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CAPÍTULO XVI
TESTES DE SANIDADE DE SEMENTES DE CAUPI
MoharrrnadM. Choudhury (1)
1. INTRODuçÃOA cultura do caupi (V i..ç;na unçui.cu.ccüo: (L.) Walp. subsp. W1!flÚ~
~ata), ou feijão-de-corda, feijão-macáçar, feijão-pardo, feijão-chocha - b~da, feijão-verde, feijão-de-moita, feijão-fradinho, feijào-manteiga, é considerada una das mais importantes culturas anuais de várias regiões trop'~cais e sub-tropicais do mundo, pois, além de alto valor energético, constitui uma fonte de proteina de boa q~idade. África, Brasil e Índia sao asprincipais regiões produtoras do caupi. Existem vários fatores que influen
-ciam a qualidade de sementes do caupi, entre os quais, destacam-se os gen~ticos, fisiológicos e sanitários. A qualidade sanitária de sementes depe~de da incidência de microorganismos (anexo 1) e vírus nas mesmas. A cultura está atacada por diversos microorganismos e virus que podem ser disseminados pelas sementes, provocando-Ihes apodrecimento (das sementes), baixagerrnínaçao , baixo vigor,' redução do "stand" inicial e produção de plantasdoentes. Assim, a utilização de sementes sadias é um dos principais req~sitos para a obtenção de alta produtividade de caupi.
Neste capitulO, citam-se microorganismos associados a sementesde caupi, os métodos mais utilizados para detectá-Ios, sintomas das fitomoléstias transmissiveis pelas sementes e seu controle.
2. MICROORGANISMOS TRANSMITIDOS POR SENENTES DE CAUPIA literatura se refere a vários fungos e bactérias, como fitop~
tógenos transmissiveis pelas sementes de caupi, além de microorganismos de~en~nto. No Brasil, os mais importantes sao: Rhi..Joctoni..a ~o-lani.., ~a
(l)Fitopatologista, Centro de Pesquisa Agropecuária do TrópicoSemi-Árido (CPATSA/EMBRAPA). Cx. Postal 23, 56.300 - Petrolina - PE.
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curas,correspondentes aos pí.cni dí.os e escl erodí.os do fungo, formam-se nas
leSÕes.As plantas doentes apresentam, posterionnente, uma coloração cinzen
ta na haste, amarelecimento e rnircnsmento dos folÍ.olos. O fi topatógeno pode
ser transmitido pelas sementes em ni veis elevados (cerca de 5a'~).
Controle:
1) Uso de sementes livres de fitopatógenos
2) Tratamento de sementes com ben~l + thiram
3) Aração profunda do solo
4) Emprego de cultivares resistentes
2.3. Podrictão-radicular-seca
FU-1Q/t..i..um ao Lan.c.. (Mart.) Appel & Wollenw. f. sp. phCMeoD.. (Burk)
Snyd. & Hans é o agente causal desta-rt tomoléstia. O fungo produz macroco
nidíos, mí.croconidí.os e clarnidósporos, e pode sobreviver vários anos na au
sênciade plantas hospedeiras, em forma de clamidósporos. A fi tomoléstia ca~
~ pelo fungo é favorecida em solos ácidos e moderadamente Úmidos,
gadosa una temperatura elevada.conj~
Sintomas e transmissão pela semente: O ataque do fitopatógeno
inicia-se, geralmente,' pela raiz principal, estendendo-se, mais tarde, pela
parte mais baixa do caule .. Os tecidos infectados apresentam uma descolora
ção avennelhada. Essa descoloração atinge progressivamente toda extensão da
F<UZ principal, torna-se de cor marrom e é, geralmente, acompanhada por fis
suras longi tudinais. Eln caso de infecção severa, a raiz principal e a parte
maisbaixa do caule tornam-se secas. Coma morte das raizes laterais, às ve
zes a planta doente desenvolve raizes secundárias acima da lesão, perto da
~rflcie do solo. Na época de seca, as folhas da planta tornam-se amarela
dase secam em profusão. As folhas podem cair e a planta produzir poucas va
genscomsementes diminutas. Emcaso de infecção muito severa, a planta mor
re semproduzir vagens.
O fitopatógeno é transmitido pela semente, provavelmente aderido,
M fonna de esporos, a superflcie do tegumento.
Controle:
1) Emprego de sementes sadias
2) Tratamento de sementes com benomyl, + thiram
A fi tanoléstia geralmente ocorre em todas as regiões rode se
cul ti vam o caupi. Ela é causada pelo fungo F /Ma/ÚJ.JJTl OX~-1ptJ/L.i..umf. sp. tA.a
cftúrit.i.J..um (E.F. Smith) Snyd. and Hans.
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3) Una rotação adequada
4) Adição ao solo de res1.duos culturais de plantas não 00spede!.
ras de alta relação C:N, can milho, sorgo, cevada ou trigo
5) Utilização de cultivares resistentes
2.4. Murcha-de-fusari\.J11
Sintomas e transmissão pela semente: Os sintanas nas pl.antas af~
tadas se manifestam na redução do crescimento, anarelecimento dos foliolas ,
progressivamente, de baixo para cima. À medida que a fitanoléstia se toma
mais severa, o amarelecimento acentua-se progressivamente e ocorre perda ~
turgescência e queda prematura dos fol1.010s. Finalmente, ela provoca ~
e morte das plantas. Cortando a haste das plantas doentes, os tecidos vasc~
lares mostram una coloração amarronzada. Nas plântulas, pode ocorrer un lIlI!
ch~nto rápidO e, consequentemente, causa a morte das mesmas. O fitopa~
no fÚOgico é transni tido através de sementes, provavelr.lente, externanente.
Controle:
1) Plantio de sementes sadias
2) Tratamento de sementes com benomyl + thiram
3) Rotação de cul turas por longos per-Íodos
4) Uso de cultivares resistentes
2.5. Mancha-de-cercospora
Esta fi tanoléstia é causada por 7'-M!lMOCeACO-1ptJl/.a cnuerüa (Sacc.)
Deighton e Ceaco-spona cane-1cen-1 Ell. & Mart. Ambosos fulgos ocorrem em lIlI1
tas regiões de temperatura elevada.
Sintomas e transmissão pela semente: C. cane-1CenA Causa liIéK'dla
redondas e irregulares de coloração averrreIhada a vennelho-anarr<Ilzada emli!
bas as faces foliares, enquanto manchas foliares provocadas por 'P. CAU(IJ!tII
aparecem na face superior dos foliolos, e são inicialr.lente clorÓticas. !'osterionnente, estas manchas crescem e tornam-se necrot.ícas. A face inferior
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00s [0110105infectados fica coberta cem manchas pardo-acinzentadas compo~
taspor conídíóroros e coní dí.os do fungo.
Ambosos fitopatógenos podem ser transmitidos através de semen
teso
Controle:
1) Utilização de sementes sadias
2) Pulverização foliar can fungicida cÚprico ou chlorothalonil
3) Plantio de cultivares resistentes
2.6. Antracnose,
A antracnose do caupi e provocada pelo fungo Co~~etot~~chum )ind~
mutlt.i.an.um (Sacc. & Magn.) Scrib. Esta fitanoléstia pode causar pre juí.zos se
verospor ocasião de sua ocorrência 'se o tempo permanecer mais frio e úmido
e, nonmlimente, se precedido de um períodO seco.
Sintanas e transmissão pela semente: A infecção pode ocorrer em
todasas partes aéreas da planta, principalmente na haste. As lesões sao
alongadasou circulares, de coloração castanha a marrom. O tamanho e a dis
tribuição das lesões depende do grau de suscetibilidade da cul ti var. Nas cul
tívares suscetíveis, eLas são grandes e numerosas, geralmente coalescendo
chegandoa cobrir toda a haste, ramos, pedÚnculos e pec.iol.os , A fi todoença
téITIbém provoca o aparecimento de lesões nas vagens. As lesões nas sementes
são, geralmente, arredondadas ou ovaladas. O fitopatógeno é facilmente trans
mitidoatravés de sementes.
Controle:
1) Uso de sementes sadias
2) Tratamento de sementes can benomyl + thiram ou thiabendazol
3) Rotação com culturas não suscetíveis ao fungo fitopatogênico
2.7. Sarna
A fitomoléstia é causada pelo fungo Sphace)oma sp. que pode oca
sionar severos danos à cultura, desde que condições ambientais sejam favorá
veis ao seu desenVolvimento. No Noroeste brasileiro, foram observadas perdas
totais de lavoura, por causa desta enfermidade.
Controle:
1) Utilização de sementes sadias
2) Tratamento de sementes
3) Rotação de culturas
4) Plantio de cultivares resistentes
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Sintomas e transmissão pela semente: A doença provoca o apareci
mento de lesões pequenas, circulares e brancas nos fo11010s. Posterionrenre,
estas lesões se rorpem, permanecendo os foliólos can pequenas perfurações
de margens esbranquiçadas. Outros sintomas caracterizam-se pelo apareciJ!e2
to de lesões ovaladas ou circulares nos caules, pec Íol.os , pedunculos e V!gens. Essas lesões são normalmente profUndas, cem centro esbranquiçado e bo!
dos marrons, podendo alcançar até 5 nm de comprimento. Quando as plantas
são severamente atacadas no inicio da frutificação, os danos são muito ~
ves, devido ao abortamento de vagens, que se tornam torcidas e secam, resul
tando em grandes perdas na produção de grãos. O fitopatógeno vive em restos
culturais e, provavelmente, pode sobreviver em sementes.
2.8. Crestamento bacteriano
Sintomas e transmissão pela semente: Os sintomas iniciais 00crestamento bacteriano caracterizam-se pelo aparecimento de pontos en~
dos nos fo11010s. Estes pontos crescem irregularmente e coalescem can l!sões adjacentes. A área atacada fica can aparência flácida. Inicialirente, •
circundada por um bordo estreito amarelo-limão difuso e, mais tarde, toma-
-se parda e necrótica, dando às plantas a aparência de que foram que~.
No caule, aparecem lesões em forma de pequenas manchas unedecidas, que Cri!cem gradualmente e adquirem coloração avermelhada. A infecção pode tadIÍII
causar cancros nos caules. Nas vagens, inicialmente, aparecem manchas ~
nas e úmidas, que gradualmente aunentam de tamanho. Quandoas vagens estio
infectadas, a bactéria fitopatogênica pode passar para as sementes, ~
-O crestamento bacteriano e provocado por Xaruhomono» campeAt.lIV!
pv. V~9fl..i_coJ..a, (Burle) Dye. É enfermidade de disseminação na maioria das '!giões onde o caupi é cultivado. Esta fitanoléstia bacteriana pode causar p'!juizos severos, especialmente em regiões can alta terrperatura e alta uni,!de.
377
candodois sintomas distintos: encarquilhamento e alteração na sua colora
çãotipíca, geralmente para o avermelhado. O fitopatógeno é transnitido
através de sementes. Relatou-se 'que ocorreram 62";6de plantas doentes, p~
venientes de sementes infestadas ao nivel de 1%.
Controle:
1) Plantio de sementes sadias
2) Rotação de culturas
3) Plantio de cultivares resistentes
-A cultura do caupi e sujei ta a perdas causadas por di versos 'fi
ns, destacando-se o virus do mosaico-do-caupi, transnitido por afideos
(CAMV, "cowpea aphid-bome mosaic vi rus") , vi rus do mosaico-do-blackeye
caupi(BICMV,"blackeye cowpea mosaí.c vi rus") e vi rus do mosaico-do -pepino
(00, "cucumber mosaic ví rus") que podem ser transnitidos pelas sementes de
plantas doentes.
3. VÍRUSTRANSMITIDOSPORSEMENTES
A cultura do caupi é sujeita a perdas causadas por diversos vins, destacando-se o virus do mosaico-do-caupi, transnitido por afideos
(CAMV, "cowpea aphid-bome mosaic vi rus") , vi.rus do mosaico-do-backeye - ca~
pi (BICMV,"blackeye, cowpea mosaic vi rus) , vírus do mosqueado-severo - do -
-caupi (VMqSC)e vi rus do mosaico-do-pepino (CMV,"cucumber mosaic vi.rus") ,
~ podemser transnitidos pelas sementes de plantas doentes.
3.1. virus do mosaico do caupi transni tido por afideos (CAMV)e virus
do mosaico do blackeye-caupi (BICMV)
Sintomas: CAMVe BICMVsão dois potyvirus estreitamente rela
cianados, mas aparentemente distintos. CAMVé considerado como o virus mais
COOIlJTI do caupi, onde esta cultura é explorada. A natureza e a severidade
dossintomas variam com a cultivar. As plantas infectadas, geralmente, mos
t~ umgrau variável de clorose entre as nerVuras, deformação dos folio
105 e raquí tismo. A transnissão dos dois vi rus pelas sementes de caupi PQ .
devariar com a cul ti var (O-4CJ';6).
378
3.2. virus do mosqueado-severo-do-caupi (VMqSC)
Sintomas: Caracteriza-se pelos foliolos infectados e por apre~~
tar altemância de grandes áreas cl.orot.í.cas , cem áreas verdes normais. Po
dem aparecer sintomas do tipo faixa verde das nervuras. Às vezes, os fol.Ío
los infectados aparesentam-se enrolados, principalmente no apice. Plantas ~
veramente infectadas apresentam o porte reduzido. Relataram-se baixas taxas
de transmissão deste virus através de sementes.
3.3. virus do mosaico-do-pepino (CMV)
Sintomas: Dependendo da cultivar, pequenas manchas em forma, de
aneis aparecem nos foliolos cem mosaico. Estes sintomas e os de mosaico sao
geralmente fracos e, às vezes, desaparecem à medida que as plantas vâo crescendo. A taxa de transnissão do CMVpode variar cem a cultivar (4-26%).
Controle:
1) Uso de sementes sadias
2) Plantio de cultivares resistentes
3) Controle de insetos vetores
4. MÉTODOSDE DETECÇÃODE MICROO:1GANISMOSE DEVÍRUSEMSEMENTESDECAUPI
4.1. Fungos em sementes
Para a detecção da microflora associada a sementes de caupi, os
~todos mais utilizados são os descritos a seguir.
Método do papel de filtro (Blotter Test)
Duzentas ou quatrocentas sementes escolhidas ao acaso serao de
sinfestadas através da imersão das sementes em uma solução de hipoclorito de
sódio a 1%, durante 2 a 5 minutos, e em seguida, lavadas duas vezes am
água destilada esterilizada. Após o pre-t raterrento , as sementes são equid1!
tantemente dí s tr-í.buí das à razão de dez sementes por placa de Petri ou de ~
te sementes por caixa plástica (gerbox) sobre três folhas de papel de filtro
umedecidas cem água destilada e esterilizada. Incubar as placas ou caixaS
plásticas contendo sementes em câmaras cem temperatura de 24 a 28°C, sob
um regime de al temância de luz e escuridão de doze horas, durante sete ou
oitodias. A ilt.rninação com luz negra ou luz do dia pode ser fornecida por
nas lâmpadas fluorescentes Phillips de 4(M, espaçadas de 20 cm entre si e
colocadasem prateleiras, a 40 em das placas ou caixas plásticas. Após o p!:.
dadoda incubação, a contagem das sementes associadas à identificação dos
fingosassociados é efetuada, baseada nas caracteristicas morfológicas dos
ftngos, observadas com auxilio de microscópio estereoscópico e microscópio
ótico.
Métododo plaqueamento em água (agar-plating)
As sementes selecionadas ao acaso sao submetidas a assepsia su
perficial, conforme a técnica do pre-t.ratamento descrito anteriormente'. A s!:.
~r, estas sementes são acondicionadas em placas de Petri contendo meio de
cultura de Batata-Dextrose-Ágar (BDA), cinco sementes por placa. As condi
çõesde incubação, a contagem de sementes associadas e a identificação dos
fungosvão ser as mesmas mencionadas para o método do papel de filtro.
4.2. Bactérias em sementes
Comrelação à metodologia empregada para a detecção de bactérias
emsementes de caupi, as informações são escassas. De uma maneira geral, as
sementesescolhidas ao acaso são semeadas em bandejas plásticas ou caixões
~ madeira, contendo solo esterilizado. As lesões tipicas provocadas por
~ctérias fitopatogênicas aparecerão nas folhas primárias das plântulas du
rante dez a quatorze dias após o plantio. Para isolar os fitopatógenos bact!:.
ríanos das lesões, deve-se escolher a lesão mais nova dí.sponí,vel, preferi ve!
rente a que apresenta um fluxo bacteriano abundante. A seguir, realiza-se o
procedimentode isolamento de bactérias em plaqas de Petri contendo meio de
cultura de ágar nutriente ou de nutriente-dextrose-àgar. Após obtenção de
culbrras puras, efetua-se a identificação de bactérias isoladas das amos
trns de sementes.
4.3. v:f.rus em sementes
Para detecção de virus em sementes de caupi, podem ser
dosvários métodos.
empreg~
379
infecção viral. Após um per-Íodo adicional de dez dias, as plantas
tes sao testadas pelo teste sorológico de dupla difusão em ágar e
das nas seguintes categorias: a ) plantas, aparentemente, sadias;
tas com suspeitas de infecção viral e c) plantas com sintanas de
viral.
restan
380
Plantio direto complementado com sorologia
Oitocentas a mil sementes selecionadas ao acaso sao semea~ ~
bandejas plásticas ou caixões de madeira, contendo solo esterilizado em ca
sa telda. Duas semanas após a semeadura, realiza-se um desbaste, arrancan
do-se todas as plântulas bem desenvolvidas e sem nenhum sintoma aparente ~
agrup!
b) plB12
infecç~
A seiva das plantas (ant.Ígenos) a serem testadas e os antí-so
ros sao colocados em arranjos hexagonais, nos quais os or-í.ri.cícs centrais
sao reservados aos anti-soros e os orificios externos aos antigenos. p~
os testes com os potyví rus , o meio de agar- deve ser preparado con 0,85% de
agar- nobre, l,O',b de NaN3e 0,5% de dodecil sulfato de sodí.o (SDS), enquanto
que os testes para os comovirus são realizados em meio de agar' contenOO
O,~,b de ágar nobre, 0,85% NaCl e 0,05% de NaN3.
Sorologia com discos de hipocótilos de sementes genminadas
As sementes escolhidas por acaso são desinfestadas emsoluçãode
hipoclorito de SÓdio a 0,5% durante dez minutos. Após esse tratamento, •
sementes são lavadas duas vezes em água esterilizada, dí str-íbuidas sobre
duas folhas de papel de filtro ("germ test") unedecida, medindo 39 x 28an,
e, posteriormente, cobertas com uma única folha de papel do mesmotamanho.
Emseguida, as três folhas são dobradas dois centimetros ao longo da maior
dimensão e enroladas em sentido perpendicular. Os rolos de papel são colo
cados na vertical com a margem dobrada para baixo e incubados numa CaNUIcom, praticamente, lOO',bde umidade relativa e temperatura alternada de
200C/16 horas e 3QoC/8 horas, durante cinco dias. Os hipocótilos devemsercortados individualmente em discos, com espessura de 1 a 2 rrrn,can auxilio
de lâminas de barbear. Os discos são testados indi vidualrnente pela técnica
soroí.ógí ca, que envolve o teste de dupla ou de simples difusão emágar. 11
Último teste, os anticorpos sao incorporados diretamente, 1;1.0 meio de ágar ,a sua preparaçao.
381
~ro1ogia de extratos de hipocótilos de sementes germinadas
Este método é basicamente semelhante ao citado anteriormente. Em
l~ar de discos, extratos de hipocdtilos de plantas podem ser submetidos a
teste sorcl.ogí.co de dupla ou de simples difusão em agar-,
~ro1ogia de microscopià eletrônica
A técnica consiste em se revestir te1inhas de cobre cobertas com
filmede Parlodion, com anti-soros espec.i f'í.cos para vírus de caupi. Os anti-
-sorosutilizados são dí Luidos em tampão de 0,05 M de TRIS, pH 7,2 na p~
porçãode 1: 100 e 1: 1000. As telinhas contendo os anti -soros são lavadas com
0,05 M de TRIS e, a seguir, tratadas com extratos obtidos das amostras' de
sementede caupi. Depois, são lavadas com solução tamponada e água destilada
e coradas com 1,0',0 de acetato de uranila, preparado em 50',0 de ethanol. As te
linhas são lavadas mais uma vez com 50',0 de ethanol, , 'e secadas , antes de se
rem observadas no microscópio eletrônico.
5. CONCWSÕES
Comrespeito às metodo10gias empregadas para a detecção de fun
gosemsementes de caupi, os procedimentos não têm sido padronizados. Os tra
~hos com relação às bactérias fitopatogênicas ou saprófitas são escassos.
P~a a detecção de virus transmitido por sementes, poucos làboratórios de s~
rentes estão equipados para realizar os testes saní, tar-í.os , De uma maneira g~
ral, é necessário padronizar os métodos de detecção de fungos, bactérias e
~nG em sementes de caupi, com n1veis de tolerância de infecção.
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Fungos Paí ses
C~ada~pa~~um v~çnue ........••.... Estados UnidosCoch.LioboIu» het=a~t~aphu~ ÍndiaCa~~e{at~~chum cap~~c~ NigériaCa~~etat~~chum demat~um ......•... BrasilCo~~etot~~chum ~loeo~pa~~o~de~ ... BrasilCo Ll et.o t.a cchum ~~arrUn~co~a......• BrasilCoLLeo co tru.chumLindemutru.anum Brasil, NigériaCo~~eotot~~chum t~Wlcatum NigériaCo~yn~po~a ca~~~~co~a ........•..Cu~vu~a~~a e~u~~o~t~d~~•.......... BrasilCu~vu~a~~a ~Wlata ........•....... BrasilCunvu La-u:a-sen.eça.Len-u:o BrasilCu~vu~a~~a spp .•••.•••••••...•..• BrasilCu~vu~a~~a v=~ucu~o~a •......•... ÍndiaD~apo~the pha~eo~o~um ...........• ÍndiaD~p~od~a sp .••••••.•••••.••.••••. BrasilD~p~adiJlasp. •••••••.•.••••.••••• BrasilD~ech~~e~a hawa~~en~~~ ÍndiaD~ech~~e~a spp. ••••••.••••.•••••• Brasil[p~coccwn sp. •••••••••••••...•.•• Brasilru~a~~um conco~o~ .....•.....•.... Índiaru~a~~um equ~~et~ ..•.......••...• Brasil ,Índiaru~a~~um u~~~o~de~ ..........•.•. Índiaru~~~um mon~~~fo~e ..•.••....... Brasil,Índiaru~a~~um mon~~~fo~e f.sp.~ub~~utMan~ .....•....•.....•....Brasilru~a~~um oxy~po~um Brasil,Nigériaru~a~~um oxy~po~um f.sp.pha~eo~~ ........•......•.........Brasilru~~~um ~o~ewn _ Brasilru~a~~um ~o~ewn f.sp.a~th~a~pa~~v~de~ •................ Brasil
Continua
Anexo I - Relação de microorganismos isolados das sementes de caupi, emdiversos países onde esta cultura é explorada.
~ Paí ses
Ab-sidi:aspp. ..•...••.•.••.•••••...•• Brasil,4~te~a~~a a~te~ata Brasil,4-Ue~a~~a ~aphan~ Brasil,4~te-7na~~asp. ••......••.....•.•..•. Brasil, Porto Rico,4~te~a~~a tenu~~~vna Brasil,4~codlytapha~eo~a~um Rhodeaí a,4~codlytaspp .•.•••••..•....•....••. Brasil, Ní ger-í a,4~peqga~u~ el.e-su-s Brasil,4~peI19~-Uu~-ici eao ci.oaum Brasil,4~pe~9(~~u~l~avu~ Brasil, Índia,4~pe~~LUu~ ru.çe». Brasil, Índia,4~pe~9(~~u~och~aceu~ Brasil,4~pe~~~~~u~a~YJae Brasil,4~pe~gi~~u~tamal1i~ BrasilA~pe~9i{~u~ ~epen~ ..........•...... Brasil,4~P=9~~~u~ spp .•..•....••....•..••. Brasil,4~pe~9(~~u~~ydaw(i BrasilA~peI19LUu~ t en.ieu» ................ ÍndiaA~pe~gU~u~ ve~~ico~o~ Brasil[Jot~!Jt(~c.ineaea ,....... Índia[Jut~!Jti-1spp. ••••..•.••.•••.••••..•• Brasil[Jot~yadip~odiasp •.••.•..•..•.••.••• Brasil[Jot~yad~p~odiatheob-iomae .......... Brasil, Costa RicaCacumi.opon ium sp , •.••••••.•.•••••..• ÍndiaCondi.dasp ••••.•.••.•.••.••.••..•.•• BrasilChepha~o~po~~um spp .•.••.••••...•.•. ÍndiaCe~co~po~a cane-1cen~ .......•....... NigériaC=co~po~a spp ••..••..•••••.•..•.•.. BrasilChaetum~um sp. .•..••.••••••••.•..•. Brasil, ÍndiaCh~amydam9ce-1sp •...•..•..•.......•• BrasilC~ada-1po~~umspp ••.......••.....•.•• Brasil, Porto Rico
Anexo I - Continuação
~
Fu~a~~um ~o~eum f.sp.avenaceum •••••••••••••••••••Fu~a~~um ~o~eum f.sp.g~am.i..nea~um •••••••••••••••••Fu~a~i..um -semccectum •••••••••Fu-san ium -soLaru: •••••••••••••Fu-san ium spp. • ..•.........•.Fu~a~.i..um -t~ache.i..ph.i..-I.umç-l..i..oc-l.ad.i..um~o~eum •••••••••Çüodad.i ..um sp. . ...•......•.Ile-Ún.i..n.tfw~po~.i..um sp. . .He-te~o~po~.i..um sp •........•..La~.i..od.i..p1o.i..d.i..atheob~omae •••frlac~oF'wm.i..na pãa-xeo Lina •••••
frlemnon.i..e-l.-I.asp .....•.....•..frlon.i..1.i..asp. . ....••......•..frluco~ spp. •••••.•..........frI!j~othec.i..um Leuco t.a.cchum ••••frI!j~othec.i..um ~o~.i..dUm •••••••••l!l!j~othec.i..um ve~~ucQ//..i..a ••••••N.i..9Ao~po~a spp •...••........~aec.i..-I.om!jce~ sp ....•.•.•.•.•PopuLaapo aa sp •...••...•••..~en.i..c.i..-I.-I..i..umb~ev.i..-=compac tum ••••••••••••••••••~en.i..c.i..-I.-I..i..umch~!j~o9enumren.i..c.i..-I.-I..i..um~u~-tu~um •••••••~en.i..c.i..-I.-I..i..um'~e~uen-tart~ •••••~en.i..c.i..-I.-I..i..umno-ta-tum •••••••••~en.i..c.i..-I.-I..i..um~a.i..~-t~.i..c••••••••~en.i..c.i..1-1..i..um~ub~ •••••••••
Pai ses
Brasil
BrasilBrasil,Porto RicoBrasil,NigériaBrasilEstados UnidosBrasilBrasiiBrasilBrasilPorto RicoBrasil,Nigéria,CostaRica, Índia ,Estados UnidosBrasil, ÍndiaBrasilBrasilÍndiaÍndiaNepalBrasil, ÍndiaBrasilBrasil,Costa Rica
BrasilBrasilÍndiaBrasilCosta RicaCosta RicaBrasil, Índia
~~en.i..cUüum spp .•••••.•.•••~en.i..c.i..-I.-I..i..um~-teck.i...i..••••••••~e~ta1ot.i..a martg.i..,~a ••••••••~~ta-l.o-t.i..a sp ....•...••••...Ph.oma bah ea.i.ana ••••••••••••~homa spp .•.....•.•..•.....~homop~.i..~ ~ojae •••••••••••••~homop~.i..~ spp••••...•••.•••~.i..thom!jce~ sp •...•....•••••~-I.eo~po~a .i..n1.ecto~.i..a•••••••~~eudoce~co~po~a ~uen-taRh.i..Joc-ton.i..aúa-ta-t.i..cula •••••Rh.i..Jocton.i..a ~o-l.art.i..•••••••••Rh.i..Jocton.i..a sp •...•..••...•Rh.i..Jopu~ aq~.i..Ju~ ••••••••••Rh.i..Jopu~ conn.i...i..••••••••••••Rh.i..Jopu~ n.i..9A.i..cart~•••••••••Rh.i..Jopu~ nodo~u~ •••••••••••Rh.i..Jopu~ sp .•...••••.•.••..5c-l.~ot.i..um ~o-l.1.~.i...i..•••••••••5epto~.i..a v.i..gnae ••••••••••••5tachljbot~.i..~ sp ••...•••..••5tach!jl.i..d.i..umsp •...•••.....5t.i..lbum sp ....•...........•5y.ncepha-l.Mt~um n.ac.emo oum ••Tonu.La sp •.•••..•..•.•••...T n.i.chodeama sp •.••.•.•••....T~.i..chod~a v.i..~.i..de•••••••••T~~chotec.i..um ~o~eum ••••••••U-I.oc-l.ad.i..umcha~tQ//.UfflBactériasP~eudomonM ~e~y.n9àeXartthomona~ campe~t~.i..~pv. v.i..gn.i..co-l.a••••••••••••••
pa1ses
Brasil, ÍndiaBrasilÍndiaBrasilÍndiaBrasilBrasilBrasil,Porto RicoBrasil. ÍndiaÍndia
ÍndiaBrasil ,Nigéria, SenegalBrasilBrasil, ÍndiaBrasilBrasilBrasilBrasil,Costa RicaBrasilNigériaÍndiaBrasilBrasilÍndiaBrasilBrasilBrasilBrasilÍndia
Estados Unidos
Nigéria, Brasil ,ÍndiawcoV1
Jane Silveira Carneiro(l)
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CAPÍTULO XVII
TESTES DE SANIDADE DE SEMUITES DE ESSÊNCIAS FLORESTAIS
1. INTRODUÇÃO
O estudo das essencias florestais nativas ou exóticas adaptadasa regiao , quer sejam frutiferas silvestres ou madeiras nobres, é de grandeimportância para a Silvicultura, visto que as sementes de alto valor (esp~cies que serão utilizadas como matéria na fabricação de papel de celulose)penmitem um aumento do potencial de plantação e uma redução nos custos de implantação.
Apesar do conhecimento que se tem sobre perdas de produtividadee de qualidade de madeiras em algumas essências florestais exóticas, devidoa problemas de etiologia infecciosa, é grande a escassez de informações sobre a metodologia de análise de suas sementes, especialmente em nosso pais ,visando uma avaliação qualitativa das mesmas. Em relação às espécies florestais nativas, praticamente, não se têm relatos na literatura.
Este fato deve-se, provavelmente, à existência de poucas doençasobservadas nessas culturas, até o momento.
Pouco se conhece sobre perdas econ~cas significativas devido apresença de patógenos transmitidos por sementes em essências florestais.Essências exóticas como Pinus, Eucalipto e Acácia-negra , de maior interesseeconômico, têm apresentado poucos problemas de sanidade de semente.
2. PROBLEMAS FITOSSArJITÁRIOS E1~ESSÊNCIAS FLDRESTAIS NO BRASIL E EXTERIOR
Os maiores proble~ ligados a doenças ocorrem durante a genmin~çao de sementes e formação de mudas nos viveiros pelo uso de uma tecnologiainadequada. Porem, poucas são as doenças de maior importância.
(1) i':i'1gº Ag-:-º, r~estre, IBDF/CB1AP.GEN/E'<ffiRAPA.SAIN-IA-DPq.70.770 - Brasilia-DF.