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116
Miguel da NóbregaMédicoEspecialista em EstomatologiaDUO Faculdade de Cirurgia Dentária Universidade [email protected]
RESUMO:
Os dentes impactados são, por norma, um agravamento major a acrescentar à situação da anomalia ortodôntica existente. Neste caso o canino impactado foi traccionado com recurso ao A.P.A. (Arco Palatino Armilar) que é uma técnica, quando indicada, de grande eficácia e muita versatilidade. O pré-molar impactado foi extraído por exigência do plano terapêutico.
TRATAMENTO DE UMA CLASSE II COM IMPACTAÇÃO DE CANINO E DE PRÉ-MOLAR
CASO CLÍNICO:
- História Clínica:
Paciente do sexo feminino com treze anos e nove meses de idade com queixas de “dente fora do lugar”.
- Diagnóstico:
Na observação da face, apresentava simetria e harmonia com um perfil convexo, ângulo naso-labial e sulco lábio-mentaniano dentro dos parâmetros normais, com competência labial e amplo sorriso (fig. 1) e (fig. 2)
117
fig. 1
fig. 2
118
Na observação da cavidade oral, nomeadamente na relação inter-arcadas dentárias, constata-se uma classe II molar e canina, trespasse incisivo de 3mm sem anomalia transversal (fig.3);
fig.3
Na relação intra-arcadas dentárias observam-se arcadas em U, discrepância dento maxilar traduzida por um apinhamento de 12mm entre os primeiros molares inferiores, impactação de 23 e 45, vestibularização de 23, lingualização de 35 e curva de Spee de 2mm (fig.4).
fig.4
No estudo imagiológico salienta-se os dentes 13 e 45 impactados, sisos em erupção, trabeculação óssea e altura alveolar normais e côndilos e articulação sem alterações (fig. 5).
fig. 5
119
Dados RX Ref. Norm. 01-01-2003
SNA 82° 80
SNB 80° 76
ANB 2° 4
SND 76° 74
I to NA 4 mm 4
I to NA 22° 20
I to NB 4 mm 4
I to NB 25° 23
Pog to NB mm 2
I to I 131° 132
Oclu to SN 14° 15
GoGn to SN 32° 36
SL 51 mm 51
SE 22 mm 21
FMA 25° 28
FMIA 68° 62
IMPA 87° 90
AO - BO 2 mm 4
Ø 3 - 3
ø 6 - 6
Cefalometria Objectivos 01-01-2003
FMIA 67° ± 3 62
FMA 25° ± 3 28
IMPA 88° ± 3 90
SNA 82° 80
SNB 80° 76
ANB 2° ± 2 4
A0 - BO 2 mm + 2 4
Pl. Oclusal 10° 7
Ang. Z 75° ± 5 74
Lábio Sup. / 15
Tot. Queixo / 12
Ht. Fac. Post. 45 mm 43
Ht. Fac. Ant. 65 mm 63
Ind. Post. Ant. .69 0.68
Rácio Evol. 2/1
fig.4
fig. 5
A cefalometria baseada nos valores segundo Steiner (fig. 6) e Tweed (fig. 7), não apresenta, alteração digna de referência.
fig. 6
120
Média Valor Cefal. Coeficientes Diferença
FMA 22°/28° 0 5 0
ANB 1°/5° 0 15 0
Ang. Z 70°/80° 0 2 0
Pl. Oclusal 8°/12° 1 3 3
SNB 78°/82° 1 5 5
HFP HFA .65/.75 0 300 0
Dificuldade Cranio Facial: 8
Apinh. Arc. Dent. 2 1,5 3
Corr. Cefalom. 5 1 5
Tecidos Moles 0 0,5 0
Total 7 8
Apinh. Arc. Dent. 10 1 10
Curva de Spee 2 1 2
Total 12 12
Classe II (III)
Apinh. Arc. Dent. 4 2
Crescimento 0 0
Total 4 2
Total Dentário: 4 Dif. Dent.: 22
Dificuldade cranio-facial 8
Dificuldade dentária 22
Dificuldade Total: 30
Indíce de dificuldade
0,5Posterior
Meio
Anterior
Análise Total de Espaço
Análise Cranio-Facial
FMIA idealFMIADC°
FMIA ideal = 65°
FMA > 29°
67625
FMIA idealFMIADC°
FMIA ideal = 68°
21° ≤ FMA ≤ 29°
IMPAIMPA idealDC°
IMPA ideal = 92°
FMA ≤ 20°
Tweed
fig.7
• Classe I esquelética• Classe II dentária• Normodivergente
• DDM• 13 e 45 retidos• Índice Bolton 74%
DIAGNÓSTICO SINTÉTICO:
121
Mandíbula + - Mandíbula + -
Discrepância 12 Discrepância 12Recolocação 1 0 Recolocação 1 0Curva de Spee 2 Curva de Spee 2Recolocação 6 Recolocação 6
Expansão ExpansãoEspaço E Espaço ETIM II FEO TIM II FEOExtracção 15 5 Extracção 15 1
Total 15 19 Total 15 15
<- 6 -><- 6 ->
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 87 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2
25 24 23 22 21 20 19 18 17 16
22 23 24 25 26 27 28 29 30 313.25 3.5 3.75 4 4.25 4.5 4.75 5 5.25 5.5
2
4
24
444
4 4.00 4
42
4
4
PLANO DE TRATAMENTO:
Elaborado em conformidade e consonância com a “caixa de Steiner” (fig. 8), o tratamento proposto foi o seguinte: Exodontia de 14 e 24, 35 e 45. Colocação de aparelho fixo superior e inferior. Tracção de 13 com A.P.A.. Ancoragem máxima. Finalização e ajuste oclusal com elásticos verticais. Contenção final com placa de Hawley e arco lingual colocado sobre 33 a 43.
fig. 8
122
DISCUSSÃO:
O tratamento foi um pouco mais longo do que o desejado mas isso deveu-se não só a alguma dificuldade de colaboração como também à morosidade da tracção do canino incluso, mesmo utilizando o A.P.A. (fig.9).
fig.9
No controle intermédio (fig. 10,11 e 12) já podíamos constatar que as maiores preocupações em relação a este caso clínico, estavam ultrapassadas.
fig.10
123
Radiografias intermédias
Steiner/ Tweed
fig.9 fig.11
fig.12
Dados RX Ref. Norm. 06-04-2005
SNA 82° 81
SNB 80° 76
ANB 2° 5
SND 76° 74
I to NA 4 mm 4
I to NA 22° 26
I to NB 4 mm 4
I to NB 25° 23
Pog to NB mm 3
I to I 131° 127
Oclu to SN 14° 17
GoGn to SN 32° 38
SL 51 mm 50
SE 22 mm 24
FMA 25° 27
FMIA 68° 64
IMPA 87° 89
AO - BO 2 mm 2
Ø 3 - 3
ø 6 - 6
Cefalometria Objectivos 06-04-2005
FMIA 67° ± 3 64
FMA 25° ± 3 27
IMPA 88° ± 3 89
SNA 82° 81
SNB 80° 76
ANB 2° ± 2 5
A0 - BO 2 mm + 2 2
Pl. Oclusal 10° 7
Ang. Z 75° ± 5 70
Lábio Sup. / 13
Tot. Queixo / 11
Ht. Fac. Post. 45 mm 43
Ht. Fac. Ant. 65 mm 62
Ind. Post. Ant. .69 0.69
Rácio Evol. 2/1
124
A finalização foi, como pretendida, em classe I com normalização dos valores cefalométricos, estudo imagiológico final normal e face esteticamente equilibrada e agradável.
125
Dados RX Ref. Norm. 01/01/2003 06/04/2005 07/09/2005
SNA 82° 80 81 80
SNB 80° 76 76 77
ANB 2° 4 5 3
SND 76° 74 74 74
I to NA 4 mm 4 4 4
I to NA 22° 20 26 24
I to NB 4 mm 4 4 5
I to NB 25° 23 23 28
Pog to NB mm 2 3 3
I to I 131° 132 127 124
Oclu to SN 14° 15 17 17
GoGn to SN 32° 36 38 37
SL 51 mm 51 50 52
SE 22 mm 21 24 24
FMA 25° 28 27 26
FMIA 68° 62 64 61
IMPA 87° 90 89 93
AO - BO 2 mm 4 2 2
Ø 3 - 3
ø 6 - 6
0 0 0
126
Tweed
Mandíbula + - Mandíbula + -
Discrepância 12 Discrepância 12Recolocação 1 0 Recolocação 1 0Curva de Spee 2 Curva de Spee 2Recolocação 6 Recolocação 6
Expansão ExpansãoEspaço E Espaço ETIM II FEO TIM II FEOExtracção 15 5 Extracção 15 1
Total 15 19 Total 15 15
<- 6 -><- 6 ->
Steiner
Cefalometria Objectivos 01-01-2003 06/04/2005 07/09/2005
FMIA 67° ± 3 62 64 61
FMA 25° ± 3 28 27 26
IMPA 88° ± 3 90 89 93
SNA 82° 80 81 81
SNB 80° 76 76 77
ANB 2° ± 2 4 5 4
A0 - BO 2 mm + 2 4 2 2
Pl. Oclusal 10° 7 7 7
Ang. Z 75° ± 5 74 70 70
Lábio Sup. / 15 13 13
Tot. Queixo / 12 11 12
Ht. Fac. Post. 45 mm 43 43 45
Ht. Fac. Ant. 65 mm 63 62 64
Ind. Post. Ant. .69 0,68 0.69 0,70
Rácio Evol. 2/1
127
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 87 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2
25 24 23 22 21 20 19 18 17 16
22 23 24 25 26 27 28 29 30 313,25 3,5 3,75 4 4,25 4,5 4,75 5 5,25 5,5
2
4
324
444 4
4 4,00 54
342
4
4
Final
As sobreposições cefalométricas demonstram a retrusão e ligeira rotação anti-horária da maxila e ainda mais ligeira rotação horária da mandíbula.
Sobreposições Cefalométricas
128
CONCLUSÃO:
A utilização do A.P.A. (Arco Palatino Armilar) saldou-se por algum ganho na eficácia
de tracção do canino que, nos casos indicados, permite um melhor manuseamento do dente
impactado e alguma redução no tempo de tracção.
No global a paciente obteve, além da face harmoniosa e um belo sorriso, uma relação
oclusal perfeitamente estável e funcional.
CENTR
O O
RTO
DÔNT I CO DO FUNCHAL