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questoes sobre filosofia da mente e d'ação
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Thiago de Souza Salvio / R.A. 121064549
Resolução da prova de Filosofia das ciencias humanas I – Prof ª Mariana Broens
1) Na perspectiva apresentada por Chalmers, parte-se do pressuposto que o agente [re]
produtor do conhecimento científico, “esteja em dia” com seus órgãos sensoriais, bem
como neutralizado a despeito de seus juízos de valor. Tendo isso em vista, os dados
hauridos da experiência particular, conforme as condições presumidas, afigurará fielmente
o ‘estado do mundo’, ou parcela deste, deveras, infalivelmente, ao percepiente salutar,
destituído de preconceitos. Por conseguinte, tal experimentador neutro, realizará processos
indutivos em consonância com a elaboração de proposições de observação, que servirão
basicamente para afirmarem teorias e/ou leis gerais emergentes. Agora bem, não é por
acaso que a hipótese delineada acima, é taxada de ‘indutivismo ingêneuo’, pois: a) adota
um padrão de normativadade inalterável, sem garantia de credibilidade, já que para nos
assegurarmos, precisaríamos de um protótipo fisiológico paradigmático, imune de qualquer
“contágio patológico” (daí já se conclui um certo infalibilismo arrogante), com o qual se
compararia os resultados alheios obtidos, destarte, o indivíduo que se arrisca as
descobertas, deve fazer exame médico para diagnosticar se ele está pleno da fruição de seus
órgãos sensoriais, e só então, estaria aprovado para reproduzir conhecimento.
Não há regra sem exceção; o indutivismo ingênuo padece duma crença
hipocondríaca na ciência; b) certamente, preconiza-se no desenvolvimento científico, um
teor rigoroso de imparcialidade para com o objeto investigado, contudo, é passível de
discussão, até que ponto o observador se mantém neutro em relação às possíveis
conseqüências suscitadas pelo seu construto. Por mais que as enunciações das premissas
sejam meramente descritivas, e sua atividade se restrinja a manipular artificialmente os
dados objetivos para se conseguir um produto útil, há um problema de ordem maior, ou
seja, c) da neutralidade, ora, aa) admite-se um observador neutro, com uma fisiologia
homogênea, cientista em potencial, que não confunde seus preconceitos com a atividade
científica, e temos razão suficiente para acreditar que o agente epistêmico, não se reduz à
constituição de seus sentidos, nos atentaríamos a compreender o que se considera
inalteradamente normal (o que já implica na má-circularidade do conhecimento), ademais,
se chegássemos a determinada especificação por questão de fato, teríamos em seguida de
averiguar por questão de direito, se indivíduos que apresentam “anomalias” conhecem de
maneira sui generis e se ambos pontos de vista são complementares na produção do
conhecimento científico; bb) todavia, não é tão simples isolar uma esfera da outra, quiçá
problemático e difícil, no que tange dissociar o raciocínio dos juízos de valor moral, pois
se encontram intimamente ligados, se dado momento permanece-se neutro na apreensão do
conteúdo, no outro, pois já estará permeado de subjetividade, recordemos a passagem de ‘O
ensaiador’ de Galilei, onde narra sobre um curioso menino, ávido de descobrir a origem
dos sons, se depara com uma cigarra que “nem fechando-lhe a boca e nem fechando-lhe as
asas conseguia diminuir seu altíssimo estridor, não percebeu movimento algum de escamas
nem de outras partes. Finalmente, levantando-lhe a caixa dos pulmões e observando
embaixo dela algumas cartilagens duras mas sutis, e acreditando que o som fosse originado
do seu movimento, resolveu quebrá-las para fazê-la parar, mas tudo foi em vão”. Este
singelo exemplo nos demonstra, cc) quão depreciativo pode ser o tratamento neutro com a
vida, a atitude ingênua da prática indutiva, cuja finalidade cega, é o “bem da ciência”,
mesmo que em detrimento de outros seres, neste viés, o ingênuo cientista indutivo se
assemelha ao pueril menino, entrementes, se nos restar dúvidas acerca dos preconceitos
científicos, basta lançar o olhar detido na história das ciências, e logo nos deparamos com
farsas desmesuradas dos retrógrados fisionomistas, frenólogos, eugenistas, etc, que
prescreviam em suas detestáveis doutrinas, o execrável racismo.