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TENDÊNCIA DE JUROS BAIXOS PARA OS PRÓXIMOS ANOS
A queda na taxa Selic para 5,00% concretizada na reunião do dia 30/10 - com
previsão de baixa para 4,50% na próxima reunião do COPOM em dez/19 - traz novas
perspectivas ao Brasil, um país que sempre foi marcado por altas taxas de juros. Essa nova
realidade parece ser duradoura e acompanha um movimento mundial, dado que alguns
países já trabalham com juros reais negativos. Isso representa um importante estímulo à
atividade produtiva do país. A recente aprovação da Reforma da Previdência e a
possibilidade de se aprovar novas reformas de cunho fiscal e administrativa são vistos como
um grande passo para o Brasil finalmente reduzir o alto volume de gastos do Governo
Federal, e dessa forma conseguir controlar a inflação e os juros de longo prazo.
A taxa pré futura indica que o mercado acredita na manutenção de um baixo patamar
de juros a longo prazo (Pré de 10 anos próximo a 6%):
Preços dos títulos no dia 18/11/2019
Título Vencimento Taxa de Rendimento (% a.a.)
Tesouro Prefixado 2022 01/01/2022 5,20
Tesouro Prefixado 2025 01/01/2025 6,29
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2029 01/01/2029 6,65
Fonte: Tesouro Direito
Essa confiança aumentou bastante nos últimos meses, conforme observado no
gráfico abaixo:
Fonte: B3 em 18/11/2019
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QUEDAS NAS TAXAS DO CRÉDITO IMOBILIÁRIO
A queda da taxa média de juros das novas operações de financiamento imobiliário
pessoa física com recursos direcionados acompanhou a queda da taxa de juros básica da
economia (SELIC) e atingiu seu patamar mínimo da série histórica do Banco Central em
setembro de 2019: 8,65% a.a.
Fonte: coleta interna.
Fonte: Bacen
A Caixa anunciou a redução da taxa mínima de financiamento imobiliário para TR +
6,75%, a menor do mercado. Novas reduções tendem a acontecer, principalmente dos
bancos privados, que estão muito descolados da nova taxa de referência de mercado fixada
pela Caixa:
BANCOS TR+
CAIXA 6,75%
BRADESCO 7,30%
ITAÚ 7,45%
BANCO DO BRASIL 7,99%
SANTANDER 7,99%
Taxas Mínimas
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INCLUSÃO DE FAMÍLIAS NO MERCADO
Os juros baixos sempre foram um importante estímulo ao setor imobiliário. Isso
ocorre porque há uma diminuição no custo do Crédito Imobiliário e redução da parcela
inicial do financiamento, o que possibilita o ingresso de vários novos compradores no
mercado.
Famílias elegíveis para financiamento imobiliário de R$ 150.000,00
Taxa Juros Financiamento Imobiliário (% a.a.) 5% 6% 7% 8% 9%
Famílias Elegíveis (milhões) 19,1 17,0 15,1 13,0 11,7
Famílias elegíveis para financiamento imobiliário de R$ 300.000,00
Taxa Juros Financiamento Imobiliário (% a.a.) 5% 6% 7% 8% 9%
Famílias Elegíveis (milhões) 7,2 6,0 5,3 4,4 3,9
> MÉDIO ALTO PADRÃO (MAP)
A análise abaixo indica que uma queda de 1% nos juros do financiamento pode
incluir até 800 mil famílias no mercado MAP, o que representa um aumento de 20% no
número de famílias elegíveis a cada 1% de taxa de juros.
Esse aumento ocorre pelo aumento do poder de compra das famílias que podem acessar
imóveis de maior qualidade.
Fonte: Abrainc e PNAD, simulações considerando LTV de 80% e prazo de 420 meses
> HABITAÇÃO POPULAR
Ao realizar a mesma análise, agora para o segmento de baixa renda, percebe-se que
a queda de 1% nos juros do financiamento pode incluir até 2 milhões de famílias. Portanto,
a cada 1% na variação da taxa de juros, em média o número de famílias elegíveis
aumenta em 16%.
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AUMENTO NAS VENDAS DE IMÓVEIS
Há uma forte correlação entre taxas de juros e vendas de imóveis, como pode ser
observado no gráfico abaixo que mostra a evolução histórica da venda de imóveis
residenciais na Região Metropolitana de São Paulo e da Taxa Selic nos últimos 10 anos.
Dessa forma o cenário de queda de juros atual será uma grande alavanca para um
ciclo de crescimento no mercado imobiliário nos próximos anos, fazendo com que o
volume anual de vendas possa no mínimo retornar aos patamares já observados
anteriormente nos anos de 2011 e 2013, que marcaram o auge do setor. A análise do
gráfico deixa clara a formação de novo um ciclo de alta.
Fontes: Bacen e Pesquisa Secovi Mercado SP
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O indicador Abrainc-Fipe, de abrangência nacional, mostrou que o mês de Ago/19
registrou o maior volume de lançamentos desde 2015, corroborando a alta confiança dos
empresários do setor. Esse alto volume lançado deve gerar aumentos ainda maiores nas
vendas dos próximos anos. O cenário é bem diferente do observado nos anos de 2015-17
onde havia poucos lançamentos de projetos e muitas unidades em estoque.
Fontes: Bacen e Indicador ABRAINC (Pesquisa com 20 empresas associadas / Início da série em 2014)
ALTA DOS LANÇAMENTOS
Em 2019:
• 76% dos lançamentos foram oriundos do programa MCMV.
• Entretanto, o percentual de crescimento é maior no segmento MAP (19%) v.s.
MCMV (15%).
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O número recorde de concessões de alvarás (881) em setembro reitera a
confiança dos empresários. Esse indicador serve como forma de prever os lançamentos e
a atividade do setor nos próximos anos.
CRESCIMENTO PURO (SEM FATORES
EXÓGENOS)
A análise do gráfico anterior mostra forte correlação entre alvarás e queda nos
juros, exceto em 2 períodos que podem ser explicados da seguinte forma:
• 2010: Mudança de patamar do mercado com o início do programa MCMV; e
• 2014: Efeito temporário (shock) devido à mudança do Plano Diretor (Direito de
Protocolo).
Fonte: Bacen e Abrainc-FIPE.
ALTA NOS ALVARÁS DE CONSTRUÇÃO
EFEITO MCMV
EFEITO PLANO DIRETOR
Em 2019:
• As regiões Sul e Oeste foram as que mais tiveram crescimento (120%),
mostrando que a demanda está mais aquecida em bairros de maior qualidade.
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O volume de contratação de financiamento imobiliário vem crescendo desde 2018,
acompanhando a queda na taxa de juros.
Fontes: Bacen e ABECIP
CRÉDITO IMOBILIÁRIO
> CONTRATAÇÕES EM CRESCIMENTO
A Caixa apresentou aumento de 98% no acumulado do ano até setembro. Os
bancos privados contribuíram com um aumento de apenas 11%:
> AUMENTO IMPULSIONADO PELA CAIXA
Fonte: ABECIP
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∆% 19/18: + 20%
Em 2019, o número de unidades financiadas via SBPE deverá chegar a 211 mil.
Número ainda muito abaixo do que foi observado em 2014, quando se chegou a 368 mil
unidades. Isso só vem mostrar que o número de unidades financiadas nos próximos
anos deve crescer a um patamar bem acima dos 20% observados em 2019.
> VOLUME DE UNIDADES CONTRATADAS EM 2019 AINDA LONGE DO
PATAMAR DE 2014
CRÉDITO IMOBILIÁRIO
75%
68%
55%
19%
16%
10%
> CRÉDITO/PIB: PARTICIPAÇÃO DO CRÉDITO IMOBILIÁRIO NA
ECONOMIA AINDA BAIXA SE COMPARADA A DEMAIS PAÍSES
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O saldo de geração de empregos da construção civil voltou a ser positivo. Em
2019 já foram criados 117 mil empregos até setembro, equivalente a 15% do total de
empregos gerados no Brasil.
Essa melhora contrasta com a forte crise vivida entre 2014-2017 onde houve uma
perda total de 1 milhão de empregos diretos na construção, efeito esse muito maior se
considerarmos os impactos indiretos. A recuperação do setor será um grande
impulsionador para a geração de empregos do Brasil.
Fontes: Bacen e CAGED
> CONSTRUÇÃO CIVIL VOLTA A GERAR EMPREGOS
IMPACTOS ECONÔMICOS
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A variação do PIB trimestral 2T19 contra 2T18 surpreendeu o mercado com a
expansão de 1,9%, o maior crescimento desde 2014. Vale dizer que entre os anos de
2013 e 2018 houve uma queda de 27,7% no PIB da Construção, muito em função da
forte crise econômica que assolou o país.
Fontes: Bacen e IBGE
IMPACTOS ECONÔMICOS
> PIB DA CONSTRUÇÃO CIVIL TEM O MAIOR CRESCIMENTO
TRIMESTRAL DESDE 2014
∆% 2T19/2T18:+ 1,9%
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A melhora do setor se refletiu no mercado de ações: o Índice Imobiliário (IMOB)
alcançou a marca histórica de R$ 1.151,00 em outubro de 2019. A carteira teórica do
índice é composta por um mix de empresas do setor imobiliário residencial e comercial,
como BR Malls, Multiplan, Cyrela, MRV e Eztec.
Outra prova do apetite que o investidor vem mostrando ao setor foram os R$
3,8 bi recentemente captados no mercado via Oferta Pública de ações, montante que
trará recursos para a construção de novos projetos.
Fonte: BACEN e B3.
IMPACTOS ECONÔMICOS
> INVESTIDORES TAMBÉM CONFIANTES NA RETOMADA
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As taxas de financiamento imobiliário se encontram no menor patamar dos
últimos anos, o que deve propiciar um expressivo aumento na oferta de crédito e
impulsionar o crescimento do setor. A criação de novas modalidades, como o Crédito
Imobiliário indexado ao IPCA, disponibilizado pela Caixa em setembro de 2019, e o
lançamento do financiamento com taxa pré-fixada previsto para 2020, podem ser vistos
como importantes marcos de inovação ao mercado.
Outros tipos de funding, como CRI’s, LIG’s e FII’s também começam a se tornar
viáveis em cenário de juros baixos. Um exemplo disso é o rápido crescimento da LIG,
criada em 2018 inspirada no Covered Bond. Já foram emitidos R$ 10 bilhões em LIG, e
esse volume aumentará consideravelmente com a regulação da Oferta Pública, que abre
caminho para o fomento do mercado secundário, e a Emissão em Moeda Estrangeira.
Ambas regulamentações previstas para 2020.
E esse movimento será fundamental para o crescimento econômico brasileiro e
traz um cenário promissor para a atividade imobiliários nos próximos anos.
CONCLUSÃO
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