
No prédio do ABI, os brise-soleils foram colocados nas duas fachadas
orientadas para Norte e Oeste que corresponde ao percurso solar mais quente. Os
protetores não atuam diretamente nas salas de trabalho, eles protegem galerias
que percorrem o perímetro dessas fachadas, funcionando como antecâmara de
atenuação do calor para o interior do edifício. (Segawa, 1997). Já o brise da Obra
do Berço está presente na fachada Oeste do bloco mais alto, sendo composto por
três faixas de lâminas verticais móveis de cimento amianto encaixado entre o
avanço das lajes de piso e das laterais, constituindo-se elemento compositivo
marcante na fachada. Essas duas obras, juntamente com o Ministério da
Educação e Saúde, são consagradas como exemplares pioneiros na utilização em
larga escala do brise-soleil.
FIGURA 21 – Obra do Berço
43
FIGURA 22 – Associação Brasileira de Imprensa (Mascaró, 1983)
A utilização do brise-soleil adquiriu abrangência nacional passando a ser
adotado em diferentes regiões do país e incorporado em construções residenciais,
comerciais e até mesmo industriais. De acordo com Peixoto (1994), havia uma
imagem única do clima, da paisagem e da cultura nacional, mesmo com
diferenças climáticas entre São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A proteção
solar esteve presente em grande parte dos projetos, evidenciando a importância
do clima e permitindo que o brise-soleil fosse explorado como recurso de
caracterização e valorização plástica do edifício.
Em meados dos anos 50, a intensa utilização do brise foi interrompida em
virtude da reviravolta da arquitetura de Oscar Niemeyer explícita nos projetos de
Brasília. O arquiteto, até então, havia sido um entusiasta na aplicação dessa
ferramenta de projeto. A partir disso, a utilização do vidro sem proteção solar
externa passou a ser cada vez mais incorporada nas edificações, evidenciando o
fim do predomínio da corrente européia corbusiana sobre a nossa arquitetura e
dando início a uma nova fase com influência norte-americana.
Nessa fase, o arquiteto Mies van der Rohe destacou-se com suas torres de
vidro que praticamente ignoravam o clima local. Seu formalismo clean foi seguido
por vários profissionais que internacionalizaram sua concepção em regiões
44
impróprias para essa implementação, passando a constituir a forma aparente da
arquitetura.
A crise do petróleo da década de 70, exigiu a revisão destes valores
internacionais, que estabeleciam um consumo de energia enorme para o pleno
funcionamento dos edifícios. Porém, mesmo com o despertar do mundo para a
consciência da eficiência energética, as conseqüências desse período foram
sentidas até recentemente, constatadas na displicência de alguns arquitetos com
as questões de adequação climática do projeto e utilização adequada de
elementos de proteção solar como o brise-soleil. Houve uma perda do domínio da
técnica da aplicação do dispositivo com relação à proteção solar, iluminação
natural e principalmente sua participação na composição arquitetônica das
edificações.
3.8 O brise-soleil e a eficiência ambiental
O brise-soleil é um dispositivo de proteção solar externa muito versátil, pois
é possível projetá-lo de infinitas formas e com diversas combinações. A função
primordial desse elemento é impedir que a incidência da radiação solar direta
atinja as superfícies verticais da edificação, principalmente as transparentes,
interceptando os raios solares. Gutierrez (2004) afirma que o brise atua no
controle e redução do ganho de calor solar, pois promove o sombreamento das
superfícies por eles protegidos, dependendo fundamentalmente da orientação da
fachada. Para Rivero (1985), embora o dispositivo seja mais utilizado nas
superfícies transparentes, também é significativa a redução do aporte de calor nas
superfícies opacas.
Segundo Fathy (1986), o brise-soleil é na verdade uma releitura da
persiana, sendo seu desenvolvimento uma questão de escala, pois as dimensões
45
de suas lâminas são aumentadas, e sua aplicação foi estendida a toda a área das
aberturas para a proteção de fachadas inteiras.
Esse tipo de proteção solar externa é constituído por lâminas geralmente
paralelas, externas à edificação, e pode ser classificado pela sua posição
(horizontal, vertical ou combinado), pela sua mobilidade (móveis ou fixos) e por
sua expressão arquitetônica. Já com relação ao processo de definição do tipo de
protetor solar a ser projetado, Bittencourt (1988) afirma que vários fatores
merecem ser considerados, tais como: eficiência da proteção, plasticidade,
privacidade, luminosidade, ventilação, visibilidade, durabilidade, custos de
implantação e manutenção. A partir de uma adequada análise dos custos e
benefícios obtidos pela combinação entre esses fatores se poderá apontar o tipo
indicado para cada caso.
Entretanto, o primeiro passo no projeto de um brise-soleil é a definição do
período (dias e horas) de proteção desejável. Para isso utilizam-se as Cartas
Solares que são representações gráficas da projeção da trajetória do Sol em um
plano (Figura 23). Como as trajetórias variam de acordo com a latitude do lugar,
se faz necessário conhecer a latitude da cidade onde se quer implantar o brise.
Através dessas informações é possível determinar a incidência solar nas diversas
orientações com respectivas máscaras de sombra e, escolher o tipo mais
adequado de brise para cada fachada. Conforme Maragno (2000), as máscaras
permitem avaliar a obstrução proporcionada pelos protetores solares, sendo
importante considerar que para cada máscara existe uma grande variação de
brises que oferecem a proteção desejada (Figura 24).
FIGURA 23 – Semi-esfera da abóbada solar imaginária com as trajetórias solares (Olgyay, 1998)
46
FIGURA 24 – Exemplo da variação possível de brise-soleils verticais para uma mesma máscara de sombra (Bittencourt, 1988).
De acordo com os estudos realizados por Bittencourt (1988) e por Olgyay
(1963) os brise-soleils podem ser classificados em três tipologias básicas (Figura
25):
• Brise Vertical – é mais indicado para incidências oblíquas em relação à
fachada.
• Brise Horizontal – é muito eficiente para grandes alturas solares. Não é
indicado para as primeiras e últimas horas do dia. Se for utilizado para
barrar raios baixos, pode ocorrer a obstrução da visibilidade ao exterior,
redução de luminosidade e comprometimento da ventilação.
• Brise Combinado – é uma tipologia que une as características dos
dispositivos verticais e horizontais. Muito eficiente para fachadas norte e sul
em latitudes baixas em que os ângulos horizontais perpendiculares à
fachada correspondem a ângulos verticais elevados, e os ângulos verticais
mais baixos se situam em faixas de incidência obliquas à fachada.
Funciona como um filtro para o excesso de luz natural, sem impedir a
ventilação e visibilidade ao exterior.
47
FIGURA 25 – Tipos básicos de protetores solares e suas projeções de sombra (Olgyay, 1963)
Segundo Givoni (1976), a principal classificação dos brise-soleils diz
respeito à sua mobilidade, admitindo serem fixos ou móveis. O sistema fixo possui
vantagens como a facilidade de instalação e manutenção, além de serem mais
econômicos que o brise móvel. São mais indicados para fachadas com menores
ângulos solares, como ocorre com a fachada norte. Normalmente, os brises fixos
são projetados segundo estudos prévios, dispensando a intervenção de pessoas
que podem não acertar a inclinação adequada do protetor móvel.
Já os brises móveis são constituídos de lâminas flexíveis que podem
acompanhar o movimento do sol e as necessidades dos usuários de mais ou
menos luz natural. Ao contrário do protetor fixo, os móveis possuem grandes
utilidades para radiações com maiores ângulos de incidência, como ocorre com as
fachadas leste e oeste. Segundo Maragno (2000), “os sistemas de controle devem
ser de fácil utilização permitindo o acompanhamento da inclinação dos raios
solares ao longo do dia ou para as diferentes estações do ano .”
Os brise-soleils podem ser construídos com os mais diferentes materiais e
uma grande variedade de cores. Conforme Rivero (1985), os materiais se
comportam de acordo com a radiação incidente, ou seja de acordo com o
48
comprimento de onda. Sua capacidade de absorver, refletir e transmitir a energia
depende do material, da cor e da transparência desse elemento. Nesse caso, a
utilização de cores claras potencializa a eficiência do dispositivo, pois estas
possuem alto índice de reflexão, deixando de absorver o calor. Entretanto, a
manutenção dos elementos é essencial para assegurar sua eficácia, e podem
ocorrer problemas de ofuscamento dependendo do posicionamento do dispositivo.
O brise-soleil admite formas planas ou curvas e pode estar posicionado
perpendicular ou inclinados em relação às fachadas. Atendendo aos determinados
ângulos de sombra, permitem grande liberdade de criação por parte dos
arquitetos, que poderão dispor o dispositivo segundo suas intenções compositivas.
3.9 O brise-soleil e o caráter da edificação
De acordo com Maragno (2000), o brise-soleil surgiu como novo elemento
arquitetônico a ser utilizado para evitar o excessivo aporte térmico das superfícies
transparentes, incorporando à composição arquitetônica um elemento de função
ambiental e que, além de interferir na relação opacidade/transparência, incide
substancialmente em sua definição do caráter da edificação. No mesmo sentido,
Rivero (1985) afirma que os brises “têm enorme transcendência na atividade
criadora do arquiteto já que sua solução requer dispositivos ou proteções que pela
sua forma, posição e cor, constituem muitas vezes o elemento fundamental da
expressão exterior do volume.” Entretanto, a liberdade criativa que os brises
permitem devem estar de acordo com a funcionalidade dos mesmos, pois
concessões ao puro formalismo podem conduzir a menor rendimento da proteção
(Twarowski, 1967).
Para Mindlin (1999) embora “qualquer tipo de brise-soleil possa ser
considerado uma imitação dos velhos e tradicionais métodos de proteção contra o
49
ofuscamento e o calor ”, a linguagem desse novo elemento traz base científica na
sua elaboração, avalia a necessidade de sombra e luz e passa a compor a
estrutura da edificação. A forma e multiplicidade de soluções desse dispositivo
definem texturas, planos, profundidade, ritmo e movimento, enfim, possui
identidade e estética próprias.
O controle da radiação solar não constitui uma situação direta de causa e
efeito em relação à forma, nem mesmo nas arquiteturas primitivas, pois segundo
Mahfuz (1995), o arquiteto, no momento da escolha entre as diversas
possibilidades formais, deve considerar outras dimensões da arquitetura, como as
culturais, sociais e individuais, além de condicionantes como orientação solar,
ventos e topografia que são impostos pelo local da implantação da arquitetura.
Porém, mesmo atendendo aos rigores técnicos no projeto e
dimensionamento do brise em relação à sua função primordial – bloquear a
incidência solar direta – ainda resta um espaço significativo para a liberdade
criativa do arquiteto. Essa liberdade, que possibilita uma variedade de soluções, é
um aspecto que se procura analisar nesse trabalho, considerando os fatores
relacionados ao resultado arquitetônico conforme as seguintes categorizações:
escala dimensional dos brises, incorporação do dispositivo ao conjunto
arquitetônico, sua inserção na fachada e a importância do brise-soleil na
composição formal.
A interferência na visualização do exterior a partir do ambiente interno
baseia-se na escala dimensional dos brise-soleils, que podem ser, de acordo com
Lam (1986):
1- Elementos de grande escala (ou da escala do edifício) – beirais, brises
horizontais simples e duplos, brises verticais fixos, lightshelf;
2- Elementos de média escala – brises horizontais e verticais múltiplos, fixos e
móveis;
50
3- Elementos de pequena escala (ou da escala dos componentes) –
persianas, brises verticais múltiplos, fixos e móveis, brises combinados,
cobogós.
Os elementos de grande escala constituem parte integrante da própria
estrutura da construção e podem combinar-se com outros elementos. São mais
duráveis e mais fáceis de manter. Os elementos de pequena escala tendem a ser
mais frágeis e de mais difícil manutenção. Podem ser adicionados posteriormente
a uma construção, mas devem preferencialmente fazer parte do conceito inicial do
projeto. Quanto aos elementos de escala média, não são grandes o suficiente
para moldurar janelas nem pequenos o suficiente para configurar uma textura
única, no entanto seu uso, como um segundo envoltório, normalmente determina a
linguagem predominante da arquitetura de um edifício.
Com relação à incorporação dos brises ao conjunto arquitetônico, Maragno
(2000) considera as seguintes possibilidades:
a- Elemento integrado ao todo;
b- Elemento adicionado ao todo.
De acordo com o autor, entre esses dois extremos “existem uma grande
variedade de interpolações, que variam do maior ao menor grau de integração”.
Esses conceitos de integração e adição referem-se somente no estudo das
características plástico-formais.
Os brise-soleils também se comportam de maneiras diferentes de acordo
com sua inserção na fachada, podendo localizar-se no alinhamento da fachada,
recuado, com saliências leves ou grandes, inserido dentro de um quadro de
abertura ou como uma sobre-fachada, antepondo-se a uma ou mais faces do
volume (Figura 26).
51
(A) (B)
FIGURA 26 – (A) exemplo de brise aplicado como sobre-fachada (B) exemplo de brise saliente
Com relação à importância dos protetores solares externos na composição
arquitetônica, os brises podem caracterizar totalmente a composição plástica da
volumetria, podem também se apresentar como elemento predominante na
definição de uma fachada, ou ainda podem ter uma participação discreta,
constituindo um detalhe na fachada (Figura 27). Nesse último caso, geralmente os
brise-soleils foram inseridos na fachada posteriormente para corrigir problemas
térmicos que não foram pensados na fase de projeto.
(B)
(A)
FIGURA 27 – (A) exemplo de brise como elemento de fachada (B) exemplo de brise caracterizando a composição plástica da volumetria.
52
Na primeira fase de utilização dos brise-soleils, sua expressão plástica era
mais “pesada” e estava integrado de maneira quase total à estrutura principal.
Esse fato ocorreu em virtude de que o elemento constituinte dos brises era o
concreto armado. A Obra do Berço e a ABI são exemplos da produção brasileira
dessa fase.
A partir dos anos 90, a introdução de lâminas metálicas industrializadas,
bem mais leves e esbeltas, contribuiu para a alteração na configuração dos brises,
oferecendo uma nova leitura arquitetônica dos edifícios Atualmente, outros tipos
de materiais, como os plásticos e os vidros, estão sendo incorporados na
constituição dos dispositivos (Figura 28(A). Além de materiais, novas idéias de
aplicação do brise-soleil surgem demonstrando a criatividade do projetista na
busca pelo conforto térmico da edificação (Figura 28(B).
(B)
(A)
FIGURA 28 – (A) exemplo de brises de vidro (B) exemplo de brises projetados especificamente para a edificação atuando como elemento de composição estética.
4. METODOLOGIA DE ANÁLISE
A incidência de raios solares através de aberturas (janelas) de uma
edificação, altera as condições de iluminação e o conforto térmico no
interior do edifício. Com o propósito de impedir luminosidade excessiva –
que compromete as condições de conforto visual – e reduzir a quantidade
de radiação solar direta – que promove o acréscimo de temperatura do ar
no interior do ambiente, projetistas têm buscado maneiras de solucionar
esses problemas. Uma delas é o uso de brise-soleil, um tipo de protetor
solar externo que possibilita melhorar o conforto térmico e visual no
interior do ambiente.
Poucas edificações possuem a utilização correta do brise-soleil.
Muitas vezes, este elemento não atende as necessidades de melhorar o
conforto térmico nos edifícios, passando a ser mero elemento estético que
compõe a fachada. Esse problema ocorre tanto pela falta de
desenvolvimento de protetores solares externos adequados e compatíveis
com as necessidades climáticas de uma determinada região, quanto pelo
desconhecimento por parte dos projetistas com relação à correta inserção
dos brise-soleils como elemento ambiental e arquitetônico na volumetria
da edificação.
Com o propósito de verificar a adequação do uso de brise-soleil e
apresentar melhorias possíveis, visando sua ampla aplicação na
arquitetura da região central do Rio Grande do Sul, a pesquisa apresenta
como metodologia o estudo do brise-soleil em 3 enfoques:
1) o brise-soleil e os projetistas;
2) o produto brise-soleil;
3) o brise-soleil na arquitetura da região central do estado do Rio
Grande do Sul
O primeiro estudo questiona junto a arquitetos e engenheiros, a
utilização do brise como ferramenta de projeto na busca pelo conforto
54
térmico. Foram aplicados a 80 projetistas um questionário com 13
questões, avaliando o conhecimento sobre a utilização de protetores
solares, o brise-soleil e sua adequada utilização. Verificou-se, também,
quais os problemas que esses projetistas vêem encontrando na
especificação desse dispositivo.
No estudo seguinte, o produto brise-soleil, referindo-se aos
protetores de radiação solar disponíveis no mercado para o consumidor,
serão divididos em 3 categorias de acordo com seu perfil de sombra
(Olgyay, 1963):
• Verticais
• Horizontais
• Combinados
Entretanto, Givoni (1976) considera a mobilidade a principal
classificação dos brise-soleils, deste modo cada categoria acima é
subdividida em fixos e móveis.
A partir dessa classificação, os brises serão analisados com base
nos estudos de Bittencourt (1988), que afirma que no processo de
definição do tipo de protetor solar a ser projetado, alguns fatores merecem
ser considerados:
• Eficiência ambiental – nesse aspecto é analisado se o brise-soleil
apresenta condições de exercer adequadamente a função de
elemento de controle da radiação solar.
• Plasticidade – como um elemento arquitetônico, o brise-soleil
contribui na composição formal da edificação. Sendo assim, nesse
item é analisado o resultado plástico/formal sa obtido pelo
dispositivo.
• Privacidade – analisa a capacidade do brise contribuir na
privacidade dos espaços internos.
• Luminosidade – de acordo com as características do dispositivo e
pela maneira como foi inserido na edificação, é possível avaliar a
iluminação natural dos ambientes.
55
• Visibilidade – estuda a interferência do protetor solar na visão dos
espaços externos à edificação.
• Ventilação – analisa o comprometimento da ventilação natural pela
inserção do brise-soleil sobre uma abertura.
• Durabilidade – conforme as características técnicas e construtivas
do dispositivo, é possível avaliar a vida útil do brise-soleil.
• Manutenção – apresenta a forma correta de manter o brise-soleil
para que este dispositivo seja durável.
• Custo da implantação – definido como alto, médio e baixo, de
acordo com o material utilizado e forma de execução.
A mesma classificação e análise é efetuada com os brise-soleils na
arquitetura da região central do Estado, terceira e última parte desse
trabalho. Foram visitadas as seguintes cidades da região: Santa Maria,
Julio de Castilhos, Cruz Alta, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz, Candelária,
Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul. Nesse contexto é possível verificar a
que nível o uso dos dispositivos foi adequado, quais os problemas
existentes e como deveria ser os brises para que atendessem o máximo
de requisitos necessários.
5. RESULTADOS
5.1 O brise-soleil e os projetistas
O brise-soleil é uma ferramenta de projeto que tem como principal
função melhorar as condições de conforto térmico de uma edificação. Este
elemento é um recurso, entre outros, que arquitetos e engenheiros possuem
para resolver os problemas da incidência da radiação solar sobre superfícies
transparentes.
Contudo, para que um recurso seja bem utilizado, faz-se necessário o
conhecimento do mesmo. Sendo assim, o objetivo dessa primeira análise é
questionar junto aos projetistas a aplicação do brise-soleil na busca pelo
conforto térmico das edificações.
Oitenta projetistas, dentro da região central do Rio Grande do Sul, foram
consultados através de um questionário com treze perguntas que avaliaram o
conhecimento desses profissionais a respeito do brise-soleil. As questões
tinham como objetivo avaliar os seguintes itens:
• Tipo de projetos mais desenvolvidos
• A importância da orientação solar em projetos arquitetônicos
• Recursos de projeto mais utilizados para proteger janelas que recebem
incidência solar
• Nível de conhecimento a respeito do brise-soleil
• Qual o tipo de brise mais escolhido pelos profissionais
• Onde o projetista busca informações a respeito do brise-soleil
• Em que fase o brise-soleil deve ser inserido como solução arquitetônica
• Dificuldades referentes à implantação desse dispositivo de proteção
solar
• Considerações pessoais sobre o brise-soleil
O questionário aplicado pode ser conferido no Anexo A.
57
5.2.1 Resultados
As respostas obtidas nos questionários foram organizadas e
apresentadas em forma de gráficos com considerações a respeito de cada
situação.
Com relação à titulação dos profissionais entrevistados, 81% são
arquitetos e urbanistas e 19% engenheiros civis, como mostra a Figura 29.
35%19%
46%
Arquiteto
Arquiteto eUrbanista
Engenheiro Civil
FIGURA 29 – Gráfico sobre a titulação dos projetistas
A Figura 30 apresenta o tempo de experiência dos profissionais
entrevistados.
14%
11%
19%9% 15%
32%1 a 5 anos
5 a 10 anos
10 a 15 anos
15 a 20 anos
20 a 25 anos
mais de 25 anos
FIGURA 30 – Gráfico a respeito do tempo de experiência dos profissionais entrevistados
58
Os profissionais também foram consultados sobre seus projetos mais
desenvolvidos, como mostra a Figura 31.
34%
24%
18%
12%
7% 5% residências
edifícios residenciais
edifícios comerciais
arquitetura de interiores
escolas / faculdades
hospitais / clínicas
FIGURA 31 - Gráfico apresentado os projetos desenvolvidos pelos projetistas
Embora a orientação solar seja considerada importante, seja muito ou
extremamente, por 88% dos profissionais, constatou-se que essa preocupação
esta mais relacionada com a adequação do projeto com relação ao sol, ou seja,
os projetistas procuram posicionar a edificação de modo que não ocorra
necessidade de proteção solar (Figura 32).
1%12%
54%
34%Extremamente
Muito
Regular
Pouco
FIGURA 32 – Gráfico sobre a importância da orientação solar nos projetos arquitetônicos
59
Com relação à utilização de protetores solares, a Figura 33 apresenta os
recursos mais utilizados pelos profissionais.
69%
11%
7%5% 4% 4% beirais
brises
cortinas
outro
materiais transparentes
persianas / venezianas
FIGURA 33 – Gráfico a respeito dos recursos mais utilizados como proteção solar
Observa-se pela Figura 33 a escolha quase que unânime pelo beiral
como recurso de proteção solar. Os brises aparecem em segundo lugar, mas
com incidência muito abaixo da primeira opção e quase equivalendo às
cortinas, um tipo de proteção solar interna. Isso demonstra a falta de
conhecimento das potencialidades do brise-soleil, pois este sistema possui o
mais elevado percentual de redução de ganho solar, comparando-o às cortinas
que não possuem bom desempenho como protetor contra radiação solar.
A utilização do beiral, recurso escolhido pela grande maioria dos
projetistas, justifica-se em fachadas Norte, onde o sol percorre horizontalmente
a fachada durante o dia. Já as orientações Leste e Oeste, que possuem
incidência solar perpendicular e oblíqua não são bem protegidas por esse
recurso. Dessa forma, percebe-se que os profissionais possuem conhecimento
limitado da trajetória solar, pois podem utilizar esse tipo de protetor solar de
maneira inadequada.
A Figura 34 apresenta o nível de conhecimento de arquitetos e
engenheiros a respeito do brise-soleil. Pode-se afirmar que poucos
60
profissionais realmente trabalharam com o dispositivo pois a maioria possui
informações somente a nível teórico ou de projeto. Isso demonstra que esse
dispositivo é pouco empregado pelos profissionais da região.
46%
30%
24% Apenas teórico
Prático - somente nonível de projeto
Prático - projeto eexecução
FIGURA 34 – Gráfico apresentando o nível de conhecimento dos profissionais sobre brise-
soleil
A respeito da escolha das tipologias de brise-soleil (Figura 35) os
projetistas acreditam que a melhor opção é utilizar brises desenhados
especialmente para projetos, reconhecendo a importância do estudo do
protetor solar e dos efeitos da radiação solar sobre determinadas orientações,
para cada tipo de edificação.
6%19%
44%
31%
Brises industrializados
Brises desenhados p/projetos
Perfis metálicos p/confecção brise
Outro
FIGURA 35 – Gráfico sobre a preferência das tipologias dos brises
61
Após o questionamento sobre o modelo preferido, os profissionais
tiveram a oportunidade de justificar o motivo da escolha. Segundo os
projetistas, o brise desenhado especialmente para projeto possui maior
liberdade estética, formal, harmonização com a volumetria, pode ser planejado
junto com a edificação e com dimensionamento adequado. Já os brises
industrializados são preferidos por serem mais práticos, tanto pela facilidade na
encomenda quanto na execução. A possibilidade de mostrar o produto por
catálogos estimula a aquisição do produto pelo cliente. Além disso, projetistas
que não possuem prática na execução do brise, podem optar pelo
industrializado pois este possui assistência do fabricante.
Os perfis metálicos para confecção do brise-soleil são escolhidos
principalmente por ser um material leve, prático e com custo menor que os
industrializados.
A busca de informações mais utilizada atualmente é a internet,
comprovada através da Figura 36. Em seguida, os catálogos são mencionados
como fonte de informação. Os dados técnicos também são procurados através
de outros profissionais que já utilizaram o brise-soleil, proporcionando maior
segurança ao projetista que utilizará o recurso pela primeira vez.
4%
16%
25%
55%
Internet
Catálogos
Através de projetistasque já utilizaram
Outro
FIGURA 36 – Gráfico apresentando a preferência na busca por informações sobre o brise-soleil
62
Com relação à fase que o brise-soleil deve ser inserido como solução
arquitetônica, a Figura 37 mostra que praticamente todos os profissionais
concordam que o dispositivo de proteção solar deve ser implantado na fase de
projeto para que se cumpra eficientemente sua função ambiental e de
composição plástica.
1%
1%
98%
No projeto
Na execução daobra
Após a execução
FIGURA 37 – Gráfico mostrando a fase em que o brise-soleil deve ser inserido
O questionário também abordou as dificuldades que os profissionais
encontram na implantação do brise-soleil. O custo teve a maior incidência,
sendo mencionado nos três gráficos da Figura 38. Em segundo lugar, a
dificuldade de convencer o cliente é um obstáculo para a utilização do brise
pelos projetistas. Isso deve ocorrer em função do investimento a ser feito e da
dificuldade de mostrar ao cliente o custo/benefício do dispositivo, que
certamente é a longo prazo. A dificuldade junto à construtora, citado por 10%
dos entrevistados demonstra que muitas vezes existe um projeto com a
utilização dos brises mas que não são inseridos em virtude da empresa
executora barrar a utilização, por questões financeiras e/ou falta de
conhecimento sobre a eficiência do dispositivo.
Outra dificuldade mencionada por duas vezes é com relação à aquisição
do brise-soleil, que ocorre pela falta de representação dos dispositivos
industrializados, visto que suas empresas localizam-se na região sudeste do
país. Existe uma certa dificuldade de adquirir o produto pela internet, em
virtude do alto investimento na compra desse produto e pela falta de
63
comprovação da sua eficiência ambiental. Em último lugar foi citada a
versatilidade do brise, que no caso de serem industrializados, não possuem
uma liberdade estética e de modulação muito amplas.
1ª DIFICULDADE
54%36%
10%
Custo
Dificuldade de convencer o cliente
Dificuldade junto construtora
Dificuldade de aquisição
Pouco versátil
2ª DIFICULDADE
25%
28%
47%
3ª DIFICULDADE
27%
33%
40%
FIGURA 38 – Gráfico apresentando as dificuldades de implantação do brise-soleil
No final do questionário, os profissionais puderam comentar algumas
considerações a respeito sobre o assunto brise-soleil.
Muitos projetistas relataram que o grande problema da utilização do
brise é com relação ao seu investimento inicial e dificuldade de convencer o
64
cliente do custo/benefício, pois estes não sabem reconhecer a eficácia do
dispositivo. Outros profissionais consideram a importância do brise na busca
por conforto ambiental, pois não é possível garantir o conforto interno se não se
prever cuidados externos.
Uma consideração bastante salientada trata da pouca divulgação desse
protetor solar entre os próprios profissionais e que deveria ser mais divulgado
sua relação com a eficiência energética dos ambientes. Culturalmente, esse
dispositivo é pouco utilizado pelos profissionais e praticamente desconhecido
pelo público, muitas vezes pela falta de interesse dos projetistas. Além disso,
as faculdades de arquitetura e engenharia deveriam dar mais ênfase a este
importante recurso arquitetônico para conforto ambiental.
5.2 O produto brise-soleil
O brise-soleil é um elemento que surgiu no Brasil na década de 30,
sendo muito utilizado principalmente pelos projetistas dessa época. Nesse
tempo, eram os próprios arquitetos que projetavam tais dispositivos, de acordo
com sua necessidade e em conformidade com a volumetria da edificação.
Entretanto, com o passar do tempo, o aumento da demanda e o avanço
da tecnologia levaram esse elemento a ser produzidos por fábricas
especializadas. Hoje, muitos desses estabelecimentos, além de fabricarem o
brise, fornecem também perfis para ser utilizados como protetores solares. A
grande maioria dessas empresas está localizada na região sudeste do país,
mais especificamente, no estado de São Paulo, dificultando sua difusão para
outras regiões do Brasil.
Essa parte do trabalho apresenta o produto brise-soleil fabricado e
comercializado por algumas empresas do país, seja ele completo ou perfis
confeccionados para atuarem como protetores solares. Os dados foram obtidos
através de busca na internet, recurso mais utilizado atualmente para pesquisa
e através de contatos diretos com os fabricantes.
65
A análise dos protetores solares disponíveis no mercado brasileiro tem
como objetivo apresentar a disponibilidade desse recurso aos projetistas,
juntamente com considerações a respeito de alguns aspectos relevantes para o
bom desempenho do protetor solar. Dessa forma, arquitetos e engenheiros
serão beneficiados com informações adequadas para o correto uso destes
dispositivos.
Nesta análise, os dispositivos pesquisados foram classificados da
seguinte forma:
1) Posição – vertical, horizontal ou combinado
2) Mobilidade – fixos ou móveis
Objetivando efetuar a primeira análise das tipologias, foi realizada a
divisão dos brise-soleils em três partes:
• Estrutura – elemento que é fixado na fachada e que sustenta os painéis
fixos ou móveis.
• Painel – pode ser chamado também de placa, lâmina ou perfil. Admite
maior destaque quando possui mobilidade.
• Dispositivo – é o conjunto total do brise, formado pela estrutura e
painéis.
Tendo como base essa divisão, foi realizada uma ficha contendo as
seguintes informações:
1. Características da estrutura do brise-soleil : material, acabamento e
fixação;
2. Características dos painéis: material, acabamento e fixação;
3. Características do dispositivo: posição, mobilidade, inclinação, peso.
Ao término dessa fase, é feita a apresentação dos tipos de produtos
brise-soleils, apresentando a empresa que o comercializa, características
técnicas e análise que considera os seguintes aspectos:
• Eficiência ambiental
• Plasticidade
66
• Privacidade
• Luminosidade
• Visibilidade
• Ventilação
• Durabilidade e Manutenção
Os aspectos mencionados e explicados acima, serão considerados na
análise seguinte.
A Tabela 5 tem como propósito apresentar de modo resumido os
modelos de brise-soleils industrializados pesquisados nessa parte do trabalho.
67
TABELA 5 – Modelos de brises industrializados
Produtos Dispositivo Estrutura Painéis Posição Mobilidade Acionamento Inclinação Peso Material Acabamento Material Acabamento
1. Inconylon vertical ou fixos ou horizontal móveis
manual de 0° a 90°
leve ferro ou alumínio
a critério do cliente
PVC cor cinza-claro
2. Fibrocell vertical ou horizontal
fixos ou móveis
manual leve perfis de alumínio
pintura alumínio pintura
Luxalon SL4 vertical ou horizontal
fixos
-
45°
leve
alumínio ou
aço galvanizado
primer e pintura
alumínio ou
aço galvanizado
primer e pintura (100 tipos de
cores)
Termobrise vertical ou horizontal
fixos ou móveis
manual, mecânico ou
elétrico
de 0° a
180°
médio
alumínio
anodizado ou
pintura
alumínio ou aço
galvanizado
primer e pintura (100 tipos de
cores) Luxalon Cell
combinado
fixos -
-
leve
alumínio
anodizado ou
pintura
alumínio
pintura (100 tipos de cores)
3.Brise Luxalon
Brise B vertical ou horizontal
fixos
-
-
médio
aço galvanizado
pintura
aço galvanizado
pintura (100 tipos de cores)
Termobrise BSM-150 BSM-300 BSM-335
vertical ou horizontal
fixos ou móveis
manual, mecânico ou
elétrico
de 0° a 180°
médio aço galvanizado
pintura alumínio pintura 4.Sul Metais
Brise BSM-84
vertical ou horizontal
fixos - 45° e 60° leve alumínio anodizado alumínio pintura
68
5.2.1 Modelos de brise-soleil industrializados
INCONYLON1
O brise-soleil da Inconylon foi desenvolvido em PVC, possuindo painéis
no formato apresentado na Figura 39(A), com aditivos especiais como
modificadores de impacto e protetores contra raios ultravioletas. Pelo fato do
PVC ser um material isolante e os vazios no interior das lâminas, ser
preenchido com ar, este brise conduz pouco calor, apesar de não ser
preenchido com matérias antitérmicos. Sendo assim, o dispositivo proporciona
eficiente proteção solar e térmica.
Além disso, a cor cinza-claro dos painéis contribuem ainda mais para a
reflexão da incidência dos raios solares. Da mesma forma que auxilia na
luminosidade no interior dos ambientes, se forem devidamente inseridos na
fachada.
Entretanto, existem outros aspectos a serem considerados para que o
brise-soleil cumpra devidamente sua função ambiental. Um deles é com
relação à sua mobilidade, que nesse caso pode ser variável. Os dispositivos
móveis são bastante eficientes, pois permitem regular a incidência solar.
Contudo, a mobilidade do brise da Inconylon está limitada, pelo fato de sua
inclinação admitir 0° a 90°, bloqueando parcialmente a entrada dos raios
solares.
A visibilidade para o exterior é garantida, da mesma forma que se pode
ter privacidade com a inserção do protetor solar.
1 Endereço: Rua Pedro Godói, 359 – CEP: 03138-010 - São Paulo / SP Fone: (11) 6341 3322 / 6341 3176 Home page: www.brise.com.br E-mail: [email protected]
69
(A) (B)
FIGURA 39– (A) formato dos painéis (B) detalhe da estrutura dos painéis
A execução e montagem da estrutura podem ficar a cargo da empresa
ou do cliente, dependendo do tamanho da obra. De qualquer modo, a estrutura
deve ser fixada afastada das aberturas para possibilitar ventilação nos espaços
internos e dissipação do ar entre os painéis (Figura 39(B).
O brise-soleil Inconylon foi testado pelo IPT, mostrando-se com alta
resistência aos ventos. Os testes demonstraram que é possível executar brises
com até 3m de altura. Essa característica é de grande valia, principalmente se
considerarmos prédios localizados em corredores de ventos, ou em cidades
onde a presença dos ventos é fator condicionante de projeto. (Figura 40(A).
O material empregado na confecção dos painéis possui a grande
vantagem de ser anticorrosivo, permitindo seu emprego no litoral, pois não
sofre a ação da maresia. (Figura 40(B).
(A) (B)
FIGURA 40 – Emprego do brise-soleil - (A) em prédios altos (B) no litoral
70
A manutenção do brise-soleil requer limpeza periódica, com pano úmido,
para a conservação do material. A durabilidade do dispositivo depende grande
parte da manutenção periódica.
O brise-soleil da Inconylon possui seis larguras de painéis: 100mm,
125mm, 150mm, 275mm, 300mm e 350mm. (Figura 41(A). Essas opções
proporcionam versatilidade para o projetista na escolha do melhor tamanho de
painel para atender suas necessidades de proteção solar e composição
plástica da fachada (Figura 41(B). Contudo, a liberdade criativa do projetista
limita-se a variedade dos módulos, deixando para segundo plano a composição
de cores, pois a aquisição de painéis com cores especiais deve ser feita sob
encomenda, segundo o fabricante.
(A) (B)
FIGURA 41 – (A) tampas para diferentes tamanhos de painéis (B) exemplo de
inserção dos brises da Inconylon
FIBROCELL INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA2
A Fibrocell é uma empresa que a partir de 1996 passou a fabricar uma
linha de produtos voltados para o conforto ambiental. Além de forros metálicos
e revestimentos acústicos, a empresa investiu no tratamento de fachadas com
o produto Brise 150/300.
2 Endereço: Rua Álvares Cabral, 632 – CEP: 09981-030 – Diadema / SP Fone: (011) 4056 2322 Home page: www.fibrocell.com.brE-mail: [email protected]
71
Esse dispositivo é constituído de perfis de secção tipo asa de avião em
alumínio, e podem admitir larguras de 150mm e 300mm (Figura 42(A).
Possuem tratamento térmico feito com poliuretano injetado no interior dos
painéis, e, por essa característica, o brise é um elemento com grande
capacidade de proteção solar, cumprindo eficientemente seu papel ambiental
(Figura 42(B).
(A) (B)
1. estrutura 2. painel 3. poliuretano
FIGURA 42 – (A) Tamanhos dos painéis com espaçamento entre eles (B) detalhe do brise-soleil
Estes brises podem ser fixos ou móveis, sendo os móveis mais
eficientes, pois permitem que o próprio usuário controle a entrada da radiação
solar. Da mesma forma, a privacidade e visibilidade para o exterior podem
também ser regulada. Com os elementos fixos, esse controle não é possível,
cabendo somente uma opção ao usuário.
A luminosidade também depende da mobilidade dos painéis e da cor do
dispositivo. Elementos mais escuros tendem a escurecer o ambiente interno e
vice-versa.
O modo como a estrutura for inserida na fachada, interfere na ventilação
do espaço interno da edificação e na dissipação do ar entre as lâminas. Desse
modo, cabe ao projetista a responsabilidade da adequada proposta para
atender a esse aspecto (Figura 43).
72
FIGURA 43 – Exemplo de brises inseridos afastados da fachada
Em virtude do material utilizado na confecção dos brise-soleils a
manutenção é realizada através de limpeza periódica com pano úmido nas
placas e estrutura. Nos dispositivos móveis, acrescenta-se a regulagem
periódica nos painéis, para garantir o bom desempenho da mobilidade.
BRISES LUXALON3
A multinacional Hunter Douglas se instalou no Brasil em 1970, e desde
então comercializa uma vasta gama de produtos arquitetônicos e de decoração
de interiores. Dentre esses produtos, destacam-se os brises da marca Luxalon,
com três tipologias: Brise Luxalon SL4, Termobrise, Brise Luxalon Cell e
Brise B
Brise Luxalon SL4
Esse sistema de brise-soleil é baseado num painel modular metálico
(painel 84R) fixado em um porta-painel simples a 45° (Figura 44). Por ter a
3 Endereço: Rua General Furtado do Nascimento, 740, Cj. 55 – CEP: 05465-070 – Alto de Pinheiros / SP Fone: (011) 2135 1000 / 3022 9652 Home page: www.luxalon.com.brE-mail: [email protected]
73
possibilidade de ser confeccionado em alumínio, as lâminas possuem grande
capacidade de refletir os raios solares, principalmente se forem na própria cor
do material ou pintadas com cores claras. Apesar de não possuírem nenhum
tratamento térmico, pode-se dizer que os brises, se inseridos na orientação
solar correta, cumprem de maneira eficiente sua função ambiental.
FIGURA 44 – Detalhe do painel 84R e porta-painel
O brise SL4 pode ser inserido dentro do vão da abertura (Figura 45(A)
ou perpendicularmente à fachada, como um extenso brise horizontal (Figura
46(A). Na primeira possibilidade há prejuízo com relação à dissipação do ar
entre os painéis. Para que isso não aconteça, o dispositivo deveria ser inserido
fora do vão das aberturas, para permitir que a ventilação passe através do
dispositivo, funcionando como uma sobre-fachada como mostra a Figura 45(B).
(A) (B)
FIGURA 45 – (A) brise dentro do vão de abertura (B) exemplo de aplicação do brise como uma sobre-fachada
74
A alternativa de montagem da Figura 45(A), garante a privacidade dos
ambientes internos da edificação, contudo, a visibilidade para o exterior é
prejudicada em função da proximidade entre as lâminas, da mesma forma que
a iluminação natural. Caso o dispositivo seja inserido mais afastado das
aberturas, a luminosidade no interior melhora, principalmente se os painéis
forem pintados com cores claras.
Já a alternativa de montagem da Figura 46(A), a situação ocorre de
maneira diferente. Não há nenhum prejuízo com relação à ventilação dos
ambientes bem como a dissipação do ar entre as lâminas. A visibilidade para o
exterior e a luminosidade também são garantidas e adequadas, como mostra a
Figura 46(B). Contudo, o dispositivo não controla a privacidade dos espaços
internos, deixando essa função a outro recurso, como por exemplo, cortinas
internas.
(B) (A)
FIGURA 46 – (A) brise perpendicular à fachada (B) exemplo de aplicação do brise nessa alternativa de montagem
A empresa que comercializa esse dispositivo não fornece a estrutura
que apóia o porta-painel, cabendo isso ao cliente. Realizada a instalação do
porta-painel, os painéis 84R são fixados à este sob pressão conforme mostra a
Figura 47.
75
TABELA 6 – Dimensões e afastamentos d
c
b
a
Medidas máximas em milímetros
Tipo a b c d SL4 800 a 1000 100 500 100
FIGURA 47 – Forma de instalação
Apesar do dispositivo ser fixo, as duas alternativas de montagem e as
diversas cores que podem ser pintados, já aumentam as possibilidades de um
trabalho plástico na volumetria das edificações.
De acordo com o fabricante, para garantir a melhor conservação do
produto, deve ser feita a limpeza periódica utilizando pano macio e detergente
neutro diluído em água.
Termobrise Luxalon
O Termobrise é composto por perfis do tipo asa de avião, com larguras
de 150mm e 335mm, (Figura 48(A) e 48(B) que podem ser de alumínio ou aço
galvanizado. Sua característica principal está ligada ao tratamento
termoacústico do brise. Essa propriedade é garantida através da injeção de
poliuretano expandido no interior dos perfis como mostra a Figura 49(A). Sendo
assim, cabe ao projetista inserir o dispositivo de maneira correta para
completar a eficiência ambiental do brise-soleil.
(A) (B)
FIGURA 48– (A) painel Termobrise (B) espaçamento entre os painéis
76
(A) (B)
POLIURETANO EXPANDIDO
FIGURA 49 – (A) detalhe do tratamento termoacústico do perfil (B) forma de instalação
O sistema Termobrise é composto por painéis que podem ser fixos ou
móveis. Quando móvel, o acionamento admite ser manual, mecânico ou
elétrico. Vale lembrar, que acionamentos mais sofisticados repercutem em
maior custo. A Figura 49(B) apresenta a forma de instalação do sistema.
Considerando o dispositivo móvel, este permite o controle da
visibilidade, privacidade e iluminação natural no interior dos ambientes. O
contrário ocorre com o sistema fixo, mais limitado com relação a esses
aspectos.
Já a dissipação do ar entre os painéis depende da maneira como o brise
for inserido na fachada (Figura 50). Para uma adequada ventilação, é ideal que
o dispositivo seja colocado afastado das aberturas.
(A) (B)
FIGURA 50– Alternativas de montagem (A) vertical (B) horizontal
A disponibilidade de cores e as duas alternativas de montagem
proporcionam uma razoável versatilidade para a composição plástica do
sistema Termobrise, como se observa na Figura 51.
77
FIGURA 51 – Exemplo do Termobrise
Brise Luxalon Cell
Diferente dos dispositivos anteriores, esse brise é um painel composto
de perfis direitos e esquerdos formando módulos variáveis que se unem a outro
painel idêntico, obtendo-se um elemento compacto (Figura 52). A Tabela 7
abaixo mostra os diferentes tamanhos de módulos.
TABELA 7 – Descrição do produto:
Aluzinc
Módulo 100 mm
Módulo 150 mm
Módulo 200 mm
Módulo 250 mm
Material e Modulação
Módulo 300 mm
Cores 100 cores standard e cores especiais conformepedido.
FIGURA 52 – Brise Cell
78
Essa tipologia é adequada quando se necessita diminuir a ação da luz
direta e permitir a privacidade dos ambientes. Esse dispositivo possui melhor
eficácia térmica que os verticais e horizontais, pois proporciona um
sombreamento maior que os demais. Entretanto, reduz a disponibilidade de luz
natural nos espaços internos e interfere significativamente na visibilidade para
o exterior.
A instalação do brise é feita mediante uma ancoragem que se fixa
diretamente na estrutura e com um suporte de ajuste telescópico que se une ao
dispositivo de acordo com a Figura 53(A) e 53(B).
(A) (B)
FIGURA 53 – (A) forma de instalação (B) detalhe da ancoragem
A única alternativa de montagem do brise combinado reduz as
possibilidades de uma composição formal na edificação, comparando-se aos
dispositivos verticais e horizontais. Mesmo assim, este dispositivo pode atuar
plasticamente na volumetria de uma edificação conforme a criatividade do
projetista. A Figura 54 exemplifica essa afirmação.
79
FIGURA 54 – Exemplos da aplicação do Brise Cell
Para a adequada durabilidade do brise é necessário que se faça
manutenção através da limpeza periódica utilizando pano macio e detergente
neutro diluído em água.
Brise B
O Brise B da Luxalon é feito de aço galvanizado e permite a combinação
entre três painéis com dimensões diferenciadas: B25, B40 e B57, como mostra
a Figura 55 e descreve a Tabela 8.
TABELA 8 – Descrição do Brise B
Material Aço galvanizado
largura B25 25mm B40 40mm
Dimensões
B57 57mm
Cores 100 cores, podendo ser desenvolvidas cores especiais Comprimento Mín.: 300mm Painel Comprimento Máx.: 5.000mm
FIGURA 55 – Três tipos de painéis
80
A eficiência ambiental é adquirida através do correto posicionamento dos
painéis em relação à fachada que será protegida, considerando a incidência
solar naquela orientação. A escolha de cores claras além de ajudar na eficácia
do dispositivo, pois reflete a maior parte dos raios solares, auxilia na
luminosidade no interior da edificação.
O estreito espaçamento exigido entre os painéis, como mostra a Figura
56, compromete a visão para o exterior, mas permite a privacidade dos
usuários. Já a ventilação será garantida se os painéis forem inseridos
afastados da fachada.
A fixação do brise B é realizada através de um perfil de suporte
ranhurado, preso por rebites e travas de porta-painel, fixados na alvenaria por
parafusos (Figura 57).
FIGURA 56 – modulação dos painéis e afastamento entre os mesmos
CORTE A-A
CORTE B-B
FIGURA 57 – forma de instalação
81
A durabilidade do dispositivo está diretamente ligada a manutenção do
mesmo, apesar de não haver qualquer especificação do fabricante sobre a
adequada conservação do brise.
SUL METAIS4
Trata-se de uma indústria de produtos metálicos como forros, fachadas e
brises, para a construção civil. Com relação aos brises, a empresa produz três
tipos: Termobrise BSM 150, BSM 300, BSM 335 e Brise BSM 84.
Termobrise BSM 150, BSM 300 e BSM 335
O Termobrise comercializado pela empresa Sul Metais, possui formato
do tipo “asa de avião” com três larguras: 150mm, 300mm 335mm. O
dispositivo é constituído por duas lâminas de alumínio ou aço, duas ponteiras
extrudadas e tampas de polímeros especiais nas extremidades.
As propriedades termoacústicas do brise são garantidas pela
possibilidade do dispositivo conter em seu interior poliuretano expandido,
proporcionando um melhor conforto térmico nas edificações. A eficiência
ambiental também pode ser beneficiada se os painéis forem pintados com
cores claras que contribuem na reflexão dos raios solares.
O protetor solar externo pode estar disposto horizontal ou verticalmente
sobre a fachada, da mesma forma que admite mobilidade ou não, sendo essa
manual, mecânica ou elétrica. Certamente o acionamento elétrico possui um
custo maior que os demais.
A escolha por brises móveis, independente do tipo de acionamento, traz
mais vantagens ao usuário do que os painéis fixos. Além da garantia da
privacidade dos ambientes, a visão para o exterior e a luminosidade pode ser
controlada, de acordo com as necessidades dos espaços internos.
4 Endereço escritório: Praça das Corridas, 40 – CEP: 04286-050 – São Paulo / SP Fone: (11) 6915 7925 Home page: www.sulmetais.com.br
82
Já com relação à ventilação, a maneira como o dispositivo é inserido na
fachada determina as condições de dissipação do ar entre os painéis. Deve-se
sempre manter uma certa distância entre a estrutura e o plano da fachada.
Em vista da possibilidade dos brises serem dispostos em duas formas,
pode-se afirmar que este dispositivo contribui plasticamente na composição da
edificação. A Figura 58 mostra uma possibilidade de composição do
Termobrise.
FIGURA 58 – Exemplo de composição plástica do Termobrise
A empresa recomenda que se deve fazer a limpeza periódica para a
conservação do produto.
Brise BSM-84
O brise é composto por painéis lineares BSM-84 fixado a um porta-
painel com duas opções de angulações: 45° e 60°. É um sistema muito
semelhante ao Brise Luxalon SL4 analisado anteriormente.
O dispositivo pode ser aplicado fora ou dentro do vão de abertura e suas
lâminas podem ser lisas ou perfuradas. Para o acabamento é utilizada pintura
executada em processo contínuo (Sistema Coil Coating) garantindo a
uniformidade da cor. Contudo não há nenhuma informação na página da
empresa a respeito da variedade de cores que os painéis admitem.
Essa tipologia de brise não possui tratamento térmico, entretanto, se
forem inseridos na orientação correta, cumprem de maneira eficiente seu papel
ambiental.
83
A aplicação do dispositivo dentro do vão de abertura compromete a
visibilidade e iluminação natural dos ambientes. A dissipação do ar entre os
painéis também pode ser prejudicada.
Esse dispositivo pode causar efeito plástico interessante na edificação
em virtude de suas lâminas poderem ser lisas ou perfuradas (Figura 59).
FIGURA 59 – Exemplo de aplicação do brise BSM-84
5.2.2 Considerações gerais
A grande maioria das empresas que fabricam e comercializam os brises
estão concentradas na região Sudeste do país, dificultando o acesso ao
dispositivo para a nossa região e encarecendo os custos de transporte.
Com relação ao brise industrializado, a maioria destes permitem a
colocação na vertical ou na horizontal, mas não admitem a colocação em
diferentes posições. Dessa forma pode-se afirmar que o projetista fica mais
limitado na composição plástica utilizando esse produto. A tipologia combinado
é pouco difundida, sendo utilizada mais especificadamente como um filtro dos
raios solares.
O brise-soleil é composto por painéis e estrutura. Nos dispositivos
pesquisados, esses componentes geralmente são confeccionados com
material leve (alumínio ou aço galvanizado) e quase sempre pintados,sendo
que geralmente as empresas oferecem mais de 100 tipos de cores.
84
As informações técnicas para projeto, como vãos permitidos,
modulações, detalhes da instalação da estrutura, etc, não são encontrados em
algumas páginas dos brises industrializados, sendo necessário o contato direto
com a empresa. Essa falta de fornecimento de subsídios necessário para um
projeto desestimula a aquisição do produto.
Das empresas analisadas apenas duas apresentam acionamento
mecânico ou elétrico do brise, a maioria oferece apenas o acionamento
manual. Isto demonstra que de modo geral, o brise industrializado é um
elemento de projeto limitado quanto a sua colocação, não sendo, em geral,
enxergada a sua grande importância como dispositivo de alteração das
condições climáticas internas.
A mobilidade dos brises industrializados garante o controle da
visibilidade, privacidade e luminosidade no interior da edificação. Já os
dispositivos fixos, possuem maior dificuldade para proporcionar tais aspectos.
Contudo a ventilação no ambiente e a dissipação do ar entre os painéis
depende praticamente do modo como a estrutura é inserida na fachada, sendo
portanto responsabilidade do projetista atentar para esse aspecto.
O controle da radiação solar dos produtos industrializados depende
praticamente do projetista. É ele quem definirá a posição e orientação em que
o brise será inserido com base no seu conhecimento acerca das implicações
da radiação solar sobre uma edificação. De nada adiantaria, por exemplo,
adquirir um produto dotado de tratamento termoacústico e utiliza-lo de maneira
incorreta. É responsabilidade do projetista conhecer os dispositivos de proteção
solar à disposição e escolher o que mais se adapta tanto às condições
financeiras do cliente, como as próprias exigências ambientais e plásticas da
edificação.
O produto brise-soleil para a comercialização não apresenta muita
versatilidade na composição plástica da edificação, fator que restringe seu uso
e desestimula seu uso por parte dos projetistas.
Praticamente todas a empresas alertam para a conservação do material
que está diretamente ligada à durabilidade do mesmo.
85
5.3 O brise-soleil na Arquitetura da região central do Estado
Trinta e seis exemplares da arquitetura da região central do Rio Grande
do Sul foram selecionados por apresentarem o brise-soleil como um dos
elementos da sua composição. A seleção abrangeu as seguintes cidades:
Santa Maria, Julio de Castilhos, Cruz Alta, Santa Cruz do Sul, Vera Cruz,
Candelária, Cachoeira do Sul, Caçapava do Sul (Figura 60). Outras cidades
foram pesquisadas como Formigueiro, Restinga Seca, Itaara, São Pedro do
Sul, Faxinal do Soturno, Nova Palma e São Martinho da Serra, mas não
apresentaram nenhuma edificação contendo o dispositivo de proteção solar
externa.
PORTO ALEGRE
CIDADES – OBRAS SEM BRISE
CIDADES – OBRAS COM BRISE
FIGURA 60 – Mapa mostrando a região estudada
A análise foi baseada num levantamento in loco para a verificação dos
brises, desde as condições de funcionamento até a análise da composição
arquitetônica. Também foi efetuado, para cada exemplar, um preenchimento de
fichas contendo os seguintes itens: tipo de material, acabamento, posição,
86
inclinação, mobilidade, peso e fixação do dispositivo. Em alguns casos,
ocorreram conversas informais com usuários do estabelecimento que serviram
de complementação para o estudo. A realização de um levantamento
fotográfico completou a pesquisa de campo.
Com levantamento dos dados de cada edificação finalizado, os
exemplares foram divididos de acordo com a seguinte classificação:
1) Posição - vertical, horizontal ou combinado
2) Mobilidade – fixos ou móveis
Após essa classificação, realizou-se a análise específica de cada
edificação apresentada em tabela com os seguintes elementos:
1. Nome da edificação;
2. Localização;
3. Tipos de brises existentes no prédio analisado;
4. Orientação solar das fachadas que contenham brise;
5. Análise do brise-soleil dividido em estrutura, painéis e dispositivo.
Após a apresentação da Tabela 9, 10 e 11 com todos os exemplares de
cada grupo, são feitas considerações de cada obra quanto aos seguintes
aspectos: eficiência ambiental, plasticidade, privacidade, luminosidade,
ventilação, visibilidade, durabilidade, custos de implantação e manutenção. O
texto contém fotos que exemplificam a análise.
Com base nessas análises individuais e juntamente com os demais
estudos efetuados a cerca do brise-soleil, foi possível reunir alguns dados
significativos que são apresentados nas considerações finais deste trabalho.
87
TABELA 9 – Classificação e análise dos brises 1
Edificação Dispositivo Estrutura Painéis Posição Orientação Mobilidade Inclinação Peso Material Acabamento Material Acabamento
01. Ex-reitoria da UFSM vertical O (35° SO) fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura 02. Bate-bola vertical Oeste fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura 03. Ed. Buenos Aires vertical L (20° NE) fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
vertical N (15° NE) fixo 45° elevado concreto fulge concreto pintura 04. Biblioteca Central UFSM vertical O (15° SO) fixo 45° elevado concreto fulge concreto pintura
05. Tischler Macroatacado
vertical Oeste fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
06.Salão de Atividades Múltiplas
vertical O (15°SO) S (15° SE) N (15° NO)
fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
07. Concessionária Toyota
vertical Noroeste fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
08. Secretaria da Saúde vertical N (10° NE) fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura 09. Ed. Romênia vertical Leste e Sul fixo 45° médio metálica pintura fibrocimento pintura 10. Cine Independência vertical Oeste fixo 45° elevado fibrocimento pintura fibrocimento pintura 11. Secretaria da Fazenda
vertical N (5°NE) O (5°SO)
fixo 90° elevado concreto pintura concreto pintura
12. Ed. Mirador vertical 15° SO móvel de 0° a 45° leve metálica anodizado alumínio anodizado 13. Escola Franciscana São Vicente de Paulo
vertical 10° NE móvel de 0° a 45° leve alumínio anodizado alumínio anodizado
14. Banco do Brasil – Vera Cruz
vertical Oeste fixo 45° médio metálica pintura fibrocimento pintura
15. Banco do Brasil – Santa Maria
vertical Oeste móvel de 0° a 180°
leve alumínio anodizado alumínio anodizado
88
TABELA 10 – Classificação e análise dos brises 2
Edificação Dispositivo Estrutura Painéis Posição Orientação Mobilidade Inclinação Peso Material Acabamento Material Acabamento
16. Reitoria da UFSM vertical 20° SO móvel de 0° a 180° médio metálica pintura fibrocimento pintura 17. Colégio Franciscano Santana
vertical Leste / Oeste
móvel de 0° a 180° leve metálica pintura perfil metálico
pintura
18. Fórum vertical Oeste fixo 45° leve metálico pintura chapa metal pintura 19. Prédio 53 - UNISC vertical O (20°SO) móvel de 0° a 180° médio aço galvan pintura Plástico pintura 20. Prédio 2 - Campus 1 UNIFRA
vertical Oeste Leste
móvel de 0° a 180° leve alumínio anodizado alumínio anodizado
21. Câmara Municipal de Vereadores
vertical Oeste fixo 90° elevado concreto pintura concreto pintura
22. Constantino Pré-vestibular
horizontal N (10° NO) fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
23. Banrisul – Agência Dores
horizontal N (20° NO) fixo 45° elevado concreto pintura concreto pintura
24. Centro de Educação horizontal Norte fixo 45° médio metálica pintura telha fibrocimento
pintura
25. Hospital Universitário de Santa Maria
horizontal N (10° NE) móvel de 0° a 180° leve alumínio anodizado alumínio anodizado
26. Banco do Brasil – Santa Cruz do Sul
horizontal O (10° SO) L (10° NE)
fixo 45° leve porta-painelmetálico
anodizado painel de alumínio
anodizado
27. Prédio 35 - UNISC horizontal N (10° NO) fixo 45° médio metálico pintura plástico pintura 28. Prédio 52 - UNISC horizontal N (20° NO) fixo 45° médio metálico pintura plástico pintura 29. Estacionamento horizontal L (20°NE) fixo 45° médio madeira selador madeira selador
89
TABELA 11 – Classificação e análise dos brises 3
Edificação Dispositivo Estrutura Painéis Posição Orientação Mobilidade Inclinação Peso Material Acabamento Material Acabamento
30. Centro Integrado de Ensino Profissionalizante (CIEP)
horizontal
L (10°SE)
móveis
de 0° a 180°
leve
metálico
pintura
alumínio
anodizado
31. Instituto de Previdência do Estado (IPE)
combinado
N (10°NE)
fixo
-
elevado
concreto
pintura
concreto
pintura
vertical Oeste móvel de 0° a 180° médio aço galvan. pintura fibrocimento pintura 32. Centro de Tecnologia combinado Leste fixo - elevado concreto pintura concreto pintura
vertical O (5° SO) móvel de 0° a 180° médio metálica pintura fibrocimento pintura 33. Centro de Ciências Naturais e Exatas horizontal L (5° SE) fixo 45° médio metálica pintura fibrocimento pintura
vertical N (20° NO) móvel de 0° a 180° leve metálica pintura chapa metal Pintura 34. Faculdade e Colégio Dom Alberto horizontal O (20° SO) móvel de 0° a 180° leve metálica pintura chapa metal pintura
vertical O (5° NO) móvel de 0° a 180° leve metálica pintura metálico anodizado 35. Banrisul – Agência Centro horizontal N (5° NE) fixo - leve metálica pintura metálico anodizado
vertical L (20°NE) O (20°SO)
móvel de 0° a 180° leve metálica pintura perfil metálico
pintura 36. Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
horizontal N (30°NO) fixo - leve metálica pintura perfil metálico
pintura
90
5.3.1 Brise-soleil Vertical
De acordo com Bittencourt (1988), (Figura 61) o brise vertical é mais
indicado para bloquear incidências solares que sejam oblíquas em relação à
fachada, tais como as fachadas sudeste, nordeste e sudoeste, especialmente
no início da manhã e final da tarde. Quando a insolação é perpendicular à
fachada, como acontece com as orientações Leste e Oeste, os brises verticais
oblíquos são muito eficientes. Entretanto, no caso desse dispositivo estiver
posicionado perpendicular à fachada, sua eficiência é praticamente nula.
Considerando que as lâminas verticais fixas estejam oblíquas à fachada,
conforme a orientação leste ou oeste, pode-se afirmar que seu sombreamento
é mais eficaz que as perpendiculares.
Com relação à mobilidade, os brises verticais móveis podem adequar-se
de acordo com a posição do sol, admitindo o total sombreamento quando os
raios solares atingirem perpendicularmente o plano da fachada.
MÁSCARA DE SOMBRA
EXEMPLO IMAGEM CORTE
Figura 61 – Exemplos de brise-soleils verticais (Olgyay,1998)
91
As obras da região central do Estado, que possuem brises verticais,
sejam fixos ou móveis, são apresentadas abaixo através de levantamento
fotográfico:
B A
Biblioteca Central - UFSM Santa Maria
Prédio Bate-bola Santa Maria
C D
Tischler Macroatacado Cachoeira do Sul
Salão de Atividades Múltiplas Cachoeira do Sul
F E
Secretaria da Saúde
Cachoeira do Sul Concessionária Toyota Santa Maria
FIGURA 62 (A – F) Edificações com brise-soleils verticais
92
G H
Cine Independência Santa Maria
Secretaria da Fazenda Caçapava do Sul
J I
Banco do Brasil Vera Cruz
Escola Franciscana São Vicente de Paulo Santa Maria
M L
Reitoria da UFSM Santa Maria
Colégio Franciscano Sant’Anna Santa Maria
FIGURA 63 (G – M ) Edificações com brise-soleils verticais
93
O N
Fórum
Candelária Prédio 53 - UNISC Santa Cruz do Sul
P
Câmara Municipal de Vereadores Júlio de Castilhos
Q R
Ed. Buenos Aires Santa Maria
Ex-Reitoria Santa Maria
FIGURA 64 (N – R) Edificações com brise-soleils verticais
94
S T
Ed. Mirador Santa Maria
Ed. Romênia Santa Maria
U V
Prédio 02 - UNIFRA Santa Maria
Reitoria UFSM Santa Maria
FIGURA 65 (S – V) Edificações com brise-soleils verticais
95
PRÉDIO EX- REITORIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA Santa Maria O prédio da Antiga Reitoria é a única unidade da Universidade Federal
de Santa Maria localizada no centro da cidade. Atualmente abriga os cursos de
Direito, Administração, Contabilidade, Economia, História (Figura 66).
brise
FIGURA 66 – Vista do prédio da Antiga Reitoria
Trata-se de uma edificação implantada em forma de U com volumetria
regular, e que apresenta em sua fachada frontal uma composição característica
do prédio. As lajes salientes juntamente com laterais externas formam um
grande quadro onde os brises estão inseridos recobrindo toda a fachada.
Estrutura e painéis formam um mesmo conjunto. Pode-se afirmar que o
dispositivo de proteção solar constitui, nesse caso, um elemento de
composição plástica, protagonista da linguagem arquitetônica da edificação.
Além de atuar como elemento arquitetônico, o brise-soleil exerce de
maneira correta a proteção ambiental. A fachada principal com orientação para
35°SO recebe a incidência dos raios solares no período entre 14hrs e 18hrs,
principalmente durante a estação do verão. Os brises fixos, inclinados a 45°,
conseguem proteger eficientemente as aberturas, que sofreriam com o sol da
tarde (Figura 67).
96
FIGURA 67– Vista dos brise-soleils verticais e inclinados
As janelas protegidas pelos brises localizam-se nas circulações internas
do prédio e possuem peitoril alto, comprometendo totalmente a visibilidade
para o exterior (Figura 68(A). Contudo possibilitam a total privacidade dos
estudantes do prédio.
As salas de aulas possuem um bom isolamento acústico provocado pela
localização da circulação entre a fachada externa e as salas de aula. No
entanto a iluminação natural das salas é prejudicada, sendo necessário o uso
de iluminação artificial. Essa luminosidade também sofre interferência de outros
fatores referentes à própria constituição do brise: material, cor e mobilidade.
Por tratar-se de painéis de concreto, sua mobilidade torna-se inviável. E a
escolha de uma cor basicamente escura prejudica muito a luminosidade natural
do ambiente interno, por reduzir a reflexão da luz.
A maneira como foi efetuada a composição do brise, dentro de um
quadro saliente, prejudicou a dissipação do ar entre os painéis. Pelo fato das
placas de concreto estarem limitadas entre as lajes salientes, não ocorre a
dissipação do calor entre essas lâminas. (Figura 68(B).
(A) (B)
FIGURA 68 – Vistas internas - (A) circulação do prédio (B) detalhe da fixação do brise
97
De acordo com os materiais empregados na confecção do brise-soleil,
pode-se afirmar que o dispositivo possui boa durabilidade, sendo que a
manutenção requer custo razoável, já que necessita de mão-de-obra
especializada em pintura externa. Contudo, o custo da tipologia empregada foi
dissolvido durante a execução da obra, já que os elementos foram pensados
durante o projeto.
BATE - BOLA Santa Maria O prédio possui características de unidades fabris. A fachada frontal
(Figura 69(A) foi elevada através de platibanda para esconder o telhado de
fibrocimento que pode ser visto na vista lateral (Figura 69(B).
(A) (B)
FIGURA 69 – Vistas externas – (A) fachada frontal (B) fachada lateral
A proteção solar através de brise ocorre somente na fachada frontal,
formando um grande quadro com bordas salientes. Pode-se dizer que o prédio
possui como elemento compositivo e plástico mais importante a presença dos
brises, que além de suas dimensões ocupam a parte central da fachada, sendo
portanto o foco da edificação.
Os brise-soleils protegem um apartamento localizado no segundo
pavimento no interior do prédio. Há uma grande proximidade dos painéis com a
fachada, o que impede a adequada manutenção das aberturas e prejudica a
98
ventilação no interior desse ambiente. A própria manutenção dos brises é
difícil de ser efetuada.
Em virtude da imobilidade dos protetores solares, não é possível
nenhum tipo de visão externa total da paisagem da avenida, visto que toda a
área de janelas do apartamento possui a presença do dispositivo.
Considerando esse aspecto, a localização do brise numa situação como essa é
inadequada, impedindo a vista externa do morador e prejudicando a iluminação
natural. Entretanto, o morador tem total privacidade no seu apartamento.
O dispositivo de proteção solar foi colocado de maneira correta levando
em consideração a eficiência ambiental, pois as placas são verticais e
inclinadas para proteger dos raios solares na orientação Oeste. Porém, a cor
desses painéis é um aspecto negativo, pois a incidência de raios solares no
dispositivo reflete o tom vibrante para o interior do ambiente causando uma
sensação térmica de calor, inadequado na estação do verão. (Figura 70).
FIGURA 70 – Vista interna – janelas próximas ao brise e reflexão da cor alaranjada
Confeccionado de concreto, os painéis constituem a própria estrutura do
brise caracterizando uma composição pesada e de pouca funcionalidade para
o usuário da moradia. Da mesma forma da edificação anterior, a durabilidade
do dispositivo é boa e o custo de implantação foi dissolvido no montante da
obra.
99
ED. BUENOS AIRES Santa Maria O volume prismático retangular foi construído para abrigar unidades
habitacionais a partir do segundo pavimento e estabelecimento comercial no
térreo. As fachadas possuem faixas verticais que marcam as aberturas,
sacadas embutidas e a inserção de brise-soleils em determinadas janelas
(Figura 71).
brise
FIGURA 71 – Vista externa do Ed. Buenos Aires
A presença discreta dos brises caracteriza-os como elementos de
fachada, que poderiam ter sido inseridos após a construção do prédio.
Entretanto, por serem de concreto, foram pensados e projetados juntamente
com a edificação.
As aberturas protegidas pelo dispositivo são das lavanderias dos
apartamentos, demonstrando em primeiro lugar a preocupação estética com
relação à exposição de roupas na fachada orientada para Leste (20° NE)
(Figura 72). Mesmo com a presença dos brises, esses ambientes recebem
incidência da radiação solar num período da manhã, pelo fato das lâminas
estarem posicionadas para receber sol após as 10horas. Dessa forma, pode-se
afirmar que o papel estético do brise supera o ambiental, mas não prejudica a
função da área de serviço que é a secagem de roupas.
100
FIGURA 72 – Brise-soleil protegendo as áreas de serviço
A luminosidade nas lavanderias poderia ser melhor se os painéis fossem
de cor mais clara, que possibilitasse a reflexão dos raios solares para o interior
do ambiente. Enquanto a privacidade do espaço é garantida a visibilidade para
o exterior é prejudicada.
Os brises fixos verticais estão inseridos diretamente sobre a fachada,
impedindo a dissipação do ar entre os painéis e aberturas. A ventilação
portanto, torna-se mais direcionada e menos abundante na lavanderia. (Figura
73(A).
A confecção do dispositivo foi efetuada juntamente com a obra,
acarretando um custo baixo para sua implantação. Possui vida útil longa e
manutenção simples baseada em pintura regularmente. (Figura 73(B).
(A) (B)
FIGURA 73 – Vistas externas – (A) fachada Leste (B) detalhe dos brises verticais fixos
101
BIBLIOTECA CENTRAL MANUEL MARQUES DE SOUZA – CONDE DE PORTO ALEGRE Santa Maria Localizado no campus da Universidade Federal de Santa Maria, o prédio
da Biblioteca abriga toda a bibliografia referente aos cursos da Universidade,
bem como salas para leitura, estudos, trabalhos em grupo e outros ambientes
de apoio. Essa edificação também possui um espaço para o funcionamento do
curso de Arquitetura e Urbanismo (Figura 74).
brise
FIGURA 74 – Vista externa da Biblioteca Central
O volume prismático com características modernistas é apoiado sobre
pilotis e apresenta pátio central. As fachadas orientadas que recebem a maior
incidência de raios solares - Norte (15°NE) e Oeste (15°NO) - possuem brise-
soleil, os outros planos possuem aberturas desprotegidas, e a fachada voltada
para Sul (15°SO) apresenta a maior área envidraçada. Ambos os brises são
igualmente verticais e fixos, mas diferem no modo como compõem o volume.
O brise da fachada Norte está inserido num grande quadro recuado ao plano
da fachada. As aberturas estão dispostas entre as placas, perpendicularmente
a eles. (Figura 75(A). Já a outra composição do brise assemelha-se a rasgos
no plano da fachada Oeste com aberturas também localizadas
perpendicularmente aos painéis. (Figura 75(B). De qualquer modo, percebe-se
que o dispositivo de proteção solar compõe plasticamente as duas fachadas,
incorporando-se à volumetria do prédio.
102
(A) (B)
FIGURA 75– Vistas externas – (A) brise-soleil da fachada Norte (B) brise-soleil da fachada
Oeste
Com relação à eficiência ambiental das duas tipologias pode-se afirmar
que a fachada Norte recebe incidência solar somente pela parte da manhã,
pois à tarde os raios solares são barrados pelo brise. Entretanto, na fachada
Oeste, o sol incide nas aberturas a partir das 16hrs no solstício de verão. É
importante ressaltar que os vidros dessas fachadas possuem películas que
auxiliam na proteção contra o sol, mas impedem que a luminosidade no interior
da Biblioteca seja suficiente, acarretando na necessidade de iluminação
artificial, como mostra a Figura 76.
FIGURA 76 – Vista interna da Biblioteca
A privacidade é obtida em virtude da maneira como as aberturas estão
dispostas e com a contribuição das películas solares. Contudo, mesmo sem ser
visto, é possível que o estudante tenha uma ótima vista para o entorno.
103
A composição do brise-soleil juntamente com as aberturas não permite a
ventilação entre os painéis já que não há espaço entre os mesmos e as
janelas. Então o ambiente é ventilado através da própria área envidraçada.
A tipologia de brise empregada nessa edificação possui uma ótima
durabilidade e sua manutenção deve ser efetuada juntamente com a
manutenção da edificação como um todo, sendo portanto mais onerosa.
Pelo fato dos brises-soleil serem projetados juntamente e do mesmo
material da edificação, o custo de implantação do dispositivo é dissolvido no
montante de gastos da implantação do prédio.
MACRO-ATACADO TISCHLER Cachoeira do Sul A edificação semelhante a um grande pavilhão industrial abriga as
atividades da rede de Supermercados Tischler, e está localizada num dos
bairros da cidade. A modulação da proposta é percebida através dos pilares
aparentes e das aberturas protegidas por brise-soleils verticais (Figura 77).
FIGURA 77 – Vista externa da fachada oeste
Os dispositivos de proteção solar estão inseridos somente sobre as
aberturas, levemente salientes e limitados por um quadro formado por pilares e
vigas (Figura 78(A). Devido a sua proporção em relação à volumetria do prédio,
pode-se afirmar que os brises atuam com evidência na composição da
fachada, destacando-se do revestimento em tijolo à vista. Contudo, seu papel
104
ambiental é eficientemente exercido neste caso, pois protegem o interior do
estabelecimento da incidência solar no período da tarde. Já a fachada
orientada para Leste não foi protegida por brises.
(B) (A)
FIGURA 78 – (A) Brises limitados por pilares e vigas (B) Presença de cortinas internas
nas janelas
As janelas do tipo basculante localizam-se na parte superior das paredes
impossibilitando qualquer visibilidade para o exterior, mas garantem total
privacidade ao estabelecimento. A presença de cortinas internas nas aberturas
prejudica a luminosidade no interior do ambiente (Figura 78(B). Outro aspecto
comprometido é a ventilação natural do ambiente, sendo complementada
mecanicamente.
Por se tratar de brise-soleils de concreto e fixos, sua manutenção é fácil
e não muito onerosa e durabilidade excelente. Os custos para implantação são
dissolvidos durante a execução da obra, já que os protetores foram pensados
durante a fase de projeto.
SALÃO DE ATIVIDADES MÚLTIPLAS Cachoeira do Sul Dependências da Sociedade Rio Branco, encontra-se o anexo
denominado Salão de Atividades Múltiplas (Figura 79), que como o próprio
nome diz, abriga atividades dos mais variados tipos, desde festas a pequenas
feiras locais.
105
FIGURA 79 – Vista externa do Salão de Atividades Múltiplas
Os grandes vãos das aberturas são protegidos por brises, que estão
inseridos dentro de uma moldura (Figura 80(A).
(A) (B)
FIGURA 80 – Vistas externas – (A) brise limitado por moldura (B) fachadas Norte e Oeste respectivamente A proteção solar ocorre nas três faces externas, orientadas para Oeste
(15° SO), Norte (15° NO) e Sul (15° SE) (Figura 80(B). Sendo assim, verifica-se
que os brises comportam-se primeiramente como elementos arquitetônicos
para depois exercerem seu papel ambiental. Somente a fachada Oeste
necessita de proteção solar, sendo o uso de brise na fachada Sul meramente
estético. Já a fachada Norte possui grande sombreamento obtido pela
arborização que atenua a incidência de raios solares.
Os elementos fixos de proteção solar comprometem a visão do ambiente
exterior, mas a privacidade das atividades exercidas no espaço interno é
106
garantida. Já, as janelas de correr, dispostas em todas as fachadas,
proporcionam ventilação natural cruzada no salão.
A edificação também é protegida naturalmente através do
sombreamento exercido pelas árvores, comprometendo ainda mais a
iluminação natural no interior do ambiente (Figura 81).
FIGURA 81 – Vista interna – precariedade na luminosidade, privacidade garantida e pouca visibilidade para o exterior
Como foi visto e analisado na obra anterior, em virtude das
características técnicas dos brises, estes possuem uma ótima durabilidade e
facilidade na manutenção. Da mesma forma pode-se afirmar as vantagens no
custo de sua implantação.
CONCESSIONÁRIA TOYOTA Santa Maria
A edificação, que abriga as atividades da Concessionária, se desenvolve
a partir de um grande prisma regular, marcado com duas faixas de aberturas
horizontais protegidas por brise-soleils. O dispositivo, inserido dentro do quadro
de aberturas, integra-se ao conjunto de maneira positiva, contribuindo na
composição volumétrica da arquitetura (Figura 82).
107
brise
FIGURA 82 – Vista externa da Concessionária Toyota
A orientação da fachada principal é Noroeste e recebe incidência solar
no período da tarde. Nesse caso, é correta a colocação dos brises que além de
protegerem, refletem eficientemente a incidência da radiação solar, em virtude
da cor branca em que foram pintados. A cor também auxilia na luminosidade
no interior do ambiente.
O afastamento entre os painéis e destes com relação às aberturas
permitem a dissipação do calor entre as placas. Da mesma forma, a
privacidade é garantida. Entretanto, a visibilidade é parcial em virtude de os
brises serem fixos (Figura 83(A)
(B)
(A)
FIGURA 83 – Vista externa (A) afastamento entre os painéis fixos (B) brise-soleils integrados na edificação
O concreto, material empregado na construção dos brise-soleils,
demonstra que estes foram pensados na fase de projeto, sendo integrados à
edificação (Figura 83(B). A manutenção é realizada juntamente com a da
edificação e possui vida útil longa. O custo de implantação também não é
oneroso, sendo dissolvido durante a execução da obra.
108
SECRETARIA DA SAÚDE Cachoeira do Sul O bloco que abriga a Secretaria da Saúde possui proposta compacta e
simétrica, definida pela circulação vertical localizada no centro e circundada por
salas. A fachada principal, onde se dá o acesso à edificação, possui brise-
soleils verticais protegendo as aberturas (Figura 84).
brise
FIGURA 84 – Vista externa da Secretaria da Saúde
Os dispositivos de proteção solar participam de maneira discreta na
arquitetura em análise, caracterizando-se como elementos de fachada na
composição plástica da edificação. Os painéis são fixos e protegem as janelas
orientadas para Norte (10°NE) (Figura 85(A). Entretanto, o posicionamento dos
painéis inserido na fachada permite que ocorra incidência de radiação solar
durante toda a tarde, período mais crítico para o ganho de calor. Os ambientes
são protegidos apenas durante o período da manhã. Sendo assim, pode-se
afirmar que os brises não cumprem adequadamente seu papel ambiental.
(B) (A)
FIGURA 85 – Vistas externas – (A) fachada Norte (10°NE) (B) brise-soleil e vidro mini-boreal nas aberturas
109
Como o dispositivo está inserido diretamente sobre a janela, não ocorre
dissipação do ar entre os painéis e o vidro, e a ventilação torna-se parcial e
direcionada. A iluminação natural tem que ser complementada pela artificial,
principalmente em virtude dos vidros não serem lisos, o que dificulta ainda mais
a luminosidade. Da mesma forma, a visão para o exterior também é
prejudicada. (Figura 85(B).
Somente o aspecto privacidade não apresenta nenhuma dificuldade para
exercer sua função.
Em virtude da maneira que os brises foram engastados nas aberturas e
devido ao material que foram confeccionados, pode-se afirmar que esses
dispositivos foram pensados na fase de projeto e executados junto com a
edificação. Sendo assim, seu custo de implantação foi relativamente baixo. Do
mesmo modo que o prédio, sua durabilidade está vinculada a manutenção
periódica da pintura.
EDIFÍCIO ROMÊNIA Santa Maria
Prédio residencial que abriga apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios
distribuídos em 6 andares.
Sua volumetria simples é marcada pelo tratamento dado às fachadas
através de uma combinação de cores em faixas horizontais e brise-soleils que
enfatizam uma verticalização particularmente percebida na fachada Leste onde
é localizado o acesso principal (Figura 86(A). As duas composições dos brises
abrangem desde o segundo pavimento até o último. Entretanto, esse
dispositivo não é inserido somente na fachada Leste, aparecendo também na
orientação Sul, em outra proporção. (Figura 86(B).
110
(A) brise
(B)
FIGURA 86 – Vistas externas – (A) Ed. Romênia (B) fachada Sul
A orientação Sul não possui qualquer necessidade de proteção contra a
incidência de raios solares, pois estes não atingem essa orientação. Nesse
caso, a inserção do brise é para efeito estético, já que as aberturas protegidas
são das áreas de serviços dos apartamentos e os elementos de proteção
impedem que as roupas fiquem expostas na fachada principal e lateral do
prédio.
Outra consideração a ressaltar é com relação à composição plástica
exercida pelo brise na volumetria do prédio. A fachada Leste foi interferida
positivamente segundo esse aspecto pela presença desse dispositivo. Porém,
a orientação Sul apresenta o dispositivo de uma forma muito singela com
pouca expressão plástica.
Os brises da fachada Leste foram dispostos de modo a barrar a
incidência solar nas primeiras horas da manhã e permitir a entrada dos raios de
sol até pouco depois do meio-dia. Entretanto, esses dispositivos da maneira
como foram inseridos, prejudicam a luminosidade natural da lavanderia e
conseqüentemente da cozinha que necessita de energia artificial para um bom
funcionamento. Da mesma forma a visibilidade é obstruída, não sendo possível
estabelecer qualquer relação com a vista externa do prédio (Figura 87). A
ventilação não é prejudicada já que o brise possui um bom afastamento da
parede e entre os próprios painéis.
A inserção do dispositivo de proteção solar na fachada Leste contribui
negativamente para o conforto dos ambientes residenciais, visto que é
111
imprescindível a incidência de sol no período da manhã, principalmente se
levar em consideração o clima do Rio Grande do Sul.
FIGURA 87 – Vista interna – janela da área de serviço e cozinha
Nesse prédio, os dispositivos de proteção solar são compostos de
painéis de fibrocimento pintados fixados a 45° numa estrutura metálica
afastada da alvenaria. Com o objetivo de dar continuidade, os painéis foram
ligados um acima do outro por meio de suporte metálicos, proporcionando
dessa forma a verticalização encontrada nas fachadas. (Figura 88(A). Pode-se
dizer que o dispositivo possui boa durabilidade se for feita manutenção
periódica. Se houver necessidade de trocar alguma peça, os materiais
empregados no protetor solar podem ser adquiridos facilmente e com custo
razoável. Não havendo necessidade de trocas o custo de manutenção também
é acessível, pois se trata apenas de pintura feita regularmente.
(A) (B)
FIGURA 88 – Detalhes – (A) fixação entre os painéis (B) fixação dos painéis na estrutura metálica
112
CINE INDEPENDÊNCIA Santa Maria Um grande bloco prismático regular compõe o prédio que abrigava
antigas instalações do Cine Independência. Inserido na Praça Saldanha
Marinho, o plano frontal exerce predomínio sobre os demais, pelo tratamento
dado a essa fachada e pelo fato de as outras serem cegas.
A presença do brise-soleil inserido dentro do quadro de abertura
destaca-se e ao mesmo tempo possui uniformidade com a fachada. Pode ser
considerado um elemento arquitetônico contribuindo para a composição
plástica da edificação (Figura 89).
FIGURA 89 – Vista externa do Cine Independência
Com orientação para Oeste, os brises verticais fixos exercem de modo
correto seu papel de barrar os raios solares durante o período da tarde. Dessa
forma além de elemento compositivo, tem grande eficiência na questão de
conforto térmico. Interno.
Os ambientes que estão protegidos pelo dispositivo exerciam a função
de apoio ao cinema, como sala de projeção dos filmes, e ficavam no lado
oposto à platéia. Embora devidamente protegidas, as janelas do tipo
basculante dificultam a manutenção dos brises, que nesse caso deve ser
externamente (Figura 90(A). Uma tela externa protege o quadro de abertura
contra a entrada de insetos, possibilitando que a janela fique aberta por mais
tempo. Entretanto, o tipo de abertura, a maneira como os painéis dos brises
113
estão fixados e a existências das telas externas comprometem a ventilação dos
ambientes (Figura 90(B).
A iluminação natural no interior desses ambientes é muito agradável,
pelo fato do protetor solar ser da cor branca, refletindo os raios solares e
iluminando naturalmente esses espaços.
(A) (B)
FIGURA 90 – (A) vista interna do ambiente (B) detalhe da fixação dos painéis
Percebe-se através da Figura 89(A) que a visibilidade para o exterior é
prejudicada mais pela tipologia da janela do que pela inserção dos brises.
Contudo, as salas possuem uma ótima privacidade.
A localização dos brises, dentro de um quadro, permite que sejam mais
bem protegidos contra as intempéries, possibilitando maior durabilidade.
Todavia, deve-se pintá-los regularmente para que exerçam seu papel de
maneira eficaz. O custo, tanto de implantação quanto de manutenção é
adequado comparando os benefícios obtidos pelo dispositivo.
SECRETARIA DA FAZENDA Caçapava do Sul A edificação localizada numa das esquinas principais da cidade de
Caçapava do Sul, abriga no térreo as atividades do Banco do Brasil, e no
segundo pavimento a Secretaria da Fazenda do município.
114
(A) brise (B)
FIGURA 91 – Vistas externas – (A) fachada Norte (B) fachada Oeste
A fachada principal e a lateral apresentam brise-soleils localizados
principalmente no segundo pavimento do prédio (Figura 91). Estes apesar de
se destacarem na fachada por suas dimensões, configuram elementos de
média escala, por não fazerem parte da própria estrutura. Os dispositivos
possuem grandes saliências que se integram ao conjunto e caracterizam a
composição plástica da volumetria da edificação.
A fachada Norte (5°NE) é bem protegida da radiação solar nas primeiras
e últimas horas do dia, enquanto que a fachada lateral orientada para Oeste
(5°SO) recebe incidência solar durante o período da tarde. Isso ocorre pelo fato
dos brises estarem posicionados perpendicularmente ao plano da fachada ao
invés de inclinados.
Contudo, o posicionamento dos dispositivos, lateralmente às aberturas
proporciona um sombreamento das mesmas, na fachada Norte (Figura 92(A).
Dessa forma, obstruem menos a visibilidade para o exterior e permite uma boa
entrada de luz natural (Figura 92(B).
A inclinação de 90° com relação à fachada também possibilita uma
adequada privacidade aos usuários, e a ventilação no ambiente não sofre
qualquer interferência.
115
(A) (B)
FIGURA 92– (A) brises perpendiculares à fachada (B) vista interna
O material empregado na confecção desses brises é o concreto armado,
dispensando grandes investimento para sua implantação. A manutenção é fácil
e com custo razoável, mas necessária para que o dispositivo tenha uma vida
útil bastante longa.
EDIFÍCIO MIRADOR Santa Maria O prédio de habitação unifamiliar de 4 pavimentos, localizado numa
esquina movimentada da cidade, possui arquitetura simples, com reentrâncias
e sacadas que dão certo movimento na volumetria (Figura 93).
brise
FIGURA 93– Vista externa do Ed. Mirador
116
Os brise-soleils foram inseridos no vão das janelas na fachada lateral e
caracterizam-se como elementos adicionados ao conjunto arquitetônico. Não
possuem grande representatividade na composição plástica do prédio,
concluindo-se que tenham sido colocados posteriormente.
A fachada lateral recebe incidência solar no período da tarde (Oeste 15°
SO) e portanto, os brises verticais e móveis protegem de maneira eficiente as
áreas de serviço (Figura 94(A) e 94(B).
(B) (A)
FIGURA 94 – (A) brises verticais móveis (B) fachada Oeste
A visibilidade para o exterior é parcial pelo fato de que as lâminas
movimentam-se até 45°. Contudo, a privacidade obtida pelos dispositivos
garante que as lavanderias não fiquem expostas para a rua (Figura 95).
FIGURA 95 – Áreas de serviço protegidas pelos brise-soleils
117
Apesar da presença de elementos de proteção solar nas janelas das
áreas de serviço, esses ambientes são bem ventilados e possuem uma
adequada iluminação natural.
O material empregado na confecção dos brises é alumínio anodizado,
que permite ótima reflexão dos raios solares. Por tratar-se de alumínio, uma
material mais frágil, o dispositivo de proteção solar somente possui longa
durabilidade se tiver boa manutenção e cuidados no manuseio.
ESCOLA FRANCISCANA SÃO VICENTE DE PAULO Santa Maria Trata-se de um edifício projetado para atender as atividades da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental (1ª a 8ª série). A fachada principal
demonstra uma preocupação tanto com a questão plástica quanto da
ambiental. A volumetria levemente recortada e a composição de cores estão
em sintonia com a utilização dos brises, que contribuem plasticamente na
edificação (Figura 96).
FIGURA 96 – Vista externa da Escola
No aspecto ambiental, o brise vertical móvel não atende adequadamente
a função de protetor solar. Para proteger corretamente a fachada orientada
para Norte (10°NE) deveria ser usado brise horizontal. Apesar da mobilidade
118
dos painéis, estes quando estão com abertura máxima, protegem os ambientes
do sol da manhã e permite a entrada dos raios solares durante à tarde, período
crítico nos dias de calor. É por essa razão que as salas possuem cortinas
internas (Figura 97).
FIGURA 97 – Vista interna – uso de cortinas
Em virtude da inclinação das lâminas serem de 0° a 45°, há um prejuízo
tanto na luminosidade dos espaços internos, sendo necessário o uso de
iluminação artificial, quanto na visibilidade externa. Todavia, a privacidade
nesses ambientes é mantida. (Figura 98(A).
Contudo, o afastamento entre o dispositivo e as janelas permite que
ocorra uma boa ventilação nos ambientes. A dissipação do ar ocorre também
em função das aberturas na parte superior e inferior do dispositivo, impedindo
que o calor acumulado nos painéis entre nas salas (Figura 98(B).
(B)
(A)
FIGURA 98 – Detalhes - (A) abertura máxima dos painéis é de 45° (B) espaço entre os brises e as janelas
119
A estrutura metálica do dispositivo, sustentada com mão-francesa, e os
perfis metálicos constituindo os painéis repercutem em custos de implantação
razoáveis. Já a durabilidade do material é muito boa, principalmente se ocorrer
uma manutenção periódica das guias que dão mobilidade aos brises. Os
painéis precisam apenas de limpeza com pano úmido para manterem-se com o
brilho natural do alumínio que reflete eficientemente os raios solares.
BANCO DO BRASIL Vera Cruz O volume da edificação resulta de uma combinação de alvenaria de
tijolos à vista, panos de vidro, colunas e dispositivos de proteção solar vertical e
horizontal. Todos esses elementos dão um caráter único à edificação térrea do
Banco do Brasil em Vera Cruz (Figura 99).
brise
FIGURA 99 – Vista externa do banco do Brasil
Os brises verticais contribuem na composição do volume do prédio e
estão inseridos de modo diferenciado comparado aos que geralmente são
utilizados. Em virtude do formato dos painéis e da maneira como foram fixados
pode-se afirmar que os dispositivos foram projetados especificamente para
essa edificação adotando uma função plástica. No entanto, não é somente o
valor estético que os brises proporcionam, mas também e de modo eficiente,
proteção solar para a face Oeste do edifício, passando a exercer sua função
ambiental (Figura 100(A) e 100(B).
120
(A) (B) (C)
FIGURA 100 – (A) vista dos brises verticais (B) detalhe da fixação dos perfis metálicos na laje (C) vista interna do Banco
Observa-se no ambiente interno do Banco que não há uso de cortinas,
demonstrando a eficiência do brise como um protetor solar (Figura 100(C).
Nota-se também através desta Figura que há uma circulação de ar entre os
painéis e as janelas, contribuindo para a ventilação natural do estabelecimento,
pois existe a possibilidade de abertura total das janelas.
As dimensões dos painéis não obstruem totalmente a visibilidade para o
exterior, mas certamente proporcionam grande privacidade para os usuários do
Banco. Com relação à luminosidade, como em todo ambiente bancário, há
grande uso de iluminação artificial, que não seria tão necessária com a
existência dos brises, principalmente no período da tarde.
Os tipos de materiais empregados no dispositivo, painéis em
fibrocimento e estrutura metálica, representam baixo custo de implantação do
brise frente aos benefícios produzidos, principalmente por serem fixos,
acarretando custo reduzido comparado aos móveis. A durabilidade é garantida
com a manutenção periódica através de pintura das placas e estrutura de
fixação.
121
BANCO DO BRASIL Santa Maria As atividades do Banco do Brasil são distribuídas nos quatro pavimentos
do prédio situado na Av. Rio Branco. Sua composição plástica é determinada e
caracterizada pela presença de brises verticais móveis que compõe toda a
extensão da fachada principal (Figura 101(A).
(B) (A)
FIGURA 101– (A) Vista externa da edificação (B) vista da modulação dos brises
Os protetores solares localizam-se dentro do grande vão das janelas,
limitado somente pelas lajes e paredes externas, existindo uma modulação
regular da estrutura metálica que sustenta os painéis, demonstrando o
dimensionamento dos brises especificamente para os vãos. Existem alguns
módulos que estão desprovidos de lâminas protetoras (Figura 101(B).
O plano frontal é orientado para Oeste, justificando o uso de brise-soleil
vertical para impedir a penetração dos raios solares da tarde. Sendo assim,
afirma-se que os elementos protetores cumprem eficientemente seu papel
ambiental.
O conjunto de brises está distanciado cerca de 1m do plano das
aberturas, oferecendo uma circulação para a manutenção do dispositivo e
movimentação dos painéis. O recuo auxilia tanto na ventilação do espaço como
na proteção solar (Figura 102(A).
Outro benefício causado pela galeria é a privacidade dos usuários e
funcionários do Banco, não sendo perceptível sua visão do exterior. Já a
visibilidade externa é conseguida pela possibilidade de movimentação dos
122
brises, principalmente nos períodos da manhã e em dias nublados, onde não
há incidência direta dos raios solares sobre a fachada. Entretanto, percebe-se,
pelo abandono do dispositivo, que essa vantagem não é muito utilizada pelos
usuários (Figura 102(B).
A falta de conhecimento do uso e vantagens do brise é representada nos
dois últimos pavimentos, onde se encontram cortinas, que efetuam a mesma
função do dispositivo externo. Sendo assim, a iluminação artificial é
responsável pela luminosidade dos ambientes.
(A) (B) (C)
FIGURA 102 – (A) vista interna da galeria (B) vista interna dos brises (C) detalhe dos painéis e guia metálica As lâminas que constituem o brise-soleil são tipo asa de avião e sua
interligação se dá por uma guia metálica, para que ocorra a movimentação de
um grupo de painéis. O sistema torna-se de custo mais elevado do que os
outros dispositivos vistos até agora, em virtude de ter acabamento em alumínio
anodizado que apresenta um fator de reflexão muito vantajoso.
O tipo de material utilizado no protetor garante a boa durabilidade do
dispositivo e uma manutenção simples e fácil, que deve ser mais criteriosa com
relação à guia metálica que dá mobilidade ao conjunto (Figura 102(C).
123
REITORIA DA UFSM Santa Maria A administração geral da Universidade Federal de Santa Maria é
distribuída em 9 pavimentos num único bloco retangular, posicionado no
mesmo eixo da avenida principal que dá acesso ao campus universitário
(Figura 103(A).
(B)
(A)
FIGURA 103– Vista externa - (A) fachada Oeste (B) fachada Leste
A composição plástica da fachada Oeste (20°SO) é caracterizada pela
presença de dois elementos, ambos de proteção solar: o brise-soleil e o
cobogó. O brise protege as salas de trabalho dos diversos pavimentos
enquanto a escada e o hall de cada pavimento são marcados pelo cobogó. Já
a fachada Leste (20°NE) é totalmente revestida por módulos alternados por
placas opacas e vidros, destituído de qualquer proteção solar. Para combater o
acúmulo de calor recebido nos ambientes, usou-se condicionamento artificial e
películas protetoras nos vidros (Figura 103(B).
Os brises estão limitados pelas saliências das lajes e pilares dispostos
regularmente, e foram afastados das aberturas cerca de 35cm permitindo uma
adequada ventilação nas salas. (Figura 104(A). Sua eficiência é causada não
apenas pela correta inserção na fachada, mas principalmente pela mobilidade
do dispositivo. A movimentação é feita por painel, possibilitando que o usuário
defina os pontos que quer proteção dos raios solares (Figura 104(B).
124
(C) (A) (B)
FIGURA 104 – (A) espaço entre brises e janelas (B) mobilidade dos brises (C) vista interna
O fator mobilidade também possui outro benefício: possibilita a visão do
ambiente externo, de acordo com a necessidade e vontade do usuário. Da
mesma forma a privacidade pode ser mantida. Entretanto, as salas orientadas
para Oeste utilizam iluminação artificial, principalmente pela parte da manhã
pois não ocorre incidência de raios solares. Em geral, pode-se considerar que a
iluminação natural interna é boa (Figura 104(C).
A durabilidade do dispositivo de proteção solar está ligada à sua
conservação, já que o brise é móvel e necessita de maiores cuidados. Dessa
forma, sua manutenção deve ser periódica principalmente com relação ao
sistema que permite a movimentação dos painéis. No caso dos brises fixos,
não existe essa preocupação, de modo que a manutenção torna-se mais
simples. O mesmo ocorre com o custo de implantação. Com um sistema para
dar mobilidade e painéis próprios para essa função, o investimento aumenta
consideravelmente, devendo levar em conta o custo/benefício do dispositivo.
COLÉGIO FRANCISCANO SANT’ ANNA – PRÉDIO 2 Santa Maria No bloco prismático localizado no centro de Santa Maria, encontram-se
as salas de aula, que se dispõem simetricamente ao centro do volume onde
está situada a circulação vertical do prédio. Essa simetria também é enfatizada
125
pela regularidade das aberturas e dos brises que compõem as fachadas Oeste
e Leste da edificação (Figura 105(A) e 105(B).
brise (A) (B)
FIGURA 105 – Vista externa - (A) fachada Leste (B) fachada Oeste
A composição plástica da arquitetura foi interferida pela inserção dos
brises, que foram colocados posteriormente para resolver problemas de
radiação solar, comportando-se desse modo como elementos de fachada. A
escolha correta do brise vertical móvel nas fachadas orientadas para Leste e
Oeste resolve a problemática da excessiva incidência solar nos períodos da
manhã e tarde, mas apresenta outros problemas que invalidam a função do
dispositivo. Pois seu papel ambiental foi prejudicado pela cor escura e por ser
inserido dentro de um quadro fechado junto às aberturas.
A cor escura, além de absorver muito a radiação solar, compromete a
luminosidade natural das salas de aula. Quando os brises estão fechados, os
ambientes ficam muito escuros, sendo necessário a aberturas dos painéis para
que as cortinas sejam acionadas, permitindo uma iluminação razoável nas
salas (Figura 106(A). A visibilidade também é comprometida, e somente a
privacidade atende seu objetivo.
O modo como os brise-soleils foram incorporados às fachadas
prejudicou a ventilação dos espaços internos. O quadro totalmente fechado que
estrutura os painéis impede a dissipação do ar acarretando no abafamento das
salas de aula. Por esse motivo, foi colocado ar-condicionado em todos os
compartimentos (Figura 106(B).
126
(A) (B)
FIGURA 106 – (A) uso de cortinas e ar-condicionado nas salas de aula (B) quadro fechado saliente à fachada
O custo de implantação dos protetores solares externos foi relativamente
alto, principalmente se for levado em consideração o não cumprimento do
objetivo principal. Sendo assim, além do alto investimento com ar-
condicionado, possui como grande desvantagem o exacerbado consumo
energético.
A manutenção das guias metálicas responsáveis pela movimentação
das placas deve ser periódica, para que o dispositivo seja durável. O espaço
entre as aberturas e os brises também deve ter manutenção, bem como os
painéis (Figura 107(A) e 107(B).
(B) (A)
FIGURA 107– (A) detalhe da guia metálica e alavanca (B) espaço entre painéis e janela
127
FÓRUM Candelária A edificação se desenvolve a partir de um prisma regular, composto de
dois pavimentos onde, no térreo executam-se as atividades do Banco do Brasil,
e no pavimento superior funciona o Fórum da cidade. O volume central saliente
à fachada se comporta como eixo da simetria do prédio observado no segundo
pavimento através das aberturas com brise-soleil (Figura 108).
brise
FIGURA 108 – Vista externa do Fórum
A inserção dos brises na fachada principal contribuiu para a composição
plástica do prédio. Os dispositivos verticais proporcionaram um certo
movimento aos elementos horizontais composto pela platibanda e vigas, e
também realçaram a simetria do pavimento superior.
Contudo, além do efeito plástico exercido, os brises protegem de
maneira eficiente as aberturas orientadas para Oeste, desempenhando bem
sua função principal (Figura 109(A). Entretanto, foram observados elementos
de proteção solar interno, as cortinas, que se sobrepõe à função de proteção
do brise (Figura 109(B).
(B) (A)
FIGURA 109 – Vista externa – (A) proteção dos brises contra o sol da tarde (B) cortinas e iluminação artificial
128
Observando a Figura 109(B), percebe-se a utilização da iluminação
artificial complementando a luminosidade natural dos ambientes.
O afastamento entre os painéis permite que ocorra uma boa visão
externa, de modo que não comprometa a privacidade dos funcionários do
Fórum (Figura 110(A).
Através desta foto, também se pode observar que os dispositivos de
proteção solar estão dentro de um quadro composto pelas vigas e platibanda
juntamente com as paredes externas salientes. Todavia, esse quadro não
impede a dissipação do calor através das lâminas, pois os brises estão bem
afastados do plano das aberturas e dos limites inferior e superior. Desse modo,
a ventilação dentro do ambiente de trabalho não é prejudicada pelos elementos
de proteção solar.
A composição do brise é basicamente metálica, desde sua estrutura
confeccionada em tubos metálicos, até os painéis feitos de chapas metálicas
encaixadas num perfil U, (Figura 110(B). Dessa forma, o custo de implantação
torna-se razoável se comparando com a durabilidade do dispositivo. A
manutenção, que requer pintura da estrutura e painéis, também não é onerosa.
(A) (B)
FIGURA 110 – (A) afastamento entre painéis permite adequada ventilação (B) detalhe da estrutura metálica e dos painéis
129
PRÉDIO 53 - UNISC Santa Cruz do Sul Localizado no campus da Universidade de Santa Cruz do Sul, o bloco
prismático de 4 pavimentos. Na fachada mais crítica, orientada para Oeste, foi
inserido brise-soleil para proteger as aberturas do último pavimento (Figura
111).
brise
FIGURA 111 – Vista externa do Prédio 53
Percebe-se que o brise foi colocado posteriormente, para corrigir
problemas de insolação naqueles ambientes, comportando-se dessa forma
como um elemento plástico de fachada. Mesmo não possuindo um valor
arquitetônico significante, sua eficiência ambiental é garantida através da
correta inserção de painéis verticais e móveis para proteger as salas da
radiação solar à tarde (Figura 112(A).
A mobilidade dos brises também possibilita a visibilidade do exterior e
permite o controle da luminosidade natural das salas, principalmente no
período da manhã, quando não há incidência de raios solares. Essa iluminação
natural é também fruto da boa reflexão do sol realizada pelos painéis brancos.
De qualquer modo, as cortinas estão presentes nos ambientes. (Figura 112(B).
(B) (A)
FIGURA 112 – (A) vista externa dos brises verticais móveis (B) vista interna das salas
130
A iluminação artificial é acionada geralmente no período da tarde,
quando os painéis estão mais fechados para impedir a entrada da luz solar
direta. Nesse momento, a iluminação natural é efetuada somente pelas janelas
laterais.
A privacidade dos ambientes é garantida pela presença dos brises e
pelo fato de localizarem-se no último pavimento da edificação.
A Figura 113(A) mostra que o dispositivo está afastado das janelas e
possui aberturas na extremidade superior e inferior, garantindo a dissipação do
ar e permitindo a adequada ventilação nos ambientes.
O material constituinte dos painéis é plástico, com boa resistência às
intempéries e uma estrutura metálica. O acionamento para a movimentação é
manual, semelhante às janelas tipo basculante (Figura 113(B). Sendo assim, o
custo de implantação não é elevado, mas a manutenção, principalmente da
estrutura, deve ser feita regularmente para facilitar o manuseio dos painéis
pelos usuários. Com isso, garante-se a durabilidade do brise.
(A) (B)
FIGURA 113– (A) espaço entre painéis e janela (B) detalhe do acionamento manual para movimentar os brises
131
PRÉDIO 2 - CAMPUS 1 - UNIFRA Santa Maria Este prédio do Centro Universitário Franciscano, localizado no centro da
cidade de Santa Maria, chama a atenção devido à presença de brises.
FIGURA 114 – Vista externa do Prédio 2
Os brises são fixados externamente, constituindo uma espécie de
máscara sobre as aberturas, ocultando-as e formando painéis horizontais que
contribuem na definição da composição plástica da edificação.
Os dois planos de fachadas, com orientação Oeste e Leste, são
protegidos eficientemente pelos dispositivos verticais móveis que podem ser
regulados de acordo com a necessidade de iluminação natural no interior dos
ambientes. Mesmo assim, há presença de cortinas nas salas (Figura 115).
FIGURA 115 – Vista interna – presença de cortinas
A mobilidade dos brises garante a possibilidade de uma visão total do
exterior, da mesma forma que se pode regular o grau de privacidade de acordo
com a necessidade dos usuários das salas (Figura 116).
132
(B) (A)
FIGURA 116 – (A) privacidade e visibilidade de acordo com necessidade do usuário (B) detalhe dos perfis encaixados nas guias metálicas
Na Figura 116(A) também é possível perceber o afastamento dos
dispositivos com relação à fachada, que contribui eficientemente na dissipação
do calor entre os painéis e permite a adequada ventilação dentro dos
ambientes.
Tanto a estrutura quanto os painéis foram confeccionadas de alumínio
anodizado, material leve e de fácil manutenção. As lâminas são compostas de
perfis metálicos fixados sobre uma estrutura construída de acordo com os vãos
necessários (Figura 116(B). O custo dos perfis é relativamente alto,
principalmente por terem sido encomendados de fora da região. Já a estrutura
foi construída com material e mão-de-obra local. A manutenção periódica,
principalmente dos perfis garante a durabilidade do dispositivo.
CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES Júlio de Castilhos Localizado no centro da cidade, o prédio abriga duas distintas
atividades: Banco do Brasil no térreo e Câmara Municipal de Vereadores no
segundo pavimento, sendo este recoberto por brise-soleils verticais e fixos,
proporcionando uma certa verticalização na fachada. (Figura 117(A). Esses
133
dispositivos possuem grandes saliências e estão integrados ao conjunto, sendo
responsáveis pela composição plástica da edificação.
(A) (B)
FIGURA 117 – (A) vista externa do prédio da Câmara Municipal de Vereadores (B) vista externa dos brises verticais fixos
Com relação à eficiência ambiental do brise, pode-se afirmar que é
parcial, pois a fachada Norte é protegida da radiação solar nas primeiras e
últimas horas do dia. Já, pelo fato de os painéis formarem ângulo de 90° com o
plano da fachada, a privacidade dos funcionários é garantida, assim como a
visibilidade para o exterior.
A ventilação é controlada pela abertura das janelas, não havendo grande
interferência dos brises sobre esse aspecto (Figura 117(B).
Através da Figura 117(B), pode-se dizer que a distância entre os painéis
que dividem as aberturas é relativamente pequena. Portanto, a luminosidade
no interior do prédio não é adequada devido ao sombreamento exercido pelos
brises. Faz-se necessário o uso de iluminação artificial como complementação.
Os brises foram executados juntamente com o prédio, e por serem de
concreto possuem vida útil longa se forem efetuadas pinturas regularmente.
Seu custo de implantação é pouco oneroso, por ter sido dissolvido no
investimento da obra.
134
5.3.2 Brise-soleil Horizontal
Este tipo de protetor solar torna-se eficiente para grandes alturas
solares, em épocas e horas do dia que o Sol está mais alto na abóbada
celeste. São pouco eficientes nas primeiras e últimas horas do período diurno.
Quando utilizados para obstruir raios solares baixos, podem obstruir a
visibilidade ao exterior e reduzir a luminosidade e ventilação. (Maragno, 2000).
Os elementos horizontais cumprem corretamente seu papel nas
orientações Norte e Noroeste, de acordo com Olgyay (1998). Ele afirma
também que esses brises sendo móveis podem variar seu perfil de sombra em
função da sua posição.
IMAGEM CORTE MÁSCARA DE
SOMBRA EXEMPLO
FIGURA 118 – Exemplos brise-soleils horizontais (Olgyay,1998)
135
Abaixo são apresentadas as edificações da região central do Estado que
apresentam brise-soleils horizontais, fixos ou móveis:
A B
Banrisul - Agência Dores Santa Maria
Hospital Universitário de Santa Maria
D C
Prédio 35 – UNISC Santa Cruz do Sul
Centro de Educação – UFSM Santa Maria
F E
Estacionamento Santa Cruz do Sul
Prédio 52 – UNISC Santa Cruz do Sul
FIGURA 119 (A – F) – Edificações com brise-soleils horizontais
136
G
Centro Integrado de Ensino Profissionalizante - CIEP Cruz Alta
H I
Prédio do Constantino Pré-vestibular Santa Maria
Banco do Brasil Santa Cruz do Sul
FIGURA 120 (G – I) Edificações com brise-soleils horizontais
CONSTANTINO PRÉ-VESTIBULAR Santa Maria A volumetria do prédio é marcada por elementos verticais e horizontais
que dão um caráter diferenciado das outras arquiteturas estudadas até então.
As saliências desses elementos localizam-se entre os fechamentos
transparentes e produz um jogo de sombras superando a monotonia cromática
da edificação. Pode-se afirmar que os brise-soleils, elementos horizontais,
137
foram pensados durante a fase de projeto e são elementos plásticos que
compõem a volumetria da edificação. (Figura 121(A).
(B) (A)
FIGURA 121 – (A) vista externa do Constantino Pré-vestibular (B) sombreamento dos brises horizontais e elementos verticais
As aberturas da fachada, com orientação Norte (10°NO), são
sombreadas e protegidas pelos brises horizontais, que exercem eficientemente
sua função ambiental. Os elementos verticais que estão salientes também
produzem sombra na fachada, principalmente durante à tarde. (Figura 121(B).
Através da Figura 121(B), pode-se perceber que uma parte superior das
janelas não é sombreada. Isso acontece porque os brises horizontais estão
afastados do plano frontal, proporcionando a ventilação entre os painéis e as
aberturas. Todavia, é por essa faixa que incidem os raios solares nas salas de
aula, sendo necessário o uso de cortinas para proteger totalmente os alunos da
radiação solar (Figura 122).
As dimensões das janelas proporcionam uma ótima visibilidade do
exterior, bem como uma adequada luminosidade natural. Mesmo assim, é
utilizada iluminação artificial como complementação. Entretanto, a privacidade
é de certa forma comprometida, caso não se utilize cortinas.
O brise-soleil é composto somente de concreto, pois painel e estrutura
atuam juntamente. Nesse caso, o custo para inseri-lo é relativamente baixo,
138
principalmente comparando-se os benefícios. É extremamente durável, e a
manutenção requer somente pintura.
FIGURA 122 – Vista interna – cortinas e iluminação
BANRISUL AGÊNCIA DORES Santa Maria A edificação onde se desenvolvem as atividades do Banrisul, possui a
volumetria da arquitetura caracteriza-se pela fachada frontal, onde há presença
de brises horizontais que concebem a linguagem plástica do prédio (Figura
123). Isso ocorre em virtude da incorporação dos dispositivos ao conjunto
arquitetônico, demonstrando que esses foram projetados junto com a
edificação.
FIGURA 123 – Vista externa do Banrisul, agência Dores
A fachada protegida pelos brises é orientada para Norte (20°NO) e
recebe a incidência solar no período da tarde. Dessa forma, os brises
139
horizontais cumprem eficientemente seu papel ambiental, protegendo a
edificação contra grandes alturas solares.
Através da Figura 124(A) pode-se perceber que os brises horizontais
estão localizados cerca de 2m de distância do plano das aberturas,
configurando uma galeria que serve tanto para manutenção do dispositivo
quanto para a dissipação de calor entre os painéis.
É possível constatar também, que a pequena distância entre os painéis
obstruem a visibilidade para o exterior e comprometem a iluminação natural,
sendo necessário utilizar iluminação artificial. Entretanto, a privacidade das
atividades exercidas no banco é total.
Os brises horizontais fixos de concreto além de configurarem a própria
estrutura, foram pensados na fase de projeto, reduzindo drasticamente seu
custo de implantação. (Figura 124(B). Em virtude do material utilizado, são
extremamente duráveis, sendo necessário apenas à manutenção da pintura,
que poderia ser mais clara para reduzir ainda mais o índice de absorção de
radiação solar e melhorar a iluminação natural.
(A) (B)
FIGURA 124 – (A) galeria entre os brises e aberturas (B) vista do brises fixos de concreto
CENTRO DE EDUCAÇÃO Santa Maria Os prédios que abrigam o Centro de Educação da UFSM possuem
proposta compacta, definida por blocos prismáticos que se mantêm unidos pela
140
repetição e regularidade das aberturas. Estas, por sua vez, estão protegidas
por brises horizontais e fixos (Figura 125).
FIGURA 125 – Vista externa do Centro de Educação
Os elementos de proteção foram inseridos juntamente com a fase de
conclusão da obra, demonstrando que foram propostos durante o projeto.
Entretanto, não mostram coerência e unidade formal com o prédio,
apresentando-se como um elemento de fachada colocado posteriormente. Seu
caráter plástico é pouco significativo.
Porém, sua eficiência ambiental é reconhecida, pois protege as fachadas
de ângulos solares altos ocasionados pela orientação Norte.
Observa-se pela Figura 126(A), que a luminosidade nas salas de aula é
razoável, e que o uso das cortinas deve proteger da incidência solar nas
primeiras e últimas horas do dia. Já a visibilidade para o ambiente externo é
muito boa, o que não se pode afirmar com relação à privacidade.
(B) (A)
FIGURA 126 – (A) vista intern (B) detalhe da estrutura dos painéis
141
A ventilação das salas ocorre mais a meia altura das janelas, pois os
brises estão pouco afastados do plano da fachada, não sendo possível a
dissipação do ar entre eles (Figura 126(B).
Pode-se observar, na Figura 126(B), a simplicidade da estrutura que
sustenta os painéis constituídos de telha de fibrocimento, demonstrando o
baixo custo investido no dispositivo. A manutenção deve ser feita
principalmente nos painéis, mantendo-os limpos para impedir que a sujeira
acumulada absorva mais radiação solar. Para que o dispositivo seja durável, é
necessário que a amarração das telhas na estrutura esteja bem firme.
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA Santa Maria O complexo hospitalar localizado no campus da Universidade Federal de
Santa Maria possui a brises horizontais móveis, que provavelmente foram
colocados posteriormente para correção dos problemas térmicos resultantes da
incidência da radiação solar (Figura 127).
FIGURA 127 – Vista externa - bloco com brise-soleils
O dispositivo atua plasticamente como um elemento de fachada,
interferindo somente nesse plano. Com relação ao aspecto ambiental,
desempenha adequadamente sua função, protegendo a fachada orientada
para Norte (10°NE), dos raios solares.
142
Entretanto, há vários problemas referentes aos outros fatores.
Internamente, pode-se observar que as janelas protegidas pelo dispositivo são
altas e possuem vidro canelado, diminuindo a luminosidade interior (Figura
128(A). Com a presença dos brises essa luminosidade é ainda mais
comprometida. A iluminação natural só é feita através de quatro janelas com
peitoril mais baixo que não são protegidas por brise.
Além disso, a ventilação também não é eficiente nesses ambientes
internos, pois não há adaptação entre o dispositivo de proteção solar e o tipo
de abertura, da mesma forma que a visibilidade para o exterior é praticamente
impossível. Porém, a privacidade é total em função dessas circunstâncias
(Figura 128(B).
(B) (A)
FIGURA 128 – (A) janelas altas com vidro canelado prejudicam luminosidade (B) privacidade garantida através dos brises A estrutura e os painéis que constituem esse brise-soleil demonstram
que foi um investimento relativamente alto, comparando-se aos benefícios
obtidos pelo produto. A manutenção é complicada de ser feita, pois o
acionamento, realizado manualmente, é de difícil acesso internamente, bem
como a limpeza dos painéis, que, para ser efetuado eficientemente, necessita
de andaime para realizá-lo pelo lado externo da edificação. A periódica
manutenção do dispositivo garante a durabilidade do mesmo.
143
BANCO DO BRASIL Santa Cruz do Sul Situado no centro de Santa Cruz do Sul, a edificação prismática regular
apresenta um volume saliente que abriga a circulação vertical. As janelas, que
abrangem toda a fachada recuada, possuem altura correspondente ao pé-
direito dos espaços internos. Com o objetivo de proteger todo o pano de vidro,
utilizou-se brise-soleil horizontal (Figura 129(A). Da mesma forma, a fachada
de fundos do prédio também possui brises para o controle da radiação solar
(Figura 129(B).
(B) (A)
FIGURA 129 – Vistas externas - (A) fachada frontal (B) fachada de fundos
A expressão plástica do edifico apóia-se na simplicidade, sendo
caracterizada pelos brises que atuam como sobre-fachada no plano frontal. Já
nos fundos, essa sobre-fachada torna-se mais densa, em virtude da
proximidade entre os painéis.
O dispositivo atua como uma grelha para controlar a incidência solar nas
orientações Oeste (10°SO) e Leste (10°NE) das fachadas frontal e fundo,
respectivamente. Apesar de não ser a tipologia de protetor solar mais indicada
para tais orientações, pode-se dizer que exerce razoavelmente o papel de
elemento ambiental.
Em função da diferença entre os brises com relação ao afastamento dos
painéis, os efeitos causados em cada fachada também se tornam
diferenciados. Enquanto que a luminosidade dos ambientes é adequada no
plano frontal (Figura 130(A) o contrário ocorre nos fundos, sendo indispensável
144
o uso de iluminação artificial. A ventilação também possui divergências, sendo
muito precária na fachada Leste, contrariando o que ocorre na Oeste.
Entretanto, as duas orientações têm problema referente à visibilidade do
exterior, cabendo à fachada de fundos a pior situação. Agora, com relação à
privacidade, esta, por sua vez é totalmente garantida nas duas orientações.
(Figura 130(B).
(A) (B)
FIGURA 130 – Vista interna - (A) fachada Oeste – afastamento entre painéis proporciona luminosidade (B) fachada Leste – pouco afastamento entre lâminas compromete visibilidade e luminosidade, mas garante privacidade
Os dispositivos utilizados para as duas orientações são constituídos do
alumínio anodizado. Este material possui a vantagem de refletir grande parte
da radiação solar, entretanto, seu custo de implantação é um tanto oneroso,
pelo fato de ser um produto industrializado. Sua manutenção é simples,
bastando limpeza periódica para não comprometer as características
benéficas, principalmente dos painéis. As lâminas são fixadas por pressão num
porta-painel que é sustentado em estrutura engastada na alvenaria, garantindo
assim a durabilidade do dispositivo.
145
PRÉDIO 35 - UNISC Santa Cruz do Sul A edificação em análise possui volumetria prismática com aberturas
dispostas na fachada de modo regular, alternando faixas de fechamentos
transparentes e opacos em tijolo à vista. Protegendo as janelas, encontram-se
brise-soleils horizontais e fixos, caracterizando plasticamente a fachada
(Figura 131).
FIGURA 131– Vista externa do Prédio 35
A fachada orientada para Norte (10°NO) é eficientemente protegida
contra os raios solares durante o dia, principalmente no período da manhã.
Sendo assim, o brise exerce adequadamente seu papel ambiental.
As dimensões e a inclinação do dispositivo produz uma certa dificuldade
na entrada de iluminação natural nas salas, que é complementada com a
artificial (Figura 132). Entretanto, a visibilidade do exterior é garantida, apesar
de que a privacidade dos ambientes deve ser complementada por cortinas
internas.
FIGURA 132 –Vista interna de uma sala
146
Apesar da existência de ar condicionado na maioria dos ambientes, a
tipologia das janelas e brises permitem a adequada ventilação no interior das
salas.
A estrutura constituída de treliça metálica fixada na alvenaria, dá suporte
as placas de material plástico (Figura 133(A). A simplicidade da solução do
controle da radiação solar demonstra que com baixo custo pode-se fazer
dispositivos eficientes. A manutenção garante a durabilidade do sistema,
principalmente se houver necessidade de troca de painel. É importante que se
mantenha a cor branca, seja com limpeza ou pintura, para que ocorra a baixa
absorção dos raios solares por esses painéis (Figura 133(B).
(A) (B)
FIGURA 133 – Detalhes (A) estrutura metálica (B) fixação painéis
PRÉDIO 52 - UNISC Santa Cruz do Sul O prédio 52 da Universidade de Santa Cruz do Sul possui 2 pavimentos
apresentando uma volumetria prismática retangular, onde as fachadas de
maiores dimensões são marcadas por faixas horizontais que alternam os
fechamentos transparentes e acabamento em tijolo à vista (Figura 134(A).
147
(A) (B)
FIGURA 134 – (A) vista externa do Prédio 52 (B) Sobreposição do beiral com o brise-soleil horizontal
A fachada Norte (20°NO) é a única que possui brise-soleil para proteção
solar. Tais elementos não possuem coerência e unidade na composição
plástica do prédio. Nota-se que foram inseridos apenas para corrigir problemas
de incidência solar. A Figura 134(B) mostra que há uma sobreposição do beiral
da cobertura com o brise. Nesse caso, o beiral poderia ter assumido a função
de protetor solar se essa questão tivesse sido analisada na fase de projeto.
Os brises exercem eficientemente sua função ambiental, entretanto,
comprometem a luminosidade das salas, sendo necessário a utilização de
iluminação artificial. E mesmo assim, observa-se o uso de cortinas internas,
que garantem a privacidade nas salas, pois os brises horizontais não cumprem
tal aspecto (Figura 135(A).
(A) (B)
FIGURA 135 – (A) vista interna mostrando o uso de cortinas (B) detalhe da fixação dos painéis e estrutura
148
A ventilação nos ambientes não é obstruída pelo dispositivo, e ainda é
favorecida pela tipologia das aberturas. O mesmo ocorre com a visibilidade,
que se mantém inalterada pela presença do protetor solar.
Os painéis de material plástico na cor branca foram fixados na estrutura
metálica que está engastada na alvenaria. A solução simples apresenta um
custo relativamente baixo, que para ser durável é necessário que haja
manutenção, principalmente com relação aos painéis (Figura 135(B).
ESTACIONAMENTO Santa Cruz do Sul O estacionamento, localizado no centro do município, vincula-se à uma
edificação localizada ligeiramente ao lado. O pequeno estabelecimento que
abriga veículos possui na sua fachada Leste (20°NE) dispositivos de proteção
solar. Plasticamente, os brises produzem um efeito estético interessante na
fachada, principalmente por ser constituído do mesmo material que as
aberturas (Figura 136).
(A) (B)
FIGURA 136 – (A) vista externa do Estacionamento (B) vista interna do estacionamento
A orientação Leste da fachada seria devidamente protegida caso os
brises fossem verticais, entretanto, mesmo posicionado na horizontal, pode-se
afirmar que o dispositivo produz boa proteção solar para os carros
estacionados, exercendo seu papel ambiental razoavelmente.
149
O dispositivo está localizado bem afastado do plano da fachada,
proporcionando uma adequada ventilação no ambiente. Em virtude dos brises
não protegerem totalmente as aberturas, o estacionamento possui uma ótima
iluminação natural durante o dia. A visibilidade também é garantida, apesar
desse aspecto não ter importância para a atividade exercida nesse espaço. Já
com relação à privacidade, esta é garantida principalmente pelo peitoril alto das
aberturas que não permite a visibilidade dos carros que ali estão estacionados.
Pela primeira e única vez, a madeira é aplicada na composição do brise-
soleil. Um material de custo baixo, mas com problemas em sua durabilidade
devido à sua baixa resistência às intempéries. Sendo assim, se faz necessário
que a manutenção seja periódica, muito mais do que em qualquer outro
dispositivo analisado até agora. Essa manutenção acontece tanto na
recuperação dos painéis prejudicados, quanto na troca dos mesmos em virtude
de problemas de empenamento (Figura 137(A) e 137(B).
(A) (B)
FIGURA 137– (A) detalhe do desgaste da madeira (B) painéis com problemas de empenamento
150
CENTRO INTEGRADO DE ENSINO PROFISSIONALIZANTE - CIEP Cruz Alta As instalações do CIEP na cidade de Cruz Alta se distribuem numa
grande área ocupada por blocos de apenas um pavimento.
(B) (A)
FIGURA 138 – (A) vista externa do CIEP (B) fachada Leste
As fachadas Leste (10° SE) e Norte (10° NE) possuem a presença de
brises horizontais. Esses dispositivos estão inseridos sobre cada abertura, num
quadro metálico que abriga os painéis móveis (Figura 138(B). Dessa forma,
pode-se afirmar que são elementos de fachada, não interferindo na
composição plástica do volume como um todo.
Os brises da fachada Leste não protegem com eficiência as aberturas da
radiação solar que incide durante a manhã, sendo necessário utilizar nas salas
de aula cortinas internas. Caso esses painéis fossem verticais, a proteção seria
mais eficiente. Já na fachada Norte, os elementos inseridos cumprem
adequadamente seu papel ambiental.
A mobilidade das lâminas possibilita regular a privacidade e
luminosidade no interior dos ambientes e a ventilação não é prejudicada
(Figura 139(A). Contudo, não há espaço entre os painéis e aberturas para
ocorrer à dissipação do ar.
A visibilidade nesse caso, é um pouco comprometida, pelos brises e pela
tipologia das aberturas.
151
(A) (B) (C)
FIGURA 139 – (A) vista interna de uma sala (B) brises metálicos anodizado (C) alavanca para movimentação dos painéis
Os painéis utilizados para a confecção dos brise-soleils são perfis
metálicos anodizado, e por isso, seu custo de implantação torna-se oneroso
(Figura 139(B). A estrutura, mais simples, tem um custo mais razoável, por ter
sido confeccionada na região. O sistema de movimentação não é muito
prático,podendo ocasionar problemas com a durabilidade dessas placas,
necessitando trocá-las regularmente (Figura 139(C). Dessa forma, a
manutenção é fundamental para o bom funcionamento dos brises.
152
5.3.3 Brise-soleil Combinado
Nessa tipologia de brise-soleil, lâminas horizontais e verticais se unem e
compõem o brise combinado. Sendo assim, esse dispositivo mescla as
características dos dois primeiros protetores solares.
O brise combinado proporciona um sombreamento maior que os demais,
pois possui maior área de trama posicionada na frente da superfície
envidraçada. Desse modo, reduz consideravelmente a transmissão de calor
para o interior da edificação. Porém, reduz a disponibilidade de luz natural no
ambiente e interfere significativamente na visibilidade para o exterior.
Neste capítulo, além de mostrar obras que possuem o emprego de brise-
soleil combinado, são apresentadas edificações com duas tipologias de
protetores solares, vertical e horizontal, inseridas em orientações diferentes,
porém com unidade na composição plástica da volumetria da edificação.
MÁSCARA DE
SOMBRA EXEMPLO IMAGEM CORTE
FIGURA 140– Exemplos de brise-soleils combinados (Olgyay,1998)
153
Logo abaixo são apresentadas edificações que possuem o brise-soleil
combinado, e obras que possuem a inserção de duas tipologias desse
dispositivo de proteção solar.
B
A
Centro de Tecnologia UFSM
Santa Maria Instituto de Previdência do Estado Cruz Alta
D C
Faculdade e Colégio Dom Alberto Santa Cruz do Sul
Centro de Ciências Naturais e Exatas Santa Maria
E F
SEST / SENAT Santa Maria
Banrisul – Agência Centro Santa Maria
FIGURA 141 (A – F) Edificações com diferentes tipos de brise-soleils
154
INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO Cruz Alta Inserido numa esquina no centro da cidade, o prédio do IPE apresenta
características volumétricas singulares, de acordo com o local de sua
implantação. O acesso principal, perpendicular à esquina, é marcado pelos
elementos estruturais que sobressaem aos elementos de vedação. A
circulação vertical insere-se num volume fechado à direita da entrada,
enquanto que as salas se distribuem ao longo da rua pela esquerda, e
possuem como elemento marcante a presença de brise-soleils (Figura 142).
FIGURA 142 – Vista externa do prédio do IPE
O brise-soleil combinado apresenta-se de modo diferente nessa obra,
pois os espaço entre as lâminas verticais e horizontais possuem dimensões
maiores das encontradas regularmente. O dispositivo insere-se na volumetria
como uma sobre-fachada definindo a composição plástica da edificação.
Apesar de elementos plasticamente importantes, não cumprem
adequadamente sua função ambiental, em virtude do pouco sombreamento
que exercem sobre a fachada Norte (10°NE). Caso os vãos entre as lâminas
horizontais fossem menores, a proteção contra a radiação solar seria maior
(Figura 143(A).
Contudo, os vãos permitem além de uma ótima visibilidade para o
exterior, uma luminosidade praticamente sem qualquer interferência, sendo
justificada a presença de cortinas internas para amenizar a possível incidência
solar (Figura 143(B).
155
(B) (A)
FIGURA 143 – (A) grandes vãos do brise combinado e uso de cortinas e iluminação artificial (B) detalhe do brise engastado perpendicularmente nas vigas
O brise inserido bem afastado do plano da fachada possibilita uma ótima
dissipação do ar e excelente ventilação nos ambientes. Entretanto, pode-se
afirmar que a privacidade das salas não boa, sendo complementada se
necessário, pelas cortinas.
O dispositivo de proteção solar confeccionado de concreto apresenta um
custo baixo de implantação, dissolvido no orçamento da execução da obra.
Este material, no entanto é muito durável, necessitando somente de
manutenção na sua pintura, que deve ser mantida em tons claros (Figura
143(B).
CENTRO DE TECNOLOGIA Santa Maria O prédio do Centro de Tecnologia localizado no campus da Universidade
Federal de Santa Maria possui uma volumetria prismática retangular com três
pavimentos.
Nas fachadas mais evidentes, Leste e Oeste, foram inseridas duas
tipologias de protetores solares, resultando em composições plásticas
diferenciadas. A fachada Leste possui o brise combinado protegendo a
156
circulação vertical do edifício. Já a fachada Oeste, as salas de aula são
protegidas com brise vertical (Fotos 144(A) e 144(B).
(A) (B)
FIGURA 144 – Vistas externas – (A) fachada Leste com brise-soleil combinado (B) fachada Oeste com brise-soleil vertical
Analisando os brises verticais da Figura 144(B), pode-se perceber que
estão localizados dentro de um quadro de abertura, definindo a composição
plástica da fachada, percebendo-se que foram propostos na fase de projeto da
edificação. Além de elemento formal e arquitetônico, também exerce
eficientemente a função ambiental de protetor contra a incidência da radiação
solar, que ocorre no período da tarde.
O afastamento entre os painéis e aberturas permite que ocorra
ventilação das salas de aula, que seria mais eficiente se a dissipação de calor
ocorresse também na parte superior e inferior dos brises.
Conforme a Figura 145(A), pode-se afirmar que há uma sobreposição de
mecanismos que protejam a salas da incidência solar: brise-soleil, cortinas e
pinturas nas janelas. Isso demonstra o desconhecimento da correta utilização
dos brises por parte dos usuários, de tal forma que compromete a iluminação
natural do ambiente, não restando outra solução senão a iluminação artificial.
Outro fator que compromete a adequada utilização dos brises é a falta de
manutenção do sistema responsável pela mobilidade dos painéis,
acrescentando dificuldades de movimentação (Figura 145(B).
157
(A) (B)
FIGURA 145 – (A) vista interna da sala de aula (B) detalhe da guia metálica enferrujada por falta de manutenção
O fator mobilidade não exerce a função corretamente, sendo assim, a
visibilidade é prejudicada. Contudo, um aspecto pouco relevante nessas
circunstâncias, a privacidade, desempenha adequadamente seu papel.
Os brises dessa edificação possuem a mesma constituição dos
dispositivos usados na Reitoria da Universidade, portanto, com relação à
durabilidade, manutenção e custo de implantação comportam-se da mesma
maneira. Entretanto, o modo diferenciado como esse dispositivo foi incorporado
pelos usuários dos dois prédios demonstra a desigualdade dos outros
aspectos.
Na fachada Leste encontra-se outro tipo de protetor solar, o brise
combinado. A circulação vertical do prédio foi tratada externamente com a
inserção desse dispositivo, contribuindo esteticamente na composição plástica
da edificação.
Os raios solares que incidem no período da manhã são amenizados com
a presença dos brises que proporcionam um sombreamento na área da
escada, o que demonstra a eficiência da sua função ambiental, conforme
Figura 146(A) que também mostra que a luminosidade nas escadas é
adequada, não precisando utilizar iluminação artificial.
158
Já na Figura 146(B), percebe-se que não há boa visibilidade para o
exterior, mas que a privacidade das pessoas que circulam no prédio é
adequada.
(A) (C) (B)
FIGURA 146 – Vista interna – (A) escadas protegidas por brises (B) privacidade garantida (C) detalhe do brise combinado
Como a superfície transparente está hermeticamente fechada, não
possuindo qualquer abertura, não ocorre ventilação nessa área do prédio como
também não há dissipação do ar entre as lâminas.
Contudo, em função do afastamento que existe entre o dispositivo e os
vidros, a incidência da radiação solar diminui até chegar na superfície
transparente. Dessa forma, o ambiente interno não recebe grande quantidade
de calor.
O brise combinado de concreto não possui grandes investimentos para
sua implantação. Sua durabilidade é excelente, desde que seja realizada
manutenção da sua pintura, que nesse caso, deve manter-se com cor clara
(Figura 146(C).
159
CENTRO DE CIÊNCIAS NATURAIS E EXATAS Santa Maria A edificação se desenvolve a partir de um prisma retangular
apresentando duas fachadas com maiores dimensões e tratamento de acordo
com sua orientação.
O volume da edificação é distribuído conforme uma malha regular
caracterizado por pilares aparentes na fachada Leste (5°SE). Essa orientação
possui como tratamento contra a radiação solar o uso de brise-soleil horizontal
(Figura 147(A).
A fachada Oeste (5°SO) apresenta brises verticais móveis que protegem
as salas de aula contra a incidência solar à tarde. Localizam-se no 2º e 3º
pavimentos em toda a extensão do edifício, dentro de um quadro de abertura
(Figura 147(B).
(B) brise (A)
FIGURA 147 – Vistas externas – (A) fachada Leste (B) fachada Oeste
Na orientação Oeste percebe-se que a inserção dos brises caracteriza a
fachada e contribui formalmente no resultado final da composição plástica.
Além disso, o dispositivo foi inserido corretamente para essa orientação,
exercendo assim o papel de elemento ambiental. Essa eficiência não é só
resultado do posicionamento dos painéis, mas principalmente da mobilidade
que esses possuem, mobilidade esta que produz a visibilidade externa e a
privacidade quando necessária. Tendo em vista a distância que as lâminas
estão das aberturas, pode-se afirmar que há uma adequada ventilação no
interior das salas de aula (Figura 148(A).
160
A Figura 148(B) demonstra que os brises estão sendo manejados
corretamente, pois não há outro tipo de protetor solar desempenhando essa
função. Dessa forma a luminosidade no interior desses ambientes não é
prejudicada, sendo auxiliada quando necessário por iluminação artificial.
(B) (A)
FIGURA 148 – (A) detalhe dos brises (B) vista interna da sala de aula
Os aspectos analisados anteriormente mostram o quanto é benéfico o
brise-soleil para proteger as salas de aula contra os raios solares. Entretanto,
esse benefício tem um custo de implantação e principalmente de manutenção
das guias metálicas responsável pela movimentação e já que o brise é
composto por materiais com boa durabilidade, é através dessa manutenção
periódica que se pode manter o funcionamento do dispositivo por mais tempo.
A fachada Leste (5° SE) possui brises inseridos em painéis entre os
pilares ao longo de toda a extensão da galeria que dá acesso às salas de aula
(Figura 149(A). Estes painéis possuem módulos opacos e com brises
horizontais dispostos de modo alternado, caracterizando esteticamente a
composição plástica da fachada principal (Figura 149(B).
161
(B) (A)
FIGURA 149 – Vista externa – (A) painéis entre os pilares (B) módulos opacos e com brises
Os painéis estão localizados na parte superior dos dois pavimentos, e
deveriam proteger as salas de aula contra a incidência solar. Entretanto, esses
dispositivos não cumprem com eficiência sua função ambiental, pois as salas
recebem incidência solar durante a manhã sendo necessário o uso de cortinas
internas. Percebe-se, pela Figura 150(A), que onde não há cortinas foram
colocados papéis para impedir a entrada dos raios solares.
(B) (A)
FIGURA 150 – (A) vista interna da sala de aula (B) detalhe das placas horizontais
Através da Figura 150(A) também se pode afirmar que há excesso de
luminosidade no interior do ambiente, causando ofuscamento para os alunos. A
visibilidade para o exterior é muito boa se não fosse a presença dos papéis
fixados nos vidros.
Em virtude dos brises estarem localizados entre os pilares da galeria que
estão afastados do plano da fachada, a ventilação nos ambientes é eficiente.
Pelo mesmo motivo, as salas de aula possuem certa privacidade, aspecto
positivo para os estudantes.
162
Os painéis metálicos possuem vãos onde estão inseridos painéis
horizontais de fibrocimento (Figura 150(B). O custo de implantação dessas
placas não é oneroso, mas os painéis possuem um investimento maior. Como
as placas não são muito duráveis, estas devem ser substituídas
periodicamente, assim como se deve pintar regularmente os painéis metálicos.
FACULDADE E COLÉGIO DOM ALBERTO Santa Cruz do Sul A característica mais evidente desta edificação se refere à composição
regular das aberturas, marcadas com frisos horizontais. Contrapondo essa
horizontalidade, brise-soleils verticais e móveis são inseridos nos vãos das
janelas da fachada Norte, atuando de modo singelo na composição plástica da
arquitetura (Figura 151(A). Já na fachada Oeste, alguns brises horizontais
foram inseridos e atuam de modo discreto na composição da fachada (Figura
151(B).
(A)
brise
(B)
FIGURA 151 – Vista externa – (A) fachada Norte (B) fachada Oeste
A fachada protegida por brises verticais está orientada para Norte
(20°NO), em virtude da mobilidade total dos painéis, há possibilidade de
163
proteção durante todo o período de incidência solar. Sendo assim, pode-se
afirmar que os brises cumprem corretamente seu papel de elemento ambiental.
A cor, outra característica desse dispositivo, apresenta grandes
vantagens. O grande fator de reflexão da radiação solar contribui na diminuição
da entrada de calor e no aumento da luminosidade natural nos ambientes. A
visibilidade do espaço exterior pode ser regulada de acordo com a
movimentação dos painéis. Já a privacidade é garantida através das
dimensões das janelas e pela presença dos brises (Figura 152(A) e 152(B).
(A) (B)
FIGURA 152 – (A) vista interna (B) privacidade garantida pelos brises
Como não há espaço entre as aberturas e o dispositivo não ocorre a
dissipação do ar dos painéis para que o pouco de calor absorvido não seja
transmitido para os ambientes. De qualquer modo, a ventilação dos espaços
internos é boa e regulada através mobilidade das lâminas.
Por tratar-se de brises constituídos basicamente de material metálico, a
durabilidade está vinculada à manutenção, principalmente da alavanca
responsável pela mobilidade (Figura 153). A conservação dos painéis brancos,
seja com pintura ou limpeza periódica, garante a reflexão dos raios solares.
Pode-se afirmar que o custo de implantação é adequado considerando os
benefícios gerados pelos brises neste edifício.
164
FIGURA 153 – Detalhe da alavanca que movimenta os painéis
A fachada orientada para Oeste possui além de brises verticais, a
inserção de alguns dispositivos horizontais móveis, que atuam de maneira
discreta na composição plástica da fachada (Figura 154(A).
Os dispositivos horizontais não barram eficientemente os raios solares
da fachada Oeste, transformando-se mais em elemento estético do que
ambiental.
brise horizontal
brise vertical
(A) (B)
FIGURA 154 – (A) vista externa da fachada Oeste (B) vista interna do auditório
Da mesma forma que os brises verticais, os horizontais estão pintados
com cor branca, que auxilia na reflexão dos raios solares e possibilita uma boa
luminosidade no ambiente. A privacidade também é garantida. No entanto a
165
visibilidade para o exterior não é adequada, mesmo com a mobilidade dos
painéis (Figura 154(B).
A ventilação é regulada pelos painéis, não ocorrendo dissipação do ar
entre os brises e as janelas protegidas.
Assim como ocorre com os brises verticais, os horizontais precisam de
manutenção, mais especificamente na alavanca que dá movimentação aos
painéis (Figura 155(A) e 155(B). Também se faz necessária limpeza periódica
para a conservação da cor clara nesses dispositivos.
(A) (B)
FIGURA 155 – Detalhes - (A) alavanca de movimentação (B) painéis móveis
Porém, a relação custo benefício para a implantação dos brises
horizontais não é adequada visto que esses elementos não exercem de
maneira eficiente sua função. Nesse caso, o custo de investimento seria
adequado se fossem implantados brises verticais.
BANRISUL – AGÊNCIA CENTRO Santa Maria O prédio prismático regular da década de 80, abriga as instalações do
Banrisul no centro de Santa Maria. Sua volumetria é marcada por duas
tipologias de brises: verticais e horizontais (Figura 156).
166
brise horizontal
brise vertical
FIGURA 156 – Vista externa do Banrisul Agência Centro
A fachada orientada para Oeste (5°NO) está eficientemente protegida
contra a incidência do sol no período da tarde, por brises verticais móveis.
Estes dispositivos foram inseridos dentro de um quadro, funcionando como
uma sobre-fachada, que está afastada cerca de 1m em relação plano das
aberturas (Figura 157(A).
A mobilidade dos elementos proporciona o controle da visibilidade,
privacidade e iluminação natural no interior dos ambientes (Figura 157(B) A
ventilação não prejudicada, pois a galeria de acesso ao brise possui abertura
na parte superior proporcionando dissipação do ar entre os painéis (Figura
157(C).
(A) (B) (C)
FIGURA 157 – (A) afastamento entre os brises e as aberturas (B) galeria com abertura superior (C) detalhe da alavanca responsável pela mobilidade dos painéis
167
Essa galeria também auxilia na manutenção dos dispositivos que deve
ser efetuada regularmente.
Atualmente, os brises estão fixados através de uma guia metálica que
prendeu os painéis, ocasionando no fechamento total dessa fachada (Figura
158). Essa providencia foi tomada em vista de problemas causados pelos
ventos da cidade que comprometeram a segurança do dispositivo, em função
da altura das placas.
FIGURA 158 – Guia metálica que prende os painéis
Os brises horizontais fixos protegem parcialmente as aberturas da
fachada Norte (5° NE), pois há incidência solar nos ambientes no período da
tarde durante o verão. Isso não aconteceria se os dispositivos fossem móveis.
Entretanto, não há prejuízo com relação à luminosidade, visibilidade e
ventilação nessas salas. Da mesma forma, que a privacidade é garantida para
os funcionários do banco.
Com relação ao aspecto estético, pode-se afirmar que os brises
horizontais compõem plasticamente a volumetria da edificação (Figura 159).
A estrutura do brise é fixada na estrutura das janelas o que pode
ocasionar o desprendimento do dispositivo (Figura 160(A) e 160(B). Sendo
assim, é necessário além da manutenção, a verificação da estrutura para
impedir problemas futuros.
168
FIGURA 159 – Brises horizontais compõem plasticamente a edificação
(A) (B)
FIGURA 160– (A) fixação dos painéis na estrutura (B) fixação da estrutura nos montantes das janelas
SEST / SENAT Santa Maria As organizações do Serviço Social do Transporte (SEST) e Serviço
Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT) localizam-se numa ampla
área da cidade e suas atividades estão distribuídas em blocos de um
pavimento interligados entre si (Figura 161).
(A) (B)
FIGURA 161 – Vista externa – (A) frente (B) lateral
169
Os blocos onde se desenvolvem as atividades possuem dois tipos de
brise-soleils: vertical móvel e horizontal fixo (Figura 162(A) e 162(B).
(A) (B)
FIGURA 162– Brises (A) vertical móvel (B) horizontal fixo
A presença dos brises verticais é predominante, comportando-se como
elementos plásticos que dão caráter próprio aos prédios. Isso se deve
principalmente, pelo fato dos dispositivos protegerem as extensas fachadas
Leste (20°NE) e Oeste (20°SO).
A proteção causada pelos brises nessas fachadas é eficiente, pois além
de estarem posicionados de maneira correta, são móveis, permitindo ao
usuário o controle da radiação solar (Figura 163(A). Porém, a luminosidade no
interior dos ambientes seria melhor se os painéis fossem dotados de cor mais
clara (Figura 163(B). A mobilidade dos painéis também beneficia a visibilidade
para o exterior, e possibilita o controle da privacidade no interior das salas.
Entretanto, pelo fato dos brises localizarem-se abaixo da cobertura com
apenas uma abertura na parte inferior, a dissipação do ar é comprometida, da
mesma forma que a ventilação não é tão adequada (Figura 163(C).
O custo de implantação desse dispositivo certamente foi alto, em virtude
de serem perfis metálicos. Já a estrutura, por ser confeccionada no local, teve
custo mais baixo. A manutenção requer limpeza periódica e ajustes realizados
regularmente para manter o funcionamento adequado dos brises. Feito isso,
pode-se garantir uma boa durabilidade do dispositivo.
170
(C) (B)
(A)
FIGURA 163 – (A) brises inseridos abaixo da cobertura (B) detalhe da alavanca para movimentação dos painéis (C) vista interna da sala
Os brise-soleils horizontais atuam de maneira discreta nas fachadas
Norte (30°NO), não contribuindo de maneira efetiva na composição plástica dos
prédios. Estão localizados numa faixa na parte superior, protegendo parte das
aberturas. (Figura 164(A). Por isso, os ambientes possuem cortinas internas
para a complementar a proteção solar.
(B) (C)
(A)
FIGURA 164 – (A) vista externa do brise-soleil horizontal (B) brises horizontais não prejudicam a luminosidade e visibilidade (C) detalhe dos brises abaixo da cobertura
Em virtude da localização do dispositivo na fachada, não há qualquer
prejuízo na visibilidade para o exterior. O mesmo acontece com a
luminosidade, que neste caso, é controlada pelas cortinas (Figura 164(B).
A proteção interna também é responsável pela privacidade dos
ambientes, já que os brises não interferem nesse aspecto. A ventilação é
adequada, entretanto, a dissipação do ar entre os painéis não ocorre, pois
estes estão inseridos logo abaixo da cobertura (Figura 164(C).
171
Os brises metálicos empregados nessa obra provavelmente foram
adquiridos de empresas específicas, e por esse motivo, o custo tenha sido
oneroso. Já a estrutura teve seu custo mais baixo por ter sido executada na
região. A manutenção desses brises fixos não requer muito trabalho, apenas
limpeza periódica para a adequada reflexão dos raios solares.
5.3.4 Considerações Gerais
Das 36 obras analisadas, constataram-se problemas na maioria delas
com relação à utilização do brise-soleil demonstrando a falta de domínio por
parte dos projetistas ao utilizar esse recurso. Isso ocorreu principalmente nas
obras mais novas (a partir da década de 90) que apresentaram o dispositivo ou
como um elemento que interfere na composição da fachada ou simplesmente
um elemento adicionado posteriormente à edificação, evidenciando a posterior
preocupação por parte desses profissionais com questões de conforto
ambiental.
As obras antes da década de 90 apresentaram brises que compõem
plasticamente a volumetria da edificação, sendo, portanto, pensados durante a
fase de projeto. A grande maioria desses elementos cumpre eficientemente seu
papel ambiental. Isso comprova que arquitetos e engenheiros de escolas mais
antigas possuem um adequado conhecimento sobre as implicações da
radiação solar.
Percebe-se também que, em algumas obras atuais, o dispositivo foi
colocado na orientação correta, mas como apresentam problemas com relação
a aspectos como luminosidade, ventilação, visibilidade, entre outros, acabam
tendo um resultado negativo com relação à eficiência ambiental. Outro
problema encontrado refere-se ao pouco conhecimento por parte dos
projetistas com relação à trajetória do sol. Em alguns exemplares da
arquitetura, a posição do brise-soleil foi acertada para a orientação em questão,
172
entretanto, os painéis não foram posicionados de forma a barrar a maior
incidência de raios solares, como Oeste e Norte.
A tipologia de brise mais encontrada na região central do Estado foi o
vertical fixo de concreto, demonstrando a grande preocupação dos
profissionais em proteger as fachadas das orientações Oeste e Leste. O brise
combinado teve a menor utilização.
Os materiais encontrados nas obras atuais são leves, práticos e de fácil
manutenção, do contrário dos materiais utilizados antigamente, como o
fibrocimento e o concreto.
A maior preocupação dos projetistas dessas obras analisadas foi
proteger as fachadas Oeste e Norte, que são as responsáveis pelo maior
ganho térmico de uma edificação.
As edificações analisadas que mais utilizam o brise-soleil são obras
escolares e públicas. Já os prédios residências buscam resolver seus
problemas de conforto térmico de outras maneiras visando não elevar o custo
final da obra. Isso justifica a menor incidência do brise-soleil nesse tipo de
edificação.
6. CONCLUSÕES
Ao questionar arquitetos e engenheiros a respeito da utilização do brise-
soleil, verificar as limitações e potencialidades do dispositivo industrializado e
analisar a implantação desse protetor solar na arquitetura da região atingem-se
o propósito de conhecer os reais motivos da pouca implantação desse recurso
por parte dos projetistas e apresentar aspectos relevantes para a adequada
inserção do brise-soleil como elemento arquitetônico e de grande utilidade na
busca de melhores condições de conforto ambiental.
Um dos principais motivos da falta de uma maior utilização dos brises
ocorre pelo desconhecimento dos projetistas sobre o funcionamento, benefícios
e particularidades do recurso e também pela deficiência de aprendizagem com
relação às questões de conforto ambiental.
Algumas faculdades de ensino de Arquitetura abordam o tema sobre
conforto ambiental de uma maneira muito superficial, não proporcionando uma
base sólida, principalmente no que diz respeito a sistemas de controle solar.
Sendo assim, cria-se uma cultura de arquitetos que sabem muito bem utilizar
vidros em suas obras, mas que possuem deficiência em saber protege-los da
excessiva radiação solar.
A insegurança de arquitetos e engenheiros com relação à utilização do
brise também é fruto da pouca difusão desse elemento como ferramenta de
projeto. As empresas que comercializam o produto brise-soleil localizam-se na
região Sudeste do país, dificultando o acesso e aquisição desse material.
Dessa maneira, culturalmente nossa região não possui o hábito de investir em
proteção solar, tornando este elemento pouco difundido entre os projetistas.
Assim, faz-se necessário uma maior divulgação dos benefícios do brise-
soleil entre os projetistas, bem como maior conhecimento por parte desses
profissionais a respeito da correta utilização desse dispositivo na busca do
controle da incidência solar nas edificações. Essa divulgação pode ser
realizada através de representações em outras regiões do país, a fim de que
174
esse dispositivo seja disseminado como um elemento de grande relevância na
busca por eficiência ambiental aliada a composição plástica da arquitetura.
Partindo-se da questão que o brise-soleil é um elemento capaz de
modificar as condições climáticas no interior da edificação, podemos afirmar
que este elemento atua como um equipamento de condicionamento natural. E
como qualquer equipamento, deveria ser aprimorado para sua utilização no
mercado de trabalho. Um estudo para a criação de um sistema de controle
solar externo que, permitisse uma escolha mais variada de modelos de
estrutura, perfis com dimensões variadas e de diferentes materiais, e pudesse
ser implantado na obra com grande versatilidade tanto em posição como em
padrão estético, teria uma grande repercussão para a arquitetura, provendo os
projetistas de uma alternativa de projeto de grande utilidade.
Entretanto, o controle da radiação solar sempre dependerá, em primeiro
lugar, dos arquitetos e engenheiros, pois é com base nos seus conhecimentos
técnicos a respeito de um equipamento, neste caso, o brise-soleil, que chegará
à melhor solução para seu projeto, de acordo com as condições financeiras do
cliente e com as próprias exigências ambientais e plásticas da edificação.
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181
ANEXO A Questionário aplicado a oitenta arquitetos e engenheiros da região central do Rio Grande do Sul QUESTIONÁRIO: 01- Nome (facultativo): 02- Titulação: ( ) Arquiteto ( ) Arquiteto e Urbanista ( ) Engenheiro civil 03- Tempo de experiência? ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 10 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) 20 a 25 anos ( ) mais de 25 anos 04- Enumere de 1 a 3 em ordem os tipos de projetos mais desenvolvidos: (1 – mais desenvolvido, e assim por diante) ( ) Residências ( ) Arquitetura de interiores ( ) Edifícios Residenciais ( ) Edifícios Comerciais ( ) Edifícios Culturais ( ) Escolas / Faculdades ( ) Hospitais / Clínicas ( ) Obras Públicas ( ) Indústrias ( ) Outro – cite ....................................... 05- Em que escala a orientação solar é considerada no seu projeto?
182
( ) Extremamente ( ) Muito ( ) Regular ( ) Pouco 06- Quais os recursos de projeto que mais utiliza em locais onde as aberturas recebem grande insolação? Enumere de 1 a 3 em ordem de importância: ( ) Brise-soleil ( ) Beirais ( ) Materiais transparentes especiais ( ) Cortinas internas ( ) Outro – cite........................................... 07 – Qual seu nível de conhecimento a respeito do brise-soleil? ( ) apenas teórico ( ) prático – somente em nível de projeto ( ) prático – projeto e execução 08- No caso de utilizar brise-soleil como solução arquitetônica, qual sua 1ªopção para a escolha do mesmo? ( ) Brises industrializados ( ) Brises desenhados especialmente para o projeto ( ) Perfis metálicos para confecção do brise ( ) Outro – cite.......................................................... 09- Justifique o motivo da escolha: 10- Supondo que você queira utilizar o brise-soleil em algum projeto ou obra, onde buscaria as informações? Marque somente um item ( ) internet ( ) catálogos ( ) através de projetistas que já utilizaram ( ) outro – cite ..........................................................
183
11 – Em qual fase o brise-soleil deve ser inserido como solução arquitetônica? ( ) no projeto ( ) na execução da obra ( ) após a execução da obra 12- Considerando a idéia de utilizar o brise-soleil como solução arquitetônica, enumere em ordem de importância de 1 a 5 , as dificuldades referentes à implantação deste dispositivo em seus projetos: Obs.: apenas 5 itens serão marcados. ( ) dificuldade junto à construtora na execução desse dispositivo do projeto ( ) desconhecimento sobre o desempenho do produto ( ) desconhecimento sobre a forma de utilização do produto ( ) informações insuficientes em catálogos e/ou internet ( ) dificuldade de aquisição ( ) dificuldade de instalação ( ) dificuldade de adequação ao projeto com relação à modulação ( ) pouco versátil quanto à composição plástica ( ) poucas opções de cores ( ) custo ( ) dificuldade de convencer o cliente quanto aos benefícios do dispositivo 13– Relate algumas considerações pessoais sobre esse assunto:
184
ANEXO B A Tabela abaixo serviu de base para analisar as tipologias de brises na
arquitetura da região central do Rio Grande do Sul
Edificação Localização Tipos existentes
Orientação
Estrutura material
acabamento
Painéis material
acabamento
posição *
Inclinação **
Composição do brise mobilidade
fixação estrutura
fixação painéis
inserção na fachada * * *
Considerações composição plástica * * * *
eficiência
* vertical, horizontal, diagonal, combinado (cobogó) * * inclinação dos painéis – variável (0° - 180°), 45°, sem inclinação (combinados- fixos, perpendiculares à fachada)
185
* * * alinhado c/ fachada, saliências leves ou grandes, dentro do quadro da abertura, bordas salientes, recuado, sobre-fachada (antepõe à fachada). * * * * escala
• 1 – definem a composição formal e plástica da edificação, além de protetores solares, são elementos que dão caráter próprio ao edifício
• 2 – definem a composição da fachada; percebe-se que foi pensado no projeto • 3 – elemento de fachada, colocado posteriormente para a resolver problemas de
radiação solar; sem caráter significativo
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