Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (ELSA-Brasil)

  • Upload
    sass79

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    1/114

    Kamila Rafaela Alves

    Fatores de risco sociodemográficos e clínicos

    associados à colecistectomia no Estudo Longitudinal

    de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)

    Dissertação apresentada à Faculdadede Medicina da Universidade de SãoPaulo para obtenção de título deMestre em Ciências

    Programa de Ciências Médicas

     Área de Concentração: Educação eSaúde

    Orientadora: Prof ra  Dra  Isabela JudithMartins Benseñor

    São Paulo

    2015 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    2/114

    Kamila Rafaela Alves

    Fatores de risco sociodemográficos e clínicos

    associados à colecistectomia no Estudo Longitudinal

    de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil)

    Dissertação apresentada à Faculdadede Medicina da Universidade de SãoPaulo para obtenção de título deMestre em Ciências

    Programa de Ciências Médicas

     Área de Concentração: Educação eSaúde

    Orientadora: Prof ra  Dra  Isabela JudithMartins Benseñor

    (versão original)

    São Paulo

    2015 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    3/114

     

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    4/114

     

    Dedicatória

     Aos meus pais e minha família.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    5/114

    Agradecimentos

    `A Prof ra Dra Isabela Judith Martins Benseñor, por ter aceitado o desafio de ser

    minha orientadora, pelos ensinamentos, contribuições e suporte durante o

    caminho.

     Ao Dr. Roberto Marini, por me apresentar e incentivar a pesquisa clínica.

     Aos membros da banca de qualificação, Prof ra Dra Alessandra Goulart, Prof. Dr.

    José Pinhata Otoch e Prof. Dr. Rodrigo Diaz Olmos pelas contribuições desta

    dissertação.

    `A Equipe do ELSA-Brasil, Angelita Souza, Roberta Melo e Cibele Soares pela

    ajuda em diversos aspectos da dissertação.

     Aos companheiros Carlos Treff, Ludmila Naud e Herbert Castro pelos

    momentos compartilhados.

     A todos os voluntários do ELSA- Brasil.

     Aos meus pais e minhas irmãs, por toda compreensão, apoio, incentivo nesta

    caminhada.

     Ao Tiago, pelo suporte.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    6/114

    Normalização adotada

    Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no

    momento desta publicação:

    Referências: adaptado de International Commitee of Medical Journals Editors 

    (Vancouver).

    Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e

    Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.

    Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.L. Freddi, Maria

    F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria

    Vilhena. 3º ed. São Paulo: Divisão de Biblioteca e Documentação; 2011.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    7/114

    Sumário

    Lista de abreviaturas

    Lista de símbolos

    Lista de siglas

    Lista de tabelas

    Resumo

    Summary

    1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17

    1.1 DOENÇA BILIAR CALCULOSA ....................................................................... 171.2 Fatores de risco para litíase biliar .......................................................... 191.3 Diagnóstico ............................................................................................ 261.4 Epidemiologia ......................................................................................... 271.5 A história da colecistectomia .................................................................. 301.6 Colecistectomia no mundo e no Brasil ................................................... 30 

    2 HIPÓTESE DO ESTUDO .............................................................................. 32

    3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 33

    4 OBJETIVOS .................................................................................................. 344.1 GERAL  ..................................................................................................... 344.2 Específicos ............................................................................................. 34

    5 CASUÍSTICA E MÉTODOS .......................................................................... 35

    6 COLETA DE DADOS .................................................................................... 37

    7 INSTRUMENTO ............................................................................................ 39

    7.1 QUESTIONÁRIO  ......................................................................................... 397.1.1 Características sociodemográficas ............................................... 39 

    7.2 Medidas antropométricas e de pressão arterial ..................................... 40 7.2.1  AFERIÇÃO DO PESO  ......................................................................... 407.2.2  AFERIÇÃO DE ALTURA  ...................................................................... 407.2.3 C ÁLCULO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL ......................................... 407.2.4 CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA .......................................................... 417.2.5 MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL......................................................... 42

    7.3 Exames laboratoriais .............................................................................. 427.4 Ultrassonografia do fígado ..................................................................... 447.5 Avaliação psiquiátrica ............................................................................ 46

    7.6 Avaliação sobre a realização de atividade física .................................... 467.7 Entrevista telefônica ............................................................................... 47

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    8/114

    7.8 Revisão de prontuário ............................................................................ 477.8.1 D ADOS COLETADOS DO PRONTUÁRIO  ................................................ 49

    8 VARIÁVEIS ANALISADAS NO ESTUDO .................................................... 50

    8.1 Variável dependente .............................................................................. 508.2 Variáveis independentes ........................................................................ 50

    9 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 53

    10 QUESTÕES ÉTICAS .................................................................................. 54

    11 RESULTADOS ............................................................................................ 55

    12 DISCUSSÃO ............................................................................................... 77

    13 CONCLUSÕES ........................................................................................... 95

    14 ANEXOS .................................................................................................... 9714.1  ANEXO A ................................................................................................ 9714.2 Anexo B .............................................................................................. 100

    15 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 101

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    9/114

    LISTA DE ABREVIATURAS 

    Dr. Doutor

    Dra  Doutora

    Ed. Edição

    Et al. E outros

    Prof. Professor

    Prof ra Professora

    V. Volume

    LISTA DE SÍMBOLOS

    % Percentual

    < Menor

    > Maior

    ≤ Menor ou igual a

    ≥ Maior ou igual a

    cm Centímetro

    dl Decilitro

    Hg Mercúrio

    Kg Quilogramakg/m2  Quilograma por metro quadrado

    mg Miligrama

    ml Mililitro

    mm Milímetro

    N Número absoluto

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    10/114

    LISTA DE SIGLAS

    CIS-R Clinical Interview Schedule-Revised  

    CT Colesterol total

    GREPCO The Rome Group for Epidemiology and Prevention ofCholelithiases 

    HDL High density lipoprotein (lipoproteína de alta densidade)

    IC Intervalo de confiança

    IMC Índice de massa corpórea

    IPAQ International Physical Activity Questionnaire LDL Low density lipoprotein (lipoproteina de baixa densidade)

    NHANES I National Health and Nutrition Exam Survey I  

    NHANES III National Health and Nutrition Exam Survey III

    OMS Organização Mundial da Saúde

    OR Odds ratio (razão de chances)

    Projeto ELSA Estudo longitudinal da Saúde do Adulto

    RR Risco relativo

    SPSS Statistical Package for Social Sciences

    TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    11/114

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1  Características sociodemográficas da amostra de acordo com a

    história de colecistectomia antes da linha de base do estudo......57 Tabela 2  Características clínicas da amostra de acordo com a história de

    colecistectomia antes da linha de base do estudo.......................58 

    Tabela 3  Características clínicas das mulheres de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.......................59 

    Tabela 4  Regressão logística mostrando os fatores sociodemográficosassociados à colecistectomia antes da linha de baseapresentados sem ajuste, ajustados por idade e sexo e com

    ajuste multivariado........................................................................60 

    Tabela 5  Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.................61 

    Tabela 6  Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes da linha de base do estudoapresentados sem ajuste, ajustado por idade e com ajustemultivariado.................................................................................. 62 

    Tabela 7  Características sociodemográficas da amostra de acordo com apresença de colecistectomia durante os 2 anos de seguimentoapós a linha de base do estudo (excluídos os participantessubmetidos a colecistectomia antes da linha de base)................63 

    Tabela 8  Características clínicas da amostra de acordo com a presença decolecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos àcolecistectomia antes da linha de base).......................................64 

    Tabela 9  Características clínicas das mulheres de acordo com a presençade colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linhade base do estudo (excluídas as participantes submetidas àcolecistectomia antes da linha de base).......................................65 

    Tabela 10  Tipo de colecistectomia de acordo com sexo...............................66 

    Tabela 11  Regressão logística mostrando os fatores associados àcolecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha de

    base do estudo (excluídos os participantes submetidos à

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    12/114

    colecistectomia antes da linha de base) apresentados sem ajustee ajustados por idade e sexo........................................................67 

    Tabela 12  Regressão logística mostrando os fatores associados à

    colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos àcolecistectomia antes da linha de base) apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.................68 

    Tabela 13  Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres durante os dois anos de seguimentodo estudo apresentados sem ajuste, ajustado por idade e comajuste multivariado (excluídas as participantes submetidas àcolecistectomia antes da linha de base).......................................69 

    Tabela 14  Características sociodemográficas da amostra juntandoparticipantes que foram submetidos à colecistectomia antes dalinha de base e nos dois primeiros anos de seguimento do estudono mesmo grupo e comparando com participantes que nuncaforam submetidos à colecistectomia.............................................71 

    Tabela 15  Características clínicas da amostra juntando participantes queforam submetidos à colecistectomia antes da linha de base e nosdois primeiros anos de seguimento do estudo no mesmo grupo e

    comparando com participantes que nunca foram submetidos àcolecistectomia............................................................................. 72 

    Tabela 16  - Características clínicas das mulheres juntando participantes queforam submetidos à colecistectomia antes da linha de base e nosdois primeiros anos de seguimento do estudo no mesmo grupo ecomparando com participantes que nunca foram submetidos àcolecistectomia............................................................................. 73 

    Tabela 17  Regressão logística mostrando os fatores associados a

    colecistectomia juntando participantes que foram submetidos àcolecistectomia antes da linha de base e nos dois primeiros anosde seguimento do estudo no mesmo grupo apresentados semajuste, ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.....74 

    Tabela 18  Regressão logística mostrando os fatores associados acolecistectomia juntando participantes que foram submetidos àcolecistectomia antes da linha de base e nos dois primeiros anosde seguimento do estudo no mesmo grupo apresentados semajuste, ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.....75 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    13/114

    Tabela 19  Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes do início do estudo e após 2anos de seguimento do estudo apresentados sem ajuste, ajustadopor idade e com ajuste multivariado.............................................76 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    14/114

    RESUMO

     Alves KR. Fatores de risco sociodemográficos e clínicos associados à

    colecistectomia no Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo;2015.

    Contexto e objetivo: Avaliar a frequência de colecistectomia e fatores de riscosociodemográficos e clínicos usando os dados da linha de base e também dosdois primeiros anos de seguimento do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto(ELSA-Brasil). Delineamento e cenário: Estudo transversal que incluiu somenteos participantes do Centro de Pesquisa de São Paulo. Métodos: Avaliou-se a

    prevalência de colecistectomia na linha de base e fatores de risco associadosassim como a frequência de colecistectomia nos dois primeiros anos doseguimento e os fatores associados. Utilizou-se uma regressão logística (RC) eintervalo de confiança a 95% (IC 95%) sem ajuste, ajustada por idade e sexo ecom ajuste multivariado pelos fatores de confusão. Resultados: Dos 5061participantes de São Paulo, 4716 com informação sobre colecistectomia préviana linha de base foram incluídos no estudo. A prevalência de colecistectomiana linha de base foi de 2,8% (132/4716=2,8%: 3,6% em mulheres; 1,8% emhomens). Nos primeiros 2 anos de seguimento, 56 participantes foramsubmetidos à colecistectomia (56/4584=1,2%: 1,7% para mulheres e 0,6% parahomens). A prevalência ao longo da vida de colecistectomia foi de 4,0%

    (188/4716=4,0%: 5,3% em mulheres; 2,4% em homens). A maior parte dosprocedimentos foi laparoscópica e realizados de forma eletiva nas mulheres ecomo emergência nos homens, mas as diferenças não foram estatisticamentesignificativas. Os fatores de risco associados à cirurgia após a linha de baseforam: sexo feminino (RC, 2,85; IC 95%, 1,53-5,32), raça indígena (RC, 2,1; IC95%, 2,28-15,85) e índice de massa corpórea elevado (IMC) (RC, 1,10; IC95%, 1,01-1,19); na da linha de base foram: idade (RC, 1,04; IC 95%, 1,02-1,06), sexo feminino (RC, 2,00; IC 95%, 1,33-3,00), raça asiática (RC, 0,12; IC95%, 0,02-0,88), diabetes (RC, 1,99; IC 95%, 1,32-3,00), tabagismo (ex-fumantes) (RC, 1,64; IC 95%, 1,10-2,44) e cirurgia bariátrica (RC, 5,73; IC 95%,1,41-23,34); e para prevalência ao longo da vida: idade (RC, 1,03; IC 95%,

    1,02-1,05), sexo feminino (RC, 2,35; IC 95%, 1,65-3,33), raça asiática (RC0,09; IC 95%, 0,01-0,65), diabetes (RC, 1,92; IC 95%, 1,34-2,76) e cirurgiabariátrica (RC, 5,37; IC 95%, 1,53-18,82). Não houve associação com gravidezprévia, paridade ou idade fértil em nenhum dos grupos avaliados. Conclusão: Aprevalência de colecistectomia na linha de base e a frequência decolecistectomia nos primeiros 2 anos do seguimento foi baixa. Sexo feminino eIMC elevado permaneceram como fatores de risco associados, mas outrosfatores de risco como gravidez prévia, paridade e idade fértil perderamsignificância. Novos fatores de risco como cirurgia bariátrica e raça indígena noBrasil ganharam importância recentemente. O uso de cirurgia laparoscópica foio procedimento mais comum em concordância com dados previamentepublicados em outros lugares do mundo.

     

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    15/114

    Descritores:  colecistectomia; fatores de risco; obesidade; epidemiologia;dislipidemia; índice de massa corporal; estudos longitudinais; Brasil. 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    16/114

    ABSTRACT

     Alves KR. Socio-demographic and clinical risk factors associated to

    cholecystectomy in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil) [Dissertação]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de SãoPaulo”; 2015.

    Context and objective: To evaluate the frequency of cholecystectomy andassociated sociodemographic and clinical characteristics using data from thebaseline and the first two years of follow-up of the Brazilian Longitudinal Studyof Adult Health (ELSA-Brasil). Design and setting: Cross-sectional study usingbaseline data from the participants of the São Paulo Research Center.

    Methods: We evaluated prevalence of cholecystectomy at baseline andassociated factors as well as the frequency of cholecystectomy in the first 2years of follow-up and associated factors. A multivariate regression analyseswas presented (Odds Ratio (OR); 95% Confidence Interval (95% CI)) crude,age and sex adjusted and multivariate adjusted for several confounders.Results: Of the 5061 participants in São Paulo, 4716 with information aboutcholecystectomy were included. Prevalence of cholecystectomy at baseline was2.8% (132/4716= 2.8%: 3.6% in women; 1.8% in men). In the first 2 years offollow-up 56 participants underwent surgery (56/4584=1.2%: 1.7% for womenand 0.6% for men). Lifetime prevalence of cholecystectomy 4.0%(188/4716=4.9%; 5.3% in women; 2.4% in men). Most of the procedures were

    laparoscopic and performed as an elective procedure for women and as anemergency for men, but the differences were not significant. Associated riskfactors for surgery after baseline: to be woman (OR, 2.85; 95% CI, 1.53-5.32),native race (OR, 2.1; 95% CI, 2.28-15.85) and body-mass index (BMI) (OR,1.10; 95% CI, 1.01-1.19); before the baseline were age (OR, 1.04; 95% CI,1.02-1, 06), female gender (OR, 2.00; 95% CI, 1.33-3.00), asians (RC, 0.12;95% CI, 0.02-0.88), diabetes (OR, 1.99; 95% CI, 1.32-3.00), smoking (ex-smokers) (OR, 1.64; 95% CI, 1.10-2.44) and bariatric surgery (OR, 5.73; 95%CI, 1.41-23.34); and for lifetime surgery: age (OR, 1.03; 95% CI, 1.02-1.05),female gender (RC, 2.35; IC 95%, 1.65-3.33), asians (RC 0,09; IC 95%, 0,01-0,65), diabetes (OR, 1.92; 95% CI, 1.34-2.76) and previous bariatric surgery

    (OR, 5.37; 95% CI, 1.53-18.82). There was no association with previouspregnancy, parity or fertile age in any group assessed. Conclusion: Theprevalence of cholecystectomy was lower than most of the previously publishedstudies. Prevalence of cholecystectomy at baseline and frequency ofcholecystectomy in the 2-year follow-up was low. Female sex and a high BMIremained as associated risk factors to cholecystectomy, but other risk factors asprevious pregnancy, parity, and fertile age lost significance. New risk factors asbariatric surgery and native race in Brazil gain importance in recent years. Theuse of laparoscopic surgery as the most common are in accord with previousdata worldwide.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    17/114

    Descriptors:  cholecystectomy; risk factors; obesity; epidemiology;dyslipidemias; body mass index; longitudinal studies; Brazil.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    18/114

    17

    1 INTRODUÇÃO

    1.1 Doença biliar calculosa

     A bile é uma substância heterogênea composta de colesterol, sais biliares,

    lecitina, pigmentos, íons inorgânicos, bilirrubina conjugada, água e eletrólitos.

    Sais biliares, colesterol e a lecitina correspondem a 80% da composição da bile

    (Strazzabosco et al., 2005). A bile facilita a absorção intestinal de lipídeos e

    vitaminas e representa a rota de excreção de bilirrubina e colesterol. Em

    condições normais o fígado excreta diariamente de 500 a 1000 ml/dia de bile

    (Chari & Shah, 2010).

     A presença de cálculos ou pedras na vesícula é chamada de colelitíase biliar.

    Os cálculos se formam habitualmente na vesícula biliar a partir dos

    componentes sólidos da bile e variam em tamanho, formato e composição.

    Existem dois tipos principais de cálculos biliares: os formados por pigmentos,

    que podem ser pretos ou marrons e correspondem a 20 a 30% dos cálculos

    vesiculares (Wittenburg, 2010) e os constituídos pelo colesterol que são maiscomuns, correspondendo a 70 - 80% dos cálculos (Wittenburg, 2010; Knab et

    al ., 2014).

    Cálculos biliares de pigmentos marrons estão associados à hipomotilidade

    biliar, infecção bacteriana e parasitose da vesícula biliar que são mais comuns

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    19/114

    18

    no leste da Ásia (Stinton & Shaffer, 2012). Já os cálculos biliares pretos são

    compostos por bilirrubinato de cálcio e glicoproteínas de mucina, (Shaffer,

    2006) e correspondem a 2% de todos os cálculos biliares. Eles estão

    associados com doença hepática crônica e a presença de hemólise (Lammert

    & Miguel, 2008).

     A formação de cálculos biliares de colesterol tem sido ilustrada desde a década

    de 1960, com variações do triângulo de  Admirand , que é um diagrama de

    equilíbrio de sais biliares, colesterol e lecitina. A supersaturação de colesterol,

    a diminuição da quantidade de sais biliares ou lecitina, ou uma combinação

    destes fatores promove a formação de cálculos biliares (Johnson, 2001).

     A patogênese dos cálculos biliares de colesterol depende de múltiplos fatores e

    envolve supersaturação de colesterol na bile, nucleação de cristais,

    hipomotilidade, absorção e secreção da vesícula biliar (O´Connell & Brasel,

    2014). A nucleação refere-se ao processo no qual são formados e aglomerados

    de cristais sólidos de monohidrato de colesterol. À medida que a bile é

    concentrada no interior da vesícula biliar, ocorre uma transferência de

    fosfolipídios e colesterol das vesículas para as micelas. Estas vesículas ricas

    em colesterol agregam-se para formar grandes vesículas multilamelares que

    então precipitam cristais de monohidrato de colesterol. Glicoproteínas

    mucinosas, imunoglobulinas e transferrina são fatores pró-nucleação que

    aceleram a precipitação de colesterol na bile (Chari & Shah, 2010).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    20/114

    19

     Além disso, a hipomotilidade da vesícula biliar leva à estase, que aumenta o

    tempo de permanência da bile no interior da vesícula biliar, permitindo o

    crescimento excessivo de cristais (Jureindini et al., 2008).

    1.2 Fatores de risco para litíase biliar

    O desenvolvimento de colelitíase é multifatorial. Os fatores de risco não

    modificáveis são idade, sexo, etnia e fatores genéticos. Os modificáveis

    incluem dieta, obesidade, perda rápida de peso, sedentarismo e uso de certos

    medicamentos (Shaffer, 2006).

    Idade

    O risco de desenvolvimento de cálculos biliares aumenta significativamente

    com o avançar da idade. Depois de 40 anos de idade a frequência de litíase

    biliar é de 4 a 10 vezes mais elevada (Stinton & Shaffer, 2012), devido ao

    aumento da saturação de colesterol biliar e à hipomotilidade intestinal

    (Donovan, 1999) comparada a frequência de litíase em indivíduos com menos

    de 40 anos. O tipo de cálculo também varia com a idade, inicialmente sendo

    composto predominantemente de colesterol, e depois por pigmento preto. O

    cálculo preto está associado a doenças hemolíticas, cirrose, uso de nutrição

    parenteral total, ressecção do íleo e em pacientes idosos (Shaffer, 2005). 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    21/114

    20

    Etnia

    Estudos de necropsia e estudos populacionais demonstraram claramente a

    existência de diferenças raciais no desenvolvimento da coletlitíase que não

    pode ser completamente explicada por fatores ambientais. A tribo Pima do

     Arizona tem a maior prevalência de cálculos biliares no mundo: mais de 70%

    das mulheres com idade acima de 25 anos apresentam cálculos biliares ou

    antecedente de colecistectomia. Altas taxas de prevalência de cálculos biliares

    também foram relatadas em outras tribos indígenas norte-americanas,

    incluindo as Chippewas, Navajo, Micmacs e Cree-Ojibwas (La Mont et al .,

    1984).

    Everhart et al.,  (1999) ao utilizar os dados do estudo National Health and

    Nutrition Exam Survey (NHANESIII) observou a prevalência de litíase biliar

    similar em americanos de origem mexicana do sexo masculino (8,9%) e

    homens brancos não hispânicos (8,6%), sendo ambas as prevalências maiores

    do que em homens negros não hispânicos (5,3%). Entre as mulheres, a

    prevalência foi maior para as americanas de origem mexicana (26,7%), seguida

    de brancas não hispânicas (16,6%) e negras não hispânicas (13,9%) (Everhart

    et al., 1999).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    22/114

    21

    Fatores genéticos

    Estudos familiares mostraram que as pessoas com parentes de primeiro grau

    com história de cálculos biliares são de 2 a 4 vezes mais propensos a

    desenvolver cálculos biliares em comparação com pessoas sem antecedente

    familiar de colelitíase (Gilat et al., 1983; Sarin et al., 1995). O estudo realizado

    em gêmeos suecos, publicado em 2005, incluiu 43.141 pares de gêmeos

    monozigóticos e dizigóticos. O estudo revelou taxas significativamente maiores

    de litíase biliar em gêmeos monozigóticos em comparação com gêmeos

    dizigóticos, especialmente no grupo mais jovem. Os pesquisadores verificaram

    que o efeito genético é responsável por 25% de litíase biliar nos gêmeos

    (Katsika et al ., 2005). Nakeeb et al.  (2002), avaliaram 358 famílias do centro-

    Oeste americano e sugerem que os fatores genéticos são responsáveis por,

    pelo menos, 30% dos cálculos biliares sintomáticos. Estes estudos mostraram

    que, embora membros da família compartilhem exposições ambientais comuns,

    incluindo hábitos alimentares, a predisposição genética é um fator de risco

    importante para o desenvolvimento de litíase biliar.

    Sexo, paridade e contraceptivos

    Em todas as populações, independente da prevalência global de cálculos

    biliares, mulheres durante seus anos férteis são quase duas vezes mais

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    23/114

    22

    propensas que os homens a desenvolverem colelitíase (Valdiveso et al., 1993;

    O´Connell & Brasel, 2014; Shaffer, 2006). A variação na incidência em

    mulheres se deve a fatores de risco como idade próxima aos 40 anos,

    fertilidade, presença de obesidade e número de gestações, seguindo a máxima

    dos quatro F, expressão derivada das palavras em inglês forty, female, fat,

    fertile (Horn, 1956; Shaffer, 2006; Donovan, 1999).

    Essa preponderância persiste, em menor escala no período pós-menopausa e

    a diferença entre os sexos diminui com o aumento da idade (Trotman et al., 

    1975; Shaffer, 2005). O aumento dos níveis do hormônio estrogênio, em

    consequência de gravidez ou de terapia de reposição hormonal, ou o uso de

    combinados incluindo estrogênio e progesterona para contracepção podem

    aumentar a secreção de colesterol e diminuir a secreção de sais biliares,

    enquanto a progesterona age na redução do movimento da vesícula biliar

    resultando na formação de cálculos biliares. (Valdiveso et al., 1993; O´Connell

    & Brasel, 2014; Etminam et al., 2011; Maringhini et al .,1993).

    Fatores dietéticos

    Estudos epidemiológicos têm identificado que as dietas ricas em carboidratos

    refinados, em triglicerídeos, e com baixo teor de fibras estão associadas com o

    desenvolvimento de cálculos biliares. As dietas ricas em proteínas e fibras têm

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    24/114

    23

    o efeito oposto, protegendo contra o desenvolvimento de cálculos biliares

    (Kritchevsky & Dlurfeld, 1983; Attili et al., 1998). O consumo de fibra alimentar

    acelera o tempo de trânsito intestinal, levando a uma diminuição na formação

    dos ácidos biliares secundários. Como os ácidos biliares secundários estão

    associados a um aumento do índice de saturação de colesterol na bile, o

    aumento do consumo de fibras alimentares previne o desenvolvimento de

    cálculos biliares (Yhoo & Lee, 2009).

    O papel de outros fatores dietéticos ainda é pouco claro com dados conflitantes

    no que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas e café. Em relação ao

    consumo de bebida alcoólica algumas pesquisas mostram efeito protetor (La

    Vecchia et al., 1994; Kono et al., 2002) enquanto outras mostram associação

    com a formação de cálculos biliares (Singh et al ., 2001;Timmer A et al ., 2000).

    Um estudo realizado em homens japoneses mostrou efeito protetor do

    consumo de café sobre o risco de cálculos biliares (Ishizuka et al., 2003), mas

    outros estudos não confirmaram essa relação (Leitzmann et al., 2002).

     A nutrição parenteral total é um fator de risco conhecido para o

    desenvolvimento de litíase biliar, pois há uma correlação forte entre a perda do

    estímulo entérico e a redução da contração da vesícula biliar que leva à estase.

    Estudo demonstrou que após quatro semanas de nutrição parenteral total, 50%

    dos pacientes desenvolveram lama biliar, que evoluiu para 100% de litíase em

    6 semanas (Messing et al., 1983).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    25/114

    24

    Obesidade e distribuição de gordura corporal

     A obesidade é um importante fator de risco para a calculose biliar, sendo mais

    importante nas mulheres do que nos homens, (Shaffer, 2006; Trotman et al.,

    1975) particularmente em relação à obesidade abdominal (Erlinger, 2000; Tsai

    et al., 2004; Shaffer, 2005). A obesidade aumenta o risco de cálculos biliares

    de colesterol, aumentando a secreção biliar de colesterol, como consequência

    de um aumento na 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase (HMGCoA).

    Estudos epidemiológicos descobriram que o risco litogênico da obesidade é

    maior em mulheres jovens (Trotman et al., 1975) e aumenta linearmente com o

    aumento do índice de massa corporal (Maclure et al., 1989). Pelo menos 25%

    dos obesos mórbidos apresentam litíase biliar (Li VK et al., 2009).

    Perda de peso rápida

    Ironicamente, perda de peso rápida é também um fator de risco para o

    desenvolvimento de cálculos biliares e ocorre em 25% a 30% dos pacientes

    após cirurgia bariátrica (Shaffer, 2006). A perda de peso rápida está associada

    a ocorrência de lama biliar e de cálculos biliares em 10-25% dos pacientes

    algumas semanas antes do início do emagrecimento (Yang et al ., 1992). Se

    uma pessoa perde peso rapidamente, o fígado secreta mais colesterol e

    rapidamente mobiliza colesterol do tecido adiposo. O jejum associado a dietas

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    26/114

    25

    com restrição de gordura, reduz a contração da vesícula levando a estase, e

    favorecendo a formação de cálculos biliares. A fim de melhorar o esvaziamento

    da vesícula biliar, pode-se incluir uma pequena quantidade de gordura na dieta

    para inibir a formação de cálculos biliares em pacientes submetidos a rápida

    perda de peso (Gebhard et al., 1996; Capron et al., 1981).

     Atividade física

     A atividade física regular facilita o controle de peso e melhora as alterações

    metabólicas relacionadas à obesidade e aos cálculos biliares de colesterol. Um

    estudo realizado com 7.831 homens americanos de ascendência japonesa, no

    Havaí concluiu que houve uma diminuição no risco de calculose biliar com o

    aumento da atividade física (Kato et al., 1992). No Nurses’ Health Study , as

    mulheres foram avaliadas em relação à prática da atividade física e ao risco de

    colecistectomia. Os resultados mostraram que a prática de atividade física

    moderada e vigorosa reduz o risco de colecistectomia e o sedentarismo

    aumenta o risco do procedimento (Leitzmann et al ., 1999).

    Uso de medicamentos

    O medicamento octreotida tem ação análoga a somatostatina de longa duração

    e seu principal mecanismo para formação de calculose biliar é a inibição da

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    27/114

    26

    colecistoquinina pós-prandial. Esta inibição provoca hipomotilidade e estase da

    vesícula biliar, levando a colelitíase. Um estudo realizado com 44 pacientes

    portadores de tumores carcinoides metastático ou carcinoma de células de

    ilhota pancreática sem história prévia de terapia com somatostatina foram

    avaliados durante o tratamento com octreotida. A incidência de colelitíase foi de

    52,3%, o tempo médio para a ocorrência de colelitíase foi de 28 meses

    (Trendle et al., 1997).

     A ceftriaxona é um antibiótico do grupo das cefalosporinas de terceira geração,

    e sua principal forma de eliminação é renal, e em 40% pela via biliar,

    alcançando concentrações na bile de 20-150 vezes maiores que no sangue

    (Park et al., 1991). A ceftriaxona pode induzir a formação de lama biliar ou

    colelitíase em adultos e crianças, que usualmente é assintomática e tem

    involução completa após o término da medicação (Maccherini et al., 1998; Tsai

    et al., 2009).

    1.3 Diagnóstico

     A ultrassonografia é o exame padrão ouro para diagnosticar doenças da

    vesícula biliar (Portincasa et al ., 2006). Outros exames como o colecistograma

    oral ou a cintilografia têm indicações muito restritas e específicas. Em

    comparação com a tomografia computadorizada, a ultrassonografia tem, além

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    28/114

    27

    das vantagens de menor custo, de maior acesso ao exame e de não ser

    invasivo, um índice de acerto muito superior (Speranzini & Deutsch, 1991).

    O exame radiológico simples do abdome só identifica cálculos biliares

    radiopacos que correspondem a 10 a 15% do total e raramente traz

    informações úteis (Bellows et al., 2005).

    1.4 Epidemiologia

     A prevalência de calculose biliar no mundo é variável de acordo com a

    localização geográfica e com o grupo populacional estudado (Johnson, 2001;

    Heaton et al ., 1991). Atualmente, os cálculos biliares são um problema

    frequente em países desenvolvidos, afetando 10 a 15% da população adulta

    nos Estados Unidos (Shaffer, 2005; Schirmer et al ., 2005; Tazuma, 2006)

    enquanto na Europa a prevalência variou entre 5,9% e 21,9% (Aerts &

    Penninckx, 2003). Litíase biliar foi também a principal causa de internação

    hospitalar por problemas gastrointestinais nos Estados Unidos no ano de 2000,

    com custos de cerca de US $ 5,8 bilhões (Sandler & Everhart, 2002).

    No Brasil, estudos de prevalência de colelitíase na população geral são

    escassos (Ferreira et al., 2004). Um estudo prévio analisou 500 pacientes, que

    procuraram o serviço de ultrassonografia do Hospital Universitário Presidente

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    29/114

    28

    Dutra da Universidade Federal do Maranhão para verificar sintomas não

    relacionados à vesícula biliar, por meio de ultrassonografia e encontrou

    frequência de 18,4% de colelitíase incluindo no cálculo as pessoas previamente

    submetidas à colecistectomia (Torres et al., 2004). Utilizando ultrassonografia

    abdominal, Coelho et al  encontraram prevalência de 9,3% em uma amostra de

    conveniência composta por 1000 voluntários frequentadores de um shopping

    center  da cidade de Curitiba (Coelho et al ., 1999). Outro estudo realizado na

    mesma cidade que também utilizou exame de ultrassonografia abdominal para

    o diagnóstico mostrou em 384 pacientes hospitalizados com idade superior a

    20 anos, frequência de 14,8% de litíase biliar. Essa frequência aumentou com a

    idade e a paridade (Coelho et al., 1991).

    Mantovani et al , (2001) avaliou a presença de colelitíase por meio de 2355

    necropsias na população acima de 10 anos na cidade de Campinas (São

    Paulo) e encontrou frequência de 10,3%. Ele observou o aumento progressivo

    da colelitíase com a idade e predomínio em indivíduos da raça branca. Outro

    estudo que avaliou 1303 pacientes que foram a óbito e submetidos a autópsia

    no Hospital das Clínicas no Paraná encontrou 7,8% de litíase biliar com

    frequência mais elevada no sexo feminino (5,3%) do que masculino (3,9%)

    (Coelho et al., 1993). Em 2014 houve 243.966 internações pelo SUS (Sistema

    Único de Saúde) devido à colelitíase e à colecistite (DATASUS, 2015).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    30/114

    29

    Tipos de colecistite

     A colecistite é definida como inflamação da vesícula biliar, que pode se

    apresentar de forma aguda ou crônica. Noventa por cento dos casos estão

    relacionados à presença de colelitíase (Santos et al., 2008).

     A colecistite aguda calculosa é a obstrução do ducto cístico por calculo biliar

    levando a cólica biliar (Brunett & Scarpelini, 2007). A colecistite acalculosa

    responde por 5% a 10% de todos os pacientes com colecistite aguda.

    Normalmente ocorre em pacientes graves após trauma, queimaduras, uso de

    nutrição parenteral total e procedimentos cirúrgicos complexos não biliares

    (Ziesseman, 2003).

     A colecistite crônica calculosa implica em um processo inflamatório em

    andamento ou recorrente, associado à litíase biliar. Os cálculos são

    responsáveis pelo aparecimento de irritação crônica da mucosa, o que

    prejudica o funcionamento da vesícula biliar, podendo levar a obstrução parcial

    da drenagem vesicular e cólica biliar (Bellows et al., 2005; Mulvihill, 2003).

    Embora a maioria das pessoas com cálculos biliares seja assintomática, cerca

    de 20% apresentam sintomas em algum momento e 7% requerem intervenções

    cirúrgicas (Ransohoff et al., 1983; Halldestam et al., 2004). A colecistectomia é

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    31/114

    30

    o único tratamento definitivo para o tratamento da colelitíase (Sakorafas et al., 

    2007).

    1.5 A história da colecistectomia

    O alemão Carl Johann August Langenbuch realizou a primeira colecistectomia

    no Lazarus Krankenhaus Hospital em Berlin em 1882 (Langenbuch, 1889, apud

    Morgenstern, 1992). Posteriormente, a técnica laparoscopia foi introduzida por

    Erich Mühe em 1985 (Mühe, 1986) e rapidamente se difundiu, tornando-se hoje

    o padrão-ouro de tratamento da colelitíase (Ferrarese et al., 2013; NIH, 1993),

    por apresentar menor trauma cirúrgico, menos desconforto ao paciente, menor

    tempo de internação e melhor resultado estético em comparação ao método

    convencional (Nenner et al., 1994; NIH, 1993).

    No Brasil a colecistectomia laparoscópica foi introduzida por Tomaz Szego em

    1990 e desde então foi adotada por muitos cirurgiões (Szego et al., 1991). 

    1.6 Colecistectomia no mundo e no Brasil

     A prevalência de colecistectomia na América do Norte é maior em mulheres

    (8%) do que nos homens (2,4%) e também varia muito, dependendo da raça.

    Mulheres americanas de origem mexicana são mais submetidas à

    colecistectomia do que as mulheres negras e brancas não hispânicas,

    enquanto os homens negros não hispânicos são menos submetidos ao

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    32/114

    31

    procedimento do que homens brancos não hispânicos e americanos de origem

    mexicana (Everhart et al .,1999). Maclure et al. (1989) aponta no estudo Nurses’

    Health  frequência de colecistectomia de 0,49% após o início da pesquisa. Na

     Alemanha, no estudo de saúde da Pomerânia (SHIP), a prevalência de

    colecistectomia foi de 11,1% (Volzke et al ., 2005) e na população chinesa in

    Taiwan a prevalência foi de 1,3% (Liu et al ., 2006).

    Um estudo realizado no período de agosto de 1985 a 2003, com o objetivo de

    verificar a morbidade da colecistectomia, avaliou 557 prontuários de pacientes

    submetidos à colecistectomia na Santa Casa de São Paulo. Do total da

    amostra 27,3% tinham 60 anos ou mais e a maior parte era do sexo feminino

    correspondendo a 81,8% dos casos analisados (Minossi et al., 2007).

    Coelho et al . (1999) com o intuito de determinar a prevalência de colelitíase na

    população da cidade de Curitiba avaliou 1000 pessoas que visitavam um

    shopping center. Estes voluntários realizaram a entrevista, aferição da pressão

    arterial, medidas antropométricas e a ultrassonografia de abdome. Foi

    encontrada a prevalência de 2,9% (29) de colecistectomia na população

    estudada. A frequência de calculose em mulheres foi de 12,9% e nos homens

    5,4%. A prevalência conjunta de calculose biliar e colecistectomia foi mais

    elevada em mulheres, mais idosas que apresentavam IMC elevado.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    33/114

    32

    2 HIPÓTESE DO ESTUDO

    O perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes submetidos a colecistectomia

    pode ter mudado nos últimos anos em relação ao perfil descrito na literatura

    que mostra maior frequência da calculose biliar e da colecistectomia em

    mulheres, obesas, com mais de 40 anos.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    34/114

    33

    3 JUSTIFICATIVA

    É muito importante detectar se houve uma mudança no perfil sociodemográfico

    e clínico dos indivíduos submetidos à colecistectomia. Os participantes do

    ELSA-Brasil são uma população bem definida que é seguida anualmente em

    relação a desfechos de saúde incluindo procedimentos cirúrgicos. A detecção

    de uma mudança no perfil sociodemográfico e clínico ajudará a entender

    melhor a indicação cirúrgica frente a fatores como a evolução técnica do

    procedimento, o aumento da obesidade nas últimas décadas no Brasil, o

    acesso aos serviços de saúde e potenciais complicações associadas ao

    procedimento. Além disso, muito poucos estudos avaliaram fatores associados

    à colecistecomia na população brasileira.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    35/114

    34

    4 OBJETIVOS

    4.1 Geral

    Determinar a frequência de colecistectomia e avaliar as características

    sociodemográficas e clínicas associadas usando os dados obtidos nos dois

    primeiros anos de seguimento após a linha de base do Estudo Longitudinal da

    Saúde do Brasil (ELSA-Brasil) Adulto no Centro de Investigação de São Paulo.

    4.2 Específicos

     Analisar a prevalência e as características sociodemográficas e clínicas dos

    participantes submetidos à colecistectomia antes do início do estudo.

     Analisar a prevalência e as características sociodemográficas e clínicas dos

    participantes submetidos à colecistectomia durante a vida (incluindo as

    cirurgias antes e depois da linha de base do estudo).

    Caracterizar o perfil de comorbidades associado ao participante submetido à

    colecistectomia.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    36/114

    35

    5 CASUÍSTICA E MÉTODOS

    O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) é um estudo de

    coorte prospectivo desenvolvido para investigar a incidência de doenças

    cardiovasculares e diabetes, bem como seus determinantes biológicos e

    sociais. O estudo incluiu originalmente 15.105 indivíduos funcionários públicos

    de instituições de ensino e pesquisa localizadas em 6 cidades - Belo Horizonte,

    Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória - localizados em

    três diferentes regiões do Brasil (Schmidt et al., 2014).

    Para esta análise foram utilizados somente os participantes do estudo no

    centro de investigação São Paulo que totalizam 5.061 participantes. A inclusão

    dos participantes de São Paulo se justifica porque ainda não há informação de

    todos os centros disponível para análise. As investigações em São Paulo já

    estão em avançado estágio de andamento com finalização dos casos de

    eventos investigados nos dois primeiros anos de seguimento do estudo.

    Os participantes do ELSA-Brasil obedeceram aos critérios de inclusão do

    estudo que arrolou funcionários e servidores públicos ativos e aposentados da

    Universidade de São Paulo – USP e idade entre 35 e 74 anos. E os critérios de

    exclusão foram estar em processo de desvinculação da instituição ou estar

    tomando alguma iniciativa neste sentido; mulheres grávidas ou cuja gravidez

    tenha terminado nos últimos quatro meses; aposentados com dificuldade de

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    37/114

    36

    cognição ou de comunicação que impedisse a realização da entrevista e residir

    fora da região metropolitana (Aquino et al., 2012; Aquino et al ., 2013).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    38/114

    37

    6 COLETA DE DADOS

    Os dados da linha de base do ELSA- Brasil foram coletados em duas fases. A

    primeira, com duração de aproximadamente uma hora, incluiu a obtenção do

    termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e entrevista inicial no local

    de trabalho do participante. A segunda, que compreende entrevistas e exames

    complementares, durou cerca de seis horas e foi realizada nos centros de

    pesquisa do estudo a partir de agosto de 2008 a dezembro de 2010 (Aquino et

    al., 2013; Benseñor et al., 2013).

    Foram coletadas informações quanto a características sociodemográficas,

    saúde e história médica pregressa, história ocupacional, fatores psicossociais,

    história familiar de doenças, hábitos de fumar, plano de saúde, histórico do

    peso e imagem corporal, consumo alimentar, consumo alcoólico, atividade

    física, uso de medicamentos, função cognitiva, saúde mental e, para

    participantes mulheres, saúde reprodutiva. Quanto aos exames, foram

    realizados os seguintes procedimentos: antropometria, medida da pressão

    arterial, índice tornozelo-braquial, medida da pressão arterial após manobrapostural, velocidade de onda de pulso, medida da espessura médio-intimal,

    variabilidade da frequência cardíaca, ecocardiografia transtorácica, retinografia,

    exames laboratoriais, eletrocardiograma e ultrassonografia abdominal (Aquino

    et al., 2012; Mill et al ., 2013). Para garantir a qualidade do estudo, foi realizada

    uma série de estudos-piloto, identificando e corrigindo possíveis problemas nos

    instrumentos de coleta de dados e de procedimentos. Um comitê de

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    39/114

    38

    treinamento, certificação e recertificação dos entrevistadores e profissionais

    responsáveis pelo centro de pesquisa mantinham o controle de qualidade. Os

    procedimentos padronizados do estudo são detalhados nos manuais ELSA-

    Brasil (Aquino et al., 2012).

    Durante a coleta de dados, foram realizadas reuniões periódicas de equipe

    para discutir os problemas e verificar se os procedimentos padronizados

    estavam sendo corretamente implementados. Sistematicamente, supervisores

    observavam a técnica, utilizando  checklists  previamente preparados. As

    entrevistas eram gravadas, e uma amostra das gravações era revisada por

    entrevistadores experientes de outros centros. Em teleconferências periódicas,

    coordenadores clínicos analisaram questões relacionadas com a normalização

    de procedimentos. A confiabilidade de instrumentos e de medidas foi avaliada

    por meio da obtenção de medidas duplicadas em subamostras (Aquino et al.,

    2012; Schmidt et al ., 2013).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    40/114

    39

    7 INSTRUMENTOS

    7.1 Questionário

    Os dados sociodemográficos, estilo de vida e algumas características clínicas

    foram obtidos por meio de questionário aplicado pela equipe treinada e

    certificada (Chor et al., 2013).

    7.1.1 Características sociodemográficas

     As variáveis utilizadas no presente estudos são sexo, idade, estado civil, etnia/

    raça  –  autorreferida e categorizada como branca, parda, negra, asiática eindígena de acordo com a pergunta sobre raça do censo 2010; grau de

    instrução (ensino fundamental incompleto; ensino fundamental completo;

    ensino médio completo e superior completo) e renda familiar em reais

    (descrição dos valores ≤830; >830

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    41/114

    40

    7.2 Medidas antropoméricas e de pressão arterial

    7.2.1 Aferição de peso

    O peso corporal foi aferido com o sujeito descalço, em jejum, trajando uniforme

    padrão sobre as roupas íntimas. Utilizou-se balança eletrônica (Toledo®,

    modelo 2096PP), com capacidade de 200kg e precisão de 50g (Lohman et al.,

    1988 ; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013)

    7.2.2 Aferição de altura

     A altura foi medida com estadiômetro de parede (Seca®, Hamburg, BRD) com

    precisão de 1 mm, afixado à parede lisa e sem rodapé. O indivíduo em posição

    supina, descalço, encostando cabeça, nádegas e calcanhares na parede e com

    o olhar fixo no plano horizontal. A estatura era verificada no período inspiratório

    do ciclo respiratório (Lohman, et al., 1988; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013).

    7.2.3 Cálculo do índice de massa corpórea – IMC

     Após a aferição do peso e altura, calculou-se o Índice de Massa Corporal (IMC)

    para classificação do estado nutricional dos participantes de acordo com a

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    42/114

    41

    seguinte fórmula IMC = peso (kg)/altura(m)2. Foram utilizados os pontos de

    corte recomendados pela Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995).

    1- Baixo peso: IMC abaixo de 18,5 kg/m2 

    2- Normal: IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2 

    3- Sobrepeso: IMC de 25,0 a 29,9 kg/m2 

    4- Obesidade: IMC a partir de 30 kg/m2, sendo que este pode ser dividido

    em:

    Grau 1: IMC de 30 a 34,9 kg/m2

     

    Grau 2: IMC de 35,0 a 39,9 kg/m2 

    Grau 3: IMC a partir de 40 kg/m2

    7.2.4 Circunferência da cintura

    Considerou-se como referência da cintura, o ponto médio entre a borda do

    último arco costal e a crista ilíaca. Os valores foram obtidos por meio de uma

    fita métrica graduada em milímetros (Lohman, et al., 1988; CDC, 2004;

    Benseñor et al., 2013). O ponto de corte da circunferência da cintura para

    complicações metabólicas descrito em literatura é >88 cm para mulheres ou

    >102cm para homens (Janssen et al., 2002).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    43/114

    42

    7.2.5 Medida da pressão arterial

     A pressão arterial de repouso foi aferida 3 vezes na posição sentada após 5

    minutos de repouso usando um aparelho oscilométrico validado. A média das

    segunda e terceira medidas foram utilizadas na análise (Lohman TG et al.,

    1988; CDC, 2004; Benseñor et al., 2013; Mill et al., 2013). Hipertensão arterial

    foi definida como uso de medicamentos para tratar a hipertensão, ou uma

    pressão arterial sistólica ≥140 mm Hg ou a pressão arterial diastólica ≥90 mm 

    Hg.

    7.3 Exames laboratoriais

     As amostras de sangue foram coletadas em duas etapas: após 12 horas de

     jejum noturno e 2 horas após a ingestão de uma sobrecarga de glicose. Nos

    participantes com diabetes o teste de tolerância oral a glicose foi substituído

    por uma carga alimentar padronizada. Todas as análises foram realizadas no

    Hospital Universitário, Universidade de São Paulo (Aquino et al., 2012; Fedeli

    et al., 2013; Benseñor et al., 2013).

     A quantificação da glicemia foi obtida pelo método da hexoquinase (ADVIA

    1200 Siemens, Deerfield, Illinois). A hemoglobina glicada  – hbA1c foi realizada

    por cromatografia líquida de alta pressão (Bio-Rad Laboratories, Hercules,

    Califórnia) (Aquino et al., 2012; Fedeli et al., 2013; Schmidt et al., 2014).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    44/114

    43

    Diabetes foi definido como diagnóstico médico prévio de diabetes ou uso de

    medicamentos para tratar a diabetes, ou glicose de jejum ≥126 mg/dl, ou após

    duas horas de ingestão de solução padronizada de glicose níveis ≥200 mg/dl,

    ou de HbA1c ≥6,5% (ADA, 2004). 

    Foram analisados os níveis de colesterol total pelo método da colesterol

    oxidase (enzimático calorimétrico), de HDL-colesterol pelo método calorimétrico

    homogêneo sem precipitação, de triglicérides pelo método glicerol-fosfato

    peroxidase segundo Trinder  (enzimático calorimétrico). Em todas as análises o

    equipamento utilizado foi o ADVIA 1200 Siemens®. O LDL- colesterol ( low-

    density lipoprotein) foi calculado por meio da equação de Friedewald  quando os

    triglicérides ≤400 mg/dl, sendo considerado desejável para pacientes de alto

    risco:

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    45/114

    44

    7.4 Ultrassonografia do fígado

     A ultrassonografia hepática nos participantes foi realizada por tecnólogos, após

    treinamento por médicos radiologistas, utilizando-se um scanner B-modo de

    alta resolução (SSA-790A, Aplio XG, Toshiba Medical System, Tóquio, Japão)

    e um transdutor de matriz convexa (modelo PVT-375BT), com uma frequência

    central de 3.5MHz, e uma frequência fundamental de 1,9-5,0MHz. Após o

    processo de aquisição, as imagens da ultrassonografia hepática foram

    verificadas por radiologistas, no centro de leitura de ultrassonografia do ELSA-

    Brasil. O controle de qualidade foi realizado por radiologista sênior que foi

    responsável também pela elaboração do protocolo. O protocolo de

    ultrassonografia hepática seguiu os critérios abaixo:

    1. Atenuação hepática do feixe de ultrassom: realizou-se uma avaliação

    ultrassonográfica utilizando modo B com sistema de classificação visual de

    quatro pontos com base no grau de visualização do diafragma na região

    posterior ao lobo direito do fígado. A atenuação do fígado foi classificada como

    normal (visualização completa do diafragma) ou alterada, sendo leve (>50% de

    visão parcial do diafragma); moderada (

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    46/114

    45

    imagens de ultrassonografia deveriam ser mensuradas com a presença de

    parâmetros anatômicos: a superfícies anterior e posterior do fígado, a vesícula

    biliar e a veia porta.

    3. Índice Hepatorrenal: É a relação entre o nível de brilho no parênquima

    hepático em relação ao parênquima renal, com base na avaliação qualitativa

    das imagens ultrassonográficas. Esteatose hepática foi definida como um

    índice hepatorrenal igual ou maior do que 1,5.

    O controle da qualidade das imagens da medida do diâmetro ântero-posterior

    do lobo direito do fígado foi baseado no número de estruturas anatómicas

    identificadas no plano axial do lobo direito do fígado, como se segue: (1)

    inaceitável (sem referência anatômica); (2) baixa (uma referência anatômica);

    (3) aceitável (duas referências anatômicas: superfície hepática anterior e

    posterior); (4) muito boa (três pontos anatômicos: superfícies anterior e

    posterior do fígado, vesícula biliar ou veia porta); e (5) excelente (quatro pontos

    anatômicos: superfícies anterior e posterior do fígado, vesícula biliar e veia

    portal) (Goulart et al., 2014).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    47/114

    46

    7.5 Avaliação psiquiátrica

    Os dados sobre a saúde mental foram avaliados por entrevistadores treinados,

    utilizando o validado, versão em Português adaptada de Clinical Interview

    Schedule-Revised   (CIS-R). O CIS-R é uma entrevista estruturada para o

    diagnóstico de morbidade psiquiátrica não-psicótica em ambientes

    comunitários e de cuidados primários. Este questionário foi desenvolvido em

    1992 por Lewis et al.  (1992) para ser utilizado especificamente em

    comunidades. Além disso, o diagnóstico de transtornos específicos é obtido por

    meio da aplicação de algoritmos baseados nos critérios diagnóstico CID-10

    (WHO, 2010).

    7.6 Avaliação sobre a realização de atividade física

     A atividade física foi aferida de acordo com o Internacional Physical Activity

    Questionnaire (IPAQ), que originalmente avalia o nível de atividade física em

    quatro domínios; a atividade física no trabalho, domicílio, transporte e lazer. No

    ELSA-Brasil somente foram incluídos os módulos de lazer e deslocamento da

    versão longa do IPAQ. Os participantes foram classificados de acordo com o

    tempo de AF por semana em ativos, insuficientemente ativos e inativos.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    48/114

    47

    7.7 Entrevista telefônica

     A vigilância de eventos de saúde foi feita por meio de entrevistas telefônicas

    anuais durante os dois primeiros anos de seguimento após a linha de base.

    Também foi feita a procura de eventos no Sistema de Informações sobre

    Mortalidade municipal, estadual e nacional. Nas entrevistas telefônicas anuais

    pergunta-se sobre o estado geral de saúde dos participantes, incluindo novos

    diagnósticos, internações e atendimentos de urgência (Barreto et al ., 2013).

    7.8 Revisão de prontuários

     A partir da notificação de evento de saúde da entrevista anual de seguimento

    uma equipe treinada e certificada entra em contato com as instituições

    referidas, solicita e coleta a cópia do prontuário (Barreto et al ., 2013). Para este

    estudo selecionou-se todas as informações sobre os procedimentos relativos a

    vesícula biliar nos dois primeiros anos de seguimento após a linha de base.

    O procedimento de recuperação dos dados do prontuário varia de instituição

    para instituição. Alguns hospitais solicitaram a avaliação pelo Comitê de Ética

    em Pesquisa para permitir o acesso aos prontuários e posteriormente as

    solicitações e consultas eram realizadas diretamente no Serviço de Arquivo

    Médico e Estatística, na Educação Continuada ou na secretaria da diretoria.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    49/114

    48

    Em algumas instituições houve a solicitação de autenticação em cartório da

    assinatura do termo de consentimento. Nestes casos o voluntário era

    contatado, e explicava-se a exigência da instituição. Para quem não possuía

    registro em cartório ou estava desatualizado, era agendado um horário no

    cartório de preferência do participante para a realização do procedimento. Em

    outros casos, era necessário que o próprio participante preenchesse o

    formulário de liberação do prontuário de próprio punho e acompanhado de

    cópia da carteira de identidade pedia-se o acesso ao prontuário. Nestes casos

    uma pessoa treinada da equipe do estudo acionava o participante para

    preenchimento do requerimento e posterior encaminhamento ao hospital.

    Em alguns casos o funcionário do hospital em que ocorreu o desfecho de

    interesse do estudo entrava em contato com o participante ELSA-Brasil para

    confirmar sua participação no estudo e assim autorizar mediante o termo de

    consentimento o acesso ao prontuário. Outras instituições permitiram o acesso

    ao prontuário após o envio por e-mail da solicitação em formulário próprio da

    instituição e a cópia do termo de consentimento. Poucas instituições se

    negaram a colaborar, nestes casos foi pedido ao participante que solicitasse e

    retirasse o próprio prontuário.

    Somente após todas as exigências sanadas, entrava-se em contato para

    agendamento de coleta de dados no prontuário do participante. Os prontuários

    foram disponibilizados em diferentes formatos como CD, fotocópia, fax, e-mail

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    50/114

    49

    e correios. Outras instituições permitiam a consulta acompanhada para

    fotografar, utilizar scanner ou impressão direta do prontuário eletrônico.

    7.8.1 Dados coletados do prontuário

    Os prontuários foram analisados e as informações referentes a confirmação do

    procedimento de colecistectomia e a via de realização (convencional ou

    laparoscópica) foram coletadas.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    51/114

    50

    8 VARIÁVEIS ANALISADAS DO ESTUDO

    8.1 Variável dependente

      Ter sido submetido à colecistectomia.

    8.2 Variáveis independentes

      Variáveis sociodemográficas:

    o  Idade: anos completos, calculada a partir da data da entrevista e da data

    de nascimento. Expressa em média e desvio padrão.

    o  Idade: por faixa etária

    o  34-44,9

    o  45-54,9

    o  55-64,9

    o  65-74

    o  Sexo: masculino ou feminino;

    o  Estado conjugal: com companheiro ou com companheiro;

    o  Etnia/Raça: branca, parda, negra, asiática e indígena;

    o  Grau de instrução:

    o  < 11 anos de estudo - ensino fundamental

    o  11 a 15 anos de estudo - ensino médio

    o  > 15 anos de estudo - ensino superior

    o  Ocupação:

    o  Básico

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    52/114

    51

    o  Técnico

    o  Superior

    o  Renda familiar em reais (R$)

    o  ≤2489 

    o  ≥2490 ≤ 6639 

    o  ≥ 6640 

    o  Plano de saúde: sim ou não

    o  Gravidez: sim ou não

    o  Paridade: número de filhos

    o  Sem filhos- 0

    o  De um a três filhos – 1-3

    o  Quatro ou mais filhos – 4 ou +

      Variáveis antropométricas:

    o  Altura: em metros com duas casas decimais, aferida pela enfermeira;

    o  Peso: em quilogramas com uma casa decimal, aferida pela enfermeira;

    o  Índice de Massa Corpórea (IMC): Foi utilizada neste estudo a

    classificação simplificada do IMC, que utiliza somente três grupos:

    normal, sobrepeso e obesidade e também foi expresso em média edesvio padrão.

    o  Circunferência da cintura: Expressa em média e desvio padrão.

      Variáveis de estilo de vida

    o  Tabagismo: nunca, no passado ou atual.

    o  Consumo de bebida alcoólica: nunca, no passado ou atual.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    53/114

    52

    o  Atividade física no lazer.

      Variáveis clínicas:

     As variáveis clínicas foram transformadas em variáveis dicotômicas para

    análise.

    o  Diabetes mellitus: sim ou não;

    o  Hipertensão arterial sistêmica: sim ou não;

    o  Dislipidemia: sim ou não;

    o  Transtorno depressivo Maior: sim ou não;

    o  Transtorno de ansiedade generalizada: sim ou não;

    o  Submetido à cirurgia bariátrica: sim ou não.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    54/114

    53

    9 ANÁLISE DOS DADOS

    Todos os dados foram lançados em planilha de software Microsoft Office

    Excel ® 2010 e posteriormente convertido para o software Statistical Package

    for Social Sciences (SPSS). A análise estatística foi realizada com o software

    estatístico SPSS versão 22.0.

     As variáveis categóricas são apresentadas como proporções e foram

    comparados pelo teste do qui-quadrado. Foi utilizado o teste post-hoc de

    Bonferroni   para avaliação das diferenças entre os grupos. As variáveis

    contínuas são apresentadas como médias (desvio-padrão) e foram

    comparadas usando-se ANOVA com o teste  post-hoc  de Bonferroni. Também

    foi calculado o p de tendência para as variáveis contínuas quando havia mais

    que 2 grupos.

    Um modelo de regressão logística foi construído com características

    sociodemográficas e fatores de risco cardiovasculares, como as variáveis

    independentes e colecistectomia como a variável dependente. Inicialmente foi

    realizada análise da regressão logística sem ajuste, depois ajustada por sexo e

    idade e com ajuste multivariado. Para os fatores sociodemográficos o ajuste

    multivariado incluiu todos os outros fatores sociodemográficos com P

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    55/114

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    56/114

    55

    11 RESULTADOS

     A amostra deste estudo compreende 4716 participantes dos 5061 participantes

    do ELSA-Brasil no Centro de Investigação de São Paulo. Dos 5061

    participantes, em 345 (6,8%) não havia informação sobre antecedente de

    colecistectomia prévia ou não se tinha imagem ultrassonográfica que

    permitisse confirmar a presença ou ausência de vesícula biliar. Além disso, um

    número pequeno de participante acabou não realizando o exame por

    problemas técnicos no aparelho no dia da visita ao centro ELSA, problemas

    locais como cirurgias abdominais prévias, ou falta no dia do reagendamento do

    exame naqueles em que o exame não tinha sido realizado junto com o restante

    do fluxo. Todos os 4716 participantes incluídos responderam à pergunta sobre

    terem realizado ou não colecistectomia prévia e em seguida foram submetidos

    ao procedimento de ultrassonografia. Quando o paciente referia antecedente

    prévio de colecistectomia, mas a vesícula biliar era localizada considerou-se

    como a resposta a presença de vesícula biliar na ultrassonografia e o paciente

    foi classificado como não tendo sido submetido a cirurgia. Quando o paciente

    negava cirurgia prévia, mas a imagem da vesícula biliar não era encontrada,

    era obrigatória a verificação do jejum. Se o participante não estava em jejum o

    exame era remarcado. Além disso, as internações prévias do participante eram

    analisadas para confirmação de cirurgia prévia e se persistisse a dúvida um

    médico radiologista confirmava a ausência da vesícula. A média de idade da

    amostra foi 51,4 (8,9) anos, sendo a maioria composta por mulheres (54,7%).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    57/114

    56

    Os participantes foram agrupados em participantes que realizaram

    colecistectomia antes da linha de base (132, 70,2%) e, portanto, já eram

    colecistectomizados quando entraram no estudo e em participantes que foram

    submetidos à colecistectomia durante os dois primeiros anos de seguimento do

    estudo após a linha de base (56, 29,8%). No total, 188 realizaram a

    colecistectomia e 4528 participantes nunca foram submetidos ao procedimento.

    Dos 4716 participantes, 132 (2,8%) foram submetidos à colecistectomia antes

    da linha de base do estudo, sendo 3,6% (93) em mulheres e 1,8% (39) em

    homens. A média de idade, o IMC e a circunferência da cintura foram mais

    elevados nos participantes com colecistectomia prévia em comparação com os

    participantes sem colecistectomia prévia. Houve um predomínio do sexo

    feminino (70,5% dos casos) e de participantes solteiros (as) (43,2%) dos

    colecistectomizados em relação aos não submetidos ao procedimento os

    colecistectomizados (Tabelas 1 e 2).

     A frequência de diabetes, ex-fumantes e de cirurgia bariátrica foram mais

    elevadas nos participantes submetidos à colecistectomia prévia em relação aos

    sem colecistectomia, mas a frequência de dislipidemia foi maior nos não

    colecistectomizados em relação aos colecistectomizados (Tabela 2).

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    58/114

    57

    Tabela 1 - Características sociodemográficas da amostra de acordo com ahistória de colecistectomia antes da linha de base do estudo.

    Colecistectomia prévia

    Não SimP

    N = 4584 (%) N = 132 (%)

    Idade* (anos) 51 (9,0) 55 (9,6) 0,0001

    Faixa etária (%)

    35-44,9 1109 (24,7)a 18 (13,6)b 0,0001

    45-54,9 1882 (41,1) 53 (40,2)

    55-64,9 1167 (25,5) 34 (25,8)

    65-74 426 (9,3)a 27 (20,6)b

    Sexo (%)Masculino 2099 (45,8) 39 (29,5) 0,0001

    Feminino 2485 (54,2) 93 (70,5)

    Raça (%)

    Branca 2680 (59,3)a 90 (69,8)b 0,08

    Parda 985 (21,8) 22 (17,1)

    Negra 616 (13,6) 14 (10,9)

     Asiática 195 (4,3)a 1 (0,8)b

    Indígena 47 (1,0) 2 (1,6)

    Educação (%)

    Ensino fundamental 708 (15,4) 25 (18,9) 0,55Ensino médio 1821 (39,7) 50 (37,9)

    Ensino superior 2055 (44,8) 57 (43,2)

    Renda familiar (R$) (%)

    ≤2489  1430 (31,4) 37 (28,2) 0,66

    ≥2490 ≤ 6639  1943 (42,6) 56 (42,7)

    ≥ 6640 1188 (26,0) 38 (29,0)

    Situação conjugal (%)

    Sem companheiro 1517 (33,1) 57 (43,2) 0,02

    Com companheiro 3067 (66,9) 75 (56,8)Ocupação (%)

    Básico 1484 (32,4) 45 (34,1) 0,26

    Técnico 1623 (35,4) 38 (28,8)

    Superior 1476 (32,2) 49 (37,1)

    Plano de saúde (%)

    Não 2951 (64,4) 75 (56,8) 0,07

    Sim 1632 (35,6) 57 (43,2)*Média (desvio padrão).Para dados apresentados em média e desvio padrão, foi realizada ANOVA.

    Para variáveis categóricas utilizou o teste qui-quadrado. 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    59/114

    58

    Tabela 2 - Características clínicas da amostra de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.

    Colecistectomia prévia

    Não SimP

    N = 4584 (%) N = 132 (%)

    Índice de massa corpórea* (kg/m2) 27 (4,9) 29 (5,4) 0,0001

    Circunferência da cintura* (cm) 90 (12,7) 94 (13,4) 0,002Diabetes (%)

    Não 3659 (79,8) 83 (62,9) 0,0001Sim 925 (20,2) 49 (37,1)

    Hipertensão (%)

    Não 3113 (68,0) 84 (63,6) 0,30

    Sim 1468 (32,0) 48 (36,4)

    Dislipidemia (%)

    Não 1971 (43,3) 69 (52,7) 0,03

    Sim 2582 (56,7) 62 (47,3)

    Tabagismo (%)

    Nunca fumou 2423 (52,9) 59 (44,7) 0,046

    Ex-fumante 1412 (30,8)a 54 (40,9)b

    Fumante ativo 749 (16,3) 19 (14,4)

    Consumo de álcool (%)

    Nunca 538 (11,7)a 24 (18,2)b 0,08Passado 931 (20,3) 26 (19,7)

    Presente 3113 (67,9) 82 (62,1)

     Atividade física (%)

    Leve 3475 (78,6) 104 (82,5) 0,49

    Moderada 583 (13,2) 15 (11,9)

    Intensa 361 (8,2) 7 (5,6)

    Transtorno depressivo maior (%)

    Não 4388 (95,8) 124 (93,9) 0,31

    Sim 194 (4,2) 8 (6,1)Transtorno de ansiedade generalizada (%)

    Não 4046 (88,3) 117 (88,6) 0,90

    Sim 537 (11,7) 15 (11,4)

    Cirurgia bariátrica (%)

    Não 4570 (99,7) 129 (97,7) 0,0001

    Sim 12 (0,3) 3 (2,3)*Média (desvio padrão).Para dados apresentados em média e desvio padrão, foi realizada ANOVA.Para variáveis categóricas utilizou-se o teste qui-quadrado. 

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    60/114

    59

     A tabela 3 apresenta dados relacionados ao sexo feminino. Mulheres sem filho

    não foram submetidas ao procedimento.

    Tabela 3 - Características clínicas das mulheres de acordo com a história decolecistectomia antes da linha de base do estudo.

    Colecistectomia prévia

    Não SimP

    N = 2485 (%) N = 93 (%)

    Gravidez anterior (%)

    0,34Não 500 (20,1) 15 (16,1)Sim 1983 (79,9) 78 (83,9)

    Paridade (%)

    0,020 131 (6,6) 0

    1-3 1611 (81,2) 63 (80,8)

    4 ou + 242 (12,2) 15 (19,2)

    Faixa etária (%)

    0,059≤49 anos  1154 (46,5) 34 (36,6)

    >49 anos 1328 (53,5) 59 (63,4)

    Para variáveis categóricas utilizou-se o teste qui-quadrado. 

     As Tabelas 4 e 5 mostram os resultados dos modelos logísticos. Após o ajuste

    multivariado, os fatores associados à colecistectomia prévia nesta amostra

    foram idade, sexo (mulheres), tabagismo (ex-fumante), ser portador de

    diabetes e história de cirurgia bariátrica. A raça asiática e a dislipidemia foram

    fatores de proteção.

     A Tabela 6 apresenta a regressão logística nas mulheres e verificou-se que

    gravidez, paridade e faixa etária não foram associadas à colecistectomia.

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    61/114

    60

    Tabela 4 - Regressão logística mostrando os fatores sociodemográficosassociados à colecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste,ajustados por idade e sexo e com ajuste multivariado.

    Fatores Sem ajuste Ajustado poridade e sexo Multivariado#

    Idade* (anos) 1,04 (1,02-1,06) 1,04 (1,02-1,06)†  1,04 (1,02-1,06)Faixa etária (%)

    35-44,9 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)†  1,0 (Referência)45-54,9 1,74 (1,01-2,98) 1,74 (1,01-2,98)†  1,68 (0,97-2,88)55-64,9 1,80 (1,01-3,20) 1,79 (1,00-3,19)†  1,74 (0,98-3,12)65-74 3,91 (2,13-7,16) 4,24 (2,31-7,80)†  4,02 (2,15-7,52)

    Sexo (%)Homem 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)‡  1,0 (Referência)

    Mulher 2,01 (1,38-2,94) 2,10 (1,44-3,07)‡  2,00 (1,33-3,00)Raça (%)

    Branca 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Parda 0,67 (0,42-1,07) 0,77 (0,48-1,24) 0,80 (0,49-1,32)Negra 0,68 (0,38-1,20) 0,70 (0,40-1,25) 0,73 (0,40-1,30)

     Asiática 0,15 (0,02-1,10) 0,12 (0,02-0,90) 0,12 (0,02-0,88)Indígena 1,27 (0,30-5,30) 1,39 (0,33-5,86) 1,45 (0,34-6,16)

    Educação (%)Ensino fundamental 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Ensino médio 0,78 (0,48-1,27) 0,91 (0,55-1,52) 0,81 (0,48-1,37)

    Ensino superior 0,79 (0,49-1,27) 0,76 (0,47-1,23) 0,56 (0,31-1,00)Renda familiar (R$) (%)

    ≤2489  1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)≥2490 ≤ 6639  1,11 (0,73-1,70) 1,04 (0,68-1,59) 1,04 (0,66-1,64)≥ 6640 1,24 (0,78-2,00) 0,92 (0,57-1,48) 0,82 (0,45-1,48)

    Situação conjugal (%)Sem companheiro 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Com companheiro 0,65 (0,46-0,92) 0,84 (0,58-1,21) 0,84 (0,58-1,22)

    Ocupação (%)Básico 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)

    Técnico 0,77 (0,50-1,20) 0,74 (0,48-1,16) 0,69 (0,43-1,11)Superior 1,10 (0,73-1,65) 0,88 (0,58-1,34) 0,69 (0,39-1,21)

    Plano de saúde (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 1,37 (0,97-1,95) 1,16 (0,81-1,65) 1,17 (0,80-1,71)

    *Média (desvio-padrão); † Ajuste somente por sexo; ‡ Ajuste somente por idade. #Ajuste multivariado realizado para as variáveis com P

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    62/114

    61

    Tabela 5 - Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia antes da linha de base apresentados sem ajuste, ajustados poridade e sexo e com ajuste multivariado.

    Fatores Sem ajuste Ajustado poridade e sexo Multivariado#

    Índice de massa corpórea*(kg/m2)

    1,06 (1,03-1,10) 1,06 (1,03-1,09) 1,01 (0,94-1,08)

    Circunferência da cintura*(cm)

    1,02 (1,01-1,03) 1,03 (1,01-1,04) 1,02 (0,99-1,05)

    Diabetes (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 2,34 (1,63-3,35) 2,17 (1,49-3,15) 1,99 (1,32-3,00)

    Hipertensão (%)

    Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 1,21 (0,85-1,74) 1,05 (0,72-1,54) 0,77 (0,50-1,17)Dislipidemia (%)

    Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 0,69 (0,48-0,97) 0,59 (0,41-0,84) 0,57 (0,39-0,82)

    Tabagismo (%)Nunca fumou 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Ex-fumante 1,57 (1,08-2,29) 1,61 (1,10-2,36) 1,64 (1,10-2,44)Fumante ativo 1,04 (0,62-1,76) 1,12 (0,66-1,89) 1,33 (0,77-2,29)

    Consumo de álcool (%)

    Nunca 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Passado 0,63 (0,36-1,10) 0,79 (0,44-1,40) 0,71 (0,38-1,30) Atual 0,59 (0,37-0,94) 0,74 (0,46-1,19) 0,70 (0,42-1,17)

     Atividade física (%)Leve 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Moderada 0,86 (0,50-1,49) 0,84 (0,48-1,46) 0,96 (0,55-1,69)Intensa 0,65 (0,30-1,40) 0,69 (0,32-1,51) 0,79 (0,36-1,73)

    Transtorno depressivo maior(%)

    Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)

    Sim 1,46 (0,70-3,03) 1,40 (0,67-2,91) 0,95 (0,43-2,09)Transtorno de ansiedadegeneralizada (%)

    Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)Sim 0,97 (0,56-1,67) 0,94 (0,55-1,63) 0,94 (0,54-1,64)

    Cirurgia bariátrica (%)Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)

    Sim 8,86 (2,47-31,77) 8,26 (2,24-30,45) 5,73 (1,41-23,34)*Média (desvio-padrão).#Ajuste multivariado realizado para as variáveis com P

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    63/114

    62

    Tabela 6 - Regressão logística mostrando os fatores clínicos associados àcolecistectomia nas mulheres antes da linha de base do estudo apresentadossem ajuste, ajustado por idade e com ajuste multivariado.

    Fatores Sem ajuste Ajustado poridade Multivariado#

    Gravidez anterior (%)

    Não 1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)

    Sim 1,31 (0,75-2,30) 1,29 (0,73-2,26) 1,13 (0,62-2,07)

    Faixa etária (%)

    ≤49  1,0 (Referência) 1,0 (Referência) 1,0 (Referência)

    >49 1,51 (0,98-2,32) 0,74 (0,37-1,51) 1,01 (0,45-2,24)# Ajuste multivariado realizado com as variáveis com P

  • 8/17/2019 Socio-demographic and clinical risk factors associated to cholecystectomy in the Brazilian Study of Adult Health (EL…

    64/114

    63

    Tabela 7 - Características sociodemográficas da amostra de acordo com apresença de colecistectomia durante os 2 anos de seguimento após a linha debase do estudo (excluídos os participantes submetidos a colecistectomia antesda linha de base).

    Colecistectomia após linha debase

    Não SimP

    N = 4528 (%) N = 56 (%)

    Idade* (anos) 51 (9,0) 52 (9,4) 0,45Faixa etária (%)

    35-44,9 1096 (24,2) 13 (23,2) 0,59

    45-54,9 1859 (41,1) 23 (41,1)

    55-64,9 1155 (25,5) 12 (21,4)

    65-74 418 (9,2) 8 (14,3)Sexo (%)

    Masculino 2086 (46,1) 13 (23,2) 0,001Feminino 2442 (53,9) 43 (76,8)

    Raça (%)Branca 2647 (59,2) 33 (62,3) 0,35Parda 976 (21,8) 9 (17,0)Negra 606 (13,6) 10 (18,9)

     Asiática 195 (4,4) 0 (0,0)Indígena 46 (1,0) 1 (1,9)

    Educação (%)Ensino fundamental 701 (15,5) 7 (12,5) 0,57Ensino médio 1795 (39,6) 26 (46,4)Ensino superior 2032 (44,9) 23 (41,1)

    Renda familiar (R$) (%)≤2489  1414 (31,4) 16 (28,6) 0,90≥2490 ≤ 6639  1918 (42,6) 25 (44,6)≥ 6640 1173 (26,0) 15 (26,8)

    Situação conjugal (%)Sem companheiro 1495 (33,0) 22 (39,3) 0,32

    Com companheiro 3033 (67,0) 34 (60,7)Ocupação (%)

    Básico 1468 (32,4) 16 (29,1) 0,86Técnico 1603 (35,4) 20 (36,4)Superior 1457 (32,2) 19 (34,5)

    Plano de Saúde (%)Não 2915 (64,4) 36 (64,3) 0,99Sim 1612 (35,6) 20 (35,7)

    *Média (desvio padrão).Para dados apresentados em mé