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The present Portuguese version has the endorsement of the Brazilian Society of Nephrology (SBN), Latin American Society of Nephrology and Hypertension (SLANH) and the International Society for Peritoneal Dialysis (ISPD) www.sbn.org.br www.ispd.org www.slanh.org Translator Prof. Thyago Proença de Moraes, Council Member – ISPD Pontifícia Universidade Católica do Paraná Rua Imaculada Conceição 1155, Prado Velho – Curitiba - Brasil Reviewers Three Professors of Nephrology have reviewed this translation independently. Prof. André Balbi, Member of SBN Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil Prof. Daniela Ponce, Member of SBN Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil Prof. Vera Hermina Kalika Koch, Member of SBN and Secretary of the Latin American Association of Pediatric Nephrology Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil Any reference to this guideline must be cited as follows: Cullis B, Abdelraheem M, Abrahams G, Balbi A, Cruz DN, Frishberg Y, et al. Peritoneal dialysis for acute kidney injury. Peritoneal dialysis international 2014 Jul-Aug;34(5):494-517. This single copy is for your personal, non-commercial use only. For permission to reprint multiple copies or to order presentation-ready copies for distribution, contact Multimed Inc. at [email protected]

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Brazilian Society of Nephrology (SBN), Latin American Society of

Nephrology and Hypertension (SLANH) and the International

Society for Peritoneal Dialysis (ISPD)

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Translator

Prof. Thyago Proença de Moraes, Council Member – ISPD Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Rua Imaculada Conceição 1155, Prado Velho – Curitiba - Brasil

Reviewers

Three Professors of Nephrology have reviewed this translation independently.

Prof. André Balbi, Member of SBN Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil

Prof. Daniela Ponce, Member of SBN Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil

Prof. Vera Hermina Kalika Koch, Member of SBN and Secretary of the Latin

American Association of Pediatric Nephrology Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil

Any reference to this guideline must be cited as follows: Cullis B, Abdelraheem M, Abrahams G, Balbi A, Cruz DN, Frishberg Y, et al. Peritoneal dialysis for acute kidney injury. Peritoneal dialysis international 2014 Jul-Aug;34(5):494-517.

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A presente tradução para a Língua Portuguesa tem o apoio da Sociedade

Brasileira de Nefrologia (SBN), Sociedade Latino Americana de

Nefrologia e Hipertensão (SLANH) e da Sociedade Internacional para

Diálise Peritoneal

www.sbn.org.br

www.ispd.org www.slanh.org

Tradutor

Prof. Thyago Proença de Moraes, Membro do Conselho da ISPD Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Rua Imaculada Conceição 1155, Prado Velho – Curitiba - Brasil

Revisores

Três professores e nefrologistas revisaram a presente tradução de maneira independente.

Prof. André Balbi, Member of SBN

Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil

Prof. Daniela Ponce, Member of SBN Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP – Botucatu - Brasil

Prof. Vera Hermina Kalika Koch, Membro da SBN and Secretária da Associação

Latino Americana de Nefrologia Pediátrica Universidade de São Paulo – São Paulo - Brasil

Qualquer referência à essa diretriz deverá ser citada da seguinte maneira: Cullis B, Abdelraheem M, Abrahams G, Balbi A, Cruz DN, Frishberg Y, et al. Peritoneal dialysis for acute kidney injury. Peritoneal dialysis international 2014 Jul-Aug;34(5):494-517.

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Peritoneal Dialysis International, Vol. 34, pp. 494–517doi: 10.3747/pdi.2013.00222

0896-8608/14 $3.00 + .00Copyright © 2014 International Society for Peritoneal Dialysis

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DIÁLISE PERITONEAL PARA INJÚRIA RENAL AGUDA

Brett Cullis,1,2 Mohamed Abdelraheem,3 Georgi Abrahams,4 Andre Balbi,5 Dinna N. Cruz,6 Yaacov Frishberg,7 Vera Koch,8 Mignon McCulloch,9 Alp Numanoglu,10 Peter Nourse,9

Roberto Pecoits-Filho,11 Daniela Ponce,5 Bradley Warady,12 Karen Yeates,13 and Fredric O. Finkelstein14

Renal Unit,1 Greys Hospital, Pietermaritzburg, South Africa; Renal and Intensive Care Units,2 Royal Devon and Exeter Hospital, Exeter, United Kingdom; Pediatric Nephrology Unit,3 Soba University Hospital, University of Khartoum, Sudan; Pondicherry Institute of Medical Sciences and Madras Medical Mission,4 Chennai, India;

Department of Medicine,5 Botucatu School of Medicine, Sao Paulo, Brazil; Division of Nephrology-Hypertension,6 University of California, San Diego, USA; Division of Pediatric Nephrology,7 Shaare Zedek Medical Center,

Jerusalem, Israel; Pediatric Nephrology Unit,8 Instituto da Criança of the Hospital das Clinicas of the University of Sao Paulo Medical School, Sao Paulo, Brazil; Pediatric Nephrology Department,9 Red Cross War Memorial Children’s Hospital, University of Cape Town, Cape Town, South Africa; Department of Surgery,10 Red Cross War Memorial Children’s Hospital, University of Cape Town,

Cape Town, South Africa; School of Medicine,11 Pontificia Universidade Catolica do Parana, Curitiba, Brazil; Division of Pediatric Nephrology,12 University of Missouri-Kansas City School of Medicine, Kansas City, USA; Division of Nephrology,13 Queen’s University,

Kingston, Canada; and Yale University,14 New Haven, USA

Tradutor: Prof. Thyago Proença de Moraes, Membro do Conselho da ISPDPontifícia Universidade Católica do Paraná Rua Imaculada Conceição 1155, Prado Velho – Curitiba - Brasil

Revisores: Prof. André Balbi, Member of SBN, Prof. Daniela Ponce, Member of SBN, Prof. Vera Hermina Kalika Koch, Membro da SBN and Secretária da Associação

Latino Americana de Nefrologia Pediátrica

ISPD GUIDELINES/RECOMMENDATIONS

Adiálise peritoneal (DP) foi usada pela primeira vez no tratamento da injúria renal aguda (IRA) na

década de 20, mas somente em 1946 foi descrito o pri-meiro caso de uma vida salva pela DP na IRA (1). Inicial-mente as soluções de diálise produziam hipercloremia e hipervolemia, mas ajustes como a adição de lactato

de sódio ou bicarbonato ao invés de cloreto de sódio, assim como o uso de gelatina ou dextrose para au-mentar a tonicidade, viabilizaram melhores desfechos clínicos (2). Conforme as soluções e os cateteres de DP foram sendo aprimorados, o mesmo aconteceu com os desfechos clínicos, com um consequente aumento da utilização da DP. A DP para IRA tem sido, entretanto, preterida por novos e mais modernos tratamentos como a hemofiltração e a hemodiálise (3,4). Em uma revisão

Correspondence to: Dr. Brett Cullis, PO Box 11068, Dorpspruit, 3206, South Africa.

[email protected] 20 August 2013; accepted 24 February 2014.Supplemental material available at www.pdiconnect.com

Perit Dial Int 2014; 34(5):494–517 www.PDIConnect.comdoi:10.3747/pdi.2013.00222

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PDI JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 ISPD GUIDELINE: PERITONEAL DIALYSIS FOR ACUTE KIDNEY INJURY

recente sobre a dose de diálise na IRA, a DP não foi sequer mencionada como uma potencial modalidade para o seu tratamento (5) despeito da existência de estudos demonstrando que a DP é no mínimo tão efe-tiva quanto a hemodiálise diária e possivelmente até a hemofiltração (6,7). A pesquisa de Gaiao et al, entre participantes de 3 importantes congressos de diálise, demonstrou que apesar de 36% dos entrevistados considerarem a DP adequada para o manejo da IRA na unidade de terapia intensiva (UTI); entretanto, so-mente 15% a praticavam. Por outro lado, mais de 50% consideravam a DP a DP adequada ao manejo do paci-ente em enfermaria. Ressalta-se no mesmo estudo, a predileção da indicação de DP para agudos por médicos da Ásia em comparação com profissionais da Europa e América do Norte (8). As razões para isso não são bem conhecidas, mas provavelmente incluem o fato que a DP é a modalidade atualmente mais utilizada nos países em desenvolvimento, onde o custo e a disponibilidade de recursos são grandes problemas. Nesses países, a DP oferece significativos benefícios no custo e na infraestrutura sobre a hemodiálise e hemofiltração, pois não necessita eletricidade e tampouco utiliza equipamentos ou materiais caros (6,9). Kilonzo et al. mostraram que o custo para salvar uma vida com DP na IRA é de aproximadamente 370U$ enquanto George et al. notaram que a DP para agudos custa metade do valor da hemofiltração (6,9).

Como a DP para agudos é prat icada predomi-nantemente nos países em desenvolvimento, onde a infraestrutura para pesquisa de qualidade é fre-quentemente restrita, o resultado tem sido limitada evidência no assunto para gerar decisões clínicas em áreas como prescrição de dose e volume de diálise. Os estudos publicados também demonstram falta de pa-dronização no tratamento, com no Kt/V semanal entre 1.8 e 5.6, e no volume prescrito de solução entre 13 a 70 litros por dia (6,7,10,11). A pesquisa de Gaiao et al. também encontrou heterogeneidade na modalidade de DP utilizada com considerável ambiguidade sobre a dose de DP a ser ofertada na IRA. A dose adequada de DP foi def inida como incerta por 66 a 70% dos profissionais, inclusive por 37 a 52% daquelas que a utilizavam para manejo da IRA.. (8). Esta insegurança está provavelmente relacionada, ao menos em parte, à falta de dados definitivos e/ou diretrizes e consensos sobre o assunto.

MÉTODOS

Essas diretrizes foram desenvolvidas sob os auspícios da Sociedade Internacional para a Diálise Peritoneal

(ISPD) para ajudar a padronizar a prática, baseada nas evidências disponíveis, e capacitar aqueles que praticam a DP para IRA a obter os melhores resulta-dos. Esperamos que isto facilite o aumento do acesso à terapia renal substitutiva (TRS) nos países em de-senvolvimento, padronize práticas e funcione como uma plataforma para futuras pesquisas. O comitê foi cuidadosamente selecionado para incluir tanto nefrologistas de adultos quanto pediátricos assim como especialistas em medicina intensiva de todo o mundo e especialistas daqueles países onde a DP para agudos é praticada rotineiramente. Cada seção foi es-crita por pelo menos dois autores que realizaram uma revisão da literatura em cada área. A seção era então revisada por corresponsáveis (BC, FF) e f inalmente as recomendações e o seu nível de evidência foram decididos por consenso. A versão f inal da diretriz foi então revisada subsequentemente por todos os autores. Os autores de cada seção podem ser encon-trados no material suplementar disponível on-line. As recomendações são baseadas no sistema de grau de evidência, uma estrutura bem validada que possui a força da recomendação para o nível de evidência (12), onde o Grau 1 é uma recomendação forte e 2 uma recomendação fraca. As letras (A-D) indicam o nível de evidência usada para fazer as recomendações. Na ausência de evidência, mas em situações onde hou-vesse experiência suficiente do comitê para formular uma recomendação, a mesma foi caracterizada como opinião (nível D).

Estas diretrizes foram desenvolvidas por especialistas que trabalhavam em condições muito diferentes. Em alguns casos o que é percebido como uma tratamento ótimo pode não ser prático devido às limitações de recurso. É, entretanto, importante definir um padrão mínimo que permita garantir que o benefício da DP para o tratamento da IRA seja superior aos riscos; porém esse padrão mínimo pode não oferecer o tratamento ótimo.Haverá, portanto, recomendações feitas para um “padrão mínimo” e para um “padrão ótimo”, devendo os especial-istas sempre se esforçar para atingir este último. Nãoexiste método válido de definição desses dois padrões, e eles foram baseados em consenso pelos autores, usando a melhor evidência disponível.

Estas são diretrizes e como tais devem ser usadas para direcionar as práticas clínicas. É importante ter em mente, entretanto, que as diretrizes podem não ser aplicáveis para todas as situações clíni-cas; os clínicos devem usar essa informação para oferecer o melhor tratamento para os pacientes, entendendo que desvios das diretrizes podem vir a ser necessários.

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CULLIS et al. JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 PDI

DIRETRIZES PARA ADULTOS

DIRETRIZ A1: Indicação da diálise peritoneal para a IRA em adultos

A1.1 A diálise peritoneal deve ser considerada um mé-todo adequado de terapia de reposição renal con-tínua em pacientes com injúria renal aguda (1B).

RACIONAL

Diretriz A1.1: A diálise peritoneal possui muitas potenciais vantagens sobre a TRS extracorpórea (13). É tecnicamente simples, com necessidade de um mínimo de infraestrutura, e, portanto, de baixo custo. Pode ser a escolha de preferência para o paciente com dificuldade de acesso vascular ou aqueles com risco de sangramento já que não há necessidade do uso de anticoagulantes. A remoção de solutos é gradual, com menor potencial para a síndrome do desequilíbrio e difusão de líquido intracraniano, fazendo dela talvez a melhor modalidade entre pacientes com hipertensão intracraniana. Como não há necessidade de circulação extracorpórea, há normalmente uma relativa boa tolerância hemodinâmica e a hemodinâmica renal pode ser melhor preservada. Também tem sido postulado que a DP pode ser mais fisiológica e menos inflamatória do que terapias extracorpóreas, as quais envolvem a exposição do sangue a membranas sintéticas. Todos esses fatores juntos podem potencialmente contribuir para uma recuperação da função renal mais precoce (7). Na sepse há um considerável interesse no uso de membranas para hemofiltração com um alto “cut-off” caracterizadas por aumento do tamanho efetivo do poro para permitir a remoção de citocinas tóxicas. Essa me-dida tem sido associada a uma redução da necessidade de vasopressores (14). Como a membrana peritoneal possui poros grandes o suficiente para permitir a re-moção dessas substâncias, a DP pode eventualmente proporcionar uma significativa vantagem sobre a HD convencional e hemofiltração.

Existe, contudo, importantes preocupações em re-lação a DP na IRA, principalmente envolvendo o risco de peritonite, potencial incapacidade em prever a taxa de remoção de fluidos e um possível “clearance” inade-quado de solutos, especialmente em pacientes hiper-catabólicos ou naqueles com hipoperfusão esplâncnica ou que estão precisando do uso de vasopressores. Ao contrário, a HD moderna e as máquinas de hemofiltra-ção veno-venosa contínuas (CVVH) possuem sistemas volumétricos precisos que guiam a remoção de fluidos e muitos possuem um monitoramento do clearance de

solutos online, conferindo uma clara vantagem e pro-vavelmente contribuindo para o aumento do conforto do médico com a HD e a CVVH quando comparado com a DP. Outros potenciais problemas específicos da DP incluem a absorção de glicose e a hiperglicemia causada por soluções à base de glicose, exposição subsequente a produtos da degradação da glicose e produtos finais da glicosilação avançada também nas soluções à base de glicose, e a excessiva perda de proteína através da membrana peritoneal. Um problema adicional, parti-cularmente nos pacientes em ventilação mecânica, é um impacto negativo sobre o movimento diafragmático resultando na redução da capacidade residual funcional. Gokbel et al., entretanto, mostraram que em pacientes saudáveis em diálise peritoneal ambulatorial contínua. embora tenha havido uma redução no volume de reserva pulmonar de expiração e capacidade funcional residual, a capacidade de inspiração aumentou quando a cavidade abdominal estava cheia; dessa maneira os efeitos da DP nos pacientes em ventilação mecânica precisam ser estudados mais profundamente (15).

Em geral, bons dados sobre a DP em agudos são limita-dos, e isso foi resumido em uma recente revisão sistemá-tica (16). Treze estudos descreveram pacientes tratados unicamente com DP, enquanto 11 compararam DP com TRS extracorpóreas contínuas ou intermitentes. Dos 11 estudos comparando DP com TRS extracorpórea, quatro eram estudos clínicos randomizados e controlados (RCT). No geral, não houve diferença na mortalidade entre a DP e a TRS extracorpórea tanto nos estudos observacionais (odds ratio(OR), 0.96; intervalo de confiança (IC) 95%, 0,53-1,71) quanto nos 4 RCT (OR, 1.50; IC95%, 0,46-4,86). Três dos RCTs foram conduzidos primariamente entre pacientes sépticos ou criticamente enfermos (77 a 100% dos casos). O RCT realizado por Gabriel et al foi muito bem conduzido; entretanto, tem sido criticado por falhas na randomização, critérios de inclusão, e não possuir poder estatístico para detectar diferença de mortalidade (7). Os outros 2 estudos foram interrompi-dos precocemente e possuíam qualidade metodológica sub-ótima, com processos de randomização não claros, ausência de análise sobre a intenção de tratar, número de pacientes modestos e terem sido realizados em um único centro. As técnicas de DP também variaram entre esses 3 estudos. Dois deles comparam DP com TRS con-tínua (6, 17), enquanto o terceiro comparou DP com HD intermitente (7). O quarto RCT randomizou 40 pacientes com falência renal aguda ou crônica para receber ou DP intermitente ou HD; somente 8 (4 em DP, 4 em HD, 7/8 com sepse) tiveram IRA (18). Nos 7 estudos de coorte, não houve diferença na mortalidade entre DP e TRS extracorpórea (OR 0,96; IC95%, 0,53-1,71). Embora o

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PDI JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 ISPD GUIDELINE: PERITONEAL DIALYSIS FOR ACUTE KIDNEY INJURY

sessões mais longas as quais, embora não tenha sido especificado, pode indicar a necessidade de um tempo maior para a recuperação da função renal (6, 17).

Em geral podemos dizer que há evidência suficiente para estabelecer a recomendação de que a DP é um mé-todo de TRS adequado para o tratamento da IRA.

DIRETRIZ A2: Acesso peritoneal e entrega da solução para DP na IRA de adultos

A2.1 Cateteres de DP flexíveis devem ser usados para a DP de agudos onde existir a experiência e os recursos necessários (1C) (Ótimo). Poderá vir a ser necessário o uso de cateteres rígidos ou improvisados em locais onde os recursos forem escassos mas que ainda assim possam vir a salvar uma vida (2D) (Padrão mínimo).

A2.2 Recomendamos que os cateteres sejam tunelizados com o intuito de reduzir o risco de peritonite e extravasamento ao redor do cateter (1D).

A2.3 Nenhum método de inserção do cateter de DP é superior a qualquer outro. Recomendamos que o método de implante deva ser baseado nas características do paciente e habilidade local, equipamento e materiais consumíveis (1D).

A2.4 O implante do cateter de DP por nefrologista é seguro e os resultados são semelhantes àqueles implantados cirurgicamente (1B).

A2.5 Recomendamos que nefrologistas recebam trein-amento e tenham autorização para implantar cateteres e assim garantir o início em tempo adequado nos casos emergenciais (1B).

A2.6 O implante do cateter de Tenckhoff deve ser real-izado no ambiente mais estéril possível, utilizando técnica estéril com o operador usando luvas, gorro e máscara (1D).

A2.7 Recomendamos o uso de antibióticos profiláticos antes do implante do cateter de Tenckhoff (1C).

A2.8 Um sistema fechado com conexão em Y deve ser usado (1A) (Ótimo). Em regiões em que a dis-ponibilidade de recursos é pobre, o uso de bolsas com necessidade de perfuração manual e conexões manuais pode vir a ser necessário (2D) (Padrão mínimo). Entretanto, é imperativo que a técnica estéril seja mantida.

resultado combinado dos 4 RCTs também sugira que não havia diferença na mortalidade (OR 1,50; IC95% 0,46-4,86), os resultados foram heterogêneos.

A DP foi significativamente inferior a CVVH no estudo de Phu et al. (17). Nesse estudo, que foi interrompido precocemente, a técnica da DP foi menor que o ideal, com o uso de cateteres rígidos, trocas manuais e dre-nagens abertas. Turvação do dialisato foi observado em 42% dos pacientes, potencialmente representando episódios de peritonite, os quais podem ter contribuído para os pobres desfechos clínicos observados no grupo da DP. O grupo em CVVH também teve, surpreendente-mente, uma baixa mortalidade (15%) para a severidade da doença, resultado que é conflitante com outros de grandes estudos de IRA e sepse onde a mortalidade varia de 45 a 60%, sugerindo um erro do tipo 1 (3, 19). Além do mais, a principal causa de IRA nesse estudo foi malária severa por falciparum (68% dos casos), ao contrário dos outros 3 estudos que foi sepse. Tem sido postulado que a fase eritrocitária dos parasitas da malária foi acelerada devido a altas concentrações de glicose na circulação esplâncnica oriunda da glicose do dialisato. Os resultados desse estudo, entretanto, têm sido questionado por um estudo retrospectivo da Índia e que não mostrou diferença na sobrevida entre pacientes tratados com DP versus HD diária a despeito do fato de que vários pacientes da coorte de DP tinham malária e choque (20).

Em outros 3 estudos, as taxas de mortalidade foram comparadas entre a DP e terapias extracorpóreas (6, 17, 18). George et al. comparou DP com hemodia-f iltração veno-venosa contínua (CVVHDF) olhando primariamente para o controle de solutos (correção da uremia e desordens eletrolíticas e ácido básicas), assim como para a correção da sobrecarga de volume (6). O clearance de uréia e creatinina, assim como o controle da sobrecarga de volume, foram signifi-cativamente melhores com CVVHDF do que com DP; entretanto, a correção da acidose foi melhor com DP. A diálise peritoneal e a CVVDHF foram comparáveis em relação a correção da hipercalemia e distúrbios hemo-dinâmicos. No estudo de Arogundade et al., todos os 8 pacientes com IRA, dos quais 4 foram tratados com DP manual intermitente, sobreviveram (18). Gabriel et al. foram os únicos investigadores que utilizaram cicladora, permitindo um maior troca de volumes comparado com outros estudos (7).

Em termos de recuperação da função renal os resul-tados também são conflitantes. Um estudo (7) demons-trou um período menor de recuperação da função renal com DP comparado com HD diária. Dois estudos notaram que pacientes em DP precisaram de mais sessões ou

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CULLIS et al. JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 PDI

RACIONAL

DIRETRIZ A2.1 - Tipo do cateter:

Cateter flexível: O cateter de Tenckhoff permanece sendo o padrão ouro para o acesso ̀ cavidade peritoneal e é o mais utilizado na diálise crônica (21). Estes cateteres são preferíveis aos mencionados abaixo porque possuem um diâmetro maior do lúmen e orifícios laterais que pro-porcionam um melhor fluxo do dialisato e menor risco de obstrução, o que é imperativo na DP em agudos para que se obtenha clearances adequados. Eles também são menos propensos ao extravasamento e possuem menor incidência de peritonite (22). Se o paciente não recuperar a função renal, o cateter pode ser utilizado para a diálise crônica sem a necessidade de um novo procedimento.

Estes cateteres podem ser inseridos com anestesia local à beira do leito ou no centro cirúrgico. O implante à beira do leito utiliza a técnica de Seldinger modificada com um guia metálico e um dilatador com uma camisa removível. Essa é uma técnica às cegas e portanto con-traindicada naqueles indivíduos que possuem cicatriz cirúrgica na região abdominal medial ou um histórico que sugira aderências intraperitoneais. Aonde a morte por falência renal é iminente e não existir a possibilidade de visualização direta da cavidade abdominal, essa técnica pode ser considerada um contraindicação relativa. (um guia passo a passo para o implante de cateteres será publicado no website da ISPD futuramente).

Cateter rígido: Esses cateteres são implantados utili-zando um sistema com um trocater afiado e que deve ser direcionado em direção à fossa ilíaca. Eles são fáceis de inserir; entretanto, tendem a estar associados com uma diálise menos eficiente. Possíveis complicações com esse tipo de cateter incluem sangramento, perfuração intestinal ou vesical, obstrução em consequência dos pequenos orifícios laterais e do lúmen, e extravasamento do dialisato. A incidência de peritonite aumenta com o tempo que o cateter em uso é deixado no abdômen (23).

Cateteres improvisados - Sonda nasogástrica, cateteres de borracha e cateter de drenagem intercostal: Es-ses cateteres improvisados têm sido utilizados para o acesso em ambientes onde os recursos são escas-sos. Eles precisam ser implantados cirurgicamente e possuem a desvantagem de possuir poucos orifícios laterais e serem menos apropriados para tunelização, o que leva a um aumento do risco de extravasamento de dialisato. Entretanto, eles podem salvar uma vida e eventualmente podem ser utilizados quando não há outra alternativa disponível.

Uma comparação entre cateteres de Tenckhoff com cateteres rígidos em 64 crianças que foram submetidas a DP com IRA encontrou menor número de complicações com cateteres de Tenckhoff e uma sobrevida do cateter significativamente maior (22).

Em conclusão, embora exista pouca evidência pub-licada de que os cateteres flexíveis são superiores aos demais, exceto por um pequeno estudo em crianças, é a opinião e experiência dos autores que um melhor fluxo de dialisato e menos complicações ocorre quando utilizamos os cateteres flexíveis. Essa é a base para esta recomendação. As vantagens e desvantagens de cada tipo de cateter está sumarizada na Tabela 1.

Diretriz A2.2 - A2.6 - Método de Inserção: A chave para uma DP efetiva é um cateter que permita um fluxo bidirecional rápido para maximizar o tempo de per-manência e o contato do dialisato com a membrana peritoneal. Isto é predominantemente dependente do cateter usado (veja cima), mas será influenciado pela posição do cateter e qualquer interferência que venha do omento ou de aderências adesões. Extravasamento do fluido através da ferida cirúrgica necessitará redução do volume de infusão ou mesmo a interrupção da DP por alguns dias; portanto a técnica que minimize esse problema é preferível.

Cateteres rígidos são inseridos usando uma técnica às cegas com trocater; entretanto, o método ideal de inserção do cateter envolve a colocação de um cateter flexível usando uma variedade de técnicas, incluindo a percutânea (técnica modificada de Seldinger, laparoscó-pica e cirurgia aberta). Os potenciais riscos e benefícios desses métodos estão descritos na Tabela 2. A maioria dos estudos compara essas técnicas nos pacientes em DP crônica, o que pode influenciar os resultados já que o paciente pode ter recebido uma preparação intestinal antes do procedimento cirúrgico e que normalmente ocorre um atraso intencional no início da diálise de até 2 semanas. Isso reduz o risco de migração do cateter e ex-travasamento do dialisato; porém, não é viável na maioria dos pacientes com IRA. Contudo, estes estudos nos dão uma visão sobre o risco e os benefícios de cada método e serão discutidos rapidamente. Henderson et al. compa-raram 283 implantes percutâneos com 104 implantados cirurgicamente. A incidência de extravasamento (6% vs 10% p=0.18) e drenagem inadequada (21% vs 23% não significante) foram similares entre os métodos. Porém, peritonites ocorreram mais frequentemente no primeiro mês dos pacientes que receberam implante cirúrgico (4% vs 13% p=0.009) (24). Perakis et al. reportaram o implante de 170 cateteres (86 deles via percutânea) onde uma maior incidência de extravasamento ocorreu

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PDI JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 ISPD GUIDELINE: PERITONEAL DIALYSIS FOR ACUTE KIDNEY INJURY

no grupo que teve implante percutâneo (10% vs 2%). Entretanto, as complicações infecciosas foram maiores no grupo com implante cirúrgico (25). Um estudo do Iran randomizou 64 pacientes para receber implante ou percutâneo ou cirúrgico e encontrou uma maior incidên-cia de drenagem inadequada e hemoperitônio no grupo cirúrgico. Contudo, o número de eventos foi pequeno e os resultados devem ser interpretados com cautela (26). Uma auditoria do registro Britânico mostrou uma maior incidência de peritonite nas primeiras 2 semanas assim como uma menor disfunção do cateter em 3 meses nos pacientes com o cateter implantado cirurgicamente

(27). A inserção via laparoscópica tem mostrado uma incidência de extravasamento tão pequena quanto 2% (28%) e uma meta análise realizada por Strippoli et al. mostrou uma tendência a menor falência da técnica do método laparoscópico comparado com a laparotomia; entretanto, não atingiu significância estatística (risco relativo [RR] 0,45-1,08) (29). Uma meta análise mais recente realizado por Haben et al. mostrou uma melhor sobrevida do cateter com o método de implante laparos-cópico (30). Estes estudos demonstram que existe pouca diferença nos desfechos clínicos entre os vários métodos de implante em pacientes crônicos e a diretriz sobre o

TABELA 1Vantagens e Desvantagens dos Acessos Peritoneais por Cateter Rígido, Flexível e Outros

Vantagens Desvantagens

Cateter Rígido • Barato, mas não necessariamente custo efetivo.• Pode ser implantado à beira do leito• Facilmente removido

• Disfunção do cateter• Problema no fluxo de dialisato• Risco de perfuração de vísceras ocas e vasos

sanguíneos

Cateter Flexível • Melhor fluxo de dialisato (5, 6)• Menor chance de perfuração• Menos extravasamento e infecção• Pode ser realizado 1a beira do leito

• Mais caro• Requer mais treinamento• Migração da ponta do cateter

Sonda nasogástrica, dreno torácico, tubos de borracha etc

• Facilmente disponível• Barato

• Problema no fluxo de dialisato• Infecções• Alto risco de extravasamento• Dificuldade de conseguir uma boa conexão

TABELA 2Vantagens e Desvantagens das Diferentes Técnicas de Implante de Cateter

Vantagens Desvantagens

Percutâneo (beira do leito)

• Pode ser realizada à beira do leito com rápido início da diálise

• Médico ou enfermeira pode ser treinado para o implante do cateter

• Risco de perfuração intestinal ou da bexiga• Inadequada para pacientes com cicatriz

cirúrgica na região mediana ou com risco de ter adesões

Cirurgia Aberta • Disponível na maioria dos centros.• Custo do material é menor que da laparoscopia

• Necessita de agendamento do centro cirúrgico.

Laparoscopia • Menor incidência de extravasamento• Capacidade de realizar outros procedimentos

de maneira concomitante, como a omentopexia.• Capacidade de colocar o cateter na pelve

sob visualização direta

• Necessário profissional com experiência.• Alto custo

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CULLIS et al. JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 PDI

acesso peritoneal da Sociedade Internacional para a Diálise Peritoneal (ISPD) recomenda que o método de implante deve depender da experiência do centro (31). Em alguns centros isto pode também ser influenciado pela disponibilidade dos tipos de cateter e do equipa-mento de laparoscopia.

Quando comparamos o inicio da DP com urgência com pacientes com doença renal avançada, pouca evi-dência está disponível sobre qual a técnica de implante de escolha. Povlsen et al. mostraram uma incidência de extravasamento com seus implantes colocados por cirurgia aberto de 7,7% (usando volumes pequenos), que não foi estatisticamente diferente dos seus pa-cientes crônicos; as taxas de peritonite também não foram diferente (32).

Em conclusão, o método de inserção do cateter flexível deve se realizado de acordo com a necessidade e experiência da unidade, levando em consideração as habilidades técnicas dos profissionais, recursos, e custo efetividade. Pacientes com cicatrizes por cirurgias prévias na região mediana do abdômen ou quando há um risco elevado de adesões intraperitoneais deveriam ter o ca-teter implantado sobre visualização direta.

Diretriz A2.7 - Antibióticos Profiláticos: A colo-nização do cateter de Tenckhoff e/ou a contaminação durante o implante do cateter aumenta o risco de de-senvolvimento subsequente de peritonite, e como tal deve ser evitado com o uso de técnica bem estéril. O ambiente mais apropriado para o implante do cateter dependerá do paciente. Por exemplo, em um paciente com disfunção múltipla de órgãos e choque o local mais apropriado será à beira do leito, contudo um paciente estável deve ser transferido para o centro cirúrgico, sala de radiologia ou uma sala dedicada exclusivamente para o implante do cateter. Não existem estudos clínicos que respondam essa questão; entretanto, a experiência de diversos profissionais é que o implante à beira do leito é segura e não leva à um aumento do risco de peritonite, contanto que uma técnica estéril seja sempre realizada.

O uso de antibióticos profiláticos não impede a infec-ção se as medidas acima não forem tomadas. Entretanto, quando utilizada em conjunto com técnica estéril, há uma redução na incidência de peritonite quando utilizamos o antibiótico profilático. A decisão de qual o antibiótico a ser utilizado depende da sensibilidade das bactérias locais, tempo do procedimento e disponibilidade. É consenso que os organismos mais importantes para serem cobertos são os gram-positivos. Entretanto, dado o pequeno risco de perfuração intestinal, alguns profis-sionais usam também um antimicrobiano com capacidade de cobrir gram-negativos.

Os antibióticos profiláticos precisam atingir níveis teciduais adequados momentos antes do procedimento. É portanto inadequado o uso de antimicrobianos que requerem um longo tempo de infusão para pacientes que necessitam da diálise com urgência.

O maior estudo em DP de pacientes crônicos foi reali-zado por Gadallah et al, que randomizou 254 pacientes para receber vancomicina, cefazolina ou nenhuma profilaxia. O risco relativo do desenvolvimento de peritonite foi de 6,54 para cefazolina e 11 quando não realizada profilaxia quando comparado com vancomi-cina. A vancomicina foi administrada 12 horas antes do procedimento, e como requer uma infusão de 30 a 90 minutos, pode vir a não ser indicada para pacientes que necessitam do início imediato da DP (33). Wikdahl et al. reportaram um pequeno estudo com 38 pacientes randomizados para cefuroxima 1,5g intravenoso (IV) + 250mg no dialisato contra placebo. Eles mostraram uma redução significante no número de casos de peritonite; entretanto, deve ser notado que no braço do grupo controle as taxas de peritonite foram inaceitavelmente altas (34). Outros agentes que tem sido usados são a gentamicina e uma combinação da gentamicina com cefazolina (35, 36). Uma meta análise da Cochrane em 2004 mostrou que houve uma redução significante na incidência de peritonite com o uso de antibióticos profiláticos (37).

Diretriz A2.8 - Entrega da solução: Bolsas plásticas colapsáveis de diferentes tamanhos e concentrações de glicose podem ser usadas na DP de agudos (38). Garrafas de vidro ou de plástico dura (não colapsáveis) podem também estar disponível (10, 17). As bolsas colapsáveis podem ter um equipo integral de transferência que per-mita um sistema fechado uma vez conectado ao paciente. Isto é mais seguro do que borrachas para obstruir gar-rafas e bolsas que requerem perfuração.

Sistemas de desconexão em Y e bolsas gêmeas estão associadas com menores taxas de peritonite comparadas com o sistema padrão de perfuração manual em pacien-tes crônicos e não há razão para suspeitar que isso seja diferente na DP de agudos (39-41). Para que os sistemas com desconecção possam ser utilizados com segurança, um suprimento adequado de materiais que garantam que a ponta do cateter não se contaminará entre as trocas é necessário. Se não estiverem disponíveis, pode ser mais seguro deixar a bolsa conectada ao paciente e re-alizar uma troca “reversa” (isto é, preencher a cavidade peritoneal e deixar o paciente conectado durante a permanência, então drenar e somente após desconectar, conectando uma nova bolsa antes do novo preenchi-mento da cavidade).

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PDI JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 ISPD GUIDELINE: PERITONEAL DIALYSIS FOR ACUTE KIDNEY INJURY

Cicladora: DP automática por cicladora é o termo utili-zado para se referir a todas as formas de DP onde se utiliza uma máquina para fornecer a dose de diálise prescrita e drenar o dialisato. Um volume de dialisato é prescrito assim como o tempo da terapia e o volume de infusão. A vantagem desse sistema é que pode ser realizado por uma pessoa treinada somente uma vez por dia para reduzir o risco de complicações. Ela também reduz o tempo gasto pela enfermeira já que as cicladoras são automáticas. Existem dados conflitantes sobre se há redução de pe-ritonite com o uso de cicladoras mas em geral parece não haver diferença comparado com o sistema manual usado na DP para crônicos. Outro benefício é que elas podem oferecer DP tidal, onde um pequeno volume de liquido é deixado na cavidade abdominal durante todas as trocas, o que pode reduzir complicações mecânicas e a dor associada com a drenagem completa do líquido. Embora, ocasionalmente, a sucção hidráulica fixa pode piorar a obstrução mecânica em cateteres que já possuem um baixo fluxo de líquido. Cicladoras automáticas tem sido usadas continuamente para a DP na IRA; entretanto, em situações de escassez de recursos, as cicladoras são sabidamente caras (42, 43). Uma outra desvantagem das cicladoras é que se não houver suporte de profissional treinado, há o risco das máquinas serem desligadas du-rante a noite para evitar o som dos alarmes.

Nós recomendamos, sempre que possível, o uso de um sistema fechado. Não há evidência que a DP automatizada é mais segura que trocas realizadas manualmente.

DIRETRIZ A3: Soluções de diálise peritoneal para DP em agudos

A3.1 Em pacientes com choque ou falência hepática, soluções contendo bicarbonato devem ser uti-lizadas (1B) (Ótima). Onde essas soluções não estiverem disponíveis, o uso de soluções contendo lactato é uma alternativa (1D) (Padrão mínimo).

A3.2 Uma vez que os níveis de potássio sérico caiam abaixo de 4mmol/L, ele deve ser adicionado ao dialisato usando técnica estéril (veja abaixo) (1D).

A3.3 Os níveis séricos de potássio devem ser medidos diariamente (1D) (Ótimo. Em locais onde não for possível, recomendamos avaliar o paciente com e realização regular de eletrocardiogramas (ECG) e, após 24h, considerar a adição de potássio no dialisato (2D) (Padrão mínimo).

A3.4 Soluções preparadas comercialmente devem ser usadas (1C) (Ótimo). Entretanto, aonde os recursos

não permitirem, a preparação das soluções local-mente podem salvar a vida do paciente (2D). Existe um alto risco em potencial de contaminação quando o líquido de diálise é preparado localmente e todo esforço deve ser feito para que isso seja realizado por farmacêuticos em um meio estéril e não à beira do leito (1D) (Padrão mínimo).

RACIONAL

Diretriz A3.1 - Soluções com tampão de Lactato vs Bicarbonato: Soluções de DP à base de lactato como tampão são o padrão para o uso em IRA. O lactato é convertido em bicarbonato principalmente através do fígado e as enzimas musculares piruvato desidrogenase. Entretanto, a IRA ocorre principalmente em pacientes críticos. Choque, estados de baixa perfusão tecidual e falência hepática não são incomuns nessas situações, comprometendo a conversão do lactato em bicarbonato, a qual pode contribuir para o desenvolvimento ou agra-vamento da acidose metabólica (44-46).

Há um estudo clínico controlado e randomizado com 20 pacientes com IRA comparando a efetividade das so-luções de bicarbonato vs as soluções de lactato com um tempo de permanência de 30 minutos. Os autores não en-contraram diferenças clinicamente importantes entre os grupos, como mortalidade e eventos adversos (RR 0,50, 95% CI 0,06-3,91) (44). Por volta do ciclo de número 12, em pacientes com choque e tratados com solução de bicarbonato, houve um aumento mais rápido do bicar-bonato sérico (21,2± 1,8mmol/L vs 13,4 ± 1,3mmol/L) e do pH sérico (7,3 ± 0,03 vs 7,05 ± 0,04, p<0.05). Essa melhora permaneceu estatisticamente significante entre os 2 grupos por todos os 36 ciclos. Em geral, os níveis de lactato foram significativamente menores nos grupos recebendo solução com tampão de bicarbonato tanto nos pacientes com choque (3,6 ± 0,4mmol/L vs 5,2 ± 1,3mmol/L) como sem choque (2,9 ± 0,2mmol/L vs 3,4 ± 0,2mmol/L). Importante mencionar que pacientes sem choque tiveram melhoras comparáveis tanto do pH sérico quanto do bicarbonato sérico com ambas as soluções. Outros desfechos, como estabilidade hemodinâmica, não puderam ser analisados devido a limitação de dados disponíveis. O resultados desse estudo sugerem que os estados de baixa perfusão associados a IRA devam ser conduzidos com o uso de soluções com tampão à base de bicarbonato ao invés de lactato (45, 46).

Diretriz A3.2-A3.3 - Suplementação de potássio: As soluções padrão de DP não contém potássio (K), que é perdido durante a DP por difusão e convecção. Em geral, após trocas com duração de 4 a 6 horas, as concentrações

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séricas e do dialisato são similares (47). Como resultado, um número significante de pacientes em DP crônica de-senvolvem hipocalemia (K<3,5mEw/L) ou precisam de suplementação de potássio para manter níveis normais de potássio sérico (47, 48).

Hipocalemia tem sido identificado como um fator de risco para o desenvolvimento de peritonite e morte em pacientes em DP crônica (48, 49). Chuang et al. encon-traram uma maior incidência de peritonite nos pacientes hipocalêmicos em comparação com os indivíduos normo-calêmicos (6,9% vs 2,1%, p<0,001) (49). A hipocalemia reduz a motilidade gastrointestinal, podendo causar uma hiperproliferação de bactérias com consequente translocação transmural de organismos entéricos. Por sua vez também pode significar desnutrição, a qual pode estar associada com alteração das defesas imunológicas nas alças intestinais, aumentando o risco de peritonite. Szeto et al. concluíram que pacientes em DP crônica com hipocalemia possuíam pior sobrevida do que aqueles sem hipocalemia após os ajustes para fatores de confusão. Eles notaram que os níveis séricos de potássio nesses pacientes estavam associados com um pior estado nu-tricional e maior prevalência de condições comórbidas coexistentes (50).

As perdas de potássio podem ser grandes na DP para agudos porque cada troca de 2 litros pode remover poten-cialmente até 2 vezes a concentração sérica de potássio. Tal remoção pode causar séria depleção de potássio e instabilidade cardiovascular. Isso pode ser prevenido ou corrigido pela adição de potássio na soluções de diálise (4mmol/L) (45).

Nos trabalhos de Ponce et al. e Gabriel et al. em paci-entes com IRA, o controle do potássio sérico foi obtido após uma sessão de 1 dia com DP de alto volume e, quando o potássio sérico estava abaixo de 4mmol/L, era acres-centado 3,5 a 5mmol/L de potássio na solução de diálise para evitar hipocalemia (7, 11, 51, 52). É importante que uma técnica estéril seja mantida quando o potássio é adicionado e que a enfermagem seja cuidadosamente instruída para que a quantidade a ser acrescentada seja apropriada.

Diretriz A3.4 - Soluções comerciais ou preparadas localmente: Soluções produzidas comercialmente são produzidas seguindo um elevado padrão de qualidade para o controle da contaminação por endotoxinas e monitoramento de contaminação bacteriana. As soluções preparadas localmente possuem o risco potencial de contaminação além dos possíveis erros na mistura os quais podem colocar a vida do paciente em risco. Soluções comerciais frequentemente possuem sistema de drena-gem fechados para prevenir contaminações acidentais. Entretanto, a desvantagem das soluções comerciais en-

volve o custo, o qual pode limitar seu uso em regiões com pouco recursos, principalmente se os pacientes estão pa-gando os seus próprios custos. Os custos incluem ambos, o custo de adquirir a solução e os custos da logística do transporte para os locais onde a diálise será realizada, incluindo taxas e burocracias locais. Os custos associados à peritonite causada pela contaminação de soluções pro-duzidas localmente devem ser levados em consideração quando a decisão eventualmente for realizada levando conta somente a parte financeira.

A ISPD recomenda os seguintes tipos de solução em ordem de preferência:

• Soluções preparadas comercialmente• Soluções preparadas localmente em uma unidade

farmacêutica aprovada e certificada com técnica as-séptica. Estes produtos terão uma data de validade delimitada pela unidade produtora (veja http://www.ashp.org/DocLibrary/BestPractices/PreGdlCSP.aspx para diretrizes padronizadas da produção de compostos farmacêuticos).

• Soluções preparadas em um ambiente limpo com um número mínimo de punções e o menor número possível de passos a serem realizados. Esta solução deve ser usada imediatamente.

Em situações onde o liquido de diálise não estiver disponível ou for inacessível financeiramente, as soluções de diálise podem ser preparadas utilizando solução para uso intravenoso. A Tabela 3 mostra alguns exemplos de soluções intravenosas que podem ser convertidas em soluções de diálise. A Tabela 4mostra composição de algumas soluções disponíveis comercialmente.

Deve ser notado que quando as soluções forem preparadas como mencionado, cálcio e magnésio podem não estar presentes. Em geral, isso não é prob-lema para a DP na IRA, que é normalmente de curta duração. Se a suplementação de cálcio ou magnésio for necessária, isso pode ser realizado por suplemen-tação oral ou intravenosa. Muitos dos expansores plasmáticos podem conter potássio e, embora após as primeiras 24h possa ser benéfico, pode ser contra intuitivo utilizar logo no início.

Regras gerais ao preparar uma solução de diálise:

• As concentrações de soluções intravenosas bem conhecidas pode variar de país para país, portanto cheque as concentrações antes de preparar a mistura

• Mantenho técnica absolutamente estéril quando preparar as soluções

• Quanto menos componentes precisar adicionar à solução, menor o risco de infecção e erro.

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• Evite misturar bicarbonato e cálcio, juntos irão precipitar.

• Em casos de hipernatremia severa, adicione NaCl para elevar o sódio da solução em aproximadamente 15mmol em relação sódio do paciente para permitir uma redução gradual do nível sérico.

DIRETRIZ A4: PRESCRIÇÃO DA DP EM AGUDO

A4.1 Onde os recursos permitirem, o alvo para o Kt/V de uréia em 3,5 fornece resultados comparáveis àqueles da HD diária; doses maiores não mel-horam os desfechos clínicos (1B). Esta dose pode não ser necessária para muitos dos pacientes com IRA e o alvo de um Kt/V semanal de 2,1 pode ser aceitável (2D).

A4.2 Durante as 24h iniciais da terapia, a duração dos ciclos precisa der dirigida pelas circunstâncias clínicas. Ciclos curtos (cada 1 a 2 horas) podem ser necessários nas primeiras horas para cor-rigir a hipercalemia, sobrecarga de volume, e/ou acidose metabólica. Após, os ciclos podem ser aumentados para 4 a 6 horas dependendo das circunstâncias clínicas (1D).

A4.3 Evitar sobrecarga de volume é de extrema importân-cia e a ultrafiltração pode ser elevada aumento a concentração de glicose e/ou diminuindo a duração

dos ciclos. Quando o paciente está euvolêmico, a concentração de glicose deve ser ajustada para garantir um balanço de líquidos neutro.

A4.4 Pode haver um aumento do clearance de medi-camentos (por exemplo, antibióticos) na DP de agudos e é recomendável que as doses sejam ajustadas de acordo. Se possível os níveis séricos das drogas devem ser monitorados (1D).

RACIONAL O tratamento da IRA envolve uma terapia de suporte

geral e dialítica quando distúrbios metabólicos e hí-drico ocorrem. Quando existem recursos para oferecer protocolos de alta intensidade, a DP tem se mostrado equivalente, em relação a desfechos clínicos, à HD em pacientes selecionados.

A dose e/ou eficácia da DP é frequentemente asso-ciada com o Kt/V uréia (clearance de uréia ao longo do tempo), onde:

K= volume de dialisato drenado multiplicado pela concentração de uréia no dialisato dividido pela uréia do plasma.

t= duração da diáliseV= o volume de distribuição da uréia (água corporal

total ~0,5 [mulheres] ou 0,6 [homens] multiplicado pelo peso corporal).

Tabela 3Soluções intravenosas disponíveis comercialmente

Solução Na+ K+ Ca2+ Mg Cl- HCO3- lactato pH osm.

Solução de Hartmann 131 5 2,0 111 29 7,0 278

Ringer lactato 131 5 1,8 112 28 6,5 279

Plasmalyte B 130 4 0 1,5 110 27 7,4 273

Salina 0,45% 77 77 5,0 154

Na- sódio; K- potássio; Ca- cálcio; Mg- magnésio; Cl- cloreto; HCO3 - bicarbonato; osm- osmolalidade

Tabela 4

Composição típica das soluções de DP disponíveis comercialmente

Solução Na+ K+ Ca2+ Mg Cl- HCO3- lactato pH osm.

Stay-safe 1,5% 132 2,5 0,5 95 40 5,5 344

Dianeal 1,5% 132 2,5 0,25 95 35 5,2 344

Na- sódio; K- potássio; Ca- cálcio; Mg- magnésio; Cl- cloreto; HCO3 - bicarbonato; osm- osmolalidade

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A dose mais apropriada para DP no manejo de pa-cientes com IRA ainda está muito mal definida. Essa falta de uma definição clara ocorre porque há somente um limitado número de estudos disponíveis para com-parar o tratamento pelas diferentes modalidades. Os estudos que foram realizados apresentam problemas metodológicos e a dose da diálise variou muito. O tra-balho mais adequado por Gabriel et el., comparou a DP na IRA utilizando um cateter com cuff (fornecendo um Kt/V uréia de 3,6) com HD diária e encontrou resultados semelhantes (7). Alguns estudos mostraram desfechos muito bons com doses menores que a utilizada no estudo de Gabriel et al. (9, 10). Entretanto, estes eram estudos não randomizados e o problema associado a um viés de publicação deve ser levado em consideração. Ponce et al. e Gabriel et al. realizaram na sequência de seus estudos uma comparação entre a DP com alto volume versus volume menores e não encontraram benefícios ao mirar um alvo maior; o grupo com baixa dose atingiu um Kt/V ureia de 3,43 e evoluíram tão bem quanto o grupo com dose alta, que atingiu um Kt/V de 4,13 (11). Uma revisão detalhada publicada recentemente sugere que por inferência de dados provenientes de terapias extracorpóreas, que o alvo mínimo do Kt/V ureia de 2,1 em DP pode representar um alvo razoável da dose míni-ma para guiar e ajudar no planejamento de uma terapia apropriada (16).

A prescrição da diálise na IRA é atrapalhada pela nossa falta de compreensão sobre os fatores exatos que podem influenciar a sobrevida. Sabemos que a hipercalemia, acidose e uma massiva sobrecarga de volume precisam ser tratados. Após a sua correção, o problema sobre se devemos nos focar na remoção de pequenas moléculas (isto é, uréia e creatinina) ou no clearance de moléculas maiores (isto é, citocinas e receptores solúveis) é incerta. Muitos médicos intensivistas acreditam que a remoção de citocinas é essencial no choque séptico. Por exemplo, foi demonstrado que a utilização de membranas com um alto cut-off (poros largos) na hemofiltração reduz a necessidade de norepinefrina no choque séptico. Isso foi percebido como sendo devido à remoção de moléculas inflamatórias grandes (15). Se formos nos concentrar no clearance de moléculas grandes na DP, então precisamos lembrar que o clearance dessas moléculas são dependen-tes tanto do tempo quanto da convecção e a prescrição da diálise precisará ser ajustada de acordo. Outro problema é que embora nós temos utilizado o termo IRA de uma maneira genérica, ela engloba um grande número de condições e os clearances necessários para os pacientes sépticos e hipercatabólicos podem ser muito diferen-tes daqueles de pacientes com necrose tubular aguda secundários a uma toxina tubular. Nós recomendamos

fortemente que nossos leitores tenham isso em mente quando utilizarem essa diretriz.

A prescrição da diálise na DP de agudos requer um número de suposições a serem feitas sobre o transporte peritoneal, já que existem poucos dados sobre as carac-terísticas de transporte de pacientes que não estão bem por um evento agudo. A variação em potencial nas taxas de transporte de solutos em diferentes doenças agudas não estão bem estudadas. Entretanto, o fluxo esplânc-nico de sangue e a presença de várias citocinas podem certamente ter um impacto no clearance a ser atingido.

Se durante o tratamento houver um grande número de ciclos, então o tempo de duração para a difusão de solutos para dentro da cavidade peritoneal estará redu-zido (devido à grande percentagem de tempo envolvido na infusão e drenagem do líquido de DP). A redução do tempo de permanência causada por ciclos rápidos significa que um grande volume de dialisato não neces-sariamente corresponde a um aumento do clearance de uréia e outros pequenos solutos; na verdade, moléculas médias e grandes podem ser reduzidas. Deste modo, por exemplo, se a diálise for realizada utilizando trocas a cada hora, e assumirmos uma tempo para infusão de 10 minutos e de drenagem de 20 minutos, durante somente metade do dia haverá difusão de solutos na cavidade abdominal. Com trocas de 2 horas, em 75% do dia haverá um processo de difusão.

Embora muito foco seja direcionado para o clearance de solutos, está se tornando cada vez mais aparente que um cuidado especial com o balanço de líquidos é crítico em pacientes em UTI. Portanto, a prescrição de diálise precisa ter atenção especial à ultrafiltração e avaliação do estado volêmico nesses pacientes (53). Deve sempre ser lembrado que uma solução de 4,25% pode remover até 1 litro de liquido em 4 horas e, embora haja neces-sidade de se preocupar com hiperglicemia, o risco de se usar soluções hipertônicas no curto prazo pode ser considerado mínimo, ao contrário do uso a longo prazo nos pacientes mantidos em DP crônica.

Atenção adicional precisa ser dada para os potenciais ajustes na dose de vários medicamentos (como antibióti-cos) que podem vir a ser preciso dependendo do clearance peritoneal atingido na DP para agudos, particularmente com a terapia que utiliza altos volumes (54).

Os relativos bons desfechos clínicos que tem sido reportado em programas com DP para IRA em locais conde os recursos são bem escassos resultaram na re-comendação que a DP para agudos pode ser usada no tratamento da IRA (6, 9, 18, 51, 55, 56). Um estudo piloto em adultos e crianças conduzido na Tanzânia en-tre julho de 2009 e junho de 2011 incluiu 20 pacientes e apresentou bons resultados clínicos (9). Dezesseis dos

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20 pacientes sobreviveram e receberam alta hospitalar. Dezesseis eram adultos. A sobrevida da técnica foi boa usando um sistema fechado com bolsas gêmeas e com um ciclo inicial de 2 horas em adultos e uma infusão de 2 litros (1 litro no primeiro dia). Baixa taxa de infecção foi obtida, com peritonite sendo suspeitada em somente 2 pacientes (11). Chitalia et al. comparou duas modalidades para o tratamento da IRA em pacientes moderadamente catabólicos em um estudo transversal utilizando cateter rígido e sem cuff. Esses pacientes ou receberam DP manual com ciclos de 4 horas e com infusão de 2 litros por 48 horas ou tidal com volume de 675ml e ciclos de 20 minutos por 12 horas. A DP manual atingiu um Kt/V de 1,8 e a DP tidal um Kt/V de 2,43. O volume de solução necessário para atingir esses valores na modalidade tidal foi duas vezes maior que na DP manual (10). Os resulta-dos foram excelentes; 86 de 87 pacientes recuperaram função renal. Phu et al. realizaram um estudo clínico randomizado comparando DP com cateter rígido, sistema aberto e solução preparada manualmente com CVVH (17). A prescrição de diálise foi de 2 litros para infusão por ciclo de 30 minutos de permanência. A dose obtida não foi reportada e o trabalho foi suspenso devido uma maior mortalidade no grupo em DP. Devido a importantes problemas metodológicos (veja acima) os resultados desse estudo foram excluídos da análise.

Um estudo Brasileiro comparou DP contínua (DPC) com hemodiálise diária (HDd) em pacientes com IRA. Este estudo incluiu um total de 120 pacientes com necrose tu-bular aguda (NTA) que foram randomizados para receber DPC usando uma cicladora ou HDd. O desfecho primário foi sobrevida ao sair do hospital e recuperação da função renal. Desfechos secundários incluíram parâmetros me-tabólicos, acidobásicos e manejo hídrico. Os dois grupos eram parecido no início do estudo no que diz respeito a idade, sexo, sepse, choque, gravidade da NTA e do índice de APACHE. Quando os grupos foram comparados, a DPC de alta dose proporcionou um controle metabólico e do pH apropriado, com uma taxa de sobrevida similar à que foi vista na HDd e uma recuperação da função renal sig-nificativamente mais rápida. A limitação deste estudo foi que ele excluiu pacientes com índice de massa corporal bem alto ou aqueles que foram considerados com hiper-catabólicos severos devido às dificuldades esperadas no controle da “uremia”. O tratamento na DP foi prescrito por 24h e um Kt/V uréia alvo de 0,65 por dia (prescrito semanalmente um Kt/V de 4,5). A prescrição consistia de trocas de 2 litros com um tempo de permanência de 35 a 50 minutos; o Kt/V atingido foi de 3,6 (7). Como mencio-nado acima, o seguimento de um estudo do mesmo grupo brasileiro sugeriu que doses menores de DP atingiram os mesmos resultados que doses elevadas de DP.

George et al. também comparam DP e CVVHDF em um estudo randomizado (25 pacientes em cada grupo); os desfechos foram similares para os 2 grupos, mas as taxas de mortalidade foram extremamente elevadas (84% para CVVHDF e 72% para DP) (6). A dose de DP usada nesse estudo não foi clara e cateteres rígidos, sem cuff, foram utilizados.

Como o único estudo clínico randomizado e con-trolado comparando DP (com um Kt/V atingido de 3,5) com HDd mostrou uma mortalidade comparável entre os métodos, nós usamos um Kt/V de 3,5 como a dose ótima. Se extrapolarmos para estudos com extracorpórea a dose ótima mínima seria um Kt/V semanal de 2,1 (16). Até que essas 2 doses sejam comparadas uma com a outra, a primeira deve ser considerada a ótima e a última o padrão mínimo aceitável. O algoritmo abaixo (Figura 1) leva em consideração para a prescrição em situações de disponibilidade alta ou baixa de recursos.

A adequacidade da diálise deve ser analisada regu-larmente. Não há diretrizes bem estabelecidas para isso e embora o Kt/V possa ser ideal ele não será prático em

Figura 1. Algoritmo para dose de diálise

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muito países. Portanto, nessas situações, a adequação terá que ser analisada pelo sinais clínicos e balanço hídrico, normalização dos níveis de potássio e melhora do padrão ácido-base.

COMPLICAÇÕES DA DP NA IRA

Existe um número de potenciais complicações associa-das com o uso da DP na IRA. Embora um discussão mais aprofundada está além do escopo dessas diretrizes, os seguintes temas serão discutidos brevemente:

• Peritonites• Complicações mecânicas• Perda de proteína• Hiperglicemia

O diagnóstico de peritonite pode apresentar difi-culdades, mas deve ser baseado nas recomendações das diretrizes para infecções da ISPD (57). O diagnós-tico é feito baseado na presença de dor abdominal, dialisato turvo, e uma contagem de leucócitos acima de 100µL (ou células polimorfonucleadas >50%) após uma permanência de 2 horas. É razoável realizar uma contagem de leucócitos diariamente para vigilância em pacientes com DP na IRA. Em locais com limitações de recursos isto pode não vir a ser viável e um método alternativo é o uso diário da fita urinária com o teste da esterase leucocitária, o qual se for maior que +2 deve levar ao tratamento imediato enquanto se espera a confirmação da contagem de leucócitos e cultura. Este método tem mostrado boa sensibilidade e especificidade em pequenos estudos mas outras características como dor abdominal e febre devem também ser levadas em consideração e investigadas (58, 59).

O tratamento da peritonite está além do escopo dessa diretriz, e é recomendado que as diretrizes para infecções da ISPD seja consultado (57). Deve ser notado que devido as trocas serem realizadas com permanências mais curtas do que as realizadas na DP para crônicos, os antibióticos devem ser dados via intraperitoneal e em cada troca, já que a penetração no espaço peritoneal a partir do sangue é insuficiente para atingir níveis terapêuticos quando as trocas são rápidas (60).

Outra importante complicação é mecânica é rela-cionada ao cateter. Em um estudo, isso foi a causa da descontinuação da DP em mais de 10% dos pacientes randomizados para o braço em DP. Ponce et al. estudaram 204 pacientes em DP por IRA e encontraram uma taxa de complicação mecânica de 7,3% com interrupção do tratamento em 2,6% (52). A obstrução do cateter pode ser resultado do bloqueio por fibrina ou deslocamento

e envolvimento do cateter pelo omento. Na primeira situação, a lavagem do cateter com solução salina estéril (e com técnica estéril) pode desfazer o bloqueio. Uma vez que o fluxo seja restabelecido, 500 - 1000 unidade de heparina podem ser adicionados para cada litro de solução de DP.

Métodos para a manipulação de cateteres de DP des-locados podem incluir o uso de laxantes e manipulação com fio guia (às cegas ou com fluoroscopia). Se estes métodos falharem, o cateter deve ser reposicionado usando o túnel do cateter original até o peritônio, para evitar os extravasamentos.

Perda de proteína para o peritônio em pacientes em DP crônica varia em diferentes estudos de 6,2 a 12,8g em 24h. Entretanto, é sabido que isso pode se elevar para até 48g durante um episódio de peritonite (10,61,62). Um estudo do Brasil mediu a perda de proteína em 31 pacientes em DP de alto volume em 208 sessões. Eles mostraram que a perda proteica foi de 4,2 (± 6,1) g/24h e que não havia correlação com os níveis séricos de al-bumina. Episódios de peritonite realmente aumentaram a perda proteica (63). Deve-se ter cuidado para garantir ingesta adequada de proteína com alvo de aproximada-mente 1,2g/Kg de proteína em 24h seja ofertada. Há uma associação com aumento de mortalidade naqueles pacientes com um balanço negativo de proteína, mas se isto é relacionado à gravidade da doença mais do que a inadequada ingesta proteica é incerto (52).

Devido à alta concentração de glicose na solução de DP, há uma tendência a hiperglicemia na DP de agudos. Isso reduz o gradiente osmótico entre a solução de DP e o sangue e deve ser tratado para permitir uma ultrafiltração ótima. A manutenção da normoglicemia também tem se mostrado importante para a melhora da sobrevida em pacientes críticos (64, 65).

CONCLUSÃO Diálise peritoneal para o tratamento de pacientes com

IRA é um método aceitável de tratamento. Enquanto DP não é utilizada comumente em países desenvolvidos para o tratamento de IRA, estudos recentes tem sugerido que os desfechos com DP são tão bons quanto os com TRS extracorpóreas. Certamente, em países em desenvolvi-mento, há grandes vantagens na DP para o manejo de pacientes com IRA. Enquanto as diretrizes apresenta-das acima estão focadas em algoritmos de tratamentos ótimos, é importante manter em mente que padrões de tratamento necessitam ser desenvolvidos conforme as necessidades individuais dos pacientes e levando tam-bém em conta os recursos disponíveis e o meio hospitalar. Em regiões de pouco recursos, flexibilidade e ajustes

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apropriados para o tratamento o padrão mínimo pode vir a ser necessário.

DIRETRIZES PEDIÁTRICAS

Injúria renal aguda tem sido há muito tempo iden-tif icada como um importante fator de risco para

morbidade e mortalidade em crianças tanto dentro quanto fora das UTIs (66-70). A etiologia da IRA é diferente entre crianças de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Dessa maneira, isquemia/hipóxia e injúria nefrotóxica secundária à prematuridade, pós operatório de cirurgia cardíaca, ou transplante de me-dula óssea são causas comuns nos países desenvolvidos, enquanto causas associadas a infecções (especialmente malária), gastroenterite e doenças renais primárias são mais comuns nos países em desenvolvimento (68-70). Terapia renal substitutiva na forma de DP, HD ou terapia renal substitutiva contínua (CRRT) é frequentemente necessária e a decisão sobre usar qualquer uma dessas modalidades não deve ser postergada; altas taxas de sobrevida em neonatos e crianças tem sido associadas a um inicio precoce da DP (71, 72).

A diálise peritoneal foi a primeira modalidade de TRS usada para o manejo de IRA em crianças de todas as idades, e permanece sendo o método de escolha em crianças jovens. Entretanto, sua prática tem declinado em favor das mais novas terapias extracorpóreas de purificação do sangue. Os resultados de pesquisas sobre opções de TRS disponíveis para crianças com IRA nos países em desenvolvimento e desenvolvidos são variáveis e altamente dependentes da situação socioeconômica e da especificidade de cada região. Em uma pesquisa na Índia, a DP estava disponível em quase 100% dos cen-tros entrevistados e era a modalidade mais comumente utilizada, mesmo se outras modalidades estivessem disponíveis (74). Por outro lado, numa pesquisa realizada na América do Norte e Europa, o uso da DP caiu dramati-camente em favor das CRRT, exceto nas modalidades de tratamento para crianças pequenas. Em muitos centros, a CRRT tem se tornado a modalidade de escolha (73, 75). Independente dos avanços tecnológicos, do refinamento e desenvolvimento de procedimentos seguros para as máquinas de CRRT, a aplicação dessa terapia em crianças permanece cara, complexa, dependente de tecnologia e de pessoal de enfermagem experiente, apresentando assim uma enorme dificuldade para sua introdução em áreas com recursos limitados.

A diálise peritoneal tem recebido desenvolvimentos tecnológicos com novas máquinas (cicladoras) com perfis melhores e mais seguros, com menos conexões, e potencial para uma grande variedade de prescrições de

DP. Entretanto, técnicos manuais ainda são comumente usados em países menos desenvolvidos. Em neonatos prematuros e lactentes, para os quais os sistemas das cicladoras automáticas são incapazes de fornecer dose dialítica com volumes suficientemente pequenos, a DP pode ser realizada manualmente com os novos sistemas manuais fechados. Esses sistemas manuais fechados são baratos e estão prontamente disponíveis no mundo todo (76). Finalmente, tem havido melhorias nas soluções de DP, como a introdução de soluções com baixos níveis de produtos da degradação da glicose (GDP) e com tampão de bicarbonato, associadas com menos dor à infusão; infelizmente, essas soluções ainda não estão disponíveis em muitos países.

DIRETRIZ P1: Viabilidade de utilização da DP para manejo da IRA em crianças

P1.1 A diálise peritoneal é uma modalidade adequada como TRS em crianças com IRA (1C).

RACIONAL

Diretr iz P1.1: Não ex istem estudos clínicos randomizados comparando diferentes modalidades de TRS (PD, HD e CVVH) para o tratamento de crianças com IRA. Estudos observacionais não encontraram diferenças na mortalidade entre crianças tratadas com DP e aquelas recebendo CVVH (68, 77-79). Entretanto, em 1 estudo, a CVVH foi associada com melhor controle hídrico e foi superior a DP no manejo da IRA hipercatabólica por sepse (79). Em outro estudo, a CVVH foi associada com melhor ultrafiltração, remoção de soluto e suporte nutricional (77). Entretanto, em nenhum desses estudos houve benefício na sobrevida com o uso da CVVH. Em 1 estudo no qual 3 modalidades foram comparadas em crianças, concluiu-se que a doença clínica primária, a estabilidade hemodinâmica, e o uso de agentes vasopressores foram fatores mais associados à mortalidade do que o tipo de TRS empregada (68). Como é característico de muitas in-vestigações pediátricas, estes estudos foram todos afe-tados dos pelo pequeno número de pacientes, ausência de padronização na terapia ofertada, variabilidade em termos da modalidade disponível, e uma variabilidade adicional no que diz respeito a experiência com a DP em agudos e com as diferentes modalidades, de tal modo que um possível viés não pode ser totalmente descartado.

Existe muita controvérsia no que diz respeito a ad-equação da DP para o manejo de pacientes pediátricos hipercatabólicos na UTI. Não há estudos prospectivos que tenham avaliado os efeitos de diferentes modalidades nos desfechos de crianças com IRA na UTI (80).

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DIRETRIZ P2: Acesso peritoneal e opções de sistema para troca do líquido de diálise na DP de crianças com IRA

P2.1 Recomendamos o implante do cateter de Tenck-hoff implantado por cirurgião no centro cirúrgi-co como a melhor opção para o acesso peritoneal (1B) (ótimo). Se não houver disponibilidade de instalações ou materiais para esta opção, um cateter de Cook (Cook Medical Inc, Bloomington, IN, USA) (crianças e neonatos) ou um cateter de Tenckhoff (crianças mais velhas) devem ser implantados utilizando a técnica de Seldinger no ambiente mais estéril possível (1C). Cateteres improvisados podem eventualmente salvar vidas se nenhum outro estiver disponível, mas não são recomendados para o uso rotineiro (2D) (Padrão mínimo).

P2.2 Um sistema fechado utilizando buretas para medir os volumes de instilação e drenagem, deve ser usados quando trocas manuais estiverem sendo realizadas (1C) (Ótimo). Quando os recursos forem limitados, um sistema aberto com utilização de bolsas de diálise pode ser empregado; tomando-se o cuidado de controlar ao máximo as vias potenciais de contaminação desse sistema (2D) (Padrão mínimo).

P2.3 Diálise peritoneal automatizada (DPA) é adequada para o manejo da IRA pediátrica com a exceção de neonatos com baixo peso ao nascer onde os volumes de infusão são muito pequenos para as máquinas atualmente disponíveis (1D).

RACIONAL

Diretriz P2.1 - Tipo de cateter e técnica de implante: A realização de diálise aguda em crianças pode ser um desafio por diversos fatores como a falta de equipamento adequado para o uso em crianças pequenas e recém nascidos incluindo cateteres de DP, circuitos e bolsas de diálise, assim como limitação na disponibilidade de equipe treinada (médicos e enfermeiros), para execução de diálise em pacientes menores (81, 82). Em particular, a falta de familiaridade com a inserção do cateter de DP permanece um obstáculo para ampliar o uso da DP. O implante dos cateteres é frequentemente percebido como sendo de uma técnica difícil, resultando em uma subutilização desse tratamento que pode salvar uma vida. Ao contrário dessa crença, o implante do cateter de DP em crianças pode ser efetuado com segurança, mesmo

por médicos que não tenham formação em cirurgia. (uma diretriz passo a passo do implante será publicada no website da ISPD em breve).

Existe um amplo número de cateteres com configura-ções diferentes tanto da porção intraperitoneal (reto, curvo, reto com discos de silicone e em T) quanto da subcutânea. Os cuffs também variam e os cateteres po-dem ter um ou dois “cuffs”, ou um disco e esfera. Outros cateteres de curta permanência, como os cateteres de DP tipo Cook (Cook Medical Inc, Bloomington, IN, USA) ou um cateter de drenagem multiuso, também podem ser apropriados para a DP aguda (83).

Um cateter de Tenckhoff implantado cirurgicamente deve ser o cateter de escolha para se iniciar DP aguda em crianças. Um estudo com 59 crianças comparando cateteres de Tenckhoff implantados cirurgicamente com cateteres rígidos, demonstrou que o cateter implantado cirurgicamente apresenta maior duração de uso - 16,5 dias vs 4,9 dias (p<0,001) e menos complicações (9% vs 49%) (84). A tendência atual é para que o implante ocorra via laparoscópica, já que há menos chance de vazamento comparado com o cateter colocado por laparotomia.

O acesso a cirurgiões pediátricos e centros cirúrgicos apropriados para esse grupo de pacientes pode ser limitado. Por essa razão, pediatras são frequentemente chamados para implantar o cateter à beira do leito sem a retaguarda de um centro cirúrgico. Sedação e analgesia para o implante em crianças à beira do leito pode ser o grande problema nessa situação e é imperativo que haja disponibilidade de instalações e de uma equipe de suporte para manejo dos eventuais eventos adversos associados à utilização desses agentes. O procedimento precisa ser realizado no ambiente mais estéril possível, e os médicos que realizam o implante devem utilizar gorro, máscara, proteção para os pés e luvas.

Um estudo com 108 casos de cateteres implantados à beira do leito por nefrologistas pediátricos mostrou que essa é uma maneira segura e custo-efetiva de implante. Digno de nota, não houve casos de perfuração intestinal mesmo utilizando técnicas realizadas às cegas incluindo Seldinger (85).

Uma alternativa para o cateter de Tenckhoff e que pode ser implantado à beira do leito em crianças de todos os tamanhos é o cateter flexível de drenagem multiuso (CMMDCs) Cook Mac-Loc (Cook Medical Inc, Bloomingtin, IN, USA). Na utilização destes em 21 recém nascidos e crianças, com idade média de 6,9 meses, houve somente 3 complicações em 2 pacientes tornando impossível a continuação da DP - os demais pacientes usaram o ca-teter até a recuperação da IRA ou morte não associada a doença renal (83). Uma remoção adequada de fluidos e solutos foi conseguida sem infecções associadas ao

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cateter. A média de tempo livre de complicações foi 10,5 (intervalo de 2 - 29) dias, com 90% de sobrevida do cateter em 14 dias. Não houve diferenças significativas entre o CMMDCs e o cateter tradicional de Tenckhoff em relação à sobrevida livre de complicações e complicações associadas ao cateter (p=0,057).

Os cateteres de DP de Cook implantados com técnica de Seldinger também proporcionaram um procedimento rápido e seguro. Em um pequeno estudo com esses ca-teteres, não houve casos de sangramento (0/44), houve baixo risco de vazamento (1/44) e baixas taxas de peri-tonite (81). Cicladoras automatizadas podem ser usadas com esses cateteres para maximizar os “clearances” e manter um sistema fechado para ajudar a prevenir in-fecções (22, 86).

Cateteres rígidos com um estilete são usados menos frequentemente devido a uma frequência aumentado de vazamento em comparação ao Tenckhoff (10/33 vs so-mente 2/34, p<0,01), assim como um risco mais elevado de deslocamento, perfuração, entre outros. (22). Este tipo de cateter somente deve ser empregado se outros cateteres para implante por Seldinger não estiverem disponíveis.

Outras alternativas que podem ser utilizadas como cateter de DP incluem cateteres de duplo lúmen tamanho adulto, drenos de tórax, e sondas nasogástricas colo-cadas na região subumbilical. Embora esses materiais possam salvar uma vida, há pouca evidência para apoiar o seu uso em termos de segurança e eficácia, e desse modo não são recomendados para uso rotineiro.

Em muitos casos de IRA, o vazamento do dialisato ocorre devido ao uso imediato do cateter. Na presença de vazamento através do óstio de saída do cateter, cola de fibrina tem sido usada com sucesso em crianças. Em um pequeno estudo de 8 crianças nas quais houve vazamento de dialisato nas primeiras 24-48 horas, cola de fibrina foi aplicada (1ml) na parte externa do cateter no sítio de saída, com resolução completa do vazamento em todos os pacientes (86).

Diretriz P2.2 - Sistemas de DP Manual: Diálise peritoneal para recém nascidos e crianças com IRA pode ser implementada com um sistema manual e baseado na gravidade. O circuito deve consistir de um sistema fechado o qual reduz o risco de infecção (87). Balanço hídrico rigoroso, de enorme importância nos pacientes muito pequenos, pode ser viabilizado através do uso de buretas, que permitem a medida precisa do fluxo em am-bos os sentidos. Essa técnica também minimiza o número de conexões e, portanto, o risco de contaminação por contato. Atualmente há sistemas disponíveis comercial-mente como o sistema PD-Paed (Fresenius Medical Care, BadHomburg, Alemanha) e o sistema Dialy-Nate/ Gesco

Dialy-nate (Utah Medical Products, Midvale, UT, USA). Em crianças maiores, um sistema de bolsas gêmeas (como o usado para pacientes crônicos em DP) pode ser usado para garantir um sistema fechado.

Em um ambiente de recursos limitados, um sistema fechado pode não estar disponível e um sistema aberto pode eventualmente vir a ser utilizado. Este deve ser montado para minimizar as potenciais fontes de con-taminação no momento da perfuração da bolsa e conexão do cateter e bolsa de drenagem. O circuito deve consistir de uma bolsa única de liquido de diálise anexada a uma bureta e equipo de infusão o qual é então conectado ao cateter de diálise através de uma conexão de 3 vias. O tubo de drenagem pode então ser inserido em uma bolsa vazia e estéril de 200ml. A bureta é essencial em neonatos e lactentes nos quais volumes precisos devem ser administrados para reduzir o risco de distensão ab-dominal, a qual pode resultar em restrição respiratória ou vazamento.

Nota: para crianças maiores e/ou se as buretas não estiverem prontamente disponíveis, uma escala pode ser usada para pesar a bolsa de DP enquanto o líquido flui para dentro e para fora do paciente

Diretriz P2.3 - Sistemas de DP automatizados: DP automatizada utilizando uma cicladora foi introduzida na prática clínica nos anos 80, reduzindo a frequência de episódios de peritonite e proporcionando um eficiente controle metabólico e eletrolítico nos pacientes com IRA (88, 89). A DP automatizada oferece uma ampla possibi-lidade de esquemas de tratamento altamente eficientes obtidos através do uso de tempos de permanência curtos, com alto fluxo de dialisato, e volumes intraperitoneais personalizados (IVPs). A DP automatizada possui a van-tagem de requerer menos cuidado intensivo de enferma-gem, mas vem causa um maior impacto financeiro.

Componentes do sistema de DPA: Cicladora: os parâmet-ros do tratamento, como a quantidade de solução a ser in-fundida e o tempo de permanência da solução na cavidade abdominal (tempo de permanência), são programados na cicladora que realiza o tratamento automaticamente. Como é também o caso da DP manual, uma troca na DPA possui 3 fases: enchimento, permanência e drenagem.

Componentes da prescrição de DPA:

• Tipo de solução de diálise• Volume total de solução de diálise• Tempo total da terapia: tempo total começando com

a drenagem inicial. Máximo de 48 horas, mínimo de 10 minutos, e incrementos de 10 minutos.

• Volume de infusão intraperitoneal

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As opções de tratamento da DPA para IRA incluem: Diálise Peritoneal Contínua por Cicladora (CCPD)/ Diálise Peritoneal Intermitente (IPD): o volume total de solução de DP usado nessas terapias inclui o volume total de infusão para todas os ciclos planejados e o último volume de infusão. O último volume de infusão, no modo DPA, é infundido no final da terapia e de-ixado na cavidade abdominal, devendo ser prescrito em separado. A solução de DP usada nesse “último volume” pode ter a mesma concentração de glicose da solução usada ao longo da sessão de diálise, ou pode ser diferente. O número total de ciclos, não incluindo o último volume de infusão, e o tempo de permanência não são prescritos diretamente; pois são calculados pela cicladora.

Tidal: Nessa modalidade, somente uma porção da solução de diálise da cavidade abdominal é drenada e reposta com nova solução durante cada ciclo da terapia; isto deixa um volume residual no abdome. Isso é benéfico em 2 maneiras: a) o volume residual continua a facilitar a remoção de água e solutos durante o enchimento e dre-nagem da cavidade abdominal, deste modo aumentando o tempo efetivo de diálise, e b) pode ser útil quando há uma dificuldade na drenagem da solução ou, em caso de dor durante a drenagem, quando o cateter se encontra próximo ao peritônio.

Para DP tidal, a programação da cicladora inclui:

• Porcentagem de volume tidal (volume de fluido drenado e preenchido durante cada ciclo, expresso como porcentagem do volume de enchimento inicial)

• Ultrafiltração total (UF) (UF total esperada para a sessão inteira da diálise).

• Número de drenagens completas durante toda a sessão de diálise.

A cicladora calcula o número de ciclos, o tempo de permanência, o volume tidal e o volume de ultrafiltração por ciclo.

O fator limitante para usar o equipamento de DPA em crianças pequenas e neonatos é a disponibilidade da opção de enchimento com volumes pequenos, o volume mínimo de infusão que o equipamento é capaz de processar.

DIRETRIZ P3: Soluções de diálise peritoneal para IRA em crianças

P3.1 A composição da solução de DP para agudos deve incluir dextrose em uma concentração designada para atingir o alvo de ultrafiltração (1D).

P3.2 As concentrações séricas de eletrólitos devem ser medidas cada 12 horas nas primeiras 24 horas e depois, assim que se estabilizem, diariamente (1D) (Ótimo). Em ambientes com limitação de recursos, sódio e potássio devem ser medidos diariamente se for prático (2D) (Padrão mínimo).

RACIONAL

Diretriz P3.1: As soluções de diálise peritoneal para DP em agudos estão normalmente disponíveis comercial-mente nas concentrações de dextrose 1,5%, 2,5% e 4,25% (1,36%, 2,27% e 3,86% são equivalentes se a glicose for medida). A diretriz 3.4 para adultos (acima) aborda os as-pectos únicos das preparações farmacêuticas das soluções. As osmolaridades das soluções a 1,5%, 2,5% e 4,25% são respectivamente 346, 396 e 485 mOsm/L, respectiva-mente e seu uso resulta em um gradiente osmótico entre o dialisato e o plasma que promove a remoção de fluidos (90). A absorção de glicose ocorre através da membrana peritoneal continuamente, e é aumentada por pequenos volumes de troca que são tipicamente usados para DP de agudos e que resultam em uma diminuição gradual do gradiente osmótico tornando menos eficiente a ultra-filtração. Por sua vez, a DP em agudos é normalmente iniciada com a dextrose a 2,5%, com intuito de atingir uma ultrafiltração efetiva, em casos de sobrecarga de volume, mesmo com prescrição de volume de troca pequeno, para evitar vazamentos. O uso inicial de solução a 1,5% pode ser apropriado para pacientes euvolêmicos ou com pequena sobrecarga de volume. O uso de soluções de 2,5% ou 4,25% na prescrição de DP caracterizada por trocas frequentes pode resultar em hiperglicemia, especialmente em lac-tentes jovens, e pode necessitar de terapia com insulina ou de modificação da concentração de glicose utilizada. Esta última pode ser conseguida pela mistura de volumes iguais de dextrose a 1,5% e 2,5%, infundidas por 2 buretas conectadas por um equipo em Y. Se a insulina utilizada for adicionada à solução de diálise, a dose deve ser apropriada para a concentração de dextrose na solução. Na tabela abaixo são listadas doses iniciais típicas de insulina, cujo ajuste deve ser baseado no monitoramento contínuo de glicose (90): Este procedimento somente deve ser usado na ocorrência de hiperglicemia, não rotineiramente em todos os pacientes.

Dose Inicial de Insulina por litro de Solução Dialítica

Concentração de glicose do dialisato

4-5 U/L 1,5g/dL

5-7 U/L 2,5g/dL

7-10 U/L 4,25g/dL

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A adição de álcali no dialisato ajuda a corrigir a acidose que pode acompanhar a IRA. Contudo, muitas das soluções preparadas comercialmente para DP em agudos são à base de lactato em uma concentração de 35-40mmol/L, outras soluções biocompatíveis (por exemplo, à base de bicarbon-ato ou lactato/bicarbonato) estão disponíveis em outros países e tem sido utilizadas para a DP em agudos (91-93). Em tempo, lactentes e crianças pequenas não toleram a absorção de lactato a partir do dialisato na presença de disfunção hepática, instabilidade hemodinâmica e/ou acidose metabólica persistente ou em escalada. Nessas situações, o uso de uma solução à base de bicarbonato, seja ela disponível comercialmente ou preparada localmente por farmacêutico, é preferível. Se o aporte de cálcio for necessário (veja abaixo) ele deve ser administrado por uma via diferente da solução de DP para prevenir precipitação. Os níveis séricos de cálcio ionizado devem ser monitorados de perto quando o dialisato contiver uma alta concen-tração de bicarbonato para prevenir o risco de tetania. Também deve ser observado que a perda de bicarbonato pelo dialisato está aumentada em associação com altas taxas de ultrafiltração como resultado do “clearance” convectivo (94).

A concentração de sódio no dialisato é tipicamente de 132-134 mmol/L. Com somente um pequeno gradiente entre o dialisato e o plasma, o transporte de sódio ocorre primariamente por convecção. Como ocorre frequent-emente com a DP na IRA, trocas rápidas com soluções dialíticas hipertônicas, para promover ultrafiltração, podem resultar em hipernatremia como resultado de um aumento do “clearance” de água livre secundário ao “sieving” de sódio e transporte de água através dos canais de aquaporinas (95). A remoção de água livre é maior durante os primeiros 30-60 minutos de cada troca. Se hipernatremia ocorrer, sugere-se estender o tempo de permanência, se o “clearance” de solutos permitir, ou abaixar a concentração de glicose do dialisato. Se trocas rápidas forem necessárias para a remoção de solutos e o balanço hídrico for neutro ou negativo, uma solução hipotônica como salina a 0,45% pode ser infundida via endovenosa para equilibrar a ultrafiltração total da DP.

A concentração de potássio na solução de diálise deve ser mínima (0-2 mmol/L) no início do tratamento, já que muitos pacientes apresentam hipercalemia, geralmente acompanhada de acidose metabólica. Uma vez que níveis normais de potássio sejam atingidos, como tipicamente ocorre após as 6-12 horas iniciais, a concentração de potássio no dialisato pode ser gradualmente aumentada para concentrações ≤ 4mmol/L com modificações sub-sequentes, dependendo dos fatores que influenciem os níveis séricos de potássio (por exemplo, concentração de glicose no dialisato, níveis séricos de CO2, medicações,

nutrição parenteral etc). Se não houver estrutura para medir o potássio sérico, deve ser considerado a adminis-tração empírica de potássio no dialisato após 12 horas de DP contínua para atingir uma concentração no dialisato de 3-4 mmol/L.

DIRETRIZ P4: Prescrição de DP aguda em pacientes pediátricos

P4.1 O volume de infusão inicial deve ser limitado a 10-20mL/Kg para minimizar o risco de vazamento de dialisato; um aumento gradual no volume para aproximadamente 30-40mL/Kg (800-1.100mL/m2) pode ser prescrito conforme seja tolerado pelo paciente (1D).

P4.2 A duração inicial da troca, incluindo infusão, permanência e drenagem, deve normalmente ser de 60-90 minutos; um aumento gradual do tempo de permanência pode ser prescrito conforme os níveis alvos de ultrafiltração e remoção de solutos forem sendo atingidos (1D). Em neonatos e lac-tentes pequenos, o ciclo pode vir a ser reduzido para atingir ultrafiltração adequada.

P4.3 Monitorização rigorosa do fluido total infundido e drenado é mandatória para atingir e manter normotensão e euvolemia (1B).

P4.4 DP aguda deve ser contínua por todo o período de 24 horas e durante 1 a 3 dias (1C).

P4.5 Pode ocorrer aumento do “clearance” de medi-cações (por exemplo, antibióticos) na DP aguda e é recomendado que doses sejam ajustadas de acordo e, quando possível, os níveis séricos sejam monitorados (1D).

RACIONAL

Diretriz P4.1: Pequenos volumes de troca são normalmente recomendados no início da DP aguda e logo após o implante do cateter para reduzir o risco de vazamento do dialisato pelo aumento da pressão intra-abdominal (IPP) induzida pela infusão de solução de DP. Se não ocorrer vazamento, o volume de troca pode ser gradualmente elevado para aumentar o “clearance” de solutos e remoção de fluidos, já que volumes maiores resultam em um gradiente osmótico e de concentração por um período mais prolongado (96). Em geral, os volumes de trocas não devem exceder 800mL/m2 em pacientes < 2 anos devido ao aumento

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associado da IPP que pode ocorrer com resultante reabsorção de ultraf iltrado pelos vasos linfáticos (97). Volumes de troca >40mL/Kg (1.100mL/m2) são raramente necessários se a DP é prescrita usando um esquema contínuo, além de poderem resultar em comprometimento respiratório no ambiente de tera-pia intensiva (96). (Veja a Figura 2 para o algoritmo da dose).

Diretriz P4.2: O uso de trocas curtas no início da tera-pia objetiva obter a ultrafiltração e remoção de solutos desejados enquanto os gradientes entre o dialisato e o sangue são preservados. Apesar de que trocas mais curtas (< 60 minutos) foram utilizadas ocasionalmente, esta prática pode comprometer a remoção de solutos porque um tempo substancial é gasto para o infusão e drenagem paciente (98). Em geral, o tempo de infusão é de 5-10 minutos (ou menos), e depende da quantidade de fluido a ser infundido, da altura da bolsa de diálise em relação ao paciente, e da resistência criada pelo cateter de DP e seu diâmetro associado. O tempo de permanência, o período da troca em que a solução de diálise permanece na cavidade peritoneal, é de aproximadamente 30-40 minutos. O tempo de drenagem é tipicamente 10-20 minutos, e depende do volume de fluido a ser drenado, da resistência e do tamanho do cateter, e da diferença de altura entre o paciente e a bolsa de drenagem. Como no-tado anteriormente, trocas frequentes aumentam o risco de hipernatremia e demanda monitoramento rigoroso para essas anormalidades laboratoriais. Finalmente, a duração da troca pode gradualmente ser prolongada em associação com um aumento do volume infundido, em regime comparável àquele usado para diálise crônica, dependendo da tolerância do paciente e da eficiência em atingir os objetivos de remoção de fluídos e solutos.

Diretriz P4.3: Pacientes pediátricos com IRA encon-tram-se frequentemente hipervolêmicos e uma sobre-carga substancial de volume tem sido associada com um aumento do risco para comorbidades e mortalidade (99). A remoção de fluidos é, por sua vez, um importante alvo do tratamento para muitos pacientes. Idealmente, a geração exitosa de ultrafiltrado para cada troca (mais qualquer débito urinário que possa existir) resultará na resolução do estado de sobrecarga de volume, ao mesmo tempo permitindo que os volumes necessários para a administração de medicamentos, hemoderivados, nutrição e manutenção da estabilidade hemodinâmica sejam obtidos. A capacidade de obter regularmente uma ultrafiltração positiva e atingir as necessidades do paciente, frequentemente demandará a utilização de soluções de diálise hipertônicas (2,5%/4,25%) e trocas

frequentes no início da terapia de DP aguda, quando os volumes de troca são pequenos. A prescrição de diálise deverá ser ajustada sempre que houver modificação nas necessidades de ultrafiltração do paciente. Idealmente, uma vez que o paciente esteja euvolêmico, a concent-ração de dextrose do dialisato e a frequência das trocas podem ser diminuídas.

A avaliação frequente do status volêmico do paci-ente, incluindo os volumes infundidos e drenados são da maior importância. Na fase inicial da terapia, o uso de trocas frequentes com soluções hipertônicas pode resultar em remoção substancial de fluidos e, ocasion-almente, depleção de volume intravascular. A falha em detectar e corrigir este problema, através da redução da ultrafiltração ou aumento da administração de fluidos via enteral ou parenteral, pode potencialmente reduzir a re-cuperação da função renal. Por outro lado, a monitoração da totalidade dos fluidos administrados (por exemplo medicações, nutrição e hemoderivados) é igualmente importante. Uma redução nas perdas insensíveis de

Figura 2. Algoritmo sugerido da dose pediátrica

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fluidos nas crianças mantidas em ventilação mecânica, pode influenciar substancialmente o balanço hídrico do lactente. Na maioria dos casos, a capacidade de se atingir um determinado alvo de balanço hídrico deve ser reavaliada, na fase inicial da terapia, pelo menos a cada 2 a 3 horas, com modificações subsequentes na prescrição dialítica, conforme as demandas necessárias. O estabelecimento gradual de um intervalo maior entre as reavaliações é possível, uma vez que a estabilidade do manejo hídrico seja atingida.

Diretriz P4.4: Na maioria dos casos, o uso de DP aguda com trocas frequentes deve ser contínuo du-rante o período inicial de estabilização, para atingir as necessidades de remoção de fluidos e solutos do paciente. A frequência das trocas deve ser determinada pelo quadro clínico do paciente. O pequeno volume de troca que tipicamente caracteriza a prescrição inicial, limita a eficácia da DP para o tratamento da IRA, por-tanto, no quadro agudo, a DP precisa ser mantida ao longo das 24h para atingir os “clearances” adequados. A reavaliação das necessidades do paciente deve ser realizada diariamente. Uma vez que as necessidades imediatas do paciente sejam obtidas, com estabiliza-ção de solutos e fluidos e, mais comumente, com uma recuperação gradual da função renal, a manutenção da diálise com volume de infusão otimizado, por somente parte das 24h do dia, é normalmente suficiente. Deve ser enfatizado que a prescrição continua de DP não inibe a resolução da IRA.

Diretriz P4.5: O “clearance” de muitas drogas podem se alterar uma vez que o paciente passe da IRA com oligúria para a DP. Isso pode resultar em níveis séricos inadequados de medicamentos, especialmente com agentes como antibióticos e anticonvulsivantes, e as doses devem ser ajustas de acordo.

DIRETRIZ P5: Diálise peritoneal de fluxo contínuo (CFPD)

P5.1 A diálise peritoneal de fluxo contínuo pode ser considerada como opção de tratamento quando se deseja um aumento no “clearance” de solutos e na ultrafiltração que não podem ser obtidos com a DP agudo padrão. A terapia com esta técnica deve ser considerada experimental já que a experiência com ela é limitada (não graduado).

P5.2 A diálise peritoneal de fluxo contínuo pode ser considerada para a terapia dialítica em crianças com IRA quando o uso de trocas com volumes muito

pequenos é preferível (por exemplo, em crianças com altas pressões no ventilador) (não graduado).

RACIONAL

A utilização de diálise peritoneal de fluxo contínuo para DP crônica em adultos tem sido associada a um aumento de 3 a 8 vezes do “clearance” de pequenos so-lutos e em aumentos significativos da ultrafiltração, em comparação com a DP convencional (100-102). Em um dos poucos estudos dessa técnica de diálise em pacientes com IRA, Ponce et al. usaram CFPD em 2 adultos com IRA e obtiveram um “clearance” semelhante àquele reportado com métodos de purificação sanguínea extracorpórea e uma taxa de ultrafiltração de 200-500mL/h (45). Um estudo com 6 crianças com IRA secundária a várias causas e que prescreveu CFPD mostrou um aumento de 5 vezes no “clearance” e de 9 vezes na ultrafiltração em comparação â DP convencional (103). Em outro estudo pediátrico, a utilização de CFPD promoveu ultrafiltração adequada em crianças com sobrecarga de volume e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). Essas crianças, no entanto, não puderam tolerar altos volumes intraperito-neais, e a CFPD foi conduzida sem um volume de infusão fixo e com um fluxo peritoneal relativamente baixo (104).

Na maioria dos estudos de adultos com CFPD, um volume padrão de infusão de aproximadamente 2 litros foi utilizado com um fluxo peritoneal entre 100 e 300mL/min e uma concentração de glicose 1,5%. Com essa pre-scrição obteve-se um grande aumento no “clearance” de solutos e na ultrafiltração (100-103). Entretanto, estes estudos foram conduzidos em pacientes crônicos e estáveis em DP. Como comentado na seção P5.1, é habitual iniciar a prescrição com pequenos volumes de infusão (10-20mL/kg) em crianças em DP aguda devido às preocupações relacionadas ao aumento da IPP e seus efeitos na ventilação (80). Raaijmakers et al. foram ca-pazes de atingir um grande aumento no “clearance” de solutos e na ultrafiltração com a CFPD, usando na grande maioria dos casos, um volume de infusão de 20mL/Kg, um fluxo peritoneal de 100mL/1,73m2min e uma concen-tração de glicose de 1,5% (105). Desse modo, CFPD pode ser útil em situações onde a DP de agudos padrão não atinge um “clearance” adequado ou uma ultrafiltração desejada, devido aos requisitos para pequenos volumes de infusão. Como é o caso para todas as abordagens de DP aguda, monitoramento cuidadoso e frequente do paciente é essencial e as taxas de ultrafiltração precisam ser acompanhadas de perto.

Do ponto de vista prático, CFPD pode ser programada da seguinte maneira (ver Figura 3). Um segundo cateter deve ser colocado na cavidade peritoneal para o fluxo de

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dialisato adequado. Raaijmakers et al. usaram um cateter infra umbilical e o segundo em um ponto intermediário entre a crista ilíaca superior e o umbigo em uma série de casos (105). O fluido de diálise pré-aquecido corre através de um dos cateteres, para dentro da cavidade peritoneal, com a ajuda de uma bomba de fluxo. Pref-erencialmente, um filtro de bolhas e um transdutor de pressão devem ser construídos nessa parte do circuito, com programação para alarmar se a pressão de fluxo intra-abdominal se tornar muito alta (>10mmHg acima do basal), O fluxo de do cateter de saída também deve correr através de uma bomba calibrada para uma taxa ligeiramente maior de fluxo (2,5mL/1,73m2/min) do que a bomba de fluxo do liquido de infusão. Um transdutor deve preferencialmente ser conectado a esse circuito, com programação para disparar um alarme se a pressão do fluxo para fora da cavidade abdominal se tornar ex-cessiva (101, 102).

Circuitos de CFPD com passagem única têm sido de-scritos em adultos, usando somente a bomba de influxo e ocluindo parcialmente o efluxo para manter um fluxo satisfatório (102, 103). CFPD puramente movida por gravidade (sem bomba), sem um volume intraperitoneal fixo, também tem sido descrito em crianças (104). Na CFPD com circuito único, o dialisato utilizado é des-cartado e não regenerado após a passagem pelo abdome. Como pacientes pediátricos utilizam volumes pequenos de fluidos, esta técnica é considerada aceitável. É im-portante notar que a experiência com CFPD é limitada e embora essa técnica seja potencialmente útil, seu uso deve ser considerado experimental.

Prescrição de diálise para CFPD:

• Volume de infusão de 10-20mL/Kg• Fluxo de dialisato de 100mL/1,73m2/min

• Fluxo de ultrafiltração: Pode ser inicialmente co-locado a 2,5mL/1,73m2/min, mas pode ter que ser ajustado de acordo com a atual ultrafiltração.

• Solução de diálise: Ultrafiltração adequada pode normalmente ser obtida usando solução de dextrose a 1,5%; entretanto, ocasionalmente, um aumento da concentração de dextrose pode vir a ser necessário.

• Tempo de diálise: Uma sessão de diálise de 6-8 horas pode inicialmente ser prescrita, com modifi-cações conforme necessário seguindo a reavaliação do paciente

• Uma vez que o potássio do paciente caia abaixo de 4mmol/L, potássio (4mmol/L) deve ser adicionado no dialisato.

Segurança:

• Medidas de segurança devem ser tomadas para garantir que o influxo de fluido não continue se houver obstrução do efluxo. Transdutores ou uma observação cuidadosa das bombas de dialisato com alarme podem facilitar o monitoramento.

• Recomenda-se a monitoração do excesso de ultra-filtração e consequente aumento da pressão intra-abdominal. Esse controle pode ser feito através da medida da circunferência abdominal a intervalos de 1 hora, em associação ao monitoramento de alterações na ventilação, perfusão, e pressão sanguínea e, se o paciente estiver na UTI, análise da pressão intra-abdominal através de um cateter vesical.

• Tendo em vista a grande ef iciência da CFPD, a análise frequente dos níveis séricos de potássio é importante. A frequência das medidas dependerá dos valores basais e das taxas de fluxo do dialisato.

CONCLUSÃO A diálise peritoneal é um método efetivo e seguro de

purificação do sangue e remoção de fluidos para o manejo da IRA em crianças. Possui a significativa vantagem de não necessitar de um acesso vascular, cujo estabelecimento se constitui em uma dificuldade muito comum em lactentes e crianças pequenas. Em países em desenvolvimento, onde o acesso a equipe pediátrica qualificada em HD e também ao equipamento necessário a esse procedimento, é fre-quentemente limitado ou em muitos casos inexistente, a DP oferece um tratamento relativamente barato, seguro, efetivo e que pode salvar uma vida. As diretrizes acima foram idealizadas para clínicos de países desenvolvidos e em desenvolvimento e como tal, há diferenças entre a prática ideal e o padrão mínimo aceitável. Portanto, as diretrizes devem ser lidas no contexto da disponibilidade Figura 3. Exemplo de um circuito de DP de fluxo contínuo

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de recursos locais e habilidades clínicas, mas se deve ten-tar sempre atingir a melhor prática clínica disponível e o melhor desfecho clínico possível para o paciente.

CONFLITOS DE INTERESSE

BC recebeu honorários como palestrante da Baxyer Healthcare, Adcock Ingram Critical Care e Fresenius Meical. RPF recebeu honorários como palestrante da Baxter Healthcare e verba de pesquisa da Baxter Healthcare e Fresenius Medical. KY recebeu honorários como palestrante da Amgem e Otsuka Pharmaceuticals. BW é consultor e recebeu verba de pesquisa da Baxter Healthcare. FOF recebeu honorário como palestrante da Baxter Healthcare e suporte de pesquisa da Fresenius Medical. Os demais autores não tem nenhum conflito de interesse a declarar.

Os custos com a publicação da versão em Língua Portuguesa dessa diretriz foram patrocinados pela Baxter América-Latina. O autor e os revisores não rece-beram qualquer suporte financeiro para a realização dos trabalhos.

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Abreviaturas

CAPD Diálise Peritoneal Ambulatorial ContínuaCFPD Diálise Peritoneal de Fluxo ContínuoCRRT Terapia de Reposição Renal ContínuaCVVH Hemofiltração Venovenosa ContínuaCVVHDF Hemodiafiltração VenovenosaContínuaDP Diálise PeritonealDPA Diálise Peritoneal AutomatizadaDPC Diálise Peritoneal ContínuaHDd Hemodiálise DiáriaIPP Pressão IntraperitonealIRA Injúria Renal AgudaNTA Necrose Tubular AgudaRCT Estudo Clínico Controlado e RandomizadoSARA Síndrome da Angústia Respiratória AgudaSLED Diálise EstendidaUF UltrafiltraçãoUTI Unidade de Terapia Intensiva

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CULLIS et al. JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 PDI

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PDI JULY 2014 - VOL. 34, NO. 5 ISPD GUIDELINE: PERITONEAL DIALYSIS FOR ACUTE KIDNEY INJURY

APENDICE 1:Soluções de Preparação Local

Tipo de Solução Na+ K+ Ca2+ Mg Cl- HCO3- lactato pH osm.

Solução de Hartmann 131 5 2,0 111 29 7,0 278

Ringer Lactato 131 5 1,8 112 28 6,5 279

Plasmalite B 130 4 0 1,5 110 27 7,4 273

Salina 0,45% 77 77 5,0 154

Na - Sódio; K- Potássio; Mg- Magnésio; Cl- Cloreto; HCO3- Bicarbonato; osm-osmolalidade Preparação das soluções de diálise usando as soluções endovenosas acima:• 1L Plasmalyte + 30mL dextrose 50% (15g) vai gerar uma solução com as seguintes concentrações: glicose 1,45%, Na+

126mmol/L, HCO3- 27mmol/L, K+3,8mmol/L, Mg1,45mmol/L, osmo - 342. Essa solução é muito parecida com algumas soluções a base de bicarbonato que são vendidas pela indústria.

• 1L Ringer lactato + 30mL de dextrose 50% (15g) vai gerar uma solução com as seguintes concentrações: Na+ 127mmol/L, lactato 27mmol/L, Ca++1,36mmol/L, K+3,8mmol/L, glicose 1,45% e osmo - 346.

NOTA: ambas as soluções acima contém potássio• 1L de Salina 0,45% + 40mL BicNa+ 8,5% (40mmol) + 40mL de dextrose 50% (20g) + 60mL NaCl 3% (30mmol) vai gerar uma

solução com aproximadamente as seguintes concentrações: Na+130mmol/L, HCO3- 35mmol/L, glicose 1,7%, osmo - 340.

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