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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 1ª EDIÇÃO 2007/2008 TRABALHO FINAL PDE A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA A SUSTENTABILIDADE – LIMITES E POSSIBILIDADES COUTO, Marcelo Fonseca do¹ JÚNIOR, Álvaro Lorencini² ¹Professor de Ciências do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná. ² Professor Doutor do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina. AGRADECIMENTOS - Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde, sabedoria e pela oportunidade de desenvolver este trabalho. - Ao Governo do Estado do Paraná pela possibilidade de melhorar nossa prática docente através da formação continuada em rede. - À UEL, na pessoa do professor Álvaro Lorencini Júnior, orientador deste trabalho, pela paciência, solicitude e apoio no desenvolvimento das atividades do PDE. - À coordenação regional do PDE e CRTE do NRE de Apucarana pela presteza no atendimento nos momentos de dificuldades. - À direção, Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários do Colégio Estadual Tomé de Souza durante a implementação da proposta pedagógica. - À minha família pelo apoio em todos os momentos. - Aos amigos, colegas professores do PDE e integrantes do GTR pelo apoio e pelas palavras de otimismo.

Trabalho Final PDE – 2007-2008 · período surgiu a LDB 4.024/61, a qual ampliou o espaço da disciplina denominada Iniciação às Ciências a qual teve obrigatoriedade a todas

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – 1ª EDIÇÃO

2007/2008

TRABALHO FINAL PDE

A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA A

SUSTENTABILIDADE – LIMITES E POSSIBILIDADES

COUTO, Marcelo Fonseca do¹

JÚNIOR, Álvaro Lorencini²

¹Professor de Ciências do Ensino Fundamental da Rede Estadual de Educação do Estado do

Paraná.

² Professor Doutor do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina.

AGRADECIMENTOS

- Agradeço a Deus pelo dom da vida, pela saúde, sabedoria e pela

oportunidade de desenvolver este trabalho.

- Ao Governo do Estado do Paraná pela possibilidade de melhorar nossa

prática docente através da formação continuada em rede.

- À UEL, na pessoa do professor Álvaro Lorencini Júnior, orientador deste

trabalho, pela paciência, solicitude e apoio no desenvolvimento das

atividades do PDE.

- À coordenação regional do PDE e CRTE do NRE de Apucarana pela presteza

no atendimento nos momentos de dificuldades.

- À direção, Equipe Pedagógica, Professores e Funcionários do Colégio

Estadual Tomé de Souza durante a implementação da proposta pedagógica.

- À minha família pelo apoio em todos os momentos.

- Aos amigos, colegas professores do PDE e integrantes do GTR pelo apoio e

pelas palavras de otimismo.

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RESUMO

É importante investigar e repensar o trabalho escolar, notadamente o ensino de Ciências, para que possamos formar cidadãos mais comprometidos e responsáveis com relação à sustentabilidade das atividades humanas, sejam de produção ou de consumo, de modo a comprometer o mínimo possível a dinâmica da natureza. Para tanto, a escola deve trabalhar o real significado da sustentabilidade, com o objetivo de produzir mudanças comportamentais, atitudinais e procedimentais nas novas gerações, não realimentando as velhas práticas de exploração predatória, exagerada e indevida dos recursos naturais, sejam eles renováveis ou não. Tais objetivos certamente deverão obter êxito maior quanto mais cedo as questões ambientais forem introduzidas e trabalhadas no currículo escolar, preferencialmente desde o ensino infantil, pois a formação de conceitos e atitudes corretas é tarefa mais fácil do que modificar conceitos já internalizados pelas crianças e jovens. Caso a escola consiga desenvolver uma aprendizagem que seja significativa para o aluno, este deverá estar melhor preparado para interagir com o conceito de sustentabilidade veiculado largamente na atualidade pela mídia, pelo estado e pela classe empresarial, muitas vezes para estimular ainda mais o consumismo exacerbado, ou para mascarar ações geradoras de degradação ambiental conduzidas por corporações ou governos, os quais muitas vezes não estão, de fato, atuando de forma sustentável. Sendo assim este aluno poderá tirar suas conclusões com mais clareza e intervir com maior discernimento na sociedade.

ABSTRACT

It’s important to investigate and rethink the school work, especially the teaching of science, so we can make people more committed and responsable with regard to the sustainability of human activities, are the production or consumption, in order to commit as little as possible of the nature’s dynamic. For both, the school must work the real meaning of sustainability, aiming to produce behavioral, attitudinal and procedural changes in new generations, not feeding the old practices of predatory, exaggerated and unjustified exploration of the natural resources, whether renewable or not. These goals should certainly get more success as soon as environmental issues are introduced and worked in the school curriculum, preferably from the children's education, since the formation of correct concepts and attitudes task is easier than changing concepts already internalized by children and young people. If the school can develop a learning that is meaningful to the student, this should be better prepared to interact with the concept of sustainability widely reported in the media today, the state and the entrepreneurial class, often further stimulate the exacerbated consumerism, or to mask activities that create environmental

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degradation conducted by corporations or governments, which often are not, in fact, acting in a sustainable manner. So this student can take its findings more clearly and act with greater insight into society.

Palavras-chave: Educação no Brasil. Ensino de Ciências. Mudanças

conceituais, atitudinais, procedimentais e comportamentais.

Sustentabilidade.

ELEMENTOS TEXTUAIS

INTRODUÇÃO

Para melhor compreender o processo de ensino-aprendizagem de

Educação Ambiental no Brasil é necessário fazer uma reflexão sobre as

diferentes metodologias utilizadas de acordo com as também diferentes

pedagogias adotadas ao longo do tempo, quais sejam, tradicional, escola-

nova, tecnicista e histórico-crítica, pois cada uma delas tem uma diferente

visão de mundo, sociedade, escola, homem [...] e isto obviamente reflete na

prática pedagógica dos professores e antes disso, reflete também na

própria formação destes. É importante compreender quando, como e em

que contexto a Educação Ambiental passou a integrar os currículos

escolares brasileiros e com qual enfoque tem sido trabalhada para

compreendermos o modo de pensar e agir das pessoas que estão fora da

idade escolar, pois como formadoras de opinião passam seus valores em

relação ao meio ambiente às crianças e quando estas chegam à escola já

trazem consigo conceitos, valores e atitudes aprendidos e apreendidos no

seio da família e da sociedade na qual está inserida, atitudes estas, muitas

vezes danosas em relação à sustentabilidade das ações humanas, objetivo

que perseguimos no trabalho escolar, notadamente no trabalho com a

disciplina de ciências.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL DENTRO DO ENSINO DE CIÊNCIAS

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“O entendimento de que a ciência é um conjunto de conhecimentos

acumulados historicamente pela observação de fenômenos naturais

produzidos de acordo com as necessidades de cada época, aprimorados e

sistematizados pelas diferentes sociedades de diferentes épocas, não sendo

neutra, é falível e intencional, atendendo a diferentes interesses,

influenciando e sendo influenciada por novas descobertas, pois é a ciência

que alavanca o desenvolvimento tecnológico, o qual deve suprir as

necessidades humanas.” (DCEs Ciências, 2006).

Ciências como disciplina, foi inserida no currículo escolar brasileiro a

partir da Reforma Francisco Campos, pelo Decreto 19.890/31. Priorizava a

biografia de cientistas importantes e a demonstração de seus experimentos

a partir de memorização e repetição.

A Reforma Gustavo Capanema em 1942 facilitou o acesso a esse

ensino e o subdividiu em dois ciclos: Ginasial (quatro anos) e Científico (três

anos) estabelecendo conteúdos específicos para cada ano.

A partir da década de 1950 o ensino de Ciências cresceu em

importância, pois passou a ser considerado essencial para o

desenvolvimento econômico, cultural e social, orientado pelo Movimento

Escolanovista o qual tentou substituir os métodos tradicionais por uma

metodologia ativa, centrada na experiência vivida pelos alunos em

detrimento do saber sistematizado, o que segundo Saviani (1995, p. 22),

“representou o afrouxamento da disciplina e a despreocupação com a

transmissão do conhecimento e, conseqüentemente, o rebaixamento do

ensino destinado às camadas populares”. No Brasil no início dos anos 1950

já havia um movimento preocupado com a melhoria do Ensino de Ciências

com a fundação do Ibecc (Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e

Cultura) com a finalidade de melhorar o ensino superior no país. Com o

lançamento do satélite artificial Sputnik pelos Russos, durante a Guerra Fria,

houve mudanças no sistema educacional estadunidense visando à formação

de novos cientistas e isto se refletiu nos sistemas educacionais de outros

países latino-americanos, inclusive o Brasil.

A década de 1960 ficou marcada por intensos debates políticos, por

tensões sócio-ideológicas e por gerar conflitos no currículo escolar. Neste

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período surgiu a LDB 4.024/61, a qual ampliou o espaço da disciplina

denominada Iniciação às Ciências a qual teve obrigatoriedade a todas as

séries do Ginasial, cuja função era preparar o cidadão para pensar lógica e

criticamente, exercitar o método científico e tomar decisões com base em

dados e informações. Neste período surgiu também o Movimento CTS

(Ciência, Tecnologia e Sociedade).

Na década de 1970 foi firmado um acordo entre o MEC (Ministério da

Educação e Cultura) e o Usaid (Agência Norte-Americana para o

Desenvolvimento Internacional) que garantiu ao Brasil assistência técnica e

financeira para instituir a reforma universitária, através da Lei 5.540/68 e a

reforma do ensino básico através da Lei 5.692/71, marcos do ensino

tecnicista, que pretendia articular a educação com o sistema produtivo,

para aperfeiçoar o sistema capitalista. Com isso houve avanços no sistema

industrial do país, mas ocasionou degradação ambiental. O atrelamento do

desenvolvimento científico e tecnológico às guerras fez ampliar as

discussões sobre a interação entre ciência e tecnologia, incluindo a

sociedade e os efeitos nela provocados.

A década de 1980 marcou um descompasso entre o Brasil e outros

países nos quais o desenvolvimento científico e tecnológico avançava,

enquanto o Brasil vivia a transição política entre a ditadura militar e a

redemocratização, período no qual houve massificação da educação, mas

esta expansão da oferta não significou qualidade de ensino. Para aprimorar

o ensino de Ciências, alguns temas como Educação Ambiental (EA), Saúde,

Relações entre Indústria e Agricultura, Ciência e Tecnologia foram

incorporadas ao currículo desta disciplina, porém de maneira ingênua sem

estabelecer relações com a prática social.

Na década de 1990, houve um agravamento na crise econômica que

intensificou as desigualdades sociais e a multinacionalização do capital

produziu a globalização das economias e o neoliberalismo que trouxe a

discussão da qualidade total e as estratégias empresariais para o contexto

educacional, porém esta visão foi criticada por grupos de professores de

diferentes áreas, cujo ponto de vista era que numa sociedade solidária e

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justa, a escola deveria formar um cidadão crítico, participativo e

transformador.

No Paraná, no início da década de 1990, surgiu o Currículo Básico

para a Escola Publica do Estado do Paraná que buscou responder às

necessidades sociais e históricas do Brasil de então. O Currículo Básico foi

norteado pela pedagogia histórico-crítica segundo a qual a escola deveria

ser valorizada como espaço responsável pela apropriação do saber

sistematizado e na qual os conteúdos passaram a ser indispensáveis à

compreensão da prática social, por desvelarem a realidade de forma crítica

e transformadora.

No Ensino de Ciências o Currículo Básico propôs integrar os

conteúdos a partir de três eixos norteadores: Noções de Astronomia,

Transformação e Interação de Matéria e Energia e, Saúde: Melhoria da

qualidade de vida. As discussões sobre Meio Ambiente não apareciam de

forma clara e não explicitou as preocupações quanto aos resultados das

ações do homem sobre a natureza. Com a promulgação da LDB 9.394/96, o

Ensino de Ciências perdeu forças, a escola passou a ser entendida como

empresa, conforme o modelo neoliberal de educação que destacava

projetos baseados em valores, habilidades e competências, em prejuízo dos

conteúdos específicos. A partir de 1996 surgiram os PCNs (Parâmetros

Curriculares Nacionais) e os Temas Transversais, o que permitiu que amplos

temas de estudos da disciplina de Ciências como saúde, sexualidade e meio

ambiente, entre outros, passassem a ser tratados por outras disciplinas,

mas na prática esses temas passaram a ser trabalhados de fato pelos

professores de Ciências tomando o tempo de outros conteúdos

historicamente constituídos. Na maioria das vezes eram trabalhados através

de projetos curriculares e extracurriculares propostos por outras instituições

que, muitas vezes desconsideravam a proposta pedagógica da escola.

Em Ciências Naturais os PCNs foram organizados nos seguintes eixos

temáticos: Terra e Universo; Vida e Ambiente; Ser Humano e Saúde e,

Tecnologia e Sociedade. A proposição destes eixos limitou as possibilidades

de trabalho do professor e, por abordar a globalização da educação, perdeu

de vista as características regionais. A trajetória do Currículo de Ciências

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sempre esteve alinhada a interesses políticos, econômicos e sociais,

determinantes na proposta pedagógica, fato este que alterou

historicamente as concepções de cidadania, de aluno, professor, ensino,

aprendizagem, escola e educação.

Posteriormente surgiram as pedagogias chamadas pos-críticas que

valorizam o pensamento reflexivo, o ensino contextualizado e a

multidisciplinaridade, o que nos permite trabalhar com mais flexibilidade

conceitos como a Educação Ambiental e Sustentabilidade.

Segundo SCOTTO, CARVALHO e GUIMARÃES (2007, pág. 8), “O

conceito de desenvolvimento sustentável entra em cena nos anos 80. É

formulado num documento intitulado Our Common Future (“Nosso Futuro

Comum”). Foi resultado do trabalho da Comissão Mundial sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), formada por representantes de

governos, ONGs e da comunidade científica de vários países.” e está

presente atualmente em nosso dia-a-dia, bem como dentro da sala de aula,

cuja teoria depois, será vivenciada na prática, caso tais conceitos sejam

assimilados, apreendidos. Em princípio gera polêmicas, mas bem,

trabalhado induz à prática de atitudes e tomadas de decisões que, nem

sempre a curto prazo, surtem resultados favoráveis mensuráveis, porém

com o tempo revela-se benéfica a toda a sociedade, e não apenas ao

indivíduo. O conceito de desenvolvimento sustentável ou simplesmente

sustentabilidade significa “atender às necessidades do presente sem

comprometer as possibilidades de as futuras gerações atenderem às

próprias necessidades.”

http://planetasustentavel.abril.ig.com.br/movimento/ (Acesso em 12 Dez

2008), ou ainda, “o desenvolvimento requerido para obter a satisfação

duradoura das necessidades humanas e o crescimento (melhoria) da

qualidade de vida” (Allen apud Bellia, 1996, pág. 23).

Quando o professor conduz o aluno a um pensamento reflexivo pode

despertar nele um sentimento de que deve fazer sua parte no processo,

fazendo-os enxergar que o mundo de amanhã depende de nossas atitudes

de hoje. É necessário mostrar-lhes que suas atitudes e mudança de

comportamento devem ser vivenciadas também fora da sala de aula, pois

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as questões ambientais são relativamente novas e envolvem riscos

concretos, não apenas à vida humana, mas à vida como um todo no

Planeta, acarretando a extinção de espécies, bem como trazendo

conseqüências desastrosas ao equilíbrio natural, nas suas relações de

interdependência. Hoje temos ar, água e solo poluídos; catástrofes,

doenças, alterações na paisagem e no clima, além de ameaças à

biodiversidade e à vida como um todo. Há, então, uma grande preocupação

com as mudanças climáticas, influenciadas fortemente pelas ações

humanas.

Com os avanços tecnológicos e a globalização, de maneira geral, o ser

humano, não se preocupou com as conseqüências desastrosas que suas

ações poderiam acarretar, pois o desenvolvimento técnico-científico era o

que mais contava para o modelo capitalista dominante. A mídia também

estimulava e ainda continua estimulando o consumismo, a ganância, o ter,

e as pessoas, desavisadas, seguem esta linha propagada e, até hoje, existe

o desejo de ter, de poder, sem medir as conseqüências, não levando em

consideração a capacidade do planeta de renovação dos recursos naturais

(renováveis), esgotada desde 1986.

A mídia televisiva, apresenta atualmente boa programação com

enfoque ambiental, porém em horários de menor audiência, como o início

das manhãs. Outros meios de comunicação, como jornais e revistas

científicas, nem sempre chegam aos nossos lares, devido ao preço, ou ao

pouco gosto pela leitura, principalmente por parte dos jovens.

Como as questões ambientais estão se tornando mais corriqueiras nos

planejamentos escolares e é também assunto discutido em outros espaços,

nota-se, aos poucos, nos alunos, um pouco mais de consciência e

conhecimento do assunto na última década. É comum ouvirmos dos

educandos exemplos de experiências vivenciadas nesse aspecto. Na sala de

aula, alguns professores cobram atitudes de responsabilidade social, como

quanto à seleção do lixo, para reciclagem, reaproveitamento e

compostagem, o que contribui para reduzir a pressão sobre o ambiente

natural.

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Catástrofes como os furacões que causam grande devastação,

inclusive ocasionando mortes, são enfocadas nos momentos oportunos para

exemplificar como a natureza responde à falta de consciência ecológica do

homem. Os próprios alunos trocam idéias com os professores sobre tais

assuntos, demonstrando algum conhecimento prévio do assunto. Desta

forma temos a oportunidade de, inclusive, trabalhar com outros temas

geradores interessantes, como lixiviação, erosão, diminuição do nível das

águas dos rios e dos peixes, o uso indevido de agrotóxicos e a falta de

matas ciliares.

A falta de redes de esgotos nas cidades levam ao despejo de

materiais poluentes nos rios e oceanos, ocasionando a morte dos peixes e

outros organismos aquáticos, tornando as águas impróprias para o consumo

ou para o lazer.

As empresas deveriam fazer o tratamento dos resíduos e não jogá-los

“in natura” no solo, na água ou no ar, como ainda é feito, sem medir as

conseqüências de tais atos.

A industrialização, de modo geral trouxe melhoria da qualidade de

vida para parte da população mundial, mas trouxe também, graves danos

ao meio ambiente como a geração de gases poluentes, que trazem sérios

danos à saúde de todos os seres vivos. É comum vermos pessoas, em maior

número crianças, com problemas respiratórios em conseqüência da poluição

ambiental, principalmente as que vivem nas proximidades de grandes

indústrias. Deve-se combater ainda, a poluição sonora, que prejudica a

audição; a poluição visual, entre outras, que prejudicam a todos.

“O efeito estufa é um fenômeno natural da atmosfera do Planeta Terra

que existe desde tempos remotos e graças a ele é que existe vida, pois

devido ao mesmo a temperatura média na superfície é de cerca de 14° C”

(FLANERY, 2007:25.). Porém, pode variar bastante em diferentes pontos do

Globo Terrestre, o que possibilitou a formação de diferentes ecossistemas ao

longo de bilhões de anos de evolução. Também possibilitou o surgimento de

uma enorme biodiversidade, contudo, ao longo dos anos essa

biodiversidade vem sendo devastada, atingindo níveis críticos. Com isso o

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que era benéfico do efeito estufa está se tornando maléfico em função de

seu aumento.

Com a Revolução Industrial a situação de degradação ambiental se

agravou, principalmente por causa da queima de combustíveis fósseis,

começando pelo carvão mineral, bem como por gases estufa gerados pelas

mais diversas atividades humanas que, posteriormente fizeram aumentar a

concentração de CO2, metano e outros GEE na atmosfera, o que já vem

desencadeando enormes mudanças climáticas que, segundo alguns

estudiosos do assunto o fenômeno pode ser irreversível.

Prevê-se que por volta do ano de 2050, a população mundial deverá

chegar a 9 (nove) bilhões de habitantes e, a continuar assim, sem o devido

respeito ao Meio Ambiente, os recursos naturais estarão esgotados,

considerando o ritmo atual de consumo. Um dos principais focos do trabalho

com a EA é possibilitar a construção de uma sociedade sustentável que nos

conduza a uma sensível mudança nos atuais padrões de consumo, que são

ambientalmente insustentáveis. É preciso acreditar que o desenvolvimento

sustentável será possível, se houver um esforço de todos, e o caminho mais

curto e mais viável é, a partir da escola, onde o professor e o aluno

interagem, acabando por haver aprendizagem para todos. Mas a real

aprendizagem ocorre quando se coloca em prática certos conteúdos

aprendidos. É comum ouvirmos que “só se aprende a fazer fazendo”,

porém, para que isto aconteça, é preciso que os alunos participem de

atividades concretas e tomem gosto pelas questões ambientais, levando os

conhecimentos adquiridos até suas comunidades. Quando isto acontece,

então surgem as esperanças de um mundo melhor, com ambiente

sustentável e qualidade de vida para todos.

Uma questão muito interessante e que muito tem colaborado para

diminuir a quantidade de lixo gerado pelas pessoas é a coleta seletiva, um

projeto já abraçado por um grande número de pessoas em todo o Brasil.

São ações cujos resultados vão além da emissão de GEE (gases de efeito

estufa), pois diminui, e muito, a quantidade de lixo nos lixões e aterros

sanitários, oportunizando ganhos sociais, econômicos, trabalhistas e de

saúde, além de ganhos ambientais.

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A revista National Geographic Brasil, (Edição de junho de 2007, pág.

74-89), trouxe um artigo com o título: O Fim do Gelo, com o seguinte teor:

“É fato: o aquecimento global está derretendo as geleiras e as calotas

polares. Ninguém esperava que isso ocorresse com tanta rapidez. Quando a

água proveniente do degelo da Groenlândia penetra até o leito rochoso,

aumenta a velocidade de deslocamento do gelo em direção ao mar – um

dos vários processos de retroalimentação que aceleram o degelo global...”.

Essa matéria traz dados e fotos de geleiras em diferentes datas, o que não

deixa dúvidas de que o derretimento das mesmas começou muito antes do

que o previsto pelos cientistas. Prevê, ainda, sobre o risco de extinção em

massa de muitas espécies. O fenômeno das geleiras que estão derretendo,

está acarretando elevação do nível dos oceanos que estão avançando sobre

cidades situadas no litoral. Existe também a previsão de que a água do mar

torne-se mais ácida do que na época da extinção dos dinossauros, em

função do CO2 que satura os oceanos. Estas são ameaças que podem

assolar os oceanos, além da pesca intensiva com redes de arrasto e a pesca

em profundidade, as mudanças climáticas e a poluição litorânea. Essas

práticas poderão fazer com que em poucos anos desapareça a indústria

pesqueira, trazendo um colapso a este importante setor da indústria

alimentícia cujo produto é a base da alimentação de muitos povos. A

elevação na temperatura das águas superficiais dos oceanos, somada à

acidificação causada pela maior concentração de CO2 já têm levado muitos

corais à morte e como eles são fundamentais na ecologia marinha, muitos

outros problemas podem advir.

A dissolução do anidrido carbônico (CO2) nas águas oceânicas tem

danificado, além dos corais, outras espécies que metabolizam conchas

calcárias e isto tem afetado significativamente a diversidade biológica dos

ecossistemas marinhos, os quais podem levar vários séculos para se

recuperar, advertem os pesquisadores.

As questões ambientais são tão preocupantes que têm sido tratadas e

discutidas até mesmo por revistas cujo enfoque normalmente é outro, e

esta preocupação é planetária, liderada por pesquisadores que tem

procurado alertar governos e sociedade civil para os problemas que

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poderão nas próximas décadas, colocar em risco a vida como um todo em

nosso Planeta. Procuram mostrar ainda que as possíveis catástrofes

ambientais ainda não são irreversíveis, embora não haja consenso quanto a

isto, e que ecossistemas degradados podem ser recuperados e melhorados,

mas para isso devem ser aplicadas medidas que contribuam para o seu

equilíbrio. Os recursos naturais não são apenas mercadorias a serem

exploradas, são as bases de sustentação da vida no planeta e não podemos

fazer de conta que nada está acontecendo, que não temos participação na

destruição do planeta, e cabe a cada um fazer sua parte e rever seu estilo

de vida. É comum as pessoas aceitarem o que lhes é oferecido sem

questionar de onde veio, como foi feito e o que foi usado até parar nas

mãos dos consumidores.

A mãe natureza não pertence ao homem, mas sim o homem pertence

à natureza e enquanto a humanidade não se der conta disto não faremos

grandes progressos quanto à um modo de vida sustentável e talvez nem

mesmo consigamos sobreviver como espécie, se considerarmos que a

extinção de outras espécies pode levar também à nossa, já que existe uma

interdependência entre todos os seres vivos e o ambiente e nós estamos

interferindo demasiadamente nesta dinâmica da natureza. Desta forma o

que deixaremos para as futuras gerações? Uma porção de terras emersas

bem menor do que temos atualmente e cheia de desertos inóspitos e

impróprios para a vida, sem água ou outros recursos naturais

indispensáveis.

O uso de agrotóxicos em larga escala está trazendo graves prejuízos à

saúde humana, como o surgimento de novas doenças, entre as quais a

ciência ainda não encontrou a cura para muitas, mesmo que intensamente

pesquisadas.

Aproximadamente 70% de todo alimento produzido mundialmente é

feito pela agricultura convencional, graças ao uso de agrotóxicos e

fertilizantes químicos, os quais deixam resíduos nos alimentos e no

ambiente, apenas o restante é produzido organicamente, o que seria ideal

para preservar nossa saúde e o meio ambiente.

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O desmatamento é outro fator agravante e que está ocorrendo de

forma acelerada, por ganância e falta de consciência ecológica, trazendo

sérios problemas ambientais. Já as queimadas em larga escala de matas e

canaviais, além de empobrecerem o solo, contribuem para a poluição do ar

e o agravamento do aquecimento global, que por sua vez está ocasionando

o derretimento das geleiras, entre outros problemas. A perda das florestas e

outros tipos de vegetação implicam igualmente na perda dos diversos

serviços ambientais.

Algumas medidas governamentais como o aprimoramento da

legislação ambiental aliado à fiscalização mais efetiva, inclusive com a

cobrança de multas, entre outras penalidades aos transgressores destas

leis, podem contribuir decisivamente para uma mudança de paradigma em

relação aos problemas ambientais, constituindo-se em enorme desafio que

nossos governantes, juntamente com a sociedade civil organizada têm que

enfrentar, exigindo destes, coragem, determinação, esforço, vigilância e a

aplicação das grandes somas em dinheiro proveniente destas multas em

ações revertidas em preservação e recuperação ambiental. Mesmo assim,

ainda vemos muitas pessoas que transgridem as leis, não só em nosso país

de continentais dimensões, mas em todo o mundo. Medidas, muitas vezes

drásticas, são necessárias e bem vindas para dar sentido e validade ao

trabalho de minimização das mudanças climáticas.

Hoje percebemos a destruição dos ecossistemas e devemos nos

espelhar em alguns povos, cuja cultura e modo de vida não destroem o

ambiente em que vivem, portanto temos muito a re-aprender com estes

povos que convivem harmonicamente com a natureza. Embora essas

civilizações não sejam letradas, possuem o saber pela observação, e sabem

da necessidade de preservar o meio ambiente para sua própria

sobrevivência e assim mantem o equilíbrio natural, que hoje, pessoas bem

sucedidas, movidas pelo anseio de possuir cada vez mais, não respeitam.

Pessoas ligadas aos movimentos sociais, como os ambientalistas,

enfrentam freqüentemente dificuldades de mobilização, sentindo-se

impotentes e desestimulados ao buscar apoio para aplicação de leis mais

severas. Todos temos inquietações sobre o quê e como fazer para alcançar

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uma maior percepção da gravidade dos problemas sociais derivados de

catástrofes ambientais e se envolvam na solução dos mesmos ao notarem a

gravidade da situação em que nos encontramos. Há uma enorme

dificuldade para fazer pessoas e grupos se envolverem, de fato, na defesa e

proteção ambiental. Pois quando se envolvem, são logo ameaçados e

alguns até são mortos por grupos interessados em destruir, que pensam

apenas em seus interesses econômicos. Foi o que aconteceu com Chico

Mendes, Irmã Doroty Stang e outros mártires das causas ambientais. Para

pessoas e grupos que agem assim a lei é branda e muitas vezes nem é

aplicada. Aqueles que se dispõem a agir em defesa do meio ambiente são

hostilizados de todas as formas, e muitos acabam desistindo, porque vêem

poucas chances de alcançar os objetivos esperados e desejados. Percebe-se

um grande desprezo pelo passado e a indiferença pelo futuro em muitos

casos.

Em sala de aula, dentro do ensino de Ciências, compete ao professor

levar informações, ouvir os alunos sobre o que sabem a respeito do assunto

e elaborar novos conceitos conjuntamente com eles. Não basta ficar apenas

nos conceitos, na teoria, é preciso partir para a prática, observando-se as

mudanças comportamentais e atitudinais. Os hábitos levam a ter atitudes

que refletem no comportamento, e o professor poderá saber se houve

mudanças, observando as atitudes dos alunos dentro e fora da sala de aula.

A educação ambiental é um processo que deve partir das famílias

que, devem educar seus filhos desde pequenos e ensiná-los, principalmente

pelo exemplo a praticar a preservação ambiental. Assim sendo não será

necessário cobrá-los futuramente por ações de degradação ambiental,

caberá à escola apenas aprimorar esses conceitos já presentes no sujeito

para formarmos cidadãos mais conscientes e responsáveis. Entretanto, as

questões ambientais só começaram a preocupar as pessoas a pouco tempo,

quando as catástrofes começaram a ocorrer, percebeu-se os efeitos das

mudanças climáticas. Desde então teve início uma corrida contra o tempo,

em busca de soluções que só serão efetivadas quando níveis de consumo

sustentáveis e modos de produção utilizando energias limpas ou renováveis

e plena consciência dos danos provocados à biosfera devido ao nosso modo

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de vida atual. Mesmo assim não poderemos mais evitar algumas mudanças

climáticas, apenas minimizá-las, pois a cada árvore centenária derrubada,

levará centenas de anos para que outra substitua suas funções. E é partindo

desta idéia, mostrando na prática como isto acontece, que o professor

direciona a mudança de valores para que percebam a finitude dos recursos

naturais, levando-os a adquirir hábitos verdadeiramente saudáveis com

relação à natureza.

É, também, imprescindível que os alunos sejam levados para fora da

sala de aula para ver os fenômenos que ocorrem na prática, na natureza,

que sintam as árvores e as observem de perto façam cálculos imaginários

sobre a idade delas, sua importância para a saúde humana, a função de

cada uma no ambiente, se pode ser aproveitada na produção de alimentos,

como remédio, enfim perceber todos os possíveis serviços ambientais que

cada ser vivo desempenha, mesmo que seja difícil percebê-los.

É indispensável que o professor verifique previamente o que os alunos

já conhecem sobre o assunto em estudo e partindo de seus conhecimentos

prévios trabalhar ampliando sua aprendizagem para que se torne

significativa, propondo atividades, preferencialmente em grupo para que

possam trocar idéias e saberes. A troca de experiências é muito importante

para facilitar a comunicação e o entendimento, e ainda trocar informações

sobre suas culturas diferenciadas.

O professor deve trabalhar situações reais e pertinentes a todos os

integrantes do grupo, (utilizando-se de metodologias adequadas à

idade/série) tais como o cálculo de quantidade de CO2 emitida anualmente

por cada um, e a partir daí mostrar-lhes que é possível reduzir as emissões

com mudanças simples em nossas atividades do dia-a-dia, sem a

necessidade de abrir mão do conforto e da comodidade que cada um tem,

mas para que isso aconteça há necessidade de mudanças como já foi dito

anteriormente para que sejam exemplo na comunidade escolar. É

importante também que o professor utilize diferentes recursos didáticos tais

como: laboratório de informática da escola para que pesquisem e ampliem

seus conhecimentos, realizar a exibição de vídeos, avaliar imagens, tabelas

e gráficos, que podem dizer mais do que palavras. Além de apresentar

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revistas, jornais e livros que tragam artigos científicos, enfim deve tornar

suas aulas atrativas e variadas.

Para que o trabalho se torne mais significativo, pode ainda

desenvolver atividades extra-classe como levá-los a conhecer nascentes e

rios e discutir “in loco” com eles se estão bem preservadas ou se há

necessidade de executar alguma intervenção para sua recuperação, deve

também deixar claro que uma área recuperada, para atingir o clímax,

dependendo do ecossistema, pode levar pelo menos um século.

Outra forma de se promover a educação ambiental é levá-los a visitar

diferentes locais como estações de tratamento de água, ou de esgoto e

indústrias para que vejam, na prática, como é feito o tratamento da água e

dos resíduos para que não prejudiquem o meio ambiente, lembrando

sempre que qualquer atividade extra-classe precisa ser bem planejada.

Após essas visitas, é necessário cobrar dos alunos uma avaliação do que

viram e ouviram, através de atividades como: relatos orais e escritos,

gráficos, desenhos e outros que permitam ao professor evidenciar os

ganhos educacionais advindos de tais atividades. Outra atividade bastante

prática e que o professor pode e deve fazer com seus alunos é a

compostagem do lixo orgânico, desde que a escola possua local apropriado

para tal. Na sequência pode aproveitar o composto numa horta para

mostrar a diferença de produtividade e que não há necessidade de

adubação química maciça. Fazendo-se isto na escola, os alunos aprendem

a aproveitar o lixo orgânico doméstico em suas hortas ou jardins, evitando o

uso de adubos químicos sem comprometer a produção e a saúde. É

importante também, a reciclagem e o reaproveitamento de materiais,

começando pela escola para que depois o façam em suas casas.

As respostas da natureza aos desatinos humanos estão aparecendo

de todas as formas e em todas as partes do mundo: são secas, furacões,

enchentes, entre outros fenômenos, que têm ocorrido com maior

intensidade. As mudanças climáticas podem provocar uma significativa

redução na produção agropecuária trazendo consigo a escassez e maior

preço dos alimentos, escassez cada vez maior dos recursos naturais,

sobretudo da água, trazendo graves transtornos à população. Segundo

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alguns estudiosos dos fenômenos climáticos, é possível que num futuro

próximo haja um agravamento ainda maior destes e outros fenômenos não

menos graves como a desertificação. Assim sendo poderá haver fome e

doenças para grande parte da população humana, bem como redução da

biodiversidade.

A tomada de decisões conjuntas pelas diferentes nações, como forma

de otimizar os recursos e dividir responsabilidades com relação às questões

ambientais teve início em 1972 com a realização da Conferência de

Estocolmo, seguida por outras até chegar à Conferência das Nações Unidas

Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92), onde houve a

assinatura de importantes documentos como a Agenda 21, por grande

número de nações. Na sequência de eventos desta natureza, houve em

1997, em Kyoto, Japão a assinatura de um protocolo denominado Protocolo

de Kyoto, no qual os países signatários comprometeram-se a reduzir as

emissões de CO2 e outros quatro GEE. Tivemos depois a Rio + 10 em

Johannesburgo, África do Sul. Apesar de que nem todas as metas traçadas

nestes documentos tenham sido alcançadas, devemos destacar que houve

avanços, e como o diálogo permanece aberto entre muitas nações,

devemos esperar que o bom senso prevaleça e assim metas mais

ambiciosas sejam alcançadas no sentido da mitigação das mudanças

climáticas.

Diante do que estamos vendo, é urgente repensar a educação formal,

partindo da reformulação dos currículos d da formação de professores, algo

que deve ser mudado através dos nossos governantes e da Secretaria do

Estado da Educação. Havendo mudanças na grade curricular, certamente o

processo de ensino-aprendizagem deverá ser mais completo, onde todos os

professores em todas as áreas de formação devam enfocar o tema em

questão com mais intensidade, alertando seus alunos quanto a sua

responsabilidade na preservação ambiental. Os professores devem

trabalhar com o mesmo objetivo, que é tornar os alunos mais esclarecidos e

mais responsáveis com o meio onde vivem, estudam e trabalham.

Necessário se faz avaliar com os alunos, ainda, o impacto causado ao meio

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ambiente diariamente por cada indivíduo, afinal a responsabilidade e a

busca de soluções deve ser conjunta.

É muito fácil apontar os problemas, o difícil é encontrar as soluções.

Trabalhar com a turma nesse sentido, buscando as soluções, não só na

teoria mas sobretudo na prática. Discutir com eles quais ações cada um

poderá incluir em seu dia-a-dia para diminuir o impacto frente às mudanças

climáticas e outros desastres ambientais. Devemos acompanhar as

possíveis mudanças de valores, atitudes e comportamentos dos alunos, que

podem ser evidências de que está ocorrendo aprendizagem significativa.

Há necessidade ainda, que o currículo das faculdades e universidades

sejam acrescidos de conteúdos que formem professores aptos a trabalhar

as questões ambientais com seus alunos, de forma concreta.

Partindo dos exemplos acima e de tantos outros mais, é que o

professor pode aprimorar sua prática pedagógica e contribuir para a

formação de cidadãos mais conscientes e responsáveis, pois mudar os

hábitos de pessoas mais velhas é muito difícil. Daí resulta a necessidade de

as escolas investirem na formação de crianças, adolescentes e jovens para

alcançar uma conscientização efetiva em se tratando do meio ambiente e a

partir de então, talvez num futuro próximo tenhamos cidadãos que possam

reverter a situação que estamos vivenciando hoje, onde sofremos as

conseqüências da falta de compromisso e desmandos da parte da

humanidade.

Os impactos das atividades humanas sobre o Planeta Terra não

aconteceram de um momento para outro, sempre houve um desejo

desenfreado do homem em ter mais, buscando desesperadamente

aumentar seu poder e nessa busca tem destruído o que a natureza levou

bilhões de anos de evolução para construir. Não houve a preocupação com

o meio ambiente, quais conseqüências o mesmo poderia sofrer, nem

mesmo houve o compromisso em reflorestar áreas antes utilizadas na

agricultura ou simplesmente para a exploração da madeira; usa-se a terra

enquanto produtiva e depois a abandona, deixando por conta da natureza

para se recompor. Por mais sábia que seja a natureza, dificilmente a

vegetação que levou centenas de anos para se formar será recomposta

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igualmente. Sendo assim, o que uma geração destruiu, a mesma não

voltará a ver tudo refeito, devido aos impactos devastadores praticados,

porém sofrerá as conseqüências de seus atos desastrosos.

O cultivo de lavouras ou pastagens em áreas devastadas para a

produção de alimentos, seja por derrubadas ou queimadas realizadas para

facilitar o cultivo da terra, foram atos executados muitas vezes pela falta de

informações quanto aos resultados danosos destas práticas, o que suscita a

necessidade de investir também em pesquisas para encontrar formas

sustentáveis para a realização de tais atividades, respeitando as

particularidades de cada região ou ecossistema uma vez que os efeitos do

fogo ou desmatamento faz com que o solo fique empobrecido e que ocorra

uma simplificação destes ambientes uma vez que afugenta ou extingue

inúmeras espécies, e tudo isso sem contar que as queimadas são

responsáveis por grande parte das emissões de CO2, um dos principais

gases causadores do aquecimento global. É comum ser jogado nos rios e

nos oceanos, muitos tipos de poluentes e contaminantes: redes de esgotos

que são canalizadas para os rios, os acidentes com embarcações que jogam

óleo e lixo nas águas.

É importante que os professores mantenham-se informados e

capacitados para mudar sua prática pedagógica na direção de uma

aprendizagem mais significativa, uma vez que os inúmeros meios de

comunicação disponíveis na atualidade têm abordado a EA (Educação

Ambiental) e desta forma os alunos já possuem uma grande quantidade de

informações a respeito deste assunto, sem no entanto desenvolver a

sensibilidade para mudar suas atitudes e comportamentos e este é o

calcanhar de Aquiles dos professores ao tratar da EA, sistematizar estas

informações para que se transformem em conhecimento, pois grande parte

dos alunos tendem a permanecer com as mesmas atitudes de antes,

mesmo sendo possuidores de grande volume de informações. Assim sendo

a metodologia adotada e as atividades propostas precisam ser significativas

e interessantes para incutir no aluno alguma mudança de comportamento.

Grande parte da comunidade científica internacional aceita que a

emissão excessiva de dióxido de carbono, proveniente principalmente da

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queima de combustíveis fósseis é a principal causa das mudanças

climáticas, sendo produzido inclusive, em grande parte pelo aquecimento

dos lares no hemisfério norte e nos transportes que utilizam combustão

interna. Uma fundação inglesa chamada Energy Saving Trust garante que

85% das pessoas subestimam o impacto de suas casas e estilos de vida na

alteração do clima. A mesma ainda recomenda que, ao se adquirir um

eletrodoméstico, seja verificada sua classificação quanto ao consumo de

energia elétrica. Da mesma forma, os microondas, embora exijam mais

recursos na fabricação, utilizam menos energia do que fornos convencionais

para aquecer alimentos.

Cada pequena atitude no sentido de se evitar o consumo de produtos

que venham a poluir o ambiente ou aumente a emissão de gases estufa, já

representa alguma contribuição para a melhoria do Planeta Terra. Uma

pessoa sozinha não pode salvar o mundo, mas pode fazer um esforço maior

do que aquele que fazia anteriormente para melhorá-lo.

Ocasionalmente tem surgido Programas de Governo que amenizam os

desastres ambientais, tais como o Programa Mata Ciliar e Paraná

Biodiversidade, do Governo do Estado do Paraná e o aprimoramento da

legislação ambiental e da intensificação da fiscalização pelo Governo

Federal, ou ainda por parte de ONGs como a SOS Matatlântica e a SPVS com

o clic árvore e a Investigação do seqüestro de carbono pela mata atlântica

respectivamente, o que tem contribuído para melhorar o microclima local,

preservar e recuperar espécies, ou formando corredores ecológicos que

muito contribuem para a troca de material genético entre espécies de

remanescentes florestais distintos, preservação de nascentes e rios,

seqüestro de carbono, entre outros serviços ambientais. Atualmente é

inadmissível o modelo de crescimento econômico adotado no passado onde

chaminés fumarentas eram sinônimo de progresso e crescimento

econômico que poderiam trazer bem estar e qualidade de vida, mesmo

provocando degradação do meio ambiente, com intenso uso de matérias-

primas não-renováveis e energia.

Para Scotto, Carvalho e Guimarães (2007, pág. 19) “A consciência da

crise ecológica nos anos 70 veio somar-se às constatações do fracasso do

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desenvolvimento na solução dos problemas globais, denunciando a

exploração ilimitada dos bens ambientais e a insustentabilidade social e

ambiental por ele gerada”.

Diante da dificuldade encontrada pelos professores para bem conduzir

suas aulas, torna-se necessária uma mudança de paradigmas quanto aos

conceitos ora trabalhados no intuito de atingir a tão esperada

aprendizagem significativa que, de fato, leve o aluno a adotar mudanças

conceituais, atitudinais e procedimentais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os elementos que compõem o conceito de desenvolvimento

sustentável já colocados, como a preservação da qualidade dos sistemas

ecológicos, e a necessidade de crescimento econômico para satisfazer as

necessidades humanas e a equidade, para que todos, geração presente e

futura possam compartilhar os recursos naturais, são meios de perceber

que os ideais do desenvolvimento sustentável são bem maiores do que

preocupações específicas como racionalização do uso de água e energias,

desenvolvimento de técnicas substitutivas de produção, uso de bens

renováveis ou não e adequado manejo de resíduos, entre outros. Apesar da

importância deste conceito nos atuais debates, políticos e científicos, não

existe uma única definição que seja compartilhada por todos os

interessados, mas principalmente é o reconhecimento de que a pobreza, a

deterioração do meio ambiente e o crescimento populacional que estão

indiscutivelmente interligados e nenhum destes problemas fundamentais

pode ser resolvido de forma isolada.

Na busca de parâmetros ditos como aceitáveis, visando a convivência

do ser humano numa base mais justa e equilibrada, precisamos examinar

ainda as conseqüências da imposição ou dependência da transferência de

tecnologias de outros países, ditos desenvolvidos e seus impactos locais.

Estes aspectos, entre outros, são enfoques diferentes que podem, e

devem, ser abordados, através da Educação Ambiental, dentro do ensino de

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Ciências, mas de forma diferenciada, através de metodologias que

privilegiem a aprendizagem significativa como a TAS (Teoria da

Aprendizagem Significativa), proposta por Ausubel (1986), Moreira (2006) e

outros, pois conteúdos significantes trabalhados de maneira adequada

podem contribuir decisivamente para a formação de novas gerações

verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade, afinal, nós seres

humanos devemos ter consciência e sermos responsáveis pela preservação

e defesa da vida porque dela fazemos parte.

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