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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FARMÁCIA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
TAMILLY MACHADO DOS SANTOS SILVA
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCOS NA DISPENSAÇÃO DE
MEDICAMENTOS EM DROGARIAS COMO FERRAMENTA FACILITADORA
PARA A PREVENÇÃO DE EFEITOS ADVERSOS
JUIZ DE FORA
2017
TAMILLY MACHADO DOS SANTOS SILVA
A IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE RISCOS NA DISPENSAÇÃO DE
MEDICAMENTOS EM DROGARIAS COMO FERRAMENTA FACILITADORA PARA
A PREVENÇÃO DE EFEITOS ADVERSOS
Monografia apresentada ao Programa de
Graduação em Farmácia, da Universidade
Federal de Juiz de Fora como requisito
parcial a obtenção do grau de Bacharel
em Farmácia.
Professora Doutora Ana Lúcia Santos de Matos Araújo
Juiz de Fora 2017
Tamilly Machado dos Santos Silva
A importância do gerenciamento de riscos na dispensação de medicamentos em
drogarias como ferramenta facilitadora para a prevenção de efeitos adversos
Monografia apresentada ao Programa de
Graduação em Farmácia, da Universidade
Federal de Juiz de Fora como requisito
parcial a obtenção do grau de Bacharel
em Farmácia.
Aprovada em: ___ /___/_____
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Ana Lúcia Santos de Matos Araújo
Departamento de Ciências Farmacêuticas - FF
Universidade Federal de Juiz de Fora
________________________________________
Prof. Dr. Humberto Moreira Húngaro
Departamento de Ciências Farmacêuticas - FF
Universidade Federal de Juiz de Fora
________________________________________
Farmacêutica Especialista Ms. Érika Maria Henriques Monteiro
Hospital Universitário - HU
Universidade Federal de Juiz de Fora
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por guiar meus passos e sempre reservar
o melhor para mim. É com muita satisfação que escrevi esse trabalho por se tratar
de um assunto que me identifico e gosto muito, mas sem vocês nada seria possível.
Aos meus pais, Ana Paula e Paulo por todo suporte, amor, carinho, e por
sempre terem me incentivado a estudar e buscar o meu melhor. Este é mais um
resultado do esforço que sempre fizeram pela nossa família.
Aos meus irmãos, Ana Clara e Matheus, pelo aconchego, palavras de ânimo
e por serem verdadeiros amigos para a vida toda. Vocês são minha fonte de
inspiração.
As minhas “housemates” Bruna, Dandara e Bia pela companhia, amizade e
paciência por tanto tempo.
Ao Lucas pelo carinho, compreensão e ajuda em todos os momentos.
Aos meus presentes da Farmácia, especialmente Dandara, Bárbara, Bia,
Amanda, Thayna pelos momentos de alegria e descontração, sem dúvidas
contribuíram para uma jornada mais leve.
Aos meus amigos e familiares por entenderem minha ausência algumas
vezes, estarem sempre dispostos a ajudar, e pela presença nos piores e melhores
momentos da minha vida.
A Ana Lúcia pela orientação, apoio ao tema e sugestões, a banca
examinadora como um todo pela disponibilidade e por contribuírem com esse
aprendizado.
A Ecofarma por despertar meu interesse em gestão e empreendedorismo, e
pelo crescimento e experiência imensuráveis.
Finalizando gostaria de agradecer a Faculdade de Farmácia e a Universidade
Federal de Juiz de Fora pelas inúmeras oportunidades oferecidas, e todo o
conhecimento adquirido.
Espero que esta monografia possa ajudar no progresso de outros
profissionais que desejam desenvolver um trabalho de impacto na saúde.
RESUMO
Os efeitos adversos, devido à grande ocorrência, são considerados um importante
problema de saúde pública. Dessa forma, existe a necessidade de um sistema
eficiente de monitorização que permita a identificação, e a prevenção dos mesmos.
O gerenciamento de risco em farmacovigilância é um processo que lida com
incertezas no ambiente do uso de medicamentos no período pós-registro, visando
aumentar os benefícios e reduzir os riscos dos medicamentos. Este trabalho teve
como objetivo demonstrar por meio de levantamento de dados da literatura e
exemplos de aplicações, a importância do gerenciamento de riscos no ato da
dispensação em drogarias, que auxilia no gerenciamento de riscos da
farmacovigilância, não somente trazendo benefícios ao estabelecimento e ao
paciente, mas também facilitando a fiscalização dos medicamentos, tornando o
sistema de saúde mais completo, eficiente e eficaz. Observou-se a partir da revisão
em bancos de dados referência para área de saúde, PUBMED, Web of Sciene, BVS
e Scielo, que para um gerenciamento de riscos adequado são utilizadas ferramentas
de qualidades como suporte, algumas delas são FMEA, Checklist e “5 porquês”.
Com isso, esse trabalho através da demonstração de exemplos sugere a utilização
da ferramenta FMEA para contribuir na aplicação do gerenciamento de riscos em
drogarias.
Palavras-chave: Gerenciamento de riscos, dispensação, efeitos adversos,
farmacovigilância.
ABSTRACT
Adverse effects due to high occurrence are considered a major public health
problem. Thus, there is a need for an efficient monitoring system that allows
identification and treatment of them, as strategies for prevention. Pharmacovigilance
risk management is a process that addresses uncertainties in the environment of
post-registration drug use, in order to increase benefits and reduce drug risks The
objective of this study was to demonstrate the importance of risk management in
dispensing drugstores, which helps to manage risks of pharmacovigilance, not only
by bringing benefits to the establishment and, consequently, to the patient, but also
facilitating the supervision of medicines, making the health system more complete,
efficient and effective. It was observed from the review in reference databases for
health area, PUBMED, Web of Science, BVS and Scielo, that for adequate risk
management tools of qualities are used as support, some of them are FMEA,
Checklist and " 5 Whys ". Thus, this work through the demonstration of examples
suggests the use of the FMEA tool to contribute to the application of risk
management in drugstores.
Keywords: Risk management, dispensing, adverse effects, pharmacovigilance
.
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Desenvolvimento Clínico dos Medicamentos. ............................................ 22
Figura 2: Áreas de Conhecimento PMBOK. .............................................................. 29
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: FMEA- Índices de gravidade. ................................................................... 45 Quadro 2: FMEA – Índices de ocorrência de causa. ................................................. 46
Quadro 3: FMEA –Índice de detecção. ..................................................................... 46 Quadro 4: Ex. I: Risco: Prescrição Ilegível. ............................................................... 47 Quadro 5: Ex. II: Risco: Dispensação de medicamento incorreto. ............................ 47 Quadro 6: Ex. III: Risco: Administração inadequada do medicamento. ..................... 48
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÃNCIA SANITÁRIA
APR: ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS
FMEA: FAILURE MODE AND EFFECTS ANALYSIS
ISMP: INSTITUTE FOR SAFE MEDICATION PRACTICES
MAR: MEDICAMENTOS DE ALTO RISCO
OMS: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
PMBOK: PROJECT MANAGEMENT BODY OF KNOWLEDGE
PNM: POLÍTICA NACIONAL DE MEDICAMENTOS
RAM: REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS
URM: USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 12 2.1 MEDICAMENTOS ......................................................................................................................... 12
2.1.1 Eventos adversos .................................................................................................................. 14
2.1.2 Classificação de Riscos de Produtos Relacionados a Saúde ................................................. 15
2.2 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS ............................................................................................ 16
2.2.1 Principais riscos que os serviços e produtos das drogarias oferecem para a saúde da
população ...................................................................................................................................... 19
2.3 FARMACOVIGILÂNCIA ................................................................................................................. 21
2.3.1 Notificações Voluntárias ...................................................................................................... 23
2.3.2 Monitoramento de segurança pós-comercialização ............................................................ 24
2.4 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS .............................................................................................. 25
2.4.1 Ferramentas de qualidade ................................................................................................... 26
2.4.1.1 FMEA .................................................................................................. 26 2.4.1.2 What IF ............................................................................................... 28 2.4.1.3 Checklist ............................................................................................. 28
2.4.1.4 PMBOK ............................................................................................... 29 2.4.1.5 APR .................................................................................................... 30
2.4.1.6 5 Porquês ........................................................................................... 30 2.5 GERENCIAMENTO DE RISCOS ...................................................................................................... 31
2.5.1 Perfil gestor do farmacêutico ............................................................................................... 33
2.5.2 Gerenciamento de Riscos em Farmacovigilância ................................................................. 33
2.5.3 Gerenciamentos de Riscos em Medicamentos .................................................................... 34
2.5.4 Gerenciamento de Riscos na Dispensação ........................................................................... 36
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 37 3.1 GERAL .......................................................................................................................................... 37
3.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................................ 37
4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 37 5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 38
5.1 IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS .............................................. 38
5.2 APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
........................................................................................................................................................... 40
5.3 APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS EM DROGARIAS .................................................. 41
5.4 APLICAÇÃO DO FMEA PARA O GERENCIAMENTO DE RISCOS EM DROGARIAS .......................... 44
6 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 48 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
11
1. INTRODUÇÃO
Os medicamentos tornaram-se uma importante ferramenta terapêutica no
tratamento e prevenção de muitas enfermidades. Para que a farmacoterapia tenha
êxito e o medicamento alcance o efeito esperado é necessário que ele seja prescrito
e administrado de forma correta, na posologia e forma farmacêutica adequada, e
seja utilizado no tempo de tratamento recomendado, respeitando as indicações e
contraindicações. O impacto do uso de medicamentos pode irradiar em diversos
seguimentos. Da mesma forma que eles podem aumentar a expectativa de vida,
tratar doenças, se utilizado de forma incorreta pode levar a ocorrência de efeitos
adversos e comprometer a integridade da saúde do paciente. Contudo mesmo com
administração adequada dos medicamentos, ainda assim há possibilidade do
aparecimento de efeitos indesejáveis, denominadas reações adversas que também
podem prejudicar a saúde do paciente. (MENDES, 2008).
Na década de 80, já se considerava que a maior causa da falha em sistemas
ou projetos, era a falta de uma metodologia de planejamento para controlar os
processos (MELLO, 2005). A qualidade é o fator mais importante em que todos os
responsáveis por serviços de saúde devem estar preocupados e, de perto,
vinculados, visando sempre a saúde e satisfação do paciente. Com isso é importante
estar atento a diminuição dos riscos dos processos, utilizando sempre como
referência o usuário do serviço de saúde prestado (PERTENCE, MELLEIRO, 2010).
No Brasil, o gerenciamento de riscos não é uma ferramenta utilizada
normalmente, principalmente na área da saúde. Ao contrário disso, observar-se que
a preocupação sobre planejamento e prevenção ainda é muito precária, e muitas
vezes não são mensuradas as vantagens que esse método apresenta na
minimização de riscos e problemas (FERRAZ, 2009).
Os riscos à saúde relacionados aos medicamentos justificam a intervenção da
vigilância sanitária no ciclo produtivo desses bens: produção, circulação,
comercialização e consumo, com uso de variadas tecnologias ou instrumentos de
controle de riscos e de verificação da qualidade dos produtos e de efeitos adversos
(BASTOS, 2009).
A farmácia está submetida ao controle sanitário, mediante um conjunto de
atividades, cuja finalidade é proteger a saúde da população. Assim, o estudo da
vigilância sanitária de farmácias é essencial, pois permite conhecer as
12
características, os processos, as necessidades, e pontos de melhoria do
estabelecimento (BASTOS, 2009).
Uma cultura da qualidade é importante nas diversas áreas de atuação na
saúde para o cuidado do paciente. No Brasil, ainda não se tem uma cultura de
identificação e notificação de riscos e erros como oportunidades de melhorias. Na
maioria dos estabelecimentos de saúde ainda não há o costume de se procurar a
falha no processo e assim rever os possíveis planos de ação de reestruturação,
planejamento e prevenção de riscos que venham a impedir novas falhas e eventos
adversos. Com isso, para que se possam prevenir riscos, é necessário identificar e
analisar a origem do evento para que ações preventivas possam ser aplicadas antes
da ocorrência e não após o dano (HINRICHSEN, et. al, 2011).
São numerosos os erros na utilização dos medicamentos (NUNES, et al.,
2008). Aplicar a ferramenta de gerenciamento de riscos no estabelecimento pode ser
a alternativa para o melhor controle e monitoramento dos processos.
Desse modo é fácil perceber a importância do domínio do farmacêutico sobre
o gerenciamento dos serviços de saúde, o que inclui o conhecimento de ferramentas
de qualidade, como o gerenciamento de riscos, para melhorar os resultados na
dispensação de medicamentos, e auxiliar a farmacovigilância na prevenção de
efeitos adversos.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 MEDICAMENTOS
Os medicamentos são inovações tecnológicas que oferecem benefícios e
riscos a sociedade e o conhecimento da existência desses riscos pelo público é
essencial.
Um medicamento deve atender a três requisitos mínimos antes da sua
aprovação pela autoridade regulatória nacional. São exigidas evidências de que o
medicamento seja de boa qualidade, eficaz e seguro para o objetivo proposto.
Enquanto as duas primeiras condições devem ser atendidas antes que qualquer
exigência possa ser feita quanto à aprovação, a questão da segurança é menos
pontual. A segurança não é absoluta e pode ser julgada somente em relação à
13
eficácia, necessitando-se de análise por parte dos reguladores para decidir quanto
aos limites aceitáveis de segurança (BRASIL, 2005).
A construção e a manutenção de um serviço de qualidade irão contribuir para
minimizar os potencias riscos dos medicamentos. É importante que medicamentos
de boa qualidade, segurança e eficácia sejam usados racionalmente, e que as
expectativas e preocupações do paciente sejam levadas em conta quando decisões
terapêuticas são tomadas. Alcançar isso é servir à saúde pública, alinhar à
satisfação do paciente em relação medicamentos e, consequente, confiança nos
serviços de saúde em geral (BRASIL, 2005).
A globalização, o consumismo, desenvolvimento do livre comércio, a
comunicação e o uso crescente da Internet resultaram numa mudança do acesso a
todos os medicamentos e às informações sobre eles. Essas mudanças fizeram
surgir novos critério relativos à segurança, como, por exemplo:
• venda ilegal de medicamentos pela Internet;
• hábito de automedicação;
• ampla fabricação e venda de medicamentos falsificados e de baixa qualidade;
• uso crescente de medicamentos tradicionais por motivos inadequados;
• uso crescente de medicamentos tradicionais e plantas medicinais com outros
medicamentos com potencial para interações medicamentosas adversas (BRASIL,
2005).
A indústria farmacêutica tem responsabilidade primordial pela segurança dos
medicamentos. Os fabricantes estão em posição privilegiada para monitorar a
segurança dos medicamentos, pois tem conhecimento de toda a trajetória do
mesmo, desde a escolha dos fornecedores de matéria prima, embalagem até o
medicamento final que é disponibilizado a distribuidora até chegar o paciente. Do
início ao término do desenvolvimento medicamento algumas organizações
desenvolveram sistemas de monitoramento inovadores e eficientes, que têm
contribuído para a identificação de parâmetros de segurança. A indústria
farmacêutica tem alcançado grandes avanços tecnológicos no desenvolvimento de
medicamentos, os quais melhoraram a segurança desses produtos. A comunicação
e a troca de informações entre a indústria e as autoridades regulatórias têm
melhorado como resultado do consenso da organização regional e internacional nos
últimos anos, que incentivaram esse hábito. A constante educação dos profissionais,
14
a educação do paciente e ao patrocínio das indústrias farmacêuticas às atividades
relativas à informação sobre medicamentos também contribuem para o seu uso
seguro (BRASIL, 2005).
2.1.1 Eventos adversos
É um evento que produz, ou potencialmente pode produzir, resultados
inesperados ou indesejados que afetem a segurança de pacientes, usuários ou
outros. Pode ou não causar e contribuir ao agravo da saúde do paciente, causar
doença ou até morte (CAPUCHO, MASTROIANI, CUFFINI, 2008).
Os eventos adversos são entendidos como complicações à saúde de um
usuário ou de um paciente que podem estar presentes durante o tratamento com um
produto farmacêutico, podendo ser erros de medicação, desvio de qualidade dos
medicamentos, reações adversas a medicamentos (RAM), interações
medicamentosas e intoxicações (MENDES,2008).
Os eventos adversos relacionados a medicamentos são normalmente
divididos em dois grupos. O primeiro, definido como reações adversas a
medicamentos, tratando do risco ocasionado frente à utilização adequada de
medicamentos, portanto, inevitáveis. O outro, determinado como efeitos adversos,
entendido como qualquer evento que poderia ser prevenido, resultado do uso
inadequado ou a não administração de medicamentos necessários, por isso,
possivelmente relacionado com falhas no processo de prescrição, dispensação e
utilização (TORRES, CASTRO, 2007).
Há possibilidade de que eventos adversos raros, porém graves (como os que
ocorrem com a frequência de, um em cinco mil), não sejam identificados no
desenvolvimento do medicamento, anteriormente ao registro do mesmo. Por
exemplo, no caso de discrasia sanguínea fatal, que ocorre em um de cada 5.000
pacientes tratados com um medicamento novo, só é provável que seja identificada
depois que 15.000 pacientes tenham sido tratados e observados, contanto que a
incidência prévia de tal reação seja zero ou que haja uma associação causal clara
com o medicamento (BRASIL, 2005). Dessa forma, mesmo em poucos casos
observa-se a importância da notificação dos eventos adversos relacionados ao
medicamento de forma que toda possibilidade de risco seja prevenida.
15
Qualquer evento adverso deve ser notificado ao Gerenciamento de Risco.
Para notificar não é necessário ter a certeza da relação de causa e efeito entre o
evento adverso ocorrido e o uso do produto em questão. A suspeita dessa
associação é razão suficiente para uma notificação (CAPUCHO, MASTROIANNI,
CUFFINI, 2008).
2.1.2 Classificação de Riscos de Produtos Relacionados a Saúde
Os produtos relacionados a saúde são classificados em níveis de riscos, que
auxiliam no manuseio dos materiais utilizados em saúde de forma cuidadosa e
pensada. Esses materiais, que incluem os medicamentos são divididos em quatro
classes de risco, conforme o risco associado na utilização dos mesmos (ANVISA,
2001):
• Classe I – baixo risco
• Classe II – médio risco
• Classe III – alto risco
• Classe IV – máximo risco
Complementando a classificação de risco, existe o enquadramento por
regras, as quais totalizam 18 regras que definem cada material de contato com a
saúde, de forma a facilitar o entendimento dos níveis de riscos e a aplicação do
correto manuseio dos materiais. O enquadramento da regra obedece à indicação e à
finalidade de uso do material. De forma resumida, a classificação por regra obedece
aos seguintes critérios (ANVISA, 2001):
• Produtos não invasivos: Regras 1, 2, 3 e 4
• Produtos invasivos: Regras 5, 6, 7 e 8
• Produtos ativos: Regras 9, 10, 11, 12
• Regras Especiais: Regras 13, 14, 15, 16, 17 e 18
A Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 185, de 22 de outubro de 2001,
detalha sobre essa classificação e recomenda o acesso e avaliação da classificação
ao manusear materiais que possuem relação com a saúde do paciente. Os
16
medicamentos são abordados com objetivo de montagem de procedimentos quando
manuseados até o paciente, facilitando a informação do risco que este pode
oferecer, permitindo a minimização de danos.
2.2 DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS
Dispensação de medicamentos é a atividade do profissional farmacêutico de
proporcionar um ou mais medicamentos a um paciente, como resposta ou não à
apresentação de uma receita elaborada por um profissional autorizado, de acordo
com o medicamento em questão. Nesse ato, o farmacêutico deve informar e orientar
o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São pontos importantes da
orientação, entre outros, o alerta no cumprimento da dosagem, a influência dos
alimentos quando existe, a interação com outros medicamentos, o reconhecimento
de reações adversas potenciais e as condições de conservação dos produtos
(BRASIL, 2001).
Uma das alternativas mais utilizadas pela população como meio de
recuperação de saúde são as farmácias, que têm sido, ao longo dos anos, um
serviço de saúde mais acessível, por estarem disponíveis em maior quantidade que
as unidades primárias de saúde, clínicas e hospitais. As farmácias ou drogarias
tratam-se então, não somente de um estabelecimento de prestação de serviços na
venda de medicamentos, mas também um local de informação, educação e
promoção em saúde, exigindo melhor e maior comunicação entre profissional e
paciente (OSHIRO; CASTRO, 2002).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) a Política Nacional de
Medicamentos define uso racional de medicamentos como o conjunto de atividades
que compreende a prescrição adequada; a disponibilidade cabível e preços
acessíveis; a dispensação em condições apropriadas; e o consumo nas doses
indicadas, nos intervalos estabelecidos e no período de tempo indicado, de
medicamentos eficazes, seguros e de qualidade.
Segundo a Lei nº 5991, de 17 de dezembro de 1973, norma legislatória que
rege o “controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos” no Brasil, adota a seguinte definição para dispensação:
17
“ato de fornecimento ao consumidor de drogas, medicamentos, insumos
farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não” (BRASIL, 1973).
Essa definição é de certa forma incompleta, pois não abrange todos os
procedimentos envolvidos. Além disso não nomeia o farmacêutico como responsável
nem delega funções a ele, adicionalmente deixa uma impressão de que se trata de
um ato unicamente comercial.
O Conselho Federal de Farmácia como tentativa de neutralizar a aparência
comercial das farmácias e drogarias, criou a Resolução nº 308, de 2 de maio de
1997, que dispõe sobre assistência farmacêutica em farmácias e drogarias,
estabelece que (ANGONESI, 2008).
Artigo 3º - Cabe ao farmacêutico no exercício de atividades
relacionadas com o atendimento e processamento de
receituário: observar a legalidade da receita e se está completa
e avaliar se a dose, a via de administração, a frequência de
administração, a duração do tratamento e dose cumulativa são
apropriados e verificar a compatibilidade física e química dos
medicamentos prescritos.
Artigo 4º - Cabe ao farmacêutico, na dispensação de
medicamentos: entrevistar os pacientes, a fim de obter o seu
perfil medicamentoso; manter cadastro de fichas
farmacoterapêuticas de seus pacientes, possibilitando a
monitorização de respostas terapêuticas; informar de forma
clara e compreensiva sobre o modo correto de administração
dos medicamentos e alertar para possíveis reações adversas;
informar sobre as repercussões da alimentação e da utilização
simultânea de medicamentos não prescritos; orientar na
utilização de medicamentos não prescritos (BRASIL, 1997).
Nesse contexto já é demonstrado a preocupação com os aspectos técnicos,
mesmo não definindo dispensação, já atribui funções ao farmacêutico, citando a
responsabilidade do profissional farmacêutico na atividade de dispensação, incluindo
as atividades de análise do receituário, orientação ao paciente e elaboração do perfil
do paciente. O avanço significativo da regulamentação do setor farmacêutico se
concretizou após a publicação da Política Nacional de Medicamentos (PNM) em
1998 através da Portaria nº 3916, a qual o objetivo é “garantir a necessária
18
segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o
acesso da população àqueles considerados essenciais” (BRASIL, 1998). Segundo a
PNM:
A dispensação é uma das atividades da assistência farmacêutica e é
privativa do farmacêutico: Dispensação é o ato profissional
farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um
paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma receita
elaborada por um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico
informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento
(BRASIL, 1998).
Dessa vez o conceito comercial é excluído, oferecendo a dispensação caráter
profissional, de forma que deixa ilustrado que o farmacêutico é o profissional
responsável não somente pela distribuição, como também da orientação do modo de
usar adequado ao paciente. Entretanto a PNM não descreve os procedimentos para
realizar as atividades citadas, para colocar em prática o conceito apresentado.
Após a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em
1999, surgem outras normas sanitárias complementares à legislação federal
relativas aos estabelecimentos farmacêuticos e para colocar em prática a PNM. O
termo “comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos”,
como anteriormente nomeado pela Lei nº 5991 de 17 de dezembro de 1973, cai em
desuso, enquanto a Resolução nº 328, de 22 de julho de 1999 “dispõe sobre
requisitos exigidos para a dispensação de produtos de interesse à saúde em
farmácias e drogarias”. Entre outras coisas, essa resolução relata o Regulamento
Técnico sobre as Boas Práticas de Dispensação de medicamentos em farmácias e
drogarias (BRASIL, 1999).
Em relação a dispensação o Conselho Federal de Farmácia publicou a
Resolução nº 328, de 22 de julho de 1999 que utiliza o conceito antigo de
dispensação, já modificado pela PNM, mas não mantido por esta resolução, sendo
que a única alteração realizada foi a inclusão do termo “orientação” na definição de
dispensação (ANGONESI, 2008).
O Regulamento Técnico de Boas Práticas de Dispensação, instituído pela
Resolução n 328, de 22 de julho de 1999, não abrange novamente o processo
como um todo (BRASIL, 1999). A Resolução nº 328, de julho de 1999 foi alterada
19
pela Resolução nº 173, de 08 de julho de 2003, que dispõe sobre os itens de
dispensação e não declara ainda todas as atividades técnicas da dispensação
(BRASIL, 2003). O Conselho Federal de Farmácia (CFF), através da Resolução nº
357, de abril de 2001, aprova as Boas Práticas em Farmácia e outra vez tenta
reorientar as práticas farmacêuticas no Brasil (ANGONESI, 2008). A Resolução nº
357, de abril de 2001 atribui procedimentos a atividade da dispensação e do
acompanhamento da adesão e do efeito dos tratamentos prescritos e de registro de
todas as ações profissionais que possam requerer confirmação no futuro (BRASIL,
2001). A Resolução nº 357, de abril de 2001 tem o 2º artigo revogado pela
Resolução nº 416 de 27 de agosto de 2004 (BRASIL, 2004), que dispõe sobre os
itens comercializados nas drogarias.
Complementando os conceitos anteriormente definidos a Lei 13021/2014
posteriormente alterada pela Medida Provisória nº 653/2014, define as atividades do
farmacêutico na dispensação, concretizando a importância da atenção as técnicas
farmacêuticas envolvidas na dispensação.
Sabe-se que as drogarias são muito mais do que locais de simples
dispensação ou comércio de medicamentos e outros produtos de saúde, e as
legislações nos relatam isso. São locais de prestação de serviços de saúde,
promoção e educação em saúde de responsabilidade do profissional farmacêutico,
dessa forma precisam ter mecanismos que controlem todos os processos de
dispensação e contato com o paciente para que não haja comprometimento nas
informações e procedimentos relacionados a saúde do usuário (OSHIRO; CASTRO,
2002).
2.2.1 Principais riscos que os serviços e produtos das drogarias
oferecem para a saúde da população
A utilização inadequada e desnecessária de medicamentos tornou-se um
problema de saúde pública, e muitas vezes a administração equivocada ocorre por
problema na dispensação. A maior parte dos atendimentos em drogarias é realizado
por atendentes as vezes despreparados sem o conhecimento necessário para a
ideal dispensação de um medicamento, por exemplo, ou mesmo o farmacêutico não
é acionado quando necessário, ou não está presente no estabelecimento e pode
também não possuir conhecimento suficiente para realizar uma dispensação
20
adequada, podendo acarretar em riscos à saúde do paciente, que inclui a
disponibilidade de medicamentos inapropriados, demanda dos consumidores,
prescrição inadequada pelos médicos, maior margem de lucro com alguns
medicamentos pré-selecionados, falta de monitoramento dos pacientes e legislação
ou planejamento de dispensação que não promove o uso racional de medicamentos
dentre outros. Tomando conhecimento dessa situação é possível observar a
importância do monitoramento da dispensação, da fiscalização e educação
promovida pela Vigilância Sanitária e a necessidade de ações educativas que
possam informar sobre a necessidade do cumprimento das legislações, da
adequação dos estabelecimentos e do pessoal que lida diretamente com o paciente,
além do uso racional de medicamentos (OSHIRO; CASTRO, 2002).
O farmacêutico, enquanto profissional qualificado que desempenha uma
função regulamentada precisa estar empenhado no compromisso de cumprir de
forma correta a legislação sanitária, minimizando ao máximo os riscos que o
paciente pode se deparar, não só porque ele responde pelos seus atos técnicos, e
também pelos atos de terceiros sob sua responsabilidade, mas também para
assegurar a saúde do paciente contra qualquer risco relacionado a medicamentos.
Desta forma, ele está sujeito às implicações sanitárias, éticas, civis e criminais, caso
cometa atos de imperícias, negligência e/ou omissão (SILVA; VIEIRA, 2004).
Conclui-se, é papel do farmacêutico orientar sobre o medicamento dispensado,
auxiliando o paciente com todas as particularidades tanto do usuário quanto do
medicamento.
Para o bom funcionamento das farmácias e drogarias é imprescindível que a
legislação sanitária seja cumprida de forma adequada, realizando controle e
monitoramento de riscos para prevenção da maior parte dos eventos adversos que
podem ocorrer, procurando conhecer a população em que o estabelecimento
atende, o próprio paciente e as necessidades dele. Isto é questão de saúde pública,
pois as drogarias podem se tornar postos avançados de saúde quando bem
utilizados, devido ao fácil acesso, à sua disponibilidade, ao grande número de
estabelecimentos e pelo número de pessoas atendidas. As farmácias e drogarias
são serviços acessíveis e sempre procurados pela população em caso de problemas
de saúde desde os mais simples aos mais complexos (OSHIRO; CASTRO, 2002).
21
2.3 FARMACOVIGILÂNCIA
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2004, definiu farmacovigilância
como a ciência e atividades relacionadas com a detecção, avaliação, compreensão e
prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro problema relacionado a
medicamentos. Com essa visão, a farmacovigilância passa a ter uma abrangência
maior, envolvendo não apenas as reações adversas, e sim, todo e qualquer evento
adverso relacionado aos medicamentos (OMS, 2004).
Após o famoso incidente com a Talidomida em 1961, atividades relacionadas
à farmacovigilância passaram a ser levadas mais a sério. A Talidomida começou a
ser utilizada no ano de 1957, e em algum tempo depois foi relacionada com uma
anomalia que causava graves malformações congênitas em recém nascidos de
mulheres tratadas durante a gravidez. Esse fato ocasionou na rápida retirada da
desse medicamento do mercado em um grande número de países (OMS, 2004). No
ano de 1960, esse desastre afetou aproximadamente 300 bebês no Brasil (DIAS, et.
al., 2005).
Dentre os objetivos principais da farmacovigilância estão:
• Detecção de reações adversas desconhecidas e interações;
• Detecção do aumento da frequência das reações adversas conhecidas;
• Identificação dos fatores de risco e os possíveis mecanismos de
desenvolvimento de reações adversas;
• Estimação dos aspectos quantitativos de análise benefício/risco e
disseminação da informação necessária para promover a prescrição e
regulação dos fármacos, que em conjunto, tem como metas: uso racional e
seguro de medicamentos; gerenciamento, comunicação dos riscos e
benefícios dos fármacos no mercado e educação e informação aos pacientes
(BRASIL, 2005).
Nos últimos anos, houve uma crescente conscientização de que o
envolvimento da farmacovigilância deveria ser estendido além dos limites rígidos da
identificação de novos sinais relativos a segurança. O número de profissionais na
indústria farmacêutica envolvidos com a farmacovigilância está crescendo. Isto se dá
22
em resposta aos altos padrões regulatórios que foram estabelecidos nas esferas
nacional e internacional e à crescente exigência de monitorização pós-
comercialização do medicamento pelas autoridades regulatórias nacionais de
medicamentos (BRASIL, 2005). O que nos confirma a importância da
farmacovigilância na segurança do medicamento e diretamente na saúde do usuário.
O medicamento pós registro será liberado para venda a população, neste
momento, a maioria dos medicamentos só foram submetidos a testes quanto a
segurança e eficácia a curto prazo, e em um número limitado de voluntários, por esta
razão, é essencial que a utilização dos medicamentos continue sendo monitorada
em condições reais após o registro do mesmo. Para o registro de medicamentos,
são realizados monitoramento de eficácia, segurança e qualidade, além disso são
necessárias as avaliações pós-registros desses produtos o que abrange a avaliação
de estabilidade de longa duração e das notificações dos pacientes e farmacêuticos
no sistema de farmacovigilância (CAPUCHO, MASTROIANNI, CUFFINI, 2008).
A farmacovigilância participa de todas as etapas do desenvolvimento de um
novo medicamento, este trabalho abordará sobre a importância da farmacovigilância
na fase IV, fase pós registro em que são controlados os efeitos adversos que de fato
os medicamentos irão causar aos pacientes. Os processos envolvidos no
desenvolvimento clínico de medicamentos estão ilustrados na Figura 1.
Figura 1: Desenvolvimento Clínico dos Medicamentos
. Fonte: ADAPTADO DE OMS, 2004.
23
2.3.1 Notificações Voluntárias
As notificações tratam do conjunto e comunicação de reações indesejáveis,
manifestadas após uso dos medicamentos. Essa é uma das ferramentas utilizadas
para monitorar a qualidade dos medicamentos e encontra-se disponível no site da
ANVISA (MENDES, 2008) para o acesso fácil quando necessário.
Os elementos fundamentais desta metodologia são:
• Aquisição de dados
• Análise destes dados
• Retorno dos resultados aos interessados e, quando necessário, alerta sobre o
uso dos medicamentos (MENDES, 2008).
A confiabilidade de um programa de farmacovigilância e essencial para dar
continuidade no monitoramento de medicamentos a nível nacional. As notificações
constituem o principal instrumento de colaboração a farmacovigilância, e são
responsabilidades compartilhadas de um sistema como um todo, entre instituições
notificadoras, profissionais de saúde e usuários dos medicamentos. Observando a
importância especial dos profissionais da saúde nessa prática, alertando para a
necessidade cada vez maior no estímulo a este hábito para que o sistema de
farmacovigilância continue tendo êxito e aumente a abrangência dos casos ocorridos
(DIAS, et. al., 2005).
A eficácia do sistema de notificação espontânea depende da participação
ativa dos notificadores. Apesar do esquema de notificação ter iniciado recentemente
limitadamente por pacientes, os profissionais de saúde continuam sendo os
principais notificadores de possíveis casos de reações adversas ao longo da história
da farmacovigilância. Para a junção de informações relevantes e compatíveis com a
realidade, todos as áreas da saúde precisam estar envolvidas, tais como hospitais
públicos e privados, clínicos gerais, farmácias, drogarias e clínicas. Onde quer que
os medicamentos sejam distribuídos ou utilizados devem haver mecanismos para
observar e notificar eventos indesejados e inesperados relacionados a eles (BRASIL,
2005).
24
2.3.2 Monitoramento de segurança pós-comercialização
Todas essas questões listadas sugerem a necessidade de monitorização
mais completa da segurança de medicamentos e o risco da administração de
medicamentos quando a segurança do mesmo ainda deve ser avaliada.
Recomenda-se o exame minucioso da orientação na dispensação, na observação
das propagandas disponibilizadas, alertar para a comunicação com os usuário e
instrução quando ao aparecimento de efeitos indesejáveis relacionados aos
medicamentos administrados.
Segundo a OMS (2005) a avaliação da segurança dos medicamentos precisa
ocorrer também na fase pós-comercialização para não perder os acontecimentos
importantes durante o processo. A responsabilidade do modo que deve ser
fiscalizado, com qual periodicidade e através de quais instrumentos deve estar nas
mãos dos reguladores. A legislação que governa o processo regulatório, na maioria
dos países, permite estabeler condições para registro, tal como a exigência de que
deve haver farmacovigilância minuciosa nos primeiros anos da liberação do
medicamento para o mercado. Porém a monitorização cuidadosa da segurança não
está limitada aos novos medicamentos ou aos avanços terapêuticos significativos.
Ela tem papel importante a desempenhar na introdução de medicamentos genéricos
e na revisão do perfil de segurança de medicamentos mais antigos já disponíveis,
em que novas questões de segurança podem ter surgido.
Enquanto a notificação espontânea permanece como ponto fundamental da
farmacovigilância no ambiente regulatório e é indispensável para a identificação de
sinais, a necessidade de uma vigilância mais ativa também tem se tornado cada vez
mais clara. Sem informação sobre o uso e a extensão do consumo, as notificações
espontâneas não possibilitam determinar a frequência de uma RAM atribuível a um
produto ou sua segurança em relação a um produto comparável. Métodos
epidemiológicos mais sistemáticos e consistentes que levem em conta as limitações
da notificação espontânea são necessários para que essas questões importantes da
segurança sejam trabalhadas. Eles precisam ser incorporados aos programas de
vigilância pós-comercialização (BRASIL, 2005).
25
Há outros aspectos da segurança de medicamentos que têm sido bastante
negligenciados até então, que deveriam ser incluídos na monitorização dos efeitos
latentes e de longo prazo dos medicamentos. Incluem:
• identificação das interações do medicamento;
• avaliação da contribuição dos “componentes inativos” (excipientes) para o
perfil de segurança;
• sistemas para comparar perfis de segurança de medicamentos da mesma
classe terapêutica;
• vigilância dos efeitos adversos à saúde humana de resíduos de
medicamentos (BRASIL, 2005).
2.4 GERENCIAMENTO DE PROCESSOS
Todo produto ou serviço oferecido a um cliente recorre por um ou vários
processos para a realização. Portanto os processos, algumas vezes repetitivos, e a
maioria envolvendo todos os colaboradores da empresa, são o meio em que a
organização utiliza para alcançar o produto final e serviço para o cliente.
Conhecendo este fato, é imperativo que os sistemas que oferecem serviços utilizem
meios adequados para gerenciar as etapas e as sequências dos processos.
(MELLO, 2009). A norma ISO 9001 recomenda às empresas a adotarem o conceito
de processo, uma vez que ele se tornou um dos requisitos normativos do modelo de
sistema de gestão da qualidade (ABNT, 2005). Para as empresas prestadoras de
serviço, que estão cada vez mais preocupadas com a implementação de sistemas
de gestão da qualidade, o conceito de processo é necessário, pois uma sequência
de atividades nem sempre é facilmente perceptível, pelo cliente, nem por quem está
dentro do sistema efetuando as atividades. Com isso, gerenciamento de processos
pode ser definido como uma metodologia para constante avaliação, análise,
planejamento e melhoria do desempenho de processos da organização (MELLO,
2009).
Para o gerenciamento de processos são utilizadas ferramentas que possuem
como objetivo principal, auxiliar no monitoramento do processo atuando em
diferentes etapas diminuindo a probabilidade da ocorrência de falhas, atuais ou
26
potenciais, aumentando a confiabilidade dos processos, em operação por meio da
análise das falhas que ocorreram; e diminuindo os riscos de erros e aumentando a
qualidade em procedimentos técnicos e administrativos. As ferramentas são
utilizadas na abordagem da qualidade como facilitadoras do planejamento e
organização de processos de análise e na apresentação de melhores resultados.
(HINRICHSEN, et al. 2013)
2.4.1 Ferramentas de qualidade
As ferramentas de qualidade são técnicas úteis para definir, mensurar,
analisar e propor soluções para as falhas que interferem no bom desempenho dos
processos da organização. (PERTENCE, MELLEIRO, 2010)
Uma gestão da qualidade tem como objetivo efetivar a organização e a
disciplina, evitar o aparecimento de problemas no ciclo de desempenho de um
estabelecimento, monitorar etapas críticas e situações que causam ou poderão
causar falhas e eliminar ocorrências não previstas. As ferramentas de qualidade são,
por isso, a base de uma gestão de qualidade e um gerenciamento de processos
bem sucedido, e o seu uso intensivo pode representar o ponto de partida para a
melhoria do desempenho dos processos, contribuindo para a redução de custos e
riscos, auxiliando na solução de problemas (HINRICHSEN, et al. 2013).
2.4.1.1 FMEA
A metodologia de Análise do Tipo e Efeito de Falha (Failure Mode and Effects
Analysis), conhecida como FMEA, é uma ferramenta de qualidade que possui como
objetivo prevenir os riscos, por meio da análise das falhas potenciais e propostas de
ações de melhoria nas etapas do processo. Essa ferramenta detecta as falhas
previamente a ocorrência, diminuindo as chances do produto ou processo
falhararem (HINRICHSEN, et al. 2013).
São tipos de FMEA:
• FMEA de produto, análise cujo objetivo é evitar falhas no produto ou
projeto, comumente denominada FMEA de projeto;
27
• FMEA de processo, análise cujo objetivo é evitar falhas do processo,
tendo como base as não conformidades do produto com as especificações do
projeto;
• FMEA de procedimentos administrativos, na qual se analisam as
falhas potenciais de cada etapa do processo para a diminuição dos riscos de falha
(HINRICHSEN, et al. 2013).
A análise FMEA é normalmente aplicada para diminuição da probabilidade de
ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou processos; para diminuir a
probabilidade de falhas persistentes, antes mesmo de terem ocorrido, e em
processos em andamento; para aumentar a confiabilidade processos por meio da
análise dos problemas que já ocorreram; e para prevenção dos riscos e aumento da
qualidade dos processos.
Para aplicação da ferramenta é essencial respeitar as fases a seguir:
• Fase de planejamento – realizada pelo responsável pela aplicação da
metodologia, que compreende:
(1) descrição dos objetivos e abrangência da análise, em que se identifica
quais processos serão analisados;
(2) formação dos grupos de trabalho;
(3) planejamento das reuniões agendadas;
(4) preparação da documentação.
• Fase de análise de falhas em potencial – realizada pela equipe de
trabalho que criou o formulário FMEA de acordo com:
(1) Características do processo;
(2) Tipos de falhas potenciais;
(3) Efeitos do tipo falha;
(4) Causas possíveis da falha;
(5) Controles atuais.
• Fase de avaliação dos riscos – na qual deverão ser definidos pela
equipe os índices de gravidade (G), índice de ocorrência (O) para cada causa de
28
falha, e índice de detecção (D) de acordo com critérios previamente definidos, sendo
calculados os coeficientes de prioridade de risco (R) por meio da multiplicação dos
três índices (adaptado de HINRICHSEN, et al. 2013).
2.4.1.2 What IF
A ferramenta de qualidade What If se desenvolve em torno de
questionamentos ordenados de acordo com o sistema a ser estudado, estas
questões podem ser de modo generalizado ou mais específicas, para situações que
tenha pretensão de obter resposta, um dado conjunto de valores que instanciem
variáveis definidas para um dado cenário de análise, e para um dado processo de
tomada de decisão. São processos que devem ser realizados por equipes diferentes
de análise, com diferentes experiências e formação de base. A análise What If
depende diretamente das informações disponíveis. Os seus objetivos podem ser
diversos, podendo tratar de análise de alternativas, até à pesquisa de possíveis
tendências. É, claramente, uma técnica de análise que se aplica a todos os
problemas de uma organização. Os processos de análise What If permitem aos
utilizadores criarem modelos de simulação para explorarem o comportamento de um
dado sistema ou um processo, complexo ou não. A ferramenta de análise What If
permite avaliar os efeitos causados pela alteração de variáveis que não podem ser
facilmente percebidas pelos colaboradores com um conjunto de dados históricos.
Para a aplicação num processo, a principal vantagem da criação de um modelo de
simulação através de uma análise What If é a rapidez e a facilidade de inserir
alterações as características naturais do sistema, sem que esse seja colocado em
risco (CARVALHO, BELO, 2014. PETTIT et al., 2008).
2.4.1.3 Checklist
O checklist ou lista de verificação é uma relação previamente definida das
atividades e responsabilidades, ou itens de verificação. Aplica-se, geralmente, à
verificação de procedimentos repetitivos ou padronizados, podendo ser a atividade
de algum cargo ou a descrição de um processo. Essa ferramenta possibilita o
controle na execução de tarefas e a sua avaliação posterior, tornando fácil a
visualização das etapas realizadas e as que podem ser acrescentadas quando
29
necessário. Por sua simplicidade e utilidade, é uma ferramenta amplamente utilizada
na elaboração de manuais de procedimentos de qualidade (LINS, 1993).
2.4.1.4 PMBOK
A ferramenta de gerenciamento de projetos PMBOK – Project Management
Body of Knowledge, é uma metodologia de planejamento de projetos e uma
abordagem estruturada para guiar a equipe no desenvolvimento do projeto. Também
se trata de uma ferramenta de qualidade que tem como finalidade identificar as
etapas do projeto que auxiliarão no monitoramento dos resultados. (BOMFIN, 2012)
Um projeto é um empreendimento único, com início e fim definidos, que utiliza
recursos limitados e é conduzido por pessoas, visando atingir metas e objetivos pré-
definidos estabelecidos dentro de parâmetros de prazo, custo e qualidade.
Reconhecendo a relevância do gerenciamento de projetos e a importância de uma
referência que, entre outros aspectos, permitisse uma melhor comunicação entre os
integrantes de um processo, foi definido o PMBOK, ferramenta que auxilia o projeto
(PERRELLI, 2004).
O PMBOK agrupa as atividades e tarefas envolvidas em nove áreas de
conhecimento, como mostra a Figura 2.
Figura 2: Áreas de Conhecimento PMBOK.
Fonte: adaptada de PERRELLI, 2004.
30
2.4.1.5 APR
Análise Preliminar de Riscos (APR) é um método utilizado para a análise
inicial dos riscos e caracteriza-se por apresentar informações qualitativas. A sua
aplicação é ideal nas fases do processo já existente ou no desenvolvimento de
qualquer novo processo, produto ou sistema (SOUZA, 2000).
A APR tem como objetivo determinar os riscos e as medidas preventivas
antes do início da etapa. A metodologia aplicada é a revisão geral de aspectos de
segurança, através de um formato padrão, levantando as causas e efeitos de cada
risco, medidas, prevenção, correção e categorização dos riscos. Este método facilita
a priorização das ações preventivas e corretiva, permitindo a revisão dos projetos
em tempo hábil, proporcionando maior segurança (FRANÇA, TOZE, QUELHAS,
2006).
Além disso, a APR permite previamente estimar qualitativamente o risco
associado a cada sequência de eventos, a partir da estimativa da frequência e da
severidade da sua ocorrência. As medidas utilizadas devem refletir as necessidades
e trazer melhorias para a organização, utilizando o máximo de medidas para
prevenção dos riscos estudados. (FRANÇA, TOZE, QUELHAS, 2006).
2.4.1.6 5 Porquês
Uma metodologia muito utilizada para a resolução de problemas é a
ferramenta 5 porquês, ou causa raiz. Essa ferramenta é muito utilizada devido a
simplicidade e facilidade de aplicação em todos os setores de uma organização,
além de ser aplicada em pelo menos 95% dos problemas apresentados pelo
sistema. Esse método é baseado no questionamento do porquê acontece tal
situação e ocorre a falha no processo. Definindo o problema é possível iniciar os
questionamentos de acordo com o conhecimento do processo que a equipe de
análise possui, após a identificação do problema e posterior questionamento, é
preciso analisar se a resposta se trata da causa raiz do problema, os
questionamentos deverão ser feitos até que a causa raiz seja encontrada para
encontrar finalmente o plano de ação que deve ser sugerido pela equipe
responsável pela ferramenta. Geralmente antes do 5º (quinto) porquê é encontrado a
causa raiz do problema, daí o nome da ferramenta (ARAÚJO, 2009).
31
2.5 GERENCIAMENTO DE RISCOS
Definido pela norma técnica australiana e neozelandesa para gerenciamento
de riscos, como sendo risco “a chance de algo acontecer causando um impacto
sobre os objetivos”, e gerenciamento de riscos como “a cultura, processos e
estruturas voltados para a concretização de oportunidades potenciais e para o
manejo de efeitos adversos” (HOLLÓS, JUNIOR, 2009).
A norma ABNT NBR ISO 31000 traz princípios e diretrizes para a gestão de
riscos de modo geral, mas que podem ser aplicados ao sistema de gestão de riscos
em saúde (BARBOSA et al., 2015).
Gestão de risco é a aplicação sistêmica e contínua de
iniciativas, procedimentos, condutas e recursos na avaliação e
controle de riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a
saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a
imagem institucional (ABNT, 2009).
A principal finalidade do gerenciamento de risco é identificar, observar e
controlar os possíveis riscos relacionados à área proposta, e assim evitar a
ocorrência desses riscos bem como aumentar os benefícios de um produto ou
serviço. O gerenciamento de riscos pode ser aplicado em vários setores (NOLASCO,
SANTOS, MARTINES, 2016). Na área da saúde essa ferramenta contribui
imensamente para assegurar a segurança do paciente.
Essa ferramenta quando bem posicionada no processo cria a possibilidade de
estabelecer prioridades e induzir tomadas de decisões adequadas, fundamentada
por estudos anteriores do processo como um todo, a probabilidade de ocorrência de
riscos, da origem e dimensão dos mesmos e o impacto futuro sobre o objetivo final
do sistema. O gerenciamento de riscos pressupõe a implantação de um processo de
gestão contínuo na organização e o apoio e envolvimento de todos os seus
segmentos (HOLLÓS, JUNIOR, 2009).
O gerenciamento de risco é utilizado muitas vezes a fim de identificar e
reduzir eventos adversos inesperados e outros riscos à segurança de pacientes
focados na identificação, priorização, notificação, gerenciamento e investigação do
32
risco, bem como no gerenciamento das queixas relacionadas aos riscos
(HINRICHSEN, et al. 2013).
Para a aplicação adequada do gerenciamento de riscos algumas ferramentas
de qualidade anteriormente citadas, são utilizadas, como o FMEA, Checklist e “5
porquês” (BARBOSA et al., 2015), como forma de auxílio na junção de dados e
avaliação de riscos, de forma a identificar todas as falhas existentes no processo
estudado.
No geral, são agrupadas as seguintes atividades para a aplicação do
gerenciamento de riscos. São elas: definição do processo a ser monitorado;
identificação de riscos, análise de riscos, avaliação de riscos e tratamento dos
riscos, como etapas sequenciais e, comunicação e retorno com os envolvidos e
monitoramento dos riscos, etapas contínuas.
• Definição do processo: deve ser estabelecida de acordo com os
objetivos do setor, os participantes envolvidos internamente e externamente, e os
critérios de avaliação de riscos.
• Identificação: os riscos devem ser identificados de forma abrangente e
sistemática.
• Análise: analisar o risco quanto a probabilidade de ocorrência e o
impacto final no processo.
• Avaliação: avaliar os riscos de forma que sejam possibilitadas a
definição de prioridades que os mesmos serão tratados, de acordo com o objetivo do
processo, definindo as causas de cada possível risco.
• Tratamento: o tratamento do risco que funcionará como a prevenção do
mesmo, com o objetivo principal de reduzi-los a níveis aceitáveis ou anulá-los
totalmente, segundo o planejamento para tal, e propor opções de tratamento.
Para alcançar o sucesso na implementação da ferramenta deve ser mantida a
comunicação com todos os envolvidos no processo e a revisão constante dos riscos
e processo como um todo. Dessa forma, o gerenciamento de riscos determina a
implantação de um processo de gerenciamento de processos contínuo no setor a ser
aplicado, com auxílio e participação de todos os segmentos envolvidos com o
serviço ou produto (RIBEIRO, GUSMÃO, 2008, HOLLÓS, JUNIOR, 2009).
33
2.5.1 Perfil gestor do farmacêutico
O Brasil ocupa a sexta posição entre os maiores mercados consumidores de
medicamentos no cenário mundial, segundo Conselho Federal de Farmácia em
2016, possuindo em torno de 70 mil farmácias. Conhecendo esses dados é
importante ressaltar sobre o papel do farmacêutico como gestor diante um mercado
tão competitivo e íntegro que apresenta o país. Sabe-se que o desenvolvimento de
habilidades e competências é relativo a cada pessoa, mas é notório que
características empreendedoras podem também ser desenvolvidas por meio de
interesse na área, o gestor pode buscar o aperfeiçoamento para melhorar os
resultados do serviço ou produto que oferece. A sobrevivência das farmácias e
drogarias dependem da habilidade em gestão e da capacidade principalmente do
farmacêutico em estabelecer estratégias de destaque em relação a concorrência e
especialmente, estratégias para melhorar satisfação do paciente (SARTURI, FILHO,
MOREIRA, 2015), o que inclui como maior objetivo a prevenção e promoção de
saúde no caso desse tipo de estabelecimento.
As habilidades em gerenciamento de processos importantes para o
farmacêutico não são diferentes em relação àquelas exigidas por outros setores. No
Brasil a área farmacêutica já utiliza várias técnicas existentes na área de gestão.
(SARTURI, FILHO, MOREIRA, 2009). Uma delas é a ferramenta de qualidade
gerenciamento de riscos.
2.5.2 Gerenciamento de Riscos em Farmacovigilância
A OMS (2004) relata que muitos efeitos adversos, interações
medicamentosas ou com alimentos e fatores de risco só aparecem após a liberação
do medicamento para o mercado. Visto isso é fácil observar a importância da
comunicação entre farmacovigilância e os estabelecimentos que dispensam
medicamentos, para que ocorra um controle adequado dos riscos que os
medicamentos podem causar aos pacientes. O gerenciamento de riscos
relacionados a utilização dos medicamentos necessita da colaboração de todos os
envolvidos, responsáveis pela dispensação de medicamentos e o órgão responsável
34
pela farmacovigilância, para um adequado controle e prevenção dos possíveis riscos
que podem surgir.
Os estudos realizados pós registro auxiliam na comprovação da qualidade,
segurança e eficácia estabelecidas nos estudos anteriormente realizados. As
medidas regulatórias impostas para os estudos pós registros contribuem para a
solução em parte dos problemas relacionados à inefetividade dos medicamentos,
todavia não são mecanismos fáceis e requerem um tempo relativamente alto para a
conclusão do estudo, o que não é interessante para a segurança paciente. Devido a
isso, os serviços de saúde devem buscar alternativas para lidar com o problema,
(CAPUCHO, MASTROIANNI, CUFFINI, 2008) como as ferramentas de qualidade,
para um maior e mais efetivo controle dos serviços e produtos.
A farmacovigilância é uma ferramenta importante para a conscientização dos
profissionais de saúde e da população como um todo em relação ao uso de
medicamentos. Dessa forma, é interessante que o estabelecimento desenvolva
algum processo que facilite a monitorização da farmacovigilânia garantindo maior
segurança para a saúde do paciente. É fundamental que os profissionais da saúde
tenham conhecimento da importância de notificar os eventos adversos a
medicamentos, tanto para a indústria farmacêutica quanto para os órgãos
responsáveis da Vigilância Sanitária (CAPUCHO, MASTROIANNI, CUFFINI, 2008),
e junto a isso é essencial ter controle sobre o caminho do medicamento
disponibilizado para a população, se o mesmo será dispensado da forma correta,
conforme suas indicações e exigências para promoção e segurança da saúde do
paciente, para evitar ao máximo a ocorrência de eventos adversos e as notificações
sejam aproveitadas de maneira adequada.
2.5.3 Gerenciamentos de Riscos em Medicamentos
Gerenciamento de riscos em saúde é a aplicação de procedimentos de forma
contínua e com embasamento prático e sistêmico, utilizando como instrumentos
condutas e recursos na avaliação de riscos e eventos adversos que afetam a
segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a
imagem institucional. Segundo a ANVISA, risco é a combinação da probabilidade de
35
ocorrência de um dano e a gravidade de tal dano. E o gerenciamento de riscos, por
sua vez, é a tomada de decisões relativas aos riscos ou a ação para a redução das
consequências ou probabilidade de ocorrência (CAPUCHO, BRANQUINHO, REIS,
2010). Relacionado a medicamentos é notório quanto o gerenciamento de riscos tem
benefícios.
No Brasil, o mercado de medicamentos vem aumentando crescimento, devido
a ampliação e características da prática médico-terapêutica, envelhecimento da
população, aumento da propaganda de medicamentos, facilidade de acesso. Isto
levou ao aumento do mercado consumidor e expansão do setor produtivo de
medicamentos, caracterizado pelo surgimento de grande número e diversidade de
especialidades farmacêuticas (CASTRO et al., 2000). Desse modo torna-se cada
vez mais necessário o maior controle dos serviços prestados e produtos
dispensados nas drogarias, para alcançar o objetivo principal do estabelecimento
que é a promoção de saúde do paciente de forma segura.
O conceito de evento adverso, como visto anteriormente, trata-se do
aparecimento de um problema de saúde decorrente do cuidado, ou falta dele e não
pela doença, ou seja, uma lesão não esperada que compromete a saúde do
paciente resultante de um tratamento ineficaz, ausente ou incorreto. Os eventos
adversos que possuem relação com os medicamentos representam cerca de 20%
do total de casos observados (TORRES, CASTRO, 2007). Evento adverso
relacionado a medicamentos é qualquer dano apresentado pelo paciente resultante
da utilização dos medicamentos. A utilização adequada de medicamentos, também
denominado de uso racional de medicamentos (URM), é a orientação apropriada à
situação clínica do paciente, dispensação de acordo com as necessidades
individuais e utilização de forma correta (OMS, 1985).
Alguns dos fatores que podem ocasionar nos eventos adversos são: dose do
medicamento inadequada, falta de dose, via de administração não esclarecida,
horário de administração equivocado e outros. Esses eventos adversos possuem
impacto negativo na qualidade de vida do paciente, influenciam na perda de
confiança do paciente com os profissionais de saúde, aumentam custos de
tratamento, podem também atrasar os tratamentos ou até desencadear outros
problemas de saúde (MAGALHÃES, CARVALHO, 2001).
O conceito de gerenciamento de riscos é aplicado para padronização e
montagem de uma sistemática, identificando-se os grupos de maior exposição aos
36
riscos à saúde, seja em processo de produção de mercadorias ou pelo consumo de
medicamentos em condições inadequadas de uso (ANVISA, 2008).
2.5.4 Gerenciamento de Riscos na Dispensação
Na maior parte dos casos, os erros que ocorrem nos estabelecimentos de
dispensação de medicamentos são passíveis de prevenção, alertando sobre a
importância da compreensão de que o uso correto de medicamentos depende de um
processo complexo e monitoramento de todo um sistema. É preciso estabelecer um
planejamento contínuo de avaliação para que os erros não sejam apenas reduzidos,
mas também para contribuir com a identificação da possibilidade de riscos, antes
que eles aconteçam, e que muitas vezes são definidos erroneamente como reações
adversas (NUNES, et al., 2008).
Uma alternativa que possivelmente trará melhorias para o monitoramento dos
erros e riscos oferecidos pela dispensação, é o gerenciamento de riscos.
No gerenciamento de riscos é fundamental que a instituição de saúde
encontre um procedimento de prevenção como um requisito para a qualidade, que
possui como principal objetivo criar planos de ação que promovam segurança a
saúde do paciente e auxilie na tomada de decisão da equipe multiprofissional de
saúde, realizando o planejamento, monitoramento e prevenção de riscos no
processo que possam causar efeitos adversos. É ideal que este gerenciamento seja
feito por uma equipe multidisciplinar e não só por um só setor, para que todos os
pontos sejam avaliados e com isso sejam estabelecidas prioridades, identificando as
oportunidades e principais ameaças (HINRICHSEN, OLIVEIRA, CAMPOS, 2011).
Na dispensação de medicamentos em drogarias é importante que não
somente o farmacêutico esteja envolvido com esta ferramenta, mas para maior
eficácia do gerenciamento de riscos é necessário que todos os componentes do
estabelecimento, balconistas, técnicos em farmácia, auxiliem na aplicação do
método.
37
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Realizar uma revisão da literatura e discutir sobre a aplicação do
gerenciamento de riscos na prevenção de efeitos adversos de medicamentos
dispensados em drogarias, e a importância dessa ferramenta para a saúde do
paciente e nos estudos de farmacovigilância.
3.2 ESPECÍFICOS
Determinar aplicações e objetivos do gerenciamento de riscos em
estabelecimentos que ofereçam serviços de saúde.
Aplicar em drogaria uma metodologia já utilizada em estabelecimento de
saúde, com a aplicação em drogarias.
Sugerir uma ferramenta de qualidade adequada que auxilie na implementação
do gerenciamento de riscos em drogarias.
Expor exemplos de possíveis riscos na dispensação de medicamentos e
discutir sobre a prevenção dos mesmos através da utilização da ferramenta de
qualidade sugerida.
4 METODOLOGIA
Como procedimentos técnicos, foram utilizadas pesquisas bibliográficas,
principalmente em artigos científicos. O estudo foi caracterizado pela revisão de
literatura nacional e internacional abordando o tema Gerenciamento de Riscos e
Dispensação de medicamentos utilizando os bancos de dados PUBMED, Web of
Science, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e SCIELO. As palavras chaves utilizadas
foram: 1) Gerenciamento de Riscos, 2) Farmacovigilância, 3) Dispensão de
medicamentos, 4) Farmacovigilância em drogarias, 5) Riscos na dispensação de
medicamentos, 6) Risk Management, 7) Adverse effects.
Foram selecionados artigos de acordo com autores conhecidos na área de
gerenciamento de processos, artigos publicados a partir do ano de 2000, e aqueles
diretamente ligados com gerenciamento de riscos, dispensação de medicamentos,
38
perfil do farmacêutico gestor e possíveis riscos para a saúde do paciente na
dispensação em drogarias.
5 DISCUSSÃO
5.1 IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS
Ainda não se tem o conhecimento total da importância do gerenciamento de
riscos na dispensação de medicamentos. O gerenciamento de riscos vai muito além
dos interesses regulatórios, mas também tratam da qualidade da saúde do paciente.
As Diretrizes para o Gerenciamento do Risco em Farmacovigilância
determinada pela ANVISA (2008) relatam que:
O gerenciamento de risco em Farmacovigilância é o processo
de lidar com incertezas no ambiente do uso de medicamentos no
período pós-registro, visando aumentar os benefícios e reduzir os
riscos de produtos e processos oferecidos pelos estabelecimentos de
saúde (ANVISA, 2008).
Dessa forma é importante que as drogarias estejam preparadas quanto à
capacidade de gerenciar os riscos possíveis que podem ocorrer no estabelecimento
e comprometer a saúde do paciente, auxiliando a farmacovigilância no
monitoramento de efeitos adversos e riscos relacionados aos medicamentos no
geral, diferentes grupos de usuários, interações e administração.
A Resolução nº 2, de 25 de janeiro de 2010 instituída pela ANVISA determina
que o Gerenciamento de Riscos e a notificação ao Sistema de Vigilância Sanitária
de efeitos adversos passou a ser uma exigência aos estabelecimentos de saúde
(CAPUCHO, BRANQUINHO, REIS, 2010), pois este mecanismo permite o
monitoramento e controle de riscos das tecnologias em saúde, com objetivo de
reduzir riscos, ocorrência de efeitos adversos e minimizar a gravidade dos mesmos
quando ocorrem.
A ANVISA através da Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 185, de 22
de outubro de 2001 classifica os materiais de usos em saúde, incluindo
medicamentos em relação a grau de riscos. Essa resolução permite que o grau de
39
riscos de cada medicamento seja observado e dessa forma, o medicamento seja
tratado com os cuidados correspondente ao grau de risco em que o mesmo é
classificado.
Segundo o Instituto de Práticas para Uso de Medicamentos (ISMP), após
estudo em 1995 e 1996, em Hospitais da Comunidade Européia para fazer um
levantamento dos fármacos que tinham maior probabilidade de causar eventos
adversos, concluíram que esses medicamentos eram limitados em número, o que
facilitou a centralização das medidas de melhoria (ISMP, 2015). Esses
medicamentos definidos como medicamentos de alto risco (MAR), de acordo com o
ISMP “são aqueles que têm um risco potencial de causar danos graves ou até
mesmo fatais, quando um erro ocorre no curso de sua utilização” (ISMP, 2015).
As recomendações para a prevenção de erros de medicação envolvendo
medicamentos potencialmente perigosos, como é o caso dos antagonistas
adrenérgicos e antiarrítmicos, os quais foram listados pela ISMP são baseadas em
três princípios “reduzir a possibilidade de ocorrência de erros; tornar os erros
visíveis; minimizar as consequências dos erros” (ISMP, 2015) É recomendado pelo
Instituto implantar práticas pontuais para evitar erros durante os processos de
embalagem, rotulagem, armazenamento, prescrição, dispensação, e administração.
Deve-se considerar o caráter multidisciplinar deste monitoramento, de forma que os
profissionais envolvidos tenham conhecimento da importância gerenciamento dos
riscos (ISMP, 2015).
As drogarias devem usar essa classificação como auxílio para dispensação
adequada dos medicamentos, com o intuito de conhecer o nível de riscos dos
mesmos, porém não é o suficiente conhecer apenas a classificação de risco de um
medicamento para dispensá-lo de forma segura ao paciente.
Observa-se a necessidade de um sistema de monitoramento na dispensação
não somente dos níveis de riscos relacionados aos medicamentos quando utilizados
de forma correta. Deve-se ter atenção as orientações e cuidados, para que não haja
dúvida da parte do paciente ao fazer o uso do medicamento em questão, e dessa
forma não ocorra a utilização de forma inadequada.
O gerenciamento de riscos bem estabelecido auxilia na avaliação dos riscos
na dispensação para abranger o máximo de informações particulares de cada
paciente. O que reintera a necessidade de um mecanismo ou ferramenta que auxilie
no gerenciamento de riscos para que este seja corretamente monitorado Observa-se
40
que cada paciente está exposto a um grau de risco diferente, dependendo da idade,
dos medicamentos utilizados juntamente ao medicamento em questão, da
alimentação e da expectativa em relação ao efeito do medicamento a ser utilizado,
ou seja, trata-se de um sistema complexo que precisa estar estruturado para
alcançar os objetivos de proteção e promoção a saúde do paciente.
5.2 APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS EM
ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
Para facilitar a sistemática do gerenciamento de riscos sabe-se da
necessidade da implementação de uma ferramenta de qualidade que permita a
confiabilidade do monitoramento de riscos. Foram listados exemplos da aplicação da
ferramenta FMEA, uma das ferramentas mais citadas e utilizadas com o objetivo de
efetivar o gerenciamento de riscos em ambientes de prestação de serviços de
saúde.
Com a finalidade de coletar dados e reduzir a possibilidade de ocorrência de
erros na utilização do medicamento antibiótico vancomicina, Queiroz, esquematizou
um fluxograma para o gerenciamento de riscos do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, através da FMEA, possibilitando que o
autor fizesse a elaboração de um formulário de investigação de RAMs. A utilização
do FMEA teve como objetivo avaliar e minimizar os riscos por meios das possíveis
falhas conhecidas pelo Hospital. A ferramenta auxiliou a metodologia do
gerenciamento de riscos a analisar, observar e definir planos de ação para reduzir os
riscos relacionados vancomicina, o que mostrou ser uma ferramenta bem sucedida
para este efeito (QUEIROZ, 2010).
Outro exemplo que demonstra a utilização da ferramenta de qualidade FMEA
no auxílio da metodologia do gerenciamento de riscos é o caso do Hospital de
Urgências de Teresina Professor Zenon Rocha, onde o autor no contexto do serviço
de farmácia hospitalar e sua importância para o atendimento racional e seguro aos
pacientes, utilizou o FMEA para avaliar as etapas que envolvem o ciclo do
medicamento até a sua dispensação (COELHO et al., 2016).
Para aplicar a análise FMEA nas etapas do processo do Hospital, um grupo
de trabalho foi formado para definir a função ou característica dos procedimentos,
41
para relacionar todas as possibilidades de erros e falhas possíveis, descrevendo
para cada tipo de falha e as possíveis causas ou efeitos, relacionando as medidas
de detecção e prevenção. E, ainda, para cada causa, atribuir índices para avaliar os
riscos e, por meio da identificação desses riscos, discutir medidas de melhoria. Com
o grupo de execução da FMEA formado, foram descritas todas as etapas que seriam
consideradas durante o estudo que seriam prescrição médica, validação da
prescrição médica pelo farmacêutico e a dispensação do medicamento (COELHO,
et. al., 2016).
Segundo Coelho e colaboradores, o FMEA não é mecanismo para solução de
problemas, entretanto, indica as principais oportunidades de melhoria do serviço,
sobretudo em função da preocupação com todas as etapas da geração do erro. O
material gerado pelo FMEA tem como função servir como uma ferramenta para
prevenção de falhas, auxiliar o desenvolvimento de um serviço de farmácia eficiente,
eficaz e seguro (COELHO, et. al., 2016).
Observando esses exemplos e analisando as demais ferramentas citadas no
decorrer deste trabalho, a FMEA demonstrou ser aplicável de forma eficiente para a
implementação do gerenciamento de riscos em estabelecimentos de saúde.
Permitindo que o gerenciamento de riscos tenha confiabilidade diante aos processos
da organização, contribuindo para a continuidade do monitoramento das atividades
que podem impactar na segurança da saúde do paciente.
5.3 APLICAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RISCOS EM DROGARIAS
Um adequado gerenciamento de riscos exige que as etapas a ele designadas
sejam respeitadas, de forma a cercar os possíveis riscos e alcançar êxito no controle
dos de riscos oferecidos pelo estabelecimento. É importante ressaltar como
mostrado anteriormente que o gerenciamento de riscos na dispensação está
intimamente ligado não somente a segurança do paciente, mas também no auxílio a
farmacovigilância e no controle de efeitos adversos. Dessa foram estipuladas etapas
que permitem a aplicação do gerenciamento de riscos em drogarias na atividade de
dispensação de medicamentos, através de noções básicas e facilmente aplicáveis a
esse tipo de estabelecimento se houver a contribuição de toda equipe envolvida.
42
Essas etapas ajudam no planejamento do quadro de riscos apresentado no
próximo tópico com exemplos de possíveis riscos comuns na dispensação de
medicamentos. Sugere-se que as atividades citadas sejam seguidas para garantir a
efetividade do gerenciamento de riscos na dispensação, são elas:
• Detectar os riscos presentes e os possíveis riscos do estabelecimento;
• Estimular as notificações de efeitos adversos e observar a ocorrência
do mesmo;
• Observar e avaliar os riscos que a dispensação está inserida;
• Avaliar as notificações de efeitos adversos;
• Reunir a equipe envolvida para alinhar a opinião de todos e viabilizar
os planos de ação junto com equipe qualificada para dispensar
medicamentos;
• Estabelecer prioridade do tratamento de riscos com o objetivo de
avaliar, compreender e prevenir efeitos adversos;
• Divulgar resultados de suas ações e mostrar benefícios do
gerenciamento de riscos para a equipe;
• Divulgar planos de ações da Gerência de Risco a todos os envolvidos;
• Priorizar e colocar em prática as ações de gerenciamento de risco nas
atividades exercidas no estabelecimento;
• Sugerir melhorias focadas no processo e incentivar a equipe envolvida
a opinar;
• Notificar à ANVISA todos os efeitos adversos ou quaisquer problemas
relacionados a medicamentos e outros produtos para saúde
identificados;
• Divulgar informações e alertas no estabelecimento e para a sociedade
para evitar que novos efeitos adversos ou problemas relacionados a
medicamentos aconteçam;
• Traçar medidas preventivas e corretivas, como educação continuada,
publicação de alertas, informes e boletins, além de acompanhar o
processo após a intervenção;
• Realizar reuniões e treinamentos a equipe envolvida na dispensação
para disseminar informações sobre as ações corretivas, preventivas
43
adotadas pelo Gerenciamento de Risco, além da importância das
notificações e seguimento dos planos de ações estabelecidos
(adaptado de ANVISA, 2008, CAPUCHO, BRANQUINHO, REIS, 2010).
Como citado no tópico anterior, o gerenciamento de risco necessita do
suporte de uma ferramenta de qualidade para ser bem estabelecido. Dessa forma o
FMEA como exemplificado anteriormente demonstra ter bons resultados ao atuar
nesse objetivo. Observamos que o FMEA é uma ferramenta adequada para a
aplicação nas drogarias e contribuirá com a avaliação do impacto das falhas,
permitindo a união de todas as informações, para que seja possível identificar quais
partes do processo ou serviço têm maior necessidade de correção para a prevenção
da ocorrência de eventos adversos.
Um desafio não listado nos exemplos anteriores que as drogarias podem
enfrentar é a falta do conhecimento dos balconistas, que estão diretamente
envolvidos com a dispensação, em relação a importância do monitoramento das
falhas. Devido a isso é necessário que toda equipe envolvida seja treinada e
instruída sobre os benefícios da utilização da ferramenta e do gerenciamento de
riscos, e que todos participem na implementação do mesmo.
Percebe-se que o profissional farmacêutico responsável pela dispensação em
drogarias não deve esperar atitude dos órgãos de vigilância sanitária em
implementar o gerenciamento de riscos nos estabelecimentos das drogarias, e sim
realizar as etapas para a realização desse sistema visualizando os bem-estar dos
pacientes, o controle de efeitos adversos, ideal funcionamento do estabelecimento e
a dispensação adequada. Lembrando que os centros nacionais de farmacovigilância
não estão unicamente responsáveis por todas essas questões de segurança, devido
a isso é importante que a drogaria utilize de ferramentas como o gerenciamento de
riscos para ajudar a cercar e minimizar a maior quantidade de riscos que o paciente
que faz uso de medicamentos está exposto. No final, o profissional farmacêutico
responsável pela dispensação está contribuindo também para as questões
regulatórias relacionadas a farmacovigilância o que fecha o ciclo iniciando a ideia de
um projeto de saúde caminhando para a segurança total do paciente em relação a
medicamentos.
44
5.4 APLICAÇÃO DO FMEA PARA O GERENCIAMENTO DE RISCOS EM
DROGARIAS
Conhecemos que um dos maiores problemas da dispensação de
medicamentos é o surgimento de efeitos adversos nos pacientes, após o consumo
de medicamentos, percebemos que tratando de erro de medicação ou falta de
comunicação entre médico, farmacêutico e paciente, são riscos passíveis de
prevenção, dessa forma nada mais importante do que o estabelecimento possuir
mecanismos que previnam a ocorrência das falhas potenciais. O gerenciamento de
risco através do FMEA auxilia de forma importante no monitoramento da
dispensação, trazendo vantagens para a drogaria e para a farmacovigilância, em
relação a prevenção e notificação de eventos adversos. Facilitando o controle da
farmacovigilância frente aos efeitos dos medicamentos pós registro, contribui para a
diminuição de aparecimento de efeitos adversos no geral, acrescentando na saúde e
satisfação do paciente.
O método FMEA é útil para identificar erros e falhas de um processo e seus
efeitos em sistemas definem ações que visem a reduzir ou eliminar o risco associado
a cada falha, gerando uma prioridade de risco para que as tomadas de decisões
sejam realizadas iniciando pelo risco de maior impacto para o sistema.
Para a aplicação do FMEA no gerenciamento de riscos foram escolhidos três
exemplos de falhas potencias na dispensação de medicamentos, ou seja, quando
uma situação ocorre de maneira não desejada. Para a construção do quadro de
meta de risco foram seguidas as seguintes técnicas:
• Identificação de Risco
• Análise de Risco
• Avaliação de Risco
A atividade posterior de acordo com os conhecimentos sobre dispensação em
drogarias e a pesquisa realizada nesse trabalho, foram observados os processos
envolvidos na dispensação. Compreendendo da função de cada etapa do processo
e das atividades que compõem o sistema, fazendo os questionamentos (para que
serve, quem é responsável pela execução de tal atividade, por exemplo), e
observando as informações sobre a história de falhas.
45
A montagem da equipe não foi feita pois trata-se de um exemplo, mas no
ambiente da drogaria a próxima etapa seria a montagem da equipe de estudo. O
próximo passo foi a definição do risco que será estudado. Foram escolhidos
exemplos de riscos que podem ocorrer com frequência em drogaria. A próxima
etapa foi a montagem do quadro do FMEA completando os dados de modos de
falha, dano ocasionado pela falha, as causas potenciais, a probabilidade de falha de
cada componente (Índice de Ocorrência), a gravidade das falhas (índice de
Gravidade), o grau de detecção da falha (Índice de Detecção). Por fim foram
pensadas as ações prováveis de serem realizadas com maior frequência nas
drogarias, a ação recomendada que é o ponto de melhoria, que se trata das ações
que deverão ser realizadas sempre para prevenção da falha em questão e
concluindo o Índice de prioridade de riscos (R), obtido a partir da multiplicação dos
índices anteriormente citados (índice de ocorrência x índice de gravidade x índice de
detecção= índice de prioridade de riscos) (ADAPTADO DE BARBOSA, 2015).
Quadro 1: FMEA- Índices de gravidade.
RISCO/GRAVIDADE ÍNDICE MEDIDAS
Trivial 1-2 Não requer ação específica.
Aceitável 3-4
Não é necessário melhorar a ação.
No entanto, devem
ser consideradas avaliações
periódicas a fim de analisar
o impacto na satisfação do
paciente.
Moderado 5-6
Devem ser implementadas
políticas de redução do risco a
médio e curto prazo, pois pode
gerar insatisfação do paciente,
sem comprometimento da saúde.
Importante 7-8O risco precisa ser reduzido
rapidamente, pois compromete a
saúde do paciente.
Inaceitável 9-10
Ação não deve continuar até que
o risco seja imediatamente
reduzido, pois pode causar até
morte do paciente.
Quadro 1: FMEA - Estratégia de análise
dos riscos (Índice de gravidade).
Fonte: (ADAPTADO DE ENEGEP, 2007).
46
Quadro 2: FMEA – Índices de ocorrência de causa.
RISCO/PROBABILIDADE DE
OCORRÊNCIAÍNDICE OCORRÊNCIA
Improvável 1 Expecionalmente
Pouco provável 2 Raramente
Provável 3-4-5 Poucas vezes
Muito Provável 6-7-8 Frequentemente
Muito Alta 9-10 Inevitável
Quadro 2: FMEA – Estratégia de análise
dos riscos (Índice de ocorrência da causa).
Fonte: (ADAPTADO DE ENEGEP, 2007).
Quadro 3: FMEA –Índice de detecção.
GRAU DE DETECÇÃO ÍNDICE
Imediatamente detectado 1
Existe probabilidade de ser detectado
logo após a ocorrência.2-3
Há uma possibilidade moderada de que
a ocorrência seja detectado num período
razoável de tempo antes da ocorrência.
4
É improvável que seja detectado 6- 7-8
Dificilmente detectado 9-10
Quadro 3: FMEA – Estratégia de análise dos riscos
(Índice de detecção)
Fonte: (ADAPTADO DE ENEGEP, 2007).
47
Quadro 4: Ex. I: Risco: Prescrição Ilegível.
PROCESSO DANOS GCAUSAS
POTENCIAISO
AÇÃO
REALIZADAD R
AÇÃO
RECOMENDADA
Dispensação
do
medicamento
errado
10
Não comunicação
com o médico e/ou
ausência de
comunicação com o
paciente.
7Tentiva de contato
com o prescritor.6 420
Não dispensar o
medicamento se não
entrar em contato com o
prescritor.
Posologia
errada10
Não comunicação
com o médico.7
Tentiva de contato
com o prescritor.10 700
Não dispensar o
medicamento se não
entrar em contato com o
prescritor.
Quantidade
Insuficiente8
Não comunicação
com o médico.5
Tentiva de contato
com o prescritor.6 240
Não dispensar o
medicamento se não
entrar em contato com o
prescritor.
Ausência de
Tratamento6
Não comunicação
com o médico.4
Tentiva de contato
com o prescritor e
conversa sobre
sintomas com o
paciente.
4 96
Não dispensar o
medicamento se não
entrar em contato com o
prescritor.
Administração
incorreta10
Não comunicação
com o médico.7
Tentiva de contato
com o prescritor.9 630
Não dispensar o
medicamento se não
entrar em contato com o
prescritor.
Pre
scri
çã
o ile
gív
el
Fonte: Autor, 2017.
Quadro 5: Ex. II: Risco: Dispensação de medicamento incorreto.
PROCESSO DANOS GCAUSAS
POTENCIAISO
AÇÃO
REALIZADAD R
AÇÃO
RECOMENDADA
Ausência de
Tratamento8
Falta de preparo do
balconista e/ou
farmacêutico. Falta de
comunicação entre
dispensador e paciente.
8Pouca conversa
com o paciente.8 512
Maior comunicação com o
paciente e treinamento dos
dispensadores.
Eventos adversos
no paciente10
Falta de preparo do
balconista e/ou
farmacêutico. Falta de
comunicação entre
dispensador e paciente.
10Pouca conversa
com o paciente.9 900
Maior comunicação com o
paciente e treinamento dos
dispensadores.
Interações
inesperadas10
Falta de preparo do
balconista e/ou
farmacêutico. Falta de
comunicação entre
dispensador e paciente.
10Pouca conversa
com o paciente.8 800
Maior comunicação com o
paciente e treinamento dos
dispensadores.
Problema de
saúde agravado10
Falta de preparo do
balconista e/ou
farmacêutico. Falta de
comunicação entre
dispensador e paciente.
4Pouca conversa
com o paciente.8 320
Maior comunicação com o
paciente e treinamento dos
dispensadores.
Insatisfação do
paciente5
Falta de preparo do
balconista e/ou
farmacêutico. Falta de
comunicação entre
dispensador e paciente.
3Pouca conversa
com o paciente.3 45
Maior comunicação com o
paciente e treinamento dos
dispensadores.
Dis
pe
nsa
çã
o d
e m
ed
ica
me
nto
in
co
rre
to
G (Índice de Gravidade); O (Índice de ocorrência); D (Índice de Detecção); R (Prioridade de Risco) Fonte: Autor, 2017.
G (Índice de Gravidade); O (Índice de ocorrência); D (Índice de Detecção); R (Prioridade de Risco)
48
Quadro 6: Ex. III: Risco: Administração inadequada do medicamento.
PROCESSO DANOS GCAUSAS
POTENCIAISO
AÇÃO
REALIZADAD R
AÇÃO
RECOMENDADA
Dose acima do
recomendado10
Prescrição ilegível.
Falta de preparo do
dispensador e
comunicação
dispensador/paciente.
5
Tentativa de
contato com o
prescritor e pouca
comunicação com
o paciente.
9 450
Comunicação com o
paciente. Contato com
o prescritor.
Treinamento do
envolvidos.
Falta de Tratamento 10
Prescrição ilegível.
Falta de preparo do
dispensador e
comunicação
dispensador/paciente.
4
Tentativa de
contato com o
prescritor e pouca
comunicação com
o paciente.
8 320
Comunicação com o
paciente. Contato com
o prescritor.
Treinamento do
envolvidos.
Eventos Adversos no
paciente10
Prescrição ilegível.
Falta de preparo do
dispensador e
comunicação
dispensador/paciente.
8
Tentativa de
contato com o
prescritor e pouca
comunicação com
o paciente.
10 800
Comunicação com o
paciente. Contato com
o prescritor.
Treinamento do
envolvidos.
Agravo ou
surgimento de
doença no paciente
10
Prescrição ilegível.
Falta de preparo do
dispensador e
comunicação
dispensador/paciente.
9
Tentativa de
contato com o
prescritor e pouca
comunicação com
o paciente.
10 900
Comunicação com o
paciente. Contato com
o prescritor.
Treinamento do
envolvidos.
Insatisfação do
paciente5
Prescrição ilegível.
Falta de preparo do
dispensador e
comunicação
dispensador/paciente.
5
Tentativa de
contato com o
prescritor e pouca
comunicação com
o paciente.
4 100
Comunicação com o
paciente. Contato com
o prescritor.
Treinamento do
envolvidos.
Ad
min
istr
açã
o in
ad
eq
ua
da
do
me
dic
am
en
to
G (Índice de Gravidade); O (Índice de ocorrência); D (Índice de Detecção); R (Prioridade de Risco) Fonte: Autor, 2017.
Analisando os exemplos apresentados é fácil observar a facilidade da
aplicação da ferramenta nas drogarias e no ato de dispensação, outro ponto
importante é a análise dos planos de ação que na maioria das vezes possuem
relação entre eles, o que leva a conclusão que uma análise de risco auxilia na
análise dos demais riscos existentes.
A esquematização do quadro de riscos também permite que o plano de ação
seja realizado de acordo com a gravidade do problema, avaliando o maior número
do índice de prioridade de riscos, onde o risco que possui maior índice encontrado
deve ser solucionado com maior prioridade que os demais.
Dessa forma, é notório que o gerenciamento de riscos é um mecanismo de
simples aplicação, podendo estar inserido facilmente no dia a dia da dispensação de
medicamentos se houver comunicação constante entre a equipe envolvida e
respeito de todos os envolvidos em relação aos planos de ação que foram
acordados a serem seguidos.
6 CONCLUSÃO
49
Para todos os medicamentos, há uma relação entre os benefícios e o
potencial para danos. Para minimizar os danos, é necessário que medicamentos de
boa qualidade, segurança e eficácia sejam usados de modo racional, e que as
expectativas e preocupações do paciente sejam levadas em consideração quando
decisões terapêuticas são apontadas a ele.
Na dispensação de medicamentos é importante que o profissional
farmacêutico atue com a preocupação de prevenir o máximo de riscos, afim de
assegurar a saúde do paciente e atender exigências regulatórias. Além disso a
preocupação do controle de riscos contribui para o monitoramento dos
medicamentos a nível nacional. Conhecendo o sistema de dispensação os riscos
são mais facilmente reconhecidos, e planos de ação são mais rapidamente
aplicados auxiliando não somente o estabelecimento das drogarias, e trazendo
benefícios ao paciente, mas também acrescentando aos estudos dos processos
regulatórios da farmacovigilância.
Tendo em vista a importância do gerenciamento de risco em qualquer
estabelecimento de prestação de serviços, compreende-se que os estabelecimentos
que prestam serviços de saúde serão muito beneficiados se utilizarem uma
ferramenta que auxilie na implementação da metodologia do gerenciamento de
riscos. No caso das drogarias o benefício é acrescentar principalmente na segurança
e satisfação do paciente, através do planejamento de todo um processo de
dispensação para que ocorra prevenção e promoção da saúde do paciente.
O gerenciamento de riscos permite que todos os possíveis riscos de uma
dispensação sejam monitorados para que eles não ocorram, prevenindo os riscos
conhecidos, realizando um planejamento para que novos problemas surjam de forma
inesperada, de forma que o sistema de dispensação esteja sempre blindado se o
gerenciamento de riscos for aplicado de forma correta. Como observado no decorrer
do trabalho o gerenciamento de riscos tenha êxito, é recomendado a utilização de
uma ferramenta que contribua para o estabelecimento da sistemática de um
processo.
Realizando uma análise geral das ferramentas apresentadas e dos exemplos
encontrados observou-se que a ferramenta FMEA aplicada para o gerenciamento de
riscos contribui para a meta de prevenção de riscos na maioria das situações.
Adicionando ao gerenciamento de riscos grande potencial de monitoramento, o que
50
provavelmente solucionará a maioria dos problemas relacionados a dispensação de
medicamentos e o surgimento de efeitos adversos nos pacientes.
Foi escolhido o FMEA, pois além de ser citada pela maioria dos autores
consultados, esta ferramenta permite que o risco seja cercado através de
informações facilmente adquiridas pela equipe no estabelecimento de dispensação,
e toda equipe pode auxiliar na montagem do esquema do FMEA, assim todas as
medidas necessárias são objetivamente demonstradas o que torna simples a visão
da falha em potencial e ação a ser tomada em cima daquela falha. Além disso o
FMEA possibilita a priorização do risco de acordo com a prioridade de riscos
encontrada, de forma que os riscos mais impactantes possam ser resolvidos com
maior urgência, ele determina a observação de oportunidades de melhorias nas
possibilidades de riscos de forma preventiva e bases para planos de ações a serem
implementadas com toda a equipe envolvida, dessa forma é notória a importância do
envolvimento de todos os colaboradores envolvidos na dispensação de forma séria e
adequada, para que todas as metas do gerenciamento de riscos e da ferramenta
aplicada para o gerenciamento dos mesmos seja bem sucedida.
51
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Diretrizes para o
Gerenciamento do Risco em Farmacovigilância, Brasília, DF, 2008. 14 p.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). 2001. Regularização de
Produtos - Materiais de uso em Saúde. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/>
Acesso em: 01 jun. 2017.
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modelos. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, p.629-640, 2008.
ARAÚJO, M. M. A. D. Lean nos serviços de saúde. 2009. 75 p. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Industrial e Gestão) – Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto, Porto.
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Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes. Rio de janeiro, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 9000:2005:
Sistemas de gestão da qualidade - fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005. 35
p.
BARBOSA, P. F. T.; COUTINHO, G. F.; SANTOS, A. S. D. O. D.; OLIVEIRA, M. L. G.;
GOMES, P.; COUTINHO, A. J. F.; WENCESLAU, L. E. F. 2015. 29 p. Risco Sanitário:
percepção, avaliação, gerenciamento e comunicação. Fortaleza. Em parceria com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
BASTOS, A. A.; COSTA, E. A.; CASTRO, L. L. C. Fatores facilitadores e dificuldades no
exercício da vigilância sanitária de farmácias em Salvador-Bahia. Ciência & Saúde
Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 9, set, 2009.
52
BOMFIN, D. F.; NUNES, P. C. A.; HASTENREITER, F. Gerenciamento de Projetos
Segundo o Guia PMBOK: Desafios para os Gestores. Revista de Gestão e Projetos -
GeP, São Paulo, v. 3, n. 3, p. 58-87, set. 2012.
BRASIL. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a
fiscalização das atividades farmacêuticas. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 08 ago. 2014.
BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. A importância da
farmacovigilância: monitorização da segurança dos medicamentos. 2005.
Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/importancia.pdf> Acesso: 5
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BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada n.
44 de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle
sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da
prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências.
Diário Oficial União, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 ago. 2009. Seção 1, p. 78.
BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada nº
2, de 25 de janeiro de 2010. Dispõe sobre o gerenciamento de tecnologias em saúde
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