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Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Faculdade de Engenharia Mecânica - FEM Engenharia de Controle e Automação Trabalho de Graduação II ES952 A Análise de um Dispositivo Controlável destinado à Reabilitação de Membros Inferiores Autor: Renato Suekichi Kuteken RA 046149 Orientador: Prof. Dr. João Maurício Rosario Junho de 2011

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Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Faculdade de Engenharia Mecânica - FEM

Engenharia de Controle e Automação

Trabalho de Graduação II – ES952 A

Análise de um Dispositivo Controlável destinado à

Reabilitação de Membros Inferiores

Autor: Renato Suekichi Kuteken RA 046149

Orientador: Prof. Dr. João Maurício Rosario

Junho de 2011

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Resumo

Este trabalho visa o estudo e desenvolvimento de um dispositivo destinado a

auxiliar o processo de reeducação neuromuscular dos membros inferiores em pacientes

portadores de paraplegia ou tetraplegia. Ao final de seu desenvolvimento, é proposto

ainda o uso de técnicas de engenharia como os controladores PID, bem como é sugerida

a utilização de materiais de baixo custo com a finalidade de tornar o produto final

acessível à população de menor poder aquisitivo.

Palavras chave: Reabilitação de membros inferiores, treino de marcha, controlador

PID, aparelho de reabilitação.

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Índice

Lista de Figuras 4

Lista de Tabelas 5

Capítulo 1 – Introdução 6

Capitulo 2 – Conceitos e Fundamentação Teórica 8

Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica 19

Capítulo 4 – Metodologia 25

Capítulo 5 – Resultados 33

Capítulo 6 – Conclusão 36

Referências Bibliográficas 38

Apêndice A 41

Apêndice B 43

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Lista de Figuras

Fig.1: Gráfico de distribuição de portadores por rendimento mensal. 7

Fig.2: Regiões da coluna espinhal. 8

Fig.3: Trato piramidal. 8

Fig.4: Reabilitação de portadores de deficiência. 9

Fig.5: Pêndulo simples (a) e pêndulo duplo (b). 13

Fig.6: Sistema de controle PID de malha fechada. 15

Fig.7: Diagrama de blocos do controlador PID. 15

Fig.8: Exemplo de sintonia de PID. 16

Fig.9: Sistema em malha aberta e resposta do sistema no domínio do tempo. 16

Fig.10: Efeito da ação proporcional. 17

Fig.11: Efeito da ação derivativa. 17

Fig.12: Efeito da ação integrativa. 18

Fig.13: As divisões do ciclo da marcha. 20

Fig.14: As divisões da fase de apoio. 20

Fig.15: Ciclo da Marcha. 21

Fig.16: Passo e passada. 22

Fig. 17: Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci 22

Fig. 18: Determinação dos Comprimentos dos Segmentos 23

Fig. 19: Dispositivo de treino de marcha proposto por Agrawal. 24

Fig. 20: Mecanismo serial (a) e mecanismo paralelo (b). 25

Fig. 21 Mecanismo híbrido. 26

Fig. 22 Modelo Dinâmico em Simulink. 29

Fig. 23 Modelos dinâmicos de cada sistema em Simulink. 30

Fig. 24 Fluxograma do programa. 31

Fig. 25 Resposta ao degrau de amplitude 12 no quadril. 33

Fig. 26 Resposta ao degrau de amplitude 4 no joelho. 34

Fig. 27 Resposta ao degrau de amplitude 1.2 no quadril. 34

Fig. 28 Resposta ao degrau de amplitude 0.4 no joelho. 35

Fig. 29 Exemplo de um mecanismo para simular o movimento de marcha. 41

Fig. 30 Ângulos das juntas da perna durante a marcha. 42

Fig. 31 Ângulos do joelho ao longo do ciclo da marcha. 46

Fig. 32 Ângulos do quadril ao longo do ciclo da marcha. 46

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Lista de Tabelas

Tab.1: Porcentagem de portadores deficiência, por faixa etária. 6

Tab.2: Distribuição normal dos períodos de contato com o solo. 21

Tab.3: Determinação da Massa dos Segmentos. 23

Tab.4: Classificação das órteses segundo as partes do corpo envolvidas. 24

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Faixa Etária

Portadores de Tetraplegia,

Paraplegia ou Hemiplegia

Permanente

0 a 17 anos 0,207%

18 a 29 anos 0,314%

30 a 39 anos 0,435%

40 a 49 anos 0,580%

50 a 59 anos 0,971%

60 a 69 anos 1,651%

70 anos ou mais 3,446%

Total 0,552%

Capítulo 1 – Introdução

Tetraplegia e paraplegia são deficiências decorrentes de lesões na medula

espinhal. Caracterizam-se por paralisias totais ou parciais dos membros do corpo.

Denomina-se paraplegia quando a paralisia ocorre apenas nos membros inferiores e

tetraplegia quando ocorre nos quatro membros.

Com 937 463 indivíduos (CENSO2000), os portadores de tetraplegia e

paraplegia representam uma parcela significativa da população no Brasil.

Tabela 1: Porcentagem de portadores deficiência, por faixa etária (elaborado a partir de

dados do CENSO2000).

De acordo com um levantamento realizado em 2009 pela AACD, 40% dos casos

de lesões medulares atendidos pela instituição ocorrem em decorrência de acidente de

trânsito, 32% por ferimento com arma de fogo, 14% por quedas e 8% por acidentes de

mergulho.

Não se pode negar que há muito investimento e pesquisa em tecnologias e

soluções de engenharia direcionadas ao auxilio de portadores de deficiência física.

Como exemplo, podemos citar técnicas de fisioterapia, órteses, próteses, e

equipamentos de reabilitação.

O problema reside no fato de que, em geral, os custos dos produtos e serviços

disponíveis são muito altos. Em contraste, do total de indivíduos, a maioria dos

portadores de deficiência possui baixa renda e, portanto, não têm acesso a um

tratamento adequado. Este fenômeno é observável no gráfico da Figura 1, plotado a

partir de dados do Censo 2000.

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Figura 1: Gráfico de distribuição de portadores por rendimento mensal etária (elaborado

a partir de dados do CENSO2000).

Com base no problema descrito acima, definimos como objetivos deste projeto:

Propor um equipamento de baixo custo destinado à fisioterapia dos

membros inferiores;

Estudar um modelo mecânico para o equipamento, bem como propor

uma estratégia de controle baseada em informações médicas e

ortopédicas.

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Capítulo 2 – Conceitos e Fundamentação Teórica

Deficiência física

A paraplegia caracteriza-se pela perda de sensibilidade e funções motoras nos

membros inferiores. A tetraplegia, por sua vez, afeta a sensibilidade e mobilidade tanto

dos membros superiores quanto inferiores. São patologias normalmente causadas por

lesão na medula espinhal ou por alguma condição médica congênita. A área afetada da

medula é determinante no tipo de patologia desenvolvida. Na paraplegia, são afetadas as

áreas torácica, lombar ou sacral, enquanto que na tetraplegia, a área afetada é a cervical.

Figura 2: Regiões da coluna espinhal (fonte da imagem: www.spinal-

injury.net/complete-sci.htm).

Qualquer doença que afete a medula no trato piramidal pode provocar paralisia.

Composto por neurônios motores, este trato é responsável pelos movimentos e pelos

dados relacionados à capacidade de movimentação.

Figura 3: Trato piramidal (fonte da imagem:

pt.wikipedia.org/wiki/Trato_corticoespinhal).

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Acidentes com veículos são a causa mais comum dos traumas. Outros traumas

são provocados por fatores como violência, acidentes esportivos e câncer. Estes causam

lesões na medula espinhal, geralmente por conta de fragmentos de ossos das fraturas

vertebrais. Além da lesão na medula, a paralisia também pode ser decorrente de lesões

no cérebro.

A paraplegia é mais raramente causada por dano aos nervos das pernas. Essa

forma de dano geralmente não é simétrica e causaria polineuropatia (distúrbio onde

vários nervos periféricos pelo corpo param de funcionar simultaneamente) em vez de

paraplegia. Apesar disso, este tipo de lesão pode provocar paraplegia se forem afetadas

fibras motoras.

Incapacitações em pessoas paraplégicas e tetraplégicas

Ainda que seja possível caminhar em algum grau, muitos portadores de

paraplegia dependem de cadeira de rodas, andadores ou outras medidas de apoio. Além

da paralisia dos membros, a deficiência também provoca problemas no controle urinário

e fecal, disfunções sexuais, dificuldade na respiração e na digestão, entre outros

problemas.

A diminuição na movimentação também causa problemas, entre eles pneumonia,

trombose e úlceras de pressão. Estes podem ser prevenidos com uma rotina de auto-

cuidado e atenção, e devem tratadas com a fisioterapia e tecnologias de assistência.

Figura 4: Reabilitação de portador de deficiência (fonte da imagem:

www.aril.com.br/blog/nosso-trabalho/programa-de-habilitacao-e-

reabilitacao/fisioterapia).

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Além dos já citados, espasticidade, infecções, doenças respiratórias,

cardiovasculares e problemas ósseos como a osteoporose e fraturas são outros dos

vários problemas enfrentados pelos portadores de deficiência motora.

Conceitos mecânicos aplicados à marcha humana

Segundo VIEL (2000), “a aplicação de princípios de mecânica ao corpo

humano baseia-se essencialmente na aplicação das leis de Newton:

Primeira Lei de Newton (inércia. corpo em repouso): a inércia é diretamente

proporcional à massa; é preciso desenvolver uma força para superar a inércia

(os músculos combatem a gravidade); quanto mais a massa aumenta, mais a

força necessária para a aceleração deve aumentar.

Segunda Lei de Newton (aceleração, corpo em movimento): se duas forças de

potências diferentes são aplicadas em objetos de massa igual, a força mais

importante produz a aceleração mais considerável; a força que acelera o objeto

pode ser externa ou interna.

Terceira Lei de Newton (reação): toda ação produz uma reação. A reação ao

solo durante o apoio e a fricção sobre a superfície de apoio, fenômenos não

perceptíveis a olho nu, representam um papel importante na marcha, pois o

equilíbrio e a propulsão estão baseados nestes fatores.

Abaixo estão, em ordem alfabética, alguns outros conceitos de mecânica úteis ao

estudo da marcha.

Aceleração: mudança de velocidade no deslocamento de um corpo, ou mudança

na direção do deslocamento.

Cadeia Cinemática: utilizada para descrever a estrutura das alavancas ligadas

entre si e capaz de acionar as máquinas. Trata-se de uma descrição da

estrutura.

Cadeia cinética: utilizada para descrever o movimento dos membros, tanto

livres (cadeia cinética aberta) quanto apoiados no solo (cadeia cinética

fechada). Trata-se de uma descrição do movimento.

Centro de gravidade (CG): ponto formal que representa o centro de massa do

corpo, imóvel ou móvel. Uma vez determinada a posição do Centro de

Gravidade, fica mais fácil compreender o movimento. Quando o centro de

gravidade eleva-se em relação à base, a estabilidade dinâmica torna-se melhor.

Abaixar a posição do CG melhora o equilíbrio estático, mas reduz a capacidade

de equilíbrio dinâmico.

Centro de pressão (CP): a sucessão dos pontos de aplicação da massa do CG

sobre o pé.

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Cinemática: estudo formal das estruturas móveis. A análise do deslocamento de

dois elos cinéticos ligados entre si (coxa e perna ligados pelo joelho) diz

respeito à cinemática.

Cinética: estudo formal das variações de aceleração de uma massa (energia

cinética) expressa por 1/2 mv². Se o pé de um jogador de futebol, representado

por uma massa m1, deslocar-se a uma velocidade v1, para bater em uma bola

m2, também móvel, a uma velocidade v2, há uma transferência de aceleração.

Cisalhamento (Shear Stress): força de dilaceração que é exercida quando dois

corpos sólidos são animados por deslizamentos paralelos invertidos. Os meios

de união (cápsula articular, ligamentos) são então distendidos por uma forte

tensão.

Coeficiente de fricção (partida, deslizamento, parada): a marcha requer um

coeficiente de fricção suficiente, trata-se da capacidade do pé para apoiar-se

sobre uma superfície firme e propulsionar o corpo do indivíduo para frente.

Compressão: força que é exercida no sentido da aproximação de dois corpos

potencialmente móveis, como, no nosso caso, as superfícies articulares. A

deformação devida à compressão é causada, ao mesmo tempo, pela intensidade

do esforço e pelo tamanho da superfície de apoio.

Deformação (Strain): resultado da pressão ou da tração exercida pelas forças

aplicadas a um corpo deformável. O conjunto dos tecidos humanos é

organizado da seguinte forma:

a. Tecido ósseo: muito pouco deformável.

b. Tecido de colágeno (ligamentos, tendões, aponeuroses ou fascia): mais

ou menos deformável, de acordo com a densidade, entre 1.8% e 14% do

comprimento de origem. Cada fibra de colágeno é inextensível, mas a

estrutura do tecido permite o seu alongamento.

c. Tecido muscular: muito deformável, extensível e além disso, dotado de

contratilidade.

Disfunção: funcionamento irregular, anormal, exagerado ou diminuído de um

mecanismo ou de um organismo.

Energia cinética (Momentum): a energia cinética é o produto da massa pela

velocidade de um corpo. As variações de energia cinética no corpo humano são

produzidas por mudanças de velocidade e não por mudanças de massa. A

adição de uma massa externa (cargas ao redor do tornozelo) aumenta a energia

cinética ao aumentar a massa artificialmente. Uma vez a energia armazenada e

estendida, uma frenagem deve intervir. As atividades motoras incorporam a

reutilização da energia cinética.

Equilíbrio: estado obtido quando uma carga aplicada a um corpo não

desencadeia aceleração. Aplicando-se estritamente esta definição, não

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poderíamos mais falar de equilíbrio durante a marcha, fenômeno de aceleração

constante, razão pela qual preconizamos a seguinte distinção: equilíbrio

estático, correspondendo à definição mecânica; equilíbrio dinâmico, obtido

durante o movimento pelo equilíbrio conservado entre os diferentes segmentos

do corpo.

Estabilidade: quanto mais a base de sustentação se amplia, mais a estabilidade

aumenta. O aumento da base de sustentação aumenta a estabilidade, mas

excesso de estabilidade torna-se um entrave à mobilização buscada pelo ser

humano. Durante o apoio unipodal, a base de sustentação dinâmica não pode se

ampliar. As atividades motoras da marcha têm por objetivo garantir a

estabilidade dinâmica. Não devemos estabelecer uma equivalência entre

estabilidade e equilíbrio, sobretudo no que se refere ao equilíbrio dinâmico do

ser humano em marcha.

Estricção (Stress): força que é aplicada a um corpo para deformá-lo, tanto em

compressão quanto em tração.

Frenagem: resistência ou atraso concedido ao corpo para ser mobilizado pela

massa que deve ser deslocada, ou por uma fração (interna ou externa) que se

opõe à aceleração. A resistência visco-elástica dos músculos é um exemplo de

atraso de origem interna, modulado pela capacidade de pré-regulagem da

tensão ativa do músculo.

Atrito: resistência que se opões ao deslizamento de um corpo sobre outro, de

uma superfície contra a outra. Na ausência de atrito, o movimento horizontal é

impossível. De pé sobre o gelo de um lago congelado, o indivíduo encontra-se

nas condições ideais, já que não está submetido ao atrito, mas ele não pode

andar. Para avançar, ele precisa do atrito com um solo rugoso. Para os fluídos

ou para os corpos maleáveis, o atrito é expresso relativamente à viscosidade.

Desta forma, a intensidade da viscoelasticidade muscular depende do atrito

interno.

Gravidade: Resultado da atração terrestre, que mantém o indivíduo na

superfície de apoio e lhe fornece o atrito do qual necessita para garantir sua

propulsão horizontal.

Inércia: resistência de um corpo à aceleração. O coeficiente de inércia depende

da massa a ser deslocada e do atrito possível.

Movimento: Existem, no corpo humano, dois tipos de movimento: Translação e

Rotação. A marcha é uma translação horizontal, paralela à superfície de apoio,

que resulta dos movimentos angulares das articulações. A marcha descreve um

movimento angular (sobretudo da pelve), ao passo que a extremidade distal (o

pé) é animada por um movimento linear. Na extremidade do pêndulo duplo do

membro inferior (o pé), registramos uma velocidade linear considerável.

Pêndulo: sistema oscilante a uma freqüência constante, que tende à voltar à

posição de equilíbrio. A freqüência depende da distância que separa o ponto de

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oscilação do sólido móvel animado: quanto maior for a distância, mais baixa

será a freqüência. O ser humano foi descrito como "um pêndulo invertido",

tendo como ponto de oscilação os tornozelos. Membros inferiores longos

colocam o CG longe do ponto de oscilação e reduzem a freqüência das

oscilações, o que é favorável ao equilíbrio dinâmico.”(VIEL, 2000)

Ligações mecânicas

Ligações mecânicas são sistemas mecânicos compostos por múltiplas peças.

Estas peças podem se conectar umas as outras de modo que a junção seja fixa,

rotacional ou translacional.

As ligações mecânicas são desenvolvidas para transformar uma determinada

entrada de força e movimento em uma saída de força e movimento desejada. A

proporção da força de saída em relação à força de entrada é conhecida como vantagem

mecânica da ligação, enquanto que a proporção da velocidade de entrada em relação à

velocidade de saída é conhecida como razão de velocidade.

O estudo destas ligações tem em vista apenas interação entre os elos, de modo

que estes são trados como corpos ideais, rígidos e livres de atrito.

Existem dois tipos de ligações mecânicas: as seriais e as paralelas.

As ligações seriais são aquelas cujos elos são conectados em série, sendo cada

junta de conexão movida por seu próprio atuador, independentemente. As ligações em

paralelo são aquelas que possuem cadeias fechadas de elos interconectados, isto faz com

que a movimentação de um elo dependa da movimentação de outro, tornando possível

mover uma junta ao acionar o atuador de outra.

Coordenadas generalizadas

Para realizar o modelamento dinâmico do equipamento, utilizaremos as

coordenadas generalizadas e o sistema de Equações de Lagrange.

Figura 5: Pêndulo simples (a) e pêndulo duplo (b).

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Consideremos o pêndulo de simples de massa , comprimento fixo

mostrado na Figura 5a.

As duas coordenadas e poderiam ser usadas para localizar , porém elas

não são independentes uma da outra, sendo necessário incluir uma equação de vínculo:

Assim, e não são coordenadas generalizadas.

Se utilizarmos agora uma única coordenada , ela será suficiente para

determinar a posição de , uma vez que o pendulo é um sistema com um grau de

liberdade. Assim, é uma coordenada generalizada.

O pêndulo duplo da Figura 5b é um sistema de dois graus de liberdade.

As posições das duas massas podem ser descritas pelas coordenadas e , que são

generalizadas, pois podem variar independentemente uma da outra.

Concluímos então que coordenadas generalizadas são parâmetros numéricos

relacionados aos graus de liberdade e que representam comprimentos, ângulos ou

qualquer outro conjunto de quantidades independentes que definam a posição do

sistema.

Modelamento Dinâmico

As equações de Lagrange são um método que permite a obtenção das equações

de movimento, expressas em coordenadas independentes do problema, simplesmente

pela diferenciação da energia dessas mesmas coordenadas generalizadas. São

principalmente aplicadas em sistemas de partículas com múltiplos graus de liberdade,

apresentam a vantagem de não envolver forças vinculares que não realizam trabalho e

que freqüentemente complicam a formulação das equações do movimento a partir das

equações de força-massa-aceleração. Além disso, a aproximação lagrangeana requer

que se expressem as velocidades em vez das acelerações que, por sua vez, requerem

freqüentemente a utilização dos princípios da cinemática para serem determinadas. As

equações de Lagrange estão entre os mais uteis métodos avançados empregados em

Mecânica e são muito utilizadas na análise de sistemas elétricos e eletromecânicos.

As equações de Lagrange estão apresentadas abaixo para um sistema com

graus de liberdade e n partículas:

onde L é a função lagrangeana, calculada a partir da energia cinética T e da energia

potencial V do sistema:

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Controladores PID

Controladores do tipo Proporcional, Integral e Derivativo (PID) são largamente

utilizados nas fábricas por serem facilmente implementáveis, de baixo custo e versáteis.

Abaixo será apresentada a estrutura básica de um controlador PID, citando os efeitos de

cada uma das ações Proporcional, Integral e Derivativa.

Figura 6: Sistema de controle PID de malha fechada.

Considere inicialmente o sistema de controle em malha fechada da Figura 6. O

controlador do diagrama de blocos mostrado tem como objetivo gerar um sinal de

controle u(t) em sua saída. A construção deste sinal de controle deve ser baseada no

sinal de diferença existente entre o sinal de referência r(t) e o sinal de saída y(t).

Figura 7: Diagrama de blocos do controlador PID.

Observando agora o diagrama de blocos do controlador PID (Figura 7), vemos

que o sinal gerado pelo controlador é dado pela função:

onde:

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(a)

(b)

Tomando como exemplo a simulação em MATLAB/Simulink de um sistema

com uma planta

e entrada degrau de amplitude 10, iremos sintonizar os

parâmetros , e e observar seus efeitos sobre a saída.

Figura 8: Exemplo de sintonia de PID.

Primeiramente, simulamos o sistema em malha aberta e determinamos o que

precisa ser otimizado na saída:

Figura 9: Sistema em malha aberta (a) e resposta do sistema no domínio do tempo (b).

Observamos que a saída demora para estabilizar e que o sinal em regime difere

muito do sinal de referência desejado. Para corrigir o tempo de resposta do sinal,

fecharemos a malha e colocaremos um controlador PID.

O primeiro parâmetro a ser sintonizado é o , que reduz o tempo de resposta.

Fazendo , a saída fica:

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17

Figura 10: Efeito da ação proporcional.

Observamos que o tempo de resposta diminuiu, mas ocorreu um sobressalto de

sinal. Para reduzir este sobressalto, sintonizamos . Fazendo , a saída fica:

Figura 11: Efeito da ação derivativa.

Por fim, sintonizamos para corrigir o erro de regime permanente. Fazendo

, a saída fica:

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Figura 12: Efeito da ação integrativa.

Resumindo:

O parâmetro corrige o tempo de resposta e provoca um sobressalto;

O parâmetro corrige o sobressalto provocado por ;

O parâmetro corrige o erro de regime permanente.

Devem-se ajustar os parâmetros até que se obtenha uma resposta aceitável na

saída do sistema.

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Capítulo 3 – Revisão Bibliográfica

Noções de Fisioterapia

VIEL (2000) estabelece em linhas gerais os pontos principais dos exercícios de

fisioterapia destinados aos membros inferiores: “os deslocamentos do quadril são

essenciais durante a marcha bípede. Complexos em demasia, eles não podem ser

explicados a uma pessoa cuja marcha está perturbada por disfunções; é preferível fazê-

la perceber e, em seguida, automatizar os dois movimentos essenciais de deslocamento

da pelve: desvio lateral e, a seguir, rotação.

O indivíduo que nunca teve consciência dos movimentos de sua pelve quando

ela era normal, não é capaz de recriá-los quando for vitimado por um distúrbio

significativo. Em vista do que for observado, parece importante seguir os seguintes

passos:

Restaurar o hábito de realizar deslocamentos laterais da pelve, primeiramente

parado, deslocando-se de um quadril a outro, se necessário, com suporte;

Retomar a capacidade para executar rotações alternadas, fixando-se, a cada

vez, em um quadril diferente.

Um treinamento eficaz deve ser baseado no conhecimento das atividades motoras

de indivíduos sãos. Uma vez obtidos os movimentos da pelve, as outras ações irão se

encadear.

A marcha é o resultado de uma interação entre três elos cinéticos: os dois membros

inferiores e a pelve. A mobilidade controlada da pelve constitui o elemento essencial

deste mecanismo.” (VIEL, 2000)

Abaixo descrevemos as atividades motoras de um indivíduo de marcha normal.

Fases da Marcha

Segundo VIEL (2000), convenciona-se que os laboratórios descrevam a

trajetória da marcha do membro inferior direito como sendo um ciclo. Este ciclo é

dividido em uma fase de apoio e outra de balanço (Figura 13).

"A fase de apoio corresponde à tomada de equilíbrio sobre um único pé, com o

peso do corpo na vertical do pé de apoio. Os esforços musculares são concentrados

durante essa fase, que é, ao mesmo tempo, de sustentação e de equilíbrio.

A fase de oscilação (do membro inferior que estava apoiado) corresponde à

atividade de procurar o solo à sua frente a fim de avançar. A atividade muscular é

mínima, sobretudo por uma recuperação da energia cinética." (VIEL, 2000)

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Figura 13: As divisões do ciclo da marcha (VIEL, 2001).

Ainda segundo VIEL (2000), a fase de apoio é, por sua vez, dividida em três

partes (Figura 14): os duplos apoios no início e no fim da fase e o período em que o

peso é equilibrado em um pé apenas. A relação entre o apoio e o duplo apoio é afetada

em um grande número de patologias e constitui um fenômeno possível de ser estudado

clinicamente.

Figura 14: As divisões da fase de apoio (VIEL, 2001).

O duplo apoio ocorre na ocasião da transferência do equilíbrio de uma perna

para outra, ou seja, no momento em que o calcanhar de um pé começa a fornecer apoio

ao corpo, antes que os dedos do outro pé deixem o solo. O duplo apoio inicial (DC1)

ocorre no inicio da fase de apoio, quando o equilíbrio está sendo transferido para o pé

observado (o direito, no caso dos diagramas mostrados), enquanto o duplo apoio final

(DC2) ocorre no fim da fase de apoio, quando os dedos do pé observado ainda não

deixaram o solo e o equilíbrio é transferido para o calcanhar do outro pé.

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Segundo PERRY (2001), a fase de contato com o solo corresponde a 60% do

ciclo da marcha, enquanto a fase de balanço corresponde a 40% (Tabela 2). Durante a

fase de apoio, cada intervalo de duplo é equivalente a 10% do ciclo da marcha,

enquanto o apoio simples fica com os 40% (do ciclo da marcha) restantes da fase. Vale

observar, pela Figura 13, que a fase de apoio simples de um membro equivale a fase de

balanço do outro membro.

Períodos de Contato com o Solo

Apoio 60%

Duplo Apoio Inicial 10%

Apoio Simples 40%

Duplo Apoio Terminal 10%

Balanço 40%

Tabela 2: Distribuição normal dos períodos de contato com o solo (PERRY, 2001).

Figura 15: Ciclo da Marcha (VAUGHAN, DAVIS e O‟CONNOR, 1992).

“A duração precisa desses intervalos do ciclo de marcha varia com a velocidade

de marcha do indivíduo. Na velocidade de marcha habitual de 80m/min, os períodos de

apoio e balanço representam respectivamente 62% e 38% do ciclo de marcha. A

duração de ambos os períodos da marcha apresenta uma relação inversa com a

velocidade da marcha. Isto é, tanto o tempo total de apoio como o de balanço diminuem

conforme a velocidade da marcha aumenta. A mudança nos tempos de apoio e de

balanço torna-se progressivamente maior conforme a velocidade diminui. Entre as

subdivisões do apoio existe uma relação diferente. A velocidade de marcha mais rápida

alonga proporcionalmente o apoio simples e encurta os dois intervalos de duplo apoio.

O inverso é verdadeiro, conforme a velocidade da pessoa diminui. Esse padrão de

mudança também é curvilíneo.

Um intervalo quando ambos os pés estão em contato com o solo para os

membros trocarem seus papéis de apoio é uma característica básica da marcha.

Quando o apoio duplo é omitido, a pessoa inicia o modo corrida.” (PERRY, 2001)

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Ainda segundo PERRY (2001), o ciclo da marcha também pode ser descrito

pelos termos 'passo' e 'passada' (Figura 16).

O passo se refere ao intervalo transcorrido entre os dois membros. Para a marcha

saudável, ocorre no ponto médio de uma passada, tendo duração igual para os dois pés.

Figura 16: Passo e passada (adaptado de VAUGHAN, DAVIS e O‟CONNOR,

1992).

A passada equivale ao ciclo da marcha inteiro (para um membro) e corresponde

a dois passos. É o tempo decorrido entre dois contatos iniciais consecutivos do membro

observado. Assim como o passo, tem o mesmo tempo de duração para os dois pés, no

caso da marcha não patológica.

Antropometria aplicada à ergonomia no desenvolvimento de equipamentos

Segundo RODACKI, a antropometria é o estudo das proporções e medidas do

corpo humano. Em princípio era aplicada apenas nas artes, destacando-se, neste campo,

obras como as construções gregas e o desenho do Homem Vitruviano, por Leonardo da

Vinci.

Figura 17: Homem Vitruviano (Leonardo da Vinci, 1490).

A partir do século XIX, a antropometria passou a ser utilizada como referência

para projeto de produtos. Desde então se tornou imprescindível para o correto

dimensionamento de projetos e seus métodos de obtenção de dados foram padronizados

e refinados, incorporando também o uso de ferramentas estatísticas e computacionais.

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23

Estatisticamente, as dimensões lineares do corpo humano possuem distribuição

normal, de modo que a freqüência de uma determinada dimensão apresenta a forma de

uma curva gaussiana.

Para o desenvolvimento de um produto ergonômico que beneficie o maior

número de pessoas, faz-se necessário escolher uma faixa da população para a qual o

equipamento vai ser concebido e estabelecer os limites (percentil) da dimensão

antropométrica observada. Em geral são escolhidos percentis em torno de 90%, mas isto

pode variar, dependendo do público a que se destina o equipamento.

Neste projeto, foram utilizados dados sobre a localização proximal dos centros

de massa da perna e da coxa, bem como o peso e o comprimento de cada segmento.

Estes valores, obtidos dos trabalhos de RODACKI e de SANTOS e FUJÃO (2003), são

expressos como proporções do peso e da altura do indivíduo e são apresentados na

Tabela 3 e na Figura 18 abaixo.

Segmento Corporal Porcentagem da Massa

Total do Corpo (%)

Posição do Centro de

Massa no Segmento (%)

Coxa 10,3 43 (Proximal)

Perna 4,3 43 (Proximal)

Tabela 3: Determinação da Massa dos Segmentos (adaptado de SANTOS e

FUJÃO, 2003).

Figura 18: Determinação dos Comprimentos dos Segmentos (RODACKI).

Vale mencionar ainda que o comprimento proximal é definido como a distância

entre o ponto observado e a junta mais próxima do tronco. No caso da coxa, trata-se da

distância do ponto até a junta do quadril. No caso da perna, é a distância do ponto até a

junta do joelho.

Page 24: Tgii Final

24

Estado da arte

Existem atualmente diversas pesquisas na utilização de técnicas de engenharia

para reabilitação e auxilio aos portadores de deficiência. Em geral, elas possuem uma de

duas finalidades: prover independência a estes indivíduos ao ampliar sua mobilidade

(como ocorre em cadeiras motorizadas e carros adaptados) ou ajudar na fisioterapia de

reeducação muscular (como ocorre em aparelhos de treinamento).

Dispositivos do tipo exoesqueleto destinados à correção de deficiências em

membros inferiores são classificados conforme as partes do corpo que eles auxiliam:

Partes do corpo envolvidas Classificação

Tornozelo e pé AFO

Joelho, tornozelo e pé KAFO

Quadril, joelho, tornozelo e pé HKAFO

Tabela 4: Classificação das órteses segundo as partes do corpo envolvidas.

Entre os diversos trabalhos, podemos citar propostas de sistemas de controle

para supressão de tremores e espasmos, órteses passivas ajustáveis a diferentes pesos e

geometrias, que suportam e equilibram o peso do corpo e órteses ativas que movem as

pernas dos pacientes em uma trajetória pré-definida.

Figura 19: Dispositivo de treino de marcha (BANALA, KULPE e AGRAWAL,

2007).

Page 25: Tgii Final

25

Capítulo 4 – Metodologia

A função do equipamento que queremos desenvolver é guiar a perna do usuário

nos exercícios de fisioterapia, fornecendo sustentação e atuando no processo de

reeducação motora.

Para a realização deste projeto, foram analisados os mecanismos de ligações

mecânicas serial, paralela e híbrida (paralela auxiliada por molas), observando-se as

vantagens e desvantagens de cada configuração mencionada.

Figura 20: Mecanismo serial (a) e mecanismo paralelo (b) (AGRAWAL e

AGRAWAL, 2004).

(b)

(a)

Page 26: Tgii Final

26

Figura 21: Mecanismo híbrido (AGRAWAL e AGRAWAL, 2004).

Estes mecanismos foram modelados através do método das equações de

Lagrange, dando origem às equações de movimento (um exemplo da aplicação deste

método para órteses pode ser encontrado no Apêndice A). Estas equações nos fornecem

os ângulos das juntas do sistema, dependendo dos torques fornecidos pelos atuadores

(Sendo o torque no quadril e o torque no joelho).

Para o sistema de mecanismo serial (Figura 20a):

Onde,

Page 27: Tgii Final

27

Para o sistema de mecanismo paralelo:

Onde,

Page 28: Tgii Final

28

Para o sistema de mecanismo híbrido, foi aproveitado o equacionamento do

mecanismo paralelo, sendo acrescentados apenas os efeitos das molas nas juntas. Estes

efeitos são obtidos a partir da energia potencial das molas, derivadas em respeito das

variáveis angulares e devem ser somados aos coeficientes e :

Onde,

A partir das equações, foram feitos programas e simulações em ambiente

MATLAB e com a ferramenta Simulink.

Page 29: Tgii Final

29

Figura 22: Modelo Dinâmico em Simulink.

A Figura 22 apresenta a implementação das equações dinâmicas no Simulink.

As Figuras 23a, 23b e 23c abaixo detalham os diagramas de blocos da dinâmica de cada

sistema, com suas respectivas componentes de entradas e saídas.

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30

(a)

(b)

Page 31: Tgii Final

31

(c)

Figura 23: Modelos dinâmicos de cada sistema em Simulink.

Também foi realizado um script de inicialização de parâmetros, a ser executado

antes da simulação. Este script recebe informações sobre a altura e peso do usuário e

calcula os dados antropométricos necessários a simulação (comprimento, peso e posição

dos centros de massa dos segmentos do corpo). Estes dados são calculados a partir de

proporções comuns observadas na maioria da população.

O fluxograma deste script é apresentado abaixo e sua codificação pode ser vista

no Apêndice B:

Figura 24: Fluxograma do programa.

Page 32: Tgii Final

32

Como valores de entrada de torque para a simulação, utilizamos ondas degrau

para observar o comportamento do sistema em malha aberta quanto à estabilização e

velocidade de resposta da saída.

Através da resposta ao degrau, também serão comparadas as amplitudes das

respostas de cada sistema, de modo a observar qual equipamento possui um melhor

aproveitamento do torque.

Page 33: Tgii Final

33

Capítulo 5 – Resultados

Foram realizadas duas simulações de 60 segundos com os seguintes perfis de

entrada. Abaixo são apresentados os sinais de resposta dos três sistemas e o sinal de

entrada fornecido:

a) Sinal degrau de amplitude 12 no quadril.

Figura 25: Resposta ao degrau de amplitude 12 no quadril.

b) Sinal degrau de amplitude 4 no joelho.

Page 34: Tgii Final

34

Figura 26: Resposta ao degrau de amplitude 4 no joelho.

c) Sinal degrau de amplitude 1.2 no quadril.

Figura 27: Resposta ao degrau de amplitude 1.2 no quadril.

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35

d) Sinal degrau de amplitude 0.4 no joelho.

Figura 28: Resposta ao degrau de amplitude 0.4 no joelho.

Page 36: Tgii Final

36

Capítulo 6 – Conclusão

Este estudo levantou algumas das informações necessárias para o projeto e

construção de um equipamento destinado a treino de marcha. Foi observado através dos

trabalhos de outros estudiosos que há muita pesquisa direcionada à reabilitação com uso

de engenharia. Tanto técnicas modernas (como a captura computadorizada de

movimentos) quanto antigas (equações de Lagrange) são utilizadas neste tipo de projeto,

provando que é um campo ainda em expansão.

Das simulações em meio computacional, foi observado que os sistemas

obtiveram respostas diferentes, sendo o dispositivo serial o que apresentou um tempo de

estabilização menor e o dispositivo hibrido o que apresentou o tempo de estabilização

maior. Em contrapartida, o dispositivo serial se estabilizou em torno do valor mais

baixo, enquanto o dispositivo híbrido se estabilizou em torno do valor mais alto. Pode-

se então dizer que o dispositivo serial apresenta uma resposta mais rápida à variação na

entrada, mas demanda mais torque do atuador para realizar movimentos, enquanto o

dispositivo híbrido possui resposta mais lenta, porém demanda menos torque para

atingir uma determinada posição.

Este comportamento era esperado, pois o objetivo da aplicação de uma estrutura

do tipo paralelogramo é justamente eliminar a necessidade de motores pesados que

acarretassem inércias maiores nos elos do mecanismo.

Por fim, através da aplicação de molas, o mecanismo paralelogramo pode aliviar

ainda mais a carga sobre os atuadores (isto dependeria do tipo de exercício executado no

aparelho uma vez que, em movimentos de grande amplitude, a mola também pode

aumentar a demanda de torque sobre o atuador, sendo assim mais apropriada para

movimentos pequenos).

Outra diferença observada entre os sistemas foi a melhor resposta dos modelos

híbrido e paralelogramo ao sinal degrau aplicado ao joelho, em comparação com o

modelo serial. Isto se deve ao fato de estes mecanismos sofrerem menos com efeitos de

acoplamento entre seus dois elos principais, tornando o comportamento destes mais

próximos ao de dois sistemas independentes de um grau de liberdade cada.

Através da observação dos gráficos, pode-se ver ainda que valores de torque

muito altos na entrada levam o sistema a uma saída exponencial, enquanto valores

muito baixos tornam as respostas mais sensíveis a ruídos, o que indica a presença de

uma faixa de operação que depende dos parâmetros do sistema.

Os dados obtidos desta análise em malha aberta devem ser considerados

futuramente para o projeto de um controlador, possivelmente um PID, que melhore a

qualidade das respostas e assim permita a aplicação de uma forma de onda mais

complexa, como o perfil da marcha e de outros exercícios da fisioterapia.

Como projetos futuros, podemos citar o desenvolvimento e implementação do

controlador para os mecanismos estudados ou até mesmo o desenvolvimento de um

novo mecanismo, que englobe as características positivas dos três que foram vistos

neste trabalho. Outros projetos futuros incluem a simulação dos sistemas em ambiente

Page 37: Tgii Final

37

Pro/ENGINEER para determinação dos melhores materiais a serem utilizados, no

sentido de obter um equipamento confiável e ao mesmo tempo acessível. Por fim, viria

a construção de um protótipo físico, com teste em pessoas.

Page 38: Tgii Final

38

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RODACKI A.L.F. - "ANÁLISE DOS FATORES ANTROPOMÉTRICOS EM

BIOMECÂNICA"

Page 41: Tgii Final

41

Apêndice A

Figura 29: Exemplo de um mecanismo para simular o movimento de marcha.

Observando a Figura 29, vemos o esquema de um sistema de dois graus de

liberdade (coordenadas generalizadas) e que pode ser usado no dispositivo

proposto pelo projeto.

O próximo passo após o desenho do mecanismo seria a obtenção das equações

de movimento do sistema. Supondo que haverá atuadores para controlar os ângulos e

, usaremos a formulação das equações de Lagrange:

Onde:

L é a função Lagrangeana, calculada a partir da energia cinética T e da energia

potencial V do sistema. Estes termos dependem dos valores de massa do sistema.

Assim, as equações de movimento irão variar em conformidade com as propriedades do

material escolhido para construção do dispositivo, bem como as características físicas

do usuário (massa, centros de gravidade). As equações de movimento terão a seguinte

forma:

Depois de calculadas as equações de movimento, aplica-se a elas a transformada

de Laplace para então obtermos as funções de transferência que representam o sistema.

Temos agora nossas plantas a serem controladas, que terão o seguinte formato:

Page 42: Tgii Final

42

Usaremos como sinal de entrada do sistema os valores esperados dos ângulos da

perna durante uma marcha normal. Estes valores deverão seguir a seqüência das fases

da marcha descrita no Capítulo 3.

Figura 30: Ângulos das juntas da perna durante a marcha (BANALA, KULPE e

AGRAWAL, 2007).

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43

Apêndice B

Segue abaixo o código a ser executado para inicialização dos parâmetros da

simulação.

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % Universidade Estadual de Campinas % % ES952 - Trabalho de Graduação II % % Departamento de Projetos Mecânicos % % Orientador: João Maurício Rosário % % Programador: Renato Suekichi Kuteken ra: 046149 % % Data: 9/11/2011 % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

close all clear all clc

% Gravidade: g = 9.81;

% Informações do usuário: Mtotal = input('Digite o peso do usuário(kg):\n '); Htotal = input('\nDigite a altura do usuário(m):\n '); GBS = input('\nDeseja movimento de Senóide(0), Marcha(1) ou

Degrau(2)?\n');

% Cálculo das massas dos segmentos das pernas, proporcionais a massa

total, % segundo média de dados coletados empiricamente: Mcoxa = .103*Mtotal; Mcanela = .043*Mtotal; Mperna = Mcoxa+Mcanela;

% Cálculo dos comprimentos dos segmentos das pernas, proporcionais a

altura % total, segundo média de dados coletados empiricamente: Hcoxa = .245*Htotal; Hcanela = .246*Htotal; Hperna = Hcoxa+Hcanela;

% Cálculo dos centros de massa (medida proximal) dos segmentos das

pernas, % proporcionais aos comprimentos dos mesmos segmentos, segundo média

de % dados coletados empiricamente.: CMcoxa = .43*Hcoxa; CMcanela = .43*Hcanela;

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % % Modelo Dinâmico do Aparelho Serial: % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % Lc1 = CMcoxa; Lc2 = CMcanela; L1 = Hcoxa;

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44

L2 = Hcanela; M1 = Mcoxa; M2 = Mcanela; Mp2 = .5; % Considerando atuadores de massa = .5kg nas juntas; Mp1 = .5; % Considerando atuadores de massa = .5kg nas juntas;

lc1=Lc1; lc2=Lc2; l1=L1; l2=L2; m1=M1; m2=M2; mp1=Mp1; mp2=Mp2;

% Cálculo dos momentos de inércia das barras do sistema: Il1 = (1/12)*M1*(L1^2) + M1*((L1/2)^2); Il2 = (1/12)*M2*(L2^2) + M2*((L2/2)^2);

il1=Il1; il2=Il2; I1 = Il1; I2 = Il2;

% Constantes a serem utilizadas no modelo: c1 = M1*(Lc1^2) + Il1 + Mp2*(Lc1^2) + Il2 + M2*(Lc2^2) + M2*(L1^2); c2 = M2*L1*Lc2; c3 = Il2 + M2*(Lc2^2); c4 = g*M2*Lc2; c5 = g*M2*L1 + g*Lc1*M1 + g*L1*Mp1;

% O modelo foi implementado no Simulink, utilizando as % constantes acima como parâmetros.

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % % Modelo Dinâmico do Aparelho Paralelo: % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % %158

S1 = .433*L1; S2 = .433*L2; Lca1 = (L1-S1)/2; Lca2 = S2/2; Ma1 = .13; Ma2 = .08; Ila1 = (1/12)*Ma1*((L1-S1)^2) + Ma1*(((L1-S1)/2)^2); Ila2 = (1/12)*Ma2*(S2^2) + Ma2*((S2/2)^2);

Ia1=Ila1; Ia2=Ila2;

s1=S1; s2=S2; lca1=Lca1; lca2=Lca2; ma1=Ma1; ma2=Ma2; ila1=Ila1;

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45

ila2=Ila2;

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % % Modelo Dinâmico do Aparelho Paralelo com Molas: % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % %

% D1 = L1-S1; % D2 = .164;;

D1 = .164; % valor retirados de Agrawal (p152) D2 = .2;

d1=D1; d2=D2;

M = (Mp1+Mp2+M1+M2+Ma1+Ma2)*2;

K1 = S1*M*g/D1; K2 = M*g/(D1*D2);

m=M; k1=K1; k2=K2;

Ra = 3.18; L=.53/(10^3);

% % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % % % Geração da forma de onda que caracteriza a marcha: % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % % %

% % %

% Ângulos do Joelho: yj = [5 18 3 40 0 5 18 3 40 0 5 18 3 40 0 5 18 3 40 0]; xj = [0 0.15 0.4 0.62 0.97 1 1.15 1.4 1.62 1.97 2 2.15 2.4 2.62 2.97 3

3.15 3.4 3.62 3.97];

yj = yj*(.0175);

% Ângulos do Quadril: yq = [20 0 -10 0 25 20 0 -10 0 25 20 0 -10 0 25 20 0 -10 0 25]; xq = [0 0.38 0.5 0.60 .84 1 1.38 1.5 1.60 1.84 2 2.38 2.5 2.60 2.84 3

3.38 3.5 3.60 3.84];

yq = yq*(.0175);

aJ = spline(xj,[0 yj 0]); aQ = spline(xq,[0 yq 0]);

A1 = linspace(0,3,1000000); A = A1*10; figure(); plot(A1,ppval(aJ,A1)); xlabel('Porcentagem do CM')

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ylabel('Ângulo do Joelho')

figure(); plot(A1,ppval(aQ,A1)) xlabel('Porcentagem do CM') ylabel('Ângulo do Quadril')

% % FIM DO PROGRAMA. %

Ao final da execução, este programa também gera o perfil dos ângulos esperados

em um movimento de marcha, segundo a literatura, para o quadril e para o joelho. Estes

dados podem ser inseridos futuramente em um sistema devidamente controlado.

Figura 31: Ângulos do joelho ao longo do ciclo da marcha.

Figura 32: Ângulos do quadril ao longo do ciclo da marcha.