Upload
sass79
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
1/114
Kamila Rafaela Alves
Fatores de risco sociodemográficos e clínicos
associados à colecistectomia no Estudo Longitudinal
de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)
Dissertação apresentada à Faculdadede Medicina da Universidade de SãoPaulo para obtenção de título deMestre em Ciências
Programa de Ciências Médicas
Área de Concentração: Educação eSaúde
Orientadora: Prof ra Dra Isabela JudithMartins Benseñor
São Paulo
2015
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
2/114
Kamila Rafaela Alves
Fatores de risco sociodemográficos e clínicos
associados à colecistectomia no Estudo Longitudinal
de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)
Dissertação apresentada à Faculdadede Medicina da Universidade de SãoPaulo para obtenção de título deMestre em Ciências
Programa de Ciências Médicas
Área de Concentração: Educação eSaúde
Orientadora: Prof ra Dra Isabela JudithMartins Benseñor
(versão original)
São Paulo
2015
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
3/114
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
4/114
Dedicatória
Aos meus pais e minha família.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
5/114
Agradecimentos
`A Prof ra Dra Isabela Judith Martins Benseñor, por ter aceitado o desafio de ser
minha orientadora, pelos ensinamentos, contribuições e suporte durante o
caminho.
Ao Dr. Roberto Marini, por me apresentar e incentivar a pesquisa clínica.
Aos membros da banca de qualificação, Prof ra Dra Alessandra Goulart, Prof. Dr.
José Pinhata Otoch e Prof. Dr. Rodrigo Diaz Olmos pelas contribuições desta
dissertação.
`A Equipe do ELSA-Brasil, Angelita Souza, Roberta Melo e Cibele Soares pela
ajuda em diversos aspectos da dissertação.
Aos companheiros Carlos Treff, Ludmila Naud e Herbert Castro pelos
momentos compartilhados.
A todos os voluntários do ELSA- Brasil.
Aos meus pais e minhas irmãs, por toda compreensão, apoio, incentivo nesta
caminhada.
Ao Tiago, pelo suporte.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
6/114
Normalização adotada
Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no
momento desta publicação:
Referências: adaptado de International Commitee of Medical Journals Editors
(Vancouver).
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.L. Freddi, Maria
F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria
Vilhena. 3º ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
7/114
Sumário
Lista de abreviaturas
Lista de símbolos
Lista de siglas
Lista de tabelas
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17
1.1 DOENÇA BILIAR CALCULOSA ....................................................................... 171.2 Fatores de risco para litíase biliar .......................................................... 191.3 Diagnóstico ............................................................................................ 261.4 Epidemiologia ......................................................................................... 271.5 A história da colecistectomia .................................................................. 301.6 Colecistectomia no mundo e no Brasil ................................................... 30
2 HIPÓTESE DO ESTUDO .............................................................................. 32
3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 33
4 OBJETIVOS .................................................................................................. 344.1 GERAL ..................................................................................................... 344.2 Específicos ............................................................................................. 34
5 CASUÍSTICA E MÉTODOS .......................................................................... 35
6 COLETA DE DADOS .................................................................................... 37
7 INSTRUMENTO ............................................................................................ 39
7.1 QUESTIONÁRIO ......................................................................................... 397.1.1 Características sociodemográficas ............................................... 39
7.2 Medidas antropométricas e de pressão arterial ..................................... 40 7.2.1 AFERIÇÃO DO PESO ......................................................................... 407.2.2 AFERIÇÃO DE ALTURA ...................................................................... 407.2.3 C ÁLCULO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL ......................................... 407.2.4 CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA .......................................................... 417.2.5 MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL......................................................... 42
7.3 Exames laboratoriais .............................................................................. 427.4 Ultrassonografia do fígado ..................................................................... 447.5 Avaliação psiquiátrica ............................................................................ 46
7.6 Avaliação sobre a realização de atividade física .................................... 467.7 Entrevista telefônica ............................................................................... 47
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
8/114
7.8 Revisão de prontuário ............................................................................ 477.8.1 D ADOS COLETADOS DO PRONTUÁRIO ................................................ 49
8 VARIÁVEIS ANALISADAS NO ESTUDO .................................................... 50
8.1 Variável dependente .............................................................................. 508.2 Variáveis independentes ........................................................................ 50
9 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 53
10 QUESTÕES ÉTICAS .................................................................................. 54
11 RESULTADOS ............................................................................................ 55
12 DISCUSSÃO ............................................................................................... 77
13 CONCLUSÕES ........................................................................................... 95
14 ANEXOS .................................................................................................... 9714.1 ANEXO A ................................................................................................ 9714.2 Anexo B .............................................................................................. 100
15 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 101
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
9/114
LISTA DE ABREVIATURAS
Dr. Doutor
Dra Doutora
Ed. Edição
Et al. E outros
Prof. Professor
Prof ra Professora
V. Volume
LISTA DE SÍMBOLOS
% Percentual
< Menor
> Maior
≤ Menor ou igual a
≥ Maior ou igual a
cm Centímetro
dl Decilitro
Hg Mercúrio
Kg Quilogramakg/m2 Quilograma por metro quadrado
mg Miligrama
ml Mililitro
mm Milímetro
N Número absoluto
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
10/114
LISTA DE SIGLAS
CIS-R Clinical Interview Schedule-Revised
CT Colesterol total
GREPCO The Rome Group for Epidemiology and Prevention ofCholelithiases
HDL High density lipoprotein (lipoproteína de alta densidade)
IC Intervalo de confiança
IMC Índice de massa corpórea
IPAQ International Physical Activity Questionnaire LDL Low density lipoprotein (lipoproteina de baixa densidade)
NHANES I National Health and Nutrition Exam Survey I
NHANES III National Health and Nutrition Exam Survey III
OMS Organização Mundial da Saúde
OR Odds ratio (razão de chances)
Projeto ELSA Estudo longitudinal da Saúde do Adulto
RR Risco relativo
SPSS Statistical Package for Social Sciences
TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
11/114
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características sociodemográficas da amostra de acordo com a
história de colecistectomia antes da linha de base do estudo......57 Tabela 2 Características clínicas da amostra de acordo com a história de
colecistectomia antes da linha de base do estudo.......................58
Tabela 3 Características clínicas das mulheres de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.......................59
Tabela 4 Regressão logística mostrando os fatores sociodemográficosassociados à colecistectomia antes da linha de baseapresentados sem ajuste, ajustados por idade e sexo e com
ajuste multivariado........................................................................60
Tabela 5 Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.................61
Tabela 6 Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes da linha de base do estudoapresentados sem ajuste, ajustado por idade e com ajustemultivariado.................................................................................. 62
Tabela 7 Características sociodemográficas da amostra de acordo com apresença de colecistectomia durante os 2 anos de seguimentoapós a linha de base do estudo (excluídos os participantessubmetidos a colecistectomia antes da linha de base)................63
Tabela 8 Características clínicas da amostra de acordo com a presença decolecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos àcolecistectomia antes da linha de base).......................................64
Tabela 9 Características clínicas das mulheres de acordo com a presençade colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linhade base do estudo (excluídas as participantes submetidas àcolecistectomia antes da linha de base).......................................65
Tabela 10 Tipo de colecistectomia de acordo com sexo...............................66
Tabela 11 Regressão logística mostrando os fatores associados àcolecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha de
base do estudo (excluídos os participantes submetidos à
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
12/114
colecistectomia antes da linha de base) apresentados sem ajustee ajustados por idade e sexo........................................................67
Tabela 12 Regressão logística mostrando os fatores associados à
colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos àcolecistectomia antes da linha de base) apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.................68
Tabela 13 Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres durante os dois anos de seguimentodo estudo apresentados sem ajuste, ajustado por idade e comajuste multivariado (excluídas as participantes submetidas àcolecistectomia antes da linha de base).......................................69
Tabela 14 Características sociodemográficas da amostra juntandoparticipantes que foram submetidos à colecistectomia antes dalinha de base e nos dois primeiros anos de seguimento do estudono mesmo grupo e comparando com participantes que nuncaforam submetidos à colecistectomia.............................................71
Tabela 15 Características clínicas da amostra juntando participantes queforam submetidos à colecistectomia antes da linha de base e nosdois primeiros anos de seguimento do estudo no mesmo grupo e
comparando com participantes que nunca foram submetidos àcolecistectomia............................................................................. 72
Tabela 16 - Características clínicas das mulheres juntando participantes queforam submetidos à colecistectomia antes da linha de base e nosdois primeiros anos de seguimento do estudo no mesmo grupo ecomparando com participantes que nunca foram submetidos àcolecistectomia............................................................................. 73
Tabela 17 Regressão logística mostrando os fatores associados a
colecistectomia juntando participantes que foram submetidos àcolecistectomia antes da linha de base e nos dois primeiros anosde seguimento do estudo no mesmo grupo apresentados semajuste, ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.....74
Tabela 18 Regressão logística mostrando os fatores associados acolecistectomia juntando participantes que foram submetidos àcolecistectomia antes da linha de base e nos dois primeiros anosde seguimento do estudo no mesmo grupo apresentados semajuste, ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.....75
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
13/114
Tabela 19 Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes do início do estudo e após 2anos de seguimento do estudo apresentados sem ajuste, ajustadopor idade e com ajuste multivariado.............................................76
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
14/114
RESUMO
Alves KR. Fatores de risco sociodemográficos e clínicos associados à
colecistectomia no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo;2015.
Contexto e objetivo: Avaliar a frequência de colecistectomia e fatores de riscosociodemográficos e clínicos usando os dados da linha de base e também dosdois primeiros anos de seguimento do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto(ELSA-Brasil). Delineamento e cenário: Estudo transversal que incluiu somenteos participantes do Centro de Pesquisa de São Paulo. Métodos: Avaliou-se a
prevalência de colecistectomia na linha de base e fatores de risco associadosassim como a frequência de colecistectomia nos dois primeiros anos doseguimento e os fatores associados. Utilizou-se uma regressão logística (RC) eintervalo de confiança a 95% (IC 95%) sem ajuste, ajustada por idade e sexo ecom ajuste multivariado pelos fatores de confusão. Resultados: Dos 5061participantes de São Paulo, 4716 com informação sobre colecistectomia préviana linha de base foram incluídos no estudo. A prevalência de colecistectomiana linha de base foi de 2,8% (132/4716=2,8%: 3,6% em mulheres; 1,8% emhomens). Nos primeiros 2 anos de seguimento, 56 participantes foramsubmetidos à colecistectomia (56/4584=1,2%: 1,7% para mulheres e 0,6% parahomens). A prevalência ao longo da vida de colecistectomia foi de 4,0%
(188/4716=4,0%: 5,3% em mulheres; 2,4% em homens). A maior parte dosprocedimentos foi laparoscópica e realizados de forma eletiva nas mulheres ecomo emergência nos homens, mas as diferenças não foram estatisticamentesignificativas. Os fatores de risco associados à cirurgia após a linha de baseforam: sexo feminino (RC, 2,85; IC 95%, 1,53-5,32), raça indígena (RC, 2,1; IC95%, 2,28-15,85) e índice de massa corpórea elevado (IMC) (RC, 1,10; IC95%, 1,01-1,19); na da linha de base foram: idade (RC, 1,04; IC 95%, 1,02-1,06), sexo feminino (RC, 2,00; IC 95%, 1,33-3,00), raça asiática (RC, 0,12; IC95%, 0,02-0,88), diabetes (RC, 1,99; IC 95%, 1,32-3,00), tabagismo (ex-fumantes) (RC, 1,64; IC 95%, 1,10-2,44) e cirurgia bariátrica (RC, 5,73; IC 95%,1,41-23,34); e para prevalência ao longo da vida: idade (RC, 1,03; IC 95%,
1,02-1,05), sexo feminino (RC, 2,35; IC 95%, 1,65-3,33), raça asiática (RC0,09; IC 95%, 0,01-0,65), diabetes (RC, 1,92; IC 95%, 1,34-2,76) e cirurgiabariátrica (RC, 5,37; IC 95%, 1,53-18,82). Não houve associação com gravidezprévia, paridade ou idade fértil em nenhum dos grupos avaliados. Conclusão: Aprevalência de colecistectomia na linha de base e a frequência decolecistectomia nos primeiros 2 anos do seguimento foi baixa. Sexo feminino eIMC elevado permaneceram como fatores de risco associados, mas outrosfatores de risco como gravidez prévia, paridade e idade fértil perderamsignificância. Novos fatores de risco como cirurgia bariátrica e raça indígena noBrasil ganharam importância recentemente. O uso de cirurgia laparoscópica foio procedimento mais comum em concordância com dados previamentepublicados em outros lugares do mundo.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
15/114
Descritores: colecistectomia; fatores de risco; obesidade; epidemiologia;dislipidemia; índice de massa corporal; estudos longitudinais; Brasil.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
16/114
ABSTRACT
Alves KR. Socio-demographic and clinical risk factors associated to
cholecystectomy in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) [Dissertação]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de SãoPaulo”; 2015.
Context and objective: To evaluate the frequency of cholecystectomy andassociated sociodemographic and clinical characteristics using data from thebaseline and the first two years of follow-up of the Brazilian Longitudinal Studyof Adult Health (ELSA-Brasil). Design and setting: Cross-sectional study usingbaseline data from the participants of the São Paulo Research Center.
Methods: We evaluated prevalence of cholecystectomy at baseline andassociated factors as well as the frequency of cholecystectomy in the first 2years of follow-up and associated factors. A multivariate regression analyseswas presented (Odds Ratio (OR); 95% Confidence Interval (95% CI)) crude,age and sex adjusted and multivariate adjusted for several confounders.Results: Of the 5061 participants in São Paulo, 4716 with information aboutcholecystectomy were included. Prevalence of cholecystectomy at baseline was2.8% (132/4716= 2.8%: 3.6% in women; 1.8% in men). In the first 2 years offollow-up 56 participants underwent surgery (56/4584=1.2%: 1.7% for womenand 0.6% for men). Lifetime prevalence of cholecystectomy 4.0%(188/4716=4.9%; 5.3% in women; 2.4% in men). Most of the procedures were
laparoscopic and performed as an elective procedure for women and as anemergency for men, but the differences were not significant. Associated riskfactors for surgery after baseline: to be woman (OR, 2.85; 95% CI, 1.53-5.32),native race (OR, 2.1; 95% CI, 2.28-15.85) and body-mass index (BMI) (OR,1.10; 95% CI, 1.01-1.19); before the baseline were age (OR, 1.04; 95% CI,1.02-1, 06), female gender (OR, 2.00; 95% CI, 1.33-3.00), asians (RC, 0.12;95% CI, 0.02-0.88), diabetes (OR, 1.99; 95% CI, 1.32-3.00), smoking (ex-smokers) (OR, 1.64; 95% CI, 1.10-2.44) and bariatric surgery (OR, 5.73; 95%CI, 1.41-23.34); and for lifetime surgery: age (OR, 1.03; 95% CI, 1.02-1.05),female gender (RC, 2.35; IC 95%, 1.65-3.33), asians (RC 0,09; IC 95%, 0,01-0,65), diabetes (OR, 1.92; 95% CI, 1.34-2.76) and previous bariatric surgery
(OR, 5.37; 95% CI, 1.53-18.82). There was no association with previouspregnancy, parity or fertile age in any group assessed. Conclusion: Theprevalence of cholecystectomy was lower than most of the previously publishedstudies. Prevalence of cholecystectomy at baseline and frequency ofcholecystectomy in the 2-year follow-up was low. Female sex and a high BMIremained as associated risk factors to cholecystectomy, but other risk factors asprevious pregnancy, parity, and fertile age lost significance. New risk factors asbariatric surgery and native race in Brazil gain importance in recent years. Theuse of laparoscopic surgery as the most common are in accord with previousdata worldwide.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
17/114
Descriptors: cholecystectomy; risk factors; obesity; epidemiology;dyslipidemias; body mass index; longitudinal studies; Brazil.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
18/114
17
1 INTRODUÇÃO
1.1 Doença biliar calculosa
A bile é uma substância heterogênea composta de colesterol, sais biliares,
lecitina, pigmentos, íons inorgânicos, bilirrubina conjugada, água e eletrólitos.
Sais biliares, colesterol e a lecitina correspondem a 80% da composição da bile
(Strazzabosco et al., 2005). A bile facilita a absorção intestinal de lipídeos e
vitaminas e representa a rota de excreção de bilirrubina e colesterol. Em
condições normais o fígado excreta diariamente de 500 a 1000 ml/dia de bile
(Chari & Shah, 2010).
A presença de cálculos ou pedras na vesícula é chamada de colelitíase biliar.
Os cálculos se formam habitualmente na vesícula biliar a partir dos
componentes sólidos da bile e variam em tamanho, formato e composição.
Existem dois tipos principais de cálculos biliares: os formados por pigmentos,
que podem ser pretos ou marrons e correspondem a 20 a 30% dos cálculos
vesiculares (Wittenburg, 2010) e os constituídos pelo colesterol que são maiscomuns, correspondendo a 70 - 80% dos cálculos (Wittenburg, 2010; Knab et
al ., 2014).
Cálculos biliares de pigmentos marrons estão associados à hipomotilidade
biliar, infecção bacteriana e parasitose da vesícula biliar que são mais comuns
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
19/114
18
no leste da Ásia (Stinton & Shaffer, 2012). Já os cálculos biliares pretos são
compostos por bilirrubinato de cálcio e glicoproteínas de mucina, (Shaffer,
2006) e correspondem a 2% de todos os cálculos biliares. Eles estão
associados com doença hepática crônica e a presença de hemólise (Lammert
& Miguel, 2008).
A formação de cálculos biliares de colesterol tem sido ilustrada desde a década
de 1960, com variações do triângulo de Admirand , que é um diagrama de
equilíbrio de sais biliares, colesterol e lecitina. A supersaturação de colesterol,
a diminuição da quantidade de sais biliares ou lecitina, ou uma combinação
destes fatores promove a formação de cálculos biliares (Johnson, 2001).
A patogênese dos cálculos biliares de colesterol depende de múltiplos fatores e
envolve supersaturação de colesterol na bile, nucleação de cristais,
hipomotilidade, absorção e secreção da vesícula biliar (O´Connell & Brasel,
2014). A nucleação refere-se ao processo no qual são formados e aglomerados
de cristais sólidos de monohidrato de colesterol. À medida que a bile é
concentrada no interior da vesícula biliar, ocorre uma transferência de
fosfolipídios e colesterol das vesículas para as micelas. Estas vesículas ricas
em colesterol agregam-se para formar grandes vesículas multilamelares que
então precipitam cristais de monohidrato de colesterol. Glicoproteínas
mucinosas, imunoglobulinas e transferrina são fatores pró-nucleação que
aceleram a precipitação de colesterol na bile (Chari & Shah, 2010).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
20/114
19
Além disso, a hipomotilidade da vesícula biliar leva à estase, que aumenta o
tempo de permanência da bile no interior da vesícula biliar, permitindo o
crescimento excessivo de cristais (Jureindini et al., 2008).
1.2 Fatores de risco para litíase biliar
O desenvolvimento de colelitíase é multifatorial. Os fatores de risco não
modificáveis são idade, sexo, etnia e fatores genéticos. Os modificáveis
incluem dieta, obesidade, perda rápida de peso, sedentarismo e uso de certos
medicamentos (Shaffer, 2006).
Idade
O risco de desenvolvimento de cálculos biliares aumenta significativamente
com o avançar da idade. Depois de 40 anos de idade a frequência de litíase
biliar é de 4 a 10 vezes mais elevada (Stinton & Shaffer, 2012), devido ao
aumento da saturação de colesterol biliar e à hipomotilidade intestinal
(Donovan, 1999) comparada a frequência de litíase em indivíduos com menos
de 40 anos. O tipo de cálculo também varia com a idade, inicialmente sendo
composto predominantemente de colesterol, e depois por pigmento preto. O
cálculo preto está associado a doenças hemolíticas, cirrose, uso de nutrição
parenteral total, ressecção do íleo e em pacientes idosos (Shaffer, 2005).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
21/114
20
Etnia
Estudos de necropsia e estudos populacionais demonstraram claramente a
existência de diferenças raciais no desenvolvimento da coletlitíase que não
pode ser completamente explicada por fatores ambientais. A tribo Pima do
Arizona tem a maior prevalência de cálculos biliares no mundo: mais de 70%
das mulheres com idade acima de 25 anos apresentam cálculos biliares ou
antecedente de colecistectomia. Altas taxas de prevalência de cálculos biliares
também foram relatadas em outras tribos indígenas norte-americanas,
incluindo as Chippewas, Navajo, Micmacs e Cree-Ojibwas (La Mont et al .,
1984).
Everhart et al., (1999) ao utilizar os dados do estudo National Health and
Nutrition Exam Survey (NHANESIII) observou a prevalência de litíase biliar
similar em americanos de origem mexicana do sexo masculino (8,9%) e
homens brancos não hispânicos (8,6%), sendo ambas as prevalências maiores
do que em homens negros não hispânicos (5,3%). Entre as mulheres, a
prevalência foi maior para as americanas de origem mexicana (26,7%), seguida
de brancas não hispânicas (16,6%) e negras não hispânicas (13,9%) (Everhart
et al., 1999).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
22/114
21
Fatores genéticos
Estudos familiares mostraram que as pessoas com parentes de primeiro grau
com história de cálculos biliares são de 2 a 4 vezes mais propensos a
desenvolver cálculos biliares em comparação com pessoas sem antecedente
familiar de colelitíase (Gilat et al., 1983; Sarin et al., 1995). O estudo realizado
em gêmeos suecos, publicado em 2005, incluiu 43.141 pares de gêmeos
monozigóticos e dizigóticos. O estudo revelou taxas significativamente maiores
de litíase biliar em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos
dizigóticos, especialmente no grupo mais jovem. Os pesquisadores verificaram
que o efeito genético é responsável por 25% de litíase biliar nos gêmeos
(Katsika et al ., 2005). Nakeeb et al. (2002), avaliaram 358 famílias do centro-
Oeste americano e sugerem que os fatores genéticos são responsáveis por,
pelo menos, 30% dos cálculos biliares sintomáticos. Estes estudos mostraram
que, embora membros da família compartilhem exposições ambientais comuns,
incluindo hábitos alimentares, a predisposição genética é um fator de risco
importante para o desenvolvimento de litíase biliar.
Sexo, paridade e contraceptivos
Em todas as populações, independente da prevalência global de cálculos
biliares, mulheres durante seus anos férteis são quase duas vezes mais
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
23/114
22
propensas que os homens a desenvolverem colelitíase (Valdiveso et al., 1993;
O´Connell & Brasel, 2014; Shaffer, 2006). A variação na incidência em
mulheres se deve a fatores de risco como idade próxima aos 40 anos,
fertilidade, presença de obesidade e número de gestações, seguindo a máxima
dos quatro F, expressão derivada das palavras em inglês forty, female, fat,
fertile (Horn, 1956; Shaffer, 2006; Donovan, 1999).
Essa preponderância persiste, em menor escala no período pós-menopausa e
a diferença entre os sexos diminui com o aumento da idade (Trotman et al.,
1975; Shaffer, 2005). O aumento dos níveis do hormônio estrogênio, em
consequência de gravidez ou de terapia de reposição hormonal, ou o uso de
combinados incluindo estrogênio e progesterona para contracepção podem
aumentar a secreção de colesterol e diminuir a secreção de sais biliares,
enquanto a progesterona age na redução do movimento da vesícula biliar
resultando na formação de cálculos biliares. (Valdiveso et al., 1993; O´Connell
& Brasel, 2014; Etminam et al., 2011; Maringhini et al .,1993).
Fatores dietéticos
Estudos epidemiológicos têm identificado que as dietas ricas em carboidratos
refinados, em triglicerídeos, e com baixo teor de fibras estão associadas com o
desenvolvimento de cálculos biliares. As dietas ricas em proteínas e fibras têm
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
24/114
23
o efeito oposto, protegendo contra o desenvolvimento de cálculos biliares
(Kritchevsky & Dlurfeld, 1983; Attili et al., 1998). O consumo de fibra alimentar
acelera o tempo de trânsito intestinal, levando a uma diminuição na formação
dos ácidos biliares secundários. Como os ácidos biliares secundários estão
associados a um aumento do índice de saturação de colesterol na bile, o
aumento do consumo de fibras alimentares previne o desenvolvimento de
cálculos biliares (Yhoo & Lee, 2009).
O papel de outros fatores dietéticos ainda é pouco claro com dados conflitantes
no que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas e café. Em relação ao
consumo de bebida alcoólica algumas pesquisas mostram efeito protetor (La
Vecchia et al., 1994; Kono et al., 2002) enquanto outras mostram associação
com a formação de cálculos biliares (Singh et al ., 2001;Timmer A et al ., 2000).
Um estudo realizado em homens japoneses mostrou efeito protetor do
consumo de café sobre o risco de cálculos biliares (Ishizuka et al., 2003), mas
outros estudos não confirmaram essa relação (Leitzmann et al., 2002).
A nutrição parenteral total é um fator de risco conhecido para o
desenvolvimento de litíase biliar, pois há uma correlação forte entre a perda do
estímulo entérico e a redução da contração da vesícula biliar que leva à estase.
Estudo demonstrou que após quatro semanas de nutrição parenteral total, 50%
dos pacientes desenvolveram lama biliar, que evoluiu para 100% de litíase em
6 semanas (Messing et al., 1983).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
25/114
24
Obesidade e distribuição de gordura corporal
A obesidade é um importante fator de risco para a calculose biliar, sendo mais
importante nas mulheres do que nos homens, (Shaffer, 2006; Trotman et al.,
1975) particularmente em relação à obesidade abdominal (Erlinger, 2000; Tsai
et al., 2004; Shaffer, 2005). A obesidade aumenta o risco de cálculos biliares
de colesterol, aumentando a secreção biliar de colesterol, como consequência
de um aumento na 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase (HMGCoA).
Estudos epidemiológicos descobriram que o risco litogênico da obesidade é
maior em mulheres jovens (Trotman et al., 1975) e aumenta linearmente com o
aumento do índice de massa corporal (Maclure et al., 1989). Pelo menos 25%
dos obesos mórbidos apresentam litíase biliar (Li VK et al., 2009).
Perda de peso rápida
Ironicamente, perda de peso rápida é também um fator de risco para o
desenvolvimento de cálculos biliares e ocorre em 25% a 30% dos pacientes
após cirurgia bariátrica (Shaffer, 2006). A perda de peso rápida está associada
a ocorrência de lama biliar e de cálculos biliares em 10-25% dos pacientes
algumas semanas antes do início do emagrecimento (Yang et al ., 1992). Se
uma pessoa perde peso rapidamente, o fígado secreta mais colesterol e
rapidamente mobiliza colesterol do tecido adiposo. O jejum associado a dietas
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
26/114
25
com restrição de gordura, reduz a contração da vesícula levando a estase, e
favorecendo a formação de cálculos biliares. A fim de melhorar o esvaziamento
da vesícula biliar, pode-se incluir uma pequena quantidade de gordura na dieta
para inibir a formação de cálculos biliares em pacientes submetidos a rápida
perda de peso (Gebhard et al., 1996; Capron et al., 1981).
Atividade física
A atividade física regular facilita o controle de peso e melhora as alterações
metabólicas relacionadas à obesidade e aos cálculos biliares de colesterol. Um
estudo realizado com 7.831 homens americanos de ascendência japonesa, no
Havaí concluiu que houve uma diminuição no risco de calculose biliar com o
aumento da atividade física (Kato et al., 1992). No Nurses’ Health Study , as
mulheres foram avaliadas em relação à prática da atividade física e ao risco de
colecistectomia. Os resultados mostraram que a prática de atividade física
moderada e vigorosa reduz o risco de colecistectomia e o sedentarismo
aumenta o risco do procedimento (Leitzmann et al ., 1999).
Uso de medicamentos
O medicamento octreotida tem ação análoga a somatostatina de longa duração
e seu principal mecanismo para formação de calculose biliar é a inibição da
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
27/114
26
colecistoquinina pós-prandial. Esta inibição provoca hipomotilidade e estase da
vesícula biliar, levando a colelitíase. Um estudo realizado com 44 pacientes
portadores de tumores carcinoides metastático ou carcinoma de células de
ilhota pancreática sem história prévia de terapia com somatostatina foram
avaliados durante o tratamento com octreotida. A incidência de colelitíase foi de
52,3%, o tempo médio para a ocorrência de colelitíase foi de 28 meses
(Trendle et al., 1997).
A ceftriaxona é um antibiótico do grupo das cefalosporinas de terceira geração,
e sua principal forma de eliminação é renal, e em 40% pela via biliar,
alcançando concentrações na bile de 20-150 vezes maiores que no sangue
(Park et al., 1991). A ceftriaxona pode induzir a formação de lama biliar ou
colelitíase em adultos e crianças, que usualmente é assintomática e tem
involução completa após o término da medicação (Maccherini et al., 1998; Tsai
et al., 2009).
1.3 Diagnóstico
A ultrassonografia é o exame padrão ouro para diagnosticar doenças da
vesícula biliar (Portincasa et al ., 2006). Outros exames como o colecistograma
oral ou a cintilografia têm indicações muito restritas e específicas. Em
comparação com a tomografia computadorizada, a ultrassonografia tem, além
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
28/114
27
das vantagens de menor custo, de maior acesso ao exame e de não ser
invasivo, um índice de acerto muito superior (Speranzini & Deutsch, 1991).
O exame radiológico simples do abdome só identifica cálculos biliares
radiopacos que correspondem a 10 a 15% do total e raramente traz
informações úteis (Bellows et al., 2005).
1.4 Epidemiologia
A prevalência de calculose biliar no mundo é variável de acordo com a
localização geográfica e com o grupo populacional estudado (Johnson, 2001;
Heaton et al ., 1991). Atualmente, os cálculos biliares são um problema
frequente em países desenvolvidos, afetando 10 a 15% da população adulta
nos Estados Unidos (Shaffer, 2005; Schirmer et al ., 2005; Tazuma, 2006)
enquanto na Europa a prevalência variou entre 5,9% e 21,9% (Aerts &
Penninckx, 2003). Litíase biliar foi também a principal causa de internação
hospitalar por problemas gastrointestinais nos Estados Unidos no ano de 2000,
com custos de cerca de US $ 5,8 bilhões (Sandler & Everhart, 2002).
No Brasil, estudos de prevalência de colelitíase na população geral são
escassos (Ferreira et al., 2004). Um estudo prévio analisou 500 pacientes, que
procuraram o serviço de ultrassonografia do Hospital Universitário Presidente
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
29/114
28
Dutra da Universidade Federal do Maranhão para verificar sintomas não
relacionados à vesícula biliar, por meio de ultrassonografia e encontrou
frequência de 18,4% de colelitíase incluindo no cálculo as pessoas previamente
submetidas à colecistectomia (Torres et al., 2004). Utilizando ultrassonografia
abdominal, Coelho et al encontraram prevalência de 9,3% em uma amostra de
conveniência composta por 1000 voluntários frequentadores de um shopping
center da cidade de Curitiba (Coelho et al ., 1999). Outro estudo realizado na
mesma cidade que também utilizou exame de ultrassonografia abdominal para
o diagnóstico mostrou em 384 pacientes hospitalizados com idade superior a
20 anos, frequência de 14,8% de litíase biliar. Essa frequência aumentou com a
idade e a paridade (Coelho et al., 1991).
Mantovani et al , (2001) avaliou a presença de colelitíase por meio de 2355
necropsias na população acima de 10 anos na cidade de Campinas (São
Paulo) e encontrou frequência de 10,3%. Ele observou o aumento progressivo
da colelitíase com a idade e predomínio em indivíduos da raça branca. Outro
estudo que avaliou 1303 pacientes que foram a óbito e submetidos a autópsia
no Hospital das Clínicas no Paraná encontrou 7,8% de litíase biliar com
frequência mais elevada no sexo feminino (5,3%) do que masculino (3,9%)
(Coelho et al., 1993). Em 2014 houve 243.966 internações pelo SUS (Sistema
Único de Saúde) devido à colelitíase e à colecistite (DATASUS, 2015).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
30/114
29
Tipos de colecistite
A colecistite é definida como inflamação da vesícula biliar, que pode se
apresentar de forma aguda ou crônica. Noventa por cento dos casos estão
relacionados à presença de colelitíase (Santos et al., 2008).
A colecistite aguda calculosa é a obstrução do ducto cístico por calculo biliar
levando a cólica biliar (Brunett & Scarpelini, 2007). A colecistite acalculosa
responde por 5% a 10% de todos os pacientes com colecistite aguda.
Normalmente ocorre em pacientes graves após trauma, queimaduras, uso de
nutrição parenteral total e procedimentos cirúrgicos complexos não biliares
(Ziesseman, 2003).
A colecistite crônica calculosa implica em um processo inflamatório em
andamento ou recorrente, associado à litíase biliar. Os cálculos são
responsáveis pelo aparecimento de irritação crônica da mucosa, o que
prejudica o funcionamento da vesícula biliar, podendo levar a obstrução parcial
da drenagem vesicular e cólica biliar (Bellows et al., 2005; Mulvihill, 2003).
Embora a maioria das pessoas com cálculos biliares seja assintomática, cerca
de 20% apresentam sintomas em algum momento e 7% requerem intervenções
cirúrgicas (Ransohoff et al., 1983; Halldestam et al., 2004). A colecistectomia é
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
31/114
30
o único tratamento definitivo para o tratamento da colelitíase (Sakorafas et al.,
2007).
1.5 A história da colecistectomia
O alemão Carl Johann August Langenbuch realizou a primeira colecistectomia
no Lazarus Krankenhaus Hospital em Berlin em 1882 (Langenbuch, 1889, apud
Morgenstern, 1992). Posteriormente, a técnica laparoscopia foi introduzida por
Erich Mühe em 1985 (Mühe, 1986) e rapidamente se difundiu, tornando-se hoje
o padrão-ouro de tratamento da colelitíase (Ferrarese et al., 2013; NIH, 1993),
por apresentar menor trauma cirúrgico, menos desconforto ao paciente, menor
tempo de internação e melhor resultado estético em comparação ao método
convencional (Nenner et al., 1994; NIH, 1993).
No Brasil a colecistectomia laparoscópica foi introduzida por Tomaz Szego em
1990 e desde então foi adotada por muitos cirurgiões (Szego et al., 1991).
1.6 Colecistectomia no mundo e no Brasil
A prevalência de colecistectomia na América do Norte é maior em mulheres
(8%) do que nos homens (2,4%) e também varia muito, dependendo da raça.
Mulheres americanas de origem mexicana são mais submetidas à
colecistectomia do que as mulheres negras e brancas não hispânicas,
enquanto os homens negros não hispânicos são menos submetidos ao
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
32/114
31
procedimento do que homens brancos não hispânicos e americanos de origem
mexicana (Everhart et al .,1999). Maclure et al. (1989) aponta no estudo Nurses’
Health frequência de colecistectomia de 0,49% após o início da pesquisa. Na
Alemanha, no estudo de saúde da Pomerânia (SHIP), a prevalência de
colecistectomia foi de 11,1% (Volzke et al ., 2005) e na população chinesa in
Taiwan a prevalência foi de 1,3% (Liu et al ., 2006).
Um estudo realizado no período de agosto de 1985 a 2003, com o objetivo de
verificar a morbidade da colecistectomia, avaliou 557 prontuários de pacientes
submetidos à colecistectomia na Santa Casa de São Paulo. Do total da
amostra 27,3% tinham 60 anos ou mais e a maior parte era do sexo feminino
correspondendo a 81,8% dos casos analisados (Minossi et al., 2007).
Coelho et al . (1999) com o intuito de determinar a prevalência de colelitíase na
população da cidade de Curitiba avaliou 1000 pessoas que visitavam um
shopping center. Estes voluntários realizaram a entrevista, aferição da pressão
arterial, medidas antropométricas e a ultrassonografia de abdome. Foi
encontrada a prevalência de 2,9% (29) de colecistectomia na população
estudada. A frequência de calculose em mulheres foi de 12,9% e nos homens
5,4%. A prevalência conjunta de calculose biliar e colecistectomia foi mais
elevada em mulheres, mais idosas que apresentavam IMC elevado.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
33/114
32
2 HIPÓTESE DO ESTUDO
O perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes submetidos a colecistectomia
pode ter mudado nos últimos anos em relação ao perfil descrito na literatura
que mostra maior frequência da calculose biliar e da colecistectomia em
mulheres, obesas, com mais de 40 anos.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
34/114
33
3 JUSTIFICATIVA
É muito importante detectar se houve uma mudança no perfil sociodemográfico
e clínico dos indivíduos submetidos à colecistectomia. Os participantes do
ELSA-Brasil são uma população bem definida que é seguida anualmente em
relação a desfechos de saúde incluindo procedimentos cirúrgicos. A detecção
de uma mudança no perfil sociodemográfico e clínico ajudará a entender
melhor a indicação cirúrgica frente a fatores como a evolução técnica do
procedimento, o aumento da obesidade nas últimas décadas no Brasil, o
acesso aos serviços de saúde e potenciais complicações associadas ao
procedimento. Além disso, muito poucos estudos avaliaram fatores associados
à colecistecomia na população brasileira.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
35/114
34
4 OBJETIVOS
4.1 Geral
Determinar a frequência de colecistectomia e avaliar as características
sociodemográficas e clínicas associadas usando os dados obtidos nos dois
primeiros anos de seguimento após a linha de base do Estudo Longitudinal da
Saúde do Brasil (ELSA-Brasil) Adulto no Centro de Investigação de São Paulo.
4.2 Específicos
Analisar a prevalência e as características sociodemográficas e clínicas dos
participantes submetidos à colecistectomia antes do início do estudo.
Analisar a prevalência e as características sociodemográficas e clínicas dos
participantes submetidos à colecistectomia durante a vida (incluindo as
cirurgias antes e depois da linha de base do estudo).
Caracterizar o perfil de comorbidades associado ao participante submetido à
colecistectomia.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
36/114
35
5 CASUÍSTICA E MÉTODOS
O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) é um estudo de
coorte prospectivo desenvolvido para investigar a incidência de doenças
cardiovasculares e diabetes, bem como seus determinantes biológicos e
sociais. O estudo incluiu originalmente 15.105 indivíduos funcionários públicos
de instituições de ensino e pesquisa localizadas em 6 cidades - Belo Horizonte,
Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória - localizados em
três diferentes regiões do Brasil (Schmidt et al., 2014).
Para esta análise foram utilizados somente os participantes do estudo no
centro de investigação São Paulo que totalizam 5.061 participantes. A inclusão
dos participantes de São Paulo se justifica porque ainda não há informação de
todos os centros disponível para análise. As investigações em São Paulo já
estão em avançado estágio de andamento com finalização dos casos de
eventos investigados nos dois primeiros anos de seguimento do estudo.
Os participantes do ELSA-Brasil obedeceram aos critérios de inclusão do
estudo que arrolou funcionários e servidores públicos ativos e aposentados da
Universidade de São Paulo – USP e idade entre 35 e 74 anos. E os critérios de
exclusão foram estar em processo de desvinculação da instituição ou estar
tomando alguma iniciativa neste sentido; mulheres grávidas ou cuja gravidez
tenha terminado nos últimos quatro meses; aposentados com dificuldade de
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
37/114
36
cognição ou de comunicação que impedisse a realização da entrevista e residir
fora da região metropolitana (Aquino et al., 2012; Aquino et al ., 2013).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
38/114
37
6 COLETA DE DADOS
Os dados da linha de base do ELSA- Brasil foram coletados em duas fases. A
primeira, com duração de aproximadamente uma hora, incluiu a obtenção do
termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e entrevista inicial no local
de trabalho do participante. A segunda, que compreende entrevistas e exames
complementares, durou cerca de seis horas e foi realizada nos centros de
pesquisa do estudo a partir de agosto de 2008 a dezembro de 2010 (Aquino et
al., 2013; Benseñor et al., 2013).
Foram coletadas informações quanto a características sociodemográficas,
saúde e história médica pregressa, história ocupacional, fatores psicossociais,
história familiar de doenças, hábitos de fumar, plano de saúde, histórico do
peso e imagem corporal, consumo alimentar, consumo alcoólico, atividade
física, uso de medicamentos, função cognitiva, saúde mental e, para
participantes mulheres, saúde reprodutiva. Quanto aos exames, foram
realizados os seguintes procedimentos: antropometria, medida da pressão
arterial, índice tornozelo-braquial, medida da pressão arterial após manobrapostural, velocidade de onda de pulso, medida da espessura médio-intimal,
variabilidade da frequência cardíaca, ecocardiografia transtorácica, retinografia,
exames laboratoriais, eletrocardiograma e ultrassonografia abdominal (Aquino
et al., 2012; Mill et al ., 2013). Para garantir a qualidade do estudo, foi realizada
uma série de estudos-piloto, identificando e corrigindo possíveis problemas nos
instrumentos de coleta de dados e de procedimentos. Um comitê de
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
39/114
38
treinamento, certificação e recertificação dos entrevistadores e profissionais
responsáveis pelo centro de pesquisa mantinham o controle de qualidade. Os
procedimentos padronizados do estudo são detalhados nos manuais ELSA-
Brasil (Aquino et al., 2012).
Durante a coleta de dados, foram realizadas reuniões periódicas de equipe
para discutir os problemas e verificar se os procedimentos padronizados
estavam sendo corretamente implementados. Sistematicamente, supervisores
observavam a técnica, utilizando checklists previamente preparados. As
entrevistas eram gravadas, e uma amostra das gravações era revisada por
entrevistadores experientes de outros centros. Em teleconferências periódicas,
coordenadores clínicos analisaram questões relacionadas com a normalização
de procedimentos. A confiabilidade de instrumentos e de medidas foi avaliada
por meio da obtenção de medidas duplicadas em subamostras (Aquino et al.,
2012; Schmidt et al ., 2013).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
40/114
39
7 INSTRUMENTOS
7.1 Questionário
Os dados sociodemográficos, estilo de vida e algumas características clínicas
foram obtidos por meio de questionário aplicado pela equipe treinada e
certificada (Chor et al., 2013).
7.1.1 Características sociodemográficas
As variáveis utilizadas no presente estudos são sexo, idade, estado civil, etnia/
raça – autorreferida e categorizada como branca, parda, negra, asiática eindígena de acordo com a pergunta sobre raça do censo 2010; grau de
instrução (ensino fundamental incompleto; ensino fundamental completo;
ensino médio completo e superior completo) e renda familiar em reais
(descrição dos valores ≤830; >830
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
41/114
40
7.2 Medidas antropoméricas e de pressão arterial
7.2.1 Aferição de peso
O peso corporal foi aferido com o sujeito descalço, em jejum, trajando uniforme
padrão sobre as roupas íntimas. Utilizou-se balança eletrônica (Toledo®,
modelo 2096PP), com capacidade de 200kg e precisão de 50g (Lohman et al.,
1988 ; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013)
7.2.2 Aferição de altura
A altura foi medida com estadiômetro de parede (Seca®, Hamburg, BRD) com
precisão de 1 mm, afixado à parede lisa e sem rodapé. O indivíduo em posição
supina, descalço, encostando cabeça, nádegas e calcanhares na parede e com
o olhar fixo no plano horizontal. A estatura era verificada no período inspiratório
do ciclo respiratório (Lohman, et al., 1988; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013).
7.2.3 Cálculo do índice de massa corpórea – IMC
Após a aferição do peso e altura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC)
para classificação do estado nutricional dos participantes de acordo com a
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
42/114
41
seguinte fórmula IMC = peso (kg)/altura(m)2. Foram utilizados os pontos de
corte recomendados pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995).
1- Baixo peso: IMC abaixo de 18,5 kg/m2
2- Normal: IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2
3- Sobrepeso: IMC de 25,0 a 29,9 kg/m2
4- Obesidade: IMC a partir de 30 kg/m2, sendo que este pode ser dividido
em:
Grau 1: IMC de 30 a 34,9 kg/m2
Grau 2: IMC de 35,0 a 39,9 kg/m2
Grau 3: IMC a partir de 40 kg/m2
7.2.4 Circunferência da cintura
Considerou-se como referência da cintura, o ponto médio entre a borda do
último arco costal e a crista ilíaca. Os valores foram obtidos por meio de uma
fita métrica graduada em milímetros (Lohman, et al., 1988; CDC, 2004;
Benseñor et al., 2013). O ponto de corte da circunferência da cintura para
complicações metabólicas descrito em literatura é >88 cm para mulheres ou
>102cm para homens (Janssen et al., 2002).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
43/114
42
7.2.5 Medida da pressão arterial
A pressão arterial de repouso foi aferida 3 vezes na posição sentada após 5
minutos de repouso usando um aparelho oscilométrico validado. A média das
segunda e terceira medidas foram utilizadas na análise (Lohman TG et al.,
1988; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013; Mill et al., 2013). Hipertensão arterial
foi definida como uso de medicamentos para tratar a hipertensão, ou uma
pressão arterial sistólica ≥140 mm Hg ou a pressão arterial diastólica ≥90 mm
Hg.
7.3 Exames laboratoriais
As amostras de sangue foram coletadas em duas etapas: após 12 horas de
jejum noturno e 2 horas após a ingestão de uma sobrecarga de glicose. Nos
participantes com diabetes o teste de tolerância oral a glicose foi substituído
por uma carga alimentar padronizada. Todas as análises foram realizadas no
Hospital Universitário, Universidade de São Paulo (Aquino et al., 2012; Fedeli
et al., 2013; Benseñor et al., 2013).
A quantificação da glicemia foi obtida pelo método da hexoquinase (ADVIA
1200 Siemens, Deerfield, Illinois). A hemoglobina glicada – hbA1c foi realizada
por cromatografia líquida de alta pressão (Bio-Rad Laboratories, Hercules,
Califórnia) (Aquino et al., 2012; Fedeli et al., 2013; Schmidt et al., 2014).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
44/114
43
Diabetes foi definido como diagnóstico médico prévio de diabetes ou uso de
medicamentos para tratar a diabetes, ou glicose de jejum ≥126 mg/dl, ou após
duas horas de ingestão de solução padronizada de glicose níveis ≥200 mg/dl,
ou de HbA1c ≥6,5% (ADA, 2004).
Foram analisados os níveis de colesterol total pelo método da colesterol
oxidase (enzimático calorimétrico), de HDL-colesterol pelo método calorimétrico
homogêneo sem precipitação, de triglicérides pelo método glicerol-fosfato
peroxidase segundo Trinder (enzimático calorimétrico). Em todas as análises o
equipamento utilizado foi o ADVIA 1200 Siemens®. O LDL- colesterol ( low-
density lipoprotein) foi calculado por meio da equação de Friedewald quando os
triglicérides ≤400 mg/dl, sendo considerado desejável para pacientes de alto
risco:
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
45/114
44
7.4 Ultrassonografia do fígado
A ultrassonografia hepática nos participantes foi realizada por tecnólogos, após
treinamento por médicos radiologistas, utilizando-se um scanner B-modo de
alta resolução (SSA-790A, Aplio XG, Toshiba Medical System, Tóquio, Japão)
e um transdutor de matriz convexa (modelo PVT-375BT), com uma frequência
central de 3.5MHz, e uma frequência fundamental de 1,9-5,0MHz. Após o
processo de aquisição, as imagens da ultrassonografia hepática foram
verificadas por radiologistas, no centro de leitura de ultrassonografia do ELSA-
Brasil. O controle de qualidade foi realizado por radiologista sênior que foi
responsável também pela elaboração do protocolo. O protocolo de
ultrassonografia hepática seguiu os critérios abaixo:
1. Atenuação hepática do feixe de ultrassom: realizou-se uma avaliação
ultrassonográfica utilizando modo B com sistema de classificação visual de
quatro pontos com base no grau de visualização do diafragma na região
posterior ao lobo direito do fígado. A atenuação do fígado foi classificada como
normal (visualização completa do diafragma) ou alterada, sendo leve (>50% de
visão parcial do diafragma); moderada (
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
46/114
45
imagens de ultrassonografia deveriam ser mensuradas com a presença de
parâmetros anatômicos: a superfícies anterior e posterior do fígado, a vesícula
biliar e a veia porta.
3. Índice Hepatorrenal: É a relação entre o nível de brilho no parênquima
hepático em relação ao parênquima renal, com base na avaliação qualitativa
das imagens ultrassonográficas. Esteatose hepática foi definida como um
índice hepatorrenal igual ou maior do que 1,5.
O controle da qualidade das imagens da medida do diâmetro ântero-posterior
do lobo direito do fígado foi baseado no número de estruturas anatómicas
identificadas no plano axial do lobo direito do fígado, como se segue: (1)
inaceitável (sem referência anatômica); (2) baixa (uma referência anatômica);
(3) aceitável (duas referências anatômicas: superfície hepática anterior e
posterior); (4) muito boa (três pontos anatômicos: superfícies anterior e
posterior do fígado, vesícula biliar ou veia porta); e (5) excelente (quatro pontos
anatômicos: superfícies anterior e posterior do fígado, vesícula biliar e veia
portal) (Goulart et al., 2014).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
47/114
46
7.5 Avaliação psiquiátrica
Os dados sobre a saúde mental foram avaliados por entrevistadores treinados,
utilizando o validado, versão em Português adaptada de Clinical Interview
Schedule-Revised (CIS-R). O CIS-R é uma entrevista estruturada para o
diagnóstico de morbidade psiquiátrica não-psicótica em ambientes
comunitários e de cuidados primários. Este questionário foi desenvolvido em
1992 por Lewis et al. (1992) para ser utilizado especificamente em
comunidades. Além disso, o diagnóstico de transtornos específicos é obtido por
meio da aplicação de algoritmos baseados nos critérios diagnóstico CID-10
(WHO, 2010).
7.6 Avaliação sobre a realização de atividade física
A atividade física foi aferida de acordo com o Internacional Physical Activity
Questionnaire (IPAQ), que originalmente avalia o nível de atividade física em
quatro domínios; a atividade física no trabalho, domicílio, transporte e lazer. No
ELSA-Brasil somente foram incluídos os módulos de lazer e deslocamento da
versão longa do IPAQ. Os participantes foram classificados de acordo com o
tempo de AF por semana em ativos, insuficientemente ativos e inativos.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
48/114
47
7.7 Entrevista telefônica
A vigilância de eventos de saúde foi feita por meio de entrevistas telefônicas
anuais durante os dois primeiros anos de seguimento após a linha de base.
Também foi feita a procura de eventos no Sistema de Informações sobre
Mortalidade municipal, estadual e nacional. Nas entrevistas telefônicas anuais
pergunta-se sobre o estado geral de saúde dos participantes, incluindo novos
diagnósticos, internações e atendimentos de urgência (Barreto et al ., 2013).
7.8 Revisão de prontuários
A partir da notificação de evento de saúde da entrevista anual de seguimento
uma equipe treinada e certificada entra em contato com as instituições
referidas, solicita e coleta a cópia do prontuário (Barreto et al ., 2013). Para este
estudo selecionou-se todas as informações sobre os procedimentos relativos a
vesícula biliar nos dois primeiros anos de seguimento após a linha de base.
O procedimento de recuperação dos dados do prontuário varia de instituição
para instituição. Alguns hospitais solicitaram a avaliação pelo Comitê de Ética
em Pesquisa para permitir o acesso aos prontuários e posteriormente as
solicitações e consultas eram realizadas diretamente no Serviço de Arquivo
Médico e Estatística, na Educação Continuada ou na secretaria da diretoria.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
49/114
48
Em algumas instituições houve a solicitação de autenticação em cartório da
assinatura do termo de consentimento. Nestes casos o voluntário era
contatado, e explicava-se a exigência da instituição. Para quem não possuía
registro em cartório ou estava desatualizado, era agendado um horário no
cartório de preferência do participante para a realização do procedimento. Em
outros casos, era necessário que o próprio participante preenchesse o
formulário de liberação do prontuário de próprio punho e acompanhado de
cópia da carteira de identidade pedia-se o acesso ao prontuário. Nestes casos
uma pessoa treinada da equipe do estudo acionava o participante para
preenchimento do requerimento e posterior encaminhamento ao hospital.
Em alguns casos o funcionário do hospital em que ocorreu o desfecho de
interesse do estudo entrava em contato com o participante ELSA-Brasil para
confirmar sua participação no estudo e assim autorizar mediante o termo de
consentimento o acesso ao prontuário. Outras instituições permitiram o acesso
ao prontuário após o envio por e-mail da solicitação em formulário próprio da
instituição e a cópia do termo de consentimento. Poucas instituições se
negaram a colaborar, nestes casos foi pedido ao participante que solicitasse e
retirasse o próprio prontuário.
Somente após todas as exigências sanadas, entrava-se em contato para
agendamento de coleta de dados no prontuário do participante. Os prontuários
foram disponibilizados em diferentes formatos como CD, fotocópia, fax, e-mail
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
50/114
49
e correios. Outras instituições permitiam a consulta acompanhada para
fotografar, utilizar scanner ou impressão direta do prontuário eletrônico.
7.8.1 Dados coletados do prontuário
Os prontuários foram analisados e as informações referentes a confirmação do
procedimento de colecistectomia e a via de realização (convencional ou
laparoscópica) foram coletadas.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
51/114
50
8 VARIÁVEIS ANALISADAS DO ESTUDO
8.1 Variável dependente
Ter sido submetido à colecistectomia.
8.2 Variáveis independentes
Variáveis sociodemográficas:
o Idade: anos completos, calculada a partir da data da entrevista e da data
de nascimento. Expressa em média e desvio padrão.
o Idade: por faixa etária
o 34-44,9
o 45-54,9
o 55-64,9
o 65-74
o Sexo: masculino ou feminino;
o Estado conjugal: com companheiro ou com companheiro;
o Etnia/Raça: branca, parda, negra, asiática e indígena;
o Grau de instrução:
o < 11 anos de estudo - ensino fundamental
o 11 a 15 anos de estudo - ensino médio
o > 15 anos de estudo - ensino superior
o Ocupação:
o Básico
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
52/114
51
o Técnico
o Superior
o Renda familiar em reais (R$)
o ≤2489
o ≥2490 ≤ 6639
o ≥ 6640
o Plano de saúde: sim ou não
o Gravidez: sim ou não
o Paridade: número de filhos
o Sem filhos- 0
o De um a três filhos – 1-3
o Quatro ou mais filhos – 4 ou +
Variáveis antropométricas:
o Altura: em metros com duas casas decimais, aferida pela enfermeira;
o Peso: em quilogramas com uma casa decimal, aferida pela enfermeira;
o Índice de Massa Corpórea (IMC): Foi utilizada neste estudo a
classificação simplificada do IMC, que utiliza somente três grupos:
normal, sobrepeso e obesidade e também foi expresso em média edesvio padrão.
o Circunferência da cintura: Expressa em média e desvio padrão.
Variáveis de estilo de vida
o Tabagismo: nunca, no passado ou atual.
o Consumo de bebida alcoólica: nunca, no passado ou atual.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
53/114
52
o Atividade física no lazer.
Variáveis clínicas:
As variáveis clínicas foram transformadas em variáveis dicotômicas para
análise.
o Diabetes mellitus: sim ou não;
o Hipertensão arterial sistêmica: sim ou não;
o Dislipidemia: sim ou não;
o Transtorno depressivo Maior: sim ou não;
o Transtorno de ansiedade generalizada: sim ou não;
o Submetido à cirurgia bariátrica: sim ou não.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
54/114
53
9 ANÁLISE DOS DADOS
Todos os dados foram lançados em planilha de software Microsoft Office
Excel ® 2010 e posteriormente convertido para o software Statistical Package
for Social Sciences (SPSS). A análise estatística foi realizada com o software
estatístico SPSS versão 22.0.
As variáveis categóricas são apresentadas como proporções e foram
comparados pelo teste do qui-quadrado. Foi utilizado o teste post-hoc de
Bonferroni para avaliação das diferenças entre os grupos. As variáveis
contínuas são apresentadas como médias (desvio-padrão) e foram
comparadas usando-se ANOVA com o teste post-hoc de Bonferroni. Também
foi calculado o p de tendência para as variáveis contínuas quando havia mais
que 2 grupos.
Um modelo de regressão logística foi construído com características
sociodemográficas e fatores de risco cardiovasculares, como as variáveis
independentes e colecistectomia como a variável dependente. Inicialmente foi
realizada análise da regressão logística sem ajuste, depois ajustada por sexo e
idade e com ajuste multivariado. Para os fatores sociodemográficos o ajuste
multivariado incluiu todos os outros fatores sociodemográficos com P
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
55/114
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
56/114
55
11 RESULTADOS
A amostra deste estudo compreende 4716 participantes dos 5061 participantes
do ELSA-Brasil no Centro de Investigação de São Paulo. Dos 5061
participantes, em 345 (6,8%) não havia informação sobre antecedente de
colecistectomia prévia ou não se tinha imagem ultrassonográfica que
permitisse confirmar a presença ou ausência de vesícula biliar. Além disso, um
número pequeno de participante acabou não realizando o exame por
problemas técnicos no aparelho no dia da visita ao centro ELSA, problemas
locais como cirurgias abdominais prévias, ou falta no dia do reagendamento do
exame naqueles em que o exame não tinha sido realizado junto com o restante
do fluxo. Todos os 4716 participantes incluídos responderam à pergunta sobre
terem realizado ou não colecistectomia prévia e em seguida foram submetidos
ao procedimento de ultrassonografia. Quando o paciente referia antecedente
prévio de colecistectomia, mas a vesícula biliar era localizada considerou-se
como a resposta a presença de vesícula biliar na ultrassonografia e o paciente
foi classificado como não tendo sido submetido a cirurgia. Quando o paciente
negava cirurgia prévia, mas a imagem da vesícula biliar não era encontrada,
era obrigatória a verificação do jejum. Se o participante não estava em jejum o
exame era remarcado. Além disso, as internações prévias do participante eram
analisadas para confirmação de cirurgia prévia e se persistisse a dúvida um
médico radiologista confirmava a ausência da vesícula. A média de idade da
amostra foi 51,4 (8,9) anos, sendo a maioria composta por mulheres (54,7%).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
57/114
56
Os participantes foram agrupados em participantes que realizaram
colecistectomia antes da linha de base (132, 70,2%) e, portanto, já eram
colecistectomizados quando entraram no estudo e em participantes que foram
submetidos à colecistectomia durante os dois primeiros anos de seguimento do
estudo após a linha de base (56, 29,8%). No total, 188 realizaram a
colecistectomia e 4528 participantes nunca foram submetidos ao procedimento.
Dos 4716 participantes, 132 (2,8%) foram submetidos à colecistectomia antes
da linha de base do estudo, sendo 3,6% (93) em mulheres e 1,8% (39) em
homens. A média de idade, o IMC e a circunferência da cintura foram mais
elevados nos participantes com colecistectomia prévia em comparação com os
participantes sem colecistectomia prévia. Houve um predomínio do sexo
feminino (70,5% dos casos) e de participantes solteiros (as) (43,2%) dos
colecistectomizados em relação aos não submetidos ao procedimento os
colecistectomizados (Tabelas 1 e 2).
A frequência de diabetes, ex-fumantes e de cirurgia bariátrica foram mais
elevadas nos participantes submetidos à colecistectomia prévia em relação aos
sem colecistectomia, mas a frequência de dislipidemia foi maior nos não
colecistectomizados em relação aos colecistectomizados (Tabela 2).
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
58/114
57
Tabela 1 - Características sociodemográficas da amostra de acordo com ahistória de colecistectomia antes da linha de base do estudo.
Colecistectomia prévia
Não SimP
N = 4584 (%) N = 132 (%)
Idade* (anos) 51 (9,0) 55 (9,6) 0,0001
Faixa etária (%)
35-44,9 1109 (24,7)a 18 (13,6)b 0,0001
45-54,9 1882 (41,1) 53 (40,2)
55-64,9 1167 (25,5) 34 (25,8)
65-74 426 (9,3)a 27 (20,6)b
Sexo (%)Masculino 2099 (45,8) 39 (29,5) 0,0001
Feminino 2485 (54,2) 93 (70,5)
Raça (%)
Branca 2680 (59,3)a 90 (69,8)b 0,08
Parda 985 (21,8) 22 (17,1)
Negra 616 (13,6) 14 (10,9)
Asiática 195 (4,3)a 1 (0,8)b
Indígena 47 (1,0) 2 (1,6)
Educação (%)
Ensino fundamental 708 (15,4) 25 (18,9) 0,55Ensino médio 1821 (39,7) 50 (37,9)
Ensino superior 2055 (44,8) 57 (43,2)
Renda familiar (R$) (%)
≤2489 1430 (31,4) 37 (28,2) 0,66
≥2490 ≤ 6639 1943 (42,6) 56 (42,7)
≥ 6640 1188 (26,0) 38 (29,0)
Situação conjugal (%)
Sem companheiro 1517 (33,1) 57 (43,2) 0,02
Com companheiro 3067 (66,9) 75 (56,8)Ocupação (%)
Básico 1484 (32,4) 45 (34,1) 0,26
Técnico 1623 (35,4) 38 (28,8)
Superior 1476 (32,2) 49 (37,1)
Plano de saúde (%)
Não 2951 (64,4) 75 (56,8) 0,07
Sim 1632 (35,6) 57 (43,2)*Média (desvio padrão).Para dados apresentados em média e desvio padrão, foi realizada ANOVA.
Para variáveis categóricas utilizou o teste qui-quadrado.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
59/114
58
Tabela 2 - Características clínicas da amostra de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.
Colecistectomia prévia
Não SimP
N = 4584 (%) N = 132 (%)
Índice de massa corpórea* (kg/m2) 27 (4,9) 29 (5,4) 0,0001
Circunferência da cintura* (cm) 90 (12,7) 94 (13,4) 0,002Diabetes (%)
Não 3659 (79,8) 83 (62,9) 0,0001Sim 925 (20,2) 49 (37,1)
Hipertensão (%)
Não 3113 (68,0) 84 (63,6) 0,30
Sim 1468 (32,0) 48 (36,4)
Dislipidemia (%)
Não 1971 (43,3) 69 (52,7) 0,03
Sim 2582 (56,7) 62 (47,3)
Tabagismo (%)
Nunca fumou 2423 (52,9) 59 (44,7) 0,046
Ex-fumante 1412 (30,8)a 54 (40,9)b
Fumante ativo 749 (16,3) 19 (14,4)
Consumo de álcool (%)
Nunca 538 (11,7)a 24 (18,2)b 0,08Passado 931 (20,3) 26 (19,7)
Presente 3113 (67,9) 82 (62,1)
Atividade física (%)
Leve 3475 (78,6) 104 (82,5) 0,49
Moderada 583 (13,2) 15 (11,9)
Intensa 361 (8,2) 7 (5,6)
Transtorno depressivo maior (%)
Não 4388 (95,8) 124 (93,9) 0,31
Sim 194 (4,2) 8 (6,1)Transtorno de ansiedade generalizada (%)
Não 4046 (88,3) 117 (88,6) 0,90
Sim 537 (11,7) 15 (11,4)
Cirurgia bariátrica (%)
Não 4570 (99,7) 129 (97,7) 0,0001
Sim 12 (0,3) 3 (2,3)*Média (desvio padrão).Para dados apresentados em média e desvio padrão, foi realizada ANOVA.Para variáveis categóricas utilizou-se o teste qui-quadrado.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
60/114
59
A tabela 3 apresenta dados relacionados ao sexo feminino. Mulheres sem filho
não foram submetidas ao procedimento.
Tabela 3 - Características clínicas das mulheres de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.
Colecistectomia prévia
Não SimP
N = 2485 (%) N = 93 (%)
Gravidez anterior (%)
0,34Não 500 (20,1) 15 (16,1)Sim 1983 (79,9) 78 (83,9)
Paridade (%)
0,020 131 (6,6) 0
1-3 1611 (81,2) 63 (80,8)
4 ou + 242 (12,2) 15 (19,2)
Faixa etária (%)
0,059≤49 anos 1154 (46,5) 34 (36,6)
>49 anos 1328 (53,5) 59 (63,4)
Para variáveis categóricas utilizou-se o teste qui-quadrado.
As Tabelas 4 e 5 mostram os resultados dos modelos logísticos. Após o ajuste
multivariado, os fatores associados à colecistectomia prévia nesta amostra
foram idade, sexo (mulheres), tabagismo (ex-fumante), ser portador de
diabetes e história de cirurgia bariátrica. A raça asiática e a dislipidemia foram
fatores de proteção.
A Tabela 6 apresenta a regressão logística nas mulheres e verificou-se que
gravidez, paridade e faixa etária não foram associadas à colecistectomia.
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
61/114
60
Tabela 4 - Regressão logística mostrando os fatores sociodemográficosassociados à colecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.
Fatores Sem ajuste Ajustado poridade e sexo Multivariado#
Idade* (anos) 1,04 (1,02-1,06) 1,04 (1,02-1,06)† 1,04 (1,02-1,06)Faixa etária (%)
35-44,9 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)† 1,0 (Referência)45-54,9 1,74 (1,01-2,98) 1,74 (1,01-2,98)† 1,68 (0,97-2,88)55-64,9 1,80 (1,01-3,20) 1,79 (1,00-3,19)† 1,74 (0,98-3,12)65-74 3,91 (2,13-7,16) 4,24 (2,31-7,80)† 4,02 (2,15-7,52)
Sexo (%)Homem 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)‡ 1,0 (Referência)
Mulher 2,01 (1,38-2,94) 2,10 (1,44-3,07)‡ 2,00 (1,33-3,00)Raça (%)
Branca 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Parda 0,67 (0,42-1,07) 0,77 (0,48-1,24) 0,80 (0,49-1,32)Negra 0,68 (0,38-1,20) 0,70 (0,40-1,25) 0,73 (0,40-1,30)
Asiática 0,15 (0,02-1,10) 0,12 (0,02-0,90) 0,12 (0,02-0,88)Indígena 1,27 (0,30-5,30) 1,39 (0,33-5,86) 1,45 (0,34-6,16)
Educação (%)Ensino fundamental 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Ensino médio 0,78 (0,48-1,27) 0,91 (0,55-1,52) 0,81 (0,48-1,37)
Ensino superior 0,79 (0,49-1,27) 0,76 (0,47-1,23) 0,56 (0,31-1,00)Renda familiar (R$) (%)
≤2489 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)≥2490 ≤ 6639 1,11 (0,73-1,70) 1,04 (0,68-1,59) 1,04 (0,66-1,64)≥ 6640 1,24 (0,78-2,00) 0,92 (0,57-1,48) 0,82 (0,45-1,48)
Situação conjugal (%)Sem companheiro 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Com companheiro 0,65 (0,46-0,92) 0,84 (0,58-1,21) 0,84 (0,58-1,22)
Ocupação (%)Básico 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)
Técnico 0,77 (0,50-1,20) 0,74 (0,48-1,16) 0,69 (0,43-1,11)Superior 1,10 (0,73-1,65) 0,88 (0,58-1,34) 0,69 (0,39-1,21)
Plano de saúde (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 1,37 (0,97-1,95) 1,16 (0,81-1,65) 1,17 (0,80-1,71)
*Média (desvio-padrão); † Ajuste somente por sexo; ‡ Ajuste somente por idade. #Ajuste multivariado realizado para as variáveis com P
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
62/114
61
Tabela 5 - Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste, ajustados poridade e sexo e com ajuste multivariado.
Fatores Sem ajuste Ajustado poridade e sexo Multivariado#
Índice de massa corpórea*(kg/m2)
1,06 (1,03-1,10) 1,06 (1,03-1,09) 1,01 (0,94-1,08)
Circunferência da cintura*(cm)
1,02 (1,01-1,03) 1,03 (1,01-1,04) 1,02 (0,99-1,05)
Diabetes (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 2,34 (1,63-3,35) 2,17 (1,49-3,15) 1,99 (1,32-3,00)
Hipertensão (%)
Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 1,21 (0,85-1,74) 1,05 (0,72-1,54) 0,77 (0,50-1,17)Dislipidemia (%)
Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 0,69 (0,48-0,97) 0,59 (0,41-0,84) 0,57 (0,39-0,82)
Tabagismo (%)Nunca fumou 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Ex-fumante 1,57 (1,08-2,29) 1,61 (1,10-2,36) 1,64 (1,10-2,44)Fumante ativo 1,04 (0,62-1,76) 1,12 (0,66-1,89) 1,33 (0,77-2,29)
Consumo de álcool (%)
Nunca 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Passado 0,63 (0,36-1,10) 0,79 (0,44-1,40) 0,71 (0,38-1,30) Atual 0,59 (0,37-0,94) 0,74 (0,46-1,19) 0,70 (0,42-1,17)
Atividade física (%)Leve 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Moderada 0,86 (0,50-1,49) 0,84 (0,48-1,46) 0,96 (0,55-1,69)Intensa 0,65 (0,30-1,40) 0,69 (0,32-1,51) 0,79 (0,36-1,73)
Transtorno depressivo maior(%)
Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)
Sim 1,46 (0,70-3,03) 1,40 (0,67-2,91) 0,95 (0,43-2,09)Transtorno de ansiedadegeneralizada (%)
Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 0,97 (0,56-1,67) 0,94 (0,55-1,63) 0,94 (0,54-1,64)
Cirurgia bariátrica (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)
Sim 8,86 (2,47-31,77) 8,26 (2,24-30,45) 5,73 (1,41-23,34)*Média (desvio-padrão).#Ajuste multivariado realizado para as variáveis com P
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
63/114
62
Tabela 6 - Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes da linha de base do estudo apresentadossem ajuste, ajustado por idade e com ajuste multivariado.
Fatores Sem ajuste Ajustado poridade Multivariado#
Gravidez anterior (%)
Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)
Sim 1,31 (0,75-2,30) 1,29 (0,73-2,26) 1,13 (0,62-2,07)
Faixa etária (%)
≤49 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)
>49 1,51 (0,98-2,32) 0,74 (0,37-1,51) 1,01 (0,45-2,24)# Ajuste multivariado realizado com as variáveis com P
8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…
64/114
63
Tabela 7 - Características sociodemográficas da amostra de acordo com apresença de colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos a colecistectomia antesda linha de base).
Colecistectomia após linha debase
Não SimP
N = 4528 (%) N = 56 (%)
Idade* (anos) 51 (9,0) 52 (9,4) 0,45Faixa etária (%)
35-44,9 1096 (24,2) 13 (23,2) 0,59
45-54,9 1859 (41,1) 23 (41,1)
55-64,9 1155 (25,5) 12 (21,4)
65-74 418 (9,2) 8 (14,3)Sexo (%)
Masculino 2086 (46,1) 13 (23,2) 0,001Feminino 2442 (53,9) 43 (76,8)
Raça (%)Branca 2647 (59,2) 33 (62,3) 0,35Parda 976 (21,8) 9 (17,0)Negra 606 (13,6) 10 (18,9)
Asiática 195 (4,4) 0 (0,0)Indígena 46 (1,0) 1 (1,9)
Educação (%)Ensino fundamental 701 (15,5) 7 (12,5) 0,57Ensino médio 1795 (39,6) 26 (46,4)Ensino superior 2032 (44,9) 23 (41,1)
Renda familiar (R$) (%)≤2489 1414 (31,4) 16 (28,6) 0,90≥2490 ≤ 6639 1918 (42,6) 25 (44,6)≥ 6640 1173 (26,0) 15 (26,8)
Situação conjugal (%)Sem companheiro 1495 (33,0) 22 (39,3) 0,32
Com companheiro 3033 (67,0) 34 (60,7)Ocupação (%)
Básico 1468 (32,4) 16 (29,1) 0,86Técnico 1603 (35,4) 20 (36,4)Superior 1457 (32,2) 19 (34,5)
Plano de Saúde (%)Não 2915 (64,4) 36 (64,3) 0,99Sim 1612 (35,6) 20 (35,7)
*Média (desvio padrão).Para dados apresentados em mé