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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – NITERÓI CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA ALESSANDRA DA ROSA VAZ ALVES NATALIA BELGA DE QUEIROZ AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMOSTRAS DE CHARQUE COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE MARICÁ

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – NITERÓI

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

ALESSANDRA DA ROSA VAZ ALVES

NATALIA BELGA DE QUEIROZ

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMOSTRAS DE CHARQUE COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE MARICÁ

ITABORAÍ , RJ

2013

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ALESSANDRA DA ROSA VAZ ALVES

NATALIA BELGA DE QUEIROZ

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMOSTRAS DE CHARQUE COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE MARICÁ

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhanguera - Niterói

Orientador: Prof. Dr. Marco A. Pereira Sampaio

ITABORAÍ, RJ

2013

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Alessandra da Rosa Vaz Alves

Natalia Belga de Queiroz

Avaliação físico-química de amostras de charque comercializadas no município de Maricá.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Anhanguera - Niterói

Aprovado em _____ de ________________________ de 2013.

Prof. Dr. MARCO AURÉLIO PEREIRA SAMPAIO

UNIVERSIDADE ANHANGUERA - NITERÓI

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos as funcionárias Camila Caldas Braga, Técnica de laboratório; e

a Neuza Aires Maldonado, Auxiliar de laboratório, que nos ajudaram com muita boa

vontade e bom humor, dando um auxiliam valiosíssimo sem o qual este presente

trabalho não seria possível.

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RESUMO

QUEIROZ, N. B., ALVES, A.R.V. AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE AMOSTRAS DE CHARQUE COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE MARICÁ. Itaboraí, RJ. 2013. 50 p. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Anhanguera – NITERÓI.

De acordo com a legislação vigente entende-se por charque o produto obtido de carne bovina salgada e dessecada, sendo este um produto muito consumido em todo o país. Uma fraude comum no processamento deste produto é a adição do nitrito de sódio, visando maior rendimento e atração por parte do consumidor. Quando ocorre esta fraude o produto é descaracterizado, tendo suas características físico-químicas alteradas, e por legislação deve ser comercializado como jerked beef. Neste presente trabalho foram avaliadas 10 amostras de produtos comercializados como charque no município de Maricá (RJ) e analisadas as características físico-químicas referentes a umidade, cinzas e presença de nitrito de sódio. Os resultados demostraram que 100 % das amostras estavam com os valores de umidade acima dos permitidos, os valores obtidos para cinzas estavam dentro dos parâmetros indicados pela Legislação e 90 % das amostras foram positivas no teste qualitativo para presença de nitrito de sódio.

Palavras-chave: Charque, jerked beef, nitrito de sódio, análises físico-químicas, Legislação.

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ABSTRACT

QUEIROZ, N. B., ALVES, A.R.V. PHYSICO-CHEMICAL EVALUATION OF JERKY SAMPLES MARKETED IN THE CITY OF MARICÁ. Itaboraí, RJ. 2013. 50 p. Term paper. Universidade Anhanguera – NITERÓI.

In accordance with current Legislation means "jerky" the product obtained by the salted and dried beef, which is a widely consumed product throughout the country. A common fraud in the processing of this product is the addition of sodium nitrite, seeking higher yields and attraction for the consumer. When this fraud occurs the product is mischaracterized and their physicochemical characteristics are changed, and by the Legislation it should be marketed as jerked beef. In this assignment were evaluated 10 samples of products marketed as Jerky in the city of Maricá (RJ), and analyzed the physicochemical characteristics related to moisture, ash and the presence of sodium nitrite. The results showed that 100 % of the samples were with moisture values above de allowed,the values obtained for ash were right with the parameters set by Legislation and 90% of samples were positive for the qualitative test for the presence of sodium nitrite.

Keywords: Jerky, jerked beef, sodium nitrite, physical and chemical analysis, legislation.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Diferenças tecnológicas entre a carne-de-sol, charque e jerked beef. ----

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de umidade (%) encontrados nas amostras, incluindo média e desvio padrão-----------------------------------------------------------------------------41

Tabela 2. Valores de cinzas (%) encontrados nas amostras incluindo média e desvio padrão--------------------------------------------------------------------------------------42

Tabela 3. Resultados da análise qualitativa para nitrito-------------------------------------44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Representação gráfica dos valores de umidade (%) encontrados nas amostras analisadas (Autoria Própria, 2013).------------------------------------42

Gráfico 2 . Representação gráfica dos valores de cinzas (%) encontrados nas amostras analisadas--------------------------------------------------------------------43

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Coleta de amostras comercializadas como charque em estabelecimentos no município de Maricá (Autoria Própria, 2013)---------33

Figura 2: Laboratório de Controle Físico-químico de Alimentos Professor Carlos Alberto Ramos de Brito (Autoria Própria, 2013)---------------------------------34

Figura 3: amostras coletadas e identificadas de 1 a 5, referentes aos bairros de Itaipuaçú, Inoã e São José (Autoria Própria, 2013)-----------------------------35

Figura 4: amostras coletadas e identificadas de 6 a 10, referentes aos bairros de São José, Maricá e Ponta Negra (Autoria Própria, 2013)---------------------------35

Figura 5: Balança analítica da marca QUIMIS modelo SA210 com precisão 0,0001(Autoria Própria, 2013).-------------------------------------------------------36

Figura 6: Dessecadores com sílica gel (Autoria Própria, 2013)----------------------------36

Figura 7: Banho-maria da marca BIOMATIC modelo 1063 (Autoria Própria, 2013)--37

Figura 8: Cápsulas e cadinhos na estufa de secagem a 105º C da marca FAMO modelo FIC 0.5 (Autoria Própria, 2013)--------------------------------------------38

Figura 9: cadinhos em forno mufla a 550ºC da marca QUIMIS modelo 25097 (Autoria Própria, 2013)----------------------------------------------------------------------------39

Figura 10: Materiais usados para a filtração das amostras e reagente para avaliação qualitativa da presença de nitrito de sódio (Autoria Própria, 2013)-------- 40

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Figura 11: Resultados positivos para a presença de nitrito de sódio nas amostras numeradas de 1 a 4. Amostra 5 teve resultado negativo (Autoria Própria, 2013)----------------------------------------------------------------------------------------44

Figura 12: Resultados positivos para a presença de nitrito de sódio nas amostras numeradas de 6 a 10 (Autoria Própria, 2013)------------------------------------45

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.

APPCC Análise de Perigos e Prontos Críticos de Controle.

AW Atividade de água.

DIPOA Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal.

PPM Partículas por milhão.

RIISPOA Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitárias de produtos de

Origem animal.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------13

2. REVISÃO DE LITERATURA--------------------------------------------------------------15

2.1. A ORIGEM DAS CARNES SALGADAS------------------------------------------------15

2.2. PRODUTOS CÁRNEOS SALGADOS---------------------------------------------------16

2.3. MICROBIOTA DAS CARNES SALGADAS--------------------------------------------19

2.4. ATIVIDADE DE ÁGUA-----------------------------------------------------------------------21

2.5. AÇÃO DO CLORETO DE SÓDIO--------------------------------------------------------22

2.6. ETAPAS NA PRODUÇÃO DO CHARQUE---------------------------------------------23

2.6.1. Matéria prima---------------------------------------------------------------------------------23

2.6.2. Desossa----------------------------------------------------------------------------------------24

2.6.3. Manteação-------------------------------------------------------------------------------------24

2.6.4. Salga úmida-----------------------------------------------------------------------------------24

2.6.5. Salga seca-------------------------------------------------------------------------------------25

2.6.6. Ressalga----------------------------------------------------------------------------------------25

2.6.7. Pilha-volta--------------------------------------------------------------------------------------25

2.6.8. Tombagem-------------------------------------------------------------------------------------26

2.6.9. Pilhas de inverno ou pilhas de espera-----------------------------------------------26

2.6.10. Lavagem---------------------------------------------------------------------------------------26

2.6.11. Secagem--------------------------------------------------------------------------------------27

2.6.12. Embalagem e comercialização--------------------------------------------------------27

2.7. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CHARQUE E PRINCIPAIS FRAUDES---------28

2.7.1. Umidade e cinzas----------------------------------------------------------------------------28

2.7.2. Nitrito de sódio-------------------------------------------------------------------------------29

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3. MATERIAIS------------------------------------------------------------------------------------33

3.1. MATERIAL--------------------------------------------------------------------------------------34

3.2. MÉTODOS--------------------------------------------------------------------------------------37

3.2.1. Preparo das amostras---------------------------------------------------------------------37

3.2.2. Análises físico-químicas------------------------------------------------------------------38

4. RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------41

4.1. UMIDADE---------------------------------------------------------------------------------------41

CINZAS------------------------------------------------------------------------------------------42

4.2. NITRITO DE SÓDIO-------------------------------------------------------------------------43

5. CONCLUSÕES--------------------------------------------------------------------------------46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------------------------------47

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1. INTRODUÇÃO

Com diversos nomes, carne-seca, carne - do- Ceará ou jabá, o charque é um dos

produtos mais consumidos nas regiões carentes do Brasil, devido ao seu fácil

armazenamento, pois dispensa refrigeração, e utilização.

O RIISPOA, em seu artigo 431, define que: “Entende-se por charque, sem

qualquer outra especificação, a carne bovina salgada e dessecada”.

O parágrafo primeiro desse artigo especifica: “Quando a carne empregada não for

de bovinos, depois de designação charque deve-se esclarecer a espécie de

procedência”.

O parágrafo segundo, do mesmo artigo 431, prevê que: “permite-se na elaboração

do charque a pulverização do sal com soluções contendo substancias aprovadas

pela DIPOA que se destinem a evitar alterações de origem microbiana, segundo

técnica e proporções indicadas” (PARDI, 1993).

Como se trata de um produto de origem salina e de baixa atividade de água este

produto tem baixo risco de proliferação de microrganismos e de acordo com o

RIISPOA, não pode ter adição de Nitrito de sódio. Quando há adição de Nitrito de

Sódio na salga e maior teor de umidade o produto será denominado Jerked beef.

A adição do Nitrito de Sódio acelera o processo de maturação, onde o charque é

produzido em cerca de 20 dias e o Jerked beef em 10 dias, diminuindo o tempo na

fábrica e custos embutidos na fabricação. Promove ainda, a coloração avermelhada

que é atrativa ao consumidor e também torna o produto mais macio e úmido. Sendo

esta uma fraude crescente praticada pelos produtores de charque.

O Nitrito de Sódio se liga com aminas secundárias e terciárias, formando N-

nitrosaminas, que são consideradas carcinogênicas, teratogênicas e mutagênicas.

Existe descrição de aparecimento de metahemoglobinemia em crianças devido ao

consumo deste composto, e por este motivo o uso do nitrito de sódio deve ser

fiscalizado e permitido apenas dentro de parâmetros legais.

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Este trabalho tem como objetivo avaliar os parâmetros físico-químicos legais em

relação ao teor de umidade, sais minerais e presença de nitrito em amostras de

charque comercializadas no município de Maricá (RJ) e posteriormente discorrer

sobre os resultados encontrados.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. A ORIGEM DAS CARNES SALGADAS

Desde a antiguidade o homem vem empregando diversos processos de

preservação e conservação nos alimentos, sendo estes precursores dos métodos

atuais (EVANGELISTA, 1998).

O homem desconhecia os microrganismos, mas entendia que o alimento

deteriorava se não fosse consumido rapidamente. Desta forma foi observado que

era possível prolongar a validade comercial utilizando processos de salga e

dessecação, com exposição ao sol ou correntes de ar, e ainda conseguir alimentos

de sabor muito agradável (ORDÓNEZ et al., 2005).

Na era cristã, os produtos de origem animal eram submetidos à exposição solar

com ou não salga. Com a utilização do sal e posterior secagem, iniciou uma nova

fase de progresso nos métodos de conservação alimentar. A secagem da carne foi

também usada pelos nativos na África e América. Os indígenas norte-americanos

expunham carne de búfalo às correntes de ar para desidrata-la. A introdução da

desidratação pelo uso de sal foi introduzida em todo o continente americano pelos

colonizadores (EVANGELISTA, 1998).

Em Portugal salgava se o pescado desde o domínio romano, e este processo

compreendia a exposição direta ao sol, ou uso de salgadeiras, que eram cavidades

abertas no solo de calcário, usadas para salga úmida ou salmoura, impregnando o

pescado em banhos e expondo-o ao sol. Acredita-se que a tecnologia da salga foi

introduzida no Brasil como herança do primeiro século de colonização portuguesa

(CASCUDO, 1983).

A tecnologia de salga e exposição ao sol foi adaptada no Brasil Colonial para a

fabricação de produtos cárneos salgados de origem bovina, caprina e suína, sendo

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facilitada pelas condições climáticas das regiões Norte e Nordeste e pela

disponibilidade de sal marinho (COSTA e SILVA, 2001).

Devido a dificuldades em conservar carnes frescas, os colonizadores alteraram a

técnica de salga inicial, reduzindo a salga seca há poucas horas, surgindo a primeira

carne salgada nordestina (LIRA, 1998).

Métodos de conservação de alimentos utilizados no passado ainda permanecem

vivos em certas culturas, como a carne-de-sol, onde a técnica popular propiciou a

produção e consumo em vários estados do país (NÓBREGA, 1982).

As primeiras “charqueadas” de que se tem notícia datam de 1870, realizadas pelo

cearense José Pinto Martins, antes radicado no Ceará de onde migrou premido pela

seca para o Rio Grande do Sul (PARDI, 1993).

Atualmente o charque deixou de fazer parte só do cardápio dos pobres e passou a

fazer parte também dos mais requintados restaurantes, com muitas variações de

receitas (CAMPOS, 2002).

A tecnologia rudimentar foi adaptada, e hoje estão alicerçados em moldes,

critérios e controles tecnológicos, empregados nas indústrias alimentícias

(EVANGELSITA, 1994).

Correia (2003) define charque como um produto cárneo típico brasileiro,

obtido por desidratação da carne bovina, através da salga e exposição ao sol.

2.2. PRODUTOS CÁRNEOS SALGADOS

Pela necessidade de conservação dos alimentos, diversos métodos podem ser

empregados para prolongar o prazo comercial como: a irradiação, a alta pressão, o

uso de cloreto de sódio e a desidratação, objetivando eliminar e/ou controlar o

desenvolvimento de microrganismos e reações químicas indesejáveis (AMBIEL,

2004).

A teoria dos obstáculos propõe que um alimento somente será seguro e estável

pela combinação de tecnologias de conservação, pois o emprego de um único fator

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de controle de microrganismos não é suficiente para se evitar a deterioração ou

desenvolvimento de agentes causadores de toxinfecções (LARA et al., 2001).

No Brasil os produtos cárneos mais conhecidos são a carne-de-sol, o charque

e o jerked beef, geralmente confundidos, porém com diferenças em matéria-prima,

processamento, composição química e validade comercial (LIRA E SHIMOKOMAKI,

1998).

O charque surgiu por volta do século XVIII, na região Nordeste, como uma

solução as dificuldades da alta perecibilidade da carne, agravadas por fatores como

a sazonalidade de oferta da carne bovina, dificuldade de distribuição e

armazenamento devido ao clima quente e grande extensão territorial (PARDI, 1994).

Na década de 1960, uma variação do charque denominado jerked beef,

começou a ser produzida visando conquistar uma faixa de consumidores mais

exigente, pois os estabelecimentos produtores de charque tinham uma imagem

negativa devido à falta de higiene comum nas antigas charqueadas (SHIMOKOMAKI

et al.,1987).

O jerked beef é um produto cárneo salgado, curado e seco ao sol, derivado

do charque (PINTO et al.,1998).

Pelas especificações legais o jerked beef, deve apresentar 55% de umidade,

18,3% de cinzas e atividade de água de 0,78 (BRASIL, 2000).

A tecnologia de fabricação do jerked beef difere da do charque em diversas

características como: maior seleção de matéria-prima, injeção de salmoura,

utilização de nitrato e nitrito de sódio, refrigeração durante a salga e utilização de

embalagem à vácuo ( FAYRDIN , 1991).

A utilização de nitrito de sódio junto à salmoura evita o desenvolvimento de

microrganismos, principalmente o Clostridium botulinum, ainda conferindo sabor,

aroma e coloração avermelhada. (MÁRSICO, 2002).

Para fabricar a carne-de-sol, submete-se a carne bovina a um leve processo

de desidratação e salga, obtendo-se um produto com características semelhantes à

carne fresca e que dura até 96 horas em temperatura ambiente, sendo raramente

exposta ao sol no processo de desidratação. É feita a partir de toda a carcaça

bovina, tendo umidade de 64-70% e teor de sal de 5-6%.

Já o charque tem o processo de secagem e salgam mais intensos, aumentando o

tempo de validade comercial para até quatro meses em temperatura ambiente,

quando embalado à vácuo chega a durabilidade de 180 dias (SIC, 2008).

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Lira e Shimokomaki (1998) determinam as características e diferenças

tecnológicas entre carne-de-sol, charque e jerked beef, como consta no QUADRO 1,

a seguir:

Quadro1: Diferenças tecnológicas entre a carne-de-sol, charque e jerked beef.

Características Carne-de-sol Charque Jerked beef

Teor de sal 5 – 6 % 15 – 20 % 15 – 20 %

Umidade 64 – 70 % 45 – 50 % 45 – 50 %

AW 0,92 0,70 – 0,80 0,70 – 0,80

Embalagem Ausente Ausente Vácuo

Aditivos Ausente Ausente Nitrato e Nitrito

Tipo de músculo Patinho, coxão mole,

coxão duro e alcatra.

Ponta de agulha,

acém e pescoço.

Ponta de agulha,

acém e pescoço.

Processamento Típico regional Industrial Industrial

Validade

comercial

3 a 4 dias ( 21 a 31º

C)

8 dias (5ºC)

4 meses ( 21 a 31º

C)

6 meses ( 21 a 31º

C)

Fonte: Lira e Shimokomaki (1998).

Nas carnes salgadas, a combinação da elevada concentração de cloreto de

sódio e baixa atividade de água, garante ao produto um maior prazo comercial

mesmo em temperatura ambiente. (AMBIEL, 2004).

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2.3. MICROBIOTA DAS CARNES SALGADAS

A carne fresca proveniente de animais sadios e abatidos em condições

higiênicas apresenta uma microbiota com baixo número de bactérias patogênicas,

composta principalmente, por bactérias gram-negativas, destacando-se os gêneros:

Pseudomonas, Acinetobacter, Aeromonas, Alcaligenes, Flavobacterium, Moraxela, e

microrganismos da família Enterobacteriaceae, na qual está inclusa os coliformes.

Os cocos gram-positivos são representados pelos Micrococcus e Sstaphylococcus

(SOUZA, 2005).

Durante a produção de carnes salgadas são impostas restrições ao

crescimento microbiológico como a adição de sal e secagem, que tendem a reduzir

a microbiota da carne fresca, porém há estudos que comprovam a presença de

microrganismos desejáveis e indesejáveis nestes produtos (LARA et al, 1999).

Microrganismos que se desenvolvem em meios com alta concentração salina

são denominados halofílicos. Os que sobrevive porém não crescem em altas

concentrações de sal, são denominados halotolerantes (JAY,2005).

De acordo com Nóbrega (1982), os problemas que reduzem a atribuição

desempenhada pelo sal na conservação de carnes, principalmente nas salmouras,

incluem: resistência de estafilococos por varias semanas no sal, favorecimento de

microbiota halofilicas, permanência de toxinas bacterianas e resistência de larvas e

insetos.

A redução de atividade de água é a principal característica das carnes

salgadas, ou seja, diminuindo o teor de agua nos tecidos, reduzirá a velocidade de

crescimento ou inibição por completo da multiplicação microbiana (LEITÃO,1984).

O Staphylococcus aureus cresce em valores de atividade de água de 0,86 e o

Clostridium botulinum não cresce em valores abaixo de 0,94 (JAY,2005).

O sal marinho que é muito utilizado na produção de carnes salgadas é

considerado um veículo de bactérias proteolíticas, aeróbias, anaeróbias,

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esporuladas e responsáveis pela deterioração de alimentos. Pela sua utilização na

conservação e condimentação, é preciso atentar para a microbiota existente capaz

de contaminar os alimentos (SILVA et al,1976).

Oliveira (1982) estudou a multiplicação de bactérias em soluções salinas, e

verificou sua inibição em baixas concentrações de sal, em torno de 2,0%. Há

bactérias halotolerantes, além de fungos, que são capazes de se multiplicar em

concentrações salinas muito elevadas.

Concentrações de 5,0 % de cloreto de sódio são capazes de inibir por

completo o desenvolvimento de bactérias anaeróbicas, entretanto não provoca

nenhum efeito nas aeróbias e anaeróbias facultativas. Em concentração salina a

10,0% a maioria das bactérias tem o crescimento inibido, mesmo que haja espécies

halotolerantes que cresçam em meios com até 15,0% de sal. Os microrganismos

deterioradores em sua maioria são sensíveis ao sal. (SILVA,2000 ;

ORDÓÑEZ,2005).

Dentre as bactérias patogênicas o Staphylococcus aureus é o mais resistente

ao sal. Segundo Tatini (1973) a multiplicação dessa bactéria ocorre em

concentrações de 0 a 20,0% de sal, embora o intervalo para a produção de toxina

seja até 10,0%.

Quanto às bactérias halofilicas não patogênicas destacam-se os gêneros

Halobacterium e halococcus, que são produtores de pigmento vermelho, importante

agente de deterioração dos produtos fortemente salgados. Estas necessitam de no

mínimo 15,0% de sal para desenvolver-se nos alimentos. (LEITÃO,1984).

PARDI (1994) demostrou a existência de um agente microbiano responsável

pela ocorrência do “vermelhão”, produzido por bactérias halofilicas cromogênicas

vermelhas, do gênero Micrococcus, cujas características aproximavam-se das que

correspondem à espécie Micrococcus roseus.

Scheider e Niven (1958) estudaram alterações no charque e indicaram a

espécie Halobacterium cutirubrum como responsável por odor desagradável e

limosidade no produto.

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O Clostridium botulinum pode contaminar o charque e produzir toxina,

havendo maior incidência de esporos nos alimentos artesanais devido a maior

exposição à contaminação ambiental no processamento. (LARA et al,1999).

2.4. ATIVIDADE DE ÁGUA

A água é o principal componente dos alimentos influenciando na textura,

aparência, sabor e armazenamento dos produtos. A atividade de água é a medida

mais apropriada para determinação da possibilidade do crescimento microbiano, que

pode ser reduzida pela desidratação ou adição de solutos (MBUGUA, 1994).

A atividade de água descreve a necessidade de água dos microrganismos. Esse

parâmetro é definido pela razão entre pressão de vapor de equilíbrio de substrato e

a pressão de vapor da água pura na mesma temperatura.

Uma solução de água pura possui atividade de água (Aw) igual a 1,0. Quando

substancia como os solutos são adicionados a água, ocorre redução dos valores de

atividade de água. Nos alimentos frescos, este valor é em torno de 0,99, nos

alimentos salgados pode atingir 0,70 (JAY, 2005).

Controlar a água presente nos alimentos é uma das técnicas mais antigas de

preservação, e o monitoramento da atividade de água tem sido empregado para

garantir a estabilidade de alimentos através do controle de crescimento

microbiológico de deterioradores e causadores de intoxicação alimentar

(PRIOR,1979).

Existem muitas formas de controlar a água livre, que pode ser removida por

secagem, solidificada por congelamento ou indisponibilizada pela adição de

eletrólitos como o cloreto de sódio. Os microrganismos não conseguem se

desenvolver se não houver água livre no alimento, com isso o alimento torna-se

estável em relação à deterioração microbiana (MBUGUA, 1994).

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Segundo Ambiel (2004), a atividade média de água da carne bovina fresca é de

0,993. A carne-de-sol possui atividade de água elevada e uma baixa validade

comercial, em torno de quatro dias. O charque, sendo um produto de umidade

intermediária com atividade de água de 0,75 e concentração de cloreto de sódio

entre 10 a 15 %, possui prazo comercial mais longo, sendo de meses.

2.5. AÇÃO DO CLORETO DE SÓDIO

Sendo uns dos ingredientes mais antigos a ser utilizado em alimentos, a adição

do cloreto de sódio confere paladar salgado aos produtos cárneos. Atua sobre as

proteínas promovendo maior retenção de água e na solubilização de proteínas

miofibrilares, favorecendo as propriedades tecnológicas de emulsificação e retenção

hídrica (LIRA e SHIMOKOMAKI, 1998).

Em altas concentrações o sal exerce um efeito de desidratação no alimento e

também nos microrganismos, sendo esta a forma pela qual conserva o alimento

(JAY, 2005).

De acordo com suas características granulométricas pode ser classificado em:

sal grosso, sal peneirado, sal triturado e sal refinado (NÓBREGA e SCHNEIDER,

1983).

O tipo e a granulometria são importantes, pois quanto mais fino o sal, mais fácil

será a difusão pelos tecidos e, consequentemente mais eficiente a salga (PARDI et

al, 1994).

Sgabieri (1998) explica que a adição do sal aumenta a força iônica, melhorando a

solubilidade e funcionalidade das proteínas miofibrilares. Dependendo da

concentração de sal no meio, as proteínas podem reter ou liberar água. Quando há

força iônica ou concentração salina baixa , a solubilidade das proteínas aumenta,

sendo este fenômeno conhecido como salting in. Porém quando aumenta a

concentração salina além dos limites, às proteínas tendem a insolubilizar e

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precipitar, sendo este fenômeno denominado salting out. Os íons salinos competem

com as moléculas de proteína pela água, destruindo sua capa de hidratação e

permitindo que as moléculas de proteína se atraiam mutuamente liberando água.

Ambiel (2004) cita que o efeito bactericida ou bacteriostático do cloreto de sódio

depende da concentração, sendo o efeito inibitório decorrente da concentração

salina na fase aquosa. O efeito preservativo do sal deve-se exclusivamente à ação

desidratante e sua ação de diminuir a pressão de vapores das soluções em que está

presente; tornando as moléculas de água, presentes no alimento indisponíveis à

utilização de microrganismos, sendo esta função denominada como redução de

atividade de água (Aw).

De acordo com Jay (2005) o sal tem ação plasmódica sobre as bactérias. Por

difusão, a água se move da área de maior concentração, para a de menor

concentração, saindo das células rapidamente, resultando na inibição de

crescimento microbiano e morte celular. Este fenômeno ocorre quando há adição de

grandes quantidades de sal nas carnes frescas com o objetivo de conservá-las. As

células da carne e dos microrganismos sofrem plasmólise, resultando na

desidratação da carne e inibição ou morte das células microbianas.

2.6. ETAPAS NA PRODUÇÃO DO CHARQUE

2.6.1. Matéria prima

Após a divisão da carcaça em meias-carcaças, ainda no matadouro, estas vão

para a câmara fria à temperatura de 8ºC, durante 24 horas, e neste tempo ocorrerá à

maturação e conservação (SILVA et al, 2000).

São usados na fabricação do charque os seguintes cortes: ponta-de-agulha,

dianteiros excedentes do consumo e carcaças destinadas ao aproveitamento

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condicional de acordo com critérios da vigilância sanitária, aceitando, por exemplo,

cortes com: cisticercose calcificada e adipoxantose (AZEVEDO; MORAIS, 2005).

2.6.2. Desossa

A carne que será utilizada para fabricação de charque sofre a desossa e

posteriormente a manteação. Esta desossa ocorre em ambiente climatizado com

temperatura em torno de 12 a 15º C, devendo a temperatura da matéria prima estar

em torno dos 7º C nas massas musculares mais profundas (SABADINI et al , 2001).

2.6.3. Manteação

Canhos e Dias (1985) citam que depois de desossadas as peças musculares

destinadas ao preparo do charque são adelgaçadas, obtendo se peças uniformes,

chamadas de mantas, que terão espessura próxima a dois centímetros, garantindo

maior facilidade e efetividade nas próximas etapas do processamento. Essas

mantas são ainda submetidas a cortes perfurantes para facilitar a penetração do sal.

2.6.4. Salga úmida

Segundo Pardi (1996), depois de constituídas, as mantas são imersas em

tanques de salmoura com 95º salômetro, ou aproximadamente 23,5º Baumé.

Devendo ser mergulhadas na salmoura e constantemente agitadas por 30 a 40

minutos.

Page 27: Tcc Charque Final

25

2.6.5. Salga seca

A salga seca é realizada dias após a salga úmida, devendo-se forrar o piso com

camada de sal grosso, e estender as mantas que serão intercaladas com porções de

sal, evitando se a formação de dobras (CANHOS e DIAS, 1985).

Segundo Pardi (1994) as pilhas devem ficar em piso com leve inclinação e com

canaletas para drenagem da água que desprende das mantas e é conhecida como

“purga”. Essas pilhas devem ter altura de 1,20 a 1,80 metros, evitando maior perda

de peso pela “purga”. As mantas permaneceram nessas pilhas por 12 a 24 horas.

2.6.6. Ressalga

É realizada nas mesmas condições da salga, porém as superfícies das mantas

são invertidas para melhor uniformidade de salga. As peças dispostas na parte

inferior passam a ocupar a posição superior, adicionando uma nova camada de sal

sobre as mantas. Essa etapa dura 24 horas (CANHOS e DIAS, 1985, PARDI et al,

1994).

2.6.7. Pilha-volta

As mantas voltam para a posição original inicial da pilha, adicionando se sal. A

pilha volta tem duração de 24 horas e é a ultima operação da salga (CANHOS e

DIAS, 1985).

Page 28: Tcc Charque Final

26

2.6.8. Tombagem

Esta etapa consiste na movimentação das mantas, que são removidas do topo

para a parte inferior e vice-versa. Objetiva uniformizar a concentração de sal em

toda espessura da carne, além de prevenir o aparecimento do “vermelhão” causado

por bactérias halofilicas (CANHOS e DIAS, 1985).

Para garantia de salga adequada, são realizados quatro tombos, que duram

em media 48 horas cada um (PARDI et al, 1994).

2.6.9. Pilhas de inverno ou Pilhas de espera

Estas pilhas constituem um processo alternativo nas épocas do ano em que os

dias são chuvosos ou nublados constantemente e a secagem ao sol torna-se difícil.

Quando a retenção das mantas é curta, não excedendo três meses, será

denominada “pilha de espera”, e quando mais longa será definido como “pilha de

inverno”. Sendo as superfícies protegidas por lona (PARDI et al, 1994).

2.6.10. Lavagem

Com o objetivo de remover o excesso de sal da superfície, a lavagem é realizada

antes de estender as peças de carne para dessecação. As peças são lavadas em

tanques com água adicionada de 0,5 miligramas de cloro ativo por litro, em algumas

charqueadas é utilizada apenas água potável corrente (PARDI et al, 1994).

Page 29: Tcc Charque Final

27

2.6.11. Secagem

Esta etapa é realizada após a lavagem, é feita a secagem da carne ao ar livre

por exposição das peças aos raios solares e ao vento, sendo chamada estendidas,

com duração de 6 a 8 horas cada (PARDI et al, 1994).

Os varais usados são de madeira, dispostos paralelamente e distanciados entre

si por aproximadamente 1,50 a 1,80 metros, com direção norte-sul, proporcionando

melhor distribuição do sol sobre as mantas (CANHOS e DIAS, 1985).

Na primeira exposição da carne ao sol deve se evitar a dessecação excessiva da

superfície da carne que retardará a perda de água no seu interior. A exposição deve

durar pouco tempo e as peças recolhidas devem permanecer em descanso de um a

dois dias. Após o descanso é realizada a segunda estendida e assim

sucessivamente, até alcançar o numero de 4 a 5 estendidas (PARDI et al, 1994).

O empilhamento após as estendidas é feito com as mantas ainda quentes e com

cobertura, mantendo o calor propício à maturação e evitando fermentações

indesejáveis (PARDI et al, 1994).

2.6.12. Embalagem e comercialização

As embalagens utilizadas em indústrias podem ser de dois tipos: fardos

prensados de 60 kg acondicionados em sacos de aniagem ou produtos prensados

em porções de 500g a 1 kg, acondicionados em embalagem a vácuo (PARDI et al,

1994).

Page 30: Tcc Charque Final

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2.7. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CHARQUE E PRINCIPAIS FRAUDES

Pelo artigo nº 423 do RIISPOA é definido o termo “salgados” como produtos

preparados com carnes ou órgãos comestíveis, tratados pelo sal (cloreto de sódio)

ou misturas de sal, açúcar, nitritos, nitratos e condimentos, como agentes de

conservação e caracterização organolépticas (BRASIL,1997).

O artigo nº 432 prevê que o charque não deve conter mais de 45% de umidade

na porção muscular, nem mais de 15% de resíduo mineral fixo total, com tolerância

de até 5% de variação. (BRASIL, 1997).

No paragrafo único deste mesmo artigo é citado que o charque é considerado

alterado quando tem odor e sabor desagradáveis e anormais, quando a gordura está

rançosa, quando amolecido, úmido e pegajoso, quando com áreas de coloração

anormal, quando é “seboso”, quando apresenta larvas ou parasitas, por alterações

outras, a juízo da Inspeção Federal.

2.7.1. Umidade e cinzas

O controle da umidade na elaboração do charque se baseia na necessidade de

baixa-la a uma concentração compatível com a conservação do produto sem,

contudo, descuidar do interesse industrial, para quem a redução em demasia deste

parâmetro provoca a diminuição do rendimento (RODRIGUES,2002).

De acordo com Souza et al. (2000) que avaliaram a determinação de umidade

em produtos salgados secos, analisando 30 amostras de charque, obtiveram um

teor de umidade médio de 52,0%, onde 80% das amostras encontravam-se com a

umidade acima do valor especificado por legislação.

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Bromberg et al. (1999), analisaram 30 amostras de charque e jerked beef , de

diferentes marcas, e constataram que os teores de umidade apresentavam-se acima

dos níveis estabelecidos pela legislação, podendo implicar em redução do prazo

comercial do produto.

Mársico et al. (2002), determinaram o teor de 24 amostras de charque, obtendo o

resultado de 100% das amostras com teor de umidade acima do estabelecido pela

legislação.

Guimarães et al. (2004), avaliaram a condição do charque comercializado na

cidade de Belém, analisaram 10 amostras, onde o teor de umidade apresentou uma

faixa de 33 a 52%.

A determinação das cinzas fornece uma indicação da riqueza da amostra em

elementos minerais, onde há destruição da matéria orgânica e avaliação da matéria

inorgânica. As cinzas nos alimentos contêm cátions como: cálcio, potássio, sódio,

magnésio, ferro, cobalto, alumínio, e ânions: sulfato, cloreto, silicato, fosfato etc.

(SILVA, 1981).

2.7.2. Nitrito de Sódio

Por carne curada entende-se a adição de sal, sal de cura (nitrito), açúcar e

algumas vezes, outros ingredientes com o proposito de preservar e conferir sabor

característico ao produto (GLEES, 1978).

O nitrito de sódio é utilizado como aditivo alimentar, especialmente nas carnes

curadas. O nitrato pode ser empregado junto do nitrito de sódio com objetivo de

promover conservação do alimento. O nitrato atua como reserva de nitrito, sendo

convertido lentamente em nitrito por ação de bactérias (FARIA et al.,2001).

Page 32: Tcc Charque Final

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Dentre os aditivos usados, juntamente com o cloreto de sódio está o nitrito

(GOUTEFONGEA, 1991). Pardi et al. (1994) cita que a salga e a cura são

procedimentos muito usados para a conservação da carne.

As principais ações do nitrito são conferir: cor, sabor e proteção contra o

crescimento bacteriano (GOUTEFONGEA,1991).

Romans et al. (1994) cita que as principais funções do nitrito na cura de carnes

são: ação antimicrobiana, que confere maior segurança ao produto, sobretudo por

prevenir o botulismo, prevenir a oxidação e lipídeos, conferir sabor característico ao

produto, e fixar a coloração dos pigmentos da carne, resultando na cor rósea

característica de produtos curados.

Segundo Prandl, et al. (1991) , o produto curado apresenta aroma diferenciado

em função das reações do nitrito com as proteínas da carne que são hidrossolúveis.

A adição do nitrito, com finalidade de promover cor mais atraente ao produto é

uma das fraudes mais frequentes nos charque. ( PARDI et al., 1994).

Nos produtos curados com nitrato e nitrito de sódio há formação de óxido nítrico

pela decomposição do nitrito. O oxido nítrico reage com a mioglobina para formar

nitrosomioglobina, este pigmento é de cor vermelho escuro. Sob a ação térmica, o

nitrosomioglobina desnatura e dá origem ao nitrosohemocromo de cor róseo.

(BELITZ e GROSCH, 1997).

O processo da cura é iniciado com a ligação da mioglobina ao óxido nítrico e o

final da reação ocorre com o aquecimento do produto (cozimento), formando

nitrosohemocromo, que é o pigmento róseo típico da cura. (FORREST et al.,1985).

O efeito antimicrobiano que o nitrito exerce sobre os produtos cárneos depende

da concentração, inibindo o crescimento de esporos de bactérias patogênicas como

o Clostridium botulinum. O feito antimicrobiano depende das condições de pH,

quantidade de nitrito utilizada, e varia entre produtos. Com condições de higiene,

emprego do programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

(APPCC), estocagem adequada, alguns produtos cárneos podem ser produzidos

sem uso do nitrito. As Boas Práticas de Fabricação são essenciais para que se

possam reduzir os níveis de nitrito utilizado (GOUTEFONGEA, 1991).

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Com o uso da refrigeração, a finalidade da cura deixou de ser a conservação da

carne, e passou a se objetivar o desenvolvimento das características sensoriais

especificas, e por isso os produtos curados atualmente são menos salgados.

(ROMANS et al.,1994).

Em formulações com excesso de nitrito, a redução a óxido nítrico pode deixar

resíduos de nitrito sem reagir. (LIEN e VELASCO, 2001).

Quando ingerido em excesso, o nitrito pode reagir sobre a hemoglobina e originar

a metahemoglobina, que se liga irreversivelmente ao oxigênio, tornando-a menos

efetiva no transporte pelo organismo, promovendo um quadro denominado

metahemoglobinemia (NITRINI et al.,2000).

Outro risco da ingestão do nitrito está relacionado à possibilidade da interação

com aminas da carne, originando compostos N-nitrosos, como as nitrosaminas que,

sob condições de exposição, são agentes potencialmente mutagênicos,

carcinogênicos e teratogênicos ( MARTINS e MÍDIO,2000).

As nitrosaminas são compostos voláteis, solúveis em água, com grande

distribuição por todo o organismo e excretada no leite e urina. (PARDI et al.,1994).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, determina que não deva

remanescer mais que 0,02% (200 ppm) de nitrito residual no produto a ser

consumido (BRASIL, 1997). Pelo Ministério da Saúde, através da Vigilância

Sanitária, o limite determinado é de 0,015% (150 ppm) de nitrito e 0,03% (300 ppm)

de nitrato residuais no produto. ( ANVISA, 1999).

De acordo com Oliveira et al. (1982) é comum encontrar nitrito no charque,

proveniente do sal marinho utilizado no processamento. Ao analisar 69 amostras de

sal marinho industrial de 12 marcas diferentes, encontraram quantidades médias de

1,0 ppm de nitrito em 67 das amostras, comprovando que quantidades superiores de

nitrito encontradas no charque são provenientes do sal marinho utilizado.

Ao analisar 30 amostras de charque, Souza et al. (2000), observou que a maioria

das amostras apresentava coloração avermelhada, sugerindo a presença de nitrito.

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Ferreira e Camargo (1993) analisaram a presença de aditivos em 55 produtos de

carne, encontrando nitrito em 100% das amostras de charque, contrariando a

legislação que proíbe o uso deste no processamento do charque.

Em avaliação da qualidade do charque, feita por Guimarães et al. (2004) , na

cidade de Belém, feita em 10 amostras, 40% apresentaram testes positivos para

nitrato e nitrito, sendo que 75% destes apresentavam teor superior ao permitido por

legislação.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram obtidas 10 amostras de charque em estabelecimentos comerciais

(supermercados) do município de Maricá, do estado do Rio de Janeiro, no mês de

agosto.

Figura 1: Coleta de amostras comercializadas como charque em estabelecimentos no município de Maricá (Autoria Própria, 2013).

Foram realizados testes no Laboratório de Controle Físico-químico de Alimentos

Professor Carlos Alberto Ramos de Brito, do curso de Medicina Veterinária, do

Campus Itaboraí (RJ).

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Figura 2: Laboratório de Controle Físico-químico de Alimentos Professor Carlos Alberto Ramos de Brito (Autoria Própria, 2013).

3.1. MATERIAL

Foram coletadas 10 amostras de produtos comercializados como charque, no

município de Maricá (RJ), de diferentes marcas, não embaladas a vácuo. Após a

coleta as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Controle Físico-químico

de Alimentos e submetidas às analises físico-químicas.

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Figura 3: amostras coletadas e identificadas de 1 a 5, referentes aos bairros de Itaipuaçú, Inoã e São José (Autoria Própria, 2013).

Figura 4: amostras coletadas e identificadas de 6 a 10, referentes aos bairros de São José, Maricá e Ponta Negra (Autoria Própria, 2013).

Teor de umidade: foram utilizados os seguintes materiais: Cápsula de

porcelana, estufa de secagem a 105º C da marca FAMO modelo FIC a.5,

balança analítica da marca QUIMIS modelo SA210 com precisão 0,0001,

dessecador com sílica gel e outros materiais comuns ao laboratório.

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Figura 5: Balança analítica da marca QUIMIS modelo SA210 com precisão 0,0001(Autoria Própria, 2013).

Cinzas (análise de sais minerais): cápsula de porcelana, estufa de secagem

a 105º C da marca FAMo modelo FIC 0.5, forno mufla a 550ºC da marca

QUIMIS modelo 25097, balança analítica da marca QUIMIS modelo SA210

com precisão 0,001, dessecador com sílica gel , bico de Bunsen e outros

materiais comuns ao laboratório.

Figura 6: Dessecadores com sílica gel (Autoria Própria, 2013).

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Presença de nitrito: Béquer, bastão de vidro, banho-maria da marca

BIOMATIC modelo 1063, reagente Griess-Ilosvay, pipetas de 1 ml e 10 ml,

tubos de ensaio, proveta, papel filtro e outro materiais comuns ao laboratório.

Figura 7: Banho-maria da marca BIOMATIC modelo 1063 (Autoria Própria, 2013).

3.2. MÉTODOS

3.2.1. Preparo das amostras

Após a coleta, as 10 amostras foram encaminhadas ao laboratório de

Controle Físico-químico de alimentos. As amostras foram obtidas da porção da

carne sem gordura, cominuídas e homogeneizadas com triturador de alimentos e

garfo e faca. Após o preparo das amostras, todos os recipientes foram

numerados e devidamente identificados.

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3.2.2. Análises Físico-químicas

Para o teor de umidade foi utilizado o método gravimétrico, recomendado pelo

Laboratório Nacional de Referencia Animal, cujo princípio é a perda de umidade e

substancias volátil a 105º C (BRASIL, 1981).

Foram pesadas cinco gramas de cada amostra em balança analítica, postas em

cápsulas de porcelana, e encaminhadas à estufa à 105º C por 2 horas. Ao retirar da

estufa, as cápsulas de porcelana foram postas no dessecador com sílica por 20

minutos e posteriormente pesadas. O procedimento foi repetido até que as amostras

apresentassem peso constante.

Figura 8: Cápsulas e cadinhos na estufa de secagem a 105º C da marca FAMO modelo FIC 0.5 (Autoria Própria, 2013).

Na análise de Cinzas utilizou-se o método gravimétrico, recomendado pelo

Laboratório Nacional de Referencia Animal, que é baseado na destruição da matéria

orgânica e preservação da inorgânica em forno mufla a 550º C (BRASIL, 1981).

Foi pesada em balança analítica dois gramas de cada amostra e postas em estufa à

105º C por 2 horas, após esse período foi colocado no forno mufla à 550ºC por 1

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hora. As amostras foram retiradas e colocadas no dessecador com sílica gel por 20

minutos. Procedeu se a pesagem. O processo foi repetido até que o peso fosse

constante em duas pesagens seguidas.

Figura 9: cadinhos em forno mufla a 550ºC da marca QUIMIS modelo 25097 (Autoria Própria, 2013).

A presença de nitrito foi avaliada pelo método qualitativo colorimétrico

proposto pelo Laboratório Nacional de Referencia Animal, onde o reagente de

Griess-Ilosvay em presença de nitrito forma um complexo de coloração rósea

(BRASIL, 1981). Este método é apenas qualitativo, ou seja, demostra a presença ou

não do nitrito nas amostras. Não foi feito o método quantitativo que demostraria a

porcentagem de nitrito.

Foram pesadas em balança analítica 10 gramas da amostra e postos em

béquer adicionados de 30 ml de água destilada quente, levando se ao banho-maria,

homogeneizando constantemente com bastão de vidro.

Após o banho-maria as amostras foram filtradas utilizando funil de vidro com

filtro de papel wattman em provetas respectivamente numeradas. Com pipetas de

vidro foram recolhidas 10 ml de cada amostra e postas em tubos de ensaio contendo

dois mililitros de reagente Griess-Ilosvay.

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Figura 10: Materiais usados para a filtração das amostras e reagente para avaliação qualitativa da presença de nitrito de sódio (Autoria Própria, 2013).

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4. RESULTADOS

4.1. UMIDADE

Os resultados obtidos da análise de umidade encontrados no presente trabalho

indicam que 100% das amostras encontram-se fora dos padrões estabelecidos pelo

RIISPOA (BRASIL, 1997), onde é determinado que o charque deve conter 45% de

umidade no interior da porção muscular com variação de 5% para mais ou menos.

Nos resultados foi encontrada uma variação de 51,10 % a 64,80 % (Tabela 1).

Os resultados das análises para a avaliação da umidade encontram-se na tabela

1 e suas variações são representadas no gráfico 1.

Amostras Umidade (%)1 58,372 64,803 51,364 81,475 56,546 55,317 51,108 62,529 53,0710 53,08

Média ± S 58,76 ± 9,20

Tabela 1: Valores de umidade (%) encontrados nas amostras, incluindo média e desvio padrão (Autoria Própria, 2013).

Analisando os resultados da média e desvio padrão ( Tabela 1) , observou se

que o valor médio da umidade foi de 58,76 %, estando muito acima do permitido.

Valores a partir de 55 % de umidade são aceitos para produtos caracterizados como

jerked beef de acordo com a legislação vigente.

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Gráfico 1 : Representação gráfica dos valores de umidade (%) encontrados nas amostras analisadas (Autoria Própria, 2013).

4.2. CINZAS

O RIISPOA ( BRASIL, 1997) preconiza que os valores referentes as cinzas

devem ser de 15 % com variação de 5% para mais ou menos, quando o produto for

comercializado como charque.

Os resultados das análises para a avaliação de cinzas encontram-se na tabela 2

e suas variações são representadas no gráfico 2.

Amostras Cinza (%)1 13,272 11,743 18,694 16,295 17,706 17,397 17,708 19,529 17,4110 19,42

Média ± S 16,91 ± 2,55

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Tabela 2: Valores de cinzas (%) encontrados nas amostras incluindo média e desvio padrão (Autoria Própria, 2013).

Os valores encontrados variaram de 11,74 % a 19, 52%%, tendo uma média de

16,91 %, tendo resultados dentro do estabelecido pela legislação.

Gráfico 2 : Representação gráfica dos valores de cinzas (%) encontrados nas amostras analisadas (Autoria Própria, 2013).

4.3. NITRITO DE SÓDIO

Segundo o RIISPOA ( BRASIL , 1997) a denominação de charque é carne

bovina salgada e dessecada, ou seja, não sendo permitido o uso do nitrito, na

Tabela 3 é possível avaliar os resultados.

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Amostras Nitrito1 Presente2 Presente3 Presente4 Presente5 Ausente6 Presente7 Presente8 Presente9 Presente10 Presente   

Tabela 3: Resultados da análise qualitativa para nitrito (Autoria Própria, 2013).

De acordo com os valores obtidos 90% das amostras analisadas apresentavam

nitrito de sódio, o que é proibido pela legislação, descaracterizando o produto que

deveria ser comercializado como jerked beef.

Figura 11: Resultados positivos para a presença de nitrito de sódio nas amostras

numeradas de 1 a 4. Amostra 5 teve resultado negativo (Autoria Própria, 2013).

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Figura 12: Resultados positivos para a presença de nitrito de sódio nas amostras

numeradas de 6 a 10 (Autoria Própria, 2013).

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5. CONCLUSÕES

Com os resultados obtidos após as análises físico-químicas realizadas neste

presente trabalho foi possível concluir que as amostras de charque apresentaram

teores elevados de umidade, em desacordo com os parâmetros estabelecidos na

Legislação e valores de resíduo mineral fixo em acordo com os parâmetros

estabelecidos.

Quanto a presença de nitrito, 90% das amostras apresentaram resultados

positivos, estando em desacordo com a Legislação, descaracterizando o

processamento original do charque e caracterizando fraude.

Na caracterização do produto denominado jerked beef, é aceito valores a partir

de 55% de umidade, 18,3% de cinzas e presença de nitrito, logo os resultados

encontrados são mais próximos ao jerked beef do que ao charque.

A adição do nitrito por parte das charqueadas é feito para favorecer a coloração

avermelhada do produto, o que o torna mais atraente ao consumidor. Outro fator

relevante é que o uso do nitrito suprime algumas fases tecnológicas da produção do

charque, promovendo aumento da umidade, o que dificulta na diferenciação entre o

charque e o jerked beef.

Uma solução aos problemas encontrados seria um maior controle e fiscalização

por parte das autoridades competentes, em todo o processamento e mesmo na

comercialização do produto, garantindo assim que seja efetivo o cumprimento das

especificações estabelecidas pela Legislação, proporcionando maior qualidade e

confiabilidade nos produtos referidos.

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