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Título oficial do enredo - liesesite.files.wordpress.com · O ano de 2016 marca os 60 anos da conclusão da obra “Caminhos e Fronteiras”, escrita pelo historiador Sérgio Buarque

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Título oficial do enredo:

PERCORRENDO CAMINHOS, ULTRAPASSANDO FRONTEIRAS, HISTORIANDO NOSSO BRASIL

Ficha Técnica do desfile:

Nome oficial da escola: Grêmio Educativo Recreativo Escola de Samba de Enredos Folia Caipira

Cores oficiais: Verde, rosa e branco

Símbolo: Tatu

Presidente: Jeca Mazzaropi

Carnavalesco: Robert

Número de setores: 7

Alegorias: 6

Tripés: 2

Elementos cenográficos: 8

Alas do desfile: 27

Introdução ou Justificativa do Enredo

O ano de 2016 marca os 60 anos da conclusão da obra “Caminhos e Fronteiras”, escrita

pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda. Com o objetivo de informar nosso leitor-folião

sobre uma importante página da história brasileira, nosso desfile foi idealizado a partir da

obra “Caminhos e fronteiras”. Assim, o Grêmio Educativo Recreativo Escola de Samba

Folia Caipira, desenvolverá seu enredo para o I Desfile da Liga das Escolas de Samba de

Enredos (LIESE), como uma homenagem a esse grande pensador brasileiro.

Para Sérgio Buarque de Holanda, os caminhos convidam ao movimento, caraterística dos

índios e dos bandeirantes. Já as fronteiras, entendidas como paisagens, populações,

hábitos, técnicas, idiomas e instituições, ora se afirmavam, se defrontavam ou se

atenuavam, formando produtos mistos. Nesse desfile, além dos caminhos e das fronteiras

propostos por Sérgio Buarque de Holanda, a Folia Caipira convida todos a ultrapassar as

fronteiras do desconhecido e a percorrer os caminhos do saber, buscando compreender

um pouco da história do Brasil, principalmente aquela escrita a partir do século XVI.

Cada um dos sete setores do desfile de nossa agremiação foram inspirados na narrativa

de Sérgio Buarque de Holanda e serão desenvolvido em partes, como capítulos de um

livro. Assim, nossa obra carnavalesca contará com sete partes. Vamos a elas:

Sinopse ou Argumento do Enredo:

Primeira parte: Uma história a ser contada...

... a partir da obra do historiador Sérgio Buarque de Holanda. Sérgio foi tocado por Clio, a

musa da história da mitologia grega. Apaixonou-se por ela. Pesquisando, lendo, ouvindo,

manejando habilmente as diferentes fontes escritas ou relatos orais, o historiador se

notabilizou pelas profundas reflexões realizadas em seu solitário trabalho de gabinete.

Empenhou-se na compreensão da sociedade brasileira quando o país carecia de ser

analisado, estudado e compreendido pelo seu próprio povo.

Em “Caminhos e fronteiras”, a obra que escolhemos para homenagear Sérgio Buarque de

Holanda, o autor descreveu e analisou a expansão da cultura dos bandeirantes pelo

interior do nosso país. Cultura forjada principalmente a partir do contato entre índios e

adventícios e, em grande parte, propagada pelos rebentos nascidos desta união, os

mamelucos. E essa cultura material e imaterial, ainda hoje presente em muitas partes do

interior desse imenso Brasil, será contada em nosso desfile!

Segunda parte: Caminhos percorridos...

... para expandir a Colônia pelos mais distantes sertões. Uma expansão orientada pela

busca de riquezas: a guerra ao índio para a escravização dos sobreviventes e a

mineração de ouro e diamante em busca da ilusória e efêmera riqueza. Caminhos

percorridos por homens dos Quinhentos, Seiscentos e Setecentos. Caminhos indígenas

que antes de se transformarem nas veredas de pé posto, eram os carreiros de antas. Da

união entre adventícios e indígenas, também trilharam esses caminhos os bandeirantes e

sertanistas: muitos deles mamelucos de pé no chão, grande capacidade de

deslocamento, conhecedores do sertão. Caminhos fluviais também foram percorridos

para se fazer o comércio de Porto Feliz a Cuiabá, a partir das técnicas de navegação

ensinadas pelos índios. Do espírito aventureiro dos sertanistas andantes, surge o tropeiro,

montado em seu cavalo, percorrendo os caminhos que conduziram homens por séculos.

Levavam produtos, notícias, expandiam fronteiras. E desses deslocamentos por caminhos

coloniais, o que ficou? Ficou a marcha em fileira simples, bastante usual nas roças e

fazendas dos caipiras. Era o mesmo tipo de deslocamento feito pelos homens da América

portuguesa, cujas filas eram utilizadas em virtude dos caminhos exíguos e das densas

matas a serem transpostas.

Terceira parte: A vida no sertão...

... só era possível conhecendo muito bem o meio-ambiente. E a sabedoria indígena foi

muito importante para os bandeirantes se expandirem de leste a oeste, de norte a sul da

América portuguesa, vivendo da caça, pesca e coleta. A água era um elemento vital nos

longos deslocamentos, sendo comum nos caminhos coloniais a existência das árvores-

fontes, árvores-rios, as samaritanas do sertão, que vertiam do seu caule, de maneira

abundante, o precioso líquido sorvido pelos sequiosos, saciando a sede dos andantes.

Das abelhas nativas, que não possuem ferrão, eram extraídos o mel e a cera, produto

com o qual eram fabricados velas, brandões, círios, tochas e candeias. Nos rios, foram

disseminadas pelos mamelucos e sertanistas, as técnicas indígenas de pesca, a partir da

construção de uma barragem e da intoxicação dos peixes com o tingui e o timbó. Das

fibras e madeiras, abundantes nas matas, os sertanistas fabricavam os arcos e as

flechas, as armas da terra necessárias para se conseguir o alimento de cada dia. Das

matas também eram retiradas diversas plantas para a fabricação dos “remédios de

paulista”, fármacos utilizados para a cura de diversos males.

Quarta parte: Plantar e colher...

... na América portuguesa só foi possível a partir da utilização dos conhecimentos

indígenas. O cultivo do milho, planta nativa das Américas, era feito a partir da derrubada

de um pedaço da mata, sendo as covas para as semeaduras abertas a partir do uso dos

chuços, instrumento apropriado dos índios. Foi assim com os trigais paulistas, e os

arrozais, cujas sementes vieram de Portugal. Os objetos de ferro, como os machados e

as foices, introduzidos pelos adventícios, exerceram fascínio na população nativa que os

conseguia mediante o escambo ou a rapinagem. A madeira dos chuços e o ferro do

machado e da foice são exemplo de fronteiras transpostas, da troca de técnica e

conhecimento. Colhido o milho, o trigo ou o arroz, ambos eram beneficiados nos pilões

indígenas ou nos monjolos trazidos pelos portugueses e até hoje movidos por pequenos

regatos. Somente no final do século XVIII, o arado de ferro passou a ser utilizado no

plantio de variedades de plantas destinadas ao consumo na então Colônia. Mas nem por

isso o chuço deixou de ser utilizado nas roças do interior do Brasil.

Quinta parte: De fio a fio...

... de ponto a ponto, as técnicas de confecção do período colonial permitiram a criação de

tecidos e redes usados para os mais diversos fins. Cuidadosamente e por mãos hábeis,

fibra a fibra do algodão nativo ou da lã das ovelhas de origem europeia eram beneficiados

nas rodas de fiar, um trabalho feito por mulheres, índios, negros e mestiços. Com o anil,

os tecidos ganhavam tons azuis, com a grã, tons vermelhos. Dos tecidos não tingidos, em

tons naturais, crus, somavam-se os azuis e vermelhos, as cores mais presentes na então

América Portuguesa. Do hábito indígena da utilização das redes, costume adotado pelos

portugueses, surge o ofício de redeira, a tecelã responsável por confeccionar esse objeto

mesclando técnica e talento, combinando estilos em uma harmonia e um colorido

refinado. Essas redes, através dos tempos, conduziram sertanistas em suas marchas nos

rústicos caminhos indígenas ou serviram para o descanso de homens e mulheres do

Brasil Colonial.

Sexta parte: O imaginário...

... povoado por lendas, amuletos e receitas para a cura dos males do corpo e da alma fez

parte do dia-a-dia dos moradores da América portuguesa. O Saci e o Curupira, tradições

ainda bastante presentes no interior do Brasil, tiveram sua origem nas histórias narradas

pelos índios aos missionários. Dos sapos Nambicoara eram extraídos seus chifres para a

purificação da água; dos dentes do jacaré, um amuleto valioso, buscava-se a proteção

contra entidades funestas e, dos guizos da cascavel, esperava-se que as cobras não

atacassem quem os possuía. Os curandeiros buscavam, a partir de orações, gestos e

invocações, curar os pacientes de diversos tipos de males, empregando também

medicamentos retirados da fauna e da flora. A fé também tinha o poder de curar com as

orações mágicas destinadas a São Marcos, São Bento e Santa Clara.

Sétima parte: A origem de um povo...

... foi narrada em seis partes. Um povo de chapéu, de pé no chão ou de bota, cigarro de

palha na orelha, vestidos e roupas remendadas, uma figura ímpar desse Brasil plural: é o

caipira!

Roteiro de Desfile:

Sérgio Buarque de Holanda - https://pensadoresbrasileiros.wordpress.com/category/sergio-buarque-de-

holanda/

Setor 1: “Uma história a ser contada...”O primeiro setor da escola tratará do ofício do historiador. Tocado pela musa da história,

Clio, Sérgio pesquisou com profundidade a história do Brasil em arquivos do país e do

exterior. Manejou fontes manuscritas dos séculos XVI, XVII, XVIII, XIX e XX, leu livros,

artigos e ouviu relatos de moradores do interior do nosso país objetivando construir sua

narrativa, sua visão, sua síntese sobre um Brasil interiorano que resultou na sua obra

“Caminhos e fronteiras”.

Documentos - http://www.al.sp.gov.br/acervo-historico/sobre-o-acervo/

Comissão de Frente: O historiador e suas fontes

A comissão de frente representará o solitário trabalho do historiador e suas fontes (os

documentos históricos). Serão 15 componentes, sendo que 14 estarão fantasiados de

fontes documentais (documentos históricos) e um deles estará caracterizado como nosso

grande homenageado, Sérgio Buarque de Holanda. A fantasia das fontes documentais

será confeccionada com tecido estampado com imagens de documentos históricos. Em

tons de cor sépia, que darão um aspecto envelhecido, o figurino será feito com pedaços

desse tecido para representar os fragmentos, os trechos das fontes utilizadas por Sérgio

Buarque de Holanda para a escrita da obra “Caminhos e fronteiras”. Já o componente que

representará o historiador homenageado, usará uma máscara que reproduzirá o rosto de

Sérgio Buarque, com os óculos, um terno e sapatos na cor preta. A coreografia da

comissão de frente mostrará as fases de pesquisa e escrita do historiador, até a

publicação da obra, quando será apresentada nas mãos do componente caracterizado

como o historiador homenageado, o livro “Caminhos e fronteiras”.

Elemento cenográfico 1: O primeiro elemento cenográfico consistirá em um grande livro

aberto em que constará nas suas páginas a frase “Uma história a ser contada...”; será

conduzido por quatro componentes trajando uma roupa cuja estampa do tecido terá

páginas de livros, livros antigos e documentos históricos dispostos de forma aleatória. A

capa do livro será rosa, as páginas nas cores branca e os detalhes em dourado.

Elemento cenográfico 2 – Pede-passagem: O tatu historiador

Nosso primeiro tripé trará o símbolo de nossa escola, o tatu. A saia do pede-passagem

contará com listras nas cores branca, verde e rosa. O elemento cenográfico contará com

a escultura de um tatu em dourado usando os modelos de óculos utilizados por Sérgio

Buarque de Holanda e que segurará em suas patas a representação de um documento

envelhecido com os dizeres: “O GERESE Folia Caipira saúda a imprensa escrita, falada,

televisada e internetada. Saúda os leitores e pede passagem com o enredo ‘Percorrendo

caminhos, ultrapassando fronteiras, historiando nosso Brasil’”.

“Clio” de Pierre Mignard - https://cafecomclio.wordpress.com/2014/08/08/clio-a-musa-da-historia/

Ala 1 – Ala das baianas: A musa da história

A fantasia das baianas representará Clio, a musa da história na mitologia grega. Clio

tocou Sérgio Buarque, transformando-o em um historiador e em um de seus grandes

admiradores. Filha de Zeus e Mnemósine (Memória), Clio tinha o mesmo dom de sua

mãe, ou seja, partilhava do campo do passado e possuía a tarefa de fazer lembrar. Traz

em uma das mãos a trombeta da fama, capaz de tornar suas anunciações notórias e, na

outra, um livro de Tucídides. A fantasia das nossas queridas baianas será inspirada no

quadro “Clio” feita pelo artista francês Pierre Mignard. Cores predominantes: rosa bebê,

verde chá e dourado.

Ala 2 – Velha Guarda: Guardiãs e guardiões da memória

A velha guarda da escola, cujos membros são os guardiões da sabedoria e da memória

da escola, representará as fontes orais utilizadas por Sérgio Buarque de Holanda. Em seu

trabalho de campo, o historiador entrevistou pessoas que relataram técnicas ou

elementos da cultura bandeirante ainda presente no interior do Brasil no século XX. Eles

usarão o traje clássico: terno, sapato e chapéu e elas, tailleur, sapato e chapéu. O tecido

utilizado para a confecção da roupa da velha guarda contará com ampulhetas de

diferentes tamanhos. A ampulheta é um objeto que marca o tempo e é um dos símbolos

da história. Cores predominantes: rosa bebê e verde água.

Ampulheta - http://www.projetomemoria.art.br/PedroAlvaresCabral/links/ampulheta.htm

Alegoria 1 – Abre-alas: O solitário trabalho no gabinete

Nosso abre-alas representará o trabalho solitário de pesquisa e de escrita feito pelo

historiador Sérgio Buarque de Holanda em seu gabinete, escrevendo a obra Caminhos e

fronteiras. A saia do abre-alas contará com relógios de diversos tamanhos que

movimentarão seus ponteiros em sentido anti-horário, significando o retorno no tempo,

nos séculos passados pela leitura das fontes documentais. Os “queijos” do carro estarão

nos lados direito e esquerdo (em ordem de altura crescente) e serão compostos de

ampulhetas e livros empilhados e dispostos de forma alternada. No centro da alegoria,

estará uma escultura de Sérgio Buarque em seu gabinete, sentado em sua mesa,

datilografando sua obra. Sobre a mesa haverá livros e documentos espalhados.

Circundando a escultura de Sérgio Buarque, olhando para o historiador, teremos

esculturas dos sujeitos históricos pesquisados por ele: um índio, um português do século

XVIII, um bandeirante e um sertanista. A fantasia das composições será denominada “A

volta ao passado”. Fantasia do semidestaque lateral direito: “Os caminhos”. Fantasia do

semidestaque lateral esquerdo: “As fronteiras”. Fantasia do destaque central: “Escrevendo

a história”. Cores predominantes: tons de dourado, bege, rosa e verde.

Sérgio Buarque de Holanda – http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/2012/07/11/frase-do-dia-sergio-

buarque-de-holanda/?topo=13,1,1,,,13

Setor 2: “Caminhos percorridos...”O segundo setor da escola tratará dos caminhos coloniais que conduziram riquezas como

o ouro, os diamantes e os índios escravizados.

Elemento cenográfico 3: Idêntico ao primeiro elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “Caminhos percorridos...”; será conduzido por quatro

componentes com o mesmo traje do primeiro elemento cenográfico. A capa do livro será

verde, as páginas nas cores branca e os detalhes em dourado.

Anta - http://www.novohorizonte.sp.gov.br/Fauna/29

Ala 3 - Carreiros de anta

Os caminhos utilizados pelos índios, antes de serem demarcados por estes, foram trilhas

percorridas por antas ou tapires, o maior mamífero da América do Sul. O chapéu da

fantasia contará com a representação da cabeça da anta e o costeiro representará a

mata. Cores predominantes: tons de verde folha e verde menta.

Índios Bororo - http://www.arara.fr/BBTRIBOBORORO.html

Ala 4 - Veredas de pé posto

Nos caminhos percorridos pelos índios na América portuguesa era comum o

deslocamento em filas devido à rusticidade e estreiteza das trilhas. Assim, o índio que

estava atrás pisava exatamente no local em que o índio à sua frente havia pisado

anteriormente, dando origem ao termo “veredas de pé posto”. A fantasia representará um

índio Bororo do século XVIII, cujo grupo travou contatos frequentes com os sertanistas e

que habitava a região adjacente à Cuiabá. Esses índios são reconhecidos pela rica arte

plumária. Todos os participantes da ala terão o rosto pintado e contarão com uma malha

que reproduzirá os grafismos indígenas. O chapéu consistirá em um grande cocar de

penas de pato, mesmo material das ombreiras. O costeiro será confeccionado com longas

penas artificiais que darão um efeito de impacto com o movimento do componente. Cores:

branco e amaranto.

Ala 5 - Os adventícios

Os lusitanos ou adventícios, desde o século XVI, buscaram riquezas a serem exploradas

na América portuguesa. Iniciando ocupação das novas terras pela região da costa, logo

se embrenharam nos sertões, se expandindo terra adentro. A fantasia será inspirada na

moda masculina do século XVIII, com casaco, veste e culote. Perucas, chapéu tricórnio

emplumado, meias e sapatos completarão o figurino. A representação do escudo nacional

português criado em 1640 e utilizado até 1834, na cor dourada e vermelha será levado

por cada componente como adereço de mão. Core predominantes: vermelho, dourado e

verde turquesa.

Ala 6 – Os bandeirantes

Os bandeirantes foram os responsáveis, ao trilhar os caminhos dos índios, por expandir a

ocupação não-indígena pelos sertões da América portuguesa. Muitos deles eram filhos de

portugueses com as índias, os chamados mamelucos, conhecedores das matas e que se

deslocavam com os pés no chão. Como os índios, eram afeitos a se expandir, a trilhar

caminhos. Buscavam nos sertões o ouro e o diamante, além de índios a serem cativados.

A fantasia contará com o chapéu, calça e o gibão, característicos dos bandeirantes. Como

adereço de mão, cada componente levará um arcabuz. Cores predominantes: dourado e

rosa púrpura.

“A partida da monção” de Almeida Júnior -

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mon%C3%A7%C3%B5es_(expedi%C3%A7%C3%B5es_fluviais)

Ala 7 – As monções

Com a expansão dos não índios pelos sertões da América Portuguesa, foram descobertas

em 1719, as minas de Cuiabá pelo sertanista Pascoal Moreira Cabral. Os caminhos por

terra até as minas cuiabanas não estavam delimitados e só seriam utilizados anos depois

com a descoberta do ouro em Goiás. Por isso, o meio mais eficiente de se chegar até as

minas de Cuiabá era por meio das monções, expedições fluviais que contavam com

dezenas de barcos e saíam de Porto Feliz, percorriam todo o Rio Tietê, parte do Paraná e

os demais rios em território mato-grossense. A ala, inspirada no quadro “A partida da

monção” de Almeida Júnior, será composta por grandes canoas que serão conduzidas

(vestidas) por cinco componentes que simularão as monções do século XVIII. Dois

componentes estarão fantasiados de índios, dois de escravos negros e um de sertanista,

este ao centro da canoa, que contará com baús cheios de ouro. Cores predominantes:

verde água, rosa, dourado.

Ala 8 – Os tropeiros

O tropeiro é o sucessor do sertanista, ainda que com características diferentes: o uso das

mulas, a ação mais disciplinadora, as iniciativas corajosas, mas que nem sempre dão

proveito imediato, a ambição menos impaciente e certa dose de previdência. Os tropeiros

comercializavam de tudo: produtos alimentícios, animais, ferramentas e demais utensílios.

A fantasia dessa ala simulará uma grande comitiva de tropeiros, já que cada componente

estará “sentado” sobre uma mula carregada com duas bruacas (baús). Complementam a

fantasia a calça, a camisa, o lenço, o poncho ou pala e o chapéu. Cores predominantes:

branco, rosa e magenta.

“Soldados índios de Mogi das Cruzes” de Jean Baptiste Debret - https://www.myheritage.com.br/photo-

1502761_151424582_151424582/obra-de-debret-mostrando-bandeirantes-em-mogi-das-cruzes-em

Alegoria 2: Riquezas do sertão

Os caminhos percorridos na América portuguesa objetivavam não apenas expansão, mas

também a busca de riquezas: o índio a ser preado, capturado, e o ouro e os diamantes. A

alegoria será inspirada na obra "Combate aos índios botocudos com soldados milicianos

de Mogi das Cruzes" de Jean Baptiste Debret. Predominantemente em tons dourados,

consistirá na representação do sertão, com árvores e a vegetação rasteira, além de

esculturas de índios enfurecidos, empunhando arcos, flechas e bordunas, simulando a

guerra. No entorno do carro, os “queijos” serão diamantes. Na parte traseira da alegoria, a

vegetação mudará de cor, será em tons de verde. Haverá representação de um caminho

delimitado com gramíneas feitas a partir de fibra vegetal e, enfileiradas, no sentido da ala

seguinte, quatro esculturas de caipiras descalços, com calças e camisas coloridas,

chapéu de palha, levando no ombro a enxada para o trabalho no campo. Eles

representarão a forma como os antigos homens deslocavam nos caminhos coloniais,

ainda hoje utilizada, mostrando a permanência da cultura bandeirante e indígena no

interior do país. Fantasia das composições 1: “Ouro”. Fantasia das composições 2:

“Diamantes”. Fantasia das composições 3: “Índios cativos”. Destaque central baixo:

“Bandeirante errante”. Destaque central alto: “Coroa portuguesa”.

Sérgio Buarque de Holanda - http://nossabrasilidade.com.br/trabalho-e-aventura-sergio-buarque-de-

holanda/

Setor 3: “A vida no sertão...”Esse setor tratará da vida dos homens nos sertões da América portuguesa a partir da

caça, coleta e pesca, quando conseguiam produtos essenciais para sua sobrevivência.

Muitas técnicas e produtos utilizados até hoje pelos não-índios foram aprendidas com os

índios que já habitavam o vasto território e conheciam como poucos o ambiente em que

viviam.

Elemento cenográfico 4: Idêntico ao terceiro elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “A vida no sertão...”; será conduzido por quatro componentes

com o mesmo traje do elemento cenográfico anterior. A capa do livro será rosa, as

páginas nas cores branca e os detalhes em dourado.

Ala 9 – Baianinhas: Samaritanas do sertão

Nos longos, sinuosos e exíguos caminhos da América portuguesa, era comum a presença

de árvores-fontes, chamadas de samaritanas do sertão, que vertiam de seus caules, de

forma abundante, água límpida que matava a sede dos andantes. As baianinhas

representarão essas árvores que garantiam a vida nos sertões. Cores predominantes:

branco, verde água-marinha e verde folha.

Anjos tocheiros de Francisco Vieira Servas -

http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2014/05/28/interna_gerais,533343/mp-pede-ao-governo-paulista-a-

devolucao-de-13-pecas-de-igrejas-mineiras.shtml

Ala 10 – A cera

Extraída das colmeias de abelhas nativas brasileiras, a cera era utilizada na fabricação de

velas, círios, tochas e candeias. A fantasia será inspirada nos anjos tocheiros do século

XVIII que foram esculpidos por Francisco Vieira Servas e eram utilizados para a

iluminação dos altares nas igrejas coloniais. Cada componente levará em suas mãos uma

tocha dourada que estará acesa. Cores predominantes: dourado, verde e rosa.

Ipê - https://unhasinspiradas.com/tag/flores/

Quaresmeira: http://www.mfrural.com.br/detalhe/quaresmeira-121713.aspx

Mulungu: https://lookaholic.wordpress.com/2013/06/26/cha-de-mulungu-analgesico-e-sedativo-natural/

Guardiões do Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Flores

Fantasiados de flores nas cores rosa, amarela, azul, branca, vermelha e violeta, os

guardiões protegerão e delimitarão um espaço, abrindo alas para a apresentação do 1º

casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira.

Abelha nativa sem ferrão Jataí - http://www.abelhasjatai.com.br/as-abelhas-jatai/

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: O mel

O mel das abelhas nativas sem ferrão era outro importante produto extraído pelos índios

nas matas cujo uso foi incorporado pelos portugueses, bandeirantes, sertanistas e

mamelucos. Fonte de energia, utilizado como medicamento, também era útil aos

sertanistas quando estes se untavam de mel e cobriam-se de folhas e carvão para

enfrentar as chamas feitas pelos índios nas campinas. A fantasia nas cores dourada,

amarelo ouro e alaranjado, será inspirada na abelha jataí, comum no Brasil. A arte

plumária será composta por faisões.

Ala 11 – Bateria: A pesca

A pesca realizada pelos não-índios no interior do Brasil ganhou um elemento a mais além

do anzol e das redes: o tingui e o cipó timbó, plantas que ao serem colocadas na água,

intoxicam os peixes, facilitando a sua pesca. Essa foi uma técnica indígena disseminada

pelos sertanistas. Na ombreira da fantasia, haverá a representação do cipó timbó. Cores

predominantes: branco, dourado, amarelo e verde.

Arco e flecha Tapirapé - http://www.iande.art.br/armas/flecha/tapirapearcoflecha040425.htm

Ala 12 – Passistas: Arco e flecha

O arco e a flecha foram as armas mais utilizadas durante o período Colonial, uma vez que

as armas de fogo eram lentas e não eram eficientes em períodos de chuva. O figurino

será inspirado nos grafismos indígenas, na taboca, espécie de bambu utilizada na

confecção de flechas e nas roupas dos sertanistas, com o fito de demonstrar fronteiras

transpostas e a apropriação de objetos dos índios pelos não-índios. Cada passista levará

em suas costas a representação de um arco e da aljava com flechas. Cores

predominantes: verde bandeira e amarelo.

Ala 13 – Remédio de paulista

As receitas tiradas da flora e da fauna eram denominadas de remédio de paulista. A

fantasia da ala 13 será inspirada nas plantas e animais: o chapéu da fantasia será a

representação da cabeça de um porco-do-mato, enquanto que as ombreiras, costeiro e

saiote representarão a rica flora brasileira, com folhagens em diversos formatos e tons.

Como adereço de mão, cada componente levará em uma haste adornada com folhagens,

a representação de uma cabeça de um veado. Cores predominantes: verde chá, verde

esmeralda e verde bandeira.

Palmito - http://www.terra.com.br/culinaria/infograficos/alimentos-em-extincao/alimentos-em-exticao-03.htm

Broto de samambaia - http://dentistanh.blogspot.com.br/2010_03_01_archive.html

Alegoria 3: A mesa do Brasil colonial

A terceira alegoria da escola representará a adoção da alimentação dos índios pelos não-

índios, importantes para a subsistência nos sertões ainda pouco explorados e conhecidos

pelos portugueses e mestiços. Os talheres eram pouco usados, geralmente comia-se com

as mãos. No século XVIII, as mesas das famílias mais abastadas eram enfeitadas com

toalhas que possuíam rendas e bordados. Já no final dos Setecentos, as louças orientais

passaram a fazer parte das mesas das famílias mais ricas. O carro consistirá em uma

mesa gigantesca, com uma toalha de rendas e bordados, em que estarão dispostos

candelabros dourados e as louças ricamente pintadas, contendo os alimentos consumidos

na então América portuguesa: jacaré, brotos de samambaia, peixe assado, mandioca

cozida, cará cozido, palmito e farinha. Na parte traseira da alegoria haverá uma revoada

de formigas içás com a escultura de uma gorda e simpática cozinheira negra, segurando

em suas mãos uma farofa desses insetos que ainda hoje é bastante consumida em

regiões do interior do país. Fantasias das composições 1: “Escravas cozinheiras”.

Fantasia das composições 2: “Alimentos da terra”. Fantasia do destaque central: “Iguarias

de bugre”. Cores predominantes: tons de verde e dourado.

Sérgio Buarque de Holanda – http://cafehistoria.ning.com/group/sergio-buarque-de-holanda-vida-e-obra

Setor 4: Plantar e colher...O quarto setor retratará as técnicas de plantio e as variedades de plantas cultivadas na

América portuguesa, uma síntese do conhecimento indígena e europeu.

Elemento cenográfico 5: Idêntico ao quarto elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “Plantar e colher...”; será conduzido por quatro componentes

com o mesmo traje do elemento cenográfico anterior. A capa do livro será verde, as

páginas nas cores branca e os detalhes em dourado.

Ala 14 - O chuço indígena

O chuço indígena, até hoje empregado no plantio, é utilizado para a abertura de covas

para a semeadura e foi mais aproveitado no trabalho nas lavouras até o século XVIII. A

fantasia dessa ala será composta por representação de espigas de milho nas ombreiras e

no costeiro, juntamente com penas de pato. Cada componente vestirá uma malha cuja

estampa será feita com grafismos indígenas. Complementa o figurino a sandália, o cocar

de penas de pato e sementes de milho, além do chuço, levado por cada componente

como adereço de mão. Cores predominantes: fúcsia, branco e amarelo.

Ala 15 – Instrumentos de ferro

Machados, foices e enxadas eram utilizados na agricultura europeia há séculos.

Entretanto, eram desconhecidos pelos indígenas que, ao terem contato com esses

objetos feitos de ferro, cuja durabilidade era muito maior do que os seus de pedra, ficaram

fascinados. Na América portuguesa essas ferramentas foram integradas à prática da

agricultura com grande êxito. A fantasia contará com a representação de machados e

foices no costeiro e no chapéu. Cada componente levará em suas mãos uma enxada.

Cores predominantes: branco, dourado, amarelo e rosa shocking.

Ala 16 – O pilão

O pilão foi um objeto utilizado pelos índios e incorporado pelos portugueses e mestiços no

dia-a-dia. Utilizado para diversos tipos de grãos, é mais um exemplo de fronteira

transposta. A fantasia será inspirada nos grafismos indígenas. Junto ao cocar da fantasia

haverá um pilão. Completa o figurino, como adereço de mão, a mão de pilão. Cores

predominantes: rosa, rosa púrpura e verde.

Monjolo - http://olhoabertocuritiba.blogspot.com.br/2013/07/width420-height360-srchttpswww.html

Tripé 1 – O monjolo

Possivelmente a origem do monjolo seja asiática e ele deve ter chegado à Europa durante

o período das navegações portuguesas. Introduzido pelos lusitanos na América, é

formado por um pilão e uma haste e era utilizado principalmente para a trituração do milho

e do arroz. O primeiro tripé da escola será a representação de um monjolo, com uma

queda d’água que encherá a cuba, demonstrando seu típico movimento de sobe e desce.

A saia do carro será em dourado e complementam o tripé, uma vegetação rasteira e um

pequeno lago que receberá a água despejada pela cuba. Destaque central: “O pequeno

regato”. Cores predominantes: verde água, verde folha e dourado.

Arado radial lusitano no século XVI - http://dasmos-historia.blogspot.com.br/

Ala 17 – O arado

O arado foi introduzido pelos portugueses para o preparo do solo. Entretanto, apesar de

pouco utilizado em virtude da eficiência do chuço indígena, só foi realmente popularizado

no século XIX. Essa ala contará com duas fantasias diferentes: uma será composta por

componentes negros, cujo figurino representará os escravos, com calça rosa e sandália.

Cada componente conduzirá um arado que terá uma rodinha na parte anterior para

facilitar o deslocamento durante o desfile. Entre as filas de escravos com arados, haverá

componentes fantasiados de vegetação (gramíneas) cujas folhas serão confeccionadas

em espuma. Cores predominantes: verde folha, e rosa.

Alegoria 4 – Técnicas agrícolas A alegoria, elaborada em três planos, como uma escada, representará uma grande

plantação dos cereais mais cultivados na América portuguesa. A saia do carro mostrará o

solo e as raízes das plantas em tons de marrom. No entorno da alegoria, esculturas de

espigas de milho, grãos de trigo, arroz e, no lado direito, a escultura de um escravo negro

e, no lado esquerdo, a escultura de um escravo indígena. O plano inferior será ocupado

por composições fantasiadas de “Milho”. A parte intermediária será ocupada por

composições fantasiadas de “Trigo”. Na parte superior, as composições representarão o

“Arroz”. Fantasia do semidestaque lateral direito: “As sementes”. Fantasia do

semidestaque lateral esquerdo: “As chuvas”. Fantasia do destaque central: “O Sol”. Na

parte traseira da alegoria haverá a escultura de um moleiro com seu moinho de pedra em

movimento giratório, representando outra técnica adventícia ainda presente no interior do

país. Cores predominantes: dourado, amarelo e marrom claro.

Sérgio Buarque de Holanda – http://www.livrosepessoas.com/2015/01/10/livro-moncoes-de-sergio-buarque-

de-holanda-e-reeditado-com-textos-ineditos/

Setor 5: De fio a fio...O quinto setor da escola tratará das fibras vegetais ou animais que, a partir de técnicas

europeias de fiação, foram utilizadas na América portuguesa para a feitura de roupas e

redes. O algodão era nativo das Américas, mas as lãs só foram conhecidas na então

Colônia, quando as primeiras ovelhas foram trazidas pelos navios lusitanos.

Elemento cenográfico 6: Idêntico ao quinto elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “De fio a fio...”; será conduzido por quatro componentes com o

mesmo traje do elemento cenográfico anterior. A capa do livro será rosa, as páginas nas

cores branca e os detalhes em dourado.

Algodoal -

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Algod%C3%A3o&ltr=a&id_pers

o=1660

Ala 18 – O algodão nativo

O algodoeiro é uma planta herbácea nativa do Brasil. Utilizado por índios, a partir da

expansão da cultura bandeirante pelos sertões da Colônia e pela existência das técnicas

de fiação, passou a ser utilizado como planta fornecedora de fibras vegetais para a

fabricação de panos. A fantasia contará com calças brancas bufantes (bloomers) até a

altura do joelho. Nas ombreiras, a representação de algodões. O chapéu contará com a

representação de folhas e algodões. O costeiro representará as hastes do algodoeiro

repleto de frutos que serão do mesmo tamanho que os utilizados no chapéu. No conjunto,

ao ser visualizada, a ala propiciará a visão de um algodoal. Cores predominantes: branca

e marrom.

Ala 19 – A lã

Extraída de ovelhas de origem europeia, após a tosquia, a lã era cardada e fiada

artesanalmente para ser transformada principalmente em roupas. A fantasia será a

representação de uma ovelha: o chapéu será a cabeça do animal. Ombreiras, braceletes

e calças bufantes complementam o figurino. Cores predominantes: branca e rosa.

Roda de fiar - http://rs.olx.com.br/regioes-de-porto-alegre-torres-e-santa-cruz-do-sul/arte-e-

decoracao/antiguidade-roca-de-fiar-antiga-44474274

Ala 20 – A roda de fiar

Técnicas europeias manejadas por mulheres, carijós (índios guaranis escravizados) e

negros, assim era a transformação das fibras vegetais e animais nas rodas de fiar na

maior parte do Brasil Colonial. Fantasia da ala: o componente usará uma malha branca

que cobrirá todo o corpo, dos pés à cabeça e simbolizará a lã e o algodão. Por cima

dessa malha, “vestirá” uma grande roda de fiar na cor dourada.

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Panos e corantes

As cores “cruas” estavam bastante presentes nos sertões da América portuguesa. Para

colorir os tecidos, diferentes técnicas foram utilizadas. Nosso segundo casal de mestre-

sala e porta-bandeira representará os corantes empregados no tingimento dos tecidos no

interior da América portuguesa: ele, cujo figurino será confeccionado em tons azuis,

representará o anil, e ela, toda em tons vermelhos, a grã, corante extraído da cochonilha

do carmim. A arte plumária será realizada com penas de avestruz e faisões em tons azuis

(na fantasia dele) e vermelhos (fantasia dela).

Rede com franjas - http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-704124831-rede-de-dormir-c-madeira-r-33600-

cru-natural-_JM

Ala 21 – Damas: Redeiras

A ala das damas representará as artesãs que confeccionam as redes, as chamadas

redeiras. Utilizando teares, técnica e bom-gosto, pacientemente, tecem esse objeto que

foi bastante utilizado pelos índios tupis da costa brasileira. As senhoras dessa ala usarão

luvas, pano na cabeça (como as redeiras paulistas utilizavam), vestido longo e

sombrinhas, ambos com franjas, como as utilizadas nas redes. Cor predominante: rosa

chá.

Ala 22 – Redes de transportar

Como algo distinto, que demonstrava status, era comum os sertanistas se deslocarem

pelos caminhos coloniais sendo carregados por seus escravos nas chamadas redes de

transportar. A ala será composta somente por homens que estarão vestidos com calça,

chapéu, camisa e sandália. Dois componentes levarão uma grande haste com uma rede

presa às duas extremidades. Nessa rede estará deitado um boneco vestido como

sertanista. Cores predominantes: verde chá e rosa claro.

Tear manual - https://capeiaarraiana.wordpress.com/2012/02/27/casteleiro-fiacao-tecelagem-tinturaria/

Alegoria 5 – Colhendo, fiando e tecendo as tramas da história

A quinta alegoria da escola mostrará as atividades manufatureiras, a fabricação de fios e

tecidos que era uma atividade basicamente familiar. A alegoria consistirá na

representação do interior de uma casa em estilo colonial do século XVIII, com esculturas

de uma mulher e uma moça trabalhando em uma roda de fiar. Próximo a estas, duas

esculturas de escravas, cada uma com dois grandes cestos trabalhando na carda do

algodão. A lateral do carro contará com grandes redes com esculturas de homens e

mulheres descansando. Na parte traseira da alegoria haverá a escultura de uma redeira

manejando um tear manual de pano, demonstrando que as técnicas de confecção desse

objeto ainda estão presentes em regiões do interior do país. Fantasia das composições:

“Fibras têxteis”. Destaque central baixo: “Tecendo a história”. Destaque central alto: “Arte

das redeiras”. Cores predominantes: branco, dourado, verde e rosa.

Sérgio Buarque de Holanda - https://pt.wikipedia.org/wiki/Homem_cordial

Setor 6: O imaginário...Esse setor tratará das lendas, crenças, objetos de proteção, métodos de cura e orações

presentes no imaginário da população do interior do Brasil Colonial.

Elemento cenográfico 7: Idêntico ao sexto elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “O imaginário...”; será conduzido por quatro componentes com o

mesmo traje do elemento cenográfico anterior. A capa do livro será verde, as páginas nas

cores branca e os detalhes em dourado.

Ala 23 – Crianças: O saci

O saci é um ser que vive nas matas. Negro, possui uma perna só e usa um gorro

vermelho na cabeça. Conta a lenda que ele vive 77 anos depois de passar sete anos

sendo gestado no colmo de um bambu. Para aprisiona-lo, o meio mais eficaz é lançar

contra o saci um laço de rosário. As nossas queridas crianças virão caracterizadas como

sacis entre bambus e folhagens. Cores predominantes: verde folha, verde claro e preto.

Ala 24 – Sapo Nambicoara

O sapo Nambicoara, que existia nos sertões da capitania de São Paulo, possuía chifres

que, segundo a crença dos antigos moradores, tinha o poder de purificar a água. A

fantasia consistirá em um grande sapo com cornos que será “vestido” pelos componentes.

Os braços e as pernas dos desfilantes serão as patas do animal. Cor predominante: verde

oliva.

Ala 25 – Amuletos

Os amuletos são objetos utilizados para a proteção do usuário contra diversos tipos de

males. Era comum a utilização pelos habitantes da América portuguesa, de partes do

corpo de animais selvagens como chifres, dentes, ossos, unhas, couros, gorduras ou

couraças. Os dentes de jacaré eram úteis para afastar a ação de entidades funestas; as

unhas de tamanduá eram eficientes contra os males oriundos do ar, enquanto que o guizo

da cascavel era um excelente objeto para evitar acidentes ofídicos. A fantasia será uma

mistura dessas crenças: os componentes utilizarão uma sapatilha e uma malha que

cobrirá o corpo na cor verde. O chapéu será a cabeça de um tamanduá; a ombreira

consistirá em duas cabeças de jacaré; agarrada e enrolada ao corpo do componente, a

representação de uma cascavel. Cada desfilante levará como adereço de mão um bastão

com dentes de jacaré, guizos de cascavel e unhas de tamanduá (unidas aos pares como

uma lua crescente, conforme o costume da época). Cores predominantes: verde chá,

verde esmeralda e verde bandeira.

Ala 26 – Curandeirismo

Os curandeiros se dedicavam a curar os doentes de diversos tipos de males do corpo ou

do espírito. Para isso lançavam mão de orações, gestos e invocações, complementados

com repouso ou algum tipo de remédio de origem animal ou vegetal. A fantasia dessa ala

representará a ação desses curandeiros. No chapéu e na capa da fantasia, teremos

orações católicas; na ombreira e no costeiro, grandes mãos que simbolizarão os gestos e

o movimento das mãos para a cura do doente. Complementa a fantasia, a representação

de ervas na calça do figurino. Cores predominantes: Verde, rosa shocking e dourado.

Santa Clara - http://franciscanasprovidencia.org.br/triduo-de-santa-clara-3o-dia.html

Alegoria 6 – O poder da crença e da fé

O sexto carro alegórico da escola, construído em dois planos, representará a crença e a

fé dos homens do Brasil Colonial. Na parte inferior da alegoria, haverá cestas de fibras

vegetais com ervas, cobras conservadas em vidros com cachaça, pedras de bezoar,

unhas e ossos de anta. O plano superior consistirá em um oratório aberto, ricamente

pintado, com imagens de São Bento e São Marcos. Nas laterais desse oratório, estarão

afixados pergaminhos antigos com as orações dedicadas a esses santos. A parte traseira

da alegoria consistirá na representação de uma pequena casa com jardim.

Complementam a cena as esculturas de uma velha senhora de óculos e vestido, sentada

em uma cadeira de balanço com um livro sobre as lendas brasileiras aberto em suas

mãos, além de duas crianças ouvindo as histórias contadas pela anciã. Entre os arbustos

do jardim, a escultura do Curupira, ouvindo atentamente a conversa entre a avó e seus

netos. Fantasia das composições 1: “A crença nos produtos da natureza brasílica”.

Fantasia das composições 2: “A fé católica”. Destaque central: “Oração à Santa Clara”.

Cores predominantes: dourado, verde e rosa.

Sérgio Buarque de Holanda - http://www.oocities.org/florestanvive/sb.html

Setor 7: A origem de um povo...Toda a história narrada em nosso desfile é a história da formação de um povo: o caipira,

que surgiu principalmente a partir da união entre portugueses e indígenas, herdeiro de

técnicas de ambas as culturas e habitante de uma parte considerável do Brasil: do Paraná

até Goiás, do Mato Grosso até regiões do Rio de Janeiro, antigas áreas de influência dos

paulistas. Esse pequeno setor mostra os principais responsáveis pela conservação de

aspectos culturais dos indígenas e bandeirantes. Nosso desfile, portanto, não termina

com um ponto final, mas com reticências, indicando que essa história continua...

Elemento cenográfico 8: Idêntico ao sexto elemento cenográfico, nas páginas abertas

do livro constará a frase “A origem de um povo...”; será conduzido por quatro

componentes com o mesmo traje do elemento cenográfico anterior. A capa do livro será

rosa, as páginas nas cores branca e os detalhes em dourado.

Quadrilha - http://www.fashionbubbles.com/festas-tematicas/joo-2012-looks-noivas-caipiras-trajes-para-

quadrilha-feminino-e-masculino/

Ala 27 – Coreografada: Um povo em festa!

Nossa última ala representará uma quadrilha, dança realizada entre os meses de junho e

julho e que congrega os caipiras a dançar em torno de uma fogueira com muita comida

típica e animação. A ala será composta por todos os tipos de casais, homossexuais ou

heterossexuais, sem discriminação. Uma fantasia consistirá em calça remendada, camisa

xadrez e lenço, além da bota e chapéu de palha. Outra fantasia consistirá em vestidos e,

na cabeça, um chapéu de palha com tranças. Cada figurino será confeccionado com

tecidos em diferentes tons de verde e rosa, propiciando um colorido bastante expressivo.

Essa ala seguirá a coreografia da quadrilha tradicional e será acompanhada de elementos

cenográficos como fogueira e balões coloridos. Cores predominantes: branco e os mais

diversos tons de verde e rosa.

Caipira - http://www.aprovincia.com.br/conversa-de-pescador/cultura-caipira/os-diversos-caipiras-segundo-

cornelio-pires/

Tripé 2 – Caipira com orgulho!

O terceiro tripé da escola, em tom de humor, contará com uma grande escultura de um

caipira bonachão: sorriso aberto, capim na boca, chapéu, cigarro atrás da orelha,

descalço e com uma calça cuja barra estará um pouco abaixo do joelho, além de camisa

de botão aberta. Essa escultura saudará o público-leitor. A saia do tripé será toda

confeccionada com chapéus de palha. Destaque central: “Cultura caipira”. Cores

predominantes: palha, branco e tons de verde e rosa.

Referências utilizadas:

Palacin, Luís. Goiás: 1722 – 1822. Estrutura e conjuntura numa capitania de minas, 1972.

Sandra Jatahy Pesavento. História & História Cultural: Autêntica, 2008.

Sérgio Buarque de Holanda . Caminhos e fronteiras: José Olympio Editores, 1957.

Sérgio Buarque de Holanda. Monções: Companhia das Letras, 2014.

Sérgio Buarque de Holanda. O extremo oeste: Brasiliense; Secretaria de Estado da

Cultura, 1986.

Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil: Companhia das Letras, 1995