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SuperModernismo
"Supermodernismo" de Hans Ibelings
Ibelings resume de forma clara e sucinta a história da arquitectura desde o
modernismo até ao ano de edição do livro, 1998. No entanto a descrição das
tendências da arquitectura destes últimos anos é feita com vista a esclarecer aquilo
a que chama supermodernismo, que considera como a tendência pertencente à
actual época da modernidade.
Ibelings divide o livro em 3 capítulos: Posmodernismo, Movimento Moderno e
Supermodernismo. O autor considera que durante o posmodernismo existiu uma
tendência arquitectónica que tinha mais a ver com o modernismo do que com
qualquer outro estilo. Esse movimento foi chamado high tech e terá sido dele que
se desenvolveu o supermodernismo. Daí que Ibelings, no presente livro, comece por
caracterizar e criticar o posmodernismo, e só depois caracterize o modernismo, de
forma a explicar o movimento high tech.
Na introdução começa por esclarecer a dificuldade em definir o conceito de
Globalização, bem como qual a relação causa efeito deste conceito com os
processos e a realidade actual. Apesar desta incerteza, para ele "em arquitectura a
globalização pode-se ver como um factor negativo à cabeça dos processos de
homogeneização e uniformização. No entanto, nestes últimos anos e pela influência
da globalização, começou a surgir uma nova e sugestiva arquitectura em que a
superficialidade e neutralidade adquiriram uma significação especial.". Essa nova
significação estará relacionada em parte com dois aspectos provenientes da
globalização: a abundância de espaço e a abundância de signos (informação). Os
cidadãos passam a ser pessoas do mundo, explorando os lugares à sua própria
maneira, de uma forma muito mais individual e menos social. Assim o indivíduo
passará a relacionar-se com o espaço de uma forma muito mais rápida,
apreendendo-o e identificando-se com ele, tanto mais, quanto mais este privilegiar
as experiências sensoriais.
Cintando um dos livros que mais influencia esta obra, Os não lugares, espaços do
anonimato de Marc Augé, Ibelings considera que "poderíamos dizer do
supermodernismo que é a cara de uma moeda cujo inverso representa a
posmodernidade: o positivo de um negativo", e acrescenta que, desta forma, surge
uma reacção na arquitectura dos anos 90 que não pode ser descrita com precisão
(tal como a globalização), "mas em que as noções posmodernas de lugar, contexto
e identidade perdem em grande parte o seu significado".
Posmodernismo
Ibelings critica não o caminho lógico do posmodernismo mas as críticas que os
posmodernos fizeram ao modernos caindo afinal uma situação semelhante. A ideia
de reconstruir edifícios históricos, tendo em conta a história e espírito de lugar, foi
sendo substituída pela expressão artística dos arquitectos de elite. Tal como
aconteceu no maneirismo nasce o gosto pelo coleccionismo de objectos. As cidades
querem-se munir de edifícios que pelos seus traços e características, identifiquem
rapidamente o seu autor, contribuindo para o aumento de prestigio da cidade, como
aconteceu em Berlim, na IBA (1989).
Como resultado desaparecem os aspectos simbólicos, bem como o respeito pelo
lugar. O paradigma posmoderno, de que a arquitetura deve manter uma relação
única e autêntica com o contexto, não foi concretizado na medida em que o que se
praticou foi a sobreposição de mundos autônomos que têm pouco a ver com a sua
envolvente (as heteropolis - cidades sem centro histórico e sem hierarquização,
como por exemplo Los Angeles).
Movimento Moderno
Os argumentos e a fé que existia nos anos 50 de que as gentes pertenciam a uma
comunidade global que deveria viver em paz aproveitando as telecomunicações e a
fácil mobilidade, e que desaparece com a crise dos anos70 e a guerra fria, aparece
novamente nos nossos dias existindo agora a ideia de que com esta sociedade
global se pode aceder rapidamente a tudo e ao mesmo tempo em diferentes partes
do mundo.
Já final dos anos 70 o movimento "high-tech" aliava a tradição moderna de inovação
tecnológica ao fascínio pela engenharia de instalações, como o painel de controlo
que incorpora ventilação, persianas, musica, televisão, etc; originando uma nova
atitude que se pode ver cada vez menos como uma arquitetura significante e plena
de simbologia e mais como uma arquitetura neutra, e que viveu dominada e em
contraste radical com a extravagância posmoderna e complexidade
desconstrutivista.
Supermodernismo
Apesar do recente êxito mundial dos posmodernos ele tornou-se um estilo tão
universalmente aplicado que a internacionalidade característica do modernismo,
alvo das maiores criticas acabou-se por aplicar também aos posmodernistas. No
entanto os modernos eram propositadamente internacionais , ao contrário dos
posmodernos. Daí que nesta era de globalização , se tente encontrar novamente,
no modernismo, um estilo universal mas original.
4 livros, estão, segundo Ibelings, na base daquilo a que ele chama de
SUPERMODERNISMO:
- Architecture in superficie: materiali, figure e tecnologie dell nueve facciate
urbana (Roma, 1995) de Daniela Colafranceschi.
- Monolithic architecture ( New York, 1995) de Rodolfo Machado.
- Less is More: minimalismo em arquitectura e outras artes ( Barcelona, 1996) de
Vittorio Savi e Josep Montaner.
- Livro da exposição" Light Construction" de Terence Riley, que o MoMa lançou em
1995. .
Todos eles se centram na arquitetura abstrata, sem referência a nada exterior à
própria arquitetura, em que se dedica grande atenção à redução formal, dando
realce à ligeireza e transparência dos edifícios.
Ibelings refere ainda uma curiosidade. Segundo ele a obra por excelência do
posmoderno era o museu porque era neles que se expunham os objectos
significantes para o posmodernismo. Já nos anos 90 passam a ser os aeroportos as
obras de excelência. A mobilidade, acessibilidade ao mundo ilimitado passa a ser o
ideal do momento.
Ibelings explica a neutralidade da arquitetura atual (anos 90) como reação à
tendência posmoderna do desenho criativo, carregado de signos. Defende-se
novamente que os objetos falam por si próprios e que não há necessidade de
procurar significados específicos ou mensagens, que acabam por sobrecarregar o
mundo tirando-lhe legibilidade. Agora privilegia-se a experiência sensorial do
espaço, dos materiais e da luz. Desaparecem as tipologias construtivas e as
preocupações contextuais de implantação do edifício. Os novos edifícios
apresentam-se, em relação ao ambiente, de uma forma neutra e tanto podem
funcionar como escritórios, escolas, bancos, hotéis, centros comerciais, aeroportos,
etc.
Arquitetos como Norman Foster, Richard Rogers e Renzo Piano durante os anos 70
e 80 foram os únicos a explorarem os limites construtivos e a tecnologia e por isso
foram marginalizados, ganham nos anos 90, grande prestigio.
De uma forma objetiva Ibelings define esta nova tendência da seguinte forma:
" Deste modo estamos cada vez mais próximos de alcançar o ideal do movimento
moderno de uma arquitetura totalmente transparente. O desejo pela transparência
total manifestou-se nos anos 20 a partir dos projetos irrealizados de Mies van der
Rohe para um arranha céus em Berlim e nos finais dos anos 40 na casa de vidro de
Philip Jonhson, no entanto, só hoje, a tecnologia parece ser capaz de realizar esta
ansiada transparência. De certo modo, a arquitetura atual é uma versão superlativa
da arquitetura moderna das entre guerras e da primeira década depois da segunda
guerra." In pg. 102
Comentário
É necessário que arquitetos e críticos se esforcem por travar uma relação genuína
de forma a evitar o aparecimento de um estilo universal, que dê lugar à banalidade
e uniformização do novo espaço. Aquilo que é uma arquitetura sedutora, e quase
utópica, que contrasta com a "arquitetura do cimento", não se deverá transformar
num sistema de esbanjamento energético a nível mundial, ignorando a
contextualidade ecológica e aumentado a eficiência energética.
Contudo é cedo demais para analisar qual a dimensão desta tendência. O tempo se
encarregará de dizer qual o seu peso na história da arquitetura.
P U B L I C A D A P O R R I C A R D O S O U S A E M 1 0 : 1 7