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RECUPERAR • Setembro / Outubro 2007 m todo o Brasil encontramos pon- tes protendidas novas e até com quarenta anos de vida, que nunca ouviram falar de trabalhos de manutenção/ recuperação ou, simplesmente, nunca fo- ram submetidas a um rápido check-up para avaliação da condição de seus cabos ou do aço protendido. Estruturas são como a gente, de ano em ano ou, no máximo, a cada dois, três anos é necessária uma checagem. Pessoas e mais pessoas morrem, todos os dias, sem saberem que estão doentes. Da mesma forma estruturas caem, matam e são E espelhos do que há de patético sob nossas máscaras cotidianas, que tanto pesam e que tão mais fácil seria se nos despojássemos delas para encarar nossa verdadeira condi- ção de irresponsáveis, se é que esta pala- vra possa afetar os principais responsáveis. Todos sabemos que, durante a construção de estruturas protendidas, sempre haverá forte possibilidade do não preenchimento completo dos cabos com a calda de cimen- to. Isto se traduz em vazios ou trechos com falta de cobertura para o aço das cordoa- lhas, espremidas ali dentro das bainhas e f Survey Practice Continua na pág. 16 GLOSSÁRIO Patogênico que gera doença na estrutura, como corrosão motivada por pH diferencial, produtos químicos em contato com o concreto etc. pH medida da acidez ou alcalinidade de uma solução (condutiva). submetidas, desta forma, a dois ambientes diferentes, para não dizer patogênicos. Quer dizer, trechos do aço tocados com calda de cimento terão pH com crachá 12. Trechos de aço sem nada terão pH com crachá de sabe lá Deus quanto. Esta situação é um dos pontos preferidos da comuníssima cor- Figura 1 - Viadutos e pontes são estruturas estratégicas que, caso não tenham acompanhamento periódico, tornam-se perigosas e com recuperação extremamente cara. RECUPERAR • Setembro / Outubro 2007 14

Survey Practice f - Produtos do Repairbusiness · sangue, como o futebol. Esquece-se que ... que a parte externa da fresta fica com menos con- ... Este tempo em particular recebe

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m todo o Brasil encontramos pon-tes protendidas novas e até comquarenta anos de vida, que nunca

ouviram falar de trabalhos de manutenção/recuperação ou, simplesmente, nunca fo-ram submetidas a um rápido check-up paraavaliação da condição de seus cabos oudo aço protendido. Estruturas são como agente, de ano em ano ou, no máximo, a cadadois, três anos é necessária uma checagem.Pessoas e mais pessoas morrem, todos osdias, sem saberem que estão doentes. Damesma forma estruturas caem, matam e são

E espelhos do que há de patético sob nossasmáscaras cotidianas, que tanto pesam e quetão mais fácil seria se nos despojássemosdelas para encarar nossa verdadeira condi-ção de irresponsáveis, se é que esta pala-vra possa afetar os principais responsáveis.Todos sabemos que, durante a construçãode estruturas protendidas, sempre haveráforte possibilidade do não preenchimentocompleto dos cabos com a calda de cimen-to. Isto se traduz em vazios ou trechos comfalta de cobertura para o aço das cordoa-lhas, espremidas ali dentro das bainhas e

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Continua na pág. 16

GLOSSÁRIO

Patogênico – que gera doença na estrutura, comocorrosão motivada por pH diferencial, produtosquímicos em contato com o concreto etc.pH – medida da acidez ou alcalinidade de umasolução (condutiva).

submetidas, desta forma, a dois ambientesdiferentes, para não dizer patogênicos. Querdizer, trechos do aço tocados com calda decimento terão pH com crachá 12. Trechosde aço sem nada terão pH com crachá desabe lá Deus quanto. Esta situação é umdos pontos preferidos da comuníssima cor-

Figura 1 - Viadutos e pontes são estruturas estratégicas que, caso não tenhamacompanhamento periódico, tornam-se perigosas e com recuperação extremamente cara.

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rosão por concentração ou pH diferencial,presente nas melhores famílias de estrutu-ras despojadas de carinho ou de acompa-nhamento. É o risco da corrosão, que to-dos nós nos deliciamos por ter em nossosangue, como o futebol. Esquece-se queo aço, nos trechos não preenchidos, sub-mete-se a banhos de condensação, devi-do a mudanças de umidade/temperaturaque ambiente e estrutura sujeitam-se deforma diferenciada. Água e aço não ver-dadeiramente combinam, mas vivem emconcubinato desastroso e corrosivo. O co-lapso parcial da Ponte dos Remédios, emSão Paulo, foi o caso (registrado) mais re-cente entre nós. Lá fora temos os casos daPonte Brickton Meadows Footbridge e daPonte Ynys-y-Gwas, ambas respectiva-mente no Reino Unido e EUA. A ponteNiles Channel e a Ponte Midway, ambasnos EUA, exatamente na Flórida, tambémsão exemplos. O fato é que, anualmente,em todo o mundo, pontes protendidasprostam-se de maneira parcial ou integral

aos efeitos da corrosão sob tensão. Feliz-mente, o vírus da desconfiança está con-taminando entidades governamentais emtodo o mundo, que desdobram-se para de-sarmar a bomba relógio de suas estruturasprotendidas. Nesta empreitada, a princi-pal ferramenta utilizada é o ECO-IMPAC-TO de VARREDURA ou EIV (figura 1).

Utilizando o EIV

Foi feita a utilização do EIV em uma ponteprotendida. O normativo, para este teste,obedece a ASTM C1338. O EIV identificamudanças de freqüência ressonantes (quefazem eco) devido à falta de espessamentoaparente resultante de vazios na bainha, emcontraste com a situação totalmente preen-chida com calda. Só para se ter uma idéia,apresentamos nas figuras 2, 3, 4 e 5 simula-ção do EIV feito em uma viga caixão pré-moldada com 30m, ainda no depósito docanteiro de obras. Para efeito de teste, si-mulou-se apenas os 6 primeiros metros da

Figura 1 - Unidade do EIV com o transdutor mais moderno que, literalmente, varre tudo e o transdutor tradicional, que trabalha ponto a ponto. A praticidadedo EIV é gritante.

GLOSSÁRIO

Eco-impacto – termo genérico empregado paradesignar equipamento para testes no concreto combase na velocidade de pulsos mecânicos. É com-posto por martelo para gerar pulsos mecânicos,acelerômetro para receber as ondas, duas fontesde alimentação para o acelerômetro, um oscilos-cópio para analisar a forma da onda e o tempo depercurso e um lap-top.Corrosão por concentração diferencial –esta pilha surge sempre que o aço é exposto aconcentrações diferentes de seus próprios íons.Ela ocorre porque determinada região do aço torna-se mais ativa quando decresce a concentração deseus íons no eletrólito. Esta pilha é muito freqüenteem frestas, quando o meio corrosivo é líquido.Neste caso, o interior da fresta recebe pouca movi-mentação de eletrólito, tendendo a ficar com gran-de concentração de íons (área catódica), enquantoque a parte externa da fresta fica com menos con-centração (área anódica), com conseqüente corro-são das bordas da fresta.Condensação – passagem do estado gasoso parao estado líquido. Tornar água, seja na forma líquidaou gasosa.Freqüência – grandeza física associada a movi-mentos de característica ondulatória que indica onúmero de revoluções (ciclos, voltas, oscilaçõesetc) por unidade de tempo. Alternativamente, po-demos medir o tempo decorrido para uma oscila-ção. Este tempo em particular recebe o nome deperíodo (T). Desse modo, a frequência é o inver-so do período F= 1/T.

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Figura 2 - A viga caixão analisada e o modelo dameia lua de isopor inserido.

Figura 3 - Comparação de diversos aspectos de freqüência após varredura com o EIV. Repare que àesquerda a freqüência do de 6.445Hz correspondente a trechos da bainha totalmente preenchidos. Àdireita, claramente, a freqüência de eco estrábica com apenas 5.274Hz correspondente a presença devazios no interior da bainha.

viga caixão com 4 bainhas de 100mm dediâmetro em cada lateral. Inseriram peque-nos pedaços de isopor, com seção em meialua, e com diversos tamanhos na regiãosuperior de cada bainha, de modo a simu-lar a presença de vazios e, naturalmente, avisualização clara dos resultados do EIV.A seguir, injetaram as bainhas com caldade cimento.Na figura 3, exames onde se percebe mu-danças de freqüência ressoantes de trechosde bainhas com e sem presença de vazios. O

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GLOSSÁRIO

Corrosão sob tensão (CST) – defeito eviden-ciado pela formação de fissuras/trincas provocadaspela ação combinada de corrosão e tensão de tra-ção, tanto externamente aplicada quanto de natu-reza residual. As trincas tanto podem ser intergra-nular quanto transgranular. Figura 4 - Vista em planta. Comparação dos resultados da EIV feita na laje superior da viga caixão e o

problema.

exame em planta e em 3D facilita a interpreta-ção e a visualização dos vazios presentesnas bainhas (figuras 4 e 5). Repare que avisualização em 3D com a escala em cores

evidencia a mudança de espessuras do ecoa partir da situação da bainha totalmente pre-enchida e com a presença de vazios. A esca-la de cores em 3D é a melhor ferramenta para

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Continua na pág. 21Figura 5 - Visão em 3D dos resultados do EIV da figura 4. As áreas vermelha-branca evidenciamcondições de vazios claramente associadas a grandes espessuras de ecos.

se precisar, com bastante sensibilidade, otamanho dos vazios internos presentes embainhas de protensão.

A situação real

Partindo para a situação real, a análise des-ta ponte foi feita integralmente dentro dasvigas-caixão e, devido a sua extensão, var-reram-se as bainhas existentes em suas duasparedes laterais, sempre verticalmente, debaixo para cima, a cada 2m, compondo-setomogramas. Os resultados foram apresen-tados na forma de tomogramas para cadavão, naturalmente especificando-se cada

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REFERÊNCIAS• Patr íc ia Karina Tinoco é engenhe i ra

civil especialista em química e física da cons-trução.

• Woodward, R.J., and Williams, F.W., “Collap-se of the Ynys-y-Gw”, Proceedings of theInstitution of Civil Engineers, Part 1, V.84.

• Florida Department of Transportation(FDOT) Central Structres Office, “Test andAssessment of NDT Methods for Post-tensi-oning Systems in Segmental Balanced Canti-lever Concrete Bridges”.

• West, J.S.; Larosche, C.J.; Koester, B.D.; Bre-en, J.E.; and Kreger, M.E., “State-of-the-ArtReport about Durability of Post-TensionedBridge Substructures”, Research Roport 1405-1, Research Project 0-1405, Texas Depart-ment of Transportation.

• Sansalone, M.J., and Streett, W.B., Impact-Echo Nondestructive Evaluation of Concre-te and Masonry, Bullbrier Press. Ithaca, NY.

• Sack, D., and Olson, L.D., “Impact-EchoScanning of Concrete Slab and Pipes”, Inter-national Conference on Advances on Con-crete Technology, Las Vegas, NV..

• ASTM C 1383, “Test Method for MEasuringthe P-Wave Speed and the Thickness of Con-crete Plates Using the Impact-Echo Method”.

Figura 6 - Tomograma em 3D do vão 2 da ponte (condição geral).

GLOSSÁRIO

Tomogramas – exame que permite visualizarestruturas na forma de cortes.Eco – repetição de um som causado pelo retornode uma onda sonora que atingiu um obstáculo.Espectro – conjunto de ondas de diferentes ta-manhos que compõem uma radiação.Freqüência – medida da vibração de uma ondasonora.

uma de suas duas paredes laterais. Na fi-gura abaixo, são vistas descontinuidadesou vazios localizados exatamente a 20mdo pilar 2 e 0,60m da laje inferior. As ima-gens do EIV, referentes a esta posição,são claras e evidenciam trincas/vaziossituados entre 12 e 15cm de profundida-de da superfície da parede analisada. Umaoutra patologia interessante revelada como EIV, também vazios dentro da bainha, eevidenciada com a cor negra foi desco-berta a 42m do pilar 2 e sintomática para

as alturas de 0,90m e 1,15m. O mapa decores, figura 6, mostra densidades nor-mais pelas cores de 0,1 a 1,3.

fax consulta nº 16

Para ter maisinformações sobreAnálise.

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