20
UCRANIA: COMO ENTENDER A CRISE Entrevista - Luiz Alberto Moniz Bandeira A Segunda Guerra Fria À diferença do conflito original do século XX, desta vez a briga não se alimenta da ideologia, mas de interesses estratégicos dos EUA e da Rússia (carta capital)

Ucrania : como entender a crise

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Ucrania : como entender a crise. Entrevista - Luiz Alberto Moniz Bandeira A Segunda Guerra Fria À diferença do conflito original do século XX, desta vez a briga não se alimenta da ideologia, mas de interesses estratégicos dos EUA e da Rússia (carta capital). - PowerPoint PPT Presentation

Citation preview

Page 1: Ucrania : como entender a crise

UCRANIA: COMO ENTENDER A CRISE

Entrevista - Luiz Alberto Moniz Bandeira

A Segunda Guerra FriaÀ diferença do conflito original do século XX, desta vez a briga não se alimenta da ideologia, mas de interesses estratégicos dos EUA e

da Rússia (carta capital)

Page 2: Ucrania : como entender a crise
Page 3: Ucrania : como entender a crise
Page 4: Ucrania : como entender a crise
Page 5: Ucrania : como entender a crise

Trechos da Entrevista divulgada na Carta Capital

A Guerra Fria ressuscitou?A crise na Ucrânia, aguçada com a

queda do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro, tem muitos dos ingredientes da disputa

“capitalistas x comunistas” que rachou o globo após a

II Guerra Mundial. 

Page 6: Ucrania : como entender a crise

No sábado 1°, o parlamento russo autorizou o presidente Vladimir Putin a enviar tropas à Ucrânia para defender instalações militares e cidadãos russos naquele país, cuja parte leste tem forte identidade com Moscou.

Page 7: Ucrania : como entender a crise

Desde os anos 90, diz o livro, os EUA dão importância crescente à Eurásia, região onde está a Ucrânia. Em 1994, o Departamento de Energia norte-americano identificou o Mar Cáspio, próximo da Ucrânia, como uma das maiores fontes de petróleo do globo. 

Uma baita descoberta para quem não sobrevive sem petróleo importado. E mais ainda porque a principal fonte conhecida, o Golfo Pérsico, é um caldeirão de antiamericanismo islâmico. Dali em diante, diz Moniz Bandeira, a prioridade geopolítica dos EUA consistiu em atrair os governos de países da região do Cáucaso, alguns dos quais pertenciam à ex-URSS. Washington fez isso inclusive mediante o envolvimento militar e uma política de regime change, ou seja, desestabilizando governos eleitos.

Page 8: Ucrania : como entender a crise

Uma baita descoberta para quem não sobrevive sem petróleo importado. E mais ainda porque a principal fonte conhecida, o Golfo Pérsico, é um caldeirão de antiamericanismo islâmico. Dali em diante, diz Moniz Bandeira, a prioridade geopolítica dos EUA consistiu em atrair os governos de países da região do Cáucaso, alguns dos quais pertenciam à ex-URSS. Washington fez isso inclusive mediante o envolvimento militar e uma política de regime change, ou seja, desestabilizando governos eleitos.

Page 9: Ucrania : como entender a crise

CartaCapital: Os EUA estão por trás das turbulências na Ucrânia?

Page 10: Ucrania : como entender a crise

“ ... O economista Paul Craig Roberts, que foi secretário assistente do Tesouro no governo Reagan (1981-1989), escreveu que "a Ucrânia ou a parte ocidental do país está cheia de ONGs mantidas por Washington cujo objetivo é entregar a Ucrânia às garras da União Europeia, para que os bancos da União Europeia e dos Estados Unidos possam saquear o país como saquearam, por exemplo, a Letônia; e simultaneamente enfraquecer a Rússia, roubando-lhe uma parte tradicional e convertendo esta área em área reservada para bases militares de Estados Unidos-OTAN".

Page 11: Ucrania : como entender a crise

CC: Que interesses norte-americanos o governo

deposto da Ucrânia ameaçaria? Que evidências

disso o sr. apontaria?

Page 12: Ucrania : como entender a crise

“ ... Não se trata de "ameaça". Nenhum país, evidentemente, ameaça os EUA. O problema é que o governo da Ucrânia não atende e não se submete aos interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos de Washington...” 

“... O problema é a rivalidade dos EUA com a Rússia. A questão não é ideológica. É geoestratégica...”

Page 13: Ucrania : como entender a crise

CC: O sr. parece identificar um padrão de intervenção não-

violenta por parte dos EUA no pós-guerra fria. Um padrão a

combinar a ação de ONGs e de líderes oposicionistas

financiados por Washington com propaganda midiática. Diria que esta combinação

está presente hoje na Ucrânia?

Page 14: Ucrania : como entender a crise

 ”...Não há nenhum padrão de intervenção não-violenta dos EUA no pós-Guerra Fria. Os EUA intervém militarmente, de forma unilateral ou sob o manto da OTAN, quando podem. Intervieram na Líbia, mas não tiveram condições de fazê-lo na Síria, devido à oposição da Rússia e da China, embora continuem a financiar os rebeldes - na realidade, terroristas de Al Qa'ida e organizações similares. A guerra fria, portanto, continua, em uma etapa histórica superior, como demonstram os acontecimentos na Ucrânia, na Síria e nos demais países do Oriente Médio. Os EUA não deixaram de perceber a Rússia como seu principal adversário. De fato, a Rússia não perdeu, militarmente, nenhuma guerra...”

Page 15: Ucrania : como entender a crise

“...Como sucessora jurídica da URSS, a Rússia herdou todo o seu potencial militar: cerca de 1.800 ogivas nucleares estratégicas operacionais e reservas de 2.700 ogivas, contra 1.950 ogivas operacionais e 2.500 ogivas de reserva dos EUA. O poderio militar das duas potências era equivalente...” 

“... A guerra fria reacendeu em 2013, uma vez que o governo recuou nas negociações para incorporar o país à União Europeia, o que podia abrir as portas para o estacionamento de tropas da OTAN dentro do seu território, conforme os EUA pretendem...”

Page 16: Ucrania : como entender a crise

CC: Que desfecho considera mais provável para a crise na Ucrânia?

Page 17: Ucrania : como entender a crise

Os chamados "ativistas" e "democratas" que fomentaram as demonstrações pro-União Europeia pertencem, em larga medida, a comandos do Svoboda e de outras tendências neonazistas e não escondem suas tendências xenófobas, racistas, anti-semitas e contra a Rússia. E foram com eles que os senadores americanos John McCain e Christopher Murphy se misturaram nas demonstrações contra o governo Yanukovych, democraticamente eleito e derrubado por um golpe, sob os aplausos dos EUA e da União Europeia. É muito provável que tais grupos neonazistas intentem a captura do poder em Kiev. Porém será difícil submeter a Crimeia.

Page 18: Ucrania : como entender a crise

CC: A Rússia jogou tudo o que podia diplomática e politicamente na atual

crise na Ucrânia?

Page 19: Ucrania : como entender a crise

A Rússia não jogou todas as suas cartas. O presidente Putin, que se revela o maior estadista da atualidade, sabe muito bem como dispor e lançar as pedras no xadrez da política internacional. Formado na KGB e havendo servido durante muitos anos na Alemanha Oriental, principal teatro do conflito Leste-Oeste, conhece muito bem como funciona a guerra nas sombras. A Ucrânia continuará ainda como cenário da segunda guerra fria e certamente a Rússia não aceitará, passivamente, que se integre na União Europeia. Haverá negociações ou derramamento de sangue. Quem viver verá.