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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA ENG063 – TRABALHO FINAL DE CURSO II Transições no Regime de Desgaste por Deslizamento do Aço Inoxidável Austenítico AISI 316L Processado a Plasma: um estudo da seção transversal Aluno: Dimas de Andrade Pacheco Orientadora: Prof. Dr. G. Cristina Durães de Godoy Belo Horizonte 2015

TRANSIÇÕES NO REGIME DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO DO AÇO INOXIDÁVEL AUSTENÍTICO AISI 316L PROCESSADO A PLASMA: UM ESTUDO DA SEÇÃO TRANSVERSAL

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O regime de desgaste durante o desgaste por deslizamento depende fortemente da carga normal, velocidade tangencial, temperatura ambiente e propriedade dos materiais. A formação do óxido durante o deslizamento não garante ao sistema um desgaste moderado, sendo importante avaliar a continuidade da camada e o estado de deformação do substrato. A microscopia eletrônica de varredura (MEV) permite correlacionar o mecanismo de desgaste e a microestrutura do sistema juntamente com o comportamento durante os testes de desgaste. O tratamento a plasma do aço inoxidável austenítico AISI 316L leva a uma melhora em alguns sistemas da resistência ao desgaste. O aço sem tratamento sofre um desgaste severo quando submetido ao ensaio de desgaste por deslizamento de pino sobre disco com baixa velocidade tangencial, temperatura entre 18 e 20oC , força normal aplicada de 15N e distância de deslizamento de 1200m. O sistema que passou por nitretação, a 450 °C realizado por 5 horas, apresenta inicialmente um regime severo na região rica em nitrogênio porém com uma taxa de desgaste inferior. Após esse curto período, este passa a se comportar como o aço sem tratamento, tendo a abrasão como principal mecanismo de desgaste. O sistema cementado , a 475 °C por 3 horas, apresenta um volume de desgaste intermediário. O endurecimento pela presença do carbono até maiores profundidades garante a manutenção da camada de óxido até uma distância percorrida de aproximadamente 500m, levando a um desgaste oxidativo moderado. A partir do momento que uma deformação importante do substrato é percebida, o destacamento do óxido é intenso, facilitando um desgaste severo, devido a adesão entre as superfícies metálicas. O sistema sequencial (cementação a 475 °C por 3 horas mais nitretação a 450 °C por 5 horas) apresenta o melhor desempenho e maior complexidade. Este passa por uma região de desgaste rica em nitrogênio, como do sistema nitretado, uma região nitrogênio + oxigênio, não estudada, uma região rica em carbono, onde o mecanismo oxidativo é o determinante, e uma transição moderado para severa com a perda das propriedades do substrato.

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UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  MINAS  GERAIS  DEPARTAMENTO  DE  ENGENHARIA  METALÚRGICA  

ENG063  –  TRABALHO  FINAL  DE  CURSO  II                              

Transições  no  Regime  de  Desgaste  por  Deslizamento  do  Aço  Inoxidável  Austenítico  AISI  316L  Processado  a  Plasma:  um  

estudo  da  seção  transversal                                          

Aluno:  Dimas  de  Andrade  Pacheco  Orientadora:  Prof.  Dr.  G.  Cristina  Durães  de  Godoy        

Belo  Horizonte  2015  

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UNIVERSIDADE  FEDERAL  DE  MINAS  GERAIS  DEPARTAMENTO  DE  ENGENHARIA  METALÚRGICA  

               

Dimas  de  Andrade  Pacheco      

       

Transições  no  Regime  de  Desgaste  por  Deslizamento  do  Aço  Inoxidável  Austenítico  AISI  316L  Processado  a  Plasma:  um  

estudo  da  seção  transversal                  

Trabalho   Final   de   Curso  apresentado   ao   curso   de  Graduação   em   Engenharia  Metalúrgica   da   Universidade  Federal  de  Minas  Gerais  Orientado:  Cristina  Godoy  

   

         

   

Belo  Horizonte  2015  

   

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Resumo  

O  regime  de  desgaste  durante  o  desgaste  por  deslizamento  depende  fortemente  da  

carga   normal,   velocidade   tangencial,   temperatura   ambiente   e   propriedade   dos  

materiais.  A  formação  do  óxido  durante  o  deslizamento  não  garante  ao  sistema  um  

desgaste  moderado,  sendo  importante  avaliar  a  continuidade  da  camada  e  o  estado  

de  deformação  do  substrato.  A  microscopia  eletrônica  de  varredura  (MEV)  permite  

correlacionar  o  mecanismo  de  desgaste  e  a  microestrutura  do  sistema   juntamente  

com  o  comportamento  durante  os   testes  de  desgaste.  O   tratamento    a  plasma  do  

aço   inoxidável   austenítico   AISI   316L   leva   a   uma   melhora   em   alguns   sistemas   da  

resistência   ao   desgaste.   O   aço   sem   tratamento   sofre   um   desgaste   severo   quando  

submetido  ao  ensaio  de  desgaste  por  deslizamento  de  pino  sobre  disco  com  baixa  

velocidade  tangencial,  temperatura  entre  18  e  20ºC  ,  força  normal  aplicada  de  15N  e  

distância  de  deslizamento  de  1200m.  O  sistema  que  passou  por  nitretação,  a  450  °C  

realizado  por  5  horas,   apresenta   inicialmente  um   regime   severo  na   região   rica  em  

nitrogênio  porém  com  uma  taxa  de  desgaste  inferior.  Após  esse  curto  período,  este  

passa  a  se  comportar  como  o  aço  sem  tratamento,  tendo  a  abrasão  como  principal  

mecanismo  de  desgaste.  O  sistema  cementado  ,  a  475  °C  por  3  horas,  apresenta  um  

volume  de  desgaste  intermediário.  O  endurecimento  pela  presença  do  carbono  até  

maiores   profundidades   garante   a   manutenção   da   camada   de   óxido   até   uma  

distância   percorrida   de   aproximadamente   500m,   levando   a   um  desgaste   oxidativo  

moderado.  A   partir   do  momento  que  uma  deformação   importante   do   substrato   é  

percebida,   o   destacamento   do   óxido   é   intenso,   facilitando   um   desgaste   severo,  

devido  a  adesão  entre  as  superfícies  metálicas.  O  sistema  sequencial  (cementação  a  

475   °C   por   3   horas   mais   nitretação   a   450   °C   por   5   horas)   apresenta   o   melhor  

desempenho  e  maior  complexidade.  Este  passa  por  uma  região  de  desgaste  rica  em  

nitrogênio,   como   do   sistema   nitretado,   uma   região   nitrogênio   +   oxigênio,   não  

estudada,   uma   região   rica   em   carbono,   onde   o   mecanismo   oxidativo   é   o  

determinante,  e  uma  transição  moderado  para  severa  com  a  perda  das  propriedades  

do  substrato.    

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Lista  de  Figuras  

 Figura  3.1:  Curva  típica  do  coeficiente  de  atrito  x  tempo  ou  coeficiente  de  atrito  x  

distância  em  metais  (CZICHOS,  1992)  .................................................................  19  Figura  3.2:  Processo  de  transferência  de  material  devido  a  adesão  (STACHOWIAK,  

2000)  ...................................................................................................................  22  Figura  3.3:  Processo  de  formação  e  propagação  de  trincas  (DUARTE,  2014  adaptado  

de  STACHOWIAK,  2000)  ......................................................................................  23  Figura  4.1:  Dimensões  das  pastilhas  utilizadas  na  caracterização  e  ensaios  de  

desgaste  (DUARTE,  2014)  ...................................................................................  27  Figura  4.2:  Esquema  de  corte  para  observação  da  seção  transversal  da  trilha  de  

desgaste  ..............................................................................................................  29  Figura  5.1:  Microscopias  transversal  das  amostras  de  aço  AISI  316L  sem  tratamento  e  

tratadas  a  plasma  ...............................................................................................  32  Figura  5.2:  Perfis  de  concentração  de  carbono  e  nitrogênio  por  GDOES  dos  sistemas  

tratados  (DUARTE,  2014)  ....................................................................................  35  Figura  5.3:  Medidas  de  ultra-­‐microdureza  transversal  do  aço  sem  tratamento  e  para  

os  sistemas  processados  a  plasma  (DUARTE,  2014)  ...........................................  37  Figura  5.4:  Coeficiente  de  atrito  do  aço  inoxidável  austenítico  AISI  316L  sem  

tratamento  e  sistemas  processados  a  plasma  (DUARTE,  2014)  .........................  41  Figura  5.5:  Curvas  de  coeficiente  de  atrito  para  distâncias  parciais  de  deslizamento  

do  sistema  nitretado  (DUARTE,2014)  .................................................................  42  Figura  5.6:  Curvas  expandidas  do  teste  de  desgaste  por  deslizamento  do  sistema  

cementado  para  as  distâncias  de  50,  150  e  500m  (DUARTE,  2014)  ...................  43  Figura  5.7:  Curva  de  desgaste  exploratória  do  sistema  sequencial  com  distância  de  

deslizamento  de  3000m  (DUARTE,  2014)  ...........................................................  44  Figura  5.8:  Expansão  da  curva  de  coeficiente  de  atrito  versus  tempo  de  deslizamento  

para  o  sistema  sequencial  com  distância  de  deslizamento  de  150  e  550m  .......  45  Figura  5.9:  Perfilometria  2D  da  trilha  de  desgaste  para  distância  de  deslizamento  de  

1200m  do  aço  sem  tratamento  e  processado  a  plasma  (DUARTE,  2014)  ..........  47  Figura  5.10:  MEV  das  trilhas  de  desgaste  do  aço  sem  tratamento  e  tradado  a  plasma  

para  diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  .............................  51  Figura  5.11:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  aço  

inoxidável  AISI  316L  para  1200m  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  ..................  55  Figura  5.12:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

nitretado  para  diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  .............  55  Figura  5.13:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

cementado  para  diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  .........  57  Figura  5.14:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

sequencial  para  diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  ...........  58  Figura  6.1:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  

aço  AISI  316L  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m–  5000x  ..............  62  

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Figura  6.2:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  nitretado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  25m  –  5000x  ..........  63  

Figura  6.3:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  nitretado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m  ....................  64  

Figura  6.4:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  100m  –  400x  ....................................................................................................................  66  

Figura  6.5:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  100m  –  5000x  ..................................................................................................................  66  

Figura  6.6:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m  ............................................................................................................................  68  

Figura  6.7:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  25m  .  69  

Figura  6.8:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  500m  70  

Figura  6.9:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m  ............................................................................................................................  71  

 

   

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Lista  de  Tabelas  

 Tabela  4.1:  Condições  do  processo  de  nitretação  e  cementação  e  distribuição  de  

amostras  conforme  sistemas  (DUARTE,  2014)  ...................................................  28  Tabela  5.1:  Composição  química  do  aço  inoxidável  AISI  316L  ...................................  31  Tabela  5.2:  Espessura  média  das  camadas  de  tratamento  dos  sistemas  no  MEV  

(DUARTE,  2014)  ..................................................................................................  33  Tabela  5.3:  Profundidades  das  trilhas  de  desgaste  para  os  quatro  sistemas  na  

distância  de  1200m  e  para  distâncias  parciais  (DUARTE,  2014)  .........................  48  Tabela  5.4:  Quantificação  do  espectro  EDS  dos  pontos  escuros  da  trilha  de  desgaste  

do  aço  inoxidável  AISI  316L  sem  tratamento  (DUARTE,  2014)  ...........................  51  Tabela  5.5:  Análise  semi-­‐quantitativa  por  EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

nitretado  (DUARTE,  2014)  ..................................................................................  56  Tabela  5.6:  Análise  semi-­‐quantitativa  por  EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

cementado  (DUARTE,  2014)  ...............................................................................  57  Tabela  5.7:  Análise  semi-­‐quantitativa  por  EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  

sequencial  (DUARTE,  2014)  ................................................................................  59  Tabela  5.8:  Resumo  dos  resultados  observados  para  os  quatro  sistemas  .................  61  Tabela  6.1:  Quantificação  do  espectro  EDS  da  camada  superficial  da  trilha  de  

desgaste  do  sistema  nitretado  ...........................................................................  64  Tabela  6.2:  Quantificação  do  espectro  EDS  da  camada  superficial  da  trilha  de  

desgaste  do  sistema  sequencial  para  500m  .......................................................  70    

   

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Sumário  

 

Introdução  .............................................................................................................  9  

1   Objetivos  .......................................................................................................  11  

2   Revisão  Bibliográfica  ......................................................................................  12  2.1   Aço  Inoxidável  Austenítico  AISI  316L  ..................................................................  12  2.2   Processamento  a  Plasma  ....................................................................................  13  2.3   Engenharia  de  Superfície  e  Tribologia  .................................................................  16  2.4   Atrito  no  deslizamento  .......................................................................................  17  

2.4.1   Running-­‐in  ..........................................................................................................  19  2.4.2   Regime  Permanente  ...........................................................................................  20  

2.5   Desgaste  ............................................................................................................  20  2.5.1   Desgaste  Adesivo  ...............................................................................................  21  2.5.2   Desgaste  Abrasivo  ..............................................................................................  22  2.5.3   Desgaste  por  fadiga  ............................................................................................  22  2.5.4   Desgaste  Triboquímico  .......................................................................................  23  

2.6   Regime  de  Desgaste  ...........................................................................................  24  2.7   Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  .......................................................  25  

3   Metodologia  ..................................................................................................  27  3.1   Sistema  de  Estudo  ..............................................................................................  27  3.2   Preparação  Amostras  .........................................................................................  29  3.3   Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  .......................................................  30  

4   Transições  no  regime  de  desgaste  por  deslizamento  ......................................  31  4.1   Caracterização  ....................................................................................................  31  4.2   Desgaste  por  deslizamento  .................................................................................  39  

4.2.1   Profundidade  das  trilhas  de  desgaste  ................................................................  46  4.2.2   Trilhas  de  desgaste  .............................................................................................  48  4.2.3   Partículas  de  desgaste  ........................................................................................  54  

4.3   Análise  comparativa  ...........................................................................................  59  

5   Resultados  e  Discussão  ..................................................................................  62  5.1   Análise  Microestrutural  da  Seção  Transversal  .....................................................  62  5.2   Regime  de  desgaste  ............................................................................................  72  

6   Conclusão  ......................................................................................................  76  

Referências  ..........................................................................................................  77        

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Introdução  

Os  aços  inoxidáveis  são  conhecidos  por  sua  excelente  resistência  a  corrosão.  No  caso  

dos  austeníticos  sua  aplicação  em  alguns  campos  da  engenharia  é  restringida  devido  

a  baixa  dureza  e  as  pobres  características  tribológicas   (LIN,  2006;  BORGIOLI,  2005).  

Para   melhorar   as   características   do   material   diferentes   tratamentos   de   superfície  

tem  sido  utilizados.  

Verifica-­‐se   também,   que   processos   realizados   em   baixa   temperatura   como  

nitretação,   cementação  e  híbridos,   foram  utilizados   com  sucesso  para  melhorar  as  

propriedades  mecânicas  da  superfície,  sem  produzir  precipitados  de  cromo,  a  partir  

do  substrato  e,  assim,  manter  a  resistência  à  corrosão  (SUN  et  al.,  2006;  BORGIOLI,  

2005).    

O  processo  de  nitratação  a  plasma  a  baixa  temperatura  do  aço  inoxidável  austenítico  

AISI  316L  não  apresentou  uma  melhora  da  resistência  ao  desgaste  em  ensaios  com  

baixa  velocidade  tangencial,  temperatura  entre  18  e  20ºC  ,  força  normal  aplicada  de  

15N   e   distância   de   deslizamento   de   1200m.   Para   mesmas   condições,   o   sistema  

cementado  a  plasma  apresentou  valores   intermediários  de   volume  de  desgaste.  O  

sistema  que  apresentou  melhor  resistência  ao  desgaste  foi  o  sistema  sequencial,  que  

combina   a   alta   dureza   superficial   da   camada   nitretada   e   a   difusão   até   maiores  

profundidades  do  carbono  na  austenita  (DUARTE,  2014).  

No   desgaste   por   deslizamento   sem   lubrificação   de   aços,   dois   mecanismos   atuam  

fortemente:  o  desgaste  oxidativo  e  o  desgaste  adesivo  (ARCHARD,  1956;  BURWELL,  

1952).   As   taxas   de   desgaste   dos   dois   mecanismos   diferem   substancialmente,   e   o  

regime  de  desgaste  nos  quais   eles   atuam  predominantemente   são  designados  por  

desgaste  moderado  (mild)  e  desgaste  severo(severe)  (ARCHARD,  1957).  

Estudos   mais   recentes   sobre   desgaste   oxidativo   indicam   que   certas   vezes   as  

condições  de  desgaste  não  podem  ser  consideradas  moderadas  ou  severas.  WANG  

(2008,  2013)  caracteriza  a  transição  do  desgaste  moderado  para  severo  e  afirma  que  

o  desgaste  oxidativo  moderado  é  sustentado  somente  quando  o  substrato  abaixo  do  

óxido  tem  resistência  mecânica  suficiente  para  prevenir  deformação  plástica.  

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É   importante   salientar   que   a   ocorrência   desses   regimes   de   desgaste   depende  

fortemente   das   variáveis   do   sistema   tribológico,   como   carga   normal,   velocidade,  

ambiente  e  propriedades  dos  materiais.  Uma  ligeira  flutuação  em  um  destes  fatores  

pode  provocar  uma  transição  no  regime  de  desgaste.  Além  disso,  a  interação  entre  

os   diferentes   processos   de   desgaste   pode   ser   o   aspecto   fundamental   na  

compreensão  dos  mecanismos  e  nas  transições  nos  regimes  de  desgaste.  

   

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1 Objetivos  

 

O  objetivo  geral  deste  trabalho  foi  estudar  o  regime  de  desgaste  do  aço   inoxidável  

austenítico  AISI  316L  sem  tratamento  e  processado  a  plasma  pelos  tratamentos  de  

nitretação,   cementação   e   sequencial   (cementação   mais   nitretação)   através   da  

análise   micrográfica   da   seção   transversal   da   trilha   de   desgaste,   observando   os  

constituintes   da   superfície   e   substrato   e   a   deformação   na   região   sob   a   trilha.  

Objetiva-­‐se  definir  o  regime  para  os  diferentes  períodos  do  ensaio  de  deslizamento  

pino   sobre   disco   dos   quatro   sistemas   e   compará-­‐los   para   o  melhor   entendimento  

das  diferenças  de  resistência  ao  desgaste  dos  sistemas  estudos.  

   

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2 Revisão  Bibliográfica  

2.1 Aço  Inoxidável  Austenítico  AISI  316L  

Os   aços   inoxidáveis   austeníticos   constituem   a   família   mais   importante   dos   aços  

inoxidáveis,   em   termos   de   número   de   tipos   e   aplicações.   Esses   são   largamente  

utilizados   nas   indústrias   química,   petroquímica,   nuclear,   alimentícia,   de   bebidas,  

laticínios,  de  papel  e  de  celulose.    

Os  aços   inoxidáveis  austeníticos  contem  um  teor  de  cromo  de  16  a  25%  e  um  teor  

mínimo   de   níquel   de   8%.   A   família   dos   316   possui   de   2   a   3%   de  molibdênio,   que  

melhoram  as  propriedades  contra  algumas  formas  específicas  de  corrosão.  

Os  aços  austeníticos  apresentam  estrutura   cristalina  cúbica  de   face   centrada   (CFC)  

na   temperatura   ambiente   e   não   são   passíveis   de   tratamento   térmico   de  

endurecimento.  Como  não  são  passíveis  de  tratamento  térmico  de  endurecimento,  

resta,   para   essa   família,   o   mecanismo   de   endurecimento   por   deformação   a   frio,  

encruamento,   fato   que   limita   formas,   dimensões   e   nível   de   endurecimento  

(TSCHIPTSCHIN,  2010).  Esses  aços,  por  outro  lado,  apresentam  excelente  resistência  

a   corrosão   (propriedade   determinante   em   seu   desempenho),     baixo   limite   de  

escoamento,  boa  estampabilidade  e  alta  soldabilidade.    

Segundo  PADILHA  (1994),  citado  por  DUARTE  (2014),  os  aços  inoxidáveis  austeníticos  

não   apresentam,   à   temperatura   ambiente   e   no   estado   recozido,   valores   de  

resistência  mecânica  muito  atrativa  apresentando  baixo   limite  de  escoamento.  Por  

outro   lado,   tem  boa  ductilidade  e   tenacidade,  o  que  possibilita  variadas  operações  

de   conformação   mecânica   a   frio.   Uma   alternativa   para  melhorar   as   propriedades  

mecânicas   dos   aços   austeníticos   é   a   adição   de   nitrogênio   em   teores   da   ordem  de  

0,4%.  Com  este  procedimento  pode-­‐se  elevar  o  limite  de  escoamento  à  temperatura  

ambiente  acima  de  500  MPa  e  a  ductilidade  do  material  permanece  alta.  

Suas  características  de  desgaste  e  dureza  são   relativamente  baixas.  Então  em  aços  

inoxidáveis   austeníticos,   o   grande   interesse   reside   no   aumento   da   resistência   ao  

desgaste.   Em  muitas   aplicações,   tais   como   biomédicas,   aeronáuticas   e   em   erosão  

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por   cavitação,   o   desgaste   leva  muitas   vezes   a   falha   dos   componentes.  Quando   os  

aços   inoxidáveis   austeníticos  estão  em  contato   com  outros  materiais   e/ou   consigo  

mesmo   apresentam   desgaste   severo   devido   a   fortes   junções   produzidas   entre   as  

superfícies   em   contato   e   severa   deformação   plástica   superficial   (HSU,   1980;  

WHITTLE,  1984).  

Os   tratamentos   superficiais,   como   a   nitretação,   podem   ser   um   opção   viável   para  

esses   aços.   Entretanto   o   processo   de   nitretação   não   pode   ser   realizado   em  

temperaturas   superiores   a   550ºC,   devido   à   intensa   precipitação   de   nitretos  

complexos  de  cromo  na  zona  de  difusão  (VENKATESAN  et  al.,  1997,  LARISCH  et  al.,  

1999,  CZERWIEC  et  al.,  2000,  LIANG  et  al.,  2000).  A  precipitação  dos  nitretos  eleva  a  

dureza,   mas   diminui,   sensivelmente,   a   resistência   à   corrosão   desses   aços.   A  

nitretação   sob   plasma   permite   introduzir   nitrogênio   no   aço   à   baixa   temperatura,  

fato  suficiente  para  formar  uma  fase  metaestável  de  elevada  dureza,  sem  diminuir  a  

resistência  à  corrosão.    

A   cinética   da   cementação   a   plasma   em   baixa   temperatura   em   aços   inoxidáveis  

austeníticos  foi  estudado  por  SUN  et  al.,  (1999)  e  foi  observado  que  sob  as  mesmas  

condições   de   processamento   (temperatura,   tempo,   composição   do   plasma)   o   aço  

AISI   316   apresentou   a  maior   profundidade   de   superfície   modificada.   Os   perfis   de  

concentração  mostraram  que  a  difusão  do  C  no  aço  AISI  316  era  mais  rápida  que  nos  

demais   aços   inoxidáveis   austeníticos.   A   obtenção   de   maiores   profundidades   de  

endurecimento  é  vantajosa  quando  se  busca  maior  capacidade  de  suporte  de  carga.  

2.2 Processamento  a  Plasma  

A   nitretação   e   cementação   a   plasma   são   processos   convencionalmente   descritos  

como  regidos  por  difusão  e,  embora  o  limite  de  solubilidade  do  carbono  na  austenita  

ser   muito   menor   que   o   do   nitrogênio   devido   ao   fato   do   carbono   possuir   maior  

tamanho  atômico,  o  carbono  se  difunde  com  maior  facilidade  na  austenita  do  que  o  

nitrogênio,  o  que  resulta  em  camadas  mais  espessas  para  a  cementação  (BLAWERT  

et.  al.,  2000;  BLAWERT  et.  al.,  2001).  A  difusão  do  carbono  na  austenita  é  mais  fácil  

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porque  a  energia  de  interação  do  Cr-­‐C  é  muito  menor  do  que  Cr-­‐N;  0,107  e  0,193eV,  

respectivamente  (MÄNDL  et.al,  2002).  

A   nitretação   a   plasma   é   um   processo   de   endurecimento   superficial   relativamente  

novo  para  aplicações  industriais  (JEONG,  2001).  Na  nitretação  a  plasma  o  processo  é  

acionado  não  somente  pelo  efeito  da  temperatura,  mas  também  pela  ação  cinética  

de   íons   acelerados   contra   o   substrato.   Este   é   realizado   em   um   forno   (reator)  

composto  de  uma  câmara  onde  o  ar  é   retirado  através  de  uma  bomba  de  vácuo  e  

substituído  por  uma  atmosfera  nitretante  à  baixa  pressão.  Uma  mistura  de  N2  e  H2  é  

ionizada  por  meio  da  aplicação  de  uma  diferença  de  potencial  elétrico  (400-­‐1000V)  

entre   eletrodos   imersos   no   reator.   O   componente   a   ser   nitretado   fica   ligado   ao  

catodo  e  a  câmara  do  reator  é  usada  como  anodo.    

Na   nitretação   a   plasma,   o   controle   sobre   a   metalurgia   da   camada   nitretada   é   a  

vantagem   mais   importante.   Um   sistema   computadorizado   permite   a   introdução  

individual  e  precisa  dos  gases  no  processo  (H2,  N2,  Ar,  etc.)  em  frações  volumétricas  

diversas,  de  modo  a  compor  uma  atmosfera  gasosa  específica  para  cada  tipo  de  aço  

e   aplicação.   Os   parâmetros   temperatura,   tempo   e   composição   do   substrato   são  

importantes  na  formação  da  superfície  nitretada  (BELL,  1998).    

As  superfícies  dos  aços   inoxidáveis  austenitícos  podem  ser  tratadas  com  nitrogênio  

até   temperaturas   em   torno   de   450°C   para   formar   uma   região   supersaturada   com  

nitrogênio.   Empregando   uma   baixa   temperatura   no   processo   pode   eliminar   a  

precipitação  de  nitretos  de  cromo  na  camada  tratada  (SUN  et  al,  2006).  Diferentes  

trabalhos  retratam,  quando  o  processo  de  nitretação  é   feito  entre  310  e  420  ºC,  a  

camada   formada   na   superfície   do   aço,   pela   difusão   de   nitrogênio   no   ferro   por  

solução   sólida,   e   denominam  esta   fase   de   austenita   expandida   (ɣN).   Ela   apresenta  

alta  dureza  e  boa  resistência  à  corrosão.  (SUN  et  al,  2006;  ZHAO,  et  al.  2005).    

Um  fenômeno  que  tem  sido  apresentado  em  diversos  trabalhos  é  o  descrito  como  

modelo  de  trap  (aprisionamento).  Nele  a  distribuição  do  carbono  dissolvido  no  aço  

inoxidável   austenítico   é   alterado   pela   nitretação   em   baixa   temperatura.   Assim,   o  

perfil   do   carbono   é   alterado   apresentando   um   acumulo   de   carbono   na   frente   da  

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camada  nitretada.  Assim,  o  nitrogênio  é  aprisionado  na  camada  tratada  pelo  cromo  

presente   no   aço.   O   carbono   é   empurrado   a   frente   do   nitrogênio   recebido,  

assumindo   que   a   energia   de   aprisionamento   do   carbono   é   mais   baixa   que   a   do  

nitrogênio  (TSUJIKAWA  et  al.,  2005).  

O  processo  de  cementação  consiste  na  difusão  de  átomos  de  carbono  na  superfície  

do  aço,  geralmente  hipoeutetóides,  com  baixos  teores  de  carbono  em  temperaturas  

acima  da  temperatura  crítica,  onde  o  ferro  se  encontra  na  forma  alotrópica  austenita  

(ɣ   -­‐   CFC)   e   apresenta   alta   solubilidade   de   carbono.   A   cementação   por   si   só   eleva  

pouco  a  dureza   superficial   do  material   tratado,   enriquecendo  essa   região   com  um  

teor  de  carbono  um  pouco  acima  de  um  aço  eutetóide  (0,8%C  a  1,0%C).    O  teor  de  

carbono   decresce   à   medida   que   se   penetra   em   profundidade   no   material   e,   é  

particularmente   importante   que   esse   decréscimo   seja   gradual   e   suave,   e   não  

abrupto  e  repentino,  o  que  pode  conferir  à  peça  fragilização  na  interface  plana  entre  

superfície  cementada  e  material  base.    

O  aço  cementado  apresenta  uma  maior  capacidade  de  suportar  carga  do  que  o  aço  

nitretado  e  a  menor  dureza  da  camada  cementada  em  relação  a  camada  nitretada  

pode   ser   explicada   pela   supersaturação.   Embora   o   carbono   ocupe   as   mesmas  

posições   intersticiais   da   rede   que   o   nitrogênio,   a   supersaturação   do   carbono   em  

solução   sólida   é  muito  menor.   Consequentemente   a   expansão   da   rede   (austenita  

expandida)  é  menor  (BLAWERT,  2000;  BLAWERT  et  al.,  2001).    

Nos  processos  simultâneo  e  sequencial  ocorrem  mecanismos  de  difusão  do  carbono  

e  do  nitrogênio,  e   isto  reflete  não  só  na  profundidade  de  tratamento  mas  também  

no  posicionamento  das  camadas  modificadas.  TSUJIKAWA  (2005)  e  BLAWERT  (2000),  

verificaram  que  o  carbono  e  o  nitrogênio  não  se  misturam  para  formar  uma  camada  

de   austenita   expandida,   mesmo   quando   se   faz   o   processo   simultâneo  

(carbonitretação).   Ocorre   é   a   formação   de   duas   camadas   separadas,   uma   rica   em  

nitrogênio   próxima   à   superfície   seguida   de   uma   camada   rica   em   carbono  

apresentando  profundidades  maiores.  Este  comportamento  também  é  verificado  no  

processo   sequencial   independentemente   da   ordem   carbono   mais   nitrogênio   ou  

nitrogênio  mais   carbono.  De   acordo   com  TSUJIKAWA  et   al..   (2005)   afirmaram  que  

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este   comportamento   pode   ser   descrito   pelo   modelo   de   aprisionamento,   onde   o  

nitrogênio   é   aprisionado   na   camada   tratada,   provavelmente   devido   a   ligação  

química  com  o  cromo.  Estudos  de  difusão  realizados  por  MILLION  (1995),  indicaram  

que  a  presença  do  nitrogênio  aumenta  a  atividade  do  carbono  e  então,  sua  difusão.    

O   processo   de   cementação   mais   nitretação   de   maneira   sequencial   apresenta  

melhores  propriedades  de  desgaste  e  corrosão  que  o  carbonitretado  (SAKLAGOGLU  

et   al.,   2007).   Este   se   mostra   vantajoso   quando   comparado   com   nitretação   mais  

cementação,  uma  vez  que  esse  não  apresenta  formação  de  carbonetos  e/ou  nitretos  

de  cromo  sob  condições  experimentais  equivalentes.    

2.3 Engenharia  de  Superfície  e  Tribologia  

O   conceito   de   engenharia   de   superfície   foi   evoluindo   com   o   tempo. Em   1991,  

RICKERBY  e  MATTHEWS  definiram  Engenharia  de   Superfície   como   sendo  o  projeto  

de   sistemas   compósitos   (i.e.   sistemas   recobrimento  mais   substrato)   que   possuem  

desempenho   superior   ao   de   seus   componentes   isoladamente.   Em  1994,   COTELL   e  

SPRAGUE   (ASM   Handbook   vol.5)   definiram   Engenharia   de   Superfície   como   “o  

tratamento  da  superfície  e  de  regiões  próximas  a  superfície,  de  modo  a  permitir  que  

esta  desempenhe  funções  distintas  das  exigidas  do  material  base”.  Em  2001,  DAVIS  

definiu  a  Engenharia  de  Superfície  como  sendo  uma  atividade  multidisciplinar  que  se  

propõe   a   desenvolver   modificações   nas   propriedades   das   superfícies   de  

componentes   de   engenharia,   de   forma   a   melhorar   sua   aplicabilidade   e   seu  

desempenho.   O   conceito   de   Engenharia   de   Superfície   foi   evoluindo   com   tempo,  

deixando  cada  vez  mais  claro  que  a  superfície  de  componentes  de  engenharia  é  uma  

região  que  merece  a  atenção  de  engenheiros  e  cientistas  de  materiais,  uma  vez  é  na  

superfície  que  a  maioria  dos  processos  de  falha  se  inicia.    

O   termo   tribologia   que   vem   do   grego   (tribo   –   esfregar)   e   (logos   –   estudo)   foi  

utilizado  oficialmente  pela  primeira  vez  em  1966  em  um  relatório  feito  por  JOST  para  

o   comitê̂   do   departamento   inglês   de   educação   e   ciência   (JOST,   1990).   Neste  

relatório,   o   termo   foi   definido   como   a   ciência   e   tecnologia   de   superfícies   que  

interagem  em  movimento   relativo  e  de  práticas   relativas.  Tribologia  é  o  campo  da  

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ciência   e   tecnologia   que   trata   das   superfícies   de   contato   em  movimento   relativo,  

desta   forma,   lida   com   fenômenos   relativos  ao  atrito  e  ao  desgaste.  A   redução  e  o  

controle   do   atrito   e   do   desgaste   em   ambientes   industriais   são   de   extrema  

importância   por   diversas   razões,   entre   elas:   o   aumento  da   vida   útil   e  melhoria   de  

desempenho   de  máquinas   e   equipamentos;   a   conservação   de   fontes   de  matérias-­‐

primas   escassas;   a   economia   de   energia   e   o   aumento   da   segurança.   Nas   últimas  

décadas,  houve  um  grande  interesse  nas  técnicas  que  modificam  as  propriedades  de  

superfícies,  tais  como:  a  implantação  iônica,  a  imersão  por  plasma  e  os  filmes  finos;  

objetivando   protegê-­‐las   de   ações   externas   destrutivas   e   conservando   suas  

propriedades   de   volume   (HARTLEY,   1979).   Por   isto,   atualmente,   existe   um   grande  

interesse  no  desenvolvimento  de  filmes  finos  e  revestimentos  com  baixo  coeficiente  

de  atrito  e  grande  proteção  ao  desgaste  (HOLMBERG  et  al.,  2000).    

2.4 Atrito  no  deslizamento  

O  atrito  ou  a  fricção  é  definido  como  a  resistência  ao  movimento  relativo  entre  dois  

corpos  em  contato  (GAHR,  1987;  BHUSHAN  et  al.,  1991;  RABINOWICZ,  1995).  A  força  

de   atrito   é   tangencial   à   interface   de   contato   e   com   direção   contrária   à   de  

deslizamento  (HUTCHINGS,  1992).  

Segundo  RIGNEY  e  HIRTH  (1979),  citados  por  DUARTE  (2014),  além  das  superfícies  de  

contato,   também   devem   ser   apontados   como   efeitos   do   atrito,   as   regiões  

deformadas   abaixo   das   superfícies,   assim   pode-­‐se   dizer,   que   o   atrito   não   é  

unicamente   um   fenômeno   superficial,  mas   também  é   associado   a   um   volume.  No  

atrito  entre  superfícies   lisas  com  um  alto  grau  de   limpeza,  há  uma  interação  muito  

forte  entre  as  superfícies  em  contato  e  a  força  de  atrito,  tornando-­‐se  independente  

da  carga,  mas  inteiramente  dependente  da  área  aparente  de  contato  (RABINOWICZ,  

1995).    

Considerando   o   deslizamento   entre   corpos   em   contato,   o   coeficiente   de   atrito  

depende   de   diferentes   fatores,   tais   como:   interação   Coulombiana   entre   as  

superfícies,   propriedades   dos   materiais   em   contato,   natureza   das   superfícies,  

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condições   de   medição,   velocidade   de   deslizamento,   carga   aplicada   e   ação   de  

lubrificantes.    

Outro   fator  de   grande   importância   é   a  presença  de  óxidos.  Os  metais   apresentam  

uma   camada   natural   de   óxido   na   superfície   e   em   algumas   situações   esta   camada  

pode   reduzir   as   forças   de   adesão  na   interface  de   contato   entre  os  materiais.   Se   a  

dureza  da  camada  de  óxido  possuir  um  valor  menor  que  a  do  metal,  ele  atuará  como  

um  filme  lubrificante,  reduzindo  o  atrito  e  o  desgaste  (RABINOWICZ,  1995;  LARSEN-­‐

BASSE,  1992,  DECKER  et  al.,  1986).  

O   comportamento   do   atrito   pode   ser   influenciado   pelos   estágios   do   deslizamento  

das  superfícies  em  contado.  A  Figura  2.1  apresenta  a  curva  típica  do  coeficiente  de  

atrito   versus   tempo   de   deslizamento   (ou   distância   de   deslizamento)     de  metais   a  

seco.   Nela   são   observados   quatro   estágios.   No   primeiro   ocorre   a   remoção   da  

camada   superficial   e   um   aumento   da   adesão   devido   ao   acréscimo   na   limpeza   das  

áreas  interfaciais.    

O   segundo   estágio   está   relacionado   com   a   máxima   adesão,   deformação   das  

asperezas  e  um  crescimento  no  número  de  partículas  residuais  que  elevam  a  taxa  de  

desgaste   das   superfícies   em   deslizamento,   produzindo   o   valor   máximo   para   o  

coeficiente   de   atrito   (de   aproximadamente   0,3   a   1   para   a   maioria   dos   pares   de  

metais   em   contato).   Segundo   Blau,   esse   valor  máximo   é   associado   à   alta   taxa   de  

desgaste  atingida  pelo  desgaste  das  asperezas  mais  afiadas.  

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 Figura  2.1:  Curva  típica  do  coeficiente  de  atrito  x  tempo  ou  coeficiente  de  atrito  x  distância  em  metais  

(CZICHOS,  1992)  

No  terceiro  estágio  ocorre  um  decréscimo  do  coeficiente  de  atrito,   talvez  devido  à  

formação  de  uma  camada  superficial  protetora  triboquímica  ou  por  um  decréscimo  

nos  processos  de  sulcamento  e  deformação  de  asperezas.  

O  quarto,  e  último  estágio,  é  caracterizado  pelo  estado  estacionário   interfacial  das  

condições   tribológicas,   conduzindo   a   valores   quase   constantes   do   coeficiente   de  

atrito,  à  medida  que  a  superfície  torna-­‐se  polida.  

2.4.1 Running-­‐in  

O   período   running-­‐in   é   o   estágio   onde   ocorre   o   início   da   interação   entre   duas  

superfícies.   Nesse   estágio   ocorre   uma   variação   significativa   da   área   de   contato,  

como   consequência   da   acomodação   entre   as   superfícies.   Um   comportamento  

instável  do  valor  da  força  de  atrito  é  provocado  pela  variação  da  área  de  contato.  

Segundo  BLAU   (2001),  o   running-­‐in  pode  ser  caracterizado  pela   forma  da  curva  de  

coeficiente  ou  força  de  atrito,  a  duração  em  tempo  ou  velocidade  com  que  se  atinge  

o  regime  permanente,  e  pela  sua  variação,  a  qual  representa  o  nível  de  interação  das  

superfícies  e  a  estabilidade  dos  eventos  microscópicos.  Na  curva  típica  de  atrito  por  

tempo  de  deslizamento  para  metais   a   seco   se  observa   como  antes  de   se   atingir   o  

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valor   do   coeficiente   de   atrito   do   regime   permanente,   o   sistema   alcança   um   valor  

máximo  de  coeficiente.  

2.4.2 Regime  Permanente  

O  regime  permanente  corresponde  ao  período  em  que,  a  força  ou  o  coeficiente  de  

atrito  é  aproximadamente  constante.  Este  fato  pode  ser  associado  à  operação  de  um  

mecanismo  ou  mecanismos  de  atrito  determinados,  que  produz  um  mecanismo  de  

desgaste  correspondente.    

Em   relação   aos   metais,   pode-­‐se   mencionar   que   dois   regimes   de   atrito   estão  

relacionados  diretamente  com  um  contato  metálico,  ou  com  a   formação  de   filmes  

que   separam   as   interfaces   metálicas.   Dentro   do   regime   com   contato   metálico   se  

observam   os   mecanismos   de   adesão   e   deformação   plástica.   Lembrando   que,  

também  devem  estar  presentes  outros  mecanismos   relacionados   com  o  papel   das  

partículas   de   desgaste   e   a   deformação   induzida   abaixo   das   superfícies.   Os   fatores  

operacionais  apresentam  grande  influência  sobre  o  comportamento  no  atrito  de  um  

par   sob   deslizamento.   Entre   os   fatores   pode-­‐se   citar   a   limpeza   das   superfícies,   a  

velocidade  de  deslizamento,  a  pressão  de  contato  e  as  condições  ambientais,  como  a  

temperatura  ambiente,  a  pressão  atmosférica  e  a  umidade  relativa  (BLAU,  1995).    

Segundo  BLAU  (1995),  quando  a  pressão  de  contato  é  baixa,  os  óxidos  formados  nas  

superfícies  controlam  o  atrito,  levando-­‐o  a  valores  de  coeficiente  de  atrito  entre  0,12  

e  0,3.  Depois  em  maiores  pressões,  o  filme  protetor  é  removido  e  as  superfícies  são  

deformadas  causando  uma  maior  interação  entre  as  asperezas.    

2.5 Desgaste  

Desgaste,  de  uma  maneira  geral,  pode  ser  definido  como  uma  perda  progressiva  ou  

deslocamento   de  material   de   uma   superfície   devido   ao  movimento   relativo   desta  

com   uma   outra   superfície   (BAYER,   1985).   O   modo   e   a   quantidade   de   material  

retirado  dependem  da  situação  em  que  as  superfícies  estão  submetidas,  sendo  elas:  

carga   aplicada,   dureza   dos  materiais   ou   partículas,   velocidade   relativa   dos   corpos,  

distancia   percorrida,   dentre   outras   (DUARTE,   2014).   Na   maioria   das   aplicações,   o  

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desgaste   pode   provocar   alterações   nas   geometrias/dimensões   de   componentes  

(HOLMBERG,   2001).   Estes   fatores   podem   causar   vibrações   e/ou   movimentos  

irregulares  que  comprometem  o  desempenho  dos  equipamentos  (GAHR,  1987).  

Apesar  de  que   vários  mecanismos  podem  atuar   simultaneamente,   usualmente  um  

deles  opera  de  forma  dominante  e  estabelece  um  nível  de  desgaste  correspondente.  

Portanto,  para  o  desgaste  por  deslizamento  podem  coexistir  vários  mecanismos  de  

desgaste  tais  como  a  adesão,  o  sulcamento,  o  corte,  a  fadiga,  entre  outros,  mas  um  

deles  atuando  predominantemente  (VIAFARA,  2010).  

Segundo   DIN   50320   (1979),   pode-­‐se   destacar   quatro   mecanismos   principais   de  

desgaste.   Estes   são  a   adesão,   a   abrasão,   a   fadiga   superficial   e  o  mecanismo   tribo-­‐

químico  (oxidação/corrosão).  

2.5.1 Desgaste  Adesivo  

A  adesão  é  um  fenômeno  que  resulta  de  forças  atrativas  existentes  entre  os  átomos  

das  superfícies  entre  dois  materiais  em  contato  (GAHR,  1987;  BHUSHAN  et  al.,  1991,  

RABINOWICZ,  1995).    

O   desgaste   adesivo   ocorre   quando   a   ligação   adesiva   entre   as   superfícies   é  

suficientemente   forte  para   resistir  ao  deslizamento.  Como  resultado  dessa  adesão,  

uma  deformação  plástica  é  causada  na  região  de  contato,  gerando  uma   trinca  que  

pode   se   propagar   levando   à   geração   de   um   terceiro   corpo   e   a   uma   transferência  

completa  de  material.  Esse  desgaste  ocorre  em  função  do  formato  e  da  dureza  dos  

dois  materiais   em   contato.  O   cisalhamento  das   junções  pode   acontecer   dentro  de  

um  ou  outro  material  em  contato  e  em  ambos,  caso  as  ligações  na  interface  forem  

muito  resistentes  (GAHR,  1987).  Os  fragmentos  dos  materiais  são  transferidos  para  

as  superfícies  até  serem  transformados  em  resíduos  de  desgaste.  Este  processo  de  

transferência   de   material   difere   o   desgaste   adesivo   dos   outros   processos   de  

desgaste  (RABINOWICZ,  1965).  A  Figura  2.2  ilustra  este  processo.  

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  22  

 Figura  2.2:  Processo  de  transferência  de  material  devido  a  adesão  (STACHOWIAK,  2000)  

 

2.5.2 Desgaste  Abrasivo  

A  ASTM  G40-­‐01  (ASTM,  2001)  define  o  desgaste  abrasivo  como  "a  perda  de  massa  

resultante  da  interação  entre  partículas  ou  asperezas  duras  que  são  forçadas  contra  

uma  superfície,  ao  longo  da  qual  se  movem".  

No   desgaste   abrasivo   ocorre   a   remoção   do   material   da   superfície.   Esse   desgaste  

acontece  em  função  do  formato  e  da  dureza  dos  dois  materiais  em  contato.  Nele  o  

material   duro   e   rugoso   desliza   em   contato   com   outro   material   de   dureza  

relativamente   mais   baixa   (BHUSHAN,   1991;   RABINOWICZ,   1995;   DECKER,   1986;  

TYLCZAK,   1992).   Neste   mecanismo,   as   asperezas   do   material   duro   penetram   e  

causam  uma  deformação  plástica  na  superfície  do  material  de  menor  dureza.  

O   contato   entre   abrasivo   e   corpo   é   classificado   tradicionalmente   em   dois   tipos:  

abrasão   a   dois   corpos   e   a   três   corpos   (MISRA;   FINNIE,   1980).   Na   abrasão   a   dois  

corpos   as   partículas   ou   as   asperezas   estão   rigidamente   fixas   no   segundo   corpo,  

fazendo   com   que   penetrem   e   causem   riscos   no   primeiro   corpo.     Por   sua   vez,   a  

abrasão  a  três  corpos  é  o  sistema  no  qual  os  abrasivos  estão  livres  para  rolarem.  

2.5.3 Desgaste  por  fadiga  

A   fadiga   superficial   requer   múltiplas   interações,   onde   a   superfície   experimenta  

tensões   cíclicas   repetidas,   favorecendo   o   aparecimento   de   trincas.   Quando   o  

desgaste  é  ocasionado  pelo  alto  número  de  repetições  do  movimento  ele  é  chamado  

de   desgaste   por   fadiga.   A   união   das   trincas   resulta   na   formação   de   partículas   de  

desgaste  (STACHOWIAK,  2000).  

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  23  

A   Figura   2.3   ilustra   esquematicamente   o   processo   de   formação   e   propagação   de  

trincas  no  desgaste  por  fadiga.   Inicialmente  a  trica  é  formada  e,  na  sequência,  esta  

trinca  propaga-­‐se  para  a   sub-­‐superfície.  Neste  momento  uma  segunda   trinca  pode  

surgir   a   partir   de   uma   pré-­‐existente   ou   coalescer   com   a   trinca   formada   na   sub-­‐

superfície.   No   último   estágio   a   trinca   alcança   a   superfície   novamente,   ocorrendo  

assim  o  destacamento  de  uma  partícula  de  desgaste.  

 Figura  2.3:  Processo  de  formação  e  propagação  de  trincas  (DUARTE,  2014  adaptado  de  STACHOWIAK,  

2000)  

2.5.4 Desgaste  Triboquímico  

O  desgaste  triboquímico  ocorre  em  meios  corrosivos,  líquidos  ou  gasosos  e  também  

é  chamado  de  corrosivo  e  oxidativo.  Neste  tipo  de  desgaste  são  formados  produtos  

de   reação   devido   às   interações   químicas   e   eletroquímicas.   Essas   reações   são  

conhecidas  como  reações  triboquímicas  e  produzem  uma  intercamada  na  superfície  

que  depois  é  removida.  O  desgaste  corrosivo  é  um  termo  geral  relativo  a  qualquer  

forma   de   desgaste   químico   ou   processo   corrosivo,   enquanto   que   o   desgaste  

oxidativo   refere-­‐se   ao   desgaste   causado   pelo   oxigênio   atmosférico   (STACHOWIAK,  

2000).  Este  tipo  de  desgaste  ocorre  devido  a  um  efeito  tribológico,  ou  seja,  o  calor  

gerado   pelo   deslizamento   favorece   a   reação   química   com   o(s)   elemento(s)  

disponível(eis)  na  atmosfera/meio.  

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2.6 Regime  de  Desgaste  

Durante   o   desgaste   por   deslizamento   a   seco   de   aços,   dois   mecanismos   atuam  

fortemente:  o  desgaste  oxidativo  e  o  desgaste  adesivo  (ARCHARD,  1956;  BURWELL,  

1952).   As   taxas   de   desgaste   dos   dois   mecanismos   diferem   substancialmente,   e   o  

regime  de  desgaste  nos  quais   eles   atuam  predominantemente   são  designados  por  

desgaste  moderado  (mild)  e  desgaste  severo(severe)  (ARCHARD,  1957).  Também  se  

fez  uma  distinção  dos  mecanismos  em  relação  ao  perfil  de  rugosidade,  à  aparência  

das  superfícies  e  à  natureza  e  tamanho  das  partículas  de  desgaste  (VIAFARA,  2010).  

No  mecanismo  de  adesão  há  uma  forte  interação  entre  as  asperezas  das  superfícies  

e   a   deformação   plástica   que   resulta   na   formação   e   rompimento   de   junções   de  

adesão.   Este  processo   leva  a  uma   transferência  de  material   entre  as   superfícies,  o  

que  subsequentemente  causa  a  perda  de  massa  dos  materiais  com  uma  alta  taxa  de  

desgaste.  A  operação  deste  mecanismo  de  desgaste  produz  superfícies  mais  rugosas  

em   relação   à   rugosidade   inicial.   As   partículas   de   desgaste   são   basicamente   de  

natureza  metálica,  igual  à  aparência  das  superfícies  (VIAFARA,  2010).  

Segundo   VIAFARA   (2010),   o  mecanismo   oxidativo   consiste   na   formação   de   óxidos  

nas   superfícies   deslizantes   como   consequência   da   elevação   das   temperaturas   nos  

pontos  de  contato  pela  dissipação  de  calor  por  atrito.  Essa  presença  dos  óxidos  inibe  

o  contato  metálico  entre  as  superfícies,  pelo  qual  a  formação  de  junções  de  adesão  é  

reduzida.   Em   outras   palavras,   os   óxidos   exercem   um   papel   de   lubrificação   das  

superfícies,   promovendo   uma   redução   significativa   das   perdas   de   massa   das  

superfícies.  A  operação  dominante  deste  mecanismo  resulta  num  regime  moderado  

de  desgaste,  no  qual  a   taxa  de  desgaste  é  pequena  em  comparação   com  o  regime  

severo.  Em  relação  às  superfícies  de  desgaste,  estas  apresentam  valores  menores  de  

rugosidade   e   uma   aparência   oxidada.   As   partículas   de   desgaste   são   pequenas   e  

oxidadas  em  comparação  com  as  produzidas  no  regime  severo.  

Alguns  estudos   recentes   indicam  que  algumas  vezes  as   condições  de  desgaste  não  

podem   ser   consideradas  moderadas   ou   severas.  WANG   (2008,   2013)   caracteriza   a  

transição   do   desgaste   moderado   para   severo.   O   desgaste   oxidativo   moderado   é  

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sustentado  somente  quando  o  substrato  abaixo  do  óxido  tem  resistência  mecânica  

suficiente  para  prevenir  deformação  plástica.  A  região  de  transição  é  dada  quando  a  

perda  por  desgaste  aumenta   rapidamente,  há  um  deformação  plástica   significante  

no   substrato   abaixo   do   óxido   e   o   aparecimento   de   uma  multicamada   dos   óxidos  

tribológicos.    

 

2.7 Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  

O   Microscópio   Eletrônico   de   Varredura   (MEV)   se   tornou   um   dos   instrumentos  

imprescindíveis   nas   mais   diversas   áreas,   como:   eletrônica,   geologia,   ciência   e  

engenharia  dos  materiais,  etc.   (SMITH,  1982).  Em  particular,  o  desenvolvimento  de  

novos  materiais   tem   exigido   um   número   de   informações   bastante   detalhadas   das  

características  microestruturais  que  somente  é  possível  de  ser  observado  no  MEV.  

A   técnica   de   microscopia   eletrônica   de   varredura   (MEV)   permite   a   obtenção   de  

informações  topográficas,  estruturais  e  químicas.  O  seu  principio  é  irradiar,  na  área  a  

ser   analisada,   um   fino   feixe   de   elétrons   na   superfície   da   amostra,   sob   alto   vácuo.  

Como  resultado  da  interação  do  feixe  de  elétrons  com  a  superfície  da  amostra,  uma  

serie   de   radiações   são   emitidas,   tais   como:   elétrons   secundários,   elétrons  

retroespalhados,  raios-­‐X  característicos,  elétrons  Auger,  fótons,  etc.  Estas  radiações  

quando   captadas   irão   fornecer   informações   características   sobre   a   amostra  

(microestrutura,   topografia   da   superfície,   composição   química,   cristalografia,   etc.).  

Os  sinais  de  maior  interesse  para  a  formação  de  imagens  são:  elétrons  secundários  e  

os   retroespalhados.   À   medida   que   o   feixe   de   elétrons   primários   vai   varrendo   a  

amostra   estes   sinais   vão   sofrendo   modificações   de   acordo   com   as   variações   da  

superfície.  Os  elétrons  secundários  fornecem  imagens  de  topografia  da  superfície  da  

amostra  e   são  os   responsáveis  pela  obtenção  das   imagens  de  alta   resolução;   já  os  

retroespalhados   fornecem   imagens   características   de   variação   da   composição  

química.  O   acoplamento   de   detectores   de   raios-­‐X   aos  microscópios   eletrônicos   de  

varredura   possibilita   a   microanálise   a   partir   dos   espectros   de   energia   dispersiva  

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(EDS)  ou  pela  varredura  dos  comprimentos  de  onda  (WDS)  dos  elementos  químicos  

presentes  nas  amostras  em  estudo  (DEDAVID  et  al.,  2007,  citado  por  DUARTE,  2014).  

A  espectroscopia  de  energia  dispersa  (EDS)  faz  uso  do  espectro  de  raios  X  emitidos  

por   uma   amostra   sólida   bombardeada   com   um   feixe   de   elétrons   para   obter   uma  

análise   química.   Assim,   ele   analisa   todos   os   elementos   ao   mesmo   tempo,   com   o  

auxílio  de  um  computador  .  A  técnica  considera  o  princípio  de  que  a  energia  de  um  

fóton  (E)  está  relacionada  com  a  frequência  eletromagnética  (ν)  pela  relação  E=h  ν,  

onde   “h”   é   a   constante   de   Planck.   Fótons   com   energias   correspondentes   a   todo  

espectro  de  raios-­‐X  atingem  o  detector  de  raios-­‐X  quase  que  simultaneamente  o  que  

permite  analisar  os  comprimentos  de  onda  de  modo  simultâneo  (GOLDSTEIN,  et  al.,  

2003).  

A   observação   transversal   da   trilha   de   desgaste   por   Microscopia   Eletrônica   de  

Varredura  permite  a  caracterização  microestrutural  da  trilha,  da  camada  superficial  e  

do  estado  de  deformação  do  substrato.  

   

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3 Metodologia  

3.1 Sistema  de  Estudo  

Neste   trabalho   foram   utilizadas   amostras   de   aço   inoxidável   austenítico   AISI   316L,  

sem  tratamento  e  tratadas  a  plasma,  pós  ensaio  de  desgaste  pino  sobre  disco  para  

diferentes  distâncias  de  deslizamento.  

O   aço   inoxidável   austenítico   AISI   316L   é   amplamente   utilizado   em  muitos   campos  

industriais  devido  a  excelente  resistência  a  corrosão.  Segundo  BORGIOLI  et  al.(2005),  

citado   por   DUARTE   (2014),   o   aço   AISI   316L   apresenta   baixa   dureza   e   pobres  

propriedades  tribológicas  podendo  assim,  encurtar  a  vida  de  componentes  quando  

estes  estão  sujeitos  ao  uso.  

A  preparação  da  amostra  partiu  de  uma  barra  redonda  do  aço  inoxidável  austenítico  

AISI  316L.  Esta  foi  cortada,  por  usinagem  em  torno  mecânico,  em  pastilhas  de  38mm  

de  diâmetro  e  10mm  de  espessura,  de  acordo  com  a  Figura  3.1.  As  faces  da  amostra  

são  planas  e  paralelas.  

 

Figura   3.1:   Dimensões   das   pastilhas   utilizadas   na   caracterização   e   ensaios   de   desgaste   (DUARTE,  

2014)  

 A   segunda   etapa   da   preparação   foi   o   tratamento   de   difusão   a   plasma.   Foram  

preparados,   além   do   aço   sem   tratamento,   mais   três   sistemas:   aço   AISI   316L  

cementado   a   plasma;   aço   AISI   316L   nitretado   a   plasma;   aço   AISI   316L   sequencial  

(cementado  +  nitretado)  a  plasma.  A  nitretação  a  plasma  foi  realizada  utilizando-­‐se  

configuração  DC  triodo  e  realizado  na  empresa  TECVAC  Ltd,  Inglaterra,  utilizando  as  

condições  comerciais  de  processo.  A  composição  utilizada  na  cementação  em  todas  

as  corridas  feitas  no  aço  inox  316L  foi  95%  Ar  +  5%  C2H4  e  60%  Ar  +  40%  N2  no  caso  

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da   nitretação   (DUARTE,   2014).   As   temperaturas   e   tempos   de   nitretação   e  

cementação   do   aço   austenítico   AISI   316L   foi   baseado   na   bibliográfia   e   estão  

apresentado  na  Tabela  3.1.  

Tabela  3.1:  Condições  do  processo  de  nitretação  e  cementação  e  distribuição  de  amostras  conforme  

sistemas  (DUARTE,  2014)  

Sistema   Processamento   Temperatura  (ºC)   Tempo  (h)  

Aço  AISI  316L   -­‐   -­‐   -­‐  

Cementado   Cementação   475   3  

Nitretado   Nitretação   450   5  

Sequencial   Cementação   475   3  

  Nitretação   450   5  

 

Os   sistemas,   uma   vez   preparados,   foram   submetidos   a   ensaios   de   desgaste   pino  

sobre   disco.   Os   ensaios   de   desgaste   por   escorregamento   foram   realizados   no  

equipamento   Tribômetro   Pino   sobre   Disco   Microphotonics   modelo   ST/60/NI,   do  

Laboratório  de  Desgaste  -­‐  Tribologia  do  Departamento  de  Engenharia  Metalúrgica  e  

de   Materiais   da   EE-­‐UFMG.   Para   a   aquisição   de   dados   foi   utilizado   o   programa  

NANOVEA.  Os  ensaios  utilizaram  os  seguintes  parâmetros:  

• Esferas  de  WC/Co  com  diâmetro  de  6mm;      

• Força  normal  de  15N;      

• Velocidade  tangencial  de  0,2m/s,  rotação  de  382rpm;  

• Distância  percorrida  de  1200m;  

• Raio  da  trilha  de  3  mm;  

• Temperatura  ambiente  entre  18  e  20°C.  

 

Além   da   distância   de   deslizamento   de   1200m,   foram   realizados   curvas   parciais  

dependendo  da  análise  de  cada  sistema.    

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3.2 Preparação  Amostras  

Os  corpos  de  prova  foram  preparados  partindo  das  pastilhas  utilizadas  no  ensaio  de  

desgaste  pino  sobre  disco  que  tiveram  maior  reprodutibilidade  durante  o  ensaio.  O  

foco   do   estudo   era   a   análise   da   seção   transversal   da   região   dentro   da   trilha   de  

desgaste.  O  seccionamento  foi  realizado  em  um  equipamento  de  corte  de  precisão,  a  

IsoMet   1000   (DEMET/UFMG),   que   utiliza   como   serra   um   disco   diamantado,   e  

seguindo  o  esquema  da  Figura  3.2.  O  corte  abrasivo  oferece  a  melhor  solução  para  o  

seccionamento,  pois  elimina  por  completo  o  trabalho  mecânico  a  frio,  resultando  em  

superfícies  planas  com  baixa  rugosidade,  de  modo  rápido  e  seguro.  

 

Figura  3.2:  Esquema  de  corte  para  observação  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  

O   quarto   de   amostra   foi   então   embutido   a   frio   para   facilitar   o  manuseio,   evitar   a  

danificação  da   lixa  ou  do  pano  de  polimento  e  evitar  abaulamento  da  superfície.  O  

embutimento   consiste   em   circundar   a   amostra   com   um   material   adequado,  

formando   um   corpo   único.   A   resina   utilizada   no   embutimento   foi   a   EpoFix   da  

Struers.  

A   preparação   da   superfície   das   amostras   foi   realizada   de   acordo   com   os  

procedimentos  usuais   de  preparação  metalográfica,   isto   é,   lixamento  e  polimento.  

Na  etapa  de  lixamento,  realizada  manualmente,  foram  utilizadas  lixas  de  carbeto  de  

silício   nas   seguintes   granulometrias:   100,   220,   320,   400,   600   e   1200   mesh.   O  

polimento   manual   foi   realizado   com   pastas   de   diamante   de   granulometrias   9μm,  

3μm  e  1μm.  Posteriormente,  todas  as  amostras  foram  limpas  com  álcool  etílico  PA.  

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O   acabamento   superficial   alcançado   apresentou   aspecto   de   espelhado   indicando  

baixa  rugosidade  superficial.  

O  ataque  da  estrutura  austenítica  para  análise  da  estrutura  dos  grãos  é  difícil  com  a  

maioria  dos  reagentes  padrão.  Vander  Voort  (2004)  utiliza  waterless  Kalling’s  para  o  

ataque  de  316L  obtendo  em  parte  os  contornos  de  grão  e  das  maclas.    As  amostras  

então  foram  atacadas  utilizando  Kalling’s  Nº2  (waterless  Kalling’s).  A  composição  da  

solução  é:  

• 5g  de  CuCl2  

• 100ml  de  Etanol  

• 100ml  de  HCl  

3.3 Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  (MEV)  

As  imagens  de  microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  sistemas  foram  obtidas  com  

o  objetivo  de   identificar  os  constituintes,  a  microestrura  e  a  deformação  na  região  

abaixo   da   trilha   de   desgaste.   Para   essa   atividade   foi   utilizado   o   Microscópio  

Eletrônico   de   Varredura   (MEV)   da   FEI  modelo   INSPECT   S50   e   o   Espectrômetro   de  

Energia  Dispersiva  de  Raios-­‐X  (EDS  –  Energy  Dispersive  Spectrometer)  EDAX  Genesis.  

Para  a  realização  do  ensaio  as  amostras  foram  previamente  limpas  em  um  aparelho  

de  ultrassom  e  recobertas  com  um  filme  fino  de  ouro.  Os  ensaios  foram  realizados  

no   laboratório   de   Microscopia   Eletrônica   de   Varredura   do   departamento   de  

Engenharia  Metalúrgica  de  Materiais  da  EE-­‐UFMG.  

   

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4 Transições  no  regime  de  desgaste  por  deslizamento  

DUARTE  (2014)   investigou  a   influência  de  diferentes   tratamentos  a  plasma  sobre  a  

resistência   ao  desgaste  do  aço   inoxidável  AISI   316L.  Neste  estudo   foram  utilizadas  

amostras   que   passaram   por   tratamentos   de   nitretação   (450ºC   por   5   horas),  

cementação  (475ºC  por  3  horas)  e  um  sistema  sequencial,  composto  de  nitretação  

(450ºC  por  5  horas)  seguido  de  cementação  (475ºC  por  3  horas).  Observou-­‐se  nítidas  

transições  durante  os   testes  de  desgaste,  que   foram  relacionadas  com  as  camadas  

superficiais  modificadas   a   plasma.   Foi   verificado   reduções   no   volume   de   desgaste  

dos  sistemas  em  relação  ao  aço  sem  tratamento,  onde  o  sistema  sequencial  obteve  a  

melhor   resistência   ao   desgaste.   O   estudo   apresentou   que   o   comportamento   de  

desgaste  está  fortemente  relacionado  com  a  estrutura  das  superfícies  modificadas.      

A   seguir   serão   apresentados   os   sistemas   e   os   resultados   observados   por   DUARTE  

(2014)  no  estudo  de  desgaste  pino   sobre  disco  para  os  diferentes   sistemas  do  aço  

inoxidável   AISI   316L.   Estes   resultados   foram   utilizados   para   as   observações  

complementares  do  estudo  da  transição  de  desgaste  através  da  seção  transversal  a  

trilha  de  desgaste.  

4.1 Caracterização  

 A  composição  química  do  aço  inoxidável  austenítico  utilizado  para  os  tratamentos  a  

plasma  é  apresentado  na  Tabela  4.1.      

Tabela  4.1:  Composição  química  do  aço  inoxidável  AISI  316L  

Elemento   C   N   Cr   Ni   Mo   P   S   Si   Mn   Fe  

%  peso   0,02   0,08   16,19   10,00   1,89   0,03   0,02   0,048   0,15   69,0  

%  atômica   0,09   0,35   18,03   9,45   1,09   0,05   0,03   0,95   1,49   68,8  

 

A  análise  da  secção  transversal  permite  a  observação  da  microestrutura  dos  sistemas  

estudados   e,   no   caso   dos   sistemas   tratados,   observar   a   espessura   das   camadas  

tratadas.  A    Figura  4.1  apresenta  as  imagens  realizadas  por  Microscopia  Eletrônica  de  

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Varredura  da  secção  transversal  do  aço  inoxidável  autenítico  sem  tratamento  e  dos  

demais  sistemas  estudados  (nitretado,  cementado  e  sequencial).  

 a)  Aço  inoxidável  AISI  316L  (SEI  –  1000x)  

(DUARTE,  2014)  

 

 c)  Aço  Inoxidável  AISI  316L  nitretado  (SEI–  

5000x)  

 

b)  Aço  Inoxidável  AISI  316L  cementado  (SEI  –  

5000x)    

 

d)  Aço  Inoxidável  AISI  316L  sequencial  (SEI  –  

5000x)  

Figura   4.1:  Microscopias   transversal   das   amostras   de   aço  AISI   316L   sem   tratamento   e   tratadas   a  

plasma  

 A   imagem  a   apresenta  o   aço   inoxidável  AISI   316L   sem   tratamento  e   sua  estrutura  

austenítica,  enquanto  as  imagens  b,  c  e  d  apresenta  os  sistemas  tratados  a  plasma.  

As   espessuras   médias   das   camadas   nos   sistemas   tratados   são   apresentadas   da  

Tabela  4.2.  

 

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Tabela  4.2:  Espessura  média  das  camadas  de  tratamento  dos  sistemas  no  MEV  (DUARTE,  2014)  

Sistema   Média  (μm)   Desvio  Padrão  (μm)  

Nitretado   2,44   0,20  

Cementado   11,51   0,28  

Sequencial  (N+C)   1,95  +  9,41   0,04  +  0,21  

 

O   sistema   cementado   é   apresentado   na   imagem   b   da   Figura   4.1   em   corte  

transversal.  A  espessura  média  da  camada  cementada  é  de  11,51  ±  0,28μm.  DUARTE  

(2014)  em  sua  análise  do  sistema  cementado  comenta:  

A   camada   observada   por   MEV   é   homogênea   e   a   sua   formação   esta  

relacionada   à   fase   formada   com   excesso   de   carbono   na   austenita  

expandida  γc.  Assim,  como  o  tratamento  de  nitretação,  o   tratamento  de  

cementação  a  plasma  também  tem  sido  relatado  por  diferentes  trabalhos  

(SUN,   et   al.1999;   TSUJIKAWA,   et   al.,   2002;   TSUJIKAWA,   et   al.,   2007).  

Segundo   os   autores,   os   aços   inoxidáveis   austeníticos   devem   ser  

cementados  a  plasma  em  temperatura  inferior  a  500oC  para  formar  uma  

camada  endurecida  e  livre  da  precipitação  de  carbonetos  de  cromo.  Essa  

camada   é   formada   por   átomos   de   carbono   que   são   incorporados   nos  

reticulados   da   austenita   que   forma   a   fase   chamada   de   austenita  

expandida   γc   e   os   valores   de   carbono   dissolvidos   na   austenita   pode  

chegar  até  4,8%  (MOLLEJA,  2010).    

A  imagem  c  mostra  a  microestrutura  típica  do  sistema  nitretado  a  plasma.  A  camada  

nitretada   tem   espessura   média   de   2,44   ±   0,20μm,   menor   que   para   o   sistema  

cementado.  Essa  camada,  que  possui  elevados  teores  de  nitrogênio,  é  denominada  

austenita  expandida  γN.  Segundo  DUARTE  (2014):  

O   resultado   obtido   da   espessura   desta   camada   pelo   tratamento   de  

nitretação  está  de  acordo  com  a  literatura.  Diferentes  trabalhos  (SUN,  et  

al.  1999;  CZERWIEC,  et  al.  2000;  TSUJIKAWA,  et  al.  2004)  confirmam  que  

em  processos  de  nitretação  a  plasma,   realizados  no  aço  316L  em  baixas  

temperaturas   variando   entre   400°C   e   450°C.   Forma-­‐se   na   superfície   do  

aço,   uma   camada   com   solução   solida   saturada   por   nitrogênio  no   ferro,  

com   valores   de   até   18%   (SUN,   2005;   MÄNDL,   2002;   MOSKALIOVIENE,  

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2011),   com   estrutura   CFC   denominada   de   austenita   expandida   (γN).  

BLAWERT   et   al.   (2001)   realizaram   o   processo   Plasma   Imersion   Ion  

Implantation   –   PI   no   aço  AISI   304   e   verificaram  uma   supersaturação  de  

nitrogênio  próximo  de  7,0%wt  (25%at).  

O   sistema   sequencial   (imagem   d)   produz   uma   estrutura   em   camadas,   sendo   a  

camada   mais   superficial   a   camada   nitretada,   seguida   pela   camada   cementada.   A  

média  de  espessura  pra  fase  γN  foi  de  1,95±  0,04μm  enquanto  da  camada  cementada  

(γC)  apresentou  valores  médios  de  9,41±0,21μm.  

A   técnica   de   GDOES   (ou   GDS   –   Glow   Dischange   spectrometry)   permite   avaliar   a  

variação  da  concentração  química  dos  principais  elementos  ao  longo  da  profundida  

do  material  e  foi  utilizada  para  determinar  a  profundidade  das  camadas  modificadas  

a  plasma,  e   realizar  uma  comparação  com  o  método  de  microscopia  eletrônica  de  

varredura.   Na   Figura   4.2   são   apresentadas   as   curvas   obtidas   por   GDOES   para   os  

sistemas  tratados.  

 

 a)  Perfil  da  concentração  de  carbono  e  nitrogênio  por  GDOES  do  sistema  nitretado  

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 b)  Perfil  da  concentração  de  carbono  e  nitrogênio  por  GDOES  do  sistema  cementado  

 c)  Perfil  da  concentração  de  carbono  e  nitrogênio  por  GDOES  do  sistema  sequencial  

Figura   4.2:   Perfis   de   concentração   de   carbono   e   nitrogênio   por   GDOES   dos   sistemas   tratados  

(DUARTE,  2014)  

 O  sistema  nitretado  é  apresentado  na   imagem  a.  A  região  de  alta  concentração  de  

nitrogênio   alcança   valores   de   até   17%   em   peso.   Além   disso   é   possível   observar  

concentrações   de   nitrogênio   até   aproximadamente   10μm.   Em   uma   rápida  

comparação  com  a  camada  nitretada  entre  GDEOS  e  MEV,    DUARTE  (2014)  discursa  

que   a   camada   de   2,7μm   revelada   por   MEV   tem   relação   com   a   região   de   maior  

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concentração   dos   elementos   químicos.   A   alta   concentração   do   nitrogênio   obtida  

pelo  processamento  a  plasma  resulta  em  um  alto  ganho  de  dureza  do  sistema.  

Na  Figura  4.2  b,  que  apresenta  o  sistema  carbonetado  a  plasma,  pode-­‐se  observar  

uma  maior  difusão  do  carbono  em  comparação  com  o  sistema  nitretado.  Próximo  a  

superfície  o  sistema  atinge    um  máximo  de  0,8%  em  peso  de  carbono  e  a  difusão  se  

estende   até   uma   profundidade   de   30μm.   A   concentração   de   0,5%   em   peso   é  

observada  até   aproximadamente  15μm.   Essa   concentração  pode   ser   relacionada  a  

camada   rica   em   carbono   revelada   por   MEV,   que   tem   profundidade   média   de  

11,31μm  (Figura  4.1).  

Segundo   SUN   (2004),   citado   por   DUARTE   (2014),   “a   distribuição   do   carbono  

apresentado  no   tratamento  de   cementação  a  plasma,   é   favorável   e   essencial   para  

formar  uma  interface  do  tipo  difuso,  alcançando  um  elevado  grau  de  rigidez  e  uma  

maior  capacidade  para  suportar  cargas”.  

O   sistema   sequencial   (Figura   4.2   c)   apresenta   o   nitrogênio   difundido   até  

aproximadamente   10μm   e   o   carbono   até   35μm.   O   pico   de   concentração   do  

nitrogênio  é  de  19%  em  peso  e  este  se  encontra  em  altas  concentrações  até  quase  

5μm.  O  carbono,  diferentemente  do  primeiro,  apresenta  maior  concentração  entre  

10  e  20μm,  tendo  um  pico  de  1,3%  em  peso    por  volta  de  12μm.    

Segundo  DUARTE  (2014):  

Como  o  sistema  é  sequencial  o   resultado  de  GDOES  mostra  que  a  curva  

do   nitrogênio   está   em   profundidades   menores   do   que   a   curva   do  

carbono,  isso  se  deve  a  difusão  dos  átomos  de  nitrogênio  que  é  menor  do  

que   a   difusão   dos   átomos   de   carbono.   Este   fato   é   relatado   em   outros  

trabalhos   e   de   acordo   com   TSUJIKAWA   (2005),   o   carbono   é   difundido  

além  da   camada  nitretada,   ou   seja,   o   carbono  é   acumulado   à   frente  da  

camada  nitretada.  A  alta  concentração  de  carbono  na  superfície  diminuiu  

acentuadamente   na   camada   nitretada.   Esta   concentração   de   carbono  

pode  ser  descrito  pelo  modelo  Trap  (aprisionamento),  onde  o  nitrogênio  

é   aprisionado   na   camada   superficial,   provavelmente   devido   à   ligação  

química   com   o   cromo.   Onde,   a   energia   de   ligação   do   carbono   com   o  

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cromo  é  menor  do  que  a  do  nitrogênio  com  o  cromo;  0,107  e  0,193  eV,  

respectivamente.  Assim,  o  carbono  difundirá  mais  para  espaços  interiores  

do  aço.    

Os   ensaios   de   ultra-­‐microdureza   foram   feitos   como   forma   de   rastrear   a  

profundidade  de  modificação  superficial  e  analisar  a  dureza  dos  sistemas.  Para  todos  

os   sistemas   foi   utilizada   uma   força   de   100mN.  Na   Figura   4.3   são   apresentados   os  

gráficos  de  dureza,  das  medidas  efetuadas  no  aço  AISI  316L  sem  tratamento  e  dos  

sistemas  nitretado,  cementado  e  sequencial  em  função  da  profundidade.  

   a)  Aço  inoxidável  AISI  316L   b)  Sistema  nitretado  

   c)  Sistema  cementado   b)  Sistema  sequencial  

Figura   4.3:  Medidas   de   ultra-­‐microdureza   transversal   do   aço   sem   tratamento   e   para   os   sistemas  

processados  a  plasma  (DUARTE,  2014)  

 O   aço   inoxidável   sem   tratamento   apresentou   um   valor   médio   de   dureza   de  

2,7±0,298  GPa.  

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O   sistema   nitretado   (Figura   4.3   b)   apresentou   uma   dureza   na   superfície   de  

aproximadamente   4,8GPa,   que   corresponde   a   um   aumento   de   dureza   de   77,8%  

comparado  a  dureza  do  substrato  (2,7GPa).  A  dureza  diminui  alcançando  valores  de  

dureza  do  aço  não  tratado,  em  torno  de  40μm.  SUN  et  al.  (2005,  2006)  relatam  em  

diferentes  trabalhos  que  no  sistema  unicamente  nitretado,  a  dureza  é  constante  ao  

longo  da   fina  camada  nitretada  e  ela  sofre  uma  queda  abrupta  na   interface  com  o  

substrato.  Como  a  camada  nitretada  é  de  espessura  muito  fina,  em  testes  de  ultra-­‐

microdureza   com   cargas   de   100mN,   é   difícil   obter   os   valores   de   dureza  

correspondente  a  camada  nitretada.    

As  medidas  do  perfil  de  dureza  do  sistema  cementado  revelaram  que  a  dureza  tem  

valores  mais  baixos  na  superfície  (3,5GPa),  comparando-­‐se  ao  do  sistema  nitretado,  

e   a   diminuição   da   dureza   ocorre   gradualmente   a   partir   da   superfície   e   reduz   ao  

longo  da  profundidade  de  tratamento  até  chegar  no  aço  AISI  316L  não  tratado,  onde  

a  dureza  é  de  2,7GPa.  Estima-­‐se  que  a  profundidade  de  modificação  superficial  foi  de  

cerca  de  50μm.  

A   profundidade   de   modificação   superficial   do   sistema   sequencial   foi  

aproximadamente   80μm,   com   dureza   da   camada   nitretada   superficial   de   5,5GPa  

aproximadamente,  correspondendo  a  103,7%  de  aumento  na  dureza,  comparado  à  

amostra   de   referência   sem   tratamento   (2,7GPa).   Nota-­‐se,   que   a   dureza   diminui  

gradualmente   a   partir   da   superfície,   até   chegar   à   região   de   difusão.   Conforme  

relatos  de  vários  autores  (SUN  2005,  SUN  et  al.  2006),  o  perfil  de  dureza  produzido  

pelo  processo  híbrido,  combina  as  características  tanto  da  camada  nitretada  quanto  

da   camada   cementada,   onde   é   alcançada   uma   dureza   muito   elevada   na   camada  

enriquecida   por   nitrogênio   e   a   dureza   diminui   gradualmente   para   a   camada  

enriquecida  por  carbono,  sendo  que  esta  diminuição  ocorre  em  direção  a  região  de  

difusão.    

 

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4.2 Desgaste  por  deslizamento  

Os  ensaios  de  desgaste  pino  sobre  disco  foram  realizados  com  uma  força  normal  de  

15N,  velocidade  tangencial  de  0,2m/s  e  um  contracorpo  WC/Co,  sendo  garantida  a  

reprodutividade  de  curvas  de  desgaste.  Dos  ensaios  são  obtidas  curvas  de  distância  

percorrida   versus   coeficiente   de   atrito.   As   curvas   obtidas   para   uma   distância  

percorrida  total  de  1200m  são  apresentadas  na  Figura  4.4.  

 a)  Aço  inoxidável  autenítico  AISI  316L  

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 b)  Sistema  nitretado    

 c)  Sistema  cementado  

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 d)  Sistema  sequencial  

Figura   4.4:  Coeficiente  de  atrito  do  aço   inoxidável  austenítico  AISI  316L  sem  tratamento  e  sistemas  

processados  a  plasma  (DUARTE,  2014)  

As  curvas  em  duplicata  do  comportamento  do  aço   inoxidável  austenítico  AISI  316L  

durante   o   ensaio   de   desgaste   por   deslizamento   são   apresentadas   na   Figura   4.4  a.  

Pode-­‐se   observar   o   período   denominado   de   running-­‐in.   Segundo   DUARTE   (2014)  

este   período   foi   de   aproximadamente   0,61min.   Ele   é   seguido   de   um   período  

denominado  regime  permanente,  onde  uma  força  de  atrito  constante  está  presente.  

O   coeficiente  de  atrito   gira   em   torno  de  0,7  e  um  alto   ruído  é  observado  durante  

todo   o   ensaio,   tendo   como   possível   causa   a   interação   entre   as   asperezas   das  

superfícies  durante  o  desgaste.      

Na  Figura  4.4  b  é  apresentada  a  curva  de  desgaste  do  sistema  nitretado.  Observa-­‐se  

que,   diferentemente   do   aço   sem   tratamento,   o   sistema   nitretado   apresenta  

transições  no  coeficiente  de  atrito.  Inicialmente  temos  um  período  de  running-­‐in  de  

0,33min   ou   uma   distância   de   escorregamento   associada   de   2,38m.   Após   este  

período   a   curva   atinge   um   pico   e   em   seguida   tem-­‐se   uma   ligeira   queda   no  

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coeficiente.   Esta   queda   culmina   num   período   que   se   assemelha   ao   regime  

permanente   do   aço   sem   tratamento.   Para   uma   melhor   análise   das   transições  

presentes  na  curva  de  deslizamento,  testes  com  distâncias  parciais  foram  realizados  

a   partir   da   análise   da   curva   do   teste   para   1200m.   As   curvas   parciais   para   as  

distâncias  percorridas  de  25  e  50m  são  apresentadas  na  Figura  4.5.  

 a)  Curva  de  desgaste  parcial  de  coeficiente  de  

atrito   versus   tempo   de   deslizamento   para   o  

aço   nitretado   com   distância   percorrida   de  

25m    

 b)  Expansão  da  curva  de  coeficiente  de  atrito  

versus  tempo  de  deslizamento  para  o  sistema  

nitretado  com  distância  de  desgaste  de  50m    

Figura   4.5:   Curvas   de   coeficiente   de   atrito   para   distâncias   parciais   de   deslizamento   do   sistema  

nitretado  (DUARTE,2014)  

 Na  Figura  4.5  a  pode-­‐se  observar  que  após  o  período  de  running-­‐in  uma  mudança  na  

inclinação  da  curva,  que  passa  a  ser  quase  constante.  Com  a  observação  da  Figura  

4.5   b   tem-­‐se   que   o   coeficiente   de   atrito   cresce   de   0,5   até   próximo   de   0,7   numa  

distância  de  deslizamento  de  35m.  Ocorre  então  uma  pequena  queda  no  coeficiente.  

DUARTE   (2014)   denomina   esse   período   de   desgaste   de   “regime   de   desgaste   por  

nitretação”,   levantando   a   hipótese   de   uma   correlação   com   a   região   rica   em  

nitrogênio.    

O   sistema  cementado  durante  os   testes  de  desgaste,   apresentado  na  Figura  4.5  c,  

também  sofre  transições  no  regime  de  desgaste.  O  período  de  running-­‐in  observado  

foi   de   1,34   min,   ou   uma   distância   de   deslizamento   de   9,61m.   Após   este   período  

inicial  pode-­‐se  distinguir  três  momento  diferentes:  o  primeiro  até  aproximadamente  

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100m,   o   segundo   até   450m   e   o   ultimo   que   vai   até   o   final   do   teste.   Este   ultimo  

período   é   bem   próximo   do   comportamento   do   aço   sem   tratamento.   Nota-­‐se   um  

ruído   de   maior   intensidade   do   que   para   o   aço   AISI   316L   e   o   sistema   nitretado  

durante   todo   o   ensaio   de   deslizamento.   A   Figura   4.6   apresenta   as   curvas   de  

deslizamento  parcial  para  as  distâncias  de  50,  100  e  450m.  

 a) Curva  expandida  do  teste  de  desgaste  por  deslizamento  para  50  m    

 

 

b)  Curva   expandida  do   teste  de  desgaste  por  

deslizamento  para  150  m    

 

 

c)  Curva  expandida  do  teste  de  desgaste  por  deslizamento  para  500  m    

Figura  4.6:  Curvas  expandidas  do  teste  de  desgaste  por  deslizamento  do  sistema  cementado  para  as  

distâncias  de  50,  150  e  500m  (DUARTE,  2014)  

Na  curva  expandida  para  uma  distância  de  50m  (Figura  4.6  a)  fica  evidente  o   inicio  

de   um   regime   permanente   permanente   após   o   fim   do   período   de   running-­‐in.   O  

coeficiente  de  atrito  fica  entre  0,55  e  0,7.  Como  pode  ser  observado  na  Figura  4.6  b  

este   período   se   mantem   até   um   distância   de   deslizamento   de   90m,   onde   o  

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coeficiente   cai   para   0,5.   DUARTE   (2014)   denomina-­‐o   de   “regime   de   desgaste   por  

cementação”  e   relaciona  a  um  mecanismo  de  desgaste   intrínseco  a   região   rica  em  

carbono.   Após   a   queda   no   coeficiente   de   atrito,   há   um   aumento   gradual   até   a  

distância   de   450m,   onde   se   estabiliza   em   torno   de   0,7,   mesmo   valor   do   regime  

permanente  para  o  aço  sem  tratamento.  

Na   Figura   4.4   d   tem-­‐se   a   curva   do   coeficiente   de   atrito   durante   o   teste   de  

deslizamento   para   o   sistema   sequencial   (nitretação   +   cementação).   Pode-­‐se  

distinguir  após  o  running-­‐in,  com  o  tempo  de  0,52  min,  quatro  períodos  de  desgaste  

diferentes,  até  50m,  entre  50  e  250m,  entre  250  e  500m  e  após  500m.  A  Figura  4.7  

apresenta  a  curva  exploratória  do  sistema  sequencial  com  uma  distância  percorrida  

de  3000m.  

 

Figura  4.7:  Curva  de  desgaste  exploratória  do  sistema  sequencial  com  distância  de  deslizamento  de  

3000m  (DUARTE,  2014)  

Na   Figura   4.7   é   observado   uma   mudança   no   comportamento   de   desgaste   após  

1700m,   regime   muito   semelhante   ao   aço   sem   tratamento.   Um   ruído   de   maior  

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intensidade  do  que  nos  outros   sistemas  está  presente,  principalmente  após  500m.  

Pode-­‐se   dizer   que   os   mecanismos   de   desgaste   do   sistema   sequencial   são   mais  

complexos   que   os   demais   sistemas   e,   se   observarmos   a   Figura   4.2   c,   essa  

complexidade  esta  relacionada  ao  perfil  de  composição  de  carbono  e  nitrogênio  ao  

longo  da  profundidade  do  material.  A  cada  ponto  teremos  uma  liga  de  composição  

diferente   e,   consequentemente,   propriedades   diferentes.   Na   Figura   4.8   são  

apresentadas  as  curvas  expandidas  do  sistema  sequencial  para  as  distâncias  de  150  e  

550m.  

 a)   Curva   expandida   do   coeficiente   de   atrito  

para  sistema  sequencial  para  150m  

 

b)  Expansão  da  curva  de  coeficiente  de  atrito  

para  o  sistema  sequencial  para  550m  

Figura  4.8:  Expansão  da  curva  de  coeficiente  de  atrito  versus  tempo  de  deslizamento  para  o  sistema  

sequencial  com  distância  de  deslizamento  de  150  e  550m  

Observa-­‐se  que  após  o  running-­‐in  temos  um  período  de  valores  coeficiente  de  atrito  

quase  constantes  (Figura  4.8  a),  com  coeficiente  em  torno  de  0,55  até  uma  distancia  

de  35m,  que  DUARTE  (2014)  definiu  como  o  período  de  “desgaste  por  nitretação”.  

Após   uma   queda   para   valores   abaixo   de   0,5,   o   coeficiente   então   cresce  

gradativamente  até  o  valor  de  0,7  a  uma  distância  de  180m  e  volta  a   cair  até  0,6,  

permanecendo  constante  entrem  250  e  500m.  Depois  deste  patamar  o  teste  entra  

na  região  onde  grandes  oscilações  no  coeficiente  estão  presentes.  

 

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  46  

4.2.1 Profundidade  das  trilhas  de  desgaste  

 A  análise  de  perfilometria  2D  permitiu  determinar  a  profundidade  média  das  trilhas  

de  desgaste.  Na  Figura  4.9  é  apresentado  os  resultados  da  perfilometria  2D  para  os  

sistemas  para  a  distância  percorrida  de  1200m.  

 

a)  Perfil  2D  da  trilha  de  desgaste  do  aço  inoxidável  AISI  316L  

 

b)    Perfil  2D  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  nitretado  

 

c)  Perfil  2D  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  cementado  

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  47  

 

d)  Perfil  2D  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  sequencial  

Figura   4.9:  Perfilometria  2D  da   trilha  de  desgaste  para  distância  de  deslizamento  de  1200m  do  aço  

sem  tratamento  e  processado  a  plasma  (DUARTE,  2014)  

 

O   resultado  da  análise  de  perfilometria  2D   (Figura  4.9)  mostra  que  o   sistema  mais  

efetivo   contra  os  desgaste  nas   condições  dos   testes   foi   o   sistema   sequencial,   com  

profundidade  para  1200m  de  deslizamento  de  29,3μm.  O  aço   sem  tratamento  e  o  

sistema   nitretado   possuem   profundidades   bem   próximas,   418   e   405,5   μm  

respectivamente,  sendo  o  sistema  nitretado  o  menos  efetivo.  O  sistema  cementado  

apresenta   certa   melhoria   com   relação   ao   aço   inoxidável   AISI   316L,   tendo   um  

redução   de   22%   na   profundidade   da   trilha,   325,5   μm.   Observa-­‐se   que   os   três  

primeiros  sistemas  (Figura  4.9  a,  b  e  c)  possuem  um  perfil  de  desgaste  semelhando.  

Somente   a   sistema   sequencial   (Figura   4.9   d)   destoa   dos   demais,   tendo   um   perfil  

menos  suave  e  bem  mais  acentuado  na  região  central  da  trilha.  

A   Tabela   4.3   apresenta   os   valores   das   profundidades  médias   dos   quatro   sistemas  

para   distância   percorrida   de   1200m,   assim   como   dos   ensaios   parciais   para   os  

sistemas  nitretado,  cementado  e  sequencial.  

Comparando  os  resultado  para  a  distância  de  deslizamento  de  50m  para  o  sistema  

nitretado   e   sequencial   (Tabela   4.3)   é   percebido   que   a   presença   do   carbono   no  

sistema  sequencial  diminui  a  profundidade  de  desgaste  para  a   camada  superficiais  

(9,6  μm  contra  42,9  μm).  Foi  observado  que  sistema  cementado  apresenta  melhor  

desempenho   até   450m   de   deslizamento,   superando   o   sistema   sequencial,   o   que  

mostra   que   o   processo   de   cementação   melhora   as   características   tribológicas   do  

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material   até   um   certa   profundidade.   Isso   fica   evidenciado   ao   comparar   a  

profundidade  da  trilha  do  sistema  cementado  e  sequencial  para  a  distância  de  450  e  

500m  (9,8  e  19  μm)  e  para  a  distância  final.  Praticamente  todo  o  desgaste  do  sistema  

cementado   se   dá   após   450m.   Pela   Tabela   4.2   verifica-­‐se   que   para   a   distância   de  

450m  o  sistema  ainda  situa-­‐se  dentro  da  camada  rica  em  carbono,  que  é  de  11,51  

μm.   Pode-­‐se   dizer   que   o   regime   de   desgaste   associado   a   região   rica   em   carbono  

favorece  a  um  desgaste  moderado  do  material.    

Tabela  4.3:  Profundidades  das  trilhas  de  desgaste  para  os  quatro  sistemas  na  distância  de  1200m  e  

para  distâncias  parciais  (DUARTE,  2014)  

Sistema   Distância  (m)   WT  (μm)  

Aço  AISI  316L   1200   418,0  ±  4,20  

Nitretado   1200   405,5  ±  4,95  

Cementado   1200   325,5  ±  3,54  

Sequencial  (N+C)   1200   29,3  ±  3,10  

Nitretado   200   99,7  ±  0,42  

Nitretado   50   42,9  ±  1,20  

Nitretado   25   5,6  ±  0,02  

Cementado   450   9,8  ±  0,88  

Cementado   100   7,7  ±  0,63  

Cementado   50   5  ±  0,91  

Sequencial   500   19  ±  0,98  

Sequencial   250   12,7  ±  0,91  

Sequencial   50   9,6  ±  0,23  

 

4.2.2 Trilhas  de  desgaste  

A   Figura   4.10   apresenta   as   imagens   da   microscopia   eletrônica   de   varredura   por  

elétrons  retroespalhados  (MEV  –  BEI)  das  trilhas  de  desgaste  do  aço  sem  tratamento  

para  a  distância  de  1200m,  do  sistema  nitretado  a  plasma  para  as  distâncias  de  25,  

50,  200  e  1200m,  do  sistema  cementado  para  as  distâncias  de  deslizamento  de  50,  

100,  450  e  1200m  e  do  sistema  sequencial  (N+C)  para  50,  250,  500  e  1200m.  

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 a)  AISI  316L  –  1200m  (100x  -­‐  BEI)  

   b)  Sistema  nitretado  –  25m  (100x  -­‐  BEI)   c)  Sistema  nitretado  –  50m    (100x  -­‐  BEI)  

   d)  Sistema  nitretado  –  200m  (100x  -­‐  BEI)   e)  Sistema  nitretado  –  1200m  (50x  -­‐  BEI)  

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  50  

   f)  Sistema  cementado  –  50m  (100x  -­‐  BEI)   g)  Sistema  cementado  –  100m  (100x  -­‐  BEI)  

   h)  Sistema  cementado  –  450m  (100x  -­‐  BEI)   i)  Sistema  cementado  –  1200m  (100x  -­‐  BEI)  

   j)  Sistema  sequencial  –  50m  (100x  -­‐  BEI)   k)  Sistema  sequencial  –  250m  (100x  -­‐  BEI)  

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   l)  Sistema  sequencial  –  500m  (100x  -­‐  BEI)   m)  Sistema  sequencial  –  1200m  (100x  -­‐  BEI)  

Figura  4.10:  MEV  das  trilhas  de  desgaste  do  aço  sem  tratamento  e  tradado  a  plasma  para  diferentes  

distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  

 

A  Figura  4.10  a  apresenta  a  imagem  obtida  por  elétrons  retroespalhados  da  trilha  do  

aço  austenítico  AISI  316L.  A  largura  média  da  trilha  foi  de  2384  ±  30μm.  Observa-­‐se  

dentro   da   trilha   regiões   escuras.   A   análise   via   EDS   dos   pontos   escuros  mostra  

que   estes   são   óxidos   formados   durante   o   desgaste.   Os   resultados   da  

quantificação  do  espectro  de  EDS  dos  pontos  escuros  da   trilha  de  desgaste  são  

apresentados  na  Tabela  4.4.    

Tabela  4.4:  Quantificação  do  espectro  EDS  dos  pontos  escuros  da  trilha  de  desgaste  do  aço  inoxidável  

AISI  316L  sem  tratamento  (DUARTE,  2014)  

Elemento   C   N   Cr   Ni   Mo   O   Si   Mn   Fe   W  

%  atômica   11,32   3,21   10,62   5,22   0,82   27,49   0,86   1,08   39,05   0,32  

 

A   Figura   4.10  b,   c,  d   e  e  mostram  as   imagens  MEV-­‐BEI   das   trilhas   de  desgaste   do  

sistema   nitretado   para   as   distâncias   de   25,   50,   200   e   1200m,   respectivamente.   É  

observado  um  aumento  na  largura  da  trilha  de  desgaste  com  o  aumento  da  distância  

percorrida,   ligado   ao   aumento   da   área   de   contato   entre   a   esfera   e   a   amostra   à  

medida  que  o  material   é   removido  da   superfície.   A   largura  média   da   trilha   para   a  

distância  de  25m  foi  de    180  ±  4,1μm  e  são  encontradas  poucas  regiões  escuras  de  

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óxido   e   estas   se   estão   bem   dispersas.   Na   distância   percorrida   de   50   a   largura  

média  da  trilha  de  desgaste  foi  de  966  ±  23μm    e  de  1560  ±  25μm  para  200m.  As  

regiões   escuras   nas   duas   distâncias   são   bem   semelhantes:   se   encontram   em  

maiores   concentrações  que  para  25m  e   se   concentram  em  poucos   lugares,  não  

sendo   observado   uma   continuidade   do   oxido.   Já   para   1200m,   que   tem   uma  

largura  média   da   trilha   de   desgaste   observada   de   2832  ±   66μm,   as   regiões   de  

oxido  estão  menos  presentes,  com  a  mesma  característica  que  para  as  distâncias  

anteriores.   A   largura   da   trilha   para   o   sistema   nitretado   ao   final   dos   1200m  

supera  a  observada  para  o  aço  inoxidável  sem  tratamento.  

DUARTE   (2014)   observou   para   o   sistema   nitretado   através   mapeamento   por  

raios-­‐x  da  trilha  de  desgaste:  

Pelas   análises   de   mapeamento,   observa-­‐se   que   ocorreu   uma  

diminuição  progressiva  da   concentração  de  nitrogênio  nas   trilhas   de  

desgaste.  Com  a  distância  de  25m,  a  trilha  de  desgaste  apresentou  uma  

forte  presença  de  nitrogênio.  A  concentração  de  oxigênio  foi  reduzida  

nas  diferentes  distâncias  de  desgaste,  sendo  que  na  trilha  de  desgaste  

com  a  distância  de  25m  (imagem  i)  apresentou  a  maior  concentração  

de  oxigênio.  Este   resultado   reforça  que  o  desgaste   tem  o  mecanismo  

oxidativo  em  operação.    

As  imagens  f,  g,  h  e  i  da  Figura  4.10  apresentam  as  trilhas  de  desgaste  do  sistema  

cementado   para   as   distâncias   percorridas   de   50,   100,   450   e   1200m.   Elas  

mostram  um  aumento  da  largura  média  da  trilha  de  desgaste  com  o  aumento  da  

distância  percorrida.  Para  50m,  a  largura  média  da  trilha  foi  de  182  ±  29μm.  As  

regiões  de  óxido  são  poucas  e  dispersas,  próximo  ao  observado  para  o  sistema  

nitretado  para  25m.  Após  100m  percorridos,  a  largura  média  da  trilha  foi  de  509  

±   10μm   e   uma   continuidade   da   região   escura   é   notada.   Esta   se   concentra   em  

duas   faixas  bem  homogêneas  na   trilha  de  desgaste,  prováveis  zonas  de  contato  

entre  a  esfera  e  a  amostra.  A  largura  média  da  trilha  para  a  distância  de  450m  foi  de    

810  ±  42μm.  Uma  grande  concentração  de  regiões  escura  é  percebida,  mas  sem  a  

continuidade   observada   para   100m.   Marcas   de   deformação   plástica   estão  

presentes   na   parte   interna   da   trilha.   As   regiões   de   oxido   estão   bem   menos  

presentes  para  a  distância  de  1200m  e  se  assemelha  com  o  sistema  nitretado  a  

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mesma  distância.  Pode-­‐se  notar  nas  bordas  da  trilha  uma  certa  continuidade  no  

óxido  formado.  A  largura  da  trilha  foi  de  2883  ±  128μm,  para  esta  distância.  

Utilizando   o   mapeamento   por   raios-­‐x   da   trilha   de   desgaste   DUARTE   (2014)  

resume:  

Observa-­‐se   para   o   sistema   cementado   a   plasma,   uma   alta  

concentração  de  oxigênio  nas   trilhas  de  desgaste,   sendo  que  a  maior  

concentração   foi   apresentada   a   partir   da   distância   percorrida   de  

100m.   Isso  pode  explicar  o  comportamento  oscilatório  do  coeficiente  

de  atrito  durante  o  ensaio  por  deslizamento  (mecanismo  de  oxidação,  

com   destacamento   e   formação   de   óxidos).   Observa-­‐se   que   com   o  

aumento   da   distâncias   de   desgaste   ocorre   uma   diminuição   da  

concentração  de  oxigênio.    

Nas   imagens   do   carbono   é   possível   observar   que   o   carbono   está  

presente   ao   longo   de   todo   o   teste   de   desgaste   do   aço,   apresentando  

uma  diminuição  lenta  dentro  da  trilha  com  o  aumento  da  distância  de  

desgaste.  

Na  imagem  j  da  Figura  4.10  evidencia-­‐se  uma  largura  média  de  182  ±  2,6μm  para  

a  distância  de  50m  do   sistema  sequencial.  As   regiões  de  óxido  estão  presentes  

em  pequena  concentração  e  mais  próximas  que  para  o  sistema  cementado  para  

50m   (imagem   f).   A   largura  média   para   a   distância   de   250m   foi   de   504   ±   9μm  

(imagem   k).   Poucas   regiões   escuras   e   dispersas,   como   para   50m,   estão  

presentes.   A   Figura  4.10   l   apresenta   a   imagens  MEV-­‐BEI   do   sistema   sequencial  

para   500m,   onde   a   largura  média   da   trilha   de   desgaste   foi   de   605   ±   9,1μm.   A  

concentração  do  óxido  na  trilha  tem  maior  intensidade  para  essa  distância  e  este  

se   encontra   de   maneira   mais   agrupada.   Para   1200m   (imagem  m),   a   largura  

média  da  trilha  de  desgaste  foi  de  879  ±  18,2μm,  menor  largura  observada  para  

esta  distância  entre  os  quatro  sistemas.  Tem-­‐se  uma  diminuição  na  concentração  

das   regiões   escuras   com   relação   a   500m,   porém   é   a   maior   evidenciada   para  

1200m.  Fica  evidente  nas  imagens  de    j  a  m  que  a  largura  da  trilha  aumenta  com  

a  distância  de  deslizamento,  devido  ao  aumento  da  área  de  contato  entre  a  esfera  

e  a  amostra  com  o  passar  do  teste.  

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 Segundo  DUARTE  (2014),  em  sua  análise  do  mapeamento  por  raios  X  do  sistema  

sequencial  para  as  diferentes  distâncias  de  deslizamento:  

No  sistema  sequencial  a  maior  queda  de  nitrogênio  se  dá  em  torno  de  

100m.   No   sistema   só   nitretado   esta   queda   se   deu   em   50m.   Este  

resultado   sugere   uma   maior   penetração   de   nitrogênio   no   sistema  

sequencial.  Para  distâncias  superiores  a  250m,  já  não  se  observa  quase  

nenhum  nitrogênio.    

A  medida  que  a  profundidade  de  desgaste  aumenta,  observa-­‐se  que  é  

maior  a  presença  de  carbono.  A  camada  superior  é  rica  em  nitrogênio,  

assim   o   carbono   está   em   maiores   profundidades.   Na   distância   de  

1200m,   existe   a   presença   de   alto   teor   de   carbono,   confirmando  

resultados   anteriores   que   sugerem   a   influência   da   cementação   a  

plasma  até  distâncias  de  deslizamento  em  torno  de  1700m    

Em  todas  as  distância  foi  verificado  a  presença  de  oxigênio  nas  trilhas  

de  desgaste.  Um  mecanismo  de  desgaste  oxidativo   controla  o   regime  

de  desgaste,  neste  caso,  desgaste  brando.    

 

4.2.3 Partículas  de  desgaste  

 A   análise   por   MEV   dos   debris   gerados   no   ensaio   de   desgaste   para   o   aço  

inoxidável  AISI  316L,  para  a  distância  de  deslizamento  de  1200m,  é  apresentada  

na  Figura  4.11.    

Observa-­‐se,   com   a   Figura   4.11,   que   os   debris   de   desgaste   para   o   aço   sem  

tratamento   apresentam   partículas   em   sua   maioria   de   tamanho   grande   e   uma  

coloração   metálica   e   brilhante.   Segundo   DUARTE   (2014)   as   características  

encontradas  corroboram  com  o  mecanismo  de  desgaste  adesivo.  

 

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a)  Aço  AISI  316L  –  300x b)  Aço  AISI  316L  –  1000x

Figura  4.11:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  aço  inoxidável  AISI  316L  

para  1200m  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  

 As  imagens  a,  b,  c,  d,  e  e  f  da  Figura  4.12  apresentam  a  analise  por  MEV  dos  debris  

de  desgaste  do  sistema  nitretado  para  as  distâncias  de  25,  50  e  200m.  

a) Nitretado 25m – 300x c) Nitretado 50m – 300x e) Nitretado 200m – 300x

b) Nitretado 25m – 1000x d) Nitretado 50m – 1000x f) Nitretado 200m – 1000x Figura   4.12:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do   sistema  nitretado  para  

diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  

 

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  56  

Observa-­‐se   na   Figura   4.12   que   os   debris   coletado   para   25m   (imagens   a   e   b)  

apresentam   tamanho  menor   que   as   partículas   geradas   para  maiores   distâncias   de  

deslizamento.   As   partículas   geradas   para   a   distância   de   50m   (imagens   c   e   d)    

também   são   em   sua   maioria   de   pequenos,   contendo   apenas   uma   pequena  

concentração  de  grãos  maiores.  Para  a  distância  de  200m  (imagens  e  e  f)  os  debris  

são  semelhantes  ao  aço  sem  tratamento  para  1200m  (Figura  4.11),  onde  tem-­‐se  uma  

grande   quantidade   de   partículas   grandes.   Segundo   DUARTE   (2014),   os   debris  

maiores   são   provenientes   do   substrato   que   apresenta   uma   menor   resistência   ao  

desgaste  que  a  camada  superficial  tratada  a  plasma.  A  analise  semi-­‐quantitativa  por  

EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  nitretado  é  apresentada  na  Tabela  4.5.  

Tabela  4.5:  Análise  semi-­‐quantitativa  por  EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  nitretado  (DUARTE,  

2014)  

Elementos   C   N   O   Fe   Cr   Ni   Mn   Mo   Si   W  

%  atômica  (25m)   10,61   4,70   46,15   32,26   3,06   1,70   0,53   0,24   0,39   0,36  

%  atômica  (50m)   19,69   2,23   49,18   18,25   5,02   3,01   0,64   0,52   0,53   0,92  

%  atômica  (200m)   15,50   2,57   48,84   22,07   5,69   3,23   0,67   0,56   0,32   0,54  

 

Na  Tabela  4.5  nota-­‐se  uma  concentração  maior  de  nitrogênio  para  25m  que  para  

as  demais  distância.  DUARTE  (2014)  relaciona  esta  maior  concentração  a  região  

rica   em   nitrogênio   do   sistema.   O   oxigênio   se   encontra   em   altos   valores  

percentuais,  sendo  menores  para  a  distância  de  25m.  Esse  fato  permite  dizer  que  

há  presença  de  oxido  nas  partículas  de  desgaste.    

A  Figura  4.13  apresenta  os  debris  coletados  do  sistema  cementado.    

a) Cementado 50m – 300x c) Cementado 100m – 300x e) Cementado 450m – 300x

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b) Cementado 50m – 1000x d) Cementado 100m – 1000x f) Cementado 450m – 1000x Figura  4.13:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  cementado  para  

diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  

Nota-­‐se  na  Figura  4.13  que  para  a  distância  de  50m  (imagens  a  e  b)    as  partículas  

apresentam  um  tamanho  pequeno,  com  poucas  partículas  de  tamanhos  médios.  

A  distância  de  100m   (imagens  c  e  d),  assim  como  para  450m  (imagens  e  e  f),  as  

partículas  possuem   tamanhos   variados,   sendo   encontrado  principalmente  para  

100m   particulados   bem   grosseiros.   Os   debris   recolhidos   a   450m   são  

semelhantes  aos  recolhidos  para  o  sistema  nitretado  para  200m  (Figura  4.12  e  e  

f).  A  coloração  dos  debris   recolhidos  é  marrom.  Os   resultados  da  analise   semi-­‐

quantitativa  dos  debris  de  desgaste  são  apresentados  na  Tabela  4.6.  

Tabela   4.6:   Análise   semi-­‐quantitativa   por   EDS   dos   debris   de   desgaste   do   sistema   cementado  

(DUARTE,  2014)  

Elementos   C   N   O   Fe   Cr   Ni   Mn   Mo   Si   W  

%  atômica  (50m)   36,56   2,46   40,85   15,28   2,34   1,38   0,26   0,24   0,23   0,41  

%  atômica  (100m)   19,80   1,97   43,99   22,89   6,23   3,28   0,49   0,49   0,31   0,55  

%  atômica  (450m)   15,25   1,93   52,15   19,66   5,16   3,12   0,66   0,41   0,24   1,41  

 

Na  Tabela  4.6  nota-­‐se  que  a  concentração  de  carbono  diminui  com  o  aumento  da  

distância,   que   esta   relacionado   com   o   perfil   de   concentração   do   carbono   no  

sistema  cementado,  que   também  diminui  com  a  profundidade.  O  percentual  de  

oxigênio  aumenta  com  o  aumento  da  distância  que  pode  estar  relacionado  com  

um  aumento  do  caráter  oxidativo  do  desgaste,  sendo  mais  oxidativo  para  450m.  

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As  imagens  da  análise  por  MEV  dos  debris  gerados  no  ensaio  de  desgaste  para  o  

sistema   sequencial   são   apresentada   na   Figura   4.14:   Microscopia   eletrônica   de  

varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  diferentes  distâncias  de  

deslizamento  (DUARTE,  2014).  

a) Sequencial 50m – 300x c) Sequencial 250m – 300x e) Sequencial 500m – 300x

b) Sequencial 50m – 1000x d) Sequencial 250m – 1000x f) Sequencial 500m – 1000x Figura  4.14:  Microscopia  eletrônica  de  varredura  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  

diferentes  distâncias  de  deslizamento  (DUARTE,  2014)  

Na   Figura   4.14   observa-­‐se   que   com   o   aumento   da   distância   percorrida   há   um  

aumento  do  tamanho  das  partículas.  Os  debris  são  menores  e  mais  uniformes  para  

50m  (imagens  a  e  b),  enquanto  para  250m  (imagens  c  e  d)  e  500m  (imagens  e  e  f)  

uma  maior  dispersão  de  tamanhos,  sendo  encontrada  partículas  maiores  para  500m.  

As   imagens   para   500m   são   parecidas   com   as   do   sistema   cementado   para   100m  

(Figura   4.13   c   e  d)   levantando   a   hipótese   que   o  mesmo   regime   de   desgaste   está  

presente   em   ambos   os   casos.   A   analise   semi-­‐quantitativa   por   EDS   dos   debris   de  

desgaste  do  sistema  nitretado  é  apresentada  na  Tabela  4.7.  

 

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Tabela  4.7:  Análise  semi-­‐quantitativa  por  EDS  dos  debris  de  desgaste  do  sistema  sequencial  (DUARTE,  

2014)  

Elementos   C   N   O   Fe   Cr   Ni   Mn   Mo   Si  

%  atômica  (50m)   6,72   3,32   52,96   24,23   6,30   3,29   0,46   0,62   0,95  

%  atômica  (250m)   28,21   2,25   42,01   16,88   4,29   3,49   0,88   0,46   1,53  

%  atômica  (500m)   33,28   2,37   39,53   15,94   4,29   2,54   0,84   0,39   0,87  

 

A  Tabela  4.7  mostra  um  aumento  do  teor  de  carbono  nos  debris  com  o  aumento  da  

distância,  que  esta  ligado  a  profundidade  do  tratamento  de  cementação  no  sistema  

sequencial,   estando   presente   em   pequenas   concentrações   na   superfície.  

Obedecendo  o  perfil  de  concentração  do  tratamento,  o  nitrogênio  se  encontra  em  

maiores   concentrações   próximos   a   superfície   e   depois   permanece   constante.   As  

concentrações   de   desgaste   diminuem   com   o   passar   do   tempo,   o   que   indica   uma  

diminuição  de  óxidos  nas  partículas  de  desgaste.  

4.3 Análise  comparativa  

O  sistema  que  apresentou  melhor  resistência  ao  desgaste,  entre  os  quatro  sistemas  

estudados,   foi   o   sistema   sequencial.   Este   sistema   possui   um   comportamento   ao  

desgaste   mais   complexo,   observando   diferentes   transições   ao   longo   do   teste.  

Segundo  Duarte   (2014),  pode-­‐se  atribuir  um  regime  de  curto  período  associado  ao  

alto  teor  de  nitrogênio,  seguido  por  um  período  de  desgaste  associado  à  presença  de  

nitrogênio   e   carbono,   em   um   gradiente   crescente   de   carbono   e   decrescente   de  

nitrogênio,   um   terceiro   regime   associado   a   região   rica   em   carbono,   e   o   último  

regime,  para  longas  distâncias  de  deslizamento,  relacionada  ao  regime  permanente  

de  desgaste  do  aço  AISI  316L.  

O  sistema  nitretado  e  o  aço  sem  tratamento  têm  uma  resistência  ao  desgaste  bem  

semelhantes.   Embora   a   camada   nitretada   forneça   uma   alta   dureza,   a   pequena  

profundidade   de   difusão   do   nitrogênio   produzida   pelo   processamento   a   plasma  

melhora  as  características  tribológicas  do  material  apenas  por  um  curto  período  de  

deslizamento.  O  período  denomidado  “regime  de  desgaste  por  nitretação”  prevalece  

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até  uma  distância  de  deslizamento  de  35m.  Após  esse  ponto  o   sistema  passa  a   se  

comportar   como   o   aço   inoxidável   AISI   316L   que   é   conhecido   por   sua   baixa  

resistência  ao  desgaste.  

O  sistema  cementado  apresentou  valores  intermediários  de  desgaste.  Apesar  de  não  

apresentar   um   ganho   tão   grande   de   dureza   quanto   o   sistema   nitretado,   a   maior  

difusividade   do   carbono   na   austenita   leva   a   resultados   melhores   que   o   sistema  

nitretado.  Até  uma  distância  de  deslizamento  de  450m  o  sistema  apresenta  melhor  

resistência  ao  desgaste  que  o  sistema  sequencial.  

A  Tabela  4.8  agrupa  os  resultados  da  caracterização,  do  desgaste  por  deslizamento  e  

análise   das   partiguas   de   desgaste   para   o   aço   AISI   316L   e   os   sistemas   nitretado,  

cementado  e  sequencial.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  61  

Tabela  4.8:  Resumo  dos  resultados  observados  para  os  quatro  sistemas  

    AISI  316L   Nitretado   Cementado   Sequencial  Camada  MEV  (μm)         2,44   11,51   1,95  +  9,41  Perfilometria  (μm)  

1200m:  418,0   25m:  5,6   50m:  5,0   50m:  9,6  

    50m:  42,9   100m:  7,7   250m:  12,7       200m:  99,7   450m:  9,8   500m:  19,0  

    1200m:  405,5   1200m:  325,5   1200m:  29,3  GDOES  (%  peso)  -­‐  qualitativo  

    25m:  15%N   50m:  0,45%C   50m:  2,5%N  e  1,2%C  

        100m:  0,4%C   250m:  1,3%C  e  N>1%  

        450m:  0,4%C   500m:  0,9%C               1200m:  0,3%C  

Curva  de  desgaste  

coef.  0,7;  pouco  ruído          

coef.  cresce  0,5  a  0,7   coef.  Entre  0,55  a  0,7   coef.  cresce  0,5  a  0,7  

35m:  queda  coef.  0,55   100m:  queda  coef.  0,5   35m:  queda  coef.  0,6  coef.  0,7;  ruído  maior  que  aço  

até  450m:  crescimento  gradual  coef.  até  0,7  

até  250m:  crecimento  0,5  a  0,7  decrescimento  0,7  a  0,6  

        coef.  0,7;  alto  ruído   coef.    0,6;  pouco  ruído  

            coef.  0,6-­‐0,7;  muito  ruído  Trilha  MEV   1200m:  pouco  

óxido  espalhado  e  sem  continuidade          

25m:  pouco  óxido  bem  disperso  

50m:  pouco  óxido  bem  disperso  

50m:  pouco  óxido  bem  disperso  

50m:  óxido  concentrado  em  alguma  regiões  

100m:  faixas  contínuas  de  óxido  

250m:  pouco  óxido  bem  disperso  

200m:  óxido  concentrado  em  alguma  regiões  

450m:  faixas  contínuas  de  óxido;  menos  que  100m  

500m:  grande  quantidade  de  óxido  aglomerado  

    1200m:  pouco  óxido  espalhado  e  sem  continuidade  

1200m:  pouco  óxido  espalhado;  continuidade  nas  bordas  da  trilha  

1200m:  diminuição  do  óxido  com  relação  a  500m  

Partículas  de  desgaste  

1200m:  tamanho  variado;  maioria  grande  

25m:  particulas  pequenas  

50m:  particulas  pequenas  

50m:  particulas  pequenas;  poucas  de  tamanho  maior  

50m:  particulas  pequenas;  poucas  de  tamanho  maior  

100m:  tamanho  variado;  particulado  bem  grosseiro  

250m:  tamanho  variado;maioria  pequena  

 

200m:  tamanho  variado;  maioria  grande  

450m:  tamanho  variado;  algum  particulado  grosseiro  

500m:  tamanho  variado;  particulado  bem  grosseiro  

   

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  62  

5 Resultados  e  Discussão  

5.1 Análise  Microestrutural  da  Seção  Transversal  

A   análise   microestrutural   da   seção   transversal   tem   como   objetivo   caracterizar   o  

regime   de   desgaste   em   diferentes   períodos   para   o   aço   AISI   316L   e   os   sistemas  

processados   a   plasma.   Através   da   observação   por   Microscopia   Eletrônica   de  

Varredura  da  camada  superficial  e  do  estado  de  deformação  do  substrato  abaixo  da  

trilha  de  desgaste  é  possível  complementar  as  análises  dos  quatro  sistemas  e,  assim,  

chegar   a   uma   conclusão   do   comportamento   tribológico   nos   diferentes   períodos  

observados  na  Figura  4.4.    

Na  Figura  5.1  é  apresentada  a  micrografia   transversal  da   trilha  de  desgaste  do  aço  

inoxidável  316L  para  a  distância  de  deslizamento  de  1200m.  

   Figura  5.1:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  aço  AISI  316L  para  

uma  distância  de  deslizamento  de  1200m–  5000x  

 A   imagem  da   seção   transversal  da   trilha  de  desgaste  do  aço   inoxidável  austenítico  

AISI  316L  para  uma  distância  percorrida  de  1200m  (Figura  5.1)  foi  obtida  por  MEV-­‐

SEI   (elétrons   secundários)   e   foi   utilizada  devido   ao  melhor   contraste  da   imagem  e  

definição   dos   grão   austeníticos   que   os   elétrons   retroespalhados.   Observa-­‐se   na  

superfície,  que  apresenta  alta   rugosidade,  poucas   regiões  com  formação  de  óxidos  

que,  quando  presentes,  estão  em  uma  fina  camada.  Uma  deformação  importante  do  

substrato  é  notada  dentro  da  trilha  de  desgaste,  principalmente  abaixo  da  região  de  

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óxido.   Apesar   de   oxido   ser   encontrado   tanto   na   superfície   da   trilha   quanto   nas  

partículas  de  desgaste,  devido  a  baixa  resistência  do  substrato,  o  óxido  formado  não  

permanece  aderido  ao  substrato,  impedindo  a  formação  de  uma  camada  continua.  A  

presença   dos   óxidos   inibe   o   contato   metálico   das   superfície,   lubrificando   as  

superfícies,   o   que   reduz   a   perda   de   massa   (VIAFARA,   2010).   No   mecanismo   de  

adesão  há   uma   forte   interação   entre   as   asperezas   das   superfícies   e   a   deformação  

plástica.  Esse  processo  leva  a  transferência  de  material  entre  as  superfícies  levando  a  

uma   alta   taxa   de   desgaste   (desgaste   severo),   produzindo   superfícies   rugosas   e   as  

partículas  de  desgaste  são  basicamente  de  natureza  metálica,  igual  à  aparência  das  

superfícies.   Segundo  WANG   (2008)   a   presença   dos   tribóxidos   e   a   deformação   do  

substrato   determinam   o   regime   de   desgaste.   O   regime   de   desgaste   permanente  

para  o  aço  inoxidável  austenítico  AISI  316L  se  enquadra  em  um  regime  severo,  sendo  

o  principal  mecanismo  de  desgaste  a  adesão.  

A   Figura   5.2   apresenta   as   imagens   do   sistema   nitretado   para   a   distância   de  

deslizamento   25m   e   1200m.   A   25m   o   sistema   se   encontra   na   região   denominada  

“regime   de   desgaste   por   nitretação”   e   a   1200m   dentro   do   regime   permanente  

semelhante  ao  aço  sem  tratamento.  

   Figura  5.2:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  nitretado  

para  uma  distância  de  deslizamento  de  25m  –  5000x  

 

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   a)  Sistema  nitretado  1200m  –  400x   b)  Sistema  nitretado  1200m  –  5000x  

Figura  5.3:  Micrografia  Eletrônica  de  Varredura  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  nitretado  

para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m  

Na  Figura  5.2  é  apresentada  a  cross-­‐section  da  trilha  de  desgaste  para  a  distância  de  

deslizamento  de  25m  do   sistema  nitretado.   É  observado  que  para  esta  distância  a  

região   rica   em   nitrogênio   ainda   está   presente   dentro   da   trilha   de   desgaste   e   que  

apresenta   alguma   falhas   de   continuidade   na   camada,   não   presentes   antes   da  

deformação   (Figura   4.1   b).   Abaixo   desta   região   o   substrato   apresenta   grandes  

deformações.  O  aumento  da  resistência  ao  desgaste  para  o  sistema  nitretado  se  dá  

pelo  aumento  da  dureza  do  aço  pelo  processamento  a  plasma.  As  poucas  regiões  de  

óxido  observadas  na  Figura  4.10  b  não  são  continuas  e  não  previnem  um  desgaste  

severo   da   amostra.   O   “regime   de   desgaste   por   nitretação”   é,   portanto,   severo.   O  

fator  determinante  do  desgaste  neste  caso  é  a  matriz  (WANG,  2013).  O  mecanismo  

de  desgaste  que  prevalecem  aparentemente  é  por  fadiga,  devido  a  baixa  rugosidade  

superficial  do  material  e   trincas  presentes  na  camada   rica  em  nitrogênio.  A  Tabela  

5.1  traz  os  resultados  da  quantificação  do  espectro  de  EDS  da  camada  superficial  

do  sistema  nitretado  para  25m  de  deslizamento.  

Tabela   5.1:  Quantificação   do   espectro   EDS   da   camada   superficial   da   trilha   de   desgaste   do   sistema  

nitretado  

Elemento   O   Cr   Ni   Fe  

%  peso   1,71   17,50   10,62   70,16  

%  atômica   5,69   17,89   9,62   66,79  

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A   análise   qualitativa   apresentada   na   Tabela   5.1   confirma   que   a   camada  

superficial   observada   na   Figura   5.2   é   realmente   a   região   rica   em   nitrogênio  

resultante  do  processamento  a  plasma.  

Na   micrografia   por   MEV-­‐SEI   da   seção   transversal   do   sistema   nitretado   para   uma  

distância  percorrida  de  1200m  (Figura  5.3)  nota-­‐se  alguma  poucas  regiões  com  uma  

fina  camada  de  óxido.  Na  ampliação  de  5000x   (imagem  b)   a   camada  mais  espessa  

observada   atinge   um   valor   máximo   de   2,6μm   de   espessura,   mas   não   apresenta  

continuidade.   É   observado   uma   grande   deformação   do   substrato,   principalmente  

nas  regiões  abaixo  da  camada  de  óxido.  Como  descrito  para  a  Figura  4.10,  as  regiões  

de   óxido   estão   concentradas   em   alguns   pontos.   A   fraca   estabilidade   da   matriz  

acelera  o  processo  de  destacamento  do  óxido  deixando  o  substrato  exposto,  o  que  

aumenta  a  taxa  de  desgaste.  O  sistema  nitretado  para  altas  distâncias  percorridas  se  

assemelha   ao   aço   sem   tratamento,   uma   vez   que   a   difusão   do   nitrogênio   é   pouco  

profunda.   Após   um   certo   período   de   tempo   a   camada   rica   em   nitrogênio   será  

totalmente   consumida   e   teremos  o   aço  AISI   316L  que  possui   pobres   propriedades  

tribológicas.  

A  micrografia  do  sistema  cementado  para  as  distâncias  de  deslizamento  de  100  são  

apresentadas  nas  Figura  5.4  e  Figura  5.5.  A  distância  de  100m  corresponde  a  região  

de   transição   do   regime   de   desgaste   do   sistema   cementado,   onde   tem-­‐se   uma  

diminuição  do  coeficiente  de  atrito  de  0,7  para  0,5  e  se  encontra  próximo  ao  final  da  

região  rica  em  carbono.    

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Figura  5.4:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  100m  –  400x  

 

   Figura  5.5:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  100m  –  5000x  

 

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  67  

Na   imagem  da   trilha  de  desgaste  com  ampliação  de  400x   (Figura  5.4)  é  observado  

uma  camada  quase  que  continua  de  óxido  em  sequência  a  cama  rica  em  carbono.  

Nas  bordas  da  trilha  a  camada  carbonetada  ainda  se  encontra  presente.  Diferente  do  

que  era  esperado,  apesar  da  profundidade  média  de  desgaste  de    7,7μm  ser  menor  

que  a  camada  rica  em  carbono  observada  pela  seção  transversal  (Figura  4.1),  não  é  

observado  resquícios  da  camada  abaixo  da  região  de  óxido.    

Como  observado  na   Figura   5.5,   ainda   que   algumas   falhas   na   camada   triboquimica  

esteja  presente,  esta  apresenta  uma  continuidade  bem  melhor  que  para  o  aço  sem  

tratamento  e  para  o  sistema  nitretado.  O  valor  médio  da  espessura  da  camada  foi  de  

3,14±1,55μm   e   atinge   valores   superiores   a   6μm   nas   regiões   mais   espessas.   Nas  

regiões  onde  a  camada  de  óxido  possui  uma  espessura  mais  importante,  uma  grande  

deformação  plástica  é  observado  abaixo  da  camada.  Já  quando  a  camada  é  mais  fina  

a   deformação   plástica   apresentada   é   pouco   evidente.   WANG   (2008,   2013)  

caracteriza  uma  transição  entre  o  desgaste  moderado  oxidativo  e  o  desgaste  severo,  

onde   a   matriz   tem   um   papel   fundamental   da   manutenção   do   óxido.   No   caso   do  

sistema  cementado,  devido  a  difusão  do  carbono  alcançar  até  30μm,  o  aumento  da  

dureza   do   substrato   atinge  maiores   profundidades   e   permite   a   formação   de   uma  

camada   de   óxido   continua   que   lubrifica   a   região   de   contato,   acarretando   um  

desgaste  oxidativo  moderado.    

A  Figura  4.4  c  confirma  essa  observação,  em  razão  de  um  menor  ruído  do  coeficiente  

de   atrito   para   esta   distância,   que   indicaria   menos   destacamento   da   camada   de  

óxido.  Além  disso  o  coeficiente  de  atrito  presente  a  100m  apresenta  o  menor  valor  

de  atrito  após  o  running-­‐in:  o  filme  de  óxido  promove  a  lubrificação  das  superfícies,  

que  inibe  o  contato  metálico  entre  as  superfícies  (VIAFARA,  2010).  

Poros   estão   presentes   na   região   abaixo   da   camada   oxidada,   porém   não   se   foi  

encontrado  nenhuma  referência  anterior  na  bibliografia.  Acreditasse  que  estes  não  

são   inerentes   ao   processo   de   desgaste   e   são   decorrentes   do   processo   de   ataque  

químico  realizado.  

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  68  

A   Figura   5.6   apresentam   as   imagens   do   sistema   cementado   para   a   distância   de  

deslizamento  1200m.  

   a)  Sistema  cementado  1200m  –  400x   b)  Sistema  cementado  1200m  –  5000x  Figura  5.6:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

cementado  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m    

 Na   Figura   5.6   observa-­‐se   que   as   regiões   de   óxidos   formadas   não   são   continuas.  

Apesar  de  apresentar  uma  espessura   importante  em  algum  pontos,  este  óxido  não  

se  prolonga  por  uma  área  grande  na  trilha  de  desgaste.  Na  imagem  b,  nota-­‐se  uma  

região  ontem  tem-­‐se  metal  e  óxido  misturados  devido  a  grande  deformação  plástica  

do  substrato.  Estas  deformações  são  mais  evidenciadas  na  camada  abaixo  do  óxido.  

Segundo   ZANG   (2013)   a   deformação   do   substrato   acelera   o   processo   de  

destacamento   do   óxido,   expondo   o   substrato.   O   ruído   do   coeficiente   de   atrito  

observado  na  Figura  4.4  c  indicaria  a  formação  e  destacamento  do  óxido.    

Assim  como  para  o  aço  AISI  316L  e  para  o  sistema  nitretado,  ambos  para  a  distância  

de  1200m,  o  traço  de  tribóxido  observado  na  superfície  de  desgaste  não   impede  o  

contato  e  a  adesão  entre  pino  e  disco,  prevalecendo  o  desgaste  adesivo   severo.  A  

superfície   bem   rugoso   reforça   o   mecanismo   de   adesão   como   principal   para   o  

sistema  cementado  para  a  distância  de  deslizamento  de  1200m.  

O  sistema  sequencial  possui  um  comportamento  de  desgaste  mais  complexo  do  que  

os  demais  sistemas  devido  ao  gradiente  de  composição  de  carbono  e  nitrogênio  com  

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a  profundidade.  A   Figura  5.7   apresenta   a  cross-­‐section   do   sistema   sequencial   para  

uma  distância  de  deslizamento  de  50m.  Essa  distância  compreende  o  fim  do  regime  

de  desgaste  por  nitretação  e  se  é  esperado  que  a  camada  rica  em  nitrogênio  tenha  

sido  consumida.  

   a)  Sistema  sequencial  25m  –  400x   b)  Sistema  sequencial  25m  –  5000x  Figura  5.7:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  25m  

 Na   Figura   5.7   é   observado   que   a   camada   rica   em   nitrogênio   ainda   está   presente,  

apenas   houve   perda   de   espessura   em   algumas   poucas   regiões.   Diferente   do  

observado  para  o  sistema  nitretado  para  25m  (Figura  5.2)  o  substrato  não  apresenta  

deformação   abaixo   da   trilha   de   desgaste.   grandes   deformações.   O   aumento   da  

resistência  ao  desgaste  para  a  região  rica  em  nitrogênio  também  se  dá  pelo  aumento  

da  dureza  do  aço  pelo  processamento  a  plama,  mas  como  o  aumento  de  dureza  do  

sistema   sequencial   atinge   maiores   profundidades   que   o   sistema   nitretado,   sua  

resposta   ao   desgaste   é   mais   efetiva.   O   “regime   de   desgaste   por   nitretação”   no  

sistema  sequencial  é  portanto  severo.  

A  distância  de  deslizamento  de  500m  é  dada  como  fim  do  regime  de  desgaste  por  

cementação  para  o  sistema  sequencial.  A  microscopia  transversal  para  esta  distância  

percorrida  é  apresentado  na  Figura  5.8.  

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   a)  Sistema  sequencial  500m  –  400x   b)  Sistema  sequencial  500m  –  5000x  Figura  5.8:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  500m  

 Na  micrografia  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  sequencial  para  

500m   (Figura   5.8)   observa-­‐se   uma   camada   de   óxido   que   cobre   quase   que  

inteiramente  a  região  de  contato  entre  o  pino  e  a  amostra.  Apenas  algumas  poucas  

regiões   ocorreu   o   destacamento   da   camada   de   óxido   expondo   o   substrato.   A  

camada   de   óxido   teve   espessura   média   de   4,89±1,74μm.   É   possível   observar   a  

presença   de   uma   região   de   formação   de   uma   camada   dupla   de   óxido.   Uma  

deformação  importante  é  notada  abaixo  da  camada  de  óxido,  mas  é  menos  evidente  

que  para  o  sistema  cementado  para  100m  (Figura  5.5).  Isto  se  deve  a  profundidade  

de   difusão   do   carbono  para   o   sistema   sequencial.   A   camada   rica   em   carbono  não  

está  mais  presente,  tendo  sido  completamente  consumida  pelo  desgaste  nas  regiões  

analisadas.   Os   resultados   da   quantificação   do   espectro   de   EDS   da   camada  

superficial  da  trilha  de  desgaste  são  apresentados  na  Tabela  5.2.  

Tabela   5.2:  Quantificação   do   espectro   EDS   da   camada   superficial   da   trilha   de   desgaste   do   sistema  

sequencial  para  500m  

Elemento   O   Cr   Ni   Fe  

%  peso   11,95   16,67   10,00   61,38  

%  atômica   31,96   13,72   7,28   47,03  

 

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A  quantificação  do  espectro  EDS  da  camada  superficial  (Tabela  5.2)  confirma  o  fato  

dessa  ser  composta  por  um  óxido  como  descrito  anteriormente.  

A  Figura  5.9  apresenta  as  imagens  obtidas  por  MEV  da  seção  transversal  do  sistema  

sequencial  para  uma  distância  de  1200m.  A  análise  da  curva  exploratória  do  sistema  

sequencial  para  uma  distância  percorrida  de  3000m  (Figura  4.7)  mostra  que  1200m  o  

sistema   ainda   se   encontra   num   regime   permanente   diferente   do   aço   sem  

tratamento.     Relacionando   a   técnica   do   GDEOS   (Figura   4.2)   e   a   profundidade   da  

trilha  de  desgaste  para  a  distância  de  1200m  (Tabela  4.3)  é  possível  afirmar  que  o  

sistema   ainda   se   encontra   em   uma   região   com   difusão   de   carbono   e   uma   dureza  

maior  que  do  aço  AISI  316L.  

   a)  Sistema  sequencial  1200m  –  400x   b)  Sistema  sequencial  1200m  –  5000x  Figura  5.9:  Microscopia  Eletrônica  de  Varredura  da  seção  transversal  da  trilha  de  desgaste  do  sistema  

sequencial  para  uma  distância  de  deslizamento  de  1200m  

 A  Figura  5.9  mostra  que  a  camada  de  óxido  presente  para  1200m  de  deslizamento  

não  é  continua.  Muitas  regiões  de  destacamento  do  óxido  estão  presentes.  O  óxido  

quando  presente  é  em  uma  fina  camada  ou  em  multicamada.  A  superfície  apresenta  

uma   rugosidade   elevada.  Observa-­‐se   uma   deformação   bem  maior   que   para   500m  

nas     regiões   abaixo   do   óxido   e   onde   uma   possível   camada   foi   retirada.   O   grande  

ruído  do  coeficiente  de  atrito   indica  um  processo  de   formação  e  destacamento  do  

óxido  (ZHANG,  2013).  Quando  o  ruído  diminui  e  o  coeficiente  de  atrito  aumenta,  um  

desgaste  severo  da  amostra  é  esperado.  Pode-­‐se  sugerir  que  para  valores  superiores  

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a  500m  de  deslizamento  do  sistema  sequencial  tem-­‐se  alternância  entre  momentos  

em  que  o  óxido   é   suficiente  para   lubrificar   o   desgaste   e   outros   em  que  o  óxido   é  

destacado  e  um  mecanismo  adesivo  vê-­‐se  presente.  A  formação  e  destacamento  do  

tribóxido   resulta   em   uma   superfície   bastante   irregular,   o   que   causa   um   ruído  

substancial  do  coeficiente  de  atrito.  

WANG  (2008)  observou  um  aumento  da  deformação  do  substrato  acompanhado  de  

uma  multicamada  de  óxido  na   superfície  de  desgaste  no   regime   transicional   entre  

desgaste  moderado   e   severo   para   o   aço   H21.   Acredita-­‐se   que   a   500  metros   esse  

regime   de   transição   já   começa   a   se  manifestar   e   é   o   regime   de   desgaste   entre   a  

distância  de  500  e  1200m.  O  desgaste  neste  caso  é  menos  agressivo  que  o  desgaste  

severo,  porém  não  se  caracteriza  como  desgaste  moderado.  Apresar  da  formação  da  

camada  de  óxido  a  perda  de   resistência  do  substrato  com  a  profundidade   faz  com  

que  o  óxido  seja  perdido.  

5.2 Regime  de  desgaste  

Tradicionalmente   se   distingue   dois   mecanismos   de   desgaste:   um   associado   a  

formação  de   junções  adesivas   (desgaste  severo)  e  outro  a  oxidação  das  superfícies  

de   deslizamento   (desgaste   moderado).   No   mecanismo   de   adesão   há   uma   forte  

interação  entre  as  asperezas  das  superfícies  e  a  deformação  plástica  que  resulta  na  

formação   e   rompimento   de   junções   de   adesão.   Este   processo   leva   a   uma  

transferência   de   material   entre   as   superfícies,   o   que   subsequentemente   causa   a  

perda   de  massa   dos  materiais   com   uma   alta   taxa   de   desgaste.   A   operação   deste  

mecanismo   de   desgaste   produz   superfícies  mais   rugosas   em   relação   à   rugosidade  

inicial  (VIAFARA,2010).  

É   sabido   que   a   formação   de   óxidos   na   superfície   da   trilha   em   desgaste   não  

lubrificado   evita   a   adesão   durante   o   desgaste.   Os   óxidos   exercem   um   papel   de  

lubrificação   das   superfícies,   promovendo   uma   redução   da   perda   de   massa.   As  

superfícies   de   desgaste   apresentam   menos   rugosidade   e   uma   aparência   oxidada.  

Dependendo  das  condições  de  deslizamento  o  filme  de  óxido  formado  pode  não  ter  

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continuidade   necessária   para   impedir   o   contado   e   adesão   entre   pino   e   disco,  

levando  a  um  desgaste  severo.    

Todavia,  alguns  estudos  recentes  sobre  desgaste  oxidativo  indicam  que  certas  vezes  

as   condições   de   desgaste   não   podem   ser   consideradas   moderadas   ou   severas.  

WANG   (2008,   2013)   caracteriza   a   transição   do   desgaste   moderado   para   severo   e  

afirma   que   o   desgaste   oxidativo   moderado   é   sustentado   somente   quando   o  

substrato   abaixo   do   óxido   tem   resistência   mecânica   suficiente   para   prevenir  

deformação  plástica.  Ele   caracteriza   como  região  de   transição  quando  a  perda  por  

desgaste   aumenta   rapidamente,   há   um   deformação   plástica   significante   no  

substrato   abaixo   do   óxido   e   o   aparecimento   de   uma   multicamada   dos   óxidos  

tribológicos.  

A  micrografia  da  seção  transversal  do  aço  inoxidável  austenítico  AISI  316L  apresenta  

uma   deformação   importante   do   substrato,   uma   superfície   rugosa   e   um   óxido  

quando   presente   sem   continuidade.   O   desgaste   é   severo,   tendo   como   principal  

mecanismo  o  contato  adesivo.  

O   sistema  nitretado  apresenta  dois   regimes  diferentes.  No  primeiro  a   camada   rica  

em  nitrogênio  ainda  está  presente,  possuindo  uma  alta  dureza  superficial.  O  sistema  

apresenta   uma   grande   deformação   abaixo   da   camada   nitretada   e   uma   baixa  

rugosidade.  O  desgaste  é  considerado  severo  mas  com  um  mecanismo  de  desgaste  

diferente   do   aço   sem   tratamento.  O   aumento   da   dureza   superficial   promove  uma  

diminuição  da  perda  de  volume  por  um  certo  período.  Com  o  fim  da  camada  rica  em  

nitrogênio  o  sistema  nitretado  apresenta  um  regime  permanente  semelhante  ao  aço  

AISI  316L.  O  óxido  não  apresenta  continuidade  e  quando  presente  em  uma  camada  

muito  fina.  Observa-­‐se  uma  deformação  importante  do  substrato  e  alta  rugosidade  

superficial  na  trilha.  O  desgaste  é  severo,  tendo  como  principal  mecanismo  o  contato  

adesivo.  

A   análise   da   cross-­‐section   do   sistema   cementado   para   as   distância   de   100m   e  

1200m,  não  permitem  avaliar  por  completo  o  comportamento  durante  o  desgaste.  O  

regime  denominado  de  desgaste  por  cementação  (DUARTE,  2014)  já  não  se  encontra  

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presente  para  100m  de  deslizamento  então  não  foi  possível  avalia-­‐lo.  Para  100m  a  

camada  de  óxido  se  apresenta  de   forma  contínua,   com  poucas   falhas,  e  espessura  

média  de  3,14μm.  Uma  certa  deformação  é  observada  abaixo  da  camada  de  óxido  e  

a  superfície  é  pouco  rugosa.  Já  para  1200m  o  substrato  apresenta  uma  deformação  

importante   e   a   camada   de   óxido   perdeu   sua   continuidade,   quase   não   estando  

presente.   Temos   para   o   sistema   cementado   a   100m   um   desgaste   oxidativo  

moderado  que,  devido  a  diminuição  da  resistência  do  substrato  com  a  profundidade  

(diminuição   do   carbono   difundido),   começa   a   sofrer   uma   deformação   muito  

significante  do  substrato  (transição  do  regime  moderado  para  severo)  sofrendo  com  

um   destacamento   prematuro   da   camada   de   óxido,   até   chegar   a   um   desgaste  

dominantemente   plástico.   Ao   final   o   regime   é   semelhante   ao   do   aço   sem  

tratamento.  

O   sistema   sequencial   é   o  mais   complexo.   Como   foi   destacado   este   possui   quatro  

períodos   diferentes   após   o   running-­‐in.   As   amostras   analisadas   não   contemplam,  

assim  como  para  o  sistema  cementado,  todos  os  períodos.  Para  50m  o  deslizamento  

acontece   dentro   da   região   rica   em   nitrogênio.   O   corte   transversal   não   apresenta  

deformação  aparente  e  não  observa-­‐se  uma  camada  de  óxido  presente.  A  camada  

de  rica  em  nitrogênio  foi  parcialmente  consumida.  O  desgaste  é  considerado  severo,  

mas   apresenta   melhores   propriedades   que   o   sistema   somente   nitretado.   Isso   se  

deve   a   maior   dureza   do   aço   abaixo   da   camada   rica   em   nitrogênio.   Após   500m   o  

sistema   se  encontra  ao   final  da   região   rica  em  carbono.  Uma  camada   contínua  de  

óxido   é   observada,   com   espessura  média   de   4,89.   Em   alguns   pontos   nota-­‐se   uma  

camada   dupla   de   óxido.   A   deformação   do   substrato   é  menor   que   para   o   sistema  

cementado  para  100m.  O  desgaste  é  oxidativo  moderado.  A  camada  dupla  de  óxido  

leva   a   crer   que  o   sistema   se   encontra   no   inicio   do   regime  de   transição  moderado  

para   severo.   Para   1200m   o   sistema   se   encontra   em   uma   região   de   alto   ruído   do  

coeficiente   de   atrito,   que   aponta   para   um   processo   de   criação   do   óxido   e  

destacamento.   Há   muitas   falhas   na   camada   de   óxido   e   esse   se   apresenta   em  

multicamadas.  A  deformação  observada  é  muito  superior  que  para  500m.  O  sistema  

se  encontra  na  transição  moderado  para  severo.  O  desgaste  é  menor  que  o  desgaste  

severo,  mas  também  não  pode  ser  considerado  como  moderado  como  para  500m.  

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É   importante   lembrar   que   a   manutenção   em   um   regime   de   desgaste   depende  

fortemente   das   variáveis   do   sistema   tribológico,   como   carga   normal,   velocidade,  

ambiente  e  propriedades  dos  materiais.  Uma  ligeira  flutuação  em  um  destes  fatores  

pode  provocar  uma  transição  no  regime  de  desgaste.  Como  os  sistemas  processados  

a   plasma   possuem   um   gradiente   de   composição   com   a   profundidade   e  

consequentemente  uma  variação  da  dureza,  o   regime  de  desgaste  se  encontra  em  

constante  mudança,  mesmo  que  não  haja  variação  das  demais  variáveis.  Para  uma  

avaliação  completa  do  regime  de  desgaste  é  necessário  que  este  seja  avaliado  a  cada  

instante  e  entender  o  que  acarreta  as   transições  macros  observadas  nas  curvas  de  

deslizamento.   Pode-­‐se   dizer   inclusive   que   um   regime   permanente   para   os   aços  

processados  a  plasma  tem  a  duração  de  alguns  micrometros.  

   

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6 Conclusão  

Uma  vez  analisado  as  micrografias  da  seção  transversal  do  aço  inoxidável  AISI  316L  

modificado   pelo   processo   a   plasma   de   nitretação   e   cementação   (tratamento  

sequencial  a  plasma)  foi  possível  concluir:  

• O   aço   inoxidável   austenítico   AISI   316L   apresenta   um   regime   de   desgaste  

severo,   com  mecanismo  adesivo.  Apesar  de  ocorrer   a   formação  de  óxido   a  

descontinuidade  não  promove  a  lubrificação  durante  o  deslizamento.  

• O   sistema   nitretado   apresenta   dois   regimes   diferentes.   Um   primeiro   na  

camada   rica   em   nitrogênio   e   segundo   em   profundidades   não   modificadas  

pelo   processamento.   Ambos   são   considerados   severos,   porém   o   primeiro  

apresenta  um  mecanismo  de  desgaste  diferente  do  aço  sem  tratamento.  

• O  sistema  cementado  passa  por  duas  transições.  Quando  a  camada  rica  em  

nitrogênio  passa  a  não  ser  observada,  o  regime  é  característico  de  oxidativo  

moderado.  A  profundidades  onde  o  endurecimento  pela  cementação  já  não  é  

suficiente  o  regime  sofre  uma  transição  para  um  regime  severo  adesivo.  

• O  sistema  sequencial  passa  por  uma  região  de  desgaste  rica  em  nitrogênio,  

como  do  sistema  nitretado,  uma  região  nitrogênio  +  oxigênio,  não  estudada,  

uma  região  rica  em  carbono,  onde  o  mecanismo  oxidativo  é  o  determinante,  

e   uma   transição  moderado   para   severa   com   a   perda   das   propriedades   do  

substrato.  

 

 

   

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