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SUBPROJETO – PIBID – HISTÓRIA
ESCOLA OLIVINA OLIVIA CARNEIRO DA CUNHA
SEMINÁRIO 1º BIMESTRE - 2017
TEMA: O IMAGINÁRIO MEDIEVAL
AUTORES:
RADAMÉS DE SOUSA ([email protected])
LARISSA DE ALMEIDA NÓBREGA ([email protected])
A Idade Média ocidental foi um período histórico atravessado por várias tradições culturais,
como a cultura clássica greco-romana, a cultura pagã nórdica, a dos celtas e germanos, a cultura
judaico-cristã, bem como a árabe muçulmana. Entre os elementos dessas culturas que vigoraram
no medievo está o imaginário. O imaginário, isto é, as representações sobre o desconhecido,
aquilo que despertava medo e maravilhamento.
No caso da Idade Média, o nome usual para se definir esse imaginário é “o maravilhoso”,
entendido não como algo que seja muito belo, tal como a palavra é utilizada hoje, mas como
algo misterioso, geralmente associado ao sobrenatural, às forças ocultas e desconhecidas e a
lendas muito antigas.
A palavra “maravilhoso” deriva do latim mirabilis, que está ligada aos antigos mitos e lendas
do paganismo nórdico, como as histórias de dragões. O mirabilis ocorre, como toda forma de
“maravilhoso”, subvertendo a ordem do cotidiano. No caso da ação de dragões, por exemplo,
as lendas geralmente indicam que a ação maléfica operada por esses seres ocorria em momentos
inesperados.
Muitos outros seres sobrenaturais, mitológicos, como o unicórnio, fauno, duendes etc., somam-
se a esses exemplos. Além dos mirabilia, outras duas formas de “maravilhoso” prevaleceram
na Idade Média e estenderam-se também por outros caminhos de desenvolvimento cultural para
as eras posteriores. São elas: o magicus e o miraculosus. Ambas tiveram forte conexão com o
pensamento cristão.
O magicus estava associado ao malefício, isto é, à magia que era feita como oferenda ou
invocação do diabo com a finalidade de obtenção de poderes sobrenaturais ou provocar
prejuízos a outrem. A prática da bruxaria e demais formas de feitiços era diretamente associada
ao magicus.
Já o miraculosus dizia respeito à realidade sobrenatural do milagre (miraculum), isto é, à
intervenção divina no mundo natural, como foi a própria encarnação e ressurreição de Cristo.
Seres do tamanho de ilhas que afundam navios, dragões que destroem cidades inteiras, monstros
devoradores de homens, sereias que encantam marinheiros, centauros. É difícil compreender
que muitas das figuras mitológicas que conhecemos dos livros um dia realmente atemorizaram
alguém. Durante a Idade Média, a maior parte do mundo ainda era considerada terra incógnita
(inexplorada).
Nesse contexto, seres fictícios nutriam as superstições e tomavam forma graças a artistas
talentosos e estudiosos da Antiguidade. Santo Agostinho, um teólogo do cristianismo, foi um
dos primeiros a perceber a importância dos monstros no imaginário da população.
Representações "antinaturais" seriam também, em sua visão, parte do plano divino. Como um
adorno do universo para ensinar os homens sobre os perigos do pecado. Mais do que interpretar
a presença desses entes, foi papel dos cristãos divulgar a existência de muitos deles - que, a
partir dos séculos 12 e 13, passaram a ser frequentes na arte religiosa, considerados, como
desejava Santo Agostinho, criaturas de Deus.
Ichthyocentauro
Entre os seres marinhos da mitologia grega estão os gêmeos Bythos e
Aphros, dois ichthyocentauros. Como o nome aponta, eram similares aos
centauros, tendo a parte superior do corpo de homem e cauda de peixe.
Alguns exemplares usavam coroas, enquanto outros eram representados com
chifres parecidos com garras de crustáceos. A falta de informações sobre ele
não atrapalhava sua fama: figurava em mapas séculos depois do surgimento
de sua lenda.
Além de enfeitar os templos, monstros e maravilhas encontraram seu lugar em bestiários —
livros que somavam histórias e descrições de animais verdadeiros e imaginários —, fazendo
com que a erudição enciclopédica e o pensamento religioso se reunissem.
Nesses bestiários, a ênfase na moralidade, apregoada pela Igreja Católica, passa a dar novo
sentido alegórico aos monstros. Com o objetivo de conciliar a filosofia com a crença popular,
a Igreja buscou um significado espiritual nos seres mitológicos e um ensinamento sobre bons
costumes em suas aventuras - a exemplo de Leviatã, utilizado dessa maneira na Bíblia.
Mantícora
Um animal lendário com cabeça de homem (muitas vezes dotado de chifres),
corpo de leão, e cauda de dragão ou escorpião, com várias fileiras de dentes.
Ele devorava suas presas inteiras, sem deixar roupas, ossos ou posses para
trás. É assim a mantícora, descrita pelo historiador grego Ctésias com base na
mitologia persa. Ainda que tenha surgido no Oriente, o ser mitológico era
parte do imaginário medieval europeu. O frade André Thévet, um dos autores
mais lidos do Renascimento, contou em Cosmografia do Levante seu encontro
com a criatura, que descreveu como "um monstro grande como um tigre, mas
sem cauda, cuja cabeça era como a de um homem adulto". Outros escritores
medievais utilizaram a figura como símbolo do mal.
Primeiro enciclopedista cristão, Isidoro de Sevilha tornou-se a fonte na qual vários autores se
abasteceram quando se tratava de contar histórias quase inacreditáveis. Uma de suas ideias era
a de que não haveria forma de criatura vivendo na terra firme que não pudesse ser observada
também no mar. A teoria remetia aos escritos do naturalista romano Plínio, o Velho. Tal
suposição gerou muitas criaturas marinhas exóticas e acabou batizando animais como leões-
marinhos e porcos-do-mar (um parente do pepino-do-mar, que vive em grandes profundidades
e tem pernas) - os nomes associados aos bichos podem não fazer muito sentido hoje, mas a
imaginação medieval interpretava de maneira literal a relação de animais híbridos.
Hipogrifo
O cruzamento entre um grifo (corpo de leão, cabeça e asas de águia) e uma
égua gerou o hipogrifo, que acumula as características dos pais, com patas
dianteiras de felino e traseiras de cavalo. Grifos e cavalos seriam como cães e
gatos, por isso um ditado dos tempos medievais dizia que o acasalamento dos
dois seria algo impossível. A primeira referência ao hipogrifo foi feita pelo
poeta latino Virgílio, no século 1 a.C. No entanto, o ser foi definido apenas no
começo do século 16, pelo também poeta Ludovico Ariosto.
Na época, grandes espécies desconhecidas também eram consideradas verdadeiras anomalias.
Caso das baleias, que muitas vezes eram ilustradas como uma colagem de elementos de outros
animais - e turbinadas com uma boa dose de imaginação. Com isso, trombas, patas, cascos,
chifres e barbatanas formavam, a cada nova ilustração, uma figura diferente e ainda mais
ameaçadora.
Leviatã
Sua primeira aparição foi no Livro de Jó, descrito como um grande dragão que
simbolizava o mal. Em outras descrições do Antigo Testamento, é caracterizado
sob diferentes formas: dragão marinho, serpente e polvo. No entanto, sua
origem é anterior. Na mitologia mesopotâmica já existia Yam, divindade do
caos e do mar indomado. Seu inimigo era Baal, o rei do céu. Como desejava
ascender aos deuses e é o representante do caos, seu equivalente mais próximo
é o diabo. Em uma passagem do texto De Mundi Celestes Terre Risque
Constitutione, do século 12, afirma-se que rodeava o mundo nos extremos do
oceano.
Muitos mapas medievais e da Renascença trazem exemplos de tais criaturas. "Aos nossos
olhos, quase todos os monstros parecem bastante estranhos, mas, na verdade, muitos deles
foram desenhados a partir do que os cartógrafos consideravam como registro científico.
Assim, a maioria refletia um esforço por parte desses profissionais de serem precisos na
descrição dos habitantes marinhos."
KraKen
O morador do oceano era conhecido por afundar navios. Habitava o Mar da
Noruega, que separa a Islândia das terras escandinavas, em regiões repletas de
peixes para saciar seu imenso apetite. Pescadores procuravam justamente esses
lugares, mas fugiam ao primeiro sinal de movimentação da criatura. Uma das
teorias é a de que a lenda tenha surgido com base na observação de lulas
gigantes, já que em sua descrição mais comum o kraken era caracterizado como
sendo do tamanho de uma ilha e possuidor de 100 braços.
A partir do final do século 17, conforme a compreensão europeia da ciência foi crescendo e a
imprensa tornou mais fácil a propagação de imagens realistas, os seres imaginários começam
a desaparecer dos mapas. As ilustrações passaram a ser mais pragmáticas, com os animais
servindo para indicar áreas boas para a pesca. Em um mapa do começo do século, por
exemplo, desenhos indicavam como matar e processar um enorme cetáceo. "As baleias, as
maiores criaturas do oceano, já não eram monstros, mas, sim, depósitos naturais de
mercadorias a serem aproveitados", escreveu Van Duzer.
Tarasca
A cidade francesa de Tarascon era assolada por ela no início do primeiro século.
Espécie de dragão com pernas curtas e garras enormes como as de um urso,
acopladas a um corpo de boi coberto com uma carapaça de tartaruga de
espinhos curvos e cauda longa e escamosa, que termina com um ferrão de
escorpião. Para completar tinha cabeça de leão, mas com rosto de um velho
amargo e triste. A besta não podia ser destruída pela força humana ou das
armas. Até que uma menina decidiu ir atrás dela com sua fé. De posse de dois
gravetos em cruz, borrifou água benta no dragão, que parou de cuspir fogo.
Então a garota cortou os próprios cabelos e utilizou as tranças como coleira para
levar a Tarasca de volta à cidade. Ao chegar, os habitantes mataram a criatura
inerte a pedradas, para tristeza da menina.
REFERENCIAS:
1- http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/o-maravilhoso-no-mundo-
medieval.htm
2- http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/surreais-figuras-mitologicas-
mundo-medieval-772493.shtml