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Educao
Rev. PEC, Curitiba, v.3, n.1, p.47-58, jul. 2002-jul. 2003
Tecnologia da Informao e Educao Corporativa: contribuiese desafios da modalidade de ensino-aprendizagem a distncia nodesenvolvimento de pessoas
Aline Frana de Abreu1
Caio Mrcio Gonalves2
Leila Pagnozzi3
Resumo
Os novos desafios da competitividade global conduzem as organizaes a rupturas em seus paradigmase implantao de novos sistemas de gesto que privilegiem o desenvolvimento do capital humano.Nesse contexto, a tecnologia da informao possibilita inovar o modelo de gesto de pessoas por meioda modalidade a distncia de ensino-aprendizagem no processo de educao corporativa. Este artigoapresenta os achados acerca da educao corporativa, especificamente no que tange s tecnologias deinformao aplicadas educao a distncia, capazes de assegurar algum diferencial competitivo.Para tanto, fez-se inicialmente uma incurso terica no cenrio do atual ambiente de negcios. Naseqncia, abordou-se a gesto de pessoas, norteada pela gesto do conhecimento e gesto decompetncia. Em seguida, comentou-se sobre a educao corporativa, enfatizando o papel da educaocomo elemento formador de competncias. Por ltimo, concluiu-se que a educao a distncia , naatualidade, um importante mtodo para facilitar o processo de ensino-aprendizagem nas organizaes.Como metodologia utilizou-se uma pesquisa exploratria bibliogrfica, com nfase nas publicaesda ltima dcada.
Palavras-chave: educao corporativa; educao a distncia; gesto de pessoas; tecnologias de informao.
1 Mestre em Engenharia de Produo, com nfase em Planejamento, pela UFSC, e Phd. em Tecnologia da Informao,pela University of Waterloo, Canad. Diretora tcnica do IGTI e professora adjunta no Departamento de Engenhariade Produo e Sistemas da UFSC.E-mail: [email protected]
2 Mestrando em Engenharia de Produo pela UFSC. Desenvolve projeto de pesquisa em Organizao de RedesSociais e Desenvolvimento Local.E-mail: [email protected]
3 Mestre e doutoranda em Engenharia de Produo pela UFSC. Pr-Reitora da Universidade So Francisco, BraganaPaulista, e gerente de Desenvolvimento Institucional da Associao Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus.E-mail: [email protected]
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Introduo
Para atender aos novos desafios da competitividade global, as organizaes vm enfrentando
uma srie de rupturas em seus paradigmas e se vem compelidas a implantar novos modelos de gesto
que privilegiem o desenvolvimento de seus talentos humanos.
Nessa busca da competitividade, as organizaes sentem a necessidade de repensar seus
processos e adotar uma estrutura mais flexvel, substituindo o modelo hierrquico integrado
verticalmente, que representou por vrios anos o modo de produo e a gesto fordista, pelo modelo de
estrutura horizontal, dando nfase ao trabalho cooperativo.
Segundo Bastos (1991, p.74), a aprendizagem inovativa torna-se, portanto, um meio de preparar o
indivduo para enfrentar situaes novas e requisito indispensvel para a soluo de problemas globais.
Este artigo insere-se nesse contexto e, para tanto, faz uma incurso terica em educao
corporativa como inovao no modelo de gesto de pessoas, destacando a modalidade de educao a
distncia como um recurso do ensino-aprendizagem, que visa obteno de maior competitividade
organizacional. Como objetivo geral, busca-se investigar as metodologias de desenvolvimento de
pessoas como diferencial competitivo das organizaes, a partir da perspectiva de gesto de tecnologia
de informao. De forma mais especfica o estudo visa: mencionar os referenciais tericos, destacando-
se aqueles apresentados na ltima dcada, relevantes em educao corporativa, com nfase na
modalidade a distncia; descrever as metodologias de ensino-aprendizagem e apresentar as tecnologias
de informao e comunicao para a educao corporativa.
Para tanto, apresenta-se, inicialmente, o cenrio do atual ambiente de negcios, enfatizando o
papel da educao como elemento formador de competncias. Na seqncia, lana-se mo das principais
referncias em gesto de competncias e gesto do conhecimento, com vistas a fundamentar uma poltica
de desenvolvimento de pessoas. A seguir, apresenta-se um traado histrico da educao corporativa,
evidenciando-se as tecnologias de informao e comunicao aplicadas ao ensino a distncia na educao
corporativa. Por fim, comenta-se acerca de contribuies e desafios do tema pesquisado.
O Mundo Contemporneo e a Gesto de Pessoas
Ao longo do sculo XX, as eras da industrializao, clssica e neoclssica, e a chamada era da
informao exigiram mudanas de comportamentos e novas vises na forma de abordar e lidar com os
seres humanos dentro das organizaes. A rea de recursos humanos (RH) passou por trs etapas
distintas: relaes industriais, recursos humanos e gesto com pessoas. Cada abordagem est
diretamente relacionada s necessidades de sua poca e mentalidade predominante.
O aperfeioamento da estruturao de trabalho na empresa moderna, associado ao impacto
provocado pela inovao e avano tecnolgicos, proporcionando maior agilidade no acesso
informao e globalizao, vem impelindo as organizaes para um redimensionamento,
considerando a competitividade como palavra-chave.
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Nesse novo contexto, cabe rea de gesto de pessoas ajudar a organizao a realizar sua
misso, proporcionar competitividade, favorecer o desenvolvimento dos funcionrios por meio de
programas de treinamento que possam mant-los motivados, aumentar a satisfao dos colaboradores,
desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho, administrar a mudana e manter polticas ticas
e de responsabilidade social (CHIAVENATO, 1999).
A nova estrutura organizacional caminha para a adoo de um modelo de educao hbrido,
onde as empresas compartilham a responsabilidade do ensino-aprendizagem, antes exclusividade
da academia. A educao contempornea assume a convergncia entre as modalidades presencial e a
distncia como mecanismo de efetividade no suporte metodolgico ao ensino-aprendizagem. A
mudana nos horizontes espacial e temporal da educao rebate no compartilhamento e na
disseminao do conhecimento com outras instituies, antes exclusividade das universidades. As
empresas passam a assumir importante papel no desenvolvimento de pessoas, tornando as fronteiras
organizacionais mais permeveis e diminuindo o gap entre mercado e academia.
Trata-se de uma mudana de paradigma que exige das pessoas e das organizaes cada vez
mais agilidade, flexibilidade, competncia social e criatividade. Corroborando as tendncias citadas,
Thurow apud Eboli (1999, p.7) afirma que:
[...] a educao e qualificao da fora de trabalho ser a principal vantagem competitiva do sculo XXI.
Motivo: est surgindo um conjunto totalmente novo de tecnologias que exigir que o trabalhador mdio, seja
no setor administrativo ou no de produo, adquira qualificaes que no eram obrigatrias no passado.
Essas qualificaes vo alm das responsabilidades limitadas de determinado cargo e alcanam um conjunto
amplo de habilidades necessrias para que o trabalhador se adapte s novas tecnologias e mudanas no
mercado de trabalho.
As empresas precisam enfrentar essas mudanas de maneira pr-ativa. A capacidade de ajustar-
se s novas exigncias e desenvolver seu capital intelectual torna-se uma questo de sobrevivncia.
Para Geus (1998, p. XXIV), a intensidade em que as pessoas se aplicam, confiam e se envolvem no
trabalho tem no s um efeito direto sobre os resultados da empresa, mas o mais direto dos efeitos, em
relao a qualquer outro fator, sobre a expectativa de vida de sua empresa. Portanto, imprescindvel
que as organizaes criem mecanismos visando ao envolvimento das pessoas no desenvolvimento
continuado da empresa.
Cada vez mais o trabalho em rede, a maior mobilidade no desempenho das funes, a maior
comunicao e a distribuio do poder ganham destaque, favorecendo o desenvolvimento do potencial
dos colaboradores e auxiliando, dessa forma, na criao do potencial corporativo. Nesse sentido,
parte-se para o entendimento de que a necessidade de aprender por toda a vida tem impulsionado as
organizaes, a partir de mudanas em seus modelos de gesto, a adotarem procedimentos que
viabilizem a formao continuada de seus colaboradores.
Considerando que o principal ativo das organizaes so os talentos humanos, cabe, portanto,
s organizaes estimul-los para que possam enfrentar os desafios com entusiasmo, superando
obstculos e sendo capazes de se auto-realizarem, como prova de que esto preparados para reagir
prontamente s mudanas.
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No contexto atual, de mudanas aceleradas, a gesto do conhecimento torna-se imprescindvel
para obteno de vantagem competitiva no mercado global. Assim, as empresas vm sentindo a
necessidade de desenvolver um sistema educacional prprio, totalmente orientado para o mercado,
bem como de aprimorar suas relaes com os clientes, fornecedores e comunidade em geral.
Como conseqncia desse investimento, as organizaes estariam colaborando para a formao
do novo perfil do profissional do futuro, oferecendo-lhe oportunidades de aprendizagem contnua e o
desenvolvimento de posturas, habilidades e atitudes, alm da preocupao com o conhecimento terico.
Hoje, valorizam-se as experincias dos profissionais, de suas competncias, dando-se nfase
para o capital humano, buscando-se nas pessoas o diferencial competitivo de mercado. Nesse aspecto,
discute-se, a seguir, a gesto de competncia e do conhecimento como prticas que podem proporcionar
um diferencial para as organizaes.
Gesto de Competncias e Gesto do Conhecimento
Na atual conjuntura organizacional percebem-se evidncias de descompasso entre as prticas
de gesto e os reais interesses de uma instituio. Se, por um lado, organizaes buscam sobrevivncia
num mercado competitivo, de outro imperioso ansiar por modelos de gesto renovados. A
implementao de prticas que clarificam a compreenso da importncia do elemento humano, tendo
a educao corporativa como vis de desenvolvimento de pessoas, parece ser o caminho organizacional
mais curto para se alcanar a competitividade, o que exige das empresas a capacidade de atrair,
desenvolver e reter pessoas talentosas. A partir de ento, a expresso competncias passa a fazer
parte do vocabulrio nas organizaes.
Assim, o paradigma do controle deixado de lado e espera-se dos indivduos e da organizao
um desenvolvimento mtuo. A nfase dada administrao de pessoas e ao controle dos processos
deslocada para o foco no desenvolvimento. Entretanto, constata-se que muitas empresas apenas adotam
novas denominaes para prticas antigas, o que gera um grande descontentamento por parte dos
colaboradores e respostas no adequadas realidade.
Entende-se que a troca de competncias se faz entre a organizao e as pessoas. Pode-se chamar
isso de processo contnuo, onde a empresa possibilita que o conhecimento seja compartilhado entre
as pessoas, enriquecendo-as e preparando-as para o enfrentamento de novos desafios, e essas pessoas,
por sua vez, enriquecem a empresa por meio de sua atuao e transferncia de conhecimento,
preparando-a para os novos desafios e tornando-a mais competitiva.
Alguns tericos relacionados rea de administrao compreendem a competncia como um
conjunto de habilidades, conhecimentos ou atitudes para que uma pessoa desenvolva suas atribuies
e responsabilidades. Entretanto, esse conjunto de atributos no garante organizao um benefcio
direto. Destaca-se uma correlao da competncia individual com a capacidade de entrega de uma
pessoa organizao, dando-se nfase quilo que ela consegue agregar de valor empresa ou negcio.
Chiavenato (1999, p.36) comenta que o mundo moderno se caracteriza por tendncias que
envolvem globalizao, tecnologia, informao, conhecimento, servios, nfase no cliente, qualidade,
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produtividade e competitividade. Todas essas tendncias esto afetando e continuaro a afetar a
maneira pela qual as organizaes utilizam as pessoas.
Sendo assim, a tradicional rea de recursos humanos deixa de centrar-se no passado e em
tradies para constituir-se em rea alinhada para o futuro e preocupada com o destino da empresa.
Percebe-se que a principal misso da rea passa a ser a busca incessante de inovao na gesto do
capital humano da empresa.
As organizaes passam a fazer uso do conhecimento como um instrumento para facilitar o seu
processo gerencial. Segundo Stewart (1998), o conhecimento tornou-se o recurso econmico
proeminente, mais importante do que matria-prima e muitas vezes mais importante do que o dinheiro.
Drucker (1993) assevera que o recurso econmico bsico no mais o capital, nem os recursos naturais
ou a mo-de-obra, mas sim o conhecimento.
Quinn (1996) entende que o poder econmico e de produo de uma empresa moderna est
mais nas suas capacidades intelectuais e de servio, do que em seus ativos imobilizados, como terra,
instalaes e equipamentos. Stewart (1998, p.57) observa: As empresas que comearam a investir
seus ativos em termos de conhecimento descobriram que esto prestes a entrar em uma mina de ouro.
Drucker (1993) afirma que na sociedade do conhecimento os trabalhadores do conhecimento
desempenham um papel central. Conforme assinala Lvy (1994, p.54), o aumento da competitividade,
aliado ao contnuo avano da tecnologia, faz com que os conhecimentos tenham um ciclo de renovao
cada vez mais curto. Para tanto, as empresas tendem a se diferenciar pelo que sabem e pela forma
como conseguem usar este conhecimento. Numa economia global, o conhecimento se torna a maior
vantagem competitiva de uma organizao.
Aranha (1992) argumenta que todo conhecimento pressupe o sujeito que quer conhecer e o
objeto a ser conhecido, que se apresentam frente a frente, dentro de uma relao. O conhecimento o
ato, o processo pelo qual o sujeito se coloca no mundo e, com ele, estabelece uma ligao. A relao de
conhecimento implica uma transformao tanto do sujeito quanto do objeto. O verdadeiro conhecimento
se d dentro do processo dialtico de ida e vinda do concreto para o abstrato, processo esse que jamais
tem fim e que vai revelando o mundo humano na sua riqueza e diversidade.
Crawford (1994) compreende que conhecimento entendimento, expertise. a capacidade de
aplicar a informao a um trabalho ou a um resultado especfico. Para Drucker (1993, p.25) o
conhecimento a informao eficaz em ao, focalizada em resultados. J, Pereira e Fonseca (1997)
comentam que o conhecimento uma forma organizada de informaes consolidadas pela mente
humana por meio dos mecanismos cognitivos da inteligncia, da memria e da ateno. E Davenport
(1998) destaca o valor do conhecimento quando o define como a informao mais valiosa porque
algum deu informao um contexto, um significado, uma interpretao; algum refletiu sobre o
conhecimento.
Observa-se que, ao longo dos anos, inmeros novos modelos organizacionais foram surgindo
como tentativa de dar respostas mais aceleradas s exigncias de um contexto turbulento, comparado
lentido de resposta provocada pela estrutura burocrtica.
Para Nonaka e Takeuchi (1997, p.187) dentre esses modelos esto a adhocracia, a
organizao infinitamente horizontalizada, a estrutura em teia (rede), a pirmide invertida, a
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mini-exploso estelar (satlite) e o mercado interno. Os mesmos autores apontam para o fato de
que existem algumas caractersticas comuns entre esses novos conceitos, por exemplo: suas estruturas
so mais horizontais, dinmicas, estimulam a maior familiaridade com os clientes, reconhecem a
importncia do conhecimento como alavancagem de uma empresa, enfatizam o desenvolvimento de
habilidades e competncias.
Nonaka e Takeuchi (1997) sugerem um novo modelo organizacional denominado hipertexto,
tendo sido constitudo com a base da burocracia e fora-tarefa. Acreditam que essa estrutura
organizacional permite a uma empresa que crie e acumule conhecimento transformando-o dinamicamente
em dois nveis estruturais: o nvel de sistema de negcios (organizado como uma hierarquia tradicional)
e o nvel de equipe de projeto (organizado como uma fora-tarefa). A caracterstica principal de uma
organizao em hipertexto a capacidade de seus membros de mudar de contexto em decorrncia da
coexistncia de trs nveis ou contextos totalmente diferentes dentro de uma mesma organizao.
Por essa razo emprega-se o termo hipertexto, pois essa capacidade oferece a mesma flexibilidade
de um usurio de computador que se movimenta facilmente em um documento em hipertexto. A
organizao em hipertexto se diferencia principalmente pelo fato de que na estrutura matricial um
membro da organizao pertence a duas estruturas simultaneamente, o que no ocorre na estrutura de
hipertexto, em que o membro pertence apenas a uma estrutura e durante um tempo determinado,
alternando de forma rpida e flexvel diferentes contextos de conhecimentos o que determina a
capacidade organizacional de criao do conhecimento.
Desenvolvimento de Pessoas e Criao do Conhecimento Organizacional
O conhecimento pode ser considerado como fonte segura de vantagem competitiva numa
economia em que a incerteza est presente. A tendncia dos executivos acreditar que o conhecimento
seja quantificvel. Entretanto, h outras formas de vislumbrar a importncia do conhecimento e seu
papel nas organizaes.
Empresas japonesas de grande sucesso reconhecem que a criao de novos conhecimentos no
apenas uma questo de processamento de informaes objetivas. Ao contrrio, depende do
aproveitamento das intuies, dos ideais tcitos e muitas vezes altamente subjetivos, dos diferentes
empregados, de modo a converter essas contribuies em algo que possa ser testado e utilizado para
toda a organizao. O elemento crtico desse processo o comprometimento pessoal, o senso de
identidade dos funcionrios com a empresa e sua misso.
Nonaka e Takeuchi (1997) ressaltam que a criao do conhecimento organizacional uma
interao contnua e dinmica entre o conhecimento tcito e o conhecimento explcito. O conhecimento
tcito dos indivduos constitui a base da criao do conhecimento organizacional. Os mesmos autores
esclarecem que a criao do conhecimento um processo em espiral, que inicia com o indivduo e vai
subindo e se expandindo, ampliando as comunidades de interao que conseqentemente acabam
rompendo as fronteiras entre departamentos, divises e organizaes.
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O conhecimento organizacional acontece a partir do conhecimento criado individualmente,
firmando-se como parte da rede de conhecimentos. O processo em espiral que ocorre em diferentes
nveis ontolgicos refere-se ao indivduo no sistema da cadeia de valor que atravessa diferentes
nveis de agregao e amplia as fronteiras organizacionais uma das chaves para a compreenso da
criao do conhecimento organizacional.
As pessoas e as organizaes se desenvolvem por meio da aplicao de sistemas educativos
que visam implementao de uma cultura de aprendizagem contnua e da mudana de
comportamento. Com relao ao processo de desenvolvimento de pessoas entende-se como a
exteriorizao das potencialidades do indivduo, deixando fluir suas habilidades, aptides e sua
capacidade de criao.
As organizaes vm compreendendo a diferena existente entre formao e informao.
Desenvolver pessoas no se trata de um repasse de informaes que visam ao aprendizado de novos
conhecimentos, habilidades ou destrezas com o objetivo de que elas se tornem mais eficientes. O
processo de formao mais amplo e leva o indivduo ao aprendizado de novas atitudes e adoo de
uma postura pr-ativa, buscando idias e solues para os problemas vivenciados no trabalho.
A gesto estratgica de pessoas envolve a tentativa sistemtica de atrelar as prticas de recursos
humanos s estratgias das corporaes corroborando a criao de vantagem competitiva sobre as
demais organizaes e melhorando, conseqentemente, o seu desempenho.
O Processo de Educao Corporativa
O papel das organizaes no aprendizado de seus funcionrios vem se ampliando
diacronicamente. A educao corporativa focaliza o desenvolvimento do quadro de pessoal com vistas
obteno de resultados nos negcios. Trata-se de um modelo estruturado, tanto para transmitir
conhecimentos especficos sobre assuntos dos quais os funcionrios apresentam algumas deficincias,
quanto para prepar-los para os desafios vindouros.
Margerison (1992, p.15) demonstra que um nmero considervel de organizaes vem criando
sua prpria business school, motivados pela convico de que interessa empresa integrar o trabalho e
a aprendizagem de maneira mais consistente, como forma de ampliar as habilidades de seus recursos
humanos, visando continuidade da prestao de um servio de qualidade para a empresa.
Meister (1998, p.70-71) refora a afirmao acima ao apontar que a proliferao de cursos formais
pelas prprias empresas conseqncia do crescente interesse organizacional pelo desenvolvimento
permanente de empregados capacitados. As atividades de ensino dirigidas pelas empresas promovem
um programa de capacitao orientado aos objetivos da organizao, garantindo uma mensagem
unificada e uma linguagem comum. importante destacar que a criao dos cursos formais pelas
empresas, disponibilizados por meio de suas universidades corporativas, no se restringe apenas a
searas estratgicas, abrangendo as reas operacional e ttica.
O propsito da aprendizagem contnua desenvolver competncias, formas de pensamento,
atitudes, hbitos, bem como uma ampla viso do negcio, dotando as pessoas de ferramentas mentais
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que aperfeioem seu trabalho. A valorizao da questo da aprendizagem no meio empresarial vem
crescendo significativamente nos ltimos anos. H algum tempo as empresas comearam a perceber
que seu maior diferencial competitivo encontra-se no nvel de capacitao, conhecimento e
comprometimento de toda a sua equipe, incluindo clientes e fornecedores. O prazo de validade dos
diplomas universitrios e de ps-graduao vem se tornando cada vez mais reduzido, ou seja, se o
funcionrio no se mantiver permanentemente atualizado estar defasado num curto espao de tempo.
Por conseguinte, observa-se um nmero crescente de empresas que comeam a estruturar seus
sistemas educacionais prprios, a fim de garantir a sobrevivncia. O conhecimento vem se
transformando no recurso que mais agrega valor aos negcios. Acredita-se que os programas
tradicionais de treinamento j no atendem mais s necessidades de capacitao e atualizao exigidas
pela dinmica do mercado. Os programas precisam estar alinhados s estratgias do negcio. O
funcionrio precisa adquirir a habilidade de compreender o conhecimento transmitido num curso e
contextualiz-lo na sua prtica, bem como criar solues para os novos e constantes problemas que
vo surgindo.
Tecnologias de Informao e Comunicao em Ensino a Distncia
As organizaes enfrentam um ambiente competitivo e buscam no processo de aprendizagem
contnua uma forma de construir uma inteligncia corporativa competitiva. O mundo contemporneo
disponibiliza recursos tecnolgicos suficientes e capazes de contribuir para a melhor comunicao,
difuso de informao, produo do conhecimento.
At bem pouco tempo, o desenvolvimento de competncias organizacionais estava pautado em
tecnologia do tipo aula tradicional com instrutor. Todavia, o ensino a distncia j participava do
aprendizado organizacional por meio de tecnologias postais. A educao a distncia por
correspondncia ou veiculada pelo correio j proporcionava um ensino-aprendizagem um-para-um.
Posteriormente, o rdio e a televiso contriburam na massificao do processo, acomodando muitos
num mesmo processo educativo. Ainda numa perspectiva temporal, ressaltam-se os treinamentos
organizacionais baseados em computadores, com a tecnologia de CD-ROM. Contudo, considera-se que
o grande marco da educao a distncia foi definido pelo advento da internet, quando a web adicionou
uma pitada de inovao na metodologia de ensino-aprendizagem.
As tecnologias de primeira gerao (ensino via correspondncia ou via rdio ou televiso)
proporcionavam pouca interao entre estudante-professor. As tecnologias de segunda gerao (software
educacionais e CD-ROM) permitiram uma interface mais amigvel entre os interlocutores do processo
de ensino-aprendizagem. Em contrapartida, as chamadas tecnologias de terceira gerao (redes de
computadores), como e-mail, chat rooms e teleconferncias, possibilitam s instituies a minimizao
do problema da distncia professor-estudante e dos reflexos da pouca interao.
Essa educao virtual requer um aparato tecnolgico para prover uma pedagogia igualmente
on line. Mas a perenidade do negcio em educao corporativa no deve estar orientada exclusivamente
a mquinas e instalaes, demandando investimentos em peopleware, ou seja, uma abordagem
sociotcnica, justificando o componente humano na poltica corporativa.
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A videoconferncia um sistema interativo de comunicao em udio e vdeo, que permite que
a interatividade acontea em tempo real, ampliando o conceito de tempo e espao da sala de aula,
estendendo-se o evento presencial para grandes distncias. A transmisso pode ser feita por meio de:
rdio, satlite ou linha telefnica. O treinamento via videoconferncia incorpora a apresentao dos
contedos relativos disciplina pelo professor e pelos estudantes, atravs de atividades interativas:
seminrios, realizao de jogos, soluo de casos. A videoconferncia permite a utilizao de todos os
recursos de interatividade disponveis em seus equipamentos perifricos: cmera de documentos,
apresentao multimdia (CD-ROM, PowerPoint, Excel, etc.) e Internet.
Em programas de educao corporativa, o uso da tecnologia da Internet pela educao a distncia
tende a apresentar uma melhor relao custo/benefcio, uma vez que o custo de transao na web
fundamentalmente mais barato, fcil de usar e fcil de implementar, se comparado com o do sistema de
educao convencional. O ambiente virtual enseja oferecer condies e infra-estrutura de comunicao
para o ensino-aprendizagem, como aquelas encontradas nos ambientes de sala-de-aula tradicional.
Processos inovativos em desenvolvimento de pessoas encaminham para educao corporativa,
que prope a adoo de novas prticas de ensino-aprendizagem e nova arquitetura de infra-estrutura.
A Internet e as mdias digitais aqui comparecem como alternativas de infra-estrutura para as novas
estratgias no processo de educao. At o momento, pode-se creditar s tecnologias de informao e
comunicao emergentes o suporte para o desenvolvimento da modalidade de ensino no-presencial
baseados na web.
O processo de educao a distncia deve considerar o aluno como sujeito ativo e capaz de determinar
o seu auto-aprendizado, fazendo-se necessrio oferecer servios de apoio, estratgias interativas e a
integrao de diversas mdias. Para tanto, a Internet deve ampliar sua funo, migrando e transcendendo
de recurso de consulta, de busca de informao e de pesquisa para compor um espao de comunicao
e aprendizagem, uma plataforma de ensino ancorada por um amplo conjunto de modelos interativos
composto de atores, contedo, gerncia, suporte aos aprendizes e ferramentas colaborativas.
O processo de educao via web, de caracterstica acentuadamente colaborativa, deve permitir a
produo e autoria por meio de sistemas hipermdia interativos e de ambientes virtuais de aprendizagem
suportados por mdias digitais.
Um ambiente de educao a distncia deve apresentar uma estrutura operacional e gerencial capaz
de proporcionar a implantao de ambientes virtuais de aprendizagem, promovendo a interao e a
colaborao entre os participantes por meio de ferramentas e funcionalidades anlogas educao virtual.
Na tica operacional, os ambientes de educao via web devem prever estratgias pedaggicas
que promovam o desenvolvimento da aprendizagem, desmitificando as barreiras de tempo e espao
entre aprendiz e facilitador. Esse modelo instrucional deve proporcionar um elenco de alternativas, ou
seja, oferecer uma diversidade terica e orientar-se para a integrao das diferentes mdias que viabilizem
prticas pedaggicas especficas e adequadas a cada etapa de desenvolvimento do curso.
A customizao do ambiente digital condio indispensvel para o desempenho satisfatrio
e alcance dos objetivos do programa de ensino a distncia. Conforme ressaltado anteriormente, o
alinhamento do aprendizado com as necessidades da organizao justifica a flexibilizao de uma
plataforma de ensino virtual e, por conseguinte, a necessidade de personalizao de acordo com os
requisitos da organizao.
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Um ambiente de educao a distncia deve, ainda, proporcionar capacidade de gerenciamento
das informaes acadmicas dos usurios, alm da possibilidade de comunicao e trocas colaborativas.
A vivncia de situaes pedaggicas em ambientes digitais, a utilizao de recursos disponveis na
internet, alm da possibilidade de personalizao de tarefas e informaes e da capacidade de
apreenso de conceitos inerentes s tecnologias digitais, representam vantagens competitivas aos
aprendizes e facilitadores no processo de educao virtual.
Ressalte-se que algumas universidades ainda trabalham exclusivamente com a modalidade de
ensino presencial, enquanto outras j esto mesclando trabalhos presenciais com outros a distncia,
fazendo uso da mdia eletrnica para promoo de algumas atividades.
A tendncia a longo prazo, segundo Meister (1998), de equilbrio: as atividades de treinamento
que podem ser ministradas por meio eletrnico assim o sero, ficando restritos s salas de aula os
treinamentos que impliquem a reunio da equipe em um ambiente comum.
Entende-se, portanto, que a educao corporativa como um novo modelo de gesto do
conhecimento implica a admisso de que as instituies de ensino superior tradicionais no so mais
as nicas responsveis pelo processo de formao e educao dos indivduos numa sociedade. Mas
da mesma forma que essa situao pode ser encarada como uma oportunidade, tambm pode ser
identificada como uma ameaa s tradicionais escolas de ensino superior. O grande desafio est no
reconhecimento e na conjugao dos dois centros de gesto do conhecimento e competncia, na
consolidao de parcerias que possam trazer benefcios para ambas e para toda a sociedade.
De acordo com Peak (1997), o ensino eletrnico com apoio de instrumentos informatizados e
tcnicas de ensino a distncia dispe de uma srie de vantagens, porm na maior parte das vezes no
viabiliza o trabalho em equipe. Dado que o conceito de educao corporativa exige que as organizaes
concentrem suas necessidades de treinamento em torno dos objetivos organizacionais e que esses
objetivos envolvem cada vez mais o trabalho em equipe, muitos centros de ensino eletrnico esto
buscando campi para o desenvolvimento de suas atividades.
O mercado disponibiliza vrios ambientes de apoio didtico-pedaggico ao ensino-
aprendizagem modalidade a distncia. As corporaes vm investindo e pensando a educao
corporativa como um espao institucional voltado para o desenvolvimento e produo de alternativas
educacionais sintonizadas com suas necessidades. Nessa perspectiva, relevante citar algumas
solues de ambientes de apoio didtico-pedaggico no processo de ensino a distncia: TelEduc,
VIAS Knowledge, Web ensino, Blackboard, Universite, entre outros.
Consideraes Finais
O desenvolvimento organizacional requer a adoo de novas tcnicas e assuno de uma postura
inovativa dos interlocutores, com vistas formao de um perfil ajustado s exigncias contemporneas.
Dessa forma, os programas de educao corporativa, como meio de desenvolvimento de pessoas,
enfrentam um desafio que no somente o de atrair aquele que participa, mas tambm ret-lo no
processo de aperfeioamento.
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A globalizao e a expanso das fronteiras organizacionais requerem uma dinmica de
competncias e uma crescente gesto do conhecimento, forando a consolidao do conhecimento
organizacional e da inteligncia competitiva. As organizaes, por sua vez, devem buscar solues
customizadas para o desenvolvimento de conhecimento, de novas habilidades e atitudes para todos
que participam do processo de negcio. A customizao, por vezes, se justifica pela diversidade da
demanda organizacional, mas tambm pode implicar obstculo econmico-financeiro, em face do
aparato tecnolgico requerido.
As empresas necessitam, cada vez mais, de profissionais formadores de opinio. O fazer passa
a dar espao ao pensar. Os relacionamentos a montante e a jusante da corporao ganham notoriedade.
Na perspectiva de cadeia de valor, os fornecedores dos fornecedores e clientes dos clientes, alm dos
colaboradores ou fornecedores internos, devem ser includos no sistema de produo da organizao.
Dessa forma, emerge uma nova modalidade de ensino-aprendizagem: a distncia, capaz de prover
educao a todos esses interlocutores.
O envolvimento de todos os membros da organizao no processo de educao a distncia,
tanto na etapa de elaborao quanto na de aplicao desses sistemas educacionais, parece ser crucial
ao desempenho de programa de educao corporativa que adota essa modalidade. Um ambiente
institucional positivo e uma interface amigvel do sistema operacional so tambm determinantes de
sucesso, promovendo o aprendizado a um processo contnuo, ao invs de momentos superficiais e
estanques de um estudo especfico.
Na atualidade, gargalos na infra-estrutura brasileira de comunicao e informao podem
marginalizar corporaes perifricas aos centros de desenvolvimento, dificultando sua participao
em programas de educao corporativa sustentados em tecnologias de terceira gerao. No Brasil,
muitas regies ainda esto desprovidas de servios e de eficiente aparato de telecomunicaes.
Mas a educao corporativa, em uma abordagem sociotcnica, inclusiva medida que enfatiza
a dimenso humana, buscando a conciliao dos investimentos organizacionais em hardware, softwares
e peopleware. Vrios autores consideram que a tecnologia resulta em processos excludentes, de
marginalizao. Todavia, no h como ignorar o atual nvel de automao e informatizao de sistemas,
podendo os processos de educao corporativa minimizar as diferenas, quando centrados no
desenvolvimento de pessoas.
Dessa forma, a educao corporativa pode ser considerada um meio de justia social, devendo
a organizao pautar-se em prticas de ensino-aprendizagem que contemplem sistemas hbridos e
que consorciem tecnologias de primeira, segunda e terceira gerao.
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Referncias
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