Upload
lmmap
View
597
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Citation preview
Peniche, Dezembro de 2011
Turismo Responsável Relatório de Turismo de Natureza
Docente:
Rui Gomes
Discente:
Luisa Pereira / 4090223
3º Ano de Animação Turística
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
2 Peniche, Dezembro de 2011
INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
ANO LECTIVO 2011/2012
Turismo de Natureza
Turismo Responsável
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
3 Peniche, Dezembro de 2011
Resumo
O desenvolvimento global tem vindo a derrubar em grande abundância a
Natureza. Para os produtores este é mais um meio de empreenderem com novos
produtos ligados a esta temática com o fim de obterem riqueza. Mas para os amantes da
Natureza é um alerta de que a Biodiversidade está-se a perder e os recursos naturais
estão a sofrer uma afronta, escasseando-se minuto a minuto.
Com esta reflexão é possível ficar mais claro que muitas das vezes aqueles que
tentam promover o ecoturismo não estão a ser responsáveis. Até as próprias definições
estão enganadas a esse respeito pois muitas delas esquecem que os recursos naturais
devem ser preservados e protegidos. Paradoxo é uma palavra que, direta ou
indiretamente, está constantemente presente nos artigos onde este relatório se
aprofundou. Não basta redigir! É preciso agir e esse é um facto que se denota bem em
algumas afirmações.
Mediante os artigos, “Definition Paradoxes: From concept to definition” e
“Research Perspectives on Responsible Tourism” foi possível estabelecer uma reflexão
sobre paradoxos e turismo responsável. É impossível fazer ecoturismo se a indústria se
aproveita desta temática para impulsionar a produção e gerar mais receitas e não para
seguir os parâmetros de equilíbrio de um turismo sustentável. Além disso, o ser humano
continua a viver poluindo, escasseando os recursos naturais, produzindo cada vez mais e
desrespeitando a Natureza. Desta forma é impossível fazer turismo responsável e/ou ter
atitudes submissas.
Deste modo, é inexequível praticar turismo responsável se os indivíduos
continuarem a engendrar contradições. Eliminar os paradoxos é sem dúvida o anseio da
Mãe Natureza. Seguramente que ela agradece se estas atitudes egoístas se
transformarem em atitudes altruístas.
Palavras-chave: Biodiversidade, Ecoturismo, Turismo de Natureza, Turismo
Responsável, Paradoxo.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
4 Peniche, Dezembro de 2011
Índice
1. Introdução __________________________________________ 5
2. Paradoxos ___________________________________________ 6
3. Turismo de Natureza _________________________________ 9
4. Turismo Responsável vs. Turismo Irresponsável ______ 10
5. Conclusão __________________________________________ 13
6. Bibliografia & Webgrafia ____________________________ 14
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
5 Peniche, Dezembro de 2011
1. Introdução O presente relatório foi elaborado no âmbito da cadeira de Turismo de Natureza
do 3º ano da licenciatura de Animação Turística. Sob a coordenação do professor Rui
Gomes irá ser abordado um tema relacionado com os paradoxos no Turismo
Responsável. É essencial para um futuro animador turístico tomar consciência da quão
valiosa é a Natureza pois este precisa de passar uma mensagem “verde” para os seus
turistas.
O tema trata um artigo, “Research Perspectives on Responsible Tourism”, onde
se podem encontrar quatro perspetivas sobre o estudo do Turismo Responsável. Neste
mesmo artigo foram encontrados alguns paradoxos que se encontram em comum aos do
artigo “Definition Paradoxes: From concept to definition” de Peter Björk. Apesar de
existir um variado leque de paradoxos ao nível do Turismo de Natureza, este trabalho
irá apenas abordar os paradoxos presentes no artigo sobre o Turismo Responsável.
Este trabalho tem o objetivo de mostrar a um futuro animador turístico as
diferentes perspetivas do Ecoturismo e alertá-lo que atualmente existe uma abundante
pesquisa multifacetada e que as diferentes perspetivas podem alterar os pontos de vista
dos indivíduos.
A metodologia de pesquisa adotada foi essencialmente a dos artigos, acima
foram mencionados, e alguns sites sobre Turismo de Natureza presentes na Internet,
como por exemplo o site do ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e
Biodiversidade).
O trabalho inicia-se primeiramente com uma abordagem ao conceito de
paradoxo. Com este começo será mais fácil para o leitor estar dentro do tema. Em
seguida, complementar-se-á o tema anterior com uma pequena abordagem do Turismo
de Natureza. Por fim, apresenta-se uma pequena reflexão sobre Turismo Responsável
vs. Turismo Irresponsável onde se poderá ler um comentário relativo aos dois artigos
acima enunciados.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
6 Peniche, Dezembro de 2011
2. Paradoxos Paradoxo, é resumidamente uma opinião contrária à comum, isto é, uma
declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma
situação que contradiz a intuição comum. “O oposto do que alguém pensa ser a
verdade” pode ser encontrado nas mais diversas ocorrências, nomeadamente na
Natureza.
O termo Ecoturismo pode ser interpretado de duas formas e logo neste conceito
encontra-se um paradoxo. De um lado encontram-se os indivíduos que associam este
termo à sustentabilidade do turismo e à proteção/ preservação da Biodiversidade de uma
área, ou seja, associam ao que é ecologicamente sustentável. Mas ao invés deste lado
estão os indivíduos que coligam Eco-turismo ao desenvolvimento económico e é aqui
que se encontra o cerne do problema.
Conforme Peter Björk referiu no seu artigo (“Definition Paradoxes: From
concept to definition”) “ o equilíbrio ideal de preservar e desenvolver, ao mesmo tempo
é descrita na maioria das definições de ecoturismo. Este paradoxo não é um exclusivo
para o ecoturismo, mas pode ser encontrado em conceitos relacionados, como por
exemplo de sustentabilidade e desenvolvimento do turismo sustentável, em que o
ecoturismo é construído”. Repara-se que apesar de se altercar por um turismo mais
sustentável ao fazer-se campanhas de divulgação para que este se desenvolva está-se a ir
em contra aos ideais do turismo sustentável. Então aqui pode colocar-se a questão: Até
que ponto se poderá desenvolver o turismo responsável? Basta criar uma definição de
ecoturismo se depois não se põe em prática na sua totalidade?
Vejamos, por vezes é complicado realizar o que nos dizem as mais diversas
definições de Ecoturismo, visto que cada local varia com as suas potencialidades. Por
isso o Ecoturismo seja considerado, muitas das vezes, como um ideal e não como uma
realidade. Contudo, tenta-se resolver este mesmo problema de modo a que as
diversidades nas áreas com recursos naturais sejam atenuadas e consequentemente se
consiga levar a cabo com sucesso o Ecoturismo.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
7 Peniche, Dezembro de 2011
O Turismo Ecológico é um tema que tem vindo a desenvolver-se muito nos
últimos tempos. Surgem variadas definições, algumas são alvo de más interpretações,
outras melhor explícitas. Contudo, estas definições muitas das vezes não passam do
papel e a preservação da biodiversidade é ameaçada em favor do interesse económico e
a exploração dos recursos naturais.
De acordo com Hetzer o Ecoturismo deve ter o mínimo impacto sobre o
ambiente e sobre as culturas, deve gerar um desenvolvimento económico para a região e
conceber uma máxima satisfação do turista. A preservação e o respeito têm sido
esquecidos nas definições de ecoturismo. Ora, tal facto verifica-se na seguinte definição
"viajar para áreas intactas, naturais ou não contaminadas com o objetivo específico de
estudar, admirar e apreciar o cenário e suas plantas e animais selvagens, bem como
qualquer manifestação cultural existente (do passado e do presente) encontrados nestas
áreas". O foco principal desta definição foi o comportamento dos viajantes e as
características da área visitada sendo que a preservação não foi explicitamente incluída,
parecendo estar esquecida.
As diferentes definições deixam muito espaço para interpretações variadas
fazendo com que a Natureza fique muitas das vez vexada, isto é, os indivíduos têm
interesses diferentes relativamente ao Ecoturismo e atitudes egoístas podem
comprometer todo o sistema de Ecoturismo, ignorando a abordagem equilibrada que
deve sustentar o mesmo.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
8 Peniche, Dezembro de 2011
Peter Björk analisou o conteúdo das definições de Ecoturismo para tentar
compreender o conceito. Para tal utilizou um conjunto de perguntas que por meio das
respostas descritas ajudaram-no a entender melhor o conceito de Ecoturismo. Björk
identificou quatro dimensões principais. São as características da área visitada, o
comportamento dos turistas, o objeto em foco e os resultados. Assim, era possível gerar
um fundamento claro para comparar com as definições anteriores (Ecoturismo é "uma
atividade onde as autoridades, a indústria do turismo, turistas e população local
cooperam entre si. Isto para tornar possível que os turistas que viajam para áreas
genuínas admirem estudem e desfrutem da natureza e da cultura de uma forma onde não
se explore os recursos contribuindo para o desenvolvimento sustentável." Björk, 1997).
De um modo geral o Ecoturismo (seguindo os parâmetros íntegros) tem o fim de
proporcionar ao turista altruísta uma experiência positiva, desenvolvimento e realização
a nível pessoal. Porém, este tipo de turismo não traz benefícios apenas para o turista e
para a própria Natureza mas também para os restantes indivíduos e Futuro! Era ideal
que esta atividade se propiciasse deste modo mas atualmente o Ecoturismo é um
fenómeno global económico.
Relativamente às entidades que promovem este tipo de turismo também têm
deveres para com a Natureza, pois a responsabilidade parte de igualmente de ambas as
partes: consumidor – produtor. As empresas devem adotar planos sustentáveis,
incentivar o respeito com a Natureza e com os outros, informar os turistas sobre os
variados aspetos necessários, entre outros… Pode dizer-se que Ecoturismo é muito mais
que uma atividade que tem como objetivos a preservação e o desenvolvimento de áreas
naturais. É instruir o turista; respeitar o outro e a si mesmo; minimizar o consumo a
poluição; fazer uso dos recursos naturais de forma sustentável; prezar a Natureza e o
próprio Futuro, pensando que a Terra precisa de viver e o seu coração é a Natureza.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
9 Peniche, Dezembro de 2011
3. Turismo de Natureza
Segundo o Instituto do Turismo de Portugal considera-se Turismo de Natureza
como “Produto turístico composto por estabelecimentos, actividades e serviços de
alojamento e animação turística e ambiental realizados e prestados em zonas integradas
na Rede Nacional de Áreas Protegidas. A Rede Nacional de Áreas Protegidas é
constituída pelas áreas protegidas de interesse por parte do Instituto de Conservação da
Natureza e Biodiversidade”.
O Turismo de Natureza deve fornecer experiências positivas usando os recursos
naturais disponíveis de forma sustentável. Assim, é possível preservar e proteger a
biodiversidade existente desde que o turista esteja bem informado, respeite os outros e a
área que visita.
Desde os percursos pedestres às visitas temáticas, o Turismo de Natureza
oferece um leque variado de atividades que podem ser desfrutadas em ambiente puro e
natural do que a Terra nos oferece.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
10 Peniche, Dezembro de 2011
4. Turismo Responsável vs. Turismo
Irresponsável
Atualmente presenteia-se, no planeta Terra, uma geração multifacetada, ou seja,
por um lado verificam-se atividades sustentáveis e por outro é como se essas palavras
não existissem para os indivíduos que promovem o chamado Turismo Irresponsável.
No artigo de Bill Bramwell, Bernard Lane, Scott McCabe, Jan Mosedale e
Caroline Scarles (“Research Perspectives on Responsible Tourism”) confere-se que os
indivíduos relacionados com o turismo podem desenvolver um senso de
responsabilidade ética e moral contribuindo para um desenvolvimento sustentável.
Porém uns estudos dizem que o peso da responsabilidade recai de maneira diferente
sobre indivíduos; outros estudos preocupam-se em saber se os indivíduos estão
preocupados com as consequências das suas ações no turismo; e outros estudos têm em
consideração as reflexões éticas e as questões que sustentam a ideia de um turismo
responsável. Estas diferentes perspetivas podem alterar os nossos pontos de vista sobre
as questões relativas a este tema.
Os autores consideraram quatro perspetivas no artigo sobre o estudo do Turismo
Responsável.
A primeira é se este tipo de turismo incide sobre o consumo ou produção. Ora,
relativamente ao consumo verifica-se uma crescente literatura crítica que avalia o
potencial dos “consumidores verdes”. Estes, apesar de em pequeno número, são os
principais potenciadores visto que fazem férias diferentes. Mas será necessária tanta
literatura crítica? No que diz respeito à produção a indústria molda o pacote dos
produtos turísticos. “Os negócios podem não ser verdes pois refletem o senso comum e
a escala de mudança pode ser limitadora.” Eles espelham o ecoturismo como fenómeno
global. Mesmo que produzam materiais verdes estão a ir em contra à Natureza.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
11 Peniche, Dezembro de 2011
A segunda perspetiva aborda a relação de consumidor – produtor. Quando
se devia minimizar o consumo, desperdício e poluição gera-se mais oferta, consumo e
produção levando a que a pesquisa sobre o turismo sustentável cresça. É desta forma
que se pode combater esta realidade? Não seria mais correto se houvesse uma
intervenção direta e não indireta através do relato de factos e de simples estudos?
Vejamos, um produtor desenvolve um projeto com uma série de indicadores de turismo
sustentável que podem medir com sucesso se os turistas - como "consumidores" do
produto – e a comunidade de acolhimento são estimulados a mudar o seu
comportamento de modo a que reflitam sobre o "turismo responsável".
Posteriormente, a terceira perspetiva surge se a pesquisa se concentra sobre os
indivíduos e responsabilidade moral ou se concentra sobre os grupos sociais, e a
responsabilidade moral coletiva. Os valores éticos e normas sociais estão intimamente
ligados sendo que os pesquisadores do turismo responsável procuram compreender o
consumo ético. Ora, as associações comerciais querem envolver-se com o turismo
responsável mas não o fazem da maneira correta. A UE dá incentivos e financia estas
associações para “ajudar a gerir as cadeias de fornecimento de negócios para trazer mais
benefícios sociais, económicos e ambientais, levando a uma maior sustentabilidade”.
Onde está presente a preocupação com a preservação da Natureza? O turismo
responsável devia sensibilizar mais os indivíduos e não é isso que acontece pois este
assunto é visto como uma forma de produção. Jim Butcher refere que o interesse no
consumo do turismo ético é uma resposta alternativa ao capitalismo. Mas não será este
turismo ético capitalismo também?
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
12 Peniche, Dezembro de 2011
Finalmente, a quarta perspetiva do turismo responsável refere-se ao
pressuposto político por trás da análise. Efetivamente, como referem os autores, é mais
importante/eficaz conseguir melhorias de pequena escala nas sociedades capitalistas do
que apresentar críticas mais radicais e desafios para a sociedade alcançar melhorias
substanciais. Rosaleen Duffy refere que o ecoturismo tem contribuído para uma neo-
liberalização, pondo de parte que este não é a solução mágica para um desenvolvimento
mais responsável. Ao invés desta teoria reformista, Freva Higgins – Desbiolles, defende
uma teoria mais radical que implica que o indivíduo repense nas ideias sobre a
responsabilidade no turismo. Isto leva a desafios éticos e políticos sobre as
desigualdades na sociedade capitalista.
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
13 Peniche, Dezembro de 2011
5. Conclusão
Em conclusão pode dizer-se que o tema abordado foi interessante, enriquecedor
e instrutivo para um futuro animador turístico. Sabendo que, atualmente, o planeta Terra
ultrapassa uma fase de globalização é importante tomar consciência dos problemas e das
soluções para a questão.
Para além disto, pode concluir-se que o Ecoturismo tem grandes potencialidades
para se tornar a atividade com mais adeptos a nível mundial embora não seja esse o
objetivo. O turismo responsável está, assim, bem longe de querer ganhar rótulo ou gerar
fundos e produção para o consumo.
Durante a realização deste trabalho surgiram algumas dificuldades em
compreender os artigos, dado que estes possuem informação científica e como abordam
paradoxos implica um maior grau de atenção, para poder compreende-los.
Para finalizar, este é um projeto com pesquisa baseada em artigos científicos
que pode, futuramente, servir de apoio num eventual discussão sobre Ecoturismo ou
turismo responsável (por exemplo).
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche
14 Peniche, Dezembro de 2011
6. Bibliografia & Webgrafia
PETER BJÖRK, Definition Paradoxes: From concept to definition (1993)
Bill Bramwell, Bernard Lane, Scott McCabe, Jan Mosedale e Caroline Scarles,
Research Perspectives on Responsible Tourism: journal of Sustainable Tourism
(2008)
ICNB, Turismo de Natureza, disponível em
http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007/O+ICNB/Turismo+de+Natureza/ acedido
em 17 de Dezembro de 2011