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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES
CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA
TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DE UMA
ESCOLA COMUNITÁRIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Francieli Rodrigues
Lajeado, novembro de 2017.
Francieli Rodrigues
TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DE UMA
ESCOLA COMUNITÁRIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo apresentado na disciplina de Estágio,
do Curso Técnico em Química, do Centro
Universitário Univates, como parte da
exigência parcial para obtenção do título de
Técnico em Química.
Orientadora: Cátia Viviane Gonçalves
Lajeado, novembro de 2017.
TRATAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS DE UMA
ESCOLA COMUNITÁRIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Francieli Rodrigues¹
Cátia Viviane Gonçalves²
Resumo: Faz algum tempo que reciclar o lixo deixou de ser uma prática realizada apenas por
ambientalistas, a fim de mostrar que é possível consumir conscientemente. Nos dias atuais
reciclar deveria ser o mínimo que as pessoas deveria fazer após consumir e usufruir dos recursos
que o meio ambiente nos oferece. A compostagem é uma das formas mais antigas de dar uma
nova direção ao lixo orgânico, transformando-o em adubo de qualidade e contribuindo para
desafogar aterros sanitários. O presente trabalho tem como objetivo, transformar o lixo orgânico
produzido por uma Instituição de Ensino de Educação Infantil, em adubo orgânico por meio de
compostagem, que foi divida em três grupos, um de alimentos crus provenientes de cascas de
frutas, legumes, cascas de ovos entre outros, outro de alimentos cozidos provenientes de sobras
de almoço e lanches oferecidos pela escola e o terceiro grupo, de resíduos mistos provenientes
de alimentos crus e cozidos, cujo resultado teve grande participação do corpo docente da escola,
dos profissionais da cozinha, dos alunos e dos pais. Todo o composto orgânico produzido, será
utilizado na horta da escola e nos canteiros de plantas do local.
Palavras chaves: Resíduo, Compostagem, Meio Ambiente.
1. INTRODUÇÃO
O brasileiro produz cerca de 1Kg de lixo por dia, sendo que a metade é de
origem orgânica, que poderia ser utilizada para a fabricação de adubos e fertilizantes.
A compostagem é uma excelente alternativa para transformar o que antes seria
lixo, em composto orgânico de qualidade para hortas e pomares. Esta prática já vem
sendo aplicada à alguns séculos no oriente médio, principalmente na China.
¹Aluna do curso técnico em química, Centro Universitário – UNIVATES, Lajeado/RS.
²Bióloga, professora, Centro Universitário – UNIVATES, Lajeado/RS. [email protected]
No Brasil, esta técnica vem ganhando popularidade pela tendência e maior
preocupação com a sustentabilidade. Pensando em fortalecer e discriminar a ideia de
reutilizar o que a natureza nos oferece, e de plantar o hábito de não desperdiçar e de
cuidar do nosso meio, implantei de maneira correta, o uso da Compostagem em uma
instituição de ensino da cidade de Arroio do Meio, que atende 99 crianças em turno
integral e produz cerca de 12 Kg de resíduo por dia.
2. COMPOSTAGEM
2.1. História da Compostagem
Na Europa a técnica era utilizada durante o século XVIII e XIX pelos
agricultores que transportaram os seus produtos para as cidades em crescimento, e em
troca regressavam para suas terras com resíduos sólidos urbanos das cidades para
utiliza-los como corretivos orgânicos do solo. Assim, os resíduos eram quase que
completamente utilizados pela agricultura.
No Oriente Médio, principalmente na China a compostagem vem sendo aplicada
à alguns séculos. Já no Ocidente, ficou conhecida em 1920, à partir dos primeiros
experimentos de Sir Alert Howard. O inglês Howard era considerado, pai da agricultura
pois foi autor do primeiro método de compostagem na província indiana de Indore,
onde tentou efetuar compostagem com resíduos de uma só natureza e concluiu que era
necessário misturar diversos tipo.
No Brasil a compostagem vem ganhando espaço de maneira considerável.
Pegando carona na onda da sustentabilidade, porém, o que acontece de fato é que essa
ideia poderia ser mais difundida e mais utilizada nas casas, prédios, empresas e escolas.
2.2. Compostagem
A compostagem é um processo natural de transformação da matéria orgânica em
compostos mais simples que podem ser utilizados como nutrientes pelas plantas. Se
observarmos uma floresta, cada resíduo, seja ele de origem animal ou vegetal, é
reaproveitado pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas que, em última
análise, são o sustentáculo da vida terrestre. Na compostagem doméstica vamos fazer
em nosso espaço o que a natureza leva fazendo milhões de anos. A compostagem é
realizada pelos próprios microorganismos presentes nos resíduos, em condições ideais
de temperatura, aeração e umidade. Estes micro-organismos vão descompor e estabilizar
os compostos constituintes dos materiais liberando dióxido de carbono e vapor de água.
Se o processo estiver realizado corretamente não deve causar nenhum odor
indesejável. Voltando ao exemplo da floresta, onde tem uma grande quantidade de
matérias em processo de decomposição, o cheiro é agradável. Pois na floresta acontece
uma decomposição na presença do ar, também chamada de aeróbia. Neste tipo de
processo só é liberando dióxido de carbono e vapor de água, os dois gases inodoros.
No caso da compostagem doméstica, a chave para fazer um bom composto é ter
uma mistura balanceada no material a compostar, que será a comida dos
microorganismos. É importante que a comida dos microorganismos tenha duas vezes
mais carbono do que nitrogênio. Mas não precisamos fazer uma análise química do
material, simplesmente precisamos saber quais elementos são ricos em nitrogênio e
ricos em carbono.
Quadro 1 - Resíduos ricos em nitrogênio e os ricos em carbono, que podem ser
divididos em materiais verdes e marrons.
Verdes (Ricos em Nitrogênio) Marrons (Ricos em Carbono)
Folhas verdes Serragem de madeira
Grama Papelão
Plantas novas e as partes novas das plantas Papel de jornal
Resto de comida Restos de poda
Borra de café, chá Folhas secas
Fonte: miguellancho.com
Como podemos observar, os alimentos ricos em nitrogênio são classificados
como VERDES e os alimentos ricos em carbonos classificamos como MARRONS.
Para que nosso composto de certo, precisamos colocar o dobro de elementos verdes do
que de marrons. Geralmente quando fazemos compostagem em nossa casa temos
muitos elementos verdes e poucos marrons. É por isso que precisamos adicionar
serragem ou papelão, para que nosso material a compostar esteja equilibrado.
O processo de compostagem passa por ter fases até obtermos um composto
orgânico de qualidade:
1ª) Fase mesofílica:
Nessa fase, fungos e bactérias mesófilas (ativas a temperaturas próximas da
temperatura ambiente), que começam a se proliferar assim que a matéria orgânica é
aglomerada na composteira, são de extrema importância para decomposição do lixo
orgânico. Eles vão metabolizar principalmente os nutrientes mais facilmente
encontrados, ou seja, as moléculas mais simples. As temperaturas são moderadas nesta
fase (cerca de 40°C) e ele tem duração de aproximadamente de 15 dias.
2ª) Fase termofílica:
É a fase mais longa e pode se estender por até dois meses, dependendo das
características do material que está sendo compostado. Nessa fase, entram em cena os
fungos e bactérias denominados de termofilicos ou termófilos, que são capazes de
sobreviver a temperaturas entre 65°C e 70°C, à influência da maior disponibilidade de
oxigênio - promovida pelo revolvimento da pilha inicial. A degradação das moléculas
mais complexas e a alta temperatura ajudam na eliminação de agentes patógenos.
3ª) Fase da maturação:
A última fase do processo de compostagem, e que pode durar até dois meses.
Nessa fase há a diminuição da atividade microbiana, juntamente com as quedas de
gradativas de temperatura (até se aproximar da temperatura ambiente) e acidez, antes
observada no composto. É um período de estabilização que produz um composto
maturado. A maturidade do composto ocorre quando a decomposição microbiológica se
completa e a matéria orgânica é transformada em húmus, livre de toxicidade, metais
pesados e patógenos.
Durante o processo de compostagem, podem ocorrer alguns contratempos.
Quadro 2 – Principais problemas na compostagem. Causas e Soluções.
Sintoma Problema Solução
Cheiro de amônia Excesso de nitrogenio
(materiais verdes).
Adicione mais carbono,
(materiais verdes).
Cheiro de ovo estragado Pilha muito úmida e
compacta.
Revire o material. Adicione
mais materiais marrons.
Decomposição lenta Material muito seco ou
pilha muito pequena,
pode ser por falta de
oxigenio.
Adicione água. Faça uma
pilha maior. Acresescente
materiais ricos em nitrogênio
(materiais verdes).
Ratos e camundongos Uso de material errado Não use carnes, peixes ou
pedaços de gordura.
Vapor Excesso de nitrogênio ou
a pilha está muito grande
para ser removida de
maneira adequada.
Adicione mais matriais ricos
em carbono (materiais
marrons). Reduza o tamanho
da pilha.
No final o composto deve apresentar um aspecto o qual não é possível distinguir
os tipos de material. Ele deve ter a cor escura e cheiro de terra. Quando esfregamos nas
mãos, elas não ficam sujas.
Conforme Philippi Apud. CEMPRE, Lixo Municipal – Manual de
gerenciamento integrado, 2000, p.37, a composição média dos resíduos municipais do
Brasil são: Em média são compostos por 52,5% de matéria orgânica; 24,5% de papel;
2,3% de metal; 1,6% de vidro e 2,9% de plástico e outros 16,20%. Assim a matéria
orgânica é o principal rejeito doméstico encontrado, que por sua vez mal gerenciado
pode provocar contaminação de corpos d’água, proliferação de vetores transmissores de
doenças, tais como ratos, baratas, moscas, vermes, entre outros.
Processo biológico de transformação de resíduos orgânicos em substância
húmicas. Em outras palavras, a partir da mistura de restos de alimentos, frutos, folhas,
estercos, palhadas, dentre outros, obtêm-se, no final do processo, um adubo orgânico
homogêneo, de cor escura, estável, solto, pronto para ser usado em qualquer cultura,
sem causar dano e proporcionando uma melhoria nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo (SOUZA et al., 2001).
Na escolha do local a ser conduzida a compostagem deverão ser considerados os
seguintes aspectos: facilidade de acesso, ocorrência de sol e sombra, proteção contra
vento, e solo que permita a infiltração da água das chuvas (chão de terra) (SOUZA et
al., 2001.)
Estes aspectos são importantes, já que terão influência sobre as condições
básicas para o processo de compostagem da matéria orgânica, os quais são, segundo
Oliveira et al., (2004), presença de microorganismos, aeração, umidade e temperatura
adequadas. Se a composteira ficar demasiadamente exposta ao sol, os resíduos
orgânicos poderão secar excessivamente, além de poder prejudicar os microorganismos
que atuam no processo de compostagem, cuja maioria não sobrevive sob temperaturas
superiores a 70 °C. Por outro lado, se a composteira ficar excessivamente à sombra, o
resíduo tenderá a ficar muito úmido, o que também não é desejável (Empresa Municipal
de águas e resíduos de Portimão, E. M. – EMARP, 2005).
Uma vez definido o local, poderá, então, dar início ao processo de
compostagem. Para o carregamento da composteira, montagem da pilha ou aterro, basta
dispor os resíduos orgânicos no local onde estes serão compostados. Durante a
compostagem ocorre liberação de calor devido à degradação microbiológica dos
substratos orgânico, resultando em aumento de temperatura. Na primeira fase do
processo, Wangen & Freitas Rev. Bras. de Agroecologia. 5(2): 81-88 (2010) 82
chamada de fase ativa de degradação ou de bioestabilização, com duração de 60 a 70
dias, desde que existam condições favoráveis, nos primeiros 2 a 3 dias, a temperatura
alcança entre 50°C e 60°C, atingindo valores de 60°C a 70°C antes dos 15 dias. O
processo se mantém nessa temperatura por um período, e depois decresce para 45 °C ou
menos, por alguns dias, indicando o final da fase de bioestabilização e o início da fase
de maturação ou cura. Nesta etapa do processo, a temperatura oscila entre 35 °C e 45 °C
(TEIXEIRA et al., 2004).
O arejamento dos resíduos orgânicos em compostagem é necessário para
fornecer oxigênio aos microorganismos (aeróbios) que fazem a decomposição da
matéria orgânica e para a oxidação das moléculas orgânicas que constituem os resíduos.
Se o nível de oxigênio for insuficiente, vão dominar os microorganismos que vivem na
ausência de oxigênio (anaeróbios) e, conseqüentemente, a decomposição será mais
lenta, resultando na formação de mau cheiro (EMARP, 2005) e na atração de vetores,
como moscas. Além de oxigênio, os microorganismos também necessitam de umidade
para se desenvolverem e decomporem a matéria orgânica. No entanto, umidade em
demasia é prejudicial, pois água em excesso ocupa os espaços existentes entre as
partículas orgânicas, dificultando a circulação de ar (EMARP, 2005). A faixa ideal de
umidade para a ação dos microorganismos benéficos à compostagem é de 55% a 60%
(TEIXEIRA et al., 2004). Uma forma de se avaliar a umidade consiste em se retirar uma
porção do material em compostagem e apertá-lo nas mãos; se escorrerem poucas gotas
de água, a umidade estará correta. Se os materiais estiverem muito secos, deverão ser
regados com água. Se houver excesso de umidade, o material terá cheiro de ovo podre.
Neste caso, deve-se revolver o mesmo com regularidade e adicionar apenas resíduo seco
(EMARP, 2005). De maneira geral, recomenda-se revolver o material orgânico
diariamente, no início do processo de compostagem e, depois, uma ou duas vezes por
semana ou sempre que se notar mau cheiro (SOUZA et al., 2001).
O revolvimento, além de oxigenar o meio, contribui para eliminar o excesso de
água. O tempo de decomposição/maturação depende da temperatura e da umidade, da
quantidade e do tipo de material a ser compostado. Portanto, se o material em processo
de compostagem estiver sob condições ideais pelos parâmetros anteriormente
mencionados, especialmente umidade, a temperatura é um bom indicador do fim do
processo. Quando a Rev. Bras. de Agroecologia. 5(2): 81-88 (2010) Compostagem
doméstica 83 temperatura se estabilizar de acordo com a temperatura ambiente, isto é
um indicativo de que o composto está estabilizado (FUNDACENTRO, 2002).
Normalmente, o tempo de compostagem, incluindo as duas fases, degradação e
maturação, é de 120 a 130 dias (TEIXEIRA et al., 2004). O composto maduro deve ser
solto, ter cor escura e cheiro de terra, e quando o esfregamos nas mãos elas não se sujam
(FUNDACENTRO, 2002).
3. METODOLOGIA
3.1. A Escola
A Escola Comunitária de Educação Infantil Criança Esperança, localizada na
Rua Gustavo Pochmann, nº 35, no Bairro Bela Vista, na cidade de Arroio do Meio,
atende 99 crianças com idade de 4 meses a 6 anos em tempo integral, com atendimento
das 6:30h da manhã as 18:30h da noite.
A instituição conta com 23 profissionais divididas entre a Diretora Claudete
Salvi, 19 educadoras e três serventes que são responsáveis pela alimentação dos alunos
e limpeza da escola.
Realizou-se uma reunião com as educadoras e funcionárias para iniciar-se os
trabalhos juntamente com toda a comunidade escolar, levando em conta a participação
dos alunos no processo de compostagem.
Os trabalhos na Escola de Educação Infantil iniciaram-se no mês de março com
uma triagem e limpeza do local, onde estava situada a horta da escola. No local já
existia uma composteira feita com tijolos com dois compartimentos.
Após limpou-se a horta e a composteira já existente, iniciamos os trabalhos de
construção das novas composteiras.
Materiais utilizados:
Três tonéis de plástico de 200L cada um;
Canos de PVC;
Três torneiras;
Cola de silicone;
Joelho de PVC;
Furadeira;
Tampão para os canos;
Fita métrica.
Construção:
Limpa-se os tonéis, após mede-se o cano de pvc de modo em que o mesmo fique
a aproximadamente 5cm do fundo do tonel.
Figura 1 – Construção da Composteira
Fonte: Do autor, 2017
Em seguida, fura-se todas as paredes do cano de pvc com o auxilio de uma
furadeira, engata-se e cola-se o joelho de pvc.
Figura 2 e 3 – Montagem da Composteira
Fonte: Do autor, 2017
Fura-se com o auxilio da furadeira a parte de baixo do tenel, de modo que possa
sair o cano para fora para colocar a torneira como saída do chorume gerado.
Figura 4 – Torneiras para saída do chorume
Fonte: Do autor, 2017
Por fim, cola-se a fita métrica para controlar o volume de resíduo gerado. Manter
a composteira com uma tampa que evite a passagem de chuva.
Figura 5 – Fita métrica para acompanhar o volume utilizado
Fonte : Do autor, 2017
Foram construídas três composteiras, com a finalidade de avaliar três grupos de
resíduos:
Grupo 1 - Cascas de frutas e legumes, restos de frutas e legumes crus;
Grupo 2 - Restos de alimentos cozidos, restos de comida e lanches oferecidos;
Grupo 3 - Mistura em partes iguais de cascas e frutas cruas e de alimentos
cozidos.
Figura 6 – Disposição das composteiras
Fonte: Do autor, 2017
Cada uma das composteiras recebeu diariamente aproximadamente 3 kg de
alimentos que foram pesados e depositados nas composteiras.
A composteira de tijolos que já estava construída ficou destinada a receber
somente cascas de frutas, alimentos crus e aparas de gramas e gravetos, uma vez que a
escola produz mais resíduos desse tipo.
Para equilibrar e manter a umidade controlada, foi utilizado uma camada de
serragem, após cada vez que o resíduo era depositado na composteira.
Figura 7 – Composto sendo equilibrado com serragem
Fonte: Do autor, 2017
Fez-se o controle de temperatura, revolvimento das pilhas quando necessário e
controle de umidade também.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O processo iniciou no dia 11 de abril de 2017, e encerrou no dia 07 de novembro
de 2017, totalizando 30 semanas. Neste período a instituição produziu de resíduo
orgânico cerca de 961 Kg de alimento crus, nos quais, diariamente a composteira do
Grupo 1 recebeu uma quantidade medida em um balde de 3Kg do resíduo. Bem como a
composteira do Grupo 3, que recebia uma quantidade medida em um balde de 3 Kg de
alimentos crus e mais um balde de 3Kg de alimento cozidos. O restante do resíduo
proveniente de cascas de frutas e verduras era depositado na composteira de tijolos.
A quantidade de resíduo de alimentos cozidos neste período foi de 599,400 Kg,
deste peso, um balde com medidas de 3 kg era depositado na composteira do Grupo 3,
juntamente com resíduos de frutas e verduras, e outro balde com medida de 3 kg era
depositado na composteira do Grupo 2, que recebia somente resíduos de alimentos
cozidos provenientes de restos de almoço e lanche. O restante desde resíduo era
destinado para outro local.
Calcular o peso em Kg que cada composteira recebeu, se torna impreciso uma
vez que os resíduos tanto de cascas de frutas quanto de alimentos cozidos não são
provenientes de um mesmo tipo, sendo de densidades e volumes diferentes, por
exemplo: o volume de 1 Kg de cascas de frutas é diferente do volume de 1Kg de feijão e
arroz cozido.
Durante o processo, teve-se um grande crescimento de larvas na composteira
onde os alimentos cozidos foram depositados, o que nos fez interditar a composteira por
quatro semanas, ate que conseguisse controlar e acabar com as larvas.
O excesso de umidade e calor foram um dos fatores responsáveis pelo
aparecimento delas, então, foi adicionado serragem para controlar a umidade e deixar os
resíduos mais secos, o tempo também colaborou e fez muito frio, o que possibilitou
ativar a composteira novamente.
Figura 8 – Crescimento de larvas na composteira de alimentos cozidos pertencentes ao
Grupo 2
Fonte: Do autor, 2017
Durante todo o processo a escola produziu cerca de 961 kg de resíduos orgânicos
provenientes de cascas e frutas, e o processo das demais composteiras ocorreu conforme
o esperado e correto, sem cheiro forte, e com umidade dentro do ideal para a
decomposição dos alimentos.
O composto chegou a atingir uma temperatura de 68°C, podendo ser visto o seu
calor na pilha revolvida
Figura 9 – Calor saído do composto após revirar a pilha
Fonte: Do autor, 2017
A grande dificuldade encontrada foi de medir o chorume que saía das torneiras
das composteiras, pois, como o projeto foi realizado em uma escola a participação das
crianças era constante, elas auxiliavam na deposição dos reísiduos, bem como,
auxiliavam no plantio de mudas de verduras na horta. Sendo assim acabavam abrindo as
torneiras quando não era permitido e o chorume acabava saindo sem controle de fato.
O composto foi ganhando forma conforme os dias foram passando.
Figura 10 – Composto orgânico na fase termofílica
Fonte: Do autor, 2017
Figura 11 e 12 - Composto orgânico na fase de maturação
Fonte: Do autor, 2017
Como a produção de resíduos na escola é contínuo, e em uma quantidade
considerável, foi possível manter somente uma das composteiras sob maior tempo de
maturação, já que as demais recebiam resíduos diariamente.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do presente trabalho, pode-se concluir que apesar de se tratar de um
processo relativamente simples, o composto passa por diferentes etapas para se tornar
um adubo orgânico de qualidade.
Diante dos três grupos de materiais a serem testados, o material que menos deu
erros e que ficou mais estabilizado, com umidade, calor e falta de odor indesejável, foi o
composto do Grupo 1, que consistia em alimentos crus, cascas e frutas. O composto do
Grupo 2, que era a base de alimentos cozidos, foi o que apresentou mais problemas
dentre todos, teve larvas e mau cheiro, e o mau cheiro foi mais presente durante todo o
processo. O composto do Grupo 3, que consistia em uma mistura alimentos crus e
cozidos, teve um bom rendimento, porém tivemos um pouco de mau cheiro e umidade
em excesso, que foi possível controlar.
A composteira do Grupo 1, foi que mais apresentou volume de resíduos, por
isso foi a que chegou a sua borda mais rapidamente. Cerca de um mês antes do fim do
estagio. Foi realizado o revolvimento da mesma conforme possível e não foi mais
acrescentado resíduos, sendo esses, destinados a composteira de tijolos. Ao fim do
trabalho, ela já tinha reduzido de volume, de 85 cm para 57 cm.
A composteira do Grupo 2, não chegou a encher até a borda, pois não recebeu
resíduo por um período de aproximadamente 20 dias, uma vez que estava sendo
controlada as larvas existentes. Ela chegou a alcançar 56 cm e até o fim do trabalho,
estava reduzida a 42 cm.
A composteira do Grupo 3, chegou a alcançar 72 cm, sendo assim, no termino
do trabalho estava em 46 cm.
A avaliação da escola foi positiva em relação aos resultados, porém optaram por
permanecer depositando resíduos apenas de alimentos crus, uma vez que esse
apresentou melhor desempenho e por ser o tipo de resíduo que a Escola mais produz .
Então, as demais composteiras permanecerão maturando ate que volte as aulas
de 2018, para após ser utilizada na horta da escola. Já a composteira de resíduos de
alimentos crus, continuarão recebendo resíduos até que se encerre as aulas deste ano, e
ficarão maturando durante as férias escolares, para ser utilizada após as férias.
Não basta apenas depositar resíduos e deixar que o resto aconteça. O processo
necessita de controle e cuidado, para que durante, não ocorra problemas indesejáveis,
como mau cheiro, aparecimento de larvas e outros animais, podendo colocar em risco o
trabalho. Ter cuidado com umidade, e tipos de resíduos garantem um produto final de
qualidade.
O homem produz muito resíduo em seu dia a dia, sem se preocupar com o local
que esse mesmo resíduo será depositado, e em como isso afetará o meio ambiente e a
sua qualidade de vida. Transformar o que seria descartado de forma inadequada em um
adubo orgânico para fortalecer a terra de onde será produzido alimento de qualidade,
seria o mínimo de se esperar de uma espécie tão racional e inteligente quanto a do ser
humano.
Porém, um processo como este acaba sendo segunda opção para a maioria das
residências, já que a falta de interesse e informação sobre as diversas maneiras de ter
uma composteira ainda serve de desculpa para que não controlar e reciclar de maneira
consciente.
O trabalho realizado em uma Escola de Educação Infantil, veio ao encontro a
educar desde cedo cidadãos conscientes e responsáveis pelo que produzem, e ver de
perto a experiência de transformação do que para eles é lixo. A criança tem o poder de
influenciar suas famílias e de transformar o meio em que vive.
6. REFERÊNCIAS
SOUZA, F.A. de; AQUINO, A.M. de; RICCI, M. dos S.F.; FEIDEN, A.
Compostagem. Seropédida: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa
Agrobiologia, 11 p., 2001 (Boletim Técnico, nº 50).
TEIXEIRA, L.B. et al. Processo de compostagem, a partir de lixo orgânico urbano,
em leira estática com ventilação natural. Belém: Embrapa, 2004, 8 p. (Circular
Técnica, 33)
RETIRADAS DO ARTIGO:
WANGEN, Dalcimar Regina Batista 1; FREITAS, Isabel Cristina Vinhal 1
Compostagem doméstica: alternativa de aproveitamento de resíduos sólidos
orgânicos.
SITES:
https://miguellanchodotcom.wordpress.com/2014/09/04/como-fazer-compostagem-
domestica/
https://www.ecycle.com.br/component/content/article/67/2368-compostagem-o-que-e-
como-fazer-compostar-composteira-tecnica-processo-reciclagem-decomposicao-
destino-util-solucao-materia-organica-residuos-solidos-lixo-organico-urbano-
domestico-industrial-rural-transformacao-adubo-natural.html
http://www.recicloteca.org.br/material-reciclavel/organicos/