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a revista do engenheiro civil techne téchne 137 agosto 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 137 ano 16 agosto de 2008 R$ 23,00 Pré-fabricados Pingadeiras Hidrofugantes Sapatas Gestão de concreto Steel frame Concreto auto-adensável ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 7 COMO CONSTRUIR Casa de steel frame - 2 a parte FACHADAS Como executar pingadeiras IMPERMEABILIZAÇÃO Hidrofugantes ACABAMENTOS Forros de drywall FÔRMAS Pilares redondos Industrialização do concreto Pré-fabricados com auto-adensável Gerenciamento de concretagem 60 anos de tecnologia de concreto Entrevista: Francisco Oggi prega industrialização Edifício-garagem do Aeroporto de Congonhas (SP) capa tech 137c.qxd 6/8/2008 17:35 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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téchne137 agosto

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www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 137 ano 16 agosto de 2008 R$ 23,00

Pré-fabricados■

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■Concreto auto-adensável

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COMO CONSTRUIR

Casa de steelframe - 2a parte

FACHADAS

Como executarpingadeirasIMPERMEABILIZAÇÃO

HidrofugantesACABAMENTOS

Forros de drywallFÔRMAS

Pilares redondos

Industrializaçãodo concreto■ Pré-fabricados com auto-adensável■ Gerenciamento de concretagem■ 60 anos de tecnologia de concreto■ Entrevista: Francisco Oggi prega industrialização

Edifício-garagem doAeroporto de

Congonhas (SP)

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2 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Área Construída 10Índices 18IPT Responde 20Carreira 22Melhores Práticas 24Técnica e Ambiente 34P&T 68Obra Aberta 76Agenda 78

CapaLayout: Lucia LopesFoto: Marcelo Scandaroli

ENTREVISTAIndustrialização essencial Especialista em pré-moldados aponta

tendências da construção

36 FACHADASBeirada secaFriso, bunha e ressalto: alternativas

para evitar infiltrações

42

2638 PEDRASBarreira contra manchasAprenda a aplicar hidrofugantes e

hidrorrepelentes

40 FORROSDrywall decorativosPlacas de gesso escondem instalações e

ganham formas criativas

42 CONCRETO – PINI 60 ANOS Sinônimo de construçãoComo o Brasil tornou-se referência

mundial em obras de concreto armado

46 ESTRUTURASGestão concretaEspecificar, receber, aplicar e controlar:

o caminho crítico das concretagens

50 FÔRMASPilares redondosComo executar pilares especiais

e de seção circular

54 FUNDAÇÕESSapatas de concretoComo executar sapatas diretas simples,

contínuas e em desnível

60 ARTIGOAplicação de concreto auto-

adensável na produção depré-moldados

Engenheiro avalia competitividade naindústria de pré-fabricados

84 COMO CONSTRUIRSteel frame – estrutura – parte 2Veja neste segundo artigo como

executar a estrutura da edificação

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EDITORIAL

4 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

Poucos países acumularam, em tão pouco tempo, know-how

avançado em concreto armado como o Brasil. Em 1926, a

Marquise da Tribuna de sócios do Jockey Club do Rio de Janeiro

já detinha o recorde de balanço, com 22,4 m. Em 1930, era vez do

Elevador Lacerda, em Salvador, despontar com 59 m de elevação.

Também em 1930, o pioneiro Emilio Henrique Baumgart

inaugurava a Ponte de Herval, depois Ponte Emilio Baumgart,

sobre o rio do Peixe, em Herval d'Oeste (SC), com 68 m de vão. Na

mesma época, Rio de Janeiro e São Paulo brigavam pelo recorde

de maior arranha-céu brasileiro: no centro da capital fluminense,

o Edifício A Noite e, na então emergente metrópole paulista, o

Martinelli. A partir da década de 50, o Brasil se consolida no

cenário internacional da engenharia de concreto armado:

edifícios, rodovias, barragens e pontes ganham holofotes

internacionais e, anos mais tarde, levam empresas brasileiras para

todas as partes do mundo. Essa história antevê capítulos ainda

mais transformadores. A industrialização da construção, em

especial com os pré-moldados, parece inevitável; resistências e

durabilidades inimagináveis dependem apenas de aditivos,

adições e uma boa dose de experiência, e o concreto auto-

adensável reforça a linha dos concretos "amigáveis", que

trabalham para as fôrmas e para as formas das novas gerações de

arquitetos. Esta edição conta um pouco de cada coisa e ainda dá

voz ao engenheiro civil, projetista e consultor de estruturas

Francisco Oggi, um dos maiores entusiastas da industrialização do

setor. O momento de reflexão coincide com os 60 anos de história

da PINI, motivo de uma edição especial da revista Construção

Mercado, que nasceu em 1948, com o nome "Informador

Profissional – A Construção em São Paulo".

Paulo Kiss

Passado, presente e futuro concreto

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

VEJA EM AU

� Arquitetura corporativa� Rochaverá� Edifício BAT� Dante Della Manna

� Linha do tempo� Boom imobiliário� Panorama da arquitetura� O futuro da construção

� Alvenaria cerâmica� Tubos de polietileno� Pavimento intertravado� Casa de stell frame

VEJA EM EQUIPE DE OBRA

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6 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto

FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuttoorraa eeddiittoorriiaall:: Juliana Costa

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Günter Leitner,José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi,

Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceição F. Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Ariell Alves Santos e Anderson Vasconcelos FernandesEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira, Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Bárbara Monteiro, Daniele Joanoni, Danilo Alegre e Ricardo CoelhoMMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS

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AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611

EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

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PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

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São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

VVeennddaassfone (11) 2173-2424 (Grande São Paulo)0800-707-6055 (demais localidades)e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm

PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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8 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira os temas em andamento.

Laudo do IPT ou do Consórcio ViaAmarela: quem está certo?A impressão que fica é a de que aavaliação geotécnica do terreno foinegligenciada. A partir daí, é quedecorrem todas as demais decisões.O inegável é a responsabilidade doMetrô como contratante e doconsórcio como executante,independentemente de culpa. Weissheimer Engenharia [27/07/2008]

Medidas de sustentabilidadecomo reúso de água, contençãode águas de chuva eaquecimento solar encarecemas obras?São sistemas que podem encarecerno primeiro momento, pois essastécnicas são recentes e ainda poucoutilizadas. Porém, na medida emque a consciência ambientalaumenta, os custos tendem areduzir. Além disso, se asustentabilidade ambiental forpensada como uma necessidade,fica mais fácil afirmar que o custonão é tão alto. Gabriela Soares Silva [02/08/2008]

Sim, haja vista que tais sistemasainda são muito caros,conseqüentemente, elevam oscustos das obras.Fernando Benigno da Silva [31/07/2008]

O primeiro edifício brasileiro com concreto armado foi erguido em 1904, no Rio de Janeiro. A partir de então, o produto foi protagonista da história da construçãocivil com obras emblemáticas. Veja fotos de algumas delas na versão online darevista Téchne.

Evolução do concreto

Em comemoração aos 60 anos daeditora PINI, confira retrospectiva,disponível também na versãoimpressa da revista ConstruçãoMercado, com os fatos maismarcantes e relevantes da construçãocivil nas últimas seis décadas.

Construção de uma história

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

As sapatas de concreto estão entre osmétodos de execução de fundações maiselementares. Bem projetadas, demandampouca escavação e consumo moderado deconcreto. Em complemento àreportagem, veja passo a passo comoimpermeabilizar o sistema.

Sapatas de concretoMar

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ÁREA CONSTRUÍDA

A Hochtief quer construir, na AvenidaLuís Carlos Berrini, em São Paulo, o pri-meiro edifício do País com certificaçãoLeed (Leadership in Energy and Envi-ronmental Design) categoria Gold. O

Edifício REC Berrini será construído nomesmo local do edifício implodido pelaconstrutora em fevereiro de 2008.O edi-fício comercial deverá ter 35 andares,cinco subsolos e um edifício-garagem

anexo, com área total de 101 mil m² eprazo de execução de 26 meses. Algunsdos requisitos da certificação são as redu-ções de consumos de água (40%), ener-gia (30%) e do custo do condomínio.

Falcão Bauer certifica dois produtos com selo ecológicodutos de limpeza doméstica da linhaAmo Verde, da fabricante Cera Ingleza.Cerca de 900 mil t de Acerita poderãoser incorporadas ao concreto, à pavi-mentação urbana e a leitos ferroviários.Segundo o IFBQ, a indústria siderúrgi-ca nacional gera cerca de 3,5 milhõesdesse tipo de escória.O selo desenvolvi-do pelo instituto avalia a sustentabili-

dade dos produtos em todo o territórionacional a partir da análise do ciclo devida do produto e seu respectivo de-sempenho. A metodologia baseia-seem critérios internacionais consolida-dos, como o alemão Anjo Azul, o aus-traliano Good Enviromental AustraliaStandart e o inglês BRE – Methodologyfor Enviromental Profiles.

Saíram as duas primeiras certificaçõescom o selo ecológico desenvolvido peloIFBQ (Instituto Falcão Bauer da Quali-dade). Foram contemplados a Acerita,escória de aciaria da ArcelorMittal uti-lizada como agregado graúdo em con-cretos destinados a artefatos e pisos in-dustriais na Companhia Siderúrgica deTubarão, no Espírito Santo, e sete pro-

Hochtief construirá edifício com certificação Leed Gold

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Norma de projetos de estruturas de aço é revisadaIbama quer agilizaranálise de licençasambientais em 2008

O Ibama (Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos NaturaisRenováveis) quer agilizar a análisedos pedidos de licenciamentoambiental. O objetivo do órgão éreduzir o tempo de tramitação ematé 70%, ainda em 2008. Para isso,vai aumentar a velocidade deavaliação por meio da integração etreinamento de suas superintendênciasregionais e de parcerias comuniversidades. Segundo o órgão, isso não comprometerá a qualidade dos processos.

A revisão da norma NBR 8800 –Projeto de Estrutura de Aço e deEstrutura Mista de Aço e Con-creto de Edificações foi aprovadaem julho e deverá ser publicadanos próximos meses. O novotexto deverá contemplar exclusi-vamente aspectos de elaboraçãode projetos de estrutura. Comisso, deixa de lado as prescriçõespara execução das estruturas –abordadas na versão antiga danorma, de 1986 –, que deverãoser abordadas em uma normaexclusiva. A nova norma prevê,ainda, o uso de elementos estru-turais mistos de aço e concreto. M

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Á R E A C O N S T R U Í D A

O GBC (Green Building Council)Brasil apresentou, em julho, algu-mas propostas para a adaptação doselo Leed (Leadership in Energy andEnvironmental Design) modalida-de Novas Construções às caracterís-ticas do mercado brasileiro. O teordas propostas mostra um alinha-mento dos requisitos às novas legis-lações do País. Sete novos créditosforam sugeridos para a lista de re-quisitos. No item "Espaço Sustentá-vel", foram incluídos créditos para a"Adequação da acessibilidade inter-na" e a "Adequação da acessibilida-de externa". Também deve ser cria-do um crédito para empreendimen-tos que desenvolvam um Plano deImpacto Ambiental, uma espécie demini EIA/RIMA. Edifícios que ins-talarem sistemas de medição indivi-dualizada e de aquecimento solar deágua ganharão pontos nos itens"Uso Racional da Água" e "Energia e

Leed brasileiro começa a ganhar formaAtmosfera", respectivamente. Porfim, no item "Materiais e Recur-sos", serão reconhecidos os em-preendimentos que contem comprojeto de limitação de geração deresíduos e de reúso de materiais eequipamentos (uso após desmon-tagem). O sistema de pontuaçãobrasileiro também deverá ser alte-rado, acompanhando a revisão emcurso dos requisitos do Leed nosEstados Unidos. Com a mudança, anota máxima possível na modali-dade Novas Construções passarádos atuais 69 pontos para 100 –mais assimilável pelo mercadoimobiliário. As propostas aindaserão submetidas à aprovação donorte-americano USGBC. A reu-nião de apresentação teve a presen-ça do vice-presidente do USGBC esupervisor mundial do Leed, TomHicks, que falou com exclusividadeà Téchne.

No Brasil, há dois sistemas decertificação de sustentabilidade paraedifícios – os selos Leed, de origemamericana, e Aqua (Alta QualidadeAmbiental), francês. Como é oconvívio entre os desenvolvedoresdessas certificações ambientais?O que existe são encontros conjuntosentre as organizações que desenvol-vem essas certificações ambientais,nosquais compartilhamos nossas expe-riências, de onde tiramos lições. Ascoisas acontecem nesse nível. Possodizer que nós vemos com bons olhos aexistência de sistemas [de certificação]diferentes que tenham fins similares.Principalmente se são desenvolvidospor uma organização independenteem parceria com a indústria, e não im-postos por um grupo específico.

A existência de tantos selosambientais pode deixar o mercado confuso?

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É o que as multinacionais do seg-mento imobiliário enfrentam numprimeiro momento, vendo siste-mas diferentes nos vários países emque atuam. Acredito que essas em-presas não queiram a proliferaçãode novos sistemas de certificaçãoambiental. Já existem selos o sufi-ciente por aí. O que deve ser feito étentar adaptar regionalmente os

certificados existentes para quefaçam mais sentido para os cons-trutores de cada país.

O sistema de certificação Leed é composto por uma série de requisitos de projeto.É possível automatizar a inserçãodesses requisitos com o auxílio de computadores?A tecnologia atual já possibilita aosdesenvolvedores de software "insta-lar" os requisitos do Leed em suasferramentas. Já existem softwares deprojeto que mostram às equipes deprojetistas, em tempo real, os impac-tos de suas decisões sobre a pontua-ção do empreendimento no sistemaLeed. E os construtores podem co-municar essas alterações à USGBC,também em tempo real, por meio deuma plataforma na internet. Acredi-to que esse é o futuro dos sistemas decertificação sustentável.

Nutau promoveseminário internacionalsobre espaçosustentável

O Nutau (Núcleo de Pesquisa emTecnologia da Arquitetura eUrbanismo da Universidade de SãoPaulo) realizará seu sétimoseminário internacional com otema Espaço Sustentável –Inovações em Edifícios e Cidades,entre 8 e 12 de setembro.Paralelamente, haverá o 1o Salão de Tecnologias e Materiais para aConstrução Sustentável.O seminário terá 11 palestras,sendo cinco com convidadosinternacionais: Emilio Ambasz(Argentina/EUA), Jonathan Barnett(EUA), Paula Cadima (Portugal),Christopher Ellis (EUA) e GaryLawrence (Reino Unido/EUA). Mais informações sobre o eventono site: www.usp.br/nutau

Tom Hicks é supervisor mundial doLeed (Leadership in Energy andEnvironmental Design)

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Á R E A C O N S T R U Í D A

Edifícios comerciais terão eficiência energética avaliada em 2009consumo de energia elétrica, serãoatribuídas "notas" de A (mais alta)a E (mais baixa) aos edifícios con-cluídos ou em reforma e retrofit. Ametodologia de avaliação inicial di-vide o prédio em três elementos –envoltória (análise da cobertura,áreas de vidro, janelas, aberturas evãos etc.), sistema de iluminação esistema de condicionamento am-biental –, que recebem certificações

separadamente. A regulamentaçãojá foi aprovada pelo MME (Minis-tério de Minas e Energia) e porconsulta pública. Atualmente, estáem fase de implantação pelo Inme-tro (Instituto Nacional de Metrolo-gia, Normalização e Qualidade In-dustrial). O texto integral pode seracessado no site http://www.la-beee.ufsc.br/eletrobras/reg.etique-tagem.voluntaria.html.

O Procel (Programa Nacional deConservação de Energia Elétrica)Edifica classificará, a partir de 2009,a eficiência energética de edifícioscomerciais. Nos cinco primeirosanos, período de testes do progra-ma, os construtores poderão sub-meter seus projetos voluntaria-mente. Com a avaliação dos resul-tados, a classificação deverá se tor-nar obrigatória. De acordo com o

A Autodesk e a Bentley Systems, fa-bricantes rivais de softwares CADe BIM, anunciaram em julho quecomeçarão a trabalhar juntas paratornar interoperáveis seus softwa-res voltados para arquitetura, en-genharia e construção. As empre-sas compartilharão suas bibliote-cas digitais para que seus progra-

Softwares da Autodesk e da Bentley serão compatíveismas consigam ler e gravar projetoscom maior fidelidade em seus res-pectivos formatos DWG e DGN.Atualmente, a conversão dos for-matos gera perdas importantes deinformações dos projetos. Alémdisso, a falta de interoperabilidadevem comprometendo a produtivi-dade dos projetistas nos últimos

anos. Um estudo feito em 2004pela U. S. National Institute ofStandards and Technology apontaque as empresas de projeto e cons-trutoras norte-americanas deixamde ganhar até US$ 16 bilhões porano com o tempo perdido naadaptação dos projetos em forma-tos diferentes.

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Á R E A C O N S T R U Í D A

O Concrete Show South Americachega à sua segunda edição e esta-belece-se no País onde predominamas estruturas em concreto – armado,protendido ou pré-moldado. E os nú-meros de seu crescimento em relaçãoà edição de 2007 mostram que oevento pegou carona no aquecimentodo setor da Construção brasileira. Noano passado, eram 165 os expositorespresentes na feira. Segundo a SiennaInterlink, organizadora do evento, jáestão confirmados, em 2008, mais de250 expositores. Eles ocuparão umaárea de mais de 19 mil m², 63% maiordo que em 2007. Por fim, é esperadoum público de 12 mil pessoas, contraos dez mil profissionais presentes noano anterior. Em 2008 cresceu tam-bém em 1/3 o número de seminários,palestras e workshops. Serão mais de80 palestrantes nacionais e estrangei-ros que se apresentarão nos dois pri-meiros dias do evento. A Téchne trazum roteiro dos seminários progra-

Concrete Show 2008

mados. O Concrete Show SouthAmerica será realizado entre os dias27 e 29 de agosto, no TransaméricaExpo, em São Paulo.

Programação dos seminários (27 a 28 de agosto)� A Qualidade na Engenharia Es-trutural� Ciclo de Palestras Concrete Show� 2o Seminário de Pisos e Revesti-mentos de Alto Desempenho

� Pisos de Concreto� Pré-fabricando com Excelência� Habitação: Paredes em Concreto�Pavimentos de Concreto nas Cidades� Vencendo Desafios da Engenhariacom Concreto�Pré-fabricados de Concreto na Pavi-mentação de Ruas e Passeios Públicos� Alvenaria Estrutural com Blocos deConcreto nas Edificações� Ciclo de Palestras sobre Fôrmas eEscoramentos

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ÍNDICESAço eleva custosem São PauloMaterial tem alta pelo terceiro mêsconsecutivo

Pelo terceiro mês consecutivo, o açoimpulsionou a alta do IPCE (Índi-

ce PINI de Custos de Edificações) emSão Paulo. A barra de aço CA-50 3/8"custava, em junho, R$ 3,61/kg, passan-do a R$ 4,09 em julho. O aumento,dessa vez de 13,25%, vem se repetindoquase todos os meses em virtude daforte procura internacional.

O cimento Portland CPII e cal hi-dratada CHII sofreram, respectiva-mente, altas de 0,82% e 4,98%. O sacode 50 kg do cimento, que em junhocustava R$ 17,39, passou para RS17,53 em julho. Já a cal hidratada, cujosaco de 20 kg custava R$ 6,65, é vendi-da agora por R$ 6,99.

Os preços da pedra britada no 2 e dotubo de ferro fundido PP para esgoto eáguas pluviais (∅ =100) sofreram reajus-te de 3,97% e 2,28%,respectivamente.

A alta do IPCE em julho foi de1,71%,contra 1,76% do IGP-M.Assim,apesar dos aumentos verificados nosúltimos 12 meses, o custo global deconstrução em São Paulo acumula altade 10,89%, enquanto o IGP-M, nomesmo período, variou 15,12%.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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10,898,205,82

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0,62

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6 6 6 6 6 6 6 6 6

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1 2 2 2 23 4 5 5

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Data-base: mar/86 dez/92=100MÊS E ANO IPCE – SÃO PAULO

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaJJuull//0077 111144..006655,,5533 5533..554477,,8833 6600..551177,,7711ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71set 114.636,80 54.119,10 60.517,71out 114.860,42 54.342,72 60.517,71nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99JJuull//0088 112266..448833,,3399 6611..000044,,3399 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 1,71 3,61 0,00acumulado no ano 9,67 11,29 8,20acumulado em 12 meses 10,89 13,93 8,20Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected]

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IPT RESPONDE

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Gás de ruaQual deve ser a distância entre o registrode fechamento de gás de rua e oaquecedor? Existem regras sobre ondedeve ficar o registro de fechamento dogás e que tipo de válvula usar?Gilmar Rocha

São Paulo

O ponto de instalação do gás para ali-mentar o aquecedor sempre deve se si-tuar em cota abaixo da posição de ins-talação do aquecedor. Em termos dedistância deve-se consultar o fornece-dor do aparelho que geralmente indicaas posições em que devem estar os pon-tos de água fria (entrada para o aquece-dor); água quente (saída do aquecedor)e ponto de alimentação do gás. Segun-do o RIP (Regulamento de InstalaçõesPrediais de Gás da Comgás) são indica-das as configurações ao lado para o po-

sicionamento dos pontos de água e degás para aquecedores.Deve-se ressaltar que sempre deve serinstalada uma válvula bloqueadora noponto de instalação de gás, conformeitem 4.1.11 da norma brasileira NBR13.932/1997 – Instalações Internas de

Gás Liquefeito de Petróleo e item4.4.5.4 da norma NBR 13.933/1997–Instalações Internas de Gás Natural.Douglas Barreto

Laboratório de Instalações Prediais

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

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AQ AFG

Eflorescência em pisosComo eliminar a ocorrência deeflorescências em pisos de porcelanato?Qual é a causa dessa patologia?Paulo de Tarso

Ribeirão Preto (SP)

O problema de eflorescências nopiso pode ser resolvido com as se-guintes providências:� evitar empoçamentos de água sobrea camada de impermeabilização, jáque essa água promove a solubilizaçãode sais presentes em argamassas deproteção, regularização ou assenta-mento e o transporte da solução até a

superfície, onde vai ocorrer a cristali-zação/formação das eflorescências;� na camada de regularização, paracorrigir eventuais imperfeições dedeclividade, empregar cimentosCPIII ou CPIV, que originam menorformação de cal hidratada; promo-ver cuidadosa cura úmida dessa ar-gamassa, já que, se não houver umi-dade, escória de alto-forno e mate-riais pozolânicos atuarão como fi-nos inertes;� após conformação da camada deregularização/camada de proteçãoda impermeabilização, e antes do

reassentamento do porcelanato,promover limpeza da base e apli-car sobre a mesma duas ou três de-mãos de emulsão acrílica, as mes-mas utilizadas para impermeabili-zação branca. Utilizar no reassen-tamento das peças argamassa co-lante própria para porcelanato, nacor branca. Observar período má-ximo de 48 horas entre a aplicaçãoda emulsão acrílica e o reassenta-mento das placas.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente

Construído)

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CARREIRA

Se tivesse seguido as indicações prin-cipais do teste vocacional feito du-

rante o colegial, Manoel Botelho seriahoje jornalista ou advogado. No entan-to, considerando seu excelente desem-penho em matemática e física no LiceuPasteur, apostou na opção que apareciaapenas na terceira posição, de acordocom o teste realizado na InstituiçãoColméia, e prestou vestibular para a Es-cola Politécnica da USP (Universidadede São Paulo). "Adoro a engenharia e, setivesse estudado Direito,já teria tido umenfarte devido à paixão que pego pelosassuntos", conta.

Além do Pasteur e seus professo-res franceses, Botelho destaca tam-bém o corpo docente do curso AngloLatino como incentivador de seu pro-pósito de ensinar. A admiração porprofessores que lecionavam na Poli-USP (Escola Politécnica da Universi-dade de São Paulo), especialmente osengenheiros Lucas Nogueira Garcez eJosé Augusto Martins, o levaram aoptar pelo curso de Hidráulica e Sa-neamento da faculdade.

O ingresso na Poli o fez imergirnum ambiente repleto de idealismorevolucionário. "Adotei a postura depolemista em tudo, principalmentenas atividades políticas do inesquecí-vel Grêmio Politécnico", afirma, aolembrar a intenção de mudar omundo, no início dos anos 1960, ins-pirado pelos efeitos da revolução Cu-

Manoel Henrique Campos BotelhoCom seus livros, o autor busca simplificar o ensino de conceitos básicos dediversos temas da engenharia

PERFIL

Idade: 66 anosNascimento: São PauloGraduação: Engenharia Civil pelaEscola Politécnica da USP(Universidade de São Paulo), em 1965Experiências: Planidro e CNEC, emprojetos de saneamento, Promon, emprojetos de saneamento e industriais,Emurb (Empresa Municipal deUrbanização), com urbanização dacidade de São Paulo, Abes (AssociaçãoBrasileira de Engenharia Sanitária),onde foi secretário-executivo da SeçãoSão Paulo, SindusCon-SP (Sindicato daIndústria da Construção Civil doEstado de São Paulo), atuando comoassessor técnico, Seconci-SP (ServiçoSocial da Indústria da Construção doEstado de São Paulo), onde gerenciouas utilidades de dois hospitais.

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bana. "Era uma característica de toda aminha geração e dos políticos deentão. Hoje mudei de idéia e vejo quevivia num mundo absolutamente teó-rico, mas idealista." Considera-se "umextremamente otimista em relação aoprogresso da humanidade. Hoje é me-lhor que ontem e amanhã será melhorque hoje", acredita.

Ainda na faculdade, no quintoano, foi selecionado para trabalhar aolado do professor José Augusto Mar-tins, na Planidro, onde atuou, comoestagiário, no serviço do Vale do rioTietê. Acompanhou sistemas de irri-gação, melhorias dos métodos agro-nômicos e sistemas de coleta dedados hidrológicos e meteorológicos.As experiências pelas quais passounas empresas onde trabalhou enri-queceram sua vida profissional demaneira tal que, a volta à faculdade,para pós-graduações ou especializa-ções, se mostrou desnecessária. Foramnove anos atuando pelas empresasPlanidro e Promon Engenharia.

A personalidade autodidata deBotelho o faz criticar a forma comoos ensinamentos são passados aosalunos e leitores. Vivenciou isso naprática ao procurar entender maissobre o concreto armado. Sem conse-guir avançar muito com a leitura delivros convencionais, buscou fontesde informação das mais diversas e,com o auxílio de Osvaldemar Mar-

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Obras marcantes das quaisparticipou: os projetos industriaismais importantes foram o dedespoluição da Carbocloro, a fábricade preservação de dormentes daFepasa, a ampliação da fábrica daPeróxidos e o projeto da criação daenorme elevatória NARG (Novo AltoRecalque do Guandu), no Rio deJaneiro, além da estação detratamento de esgotos da RefinariaReplan, em Paulínia

Obras significativas da engenhariabrasileira: as mais importantes quevi no Brasil foram as dos ingleses emSão Paulo. A saber, a reversão do rioTietê para vertente oceânica econstrução da usina hidroelétricaHenry Borden, além da estrada deferro Santos-Jundiaí, usando umasérie de funiculares – cabos de açotracionados por roldanas acionadaspor caldeiras, para vencer a Serra doMar. Ressalto também as obras doSistema Cantareira, que trás água dointerior do Estado para São Paulo

Realizações profissionais: oensino de engenharia e humanismoem meus livros. Minha paixão são aspolêmicas e ensinar fácil o que pareceaparentemente difícil. O que é lógicotem que ser simples e fácil. Bastaquerer ensinar

Mestres: o engenheiro Max LotharHess e o professor Azevedo Netto, alémdos professores do Curso Anglo Latino,Bloch, Marmo e Simão, que ajudaram aformar meu raciocínio didático

Por que escolheu a engenharia:era excelente aluno de Matemática e

Dez questões para Manoel BotelhoFísica. A opção pela engenhariahidráulica se deve ao excelente cursode Hidráulica e Saneamento daEscola Politécnica, dirigido pelosprofessores Lucas Nogueira Garcez eJosé Augusto Martins

Que tipo de formação falta aosprofissionais recém-saídos dauniversidade: como nunca dei aulasformais em faculdades, prefiro nãoopinar. Quanto à participação deempresas, acho que deveriam estimularos estágios, que são muito úteis

Conselho ao jovem profissional:o jovem profissional deve se vestircom elegância, falar inglês muitobem e estudar criticamente asmatérias da engenharia

Principal avanço tecnológicorecente: a democratização dainformação e do conhecimento, aexemplo da Universidade de Harvard,que disponibilizou todo seu acervo delivros e textos na internet

Indicação de livro: Manual deHidráulica, de Azevedo Netto, Manualde Tratamento de Águas Residuárias,de Klaus-Robert e Karl Imhoff.Destaco o meu livro Concreto Armado,Eu te Amo, que tenta inovar nacomunicação e ensino da engenharia,tendo recebido elogios do professorTelêmaco Van Langendonck

Um mal da engenharia: Osengenheiros lêem pouco, tantoliteratura técnica quanto assuntosem geral, e por isso comunicam-semal oralmente e por escrito. Lutocontra isso

chetti, lançou um curso por corres-pondência. Esse curso, tempos de-pois, se tornaria o primeiro livro deBotelho: Concreto Armado, Eu teAmo. A publicação foi um sucesso e

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terial que dizem respeito à arquitetu-ra. Hoje, segundo conta, já foramvendidos mais de 60 mil exemplaresde livros dessa coleção. A intençãodessas obras é inovar na comunica-ção e ensino da engenharia, explicouo autor. Orgulhoso, conta que o pro-fessor Telêmaco Van Langendoncklhe telefonou para elogiar a qualida-de do trabalho, além de Augusto Car-los de Vasconcelos ter lhe escrito elo-gios (o catálogo, com todas as publi-cações de Botelho, pode ser solicitadodiretamente ao autor, pelo [email protected]).

O entusiasmo em abordar outrostemas veio da necessidade por sim-plificar conceitos sentida não apenaspor ele, mas também por seu filho,engenheiro civil formado por umauniversidade pública paulistana. Con-ta que o filho recebia apostilas desne-cessariamente complexas demais.Botelho chegou a mostrar uma apos-tila sobre resistência dos materiaispara colegas calculistas que foramunânimes em considerar o materialincompreensível. "Meus livros sãominha resposta para esse absurdo decursos e livros que, em vez de ensinar,servem apenas para o autor demons-trar erudição", afirma.

Dentre seus próximos projetosestão livros sobre termodinâmica egolpe de aríete. "Como são assuntoslógicos, têm de ser fáceis de ensi-nar", afirma.

Ele também responde pela Colunado Botelho da revista do Professor deMatemática. Por isso, foi convidadopelo Departamento de Matemática daUnicamp (Universidade Estadual deCampinas) a palestrar sobre um temalivre. Lotou o auditório, com capaci-dade para 100 pessoas, com o tema"Parapsicologia e Matemática". Apósentreter a platéia com casos matemá-ticos incríveis, comprovou que nãoexistem correlações entre os temasque deram nome à apresentação."Mas será que algum dos presentesachava que existia?."

Bruno Loturco

virou coleção, abordando outros as-pectos relacionados ao projeto e exe-cução do concreto armado, como odimensionamento de elementos es-truturais ou as peculiaridades do ma-

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MELHORES PRÁTICAS

Estacas pré-moldadas de concretoAlém de cuidados com o prumo das peças, desempenho do serviço deve seraferido durante e após a cravação das estacas

Característicasdas estacas

PosicionamentoA estaca deve ser levantada eposicionada no piquete correspondentea seu diâmetro. Nesse momento éinserido o capacete metálico naextremidade superior da peça.

As estacas pré-moldadas podem ser deconcreto armado ou protendido, vibradoou centrifugado, e concretadas emfôrmas horizontais ou verticais. Devemser executadas com concreto adequadoe submetidas à cura necessária para quepossuam resistência compatível com osesforços decorrentes do transporte,manuseio e da instalação, bem comoresistência a eventuais solos agressivos,atendendo às normas NBR 6118 e NBR9062. Em cada estaca deve constar aidentificação da data de sua moldagem.

PrumoO procedimento obedece àseguinte ordem: primeiro, a torredo bate-estacas é aprumada, emseguida, apruma-se a estaca. Osprumos das faces frontal e lateraldevem ser verificados.

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Colaboraram: engenheiro Reinaldo Lopes, da ABC Fundações, e Leonardi Pré-Moldados

Nega

Marcas

CravaçãoA energia de cravação depende do peso domartelo, do peso da estaca e da altura dequeda do martelo. No processo decravação de uma estaca, os dois primeirosfatores são constantes. A única variável, aaltura de queda do martelo, não deve serinferior a 40 cm nem superior a 1,20 m.

Antes da cravação, realizarmarcações distanciadas de 1 m emtodo o comprimento da peça. Dessaforma, pode-se acompanhar onúmero de golpes dado pelomartelo a cada metro cravado.Essas informações são utilizadaspara avaliação do desempenho doelemento de fundação e para acomparação com os dados obtidosnas sondagens.

Quando o elemento atinge a profundidadepara a qual foi projetado, verifica-se anega da estaca. Trata-se da medição dodeslocamento da peça durante três sériesde dez golpes de martelo. Com base

nesses dados, o técnico responsávelpoderá avaliar rapidamente se a estacaestá atendendo à capacidade de carga de trabalho necessária para o atendimento do projeto.

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ENTREVISTA

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FRANCISCO PEDRO OGGI

Em 1970, cursou Desenho eIlustração na Escola Panamericanade Arte, em São Paulo. Oito anosmais tarde, formou-se engenheirocivil pela Escola de Engenharia daUniversidade Mackenzie. Participoude diversos eventos e fez diversasespecializações em estruturas e pré-fabricados, como o Master Course –Projeto de Estruturas Pré-moldadasda ABCIC (Associação Brasileira daConstrução Industrializada deConcreto), em 2007. É consultor emsistemas para pré-moldados desde1992, atuando pela ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland),Abesc (Associação Brasileira dasEmpresas de Serviços deConcretagem) e ABCIC. É presençafreqüente em feiras de equipamentose tecnologia do exterior, tendoparticipado de mais de 20 nosúltimos 12 anos.

Falta mão-de-obra.Falta tempo paraprojetar.Faltam equipamentos e até

materiais. Faltam técnica e tecnologias,além de participação dos arquitetos.Mas falta, antes de tudo, visão estratégi-ca aos que decidem como as obras serãorealizadas. Essa é a principal crítica deFrancisco Oggi ao modelo de negóciosconsolidado na construção civil brasi-leira, que ainda parte do princípio deque há operários sobrando e que, por-tanto, podem ser contratados a baixocusto para processar todos os materiais“in loco”.Segundo o engenheiro,o setorjá avançou o máximo possível em de-sempenho e produtividade e não conse-guirá ir além sem alterar a compreensãodo que é construir de maneira indus-trializada. Isso significa olhar para ocanteiro e perceber que, em vez de umaequipe de armadores, poderia contar

com dois ou três funcionários ocupa-dos em operar uma máquina que pro-cesse o aço de maneira rápida e eficien-te. Mais do que isso, direcionar o racio-cínio não para o custo do equipamento,que sempre parecerá alto, mas para osefeitos da industrialização no resultadofinal das contas. Com menos funcioná-rios,pode-se aumentar os salários, logo,a produtividade tende a aumentar –mesmo porque contam agora comequipamentos. Com planejamentoadequado da produção, os prazos sãoreduzidos junto com as despesas indire-tas. Conseqüentemente, os ganhos comvendas e locação vêm antes. Assim,mesmo que algumas etapas, agora in-dustrializadas, sejam mais caras,o custoglobal é menor. Essa é a argumentaçãode Oggi em entrevista concedida àTéchne.Acompanhe.

Industrialização essencial

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Sem alterar a forma de concepção do produto da construção civil, desempenhoe produtividade tendem a permanecer estagnados. Adotar sistemasindustrializados é imperativo para atender à demanda habitacional

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O que é uma construçãoindustrializada?Aquela em que, com projeto e plane-jamento, chega-se a um canteirocom elementos dependendo de sim-ples montagem. A comparação écom a indústria automobilística, quemantém em seu poder apenas alinha de montagem, que seria nossocanteiro de obras. Por questão de lo-gística, a indústria automobilísticatem seus fornecedores próximos.

Como ocorre a aplicação desseconceito na construção, sendo quecada linha de montagem fica emum lugar?Com parceiros fabricantes de portas,de estruturas de concreto e de instala-ções que industrializem parte do servi-ço e venham ao canteiro fazer a monta-gem. Na construção civil isso nãoacontece e todo mundo vem fazer arte-sanato no canteiro. Há um volumemuito grande de gente, e é muito difíciltomar conta desse povo todo. Acabonão fazendo montagem, mas cons-truindo tudo ali, pecinha por pecinha.

Por que a construção se configuroudessa maneira?Nas décadas de 1960 e 1970, o BNH(Banco Nacional da Habitação) esti-mulava a utilização de mão-de-obrapara liberação de financiamento,pois não éramos industrializados, ossetores de serviços e de agriculturanão eram desenvolvidos e a maioriada mão-de-obra estava disponívelpara a construção civil. Com o fe-chamento das fronteiras para im-portação e excesso de operários, de-senvolvemos a melhor maneira dejuntar os dois quanto a custo e de-sempenho. Após 40 anos, não dámais para aperfeiçoar dentro dessemodelo, com um monte de gente ematerial chegando picadinho.

Por que estamos pensando emindustrialização agora?A estabilização econômica gerou in-clusão social e estímulo à aquisição debens duráveis, como carros, celularese, agora, imóveis. A construção é oúnico setor em que o operário nãocompra o que produz. O déficit habi-tacional está se transformando em de-manda. Mas, como atender à deman-da se, a cada ano, o volume de mão-de-obra para a construção civil dimi-nui? Falta de tudo no mercado, desdeservente até engenheiro sênior. E, comesse pouco de recurso humano, temque fazer muito mais do que antes.

Esse cenário estimula aindustrialização?A MRV afirmou que fará,em 2009,tudoo que fez em 28 anos. São 40 mil unida-des. Mesmo que trabalhe 24 horas pordia, não dá para cumprir essa promessasem industrialização.Dinheiro não falta,mas é difícil pensar em recursos huma-nos e tecnológicos de uma hora paraoutra.Ou importamos tecnologia de es-pecialistas que determinem as fórmulaspara a evolução, ou vamos ter que bus-car por conta própria.

Essa postura é melhor do queadaptar algo importado?A importação de tecnologia tem agrande vantagem de ganhar o tempoque outros perderam para chegar à so-lução. É ignorância tentar inventar aroda, esquecer que já existe.Vai lá fora,paga e, quando voltar, recupera. Obrasileiro não entende isso porquenão viaja, não conhece as feiras lá fora,porque ficamos fechados por 40 anos.Só agora temos duas feiras importan-tes de equipamentos, a Concrete Show(veja programação nesta edição) e oM&T Expo. Se incrementadas, serãoas portas de entrada das tecnologias,porque o pessoal de fora está de olho.

Onde se concentram os ganhos coma industrialização?Industrialização significa racionaliza-ção, fim do desperdício. O primeiroganho está aí. Se a peça industrializadacusta mais, os fatores de racionaliza-ção, de redução de desperdício e deprazo representam ganhos muito su-periores. Na visão sistêmica do em-preendimento, o custo é menor, mas,normalmente, temos uma visão fra-cionada da obra. Ou seja, contrata-se everifica-se tudo em separado, elemen-tos que depois têm que ser juntados.

Como assim?Pensa-se apenas no preço e compra-sea porca de um fabricante e parafusode outro. Quando aperta, tem dife-rença na rosca. Parafuso e porca che-garam mais baratos à obra, mas nãofuncionam. É o que acontece hoje. Naindustrialização, saímos da visão fra-cionada para a visão sistêmica, quepensa no resultado final do empreen-dimento e objetiva um desembolsomenor do que o previsto. Mesmo quealgumas das etapas intermediáriassaiam mais caras, o que importa é oresultado final.

“Na industrialização,saímos da visãofracionada para avisão sistêmica,que pensa noresultado final doempreendimento eobjetiva um valor deinvestimento menordo que o previsto”

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E N T R E V I S T A

Ou seja, pensar no produto final?No processo completo, não picado.São 12, 15 escritórios de projeto en-volvidos, e juntá-los numa reunião decompatibilização é difícil, porque de-mora demais e o projetista da funda-ção não quer saber do da telefonia. Noexterior, esse processo é mais concen-trado e o arquiteto, dono do projeto,cuida de tudo e entrega um pacotepronto.Aqui a gente projeta durante aexecução da obra.

Por que é difícil antecipar os projetos?Porque significa colocar dinheiroantes. O construtor não planeja umaobra que vai fazer daqui a cincoanos. E o setor da industrializaçãoanda à medida que o da construçãose mexe, não na frente, propondoprazos menores. Nenhuma empresade pré-fabricado, no Brasil, tem ex-pertise para fazer prédios em três ouquatro meses, desde a fundação até achave. Estamos numa fase de muitastransformações.

Quanto dessa transformaçãodepende da escala de produção?Nem tanto da escala, mas de uma solu-ção de continuidade, que nunca tive-mos e que impede passos mais ousadosquanto à aquisição de tecnologia eequipamentos. Num ano está bom, no

outro não. Hoje trabalhamos com todaa mão-de-obra terceirizada, o que é umabsurdo. Terceiriza-se porque, se parara obra, tem que mandar o funcionárioembora, com custos decorrentes.

Algumas empresas têm investido nacompra de equipamentos, apostandonessa continuidade. O patamartecnológico da construção só vai sealterar se isso se mantiver ou essaindustrialização só serve paramomentos de boom?Não podemos dizer que comprar fôr-mas caríssimas para projetos específi-cos seja industrializar. O que se preten-de é usar as fôrmas de alumínio duas outrês mil vezes, enquanto as de madeirasão usadas 50 vezes. Industrialização éir muito além. Seria, talvez, contar comum equipamento que produzisse a pa-rede numa fábrica para ser transporta-da e montada a seco no canteiro.

Com elementos industrializadoschegando prontos ao canteiro?

“Mesmo tendo toda aAmérica Latina paraexplorar, pensamosno que fazer com umagrua daqui a cincoanos. Daqui a cincoanos essa grua já sepagou e não vale maisnada. Equipamento énecessário paraatingir um objetivo”

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Para essa obra (complexo de escritórioscom seis torres, em Barueri, da Tis-hman Speyer), compramos um pórti-co,uma série de fôrmas específicas e es-tamos montando uma pista ao ladodos prédios, onde vamos produzir asvigas e escadas. Isso é industrializaruma parte da estrutura. O fechamentoserá em painéis pré-moldados, produ-zidos fora daqui.O ideal seria fazer todaa estrutura no chão e depois montar.

Isso já é possível?Já estamos muito próximos disso.Temos processos que industrializam100% da casa. A fôrma de alumínio éum aceno de mudança, não investi-mento. É material de consumo e ocusto dilui-se pelo número de casasconstruídas.A conta foi fechada assime, depois de tantos usos, já está dandolucro. Compram lá fora porque é dealumínio, fácil de carregar. Porém,não é industrialização, apenas umpouco de racionalização para ganharna logística e na escala de produção.

O fato de nossa mão-de-obra sermuito barata e os equipamentoscaros atrapalha a industrialização?Poderíamos aproveitar o fato de amão-de-obra ser barata para incre-mentar o ganho deles, dando equipa-mento para trabalharem.

De que maneira?Fala-se que a mão-de-obra não tem

qualificação, é barata e rende pouco.Claro que rende pouco, pois o operáriotem de fazer um serviço que não é dele,como carregar saco. O cimento deveriachegar até ele por um equipamento,tendo ele apenas o trabalho de giraruma manivela para o saco cair na beto-neira. Aí aumentaríamos a produtivi-dade dele e com isso teremos espaço atépara aumentar os salários. Com a me-lhora da renda,ele vai comprar seu pro-duto.Essa é única saída.Se não investir-mos em equipamento, vamos perder apouca mão-de-obra que temos.

Por que perder?O Nordeste está se desenvolvendo enão nos manda mais mão-de-obra.Do Sul, já não vem operário hámuito tempo. Os outros setores daeconomia são muito mais atraentes.Primeiro, o serviço informal. De-pois, o setor de serviços e o comér-cio. A indústria está se instalando e aagropecuária está indo bem. Alémdisso, há grandes grupos chegando.

“Lá fora,o construtornão pode se dar ao luxode ter muitosempregados,mas temmetas de produçãoelevadas.Então,compramáquinas para fazer otrabalho de 20 pessoas”

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ENTREVISTA

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FRANCISCO PEDRO OGGI

Em 1970, cursou Desenho eIlustração na Escola Panamericanade Arte, em São Paulo. Oito anosmais tarde, formou-se engenheirocivil pela Escola de Engenharia daUniversidade Mackenzie. Participoude diversos eventos e fez diversasespecializações em estruturas e pré-fabricados, como o Master Course –Projeto de Estruturas Pré-moldadasda ABCIC (Associação Brasileira daConstrução Industrializada deConcreto), em 2007. É consultor emsistemas para pré-moldados desde1992, atuando pela ABCP (AssociaçãoBrasileira de Cimento Portland),Abesc (Associação Brasileira dasEmpresas de Serviços deConcretagem) e ABCIC. É presençafreqüente em feiras de equipamentose tecnologia do exterior, tendoparticipado de mais de 20 nosúltimos 12 anos.

Falta mão-de-obra.Falta tempo paraprojetar.Faltam equipamentos e até

materiais. Faltam técnica e tecnologias,além de participação dos arquitetos.Mas falta, antes de tudo, visão estratégi-ca aos que decidem como as obras serãorealizadas. Essa é a principal crítica deFrancisco Oggi ao modelo de negóciosconsolidado na construção civil brasi-leira, que ainda parte do princípio deque há operários sobrando e que, por-tanto, podem ser contratados a baixocusto para processar todos os materiais“in loco”.Segundo o engenheiro,o setorjá avançou o máximo possível em de-sempenho e produtividade e não conse-guirá ir além sem alterar a compreensãodo que é construir de maneira indus-trializada. Isso significa olhar para ocanteiro e perceber que, em vez de umaequipe de armadores, poderia contar

com dois ou três funcionários ocupa-dos em operar uma máquina que pro-cesse o aço de maneira rápida e eficien-te. Mais do que isso, direcionar o racio-cínio não para o custo do equipamento,que sempre parecerá alto, mas para osefeitos da industrialização no resultadofinal das contas. Com menos funcioná-rios,pode-se aumentar os salários, logo,a produtividade tende a aumentar –mesmo porque contam agora comequipamentos. Com planejamentoadequado da produção, os prazos sãoreduzidos junto com as despesas indire-tas. Conseqüentemente, os ganhos comvendas e locação vêm antes. Assim,mesmo que algumas etapas, agora in-dustrializadas, sejam mais caras,o custoglobal é menor. Essa é a argumentaçãode Oggi em entrevista concedida àTéchne.Acompanhe.

Industrialização essencial

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Sem alterar a forma de concepção do produto da construção civil, desempenhoe produtividade tendem a permanecer estagnados. Adotar sistemasindustrializados é imperativo para atender à demanda habitacional

TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

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O que é uma construçãoindustrializada?Aquela em que, com projeto e plane-jamento, chega-se a um canteirocom elementos dependendo de sim-ples montagem. A comparação écom a indústria automobilística, quemantém em seu poder apenas alinha de montagem, que seria nossocanteiro de obras. Por questão de lo-gística, a indústria automobilísticatem seus fornecedores próximos.

Como ocorre a aplicação desseconceito na construção, sendo quecada linha de montagem fica emum lugar?Com parceiros fabricantes de portas,de estruturas de concreto e de instala-ções que industrializem parte do servi-ço e venham ao canteiro fazer a monta-gem. Na construção civil isso nãoacontece e todo mundo vem fazer arte-sanato no canteiro. Há um volumemuito grande de gente, e é muito difíciltomar conta desse povo todo. Acabonão fazendo montagem, mas cons-truindo tudo ali, pecinha por pecinha.

Por que a construção se configuroudessa maneira?Nas décadas de 1960 e 1970, o BNH(Banco Nacional da Habitação) esti-mulava a utilização de mão-de-obrapara liberação de financiamento,pois não éramos industrializados, ossetores de serviços e de agriculturanão eram desenvolvidos e a maioriada mão-de-obra estava disponívelpara a construção civil. Com o fe-chamento das fronteiras para im-portação e excesso de operários, de-senvolvemos a melhor maneira dejuntar os dois quanto a custo e de-sempenho. Após 40 anos, não dámais para aperfeiçoar dentro dessemodelo, com um monte de gente ematerial chegando picadinho.

Por que estamos pensando emindustrialização agora?A estabilização econômica gerou in-clusão social e estímulo à aquisição debens duráveis, como carros, celularese, agora, imóveis. A construção é oúnico setor em que o operário nãocompra o que produz. O déficit habi-tacional está se transformando em de-manda. Mas, como atender à deman-da se, a cada ano, o volume de mão-de-obra para a construção civil dimi-nui? Falta de tudo no mercado, desdeservente até engenheiro sênior. E, comesse pouco de recurso humano, temque fazer muito mais do que antes.

Esse cenário estimula aindustrialização?A MRV afirmou que fará,em 2009,tudoo que fez em 28 anos. São 40 mil unida-des. Mesmo que trabalhe 24 horas pordia, não dá para cumprir essa promessasem industrialização.Dinheiro não falta,mas é difícil pensar em recursos huma-nos e tecnológicos de uma hora paraoutra.Ou importamos tecnologia de es-pecialistas que determinem as fórmulaspara a evolução, ou vamos ter que bus-car por conta própria.

Essa postura é melhor do queadaptar algo importado?A importação de tecnologia tem agrande vantagem de ganhar o tempoque outros perderam para chegar à so-lução. É ignorância tentar inventar aroda, esquecer que já existe.Vai lá fora,paga e, quando voltar, recupera. Obrasileiro não entende isso porquenão viaja, não conhece as feiras lá fora,porque ficamos fechados por 40 anos.Só agora temos duas feiras importan-tes de equipamentos, a Concrete Show(veja programação nesta edição) e oM&T Expo. Se incrementadas, serãoas portas de entrada das tecnologias,porque o pessoal de fora está de olho.

Onde se concentram os ganhos coma industrialização?Industrialização significa racionaliza-ção, fim do desperdício. O primeiroganho está aí. Se a peça industrializadacusta mais, os fatores de racionaliza-ção, de redução de desperdício e deprazo representam ganhos muito su-periores. Na visão sistêmica do em-preendimento, o custo é menor, mas,normalmente, temos uma visão fra-cionada da obra. Ou seja, contrata-se everifica-se tudo em separado, elemen-tos que depois têm que ser juntados.

Como assim?Pensa-se apenas no preço e compra-sea porca de um fabricante e parafusode outro. Quando aperta, tem dife-rença na rosca. Parafuso e porca che-garam mais baratos à obra, mas nãofuncionam. É o que acontece hoje. Naindustrialização, saímos da visão fra-cionada para a visão sistêmica, quepensa no resultado final do empreen-dimento e objetiva um desembolsomenor do que o previsto. Mesmo quealgumas das etapas intermediáriassaiam mais caras, o que importa é oresultado final.

“Na industrialização,saímos da visãofracionada para avisão sistêmica,que pensa noresultado final doempreendimento eobjetiva um valor deinvestimento menordo que o previsto”

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Ou seja, pensar no produto final?No processo completo, não picado.São 12, 15 escritórios de projeto en-volvidos, e juntá-los numa reunião decompatibilização é difícil, porque de-mora demais e o projetista da funda-ção não quer saber do da telefonia. Noexterior, esse processo é mais concen-trado e o arquiteto, dono do projeto,cuida de tudo e entrega um pacotepronto.Aqui a gente projeta durante aexecução da obra.

Por que é difícil antecipar os projetos?Porque significa colocar dinheiroantes. O construtor não planeja umaobra que vai fazer daqui a cincoanos. E o setor da industrializaçãoanda à medida que o da construçãose mexe, não na frente, propondoprazos menores. Nenhuma empresade pré-fabricado, no Brasil, tem ex-pertise para fazer prédios em três ouquatro meses, desde a fundação até achave. Estamos numa fase de muitastransformações.

Quanto dessa transformaçãodepende da escala de produção?Nem tanto da escala, mas de uma solu-ção de continuidade, que nunca tive-mos e que impede passos mais ousadosquanto à aquisição de tecnologia eequipamentos. Num ano está bom, no

outro não. Hoje trabalhamos com todaa mão-de-obra terceirizada, o que é umabsurdo. Terceiriza-se porque, se parara obra, tem que mandar o funcionárioembora, com custos decorrentes.

Algumas empresas têm investido nacompra de equipamentos, apostandonessa continuidade. O patamartecnológico da construção só vai sealterar se isso se mantiver ou essaindustrialização só serve paramomentos de boom?Não podemos dizer que comprar fôr-mas caríssimas para projetos específi-cos seja industrializar. O que se preten-de é usar as fôrmas de alumínio duas outrês mil vezes, enquanto as de madeirasão usadas 50 vezes. Industrialização éir muito além. Seria, talvez, contar comum equipamento que produzisse a pa-rede numa fábrica para ser transporta-da e montada a seco no canteiro.

Com elementos industrializadoschegando prontos ao canteiro?

“Mesmo tendo toda aAmérica Latina paraexplorar, pensamosno que fazer com umagrua daqui a cincoanos. Daqui a cincoanos essa grua já sepagou e não vale maisnada. Equipamento énecessário paraatingir um objetivo”

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Para essa obra (complexo de escritórioscom seis torres, em Barueri, da Tis-hman Speyer), compramos um pórti-co,uma série de fôrmas específicas e es-tamos montando uma pista ao ladodos prédios, onde vamos produzir asvigas e escadas. Isso é industrializaruma parte da estrutura. O fechamentoserá em painéis pré-moldados, produ-zidos fora daqui.O ideal seria fazer todaa estrutura no chão e depois montar.

Isso já é possível?Já estamos muito próximos disso.Temos processos que industrializam100% da casa. A fôrma de alumínio éum aceno de mudança, não investi-mento. É material de consumo e ocusto dilui-se pelo número de casasconstruídas.A conta foi fechada assime, depois de tantos usos, já está dandolucro. Compram lá fora porque é dealumínio, fácil de carregar. Porém,não é industrialização, apenas umpouco de racionalização para ganharna logística e na escala de produção.

O fato de nossa mão-de-obra sermuito barata e os equipamentoscaros atrapalha a industrialização?Poderíamos aproveitar o fato de amão-de-obra ser barata para incre-mentar o ganho deles, dando equipa-mento para trabalharem.

De que maneira?Fala-se que a mão-de-obra não tem

qualificação, é barata e rende pouco.Claro que rende pouco, pois o operáriotem de fazer um serviço que não é dele,como carregar saco. O cimento deveriachegar até ele por um equipamento,tendo ele apenas o trabalho de giraruma manivela para o saco cair na beto-neira. Aí aumentaríamos a produtivi-dade dele e com isso teremos espaço atépara aumentar os salários. Com a me-lhora da renda,ele vai comprar seu pro-duto.Essa é única saída.Se não investir-mos em equipamento, vamos perder apouca mão-de-obra que temos.

Por que perder?O Nordeste está se desenvolvendo enão nos manda mais mão-de-obra.Do Sul, já não vem operário hámuito tempo. Os outros setores daeconomia são muito mais atraentes.Primeiro, o serviço informal. De-pois, o setor de serviços e o comér-cio. A indústria está se instalando e aagropecuária está indo bem. Alémdisso, há grandes grupos chegando.

“Lá fora,o construtornão pode se dar ao luxode ter muitosempregados,mas temmetas de produçãoelevadas.Então,compramáquinas para fazer otrabalho de 20 pessoas”

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A última opção é a construção civil.E, tendo que carregar saco de cimen-to e bloco, aí que não vem mesmo. Sesouber que vai operar um equipa-mento, sem fazer força, vem, pois osalário é um pouco melhor e a con-dição é humana.

Então a industrialização é necessáriatambém para melhorar os canteiros?Houve muitas melhorias com a NR-18(Condições e Meio Ambiente de Tra-balho na Indústria da Construção),mas ainda fazemos muitos serviçosque máquinas poderiam fazer, comoarmação.A mecanização é obrigatória,mas a filosofia do capital brasileiro éinvestir o mínimo e tirar o máximo deproveito. Lá fora, o construtor nãopode se dar ao luxo de ter muitos em-pregados, mas tem metas de produçãoelevadas. Então, compra máquinaspara fazer o trabalho de 20 pessoas.

Além da estrutura, quais elementosda obra podem ser industrializados?

Não se fala de industrializar outras eta-pas por falta de conhecimento.Como aestrutura é algo bruto, sujo e inóspito,éprioridade. Havia duas fábricas de ba-nheiro pronto no Brasil. Uma fechou,indício de que as construtoras segui-ram na contra-mão da industrializa-ção. A justificativa para não comprarbanheiro pronto é que fazer no local

custa menos e dispensa grua. Tem dehaver uma mudança sistêmica,porqueé muito melhor usar o pronto, princi-palmente quando o empreendimentotem cinco mil banheiros.

Economicamente, por que o pontode partida é, invariavelmente, aestrutura?É o primeiro item a atacar. Ao fazer aestrutura e a fachada, se resolve 90%da obra, ou 70% se o prédio for resi-dencial. A estrutura representa entre25% e 30% do custo da obra, um vo-lume que vale a pena atacar.Se a estru-tura é bem-feita, economizo massa aodescer a fachada, ou posso fazer o fe-chamento na fábrica com as devidastolerâncias. Não adianta industriali-zar uma parte e depois ter um brutotrabalho de ajuste na obra.

São obstáculos culturais?Há tecnologia para adotar fachadaspré-prontas, pintadas, instalaçõeselétricas embutidas, portas fixadas

“Aumentando aprodutividade,teremos espaço paraaumentar os salários.Se não investirmosem equipamento,vamos perder apouca mão-de-obraque temos”

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com três parafusos. Mas são necessá-rios investimentos para sair do lugar.Outro ponto, que começa a ser abor-dado pela AsBEA (Associação Brasi-leira dos Escritórios de Arquitetura),é o da modulação. Usamos comomúltiplo 1 mm e não 10 cm, comodeveríamos. Imagine a quantidadede erros por causa disso. Com a mo-dulação, vão baixar os preços de cai-xilhos, portas e acabamentos.

Os equipamentos são, de fato, tãocaros quanto reclamam osconstrutores?Empresários que raciocinam nãopensam dessa forma. Eles analisam sehá retorno ao gastar R$ 10 milhõesem equipamento. Se houver, inves-tem e saem na frente. Uma empresafoi à Colômbia comprar fôrmas por-que considerou que, em vez de levarde 13 a 18 meses para fazer um pré-dio, poderia levar seis usando as fôr-mas. Viu que esse prazo propicia re-torno em termos de marketing, qua-

lidade e confiabilidade na empresa,além de reduzir custos indiretos.

Com a industrialização, a alvenaria,como conhecemos hoje, está com osdias contados?Num nível bom, teremos de 30% a40% do mercado industrializado. Osoutros 60% continuarão, devido aoporte do empreendimento ou da cons-trutora, com os processos tradicionais.No entanto, pode ser que fiquem paratrás também em custo. Muita gente,por não ter condição de investir emequipamentos ou por não ter acesso àindustrialização, vai continuar com osmesmos processos.

Talvez aumente a procura porsistemas mais racionais, como aalvenaria estrutural?A alvenaria estrutural serve para mui-tas construções, mas, dependendo daclasse de resistência do bloco, o núme-ro de fabricantes é reduzido e faltabloco no mercado. Começa a inviabili-

zar. Estou estudando um caso, em Re-cife, em que a empresa vai montaruma fábrica de blocos na obra.

Qual o papel da industrialização naredução do déficit habitacional?Sem a industrialização não haverá re-dução de déficit. Todo o movimentosentido até agora é apenas a foca queestá em cima da ponta do iceberg. Atéagora, só vimos a foca. Sem industria-lizar,o volume de obras proposto pelasempresas não será feito.

Vai ser a alavanca da industrialização?Se for realmente duradoura como seimagina, sem ameaças da inflação, jurosou fatores externos por cinco ou seisanos, pelo menos, vai ser uma boa ala-vanca.É isso que a construção civil querpara fazer os investimentos necessários.

Como fazer com que aindustrialização chegue a sistemasconsolidados? Há os kits dehidráulica, isso é industrialização?

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Industrialização seria, talvez, montara parede já com o kit para que essa jávenha com a hidráulica pronta.Montar uma árvore de hidráulica,como normalmente se faz, é raciona-lização. E não adianta fazer um esfor-ço enorme para industrializar umpedacinho que não representa 0,5%,ignorando o resto. É possível até queisso atrapalhe.

De que maneira?Levantando paredes exatamente noprumo porque, se as portas nãocouberem, tem que devolver todas.Perde-se um tempão para alinharuma parede num sistema conven-cional só porque a porta foi indus-trializada. É preferível fazer a pare-de de qualquer jeito e depois ajus-tar a porta, que não representanada. Tem que pensar em indus-trialização de uma forma global,para ter o máximo de controle, omínimo de retrabalho e acabar coma improvisação.

Como a arquitetura pode auxiliarnesse processo?A arquitetura brasileira tem um fun-damento humanístico muito forte eestá muito preocupada com confor-to, estética e a utilização final, en-quanto deveria determinar tambémcomo as construções serão feitas. Oarquiteto estrangeiro é muito maistécnico. Essa falta de técnica do bra-sileiro faz com que o projeto de ar-

quitetura fique dissociado do proces-so construtivo.

Os construtores deveriam exigir issodo arquiteto?Só depois de encomendar o projeto éque o construtor decide a estrutura.Isso atrapalha bastante os arquite-tos, que têm consciência de que pre-cisam entrar mais na parte técnica. Atendência é que comecem a ter do-mínio sobre a execução. Quem coor-dena é a construtora, quando deve-ria ser o arquiteto.

Por que não temos muitos exemplosbrasileiros de prédios altos feitoscom pré-fabricados?A cultura incorporada faz com quefalte tempo. O investidor tem um ter-reno e, se a legislação diz que dá prafazer um prédio de 30 andares, com400 escritórios de 50 m², esse é o pro-duto. Trabalha-se em cima dele pordois anos. Depois que vende, tem ocompromisso de entregar em 36

“O arquitetoestrangeiro é muitomais técnico. Essa faltade técnica do brasileirofaz com que o projetode arquitetura fiquedissociado do processoconstrutivo”

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meses e começa tudo do zero. Ou seja,aqueles dois primeiros anos nãoforam aproveitados pelo pessoal datécnica, que só sabe que tem que co-meçar, no mês seguinte, um prédio de30 andares. Aí, não dá tempo de filo-sofar e tem que fazer o arroz com fei-jão. Esse é o modelo de negócio.

Falta conceber o produto a partir datécnica?Temos dificuldade de fazer a constru-tora entender o que são soluções decontinuidade. Já fiz muita coisa pré-moldada numa obra e, na seguinte, damesma construtora, nada era pré-moldado.É incrível.Muda o engenhei-ro, o administrador e não há transfe-rência de tecnologia. Começa tudo denovo, com os mesmos problemas.

Há obstáculos nas legislações,principalmente para residênciaspopulares, para adoção de sistemasnão convencionais?Existem questões técnicas facilmente

resolvíveis, que tratam de homologa-ções para instituições financeiras,como a Caixa Econômica Federal,que querem garantia de durabilida-de. Mas isso não é problema, pois em90 ou 120 dias tiram-se todas as refe-rências necessárias.

Então, mais uma vez, as questõessão culturais?Não tem legislação que impeça o usode alguma tecnologia, mas preferên-cias de mercado.O drywall,por exem-plo, é um processo que existe há maisde cem anos na Inglaterra e entrouaqui de uma forma totalmente errada.Pré-moldado com drywall é o casa-mento perfeito. Reduzem-se cargas,exigem-se peças menores, mais leves,com menores custos de fundação. Aobra fica muito mais limpa, barata,com maior flexibilidade de layout.Porém, foi detonado por gente des-preparada que, para vender uma pa-rede de concreto, falava que a dooutro era de papelão.

E depois que passar a demanda, oque fazer?As fábricas de pré-moldado que sur-giram na década de 60 na Europacontinuam existindo até hoje. Estãonas feiras, sempre lançando produtosnovos. Estão se deslocando para oLeste europeu, para a China e Índia.Aqui, mesmo tendo toda a AméricaLatina para explorar, pensamos noque fazer com uma grua daqui acinco anos. Daqui a cinco anos essagrua já se pagou e não vale mais nada,já é sucata. Equipamento é necessáriopara atingir um objetivo. Hoje, asconstrutoras, principalmente as quetêm capital aberto, não têm comoconstruir. Se tivessem equipamento,mão-de-obra e tecnologia, já estavamfazendo o que prometeram. Elas pre-cisam fazer porque têm ações nabolsa, que estão caindo porque, en-quanto os acionistas cobram, elasfalam em VGV (Valor Geral deVenda) astronômico.

Bruno Loturco

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A última opção é a construção civil.E, tendo que carregar saco de cimen-to e bloco, aí que não vem mesmo. Sesouber que vai operar um equipa-mento, sem fazer força, vem, pois osalário é um pouco melhor e a con-dição é humana.

Então a industrialização é necessáriatambém para melhorar os canteiros?Houve muitas melhorias com a NR-18(Condições e Meio Ambiente de Tra-balho na Indústria da Construção),mas ainda fazemos muitos serviçosque máquinas poderiam fazer, comoarmação.A mecanização é obrigatória,mas a filosofia do capital brasileiro éinvestir o mínimo e tirar o máximo deproveito. Lá fora, o construtor nãopode se dar ao luxo de ter muitos em-pregados, mas tem metas de produçãoelevadas. Então, compra máquinaspara fazer o trabalho de 20 pessoas.

Além da estrutura, quais elementosda obra podem ser industrializados?

Não se fala de industrializar outras eta-pas por falta de conhecimento.Como aestrutura é algo bruto, sujo e inóspito,éprioridade. Havia duas fábricas de ba-nheiro pronto no Brasil. Uma fechou,indício de que as construtoras segui-ram na contra-mão da industrializa-ção. A justificativa para não comprarbanheiro pronto é que fazer no local

custa menos e dispensa grua. Tem dehaver uma mudança sistêmica,porqueé muito melhor usar o pronto, princi-palmente quando o empreendimentotem cinco mil banheiros.

Economicamente, por que o pontode partida é, invariavelmente, aestrutura?É o primeiro item a atacar. Ao fazer aestrutura e a fachada, se resolve 90%da obra, ou 70% se o prédio for resi-dencial. A estrutura representa entre25% e 30% do custo da obra, um vo-lume que vale a pena atacar.Se a estru-tura é bem-feita, economizo massa aodescer a fachada, ou posso fazer o fe-chamento na fábrica com as devidastolerâncias. Não adianta industriali-zar uma parte e depois ter um brutotrabalho de ajuste na obra.

São obstáculos culturais?Há tecnologia para adotar fachadaspré-prontas, pintadas, instalaçõeselétricas embutidas, portas fixadas

“Aumentando aprodutividade,teremos espaço paraaumentar os salários.Se não investirmosem equipamento,vamos perder apouca mão-de-obraque temos”

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com três parafusos. Mas são necessá-rios investimentos para sair do lugar.Outro ponto, que começa a ser abor-dado pela AsBEA (Associação Brasi-leira dos Escritórios de Arquitetura),é o da modulação. Usamos comomúltiplo 1 mm e não 10 cm, comodeveríamos. Imagine a quantidadede erros por causa disso. Com a mo-dulação, vão baixar os preços de cai-xilhos, portas e acabamentos.

Os equipamentos são, de fato, tãocaros quanto reclamam osconstrutores?Empresários que raciocinam nãopensam dessa forma. Eles analisam sehá retorno ao gastar R$ 10 milhõesem equipamento. Se houver, inves-tem e saem na frente. Uma empresafoi à Colômbia comprar fôrmas por-que considerou que, em vez de levarde 13 a 18 meses para fazer um pré-dio, poderia levar seis usando as fôr-mas. Viu que esse prazo propicia re-torno em termos de marketing, qua-

lidade e confiabilidade na empresa,além de reduzir custos indiretos.

Com a industrialização, a alvenaria,como conhecemos hoje, está com osdias contados?Num nível bom, teremos de 30% a40% do mercado industrializado. Osoutros 60% continuarão, devido aoporte do empreendimento ou da cons-trutora, com os processos tradicionais.No entanto, pode ser que fiquem paratrás também em custo. Muita gente,por não ter condição de investir emequipamentos ou por não ter acesso àindustrialização, vai continuar com osmesmos processos.

Talvez aumente a procura porsistemas mais racionais, como aalvenaria estrutural?A alvenaria estrutural serve para mui-tas construções, mas, dependendo daclasse de resistência do bloco, o núme-ro de fabricantes é reduzido e faltabloco no mercado. Começa a inviabili-

zar. Estou estudando um caso, em Re-cife, em que a empresa vai montaruma fábrica de blocos na obra.

Qual o papel da industrialização naredução do déficit habitacional?Sem a industrialização não haverá re-dução de déficit. Todo o movimentosentido até agora é apenas a foca queestá em cima da ponta do iceberg. Atéagora, só vimos a foca. Sem industria-lizar,o volume de obras proposto pelasempresas não será feito.

Vai ser a alavanca da industrialização?Se for realmente duradoura como seimagina, sem ameaças da inflação, jurosou fatores externos por cinco ou seisanos, pelo menos, vai ser uma boa ala-vanca.É isso que a construção civil querpara fazer os investimentos necessários.

Como fazer com que aindustrialização chegue a sistemasconsolidados? Há os kits dehidráulica, isso é industrialização?

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E N T R E V I S T A

Industrialização seria, talvez, montara parede já com o kit para que essa jávenha com a hidráulica pronta.Montar uma árvore de hidráulica,como normalmente se faz, é raciona-lização. E não adianta fazer um esfor-ço enorme para industrializar umpedacinho que não representa 0,5%,ignorando o resto. É possível até queisso atrapalhe.

De que maneira?Levantando paredes exatamente noprumo porque, se as portas nãocouberem, tem que devolver todas.Perde-se um tempão para alinharuma parede num sistema conven-cional só porque a porta foi indus-trializada. É preferível fazer a pare-de de qualquer jeito e depois ajus-tar a porta, que não representanada. Tem que pensar em indus-trialização de uma forma global,para ter o máximo de controle, omínimo de retrabalho e acabar coma improvisação.

Como a arquitetura pode auxiliarnesse processo?A arquitetura brasileira tem um fun-damento humanístico muito forte eestá muito preocupada com confor-to, estética e a utilização final, en-quanto deveria determinar tambémcomo as construções serão feitas. Oarquiteto estrangeiro é muito maistécnico. Essa falta de técnica do bra-sileiro faz com que o projeto de ar-

quitetura fique dissociado do proces-so construtivo.

Os construtores deveriam exigir issodo arquiteto?Só depois de encomendar o projeto éque o construtor decide a estrutura.Isso atrapalha bastante os arquite-tos, que têm consciência de que pre-cisam entrar mais na parte técnica. Atendência é que comecem a ter do-mínio sobre a execução. Quem coor-dena é a construtora, quando deve-ria ser o arquiteto.

Por que não temos muitos exemplosbrasileiros de prédios altos feitoscom pré-fabricados?A cultura incorporada faz com quefalte tempo. O investidor tem um ter-reno e, se a legislação diz que dá prafazer um prédio de 30 andares, com400 escritórios de 50 m², esse é o pro-duto. Trabalha-se em cima dele pordois anos. Depois que vende, tem ocompromisso de entregar em 36

“O arquitetoestrangeiro é muitomais técnico. Essa faltade técnica do brasileirofaz com que o projetode arquitetura fiquedissociado do processoconstrutivo”

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meses e começa tudo do zero. Ou seja,aqueles dois primeiros anos nãoforam aproveitados pelo pessoal datécnica, que só sabe que tem que co-meçar, no mês seguinte, um prédio de30 andares. Aí, não dá tempo de filo-sofar e tem que fazer o arroz com fei-jão. Esse é o modelo de negócio.

Falta conceber o produto a partir datécnica?Temos dificuldade de fazer a constru-tora entender o que são soluções decontinuidade. Já fiz muita coisa pré-moldada numa obra e, na seguinte, damesma construtora, nada era pré-moldado.É incrível.Muda o engenhei-ro, o administrador e não há transfe-rência de tecnologia. Começa tudo denovo, com os mesmos problemas.

Há obstáculos nas legislações,principalmente para residênciaspopulares, para adoção de sistemasnão convencionais?Existem questões técnicas facilmente

resolvíveis, que tratam de homologa-ções para instituições financeiras,como a Caixa Econômica Federal,que querem garantia de durabilida-de. Mas isso não é problema, pois em90 ou 120 dias tiram-se todas as refe-rências necessárias.

Então, mais uma vez, as questõessão culturais?Não tem legislação que impeça o usode alguma tecnologia, mas preferên-cias de mercado.O drywall,por exem-plo, é um processo que existe há maisde cem anos na Inglaterra e entrouaqui de uma forma totalmente errada.Pré-moldado com drywall é o casa-mento perfeito. Reduzem-se cargas,exigem-se peças menores, mais leves,com menores custos de fundação. Aobra fica muito mais limpa, barata,com maior flexibilidade de layout.Porém, foi detonado por gente des-preparada que, para vender uma pa-rede de concreto, falava que a dooutro era de papelão.

E depois que passar a demanda, oque fazer?As fábricas de pré-moldado que sur-giram na década de 60 na Europacontinuam existindo até hoje. Estãonas feiras, sempre lançando produtosnovos. Estão se deslocando para oLeste europeu, para a China e Índia.Aqui, mesmo tendo toda a AméricaLatina para explorar, pensamos noque fazer com uma grua daqui acinco anos. Daqui a cinco anos essagrua já se pagou e não vale mais nada,já é sucata. Equipamento é necessáriopara atingir um objetivo. Hoje, asconstrutoras, principalmente as quetêm capital aberto, não têm comoconstruir. Se tivessem equipamento,mão-de-obra e tecnologia, já estavamfazendo o que prometeram. Elas pre-cisam fazer porque têm ações nabolsa, que estão caindo porque, en-quanto os acionistas cobram, elasfalam em VGV (Valor Geral deVenda) astronômico.

Bruno Loturco

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TÉCNICA E AMBIENTE

A iluminação da ponte estaiadaOctávio Frias de Oliveira, em São

Paulo, é uma das mais econômicas doPaís. Seu projeto luminotécnico di-vidiu-se entre a rede de iluminaçãoviária e o sistema de iluminação dedestaque da torre.

Segundo Paulo Candura, dire-tor do escritório Luz Urbana, res-

Luz eficientePonte estaiada do Complexo Viário Real Parque, em São Paulo, conta comsistema de iluminação com potência menor que os convencionais

ponsável pelo projeto luminotéc-nico, foi aplicado um conceito ori-ginal ao empreendimento. "Empontes com essa configuração, osestais geralmente são iluminadosindividualmente", explica. No casodessa, entretanto, os projetistas daLuz Urbana e o arquiteto João Va-lente optaram por destacar o mas-tro durante a noite, trabalhando oque chamam de contraponto. "Du-rante o dia, os estais já se destacamcom sua cor amarela, enquanto atorre, em concreto, se mistura aoentorno cinza dos edifícios da re-gião. À noite, deixamos os estaisum pouco de lado e iluminamos atorre", explica Candura. Segundoele, a eliminação dos refletores in-dividuais dos estais também possi-bilitou a redução do consumo deenergia elétrica do sistema.

O sistema de iluminação datorre é composto por dois subsiste-mas. A região interna das "pernas"do mastro é iluminada com lâmpa-das LED coloridas. São 36 delasagrupadas em cada projetor, totali-zando uma potência de 50 W,menor do que a de uma lâmpadaincandescente comum. Todos os142 projetores LED do mastro con-somem, segundo Candura, a mes-ma quantidade de energia elétricaque um chuveiro. No início do pro-jeto, conta Candura, a idéia era ilu-minar o mastro apenas com a corazul. Os responsáveis pela obra, noentanto, solicitaram o emprego deum sistema multicolorido. Para

atender à demanda, os equipa-mentos tiveram de ser trazidosdos Estados Unidos. "A altura a seriluminada era um desafio. Paraprojeção monocromática, até tí-nhamos equipamento no mercadointerno, mas para cores que se al-ternam, tivemos que buscar proje-tores lá fora", afirma Candura. Olado externo do mastro é ilumina-do por 20 projetores distribuídosem seis postes em torno da ponte."São os mesmos projetores usadosnos estádios de futebol da Copa doMundo da Alemanha, em 2006",afirma. Cada um dos projetoresconta com uma lâmpada de 1.000W, potência 33% menor que a delâmpadas convencionais.

No sistema de iluminação viá-ria, foram especificados postes de6 m de altura, posicionados alter-nadamente nos dois lados de cadavia. "Essa disposição aumenta aeficiência do sistema", afirmaCandura. As lâmpadas de multiva-pores metálicos com tubo de des-carga cerâmico têm 140 W de po-tência cada uma, 44% menor doque das tradicionais lâmpadas devapor de sódio utilizadas nas ruasde São Paulo. Além do menor con-sumo de energia, essas lâmpadastêm luz branca, com elevado índi-ce de reprodução de cores. "É umtipo de luz que o olho humanoaceita melhor. A ponte é uma ilhade luz branca em um 'mar amare-lo'", comenta o projetista.

Renato Faria

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FACHADAS

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Água só é interessante à construçãodurante o período de execução

das obras. Concluídos os trabalhos, olíquido freqüentemente torna-se umempecilho. Em tempos chuvosos,acumulado nas fachadas de edifícios,por exemplo, provoca manchas ereduz a vida útil dos materiais. "A boatécnica sempre recomenda que seafaste o mais rápido possível as lâmi-nas d´água que escorrem pelas facha-das", observa o pesquisador ErcioThomaz, do Cetac/IPT (Centro Tec-nológico do Ambiente Construído doInstituto de Pesquisas Tecnológicasdo Estado de São Paulo).

O mecanismo mais eficaz remontaà instalação de pingadeiras sob os pei-toris das janelas. Os peitoris em sipodem ser pré-moldados ou fabrica-dos no próprio canteiro,com concretoou graute industrializado, em fôrmasmetálicas. Por pingadeira em si com-preende-se apenas a linha ranhurada,abaixo dos peitoris, que intercepta alâmina d’água, resultando pingos quese projetam afastados da fachada.

Há que se atentar, porém, à natu-reza higroscópica dos materiais deconstrução. Areia, cimento, cerâmica,concreto, argamassa – todos têm umaatração molecular por água. "A reten-ção de umidade propicia o surgimen-to de fungos. Esses organismos expe-lem uma substância ácida que ataca ci-mento, cal, argamassa de revestimen-to, pintura", descreve Thomaz. Comisso, a penetração da umidade para o

Beirada secaPingadeira é opção mais eficiente para afastar água de chuva da fachada,mas há recursos alternativos como bunhas, frisos e ressaltos. Conheça asdiferenças entre os modelos

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interior do prédio e dos apartamentostorna-se conseqüência previsível.

"Por tudo isso é importante a ado-ção de medidas não só na janela, masem toda a fachada", lembra o pesqui-sador. Destacam-se aqui pelo menosoutros três recursos auxiliares na dis-sipação de água ao longo de fachadascom revestimentos de argamassa: oressalto, a bunha e o friso.

AlternativasO ressalto pode ser traduzido

como um obstáculo (espécie de tobo-gã), instalado idealmente a cada pavi-mento, que cria seguidas descontinui-dades e impede o acúmulo de água.

Opções mais baratas e simplifica-das, a bunha e o friso possuem caracte-rísticas semelhantes entre si: são reen-trâncias capazes de criar perturbaçõesno vento que empurra a água da chuvacontra a parede, ajudando na dissipa-ção do líquido. A principal diferençaentre os modelos está na largura: reen-trâncias da ordem de 5 cm de largurasão chamadas de bunhas, e quandomais estreitas, entre 1,5 cm e 2 cm, de-nominam-se frisos. "Não são bonscomo o ressalto e a pingadeira, mastambém funcionam",garante Thomaz.

O friso, particularmente, ofereceutilidades que vão além da dispersãode água. Pode servir para dissimulardefeitos nas emendas da massa, oumesmo para atenuar problemas decoloração decorrentes da tinta empre-gada em efeito decorativo.

O aspecto decorativo das fachadasé, por sinal, outro ensejo para aplica-ção adaptada tanto do friso como dabunha. "Outros recursos, como mol-duras e cornijas, também são muitousados em prédios de estilo clássico eneoclássico. Os desenhos ajudam noafastamento da água que vai caindodo topo do edifício", comenta o pes-quisador do IPT.

São significativos os benefícios detodas essas quebras de linearidade nassuperfícies externas. No meio técnicoexistem referências a estudos segundoos quais pequenas saliências perpen-diculares ao plano da parede conse-guem reduzir em mais de 50% o volu-me de água que escorre sobre a facha-da. E a prevenção contra os efeitos da-nosos da umidade só aumenta, evi-

dentemente, com a presença das pin-gadeiras sob os peitoris das janelas.

Cuidados com o peitorilPara assegurar que as lâminas

d´água de fato cheguem à pingadeira edali se precipitem, são recomendadasalgumas breves intervenções tambémna superfície do peitoril – medidasadicionais ao suave caimento padrão.

"Não se consegue assentar perfei-tamente um peitoril na horizontal. Aágua escorre do vidro, ou do alumí-nio, e em vez de cair para a frente,pode pender para o lado e ali se con-centrar, favorecendo uma movimen-tação higroscópica", explica ErcioThomaz. Para evitar o acúmulo deágua nos extremos do peitoril, a solu-ção novamente se volta à criação defrisos, ou ao bloqueio por meio deressaltos nas laterais.

Caso o peitoril seja constituído deum outro material alternativo à arga-massa e ao concreto, como granito, orisco de água empoçada nas bordas di-minui. Basta que seja feita a pingadeirana face inferior do peitoril e, eventual-mente, por segurança, ranhuras nasextremidades da superfície superior.

Thiago Oliveira

Ausência de pingadeiras retém umidade e causa manchas em fachadas

Acúmulo de água em borda de peitorilprovoca rachaduras e formação de fungos

Por fim, umidade penetra no interior de apartamento

Ressalto: faixa simples de concreto entrepavimentos quebra linearidade da fachadae evita concentração de água da chuva

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PEDRAS

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Os mármores e granitos utilizadosem pias e bancadas de cozinhas e

banheiros podem manchar de manei-ra definitiva pela ação da água ou deóleos e produtos químicos. Mas é pos-sível evitar danos desse tipo às pedrasnaturais com a aplicação de hidrorre-pelentes e impermeabilizantes, quetêm a função de formar barreira prote-tora contra os agentes agressivos.

A indústria de tintas e vernizesoferece uma ampla gama de produtospara proteger as pedras.Além disso, aspróprias empresas beneficiadoras dasrochas naturais podem fornecer pias ebancadas já tratadas.

Os hidrofugantes ou hidrorrepelen-tes penetram na porosidade do substra-to, alterando as características de absor-ção capilar pela mudança do ângulo decontato entre a parede do capilar e a su-

Barreira contra manchasHidrofugantes e impermeabilizantes oferecem maior resistência aos agentesagressivos de mármores e granitos. Conheça as características de cadaproduto e veja como aplicá-los

perfície da água.Entre os compostos queentram na formulação dos hidrofugan-tes estão os silicones, silanos, siloxanos,silano/siloxano e siloxano oligomérico.

Já os impermeabilizantes ou verni-zes são produzidos à base de resinasacrílicas, poliuretânicas e epoxídicas,que formam película protetora das su-perfícies rochosas. Tais produtos pro-tegem os mármores e granitos contraágua, agentes agressivos, carbonata-ção, eflorescências e penetração deágua sobre pressão. Além disso, alte-ram a aparência das pedras, deixando-as brilhantes, acetinadas ou foscas, de-pendendo do tipo.

Segundo a geóloga Maria HeloisaBarros de Oliveira Frascá, do Centro deTecnologia de Obras de Infra-Estrutura eLaboratório de Materiais de ConstruçãoCivil do IPT (Instituto de Pesquisas Tec-

Aplicação de hidrofugantes e impermeabilizantes

nológicas do Estado de São Paulo),a im-permeabilização é um recurso que vemsendo muito utilizado na conservaçãodas pedras. "Mas não dispomos de in-formações ou estudos a respeito da suaeficácia e durabilidade",diz."Em princí-pio,as rochas quando polidas têm poro-sidade suficiente para evitar a penetra-ção de água e outros agentes, geralmen-te em torno de 0,14% a 0,18%. Porém,algumas delas, em especial alguns tiposde granitos e mármores, acabam man-chando por motivos ainda não total-mente conhecidos", completa.

Proteção às rochasEm geral, a grande maioria das

rochas pode ser usada em bancadas epias. Certos tipos de granitos cinzatêm maior facilidade de absorverágua, mas após algum tempo secam,

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Lave a superfície com água e sabão neutro Enxugue bem a pedra para eliminar a

umidadePasse um pano limpo com álcool

isopropílico para retirar resíduos, poeira eoleosidades

Siga as instruções da embalagem doproduto escolhido quanto à diluição e númerode demãos. Passe o impermeabilizante ouhidrofugante com um rolo de espuma limpo

O produto vai criar uma barreira contra aentrada de água ou produto que possamanchar a pedra

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Tabela1 – CARACTERÍSTICAS DOS HIDRORREPELENTES E IMPERMEABILIZANTESHidrorrepelentes/hidrofugantes Impermeabilizantes/vernizes � Não requerem substrato liso e contínuo � Requerem substrato liso e contínuo � Não alteram ou alteram pouco a aparência do substrato �Alteram a aparência� Não impedem a passagem de vapor d’água, � Impedem a passagem de vapor d’água,facilitando o equilíbrio interno e externo podendo formar bolhas ou manchas� Não impedem a penetração de água sob pressão � Impedem a penetração de água sobre pressão � Não impedem a penetração de vapores agressivos � Impedem a penetração de vapores agressivos� Reduzem a lixiviação � Impedem a lixiviação � Oferecem maior resistência à fotodecomposição �Menor resistência à fotodecomposição� Reduzem a penetração de sais solúveis � Impedem a penetração de sais solúveis

retomando a cor original. "No entan-to, sob uso intenso, nem sempre hátempo suficiente para a secagem, oque faz com que as manchas perma-neçam", afirma Maria Heloísa. "Emgeral, quando a mancha não desapa-rece mesmo após longo tempo semuso e na ausência de umidade, deve-sebuscar outra causa", recomenda.

Alguns produtos orgânicos muitooleaginosos, utilizados para a fixaçãodas peças em bancadas devem ser evita-dos.Caso,por exemplo,da massa de vi-draceiro na instalação de torneiras. Asbancadas de cozinhas merecem aindamais atenção, pois estão sujeitas a infil-trações e manchas causadas por produ-tos alimentícios como limão, gordurase café, além de produtos de limpeza,como cloro e outros agentes agressivos.Os estudos e testes de alterabilidade derochas têm mostrado que os produtosácidos são danosos à rocha, provocan-do descoloração e manchamentos,além da corrosão nos mármores. O

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cloro também pode causar alteraçõesem algumas rochas. "Se a construtorativer dúvidas quanto à questão domanchamento durante a compra dealgum tipo de pedra, recomenda-se aexecução de ensaio de alterabilidade a

Variedade de pedras brasileirasDe acordo com a Abirochas(Associação Brasileira da Indústria deRochas Ornamentais) a produçãobrasileira totalizou cerca de oitomilhões de toneladas em 2007, comoferta de uma grande variedade derochas, incluindo granitos, mármores,quartzitos maciços e foliados, ardósias,pedra-sabão, metaconglomerados,serpentinitos, travertinos, calcários(limestones) e outras, comercializadasnos mercados interno e externo. Em 2006, de acordo com dados daAbirochas, o Brasil passou a quartomaior produtor e exportador de

rochas em volume físico, além desegundo maior exportador degranitos brutos, quarto maiorexportador de rochas processadasespeciais, e segundo maiorexportador de ardósias, além de ser o principal fornecedor de chapas degranito para os Estados Unidos. O Brasil conquistou participação de11,8% nas exportações mundiais derochas silicáticas brutas, de 5,1% nasde rochas processadas especiais e de16,5% nas de ardósias, compondo6,3% do volume físico dointercâmbio mundial.

reagentes químicos empregados emprodutos de limpeza", recomenda ageóloga. "Também deve-se cuidar paraque o ambiente da obra seja o maislimpo possível", completa.

Heloísa Medeiros

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FORROS

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Na onda da agilidade de execução,ospré-fabricados são essenciais em

muitas obras.Além de atenderem às es-truturas,em concreto ou aço,e fachadascom painéis de concreto,os pré-fabrica-dos também servem às vedações inter-nas, sendo encontrados nas paredes e,largamente, nos forros de drywall.

O drywall facilita o recorte deco-rativo do forro com sancas, dentes,cantos, tabicas, molduras e nichos, oupodem ainda ser aplicados para ocul-tar fios elétricos e tubulações de ar ehidráulicas. Nesse caso, os tradicio-nais rebaixados de gesso dão espaço aum produto mais leve e sob medida.

Drywall decorativoForro em drywall tem função decorativa, além de ocultar instalações e facilitar a manutenção da laje ou de equipamentos sob o rebaixo

Versátil, o sistema de forro emdrywall também permite fácil acessoàs instalações para manutenção. "Sãomais leves, de execução rápida e seca,sem formação de entulho e desperdí-cio de materiais, além de mecanica-mente estáveis", afirma Carlos Ro-berto de Luca, consultor técnico daAssociação Brasileira dos Fabrican-tes de Chapas para Drywall.

Ele admite, contudo, que as des-vantagens do forro também são asmesmas das paredes em drywall,como, por exemplo, a dificuldade demanter o gesso acartonado em locaisde intensa umidade. "Para essa aplica-

ção existe um tipo especial de placa,denominada RU (Resistentes à Umi-dade, verdes), para o uso em cozinhas,banheiros e áreas de serviço", sugere.

Outros tipos de chapas disponí-veis no mercado são as brancas, parauso geral, conhecidas como ST(Standard), e as resistentes ao fogo(RF), encontradas na cor rosa.

Seja qual for o recorte decorativo,"o ideal é ter o desenho de como vaiser o forro antes da execução", opinaa arquiteta de interiores KarinaAfonso, experiente na utilização domaterial. "Para iluminação, gosto defazer as caixas recuadas de 15 cm x 15

Recortes dos forros em tabicas, molduras e caixas recuadas para iluminação embutida

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Forro de corredor em residência era emplacas de gesso antes de reforma. O drywall foi adotado por sua agilidade deexecução. Com perfil de alumínio brancoe placa recortada de gesso acartonado,foi feito um alçapão que dá acesso aocontrole do sistema de ar-condicionado

cm. Primeiro colocam-se todos osperfis, depois as placas são encaixadase parafusadas para, em seguida, seremrecortadas, se o recorte não for muitogrande", ensina. "Caso haja umasanca maior, toda a estrutura já é pre-viamente montada com os dentes,para recortar as chapas de drywallcomo se deseja", completa.

Muitos profissionais também usamo drywall para o recorte de tabicas. "Emprédios muito altos, com as tabicas orisco de que trincas apareçam no forroem conseqüência de movimentações doedifício é menor", diz Karina.

A arquiteta Lívia Caselani Vieiraaponta ainda o fato de não ser simplesexecutar o drywall nos forros com recor-te arredondado. "Prefiro usar o gessocomum.A estrutura em perfis leves podeser um obstáculo ao recorte", revela.

Os fios para iluminação embutidadevem ser previamente passados; orecorte para encaixe das lumináriasquadradas é facilmente realizado comserrote para gesso Rejuntamento das placas de drywall

A sanca, sendo executada em drywall. O projeto pedia que ela "flutuasse", semque os assessórios de sustentação(perfis e arames) ficassem à vista

O ambiente da sala da jantar tinha umforro de gesso comum. Detalhe da lajecom dutos de ar e instalações elétricas,após remoção do velho forro de gesso

Nesse bar, a sanca faz a iluminaçãoindireta – ficou aberta por cima –, já quea intenção era refletir a luz no forro – emdrywall – e, dele, para o ambiente

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Ambas concordam, contudo, queo trabalho tem de ser realizado porum profissional especializado no sis-tema, pois os desníveis aparecem fa-cilmente. As patologias mais comunsdo forro em drywall, além do mofoem locais de maior umidade ou ondeas tubulações hidráulicas falham evazam, são as pequenas fissuras nasjuntas. As rupturas podem acontecerdevido à movimentação das estrutu-ras, mas na maioria das vezes ocorredevido à colocação feita sem os cui-dados técnicos necessários.

Desempenho acústicoPara os forros aplicados em obras

comerciais de escritórios, salas de reu-nião, pequenos auditórios ou áreas deaudiovisual, existem materiais especí-ficos, desenvolvidos para otimizar o

desempenho acústico dos interiores."Essas chapas possuem perfuraçõessuperficiais que promovem a absor-ção sonora", afirma de Luca. "Osfuros, por sua vez, têm várias formata-ções: redondos, quadrados e dispos-tos simétrica ou assimetricamente,em quantidades diversas", completa.

Nas residências, iluminação indi-reta,saídas dos exaustores e sistemas deventilação ou ar-condicionado tam-bém encontram seus caminhos pordentro dos forros de drywall. Nessescasos, se houver a preocupação do iso-lamento acústico, o forro se adapta àsmantas minerais, de lã de rocha. Outrasolução possível é a sobreposição dechapas de gesso acartonado, já que opróprio gesso, em espessura calculada,tem bom desempenho acústico.

Giovanny Gerolla

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2008

CONCRETO – PINI 60 ANOS

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Poucas escolas de engenharia têmtanto conhecimento em concreto

armado quanto a brasileira. As pecu-liaridades de nossa sociedade, econo-mia, recursos naturais e outras in-fluências nos levaram a desenvolvertecnologias variadas para construircom esse material, composto por ci-mento, areia, água, agregados e aço. Ahistória do concreto armado no Bra-sil começou em 1904, no Rio de Janei-ro, com a construção de um conjuntode seis prédios pela Empresa de Cons-truções Civis, sob responsabilidadedo engenheiro Carlos Poma. À época,conforme descrito no livro "A EscolaBrasileira do Concreto Armado", deAugusto Carlos de Vasconcelos e Re-nato Carrieri Júnior, o material eradenominado cimento armado.

Outro prédio pioneiro na utiliza-ção de concreto no País é a EstaçãoFerroviária de Mairinque. Não setrata de concreto armado, pois a es-trutura é metálica, tendo sido execu-tada com trilhos de trem. O concretoapenas reveste os perfis, protegendocontra corrosão. O engenheiro Arnal-do Forti Battagin, da ABCP (Associa-ção Brasileira de Cimento Portland),conta que os primeiros prédios altosbrasileiros foram construídos nas dé-cadas de 1920 e 1930, sendo respecti-vamente, os edifícios A Noite, na re-gião portuária do Rio de Janeiro, e oMartinelli, no Centro de São Paulo.

Ainda de acordo com Vasconcelose Carrieri, o concreto, desenvolvidona França por Joseph Monier, ainda

Sinônimo de construçãoProtagonista da história da engenharia civil brasileira, o concreto se adaptou atodas as necessidades econômicas e estruturais e, hoje, está mudandonovamente para atender às demandas ambientais

era novidade em todo o Mundo. Cu-rioso é que, inicialmente, nada tinha aver com construções, sendo utilizadopara criar peças que ficavam em con-tato com a água, como caixas d'água,encanamentos e até barcos.

Até a década de 1950, o concretonão mudou muito. "Embora obras no-táveis tenham surgido,o material em sinão experimentou grandes inovaçõestecnológicas", afirma Battagin. Ele ex-

plica que, apesar do surgimento do re-forço com fibras e do CCR (concretocompactado com rolo), as inovaçõesmais significativas vieram com o CAD(concreto de alto desempenho), o con-creto de alta resistência, o concretocom polímeros e, especialmente, oCAA (concreto auto-adensável).

Como o concreto é uma composi-ção de materiais, sua evolução depen-deu do desenvolvimento desses com-

Demanda por melhores produtividades com menos mão-de-obra, falta de espaçopara equipamentos de transporte e maiores velocidades de execução formam ocenário para o desenvolvimento de concretos como o auto-adensável

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ponentes. "Há grandes diferenças doconcreto atual para o do engenheiroAry Torres – fundador e primeiro dire-tor do IPT (Instituto de Pesquisas Tec-nológicas do Estado de São Paulo) eprimeiro diretor geral da ABCP", afir-ma o professor Antonio de Figueiredo,do Departamento de Engenharia deConstrução Civil da Escola Politécnicada USP (Universidade de São Paulo).Uma dessas diferenças é a qualidade doagregado, que, atualmente, é raro, es-pecialmente nos grandes centros.Outra, o cimento, que era mais grosso.

Cimento fino, mais resistênciaNa década de 40, havia o chamado

concreto 13,5,que resistia a 135 kgf/cm²,o equivalente a aproximadamente 12MPa. "Hoje, para ser considerado estru-tural, tem que ter pelo menos 20 MPa",conta Fernando Rebouças Stucchi, pro-fessor da Poli e sócio-diretor da EGT En-genharia, em referência às exigências daNB-1 – Projeto de Estruturas de Con-creto – Procedimento.Essa foi a primei-ra norma desenvolvida pela ABNT (As-sociação Brasileira de Normas Técni-cas), em 1940.

Embora já tenha passado porcinco revisões, a última em 2003,desde a primeira versão a NB-1 previao dimensionamento em serviço ba-seado em tensões admissíveis e tam-bém no estado limite último. "Apenasduas normas faziam isso: a brasileira ea russa", conta Stucchi, que afirma serideal revisar a norma a cada cincoanos para acompanhar a evolução detécnicas e materiais.

A evolução do cimento, do aço edos aditivos justifica a periodicidade darevisão.Antes,menos moído,a superfí-cie de contato entre as partículas de ci-mento era menor. Logo, consumia-semais cimento para obter a mesma re-sistência. Com o desenvolvimento, asmesmas resistências passaram a ser ob-

tidas com quantidades menores de ci-mento. No entanto, o concreto ficamais poroso e expõe a armadura à cor-rosão. Para evitar problemas, a normatraz um capítulo que aborda,exclusiva-mente,a durabilidade das estruturas deconcreto. "Percebeu-se que era muitocaro e difícil corrigir uma corrosão dearmadura", pontua Figueiredo.

Outra forma de impermeabilizaro concreto é com aditivos e adições."O cimento mudou, então o traçotambém mudou", explica Stucchi. Oengenheiro Rubens Curti, especialistaem concreto da ABCP, complementa:"A evolução tecnológica permitiu al-cançar melhores resultados em fun-ção do controle das matérias-primasutilizadas no preparo dos concretos".

Os aditivos começaram a mudar ocomportamento do concreto a partirdos anos 70. A velocidade das cons-truções e a demanda por obras enter-radas criaram novas exigências para oconcreto, que precisava apresentar re-sistências elevadas com menos tempode cura.Além disso, os aditivos super-plastificantes se mostraram atraentespara reduzir o consumo de cimentosem perder resistência. Assim, os pri-meiros movimentos acenavam paraeconomia e flexibilidade estruturaldecorrentes da resistência elevada. "Oganho de resistência estrutural passoua ser um campo de estudo muitoatraente", explica Figueiredo.

Em outro sentido, caminhava aevolução do concreto-massa, muito

utilizado em obras de barragem. Ape-sar de não exigir tanta resistência es-trutural, demandava estudos para re-duzir os gradientes de temperatura,decorrentes do calor de hidratação eda reação álcali-agregado, que provo-cam fissurações. Passaram a ser usadasadições no cimento,como a sílica ativae o metacaulim. Em conjunto com osaditivos, aumentam o leque de possi-bilidades de aplicação do concreto.

Finalidades específicasAs adições e cimentos especiais

foram os grandes sinais da evolução doconcreto, de acordo com Figueiredo, daPoli. "Hoje conseguimos concretos paradurar centenas de anos e isolar resíduosradioativos", explica. As inovações têmcontribuído para as demandas atuais daconstrução, como necessidade por altasresistências iniciais, durabilidade, me-nor exigência de mão-de-obra e redu-ção do impacto ambiental.

Para atender a essa última urgên-cia, os cimentos têm incorporado resí-duos como o pó-de-pedra. "Não é ne-nhuma maravilha do ponto de vistatecnológico, mas é ótimo por reduziros resíduos", afirma o professor daPoli. "É possível extrair areia artificialde rochas para a produção de concreto,uma vez que a extração de areia naturalestá sendo dificultada pelos órgãosambientais", explica Curti. Já é usual aadição de sílica ativa, escória de alto-forno e cinzas volantes. Essas, além deauxiliarem na redução dos resíduos de

Traço convencional perde espaço nasconstruções por exigir muitos operáriospara espalhar, regularizar e vibrar oconcreto. Também não pode serbombeado, exigindo equipamentos detransporte vertical

Ao explorar as vantagens do concreto dealto desempenho então recordista emresistência à compressão, o e-Towerganhou vagas de garagem e flexibilidadeestrutural para o desenvolvimento doprojeto de arquitetura

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outras indústrias, podem melhorar odesempenho em alguns casos.

Outra novidade, que não se en-quadra na categoria dos aditivos nemdas adições, são as fibras, que podemter fins estruturais, em substituição àsmalhas, ou para evitar o risco de spal-ling, efeito de lascamento explosivodo concreto pouco poroso, provoca-do pela exposição ao fogo.

É claro que o surgimento do con-creto mais fluido, para ser bombeadoou projetado, não é novidade. No en-tanto, atualmente, o uso de bombasque ocupem pouco espaço, associado àredução da mão-de-obra para espalha-mento, fazem do concreto bombeáveluma das maiores apostas para a evolu-ção do material. São indícios desse en-caminhamento os investimentos noCAA (concreto auto-adensável), queconta com a mobilização da ABNTpara o desenvolvimento de norma es-pecífica,conforme conta Rubens Curti."Acredito que o CAA seja forte candi-dato às construções do futuro, poisapresenta qualidade superior e custorelativamente baixo", comenta. Na Eu-ropa, de acordo com dados apresenta-dos por Arnaldo Forti Battagin, o CAAjá responde por 15% de todo o concre-to consumido. "Seu uso contribui paraas tendências de industrialização daconstrução civil, diminuindo o custode mão-de-obra e aumentando a pro-dutividade", salienta.

Para os próximos anos, aposta-seno advento da nanotecnologia para aprodução de concreto, beneficiando asbuscas por eficiência energética e am-biental que pautam a construção civil,e incrementando resistência e elastici-dade ao material. Hoje, já é possívelrealizar análises de modelos reológicospara o estado fresco do concreto, queaumentam as possibilidades de aplica-ção. "Com o uso de aditivos, é impor-tante saber se a bomba não vai entu-pir", exemplifica Figueiredo. O usodesses modelos irá gerar novas inter-pretações para o entendimento docomportamento do material no estadofresco, sendo essa, de acordo com Fi-gueiredo, uma das grandes correntesevolutivas do concreto.

Bruno Loturco

1926 – Marquise da tribuna de sócios doJockey Club (Rio de Janeiro): com balançode 22,4 m, recorde mundial na época1930 – Elevador Lacerda (Salvador):maior elevador de passageiros para finscomerciais no mundo, com elevação de59 m e altura total de 73 m1930 – Ponte de Herval ou Ponte EmílioBaumgart (Santa Catarina): sobre o Rio doPeixe, com o maior vão do mundo, naépoca, com 68 m em viga reta. Primeiraponte do mundo em concreto construídaem balanços sucessivos. Destruída pelasenchentes de 19831922/1934 – Construção dos edifíciosA Noite, no Rio de Janeiro e Martinelli,em São Paulo, os primeiros arranha-céus brasileiros, com 102,8 m e 130 m,respectivamente1962 – Edifício Itália (São Paulo): foi, poralguns meses, o mais alto edifício emconcreto armado do mundo1969 – Masp (Museu de Arte de SãoPaulo): com laje de 30 m x 70 m livres,recorde mundial de vão na época1982 – Usina Hidrelétrica de Itaipu(Paraná): maior barragem de gravidade domundo, com 190 m de altura e mais de 10milhões de metros cúbicos de concreto

Obras brasileiras emblemáticasDécada de 90 – Edifício World TradeCenter (São Paulo): duas torres, umacom 26 e outra com 17 andares, tem177 mil m² de área construída, laje lisaprotendida com 25 cm de altura e vãosde 10 m, com vigas de bordoDécada de 90 – Edifício Suarez Trade(Salvador): com 33 andares e 40 mil m²,tem concreto de 60 MPa nas colunas datorre, andares-tipo com 600 m²totalmente livres, estrutura protendidanervurada, com 15 m de vão eespessura total de somente 400 mm,laje plana em concreto armado nas garagensDécada de 90 – Edifício ManhattanTower (Rio de Janeiro): com 114 m dealtura e 8 m de largura, é recordistamundial em esbeltez para edifícios, com relação de 14:1Década de 2000 – pista descendente da Rodovia dos Imigrantes, CentroEmpresarial Nações Unidas, com 167 mde altura, Museu da Escultura, HotelUnique, edifício e-Tower, recordista emresistência à compressão, com concretode 125 MPa, todos em São Paulo. PonteJK, no Distrito Federal, e ponte sobre orio Guamá, no Pará

Fonte: Augusto Carlos de Vasconcelos

Ensaios e testes convencionais do concretocomeçam a ser complementados poranálises de modelos reológicos, quepermitem compreender e obter novasinterpretações do material no estado fresco

Com baixa resistência à compressão, oconcreto-massa é utilizado embarragens e utiliza pouca quantidade decimento. Gradientes de temperaturalevaram à necessidade de adições paracontrolar a fissuração

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ESTRUTURAS

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Para garantir a durabilidade e a con-fiabilidade das estruturas de con-

creto, a última revisão das principaisnormas – em especial as de Projeto(NBR 6118:2003), de Execução (NBR14931:2003) e de Controle e Recebi-mento (NBR 12655:2006) – impôs anecessidade de se realizar uma série deprocedimentos para gerar uma docu-mentação capaz de comprovar a quali-dade das estruturas. Resultados de en-saios, relatórios, planilhas e certificadosdevem fazer parte do Manual de Uso,Inspeção e Manutenção da Edificação,que serve de comprovação da confor-midade da estrutura, além de permitira rastreabilidade de todas as suas partes.

Elaborar esse dossiê sobre o sistemaestrutural, no entanto, depende de umminucioso trabalho de registro, inspe-ção e controle, que envolve as fases deconcepção, planejamento e culmina naexecução propriamente dita.Nesse con-texto, a integração de procedimentos eprofissionais torna-se indispensávelpara a obtenção da visão sistêmica alme-jada pela normatização. "A comunica-ção entre os agentes envolvidos deve serclara, intensa e franca. Também é im-prescindível que seja claramente identi-ficado o porta-voz de cada agente envol-vido",afirma o engenheiro especializadoem tecnologia de concreto ArcindoAgustín Vaquero y Mayor, consultor daAbesc (Associação Brasileira das Em-presas de Serviços de Concretagem).

O trabalho inicia-se ainda na fase deprojeto, quando são determinados osparâmetros de qualidade e durabilidadeda estrutura. "O projeto estrutural, so-

Gestão concretaInformações sobre planejamento e execução de estruturas de concreto precisamacompanhar cronograma da obra, especificações do projeto e controle da qualidade

bretudo nos de maior porte, ganhoumaior complexidade, pois além da re-sistência dos elementos, agora devemser fornecidas outras informações paraa garantia da durabilidade da estrutura,como modelo de deformação e relaçãoágua–cimento", explica o engenheiroJosé Roberto Braguim, presidente daAbece (Associação Brasileira de Enge-nharia e Consultoria Estrutural).

Pela norma técnica vigente, umprojeto de estrutura de concreto só éconsiderado completo quando traz es-pecificações não apenas da resistênciacaracterística a 28 dias (fck), mas tam-bém os valores do módulo de deforma-ção do concreto (Eci) e de todas as resis-tências características anteriores ou

As principais normas referentes ao projeto e execução de estruturas e controle doconcreto geraram a necessidade de se produzir documentos de rastreabilidade confiáveis

Estabelecer procedimentos para garantira gestão da concretagem eliminainterferências que venham a alterar aspropriedades do material

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A adoção de ferramentas de gestão,apoiada em softwares, instrumentos decomunicação e profissionais devidamentetreinados, passa a ser obrigatória para aconstrutora que precisa organizar umasérie de dados e informações paraatender às exigências da normatização.A tendência é que ferramentas complexassurjam em resposta às demandas dasestruturas, cada vez mais arrojadas. Mas,por hora, programas comuns a grandeparte das construtoras, como Excel, MSProject e Autocad, permitem aosprofissionais, com capacitação ehabilidade, montar ferramentas de usocorrente para as obras.O mais importante, porém, é que hajacomo acompanhar a execução doPrograma de Ensaios de Controle demaneira clara e objetiva, à medida queseus dados vão sendo lançados e oscampos preenchidos, comenta o consultor

Apoio informatizadoposteriores aos 28 dias, em especial naschamadas "idades críticas", em que osesforços executivos ou carregamentosdevem ser suportados, sem fissuras esem deformações excessivas.

"Essas novas exigências impõem aparticipação de um engenheiro tecno-logista de concreto no estudo,determi-nação e fornecimento dessas ferra-mentas", comenta o engenheiro Egy-dio Hervé Neto, consultor em tecnolo-gia do concreto e qualidade e diretortécnico da VentusCore. Segundo ele,essa necessidade fica ainda mais evi-dente ao considerar a evolução pelaqual passou o concreto nos últimosanos – sobretudo com a elevação dasresistências e a importância dada aomódulo de deformação – que fez comque a tecnologia do concreto conquis-tasse importância ainda maior na en-genharia de edificações.

Uma vez que os projetos da estru-tura (e também os complementares)estejam devidamente planejados e ge-renciados, parte-se para a atenção aosprocessos executivos (escoramento,fôrmas, armaduras, concretagens, mo-vimentação e reaproveitamento de es-coramentos, retirada e reaproveita-mento de fôrmas). Cada etapa da exe-cução precisa ser acompanhada de umPrograma de Ensaios de Controle, emsintonia com a Empresa de Controle

Fila de caminhões–betoneira na entrada do canteiro, só com muito planejamento econtroles rigorosos de recebimento

Ponto crítico nas obras, o transporteinterno do concreto deve ser fiscalizadoaté mesmo em aplicações de poucorisco estrutural

em Tecnologia do Concreto e QualidadeEgydio Hervé Neto, diretor técnico daVentusCore. O engenheiro desenvolveurecentemente, a partir do Excel, umconjunto de planilhas (Gecon) no qualtodas as concretagens são lançadas, antesdo início da obra, divididas em lotes (econseqüente amostragem) em acordocom o cronograma.Realizado logo após a conclusão doprojeto, o uso desse tipo de instrumentopermite tornar claras as condiçõestécnicas e a logística das concretagens –permitindo visualizar especialmente osequipamentos necessários no canteiro –facilitando a contratação do concreto edo controle. "Além disso, a planilha podese constituir, ela própria, numdocumento de certificação da obra, paraser consultado a qualquer momento peloproprietário ou pelo projetista",acrescenta Hervé Neto.

Tecnológico e com o fornecimento(programação) do concreto. Assim, àmedida que ocorre a liberação das fôr-mas e escoramentos – representadapela conformidade atestada em con-trole – a documentação deve ser for-malmente organizada para ser entre-gue ao contratante da obra.

O escopo resultante das novas exi-gências demonstra a necessidade deque o projeto estrutural assuma tam-bém um caráter executivo, na avalia-ção do diretor técnico da VentusCore.Nesse sentido, cabe ao responsávelpela execução, com os resultados decontrole em mãos, comprovar o aten-

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Gerenciamento de concretagem -principais agentes e atribuições

Fonte: Egydio Hervé Neto, Diretor Técnico da VentusCore.

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dimento a esses valores antes de movi-mentar os escoramentos ou quaisqueroutras ações que impliquem carrega-mentos precoces, por exemplo.

Determinante para assegurar o de-sempenho da edificação, "o gerencia-mento e controle da concretagem tra-zem consigo uma tarefa importanteque é a de colocar em ordem o proces-so de produção da estrutura", comentao presidente da Abece, José RobertoBraguim, destacando a importância doacompanhamento de uma empresa es-pecialista em controle tecnológico paraanalisar o concreto.Em sua opinião,di-versos problemas a que os concretos

estão sujeitos, como erros de composi-ção e falhas durante o transporte,podem ser minimizados com esse con-trole adicional.

Além disso, em função da metodo-logia que pressupõe uma abordagemsistêmica da construção, o gerencia-mento pode colaborar para que even-tuais não conformidades sejam solu-cionadas de maneira mais rápida."Hoje, é praticamente impossível oprojetista não ser informado sobreeventuais não conformidades", co-menta o presidente da Abece. "Estandomais próximos da execução, os proje-tistas têm melhores condições de, por

exemplo, propor uma solução correti-va caso o concreto não atinja a resis-tência devida na análise nos 14 dias",exemplifica Braguim.

"De qualquer forma é fundamen-tal que as construtoras percebam quesimplesmente recorrer às concreteiras,como muitas têm feito, não resolve aquestão da qualidade,pois há questõescomerciais envolvidas que dificultamuma posição isenta, como se espera deum trabalho técnico dessa importân-cia", acrescenta Hervé Neto. Isso por-que o fato de as centrais de concretorealizarem controles da qualidade in-ternos, não exclui o construtor da ne-cessidade de fazer o seu próprio con-trole. Além disso, a NBR 7212:1996 –Execução de Concreto Dosado emCentral – exige que os fornecedoresretirem amostras apenas a cada 50 m3

de concreto preparado. Isso significaque em uma concretagem comumpode haver um grande volume deconcreto sem amostragem sendo apli-cado na estrutura. "Para a concreteiraque deseja apenas que seu desvio-padrão e média sejam atendidos emlarga escala, a NBR 7212 proporcionainformação suficiente. Mas para aobra o risco de ficar sem amostragemem um grande volume de concreto éenorme", alerta o consultor.

Juliana Nakamura

� Conferir fôrmas e ferragens� Fazer a programação do concretodosado em central, considerando volume,fck, diâmetro máximo do agregado,trabalhabilidade, método debombeamento, e o espaçamento entre asviagens de concreto�Ainda na programação é importantelevar em conta algumas possíveiscaracterísticas especiais, como o módulode elasticidade tangente inicial, com orespectivo valor

� Prever a equipe que vai aplicar o concreto e as respectivas ferramentasnecessárias para isso (vibradores, réguas vibratórias, gericas etc.), bem como os equipamentos de proteção individual�Agendar com a empresa que faz ocontrole tecnológico os respectivos serviços� Planejar os trabalhos/tempos de cura� Caso haja a possibilidade dos trabalhosse estenderem durante a noite, preveriluminação e refeições para a equipe

Checklist básico de um plano de concretagem

Fonte: engenheiro Arcindo Austin Vaquero y Mayor, consultor da Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem)

Capacitar a mão-de-obra para realizaçãodos ensaios é fundamental para a gestãodo processo de concretagem

Os controles laboratoriais começam no canteiro, com a coleta corretado material

O plano de escoramento também é parteda gestão da aplicação do concreto e deveobedecer recomendações dos calculistas

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FÔRMAS

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Responsável pela geometria daspeças de concreto, o sistema de

fôrmas é determinante para garan-tia de prumo, nível, alinhamento eesquadro da estrutura. O conceitonão é diferente quando se tratamde pilares redondos e com forma-tos especiais. Especificados pormotivações arquitetônicas ou es-truturais, esses elementos menosconvencionais podem ser molda-dos por meio de fôrmas industria-lizadas ou confeccionadas em obra,a partir de matérias-primas dasmais diversas.

O que determina a maior perti-nência de cada solução é uma rigoro-sa análise comparativa que leva emconta, entre outros fatores, prazos,quantidade de utilizações e aspectosuperficial desejável. "Cada estruturaa ser moldada apresenta particulari-dades que exigem estudo minucioso,como as medidas dos pilares, númerode reúsos das fôrmas, equipamentosdisponíveis (grua, guindaste) e prazode execução", lista o consultor de fôr-mas, Paulo Assahi.

De acordo com o também con-sultor de fôrmas Nilton Nazar, emfunção da praticidade que oferecem,os moldes de papelão têm sido osmais utilizados para dar forma a pila-res circulares no Brasil. Em sua opi-nião, esse tipo de solução é mais inte-ressante por aliar ótimo resultado su-perficial do concreto com a facilidadede uso e manuseio no canteiro.

Pilares redondosPapelão, madeira, aço e PVC. Há diferentes sistemas e materiais disponíveis paraexecutar pilares redondos e de formatos especiais. A escolha da solução maisadequada depende de análise técnica, estética e, principalmente, econômica

Após análise técnica e econômica, para a confecção dos pilares da fachada dessecentro educacional foram usadas fôrmas metálicas. A solução, especialmenteconcebida para essa obra, contribuiu para a planicidade esperada pelo arquiteto

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� Deve-se procurar o sistema maiseconômico, nunca o mais barato. Afinal, aqualidade da estrutura influencia oscustos dos outros subsistemas quecompõem a construção

� Projetos de fôrmas são fundamentaispara se tirar melhor proveito da soluçãoescolhida. No caso de fôrmas feitas em obra, é ainda mais importante estudar e planejar as fôrmas para otimizar o corte e reduzir as perdas

�A produtividade decorre diretamente da escolha correta do sistema e dotreinamento da mão-de-obra

� No caso das fôrmas de madeira, asbordas cortadas devem ser seladas comtinta apropriada para evitar a infiltraçãode umidade e elementos químicos doconcreto entre as lâminas, principal fator de deterioração

Recomendações gerais� Controle no recebimento earmazenamento: as fôrmas, em especialas de papelão, devem estar bemprotegidas da umidade

�A maior parte dos danos que ocorremnas fôrmas surge durante a desenformapor falta de cuidado. Para as fôrmas demadeira, por exemplo, deve-se darpreferência à cunha de madeira em vez do pé de cabra

� Para evitar que a nata do cimentoescorra e o concreto perca resistência,não devem ser toleradas frestas, mas senão for possível, não poderão ter mais que 1 mm

� É fundamental que todo sistema de fôrma seja adquirido de empresaidônea, com devida apresentação da ART (Anotação de ResponsabilidadeTécnica) do Crea

Fontes: professor Carlito Calil Júnior e engenheiro Paulo Assahi

Fabricados em papel kraft e semi-kraft tratados com colas e resinas, ostubos de papelão recebem uma ca-mada de papel não-aderente ao ci-mento e são disponibilizados nosdiâmetros de 100 mm a 1.000 mm eespessuras variáveis de 3 mm a 8,5mm. Leves – uma fôrma de 150 mmde diâmetro interno pesa cerca de 1,4kg/m –, têm fácil colocação e retirada.As fôrmas de papelão podem, ainda,receber recheio de EPS para obter di-versas seções de colunas (retangula-res, quadradas, hexagonais, góticasou romanas).

Esse tipo de material, no entanto,não é reutilizável.Após a cura do con-creto, o invólucro de papelão é rasga-do e desprezado, fazendo com que osistema se torne mais competitivo emobras em que está prevista apenasuma utilização da fôrma. "A partir deduas utilizações, começa a valer apena pensar em outras soluções,como a fôrma de compensado demadeira", alerta Nilton Nazar. Segun-do o engenheiro, alugar fôrmas metá-licas também pode ser uma saída in-teressante quando o projeto tiver pre-visto várias utilizações em um perío-do inferior a um mês. "Há de se pon-derar, contudo, que os sistemas metá-licos tendem a ser mais bem-sucedi-dos em estruturas com lajes planas eque, dependendo do porte das peças,pode exigir equipamentos de movi-mentação na obra", completa Nazar.

O aspecto superficial do concretoé outro fator que influencia a especi-ficação do sistema de fôrmas. Nas si-tuações em que for desejável o máxi-mo de planicidade, os moldes cons-truídos à base de papelão e até os dePVC saem na frente. Mas há obras emque o projeto arquitetônico buscatirar partido das emendas e frisos.Nesses casos, a fôrma de madeiracambotada é a mais indicada.

As fôrmas contínuas podem suportar grandes cargas de concretagem, apesar daleveza de alguns materiais

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Há, ainda, a preocupação com aredução do impacto ambiental dasobras, que tende a criar mais oportu-nidades aos materiais renováveis eduráveis. "Nesse particular, o uso damadeira reflorestada, industrializa-

da, com complementos metálicospara aumentar a vida útil, é umaopção viável que pode ser a tendên-cia das próximas décadas", afirmaPaulo Assahi. Algo semelhante ocor-re com os moldes metálicos, que

diante da reciclabilidade do aço e damaior durabilidade – chegam a su-portar centenas de ciclos de concre-tagem – podem marcar pontos noquesito ambiental.

Juliana Nakamura

Papelão

Em formato tubular, são fabricadas empapel kraft e semikraft de diversasespessuras e enrolados helicoidalmente.São tratadas com colas e resinas, que lhesconferem rigidez, além de receberem uma camada interna de papel não-aderente ao concretoVVaannttaaggeennss� É mais leve que os demais sistemas.Em geral, suporta bem as cargas daconcretagem� Chega pronto na obra para ser usado.Não requer mão-de-obra especializadaLLiimmiittaaççõõeess�Algumas medidas especiais podem nãoser atendidas� Não são reutilizáveis

Madeira

Sistemas mais usados para pilares circulares e especiaisPodem ser produzidas com compensadode madeira ou com chapas de OSB parapilares especiais. Para geometriascirculares, porém, perdem em praticidadepara as fôrmas de papelão resinadoVVaannttaaggeennss�Alta capacidade de suporte das cargasda concretagem�Apresenta flexibilidade em relação adimensões disponíveisLLiimmiittaaççõõeess�A fabricação e montagem das fôrmasexigem tempo, mão-de-obra e espaço no canteiro�Requer atenção em relação aaprumadores e ao sistema de escoramento

Metal

Os sistemas tubulares para cofragem depilares são modulares, compostos porpainéis em forma de meia-lua, cunhas eescoramentos especiais VVaannttaaggeennss� Durabilidade e grande capacidade dereúso� Disponíveis para locação� Rápida montagem e desmontagem

LLiimmiittaaççõõeess� Costuma ser mais indicado em lajesplanas�Algumas medidas especiais podem nãoser atendidas

PVC

Fornecido em diversas dimensões, o tubode PVC é produzido pela extrusão de umperfil plano e reforçado com pequenassaliências em forma de "T", que sãoposteriormente enrolados segundo odiâmetro desejado VVaannttaaggeennss� Leveza� Impermeabilidade� Dispensa mão-de-obra especializada� Confere bom acabamento ao concreto�Tem rigidez para ser montado compoucos travamentos intermediários e o gastalho de pé do pilarLLiimmiittaaççõõeess� Não permite reaproveitamento� Utilização somente para coluna� Requer cuidados especiais paratravamento para não haver adeslocabilidade� Não pode ser fixado com pregos

Fonte: engenheiro Nilton Nazar, consultor de fôrmas e engenheiro Mauro Satoshi Morikawa (Unicamp)

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FUNDAÇÕES

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Indicadas para regiões de solo estável ede alta resistência superficial, as sapa-

tas de concreto estão entre os métodosde execução de fundações mais elemen-tares e econômicos.Quando bem proje-tadas,costumam demandar pouca esca-vação e consumo moderado de concre-to.Além disso,suportam cargas elevadase, em comparação com outros tipos defundação superficial, como os blocosnão armados, as vigas baldrames e o ra-dier, podem assumir diversas formasgeométricas para facilitar o apoio de pi-lares com formatos não convencionais.

Mais do que a versatilidade, no en-tanto, a principal vantagem desse tipode fundação está na execução facilitada,que dispensa, por exemplo, a presençade peças e equipamentos especiais nocanteiro. Tal simplicidade, contudo,não exclui a necessidade de cuidados.Até porque, por se apoiar em camadassuperficiais do solo para transferir ascargas da construção, esse tipo de fun-dação está mais suscetível às mudançasnas camadas do solo do que as funda-ções profundas.

De acordo com a NBR 6122:1996,que trata de projeto e execução de fun-dações – atualmente em processo de re-visão –,uma sapata não deve ter dimen-são mínima inferior a 60 cm. Outra re-comendação é que se observe o desnívelentre sapatas próximas. A sapata emcota mais baixa deve ser sempre execu-tada antes das demais.Além disso, é im-portante que seja respeitado um distan-ciamento entre cotas de acordo com aresistência do solo.

Sapatas de concretoUtilizadas como base para edificações de diferentes portes, as sapatas de concretosão simples, seguras e econômicas. Mesmo assim, dependem de especificação eexecução que levem em conta as características do solo e da estrutura

Da mesma forma, a garantia de quea umidade do solo não atacará a arma-dura da sapata é fundamental para a se-gurança da edificação a ser construída.Por isso, logo após a escavação do solodeve ser feito um lastro de 5 cm de con-creto magro, ocupando toda a áreasobre a qual será assentada a sapata.

Compatibilidade"O mais importante na execução de

qualquer tipo de fundação é compatibi-lizar as cargas atuantes e os deslocamen-tos previstos com as características dosolo de suporte", ressalta a pesquisadoraGisleine Coelho de Campos,da Seção deGeotecnia do IPT (Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas do Estado de SãoPaulo). Segundo a engenheira, é funda-mental verificar a geometria do elemen-

to e as características de uniformidade eresistência do solo sob a base,além da re-sistência do concreto e o cobrimento daarmadura.

A ligação entre as armaduras da sa-pata com a estrutura também é umponto crítico que merece atenção espe-cial."As armaduras de espera para os ele-mentos estruturais precisam dispor degeometria e comprimento adequadosaos esforços previstos", afirma Gisleine,destacando ainda que é preciso conside-rar sempre a possibilidade de ocorrênciade cargas acidentais, que devem estarcontempladas nos coeficientes de segu-rança adotados no projeto.

Impacto financeiroA garantia de economia das sapa-

tas diretas passa obrigatoriamente por

Elemento básico de fundação, não demanda peças e equipamentos especiais de escavação

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Fundação de um edifício residencial com sapatas isoladas

EscavaçãoSeguindo a orientação do projeto defundações, inicia-se a escavação da área areceber as sapatas até a cota de apoio.

RegularizaçãoCom a área escavada e compactada, opasso seguinte é depositar concretomagro na área escavada, nivelando com oauxílio de régua e colher. Essa camada deregularização, que deve ter 5 cm deespessura no mínimo, é importante paragarantir que a umidade do solo nãoataque a armadura da sapata.

Preparação das lateraisNão só o fundo, mas também as lateraisprecisam receber concreto. Por isso, aslaterais de toda a área escavada devemser chapiscadas.

Marcação dos pilaresCom a vala preparada, inicia-se amarcação dos pilares. Para tanto, sãofixadas estacas de madeira nos pontosindicados pelo projetista.

ConferênciaA checagem do nível é um procedimentoimprescindível para garantir boamarcação dos pilares.

ArmaçãoDepois de definida a localização de todosos pilares, tem início a inserção daarmação, sempre seguindo a orientaçãodo projeto de fundações.

Saída para os pilaresCom o auxílio de arames de aço, sãopresos também os ferros especiais dearranque dos pilares.

ConcretagemA concretagem também deve ser feita, deacordo com as especificações doprojetista, até a parte superior da sapata.A betoneira pode ser utilizada se aquantidade de concreto ou a velocidadede concretagem assim o exigirem.

FinalizaçãoA armação do pilar deve ser montada apartir dos ferros de arranque. Só entãoserão colocadas as fôrmas do pilar para oprosseguimento da concretagem.

Obs.: Após a desenforma do pilar, deve-se fazer o reaterro da cava da sapata.

Obra: Edifício Allure Morumbi, em São Paulo, atualmente em construção pela Construtora Tibério

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F U N D A Ç Õ E S

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um projeto que tire partido das carac-terísticas desse tipo de fundação. Emgeral, sapatas de formato arredonda-do ou escalonado demandam maistrabalhos com a execução das fôrmas,interferindo diretamente na produti-vidade do canteiro.

Ainda pela busca de economia, éimprescindível simplificar a execuçãoda armadura quando possível. Afinal,as sapatas mais econômicas geralmen-te são aquelas que possuem compri-mento e largura com dimensões pró-ximas, com momentos fletores pareci-dos em ambas as direções.

O contato entre o projetista defundações e de estruturas, ainda nafase de projeto, é outro fator propulsorde racionalização. Estima-se que umprojeto otimizado, que considere a in-teração solo–estrutura, possa levar àredução de até 50% do custo das fun-dações. "Fundações bem projetadascorrespondem de 3% a 10% do custototal do edifício. Porém, se forem mal-concebidas e malprojetadas, podematingir de cinco a dez vezes o custo dafundação mais apropriada para ocaso", alerta a professora Mércia Bot-tura de Barros, da Poli-USP (EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo), lembrando a importância dacompatibilização de projetos na buscapela melhor solução para a distribui-ção dos esforços.

Juliana Nakamura

Recomendações� Para execução de todo e qualquer tipode fundação, as investigações geotécnicasde campo e laboratório devem ser sempreacompanhadas pelo projetista.� Sondagens de simples reconhecimentoà percussão (SPT ou SPTT) sãoindispensáveis, sendo que, em algunscasos, pode ser necessário lançar mão desondagens mais complexas.�Ainda na fase de projeto, o contatoentre projetista de fundações e estruturasdeve ser constante.� Em situações em que as sapatas seaproximam umas das outras ou sesobrepõem, o radier pode ser umasolução de fundação mais competitiva.

Estrutura de edifício residencial em São Paulo será erguida sobre sapatas isoladas emformato cônico retangular. Nesse tipo de solução, que apresenta baixo consumo deconcreto, cada elemento de fundação recebe as cargas de apenas um pilar

Fundações rasas como as sapatas se caracterizam quando a camada de suporte estáa até 2 m de profundidade da superfície

Corte esquemático de talude com sapatas em desnível

Foto

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arco

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ma

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

60

O concreto auto-adensável (CAA)é considerado um dos desenvol-

vimentos mais revolucionários ocor-ridos na construção nas últimas déca-das. Particularmente no ramo de pré-fabricados, o CAA tem emergido deum objeto de estudo teórico paratornar-se muito popular. Em poucosanos, tem sido mais a regra do que aexceção em países industrializados(Walraven, 2007), de forma que, nãoexiste tópico na indústria de pré-fabricados de concreto que tenha ga-nhado tanta atenção, utilizado emquase 100% da produção em algumasplantas no exterior.

No entanto, uma avaliação eco-nômica centrada apenas na produçãounitária do material pode apresentaraltos custos iniciais. Segundo Ben-nenk (2007), esse aumento é com-pensado pela redução de mão-de-obra consumida na concretagem.Para Brück (2007), os silêncios deprodução, a boa superfície de acaba-mento, são geralmente declaradoscomo justificativa para a utilizaçãodo CAA. Outro benefício é a melhoradas condições de trabalho.

Contudo, diante de um custo demão-de-obra tão baixo como no Bra-sil, será que é viável a implantação doCAA? É o que se pretende demonstrar.

Características técnicasA implantação do concreto auto-

adensável na empresa estudada foi

Aplicação de concreto auto-adensável naprodução de pré-fabricados

realizada no setor de protendidospesados, em 100% dos casos. Naprodução de vigas perfil I, vaso,calha e retangulares, que são ele-mentos, normalmente, de maiorcomplexidade devido às altas taxasde armaduras utilizadas.

Utiliza-se cimento Portland dealta resistência inicial (CP V - ARI),adição de metacaulim HP Branco,aditivo superplastificante base poli-carboxilato, areia natural (quartzo) eagregado graúdo graduado (granito)(tamanho máximo 19 mm).

O concreto possui fck de 50 MPa.Em casos especiais, são utilizadosauto-adensáveis de 60 MPa e 70 MPa,dada à necessidade de saque das peçasem tenras idades, possibilitando umamaior rotatividade das fôrmas metá-licas. Inclusive, o uso de concretos de

alto desempenho, aliado ao maiornível de controle da qualidade, possí-vel de se obter em instalações fixas deindústria, são fatores que favorece-ram o uso dessa nova tecnologia naindústria de pré-fabricado.

Para a qualificação do materialem dosagem se realizaram análises de:

a) fluidez – Slump flow, em mm(ASTM C 1611, 2006);

b) viscosidade (indireta) – flowT50 cm, em s (ASTM C 1611, 2006),V-funnel e V-funnel 5 min, em s;

c) habilidade de passar por arma-duras – L-box, H2/H1, em mm;

d) resistência à segregação – Co-lumn technique, em porcentagem(ASTM C 1610, 2006).

Que seguiram a classificação daconsistência apresentada pelo Euro-pean Project Group (2005):

a) Espalhamento – Slump flowSF2 660-750 mm: por ser adequadopara a maioria dos casos de aplica-ção. O nível SF3 760-850 mm, embo-ra não tenha uma utilização namesma escala que o SF2, é necessáriopara moldagem de peças muito com-plexas e deve ser empregado emcasos especiais. Já o nível SF1 550-650 mm tem aplicações restritas emplanta de pré-fabricados e, normal-mente, não viabiliza um controle daqualidade adicional.

b) Viscosidade – VS1/VF1, Slumpflow T500 ≤ 2s e V-funnel ≤ 8 s: aviscosidade deve ser baixa, permi-

Ricardo AlencarConsultor, BU Concrete, Sika Brasil

M.Sc. Escola Politécnica da [email protected]

Paulo HeleneProfessor titular, Escola Politécnica da USP

Vice-presidente do [email protected]

Alex Tort FolchDiretor técnico, Munte Construções

[email protected]

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tindo que o ar incorporado na mol-dagem escape com maior facilidadepara a superfície da peça e, assim,possibilite um nível superior de aca-bamento, característico desse tipo deprodução, onde a maioria dos ele-mentos são de concreto aparente.

c) Habilidade passante – PA2 L-box ≥ 0,80, com três armaduras: é es-pecificado por ser o mais exigente,dado a complexidade e elevada taxa dearmadura do tipo de peça produzida.

d) Resistência à segregação –SR2 ≤ 10 (%): deve ser das maiores,para resistir, sobretudo, às solicita-

ções de transporte em ponte rolan-te, caminhão e também à grandeenergia com que o CAA é lançadona saída do misturador. Os deta-lhes dos equipamentos e a realiza-ção dos ensaios de qualificação doCAA são extensamente descritosna bibliografia.

Etapas de produçãoPara o concreto comum

A produção dos elementos deconcreto em planta industrial di-vide-se genericamente nas etapasdescritas na figura 1.

Particularmente, as subetapas deconcretagem, para o concreto co-mum, dividem-se, conforme é apre-sentado na figura 2.

Para o concreto comum verifica-se:a) Mistura: após correção da

umidade dos agregados, pesagemdos materiais e dosagem de aditivo,faz-se a homogeneização do concre-to, que é, posteriormente, lançadona caçamba.

b) Transporte: o concreto é trans-portado em ponte rolante e com au-xílio de caminhão, no caso de havernecessidade de uma intercomunica-ção entre linhas de produção.

c) Lançamento e vibração: o con-creto é lançado na fôrma e seu espa-lhamento é feito com pás e enxadas.Posteriormente, o adensamento éfeito por vibradores, removendo-semanualmente o excesso de material.

d) Desempeno: o desempeno émanual, com desempenadeira de ma-deira, utilizada para alisar a superfíciedo concreto. Com auxílio de umcompactador (desempenadeira comtela de aço), o agregado graúdo é em-purrado em direção ao fundo, restan-do a nata de cimento junto à quartaface do elemento pré-fabricado, per-mitindo um melhor acabamento.

e) Queima e acabamento: con-siste em passar a colher de pedreiropara retirada das marcas deixadaspelo compactador e executar nova-mente o desempeno manual comdesempenadeira de madeira. Após oinício de pega do concreto, executa-se o desempeno manual com desem-penadeira de aço. Esse procedimen-to é denominado "queimar" a super-fície da peça e é repetido até se obtera textura desejada para a superfície.

Eliminação de subetapas de trabalho: Concretagem com CAA

Segundo Belohuby & Alencar(2007), a implantação do CAA permi-

Figura 1 – Etapas de produção de elementos pré-fabricados

Figura 2 – Subetapas da concretagem do concreto vibrado.

Figura 3 – Subetapas de concretagem para o CAA

Figura 4 –Viga retangular altamente armada, com presença de insertes metálicos eisopor incorporado. A – Armadura densa. B – CAA endurecido sem acabamento

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te diminuir subetapas de produção naFase Concreto, tais como: vibração, es-palhamento do concreto com enxada,além de minimizar os procedimentosde desempeno, dispensando o uso decompactador. A sobra tanto de mate-rial quanto a mão-de-obra para rea-proveitamento desse, verificada noconcreto convencional após a com-pactação, é eliminada, já que o CAAquando lançado tende a se compactarcom seu peso próprio até atingir onível desejado. É necessário apenasum leve remanejamento com pás,paraacertar perfeitamente o nível do topoda cantoneira delineadora da face su-perior da peça. Assim, a etapa de con-cretagem passa a uma configuraçãomuito mais enxuta, conforme é exem-plificado na figura 3.

Além disso, foi possível agregaruma melhoria significativa na quali-dade de acabamento superficial daspeças, devido à minimização do apa-recimento de bolhas e macrodefeitosresultantes do processo de molda-

gem, eliminando, em grande medi-da, a etapa de reparo e acabamentofinal. Um exemplo disso é a viga re-tangular apresentada na figura 4.

Análise da viabilidade e produtividadeRedução do número de homens/hora de trabalho

A aplicação do concreto auto-adensável não se dá por uma simplessubstituição em relação ao concretoconvencional, pois envolve a necessi-dade de certa reestruturação na fábri-ca, como: adequado controle da qua-lidade, investimentos em sensores deumidade automáticos para central de

concreto, já que o CAA é mais sensívelà variação do conteúdo de umidadede seus constituintes; reforma de fôr-mas e caçambas, para garantir maiorestanqueidade, além, é claro, da quali-ficação de seus funcionários. Esses eoutros cuidados podem ser encontra-dos no Manual Munte de Pré-fabrica-dos de Concreto (2007).

Conseqüentemente, houve a ne-cessidade de alguns investimentos ini-ciais. Contudo, esses investimentosacontecem de forma gradativa e sepagam ao longo do processo de im-plementação dessa tecnologia e, narealidade, percebe-se que essas me-lhorias devem ser contínuas. Nesse

Produção do C Ano setor de protendidos

A

1.200

1.000

800

600

400

200

Fev/07 Jan/08

Volume (m³)

45040035030025020015010050

N peçaso

VolumeN peçaso

Figura 5 –Volume em metro cúbico enúmero de peças produzidas com CAAno setor de protendido pesado noperíodo estudado

Tabela 1 – NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS ATUANDO NO SETOR DE PROTENDIDOS,ANTES (ESQUERDA) E DEPOIS (DIREITA) DA IMPLANTAÇÃO DO CAA.Função No Função No

Encarregado 1 Encarregado 1Operador de central 1 Operador de central 1Operador de arrastador 1 Operador de arrastador radial 1radial (alimenta a central) (alimenta a central)Moldador de CPs 1 Moldador de CPs 1Pedreiro, meio-oficial 7 Pedreiro, meio-oficial e servente 3e servente (enxada & colher) (colher)Operador de vibrador 2 Operador de vibrador 0* Arrastador de vibrador 1 * Arrastador de vibrador 0Operador de ponte rolante 1 Operador de ponte rolante 1* Operador de abrir caçamba 1 * Operador de abrir caçamba 1*Servente (descarga da 0 *Servente (descarga da adição 2adição mineral no skip) mineral no skip)*Operador de caldeira 1 *Operador de caldeira 1Total 17 12* Operários que podem alternar sua função para pedreiro.

Tabela 2 – VOLUME EM METRO CÚBICO DE CONCRETO E NÚMERO DE PEÇAS PRODUZIDAS NO PERÍODO DE ESTUDOProdução

fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07* ago/07** set/07* out/07 nov/07 dez/07 jan/08Volume 528 697 551 776 797 670 733 889 734 842 594 1.006 No peças 237 339 142 220 279 198 307 412 173 215 119 225* Período em que foi aplicada cura térmica (jul-set/2007).** Início da aplicação do CAA no setor de protendidos.

Tabela 3 – ESTATÍSTICAS DO VOLUME EM METRO CÚBICO E NÚMERO DE PEÇASPRODUZIDAS MENSALMENTE NO PERÍODO DE ESTUDO.

EstatísticaMédia Dpad

CC CAA CC CAAVolume 670 800 112 144No peças 236 242 68 104

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sentido, está sendo estudada, porexemplo, a colocação de um silo paraestocagem de adição mineral, que semostrou uma solução vantajosa doponto de vista técnico-econômico. Aimplantação do silo certamente con-tribuirá para uma redução aindamaior do número de homens/hora detrabalho verificados no setor de pro-tendidos (tabela1), pois, atualmente,o fornecimento de adição é em sacos(com o valor exato a ser utilizado).

Assim, aproveitando o momentomuito propício de crescimento daconstrução civil brasileira, foi possí-vel relocar esses funcionários quesaíram do setor de concreto em ou-tras atividades mais nobres do que,por exemplo, arrastar vibradores.

Aumento da capacidade produtivaO CAA possibilitou a transfe-

rência da equipe de concretagem doperíodo vespertino para o noturno,

devido a um menor nível de ruído eperturbação de regiões circunvizi-nhas, obtido com a eliminação devibradores, resultando, ainda, namelhoria das condições de trabalho(Belohuby & Alencar, 2007).

Com isso, obteve-se uma melhororganização na cadeia de produção,pois acontecia anteriormente certonível de atraso da entrega das fôrmas edas armaduras para a equipe de con-cretagem (dependendo da complexi-dade dos elementos), já que, nessa fá-brica, o setor de fôrmas e armadurasinicia a sua jornada de trabalho pelamanhã e o setor de concreto à tarde.

Porém com o CAA aplicado à noite,esse atraso passou a não mais existir,poissempre quando a equipe de concretochega à fábrica, todas as fôrmas e arma-duras se encontram previamente pron-tas. Essa mudança operacional, junta-mente com o fato de que a velocidade daconcretagem com o CAA é muito

maior,comparado com o concreto con-vencional, possibilitou um aumento dacapacidade produtiva da fábrica. Emmédia,houve um incremente de 130 m³de concreto por mês, além é claro depossibilitar um aumento do número depeças concretadas, conforme é apresen-tado nas tabela 2 e 3 e figura 5.

A empresa estudada trabalha comum sistema de quatro pistas, fazendoum revezamento duas a duas a cadajornada de trabalho. Ou seja, em umdia se utiliza, por exemplo, a pista 1 e3, e no dia seguinte, a pista 2 e 4, com aintenção de fechar todo um ciclo deprodução (armaduras, fôrma, concre-to, acabamento e manuseio) em apro-ximadamente 24 horas. A cura térmi-ca só foi empreendida no período deinverno com a intenção de não pro-longar esse ciclo, ou também pode serutilizada para acelerar a produção dealgumas peças no caso de ter havidoproblemas de programação em obraou em fábrica, visando o cumprimen-to dos prazos preestabelecidos. Atual-mente, o recurso da cura tem sidosubstituído com vantagens por umCAA de maior resistência inicial.

Indicadores de produtividade ecusto de produção

Nessa seção, são apresentados al-guns indicadores de produtividade(tabelas 4 e 5), obtidos a partir dosresultados de produção:� Hh – total de homens x horas detrabalho;� Hh/h – total de homens x horas detrabalho/total de homens;

Tabela 4 – INDICADORES DE PRODUTIVIDADE fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07 jul/07* ago/07** set/07* out/07 nov/07 dez/07 jan/08

Hh 3.570 4.420 3.910 4.420 4.250 3.570 2.880 2.880 3.120 3.000 2.400 2.880Hh/h 210 260 230 260 250 210 240 240 260 250 200 240Hh/m³ 7 6 7 6 5 5 4 3 4 4 4 3Hh/p 15 13 28 20 15 18 9 7 18 14 20 13m³/p 2 2 4 4 3 3 2 2 4 4 5 4R$ MO 32.212 38.052 33.672 38.052 36.592 32.212 26.000 26.000 28.160 27.080 23.840 26.000R$ Mat. 89.267 117.790 93.109 131.149 134.776 113.215 142.247 172.454 142.313 163.398 115.261 195.104R$ Total 121.479 155.842 126.781 169.201 171.368 145.427 168.247 198.454 170.473 190.478 139.101 221.104R$ Total/p 513 460 893 769 614 734 548 482 985 886 1169 983R$ Total/m³ 230 224 230 218 215 217 229 223 232 226 234 220* Período em que foi aplicada cura térmica (jul-set/2007).** Início da aplicação do CAA no setor de protendidos.

Tabela 5 – ESTATÍSTICA DOS INDICADORES DE PRODUTIVIDADEEstatística

Média DpadCC CAA CC CAA

Hh 4.023 2.860 397 245Hh/h 237 238 23 20Hh/m³ 6 4 1 1Hh/p 18 14 5 5m³/p 3 4 1 1R$ MO 35.132 26.180 2.770 1.435R$ Mat 113.218 155.130 18.895 27.879R$ Total 148.350 181.310 21.055 28.394R$ Total/p 664 842 165 270R$ Total/m³ 222 228 7 5

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� Hh/m3 – total de homens x horasde trabalho/m³ de concreto;� Hh/p – total de homens x horas detrabalho/peça;� m3/p – volume em m³ de concre-to/peça;� R$ MO – custo da mão-de-obra,em reais;� R$ Mat. – custo do concreto, emreais;� R$ Total – custo da mão-de-obramais concreto, em reais;� R$ Total/m3 – custo da mão-de-obra mais concreto para cada metrocúbico de concreto, em reais;� R$ Total/p – custo da mão-de-obra mais concreto para cada peça,em reais.

O indicador Hh/h é importantepara verificar o número de horas mé-dias trabalhadas por homem e, assim,possibilitar a mensuração do númerode horas extras realizadas, dado que onúmero de horas normais é 220 porfuncionário. Os resultados indicamque, mesmo com um número menorde trabalhadores, a implantação doCAA não gerou um incremento donúmero de horas extras.

A relação Hh/m³ indica quantosfuncionários são necessários, porhora, para concretar cada metro cú-bico de concreto, em média. É usadode forma análoga ao indicadorHh/p, que possibilita saber o núme-ro de homens por hora por peçaconcretada. Em ambos os indicado-res, se pode perceber uma reduçãoconsiderável dos valores obtidoscom o uso do CAA.

Já o indicador m³/p avalia o volu-me médio relativo dos elementospré-fabricados, de forma que quantomaior é o valor obtido, maior é o vo-lume das peças (peças maiores) e,normalmente, menor é o número deelementos produzidos, para umamesma área de pista de concretagem.Um exemplo disso é que nos mesesque apresentaram o maior númerode peças grandes, tanto para o con-creto comum quanto para o auto-adensável (abril e dezembro, respec-tivamente) foram os meses que tive-ram o menor número de peças mol-dadas. Cabe ressaltar que as peças

produzidas com o CAA, no períodoanalisado, apesar de terem um volu-me maior, ainda assim, na médiageral, possibilitaram a produção deum maior número de elementos.

Deve-se esclarecer que o aumen-to do volume médio das peças podegerar um menor número de mão-de-obra na etapa de fôrmas, em vir-tude da diminuição do número defôrmas de cabeceira, para segmentar,separar uma peça da sua adjacente,em uma mesma pista. Contudo, oaumento do valor de m³/p não facili-ta necessariamente a concretagem,mas sim o tipo de peça produzida, demodo que, quanto menor a taxa dearmadura ou complexidade defôrma, menor, também, é a dificul-dade. Por isso, é mais fácil moldaruma viga retangular do que, porexemplo, uma viga perfil I. No en-tanto, para o CAA essa diferença émuito menos perceptível, já que háuma agilização do tempo de molda-gem devido a sua propriedade auto-nivelante. É claro que, quanto maioré o volume médio das peças, maior éo valor do indicador R$ Total/p. Porisso, as peças concretadas com oCAA, nesse período de estudo, resul-taram mais caras. Porém, a principalanálise do custo de produção doCAA deve ser feita em cima da rela-ção R$ total/m3.

Considerações finaisA avaliação do custo unitário

do concreto auto-adensável de-monstrou ser esse mais alto emcomparação ao concreto conven-cional, conforme já era esperado,em média, 15%. Contudo, a análisedo custo de produção comprovouque o CAA torna-se apenas 2%mais dispendioso. Isso se deve à re-dução de mão-de-obra consumida,devido à eliminação de subetapasde produção.

Entretanto, agrega a vantagemde possibilitar um aumento de 19%na capacidade produtiva da fábrica,devido ao aumento do volume deprodução. Isso se deve à maior agili-dade obtida no processo de molda-gem e também um maior nível de

organização na cadeia produtiva,por admitir concretagens noturnas,resultando ainda em um menornível de ruído, com conseqüentemelhoria das condições de trabalho.

Além de todas essas vantagenstangíveis, foi possível obter uma me-lhoria significativa da qualidade deacabamento superficial das peçaspré-fabricadas, assim como umaeconomia de energia e menor des-gaste das fôrmas, pela eliminação dosvibradores, que são benefícios maisdifíceis de se computar.

Esses fatos tornam o CAA ummaterial muito vantajoso para osetor de pré-fabricados de concreto,conforme já é apontado no exterior,muito embora o custo da mão-de-obra no Brasil seja, comparativa-mente, ainda, muito barato.

LEIA MAIS

Tecnologia do Concreto Pré-fabricado: Inovações eAplicação. In: Manual Munte deProjetos em Pré-fabricados deConcreto. 2. ed., p. 511-531, M. Belohuby; R.S.A.Alencar, 2007.

SCC applied in the precastconcrete industry. In: CapeTown: International ConcreteConference & Exhibition, p. 24-27,W. Bennenk, 2007.

New Perspectives for PrecastConcrete for an Innovative lowCost Housing System. In: CapeTown, p. 74-77, M. Brück, 2007.

EPG - European Project Group(BIBM; Cembureau; ERMCO;EFCA; EFNARC). "The EuropeanGuidelines for Self CompactingConcrete". 63 p., 2005.

New Concretes for Special Requirements. In: Cape Town: International ConcreteConference & Exhibition, p. 6-11, J.Walraven, 2007.

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REVESTIMENTOCERÂMICOA fabricante de revestimentoscerâmicos Atlas lança nomercado a Série Chile. Comaparência de pedras naturais, aspeças apresentam relevos e tonsque lembram, segundo afabricante, pedras esculpidascom a ação do tempo.Disponível no formato 5 cm x 15 cm.Cerâmicas Atlas(19) 3673-9600www.ceratlas.com.br

CANTEIRO DE OBRA

FITA CREPE A Carborundum lança a sua FitaCrepe para Uso Geral, produtoindicado principalmente paraproteger superfícies durante oprocesso de pintura. Aderência,facilidade no corte, elasticidade efácil moldagem às superfícies sãoalgumas característicasencontradas na fita. A únicarestrição é a sua utilização paraisolamento elétrico e locais ondeficam expostas a altastemperaturas.Saint-Gobain0800-7273-322www.carbo-abrasivos.com.br

MEMBRANA FLEXÍVELO MSET é o lançamento daBautech. É uma manta líquidaimpermeabilizante que formauma membrana elásticamonocomponente e contínua,substituindo a manta asfáltica. As vantagens do produto,segundo o fabricante, são a altaresistência a fungos e bactérias,maior rapidez na aplicação epossibilidade de ser aplicado pormão-de-obra não especializada.Bautech (11) 5572-1155www.bautechbrasil.com.br

COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO

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PRÉ-FABRICADOS A Leonardi é certificada com oSelo de Excelência Abcic(Associação Brasileira daConstrução Industrializada deConcreto). Isso atesta, segundoa empresa, sua competênciapara projetar, produzir,transportar, montar e entregarao cliente construções emconformidade com as normastécnicas.Leonardi(11) 2111-7000www.leonardi.com.br

TRATAMENTO DESUPERFÍCIE O sistema Microinjet, da Holcim,é utilizado para o tratamento desuperfícies de concreto eestruturas, corrigindoimperfeições e dandoacabamento, segundo afabricante, de forma rápida eeficiente. A novidade é ideal parareformas – como muros decasas, paredes e pisos –, pois,segundo a empresa, o tempo deaplicação e secagem é rápido.Holcim(11) 5180-8600www.holcim.com.br

IÇAMENTO DE PRÉ-MOLDADOS A Trejor apresenta seu içador IRT3-5 ton. Sistema rápido paramovimentação de peças emconcreto armado ou protendido,o produto acaba, segundo afabricante, com os retrabalhospara eliminação das alças ereparos das peças pré-moldadas.Trejor(11) 6914-0535www.trejor.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

ADITIVOO Sika ViscoCrete é um aditivodesenvolvido para produção deconcreto auto-adensável fluido ecoesivo. Com os produtos dalinha ViscoCrete é possívelproduzir, segundo a fabricante,um concreto de lançamento fácile rápido, sem necessidade devibração. O concreto passa, semsegregação, através de fôrmascomplexas e densa ferragem.Sika(11) 3687-4600www.sika.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA

DISTANCIADOR A Coplas desenvolveu odistanciador plástico GTDuplo.Segundo a empresa, o produtose encaixa com precisão noscruzamentos da tela soldada,garantindo o adequadoposicionamento da armadura e ocobrimento projetado.Coplas0800-7091-216www.coplas.com.br

LOCAÇÃO DE FÔRMAS A Rohr é uma empresaespecializada na locação defôrmas para concreto, estruturastubulares, coberturas de acessoe equipamentos de transportevertical. A empresa fornecetambém os projetos e toda amão-de-obra necessária para aexecução dos serviços.Rohr(11) 2185-1333www.rohr.com.br

FÔRMAS A WCH lança a Fôrma Flex paraprodução de Pilares comConsoles. O sistema faculta aprodução de pilares dediferentes medidas,possibilitando total flexibilidadena locação dos consoles,segundo a fabricante. A montagem é feita sobre umabase elevada e com o sistemafast step de fixação das laterais,o que garante, de acordo com aWCH, uma montagem rápida eprecisa, com economia de mão-de-obra, menores custos emaior lucratividade.WCH(11) 3522-5903www.weiler.com.br

FÔRMAS METÁLICAS O sistema de fôrmas Frameco,da Doka, precisa de apenas doisníveis de ancoragem para umaaltura padrão dos painéis de 3 m. Os painéis são disponíveisem dimensões modulareslógicas, que possibilitamcombinações racionalizadas.Doka(11) 6404-3500www.doka.com.br

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

EQUIPAMENTOS A New Maq Máquinas eFerramentas é uma empresaespecializada em venda, locaçãoe manutenção de equipamentospara a Construção Civil. A empresa retira e entregaequipamentos em qualquerlugar da cidade de São Paulo edespacha para todo o País.New Maq(11) 6943-9465

FIXAÇÃOA pistola DX 36M, da Hilti, é umsistema de fixação à pólvora paraconcreto e aço. A ferramentasemi-automática possui pente de dez cartuchos e regulagem de potências. A pistola temsilenciador integrado.Hilti0800-144-448www.hilti.com.br

SERRA DE PISO A Clipper C13E da Norton écompacta e se caracteriza peloseu alto desempenho no cortede pisos de concreto e asfálticos.O posicionamento do tanque deágua removível, que é de 20 l,adiciona peso ao disco e garanteao operador uma boa visão do corte.Norton0800-7273-322www.norton-abrasivos.com.br

FIBRAS SINTÉTICAS A Maccaferri lança a nova fibrasintética de polipropilenoFibroMac 6 para aplicação emargamassas, disponível emembalagens de 100 g.Encontrado nos comprimentosde 6 mm, 12 mm ou 24 mm, oproduto reduz o índice defissuras provocadas pelaretração e assentamento.Também melhora, segundo afabricante, o desempenho doconcreto e da argamassa quantoao impacto, à exsudação, aofogo e ao desgaste.Maccaferri(11) 4589-3200www.maccaferri.com.br

REVESTIMENTO PARAESTACAS Os tubos de revestimento paraestaca raiz da Incotep possuemmaior resistência ao atrito queos demais revestimentosfabricados com tubo de açoqualidade ASTM 106. De acordocom a fabricante, isso implicauma maior durabilidade da peça.Incotep(11) 2413-8333www.incotep.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA FUNDAÇÕES EINFRA-ESTRUTURA

FURO EM CONCRETO A Furacon Sistemas de Cortes ePerfurações em Concreto é umaempresa especializada emcortes e perfurações comferramentas diamantadas. Emsua carteira de serviços, oconstrutor pode contar comdemolição controlada,perfuração em estruturas deconcreto, corte em piso,colagem e ancoragem dechumbadores químicos.Furacon(11) 4224-4697www.furacon.com.br

CP II O cimento Cimpor CP II E 32 éindicado para estruturas queestejam expostas a ataquesquímicos provenientes do meioambiente e para aplicações quenecessitem de moderadasresistências à compressão nasprimeiras idades, como:artefatos de cimento, blocos deconcreto, concreto protendido,estruturas de concreto em geral,argamassas de assentamento e [email protected]

CORTEOs discos diamantados Irwin de180 mm são os mais resistentesao desgaste, sendo indicadosprincipalmente para materiaisabrasivos e para cortes maisprofundos. Os discos podem serutilizados a seco ou com aadição de água.Irwin0800-9709-044www.irwin.com.br

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PLACA CIMENTÍCIAO Superboard é uma placaautoclavada produzida comcimento Portland, quartzo efibras de celulose. Disponívelnas espessuras de 6 mm, 8 mm,10 mm e 15 mm, o produto tem1,2 m de largura e 2,4 m decomprimento. Promaplac(11) 5662-2142www.superboard.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

PAINÉIS DE FACHADAOs painéis Isojoint Wall Pur sãoconstituídos de núcleo depoliuretano ou poliisocianuratode alta densidade e revestidoscom chapa de aço pré-pintado.Possuem sistema de fixação comparafuso escondido, ideal,segundo a fabricante, paraaplicação em fachadas efechamentos laterais industriais.Isoeste(62) 4015-1122www.isoeste.com.br

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OBRA ABERTA

TCPO (Tabelas deComposições de Preçospara Orçamentos)*630 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brCom mais de mil novascomposições de preços,incluindo números para steelframing, fôrmas de papelão,ar-condicionado, tubos econexões em PPR, a 13a

edição do tradicional índicede produtividade da PINI estáainda mais aprimorada. Agora,a equipe técnica responsávelpela atualização do TCPOanalisa obras criteriosamenteselecionadas para assegurarque as amostras de serviçosnos canteiros sejam, de fato,significativas. O professorUbiraci Espinelli Lemes deSouza, da Escola Politécnicada Universidade de São Paulo,auxiliou no desenvolvimentodas tabelas de produtividadevariável. A publicação traz,ainda, modelos prontos deorçamentos para obras, dadosde consumo para estruturasde concreto e a conceituaçãode BDI (Benefícios eDespesas Indiretas).

Livros

Projeto e Implantação doCanteiro*Ubiraci Espinelli Lemes deSouza96 páginasNome da Rosa EditoraVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO livro faz parte da coleçãoPrimeiros Passos da Qualidadeno Canteiro de Obras. Essapublicação, em específico, visadisseminar a importância doestudo e do projeto decanteiro a partir de uma visãotécnica e arrojada. O autor,que tem vasta experiênciaacadêmica e prática sobre otema, propõe idéias simples,associadas ao processoconstrutivo, para otimizar aqualidade e o aproveitamentoda obra. Trata o canteiro comouma verdadeira fábrica deobras, para a qual é necessáriodefinir prazos, projetos, planosde ataque, sistemas detransporte, fases e demandas.Para a definição do layout docanteiro, traz uma proposta defluxograma de processos etambém um roteiro paraposicionamento doselementos do canteiro.

Curso Básico deEngenharia Legal e deAvaliações*Sérgio Antonio Abunahman336 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO autor criou a cadeira deFundamentos MatemáticosAplicados à Engenharia deAvaliações no Instituto deMatemática da UFF(Universidade FederalFluminense), além de terministrado o curso deengenharia de avaliações noInstituto Superior Técnico deLisboa, a convite daComunidade EconômicaEuropéia. Também é autor,dentre outros livros, deAvaliação de ImóveisComerciais e Arbitramento deAluguéis. Ainda assim, comtantos atributos deespecialização, adotou umalinguagem acessível paraexpor o conteúdo a leitores deformações variadas. Quartaedição, revista e ampliada,que percorre os caminhosentre a engenharia e o direito.

Manual de Avaliações ePerícias em ImóveisUrbanos*José Fiker152 páginasEditora PINIVendas pelo portalwww.lojapini.com.brA terceira edição dessa obra jáestá adaptada à nova normaNBR 14653-2 – Avaliações paraImóveis Urbanos e à Normapara Avaliação de ImóveisUrbanos do Ibape/SP(Instituto Brasileiro deAvaliações e Perícias deEngenharia do Estado de SãoPaulo). O livro traz novoscapítulos sobre avaliação dealuguéis, avaliação de glebasurbanizáveis, avaliaçõeseconômicas e inferênciaestatística. A publicaçãoapresenta os métodoscomparativo e evolutivo paraavaliação de terrenos econstruções e as novas tabelasdo Ibape. O engenheiro civil,advogado e administrador deempresas José Fiker concebeuesse livro com o objetivo deensinar as técnicas deavaliação de imóveis e osprocedimentos periciais noestado da arte, sempre comum viés prático.

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Manual de Técnicas deProjetos Rodoviários*Wlastermiler de Senço760 páginasEditora PINIFone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400 (demais regiões)www.lojapini.com.brApresenta técnicas de projetopara rodovias, considerandodesde os levantamentospreliminares até o orçamento.A obra contempla o projetotradicional, mas também o usode recursos tecnológicosmodernos, como GPS esensoriamento remoto. O autorinicia o livro apresentandogeneralidades e um resumohistórico dos transportes.Depois, parte para definiçõesbásicas e de grandezasintervenientes para, então,falar sobre normas técnicas eestudos econômicos. Nocapítulo IV, fala de projetobásico, abrangendo desdelevantamentos até audiênciaspúblicas. O projeto executivo,com informações mais voltadasà execução e ao uso dasrodovias, é abordado nocapítulo V, seguido deintersecções e licitações de obras.

Pontes de ConcretoArmado*Osvaldemar Marchetti240 páginasEditora BlücherVendas pelo portalwww.lojapini.com.brEscrita para estudantes deengenharia civil, arquitetura,tecnólogos e profissionais emgeral, a obra leva a assinaturade alguém que temexperiência na abordagemprática e simplificada deconceitos fundamentais daengenharia. Marchetti assina aautoria, em parceria comManoel Botelho, de volumesda coleção Concreto Armado,Eu te Amo, além de ser autorde Muros de Arrimo. EmPontes de Concreto Armado,focou o entendimento nosconceitos básicos de linha deinfluência, carregamentos decargas acidentais, fadiga naarmadura, cálculo das lajes,dimensionamento de tubulõescom esforços horizontais emomentos, detalhamento ecálculo das armaduras.Mesmo que o assunto sejanovidade ao leitor, os cálculospoderão ser entendidos pormeio das tabelas presentesno livro.

Sistema de Cobertura comTelhas CerâmicasAnicer (Associação Nacionalda Indústria Cerâmica)Fone: (21) 2524-0128www.anicer.com.brDistribuído gratuitamente, oCD conta com dicas sobreprodutos e a obra, com aintenção de esclarecer asdúvidas dos consumidores eauxiliar na utilização decoberturas cerâmicas.Apresenta, ainda, oselementos que compõem aestrutura do telhado e osmateriais demandados para aexecução. O sistema explica asmelhores práticas para orecebimento earmazenamento das telhas,além de como deve ser amontagem das telhas e doacabamento e a inserção decalhas e rufos. Além de planilhapara composição de custos,permite que o usuário desenheo telhado pretendido e ensaieo resultado final a partir dediversos modelos de telhasdisponíveis no mercado.

Portal Guanandiwww.guanandi.comConta com informações daGuanandi, empresa do grupoWTorre, e de seu primeiroempreendimento, o Viver BemParaupebas. Traz fotos,perspectivas, plantas, vídeos,tour virtual doempreendimento e do interiorda casa. O site dispõe deferramentas para que ointeressado obtenhainformações doempreendimento, incluindo apossibilidade de atendimentoonline. O link que dá acesso àsinformações corporativas daGuanandi traz, ainda, vídeocom o método construtivoadotado para as casas. O portal permite ao visitantefazer um cadastro pararecebimento de novidades.

Site

* Vendas PINIFone: 4001-6400 (nas principais cidades)ou 0800-5966400 (nas demais cidades)www.LojaPINI.com.br

Software

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78 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

Seminários e conferências9 a 11/9/2008Construmetal 2008São PauloA terceira edição do Construmetal teráconferencistas brasileiros einternacionais que discutirão osprincipais avanços tecnológicos einovações da construção metálica. Fone: (11) 3816-6597www.construmetal.com.br

21/10/2008Tecnologia de Edificações paraObras RentáveisSão PauloDiscutir e auxiliar os profissionais deengenharia civil, construção earquitetura a desenvolver soluçõestécnicas inovadoras de projeto eexecução para agilizar e rentabilizarempreendimentos. Esse é objetivo doseminário, promovido pela PINI, queserá realizado no âmbito doConstrutech 2008. Cases de projetistas,construtoras e incorporadoras esoluções industrializadas paraeliminação de gargalos de materiais emão-de-obra constam entre osprincipais temas a serem abordadospelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

22/10/2008Engenharia de Custos no BoomImobiliárioSão PauloComo desenvolver diferenciaiscompetitivos para construtoras eincorporadoras em um momento decrescimento do setor. Esse é o objetivoprincipal do seminário, promovido pelaPINI, que será realizado no âmbito doConstrutech 2008. Análise da qualidade

do investimento em empreendimentosimobiliários, perspectivas de evoluçãodos custos de materiais e mão-de-obra, metodologias e técnicas paraestimativas orçamentárias, orçamentosde obras e estudos de casos constamentre os principais temas a seremabordados pelos palestrantes. Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

23/10/2008Arquitetura e Soluções Estruturais– Desafios de Forma e Técnicapara Arquitetos e Engenheiros deEstruturasSão PauloO objetivo do evento, promovido pelaPINI no âmbito do Construtech 2008,é discutir a relação indissociável entrearquitetura e estrutura, entre forma ematerial, arte e ciência. Pretendedesmistificar o aparente desinteressede alguns arquitetos pela engenharia ea questionável descrença dosarquitetos na engenharia. Vaiapresentar projetos e obras nas quaiso bem-sucedido encontro foi capaz detornar imperceptíveis as barreiras quecostumam separar tais campos doconhecimento. Abordará temas como anova plataforma BIM (BuildingInformation Modeling) e a relação daarquitetura e da engenharia estruturalna obra de Oscar Niemeyer. O fórumcontará com a presença do arquitetochileno Sebastian Irarrazaval.Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400(demais regiões)http://www.piniweb.com/Construtech/

23/10/2008Fórum Nacional de Compras eSuprimentos na Construção CivilSão Paulo

Em tempos de altas de preços eeventual desabastecimento de algunsinsumos e equipamentos, o desafio decomprar e contratar equilibrandocusto, prazo e qualidade torna-se aindamaior. Ferramentas eletrônicas paraespecificação e compras na construçãocivil, qualificação e relacionamentocom fornecedores de materiais eserviços e cases de grandes empresas,como Cyrela e Método, farão parte doevento promovido pela PINI no âmbitodo Construtech 2008. Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400(demais regiões)http://www.piniweb.com/Construtech/

22 a 24/10/200880o EnicSão LuísO Enic (Encontro Nacional da Indústriada Construção) debaterá asperspectivas e os desafios docrescimento do setor nos próximosanos. O evento atrairá diversosprofissionais da construção e asinscrições já podem ser realizadas nosite do evento.Fone: (62) 3214-1005www.qeeventos.com.br

2 a 6/12/2008WEC 2008 – World Engineers'ConventionBrasíliaA terceira edição do Congresso Mundialde Engenheiros será realizada pelaprimeira vez no continente americano,com o objetivo de reunir engenheiros e estudantes de todo o mundo paradebates, fóruns, palestras, visitastécnicas e atividades culturais. O evento é organizado pelo Confea(Conselho Federal de Engenharia,Arquitetura e Agronomia), pela Febrae(Federação Brasileira de Associação deEngenheiros) e pela WFEO/FMOI

AGENDA

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(Fédération Internationale desOrganisations d'Ingénieurs).www.wec2008.org.br

Feiras e Exposições19 a 23/8/2008Expo Construção Bahia 2008SalvadorA feira, organizada pela Fagga Eventose pelo Sinduscon-Ba (Sindicato daIndústria da Construção Civil doEstado da Bahia), apresentará o que háde mais moderno no setor daconstrução das regiões Norte eNordeste e promoverá paralelamente oIV Fórum Nacional de Arquitetura eConstrução (Fonarc), o FórumNordeste PAC, Dry Wall & Steel FrameShow, Loja Modelo, VI SeminárioTecnológico da Construção Civil eConcurso A Ponte.Fone: (71) 3797-0525www.expoconstrucao.com.br

27 a 28/8/2008Concrete Show South América 2008São PauloO evento, internacional, englobaexposições, demonstrações,seminários, workshops e palestras paraapresentar novas tecnologias,aplicações e forma de uso do materialna América do Sul. O objetivo éestimular negócios e parcerias entrediversos construtores e distribuidores.Fone: (11) 4689-1935www.concreteshow.com.br

15 a 18/10/2008Saie 2008 – Salão Internacional daIndústria da ConstruçãoBologna, ItáliaHá mais de 40 anos a feira reúneprofissionais da construção paradiscutir projetos, materiais, tecnologiase sistemas para o setor. Neste ano, aSaie terá espaços dedicadosexclusivamente aos fabricantes deargila, à tecnologia pré-fabricada, aossistemas da Tecnologia da Informação,à energia e estruturas e aoscomponentes de [email protected]

15 a 18/10/2008Expocon 2008CuritibaA exposição reunirá fornecedores daConstrução Civil dos Estados doParaná e Santa Catarina paraapresentar as últimas novidades deprodutos e tecnologias para o setor.Fone: (41) 3075-1100www.diretriz.com.br

21 a 23/10/2008Construtech 2008 – Fórum PINI deTecnologias & Negócios da ConstruçãoO encontro internacional dosprofissionais da indústria da construçãoalia um ciclo de palestras e uma área deexposição com os mais avançadossistemas e tecnologias desenvolvidospara o setor. Nesse momento decrescimento, as empresas eprofissionais devem buscar cada vezmais produtividade e expertise para sediferenciarem em um mercado degrande competitividade. Tudo issolevando em conta novas e importantespreocupações, como asustentabilidade, o respeito ao meioambiente e a responsabilidade social.Os temas escolhidos para as palestras eas empresas expositoras doConstrutech 2008 refletem talrealidade e os desafios atuais doconstrubusiness.Fone: 4001-6400 (regiõesmetropolitanas) ou 0800-596-6400(demais regiões)www.piniweb.com/Construtech/

ConcursosInscrições até 29/8/2008Prêmio CBIC de Responsabilidade SocialA CBIC (Câmara Brasileira da Indústriada Construção) e o Fasc (Fórum de AçãoSocial e Cidadania) promovem o prêmioCBIC de Responsabilidade Social com aintenção de reconhecer e estimular odesenvolvimento de ações sociais nosetor da Indústria da Construção Civil edo Mercado Imobiliário. Qualquerempresa ligada ao setor pode participardesde que inscreva projetos sociais doano de 2007 ou anteriores.www.cbic.org.br

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84 TÉCHNE 137 | AGOSTO DE 2008

COMO CONSTRUIR

Neste segundo artigo sobre cons-truções em steel frame aborda-

remos a concepção e montagem daestrutura. De uma maneira geral,qualquer edificação necessita de umsistema estrutural que possibilitemantê-la estável e em condições nor-mais de utilização quando sujeita adiversas ações.

O sistema steel frame é uma pro-posta para racionalizar a concepção daestrutura da edificação utilizando-seperfis dobrados a frio.

Os elementos metálicos utilizadossão fabricados a partir de bobinas deaço de alta resistência e revestidos comzinco ou liga de alumínio–zinco peloprocesso contínuo de imersão a quen-te ou por eletrofusão.

As chapas têm entre 0,8 mm e 3,0mm de espessura, sendo a mais utili-zada a de espessura de 0,95 mm.

Os elementos principais são os

perfis, produzidos a partir de dois pro-cessos tradicionais: um consiste numprocesso contínuo em que uma tira dechapa passa por uma série de cilindros(perfiladeiras) dobrando-a para gerara conformação da seção transversal; ooutro, através de dobradeira, que nadamais é que um equipamento de pun-ção que pressiona a chapa contra amesa para efetivar a dobra, obtendo-se a seção transversal desejada por vá-rios reposicionamentos.

Os perfis mais utilizados são aque-les com configurações e designaçõesconforme a figura 1. As seções, espes-suras usuais e propriedades geométri-cas de perfis para steel frame são defi-nidas pelas normas NBR 15253 – Per-fis de Aço Formados a Frio,com Reves-timento Metálico, para Painéis Reticu-lados em Edificações: Requisitos Ge-rais e NBR 6355 – Perfis Estruturais deAço Formados a Frio: Padronização.

Tipos de perfisO perfil U simples é formado pela

alma de comprimento bw e a mesa decomprimento bf.A mesa também podeser chamada de flange ou aba.

O perfil Ue enrijecido,além da alma eda mesa, possui "enrijecedores" de com-primento D,sendo extensões das mesas.

Os perfis podem possuir, também,enrijecedores intermediários longitu-dinais, localizados na alma ou na mesa,que nada mais são que pequenos vincospara aumentar a rigidez do perfil.

O perfil cartola possui dois enrijece-dores de borda, duas almas e uma mesa.

A cantoneira é o perfil formadopor duas abas de mesma espessuraque podem possuir ou não iguaiscomprimentos.

Há, ainda, as fitas e chapas, elemen-tos que não possuem dobras.

Valendo-se das propriedades inte-ressantes desses tipos de perfis metáli-

Steel frame – estrutura parte 2

bw

b f

t n

U simples

Figura 1 – Os perfis são dobrados a frio com perfiladeiras ou dobradeiras

Antonio Wanderley [email protected]

Alexandre Kokke Santiago [email protected]

José [email protected]

bw

bf

tn

D

U enrijecido

bf

bf

tn

Cantoneira

tn

bw

D

bfCartola

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cos, principalmente perfis U e Ue, osistema steel frame é concebido a par-tir da idealização de painéis, compos-tos por perfis montados paralelamen-te e fixados nas extremidades por ou-tros perfis (figura 2).

Estruturação dos painéisOs painéis podem ser instalados na

vertical,para serem utilizados como pa-redes, e na horizontal como pisos. Ospainéis verticais, na sua maioria, sãoportantes, isto é, trabalham como estru-tura da edificação,recebendo as cargas edando estabilidade ao conjunto. Outrospainéis podem ser utilizados nas pare-des com a finalidade de vedação.

A concepção do sistema steel framepermite que os painéis trabalhem emconjunto travando-se entre si e geran-do uma integridade na estrutura.

Um painel utilizado em parede éformado pelos montantes e pelas guias.

Os montantes (perfis Ue) são oselementos paralelos verticais normal-mente modulados a cada 400 mm ou600 mm, que dependendo da solicita-ção, pode ser de até 200 mm. Essasmodulações estão associadas às di-mensões dos elementos constituintesdos sistemas de acabamento, visando àminimização do desperdício.

As guias (perfis U) são elementosque fixam as extremidades dos mon-tantes (inferior e superior) confor-mando a estrutura básica do sistemasteel frame.

A união é executada com parafu-sos autoperfurantes e auto-atarra-xantes com diversas formas de cabeça(lentilha, sextavada e panela), empre-gadas de acordo com o local de uso efunção estrutural do parafuso. O com-primento e o diâmetro, bem como aquantidade de parafusos, são estabele-

cidos pelo projetista de acordo com asconsiderações do dimensionamentoda união (figura 3).

Nas aberturas correspondentes àsportas e janelas nos painéis portantes énecessária a utilização de elementosestruturais para redistribuição das so-licitações nos montantes interrompi-dos. Para essa finalidade, instalam-severgas e ombreiras.

A verga é obtida com a composi-ção de dois ou mais perfis conectadosou, ainda, utilizando-se perfis canto-neiras conforme figuras 4 e 5.

As ombreiras, que são os perfisque delimitam o vão, são montadasem mesmo número de cada lado daabertura, tomando-se, aproximada-mente, o correspondente à quantida-de de montantes interrompidos divi-dido por dois (figura 6).

O sistema steel frame permiteaberturas de grandes vãos e, nessecaso, as vergas devem ser compostaspor vigas treliçadas (figura 7).

ContraventamentoComo uma estrutura metálica tra-

dicional, há também a necessidade decontraventamentos, geralmente exe-cutados com fitas de aço galvanizadoparafusadas em placas de Gusset (figu-ra 8) que, por sua vez, encontram-senas quinas do painel. Os contraventa-

mentos podem assumir formas de Xou K, dependendo das condições doprojeto (figura 9).

O travamento horizontal é execu-tado pelos bloqueadores, de perfis Uou Ue, conectados aos montantes ouvigas. Introduz-se, também, uma fitametálica que une os montantes do pai-nel entre si e com os bloqueadores.Esse conjunto bloqueador-fita au-menta a capacidade resistente do pai-nel, pois diminui o comprimento deflambagem dos montantes e tenta im-pedir a torção do montante em tornode seu eixo longitudinal (figura 10). Onúmero de linhas de bloqueadores efitas depende da altura do painel e dassuas solicitações.

Os painéis de piso são montados apartir de perfis Ue paralelos, com amesma modulação das paredes, for-mando as vigas e em suas extremida-

Figura 2 – Painéis prontosFigura 3 – Parafuso lentilha, sextavadoe panela

Figura 5 – Cantoneira

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Figura 4 – Vergas

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contraplacada por lâmina de madeira,recebendo ou não revestimento cimen-tício em suas faces. Há ainda a possibi-lidade do uso de laje úmida, normal-mente executada com uma chapa deaço ondulada (steel deck) parafusadaàs vigas e preenchida com concreto earmadura contra fissuramento. É pos-sível também o emprego de lajes con-vencionais em concreto (moldadas "inloco" ou pré-fabricadas), porém essas,assim como a laje úmida, desviam-sedo conceito de construção a seco, que épremissa do sistema steel frame.

Estruturalmente, é interessanteressaltar que as lajes funcionam comodiafragma horizontal participando

efetivamente da rigidez global do con-junto da edificação, semelhante ao quese considera nas estruturas de alvena-ria estrutural.

Ainda, da mesma forma comoocorre em edificações de alvenaria es-trutural, é fundamental que a estru-tura seja projetada de forma que asparedes estruturais estejam emprumo e, particularmente no sistemasteel frame, os montantes estejam ali-nhados (in-line framing) entre pare-des de todos os pavimentos, lajes e es-trutura de telhado, para que se possaadmitir a distribuição das ações demaneira mais uniforme e se possaobter a melhor capacidade resistentedos elementos estruturais que com-põem os painéis.

EscadasO sistema steel frame também

oferece soluções para a execução dasescadas. A escada com vão aberto émontada a partir de uma viga caixa,constituída por dois ou mais perfisUe,na inclinação necessária, com a es-trutura dos degraus, formada por per-fis U dobrados, nela parafusada. Essaestrutura está pronta para receber opiso e os espelhos, que podem ser depainel de madeira sarrafeada, placascompostas por fibras de madeiraorientadas, madeira maciça, ou qual-quer outro material com a resistêncianecessária (figura 12).

As escadas fechadas podem ser for-madas por painéis com seu topo incli-nado e utilizando perfis U dobradospara formação dos degraus (figura 13).Uma outra concepção é a da utilizaçãode painéis escalonados compostos pormontantes de perfis Ue e guias de per-fis U que, se necessário, podem receberum painel auxiliar para o assentamen-to da placa do piso. Se o material daplaca de piso fornecer a resistência ne-cessária às solicitações, esse painelpode ser desprezado (figura 14).

Os painéis que compõem a estrutu-ra e o fechamento da edificação podemser confeccionados na obra ou pré-montados. A opção pela pré-mon-tagem implica uma montagem maisprecisa dos painéis e menor tempo detrabalho em canteiro de obras. Para a

des instalam-se as guias, denomina-das sanefas. Nas extremidades dasvigas onde se apóiam painéis deve-secolocar um enrijecedor de alma paracombater a flambagem local da seçãotransversal desse elemento, dada àação das cargas normais verticaisoriundas dos montantes do painel dopavimento superior nessas extremi-dades (figura 11).

Para compor o piso das lajes dosistema steel frame pode-se utilizarplacas pré-fabricadas sobre as vigas deperfis Ue, constituindo a chamada lajeseca. Tais placas podem ser compostaspor fibras de madeira orientadas oupor madeira laminada ou sarrafeada

Figura 6 – Ombreiras

Figura 7 – Vigas treliçadas Figura 8 – Placa de Gusset

Figura 9 – ContraventamentoFigura 10 – Montante ao longo do eixo longitudinal

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execução dos painéis em fábrica asmontagens são feitas sobre uma mesacom largura um pouco superior à altu-ra da parede e comprimento em tornode 5 m a 6 m. Os painéis pré-montadosfora da obra são transportados até olocal de instalação sem maiores com-plicações, sendo, portanto, uma solu-ção ideal para obras que possuempouco espaço no canteiro (figura 15).

Os perfis,em sua maioria,são corta-dos nos comprimentos de montagemdurante o processo de perfilagem.Apósa execução do painel, deve receber umtravamento provisório para que mante-nha seu esquadro durante o transporteao local de instalação. Em geral, os pai-néis são muito leves e podem ser facil-mente transportados e manuseados naobra por duas a quatro pessoas.

Na obra, os painéis devem receberuma fita de isolamento em sua base,que pode ser de manta asfáltica ou fitade espuma de poliuretano expandido.O procedimento protege o painel daumidade e reduz a vibração.

Dispostos em suas respectivas po-sições, os painéis recebem fixaçõesprovisórias com pinos instalados compistola à base de pólvora enquanto,para manter o prumo, são feitos esco-ramentos provisórios, habitualmenteutilizando perfis Ue (figura 16).

Os painéis são fixados uns aos ou-tros por parafusos semelhantes aosutilizados na sua execução. Nos pon-tos de ligação entre painéis, é comumo emprego de montantes duplos parareforçar a conexão. Uma vez feitastodas as verificações de prumos e es-quadro,os painéis devem receber a an-coragem definitiva à fundação, con-forme apresentado na parte 1 destasérie de artigos sobre steel frame.

Após a fixação definitiva dos pai-néis do primeiro pavimento, são mon-tadas as lajes ou a estrutura do telhado.As lajes são normalmente montadastotalmente no canteiro de obras, emfunção da dificuldade de transporte depainéis de grandes dimensões. O pro-cedimento de montagem dos painéisdo pavimento superior é semelhanteao do pavimento inferior, sendo a fixa-ção dos suportes de ancoragem feitacom barras roscadas passante na laje.

DimensionamentoO dimensionamento da estrutura,

sendo basicamente constituída porperfis formados a frio, é regido pelaNBR 14762 – Dimensionamento deEstruturas de Aço Constituídas porPerfis Formados a Frio: Procedimen-to, que fornece as considerações de di-mensionamento dos elementos estru-turais para as diversas formas de soli-citações com as considerações ineren-tes e particulares para cada verificação.

Na análise estrutural deve ser con-siderada a influência de todas as açõesque possam produzir efeitos significa-tivos para a segurança da estrutura emexame, levando-se em conta os possí-veis estados limites últimos e os de ser-viço. Nesse sentido, a avaliação e deter-

minação das ações (permanentes, va-riáveis e excepcionais) e seus esforçossolicitantes segue os procedimentosnormativos de estruturas de modogeral. Nessas tarefas, são importantes,entre outras as normas, NBR 8681 –Ações e Segurança nas Estruturas –Procedimento, a NBR 6120 – Cargaspara Cálculo de Estruturas de Edifica-ções – Procedimento, a NBR 6123 –Forças Devidas ao Vento em Edifica-ções – Procedimento.

Em princípio, a rotina de dimen-sionamento para os elementos de per-fis metálicos segue o que se desenvolvecomumente num projeto de estrutu-ras, destacando-se as análises referen-tes às flambagens locais do perfil devi-do à seção transversal ser formada por

Guia dobradaperfil U

Parafuso de fixaçãoentre guia dobradae painel

Montanteperfil Ue

Guia superiordo painel

Guia inferiordo painel

Figura 11 – Pavimento superior Figura 12 – Enrijecimento de escadas

Figura 13 – Escada com perfil U Figura 14 – Escada sem perfil enrijecedor

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Antonio Wanderley TerniProfessor-doutor do Departamento deEngenharia Civil da Unesp do Campus deGuaratingüetá-SP

Alexandre Kokke Santiago Arquiteto, Mestre em Engenharia Civil,Construção Metálica Ufop (UniversidadeFederal de Ouro Preto)

José PianheriEngenheiro civil, consultor, sócio-diretorda Pienge Engenharia e Construção [email protected]

LEIA MAIS

NBR 15253 – Perfis de AçoFormados a Frio, com RevestimentoMetálico, para Painéis Reticuladosem Edificações: Requisitos gerais.ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas). NBR 6355 – Perfis Estruturais deAço Formados a Frio:Padronização.ABNT.NBR 14762 – Dimensionamentode Estruturas de Aço Constituídaspor Perfis Formados a Frio:Procedimento.ABNT. NBR 8681 – Ações e Segurançanas Estruturas – Procedimento.ABNT.NBR 6120 – Cargas para Cálculode Estruturas de Edificações –Procedimento.ABNT.NBR 6123 – Forças Devidas aoVento em Edificações –Procedimento.ABNT.Steel framing: Arquitetura.ArleneMaria Sarmanho Freitas. CBCA (CentroBrasileiro da Construção em Aço).Steel framing: Engenharia. FranciscoCarlos Rodrigues. CBCA.

elementos (mesas, almas e abas) emchapas de espessura fina. No sistemasteel frame é usual a aplicação de perfiscom seções transversais abertas e assi-métricas e, portanto, a análise do com-portamento dessas seções deve ser cri-teriosa, principalmente nas adoções econsiderações de contraventamentoslaterais e distâncias entre seções lateral-mente contidas.

Verificam-se, também, outras for-mas de instabilidade considerando operfil como um todo (dependo, agora,de parâmetros como das propriedadesgeométricas da seção transversal, daspropriedades do aço utilizado, docomprimento da barra, das considera-ções de suas vinculações,entre outros).

Verifica-se, entre outras, a flamba-gem da barra por flexão, torção e flexo-torção enquanto para vigas, além daverificação à flexão e cisalhamento, averificação da instabilidade lateral.

As expressões normativas de análi-se de comportamento de perfis, sejamno estado último ou de serviço, consi-

deram conceitos teóricos desenvolvi-dos a partir de conhecimentos de váriasáreas do saber da análise estrutural.Como se pode imaginar, por vezes, oentendimento das expressões constan-tes na norma é complexo. Contudo, otexto proposto na norma para o desen-volvimento do dimensionamento doselementos estruturais e das ligaçõesnão possui maiores dificuldades deserem levados a termo. Atualmente, háreferências bibliográficas que auxiliamnessa tarefa sem se aprofundar nosconceitos teóricos, atendo-se eminen-temente às rotinas de dimensionamen-tos e apresentando, inclusive, tabelasprescritivas de pré-dimensionamentoda estrutura.

Outras verificações são importan-tes, como a determinação de flechas ea instalação de adequados contraven-tamentos garantindo a estabilidadeglobal da estrutura.

Nos perfis de steel frame, devido àgalvanização, a ligação parafusada é amais apropriada do que a ligação sol-dada que necessita de calor para suaexecução, danificando, assim, a cama-da protetora do perfil. O dimensiona-mento das ligações é fundamentalpara a estabilidade da estrutura, prin-cipalmente no sistema steel frame queutiliza parafusos autoperfurantes. ANBR 14762 recomenda o uso de para-fusos de aço com qualificação estrutu-ral, comum ou de alta resistência.Contudo, não apresenta prescrições arespeito do dimensionamento de liga-ções com parafusos autobrocantes,que são os mais usuais. Assim, na prá-tica, para o dimensionamento das li-gações, vale-se das especificações daNorth American Specification for De-sign of Cold-Formed Steel StructuralMembers (AISI, 2001). Entre as consi-derações normativas, disposições eprescrições, as referentes às distânciasentre centros de furos e entre centro defuros e bordas, devem ser bem analisa-das no projeto para que não ocorramcolapsos nas ligações, como rasga-mentos entre furos e entre furos e asbordas e, conseqüentemente, esta con-dição altere o comportamento do ele-mento estrutural ou mesmo da estru-tura como um todo.

Figura 16 – Escoramento da estrutura

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Figura 15 – Transporte de painéispré-montados

Após os procedimentos normativosde dimensionamento e analisando-se ocomportamento dos elementos, verifi-ca-se a necessidade de alterar a concep-ção estrutural, espessuras ou outro tipode procedimento que possa consideraruma composição de adoções se a condi-ção de segurança quanto ao estado limi-te último ou de serviço não forem veri-ficados simultaneamente.

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