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1 TRÊS MULHERES QUE FALAVAM DE TRÊS LOCAIS, MAS COM UMA CONJUNTURA: EXPERÊNCIAS DE GÊNERO E MILITÂNCIA POLÍTICA NO BRASIL DO SÉCULO XX. 1 Roger Camacho Barrero Junior Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) [email protected] Resumo Três mulheres, cada uma com suas experiências, origem e classe, mas que tinham em comum sua condição de gênero. Lélia Abramo entrou em grupos trotskistas em 1933 por meio de seus irmãos. Luíza Erundina começou a dialogar com as ligas camponesas nos meios acadêmicos e religiosos nos anos 1960. Por último, Irma Passoni adentrou na vida religiosa em 1965 durante o crescimento dos debates da Teologia da Libertação, o que tornou possível sua atuação com grupos de moradores da Zona Sul de São Paulo. Vivendo em outra geração, as duas últimas mulheres se inseriram nos espaços de militância sem a necessidade de uma figura masculina, o que não excluía a presença de tensões. Partindo desses dados, refletiremos sobre a participação e a inserção de mulheres em movimentos sociais e políticos de esquerda brasileiros no século XX. Palavras-chave: Gênero, Militância, Trajetórias de vida, Geração, Classe Introdução Ao estudarmos a militância e a trajetória de três mulheres militantes, algumas questões devem ser pontuadas logo de início. Primeiramente, sua origem. Lélia Abramo nasceu em São Paulo em 1911, sua família provinha da Itália e possuía parentes com 1 Este texto é uma versão resumida de uma das seções (Eu, nós e elas: Memórias e identidades na gênese das militâncias) do segundo capítulo de minha tese de doutorado, ainda em construção, sob orientação do professor doutor Benito Bisso Schmidt, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa começou no ano de 2017 e estuda a trajetória das três mulheres aqui citadas. Bolsista CAPES.

TRÊS MULHERES QUE FALAVAM DE TRÊS LOCAIS, MAS … · Inicialmente, partimos das noções de projeto, campo de possibilidades e metamorfose do antropólogo Gilberto Velho (1999,

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TRÊS MULHERES QUE FALAVAM DE TRÊS LOCAIS, MAS COM UMA

CONJUNTURA: EXPERÊNCIAS DE GÊNERO E MILITÂNCIA POLÍTICA NO

BRASIL DO SÉCULO XX.1

Roger Camacho Barrero Junior

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

[email protected]

Resumo

Três mulheres, cada uma com suas experiências, origem e classe, mas que tinham em

comum sua condição de gênero. Lélia Abramo entrou em grupos trotskistas em 1933 por

meio de seus irmãos. Luíza Erundina começou a dialogar com as ligas camponesas nos

meios acadêmicos e religiosos nos anos 1960. Por último, Irma Passoni adentrou na vida

religiosa em 1965 durante o crescimento dos debates da Teologia da Libertação, o que

tornou possível sua atuação com grupos de moradores da Zona Sul de São Paulo. Vivendo

em outra geração, as duas últimas mulheres se inseriram nos espaços de militância sem a

necessidade de uma figura masculina, o que não excluía a presença de tensões. Partindo

desses dados, refletiremos sobre a participação e a inserção de mulheres em movimentos

sociais e políticos de esquerda brasileiros no século XX.

Palavras-chave: Gênero, Militância, Trajetórias de vida, Geração, Classe

Introdução

Ao estudarmos a militância e a trajetória de três mulheres militantes, algumas

questões devem ser pontuadas logo de início. Primeiramente, sua origem. Lélia Abramo

nasceu em São Paulo em 1911, sua família provinha da Itália e possuía parentes com

1 Este texto é uma versão resumida de uma das seções (Eu, nós e elas: Memórias e identidades na gênese

das militâncias) do segundo capítulo de minha tese de doutorado, ainda em construção, sob orientação do

professor doutor Benito Bisso Schmidt, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa

começou no ano de 2017 e estuda a trajetória das três mulheres aqui citadas. Bolsista CAPES.

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histórico de militância política. Próximos de círculos empresariais, políticos e

intelectuais, ela pôde ter contato com leituras e pessoas que circulavam nesses espaços, e

por meio de seus irmãos, adentrou e se inseriu nesses espaços. Luíza Erundina de Sousa

nasceu em Uiraúna-PB em 1934, sua família tinha uma condição econômica diferente da

primeira militante, eram trabalhadores que em alguns momentos migraram devido à seca

e exerciam trabalhos no campo e na cidade. Com o auxílio de parentes, conseguiu concluir

o ensino básico e entrar no curso de Serviço Social da UFPB, no qual se aproximou dos

meios intelectuais e religiosos, vindo a atuar com mais proximidade de movimentos por

moradia. Nessa conjuntura, Luíza foi ameaçada e decidiu ir para São Paulo onde, como

funcionária pública, conseguiu se aproximar de moradores das periferias paulistanas.

Irma Rosseto Passoni nasceu em Concórdia-SC em 1943, sua família era de comerciantes

descendentes de italianos que se instalaram na região. Ela partiu para São Paulo em 1959,

a fim de estudar em um colégio interno, onde trabalhou com serviços básicos e ingressou

na vida religiosa com o nome de Irmã Angélica. Se desligou da ordem em 1971 e foi

morar em Vila Remo, onde se casou com Armelindo Passoni em 1976, tendo dois filhos.

Ainda, devemos atentar para conceitos que norteiam nossas análises e a nossa

pesquisa. Inicialmente, partimos das noções de projeto, campo de possibilidades e

metamorfose do antropólogo Gilberto Velho (1999, p. 40). De acordo com o autor, projeto

seriam as atitudes realizadas pelos indivíduos para alcançar certos fins; o campo de

possibilidades seria a conjuntura social, cultural, política e econômica na qual o indivíduo

estaria inserido; já a metamorfose ocorreria quando o sujeito entra em contato com o

campo de possibilidades e com outros projetos, coletivos ou individuais,

metamorfoseando os seus e moldando-os àquilo que lhes for possível de se fazer.

Também, o conceito de enquadramento da memória de Michael Pollak (1989, p. 9 – 10)

nos é interessante. Para o autor, a memória seria delimitada e moldada de acordo com

anseios coletivos e individuais, visando dar um sentido narrativo a tais lembranças. Nesse

processo, seria construída uma imagem específica sobre períodos, grupos ou pessoas,

reforçando traços tidos como pertinentes para tais representações e omitindo aquelas que

a contrariassem ou contradissessem.

Ainda, o conceito de experiência de Edward Palmer Thompson (1987, p. 10) é

pertinente para pensarmos nas vivências dos sujeitos históricos e como elas interferiam

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na sua atuação e na criação de imaginários e repertórios, os quais também influíam na

forma como eles criavam seus projetos e agiam dentro daquilo que lhes foi possível em

um determinado período e local. Com base nesse autor, também refletimos sobre o

conceito de classe, a partir do qual os sujeitos criariam laços e identidades com base em

suas experiências comuns, se colocando em oposição a outros grupos que eles definiam

como opostos aos seus anseios, projetos e necessidades.

Por fim, devemos lembrar do conceito de gênero. De acordo com Maria do Carmo

Godinho Delgado (2007, p. 13 – 14), as relações binárias de gênero definiam locais a

serem ocupados pelos homens (o público) e pelas mulheres (o privado). Nessa divisão, as

definições biologizantes de gênero seriam insuficientes para explicá-lo, visto que ele seria

construído culturalmente e socialmente, variando temporalmente, como nos mostra

Margareth Rago (1998, p. 92 – 93). Partindo dessas perspectivas, podemos analisar as

mudanças ocorridas nessas relações em diferentes momentos, assim como as tensões e

silenciamentos decorrentes da entrada de mulheres em espaços tidos como sendo dos

homens, como a política e a militância. Dessa maneira, podemos partir para as trajetórias

supracitadas.

Trotskista pela família? Lélia Abramo e sua militância entre 1932 e 1950.

Em 7 de outubro de 1934, na Praça da Sé, todos nós, os engajados na luta

antifascista (trotskistas, socialistas, anarquistas, stalinistas e democratas),

enfrentamos, com armas na mão ou sem elas, a organização fascista-

integralista, comandada por Plínio Salgado. Os integralistas estavam todos

fardados, bem armados, enquadrados e prontos para uma demonstração de

força, protegidos pelas instituições políticos-militares getulistas e dispostos a

tomar o poder. Nós, espalhados ao longo da praça e nas ruas adjacentes,

esperamos pacientemente que desfilassem primeiro as crianças, também

fardadas, e as mulheres integralistas. Depois disso, quando os asseclas de

Plínio iniciaram seu desfile, todos nós, a um só comando, avançamos e

começou a luta aberta. Não me lembro quanto tempo durou o tiroteio.

(ABRAMO, 1997, p. 54)

As memórias de Lélia Abramo relatadas neste trecho faziam referência a um ponto

de convergência para as narrativas de militantes que experienciaram o crescimento do

fascismo integralista no Brasil, mas também os debates em torno da formação de uma

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Frente Única Antifascista (FUA), a qual congregava a participação de sujeitos oriundos

da Liga Comunista (LC) e de outros grupos de esquerda. De acordo com Ricardo

Figueiredo Castro (2002, p. 363 – 364), havia uma série de conflitos entre o Partido

Comunista Brasileiro (PCB) e aqueles que defendiam a retórica da ação unificada,

diferente de grupos trotskistas, defensores dessa tese.

A lembrança de Lélia quanto à Batalha da Praça da Sé fora construída por meio

deste repertório de união entre os setores tidos por ela como engajados contra o fascismo,

mas auxilia a refletir também sobre outra questão: Como ela se inseriu nesses movimentos

em um período no qual as atividades políticas eram maciçamente ocupadas por homens,

dentro de uma retórica que defendia que as atividades públicas seriam masculinas,

delegando às mulheres o confinamento doméstico?

O direito ao sufrágio feminino e à candidatura de mulheres ainda era algo recente

e a presença delas em atividades políticas sofria resistências, inclusive entre as esquerdas,

no Brasil da década de 1930 (SOIHET, 2000, p. 104 – 105). O projeto de Lélia não era

entrar na política institucional, mas essa questão ajuda a refletir sobre os campos de

possibilidade de uma mulher em um período no qual seus direitos políticos ainda eram

muito frágeis. Andrea D’Atri (2008, p. 6 – 7), escreveu que o trotskismo reproduzia muito

da retórica patriarcal à sua volta, o que não era diferente, segundo a autora, em seu

momento inicial. Nesse sentido, o grupo de Lélia não estava apartado de tais perspectivas.

Em suas lembranças, ela se referia àqueles que estavam ao seu lado com um tom

masculinizante, sendo que a única menção à presença de mulheres era quanto as que

estavam na parada, das quais ela se punha como diferente. Partindo disso, Lélia omitia

sua condição de gênero para escrever que as esperaram passar para iniciar a ofensiva.

Mirian Goldenberg (1997, p. 351) escreveu que muitas mulheres acabavam adotando a

estratégia de se atribuírem características tidas como masculinas (como a oratória), a fim

de alcançar reconhecimento para poder ascender. Por outro lado, neste caso, Lélia

escrevia de um período posterior, filtrando seu olhar por meio daquilo que viveu depois.

Mesmo assim, seu relato também era construído por meio dos repertórios construídos a

partir dos discursos com os quais teve contato, o que influenciava na perspectiva utilizada

pela militante, visto que ela poderia associar aquilo que lembra ao que era dito e escrito

por seus companheiros e que ela conseguiu ter acesso.

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Quanto a isso, Lélia se inseriu em grupos liderados por seus irmãos, o que não era

por acaso. Entre aquelas que foram militantes dos anos 1930, muitas mulheres entravam

nesses grupos por meio de familiares ou maridos. Nesse processo e por meio dessas ações,

muitas eram reconhecidas como esposas, filhas ou irmãs de alguém que por ser homem,

tinha um espaço maior de atuação e chances de conseguir espaço e liderança. Ainda, uma

parcela delas conseguia inserção por meio de seus repertórios e capital culturais

(GOLDENBERG, 1997, p. 355). Talvez pela sua origem de classe, e pelas leituras que

pôde ter acesso, Lélia conseguiu algum reconhecimento dentro da LC, bem como lhe

possibilitava interagir em debates internos, diferente daquelas que construíam seus

repertórios políticos após entrarem nesses grupos, como mostra Goldenberg (1997, p.

355). Mesmo assim, ela possuía um reconhecimento familiar herdado de seus irmãos, de

seu pai e avô, o que lhe abria a possibilidade de circular em espaços ocupados por grupos

políticos de esquerda, sejam eles trotskistas ou vinculados a outras vertentes.

Mesmo com o auxílio familiar, que ainda fomentou o contato dela com militantes

como Mário Pedrosa e com leituras e discussões internas, tensões referentes às mulheres

não deixavam de se fazer presentes. Lélia se inseriu na LC também pela possibilidade que

teve de trabalhar fora de casa e por meio disso aderir ao Sindicato dos Comerciários,

espaço no qual os trotskistas da Liga Comunista tinham força política. Entre as pautas da

instituição de classe, na qual Lélia estava presente, se defendia a: “Abolição do regime

de exploração a que estão sujeitas todas as mulheres que trabalham no comercio,

ganhando salários de fome, apezar (sic) da sua capacidade de trabalho, algumas vezes

superior a dos homens” (SINDICATO, 1934).

Apesar de tocar em uma questão de classe referente às mulheres, os produtores do

panfleto partilhavam de uma perspectiva masculina das atividades políticas. Nesse

sentido, defendiam que as pautas relativas a elas seriam tuteladas pelos companheiros de

classe. Lélia atuou no sindicato em meio a esse imaginário. Outro ponto interessante, é

que nas suas lembranças, ela enfocava a presença de seus irmãos e amigos, todos homens,

nas atividades da Liga (ABRAMO, 1997, p. 53 – 54). Para além de um exercício pessoal

de enquadramento da imagem de pessoas com quem tinha laços afetivos e familiares,

seria pertinente refletir sobre a centralidade masculina como talvez uma sensação daquilo

que observava no cotidiano da LC e do Sindicato dos Comerciários.

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Todavia, sua narrativa a colocava como autônoma e ativa nas atividades dos

grupos nos quais esteve presente. Ao narrar sua passagem pela Itália no período fascista,

Lélia ressaltava sua oposição ao regime e a sua relação conflituosa com a repressão

(ABRAMO, 1997, p. 77; p. 90 – 91). Essa postura consigo mesma não era absolutamente

subjetiva, mas vinha daquilo que ela conseguiu refletir posteriormente a partir do que viu,

ouviu ou sentiu em meio a seus amigos, familiares e companheiros de militância. Assim,

pensando em tudo que fora refletido sobre as experiências de Lélia, podemos pontuar

algumas questões. Ela atuara nas esquerdas daquela época como outras mulheres, como

Laura Brandão, a qual, assim como outras, partiu da oportunidade de trabalhar fora como

uma maneira de romper barreiras e assim poder construir uma perspectiva externa às

opressões de gênero (SCHMIDT, 1998, p. 1459). No caso de Lélia, ela não partiu do

magistério e da docência, como a militante citada e outras, mas de um posto no qual as

mulheres também predominavam, o secretariado, emprego que também foi possível pelos

contatos familiares construídos por seus pais e seus irmãos.

Assistente Social por ser nordestina? Luíza Erundina e sua militância entre

1966 e 1978.

Eu, como assistente social, tinha vínculo com comunidades urbanas pobres e

com comunidades rurais pelo trabalho de Igreja que eu fazia. Era a época do

José Maria Pires, o dom Pelé, que também era uma pessoa muito engajada,

muito comprometida. E isso era visto como algo subversivo.

E dom Pelé era, nessa época, o quê?

Era o arcebispo da Paraíba.

E era uma pessoa super engajada, não?

Era. Ele chegou na Paraíba em 1966. Foi o patrono da minha e de muitas

turmas da universidade. E fui a paraninfa das turmas, na época em que ele foi

o patrono das turmas gerais da universidade (SOUSA, 2002, p. 15).

Luíza enquadrava o período e sua atuação em João Pessoa por meio da imagem

do arcebispo da Paraíba, Dom José Maria Pires, chamado de Dom Pelé por ser negro

(PEREIRA, 2012, p. 59). Percebendo-se próxima de setores da Igreja, ela entendia que

essa relação auxiliou em seu trabalho com grupos populares. Isso também ocorria com

Dom Helder Câmara, por meio de quem ela enfatizava sua proximidade com sujeitos que

tiveram atuação expressiva em setores políticos. Porém, analisando de forma mais ampla

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seus discursos, em falas de 1966, os repertórios utilizados para a construção deles partiam

da noção do ser humano como um todo harmonioso e para quem os religiosos deveriam

se focar (PAULO VI, 1965), como podemos ler:

Como verdadeiro apóstolo, não hesitou em deixar tudo, até mesmo aquela

outra parcela do rebanho que a Providência lhe confiara e que, certamente, lhe

era muito querida, para vir para o Nordeste, consciente de que, no encontro

com o Sumo Pastor, haverá um só rebanho. Aqui fez-se um conosco: tornou-

se nordestino entre os nordestinos, paraibano entre os paraibanos. (...) O

juramento que faremos logo mais será um compromisso assumido diante de

Deus no sentido de colocarmo-nos a serviço do homem. (...) A definição

simplista de que o homem é um ser composto de corpo e alma implica, na

verdade, uma tal profundidade de conceitos que chega a constituir verdadeiro

desafio à nossa inteligência e incentivo à nossa curiosidade face ao mistério

que é o ser humano. Essa realidade espiritual-corporal constitui um dos

mistérios mais insondáveis. Nele se esboçam sempre novos aspectos, cada vez

mais profundos e complexos, mas perfeitamente unificados, formando um todo

harmonioso e irredutível. (SOUSA, 1966 apud SOUSA, 1991, p. 19 – 20)

A proximidade de Luíza e colegas com o Arcebispo remetia à uma rede de

relações construída naqueles anos. De acordo com Vanderlan Paulo de Oliveira Pereira

(2012, p. 80 – 81), a chegada do religioso mineiro à João Pessoa foi bem recepcionada

por setores tanto militantes, quanto das camadas médias da cidade. A expectativa com o

arcebispo aparecia, de acordo com o autor, nos jornais, falas e faixas, tanto de religiosos,

quanto aqueles que não eram. Tal visão ocorria devido à proximidade de Dom José com

as resoluções do Concílio Vaticano II, além de sua proposta de intervenção com as

camadas populares da sociedade e com as juventudes, o que atraía a atenção de estudantes

e militantes. Ainda de acordo com Pereira (2012, p. 91), o arcebispo pautou sua atuação

social na aproximação com setores estudantis, o que auxiliava na criação de laços dos

formandos de 1966 com ele.

Essa proposta de atuação mais estreita de moradores de bairros das periferias

também ocorria em outras regiões geridas por religiosos de alas progressistas da Igreja de

outras capitais brasileiras. Nesse processo, estudantes de serviço social se aproximavam

de trabalhos realizados por essas pessoas e construíam relações de militância ou mesmo

de amizade. Luíza já possuía e formou mais contatos com religiosos como Irmã Porto e

o arcebispo supracitado, fator auxiliado por tais ações.

Em um dos trabalhos organizados pela Igreja paraibana, no bairro do Cordão

Encarnado, de João Pessoa, militantes como Luíza estreitaram laços com clérigos e com

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o próprio Dom José, e a partir disso puderam se inserir no meio de movimentos por

moradia e pela posse da terra (PEREIRA, 2012, p. 118). Chegando em São Paulo em

1971, ela definiu, em sua autobiografia, a sua atuação na nova moradia como um

“compromisso com o povo nordestino” (SOUSA, 1991, p. 55), podendo se ver como

diferente da população local por meio de questões socioculturais, perpassadas muitas

vezes pela discriminação. Mesmo assim, tensões de gênero se faziam presentes em sua

trajetória, como na de outras mulheres. Quando foi escolhida para discursar em 1966 na

formatura das turmas da UFPB, evento citado anteriormente, um jornal de João Pessoa

tratava do impacto de terem-na escolhido:

Os vencidos foram dois elementos do sexo masculino que nessa prova foram

suplantados pela inteligência e agilidade mental característica das mulheres

bem dotadas mentalmente. Não se queira ver nessa história da jovem bacharela

uma prova a mais da superioridade feminina, porque a competição foi posta

nesse pé (...). Os competidores da Dra. Luiza foram homens traquejados nas

pugnas oratórias, mas faltou-lhes o sentido da profundidade dos temas

abordados e por isso perderam a vez de interpretar os sentimentos e o

pensamento de uma turma de diplomandos. (O NORTE, 1966 apud SOUSA,

1991, p. 16 - 17)

Originária de um período posterior de Lélia, Luíza iniciou sua militância em um

período no qual uma mulher tinha um campo maior de atuação dentro de grupos políticos

(GOLDENBERG, 1997, p. 358). Grupos próximos da Igreja também auxiliavam em seu

projeto de inserção e mobilização política, lembrando que possuíam presença expressiva

de mulheres (MONTEIRO, 2017, p. 58 – 59). Os cursos de Serviço Social brasileiros

também tinham uma parcela considerável de mulheres como estudantes e professoras

(ABRAMIDES e CABRAL, 1995). Tais questões ajudaram Luíza a circular em palestras

e eventos acadêmicos e neles se expor. Mesmo assim, tensões referentes à sua condição

de gênero existiam. Se colocando como, naquela conjuntura, resistente à lógica social que

desprezava o trabalho de mulheres, ela apresentou em sua autobiografia o trecho de jornal

acima. Nesse caso, sua ideia era mostrar que, sendo mulher naquele período, ela podia

exercer atividades tidas como masculinas, como a oratória, enquadrando-se como alguém

que conseguiu concretizar seus projetos devido a tal atributo, em um exercício em partes

semelhante ao de Lélia. Por outro lado, o trecho exposto ajuda também a refletir sobre o

impacto quanto ao fato de uma mulher vencer homens na escolha para oradora e as

barreiras pelas quais poderia passar.

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Luíza, como mulher, não utilizou de capital familiar para se inserir politicamente,

como ocorreu com uma parcela das militantes que partiu da militância de seus pais,

maridos e irmãos para entrar na política institucional (PINTO e SILVEIRA, 2018, p. 194

– 195). Diferente de Lélia, ela não possuía familiares militantes, porém também utilizou

de seu capital cultural para adentrar em projetos sociais e políticos com a parceria da

Igreja. Assim como outras mulheres, a aproximação com as bases e a autonomia relativa

propiciada pela orientação de setores religiosos, abria o campo de possibilidades para

outras delas se inserirem nesses espaços, a fim de efetivar projetos pessoais e coletivos.

Na sua chegada à São Paulo, em um período de crescimento da participação delas nos

espaços de trabalho e militância (SOUZA-LOBO, 2011), partiu dessa bagagem para se

aproximar de grupos de moradores da periferia paulistana. Assim, adequando seus

anseios à conjuntura na qual estava, se tornou assistente social da prefeitura e atuou de

dentro do Estado para se mobilizar. Nesse novo campo de possibilidades, ainda construiu

uma relação de classe com o funcionalismo público municipal paulistano, estabelecendo

outras relações. Enquanto nordestina no Sudeste, ainda teve a possibilidade de se

aproximar da população desses bairros, em sua maioria migrantes da mesma região que

Luíza (FONTES, 2009; MONTEIRO, 2017, p. 65 – 66), tendo muitas e muitos partido

por motivos de trabalho e sobrevivência e não por perseguição, como ela.

Moradora da periferia pela militância? Irma Passoni e o Movimento do

Custo de Vida entre 1971 e 1979

Em 1971, eu me desliguei da Congregação. A Congregação se dedicava à

educação formal em escolas particulares; nós (quatro religiosas) resolvemos

adotar uma visão da educação popular, social e fazíamos a pastoral nas

comunidades de base, catequese, Clubes de Mães, Pastoral Operária.

Atuávamos num bairro chamado Jardim Santa Margarida, Paróquia de Vila

Remo. (...) A pedido do monsenhor Ângelo Gianola, vigário episcopal da

região sul da cidade de São Paulo, e da comunidade de Santa Margarida, eu e

Geraldo Magela, com apoio da equipe do monsenhor Ângelo, começamos a

organizar as comunidades de base a partir de cursos chamados Missão

Conciliar. Eram encontros comunitários de vários dias em que estudávamos

trechos bíblicos como os de Abraão, Moisés, Judite, Ester, os profetas, o Novo

Testamento – especialmente os Atos dos Apóstolos – documentos do Concílio

Vaticano II, entre outros. Comparávamos com a realidade que vivíamos (...).

Perguntávamos o que era salvação para nós naquele momento. (PASSONI,

2006, p. 314)

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Irma partia, assim como Luíza, de seus repertórios religiosos e acadêmicos para

construir sua narrativa acerca do período em que iniciou sua militância junto de

moradores da periferia. Ela iniciou seu trabalho no bairro em 1968, ainda como freira e

chamada Irmã Angélica. Em 1971 deixou o hábito e voltou a ser Irma Rosseto. Essa

perspectiva sobre o começo dos trabalhos ainda aparece no relato de outras militantes do

bairro. Numa entrevista dada por sua vizinha, Ana Dias (1979, p. 10), ao jornal da

Arquidiocese, a moradora e militante partia de uma noção e consciência de classe acerca

das atividades geridas pelas religiosas e donas de casa de Via Remo. Mas a visão dela não

era exclusiva, visto que outras também partilhavam dessas experiências. No momento em

que a matéria do jornal foi construída, setores populares da sociedade construíam

identidades baseadas no discurso da autonomia de atuação e mobilização e da dignidade

moral que suas reivindicações possuíam, questões advindas também das retóricas do

chamado Novo Sindicalismo (RODRIGUES, 1997, 18 – 19). Também, esses movimentos

tinham resistência à interferência de pessoas que vinham de fora, as quais eram associadas

às elites por tais sujeitos (OLIVEIRA, 2011, p. 85). No caso aqui analisado, essas pessoas

também não se sentiam contempladas pelas propostas das mulheres do Rotary Club e

pretendiam se mobilizar partindo da opressão que sofriam pela falta de estrutura nos seus

locais de moradia (MONTEIRO, 2017, p. 26).

Ambas atuavam no Movimento do Custo de Vida, surgido em 1973 por meio da

atuação de mães e donas de casa da periferia sul de São Paulo. Tal grupo se mobilizou a

partir do descontentamento gerado pela opressão sofrida pela alta do custo de vida nas

capitais brasileiras desde a década de 1960, a qual se associava ao arrocho salarial e a

falta de estrutura nas regiões onde moravam (MONTEIRO, 2017, p. 26). Assim, com o

apoio da Igreja, produziram abaixo-assinados destinados ao governo. Ainda escreveram

um conjunto de Cartas às Autoridades no decorrer da década de 1970, as quais possuíam

Irma Passoni entre seus signatários (MCC, 1979, p. 3).

Assim como no caso de Luíza, a mudança de orientação da Igreja em cidades e

capitais brasileiras e latino-americanas abria um campo de possibilidades para a

ampliação de trabalhos sociais e de militância de intelectuais ligados à Igreja e religiosos

junto a grupos e movimentos populares. O arcebispado de São Paulo era gerido por Dom

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Agnelo Rossi, próximo de uma perspectiva mais conservadora da Igreja. A arquidiocese

era dividida, em sua gestão, em áreas sob a atuação de bispos auxiliares e, em 1966, ele

nomeou Dom Ângelo Gianola para a região sul, que englobava Vila Remo e o Instituto

Beatíssima Virgem Maria, onde Irmã Angélica trabalhava. Próximo de uma vertente mais

progressista, o bispo auxiliar promoveu trabalhos conjuntos da Igreja com as chamadas

periferias (MONTEIRO, 2017, p. 60). Tais ações possibilitaram que religiosas e

religiosos conseguissem se aproximar de trabalhadores e movimentos sociais, dentre os

quais Irmã Angélica. Com essas pessoas, e por meio dos repertórios construídos no

período, ela pôde sair do internato e trabalhar em Vila Remo, o que se intensificou após

a entrada de Dom Paulo Evaristo Arns na arquidiocese de São Paulo, em 1970, ampliando

projetos de militância na Zona Sul e agora nas demais regiões episcopais sob sua gestão.

As experiências de gênero também auxiliavam na formação de uma solidariedade

entre mulheres de Vila Remo. Irma (2016; 2018) em certos momentos falava dos grupos

de moradores no feminino. Esse imaginário foi analisado por Thiago Nunes Monteiro

(2017, p. 44) que atentou para uma retórica popular que definia a mulher como quem

sentiria a alta do custo de vida e dos problemas do bairro por circular nos mercados e nas

proximidades de sua casa. Essas ideias também apareciam nos textos do MCV. Em um

deles, que tinha a participação de Irma em sua escrita, havia um diálogo no qual uma

mulher conversa com seu marido sobre a relação entre quantidade e valor da alimentação.

Ele se chamava Nós também fazemos política. Encontro sobre: A participação política

da mulher (MCV, 1979).

No final do documento, Irma também aparecia como responsável pelas inscrições

para o debate. Em outro momento, já eleita deputada estadual, ela produziu um discurso

junto das lideranças do bairro e leu na Plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Apropriando-se dessas premissas, mas também partindo de suas experiências quanto aos

problemas referentes ao gênero, notava em sua fala que “as mulheres” estavam tomando

os espaços de militância “nos sindicatos ou se organizando em clubes de mães e

associações de donas de casa” (PASSONI, 1979).

Tal associação se dava também pela maioria maciça delas nas discussões (MCV,

1977). Talvez essa característica dos grupos auxiliou Irma, enquanto mulher, a se tornar

uma liderança no MCV, o que não seria possível, naquela conjuntura, em espaços com

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presença maciça de homens. Assim, sua experiência e seus repertórios acadêmicos e

religiosos abriram-lhe caminho para atuar no Movimento do Custo de Vida auxiliando na

catequese e nos grupos de alfabetização, mas também no treinamento de seus militantes.

Seu nome ainda aparecia entre as responsáveis pela formação de trabalhadoras nos

debates e na organização de dinâmicas (COORDENAÇÃO, 1976 – 1978).

Todavia, Irma (como Ana Dias, que era casada com o sindicalista Santo Dias) era

esposa desde 1976 do também militante Armelindo Passoni, e trabalhava fora de casa, o

que auxiliava em seus projetos políticos, diferente de outras mulheres que sofriam

resistência por parte de seus maridos e por trabalharem em casa, dependiam

financeiramente de seus companheiros, dificultando sua atuação fora de seu domicílio.

Identificada com outras moradoras por meio dos problemas do bairro, das opressões de

gênero ou do repertório religioso, Irma olhava para essas experiências enfocada no auge

dos movimentos dos quais participou na década de 1970. Nesse ponto, ela se distanciava

de uma parte de suas vizinhas e companheiras de militância por ser oriunda das classes

médias e ter concluído o ensino superior em Pedagogia. Mesmo assim, vivenciou os

problemas de Vila Remo e, sendo casada e mãe, ela se identificava com outras mulheres

pela maternidade e moradia em um bairro periférico de uma capital.

Considerações Finais.

Três mulheres, duas gerações e uma mesma condição de gênero. Lélia nasceu

antes de Luíza e Irma, quando ela iniciou sua militância, ambas ainda não eram nascidas,

em um momento no qual os direitos e a militância política de mulheres ainda eram algo

reduzido. Nesse processo, a atuação política de membros da família Abramo e sua

condição de classe possibilitaram a ela se inserir em espaços de debate e mobilização.

Todavia, o fato de conseguir emprego fora de casa ainda lhe auxiliou em seus projetos

relativos à militância, como ocorria com outras mulheres que se inseriam por meio da

possibilidade de sair de casa (SCHMIDT, 1998, p. 1459).

Luíza iniciou sua atividade política no meio acadêmico, visto que seu curso de

Serviço Social e os debates do meio estudantil da década de 1960 lhe aproximaram do

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movimento estudantil em seu período de graduanda. Próxima dos debates em torno do

Concílio Vaticano II devido à presença de religiosos dentro e fora da Universidade e dos

projetos sociais construídos em conjunto (PEREIRA, 2012, p. 124 – 125), ela conseguiu

se aproximar de trabalhadores do campo e da cidade e atuar com mais proximidade de

tais sujeitos. Em São Paulo, seus repertórios e sua formação acadêmica lhe possibilitaram

trabalhar como funcionária pública junto dos moradores de favelas da periferia paulistana.

Irma começou seus trabalhos nesse mesmo período, porém já morava na cidade.

Por se inserir em um movimento com presença expressiva de mulheres e em um período

de crescimento da participação delas nos espaços de trabalho e militância (SOUZA-

LOBO, 2011), teve a possibilidade de se tornar liderança. Ela também adentrou por meio

das atividades da Igreja, porém como religiosa e não como leiga, como ocorrera com

Luíza. Casou-se em 1976, quando já possuía seu trabalho consolidado junto aos

moradores de Vila Remo, os quais inclusive lhe aproximaram do também militante e

acadêmico Armelindo Passoni. Nesse período, apesar das tensões e dos silenciamentos

sofridos por mulheres nos espaços políticos, pôde, assim como Luíza, se inserir nos meios

políticos e nos movimentos sociais sem a interferência de um familiar homem.

Mirian Goldenberg (1997) escreveu que ao analisar as memórias de militantes das

gerações de 1930 e de 1970 pôde notar como as diferenças em suas estratégias de inserção

apareciam em suas lembranças. Para a autora, aquelas que militaram antes do final do

Estado Novo experienciaram um momento no qual a imagem masculina era um meio para

adentrar nos espaços de militância. Nessa perspectiva, muitas delas negavam atributos de

gênero delegados às mulheres e se colocavam como portadoras de traços tidos como

masculinos, como a liderança e a oratória. Já aquelas que atuaram nos anos 1970

atentavam para o crescimento da presença de mulheres nos espaços de militância e

trabalho, podendo se afirmar como mães, donas de casa e outras definições associadas à

feminilidade. Mesmo assim, não podemos esquecer que aquelas que vieram depois

também passaram por repressões devido ao fato de serem mulheres e que em alguns

momentos poderiam também se colocar como distantes desses problemas, atribuído a si

traços tidos como masculinos, entendendo-os como responsáveis pelo sucesso de suas

inserções.

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Nesse sentido, vemos que o momento no qual Lélia entrou na militância política

fora o do crescimento dos grupos que formaram a ANL em 1935 (CASTRO, 2002). A

presença feminina nesses espaços, e nesse período, era muito menor que a de homens. Já

Luíza e Irma se inseriram no momento no qual os debates em torno da Teologia da

Libertação cresciam no Brasil e na América Latina. Pregando a autonomia das bases e a

proximidade com esses sujeitos, os religiosos próximos dessa perspectiva davam mais

liberdade de debate entre seus participantes, muitos dos quais eram mulheres.

Se atentarmos para cada uma delas, veremos que se distanciam de seus pares, mas

também se aproximam. Lélia tinha repertórios culturais e políticos antes de entrar nos

grupos trotskistas dos quais participou, mesmo assim compartilhava de muitas das noções

e dos discursos de seus companheiros de militância. Luíza era nordestina como muitos

dos trabalhadores com os quais trabalhava em São Paulo, mas se distanciava deles devido

à possibilidade que teve de se inserir nas universidades. Ao mesmo tempo diferia de

muitos professores universitários por sua origem de classe. Mesmo assim,

compartilhavam de repertórios e identidades comuns, tanto no que tange a origem, com

relação aos moradores da periferia, quanto a leituras e debates, no que se refere aos

professores e intelectuais com quem teve contato. Irma morava em Vila Remo, mas era

nascida no Sul, em um espaço no qual a maioria dos moradores eram migrantes de outras

regiões. Também se distanciava deles no que tange a sua formação acadêmica e origem

de classe, mas experienciou muitos dos problemas presentes no bairro, compartilhando

de seus imaginários e identidades.

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