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8/14/2019 Tolkien - Sobre Histrias de Fadas
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Este livro rene dois textos fundamentais para
compreender como e em que circunstncias surgiu o
universo ficcional de J.R.R. Tolkien. Escritos em uma
poca em que O Senor das !nis come"ava a ganar
forma# o ensaio $So%re &ist'ria de (adas) c o conto
$(ola por *iggle) comp+em um amplo panorama da
vis,o de Tolkien so%re a literatura# a fantasia e a
cria",o de sua pr'pria o%ra. *o ensaio que d- nome a
esta edi",o# o autor discute a naturea das camadasist'rias de fadas e qual seria sua fun",o na
sociedade contempornea. J- $Tola por *iggle)# tido
como uma met-fora da vida e da o%ra de Tolkien# o
retrato de um artista que tenta a muito custo transpor
uma vis,o para a tela# mas freq/entemente
interrompido pelas conting0ncias do dia1a1dia.
Somados# os dois textos oferecem uma resposta ao
aparente enigma2 por que um prestigiado professor de
Oxford# que poderia ter dedicado seu tempo a estudos
acad0micos# passou mais de meio sculo criando algo
como um inundo imagin-rio.
$3m livro que deve ser lido 4...5# explica cm
profundidade a naturea da arte e 6ustifica o sucesso
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de J.R.R. Tolkien.)
Te 7am%ridge Revie8
$3ma vis,o esclarecedora ainda que
inevitavelmente controversa do conto de fadas e de
sua fun",o.)
*e8 9ork Times
O que s,o ist'rias de fadas: ;ual a sua origem:
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O Senhor dos Anis, alm de praticamente inaugurar
um g0nero# elevou1o a um impressionante n?vel de
popularidade# inscrevendo seu nome de forma
definitiva entre os imortais da literatura universal.
TT3KOORILI*!K2 Tree and Leaf
7!
TR!M3NO2 Ronald PQrmseEMINO2 !lexandre Hoide
MI!LR!>!NO2 !na Solt
REISO2 Kucas 7arrasco e Kudmilla Oliveira
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NOTAINTRODUTRIA
Estas duas coisas# Sobre Histrias de Fadas eFolha por Niggle, est,o aqui reimpressas e pu%licadas
em con6unto. J- n,o s,o f-ceis de se o%ter# mas ainda
podem ser consideradas interessantes# em especial
por aqueles a quem O Senhor dos Anis deu algum
praer. !pesar de uma ser um $ensaio) e a outra um
$conto)# est,o relacionadas2 pelos s?m%olos da rvore
e da (ola e pelo fato de am%as se referirem# de
formas diferentes# ao que o ensaio cama de
$su%cria",o). Tam%m foram escritas no mesmo
per?odo D@AC1CAG em que O Senhor dos Anis
come"ava a se desenvolver e a desdo%rarperspectivas de la%uta e explora",o numa terra ainda
desconecida# t,o assustadora para mim quanto para
os o%%its. >ais ou menos =quela poca av?amos
cegado a Hri# e eu n,o tina muito mais no",o do
que eles so%re o que fora feito de Landalf ou quem
era
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concisa# foi apresentado na 3niversidade de St.
!ndre8s em @AC@. !ca%ou sendo pu%licado# com
uma pequena amplia",o# como um dos itens de
Essays Presented to Charles Willias, Oxford
3niversitQ
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mar"o de @ACA2 &umpreQ 7arpenter# -iography(p( @[email protected]
SOBREHISTRIASDEFADAS
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do que um explorador errante Dou transgressorG nessa
terra# ceio de admira",o# mas n,o de informa"+es.
@. *o original Fa.rie, cu6a sonoridade remete a $fair) D$%elo)# em ingl0sG.
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essas perguntas 1 ou ao menos es%o"os de respostas
que pude o%ter 1 com %ase principalmente nas
pr'prias ist'rias# as poucas que cone"o dentre o
seu grande nmero.
HISTRIADEFADAS
O que uma ist'ria de fadas: *este caso voc0
se voltar- em v,o para o */ford English "i0tionary(
Ele n,o contm refer0ncia = com%ina",o fairy1story, e
n,o auxilia muito so%re o assunto fadas em geral. *o
Suplemento# fairy1tale2est- registrado desde o ano de
@BWV# e seu sentido principal est- indicado como DaGum conto so%re fadas# ou em geral uma lenda de
fadas# com desdo%ramentos de sentido# D%G uma
ist'ria irreal ou incr?vel# e DcG uma falsidade.
F. 7onto de fadas D*. E.G
Os dois ltimos sentidos o%viamente tornariam
meu t'pico desanimadoramente vasto. >as o primeiro
demasiado restrito. *,o para um ensaio 1 amplo o
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%astante para diversos livros# mas restrito demais
para dar conta do uso real. Em especial se aceitarmos
a defini",o de fadas do lexic'grafo2 $seres
so%renaturais de tamano diminuto# que a cren"a
popular sup+e possu?rem poderes m-gicos e terem
grande influ0ncia so%re os afaeres dos omens# para
o %em ou para o mal).
Sobrenat#ral uma palavra perigosa e dif?cil em
qualquer um de seus sentidos# se6a mais amplo oumais estrito. >as dificilmente poder- ser aplicada =s
fadas# a n,o ser que sobre se6a considerado
meramente um prefixo superlativo.
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em grande parte um produto sofisticado da fantasia
liter-ria.UTalve se6a natural que na Inglaterra# onde o
amor pelo delicado e fino freq/entemente ressurgiu
na arte# a fantasia se volte# nesta quest,o# para o
gracioso e diminuto# assim como na (ran"a ela foi =
corte e se co%riu de p'1de1arro e diamantes. icael MraQton desempenaram seu papel.]
Nyphidia, de MraQton# um ancestral daquela longa
linagem de fadas florais e duendes irrequietos com
antenas que tanto me desagradavam quando crian"a
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e que meus filos# por sua ve# detestavam. !ndre8
Kang tina sentimentos semelantes. *o pref-cio do
Lila0 Fairy -oo3B ele se refere aos contos de autores
contemporneos enfadonos2 $sempre come"am com
um garotino ou uma garotina que sai ao encontro
das fadas dos narcisos# das gard0nias e das flores de
macieira 4...5 Essas fadas tentam ser engra"adas e
fracassam# ou tentam faer um serm,o e t0m 0xito).
U. (alo da evolu",o antes do aumento do interesse pelo folclore de
outros pa?ses. !s palavras inglesas# como elf por muito tempo foram
influenciadas pelo franc0s Ddo qual derivaram fay e fa.rie, fairy'4 porm#
posteriormente# por terem sido usadas em tradu"+es# tanto fairy como
elf adquiriram muito da atmosfera dos contos alem,es# escandinavos e
celtas# e muitas caracter?sticas dos h#ld#1fl3, dos daoine1sithe e dos
tyl&yth teg(W.
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de MraQton# considerada uma ist'ria de fadas Duma
ist'ria so%re fadasG# uma das piores 6- escritas. O
pal-cio de O%eron tem paredes de pernas de arana#
!nd 8indo8s of te eQes of cats# !nd for te
roof# instead of slats# Is covered 8it te 8ings of
%ats.
. E 6anelas de olos de gato# \ E o telado# sem sarrafos# \ X co%erto de
asas de morcego. D*. T.G
O cavaleiro a%# uma
pulseira de olos de formiga e marca um encontro
numa flor de pr?mula silvestre. >as a ist'ria contada
em meio a toda essa lindea um o%tuso conto deintriga e astutos intermedi-rios. O galante cavaleiro e
o marido furioso caem no atoleiro# e sua ira
acalmada por um gole das -guas do Ketes.ATeria sido
melor que o Ketes engolisse o caso todo. O%eron#
>a% e
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A. *a mitologia cl-ssica# o rio do inferno# cu6a -gua provocava o total
esquecimento do passado. D*. E.G
Fairy, como su%stantivo mais ou menos
equivalente a elfo, uma palavra relativamente
moderna# quase n,o usada antes do per?odo Tudor. !
primeira cita",o no */ford "i0tionary Da nica antes
de @UWVG significativa. X do poeta Lo8er2 as he &ere
a faierie(@V >as n,o foi isso que Lo8er disse. Ele
escreveu as he &ere offaierie, $como se tivesse vindo
de (a_rie 4o Helo Reino5). Lo8er estava descrevendo
um 6ovem galante que %usca enfeiti"ar os cora"+es
das donelas na igre6a.
@V. $7omo se fosse uma fada 8faierie9) D*. T.G
&is croket kem%d and tereon set ! *ouce 8it
a capelet# Or elles one of grene leves Zic late com
out of te greves# !l for e solde seme freiss
!nd tus e loket on te fleiss# Rit as an auk
8ic at a site 3pon te foul ter e scal lite#
!nd as e 8ere of faierie &e sce8et im tofore ere
Qe.@@`
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@@. 7onfessio !mantis# v. BV]W ff.
` Seu caco penteado e nele est- posta \ 3ma fivela com um diadema#
\ Ou uma de folas verdes \ Recm1tiradas dos %osques# \ Tudo para eleparecer vigoroso E assim ele contempla a carne# \ 7omo um falc,o que
fa mira \ *a ave onde vai pousar# \ E como se tivesse vindo do Helo
Reino \ Exi%e1se diante dos seus olos. D*. T.G
Este um 6ovem de sangue e ossos mortais# mas
fornece uma imagem muito melor dos a%itantes da
Terra dos Elfos do que a defini",o de $fada) em que
foi colocado por um duplo equ?voco.
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do que a
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!s narrativas que de fato se ocupam
principalmente de $fadas)# isto # de criaturas que na
linguagem moderna tam%m poderiam ser camadas
de $elfos)# s,o relativamente raras e# em geral# n,o
muito interessantes. ! maioria das %oas $ist'rias de
fadas) trata das a%ent#ras dos omens no Reino
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Ca%aleiro 6erde um exemplo admir-vel dessa
seriedade.
@U. er mais adiante Dp. ]VG.
>as# mesmo que apliquemos apenas esses
limites vagos e mal definidos# fica claro que muitos#
at os entendidos em tais assuntos# usaram de forma
muito descuidada o termo $conto de fadas). Hasta%ater os olos nos livros recentes que afirmam ser
cole"+es de $contos de fadas) para ver que ist'rias
so%re fadas# so%re a %ela fam?lia em qualquer uma de
suas casas# ou mesmo so%re an+es e duendes# s,o
apenas uma pequena parte de seu contedo. Isso#
como vimos# era de se esperar. >as esses livros
tam%m cont0m muitas narrativas que n,o usam nem
mesmo resvalam o Helo Reino# e que na verdade nem
deveriam ser inclu?das.
Marei um ou dois exemplos de expurgos que eu
realiaria. Isso refor"ar- o lado negativo da defini",o.Tam%m se ver- que conduir- = segunda pergunta2
quais s,o as origens das ist'rias de fadas:
O nmero de cole"+es de ist'rias de fadas
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coisas francesas# como O Lato de -otas, Cinderela ou
Chape#?inho 6erelho( !lgumas pessoas poder,o
lem%rar1se primeiro dos Contos de :ri(
@W. $Kivro de (adas !ul) D*. T.G
>as o que dier so%re a apari",o de @a
6iage a Lillip#t no -l#e Fairy -oo3 Eu diria que essa
narrativa n7o uma ist'ria de fadas# nem como oautor a conce%eu nem como aparece $condensada)
ali pela srta. >aQ Pendall. Est- totalmente deslocada
ali. Temo que tena sido inclu?da simplesmente
porque os liliputianos s,o pequenos# diminutos at 1 a
nica ra,o pela qual s,o not-veis. >as a pequene#
no Helo Reino como em nosso mundo# apenas um
acidente. Os pigmeus n,o est,o mais pr'ximos das
fadas do que os patagnios. *,o excluo essa ist'ria
por causa de sua inten",o sat?rica2 existe s-tira#
sustentada ou intermitente# em narrativas que s,o
indu%itavelmente ist'rias de fadas# e a s-tira muitasvees pode ter sido intencional em contos tradicionais
nos quais o6e n,o a perce%emos. Excluo1a porque o
ve?culo da s-tira# por mais que se6a uma inven",o
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%rilante# pertence = classe das ist'rias de via6antes.
Tais narrativas relatam muitos prod?gios# mas s,o
prod?gios para ver neste mundo mortal# em alguma
regi,o do nosso pr'prio tempo e espa"o somente a
distncia as oculta. Os contos de Lulliver n,o t0m
mais direito de entrada do que as narrativas do Har,o
de >/ncausen# ou# digamos# do que *s Prieiros
Hoens na L#a ou ! 5B#ina do Tepo( *a verdade#
os Eloi e os >orlocks teriam mais direitos do que osliliputianos. Estes s,o simplesmente omens vistos de
cima# sarcasticamente# do alto do telado. Eloi e
>orlocks vivem muito longe# num a%ismo de tempo
t,o profundo que lan"a um encantamento so%re eles.
E# se s,o nossos descendentes# podemos recordar que
outrora um antigo pensador ingl0s afirmou que os
ylfe, os pr'prios elfos# descendiam de !d,o atravs de
7airn.@] Esse encanto da distncia# em especial do
tempo distante# s' enfraquecido pela pr'pria
>-quina do Tempo# a%surda e inacredit-vel. >as
vemos neste exemplo um dos principais motivos porque as fronteiras do conto de fadas s,o
inevitavelmente d%ias. ! magia do Helo Reino n,o
um fim em si mesma# sua virtude reside em suas
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opera"+es 1 entre elas est- a satisfa",o de certos
dese6os umanos primordiais. 3m desses dese6os
inspecionar as profundeas do espa"o e do tempo.
Outro Dcomo veremosG entrar em comun,o com
outros seres vivos. !ssim# uma ist'ria poder- tratar
da satisfa",o desses dese6os com ou sem a
interfer0ncia de m-quinas ou de magia# e na medida
em que tiver sucesso se aviinar- da qualidade de
ist'rias de fadas e ter- o seu sa%or.
@].Heo8ulf @@@1@F.
Em seguida# ap's as ist'rias de via6antes# eu
tam%m excluiria# ou declararia inadequada# qualquer
uma que usasse a maquinaria do Sono# do sonar do
real sono umano# para explicar a aparente ocorr0ncia
de seus prod?gios. *o m?nimo# ainda que so% outros
pontos de vista o pr'prio sono relatado fosse uma
ist'ria de fadas# eu condenaria o todo como algo
gravemente defeituoso2 como um %om quadro numamoldura desfiguradora. X verdade que o Sono n,o
aleio ao Helo Reino. *os sonos podem ser li%erados
estranos poderes da mente. Em alguns deles uma
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pessoa pode# dentro de certos limites# desfrutar do
poder do Helo Reino# esse poder que# mesmo
enquanto conce%e a ist'ria# le d- formas e cores
vivas diante dos olos. bs vees um sono real pode
de fato ser uma ist'ria de fadas de tranq/ilidade e
destrea quase lficas 1 enquanto est- sendo
sonado. >as# se um escritor desperto le disser que
seu conto apenas uma coisa imaginada durante o
sono# ele defraudar- deli%eradamente o dese6oprimordial no cora",o do Helo Reino2 a compreens,o
do feito prodigioso imaginado# n,o importa a mente
que o conce%a. >uitas vees di1se que as fadas Dem
verdade ou mentira# n,o seiG produem ilus+es# que
enganam os omens com $fantasia)# mas esse um
assunto %em diferente. E pro%lema delas. Se6a como
for# tais trapa"as acontecem no interior de narrativas
em que as pr'prias fadas n,o s,o ilus+es.
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apresentada como $verdadeira). Em %reve
considerarei o significado de $verdadeira) nesse
contexto. >as# visto que a ist'ria de fadas trata de
$maravilas)# ela n,o pode tolerar qualquer moldura
ou maquinaria que d0 a entender que toda narrativa
em que ocorrem uma fic",o ou ilus,o. X claro que o
pr'prio conto pode ser t,o %om que torne poss?vel
ignorar a moldura. Ou pode ter sucesso e ser divertido
como uma narrativa on?rica. S,o assim as ist'rias daAli0e de Ke8is 7arroll# com sua moldura e suas
passagens de sono.
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sua pr'pria terra para ent,o le revelar que o sult,o
de l- estava doente e precisava de um cora",o de
macaco para curar sua molstia. >as o macaco logrou
o tu%ar,o e persuadiu1o a voltar# convencendo1o de
que seu cora",o ficara em casa# pendurado num saco
numa -rvore.
! f-%ula de animais# claro# tem liga",o com as
ist'rias de fadas. !nimais# p-ssaros e outras
criaturas muitas vees falam como omens nasverdadeiras ist'rias de fadas. Em parte Dmuitas
vees pequenaG# esse prod?gio decorre de um dos
$dese6os) primordiais que est,o pr'ximos ao cora",o
do Helo Reino2 o dese6o dos omens de se comunicar
com outros seres vivos. >as a fala dos animais# no
tipo de f-%ula que se desdo%rou em um ramo
separado# tem pouca rela",o com esse dese6o# e
freq/entemente se esquece dele por completo. !
compreens,o m-gica por parte dos omens das
linguagens pr'prias dos p-ssaros# dos animais e das
-rvores# isto o que est- muito mais pr'ximo dosverdadeiros o%6etivos do Helo Reino. >as nas ist'rias
que n,o envolvem nenum ser umano 1 ou nas
narrativas em que os er'is e ero?nas s,o animais e
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os omens e muleres# quando aparecem# s,o
simples coad6uvantes 1 e principalmente naquelas em
que a forma animal apenas uma m-scara so%re um
rosto umano# um artif?cio do satirista ou do pregador#
nessas ist'rias temos f-%ulas de animais e n,o
ist'rias de fadas# quer se6am $eynard $aposa, quer
O Conto do Padre da Freira, quer o r7o Coelho, ou
simplesmente *s Trs Por#inhos( !s ist'rias de
Heatrix as Peter $abbit, apesar de conter uma
proi%i",o# e apesar de existirem proi%i"+es na terra
das fadas Dcomo provavelmente existem em todo o
universo# em todos os planos e em todas as
dimens+esG# continua sendo uma f-%ula de animais.
@. * Alfaiate de :lo#0ester talve se aproxime mais. Sra( Tiggy&in3leficaria = mesma distncia# n,o fosse pela alus,o de uma explica",o
on?rica. Eu tam%m incluiria O 6ento nos Salg#eiros entre as f-%ulas de
animais.
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Tam%m O CoraD7o do 5a0a0o claramente
apenas uma f-%ula de animais. Suspeito que sua
inclus,o num $Kivro de (adas) n,o se deve em
particular = sua qualidade como entretenimento# mas
precisamente ao fato de dier que o cora",o do
macaco foi deixado para tr-s num saco. Isso era
significativo para Kang# estudioso de folclore# mesmo
que essa curiosa idia se6a usada somente como
%rincadeira# porque nesse conto o cora",o do macacoera de fato %em normal e estava no peito dele. !inda
assim# esse detale claramente apenas um uso
secund-rio de uma idia antiga e muito difundida no
folclore que ocorre nos contos de fadas@A1 a idia de
que a vida ou a for"a de um omem ou de uma
criatura possa residir em algum outro lugar ou o%6eto#
ou em alguma parte do corpo Despecialmente o
cora",oG# que pode ser destacada e escondida num
saco# ou so% uma pedra# ou num ovo. Em um extremo
da ist'ria registrada do folclore# essa idia foi usada
por Leorge >acMonald em sua ist'ria de fadas OCoraD7o do :igante, que retira esse motivo central
D%em como muitos outros detalesG de contos
tradicionais %astante conecidos. *o outro extremo#
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na verdade no que provavelmente uma das mais
antigas narrativas escritas# ela ocorre no 7onto dos
"ois r7os no papiro eg?pcio MYOrsignQ. !li o irm,o
mais mo"o di ao mais velo2
$&ei de encantar meu cora",o# e ei de coloc-1lo
no alto da flor do cedro. O cedro ser- derru%ado e
meu cora",o cair- ao c,o# e tu vir-s %usc-1lo#
mesmo que passes sete anos %uscando1o mas
quando o tiveres encontrado p+e1no em um vaso de-gua fria# e em verdade ei de viver.)FV
>as esse ponto de interesse e compara"+es
como esta nos conduem = imin0ncia da segunda
pergunta2 ;uais s,o as origens das $ist'rias de
fadas): Isso# claro# deve significar a origem ou as
origens dos elementos fant-sticos.
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ORIGENS
*a verdade a pergunta $;ual a origem do
elemento fant-stico:) nos coloca# em ltima an-lise#
na mesma indaga",o fundamental. &- entretanto
muitos elementos nos contos de fadas Dcomo aquele
cora",o destac-vel# ou mantos de cisne# anis
m-gicos# proi%i"+es ar%itr-rias# madrastas malvadas eat as pr'prias fadasG que podem ser estudados sem
atacar essa quest,o principal. Tais estudos porm s,o
cient?ficos Dpelo menos na inten",oG# s,o ocupa",o de
folcloristas ou antrop'logos# isto # de pessoas que
usam as ist'rias n,o como se pretendia que fossem
usadas# mas como uma fonte da qual possam extrair
evid0ncias ou informa"+es so%re assuntos que les
interessam. 3m processo perfeitamente leg?timo por
si s' 1 mas a ignorncia ou o esquecimento da
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naturea de uma ist'ria Dcomo coisa contada por
inteiroG muitas vees levou tais pesquisadores a
estranos 6ulgamentos. edia).
F@. er 7amp%ell# op( 0it(, vol. i.
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!firma"+es desse tipo podem at expressar
Dnuma a%revia",o indevidaG alguma verdade# mas n,o
s,o verdadeiras no sentido das ist'rias de fadas# n,o
s,o verdadeiras em termos de arte ou literatura. S,o
precisamente o colorido# a atmosfera# os
inclassific-veis detales individuais de uma ist'ria e#
acima de tudo# o teor geral que dotam de vida os
ossos n,o dissecados do enredo# que realmente faem
a diferen"a. O $ei Lear, de Sakespeare# n,o amesma ist'ria de KaQamon em seu -r#t( Ou#
tomando o caso extremo de Chape#?inho 6erelho,
de interesse meramente secund-rio o fato de as
vers+es recontadas da ist'ria# em que a garotina
salva pelos lenadores# derivarem diretamente da
narrativa de
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da !rvore dos 7ontos. Ela tem uma liga",o muito
pr'xima com o estudo filol'gico da confusa meada da
Kinguagem# da qual cone"o alguns pedacinos. >as#
mesmo no que di respeito = linguagem# parece1me
que a qualidade e as aptid+es essenciais de certa
l?ngua enquanto ainda est- viva s,o mais importantes
de capturar e muito mais dif?ceis de explicitar do que
sua ist'ria linear. Sendo assim# no que se refere =s
ist'rias de fadas# aco que mais interessante# etam%m mais dif?cil a seu modo# considerar o que elas
s,o# o que se tornaram para n's e quais valores os
longos processos alqu?micos do tempo produiram
nelas. *as palavras de Masent eu diria2 $Temos que
nos satisfaer com a sopa que nos servem# e n,o
querer ver os ossos do %oi com que foi fervida.)FF*o
entanto# estranamente# ao dier $sopa)# Masent se
referia a uma mix'rdia de pr1ist'ria espria
fundamentada nas con6eturas primitivas da (ilologia
7omparada# e com $querer ver os ossos) tina a
inten",o de expressar a necessidade de enxergar asopera"+es e as provas que levaram a essas teorias.
7omo $sopa) eu me refiro = ist'ria tal como
servida por seu autor ou narrador e como $ossos)# a
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suas fontes ou seu material 1 mesmo quando Dpor rara
sorteG possam ser desco%ertos com certea. >as
claro que n,o pro?%o a cr?tica da sopa como sopa.
FF. Contos Pop#lares Nrdi0os, p. xviii.
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simplifica",o em excesso# e n,o supono que isso se6a
exce",o. ! ist'ria dos contos de fadas
provavelmente mais complexa do que a da ra"a
umana# e t,o complexa quanto a da linguagem
umana. Todas as tr0s coisas 1 inven",o
independente# eran"a e difus,o 1 evidentemente
tiveram seu papel na produ",o da intrincada teia das
&ist'rias. Mesemaran-1la agora est- alm de
qualquer a%ilidade que n,o se6a a dos elfos.FC
Mastr0s# a in%enD7o a mais importante e fundamental# e
portanto Dn,o de surpreenderG tam%m a mais
misteriosa. !s outras duas ter,o que retornar# no fim#
a um inventor# ou se6a# um criador de ist'rias. !
dif#s7o Demprstimo no espa"oG# se6a de um artefato
ou de uma narrativa# s' remete o pro%lema da origem
para outro lugar. *o centro da suposta difus,o - um
lugar onde outrora viveu um inventor. O que similar
= heranDa Demprstimo no tempoG2 desse modo# por
fim# cegamos somente a um inventor ancestral. 7aso
acreditemos que =s vees tena ocorrido a cria",oindependente de idias# temas e esquemas
semelantes# simplesmente multiplicamos o inventor
ancestral# mas sem com isso compreender mais
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claramente seu dom.
FC. Exceto em casos especialmente felies# ou em alguns detales
ocasionais. *a verdade mais f-cil desemaranar um nico fio I umincidente# um nome# um motivo 1 do que rastrear a ist'ria de alguma
iage definida por muitos fios. Isso porque a imagem na tape"aria
introduiu um novo elemento2 a imagem maior do que a soma dos fios
componentes# e n,o explicada por eles. !? reside a fragilidade inerente
ao mtodo anal?tico Dou $cient?fico)G2 ele desco%re muito so%re coisas
que ocorrem nas narrativas# mas pouco ou nada so%re seu efeito numa
determinada narrativa.
! filologia foi destronada do lugar elevado que
ocupava neste tri%unal de inqurito. ! opini,o de >ax
>/ller# a vis,o da mitologia como $doen"a da
linguagem)# pode ser a%andonada sem remorso. !
mitologia n,o nenuma doen"a# porm pode
adoecer# como todas as coisas umanas. Ma mesma
forma algum poderia dier que o pensamento uma
doen"a da mente. Estaria mais pr'ximo da verdade
dier que as l?nguas# em especial as europias
modernas# s,o uma doen"a da mitologia. >as aindaassim a Kinguagem n,o pode ser descartada. ! mente
encarnada# a l?ngua e o conto s,o contemporneos
em nosso mundo. ! mente umana# dotada dos
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poderes de generalia",o e a%stra",o# n,o v0 apenas
graa %erde, discriminando1a de outras coisas De
contemplando1a como %elaG# mas v0 que ela %erde
alm de ser graa( >as qu,o poderosa# qu,o
estimulante para a pr'pria faculdade que a produiu#
foi a inven",o do ad6etivo2 nenum feiti"o ou m-gica
do Helo Reino mais potente. E isso n,o de
surpreender2 tais encantamentos de fato podem ser
vistos apenas como uma outra vis,o dos ad6etivos#uma parte do discurso numa gram-tica m?tica. !
mente que imaginou le%e, pesado, 0in?ento, aarelo,
i%el, %elo? tam%m conce%eu a magia que tornaria
as coisas pesadas leves e capaes de voar#
transformaria o cum%o cinento em ouro amarelo e a
roca im'vel em -gua velo. Se era capa de faer
uma coisa# podia faer a outra# e inevitavelmente fe
am%as. ;uando podemos a%strair o verde da grama# o
aul do cu e o vermelo do sangue# 6- temos o poder
de um encantador em um determinado plano# e o
dese6o de mane6ar esse poder no mundo externo vema nossa mente. Isso n,o significa que usaremos %em
esse poder em qualquer plano.
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podemos faer reluir a rara e terr?vel lua aul# ou
podemos faer com que os %osques irrompam em
folas de prata e os carneiros tenam pelagem de
ouro# e pr o fogo quente no ventre do rptil frio. >as
numa $fantasia)# tal como a camamos# surge uma
nova forma2 o Helo Reino vem = tona# o &omem se
torna su%criador.
!ssim# um poder essencial do Helo Reino o de
tornar as vis+es da $fantasia) imediatamente efetivasatravs da vontade. *em todas s,o %elas# nem
mesmo salutares# certamente n,o as fantasias do
&omem deca?do. E ele maculou os elfos que t0m esse
poder Dem verdade ou f-%ulaG com sua pr'pria
m-cula. Este aspecto da $mitologia) 1 a su%cria",o#
n,o a representa",o ou interpreta",o sim%'lica das
%eleas e dos terrores do mundo 1 muito pouco
considerado# em mina opini,o. Ser- porque mais
visto no Helo Reino do que no Olimpo:
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das origens# ainda que fosse %reve.
Em certa poca uma opini,o dominante era a de
que todos esses assuntos derivavam de $mitos da
naturea). Os ol?mpicos erampersonifi0aDJes do Sol#
da aurora# da noite e assim por diante# e todas as
ist'rias contadas so%re eles eram originalmente
itos !alegorias seria uma palavra melorG das
grandes mudan"as elementais e dos processos da
naturea. Ent,o o pico# a lenda er'ica e a sagalocaliavam essas narrativas em lugares reais e as
umaniavam# atri%uindo1as a er'is ancestrais# mais
poderosos do que omens e no entanto 6- omens. E
finalmente essas lendas# ao minguarem#
transformaram1se em contos populares# 5Gr0hen,2K
ist'rias de fadas 1 contos infantis.
FU. $7ontos de fadas) em alem,o D*. T.G
Isso parece ser a verdade quase de ca%e"a para
%aixo. ;uanto mais pr'ximo o camado $mito danaturea)# ou alegoria dos grandes processos da
naturea# est- de seu suposto arqutipo# menos
interessante ele e menos se torna capa de
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proporcionar qualquer esclarecimento so%re o mundo.
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verdade# $religi,o). !ndre8 Kang disse# e alguns ainda
o elogiam por di01lo#FWque mitologia e religi,o Dno
sentido estrito da palavraG s,o duas coisas distintas
que ficaram inextricavelmente enredadas# apesar de a
mitologia em si ser quase isenta de significado
religioso.F]
FW.
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arce%ispo de 7anter%urQ escorregou numa casca de
%anana s' por sa%er que 6- fora relatado um infortnio
cmico semelante envolvendo muitas pessoas# em
especial cavaleiros idosos e respeit-veis. Muvidaria
da ist'ria se desco%risse que nela um an6o Dou
mesmo uma fadaG avisara o arce%ispo de que
escorregaria se usasse polainas numa sexta1feira.
enina dos Lansos vinculou1se a Herta). Essa forma
de expressar1se %astante inofensiva# no que
comumente se conece por $ist'ria). >as ser- de
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fato uma %oa descri",o do que est- acontecendo# e
aconteceu# na ist'ria da cria",o de narrativas: !co
que n,o. 7reio que seria mais veross?mil dier que o
arce%ispo se vinculou = casca de %anana# ou que
Herta foi transformada na >enina dos Lansos. !inda
melor2 diria que a m,e de 7arlos >agno e o
arce%ispo foram postos na
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antiga tradi",o inglesa. O rei &rotgar e sua fam?lia
t0m muitas marcas manifestas de ist'ria verdadeira#
muito mais do que !rtur# e no entanto mesmo nos
relatos DinglesesG mais antigos eles s,o associados a
muitos vultos e eventos das ist'rias de fadas2
estiveram na as me refiro agora aos
remanescentes dos mais antigos contos ingleses
registrados do Helo Reino Dou de suas fronteirasG# a
despeito de serem pouco conecidos na Inglaterra#n,o para discutir a transforma",o do menino1urso no
cavaleiro Heo8ulf# nem para explicar a intrus,o do
ogro Lrendel no sal,o real de &rotgar. Messas
tradi"+es dese6o destacar algo mais2 um exemplo
singularmente sugestivo da rela",o entre o $elemento
do conto de fadas) e omens annimos# deuses e reis#
ilustrando DcreioG a opini,o de que esse elemento nem
so%e nem desce# mas est- l-# no 7aldeir,o das
&ist'rias# esperando pelos grandes vultos do >ito e da
&ist'ria e pelo Ele ou Ela ainda sem nome# esperando
pelo momento no qual ser,o lan"ados no ensopadoem lenta fervura# um por um ou todos 6untos# sem
levar em conta dignidade nem preced0ncia.
O grande inimigo do rei &rotgar era (roda# rei
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dos &eato%ards. *o entanto ouvimos ecos de uma
estrana ist'ria so%re (rea8aru# fila de &rotgar 1
n,o uma ist'ria usual das lendas er'icas n'rdicas2 o
filo do inimigo de sua casa# Ingeld# filo de (roda#
apaixonou1se por ela e# desastrosamente# com ela se
casou. >as isso extremamente interessante e
significativo. *o segundo plano da antiga disputa
aparece o vulto daquele deus que os n'rdicos
camavam de (reQ Do SenorG ou 9ngvi1(reQ# e osanglos de Ing2 um deus da antiga mitologia De religi,oG
n'rdica da (ertilidade e do Trigo. ! inimiade das
casas reais estava ligada ao local sagrado de um culto
dessa religi,o. Ingeld e seu pai t0m nomes que
pertencem a ela. ! pr'pria (rea8aru se cama
$
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de fato Ingeld e (rea8aru 6amais viveram# ou pelo
menos 6amais amaram# ent,o em ltima an-lise de
um omem e uma muler annimos que provm sua
ist'ria# ou melor# foi na ist'ria deles que os dois
entraram. (oram postos no 7aldeir,o# onde tantas
coisas potentes passam eras em fervura lenta so%re o
fogo# entre elas o !mor1=1primeira1vista. O caso do
deus semelante. Se nenum 6ovem 6amais tivesse
se apaixonado por uma donela por se encontrarfortuitamente com ela# e 6amais tivesse encontrado
velas inimiades que se interpusessem entre ele e
seu amor# ent,o o deus (reQ 6amais teria visto Lerdr#
a fila do gigante# do elevado trono de Odin. >as se
falamos de um 7aldeir,o n,o podemos nos esquecer
totalmente dos 7oineiros. &- muitas coisas no
7aldeir,o# mas os 7oineiros n,o mergulam a
conca exatamente =s cegas. Sua sele",o
importante. !final de contas deuses s,o deuses# e
uma quest,o importante que tipo de ist'rias se conta
so%re eles.
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cu6as tradi"+es s,o as do Mourado (reQ e dos anir#
n,o as de Odin# o godo# ou de *ecromante# que
alimenta os corvos# Senor dos >ortos. *,o de
espantar que a palavra spell signifique ao mesmo
tempo uma ist'ria contada e uma f'rmula de poder
so%re os omens viventes.
>as depois de faermos tudo o que a pesquisa 1
coleta e compara",o das narrativas de muitas terras 1
capa de faer# de explicarmos muitos doselementos que comumente est,o envolvidos nas
ist'rias de fadas Dcomo madrastas# ursos e touros
encantados# %ruxas cani%ais# ta%us so%re nomes e
coisas assimG como rel?quias de antigos costumes
outrora praticados na vida di-ria# ou de cren"as antes
classificadas como cren"as e n,o como $fantasias)#
ainda resta um ponto muitas vees esquecido2 o efeito
produido hoe por essas coisas antigas nas ist'rias
tais como s,o.
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esp?rito de p-ssaro que emerge de uma nvoa que se
erguia da -rvore# permaneceram comigo desde a
infncia# e no entanto sempre o principal sa%or dessa
ist'ria presa na lem%ran"a n,o foi a %elea nem o
orror# e sim a distncia e um grande a%ismo de
tempo# n,o mensur-vel nem mesmo em t&e t#send
)ohr(2Sem o coido e os ossos 1 de que as crian"as de
o6e s,o muito freq/entemente poupadas em vers+es
suaviadas dos LrimmF
essa vis,o teria se perdidoem larga medida. *,o penso que fui pre6udicado pelo
orror no abiente do 0onto de fadas, n,o importa de
que o%scuras cren"as e pr-ticas do passado ele possa
ter vindo. Tais narrativas t0m agora um efeito m?tico
ou total Dn,o analis-velG# um efeito %astante
independente das desco%ertas do (olclore
7omparado# e que essa disciplina n,o consegue
estragar nem explicar. Elas a%rem uma porta para
Outro Tempo e# se a atravessarmos# nem que se6a por
um momento# estaremos fora de nosso tempo# talve
fora do pr'prio Tempo.
FB. $Mois mil anos) em alem,o dialetal. D*. T.G
F. *,o deveriam poup-1las disso 1 a n,o ser que as poupem da ist'ria
toda at que sua digest,o se6a mais resistente.
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Se nos detivermos n,o apenas para notar que
tais elementos antigos foram preservados# mas para
refletir so%re como foram preservados# devemos
concluir# penso# que isso aconteceu# muitas vees se
n,o sempre# precisamente por causa desse efeito
liter-rio. *,o podemos ser n's# nem mesmo os irm,os
Lrimm# que o sentimos primeiro. Me forma nenuma
os contos de fadas s,o matries rocosas das quais osf'sseis s' podem ser arrancados por ge'logos
especialistas. Os elementos antigos podem ser
extra?dos# ou esquecidos e descartados# ou
su%stitu?dos por outros ingredientes com a maior
facilidade. Isso mostrado por qualquer compara",o
de uma ist'ria com suas variantes pr'ximas. !s
coisas que l- existem muitas vees devem ter sido
mantidas Dou inseridasG porque os narradores orais#
instintiva ou conscientemente# sentiram sua
$significncia) liter-ria.FA >esmo quando se suspeita
de que uma proi%i",o em uma ist'ria de fadas derivade algum ta%u praticado muito tempo atr-s# ela
provavelmente foi preservada nas etapas posteriores
da ist'ria do conto em virtude do grande significado
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m?tico da proi%i",o.
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perguntas2 quais s,o# se que existem# os valores e
as fun"+es das ist'rias de fadas hoe *ormalmente
se presume que as crian"as s,o o p%lico natural ou
especialmente apropriado desse tipo de ist'ria. !o
descrever uma ist'ria de fadas que imaginam que os
adultos possivelmente poder,o ler para seu pr'prio
entretenimento# os cr?ticos costumam se permitir
6ocosidades como2 $Este livro se destina a crian"as de
] a ]V anos). >as nunca vi um anncio de um novocarrino que come"asse assim2 $Este %rinquedo
divertir- crian"as de @B a BV anos). 7ontudo# em
mina opini,o# isso seria muito mais apropriado.
Existe alguma conex,o essen0ial entre crian"as e
ist'rias de fadas: Existe alguma necessidade de
coment-rio quando um adulto as l0 soino: Isto #
quando as l como contos# n,o quando as est#da
como curiosidades. Os adultos t0m licen"a para
colecionar e estudar qualquer coisa# at mesmo
velos programas de teatro ou sacos de papel.
Entre aqueles que ainda t0m sa%edoria %astantepara acreditar que ist'rias de fadas n,o s,o
perniciosas# a opini,o comum parece ser a de que
existe uma conex,o natural entre a mente das
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crian"as e as ist'rias de fadas# da mesma ordem da
conex,o entre o corpo delas e o leite. 7reio que isso
um erro na melor das ip'teses um erro de falso
sentimento# e portanto um erro cometido mais
freq/entemente por aqueles que# se6a qual for seu
motivo particular Dcomo n,o ter filosG# tendem a
enxergar as crian"as como um tipo especial de
criatura# quase uma ra"a diferente# e n,o como
mem%ros normais# ainda que imaturos# de umadeterminada fam?lia e da fam?lia umana em geral.
*a verdade# a associa",o entre crian"as e
ist'rias de fadas um acidente de nossa ist'ria
domstica. *o mundo letrado moderno as ist'rias de
fadas foram relegadas ao $%er"-rio)# assim como a
mo%?lia vela ou fora de moda relegada = sala de
recrea",o# principalmente porque os adultos n,o as
querem mais e n,o se importam se a usarem de
forma inadequada.CV*,o a escola das crian"as que
define isso. !s crian"as como classe 1 classe que n,o
s,o# exceto pela falta de experi0ncia que les comum 1 n,o gostam mais das ist'rias de fadas nem
as compreendem melor do que os adultos# e n,o as
apreciam mais do que muitas outras coisas. S,o
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6ovens e est,o em crescimento# e normalmente t0m
apetites agu"ados# de forma que em geral as ist'rias
de fadas s,o %astante %em digeridas. >as na verdade
s' algumas crian"as# e alguns adultos# t0m um gosto
especial por elas. E# quando o t0m# ele n,o
exclusivo# nem mesmo necessariamente dominante.C@
E tam%m um gosto que# segundo creio# n,o surgiria
muito cedo na infncia sem est?mulo artificial
certamente um gosto que n,o diminui# e sim crescecom a idade# se inato.
CV. *o caso de ist'rias e outros assuntos infantis# - tam%m outro
fator. !s fam?lias mais ricas empregavam muleres para cuidar das
crian"as# e as narrativas eram traidas por essas pa6ens# que =s vees
tinam contato com conecimentos rsticos e tradicionais esquecidos
por seus $superiores). (a muito tempo que essa fonte secou# pelo
menos na Inglaterra# mas outrora ela teve alguma importncia. >as#
outra ve# n,o - prova da adequa",o especial das crian"as como
destinat-rias desse $sa%er popular) em extin",o. !s pa6ens podiam
muito %em ter sido encarregadas de escoler os quadros e a mo%?lia 1 e
talve o fiessem at melor.
C@. er *ota 7 ao final Dp. UG.
X verdade que em tempos recentes as ist'rias
de fadas normalmente t0m sido escritas ou
$adaptadas) para crian"as. >as tam%m se pode
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faer isso com a msica# ou a poesia# ou os romances#
ou a ist'ria# ou manuais cient?ficos. um processo
perigoso# mesmo quando necess-rio. *a verdade s'
se salva da desgra"a pelo fato de as artes e as
ci0ncias n,o serem em geral relegadas ao %er"-rio.
Este e a sala de aula s' rece%em dos adultos as
amostras e os relances que les parecem ser
adequados na opini,o dos adultos Dfreq/entemente
muito equivocadaG. ;ualquer dessas coisas# se fossedeixada inteiramente no %er"-rio# ficaria gravemente
pre6udicada. Tam%m uma %ela mesa# um %om
quadro ou um instrumento til Dcomo um microsc'pioG
seriam desfigurados ou que%rados se os
a%andon-ssemos por muito tempo numa sala de aula.
!s ist'rias de fadas assim %anidas# isoladas de uma
arte plena e adulta# ao final estariam arruinadas. *a
verdade t0m sido arruinadas na medida em que foram
%anidas desse modo.
!ssim# na mina opini,o# o valor das ist'rias de
fadas n,o pode ser encontrado levando em contaespecificamente as crian"as. *a verdade# as cole"+es
de ist'rias de fadas s,o s't,os e quartos de despe6o
por naturea e quartos de %rincar apenas pelo
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costume tempor-rio e local. Seu contedo
desordenado# freq/entemente fragmentado# uma
mix'rdia de diferentes datas# o%6etivos e gostos. >as
no meio dele pode1se ve por outra encontrar algo de
valor permanente2 uma antiga o%ra de arte# n,o muito
estragada# que s' a estupide teria tratado como
%ugiganga.
Os Fairy -oo3s de !ndre8 Kang n,o s,o# talve#
quartos de despe6o. S,o mais parecidos com %arracasde um %aar. !lgum com um espanador e um %om
olo para coisas que conservam algum valor deu uma
percorrida nos s't,os e dep'sitos. Suas cole"+es s,o
em larga escala um su%produto de seu estudo adulto
da mitologia e do folclore# porm transformadas em
livros infantis e apresentadas como tais.CF !lgumas
das ra+es dadas por Kang merecem ser
consideradas.
CF.
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omem fiel aos seus primeiros amores# e t0m seu
gume de cren"a que n,o perdeu o corte# um apetite
recente por maravilas). $X verdadeh):# continua# $
a grande pergunta feita pelas crian"as).
Mesconfio que 0renDa e apetite por ara%ilhas
s,o aqui considerados coisas id0nticas ou %em
pr'ximas. S,o radicalmente diferentes# se %em que o
apetite por maravilas n,o se6a diferenciado pela
mente umana em crescimento# imediata ouprimeiramente# de seu apetite geral.
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%oa a ponto de produi1la. Esse estado mental tem
sido camado de $suspens,o volunt-ria da
incredulidade). >as isso n,o me parece ser uma %oa
descri",o do que acontece. O que acontece de fato
que o criador da narrativa demonstra ser um
$su%criador) %em1sucedido. Ele conce%e um >undo
Secund-rio no qual nossa mente pode entrar. Mentro
dele# o que ele relata $verdade)2 est- de acordo
com as leis daquele mundo. undo undo Secund-rio malsucedido. Se formos
o%rigados a ficar# por %enevol0ncia ou circunstncia#
ent,o a incredulidade precisa ser suspensa Dou
a%afadaG# do contr-rio ser- intoler-vel ouvir e olar.
>as essa suspens,o da incredulidade um su%stituto
da coisa genu?na# um su%terfgio que usamos quando
nos deixamos levar por uma %rincadeira ou um fa1de1conta# ou quando tentamos Dmais ou menos
voluntariamenteG desco%rir alguma virtude na o%ra de
arte que fracassou para n's.
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3m verdadeiro f, de cr?quete est- no estado
encantado2 a 7ren"a Secund-ria. Eu# quando assisto a
uma partida# estou no n?vel inferior. 7onsigo atingir
Dmais ou menosG a suspens,o volunt-ria da
incredulidade quando sou mantido ali e sustentado
por algum outro motivo que afaste o tdio 1 por
exemplo uma predile",o selvagem# er-ldica# pelo
aul escuro em detrimento do claro. !ssim# essa
suspens,o pode ser um estado mental um tantodesgastado# roto ou sentimental# portanto tendendo
ao $adulto). Imagino que freq/entemente esse o
estado dos adultos na presen"a de uma ist'ria de
fadas. S,o mantidos ali e sustentados pelo sentimento
Dlem%ran"as da infncia ou idias de como deveria ser
a infnciaG. as# se realmente o apreciassem por ele mesmo# n,o
teriam que suspender a incredulidade2 creriam# nesse
sentido.
Se Kang tivesse dese6ado dier algo assim#
poderia aver alguma verdade em suas palavras.
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adulta produida pela umildade das crian"as# por sua
falta de experi0ncia cr?tica e voca%ul-rio e por sua
voracidade Dpr'pria do crescimento r-pidoG. Lostam
ou tentam gostar do que les d,o mas# se n,o
conseguem# s,o incapaes de expressar %em sua
avers,o ou 6ustific-1la De portanto podem escond01laG
e gostam indiscriminadamente de uma grande
variedade de coisas# sem se preocuparem em analisar
o grau de sua cren"a. Me qualquer forma duvido queessa po",o 1 o encantamento da ist'ria de fadas
%em1sucedida 1 realmente se6a do tipo que se
$em%ota) com o uso# menos potente depois de
repetidos goles.
$X verdade:h a grande pergunta feita pelas
crian"as)# disse Kang. Sei que faem# sim# essa
pergunta# e n,o algo que possa ser respondido de
modo impulsivo ou negligente.CC >as essa quest,o
dificilmente prova de $cren"a que n,o perdeu o
corte)# nem mesmo do dese6o por ela. >ais
freq/entemente ela provm do dese6o que a crian"atem de sa%er que espcie de literatura est- diante
dela. >uitas vees o conecimento do mundo pelas
crian"as t,o pequeno que elas n,o conseguem
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discernir# de imediato e sem a6uda# entre o fant-stico#
o estrano Disto # fatos raros ou remotosG# o
despropositado e o simplesmente $adulto) Dcoisas
comuns do mundo de seus pais# ainda quase
totalmente inexploradoG. >as reconecem as
diferentes classes# e =s vees podem gostar de todas
elas. E claro que os limites entre elas com freq/0ncia
flutuam ou se confundem# mas isso n,o vale s' para
crian"as. Todos conecemos essas diferen"as# masnem sempre temos certea de como classificar algo
que ouvimos. 3ma crian"a pode muito %em acreditar
num relato de que existem ogros no condado viino
muitos adultos acam f-cil crer nisso quando se trata
de outro pa?s e# quanto a outro planeta# muito poucos
adultos parecem capaes de enxerg-1lo povoado# se
que o termo esse# por algo diferente de monstros
perversos.
CC. >uito mais freq/entemente elas t0m me perguntado2 $Ele era %om:
Ele era malvado:) Isto # estavam mais preocupadas em distinguir o
lado 7erto e o lado Errado# porque essa uma quest,o que tem a
mesma importncia na &ist'ria e no Helo Reino.
Eu fui uma das crian"as =s quais !ndre8 Kang se
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de Kang n,o se a6usta =s minas pr'prias lem%ran"as#
nem = mina experi0ncia com elas. Kang podia estar
enganado em rela",o =s crian"as que conecia# mas#
se n,o estava# pelo menos elas s,o
consideravelmente diferentes# mesmo dentro dos
estreitos limites da Lr,1Hretana# e tais
generalia"+es# que as tratam como uma classe
Ddesconsiderando seus talentos individuais# as
influ0ncias da regi,o em que vivem e sua cria",oG#s,o ilus'rias. Eu n,o tina nenum $dese6o de
acreditar) especial. Eu queria sa%er. ! cren"a
dependia do modo como as narrativas me eram
apresentadas pelos mais velos# ou pelos autores# ou
do tom e da qualidade inerentes ao conto. >as em
nenum momento de que me lem%ro a aprecia",o da
ist'ria foi dependente da cren"a de que tais coisas
poderiam acontecer# ou tinam acontecido# na $vida
real). 7laramente as ist'rias de fadas n,o se
ocupavam em primeiro plano da possi%ilidade# mas
sim da dese6a%ilidade. Se despertavam deseo,satisfaendo1o enquanto muitas vees o ati"avam
insuportavelmente# tinam sucesso. *,o necess-rio
ser mais expl?cito aqui# porque espero dier algo mais
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tarde so%re esse dese6o# um complexo de muitos
ingredientes# alguns universais# outros particulares
aos omens modernos Dinclusive =s crian"as
modernasG# ou mesmo a certas espcies de omens.
Eu n,o dese6ava ter sonos nem aventuras como
Ali0e, e o relato deles simplesmente me divertia.
Mese6ava %em pouco procurar tesouros enterrados ou
com%ater piratas# e a lha do Teso#ro n,o me
entusiasmava. Os peles1vermelas eram melores2avia nessas ist'rias arcos e flecas Dtive e teno um
dese6o totalmente insatisfeito de atirar %em com um
arcoG# l?nguas estranas# vislum%res de um modo de
vida arcaico e# acima de tudo# florestas. >as a terra
de >erlin e !rtur era melor do que isso e# melor do
que tudo# o norte sem nome de Sigurd dos lsungs e
o pr?ncipe de todos os drag+es. Essas terras eram
proeminentemente dese6-veis. *unca imaginei que o
drag,o pertencesse = mesma ordem do cavalo. E isso
n,o somente porque eu via cavalos todos os dias# mas
tam%m porque nunca vira nem mesmo a pegada deum lagarto.C] O drag,o tina a marca registrada "o
-elo $eino inscrita com clarea. *,o importa em que
mundo ele existia# era Outro >undo. ! fantasia# a
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cria",o ou o vislum%rar de Outros >undos era o
cora",o do dese6o do Helo Reino. Eu dese6ava drag+es
com um dese6o profundo. E claro que# com meu corpo
franino# n,o queria t01los nos arredores#
intrometendo1se em meu mundo relativamente
seguro# onde por exemplo era poss?vel ler ist'rias
desfrutando de pa mental# livre de medo.CB >as o
mundo que contina at mesmo a imagina",o de
(=fnir era mais rico e mais %elo# n,o importava ocusto do perigo. O a%itante da plan?cie tranq/ila e
frtil pode ouvir falar das colinas castigadas pelas
intempries e do mar sem vida e ansiar por eles em
seu cora",o. esmo assim# por mais que eu agora perce%a a
importncia do elemento ist'ria de fadas nas leituras
infantis# falando por mim quando crian"a# s' posso
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dier que gostar dessas narrativas n,o foi uma
caracter?stica dominante dos primeiros gostos. O
verdadeiro gosto por elas despertou ap's os dias do
$%er"-rio) e ap's os anos# poucos# mas que pareciam
longos# entre aprender a ler e ir = escola. *aquele
tempo Dquase escrevi $feli) ou $dourado)# mas foi na
verdade triste e tur%ulentoG eu gostava igualmente#
ou mais# de muitas outras coisas# como ist'ria#
astronomia# %otnica# gram-tica e etimologia. Eu n,ome parecia nem um pouco em ess0ncia com as
$crian"as) generaliadas de Kang por acaso as
lem%rava em alguns poucos pontos2 por exemplo# eu
era insens?vel = poesia# e a pulava quando ela
aparecia nas ist'rias. Mesco%ri a poesia muito mais
tarde# no latim e no grego# especialmente por ser
o%rigado a tentar verter versos ingleses para versos
cl-ssicos. 3m gosto real por ist'ria de fadas foi
despertado pela filologia no limiar da idade adulta# e
estimulado pelo resto da vida pela guerra.
Talve eu tena dito mais do que o suficienteso%re este tema.
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elas de tr0s modos2 naturalmente# porque as crian"as
s,o umanas e as ist'rias de fadas s,o um gosto
umano natural Dporm n,o necessariamente
universalG acidentalmente# porque as ist'rias de
fadas representam grande parte do material liter-rio
que a Europa recente enfiou nos s't,os
antinaturalmente# por causa de um sentimento
errneo so%re as crian"as# um sentimento que parece
aumentar com a diminui",o das crian"as.X verdade que a era do sentimento infantil
produiu alguns livros agrad-veis Dporm
especialmente encantadores para adultosG de
ist'rias de fadas ou semelantes# mas tam%m foi
respons-vel por uma espantosa vegeta",o rasteira de
narrativas escritas ou adaptadas para o que se
conce%ia ou conce%e ser a medida da mente e das
necessidades infantis. !s antigas narrativas s,o
a%randadas ou expurgadas em ve de ser
preservadas. >uitas vees as imita"+es s,o
simplesmente tolas# algo como
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Kang de desdm dissimulado# mas com certea ele
sorriu consigo mesmo# e tam%m muitas vees
espiava o rosto de outras pessoas espertas por so%re
as ca%e"as de sua platia infantil# em srio detrimento
=s CrOni0as de Panto#flia(
Masent respondeu com vigor e 6usti"a aos
cr?ticos pudicos de suas tradu"+es de contos
populares n'rdicos. *o entanto# cometeu a espantosa
loucura deproibir as crian"as de ler especialmente asduas ltimas ist'rias de sua cole",o.
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miseric'rdia n,o temperada pela 6usti"a. E verdade
que esse apelo n,o foi dirigido =s crian"as# e sim aos
pais e tutores# a quem Kang estava recomendando
seu PrMn0ipe Prigio e PrMn0ipe $i0ardo como adequados
aos seus protegidos.C (oram os pais e tutores que
classificaram ist'rias de fadas como)#%enilia( E essa
uma pequena amostra da conseq/ente falsifica",o
de valores.
C.
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certamente n,o melor do que cegar# apesar de
precisarmos via6ar esperan"osos se quisermos cegar.
>as uma das li"+es das ist'rias de fadas Dse
pudermos atri%uir li"+es a coisas que n,o lecionamG
que# = 6uventude imatura# indolente e ego?sta# o
perigo# o pesar e a som%ra da morte podem conferir
dignidade e =s vees at sa%edoria.
*,o dividamos a ra"a umana em Eloi e
>orlocks2 crian"as %onitas 1 $elfos)# como o sculo^III costumava cam-1las idioticamente 1 com seus
contos de fadas Dcuidadosamente podadosG e >orlocks
escuros cuidando de suas m-quinas. Se a ist'ria de
fadas digna de ser lida# ent,o digna de ser escrita
e lida por adultos. X claro que elas acrescentar,o mais
e extrair,o mais do que as crian"as s,o capaes de
lidar. Ent,o# como um ramo de arte genu?na# as
crian"as poder,o dese6ar ler ist'rias de fadas
adequadas para elas e que este6am ao seu alcance#
%em como poder,o dese6ar rece%er introdu"+es
apropriadas = poesia# = ist'ria e =s ci0ncias.7ontudo# pode ser melor para elas que leiam
algumas coisas# em especial ist'rias de fadas# que
est,o alm do seu alcance e n,o aqum. Seus livros#
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FANTASIA
! mente umana capa de formar imagensmentais de coisas que n,o est,o presentes de fato. !
faculdade de conce%er as imagens Dou eraG
naturalmente camada de Imagina",o. >as em
tempos recentes# em linguagem tcnica# n,o normal#
a Imagina",o muitas vees tem sido considerada algo
mais elevado do que a mera cria",o de imagens#
atri%u?da =s opera"+es relacionadas a Fan0yCA Duma
forma reduida e depreciat'ria da palavra mais antiga
Fantasy'( !ssim tenta1se restringir# eu deveria dier
perverter# a Imagina",o ao $poder de dar a cria"+es
ideais a consist0ncia interna da realidade).
CA. Esta palavra inglesa tem# entre outros# os significados de $idia
vision-ria) e $o%sess,o). D*. T.G
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aspecto# e deveria apropriadamente ser camada de
Imagina",o. ! percep",o da imagem# a compreens,o
de suas implica"+es e o controle# que s,o necess-rios
para uma express,o %em1sucedida# podem variar em
vivacidade e intensidade 1 mas essa uma diferen"a
de grau de Imagina",o# n,o de espcie. ! realia",o
da express,o# que confere Dou parece conferirG $a
consist0ncia interna da realidade)#UV na verdade
outra coisa# ou aspecto# que necessita de outro nome2!rte# o v?nculo operativo entre a Imagina",o e o
resultado final# a Su%cria",o.
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etimol'gicas e semnticas de fantasia e fantBsti0o,
mas contente com elas2 imagens de coisas que n,o
somente $n,o est,o presentes de fato)# mas que na
verdade nem podem ser encontradas em nosso
mundo prim-rio# ou que geralmente se cr0 que n,o
possam ser encontradas ali. >as# mesmo admitindo
isso# n,o consinto o tom depreciativo. O fato de as
imagens refletirem coisas que n,o s,o do mundo
prim-rio Dse que isso poss?velG uma virtude# n,oum v?cio. 7reio que a fantasia Dnesse sentidoG n,o
uma forma inferior de !rte# e sim superior# de fato a
forma mais pr'xima da pura# e portanto Dquando
alcan"adaG a mais potente.
UV. Ou se6a# que imp+e ou indu a 7ren"a Secund-ria.
U@.
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interfer0ncia no >undo as o erro ou a m- inten",o# engendrados pela
inquieta",o e conseq/ente avers,o# n,o s,o a nica
causa dessa confus,o. ! (antasia tam%m tem uma
desvantagem essencial2 dif?cil de alcan"ar. Ela podeser# na mina opini,o# n,o menos# e sim mais
su%criativa# mas de qualquer modo desco%re1se na
pr-tica que $a consist0ncia interna da realidade)
torna1se mais dif?cil de produir quanto mais as
imagens e os rearran6os do material prim-rio forem
diferentes dos arran6os reais do >undo
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tem sido usada frivolamente# ou apenas de maneira
quase sria# ou s' como decora",o2 ela permanece
apenas $fantasiosa). ;ualquer pessoa que tena
erdado o fant-stico dispositivo da linguagem
umana pode dier o sol %erde( >uitos podem ent,o
imagin-1lo ou conce%01lo. >as isso n,o suficiente 1
apesar de 6- poder ser algo mais potente do que
muitos $%reves es%o"os) ou $reprodu"+es da vida)
que rece%em louvores liter-rios.(aer um >undo Secund-rio dentro do qual o sol
verde se6a veross?mil# impondo a 7ren"a Secund-ria#
provavelmente exigir- tra%alo e reflex,o# e
certamente demandar- uma a%ilidade especial# uma
espcie de destrea lfica. as# quando elas s,o tentadas e
executadas em algum grau# ent,o temos uma rara
realia",o da !rte2 na verdade# a arte narrativa# a
cria",o de ist'rias em seu modo prim-rio e mais
potente.
*a arte umana a (antasia algo que deve serdeixado a cargo das palavras# da verdadeira literatura.
*a pintura# por exemplo# a apresenta",o vis?vel da
imagem fant-stica tecnicamente f-cil demais 1 a
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. S' toler-vel quando o enredo e sua fantasia se
reduem a uma mera estrutura vestigial para a farsa#
e n,o se exige nem espera de ningum a $cren"a) em
qualquer parte da representa",o. Isso# claro# deve1
se em parte ao fato de que os produtores de teatro
precisam# ou tentam# tra%alar com mecanismos para
representar a (antasia ou a >agia. 7erta ve assisti a
uma camada $pantomima infantil)# a ist'ria do
:ato de -otas, que tina at a metamorfose do ogroem um camundongo. 7aso tivesse avido um 0xito
mecnico# teria aterroriado os espectadores ou ent,o
teria sido apenas um truque de prestidigita",o de alta
classe. Ma forma como foi feito# apesar de alguma
a%ilidade na ilumina",o# a incredulidade n,o foi
tanto suspensa quanto enforcada# estripada e
esquarte6ada.
UC. er *ota E ao final Dp. WG.
Em 5a0beth, ao ler a pe"a# aco as feiticeirastoler-veis2 elas t0m fun",o narrativa e uma alus,o de
sinistro significado no entanto s,o vulgariadas#
po%res representantes de sua espcie. *a pe"a s,o
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quase intoler-veis. Seriam totalmente intoler-veis se
eu n,o fosse fortalecido por alguma lem%ran"a de
como s,o no texto. Miem1me que eu me sentiria
diferente se pensasse como as pessoas daquela
poca# com suas ca"adas e 6ulgamentos de feiticeiras.
>as isso equivale a dier2 se eu considerasse as
feiticeiras poss?veis# de fato prov-veis# no >undo
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m-gico# mesmo com sucesso mecnico# exigir algo
como um mundo interno ou terci-rio. X um exagero.
as no m?nimo n,o
pode ser considerado a forma apropriada de Teatro#
em que pessoas que caminam e falam s,o os
instrumentos naturais da !rte e da ilus,o.UU
UU. er *ota ( ao final Dp. ]G.
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aos o%6etos. *uma pe"a pode1se incluir muito pouca
coisa a respeito de -rvores como -rvores.
J- o $Mrama do Helo Reino) 1 aquelas pe"as que#
conforme a%undantes registros# os elfos muitas vees
apresentavam aos omens 1 capa de produir
(antasia com um realismo e um car-ter imediato que
ultrapassam os limites de qualquer mecanismo
umano. 7omo conseq/0ncia# seu efeito usual Dso%re
um omemG ir alm da 7ren"a Secund-ria. Sepresenciarmos um drama do Helo Reino# n's
estaremos# ou pensaremos estar# pessoalmente
dentro de seu >undo Secund-rio. ! experi0ncia pode
ser muito semelante ao Sono# e =s vees Dpelos
omensG tem sido Dao que pareceG confundida com
ele. >as no drama do Helo Reino estamos em um
sono que outra mente est- tecendo# e o
conecimento desse fato alarmante pode escapar =
nossa compreens,o. !o experimentar diretaente um
>undo Secund-rio# a po",o forte demais# e n's a
atri%u?mos = 7ren"a
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mesmos n,o se iludem. -gica ou da >agia propriamente
dita. Eles n,o vivem nela# apesar de talve serem
capaes de gastar mais tempo com ela do que os
artistas umanos. O >undo
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enquanto est,o dentro mas em estado puro ele
art?stico por dese6o e prop'sito. ! >agia produ# ou
finge produir# uma altera",o no >undo
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Mis1graced e maQ %e# Qet is not de1troned# and
keeps te rags of lordsip once e o8ned2 >an# Su%1
creator# te refracted Kigt troug 8om is
splintered from a single Zite to manQ ues# and
endlesslQ com%ined in living sapes tat move from
mind to mind. Toug ail te crannies of te 8orld 8e
filled 8it Eives and Lo%lins# toug 8e dared to %uild
Lods and teir ouses out of dark and ligt# and
so8ed te seed of dragons 1 Yt8as our rigt Dused ormisusedG. Tat rigt as not decaQed2 8e make still %Q
te la8 in 8ic 8ere made.)UW
UW. $>eu caro)# eu disse# $Em%ora aleado# \ o &omem n,o perdido
nem mudado. \ Sem gra"a# sim# porm n,o sem seu trono# \ tem restos
do poder de que foi dono2 \ Su%criador# o que a Ku desata \ e de um s'
Hranco cores mil refrata \ que se com%inam# varia"+es viventes \ e
formas que se movem entre as mentes. \ Se deste mundo as frestas
ocupamos \ com Elfos e Muendes# se criamos \ @ Meuses# seus lares#
treva e lu do dia# \ drag+es plantamos 1 nossa a regalia \ D%oa ou m-G.
*,o morre esse direito2 \ eu fa"o pela lei na qual sou feito). D*. T.G
! (antasia uma atividade umana natural.7ertamente ela n,o destr'i# muito menos insulta# a
Ra,o e n,o a%randa o apetite pela verdade cient?fica
nem o%scurece a percep",o dela. !o contr-rio.
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;uanto mais agu"ada e clara for a ra,o# melor
fantasia produir-. Se os omens estivessem num
estado em que n,o quisessem conecer ou n,o
pudessem perce%er a verdade Dfatos ou evid0nciasG#
ent,o a (antasia definaria at que eles se curassem.
Se cegarem a atingir esse estado Do que n,o parece
ser imposs?velG# a (antasia perecer- e se transformar-
em Ilus,o >'r%ida.
! (antasia criativa est- fundamentada no firmereconecimento de que as coisas s,o assim no mundo
como este aparece so% o Sol# no reconecimento do
fato# mas n,o na escravid,o perante ele. !ssim foi
fundamentado na l'gica o contra1senso que se exi%e
nos contos e poemas de Ke8is 7arroll. Se as pessoas
realmente n,o conseguissem distinguir entre sapos e
omens# n,o teriam surgido ist'rias de fadas so%re
reis sapos.
X claro que a (antasia pode ser levada ao
excesso.
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adoraram# adoraram at mesmo aqueles mais
deformados pelo mal de seu pr'prio autor. >as
fieram falsos deuses a partir de outros materiais2
suas opini+es# seus estandartes# seus dineiros 1 at
suas ci0ncias e suas teorias sociais e econmicas
demandaram sacrif?cio umano. Ab#s#s non tollit
usum.U]! (antasia continua sendo um direito umano2
faemos em nossa medida e em nosso modo
derivativo# porque somos feitos# e n,o somente feitos#mas feitos = imagem e semelan"a de um 7riador.
U]. $O a%uso n,o pre6udica o uso.) D*. E.G
RECUPERAO, ESCAPE, CONSOLO
;uanto = velice# se6a pessoal ou pertencenteaos tempos em que vivemos# pode ser verdade# como
se sup+e freq/entemente# que ela imp+e
incapacidades Dver p. UFG. >as essa principalmente
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uma idia produida pelo simples est#do das ist'rias
de fadas. O estudo anal?tico de ist'rias de fadas
uma prepara",o t,o ruim para apreci-1las ou escrev01
las como seria o estudo ist'rico do drama de todos
os pa?ses e tempos para apreciar ou escrever pe"as
de teatro. O estudo pode na verdade tornar1se
deprimente. X f-cil o estudioso sentir que# com toda
sua la%uta# est- coletando apenas umas poucas
folas# muitas agora rotas ou deterioradas# daincont-vel folagem da !rvore dos 7ontos# com as
quais atapetada a (loresta dos Mias. as
isso n,o verdade. ! semente da -rvore pode ser
replantada em quase qualquer solo# mesmo em um
t,o saturado de fuma"a Dassim disse KangG como o da
Inglaterra. E claro que de fato a primavera n,o
menos %ela porque vimos ou ouvimos falar de outroseventos semelantes2 eventos semelantes# nunca o
mesmo evento do come"o ao fim do mundo. 7ada
fola# de carvalo# freixo e espineiro uma
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complica",o de formas at o ponto da tolice a
camino do del?rio. !ntes de atingirmos tais estados
precisamos de recupera",o.
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os mais dif?ceis de ver com mais aten",o# perce%endo
sua semelan"a e dessemelan"a2 s,o rostos# e no
entanto rostos singulares. Essa trivialidade # de fato#
apenas a penalidade da $apropria",o)2 as coisas
triviais ou Dno mau sentidoG familiares s,o aquilo de
que nos apropriamos# legal ou mentalmente. Miemos
que as conecemos. Tornaram1se algo como as coisas
que uma ve nos atra?ram pelo %rilo# ou pela cor# ou
pela forma# e pusemos as m,os nelas e as trancamosem nosso tesouro# adquirimo1las# e ao adquiri1las
paramos de ol-1las.
X claro que as ist'rias de fadas n,o s,o o nico
meio de recupera",o ou profilaxia contra a perda. !
umildade %asta. E existe Despecialmente para os
umildesG 5ooreeffo0, ou (antasia cestertoniana.
5ooreeffo0 uma palavra fant-stica# mas poderia ser
vista escrita em todas as cidades deste pa?s. X a
palavra Coffee1rooUBvista do lado de dentro em uma
porta de vidro# como foi vista por Mickens num escuro
dia londrino# e usada por 7ester1ton para denotar aestranea de coisas que se tornaram triviais quando
de repente s,o vistas por um novo ngulo. ! maioria
das pessoas concordaria que essa espcie de
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$fantasia) %astante saud-vel# e que 6amais le
faltar- material. >as ela tem apenas# segundo penso#
um poder limitado# porque recuperar o frescor da
vis,o sua nica virtude. ! palavra 5ooreeffo0 pode
faer1nos perce%er de repente que a Inglaterra um
pa?s totalmente estrano# perdido num passado
remoto vislum%rado pela ist'ria# ou num futuro
estrano e turvo que s' pode ser alcan"ado numa
m-quina do tempo ver a espantosa excentricidade eo interesse de seus a%itantes# seus costumes e
-%itos alimentares porm nada pode faer alm
disso2 agir como um telesc'pio temporal focaliado
em um ponto. ! fantasia criativa# por estar
principalmente tentando faer outra coisa Dfaer algo
novoG# pode a%rir nosso tesouro e deixar voar como
p-ssaros engaiolados todas as coisas trancadas.
Todas as 6'ias se transformam em flores ou camas# e
seremos alertados de que tudo o que t?namos Dou
conec?amosG era perigoso e poderoso# n,o realmente
acorrentado com efic-cia# livre e selvagem# t,o pouconosso quanto ramos n's.
UB. Restaurante de otel# onde se servem caf# outras %e%idas e
refei"+es. D*. T.G
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Os elementos $fant-sticos) em verso e prosa de
outras espcies# mesmo quando s,o apenas
decorativos ou ocasionais# auxiliam essa li%era",o.
>as n,o t,o inteiramente quanto uma ist'ria de
fadas# uma coisa constru?da so%re a (antasia ou
acerca dela# da qual a (antasia o ncleo. ! (antasia
feita do >undo
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-rvore e grama# casa e fogo# p,o e vino.
!gora concluirei considerando o Escape e o
7onsolo# que naturalmente est,o %em conexos entre
si. !pesar de as ist'rias de fadas# claro# de forma
nenuma serem o nico meio de Escape# o6e em dia
s,o uma das formas mais '%vias e Dpara algunsG
a%usivas de literatura $escapista). !ssim sendo#
rao-vel acrescentar a um estudo delas algumas
considera"+es do termo $escape) na cr?tica em geral.!firmei que o Escape uma das principais
fun"+es das ist'rias de fadas# e como n,o as reprovo
'%vio que n,o aceito o tom de desdm ou pena com
que se usa $Escape) com tanta freq/0ncia o6e em
dia2 um tom em nada 6ustificado pelos usos da palavra
fora da cr?tica liter-ria. *aquilo que aqueles faem um
mau uso do Escape gostam de camar ida Real# em
geral o Escape evidentemente muito pr-tico# e pode
at ser er'ico. *a vida real dif?cil culp-1lo# a n,o
ser que fracasse. *a cr?tica parece ser tanto pior
quanto mais o%tm sucesso. Evidentemente estamosdiante de um mau uso das palavras# e tam%m de
uma confus,o de pensamento.
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tenta sair e ir para casa: Ou se# quando n,o pode
fa01lo# pensa e fala so%re outros assuntos que n,o
se6am carcereiros e muros de pris,o: O mundo
exterior n,o se tornou menos real porque o prisioneiro
n,o consegue v01lo. 3sando o escape dessa forma# os
cr?ticos escoleram a palavra errada e# anda mais#
est,o confundindo# nem sempre por erro sincero# o
Escape do
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3m exemplo superficial2 n,o mencionar Dna
verdade# n,o ostentarG num conto lmpadas de rua
eltricas# do tipo produido em massa# Escape
Dnesse sentidoG. >as isso pode provir# quase
certamente provm# de uma estudada avers,o a um
produto t,o t?pico da Era Ro%'tica# que com%ina
ela%ora",o e engenosidade de meios com feira# e
Dmuitas veesG com resultado inferior. Essas lmpadas
podem ter sido exclu?das do conto simplesmente porserem lmpadas ruins# e poss?vel que uma das
li"+es a ser aprendidas na narrativa se6a a percep",o
desse fato. >as a? vem o porrete2 $!s lmpadas
eltricas vieram para ficar)# diem. &- muito tempo
7esterton o%servou veridicamente que# assim que
ouvia que algo $viera para ficar)# sa%ia que muito logo
aquilo seria su%stitu?do 1 na verdade seria considerado
deploravelmente o%soleto e ordin-rio. $! marca da
7i0ncia# cu6o ritmo acelerado pelas necessidades da
guerra# prossegue inexor-vel 4...5 tornando algumas
coisas o%soletas e prefigurando novas evolu"+es nouso da eletricidade) 1 um anncio. Ele di a mesma
coisa# s' que de modo mais amea"ador. ! lmpada de
rua eltrica pode de fato ser ignorada simplesmente
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porque insignificante e transit'ria. Se6a como for# as
ist'rias de fadas t0m coisas mais permanentes e
fundamentais so%re o que falar. O raio# por exemplo.
O escapista n,o t,o servil aos capricos da moda
evanescente como aqueles oponentes. Ele n,o fa dos
o%6etos Dque podem %em racionalmente ser
considerados ruinsG seus mestres ou seus deuses#
adorando1os como inevit-veis# at $inexor-veis). E
seus oponentes# de despreo t,o f-cil# n,o t0mgarantia de que ele parar- por a?2 ele poder- incitar as
pessoas a derru%arem as lmpadas de rua. O
escapismo tem outro rosto# ainda mais perverso2 a
Rea",o.
*,o fa muito tempo 1 por incr?vel que pare"a 1
ouvi um erudito de OxenfordUdeclarar que $saudava)
a proximidade de f-%ricas ro%otiadas de produ",o
em massa e o rugido do tr-fego mecnico auto1
o%struidor# porque isso puna sua universidade em
$contato com a vida real).
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n,o poderiam ter feito coisa melor do que faem
normalmente# com todos os seus a%undantes meios.
7reio que as ist'rias de fadas podem ser melores
>estres de !rtes do que o indiv?duo acad0mico a
quem me referi.
>uito daquilo que ele DsuponoG e outros
DcertamenteG camariam de literatura $sria) nada
mais do que %rincar so% um telado de vidro ao lado
de uma piscina municipal. !s ist'rias de fadaspodem inventar monstros que voam pelo ar ou
a%itam as profundeas# mas ao menos n,o tentam
escapar do cu ou do mar.
E# se por um momento deixarmos de lado a
$fantasia)# nem mesmo creio que o leitor ou criador
de ist'rias de fadas precise se envergonar do
$escape) do arca?smo2 de preferir n,o drag+es# mas
cavalos# castelos# veleiros# arcos e flecas n,o
apenas elfos# mas cavaleiros# reis e sacerdotes.
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das metraladoras e %om%as que parecem ser seus
produtos mais naturais e inevit-veis# ousemos dier
$inexor-veis).
$! cruea e a feira da vida europia moderna) 1
dessa vida real cu6o contato devemos saudar 1 $s,o
sinais de inferioridade %iol'gica# de rea",o
insuficiente ou falsa ao am%iente).UA O mais louco
castelo que 6- saiu da sacola de um gigante numa
extravagante narrativa galica n,o apenas muitomenos feio do que uma f-%rica ro%'tica como tam%m
# Dusando uma frase modernaG $num sentido muito
real)# imensamente mais real. as para eles# emregra# muito dif?cil deduir o que as pessoas far7o
numa cidade mundial como essa.
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folgados Dcom ?peresG# mas usar,o essa li%erdade
principalmente# ao que parece# para %rincar com
%rinquedos mecnicos no 6ogo de mover1se em alta
velocidade# que logo satura. ! 6ulgar por alguns
desses contos# ainda ser,o t,o luxuriosos# vingativos
e gananciosos como sempre# e os ideais de seus
idealistas mal cegam alm da espl0ndida idia de
construir mais cidades do mesmo tipo em outros
planetas. X de fato uma era de $meios aperfei"oadospara fins deteriorados). (a parte da enfermidade
essencial desses dias 1 produindo o dese6o de
escapar# n,o de fato da vida# mas sim de nosso tempo
presente e da misria que n's mesmos fiemos 1
estarmos agudamente conscientes tanto da feira de
nossas o%ras quanto de seu mal. !ssim# para n's o
mal e a feira parecem indissoluvelmente aliados.
!camos dif?cil conce%er o mal e a %elea 6untos. O
temor da %ela fada que perpassava as eras antigas
quase nos escapa das m,os. >ais alarmante ainda2 a
%ondade em si foi privada de sua %elea pr'pria. *oHelo Reino podemos de fato conce%er um ogro que
possui um castelo medono como um pesadelo
Dporque a maldade do ogro assim o dese6aG# mas n,o
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podemos conce%er uma casa constru?da com %om
prop'sito 1 uma estalagem# um otel para via6antes# o
sal,o de um rei virtuoso e no%re 1 que se6a ao mesmo
tempo repugnantemente feia. *os dias atuais seria
temer-rio esperar ver uma que n,o fosse feia 1 a n,o
ser que tena sido constru?da antes de nosso tempo.
UA. 7ristoper Ma8son# Progress and $eligion, pp. W# WA. >ais alm ele
acrescenta2 $! plena pan'plia vitoriana da cartola e so%recasaca sem
dvida expressava algo essencial = cultura do sculo ^I^# e portanto se
espalou por todo o mundo com essa cultura# de uma forma como
nenuma moda do vestu-rio 6amais fe antes. E poss?vel que nossos
descendentes recone"am nela uma espcie de austera %elea ass?ria#
6usto em%lema da era implac-vel e grandiosa que a criou mas# se6a
como for# ela se desvia da %elea direta e inevit-vel que todos os tra6es
deveriam possuir# porque# como sua cultura1m,e# ela estava desconexa
da vida da naturea e tam%m da naturea umana).
Esse# no entanto# o aspecto $escapista)
moderno e especial Dou acidentalG das ist'rias de
fadas# que elas partilam com os romances e outras
narrativas do passado ou a respeito dele. >uitas
ist'rias do passado s' se tornaram $escapistas) em
seu apelo porque so%reviveram desde uma poca em
que os omens em regra se deleitavam com o
tra%alo realiado por suas pr'prias m,os at o nosso
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seres vivos. So%re esse dese6o# t,o antigo quanto a
;ueda# fundamenta1se em larga medida o discurso
dos animais e das criaturas nas ist'rias de fadas# e
especialmente a compreens,o m-gica de sua fala
caracter?stica. Essa a rai# e n,o a $confus,o)
atri%u?da aos omens do passado n,o registrado# uma
alegada $aus0ncia do sentimento de separa",o entre
n's e os animais).WV 3m sentimento vivo dessa
separa",o muito antigo# mas tam%m uma sensa",ode que foi um rompimento2 um estrano destino e
uma culpa repousam so%re n's. Outras criaturas s,o
como outros reinos com que o &omem rompeu
rela"+es# e que agora s' v0 de fora# ao longe#
encontrando1se em guerra com eles ou nos termos de
um inquietante armist?cio. &- alguns poucos que t0m
o privilgio de faer algumas viagens para o exterior
outros precisam se contentar com ist'rias de
via6antes 1 mesmo so%re sapos. (alando da ist'ria de
fadas O $ei Sapo, %astante estrana mas muito
difundida# >ax >/ller perguntou com seu modoempertigado2 $7omo foi que uma ist'ria como essa
cegou a ser inventada: Os seres umanos# podemos
esperar# sempre foram suficientemente ilustrados
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para sa%er que o casamento entre um sapo e a fila
de uma raina a%surdo). Me fato podemos esperar
isso
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>as o $consolo) das ist'rias de fadas tem outro
aspecto alm da satisfa",o imaginativa de antigos
dese6os. >uito mais importante o 7onsolo do (inal
(eli. Eu quase me arriscaria a afirmar que todas as
ist'rias de fadas completas precisam t01lo. *o
m?nimo diria que a Tragdia a verdadeira forma do
Mrama# sua fun",o mais elevada# mas o contr-rio vale
para a ist'ria de fadas. J- que n,o parecemos possuir
uma palavra que expressa esse contr-rio# vou cam-1lo de E#0atBstrofe( O conto e#10atastrfi0o a forma
verdadeira do conto de fadas# e sua fun",o mais
elevada.
O consolo das ist'rias de fadas# a alegria do
final feli# ou mais corretamente da %oa cat-strofe# da
repentina $virada) 6u%ilosa Dporque n,o - um final
verdadeiro em qualquer conto de fadasG#WC essa
alegria# que uma das coisas que as ist'rias de
fadas conseguem produir supremamente %em# n,o
essencialmente $escapista) nem $fugitiva). Em seu
am%iente de conto de fadas 1 ou de outro mundo 1 ela uma gra"a repentina e milagrosa2 nunca se pode
confiar que ocorra outra ve. Ela n,o nega a
exist0ncia da dis0atBstrofe, do pesar e do fracasso2 a
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possi%ilidade destes necess-ria = alegria da
li%erta",o. Ela nega Dem face de muitas evid0ncias#
por assim dierG a derrota final universal# e nessa
medida e%angeli#, dando um vislum%re fuga da
!legria# !legria alm das muralas do mundo#
pungente como o pesar.
WC. er *ota & ao final Dp. G.
O sinal de uma %oa ist'ria de fadas# do tipo
mais elevado ou mais completo# que# n,o importa
qu,o desvairados se6am seus eventos# qu,o
fant-sticas ou terr?veis as aventuras# ela pode
proporcionar = crian"a ou ao adulto que a escuta#
quando cega a $virada)# uma suspens,o de flego#
um %atimento e nimo no cora",o# pr'ximos =s
l-grimas Dou de fato acompanados por elasG# t,o
penetrantes como aqueles dados por qualquer forma
de arte liter-ria# e com uma qualidade peculiar.
!t mesmo as ist'rias de fadas modernasconseguem =s vees produir esse efeito. *,o algo
f-cil de faer depende de toda a ist'ria que o
cen-rio da virada# e ainda assim reflete uma gl'ria
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para o come"o. 3ma narrativa que tena 0xito nesse
ponto# em qualquer medida# n,o fracassou por
completo# quaisquer que se6am seus defeitos e
qualquer que se6a a mistura ou confus,o de
prop'sitos. Isso acontece at na ist'ria de fadas
PrMn0ipe FrMgio, do pr'prio !ndre8 Kang# ainda que
se6a insatisfat'ria de muitas maneiras. ;uando $cada
cavaleiro reviveu# ergueu a espada e exclamou2 1 ida
longa ao
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Te glassQ ill I clam% for tee#
Te %luidQ sirt I 8rang for tee#
!nd 8ilt tou not 8auken and turn to me:)W]