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Tony Coffey - Respostas as Perguntas que os Catolicos Costumam Fazer.pdf

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    REsPOSTAS S PERGUNTAS

    QUE os CATLICOS CosTUMAM FAZER

    4 Impresso

    Traduzido por

    Degmar Ribas

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    Rio de Janeiro 2013

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    Todos os direitos reservados. Copyright 2007 para a lngua portuguesa da Casa Publicadora das Assemblias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

    Ttulo do original em ingls: Answers to Questions Catholics Are Asking Harvest House Publishers, Eugene, oregon, EUA Primeira edio em ingls: 2006 Traduo: Degmar Ribas

    Preparao dos originais: Csar Moiss Reviso: Daniele Pereira Capa e projeto grfico: Josias Finamore Editorao: Natan Tom

    CDD: 230 - Cristianismo

    As citaes bblicas foram extradas da verso Almeida Revista e Corrigida, edio de 1995, da Sociedade Bblica do Brasil, salvo indicao em contrrio.

    Para maiores informaes sobre livros, revistas, peridicos e os ltimos lanamentos da CPAD, visite nosso site: http:/ / www.cpad.com.br.

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    4" Impresso Fevereiro 2013 - Tiragem:I.OOO

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    SuMRIO

    Uma VIagem a partir de Roma Falando a Vtirdade em Amor

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    I. A Igreja Catlica Hoje ............................................... I9 2. A Formao da Bblia ................................................. 29 3. A Palavra Viva ................................................................ 4I 4. Sobre esta Pedra ........................................................... 6 I 5. A nica Igreja Verdadeira .......................................... 87 6. Unidade: Para que todos Sejam Um ....................... 105 7. A Reconciliao com Deus ........................................ I I 7 8. O Sacrifcio da Missa ................................................. I 3 I 9. As Almas no Purgatrio ............................................. I 53

    I O. O Sacerdcio Real ....................................................... I 65 I I. Confesse os seus Pecados ........................................... I 7 5 I2. Maria, a Me de Jesus .................................................. I87 I3. Aparies, Sinais e Prodgios .................................... 205 I 4. A Confeco de Imagens Sagradas .......................... 2 I 5 I5. O que Deus Diz sobre o Divrcio ........................... 227 I 6. Pensando que Jesus Estava com Eles ....................... 23 I

    Notas 235

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    UMA VIAGEM A PARTIR DE RoMA

    surpreendente como um acontecimento pode alterar para sempre o curso da vida. Aquilo que comeou, para mim, como mais um dia co-mum, acabou sendo o dia mais extraordinrio de minha vida. Um ann-cio da polcia, pelo rdio, depois das notcias da manh e da hora do almoo, pedia que duas jovens mulheres que dirigiam um carro de matr- __ cula estrangeira entrassem em contato com a polcia imediatamente, para receber uma mensagem urgente. O carro foi localizado pela primeira vez no oeste da Irlanda, e a mensagem foi dada. O pai de uma das jovens tinha falecido subitamente nos Estados Unidos. Uma das jovens partiu do Ae-roporto Shannon, enquanto a outra se dirigiu a Dublin, onde foi parada por dois homens que tambm tinham ouvido o boletim policial pelo r-dio. E foi assim que conheci Leslie, que me conduziu ao Senhor, e mais tarde tornou-se minha esposa.

    Minha criao na Irlanda ocorreu durante um perodo em que a Igre-ja Catlica Romana exercia poder em todas as reas da vida de uma pes-soa: famlia, sociedade, educao e poltica. O poder da igreja nunca foi questionado, e todos se submetiam sua autoridade. Durante esse per-odo, a igreja teve um crescimento sem precedentes - os seminrios e conventos estavam lotados, e as misses estrangeiras se destacavam. A igreja aproveitou isso, colocando uma grande nfase na sua obra

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    missionria, em particular na frica. Olhando para o passado, me as-sombro com a ingenuidade da igreja. Ela organizou a situao para que cada escola na Irlanda estivesse envolvida em misses: toda semana, cada criana trazia "um centavo para os bebs negros". Cada aluno tinha um carto em que estava impresso uma dezena do rosrio, e cada vez que dvamos um centavo, fazamos uma marca no carto. Quando comple-tssemos o carto, escrevamos o nosso nome e ele era enviado misso no exterior. Como resultado, segundo nos era dito, as crianas africanas estavam sendo batizadas com nossos nomes. Isso podia no ser politica-mente correto na cultura de hoje, mas naquele tempo ningum se ofen-dia, e esse sistema era um mtodo engenhoso, tanto de arrecadar dinhei-ro quanto de tornar todas as crianas crists conscientes da obra missionria da igreja. Hoje, h muitos africanos que vivem em Dublin, e quando sou convidado para dar uma palestra em suas igrejas, conto-lhes sobre o "centavo para os bebs negros". Pelo que sei, um deles bem po-deria ter o meu nome!

    Ao crescer, nunca questionei o poder exercido pela Igreja Catlica Romana e me contentava em obedecer s regras e aos regulamentos que me eram impos-tos. A igreja era importante para mim, e eu praticava meus deveres religiosos fiehnente. Durante um bom tempo, atuei como coroinha, e aos o=e anos de idade fui para um internato, onde rui instrudo pelos sacerdotes dominicanos durante cinco anos. A missa, as devoes da noite e o rosrio faziam parte da vida diria. Durante esses anos de formao, foi-me introduzida a idia de que a Igreja Catlica Romana tinha as chaves do Reino do cu e a custdia dos sacramentos que eram essenciais para a minha salvao. Eu me considerava um felizardo por ter nascido um catlico romano.

    O que, ento, fez com que deixasse a Igreja Catlica Romana, e abraasse uma f baseada exclusivamente no ensino da Bblia? Entre as razes, houve mudanas importantes originadas no Conclio Vaticano II (que se reuniu entre I 962- I 965) e a influncia do papa Joo XXIII. Algumas das crenas e dos procedimentos que me tinham sido ensinados estavam mudando. Por exemplo, comer carne s sex-tas-feiras j no era mais considerado um pecado, e alguns "santos", aos quais tinha dirigido minhas oraes, foram removidos da lista da igreja, por provavel-mente nunca terem existido. De modo que, quando fui apresentado Bblia como a nica autoridade para a vida de uma pessoa, fiquei muito impressionado com a idia de depositar a minha confiana em algo que imutvel.

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    I Uma Viagem a partir de Roma Comecei a freqentar um curso de estudo bblico, e me senti atrado

    pelo que a Bblia dizia. Embora estivesse ocorrendo um despertar espiritu-al, no me sentia completamente vontade. Havia a falta dos "sinos e incensos", as esttuas e a pompa da Igreja Catlica Romana. Como amai-oria dos catlicos romanos, tinha um vocabulrio religioso, mas a realida-de dos conceitos que as palavras expressavam nunca ficou registrada em mim. Minha f era principahnente na igreja, e no em um Deus pessoal. Eu pensava que estava bem com Deus, porque acreditava estar na "igreja correta". A lealdade igreja era equivalente a ser leal a Deus. E eu certa-mente no estava sozinho nessa linha de pensamento.

    Nunca houve uma poca em minha vida em que no cresse em Deus, ou que Jesus morreu e ressuscitou. Mas eu ainda sentia que estava faltando alguma coisa. Possua informao religiosa, mas isso no se traduzi~ em nada pessoal para mim. Ento "a luz prosseguiu". A partir da Bblia, comecei a ver que Deus de fato me amava, e que Jesus morreu especialmente por mim, assegurando o perdo completo de todos os meus pecados. Em vez de simplesmente conside-rar a Sexta-feira Santa um mero fato histrico, agora comeava a ver que aquilo que tirLha acontecido no Calvrio me envolvia diretamente. Jesus tinha morrido por mim. Aquilo em que eu sempre tinha crido agora comeava a se tornar real. Enquanto me alegrava com o meu progresso espiritual, tambm estava ciente de que a deciso inevitvel com que me deparava seria arrasadora para a minha famlia. E assim foi. Durante aproximadamente dois meses antes de entregar a minha vida ao Senhor, soube o que precisava saber. Eu adiei, porque estava avaliando o custo de seguir a Jesus. No haveria retorno. Tinha que entregar a minha vida a Jesus, independentemente do custo. At hoje, no tenho certeza se algum me disse isso, ou se foi o Senhor que colocou este pensamento em meu corao, mas veio minha mente a idia de que se eu seguisse a Jesus, nunca estaria errado. Nunca estaria perdido, se colocasse toda a minha confi-ana nEle. Assim, em junho de 1967 entreguei a minha vida ao Senhor Jesus Cristo, e fui batizado, crendo e confiando que o Cordeiro de Deus iria tirar o meu pecado ao 1.29).

    Pouco tempo depois da minha converso, senti que Deus me chamava para iniciar o ministrio integral. Isso era algo em que eu tinha pensado seriamente enquanto era catlico romano. Comecei a freqentar a escola bblica e logo descobri que era biblicamente analfabeto. No se aprendia a Bblia em um internato catlico. Os poucos anos seguintes de estudo me

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    levaram a um novo territrio, que era ao mesmo tempo esclarecedor e desa-fiador, e comecei a encontrar respostas s minhas perguntas. Uma passagem em particular me abriu uma viso panormica da vontade de Deus: "E em nenhum outro h salvao, porque tambm debaixo do cu nenhum outro nome h, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12). Nessas palavras, vique Jesus a resposta a todas as minhas indagaes. Ele, e somente Ele, aquEle a quem sempre devo seguir. No h outro.

    O meu caminhar com o Senhor no tem sido isento de problemas; um relacionamento com Deus no nos imuniza contra as dificuldades que a vida s vezes nos traz. Mas nunca, nem uma vez sequer, duvidei da fidelidade de Deus ou da garantia abenoada de sua obra redentora em minha vida. Nunca hesitei em minha f no Senhor Jesus Cristo. Vi Deus vindo em meu socorro muitas vezes, sustentando-me e fortalecendo-me pela sua graa. Mesmo em meio aos tempos difceis, Deus sempre esteve ao meu lado. Na verdade, foi durante os momentos de dificuldade que me senti mais prximo dEle. As provaes tm uma maneira maravilhosa de refmar o nosso carter e nos tornar mais depen-dentes do Senhor. Recordo a minha vida sem arrependimentos pela deciso que tomei, apesar dos problemas pessoais que vieram ao meu encontro. Since-ramente, no h um dia em que no ame o trabalho que Deus me chamou a realizar. Estou. constantemente cheio de gratido por aquilo que o Senhor fez, por mim e por meu intermdio. E mais, continuo a me maravilhar com a verdade do evangelho: Jesus morreu para pagar a pena pelo meu pecado, e Ele fez isso pcrque me ama com um amor incondicional. A leitura diria da Pala-vra de Deus est entrelaada em minha vida, e nu~ca me canso de ouvir o que Deus tem a dizer. Sua palavra inspirada pelo Esprito S~to, e por seu inter-mdio a sua voz ouvida (2 Tm 3.16,17; Hb 4.12). As promessas do Senhor, sua fidelidade, seu amor infalvel e sua santa soberania continuam influencian-do minha vida. Quanto mais ando com o Senhor, mais amo aquEle que foi tremendamente gracioso comigo, um pecador. O que de bom h em minha vida veio integralmente de Deus, que, por meio do Esprito Santo, trabalha para transformar-me cada vez mais semelhana de Jesus. E quando o desa-ponto - e eu o fao - Ele sempre gracioso comigo.

    Sempre indico s pessoas o que tocou meu corao h anos: "Creia em Jesus Cristo, confie nEle e siga-o; e assim voc nunca estar perdido". Nunca tive nenhuma razo para duvidar da veracidade dessa declarao, e investi a minha vida nela.

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    FALANDO A VERDADE EM AMOR

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    Eu me afastei da discusso, percebendo que tinha recebido meu primeiro "ataque bblico". Jovem e inexperiente, no era preo para algum que era muito versado nas Escrituras e acostumado a uma atitude pouco amistosa. Meus esforos para defender minha crena se depararam com uma torrente de passagens das Escrituras que no pude explicar adequadamente. Eu era o oponente, e no recebi misericrdia. Nenhuma mo de ajuda foi estendida para ajudar a esclarecer minha crena, e nenhuma considerao foi dada ao fato de que eu era uma pessoa sincera, tentando agradar a Deus. Nenhum esforo foi feito para se colocar ao meu lado e tratar-me com gentileza. Uma convico assimtrica de que ele estava certo e eu errado impedia que ele demonstrasse o amor de Deus. Nem por um momento me senti amado ou apreciado. Lembro-me desse evento como se fosse ontem, embora tenha ocorrido h mais de trinta anos. Durante os trs dias seguintes eu ainda estava abalado e angustiado. Relato esse incidente para que o leitor saiba que sei o que receber tratamento inarnistoso e desrespeitoso. Por isso, vou comentar as principais diferenas que existem entre a Igreja Catlica Ro-mana e a Bblia, de uma maneira que no humilha, degrada nem ofende desnecessariamente a nenhum catlico romano.

    Nunca entendi por que uma pessoa pensaria que, ao defender a verda-de (ou a sua verso da verdade), seria de alguma maneira justificada por

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    ser indelicada com aqueles que discordassem. De onde vem esse pensa-mento terrvel? O fato de que a verdade deva ser defendida no est em discusso, e sim uma m atitude que em hiptese alguma aceitvel. Na verdade, a Bblia diz claramente que devemos falar a verdade com esprito de amor (Ef 4.15, NTLH).

    O nico que ensinou teologia perfeita foi Jesus, o Filho do Deus vivo. No h um texto das Escrituras que Ele no compreendesse perfeitamen-te. No h um assunto, um julgamento moral ou um ponto da doutrina para o qual Jesus no tenha a resposta correta. Ele preciso em tudo. Mas, apesar disso, veja como tratava o povo - Ele era sempre gentil, amoroso, respeitoso e paciente; nunca erguia a voz, nem era rude ou indelicado. Ele sempre era gentil. Trabalhava para levar as pessoas das descrenas f de maneira muito misericordiosa, mas nunca comprometendo a verdade. Je-sus no atenuou sua declarao de que sem Ele ningum ir ao cu, ou que sem sua morte expiatria todos morreramos em nossos pecados e ira-mos para o inferno, ou de que Ele era Deus em carne humana. Alguns nunca creram em suas declaraes, mas ainda assim Ele os tratava com gentileza. As nicas pessoas s quais Jesus reservava fortes crticas eram aquelas que Ele sabia que eram hipcritas. Por outro lado, a Tom, um ctico honesto, Ele fez uma apario especial, depois da sua ressurreio, para dar-lhe a oportunidade de substituir a dvida pela f.

    Existe um ditado de que a verdade como a luz para os olhos sensveis -e penso que essa uma boa maneira de explicar o assunto. Todos ns sabemos o quanto desagradvel que algum acenda a luz quando estamos dormindo. Muitos vivem em um descanso espiritual (que , na verdade, uma negligncia), alguns sem nunca ter tido um pensamento espiritual sequer durante anos. Para essas pessoas, a luz do evangelho glorioso deve ser revelada lentamente, permitindo que despertem e se ajustem mudan-a de luz que penetrou em suas trevas.

    Este livro foi escrito tendo em mente um pblico catlico romano; por isso, tenho conscincia de como seria fcil ofender a algum desnecessari-amente. Quando era catlico romano, minhas crenas eram mantidas ho-nestas e sinceramente, e suponho que a mesma coisa acontea com todos aqueles que lerem este livro. Procurei colocar-me no lugar do leitor e perguntar: "De que este livro precisa, para que continue a l-lo?" No foi difcil encontrar a resposta correta. Para prender minha ateno, um livro

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    Falando a Verdade em Amor

    precisa est-ar fundamentado nas Escrituras, e no em opinies. E o autor precisa demonstrar um esprito gentil e respeitoso ao lidar com doutrinas nas quais muitos crem sinceramente, enquanto, ao mesmo tempo, no deve deixar de dizer o que precisa ser dito. Eu desejaria que o autor mos-trasse uma lealdade ao Senhor Jesus Cristo e um zelo santo na defesa da vontade de Deus. Finalmente, desejaria me sentir levado mais prximo a Deus por aquilo que estou lendo. Concentrei meus esforos para cumprir todos esses requisitos ao escrever este livro.

    Entendo que nem todos os que lerem esta obra acharo que fui fiel a essas intenes. Alguns podero sentir-se ofendidos pelo que digo. Ou-tros lero o trabalho tendo suas opinies j formadas, de modo que nada que diga poder modific-los. Mas haver outros, cujas vidas sero aben-oadas. Seus olhos se abriro s maravilhosas verdades das Escrituras e descobriro que tudo o que necessitam pode ser encontrado em Jesus Cristo, e somente nEle. Isso me gratifica muito. E outros, ainda, vero este livro como desconectado do esprito ecumnico da poca, uma rel-quia do passado distante.

    Quando se trata de um livro como este, h questes importantes que devem ser confrontadas. a Bblia a nossa nica autoridade, para tudo aquilo em que cremos e tudo o que praticamos? o evangelho o nico caminho para a salvao? Com a inevitabilidade da morte frente de cada um de ns, existem perguntas para as quais precisamos de respostas -urgentemente.

    Sempre houve uma necessidade de defender a verdade. Jesus a defendia repetidas vezes contra o erro que existia em seu tempo. Os olhos vigilan-tes dos apstolos impediam que erros fatais ganhassem terreno na igreja. Quando o evangelho estava sendo minado pelos ensinamentos legalistas, o apstolo Paulo (que escreveu to eloqentemente que o amor pacien-te, benigno, no se irrita com facilidade, etc.) no poupou palavras em sua condenao a tais falsos ensinamentos. Aqui est um exemplo do que ele disse: "Mas, se algum, mesmo que sejamos ns ou um anjo do cu, anunciar a vocs um evangelho diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldioado! Pois j dissemos antes e repetimos: se algum anun-ciar um evangelho diferente daquele que vocs aceitaram, que essa pessoa seja amaldioada!" (Gl 1.8,9, NTLH) Paulo acreditava que o evangelho no deve somente ser proclamado, mas deve tambm ser defendido contra

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    os erros. E, hoje, defender a verdade simplesmente no uma atitude popular. A chamada "tolerncia" est se tornando rapidamente a norma aceitvel. As declaraes dogmticas esto fora de moda. um caminho perigoso para os cristos. A verdade no determinada por quantos cr-em nela, ou por quo popular ela seja; mas alguma coisa verdadeira se Deus diz que . Todos ns, sem exceo, devemos ajustar- ou abrir mo de nossas crenas - caso no estejam em conformidade com o que Deus disse.

    Preocupo-me com um tipo prejudicial de tolerncia que est crescendo em popularidade, e sendo aceito por muitas pessoas. Esse tipo de tolern-cia leva alguns a pensar que no h verdades absolutas a defender, e que se pode crer naquilo que for o correto - para voc. Podemos ver a concluso lgica dessa perspectiva em questes tais como o aborto, a homossexuali-dade e os casamentos entre homossexuais. Deveremos ficar calados sobre o que a Bblia ensina, para no ofendermos ningum ou para no sermos considerados intolerantes? Penso que no. H momentos em que no devemos ficar calados. E isso se aplica ao propsito para o qual este livro foi escrito. Entre o ensinamento catlico romano e o ensino da Bblia, h diversas diferenas fundamentais que devem ser discutidas. Em uma pe-quena carta, Judas exortava alguns crentes com essas palavras: "[ ... ] tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela f que uma vez foi dada aos santos" (Jd 3b). A f de que falava Judas a verdade que Jesus morreu pelos nossos pecados, foi sepultado e ressuscitou. Ele o nico caminho para a salvao. Essa a f pela qual devemos batalhar. A palavra batalhar (contend, em ingls), segundo o O:xjord English Dctonary, quer dizer: "envolver-se em uma luta ou combate para vencer, ou para afirmar uma posio em uma discusso". Essa definio no deixa espao para uma resistncia passiva quando o assunto a f.

    Hoje h telogos, alm dos leigos, que so catlicos la carte- ao seu gosto. A minha inteno apresentar aos catlicos exatamente o que a sua igreja ensina. Existem reas de teologia em constante reviso, e a igreja catlica est dialogando com cristos de outras tendncias, resultando na publicao de inmeras afirmaes com as quais vrias doutrinas se colo-cam de acordo. No entanto, as doutrinas oficiais da Igreja Catlica Ro-mana continuam inalteradas. Os ensinamentos do Conclio de Trento so to obrigatrios para os catlicos de hoje quanto o eram quando

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    Falando a Verdade em Amor

    publicados. Alguns leitores os consideram ultrapassados, mas ainda so os ensinamentos oficiais da Igreja Catlica Romana e nunca foram rescin-didos.

    Sinto-me satisfeito por saber que por todo este livro oriento as pessoas a Jesus, e as incentivo a edificar sua f sobre o fundamento slido dos ensinamentos dEle, pois os ensinos do Senhor so corretos! Na verdade, exatamente isso que o Senhor deseja que faamos:

    Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelh-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e no caiu, por-que estava edificada sobre a rocha. E aquele que o'uve estas minhas palavras e as no cumpre, compar-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda (Mt 7.24-27).

    A palavra escrita nem sempre revela o tom pretendido, como o aps-tolo Paulo sabia muito bem. Ele disse algumas palavras duras, mas ne-cessrias, aos cristos da Galcia e apressou-se a perguntar-lhes: "Tor-nei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?" (Gl4.16, ARA). Ele no parou por a, pois queria que os glatas soubessem que a verdade que transmitia vinha de algum que se preocupava profunda-mente com eles, e assim continuou: "pudera eu estar presente, agora, convosco e falar-vos em outro tom de voz" (v. 20). O tom muito importante, pois revela o que realmente h no corao. Eu tambm tive esse sentimento apostlico enquanto escrevia este livro. E desejo que o tom daquilo que digo seja correto. Desejo exaltar o sacrifcio expiatrio do Senhor Jesus Cristo acima de qualquer erro que possa depreci-lo. Quero que as minhas palavras venham de um corao cheio da convic-o de que se ns seguirmos a Jesus Cristo, nunca estaremos perdidos. As tendncias que desvalorizaram a verdade devem ser descartadas. Se o seu corao bate um pouco mais rpido diante da singela perspectiva de ser simplesmente um cristo- um membro do Corpo de Cristo, a Igreja - ento este livro foi escrito para voc.

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    Oro para que a busca dos crentes de Beria se torne a busca de todos ns: Os de Beria, de acordo com o que lemos, "foram mais nobres do que os que estavam em Tessalnica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (At 17.1 I).

    Finalmente, este livro no foi escrito para fornecer munio para os fanticos que se alegram em obter vantagens fceis custa das crenas dos catlicos romanos. No me associo queles que se envolvem em batalhas to pouco santas.

    * N. do E.: O Conclio de Trento foi realizado de !545 a !563 e constitui-se na resposta

    catlico-romana Reforma Protestante.

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    A IGREJA CATLICA HOJE e e e e e e e e e e e e e e e e e e 11 D e e e e e e O e e e e e e e

    Desde que o papa Joo XXIII convocou a Igreja Catlica Romana para abrir as janelas e deixar entrar ar fresco, um vento poderoso varreu a igreja e trouxe mudanas quela que era considerada unia instituio esttica. O momento para a igreja imutvel mudar tinha chegado. Os documentos do Conclio Vaticano li se originaram nesse ambiente e refletiram a nova face do catolicismo. Os documentos foram recebidos com entusiasmo pelo mundo catlico romano, e acenos de aprovao vieram de outras tendn-cias crists, alm da catlica romana. Um novo dia estava amanhecendo.

    A Renovao Carismtica Catlica tambm deu a sua contribuio para a nova face do catolicismo. Independentemente de quaisquer dvidas que algum possa ter sobre alguns aspectos do movimento, ele deve ser consi-derado como algo que produziu alguns resultados positivos. Pela primei-ra vez, as Escrituras se tornaram uma parte vital da vida de muitos catli-cos.

    O papado tambm adotou uma nova imagem. Em sua longa histria, ele nunca esteve to em destaque, como hoje. O papa no mais visto somente nos limites do Vaticano; percorrer o mundo tornou-se um dever papal. E os meios de comunicao deram ao papa um status de celebridade.

    A popularidade do papa Joo Paulo II, durante seu longo pontifi-cado, foi expressa pela efuso de tristeza por sua morte, em 2005. A

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    Igreja Catlica Romana tinha perdido um grande lder. Durante todo o seu reinado, ele se manteve fiel aos ensinamentos da Igreja Catlica Romana, e fez muitas coisas para recuperar o terreno que tinha sido perdido para a ala liberal da igreja. Seu papado no ser esquecido nos anais ernpoeirados da histria. Sua posio inflexvel em questes morais tais corno o aborto, o comportamento homossexual, o casa-mento entre homossexuais, o materialismo e a importncia da famlia foram revigoradoras para um mundo moralmente decado.

    No entanto, alguns dos ensinamentos de Joo Paulo II C e de seus pre-decessores) nunca podero ser aceitos por aqueles, entre ns, que sabem que a Bblia a Palavra de Deus, e, corno tal, nossa nica autoridade naquilo em que cremos e praticamos. Por exemplo, Joo Paulo II promo-veu incansavelmente a devoo Virgem Maria e canonizou mais de qua-trocentos santos; leia-se mais do que tinham sido canonizados por todos os papas que o antecederam. Em 2 de junho de I998, ele emitiu um toque de alerta a todos os catlicos para que orassem pelas almas no purgatrio, assegurando-lhes que suas oraes e o sacrificio da missa ga-rantiria a libertao daquelas almas que sofriam no purgatrio.1 Estes ensinamentos no esto em conformidade com o evangelho e rebaixam o sacrifcio perfeito de Jesus.

    Vozes conflitantes so ouvidas na ampla arena religiosa, cada urna delas exigindo a nossa ateno. Damos ouvidos Igreja Catlica Ro-mana, que se diz porta-voz de Deus, ou ouvimos Escritura, que "a palavra de Deus [e J viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra at diviso da alma, e do esprito, e das juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e inten-es do corao" CHb 4.I2)? A Palavra de Deus, diz o apstolo Paulo, capaz de nos conduzir salvao "pela f que h em Cristo Jesus" C2 T rn 3. I 5). Alm disso, ele ainda diz: "Toda Escritura divinamente inspirada proveitosa para ensinar, para redargir, para corrigir, para instruir em justia, para que o homem de Deus seja perfeito e perfei-tamente instrudo para toda boa obra" C vv. I 6, I 7). A qual voz damos ouvidos? Deus revelou a sua vontade nas Escrituras; por isso, no po-demos nos afastar dela. neste ponto que devemos nos separar da Igreja Catlica Romana, que afirma que nem toda verdade est conti-da nas Escrituras; a tradio da igreja tambm deve ser ouvida. Em

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    A Igreja Catlica Hoje

    outras palavras, est se afirmando que toda verdade derivada da com-binao das Escrituras com a tradio da Igreja Catlica Romana.

    O MoDELo ERRADO O modelo da Igreja Catlica Romana jamais seria endossado por Jesus.

    Por exemplo, o Mestre foi procurado por urna me excessiv~ente ambi-ciosa, que desejava que seus dois filhos tivessem lugares de proeminncia no Reino - um direita do trono de Jesus, e o outro, esquerda. Tal destaque teria bons reflexos sobre ela, por ter criado filhos to bem-suce-didos. Em resposta, Jesus olhou para o mundo gentio e mencionou um modelo daquilo que faltava a essa me C e aos outros discpulos). "Bem sabeis", disse Ele, "que pelos prn'Cipes dos gentios so estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles". Isso todos eles reconheci-am. Ento o Senhor completou: "No ser assim entre vs" CMt 20.25,26). Ele estava dizendo que esse modelo piramidal com governantes terrenos, cujo poder inquestionvel, no era o que tinha vindo edificar. "O meu reino", disse Ele, "no deste mundo". Jesus no se assemelha a nada que vocs esto acostumados a ver. completamente diferente. Posies de poder e prestgio, tais como as que existiam entre os fariseus, nunca im-pressionaram a Jesus. O Senhor disse sobre os fariseus: "[ .. ]trazem largos filactrios, e alargam as franjas das suas vestes, e amam os primeiros luga-res nas ceias, e as primeiras cadeiras nas sinagogas, e as saudaes nas praas, e o serem chamados pelos homens: - Rabi, Rabi" (Mt 23 .5-7): O que Jesus edificou- a Igreja- no tem nenhuma similaridade com o que Ele achava to repugnante.

    Ainda assim, quando examinamos a Europa em particular, o que ve-mos? A Igreja Catlica Romana corno uma fora poltica poderosa a enfrentar. As questes do Estado e da igreja estavam interligadas. Reis, rainhas e chefes de governo se submetiam Igreja Catlica Romana. Alguns governantes poderosos tambm eram bispos. As catedrais mag-nficas tambm afirmavam o poder da Igreja Catlica Romana. Por cau-sa da sua aliana com o estado secular, a Igreja Catlica Romana se tornou poderosa e rica, possuindo vastas terras por toda a Europa. E tudo isso era feito em nome daquEle que disse: "As raposas tm covis, e as aves do cu tm ninhos, mas o Filho do Homem no tem onde recli-nar a cabea" CMt 8.20).

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  • Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    J se disse que o poder corrompe. Houve pocas, por toda a histria, em que a Igreja Catlica Romana usou o seu poder para fins negativos. A Inquisio um desses casos. O abuso sexual de crianas por sacerdotes catlicos romanos - um problema que veio luz em anos recentes - foi possvel somente por causa do poder e do sigilo da instituio. Por causa da magnitude do problema e da intensidade com que os catlicos expres-saram a sua preocupao com esse assunto, vamos examinar a questo um pouco mais de perto.

    SEGREDOS E EscNDALos O srdido escndalo envolvendo crianas que sofrem abusos sexuais

    por sacerdotes catlicos romanos tem sido uma vergonha para a igreja. As revelaes de um comportamento to corrupto chocaram os fiis. Quando essas revelaes vieram tona, muitos negaram. A maneira como a sua igreja lidou com as queixas, que retrocediam a pelo menos meio sculo, desiludiu muitas pessoas. Estou consciente do que Jesus disse: "Aquele que dentre vs est sem pecado seja o primeiro que atire pedra" (veja Jo 8.7). E devo deixar claro que meu objetivo aqui no criticar desnecessariamente o catolicismo romano. Mas, ao comentar essa ques-to, desejo fornecer uma percepo sobre como isso pde acontecer na estrutura tradicional da Igreja Catlica Romana. No pretendo ignorar o fato de que h muitos sacerdotes e muitas freiras que so pessoas boas e decentes, que serviram fielmente a suas comunidades; o seu carter deve ser sempre protegido.

    Pode haver uma tendncia a calar-se sobre as coisas ms que aconte-ceram na vida, dizendo: "J passado; esquea". Mas essa uma posi-o muito perigosa. Simon Wiesenthal morreu recentemente, aos 96 anos de idade. Como muitos outros judeus na Europa, Wiesenthal pas-sou algum tempo em um campo de concentrao nazista. Os nazistas mataram 89 membros da sua famlia, e ele dedicou a sua vida a procurar os responsveis por esses crimes. Com isso, levou mais de I.IOO crimi-nosos justia. Com seus esforos, no permitiu que o mundo se esque-cesse do mal do passado. Ele estava certo em fazer isso? Acredito que sim. Ns precisamos entender e recordar como uma nao rica em cul-tura pde tornar-se responsvel pelo assassinato de seis milhes de pes-soas, para que 1sso no se repita.

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    A Igreja Catlica Hoje

    Da mesma maneira, o abuso sexual de crianas por membros de uma igreja respeitada precisa ser investigado, para que no se repita. A maneira como a Igreja Catlica Romana lidou com as acusaes feitas pelas vti-mas nos diz muita coisa sobre a Igreja, e como ela se v.

    Todos ns cometemos erros; e podemos, posteriormente, refletir sobre uma crise, e perceber que poderamos t-la administrado melhor. Pode-mos aprender com nossos erros e reagir de maneira mais sbia na prxima vez. O mesmo no acontece com a Igreja Catlica Romana: O tratamento que ela d s acusaes de abuso sexual feitas contra os sacerdotes tem sido um fracasso pattico, no somente uma vez, mas repetidas vezes. Na verdade, um padro defmido emergiu. Por exemplo, considere o padre Brendan Smyth. O seu nome no' ser esquecido na Irlanda por muito tempo.

    Smyth tem o destaque de ser um dos piores -se no o pior- molestador sexual em srie descobertos at hoje; o seu caminho inquo se entendeu por 35 anos e abrangeu dois continentes. Em I 968, foi enviado dos Esta-dos Unidos de volta Irlanda, quando o seu bispo tomou conhecimento de que ele molestava sexualmente rapazes e garotas. De volta Irlanda, Smyth continuou molestando jovens, at sua condenao em um tribunal irlands, em junho de I 997. A conduta perversa de Smyth foi levada ao conhecimento da Ordem N orbertina, da qual era membro, e tambm do Cardeal Daly, primaz da Irlanda. Mas nada foi feito para det-lo. Esse predador teve acesso irrestrito a crianas. To grande foi o nvel de des-gosto causado por Smyth, que quando ele morreu, em I997, foi enterra-do s 4hi5 da manh, no cemitrio da sua ordem, em County Cavan. Quatro policiais permaneceram distncia. As luzes do carro fnebre foram usadas para iluminar a rea do tmulo. Concreto foi jogado sobre o seu tmulo.

    Por que um homem to perverso teve permisso de permanecer em um ministrio no qual tinha acesso a crianas? A Igreja Catlica Romana no sabia que abuso sexual de crianas errado? Claro que sabia. Mas a ima-gem da instituio tinha de ser protegida. No podia haver escndalos, por isso, as alegaes eram enterradas ou ignoradas. Seja como for, nada foi feito a respeito das queixas. Isso desculpvel?

    Vejamos o exemplo de outra organizao. Um tcnico de futebol acusado de molestar sexualmente a rapazes. Ele dispensado, mas comea

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    a treinar outro time, que no fica sabendo dos seus antecedentes. Ele abusa de garotos neste clube e novamente demitido. Ele treina um novo time e reincide. revoltante pensar que isso possa acontecer - que um pedfilo conhecido possa passar de um clube a outro. No entanto, foi exatamente assim que a Igreja Catlica Romana lidou com os padres acu-sados de molestar crianas sexualmente. Quando as acusaes eram feitas contra um padre, ele simplesmente era transferido, pelo seu bispo, para outra parquia, onde ficava livre para continuar com a sua maldade. As pessoas boas da parquia no sabiam que um molestador sexual tinha sido enviado para o seu meio e que, portanto, tinham de. proteger seus filhos. Nenhum aviso era dado pelo bispo aos fiis. E assim, o "padre" cativava os pais confiantes, que se sentiam lisonjeados com o fato de que o "padre" os visitasse to freqentemente e mostrasse um interesse to especial por seus fiL~os. Quando o horror era revelado, o "padre", amigo e confidente da farnia, se apresentava diante do bispo e era transferido para uma nova parquia, onde se repetiria o ciclo maligno: --

    Infelizmente, isso no fico, mas um fato comprovado. Aconteceu diversas vezes, no com um ou dois padres, mas com centenas deles. Quem, ento, responsvel por proteger da lei esses pedfrlos e dar-lhes um abrigo seguro? Os bispos catlicos romanos, aqueles que se dizem suces-sores dos apstolos. Voc consegue acreditar nisso? A mente fica comple-tamente chocada com um comportamento to ultrajante.

    O que ofende profundamente os catlicos o sentimento de terem sido trados por aqueles que tm posies privilegiadas. Um padre tem uma posio de poder na comunidade. Ele uma figura de auto-ridade. Durante os anos I950 e 1960, ria Irlanda, o clero tinha um poder extraordinrio. O que um padre dissesse era definitivo. Nin-gum ousava contradiz-lo. Acus-lo de abuso sexual era algo inimaginvel. E os pedfilos sabiam disso. Isso lhes dava um espao ilimitado para molestar crianas, e eles o faziam, com entusiasmo, sabendo que as acusaes no teriam crdito. Eles tambm sabiam que os seus bispos no os denunciariam.

    Infelizmente, acusaes contra sacerdotes surgem de todas as partes do mundo. E o mesmo padro emergiu em cada caso: Ignorar e acusa-o e transferir o padre. Isso confirmado por uma investigao orde-nada pelo governo irlands sobre acusaes de abuso sexual na Diocese

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    A Igreja Catlica Hoje

    de Feros, em County Wexford, Irlanda. O relatrio Feros (2005) revela que a diocese no somente sabia das acusaes, como nada fez a respei-to. O inqurito revela que um padre atacou dez meninas no altar da igreja onde ministrava. As meninas foram examinadas pelo Comit de Sade, que ento notificou o bispo Brendan Comiskey. Nenhuma pro-vidncia foi tomada. O relatrio tambm revela a falta de cooperao da igreja durante a investigao. Tambm existem evidncias de que o Vaticano estava ciente de algumas acusaes contra sacerdotes, mas dei-xou de punir os acusados. O conhecido pedfilo, padre Sean Fortune, que era de Feros, foi um violento estuprador e um criminoso contumaz. Apesar das reclamaes feitas ao bispo Comiskey, Fortune nunca foi transferido. Em maro de I 999: Fortune foi encontrado morto, por overdose de drogas e lcool.

    Colm O'Gorman foi molestado por um padre em Feros. Agora ele diretor de One in Four, uma entidade que oferece apoio e recursos s pessoas vtimas de abuso sexual. A respeito do relatrio Feros, ele diz o seguinte:

    O relatrio Feros, sem nenhuma dvida, demonstra que as alegaes de que a igreja desconhecia a natureza do abuso sexual contra crianas, at que foi alertada pelos meios de comunicao, nos anos I 990, so completamente falsas.

    Ele detalha como, em I 962, o Vaticano distribuiu um do-cumento intitulado Crimen Solcitans a todos os bispos do mun- ,; do. As instrues do Vaticano de que esse documento fosse mantido em arquivos secretos e. no fosse publicado, nem co- .: mentado publicamente, lembram um romance escrito por Dan Brown.

    Crmen Solcitanis instrui que os funcionrios da igreja, e at mesmo testemunhas e queixosos devem fazer um juramento de segredo com relao a qualquer abuso sexual descoberto. A punio pelo rompimento de tal segredo era a excomunho automtica.

    Embora muitos comentaristas tenham sugerido que este do-cumento trata somente do crime eclesistico de assdio - sacer-dotes procurando o sexo no confessionrio - o relatrio Feros e

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  • Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    o juiz Murphy deixam claro que ele tambm est explicitamente relacionado aos casos de abuso sexual.

    Esse documento pode-'explicar o abjeto fracasso de cardeais, bispos e sacerdotes em romper o silncio e denunciar esses crimes s autoridades civis e do Estado. A ameaa de excomunho era, na verdade, uma sentena de morte aos homens que viam suas vidas somente no contexto de suas vocaes sacerdotais. Tratava-se de uma ferramenta incrivelmente eficiente para impedir a des-coberta do abuso sexual amplamente espalhado pelas dioceses catlicas romanas em todo o mundo.

    O relatrio Ferns afirma que "no encontrou evidncias deste documento nos arquivos examinados na Diocese de Ferns". Uma vez que os bispos tm a obrigao, talvez ainda sob ameaa de excomunho, de no divulgar ou publicar nada sobre o documen-to, no de admirar que a diocese tenha sido incapaz de confir-mar a sua existncia.

    Parece improvvel que a Diocese de Ferns, entre todas as dioceses catlicas romanas no mundo, tenha sido excluda da lis-ta de correio para um documento to delicado e confidencial ... 2

    O que ainda mais chocante ... o arcebispo Alibrandi, e seus sucessores no cargo de Nncio Papal, sabiam da dimenso dos abusos, mas impuseram que lderes da igreja irlandesa, como o bispo Comiskey, os enfrentassem sob o cdigo de lei cannica-a lei da igreja - em vez de entregar os clrigos errantes polcia irlandesa. Alm disso, Alibrandi e seus sucessores invocaram imu-nidade diplomtica como representantes da Santa S, para evitar testemunhar em processos judiciais movidos por vtimas.3

    Ainda hoje existem aqueles que negam que o Holocausto tenha existi-do, mesmo que uma montanha de evidncias os confronte. Eles simples-mente no desejam acreditar. A mesma coisa acontece com alguns catli-cos; eles simplesmente no desejam acreditar que a sua igreja tenha sido to corrupta. Vi essa relutncia em acreditar nas evidncias quando chega-ram notcias de que o bispo Eamon Casey era o pai de um rapaz de I 7 anos. Casey era um bispo muito popular na Irlanda, que tinha um carter

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    A Igreja Catlica Hoje

    extraordinrio. De modo que quando se soube que era o pai de um rapaz, todos ficaram chocados. Casey imediatamente deixou a Irlanda, foi para Roma e deixou o seu cargo. Algum tempo depois, Annie Murphy, a me do jovem, foi convidada para falar no programa The Late, Late Show. Uma senhora da platia, que tinha trabalhado para Casey, negava repetidas ve-zes que Casey fosse o pai do jovem. Penso que a sua reao foi surpreen-dente, porque nessa poca: I) o bispo Casey tinha dito que acreditava ser 0 pai; 2) Casey disse ao papa Joo Paulo II que era o pai, e o papa acredi-tou e permitiu que ele deixasse o seu cargo; 3) Annie Murphy disse que Casey era o pai; 4) e o rapaz era parecido com Casey. Por que, ento, essa mulher no acredita, quando a evidncia to convincente? Simplesmente porque no deseja acreditar que urh sacerdote tenha quebrado seus votos, e nada ir convenc-la disso. H alguns catlicos que, por mais convin-cente que sejam as evidncias, nunca acreditaro no nvel de corrupo que existe em sua igreja.

    Annie Murphy declarou que Casey tinha tentado persuadi-la a entre-gar a criana para adoo, mas ela se recusou a faz-lo. Era bvio que Casey estava tentando proteger a si mesmo e imagem da igreja. A nica razo por que a histria veio luz foi Casey ter deixado de sustentar seu filho, e a imprensa foi avisada. O mesmo padro evidente em casos de abuso sexual: a imagem da igreja protegida por meio de uma rede de segredos e mentiras. Foi isso que Jesus veio edificar? A sugesto absurda.

    A minha simpatia se estende s vtimas e suas famlias, que tiveram que passar por esse pesadelo, e tentar entender como uma igreja pde permitir que pedfilos declarados tivessem acesso livre e aberto a suas adorveis crianas. Como a sua igreja tinha possibilitado proteo para molestadores sexuais? Por que o povo no era avisado de que o novo padre que tinha vindo sua parquia havia molestado crianas em uma parquia anterior? Muitas vidas foram arruinadas, e cicatrizes emocio-nais sero carregadas pelo resto da vida dessas vtimas. Alguns nunca se recuperaro, e outros tiraro sua prpria vida. E a nica razo de algu-mas vtimas finalmente terem seu dia na justia porque tiveram a cora-gem denunciar e assim deter a igreja. No foi a igreja que ocasionou essa purificao do mal: foram as vtimas. E se as vtimas no o tivessem feito, os bispos teriam continuado abrigando-se em Crmen Solctans e isentando-se de qualquer responsabilidade pessoal. As vtimas devem se

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Cosrumam Fazer

    sentir amedrontadas e confusas medida que tentam entender como que os seus bispos se comprometeram a manter silncio quando os mais preciosos e vulnerveis membros da igreja - as crianas - ficavam desprotegidos para serem vtimas de conhecidos pedfilos que esto vestidos como ovelhas.

    A IGREJA QUE JEsus VEio EDIFICAR Jesus olhou para a religio institucional da sua poca e disse que no se

    deve pr vinho novo em odres velhos (Lc 5.37,38). O vinho novo, medida que o tempo passa, fermenta e rompe os odres. velhos que se tornaram ressequidos com a idade. A Igreja Catlica Romana como um odre que no pode conter o vinho novo da graa e da verdade. um odre velho que mostrou ser corrupto, por esconder o mal dos sacerdotes pedfilos enquanto, ao mesmo tempo, lhes fornecia oportunidades repe-tidas para molestar os inocentes, e justificava a sua inrcia pelo seu jura-mento de silncio. Ela ficou rica, poderosa e, no processo, corrupta. Essa no a igreja que Jesus veio edificar, e como diz o salmista, "Se o Senhor no edificar a casa, em vo trabalham os que edificam" (SI 127.I). A igreja de Jesus o seu povo, a quem Ele redimiu. Esse povo transforma-do imagem do Senhor pelo Esprito que nele habita. A santidade a sua marca. A Igreja do Senhor um corpo universal de crentes em congrega-es locais, comunidades de f, orientadas por pastores devotos que apas-centam o rebanho com a Palavra viva de Deus. Essa a nova criao que Jesus veio trazer existncia.

    O desafio aos catlicos que esto lendo este livro estudar o livro de Atos e ver como a Igreja Primitiva "era igreja". Observar a simplicidade, e, apesar disso, a eficincia de sua organizao. Ver o seu zelo evangelstico, seus cuidados com os pobres e seu comprometimento com a orao. Ver o seu ministrio envolvendo cada membro. To grande foi o impacto da igreja no mundo pago que quando Paulo e seus colaboradores chegaram Tessalnica o povo disse: "Estes que tm alvoroado o mundo chegaram tambm aqui" ( At I 7.6). Hoje, o nosso mundo pecador precisa ser "alvo-roado" por um retorno mensagem salvadora da Palavra viva de Deus.

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    A FORMAO DA BBLIA . . . . . . ~ . . . . o

    Como surgiu a Bblia? A Igreja Catlica Romana sustenta que foi ela quem nos deu a Bblia e determinou a quantidade de livros que deveriam compor o cnone das Escrituras- em particular, o Novo Testamento. O argumento o seguinte: A igreja existia antes que tivesse sido escrita uma s palavra do Novo Testamento. Depois que ele foi escrito, a igreja deter-minou o cnone. Portanto, a igreja a voz de autoridade, que deve ser obedecida, pois sem a igreja no teramos a Bblia.

    A REIVINDICAO CATLICA P. I 7 - Quem pode determinar quais livros constituem a

    Bblia? Da I?esma maneira como a Igreja infalvel de Cristo pode nos garantir que a Bblia tem inspirao divina, tam-bm somente a Igreja possui a autoridade para indicar quais livros esto includos nela. 1

    A Igreja surgiu antes do Novo Testamento e, como re-sultado disso, afirma ser o rbitro final em questes de interpretao. Foi a Igreja que agrupou os livros e as car-tas que constituem o Novo Testamento. Ela decidiu o que deveria ser includo e o que seria deixado de fora. Assim,

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  • Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    como autora dessa coletnea, a Igreja est em melhor po-sio que o leitor para dizer o que uma passagem particu-lar significa.2

    Esse argumento parece bom e razovel, mas ser correto? a Bblia um produto da Igreja Catlica Romana? Ou veio a existir de alguma outra maneira? Poderamos ser perdoados se considerssemos a pergunta como sendo irrelevante; o importante que temos a Bblia. Mas no to sim-ples assim. A reivindicao catlica romana que, pela sua autoridade, temos a Bblia, e, portanto, somente ela a intrprete oficial das Escritu-ras. Ela diz que se quisermos conhecer o verdadeiro significado das Escri-turas, devemos ouvir igreja que nos deu a Bblia.

    A evidncia apia a reivindicao catlica, ou nos aponta uma direo diferente? Daremos o nosso primeiro passo para responder a essa pergun-ta olhando como o Antigo Testamento surgiu e os critrios que determi-naram o seu cnone.

    o CNONE DO ANTIGO TESTAMENTO Jesus confirmou as Escrituras do Antigo Testamento como sendo a autn-

    tica Palavra de Deus. Depois de sua ressurreio, encontrou-se com dois dis-cpulos e disse-lhes tudo o que havia escrito acerca dEle nas Escrituras: "Co-meando por Moiss e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Que concluso tiramos das pala-vras de Jesus? Uma vez que o Senhor tinha vindo cumprir tudo o que havia escrito acerca dEle nas Escrituras, devia haver existido um cnone reconhecido das Escrituras. Podemos ver que esse o caso, pelas referncias freqentes do Senhor s Escrituras. Por exemplo, no discurso sobre a sua divindade - que Ele o Filho de Deus, igual ao Pai- o Senhor disse: "A Escritura no pode ser anulada" Qo I 0.35). A que Ele se referia? Ao corpo das Escrituras que conhe-cemos como o Antigo Testamento. Ao censurar os judeus pela sua recusa em aceit-lo, Jesus afirmou: "Examinais as Escrituras, porque vs cuidais ter nelas a vida eterna, e so elas que de mim testificam" Qo 5.39). Observe que Jesus no disse que eles estavam procurando no lugar errado - em textos que no constituam as Escrituras -, pois, de fato estavam procurando no lugar certo, no livro de trabalho reconhecido, que era considerado a Palavra de Deus.

    Em outra ocasio, os saduceus, um grupo de lderes religiosos judeus, veio propor ao Senhor Jesus uma pergunta sobre a ressurreio. Em

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    A FormaJO da Bblia

    resposta, Cristo lhes disse: "Errais, no conhecendo as Escrituras, nem

    0 poder de Deus" (Mt 22.29). Os saduceus poderiam ter solucionado o seu erro examinando as Escrituras, que eram uma fonte de autoridade reconhecida.

    Alm disso, Jesus conseguiu fazer uma distino clara entre o que as Escrituras ensinam e o que a tradio religiosa ensina:

    Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tra-dio dos homens, como o lavar dos jarros e dos copos, e fazeis muitas outras coisas semelhantes a estas. E dizia-lhes: Bem invalidais o mandamento de Deus para guardardes a vossa tradio. Porque Moiss disse: Honra a teu pai e a tua me e: Quem maldisser ou o pai ou a me deve ser punido com a morte. Porm vs dizeis: Se um homem disser ao pai ou me: Aquilo que poderias aproveitar de mim Corb, isto , oferta ao Senhor, nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua me, invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradio, que vs ordenastes. E muitas coisas fazeis seme-lhantes a estas (Me 7.8-13).

    O Mestre olhava o comportamento hipcrita dos fariseus e via que estava enraizado nas tradies dos homens. Como podia Jesus dizer que eles tinham abandonado os mandamentos de Deus, revelados na Bblia, a menos que j existisse um corpo reconhecido de Escrituras?

    Por fim, depois de urna recepo muito rude na cidade de Tessalnica, Paulo chegou a Beria, onde foi agradavelmente surpreendido pela atitude das pessoas. "Ora, estes de Beria eram mais nobres que os de Tessalnica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim" (At I7.II, ARA). Paulo no teve que corrigi-los, dizendo que estavam procurando na fonte errada a confirmao da sua mensa-gem. No. Eles estavam procurando no lugar certo- os 39livros que compem o Antigo Testamento. H muito tempo esses livros tinham sido reconhecidos como a Palavra de Deus e, conseqentemente, canonizados. O povo de Deus, no Antigo Testamento, conseguiu, sob a orientao divina, compilar os livros que conhecemos como o Antigo Testamento, que Jesus confirmou. Isso aconteceu muito tempo antes do surgimento da Igreja Catlica Romana.

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  • Respostas s Perguntas que os Catlicos Coswmam Fazer

    interessante notar como surgiram os livros que compem o Antigo Testamento. O critrio principal para determinar se um livro deveria ser includo no cnone dizia respeito ao seu autor. A autoria proftica era essencial. Se o autor fosse conhecido como sendo um profeta do Senhor, suas obras eram preservadas. Isso, obviamente, foi feito sob a orientao do prprio Deus. Moiss era um desses profetas, usado pelo Senhor de uma maneira poderosa. Para garantir que tivssemos um registro perma-nente da revelao de Deus, Moiss escreveu tudo o que o Senhor lhe disse. Alm disso, ele guardou seus escritos em um lugar de honra - ao lado da arca do concerto, onde Deus estava especialmente presente entre o seu povo (Dt 3 1.24-26).

    Josu sucedeu a Moiss como lder de Israel e foi um homem "cheio do esprito de sabedoria, porquanto Moiss tinha posto sobre ele as suas mos" (Dt 34.9). No fim de sua vida, Josu acrescentou outro elo corrente- Deus o orientou, e ele "[ ... ] escreveu estas palavras no livro da Lei de Deus" (Js 24.26). O Antigo Testamento comeava a tomar forma. Samuel est entre os profetas notveis da histria de Israel, e tambm contribuiu para o corpo do trabalho que se tornaria o Antigo Testamento: "E declarou Samuel ao povo o direito do reino, e escreveu-o num livro, e p-lo perante o Senhor" (I Sm I0.25). Observe o lugar de honra especial dado s Escrituras: "perante o Senhor". Alm disso, "os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os ltimos, eis que esto escritos nas crnicas de Samuel" (I Cr 29.29). O profeta Nat tambm fez a sua contribuio formao do Antigo Testamento: "Os demais atos, pois, de Salomo, tanto os primeiros como os ltimos, porventura, no esto escritos no livro da histria de Nat, o profeta [ ... ]?" (2 Cr 9.29) Quando Israel se deparou com setenta anos de servi-do na Babilnia, Daniel foi capaz de consultar os textos do profeta Jeremias e ver que Deus tinha predito esse cativeiro. Daniel entendeu "pelos livros que o nmero de anos , de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolaes de Jerusalm, era de setenta anos" (Dn 9.2; veja Jr 29.10).

    Os profetas escreveram sobre uma ampla variedade de eventos na histria do povo escolhido de Deus, mas havia um tema central em seus textos: a vinda do Messias. Jesus freqentemente afirmava ser a figura central das Escrituras: "Comeando por Moiss e por todos os

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    A Forma;o da Bblia

    profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Pedro disse que as profecias do Antigo Testamento cum-pridas em Jesus fornecem amplas evidncias de que Ele o Filho de Deus, e que as Escrituras fornecem toda a certeza e orientao de que precisamos (2 Pe I.I2-2I). Pedro estava dizendo que no precisamos nos afastar daquilo que as Escrituras dizem.

    O que foi que dissemos at gora? O Antigo Testamento era aceito pelo povo de Deus porque era escrito pelos profetas de Deus. Os escritos dos profetas eram preservados graas sua origem divma. Embora o povo de Deus juntasse esses escritos sagrados, isso nunca lhes deu uma posio de autoridade acima (nem mesmo igual) das Escrituras. Na poca em que Jesus viveu, o cnone (a coletnea reconhecida de livros) do Antigo Testamento tinha sido defmido e recebido o aval do prptio Cristo. Estas eram as Escrituras s quais recorria Jesus durante o seu ministrio, afir-mando que a mensagem central do Antigo Testamento falava de sua vinda para nos salvar dos nossos pecados e nos levar de volta ao Pai.

    Jesus ensinava, definitivamente, que Deus originou o An-tigo Testamento em hebraico. Ele citou, como autnticos, ou com autoridade, a maioria dos vinte e dois livros do cnone hebreu. O Mestre considerou cada seo, "Lei e Profetas" e "Lei, Profetas e Salmos" (Lc 24.27,44) como sendo proftica sobre Ele. O Senhor Jesus mostrava que a inspirao se entendia desde o Gnesis e passava pelas Cr-nicas (Mt 23.35; o que equivale a dizer "de Gnesis a Malaquias"). Ele afirmou que o Antigo Testamento como um todo era Escritura que no pode ser anulada Qo I 0.35); que nunca pereceria (Mt 5.18); e que se cumpriria (Lc 24.44). Ele confirmou pessoalmente pessoas e eventos, desde o den (Mt 19.5) at Jonas na "baleia" (Mt 12.40), inclu-indo Daniel, o profeta (Mt 24.15), No e o Dilvio (Lc 17.27) e a destruio de Sodoma (Lc 17.29). Jesus no somente defmiu os limites do cnone, isto , os vinte e dois livros do Antigo Testamento hebreu, como tambm estabe-leceu o princpio de canonicidade, especificamente, o cnone consiste daquilo que a "palavra de Deus". Isso

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  • I Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer exemplificado pelas referncias de Jesus ao Antigo Testa-mento como a "palavra de Deus" (Mr 7.I3), como aquilo que "Deus disse" (Mt I 9 .5), ou como aquilo que era pro-ferido "em esprito" (Mt 22.43; Mr I2.36). Quanto ao Novo Testamento, Jesus prometeu que o Esprito Santo iria guiar os apstolos "em toda a verdade" (Jo I 6.13) e os faria lembrar de todas as coisas que Ele lhes tinha dito (Jo I4.26). Assim, o princpio de que "a canonicidade deter-minada por inspirao" foi proferido por Jesus a respeito do Antigo Testamento e prometido no Novo Testamento.3

    O autor Edward J. Young tambm nos fornece noes teis sobre a relao entre a inspirao das Escrituras e o seu lugar no cnone:

    Quando a Palavra de Deus foi escrita, tornou-se a Escritura, e, na medida em que foi proferida por Deus, possuiu autoridade absoluta. Como era a Palavra de Deus, foi cannica. Aquilo que determina a canonicidade de um livro, portanto, o fato de que o livro tenha sido inspirado por Deus. Conseqentemente, faz-se uma distino adequada entre a autoridade que possui o An-tigo Testamento, como inspirado divinamente, e o reconheci-mento daquela autoridade, por parte de IsraeU

    O CNONE no Novo TESTAMENTO No final do sculo I, os vinte e sete livros que compem o Novo Testa-

    mento tinham sido aceitos pela Igreja Primitiva, como sendo cannicos. A evidncia disso verificada pela histria da Igreja Primitiva.

    A Igreja Catlica Romana afirma que a coletnea de livros que compem o cnone do Novo Testamento foi determinada por ela. Isso incorreto. O obje-tivo desse conclio no era folhear antigos pergaminhos empoeirados e armaze-nados em algum sto de mosteiro, e ento anunciar ao mundo cristo quais livros eram cannicos e quais no eram. O conclio simplesmente afirmou aqui-lo que a Igreja Primitiva tinha afirmado h muito tempo - que os vinte e sete livros que conhecemos como o Novo Testamento eram cannicos. No deve-mos cometer o engano de pensar que as Escrituras receberam a sua autoridade porque algum conclio fez uma declarao pblica da sua aceitao. A verdade

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    A Formafo da Bblia

    do assunto que a Igreja Primitiva aceitou as Escrituras praticamente da mesma maneira como Israel aceitou as Escrituras do Antigo Testamento - crendo que eram inspiradas por Deus. A igreja, acertadamente, viu-se como sujeita autori-dade das Escrituras, e no o contrrio. Embora a igreja existisse antes que o Novo Testamento fosse escrito, isso no d igreja autoridade sobre as Escritu-ras, nem igual das Escrituras. A igreja deve sempre estar sujeita autoridade da Palavra escrita de Deus.

    O que permitiu que a Igreja Primitiva aceitasse o cnone do Novo Testa-mento to prontamente foi a posio exclusiva dos apstolos. Eles tinham sido os companheiros do Senhor na maior parte de seu ministrio, e Ele os tinha treinado para uma misso especial: a evangelizao do mundo. Eles no eram somente testemunhas oculares da ressurreio de Jesus, mas tambm dotados das credenciais necessrias para se estabelecerem como porta-vozes de Deus. Os milagres que realizavam davam testemunho dessa funo. Ns lemos que "muitos sinais e prodgios eram feitos entre o povo pelas mos dos apstolos" (At 5.12). Isso inclua a ressurreio de mortos e a restituio da perfeita sade a enfermos. Uma confirmao adicional foi dada ao ministrio apostlico, pelo fato de que "Deus, pelas mos de Paulo, fazia maravilhas extraordinrias" (At 19.II). Paulo no hesitava em apontar os milagres reali-zados pelos apstolos como provas da sua vocao divina (2 Co 12.12).

    Por muitos anos, os apstolos ensinaram igreja tudo o que Deus lhes estava revelando, e ela aceitou esses ensinamentos. A igreja tinha total con-fiana de que aquilo que os apstolos lhe ensinavam era, realmente, a vonta-de de Deus. Como os profetas do Antigo Testamento, eles tambm morre-riam, mas Deus tinha tomado providncias para garantir que sua mensagem estivesse sempre disponvel. O Esprito Santo guiou os apstolos para regis-trar a vontade de Deus nas Escrituras, e a igreja aceitou os seus escritos.

    Jesus deu aos apstolos as mesmas palavras que o Pai lhe tinha dado (Jo I 7.8), e prometeu enviar o Esprito Santo para ensin-los, orient-los e recordar a suas mentes tudo o que Ele lhes tinha dito durante seu ministrio terreno (Jo 14.26; 16.13). Parte da orientao do Esprito relacionava-se escrita dos vinte e sete livros que compem o Novo Testamento. Isso no deve ser, de maneira nenhuma, surpreendente, uma vez que a igreja primitiva nasceu de uma herana judaica, que tinha reunido os escritos dos porta-vozes anteriores de Deus. Sob a orienta-o do Esprito, a Igreja Primitiva seguiu os mesmos procedimentos.

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    r Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    A evidncia mostra que o cnone das Escrituras, os 66 livros que compem a Bblia, foram definidos pelo fato de que so inspirados por Deus. A reivindicao feita pela Igreja Catlica Romana de que ela nos deu a Bblia, no pode ser apoiada. Deus nos deu a Bblia. Louis Gaussen nos d um resumo magnfico sobre esse assunto quan-do diz:

    Neste assunto, ento, a Igreja uma s~rva, e no uma se-nhora; uma dep.iitria, e no um juiz. Ela exerce o papel de o um ministro, e no de um magistrado ... Ela d um testemu-nho, e no uma sentena judicial. Ela discerne o cnone das Escrituras, mas no o cria; ela reconheceu a autoridade das Escrituras, mas no a concedeu ... A autoridade das Escritu-ras no est, ento, na autoridade da Igreja: a Igreja que se baseia na autoridade das Escrituras.5

    Era inevitvel que os textos dos apstolos fossem preservados, uma vez que continham o cumprimento de tudo o que os profetas tinham predito a respeito de Jesus. Em suas epstolas, Pedro deu uma indicao generosa de que este processo estava acontecendo, ainda quando ele era vivo e viu seus textos ficarem permanentemente disponveis: "Eu pro-curarei, em toda a ocasio, que depois da minha morte tenhais lembran-a destas coisas" (2 Pe I. I 5). A leitura pblica dos textos dos apstolos juntamente com os do Antigo Testamento indica, alm disto, que Deus estava reunindo (e a igreja aceitando) as Escrituras do Novo Testamen-to como a Palavra de Deus. No final do sculo I, toda a vontade de Deus tinha sido revelada e registrada nas Escrituras. Podemos descartar a noo de que a Igreja Primitiva no conheceu toda a extenso do cnone do Novo Testamento at o fim do sculo IY, e que durante esse tempo o povo esperava que a igreja fizesse um pronunciamento oficial. Essa linha de raciocnio d igreja catlica urna autoridade que reser-vada exclusivamente s Escrituras.

    As EscRITURAS So SuFICIENTES Para justificar sua posio, a Igreja Catlica Romana freqente-

    mente apresenta o argumento de que as Escrituras nunca afirmaram

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    A FormafO da Bblia

    ser adequadas para satisfazer a todas as nossas necessidades. Dizem isso baseando-se nas palavras do apstolo Joo: "H, porm, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem" (Jo 21.25). Leia essas palavras novamente, e veja se voc acha que a inteno de Joo era afirmar que a Palavra escrita de Deus, as Escrituras inspiradas, nunca pretenderam ser a nica fonte de autoridade das nossas crenas e prticas. O apstolo do amor realmente disse isso? Joo nunca sequer. teve tal pensamento . Na verdade, ele diz exatamente o oposto. No captulo anterior do seu Evangelho, Joo confirma que aquilo que ele nos diz sobre Jesus suficiente para nos garantir a vida eterna. Quando voc temq vida eterna, no lhe falta nada. E Joo nos diz como ter a vida eterna, a . partir das Escrituras: "Jesus, pois, operou tambm, em presena de seus discpulos, muitos outros sinais, que no esto escritos neste livro. Estes, porm, foram escritos para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.30,3 I). Joo, de modo confiante, afirma que a Palavra escrita de Deus suficiente para satisfazer nossas necessidades. Tudo o que necessitamos saber sobre como viver e como morrer no Se-nhor est contido nas Escrituras.

    Deixe-me dizer isso mais uma vez: As Escrituras do Antigo Testamen-to que Jesus veio cumprir foram canonizadas sculos antes que a Igreja Catlica Romana surgisse. E o procedimento que Deus usou para reunir esses livros foi o mesmo procedimento usado para formar o cnone do Novo Testamento. Eu realmente gosto da maneira como F. F. Bruce expli-ca o assunto:

    particularmente importante observar que o cnone do Novo Testamento no foi demarcado pelo decreto ar-bitrrio de nenhum conclio da igreja. Quando um Con-clio da Igreja, o Snodo de Cartago, em 397 d.C., final-mente relacionou os vinte e sete livros do Novo Testa-mento, no lhes conferiu nenhuma autoridade que eles j no possussem, mas simplesmente registrou a sua canonicidade previamente estabelecida.6

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    Deus nos deu as Escrituras como nossa autoridade final e nica em todas as questes de f e moral. A igreja est sujeita autoridade das Escrituras. Um excelente resumo daquilo que foi dito fornecido por Geisler e Nix:

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    A distino mais importante que deve ser feita, a essa alrura, entre a determinao e a descoberta da canonicidade. Deus o nico responsvel pela primeira, e o homem meramente respon-svel pela segunda. O fato de que um livro seja cannico se deve inspirao divina. Como se sabe que isso verdade - este o pro-cesso do reconhecimento humano. Como os homens descobriram o que Deus tinha determinado - foi procurando os "sinais de ins-pirao", que so a natureza (I) autorizada, (2) proftica, (3) au-tntica, ( 4) dinmica e ( 5) aceita dos livros. Isto , investigava-se se o livro, (I) trazia em si a autoridade de Deus, (2) tinha sido escrito por um homem de Deus, (3) dizia a verdade a respeito de Deus, do homem, etc., ( 4) trazia em si o poder de Deus e ( 5) era aceito pelo povo de Deus. Se um livro claramente tivesse o primeiro sinal, pres-supunha-se que tivesse os demais. Os trs primeiros eram usados de modo explcito na maioria dos livros, ao passo que os dois lti-mos normalmente s eram aplicados de forma implcita. Foi com este procedimento que os primeiros Pais (ou Patriarcas) ordena-ram a profuso da literatura religiosa, selecionaram e deram um reconhecimento oficial aos livros que, em virtude da sua inspirao divina, tinham sido determinados, por Deus, como cannicos.7

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    A Forma;o da Bblia

    No foi a Igreja Catlica Romana que decidiu quais livros for-mam o cnone das Escrituras? No, isso no verdade. A Igreja Catlica Romana afirma que determinou quais livros deviam ser includos no cnone das Es-

    . crituras pelo Magisterium. H um fato histrico: o cnone foi de-terminado muito tempo antes de qualquer pronunciamento ofi-cial pela igreja ou por qualquer Conclio;

    Como foi formado o cnone do Antigo Testamento? Muito tempo antes que surgisse a Igreja Catlica Romana, o cnone do Antigo Testamento tinha sido determinado. O prprio Jesus endossou esse cnone, afirmando que Ele tinha vindo cumprir tudo o que a lei e os profetas haviam dito (Lc 24.25-27). Ele ensinava freqentemente com base nesse corpo reconhecido de Escrituras, e referia-se a elas como a Palavra de Deus. Por toda a histria de Israel, os escritos de Moiss, Samuel e outros tiveram um lugar de honra "perante o Senhor" (Dt 31.24-26; I Sm I0.25). Aqueles que eram conhecidos como sendo profetas de Deus, cuja vida e cujo ministrio testificavam a sua vocao, tiveram seus escritos includos nesse cnone.

    Como foi formado o cnone do Novo Testamento? A Igreja Catlica Romana afirma que foi pela sua autoridade que foram canonizados os livros que compem o Novo Tes-tamento. Na verdade, o cnone do Novo Testamento come-ou a emergir enquanto os apstolos estavam vivos. A auto-ria proftica e apostlica era uma considerao bsica na de-terminao do cnone. Dentro da igreja, esses escritos ti-nham o mesmo status que as Escrituras do Antigo Testamen-to. A igreja prontamente aceitou como cannicos os escritos de Paulo, Pedro, Tiago, Joo, etc. A formao do cnone foi uma tarefa relativamente fcil por causa do curto perodo de tempo decorrido entre a escrita do primeiro e do ltimo tex-to do Novo Testamento. Todos os livros do Novo Testamen-

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    to j tinham sido escritos por volta de 90 d.C. O ltimo foi escrito pelo apstolo Joo, urna testemunha ocular do minis-trio, da morte e da ressurreio de Jesus.

    IJ Qual a participao dos conclios da igreja na formao do cnone? A resposta simples : nenhuma. Os conclios de Hipo e Cartago, no sculo IY, no nos deram o cnone das Escrituras. Na verdade, eles simplesmente confirmaram o que j era aceito corno cannico.

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    A pALAVRA VIVA

    Quando Jesus declarava sua divindade, fazia-o apoiando sua afirmao nas Escrituras. "A Escritura", diz Ele; "no pode ser anulada" (Jo 10.35). Tudo o que dizem as Escrituras deve ser obedecido. Ela a bssola que indica o caminho do nosso destino celestial. Uma declarao to clara deve estabelecer, para todos os tempos, que as Escrituras so, realmente, a nossa nica autoridade em todos os assuntos de f e de procedimentos (que alguns chamam de "prtica"). A obedincia ao que dizem as Escri-turas no opcional.

    Muitos catlicos romanos aceitam a autoridade da sua igreja, junta-mente com as Escrituras, e muitas vezes acima delas. A plenitude da ver-dade, dizem eles, no est contida somente nas Escrituras, mas na Bblia e na tradio. Por tradio eles querem dizer os ensinamentos da Igreja Catlica Romana. Esses ensinamentos no tm suas razes nas Escrituras, mas foram desenvolvidos ao longo de muitos sculos e finalmente defini-dos como dogma pela igreja.

    A mudana em meu modo de pensar teve incio quando comecei a ler as Escrituras. Esta era uma experincia nova para mim. Eu estava assusta-do e ao mesmo tempo entusiasmado com o que estava fazendo. Assusta-do porque estava andando em terreno desconhecido, e deixando as fron-teiras de onde, segundo me tinham dito, est toda a verdade: no

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    ensinamento oficial da igreja. Mas me entusiasmava por ver o quo aces-sveis so as Escrituras, e crer naquilo que imutvel fazia muito sentido para mim. medida que lia os quatro Evangelhos, ficava continuamente impressionado pela freqncia com que Jesus se referia s Escrituras, e nunca tradio, quando ensinava sobre questes de f e questes morais. Isso era muito diferente do procedimento da Igreja Catlica Romana, que, em minha experincia, freqentemente apelava aos ensinamentos de papas, s encclicas e tradio. Conclu que se Jesus aceitava somente as Escrituras, eu no estaria errado se seguisse o seu exemplo.

    Diferentemente dos cristos evanglicos, que aceitam a Bblia como sua nica fonte de autoridade quanto quilo que cremos e praticamos, a Igre-ja Catlica Romana aceita tanto a Bblia como a tradio como sua fonte de verdade revelada. A aceitao que fazem da tradio, como uma fonte adicional, no prejudica (pensam) a sua crena de que a Bblia , de fato, a Palavra inspirada de Deus. No entanto, quando se procura a verdade em duas fontes diferentes, seguramente haver conflitos e contradies. E realmente h.

    A posio catlica romana quanto autoridade afirma que a igreja deve ter um lder infalvel para gui-la na interpretao correta das Escri-turas e, dessa maneira, conserv-la no caminho correto. Sem a infalibili-dade, argumentam, a igreja est sem leme em um mar agitado. Existe a percepo de que h perigo em permitir que a Bblia seja interpretada por aqueles que no pertencem ao Magisterium, pois isso poderia abrir as com-portas a todo erro e heresia possveis.

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    A posio oficial declarada da seguinte maneira:

    A tarefa de interpretar a Palavra de Deus de maneira au-tntica foi confiada exclusivamente ao Magisterium da Igreja, isto , o papa e os bispos em comunho com ele. [100]

    Aos sucessores dos apstolos, a sagrada tradio trans-mite, em sua total pureza, a Palavra de Deus, que foi con-fiada aos apstolos por Cristo, o Senhor, e o Esprito San-to ... Conseqentemente, no apenas das Sagradas Escri-turas que a Igreja obtm a sua certeza sobre tudo o que foi revelado. Portanto, tanto a sagrada tradio quanto as

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    A Palavra liva

    Sagradas Escrituras devem ser aceitas e veneradas com o mesmo sentimento de devoo e reverncia. A sagrada tra-dio e as Sagradas Escrituras formam um sagrado dep-sito da Palavra de Deus, que confiado Igreja. 1

    Devemos dar crdito ao que merece crdito; a Igreja Catlica Romana deixa muito clara a sua posiJo - a igreja catlica no se baseia exclusiva-mente nas Escrituras quanto quilo em que cr e quanto quilo que pra-tica. A tradio, diz ela, tem valor igual ao da Bblia. Alm disso, interpre-tar as Escrituras direito exclusivo do Magisterium.

    Essa posio apresenta alguns problemas srios. Por exemplo, um ca-tlico romano pode comear a estudar a Bblia, e, com seu estudo, co-mear a questionar o que lhe foi ensinado: ele v que a morte de Jesus pagou totalmente a punio pelos seus pecados. Comea a entender que 0 Cordeiro de Deus realmente tirou seus pecados e que pelo sacrifcio perfeito oferecido no Calvrio a reconciliao com Deus se torna poss-vel. Ele v o tema de um perdo completo em muitas das epstolas. V a garantia do perdo. Tudo o que est lendo entra em conflito com o ensinamento da igreja romana sobre o purgatrio, que afirma que ele deve sofrer pelos seus pecados nesse lugar antes de poder entrar no cu. Com base no que leu na Bblia, fica claro que quando a pessoa perdo-ada, realmente perdoada. Agora, o que ele deve fazer? Se for conversar sobre o assunto com o padre da sua parquia, que est bem informado sobre os ensinamentos da Igreja Catlica e que aceita firmemente esses ensinamentos, ele ouvir que deve aceitar os dogmas oficiais da igreja sobre o assunto. Embora ele tenha organizado evidncias impressionan-tes das Escrituras que defendam seu argumento, deve aceitar a interpre-tao oficial da igreja, independentemente de quo convincentes sejam seus argumentos, com base nas Escrituras. Para o catolicismo, bvio que ele chegou a uma interpretao incorreta das Escrituras, que deve ser rejeitada a favor da posio da igreja. Voc percebe o dilema? Por um lado, nosso amigo compreende que as Escrituras dizem claramente que a morte de Jesus nos purifica de todos os nossos pecados; portanto, no existe condenao nossa espera quando morrermos. Mas a posio da igreja diz que existe condenao, pela qual passaremos no purgatrio. O que deve fazer o nosso amigo catlico?

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    Gosto da observao de James McCarthy sobre este tipo de dilema:

    Qual o resultado de entregar a autoridade do ensino a um grupo de homens e receber as suas interpretaes como autnticas e at mesmo infalveis? A resposta pode ser encontrada, observando-se como a Igreja trata as Escrituras que apresentam um desafio s cren-as ou prticas estabelecidas pela Igreja Catlica Romana. Conside-remos, por exemplo, este trecho dos Dez Mandamentos:

    No fars para ti imagem de escultura, nem alguma semelhana do que h em cima nos cus, nem em baixo na terra, nem nas guas debaixo da terra. No te encurvars a elas nem as servirs ... (x 20.4,5).

    Esse mandamento probe a confeco de imagens para uso religi-oso. E tambm probe a adorao de tais objetos. O significado bsi-co da palavra hebraica traduzida como "adorar" (x 20.5) curvar-se. Por causa desse mandamento, tanto os judeus quanto muitos cris-tos no catlicos romanos evitam o uso de objetos sagrados tais como esttuas na prtica de sua f.

    A Igreja Catlica Romana tem a sua prpria interpretao dos mai1damentos de xodo 20.4,5 [2129-2132].

    Eles no probem imagens de Cristo e dos santos. Mas fa-zer e honrar as imagens de Cristo, nosso Senhor, e da sua santa e virgem me, e dos santos, todos os quais revestidos de natureza humana e aparecendo sob forma humana, no so-mente no est proibido pelo mandamento, mas sempre foi considerado uma prtica santa e uma indicao segura de gra-tido. Essa posio confirmada pelos monumentos da era apostlica, os conclios gerais da igreja e os escritos de tantas pessoas, entre os Patriarcas, igualmente eminentes em santi-dade e conhecimento, todos de comum acordo quanto a este assunto. O Catequismo Romano.

    A Palavra VIva

    Observe como nesta e.xplicao a prtica da igreja usada para confir-mar a interpretao das Escrituras. A mesma abordagem foi usada pelo Conclio Vaticano II no seu endosso continuidade do uso de esttuas:

    Desde os primeiros dias da igreja, houve a tradio segundo a qual imagens do nosso Senhor, da sua santa me e dos santos so dispostas em igrejas para a venerao dos fiis. Conclio Vaticano ll.

    A interpretao catlica romana de xodo 20.4,5 produto da aplicao da regra suprema do catolicismo romano interpretao da Bblia: O significado autntico de qualquer versculo das Escritu-ras aquilo que o Magiste1;ium" da igreja sempre disse que ele significa. [II9] Ou, em outras palavras: Aquilo que a igreja pratica e aquilo em que ela cr determinam o que as Escrituras ensinam ou signifi-cam ... Essa abordagem do estudo das Escrituras ftil. Ela somente pode resultar na igreja sancionando a si mesma. A correo impos-svel, porque a norma da verdade no o verdadeiro significado das Escrituras, como se verifica em comparao com outras Escrituras.2

    Creio que McCarthy fez uma colocao muito vlida que merece conside- .. rao. A Igreja Catlica Romana basicamente est dizendo: "Isso o que sempre praticamos; portanto, as Escrituras devem significar o que ns pratica-mos - mesmo que os textos das Escrituras afirmem o oposto. Palavras que dizem claramente 'no fars ... imagem de escultura, nem semelhana alguma do que h em cima no cu, nem embai-xo na terra, nem .. : te encurvars a elas', j no mais querem dizer o que dizem". Com a aprovao da igreja os catli-cos podem fazer qualquer semelhana que desejarem, de coisas do cu ou da terra. Deus diz 'no. faam isso'; a Igreja Catlica Romana diz que no isso o que Ele queria dizer. De modo que o significado claro e bvio da Palavra de Deus j no mais claro e bvio. Por qu? Por causa da tradio.

    Da mesma maneira, o catlico romano mencionado anteriormente, que descobriu que a Bblia ensina que a morte de Jesus pagou plena-mente a punio pelos nossos pecados, agora deve desconsiderar isso e crer na tradio da igreja catlica, que ensina que ainda h a necessidade da purificao no purgatrio. De modo que a declarao de que o Cor-deiro de Deus "tira o pecado do mundo" j no quer dizer o que diz.

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  • Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    Por qu? Porque a Igreja Catlica Romana tem uma doutrina estabelecida que precisa ser defendida. Dessa maneira, o ensinamento da igreja tem preferncia sobre as Escrituras.

    PROBLEMA DA TRADIO A Igreja Catlica Romana une as Escrituras e a tradio para defender

    suas crenas e prticas e, outra vez, fala claramente sobre a sua posio:

    Conseqentemente, existe urna ntima conexo e comuni-cao entre a sagrada tradio e as Sagradas Escrituras ... A sagrada tradio e as Sagradas Escrituras formam um sagra-do depsito da Palavra de Deus, que confiado Igreja ... O teste de interpretar de maneira autntica a palavra de Deus, seja escrita seja transmitida, foi confiado exclusivamente funo de ensino da Igreja. Fica claro, portanto, que a sagra-da tradio e as Sagradas Escrituras, e a autoridade de ensino da Igreja, em conformidade com o mais sbio desgnio de Deus, esto conectadas e unidas de tal formaque uma no pode existir sem as outras, e que todas juntas, e cada urna sua prpria maneira, sob a ao do nico Esprito Santo, contribuem eficazmente para a salvao das alrnas.3

    P. 29 -A Igreja Catlica Romana deriva todas as suas doutrinas unicamente da Bblia?

    No. Embora a maioria dos ensinamentos da igreja este-jam contidos na Bblia, alguns no esto.4

    Combinar a tradio com a auto-suficincia das Escrituras uma pr-tica perigosa e que repetidas vezes foi condenada por Jesus, durante todo o seu ministrio. A prtica da Igreja Catlica Romana similar quela dos mestres religiosos judeus da poca de Jesus que tambm davam grande importncia tradio.

    O grande prejuzo da tradio o fato de que ela impede as pes-soas de ver Deus. A tradio, por estar baseada em falsidades, asse-gura que as pessoas no tenham um relacionamento com Deus. Jesus deliberadamente violou as tradies religiosas da sua poca, para

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    A Palavra Jllva

    exp-las como falsidades que eram. Um dos mtodos que Ele usou para fazer isso foi realizar milagres no sbado. Para entender melhor 0 significado disso, examinemos o que as Escrituras dizem sobre o sbado.

    O sbado foi dado aos judeus para comemorar a sua libertao do Egito (Dt 5.I5). Eles f?ram incumbidos de observar esse dia santo, abs-tendo-se do trabalho (Ex 20.8- I I). Durante sculos, as autoridades de ensino tinham elaborado uma longa lista do que era ou no permitido, considerando a observncia do sbado. Essas regras eram consideradas como expresso da vontade de Deus e colocadas em vigor pelas autorida-des religiosas. Essas tradies foram elevadas ao mesmo patamar que as Escrituras. De modo que quando Jesus realizou milagres no sbado foi denunciado como um pecador, algum que violava a lei de Deus, porque os seus milagres eram considerados um trabalho e no era permitido tra-balhar aos sbados. Mas Jesus realmente infringiu a lei de Deus ou v{olou a interpretao da lei elaborada pelos lderes judeus, que constitua a sua tradio? O que Ele infringiu foi uma tradio produzida pelo homem, que resultou em uma religio legalista e infeliz. As tradies, disse Jesus, "[carregam J os homens com cargas difceis de transportar" (Lc I 1.46).

    Quando Jesus, em um sbado, restaurou a perfeita sade de um ho-mem, foi criticado e acusado de trabalhar em dia sagrado e, portanto, era um transgressor. As tradies judaicas, que os lderes religiosos conside-ravam no mesmo patamar que a lei de Deus, tinham sido infringidas.

    Mas Jesus no somente defendeu a sua ao atravs de seus milagres, mas mostrou aos seus acusadores por que eles eram incapazes de enxergar quem Ele era: Deus, o Filho, aquEle de quem falaram todos os profetas. Eles eram os telogos da poca, os professores instrudos que tinham estudado as Escrituras antigas. Eles deveriam ser os primeiros a reconhec-lo, mas o apego s suas tradies tinha fixado suas mentes em concreto, no deixando espao para a possibilidade de novo esclarecimento. "Examinais as Escrituras", disse-lhes Jesus, "so elas que de mim testificam" Qo 5.39).

    Dois pontos se destacam aqui: Em primeiro lugar, esses lderes religiosos realmente estudavam as Escrituras, no uma vez ou outra, mas diligentemente. Em segundo lugar, as Escrituras que estudavam referiam-se a Jesus. E ainda assim eles no creram nEle! Eles tinham

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    Respostas s Perguntas que os Catlicos Costumam Fazer

    as Escrituras e testemunhavam os seus milagres, mas permaneceram na incredulidade. Ento Jesus disse: "Porque, se vs crsseis em Moiss, crereis em mim, porque de mim escreveu ele" (Jo 5.46). Esta uma declarao surpreendente, porque esses lderes declara-vam ser discpulos de Moiss e vidos leitores dos seus escritos C Tora), e ainda assim no conseguiam ver que Jesus era o personagem cen-tral em todos os escritos de Moiss. O obstculo que causava a sua cegueira era o apego s tradies religiosas. Jesus no era o que eles esperavam do Messias. O seu desapontamento no se baseava em nada que as Escrituras tivessem dito, mas nas expectativas que as suas tradies lhes tinham dado. A tradio tornou-se o padro se-gundo o qual avaliavam a Jesus. Uma vez que as Escrituras, que a norma, foram abandonadas, esses lderes estavam no caminho escor-regadio que conduzia a problemas.

    Outra ao de Cristo, que estava em conflito com a tradio, visto no dia em que Ele devolveu a viso a um homem cego de nascena. O evento no foi marcado com uma celebrao, mas com um clamor pblico. O milagre aconteceu em um sbado. As autoridades rapidamente proclama-ram: "Este homem no de Deus, pois no guarda o sbado" (Jo 9.16). Eles conduziram um vasto interrogatrio do homem cego e seus pais. " este o vosso fJho", perguntaram, "que vs dizeis ter nascido cego? Como, pois, v agora?" C v. I 9). Assustados, os pais responderam: "Tem idade; perguntai-lho a ele mesmo, e ele falar por si mesmo" C v. 21 ). Os pais responderam dessa maneira encabulada "porque temiam os judeus, por-quanto j os judeus tinham resolvido que, se algum confessasse ser ele o Cristo, fosse expulso da sinagoga" C v. 22).

    Ningum podia negar que um milagre realmente tinha ocorrido, e o que as autoridades fariam sobre isso? Que declarao oficial divulgariam para aquietar as massas? Eles disseram:" sabemos que esse homem [Jesus J peca-dor" C v. 24 ). Para acrescentar um toque de respeitabilidade aos seus comen-trios, eles declararam: "Somos discpulos de Moiss. Ns bem sabemos que Deus falou a Moiss, mas este no sabemos de onde " C vv. 28,29).

    Quando o cego ouviu o que diziam, no somente seus olhos se abriram, mas tambm sua boca: "Nisto, pois, est a maravilha: que vs no saibais de onde ele e me abrisse os olhos. Se este no fosse de Deus, nada poderia fazer. Tu s nascido todo em pecados e nos

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    A Palavra Viva

    ensinas a ns?", responderam, enquanto o expulsavam Cvv. 30,33,34). Ele foi excomungado!

    Por que os lderes religiosos no viram a evidncia divina de Deus no milagre? As tradies os cegaram. Eles viam suas tradies como a von-tade de Deus, e no aceitavam a possibilidade de que elas pudessem simplesmente estar erradas. Mas o milagre que eles no podiam negar deveria t-los feito considerar que, talvez, somente talvez, estivessem errados. Quando foram pressionados a oferecer uma explicao sobre como Jesus realizava seus milagres; prodgios. que no podiam negar, eles se abrigaram na crena perversa de que Cristo era aliado ao Diabo CMt 12.22-32).

    Outro ponto essencial a observar o fato de que - diferentemente da tradio - a Bblia imutvel. Por exemplo, enquanto crescia como cat-lico, lembro-me de que, antes de receber a sagrada comunho em um domingo, era preciso jejuar a partir da meia-noite do sbado. Quebrar o jejum e receber a comunho era um pecado. O mesmo se aplicava a comer carne s sextas-feiras. Era um pecado quebrar o nosso jejum de carne. Hoje em dia, essas regras no mais esto em vigor. Elas foram feitas pelos homens e foram removidas pelos homens, provando que no tinham vin-do de Deus. Mas ns aprendemos que infringir uma dessas leis era pecar contra Deus. Como alguma coisa poderia ser pecado ontem e deixar de ser hoje?

    Tenho visto o quanto a discusso a respeito de Jesus relevante para a nossa poca. Ao longo dos anos, freqentemente comento as Escrituras com padres catlicos romanos. Lembro-me de discutir diversas vezes com eles a maravilha da cruz de Cristo, e o que ela significa para ns: Na sua morte, Jesus pagou a penalidade completa .por todos os nossos pecados, e, como resultado, agora somos livres e nunca enfrentaremos a condenao. At aqui, estvamos de acordo. Ento perguntava: "Uma vez que a morte de Jesus pagou a penalidade completa por todos os nossos pecados, por que existe a necessidade do purgatrio?" Sem exceo, a resposta era: "Mas a Igreja Catlica Romana ensina .. :'

    No importava o quo persuasivos fossem os meus argumentos extra-dos da Bblia; e muito menos que ela claramente revela que Jesus nos perdoa completamente, que o purgatrio contradiz o sacriflcio de Cristo. A resposta semp