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1. Introdução
- pesquisa do GECEC – CNPq/PUC-Rio
- sociedade contemporânea: metáforas
“aldeia global” (McLuhan)“sociedade em rede” (Castells) “sociedade líquida” (Bauman) “choque de civilizações”
(Huntington)
- vivemos não somente numa época de mudanças aceleradas mas uma mudança de época
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É neste contexto de questões
e buscas que queremos
situar o presente trabalho.
OBJETIVO:
analisar as relações entre
Educação Escolar, Didática e
Interculturalidade no
momento atual.
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TRÊS TESES FUNDAMENTAIS:
A educação escolar, configurada a partir da modernidade, está instada a ser “reinventada” para enfrentar as questões atuais de um mundo complexo, desigual, diverso e plural.
2. A perspectiva crítica da Didática, que teve um amplo e significativo desenvolvimento no nosso país, está hoje desafiada por questões que exigem novos desenvolvimentos, buscas, preocupações e pesquisas.
3. É a partir do enfoque intercultural que apostamos na construção deste processo de ressignificação da Didática.
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2. Educação Escolar: entre a crise
e a reinvenção
Veiga Neto (2003):
Sentimos que a escola está em crise
porque percebemos que ela está cada vez
mais desenraizada da sociedade. [...] A
educação escolarizada funcionou como
uma imensa maquinaria encarregada de
fabricar o sujeito moderno. [...] Mas o
mundo mudou e continua mudando,
rapidamente sem que a escola esteja
acompanhando tais mudanças.”
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DUBET (2011):
“Em todos os lugares e não somente na
escola , o programa institucional
[republicano] declina. E essa mutação é
muito mais ampla que a simples
confrontação da escola com novos
alunos e com os problemas engendrados
por novas demandas. É também porque
se trata de uma mutação radical que a
identidade dos atores da escola fica
fortemente perturbada, para além dos
problemas específicos com os quais eles
se deparam.
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DUBET (cont):
A escola foi um programa instiucional
moderno, mas um programa institucional
apesar de tudo. Hoje somos “ainda mais
modernos”, as contradições desse
programa explodem, não apenas sob o
efeito de uma ameaça externa, mas de
causas endógenas, inacritas no germe da
própria modernidade”. (REB, n.47,p.299)
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3. TRABALHO DOCENTE HOJE
DEPOIMENTOS
-“Hoje ao começar as aulas me sinto
inseguro e tenso. Antes não me sentia
assim… Sabia muito bem como
manejar a situação. Sentia que tinha
autoridade com os alunos e minha
função educativa era socialmente
reconhecida. No entanto, hoje tenho a
sensação de não saber o que pode
acontecer na escola e na sala de aula e
qual será minha reação”.
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-“Para mim ser professor hoje é estar
sendo continuamente avaliado. Se a
escola vai mal, nós somos os
responsáveis. Os alunos têm baixo
desempenho nos exames nacionais e
internacionais porque somos
incompetentes. As famílias estão
insatisfeitas com a escola porque nós
não damos a devida atenção aos
alunos. Tenho a sensação de estar
sendo julgado todo o tempo. Sinto-me
sob contínua pressão”.
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-“O que mais me custa hoje no contexto
escolar é a incidência da violência. As
formas agressivas de relacionamento entre
os alunos, os conflitos entre professores e
alunos, as manifestações de bullying, entre
outras formas de discriminação em relação
a determinados alunos considerados
diferentes. O ambiente escolar resulta
pesado. Já me senti, em anos anteriores,
muito gratificado na escola. Hoje estou
sempre em clima de “alerta”, esperando
que algo aconteça”.
-“As diferenças estão bombando na escola.
Não sabemos o que fazer”.
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-“As crianças e adolescentes em geral manejam
muito bem a Internet e os celulares e participam de
várias redes sociais. A interação digital parece ser
“natural” para eles, é seu mundo. Não é o meu. Não
lido com esta realidade da mesma forma que eles e
muitas vezes me sinto perdido”.
-“Para mim o que está acontecendo é que a família
está pondo toda a responsabilidade da educação
das crianças e adolescentes na escola. Os pais não
têm tempo ou não sabem o que fazer com os filhos
e acham que nós, os professores, temos de educá-
los em todos os sentido: intelectual, ético, social,
sexual, em relação ao meio ambiente, ao trânsito,
às drogas, etc. Nós não estamos preparados para
assumir tanta responsabilidades e não acho que
seja desejável”.
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• “Acredito que o mal-estar que se vem
acentuando em nossas escolas exige
que nos enfrentemos com a questão
da crise atual da escola não de um
modo superficial, que tenta reduzi-la à
inadequação de métodos e técnicas, à
introdução das tecnologias da
informação e da comunicação de
forma intensiva, ou ao ajuste da
escola à lógica do mercado e da
modernização. Penso que a crise da
escola se situa em um nível mais
profundo”.
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Estes desafios questionam os
conhecimentos e as pesquisas vigentes no
âmbito da Didática e nos obrigam a investir
numa compreensão mais aprofundada da
realidade das escolas e do trabalho
docente hoje.
A buscar caminhos de promover
processos de ensino-aprendizagem mais
significativos e produtores de criatividade
e construção de sujeitos plenos, tento no
âmbito pessoal como social. Neste sentido
consideramos importante dialogar com a
perspectiva intercultural.
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EDUCAÇÃO INTERCULTURAL
amplo desenvolvimento na
América latina
admite diferentes significados
ancoragem em múltiplos
referencias teóricos
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Lopez-Hurtado Quiroz (2007, p.21-22):
Nestes trinta anos, desde que o termo foi acunhado
na região, a aceitação da noção transcendeu o
âmbito dos programas e projetos referidos aos
indígenas e hoje um número importante de países,
do México à Terra do Fogo, veem nela uma
possibilidade de transformar tanto a sociedade em
seu conjunto como também os sistemas educativos
nacionais, no sentido de uma articulação mais
democrática das diferentes sociedades e povos que
integram um determinado país. Desde este ponto de
vista, a interculturalidade supõe agora também
abertura diante das diferenças étnicas, culturais e
lingüísticas, aceitação positiva da diversidade,
respeito mútuo, busca de consenso e, ao mesmo
tempo, reconhecimento e aceitação do dissenso, e
na atualidade, construção de novos modos de
relação social e maior democracia.
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
desconstruir, desnaturalizar o
caráter monocultural e etnocêntrico da
cultura escolar e da escola
articular igualdade e diferença
resgatar processos de construção
de identidades socioculturais
promover experiências sistemáticas
de interação com os „outros”
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Educação Intercultural
Construção de um Mapa Conceitual
● origem: Novak (1970)
● utilizados para diferentes finalidades:
organização de sequências de
aprendizagem, estratégias de estudo,
construção de instrumentos de avaliação
escolar, realização de pesquisas
educacionais, entre outras.
● ferramenta cujo principal objetivo é
organizar e representar o conhecimento.
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MAPA CONCEITUAL
CATEGORIAS BÁSICAS
SUJEITOS E ATORES
CONHECIMENTOS E SABERES
PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Educação
Intercultural
Sujeitos e
Atores
Políticas
Públicas
Práticas
Sócio-educativas
Saberes e
Conhecimento
Reconhecimento
e Redistribuição
Movimentos
Sociais
Democracia
Radical
Saberes
Sociais
Universalismo e
Relativismo
Conhecimento
científico
Emancipação e
Autonomia
Identidade
Empoderamento
Construção
Coletiva
Diferenciação
PedagógicaConflitos
Múltiplas
Linguagens
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CATEGORIA:SULEITOS E ATORES
► refere-se à promoção de relações tanto
entre sujeitos individuais, quanto entre
grupos socioculturais.
► visa fortalecer a construção de
identidades dinâmicas, abertas e plurais,
assim como questiona uma visão
essencializada de sua constituição.
► potencia o empoderamento,
principalmente de sujeitos e atores
inferiorizados e subalternizados e a
construção da autoestima e da autonomia
num horizonte de emancipação social.
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Neste sentido, é importante que as
práticas educativas:
▪ partam do reconhecimento das
diferenças presentes na escola e na
sala de aula, o que exige romper com
os processos de homogeneização,
que invisibilizam e ocultam as
diferenças e reforçam o caráter
monocultural das culturas escolares
▪ desnaturalizem o “daltonismo
cultural” (Cortesão/Stoer)
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▪ exige valorizar as histórias de vida de
alunos/as e professores/as e a construção
de suas identidades culturais, favorecendo
a troca, o intercâmbio e o reconhecimento
mútuo; estimula que se perguntem quem
situam na categoria de “nós” e quem são
os “outros” para eles;
▪ convida à interação da escola com os
diferentes grupos presentes na
comunidade e no tecido social mais amplo,
favorecendo uma dinâmica escolar aberta e
inclusiva.
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CATEGORIA:
SABERES E CONHECIMENTOS
► esta categoria tem uma especial importância
para a Didática; convém ter presente que há
autores que empregam estes termos como
sinônimos, enquanto outros os diferenciam e
problematizam a relação entre eles
► parto da afirmação da ancoragem historico-social
dos diferentes saberes e conhecimentos e de seu
caráter dinâmico, o que supõe analisar suas raízes
históricas e o desenvolvimento que foram sofrendo,
sempre em íntima relação com os contextos nos
quais este processo se vai dando e os mecanismos
de poder nele presentes
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► Nesta perspectiva, é importante conceber a
escola como um espaço fluido e de complexo
cruzamento de culturas, conhecimentos e saberes
que se dá de diferentes maneiras, algumas vezes de
modo confluente ou complementário, e outras de
interação tensa, chegando mesmo a um confronto
entre diferentes posições; as tensões entre
universalismo e relativismo no plano epistemológico
e pedagógico em geral, se fazem especialmente
presentes.
► O que considero importante na perspectiva
intercultural é estimular o diálogo, o respeito mútuo e
a construção de pontes e conhecimentos comuns no
cotidiano escolar, nos processos de ensino-
aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula.
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CATEGORIA:
PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS
► exige colocar em questão as dinâmicas
habituais dos processos educativos, muitas
vezes padronizadores e uniformes,
desvinculados dos contextos socioculturais
dos sujeitos que dele participam e baseados
no modelo frontal de ensino-aprendizagem
►favorece dinâmicas participativas,
processos de diferenciação pedagógica, a
utilização de múltiplas linguagens e estimula
a construção coletiva
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CATEGORIA:
PRÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS
►2 aspectos de especial relevância:
Diferenciação pedagógica: “desengessar” a sala
de aula, multiplicar/diversificar espaços e tempos
de ensinar e aprender;
Utilização de múltiplas linguagens e mídias no
cotidiano escolar; não se trata simplesmente de
introduzir as TICs e sim de dialogar com os
processos de mudança cultural, presentes em
toda a população, tendo, no entanto com maior
incidência entre os jovens e as crianças.
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CATEGORIA:
POLÍTICAS PÚBLICAS
►reconhece os diferentes movimentos
sociais que vem se organizando em torno
de questões identitárias
►defende a articulação entre políticas de
reconhecimento e de redistribuição
► apóia políticas de ação afirmativa
orientadas a fortalecer processos de
construção democrática
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CATEGORIA:
POLÍTICAS PÚBLICAS
►Na perspectiva da Didática, supõe ter
sempre presente o contexto onde se realizam
as práticas educativas, os constrangimentos e
possibilidades que lhe são inerentes, e
desenvolver um diálogo crítico e propositivo
orientado a fortalecer perspectivas educativas
e sociais orientadas a radicalizar os processos
democráticos e articular igualdade e diferença,
em todos os níveis e âmbitos, do macrossocial
à sala de aula. Afirma que o horizonte
emancipador é a referência fundamental.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
►Assumo a perspectiva de que é necessário
“reinventar a escola”, para que possa ser mais
significativa e relevante para os tempos pós-
modernos em que vivemos. Não se trata de negar
suas referências fundantes: as questões
relacionadas aos conhecimentos e saberes social
e historicamente produzidos, à cidadania e à
construção de sonhos e projetos pessoais e
coletivos. Não se trata de negar a utopia e
mergulhar nos fragmentos e na dinâmica do
instantâneo e provisório. Reinventar exige
ressignificar e construir uma nova configuração.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
►Nesta perspectiva a Didática e o
Trabalho Docente estão chamados a
desenvolver uma reflexão crítica e
intercultural sobre os desafios atuais e
à produção de conhecimentos e
práticas que ofereçam elementos
significativos para reinventar a
educação escolar, tornando-a mais
significativa para os tempos difíceis e
incertos em que vivemos.