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pre natal
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FACULDADE DE MEDICINA – UFMT
UNIDADE CURRICULAR VI – SAÚDE DA MULHER
VITOR HIROSHI NUNES MOTIZUKI
TUTORIA 01 – ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
# O principal objetivo da assistência pré-natal é assegurar o nascimento de criança saudável com risco mínimo para a
mãe. Para isso, são envolvidos:
- Avaliação precoce e precisa da idade gestacional
- Estratificação do risco gestacional
- Avaliação contínua do bem estar materno e fetal
- Identificação de problemas e intervenção, se possível.
- Educação da paciente, aprimorando o cuidado e a qualidade de vida da mãe, filho e familiares
# Rubéola, hepatite B, HPV, tétano, toxoplasmose e as DSTs são eficazmente prevenidos e tratados.
1. ANAMNESE
- Identificação:
# Idade: Do ponto de vista biológico, a gravidez tem as melhores condições de ocorrer a partir dos 18 a 20 anos e vai
até os 30 anos. Acima dessa idade, começam a crescer os riscos para a mãe e a criança.
# Cor: vício pélvico é mais comum em negras e mulatas.
# Profissão: Investigar intoxicação lenta (álcool, chumbo, nicotina, etc) ou, quando predisposta a abortamento, deve-se
orientar a abstenção de esforço físico.
# Estado civil: maior morbidade e mortalidade materna e fetal entre as solteiras.
# Nacionalidade e domicílio: investigação de doenças epidêmicas na região que influenciam na gestação (Chagas,
esquistossomose, malária).
- Anamnese geral:
# Antecedentes familiares: investigação de doenças nos familiares, por exemplo, diabetes e toxemia. Investigar
também a família do parceiro.
# Antecedentes pessoais: desenvolvimento neuropsicomotor da mãe, quando começou a deambular, condições de
nutrição na infância (raquitismo ou outras deficiências influência na constituição da pelve), informações sobre a
puberdade (idade da menarca, características dos ciclos menstruais), HPP, cirurgias prévias (principalmente do
sistema genital), medicações em uso e alergias medicamentosas. Além disso, devem ser questionados os hábitos de
vida, como prática de atividade física, ingesta alimentar, tabagismo, etilismo e outras drogas.
- Anamnese obstétrica:
-- Antecedentes obstétricos:
# Gesta e para:
- primigesta: mulher grávida pela primeira vez
- primípara: mulher que pariu uma única vez ou que está na iminência de fazê-lo
- multigesta: mulher que gestou muitas vezes
- multípara: mulher que pariu várias vezes
- paucípara: pariu poucas vezes (até três)
- nulípara: mulher que nunca deu à luz
- nuligesta: nunca ficou grávida.
# Paridade: riscos são maiores nas primíparas e nas que pariram mais de 4 vezes.
# Intervalo interpartal: riscos reprodutivos são menores quando intervalo é de pelo menos 2 anos.
# Ciclos gravídico-puerperais anteriores: colher informações sobre abortos, toxemias e aleitamento.
- Gravidez vigente:
# Indagar sobre DUM, sinais subjetivos e objetivos, alterações dos diversos órgãos e aparelhos, época em que foram
percebidos os movimentos ativos do feto e quando ocorreu a queda do ventre.
2. EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO
2.1. Inspeção
- Cabeça e pescoço:
# Sinal de Halban: formação de lanugem próximo aos limites do couro cabeludo, pela intensificação da nutrição dos
folículos pilosos (alterações hormonais).
# Cloasma ou máscara gravídica: pigmentação difusa em regiões muito expostas à luz (fronte, nariz e região
zigomática), de tonalidade escura. Ocorre em função da hiperfunção do lobo anterior da hipófise (céll basófilas
hormônio melanotrófico).
# Hipertrofia da tireoide por volta do 5° ou 6° mês.
- Glândula mamária:
# Hipertrofia da mama aumento do volume
# Secreção de colostro a partir da 16ª semana percebido pela expressão da base em direção aos canais lactíferos.
# Aréola primária mais pigmentada que fora do período gestacional
# Sinal de Hunter: aparecimento de aréola secundária, de limites imprecisos aréola gravídica
# Rede de Haller: trama de vasos venosos na pele
# Tubérculos de Montgomery: são glândulas mamárias acessórias ou sebáceas hipertrofiadas que aparecem em
numero de 12 a 15 e regridem no puerpério.
- Abdome:
# Globoso ou ovoide, com distensão da parede
# Cicatriz umbilical fica planificada ou protrusa
# Em multíparas pode ocorrer a diástase dos retos abdominais, pela diminuição da tonicidade muscular e da
aponeurose causa vícios de apresentação e de distocia pela falta de coincidência entre o eixo do útero, do feto e da
bacia.
# Linea nigra: hiperpigmentação da linha alba, principalmente em mulheres de pele mais escura.
# Aparecimento de estrias ou víbices, pela distensão do retículo das fibras elásticas (persistem após gravidez)
- Membros inferiores:
# Dilatação de vasos sanguíneos e varizes aumentadas
# Edema, principalmente ao final da gravidez
- Aparelho genital externo:
# Sinal de Jacquemier ou Sinal de Chadwick: Hiperpigmentação e tumefação da mucosa, com mudança de cor (rosada
para cianosada, violácea)
# Aréola escura perianal.
2.2. Palpação
# Altura uterina: reconhecer resistência óssea do púbis e delimitar, sem comprimir, o fundo do útero, com a borda
cubital da mão.
# Circunferência abdominal: ao nível da cicatriz umbilical. Na gestante a termo mede de 90 a 92 cm.
- Consistência uterina:
# Consistência elástico-pastoso-cística: decorre do amolecimento da parede uterina e da quantidade de líquido
amniótico.
# Contrações de Braxton-Hicks
- Regularidade da superfície uterina:
# Superfície lisa e regular da parede do útero grávido normal
# presença de nódulos e saliências tumores miomatosos não confundi com pequenas partes fetais (mãos, pés)
- Conteúdo uterino: Visa ao reconhecimento do feto, sua apresentação e posição:
A sistematização é feita pelas manobras de Leopold Zweifel:
# Primeiro tempo:
- Delimitar fundo do útero com bordas cubitais de ambas as mãos deprimindo a parede abdominal.
- As mãos encurvadas tentam delimitar, com a face palma, o contorno do fundo de útero e a parte fetal que o
ocupa.
- Polo pélvico: maioria dos casos, mais volumoso, esferoide, superfície irregular, resistente mas redutível, pode
perceber cristas ilíacas como duas proeminências.
- Polo cefálico: superfície regular, resistente e irredutível.
- Rechaço: Ocorre quando há quantidade de líquido suficiente. Uma mão produz impulso ao polo fetal. Se for
deslocado, ocorre rechaço simples. Se voltar à situação original, ocorre rechaço duplo. É muito mais nítido com
polo cefálico (forma, consistência e mobilidade).
# Segundo tempo: deslizar as mãos do fundo uterino em direção ao polo inferior do feto sentir dorso fetal ou
pequenas partes e membros de um lado.
# Terceiro tempo (Manobra de Leopold ou Pawlick): objetiva a exploração da mobilidade do polo em relação ao estreito
superior. Deve-se apreender o polo entre o polegar e o médio da mão direita, imprimindo movimentos laterais
indicam grau de penetração da apresentação na bacia.
# Quarto tempo: Deve explorar a escava. O examinador volta suas costas para a cabeça da paciente e coloca as
mãos sobre as fossas ilíacas, caminhando em direção ao hipogastro, paralelas à arcada crural, afastadas uma da outra
cerca de 10 cm. Com as extremidades dos dedos, penetra a pelve. Se a apresentação for cefálica, será menor, lisa,
consistente e irredutível. Se for pélvica, será maior, irregular, amolecida e deprimível. Se estiver córnica (transversa),
estará vazia e escava.
2.3. Ausculta
# Buscam-se os batimentos cardiofetais (BCF), que informam se o concepto está vivo ou morto. São percebidos por
volta da 20ª semana de gestação.
# Ausculta direta: coloca-se o ouvido sobre a parede abdominal da paciente.
# Ausculta indireta: Utiliza-se estetoscópio ou sonar Doppler.
# A ausculta com sonar pode ser feita a partir de 10 a 12 semanas de gestação e possibilita ouvir o pulso do cordão
umbilical ou de qualquer outro vaso fetal.
# Cuidado para não confundir com os batimentos maternos comparar FC do bebê e da mãe.
# Os BCF nunca são isócronos com o pulso materno. FC do concepto varia entre 110 e 160 bpm.
# A ausculta é mais fácil no chamado foco máximo de auscultação.
- Diagnóstico de apresentação pela ausculta:
# Apresentação cefálica: foco se encontra nos quadrantes inferiores do abdome materno.
# Apresentação pélvica: foco se encontra nos quadrantes superiores do abdome.
# Apresentação córmica: está na linha média, junto à cicatriz umbilical.
- Gravidez gemelar:
# Notam-se dois focos, não sincrônicos, com divergência de frequência de 8 ou 10 bpm.
2.4. Toque
# Pode ser unidigital, bidigital (+ comum) ou manual (raro, quando a apresentação estiver muito alta e paciente
anestesiada).
# Durante a gestação, o toque combinado permite determinar volume uterino, quando não é possível pela palpação
abdominal.
# Próximo ao parto permite avaliar as condições do colo, relações entre apresentação e bacia e as características do
trajeto ósseo.
3. EXAMES COMPLEMENTARES
# O MS preconiza como rotina mínima:
Período Exames1ª consulta ou 1° trimestre Hemograma
Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto (se for Rh negativo) Glicemia em jejum Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR Teste rápido diagnóstico anti-HIV Anti-HIV Toxoplasmose IgM e IgG Sorologia para hepatite B (HbsAg) Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU, EQU) Ultrassonografia obstétrica Citopatológico de colo de útero (se for necessário) Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica) Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica)
2° trimestre Teste de tolerância para glicose com 75g, se a glicemia estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco (realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana)
Coombs indireto (se for Rh negativo)3° trimestre Hemograma
Glicemia em jejum Coombs indireto (se for Rh negativo) VDRL Anti-HIV Sorologia para hepatite B (HbsAg) Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente Urocultura + urina tipo I (sumário de urina – SU) Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas de gestação)
3.1. Tipagem sanguínea
# Obrigatória para triagem de pacientes de risco para aloimunização Rh.
# Gestante Rh – impõe pesquisa de classificação sanguínea do parceiroo e a pesquisa de anticorpos irregulares (PAI),
se caracterizada incompatibilidade sanguínea entre o casal.
# Se houver incompatibilidade repetir PAI com 28, 32 e 36 semanas de gestação.
# Protocolos internacionais recomendam administração de IgG anti-D para mulheres Rh – não sensibilizadas com 28
semanas de gestação, quando o grupo sanguíneo fetal é positivo ou desconhecido.
3.2. Hemograma completo
# O aumento do volume circulante, maior e mais precoce que o da massa eritrocitária, leva à hemodiluição anemia
fisiológica da gravidez.
# Níveis mínimos de Hb: 11 g/dl no 1° e 3° trimestres e 10,5 g/dl no 2° trimestre.
# Leucocitose é comum a partir da segunda metade da gestação (neutrófilos segmentados)
# tendência à plaquetopenia
3.3. Glicemia
# Rastreamento e diagnóstico de diabetes gestacional
# No 1° trimestre, glicemia de jejum 126 mg/dL, em duas ocasiões ou glicemia ao acaso 200 mg/dL diabetes
pré-gestacional
# Glicemia entre 92 e 125 mg/dL em duas ocasiões diabetes gestacional
# TOTG entre 24 e 28 semanas jejum (92 mg/dL), 1 h (180 mg/dL) e 2 h (153 mg/dL).
3.4. VDRL
# Solicitado na primeira consulta e, se negativo, é repetido nos trimestres seguintes.
# São consideradas portadoras de sífilis, todas as gestantes com VDRL +, em qualquer título, exceto nos casos de
tratamento anterior adequado e títulos em declínio.
3.5. Anticorpos anti-HIV
# Feito na primeira consulta e no terceiro trimestre.
# Indicado novamente se aparecer DST, mudança de parceiro sexual e usuárias ou parceira de usuários de drogas
injetáveis.
# Resultado positivo confirmação com segundo ELISA associado à Western Blot.
3.6. Toxoplasmose
# Dosagem de IgG e IgM na primeira consulta:
- IgG e IgM – gestante susceptível repetir a cada trimestre e orientar profilaxia
- IgG + e IgM – Infecção crônica não repete investigação
- IgG – e IgM + infecção aguda inicial
- IgG e IgM + infecção subaguda ou recente solicitar teste de avidez de IgG (infecção recente tem avidez < 30%)
3.7. EAS e urocultura
# Bacteriúria assintomática é frequente pode evoluir para pielonefrite
# Solicitar na primeira consulta e nos demais trimestres
3.8. Ultrassom e dopplerfluxometria
# De 11 a 13 semanas: certificar ou corrigir a idade gestacional, diagnosticar gravidez múltipla, avaliar anatomia fetal,
diagnosticar malformações, rastrear pré-eclâmpsia, síndrome de Down e CIR.
# Segundo trimestre (por volta de 20 semanas): exame fluxométrico das artérias uterinas e ultrassom morfológico para
avaliar estruturas do concepto
# Terceiro trimestre: repete ultrassom, se necessário.
4. PREVENÇÃO DE TÉTANO NEONATAL
# Deve ser realizada vacina dupla (dT) nas mulheres que não têm vacinação prévia ou apresentam esquema vacinal
incompleto.
# O esquema deve ser completado até 20 dias antes do parto.
5. CONSULTAS SUBSEQUENTES
# Em cada retorno aferir PA, peso, realizar anamnese sucinta (pcte poderá expor dúvidas e angústias).
# Exame físico obstétrico é OBRIGATÓRIO, palpando-se o abdome e medindo-se a altura uterina e as partes fetais a
partir do terceiro trimestre.
# Realizar ausculta do BCF
# Toque vaginal a partir da 36ª semana, para avaliação das modificações próprias do pré-parto.
6. ORIENTAÇÃO PARA LACTAÇÃO
# O obstetra deve aconselhar, esclarecer e incentivar a amamentação.
# Examinar as mamas, ensinar sobre suas funções e vantagens do aleitamento materno para a mãe e RN
# Informar sobre as possíveis dificuldades do aleitamento e como superá-las
# Desmistificar crenças e tabus
# Incentivar o acompanhante a apoiá-la no processo de amamentação.
7. CALENDÁRIO DAS CONSULTAS
# Deve iniciar o mais precocemente possível e só encerra após consulta puerperal
# São mensais até a 32ª semana, quinzenais até a 36ª e depois semanais até o parto.
8. SUPLEMENTAÇÃO COM ÁCIDO FÓLICO
# A suplementação com ácido fólico no período periconcepcional previne defeitos do tubo neural.
# Associado com multivitaminas previne também outras anomalias, como defeitos cardíacos e urinários, fendas
orofaciais, estenose do piloro.
# Orientar dieta rica em ácido fólico brócolis, espinafre, ervilha, milho, lentilha e laranja.
# O ácido fólico na dose de 0,4 a 1,0 mg não apresenta nenhum efeito deletério para o feto ou para a grávida.
9. HIGIENE
9.1. Exercícios físicos
# 30 min de atividade física diária ou pelo menos 3 x na semana de menor risco para a gestante e seu filho
# Permite ganhar menos peso durante a gravidez e voltar ao peso pré-gravídico com maior rapidez.
# Importante trabalhar a flexibilidade e fortalecimento dos músculos pélvicos
9.2. Trabalho
# Gestantes saudáveis podem trabalhar até o parto, desde que não apresente riscos maiores no cotidiano.
# A grávida pode ser afastada do trabalho por 120 dias, a partir da 36ª semana de gestação.
9.3. Atividade sexual
# A gestação por si só não impede a prática sexual, exceto em intercorrências (ameaça de abortamento, sangramentos
vaginais, placenta prévia, etc).
9.4. Viagens
# Viagens aéreas risco aumentado de edema de MMII e eventos tromboembólicos pela imobilização recomenda-
se uso de meias elásticas, hidratação, deambulação periódica e movimentação da perna.
# Viagens terrestres paradas de 10 min a cada 2 horas. O cinto deve ser usado sobre a raiz da coxa e não sobre o
útero.
9.5. Tabagismo
# Relação fumo e restrição ao crescimento fetal
9.6. Álcool
# É um dos mais potentes teratógenos conhecidos e atravessa livremente a barreira placentária, alcançando o
organismo fetal, que metaboliza lentamente pela deficiência da álcool desidrogenase.
# Leva à síndrome alcoólica fetal anomalia cardíaca congênita, defeitos articulares, irritabilidade persistente nos
primeiros anos de vida, atraso no DNPM, TDAH, paralisia cerebral e epilepsia.
10. DISTURBIOS DA GRAVIDEZ
10.1. Náuseas e vômitos
# Sintomas mais comuns na primeira metade da gestação (inicia com o atraso menstrual e pode durar até início do
segundo trimestre) sinais previstos do diagnóstico
# Podem persistir durante a gravidez em 20% das mulheres, e 1 a 3% apresentam o tipo mais grave (hiperêmese
gravídica).
# Causa multifatorial relação com hCG e estrogênios.
# Sintomas vestibulares (respondem melhor a anti-histamínicos e anticolinérgicos) e sintomas viscerais (dopamina ou
antagonista serotoninérgico).
#Conduta:
- Suporte emocional
- Dieta fracionada com intervalos menores
- Evitar frituras, alimentos gordurosos e com odor forte
- Modificar temperos (evitar condimentos picantes)
- Preferir alimentos sólidos pela manhã
- Evitar deitar-se após as refeições
# Terapia farmacológica: primeira linha doxilamina + piridoxina. Outras opções: dimenidrinato ou metoclopramida
# Terapias não farmacológicas: cápsulas de gengibre e acupuntura.
10.2. Sialorreia
# Distúrbio frequente (tipos leves). Quando exacerbado desidratação e depressão psíquica.
# Surge no inicio da gestação e desaparece independentemente de intervenção
# Associada à ingesta de amido, estimulo de ramos do trigêmeo, hipertonia vagal e causas psicológicas.
# Conduta: dieta fracionada, aumentar ingesta de líquidos, orientar para deglutir a saliva.
10.3. Pirose
# Mais frequente no terceiro trimestre refluxo do conteúdo gástrico para esôfago pela compressão do estômago
pelo útero gravídico.
# Conduta: dieta fracionada e com pequenos volumes, evitar alimentos gordurosos, café, mate, evitar decúbito
horizontal após refeições.
# Antiácidos conferem alívio: hidróxido de alumínio ou magnésio. Não se usa bicarbonato de sódio. IBP e bloqueadores
H2 podem ser úteis.
10.4. Fraquezas e desmaios:
# Comuns no início da gestação associados com hipotensão arterial e hipoglicemia
# Conduta: dieta fracionada, evitar jejum prolongado
10.5. Sensação de plenitude
# Comum em casos de gestação gemelar ou último trimestre da gestação
# Conduta: evitar grandes volumes por refeição, mudar consistência das preparações, aumentar densidade energética,
evitar deitar após refeição.
10.6. Constipação intestinal e flatulência
# Lentificação do trânsito intestinal própria do período gestacional
# Conduta: aumentar ingesta de líquidos e fibras, estimular consumo de integrais, farelo de trigo e aveia, aumentar
atividade física, orientar para hábito do reflexo retal, mastigar bem os alimentos.
10.7. Hemorroidas
# Aumento do volume uterino e/ou presença de constipação durante gravidez aumento da pressão nas veias retais
dilatação.
# Provocam dor e edema alivio com anestésicos tópicos, compressas aquecidas e laxantes emolientes.
10.8. Picamalacia
# Apetite incontrolável por substâncias não alimentares, condimentos incomuns ou combinações alimentares atípicas.
# Associação com anemia gestacional
# Conduta: conversar com a gestante, esclarecer do malefício dessa prática (agravo da anemia).
10.9. Varicosidades
# Predisposição congênita +piora com gestação.
# Sintomas variáveis leve desconforto até dor intensa, edema, ulcerações, tromboflebite e flebotrombose.
10.10. Edema
# Uma das queixas mais frequentes a partir da segunda metade da gravidez
# Decorre do aumento da volemia, da permeabilidade capilar, da pressão intravascular e da estase sanguínea nos
MMII.
# Diferenciar edema gravitacional (somente em MMII, cede com repouso em decúbito lateral e/ou elevação das pernas)
e generalizado (aumento súbito do peso, engrossamento de dedos, nariz, pálpebras e lábios)
# Conduta: paliativos (evitar ortostatismo prolongado, repouso periódico em decúbito lateral E, elevação de MMII e uso
de meia elástica).
# Diuréticos e dieta hipossódica não são recomendados.
10.11. Cãibras
# Contração espasmódica e involuntária dos mm da panturrilha.
# Etiologia provável desequilíbrio iônico de cálcio/fósforo
# Cuidados: evitar alongamento muscular excessivo e ortostatismo prolongado, aplicar calor local, massagens
10.12. Síndromes dolorosas (Síndrome de Lacomme)
# Dor abdominal baixa e dor lombossacra distensão das articulações sacroilíacas e/ou da sínfise pubiana (terceiro
trimestre).
# Local mais frequente de dor é o baixo ventre, contínua e difusa, podendo irradiar para períneo
# Um terço das mulheres tem dor lombar grave pressão do útero sobre musculatura dorsal (paraespinais), alteração
postural (postura lordótica), diminuição da estabilidade articular (altos níveis de relaxina e estrogênio), chamada de
embebição articular.
# Conduta: correção postural, evitar ortostatismo e posição sentada prolongados, exercícios de relaxamento,
acupuntura, analgésicos e antiinflamatórios (diclofenaco, paracetamol) em casos + resistentes.
10.13. Sintomas urinários
# Polaciúria e nictúria no início e fim da gravidez
# Primeiro trimestre compressão do útero, em anteflexão acentuada, sobre a bexiga (diminui sua capacidade)
# Nictúria posição em decúbito lateral E, assumida pela paciente durante o sono descomprimir veia cava e
aumenta fluxo renal e filtração glomerular.
10.14. Tonteiras e vertinges
# Vasodilatação e hipotonia vascular (ação progesterona) / Estase sanguínea em MMII e territórios esplâncnico e
pélvico diminuição DC hipotensão arterial e hipóxia cerebral transitória
# Conduta: alimentar-se a cada 2 h, evitar ambientes mal ventilados, evitar ortostatismo prolongado
# Síndrome de hipotensão supina ocorre no terceiro trimestre pela compressão da VCI
10.15. Sonolência insônia
# Etiologia incerta: vasodilatação e alcalose compensada(?)
# Não requer tratamento orientação e, em ultimo caso, ansiolítico em dose leve
10.16. Síndrome do túnel do carpo
# Compressão do nervo mediano por edema generalizado no túnel do carpo alterações hormonais e diminuição de
retorno venoso durante a gestação.
# Deve ser identificada pelo risco de lesão permanente
# Agrava durante a noite pela vasodilatação periférica noturna
# Conduta: conservador (tala), corticosteroide diretamente no túnel (Betametasona) e descompressão cirúrgica
10.17. Congestão nasal e epistaxe
# Aumento na produção de esteroides vasodilatação e aumento da vascularização da mucosa
# Conduta: soro fisiológico e vasoconstritores tópicos (casos mais graves)
10.18. Leucorreia
# Alterações na mucosa vaginal: congestão, edema, modificação da flora de Döderlein aumento da secreção
vaginal (produção exacerbada de muco cervical, maior descamação epitelial e transudação acentuada) secreção
branco-leitosa (fisiológica da gestação, não requer tratamento)
# Mudança na acidez vaginal infecções (candidíase e vaginose bacteriana)
# Candidíase leucorreia branco-leitosa, em grumos, com prurido e ardência, hiperemia vaginal Não há relação
com amniorrexe e parto pré-termo
# Vaginose bacteriana mau cheiro, pode ser assintomático, presença de clue cells, odor fétido no teste das aminas
Há correlação com abortamento, amniorrexe, parto pré-termo e infecção puerperal.
MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS NO ORGANISMO MATERNO
1. POSTURA E DEAMBULAÇÃO
# Conteúdo pélvico apoiado à parede abdominal + mamas engrandecidas pesando sobre
o tórax centro de gravidade se desvia para diante e todo corpo, em compensação, se
projeta para trás postura parecida à de alguém que carrega objeto pesado.
# Em ortostase empina o ventre, amplia base do polígono de sustentação, pés se
afastam
# Marcha anserina
# Aumento da mobilidade das articulações, principalmente sacroilíacas e alargamento da
sínfise púbica ação da relaxina liberada pela placenta
2. METABOLISMO
# Metabolismo glicídico
- Feto extrai glicose e aminoácidos da gestante (parasitismo verdadeiro) permanente demanda de glicose
- Utilização periférica da glicose diminuída na gestante pela ação de hormônios contrainsulares placentários suprir
glicose para o concepto
- Glicose é transferida rapidamente para o concepto, por difusão facilitada
- Nos últimos meses, ocorre aumento na resistência à insulina, por conta do lactogênio placentário humano (hPL),
progesterona, estrogênios e cortisol.
- O hPL tem efeito diabetogênico mobiliza lipídios na forma de ácidos graxos livres, que servem de fonte energética
para a gestante, poupando glicose e aminoácido para o feto.
# Metabolismo lipídico:
- Ocorrem duas alterações principais: acúmulo de lipídios nos tecidos da gestante e hiperlipidemia gestacional
- O aumento do peso materno é, em parte, devido ao aumento dos depósitos de gordura, relacionado diretamente com
a hiperfagia ocorre pela lipogênese aumentada (ocorre nos primeiros dois terços da gravidez) No último
trimestre, o metabolismo lipídico se torna catabólico (lipólise comandada pelo hPL) lipólise produz AGL e glicerol
convertidos no fígado em acil-CoA e glicerol-3-P (formas ativas) formação de triglicerídeos, produção de corpos
cetônicos e formação da glicose feto se utiliza dos produtos finais, como os corpos cetônico e glicose.
- Hiperlipidemia materna: aumento nos triglicerídeos plasmáticos e pequeno acréscimo no colesterol, nas frações
lipoproteínas (principalmente VLDL)
- Benefícios da hipertrigliceridemia materna para o feto: Embora os triglicérides não atravessem a barreira
placentária, o feto se beneficia da hipertrigliceridemia materna, porque em jejum o fígado os utilizam como substrato
para produção de corpos cetônicos, a lípase placentária disponibiliza ác. graxos essenciais para o feto e a lipoproteína
lípase nas mamas por volta do parto dirige triglicerídeos para essa glândula, visando à produção de leite.
- Ácidos graxos essenciais: São lipídios não sintetizados no corpo humano (ác. linolênico ou ômega 3 e ác. linoleico
ou ômega 6) e são benéficos tanto para a mãe, na prevenção de eventos cardiovasculares, câncer de colo e doenças
imunológicas, quanto para o feto, em seu desenvolvimento cerebral e visual. Esses ácidos são precursores dos ácidos
graxos poliinsaturados de cadeia longa, porém o feto não tem a capacidade de fazer essa conversão. Por isso, suas
necessidades são supridas pela placenta e pelas reservas maternas.
# Metabolismo proteico
- Embora os valores absolutos de proteínas aumentem pela hemodiluição, suas concentrações estão diminuídas.
- A concentração de albumina cai nitidamente, enquanto que os teores de alfa e beta globulinas e fibrinogênio
aumentam.
# Metabolismo hidreletrolítico
- Ocorre retenção hídrica intra e extra celular (aumento do volume plasmático) levam a aumento do DC e fluxo
plasmático renal
- Mecanismo responsável é a retenção de sódio, principalmente pela liberação de aldosterona pela suprarrenal,
embora haja efeito natriurético da progesterona
- A diluição