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1 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ESTUDO DE TRATABILIDADE PARA DETERMINAR UMA CONDIÇÃO DE PARTIDA PARA O NOVO TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE UMA INDÚSTRIA DE RODAS E CHASSIS Orientador: Hélcio José Izário Filho Aluno: André Almeida Mendes

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TRABALHO DE

CONCLUSÃO DE

CURSO

ESTUDO DE TRATABILIDADE PARA

DETERMINAR UMA CONDIÇÃO DE

PARTIDA PARA O NOVO TRATAMENTO

FÍSICO-QUÍMICO DE UMA INDÚSTRIA

DE RODAS E CHASSIS

Orientador: Hélcio José Izário Filho

Aluno: André Almeida Mendes

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Resumo

O descarte de efluentes de indústrias deve ser feito de maneira a causar os menores impactos

ambientais, aplicando a quantidade de recursos ou produtos químicos adequados ao tratamento,

gerando o mínimo de resíduos além do atendimento aos requisitos legais. Este trabalho procurou

estudar a adequação do sistema da nova estação de tratamento físico-químico dos efluentes de uma

industria de rodas e chassis, para que se tenha uma operação contínua e otimizada. O tratamento

físico-químico do efluente possibilitou propor a diminuição de grande parte da carga poluidora e de

seu condicionamento para as etapas posteriores. Para a diminuição das concentrações dos principais

contaminantes tóxicos ao meio ambiente, encontrados no efluente estudado, foram feitos testes

laboratoriais que possibilitaram otimizar as dosagens do coagulante a base de sulfato de alumínio, do

auxiliar de floculação (Polímero Sintético Catiônico) e as condições de ensaio para determinar a

velocidade de rotação de agitação do reator. Todos esses parâmetros aqui determinados vão auxiliar

a partida da nova estação de tratamento físico-químico.

Palavras chave: remoção de metais, tratamento físico-químico de efluentes, indústria metalúrgica,

agente floculante.

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Sumário 1. Introdução.................................................................................................................................... 5

2. Objetivo ....................................................................................................................................... 6

3. Justificativa.................................................................................................................................. 7

4. Revisão Bibliográfica .................................................................................................................. 8

4.1 Efluentes líquidos ....................................................................................................................... 8

4.2-Características de um efluente .................................................................................................... 8

4.2.1 Sólidos ................................................................................................................................ 9

4.2.2 Matéria Orgânica ................................................................................................................ 9

4.2.3 Matéria inorgânica.............................................................................................................. 9

4.3.3 Importância da DBO e DQO ............................................................................................ 10

4.4 Tipos de tratamentos ................................................................................................................. 10

4.4.1 Processos Físicos .............................................................................................................. 10

4.4.2 Processos Químicos.......................................................................................................... 11

4.4.3 Processos Biológicos ........................................................................................................ 11

4.4.4 Processo de desaguamento de lodos................................................................................. 12

4.5 Reuso da água na indústria ....................................................................................................... 12

4.6 Processos de Tratamento Físico-Químico ................................................................................ 12

4.6.1 Coagulação / Floculação .................................................................................................. 13

4.6.5 Coagulantes Utilizados a base de alumínio ...................................................................... 15

4.6.5 Alcalinizantes ................................................................................................................... 15

4.6.6 Polímeros Sintéticos ......................................................................................................... 16

4.7 Padrões de emissão ................................................................................................................... 16

5. Área de estudo ........................................................................................................................... 18

5.1 Configuração atual da Estação de Tratamento de Despejos Industrial (ETDI) ........................ 19

5.2 Alterações previstas no fluxograma ......................................................................................... 20

5.3 Descrição do Novo Sistema de Tratamento ............................................................................. 21

6. Materiais e Métodos .................................................................................................................. 25

6.1 Equipamentos e Materiais ........................................................................................................ 25

6.2 Execução do Ensaio .................................................................................................................. 26

6.2.1 Caracterização do Efluente Bruto .................................................................................... 26

6.2.2 Otimização do Volume de Produtos Químicos ................................................................ 26

6.2.3 Otimização da Mistura Rápida ......................................................................................... 27

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6.2.4 Otimização da Floculação ................................................................................................ 27

7. Resultados e Discussão ............................................................................................................. 29

7.1 Caracterização do efluente contaminado .................................................................................. 29

7.2 Ensaio de tratabilidade da nova estação FÍSICO-QUÍMICO I (FQI) ...................................... 30

7.2.1 Pré-teste – ETAPA A ....................................................................................................... 30

7.2.2 Condições de ensaio para otimização do Volume de Alcalinizante – ETAPA B ............ 31

7.2.3 Condições de Ensaio para Otimização da Mistura Rápida – ETAPA C .......................... 32

7.3 Ensaio de Tratabilidade da nova estação FÍSICO-QUÍMICO II (FQII) .................................. 33

7.3.1 Otimização da faixa de pH para coagulação .................................................................... 36

7.3.2 Otimização da dosagem de polímero sintético catiônico ................................................. 38

7.3.3 Otimização da Mistura Rápida ......................................................................................... 39

7.3.4 Otimização da Floculação ................................................................................................ 39

8. Considerações finais .................................................................................................................. 41

9. Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 43

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1. Introdução

Para a realização das atividades humanas utiliza-se a água, um recurso ainda abundante na

natureza (principalmente na região em estudo), com aplicações diversas, de fácil obtenção e com um

custo relativamente baixo.

Tanto o uso consciente de água quando o processo de descarte ao meio é de fundamental

importância. Sendo assim, esse trabalho aborda o conceito do tratamento físico-químico de efluentes

industriais (floculação), avalia a forma e os materiais utilizados para a remoção das impurezas

presentes no efluente industrial, utilizando-se testes laboratoriais e comparando com os efeitos do

tratamento em escala industrial.

O sistema de tratamento atualmente instalado na indústria de rodas e chassis está no limite de sua

capacidade hidráulica,ou seja, a estação esta operando no máximo possível. Além disso, pelo

processo físico-químico empregado, não há a remoção de compostos orgânicos solúveis, que implica

em algumas situações no não atendimento de parâmetros legais de descarte.

A empresa E.P. Engenharia do Processo, localizada em Guarulhos – SP será a responsável em

melhorar a qualidade do tratamento e aumentar a capacidade hidráulica. Nesta nova unidade proposta

de tratamento físico-químico aplicará conceitos de gestão da qualidade, propondo uma implantação

de certificação futura pelos gestores da área, sobre a qualidade do efluente pós-tratamento, para a

remoção eficiente da matéria inorgânica e uma diminuição significativa na matéria orgânica.

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2. Objetivo

O objetivo deste trabalho é estudar uma condição de partida para o funcionamento dos novos

sistemas de tratamento físico-químico dos efluentes industriais gerados por uma unidade da fabrica,

para que se tenha uma operação otimizada, viável e contínua, adequando os parâmetros qualitativos

para o seu posterior tratamento biológico, considerando-se a necessidade de demonstrar que o

processo de tratamento proposto é eficiente e que consome uma quantidade de insumos otimizada.

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3. Justificativa

O projeto de Estações de Tratamento de Efluente deve se basear em dados de estudos de

laboratório, obtidos utilizando-se instalações construídas de reatores estáticos ou, preferivelmente,

instalações piloto de escoamento contínuo. Infelizmente, em muitas situações não há recursos

financeiros e de tempo disponíveis para execução que devem preceder a elaboração de projetos,

levando o projetista a assumir parâmetros de qualidade de efluente bruto para as condições mais

desfavoráveis, muitas vezes inviabilizando a implantação da estação de tratamento. Mesmo que a

qualidade do efluente seja conhecida, o projetista pode incorrer em erros graves quando seleciona a

tecnologia de tratamento ou quando adota parâmetros de projeto.

Os estudos de tratabilidade têm as seguintes finalidades neste trabalho:

Obter parâmetros de projeto (tempo e velocidade de rotação da mistura rápida e da

floculação);

Comparar e obter dosagens otimizadas de diferentes produtos químicos;

Obter parâmetros e dosagens visando a automação da Estação de Tratamento de Efluentes

Industriais (ETEI);

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4. Revisão Bibliográfica

Com a crescente preocupação com o meio ambiente e a necessidade cada vez maior de se viver de

forma sustentável, as indústrias começam a caminhar para um desenvolvimento em harmonia com o

meio ambiente, tornando imprescindível que busquem e desenvolvam processos eficientes de

tratamento de seus efluentes e reutilização dos mesmos dentro da planta.

Para uma boa eficiência em um sistema de tratamento de efluentes é importante um conhecimento

geral de todas as etapas. Nesta revisão bibliográfica é possível ter uma ideia geral do que uma

estação de tratamento envolve.

4.1 Efluentes líquidos

A utilização de água pela indústria pode ocorrer de diversas formas, tais como: incorporação

ao produto; lavagens de máquinas, tubulações e pisos; águas de sistemas de resfriamento e geradores

de vapor; águas utilizadas diretamente nas etapas do processo industrial ou incorporadas aos

produtos; esgotos sanitários dos funcionários. Exceto pelos volumes de águas incorporados aos

produtos e pelas perdas por evaporação, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo

industrial, originando assim os efluentes líquidos.

Os efluentes líquidos ao serem despejados com os seus poluentes característicos causam a

alteração de qualidade nos corpos receptores e, consequentemente, a sua poluição (degradação). Com

o avanço das indústrias e das cidades a poluição cresceu de forma alarmante, fazendo com que fosse

necessário desenvolver técnicas para tratamento de águas residuais industriais e urbanas, para que ela

volte a ter condições de voltar ao meio ambiente ou mesmo reutilizada.

Os processos de tratamento a serem adotados, as suas formas construtivas e os materiais a

serem empregados são considerados a partir dos seguintes fatores: a legislação ambiental regional; os

custos de investimento; os custos operacionais; a quantidade e a qualidade do lodo gerado na estação

de tratamento de efluentes industriais; a qualidade do efluente tratado; a segurança operacional

relativa aos vazamentos de produtos químicos utilizados ou dos efluentes; geração de odor; a

interação com a vizinhança; confiabilidade para atendimento à legislação ambiental; possibilidade de

reuso dos efluentes tratados.

4.2-Características de um efluente

Além da utilização industrial da água, esta também é utilizada para fins sanitários, sendo

gerados os esgotos que na maior parte das vezes são tratados internamente pela indústria, separados

em tratamentos específicos ou tratados até conjuntamente nas etapas biológicas dos tratamentos de

efluentes industriais.

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As águas residuais, neste caso os esgotos sanitários, contêm excrementos humanos líquidos e

sólidos, produtos diversos de limpezas, resíduos alimentícios, produtos desinfetantes e pesticidas.

Principalmente dos excrementos humanos, originam-se os microrganismos presentes nos esgotos. Os

esgotos sanitários são compostos de matéria orgânica e inorgânica. Os principais constituintes

orgânicos são: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais orgânicos e componentes

dos produtos saneantes. Os principais constituintes inorgânicos são sais formados de ânions

(cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions (sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio).

As características dos efluentes industriais são inerentes à composição das matérias primas,

das águas de abastecimento e do processo industrial. A concentração dos poluentes nos efluentes é

função das perdas no processo ou pelo consumo de água.

Antes de decidir qual será o tratamento realizado é necessário definir as características físico-

químicas por parâmetros sanitários que quantificam os sólidos, a matéria orgânica e alguns de seus

componentes orgânicos ou inorgânicos.

4.2.1 Sólidos

Os sólidos podem ser classificados quanto:

- Tamanho e estado: sólidos em suspensão.

- Quimicamente: sólidos voláteis (orgânicos) e sólidos fixos (inorgânicos ou minerais).

- Sedimentabilidade: sólidos sedimentáveis (sedimentam após 1 hora) e não -

sedimentáveis.

4.2.2 Matéria Orgânica

Esse é causador do principal problema de poluição das águas: consumo de Oxigênio

Dissolvido pelos microrganismos nos seus processos metabólicos de utilização e estabilização da

matéria orgânica. Os principais métodos de determinação:

- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

- Demanda Química de Oxigênio (DQO)

- Carbono Orgânico Total

4.2.3 Matéria inorgânica

A matéria inorgânica é toda àquela composta por átomos que não sejam de carbono (exceto

no caso do ácido carbônico e seus sais). Os poluentes inorgânicos são os sais, óxidos, hidróxidos e os

ácidos.

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A presença excessiva de sais, mesmo sais inertes, tais como o cloreto de sódio, pode retardar

ou inviabilizar os processos biológicos, por efeito osmótico. Em casos extremos podem inviabilizar o

uso das águas por salinização.

Os sais não inertes são também analisados separadamente, sendo os principais: os sulfatos; os

nitratos; sais de amônia.

O nitrogênio e o fósforo são elementos presentes nos esgotos sanitários e nos efluentes

industriais e são essenciais às diversas formas de vida, causando problemas devido à proliferação de

plantas aquáticas nos corpos receptores.

4.3.3 Importância da DBO e DQO

A DBO e a DQO são parâmetros de maior importância na caracterização do grau de poluição

de um corpo receptor. Esses parâmetros são indispensáveis para projetar ETEs e, em conjunto,

indicam a biodegradabilidade da matéria orgânica. Quando a razão DQO/DBO é baixa indica alta

fração biodegradável indicando o efluente para tratamento biológico. Caso contrário, a fração inerte

é elevada e se essa fração for importante em termos de poluição para o corpo receptor, é indicado

tratamento físico-químico, se não, tratamento biológico.

4.4 Tipos de tratamentos

Os processos podem ser classificados em físicos, químicos e biológicos em função da

natureza dos poluentes a serem removidos e ou das operações unitárias utilizadas para o tratamento:

4.4.1 Processos Físicos

São os processos que basicamente removem os sólidos em suspensão sedimentáveis e

flutuantes através de processos físicos, tais como:

- Gradeamento;

- Peneiramento;

- Separação de óleos e gorduras;

- Sedimentação;

- Flotação;

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São processos físicos também aqueles capazes de remover a matéria orgânica e inorgânica em

suspensão coloidal e reduzir ou eliminar a presença de microrganismos tais como:

- Processos de filtração em areia;

- Processos de filtração em membranas (micro filtração e ultrafiltração);

4.4.2 Processos Químicos

São considerados como processos químicos esses que utilizam produtos químicos, tais como:

agentes de coagulação, floculação, neutralização de pH, oxidação, redução e desinfecção em

diferentes etapas dos sistemas de tratamento; através de reações químicas promovem a remoção dos

poluentes ou condicionem a mistura de efluentes a ser tratada aos processos subsequentes. Os

principais processos encontram-se listados a seguir:

- Clarificação química (remoção de matéria orgânica coloidal, incluindo os coliformes);

- Eletrocoagulação (remoção de matéria orgânica, inclusive de compostos coloidais,

corantes e óleos/ gorduras);

- Precipitação de fosfatos e outros sais (remoção de nutrientes), pela adição de coagulantes

químicos compostos de ferro e ou alumínio;

- Cloração para desinfecção;

- Oxidação por ozônio, para a desinfecção;

- Redução do cromo hexavalente;

- Oxidação de cianetos;

- Precipitação de metais tóxicos;

- Troca iônica.

4.4.3 Processos Biológicos

Os tratamentos biológicos de esgotos e efluentes industriais têm como objetivo

remover/degradar a matéria orgânica dissolvida e em suspensão, através da transformação desta em

sólidos sedimentáveis (flocos biológicos) ou gases.

Os principais processos são:

- Lagoas anaeróbias e fotossintéticas;

- Os processos aeróbios são normalmente representados por lodos ativados e suas

variantes: aeração prolongada; lodos ativados convencionais; lagoas aeradas facultativas;

aeradas aeróbias;

- Os processos facultativos são bem representados pelos processos que utilizam biofilmes

(filtros biológicos, biodiscos e biocontactores) e por algumas lagoas

- (fotossintéticas e aeradas facultativas). Os biocontactores apresentam também processos

biológicos aeróbios.

- Os processos anaeróbios ocorrem em lagoas anaeróbias e biodigestores.

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4.4.4 Processo de desaguamento de lodos

A parte dos poluentes removida no fim do processo, como lodo, necessita na maioria dos casos

sofrer um tratamento complementar chamado de condicionamento, que pode ser:

Digestão aeróbia

Digestão anaeróbia

Processo físico (adensamento)

Processo químico (coagulação)

4.5 Reuso da água na indústria

O reuso de efluentes tratados, para fins não potáveis tem sido cada vez mais aceito. A

viabilidade desta alternativa tem sido comprovada. Enquanto o tratamento de efluente convencional

tem como objetivo natural atender aos padrões de lançamento, a motivação para o reuso é a redução

de custos e garantir o abastecimento de água.

Deve-se lembrar de sempre que ao se decidir pelo reuso simplesmente, deixa-se de lançar um

efluente tratado no corpo receptor produzindo água, geralmente consumida no setor de utilidades.

Isto inclui a estação de tratamento de efluentes definitivamente no processo industrial.

A implantação do reuso é feita com a instalação de unidades tais como: sistemas de filtração

em membrana; oxidação química; desinfecção; etc.

Os casos de poluição térmica são os mais conhecidos casos de reuso, pois é necessário

somente realizar o resfriamento da água para o fechamento do circuito.

O tratamento biológico dos efluentes, seguido de ultrafiltração em membranas, possibilita o

reuso dos efluentes industriais ou sanitários tratados. Nesses casos, a melhor reutilização é para

sistemas de resfriamento.

Há casos nos quais uma simples filtração é suficiente, retornando a água para alguma etapa

do processo.

4.6 Processos de Tratamento Físico-Químico

Uma planta de tratamento físico-químico consiste em uma série de etapas onde se

desenvolvem os processos físicos de sedimentação e homogeneização, seguindo das etapas químicas

de neutralização, coagulação e flotação. A separação dos sólidos formados nestas últimas etapas se

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dará por métodos físicos. O processo físico químico de tratamento de efluentes é muito adequado

para tratamento de efluentes.

Os tratamentos de efluentes industriais envolvem processos necessários à remoção de

impurezas geradas na fabricação de produto de interesse. Os métodos de tratamento estão

diretamente associados ao tipo de tipo de efluente gerado, ao controle operacional da indústria, as

características da água utilizada, e ao uso que se pretende dar ao efluente tratado.

Entre os vários processos de tratamento de efluentes, destacam-se os tratamentos físicos, que

são caracterizados por métodos de separação de fases: sedimentação, decantação, filtração,

centrifugação ou flotação dos resíduos.

Tanques de homogeneização são utilizados para se obter uma uniformidade na composição

do efluente tratado e evitar ao máximo os problemas originados pela variação de vazão e

concentração de poluentes.

É praticamente impossível operar uma estação de tratamento sem ter as vazões e

concentrações regularizadas, pois as variações bruscas impossibilitam o funcionamento de tanques

de correção de pH, floculantes e decantadores.

Pela busca da otimização do tratamento de efluentes,

especialmente pela remoção de nutriente e reuso de água, renovou o interesse para com a

precipitação química e o acompanhamento da floculação em processos de clarificação. É muito

provável que qualquer problema de clarificação de uma água com alta turbidez ou de efluentes

continuará requerendo o uso da floculação - sedimentação como processo principal.

O processo de clarificação do efluente consiste na manutenção de condições físico-químicas

tais que os sólidos suspensos no efluente são removidos por sedimentação, sendo necessário

trabalhar em conjunto com as cargas das partículas para se atingir um bom resultado da

sedimentação.

4.6.1 Coagulação / Floculação

A necessidade de correção de pH do efluente decorrente do fato da coagulação exigir valor

ótimo, quando ocorre a formação dos flocos. A Tabela 1 mostra as zonas de pH de uso de alguns

coagulantes.

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Tabelas 1 Principais coagulantes e sua faixa de pH de uso. Fonte: LEME; 1990

Coagulantes Zona de pH

Sulfato de alumínio 5.0 - 8.0

Sulfato ferroso 8.5 – 11.0

Cloreto férrico 5.0 – 11.0

Sulfato férrico 5.0 – 11.0

Sulfato ferroso clorado 4.0 - +

Aluminato de sódio e sulfato de alumínio 6.0 - 8.5

A coagulação seguida de sedimentação consiste na remoção dos sólidos presentes no efluente

por meio da separação das fases solida e líquida, sendo a fase sólida (impureza do efluente)

sedimentada na parte inferior da estação de tratamento do efluente, enquanto a fase liquida (efluente

tratado) é removida da estação pela parte superior.

A coagulação tem por objetivo aglomerar as impurezas que se encontram em suspensões e

algumas que se encontram dissolvidas, em partículas maiores que possam ser removidas por

decantação ou filtração.

O processo de coagulação/floculação/sedimentação se inicia na câmara de mistura rápida. A

finalidade desta câmara é criar condições para que em poucos segundos, o coagulante seja

uniformemente distribuído por toda a massa d’água.

Nesta câmara tem-se uma agitação muito intensa, promovida por agitadores, ou devido à

própria hidrodinâmica em alguma parte da ETE.

Ao sair da câmara de mistura, o efluente segue para a câmara de floculação. Nesta, os flocos

(sementes de flocos gerados na coagulação) irão agregados, por adsorção, às partículas dissolvidas

ou em estado coloidal. Há casos em que são utilizadas duas camadas de floculação, uma com

velocidade mais baixa, onde os flocos começam a crescer e entra com velocidade um pouco maior

(para evitar a decantação dos flocos maiores), pois os mesmos continuam a aumentar de tamanho.

Ao sair da câmara de floculação, o efluente segue para os decantadores, onde a velocidade é

bem pequena, fazendo com que os flocos sedimentem. Durante este caminho eles vão arrastando (e

ativando) ainda partículas que vão encontrando até atingir o fundo do decantador, para constituírem

assim o chamado lodo químico (formado pela adição de coagulantes, geralmente não naturais).

Os reagentes utilizados no processo de coagulação são agrupados em três categorias:

• Coagulantes: compostos, geralmente de ferro ou alumínio. Capazes de produzir hidróxidos

gelatinosos insolúveis e englobar as impurezas.

• Alcalinizantes: capazes de conferir a alcalinidade necessária à coagulação (cal viva - óxido de

cálcio; hidróxido de cálcio; hidróxido de sódio – soda caustica; carbonato de sódio – barrilha).

• Coadjuvantes: capazes de formar partículas mais densas e tornar os flocos mais lastrados

(argila, sílica ativa, polieletrólitos, etc.)

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4.6.5 Coagulantes Utilizados a base de alumínio

Alumínio - estudos vêm demonstrando que a hidrólise dos sais de alumínio e ferro é bem

mais complexo do que é apresentada nas equações citadas na literatura. Estas, porém, são de

utilidade na obtenção aproximada dos produtos das reações e das relações quantitativas.

Sulfato de Alumínio - é de longe o mais utilizado entre os coagulantes. É um sólido cristalino

de cor branca-acinzentada, contendo aproximadamente 17% de Al2O3 solúvel em água. É disponível

em pedra, em pó ou em soluções concentradas.

Na hidrólise do íon alumínio, em água pura com pH baixo predomina a forma Al⁺⁺⁺ e em

soluções alcalinas Al(OH)4 ¯ temos o Al(OH)5¯ e Al(OH)5. Em soluções diluídas na neutralidade.

Na água, o Al2(SO4)3. 18H2O formando o Al(OH)3 segundo a Equação 1.

Al2(SO4)3 ⋅18H2O + 3Ca(HCO3)2 → 3CaSO4 + 2Al(OH)3 ↓ +6 CO2 (1)

O Al(OH)3 irá formar os flocos e o CO2 é o responsável pelo aumento da acidez da água.

Quando a alcalinidade natural é reduzida, geralmente adiciona-se cal ((Ca(OH)2) (Equação 2)

ou barrilha (Na2CO3) (Equação 3)

Al2(SO4)3 .18H2O + 3Ca(OH)2 → 3CaSO4 + 2 Al(OH)3 + 18H2O (2)

Al2(SO4)3⋅18H2O + 3Na2(CO3) → 3NaSO4 + 2Al(OH)3 + 15H2O + 3CO2 (3)

Outros sais de Al: sulfato duplo de alumínio e amônio Al2(SO4)3.(NH4)2SO4.24H2O (Alúmen

de Amônio) e Na2OAl2O3 (Alúmen de Sódio).

4.6.5 Alcalinizantes

Dentre os alcalinizantes, o mais utilizado pelo seu baixo custo é a CaO (cal virgem ou viva,

cal hidratada ou extinta, cal dolomítica, são outras denominações do óxido de cálcio). Podem

também ser utilizado o hidróxido de cálcio [CaOH)2] e de misturas deste com o óxido de magnésio

(MgO) e o hidróxido de magnésio [Mg(OH)2].

Cal Virgem - CaO da ordem 80% (rejeitar com menos de 70%)

Cal Hidratada- CaO da ordem 90% (rejeitar <60%)

Carbonato de Sódio (barrilha) Na2CO3 - 99,4% de Na2 CO3 ou 58 % de Na2O

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4.6.6 Polímeros Sintéticos

São substâncias químicas orgânicas de cadeia longa e alto peso molecular, disponíveis numa

variedade de nomes comerciais e cargas iônicas.

Polieletrólitos são classificados de acordo com a carga elétrica na cadeira do polímero, os

carregados positivamente são chamados de catiônicos e os que não possuem carga elétrica são os

nãos iônicos.

Os aniônicos e os nãos iônicos são geralmente utilizados com coagulantes metálicos para

promoverem a ligação entre os colóides, a fim de desenvolver flocos maiores e mais resistentes. A

dosagem requerida de um auxiliar de coagulação é da ordem de 0,1 a 1,0 mg/L.

Na coagulação de algumas efluentes, os polímeros podem promover floculação satisfatória,

com significativa redução das dosagens de sulfato de alumínio. As vantagens potenciais são a

reduções da quantidade de lodo e a maior amenidade à desidratação.

O polímero catiônico tem sido usado com sucesso, em alguns casos, como coagulantes

primários. Embora o custo unitário destes polímeros seja cerca de 15 vezes maior que o de sulfato, as

dosagens requeridas são reduzidas, podendo igualar o custo final para os dois casos.

Adicionalmente, ao contrário do lodo gelatinoso e volumoso oriundo do sulfato de alumínio,

o lodo formado pelo uso de polímeros é relativamente mais denso e fácil de ser desidratado,

facilitando o manuseio e disposição.

Algumas vezes, polímeros catiônicos e não iônicos podem ser usados conjuntamente para

formar um fluxo adequado, o primeiro sendo coagulante primário e segundo auxiliar de coagulação.

Apesar de diversos avanços neste campo, existem varias águas que não podem ser tratadas apenas

com polieletrólitos. Testes devem ser realizados para obtenção da eficiência de um polieletrólito no

tratamento do efluente.

4.7 Padrões de emissão

Os padrões usados para este estudo seguiram os padrões estabelecidos segundo o DECRETO

Nº 8.468, de 08 DE SETEMBRO DE 1976 (Atualizado com redação dada pelo Decreto 54.487, de

26/06/09, que passou a vigorar em 180 dias após sua publicação em 27/06/09).

Segundo o Art 19-A - os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados

em sistema de esgotos, provido de tratamento com capacidade e de tipo adequados, conforme

previsto no § 4º deste artigo se obedecerem às seguintes condições:

I– pH entre 5 e 9;

II- Temperatura inferior a 40 °C;

III- Materiais sedimentáveis até 1,0 mL/L em teste de 1 hora em cone imhoff;

IV- Substâncias solúveis em hexana até 100 mg/L;

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V- DBO5 , 20 °C, no máximo de 60 mg/L. Este limite somente poderá ser ultrapassado

no caso de efluente de sistema de tratamento de águas residuárias que reduza a carga

poluidora em termos de DBO5, 20 °C, do despejo em no mínimo 80%;

VI- Concentração máxima dos seguintes parâmetros

a) Arsênio 0,2 mg/L;

b) Bário 5,0 mg/L;

c) Boro 5,0 mg/L;

d) Cádmio 0,2 mg/L;

e) Chumbo 0,5 mg/L;

f) Cianeto 0,2 mg/L;

g) Cobre 1,0 mg/L;

h) Cromo hexavalente 0,1 mg/L;

i) Cromo Total 5,0 mg/L;

j) Estanho 4,0 mg/L;

k) Fenol 0,5 mg/L;

l) Ferro solúvel 15,0 mg/L;

m) Flouretos 10,0 mg/L;

n) manganês 1,0 mg/L;

o) mercúrio 0,01 mg/l;

p) Níquel 2,0 mg/L;

q) Prata 0,02 mg/L;

r) Selênio 0,02 mg/L;

s) Zinco 5,0 mg/L;

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5. Área de estudo

A área de estudo é sobre um processo específico de tratamento físico-químico de efluente

industrial. O balanço de massa hídrico da planta industrial é o seguinte:

Água Industrial: Captação do rio Paraiba e tratada na ETA

Àgua Potavel: Fornecido pela concessionaria local

Os efluentes industriais e domésticos são tratados em três estações distintas:

Estação de Tratamento Biológico (ETE) para o efluente doméstico

Estação de Tratamento de Resíduos Ácidos (ETRAC)

Estação de Tratamento de Despejos Industrial (ETDI).(Efluente da Planta Industrial mais

CTO)

O fluxo hídrico da planta industrial é representado na Figura 1. :

Fluxo Hídrico

MAXION

ETA

ETDI

ETRAC

ETE

RIO PARAÍBA

ÁGUA

POTÁVEL

Entrada

Saída

Lançamento FinalCaptação

CTO

Figura 1: Fluxo Hídrico da Indústria de Rodas e Chassis.

Planta Industrial

19

A ETDI, atualmente instalada, está no limite de sua capacidade hidráulica e ainda pelo processo

físico químico empregado, não há a remoção de compostos orgânicos solúveis, que implica em

algumas situações no não atendimento de parâmetros legais de descarte.

O problema enfrentado atualmente nas Linhas B e C é que estes efluentes se polimerizam com

muita facilidade, acarretando incrustação nos tanques e entupimento das tubulações.

5.1 Configuração atual da Estação de Tratamento de Despejos Industrial

(ETDI)

A composição da estação de tratamento de efluentes industriais recebe os efluentes decorrentes

das seguintes linhas:

Linha A – Efluente do desengraxe e central de óleo

Linha B – Efluente dos enxagües de tinta

Linha C – Efluente do passivador (efluente industrial)

Linha D – Efluente com resíduo de tinta

Todas as linhas são encaminhadas para um tanque de homogeneização. Com exceção da linha

Linha A, que passa por um processo de flotação, as outras linhas são encaminhadas diretamente para

o tanque de homogeneização e depois para o tratamento físico-químico. O clarificado é devolvido e o

rejeito é filtrado em um filtro prensa.

O problema enfrentado atualmente é a alta carga poluidora nas Linhas B e C em comparação

com as outras duas linhas. Na Figura 2 uma amostra coletada das Linhas B e C onde é visível a alta

carga total de sólidos no efluente.

20

Figura 2: Amostra do efluente das linhas B e C

5.2 Alterações previstas no fluxograma

Foi identificado que a decantação primaria das Linhas B e C alivia as unidades subsequentes de

altas cargas, trazendo economia referente à utilização de coagulantes e evitando a incrustação e

entupimento da tubulação no tanque de homogeneização, devido às características de polimerização

destas duas linhas.

As mudanças que estão sendo feitas na atual configuração do tratamento de efluentes são:

Separar o tratamento físico-químico em duas etapas (FQI e FQII)

O efluente tratado não será mais destinado para o leito, Rio Paraíba, e sim para a nova estação

de tratamento de efluentes domésticos.

21

O diagrama (Figura 3) demonstra a mudança na configuração da estação de tratamento:

Linha

A

Linha

B

Linha

C

Linha

D

FLOTADOR

TQ.DE HOMOGENEIZACAO

FÍSICO QUÍMICOFILTRO

PRENSA

LODO PARADESCARTE

DESCARTEEM RIO

ETE

Linha

A

Linha

B

Linha

C

Linha

D

FLOTADOR

TQ.DE HOMOGENEIZACAO

FÍSICO QUÍMICO II

FILTRO PRENSA

LODO PARADESCARTE

Configuração atual Configuração futura

FÍSICO QUÍMICO I

Efluente

Domésti

co

DESCARTEEM RIO

Figura 3: Diagrama de blocos da configuração atual e futura da planta industrial

Na nova configuração o sistema de tratamento físico-químico foi dividido em dois processos.

As linhas B e C são pré-tratadas pelo FISICO-QUIMICO I (FQI). Depois são condicionadas junto às

outras duas Linhas A e D no tanque de homogeneização. Então o efluente passa pelo processo

nomeado FISICO-QUIMICO II (FQII).

5.3 Descrição do Novo Sistema de Tratamento

No diagrama de blocos (Figura 4) é demonstrado detalhadamente à nova configuração da

ETDI, seguido por uma descrição detalhada do processo.

22

Figura 4: Diagrama de Blocos da Nova ETDI

Físico-Químico I- Agitação Rápida (Reator 01)

23

Reator de coagulação. Recebe efluentes de duas correntes, Linha B (representado pelo bloco

TQ-04/4 A - Enxague de Tinta / TQ-03 e Bacia) e da Linha C (TQ-02/2 A - Efluente Industrial).

Ambas Linhas terão a vazão 7,5 m3/h cada uma. Será dosada Cal através da Bomba Dosadora (BD-

07). A dosagem será controlada pelo pHmetro. No primeiro reator estará alinhada uma bomba

dosadora para dosar Antiespumante. Os testes de laboratório vão verificar se existe a necessidade

desta dosagem.

Físico-Químico I- Agitação Lenta (Reator 02)

Reator de floculação. O efluente do Reator 1 entra no Reator 2. Neste reator irá receber polímero

através da Bomba dosadora -04. A quantidade a ser dosada foi definida em laboratório.

Físico-Químico I- Decantador (Reator 03)

Do Reator 2 o efluente entra no Decantador. No decantador é separado o lodo que será

encaminhado para o Filtro Prensa. O clarificado vai para um tanque de equalização.

Tanque de Equalização

O tanque de equalização recebe os efluentes do clarificado do Físico-Quimico I e também das às

outras duas linhas a serem tratadas (Linha de efluente Linha D (EL-01) de vazao igual a 4m³/h e a

Linha A de efluente que sai do Flotador 11m³/h). Note que o flotador que trata a Linha A não será

alterado.

Físico-Químico II- Agitação Rápida (Reator 04)

O efluente do tanque de equalização é bombeado para o Reator 4 onde será dosado Sulfato de

Alumínio através da Bomba Dosadora BD-11. A correção do pH sera feito com Cal através da

Bomba Dosadora 2 controlada pelo pHmetro. No reator 04 também estará alinhado uma bomba

dosadora para dosar Antiespumante. Os testes de laboratório vão verificar se existe a necessidade

desta dosagem.

Físico Químico II – Agitação Lenta (Reator 05)

Neste reator recebe Polímero através da Bomba Dosadora-02. A quantidade foi definida em teste

de laboratório.

Físico-Químico II – Decantador

O lodo decantado será enviado para prensagem no Filtro Prensa. O clarificado será corrigido o

pH (pH=7) antes de ser enviado para a ETE. O pH tem que ser neutro para poder ser misturado com

o EFLUENTE SANIÁRIO. O Ph será corrigido com Ácido Cloridrico através da Bomba Dosadora

05 e controlada pelo phmetro.

Estação de Tratamento de Efluentes (ETE)

24

O clarificado do físico-químico II mais o efluente sanitário serão tratados em um tanque com

aeração – sistema aeróbico. O clarificado será descartado no rio e o lodo prensado e enviado para

aterro.

O sistema automatizado é controlado via PLC, através de chaves de nível intertravadas com os

motores da estação e os analisadores (pHmetro e turbidimetro).

25

6. Materiais e Métodos

Os testes para a otimização do volume de coagulantes/floculantes e velocidade de rotação dos

agitadores dos reatores, foi usado o equipamento de reatores estáticos, jarteste. Este é constituído de

três jarros (ver Figura 5) e fornece a velocidade de rotação entre 10 e 300 rpm.

Figura 5: Equipamento de reatores estáticos.

6.1 Equipamentos e Materiais

Dependendo da finalidade do ensaio, são necessários diferentes equipamentos. Os equipamentos

e materiais em geral mais necessários à execução de um ensaio são:

- Equipamento de reatores estáticos jarteste.

- Turbidímetro para a leitura de turbidez

- Potenciômetro para a leitura de pH.

- Vidrarias diversas: elenmeyeres, balões volumétricos, provetas, pipetas, béqueres.

- Cronômetro

- Água destilada

26

6.2 Execução do Ensaio

Os ensaios foram separados em duas partes. A primeira para determinar os parâmetros para a

estação FQI e a segunda para a estação FQII. Para cada parte foram seguidos quatro etapas de teste:

1) Caracterização do Efluente Bruto

2) Otimização do Volume de Produtos Químicos

3) Otimização da Mistura Rápida

4) Otimização da Floculação

6.2.1 Caracterização do Efluente Bruto

Primeiramente, deve ser feita a caracterização do efluente bruto, com a medição dos seguintes

parâmetros: temperatura, pH, materiais sedimentáveis e metais (zinco, chumbo, níquel etc.),

utilizando os equipamentos específicos. Estes testes foram feitos por técnicos da empresa E.P.

Engenharia, seguindo a norma ABNT NBR ISO/IEC 17025.

Esta caracterização serve para determinar o efluente a ser tratado e constatar a eficiência do

tratamento.

6.2.2 Otimização do Volume de Produtos Químicos

Para a determinação da quantidade de produtos químicos adequados ao tratamento, para

procedimento do jartest.O Ensaio deve ser realizado na seguinte sequência:

Passo 1: limpar os jarros com água corrente.

Passo 2: separar as vidrarias necessárias, procurando sempre utilizar o mesmo recipiente (bem como

pipetas) para cada solução a ser empregada.

Passo 3: preparar as soluções pertinentes (cal e sulfato de alumínio) com concentrações compatíveis

com as dosagens a serem aplicadas.

Passo 4: colocar a quantidade de efluente bruto, em cada um dos jarros, enchendo-os

simultaneamente de modo a assegurar a homogeneidade do efluente contido em cada um dos jarros,

até a obtenção do volume desejado (graduação do jarro). .

Passo 5: acertar a velocidade de rotação.

Passo 6: colocar os volumes correspondentes às dosagens dos produtos nos recipientes apropriados

do jarteste ou mesmo separadamente, utilizando copos plásticos e pequenos béqueres.

27

Passo 7: reduzir a rotação do equipamento para o valor da velocidade floculação, após o tempo de

mistura rápida.

Passo 8: desligar o equipamento após o tempo de floculação.

Passo 9: fazer as medições do pH, quando necessário, para a determinação da faixa de pH ideal para

a sedimentação.

Passo 10: coletar as amostras do jarro que apresentar melhor a velocidade de coagulação e

sedimentação.

6.2.3 Otimização da Mistura Rápida

Os ensaios realizados para a otimização da mistura rápida visam à obtenção da combinação

tempo e velocidade de rotação, que maximize principalmente a remoção de turbidez e cor aparente.

Para a execução desse tipo de ensaio é necessário que a dosagem de coagulante seja feita em

recipientes separados, permitindo a adição do produto nos jarros em tempos diferentes.

A seguir é descrito o procedimento detalhado para a realização deste ensaio.

Passo 1: encher os jarros com o mesmo volume, conforme graduação.

Passo 2: acionar os agitadores e ajustar a rotação correspondente a velocidade média na mistura

rápida fixada.

Passo 3: adicionar o coagulante no respectivo jarro para cada tempo predeterminado.

Passo 4: reduzir a rotação para o valor correspondente ao gradiente de velocidade médio da

floculação.

Passo 5: desligar a agitação após o tempo de floculação e levantar as paletas dos agitadores.

Passo 6: coletar amostras do efluente decantado para a amostra que apresentar velocidade de

sedimentação e homogeneização da solução mais satisfatória.

Passo 7: medir os parâmetros de controle das amostras como cor aparente, turbidez e pH.

6.2.4 Otimização da Floculação

Os ensaios visam relacionar o tempo e a velocidade de rotação para uma floculação

satisfatória.

Passo 1: encher os jarros visando garantir a mesma quantidade de água em todos os reatores.

28

Passo 2: acionar os agitadores e ajustar a rotação correspondente ao gradiente de velocidade na

mistura rápida fixado.

Passo 3: adicionar simultaneamente o coagulante, determinado no teste anterior, nos respectivos

jarros

Passo 4: reduzir a rotação para o valor correspondente a velocidade de rotação da floculação na

mistura rápida, após o tempo e respectiva velocidade de rotação otimizados na mistura rápida.

Passo 5: adicionar o polímero para auxiliar a floculação

Passo 6: suspender as paletas dos agitadores de cada jarro separadamente, após o tempo de

floculação de cada um.

Passo 7: coletar amostras da água decantada para a velocidade de sedimentação desejada

Passo 8: medir os parâmetros de controle das amostras

Através destes resultados foi possível avaliar os parâmetros que serão sugeridos para a partida

da nova estação de tratamento de efluentes industriais.

29

7. Resultados e Discussão

7.1 Caracterização do efluente contaminado

O efluente bruto, oriundo da linha B e C descritas no item 5 deste trabalho, foi analisado tendo

os resultados expressos na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados (mg L-1

) dos parâmetros analíticos de interesse do efluente bruto

proveniente das linhas B e C.

Parâmetro Resultados

Arsênio <0,003

Bário 3,63

Boro <0,03

Cádmio <0,008

Chumbo <0,01

Cianeto <0,005

Cobre 0,02

Cromo Hexavalente <0,01

Cromo Total 0,15

DBO 1951

Estanho 4,9

Fenol <0,25

Ferro Solúvel 3,61

Flueretos 15,7

Manganês solúvel 7,55

Materiais sedimentáveis <0,1

Mercúreo <0,0002

Níquel 12,1

pH 4,6

Prata 0,022

Selênio <0,010

Substância solúveis em hexana 249

Zinco 18,2

DQO 4720

A partir desta caracterização analítica, podem-se definir os principais poluentes contidos no

efluente bruto. Definiu-se que o monitoramento seria mais abrangente sobre os elementos Cromo,

Estanho, Ferro Solúvel, Fluoretos, Manganês Solúvel, Níquel, Prata e Zinco como contaminantes

existentes no efluente, nos quais as concentrações estão acima dos limites legais.

30

7.2 Ensaio de tratabilidade da nova estação FÍSICO-QUÍMICO I (FQI)

Para a determinação dos parâmetros de partida da nova estação de tratamento o ensaio foi

separado em quatro etapas:

ETAPA A: Pré-teste

ETAPA B: Otimização do Volume de Alcalinizante

ETAPA C: Otimização da Mistura Rápida

Etapa D: Otimização da Mistura Lenta

7.2.1 Pré-teste – ETAPA A

Foi realizado um pré-teste com o objetivo de determinar o valor aproximado do volume de

cal a ser dosada no teste oficial. O procedimento foi dosar, com o conta-gotas, a solução de cal em

um Becker com V=200 mL do efluente. O volume de cal dosado necessario para iniciar o processo

de precipitacao, será utilizado como base para os testes posteriores.

Figura 6: Demonstração do pré-teste para o jarteste.

Após o ensaio verificou-se que em 200 mL, 0,5mL da solução de cal (20% m/v) foi suficiente

para decantar os sólidos suspensos. No jarteste para o efluente do FQI foram usados 1600 mL de

efluente bruto. Então a proporção do volume para o teste oficial será:

0,5 mL da solução de cal– 200mL

31

X mL – 1600 mL

X = 4mL

Portanto para os testes serão usados volumes por volta de 4 mL de solução de Cal para um

jarro (1600 mL).

7.2.2 Condições de ensaio para otimização do Volume de Alcalinizante – ETAPA B

Para avaliar as condições foram realizados os passos apresentados anteriormente na

metodologia. A seguir será determinado o volume da solução de cal para uma sedimentação eficiente

da carga poluidora.

- Alcalinizante: Suspensão de Cal (20% m/v)

Volume adicionado da Solução de Cal (20% m/v): 2,5; 5,0; 7,5 e 10 mL

- Mistura rápida:

Velocidade de rotação: 300 rpm.

Tempo de rotação: 3 min

- Sedimentação

Velocidade de Sedimentação: 3,0 e 1,5 cm/min.

- Controle

Parâmetros de Controle: Velocidade de Coagulação e Sedimentação

Resultados e Discussão

Abaixo a Figura 7 e a Figura 8 são fotos tiradas após o desligamento dos agitadores. É

possível perceber que a partir do volume de 5,0 mL a decantação da carga poluidora é satisfatória.

Portanto é indicado que a concentração de cal deve ser de 3 mL por Litro de efluente para a partida

da estação FQI.

Cálculo da concentração do volume aproximado de cal por litro de efluente:

5,0 mL – 1600 mL

X mL – 1000 mL

X ≈ 3 mL/L

32

Figura 7: Resultado do Jarteste do ensaio de otimização do volume de alcalinizante para os volumes

de 5,0;7,5;10,0 mL de solução de cal

Figura 8: Resultado do Jarteste do ensaio de otimização do volume de alcalinizante para o volume de

2,5 mL de solução de cal

7.2.3 Condições de Ensaio para Otimização da Mistura Rápida – ETAPA C

Para avaliar as condições foram realizados os passos apresentados anteriormente na

metodologia. A seguir será determinada a velocidade de rotação para a melhor homogeneização do

efluente com a solução de cal.

- Alcalinizante: Suspensão de Cal (20% m/v)

Volume adicionado da Solução de Cal: 5,0 mL (já definido anteriormente)

- Mistura rápida:

Velocidade de rotação: 300, 250, 200 rpm.

33

Tempo de mistura rápida: 3 min

- Sedimentação

Velocidade de Sedimentação: 3,0 e 1,5 cm/min.

- Controle

Parâmetros de Controle: velocidade de sedimentação e homogeneização da solução.

A velocidade de rotação que apresentou resultado satisfatório para a homogenização total da

solução foi a 300 rpm.

Foi observado que a somente a adição de cal no reator de mistura rápida coagula e sedimenta

satisfatoriamente, eliminando a necessidade de adição de outro produto químico para auxiliar na

coagulação e o uso do tanque de floculação. Portanto a não será necessária a realização da Etapa D:

Otimização da Mistura Lenta.

7.3 Ensaio de Tratabilidade da nova estação FÍSICO-QUÍMICO II (FQII)

No tanque de equalização na ETDI serão encaminhadas na proporção 1:1 do volume tratado no

FISICO QUIMICO I com a soma dos volumes das outras duas linhas A e D.

Com o objetivo de simular o efluente que seria destinado para o FQII, foram misturados 500 mL

do clarificado tratado em laboratório das Linhas B e C com 500 mL do efluente bruto da Linha A e

D. A foto abaixo (Figura 9) mostra o resultado desta mistura. É possível perceber que o efluente no

tanque de equalização ainda é um efluente apresenta uma turbidez indesejada.

34

Figura 9: Efluente encaminhado para FQII

A mistura foi analiticamente analisada e os resultados foram apresentados na Tabela 2. Nesta

tabela está destacada os valores que excedem os limites legais. Portanto é evidente a necessidade de

um tratamento físico-químico.

35

Tabela 2: Resultado da análise do efluente para o FQII

Parâmetro Resultados

Arsênio <0,01

Bário 4,62

Boro 0,969

Cádmio <0,01

Chumbo 0,223

Cianeto <0,02

Cobre 0,2

Cromo Hexavalente 0,05

Cromo Total 1,125

DBO 481

Estanho 0,414

Fenol <0,25

Ferro Solúvel 3,78

Flueretos 8,76

Manganês solúvel 6,283

Materiais sedimentáveis 0,2

Mercúreo <0,01

Níquel 5,046

pH 6,45

Prata <0,01

Selênio <0,010

Substância solúveis em hexana 249

Zinco 6,587

DQO 1300

Para determinar a condição de partida do físico-químico II o teste foi divido em quatro

etapas:

Etapa A: Otimização da faixa de pH para coagulação

Etapa B: Otimização da dosagem de polímero sintético catiônico

Etapa C: Otimização da Mistura Rápida

Etapa D: Otimização da Mistura Lenta

36

7.3.1 Otimização da faixa de pH para coagulação

Colocou-se o efluente nos três jarros, ajustou-se o pH para 5,5; 6,5; 7,5 utilizando-se uma

solução de cal. Em seguida foram realizados testes de tratabilidade variando-se a quantidade de

coagulante – sulfato de alumínio.

Coagulante: Solução de Sulfato de Alumínio 50% (m/v)

Condições de Ensaio:

- Mistura Rápida:

Velocidade de rotação: 300rpm

Tempo de Mistura: 25s

- Floculação:

Velocidade de rotação: 30 rpm

Tempo de Agitação: 3min

- Sedimentação:

Parâmetros de Controle: cor aparente do sobrenadante e pH de coagulação.

Com os dados obtidos nos ensaios, foi observado a relação do pH de coagulação com a

sedimentação mais satisfatória. Os resultados seguem na Tabela 3:

37

Tabela 3: pH ideal de Coagulação

Parametros Unidade

Amostra

Bruta Jarro 1 Jarro 2 Jarro 3

Níquel mg/L 5,046 4,8 2,53 1,5

Zinco mg/L 6,587 6,1 5,4 5,2

pH inicial - 6,45 5,5 5,5 5,5

pH final - - 5,5 5,4 5,3

Adição de Sulfato de

Alumínio mL - 0,3 0,6 0,9

Parametros Unidade

Amostra

Bruta Jarro 1 Jarro 2 Jarro 3

Níquel mg/L 5,046 4,3 3,7 1,4

Zinco mg/L 6,587 6 5 4,9

pH inicial - 6,45 6,5 6,5 6,5

pH final - - 6,4 6,2 5,9

Adicao de Sulfato de

Aluminio mL - 0,3 0,6 0,9

Parametros Unidade

Amostra

Bruta Jarro 1 Jarro 2 Jarro 3

Níquel mg/L 5,046 4,1 1,3 0,8

Zinco mg/L 6,587 5,1 4,8 3,5

pH inicial - 6,45 7,5 7,5 7,5

pH final - - 7,4 7,3 7,1

Adição de Sulfato de Alumínio mL - 0,3 0,6 0,9

O resultado ideal de tratamento obtido, mostrado na tabela acima, foi comparado com o limite

legal de Níquel que é de 2,0mg/L e de Zinco que é de 5,0 mg/L.

Pode-se notar que a quantidade de coagulante adicionada que atinge os melhores resultados

de remoção dos contaminantes na faixa de pH ideal (7,5) foi de 0,9 mL. Nesta condição de pH e de

dosagem de coagulante consegue-se uma remoção satisfatória de Zinco e atinge-se uma concentração

de Níquel segura (por motivos de segurança, não foi considerada a dosagem de 0,6 mL de coagulante

que gerou um resultado de concentração de Níquel final de 1,3 mg/L e de 4,8mg/L de Zinco pois está

muito próximo do limite especificado pela legislação e devido às variações de pH no processo de

tratamento).

38

7.3.2 Otimização da dosagem de polímero sintético catiônico

Foram realizados dois ensaios com o objetivo de otimizar a dosagem e o tempo de aplicação do

polímero sintético catiônico.

Coagulantes: Solução de Sulfato de Alumínio dosagens fixadas anteriormente.

Auxiliar de floculação: Polímero Sintético Catiônico (C=0,5mg/L) Dosagens entre 0,05 ,

0,1 e 0,5 mg/L.

Condições de Ensaio:

- Mistura Rápida:

Velocidade de rotação: 300 rpm

Tempo de Mistura: 25s

- Aplicação do Polímero:

3 min. após o início da coagulação: 100 rpm

Após a Mistura Rápida com 30 RPM e T=1 min.

- Floculação:

Velocidade de rotação: 30 rpm

Tempo de Agitação: 1 min.

- Sedimentação:

Velocidade de Sedimentação

Parâmetros de Controle: cor aparente do sobrenadante

Os melhores resultados, em termos de cor aparente, foram obtidos quando a aplicação do

polímero foi feita após a mistura rápida.

A sedimentação ocorreu mais rápida com a concentração de 0,5mg/L de polímero, porém foi

observado que com a concentração de 0,1mg/L também sedimentou satisfatoriamente. Como quanto

menor a concentração menor o custo e menor a perda de carga no meio filtrante, a concentração de

0,1mg/L é a mais recomendada.

39

7.3.3 Otimização da Mistura Rápida

Foram realizados três ensaios com o ponto escolhido a partir dos resultados da ETAPA B, com o

objetivo de otimizar o gradiente de velocidade na mistura rápida, uma vez que o tempo que reproduz

as condições de mistura rápida já foi definido na ETAPA A:

Coagulantes: Solução de Sulfato de Alumínio dosagens fixadas anteriormente.

Auxiliar de floculação: Polímero Sintético Catiônico (C=0,1mg/L) Dosagens fixadas

anteriormente

Condições de Ensaio:

- Mistura Rápida:

Velocidade de rotação : 300, 250, 200 rpm

Tempo de Mistura: 5, 10, 15,20, 25s

- Aplicação do Polímero:

Após a Mistura Rápida a 300 rpm e T=1 min.

- Floculação:

Velocidade de rotação: 30 rpm

Tempo de Agitação: 1min

- Sedimentação:

Parâmetros de Controle: turbidez e cor aparente do sobrenadante e pH de coagulação.

De acordo com os resultados obtidos nesta série, a velocidade na mistura rápida que

apresentou os melhores resultados em termos de remoção de turbidez e cor aparente foi de 300 RPM

por 25s. Para a velocidade de 300 RPM a turbidez apresentada foi de T=2 NTU.

7.3.4 Otimização da Floculação

Foram realizados ensaios com o ponto a partir dos resultados da ETAPA A e com os parâmetros

da mistura rápida já otimizados na ETAPA C, com o objetivo de otimizar a velocidade de rotação em

cada câmera.

Coagulantes: Solução de Sulfato de Alumínio dosagens fixadas anteriormente.

40

Auxiliar de floculação: Polímero Sintético Catiônico (C=0,1mg/L) Dosagens fixadas

anteriormente

Condições de Ensaio

- Mistura Rápida:

Gradiente de Velocidade: 300 RPM

Tempo de Mistura: 25s

- Floculação:

Velocidade de rotação: 30 e 50 RPM

Tempo de Agitação: 180 seg.

Parâmetros de Controle: turbidez e cor sobrenadante

São apresentados os resultados para o tempo de floculação de 180 seg. De acordo com os

dados obtidos, a seguinte combinação de velocidade de rotação para o tempo de floculação de 180

seg.: 30 e 50 RPM para a câmera de floculação, respectivamente. A seguir são apresentados na

Tabela 4 os resultados da turbidez ao longo do tempo.

Tabela 4: Tempo de Mistura X Turbidez

Tempo (seg) 30 RPM 50 RPM

30 9 NTU 7 NTU

60 8 NTU 6 NTU

90 5 NTU 5 NTU

120 5 NTU 4 NTU

150 4 NTU 2 NTU

180 4 NTU 2 NTU

Com 50 rpm observou-se uma homogeneização e decantação mais eficiente ao longo de 180

seg.

41

8. Considerações finais

Os ensaios realizados em escala laboratorial servirão para a empresa iniciar a operação da nova

ETDI, com os produtos químicos auxiliares de decantação mais favoráveis técnicamente e

economicamente.

O sulfato de alumínio mostrou-se um coagulante eficiente para o efluente analisado sendo o

produto de melhor custo beneficio, agindo com o floculante catiônico para a remoção de sólidos

suspensos, reduzindo assim a turbidez. O sulfato de alumínio também reduz o pH, uma vez que reage

com a alcalinidade presente no efluente. Para o efluentes tratado com sulfato de alumínio, o pH

ficou menor que 7,5.

Para o encaminhamento do efluente para o tratamento biológico, o pH dos efluentes deve estar

entre 6,0 e 9,0. A princípio o efluente tratado estaria adequado para ser despejado no tratamento

biológico, porém caso o pH venha ser maior ou menor que o limite, sugere-se então, que o efluente

sofra uma correção de pH.

Pelas características do efluente analisado, sabemos que tem alto poder de incrustação, portanto o

tempo de residência do efluente deve ser o mínimo possível. Para tratamento físico-químico, o tempo

médio de residência em efluentes é em torno de 15 minutos. No caso do efluente da indústria, o

efluente tem alto poder de incrustação, portanto foi testado em laboratório qual seria o tempo mínimo

de residência para evitar a incrustação.

Após repetir os testes com todos os parâmetros definidos, o tempo de decantação em 1600 mL

foi de 3 min., portanto satisfazendo a necessidade real de operação.

Com relação à Estação de Tratamento de Efluentes em implantação, sugere-se que a adição de

coagulante deve ser prévia a adição de floculante, sendo que a reação entre alcalinidade e o

coagulante é uma reação rápida Portanto, a mistura entre o efluente a ser tratado e a solução

coagulante deve ser vigorosa, sendo deste modo para que a planta industrial alcance eficiência

semelhante àquela obtida em escala laboratorial.

O manejo da cal deve receber atenção especial. Ficou definido o uso de cal em suspensão. A cal

em suspensão tem alguns aditivos que consegue manter a cal nos tanques de dosagem sem que a

mesma precipite. Na prática sempre acaba precipitando um pouco de cal, e por esta razão sugere-se o

uso de uma bomba pneumática para manter a solução de cal constantemente em movimentação. A

bomba pneumática é instalada ao lado do tanque, retira a solução na parte inferior e descarrega a

solução na parte superior do tanque, com isto garante que não teremos precipitação da cal.

No laboratório não foi necessário à adição de anti-espumante. Como na atual ETDI é adicionado

frequentemente é possível que em campo seja necessário o uso deste reagente.

Destino do lodo – Quando o Lodo gerado é de Efluente Sanitário, pode ser desenvolvido um

trabalho para destinação como adubo. O lodo gerado na indústria é de Efluente Sanitário mais uma

corrente de Efluente industrial (O efluente industrial é misturado com o efluente sanitário para

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depuração final após o tratamento físico-químico). A torta gerada neste sistema pode conter metais

pesados o que inviabiliza a sua utilização. A torta gerada no processo será enviada para aterro

industrial. Este escopo é norma da empresa.

Esta nova configuração para o tratamento físico-químico se mosrou mais eficiente pois trata

as linhas de efluente mais poluído separadamente, assim gastando uma menor quantidade de produto

químico.

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9. Referências Bibliográficas

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