Upload
ediu-carlos
View
43
Download
7
Embed Size (px)
Citation preview
EDIU CARLOS DA SILVA JUNIOR
ESTOQUE DE CARBONO E NUTRIENTES DO SOLO SOB ÀREAS DE
FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010, NO ACRE.
RIO BRANCO - AC
2013
EDIU CARLOS DA SILVA JUNIOR
ESTOQUE DE CARBONO E NUTRIENTES DO SOLO SOB ÀREAS DE
FLORESTAS NATIVAS QUEIMADAS EM 2010, NO ACRE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Universidade Federal do Acre como parte das exigências para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Agronômica.
Orientador: M.Sc. Antônio Willian Flores de Melo
RIO BRANCO - AC
2013
3
Dedico
A Deus, autor e consumador da minha fé
Ao meu pai Ediu Carlos da Silva
A minha mãe Maria da Conceição Paulino de Sousa Silva.
Ao meu irmão Eider Carlos Paulino Silva.
Ao meu irmão Javã Sousa Costa.
A minha irmã Anne Maria Paulino de Sousa Silva
A minha irmã Jane Maria Paulino de Sousa Silva
Aos meus professores, orientadores e todos aqueles que contribuíram de alguma
maneira para minha formação acadêmica profissional, exemplos e lições de vida.
4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Acre e a Coordenação do Curso de
Engenharia Agronômica pela atenção e dedicação durante todo o curso, Juntamente
com o Secretário Alan e o nosso amigo Zé Alves que sempre estavam dispostos a
resolver os “pepinos” na coordenação em quaisquer circunstâncias.
Ao meu Orientador e Professor Antônio Willian Flores de Melo, pela
oportunidade da Bolsa PIBIC no Laboratório de Solos da Universidade, pela
paciência, amizade e ensinamentos.
A Dr. Aureny Maria Pereira Lunz pelo exemplo de vida, estágio e
oportunidade na Embrapa, pelos ensinamentos e amizade.
Ao Professor Dr. José Ribamar Torres da Silva pela Bolsa no PET-
Agronomia, onde foi meu primeiro estágio, logo que comecei agronomia, agradeço
pela amizade, brincadeiras e lições de vida, me ensinando acima de tudo a ser um
profissional ético de respeito, e muita dedicação em nossas metas.
Aos amigos estagiários e bolsistas do laboratório de solos: Marcelo,
Elaine, Angelita e Edmilson os quais pude compartilhar duvidas, experiências e a
amizade.
Ao funcionário do Laboratório de solos Luiz Paiva pela ajuda nas análises
químicas do trabalho de pesquisa.
Aos colegas de curso, Josiane, Shyrlene, Thalles, Jonatas, Mariana,
Rayany, Julho, Nathália, Romário, Anderson, Rosália, Jessé, Adenhauer,
Shumacher, Maycon, Suely, Willian, Brunna, Aldenice, Suelen e todos os outros que
se fizeram presentes nos momentos bons e ruins desta caminhada, compartilhando
tudo.
Aos amigos, Lucas Lopes e Jussandro Kochemborger, pela amizade,
apoio, companheirismo, conselhos, brincadeiras e piadas de cada dia, e
principalmente a convivência e por sempre estarem dispostos a ajudar.
5
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Estoque de Carbono do solo sob floresta queimada e floresta
sem queima................................................................................................................24
GRÁFICO 2 – Densidade dos solos sob floresta queimada e floresta sem queima..26
GRÁFICO 3 – pH do solo sob floresta queimada e floresta sem queima..................27
GRÁFICO 4 – Saturação por Bases do solo sob floresta queimada e floresta
sem queima...............................................................................................................28
GRÁFICO 5 – Estoque de Ca do solo sob floresta queimada e
floresta sem queima...................................................................................................29
GRÁFICO 6 – Estoque de Mg do solo sob de floresta queimada e floresta
sem queima................................................................................................................29
GRÁFICO 7 – Estoque de K do solo sob floresta queimada e floresta
sem queima................................................................................................................30
GRÁFICO 8 – Estoque de P do solo sob floresta queimada e floresta sem queima.30
GRÁFICO 9 – Saturação por Alumínio do solo sob floresta queimada e
floresta sem queima...................................................................................................31
6
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Ciclo global do Carbono com estoques nos diferentes compartimentos
da Terra e fluxos de carbono ....................................................................................17
FIGURA 2 – Principais processos no solo que influenciam no conteúdo de
carbono......................................................................................................................19
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Granulometria média das camadas superficiais do solo da área
de floresta queimada (FCQ) e floresta sem queima (FSQ)........................................25
TABELA 2 – Estoque de nutrientes, carbono e densidade do solo em Floresta
Queimada (FCQ) e Floresta sem queima (FSQ)........................................................32
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................13
2.1 A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
GLOBAIS...................................................................................................................13
2.2 DINÂMICA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA...................................................15
2.3 CICLO DO CARBONO: ATMOSFERA-VEGETAÇÃO-SOLO..............................17
2.4 ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO.................................................................19
3 OBJETIVOS............................................................................................................21
3.1 GERAL.................................................................................................................21
3.2 ESPECÍFICO........................................................................................................21
4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................21
4.1 COLETA DE DADOS...........................................................................................21
4.2 ANÁLISE DE LABORATÓRIO.............................................................................22
4.3 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................................23
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................23
5.1 ESTIMATIVA DO ESTOQUE DE CARBONO DA FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................23
5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................24
5.3 ESTOQUE DE NUTRIENTES DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)..........................................................................26
6 CONCLUSÃO.........................................................................................................35
7 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................36
9
RESUMO:
Historicamente as mudanças de uso da terra resultaram em grandes perdas de
nutrientes do solo, aumento de gases de efeito estufa, com destaque para o caso de
desflorestamento, em que é comum o uso de queimadas. Portanto o estudo
presente teve como finalidade quantificar e comparar o estoque de carbono e
nutrientes de solos de floresta nativa, verificando os efeitos da ação das queimadas
de 2010 nestes solos do estado do Acre. O trabalho foi realizado na estrada
Transacreana, Fazenda Talismã, km 9, Rio Branco, Acre. Os dados experimentais
foram analisados em DIC em esquema de parcelas subdivididas do tipo 2x3x11
em que os tratamentos (2) foram a área de floresta queimada (FCQ) e floresta
sem queima (FSQ), as repetições (3) foram as trincheiras alocadas
aleatoriamente, e as profundidades formaram as subparcelas (11). As análises
químicas e de densidade do solo foram avaliadas nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20,
20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70, 70-80, 80-90 e 90-100 cm. Após a análise de
variância, comparando os resultados dos tratamentos, obteve-se um estoque de
carbono de 33,120 Mg.ha-1 para a FCQ e 43,456 Mg.ha-1 para a FSQ. Os valores de
saturação por bases (V%) apresentaram significância nas camadas de 30-40, 40-50,
60-70 e 80-90 cm, e nestas a FSQ apresentou as médias respectivas de 34,36 %;
31,89 %; 29,24 % e 23,44 %. Analisando os valores de Saturação de Alumínio do
solo, observou-se significância na camada de 40-50 cm, sendo que a FCQ
apresentou maior Sat. Al que o tratamento de FSQ, com médias de 85,66% e
56,21% respectivamente. Diante dos resultados obtidos nas condições avaliadas no
presente trabalho verificamos que as queimadas não afetam o estoque de carbono
do solo de floresta nativa a longo prazo. As análises realizadas para comparar os
solos com os tratamentos FCQ e FSQ demonstraram que o processo de queima não
afetou o pH e o estoque de nutrientes do solo.
Palavras-chave: efeito estufa, matéria orgânica, uso da terra.
10
ABSTRACT
Historically changes in land use resulted in large losses of soil nutrients, increased by
greenhouse gases, notably the case of deforestation, it is common to use fire.
Therefore the present study aimed to quantify and compare the stock of carbon and
nutrients from soils of native forest, checking the effects of the action of these soils
burned 2010 in the state of Acre. The study was carried out on the road
Transacreana, Talisman Farm, km 9, Rio Branco, Acre. The experimental data were
analyzed by DIC in a split-plot type 2x3x11 in which treatments (2) were the area of
forest burned (FCQ) and unburned forest (FSQ), repetitions (3) trenches were
randomly allocated, and depths formed the subplots (11). The chemical analyzes and
bulk density were evaluated in the layers: 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-
60, 60-70, 70-80, 80-90 and 90-100 cm. After analysis of variance, comparing
treatment outcomes, we obtained a carbon stock of 33,120 Mg ha-1 for the FCQ and
43.456 Mg ha-1 for the FSQ. The values of base saturation (V%) were significant in
the layers 30-40, 40-50, 60-70 and 80-90 cm, and in these the FSQ presented the
respective averages of 34.36%, 31.89% , 29.24% and 23.44%. Analyzing the values
of aluminum saturation of the soil, there was a significant in the layer of 40-50 cm,
and the FCQ treatment was showed largest Sat. Al than FSQ treatment, averaging
85.66% and 56.21% respectively. The results obtained under the evaluated
conditions in this study found that the fires did not affect the soil carbon stock of
native forest in the long term. The analyzes performed to compare soils with
treatments FCQ and FSQ showed that the burning process did not affect the pH and
the stock of soil nutrients.
Keywords: greenhouse, organic matter, land use.
11
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia Brasileira vem sofrendo nos últimos anos danos intensos
referentes a ações da humanidade relacionadas às mudanças de uso da terra e
atividade agropecuária, que têm levado ao aumento da concentração atmosférica de
gases responsáveis pelo efeito estufa. Os gases CO2, N2O, CH4, CFC‟S, entre
outros, destacando-se o dióxido de carbono (CO2), pelo fato de ter maior emissão
em termos de massa (7,9 ± 1,2 Pg ano-1) e ser responsável por 60% da força
radiativa da atmosfera, desde o início do período industrial (SÁ et al., 2007).
Como resultado desse aumento na concentração de gases na atmosfera,
alterações nas variáveis climáticas têm sido verificadas ao longo do último século, e
uma das consequências mais graves, indicada inclusive no último relatório do Painel
Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas – IPCC (2007) é o aumento médio
da temperatura do planeta em, no mínimo 1,8°C, até o final deste século, o que pode
promover modificações sensíveis na atividade agrícola de várias regiões. As demais
consequências projetadas a partir das mudanças climáticas globais já observadas
são preocupantes no que se refere a qualidade de vida e sustentabilidade agrícola e
ambiental a longo prazo (COSTA et al., 2008).
O fogo associado ao desmatamento atua como principal responsável pela
emissão de grandes quantidades destes gases por vários processos distintos,
incluindo a queimada de floresta nas áreas que estão sendo desmatadas para
agricultura e pecuária, incêndios florestais e queimada de capoeiras, pastagens, e
diferentes tipos de savanas (Fearnside, 2002).
Os principais focos atuais de queimadas na Amazônia são associados à
agricultura, em especial em escala familiar, e à pecuária, correspondendo,
respectivamente, à prática de preparo de área para plantio utilizada secularmente
pelos agricultores familiares da Amazônia e de várias regiões tropicais, conhecida
como agricultura itinerante, migratória ou de corte-e-queima, e à queima de pastos
com infestação de plantas invasoras (pastos degradados) para a sua renovação (SÁ
et al., 2007).
Em termos de efeitos no solo, a ação do fogo acarreta diversas mudanças de
natureza física, química e biológica. Há uma tendência em favorecer a erosão, pela
remoção da cobertura vegetal e da cobertura morta representada pela camada de
12
serrapilheira e destruição da matéria orgânica que deixa o solo exposto ao impacto
das gotas de chuva, à alteração dos agregados do solo, em especial em solos de
textura arenosa, levando à compactação próxima a superfície do solo, à redução na
porosidade, infiltração, transpiração, deixando o solo vulnerável à erosão pela água,
que afeta quantitativa e qualitativamente a taxa de escorrimento, particularmente em
terrenos inclinados (Zanini; Diniz, 2006).
Levando em consideração a ciclagem predominante no sistema florestal
biologicamente regulada, com intensa ciclagem de matéria orgânica, é de se esperar
que a ciclagem de carbono e nutrientes seja alterada na medida direta em que as
intervenções na floresta sejam efetuadas, com maior ou menor alteração da
cobertura e da biomassa vegetal (NOBRE; NOBRE, 2002.), uma série de estudos
recentes sobre o papel das florestas tropicais da Amazônia no ciclo de carbono abre
a possibilidade de que também as florestas tropicais estejam desempenhando um
papel importante como sumidouros de CO2 (TONELLO, 2007).
Machado (2005) afirma que os ecossistemas terrestres que compreendem a
vegetação e o solo são considerados atualmente como um grande sumidouro de
carbono, especialmente os solos. O autor ainda acrescenta que há várias maneiras
pelas quais o manejo apropriado da biosfera terrestre, particularmente do solo,
possa resultar em significativa redução na emissão dos gases de efeito estufa. Os
solos das diferentes florestas no mundo apresentam maior estoque de carbono que
a vegetação, especialmente os solos de floresta boreal (regiões geladas) e os
campos das regiões temperadas (pradarias nos EUA e pampas da América do Sul).
Fearnside (2001) já ressaltava que uma grande contribuição do setor florestal
brasileiro na mitigação do efeito estufa não está somente no sequestro de carbono,
mas também na manutenção dos estoques atuais de carbono, ou seja, evitar a
emissão de CO2 por meio da degradação acelerada ou queima do material vegetal.
Esta conservação do estoque de carbono por meio das florestas também
auxilia na redução dos impactos das mudanças climáticas sobre as florestas
remanescentes (Gullison et al., 2007). Portanto, reduzindo o desmatamento evita-se
a emissão de gases do efeito estufa (GEE), e consequentemente, as alterações no
clima que poderiam afetar negativamente a produção de biomassa das mesmas.
13
Segundo Souza (2005) o CO2 emitido pelo solo é um importante componente
em todo o processo de ciclagem do carbono, bem como influencia diretamente nas
concentrações de CO2 na atmosfera, sendo que um incremento nas concentrações
deste elemento culmina em maior efeito estufa, consequentemente em aumento na
temperatura média global, ocasionando sérias consequências climáticas e
ambientais.
Em virtude das questões que envolvem as mudanças climáticas globais, uma
série de trabalhos científicos tem objetivado quantificar os reservatórios de carbono,
bem como determinar os fatores que controlam a dinâmica desses reservatórios
(MELO, 2003).
Portanto a pesquisa presente teve como finalidade estudar os solos sob
floresta nativa queimada e sem queima, com o objetivo de quantificar e comparar o
estoque de carbono e nutrientes destes solos e verificar os prováveis efeitos da
queima na capacidade de armazenamento de CO2 e dinâmica dos nutrientes destes
solos que sofreram a queimada de 2010 no estado do Acre.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
A agricultura moderna ou de alta tecnologia, que surgiu a partir da Revolução
Verde, na década de 1970, tem como premissa básica o aumento na produtividade,
utilizando elevados níveis de insumos e sementes melhoradas. Entretanto, a
intensificação da agricultura tem causado efeitos negativos, pela excessiva utilização
e dependência de recursos naturais não renováveis e consequente poluição
ambiental. A agricultura brasileira vem se apresentando nos últimos tempos como
uma atividade que contribui e ao mesmo tempo é prejudicada pelas mudanças
climáticas globais.
Recentes estudos têm mostrado a ocorrência de aumento na concentração de
dióxido de carbono, metano, monóxido de carbono, óxido nitroso, óxidos de
nitrogênio e ozônio na atmosfera devido à atividade antrópica atribuída cerca de
20% ao setor agrícola, e em grande parte associada a países mais desenvolvidos,
14
têm causado impacto no balanço de radiação solar do Planeta, tendendo ao
aquecimento da superfície da terra (LIMA, 2002).
O aquecimento global provocado pela emissão de gases de efeito estufa
figura um dos maiores paradigmas da atualidade científica. As previsões de modelos
climáticos divulgados têm despertado a atenção e o interesse não apenas para as
variações climáticas sazonais, mas também para os efeitos que possíveis mudanças
climáticas podem causar. Independentemente de qualquer teoria é evidente que a
partir do século XVIII, início da revolução industrial, houve um aumento da emissão
de gases na atmosfera que vem acentuando nas últimas décadas. Esta emissão
desordenada é preocupante, pois interfere nas concentrações atmosféricas, levando
a modificações nas condições climáticas do planeta, fenômeno denominado de
efeito estufa (CONTI, 2005).
A atmosfera seca da Terra é constituída principalmente por nitrogênio (N2;
78,1% do volume), oxigênio (O2; 20,9% do volume) e argônio (Ar; 0,93% do volume).
Estes gases possuem interação limitada com a radiação emitida pelo Sol e não
interagem com a radiação infravermelha emitida pela Terra. Entretanto, há uma série
de gases traços como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O)
e ozônio (O3) que absorvem e emitem radiação infravermelha. Estes gases traços,
também denominados gases de efeito estufa, ocupam menos que 0,1% do volume
da atmosfera e possuem relevante papel no balanço energético da Terra. A
atmosfera contém também vapor d‟água (aproximadamente 1% do volume), que
também é um gás de efeito estufa natural (MACHADO, 2005).
A Terra sempre passou por ciclos naturais de aquecimento e resfriamento, da
mesma forma que períodos de intensa atividade geológica. Entretanto, atualmente a
atividade industrial e agropecuária está afetando o clima terrestre na sua variação
natural. Durante os primeiros cinco anos do século XXI, mapas de anomalias de
temperatura em relação ao período de 1951-1980 demonstraram que houve, de
modo geral, aquecimento no planeta. Contudo, este aumento foi maior nos
continentes do que nos oceanos, e também nas maiores latitudes do Hemisfério
Norte (HANSEN et al., 2006). Isto sugere que a atividade humana desempenha fator
determinante no aquecimento (MARENGO; SOARES, 2003).
No Brasil, mais de 70 % da emissão dos gases causadores do efeito de
estufa (GEE) está relacionado com a mudança de uso da terra e a atividade
agropecuária (Brasil, 2009). Segundo Six et al. (2002) a conversão de áreas com o
15
corte e queima de vegetação natural, seguida pelo cultivo do solo, resulta em
mudanças na dinâmica da matéria orgânica do solo (MOS), com aumento das
emissões de dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) da
biosfera para a atmosfera (BERNOUX et al., 2001), que causam a elevação da
temperatura média e, consequentemente, as mudanças climáticas globais.
O recente estudo divulgado pelo “Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas” mostra que os impactos do aquecimento global podem ser catastróficos
(IPCC, 2007). Ainda não se sabe as consequências destas alterações em longo
prazo, pois o período de observação é muito curto. Nos países industrializados o
debate em torno do aquecimento global e as suas possíveis consequências é
intenso. De acordo com o IPCC, considerando os efeitos naturais e antropogênicos
no ajuste dos dados observados e simulados, a previsão é a de que a temperatura
global deverá aumentar entre 1,4 a 5,8 °C nos próximos 100 anos (PINTO et al.,
2004).
Nesse contexto, o crescimento do setor agropecuário com a conversão da
vegetação nativa em diferentes formas de uso da terra, é necessário conhecer as
fontes emissoras dos GEE a fim de colaborar com um diagnóstico mais exato para
as tomadas de decisões mitigadoras do aquecimento global (SIQUEIRA NETO et al.,
2011).
2.2 DINÂMICA DAS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA
O fogo tem sido um agente modificador do ambiente desde os estádios de
formação da terra. Utilizado em algumas regiões do mundo e proibido em outras,
tem dado motivo para uma grande polêmica. Na Europa Continental, o uso do fogo,
como controle da vegetação, é proibido. Na Inglaterra, era permitido em condições
muito especiais para controle de certas doenças. Recentemente, com o uso de
novas alternativas, também está proibido (JACQUES, 2003).
A atual dinâmica de queimadas na Amazônia é resultado da interação de
diversos fatores no contexto exploratório dos recursos naturais e diferentes
processos produtivos extrativistas, agropecuários e mineradores. Segundo Coutinho
(2005) a política agrária adotada durante muitos anos na região, limitada a
simplesmente assentar ou „lançar‟ o homem no campo, favoreceu o estabelecimento
e manutenção de antigas estruturas das relações sociais e agrárias, privilegiando as
16
classes economicamente dominantes e, portanto, as grandes propriedades. O
desfecho dessa dinâmica de ocupação é a atual fase da Amazônia, na qual a
rentabilidade obtida com a prática de atividades extrativistas, pecuárias e agrícolas
transformou-se na principal força propulsora da expansão e transformação da
fronteira (BECKER, 2005).
Queimada não é sinônimo de incêndio. A queimada é uma tecnologia
agrícola, praticada há milhares de anos pelos indígenas brasileiros (coivara),
incorporada na prática agrícola dos povoadores portugueses do século XVI e
também pelos agricultores italianos, alemães, poloneses, japoneses etc. que
migraram para o Brasil, a partir do final do século XIX e início do XX (MIRANDA,
2003). O uso do fogo é uma prática generalizada na agricultura brasileira. Ao
contrário dos incêndios, as queimadas agrícolas atingem pequenas áreas, têm hora
para começar e acabar, e são controladas pelos agricultores. Eles utilizam o fogo
como uma tecnologia agrícola em diversos momentos nos sistemas de produção,
desde o preparo das terras até a pré e pós-colheita. Seus danos ambientais são
limitados e têm um caráter mais crônico do que agudo (EMBRAPA, 2000).
As queimadas são uma tecnologia agrícola muito utilizada na região
amazônica, nos mais diversos sistemas de produção. O fogo é praticado por
diversos grupos indígenas e detectado com frequência em unidades de conservação
onde, em princípio, não deveria ocorrer. Porém grande parte das queimadas
amazônicas tem origem nas atividades agrícolas. No vasto domínio das diversas
agriculturas existentes na Amazônia, o fogo pode estar associado ao desmatamento,
à renovação de pastagens, ao manejo de capoeiras, à eliminação de resíduos
agrícolas, ao controle de pragas, à colheita da cana-de-açúcar e do algodão etc.
Trata-se de um fenômeno complexo, cuja compreensão da dinâmica espacial e
temporal exige estudos específicos, espaciais e multi-temporais (MIRANDA et al.,
2006).
Na Região Amazônica, para as práticas agropecuárias, a vegetação original é
normalmente derrubada e queimada antes da implantação da culturas ou das
pastagens. Como resultado de incorporação no solo das cinzas proporcionadas
pelas queimadas, ocorrem grandes modificações, principalmente nas propriedades
químicas do solo. Há um aumento do pH, das bases trocáveis e do P, e uma
redução do Al trocável e da porcentagem de saturação de Al. Essas modificações no
17
solo, com a queima, garantem o sucesso, pelo menos nos primeiros anos, dos
cultivos de subsistência (VEIGA; FALESI, 1986).
Os incêndios são eventos indesejáveis pois nesses casos, o fogo fica fora de
controle afetando áreas indesejáveis, como nascentes, florestas, moradias, etc. De
origem acidental ou criminosa, eles podem atingir grandes áreas, causando
prejuízos ao patrimônio público e privado, além de graves danos ambientais. Isso se
torna mais comum em anos de seca.
Spera et al. (2000) explica que a ação do fogo provoca uma série de
modificações de natureza física, química e biológica no solo. Muitos autores
referem-se ao uso do fogo como método de manejo de solo condenável, atribuindo-
lhe possível ações degradantes e esterilizantes do solo.
2.3 CICLO DO CARBONO: ATMOSFERA-VEGETAÇÃO-SOLO
Os quatro principais compartimentos de carbono na Terra são: oceanos,
atmosfera, formações geológicas contendo carbono fóssil e mineral e ecossistemas
terrestres (biota + solo). Na Figura 1 observa-se uma representação esquemática
dos diferentes compartimentos de carbono na Terra com seus estoques e
respectivos fluxos.
Figura 1. Ciclo global do Carbono com estoques (em Pg C = 105 g C) nos diferentes compartimentos
da Terra e fluxos de carbono (em Pg ano-1
). Adaptado de MACHADO (2005).
18
Na Figura 1 constata-se que o maior compartimento de carbono na Terra é
aquele presente nos oceanos (38000 Pg C), seguido do compartimento presente nas
formações geológicas (5000 Pg C). O carbono das formações geológicas consiste
de 4000 Pg C presentes no carvão, 500 Pg C no petróleo e 500 Pg C no gás natural.
O compartimento de carbono do solo (2500 Pg C) é o maior nos ecossistemas
terrestres (aproximadamente 4 vezes o compartimento de C da vegetação é 3,3
vezes o carbono da atmosfera) e é constituído pelo carbono orgânico (1500 Pg C) e
mineral (1000 Pg C). O carbono orgânico representa o equilíbrio entre o carbono
adicionado ao solo pela vegetação e o perdido para as águas profundas e,
finalmente, para os oceanos via lixiviação como carbono orgânico dissolvido (0,4 Pg
C) ou para a atmosfera via atividade microbiana como dióxido de carbono em solos
aerados ou metano em solos saturados com água. Entretanto, pouco se sabe sobre
valores precisos de perdas de carbono do solo para a atmosfera (MACHADO, 2005).
O carbono orgânico do solo está presente na matéria orgânica viva, que
corresponde a menos de 4% do carbono orgânico total do solo e na matéria
orgânica morta, que corresponde à maior parte do carbono orgânico total do solo
(cerca de 98%) (THENG, 1987).
O carbono da matéria orgânica viva (CMOV) subdivide-se no carbono
presente nos microrganismos (60-80% do CMOV), consistido principalmente de
fungos e bactérias, nos macrorganismos (15-30% do CMOV) consistido, por
exemplo, por minhocas, ácaros e térmitas terrestres e, finalmente, nas raízes (5-
10% do CMOV). Quanto ao carbono da matéria orgânica morta (CMOM), o carbono
se subdivide na matéria macrorgânica ou seja, resíduos vegetais recém adicionados
ao solo e no húmus (80-90% do CMOM), que consiste de substâncias não húmicas
(30% do carbono do húmus) representadas pelos ácidos orgânicos de baixo peso
molecular (ex. ácido cítrico, ácido ftálico, ácido malônico) e substâncias húmicas
(70% do carbono do húmus) representadas pelos ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e
huminas. Quanto ao carbono inorgânico representado pelos carbonatos no solo, sua
participação é insignificante, estando presente em ambientes restritos como os solos
da região semi-árida do Brasil. Apesar do CMOV estar presente em proporção bem
menor que o CMOM as importâncias se igualam, pois os micro e macrorganismos,
pelas suas atividades no solo, se constituem num dos principais fatores
responsáveis pelas transformações do CMOM, resultando em acúmulo ou perdas
(na forma de CO2) de carbono orgânico do solo. (MACHADO, 2005).
19
As taxas de adição e a qualidade do carbono da vegetação dependem muito
do clima (principalmente temperatura do ar e chuvas), do tipo de vegetação
(gramíneas decompõem-se mais lentamente que plantas leguminosas) e da
fertilidade do solo (solos férteis resultam em plantas maiores que contêm, por sua
vez, mais carbono a ser depositado no solo). Os resíduos de plantas (ex. folhas,
galhos, frutos) que caem sobre o solo são gradualmente alterados por meio da
fragmentação física, interações entre a fauna do solo e microrganismos e formação
de húmus. Os processos de decomposição e taxas de transformação são fortemente
influenciados pelo clima, tipo e qualidade da matéria orgânica, associações químicas
e físico-químicas da matéria orgânica com os componentes minerais do solo e pela
localização da matéria orgânica no solo (BATJES, 1999).
Os três principais processos responsáveis pelo sequestro de carbono nos
solos são a humificação, agregação e sedimentação. Ao mesmo tempo, os
processos responsáveis pelas perdas de carbono no solo são a erosão,
decomposição, volatilização e lixiviação (Figura 2).
Figura 2. Principais processos no solo que influenciam no conteúdo de carbono. Adaptado de Lal et al. (1997).
2.4 ESTOQUE DE CARBONO DO SOLO
A quantificação de estoque de carbono do solo consiste essencialmente em
dois passos:
1. amostragem de solo no campo para análise de carbono total e densidade do solo;
20
2. determinação de carbono total em amostras e quantificação dos estoques em Mg
C ha-1.
A densidade do solo (ρ, g cm-3), antigamente denominada de densidade
aparente ou global do solo, corresponde à massa de solo seco por unidade de
volume, ou seja, o volume do solo ao natural, incluindo os espaços porosos (CURI et
al., 1993).
O teor de carbono do solo diminui exponencialmente com a profundidade,
normalmente, 39-70% do carbono orgânico total na camada de 0-100 cm de solo
mineral está presente nos primeiros 30 cm e 58-81% nos primeiros 50 cm. Perdas
ou aportes de carbono do solo são maiores no horizonte superficial (0-15 cm), que
deve ser amostrado de maneira sistemática, pois conforme o manejo do solo pode
ser balanceado por perdas em profundidade (WATSON et al., 2000).
No âmbito das mudanças climáticas globais, o solo e suas diferentes formas
de uso e manejo estão em foco (COSTA et al., 2008), sobretudo porque o solo é
considerado fonte ou sumidouro de CO2 atmosférico (CARVALHO et al., 2009),
dependendo do manejo adotado.
Quando ecossistemas nativos são alterados por atividades antrópicas, como
é o caso das queimadas o equilíbrio dinâmico é quebrado e, normalmente, as
entradas de C são menores do que as saídas, o que conduz à redução da
quantidade e modificação da qualidade da MOS (CERRI et al., 2008).
Conforme Machado (2005) diferente das reservas de carbono fóssil, o
carbono do solo não é permanente e pode, a curto ou longo prazo, se transferir para
a atmosfera. Assim, não pode compensar na totalidade as emissões oriundas da
queima de combustíveis fósseis. Pelo solo ser o maior compartimento de carbono
nos ecossistemas terrestres e poder estocar carbono pela agricultura
conservacionista (ex. sistema plantio direto), a humanidade pode, com o uso
adequado do solo, retardar ou amenizar os impactos negativos da mudança
climática global.
21
3 OBJETIVOS:
3.1 OBJETIVO GERAL:
O presente Trabalho tem por objetivo quantificar o estoque do C e nutrientes
do solo em uma área de floresta no estado do Acre, onde ocorreram queimadas no
ano de 2010, usando para tal, metodologia IPCC /UNFCCC para quantificação do
carbono total do solo.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Selecionar uma área para amostragem representativa para o estado;
Marcar a área onde estão abertas as trincheiras para coleta de solo;
Retirar amostras do solo para análise laboratorial;
Quantificar o carbono e nutrientes das amostras;
Estimar o estoque de carbono armazenado no solo selecionado;
Associar o estoque de carbono com demais nutrientes do solo;
Verificar se houve perda ou aumento do C no solo advindo de queimadas
ocorridas no ano de 2010 em uma floresta nativa no Acre.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo fica localizada na estrada Transacreana, km 9, Fazenda
Talismã, Rio Branco-AC, Brasil, em solo classificado como ARGISSOLO AMARELO
Eutrófico típico (ACRE, 2006). O clima é do tipo Am (quente e úmido com curta
estação seca) na classificação de Koppen.
O presente estudo foi executado em três (3) fases sendo a metodologia
utilizada resumidamente detalhada a seguir:
4.1 COLETA DE DADOS
Foram alocadas parcelas em duas áreas distintas. Em cada área foram
distribuídas três parcelas onde ocorreu a queimada e nas proximidades da mesma
área, alocadas três parcelas onde não ocorreu a queimada, isso para possibilitar
uma comparação do estoque de C e nutrientes do solo que havia antes da queima.
22
Nas parcelas alocadas, foram coletados os dados de campo (variáveis
independentes) que foram utilizados na quantificação do carbono armazenado
(variável dependente). Este tipo de coleta é conhecida como método direto.
Os dados experimentais foram analisados em Delineamento Inteiramente
Casualizado (DIC), em esquema de parcelas subdivididas do tipo 2x3x11 no qual
os tratamentos foram a área de floresta queimada (FCQ) e floresta sem queima
(FSQ), as repetições foram as trincheiras (3), alocadas aleatoriamente, sendo
três parcelas onde ocorreu a queima e três parcelas onde não ocorreu a
queima, totalizando seis parcelas (6) e as camadas na trincheira formaram as
subparcelas (11).
Na área foram abertas 6 (seis) trincheiras, medindo 2 x 1,5 x 1,2 m
(comprimento x largura x profundidade). As coletas foram feitas em uma parede de
cada trincheira, nas camadas 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70,
70-80, 80-90 e 90-100cm.
4.2 ANÁLISE DE LABORATÓRIO
Após a coleta das amostras no campo, estas foram transferidas para o
laboratório onde foram preparadas (secas ao ar, moídas e passadas em peneira de
2 mm) para a quantificação dos nutrientes.
As amostras para a densidade do solo foram igualmente transferidas para o
laboratório, e secas a 105 °C até peso constante para a determinação da massa de
solo.
Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Fertilidade do Solo da
Universidade Federal do Acre. Em cada uma dessas amostras foi analisado a
densidade aparente (g.cm-3), concentração e estoque de carbono e nutrientes. A
densidade aparente das amostras de solos foi determinada utilizando o método do
anel volumétrico de Kopec (Embrapa, 1997).
A concentração de carbono orgânico total foi determinada pelo processo de
oxidação da matéria orgânica, por via úmida, com dicromato de potássio 0,1667 mol
L-1 sem aquecimento (Walkley; Black, 1934). O teor de carbono é obtido
indiretamente pela diferença entre a quantidade total de redutor (dicromato) utilizada
e a quantidade restante após a oxidação do carbono.
23
O estoque de carbono e nutrientes foram determinados utilizando a densidade
aparente do solo (g.cm-3), considerando a espessura da camada de solo h (m) e sua
respectiva concentração (mg.dm-3), e o resultante expresso em Mg.ha-1.
As análises químicas do solo foram avaliadas nas profundidades 0-5, 5-10,
10-20, 20-30, 30-40, 40-50, 50-60, 60-70, 70-80, 80-90 e 90-100 cm, sendo
analisado teores de C.Org, P, K+, Ca2+, Mg2+, Na+, Al3+, H+, e pH, das amostras de
solos. Foi utilizado para tais análises a metodologia descrita pela Embrapa (1997).
4.3 ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados das análises foram submetidos à análise de variância e quando
estes indicaram significância, foram avaliados por tukey a 5% de significância.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 ESTIMATIVA DO ESTOQUE DE CARBONO DA FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)
Observando a dinâmica do carbono, em ambos os tratamentos obtivemos um
decréscimo natural deste estoque em profundidade da superfície até a subsuperficie
no solo. No solo sob FCQ as médias variaram de 0,76 a 6,16 Mg.ha-1, já para o solo
de FSQ as médias variaram de 2,0 a 7,87 Mg.ha-1.
Após a análise de variância, comparando os resultados dos tratamentos de
floresta com queima (FCQ) e floresta sem queima (FSQ) observamos diferença no
estoque de carbono total do solo nas profundidades de 70-80, 80-90 e 90-100,
sendo que a Floresta sem queima apresentou maior estoque de carbono, com as
respectivas médias em Mg.ha-1: 2,58; 2,43; 2,00 (Gráfico 1).
Analisando a soma das médias das camadas até 100 cm de profundidade,
obtemos um estoque de carbono de 33,120 Mg.ha-1 para a FCQ e 43,456 Mg.ha-1
para a FSQ.
Carvalho et al. (2002), ao comparar o estoque de carbono de uma floresta e
pastagem em cronossequência, encontrou um estoque de carbono total do solo a
30 cm de profundidade de 30 Mg.ha-1 no solo da floresta, e para pastagem
24
(Brachiaria brizantha) 50 Mg ha-1. Eles também observaram que a razão C/N e
lignina/celulose sobre a superfície e raízes também são fatores importantes que
estão relacionados com os estoques de carbono do solo após o desmatamento, pelo
fato de determinar a decomposição e capacidade de armazenamento de carbono no
solo e suas perdas no sistema.
Gráfico 1. Estoque de Carbono do solo sob
floresta queimada e floresta sem queima.
Os resultados observados apontam que apesar da diferença do estoque de
carbono entre a FCQ e FSQ na subsuperficie do solo, não houve efeito significativo
causado exclusivamente pelas queimadas, onde se esperava um efeito nas
camadas superficiais, já que tendem a apresentar maior quantidade de matéria
orgânica e são influenciadas diretamente pelo processo de queima da matéria
orgânica. Por isso devemos considerar que a ação de outros fatores físicos ou
químicos podem ter influenciado em tais resultados observados.
5.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
C.Org (Mg.ha-1)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m)
FCQ
FSQ
25
Freitas et al. (2000) ressaltaram o papel da argila na estruturação do solo e
em proteger a matéria orgânica do solo contra a decomposição, em sistemas que
apresentam ausência de revolvimento do solo.
Conforme a granulometria dos solos estudados, a FSQ apresenta maior teor
de argila, no entanto os valores observados não são significativamente diferentes
dos encontrados na área de FCQ, o que exclui, portanto a possibilidade de ter
influenciado nos resultados (Tabela 1).
Tabela 1. Granulometria média das camadas superficiais do solo da área de floresta
queimada (FCQ) e floresta sem queima (FSQ).
Área Profundidades (cm) Areia
(g.kg-1) Silte
(g.kg-1) Argila (g.kg-1)
FCQ
0--5 739 151 110
5--10 682 198 120
10--20 630 223 147
20--30 634 203 163
30--40 585 228 187
40--50 571 226 203
50--60 556 227 217
60--70 539 218 243
70--80 521 222 257
80--90 512 218 270
90--100 496 211 293
FSQ
0--5 568 268 164
5--10 542 278 180
10--20 479 308 213
20--30 469 304 227
30--40 436 284 280
40--50 414 273 313
50--60 397 280 323
60--70 372 281 347
70--80 355 275 370
80--90 335 291 374
90--100 316 298 386
Para a densidade do solo não houve diferença significativa entre os
tratamentos de FCQ e FSQ (Gráfico 2). Ao passo que obteve variação de 1,00 a
1,43 g.cm-3 na densidade média da Floresta sem queima, em uma tendência de
26
crescente aumento da densidade nas camadas mais profundas do perfil do solo
devido a sua granulometria apresentar predominante proporção de argila nas
camadas mais profundas.
0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8
Densidade (g.cm-3)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m)
FCQ
FSQ
Gráfico 2. Densidade dos solos sob floresta
queimada e floresta sem queima
5.3 ESTOQUE DE NUTRIENTES DOS SOLOS DE FLORESTA QUEIMADA (FCQ)
E FLORESTA SEM QUEIMA (FSQ)
O pH dos solos dos tratamentos de floresta queimada e sem queima não
apresentaram diferença significativa, com valores variando entre 4,23 e 5,5
conforme o Gráfico 3.
27
0 1 2 3 4 5 6 7pH
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ade
(cm
)FCQ
FSQ
Gráfico 3. pH dos solos sob floresta queimada e
floresta sem queima.
Conforme Corrêa e Aronovich (1979) estudando a influencia da queima
periódica sobre a vegetação e sobre a fertilidade dos terrenos de pastagens,
observaram que a queima apresentou efeito positivo sobre o pH do solo, que
consequentemente melhora a disponibilidade dos nutrientes nas condições
estudadas.
A Saturação por bases dos solos da floresta queimada (FCQ) e sem queima
(FSQ) apresentaram significância nos resultados analisados nas camadas de 30-40,
40-50, 60-70 e 80-90 cm, e nestas profundidades a FSQ apresentou maior V (%),
com as médias respectivas de 34,36 %; 31,89 %; 29,24 % e 23,44 % (Gráfico 4).
28
Gráfico 4. Saturação por Bases do solo
sob floresta queimada e floresta sem queima.
O gráfico acima reflete bem as consequências da ação do fogo sobre o solo e
nutrientes de maneira universal, apesar de que individualmente, ou seja, observando
a dinâmica de cada nutriente no perfil do solo, não houve diferença estatística que
comprovasse a redução e perca de nutrientes resultantes da queimada na floresta
(Tabela 2).
Já em trabalhos desenvolvidos por outros autores, foram observados
resultados diferentes, como o caso de Bono et al. (1996) que constatou que o uso
contínuo do fogo tem como consequência a exposição do solo ao impacto das gotas
de chuva, aumentando a compactação e a erosão, além de interromper
gradualmente o ciclo de retorno da matéria orgânica, diminuindo a capacidade de
troca de cátions, a retenção de água, a perda de nutrientes do sistema,
principalmente N, S e K.
De maneira sucinta, as análises realizadas para comparar os solos com os
tratamentos sob floresta queimada (FCQ) e sem queima (FSQ) demonstraram que o
processo de queima não afetou o pH, o estoque e dinâmica de alguns nutrientes do
solo como Ca (Gráfico 5), Mg (Gráfico 6), K (Gráfico 7) e P (Gráfico 8).
-20 0 20 40 60 80 100 120
V (%)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ade
(cm
)
FCQ
FSQ
29
Gráfico 5. Estoque de Ca do solo sob
floresta queimada e floresta sem queima.
-0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
Mg (Mg.ha-1)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m)
FCQ
FSQ
Gráfico 6. Estoque de Mg do solo sob
Floresta queimada e floresta sem queima.
-0 .4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8
Ca (Mg.ha-1)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m)
FCQ
FSQ
30
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
K (Mg.ha-1)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m) FCQ
FSQ
Gráfico 7. Estoque de K do solo sob
floresta queimada e floresta sem queima.
Gráfico 8. Estoque de P do solo sob
floresta queimada e floresta sem queima.
Para os valores de Na, na camada de 80-90 cm a FSQ obteve média de
0,005 Mg.ha-1 e a FCQ 0,001 Mg.ha-1. Já para as demais camadas não houve
significância entre os dois tratamentos (Tabela 2).
-0.005 0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025
P (Mg.ha-1)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ad
e(c
m)
FCQ
FSQ
31
Para os estoques de Al e H do solo, não houve diferença significativa entre os
tratamentos de FCQ e FSQ (Tabela 2). Foram observados valores bastante
expressivos de Al em ambos os tratamentos, que caracterizam tipicamente os solos
florestais estudados de maneira geral no estado do Acre.
Conforme Veiga e Falesi (1986) é possível que com a queimada, a redução
no teor de Al trocável possa reduzir a capacidade do solo de fixação de P, o que
pode tornar vantajosa a queimada no solo a curto prazo, pela melhor disponibilidade
de P após a queimada.
Os valores de estoque de SB e T também não diferiram estatisticamente entre
os tratamentos de FCQ e FSQ (Tabela 2).
Analisando os valores de Saturação de Alumínio do solo, observou-se
significância na camada de 40-50 cm, sendo que a FCQ apresentou maior Sat. Al
que o tratamento de FSQ, com médias de 85,66% e 56,21% respectivamente
(Gráfico 9).
Gráfico 9. Saturação por Alumínio do solo sob
floresta queimada e floresta sem queima.
-40 -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Sat. Al (%)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Pro
fun
did
ade
(cm
)
FCQ
FSQ
32
Tabela 2. Estoque de nutrientes, carbono e densidade do solo em Floresta Queimada (FCQ) e Floresta sem queima (FSQ).
Trat. pH(1)
Ca(2) Mg(3) K(4) Na(5) Al(6) H(7)
C. Org(8)
P(9) SB(10) T(11) V(12) SAT. Al(13)
DS(14)
Mg. ha-1 Cmolc.dm-3 % g.cm-3
-------------------------------------------profundidade 0 - 5 cm------------------------------------------- FCQ 4,86 a 0,359 a 0,066 a 0,047a 0,001 a 0,014 a 0,017 a 6,16 a 0,013 a 4,36 a 7,63 a 57,07 a 6,11 a 1,13 a FSQ 5,5 a 0,623 a 0,138 a 0,045 a 0,002 a 0,010 a 0,015 a 7,87 a 0,007 a 8,77 a 11,97 a 73,30 a 2,41 a 1,00 a
-------------------------------------------profundidade 5 - 10 cm------------------------------------------
FCQ 4,47 a 0,142 a 0,047 a 0,023 a 0,001 a 0,041 a 0,015 a 3,30 a 0,004 a 1,94 a 5,26 a 36,90 a 27,89 a 1,20 a FSQ 5,4 a 0,356 a 0,115 a 0,028 a 0,001 a 0,040 a 0,023 a 4,19 a 0,003 a 4,56 a 8,96 a 50,87 a 13,59 a 1,23 a
-------------------------------------------profundidade 10 - 20 cm-----------------------------------------
FCQ 4,3 a 0,280 a 0,107 a 0,042 a 0,002 a 0,148 a 0,033 a 5,68 a 0,002 a 1,80 a 5,52 a 32,66 a 40,61 a 1,33 a FSQ 5,13 a 0,649 a 0,309 a 0,046 a 0,003 a 0,168 a 0,042 a 6,34 a 0,004 a 4,46 a 9,01 a 49,53 a 23,87 a 1,33 a
-------------------------------------------profundidade 20 - 30 cm-----------------------------------------
FCQ 4,27 a 0,165 a 0,096 a 0,026 a 0,003 a 0,203 a 0,031 a 4,34 a 0,002 a 1,31 a 5,45 a 24,01 a 56,97 a 1,30 a FSQ 4,83 a 0,629 a 0,295 a 0,047 a 0,004 a 0,275 a 0,044 a 4,89 a 0,001 a 4,20 a 9,67 a 43,44 a 34,71 a 1,37 a
-------------------------------------------profundidade 30 - 40 cm-----------------------------------------
FCQ 4,23 a 0,065 a 0,062 a 0,022 a 0,002 a 0,340 a 0,028 a 4,15 a 0,001 a 0,65 a 5,33 a 12,14 b 80,68 a 1,40 a FSQ 4,83 a 0,565 a 0,238 a 0,033 a 0,004 a 0,476 a 0,041 a 3,95 a 0,002 a 3,59 a 10,45 a 34,36 a 51,85 b 1,37 a
-------------------------------------------profundidade 40 - 50 cm-----------------------------------------
FCQ 4,23 a 0,051 a 0,039 a 0,030 a 0,003 a 0,361 a 0,024 a 2,92 a 0,001 a 0,48 a 5,05 a 9,50 b 85,66 a 1,40 a FSQ 4,8 a 0,510 a 0,262 a 0,028 a 0,004 a 0,558 a 0,041 a 3,22 a 0,002 a 3,53 a 11,08 a 31,89 a 56,21 b 1,37 a
-------------------------------------------profundidade 50 - 60 cm-----------------------------------------
FCQ 4,27 a 0,042 a 0,045 a 0,027 a 0,001 a 0,424 a 0,027 a 1,97 a 0,001 a 0,47 a 5,76 a 8,17 a 87,74 a 1,40 a FSQ 4,7 a 0,467 a 0,274 a 0,031 a 0,004 a 0,668 a 0,038 a 3,13 a 0,002 a 3,37 a 11,40 a 29,55 a 61,14 a 1,40 a
-------------------------------------------profundidade 60 - 70 cm-----------------------------------------
FCQ 4,3 a 0,043 a 0,049 a 0,032 a 0,001 a 0,499 a 0,024 a 1,67 a 0,001 a 0,49 a 6,06 a 8,15 b 88,67 a 1,43 a FSQ 4,67 a 0,440 a 0,292 a 0,034 a 0,004 a 0,671 a 0,040 a 2,84 a 0,001 a 3,31 a 11,31 a 29,24 a 61,12 a 1,43 a
33
-------------------------------------------profundidade 70 - 80 cm-----------------------------------------
FCQ 4,37 a 0,047 a 0,056 a 0,026 a 0,002 a 0,500 a 0,021 a 1,17 b 0,001 a 0,55 a 6,05 a 9,14 a 87,75 a 1,40 a FSQ 4,57 a 0,364 a 0,224 a 0,033 a 0,005 a 0,683 a 0,039 a 2,58 a 0,001 a 2,78 a 11,22 a 24,75 a 66,66 a 1,37 a
-------------------------------------------profundidade 80 - 90 cm-----------------------------------------
FCQ 4,33 a 0,051 a 0,045 a 0,019 a 0,001 b 0,517 a 0,022 a 0,99 b 0,001 a 0,49 a 6,13 a 7,99 b 89,34 a 1,40 a FSQ 4,53 a 0,344 a 0,241 a 0,034 a 0,005 a 0,748 a 0,042 a 2,43 a 0,002 a 2,68 a 11,41 a 23,44 a 68,44 a 1,43 a
-------------------------------------------profundidade 90 - 100 cm-----------------------------------------
FCQ 4,3 a 0,054 a 0,032 a 0,022 a 0,001 a 0,598 a 0,023 a 0,76 b 0,002 a 0,41 a 6,48 a 6,31 a 91,73 a 1,47 a FSQ 4,47 a 0,319 a 0,175 a 0,033 a 0,004 a 0,812 a 0,031 a 2,00 a 0,001 a 2,31 a 11,17 a 20,66 a 74,09 a 1,37 a
(1)Potencial de Hidrogênio.
(2)Cálcio.
(3)Magnésio.
(4)Potássio.
(5)Sódio.
(6)Alumínio.
(7)Hidrogênio.
(8) Carbono orgânico.
(9)Fósforo.
(10)Soma de bases.
(11)Capacidade de troca de cátions.
(12)Saturação por bases.
(13) Saturação por Alumínio.
(14) Densidade. Médias seguidas da mesma letra em cada coluna
não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5%.
34
Observando a Tabela 2, verificamos que os níveis de Na+1, Mg+2, K+1, P e
Ca+2 dos solos do Acre são consideravelmente baixos, resultados das altas taxas de
intemperismo incidentes sobre esta região durante milhões de anos (Jordan, 1986).
E mesmo com a ação da queimada afetando a superfície do solo florestal, não
houve interferência no estoque de nutrientes do solo.
Normalmente o aumento na disponibilidade de P (Serrasolsas & Khanna,
1995) e no teor de bases trocáveis (Rheinheimer et al., 2003) no solo são
observados imediatamente após a queima, em conseqüência do acúmulo de cinzas
na superfície do solo. Porém Knicker (2007) explica que esses efeitos desaparecem,
em médio prazo, na lixiviação dos nutrientes pela ação de chuvas, o que resulta em
concentrações que podem chegar a valores inferiores aos observados em solos que
não sofreram ação do fogo.
Em condições similares ao presente trabalho, Dick et al. (2008) comparando
solos de pastagem natural e queimada, observaram que na camada de 0-5 cm o
teor de Mg+2 trocável foi maior na pastagem natural, e os teores de Ca trocável
apresentaram a mesma tendência apesar de não haver significância estatística
devido o alto coeficiente de variação apresentado para este nutriente.
35
6 CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos nas condições avaliadas no presente trabalho conclui-
se que:
1- As queimadas não influenciaram a longo prazo o estoque de carbono do solo em
floresta.
2- O processo de queima não influenciou o pH, e o estoque de nutrientes do solo.
36
7 REFERÊNCIAS
ACRE. Governo do Estado do Acre. Zoneamento ecológico-econômico do estado
do Acre, fase II (Escala 1:250.000). 2 ed. Rio Branco-Acre: SEMA, 2006. 356 p.
BATJES, N. H.; Management Options for Reducing CO2-Concentrations in the
Atmosphere by Increasing Carbon Sequestration in the Soil. ISRIC.
Wageningen, The Netherlands. 1999. 114 p.
BECKER, B.K. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados. São Paulo, v. 19, n.
53, p.71-86, 2005.
BERNOUX, M.; CARVALHO, M. C. S.; VOLKOFF, B.; CERRI, C. C. CO2 emission
from mineral soils following landcover change in Brazil. Global Chang. Biol. v. 7,
p.779-787, 2001.
BONO, J. A. M.; MACEDO, M. C.; EUCLIDES, V. P. B. Alterações nas
propriedades químicas de um latossolo sob pastagem cultivada, após queima.
In: SIMPÓSIO SOBRE O CERRADO, 8, 1996, Brasília. Anais..., 8º Simpósio sobre
o cerrado: biodiversidade e produção sustentável de alimentos e fibras nos cerrados.
Editado por Roberto Carvalho Pereira e Luiz Carlos Bhering Nasser. Planaltina:
EMBRAPA/CPAC, p.341-345, 1996.
BRASIL. Ministério de Ciência e Tecnologia. Inventário brasileiro das emissões e
remoções antrópicas de gases de efeito estufa. Brasília, 2009. 19p.
CARVALHO, M. C. S.; ANDRADE, C. A . de; MELTI, A . J.; CERRI, C. C. Soil
carbon stocks influenced by litter and roots quality on pasture
chronosequence in Rondônia. In: CONFERÊNCIA CIENTÍFICA INTERNACIONAL
DO EXPERIMENTO LBA, 2., 7- 10 julho 2002, Manaus. Abstracts… São José dos
Campos: INPE, 2002.
CERRI, C. E. P.; FEIGL, B.; CERRI, C. C. Dinâmica da matéria orgânica do solo na
Amazônia. In: SANTOS, G. de A.; SILVA,L. S. da; CANELLAS, L. P.; CAMARGO, F.
37
de O. (Ed.). Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais
e subtropicais. 2.ed. rev. atual. Porto Alegre: Metrópole, 2008. p.325-358.
CONTI, J. B. Considerações sobre as mudanças climáticas globais. Revista do
Departamento de Geografia, v.16, p.81-88, 2005.
CORRÊA, A. N. S.; ARONOVICH, S. Influência da queima periódica sobre a
vegetação e sobre a fertilidade dos terrenos de pastagens. Revista Sociedade
Brasileira de Zootecnia, v.8, n.2, p.332-347, 1979.
COSTA, F. de S.; ZANATTA, J. A.; BAYER, C. Emissões de gases de efeito estufa
em agroecossistemas e potencial de mitigação. In: SANTOS, G. de A.; SILVA, L.
S. da; CANELLAS, L. P.; CAMARGO, F. A. de O. (Ed.). Fundamentos da matéria
orgânica do solo: ecossistemas tropicais & subtropicais. 2. ed. rev. atual. Porto
Alegre: Metrópole, 2008. 636p.
COUTINHO, A. C. Dinâmica das queimadas no Estado do Mato Grosso e suas
relações com as atividades antrópicas e a economia local. 308p. Tese
(Doutorado em Ciência Ambiental) - Ciência Ambiental, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2005.
CURI, N.; LARACH, J. O. I.; KÄMPF, N.; MONIZ, A. C.; FONTES, L. E. F.;
Vocabulário de Ciência do Solo, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo:
Campinas, 1993.
DICK, D. P.; MARTINAZZO, R.; DALMOLIN, R. S. D.; JACQUES, A. V. A.;
MIELNICZUK, J.; ROSA, A. S. Impacto da queima nos atributos químicos do solo, na
composição da matéria orgânica e na vegetação. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.5, p.633-640, 2008.
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento por Satélite. Principais
focos e fontes de queimadas no Brasil e suas causas In: EMBRAPA. Departamento
de Pesquisa e Desenvolvimento. Assessoria de Comunicação Social. Alternativas
38
para a prática das queimadas na agricultura: recomendações tecnológicas.
Brasília, p.8-17, 2000.
EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solos. 2. ed. Rio de Janeiro:
EMBRAPA-CNPS, 1997. 212 p.
FEARNSIDE, P. M. Fogo e emissão de gases de efeito estufa dos ecossistemas
florestais da Amazônia brasileira. Estudos Avançados, v.16, n.44, p.99-123, 2002.
FEARNSIDE, P. M. The potential of Brazil‟s forest sector for mitigating global
warming under the Kyoto Protocol. Mitigation and Adaptation Strategies for
Global Change, v.3, p.355-372, 2001.
FREITAS, P. L.; BLANCANEAUX, P.; GAVINELLI, E.; LARRÉ-LARROUY, M.;
FELLER, C. Nível e natureza do estoque orgânico de Latossolos sob diferentes
sistemas de uso e manejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, p.157-170,
2000.
GULLISON, R.E.; FRUMHOFF, P.C.; CANADELL, J.G.; FIELD, C.B.; NEPSTAD,
D.C.; HAYHOE, K.; AVISSAR, R.; CURRAN, L.M.; FRIEDLINGSTEIN, P.; JONES,
C.D.; NOBRE, C. Tropical forests and climate policy. Science, Washington, v.316,
p.985-986, 2007.
HANSEN, J.; SATO, M.; RUEDY, R.; LO, K.; LEA, D. W.; MEDINA-ELIZADE, M.
Global temperature change. Proceedings of the national academy sciences,
v.103, n.39, p.14288-14293, 2006.
IPCC – Intergovernment Panel on Climate Change. The physical Science basis:
Contribution on working group I to the fourth assessment report of the
intergovernment Panel on Climate Change, Paris, 2007.
JACQUES, A. V. A. A queima das pastagens naturais - efeitos sobre o solo e a
vegetação. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.1, p.177-181, 2003.
39
JORDAN, C. F. Soils of the Amazon rainforest. In: PRANCE, G. T.; LOVEJOY, T. E.
(Ed.). Amazonia. Oxford: Pegamon Press, p.83-94, 1986.
KNICKER, H. How does fire affect the nature and stability of soil organic nitrogen and
carbon? A review. Biogeochemistry, v.85, p.91-118, 2007.
LAL, R.; KIMBLE, J.; FOLLETT, R. F. Methods for Assessment of Soil Degradation;
LAL, R.; BLUM, W. H.; VALENTINE, C.; STEWART, B. A., eds.; CRC Press: Boca
Raton, 1997. 558p.
LIMA. M. A. Agropecuária Brasileira e As Mudanças Climáticas Globais:
Caracterização do Problema, Oportunidades e Desafios. Cadernos de Ciência &
Tecnologia. Brasília, v.19, n.3, p.451-472, 2002.
MACHADO, P. L. O. A. Carbono do solo e a mitigação da mudança climática global.
Química Nova, São Paulo, v. 28, p.329-334, 2005.
MARENGO, J. A.; SOARES, W. R. Impacto das mudanças climáticas no Brasil e
possíveis futuros cenários climáticos: síntese do terceiro relatório do IPCC. In:
TUCCI, C. E. M.; BRAGA, B. (Ed.). Clima e recursos hídricos no Brasil. Porto
Alegre: ABRH, p.209-242, 2003.
MELO, A. W. F. Avaliação do estoque e composição isotópica do carbono do
solo no acre. 2003. 74 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistemas)
– Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2003.
MIRANDA, E. E. de; MORAES, A. V. de C. de; OSHIRO, O. T. Queimadas na
Amazônia Brasileira em 2005 (comunicado técnico, 18). Campinas: Embrapa
Monitoramento por Satélite, abr. 2006, 19p.
MIRANDA, E. E. de. Natureza, conservação e cultura: ensaio sobre a relação do
homem com a natureza no Brasil. São Paulo: Metalivros, 2003. 179 p.
40
NOBRE, C. A.; NOBRE, A. D. O balanço de carbono da Amazônia brasileira.
Estudos avançados. v.16, n.45, p.81-90, 2002.
PINTO, H. S.; ASSAD, E. D.; ZULLO JUNIOR, J. O aquecimento global e a
agricultura. Revista Saneas, v.18, p.34-37, 2004.
RHEINHEIMER, D. S.; SANTOS, J. C. P.; FERNANDES, V. B. B.; MAFRA, A. L.;
ALMEIDA, J. A. Modificações nos atributos químicos de solo sob campo nativo
submetido à queima. Ciência Rural, v.33, p.49-55, 2003.
SÁ, T. D. de A.; KATO, O. R.; CARVALHO, C. J. R. de; FIGUEIREDO, R. de O.
Queimar ou não queimar ? De como produzir na Amazônia sem queimar. Revista
USP, São Paulo, n.72, p.90-97, 2007.
SERRASOLSAS, I.; KHANNA, P. K. Changes in heated and autoclaved forest soils
of S. E. Australia. II. Phosphorus and phosphatase activity. Biogeochemistry, v.29,
p.25-41, 1995.
SIQUEIRA NETO, M.; PICCOLO, M. C.; COSTA JUNIOR, C.; CERRI, C. C.;
BERNOUX, M. Emissão de gases do efeito estufa em diferentes usos da terra no
bioma Cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.35, p.63-76, 2011.
SIX, J.; FELLER, C.; DENEF, K.; OGLE, S. M.; SÁ, J. C. M.; ALBRECHT, A. Soil
carbon matter, biota and aggregation in temperate and tropical soils: Effects of no-
tillage. Agronomie, v.22, p.755-775, 2002.
SOUZA, I. M. Z. de. Carbono e nitrogênio da biomassa microbiana do solo em
áreas reflorestadas comparadas ao campo e mata nativa no planalto dos
campos gerais, SC. 2005. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Solo) –
Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa Catarina,
2005.
41
SPERA, S. T.; REATTO, A.; CORREIA, J. R.; SILVA, J. C. S. Características físicas
de um latossolo vermelho-escuro no cerrado de Planaltina, DF, submetido à ação do
fogo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.35, n.9, p.1817-1824, 2000.
THENG, B. K. G. Clay-humic interations an soil aggregate stability. In: Rengasamy,
P. (Ed.), Soil Structure and Aggregate Stability. Institute for Irrigation and Salinity
Research, Tatura, VIC, Australia, p. 32-73, 1986.
TONELLO, V. M. M. Principais aspectos do ciclo biogeoquímico do elemento
carbono e seu contexto na atualidade. 2007. 132 f. Dissertação (Mestrado em
Ecologia Aplicada) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007.
VEIGA, J. B.; FALESI, I. C. Recomendação e prática de adubação de pastagens
cultivadas na Amazônia Brasileira. In: SIMPÓSIO SOBRE CALAGEM E
ADUBAÇÃO DE PASTAGENS, 1, Nova Odessa, SP, 1985. Anais..., Piracicaba,
Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fósforo, p. 256-82, 1986.
ZANINI, A. de M.; DINIZ, D. Efeito da Queima sob o Teor de Umidade,
Características Físicas e Químicas, Matéria Orgânica e Temperatura no Solo sob
Pastagem, in Revista Eletrônica de Veterinária, v.7, n.3, Espanha, 2006.
WALKLEY, A.; BLACK, I. A. An examination of the Degtjareff method for determining
soil organic matter and a proposed modification of the chromic acid titration method.
Soil Science, n.37, p.29-38, 1934.
WATSON, R. T.; NOBLE, I. R.; BOLIN, B.; RAVINDRANATH, N. H.; VERARDO, D.
J.; DOKKEN, D. J.; Land Use, Land-Use Change and Forestry: A Special Report
of the IPCC, Cambridge University Press: Cambridge, 2000.