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Taxonomia de Adjetivos Descritores da Personalidade Taxonomy of Personality Descriptors Cristina Coutinho Marques de Pinho Centro Universitário Hermínio Ometto – Araras-SP Raquel Souza Lobo Guzzo Pontifícia Universidade Católica de Campinas Resumo Esta pesquisa refere-se aos adjetivos descritores da personalidade da língua portuguesa, a partir do léxico. Os objetivos são identificar os descritores e comparar as avaliações dos juízes. Foram sujeitos-juízes seis professores universitários, seis membros da Academia Paulista de Psicologia e a primeira autora, como juiz constante, para avaliar uma lista de adjetivos segundo critérios estabelecidos pelo modelo alemão. Os resultados foram analisados atribuindo uma valoração aos critérios, sendo selecionados os adjetivos que obtiveram uma média maior ou igual a três. Do total de adjetivos (5641), 938 (16,63%) obtiveram a média exigida. Houve uma concordância significativa entre os juízes. Considerando que a organização dos adjetivos descritores da personalidade dá origem a uma base de dados científica, que poderá servir para o aprimoramento de técnicas e instrumentos para a avaliação psicológica e de ferramenta para estudos da personalidade, sugere-se a continuidade deste trabalho, e o desenvolvimento de pesquisas derivadas deste. Palavras-chave: Taxonomia – Personalidade – Avaliação Psicológica Abstract This study is based on a German model of taxonomy and it refers to personality descriptors adjectives of the Portuguese language, based on the lexicon. The goals are to identify the personality descriptors and compare the evaluations made by the judges. Six university professors, six members of the São Paulo Academy of Psychology and the first author were the judges. The results were analyzed attributing a valuation to the criteria and those that had an average identical or greater than three have been selected. Of a total of 5641 adjectives, 938 (16.63%) achieved the required average. Agreement between the judges was high. Considering that the organization of the description of adjectives of the personality results in a database that will be functional for the improvement of techniques and instruments for psychological assessment and as a tool for personality studies in Brazil, further studies are suggested in continuity of this work. Keywords: Taxonomy; Personality; Psychological Assessment. Nota dos Autores: Dissertação de Mestrado, defendida em fevereiro de 2001, com o apoio da CAPES, na área de Psicologia Escolar pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, sob a orientação da segunda autora Endereço para Correspondência: Rua Conchal, 95 apto 61 Jardim Rollo Araras-SP 13600-390 tel.: (19) 3544-6535 [email protected] Avaliação Psicológica, 2003, (2)2, pp. 81-97 81

Traços de Personalidade

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traços de personalidade

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  • Taxonomia de Adjetivos Descritores da PersonalidadeTaxonomy of Personality Descriptors

    Cristina Coutinho Marques de PinhoCentro Universitrio Hermnio Ometto Araras-SP

    Raquel Souza Lobo GuzzoPontifcia Universidade Catlica de Campinas

    ResumoEsta pesquisa refere-se aos adjetivos descritores da personalidade da lngua portuguesa, a partir do lxico. Osobjetivos so identificar os descritores e comparar as avaliaes dos juzes. Foram sujeitos-juzes seis professoresuniversitrios, seis membros da Academia Paulista de Psicologia e a primeira autora, como juiz constante, paraavaliar uma lista de adjetivos segundo critrios estabelecidos pelo modelo alemo. Os resultados foram analisadosatribuindo uma valorao aos critrios, sendo selecionados os adjetivos que obtiveram uma mdia maior ou igual atrs. Do total de adjetivos (5641), 938 (16,63%) obtiveram a mdia exigida. Houve uma concordncia significativaentre os juzes. Considerando que a organizao dos adjetivos descritores da personalidade d origem a uma base dedados cientfica, que poder servir para o aprimoramento de tcnicas e instrumentos para a avaliao psicolgica ede ferramenta para estudos da personalidade, sugere-se a continuidade deste trabalho, e o desenvolvimento depesquisas derivadas deste.Palavras-chave: Taxonomia Personalidade Avaliao Psicolgica

    AbstractThis study is based on a German model of taxonomy and it refers to personality descriptors adjectives of thePortuguese language, based on the lexicon. The goals are to identify the personality descriptors and compare theevaluations made by the judges. Six university professors, six members of the So Paulo Academy of Psychologyand the first author were the judges. The results were analyzed attributing a valuation to the criteria and those thathad an average identical or greater than three have been selected. Of a total of 5641 adjectives, 938 (16.63%)achieved the required average. Agreement between the judges was high. Considering that the organization of thedescription of adjectives of the personality results in a database that will be functional for the improvement oftechniques and instruments for psychological assessment and as a tool for personality studies in Brazil, furtherstudies are suggested in continuity of this work.Keywords: Taxonomy; Personality; Psychological Assessment.

    Nota dos Autores:Dissertao de Mestrado, defendida em fevereiro de 2001, com o apoio da CAPES, na rea de Psicologia Escolar pela PontifciaUniversidade Catlica de Campinas, sob a orientao da segunda autora

    Endereo para Correspondncia:Rua Conchal, 95 apto 61 Jardim Rollo Araras-SP 13600-390tel.: (19) 3544-6535 [email protected]

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    O presente trabalho foi uma pesquisa de base,que pretendeu fornecer subsdios para a construode instrumentos de avaliao psicolgica, especial-mente de avaliao da personalidade. Tratou-se doestudo de descritores da personalidade da lngua por-tuguesa baseado na abordagem psicolxica, que estfundamentada na necessidade de descrever, organi-zar e classificar caractersticas e diferenas indivi-duais usando a linguagem cotidiana como refern-cia. A busca pelas palavras descritoras da persona-lidade pode ser feita por meio do lxico da lngua, etem sido estudo constante de pesquisadores da rea(Angleitner, Ostendorf e John, 1990).

    A taxonomia, ou taxionomia, permite aos pes-quisadores estudar a personalidade como um todo,j que oferece todas as caractersticas (ou traos)individuais presentes na lngua. Uma outra contribui-o importante de uma taxonomia o suporte quegera para a construo de instrumentos de avalia-o psicolgica, da personalidade, do temperamen-to, da criatividade e de tantos outros constructos(Engler, 1991; Bates, 1989).

    Este trabalho, que vem sendo desenvolvido pelaequipe do Laboratrio de Avaliao e Medidas Psi-colgicas - LAMP, da qual a Autora faz parte hoito anos, serviu para o acmulo de conclusesempricas, por oferecer uma nomenclatura padro.Nas palavras de Bloom, Engelhart, Furst, Hill eKrathwohl (1983) a principal finalidade de umataxionomia (...) facilitar a comunicao (p.9). Porse tratar de um estudo transcultural, a comunicao um cuidado a ser tomado, em especial em estudosem que o constructo a personalidade humana, umavez que existem diferentes pontos de vista tericos.

    O LAMP desenvolveu duas das quatro fasespara a construo da taxonomia brasileira dedescritores da personalidade, fazendo comparaescom estudos de outros pases (Guzzo, Pinho e Car-valho, 2002). A proposta da presente pesquisa foidar continuidade a este estudo, desenvolvendo a ter-ceira fase.

    Esta pesquisa poder servir para qualquer reada Psicologia. Foi desenvolvida no curso de Mestradoem Psicologia Escolar, na linha Fundamentos e Me-didas da Avaliao Psicolgica, por ser este um cam-po de interesse da Autora, que tem percebido, emsua prtica, a necessidade de melhorar a qualidadeda avaliao de crianas e adolescentes em idadeescolar e instrumentalizar o professor a (re)conheceras diferenas individuais dos seus alunos.

    A personalidade freqentemente considera-da um obstculo em programas educacionais,

    embora muito dependa da perspectiva con-ceitual que o psiclogo educacional est dispostoa assumir. Quando pais preferem tratar suascrianas igualmente e professores preferem tra-tar seus estudantes igualmente, diferenas en-tre aprendizes so consideradas problemas noensino e educao, ao invs de recursos a se-rem desenvolvidos mais adiante (De Raad eSchouwenburg, 1996: 328).As diferenas individuais devem, portanto, ser

    respeitadas e compreendidas, tanto por pais comopor professores. Essas diferenas podem ser me-lhor identificadas com instrumentos de avaliao psi-colgica adequados.

    No Brasil, as pesquisas sobre avaliao psico-lgica e todo o seu processo ainda so escassas.Dentre as dificuldades mais apontadas pelos estudi-osos esto o reduzido nmero de pesquisadores nes-ta rea; a ausncia de cursos de ps-graduao emPsicologia ou Educao que possuam linhas de pes-quisa envolvendo testes psicolgicos; e a carnciaque os profissionais de Psicologia tm de ferramen-tas de avaliao adequadas para a realidade em queatuam, ou seja, a qualidade e quantidade de instru-mentos de avaliao disponveis so insuficientes einsatisfatrios os principais testes objetivos usadosno diagnstico e avaliao da personalidade, inteli-gncia, memria, assim como baterias neuropsico-lgicas, no esto adaptados e normatizados para ouso na nossa realidade, podendo, por essa razo,entrar em choque com os compromissos ticos eprofissionais do psiclogo em sua prtica (Pasquali,1992; Hutz e Bandeira, 1993; Kupfer, 1994; Crystal,1995; Andal, 1996; Andriola, 1996; Novaes, 1996;Pfromm Netto, 1996; Wechsler, 1996; Mendona,1997).

    Embora vrias medidas venham sendo toma-das na direo de um aprofundamento da pesquisarelativa avaliao em geral, e dos instrumentospsicolgicos em especial, a situao ainda padeceda falta de esforos concentrados para minimizar seusproblemas (Hutz e Bandeira, 1993; Pasquali, 1999).

    A escolha do instrumento de avaliao, assimcomo a informao que este fornece so um cuida-do especial que o psiclogo deve ter para, de fato,compreender o sujeito em suas dimenses, j que osresultados destes testes podem exercer influnciassobre a vida dessas pessoas, seja numa avaliaodurante a vida escolar e profissional ou na vida pes-soal (Arias, 1995).

    Se a Psicologia brasileira no dispe de instru-mentos para avaliao, de uma forma geral, as difi-

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    culdades se acentuam na rea da avaliao da per-sonalidade. A personalidade parece to ligada cultu-ra e ao senso comum que tericos, cientistas e pesso-as leigas referem-se a ela de forma muito parecida.Por este motivo o estudo formal da personalidade necessrio, talvez mais do que qualquer outro.

    No mbito internacional, a avaliao da perso-nalidade tambm apresenta alguns limitadores quevm sendo estudados por aqueles que buscam res-postas e critrios para este tipo de atividade. Umdos limites a pouca instrumentalizao existentepara a avaliao da personalidade, preocupao estaque vem mobilizando diferentes pases e inmerospesquisadores para torn-la mais adequada aos cri-trios de medida em Psicologia (Church & Lonner,1998; Hutz, Nunes, Silveira, Serra, Anton e Wieczorek,1998; Pasquali, 1999).

    O estudo da personalidade deve proporcionar oconhecimento do funcionamento e comportamentohumano a partir das diferenas individuais, e o ins-trumento de avaliao da personalidade deve, por-tanto, ser capaz de avaliar e descrever tais caracte-rsticas (Church & Lonner, 1998).

    Apesar da personalidade ser um constructo daPsicologia bastante descrito na literatura, destaca-se pela dificuldade de ser definido e estudado. Osdiferentes tericos da personalidade, muitas vezes,ao apresentar suas idias, rejeitam ou excluem ou-tras vises deste constructo, dificultando ainda maiso estudo do mesmo (Eysenck, 1974; Allen, 1997).Se diversos pesquisadores concordassem com umconjunto de constructos, poderiam coordenar melhora pesquisa de problemas comuns da rea.

    Todas as teorias da personalidade contm trsaspectos fundamentais: descrio (das diferenasindividuais), dinmica (mecanismos pelos quais apersonalidade se expressa) e desenvolvimento dapersonalidade (formao e mudana da personali-dade). Estes aspectos respondem s perguntas maisimportantes sobre a personalidade: como as pessoasse diferem umas das outras? Como se desenvolvem?Como se pode entender a dinmica que as motiva aagir de uma forma e no de outra?

    As diferenas entre as diversas teorias so evi-denciadas na forma como respondem a estas pergun-tas. No importa o valor dado a cada aspecto, o im-portante que todas as teorias respeitem essas trscaractersticas, que so temas inter-relacionados.

    Apesar das divergncias entre as teorias, exis-tem alguns aspectos da personalidade com os quaisos estudiosos concordam, tais como: as diferenasindividuais so relativamente estveis (o indivduo

    apresenta algumas caractersticas consistentes emdiferentes situaes); a personalidade pressupe umaadaptao do indivduo ao mundo; boa parte da per-sonalidade gentica; a personalidade inclui dimen-ses comportamentais e traos (Allen, 1997; Church& Lonner, 1998, Cloninger, 1999, Lykken, 1999).

    Muitos pesquisadores preferem no considerara perspectiva do trao como uma abordagem teri-ca, com o preceito de que o trao de personalidade um aspecto duradouro que influencia o comporta-mento, mas desenvolvem pesquisas para o refina-mento e reviso do conceito do trao, destacandoque ele serve mais como descritor das diferenasindividuais do que como determinantes do compor-tamento. Como principais autores que contriburampara o desenvolvimento desta perspectiva estoGordon Allport e Raymond Cattell.

    O conceito do trao tem ocupado um lugar dedestaque no domnio da avaliao da personalidade(Wiggins e Pincus, 1992; McCrae e Costa, 1995; Riello,1999). O desenvolvimento e avano de estudos detraos tm gerado modelos tericos considerando fa-tores gerais da personalidade (Wiggins, 1980).

    Chegou-se a afirmar que uma abordagem detraos fornece a base para um paradigma coerenteda teoria da personalidade na tradio da cincianatural, uma vez que em todas as cincias ataxonomia precede a anlise causal (Cloninger,1999: 213).

    Gordon Allport foi o mais proeminente defen-sor do conceito do trao, estudando-o sistematica-mente de 1931 at sua morte, em 1967. Este autorusou o conceito de trao de duas maneiras: comodescritores das diferenas individuais e comodeterminantes do comportamento (John, Angleitnere Ostendorf, 1988; Cloninger, 1996, 1999).

    Allport props que a unidade bsica da perso-nalidade o trao. Para ele, traos so causas docomportamento que so, em princpio,

    nicas para cada pessoa (sistema idiogrfico).Mesmo que as adaptaes sejam nicas paracada pessoa, h semelhanas suficientes entreuma pessoa e outra capaz de permitir pesqui-sas com grupos de pessoas (sistema nomo-ttico) (Cloninger, 1996: 75).Mais tarde, Allport expandiu essa definio com

    muitas afirmaes tericas: o trao tem mais do queuma existncia nominal; mais generalizado do queum hbito; dinmico, ou pelo menos determinante,no comportamento; pode ser estabelecido empi-ricamente; apenas relativamente independente dosoutros traos; no sinnimo de julgamento moral

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    ou social; pode ser visto ou luz da personalidadeque o contm, ou luz de sua distribuio na popula-o; aes e hbitos que so inconsistentes com otrao no provam a no existncia do trao.

    Os traos variam na extenso de sua influnciae so parte de um continuum de conceitos para des-crever a personalidade. s vezes um trao dominatanto a personalidade de um indivduo que ele influ-encia tudo o que a pessoa faz este trao denomi-nado, por Allport, de trao central. Enquanto que tra-os secundrios so aqueles que descrevem o im-pacto da personalidade em determinadas situaes so os hbitos e atitudes. Traos cardinais so aque-les referentes ao senso de si e filosofia de vida(Cloninger, 1996).

    A abordagem do trao precisava ser ligada auma estrutura terica se quisesse avanar na cin-cia da personalidade. Controvrsias sobre traos tmestimulado um refinamento do conceito e, portanto,a linguagem psicolgica dos traos tem se tornadomais precisa (Cloninger, 1996).

    Dentre as perspectivas contemporneas do es-tudo da personalidade, tem-se atualmente uma ten-dncia a buscar uma abordagem compreensiva devrios traos, por meio de um modelo amplo de or-ganizao, ou uma descrio sistemtica das rela-es, ao invs de examinar um trao de cada vez, jque permite uma linguagem comum para os pesqui-sadores de diferentes abordagens tericas, uma basepara a comparao e a avaliao das teorias da per-sonalidade, uma estrutura para a validao de esca-las de personalidade e um guia para a avaliao com-preensiva do indivduo (McCrae, Costa & Busch,apud Cloninger, 1996: 87).

    Os tericos que reformularam a teoria de Allportpropuseram medir os traos, dando assim um valormais fidedigno a esta abordagem. Sugerem, ainda,que os traos podem ser agrupados em fatores querepresentam amplas dimenses de diferenas indi-viduais.

    Eysenck, por exemplo, props trs fatores:Extroverso, Neuroticismo e Psicoticismo, desenvol-vendo, com isso, uma das mais influentes epesquisadas teorias da personalidade (Schultz eSchultz, 2002). Estes trs fatores so medidos peloEysenck Personality Questionnaire (EPQ).

    Cattell desenvolveu diversos modelos sistemti-cos de medida de personalidade e ligados teoria dotrao. Seu extenso trabalho permitiu que chegasse aconcluso de que existem dezesseis dimenses bsi-cas da personalidade normal (Extroverso, Ansieda-de, Teimosia, Independncia, Controle, Ajustamento,

    Liderana e Criatividade fatores bipolares). E cons-truiu um instrumento capaz de medi-las: o 16PF.

    Wiggins props um modelo de personalidadepara descrever aspectos que influenciam compor-tamentos interpessoais, distinguindo seis categori-as de traos: interpessoais, materiais, tempera-mentais, papis sociais, carter e caractersticasmentais. Sua proposta deu origem a um modelo cir-cunflexo (Riello, 1999).

    Outros estudos sobre trao e personalidade tmcomprovado a existncia permanente de cinco fato-res da personalidade em diversas culturas. Ou seja,constatou-se que em diferentes culturas, os cinco fa-tores esto representados na linguagem. Este fen-meno tem sido denominado, pelos autores, de BigFive ou Cinco Grandes Fatores (Goldberg, 1981; John,Angleitner & Ostendorf, 1988; Wiggins & Pincus,1992; Church & Lonner, 1998;. Hutz et alli, 1998).

    As razes destes fatores esto no estudo lxico,em que foram analisados para determinar que di-menses as pessoas usam quando descrevem a simesmas e aos outros. Essa pesquisa indica que pes-soas comuns descrevem a personalidade em cincofatores (Goldberg, 1981), embora alguns pesquisa-dores discordem desta proposio.

    Defensores deste modelo afirmam que estecompreende as dimenses da personalidade maisimportantes e pode fornecer uma estrutura de orga-nizao para a pesquisa da personalidade. A estru-tura do Big Five capta, a um nvel grande de abs-trao, a simplicidade da maioria dos sistemas exis-tentes de descrio de personalidade e prov ummodelo descritivo integrativo para a pesquisa de per-sonalidade (John, 1990).

    Costa & McCrae (1985) desenvolveram umquestionrio de auto-relato, chamado NEO-PI(Neuroticism, Extroversion and Openness toExperience-Personality Inventory), especialmen-te para medir esses cinco fatores. Este instrumentodeve ser destacado, pois obteve resultados seme-lhantes na aplicao em diversas culturas/lnguas: ho-landesa, alem, italiana, estoniana, finlandesa, espa-nhola, hebraica, portuguesa, russa, coreana, japone-sa, francesa e filipina (Church & Lonner, 1998). Oestudo sobre o NEO-PI j est sendo desenvolvidotambm no Brasil (Hutz et alli, 1998).

    Discute-se se os fatores de personalidade doBig Five realmente tm potencial universal. Se istofosse verdade, poderia se pensar que chegou aofim a busca por fatores de traos bsicos para a cons-truo de questionrios da personalidade (De Raad,Perugini, Hrebckov & Szarota, 1998: 212), idia

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    esta no aprovada pelos estudiosos. Portanto, oModelo dos Cinco Grandes Fatores uma estruturageral de compreenso da personalidade e um guiade pesquisas, mas no deve excluir ou substituir ou-tras teorias e propostas sobre o estudo dos fatoresda personalidade (Briggs, 1992; Caprara, 1992).

    O nmero de maneiras que uma pessoa podese diferenciar de outra ou diferenciar-se de si mes-mo quase infinita. Dadas essas dificuldades par-ticulares, pode parecer surpreendente que psiclo-gos da personalidade continuem a se esforar paracatalogar, ordenar e nomear de forma padro o do-mnio das diferenas individuais (John, Angleitner eOstendorf, 1988: 172). Mas o que a literatura nosmostra que cada vez mais os estudiosos esto bus-cando este processo de organizao, que denomi-nado taxonomia ou taxionomia. Taxnomos e pes-soas leigas avaliam similarmente os traos estveiscomo o mais fundamental conceito de personalida-de (John, Angleitner e Ostendorf, 1988: 171).

    importante ressaltar que a taxonomia dedescritores no admite o conceito do trao comodeterminante do comportamento, mas como carac-tersticas que descrevem a personalidade. Por serum modelo de organizao das caractersticas dapersonalidade, a taxonomia no se encaixa em ne-nhuma das teorias da personalidade e ao mesmo tem-po em todas. Por um lado, trata-se de um estudoaterico das caractersticas individuais; por outro,refere-se a todas as caractersticas presentes nosmodelos tericos.

    Os procedimentos para a construo de umataxonomia de descritores da personalidade passarama ser uma importante base de dados para a criaode instrumentos de avaliao da personalidade e tem-peramento, pois se constatou que estudos emtaxonomia podem permitir a identificao dos princi-pais termos utilizados para esta descrio, o desen-volvimento de estudos tericos, o aprimoramento detcnicas de avaliao psicolgica, a comparao dedescritores entre diferentes pases, proporcionando,assim, um estudo transcultural (Angleitner Ostendorfe John, 1990; Eysenck, 1994; Smirmk, 1994;Schimitz, 1994).

    Recentemente, o desenvolvimento de taxo-nomias de traos de personalidade tem conduzido auma crescente pesquisa buscando uma forma cadavez mais segura e importante de descrever a perso-nalidade (Ostendorf e Angleitner, 1992).

    Em uma reviso histrica (John, Angleitner eOstendorf, 1988; Briggs, 1992; Cloninger, 1996, 1999;Hutz et cols, 1998), descobriu-se que a idia de usar

    o vocabulrio usual como ponto de partida para es-tudos cientficos da personalidade data de mais decem anos atrs: o escritor e cientista ingls FrancisGalton, em 1884, foi provavelmente o primeiro a exa-minar o dicionrio procurando quantificar osdescritores da personalidade, encontrando cerca de1000 termos. Na busca de identificar no dicionriopalavras descritoras da personalidade, diversos au-tores podem ser citados, pelos seus estudos e esfor-os: Klages, em 1926, articulou a teoria racional paraa abordagem lxica, argumentando que o estudo dalinguagem beneficiaria a compreenso da personali-dade. Baumgarten, partindo do estudo de Klages, fezum estudo sistemtico sobre a abordagem lxica, em1933, examinando termos para descrever traos depersonalidade. Allport e Odbert, em 1936, trabalha-ram com todas as palavras relacionadas com traosna edio de 1925 do New International DictionaryWebster, identificando 17.953 traos (4,5% do totalde palavras do dicionrio) e os classificaram em qua-tro categorias: a) termos neutros que designam tra-os pessoais, b) termos descritivos de humores tem-porrios ou atividades, c) termos carregados de jul-gamento social, d) miscelnea (condies fsicas,desenvolvimentais ou de capacidades, termos meta-fricos ou duvidosos). A lista de traos que Allport eOdbert desenvolveram clssica para os estudiososda personalidade e tem servido de base emprica paraos pesquisadores mais recentes. Cattell usou a listade Allport e Odbert como ponto de partida para odesenvolvimento de um extensivo modelo multi-dimensional de estrutura da personalidade. Almdestes, como foi descrito anteriormente, outros estu-diosos tm buscado descrever a personalidade a partirdos traos, ou caractersticas, encontrados na lingua-gem do cotidiano das pessoas.

    Em 1990, Angleitner, Ostendorf e John siste-matizaram um modelo de taxonomia de descritoresda personalidade. A partir deste modelo, foram fei-tas taxonomias em diferentes culturas, tais como:a italiana (Forzi, Arcuri, Fontana, Di Blas e Tortul,1990; Di Blas e Forzi, s/d), a tcheca (Hrebckov,Ostendorf e Angleitner, s/d), a holandesa (Brokenapud Hofstee, 1990), a americana (Norman apudJohn, Goldberg e Angleitner, 1984) e a brasileira(Guzzo, Carvalho, Messias, Pereira, Pinho, Riello eSerrano, 1998; Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle,Silva e Messias, 1998; Guzzo, Pinho e Carvalho,2002; Pinho, 2001). A taxonomia brasileira s sercompletada, de fato, quando a quarta etapa for con-cluda, que o objetivo do trabalho de Doutoradoda Autora.

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    A identificao de palavras descritoras da per-sonalidade na linguagem tem levado a estudos quebuscam listar quais so as dimenses que as pessoasusam para descrever a si mesmas e aos outros, pormeio de uma taxonomia prpria da personalidade.

    As palavras do dicionrio no esgotam as pala-vras que so utilizadas para a comunicao corrente,no entanto podem ser representativas do conjunto depalavras utilizadas pelas pessoas para classificar even-tos, comportamentos e objetos (De Raad, 1995;Wiggins e Pincus, 1992). O lxico reflete, ainda queindiretamente, os elementos da cultura do momento.

    De Raad, Perugini, Hrebckov & Szarota (1998)apontam tambm algumas vantagens do uso do dicio-nrio: completo no que diz respeito ao uso atual e sistematicamente supervisionado por lexicgrafos.

    Com base no estudo de De Raad (1995), op-tou-se por trabalhar apenas com os adjetivos encon-trados, excluindo, portanto, outras categorias grama-ticais que deveriam descrever a personalidade. Aexcluso de substantivos e verbos empobrece o tra-balho, mas a opo de no inclui-los justifica-se, prin-cipalmente, por se tratar do primeiro estudo taxo-nmico brasileiro.

    Outra razo pela escolha de s se incluir adjeti-vos neste estudo est baseada em Skinner (1957),que aponta que uma das vantagens da Psicologia emrelao s outras Cincias, que a linguagem amelhor representao do comportamento. Compor-tamento ao e expressa-se por verbos. O indiv-duo o ser e expressa-se por substantivos. As ca-ractersticas do indivduo so suas qualidades, por-tanto, os adjetivos. Como o objetivo do trabalho, quetem como base o estudo da personalidade, qualifi-car o ser, a categoria gramatical que caracterizaos seres..., indicando-lhes uma qualidade, carter,modo de ser ou estado (Ferreira, 1986) o adjetivo.O que referencia as personalidades a adjetivao.

    A partir deste pressuposto, a abordagem lxica,ou psicolxica, foi desenvolvida para abranger todos ostermos que descrevessem a personalidade de um indi-vduo ou grupo, identificando, agrupando e classifican-do as palavras que so mais representativas na lingua-gem diria (Goldberg, 1982; John, Goldberg e Angleitner,1984; John, Angleitner e Ostendorf, 1988; Angleitner,Ostendorf e John, 1990; Fujita, s/d; De Raad, 1995).

    O principal objetivo da abordagem psicolxica chegar a uma especificao do domnio do traoque virtualmente explore o universo dos traos epermita uma seleo representativa de traos parauso prtico e terico (De Raad, Perugini, Hrebckov& Szarota, 1998: 213).

    A abordagem lxica converge para o domniodo trao, uma vez que as pessoas, na sua comunica-o diria, tratam das diferenas individuais por meioda linguagem. Ou seja, a descrio de diferenasindividuais depende da linguagem. Aquelas diferen-as individuais que so mais evidentes e socialmenterelevantes na vida das pessoas sero eventualmentecodificadas na sua linguagem (Goldberg, 1981, 1982;John, Goldberg and Angleitner, 1984; John, Angleitnere Ostendorf, 1988; De Raad, 1995; Fujita, s/d). Por-tanto, a pesquisa psicolxica tem como objetivo iden-tificar as palavras que so mais representativas nasrelaes dirias (De Raad, 1995).

    O lxico da personalidade seria o conjunto dedescritores de diferenas individuais de uma deter-minada cultura, agrupados e organizados para facili-tar o estudo da personalidade.

    O Brasil, por meio da construo da taxonomiapara descritores da personalidade, pode apresentarseus resultados e juntar suas informaes com osdiversos pases envolvidos nesta linha de pesquisa,contribuindo para um estudo transcultural importan-te (Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle, Silva eMessias, 1998; Guzzo, Pinho e Carvalho, 2002).

    A literatura nacional mostra que esta a pri-meira pesquisa sobre taxonomia de descritores dapersonalidade, que serve de suporte aos estudos so-bre a avaliao de personalidade e que se utiliza comoreferncia o lxico da Lngua Portuguesa (Guzzo,Pinho e Carvalho, 2002).

    O modelo alemo no qual este trabalho estbaseado consta de quatro fases para a construoda taxonomia de descritores da personalidade(Angleitner, Ostendorf e John, 1990). Completadasessas quatro fases, espera-se contribuir, com dadosbrasileiros, para os estudos internacionais sobre osfatores de personalidade mais importantes e signifi-cativos encontrados na Lngua Portuguesa e para aatuao dos psiclogos e pesquisadores em Psicolo-gia, oferecendo instrumentalizao apropriada paraa avaliao da personalidade no contexto brasileiro.

    As duas etapas iniciais do desenvolvimento dataxonomia de descritores da personalidade estodetalhadamente descritas em Guzzo, Pinho e Carva-lho (2002). Porm, faz-se necessrio uma pequenadescrio do que consistem essas etapas.

    Pesquisas Anteriores: fases 1 e 2A primeira consistiu da identificao e da extra-

    o de todos os adjetivos do Dicionrio da Lngua Por-tuguesa verso 2.0 em CD-ROM (Barroso, 1996) quepossam descrever atributos ou caractersticas individu-

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    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    ais, resultando num total de 35.834 adjetivos. O proce-dimento para a realizao da fase 1 foi selecionar todosos verbetes nos quais apareciam a sigla ADJ, copi-los e aloc-los em uma tabela de arquivo do WORD6.0, fazendo um arquivo para cada letra. Foram encon-trados 35.834 adjetivos, o que corresponde a aproxi-madamente 30% dos verbetes totais encontrados nodicionrio (Guzzo, Carvalho, Pinho, 2002).

    A segunda fase foi a seleo dos adjetivosdescritores da personalidade, segundo os critrios deexcluso preestabelecidos pelo modelo alemo: ver-betes no discriminativos; origem geogrfica; nacio-nalidade; profisso ou atividade; referente a uma parteda pessoa; metforas; aspectos tcnicos e cientfi-cos; idias polticas, religiosas ou filosficas; chulos;constituio fsica; relativo a animais e relativo natureza (John, Angleitner e Ostendorf, 1988).

    O material utilizado foram os adjetivos da faseanterior, organizados em tabelas. O procedimento daorganizao foi a excluso de todos os adjetivos quecorrespondessem a qualquer um dos critrios cita-dos acima. Neste estgio, 5641 adjetivos permane-ceram para a etapa seguinte, representando 4,70%do total de verbetes do dicionrio e 15,74% do totalde adjetivos (Guzzo, Carvalho, Valli, Pinho, Koelle,Silva e Messias, 1998).

    A finalizao da construo da taxonomia bra-sileira exige a realizao das fases trs e quatro, aproposta de estudo da presente pesquisa o desen-volvimento da terceira etapa.

    Mtodo Pesquisa Atual: fase 3Sujeitos-juzes

    Foram sujeitos desta pesquisa seis membros daAcademia Paulista de Psicologia, seis professoresuniversitrios e um juiz constante, responsveis poravaliar um total de 5641 adjetivos, quanto sua cla-reza de significado, sua utilidade como descritor dapersonalidade e freqncia de uso do adjetivo naprtica profissional.

    A seleo dos juzes membros da AcademiaPaulista de Psicologia foi feita aleatoriamente, a partirda lista total de membros. Foram selecionados 18membros, mas apenas um tero respondeu ao con-vite para participar da pesquisa. A idade destes juzesvariou de 50 a 76 anos (mdia = 65,8 anos) houveuma resposta em branco , sendo 50% do sexo mas-culino e 50% do sexo feminino.

    Os juzes-professores foram selecionados den-tre um rol de Professores de Psicologia em uma Ins-tituio de Ensino Superior, pelo contato que tm coma Autora e pela disponibilidade para responder pes-

    quisa. So todos do sexo feminino, com a idade vari-ando entre 34 e 51 anos (mdia = 45,17).

    A maioria dos juzes-professores formada emPsicologia (83,33%), sendo os membros da Acade-mia Paulista de Psicologia alm de formados emPsicologia, o so tambm em mais de uma rea (Pe-dagogia e Administrao)

    A concentrao da rea da experincia profis-sional dos juzes est na docncia para ambos ostipos de juzes. Enquanto os juzes-acadmicos des-tacam-se na rea da pesquisa, os juzes-professoreso fazem na Psicologia Escolar.

    Quanto ao domnio de lngua estrangeira, nota-se que o ingls a lngua de domnio predominante,entre os juzes. Os juzes-acadmicos destacam-se peloconhecimento de diferentes lnguas, enquanto os pro-fessores dominam mais a lngua inglesa e espanhola.

    MaterialO material entregue aos juzes consistiu de uma

    Carta de Apresentao, uma Ficha de Instruo, umaFicha de Identificao, a tabela com os adjetivos euma Carta de Agradecimento.

    Na Carta de Apresentao consta uma peque-na introduo sobre o trabalho e a responsabilidadedo juiz. Na Ficha de Instruo esto descritos a for-ma de preenchimento do material e o prazo de en-trega. Como Dados de Identificao, constavam in-formaes sobre a idade, sexo, formao profissi-onal, tempo de experincia e se o sujeito-juiz temdomnio de alguma lngua estrangeira. Estes dadosservem para compor as principais caractersticas dossujeitos da pesquisa.

    Os adjetivos foram dispostos em uma tabela,organizados em ordem alfabtica. O agrupamentodas letras foi aleatrio, assim como a sua distribui-o entre os juzes, formando seis grupos: AVXZ (985adjetivos), BCJL (926), DEF (1076), GHI (876),MSTU (823), NOPQR (955).

    Optou-se por agrupar as letras pela quantidadede adjetivos, resultando em uma mdia de 940 adje-tivos e quatro letras por juiz. A deciso por este pro-cedimento se deve ao grande volume de adjetivos,que poderia comprometer a anlise dos juzes, preju-dicando a sua validade. Devido experincia na reae, em particular neste estudo, a Autora avaliou o to-tal de adjetivos, referente a todas as letras.

    Os juzes deveriam assinalar, com um X, nascolunas 1, 2 e 3 quando o adjetivo fosse claro em seusignificado e/ou til na descrio da personalidade e/ou quando fosse usado freqentemente na prticaprofissional. Quando o adjetivo no correspondesse

  • 88 Cristina Coutinho Marques de Pinho & Raquel Souza Lobo Guzzo

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    a nenhuma das alternativas acima, deveriam deixaras colunas em branco.

    A Carta de Agradecimento foi entregue pesso-almente ou via correio, com o compromisso da Au-tora em disponibilizar o resumo da dissertao a to-dos os juzes e, caso houvesse interesse, uma cpiacompleta do trabalho.

    ProcedimentoA entrega do material para os juzes foi feita

    pessoalmente ou via correio. Foram entregues, nototal, 36 conjuntos de letras (18 para Acadmicos e18 para Professores). At o prazo marcado para adevolutiva, foram devolvidas 12 listas, representan-

    no do adjetivo, optou-se por mant-lo; esta decisoest descrita na proposta alem, na qual o presenteestudo est baseado.

    Quando comparada s taxonomias de outrospases, o Brasil apresenta o maior nmero de adjeti-vos (35.834), seguido pelas lnguas italiana (21.800),tcheca (13.606) e alem (11.600), como pode-seobservar na Tabela 1. Porm, na concluso da se-gunda fase, os resultados da Alemanha incluem, pro-porcionalmente, mais adjetivos descritores da perso-nalidade para a construo da taxonomia (41,6%).Em relao ao total de verbetes alemes (96.666),comparando com o Brasil (120.000), a proporo a mesma: 5%, ou seja, cinco porcento das palavras

    Tabela 1 Comparao do Total de Adjetivos em Diferentes PasesTotal de

    Verbetes96.666

    127.00064.800

    120.000

    Pases

    AlemanhaItliaTchecoslovquiaBrasil

    %

    12172130

    Total de Adjetivos Descritoresda Personalidade

    4.8274.4374.1455.641

    Total deAdjetivos

    11.60021.80013.60635.834

    %

    42143016

    do um tero do total enviado.Todos completaram as tabelas, assinalando com

    um X quando o adjetivo era claro em seu significadoe/ou til descritor e/ou freqente no uso, na prticaprofissional.

    Resultados e Discusso

    Primeiramente, necessrio fazer uma retros-pectiva dos resultados obtidos nas fases anteriores(1 e 2), que esto descritas em Guzzo, Pinho e Car-valho (2002).

    Segundo o Novo Dicionrio Aurlio (Ferreira,1986), existem cento e vinte mil verbetes na LnguaPortuguesa. A primeira fase da taxonomia dedescritores da personalidade constatou que, destetotal, 35.834 vocbulos so adjetivos, representando29,86% do total de verbetes existentes no lxico.

    A segunda etapa consistiu em uma avaliaode dois juzes para determinar quais dos adjetivospoderiam ser teis para a descrio da personalida-de. Cada juiz trabalhou independentemente, na deci-so de excluir os adjetivos pelos diferentes critrios,estabelecidos por Angleitner, Ostendorf e John(1990). A excluso de um adjetivo foi determinadaquando os dois juzes concordaram com a retirada.Quando houve dvida em relao permanncia ou

    presentes nos dicionrios alemo e brasileiro soadjetivos descritores da personalidade.

    importante notar que a Lngua Portuguesaapresenta uma variabilidade incontestvel de adjeti-vos passveis da descrio de diferenas individuais, eque dificuldades na avaliao psicolgica aparecempelo fato de no se poder assegurar a anlise destascaractersticas pelas dificuldades no uso da linguagem.

    A seguir sero apresentados os resultados ob-tidos com a coleta de dados da terceira fase. Estodivididos em partes, destacando-se os diferentes con-juntos de adjetivos descritores da personalidade.

    A lista de todos os adjetivos da Lngua Portu-guesa que podem descrever a personalidade de umindivduo ou de grupos conta com 5.641 adjetivos, re-presentando 15,74% do total de adjetivos, que foramconsiderados possveis descritores da personalidade.

    A Tabela 2 mostra como estes adjetivos estodivididos pelas letras do alfabeto. Na coluna Totalde Adjetivos, est descrita a quantidade de adjeti-vos existentes por letra e a sua porcentagem em re-lao ao total de adjetivos da Lngua (35.834). EmAdjetivos Descritores est o total de adjetivos quepossivelmente podem descrever a personalidade, comsua respectiva porcentagem em relao ao total(5.641). A ltima coluna desta Tabela descreve aporcentagem da quantidade de adjetivos descritoresreferente quantidade de adjetivos da letra.

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    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    Pode-se perceber que a letra A a letra quemais contm adjetivos e adjetivos descritores, na Ln-gua Portuguesa, entretanto a letra I que contm amaior proporo de adjetivos descritores em relaodo total da letra. Ou seja, 27,87% dos adjetivos da letraI so potencialmente descritores da personalidade. importante assinalar que na estrutura da Lngua Portu-guesa, as adjetivaes que expressam negao so maisrepresentativamente freqentes nas letras A e I (porexemplo, anormal e inadequado).

    Sabe-se que as letras K, W e Y no fa-zem parte do alfabeto do Brasil e que so utilizadasapenas para palavras estrangeiras. Contudo, destas,a nica letra que no contm adjetivos a Y. Asletras K e W apresentam um baixo nmero deadjetivos, 11 e 10, respectivamente, e nenhum delesso descritores da personalidade.

    A terceira fase da construo da taxonomia dedescritores da personalidade tem por objetivo for-mar uma lista dos adjetivos a partir dos critrios: cla-reza de significado, utilidade como descritor e fre-qncia de uso.

    Para a anlise dos resultados da presente pes-quisa, considerou-se o julgamento da Autora e dosjuzes, da lista total de adjetivos (5.641). Pode-se di-zer que este conjunto de adjetivos representa as ca-ractersticas descritoras da personalidade, na LnguaPortuguesa, na concepo dos sujeitos da Amostrada presente pesquisa. So 938 adjetivos (16,63%),apresentados na lista descrita no Anexo 1. Das le-tras do alfabeto, apenas a letra X no apresentounenhum adjetivo nesta categoria.

    Como era esperado teoricamente (Angleitner,Ostendorf e John, 1990), o nmero de adjetivos que

    Tabela 2 Adjetivos Freqentes por Letra

    A 826 194 10,17 23,49B 235 74 3,88 31,49C 528 243 12,74 46,02D 518 116 6,08 22,39E 284 77 4,04 27,11F 274 60 3,14 21,90G 111 39 2,04 35,14H 122 30 1,57 24,59I 643 178 9,33 27,68J 40 9 0,47 22,50K 0 0 0 0,00L 123 42 2,20 34,15M 285 94 4,93 32,98N 122 34 1,78 27,87O 116 57 2,99 49,14P 405 221 11,58 54,57Q 51 11 0,58 21,57R 261 137 7,18 52,49S 320 152 7,97 47,50T 196 93 4,87 47,45U 22 10 0,52 45,45V 122 34 1,78 27,87X 18 1 0,05 5,56Y 0 0 0 0,00W 0 0 0 0,00Z 19 2 0,10 10,53TOTAL 5641 1908 33,82

    %Letras Adj. DescritoresAdj. Freqentes

    %f

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    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    permaneceram para a etapa seguinte da construoda taxonomia brasileira dos descritores da personali-dade diminuiu bastante. No referido estudo, consta-tou-se que cerca de 72% dos adjetivos, quando ava-liados quanto clareza, utilidade e freqncia, novo para a fase posterior. No presente estudo, o n-mero de adjetivos excludos foi ainda maior, repre-sentando 83,37% (4.703 adjetivos que no obtive-ram a mdia maior ou igual a trs).

    Dentre os 5.641 adjetivos, 333 (5,90%) foramconsiderados, por pelo menos dois juzes, como cla-ros, teis e freqentes. Pode-se conceber que estalista representa as caractersticas da personalidademais claras, teis e freqentes da Lngua Portuguesa,para psiclogos da regio do Estado de So Paulo.

    Houve uma concordncia na avaliao entreos juzes no que se refere clareza, utilidade e fre-qncia dos adjetivos. Isto indica que os juzes avali-aram significativamente de forma semelhante o con-junto dos 5.641 adjetivos, o que indica um aspectopositivo da pesquisa, relativo compreenso e reali-zao das anlises dos juzes (Tabelas 3 e 4).

    Foram considerados claros para ambos os juzes990 adjetivos, 243 teis para a descrio da perso-nalidade e 285, freqentes no uso profissional. Estesnmeros podem ser pequenos comparando aos2466 e 2168 (para clareza), 1177 e 574 (para utilida-de) e 1192 e 802 (para freqncia) atribudos porcada juiz. Cabe lembrar, entretanto, que a concor-dncia entre eles significativa, ou seja, 990 adjeti-vos includos pelos dois tipos de juzes uma quanti-dade estatisticamente considerada satisfatria.

    Esta anlise remete sugere indicar que os juzesresponderam ao material desta pesquisa de formasemelhante, colaborando para a identificao dosadjetivos da Lngua Portuguesa mais claros, mais teise mais freqentes.

    Foi tambm possvel fazer a identificao dosadjetivos que foram considerados freqentes pelomenos por um juiz: 1.908, representando (33,82%).

    Nota-se que a letra A continha mais adjeti-vos descritores (826), mas foi a letra C que conte-ve o maior nmero de adjetivos freqentemente uti-lizados na descrio da personalidade (243).

    Lembrando que todos os juzes so do Estadode So Paulo, estes dados podem ter um vis regi-onal. Segundo Flores (2000) existem, no Brasil, di-ferenas regionais na lngua, por isso, seria interes-sante que um outro estudo pudesse conferir se emoutras regies brasileiras os adjetivos selecionadostambm so claros, ou ainda, se so apenas claros.Cada regio ou estado brasileiro recebeu diferen-tes influncias, formando um vocabulrio a parte.Nos ltimos anos, tm sido lanados vrios dicion-rios com a inteno de apresentar e se fazer enten-der a linguagem de um determinado lugar. Porm,as nossas diferenas lingsticas so bem menosacentuadas do que qualquer lngua europia. Cagliari(1996) refora Flores ao ressaltar a importncia dese ter mais estudos brasileiros que destaquem asdiferenas regionais da linguagem. Cabe aqui, re-forar a necessidade de se refazer este estudo emoutras regies do Brasil para averiguar se os resul-tados so semelhantes.

    Tabela 3 ndice de Concordncia

    Medida de concordncia

    N de casos vlidos

    freqnciaclareza utilidade

    valor sig valor sig valor sig

    .031 .020 .175 .100 .140 .000 5641 5641 5641

    Tabela 4 Concordncia entre clareza, utilidade e freqncia

    freqnciaclareza utilidade

    Juiz Acadmico

    Juiz Professor

    concord. total concord. total concord. total

    990 2466 243 1177 285 1192

    2168 5641 574 5641 802 5641

    concord.

    total

  • Descritores da Personalidade 91

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    Consideraes Finais e Concluso

    O tipo de pesquisa, aqui realizado, no co-mum na psicologia brasileira. Por isso, ao longo doseu processo foram encontradas algumas dificulda-des importantes a serem destacadas. Dentre elas, adensidade e complexidade da Lngua Portuguesareferente quantidade de adjetivos existentes. Aorganizao destes, para culminar nesta pesquisa,percorreu quatro anos, j que todo o seu processo seiniciou no ano de 1996.

    Outra dificuldade encontrada foi identificaraqueles adjetivos como descritores da personali-dade. A primeira autora, por ter avaliado toda alista de adjetivos pde perceber como cansativoe rduo o trabalho de pensar sobre cada um dos5.641 adjetivos quanto sua clareza de significa-do, utilidade como descritor e freqncia de uso.Pode-se supor que o mesmo sentimento ocorreupara os doze juzes, mesmo que avaliando umamdia de 940 termos. Vale dizer, ainda, que al-guns destes avaliadores comentaram sobre a sur-presa e curiosidade a respeito de alguns adjeti-vos, recorrendo ao dicionrio, depois de comple-tadas as respostas, para descobrir seu significadoe perceber porque esto na lista dos possveisdescritores da personalidade.

    Seria interessante se esta busca dos juzesao dicionrio fosse registrada, para verificar se de-pois da consulta, o sujeito avaliaria o adjetivo comotil para a descrio da personalidade. A no iden-tificao de alguns adjetivos pela utilidade poderiatanto significar que eles realmente no so teis,como poderia demonstrar que o reconhecimento ouentendimento no claro, para aquela determinadaamostra, o que remete a estudos com diferentestipos de amostra.

    Foi possvel perceber tambm que existemdescritores da personalidade que no se encaixamem nenhuma especialidade psicolgica, j que aAmostra encontrava-se, aleatoriamente, dispersa emvrias reas da Psicologia (lembrando que foram1.323 os adjetivos considerados no claros, no teispara descrever a personalidade e no freqentes naexperincia profissional dos psiclogos).

    Com a identificao, pelos psiclogos da regiodo Estado de So Paulo, dos adjetivos mais claros,mais teis e mais freqentes na Lngua Portuguesacomo descritores da personalidade, pode-se dizer queos objetivos propostos foram atingidos e que a ter-ceira etapa da construo da taxonomia foi desen-volvida plenamente.

    A construo da taxonomia dos descritores dapersonalidade ainda no est terminada, segundo omodelo internacional, porm j se pode afirmar quea lista de adjetivos, apresentada neste estudo, per-mite uma srie de pesquisas relacionadas, princi-palmente, avaliao da personalidade.

    importante lembrar que a taxonomia aterica, ou seja, pode ser utilizada por qualquerabordagem da Psicologia que tenha como objetode estudo a personalidade humana. Vale tambmlembrar que quase todos os aspectos da Psicolo-gia precisam dos testes como recursos para a ob-teno de dados. A personalidade um construtopsicolgico que ganhar foras a partir de melho-res mensuraes. O instrumento de avaliao omeio pelo qual o profissional consegue comprovara existncia de traos estveis, por exemplo. Es-tudos sobre a estabilidade tendem a comprovar aconstituio, principalmente, biolgica da perso-nalidade.

    preciso ainda dar continuidade ao projetopara chegar a concluses mais concretas, que defato sejam teis para a rea da avaliao psicolgi-ca nacional.

    Entretanto preciso ressaltar que essa fase dataxonomia j poderia estar auxiliando os pesqui-sadores a melhorarem a qualidade e a quantidade deinstrumentos de avaliao psicolgica sobre, porexemplo, os estudos a respeito da natureza e exten-so das diferenas individuais, a identificao de tra-os psicolgicos, a mensurao de diferenas entregrupos, a investigao de fatores biolgicos e cultu-rais ligados s diferenas no comportamento, mu-danas no indivduo provocadas pela idade, influ-ncias da educao, resultados da psicoterapia,entre outros.

    Sugere-se, para pesquisas futuras, a conti-nuao deste projeto transcultural, a replicagemdeste estudo em outras regies do Brasil, a utili-zao da lista dos adjetivos descritores para aconstruo de instrumentos de avaliao psico-lgica da personalidade, do temperamento, dacriatividade, e de tantos outros construtos dascaractersticas humanas que ainda intrigam ospesquisadores.

    Fujita (s/d), defensor constante deste tipo depesquisa, afirma que uma boa taxonomia guiar ospesquisadores a frutferas direes em suas pesqui-sas e permitir um vocabulrio padro para que osresultados destas possam ser comunicados e relaci-onados entre si. Mesmo uma taxonomia pobre melhor que do que nenhuma.

  • 92 Cristina Coutinho Marques de Pinho & Raquel Souza Lobo Guzzo

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

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  • 94 Cristina Coutinho Marques de Pinho & Raquel Souza Lobo Guzzo

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    Anexo 1 Lista de Adjetivosabalado alvoroado arrogante brbaro calorentoabandonado amabilssimo arrojado barulhento calorosoabatido amado arteiro batalhador canhotoaberto amadurecido articuloso bem-apanhado cansadoabestalhado amante artificial bem-apessoado capciosoabilolado amargo artista bem-avisado caprichosoaborrecido amargurado assertivo bem-comportado cara-de-pauabrupto amvel assduo bem-criado caraduraacanhado ambicioso assustado bem-dotado carenteacanhado ambguo astucioso bem-educado caricaturadoaceso ambivalente astuto bem-encarado caridosoacessvel ameaador atabalhoado bem-humorado carinhosoacintoso amedrontador atarantado bem-intensionado carismticoacolhedor amicssimo atarefado bem-mandado carrancudoacomodado amigvel atencioso bem-sucedido caseiroaconselhador amigo atento bem-visto castigadoracrtico amistoso ativo benevolente castoacuado amoral atltico benvolo castradoradaptado amoroso atnito benfeitor categricoadequado analisador atordoado benquisto cativanteadmirvel anrquico atormentado birrento catlicoadolescente angustiado atraente bissexual cautelosoadorado animado atrapalhado bitolado cavalheiroadorador animador atrevido bizarro caxiasadorvel anorxico atuante bloqueado censuradoradulador anormal audacioso boa-pinta cpticoafvel ansioso ausente boboca cerimoniosoafeminado antiptico austero boal certoafetivo antiquado autntico bomio cticoafetuoso anti-social autnomo bom chantagistaaflito apaixonado autoritrio bondoso charmosoafobado apaixonante auto-suficiente brabo chatoafoito apaixonvel auto-sugestionvel bravo chauvinistagil apalermado avaliador brigo cheirosoagitadio apavorado avarento brigona chiqueagitado apaziguador varo briguento choramingueiroagitador apaziguante aventureiro brilhante choroagoniado aperreado averiguador brincador choronaagradvel apreensivo vido cabeudo chorosoagressivo apressado avoado cabeludo chuloagressor aproveitador azarado cabisbaixo cienteajuizado apto babaca cadavrico cnicoajustado ardiloso bacana cado cismadoalegre argumentador bagunado calado ciumentoalerta arguto bagunceiro calado coercitivoalheio arisco bairrista caladona coerentealienado arrasado baixo calculista coesoaliviado arredio baixo-astral calejado coitadoaltivo arrependido bajulador calhorda colricoaltrusta arretado baratinado calmo combativo

  • Descritores da Personalidade 95

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    comedido construtivo decidido dominante garotocomilo contagiante dedicado educado gaycomodista contemplador deficiente eficaz generosocmodo contente delicado eficiente genialcompanheiro contestador delinqente egocntrico geniosocompassivo contido delirante egosta gentilcompetente contraditrio demente emotivo gentilssimocompetitivo contrariado dependente encabulado genunocomplexado controlado depressivo entusiasmado giracomplexo controlador deprimido entusiasta glutocomplicado conturbador desafiador equilibrado glutonacomportado convencido desajeitado escandaloso gostosocompreensivo conveniente desajustado escrupuloso governadocompromissado conversador desamparado esforado gozadocompulsivo convicto desanimado esperto gozadorcomunicador cooperador desapegado espontneo graciosocomunicativo cooperante desatento esquizofrnico grosseiroconceituado cooperativo desconfiado esquizide grosseiroconciliador coordenado descontente eufrico grosseironaconciso corajoso descontrado exagerado grossocondenado cordial descontrolado exaltado grotescocondenador correto descuidado excntrico guerreirocondicionado corriqueiro desembaraado excepcional gulosocondodo corrompido desenvolto expansivo hbilconfiado corrupto desequilibrado experiente habilidosoconfiante cortejador desiludido expressivo harmoniosoconfivel corts desinibido extra-sensvel harmonizadorconfidente coruja desinteressado extrovertido hesitanteconflitante cotado desleal falador heterossexualconflituoso covarde desligado falante higinicoconformado credibilssimo desmoralizado falso hilarianteconformista crdulo desmotivado fantasioso hilrioconfortado crente desobediente farsante hipercrticoconfundido crescido desonesto fechado hiperexcitvelconfuso cretino desorganizado feliz hipersensvelconhecido criador desorientado fiel hipocondracoconivente criativo despreocupado firme hipcritaconquistador cricri destemido flexvel histricoconsciencioso criminoso destrutivo fbico homicidaconsciente criterioso detalhista forte homossexualcnscio crtico determinado fraco honestoconselheiro cruel dinmico frgil hospitaleiroconseqente cuidadoso dispersivo franco hostilconservado culpado disperso frgido humildeconsiderado culposo displicente frustrado idealizadorconsistente cultivador disposto gaiato idiotaconsolado culto dissimulado galante idneoconspirador curioso dcil galanteador ignoranteconstrangedor debochado doentio ganancioso iluminadoconstrito decente dominador garganta imaginativo

  • 96 Cristina Coutinho Marques de Pinho & Raquel Souza Lobo Guzzo

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    imaturo indecente intelectualizado maluco onipotenteimbecil indecidido inteligente malvado oportunistaimitador indefeso interessado manhoso opositorimoderado indelicado interessante manaco opressivoimodesto independente interesseiro manaco-depressivo opressorimoral indigno invejvel masoquista oprimidoimpaciente indisciplinado invejoso mau optimistaimparcial indiscreto inventivo medocre ordeiroimpassvel individualista irnico medroso ordenadoimpenetrvel indcil irredutvel meigo ordinrioimperativo indolente irrequieto melanclico organizadoimperturbvel indulgente irresistvel meloso orgulhosoimpetuoso ineficaz irreverente mentiroso oscilanteimpiedoso ineficiente irritadio mesquinho ostensivoimplicante inescrupuloso irritado meticuloso ostentadorimponente inexperiente irritante metdico otimistaimpopular inexpressivo jia minucioso ousadoimpressionvel infame jovem misterioso pacatoimprestvel infanticida jovial moderado pacienciosoimprodutivo infantil jururu modesto pacienteimprprio infeliz justo mrbido pacificadorimprovisador infiel ladino motivado pacficoimprudente inflexvel lambo negligente palermaimpulsivo influencivel lamentoso nervoso palpiteiroinbil influente lamuriento neuropata pamonhainabilidoso ingnuo lastimvel neuropsiquitrico panacainaccessvel ingrato leal neurtico po-duroinapto inibido legal neurotizado paradoincapaz inibidor lpido neurotizante paradoincentivador injusto libertador neutro paradonaincisivo inocente libertino nobre paranicoincitador inovador licencioso nojento parcialincivilizado inquieto ligado nmade pasmoincoerente insano limitado normal paspalhoincompetente insatisfeito limtrofe nostlgico paspalhonaincompreendido inseguro livre notvel passivoincompreensvel insensato lgico obcecado paternalincompreensivo insensvel louco obcecador patetainconformado insinuador lcido obediente patticoinconsciente insolente luntico obsceno patifeinconseqente inspirado macho observador patolgicoinconstante instvel maduro obsessivo patriarcalincontrolado instigador malcomportado obstinado pecadorincontrolvel instintivo maldoso ocioso peonhentoinconveniente insubordinado malevel odioso pedanteincorrigvel insubornvel mal-educado ofensivo pegajosoincorruptvel insultador malfico oferecido peitudoincorrupto insuportvel mal-humorado oligofrnico penetranteincrdulo ntegro mal-intencionado omisso penitenteindagador intelectual malsucedido omissor pensador

  • Descritores da Personalidade 97

    Avaliao Psicolgica, 2(2), 2003, pp. 81-97

    pensativo problemtico retrospectivo srio trapaceadorperfeccionista produtivo revoltado severo trapaceiroperguntador produtor rgido sexy traquinaperigoso proibidor rigoroso silencioso traquinaspermissivo promissor risonho simptico travessoperseverante protetor rspido simplista tristepersistente provocador romntico simulado tristonhopersonalista prudente rude sincero turroperspicaz puritano ruim sistemtico turronapersuasivo puro sabedor socivel unha-de-fomeperturbado puxa-saco sabido sofredor vacilanteperturbador qualificado sbio solcito vadioperverso qualificado sdico solidrio vagabundopervertido quieto sdico-anal sonhador vagarosopessimista rabujento sadio srdido vaidosopiedoso ranzinza sadista sorridente valentopiegas realista sadomasoquista sossegado valentepilantra rebelde sagaz subconsciente velozpirracento recalcado sanginrio subjetivo vencedorpolido recatado so submisso vencidopoltico receoso sapeca subordinado venenosopolitizado receptivo sarcstico suicida verdadeiroponderado recriminador satisfeito sujeito vergonhosoponderador reflexivo saudvel sutil verstilpontual reivindicador saudoso tagarela vexadoporcalho repetitivo saudoso talentoso viciadoporcalhona reprimido sedutor teimoso vigilantepossessivo repugnante seguro temperamental vigorosopragmtico repulsivo semiconsciente tempestuoso violentoprtico reservado sem-vergonha tenso virtuosoprecoce resmungo sensato tmido vivazprecursor resmungona sensvel tirano vvidopredominante respeitvel sensual tola vivopreguioso respeitoso sentido tolerante voluntariosoprepotente respondo sentimental tolo vulgarprestativo responsvel sentimentalista traioeiro zangadopresunoso ressabiado serelepe tranqilo zelosopretensioso retrado sereno transtornado

    Recebido em 11/07/2003Aceito em 08/10/2003