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1 Texto 2 - Aulas 06, 07 e 08 TIPOS DE PESQUISAS Fazer pesquisa não significa adotar um roteiro pré- estabelecido, com o passo a passo que se deve seguir. O pesquisador tem liberdade para conduzir sua pesquisa da forma que considerar mais adequada. Por isso, são vários os tipos de pesquisa. Selecionamos aqui os tipos mais comuns e os classificamos segundo sua aplicabilidade, o ambiente onde são realizados, a quantidade de casos analisados, os objetivos e forma de coleta dos dados: Quanto à sua aplicabilidade Pesquisa Pura: tem como objetivo principal gerar conhecimentos novos que são úteis para a ciência, mas sem aplicação prática. Orienta-se somente pela busca do saber. Pesquisa Aplicada: busca soluções para problemas concretos e imediatos, gerando conhecimentos para aplicação prática. Quanto ao ambiente onde são realizadas as pesquisas Pesquisa Teórica: é realizada por meio de consulta a textos já publicados (livros, artigos, revistas, jornais). É importante ressaltar que todas as pesquisas necessitam de pesquisa bibliográfica, mas em alguns casos, a consulta a textos escritos é a única fonte de informação da investigação. Também é importante acrescentar que nesse tipo de pesquisa não basta apenas coletar e resumir alguns artigos relevantes: é preciso organizar, analisar, discordar, acrescentar e comparar a literatura. Pesquisa Experimental: nesse tipo de pesquisa são realizadas experiências em que fenômenos da realidade são repetidos de forma controlada, para desvendar os fatores que os produzem ou que são produzidos por eles. Tais experimentos são feitos com um número reduzido de casos e os resultados obtidos são generalizados para o universo inteiro do fenômeno. Pesquisa de campo: o pesquisador observa os fatos tal como ocorrem na realidade. Para tanto, ele vai aos locais onde ocorrem os fenômenos e coleta seus dados. Quanto à quantidade de casos analisados Estudo de Caso: investigação de um único caso que deve ser analisado de forma exaustiva. Comparação: dois ou mais casos são selecionados para que sejam observadas semelhanças, diferenças e as possíveis relações entre eles. Pesquisa levantamento: nessa pesquisa, também chamada de survey, as pessoas são diretamente interrogadas para que se conheça o

Tipo de Pesquisas - Metodologia

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Texto 2 - Aulas 06, 07 e 08TIPOS DE PESQUISAS

Fazer pesquisa não significa adotar um roteiro pré-estabelecido, com o passo a passo que se deve seguir. O pesquisador tem liberdade para conduzir sua pesquisa da forma que considerar mais adequada. Por isso, são vários os tipos de pesquisa. Selecionamos aqui os tipos mais comuns e os classificamos segundo sua aplicabilidade, o ambiente onde são realizados, a quantidade de casos analisados, os objetivos e forma de coleta dos dados:

Quanto à sua aplicabilidadePesquisa Pura: tem como objetivo principal gerar conhecimentos novos que são úteis para a ciência, mas sem aplicação prática. Orienta-se somente pela busca do saber. Pesquisa Aplicada: busca soluções para problemas concretos e imediatos, gerando conhecimentos para aplicação prática.

Quanto ao ambiente onde são realizadas as pesquisasPesquisa Teórica: é realizada por meio de consulta a textos já publicados (livros, artigos,

revistas, jornais). É importante ressaltar que todas as pesquisas necessitam de pesquisa bibliográfica, mas em alguns casos, a consulta a textos escritos é a única fonte de informação da investigação. Também é importante acrescentar que nesse tipo de pesquisa não basta apenas coletar e resumir alguns artigos relevantes: é preciso organizar, analisar, discordar, acrescentar e comparar a literatura.

Pesquisa Experimental: nesse tipo de pesquisa são realizadas experiências em que fenômenos da realidade são repetidos de forma controlada, para desvendar os fatores que os produzem ou que são produzidos por eles. Tais experimentos são feitos com um número reduzido de casos e os resultados obtidos são generalizados para o universo inteiro do fenômeno.

Pesquisa de campo: o pesquisador observa os fatos tal como ocorrem na realidade. Para tanto, ele vai aos locais onde ocorrem os fenômenos e coleta seus dados.

Quanto à quantidade de casos analisadosEstudo de Caso: investigação de um único caso que deve ser analisado de forma exaustiva. Comparação: dois ou mais casos são selecionados para que sejam observadas semelhanças,

diferenças e as possíveis relações entre eles.Pesquisa levantamento: nessa pesquisa, também chamada de survey, as pessoas são

diretamente interrogadas para que se conheça o comportamento delas. Quando todas as pessoas são investigadas, temos um censo. No entanto, pela dificuldade de realização de censos, geralmente seleciona-se uma amostra significativa de indivíduos - com base em cálculos estatísticos - para a obtenção das informações desejadas.

Quanto aos objetivosPesquisa Exploratória: apresenta quantidade considerável de informação sobre um

fenômeno ainda pouco conhecido. É a primeira aproximação com o tema, por isso geralmente é feita por meio de Levantamentos bibliográficos; Entrevistas com profissionais da área; Visitas à instituições; Pesquisa em Web sites.

Responde a questão: “Como?”Pesquisa Descritiva: concentra-se na descrição dos fenômenos do mesmo modo como são

observados pelo pesquisador. Procura descobrir a freqüência com que o fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, sua relação com outros fenômenos. É realizada por meio da observação sistemática e não participante com o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados (questionário e observação sistemática).

Responde as questões: “O quê ?”; “Quais?”

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Pesquisa Explicativa: tem como objetivo esclarecer os fatores que contribuem para a ocorrência de um fenômeno, ou seja, explicar o porquê de uma realidade. Formula generalizações, define leis, relaciona hipóteses existentes e gerar novas via dedução. Exigem maior investimento na síntese, teorização e reflexão sobre o objeto.

Responde a questão: “Por quê?”

Quanto à forma de coleta dos dados Pesquisa Quantitativa: trabalha com dados quantificáveis, ou seja, expressa informações e

opiniões em números. Para tanto, utiliza a estatística. Pesquisa Qualitativa: capta o modo como indivíduos ou grupos veem e entendem o mundo

ou uma parte específica dele, e como constroem significado e conhecimento. A qualidade traz a subjetividade dos objetos à tona.

Um tipo de pesquisa não exclui o outro. Ou seja, você pode realizar uma pesquisa aplicada, em que coletará dados sobre um único caso diretamente no local em que ocorre, por meio de técnicas qualitativas com o objetivo de propor soluções para um problema social. Ademais, dentro da mesma classificação é possível adotar mais de um tipo de pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa pura de campo, com o objetivo de descrever e propor soluções para um problema, e que terá os dados coletados por meio de técnicas quantitativas e qualitativas.

Quadro 1- Tipos de pesquisa

Quanto à sua aplicabilidade

Pura Aplicada

Quanto ao ambiente onde são realizadas

Teórica Pesquisa de campo Experimental

Quanto à abrangência

Estudo de Caso Comparação Pesquisa levantamento

Quanto aos seus objetivos

Exploratória Descritiva Explicativa

Quanto à forma de coleta dos dados

Quantitativa Qualitativa

Fonte: elaboração da autora

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TEMA: Técnicas de coleta de dados quantitativos

APRESENTAÇÃO Existem inúmeras técnicas para a coleta de dados. De forma geral, essas técnicas geram

dados quantitativos e qualitativos, sendo que a diferença entre ambos é que, enquanto os dados qualitativos destacam porque os indivíduos pensam sobre um tema, as informações quantitativas ressaltam quantos indivíduos pensam da mesma forma.

BLOCO 1: CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUANTITATIVAA pesquisa quantitativa, como o nome já diz, avalia quantidade, por isso envolve números e

utiliza técnicas estatísticas. Ela é aplicada nos estudos descritivos que buscam medir frequências gerais (quantas pessoas têm determinadas características, opiniões ou comportamentos), e também nos estudos explicativos que estabelecem correlações entre variáveis. Logo, a pesquisa quantitativa é usada para medir algo explícito e o pesquisador define de antemão o que deve ser perguntado. Por isso geralmente são utilizados instrumentos estruturados como os questionários.

Nas pesquisas descritivas, a frequência das respostas aos questionários é quantificada e apresentada por meio de porcentagens em tabelas ou gráficos. Já nas pesquisas destinadas a explicar um fenômeno, são aplicados testes estatísticos que verificam a correlação de variáveis. Os testes estatísticos também possibilitam verificar em que medida as conclusões de uma pesquisa podem ser estendidas a todo o universo do fenômeno. Por isso os relatórios de pesquisas quantitativas contêm muitos cálculos e análises estatísticas, e geralmente apresentam testes de teorias. Aliás, a coleta e análise de dados quantitativos exigem algum conhecimento em estatística ou o auxílio de um estatístico.

Para possibilitar análises estatísticas confiáveis, os objetos de investigação das pesquisas quantitativas devem fazer parte de amostras probabilísticas, representativas de um universo. Dessa forma, é possível generalizar os resultados a todo o universo do fenômeno.

As pesquisas quantitativas que captam características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, representante de uma população alvo, são chamadas de pesquisas levantamento ou survey. Um tipo específico é o survey de painel, em que dados de um mesmo tipo são coletados e analisados ao longo de um período. É comum vermos esse tipo de pesquisa em época de eleições, já que por meio delas é possível perceber as preferências do eleitorado a partir de uma amostragem da população.

A confecção de pesquisas quantitativas na área social tem influência do Positivismo, nome que se dá a corrente filosófica iniciada pelo pensador francês Auguste Comte (1798 -1857), e famosa pelos escritos do sociólogo, também francês, Émile Durkheim (1858 – 1917). Em linhas gerais, o Positivismo defende a aproximação entre as ciências naturais e sociais, ou seja, para essa corrente as ciências sociais devem estudar e analisar a realidade social da mesma forma que as ciências naturais (biologia, botânica, zoologia, física, química) analisam seus fenômenos. Por meio dessa aproximação, esperava-se que as ciências sociais descobrissem teorias gerais que explicassem o funcionamento das sociedades, assim como fazem as ciências naturais – principalmente a física e a biologia – no seu campo de atuação.

Além disso, para os positivistas a sociedade só poderia ser conhecida por meio da observação e experimentação, da mesma forma como são conhecidos os fenômenos das ciências naturais. Dessa forma, a pesquisa social formularia explicações desprovidas de opiniões pessoais do pesquisador. Nesse sentido, a explicação da realidade por meio de números afastaria a subjetividade do pesquisador e, assim, a pesquisa social alcançaria o status de investigação científica. Logo, a relação entre pesquisador e os objetos de investigação deve ser distante, para que a subjetividade do primeiro não influencie as análises.

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É por isso que as pesquisas quantitativas procuram a verificação da realidade por meio de dados estatísticos. Ademais, as pesquisas quantitativas, ainda que na área social, partem de uma hipótese e observam a realidade para confirmar ou rejeitar a hipótese, assim como o fazem as pesquisas nas áreas exatas e biológicas.

Para melhor compreensão, utilizamos como exemplo uma famosa pesquisa que utiliza dados quantitativos para a explicação de um fenômeno social. Ela foi realizada pelo sociólogo francês Émile Durkheim e está exposta na obra “O Suicídio”, publicada em 1897. Na pesquisa, o citado autor partiu da hipótese de que as causas do suicídio eram de natureza social. Para comprovar tal hipótese, analisou registros de suicídios nos países europeus considerando diversas variáveis ligadas ao fenômeno (tais como clima, raça, doenças mentais, estado civil, religião etc.). Após a análise dos dados, o sociólogo concluiu que o suicídio está relacionado com a quebra dos laços de solidariedade entre os indivíduos.

BLOCO 2: O QUE SÃO VARIÁVEIS?Alguns tipos de pesquisas verificam se há relações entre informações, como profissão e

renda, por exemplo, com o intuito de explicar e comprovar uma observação (como o fato de que profissionais da área médica ganham, em geral, mais do que educadores). Para tanto, pesquisadores utilizam cálculos estatísticos que “cruzam” dados (como a renda dos indivíduos pesquisados e a profissão dos mesmos). Por meio desses testes estatísticos é possível constatar se há relação entre dados - no caso do exemplo citado, é possível provar que pessoas de determinada profissão ganham mais do que outras. Esses dados que ajudam a explicar uma questão são chamados de variáveis.

“Uma variável pode ser considerada como uma classificação ou medida” (MARCONI e LAKATOS, 2010, p. 121), ou seja, trata-se de um conceito operacional que apresenta valores passíveis de mensuração. Noutras palavras, variáveis são propriedades que se modificam e, portanto, são passiveis de observação e quantificação, sendo que elas podem ser medidas por sua quantidade, qualidade e/ou características tais como: renda, idade, opinião sobre algo etc.

Quando um elemento passível de ser mensurado é estudado em uma pesquisa, ele é chamado de variável dependente, pois depende de outras para ocorrer. Já as variáveis que interferem em um fenômeno, são chamadas de variáveis independentes. Logo, a variável independente precede e interfere na variável dependente. Para entendermos melhor essa questão, vejamos mais detalhadamente:

Variável dependente (Y): é o elemento analisado e explicado pela pesquisa a partir da influência que sofre de outras variáveis. Noutras palavras, é o fator que é afetado pela variável independente.

Variável independente (X): é a variável que influencia, determina ou afeta outra variável. Trata-se de uma condição, ou a causa, que tem um efeito ou consequência em um fenômeno.

Suponhamos, por exemplo, que um pesquisador queira estudar opiniões a respeito da pena de morte. Trata-se de uma categoria que varia segundo os entrevistados e pode ser mensurada (em contra, a favor ou indiferente). Mas o que leva os indivíduos a formarem tal opinião? Suponhamos, ainda, que tais opiniões sejam influenciadas por outros elementos como renda, religião ou idade. Nesse caso, chamamos as opiniões sobre pena de morte de variável dependente, e os elementos que podem interferir nessa questão de variável independente.

Vale ressaltar que a determinação do que é considerada variável dependente ou independente é feita pelo pesquisador a partir do que ele deseja explicar. E, caso a pesquisa mude o foco, uma variável dependente pode ser a variável independente em outra pesquisa. Por exemplo, caso o pesquisador queira saber quais elementos influenciam as opiniões sobre pena de morte, essas opiniões serão sua variável dependente. Mas, caso ele queria saber se a opinião sobre pena de morte influencia o grau de violência de pessoas envolvidas em casos de

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linchamentos públicos, a opinião sobre pena de morte será a variável independente, e o grau de violência será a variável dependente.

Por meio de testes estatísticos é possível saber quais variáveis independentes têm relação com determinada variável dependente. Por isso, ao empreender análises quantitativas do tipo explicativa, o pesquisador deve estar ciente do que vai pesquisar (sua variável dependente) e quais são os elementos que interferem no fenômeno estudado (as variáveis independentes). Essa nomenclatura é importante para a realização de testes estatísticos.

BLOCO 3: A ESCOLHA DOS OBJETOS DE INVESTIGAÇÃO NAS PESQUISAS QUANTITATIVASPara a realização da pesquisa, é necessário escolher os objetos de investigação, ou seja, as

pessoas, instituições ou situações que serão investigadas para que o pesquisador responda o problema da pesquisa.

Nas pesquisas de natureza quantitativa há uma forte preocupação com a precisão dos resultados finais, dado que os mesmos serão generalizados para o universo do fenômeno. Ou seja, os resultados da pesquisa devem ser um reflexo do universo total do fenômeno pesquisado. Por isso os objetos investigados compõem uma amostra probabilística, definida por meio de procedimentos estatísticos, onde todos os indivíduos da população possuem as mesmas chances de serem escolhidos. Por exemplo, caso um pesquisador queira saber a opinião da população acerca da pena de morte, ele não precisa entrevistar os mais de 192 milhões de brasileiros. É possível selecionar uma amostra representativa da opinião da população total, com base em cálculos estatísticos.

Nessa seleção é necessária a aplicação de fórmulas que consideram o erro amostral desejado, o grau de confiança e o universo do fenômeno (também chamado de universo dos dados ou de população do fenômeno, ou seja, o conjunto total dos elementos que apresentam determinada característica).

São vários os tipos de amostras probabilísticas, que devem ser escolhidas segundo critérios definidos pelo pesquisador ao considerar seus objetivos, capacidades e limites. Apresentamos a seguir algumas delas:

Amostragem aleatória simples: trata-se do modo mais fácil e básico de seleção de uma amostra probabilística, bastando sortear um elemento da população.

Amostragem estratificada: são elaborados subgrupos de uma população, segundo critérios como sexo, idade ou renda, e depois seleciona-se uma amostra aleatória de cada subgupo.

Amostragem por conglomerado: divide-se a população em diferentes conglomerados (grupos) e seleciona-se uma amostra somente de alguns deles, e não de toda a população. É indicada quando a identificação de todos os elementos de um universo é dificil. Na prática, é comum a seleção de conglomerados segundo critérios geográficos, ou seja, são escolhidas aleatoriamente algumas regiões e, dentro delas, algumas casas.

Caso o universo do fenômeno não seja tão grande, ou a pesquisa seja de grande porte, ainda é possível a realização de um censo, onde todos os indivíduos de um conjunto serão pesquisados.

BLOCO 4: PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS QUANTITATIVOS Os dados de uma pesquisa quantitativa geralmente são coletados por meio de

questionários, de modo a facilitar o trabalho do pesquisador, isso porque ele é “[...] um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.” (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.184)

Os questionários podem ser aplicados de diversas formas: por carta, e-mail ou ainda por meio de programas de computador, que devem ser acessados pelos entrevistados. Logo, eles são auto-administrados. No entanto, algumas vezes os questionários são aplicados por um entrevistador e, nesses casos, eles são chamados de formulários.

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Utilizando tal instrumento é possível medir a frequência de características, opiniões e atitudes de um grupo, tais como: nível de escolaridade, preferência política e esportes praticados, pois as mesmas perguntas são respondidas por um número significativo de indivíduos.

Tal instrumento tem como vantagem possibilitar a investigação de um grande número de pessoas, garantindo o anonimato das mesmas, além do que, os entrevistados não são influenciados pelo pesquisador. Contudo, os questionários excluem os analfabetos da pesquisa e impedem que o pesquisador esclareça dúvidas dos entrevistados. Ademais, muitas perguntas e questionários não são respondidos ou são assinalados de forma inapropriada.

Os questionários contêm principalmente perguntas com alternativas de repostas já determinadas, embora também possam, por vezes, incluir perguntas de livre resposta pelo entrevistado. Especificamente, as perguntas de um questionário são classificadas como “fechadas”, “abertas” e de “múltipla escolha”, sendo que cada uma dessas classificações possui suas peculiaridades:

Perguntas fechadas (ou dicotômicas): o entrevistado deve responder “sim” ou “não”. Perguntas abertas (ou livres): permitem ao informante responder livremente, segundo

suas opiniões pessoais. Esse tipo de pergunta possibilita investigações mais profundas, porém, é árdua a tarefa de agrupar e analisar as respostas.

Perguntas de múltipla escolha: são disponibilizadas diversas alternativas, cujas respostas já estão prontas, facilitando assim o trabalho de tabulação.

Em muitos casos, o ideal é unir na mesma questão perguntas abertas e fechadas. Por exemplo, se queremos saber uma opinião sobre determinado assunto, podemos apresentar alternativas fechadas e acrescentar a opção “outros” de forma aberta, para que sejam captadas respostas não contempladas pelas alternativas da questão.

Seguem abaixo algumas dicas para a elaboração de questionários: Devem ser solicitadas somente informações necessárias para a pesquisa e que não

podem ser obtidas por outros meios. Dessa forma, evita-se a confecção de questionários longos e com questões dispensáveis.

Os questionários devem ter perguntas claras para garantir a uniformidade de entendimento das questões pelos entrevistados.

As perguntas devem ser de fácil compreensão e curtas, na medida do possível, para que o entrevistado não tenha dificuldades de entendimento ou de atenção ao responder o questionário.

Procure usar um vocabulário preciso e objetivo, para perguntar o que realmente se deseja saber, evitando o uso de palavras confusas e termos técnicos desconhecidos pelos pesquisados.

As alternativas de respostas devem ser exaustivas, ou seja, devem incluir todas as possibilidades de repostas esperadas.

As alternativas devem ser excludentes, isto é, elas não devem ter significados semelhantes para que o entrevistado não fique em dúvida sobre qual deve responder.

As respostas não devem estar inclusas nas perguntas, pois o que se espera do entrevistado não pode ser indicado no enunciado da pergunta, evitando assim que a resposta seja orientada.

Deve se evitar a formulação de duas perguntas em uma. As questões devem admitir somente uma resposta, caso seja esse o objetivo da

pesquisa. Noutras palavras, se o pesquisador não quiser que uma pergunta seja respondida por meio de várias alternativas, não pode confeccionar repostas que sejam todas corretas na visão do entrevistado. No entanto, caso seja o objetivo do pesquisador que o entrevistado assinale várias repostas, deve indicar essa orientação no enunciado da mesma.

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Quando houver perguntas abertas, o pesquisador deve direcioná-las para que os entrevistados respondam de forma curta e objetiva, caso contrário, terá dificuldades na análise das mesmas.

O questionário não deve ser longo, o ideal é que não ultrapasse trinta perguntas e não demore mais do que trinta minutos para ser respondido.

Quanto à ordem das perguntas, é recomendável que se comece pelas mais gerais seguidas das mais específicas, alternando entre questões pessoais e impessoais.

Recomenda-se que seja realizado um pré-teste do questionário para que se observe suas falhas. O pré-teste deve ser realizado com um universo de pessoas semelhantes as que serão entrevistadas na pesquisa. Depois deve-se entrevistar essas pessoas, para que elas comentem as dificuldades que tiveram ao responder o questionário.

Por fim, junto ao questionário deve ser enviada uma carta, ou nota, explicando a natureza e a importância da pesquisa. Também é aconselhável garantir o sigilo dos dados do entrevistado, caso a pesquisa não necessite da identificação dos mesmos. O pesquisador deve considerar que nem todos os questionários enviados serão respondidos, por isso a necessidade de uma carta que atraia o interesse do entrevistado.

BLOCO 5: CONSULTA À BASE DE DADOS Muitas vezes o pesquisador da área social e econômica não produz seus próprios dados,

mas consulta aqueles que foram reunidos por outras instituições porque, dependendo da pergunta que se quer responder com a pesquisa, é possível consultar esses bancos e partir direito para a análise dos dados quantitativos, facilitando o trabalho do pesquisador.

Existem diversas instituições que coletam informações sociais e econômicas a respeito do Brasil. Algumas instituições disponibilizam seus bancos de dados inclusive pela internet, e de forma gratuita. Abaixo relacionamos algumas delas, que disponibilizam banco de dados com informações sobre a realidade social e econômica brasileira.

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O Banco Central do Brasil (BACEN) faz parte do Sistema Financeiro Nacional, exercendo a função de autoridade monetária do país. No site do Banco encontra-se uma base de dados com séries atualizadas sobre atividade econômica, expectativas de mercado, indicadores de crédito, mercado financeiro, mercado de capitais, setor externo, mercado internacional, indicadores monetários e finanças públicas. Para acessar essas informações, consulte o endereço: www.bcb.gov.br.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o principal provedor de dados e informações do país. No site do IBGE encontram-se indicadores sobre contas nacionais, agropecuária, indústria, comércio e serviços, índice-preços, emprego e rendimento, além de informações geográficas, indicadores sociais e censos demográficos. Esses dados estão disponíveis no endereço: www.ibge.gov.br/home/

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) é uma fundação pública federal vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. O IPEA produz, em conjunto com outros órgãos e instituições, pesquisas e dados relacionados à área econômica. No site http://www.ipea.gov.br/default.jsp encontra-se sua principal base de dados, o Ipeadata, com dados macroeconômicos e financeiros sobre população, emprego, salário e renda, produção, consumo e vendas, contas nacionais, finanças públicas, índices de preços, juros, moedas, balanço de pagamentos e economia internacional.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) faz parte da rede global de desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, presente em 166 países. No site encontram-se indicadores georreferenciais sobre o país e regiões. O mais famoso é o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, um banco de dados eletrônico com informações sobre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) e 124 outros indicadores georreferenciados de população, educação, habitação, longevidade, renda, desigualdade social e características físicas do território. Também há o Atlas Racial Brasileiro, banco de dados eletrônicos que reúne a mais ampla série histórica de indicadores sociais desagregados por raça/cor, e pode ser acessado pelo endereço: www.pnud.org.br

O Consórcio de Informações Sociais (CIS) é um sistema de intercâmbio de informações científicas sobre a sociedade brasileira. Tem como objetivo oferecer, gratuitamente, dados qualitativos e quantitativos resultantes de pesquisas sobre vários aspectos da vida social. Para checar essas informações, acesse o endereço: www.cis.org.br

BLOCO 6: ENCERRAMENTOAs vantagens e desvantagens da coleta de dados quantitativos devem ser consideradas pelo

pesquisador quando for realizar uma pesquisa. Por um lado, as pesquisas quantitativas

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geralmente são consideradas mais confiáveis e são mais bem aceitas do que as pesquisas qualitativas. No entanto, para sua realização é necessário algum conhecimento em estatística ou o auxílio de um profissional da área.

Pensando nessas dificuldades, nesta aula foram abordadas características e técnicas de coleta de dados comuns nas pesquisas quantitativas. Também foram assinaladas sugestões sobre como formular questionários e onde é possível encontrar banco de dados com informações quantitativas a respeito da realidade social e econômica brasileira.

Esperamos que as sugestões apresentadas auxiliem o pesquisador em suas investigações, pois ele poderá contar prioritariamente com dados quantitativos, ou com uma mescla desses somados à informações qualitativas.

REFERÊNCIASDURKHEIM, É. O suicídio. São Paulo: Martin Claret, 2008.

GIL, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2009.

HAIR, J. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

LAKATOS, M.; MARCONI, M. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2010.

TEMA: Técnicas de coleta de dados qualitativos

BLOCO 1: APRESENTAÇÃO As técnicas qualitativas se concentram na subjetividade dos indivíduos, compreendida a

partir das análises e interpretações do pesquisador. Tais técnicas são ideais para pesquisas exploratórias e compreensivas.

Nesta aula abordaremos temas referentes à pesquisa qualitativa, primeiramente ressaltando as características desse tipo de pesquisa. Em seguida trataremos das principais formas de escolha dos objetos de investigação nas pesquisas qualitativas, e quais são os procedimentos mais utilizados para a coleta de dados qualitativos. Por fim, objetivando auxiliar o pesquisador a decidir qual método será mais eficaz para a sua pesquisa, apresentamos a discussão sobre qual é a melhor técnica de investigação: quantitativa ou qualitativa?

BLOCO 2: CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA QUALITATIVAA pesquisa qualitativa avalia qualidades como sentimentos, opiniões e interpretações,

buscando compreender porque os indivíduos pensam e agem de certa forma. Esse modo de fazer pesquisa tem influência das ciências humanas, em especial dos campos da psicologia e da antropologia.

Por meio da pesquisa qualitativa é possível descrever opiniões detalhadas acerca de um determinado assunto, ou compreender os motivos que levam a determinados comportamentos, identificando dados não-mensuráveis de forma profunda. Logo, elas são

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comuns em pesquisas exploratórias (focadas na descrição), e compreensivas (que objetivam compreender o sentido de pensamentos e ações).

Tal tipo de pesquisa geralmente investiga os fenômenos no seu ambiente natural, pois parte do princípio de que um fenômeno é melhor compreendido no contexto em que faz parte, por isso tais pesquisas explicam, de forma aprofundada, os contextos em que seus objetos de pesquisa estão inseridos. Nessas pesquisas, o investigador tem contato próximo com o investigado, desvendando assim informações implícitas.

Já que captam particularidades e explicações aprofundadas, as pesquisas qualitativas selecionam para a investigação apenas um ou poucos casos, sem a intenção de generalizar tais resultados para o universo do fenômeno, sendo que o critério para a escolha dos objetos de investigação é intencional. A coleta de dados qualitativos é feita principalmente com uso das seguintes técnicas: entrevista, história de vida, grupo focal, observação e análise de documentos, técnicas essas capazes de trazerem a subjetividade dos sujeitos pesquisados à tona.

Por revelarem interpretações subjetivas dos indivíduos, as pesquisas qualitativas são utilizadas quando o pesquisador deseja saber a forma como os indivíduos interpretam uma questão de forma implícita. Assim sendo, não são usadas para medir quantas pessoas pensam da mesma forma. Nesse último caso, o ideal são técnicas quantitativas.

Ademais, nas pesquisas qualitativas não há caminhos de coleta e análise dos dados estruturados como nas pesquisas quantitativas: o pesquisador é livre para usar sua imaginação e elaborar seus próprios caminhos. Aliás, às vezes as pesquisas qualitativas nem são guiadas por objetivos, perguntas e hipóteses, mas por observações e relatos dos indivíduos e instituições que se desejam conhecer. Nesse sentido, o pesquisador pode descobrir em campo as questões e explicações para determinada realidade. Por fim, diferentemente das pesquisas quantitativas, nas qualitativas os dados não são apenas coletados, mas são resultados da interpretação do pesquisador, responsável por compreender aspectos subjetivos dos indivíduos. Por isso, o relatório de pesquisas qualitativas tem caráter narrativo, e não estatístico, como no caso das pesquisas quantitativas.

Um exemplo famoso de pesquisa na área social que conseguiu compreender os motivos que levam a determinadas ações, é o estudo do sociólogo alemão Max Weber, intitulado “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” (1904), em que o autor demonstra a influência que a religião protestante exerceu no surgimento do modo de produção capitalista. Para essa interpretação, primeiramente, com base em dados estatísticos da sociedade americana, Weber constata que os líderes do mundo dos negócios naquele país eram, em sua maioria, adeptos da religião protestante. Para compreender esse fenômeno, o autor analisou textos sagrados de diversas religiões, interpretando seus dogmas. Weber percebeu que nos textos protestantes, em especial nos calvinistas, as habilidades humanas, incluindo o comércio, eram consideradas presentes divinos e, assim, incentivadas. Esses valores teriam impulsionado o espírito do capitalismo - definido como as ideias e hábitos que favorecem a procura racional de ganho econômico -, como pode ser observado nos trechos do discurso de Benjamin Franklin (1706-1790), um dos líderes da independência dos Estados Unidos. Assim, o autor alemão provou o papel que as crenças e valores religiosos têm na conduta humana.

Tais interpretações estão ligadas a própria concepção de sociologia weberiana: para Weber, o objeto da sociologia deveria ser a compreensão do sentido da ação humana, ou seja, para se entender um fenômeno social seria necessário extrair os conteúdos simbólicos que levam a determinadas ações. Por isso sua forma de análise é chamada de método compreensivo, posto que interessa a ele não somente a observação e quantificação dos fatos (assim como defende o positivismo), mas sim a compreensão do sentido das ações humanas.

BLOCO 3: A ESCOLHA DOS OBJETOS DE INVESTIGAÇÃO NAS PESQUISAS QUALITATIVASAssim como nas pesquisas quantitativas, nas qualitativas também é necessário definir, com

base em critérios claros, quem ou quais casos serão os objetos de investigação, para que o

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pesquisador responda o problema da pesquisa. Porém, diferentemente das pesquisas quantitativas, nas qualitativas são selecionados poucos ou apenas um caso, e o critério de escolha é intencional.

A seguir abordaremos algumas técnicas de escolha dos objetos de investigação, que são utilizados nas pesquisas qualitativas.

TÓPICO: AMOSTRAS NÃO PROBABILÍSTICASPor trabalharem com a particularidade dos sujeitos, as pesquisas qualitativas escolhem um

número reduzido de objetos de investigação, geralmente por meio de amostras não-probabilísticas, ou seja, os casos investigados são selecionados com base no julgamento do pesquisador. Por isso seus resultados não podem ser generalizados para toda a população.

As amostragens não probabilísticas mais comuns são: Amostragem por acessibilidade ou por conveniência: o pesquisador seleciona os

elementos que tem acesso para compor a amostra. Amostragem por tipicidade: com base em um conhecimento considerável sobre a

população, seleciona-se um subgrupo representativo da mesma. Por exemplo, é possível escolher uma instituição típica para representar instituições com perfis semelhantes.

Amostragem por cotas: nesse caso o pesquisador procura selecionar uma amostra que seja similar à população sob algum aspecto. Para a escolha da amostra, primeiramente as características da população devem ser conhecidas para que as cotas (amostras) repitam as mesmas características da população. Nota-se que os indivíduos não precisam ser selecionados de forma aleatória.

Amostragem por voluntários: aqueles que se dispõe a participar da pesquisa são escolhidos para a mesma.

TÓPICO: ESTUDO DE CASOMuitas pesquisas qualitativas se concentram em estudos de caso, ou seja, analisam de

forma profunda apenas uma instituição ou situação social – em alguns casos são selecionadas duas ou três.

Nota-se que no estudo de caso não basta a escolha de apenas um objeto empírico; é necessário que o pesquisador empreenda um estudo intensivo no ambiente natural do objeto. Também é necessário limitar tal análise no tempo, eventos ou processos que serão investigados, para que tal estudo compreenda de forma completa as particularidades de um objeto. Por exemplo, é possível estudar determinada instituição por meio da reunião de memórias, arquivos, publicações, entrevistas etc. que a caracterizem – nesse caso trata-se de um estudo de caso institucional. Ou ainda, pode-se analisar um fato concreto, como uma greve ou um abaixo-assinado – tal estudo é chamado de estudo de caso fatual. Além desses exemplos, o pesquisador pode realizar um estudo de caso comparado, em que dois ou mais casos são comparados com o intuito de verificar as similaridades e discrepâncias entre eles.

BLOCO 4: PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS QUALITATIVOS As pesquisas qualitativas possuem diversas técnicas para a coleta de dados. Todas elas

pressupõem um contato entre o pesquisador e o objeto de análise para que sejam captadas percepções subjetivas. As técnicas mais conhecidas para se obter dados qualitativos são a entrevista, a história de vida, o grupo focal, a observação e a análise de documentos, sobre as quais falaremos a seguir:

TÓPICO: ENTREVISTA

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A principal técnica de coleta de dados qualitativos é a entrevista, definida como “[...] um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional” (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.178).

Embora a entrevista tenha como principal característica o fato de ser aplicada pessoalmente pelo pesquisador, por vezes ela também é realizada por telefone. No entanto, de forma geral, é um instrumento que permite o contato entre pesquisadores e pesquisados, levando a uma compreensão profunda dos últimos. Tal instrumento também é utilizado para aprofundar pontos levantados por outras técnicas.

As entrevistas têm como vantagem a flexibilidade, já que o entrevistador pode esclarecer perguntas e conduzir a resposta do entrevistado para determinada questão. Além disso, é possível aplicar essa técnica mesmo com pessoas analfabetas ou de vocabulário limitado. Ademais, as informações obtidas com as entrevistas podem ser categorizadas e transformadas em dados quantitativos. No entanto, o entrevistado pode responder de determinado modo por influência do entrevistador. Por fim, o custo da realização de entrevistas (tempo, treinamento do pessoal e análise dos dados) é maior do que aqueles gastos com outras técnicas, como os questionários.

Quanto as suas perguntas, as entrevistas podem ser classificadas como: Estruturadas: quando há um roteiro pré-estabelecido pelo pesquisador; Semi-estruturada: quando existe um roteiro, mas o pesquisador tem liberdade para

conduzir a pesquisa; Livres (não estruturadas): nesse caso o sujeito investigado (geralmente um especialista)

discorre de forma livre sobre algum tema. As entrevistas livres, que visam entender uma questão de forma profunda, são denominadas “entrevistas em profundidade”.

As entrevistas são mais fáceis de serem realizadas quando o pesquisador conhece ou tem colegas próximos dos entrevistados. Por isso sugere-se a escolha de temas de estudo próximos do universo do pesquisador.

Elas podem ser gravadas (e posteriormente transcritas), ou o pesquisador pode escrever as respostas enquanto o entrevistado fala. Nos dois casos devem ser registradas atitudes do entrevistado que tenham algum significado, como pausas ou entonações nas respostas. Antes da análise das entrevistas, é importante que o pesquisador selecione os trechos necessários para sua pesquisa.

Segue abaixo outras dicas práticas para a realização de entrevistas: Antes da entrevista, o pesquisador deve explicar o objetivo e o propósito da pesquisa, e

deve pedir autorização para utilizar as informações coletadas, garantindo o sigilo do nome do entrevistado, caso seja necessário.

Deve ser estabelecido com o entrevistado um clima de amizade, fazendo com que o mesmo se sinta confiante para conceder a entrevista.

Não se deve começar a entrevista com a solicitação de informações embaraçosas; é preferível iniciar com perguntas que o entrevistado se sinta seguro em responder.

Se o entrevistado não responder exatamente o que o pesquisador precisa, é recomendável perguntar novamente com outras palavras e em outro momento da entrevista.

O entrevistador deve estimular o entrevistado a fornecer respostas completas, e não simples afirmativas ou negativas. Para tanto, pode sugerir que o entrevistado conte mais sobre o assunto ou exemplifique suas afirmações.

O entrevistador deve escutar o entrevistado com atenção e interesse, mas sem perder de vista os conteúdos centrais que se espera da entrevista.

TÓPICO: HISTÓRIA DE VIDAA história de vida é um tipo especifico de entrevista em profundidade ou de uma série delas,

em que o pesquisador busca a reconstituição de uma fase ou da vida toda de um entrevistado.

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Essa técnica permite ao pesquisador perceber as concepções dos entrevistados acerca do papel que desempenharam em diversos momentos, captando ainda os hábitos e ações dos sujeitos. Por meio desses relatos também é possível perceber a cultura de um grupo em determinada época, já que o depoimento dos entrevistados revela valores e costumes de uma sociedade, por isso essa técnica é muito utilizada para entender períodos históricos.

Porém, o seu uso geralmente não visa a reconstituição fiel da história, mas sim a compreensão de um período ou situação segundo o ponto de vista do sujeito pesquisado. Isso porque, todo relato é reconstruído pelo entrevistado com base em suas vivências e valores pessoais. No entanto, existem pesquisas que usam a história de vida junto com outras técnicas – como a análise de documentos - para comprovar os relatos e assim reconstruir um período histórico.

TÓPICO: GRUPO FOCALOutra variação da entrevista consiste em entrevistar pessoas coletivamente, de forma a

apurar opiniões em debate, técnica essa conhecida como grupo focal ou discussão em grupo. Em síntese, um grupo focal é um grupo de discussão informal e de tamanho reduzido que fornece ao pesquisador informações qualitativas.

Na prática, são reunidas pessoas com determinadas características para que se conheça a opinião delas sobre determinado assunto. Tais opiniões são constatadas a partir da fala dos entrevistados, porém, não se trata de uma fala expositiva, mas sim de uma fala travada em um debate. Noutras palavras, o pesquisador capta argumentos que se contrapõem ou ratificam a opinião de outros participantes do grupo. O interesse está justamente em observar argumentos contrários e favoráveis em relação a determinada questão. Por isso, caso o pesquisador queira conhecer as opiniões de um indivíduo sem a interferência de outros, não deve utilizar essa técnica.

Geralmente a discussão é conduzida pelo mediador, que coloca questões e interfere na condução da discussão. As questões postas devem suscitar debates, sem a preocupação de formação de consensos. O número de participantes do grupo deve ser baixo o suficiente para que todos possam expressar suas opiniões, porém, deve haver uma diversidade de ideias – normalmente os grupos focais reúnem de quatro a doze pessoas.

TÓPICO: OBSERVAÇÃOO ser humano observa o que está a sua volta para entender o mundo e saber se comportar

diante dele. Logo, essa é a técnica mais comum para conhecer a realidade e não está comumente associada ao conhecimento científico.

A observação passa a ser uma técnica de pesquisa social na medida em que se torna um procedimento planejado e organizado de coleta de dados. E para realizar observações sistemáticas, é preciso selecionar o que será observado e “treinar” o olhar para entender o sentido das ideias expressas e atitudes.

Com essa técnica é possível captar um fenômeno no momento em que ele acontece. Logo, por meio da observação minuciosa e sistemática, o pesquisador consegue responder os seus problemas de pesquisa a partir da compreensão do contexto e comportamento dos indivíduos.

A técnica da observação é útil para a descoberta de aspectos novos de um problema, sendo muito utilizada quando não existe uma base teórica para orientar a pesquisa. Ela também tem a vantagem de revelar aspectos de um fenômeno que podem ser omitidos pelos entrevistados. Inclusive, é possível contrastar observações com as respostas dos entrevistados.

No entanto, essa técnica tem como desvantagem o fato do pesquisador por vezes alterar o comportamento do grupo observado, já que na presença de um estranho o grupo pode se comportar de forma diferente do habitual. Ademais, o observado pode criar impressões positivas ou negativas do pesquisador, que irão interferir nas suas atitudes. Por fim, é uma técnica muito permeada pela subjetividade do pesquisador, que deve estar atento para a veridicidade de suas análises.

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Há diversas formas de realizar observações que resultem em dados qualitativos fundamentais à pesquisa social. A seguir apresentamos as principais delas:

Quanto ao modo como é realizada: Observação assistemática ou não estruturada – o pesquisador é um espectador

interessado em todas as informações ao seu redor; Observação sistemática ou estruturada - o pesquisador sabe exatamente o que procura.

Quanto ao número de integrantes: Observação individual - somente um pesquisador observa determinado fenômeno; Observação em equipe - um grupo de pesquisadores observa o fenômeno sob vários

ângulos.

Quanto ao local onde é realizada: Observação em campo - é feita no ambiente natural em que o fenômeno ocorre; Observação em laboratório - o pesquisador observa fenômenos recriados e controlados

em ambientes artificiais.

Quanto à participação do pesquisador: Observação não participante - o pesquisador não se integra ao grupo observado; Observação participante- o pesquisador se integra ao grupo pesquisado participando do

fenômeno. Nesse caso ele pode revelar totalmente, parcialmente ou omitir sua identidade de pesquisador.

Uma modalidade de observação participante muito utilizada na área da antropologia é a pesquisa etnográfica, famosa pelos escritos do antropólogo inglês Malinowski, que em 1922 escreveu sobre sua convivência com os nativos da Ilhas Trombiand, no Pacífico.

Na pesquisa etnográfica a observação é feita no local da ocorrência de um fenômeno, de modo que o pesquisador conviva com os indivíduos pesquisados por um longo tempo, registrando seus modos de viver e de entender o mundo. Pelo fato de estar imerso no universo dos pesquisados, o investigador é capaz de olhar o mundo com os olhos deles, interpretando seus sentimentos e ações, assim como fariam os membros da sociedade pesquisada. Nota-se que toda observação deve ser cuidadosamente registrada no momento em que ocorre. Inclusive, é interessante anotar falas e ações dos investigados e impressões pessoais do pesquisador.

É recomendável o registro separado das observações descritivas – em que são descritos sujeitos, diálogos, locais e tudo o que ocorre nos locais observados; e observações reflexivas - observações pessoais do pesquisador, tais como: especulações, sentimentos, ideias, impressões, dúvidas etc. Esses registros formam os dados qualitativos, gerados a partir da técnica da observação.

TÓPICO: ANÁLISE DE DOCUMENTOSSe a pesquisa qualitativa considera que um fenômeno é melhor compreendido dentro do

seu contexto, nada mais útil do que entender esse contexto. Para tanto, os documentos são importantes fontes de consulta, já que expressam situações de uma época a que o pesquisador muitas vezes não tem acesso por estar distante no tempo ou no espaço.

São considerados documentos os materiais escritos que ainda não receberam tratamento analítico, tais como: jornais, revistas, cartas, relatórios, leis, decretos, registros, ofícios, estatísticas sobre uma sociedade, elementos iconográficos como fotos etc.

Documentos são uma importante fonte de informação, principalmente quando a pesquisa deseja reconstituir um período histórico. Também é possível entender diversos fenômenos por meio de documentos, considerando que as sociedades são orientadas pelas determinações

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legais presentes neles. Além do que, documentos oficiais expressam o posicionamento das esferas de poder a respeito de diversas questões.

É importante ressaltar que as informações que constam nos documentos foram escritas por alguém, portanto, são permeadas pela intenção de um autor. Por isso, deve-se considerar o contexto e a finalidade para os quais foram escritos. Inclusive, em alguns casos, o pesquisador deve duvidar das informações apresentadas neles.

BLOCO 5: QUAL TÉCNICA ESCOLHER?

As técnicas de coleta de dados fazem parte do caminho, ou método, adotado pelo pesquisador com o intuito de responder seu problema de pesquisa. Cada método pressupõe uma série de técnicas específicas, destinadas a reunir as informações da pesquisa. Todas elas devem ser previamente escolhidas pelo pesquisador e descritas posteriormente no relatório da pesquisa, em um item que pode ser chamado de “Metodologia”, “Procedimentos Metodológicos” ou ainda “Técnicas de Coleta de Dados”.

A principal diferença entre os caminhos escolhidos em uma pesquisa diz respeito aos procedimentos que reúnem dados quantitativos e qualitativos. Na coleta de dados quantitativos, geralmente são aplicados questionários em um grande número de pessoas, escolhidas por meio de amostragem. Já os dados qualitativos comumente são coletados por meio de entrevistas com um número pequeno de pessoas, escolhidas intencionalmente.

Essas técnicas geram informações diferentes. De forma geral, as técnicas quantitativas são utilizadas nas pesquisas de mesmo nome, ou seja, nas chamadas pesquisas quantitativas, caracterizadas por representarem seus dados de forma numérica. Já as técnicas comuns nas pesquisas qualitativas conseguem captar a subjetividade dos indivíduos. Embora haja tal distinção entre técnicas e pesquisas, é comum a realização de pesquisas mistas, com a utilização de procedimentos qualitativos e quantitativos.

As técnicas que serão utilizadas para a coleta de dados dependem da pergunta que se quer responder com a pesquisa. Ou seja, é a pergunta que determina os procedimentos utilizados para a reunião dos dados, bem como a forma de análise dos mesmos.

Em resumo, as técnicas quantitativas devem ser escolhidas quando o pesquisador quer reunir informações gerais, que podem ser contadas e expressas em números, ou ainda quando o intuito é estabelecer relações significativas entre variáveis. Já as abordagens qualitativas devem ser escolhidas para avaliar de forma profunda ações ou opiniões individuais.

Bloco 6: QUAL O MELHOR TIPO DE PESQUISA: QUANTITATIVA OU QUALITATIVA? A discussão sobre qual o melhor tipo de pesquisa – quantitativa ou qualitativa – passa pela

questão da objetividade no trabalho científico. Objetividade na pesquisa científica significa analisar os fatos como aparecem na realidade, sem deixar-se influenciar por sentimentos, ou seja, retratar a realidade de forma impessoal.

A defesa da objetividade nas análises sociais é feita de forma contundente pelo pensador francês Émile Durkheim (1858 – 1917), defensor da corrente filosófica chamada de Positivismo. Para os positivistas a sociedade só poderia ser conhecida por meio da observação e experimentação, da mesma forma como são conhecidos os fenômenos das ciências naturais. Era preciso que os cientistas sociais coletassem, descrevessem e comparassem dados, sem interferência das suas opiniões pessoais sobre os fenômenos analisados.

Ao pregar que as pesquisas não podem revelar a subjetividade do pesquisador, os argumentos positivistas corroboram as técnicas quantitativas, considerando que as mesmas se concentram mais em números e menos na subjetividade dos indivíduos. Logo, os defensores das análises quantitativas acreditam que tais pesquisas conseguem chegar mais próximo do real por eliminar a subjetividade das interpretações. Para essa corrente, a pesquisa qualitativa expressa por demais a opinião pessoal do pesquisador, comprometendo a veracidade das análises.

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Porém, as pesquisas quantitativas também não garantem objetividade considerando que a escolha do tema da pesquisa e as análises posteriores, mesmo que embasadas em cálculos estatísticos, também são permeadas pelo “olhar” do pesquisador. As técnicas de coleta de dados quantitativas também não são totalmente imparciais e estão sujeitas inclusive a erros não desejados pelo pesquisador.

Aliás, em ambos os tipos de pesquisa está presente a subjetividade, tanto do entrevistado quanto do pesquisador. Primeiro porque o entrevistado responde as perguntas com base no que considera correto, e não somente embasado em fatos reais. Ademais, o pesquisador formula suas perguntas e interpreta seus dados a partir do seu “olhar”, carregado de valores e intenções. Ainda é possível afirmar que o método quantitativo aumenta a transposição valorativa do pesquisador, na medida em que este escolhe as perguntas e como deverão ser respondidas. Contudo, o método qualitativo também enfrenta obstáculos, e um deles trata-se do excesso de liberdade que o pesquisador tem para analisar seus dados.

Em suma, nas duas técnicas predomina o interesse do pesquisador, na escolha, seleção e análise do material. Nesse sentido, com nenhum dos métodos seria possível uma análise totalmente imparcial, ou seja, isenta de valores pessoais. A garantia de uma maior objetividade se daria com a percepção de que todo saber é interpretativo.

Embora essa discussão separe pesquisas qualitativas e quantitativas, o ideal para uma pesquisa é uma abordagem mista, que combine ambas as técnicas. Isso já acontece na prática, visto que são comuns pesquisas que utilizam técnicas qualitativas para explorar um problema, e com a base nessas informações são criadas categorias de respostas, incluídas em questionários aplicados a um grande número de pessoas. Dessa forma, técnicas qualitativas fornecem a base para a verificação e explicação de uma questão de modo quantitativo.

A seguir formulamos um quadro com características das duas técnicas, vistas de modo comparativo.

Quadro comparativo entre pesquisas sociais qualitativas e quantitativas

Tipo de pesquisa

Questões

Quantitativa Qualitativa

Avalia Quantidade QualidadeBusca responder Quanto? Por quê?Comum nas pesquisas Descritivas/ Explicativas Exploratórias/ Compreensivas Trabalha com Frequência de respostas Subjetividade dos indivíduos Revela O que é explicito O que está implícitoÉ adequada Para avaliações gerais Para avaliações particularesInfluência Positivismo Psicologia e antropologiaEscolha dos objetos Amostras probabilísticas Amostras intencionaisNúmero de objetos Grande Pequeno (por vezes apenas

um caso)Capacidade de generalização Sim, pois utiliza técnicas

estatísticas Não, pois analisa casos

específicos Principal instrumento Questionários EntrevistasRelação pesquisador e sujeito Distante PróximaAnálise dos dados com base em Estatística Interpretação do pesquisador

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Relação com teorias Testa teorias Formula teoriasForma do Relatório Relatório com cálculos

estatísticos Relatório narrativo

Críticas comuns Descreve frequência e correlações, sem compreender o porquê

Expressa a opinião do pesquisador e não consegue generalizar os resultados

Fonte: elaboração da autora

REFERÊNCIASGIL, A. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 2009.

HAIR JR. et al. Fundamentos de métodos de pesquisa em administração. Porto Alegre: Bookman, 2005.

LAKATOS, M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2010.

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THIOLLENT, M. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1982.

WEBER, M. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2002.

INDICAÇÃO DE LEITURANa internet encontramos muitos artigos que definem e discutem as potencialidades e

limites das pesquisas qualitativas. É importante familiarizar-se com esse tipo de pesquisa, diferenciando-o dos demais, pois esse conhecimento irá facilitar o direcionamento no momento da pesquisa. Abaixo relacionamos alguns desses artigos e os respectivos endereços eletrônicos em que podem ser encontrados.

GODOY, A. Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v.35, n.3, p.20-29, 1995. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/392_pesquisa_qualitativa_godoy2.pdf> Acesso em: 02 Out 2011.

GÜNTHER, H. Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: Esta é a questão? Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v.22 n.2, p.201-210, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v22n2/a10v22n2.pdf> Acesso em: 02 Out 2011.

NEVES, J. Pesquisa Qualitativa – Características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisa em administração, São Paulo, v.1, n.3, p.1-5, 1996. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf> Acesso em: 02 Out 2011.

OLIVEIRA, C. Um apanhado teórico-conceitual sobre a pesquisa qualitativa: tipos, técnicas e características. Revista Travessias, Cascavel, v.2, n. 3, s/p., 2008. Disponível em: <http://200.201.8.27/index.php/travessias/article/view/3122/2459> Acesso em: 02 Out 2011.

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SPINDOLA, T.; SANTOS, R. Trabalhando com a história de vida: percalços de uma pesquisa(dora?). Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v.37, n.2, p. 119-26, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v37n2/14.pdf> Acesso em: 02 Out 2011.

TURATO, E. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n.3, p. 507-514, 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v39n3/24808.pdf> Acesso em: 02 Out 2011.