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Ficha técnica
Trabalho realizado no âmbito da disciplina Fontes de Informação
Sociológica da Licenciatura em Sociologia, sob a orientação do doutor Paulo
Peixoto.
Título: Pobreza e exclusão social Autora: Suzi Mendes
Nº: 2009119197 Ano: 1º ano
Curso: Sociologia Imagem da capa retirada de: http://reidavi.files.wordpress.com/2008/12/pobreza.jpg Pagina consultada a: 27 de Maio de 2010
Coimbra, Maio de 2010
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
As aves sem-abrigo da minha cidade
“Já não confio no Sol e no claro dia,
que davam visibilidade à esperança
quando as flores nem se pisavam nos canteiros…
Era proibido pisar a relva! …
Antes assim!
Que este estado de coisa nenhuma…
Quando muitos, há muito, deixaram de viver…
A exclusão social todas as noites acorda no desassossego…
Nas filas que ainda…
ordeiramente se erguem na espera,
por um prato de sopa ou por um pedaço de pão.
Retemperam-se os corpos
Agonia dos mais desesperados,
Olvidados, excluídos da sociedade,
dos poderes políticos e dos governantes.
A explosão social não dorme!
Não tem por onde ficar…
A vergonha vai perdendo o medo
ou a noite está a chegar cada vez mais cedo…
Sorte têm os pardais ou os estorninhos…
que ensaiam bailados nos céus de Lisboa.
Ontem saí mais tarde!
O céu estava cinzento carregado.
Fazia frio!
Era cedo ainda a noite!
Era tarde já o dia!
Lá estavam…
As aves sem-abrigo da minha cidade,
Agonizando e pachorrentamente embrulhadas em cartões não recicláveis.
Esta noite toda a noite choveu!
Pela manhã uma fresta de luz rompia,
do céu cinzento,
não deixando esfriar as pedras aquecidas
nos corpos da madrugada…”
Rogério Martins Simões. Lisboa, 01-01-2009
Índice
1. Introdução ...................................................................................................... 1
2. Estado das artes ............................................................................................ 2
2.1 Pobreza e exclusão social no Mundo e na Europa nas últimas décadas .. 2
2.2 Factores e causas da pobreza e exclusão social ...................................... 4
2.3 Caracterização da evolução da pobreza em Portugal (1995-2005) .......... 5
2.3.1 Qual a incidência da pobreza? ........................................................... 5
2.3.2 Quais os grupos mais vulneráveis à pobreza? ................................... 5
2.3.3 Quais as regiões mais atingidas pela pobreza? ................................. 6
2.4 A exclusão social ...................................................................................... 7
3. Descrição detalhada da pesquisa .................................................................. 9
4. Ficha de Leitura ............................................................................................ 11
5. Avaliação da uma página Web ..................................................................... 16
6. Conclusões ................................................................................................... 18
7. Referências bibliográficas ............................................................................ 19
Anexos:
Anexo I - Página da Web avaliada
Anexo II - Texto de suporte da fiche de leitura
1
1. Introdução
No âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociologica optei pela
realização de um trabalho académico, ou seja, por fazer o regime de avaliação
contínua. Visto isto, foram-nos propostos quatro temas de trabalho, dos quais
escolhi: “Pobreza e exclusão social”.
A pobreza e a exclusão social fazem parte das grandes preocupações
actuais da humanidade e dos seus desafios do futuro, deixando de ser vistas
como situações anómalas e secundárias, daí ter escolhido tratar este tema.
Este não é um problema apenas das cidades portuguesas mas sim, de
todo o Mundo, por isso de uma forma sucinta tentei também abordar o assunto.
De seguida abordarei a pobreza e a exclusão social em Portugal, passando
assim do geral, para algo mais particular.
O meu estado das artes está então formulado da seguinte forma: 2.1
Pobreza e exclusão social no Mundo e na Europa nas ultimas décadas; 2.2
Factores e causas da pobreza e exclusão social; 2.3 Caracterização da
evolução da pobreza em Portugal (1995-2005); 2.3.1 Qual a incidência da
pobreza?; 2.3.2 Quais os grupos vulneráveis à pobreza?; 2.3.3 Quais as
regiões mais atingidas pela pobreza?; 2.4 A exclusão social.
A página Web que escolhi para avaliar, foi a da Cáritas, que está
inteiramente relacionada com o tema, pois no próprio site pesquisei sobre a
pobreza e a exclusão social e obtive uma notícia acerca das Jornadas
Nacionais da Cáritas Portuguesa subordinadas ao tema “Combate à Pobreza e
à Exclusão Social pelos Caminhos da Inovação Social”. Esta página é dirigida a
um público vasto, todos aqueles que se interessam pelos Direitos Humanos,
pela Solidariedade, para fazer donativos por exemplo. A Cáritas Portuguesa é
uma instituição oficial da Conferência Episcopal, para a promoção e
dinamização da acção social da Igreja. Visa a assistência, a promoção, o
desenvolvimento e a transformação social.
2
2. Estado das artes
2.1 Pobreza e exclusão social no Mundo e na Europa nas últimas décadas
“Durante muito tempo, a pobreza não esteve no centro das atenções de
políticos e de teóricos, porque, considerada uma «anomalia» na evolução
normal de uma sociedade moderna, não necessitava de intervenções
sistematizadas por parte da sociedade no seu todo, nomeadamente através do
Estado, nem de teorias específicas.
Tinha-se aliás, como certo que o crescimento económico associado com
a ideia de desenvolvimento, que constitui uma das imagens de marca e um dos
sucessos atribuídos às sociedades industriais dos últimos 200 anos, teria como
consequência inevitável e automática a redução da pobreza, pelas maiores
oportunidades de emprego, consumo e riqueza criadas.” (OIT, 2003:9)
A pobreza era vista como uma ausência de riqueza, com as
consequentes privações, resolvida, em condições normais, pelo crescimento
económico. (item)
Por essa razão julgava-se que os países ditos ricos estavam livres desse
«problema», a pobreza era então a imagem dos países subdesenvolvidos.
Mas, desde que esses países imitassem os exemplos dos países mais ricos
esse problema poderia ser erradicado, através de processos de crescimento
económico de base industrial. (item)
Porém, as últimas décadas, vieram a desmentir de forma chocante,
estes autênticos mitos. (Chossudovsky, 2000:40)
Diversos relatórios das mais variadas organizações internacionais, como
o Banco Mundial, a Comissão da União Europeia e a Unicef, entre outras, bem
como diversos estudos e obras científicas entretanto publicadas, dão conta de
um mal-estar crescente, associado à constatação de que os problemas de
pobreza e exclusão social se têm agravado nas últimas décadas, não só com a
persistência e agravamento de formas tradicionais, como também com novas
manifestações, para além das desigualdades entre países, entre as classes
sociais e os indivíduos. (item)
3
Os sucessos alcançados nas últimas décadas na luta contra a fome, o
analfabetismo, a mortalidade infantil, as doenças endémicas, a baixa
esperança de vida, a falta de água potável e a de saneamento básico, a falta
de condições habitacionais, a degradação ambiental, etc., são uma pequena
gota face ao «oceano» e à gravidade dos problemas por resolver e ao
aparecimento constante de novos problemas, causa e consequência de
conflitos e tensões étnicas, de deslocações maciças de populações. (item)
Mas nem os países ricos, hoje, estão livres desses problemas. Não é por
isso de estranhar que a pobreza e a exclusão social se tenham tornado, nos
últimos anos, um dos temas que mais parece preocupar quer os responsáveis
dos organismos internacionais, quer os governantes de diversos países, quer
ainda os técnicos intervenientes que procuram no terreno enfrentar e minimizar
essas situações. Passaram a integrar as agendas políticas nacionais e
internacionais e das várias cimeiras e uniões que procuram encontrar
estratégias comuns para gerir as grandes preocupações actuais do nosso
planeta: as ameaças e os riscos ambientais, a insegurança, o desemprego, a
explosão demográfica, o terrorismo e, claro, a pobreza e a exclusão social.
(item)
Por um lado, nos países mais pobres, predominam as situações de escassez
de recursos (associados ao conceito de pobreza), levando à insatisfação de
necessidades básicas, em termos absolutos, e à marginalização face a
padrões de vida mínimos. Muito frequentemente, no entanto, os laços
comunitários, assentes nas redes familiares e de vizinhança, mantêm-se
activos, evitando uma exclusão social absoluta. (item)
Nos países mais ricos a escassez de recursos verifica-se mais em
termos relativos, embora as situações de privação absoluta tenham aumentado
nos últimos anos. Em contrapartida, as situações de exclusão social têm-se
vindo a agravar, por quebra dos laços sociais, mesmo que os outros recursos
não sejam escassos. (item)
4
2.2 Factores e causas da pobreza e exclusão social
São considerados três tipos de factores: os macro (globais), os meso
(locais ou sectoriais) e os micro (pessoais e familiares). (OIT, 2003:21)
“Como factores macro potencialmente associados à pobreza,
consideram-se os que dizem respeito às configurações estruturais da economia
mundial e dos modelos de desenvolvimento e de organização e funcionamento
dos sistemas económicos e financeiros predominantes no Mundo num
determinado período, bem como aos valores normas e princípios deles
decorrentes.” (item)
Os factores meso dizem respeito a um conjunto de factores que,
podendo ter origem nas políticas macro ou nos elementos culturais
dominantes, têm um impacto mais significativo ao nível local ou sectorial. (OIT,
2003:23)
Por fim, nos factores micro, “são incluídos neste conjunto variáveis
como: dimensão e estatuto da família, saúde, idade, educação, percursos e
histórias de vida, projectos de vida, opções pessoais, oportunidades
aproveitadas e perdidas, etc. Trata-se de um conjunto de elementos
intensamente interligados cuja importância, enquanto factores de pobreza e
exclusão social, se faz sentir fundamentalmente através das interacções
estabelecidas ao nível pessoal e familiar.” (OIT, 2003:24)
5
2.3 Caracterização da evolução da pobreza em Portugal (1995-2005)
Hoje em dia, são considerados pobres aqueles que estão privados da
possibilidade de agir por própria iniciativa e responsabilidade e vivem e
trabalham em condições indignas da pessoa humana. (Ribeiro, 2007:28)
Os dados existentes para “medir” a pobreza em Portugal reportam-se ao
conceito de pobreza monetária. Mais recentemente surgiram tentativas para
medir a privação em Portugal, o que permite observar a pobreza para além dos
aspectos monetários, captando situações de privação face a uma noção mais
alargada de condições de vida-padrão. (item)
2.3.1 Qual a incidência da pobreza? “A noção frequentemente utilizada para medir a pobreza pelo
EUROSTAT parte da escolha do um limiar de pobreza em relação ao padrão
mediano dos rendimentos monetários disponíveis das famílias em cada
momento.
Mais particularmente, o limiar de pobreza mais geralmente utilizado
corresponde ao montante que resulta de 60% da mediana da distribuição do
rendimento monetário equivalente.” (Ribeiro, 2007:28)
Assim sendo, a pobreza assume em Portugal uma incidência muito
preocupante, atingindo mesmo um dos valores mais elevados, no contexto da
União Europeia. (item)
2.3.2 Quais os grupos mais vulneráveis à pobreza? “As mulheres são mais pobres em Portugal, porque recebem em média
salários mais baixos, mesmo para qualificações idênticas, e ocupam empregos
menos qualificados. Acrescem factores relacionados com o tipo de família a
que pertencem.” (Ribeiro, 2007:36)
No caso dos idosos, a sua taxa de risco de pobreza, é superior à das
crianças. (Ribeiro, 2007:39)
6
As crianças constituem um dos grupos mais vulneráveis à pobreza, a
sua situação é particularmente gravosa nas famílias monoparentais e nas
famílias constituídas por dois adultos e três ou mais crianças, onde as
situações de pobreza atingem proporções superiores a 30%. O risco de
pobreza infantil em Portugal é de tal maneira elevado, que se torna necessário
repensar o sistema de prestações familiares, bem como reequacionar o
funcionamento dos serviços sociais de apoio à família e às crianças. Em
complemento à informação sobre a pobreza infantil devem ser referidas as
elevadas taxas de abandono escolar, que podem ser interpretadas como uma
consequência de pobreza, mas tendem a perpetuar as situações de pobreza,
quando as crianças atingirem a idade adulta, sem as qualificações adequadas
ao mercado de trabalho, poderão vir a ser ainda, vitimas de exclusão social.
(Ribeiro, 2007:37).
Os idosos constituem o grupo etário mais fortemente atingido pela
pobreza, em Portugal. (Ribeiro, 2007:39)
O risco de pobreza da população em idade activa é geralmente inferior à
taxa média. As taxas portuguesas situam-se em níveis bastante superiores à
média europeia. A situação de desemprego faz elevar consideravelmente o
risco de pobreza. (Ribeiro, 2007:41)
2.3.3 Quais as regiões mais atingidas pela pobreza? Em 2000, eram as Regiões Autónomas que apresentavam uma maior
incidência de risco da pobreza monetária. (Ribeiro, 2007:44)
No continente, a maior incidência de risco de pobreza verificava-se no
sul do país, com o Alentejo e o Algarve. (item)
7
2.4 A exclusão social
A exclusão social pode implicar privação, falta de recursos ou, de uma
forma mais abrangente, ausência de cidadania, se, por esta, se entender a
participação plena na sociedade, aos diferentes níveis em que esta se organiza
e se exprime: ambiental, cultural, económico, político e social.
“Daí que a exclusão social seja necessariamente multidimensional e se
exprima naqueles diferentes níveis (ambiental, cultural, económico, político e
social), compreendendo vários deles ou mesmo todos.” (amaro, s.d.)
De outra forma, pode-se dizer que a exclusão social se exprime em 6
dimensões principais do quotidiano real dos indivíduos, ao nível:
• “Do ser, ou seja da personalidade, da dignidade e da auto-estima e do
auto-reconhecimento individual;
• Do estar, ou seja das redes de pertença social, desde a família, às redes
de vizinhança, aos grupos de convívio e de interacção social e à
sociedade mais geral;
• Do fazer, ou seja das tarefas realizadas e socialmente reconhecidas,
quer sob a forma de emprego remunerado (uma vez que a forma
dominante de reconhecimento social assenta na possibilidade de se
auferir um rendimento traduzível em poder de compra e em estatuto de
consumidor), quer sob a forma de trabalho voluntário não remunerado;
• Do criar, ou seja da capacidade de empreender, de assumir iniciativas,
de definir e concretizar projectos, de inventar e criar acções, quaisquer
que elas sejam;
• Do saber, ou seja do acesso à informação (escolar ou não; formal ou
informal), necessária à tomada fundamentada de decisões, e da
capacidade crítica face à sociedade e ao ambiente envolvente;
• Do ter, ou seja do rendimento, do poder de compra, do acesso a níveis
de consumo médios da sociedade, da capacidade aquisitiva (incluindo a
capacidade de estabelecer prioridades de aquisição e consumo).” (item)
“A exclusão social é, portanto, uma situação de não realização de algumas
ou de todas estas dimensões. É o “não ser”, o “não estar”, o “não fazer”, o “não
criar”, o “não saber” e/ou o “não ter”. (item)
8
Esta formulação permite ainda estabelecer a relação entre a exclusão social,
entendida desta forma abrangente, e a pobreza, que é basicamente a privação
de recursos (nomeadamente ao nível da exclusão social do fazer, do criar,
do saber e do ter), ou seja, uma das dimensões daquela.” (item)
9
3. Descrição detalhada da pesquisa
Assim que me deparei com os temas possíveis para a elaboração do
trabalho, nem pensei em escolher outro tema senão “Pobreza e exclusão
social” porque é uma realidade da nossa sociedade e é um dos temas mais
notórios da actualidade, estudá-lo sociologicamente pareceu-me bastante
interessante.
No início, admito ter andado um pouco confusa sem saber bem por onde
começar, a informação iria ser muito vasta e não sabia onde seria melhor
pesquisar, muito menos como seleccionar toda a informação depois, de modo
a filtrar apenas o mais importante.
Mas foi apenas o início, comecei por decidir que as fontes de pesquisa
que iria utilizar para a realização deste trabalho foram a Biblioteca da
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e a Internet. As palavras-
chave utilizadas em ambas as pesquisas foram: “pobreza”, “pobreza Europa”,
“pobreza Portugal”, “exclusão social”, “exclusão social Europa Mundo”.
Primeiramente dirigi-me à biblioteca, onde, por coincidência estava a
haver uma exposição de livros deste mesmo tema, acerca da pobreza e da
exclusão social, daí nem ter sido necessário pesquisar livros no computador
existente para esse efeito. Ao ver atentamente todos os livros expostos escolhi
três, aqueles que achei mais importantes para o meu tema: “Pobreza, direitos
humanos e cidadania”, “A globalização da pobreza e a nova ordem mundial” e
“A luta contra a pobreza e exclusão social em Portugal”. Como já tinha alguns
livros sobre este assunto em casa, no seu conjunto já tinha informação
suficiente, achei que não seria preciso deslocar-me até à Biblioteca Geral da
Universidade de Coimbra, onde já tinha pensado ir de seguida.
Assim sendo, decidi pesquisar na Internet mais informação para poder
comparar e complementar com a dos livros que tinha encontrado na biblioteca,
parecia-me ser o suficiente.
Relativamente à pesquisa efectuada na Internet, o motor de buscar que
usei foi o Google. De início pesquisei apenas com a palavra <pobreza> para
encontrar imagens para a capa, onde obtive 163 000 resultados. Para
encontrar conteúdo pesquisei com <pobreza+exclusão+social>, os resultados
10
obtidos foram 644 000. Posteriormente pesquisei também <pobreza+Portugal>,
tendo obtido 3 080 000 resultados. E ainda <exclusão+social+Portugal>, onde
foram obtidos 495 000 resultados.
Perante esta vasta pesquisa na internet, seleccionei apenas aqueles
sites que considerei mais importantes:
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1468.pdf
http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak/CD/4verb/exclusao/index.html
http://ar2003.emcdda.europa.eu/pt/page073-pt.html
http://www.triplov.com/ista/cadernos/cad_09/amaro.html
11
4. Ficha de Leitura
Caracterização geral: Título da publicação: A luta contra a pobreza e a exclusão social em Portugal
Autor da obra: OIT – Organização Internacional do Trabalho Local onde se encontra: Biblioteca da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra Data de publicação: 2003
Edição: 1ª Local de edição: Genebra Editora: Bureau Internacional do Trabalho
Título do capítulo: As primeiras respostas das políticas sociais aos problemas
da pobreza e da exclusão social em Portugal (até ao início da década de 90)
Cota: 304 - LUT Número de páginas do capítulo: 41-51 Assunto: A criação tardia de um Estado-Providência em Portugal e as
orientações e os programas comunitários de luta contra a pobreza e exclusão
social. Palavras-chave: pobreza, exclusão social Data de leitura: Maio de 2010
12
Resumo
O resultado do Estado Novo é o aparecimento tardio de um Estado-
Providência. Em 1974, criaram-se medidas relacionadas com o sistema de
assistência ao desemprego e a criação da pensão social.
Foram postos em prática três programas de Luta Contra a Pobreza, e
Portugal depois de ter entrado na CEE em 1986, foi integrado no terceiro, entre
1989 e 1994.
Os objectivos principais deste projecto eram: contribuir para o
aprofundamento do conhecimento e da sensibilização sobre os temas de
pobreza e da exclusão social; promover a experimentação de novas estratégias
de combate à pobreza e fundamentar recomendações de políticas aos níveis
local/regional, nacional e supranacional.
13
Estrutura
Este capítulo é constituído por dois temas: a criação de um Estado-
Providência e as orientações e os programas comunitários de Luta Contra a
Pobreza e Exclusão Social.
No primeiro é mencionado que os factores que condicionaram o tardio
aparecimento de um Estado-Providência em Portugal estão intimamente
relacionados com a situação política e económica vivida até ao ano de 1974,
durante o período chamado Estado Novo.
A assistência pública e o mutualismo assentavam a sua actuação numa
filosofia que dependia em grande parte de iniciativas de voluntariado, ligados a
uma lógica caritativa e assistencialista de intervenção perante os problemas
sociais de então. A adopção dos seguros sociais obrigatórios deu-se com a
Constituição de 1933, em simultâneo com o aparecimento do corporativismo
como forma de organização do Estado-Novo.
Mais tarde, em 1962, realizou-se uma reforma destas políticas. Por força
da Revolução e com o desmantelamento das estrutura corporativa do antigo
regime, ocorreram importantes transformações na Segurança Social, passando
essencialmente pela cada vez maior abertura dos benefícios à generalidade da
população e pelo nascimento do regime não contributivo.
A Constituição de 1976 consagrou o dever do Estado de responder pelo
cumprimento das políticas sociais que visavam melhorar o bem-estar social e
económico da população bem como a participação nas associações sindicais.
É através destes passos políticos importantes que se determina universalidade
da Segurança Social.
O Estado-Providência começou a desenvolver-se em Portugal,
contrariamente ao que se passou nos outros países europeus, onde este
sistema se iniciou com uma conjuntura económica favorável, decorrente do
crescimento económico do pós-Segunda Guerra Mundial.
Na segunda parte do texto o autor fala acerca dos programas
comunitários de luta contra a pobreza e a exclusão social nos anos 80.
A primeira iniciativa ligada à pobreza e à exclusão social surgiu, com o I
Programa Europeu de Luta Contra a Pobreza (1975-1980) e teve como
14
objectivo a investigação. A expressão deste projecto foi limitada, mas com a
integração de Portugal na CEE, registou se uma influência mais directa de
novas ideias e princípios de acção, nomeadamente com o II Programa Europeu
de Luta Contra a Pobreza (1984-1989), em que Portugal já participou. Neste
programa, os objectivos eram a recolha de dados estatísticos sobre a pobreza.
troca de conhecimentos, aplicação de novos métodos na luta contra a pobreza.
Em relação ao primeiro, este projecto revelou uma orientação mais prática,
contemplando um elevado e diversificado número de pequenos projectos por
país. Este projecto permitiu ainda o entendimento da pobreza para além da
tradicional acepção de carência material, introduzindo a expressão de exclusão
social.
Na sequência das duas primeiras experiências, surgiu o III Programa
Europeu de Luta Contra a Pobreza (1989-1994). Este projecto visava
ultrapassar a fase exploratória, e alargar o seu âmbito e desenvolver
estratégias preventivas. Este é então, de todos os projectos anteriores, o mais
ambicioso.
Os objectivos do autor com este projecto são: contribuir para o
aprofundamento do conhecimento e da sensibilização sobre os temas de
pobreza e da exclusão social; promover a experimentação de novas estratégias
de combate à pobreza e fundamentar recomendações de políticas aos níveis
local/regional, nacional e supranacional. Para cumprir os objectivos deste
projecto, o autor adoptou três princípios: a multidimensionalidade, o
partenariado e a participação. Do cruzamento dos objectivos e do princípios
teóricos, resultaram seis princípios metodológicos: a investigação-acção de
conhecimentos sobre a natureza e extensão dos acontecimentos através do
conhecimento científico; a visão societal e multidimensional da pobreza e da
exclusão social, a integração das dimensões económicas sociais na
abordagem destes problemas e na definição de políticas e estratégias de
combate aos mesmos, o partenariado (corresponsabilização da sociedade civil
à articulação de estratégias e recursos), a participação e a valorização do local
dos projectos e das acções.
Os projectos eram seleccionados, numa primeira fase, pelos Estados-
membros e, posteriormente, examinados e escolhidos em definitivo pela
Comissão, assistida por um comité consultivo, constituído por representantes
15
designados por cada Estado-membro e por uma unidade central de
coordenação. O seu financiamento era assegurado parcialmente pela
Comissão e completo por comparticipações nacionais, regionais ou locais,
publicas ou privadas.
No âmbito do programa produziram-se uma base de dados bibliográfica
e estatística, um boletim mensal, uma revista trimestral, um registo global,
vários relatórios de avaliação e um filme.
Por fim, é importante assinalar os principais resultados que se teve em
Portugal: um conhecimento mais aprofundado sobre a pobreza, uma visão
crítica sobre as acções convencionais, um reforço do papel do Estado
articulando políticas sociais, articulação da acção estatal, com a sociedade
civil, inovação de projectos e a articulação da luta com o desenvolvimento local.
Optei por fazer a ficha de leitura sobre este tema, uma vez que não tinha
abordado ainda o assunto da luta contra a pobreza e a exclusão social neste
trabalho e é sem dúvida bastante interessante.
16
5. Avaliação da uma página Web
Caracterização geral:
Nome do sítio: Cáritas
Público-alvo: vasto
Língua original: portuguesa
Endereço URL: http://www.caritas.pt/
Para a avaliação de uma página Web escolhi a página da CÁRITAS,
onde pesquisei sobre a pobreza e a exclusão social e obtive uma noticia
bastante pertinente acerca das Jornadas Nacionais da Caritas Portuguesa
subordinadas ao tema “Combate à Pobreza e à Exclusão Social pelos
Caminhos da Inovação Social”.
O acesso a esta página é bastante fácil, aliás foi dos primeiros
resultados que apareceram quando pesquisei no Google
“solidariedade+pobreza”.
A página de rosto é dividida em duas partes: destaques e notícias.
Esta página contém dois motores de pesquisa, um dos quais é apenas e
só para informações relativamente à Caritas.
A informação contida neste site está bem organizada, é coerente e
sucinta e não necessita conhecimentos prévios para a sua compreensão.
Esta página Web procura ainda sensibilizar quem a visita a ajudar na
luta contra a pobreza e a exclusão social, por exemplo, dando donativos.
A Cáritas Portuguesa é uma instituição oficial da Conferência Episcopal,
para a promoção e dinamização da acção social da Igreja, visa a assistência, a
promoção, o desenvolvimento e a transformação social. A Caritas ainda
Luta por uma sociedade mais justa, com a participação dos que são atingidos
por qualquer forma de pobreza, exclusão social ou emergência, sem olhar a
crenças, culturas, etnias ou origem.
Vincula-se aos princípios da universalidade e da radicalidade em favor
dos mais pobres, o que implica: a animação social, a comunhão cristã de bens
17
e a formação. Promove a animação da pastoral social, estimulando a existência
de grupos de acção social nas paróquias.
A Cáritas pretende: informar, denunciar e sensibilizar a sociedade,
propondo medidas de solução para problemas sociais graves, através de:
assistência e apoio nas emergências, promoção da autonomia de cada homem
e mulher, processos de desenvolvimento local, intervenção junto dos centros
de decisão política, formação de agentes de voluntariado, empenho na
conservação do meio ambiente sustentável.
Em Portugal ou no Mundo, a Cáritas Portuguesa promove campanhas
de solidariedade, que se destinam a ajudar os mais pobres que sofrem, quer
por desastres naturais ou catástrofes humanas. Este trabalho é desenvolvido
em estreita colaboração com as caritas locais. A ampla rede da Cáritas permite
que, nestas situações, seja traçado um real e concreto quadro de necessidades
que, efectivamente, serve as populações afectadas, permitindo que a ajuda
chegue a quem mais precisa.
Na sua acção internacional, a Cáritas Portuguesa vai mais longe do que
a ajuda humanitária de emergência. Particularmente com as Cáritas Lusófonas
procuramos assegurar a continuidade, através de projectos sustentáveis de
reabilitação e desenvolvimento, para que os destinatários não fiquem
dependentes da ajuda pontual, assumindo assim, como prioridade, o combate
à pobreza e à injustiça social.
Erradicar as causas que perpetuam a pobreza e que afectam a
dignidade humana é o que move a Cáritas Portuguesa. Este trabalho só é
possível com o empenho de todos os que, através dos seus gestos de
generosidade e intervenção sociopolítica, contribuem para a construção de um
mundo mais justo e solidário.
18
6. Conclusões Ao longo da realização deste trabalho surgiram-me muitas dificuldades
que tive de ultrapassar, inicialmente onde pesquisar, o que pesquisar
exactamente.
Tive como principal objectivo dar a conhecer a incidência da pobreza, as
regiões mais atingidas por esta, quais os riscos e quais os grupos mais
vulneráveis à pobreza e à exclusão social.
Na ficha de leitura tive a preocupação de abordar um tema ainda não
tratado no conteúdo do trabalho que era a luta contra a pobreza e a exclusão
social.
Esforcei-me para realizar este trabalho de um modo simples e sucinta
para que quem o lesse compreendesse tudo.
A minha maior dificuldade neste trabalho foi a selecção de informação,
pois era tanta e toda ela parecia ser importante, este era um tema muito vasto,
mas ao ler tudo atenciosamente logo me decidi.
Penso que consegui atingir todos os objectivos propostos pela cadeira, a
frequência nas aulas, ajudou-me à realização deste trabalho.
Por fim, resta-me admitir que fiquei ainda mais sensibilizada com este
assunto e com uma enorme vontade de ajudar as pessoas pobres e lutar para
que não continue a haver tanta exclusão social, é triste ainda haver alguém
capaz de passar por um mendigo na rua e mostrar-se indiferente a esta
situação, pois nunca sabemos o dia de amanhã, e um dia, podemos ser nós a
precisar de ajuda…
19
7. Referências bibliográficas
Fontes de Imprensa Almeida, João Ferreira de et al. (1992), Exclusão social: factores e tipos de
pobreza em Portugal. Oeiras: Celta Editora.
Chossudovsky, Michel (2000), A globalização da pobreza e a nova ordem mundial. Lisboa: Editorial Caminho.
OIT – Organização Internacional do Trabalho (2003), A luta contra a pobreza e a exclusão social em Portugal. Genebra: Bureau Internacional do Trabalho.
Ribeiro, Eduardo; Oliveira, Isabel Roque de e Silva, Manuela (2007), Pobreza, direitos humanos e cidadania. Lisboa: Cidade Nova.
Internet
CÁRITAS Portuguesa – (1997) Página consultada em 27 de Maio de 2010.
Disponível em http://www.caritas.pt/;
Rodrigues, Eduardo Vitor; Samagaio, Florbela; Ferreira, Hélder; Mendes, Maria
Manuela e Januário, Susana (s.d.). “A pobreza e a exclusão social: teorias,
conceitos e políticas sociais em Portugal”. Página consultada a 27 de Maio de
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